avaliaÇÃo do potencial antimicrobiano das espÉcies ...siaibib01.univali.br/pdf/ana milda karsten...

91
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ANA MILDA KARSTEN BAUMGART AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES VEGETAIS Cipura paludosa E Chenopodium ambrosioides Itajaí 2014

Upload: others

Post on 09-Jan-2020

7 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

ANA MILDA KARSTEN BAUMGART

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES

VEGETAIS Cipura paludosa E Chenopodium ambrosioides

Itajaí

2014

Page 2: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco
Page 3: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS

ANA MILDA KARSTEN BAUMGART

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DA ESPÉCIES

VEGETAIS Cipura paludosa E Chenopodium ambrosioides

Dissertação de Mestrado submetido ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade do Vale do Itajaí como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Orientador: Prof. Dr. Alexandre Bella Cruz

Itajaí, Agosto de 2014

Page 4: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco
Page 5: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

FICHA CATALOGRÁFICA

B327a

Baumgart, Ana Milda Karsten, 1983- Avaliação do potencial antimicrobiano das espécies vegetais cipura paludosa e chenopodium ambrosioides / Ana Milda Karsten Baumgart, 2014. 79f. ; il., tab. ; fig. Cópia de computador (Printout(s)). Dissertação (Mestrado) Universidade do Vale do Itajaí, Mestrado em Ciências Farmacêuticas. “Orientador : Prof . Dr. Alexandre Bella Cruz” Bibliografia : p. 68-79 1. Atividade antimicrobiana. 2. Chenopodium ambrosioides. 3. Iridaceae (cipura paludosa). 4. Extratos vegetais. 5. Química farmacêutica. 6. Produtos naturais. 7. Farmacologia. I.Título. CDU: 615.32

Josete de Almeida Burg – CRB 14.ª 293

Page 6: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco
Page 7: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos que estiveram ao meu lado ao longo dessa caminhada,

especialmente a minha família, meus pais, meu noivo e minhas amigas,

pelo apoio, amor e compreensão

nos momentos de ausência.

Page 8: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco
Page 9: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

AGRADECIMENTOS

A elaboração deste trabalho não teria sido possível sem a colaboração,

estímulo e empenho de diversas pessoas. Agradeço a todos que contribuíram direta

ou indiretamente para que eu alcançasse essa meta.

A Deus, que em todos os momentos me deu forças para continuar em frente.

Obrigada Senhor, por estar sempre ao meu lado.

Ao Prof. Dr. Alexandre Bella Cruz, pelo apoio, orientação, paciência,

confiança e dedicação. Muito obrigada pela grande oportunidade de entrar no

mundo fascinante da pesquisa.

À Prof. Msc. Rosana Cé Bella Cruz pela amizade e auxílio nos ensaios.

À Prof. Dra. Angela Malheiros pela produção dos extratos, frações, óleo

essencial e hidrolatos da Chenopodium ambrosioides.

Ao Prof. Dr. Valdir Cechinel-Filho pelo isolamento das substâncias da Cipura

paludosa.

Aos professores do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas,

pela excelências das aulas e auxílio nas atividades práticas.

Aos meus queridos familiares, pelo carinho, compreensão nas minhas

ausências e torcida constante pelo meu sucesso.

Page 10: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco
Page 11: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES VEGETAIS

Cipura paludosa E Chenopodiumambrosioides

Ana Milda Karsten Baumgart

Agosto/2014

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Bella Cruz

Área de concentração: Produtos Naturais e Substâncias Sintéticas Bioativas

Número de Páginas: 89

As doenças infecciosas são hoje uma das principais causas de morte em todo mundo. Devido o aumento da resistência dos micro-organismos aos fármacos ou seus efeitos colaterais, é de grande importância a busca de novas fontes de antimicrobianos.Métodos modernos utilizados para o desenvolvimento de novas moléculas têm apresentado, de maneira geral, pouco êxito no desenvolvimento de novos fármacos. Em contrapartida, os produtos naturais são fontes de quantidade e diversidade de moléculas químicas ainda pouco exploradas para obtenção de novos compostos biologicamente ativos. Este estudo avaliou a atividade antimicrobiana de Chenopodiumambrosioides(três extratos brutos, três frações, três frações de hidrolatos e o óleo essencial das folhas) e duas substâncias (isoeleuterina e eleuterina)isoladas de Cipura paludosa. Para a avaliação da atividade antimicrobiana foram utilizados os métodos de diluição em ágar e caldo, ebioautografia, bem como,ensaio preliminar para verificação do modo de ação sobre a membrana celular. O óleo essencial da C. ambrosioides apresentou melhor atividade antimicrobiana em relação aos seus extratos e frações. A atividade foi verificada contra 9 dos 15 fungos analisados, destacando-se atividade moderada paraC. glabrata, C. krusei, A. nigercom CIM de 390,62 ppm, epara M. gypseumcom CIM de 195 ppm.Com relação às substâncias de C. paludosa (isoeleuterina e eleuterina) apresentaram promissora atividade inibitória frente às bactérias Gram-positivas S. aureus e B. subtilis (CIM de 31,25 ppm), e àbactéria Gram-negativa S. typhimurium (CIM de 62,5 ppm). Também apresentaram moderada atividade antifúngicacontra as espécies de Candida testadas. O melhor resultado entre as leveduras foi contraC. neoformans com CIM de 31,25 ppm. Entre os fungos filamentosos a isoeleuterina apresentou CIM de 15,62 ppmcontraA. niger. No ensaio de verificação do modo de ação,foi observadoque o óleo essencial atua na função da membrana celular. Conclui-se que a C. ambrosioidese as substâncias isoeleuterina e eleuterinaapresentaram importante atividade antibacteriana e antifúngica contra patógenos humanos. Palavras-chave: Atividade antimicrobiana. Cipura paludosa. Chenopodium ambrosioides.

Page 12: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco
Page 13: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

EVALUATION OF ANTIMICROBIAL POTENTIAL OF THE PLANT SPECIES

Cipura paludosa AND Chenopodium ambrosioides

Ana Milda Karsten Baumgart

August 2014

Supervisor: Prof. Dr. Alexandre Bella Cruz

Area of concentration: Natural Products and Synthetic Bioactive Substances

Number of Pages: 89

Infectious diseases are a leading cause of death worldwide. Because of the increasing resistance of micro-organisms to the drugs or their side effects, it is very important to search for new sources of antimicrobials. Modern methods for the development of new molecules have shown, in general, little success in developing new drugs. In contrast, natural products are potential sources of biologically active compounds that have been little explored, in terms of their quantity and diversity of chemical molecules. This study evaluates the antimicrobial activity of Chenopodium ambrosioides (three crude extracts, three fractions, three fractions of hydrosols and essential oil from the leaves) and two substances (iso-eleutherine and eleutherine) isolated from Cipura paludosa. For the evaluation of antimicrobial activity, the agar dilution and broth were used, as well as bioautography, and a preliminary assay to determine the mode of action on the cell membrane assay. The essential oil of C. ambrosioides showed better antimicrobial activity in relation to their extracts and fractions. The activity was checked against 9 of the 15 analyzed fungi, with a finding of especially moderate activity for C. glabrata, C. krusei, A. niger with MIC of 390.62 ppm, and M. gypseum with MIC of 195 ppm. In terms of substances of C. paludosa (iso-eleutherine and eleutherine), they showed promising inhibitory activity against Gram-positive S. aureus and B. subtilis (MIC of 31.25 ppm) bacteria, and Gram-negative bacteria S. typhimurium (MIC 62.5 ppm). They also showed moderate antifungal activity against the Candida species tested. The best result for the yeast was against C. neoformans, with MIC of 31.25 ppm. Among the filamentous fungi, iso-eleutherine presented an MIC of 15.62 ppm against A. niger. In the test to determine the mode of action, it was observed that the essential oil acts on cell membrane function. We conclude that C. ambrosioides and the substances iso-eleutherinepresented significant antibacterial and antifungal activity against human pathogens. Keywords: Antimicrobial activity. Cipura paludosa. Chenopodium ambrosioides.

Page 14: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco
Page 15: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Crescimento de uma cultura de bactérias..........................................18

Figura 2 – Diferenças estruturais entre bactérias Gram-positivas e Gram-

negativas................................................................................................................21

Figura 3 – Fotografia da flor de Cipura paludosa................................................28

Figura 4 – Fotografia das folhas de Chenopodium ambrosioides.......................31

Figura 5 – Esquema para obtenção das substâncias isoladas de Cipura

paludosa.................................................................................................................37

Figura 6 – Esquema de obtenção dos extratos brutos e frações de Chenopodium

ambrosioides..........................................................................................................38

Figura 7 – Esquema de obtenção do óleo essencial, e frações do hidrolato de

Chenopodium ambrosioides..................................................................................39

Figura 8 – Representação esquemática do teste de macrodiluição em tubo, após

a incubação e inoculação.......................................................................................43

Figura 9 – Bioautograma do óleo essencial, extratos, frações e hidrolatos da C.

ambrodioides frente a S. aureus............................................................................62

Figura 10 – Condutividade elétrica do Óleo essencial de C. ambrosioides frente a

S. aureus................................................................................................................64

Page 16: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco
Page 17: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Concentração inibitória mínima dos extratos e óleo essencial de

Chenopodium ambrosioides frente às bactérias Gram-positivas .......................... 49

Tabela 2 – Concentração inibitória mínima dos extratos e óleo essencial de

Chenopodium ambrosioides frente às bactérias Gram-negativas ......................... 49

Tabela 3 – Concentração inibitória mínima dos extratos e óleo essencial de

Chenopodium ambrosioides frente a fungos leveduriformes ................................ 51

Tabela 4 – Concentração inibitória mínima dos extratos e óleo essencial de

Chenopodium ambrosioides frente a fungos filamentosos .................................... 52

Tabela 5 – Concentração inibitória mínima da Isoeleuterina e Eleuterina frente às

bactérias Gram-positivas ....................................................................................... 57

Tabela 6 – Concentração inibitória mínima da Isoeleuterina e Eleuterina frente às

bactérias Gram-negativas ..................................................................................... 57

Tabela 7 – Concentração inibitória mínima da Isoeleuterina e Eleuterina frente a

fungos leveduriformes ........................................................................................... 59

Tabela 8 – Concentração inibitória mínima da Isoeleuterina e Eleuterina frente a

fungos filamentosos .............................................................................................. 59

Page 18: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco
Page 19: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIDS – Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida

ATCC – American Type Culture Collection

CBM – Concentração Bactericida Mínima

CCD – Cromatografia em Camada Delgada

CFM – Concentração Fungicida Mínima

CG/EM – Cromatografia Gasosa/Espectroscopia em Massa

CIM – Concentração Inibitória Mínima

CLSI – Clinical Laboratory Standards Institute

DCM – Diclorometano

DMSO - Dimetilsulfóxido

EBC – Extrato Bruto do Caule

EBF – Extrato Bruto da Folha

EBF EtOH – Extrato Bruto Etanólico da Folha

EBR – Extrato Bruto da Raiz

EtOH – Extrato Etanólico

FDA – Food and Drug Administration

HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana

INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

OE – Óleo Essencial

P. BUT EtOH - Partição Butanol do Extrato Etanólico

P.AE EtOH – Partição Acetato de Etila do Extrato Etanólico

P.AE H - Partição Acetato de Etila do Hidrolato

P.BUT H - Partição Butanol do Hidrolato

P.DCM EtOH – Partição Diclorometano do Extrato Etanólico

P.DCM H - Partição Diclorometano do Hidrolato

TTC – Cloreto 2,3,5 trifenil tetrazólio

Page 20: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco
Page 21: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 12

2 OBJETIVOS ....................................... ......................................................... 14

2.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 14

2.2 Objetivos Específicos ................................................................................ 14

3 REVISÃO DA LITERATURA ........................... ............................................ 16

3.1 Doenças infecciosas .................................................................................. 16

3.2 Agentes antimicrobianos .......................................................................... 16

3.1 Resistência antimicrobiana ....................................................................... 19

3.4 Bactérias ..................................................................................................... 19

3.5 Fungos ........................................................................................................ 21

3.6 Plantas medicinais e atividade antimicrobiana ....................................... 24

3.7 Óleos Essenciais e atividade antimicrobiana .......................................... 25

3.8 Cipura paludosa ......................................................................................... 27

3.9 Chenopodium ambrodioides .................................................................... 30

3.10 Ensaios microbiológicos ........................................................................... 32

4 MATERIAL E MÉTODOS .............................. .............................................. 36

4.1 Equipamentos ............................................................................................ 36

4.2 Reagentes ................................................................................................... 36

4.3 Material Vegetal .......................................................................................... 37

4.3.1 Cipura paludosa ......................................................................................... 37

4.3.2 Chenopodium ambrosioides ..................................................................... 38

4.4 Micro-organismos ...................................................................................... 39

4.5 Preparação dos inóculos .......................................................................... 40

4.5.1 Bactérias ................................... .................................................................. 40

4.5.2 Fungos leveduriformes ...................... ....................................................... 41

4.5.3 Fungos filamentosos ........................ ......................................................... 41

4.6 Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) ........................ 42

4.6.1 Método de diluição em ágar (macrodiluição) .. ........................................ 42

4.6.2 Método de diluição em caldo (microdiluição).. ........................................ 43

Page 22: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

4.7 Determinação da Concentração Bactericida Mínima (CBM) e

Concentração Fungicida Mínima (CFM) .............................................................44

4.8 Bioautografia ..............................................................................................44

4.9 Avaliação do Mecanismo da função de membrana ce lular ....................45

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................... .........................................48

5.1 Atividade antimicrobiana ...........................................................................48

5.1.1 Chenopodium ambrosioides .....................................................................48

5.1.2 Cipura paludosa .........................................................................................56

5.2 Bioautografia ..............................................................................................61

5.3 Avaliação do Mecanismo da função de membrana ce lular ....................63

6 CONCLUSÕES ............................................................................................66

REFERÊNCIAS ............................................................................................68

Page 23: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco
Page 24: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

12

1 INTRODUÇÃO

Entre as dez principais causas de morte no mundo encontramos as doenças

infecciosas. Segundo dados estatísticos da Organização Mundial da Saúde de 2008,

as infecções pulmonares inferiores foram responsáveis por 6,1% das mortes, as

doenças diarréicas por 4,3%, o HIV por 3,1% e a tuberculose por 2,4% (WHO,

2011). Apesar do sucesso da descoberta dos antibióticos no passado, nas duas

últimas décadas houve um aumento significativo das infecções causadas por micro-

organismos. Segundo Butler (2005), as doenças infecciosas estão em segundo lugar

como causa de morte em todo mundo. Infecções bacterianas causam 17 milhões de

mortes globais, sendo as crianças e os idosos os mais atingidos.

O número de pacientes suscetíveis aos mais variados tipos de infecções

cresce com o passar do tempo. Com o sistema imune deficiente, aumenta a

suscetibilidade a infecções oportunistas, podendo decorrer principalmente do

tratamento de neoplasias, transplante de órgãos, síndrome da imunodeficiência

adquirida (AIDS), lupus eritematoso sistêmico (LES) e diabetes.

A terapia para infecções bacterianas e fúngicas representa um desafio para

pesquisadores e clínicos. A resistência a agentes antimicrobianos é grave e

preocupante, os fármacos disponíveis tornaram-se ineficazes frente à resistência

que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco seguro dos

medicamentos. São necessárias pesquisas para o desenvolvimento de novas

substâncias antimicrobianas e o desenvolvimento de novas abordagens para o

tratamento. O custo financeiro de uma terapia fracassada por conta de micro-

organismos resistentes é muito grande, geram novas consultas, novos exames para

o diagnóstico, novas prescrições e talvez uma provável internação hospitalar.

Tendo em vista que micro-organismos multirresistentes representam um

desafio no tratamento das infecções, é essencial a necessidade de encontrar novas

substâncias com propriedades antimicrobianas para serem utilizadas no combate a

esses micro-organismos. Uma das alternativas na busca de novos fármacos eficazes

na erradicação de processos infecciosos são os produtos naturais, principalmente os

de origem vegetal.

O interesse por plantas medicinais pode ser demonstrado através de uma

consulta ao PubMed selecionando publicações com informações sobre plantas

Page 25: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

13

medicinais com ação antimicrobiana. A pesquisa foi realizada utilizando-se como

unitermos “plant” e “antimicrobial”, “plant” e “antibacterial” e, por último, não menos

importante, “plant” e “antifungal”. Foram listados 49.058 artigos para o unitermo

“plant” e “antimicrobial”, 13.308 para “plant” e “antibacterial” e 10.864 para “plant” e

“antifungal”.

As plantas medicinais são importantes fontes de substâncias capazes de inibir

o crescimento de bactérias e fungos, com seus extratos ou substâncias isoladas,

produzem ilimitadas oportunidades para novos fármacos devido a diversas

combinações químicas. A pesquisa por novos agentes antimicrobianos se faz

necessária devido ao surgimento de micro-organismos resistentes e de infecções

oportunistas fatais. Tais pesquisas podem contribuir significativamente na

descoberta de novos agentes.

Muitas plantas medicinais dos biomas brasileiros, tais como o cerrado, a

floresta amazônica e a mata atlântica têm sido utilizadas pelas populações locais no

tratamento de várias doenças tropicais, incluindo esquistosomose, leishmaniose,

malária e infecções fúngicas e bacterianas (ALVES et al., 2000).

Algumas espécies do gênero Chenopodium possuem aplicações tradicionais,

e algumas merecem maior atenção como a espécie Chenopodium ambrosioides.

Estudos preliminares realizados por Chekem et al. (2010) com o óleo essencial de

C. ambrosioides demonstraram atividade antifúngica contra fungos oportunistas, já

os estudos de Jardim et al. (2008) e Prasad et al. (2009) também com o óleo

essencial apresentaram atividade antifúngica contra fungos filamentosos e

dermatófitos respectivamente.

Há plantas que ainda não são encontrados estudos antimicrobianos como,

por exemplo a espécie Cipura paludosa. Lucena (2010) ao analisar a composição

química de C. paludosa demonstrou a presença de metabólitos secundários como

terpenos, esteroides, alcaloides, quinonas e compostos fenólicos, também foram

identificadas algumas naftoquinonas e naftopiranos nos bulbos de C. paludosa. É

conhecido que as naftoquinonas apresentam atividades antimicrobianas (ANDÚJAR

et al., 2013).

Diante do exposto e devido à escassez de estudos antimicrobianos das

espécies C. ambrosioides e C. paludosa é de interesse o estudo destas espécies e

seus compostos bioativos, visando sua utilização como fonte de recursos

terapêuticos.

Page 26: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

14

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral:

Avaliar a atividade antimicrobiana das substâncias isoladas do extrato bruto

de Cipura paludosa e extratos brutos, frações, óleo essencial e hidrolatos de

Chenopodium ambrosioides.

2.2 Objetivos Específicos:

Determinar a Concentração Inibitória Mínima das substâncias isoladas do

extrato bruto de Cipura paludosa e extratos brutos, frações, óleo essencial e

hidrolatos de Chenopodium ambrosioides, frente a bactérias Gram positivas e Gram

negativas.

Determinar a Concentração Inibitória Mínima das substâncias isoladas do

extrato bruto de Cipura paludosa e extratos brutos, frações, óleo essencial e

hidrolatos de Chenopodium ambrosioides, frente a fungos leveduriformes e

filamentosos.

Demonstrar atividade antimicrobiana dos extratos, frações, óleo essencial e

hidrolatos da Chenopodium ambrosioides através da bioautografia.

Avaliar o modo de ação em membrana celular dos extratos, frações, óleo

essencial, hidrolato ou substância isolada que apresentar atividade antibacteriana.

Page 27: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

15

Page 28: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

16

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Doenças infecciosas

A infecção é uma doença que envolve a presença de micro-organismos

(bactérias, fungos, vírus e protozoários) em um hospedeiro vivo. Uma infecção está

presente quando micro-organismos invasores estimulam uma resposta no

hospedeiro. Inicialmente ocorre a penetração do agente infeccioso no corpo do

hospedeiro seguido de sua multiplicação, com consequente apresentação de sinais

e sintomas. Um micro-organismo capaz de causar infecção é dito patogênico, e o

grau ou extensão da lesão que pode causar a um hospedeiro infectado, é dito

virulência (WINN et al., 2008).

As doenças infecciosas constituem um grande problema de saúde pública e

contribui substancialmente para a morbidade e mortalidade em todo mundo. Então,

a sociedade investe na investigação de doenças infecciosas, a fim de alcançar o

progresso científico e desenvolver novas opções terapêuticas (BLIZIOTIS et al.,

2005).

O aumento no número de infecções fúngicas e bacterianas se deve a vários

fatores como, por exemplo, a resistência dos micro-organismos aos fármacos, o

aparecimento de doenças como a AIDS, doença aguda do sistema respiratório e

doenças autoimunes, pacientes imunocomprometidos, tais como, pacientes com

câncer e transplantados, além disso, idosos e crianças são alvos para infecções

nosocomiais. Para agravar a situação, tratamentos prolongados com antifúngicos

e/ou antibacterianos, hemodiálise e procedimentos invasivos são fatores intrínsecos

para o surgimento de resistência dos micro-organismos (BUTLER, 2005).

3.2 Agentes antimicrobianos

Os fármacos conhecidos hoje e usados no tratamento de doenças infecciosas

são agentes antibióticos, análogos dos antibióticos ou quimioterápicos. O termo

antibiótico, derivado de antibioses, que são substâncias anti-infecciosas, de origem

natural, são produzidas metabolicamente por micro-organismos, enquanto que os

Page 29: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

17

agentes “análogos dos antibióticos” são produzidos por vegetais ou animais e os

quimioterápicos são substâncias antimicrobianas sintéticas (SOUZA et al., 2003).

As substâncias antibióticas ou antimicrobianas representam talvez o maior

avanço da farmacoterapia nas últimas décadas, com progressos sem limites dentro

da terapêutica medicamentosa (LIMA, 2001), entretanto seu uso abusivo e

equivocado no âmbito hospitalar e ambulatorial é considerado o principal fator

associado ao surgimento de micro-organismos resistentes (BELLA CRUZ et al.,

2010).

Para obter sucesso no tratamento das doenças infecciosas, deve-se fazer a

opção pelo uso de antimicrobianos, e considerar aquele que for mais adequado para

eliminação ou controle do agente infeccioso. Para o combate das infecções,

especialmente frente aos micro-organismos resistentes, deve-se fazer o uso de

novas tecnologias para o desenvolvimento de antimicrobianos mais eficazes que

possibilitem a prospecção de novas classes de moléculas capazes de neutralizar o

patógeno, inibindo o desenvolvimento da resistência (BELLA CRUZ et al., 2010).

Muitas variáveis influenciam o tratamento de uma determinada infecção, por

exemplo, concentração do agente antimicrobiano, suas propriedades

farmacológicas, a patologia da lesão e seu ambiente bioquímico, bem como, o

comportamento metabólico do micro-organismo (SOUZA et al., 2003).

Quando os micro-organismos se encontram em um ambiente propício,

crescem e eventualmente se duplicam. O tempo que uma bactéria leva para dividir-

se é chamado tempo de geração ou tempo de duplicação. O crescimento continua

até que a população atinja determinada densidade celular e ocorra a exaustão dos

nutrientes do meio ou o acúmulo de metabólitos tóxicos. Até que isso aconteça, as

bactérias crescem livremente, essa condição é chamada de crescimento equilibrado,

pois todos os componentes da célula aumentarão proporcionalmente por um certo

período de tempo (SCHAECHTER et al., 2002).

Como podemos observar na figura 1, o crescimento microbiano é

frequentemente acompanhado com base na curva que representa o crescimento de

uma população de um determinado micro-organismo. A Fase inicial é chamada de

fase lag ou latência, onde as bactérias de um inóculo, algumas vezes, retomam

lentamente o crescimento. Depois disso entram em fase exponencial de

crescimento; quando ocorre a exaustão dos alimentos ou o acúmulo de material

tóxico, entram em fase estacionária; algumas vezes, durante a fase estacionária, as

Page 30: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

18

culturas bacterianas perdem a viabilidade, verificada pela contagem de bactérias

viáveis, em geral sem perder a integridade celular (SCHAECHTER et al., 2002).

Figura 1 – Curva de crescimento típica de uma população bacteriana.

Fonte: MADIGAN; MARTINKO; PARKER, 2004.

As propriedades antimicrobianas dos extratos e substâncias são geralmente

estudadas através de ensaios in vitro, por exemplo o ensaio de susceptibilidade

(BELLA CRUZ et al., 2010). Com base em testes in vitro, os agentes antimicrobianos

são classificados em bactericidas ou bacteriostáticos, para bactérias, e fungicidas ou

fungiostáticos, para fungos (BARROS et al., 2008). Os agentes bactericidas e

fungicidas matam os micro-organismos e são mais eficazes durante a fase de

crescimento logarítmico, uma vez que o aumento da atividade metabólica

proporciona susceptibilidade máxima. Os agentes antimicrobianos bacteriostáticos e

fungiostáticos apenas inibem o crescimento microbiano (SOUZA et al., 2003).

O fármaco ideal para a cura de infecções antifúngicas ainda não foi

descoberto. Os fármacos utilizados nas infecções fúngicas podem ser tóxicos não

apenas para a célula fúngica, mas também para a célula do hospedeiro. Essa ação

tóxica é devido a semelhança entre a célula fúngica e a célula humana. Numerosos

agentes que inibem processos vitais da célula fúngica são conhecidos, mas devido a

sua toxicidade para o homem não podem ser empregados como medicamento

(POLAK, 1999).

Page 31: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

19

3.3 Resistência antimicrobiana

O avanço da medicina nas diferentes áreas clínicas e cirúrgicas tem sido

acompanhado por um desenvolvimento tecnológico impressionante nos últimos

anos, o que tem contribuído para o favorecimento da longevidade dos pacientes em

muitos casos. As unidades de terapia intensiva se multiplicaram e sofisticaram,

recebendo e tratando pacientes em situações cada vez mais críticas. Um dos

grandes desafios tem sido o manejo adequado das intercorrências infecciosas

bacterianas e fúngicas que frequentemente acometem esses pacientes (ROSSI;

ANDREAZZI, 2005).

Um grave problema em relação às infecções bacterianas é o aparecimento de

cepas resistentes, nos quais a terapêutica torna-se bastante difícil. Isto ocorre

principalmente devido ao uso abusivo e irracional dos antimicrobianos disponíveis,

promovendo a seleção de cepas resistentes e que se sobressaem diante da

população bacteriana (HEMAISWARYA; KRUTHIVENTI; DOBLE, 2008).

Também tem sido observado aumento na incidência de infeções fúngicas nas

últimas décadas, assim como um aumento da resistência de diferentes funcigidas

usados na prática médica. Os fungos são os patógenos mais negligenciados. A

anfotericina B, por exemplo, foi descoberta em 1956 e ainda é utilizada como padrão

ouro para terapia antifúngica (ABAD; ANSUATEGUI; BERMEJO, 2007).

O uso indiscriminado de medicamentos antimicrobianos químicos sintéticos

pela população tem levado a um grande índice de micro-organismos que se

tornaram resistentes a esses compostos, intensificando-se assim, pesquisas de

novas substâncias de origem natural úteis para combater infecções (FRANCO et al.,

2005; HEMAISWARYA; KRUTHIVENTI; DOBLE, 2008).

3.4 Bactérias

As bactérias são organismos procariontes, não possuem núcleo típico, seu

material genético não está protegido por uma membrana, encontra-se em

cromossomos circulares, chamados de nucleóides. Não apresentam organelas

citoplasmáticas especializadas, sendo que algumas estruturas protéicas atuam na

adesão as células hospedeiras (fimbrias) ou são responsáveis pela locomoção

(flagelos). Estão envoltas pela parede celular, extremamente rígida, conferindo

Page 32: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

20

morfologia caracerística à célula bacteriana e protegendo-a contra agentes externos

(MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2010).

A coloração de Gram é uma maneira simples de classificar as bactérias,

utiliza princípios morfo-tintoriais da parede celular e através dela podemos classificar

as bactérias em dois grandes grupos, Gram-positivas e Gram-negativas (TRABULSI;

ALTERTHUM, 2008).

As bactérias Gram-positivas tem uma parede celular espessa em múltiplas

camadas, constituída principlamente de peptidoglicano envolvendo a membrana

citoplasmática (MIMS et al., 1999). O peptidoglicano é essencial para a estrutura,

duplicação e sobrevivência em condições normalmente hostis nas quais as bactérias

crescem. Podem conter ácido teicóico, lipoteicóico e polissacarídeo C. O ácido

teicóico é essencial para a viabilidade celular. Ele está covalentemente ligado ao

peptidoglicano; o ácido lipoteicóico contêm um ácido graxo e está ancorado na

membrana citoplasmática, juntos eles promovem a ligação a outras bactérias e a

receptores específicos em superfícies de células mamíferas (adesão), sendo

também importantes fatores de virulência (MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER,

2010).

Nas bactérias Gram-negativas a camada de peptidoglicano é delgada e

superposta por uma membrana externa, ancorada a moléculas de

lipopolissacarídeos e lipoproteínas no peptidoglicano (MIMS et al., 1999). São mais

complexas do que as Gram-positivas, tanto estruturalmente quanto quimicamente.

A parede celular da Gram-negativa contêm duas camadas externas à membrana

citoplasmática e não há ácidos teicóico ou lipoteicóico (MURRAY; ROSENTHAL;

PFALLER, 2010).

Na figura 2 podemos observar as diferenças citadas acima em relação as

bactérias Gram-negativas e Gram-positivas.

Page 33: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

21

Figura 2 – Diferenças estruturais entre as bactérias Gram-positivas e Gram-negativas.

Fonte: MIMS et al., 2005.

As bactérias também podem ser classificadas em patógenos, patógenos

oportunistas e não-patógenos. As bactérias patogênicas caracterizam-se por sua

capacidade de transmissão, aderência e invasão de células e tecidos do hospedeiro,

toxigenicidade e capacidade de escapar do sistema imunológico do hospedeiro

(JAWETZ; MELNICK; ADELBERG, 2005).

Algumas espécies bacterianas são sempre consideradas patogênicas, sendo

sua presença anormal. Outras espécies fazem parte comumente da microbiota dos

seres humanos, mas também podem causar doenças. Por exemplo, a Escherichia

coli pertence à microbiota intestinal dos seres humanos normais, mas também

representa uma causa comum de infecções do trato urinário, diarréia dos viajantes e

outras doenças. Outras bactérias provocam doenças em indivíduos

imunodeprimidos ou debilitados, constituindo patógenos oportunistas (JAWETZ;

MELNICK; ADELBERG, 2005).

3.5 Fungos

Em contraste com as bactérias, a estrutura celular dos fungos é mais

complexa. Tratam-se de seres aclorofilados, sem capacidade de produzir energia ou

Page 34: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

22

material plástico por meio da energia da luz e do gás carbônico (CO2), são

desprovidos da capacidade da fotossíntese, pois não possuem cloroplasto. São

seres heterotróficos quimiotróficos, dependendo de substâncias orgânicas

previamente formadas. São eucariotas, podendo ser haplóides, diplóides ou

poliplóides; têm parede rígida quitinosa constituída de polímeros de amino-açúcares,

sem reserva de amido, em alguns casos com presença de glicogênio (MINANI,

2003). Sua estrutura celular possui parede celular, mitocôndrias, aparelho de Golgi,

ribossomos ligados ao retículo endoplasmático, e um citoesqueleto constituído por

microtúbulos, microfilamentos e filamentos intermediários (SCHAECHTER et al.,

2002). Alimentam-se por absorção, pois não são capazes de ingerir ou fagocitar

alimentos. Reproduzem e multiplicam de forma vegetativa, assexual, sexual ou

parassexual. A dispersão é feita por meio de esporos e formas vegetativas (MINANI,

2003). Essa descrição demonstra que os fungos são tão semelhantes às células

hospedeiras que dificulta a elaboração de estratégias terapêuticas específicas,

dirigida contra o agente infeccioso, e ao mesmo tempo atóxicas para o hospedeiro

(SCHAECHTER et al., 2002).

Os fungos são organismos ubíquos, ou seja, apresentam ampla distribuição

geográfica, sendo encontrados no solo, ar, água, alimentos, material orgânico em

decomposição, plantas, animais e homem. Quanto à sua capacidade de produzir

doença, os fungos são classificados em patógenos primários e patógenos

oportunistas (ZAITZ; RUIZ; SOUZA, 2004).

Os fungos podem ser divididos estruturalmente em leveduras e filamentosos.

As leveduras são seres unicelulares, que apresentam formato esférico ou oval e se

reproduzem por divisão binária ou brotamento. Já os fungos filamentosos

apresentam várias células em disposição contínua na forma tubular. O

desenvolvimento desses fungos ocorre a partir de estruturas de frutificação que dão

origem ao túbulo germinativo, formando as hifas (TORTORA; FUNKE; CASE, 2002).

Os fungos patogênicos que colonizam os humanos e causam doenças

possuem características que permitem a sua classificação em grupos de acordo com

os tecidos primários que colonizam: agentes fúngicos que causam infecções

superficiais, cutâneas, subcutâneas e sistêmicas. Os fungos que causam infecções

superficiais colonizam as camadas queratinizadas da pele, dos pêlos e das unhas,

induzem pouca ou nenhuma resposta imune ao hospedeiro, em geral, são de

interesse estético e fáceis de diagnosticar. Os fungos capazes de produzir lesões

Page 35: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

23

subcutâneas são introduzidos de maneira traumática através da pele e têm

tendência a envolver as camadas mais profundas da derme, tecido subcutâneo e

osso. Podem causar lesões superficiais, mas dificilmente se disseminam para

órgãos distantes e apresentam um baixo grau de infectividade. As infecções

sistêmicas afetam as vias respiratórias, e os agentes apresentam características

morfológicas peculiares, que contribuem para sua capacidade de sobreviver no

hospedeiro (MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2010).

Entre as infecções fúngicas mais comuns, encontramos as micoses cutâneas

sendo principalmente causadas por dermatófitos, que utilizam a queratina como

nutriente durante a infecção de pele, cabelos e unhas, e estão classificados em três

gêneros: Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton (WHITE et al., 2008).

A transmissão das dermatofitoses ou tinhas, ocorre pelo contato direto com

animais e humanos infectados ou indireto por fômites contaminados, e as formas

clínicas variam de acordo com o agente etiológico (espécie) e o sítio anatômico

acometido (DEGREEF, 2008).

Embora as infecções causadas por dermatófitos sejam geralmente restritas as

regiões superficiais da epiderme, esses fungos podem comportar-se de maneira

invasiva, ocasionando infecção profunda e disseminada em pacientes

imunocomprometidos, até mesmo com surgimento de granulomas dermatofíticos

(RODWELL et al., 2008).

Diversos fungos, presentes no meio ambiente ou integrantes da flora normal,

podem em determinadas situações passarem de saprófitos a patogênicos,

provocando quadros clínicos variáveis, desde processos febris benignos, a

septicemias algumas vezes fatais (LACAZ et al., 2002).

Dentre as principais patologias fúngicas oportunísticas podemos citar a

candidíase, aspergilose, criptococose e fusariose. Candidíase ou candidoses são

infecções provocadas por leveduras de gênero Candida, principalmente Candida

albicans. A maior parte dessas infecções são de origem endógena, ou seja, são

causadas por micro-organismos que fazem parte da microbiota normal do ser

humano. A transmissão exógena ocorre principalmente em pacientes debilitados

pelo tratamento com antibióticos e drogas imunossupressoras, e no decurso de

doenças crônicas (LACAZ et al., 1998; TRABULSI; ALTERTHUM, 2008; FISHER;

COOK, 2001).

Page 36: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

24

3.6 Plantas medicinais e atividade antimicrobiana

Os povos antigos tinham uma ampla coleção de produtos naturais que

usavam com objetivos medicinais. Esses produtos, obtidos a partir de fontes

vegetais, às vezes eram muito eficazes, possuíam uma qualidade consistente e

alguns destes compostos isolados provaram ser satisfatórios como agentes

terapêuticos. Por exemplo, o Timol, princípio ativo isolado da Thymus vulgaris L.,

mais popularmente conhecido como Tomilho, utilizado como antimicrobiano (SILVA,

2002; THOMAS, 2003).

A partir de 1950 foram isolados os primeiros compostos de espécies vegetais

com atividade antimicrobiana: o diterpeno biflorinina, e o triterpeno maitenina

(ZACCHINO, 2001). Outros metabólitos secundários com ação antimicrobiana foram

isolados, como a mirecetina, kaempferol, quercetina (XU; LEE, 2001).

Apesar das plantas medicinais serem utilizadas pela medicina popular desde

os tempos mais remotos, suas potencialidades encontram-se longe de estar

esgotadas, afirmação endossada pelos novos paradigmas de desenvolvimento

social e econômico, baseados nos recursos renováveis. Novos conhecimentos e

novas necessidades certamente encontrarão, no reino vegetal, soluções, por meio

da descoberta e do desenvolvimento de novas moléculas com atividade terapêutica

ou com aplicações tanto na tecnologia farmacêutica quanto no desenvolvimento de

fitoterápicos com maior eficácia (SCHENKEL; GOSMANN; PETROVICK, 2010).

O mecanismo de interação das plantas e de seus fitopatógenos envolve um

sistema de ataque e defesa, essa interação faz com que seja ativada na planta-

hospedeira a produção de metabólitos especializados, como as fitoalexinas, estas

são produtos naturais, ausentes na planta sadia, podem apresentar atividade

inibidora sobre bactérias, fungos, nematóides, efeito tóxico para animais e para as

próprias plantas (LEITE, 2009).

É reconhecida a importância dos produtos naturais, incluindo aqueles

derivados de plantas, no desenvolvimento de modernos fármacos terapêuticos

(CALIXTO, 1997). Além disso, o interesse populacional pelas terapias naturais tem

aumentado significativamente nos países industrializados e acha-se em expansão o

uso de plantas medicinais e fitoterápicos (WHO, 2003). Segundo dados da

Organização Mundial da Saúde (OMS) 80% da população dos países em

desenvolvimento utiliza práticas tradicionais na atenção primária, e desse total, 85%

Page 37: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

25

usa plantas medicinais ou preparações destas (apud MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2001).

Até 2006 havia 98 antibacterianos no mercado empregados na clínica para o

tratamento de infecções. Destes, 10 são provenientes de produtos naturais, 64 são

derivados de produtos naturais com algumas modificações, 23 são totalmente

sintéticos e 1 foi sintetizado a partir de produtos naturais (NEWMAN; CRAGG, 2007).

De 2006 a 2010 foram aprovados 6 novos antibacterianos, sendo 3 derivados de

produtos naturais com modificações e 3 totalmente sintéticos (NEWMAN; CRAGG,

2012). Em relação aos antifúngicos em 2006 havia 29 fármacos, 1 de origem

biológica, 3 derivados de produtos naturais com modificações, 22 totalmente

sintéticos e 3 foram sintetizados a partir de produtos naturais (NEWMAN; CRAGG,

2007). Entre 2006 e 2010 apenas um antifúngico foi aprovado, um derivado da

equinocandina (NEWMAN; CRAGG, 2012).

Com relação aos antifúngicos, pesquisam-se fármacos com alvos específicos,

para diminuir a toxicidade, já que as células fúngicas e humanas são semelhantes e

compartilham de muitas vias metabólicas intermediárias, onde há enzimas similares.

As pesquisas, em relação aos antifúngicos, buscam inibidores da biossíntese do

ergosterol, inibição das topoisomerases ou ainda da parede celular fúngica

(ZACCHINO, 2001).

A tradicional antibioticoterapia está caminhando para uma crise de ineficácia,

devido à resistência dos micro-organismos aos agentes antimicrobianos, o que

aumenta consideravelmente a procura por novas e eficazes substâncias com esta

atividade. A investigação química de extratos de plantas e produtos naturais para

atividade antimicrobiana tem demonstrado que plantas superiores representam uma

potencial fonte de novos agentes antinfecciosos (HEEMANN et al., 2006).

3.7 Óleos Essenciais e atividade antimicrobiana

Óleos essenciais de plantas há muito tempo têm servido de base para

diversas aplicações na medicina popular, tal realidade serviu de base para diversas

investigações científicas, com vista na confirmação da atividade antimicrobiana dos

óleos essenciais. Isto mostra claramente que estes metabólitos secundários têm

potencial na área médica, na aplicação em cosméticos, alimentos e na indústria

Page 38: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

26

farmacêutica (DORMAN; DEANS, 2000; ALMEIDA et al., 2006; ARRUDA et al.,

2006; NUNES et al., 2006; BENKEBLIA, 2004).

Para tanto, tem se desenvolvido métodos de investigação in vitro que

produzam resultados confiáveis e possam ser reproduzidos e validados. Há dois

ensaios utilizados para avaliação da atividade antimicrobiana dos óleos essenciais, o

método de difusão em ágar e a diluição em ágar (KALEMBA; KUNICKA, 2003).

A atividade antimicrobiana vem sendo estudada nas últimas décadas por

muitos pesquisadores. A maior parte destes trabalhos é realizada com os óleos

essenciais sem fracionamento e em muitos casos sem a identificação dos

componentes químicos. Em outros casos, a ação é atribuída a algum dos

componentes do óleo, baseada em estudos realizados com substâncias isoladas. O

mecanismo de ação dos óleos essenciais é complexo e ainda não foi totalmente

explicado (KNOBLOCH et al., 1989; YUNES; CECCHINEL-FILHO, 2007). Mas sabe-

se que é importante para a ação antimicrobiana dos constituintes dos óleos

essenciais o caráter lipofílico de seu esqueleto hidrocarboneto e do caráter

hidrofílico dos seus grupos funcionais (KALEMBA; KUNICKA, 2003).

O modo de ação dos agentes antimicrobianos depende do tipo de micro-

organismos que está relacionado, principalmente a estrutura da sua parede celular e

o arranjo da sua membrana externa. As bactérias Gram-negativas (P. aeruginosa)

exibem uma resistência intrínseca a uma grande variedade de óleo essencial, isto

está relacionado com a superfície hidrofílica da sua membrana externa, rica em

moléculas de lipopolissacarídeo. Forma uma barreira contra agentes tóxicos,

pequenas moléculas hidrofílicas não são impedidas de passar através da membrana

externa devido a presença abundante da ação de proteínas do tipo porina. No

entanto, macromoléculas hidrofóbicas, como os óleos essenciais, são constituintes

incapazes de penetrar a barreira (KALEMBA; KUNICKA, 2003).

A ação dos óleos essenciais contra bactérias Gram-positivas e fungos parece

ser similar. Os constituintes dos óleos destroem a parede celular das bactérias e

fungos e a membrana citoplasmática, interrompendo a força motriz de prótons, o

fluxo de elétrons, o transporte ativo e a coagulação do conteúdo das células

(KALEMBA; KUNICKA, 2003; BURT, 2004).

Considerando a variabilidade de constituintes químicos presentes nos óleos

essenciais, é provável que sua atividade antimicrobiana não é atribuível a um

mecanismo específico, mas há vários alvos na célula. Há evidências que os

Page 39: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

27

constituintes minoritários têm papel crucial no desempenho da atividade

antimicrobiana, possivelmente pela produção de sinergismo entre os outros

componentes (BURT, 2004).

Alguns componentes dos óleos essenciais de natureza fenólica, por exemplo,

o carvacrol e o timol, podem causar uma interrupção no exterior da camada de

lipopolissacarídeo seguida de desintegração parcial da membrana externa

(HELANDER et al., 1998). O Timol possui estrutura similar ao carvacrol, eles diferem

pela localidade do grupo hidroxila sobre o anel fenólico, as duas substâncias

parecem tornar a membrana permeável (LAMBERT et al., 2001). Ambas as

estruturas desintegram a membrana externa de bactérias Gram-negativas liberando

os lipopolissacarideos (LPS), aumentando a permeabilidade da membrana

citoplasmática ao ATP. Precursor do carvacrol, o p-cimeno é hidrofóbico e provoca

maior inchaço da membrana citoplasmática do que o carvacrol (ULTEE; BENNIK;

MOEZELAAR, 2002). O cinamaldeído é conhecido por ter ação inibitória sobre E.

coli e Salmonella typhimurium em concentrações parecidas com as do carvacrol e

timol, mas não desintegra a membrana externa e nem inibe o ATP (Adenosina

Trifosfato) intracelular (HELANDER et al., 1998).

3.8 Cipura paludosa

Entre as espécies mais comuns da família Iridaceae está a Cipura paludosa,

uma pequena erva de flores azul-celeste, que ocorre em áreas mais abertas e

alagáveis de cerrado e também em pastos e terrenos baldios (SOUZA; LORENZI,

2005). É uma espécie herbácea conhecida popularmente como “alho do mato”, “alho

da campina”, “alho do campo”, “cebolinha do campo”, “coqueirinho”, “coquinho” e

“vareta” (CORRÊA; PENNA, 1926-1978).

O gênero Cipura estende-se do sul do Paraguai e parte meridional do Brasil

até a parte central do México e Cuba, fazendo parte de uma das riquezas da floresta

Amazônica (GOLDBLATT; HENRICH, 1987). No Brasil encontramos nos estados do

Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso (CORRÊA; PENNA, 1926-1978).

O gênero possui nove espécies, mas a C. paludosa é a espécie mais amplamente

distribuída, enquanto as outras são de localização restrita (GOLDBLATT; HENRICH,

1987).

Page 40: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

28

Dias (2010) descreveu a C. paludosa como uma erva ereta, com 10 a 32 cm

de altura; com o bulbo medindo 1,0-2,0 x 0,7-1,7cm. Possui uma a quatro folhas por

planta, medindo 5,0-32,0 x 0,2-2,0 cm, sendo licadas, ensiformes, glabras, com

tricomas nas margens e (em algumas) nervuras. Há uma inflorescência por planta, a

bráctea tectriz mede 7,0-21,0 x 0,3-0,6 cm, é lanceolada, com escapo floral de 2,0-

13,0 x 0,1 cm. Cada planta apresenta um a quatro ripídios e cinco a nove brácteas,

que medem 1,0-4,5 x 0,4-1,0 cm e as mais externas são estéreis. As flores são

lilases ou azuis, com tépalas (folha floral não diferenciada em pétala ou sépala)

externas de 1,0-2,5 x 0,4-1,0 cm, são obovais ou lineares, com base aguda, ápice

arredondado, patentes ou eretas, tépalas internas de 0,8-1,0 x 0,4-0,6 cm, sendo

eretas, revolutas, com mancha branca no terço inferior e uma listra vertical amarela

na região mediana e superior, composta por nectários, podendo ou não apresentar

estrias roxas na margem dessa listra, estames adpressos aos estiletes, filetes de 0,3

cm de comprimento filiforme, anteras brancas com 0,3 cm oblongas, estiletes com

0,7 cm de comprimento, unidos, com três estigmas, cada um com um lobo e um

lacínio. O ovário mede 0,8-1,0 x 0,1-0,2 cm, com vários óvulos por lóculo, pedicelo

com 0,8 cm de comprimento. As cápsulas elípticas medem 2,0-2,5 x 0,8 cm, as

sementes possuem 0,13 x 0,1 cm. A flor da C. paludosa pode ser observada na

figura 3.

Figura 3 – Foto da flor de Cipura paludosa.

Fonte: MERCADANTE, M. Cipura paludosa, 2009.

Page 41: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

29

Usada na medicina tradicional na forma de chá para tratar diversas desordens

como infecções, inflamações, processos dolorosos, no combate às doenças renais e

diarréia (LUCENA, 2010).

Estudos realizados sobre a C. paludosa demonstraram a presença de

metabólitos secundários como terpenos, esteroides, alcaloides, quinonas e

compostos fenólicos. Algumas naftoquinonas e naftopiranos têm sido identificados

nos bulbos da C. paludosa que podem ser responsáveis em parte por suas

propriedades antinociceptivas e antiinflamatórias (LUCENA, 2010). Quatro

naftoquinonas foram isolados dos bulbos dessa planta e são conhecidos como

eleuterina, isoeleuterina, hongkonin e 11-hidroxi-eleuterina (TESSELE et al., 2011).

As naftoquinonas são derivadas das quinonas e de particular interesse em

virtude de sua ampla ocorrência em produtos naturais e como produtos químicos do

ambiente (FERREIRA et al., 2010). As naftoquinonas são bem conhecidas por

apresentar atividades antibacterianas, antifúngicas e antitumoral, e tem sido

amplamente testada em vários estudos farmacológicos. Entre as várias quinonas

com atividades farmacológicos, as do grupo lapachol são compostos privilegiados,

com diversas atividades. Foram atribuídas ao lapachol e seus derivados semi-

sintéticos, atividades biológicas tais como: atividade cercaricida (prevenção da

penetração de cercarias Schistosoma mansoni na pele); ação moluscida (atividade

contra caramujos Biomphalaria glabrata, hospedeiro intermediário do Schistosoma

mansoni); leishmanicida (ação intracelular nas formas amastigotas de Leishmania

braziliensis); tripanossomicida (atividade contra Trypanosoma cruzi, agente

causador da doença de Chagas em sua fase tripomastigota); antimalárico (atividade

contra eritrócitos parasitados por Plasmodium falciparum); uso contra enteroviroses;

antiinflamatória e antiulcerantes (DA SILVA; FERREIRA; DE SOUZA, 2003;

GAFNER et al., 1996; KUMAGAI et al., 2011).

Estudos científicos sobre as propriedades farmacológicas de C. paludosa são

escassos. Um grupo de pesquisa demonstrou efeitos centrais do extrato etanólico da

C. paludosa com significativa atividade antinociceptiva e antiinflamatória quando

analisada em diferentes modelos de nocicepção química, térmica e mecânica em

camundongos e ratos (LUCENA et al., 2007a). Posteriormente foi verificado in vivo,

a ação neuroprotetora do extrato etanólico dos bulbos da planta contra a toxicidade

induzida pelo metilmercúrio em camundongos, o tratamento com o extrato etanólico

Page 42: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

30

da C. paludosa também aumentou os níveis de glutationa redutase nos cerebelos

desses animais (LUCENA et al., 2007b).

3.9 Chenopodium ambrosioides

Pertence a família Chenopodiaceae que tem como sinonímia Amarantaceae.

O gênero Chenopodium L. compreende cerca de 100 espécies, a maioria destas são

cosmopolitas e estão distribuídas principalmente nas regiões subtropicais e

temperadas (KOKANOVA-NEDIALKOVA et al., 2011).

A Chenopodium ambrosioides é conhecida popularmente como “erva de

Santa Maria”, “mastruço”, “ambrosina”, “mastruz”, “erva-de-bicho”, “mentruz” ou

“erva-do-formigueiro”, sendo muito empregada na medicina popular na região

centro-oeste, sul e sudeste do Brasil (LORENZI; MATOS, 2002).

A Relação Nacional de Plantas Medicinais de interesse ao SUS (RENISUS),

implementado pelo governo brasileiro, seleciona essa erva como uma das 71

espécies ou gêneros, tradicionalmente utilizados no Brasil e recomendáveis para

possível uso como fitoterápicos ou medicamentos populares a serem prescritos pelo

Sistema Único de Saúde (SUS), para medicina humana (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2009). É encontrada na Farmacopeia Brasileira 1ª e 2ª edição com percentual de

ascaridol que varia de 60 a 80% (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 1926, 1959). A

concentração de ascaridol (42,77%) encontrada no óleo essencial do presente

estudo é inferior ao informado na Farmacopeia, essa concentração pode variar de

acordo com fatores climáticos e geográficos que alteram a produção dos compostos

ativos nas plantas (GOBBO-NETTO; LOPES, 2007).

É uma planta originária da América Central e do Sul e espontânea no sul e

sudeste do Brasil. Ocorre em todos os países temperados e tropicais de forma

silvestre ou cultivados e é considerada uma planta invasora (LORENZI; MATOS,

2002)

Lorenzi e Matos (2002) descreveram a C. ambrosioides como uma planta

perene ou anual, muito ramificada, podendo atingir até um metro de altura. Possui

folhas simples, alternadas, pecioladas, de tamanho diferente, sendo menores e mais

finas nas extremidades superiores. As flores são pequenas, verdes, dispostas em

espigas axilares densas. Os frutos são muito pequenos e do tipo aquênio, esféricos,

Page 43: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

31

pretos, ricos em óleo e muito numerosos, geralmente confundidos com sementes.

Toda a planta tem um odor forte e característico. As folhas da C. ambrosioides

podem ser observadas. Na figura 4 podemos observar as folhas da C. ambrosioides.

Figura 4 – Foto das folhas de Chenopodium ambrosioides.

Fonte: KRESS, H. Chenopodium ambrosioides, 2013.

Investigações fitoquímicas sobre as espécies do gênero Chenopodium

revelaram grande variedade de compostos orgânicos sendo eles: terpenos,

esteroides, saponinas triterpênicas, flavonoides e alcaloides (KOKANOVA-

NEDIALKOVA; NEDIALKOV; NIKOLOV, 2009). Algumas espécies desse gênero

possuem várias aplicações tradicionais, mas algumas merecem maior atenção e têm

sido testadas em diferentes atividades biológicas, como antimicrobiana, anti-

inflamatória (YADAV et al., 2007) e antihelmíntica (DUKE, 1985; WEISS, 2001;

YADAV et al., 2007).

Um estudo realizado na Universidade de Dschang (África Central) com o óleo

essencial das partes aéreas (folhas, flores e caule) de C. ambrosioides obtido por

hidrodestilação, sua composição química analisada por Cromatografia Gasosa (GC)

e Cromatografia Gasosa com Espectro de Massa (GC/MS) permitiu a identificação

de 14 componentes, que representa 98,8% do total de óleo. Os componentes

principais foram: α-terpineno (51,3%), p-cimeno (23,4%) e p-menta-1,8-dieno

(15,3%). As propriedades antifúngicas do óleo essencial foram investigadas in vitro

Page 44: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

32

pelo método de microdiluição. A atividade antifúngica in vitro foi dose dependente e

os valores de concentração inibitória mínima variaram de 0,25 a 2 mg/mL. A

atividade antifúngica in vivo foi avaliada em modelo de rato induzida a candidíase

vaginal. A atividade in vivo do óleo em candidíase vaginal em ratos não foi dose

dependente. Com efeito, todas as três doses testadas, 0,1%, 1% e 10%, conduziram

à recuperação da infecção dos ratos induzida após 12 dias de tratamento. Este óleo

tem um efeito dose dependente relativamente importante no perfil de ácidos graxos

de C. albicans (CHEKEM et al., 2010).

A extração de Chenopodium ambrosioides L. brasileiro revelou um baixo

rendimento (0,3%) do óleo essencial, com uma boa atividade contra oito fungos

importantes, Aspergillus flavus, A. glaucus, A. niger, A. ochraceous, Colletotrichum

gloesporioides, C. musae, Fusarium oxysporum, e F. semitectum (JARDIM et al.,

2008). Visando melhorar a extração dos compostos antifúngicos, em um segundo

estudo o extrato hexano foi avaliado, este melhorou o rendimento (1,1%) dos

antifúngicos com uma atividade comparável ao óleo essencial (JARDIM et al., 2010).

A composição química de extratos e óleo essencial de C. ambrosioides tem

sido alvo de muitos estudos. Muhayimana et al. (1998), idenficaram σ-terpineno e

ascaridol no óleo essencial de C. ambrosioides. Onocha et al. (1999), analisaram o

óleo essecial de C. ambrosioides coletado na Nigéria, identificando 91,2% da sua

constituição, as substâncias encontradas foram: σ-terpineno (15,7%) e p-cimeno

(15,5%). Gupta et al. (2002), examinaram a composição do óleo essencial de C.

ambrosioides da Índia, identificando as substâncias: σ-terpineno (64%), p-cimeno

(19%) e ascaridol (7%). Pino et al. (2003), avaliaram a constituição do óleo essencial

de C. ambrosioides de Cuba, encontrando acetato de σ-terpenilla (73,9%) e p-

cimeno (4,3%). Cavalli et al. (2004,) analisaram o óleo essencial de C. ambrosioides

de Madagascar, identificando as substâncias: ascaridol (41,8%), isoascaridol

(18,1%) e p-cimeno (16,2%). Jardim et al., (2008) avaliaram o óleo essencial de C.

ambrosioides do Brasil e identificaram: Z-ascaridol (44,4%), E-ascaridol (30,2%) e p-

cimeno (25,4%).

3.10 Ensaios Microbiológicos

A micologia médica tem passado por muitas mudanças. A profilaxia

antifúngica e a terapia empírica tem contribuído para alterações epidemiológicas,

Page 45: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

33

com a aparição de cepas com resistência secundária aos antifúngicos e a

substituição de algumas espécies sensíveis por outras com resistência intrínseca

(ROBERTS; TAYLOR; BOYLE, 2003; ESTRELLA; TUDELA, 2002).

Nesse contexto, os testes de sensibilidade em micologia tem apresentado

grande importância, apesar de a correlação entre os testes in vitro e a resposta

terapêutica in vivo ainda não estar totalmente definida, uma vez que o tratamento

depende de variáveis ligadas a clínica do hospedeiro (ESTRELLA; TUDELA, 2002;

REX et al., 2001).

Os testes in vitro para avaliar a susceptibilidade antimicrobiana são

fundamentais para uma adequada antibioticoterapia. Eles contribuem na escolha da

melhor alternativa de tratamento, reduzindo a possibilidade de falha terapêutica

(TORRES, 2005; ELEWSKI, 1998; ESTEBAN; ABARCA; CABANES, 2005;

GHANNOUM et al., 2004).

A atividade antimicrobiana de extratos vegetais é avaliada através da

determinação de uma pequena quantidade da substância necessária para inibir o

crescimento do micro-organismo teste. Esse valor é conhecido como Concentração

Inibitória Mínima (CIM). Um aspecto bastante relevante na determinação da CIM de

extratos vegetais é a preocupação em relação aos aspectos toxicológicos,

microbiológicos e legais pertinentes aos compostos naturais ou suas combinações

(PINTO; KANEKO; OHARA, 2003).

Atualmente, existem vários métodos para avaliar a atividade antibacteriana e

antifúngica dos extratos vegetais. Os mais conhecidos incluem método de difusão

em ágar, método de macrodiluição e microdiluição. Para determinar a CIM ou a

Concentração Bactericida Mínima (CBM) de extratos ativos de plantas, tem-se

utilizado um método sensível de microdiluição desenvolvido por Eloff (1998).

As variações referentes à determinação da CIM de extratos de plantas podem

ser atribuídas a vários fatores. Dentre eles podemos citar a técnica aplicada, o

microrganismo e a cepa utilizada no teste, a origem da planta, a época da coleta, se

os extratos foram preparados a partir de plantas frescas ou secas e a quantidade de

extrato testada. Assim, não existe método padronizado para expressar os resultados

de testes antimicrobianos de produtos naturais (FENNEL et al., 2004).

O teste de difusão em ágar, também chamado de difusão em placas, é um

método físico, no qual um micro-organismo é testado contra uma substância

biologicamente ativa em meio de cultura sólido e relaciona o tamanho da zona de

Page 46: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

34

inibição de crescimento do micro-organismo testado com a concentração da

substância ensaiada (PINTO; KANEKO; OHARA, 2003).

A aplicação do método de difusão se limita a micro-organismos de

crescimento rápido, sendo eles aeróbios ou aeróbios facultativos. A avaliação é

comparativa frente a um padrão biológico de referência (controle positivo) e a zona

ou o halo de inibição de crescimento é medida partindo-se da circunferência do

disco ou poço, até a margem onde há crescimento de micro-organismos (BARRY;

THORNSBERRY, 1991).

De acordo com a dimensão do halo os micro-organismos podem ser

classificados como: sensíveis, quando o diâmetro da zona de inibição é maior ou

não mais do que 3 mm menos que o controle positivo; moderadamente sensíveis,

halo maior que 2 mm, mas menor que o controle positivo de mais de 3 mm; e

resistentes, diâmetro igual ou menor que 2 mm. Como controle positivo, emprega-se

um quimioterápico padrão, e como controle negativo o solvente utilizado para a

dissolução dos extratos (KARAMAN et al., 2003; SPRINGFIELD et al., 2003).

As técnicas de aplicação da substância antimicrobiana no método de difusão

são por meio de disco, cilindros de aço inoxidável ou vidro e perfuração em ágar

(PINTO; KANEKO; OHARA, 2003).

O teste de difusão em disco é aceito pelo FDA (Food and Drug

Administration) e estabelecido como padrão pelo CLSI (BARRY; THORNSBERRY,

1991). O teste de difusão em disco sugerido por Rabanal et al. (2002) e por

Karaman et al. (2003) consiste na aplicação de 10 µL da solução de agente

antimicrobiano em discos de papel de filtro de 6 mm de diâmetro, nas diferentes

concentrações a serem testadas variando de 31,25 a 500 µg/mL.

A metodologia consiste em colocar os discos sobre o meio de cultura sólido

previamente inoculado em placas de Petri, a disposição dos discos deve ser tal que

sua distância até a lateral da placa seja maior que 15 mm e de modo a não sobrepor

as zonas de inibição. O pH do meio de cultura deve estar entre 7,2 e 7,4 e a

profundidade recomendada é de aproximadamente 4 mm (BARRY;

THORNSBERRY, 1991).

O método de diluição em caldo considera a relação entre a proporção de

crescimento do micro-organismo testado no meio líquido e a concentração da

substância ensaiada. A avaliação é comparada frente a um padrão biológico de

Page 47: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

35

referência. Entende-se por proporção a densidade da turbidez provocada pelo

crescimento microbiano (PINTO; KANEKO; OHARA, 2003).

O método fornece resultados quantitativos e não é influenciado pela

velocidade de crescimento dos micro-organismos. Sua desvantagem é a dificuldade

na detecção de contaminação no caso de teste de materiais clínicos. Como controle

positivo, utiliza-se o caldo com o quimioterápico padrão com a suspensão

padronizada de micro-organismo em teste, e como controle negativo o meio de

cultura com o solvente usado para dissolução da amostra e a suspensão microbiana

(SAHM; WASHINGTON II, 1991). Duas metodologias podem ser empregadas:

macro e microdiluição.

A macrodiluição envolve testes em tubos de ensaio, com volume de meio de

cultura variando de 1 e 10 mL. Por ser laborioso, consumir muito tempo, requerer

muito espaço no laboratório e gerar grande quantidade de resíduos é usado

pequeno número de réplicas (SAHM; WASHINGTON II, 1991; ZGODA, PORTER,

2001).

A microdiluição utiliza microplacas com 96 poços, com volume de meio de

cultura entre 0,1 e 0,2 mL. Eloff (1998) utilizou a técnica de diluição em microplacas

para verifcar a atividade antimicrobiana em extratos vegetais e observou

inconvenientes na técnica, tais como compostos presentes em alguns extratos

precipitavam, e a coloração verde da clorofila em concentração muito alta interferia

na análise. Todavia, concluiu que o método de microplacas é barato, tem

reprodutibilidade, é 30 vezes mais sensível que outros métodos usados na literatura,

requerem pequena quantidade de amostra, pode ser usado para grande número de

amostras e deixa um registro permanente.

Page 48: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

36

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Equipamentos

Agitador de tubos (Phoenix, Agitador de Tubos AP56)

Agitador Magnético com Aquecimento (Dist)

Autoclave Vertical (Phoenix)

Balança de precisão (Bel Engineering)

Capela de Fluxo Laminar (Pachane)

Centrífuga (Fanem, Centrífuga Excelsa Baby I)

Condutivímetro (Digimed DM-32)

Espectrofotômetro (Micronal, Colorímetro fotoelétrico B340 UV 660 nm)

Estufa de Incubação Microbiológica (Quimis)

Incubadora com agitação vertical (Dist)

Micro-ondas (LG)

Placas de Cromatografia de Camada Delgada de Sílica-Gel

Placas de Microtitulação com 96 poços, fundo com formato de V e U

4.2 Reagentes

Acetato de Etila (Merck)

Ágar Mueller-Hinton (Acumedia)

Ágar Sabouraud Dextrosado (Acumedia)

Água

Caldo Mueller-Hinton (Merck)

Caldo Sabouraud Dextrosado 2% (Isofar)

Cloreto 2,3,5 trifenil tetrazólio (Vetec)

Cloreto de Sódio (Vetec)

Dimetilsulfóxido (Merck)

Glicose (Lafan)

Hexano (Nuclear)

Page 49: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

37

4.3 Material Vegetal

4.3.1 Cipura paludosa

C. paludosa foi coletada no município de Porto Velho, estado de Rondônia,

Brasil, em agosto de 2009. Um exemplar foi submetido à análise botânica e

identificado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) por Maria de

Fátima Figueiredo Melo. Uma excicata de número 1782 encontra-se depositada no

Herbário Dr. Ary Tupinambá Penna Pinheiro, em Porto Velho, Brasil.

Os procedimentos para a obtenção dos extratos brutos e substâncias isoladas

foram realizados no Laboratório da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI pela

acadêmica Priscila Batista Tessele, orientada pelo Prof. Dr. Valdir Cechinel Filho

(TESSELE, 2011) conforme a figura 5.

Figura 5 – Esquema para obtenção das substâncias isoladas de Cipura paludosa.

Bulbos frescos de C. paludosa foram macerados com metanol à temperatura

ambiente durante cerca de sete dias. Após filtração, o solvente foi removido por

Page 50: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

38

evaporação sob pressão reduzida e o resíduo foi particionado sucessivamente com

diclorometano (DCM) e acetato de etila (AE).

Parte da fração DCM foi fracionada em sílica gel por cromatografia em coluna,

eluindo com um gradiente de n-hexano:acetato de etila com polaridade crescente

rendendo várias frações, onde as frações 58-65 referente a isoeleuterina renderam

17% a partir de DCM e as frações 77-83 que correspondem a eleuterina

apresentaram rendimento de 6,5% também a partir da DCM.

4.3.2 Chenopodium ambrosioides

C. ambrosioides foi coletada no munícipio de Cáceres, estado do Mato

Grosso, Brasil, em março 2010. Um exemplar foi submetido à análise botânica, para

identificação segura da espécie. Uma excicata de número HBR 52802 encontra-se

depositada no Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí, SC.

Os procedimentos para a obtenção dos extratos brutos, frações, óleo

essencial e hidrolatos foram realizados no Laboratório de Análises Fitoquímicas da

Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI pelas acadêmicas Ruth Tomasoni

Degenhardt e Liliane Trivellato Grassi, orientada pela Professora Dra. Angela

Malheiros (GRASSI, 2011; DEGENHARDT, 2013). Nas figuras 6 e 7 estão

apresentados, os esquemas dos procedimentos realizados.

Figura 6 – Esquema de obtenção dos extratos brutos e frações de Chenopodium

ambrosioides.

Page 51: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

39

Figura 7 – Esquema de obtenção do óleo essencial, e frações do hidrolato de

Chenopodium ambrosioides.

O material botânico foi seco e separado em folhas, caules e raiz, estas foram

trituradas e submetidas separadamente ao processo de maceração com etanol,

somente as folhas foram submetidas ao processo de partição líquido- líquido com

solventes imiscíveis entre si e em ordem crescente de polaridade (diclorometano,

acetato de etila e butanol). O processo de extração do óleo essencial das folhas de

C. ambrosioides foi realizado pelo método de arraste a vapor com aparato de

Clevenger. O hidrolato obtido foi submetido à partição líquido-líquido repetindo o

mesmo procedimento realizado para o extrato bruto das folhas. O óleo essencial

obtido foi denominado CAOE com rendimento de 1,15%, apresentou duas

substâncias majoritárias, que foram identificadas como: 1-isopropil-4-metil-benzeno

(p-cimeno) (42,32%) e 1-isopropil-4-metil-2,3-dioxabiciclo[2.2.2]oct-5-eno

(ascaridol) (49,77%), respectivamente, totalizando 92,09% do óleo essencial

analisado.

4.4 Micro-organismos

As cepas microbianas foram adquiridas da coleção americana American Type

Culture Collection (ATCC) (Rockville, MD, U.S.A.) ou cepas isoladas do Centro de

Referência em Micologia (C) (CEREMIC, Facultad de Ciencias Bioquímicas y

Farmacéuticas, Suipacha 531, (2000) Rosario, Argentina).

Page 52: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

40

Os micro-organismos utilizados como cepas padrões para a realização dos

ensaios de atividade antimicrobiana foram as bactérias Gram-positivas:

Staphylococcus aureus (ATCC 6538P), S. saprophyticus (ATCC 35552), S.

epidermidis (ATCC 12228), Bacillus subtilis (ATCC 2385), Enterococcus faecalis

(ATCC 29212) e Gram-negativas: Klebsiela pneumoniae (ATCC 13883), Escherichia

coli (ATCC 11775), Enterobacter aerogenes (ATCC 13048), Pseudomonas

aeruginosa (ATCC 27853), Salmonella typhimurium (ATCC 14028).

Para os ensaios com fungos foram utilizadas as seguintes cepas de fungos

leveduriformes: Saccharomyces cerevisiae (ATCC 9763), Cryptococcus neoformans

(ATCC 32264), Candida albicans (ATCC 10231), C. tropicalis (ATCC 7349), C.

parapsilosis (ATCC 22019), C. krusei (ATCC 6258), C. glabrata (ATCC 90030) e

fungos filamentosos: Aspergillus flavus (ATCC 9170), A. niger (ATCC 9092), A.

fumigatus (ATCC 26934), Rhizopus sp (C135), M. gypseum (C115), Trichophyton

mentagrophytes (ATCC 9972), T. rubrum (C137) e Epidermophyton flocosum

(C114).

4.5 Preparação dos inóculos

4.5.1 Bactérias

Cada bactéria foi transferida do meio de manutenção para o meio ágar

Mueller-Hinton e incubada a 35 ºC por 18 a 24 h, para ativação da respectiva cultura.

Para o preparo do inóculo foram selecionadas 3 a 4 colônias da bactéria

ativada em ágar Mueller-Hinton, e transferidas para um tubo de ensaio com 5 mL de

salina 0,86% estéril, e homogeinizadas em agitador de tubos por 15 segundos.

A densidade do inóculo foi ajustada em espectrofotômetro, lendo-se em

comprimento de onda de 520 nm para a obtenção de 75% de transmitância por

comparação com a escala McFarland. A solução salina estéril foi empregada como

branco (CLSI, 2003).

O inóculo final foi obtido pela diluição da suspensão das respectivas culturas

bacterianas, obtendo-se a concentração de aproximadamente 1,5 x 106 células/mL.

Para o método de diluição em ágar, inoculou-se em cada frasco contendo o meio

uma alça calibrada de 1 µL (1-5 x 105 células) (CLSI, 2003).

Page 53: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

41

4.5.2 Fungos leveduriformes

Cada fungo foi transferido do meio de manutenção para o meio ágar

Sabouraud Dextrosado e incubado a 30 ºC por 24 a 48 horas, para ativação da

respectiva cultura.

Para o preparo do inóculo foram selecionadas 3 a 4 colônias do fungo ativado

em ágar Sabouraud Dextrosado, e transferidas para um tubo de ensaio com 5 mL

de salina 0,86% estéril, e homogeinizadas em agitador de tubos por 15 segundos.

A densidade do inóculo foi ajustada em espectrofotômetro, lendo-se em

comprimento de onda de 520 nm para a obtenção de 85% de transmitância. A

solução salina estéril foi empregada como branco. O inóculo final foi obtido pela

diluição da suspensão das respectivas culturas fúngicas, obtendo-se a concentração

de aproximadamente 1,5 x 106 células/mL. Para o método de diluição em ágar,

inoculou-se em cada frasco contendo o meio uma alça calibrada de 1 µL (1-5 x 105

células) (ESPINEL-INGROFF; PFALLER, 1995).

4.5.3 Fungos filamentosos

Os fungos foram mantidos em ágar Sabouraud Dextrosado à temperatura

ambiente por 7 a 10 dias para a obtenção das culturas jovens. Os respectivos

inóculos foram preparados, removendo-se os esporos de cada fungo a partir da sua

colônia jovem, com auxílio de uma alça, transferidos para um tubo com água estéril

(10 mL), e homogeneizado vigorosamente em agitador de tubos. A suspensão

conidial foi filtrada com uma gaze para a remoção das hifas. A suspensão resultante

foi novamente homogeneizada e ajustada para 1,5 x 106 conídios/mL pela adição de

água estéril, utilizando um hemocitômetro para a determinação da contagem de

células. Foi inoculado em cada frasco contendo o meio uma alça calibrada de 10 µL

correspondendo a 1-5 x 104 células, para cada micro-organismo (LLOP et al., 2000).

Page 54: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

42

4.6 Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM)

4.6.1 Método da Diluição em Ágar (Macrodiluição)

Os valores da CIM foram determinados através do método da diluição em

ágar dos extratos de C. ambrosioides através da metodologia descrita pelo CLSI

(CLSI, 2002a, 2002b, 2003), com adaptações.

Os extratos foram dissolvidos em dimetilsulfóxido (DMSO), atingindo uma

concentração de 40 mg/mL, e preparada uma série de diluições em 10 tubos com

concentrações variando de 2000 a 3,9 ppm, o óleo essencial não foi dissolvido em

DMSO e as concentrações variaram de 12.500 a 97,65 ppm. Foram adicionados

1.000 µL de ágar Mueller-Hinton para as bactérias e 1.000 µL de ágar Sabouraud

Dextrosado para os fungos leveduriformes e filamentosos. O frasco foi

imediatamente agitado manualmente para total homogeneização da mistura. Os

frascos foram inclinados e após a solidificação dos meios de cultura, os micro-

organismos previamente ativados foram inoculados nas séries correspondentes.

Posteriormente, foram incubados em estufa a 35 ºC por 18 a 24 horas para o

crescimento das bactérias, a 30 ºC por 24 a 48 horas para os fungos leveduriformes,

e a temperatura ambiente (25 ºC) por 5 a 15 dias para os fungos filamentosos

(Figura 8).

Após o período de incubação, foram realizadas leituras da CIM através da

verificação visual do crescimento microbiano. Para a interpretação dos resultados foi

considerada CIM a inibição total do crescimento microbiano.

Durante os testes foram utilizados frascos controle, contendo apenas o meio

de cultura e frascos contendo DMSO. Os testes foram considerados válidos apenas

quando houve crescimento bacteriano nestes frascos.

Page 55: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

43

Figura 8 – Representação esquemática do teste de macrodiluição em tubo, após a inoculação e incubação.

Fonte: MACHADO, GALES, 2008. 4.6.2 Método da Diluição em Caldo (Microdiluição)

Para as substâncias isoladas da C. paludosa, os valores da CIM foram

determinados através do método da diluição em caldo (microdiluição) através da

metodologia descrita pelo CLSI para bactérias (CLSI, 2003), fungos leveduriformes

(CLSI, 2002b) e fungos filamentosos (CLSI, 2002a).

Para a preparação do inóculo da microdiluição de bactérias e fungos

leveduriformes, foram transferidos 133 µL dos inóculos descritos no item 4.5.1 e

4.5.2, para um tubo estéril, no qual foram adicionados 9,9 mL de caldo Mueller-

Hinton para bactérias e ou caldo Sabouraud para fungos leveduriformes,

homogeneizou-se e foi transferido para canaleta para utilização da pipeta multicanal

(CLSI, 2002a, 2002b, 2003).

Para a preparação do inóculo da microdiluição de fungos filamentosos, foram

transferidos 80 µL do inóculo descrito no item 4.3.3. para um tubo estéril, no qual

foram adicionados 4 mL de caldo Sabouraud, homogeneizou-se e após transferido

para canaleta para utilização da micropipeta multicanal (CLSI, 2002a).

As substâncias isoladas da C. paludosa, a isoeleuterina e eleuterina foram

dissolvidas em DMSO, atingindo uma concentração de 40 mg/mL. Neste ensaio foi

utilizada uma placa de microtitulação com 96 poços em forma de V para bactérias e

fungos leveduriformes e em forma de U para fungos filamentosos. Foi preparada

uma série de diluição, adicionando-se 95 µL de caldo Mueller-Hinton no primeiro

poço e 50 µL nos outros 11 poços. No primeiro poço da série foram adicionados 5 µL

Page 56: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

44

da amostra, homogeneizou-se e foram transferidos 50 µL do primeiro poço para o

segundo poço, e assim por diante até o décimo poço. Os dois últimos poços

serviram como controles positivo e negativo, por último foram adicionados 50 µL de

meio de cultura (caldo) com o inóculo em cada poço, exceto no último. A placa foi

selada com filme de PVC e posteriormente incubadas em estufa a 35 ºC por 18 a 24

horas para o crescimento das bactérias, a 30 ºC por 24 a 48 horas para os fungos

leveduriformes, e a temperatura ambiente (25 ºC) por 5 a 15 dias para os fungos

filamentosos.

Após o período de incubação, foram realizadas leituras da CIM através da

verificação visual do crescimento microbiano. Para a interpretação dos resultados,

foi considerada CIM a inibição total do crescimento microbiano.

4.7 Determinação da Concentração Bactericida Mínima (CBM) e Fungicida

Mínima (CFM)

Para determinar a concentração bactericida mínima ou fungicida mínima

foram selecionadas as culturas que apresentaram inibição do desenvolvimento

bacteriano ou fúngico no ensaio de CIM. Para tanto, foram realizadas subculturas

em meio ágar Mueller-Hinton para bactérias, incubadas a 35 ºC por 18 a 24 horas e

em ágar Sabouraud Dextrosado para fungos leveduriformes e filamentosos,

incubados a 30 ºC por 24 a 48 horas, e a temperatura ambiente (25 ºC) por 5 a 15

dias, respectivamente. Após a incubação as culturas foram inspecionadas para a

verificação visual do crescimento microbiano.

Para a interpretação dos resultados, foi considerado que a inibição no ensaio

da CIM e crescimento de micro-organismo na cultura (CBM ou CFM) significa ação

bacteriostática ou fungistática e a ausência do crescimento na subcultura significa

ação bactericida ou fungicida (BARON; FINEGOLD, 1990).

4.8 Bioautografia

Para o direcionamento da pesquisa quanto à identificação dos compostos

com potencial antimicrobiano da planta, foi realizado o ensaio da bioautografia

(HAMBURGER; CORDELL, 1987; RAHALISON et al., 1994).

Page 57: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

45

As amostras testes foram dissolvidas em acetona e aplicadas em placas de

cromatografia em camada delgada de sílica-gel (CCD). Em seguida, as placas foram

submetidas à eluição nos sistemas de solventes hexano e acetato de etila (9:1),

hexano e acetato de etila (6:4). Após a eluição e eliminação dos resíduos de

solventes, foi distribuída uma fina camada do meio de cultura contendo o inóculo de

micro-organismo susceptível (106 células/mL) sobre as placas de CCD e em seguida

incubada conforme a característica do micro-organismo.

Após o período de incubação foi borrifado nas placas, uma solução aquosa de

cloreto 2,3,5 trifenil tetrazólio (TTC) foi aspergida sobre a placa que foi novamente

incubada por mais 4 horas.

O critério empregado para a interpretação dos resultados de bioautografia foi

o aparecimento de zonas claras em torno dos compostos eluídos na CCD, indicando

a respectiva atividade antimicrobiana (HAMBURGER; CORDELL, 1987;

RAHALISON et al., 1994).

4.9 Avaliação do mecanismo de membrana celular

O óleo essencial de C. ambrosioides foi avaliado para verificação da atividade

em inibir a função da membrana celular através do método de Ye e colaboradores

(2005).

O inóculo microbiano foi preparado após ativação do S. aureus em ágar

Mueller-Hinton (37 ºC por 24 horas). Aproximadamente 4 colônias isoladas foram

transferidas para um tubo de ensaio contendo caldo Muller-Hinton e a concentração

de células foi ajustada na escala McFarland 0,5 através do espectrofotômetro.

Posteriormente foi incubado em estufa a 37 ºC por 6 horas. Após o período de

incubação, o tubo foi centrifugado a 3000 rpm por 10 minutos. O sobrenadante foi

descartado e o precipitado foi suspendido em uma solução de glicose 5%. O

procedimento foi repetido até que a sua condutividade elétrica fosse próxima à

condutividade da solução de glicose 5%, tornando a solução isotônica.

O óleo essencial foi acrescentado a solução de glicose 5% em diferentes

concentrações (12.500; 6.250; 3.125; 1.562; 781; 390 ppm) sendo utilizada como

controle positivo a Polimixina B a qual foi testada na concentração de 100 µg/mL,

sendo realizada a leitura da condutividade elétrica (L1). Posteriormente, a estas

mesmas concentrações foi adicionado 100 µL da solução bacteriana previamente

Page 58: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

46

preparada. Depois de homogeneizadas, as amostras foram incubadas sob agitação

a 37 ºC durante 40 minutos e então a condutividade foi verificada novamente (L2).

A diferença da condutividade elétrica das amostras com e sem a solução

bacteriana foi representada pela fórmula ∆L = L2 – L1, e a condutividade da bactéria

inativada aquecida em glicose 5% foi usada como controle negativo (Lo). A razão

∆L/∆Lo indicou a condutividade elétrica relativa das amostras analisadas.

Page 59: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

47

Page 60: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

48

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Atividade antimicrobiana

5.1.1 Chenopodium ambrosioides

As plantas contém milhares de componentes e são uma excelente fonte para

pesquisa de compostos com atividade antimicrobiana. A escolha certa dos

solventes, processos de extração e dos métodos de avaliação da atividade

antimicrobiana são essenciais para o isolamento e identificação dos compostos com

atividade biológica (DAS; TIWARI; SHRIVASTAVA, 2010; OSTROSKY et al., 2008).

A atividade antimicrobiana in vitro pode ser classificada de acordo com os

seguintes valores de CIM: para CIM abaixo de 100 ppm, a atividade antimicrobiana é

considerada boa, para CIM entre 100 e 500 ppm é considerada moderada, para CIM

entre 500 e 1000 ppm é considerada fraca e acima de 1.000 ppm é considerada

inativa (SANTOS et al., 2008; HOLETZ et al., 2002). Salienta-se que estes valores

de CIM são utilizados como referência para fármacos antimicrobianos de uso clínico,

porém os extratos com CIM superior a 1.000 ppm ainda possuem ação

antimicrobiana, que poderiam ser empregados como conservantes de cosméticos e

alimentos agregando valor, pois as concentrações de extratos nestes produtos são

bem maiores quando comparados aos fármacos.

Segundo Rocha (1994) produtos cosméticos podem conter até 1% (10.000

ppm) de flavonóide contribuindo para a ação antimicrobiana, além de serem

hidrossolúveis e miscíveis em cosméticos e não causarem irritação cutânea como

acontece com outros conservantes.

A avaliação da atividade antibacteriana dos extratos brutos, frações, óleo

essencial e hidrolatos da espécie C. ambrosioides frente a bactérias Gram-positivas

e Gram-negativas encontram-se nas tabela 1 e 2 respectivamente.

Page 61: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

49

Tabela 1 – Concentração inibitória mínima (CIM) e Concentração bactericida mínima (CBM) dos extratos e óleo essencial de Chenopodium ambrosioides frente às bactérias Gram-positivas. Material testado Concentração Inibitória Mínima (ppm)

S. aur S. sap E. fae B. sub CIM / CBM CIM / CBM CIM / CBM CIM / CBM

OE 6.250 / 6.250 6.250 / 12.500 12.500 / 12.500 3.125 / 3.125 EBF EtOH >2.000 >2.000 >2.000 >2.000 EBR >2.000 >2.000 >2.000 >2.000 EBC >2.000 >2.000 >2.000 >2.000 P. DCM EtOH >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 P. DCM H. >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 P. AE EtOH >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 P. AE H. >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 P. BUT EtOH >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 P. BUT H. >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 Legenda: OE- Óleo essencial; EBF EtOH – Extrato bruto da folha etanólico; EBR – Extrato bruto da raiz; EBC – Extrato bruto do caule; P. DCM EtOH– Partição Diclorometano do extrato etanólico da folha; P. DCM H. - Partição Diclorometano do hidrolato do óleo essencial; P. AE EtOH - Partição Acetato de Etila do extrato etanólico da folha; P. AE H. - Partição Acetato de Etila do hidrolato do óleo essencial; P. BUT EtOH – Partição Butanol do extrato etanólico da folha; P. BUT H. – Partição Butanol do hidrolado do óleo essencial; S. aur – Staphylococcus aureus; S. sap – Staphylococcus saprophyticus; E. fae – Enterococcus faecalis; B. sub – Bacillus subtilis.

Tabela 2 – Concentração inibitória mínima (CIM) e Concentração bactericida mínima (CBM) dos extratos e óleo essencial de Chenopodium ambrosioides frente às bactérias Gram-negativas. Material testado Concentração Inibitória Mínima (ppm)

E. coli K. pneu S. typ P. aer CIM / CBM CIM / CBM CIM / CBM CIM / CBM

OE 6.250 / 12.500 6.250 / 6.250 12.500 / 12.500 12.500 / 12.500 EBF EtOH >2.000 >1.000 >2.000 >2.000 EBR >2.000 >1.000 >2.000 >2.000 EBC >2.000 >1.000 >2.000 >2.000 P. DCM EtOH >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 P. DCM H. >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 P. AE EtOH >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 P. AE H. >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 P. BUT EtOH >1.000 >1.000 1.000 / >1.000 >1.000 P. BUT H. >1.000 >1.000 1.000 / >1.000 >1.000 Legenda: OE- Óleo essencial; EBF EtOH – Extrato bruto da folha etanólico; EBR – Extrato bruto da raiz; EBC – Extrato bruto do caule; P. DCM EtOH– Partição Diclorometano do extrato etanólico da folha; P. DCM H. - Partição Diclorometano do hidrolato do óleo essencial; P. AE EtOH - Partição Acetato de Etila do extrato etanólico da folha; P. AE H. - Partição Acetato de Etila do hidrolato do óleo essencial; P. BUT EtOH – Partição Butanol do extrato etanólico da folha; P. BUT H. – Partição Butanol do hidrolado do óleo essencial; E. coli – Escherichia coli; K. pneu – Klebsiela pneumoniae, S. typ – Salmonella typhimurium e P. aer – Pseudomonas aeruginosa.

Page 62: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

50

Os extratos brutos, frações, óleo essencial e as frações dos hidrolatos de C.

ambrosioides apresentaram atividade contra bactérias Gram-positivas e Gram-

negativas com CIM superiores a 1.000 ppm, sendo considerados inativos contra

estas bactérias, com exceção para a fração butanol e a fração butanol do hidrolato

que foram consideradas com fraca atividade antimicrobiana pois apresentam CIM de

1.000 ppm para a bactéria Gram-negativa S. typhimurium.

Podemos observar um perfil de seletividade em relação às bactérias Gram-

positivas e Gram-negativas encontrado nos testes de atividade antimicrobiana.

Este fato pode ser explicado devido a estrutura da célula bacteriana. A

resistência intrínseca das bactérias Gram-negativas aos agentes antimicrobianos

tem sido associada a presença de uma membrana externa existente nesses micro-

organismos. Com isso, o agente antimicrobiano encontra grande dificuldade de

penetrar na célula, ou quando consegue, a concentração não é alta o suficiente para

apresentar o resultado esperado (SCHAECHTER et al., 2002).

Os compostos hidrofóbicos apresentam dificuldade de atravessar a

membrana celular bacteriana externa, devido à sua porção polar estar situada na

face externa. Por outro lado, o interior hidrofóbico da membrana dificulta a

passagem de compostos hidrofílicos. (TAVARES, 1996; SCHAECHTER et al., 2002).

Além disso, as bactérias Gram-negativas possuem o espaço periplasmático, onde

podem ser encontradas as enzimas degradantes que inativam alguns antibióticos,

como por exemplo, os beta-lactâmicos, nucleases, proteases, entre outras

(TAVARES, 1996; SCHAECHTER et al., 2002).

Também tem sido demonstrado que as bactérias, sobretudo as Gram-

negativas, possuem mecanismos de bombas de efluxo especializados em expulsar

substâncias estranhas. Esses mecanismos atuam limitando o acesso do agente

antimicrobiano ao alvo, que lança a molécula de antibiótico, para fora da célula.

Esse sistema previne o acúmulo de antibiótico no interior da célula, evitando assim

que o agente antimicrobiano atinja a quantidade necessária para tornar o ambiente

letal à célula, não exercendo o seu efeito (NIKAIDO, 1989, 1994; GHANNOUM;

RICE, 1999; BAMBEKE; MICHOT; TULKENS, 2003).

A avaliação da atividade antifúngica dos extratos brutos, frações, óleo

essencial e hidrolatos da espécie C. ambrosioides frente a espécies de fungos

leveduriformes e filamentosos encontram-se nas tabelas 3 e 4 respectivamente

Page 63: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

51

Tabela 3 – Concentração inibitória mínima (CIM) e Concentração fungicida mínima (CFM) dos extratos e óleo essencial de Chenopodium ambrosioides frente a fungos leveduriformes. Material testado Concentração Inibitória Mínima (ppm)

C. alb C. tro C. gla C. par C. kru C. neo S. cer CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM

OE 781,25 / 781,25 781,25 / 3.125 390,62 / 781,25 1.562 / 3.125 390,62 / 781,25 781,25 / 6250 781,25 / 1.562 EBF EtOH >2.000 >2.000 >2.000 2.000 / 2.000 >2.000 500 / 2.000 250 / 500 EBR 2.000 / 2.000 >2.000 >2.000 >2.000 >2.000 2.000 / 2.000 1.000 EBC >2.000 >2.000 >2.000 >2.000 >2.000 >2.000 >2.000 P. DCM EtOH >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 1.000 / 1.000 >1.000 P. DCM H. >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 500 / 1.000 >1.000 P. AE EtOH >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 P. AE H. >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 P. BUT EtOH >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 P. BUT H. >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 Legenda: OE- Óleo essencial; EBF EtOH – Extrato bruto da folha etanólico; EBR – Extrato bruto da raiz; EBC – Extrato bruto do caule; P. DCM EtOH– Partição Diclorometano do extrato etanólico da folha; P. DCM H. - Partição Diclorometano do hidrolato do óleo essencial; P. AE EtOH - Partição Acetato de Etila do extrato etanólico da folha; P. AE H. - Partição Acetato de Etila do hidrolato do óleo essencial; P. BUT EtOH – Partição Butanol do extrato etanólico da folha; P. BUT H. – Partição Butanol do hidrolado do óleo essencial; C. alb – Candida albicans; C. tro – Candida tropicalis; C. gla – Candida glabrata; C. par – Candida parapsilosis; C. kru – Candida krusei; C. neo – Cryptococcus neoformans e S. cer – Saccharomices cerevisiae

Page 64: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

52

Tabela 4 – Concentração inibitória mínima (CIM) e Concentração fungicida mínima (CFM) dos extratos e óleo essencial de Chenopodium ambrosioides frente a fungos filamentosos. Material testado

Concentração Inibitória Mínima (ppm) A. fla A. nig A. fum Rhi M. gyp E. flo T. rub T. men

CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM OE 1.562 / 6.250 390,62 / 781,25 3.125 / 6.250 1.562 / 3.125 195 / 1.562 1.562 / 3.125 1.562 / 3.125 781,25 / 781,25 EBF EtOH >2.000 >2.000 >2.000 >2.000 1.000 / 2.000 >2.000 1.000 2.000 / 2.000 EBR >2.000 >2.000 >2.000 >2.000 1.000 / 1.000 >2.000 2.000 2.000 / 2.000 EBC >2.000 >2.000 >2.000 >2.000 1.000 / 2.000 >2.000 2.000 2.000 / 2.000 P.DCM EtOH >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 500 / 1.000 >1.000 >1.000 >1.000 P. DCM H. >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 1.000 / 1.000 >1.000 1.000 500 / 1.000 P.AE EtOH >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 1.000 / 1.000 >1.000 >1.000 >1.000 P. AE H. >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 1.000 / 1.000 >1.000 500 500 P.BUT EtOH >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 P. BUT H. >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 >1.000 1.000 / 1.000 Legenda: OE- Óleo essencial; EBF EtOH – Extrato bruto da folha etanólico; EBR – Extrato bruto da raiz; EBC – Extrato bruto do caule; P. DCM EtOH– Partição Diclorometano do extrato etanólico da folha; P. DCM H. - Partição Diclorometano do hidrolato do óleo essencial; P. AE EtOH - Partição Acetato de Etila do extrato etanólico da folha; P. AE H. - Partição Acetato de Etila do hidrolato do óleo essencial; P. BUT EtOH – Partição Butanol do extrato etanólico da folha; P. BUT H. – Partição Butanol do hidrolado do óleo essencial; A. fla – Aspergillus flavus; A. nig – Aspergillus niger; A fum – Aspergillus fumigatus; Rhi – Rhizopus sp; M. gyp – Microsporum gypseum; E. flo – Epidermophyton floccosum; T rub – Trichophyton rubrum e T. men – Trichophyton mentagrophytes.

Page 65: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

53

Os extratos brutos, frações e as frações dos hidrolatos de C. ambrosioides

apresentaram CIM superiores a 1.000 ppm para C. albicans, C. tropicalis, C.

glabrata, C. parapsilosis e C. krusei, sendo considerados inativos contra essas

leveduras.

O óleo essencial de C. ambrosioides apresentou atividade contra 9 dos 15

fungos analisados, os fungos susceptíveis ao óleo foram: C. albicans, C. tropicalis,

C. glabrata, C. krusei, C. neoformans, S. cerevisiae, A. niger, M. gypseum e T.

mentagrophytes. Tais fungos são de importância clínica, pois tratam-se de fungos

oportunistas e dermatófitos.

O óleo essencial apresentou moderada atividade antifúngica para C. krusei e

C. glabrata com CIM de 390,62 ppm, para C. albicans e C. tropicalis foi considerado

com fraca atividade antifúngica com CIM de 781,25 ppm e considerado inativo para

C. parapsilosis.

Estudos preliminares realizados por Chekem et al. (2010) na Universidade de

Dschang (África Central) sobre a atividade antifúngica do óleo essencial das partes

aéreas (folhas, flores e galhos) de C. ambrosioides demonstraram resultados

inferiores quando comparado ao presente estudo. A técnica utilizada por Chekem et

al. (2010) foi a de microdiluição em caldo, para 3 cepas padrão de C. albicans a CIM

variou de 1,0 a 2,0 mg/mL (equivalente a 1.000 e 2.000 ppm), para C. krusei, C.

lusitaneae e C. tropicalis a CIM foi de 1,0 mg/mL, para C. parapsilosis a CIM foi de

0,5 mg/mL (equivalente a 500 ppm) e para a C. glabrata e C. guilliermondii a CIM foi

de 0,25 mg/mL (equivalente a 250 ppm). Entretanto, em relação a C. albicans, C.

tropicalis e C. krusei os valores obtidos de CIM do presente estudo foram inferiores

ao de Chekem et al. (2010), obtivemos CIM de 781,25 ppm para C. albicans e C.

tropicalis e CIM de 390,62 ppm para C. krusei. A composição química do óleo

essencial analisado por Chekem et al. (2010) apresentou apenas 0,7% de ascaridol

e 23,4% de p-cimeno, que difere bastante do presente estudo pois apresentou

49,77% de ascaridol e 42,32% de p-cimeno.

Em relação a S. cerevisiae o extrato bruto das folhas apresentou CIM de 250

ppm, sendo considerado com moderada atividade antifúngica, o óleo essencial e o

extrato bruto da raiz apresentaram fraca atividade com CIM respectivamente de

781,25 e 1.000 ppm, os demais extratos e frações de hidrolatos foram considerados

inativos para este micro-organismo.

Page 66: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

54

Analisando os resultados da CIM do C. neoformans foi considerado o óleo

essencial, o extrato bruto das folhas, a fração diclorometano e a fração

diclorometano do hidrolato com fraca atividade antifúngica. Os demais extratos e

frações foram considerados inativos.

Os resultados obtidos nos fungos filamentosos indicam moderada atividade

antifúngica para o óleo essencial frente ao A. niger e M. gypseum com CIM

respectivamente de 390,62 e 195 ppm. Com exceção da fração butanol e fração

butanol do hidrolato, os demais extratos e frações foram considerados possuidores

de fraca atividade antifúngica frente ao M. gypseum. Os extratos, frações, óleo

essencial e frações dos hidrolatos foram inativos para os micro-organismos A. flavus,

A. fumigatus, Rhizopus sp e E. flocosum.

Um estudo realizado em Viçosa (MG) por Jardim et al. (2008) com óleo

essencial das folhas da C. ambrosioides revelou que o ascaridol (Z e E) é a

substância em maior quantidade (80%), porém a concentração de p-cimeno é muito

pequena (2,0%). O óleo essencial de C. ambrosioides foi testado frente a cepas de

A. flavus, A. niger, A. glaucus, A. ochraceus, Fusarium oxysporum, F. semitectum e

Colletotricum gloeosporioides através do método “poison food” nas concentrações

de 0,3%, 0,1%, 0,05% e 0,03% que equivalem respectivamente a 3.000 ppm, 1.000

ppm, 500 ppm e 300 ppm. O óleo essencial inibiu completamente o crescimento

micelial dos fungos testados na concentração de 0,3% (JARDIM et al., 2008). Ao

comparar esses resultados com avaliados no presente estudo observamos que em

relação ao A. flavus a CIM foi 48% inferior, com valor de 1.562 ppm e ao

compararmos com o A. niger a CIM foi 87% inferior, com valor de 390,62 ppm.

Prasad et al. (2009) também avaliou a atividade antifúngica do óleo essencial

das folhas de C. ambrosioides através da técnica de “poison food” frente a fungos

filamentosos. As folhas da C. ambrosioides foram coletadas nas margens do rio

Ganga (Samne Ghat, Varanasi) e revelaram um perfil fitoquímico diferente do

avaliado no presente estudo, onde há presença de m-cimeno (43,90%) e mirtenol

(13,33%) como constituintes majoritários, há presença de p-cimeno (0,9%) mas em

pequena quantidade e não foi encontrado ascaridol na sua constituição. O óleo

essencial inibiu completamente o crescimento de A. fumigatus, Microsporum

audouni, M. nanum, Trichophyton mentagrophytes, T. verrucosm e T. violaceum e

inibiu parcialmente o crescimento de A. flavus e A. niger na concentração de 800

ppm. No presente estudo foi encontrado resultados semelhantes para o T.

Page 67: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

55

mentagrophytes, pois foi inibido completamente o crescimento micelial na

concentração de 781,25 ppm e em relação ao A. niger foi inibido completamente o

crescimento micelial com apenas 390,62 ppm, valor este inferior ao estudo de

Prasad et al. (2009).

Estudos realizados por Kumar et al. (2007) sobre a atividade antifúngica do

óleo essencial de C. ambrosioides frente a A. flavus, através da metodologia de

“poison food” verificaram 100% de inibição do crescimento micelial na concentração

de 500 ppm, e que em concentrações mais baixas, a partir de 10 ppm já há

alterações no metabolismo do fungo, como por exemplo, a inibição da produção de

aflatoxina B1.

As diferenças de CIM observadas podem ser atribuídas à composição

química dos antimicrobianos vegetais testados, e isto têm justificativa sob vários

aspectos edafo-climáticos (época de colheita, horário, localidade, entre outros

fatores) que alteram a produção dos compostos ativos nas plantas. Esta afirmação

encontra suporte em estudo de Gobbo-Netto e Lopes (2007), que relatam a

influência dos fatores ambientais na produção dos compostos secundários das

plantas, resultando em produtos vegetais com diferentes composições químicas e

com isto capacidades distintas para inibição de crescimento microbiano.

Na literatura sugere-se que a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais

está relacionada principalmente ao seu composto majoritário, embora, alguns

autores mencionem a sinergia com os compostos minoritários (BURT et al., 2004;

BAKKALI et al., 2008).

A maioria das pesquisas é realizada com os óleos essenciais sem

fracionamento e em muitos casos sem a identificação dos componentes químicos.

Em outros casos, a ação é atribuída a algum dos componentes do óleo, baseada em

estudos realizados com substâncias isoladas (YUNES; CECCHINEL-FILHO, 2007).

O efeito de associação entre os diversos compostos presentes em uma determinada

planta pode ser aditivo ou sinérgico, sendo observado em alguns casos e também

devendo ser levado em consideração (HEMAISWAYRA; KRUTHIVENTI; DOBLE,

2008). Isto poderia explicar a razão de que algumas substâncias apresentaram

menor atividade antimicrobiana do que o óleo essencial do qual foi extraído, como

foi verificado com as substâncias ascaridol e isoascaridol em relação ao óleo

essencial da C. ambrosioides.

Page 68: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

56

Ao ser avaliado isoladamente o ascaridol e o isoascaridol extraídos do óleo de

C. ambrosioides frente as cepas de S. aureus e C. albicans, foi verificado que a CIM

obtida para S. aureus foi de 12.500 ppm e para C. albicans foi de 6.250 ppm para

ambas substâncias, mas quando analisamos o óleo essencial na sua totalidade

frente a S. aureus e a C. albicans a CIM encontrada foi de 6.250 ppm e 781,25 ppm,

respectivamente para ambas as substâncias, e podemos sugerir que estas

substâncias não são as responsáveis pela atividade antifúngica do óleo essencial da

C. ambrosioides. Da mesma forma torna-se necessário isolar os compostos ativos e

repetir os testes, para que possa ser demonstrada quais substâncias são

efetivamente ativas

O óleo essencial de C. ambrosioides apresentou atividade antimicrobiana

principalmente contra fungos leveduriformes e filamentosos. A ação dessas

substâncias destrói a parede fúngica e a membrana citoplasmática que resulta em

escoamento do citoplasma e sua coagulação. Sinais visíveis da ação dos óleos

essenciais nos fungos podem ser vistas através modificações morfológicas, como a

diminuição do micélio (KNOBLOCH, 1989; ADAMS; KUNZ; WEIDENBÖRNER,

1996; BOURREL et al., 1995; BILLERBECK et al., 2001).

Nas concentrações fungicidas mínimas (CFM), o perfil da atividade

antimicrobiano foi similar aos valores encontrados para a concentração inibitória

mínima (CIM).

Deve-se ressaltar que a diferença entre os valores de CIM e CFM para alguns

microorganismos foram pequenas, indicando que a planta possui atividade fungicida

próxima do ponto de inibição do respectivo fungo, o que é considerado uma

característica desejável para os agentes antimicrobianos frente a pacientes

imunocomprometidos, uma vez que os agentes antimicrobianos fungistáticos apenas

inibem o crescimento fúngico, tornando-os clinicamente menos desejáveis que os

fungicidas.

5.1.2 Cipura paludosa

Este é o primeiro ensaio de atividade antimicrobiana da espécie C. paludosa,

Não há relatos na literatura sobre a atividade antimicrobiana da espécie C. paludosa,

ou do gênero Cipura, e das substâncias isoladas isoeleuterina e eleuterina.

Page 69: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

57

A isoeleuterina e eleuterina são naftoquinonas, elas são conhecidas por

apresentar atividades antibacterianas e antifúngicas, e tem sido amplamente

testadas em vários estudos farmacológicos (DA SILVA; FERREIRA; DE SOUZA,

2003; GAFNER et al., 1996; KUMAGAI et al., 2011).

Algumas naftoquinonas foram investigadas contra vários fungos patogênicos,

como é o caso das naftoquinonas shikonina, deoxishiconina, acetilshicocina e β-

hidroxiisovalerilshiconina que possuem ação antifúngica contra algumas leveduras

do gênero Candida e contra o fungo filamentoso Trichosporon cutaneum (SASAKI;

ABE; YOSHIZAK, 2002).

A avaliação da atividade antibacteriana das substâncias isoeleuterina e

eleuterina frente as bactérias Gram-positivas e Gram-negativas testadas encontram-

se nas tabelas 5 e 6 respectivamente.

Tabela 5 – Concentração inibitória mínima (CIM) e Concentração bactericida mínima (CBM) da Isoeleuterina e Eleuterina frente às bactérias Gram-positivas. Material testado Concentração Inibitória Mínima (ppm)

S. aur S. sap E. fae B. sub CIM / CBM CIM / CBM CIM / CBM CIM / CBM

Isoeleuterina 31,25 / 1.000 125 / 1.000 500 / 1.000 31,25 / 31,25 Eleuterina 31,25 / 1.000 125 / 1.000 500 / 1.000 31,25 / 62,50 Legenda: S. aur – S Staphylococcus aureus; S. sap – S Staphylococcus saprophyticus; E. fae – Eenterococcus faecalis; B. sub – Bacillus subtilis. Tabela 6 – Concentração inibitória mínima (CIM) e Concentração bactericida mínima (CBM) da Isoeleuterina e Eleuterina frente às bactérias Gram-negativas. Material testado Concentração Inibitória Mínima (ppm)

E. coli S. typ P. aer CIM / CBM CIM / CBM CIM / CBM

Isoeleuterina >1.000 / >1.000 62,50 / 1.000 >1.000 / >1.000 Eleuterina >1.000 / >1.000 125 / 1.000 >1.000 / >1.000 Legenda: E. coli – Escherichia coli; S. typ – Salmonella typhimurium; P. aer – Pseudomonas aeruginosa.

A isoeleuterina foi considerada possuidora de boa atividade antibacteriana

frente a S. aureus, B. subtilis e S. typhimurium, já a eleuterina obteve boa atividade

para S. aureus e B. subtilis. Para E. faecalis as duas substâncias foram

Page 70: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

58

consideradas com moderada atividade antibacteriana e para as demais bactérias

testadas as duas substâncias foram consideradas inativas.

Em relação a concentração bactericida mínima, destaca-se o resultado obtido

contra B. subtilis, a CIM e a CBM obtiveram o mesmo valor de 31,25 ppm para a

isoeleuterina.

Um agente bactericida é preferível a um agente bacteriostático, os

organismos que permanecem vivos na presença do fármaco ainda podem causar

dano ao hospedeiro, seja por continuarem a produzir toxina, seja por se tornarem

resistentes ao medicamento e, eventualmente, retomarem o crescimento. Foi

demonstrado que as substâncias bactericidas são as que atuam melhor quando as

defesas do organismo são insuficientes para eliminar os agentes invasores

(SCHLESSINGER; EISENSTEIN, 2002).

A avaliação da atividade antifúngica das substâncias isoeleuterina e

eleuterina frente aos fungos leveduriformes e filamentosos testados encontram-se

nas tabelas 7 e 8 respectivamente.

Page 71: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

59

Tabela 7 – Concentração inibitória mínima (CIM) e Concentração fungicida mínima (CFM) da Isoeleuterina e Eleuterina frente a fungos leveduriformes. Material testado Concentração Inibitória Mínima (ppm)

C. alb C. tro C. gla C. par C. kru C. neo S. cer CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM

Isoeleuterina 250 / 1.000 250 / 1.000 250 / 1.000 500 / 1.000 125 / 250 31,25 / 31,25 125 / 500 Eleuterina 250 / 500 125 / 1.000 250 / 1.000 250 / 1.000 125 / 250 31,25 / 125 125 / 1000 Legenda: C. alb – Candida albicans; C. tro – Candida tropicalis; C. gla – Candida glabrata; C. par – Candida parapsilosis; C. kru – Candida krusei; C. neo – Cryptococcus neoformans e S. cer – Saccharomices cerevisiae. Tabela 8 – Concentração inibitória mínima (CIM) e Concentração fungicida mínima (CFM) da Isoeleuterina e Eleuterina frente a fungos filamentosos. Material testado Concentração Inibitória Mínima (ppm)

A. fla A. nig A. fum Rhi M. gyp E. flo T. rub T. men CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM CIM / CFM

Isoeleuterina 250 / 500 15,62 / 500 62,5 / 500 125 / 500 31,25 / 125 125 / 500 >1000 >1000 Eleuterina 250 / 500 62,5 / 500 125 / 125 500 / 1000 62,50 / 62,50 125 / 250 >1000 >1000 Legenda: A. fla – Aspergillus flavus; A. nig – Aspergillus niger; A. fum – Aspergillus fumigatus; Rhi – Rhizopus sp; M. gyp – Microsporum gypseum; E. flo – Epidermophyton floccosum; T rub –Trichophyton rubrum e T. men – Trichophyton mentagrophyte

Page 72: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

60

Em relação as leveduras, a isoeleteurina e eleuterina foram consideradas com

moderada atividade antifúngica para todas as espécies de Candida avaliadas e

também para a espécie S. cerevisiae. Apresentou boa atividade apenas frente a C.

neoformans com CIM de 31,25 ppm. As leveduras do gênero Candida e o

Cryptococcus neoformans são considerados entre os principais causadores de

patologias fúngicas oportunistas.

Frente ao ensaio de CFM desta-se a eleuterina contra A. fumigatus com CFM

de 125 ppm e M. gypseum com CFM de 62,5 ppm, estes resultados foram

equivalentes ao ensaio de CIM. A diferença entre os valores de CIM e CFM para os

outros microorganismos foram pequenas, indicando que a planta possui atividade

fungicida próxima do ponto de inibição do respectivo fungo.

As leveduras do gênero Candida são responsáveis por até 78% dos casos de

infecções nosocomiais por fungos (MAROL; YUCESOY, 2007). Segundo alguns

autores as várias espécies de Candida são a quarta ou terceira principal causa de

septicemia na América (EDMOND et al., 1999; NG et al., 2000; FRIDKIN et al., 2006;

WENZEL; GENNINGS, 2005; CATARINO et al., 2013).

A criptococose trata-se de uma micose extremamente grave que ocorre com

grande frequência em pacientes imunodeprimidos, geralmente acometendo os

pulmões e o sistema nervoso central. O fungo atinge o organismo através do trato

respiratório, podendo causar lesões tegumentares, viscerais ou meningoencefálicas

(LACAZ et al., 2002; SCHAECHTER et al., 2002). Os tratamentos que existem hoje

são agressivos e estão apresentando um aumento de cepas resistentes. Foram

estudadas alternativas como uma tentativa para a bioprospecção do fármaco

antifúngico, desde o aparecimento de casos de resistência. Portanto, existe

necessidade de procurar novas alternativas para agentes antifúngicos. A utilização

de imunoterapia, terapia fotodinâmica e a busca por novas moléculas está ocorrendo

a partir de peptídeos de plantas (GULLO et al., 2013).

Frente aos fungos filamentosos, as substâncias isoeleuterina e eleuterina

tiveram boa atividade contra M. gypseum e moderada atividade contra E. flocosum.

Estes micro-organismos são dermatófitos e quando acomete seres humanos

provoca lesões inflamatórias e impetiginosas (FISHER; COOK, 2001).

A isoeleuterina teve boa atividade antifúngica frente ao A. niger e A.

fumigatus, já a eleuterina apresentou moderada atividade antifúngica e ambas

apresentaram moderada atividade frente ao A. flavus. A aspergilose inclui um

Page 73: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

61

amplo espectro de doenças provocadas por fungos do gênero Aspergillus, com

manifestações clínicas que variam de colonização (por exemplo, aspergiloma), a

aspergilose broncopulmonar alérgica e outras formas disseminadas de infecção.

Apesar do progresso significativo alcançado na gestão desta infecção grave,

permanecem extremamente difíceis a sua prevenção, diagnóstico e terapia,

tornando-a uma das principais causas de morte entre os pacientes

imunocomprometidos (CUNHA et al., 2013).

5.2 Bioautografia

Como a bioautografia é um método útil para a localização de substâncias com

ação antimicrobiana em um cromatograma de extratos e ou frações de produtos

naturais somente foi avaliada a C. ambrosioides. A bioautografia contribui para a

localização e isolamento de substâncias ativas. Esta técnica é útil para substâncias

solúveis em meio aquoso, pois durante a incubação da placa as substâncias

deverão ultrapassar o meio de cultura por difusão, formando zonas de inibição de

crescimento microbiano (SOUZA et al., 2003).

O ensaio de bioautografia foi realizado com a bactéria S. aureus e a levedura

C. albicans, que mostraram boa sensibilidade aos componentes da C. ambrosioides.

O critério empregado para interpretação dos resultados da bioautografia foi o

aparecimento de zonas ou halos de inibição em torno das substâncias isoladas na

CCD, indicando a respectiva atividade antimicrobiana (RAHALISON et al., 1994).

Ensaios preliminares de atividade antimicrobiana de C. ambrosioides

demonstraram a atividade biológica somente do óleo essencial. Os demais extratos

brutos etanólicos de folhas, raiz e caule, suas frações diclorometano, acetato de etila

e butanol do extrato etanólico das folhas e do hidrolato foram considerados inativos.

Com a finalidade de facilitar a identificação de substâncias ativas com

atividade antimicrobiana foi realizada a bioautografia do óleo essencial, extratos,

frações e hidrolatos da C. ambrosioides. Os ensaios bioautográficos apesar de

qualitativos são uma ferramenta importante no auxílio para o isolamento e

identificação de substâncias ativas.

No ensaio bioautográfico foram testados diversos sistemas de solventes para

a obtenção dos cromatogramas com resolução suficiente para observação de

substâncias isoladas. Os sistemas de solventes que apresentaram as melhores

Page 74: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

62

resoluções dos cromatogramas foram: hexano e acetato de etila (9:1) para a placa A

e hexano e acetato de etila (6:4) para a placa B.

Este trabalho revelou que o óleo essencial de C. ambrosioides exibe atividade

antimicrobiana como podemos observar na figura 9, com aparecimento de halos de

inibição. Previamente no ensaio de CIM foi verificado que o óleo essencial é ativo

contra a levedura C. albicans, e através do bioautograma foi observado um halo de

inibição com Rf (índice de retenção) de uma substância ainda desconhecida.

No bioautograma o ascaridol utilizado como referência não apresentou halos

de inibição para C. albicans, portanto inativo frente à esta levedura.

Devido ao alto teor de p-cimeno (42,32%) e ascaridol (49,77%) encontrado no

óleo essencial de C. ambrosioides, e sabendo que o ascaridol não apresentou

atividade frente a C. albicans e sabendo-se que o p-cimeno tem sido relatado como

agente que possui atividade antimicrobiana (ULTEE; BENNIK; MOEZELAAR, 2002),

sugere-se que a atividade do óleo essencial da C. ambrosioides provavelmente se

deve ao seu conteúdo em p-cimeno. Para confirmar tal suspeita é necessário

identificar quimicamente a(s) substância(s) responsál(eis) pelo halo de inibição.

Figura 9 - Bioautograma do óleo essencial, extratos, frações e hidrolatos da C. ambrodioides frente a S. aureus.

Legenda: Placa A: 1- Extrato das folhas EtOH; 2 – Óleo essencial; 3 – CAA38 (Ascaridol) Placa B: 4 – Extrato das folhas EtOH; 5 - P. DCM EtOH; 6 - P. DCM H.; 7 - P. BUT EtOH; 8 - P. BUT H.; 9 - P. AE EtOH e 10 - P. AE H.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Placa A Placa B

Page 75: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

63

5.3 Avaliação do mecanismo de membrana celular

Considerando os resultados obtidos do óleo essencial de C. ambrosioides

frente aos micro-organismos foi realizado um estudo preliminar para verificar seu

mecanismo de ação.

De modo geral, os agentes antimicrobianos podem manifestar sua atividade

por vários mecanismos, os quais podem ser descritos como: inibidores de síntese de

parede celular, inibição da síntese de proteínas, inibição da síntese de ácidos

nucléicos, inibidores do ácido fólico e inibidores de membrana celular (FONSECA,

1999; SCHAECHTER et al., 2002; SOUZA et al., 2003).

Para avaliação da inibição da função da membrana celular, foi empregada a

cepa da bactéria Gram–positiva S. aureus, e o antimicrobiano Polimixina B (100

µg/mL) como controle positivo, e verificada a condutividade elétrica das amostras

através do método de Ye e colaboradores (2005). Segundo Xing e colaboradores

(2008) quando a integridade da membrana citoplasmática é rompida, pequenos íons

como K + e PO4-3 evadem-se seguidos por macromoléculas como DNA e RNA, além

de outros materiais, ocorrendo a lesão ou morte celular. A liberação destes

compostos intracelulares pode ser verificada através do aumento da condutividade

elétrica indicando com isso um dano na membrana celular. As polimixinas são

exemplos desse mecanismo, na inibição da membrana celular.

Foi verificado um aumento gradativo na condutividade da Polimixina B quando

a solução bacteriana foi adicionada. Por se tratar de um antimicrobiano inibidor da

função da membrana celular, devido a sua atividade detergente, é capaz de diminuir

a integridade da membrana, levando a perda de componentes essenciais

citoplasmáticos e conseqüente morte bacteriana (PLORDE, 1994; ROSSI;

ANDREAZZI, 2005).

Observamos que nas concentrações mais baixas do óleo essencial de C.

ambrosioides não houve dano celular, pois não ocorreu condutividade elétrica. À

medida que aumentamos a concentração do óleo essencial a diferença nas

condutividades elétricas também aumentaram, esta diferença comprova que quando

há um aumento na condutividade elétrica da suspensão celular a membrana

citoplasmática é rompida causando dano celular e ainda observamos um

comportamento dose dependente a partir de 6.250 ppm até 12.500 ppm, que é

explicado através do valor de 6.250 ppm na CIM. Assim, os resultados demonstram

Page 76: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

64

que o óleo essencial de C. ambrosioides tem ação na membrana bacteriana.

Podemos observar os resultados na figura 11.

Figura 11 – Condutividade elétrica do Óleo essencial de C. ambrosioides frente a S. aureus.

Page 77: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

65

Page 78: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

66

CONCLUSÕES

• Os extratos brutos, frações, óleo essencial e hidrolatos de Chenopodium

ambrosioides apresentaram atividade antibacteriana e antifúngica.

• Os menores valores de CIM encontrados na planta C. ambrosioides foram

encontrados no óleo essencial, com CIM de 3.125 ppm contra a bactéria

Bacillus subtilis, CIM de 390,62 ppm contra a levedura Candida albicans e

CIM de 390,62 ppm contra o fungo filamentoso Aspergillus niger.

• No ensaio bioautográfico foi encontrada uma zona de inibição com Rf de uma

substância desconhecida frente à levedura C. albicans, esta substância ainda

não foi identificada.

• Através do modelo de permeabilidade de membrana, foi verificado que

provavelmente o óleo essencial de C. ambrosioides atua na função de

membrana celular.

• As substâncias isoladas da espécie Cipura paludosa, a isoeleuterina e

eleuterina apresentaram promissora atividade inibitória frente as bactérias

Gram-positivas Staphylococcus aureus e B. subtilis (CIM de 31,25 ppm), e

também frente a bactéria Gram-negativa Salmonella typhimurium (CIM de

62,5 ppm). O melhor resultado entre as leveduras foi frente ao Cryptococcus

neoformans com CIM de 31,25 ppm. Apresentaram moderada atividade

antifúngica frente a todas as espécies de Candida testadas. Entre os fungos

filamentosos damos destaque para a isoeleuterina que apresentou CIM de

15,62 ppm frente ao A. niger.

Page 79: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

67

Page 80: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

68

REFERÊNCIAS

ABAD, M. J.; ANSUATEGUI, M.; BERMEJO, P. Active antifungal substances from natural sources. ARKIVOC, n. 7, p.116-145, 2007. ADAMS, S.; KUNZ, B.; WEIDENBORNER, M. Mycelial deformations of Cladosporium herbarum due to the application of Eugenol and Carvacrol. J. Essent. Oil Res , n. 8, p. 535-540, 1996. ANDÚJAR, I.; RÍOS, J.L.; GINER, R.M.; RECIO, M.C. Pharmacological Properties of Shikonin –A Review of Literature since 2002. Planta Med , v. 79, p. 1685-1697, 2013. ALMEIDA, J.R.G.A.; SILVA-FILHO, R.N.; NUNES, X.P.; DIAS, C.S.; PEREIRA, F.O.; LIMA, E.O. Antimicrobial activity of the essential oil of Bowdichia virgilioides Kunt. Rev. Bras. Farmacogn., v.16, p. 638-641, 2006. BAKKALI, F.; AVERBECK, S.; AVERBECK, D.; IDAOMAR, M. Biological effects of essential oils: a review. Food Chem. Toxicol ., v. 46, n. 2, p. 446-475, Feb. 2008. BAMBEKE, F.V.; MICHOT, J.M.; TULKENS, P.M. Antibiotic efflux pumps in eukaryotic cells: occurence and impact on antibiotic cellular pharmacokinetics, pharmacodynamics and toxicodynamics. J. Antimicrob. Chemother., v. 51, p. 1067-1077, 2003. BARON, E. J.; FINEGOLD, S. M. Diagnostic microbiology . 8. Ed. St. Louis: Bailey e Scott’s, 1990. BARROS, E.; MACHADO, A.; BITTENCOURT, H.; CARAMORI, M. L.; SPRINZ, E. e Colaboradores. ANTIMICROBIANOS: Consulta Rápida. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. BARRY, A.L.; THORNSBERRY, C. Susceptibility tests: Diffusion Test Procedures. In: BALOW, A.; HAUSER, W.J.; HERMANN, K.L.; ISENBERG, H.D.; SHAMODY, H.J. Manual of clinical microbiology. 5.ed. Washington, DC: American Society for Microbiology,1991. p. 1117-1125. BELLA CRUZ, A.; EGER, I.; BUENO, E. C.; FREITAS, R. A.; Métodos “in vitro” na avaliação da atividade biológica de produtos naturais e sintéticos. In: BRESOLIN, T. M. B.; CECHINEL FILHO, V. Fármacos e medicamentos: uma abordagem multidisciplinar. São Paulo, SP: Santos, 2010. BENKEBLIA, N. Antimicrobial activity of essential oil extracts of various onions (Allium cepa) and garlic (Allium sativum). Lebensm.-Wiss. u.-Technol, v.37, p.263-268, 2004.

Page 81: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

69

BILLERBECK, V.G.; ROQUES, C.G.; BESSIERE, J.M.; FONVIEILLE, J.L.; DARGENT, R. Effects of Cymbopogon nardus (L.) W. Watson essential oil on the growth and morphogenesis of Aspergillus niger. Can. J. Microbiol., v. 47, n. 1, p. 9-17, 2001.

BLIZIOTIS, I. A.; PARASCHAKIS, K.; VERGIDIS, P. I.; KARAVASIOU, A. I.; FALAGAS, M. E. Worldwide trends in quality of published articles in the field of infectious diseases. BMC Infectious Diseases , v.5, p.16-23, 2005. BOURREL, C.; DARGENT, R.; VILAREM, G.; GASET, A. Analyse chimique et propriétés fongistatiques de quelques huiles essentielles em milieu liquide. Effets sur la morphogénèse hyphale. Riv. Ital EPPOS, n. 17, p. 31-42, 1995. BURT, S. Essential oils: their antibacterial properties and potential applications in foods- a review. Int. J. Food Microbiol. , v. 94, n. 3, p. 223-253, Aug. 2004. BUTLER, M. S. Natural products to drugs: natural product derived compounds in clinical trials. Nat. Prod. Rep. , v. 22, p.162-195, 2005. CALIXTO, J. B. Fitofármacos no Brasil: agora ou nunca! Ciência hoje, v. 21, p. 26-30, 1997. CATARINO, C. F.; MARINS, A.C.S.; SILVA, A.P.A.M.; GOMES, A.V.O.; NASCIMENTO, M.A.L. Perfil epidimiológico das infecções primárias de corrente sanguínea em uma unidade de terapia intensiva neonatal. Rev. Pesqui. Cuid. Fundam. v.5, n.1, p. 3229-3237, 2013. CAVALLI, J.F.; TOMI, F.; BERNARDINI, A.F.; CASANOVA, J. Combined Analysis of the Essential Oil of Chenopodium ambrosioides by GC, GC-MS and 13C-NMR Spectroscopy: Quantitative Determination of Ascaridole, a Heat sensitive Compound. Phytochem. Anal., v. 15, n. 5, p. 275–279, 2004. CHEKEM, M. S. G.; LUNGA, P. K.; TAMOKOU, J. D.; KUIATE, J. R.; TANE, P.; VILAREM, G.; CERNY, M. Antifungal Properties of Chenopodium ambrosioides Essencial Oil Against Candida Species. Pharmaceuticals. v. 3, n. 9. p. 2900-2909, 2010. CLSI (CLINICAL AND LABORATORY STANDARDS INSTITUTE). Método de Referência para Testes de Diluição em Caldo para De terminação da Sensibilidade a Terapia Antifúngica de Fungos Filam entosos; Norma Aprovada . Documento M38-A do CLSI/NCCLS [ISBN 1-56238-470-8]. NCCLS, 940 West Valley Road, Suite 1400, Wayne, Pennsylvania 19087-1898 Estados Unidos, 2002a. CLSI (CLINICAL AND LABORATORY STANDARDS INSTITUTE). Método de Referência para Testes de Diluição em Caldo para a Determinação da Sensibilidade a Terapia Antifúngica das Leveduras; Norma Aprovada —Segunda Edição. CLSI/NCCLS document M27-A2 [ISBN 1-56238-469-4]. NCCLS, 940 West Valley Road, Suite 1400, Wayne, Pennsylvania 19087-1898 Estados Unidos, 2002b.

Page 82: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

70

CLSI (CLINICAL AND LABORATORY STANDARDS INSTITUTE). Methods for Dilution Antimicrobial Susceptibility Tests for Bac teria That Grow Aerobically ; Approved Standard—Sixth Edition. NCCLS document M7-A6 [ISBN 1-56238-486-4]. NCCLS, 940 West Valley Road, Suite 1400, Wayne, Pennsylvania 19087-1898 USA, 2003. CORRÊA, M. P; PENNA, L. A. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas . [Rio de Janeiro]: Ministério da Agricultura, IBDF, 1926-1978. 6v, il. CUNHA, C.; AVERSA, F.; ROMANI, L.; CARVALHO, A. Human genetic susceptibility to invasive aspergillosis. PLoS Pathogens , v. 9, n. 8, 2013. DA SILVA, M.N.; FERREIRA, V. F.; DE SOUZA, M.C.B.V. Um panorama atual da química e da farmacologia de naftoquinonas, com ênfase na b-lapachona e derivados. Quím. Nova . v. 26, n. 3 p. 407-416, 2003. DAS, K.; TIWARI, R. K. S.; SHRIVASTAVA, D. K. Techniques for evaluation of medicinal plant products as antimicrobial agent: Current methods and future trends. J. Med. Plants Res. , v. 4, n. 2, p. 104-111, 2010. DEGENHARDT, R. T.; MALHEIROS, A. Análise do óleo essencial e de frações obtidas do hidrolato de Chenopodium ambrosioides e avaliação do potencial antitumoral. Quím Nova , submetido. DEGREEF, H. Clinical forms of dermatophytosis (ringworm infection). Mycopathologia, v. 166, p. 257-265, 2008. DIAS, E.B.A. Iridaceae Juss. No Distrito Federal, Brasil. 2010. 70f. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-graduação em Botânica. Universidade de Brasília, Brasília, 2010. DORMAN, H. J. D.; DEANS, S.G. Antimicrobial agents from plants: antibacterial activity of plant volatile oils. J. Appl Microbiol. , v. 88, n. 2, p. 308-316, 2000. DUKE, J. A. Handbook of medicinal herbs. Boca Raton: CRC, 1985. EDMOND, M. B.; WALLACE, S.E.; MCCLISH D.K.; PFALLER, M.A.; JONES, R.N.; WENZEL, R.P. Nosocomial boolstream infections in the United States hospitals: a three-year analysis. Clin. Infect. Dis. , v. 29, p.239-244, 1999. ELEWSKI, B.E. Onychomycosis: Pathogenesis, Diagnosis, and Management. Clin Microbiol Rev , v. 11, n. 3, p. 415-429, 1998. ELOFF, J.N. A sensitive and quick microplate method to determine the minimal inhibitory concentration of plant extracts for bacteria. Planta Med, v. 64, n. 8, p. 711-713, 1998.

Page 83: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

71

ESPINEL-INGROFF, A.; PFALLER, M. A. Antifungal agents and susceptibility testing. In: MURRAY, P. R.; BARRON, E. J.; PFALLER, M. A.; TENOVER, F. C.; YONKEN, R. H. Manual of Clinical Microbiology, 6th ed, Washington: ASM, 1995. ESTEBAN, A., ABARCA, M.L., CABANES, F.J. Comparison of disk diffusion method and broth microdilution method for antifungal susceptibility testing of dermatophytes. Med Mycol, v. 43, n. 1, p. 61-66, 2005. ESTRELLA, M. C.; TUDELA, J. R. T. Pueden basarse las indicaciones de los antifungicos en los estudios de sensibilidad? Rev Iberoam Micol, v. 19, p.133-138, 2002. FARMACOPEIA BRASILEIRA. 1ª Edição. Decreto nº 17.509 de 4 de novembro de 1926. ______.2ª Edição. Decreto nº 45.502 de 27 de fevereiro de 1959. FENNEL, C.W.; LINDSEY, K.L.; MC GAW, L.J.; SPARG, S.G.; STAFFORD, G.I.; ELGORASHI, E.E.; GRACE, O.M.; VAN STADEN, J. Assessing African medicinal plants for effi cacy and safety: Pharmacological screening and toxicology. J. Ethnopharmacol, v. 94, p. 205-217, 2004. FERREIRA, S. B.; GONZAGA, D. T.G.; SANTOS, W. C.; ARAÚJO, K. G. L.; FERREIRA, V. F. β-Lapachona: Sua importância em química medicinal e modificações estruturais. Rev. Virtual Quím., v. 2, n. 2, p.140-160, 2010. FISHER, F.; COOK, N.B. Micologia: Fundamentos e diagnóstico, Rio de Janeiro: Revinter, 2001. FONSECA, A. L. Antibióticos na Clínica Diária. 6 ed. Rio de Janeiro: EPUB, 1999. FRANCO, J.; NAKASHIMA, T.; FRANCO, L.; BOLLER, C. Composição química e atividade antimicrobiana in vitro do óleo essencial de Eucalyptus cinérea F. Mull. ex Benth., Myrtaceae, extraído em diferentes intervalos de tempo. Rev. Bras. Farmacogn. , v. 15, n. 3, p. 191- 194, jul./set. 2005. FRIDKIN, S.K.; KAUFMAN, D.; EDWARDS, J.R.; SHETTY, S.; HORAN, T. Changing incidence of Candida bloodstream infections among nicu patients in the United States: 1995-2004. Pedriatrics , v. 117, p. 1680-1687, 2006. GAFNER, S.; WOLFENDER, J.L.; NIANGA, M. EVANS, H.S; HOSTETTMAMM, K. Antifungal and antibacterial naphthoquinones from Newbouldia laevis roots. Phytochemistry. v. 42, p. 1315-1320, 1996. GHANNOUM, M.A.; CHATURVEDI, V.; ESPINEL-INGROFF, A.; PFALLER, M.A.; RINALDI, M.G.; LEE-YANG, W.; WARNOCK, D.W. Intra- and interlaboratory study of a method for testing the antifungal susceptibilities of dermatophytes. J Clin Microbiol, v. 42, n. 7, p. 2977–2999, 2004.

Page 84: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

72

GHANNOUM, M.A.; RICE, L.B. Antifungal agents: mode of action, mechanisms of resistance, and correlation of these mechanisms with bacterial resistance. Clin. Microbiol. Rew., v. 12, n. 4, p. 501-517, 1999. GOBBO-NETO, L.; LOPES, N.P. Medicinal plants: factors of influence on the content of secondary metabolites. Quím. Nova . v.30, p. 374-381, 2007. GOLDBLATT, P.; HENRICH, J. E. Notes on Cipura (Iridaceae) in south and central America, and a new species from Venezuela. Annals of the Missouri Botanicals Garden, v. 74, n. 2, p. 333-340, 1987. GRASSI, L.T. Chenopodium ambrosioides L. Erva de Santa Maria (Amaranthaceae): Estudo do Potencial Anti-inflamató rio, Antinociceptivo e Cicatrizante. 2011. 147 f. Dissertação (Mestrado) – Ciências Farmacêuticas, Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2011. GULLO, F.P.; ROSSI, S.A.; SARDI, C.O.; TEODORO, V.L.I.; MENDES-GIANNINI, M.J.S.;FUSCO-ALMEIDA, A.M. Cryptococcosis: epidemiology, fungal resistance, and new alternatives for treatment. Eur J Clin Microbiol Infect Dis. v.32, p. 1377–1391, 2013. GUPTA, D.; CHARLES, R.; MEHTA, V.K.; GARG, S. N.; KUMAR, S. Chemical examination of the essential oil of Chenopodium ambrodioides L. from the southern hills of India. . J. Essent. Oil Res , v. 14. n. 2. p.93-94. 2002. HAMBURGER, M. O.; CORDELL, G. A. A Direct Bioautographic Tlc Assay for Compounds Possessing Antibacterial Activity. J. Nat. Prod., v. 50, n. 1, p. 19-22, 1987. HEEMANN, A. C. W.; MIGUEL, O. G.; MIGUEL, M. D.; SASAKI, C. M.; MONACHE, F. D. Estudo fitoquímico da espécie Pterocaulon interruptum DC. (Asteraceae). RBCF, v. 42, n. 4, p. 585-588, 2006. HELANDER, I.M.; ALAKOMI, H.L.; LATVA-KALA, K.; MATTILA-SANDHOLM, T.; POL, I.; SMID, E.J.; GORIS, L.G.M.; WRIGHT, A. Characterization of the Action of Selected Essential Oil Components on Gram-Negative Bacteria J. Agric. Food Chem, v. 46, n. 9, p. 3590-3595, 1998.

HEMAISWARYA, S. H.; KRUTHIVENTI, A. K.; DOBLE, M. Synergism between natural products and antibiotics against diseases. Phytomedicine , v. 15, p. 639-652, 2008.

HOLETZ, F.B.; PESSINI, G.L.; SANCHES, N.R.; CORTEZ, D.A.G.; NAKAMURA, C.V.; DIAS FILHO, B.P. Screening of some plants used in the Brazilian folk medicine for the treatment of infectious diseases. Mem. Inst. Oswaldo Cruz , Rio de Janeiro, v. 97, n. 7, Oct. 2002.

JARDIM, C. M.; JHAM, G. N.; DHINGRA, O. D.; FREIRE, M. M. Composition and Antifungal Activity of the Essential Oil of the Brasilian Chenopodium ambrosioides L. J Chem Ecol. v. 34, p. 1213-1218, 2008.

Page 85: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

73

______. Chemical Composition and Antifungal Activity of the Hexane Extract of the Brazilian Chenopodium ambrosioides L. J. Braz. Chem . Soc., v. 21, n. 10, p. 1814-1818, 2010. JAWETZ, E.; MELNICK, J.; ADELBERG, E. A. Microbiologia médica. 22 ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2005. KALEMBA, D.;KUNICKA A. Antibacterial and Antifungal Properties of Essential Oils. Curr Med Chem, v. 10, p. 813-829, 2003. KARAMAN, İ., ŞAHIN F.; GÜLLÜCE, M.; ÖGÜTÇÜ, H.; ŞENGÜL, M.; ADIGÜZEL, A. Antimicrobial activity of aqueous and methanol extracts of Juniperus oxycedrus L. J Ethnopharmacol, v. 85, p. 231-235, 2003. KNOBLOCH, K.; PAULI, A. IBERL, B.; WEIGAND, H.; WEISS, N. Antibacterial and antifungal properties of essential oil components. J. Essent. Oil Res, v. 1, n. 3, p. 119-128, 1989. KOKANOVA-NEDIALKOVA, Z.; NEDIALKOV, P.T.; NIKOLOV, S. D. The genus Chenopodium: Phytochemistry, ethnopharmacology and pharmacology. Phcog Rev, v. 3, n. 6, p. 280-306, 2009. KOKANOVA-NEDIALKOVA, Z.; BUCHERL, D.; NIKOLOV, S.; HEILMANN, J.; NEDIALKOV, P.T. Flavonol glycosides from Chenopodium foliosum Asch. Phytochemistry Letters, v. 4, p. 367-371, 2011. KRESS, H. HENRIETTE’S HERBAL HOMEPAGE. Photo Chenopodium ambrosioides 5. Disponível em: <http://www.henriettesherbal.com/pictures/p04/pages/chenopodium-ambrosioides-5.htm>. Acesso em: 21/02/2013. KUMAGAI, Y.; SHINKAI, Y.; MIUERA, T.; CHO, A.K. The Chemical Biology of Naphtoquinones and Its Enviromental Implications. Annu Rev Pharmacol Toxicol . v. 52, p. 221-247, 2011. KUMAR, R.; MISHRA, A.K.; DUBEY, N.K.; TRIPATHI, Y.B. Evaluation of Chenopodium ambrosioides oil as a potential source of antifungal, antiaflatoxigenic and antioxidant activity. Int J Food Microbiol, v. 115, n. 2, p. 159-164, 2007. LACAZ, C. S.; PORTO, E.; HEINS-VACCARI, E. M.; MELO, N. T. Guia para Identificação – Fungos, Actinomicetos, Algas de Interesse Médico, Sarvier: São Paulo, 1998. LACAZ, C.S.; PORTO, E.; MARTINS, J.E.C.; HEINS-VACCARI, E.M.; DE MELO, N.T. Tratado de Micologia Médica, Sarvier: São Paulo, 2002. LAMBERT, R.J.W.; SKANDAMIS, P.N; COOTE, P.J.; NYCHAS, G.J.E. A study of the minimum inhibitory concentration and mode of action of oregano essential oil, thymol and carvacrol. J Appl Microbiol, v. 91, p. 453-462, 2001.

Page 86: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

74

LEITE, J. P. V. Fitoterapia: Bases Científicas e Tecnológicas. São Paulo: Atheneu, 2009. LIMA, E. O. Plantas e suas propriedades antimicrobianas: uma breve análise histórica. In: YUNES, R. A.; CALIXTO, J. B. Plantas medicinais sob a ótica da química medicinal moderna: métodos de estudo, fitoterápicos e fitofármacos, biotecnologia, patente. Chapecó: Argos, 2001. p. 481-501. LLOP, C.; PUJOL, I.; AGUILAR C.; SALA, J.; RIBA, D.; GUARRO, J. Comparison of tree methods of determining MICs for filamentous fungi using different end point criteria and incubation periods. Antimicrob Agents Chemother, v. 44, n. 2, p. 239-242, 2000. LORENZI, H., MATOS, F. J. A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas cultivadas. Nova Odessa – SP: Instituto Plantarum Estudos da Flora, 2002. LUCENA, G. M. R. S.; GADOTTI, V. M.; MAFFI, L. C.; SILVA, G. S.; AZEVEDO, M. S.; SANTOS, A. R. S. Antinociceptive and anti-inflammatory properties from the bulbs of Cipura paludosa Aubl. J Ethnopharmacol. v.112, p. 19-25, 2007a. LUCENA, G. M. S.; FRANCO, J. L.; RIBAS, C. M.; AZEVEDO, M. S.; MCOTTI, F. C.; GADOTTI, V. M.; DAFRE, A. L.; SANTOS, A. R. S.; FARINA, M. Cipura paludosa Extract Prevents Methyl Mercury-Induced Neurotoxicity in Mice. Basic Clin Pharmacol Toxicol. v. 101, p. 127-131, 2007b. LUCENA, G. M. R. S. Efeitos da Cipura paludosa nos déficits comportamen tais de ratos adultos expostos ao etanol e/ou metilmercú rio durante o desenvolvimento do SNC . 2010. 239f. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Universidade de Brasília, Brasília, 2011. MACHADO, A.M.O.; GALES, A.C. Uso Racional de Antimicrobianos, Interpretação de dados microbiológicos. São Paulo. 2008. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/atm_racional/modulo2/metodos1.2.htm> Acesso em: 15/02/2014. MADIGAN, M. T.; MARTINKO, J. M.; PARKER, J. Microbiologia de Brock .10. ed. São Paulo : Pearson Education : Prentice Hall, 2004. MAROL, S.; YUCESOY, M. Molecular epidemiology o Candida species isolated from clinical specimens of intensive care unit patients. Mycoses . v. 51, p. 40-49, 2008. MERCADANTE, M. Foto da flor de Cipura paludosa. 2009. Disponível em: <http://www.flickr.com/photos/mercadanteweb/5278253637/in/set-72157625515941003>. Acesso em: 21/02/2013. MIMS, C.; DOCKRELL, H.M.; GOERING, IR.V.; ROITT, I.; WAKELIN, D.; ZUCKERMAN, M. Microbiologia médica .3. ed. Rio de Janeiro : Elsevier, 2005.

Page 87: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

75

MIMS, C.; PLAYFAIR, J.; ROITT, I.; WAKELIN, D.; WILLIANS, R. Microbiologia Médica . 2 ed. São Paulo: Manole, 1999. MINAMI, P. S. Micologia. São Paulo: Manole, 2003. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Proposta de política nacional de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos. Brasília, DF. 2001. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd03_18.pdf > Acesso em: 10/07/2012. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. 2009. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/sus/pdf/marco/ms_relacao_plantas_medicinais_sus_0603.pdf> Acesso em: 16/07/2014. MUHAYIMANA, A.; CHALCHAT, J.C.; GARRY, R.P. Chemical composition of essential oils of Chenopodium ambrosioides L. from Rwanda. . J. Essent. Oil Res , v.10. n.6. p. 690-692. 1998. MURRAY, P. R.; ROSENTHAL, K.R.; PFALLER, M. A. Microbiologia médica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. NEWMAN, D. J.; CRAGG, G. M. Natural products as sources of new drugs over the last 25 years. J. Nat. Prod., v. 70, n. 3, p. 461-477, 2007. ______. Natural products as sources of new drugs over the 30 years from 1981 to 2010. J. Nat. Prod., v. 75, n. 3, p. 311-335, 2012. NG, K. P.; SAW, T.L.; NA, S.L.; SOO-HOO, T. S. Systemic Candida infection in University Hospital 1997-1999: The Distribution of Candida Biotypes and antifungal susceptibility patterns. Mycopathologia , v. 149, p. 141-146, 2000. NIKAIDO, H. Outer membrane barrier as a mechanism of antimicrobial resistence. Antimicrob Agents Chemoter., v. 33, p. 1831-1836, 1989. ______. Prevention of drug access to bacterial targets: permeability barriers and active efflux. Science, v. 264, n. 5157, p. 382-388, 1994. NUNES, X.P.; MAIA, G.L.A.; ALDEIDA, J.R.G.S.; PEREIRA, F.O.; LIMA, E.O. Antimicrobial activity of the essential oil of Sida cordifolia L. Rev Bras Farmacogn, v. 16, p. 642-644, 2006. ONOCHA, P.A.; EKUNDAYO, O.; ERAMO, T.; LAAKSO, I. Essential oil constituents of Chenopodium ambrosioides L. leaves from Nigeria. . J. Essent. Oil Res . v. 11, n. 2, p. 220-222,1999. OSTROSKY, E. A.; MIZUMOTO, M. K.; LIMA, M.E.L.; KANEKO, T. M.; NISHIKAWA, S. O.; FREITAS, B.R. Métodos para Avaliação da Atividade Antimicrobiana e Determinação Concentracão Mínima Inibitória (CIM) de Plantas Medicinais. Rev Bras Farmacogn , v. 18, n.2, p.301-301, 2008.

Page 88: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

76

PINO, J.A.; MARBOT, R.; REAL, I.M. Essential oil constituents of Chenopodium ambrosioides L. leaves from Cuba. . J. Essent. Oil Res . v. 15, n. 3, p. 213-214, 2003. PINTO, T.J.A.; KANEKO, T.M.; OHARA, M.T. Controle Biológico de Qualidade de Produtos Farmacêuticos, Correlatos e Cosméticos. 2.ed. São Paulo: Atheneu Editora, 2003. 325 p. PLORDE, J.J.; Antimicrobics and chemotherapy of bacterial and viral infections. In: RYAN, K. J. Sherris medical microbiology: an introduction to infectious diseases. 3ª. ed. Stamford: Appleton & Longe, 1994. POLAK, A. Past, present and future of antimycotic combination therapy. Mycoses , Berlin, v. 42, 1999. PRASAD, C. S.; SHUKLA, R.; KUMAR, A.; DUBEY, N.K. In vitro and in vivo antifungal activity of essential oils of Cymbopogon martini and Chenopodium ambrosioides and their synergism against dermatophytes. Mycoses . v. 53, p-123-129, 2009. RAHALISON, L.; HAMBURGER, M.; MONOD, M.; FRENK, E.; HOSTETTMANM, K. Antifungal tests in phytochemical investigations. Comparison of bioautographic methods using phytopathogenic and human pathogenic fungi. Planta Med, v. 60, n. 1, p. 41-44, 1994. REX, J. H.; PFALLER, M. P.; WALSH, T. J.; CHATURVEDI, V.; ESPINEL-INGROFF, A.; GHANNOUM, M. A.; GOSEY, L. L.; ODDS, F. C.; RINALDI, M. G.; SHEEHAN, D. J.; WARNOCK, D. W. Antifungal susceptibility testing: practical aspects and current challenges. Clin Microbiol Rev, v. 14, n. 4, p. 643-658, 2001. ROCHA, P.A.F. Preservantes. Cosmetics & Toiletries . v. 6, n. 5, p. 26-33, 1994. RODWELL, G,E,; BAYLES, C.L.; TOWERSEY, L.; ALY,R;. The prevalence of dermatophyte infection in patients infected with human immunodeficiency virus. Int J Dermatol, n. 47, n. 4, p. 339-343, 2008. ROSSI, F.; ANDREAZZI, D. B. RESISTÊNCIA BACTERIANA: Interpretando o antibiograma. São Paulo : Atheneu, 2005. SAHM, D.F.; WASHINGTON II, J.A. Antibacterial susceptibility tests: Dilution methods. In: BALOWS, A.; HAUSER, W.J.; HERMANN, K.L.; ISENBERG, H.D.; SHAMODY, H.J. Manual of clinical microbiology . 5.ed. Washington, DC: American Society for Microbiology, 1991. p. 1105-1116. SANTOS, A. O.; UEDA-NAKAMURA, T.; DIAS FILHOS, B. P.; VEIGA JUNIOR, V. F.; PINTO, A. C.; NAKAMURA, C. V. Antimicrobial activity of Brasilian copaíba oils obtained from different species of the Copaifera genus. Mem. Inst. Oswaldo Cruz. v. 103, n. 3, p. 277-281, 2008.

Page 89: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

77

SASAKI, K.; ABE, H.; YOSHIZAKI, F. In Vitro Antifungal Activity of Naphthoquinone Derivatives. Biol. Pharm. Bull . v. 25, n. 5, p. 669-670, 2002. SCHAECHTER, M.; ENGLEBERG, N.C.; EISENSTEIN, B.I.; MEDOFF, G. Microbiologia: Mecanismos das doenças infecciosas. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; PETROVICK, P. R. Produtos de origem vegetal e o desenvolvimento de medicamentos. In: SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. C. P.; MENTZ, L.; PETROVICK, P. R. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 6. ed. rev. ampl. Porto Alegre/Florianópolis: Editora da UFRGS/ Editora da UFSC, 2010. cap. 15, p. 371-400. SCHLESSINGER, D; EISENTEIN, B. I. Bases biológicas da ação bacteriana. In: SCHAECHTER, M.; ENGLEBERG, N.C.; EISENSTEIN, B.I.; MEDOFF, G. Microbiologia: Mecanismos das doenças infecciosas. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. SILVA, P. Farmacologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. SOUZA, M. M.; CRUZ, A. B.; SCHUHMACHER, M. B.; KREUGER, M. R. O.; FREITAS, R. A.; CRUZ, R. C. B. Métodos de avaliação de atividade biológica de produtos naturais e sintéticos. In: BRESOLIN, T. M. B.; CECHINEL FILHO, V. Ciências farmacêuticas: contribuição ao desenvolvimento de novos fármacos e medicamentos. Itajaí: UNIVALI, 2003. p. 109-166. SOUZA, V. C.; LORENZI, H. Botânica sistemática : guia ilustrado para identificação das famílias de Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2005. SPRINGFIELD, E.P.; AMABEOKU, G.; WEITZ, F.; MABUSELA, W.; JOHNSON, Q. An assessment of two Carpobrotus species extracts as potential antimicrobial agents. Phytomedicine , v. 10, n. 5, p. 434-439, 2003. TAVARES, W. Manual de Antibióticos e Quimioterápicos Antiinfecc iosos, 2 ed. Atheneu: São Paulo, 1996. TESSELE, P. B.; MONACHE, F. D.; QUINTÃO, N. L. M.; SILVA, G. F.; ROCHA, L. W.; LUCENA, G. M. R. S.; FERREIRA, V. M. M.; PREDIGER, R. D. S.; CECHINEL FILHO, V. A New Naphthoquinone Isolated from the Bulbs of Cipura paludosa and Pharmacological Activity of Two Main Constituents. Planta Med. , v. 77 p. 1035-1043, 2011. THOMAS, G. Química medicinal : uma introdução. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia . 6ª ed. Editora Artmed, Rio de Janeiro, 2002.

Page 90: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

78

TRABULSI, L.R.; ALTERTHUM, F. Microbiologia. 5. ed. São Paulo: Atheneu, 2008. ULTEE, A.; BENNIK, M.H.J.; MOEZELAAR, R. The Phenolic Hydroxyl Group of Carvacrol Is Essential for Action against the Food-Borne Pathogen Bacillus cereus. Appl Microbiol , v. 68, n. 4, p. 1561-1568, 2002. XING, K.; CHEN, X. G.; LI, Y.Y.; LIU, C. S.; LIU, C. G.; CHA, D.S.; PARK, H.J. Antibacterial activity of oleoyl-chitosan nanoparticles: A novel antibacterial dispersion system. Carbohydrate Polymers. v. 74, n. 1, p. 114–120, 2008.

XU, H. X.; LEE, S. F. Activity of plant flavonoids against antibiotic-resistant bacteria. Phytother Res, v.15, n.1, p. 39-43, 2001. WEISS, R. F. Weiss´s herbal medicine. Classic ed. Stuttgart : Thieme, 2001. WENGEL, R. P.; GENNINGS, C. Boodstream infections due to Candida speciesin the intensive care unit: identifying specially higth – risk patients to determine prevention strategies. Clin. Infect. Dis. , v.15, p. S389-S393, 2005. WHITE, T.C.; OLIVER, B.G.; GRASER, Y.; HENN, M.R. Generating and testing molecular hypotheses in the dermatophytes. Eukaryot Cell, v. 7, n. 8, p. 1238-1245, 2008. WHO (World Health Organization). Guidelines on good agricultural and collection practices (GACP) for medicinal plants . Geneva, 2003. Disponível em: <http://whqlibdoc.who.int/publications/2003/9241546271.pdf>. Acesso em: 10/07/2012. ______. The top 10 causes of death. 2011. Disponível em: < http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs310/en/index.html>. Acesso em: 16/07/2012. WINN, W.C.; ALLEN,S.D.; JANDA,W.M.; KONEMAN, E.W.; PROCOP, G.W; SCHRECKENBERGER, P.C; WOODS, G.L. Koneman, Diagnóstico Microbiológico : texto e atlas colorido. 6ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. YADAV, N., VASUDEVA, N., SINGH, S., SHARMA, S. K. Medicinal properties of genus Chenopodium Linn. Natural Product Radiance, v. 6, n. 2, p. 131-134, 2007. YE, X.; LI, X.; YUAN, L.; HE, H. Effect of the surface activity on the antibacterial activity of octadecanoyl acetal sodium sulfite series. Colloids and Surfaces A: Physicochem. Eng. Aspects, v. 268, p. 85-89, 2005. YUNES, R. A.; CECHINEL FILHO, V. (Org.). Química de produtos naturais, novos fármacos e a moderna farmacognosia .1. ed. Itajaí, SC : Univali Ed, 2007. ZACCHINO, S. Estratégias para a descoberta de novos agentes antifúngicos. In: YUNES, R. A.; CALIXTO, J. B. Plantas medicinais sob a ótica da moderna química medicinal. Chapecó: Argos, 2001. p. 435-479.

Page 91: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DAS ESPÉCIES ...siaibib01.univali.br/pdf/Ana Milda Karsten Baumgart.pdf · que os micro-organismos adquirem devido ao uso irracional e pouco

79

ZAITZ, C.; RUIZ, L. R. B.; SOUZA, V. M. Atlas de micologia médica: diagnóstico laboratorial. 2. ed. Rio de Janeiro: Medsi, 2004. ZGODA, J.R.; PORTER, J.R. A convenient microdilution method for screening natural products against bacteria and fungi. Pharm Biol, v. 39, n. 3, p. 221-225, 2001.