hÉvelin couto pimenta potencial antimicrobiano … · resumo pimenta, h. c. potencial...

105
Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas Integradas Área de Concentração em Odontologia HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO DE MEDICAÇÕES INTRACANAIS A BASE DE PRÓPOLIS MARROM SOBRE Enterococcus faecalis Cuiabá, 2013

Upload: lephuc

Post on 21-Jan-2019

221 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas Integradas Área de Concentração em Odontologia

HÉVELIN COUTO PIMENTA

POTENCIAL ANTIMICROBIANO DE MEDICAÇÕES INTRACANAIS A BASE DE PRÓPOLIS MARROM SOBRE Enterococcus faecalis

Cuiabá, 2013

Page 2: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

HÉVELIN COUTO PIMENTA

POTENCIAL ANTIMICROBIANO DE MEDICAÇÕES INTRACANAIS A BASE DE PRÓPOLIS MARROM SOBRE Enterococcus faecalis

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Odontológicas Integradas, da Universidade de Cuiabá – UNIC, como requisito para obtenção do Título de Mestre em Ciências Odontológicas Integradas, Área de Concentração Odontologia. Orientadora: Profª. Drª. Andreza Maria Fabio Aranha.

Cuiabá, 2013

Page 3: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,
Page 4: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

FICHA CATALOGRÁFICA Catalogação na Fonte

Bibliotecárias Patrícia Jaeger / CRB1-1736

Valéria Oliveira dos Anjos / CRB1-1713

P644p Pimenta, Hévelin Couto.

Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a Base de Própolis Marrom sobre Enterococcus faecalis / Hévelin Couto Pimenta – Cuiabá: Universidade de Cuiabá - UNIC, 2013.

103 f. : il. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências

Odontológicas Integradas da Universidade de Cuiabá – UNIC, para obtenção do título de Mestre em Ciências Ontológicas.

Orientadora: Profª Drª Andreza Maria Fábio Aranha. 1. Odontologia 2. Própolis. 3. Necrose – polpa dentária 4. Ação antimicrobiana. 5.

Tratamento Endodôntico. 6. Medicação intracanal 7. Enterococcus faecalis. 8. Título. II. Pimenta, Hévelin Couto III. UNIC.

CDU: 616.314-089.818.1

Page 5: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

HÉVELIN COUTO PIMENTA

POTENCIAL ANTIMICROBIANO DE MEDICAÇÕES INTRACANAIS A BASE DE PRÓPOLIS MARROM SOBRE Enterococcus faecalis

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Odontológicas Integradas, da Universidade de Cuiabá – UNIC como requisito para obtenção do Título de Mestre em Ciências Odontológicas Integradas – Área de Concentração Odontologia. Orientadora Profª. Drª. Andreza Maria Fabio Aranha.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________ Orientadora: Profª. Drª. Andreza Maria Fabio Aranha

______________________________________ Membro Titular: Prof. Dr. Álvaro Henrique Borges

__________________________________________ Membro Titular: Profª. Drª Ivana Maria Póvoa Violante

Cuiabá, 22 de Fevereiro de 2013.

Conceito Final: _____________

Page 6: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, por ter me dado o dom da vida e a oportunidade de ter chegado até aqui e a

todas as pessoas que realmente acreditaram na minha conquista, que

sempre me incentivaram e deram apoio para enfrentar e superar as dificuldades

encontradas.

Page 7: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Hermano e Neuza, e aos meus irmãos, Denisson, Leonardo e Graziela, pelo amor, carinho, pelos conselhos, educação e principalmente por estarem sempre ao meu lado, apoiando minhas escolhas. Amo vocês!

Ao meu noivo, Diego, pela amizade, carinho, amor e companheirismo, sempre me incentivando a nunca desistir. Amo você!

Agradeço de coração minha orientadora Prof ªDrª Andreza Maria Fabio Aranha pelo voto de confiança, orientação, paciência, amizade, dedicação em todos os momentos. Sinto-me privilegiada pela oportunidade de poder trabalhar com você, por tudo que você representa como pessoa e profissional. Sempre agradecida.

A Profª Drª Ivana Maria Póvoa Violante pela orientação, dedicação e profissionalismo e, sobretudo pela amizade e compreensão, bem como todo o pessoal do laboratório de Análises Clínicas da Faculdade de Farmácia da Universidade de Cuiabá, Geraldo Neto, Eufrásia, Daniele e Dona Maria pelo auxílio e orientações.

Ao Prof. Dr. Carlo Ralph de Musis pela análise estatística do presente estudo, por sua atenção e disponibilidade.

Ao Prof. Dr. Álvaro Henrique Borges, coordenador do curso de Mestrado em Ciências Odontológicas Integradas pela organização e qualidade do Curso e a todos os professores do Programa por tudo o que nos ensinaram com tanto carinho e dedicação.

A todos os meus colegas de classe pelo intenso aprendizado e amizade nesses dois anos, em especial Maura Dorileo, Wissem Khalil e Carlos Antunes.

Às alunas da graduação da FOC-UNIC Priscila Vieira e Paula Gilioli pelo auxílio durante os experimentos.

Aos membros do Grupo de Pesquisa (GPQ), Coordenado pela Profª Drª Andreza Aranha, pelas discussões de trabalhos científicos e sugestões durante a execução de minha pesquisa.

Ao Sr. Catarino da Biomendes Cosméticos de Produtos Naturais pela coleta da própolis marrom no Apiário de Nossa Senhora do Livramento.

Ao Prof. Dr. Rogério Alexandre Rans, pela atenção e disponibilização de materiais necessários para o desenvolvimento da pesquisa.

Às funcionárias da seção de pós-graduação, Dora e Cátia, por resolverem toda a parte burocrática relacionada a relatórios, documentos, elaboração de Bancas Examinadoras, matrícula e pelo excelente trabalho.

Ao funcionário do laboratório de Odontologia, Nelson, pela disponibilidade e auxílio.

À funcionária da Microbiologia da UNIC, Nika, por todo auxílio durante a realização dos experimentos.

Page 8: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

Aos funcionários do Laboratório de Bioquímica e Pesquisa da Faculdade de Medicina da UFMT pela disponibilização do Leitor de Elisa utilizado na fase experimental do estudo.

Às Faculdades de Odontologia e Farmácia Bioquímica, nas pessoas dos respectivos Diretores, Prof. Dr. Fábio Luís Miranda Pedro e Angela Marcia Selhorst e Silva Beserra onde foi desenvolvido este projeto.

Aos meus pacientes, que compreenderam minha ausência no consultório.

A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para realização deste trabalho.

MUITO OBRIGADA!

Page 9: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

“É muito melhor lançar-se em busca de conquistas grandiosas, mesmo expondo-se ao fracasso, do que alinhar-se com os pobres de espírito, que nem gozam muito

nem sofrem muito, porque vivem numa penumbra cinzenta, onde não conhecem

nem vitória, nem derrota.” (Theodore Roosevelt)

Page 10: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

RESUMO

Page 11: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de própolis marrom sobre Enterococcus faecalis. 2013. 103 f. Dissertação (Mestrado) – Pós-Graduação em Ciências Odontológicas Integradas, Universidade de Cuiabá-UNIC, Cuiabá, 2013. Clinicamente, o preparo biomecânico e agentes químicos auxiliares não são capazes de eliminar completamente os microrganismos presentes no sistema de canais radiculares. Portanto, a ação de uma medicação intracanal com atividade antimicrobiana eficaz contra patógenos resistentes, é necessária. A própolis é um produto natural produzido por abelhas, composta principalmente por cera e resinas, que apresenta propriedades terapêuticas como antinflamatória, antimicrobiana, anestésica, antioxidante, imuno-estimulatória, antitumoral e cicatrizante. O objetivo deste estudo foi avaliar a atividade antimicrobiana de medicações intracanais a base de própolis marrom sobre Enterococcus faecalis por meio dos métodos da microdiluição em caldo e da infecção e desinfecção de dentina bovina. Trinta espécimes de dentes incisivos centrais bovinos recém-extraídos foram preparados e infectados in vitro por 21 dias com E.faecalis. Os espécimes foram divididos aleatoriamente em 6 grupos (n=5) de acordo com a medicação intracanal utilizada: G1: pasta de hidróxido de cálcio, G2: Polietilenoglicol (controle negativo), G3: extrato de própolis 20%, G4: extrato de própolis 40%, G5: extrato de própolis 20% + pasta de hidróxido de cálcio e G6: extrato de própolis 40% + pasta de hidróxido de cálcio. As medicações foram inseridas nos lumens dos canais radiculares e mantidas por 14 dias. Raspas de dentina foram coletadas com brocas esféricas em baixa rotação dos canais e colocadas em tubos de ensaio contendo meio BHI. O crescimento bacteriano foi avaliado por espectrofotometria após 15 dias. Todas as medicações experimentais reduziram significantemente o número de bactérias. As pastas G4 e G5 foram mais eficazes do que a G1 com inibição do crescimento bacteriano de 35,8%, 41% e 21,3%, respectivamente. Conclui-se que a própolis pode ser uma alternativa para tratamento de infecções endodônticas persistentes. Palavras-chave: Própolis. Necrose da polpa dentária. Produtos com ação antimicrobiana.

Page 12: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

ABSTRACT

Page 13: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

ABSTRACT

PIMENTA H.C. Antimicrobial potential of intracanal medications based on brown propolis against Enterococcus faecalis. 2013. 103 f. Dissertation (Master’s Program) - Postgraduate Dental Science Integrated, University of Cuiabá-UNIC, Cuiaba, 2013. Under clinical conditions, a biomechanical preparation and endodontic disinfectants do not completely eliminate the microorganisms present in the root canal system; therefore, the action of an intracanal medication with effective antimicrobial activity against resistant pathogens is necessary. Propolis is a honeybee product, composed mainly by wax and resins. The latter have a plant origin and contain substances with therapeutic properties, such as anti-inflammatory, antimicrobial, anesthetic, antioxidant, immune-stimulating, anti-tumor and healing. The aim of this study was to evaluate the antimicrobial activity of intracanal medications based on brown propolis against Enterococcus faecalis by broth microdilution and infection and disinfection of bovine dentin methods. Thirty dentine tubes prepared from intact freshly extracted bovine maxillary central incisors were infected in vitro for 21 days with E. faecalis. The specimens were divided into six groups, according to the intracanal medicament used, as follows: G1: calcium hydroxide in a viscous vehicle (Carbowax 400); G2: Carbowax 400 (control group); G3: 20% propolis extratct; G4: 40% propolis extract; G5: 20% propolis extract + calcium hydroxide paste; G6: 40% propolis extract + calcium hydroxide paste. The medicaments were placed into the canal lumen and left there for 14 days. Dentine chips were removed from the canals with sequential sterile round burs at low speed and collected in separate test tubes containing BHI broth. The microbial growth was analyzed by spectrophotometry after 15 days. All experimental agents significantly reduced the number of the cultivable bacteria. G4 and G5 pastes were more effective than G1 paste, showing 35.8%, 41% e 21.3% antibacterial action, respectively. It can be concluded that propolis may be an alternative for the treatment of resistant endodontic infections.

Keywords: Propolis. Necrosis of the dental pulp. Products with antimicrobial.

Page 14: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

LISTA DE TABELAS

Page 15: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Apresentação dos grupos experimentais, das medicações intracanais e suas respectivas proporções de manipulação. .................................... 64

Tabela 2 - Análise do pH das medicações intracanais testadas. ............................ 74

Tabela 3 - Análise descritiva dos dados referente ao crescimento bacteriano, considerando a variável medicação intracanal. ...................................... 75

Tabela 4 - Análise de variância para o crescimento bacteriano. ............................. 75

Page 16: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

LISTA DE FIGURAS

Page 17: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Própolis marrom bruta triturada. ........................................................... 59

Figura 2 - (A-D) Preparo do extrato bruto etanólico da própolis marrom: (A) Extração da própolis bruta com 2L de álcool de cereais a 80%; (B) Homogeneização da solução com auxílio do ultrassom; (C) Concentração do extrato etanólico da própolis marrom em rotaevaporador. (D) Extrato bruto da própolis marrom. ........................ 60

Figura 3 - Extratos da própolis marrom em diferentes concentrações solubilizados em DMSO: 200mg/mL (1); 100 mg/mL (2); 50 mg/mL (3); 20 mg/mL (4).................................................................................. 61

Figura 4 - Representação esquemática da microplaca na determinação da CIM dos extratos da própolis marrom, utilizando a técnica da resazurina. .. 62

Figura 5 - Medicações intracanais preparadas para os testes microbiológicos: G1- Pasta de Hidróxido de Cálcio (Pasta base), G2- Polietilenoglicol 400, G3- Extrato de Própolis 20%, G4- Extrato de Própolis 40%, G5- Extrato de Própolis 20% + Pasta de Hidróxido de Cálcio e G6- Extrato de Própolis 40% + Pasta de Hidróxido de Cálcio. .................... 64

Figura 6 - Incisivo central bovino íntegro recém extraído. .................................... 65

Figura 7 - (A-B) Dimensões dos espécimes de dentina bovina. (A) Desenho esquemático do preparo dos espécimes; (B) Espécime de dentina bovina. .................................................................................................. 66

Figura 8 - (A-D) Preparo dos espécimes para avaliação da desinfecção dos espécimes de dentina contaminados pelas medicações intracanais estudadas: (A) Espécimes infectados com Enterococcus faecalis. (B) Posicionamento da cera descontaminada no interior da placa de cultura com 24 poços para posterior fixação dos espécimes; (C) e (D) Espécimes posicionados sobre a cera utilidade e espaço intracanal radicular preenchido por medicação experimental. ............. 69

Figura 9 - (A-B) Método de avaliação da desinfecção de dentina bovina. (A) Obtenção de raspas de dentina por meio de brocas esféricas em baixa rotação; (B) Aumento progressivo da largura do canal em função da troca das brocas. ................................................................. 70

Figura 10 - Tubos de ensaio contendo as brocas n° 6 e nº8 e espécime, respectivamente, após a remoção das raspas de dentina. .................. 70

Figura 11 - Representação esquemática da microplaca na determinação da taxa de crescimento bacteriano por espectrofotometria, utilizando resazurina como revelador. .................................................................. 71

Figura 12 - Representação gráfica dos intervalos de confiança de 95% para a taxa de inibição do crescimento bacteriano de acordo com as medicações intracanais testadas. ........................................................ 77

Page 18: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

LISTA DE ABREVIATURAS

Page 19: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

LISTA DE ABREVIATURAS

ATCC American type culture collection

BHI Brain heart infusion

Ca(OH)2 Hidróxido de Cálcio

CBM Concentração bactericida mínima

CIM Concentração inibitória mínima

CHX Clorexidina

CLFR Cromatografia líquida de fase reversa

DMSO Dimetil-sulfóxido

EEP Extrato etanólico de própolis

EDTA Ácido etilenodiaminotetracético

E. faecalis Enterococcus faecalis

g grama

GTF Glicosiltransferase

GS/MS Espectrofotometria de massa gasosa

LTA Ácido lipopoliteicóico

h hora

HC Hidróxido de cálcio

Hela Linhagem celular de adenocarcinoma

H-fr Fração hexânica

µg micrograma

mg miligrama

mL mililitro

mm milímetro

MH Muller-Hinton

MEV Microscopia eletrônica de varredura

n Amostra

NaOCl Hipoclorito de sódio

NCCLS National Committee for Clinical Laboratory Standards

PAA Periodontite apical aguda

PAC Periodontite apical crônica

PAE Periodontite apical exacerbada

PCR Reação em cadeia da polimerase

PEG Polietilenoglicol

pH Potencial hidrogeniônico

PMCC Paramonoclorofenol canforado

RCM Ágar para clostrídeos

TSB Caldo peptona caseína e soja

TSBY Caldo tripticase soja suplementado com extrato de levedura

UFC Unidade formadora de colônia

UNIC Universidade de Cuiabá

UFMT Universidade Federal do Mato Grosso

Page 20: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

SUMÁRIO

Page 21: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 21

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 25

2.1 INFECÇÃO DA POLPA DENTÁRIA .................................................................... 25

2.1.1 Biofilme dos canais radiculares .................................................................... 26

2.1.2 Enterococcus faecalis.................................................................................... 30

2.1.3 Agentes antimicrobianos ............................................................................... 33

2.1.3.1 Agentes irrigantes.......................................................................................... 34

2.1.3.2 Medicações intracanais ................................................................................. 37

2.2 PRÓPOLIS .......................................................................................................... 42

2.2.1 Composição química ..................................................................................... 43

2.2.2 Atividade antimicrobiana ............................................................................... 45

2.2.3 Biocompatibilidade ........................................................................................ 54

3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 57

3.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 57

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 57

4 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 59

4.1 OBTENÇÃO DO EXTRATO BRUTO DA PRÓPOLIS MARROM ........................ 59

4.2 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DE MEDICAÇÕES INTRACANAIS A BASE DA PRÓPOLIS MARROM .................................................. 60

4.2.1 Determinação da concentração inibitória mínima (CIM) ............................. 60

4.2.1.1 Obtenção dos inóculos bacterianos .............................................................. 62

4.2.2 Preparo das medicações intracanais ........................................................... 63

4.2.3 Infecção e desinfecção de dentina bovina ................................................... 65

4.2.3.1 Preparo dos espécimes ................................................................................. 65

4.2.3.2 Tratamento da dentina para remoção de smear layer ................................... 66

4.2.3.3 Esterilização dos espécimes ......................................................................... 67

4.2.3.4 Preparo dos inóculos e contaminação bacteriana dos espécimes ................ 67

4.2.3.5 Avaliação da desinfecção dos espécimes de dentina contaminados pelos extratos ........................................................................................................... 68

4.3 TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS RESULTADOS ......................................... 71

5 RESULTADOS ....................................................................................................... 74

6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 79

7 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 88

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 90

Page 22: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

1 INTRODUÇÃO

Page 23: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento da inflamação dos tecidos pulpar e periapicais é

decorrente, da presença de bactérias e de seus produtos (KAKEHASHI; STANLEY;

FITZGERALD, 1965; SUNDQIVIST, 1976) e, da resposta do hospedeiro a eles.

(NAIR, 1997). Os microrganismos podem atingir a câmara pulpar e os tecidos

periapicais através da exposição dos túbulos dentinários à microflora bucal por

lesões de cárie ou traumas dentários, presença de bolsa periodontal, anacorese e

infecção periapical de dentes adjacentes (ESTRELA, 2009). Mais de 500 espécies

de microrganismos são conhecidas por colonizar a cavidade bucal humana

(ESTRELA, 2004). Com a infecção do tecido pulpar, este pode tornar-se necrótico,

tornando o sistema de canais radiculares um ambiente propício para o

estabelecimento, no terço apical da raiz, de uma microflora bacteriana mista,

predominantemente anaeróbia, rica em Fusobacterium, Porphyromonas, Prevotella,

Eubacterium e Peptostreptococcus. (SHAH; COLLINS, 1990).

A sanificação do sistema de canais radiculares infectados tem sido uma

constante preocupação na Endodontia (ESTRELA et al., 2012), a qual é suportada

por estudos sobre a eficácia da instrumentação mecânica, a influência da utilização

de meios auxiliares, como os agentes irrigantes, medicações intracanais e

sistêmicas, na busca de alternativas de tratamento antimicrobiano para as patologias

pulpares (SOUZA FILHO et al., 2008; BHUVA et al., 2010; JAMB; NIKHIL; SINGH,

2010; RÔÇAS; SIQUEIRA, 2011; VAGHELA et al., 2011; POGGIO et al., 2012). O

preparo biomecânico do sistema de canais radiculares reduz significativamente os

microrganismos predominantes na microbiota endodôntica (BYSTROM;

SUNDQVIST, 1981; PETERS; WESSELINK; VAN WINKELHOFF, 2002), porém é

incapaz de promover a completa desinfecção de algumas áreas devido às

complexidades anatômicas, fazendo com que os microrganismos persistentes

sobrevivam se multipliquem e, reinfectem o espaço pulpar. (BYSTROM;

CLAESSON; SUNDQVIST, 1985; GOMES; DRUCKER; LILLEY, 1994; SIQUEIRA;

LOPES, 1999).

O Enterococcus faecalis é uma bactéria gram-positiva, anaeróbia

facultativa, frequentemente isolada em canais radiculares de dentes previamente

obturados, que apresentam infecções secundárias (SIQUEIRA; RÔÇAS, 2004;

Page 24: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

22

SEDGLEY et al., 2006). É considerado um patógeno endodôntico persistente por

sua capacidade de tolerar baixos níveis de oxigênio e nutrientes, pH extremos,

promover formação de biofilme bacteriano, bem como oferecer resistência a

antibióticos (DOLAN; COSTERTON, 2002). O Enterococcus faecalis é responsável

por um terço das lesões periapicais (MOLANDER et al., 1998), tornando seu

controle e eliminação, um desafio para o sucesso do tratamento endodôntico.

A medicação intracanal deve ser capaz de eliminar os microrganismos

que sobrevivem ao preparo biomecânico, controlar o exsudato inflamatório

persistente, ser biocompatível aos tecidos periapicais e possuir ação destrutiva dos

osteoclastos presentes na reabsorção radicular externa (ESTRELA et al., 1995),

bem como neutralizar os produtos tóxicos residuais do preparo biomecânico e

apresentar amplo espectro (LEONARDO, 1999). O hidróxido de cálcio tem sido a

medicação intracanal mais utilizada em função de suas propriedades antimicrobiana,

de promover o selamento físico provisório do canal radicular e potencial osteogênico

(BARRETO; LUISI; FACHIN, 2005), entretanto há evidências da resistência do

Enterococcus faecalis ao hidróxido de cálcio. (LOVE, 2001; EVANS et al., 2002).

Baseado nas evidências da dificuldade do controle do biofilme

endodôntico pela técnica convencional do preparo biomecânico, a busca por

substâncias biocompatíveis que sejam eficazes contra patógenos resistentes, como

o Enterococcus faecalis, é crescente. (ESTRELA; HOLLAND, 2003; WATAHA, 2005;

FERREIRA et al., 2007; GARCIA et al., 2011).

A própolis é um produto resinoso produzido pelas abelhas da espécie

Apis mellifera, cuja composição depende do clima da região, da flora e da época do

ano em que é coletada (GREENAWAY; SCAYSBROOK; WHATLEY, 1990;

BANKOVA et al., 1992; PARK et al., 1997). Existem diferentes tipos de própolis que

são caracterizadas e classificadas de acordo com a sua composição química (PARK

et al., 2000). Os principais componentes da própolis são os flavonóides, ácidos

fenólicos e graxos, esteróides, aminoácidos, entre outros (KUMAZAWA et al., 2003;

HU, 2005; HAYACIBARA, 2005). Os flavonóides e ácidos fenólicos são descritos

como responsáveis pelas propriedades biológicas terapêuticas da própolis. (VOLPI;

BERGOZINI, 2006).

Na odontologia, a própolis tem sido utilizada como agente anticárie

(HENO; IKENO; MIYAZAWA, 1991), meio de armazenamento de dentes

Page 25: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

23

avulsionados (MARTIN; PILEGGI, 2004; GOPIKRISHNA et al., 2008), agente de

capeamento pulpar (SABIR et al., 2005) e como selante para hipersensibilidade

dentinária (ALMAS; MAHMOUD; DAHLAN, 2001), em função de suas propriedades

imunoestimulatória, antioxidante, antinflamatória e antimicrobiana (BANKOVA;

POPOV.; MAREKOV, 1982; HOFFMANN et al., 1998; OTA et al., 1998; PARK; KOO;

IKEGAKI, 1998; MANARA et al., 1999; GERALDINI; SALGADO; RODE, 2000;

SFORCIN et al., 2000; BANSKOTA; TEZUKA; KADOTA, 2001). Há evidências de

que a própolis seja biocompatível aos tecidos periapicais (AL SHAHEER et al., 2004;

GARCIA et al., 2011) e apresenta grande potencial contra microrganismos

resistentes. (AWAWDEH; BERTARM; HAMMAD, 2009; KANDASWAMY et al., 2010;

KAYAOGLU et al., 2011; MADHUBALA; SRINIVASAN; AHAMED, 2011).

Desta forma, foi de interesse, no presente estudo, investigar o potencial

antimicrobiano da própolis marrom como medicação intracanal no tratamento de

infecções endodônticas com Enterococcus faecalis.

Page 26: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

2 REVISÃO DE LITERATURA

Page 27: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

25

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 INFECÇÃO DA POLPA DENTÁRIA

A polpa dentária é formada por tecido conjuntivo indiferenciado, de origem

mesenquimatosa, vascularizado, inervado e rico em células imunologicamente

competentes (ESTRELA, 2004). As condições anatômicas da polpa dentária,

limitada por paredes inelásticas de dentina, esmalte e cemento, garantem o seu

isolamento do ambiente séptico da cavidade bucal e concomitantemente, permitem

que o tecido pulpar seja uma estrutura fragilizada frente aos agressores de natureza

biológica, física e/ou química. (ESTRELA, 2004).

Em 1894, Miller observou, pela primeira vez, a presença de bactérias no

interior do canal radicular e as associou às patologias pulpares e perirradiculares.

Esfregaços obtidos de canais radiculares com câmaras pulpares abertas e presença

de polpas necróticas foram analisados. Uma variedade ampla de formas bacterianas

(cocos, bacilos e espirilos) foi observada, bem como diferenças na localização dos

microrganismos, sendo que algumas espécies foram localizadas na câmara pulpar

enquanto que outras, no interior do canal radicular.

Kakehashi, Stanley e Fitzgerald (1965) ao utilizarem ratos como modelo

experimental, observaram o papel desempenhado pelas bactérias e seus produtos

na indução das infecções pulpares e perirradiculares. Polpas de molares de ratos

convencionais e germ free foram expostas ao meio bucal, sendo observado que nos

animais convencionais ocorreu o desenvolvimento de inflamação crônica seguida da

necrose do tecido pulpar e do desenvolvimento de lesões perirradiculares, enquanto

que nos animais germ free, a resposta pulpar foi caracterizada pela presença

mínima de inflamação e por deposição de dentina neoformada na área exposta,

demonstrando a importância da presença de microrganismos na instalação das

infecções endodônticas.

A polpa e os tecidos periapicais, ao contrário da cavidade bucal, são

áreas do hospedeiro que, em condições sadias, são estéreis sob o aspecto

microbiológico. Desta forma, a presença de microrganismos nestes tecidos é um

referencial sugestivo do desenvolvimento da doença. (FIGDOR; DAVIES;

Page 28: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

26

SUNDQVIST, 2003).

Os microrganismos utilizam as seguintes vias de acesso para colonizarem

o sistema de canais radiculares: túbulos dentinários a partir da expansão da lesão

cariosa ou durante intervenções odontológicas; cavidade aberta pela exposição

pulpar direta de origem traumática ou iatrogênica; microrganismos do sulco gengival

podem atingir a câmara pulpar, utilizando um canal lateral ou o forame apical

(membrana periodontal) e corrente sanguínea, nos casos da ocorrência de

bacteremia e septicemia; Extensão,a partir de dentes adjacentes infectados. (NAIR,

2004).

Inicialmente, na polpa dentária, uma resposta inflamatória aguda de curta

duração ocorre na presença de bactérias com conseqüente reabsorção óssea na

região periapical imperceptível ao exame radiográfico (NAIR, 1997; 2004). Na

ausência do tratamento endodôntico e do controle bacteriano, mediadores

inflamatórios são liberados, intensificando a resposta imune e inflamatória local e a

reabsorção óssea (NAIR, 1997; 2004). Neste momento, a lesão periapical incipiente

pode evoluir para cura espontânea, intensificação do processo inflamatório e avanço

para o interior do osso, formação de abscesso primário, fistulação ou pode tornar-se

crônica. (NAIR, 2004).

2.1.1 Biofilme dos Canais Radiculares

Cerca de 500 espécies microbianas habitam a cavidade bucal humana

(ESTRELA, 2004), as quais buscam por um nicho e nutrição. A princípio, todas as

espécies bacterianas têm a possibilidade de penetrarem no sistema de canais

radiculares (SUNDQVIST, 1992). No entanto, a característica mais marcante da flora

endodôntica é o número relativamente pequeno de espécies que são isolados de

canais radiculares infectados. (NAIR, 2004).

Até a metade da década de 70, em função do desconhecimento das

técnicas de anaerobiose, as investigações mostravam que os microrganismos

isolados dos canais radiculares com polpas necrosadas eram predominantemente

bactérias anaeróbias facultativas do grupo dos estreptococos, enterococos,

micrococos, difteróides, estafilococos, lactobacilos, bactérias entéricas, Candida

Page 29: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

27

spp., Neisseria spp. e Veillonella spp. (MORSE, 1987; GOMES; DRUKER; LILLEY,

1996).

Sundqvist (1976) avaliou a microbiota de 32 canais radiculares de dentes

permanentes humanos unirradiculares com polpas necrosadas decorrentes de

injúria traumática. O autor observou que 19 dentes estavam infectados e cerca de

90% dos microrganismos isolados eram bactérias anaeróbias estritas.

Posteriormente, os resultados de Sundqvist (1976) foram confirmados

por, Byström e Sundqvist (1983), Baumgartner e Falkler (1991), os quais observaram

a presença de bactérias anaeróbias estritas nos canais radiculares infectados,

inclusive nos 5 mm apicais. Os autores sugeriram que a disponibilidade de

nutrientes e a tensão de oxigênio na região apical comparadas à porção principal do

canal radicular eram os fatores determinantes da predominância de bactérias

anaeróbias de crescimento lento na porção apical.

Tronstad, Barnett e Cervone (1990) analisaram a causa do insucesso do

tratamento endodôntico convencional em dez pacientes portadores de lesão

periapical submetidos à cirurgia parendodôntica. Durante o procedimento cirúrgico,

removeu-se aproximadamente 2 a 3 mm do ápice radicular envolvido pela lesão

periapical e as amostras foram processadas e observadas em MEV. Os autores

observaram que o cemento das raízes estava coberto por uma camada lisa e

amorfa, contínua ao ápice radicular e adjacente ao forame apical. Em maior

ampliação, foi observada nesta camada uma variedade de formas bacterianas,

confirmando a existência de um biofilme bacteriano na região, com predominância

de cocos e bacilos, sugerindo a possível causa do insucesso da terapia endodôntica.

Segundo Nair (2004), a composição da microbiota endodôntica varia

consideravelmente. Utilizando como referencial, técnicas microscópicas e de

culturas microbianas, foi observado nas infecções endodônticas, a presença de

microrganismos dos gêneros Peptostreptococcus, Actinomyces, Eubacterium,

Veillonella, Porphyromonas, Prevotella, Fusobacterium, Treponema, Streptococcus,

Enterococcus, Actinomyces, Candida, entre outros.

Pinheiro et al. (2003) identificaram espécies microbianas em dentes que

apresentaram insucesso no tratamento endodôntico. Foram selecionados 60 dentes

com lesões periapicais persistentes e durante o retratamento endodôntico, amostras

Page 30: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

28

foram coletadas do canal radicular para identificação das espécies por meio de

isolamento e técnicas de anaerobiose. A associação dos achados microbiológicos

com características clínicas foi investigada. Das espécies microbianas isoladas,

57,4% eram anaeróbias facultativas e 83,3% gram-positivas. O Enterococcus

faecalis foi o microrganismo mais observado. Os anaeróbios obrigatórios

representaram 42,6% das espécies e o gênero mais frequente foi o

Peptostreptococcus, o qual foi associado a sintomas clínicos. Associações

significativas foram observadas entre: dor ou história de dor e infecções

polimicrobianas ou anaeróbias; sensibilidade à percussão e Prevotella

intermedia/Prevotella nigrescens; presença de fístula e Streptococcus spp. ou

Actinomyces spp; dentes sem selamento coronário e Streptoccus spp. ou Candida.

Os autores concluíram que a flora microbiana de dentes que apresentam insucesso

no tratamento endodôntico foram limitados a um pequeno número de espécies

microbianas gram-positivas. Os anaeróbios facultativos, especialmente o

Enterococcus faecalis, foram os microrganismos mais comumente isolados,

entretanto infecções polimicrobianas e anaeróbios obrigatórios foram encontrados

em canais obturados com sintomatologia dolorosa.

Foschi et al. (2005) avaliaram a presença de bactérias selecionadas

(Enterococcus faecalis, Porphyromonas gingivalis, Prevotella intermedia, Tannerella

forsythensis, Treponema denticola) em canais radiculares infectados por meio da

PCR. Foram avaliados associação bacteriana e sinais clínicos da infecção

endodôntica. Amostras microbiológicas foram obtidas de 62 dentes em 54 pacientes

com infecção endodôntica. Para cada dente, dados clínicos, incluindo os sintomas

do paciente, foram coletados. Os dentes foram classificados de acordo com o

diagnóstico em periodontite apical aguda (PAA), periodontite apical crônica (PAC) e

periodontite apical exacerbada (PAE), sendo 71% dos casos de infecção primária e

29% de infecção secundária. Os resultados revelaram que o E. faecalis foi

idenificado em 24% dos casos, P. gingivalis em 13%, P. intermedia em 8% e T.

forsysthensis em 7%. A bactéria T. denticola foi detectada em 56% dos pacientes

com PAE. O E. faecalis foi encontrado em 60% dos dentes com PAE e em 72% dos

dentes com infecção secundária. Os autores concluíram que a bactéria T. denticola

foi associada a infecção endodôntica sintomática na presença de reabsorção óssea

apical. O E. faecalis foi associado ao insucesso do tratamento endodôntico. Sugeriu-

Page 31: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

29

se que estas espécies podem desempenhar papéis críticos nas patologias

endodônticas.

Chugal et al. (2011) investigaram quais espécies bacterianas residem na

região apical de dentes humanos com periodontite apical de infecções endodônticas

primárias e secundárias por meio de técnicas de PCR. Amostras foram coletadas da

região apical de 18 dentes com necrose pulpar e 8 dentes com tratamento

endodôntico realizado. Os resultados revelaram que as espécies bacterianas da

região apical nas infecções primárias foram significativamente mais diversificadas do

que nas infecções secundárias. Os dentes que apresentavam infecção secundária

exibiram baixa similaridade na composição bacteriana enquanto que nas infecções

primárias, a composição bacteriana foi praticamente idêntica. Foi observada alta

ocorrência de fusobactérias, Actinomyces sp. e oral, Anaeroglobus geminatus em

ambos os tipos de infecções. Os casos de infecção secundária apresentaram

Burkholderiales ou Pseudomonas sp., ambos patógenos ambientais oportunistas.

Concluiu-se que certos microrganismos apresentam prevalência semelhante nas

infecções primárias e secundárias, indicando que provavelmente são erradicados

durante o tratamento endodôntico. A presença de Burkholderiales ou Pseudomonas

sp., demosntra o problema com a contaminação do ambiente. Sugeriu-se que o

tratamento parece afetar os canais radiculares de diferentes formas, resultando em

alterações da microbiota local.

Wang et al. (2012) avaliaram a flora bacteriana primária e a localização do

biofilme extrarradicular em periodontites apicais persistentes. Amostras da porção

apical foram coletadas cirurgicamente de 23 dentes que apresentaram periodontite

apical e analisadas por meio de MEV, coloração de gram Brown e Bren modificada e

anáilse da PCR. Os resultados revelaram que o biofilme extrarradicular dos dentes

tratados constitui de material amorfo extracelular com diversas espécies bacterianas,

como Actinomyces sp. oral, Propionibacterium, Prevotella sp. oral, Strepstococcus,

Porphyromonas endodontalis e Burkholderia. Actinomyces sp. oral e

Propionibacterium foram as bactérias mais freqüentes com 84,6% e 61,5%,

respectivamente, no biofilme. Concluiu-se que na superfície externa de dentes

tratados endodonticamente com lesão periapical persistente, há presença de

biofilme e que Actinomyces sp. oral e Propionibacterium são os prováveis

Page 32: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

30

responsáveis pela formação de biofilme extrarradicular e infecção periapical

persistente.

2.1.2 Enterococcus faecalis

O Enterococcus faecalis é uma bactéria anaeróbia facultativa, gram

positiva que faz parte da microflora intestinal e comumente presente nas infecções

do trato urinário e endocárdio (SANDOE et al., 2002; DENOTTI et al., 2009). O

Enterococcus faecalis compõe um grupo de bactérias que são associadas a

infecções endodônticas, no entanto, estas espécies correspondem a uma

porcentagem muito pequena da microbiota bacteriana inicial de dentes com polpas

necróticas sem tratamento (SUNDQVIST, 1992). Entretanto, é freqüentemente

encontrado em canais obturados com sinais de periodontite crônica apical (FIGDOR;

DAVIES; SUNDQVIST, 2003) e especialmente, em dentes com infecções pós-

tratamento endodôntico. (SEDGLEY et al., 2005).

Do ponto de vista microbiológico, os enterococos apresentam poucas

exigências para o seu crescimento, sendo capazes de crescer em temperatura entre

10 a 45 °C, pH 9,6 em solução salina 6,5% e de sobreviver a 60 °C por 30 minutos

(PARADELLA; KOGA-ITO; JORGE, 2007). O E. faecalis é capaz de se manter viável

in vitro em canais radiculares por um período de 12 meses sem nutrientes adicionais

e sob várias condições experimentais não-favoráveis, como quando exposto a sais

biliares, ácido, calor, falta de glucose, hipoclorito de sódio e em água de torneira

(LAPLACE et al., 1997; CAPIAUX et al., 2000; FIGDOR; DAVIES; SUNDQVIST,

2003). A habilidade do E. faecalis de sobreviver a períodos extensos em ambientes

nutricionais limitados representa uma importante característica da patogênese desta

espécie em processos patológicos de falhas no tratamento endodôntico. (FIGDOR;

DAVIES; SUNDQVIST, 2003).

A habilidade de formação de biofilme pelo gênero Enterococcus permite a

colonização de superfícies inertes e biológicas, protegendo contra agentes

antimicrobianos e ação de fagócitos, mediando adesão e invasão de células do

hospedeiro (BALDASSARI et al., 2005). Além da formação de biofilme, os fatores de

virulência do E. faecalis são a produção de substância de agregação, adesinas de

Page 33: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

31

superfície, ácido lipopoliteicóico (LTA), produção extracelular de superóxido, enzima

lítica gelatinase e hialuronidase, os quais podem estar associados aos vários

estágios de infecções endodônticas, bem como à inflamação periapical

(KAYAOGLU, ORSTAVIK, 2004). O ácido lipopoliteicóico, encontrado na parede

celular do E. faecalis, auxilia em sua ligação às células eucarióticas, incluindo

linfócitos (BEACHEY et al., 1977; BEACHEY et al., 1979). O LTA também estimula a

reabsorção óssea e a secreção de mediadores inflamatórios por células

polimorfonucleares, contribuindo para o dano tecidual do local infectado.

(KAYAOGLU, ORSTAVIK, 2004).

Evidências da identificação do E. faecalis em infecções endodônticas

persistentes são descritos a seguir.

Para avaliar o resultado do retratamento endodôntico conservador e

realizar a análise microbiológica de casos considerados insatisfatórios, Sundvisqt et

al. (1998) avaliaram 54 dentes tratados endodonticamente, de pacientes

assintomáticos, com evidência radiográfica de lesão periapical, cujo tratamento

endodôntico se encontrava bem obturado e realizado há 5 anos, foram selecionados

e indicacados para retratamento. Após a desobturação dos canais, amostras

bacteriológicas foram coletadas com pontas de papel esterilizadas, antes do preparo

químico-mecânico, 7 dias após o preparo biomecânico e 15 dias após medicação

intracanal de pasta à base de hidróxido de cálcio e inseridas em tubos de ensaio

com meio de cultura à base de tioglicolato e ágar para posterior análise

microbiológica. Os canais foram selados com pensos de algodão esterilizados e

cimento à base de óxido de zinco e eugenol. Decorridos sete dias, os pacientes

retornaram para nova coleta imediatamente após a remoção do selamento

temporário, e após o preparo químico-mecânico. Os canais radiculares foram

medicados com pasta à base de hidróxido de cálcio. Após 15 dias de medicação

intracanal, nova coleta foi realizada e os canais foram obturados e os dentes,

restaurados. A análise das amostras revelou que 24 (44%) dos canais radiculares

estavam contaminados por microrganismos durante a desobturação (S. intermedius,

L. catenaforme, Eubacterium alactolyticum, Propionibacterium acnes, P. micros,

Streptococcus mitis, F. nucleatum, Streptococcus anginosus, Eubacterium timidum,

Propionibacterium propionicum, Bacterioides gracilis e Enterococcus faecalis). Em

20 casos (37%), houve crescimento bacteriano das amostras coletadas na primeira

Page 34: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

32

e segunda sessão de tratamento. 93% dos pacientes foram acompanhados

preservados anualmente por cinco anos, sendo que 37 (68%) apresentaram taxa de

sucesso de aproximadamente 74%. A taxa de sucesso nos dentes em que o E.

faecalis se fez presente foi relativamente menor (66%) que a média dos outros

casos, o que sugere que o microrganismo seria um importante agente causador do

insucesso endodôntico.

Molander et al. (1998) observaram a microbiota endodôntica em 100

dentes tratados endodonticamente com periodontite apical, após período de

aproximadamente quatro anos. Para tal finalidade, amostras foram removidas dos

canais radiculares infectados por meio de brocas Gattes-gliden e lima Hedstrom e

levadas para análise microbiológica. Cepas anaeróbias foram identificadas por

micromorfologia, morfologia da colônia, testes físicos e bioquímicos e por meio de

cromatografia líquida de fase gasosa. As cepas facultativas e aeróbias foram

identificadas por coloração de Gram, morfologia da colônia e meios seletivos. O

crescimento foi semiquantificado como muito espesso, espesso, moderado, escasso

e muito escasso sobre placas de ágar através da contagem de UFC/mL. Em 85% da

amostra, observaram a presença de microbiota intracanal com 117 cepas isoladas,

com predominância de anaeróbios facultativos gram-positivos (69%), sendo o E.

faecalis a espécie encontrada com maior freqüência na proporção de 47,05%.

Love (2001) avaliou um possível mecanismo para explicar a sobrevivência

e o crescimento do Enterococcus. faecalis dentro dos túbulos dentinários, bem como

sua capacidade de reinfectar o canal radicular obturado. Cepas de Streptococcus

gordoni, Streptococcus mutans e E. faecalis foram repicadas em placas de ágar

TSBY (Caldo tripticase soja suplementado com extrato de levedura), ajustadas a

aproximadamente 1,2 x 109 células/mL, contendo 10 a 90% de soro humano e

incubadas a 37ºC, por 56 dias. Decorrido este período, as culturas foram inoculadas

em dentes humanos unirradiculares hígidos, extraídos por motivos diversos e

preparados previamente. Os resultados revelaram que as 3 espécies bacterianas

avaliadas permaneceram viáveis dentro do período experimental. O E. faecalis

parece apresentar habilidade para invadir os túbulos dentinários e de se manter

viável, aderindo-se ao colágeno na presença de soro humano, mecanismo pelo qual

as células desta espécie bacteriana atuariam como patógeno nos casos de

insucesso endodôntico.

Page 35: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

33

2.1.3 Agentes antimicrobianos

A eliminação completa dos microrganismos do interior dos canais

radiculares de dentes infectados com lesões periapicais tem sido um desafio na

Endodontia. Embora haja uma expressiva redução de microrganismos após o

preparo biomecânico dos canais radiculares, há evidências da necessidade de

agentes antimicrobianos auxiliares, como as soluções irrigadoras e as medicações

intracanais utilizadas entre as sessões do tratamento endodôntico, com o objetivo de

potencializar o processo de sanificação do sistema de canais radiculares.

(BYSTROM; SUNDQVIST, 1981; BYSTROM et al., 1987; SYDNEY; ESTRELA,

1996; ESTRELA et al., 2012).

A ação mecânica dos instrumentos endodônticos durante o preparo

biomecânico dos canais radiculares é incapaz de promover completa desinfecção de

algumas áreas devido às complexidades anatômicas da região. (BYSTRÖM et al.,

1987). Desta forma, se faz necessária a utilização de substâncias químicas

auxiliares com o intuito de promover controle ou eliminação completa dos depósitos

bacterianos nos canais radiculares, uma vez que os agentes irrigantes auxiliam na

lubrificação do canal radicular durante a ação de corte dos instrumentos, na

remoção da camada de smear layer, na desinfecção, dissolução do exsudato,

dissolução do tecido pulpar necrosado e pré-dentina (BYSTRÖM; SUNDQVIST,

1983). Inúmeras substâncias químicas têm sido utilizadas como agentes irrigantes,

dentre elas o hipoclorito de sódio (NaOCl) (AYHAN et al., 1999; GOMES et al., 2001;

ESTRELA et al., 2007; VIANNA; GOMES, 2009; BHUVA et al., 2010; RÔÇAS;

SIQUEIRA JR., 2011), a clorexidina (GOMES et al., 2001; ESTRELA et al., 2007;

VIANNA; GOMES, 2009) , o EDTA (BACA et al., 2011) e o ácido cítrico (POGGIO et

al., 2012) são os mais frequentes.

A medicação intracanal ideal para favorecer a reparação tecidual

apresenta como referenciais três parâmetros principais: potencial antimicrobiano,

biocompatibilidade e capacidade de estimulação dos tecidos do hospedeiro.

(ESTRELA, 2004). Para o tratamento efetivo das infecções endodônticas, deve-se

considerar: o conhecimento da microbiota endodôntica (infecção primária,

secundária ou persistente), o mecanismo de ação da medicação intracanal, a

efetividade antimicrobiana, o tempo de atuação da medicação intracanal, o alcance

Page 36: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

34

na massa dentinária, a resistência microbiana e a compatibilidade biológica.

(ESTRELA, 2004). Desta, forma a utilização da medicação intracanal poderia

contribuir decisivamente para a máxima redução das bactérias que eventualmente

ficaram protegidas da ação letal das substâncias químicas irrigantes do canal

radicular. (BYSTRÖM et al., 1987; SJÖGREN et al., 1991).

2.1.3.1 Agentes irrigantes

Gomes et al. (2001) avaliaram a eficácia in vitro de várias concentrações

de NaOCl (0,5%, 1%, 2,5%, 4% e 5,25%) e de duas formas de Gluconato de

Clorexidina (gel e líquido) em três concentrações (0,2%, 1% e 2%) na eliminação do

E. faecalis. Para a microdiluição em caldo, colônias puras de E. faecalis foram

cultivadas em ágar BHI e suspensas em solução salina esterilizada. A suspensão foi

ajustada, por espectrofotometria, na escala de turbidez 0,5 de McFarland e,

ultrassonificada com os irrigantes experimentais por 10, 30 e 45 segundos ou,

1,3,5,10,20 e 30 minutos. Após 7 dias de incubação a 37ºC, foi observada a

turvação das soluções para determinar o crescimento bacteriano positivo. Os

autores concluíram que todos os irrigantes testados possuíram atividade

antimicrobiana, sendo que o tempo necessário para a eliminação do E. faecalis foi

dependente da concentração e do tipo de irrigante utilizado. A clorexidina na forma

líquida em todas as concentrações e o NaOCl a 5,25% foram os mais eficazes.

Dametto et al. (2005) avaliou e comparou a atividade antibacteriana in

vitro da clorexidina gel a 2%, clorexidina líquida 2% e hipoclorito de sódio 5,25%

(NaOCl) sobre o Enterococcus faecalis. Para tal objetivo, raízes de pré-molares

inferiores humanos foram preparadas por instrumentação seriada, autoclavadas e

contaminadas por um período de 7 dias com monoculturas de E. faecalis. Em

seguida, os dentes foram divididos em 5 grupos e submetidos ao preparo

biomecânico com variação apenas da substância química auxiliar. Para avaliar o

potencial antimicrobiano dos agentes irrigantes auxiliares, foram realizadas 3 coletas

bacteriológicas e posterior contagem das UFC/mL: pré-preparo químico-mecânico,

pós-preparo químico-mecânico e 7 dias após o preparo químico-mecânico. O

gluconato de clorexidina a 2%, na forma gel e líquida, promoveu uma redução

Page 37: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

35

significante nas coletas imediata e 7 dias após o preparo biomecânico. Entretanto,

no grupo do hipoclorito de sódio a 5,25%, houve uma redução do número de UFC na

coleta imediatamente após o preparo biomecânico, mas foi observado crescimento

bacteriano na coleta final. Concluiu-se que dentre os meios químicos auxiliares

testados como irrigantes endodônticos, o gluconato de clorexidina 2%, gel e líquido,

foram mais efetivos do que o NaOCl 5,25% sobre o E. faecalis.

Pinheiro et al. (2004) avaliaram a susceptibilidade in vitro do E. faecalis a

diferentes antibióticos (benzilpenicilina, amoxicilina, amoxicilina-ácido clavulânico,

eritromicina, azitromicina, vancomicina, cloranfenicol, tetraciclina, doxiciclina,

ciprofloxacina e moxifloxacina). Com este objetivo, 21 dentes com lesão periapical

foram selecionados. A concentração inibitória mínima foi determinada utilizando o

sistema E-test. As cepas do E. faecalis foram classificadas como sensíveis ou

resistentes de acordo com a NCCLS/2002 (Metodologia dos Testes de Sensibilidade

a Agentes Antimicrobianos por Diluição para Bactéria de Crescimento Aeróbico:

Norma Aprovada). Os resultados mostraram que as cepas de E. faecalis foram

completamente susceptíveis à amoxicilina, amoxicilina-ácido clavulânico,

vancomicina e maxofloxacina. Algumas cepas foram sensíveis ao cloranfenicol,

tetraciclina, doxiciclina e ciprofloxacina, enquanto que a eritromicina e a azitromicina

foram as menos eficazes contra o E faecalis.

Berber et al. (2006) avaliou a atividade antimicrobiana de diferentes

protocolos para o preparo biomecânico de 270 raízes de pré-molares inferiores

infectadas com Enterococcus faecalis, divididas em 18 grupos, nos quais as técnicas

de instrumentação foram testadas variando-se o uso das substâncias químicas

auxiliares. Os agentes irrigantes estudados foram: clorexidina 2% (CHX) gel e

líquida, hipoclorito de sódio (NaOCl) 5,25%, 2,5% e 0,5% e, soro fisiológico. O

preparo biomecânico foi realizado pela técnica de instrumentação híbrida cérvico-

apical ou pela instrumentação rotatória. Amostras bacteriológicas do canal radicular

foram coletadas antes e imediatamente após o preparo químico-mecânico e as

UFC/mL, contadas. Adicionalmente, amostras de dentina foram removidas dos

terços apical, médio e cervical. Na luz do canal radicular, todas as substâncias,

inclusive o soro fisiológico quando associados à instrumentação mecânica,

promoveram uma redução de quase 100% nas coletas microbiológicas

imediatamente após o preparo químico-mecânico. Nas coletas resultantes das

Page 38: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

36

raspas de dentina, independente do terço apical, técnica ou profundidade, o NaOCl

5,25% e a CHX gel 2% obtiveram os melhores resultados na redução bacteriana dos

túbulos dentinários seguidos do NaOCl 2,5%, CHX líquida 2% e NaOCl 0,5%. Os

autores concluíram que o NaOCl especialmente nas mais altas concentrações, e a

CHX 2% gel, independentemente da técnica de instrumentação utilizada, foram

capazes de eliminar o E. faecalis dos túbulos dentinários.

A eficácia das soluções de hipoclorito de sódio (NaOCl) e clorexidina

(CHX), em diferentes concentrações, associadas ou isoladas, contra o Enterococcus

faecalis, foi avaliada por Vianna e Gomes (2009). Os agentes irrigantes estudados

foram CHX a 2% gel, CHX a 2% líquida, NaOCl a 1%, NaOCl a 2,5% e NaOCl a

5,25%, em diferentes combinações e, em proporções iguais. Dois métodos foram

utilizados para avaliação do potencial antimicrobiano: teste de difusão em ágar e

teste de microdiluição em caldo. Os autores concluíram que a CHX a 2% gel

provocou maior zona inibição do crescimento bacteriano e as menores inibições

foram obtidas pelo NaOCl a 1% e NaOCl a 2,5%. A CHX a 2% gel, o NaOCl a 5,25%

e a combinação de CHX a 2% líquida e NaOCl a 5,25% precisaram de 1 minuto para

promover a eliminação do Enterococcus faecalis. A associação de NaOCl e CHX

não apresentou melhor eficácia na eliminação bacteriana comparada à CHX

utilizada sozinha.

Baca et al. (2011) avaliaram a atividade antimicrobiana residual e a

capacidade de erradicar o Enterococcus faecalis de diferentes soluções irrigadoras,

sozinhas ou em combinação, num teste volumétrico de dentina humana. As

soluções de hipoclorito de sódio a 2,5% (NaOCl), clorexidina 2% (CHX), cetrimida

0,2% (CTR), ácido etilenodiaminotetracético 17% (EDTA), ácido maleico 7% (MA), e

os regimes de associações do NaOCl 2,5%, seguido por 17% de EDTA ou MA 7%,

CTR 0,2% ou CHX 2%, foram selecionados. Para determinar a atividade residual

dos regimes de irrigação propostos, foi criado biofilme de E. faecalis sobre os blocos

de dentina após 24 horas de incubação a 37o.C. Os resultados da atividade residual

e antimicrobiana dos regimes-teste foram expressos como a taxa de inibição da

formação e eliminação do biofilme, respectivamente. A CHX 2% e a solução CTR

0,2% mostraram 100% de inibição do biofilme; NaOCl 2,5% apresentaram a menor

atividade residual (18,10%). A taxa de eliminação bacteriana do NaOCl 2,5% e CTR

0,2% foi de 100% seguido por MA 7% e CHX 2%, enquanto que o EDTA 17% foi o

Page 39: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

37

menos eficaz (44%). As soluções de MA 7% ou EDTA 17% seguido por CTR 0,2%

ou CHX 2% mostraram 100% de atividade residual e antimicrobiana. Os resultados

mostraram que a solução CTR 0,2% sozinha e as combinações em que CTR 0,2%

ou CHX 2% foram as soluções finais de irrigação que promoveram atividade residual

e antimicrobiana máximas.

Poggio et al. (2012) compararam a atividade antimicrobiana in vitro do

Tetraclean (associação de doxiciclina, ácido cítrico e propilenoglicol), Niclor

(Hipoclorito de Sódio a 5,25%), Cloreximid (Clorexidina a 0,12%, Solução de

cetrimida 0,2%) e Peróxido de Hidrogênio volume 12, sobre o Enterococcus faecalis,

Streptococcus mutans e Staphylococcus aureus. O teste de difusão em ágar foi

utilizado para verificar a atividade antimicrobiana das soluções. Discos de papel

foram saturados com cada uma das soluções testadas (a temperatura ambiente e ao

pré-aquecimento a 50°C) e colocados em placas de cultura de ágar já infectadas e

incubadas a 37°C por 24h. Os resultados revelaram quem em temperatura ambiente

o Tetraclean mostrou inibição significativamente maior em relação às outras

soluções testadas. O pré-aquecimento em 50°C aumentou significativamente a

inibição do crescimento bacteriano para todos os grupos testados. A 50°C o

peróxido de hidrogênio volume 12 e o Tetraclean mostraram eficácia

significativamente maior em relação às outras soluções. Os autores concluíram que

o pré-aquecimento do peróxido de hidrogênio volume 12 e do Tetraclean favoreceu

a inibição do crescimento bacteriano.

2.1.3.2 Medicações intracanais

O hidróxido de cálcio é uma base forte (pH 12,6), pouco solúvel em água

(1,2 g/L), obtida a partir da calcinação (aquecimento) do carbonato de cálcio até sua

transformação em óxido de cálcio (cal viva), que quando hidratado forma o hidróxido

de cálcio (BUDVARI, 1996). As propriedades do hidróxido de cálcio derivam de sua

dissociação iônica em íons cálcio e íons hidroxila, sendo que, a ação destes íons,

sobre os tecidos e as bactérias, explica suas propriedades biológicas, pois ativa

enzimas teciduais, como a fosfatase alcalina, conduzindo ao efeito mineralizador e

antimicrobianas, inibindo enzimas bacterianas. (ESTRELA, 2004).

Page 40: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

38

Acredita-se que os íons hidroxila do hidróxido de cálcio desenvolvem seu

mecanismo de ação em nível de membrana citoplasmática, pois é o local onde se

localiza os sítios enzimáticos, responsável por funções essenciais como o

metabolismo, crescimento e divisão celular (ESTRELA et al., 1994). O efeito do

elevado pH do hidróxido de cálcio, influenciado pela liberação de íons hidroxila, é

capaz de alterar a integridade da membrana citoplasmática por meio de agressões

químicas aos componentes orgânicos e transporte de nutrientes, ou por meio da

destruição de fosfolipídios ou ácidos graxos insaturados da membrana

citoplasmática, observado pelo processo de peroxidação lipídica, sendo esta na

realidade, uma reação de saponificação. (ESTRELA et al., 1995).

Orstavik e Haapasalo (1990) analisaram o efeito antibacteriano de

soluções irrigadoras e medicações intracanais em dentina bovina infectada com

Enterococcus faecalis, Streptococcus sanguis, Escherichia coli ou Pseudomonas

aeruginosa. Blocos cilíndricos de dentina bovina foram obtidos de incisivos bovinos

recém-extraídos, tendo os resíduos orgânicos e inorgânicos removidos por

tratamento ultra-sônico com EDTA e hipoclorito de sódio a 5.25%. Os espécimes de

dentina foram infectadas por períodos que variaram de 3 a 6 semanas. Os

medicamentos endodônticos utilizados na desinfecção de dentina foram: hidróxido

de cálcio (Calasept), Paramonoclorofenol canforado (PMCC), gluconato de

clorexidina (Hibitane), iodeto de potássio, hipoclorito de sódio e EDTA. Após a

aplicação dos medicamentos, os espécimes de dentina foram incubados a 37°C

durante 7 dias. A eficácia dos vários medicamentos teve uma grande variação, de

acordo com a espécie bacteriana estudada. Considerando que a capacidade de

infectar os túbulos dentinários variou de acordo com os microrganismos, os

resultados mostraram que o paramonoclorofenol canforado foi, de modo geral, mais

eficiente que o hidróxido de cálcio (Calasept). Dentre as soluções irrigadoras

testadas, o iodeto de potássio mostrou maior eficácia do que o hipoclorito de sódio e

a clorexidina. O EDTA praticamente não apresentou ação antibacteriana. A

presença de “smear layer” diminuiu, mas não eliminou a ação dos medicamentos

testados.

Gomes et al. (2002) avaliaram a atividade antimicrobiana do hidróxido de

cálcio associado a diferentes veículos sobre microrganismos comumente isolados

dos canais radiculares infectados através de teste de difusão em ágar. Cilindros de

Page 41: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

39

aço inoxidável foram colocados sobre as placas de ágar infectadas e os

medicamentos testados foram inseridos no interior dos cilindros e incubados a 37°C.

As zonas de inibição do crescimento bacteriano foram mensuradas e registradas

após incubação de cada placa por 24h. A atividade antimicrobiana dos

medicamentos foi observada, em ordem decrescente, em relação ao potencial

antimicrobiano: hidróxido de cálcio + PMCC glicerina, hidróxido de cálcio + PMCC,

hidróxido de cálcio + glicerina, hidróxido de cálcio + anestésico, hidróxido de cálcio +

soro fisiológico, hidróxido de cálcio + água, hidróxido de cálcio + polietilenoglicol. Os

autores concluíram que pastas com veículos oleosos apresentaram inibição

significativamente maior em comparação com veículos aquosos e viscosos e que a

atividade antimicrobiana do hidróxido de cálcio foi afetada pelo tipo de veículo

utilizado.

Gomes et al. (2003) avaliaram a atividade antimicrobiana de medicações

intracanais contra o Enterococcus faecalis por meio do método de infecção de

dentina. Foram preparados 180 incisivos centrais bovinos, que tiveram os 5mm

apicais e 2/3 da coroa cortados, obtendo-se discos de dentina bovina que foram

infectados por culturas de E. faecalis por 7 dias. Os espécimes foram divididos em 4

grupos: I- Clorexidina gel 2%, II- Hidróxido de cálcio + Polietilenoglicol 400, III-

Clorexidina gel 2% + Pasta de Hidróxido de Cálcio e IV- BHI (controle). Os

espécimes receberam a medicação e foram incubados a 37°C nos períodos de 2, 7,

15 e 30 dias. Os resultados revelaram que a Clorexidina gel 2% eliminou

completamente os microrganismos em todos os períodos. O hidróxido de cálcio

permitiu o crescimento bacteriano em todos os períodos. A associação da

clorexidina gel 2% e hidróxido de cálcio demonstrou 100% de efetividade nos 2

primeiros dias, sendo diminuída aos 7 e 15 dias. Os autores concluíram que a

clorexidina gel 2% foi a medicação mais eficaz contra o E. faecalis e que a atividade

antimicrobiana depende do tempo de permanência da medicação no canal radicular.

Vianna et al. (2005) avaliaram a atividade antimicrobiana do hidróxido de

cálcio em associação a diferentes veículos contra patógenos endodônticos pelo

teste de microdiluição em caldo. As pastas de hidróxido de cálcio foram preparadas

com os seguintes veículos: água destilada, glicerina, PMCC, PMCC + glicerina e

PMCC + polietilenoglicol. Foram necessárias de 6 a 24 horas para eliminação dos

microrganismos aeróbios e facultativos e de 30 segundos a 5 minutos, para os

Page 42: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

40

anaeróbios estritos para todas as medicações testadas. A susceptibilidade

microbiana em ordem crescente foi: E. faecalis (patógeno mais resistente), Candida

albicans, Staphylococcus aureus, Porphyromonas gingivalis, Porphyromonas

endodontalis e Prevotella intermedia. Concluiu-se que as pastas de hidróxido de

cálcio necessitaram de maior tempo para eliminar os microrganismos facultativos do

que os aeróbios. Para os autores, os achados sugeriram que a propriedade

antimicrobiana está relacionada à formulação da pasta e à susceptibilidade

microbiana, pois pastas preparadas com glicerina e polietilenoglicol precisam de

mais tempo para eliminar os microrganismos que as outras pastas.

Gomes et al. (2006) avaliaram a atividade antimicrobiana da pasta de

hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), clorexidina gel 2% (CHX) e a associação de ambos

contra os seguinte microrganismos: Enterococcus faecalis, Candida albicans,

Staphylococcus aureus, Porphyromonas gingivalis, Porphyromonas endodontalis e

Prevotella intermedia. Para avaliação microbiológica, foram utilizados dois métodos:

teste de difusão em ágar e teste de exposição direta. O (Ca(OH)2) + CHX

apresentou zonas de inibição variando de 2,84 a 6,5mm e foram necessários de 30s

a 6h para eliminar os microrganismos testados. A CHX produziu zonas de inibição

de 4,33 a 21,67mm, sendo necessário 1min ou menos para eliminar os

microrganismos testados. A pasta de (Ca(OH)2) + água esterilizada inibiu apenas os

microrganismos com os quais estavam em contato direto e foram necessários de

30s a 24h para eliminar os microrganismos testados. Os autores concluíram que a

associação do (Ca(OH)2) com a CHX apresentou maior eficácia contra os

microrganismos testados quando comparada a associação com a água estéril.

Souza Filho et al. (2008) avaliaram a atividade antimicrobiana da

clorexidina 2% gel (CHX), hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) e associação de ambos

com iodofórmio e óxido de zinco como medicação intracanal contra os seguinte

microrganismos: E. faecalis, S. sanguis, S. sobrinus, S. mutans, P. gingivalis e P.

intermedia. O pH das medicações também foi determinado. A atividade

antimicrobiana foi avaliada pelo teste de difusão em ágar. A maior zona de inibição

foi produzida pela CHX 2% gel, seguida de CHX 2% gel + iodofórmio, Ca(OH)2 +

CHX 2% gel + óxido de zinco e Ca(OH)2 + água. A média de pH dos medicamentos

testados permaneceu superior a 12,0 durante todo o experimento, exceto para CHX

Page 43: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

41

2% gel (pH = 7,0). Os autores concluíram que todos os medicamentos apresentaram

atividade antimicrobiana, sendo a CHX 2% gel, o mais eficaz.

Delgado et al. (2010) avaliaram a eficácia do hidróxido de cálcio e da

clorexidina 2% gel como medicação intracanal sobre o Enterococcus faecalis. Foram

utilizados 60 dentes humanos unirradiculares que foram infectados com o

microrganismo e, incubados a 37°C por 21 dias. Posteriormente, as seguintes

medicações intracanais foram inseridas nos canais radiculares: CHX 2% gel,

Ca(OH)2 + CHX 2% gel e solução salina como controle. Os espécimes foram

novamente incubados por 14 dias. Em seguida, raspas de dentina foram coletadas

através de brocas Gattes-gliden, na profundidade de 0-200 um. As raspas foram

inseridas em tubos de ensaio contendo BHI e incubadas por 48h. A contagem da

quantidade de unidades formadoras de colônias (UFC) e a viabilidade bacteriana

foram realizadas através de microscopia de fluorescência. Os autores concluíram

que houve redução significativa de número de UFC e a porcentagem de

Enterococcus faecalis quando a medicação utilizada foi hidróxido de cálcio + CHX

2% gel em comparação com o grupo controle. Além disto, a eficácia antimicrobiana

da CHX 2% gel foi significativamente maior em relação ao Ca(OH)2.

Vaghela et al. (2011) avaliaram a capacidade de desinfecção de túbulos

dentinários utilizando diferentes medicações intracanais contra Enterococcus

faecalis e Candida albicans. Foram utilizados 80 dentes humanos unirradiculares

que foram preparados e infectados com os microrganismos e incubados por 21 dias.

Posteriormente, os espécimes foram divididos em quatro grupos: Grupo I: solução

salina (controle negativo), Grupo II: hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) + propilenoglicol,

Grupo IV: hidróxido de Cálcio + iodofórmio + óleo de silicone e Grupo V: clorexidina

2% gel (CHX 2%). Cada grupo recebeu a medicação no interior do canal e foi

incubado por 7 dias. Em seguida, raspas de dentina foram coletadas através de

brocas Gattes-gliden na profundidade de 200µm e 400µm e foram inseridas em

tubos de ensaio contendo caldo esterilizado e, incubadas por 24h. A solução de

cada tubo foi avaliada por espectrofotometria. Os resultados revelaram que todas as

medicações estudadas exerceram atividade antimicrobiana. Os Grupos II e IV

exerceram atividade antibacteriana ligeiramente maior. Os grupos III e IV

apresentaram uma tendência de maior atividade antifúngica. A inibição do

crescimento microbiano a 200µm e 400 µm foi uniforme.

Page 44: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

42

Farhad et al. (2012) compararam a atividade antibacteriana da associação

do hidróxido de cálcio com três veículos diferentes como medicação intracanal

contra o Enterococcus faecalis. Foram utilizados 61 dentes humanos unirradiculares

que obtiveram o canal radicular preparado e foram divididos em 3 grupos. G1:

hidróxido de cálcio + água destilada, G2: hidróxido de cálcio + hipoclorito de sódio

5,25%, G3: hidróxido de cálcio + clorexidina 0,2%. Os espécimes receberam a

medicação intracanal e foram colocados em um aparelho contendo duas câmaras,

onde a porção coronária foi contaminada pela bactéria e a porção radicular foi

submersa em caldo BHI esterilizado, durante 90 dias. A infiltração bacteriana foi

observada pela turbidez do caldo e a viabilidade do E. Faecalis, pela contaminação

do ágar e por microscopia de luz. O maior tempo de contaminação da porção

radicular foi para o G3 (66,76 dias) e o menor foi para o G1 (40,29 dias). Foi

observada diferença estatisticamente significante entre G3 e G1. Após o período de

90 dias de contaminação, 88,23% das amostras do G1, 70,58% do G2 e 64,70% do

G3 foram contaminadas. Os autores concluíram que a associação do hidróxido de

cálcio com a clorexidina apresentou atividade antibacteriana significativamente maior

que a associação do hidróxido de cálcio com água destilada.

2.2 PRÓPOLIS

A própolis é uma substância resinosa coletada pelas abelhas dos brotos,

exsudatos de árvores e outras partes do tecido vegetal, modificada na colméia por

adição de secreções salivares (MARCUCCI; DE CAMARGO; LOPES, 1996).

Apresenta textura que varia de dura e friável à maleável e pegajosa, enquanto que a

coloração pode ser amarela, verde ou castanho escuro e em geral, o sabor é

resinoso e o odor aromático (SALATINO et al., 2010). A própolis é utilizada pelas

abelhas para vários fins, como vedar as fendas e buracos na colméia, para

embalsamar corpos de animais intrusos que são mumificados sem putrefação e

contribuir para a manutenção da temperatura dentro da colméia, por volta de 35°C.

(GHISALBERTI, 1999; SIMONE-FINSTROM; SPIVAK, 2010).

Há evidências de propriedades terapêuticas da própolis como atividade

antibacteriana (TAKAISI-KIKUNI; SCHILCHER, 1994; MARCUCCI, 1995;

Page 45: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

43

KUJUMGIEV et al., 1999; SCHELLER et al., 1999; KOO et al., 2000; ABD EL-HADI;

HEGAZI, 2002; KARTAL et al., 2003; AL-WAILI, 2005; BOYANOVA et al., 2005;

POPOVA et al., 2005), antinflamatória (BORRELLI et al., 2002), anticarcinogênica

(EL-KHAWAGA; SALEM; ELSHAL, 2003), antioxidante (RUSSO; LONGO;

VANELLA, 2002), neuroprotetora (NAKAJIMA et al., 2007), hepatoprotetora

(GONZALES et al., 1995) e antiviral. (DEBIAGGI et al., 1990; AMOROS et al., 1992,

1994; ITO et al., 2001; SCHNITZLER et al., 2010).

Algumas propriedades biológicas e químicas da própolis têm sido

estudadas, porém a sua utilização terapêutica na odontologia ainda é incipiente

(Bankova, 2005), o que pode ser explicado pela variabilidade de sua composição

química em função de sua origem geográfica, visto que em diferentes ecossistemas,

principalmente em regiões tropicais, as abelhas recorrem a distintas espécies

vegetais como fonte de matéria-prima empregada em sua elaboração. (BANKOVA;

CASTRO; MARCUCCI, 2000).

2.2.1 Composição química

Inúmeros componentes foram identificados em amostras de diferentes

origens da própolis, como, ácidos graxos e fenólicos, ésteres, ésteres fenólicos,

flavonóides (flavonas, flavononas, flavonóis, di-hidroflavonóis, etc), terpenos, b-

esteróides, aldeídos e álcoois aromáticos, sesquiterpenos e naftaleno.

(GREENAWAY; SCAYSBROOK; WHATLEY, 1990; MARCUCCI; CAMARGO,

LOPES, 1996).

Bankova et al. (1995) analisaram quatro amostras da própolis

provenientes de diferentes regiões do Brasil obtidas através da extração em etanol a

70% por meio da espectrofotometria gasosa de massa (GS/MS). Os resultados

revelaram a presença, em grande quantidade, dos seguintes componentes:

terpenóides, ácido cumarínico e sesquiterpenos.

Park et al. (1997) analisaram a própolis coletada de colméia de Apis

mellifera, proveniente de sete estados brasileiros: Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso

do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Por meio da

cromatografia líquida de fase reversa (CLFR), encontraram altas concentrações de

Page 46: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

44

flavonóides, embora houvesse diferença deste valor dependendo do Estado de

origem. A concentração total de flavonóides da própolis de Mato Grosso do Sul foi

de aproximadamente 12,5mg/g e os derivados de flavonóides mais encontrados

foram a quercitina, apigenina, sacuranetina e crisina. Baseado nos resultados, os

autores sugeriram que a ecologia vegetal do meio ambiente influencia na

determinação dos componentes da própolis e devido a esta diversidade, é

necessário o estudo prévio dos componentes da própolis para determinar sua

aplicação terapêutica.

Kumazawa et al. (2003) analisaram a presença de polifenóis e flavonóides

em extratos etanólicos da própolis (EEP) oriunda da Argentina, Austrália, Brasil,

Bulgária, Chile, China, Hungria, Nova Zelândia, África do Sul, Tailândia, Ucrânia,

Uruguai, Estados Unidos e Uzbesquistão, por meio da cromatografia líquida de alta

precisão (HPLC). Os resultados revelaram que os menores valores de polifenóis e

flavonóides foram encontrados nas amostras da Tailândia (31,2mg/g), enquanto que

os valores de polifenóis da própolis brasileira (120mg/g) foram menores apenas em

relação à búlgara (220mg/g) e chinesa (299mg/g) e, foi a única própolis composta

pela artepelin-C (43,9mg/g) que apresenta atividade antitumoral. Os autores

sugerem que a diferença da concentração dos componentes analisados ocorre em

função da região da coleta, por conta da diversidade de sua flora ecológica.

Volpi e Bergonzini (2006) avaliaram por meio de HPLC, a separação

quantitativa e qualitativa e a determinação dos componentes polifenólicos de

extratos etanólicos da própolis de diferentes origens (Argentina, Itália, Espanha,

Azerbaijão, China, Etiópia e Quênia). Os resultados revelaram que os extratos de

própolis da Argentina, Itália e Espanha apresentaram grande quantidade de

pinocembrin (aproximadamente 49%, 48% e 39% do total de flavonóides

identificados, respectivamente) e porcentagens variáveis mais similares a outras

espécies. Ao contrário a própolis da China, Azerbaijão e Etiópia apresentaram

grande quantidade de pinocembrin (aproximadamente 63%, 46% e 62%,

respectivamente), mas na amostra da China não foi encontrado genisteína,

caempferol, apigenina e crisina, na amostra do Azerbaijão não foi encontrado

genisteína, caempferol, acacetin, e crisina e na amostra da Etiópia não foi

encontrado caempferol e acacetin. Na amostra do Quênia, não foi identificado

nenhum tipo de flavonóide. Os autores concluíram que as amostras da Argentina,

Page 47: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

45

Itália e Espanha foram mais ricas em flavonóides em relação as outras amostras

estudadas.

Falcão et al. (2012) avaliaram a composição fenólica da própolis de

diferentes regiões e ilhas de Portugal. Por meio da técnica de cromatografia líquida,

quarenta extratos etanólicos foram analisados e setenta e seis polifenóis foram

identificados. Foram estabelecidos dois grupos: Própolis comum, que continha

compostos fenólicos típicos de álamo, tais como flavonóides e seus metilados/forma

estratificada, ácidos fenilpropanóides e ésteres e um tipo raro de própolis com

composição incomum como glicosídeos de quercetina e campferol. Os autores

concluíram que o método permitiu o estabelecimento do perfil fenólico da própolis de

Portugal a partir de diferentes localizações geográficas e a possibilidade de utilizar

alguns compostos fenólicos, como caempferol, como marcadores geográficos. Os

dados sugerem que outras espécies botânicas, além de árvores de álamo podem

ser importantes fontes de resinas para a própolis de Portugal.

2.2.2 Atividade antimicrobiana

Park et al. (1998) compararam amostras da própolis de vários estados

brasileiros em relação a sua capacidade antibacteriana e de inibir a enzima GTF que

é a responsável pela síntese de glucanos a partir da sacarose, substâncias

essenciais para o metabolismo das bactérias componentes do biofilme cariogênico.

Os microrganismos avaliados foram: Streptococcus mutans, Streptococcus

sanguinis, Streptococcus sp. isolados de saliva e Actinomyces naeslundii. As

amostras da própolis foram coletadas dos estados de Minas Gerais, São Paulo,

Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul. Para realização do

experimento, os extratos etanólicos das amostras de própolis foram obtidos através

da associação de 2g de própolis em 25 mL de etanol 80%. Para avaliação da

atividade antimicrobiana, o teste de difusão em ágar foi realizado. A HPLC e

cromatografia líquida de fase reversa (HPTLC) foram realizadas para avaliar os

componentes das amostras da própolis. Todas as amostras testadas inibiram o

volume da produção de GTF por Streptococcus mutans, merecendo destaque as

amostras do Rio Grande do Sul (inibição=30,5%) e do Mato Grosso do Sul (inibição=

Page 48: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

46

19,4%), cujos halos de inibição para Streptococcus mutans foram de 3,0 mm e 1,5

mm, respectivamente. A amostra da própolis do Rio Grande do Sul apresentou

maior concentração de pinocembrin e galangina.

Koo et al. (2000) investigaram e compararam a atividade antimicrobiana,

inibição da aderência de Streptococos mutans e inibição da formação de glucano

insolúvel em água, dos extratos etanólicos de própolis (EEP) 10% e Arnica montana

10% contra os seguinte microrganismos: Staphylococcus aureus, Enterococcus

faecalis, Candida albicans, Streptococcus sanguinis, Streptococcus mutans,

Streptococcus sobrinus, Streptococcus cricetus, Actinomyces naeslundii,

Actinomyces viscosus, Porphyromonas gingivalis, Porphyromonas endodontalis e

Prevotela denticola, sendo os três últimos isolados clinicamente. A atividade

antimicrobiana foi determinada através do método de difusão em ágar. Para avaliar

a aderência celular a uma superfície de vidro, os microrganismos foram cultivados

durante 18 horas a 37° C, em tubos de ensaio em ângulo de 30°. Para ensaio de

formação de glucano insolúvel em água, uma mistura de sacarose bruta e de 0,125

mL de glicosiltransferase foi incubada durante 18h a 37° C, em tubos de ensaio em

ângulo de 30°. A arnica e o extrato da própolis foram adicionados aos tubos para

avaliar a concentração de inibição da adesão de células e a formação de glucano

insolúvel em água. Os resultados revelaram que o extrato de própolis inibiu

significativamente todos os microrganismos testados, mostrando a maior zona de

inibição para Actinomyces spp. O extrato de arnica não demonstrou atividade

antimicrobiana significativa. A aderência celular e a formação de glucano insolúvel

em água foram quase completamente inibidas pelo extrato de própolis, a uma

concentração final de 400 µg/mL e 500 µg/mL, respectivamente. O extrato de arnica

mostrou ligeira inibição da adesão das células em crescimento (19% para S. mutans

e 15% para S. sobrinus) e da formação de glucano insolúvel em água (29%), nas

mesmas concentrações. Os autores concluíram que o extrato de própolis mostrou

atividade antibacteriana in vitro, inibição da adesão celular, inibição insolúvel em

água a formação de glucano, enquanto que o extrato de Arnica foi apenas

ligeiramente ativo nestas condições.

Uzel et al. (2005) avaliaram a atividade antimicrobiana de quatro amostras

de própolis oriundas da região da Anatólia (Turquia) contra diferentes

microrganismos, incluindo patógenos bucais. Extratos etanólicos de própolis (EEP)

Page 49: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

47

foram preparados a partir de cada amostra, os quais também foram analisados

quanto à composição química por meio de cromatografia gasosa de alta resolução e

espectrofotometria de massa. Para avaliação da atividade antimicrobiana, a

concentração inibitória mínima (CIM) foi determinada por meio do teste de

macrodiluição. Os resultados revelaram que a própolis TB foi a mais eficaz, e a CIM

foi de 2µg/mL para S. sobrinus e E. faecalis, 4µg/ mL para M. luteus, C. albicans e C.

krusei, 8µg/mL para S. mutans, S. aureus, S. epidermidis e E. aerogenes, 16 µg/mL

para E. coli e C. tropicalis e 32µg/mL para S. typhimurium e P.a aeruginosa .Os

principais componentes das amostras foram flavonóides como pinocembrin,

pinostropin, isalpinin, pinobanksin, quercetina, naringenina, galangina e crisina. Os

autores concluíram quem apesar da própolis ter sido coletada de diferentes regiões,

todas obtiveram significativa atividade antimicrobiana contras bactérias gram-

positivas e leveduras e que a própolis pode ser utilizada na prevenção e no

tratamento de cárie dentária, já que demonstrou uma atividade antimicrobiana

significativa contra microrganismos envolvidos em doenças bucais.

Hayacibara (2005) avaliaram a influência de frações isoladas da própolis

brasileira tipo 3 (Região Sul) e tipo 12 (Região Sudeste) sobre a viabilidade do

Streptococcus mutans, atividade da glicosiltransferase (GTFS) e atividade e

desenvolvimento da cárie dentária em ratos. O extrato etanólico dos dois tipos da

própolis foi serialmente fracionado em hexano (H-fr), clorofórmio, acetato de etila e

etanol. A capacidade das quatro frações e do EEP de inibir o crescimento do S.

mutans e S. sobrinus e a aderência a uma superfície de vidro foram examinados. O

efeito das frações da própolis sobre a atividade GTF B e C, enzima responsável pela

síntese de glucanos a partir da sacarose, sendo essenciais para o metabolismo das

bactérias componentes do biofilme cariogênico, também foi avaliado. Para o estudo

da cárie, os canais radiculares de incisivos de 60 ratos Winstar foram infectados com

S. sobrinus e divididos em 5 grupos: G1: EEP tipo 3, G2: H-fr tipo 3, G3: EEP tipo

12, G4: H-fr tipo 12 e G5: etanol 80% (controle). Os agentes antimicrobianos foram

aplicados topicamente 2 vezes ao dia durante 5 semanas e em seguida os dentes

fora extraídos para análise microbiológica. A fração H-fr de ambos os tipos da

própolis foram igualmente eficazes na redução da cárie dentária em ratos. Os dados

sugerem que os compostos cariostáticos da própolis tipos 3 e 12 são, em sua

Page 50: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

48

maioria, apolares e a fração hexânica deve ser a fração de escolha para

identificação de novos potenciais agentes anti-cárie.

Oncag et al. (2006) avaliaram a atividade antibacteriana da própolis,

hidróxido de cálcio, gel de clorexidina e Vitapex® (pasta de hidróxido de cálcio +

iodofórmio) em canais infectados com E. faecalis. Com este objetivo, 180 dentes

unirradiculares hígidos humanos extraídos foram preparados de acordo com o

protocolo de tratamento endodôntico convencional e os forames apicais foram

selados com resina epóxica. Após a esterilização, os dentes foram inoculados com

10μL da cepa de E. faecalis cultivada em caldo BHI e ajustada na escala 0,5 de

McFarland. Em seguida, a amostra foi dividida em seis grupos, os quais receberam

aproximadamente 0,1mL das seguintes substâncias como medicação intracanal:

Grupo 1 - pó de hidróxido de cálcio + glicerina; Grupo 2- gel de clorexidina 1%;

Grupo 3- Vitapex® + óleo de silicone; Grupo 4- extrato etanólico de própolis a 10%;

Grupo 5- etanol 96% e Grupo 6- apenas com a cultura de E. Faecalis (controle

negativo); grupo 7-. dentes não infectados, sem medicação. Todos os espécimes

foram selados com bolinha de algodão esterilizada e cimento temporário e em

seguida, incubados em condições de anaerobiose a 37°C, por 48 horas ou 10 dias.

Decorridas 48 horas, o selamento coronário foi removido de parte dos espécimes e

os canais radiculares receberam irrigação para remoção da medicação intracanal.

Posteriormente, cones de papel esterilizados foram levados aos canais e

transferidos para tubos de ensaio com meio de cultura para observação da

quantidade de unidades formadoras de colônia (UFC). Decorridos 10 dias, o restante

da amostra também passou pelo mesmo processo. Os resultados revelaram que

todos os medicamentos foram efetivos contra o E. faecalis no período de 48 horas,

com diferença significativa entre os grupos 1 ao 4 e grupos 5 e 6, não sendo

observada diferença significativa entre os medicamentos à base de hidróxido de

cálcio, Vitapex® ou própolis. Para o período de 10 dias, os medicamentos dos

grupos 1 ao 4 foram efetivos contra E. faecalis, com diferença significativa em

relação aos grupos 5 e 6. A própolis foi a medicação mais efetiva, porém, não foi

estatisticamente diferente do gel de clorexidina. A própolis e a clorexidina foram

mais eficazes que o hidróxido de cálcio e o Vitapex®. Os autores concluíram que a

própolis demonstrou boa atividade antibacteriana, podendo ser uma alternativa de

medicação intracanal.

Page 51: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

49

Ferreira et al. (2007), avaliaram as concentrações inibitória mínima (CIM)

e bactericida (CBM) do extrato etanólico de própolis 10% (EEP), da solução

hidróxido de cálcio 10%, paramonoclorofenol canforado e formocresol por meio do

método de macrodiluição, utilizando meios de cultura RCM, Brucella e BHI. Os

agentes antimicrobianos foram testados contra as bactérias anaeróbias Prevotella

nigrescens, Fusobacterium nucleatum, Actinomyces israellis, Clostridium perfrigens

e Enterococcus faecalis com padronização de 5x105 UFC/mL. Todas as medicações

testadas exerceram efeito antimicrobiano sem diferença entre elas. A CIM foi de

6425,0 µg/mL e a CBM foi de 7640,4 µg/mL. A susceptibilidade microbiana às

medicações testadas foram variáveis, no entanto o E. faecalis foi o menos sensível,

mas sem diferença significante. A atividade antimicrobiana comprovada do EEP

contra os microrganismos identificados em infecções pulpares e periapicais sugerem

a própolis como uma alternativa efetiva de medicação intracanal.

Koru et al. (2007) avaliaram a composição química, a concentração

inibitória mínima (CIM) e a concentração bactericida mínima (CBM), através do teste

de macrodiluição de cinco amostras diferentes de própolis coletadas em quatro

regiões da Turquia e uma do Brasil, bem como nove bactérias anaeróbias da

cavidade bucal. Todas as espécies foram susceptíveis e os valores da CIM variaram

de 4 a 512 mg/mL. A própolis de Kazan-Ankara (Turquia) foi a mais eficaz contra os

microrganismos estudados. Os valores da CBM das amostras do extrato etanólico

da própolis (EEP) de Kazan-Ankara variaram de 8 a 512 mg/mL. A eliminação

bacteriana foi observada no período de 4h de contato com a susbstância testada

para Peptostreptococcus anaerobius, Lactobacillus acidophilus e Actinomyces

naeslundii, 8h para Prevotella oralis, Prevotella melaninogenica e Porphyromonas

gingivalis, 12h para Fusobacterium nucleatum, 16h para Veillonella parvula. As

amostras da própolis testadas foram mais eficazes contra bactérias anaeróbias

Gram-positivas do que para as Gram-negativas. As composições químicas foram

determinadas por meio da HPLC associada a GS/MS. Os principais compostos dos

extratos etanólicos da própolis foram os flavonóides, tais como quercetina,

galangina, naringerina e crisina, e ácidos aromáticos, como ácido caféico. Os

autores concluíram que devido ao aumento da resistência bacteriana aos

antimicrobianos, a própolis pode ser uma alternativa no tratamento de doenças da

cavidade bucal.

Page 52: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

50

Costa et al. (2008) avaliaram a ação antimicrobiana de substâncias

utilizadas em Endodontia contra o E. faecalis através da técnica de difusão em ágar

pela técnica do poço. Os materiais testados foram divididos em 11 grupos: Grupo1:

extrato de própolis verde 12% (Propomax®); Grupo 2: Pasta Guedes-Pinto

(Iodofórmio+PMCC+Rifocort®); Grupo 3: extrato de própolis verde 12% + Rifocort®

+ Iodofórmio; Grupo 4: Rifocort® + extrato de própolis verde12%; Grupo 5: Ca(OH)2)

+ extrato de própolis verde 12%; Grupo 6: Ca(OH)2 + soro fisiológico; Grupo 7:

Iodofórmio + extrato de própolis verde 12%; Grupo 8: Iodofórmio + soro fisiológico;

Grupo 9 - Rifocort®; Grupo 10: paramonoclorofenol canforado e Grupo 11: soro

fisiológico (controle negativo). Os resultados mostraram que houve diferença

significante entre as substâncias avaliadas, sendo que as pastas dos Grupos 2, 3 e

4 foram as mais eficazes contra o E. faecalis, com os maiores halos de inibição, 9,3

mm, 9,0 mm e 8,5 mm, respectivamente. Considerando as substâncias

isoladamente, o Rifocort® foi a que produziu o maior halo de inibição (10,5 mm) e os

Grupos 6 e 8 não apresentaram efetividade antimicrobiana contra o E. faecalis. Os

autores concluíram que a solução de extrato de própolis verde apresentou baixa

atividade antimicrobiana contra o E. faecalis e, dentre as substâncias testadas, o

Rifocort® apresentou maior ação antimicrobiana.

Rezende et al. (2008) avaliaram a atividade antimicrobiana de duas

pastas experimentais contendo a própolis associada ao hidróxido de cálcio, sobre

culturas polimicrobianas obtidas de 16 dentes molares decíduos com polpa

necrosada e com fístula, extraídos de crianças entre 4 e 6 anos de idade. Os

produtos utilizados para o preparo das pastas foram: extrato etanólico da própolis

brasileira (EEP) a 11%, extrato da própolis brasileira sem etanol (EP); Hidróxido de

cálcio p.a (HC) e propilenoglicol. Foram preparadas duas pastas na consistência de

creme dental: EEP + HC e EP + HC. A análise microbiológica foi realizada em

duplicata por meio da técnica de difusão em ágar. Ambas as pastas apresentaram

zonas de inibição maiores (EEP-HC/13,56 mm e EP-HC/14,88 mm) contra os

microrganismos coletados dos canais radiculares do que a pasta de hidróxido de

cálcio associada ao propilenoglicol (11,63 mm). A pasta EP + HC apresentou zonas

de inibição um pouco maiores que a EEP-HC. Os autores concluíram que a

associação entre a própolis e hidróxido de cálcio foi efetiva no controle das infecções

dentárias in vitro.

Page 53: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

51

Maia-Filho et al. (2008) avaliaram a atividade antimicrobiana da própolis

produzida pelas abelhas Scaptotrigona sp. e de diferentes medicações utilizadas

durante o tratamento endodôntico contra o Enterococcus faecalis. As medicações

testadas foram: I- Hidróxido de Cálcio (HC), II- Clorexidina gel 2% (CHX), III-

Hipoclorito de Sódio 5% (HS) e IV- Extrato de própolis (EP). Foram preparados

extratos hidroalcóolicos (7:3) das amostras da própolis, sendo a concentração final

de 1g da própolis diluída em 100mL de álcool 70%. A atividade antimicrobiana das

medicações foi avaliada por meio do teste de difusão em ágar. Para tal finalidade,

placas de cultura com ágar MH foram inoculadas com a suspensão bacteriana na

concentração de 0,5 da escala de McFarland e em seguida, discos de papel filtro

sobre o ágar contaminado foram impregnados com as medicações avaliadas e

incubados a 37°C por 24h. A concentração inibitória mínima (CIM) também foi

determinada através das seguintes diluições do extrato de própolis: 1:10, 1:20, 1:40,

1:80 e 1:160. Os halos de inibição do crescimento bacteriano foram: 21,3 mm para a

CHX, 16,2 mm para o HC, 10,9 mm para o EP e 7,2 mm para o HS. O extrato da

própolis apresentou CIM de 1mg/mL. Os autores concluíram que o extrato da

própolis apresentou boa atividade antimicrobiana, sendo maior que o hipoclorito de

sódio 5%, entretanto a clorexidina gel 2% foi a mais efetiva contra o Enterococcus

faecalis.

Awawdeh, Al Beitawi e Hammad (2009) investigaram a atividade

antibacteriana da própolis e do hidróxido de cálcio quando utilizados como

medicação intracanal em espécimes de dentina infectados com E. faecalis. Foram

utilizados 50 dentes unirradiculares extraídos por indicação ortodôntica que foram

preparados, obtendo-se espécimes cilíndricos de dentina radicular. Cinco espécimes

foram selecionados aleatoriamente e mantidos como controle negativo. Os

espécimes restantes foram inoculados com E. faecalis e incubados a 37°C por 21

dias e a infecção confirmada por MEV. Em seguida, os espécimes foram divididos

aleatoriamente em três grupos e tiveram os canais radiculares preenchidos pela

solução de própolis 30% (n=20, Grupo I), pasta de hidróxido de cálcio (n=20, Grupo

II) ou solução salina (n=4; Grupo III- controle positivo). No grupo controle negativo

(n= 4), os espécimes foram imersos em meio de cultura esterilizada. Os espécimes

foram selados com cimento temporário e reincubados a 37°C por 24 e 48h. Após o

período de incubação os espécimes foram irrigados com solução salina para

Page 54: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

52

remoção da medição intracanal. Para os testes microbiológicos, foram realizadas

coletas por meio de cones de papel esterilizados, os quais foram transferidos para

placas de ágar incubados a 37°C por 24h para observação de crescimento

bacteriano. Os resultados mostraram que para os espécimes tratados com a própolis

30%, não houve crescimento do microrganismo testado nos tempos experimentais,

enquanto que o hidróxido de cálcio mostrou-se ineficaz nos mesmos períodos.

Castro et al. (2009) avaliaram a atividade antimicrobiana dos principais

ácidos graxos do extrato etanólico e suas frações e identificaram a natureza química

dos compostos bioativos a partir do isolamento da própolis brasileira do tipo 6. O

extrato etanólico da própolis tipo 6 (EEP), a sua fração hexânica (H-Fr), os principais

ácidos graxos e sub-frações isoladas foram analisadas por meio de cromatografia

líquida de alta precisão (HPLC), cromatografia gasosa com detector de ionização de

chama (HRGC-FID) e cromatografia gasosa de massa e espectrofotometria (GC-

MS). Três sub-frações e ácidos graxos foram testados contra o Staphylococcus

aureus e Streptococcus mutans através da concentração inibitória mínima (CIM) e

concentração bactericida mínima (CBM). O EEP e H-Fr inibiram o crescimento dos

microrganismos testados, no entanto os principais ácidos graxos não exerceram

atividade antimicrobiana. As três sub-frações (1, 2 e 3) foram isoladas a partir de H-

Fr por HPLC e apenas a sub-fração 1 apresentou atividade antimicrobiana. Os

autores concluíram que os principais ácidos graxos testados (ácido oléico, palmítico,

linoléico e esteárico) não foram os responsáveis pela atividade antimicrobiana da

própolis tipo 6. A sub-fração 1, pertencente à classe da benzofenona, foi a

responsável pela atividade antimicrobiana observada neste estudo.

Kayaoglu et al. (2011) avaliaram a atividade antimicrobiana de duas

amostras de própolis (ART e TM), comparadas a medicações intracanais

estabelecidas como clorexidina (CHX), hidróxido de cálcio e etanol (controle), contra

o Enterococcus faecalis. Foram utilizados blocos de dentina obtidos a partir de

dentes humanos uniradiculares que foram infectados e incubados por 2 semanas.

Posteriormente, o canal radicular foi preenchido com as medicações no período de 1

a 7 dias. Em seguida, após a remoção das medicações intracanais, raspas de

dentina foram removidas por meio de brocas Gates-glidden nº 6 e transferidas para

tubos contendo solução salina para preparo da suspensão bacteriana. Alíquotas da

suspensão foram transferidas para placas de ágar TSA e incubados por 2 dias para

Page 55: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

53

contagem de UFC/mL. Todas as medicações testadas foram eficazes contra E.

faecalis. No 1º dia, não houve diferença entre as amostras de própolis e o etanol,

porém no 7º dia houve redução bacteriana significativa para as amostras de própolis.

As duas amostras de própolis foram estatisticamente semelhantes entre si e ao

hidróxido de cálcio ao 7º dia. A amostra TM foi semelhante a CHX ao 7º dia. A CHX

foi a medicação mais eficaz para os dois períodos. A própolis exerceu atividade

antimicrobiana superior ao hidróxido de cálcio e inferior à CHX.

Kandaswamy et al. (2010) avaliaram a atividade antimicrobiana de

diferentes medicações intracanais contra o Enterococcus faecalis. As medicações

testadas foram: clorexidina 2% (CHX), própolis (PP), suco de Citrofolia morinda

(SCM), iodo povidine 2% (I-POV) e hidróxido de cálcio (HC). Dentes humanos recém

extraídos foram infectados e incubados por 21 dias a 37°C. Os dentes foram

divididos em 6 grupos: I- Salina (controle negativo); II- PP; III- SCM; IV: I-POV; V-

CHX; VI- HC. Os espécimes receberam as medicações e foram incubados por 3

períodos: 1, 3 e 5 dias. Posteriormente, após a remoção das medicações testadas,

raspas de dentina foram coletadas nas profundidades de 200 e 400 µm por meio de

brocas Gates-glidden nº 4 e 5 e, transferidas para tubos de ensaio contendo caldo

TS esterilizado. Após 24h de incubação a 37°C, alíquotas foram transferidas para

placas de ágar TS e as colônias foram tabuladas. O grupo da CHX produziu o

melhor efeito antimicrobiano (100%), seguido de I-POV (87%), PP (71%), SCM

(69%) e HC (55%). Não houve diferença significativa entre a própolis e o suco de

citrofolia morinda, sendo eficazes contra o E. faecalis.

Madhubala, Srinivasan e Ahamed (2011) avaliaram e compararam a

atividade antimicrobiana do hidróxido de cálcio, associação triantibiótica e extrato

etanólico da própolis contra o Enterococcus faecalis. Foram utilizados dentes

incisivos humanos que tiveram suas coroas removidas e o canal radicular

preparado. Os espécimes foram infectados e incubados por 21 dias. Após o período

de incubação as unidades formadoras de colônia (UFC), foram contadas antes da

inserção das medicações intracanais. Posteriormente, os espécimes foram divididos

em 5 grupos: I- Hidróxido de cálcio; II- Associação triantibiótica (ciprofloxacina,

minociclina e metronidazol); III- Própolis; IV: etanol; V- Solução salina. As

medicações intracanais foram inseridas nos canais radiculares e incubados por 3

períodos diferentes: 1, 2 e 7 dias. O efeito antimicrobiano das medicações foi

Page 56: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

54

determinado através da porcentagem de redução do número de UFC (%RCC). A

maior % RCC foi para própolis (100%) no 2º dia, seguida da associação triantibiótica

(82,5 %-1º dia; 92,2%-2º dia e 98,4%-3º dia). O hidróxido de cálcio mostrou aumento

gradual da atividade antimicrobiana atingindo o máximo de 59,4% no 7º dia. Os

autores concluíram que a própolis foi mais eficaz contra o E. faecalis quando

comparada à associação triantibiótica no período de 2 dias, porém ambas foram

semelhantes ao 7º dia.

Jahromi, Toubayani e Rezaei (2012) avaliaram o efeito antimicrobiano da

própolis comparada ao hidróxido de cálcio por meio da contagem de unidades

formadoras de colônia (UFC) e concentração inibitória mínima (CIM). Foram

utilizados dentes humanos uniradiculares extraídos por finalidade ortodôntica, que

foram preparados, infectados com E. faecalis na escala 0.5 de McFarland e

incubados a 37°C por 21 dias. Após o período de incubação, os espécimes foram

divididos em 5 grupos: I- Hidróxido de cálcio; II- Própolis; III- Etanol; IV- Sem

medicação (controle positivo); V- Meio de cultura esterilizado (controle negativo). As

medicações intracanais foram inseridas nos canais radiculares e incubados por 1

semana. Em seguida, raspas de dentina do interior dos canais radiculares foram

coletadas e inseridas em tubos contendo caldo BHI. Após incubação a 37°C por 1

semana, alíquotas foram transferidas para placas de ágar Muller-Hinton e incubadas

por 48 h. O teste de concentração inibitória mínima (CIM Própolis: 340µg/mL e CIM

Hidróxido de cálcio: 2.500340µg/mL) e a quantidade de UFC (Própolis: 5.80 e

Hidróxido de cálcio: 183.55) demonstraram superioridade da própolis em relação ao

hidróxido de cálcio. Os autores concluíram que a própolis foi um agente eficaz contra

o E. faecalis como medicação intracanal.

2.2.3 Biocompatibilidade

Al Shaher et al. (2004) avaliaram a tolerância de fibroblastos da polpa

dentária e do ligamento periodontal de terceiros molares humanos recém

erupcionados e extraídos à várias concentrações da própolis(0-20 mg/mL) e do

hidróxido de cálcio (0-250mg/mL). A viabilidade celular após o tratamento com os

agentes antimicrobianos estudados foi analisada pela coloração violeta cristal

Page 57: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

55

seguida por análise de espectrofotometria por meio do Leitor Elisa. Os resultados

revelaram que a própolis nas concentrações igual ou menor que 4 mg/mL não foram

tóxicas para os fibroblastos do ligamento periodontal, tampouco para as células da

polpa dentária, como viabilidade celular superior a 75%. Entretanto, o hidróxido de

cálcio, na concentração de 0.4 mg/mL foi citotóxica e menos de 25% das células

foram consideradas viáveis. Os autores sugeriram que a própolis possa ser utilizada

como medicação intracanal devido à sua baixa toxicidade.

Barbaric et al. (2011) avaliaram vinte amostras de própolis que foram

coletadas de 17 localidades da Croácia (I-XVII), 2 da Bósnia (XVIII-XIX) e 1 da

Macedônia (XX). A HPLC foi utilizada para determinar a composição química dos

polifenóis. Experimentos biológicos in vitro foram realizados sobre células de

adenocarcinoma cervical (HeLa). Foram determinados ácidos fenólicos (ácido

ferúlico, ácido p-cumárico e ácido caféico) e flavonóides (tectocrisina, galangina,

pinocembrin, pinocembrin-7-metiléter, crisina, apigenina, caempferol e quercitina).

Todas as amostras possuíam tectocrisina em intervalos de 0,1988 mg/g (XVIII) a

1,2004 mg/g (III), enquanto que o ácido caféico e quercitina não foram encontrados.

O flavonóide mais abundante foi a galangina em intervalos de 0,3706mg/g (XVII) a

47,487mg/g (IX). As amostras de própolis I, VI e X aplicadas no intervalo de

concentração manifestaram redução significativa do crescimento celular. GI(50) que

foi utilizado como indicador de citotoxicidade entre amostras de própolis, revelou que

a própolis VII foi a mais eficaz (GI(50)= 70ug/mL), seguida de XV, XVIII e I. Os

autores concluíram quem o efeito antiproliferativo e citotóxico da própolis sobre as

células HeLa não se correlaciona com a concentração dos componentes

individualmente, mas sim com o sinergismo entre ácidos fenólicos e flavonóides. As

diferenças na composição química conduzem a diversidade da atividade biológica

das amostras de própolis.

Page 58: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

3 OBJETIVOS

Page 59: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

57

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito antimicrobiano de

medicações intracanais a base de própolis marrom sobre Enterococcus faecalis.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Avaliar a concentração inibitória mínima do extrato bruto da própolis

marrom sobre Enterococcus faecalis;

b) Comparar a atividade antimicrobiana de medicações intracanais a base

de própolis marrom em diferentes concentrações contra Enterococcus faecalis;

c) Comparar a atividade antimicrobiana entre medicações intracanais a

base de própolis marrom e a pasta de hidróxido de cálcio contra Enterococcus

faecalis;

d) Avaliar o potencial antimicrobiano dos extratos brutos da própolis

marrom associadas à pasta de hidróxido de cálcio sobre Enterococcus faecalis;

e) Comparar o pH das medicações intracanais estudadas.

Page 60: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

4 MATERIAIS E MÉTODOS

Page 61: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

59

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 OBTENÇÃO DO EXTRATO BRUTO DA PRÓPOLIS MARROM

O extrato bruto da própolis marrom foi preparado de acordo com método

proposto por Cabral et al. (2009). Para tal finalidade, 495,81g da própolis marrom

bruta da espécie Apis mellifera, foram coletadas no apiário de Nossa Senhora do

Livramento, fazenda Pirizal, no interior do Cerrado Matogrossense, que apresenta

pastagem com várias árvores adultas, a maioria delas sucupira (Pterodon

emarginatus) e guanandi (Calophyllum brasiliense). A amostra obtida foi

acondicionada em saco plástico hermeticamente fechado à temperatura ambiente e

posteriormente, foi triturada manualmente, homogeneizada e mantida em

refrigerador a -18°C até o momento da extração (Figura 1).

Figura 1 - Própolis marrom bruta triturada.

Em seguida, a amostra foi submetida à extração utilizando-se 2L de álcool

de cereais a 80%, à temperatura de 60ºC, com auxílio do ultrassom (Ultrasonic

Cleaner 1440 USC, Unique, Santo Amaro, SP, Brasil) durante 15 minutos, sob

agitação constante. Finalmente, o extrato bruto foi obtido por concentração em

rotaevaporador (Evaporador rotativo 802, Fisatom, São Paulo, SP, Brasil) (Figura 2),

obtendo-se uma massa de 174,73g de extrato bruto da própolis marrom para a

execução das atividades propostas.

Page 62: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

60

Figura 2 - (A-D) Preparo do extrato bruto etanólico da própolis marrom: (A) Extração da própolis bruta com 2L de álcool de cereais a 80%; (B) Homogeneização da solução com auxílio do ultrassom; (C) Concentração do extrato etanólico da própolis marrom em rotaevaporador. (D) Extrato bruto da própolis marrom.

4.2 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DE MEDICAÇÕES INTRACANAIS A BASE DA PRÓPOLIS MARROM

4.2.1 Determinação da concentração inibitória mínima (CIM)

O extrato bruto da própolis marrom foi solubilizado, serialmente, em

dimetilsulfóxido (DMSO) (SZLISZKA et al., 2011) nas concentrações de 20mg/mL,

50mg/mL, 100mg/mL e 200mg/mL (Figura 3).

Page 63: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

61

Figura 3 - Extratos da própolis marrom em diferentes concentrações solubilizados em DMSO: 200mg/mL (1); 100 mg/mL (2); 50 mg/mL (3); 20 mg/mL (4).

Para determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) da própolis

marrom foi utilizado o método da microdiluição em caldo e cepa de Enterococcus

faecalis (ATCC 29212), disponível no Laboratório de Análises Clínicas da Faculdade

de Farmácia e Bioquímica da Universidade de Cuiabá. A CIM é definida como a

menor concentração do agente antimicrobiano capaz de inibir o crescimento do

microrganismo nos poços de microdiluição em placa com 96 poços (Costa - Corning,

New York, NY, USA).

O meio de cultura utilizado foi o caldo Muller-Hinton (MH; Difco

Laboratories, Detroit, MI, USA); 64 mg/mL de Cloranfenicol (Sigma Chemical,

Badlapur, India), como controle positivo (substância padrão) e, o caldo Muller-Hinton

(MH) esterilizado, como controle negativo. O desenho esquemático da organização

da placa de 96 poços para o teste de microdiluicão em caldo está apresentado na

Figura 4.

Para a leitura visual, a técnica da resazurina foi utilizada. (AHMED;

GOGAL; WALSH, 1994; MONTEIRO et al., 2012). Após 24 horas de incubação da

placa em estufa a 37o C, 30 μL da solução aquosa de resazurina a 0,01%

(OLIVEIRA et al., 2006; ALVES, 2008) foram adicionados em cada poço e então, a

placa foi novamente incubada em estufa a 37o C durante 4h. A manutenção da cor

Page 64: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

62

azul nos poços foi interpretada como ausência de crescimento bacteriano e o

desenvolvimento da cor rosa, como presença do crescimento bacteriano. A

resazurina é um corante (sal C12H6NNaO4), indicador da reação de

oxidação/redução, que permite analisar o crescimento microbiano pela alteração da

forma azul oxidada não fluorescente para a forma rosa fluorescente e reduzida por

enzimas citoplasmáticas e mitocondriais. (AHMED; GOGAL; WALSH, 1994).

Cada concentração do extrato foi testada em duplicata e o teste foi

repetido três vezes.

Figura 4 - Representação esquemática da microplaca na determinação da CIM dos extratos da

própolis marrom, utilizando a técnica da resazurina.

4.2.1.1 Obtenção dos inóculos bacterianos

Os inóculos bacterianos foram preparados e padronizados de acordo com

a metodologia dos Testes de Sensibilidade a Agentes Antimicrobianos por Diluição

Page 65: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

63

para Bactéria de Crescimento Aeróbio: Norma Aprovada – Sexta Edição (Normas do

CLSI - Clinical and Laboratory Standards Institute) (NCCLS, 2003), com algumas

modificações. (MITSCHER; BEAL; BATHALA, 1972). Colônias puras de E. faecalis

foram cultivadas em caldo BHI (Brain Heart Infusion, Difco Laboratories, Detroit, MI,

USA), suplementado com sangue de carneiro desfibrinado 5% por 24 horas. Para o

isolamento de colônias jovens, alíquotas foram transferidas para uma placa de Petri

com ágar Müller Hinton (Difco Laboratories, Detroit, MI, USA) e incubadas a 35ºC,

por aproximadamente 24 horas. Após o período de incubação, foram selecionadas

de 4 a 5 colônias e transferidas para um tubo contendo 5 mL de solução salina

esterilizada. A suspensão celular foi ajustada para aproximadamente 1,5 x 108

unidades formadoras de colônias/mL, equivalente a turbidez 6 da escala padrão de

McFarland 0,5. Para verificação da pureza das cepas, foram utilizados meios

seletivos específicos para o crescimento e avaliação microscópica.

4.2.2 Preparo das medicações intracanais

O preparo das medicações intracanais foi realizado no Laboratório de

Pesquisa de Produtos Naturais da Faculdade de Farmácia-Bioquímica da

Universidade de Cuiabá - UNIC. Os componentes utilizados foram: hidróxido de

cálcio p.a. (Hidroxil, Inodon, Porto Alegre, RS, Brasil), polietilenoglicol (Carbowax

400, Henrifarma, São Paulo, SP, Brasil), extrato bruto de própolis marrom a 20% e

extrato bruto de própolis marrom a 40%.

As concentrações de própolis marrom 20% e 40% foram selecionadas

para o desenvolvimento do presente estudo. As medicações intracanais, as

proporções de manipulação e os grupos que as representam estão descritos na

Tabela 1.

Page 66: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

64

Tabela 1 - Apresentação dos grupos experimentais, das medicações intracanais e suas respectivas proporções de manipulação.

GRUPO EXPERIMENTAL

MEDICAÇÃO INTRACANAL PROPORÇÃO DE MANIPULAÇÃO

G1 Pasta de Hidróxido de Cálcio

(Hidróxido de cálcio p.a. + Carbowax 400)-Pasta Base 4g :4,5mL

G2 Carbowax 400 (controle negativo) -

G3 Extrato bruto de própolis 20% + Carbowax 400 0,2g :1mL

G4 Extrato bruto de própolis 40% + Carbowax 400 0,4g :1mL

G5 Extrato bruto de própolis 20% + Pasta de Hidróxido de

Cálcio 1:1

G6 Extrato bruto de própolis 40% + Pasta de Hidróxido de

Cálcio 1:1

Os componentes foram pesados em balança analítica de alta precisão

(Q500L210C, Quimis, Diadema, SP, Brasil) e as pastas foram preparadas com

auxílio de placa de vidro (Jon, São Paulo, SP, Brasil) e espátula 24 (Duflex, Rio de

Janeiro, RJ, Brasil).

Inicialmente, a pasta base (Pasta de Hidróxido de cálcio; G1) foi

manipulada até atingir a consistência ideal para uso em Endodontia, ou seja,

semelhante ao creme dental. (ESTRELA et al., 1999). Finalmente, após o preparo

das medicações experimentais, as mesmas foram armazenadas em seringas

plásticas descartáveis de 3 mL (Injex, Ourinhos, SP, Brasil) para facilitar a utilização

durante o experimento (Figura 5).

Figura 5 - Medicações intracanais preparadas para os testes microbiológicos: G1- Pasta de Hidróxido

de Cálcio (Pasta base), G2- Polietilenoglicol 400, G3- Extrato bruto de Própolis 20%, G4- Extrato bruto de Própolis 40%, G5- Extrato bruto de Própolis 20% + Pasta de Hidróxido de Cálcio e G6- Extrato bruto de Própolis 40% + Pasta de Hidróxido de Cálcio.

Page 67: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

65

O pH das pastas testadas foi avaliado, em triplicata, através da utilização

de um pHmetro digital (Bel PH 966 Plus, Biovera, Ramos, RJ, Brasil).

4.2.3 Infecção e desinfecção de dentina bovina

Para a avaliação da atividade antimicrobiana de medicações intracanais a

base da própolis marrom, o método proposto por Gomes et al. (2003) de infecção e

desinfecção da dentina bovina, foi empregado. Para tal finalidade, 30 dentes

incisivos centrais bovinos íntegros, recém extraídos, com completa formação

radicular (Figura 6), foram obtidos na Faculdade de Odontologia de Bauru-USP

(Anexo 1). Após a extração, os dentes foram mantidos em solução de hipoclorito de

sódio 0,5% durante 24 horas e então, raspados com curetas para remoção dos

remanescentes de tecidos periodontais e ósseo. Em seguida, foram armazenados,

sob refrigeração, em solução de timol 0,1% para desinfecção superficial e

conservação até o momento da obtenção dos espécimes. (LANA et al., 2009; BACA

et al., 2011).

Figura 6 - Incisivo central bovino íntegro recém extraído.

4.2.3.1 Preparo dos espécimes

Para a obtenção dos espécimes, os dentes foram fixados com godiva de

baixa fusão (Godiva Exata, DFL, Rio de Janeiro, RJ, Brasil) em uma base de acrílico

que foi acoplada a um mini-torno de bancada giratório (WT70G, Worker, Curitiba,

Page 68: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

66

PR, Brasil) e os segmentos dentários foram obtidos por meio de disco diamantado

flexível dupla-face de 22 mm (7020, KG Sorensen, Cotia, SP, Brasil), sob

refrigeração, acoplado à peça reta em baixa rotação (Kavo, Joinville, SC, Brasil).

Inicialmente, dois terços da coroa dentária e 5 mm da porção apical da

raiz foram descartados, mantendo a estrutura remanescente com espaço pulpar

central. Em seguida, três cilindros de aproximadamente 4 mm de comprimento foram

obtidos de cada estrutura remanescente. O cemento dos espécimes foi removido

com broca diamantada cilíndrica em baixa rotação (ref. 3101, KG Sorensen, Cotia,

SP, Brasil), sob refrigeração, deixando o diâmetro dos cilindros de dentina com

aproximadamente 6 mm. Para a padronização do diâmetro do canal radicular, este

foi ampliado a aproximadamente 2,3 mm, utilizando-se uma broca esférica carbide

nº 04 (Maillefer, Dentsply, Matão, São Paulo, Brasil) (Figura 7 - A e B). Todos os

procedimentos de preparo dos cilindros foram realizados sob refrigeração e os

espécimes, mantidos em água corrente para evitar desidratação. As medidas

obtidas para a confecção dos espécimes foram confirmadas por meio de um

paquímetro eletrônico digital (Starrett Indústria e Comércio Ltda, São Paulo, SP

Brasil). Os espécimes foram mantidos em solução salina tamponada (pH.74) até o

momento do experimento.

Figura 7 - (A-B) Dimensões dos espécimes de dentina bovina. (A) Desenho esquemático do preparo dos espécimes; (B) Espécime de dentina bovina.

4.2.3.2 Tratamento da dentina para remoção de smear layer

Para remoção da camada de smear layer, os espécimes foram

acondicionados em tubos de ensaio, contendo 3 mL da solução de hipoclorito de

Page 69: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

67

sódio 5,25% e transferidos para banho ultrassônico por 10 minutos (Ultrasonic

Cleaner 1440 USC, Unique, Santo Amaro, SP, Brasil). Em seguida, os espécimes

foram lavados em água corrente por uma hora para remoção dos resíduos da

solução de hipoclorito de sódio (PEREZ et al., 1993) e então, imersos em EDTA a

17% (pH.7.2) e ultrassonificados por mais 10 minutos. Novamente, os espécimes

foram lavados em água corrente por 1 hora.

4.2.3.3 Esterilização dos espécimes

Os espécimes foram autoclavados, individualmente, no interior de tubos

de ensaio contendo 3 mL de caldo BHI por 15 minutos a 120oC. A eficácia da

esterilização foi confirmada pela incubação dos espécimes a 37oC por 24 horas.

Para facilitar a penetração do meio de cultura, os tubos de ensaio contendo os

espécimes foram levados ao tratamento ultrassônico por 10 minutos. (HAAPASALO;

ORSTAVIK, 1987).

4.2.3.4 Preparo dos inóculos e contaminação bacteriana dos espécimes

Para a contaminação dos espécimes, inóculos bacterianos foram

preparados como descrito anteriormente (Item 4.2.1.1).

Em capela de fluxo laminar (Q216-F20M, Quimis, Diadema, SP, Brasil),

após o período de incubação para confirmação da esterilização dos espécimes, 2

mL de BHI dos tubos contendo os espécimes foram substituídos por 2 mL dos

inóculos do E. faecalis e novamente, incubados por 21 dias a 37oC (SALEH et al.,

2004; DELGADO et al., 2010; KANDASWAMY et al., 2010; BACA et al., 2011;

MADHUBALA; SRINIVASAN; AHAMED, 2011; MATOS NETO et al., 2012; LIMA et

al., 2012). A cada dois dias, 1 mL do BHI contaminado foi substituído por 1 mL de

BHI esterilizado, recém-preparado, para evitar a saturação do meio. A turbidez do

meio durante os períodos de incubação indicaram o crescimento bacteriano.

Page 70: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

68

4.2.3.5 Avaliação da desinfecção dos espécimes de dentina contaminados pelos extratos

Após a infecção dos espécimes de dentina, cada espécime foi removido

dos tubos de ensaio, sob condições assépticas, e o canal radicular foi irrigado com 5

mL de solução salina fisiológica e seco com cones de papel esterilizados (Tanari,

Manacapuru, AM, Brasil). As superfícies externas foram cobertas por esmalte incolor

(Colorama, São Paulo, SP, Brasil) para prevenir contaminação interna (HELING et

al., 1992). Os espécimes foram fixados no fundo dos poços de microplacas de 24

poços (Corning, New York, NY, USA,) com cera utilidade descontaminada (Clássico,

São Paulo, SP, Brasil) em luz ultravioleta, a qual também obliterou a superfície

inferior do canal radicular. Os poços foram então preenchidos com Ágar a 46°C

(Difco Laboratories, Detroit, MI, USA) até atingir a superfície superior dos espécimes

de dentina. Finalmente, os medicamentos intracanais foram aplicados no lúmen dos

canais radiculares com auxílio de seringa plástica de 3 mL até o preenchimento total

(Figura 8. A-D). Os espécimes foram divididos, aleatoriamente, em 6 grupos de

acordo com os medicamentos intracanais (N=5/Grupo). Após o preenchimento de

todos os canais radiculares, os espécimes foram incubados a 37°C por 14 dias.

Ao término dos 14 dias, os espécimes foram removidos das placas de

cultura e irrigados com 5mL de solução salina fisiológica para remoção de todo o

medicamento e foram secos com cones de papel absorventes esterilizados. Cada

espécime foi mantido em posição em uma bandeja plástica esterilizada (Indusbello,

Londrina, PR, Brasil) com o auxílio de uma pinça clínica esterilizada (Duflex, Rio de

Janeiro, RJ, Brasil) durante a obtenção das raspas de dentina.

Page 71: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

69

Figura 8 - (A-D) Preparo dos espécimes para avaliação da desinfecção dos espécimes de dentina contaminados pelas medicações intracanais estudadas: (A) Espécimes infectados com Enterococcus faecalis. (B) Posicionamento da cera descontaminada no interior da placa de cultura com 24 poços para posterior fixação dos espécimes; (C) e (D) Espécimes posicionados sobre a cera utilidade e espaço intracanal radicular preenchido por medicação experimental.

As raspas dentinárias foram obtidas, sequencialmente, com profundidade

de aproximadamente 400 m, por meio da utilização de brocas esféricas

esterilizadas acopladas em micromotor em baixa rotação (Kavo, Joinville, SC, Brasil)

com diâmetros progressivos, nº 6 e n° 8 (Maillefer, Dentisply, Matão, SP, Brasil). As

brocas penetraram no canal e removeram, concentricamente, uma camada de

dentina da superfície interna do canal de aproximadamente 100 m (ASSOULINE et

al., 2001) (Figura 9-A e B), permitindo avaliar a difusão das medicações no interior

da dentina.

Para padronização do volume das raspas de dentina obtido, estas foram

pesadas em balança analítica de precisão (Q500L210C, Quimis, Diadema, SP,

Brasil). As raspas de dentina contidas em cada broca e o remanescente dos

espécimes foram, imediatamente, inseridos em tubos do tipo de ensaio contendo 3

mL de caldo BHI (Figura 10) e então, incubados a 37oC por 15 dias (HAAPASALO;

ORSTAVIK, 1987). Os tubos foram avaliados diariamente para a verificação da

turvação do caldo e indicativo de crescimento bacteriano.

Page 72: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

70

Figura 9 - (A-B) Método de avaliação da desinfecção de dentina bovina. (A) Obtenção de raspas de

dentina por meio de brocas esféricas em baixa rotação; (B) Aumento progressivo da largura do canal em função da troca das brocas.

Fonte: (GOMES et al., 2003).

Figura 10 - Tubos de ensaio contendo as brocas n° 6 e nº8 e espécime, respectivamente, após a

remoção das raspas de dentina.

Page 73: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

71

Após 15 dias de incubação, o crescimento bacteriano foi analisado por

espectrofotometria (Leitor de ELISA, SpectraMax 190 Absorbance Microplate

Reader, Sunnyvale, CA, USA), com comprimento de onda de 570 nm (redução) e

630nm (oxidação) (ZRIMSEK et al., 2004) na Universidade Federal do Mato Grosso-

UFMT (Laboratório de Bioquímica e Pesquisa, Faculdade de Medicina, Cuiabá, Mato

Grosso). Para tal finalidade, 100µL do conteúdo de cada tubo foram transferidos, em

triplicata, para microplacas de 96 poços adicionados de 30 µL de solução aquosa de

resazurina 0,01% e incubadas em estufa a 37o.C por 4h (Figura 11).

Figura 11 - Representação esquemática da microplaca na determinação da taxa de crescimento bacteriano por espectrofotometria, utilizando resazurina como revelador.

4.3 TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS RESULTADOS

No presente estudo, a medicação intracanal e a difusão dos materiais no

interior da dentina foram consideradas variáveis independentes, influenciando ou

Page 74: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

72

não, a taxa de crescimento bacteriano, considerado como variável dependente.

A variável independente material apresentou seis níveis: Pasta de

Hidróxido de Cálcio (G1), Polietilenoglicol 400 (G2), Pasta de Própolis 20% (G3),

Pasta de Própolis 40% (G4), Pasta de Própolis 20% + Pasta de Hidróxido de Cálcio

(G5) e Pasta de Própolis 40% + Pasta de Hidróxido de Cálcio (G6). A variável

difusão dos materiais no interior da dentina apresentou 2 níveis: diâmetro da broca

no.6 (d1) e diâmetro da broca no. (d2). Assim, de acordo com a proposição deste

trabalho, as hipóteses testadas foram:

1. Quanto a medicação intracanal

H0: a medicação intracanal não exerce influência na taxa de crescimento

bacteriano;

H1: a medicação intracanal exerce influência na taxa de crescimento

bacteriano;

2. Quanto a difusão dos materiais no interior da dentina

H0: a difusão dos materiais no interior da dentina não exerce influência na

taxa de crescimento bacteriano;

H1: a difusão dos materiais no interior da dentina exerce influência na

taxa de crescimento bacteriano;

3. Quanto à interação medicação intracanal/difusão dos materiais no

interior da dentina

H0: a interação medicação intracanal/difusão dos materiais no interior da

dentina não exerce influência na taxa de crescimento bacteriano;

H1: a interação medicação intracanal/difusão dos materiais no interior da

dentina exerce influência na taxa de crescimento bacteriano.

Page 75: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

5 RESULTADOS

Page 76: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

74

5 RESULTADOS

O extrato de própolis marrom apresentou atividade antimicrobiana contra

Enterococcus faecalis, sendo observada a concentração inibitória mínima (CIM) de

100mg/mL por meio do teste de microdiluição em caldo.

O pH das medicações intracanais testadas em triplicata dos grupos G1 a

G6 estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 - Análise do pH das medicações intracanais testadas.

LEITURA DO pH GRUPOS EXPERIMENTAIS

G1 G2 G3 G4 G5 G6

1 11,74 9,28 7,25 6,0 11,36 12,48

2 13,51 9,58 6,79 5,74 12,0 12,62

3 14,12 9,79 6,45 5,67 12,3 12,74

VALOR MÉDIO DO pH 13,12 9,55 6,83 5,80 11,88 12,61

A taxa de crescimento bacteriano foi calculada de acordo com a seguinte

fórmula (SZLISKA et al., 2011):

% proliferação bacteriana = ALW – (AHW x R0) x 100

ALW - valor da absorbância a 570 nm

AHW - valor da absorbância a 630nm

R0=AOLW/AOHW

AOLW – Valor da absorbância do meio de cultura + resazurina – Valor da

absorbância do meio de cultura isolado a 570nm

AOHW - Valor da absorbância do meio de cultura + resazurina – Valor da

absorbância do meio de cultura isolado a 630nm

Os dados obtidos por espectrofotometria na técnica da resazurina estão

apresentados na Tabela 3.

Page 77: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

75

Tabela 3 - Análise descritiva dos dados referente ao crescimento bacteriano, considerando a variável medicação intracanal.

* G1-Pasta-base; G2- Carbowax 400; G3- Pasta de própolis 20%; G3- Pasta de própolis 40%; G5- Pasta de Própolis 20% + Pasta-base; G6- Pasta de própolis 40% + pasta-base.

O teste de correlação de Pearson foi aplicado para avaliar a correlação

entre o pH e a taxa de crescimento bacteriano (p= 0,758).

Aplicou-se um modelo de análise de variância (ANOVA) para a análise

das variáveis independentes, medicação intracanal, difusão dos materiais e

associação de ambas. Testou-se a aderência dos resíduos a distribuição Normal e à

homocedasticidade pelos testes de Kolmogorov-Smirnov e Levene,

respectivamente, ao nível de significância de 5% (α = 0,05). Detectou-se uma

diferença significativa quanto a homogeneidade de variâncias, a qual foi contornada

com o uso de um teste post hoc robusto quanto a heterocedasticidade.

A ANOVA identificou diferença estatística entre os grupos apenas para a

variável independente medicação intracanal (Tabela 4).

Tabela 4 - Análise de variância para o crescimento bacteriano.

* Valor estatisticamente significante (p < 0,05)

MEDICAÇÃO INTRACANAL*

NÚMERO DE ESPÉCIMES

ABSORBÂNCIA MÍNIMA MÉDIA

(570 nm)

ABSORBÂNCIA MÁXIMA MÉDIA

(630 nm)

TAXA DE CRESCIMENTO BACTERIANO

MÉDIO (%)

G1 24 0,61 0,28 -21,35

G2 30 0,45 0,15 -3,66

G3 29 0,61 0,30 -34,59

G4 24 0,67 0,30 -35,82

G5 30 0,71 0,35 -41,05

G6 30 0,50 0,23 -29,83

VARIÁVEIS INDEPENDENTES

SOMA DOS QUADRADOS

GRAU DE LIBERDADE

(df)

MÉDIA DOS QUADRADOS

f NÌVEL DE

SIGNIFICÂNCIA

Medicação Intracanal

26807,034 5 5361,407 18,340 0,000*

Difusão dos materiais

545,185 1 545,185 1,865 0,174

Medicação intracanal/Difusão

dos materiais 867,973 5 173,595 0,594 0,705

Page 78: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

76

Por esta razão, o teste post hoc de Tamhane foi selecionado para

localização das diferenças considerando os grupos dois a dois. Os resultados estão

apresentados na Tabela 5.

Tabela 5 - Teste de Tamhane para as comparações múltiplas, segundo a variável medicação intracanal.

* Valor estatisticamente significante (p < 0,05)

MEDICAÇÃO INTRACANAL

( A)

MEDICAÇÃO

INTRACANAL (B)

DIFERENÇA MÉDIA (A-B)

ERRO PADRÃO

GRAU DE SIGNIFIÂCANCIA

INTERVALO DE CONFIANÇA 95%

MENOR VALOR

MAIOR VALOR

G1 (N=24)

G2 G3 G4 G5 G6

-17,6863% 13,2360% 14,4707% 19,7042% 8,4794%

4,68330% 4,71813% 4,93567% 4,68239% 4,68239%

0,003* 0,062 0,044* 0,001* 0,462

-31,1983% -0,3791% 0,2278% 6,1922% -5,0326%

-4,1744% 26,8511% 28,7135% 33,2161% 21,9913%

G2 (N=30)

G1 G3 G4 G5 G6

17,6863% 30,9223% 32,1570% 37,3905% 26,1657%

4,68239% 4,45249% 4,68239% 4,41460% 4,41460%

0,003* 0,000* 0,000* 0,000* 0,000*

4,1744% 18,0738% 18,6451% 24,6513% 13,4265%

31,1983% 43,7709% 45,6690% 50,1297% 38,9049%

G3 (N=29)

G1 G2 G4 G5 G6

-13,2360% -30,9223% 1,2347% 6,4682% -4,7566%

4,71813% 4,45249% 4,71813% 4,45249% 4,45249%

0,062 0,000* 1,000 0,695 0,893

-26,8511% -43,7709% -12,3804% -6,3804% -17,6052%

0,3791%-18,0738% 14,8498% 19,3167% 8,0919%

G4 (N=24)

G1 G2 G3 G5 G6

-14,4707% -32,1570% -1,2347% 5,2335% -5,9913%

4,93567% 4,68239% 4,71813% 4,68239% 4,68239%

0,044* 0,000* 1,000 0,873 0,796

-28,7135% -45,6690% -14,8498% -8,2785% -19,5033%

-0,2278% -18,0738% 12,3804% 18,7455% 7,5206%

G5 (N=30)

G1 G2 G3 G4 G6

-19,7042% -37,3905% -6,4682% -5,2335% -11,2248%

4,68239% 4,41460% 4,45249% 4,68239% 4,41460%

0,001* 0,000* 0,695 0,873 0,118

-33,2161% -50,1297% -19,3167% -18,7455% -23,9640%

-6,1922% -24,6513%

6,3804% 8,2785% 1,5144%

G6 (N=30)

G1 G2 G3 G4 G5

-8,4794% -26,1657% 4,7566%

5,9913%% 11,2248%

4,68239% 4,41460% 4,45249% 4,68239% 4,4460%

0,462 0,000* 0,893 0,796 0,118

-21,9913% -38,9040% -8,0949% -7,5206% -1,5144%

5,0326% -13,4265% 17,6052% 19,5033% 23,9640%

Page 79: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

77

A Figura 12 representa a taxa de inibição do crescimento bacteriano de

acordo com as medicações intracanais testadas.

Figura 12 - Representação gráfica dos intervalos de confiança de 95% para a taxa de inibição do

crescimento bacteriano de acordo com as medicações intracanais testadas. * Letras iguais representam valores estatisticamente iguais.

Page 80: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

6 DISCUSSÃO

Page 81: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

79

6 DISCUSSÃO

Vários métodos têm sido propostos para avaliação do potencial

antimicrobiano de medicações intracanais para o tratamento de infecções

endodônticas, como o teste de difusão em ágar (PARK et al., 1998; MOLANDER et

al., 1998; KOO et al., 2000; GOMES et al., 2002; GOMES et al., 2006; BALLAL et

al., 2007; SOUZA-FILHO et al., 2008; MAIA-FILHO et al., 2008; POGGIO et al.,

2012), teste de microdiluição em caldo (AL-SHAHER et al., 2004; VIANNA et al.,

2005; FERREIRA et al., 2007; KORU et al., 2007; AWADEH; AL BEITAWI;

HAMMAD, 2008; MAIA-FILHO et al., 2008; CASTRO et al., 2009; JAHROMI;

TOUBAYANI; REZAEI, 2012) e o teste de infecção e desinfecção de dentina

(ORSTAVIK; HAAPASALO, 1990; SIQUEIRA; DE UZEDA, 1996; LOVE, 2001;

DAMETTO et al., 2005; GOMES et al., 2003; VIVACQUA-GOMES et al., 2005;

ONCAG et al., 2006; REZENDE et al., 2008; VIANNA; GOMES, 2009; AWAWDEH;

AL BEITAWI; HAMMAD, 2009; DELGADO et al., 2010; ROSSI-FEDELE et al., 2010;

KANDASWAMY et al., 2010; KAYAOGLU et al., 2011; MADHUBALA; SRINIVASAN;

AHAMED, 2011; BACA et al., 2011; VAGHELA et al., 2011; FARHAD et al., 2012;

JAHROMI; TOUBAYANI; REZAEI, 2012), entre outros. Há evidências de que no

método da difusão em ágar, as zonas de inibição estão mais relacionadas à

solubilidade e difusão do material testado, do que de sua própria eficácia contra os

microrganismos, dependendo do número e espécies bacterianas inoculadas,

características do ágar e tempo de incubação. (GOMES et al., 2006).

No presente estudo, a microdiluição em caldo foi realizada para se

determinar a concentração inibitória mínima (CIM) da própolis marrom contra o E.

faecalis, a qual foi de 100 mg/mL. Diferentemente, foram observados valores

inferiores da CIM de outros tipos de própolis contra o E. faecalis, como de 4 g/mL

da própolis TB da Turquia (UZEL et al., 2005), 6425 g/mL da própolis brasileira da

região sul (FERREIRA et al., 2007) e 340 g/mL da própolis do Irã (JAHROMI;

TOUBAYANI; REZAEI, 2012). Koru et al. (2007) avaliaram a CIM da própolis verde

brasileira contra diversos microrganismos, P. anaerobius (20.8 g/mL), P. gingivalis

(294.4 g/mL), F. nucleatum (256 g/mL), P. melaninogenica (204.8 g/mL).

Entretanto, há evidências de que a diferença da atividade antimicrobiana é

Page 82: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

80

dependente da composição dos extratos da própolis, bem como das cepas

bacterianas envolvidas. (BARBARIC et al., 2011).

O teste de infecção e desinfecção de dentina bovina foi realizado para

avaliação do potencial antimicrobiano da própolis marrom, utilizando Enterococcus

faecalis, método que tem sido utilizado em vários estudos. (LOVE, 2001; DAMETTO

et al,. 2005; GOMES et al., 2003; VIVACQUA-GOMES et al., 2005; ONCAG et al.,

2006; REZENDE et al., 2008; VIANNA; GOMES, 2009; AWAWDEH; AL BEITAWI;

HAMMAD, 2009; DELGADO et al., 2010; ROSSI-FEDELE et al., 2010;

KANDASWAMY et al., 2010; KAYAOGLU et al., 2011; MADHUBALA; SRINIVASAN;

AHAMED, 2011; BACA et al., 2011; FARHAD et al., 2012; JAHROMI; TOUBAYANI;

REZAEI, 2012).

O E. faecalis é uma espécie bacteriana gram-positiva, anaeróbia

facultativa, comumente isolada de canais radiculares com infecções persistentes

(MOLANDER et al., 1998; SUNDQVIST et al., 1998; SUNDE et al., 2002; GOMES et

al., 2003; PINHEIRO et al., 2003; SEDGLEY et al., 2005; CHIVATXARANUKUL;

DASHPER; MESSER, 2008, KANDASWAMY et al., 2010). Há evidências de que a

presença do E. faecalis em dentes com canais obturados e sinais de periodontite

crônica apical (FIGDOR; DAVIES; SUNDQVIST, 2003) e com infecções pós-

tratamento endodôntico (SEDGLEY et al., 2005) é decorrente da alta resistência a

antimicrobianos (LOVE, 2001; FERREIRA et al., 2007), sobrevivência por períodos

extensos em ambientes com privação de nutrientes e oxigênio (FIGDOR; DAVIES;

SUNDQVIST, 2003; PARADELLA; KOGA-ITO; JORGE, 2007) e, alta virulência pela

produção de substância de agregação, adesinas de superfície, LTA, produção

extracelular de superóxido, enzima lítica gelatinase e hialuronidase (KAYAOGLU;

ORSTAVIK, 2004). Cepas de E. faecalis, ATCC 29212, como no presente estudo,

tem sido utilizado em testes de avaliação antimicrobiana de medicações intracanais

(GOMES et al., 2001; VIVACQUA-GOMES et al. 2005; FERREIRA et al., 2007;

ATHANASSIADIS et al., 2010; KANDASWAMY et al., 2010; BACA et al., 2011;

KAYAOGLU et al., 2011; MADHUBALA; SRINIVASAN; AHAMED, 2011). No

presente estudo, o período de contaminação da dentina bovina foi de 21 dias,

confirmada por Awawdeh, Al Beitawi e Hammad (2009) por microscopia eletrônica

de varredura, podendo atingir uma infecção densa nas paredes laterais dos canais

radiculares de 300-400 m. (HAAPASALO; ORSTAVIK, 1987).

Page 83: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

81

Dentes bovinos foram utilizados, na presente investigação, pela facilidade

de sua obtenção e de manuseio (ORSTAVIK; HAAPASALO, 1990; GOMES et al.,

2003). Adicionalmente, a estrutura da dentina bovina se assemelha à dentina

humana em relação à quantidade, tamanho, forma, diâmetro e densidade dos

túbulos dentinários (ORSTAVIK; HAAPASALO, 1990), o que viabiliza seu uso em

métodos de avaliação de antimicrobianos. (ORSTAVIK; HAAPASALO, 1990;

GOMES et al, 2003; ROSSI-FEDELE et al., 2010).

No presente estudo, foi utilizado o método de redução da resazurina para

avaliar a taxa de crescimento bacteriano após desinfecção de dentina contaminada

por E. faecalis (AHMED; GOGAL; WALSH, 1994). Entretanto, optou-se pela leitura

por espectrofotometria, a qual representa um método quantitativo e objetivo

(ZRIMSEK et al., 2004), ao contrário da avaliação visual que é considerada subjetiva

e variável de acordo com os examinadores. (WANG et al., 1998).

Para superar a dificuldade do controle do biofilme endodôntico pela

técnica convencional do preparo biomecânico do sistema de canais radiculares, a

escolha de agentes irrigantes e medicações intracanais adequadas deve considerar

a biocompatibilidade aos tecidos periapicais e eficácia contra patógenos resistentes.

Dentre os produtos naturais, destaca-se a própolis devido suas

propriedades terapêuticas como atividade antimicrobiana (TAKAISI-KIKUNI;

SCHILCHER, 1994; MARCUCCI, 1995; KUJUMGIEV et al., 1999; SCHELLER et al.,

1999; KOO et al., 2000; ABD EL-HADI; HEGAZI, 2002; KARTAL et al., 2003; AL-

WAILI, 2005; BOYANOVA et al., 2005; POPOVA et al., 2005), antinflamatória

(BORRELLI et al., 2002), anticarcinogênica (EL-KHAWAGA; SALEM; ELSHAL,

2003), antioxidante (RUSSO; LONGO; VANELLA, 2002), neuroprotetora (NAKAJIMA

et al., 2007), hepatoprotetora (GONZALES et al., 1995) e antiviral. (DEBIAGGI et al.,

1990; AMOROS et al., 1992, 1994; ITO et al., 2001; SCHNITZLER et al., 2010).

Embora não existam evidências na literatura da toxicidade da própolis

marrom utilizada no presente estudo, Szliszka et al. (2011) observaram que extratos

etanólicos da própolis (EEP) verde (50ug/mL) e seus componentes (artepillin C,

quercetina, caempferol e ácido cumárico) aumentaram a apoptose e a toxicidade a

células de câncer de próstata. Contrariamente, Al Shaeer et al. (2004) observaram

que, em concentração igual ou inferior a 4mg/mL, a própolis apresentou baixa

toxicidade aos fibroblastos de polpa dentária e de ligamento periodontal, sendo 10

Page 84: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

82

vezes menos potente do que o hidróxido de cálcio. A diferença das atividades

biológicas dos diversos tipos de própolis parece ser resultado da diversidade na

composição química (BARBARIC et al., 2011), o que sugere a necessidade de mais

investigações a respeito da citotoxicidade e biocompatibilidade deste produto.

O potencial antimicrobiamo de medicações intracanais a base de própolis

sobre patógenos endodônticos tem sido estudado (KOO et al., 2000; ONCAG et al.,

2006; FERREIRA et al., 2007; AWADEH; AL BEITAWI; HAMMAD, 2009; MAIA-

FILHO et al., 2008; KANDASWAMY et al., 2010; KAYAOGLU et al., 2011;

MADHUBALA; SRINIVASAN; AHAMED, 2011; JAHROMI; TOUBAYANI; REZAEI,

2012). Há evidências de que a atividade antimicrobiana, assim como as outras

propriedades terapêuticas, estão relacionadas à qualidade e quantidade de

componentes identificados na própolis de diferentes regiões (PARK et al., 2002,

KUMAZAWA et al., 2003, SALATINO et al., 2005), especialmente pela presença de

fenóis e polifenóis, substâncias aromáticas das quais derivam as flavonas,

flavonóides e flavonóis, que têm ação sobre a parede celular bacteriana.

(GREENAWAY; SCAYSBROOK; WHATLEY, 1990; MARCUCCI; DE CAMARGO;

LOPES, 1996; KOO et al., 2000; BANKOVA; CASTRO; MARCUCCI, 2000). Desta

forma, se faz necessária a identificação dos componentes e padronização das

amostras da própolis para a sua efetiva utilização (STEPANOVIC et al., 2003;

KOSALEC et al., 2005), o que é de interesse do presente grupo de pesquisa em

relação à própolis marrom.

Os processos bioquímicos para extração da própolis possibilitaram a

identificação de mais de 200 componentes presentes em amostras de própolis de

diversas regiões, destacando-se ácidos graxos e fenólicos, flavonóides, alcalóides,

naftaleno, entre outros (GREENAWAY; SCAYSBROOK; WHATLEY, 1990;

BANKOVA et al., 1995, SALATINO et al., 2005). A literatura é consensual em afirmar

que a composição da própolis depende da sua origem vegetal, portanto da sua

origem geográfica, bem como à sua fenologia hospedeira (BANKOVA et al., 1995;

MARCUCCI; DE CAMARGO; LOPES,1996; PARK et al., 1997). A própolis brasileira

possui uma concentração muito baixa de flavonóides e ésteres de ácidos fenólicos,

que são compostos antimicrobianos típicos de regiões temperadas, mas em

contrapartida, possui alta concentração de ácido di-hidrocinâmico, acetofenonas e

terpenóides específicos, todos compostos que também exercem atividade

Page 85: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

83

antimicrobiana (BANKOVA et al., 1995). Embora não existam evidências dos

componentes da própolis marrom do cerrado mato-grossensse, Monzote et al.

(2012) observaram em amostras da própolis marrom de Cuba, país subtropical com

variação anual de temperatura de 20-35oC, por meio de técnicas de HPLC e

espectrometria de massa, a presença de nemorosone, propolone A, B, C e D,

garcinieliptone e hiperibone B, componentes resinosos com atividade

antimicrobiana. Adicionalmente, é interessante pontuar que o sinergismo entre os

componentes da própolis, além dos efeitos dos componentes individualmente, ainda

não está bem esclarecido na literatura e acredita-se ser um fator de fundamental

importância na determinação do potencial antimicrobiano da própolis. (KAYAOGLU

et al., 2011).

Na presente investigação, o crescimento bacteriano do E. faecalis foi

inibido por todas as pastas intracanais experimentais. Entretanto, o extrato de

própolis marrom 40% e o extrato de própolis marrom 20% associada à pasta de

hidróxido de cálcio foram mais eficazes do que a pasta de hidróxido de cálcio, com

inibição do crescimento bacteriano de 35,8%, 41% e 21,3%, respectivamente.

Embora não tenham sido encontrados estudos de avaliação da atividade

antibacteriana da própolis marrom, a maior efetividade da própolis sobre o hidróxido

de cálcio também foi observada em estudos anteriores (ONCAG et al., 2006;

REZENDE et al., 2008; MAIA-FILHO et al., 2008; AWAWDEH; AL BEITAWI;

HAMMAD, 2009; KANDASWAMY et al., 2010; KAYAOGLU et al., 2011;

MADHUBALA; SRINIVASAN; AHAMED, 2011; JAHROMI; TOUBAYANI; REZAEI,

2012). Segundo Sjogren et al. (1991), para atuar como agente antimicrobiano, o

hidróxido de cálcio necessita ser aplicado no canal radicular por pelo menos 7 dias.

No presente estudo, as medicações experimentais foram aplicadas por 14 dias de

acordo com investigações anteriores. (LANA et al., 2009; DELGADO et al., 2010;

LIMA et al., 2012).

O hidróxido de cálcio apresenta boas propriedades biológicas e

antimicrobianas in vitro (ESTRELA et al., 1995; GOMES et al., 2002; VIANNA et al.,

2005; GOMES et al., 2006; SOUZA-FILHO et al., 2008; DELGADO et al., 2010;

VAGHELA et al., 2011; FARHAD et al., 2012) e in vivo (BYSTROM; CLAESSON;

SUNDQVIST, 1985; SJOGREN et al., 1991) em função de seu pH altamente alcalino

(ESTRELA et al., 1999; SIQUEIRA JR., 2001), sendo considerado medicação

Page 86: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

84

intracanal padrão-ouro no tratamento de infecções endodônticas. Entretanto, o

hidróxido de cálcio apresenta desvantagens como o baixo potencial contra o E.

faecalis (MOLANDER, 1998; DISTEL; HATTON; GILLESPIE, 2002; BRANDLE et al.,

2008). Adicionalmente, o E. faecalis pode sobreviver nos túbulos dentinários mesmo

na presença de hidróxido de cálcio por longos períodos (LOVE, 2001; ERCAN;

DALLI; DÜLGERGIL, 2006). Por outro lado, no presente estudo, todas as

medicações intracanais a base da própolis marrom testadas apresentaram atividade

antimicrobiana contra o E. faecalis, concordando com outras investigações (KOO et

al., 2000; ONCAG et al., 2006; FERREIRA et al., 2007; KANDASWAMY et al., 2010;

KAYAOGLU et al., 2011; MADHUBALA; SRINIVASAN; AHAMED, 2011; JAHROMI;

TOUBAYANI; REZAEI, 2012) e com o fato de que a própolis apresenta atividade

antimicrobiana significante contra as espécies mais resistentes, gram-positivas

anaeróbias facultativas e estritas. (KOO et al., 2000; FERREIRA et al., 2007).

Na presente investigação, o pH médio dos extratos de própolis 20% e

40% foi de 6.8 e 5.8, respectivamente, diferindo de Dias, Pereira e Estevinho (2012)

que observaram valores de pH inferiores da própolis coletada de quatro regiões de

Portugal, variando de 4.7 a 5.3. Entretanto, os mesmos autores sugerem que a

própolis de regiões mais quentes apresentam pH com valores superiores. A própolis

marrom foi coletada de um município da região centro-sul mato-grossensse com

temperatura média anual de 24ºC, o que poderia explicar os valores superiores do

pH.

A maioria das bactérias do sistema radicular apresenta crescimento,

preferencialmente, entre pH 6.5 e 7.5 e, apenas poucos microrganismos se

desenvolvem em pH com valores superiores (GOMES et al., 2003), como o E.

faecalis que é capaz de crescer em ambientes com pH alcalino superior a 11.5.

(BYSTROM; CLAESSON; SUNDQVIST, 1985). Em concordância com estudo prévio

(MONTERO, 2012), a associação das pastas da própolis 20% e 40% ao hidróxido de

cálcio resultou em elevação do pH de 6.8 e 5.8 para 11.8 e 12.6, respectivamente.

Entretanto, no presente estudo, o pH não influenciou a atividade antimicrobiana das

medicações intracanais estudadas.

No presente estudo, o extrato bruto de própolis 20% associado à pasta

de hidróxido de cálcio apresentou atividade antimicrobiana semelhante à pasta de

própolis 40% associada à pasta do hidróxido de cálcio, mas superior à pasta de

Page 87: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

85

hidróxido de cálcio isolada. Como não existem outros estudos de associação da

pasta de hidróxido de cálcio com pastas da própolis em diferentes concentrações,

este resultado indica a necessidade de novas investigações para o isolamento e a

identificação da própolis marrom, bem como para explicar as reações sinérgicas

entre os componentes do hidróxido de cálcio e da própolis.

O sucesso da utilização da pasta de hidróxido de cálcio como uma

medicação antimicrobiana intracanal está relacionada a sua dissociação em íons

cálcio e íons hidroxila, o que é responsável pela alcalinização do ambiente

(SIQUEIRA JR., 2001), promovendo danos na membrana citoplasmática,

desnaturação protéica e danos ao DNA bacteriano (SIQUEIRA; LOPES, 1999). A

velocidade de dissociação iônica, a penetração dos íons hidroxila no interior dos

túbulos dentinários e o poder antimicrobiano da medicação são influenciados pela

diferença da viscosidade dos veículos empregados, sua solubilidade e pela

proporção pó-líquido das pastas. (ESTRELA et al., 1994; ZMENER; PAMEIJER;

BANEGAS, 2007; MOHAMMADI; DUMMER, 2011).

No presente estudo, o polietilenoglicol (PEG, Carbowax 400) foi utilizado

como veículo para a manipulação das pastas testadas, o qual representa um dos

veículos mais utilizados em medicações intracanais (GOMES et al., 2002; GOMES

et al., 2003; VIANNA et al., 2005; VIANNA et al., 2009; LANA et al., 2009; GONDIM

et al., 2012), com baixa toxicidade, alta solubilidade em soluções aquosas, bem

como baixa imunogenicidade e antigenicidade (ATHANASSIADIS; ABBOTT;

WALSH, 2007). O hidróxido de cálcio associado a veículos aquosos, como a água

destilada e o soro fisiológico, atingem valores altos de pH mais rapidamente,

enquanto que quando associado aos viscosos (polietilenoglicol, propilenoglicol),

provocam a dissociação iônica mais lentamente, mas mantém o pH estável por um

período de tempo maior (GOMES et al., 2002), o que é de interesse para o

tratamento endodôntico. Desta forma, para a manipulação das pastas a base da

própolis, na presente investigação, foi utilizada o PEG.

Como a própolis é uma substância resinosa, insolúvel em água, na

presente investigação, as pastas experimentais da própolis foram obtidas a partir do

extrato etanólico da própolis marrom (EEP), que apresenta evidências anteriores de

atividade antimicrobiana (KOO et al., 2000; ONCAG et al., 2006; FERREIRA et al.,

2007; REZENDE et al., 2008; KANDASWAMY et al., 2010; KAYAOGLU et al., 2011;

Page 88: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

86

MADHUBALA; SRINIVASAN; AHAMED, 2011; JAHROMI; TOUBAYANI; REZAEI,

2012). Vários são os solventes polares utilizados para diluição e liberação dos

componentes fenólicos e polifenóicos de medicações a base da própolis, como o

etanol (KOO et al. 2000; STEPANOVIC et al. 2003; SAWAYA et al. 2004; KOSALEC

et al. 2005; FERREIRA et al., 2007; CABRAL et al. 2009), o DMSO (KOO et al.,

2000) e o álcool de cereais (PARMA-NETO, 2008). No presente estudo, o álcool de

cereais foi utilizado para a extração da própolis marrom, uma vez que representa um

produto de alta qualidade indicado na fabricação de produtos homeopáticos, extrato

de própolis, perfumes aromatizadores e bebidas finas. (NBR 5992, 2009).

A presente investigação mostrou que embora apresente limitações por ser

um estudo in vitro, medicações intracanais a base da própolis marrom, associadas

ou não ao hidróxido de cálcio, são eficazes contra o E.faecalis, podendo ser

considerados como alternativas para o tratamento de patologias periapicais.

Entretanto, por ser um estudo pioneiro, mais investigações clínicas e laboratoriais

são necessárias para avaliar a biocompatibilidade aos tecidos periapicais, isolar e

identificar os componentes da própolis marrom, bem como analisar o sinergismo

entre os componentes da própolis e do hidróxido de cálcio.

Page 89: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

7 CONCLUSÕES

Page 90: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

88

7 CONCLUSÕES

De acordo com os resultados obtidos, foi observado que:

7.1. A concentração inibitória mínima da própolis marrom sobre o E.

faecalis foi de 100 mg/mL

7.2. Todas as medicações intracanais a base da própolis foram eficazes

contra o E. faecalis;

7.3. A pasta da própolis 40% e a pasta da própolis 20% associada à pasta

de hidróxido de cálcio foram mais eficazes contra o E. faecalis do que a

pasta de hidróxido de cálcio.

7.4. A pasta da própolis 20% e a pasta da própolis 40% associada à pasta

de hidróxido de cálcio apresentaram atividade antibacteriana

semelhante à pasta de hidróxido de cálcio.

7.5. A associação do hidróxido de cálcio às pastas da própolis 20% e 40%

elevaram os valores do pH de 6.8 e 5.8 para 11 e 12.1,

respectivamente.

Page 91: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

REFERÊNCIAS

Page 92: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

90

REFERÊNCIAS

ABD EL-HADI, F. K.; HEGAZI, A. G. Egyptian propolis: 2. Chemical composition, antiviral and antimicrobial activities of East Nile Delta propolis. Z Naturforsch., v. 57, n. 3-4, p. 386-94, 2002.

AHMED, S. A.; GOGAL, R. M.; WALSH, J. E. A new rapid and simple non-radioactive assay to monitor and determine the proliferation of lymphocytes an alternative to (3H) thymidine incorporation assay. J Immunol Methods, v. 170, n. 2, p. 211-24, 1994.

AL SHAHEER, A. et al. Effect of propolis on human fibroblast from the dental pulp and periodontal ligament. J Endod., v. 30, n. 5, p. 359-61, 2004.

ALMAS, K.; MAHMOUD, A.; DAHLAN, A. A comparative study of propolis and saline application on human dentin. A SEM study. Indian J Dent Res., v. 12, n. 1, p. 21-7, 2001.

ALVES, E. G. estudo comparativo de técnicas de screening para avaliação da atividade antibacteriana de extratos brutos de espécies vegetais e de substâncias puras. Quim Nova, v. 31, n. 5, p. 1224-9, 2008.

AL-WAILI, N. S. Clinical and mycological benefits of topical application of honey, olive oil and beeswax in diaper dermatitis. Clin Microbiol Infect., v. 11, n. 2, p. 160-163, 2005.

AMOROS, M. et al. Comparison of the anti-herpes simplex virus activities of propolis and 3-methylbut-2-enyl caffeate. J Nat Prod., v. 57, n. 5, p. 644-7, 1994.

AMOROS, M. et al. In vitro antiviral activity of propolis. Apidologie, v. 23, n. 3, p. 231-40, 1992.

ASSOULINE, L. S. et al. Bacterial penetration and proliferation in root canal dentinal tubules after applying dentin adhesives in vitro. J Endod., v. 27, n. 6, p. 398-400, 2001.

ATHANASSIADIS, B. et al. An in vitro study of the antimicrobial activity of some endodontic medicaments against Enteroccus faecalis biofilms. Aust Dent J., v. 55, n. 2, p. 150-5, 2010.

ATHANASSIADIS, B.; ABBOTT, P. V.; WALSH, L. J. The use of calcium hydroxide, antibiotics and biocides as antimicrobial medicaments in endodontics. Aust Dent J., v. 52, n. 1, s64-82, 2007. Supplement.

AWAWDEH, L.; AL BEITAWI, M.; HAMMAD, M. Effectiveness of propolis and calcium hydroxide as a short term intracanal medicament against Enterococcus faecalis: a laboratory study. Aust Endod J., v. 35, n. 2, p. 52-8, 2009.

AYHAN, H. et al. Antimicrobial effects of various endodontic irrigants on selected microorganisms. Int Endod J., v. 32, n. 2, p. 99-102, 1999.

Page 93: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

91

BACA, P. et al. Residual Effectiveness of Final Irrigation Regimens on Enteroccus faecalis: infected Root Canals. J Endod., v. 37, n. 8, p. 1121-3, 2011.

BALDASSARRI, L. et al. Pathogenesis of implant infections by enterococci. Int J Artif Organs., v. 28, n. 11, p. 1101-9, 2005.

BALLAL V. et al. Antimicrobial action of calcium hydroxide, chlorhexidine and their combination on endodontic pathogens. Aust Dent J., v. 52, n. 2, p. 118-21, 2007.

BANKOVA, V. Chemical diversity of propolis and the problem of standardization. J Ethnopharmacol., v. 100, n. 1-2, p. 114-7, 2005.

BANKOVA, V. et al. Chemical composition and antibacterial activity of brazilian propolis. Z Naturforsch C., v. 50, n. 3-4, p. 167-72, 1995.

BANKOVA, V. et al. Propolis produced in Bulgaria and Mongolia: phenolic compounds and plant origin. Apidologie, v. 23, n. 1, p. 79-85, 1992.

BANKOVA, V. S.; CASTRO, S. L.; MARCUCCI, M. C. Propolis: recent advances in chemistry and plant origin. Apidologie, v. 31, p. 3-15, 2000.

BANKOVA, V. S.; POPOV, S. S.; MAREKOV, N. L. High performance liquid chromatographic analyses of flavonoids from propolis. J Chromatogr., v. 242, n. 1, p. 135-143, 1982.

BANSKOTA, A. H.; TEZUKA, Y; KADOTA, S. Recent progress in pharmacological research of propolis. Phytothe Res., v. 15, n. 7, p. 561-71, Nov. 2001.

BARBARIĆ, M. et al. Chemical composition of the ethanolic propolis extracts and its effect on HeLa cells. J Ethnopharmacol., v. 135, n. 3, p. 772-8, 2011.

BARRETO, S. S.; LUISI, S. B.; FACHIN, E. V. F. Importância da associação dos íons cálcio e hidroxila de pastas de hidróxido de cálcio. Rev De Clín Pesq Odontol., v. 1, n. 4, p. 37-46, 2005.

BAUMGARTNER, J. C.; FALKLER, W. A. Bacteria in the apical 5 mm of infected root canals. J Endod., v. 17, n. 8, p. 380-3, 1991.

BEACHEY, E. H. et al. Interaction of lipoteichoic acid of grupo A Streptococci with human platelets. Infect Immun., v. 16, p. 649-54, 1977.

BEACHEY, E. H. et al. Lymphocyte binding and T-cell mitogenic properties of group A streptococcal lipoteichoic acid. J Immunol., v. 122, p. 189-95, 1979.

BERBER, V. B. et al. Efficacy of various concentrations of NaOCl and instrumentation techniques in reducing Enterococcus faecalis within root canals and dentinal tubules. Int Endod J., v. 39, n. 1, p. 10-7, 2006.

BHUVA, B. et al. The effectiveness of passive ultrasonic irrigation on intraradicular Enterococcus faecalis biofilms in extracted single-rooted human teeth. Int Endod J., v. 43, n. 3, p. 241-50, 2010.

Page 94: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

92

BORRELLI, F. et al. Phytochemical compounds involved in the anti-inflammatory effect of propolis extract. Fitoterapia, v. 73, supl. 1, S53-S63, 2002.

BORRELLI, F. et al. Phytochemical compounds involved in the anti-inflammatory effect of propolis extract. Fitoterapia, v. 73, s53-S63, 2002.

BOYANOVA, L. et al. Activity of Bulgarian propolis against 94 Helicobacter pylori strains in vitro by agar-well diffusion, agar dilution and disc diffusion methods. J Med Microbiol., v. 54, n. 5, p. 481-483, 2005.

BRÄNDLE, N. et al. Impact of growth conditions on susceptibility of five microbial species to alkaline stress. J Endod., v. 34, n. 5, p. 579-82, 2008.

BUDVARI S. The Merck index: an encyclopedia of chemicals, drugs and biologicals, 12. ed. New Jersey: Merck and Co., 1996. p. 254.

BYSTROM, A. et al. Healing of periapical lesions of pulpless teeth after endodontic treatment with controlled asepsis. Endod Dent Traumatol., v. 3, n. 2, p. 58-63, 1987.

BYSTRÖM, A.; CLAESSON, R.; SUNDQVIST, G. The antibacterial effect of camphorated paramonochlorophenol, camphorated phenol and calcium hydroxide in the treatment of infected root canals. Endod Dent Traumatol., v. 1, n. 5, p. 170-5, 1985.

BYSTROM, A.; SUNDQVIST, G. Bacteriologic evaluation of the effect of 0.5 per cent sodium hypochlorite in endodontic therapy. Oral Surg Oral Med Oral Pathol., v. 55, n. 3, p. 307-12, 1983.

BYSTROM, A.; SUNDQVIST, G. Bacteriological evaluation of the efficacy of mechanical root canal instrumentation in endodontic therapy. Scand J Dent Res., v. 89, n. 4, p. 321-8, 1981.

BYSTROM, A.; SUNDQVIST, G. The antibacterial action of sodium hypochlorite and EDTA in 60 cases of endodontic therapy. Int Endod J., v. 18, n. 1, p. 35-40, 1985.

CABRAL, I. S. R. C. et al. Composição fenólica, atividade antibacteriana e antioxidante da própolis vermelha brasileira. Quím Nova, v. 32, n. 6, p. 1523-1527, 2009.

CAPIAUX, H. et al. Characterization and analysis of a new gene involved in glucose starvation response in Enterococcus faecalis. Int J Food Microbiol., v. 55, n. 1-3, p. 99-102, 2000.

CASTRO, M. L. et al. Bioassay guided purification of the antimicrobial fraction of a Brazilian propolis from Bahia state. BMC Complement Altern Med., v. 9, p. 25, 2009.

CHIVATXARANUKUL, P.; DASHPER, S. G.; MESSER, H. H. Dentinal tubule invasion and adherence by Enterococcus faecalis. Int Endod J., v. 41, n. 10, p. 873-82, 2008.

CHUGAL, N. et al. Molecular characterization of the microbial flora residing at the

Page 95: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

93

apical portion of infected root canals of human teeth. J Endod., v. 37, n. 10, p. 1359-64, 2011.

COSTA, E. M. M. B. et al. Avaliação da Ação Antimicrobiana da Própolis e de Substâncias Utilizadas em Endodontia sobre o Enterococcus faecalis. Pesq Bras Odontoped Clin Integr., v. 8, n. 1, p. 21-25, 2008.

DAMETTO, F. R. et al. In vitro assessment of the immediate and prolonged antimicrobial action of chlorhexidine gel as an endodontic irrigant against Enterococcus faecalis. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod., v. 99, n. 6, p. 768-72, 2005.

DEBIAGGI, M. et al. Effects of propolis flavonoids on virus infectivity and replication. Microbiologica, v. 13, n. 3, p. 207-13, 1990.

DELGADO, R. J. et al. Antimicrobial effects of calcium hydroxide and chlorhexidine on Enterococcus faecalis. J Endod., v. 36, n. 8, p. 1389-93, 2010.

DENOTTI, G. et al. In Vitro evaluation of Enterococcus faecalis adhesion on various endodontic medicaments. Open Dent J., n. 3, p. 120-4, 2009.

DIAS, L. G.; PEREIRA, A. P.; ESTEVINHO, L. M Comparative study of different Portuguese samples of propolis: pollinic, sensorial, physicochemical, microbiological characterization and antibacterial activity. Food Chem Toxicol., v. 50, n. 12, p. 4246-53, 2012.

DISTEL, J. W.; HATTON, J. F.; GILLESPIE, M. J. Biofilm formation in medicated root canals. J Endod., v. 28, n. 10, p. 689-93, 2002.

DOLAN, R. M.; COSTERTON, J. W. Biofilms: survival mechanism of clinically relevant microorganisms. Clin Microbiol Rev., v. 15, n. 2, p. 167-93, 2002.

EL-KHAWAGA, O. A. Y.; SALEM, T. A.; ELSHAL, M. F. Protective role of Egyptian propolis against tumor in mice. Clin Chim Acta, v. 338, n. 1-2, p. 11-6, 2003.

ERCAN, E.; DALLI, M.; DÜLGERGIL, C. T. In vitro assessment of the effectiveness of chlorhexidine gel and calcium hydroxide paste with chlorhexidine against Enterococcus faecalis and Candida albicans. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod., v. 102, n. 2, e27-31, 2006.

ESTRELA, C et al. Apical leakage using various sealers and root canal filling techniques. Braz Dent J., v. 5, n. 1, p. 59-63, 1994.

ESTRELA, C. Ciência Endodôntica. São Paulo: Artes Médicas, 2004.

ESTRELA, C. et al. Antimicrobial efficacy of ozonated water, gaseous ozone, sodium hypochlorite and chlorhexidine in infected human root canals. Int Endod J., v. 40, n. 2, p. 85-93, 2007.

ESTRELA, C. et al. Antimicrobial evaluation of calcium hydroxide in infected dentinal tubules. J Endod., v. 25, n. 6, p. 416-8, 1999.

Page 96: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

94

ESTRELA, C. et al. Influência de estratégias de sanificação no sucesso do tratamento da periodontite apical. Rev Odontol Bras Central, v. 21, n. 56, p. 367-375, 2012.

ESTRELA, C. et al. Mechanism of action of calcium and hydroxyl ions of calcium hydroxide on tissue and bacteria. Braz Dent J., v. 6, n. 2, p. 85-90, 1995.

ESTRELA, C.; HOLLAND, R. Calcium hydroxide: study basic on scientific evidences. J Appl Oral Sci., v. 11, n. 4, p. 269-82, 2003.

EVANS, M. et al. Mechanisms involved in the resistance of Enterococcus faecalis to calcium hydroxide. Int Endod J., v. 35, n. 3, p. 221-8, 2002.

FALCÃO, S. I. et al. Phenolic Profiling of Portuguese Propolis by LC-MS Spectrometry: Uncommon Propolis Rich in Flavonoid Glycosides. Phytochem Anal., 2012.

FARHAD, A. R. et al. Evaluation of the antibacterial effect of calcium hydroxide in combination with three different vehicles: An in vitro study. Dent Res J (Isfahan), v. 9, n. 2, p. 167-172, 2012.

FERREIRA, F. B. et al. Antimicrobial effect of propolis and other substances against selected endodontic pathogens. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod., v. 104, n. 5, p. 709-16, 2007.

FIGDOR, D.; DAVIES, J. K.; SUNDQVIST, G. Starvation survival, growth, and recovery of Enterococcus faecalis in human serum. Oral Microbiol Immunol, v. 18, n. 4, p. 234-9, 2003.

FOSCHI, F. et al. Detection of bacteria in endodontic samples by polymerase chain reaction assays and association with defined clinical signs in Italian patients. Oral Microbiol Immunol., v. 20, n. 5, p. 289-95, 2005.

GARCIA, L. et al. Biocompatibility assessment of pastes containing Copaiba oilresin, propolis, and calcium hydroxide in the subcutaneous tissue of rats. J Conserv Dent., v. 14, n. 2, p. 108-12, Apr. 2011.

GERALDINI, C. A. C.; SALGADO, E. G. C.; RODE, S. M. Ação de diferentes soluções de própolis na superfície dentinária: avaliação ultra-estrutural. Rev Fac Odontol São José dos Campos, v. 3, n. 2, p. 37-42, 2000.

GHISALBERTI, E. L. Propolis: a review. [s.L.]: Bee Research, 1990. p. 59-84.

GOMES, B. P. et al. Effectiveness of 2% chlorhexidine gel and calcium hydroxide against Enterococcus faecalis in bovine root dentine in vitro. Int Endod J., v. 36, n. 4, p. 267-75, 2003.

GOMES, B. P. et al. In vitro antimicrobial activity of calcium hydroxide pastes and their vehicles against selected microorganisms. Braz Dent J., v. 13, n. 3, p. 155-61, 2002.

GOMES, B. P. et al. In vitro antimicrobial activity of several concentrations of sodium

Page 97: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

95

hypochlorite and chlorhexidine gluconate in the elimination of Enterococcus faecalis. Int Endod J., v. 34, n. 6, p. 424-8, 2001.

GOMES, B. P. et al. In vitro evaluation of the antimicrobial activity of calcium hydroxide combined with chlorhexidine gel used as intracanal medicament. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod., v. 102, n. 4, p. 544-50, 2006.

GOMES, B. P. F. A.; DRUCKER, D. B.; LILLEY, J. D. Associations of specific bacteria with some endodontic signs and symptoms. Int Endod J., v. 27, n. 6, p. 291-8, 1994.

GOMES, B. P.F A.; DRUCKER, D. B.; LILLEY, J. D. Clinical significance of dental root canal microflora. J Dent., v. 24, n. 1-2, p. 47-55, 1996.

GONDIM, J. O. et al. Effect of a calcium hydroxide/chlorhexidine paste as intracanal dressing in human primary teeth with necrotic pulp against Porphyromonas gingivalis and Enterococcus faecalis. Int J Paediatr Dent., v. 22, n. 2, p. 116-24, 2012.

GONZALES, R. et al. Hepatoprotective effects of propolis extract on carbon tetrachloride-induced liver injury in rats. Phytotherapy Res., v. 9, n. 2, p. 14-7, 1995.

GOPIKRISHNA, V. et al. Comparison of coconut water, propolis, HBSS on PDL cell survival. J Endod., v. 34, n. 5, p. 587-9, 2008.

GREENAWAY, W.; SCAYSBROOK, T.; WHATLEY, F. R. The composition and plant origin of propolis: a report of work at Oxford. Bee World, v. 71, n. 3, p. 107-118, 1990.

HAAPASALO, M.; ORSTAVIK, D. In vitro infection and disinfection of dentinal tubules. J Dent Res., v. 66, n. 8, p. 1375-9, 1987.

HAYACIBARA, M. F. In vitro and in vivo effects of isolated fractions of Brazilian propolis on caries development. J Ethnopharmacol., v. 101, n. 1-3, p. 110-5, 2005.

HELING, I et al. Efficacy of a sustained-release device containing chlorhexidine and Ca(OH)2 in preventing secondary infection of dentinal tubules. Int Endod J., v. 25, n. 1, p. 20-4, 1992.

HENO, K.; IKENO, T.; MIYAZAWA, C. Effect of propolis on dental caries in rats. Caries Res., v. 25, n. 5, p. 347-51, 1991.

HOFFMANN, F. L. et al. Determinação da atividade antimicrobiana “in vitro” de três produtos farmacêuticos à base de própolis. Hig Aliment., v. 12, n. 53, p. 57-60, 1998.

HU, F. Effects of ethanol and water extracts of propolis (bee glue) on acute inflammatory animal models. J Ethnopharmacol., v. 100, n. 3, p. 276-83, 2005.

IKENO, K.; IKENO, T.; MIYAZAWA, C. Effect of propolis on dental caries in rats. Caries Res., v. 25, n. 5, p. 347-51, 1991.

ITO, J. et al. Anti-AIDS agents 48: anti-HIV activity of moronic acid derivatives and

Page 98: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

96

the new melliferone-related triterpenoid isolated from Brazilian propolis. J Nat Prod., v. 64, n. 10, p. 1278-81, 2001.

JAHROMI, M. Z.; TOUBAYANI, H.; REZAEI, M. Propolis: a new alternative for root canal disinfection. Iran Endod J., v. 7, n. 3, p. 127-33, 2012.

JHAMB, S.; NIKHIL, V.; SINGH, V. An in vitro study of antibacterial effect of calcium hydroxide and chlorhexidine on Enterococcus faecalis. Indian J Dent Res., v. 21, n. 4, p. 512-4, 2010.

KAKEHASHI, S.; STANLEY, H. R.; FITZGERALD, R. J. The effects of surgical exposure of dental pulps ingerm: free in conventional laboratory rats. Oral Surg Oral Med Oral Pathol., v. 20, p. 340-9, 1965.

KANDASWAMY, D. et al. Dentinal tubule disinfection with 2% chlorhexidine gel, propolis, morinda citrifolia juice, 2% povidone iodine, and calcium hydroxide. Int Endod J., v. 43, n. 5, p. 419-23, 2010.

KARTAL, M. et al. Antimicrobial activity of propolis samples from two different regions of Anatolia. J Ethnopharmacol., v. 86, n. 1, p. 69-73, 2003.

KAYAOGLU, G. et al. Antibacterial activity of Propolis versus conventional endodontic disinfectants against Enterococcus faecalis in infected dentinal tubules. J Endod., v. 37, n. 3, p. 376-81, 2011.

KAYAOGLU, G.; ORSTAVIK, D. Virulence factors of Enterococcus faecalis: relationship to endodontic disease. Crit Rev Oral Biol Med., v.15, n. 5, p. 308-20, 2004.

KOO H, et al. In vitro antimicrobial activity of propolis and Arnica montana against oral pathogens. Arch Oral Biol., v. 45, n. 2, p. 141-8, 2000.

KORU, O. et al. In vitro antimicrobial activity of propolis samples from different geographical origins against certain oral pathogens. Anaerobe, v. 13, n. 3-4, p. 140-5, 2007.

KOSALEC, I. et al. Flavonoid analysis and antimicrobial activiy of commercially available propolis products. Acta Pharmacol., v. 55, n. 4, p. 423-30, 2005.

KUJUMGIEV, A. et al. Antibacterial, antifungal and antiviral activity of propolis of different geographic origin. J Ethnopharmacol., v. 64, n. 3, p. 235-40, 1999.

KUMAZAWA, S. et al. Direct Evidence for the Plant Origin of Brazilian Propolis by the observation of Honeybee Behavior and Phytochemical Analysis. Chem Pharm Bull, v. 51, n. 6, p.740-2, 2003.

LANA, P. E. P. et al. Antimicrobial Activity of Calcium Hydroxide Pastes on Enterococcus faecalis Cultivated in Root Canal Systems. Braz Dent J., v. 20, n. 1, p. 32-6, 2009.

LAPLACE, J. M. et al. Sodium hypochlorite stress in Enterococcus faecalis: influence of antecedent growth conditions and induced proteins. Curr Microbiol., v. 34, n. 5, p.

Page 99: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

97

284-9, 1997.

LEONARDO, M. R. Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana de pastas utilizadas em Endodontia. Rev Assoc Paul Cir Dent, v. 53, n. 5, p. 367-70, 1999.

LIMA, R. K. et al. Effectiveness of calcium hydroxide-based intracanal medicaments against Enterococcus faecalis. Int Endod J., v. 45, n. 4, p. 311-6, 2012.

LOVE, R. M. Enterococcus faecalis: a mechanism for its role in endodontic failure. Int Endod J., v. 34, n. 5, p. 399-405, 2001.

MADHUBALA, M. M.; SRINIVASAN, N.; AHAMED, S. Comparative Evaluation of Propolis and Triantibiotic Mixture as an Intracanal Medicament against Enterococcus faecalis. J Endod., v. 37, n. 9, p. 1287-9, 2011.

MAIA FILHO, E. M. et al. Efeito antimicrobiano in vitro de diferentes medicações endodônticas e própolis sobre Enterococcus faecalis. RGO, v. 56, n. 1, p. 21-25, jan./mar. 2008.

MANARA, L. R. B. et al. Utilização da própolis em odontologia. Rev FOB, v. 7, n. 3-4, p. 15-20, 1999.

MARCUCCI, M. C. Propolis: chemical composition, biological properties and therapeutical activity. Apidologie, v. 26, n. 2, p. 83-99, 1995.

MARCUCCI, M. C.; DE CAMARGO, F. A.; LOPES, C. M. A. Identification of aminoacids in Brazilian propolis. Z Naturforsch CJ Biosci., v. 51, n. 1-2, p. 11-4, 1996.

MARTIN, M. P.; PILEGGI, R. A quantitative analysis of propolis; a promising new storage media following avulsion. Dent Traumatol., v. 20, n. 2, p. 85-9, 2004.

MATOS NETO, M. et al. Effectiveness of three instrumentation systems to remove Enterococcus faecalis from root canals. Int Endod J., v. 45, n. 5, p. 435-8, 2012.

MITSCHER, L. A.; BEAL, J. L.; BATHALA, M. S. Antimicrobial agents from higher plants 1. Introduction, rationale, and methodology. Lloydia, v. 35, n. 2, p. 157-66, 1972.

MOHAMMADI, Z.; DUMMER, P. M. Properties and applications of calcium hydroxide in endodontics and dental traumatology. Int Endod J., v. 44, n. 8, p. 697-730, 2011.

MOHAMMADI, Z.; SHALAVI, S.; YAZDIZADEH, M. Antimicrobial activity of calcium hydroxide in endodontics: a review. Chonnam Med J., v. 48, n. 3, p. 133-40, 2012.

MOLANDER, A. et al. Microbiological status of root-filled teeth with apical periodontitis. Int Endod J., v. 31, n. 1, p. 1-7, 1998.

MONTEIRO, M. C. et al. A New Approach to Drug Discovery: High-Throughput Screening of Microbial Natural Extracts against Aspergillus fumigatus Using Resazurin. J Biomol Screen, v. 17, n. 4, p. 542-9, 2012.

Page 100: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

98

MONZOTE, L. et al. In vitro antimicrobial assessment of Cuban propolis extracts. Mem Inst Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v. 107, n. 8, p. 978-984, 2012.

MORSE, D. R. Microbiology an pharmacology. In: COHENS, S.; BURNS, R. C. Pathways of the pulp. 4. ed. St. Louis: Mosby, 1987.

NAIR, P. N. Apical periodontitis: a dynamic encounter between root canal infection and host response. Periodontol 2000, v. 13, p. 121-48, 1997.

NAIR, P. N. Pathogenesis of apical periodontitis and the causes of endodontic failures. Crit Rev Oral Biol Med., v. 15, n. 6, p. 348-81, 2004.

NAKAJIMA, Y. et al. Water extract of propolis and its main constituents, caffeoylquinic acid derivatives, exert neuroprotective effects via antioxidant actions. Life Sci., v. 80, n. 4, p. 370-7, 2007.

NATIONAL COMMITTEE FOR CLINICAL LABORATORY STANDARDS (NCCLS). Método de referência para testes de sensibilidade a agentes antimicrobianos por diluição para bactérias de crescimento aeróbio: norma aprovada. 6. ed. Pennsylvania, 2003. v. 22. (M7-A6, n. 15).

OLIVEIRA, F. P. et al. Effectiveness of Lippia sidoides Cham. (Verbenaceae) essential oil in inhibiting the growth of Staphylococcus aureus strains isolated from clinical material. Rev Bras Farmacogn., v. 16, n. 4, p. 510-6, 2006.

ONCAG, O. et al. Efficacy of propolis as an intracanal medicament against Enterococcus faecalis. Gen Dent., v. 54, n. 5, p. 319-22, 2006.

ORSTAVIK, D.; HAAPASALO, M. Disinfection by endodontic irrigants and dressings of experimentally infected dentinal tubules. Endod Dent Traumatol., v. 6, n. 4, p. 142-9, 1990.

OTA, C. et al. Atividade da própolis sobre bactérias isoladas da cavidade bucal. Lecta-USF, Bragança Paulista, v. 16, n. 1, p. 73-7, 1998.

PANZARINI, S. R. et al. Association of calcium hydroxide and metronidazole in the treatment of dog's teeth with chronic periapical lesion. J Appl Oral Sci., v. 14, n. 5, p. 334-40, 2006.

PARADELLA, T. C.; KOGA-ITO, C. Y.; JORGE, A. O. C. Enterococcus faecalis: considerações clínicas e microbiológicas. Rev Odontol UNESP, v. 36, n. 2, p. 163-68, 2007.

PARK, Y. K. et al. Antimicrobial activity of propolis on oral microorganisms. Curr Microbiol., v. 36, n. 1, p. 24-8, 1998.

PARK, Y. K. et al. Comparison of the flavonoid aglycone contents of Apis mellifera propolis from various regions of Brazil. Arq Biol Tecnol., v. 40, n. 1, p. 97-106, 1997.

PARK, Y. K. et al. Evaluation of Brazilian propolis by both physicochemical methods and biological activity. Honey Bee Sci., v. 21, n. 2, p. 85-90, 2000.

Page 101: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

99

PARK, Y. K. et al. Própolis produzida no sul do Brasil, Argentina e Uruguai: evidências fitoquímicas de sua origem vegetal. Cienc Rural Santa Maria, v. 32, n. 6, p. 997-1003, 2002.

PARK, Y. K.; KOO, M. H.; IKEGAKI, M. Effects of propolis on Streptococcus mutans, Actinomyces naeslundii e Staphylococcus aureus. Rev Microbiol., v. 29, n. 2, p. 143-148, 1998.

PARMA NETO, A. Avaliação in vitro da atividade antibacteriana de extratos hidroalcóolicos de própolis de Apis Mellifera sobre biofilme e cepas periodontopatogênicas. 2008. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2008.

PEREZ, F. et al. Migration of a Streptococcus sanguis strain through the root dentinal tubules. J Endod., v. 19, n. 6, p. 297-301, 1993.

PETERS, L. B.; WESSELINK, P. R.; VAN WINKELHOFF, A. J. Combinations of bacterial species in endodontic infections. Int Endod J., v. 35, n. 8, p. 698-702, 2002.

PINHEIRO, E. T. et al. Antimicrobial susceptibility of Enterococcus faecalis isolated from canals of root filled teeth with periapical lesions. Int Endod J., v. 37, n. 11, p. 756-63, 2004.

PINHEIRO, E. T. et al. Microorganisms from canals of root-filled teeth with periapical lesions. Int Endod J., v. 36, n. 1, p. 1-11, 2003.

POGGIO, C. et al. In vitro antibacterial activity of different endodontic irrigants. Dent Traumatol., v. 28, n. 3, p. 205-9, 2012.

POPOVA, M. et al. Antibacterial activity of Turkish propolis and its qualitative and quantitative chemical composition. Phytomedicine, v. 12, n. 3, p. 221-8, 2005.

REZENDE, G. P. et al. In vitro antimicrobial activity of endodontic pastes with propolis extracts and calcium hydroxide: a preliminary study. Braz Dent J., v. 19, n. 4, p. 301-5, 2008.

RÔÇAS, I. N.; SIQUEIRA JR, J. F. Comparison of the in vivo antimicrobial effectiveness of sodium hypochlorite and chlorhexidine used as root canal irrigants: a molecular microbiology study. J Endod., v. 37, n. 2, p. 143-50, 2011.

ROSSI-FEDELE, G. et al. Evaluation of the antimicrobial effect of super-oxidized water (Sterilox®) and sodium hypochlorite against Enterococcus faecalis in a bovine root canal model. J Appl Oral Sci., v. 18, n. 5, p. 498-502, 2010.

RUSSO, A.; LONGO, R.; VANELLA, A. Antioxidant activity of propolis: role of caffeic acid and phenethyl ester and galangin. Fitoterapia., v. 73, n. 1, s21-29, 2002. Supplement.

SABIR, A. et al. Histological analysis of rat dental pulp tissue capped with propolis. J Oral Sci., v. 47, n. 3, p. 135-8, 2005.

Page 102: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

100

SALATINO, A. et al. Origin and Chemical Variation of Brazilian Propolis. Evid Based Complement Alternat Med., v. 2, n. 1, p. 33-38, 2005.

SALATINO, A. et al. Propolis research and the chemistry of plant products. Nat Prod Rep., v. 28, n. 5, p. 925-36, 2011.

SALEH, I. M. et al. Survival of Enterococcus faecalis in infected dentinal tubules after root canal filling with different root canal sealers in vitro. Int Endod J., v. 37, n. 3, p. 193-8, 2004.

SANDOE, J. A. et al. Enterococcal intravascular catheter-related bloodstream infection: management and outcome of 61 consecutive cases. J Antimicrob Chemother., v. 50, n. 4, p. 577-82, 2002.

SAWAYA, A. C. H. F. et al. Analysis of the composition of brazilian propolis extracts by chromatography and evaluation of their in vitro activity against gram-positive bacteria. Braz J Microbiol., v. 35, n. 1-2, p. 104-9, 2004.

SCHELLER, S. et al. Synergism between ethanolic extract of propolis (EEP) and antituberculosis drugs on growth of mycobacteria. Z Naturforsch C., v. 54, n. 7-8, p. 549-53, 1999.

SCHNITZLER, P. et al. Antiviral activity and mode of action of propolis extracts and selected compounds. Phytotherapy Res., v. 24, n. 1, S20-8, 2010. Supplement.

SEDGLEY, C. et al. Real-time quantitative polymerase chain reaction and culture analyses of Enterococcus faecalis in root canals. J Endod., v. 32, n. 3, p. 173-7, 2006.

SEDGLEY, C. M. et al. Quantitative real-time PCR detection of oral Enterococcus faecalis. Arch Oral Biol., v. 50, n. 6, p. 575-83, 2005.

SFORCIN, J. M. et al. Seasonal effect on Brazilian própolis antibacterial activity. J Ethonopharmacol, v. 73, n. 1-2, p. 243-9, 2000.

SHAH, H. N.; COLLINS, D. M. Prevotella, a new genus to include Bacteroides melaninogenicus and related species formerly classified in the genus Bacteroides. Int J Syst Bacteriol., v. 40, n. 2, p. 205-8, 1990.

SIDNEY, G. B.; ESTRELA, C. The influence of root canal preparation on anaerobic bacteria in teeth with asymptomatic apical periodontitis. Braz Endod J., v. 1, n. 1, p. 7-10, 1996.

SIMONE-FINSTROM, M.; SPIVAK, M. Propolis and bee health: the natural history and significance of resin use by honey bees. Apidologie, v. 41, p. 295-311, 2010.

SIQUEIRA JR., J. F.; DE UZEDA, M. Disinfection by calcium hydroxide pastes of dentinal tubules infected with two obligate and one facultative anaerobic bacteria. J Endod., v. 22, n. 12, p. 674-6, 1996.

SIQUEIRA JR., J. F. Strategies to treat infected root canals. J California Dent Assoc., v. 29, n. 12, p. 825-37, 2001.

Page 103: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

101

SIQUEIRA JR., J. F.; LOPES, H. P. Mechanisms of antimicrobial activity of calcium hydroxide: a critical review. Int. Endod J., v. 32, n. 5, p. 361-9, 1999.

SIQUEIRA JR., J. F.; RÔÇAS, I. N. Polymerase chain reaction-based analysis of microorganisms associated with failed endodontic treatment. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod., v. 97, n. 1, p. 85-94, 2004.

SIQUEIRA, J. F.; LOPES, H. P. Mechanisms of antimicrobial activity of calcium hydroxide: a critical review. Int Endod J., v. 32, n. 5, p. 361-9, 1999.

SJÖGREN, U. et al. The antimicro- bial effect of calcium hydroxide as a short-term intracanal dressing. Int Endod J., v. 24, n. 3, p. 119-25, 1991.

SOUZA FILHO, F. J. et al. Antimicrobial effect and pH of chlorhexidine gel and calcium hydroxide alone and associated with other materials. Braz Dent J., v. 19, n. 1, p. 28-33, 2008.

STEPANOVIC, S. et al. In vitro antimicrobial activity of propolis and synergism between propolis and antimicrobial drugs. Microbiol Res., v. 158, n. 4, p. 353-7, 2003.

SUNDE, P. T. et al. Microbiota of periapical lesions refractory to endodontic therapy. J Endod., v. 28, n. 4, p. 304-10, 2002.

SUNDQVIST, G. Associations between microbial species in dental root canal infections. Oral Microbiol Immunol., v. 7, n. 5, p. 257-62, 1992.

SUNDQVIST, G. Bacteriological studies of necrotic dental pulps. 1976. Dissertations. Umea University Odontol, Sweden, 1976.

SUNDQVIST, G. et al. Microbiologic analysis of teeth with failed endodontic treatment and the outcome of conservative re-treatment. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod., v. 85, n. 1, p. 86-93, 1998.

SUNDQVIST, G.; FIGDOR, D.; SJOGREN, U. Microbiologic analysis of teeth with failed endodontic treatment and out-come conservative retreatment. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod., v. 5, n. 1, p. 86-93, 1998.

SZLISZKA, E. et al. Ethanolic extract of Brazilian green propolis sensitizes prostate cancer cells to TRAIL-induced apoptosis. Int J Oncol., v. 38, n. 4, p. 941-53, 2011.

TAKAISI-KIKUNI, N. B.; SCHILCHER, H. Electron microscopic and microcalorimetric investigations of the possible mechanism of the antibacterial action of a defined propolis provenance. Planta Med., v. 60, n. 3, p. 222-7, 1994.

TRONSTAD, L.; BARNETT, F.; CERVONE, F. Periapical bacterial plaque in teeth refractory to endodontic treatment. Endod Dent Traumatol., v. 6, n. 2, p. 73-7, 1990.

UZEL, A. et al. Chemical compositions and antimicrobial activities of four different Anatolian propolis samples. Microbiol Res., v. 160, n. 2, p. 189-95, 2005.

UZEL, A. et al. Chemical compositions and antimicrobial activities of four different

Page 104: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

102

Anatolian propolis samples. Microbiol Res., v. 160, n. 2, p. 189-95, 2005.

VAGHELA, D. J. et al. Disinfection of dentinal tubules with two different formulations of calcium hydroxide as compared to 2% chlorhexidine: as intracanal medicaments against Enterococcus faecalis and Candida albicans: An in vitro study. J Conserv Dent., v. 14, n. 2, p. 182-6, 2011.

VAGHELA, D. J. et al. Disinfection of dentinal tubules with two different formulations of calcium hydroxide as compared to 2% chlorhexidine: As intracanal medicaments against Enterococcus faecalis and Candida albicans: An in vitro study. J Conserv Dent., v. 14, n. 2, p. 182-6, 2011.

VALERA, M. C. et al. Antimicrobial analysis of chlorhexidine gel and intracanal medicaments against microorganisms inoculated in root canals. Minerva Stomatol., v. 59, n. 7-8, p. 415-21, 2010.

VIANNA, M. E. et al. Concentration of hydrogen ions in several calcium hydroxide pastes over different periods of time. Braz Dent J., v. 20, n. 5, p. 382-8, 2009.

VIANNA, M. E. et al. In vitro evaluation of the antimicrobial activity of chlorhexidine and sodium hypochlorite. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod., v. 97, n. 1, p. 79-84, 2004.

VIANNA, M. E. et al. In vitro evaluation of the susceptibility of endodontic pathogens to calcium hydroxide combined with different vehicles. Braz Dent J., v. 16, n. 3, p. 175-80, 2005.

VIANNA, M. E.; GOMES, B. P. Efficacy of sodium hypochlorite combined with chlorhexidine against Enterococcus faecalis in vitro. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod., v. 107, n. 4, p. 585-9, 2009.

VIVACQUA-GOMES, N. et al. Recovery of Enterococcus faecalis after single-or multiple-visit root canal treatments carried out in infected teeth ex vivo. Int Endod J., v. 38, n. 10, p. 697-704, 2005.

VOLPI, N.; BERGONZINI, G. Analysis of flavonoids from propolis by on-line HPLC-electrospray mass spectrometry. J Pharm Biomed Anal., v. 42, n. 3, p. 354-61, 2006.

WANG, J. et al. Bacterial flora and extraradicular biofilm associated with the apical segment of teeth with post-treatment apical periodontitis. J Endod., v. 38, n. 7, p. 954-9, 2012.

WANG, S. et al. Resazurin reduction assay for ram sperm metabolic activity measured by spectrophotometry. Proc Soc Exp Biol Med., v. 217, n. 2, p. 197-202, 1998.

WATAHA, J. C. Biocompatibilidade dos materiais dentários. In: ANUASAVICE, K. J. Materiais dentários. 11. ed. São Paulo: Elsevier, 2005. p. 161-90.

ZARE JAHROMI, M.; TOUBAYANI, H.; REZAEI, M. Propolis: a new alternative for root canal disinfection. Iran Endod J., v. 7, n. 3, p. 127-33, 2012.

Page 105: HÉVELIN COUTO PIMENTA POTENCIAL ANTIMICROBIANO … · RESUMO PIMENTA, H. C. Potencial antimicrobiano de medicações intracanais a base de ... de crescimento bacteriano por espectrofotometria,

103

ZMENER, O.; PAMEIJER, C. H.; BANEGAS, G. An in vitro study of the pH of three calcium dressing materials. Dent Traumatol., v. 23, n. 1, p. 21-5, 2007.

ZRIMSEK, P. et al. Spectrophotometric application of resazurin reduction assay to evaluate boar semen quality. Int J Androl., v. 27, n. 1, p. 57-62, 2004.