“perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

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Hospital de Clínicas – UFPR Serviço de Dermatolologia Caroline Balvedi Gaiewski “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos pacientes atendidos no ambulatório de Micose Fungóide do Serviço de Dermatologia da UFPR: Experiência do serviço” Curitiba 2015

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Page 1: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

Hospital de Clínicas – UFPR

Serviço de Dermatolologia

Caroline Balvedi Gaiewski

“Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos pacientes

atendidos no ambulatório de Micose Fungóide do Serviço de

Dermatologia da UFPR: Experiência do serviço”

Curitiba

2015

Page 2: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

Caroline Balvedi Gaiewski

“Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos pacientes

atendidos no ambulatório de Micose Fungóide do Serviço de

Dermatologia da UFPR: Experiência do serviço”

Trabalho de Conclusão de Curso do

Programa de Especialização em

Dermatologia apresentado à

Universidade Federal do Paraná e ao

Serviço de Dermatologia

Orientadores: Dra. Janyana M. D.

Deonízio, Dra. Betina Werner

Curitiba

2015

Page 3: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos
Page 4: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 4

2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 10

3. MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 11

4. RESULTADOS ........................................................................................................... 15

5. DISCUSSÃO .............................................................................................................. 28

6. CONCLUSÕES ........................................................................................................... 32

7. REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 33

Page 5: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

1. INTRODUÇÃO

Linfomas cutâneos representam 3,9% de todos os linfomas não-Hodgkin.

Micose fungóide (MF) é o tipo de linfoma primário cutâneo mais comum,

correspondendo a 54-72% dos casos. O diagnóstico pode ser um desafio nos

estágios iniciais da doença, pois pode mimetizar inúmeras condições benignas,

como eczema, dermatite atópica, psoríase e vitiligo.(1, 2) Os linfomas cutâneos

de células T (LCCT) são classificados em indolentes e agressivos conforme a

classificação WHO-EORTC (Quadro 1)

INDOLENTE

FREQUENCIA(%) SOBREVIDA EM 5 ANOS (%)

Micose Fungóide 44 88

Micose Fungóide Foliculotrópica 4 80

Reticulose Pagetóide <1 100

Cutis Laxa Granulomatosa <1 100

Doenças Linfoproliferativas CD30+

Linfoma Cutâneo Primário de grande célula anaplásica

8 95

Papulose Linfomatóide 12 100

Linfoma subcutâneo de célula T, paniculite símile

1 82

Linfoma cutâneo primário de pequena e média célula T CD4+ pleomórfica

2 72

AGRESSIVOS

Síndrome de Sézary 3 24

Linfoma cutâneo primário de célula T periférica, não especificado

2 16

Linfoma cutâneo primário agressivo de célula T CD8

<1 18

Linfoma cutâneo de célula T γ/ δ <1 -

Linfoma cutâneo de célula T/NK, tipo nasal <1 -

Quadro 1: Classificação de WHO-EORTC para linfomas cutâneos de células

T/NK, com frequência e sobrevida em 5 anos.

A MF tipicamente ocorre mais em homens que mulheres (1,6-2:1) e em

indivíduos idosos, com média de idade ao diagnóstico entre 55 a 60 anos.(2-4)

Pode acometer também adolescentes e crianças. A etiologia permanece

incerta. Vários fatores como os ligantes presentes nas células apresentadoras

4

Page 6: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

de antígenos e em células T neoplásicas, aumento da expressão dos receptores

Toll-like pelos queratinócitos e do antígeno MHC classe II estariam relacionados

com uma expansão clonal incontrolada e acúmulo de células T na pele.

Acredita-se que infecções, especificamente por Staphylococcus aureus, e a

imunossupressão podem predispor ao desenvolvimento de LCCT.(2)

É utilizada a designação de MF para os casos clássicos caracterizados pelo

desenvolvimento de manchas, placas e tumores e suas variantes com curso

clínico semelhantes, as quais incluem as formas

hipopigmentada/hiperpigmentada, bolhosa, intersticial, poiquilodermica,

siringotrópica, palmar e plantar, anetodermica, ictiosiforme, papular e

pustular.(3, 5)

A história natural da MF clássica é caracterizada por um longo período

de manchas eritemato-descamativas envolvendo principalmente regiões não

fotoexpostas como glúteos, cintura pélvica, abdome inferior, mamas e axilas,

podendo evoluir para placas e tumores. A progressão para estágios avançados

acorre em 25-33% e aproximadamente 1/3 dos pacientes apresentam-se com

doença avançada ao diagnóstico.(2, 6).

Síndrome de Sézary (SS) é uma variante leucêmica do LCCT agressiva,

com presença de células T atípicas circulantes (células de Sézary), eritrodermia

esfoliativa com prurido e linfadenopatia. Corresponde a 3-5% dos linfomas

cutâneos. Está associada a lagoftalmo, alopecia, hiperqueratose palmoplantar

e onicodistrofia. Possui um prognóstico reservado, com um média de sobrevida

de 2 a 4 anos.(5) Deve ser diferenciada da MF eritrodérmicada classificação

WHO-EORTC a qual apresenta ausência ou baixa circulação de células de Sézary,

enquanto a SS tipicamente surge de novo. Em casos raros pode ser evolução da

MF, sendo classificados como “SS precedida de MF” para distinção da forma

clássica.(2, 5). É necessário um dos seguintes critérios para o diagnóstico da SS:

contagem absoluta de células de Sézary ≥ 1000, aumento da população de

células T CD4+ (razão CD4/CD8 > 10), perda de um ou todos os antígenos de

células T maduras ou demonstração de um clone de células T tumorais no

sangue periférico por métodos moleculares ou citogenéticos.(1)

5

Page 7: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

A MF consiste em uma proliferação de linfócitos T CD4+ CD45RO+, com

raros casos com expressão de CD8+. É caracterizada pela presença de células T

com expressão CD3+ e a perda de antígenos de superfície como CD2, CD5 e CD7,

podendo estar associado com a progressão da doença. A perda de CD7 é um

achado sensível e específico para MF. O fenótipo da SS é caracterizado por

CD4+, CD7-, CD26-.(2)

O infiltrado neoplásico na MF é predominantemente de linfócitos atípicos

de tamanho pequeno a intermediário com núcleo hipercromático,

cerebriforme, cercado por um citoplasma claro. Nas lesões em manchas e

placas, esse infiltrado dispõem-se em configuração linear na derme papilar com

presença de células inflamatórias, epidermotropismo e formação de

microabscessos de Pautrier (somente em 25% dos casos) com ausência de

espongiose. Nas lesões tumorais, o crescimento é vertical com perda

importante do epidermotropismo.(2, 4, 5)

O diagnóstico dos LCCT é realizado através da combinação de critérios

clínicos e histológicos complementados pela imunohistoquímica e biologia

molecular.

O estadiamento utilizado para essa neoplasia é o TNMB, que leva em

conta o tipo e extensão das lesões cutâneas; número de linfonodos acometidos

clinicamente e/ou histologicamente; presença de metástase à distância e

ainda, se há comprometimento do sangue periférico com presença de células

Sézary. São considerados estágios clínicos iniciais os estágios Ia, Ib e IIa, sendo

os demais considerados avançados. (Quadro 2 e 3)

PELE

T1 máculas limitadas, pápulas e/ou placas restritas a 10% da superfície

corporal

T1a (manchas) T1b (manchas e placas)

T2 máculas, pápulas e placas cobrindo mais que 10% da superfície

corporal

T2a (manchas) T2b (manchas e placas)

T3 um ou mais tumores ≥ 1 cm

6

Page 8: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

T4 confluência de eritema cobrindo ≥ 80 da superfície corporal

LINFONODOS

N0 ausência de linfonodo periférico anormal. Histopatologia Dutch 1

N1 presença de linfonodo periférico anormal

N1a – clone negativo N1b – clone positivo

N2 presença de linfonodo periférico anormal. Histopatologia Dutch 2

N2a – clone negativo N2b – clone positivo

N3 presença de linfonodo periférico anormal. Histopatologia Dutch 3 ou

4, com clone positivo ou negativo

Nx presença de linfonodo periférico anormal, sem comprovação

histológica

VISCERAL

M0 ausência de comprometimento visceral

M1 presença de comprometimento visceral (há necessidade de

confirmação histopatológica e de o órgão envolvido ser especificado)

SANGUE PERIFÉRICO

B0 ausência de comprometimento sanguíneo importante (≤ 5de linfócitos

no sangue periférico são atípicos – células de Sézary)

B1 presença de > 5% de linfócitos atípicos no sangue periférico, mas não

preenche o critério B2

B1a – clone negativo; B1b – clone positivo

B2 presença de ≥ 1000 células de Sézary por mm³ de sangue periférico,

com clone positivo

Graduação histológica do linfonodo, segundo o sistema Holandes (dutch)

de classificação, reconhecido pela ISCL e EORTC

N1 Grau 1 – linfadenopatia dermopática

N2 Grau 2 – comprometimento pela MF (presença de linfócitos

cerebriformes > 7,5 µm

N3 Grau 3 – substituição parcial da arquitetura do linfonodo (presença de

várias células atípicas cerebriformes)

Grau 4 – completa substituição da arquitetura do linfonodo

Quadro 2: Classificação da micose fungóide e Síndrome de Sézary

(ISCL/EORTC).

7

Page 9: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

ESTÁGIO T N M B

IA 1 0 0 0,1

IB 2 0 0 0,1

IIA 1,2 1,2 0 0,1

IIB 3 0-2 0 0,1

IIIA 4 0-2 0 0

IIIB 4 0-2 0 1

IVA1 1-4 0-2 0 2

IVA2 1-4 3 0 0-2

IVB 1-4 0-3 1 0-2

Quadro 3: Estadiamento para micose fungóide e Síndrome de Sézary.

O prognóstico correlaciona-se com o estágio clínico. Pacientes com

doença inicial (IA-IIA) tem expectativa de vida semelhante à da população

geral, ao contrário aos estadios avançados (IIB-IVB). Há descrições de pior

prognóstico para forma clínica em placas quando comparada a manchas. Outros

fatores relacionados são a idade avançada ao diagnóstico, LDH e beta-2-

microglobulina elevados, transformação para grandes células e MF

foliculotrópica. (7, 8)

Recentes estudos descreveram o papel do microambiente tumoral

influenciando o prognóstico. A presença de linfócitos T citotóxicos CD8+ e do

marcador FOXP3+ das células T regulatórias estão associados a um melhor

prognóstico. Os macrófagos CD163+, presentes no infiltrado inflamatório, e o

declínio do número e atividade das células NK estão relacionados com a

progressão da doença. A mudança de citocinas também interfere na evolução

da MF. Nos estágios iniciais, há predomínio do padrão Th1, substituído pelo

padrão Th2 nos estágios avançados e na SS. O padrão Th2 está associado à

eosinofilia, eritrodermia, imunossupressão e altos níveis de IgE. A origem dos

subtipos de células T também difere entre a MF e a SS.(2, 6)

O principal fator que determina a escolha do tratamento é o estágio

clínico em que o paciente se encontra. Em estágios iniciais (Ia, Ib e IIa), deve-

se optar por uma terapia não agressiva, sendo que a escolha são as “terapias

dirigidas à pele”, que incluem os corticóides tópicos, mostarda nitrogenada,

8

Page 10: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

bexaroteno tópico, fototerapia. Estudos recentes têm proposto para casos

refratários a esses tratamentos o uso do imiquimod, excimer laser e terapia

fotodinâmica.(4, 7, 9)

Já nos estágios clínicos mais avançados (≥IIb), há indicação de terapias

sistêmicas que podem ou não ser associadas às terapias dirigidas à pele. Os

tratamentos sistêmicos são retinóides/bexaroteno, interferon-alfa (INF),

terapias alvos (Alemtuzumab, inibidores da histona deacetilase, denileukin

diftitox, fotoférese extracorpórea, terapia com feixe de elétrons e

poliquimioterapia sistêmica. (4, 7)

9

Page 11: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

2. OBJETIVOS

Investigar o perfil clínico e epidemiológico dos pacientes acompanhados

no Ambulatório de Linfomas Cutâneos do Hospital de Clínicas da Universidade

Federal do Paraná - UFPR durante o período de janeiro de 2009 a fevereiro de

2015. Foi realizada análise das características histopatológicas das amostras

coletadas neste período. Objetivou-se documentar a experiência do Serviço de

Dermatologia no cuidado e manejo desses pacientes nesses seis anos e tentar

correlacionar características clínicas e histopatológicas desses pacientes.

10

Page 12: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo, observacional, no qual foram utilizados

dados retirados de prontuários médicos. Foram selecionados 32 pacientes com

diagnóstico de linfoma cutâneo de células T, que foram atendidos no Serviço

de Dermatologia do Hospital de Clínicas-UFPR, no período de janeiro 2009 a

fevereiro de 2015. Todos os pacientes apresentavam diagnóstico clínico

confirmado pela avaliação anatomopatológica.

Foram avaliados dados referentes ao sexo; fototipo; classificação dos

linfomas cutâneos de células T; idade dos pacientes ao diagnóstico; tempo de

doença antes do diagnóstico; tempo de seguimento; localização e tipo de

lesões, avaliação do BSA na primeira e última consulta; avaliação laboratorial

(HTLV e LDH inicial e o pior valor encontrado no seguimento); estadiamento

pelo TNMB com avaliação da progressão da doença; status atual da doença (vivo

sem a doença/vivo com a doença/ morte sem a doença/ morte com a doença)

e resposta ao tratamento avaliada com os seguintes critérios: (10)

- resposta completa: melhora de 100% das lesões na pele

- resposta parcial: 50-99% de melhora das lesões na pele sem novos

tumores (T3) em pacientes com T1, T2 ou T4 com doença somente na pele

- doença estável: melhora das lesões na pele entre 25-50% sem novos

tumores (T3) em pacientes com T1, T2 ou T4 com doença somente na pele

- doença progressiva: ≥ 25% aumento das lesões na pele ou novos

tumores (T3) em pacientes com T1, T2, ou T4 com doença somente na pele

Para a análise histopatológica foi utilizada a primeira biópsia do paciente

no Serviço de Dermatologia do Hospital de Clínicas-UFPR e, se houvesse mais

de uma biópsia nessa ocasião, a com alterações histológicas mais significativas.

As lâminas foram avaliadas por uma dermatopatologista experiente quanto as

seguintes características:

11

Page 13: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

- Infiltração linfocitária atípica na epiderme:

Grau 1= leve

Grau 2= moderada

- Infiltração linfocitária atípica na derme:

Grau 1= leve

Grau 2= moderada

Grau 3 = acentuada

- Fibrose do tecido conjuntivo: ausente ou presente

Segue fotos demonstrativas dessa classificação:

EPIDERME GRAU I

DERME GRAU I

FIBOSE AUSENTE

12

Page 14: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

EPIDERME GRAU 2

DERME GRAU 2

FIBROSE PRESENTE

DERME GRAU 3

13

Page 15: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

Utilizou-se ferramentas de análise descritiva para proporcionar um

resumo das informações coletadas por meio de tabelas de frequência para as

variáveis qualitativas e medidas descritivas para as variáveis quantitativas.

Para verificar a existência de associação entre duas variáveis contínuas,

calculou-se o coeficiente de correlação de Spearman. Para avaliar a associação

entre duas variáveis categóricas aplicou-se o teste de Fischer. Para duas

variáveis, sendo uma dicotômica e a outra contínua, aplicou-se o teste de Mann-

Whitney. E para variáveis com 3 categorias e a outra variável sendo contínua,

foi aplicado o teste de Kruskal-Wallis.

14

Page 16: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

4. RESULTADOS

No presente trabalho foram incluídos 32 pacientes com diagnóstico

clínico e histopatológico de MF que foram consultados no ambulatório de

Linfomas Cutâneos do Hospital de Clínicas da UFPR no período de janeiro de

2009 a fevereiro de 2015. Dentre os pacientes avaliados, 17 (53%) eram homens

e 15 (47%) eram mulheres. Foram registrados quatro óbitos no período

estudado, sendo 2 homens e 2 mulheres. Quanto ao fototipo dos pacientes, 2

(6,25%) fototipo I, 10 (62,5%) pacientes eram fototipo II, 10 (62,5%) fototipo III

e 7 (21,88%) fototipo IV.

O tempo médio de doença até a realização do diagnóstico clínico

patológico foi de 6,41 anos (DP: 4,63/ erro padrão: 0,82), sendo 50 anos (DP:

19.09/erro padrão: 3,38) a média de idade no momento do diagnóstico do LCCT.

Os pacientes foram acompanhados por um tempo médio de 4,4 anos em média

(DP: 3,56/ erro padrão: 0,63).

O tipo de linfoma cutâneo mais frequente foi a MF clássica

correspondendo a 23 pacientes (71,87%), seguido pela MF foliculotrópica (3

pacientes; 9,38%), MF hipocrômica (2 pacientes; 6,25%), MF poiquilodérmica (2

pacientes; 6,25%) e a MF papular e Síndrome de Sézary (1 paciente cada,

3,13%). (Gráfico 1 e figuras 1,2,3,4 e 5)

71.87%

9.38%

6.25%

6.25%3.13%3.13%

Gráfico 1: Distribuição dos tipos de LCCT

MF clássica

MF foliculotrópica

MF hipocrômica

MF poiquilodérmica

Síndrome Sézary

MF papular

15

Page 17: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

Figura 1: MF clássica

Figura 2: MF hipocrômica

16

Page 18: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

Figura 3: MF foliculotrópica

Figura 4: MF poiquilodérmica

17

Page 19: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

Figura 5: MF papular

Com relação aos tipos de lesões de pele descritas na apresentação dos

pacientes, manchas foram encontradas em 12 pacientes (37,5%), seguida pela

associação de mancha e placas em 10 pacientes (31,25%). A forma tumoral foi

encontrada em 5 pacientes (15,63%), em placas em 4 pacientes (12,5%) e a

forma papular 1 paciente (3,13%). (Gráfico 2)

37.50%

31.25%

15.63%

3.13%

Gráfico 2: Distribuição da apresentação clínica

mancha

mancha e placas

tumor

papular

18

Page 20: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

21.88%

75%

56.25%

87.50%

Cabeça/pescoço Tronco Membros superiores Membros inferiores

Gráfico 3: Distribuição das lesões conforme as regiões

As lesões foram agrupadas nas seguintes regiões: cabeça/pescoço,

tronco, membros superiores (mmss) e membros inferiores (mmii). A localização

mais frequente das lesões foram os membros inferiores com 28 (87,5%)

pacientes, seguida pela região do tronco com 24 (75%) pacientes. O

acometimento dos membros superiores ocorreu em 18 (56,25%) e

cabeça/pescoço em 7 (21,88%) dos pacientes. (Gráfico 3)

A média da área corporal acometida (BSA) nos pacientes realizada na

primeira consulta foi de 20,16% (DP: 28,25/erro padrão: 4,99) e a média do BSA

na última consulta realizada durante o seguimento foi de 10,93 % (DP:

23,22/erro padrão: 4,39). Na média, o BSA final teve uma redução de quase

50%, em relação ao inicial.

Em relação aos exames laboratoriais, o HTLV foi coletado em 19 (59,37%)

pacientes com todos resultados sendo não reagente. O LDH coletado na

primeira consulta apresentou-se elevado em 9 (28,12%) pacientes e, durante a

evolução da doença, em 13 (40,62%) pacientes.

19

Page 21: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

De acordo com a classificação TNMB, 17 (53,13%) pacientes foram

classificados em estágio IA, 9 (28,13%) pacientes em IB, 4 (12,5%) pacientes em

IIB, 1 (3,13%) paciente em IIIB e 1 (3,13%) paciente em IV. Dos 32 pacientes

avaliados, 26 (81,25%) pacientes foram classificados em estádio precoce (I-IIA)

e 6 (18,75%) pacientes como estádio avançado (IIB+III+IV). Durante o

seguimento, 25 (78,13%) pacientes não apresentaram progressão da doença

contra 7 (21,88%) pacientes que tiveram progressão. Dentre esses pacientes que

tiveram progressão 4 pacientes faleceram durante o seguimento. (Gráfico 4)

O tratamento com monoterapia foi a escolha em 10 (31,25%) pacientes

com corticoide tópico, 2 (6,25%) pacientes com o uso da fototerapia, 1 (3,13%)

paciente com Interferon e 1 (3,13%) com carmustina. A associação de

fototerapia + Interferon + corticoide tópico foi utilizada em 4 (12,5%) pacientes;

fototerapia + carmustina + corticoide tópico em 1 (3,13%) paciente; fototerapia

+ corticoide tópico em 6 (18,75%) pacientes e carmustina + corticóide tópico

em 6 (18,75%) pacientes. Somente 1 (3,13%) paciente fez uso de fototerapia +

corticoide tópico + carmustina + Interferon + radioterapia + quimioeterapia.

Em relação à resposta ao tratamento, 3 (9,38%) pacientes apresentaram

remissão completa, 11 (34,38%) resposta parcial, 7 (21,88%) pacientes com

doença estável e 4 (12,5%) pacientes tiveram progressão. Com relação ao

estado dos pacientes na última consulta ou óbito, 25 (78,13%) pacientes estão

53.13%

28.13%

12.50%

3.13% 3.13%

IA IB IIB IIIB IV

Gráfico 4: Distribuição dos pacientes de acordo com estágio clínico

20

Page 22: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

vivos com a doença, 3 (9,38%) pacientes estão vivos sem a doença e 4 (12,5%)

faleceram com a doença. (Tabela 1)

TRATAMENTO

PACIENTES (%)

Corticóide tópico (CT) 10 (31,25)

Fototerapia 2 (6,25)

Interferon 1 (3,13)

Fototerapia + CT 6 (18,75)

Fototerapia + Interferon + CT 4 (12,5)

Fototerapia + Carmustina + CT 1 (3,13)

Carmustina + CT 6 (18,75)

Carmustina 1 (3,13)

Fototerapia + Interferon + CT +

Carmustina + Radioterapia

1 (3,13)

RESPOSTA AO TRATAMENTO

Remissão completa 3 (9,38)

Resposta parcial 11 (34,38)

Doença Estável 7 (21,88)

Progressão 4 (12,5)

Tabela 1: Tratamento utilizado e avaliação da resposta terapêutica nos pacientes com

MF.

Na avaliação histopatológica, com relação à infiltração linfocitária

atípica na epiderme, 20 (62,50%) pacientes apresentavam infiltração leve 11

(34,38%) pacientes apresentava infiltração classificada como moderada. Na

avaliação da infiltração dérmica, 18 (56,25%) pacientes apresentaram

infiltração linfocitária atípica moderada, 7 (21,88%) pacientes infiltração

acentuada e 6 (18,75%) pacientes infiltração leve. Fibrose dérmica esteve

presente em 25 (78,12%) pacientes e ausente em 6 (18,75%) pacientes. Apenas

1 (3,13%) paciente não foi possível esta avaliação pela biópsia apresentar-se em

fase tumoral. (Tabela 2)

21

Page 23: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

INFILTRAÇÃO LINFOCITÁRIA

ATÍPICA

PACIENTES (%)

EPIDERME LEVE 20 (62,50)

MODERADA 11 (34,38)

DERME LEVE 6 (18,75)

MODERADA 18 (56,25)

ACENTUADA 7 (21,88)

FIBROSE PRESENTE 25 (78,12)

AUSENTE 6 (18,75)

Tabela 2: Avaliação do infiltrado histopatológico e fibrose nos pacientes com MF.

Segundo o teste de Fischer, ao se correlacionar os tipos de lesões clínicas na

apresentação e o estadiamento com a progressão da doença, houve relação

significativa (p=0,0032 e p=0,027).(Tabela 3 e 4) O valor do BSA inicial também

manteve relação positiva com a progressão (p=0,001), sendo seu valor em média

cinco vezes maior em pacientes que apresentaram evolução da doença, pelo

teste de Mann Whitney.

PROGRESSÃO

TIPOS DE LESÕES SIM NÃO Total

MANCHAS 0

0,00%

12

48,00%

12

PLACAS 1

14,29%

3

12,00%

4

MANCHAS E

PLACAS

2

28,57%

8

32,00%

10

PÁPULAS 0

0,00%

1

4,00%

1

TUMORES 4

57,14%

1

4,00%

5

Total 7 25 32

Tabela 3: relação das lesões clínicas com progressão da doença.

22

Page 24: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

PROGRESSÃO

ESTADIAMENTO SIM NÃO Total

IA 1

14,29%

16

64,00%

17

IB 1

14,29%

8

32,00%

9

IIB 3

42,86%

1

4,00%

4

IIIB 1

14,29%

0

0,00%

1

IV 1

14,29%

0

0,00%

1

Total 7 25 32

Tabela 4: Relação do estadiamento no início do acompanhamento com progressão da

doença.

A presença de progressão da doença na evolução clínica teve correlação

significante com o infiltrado linfocitário atípico dérmico (p=0,014). Quanto

maior o grau de infiltrado dérmico, maior o percentual de casos com

progressão. A mesma correlação não foi observada na avaliação do infiltrado

epidérmico (p=0,35) e com fibrose (p=0,67) (Tabela 5,6 e 7).

PROGRESSÃO

EPIDERME SIM NÃO Total

GRAU 1 3

50,00%

17

68,00%

20

GRAU 2 3

50,00%

8

32,00%

11

Total 6 25 31

Tabela 5: Relação infiltrado linfocitário atípico com progressão da doença (p=0,35).

23

Page 25: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

PROGRESSÃO

DERME SIM NÃO Total

GRAU 1 0

00,00%

6

24,00%

6

GRAU 2 2

33,33%

16

64,00%

18

GRAU 3 4

66,67%

3

12,00%

7

Total 6 25 31

Tabela 6: Relação infiltrado linfocitário atípico com progressão da doença

(p=0,014).

PROGRESSÃO

FIBROSE SIM NÃO Total

PRESENTE 1

16,67%

5

20,00%

6

AUSENTE 5

83,33%

20

80,00%

25

Total 6 25 31

Tabela 7: Relação fibrose com progressão da doença (p=0,67).

Em relação a progressão e o tempo de doença antes do diagnóstico, não

houve correlação significativa (p=0,59) pelo teste de Mann Whitney. (Tabela

8)

TEMPO ANTES DO DIAGNÓSTICO (ANOS)

PROGRESSÃO MÉDIA N DP

SIM 6,29 7 6,05

NÃO 6,44 25 4,31

Total 6,41 32 4,63

Tabela 8: Relação progressão da doença com tempo de evolução até o diagnóstico

histopatológico.

24

Page 26: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

Segundo o coeficiente de associação de Spearman, não houve relação

significativa entre tempo antes da doença com o estadiamento ao diagnóstico

e o BSA inicial.

Tempo antes da doença N Spearman R P

Estadiamento ao diagnóstico 32 -0,24 0,185

BSA inicial 32 -0,13 0,486

Pelo teste de Mann Whitney, não houve relação significativa entre o

tempo total de doença e a progressão (p=0,11). (Tabela 9)

Tabela 9: relação tempo total de evolução do LCCT com progressão da doença.

Ao correlacionar o tempo total da evolução da doença com os achados

histopatológicos, não observou-se associação significativa com o infiltrado

linfocitário atípico epidérmico (p=0,95), infiltrado linfocitário atípico dérmico

(p=0,27) e fibrose (p=0,03). (Tabela 10, 11 e 12)

Tabela 10: relação do tempo total de evolução da doença com a infiltração

epidérmica.

TEMPO TOTAL DA DOENÇA (ANOS)

PROGRESSÃO MÉDIA N DP

SIM 8,87 7 6,97

NÃO 11,34 25 5,15

Total 10,80 32 5,57

TEMPO TOTAL DA DOENÇA (ANOS)

EPIDERME MÉDIA N DP

GRAU 1 10,58 20 4,70

GRAU 2 11,64 11 7,14

Total 10,96 31 5,59

25

Page 27: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

Tabela 11: relação do tempo total de evolução da doença com infiltração dérmica.

Tabela 12: relação do tempo total de evolução da doença com a graduação de

fibrose.

Pelo teste de Fischer, não houve correlação significativa entre estágios

T1a/T1b com progressão da doença (p=0,39) e T2a/T2b com progressão da doença

(p=0,85). (Tabelas 13 e 14)

PROGRESSÃO

ESTADIAMENTO SIM NÃO Total

T1a 0

00,00%

11

100,00%

11

T1b 1

14,29%%

6

85,71%

7

Total 1 17 18

Tabela 13: correlação T1a/T1b com progressão da doença.

TEMPO TOTAL DA DOENÇA (ANOS)

DERME MÉDIA N DP

GRAU 1 13,43 6 6,07

GRAU 2 9,44 18 3,80

GRAU 3 12,75 7 8,24

Total 10,96 31 5,59

TEMPO TOTAL DA DOENÇA (ANOS)

FIBROSE MÉDIA N DP

AUSENTE 15,26 6 7,38

PRESENTE 9,92 25 4,68

Total 10,96 31 5,59

26

Page 28: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

PROGRESSÃO

ESTADIAMENTO SIM NÃO Total

T2a 0

00,00%

1

100,00%

1

T2b 1

16,67%

5

83,33%

6

Total 1 6 7

Tabela 14: correlação T2a/T2b com progressão da doença.

27

Page 29: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

5. DISCUSSÃO

Micose fungóide é o subtipo mais comum de LCCT, representando mais

de 50% dos casos. Sua incidência anual nos Estados Unidos é de 0,36

caso/100.000 habitantes e na Europa com 1 caso/100.000 habitantes. No Brasil

há apenas dados com referência os linfomas não-Hodgkin, sem detalhes

específicos sobre o LCCT.(3, 4)

Frequentemente, a MF ocorre em pacientes adultos do sexo masculino

com média de idade entre 55-60 anos, sendo raramente vista antes dos 30 anos.

(4) Dados similares foram observados no presente estudo, com média de idade

ao diagnóstico de de 50 anos ± 19 anos e seis (18,75%) pacientes menores de 18

anos. A proporção de homens e mulheres foi de 1,13:1 (H:M), ligeiramente

menor do que a relação encontrada na literatura entre 1,6-2:1(H:M). Homens e

mulheres não tiveram diferença significativa quando divididos em estágio

precoce 1,16:1(H:M) e estágio avançado 1:1(H:M). Talpur e colaboradores

também obtiveram o mesmo resultado, sem diferença entre sexo em estágio

precoce, porém com os homens sendo mais prevalentes em estágio

avançado.(11)

A MF permanece um desafio diagnóstico tanto para o dermatologista

quanto para o patologista, em parte por sua sobreposição com outras doenças

inflamatórias. Em muitos casos há necessidade de várias biópsias, retardando o

diagnóstico. A duração média entre o início dos sintomas e o diagnóstico

histopatológico neste estudo foi de 6,41 anos ± 4,63, corroborando com os dados

encontrados na literatura entre 4 a 6 anos.(5, 12)

Vários fatores influenciam o prognóstico dos pacientes com MF/SS. Os

fatores de risco bem estabelecidos são o sexo masculino, idade avançada ao

diagnóstico, LDH elevado, B2-microglonulina elevada, estadiamento avançado,

transformação em grandes células e o subtipo de MF foliculotrópica.(8)

No presente estudo, O tipo de LCCT mais frequente foi a micose fungóide

clássica, seguida pela MF foliculotrópica, o que se assemelha aos dados

descritos por outros autores. A variante foliculotrópica apresenta

28

Page 30: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

características particulares. A apresentação clínica inclui lesões acneiformes,

comedonianas e císticas, pápulas foliculares com grau variável de queratose,

perda de pelos. Além, não existe padrão histopatológico específico. Está

associada a um curso clínico mais agressivo, resistência ao tratamento e,

consequentemente, a um pior prognóstico. (13, 14) Esses dados ajudam a

justificar a evolução não favorável de dois paciente do estudo, um evoluindo

para o óbito e outro apresentando progressão da doença apesar do tratamento.

A MF homocrômica apresenta características peculiares descritas na

literatura. É mais comum em pacientes do sexo masculino, na segunda e

terceira décadas de vida, com fototipos mais altos e com acometimento

preferencial do tronco e extremidades. A duração da doença até o diagnóstico

é descrita entre 2-3 anos. Geralmente a imunofenotipagem aponta linfócitos

CD8+ e apresenta prognóstico melhor que a MF clássica, característica também

compartilhada pela MF poiquilodérmica. (15-18). O tempo para o diagnóstico

dos dois pacientes com MF hipocrômica no presente estudo foi maior do que o

demonstrado na literatura. Outras doenças hipocromiantes mais frequentes

como vitiligo, pitiríase alba e tinea versicolor podem confundir com a

apresentação clínica da MF hipocrômica, retardando o diagnóstico.(16)

Ao diagnóstico, a maioria dos pacientes (81,25%) apresentou estágio

precoce (IA-IIA), e, dentre eles, 78,13% dos casos não houve progressão da

doença.Com isso, evidencia-se o curso crônico e indolente da MF, além do

estadiamento precoce como marcador de bom prognóstico. Vários trabalhos já

confirmaram que a sobrevida global dos pacientes com MF diminui conforme ao

pior grau de estadiamento.(11, 19)

Há uma impressão clínica de que pacientes que iniciam a doença com

aspecto indolente mantenham esse comportamento durante a evolução, o

contrário aplica-se também aos estágios avançados. Ou seja, pacientes com

longos períodos de evolução da doença antes do diagnóstico e com lesões não

muito extensas parecem ter uma tendência a permanecerem com estágios

clínicos precoces sem progressão da doença. Apesar disso, no presente estudo,

não foi possível demonstrar uma associação significante entre tempo da doença

29

Page 31: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

antes do diagnóstico ou tempo total da doença (tempo da doença antes do

diagnóstico mais o tempo de seguimento) com a progressão da doença.

Na literatura há uma associação da infecção por HTLV-I com linfoma

leucemia de células T do adulto, paraparesia espástica tropical e dermatite

infecciosa na criança, doenças neurodegenerativas crônicas e uveítes.(20)

Como era esperado, a infecção pelo HTLV não teve correlação com a MF nos

casos estudados no presente estudo.(6, 8)

O estudo apresentou relação significativa do infiltrado linfocitário atípico

com a progressão da doença. O grupo analisado correspondia a 7 pacientes com

estágio clínico avançado (4 pacientes) e precoce (3 pacientes). Esse resultado

pode simplesmente estar relacionado ao fato de pacientes em estágios

avançados apresentarem um infiltrado linfocitário atípico mais intenso na

derme. Por esse motivo, deve-se analisar as variáveis infiltrado dérmico e

estadiamento clínico em conjunto. É possível sugerir que a graduação do

infiltrado dérmico possa ser utilizada como um fator adicional no prognóstico.

Na literatura, recentes estudos mostram que nos estágios T1 e T2, lesões

tipo placa conferem um maior risco de progressão da doença quando

comparados aos pacientes com mesmo estágio porém lesões tipo manchas. (6,

8, 11) No presente trabalho, ao se investigar a relação da progressão com

pacientes que possuíam somente manchas e outros que tinham manchas e/ou

placas, não obteve significância estatística. O fato dessa avaliação ser um dado

subjetivo e não ter uma definição detalhada podem contribuir para o erro. A

dificuldade na distinção entre manchas e placas foi estudado por Fernández-

de-Misa e colaboradores, (21) mostrando discordância significativa entre dois

dermatologistas na avaliação de pacientes com tratamento sistêmico prévio.

Além disso, idade mais jovem ao diagnóstico, e na inclusão do estudo são

fatores independente que aumentam o desacordo entre os observadores.

Considerando as placas como sendo associadas a um prognóstico mais

desfavorável, o tratamento deve ser mais agressivo e até associado a terapias

sistêmicas. (11)

A presença de fibrose correlacionou-se positivamente com o tempo total

da doença no estudo. A fibrose dérmica papilar tem sensibilidade de 96% no

30

Page 32: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

diagnóstico de MF, auxiliando na diferenciação entre as doenças inflamatórias.

Smoller e colaboradores e Ackerman consideram a presença de fibrose dérmica

característica de manchas e placas de longa data, não sendo encontrada em

lesões recentes de MF.(22) Além disso, o infiltrado neoplásico e o infiltrado

inflamatório associado de longo tempo poderiam contribuir para o achado de

fibrose.

31

Page 33: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

6. CONCLUSÕES

As características clínicas dos pacientes avaliados no presente estudo

assemelham-se às descritas na literatura como idade média aos diagnóstico e

prevalência em homens.

O tempo de doença antes do diagnóstico e o tempo total da doença não

esteve associado a maior chance de progressão da doença.

O infiltrado dérmico pode estar associado a maior chance de progressão da

doença.

Quanto maior o tempo de doença maior a presença de fibrose dérmica na

histologia.

A presença de manchas e manchas e/ou placas no grupo T1 e T2 não esteve

associado a progressão da doença.

32

Page 34: “Perfil epidemiológico e avaliação histopatológica dos

7. REFERÊNCIAS

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