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FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA – FGF
PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES NA
ÁREA DE LICENCIATURA EM QUIMICA
AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA ESTABILIDADE DE CREMES
FOTOPROTETORES DE FARMÁCIAS MAGISTRAIS
ITAMAR DE ABREU LARENTES
MARINGÁ – PR
2009
2
ITAMAR DE ABREU LARENTES
AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA ESTABILIDADE DE CREMES
FOTOPROTETORES DE FARMÁCIAS MAGISTRAIS
.
Monografia apresentada como requisito parcial para
obtenção do título de Licenciado em Química no
Programa Especial de Formações de Docentes da
Faculdade Integrada da Grande Fortaleza – FGF, sob
a orientação do Profº. Msc. Jean Carlos de Araújo
Brilhante.
MARINGÁ – PR
2009
3
Monografia submetida ao Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes em
Química, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Licenciado em
Química, autorgado pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza – FGF.
______________________________ Itamar de Abreu Larentes
______________________________
Prof. Msc. Jean Carlos de Araújo Brilhante Orientador
______________________________ Profª. Msc. Célia Diógenes
Coordenadora do Curso
Nota obtida: ______
Monografia aprovada em: ___ / ____ / ____
4
Dedico a minha querida família, naturalmente pessoas guiadas
pelo divino Espírito Santo, a quem em primeiro lugar agradeço.
A vida de estudante exige constante perseverança e dedicação
às obrigações das tarefas escolares e sendo assim precisamos de
continuado incentivo e apoio material. Isto tudo encontrei na
minha família, em especial a colaboração permanente de meus
pais, que nunca mediram esforços, para que eu continuasse
meus estudos e conseguisse o grau que alcancei. De outra
forma, quero agradecer ao simpático incentivo de minha
estimada e inteligente irmã Debora de Abreu. Em Deus Confio!
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço meu orientador professor Jean Carlos de Araújo Brilhante em especial, bem como a
professora Célia Diógenes, coordenadora deste curso, pela ajuda continua que me
proporcionou em todos os momentos durante a realização deste trabalho e pelo incentivo
nessa batalha em busca do saber.
6
“Onde quer que haja homens e mulheres, há
sempre o que fazes, há sempre o que ensinar, há
sempre o que fazer”.
(Paulo Freire)
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RESUMO
A radiação ultravioleta A E B está relacionada a diversos problemas de saúde, como
câncer de pele ou envelhecimento cutâneo. Para minimizar tais problemas, produtos
cosméticos fotoprotetores são desenvolvidos por indústrias cosméticas e farmácias magistrais.
Esses produtos possuem características distintas e, para que sejam desenvolvidos, devem
passar por testes diversos com o objetivo de avaliar sua estabilidade e eficácia, ou seja, devem
fornecer fator de proteção solar ideal e manter suas características inicias constantes, como
cor, odor, aspecto e pH. O objetivo deste trabalho foi desenvolver duas formulações cremosas
contento filtros solares e avaliar a estabilidade preliminar, através de ensaios físico-químicos.
Para o desenvolvimento das formulações foram levadas em consideração as matérias-primas
normalmente utilizadas em farmácias magistrais que pudessem ser associadas, para obtenção
de um produto de boa espalhabilidade, com boa formação de filme sobre a pele, seguro e
eficaz. Foi realizada a escolha da forma cosmética e das matérias-primas utilizadas como
ativos e excipientes. Os cremes foram avaliados em relação às suas propriedades
organolépticas por observação visual. Foram avaliados: aspecto: creme, homogêneo; cor:
branca; odor: levemente floral. Foram realizadas três avaliações diretamente em cada amostra,
obtendo-se a média. Em tubo de ensaio cônico, graduado, para centrífuga foram adicionadas
5,0g de cada formulação em duplicata, pesadas em balança semi-analítica e submetidas à
centrifugação a 3000 rpm por 30 minutos, a temperatura ambiente. As formulações 1 e 2
foram fracionadas em potes de vidro transparentes, fechadas com tampa rosca. Ambas em
duplicatas (A1 e A2, B1 e B2) e submetida s ao estresse térmico, através de 6 ciclos de
gela/degela, nas seguintes temperaturas: 5 ± 2 º C e à 37ºC, por 24 horas cada um. Uma
amostra foi acondicionada em temperatura ambiente, protegida da luz e, foi utilizada como
amostra controle das formulações. Os estudos de estabilidade propostos neste trabalho
forneceram informações que indicam o grau de estabilidade relativa das formulações em
diversas condições de exposição a que possa estar sujeito, tais testes são muito importante
para que novas formulações sejam desenvolvidas. Os testes podem ser realizados em
farmácias magistraias, na triagem deformulações. As amostras mostraram-se muito
semelhantes ao padrão e as características organolépticas não sofreram alterações aparentes
durante nenhum ciclo realizado.
Palavras chaves: fotoprotetores, cremes, estabilidade preliminar.
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ABSTRACT
The ultraviolet radiation A and B are related the diverse problems of health, as
cancer of skin or cutaneous aging. To minimize such problems, cosmetic products
fotoprotetores are developed by cosmetic industries and skillful pharmacies. These products
possess distinct characteristics and, so that they are developed, they must pass for diverse tests
with the objective to evaluate its stability and effectiveness, or either, must supply ideal factor
of solar protection and to keep its characteristics you initiate constants, as color, odor, aspect
and pH. The objective of this work was to develop two creamy formularizations contents solar
filters and to evaluate the preliminary stability, through assays physicist-chemistries. For the
development of the formularizations the raw materials normally used in skillful pharmacies
that could be associates, for attainment of a product of good espalhabilidade had been taken in
consideration, with good formation of film on the skin, efficient insurance and. The choice of
the cosmetic form and used raw materials as active and excipientes was carried through. The
creams had been evaluated in relation to its organolépticas properties for visual comment.
They had been evaluated: aspect: cream, homogeneous; color: white; odor: lightly floral.
Three evaluations directly in each sample had been carried through, getting themselves
average it. In pipe of conical assay, graduated, for centrifugal machine they had been added
5,0g of each formularization in duplicate, weighed in half-analytical scale and submitted to
the the 3000 centrifugalization rpm per 30 minutes, the ambient temperature.
Formularizations 1 and 2 had been fracionadas in transparent, closed glass pots with cover
thread. Both in duplicates (1 e2, B1 e B2) and submitted to it estresse it thermal, through 6
cycles of freezes/thawing, in the following temperatures: 5 ± 2 º C and to 37ºC, for 24 hours
each one. A sample was conditioned in ambient temperature, protected of the light and, it was
used as sample has controlled of the formularizations. The considered studies of stability in
this work had supplied information that indicate the degree of relative stability of the
formularizations in diverse conditions of exposition the one that can be subject, such tests are
very important so that new formularizations are developed. The tests can be carried through in
magistraias pharmacies, in the selection deformulações. The samples had revealed very
similar to the standard and the organolépticas characteristics had not suffered apparent
alterations during no carried through cycle.
Words keys: fotoprotetores, creams, preliminary stability.
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Diferenças entre as formulações desenvolvidas p.18
Tabela 2 Resultados no tempoT0, T1, T2, T3, T4 , T5, T6) p.21
10
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................11
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................14
2.1. ESTRUTURA DA PELE......................................................................................14
2.2. ENVELHECIMENTO CUTÂNEO.........................................................................15
2.3. RADIAÇÃO SOLAR E FOTOENVELHECIMENTO.............................................17
2.4. FILTROS SOLARES FÍSICOS E QUÍMICOS ....................................................17
2.5. ESTUDO DA ESTABILIDADE DE PRODUTOS COSMÉTICOS........................18
2.6. FATORES EXTRÍNSECOS E INTRÍNSECOS....................................................19
2.7. FORMULAÇÕES GEL-CREME..........................................................................20 3. MATERIAIS E MÉTODO........................................................................................22
4. RESULTADO.........................................................................................................28
5. DISCUSSÃO .........................................................................................................30
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................32
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................33
11
1 INTRODUÇÃO
A energia solar é responsável por todas as formas de vida na terra. Esta energia
chega até a terra em forma de ondas. Entre estas, a de maior interesse são aquelas que se
encontram na faixa entre 200-400 nanômetros, denominadas radiações ultravioletas
(SANTOS et al., 1998). A radiação ultravioleta traz muitos benefícios ao ser humano,
podendo-se citar a transformação de 7-dehidrocolesterol em vitamina D3, importante na
homeostase do cálcio, ativação da circulação e melhora de certas doenças dermatológicas
(PEYREFITTE; MARTINI, CHIVOT, 1998).
Mas, também, a radiação ultravioleta pode causar efeitos nocivos devido ao seu
potencial efeito carcinogênico sobre a pele, produção de foto-envelhecimento cutâneo e
imunodepressão (SANTOS et al., 1998). Os efeitos nocivos do sol dependem de
características individuais da pele exposta à radiação, como o fototipo e a fotosuscetibilidade,
além do tempo e do horário de exposição solar, da altitude e da latitude (BORGHETTI;
KNORST, 2006).
O número de casos de câncer de pele no Brasil e no mundo vem aumentando, sendo
considerado um grande problema de saúde pública. Como conseqüência disso, fez-se
necessário o desenvolvimento de diversos produtos cosméticos aditivados com filtros solares,
denominados fotoprotetores, cada vez mais bem elaborados e com maior grau de proteção
(FERRARI et al., 2007).
Os fotoprotetores são produtos cosméticos contendo filtros solares, os quais são
subs tâncias orgânicas ou inorgânicas, que exercem ação refletora ou de absorção da radiação
ultravioleta sobre a pele (RUBIN, 1997). Os filtros solares inorgânicos refletem a radiação
ultravioleta A (UVA) e ultravioleta B (UVB) e os filtros orgânicos absorvem a radiação
Ultravioleta A ou B ou ambas, dependendo das características da substância.
A qualidade dos protetores solares depende de seu fator de proteção solar (FPS),
sendo este um valor numérico, com a finalidade de avaliar o tempo durante o qual a pele
estará protegida contra queimadura solar, provocada pela radiação UVB, através da
administração de um determinado protetor solar (NEVES, 2008). Depende, ainda, das suas
características físico-químicas. O filtro solar deve ser incorporado em um veículo adequado
que contribua para a melhora da aparência, do sensorial e da aceitação do produto pelo
consumidor (CHORILLI et al., 2006; FLOR et al., 2007).
12
Para que a formulação contendo filtro solar seja segura e eficaz, deve possuir alguns
requisitos fundamentais: ter ação na faixa de radiação UVA e UVB, aderir bem à epiderme
sem atingir as camadas mais profundas da pele; não manchar vestuários; não ser volátil; não
ser absorvido pela pele; ser hipoalergênico; não ser fototóxico; ser resistente à água; possuir
compatibilidade entre os componentes da formulação e material de acondicionamento e a
formulação deve ser quimicamente estável (FLOR et al, 2007).
Os protetores solares podem ser veiculados em diferentes formas cosméticas, entre
elas as emulsões (cremes e loções cremosas). Entre as vantagens destas encontram-se a
facilidade de incorporação de filtros solares e a obtenção de filme uniforme e duradouro
quando na pele (NEVES, 2008). As emulsões são sistemas heterogêneos,
termodinamicamente instáveis, cuja fase despesa é constituída por gotículas de um líquido,
distribuídas em um veículo no qual são imiscíveis. São estabilizadas através de substâncias
denominadas tensoativos. A fase dispersa é conhecida como fase interna e o meio dispersante
como fase externa ou contínua (ANSEL, 2000).
Segundo a Anvisa (2004), qualquer componente presente na formulação pode alterar
sua estabilidade. As incompatibilidades físicas e químicas, incluindo pH, reações de oxi-
redução e hidrólise, interação entre os componentes da formulação e com o material de
embalagem, são consideradas fatores intrínsecos. Fatores extrínsecos relacionados aos
materiais de embalagem, processo de fabricação, condições ambientais e de transporte,
também poderão influenciar na estabilidade.
A utilização de produtos com filtros solares tem sido alvo de interesse cada vez
maior da população, para amenizar os efeitos nocivos do sol. Não só as indústrias cosméticas,
mas também as farmácias magistrais desenvolvem formulações fotoprotetoras para atender às
prescrições de dermatologistas. De acordo com a RDC 67/ 2007 e RDC 87/ 2008, a
determinação do prazo de validade de preparações magistrais deve ser baseada na avaliação
físico-química dos ativos e considerações sobre sua estabilidade.
A estabilidade é definida como a amplitude na qual um produto mantém dentro de
limites especificados, as mesmas propriedades e características que possuía após a fabricação,
durante o seu período de armazenamento e uso. Sua avaliação faz-se necessária para assegurar
a qualidade da formulação, desde a fabricação até a expiração do prazo de validade (BRASIL,
2004).
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O estudo de estabilidade de produtos cosméticos visa fornecer informações que
orientam o desenvolvimento da formulação e do material de acondicionamento. Fornece
subsídios para o aperfeiçoamento das formulações; estima o prazo de validade; auxilia no
monitoramento da estabilidade organoléptica, físico-química e microbiológica para
proporcionar maior segurança dos produtos cosméticos e farmacêuticos (BRASIL, 2004;
ISAAC et al., 2008).
De acordo com Pianoviski et al. (2008), na área cosmética não existe nenhum
protocolo oficial padronizando os testes de estabilidade, pois estes devem ser adequados aos
objetivos do formulador, da forma cosmética e dos constituintes da formulação. No entanto,
com o propósito de direcionar as indústrias cosméticas e/ou os formuladores, a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária publicou um Guia de estabilidade sugerindo parâmetros de
avaliação e os testes de estabilidade (BRASIL, 2004).
De acordo com este Guia, os testes podem ser classificados de acordo com as
seguintes etapas: centrifugação, se aprovado segue para os testes seguintes denominados
preliminares, de triagem, ou ainda de curto prazo, tendo duração de aproximadamente 15 dias.
Estes testes têm o ob jetivo de auxiliar e orientar a escolha das formulações.
Em seguida são realizados os testes de estabilidade normal ou exploratória, também
denominada estabilidade acelerada. Têm duração aproximada de 90 dias e fornecem subsídios
para prever a estabilidade do produto, seu tempo de vida útil e a compatibilidade da
formulação com o material de acondicionamento. Além destes, recomenda-se realizar o teste
de prateleira, também denominado de longa duração ou shelf life que acompanha todo o
tempo de validade do produto.
Este trabalho teve como objetivo avaliar a estabilidade preliminar de duas
preparações de cremes contendo filtro solar, através de ensaios físico-químicos.
14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 - Estrutura da pele
O envelhecimento cutâneo tem adquirido grande importância nas últimas décadas,
despertando muito interesse na classe científica, que procura entender melhor este processo,
transformando-o em objeto de estudo.
A pele é um órgão de grande extensão e importância no organismo humano. É
responsável por diversas funções, como: proteção física, exercendo função barreira entre o
meio externo e interno; regulação térmica; percepção sensorial através da ocorrência de uma
vasta rede de estruturas muito especializadas que permitem a sensação de calor, frio, dor e
pressão. A pele participa também de diversas funções biológicas como a resposta inflamatória
e imune, pigmentação, crescimento piloso, cicatrização e síntese da vitamina D
(LANGRAND et al., 2006 ; HEGEDUS et al., 2006).
Embora ocorra o comprometimento das funções da pele ao longo da idade, seu
principal papel como barreira protetora do organismo frente a diversas agressões de agentes
externos, raramente falha no decorrer dos anos. Mas, como a pele é responsável também pela
aparência externa do indivíduo, o fator envelhecimento o abala sensivelmente, estimulando-o
a buscar meios de retardar ou atenuar certas características adquiridas, como: rugas,
diminuição de tônus, perda de elasticidade e hidratação (SCOTTI, 2003).
A pele é formada de três camadas, da mais externa para a mais interna
respectivamente: epiderme, derme e hipoderme (Figura 1). A epiderme possui origem
ectodérmica e a derme origem endodérmica. A epiderme divide-se em subcamadas, que em
ordem de profundidade, são: a camada córnea (mais superficial), a camada lúcida, a camada
granulosa, a camada espinhosa e o estrato germinativo ou basal, que é a camada mais
profunda da epiderme. A camada córnea é a mais fina e superficial, sendo composta de
células mortas e queratinócitos, os quais são transformados em queratina de superfície. Este
processo de renovação celular ocorre por toda a vida, porém seu decaimento é um dos
principais fatores de manifestação do envelhecimento cutâneo, que pode ser percebido através
do afinamento da pele. A camada córnea é hidratada por um filme líquido chamado de manto
hidrolipídico, formado por água, sais minerais, enzimas, vitaminas e gorduras (JUNQUEIRA
e CARNEIRO, 1990; FREEDBERG et al., 2003).
15
A camada ou estrato lúcido apresenta-se delgada, contendo células achatadas, com
citoplasma repleto de filamentos. A camada granulosa é formada por células secretoras de
substância fosfolipídica e glicosaminoglicanos que vedam a passagem de água e outras
substâncias entre elas. As células da camada ou estrato espinhoso possuem expansões
citoplasmáticas que mantém as células unidas pelos desmossomos, estruturas responsáveis
pela coesão entre as células. O estrato germinativo ou camada basal é uma estrutura
vascularizada que apresenta intensa atividade mitótica, responsável pela renovação e nutrição
da epiderme e demais camadas, sendo formada basicamente por colágeno tipo IV e
proteoglicanos (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1990; ROBERT, 1994).
Abaixo da epiderme, encontra-se a derme, constituída por um tecido conjuntivo
denso composto de células como fibroblastos, granulócitos e macrófagos e macromoléculas
sintetizadas pelos fibroblastos que formam a matriz extracelular (MEC), formada por
colágeno, elastina, glicosaminoglicanos e glicoproteínas de estrutura, que tem a função de se
comunicar com as células controlando suas atividades metabólicas. Ela é formada por duas
camadas pouco distintas: a derme papilar e a derme reticular (mais profunda). Ambas contêm
muitas fibras elásticas, vasos sanguíneos e linfáticos além de nervos. Nesta camada
encontram-se os pêlos, as glândulas sebáceas e sudoríparas, as unhas e diversas terminações
nervosas (ROBERT, 1994).
A ligação entre a derme reticular e a hipoderme é uma transição abrupta entre um
tecido dérmico conectivo e fibroso para um tecido predominantemente adiposo. De todo
modo, ambas as regiões são funcional e estruturalmente bem integradas através de
terminações nervosas e vasculares, que compõe a continuidade dos apêndices epidérmicos. De
origem mesenquimal, os adipócitos são as células primárias da hipoderme. Organizam-se em
glóbulos definidos por septos de tecido conectivo fibroso. A hipoderme exerce função de
isolamento, reserva energética e proteção. Permite ainda a mobilidade das estruturas
adjacentes (FREEDBERG et al., 2003).
2.2 - Envelhecimento cutâneo
Durante sua vida o indivíduo sofre diversas agressões por agentes físicos químicos
ou biológicos, que podem levar ao aparecimento de patologias ou alterar o processo de
envelhecimento. Os tecidos gradualmente passam por mudanças de acordo com a idade,
16
sendo que, na pele, essas alterações são mais facilmente reconhecidas. Atrofia, enrugamento e
lassidão representam os sinais mais aparentes de uma pele senil (ORIÁ et al., 2003).
O envelhecimento intrínseco da pele é observado na epiderme como um reflexo das
modificações que ocorrem também no tecido conjuntivo da derme, que atua como um alicerce
natural para a epiderme. Nesta, nota-se a diminuição das células de Langherans e monócitos,
diminuição da síntese de melanossomas e menor pigmentação. Na derme, observa-se a
diminuição do colágeno, fibras elásticas, macrófagos e dilatação dos canais linfáticos. As
mudanças fisiológicas observadas são a diminuição do número de queratinócitos e
fibroblastos e redução da vascularização, principalmente próximo aos folículos pilosos e
glândulas (RAMOS e SILVA et al., 2001; ORIÁ et al., 2003).
Com o passar dos anos e principalmente após os 30 anos de idade, surgem rugas,
manchas de hiperpigmentação, redução na espessura da pele e dificuldade de cicatrização
(PEYREFITTE et al., 1998).
O envelhecimento cutâneo devido a fatores externos e principalmente influenciado
pela radiação solar é conhecido como envelhecimento extrínseco ou actínico. A exposição
solar excessiva pode causar diversos danos ao organismo, dentre eles, imunossupressão local
e sistêmica, fotoenvelhecimento precoce e, como principal fonte de preocupação, o
aparecimento de fotocarcinogênese (FISHER, et al., 2005).
O fotoenvelhecimento da pele é um processo complexo que se caracteriza pela perda
do tônus cutâneo, aumento da desidratação e ressecamento, elastose actínica, pigmentação
irregular e aparecimento de rugas mais profundas. Este fenótipo é causado por alterações nas
funções celulares e deterioração da matriz extracelular dos tecidos conectivos, levando a uma
desorganização das proteínas estruturais primárias como elastina e colágeno (FISHER, et al.,
2005; RABE, et al., 2006).
Bioquimicamente a pele fotodanificada apresenta modificações quantitativas e
qualitativas nas proteínas da matriz dérmica extracelular, entre elas colágeno,
glicosaminoglicanos e elastina, como pode ser visto na Figura 2 (ORIÁ et al., 2003). As
metaloproteinases de matriz (MMPs) são uma família de enzimas capazes de degradar a maior
parte dos componentes conectivos e proteínas da matriz dérmica. Estudos demonstraram uma
relação dose-dependente entre as MMPs e a radiação UVA e UVB (WLASCHEKA, et al.,
2003; FISHER, et al., 2005).
17
2.3 - Radiação solar e fotoenvelhecimento
Os raios ultravioletas dividem-se em UVA (320-400 nm), UVB (290-320 nm) e
UVC (200-290 nm). A radiação solar abaixo de 290 nm praticamente não atinge a superfície
terrestre, sendo absorvida pela camada estratosférica de ozônio (JAHAN, 1990).
A radiação UV é responsável por 90% dos danos causados a pele e assim como os
raios infravermelhos (IV) os quais penetram mais profundamente na pele, afetando em
conjunto a renovação celular, diminuindo a elasticidade da pele devido ao aumento das
MMPs elastase e colagenase (GASPARRO et al., 1998). A radiação UVB (em torno de
300nm) é suficientemente energética para penetrar no estrato córneo e epiderme causando
queimaduras severas ou eritemas. A radiação UVA em torno de 350 nm alcança a derme
estimulando a formação de melanina a qual protege a pele de queimaduras imediatas. No
entanto, embora os raios UVA possuam menor energia que os raios UVB, os raios UVA
penetram na derme causando também elastose, isto é, a perda das estruturas de suporte natural
e elasticidade da pele (SHAAT, 1990).
Sabe-se que as radiações UVA e UVB estimulam a formação de peróxidos
Citotóxicos (radicais livres) que estão intimamente relacionados ao fotoenvelhecimento
cutâneo. Para exercer seus efeitos nas células, a energia eletromagnética inerente à radiação
UV, deve ser absorvida pelos cromóforos celulares existentes, tais como DNA, porfirinas,
ácido urocânico e aminoácidos aromáticos. Estes cromóforos, quando excitados, podem reagir
com o oxigênio molecular, resultando em espécies reativas de oxigênio (ROS)
(LONGSTRETH et al., 1998; FISHER et al., 2005).
Podemos classificar as ROS em duas categorias distintas: radicais livres,
representados por radicais superóxido e hidroxil; e compostos não radicais, como por exemplo
oxigênio singlete e peróxido de hidrogênio. Os radicais livres são necessários à vida, pois
participam e promovem uma série de reações necessárias à manutenção do organismo. Deve-
se ter em mente porém, a necessidade de um equilíbrio orgânico, evitando-se a produção
excessiva destas espécies, frente às defesas naturais antioxidantes existentes no organismo
(CADENAS et al., 2000; FISHER, et al., 2005).
2.4 - Filtros solares físicos e químicos
A utilização diária de fotoprotetores tornou-se imperativa nos dias atuais na
prevenção dos danos causados à pele. Diversos fatores ambientais contribuem para o aumento
18
da exposição aos efeitos nocivos da radiação UV. O Brasil é o país com a maior área
intertropical do planeta, cujo ângulo de incidência da radiação solar é mais perpendicular,
intensificando assim os seus efeitos. Os fotoprotetores devem ser capazes de absorver ou
refletir a radiação incidente protegendo o indivíduo dos danos que podem ser causados pela
radiação (SANTOS et al., 1999).
Atualmente podemos encontrar dois tipos de filtro solar. Os chamados filtros físicos
os quais formam uma barreira física na pele e agem refletindo a radiação (óxido de zinco e
dióxido de titânio), e os filtros químicos, que constituem substâncias capazes de absorver a
radiação solar (energia eletromagnética) na forma UV e emitir a radiação transformada em
outro tipo de energia (SHAAT, 1997). Dentre os filtros químicos destacam-se atualmente os
chamados filtros naturais, que são, em sua maioria, substâncias isoladas de espécies botânicas
que promovem ou contribuem para o aumento da eficácia fotoprotetora das formulações
(GARCIA, 1996; da SILVA et al., 2005).
A eficácia dos filtros solares é proporcional à sua concentração e dependente da
capacidade de absorção da energia radiante. Quanto mais amplo o espectro de associação de
filtros solares e quanto mais sinérgica for a mistura, maior será o espectro de proteção solar,
aumentando sobremaneira a eficácia da formulação (DE PAOLA e RIBEIRO, 1998;
SANTOS et al., 2001).
Formulações antisolares eficazes devem também ser estáveis na pele, não devem
provocar irritação ou sensibilização e não devem apresentar fototoxicidade. É necessário
observar a aceitação cosmética da formulação, que deve levar em conta a relação entre a
concentração dos filtros solares e o fator de proteção solar (FPS) desejado, ter boa
espalhabilidade e cobertura na superfície cutânea, mas não deve permitir a penetração dos
filtros na pele ou mucosas (NOHYNEK et al., 2001).
2.5 - Estudo da Estabilidade de produtos cosméticos
O estudo da estabilidade das formulações fornece informações sobre o grau de
estabilidade relativa de um produto nas diversas condições a que possa estar sujeito, desde a
fabricação até o término da sua validade (ANVISA.CATEC, 2004).
Este estudo contribui para a orientação no aperfeiçoamento das formulações, do
material adequado de acondicionamento, na estimativa do prazo de validade e informações
sobre confiabilidade e segurança dos produtos. Segundo o guia de estabilidade de produtos
19
cosméticos (ANVISA.CATEC, 2004), é recomendável que se viabilize um estudo de
estabilidade preliminar, com duração de até 15 dias, a fim de se testar o produto em sua fase
inicial de desenvolvimento.
O estudo de estabilidade acelerada, também conhecida como exploratória, objetiva o
fornecimento de dados preditivos do tempo de vida útil e a compatibilidade da formulação
com o material de acondicionamento. É empregado em escala laboratorial e piloto de
fabricação. Possui duração de 90 dias, podendo se estender por seis meses a um ano. De um
modo geral, avalia-se características organolépticas, físico-químicas e microbiológicas.
O teste de prateleira, shelf life ou estudo de estabilidade de longa duração, valida
limites de estabilidade do produto e comprova o prazo de validade estimado nos testes de
estabilidade acelerada. As amostras são armazenadas a temperatura ambiente e analisadas
periodicamente até que o se expire o prazo de validade.
De um modo geral, as condições de estresse aconselhadas são:
° estufa: 37; 40; 45 ou 50 ± 2°C;
° geladeira: 5 ± 2°C;
° freezer –5 ou –10 ± 2°C.
Para os testes preliminares pode-se adotar ciclos de estresse de 24 horas alternando a
armazenagem em intervalos regulares de tempo em estufa, geladeira ou freezer
(ANVISA.CATEC, 2004).
O prazo de validade provisório de 24 meses é concedido caso o relatório do estudo
de estabilidade acelerado de 12 meses apresente variação de teor menor ou igual a 5,0 % do
valor de análise inicial do lote, mantidas as demais especificações. Caso as variações de
doseamento estejam entre 5,1 e 10,0 % no estudo de estabilidade acelerado, o prazo de
validade provisório será de 12 meses. O prazo de validade definitivo será concedido para
produtos que apresentarem nos estudos de longa duração uma variação de doseamento dos
ativos dentro das especificações farmacopéicas ou do método validado de acordo com a
legislação em vigor (ANVISA, 2005).
2.6 - Fatores Extrínsecos e Intrínsecos
Diversos fatores podem influenciar na estabilidade das formulações. Os fatores
extrínsecos ou externos considerados no estudo da estabilidade de cosméticos são: processos
20
de envelhecimento que ocorrem em conseqüência do tempo, temperatura de armazenamento e
de exposição a luz (fotosensibilidade dos componentes), oxigênio (geração de radicais livres e
reações de oxi-redução), umidade, além do material de acondicionamento, contaminação
microbiológica e vibração relacionada ao transporte (ANVISA.CATEC, 2004).
Dentre os fatores intrínsecos encontramos as incompatibilidades físicas e químicas.
Estes fatores estão relacionados à natureza das formulações e principalmente à interação das
substâncias entre si ou com o material de acondicionamento. As incompatibilidades físicas
são observadas quando ocorrem alterações no aspecto físico da formulação, como:
precipitação, separação de fases, cristalização, entre outros. As incompatibilidades químicas,
dizem respeito às reações químicas propriamente ditas que podem ocorrer entre os
componentes da formulação e relacionam-se com a integridade e segurança dos ativos. Os
principais fatores são:
pH;
Reações de oxi- redução;
Hidrólise;
Interação entre componentes da formulação;
Interação entre os componentes e material de acondicionamento.
2.7 - Formulações gel-creme
As formulações gel-creme adquiriram grande força e aceitação no mercado
brasileiro a partir das farmácias de manipulação, que tiveram grande demanda para
desenvolver formulações do tipo “oil- free”, com menor quantidade possível de óleos e com
aspecto de creme. De um modo geral, elas são constituídas de uma base em gel,
emulsificantes, substâncias oleosas ou silicones, adquirindo um aspecto leitoso ou cremoso. O
gel é um sistema solvente-polímero, que contém uma rede tridimensional de ligações bastante
estáveis, quase não afetadas por movimento térmico. Podem ser subdivididos em dois grupos,
dependendo das ligações entre as cadeias da rede. Os do tipo I são sistemas irreversíveis com
uma rede tridimensional formada por ligações covalentes entre as macromoléculas. Os géis do
tipo II, mais comumente usados em farmácia, são reversíveis pelo calor e mantidos por
ligações intermoleculares do tipo ligação hidrogênio (FLORENCE e ATWOOD, 2003).
O gel-creme é uma emulsão cuja fase aquosa está previamente gelificada pelo
polímero hidrófilo gelificante. Os agentes gelificantes empregados na formação do gel-creme
21
são usualmente os mesmos utilizados para a obtenção de um hidrogel, como por exemplo,
carbopol (carbomer) e natrosol (FERREIRA, 2002; FERNANDEZ-MONTES, 2005;
MARTINI, 2005).
Devida atenção deve ser dada às possíveis incompatibilidades entre o agente
gelificante e os ativos empregados. Formulações com pH ácido, devem utilizar gelificantes
não iônicos, para se evitar a quebra da rede tridimensional do gel (FERNANDEZ-MONTES,
2005).
Do ponto de vista galênico o gel-creme apresenta maior consistência em relação às
emulsões originais. Do ponto de vista dermocosmético, as formulações gel-creme acentuam o
grau de evanescência da emulsão original, desde que não contenha em sua fase oleosa, alta
concentração de substâncias graxas de alta oclusão (FERNANDEZ-MONTES, 2005). Devido
à baixa concentração de substâncias oleosas, a formulação gel-creme apresenta sensação tátil
de gel, com certa refrescância, especialmente para peles oleosas e mistas, podendo ser
utilizada por todos os tipos de pele, dependendo, porém, dos demais componentes agregados
(MARTINI, 2005).
Diversas macromoléculas de polímeros atuam também como agentes emulsificantes,
alterando as forças hidrodinâmicas da emulsão durante o processo de agitação, devido a sua
influência nas propriedades reológicas (ECCLESTON, 2002).
Recentemente, diferentes matrizes de géis aquosos (hidrogéis), como carbomer 940,
goma xantana e carragena, vêm sendo utilizadas para aumentar a viscosidade de emulsões e
microemulsões. A adição destes polímeros tornou as microemulsões estudadas mais
apropriadas para uso tópico e com ótima estabilidade (CHEN, 2006).
22
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 M ATERIAIS UTILIZADOS
• Agente de consistência e agente emulsifcante
- cera auto-emulsionante não iônica – Polawax ®. Fornecedor: Deg – Importadora de
Produtos Químicos Ltda.
• Emolientes
- óleo de silicone. Fornecedor: Galena – Química e Farmacêutica Ltda.
- óleo de amêndoas. Fornecedor: Deg – Importadora de Produtos Químicos Ltda.
- estearato de octila. Fornecedor: Deg – Importadora de Produtos Químicos Ltda.
• Estabilizante de emulsões
- base de absorção de lanolina – Base líquida®. Deg – Importadora de Produtos
Químicos Ltda.
• Conservantes
- propilparabeno – Nipa zol® . Fornecedor: Deg – Importadora de Produtos Químicos
Ltda.
- metilparabe no –Nipagin®. Fornecedor: Deg – Importadora de Produtos Químicos
Ltda.
• Filtro solar orgânico
- hydroxy-4-methoxybenzophenone (oxybenzona ou Benzofenona-3) – Eusolex 4360®
Fornecedor: Galena – Química e farmacêutica Ltda.
- p-metoxicinamato de 2-etil-hexila – Parsol MCX®: Fornecedor: Deg – Importadora de
Produtos Químicos Ltda.
• Filtro solar inorgânico
- dióxido de titânio micronizado. Fornecedor: Galena – Química e farmacêutica Ltda.
23
• Antioxidante
- butilhidroxitolueno (BHT). Fornecedor: Galena: Galena – Química e farmacêutica
Ltda.
• Agente quelante
- sal sódico do ácido etilenodiaminotetracético (EDTA –Na2). Fornecedor: Deg –
Importadora de Produtos Químicos Ltda.
• Princípio ativo anti-radical livre/ emoliente
- vitamina E oleosa. Fornecedor: Galena – Química e Farmacêutica Ltda.
• Corretivo de pH
-trietanolamina. Fornecedor: PharmaSpecial – Especialidades Químicas Ltda.
• Agente espessante hidrofílico
- polímero do ácido carboxivinílico – Carbopol 940®. Fornecedor: Galena – Química e
Farmacêutica Ltda.
• Umectante
- propilenoglicol. Fornecedor: Pharma Nostra.
• Fragrância
- essência Floral suave. Fornecedor: Galena – Química e Farmacêutica Ltda.
• Veículo
- água destilada
3.2 EQUIPAMENTOS E OUTROS MATERIAIS
• Peagâmetro – Tecnal® .
• Balança semi analítica – Marte®.
24
• Centrífuga – Quimis®, modelo: Q-222 T1 série: 902990.
• Estufa com termômetro digital – Tecnal® , modelo Te-398/2.
• Refrigerador Cônsul® 275 L, modelo: CRA 30E.
• Termômetro - Incoterm® .
• Vidros transparentes de 200g, com tampa rosca.
• Fogareiro
• Recipiente de alumínio para banho-maria
25
3.3 MÉTODOS
Para o desenvolvimento das formulações foram levadas em consideração as
matérias-primas normalmente utilizadas em farmácias magistrais que pudessem ser
associadas, para obtenção de um produto de boa espalhabilidade, com boa formação de filme
sobre a pele, seguro e eficaz. Foi realizada a escolha da forma cosmética e das matérias-
primas utilizadas como ativos e excipientes.
A tabela 1 descreve os componentes dos cremes não iônicos preparados pelo método
do béquer. A fase oleosa (Fase A) foi aquecida separadamente até 75 - 80ºC. A fase aquosa
(Fase B) foi vertida sobre a fase oleosa e homogeneizada manualmente até 40ºC. Em seguida
foi incorporada Fase C, a qual continha os componentes termos sensíveis (ALLEN JUNIOR,
1999).
TABELA 1: Diferenças entre as formulações desenvolvidas
Componentes FÓRMULA
A
FÓRMULA
B
Fase A (oleosa)
Cera auto-emulsionante não iônica 14% 14%
Base de absorção de lanolina 2% 2%
Estearato de octila 3% 3%
Óleo de silicone 1% 1%
Metoxicinamato de 2-etil-hexila 7% 7%
Benzofenona-3 4% 4%
Dióxido de titânio micronizado 0,50% 0,50%
B.H.T. 0,02% 0,02%
Propilparabeno 0,05% 0,05%
Fase B (aquosa)
EDTA-Na 2 0,10% 0,10%
Propilenoglicol 3% 3%
Dispersão de Carbopol 2% 8%- -
Trietanolamina 0,15% -
Metilparabeno 0,10% 0,10%
Água destilada qsp 100,0g 100,0g
26
Fase C
Fragrância 0,2% 0,2%
Vitamina E oleosa 0,5% 0,5%
Foram preparadas 200g de cada formulação. Após 24 horas as amostras foram
caracterizadas com relação às suas características organolépticas: aspecto, cor, odor,
estabilidade após centrifugação e pH. (BRASIL, 2004).
3.4 ANÁLISES 3.4.1 Características organolépticas
Os cremes foram avaliados em relação às suas propriedades organolépticas por
observação visual. Foram avaliados:
- aspecto: creme, homogêneo.
- cor: branca
- odor: levemente floral
3.4.2 Determinação do pH
As amostras foram submetidas à avaliação de pH, através de determinação
potenciométrica utilizando-se um peagâmetro previamente calibrado, através de leitura direta
na formulação. Foram realizadas três avaliações diretamente em cada amostra, obtendo-se a
média. O teste foi realizado em temperatura ambiente (STULTZER, 2006).
3.4.3 Teste de centrifugação
Em tubo de ensaio cônico, graduado, para centrífuga foram adicionadas 5,0g de cada
formulação em duplicata, pesadas em balança semi-analítica e submetidas à centrifugação a
3000 rpm por 30 minutos, a temperatura ambiente.
3.4.4 Estresse térmico - Ciclo gela/degela
As formulações 1 e 2 foram fracionadas em potes de vidro transparentes, fechadas
com tampa rosca. Ambas em duplicatas (A1 e A2, B1 e B2) e submetidas ao estresse térmico,
através de 6 ciclos de gela/degela, nas seguintes temperaturas: 5 ± 2 º C e à 37ºC, por 24 horas
cada um. Uma amostra foi acondicionada em temperatura ambiente, protegida da luz e, foi
utilizada como amostra controle das formulações (BRASIL, 2004). A cada ciclo as amostras
eram submetida s aos seguintes ensaios: de centrifugação, determinação do pH e verificação
das características organolépticas: cor, odor, e aspecto. As amostras foram avaliadas e
27
comparadas com a amostra controle, observando-se possíveis alterações como sinais
indicativos de instabilidade, através dos seguintes parâmetros:
Aspecto:
As amostras foram classificadas segundo os seguintes critérios:
1. Normal sem alteração; 2. Levemente separado ou levemente precipitado 3. Separado ou
precipitado.
Cor:
As amostras foram classificadas segundo os seguintes critérios:
1. Normal: sem alteração; 2. Levemente modificada; 3. Intensamente modificada.
Odor:
Comparou-se o odor da amostra com a do padrão estabelecido, diretamente através
do olfato. A amostra pode ser classificada segundo os seguintes critérios:
1. Normal sem alteração; 2. Levemente modificado; 3. Intensamente modificado.
Após as avaliações as amostras eram descartadas.
Teste de Centrifugação:
Após centrifugação as amostras foram observadas visualmente, verificando a
ocorrência ou não de alterações, seguindo os parâmetros.
1. estável; 2. levemente não homogênea; 3. iniciando separação; 4. separação total das fases.
28
4. RESULTADOS
A tabela 2 apresenta os resultados obtidos a partir da amostra no tempo zero T0 (24
horas após a preparação) e nos tempos (T1, T2, T3, T4, T5, T6) após cada ciclo de
gela/desgela.
TABELA 2: Resultados no tempoT0, T1, T2, T3, T4 , T5, T6)
Amostras pH
(média)
Cor Odor Aspecto Centrifugação
T0 A padrão 6,47 Branco Floral, Suave Creme homogêneo Estável
T0 B padrão 5,92 Branco Floral, Suave Creme homogêneo Estável
T1 A1 6,38 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T1 A2 6,32 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T1 B1 6,04 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T1 B2 6,03 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T2 A1 6,33 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T2 A2 6,33 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T2 B1 6,07 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T2 B2 6,04 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T3 A1 6,32 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T3 A2 6,43 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T3 B1 6,00 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T3 B2 6,03 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T4 A1 6,33 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T4 A2 6,36 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T4 B1 6,04 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T4 B2 6,01 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T5 A1 6,36 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T5A2 6,32 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T5 B1 6,03 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T5 B2 6,03 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
29
T6 A1 6,32 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T6 A2 6,36 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T6 B1 6,03 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
T6 B2 6,01 sem alteração sem alteração sem alteração Estável
Foram demonstradas as médias de pH em todos os ciclos (T0 – T6) e, realizadas as
comparações das amostras com os padrões quanto às características macroscópicas. Todas as
amostras armazenadas nas diferentes temperaturas testadas apresentaram-se estáveis, ou seja,
se mantiveram homogêneas. Os valores referentes ao pH, tanto na formulação A quanto na
formulação B, sofreram alterações não significativas durante os 6 ciclos em que os testes
foram realizados,permanecendo dentro do pH fisiológico da pele.
A formulação A e a formulação B apresentaram-se com aspecto cremoso, com cor
branca e odor floral. A formulação 1 apresentou-se com um aspecto cremoso com menos
“dureza” que a formulação B, devido a incorporação do espessante hidrofílico, com relação à
formulação 2 que continha somente cera auto-emulsionante. As duas formulações
permaneceram estáveis ao teste de centrifugação, então foram submetidas às outras condições
de tensão, como o ciclo gela-degela, caracterizando a estabilidade preliminar, totalizando 6
ciclos de 24 horas a 5,0ºC ± 2,0ºC, e 24 horas a 37 ºC. As amostras analisadas permaneceram
estáveis, não havendo sinais de separação de fases, durante o teste preliminar de
centrifugação, demonstrando compatibilidade entre os componentes das formulações e
equilíbrio nas concentrações dos componentes.
30
5. DISCUSSÃO
Foram propostas duas diferentes formulações contendo filtros solares (A e B). Após
24 horas as amostras foram caracterizadas com relação às propriedades organolépticas e em
seguida submetidas ao teste preliminar de centrifugação. O tempo de 24 horas é necessário
porque a emulsão não adquire o equilíbrio perfeito imediatamente após o preparo, é
necessário um tempo de espera para que haja a estabilização, sendo usualmente preconizado
24-48 horas após o preparo (MORAIS, 2006).
O teste da centrifugação teve como objetivo avaliar, em curto espaço de tempo,
possíveis instabilidades físicas e químicas que pode m atingir as formulações. Este teste
produz estresse na amostra simulando um aumento na força de gravidade, fazendo com que
haja uma maior mobilidade das partículas e antecipando possíveis instabilidades que poderão
ser observadas através de precipitação ou separação de fases (ANVISA, 2004).
A diferença entre a formulação A e a formulação B é a presença de um agente
espessante hidrofílico, o polímero do ácido carboxivinílico na formulação B. Este espessante
é importante porque fornece ao creme um toque mais seco à pele, ou seja, menos oleoso, que
é exigido para peles com tendência à oleosidade, ao mesmo tempo, favorece a viscosidade da
fase aquosa da emulsão, favorecendo sua estabilidade em concentrações baixas e possuindo
boa compatibilidade com a pele (TADROS, apud PIANOVISSKI, 2008).
A instabilidade de uma emulsão pode se manifestar das seguintes formas: -
cremagem acontece quando as gotículas da fase dispersa sobem para a superfície da
formulação devido à baixa Densidade da fase dispersa; - floculação: quando a força de
repulsão entre as gotículas da fase dispersa é diminuída, devido principalmente à baixa
concentração de agente emulsionante e, elas se associam de maneira fraca. Este processo é
reversível por agitação; - coalescência: as gotículas da fase interna se unem e formam uma
única gotícula sendo este processo irreversível e a inversão de fase quando a fase externa
torna-se interna e vice-versa (PIANOVISSKI, 2008).
Vários fatores podem comprometer a estabilidade físico-química e microbiológica de
um sistema emulsionado, como a escolha de constituintes incompatíveis, tipo e concentração
de emulsificantes, velocidade de agitação, tempo de aquecimento e arrefecimento,
quantidades das fases, temperatura e ambiente de estocagem e contaminação por
microrganismos (SILVA, SOARES, 1996; SCHUELLER, ROMANOWSKI, 2000).
31
À medida que as emulsões tornam-se instáveis, suas características físico-químicas
variam. Para observar estas variações pode-se determinar o valor do pH, viscosidade,
densidade, teste de centrifugação, condutividade elétrica, tamanho da partícula, entre outros
(BRASIL, 2004). As amostras foram submetidas a condições de estresse com o objetivo de
acelerar o surgimento de possíveis sinais de instabilidade, que poderiam ser causados por
possíveis alterações intrínsecas, relacionadas à natureza das formulações e, sobretudo, à
interação de seus ingredientes entre si ou com o material de acondicionamento (BRASIL,
2004).
Os estudos de estabilidade propostos neste trabalho forneceram informações que
indicam o grau de estabilidade relativa das formulações em diversas condições de exposição a
que possa estar sujeito, tais testes são muito importante para que novas formulações sejam
desenvolvidas. Os testes podem ser realizados em farmácias magistraias, na triagem
deformulações. As amostras mostraram-se muito semelhantes ao padrão e as características
organolépticas não sofreram alterações aparentes durante nenhum ciclo realizado.
Sendo assim, tanto a formulação A quanto a formulação B, quando submetidas à
análise preliminar, tiveram apenas uma pequena variação de pH que não caracteriza como
alteração discrepante, os resultados apresentados foram os esperados, indicando que as
formulações possuem estabilidade.
32
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para que uma emulsão possua boa qualidade, esta deve ser submetida a diversos
testes de estabilidade. Neste trabalho, os cremes contendo fotoprotetores mostraram-se
estáveis em relação aos testes preliminares de estabilidade, porém, este não é suficiente para
assegurar uma total qualidade do produto, a partir deste trabalho, testes de estabilidade
acelerada podem ser desenvolvidos, com o intuito de assegurar a estabilidade de uma fórmula
que atenda requisitos importantes em fotoprotetores, além de testes de determinação do FPS.
33
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALLEN JUNIOR, L.V. Técnicas básicas em manipulação. São Paulo: Tecnopress, 1999. 102 p. and aging. Free Radical Biology & Medicine, Vol. 29, Nos. 3/4, pp. 222–230, 2000. ANSEL, H.C. POPOVICH, N. G; JUNIOR, L.V.A. Farmacotécnica: Formas Farmacêuticas & Sistemas de Liberação de Fármacos 6.ed. São Paulo: Editorial Premier, 2000. 568 p. BORGHETTI, G. S; KNORST, M.T. Desenvolvimento e avaliação da estabilidade física de loções O/A contendo filtros solares. Rev. Bras. Ciênc. Farm., v.42, n.4, São Paulo, out./nov. 2006. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância sanitária RDC nº 87, de 21 de novembro de 2008. Altera o Regulamento Técnico sobre Boas Práticas de Manipulação em Farmácias. Diário Oficial da república federativa do Brasil, poder Executivo, Brasília, DF. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Guia de estabilidade de produtos cosméticos. 2004. 52 p. Diário oficial da República federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância sanitária. RDC nº 67 de 8 de outubro de 2007. Aprova o regulamento técnico sobre Boas Práticas de Manipulação de medicamentos em farmácias e seus anexos. Diaário Oficial da república federativa do Brasil, poder Executivo, Brasília, DF. CADENAS, E; DAVIES, K.J. A. Mitochondrial free radical generation, oxidative stress CHEN, H. et al. Microemulsion - based hydro-gel formulation of ibuprofen for topical de livery. International Journal of Pharmaceutics, v. 315 p. 52–58, 2006. CHORILLI, M.; et al. Desenvolvimento e estudos preliminaries de estabilidade de formulações fotoprotetoras contendo Granlux GAI-45 TS. Rev. Ciênc. Farm., 27(3): 237-246, 2006. DE PAOLA, M. V. R. V.; RIBEIRO, M. E. Interação entre filtros solares. Cosmetic & Toiletries, v. 10, p. 40-50,1998. ECCLESTON, G. M. Emulsions and microemulsions. In: SWARBRICK,J.; BOYLAN, J. C. Encyclopedia of pharmaceutical technology, New York: Marcel Dekker, 2002. v. 3, p. 1066-1084. FERNANDEZ-MONTES, E. A. Técnicas y procedimiéntos em formulación magistral dermatológica. Madrid: Ed. E. Aliá, 2005. p. 85-87. FERRARI, MARCIO; et al. Determinação do fator de proteção solar (FPS) in vitro e in vivo de emulsões com óleo de andiroba (Carapa guianensis). Rev. Bras. Farmacogn., v.17, n.4./, p.626-630, 2007.
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