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FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA – FGF PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES NA ÁREA DE LICENCIATURA EM QUIMICA AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA ESTABILIDADE DE CREMES FOTOPROTETORES DE FARMÁCIAS MAGISTRAIS ITAMAR DE ABREU LARENTES MARINGÁ – PR 2009

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FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA – FGF

PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES NA

ÁREA DE LICENCIATURA EM QUIMICA

AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA ESTABILIDADE DE CREMES

FOTOPROTETORES DE FARMÁCIAS MAGISTRAIS

ITAMAR DE ABREU LARENTES

MARINGÁ – PR

2009

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ITAMAR DE ABREU LARENTES

AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA ESTABILIDADE DE CREMES

FOTOPROTETORES DE FARMÁCIAS MAGISTRAIS

.

Monografia apresentada como requisito parcial para

obtenção do título de Licenciado em Química no

Programa Especial de Formações de Docentes da

Faculdade Integrada da Grande Fortaleza – FGF, sob

a orientação do Profº. Msc. Jean Carlos de Araújo

Brilhante.

MARINGÁ – PR

2009

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Monografia submetida ao Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes em

Química, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Licenciado em

Química, autorgado pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza – FGF.

______________________________ Itamar de Abreu Larentes

______________________________

Prof. Msc. Jean Carlos de Araújo Brilhante Orientador

______________________________ Profª. Msc. Célia Diógenes

Coordenadora do Curso

Nota obtida: ______

Monografia aprovada em: ___ / ____ / ____

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Dedico a minha querida família, naturalmente pessoas guiadas

pelo divino Espírito Santo, a quem em primeiro lugar agradeço.

A vida de estudante exige constante perseverança e dedicação

às obrigações das tarefas escolares e sendo assim precisamos de

continuado incentivo e apoio material. Isto tudo encontrei na

minha família, em especial a colaboração permanente de meus

pais, que nunca mediram esforços, para que eu continuasse

meus estudos e conseguisse o grau que alcancei. De outra

forma, quero agradecer ao simpático incentivo de minha

estimada e inteligente irmã Debora de Abreu. Em Deus Confio!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço meu orientador professor Jean Carlos de Araújo Brilhante em especial, bem como a

professora Célia Diógenes, coordenadora deste curso, pela ajuda continua que me

proporcionou em todos os momentos durante a realização deste trabalho e pelo incentivo

nessa batalha em busca do saber.

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“Onde quer que haja homens e mulheres, há

sempre o que fazes, há sempre o que ensinar, há

sempre o que fazer”.

(Paulo Freire)

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RESUMO

A radiação ultravioleta A E B está relacionada a diversos problemas de saúde, como

câncer de pele ou envelhecimento cutâneo. Para minimizar tais problemas, produtos

cosméticos fotoprotetores são desenvolvidos por indústrias cosméticas e farmácias magistrais.

Esses produtos possuem características distintas e, para que sejam desenvolvidos, devem

passar por testes diversos com o objetivo de avaliar sua estabilidade e eficácia, ou seja, devem

fornecer fator de proteção solar ideal e manter suas características inicias constantes, como

cor, odor, aspecto e pH. O objetivo deste trabalho foi desenvolver duas formulações cremosas

contento filtros solares e avaliar a estabilidade preliminar, através de ensaios físico-químicos.

Para o desenvolvimento das formulações foram levadas em consideração as matérias-primas

normalmente utilizadas em farmácias magistrais que pudessem ser associadas, para obtenção

de um produto de boa espalhabilidade, com boa formação de filme sobre a pele, seguro e

eficaz. Foi realizada a escolha da forma cosmética e das matérias-primas utilizadas como

ativos e excipientes. Os cremes foram avaliados em relação às suas propriedades

organolépticas por observação visual. Foram avaliados: aspecto: creme, homogêneo; cor:

branca; odor: levemente floral. Foram realizadas três avaliações diretamente em cada amostra,

obtendo-se a média. Em tubo de ensaio cônico, graduado, para centrífuga foram adicionadas

5,0g de cada formulação em duplicata, pesadas em balança semi-analítica e submetidas à

centrifugação a 3000 rpm por 30 minutos, a temperatura ambiente. As formulações 1 e 2

foram fracionadas em potes de vidro transparentes, fechadas com tampa rosca. Ambas em

duplicatas (A1 e A2, B1 e B2) e submetida s ao estresse térmico, através de 6 ciclos de

gela/degela, nas seguintes temperaturas: 5 ± 2 º C e à 37ºC, por 24 horas cada um. Uma

amostra foi acondicionada em temperatura ambiente, protegida da luz e, foi utilizada como

amostra controle das formulações. Os estudos de estabilidade propostos neste trabalho

forneceram informações que indicam o grau de estabilidade relativa das formulações em

diversas condições de exposição a que possa estar sujeito, tais testes são muito importante

para que novas formulações sejam desenvolvidas. Os testes podem ser realizados em

farmácias magistraias, na triagem deformulações. As amostras mostraram-se muito

semelhantes ao padrão e as características organolépticas não sofreram alterações aparentes

durante nenhum ciclo realizado.

Palavras chaves: fotoprotetores, cremes, estabilidade preliminar.

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ABSTRACT

The ultraviolet radiation A and B are related the diverse problems of health, as

cancer of skin or cutaneous aging. To minimize such problems, cosmetic products

fotoprotetores are developed by cosmetic industries and skillful pharmacies. These products

possess distinct characteristics and, so that they are developed, they must pass for diverse tests

with the objective to evaluate its stability and effectiveness, or either, must supply ideal factor

of solar protection and to keep its characteristics you initiate constants, as color, odor, aspect

and pH. The objective of this work was to develop two creamy formularizations contents solar

filters and to evaluate the preliminary stability, through assays physicist-chemistries. For the

development of the formularizations the raw materials normally used in skillful pharmacies

that could be associates, for attainment of a product of good espalhabilidade had been taken in

consideration, with good formation of film on the skin, efficient insurance and. The choice of

the cosmetic form and used raw materials as active and excipientes was carried through. The

creams had been evaluated in relation to its organolépticas properties for visual comment.

They had been evaluated: aspect: cream, homogeneous; color: white; odor: lightly floral.

Three evaluations directly in each sample had been carried through, getting themselves

average it. In pipe of conical assay, graduated, for centrifugal machine they had been added

5,0g of each formularization in duplicate, weighed in half-analytical scale and submitted to

the the 3000 centrifugalization rpm per 30 minutes, the ambient temperature.

Formularizations 1 and 2 had been fracionadas in transparent, closed glass pots with cover

thread. Both in duplicates (1 e2, B1 e B2) and submitted to it estresse it thermal, through 6

cycles of freezes/thawing, in the following temperatures: 5 ± 2 º C and to 37ºC, for 24 hours

each one. A sample was conditioned in ambient temperature, protected of the light and, it was

used as sample has controlled of the formularizations. The considered studies of stability in

this work had supplied information that indicate the degree of relative stability of the

formularizations in diverse conditions of exposition the one that can be subject, such tests are

very important so that new formularizations are developed. The tests can be carried through in

magistraias pharmacies, in the selection deformulações. The samples had revealed very

similar to the standard and the organolépticas characteristics had not suffered apparent

alterations during no carried through cycle.

Words keys: fotoprotetores, creams, preliminary stability.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Diferenças entre as formulações desenvolvidas p.18

Tabela 2 Resultados no tempoT0, T1, T2, T3, T4 , T5, T6) p.21

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................11

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................14

2.1. ESTRUTURA DA PELE......................................................................................14

2.2. ENVELHECIMENTO CUTÂNEO.........................................................................15

2.3. RADIAÇÃO SOLAR E FOTOENVELHECIMENTO.............................................17

2.4. FILTROS SOLARES FÍSICOS E QUÍMICOS ....................................................17

2.5. ESTUDO DA ESTABILIDADE DE PRODUTOS COSMÉTICOS........................18

2.6. FATORES EXTRÍNSECOS E INTRÍNSECOS....................................................19

2.7. FORMULAÇÕES GEL-CREME..........................................................................20 3. MATERIAIS E MÉTODO........................................................................................22

4. RESULTADO.........................................................................................................28

5. DISCUSSÃO .........................................................................................................30

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................32

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................33

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1 INTRODUÇÃO

A energia solar é responsável por todas as formas de vida na terra. Esta energia

chega até a terra em forma de ondas. Entre estas, a de maior interesse são aquelas que se

encontram na faixa entre 200-400 nanômetros, denominadas radiações ultravioletas

(SANTOS et al., 1998). A radiação ultravioleta traz muitos benefícios ao ser humano,

podendo-se citar a transformação de 7-dehidrocolesterol em vitamina D3, importante na

homeostase do cálcio, ativação da circulação e melhora de certas doenças dermatológicas

(PEYREFITTE; MARTINI, CHIVOT, 1998).

Mas, também, a radiação ultravioleta pode causar efeitos nocivos devido ao seu

potencial efeito carcinogênico sobre a pele, produção de foto-envelhecimento cutâneo e

imunodepressão (SANTOS et al., 1998). Os efeitos nocivos do sol dependem de

características individuais da pele exposta à radiação, como o fototipo e a fotosuscetibilidade,

além do tempo e do horário de exposição solar, da altitude e da latitude (BORGHETTI;

KNORST, 2006).

O número de casos de câncer de pele no Brasil e no mundo vem aumentando, sendo

considerado um grande problema de saúde pública. Como conseqüência disso, fez-se

necessário o desenvolvimento de diversos produtos cosméticos aditivados com filtros solares,

denominados fotoprotetores, cada vez mais bem elaborados e com maior grau de proteção

(FERRARI et al., 2007).

Os fotoprotetores são produtos cosméticos contendo filtros solares, os quais são

subs tâncias orgânicas ou inorgânicas, que exercem ação refletora ou de absorção da radiação

ultravioleta sobre a pele (RUBIN, 1997). Os filtros solares inorgânicos refletem a radiação

ultravioleta A (UVA) e ultravioleta B (UVB) e os filtros orgânicos absorvem a radiação

Ultravioleta A ou B ou ambas, dependendo das características da substância.

A qualidade dos protetores solares depende de seu fator de proteção solar (FPS),

sendo este um valor numérico, com a finalidade de avaliar o tempo durante o qual a pele

estará protegida contra queimadura solar, provocada pela radiação UVB, através da

administração de um determinado protetor solar (NEVES, 2008). Depende, ainda, das suas

características físico-químicas. O filtro solar deve ser incorporado em um veículo adequado

que contribua para a melhora da aparência, do sensorial e da aceitação do produto pelo

consumidor (CHORILLI et al., 2006; FLOR et al., 2007).

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Para que a formulação contendo filtro solar seja segura e eficaz, deve possuir alguns

requisitos fundamentais: ter ação na faixa de radiação UVA e UVB, aderir bem à epiderme

sem atingir as camadas mais profundas da pele; não manchar vestuários; não ser volátil; não

ser absorvido pela pele; ser hipoalergênico; não ser fototóxico; ser resistente à água; possuir

compatibilidade entre os componentes da formulação e material de acondicionamento e a

formulação deve ser quimicamente estável (FLOR et al, 2007).

Os protetores solares podem ser veiculados em diferentes formas cosméticas, entre

elas as emulsões (cremes e loções cremosas). Entre as vantagens destas encontram-se a

facilidade de incorporação de filtros solares e a obtenção de filme uniforme e duradouro

quando na pele (NEVES, 2008). As emulsões são sistemas heterogêneos,

termodinamicamente instáveis, cuja fase despesa é constituída por gotículas de um líquido,

distribuídas em um veículo no qual são imiscíveis. São estabilizadas através de substâncias

denominadas tensoativos. A fase dispersa é conhecida como fase interna e o meio dispersante

como fase externa ou contínua (ANSEL, 2000).

Segundo a Anvisa (2004), qualquer componente presente na formulação pode alterar

sua estabilidade. As incompatibilidades físicas e químicas, incluindo pH, reações de oxi-

redução e hidrólise, interação entre os componentes da formulação e com o material de

embalagem, são consideradas fatores intrínsecos. Fatores extrínsecos relacionados aos

materiais de embalagem, processo de fabricação, condições ambientais e de transporte,

também poderão influenciar na estabilidade.

A utilização de produtos com filtros solares tem sido alvo de interesse cada vez

maior da população, para amenizar os efeitos nocivos do sol. Não só as indústrias cosméticas,

mas também as farmácias magistrais desenvolvem formulações fotoprotetoras para atender às

prescrições de dermatologistas. De acordo com a RDC 67/ 2007 e RDC 87/ 2008, a

determinação do prazo de validade de preparações magistrais deve ser baseada na avaliação

físico-química dos ativos e considerações sobre sua estabilidade.

A estabilidade é definida como a amplitude na qual um produto mantém dentro de

limites especificados, as mesmas propriedades e características que possuía após a fabricação,

durante o seu período de armazenamento e uso. Sua avaliação faz-se necessária para assegurar

a qualidade da formulação, desde a fabricação até a expiração do prazo de validade (BRASIL,

2004).

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O estudo de estabilidade de produtos cosméticos visa fornecer informações que

orientam o desenvolvimento da formulação e do material de acondicionamento. Fornece

subsídios para o aperfeiçoamento das formulações; estima o prazo de validade; auxilia no

monitoramento da estabilidade organoléptica, físico-química e microbiológica para

proporcionar maior segurança dos produtos cosméticos e farmacêuticos (BRASIL, 2004;

ISAAC et al., 2008).

De acordo com Pianoviski et al. (2008), na área cosmética não existe nenhum

protocolo oficial padronizando os testes de estabilidade, pois estes devem ser adequados aos

objetivos do formulador, da forma cosmética e dos constituintes da formulação. No entanto,

com o propósito de direcionar as indústrias cosméticas e/ou os formuladores, a Agência

Nacional de Vigilância Sanitária publicou um Guia de estabilidade sugerindo parâmetros de

avaliação e os testes de estabilidade (BRASIL, 2004).

De acordo com este Guia, os testes podem ser classificados de acordo com as

seguintes etapas: centrifugação, se aprovado segue para os testes seguintes denominados

preliminares, de triagem, ou ainda de curto prazo, tendo duração de aproximadamente 15 dias.

Estes testes têm o ob jetivo de auxiliar e orientar a escolha das formulações.

Em seguida são realizados os testes de estabilidade normal ou exploratória, também

denominada estabilidade acelerada. Têm duração aproximada de 90 dias e fornecem subsídios

para prever a estabilidade do produto, seu tempo de vida útil e a compatibilidade da

formulação com o material de acondicionamento. Além destes, recomenda-se realizar o teste

de prateleira, também denominado de longa duração ou shelf life que acompanha todo o

tempo de validade do produto.

Este trabalho teve como objetivo avaliar a estabilidade preliminar de duas

preparações de cremes contendo filtro solar, através de ensaios físico-químicos.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 - Estrutura da pele

O envelhecimento cutâneo tem adquirido grande importância nas últimas décadas,

despertando muito interesse na classe científica, que procura entender melhor este processo,

transformando-o em objeto de estudo.

A pele é um órgão de grande extensão e importância no organismo humano. É

responsável por diversas funções, como: proteção física, exercendo função barreira entre o

meio externo e interno; regulação térmica; percepção sensorial através da ocorrência de uma

vasta rede de estruturas muito especializadas que permitem a sensação de calor, frio, dor e

pressão. A pele participa também de diversas funções biológicas como a resposta inflamatória

e imune, pigmentação, crescimento piloso, cicatrização e síntese da vitamina D

(LANGRAND et al., 2006 ; HEGEDUS et al., 2006).

Embora ocorra o comprometimento das funções da pele ao longo da idade, seu

principal papel como barreira protetora do organismo frente a diversas agressões de agentes

externos, raramente falha no decorrer dos anos. Mas, como a pele é responsável também pela

aparência externa do indivíduo, o fator envelhecimento o abala sensivelmente, estimulando-o

a buscar meios de retardar ou atenuar certas características adquiridas, como: rugas,

diminuição de tônus, perda de elasticidade e hidratação (SCOTTI, 2003).

A pele é formada de três camadas, da mais externa para a mais interna

respectivamente: epiderme, derme e hipoderme (Figura 1). A epiderme possui origem

ectodérmica e a derme origem endodérmica. A epiderme divide-se em subcamadas, que em

ordem de profundidade, são: a camada córnea (mais superficial), a camada lúcida, a camada

granulosa, a camada espinhosa e o estrato germinativo ou basal, que é a camada mais

profunda da epiderme. A camada córnea é a mais fina e superficial, sendo composta de

células mortas e queratinócitos, os quais são transformados em queratina de superfície. Este

processo de renovação celular ocorre por toda a vida, porém seu decaimento é um dos

principais fatores de manifestação do envelhecimento cutâneo, que pode ser percebido através

do afinamento da pele. A camada córnea é hidratada por um filme líquido chamado de manto

hidrolipídico, formado por água, sais minerais, enzimas, vitaminas e gorduras (JUNQUEIRA

e CARNEIRO, 1990; FREEDBERG et al., 2003).

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A camada ou estrato lúcido apresenta-se delgada, contendo células achatadas, com

citoplasma repleto de filamentos. A camada granulosa é formada por células secretoras de

substância fosfolipídica e glicosaminoglicanos que vedam a passagem de água e outras

substâncias entre elas. As células da camada ou estrato espinhoso possuem expansões

citoplasmáticas que mantém as células unidas pelos desmossomos, estruturas responsáveis

pela coesão entre as células. O estrato germinativo ou camada basal é uma estrutura

vascularizada que apresenta intensa atividade mitótica, responsável pela renovação e nutrição

da epiderme e demais camadas, sendo formada basicamente por colágeno tipo IV e

proteoglicanos (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1990; ROBERT, 1994).

Abaixo da epiderme, encontra-se a derme, constituída por um tecido conjuntivo

denso composto de células como fibroblastos, granulócitos e macrófagos e macromoléculas

sintetizadas pelos fibroblastos que formam a matriz extracelular (MEC), formada por

colágeno, elastina, glicosaminoglicanos e glicoproteínas de estrutura, que tem a função de se

comunicar com as células controlando suas atividades metabólicas. Ela é formada por duas

camadas pouco distintas: a derme papilar e a derme reticular (mais profunda). Ambas contêm

muitas fibras elásticas, vasos sanguíneos e linfáticos além de nervos. Nesta camada

encontram-se os pêlos, as glândulas sebáceas e sudoríparas, as unhas e diversas terminações

nervosas (ROBERT, 1994).

A ligação entre a derme reticular e a hipoderme é uma transição abrupta entre um

tecido dérmico conectivo e fibroso para um tecido predominantemente adiposo. De todo

modo, ambas as regiões são funcional e estruturalmente bem integradas através de

terminações nervosas e vasculares, que compõe a continuidade dos apêndices epidérmicos. De

origem mesenquimal, os adipócitos são as células primárias da hipoderme. Organizam-se em

glóbulos definidos por septos de tecido conectivo fibroso. A hipoderme exerce função de

isolamento, reserva energética e proteção. Permite ainda a mobilidade das estruturas

adjacentes (FREEDBERG et al., 2003).

2.2 - Envelhecimento cutâneo

Durante sua vida o indivíduo sofre diversas agressões por agentes físicos químicos

ou biológicos, que podem levar ao aparecimento de patologias ou alterar o processo de

envelhecimento. Os tecidos gradualmente passam por mudanças de acordo com a idade,

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sendo que, na pele, essas alterações são mais facilmente reconhecidas. Atrofia, enrugamento e

lassidão representam os sinais mais aparentes de uma pele senil (ORIÁ et al., 2003).

O envelhecimento intrínseco da pele é observado na epiderme como um reflexo das

modificações que ocorrem também no tecido conjuntivo da derme, que atua como um alicerce

natural para a epiderme. Nesta, nota-se a diminuição das células de Langherans e monócitos,

diminuição da síntese de melanossomas e menor pigmentação. Na derme, observa-se a

diminuição do colágeno, fibras elásticas, macrófagos e dilatação dos canais linfáticos. As

mudanças fisiológicas observadas são a diminuição do número de queratinócitos e

fibroblastos e redução da vascularização, principalmente próximo aos folículos pilosos e

glândulas (RAMOS e SILVA et al., 2001; ORIÁ et al., 2003).

Com o passar dos anos e principalmente após os 30 anos de idade, surgem rugas,

manchas de hiperpigmentação, redução na espessura da pele e dificuldade de cicatrização

(PEYREFITTE et al., 1998).

O envelhecimento cutâneo devido a fatores externos e principalmente influenciado

pela radiação solar é conhecido como envelhecimento extrínseco ou actínico. A exposição

solar excessiva pode causar diversos danos ao organismo, dentre eles, imunossupressão local

e sistêmica, fotoenvelhecimento precoce e, como principal fonte de preocupação, o

aparecimento de fotocarcinogênese (FISHER, et al., 2005).

O fotoenvelhecimento da pele é um processo complexo que se caracteriza pela perda

do tônus cutâneo, aumento da desidratação e ressecamento, elastose actínica, pigmentação

irregular e aparecimento de rugas mais profundas. Este fenótipo é causado por alterações nas

funções celulares e deterioração da matriz extracelular dos tecidos conectivos, levando a uma

desorganização das proteínas estruturais primárias como elastina e colágeno (FISHER, et al.,

2005; RABE, et al., 2006).

Bioquimicamente a pele fotodanificada apresenta modificações quantitativas e

qualitativas nas proteínas da matriz dérmica extracelular, entre elas colágeno,

glicosaminoglicanos e elastina, como pode ser visto na Figura 2 (ORIÁ et al., 2003). As

metaloproteinases de matriz (MMPs) são uma família de enzimas capazes de degradar a maior

parte dos componentes conectivos e proteínas da matriz dérmica. Estudos demonstraram uma

relação dose-dependente entre as MMPs e a radiação UVA e UVB (WLASCHEKA, et al.,

2003; FISHER, et al., 2005).

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2.3 - Radiação solar e fotoenvelhecimento

Os raios ultravioletas dividem-se em UVA (320-400 nm), UVB (290-320 nm) e

UVC (200-290 nm). A radiação solar abaixo de 290 nm praticamente não atinge a superfície

terrestre, sendo absorvida pela camada estratosférica de ozônio (JAHAN, 1990).

A radiação UV é responsável por 90% dos danos causados a pele e assim como os

raios infravermelhos (IV) os quais penetram mais profundamente na pele, afetando em

conjunto a renovação celular, diminuindo a elasticidade da pele devido ao aumento das

MMPs elastase e colagenase (GASPARRO et al., 1998). A radiação UVB (em torno de

300nm) é suficientemente energética para penetrar no estrato córneo e epiderme causando

queimaduras severas ou eritemas. A radiação UVA em torno de 350 nm alcança a derme

estimulando a formação de melanina a qual protege a pele de queimaduras imediatas. No

entanto, embora os raios UVA possuam menor energia que os raios UVB, os raios UVA

penetram na derme causando também elastose, isto é, a perda das estruturas de suporte natural

e elasticidade da pele (SHAAT, 1990).

Sabe-se que as radiações UVA e UVB estimulam a formação de peróxidos

Citotóxicos (radicais livres) que estão intimamente relacionados ao fotoenvelhecimento

cutâneo. Para exercer seus efeitos nas células, a energia eletromagnética inerente à radiação

UV, deve ser absorvida pelos cromóforos celulares existentes, tais como DNA, porfirinas,

ácido urocânico e aminoácidos aromáticos. Estes cromóforos, quando excitados, podem reagir

com o oxigênio molecular, resultando em espécies reativas de oxigênio (ROS)

(LONGSTRETH et al., 1998; FISHER et al., 2005).

Podemos classificar as ROS em duas categorias distintas: radicais livres,

representados por radicais superóxido e hidroxil; e compostos não radicais, como por exemplo

oxigênio singlete e peróxido de hidrogênio. Os radicais livres são necessários à vida, pois

participam e promovem uma série de reações necessárias à manutenção do organismo. Deve-

se ter em mente porém, a necessidade de um equilíbrio orgânico, evitando-se a produção

excessiva destas espécies, frente às defesas naturais antioxidantes existentes no organismo

(CADENAS et al., 2000; FISHER, et al., 2005).

2.4 - Filtros solares físicos e químicos

A utilização diária de fotoprotetores tornou-se imperativa nos dias atuais na

prevenção dos danos causados à pele. Diversos fatores ambientais contribuem para o aumento

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da exposição aos efeitos nocivos da radiação UV. O Brasil é o país com a maior área

intertropical do planeta, cujo ângulo de incidência da radiação solar é mais perpendicular,

intensificando assim os seus efeitos. Os fotoprotetores devem ser capazes de absorver ou

refletir a radiação incidente protegendo o indivíduo dos danos que podem ser causados pela

radiação (SANTOS et al., 1999).

Atualmente podemos encontrar dois tipos de filtro solar. Os chamados filtros físicos

os quais formam uma barreira física na pele e agem refletindo a radiação (óxido de zinco e

dióxido de titânio), e os filtros químicos, que constituem substâncias capazes de absorver a

radiação solar (energia eletromagnética) na forma UV e emitir a radiação transformada em

outro tipo de energia (SHAAT, 1997). Dentre os filtros químicos destacam-se atualmente os

chamados filtros naturais, que são, em sua maioria, substâncias isoladas de espécies botânicas

que promovem ou contribuem para o aumento da eficácia fotoprotetora das formulações

(GARCIA, 1996; da SILVA et al., 2005).

A eficácia dos filtros solares é proporcional à sua concentração e dependente da

capacidade de absorção da energia radiante. Quanto mais amplo o espectro de associação de

filtros solares e quanto mais sinérgica for a mistura, maior será o espectro de proteção solar,

aumentando sobremaneira a eficácia da formulação (DE PAOLA e RIBEIRO, 1998;

SANTOS et al., 2001).

Formulações antisolares eficazes devem também ser estáveis na pele, não devem

provocar irritação ou sensibilização e não devem apresentar fototoxicidade. É necessário

observar a aceitação cosmética da formulação, que deve levar em conta a relação entre a

concentração dos filtros solares e o fator de proteção solar (FPS) desejado, ter boa

espalhabilidade e cobertura na superfície cutânea, mas não deve permitir a penetração dos

filtros na pele ou mucosas (NOHYNEK et al., 2001).

2.5 - Estudo da Estabilidade de produtos cosméticos

O estudo da estabilidade das formulações fornece informações sobre o grau de

estabilidade relativa de um produto nas diversas condições a que possa estar sujeito, desde a

fabricação até o término da sua validade (ANVISA.CATEC, 2004).

Este estudo contribui para a orientação no aperfeiçoamento das formulações, do

material adequado de acondicionamento, na estimativa do prazo de validade e informações

sobre confiabilidade e segurança dos produtos. Segundo o guia de estabilidade de produtos

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cosméticos (ANVISA.CATEC, 2004), é recomendável que se viabilize um estudo de

estabilidade preliminar, com duração de até 15 dias, a fim de se testar o produto em sua fase

inicial de desenvolvimento.

O estudo de estabilidade acelerada, também conhecida como exploratória, objetiva o

fornecimento de dados preditivos do tempo de vida útil e a compatibilidade da formulação

com o material de acondicionamento. É empregado em escala laboratorial e piloto de

fabricação. Possui duração de 90 dias, podendo se estender por seis meses a um ano. De um

modo geral, avalia-se características organolépticas, físico-químicas e microbiológicas.

O teste de prateleira, shelf life ou estudo de estabilidade de longa duração, valida

limites de estabilidade do produto e comprova o prazo de validade estimado nos testes de

estabilidade acelerada. As amostras são armazenadas a temperatura ambiente e analisadas

periodicamente até que o se expire o prazo de validade.

De um modo geral, as condições de estresse aconselhadas são:

° estufa: 37; 40; 45 ou 50 ± 2°C;

° geladeira: 5 ± 2°C;

° freezer –5 ou –10 ± 2°C.

Para os testes preliminares pode-se adotar ciclos de estresse de 24 horas alternando a

armazenagem em intervalos regulares de tempo em estufa, geladeira ou freezer

(ANVISA.CATEC, 2004).

O prazo de validade provisório de 24 meses é concedido caso o relatório do estudo

de estabilidade acelerado de 12 meses apresente variação de teor menor ou igual a 5,0 % do

valor de análise inicial do lote, mantidas as demais especificações. Caso as variações de

doseamento estejam entre 5,1 e 10,0 % no estudo de estabilidade acelerado, o prazo de

validade provisório será de 12 meses. O prazo de validade definitivo será concedido para

produtos que apresentarem nos estudos de longa duração uma variação de doseamento dos

ativos dentro das especificações farmacopéicas ou do método validado de acordo com a

legislação em vigor (ANVISA, 2005).

2.6 - Fatores Extrínsecos e Intrínsecos

Diversos fatores podem influenciar na estabilidade das formulações. Os fatores

extrínsecos ou externos considerados no estudo da estabilidade de cosméticos são: processos

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de envelhecimento que ocorrem em conseqüência do tempo, temperatura de armazenamento e

de exposição a luz (fotosensibilidade dos componentes), oxigênio (geração de radicais livres e

reações de oxi-redução), umidade, além do material de acondicionamento, contaminação

microbiológica e vibração relacionada ao transporte (ANVISA.CATEC, 2004).

Dentre os fatores intrínsecos encontramos as incompatibilidades físicas e químicas.

Estes fatores estão relacionados à natureza das formulações e principalmente à interação das

substâncias entre si ou com o material de acondicionamento. As incompatibilidades físicas

são observadas quando ocorrem alterações no aspecto físico da formulação, como:

precipitação, separação de fases, cristalização, entre outros. As incompatibilidades químicas,

dizem respeito às reações químicas propriamente ditas que podem ocorrer entre os

componentes da formulação e relacionam-se com a integridade e segurança dos ativos. Os

principais fatores são:

pH;

Reações de oxi- redução;

Hidrólise;

Interação entre componentes da formulação;

Interação entre os componentes e material de acondicionamento.

2.7 - Formulações gel-creme

As formulações gel-creme adquiriram grande força e aceitação no mercado

brasileiro a partir das farmácias de manipulação, que tiveram grande demanda para

desenvolver formulações do tipo “oil- free”, com menor quantidade possível de óleos e com

aspecto de creme. De um modo geral, elas são constituídas de uma base em gel,

emulsificantes, substâncias oleosas ou silicones, adquirindo um aspecto leitoso ou cremoso. O

gel é um sistema solvente-polímero, que contém uma rede tridimensional de ligações bastante

estáveis, quase não afetadas por movimento térmico. Podem ser subdivididos em dois grupos,

dependendo das ligações entre as cadeias da rede. Os do tipo I são sistemas irreversíveis com

uma rede tridimensional formada por ligações covalentes entre as macromoléculas. Os géis do

tipo II, mais comumente usados em farmácia, são reversíveis pelo calor e mantidos por

ligações intermoleculares do tipo ligação hidrogênio (FLORENCE e ATWOOD, 2003).

O gel-creme é uma emulsão cuja fase aquosa está previamente gelificada pelo

polímero hidrófilo gelificante. Os agentes gelificantes empregados na formação do gel-creme

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são usualmente os mesmos utilizados para a obtenção de um hidrogel, como por exemplo,

carbopol (carbomer) e natrosol (FERREIRA, 2002; FERNANDEZ-MONTES, 2005;

MARTINI, 2005).

Devida atenção deve ser dada às possíveis incompatibilidades entre o agente

gelificante e os ativos empregados. Formulações com pH ácido, devem utilizar gelificantes

não iônicos, para se evitar a quebra da rede tridimensional do gel (FERNANDEZ-MONTES,

2005).

Do ponto de vista galênico o gel-creme apresenta maior consistência em relação às

emulsões originais. Do ponto de vista dermocosmético, as formulações gel-creme acentuam o

grau de evanescência da emulsão original, desde que não contenha em sua fase oleosa, alta

concentração de substâncias graxas de alta oclusão (FERNANDEZ-MONTES, 2005). Devido

à baixa concentração de substâncias oleosas, a formulação gel-creme apresenta sensação tátil

de gel, com certa refrescância, especialmente para peles oleosas e mistas, podendo ser

utilizada por todos os tipos de pele, dependendo, porém, dos demais componentes agregados

(MARTINI, 2005).

Diversas macromoléculas de polímeros atuam também como agentes emulsificantes,

alterando as forças hidrodinâmicas da emulsão durante o processo de agitação, devido a sua

influência nas propriedades reológicas (ECCLESTON, 2002).

Recentemente, diferentes matrizes de géis aquosos (hidrogéis), como carbomer 940,

goma xantana e carragena, vêm sendo utilizadas para aumentar a viscosidade de emulsões e

microemulsões. A adição destes polímeros tornou as microemulsões estudadas mais

apropriadas para uso tópico e com ótima estabilidade (CHEN, 2006).

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 M ATERIAIS UTILIZADOS

• Agente de consistência e agente emulsifcante

- cera auto-emulsionante não iônica – Polawax ®. Fornecedor: Deg – Importadora de

Produtos Químicos Ltda.

• Emolientes

- óleo de silicone. Fornecedor: Galena – Química e Farmacêutica Ltda.

- óleo de amêndoas. Fornecedor: Deg – Importadora de Produtos Químicos Ltda.

- estearato de octila. Fornecedor: Deg – Importadora de Produtos Químicos Ltda.

• Estabilizante de emulsões

- base de absorção de lanolina – Base líquida®. Deg – Importadora de Produtos

Químicos Ltda.

• Conservantes

- propilparabeno – Nipa zol® . Fornecedor: Deg – Importadora de Produtos Químicos

Ltda.

- metilparabe no –Nipagin®. Fornecedor: Deg – Importadora de Produtos Químicos

Ltda.

• Filtro solar orgânico

- hydroxy-4-methoxybenzophenone (oxybenzona ou Benzofenona-3) – Eusolex 4360®

Fornecedor: Galena – Química e farmacêutica Ltda.

- p-metoxicinamato de 2-etil-hexila – Parsol MCX®: Fornecedor: Deg – Importadora de

Produtos Químicos Ltda.

• Filtro solar inorgânico

- dióxido de titânio micronizado. Fornecedor: Galena – Química e farmacêutica Ltda.

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• Antioxidante

- butilhidroxitolueno (BHT). Fornecedor: Galena: Galena – Química e farmacêutica

Ltda.

• Agente quelante

- sal sódico do ácido etilenodiaminotetracético (EDTA –Na2). Fornecedor: Deg –

Importadora de Produtos Químicos Ltda.

• Princípio ativo anti-radical livre/ emoliente

- vitamina E oleosa. Fornecedor: Galena – Química e Farmacêutica Ltda.

• Corretivo de pH

-trietanolamina. Fornecedor: PharmaSpecial – Especialidades Químicas Ltda.

• Agente espessante hidrofílico

- polímero do ácido carboxivinílico – Carbopol 940®. Fornecedor: Galena – Química e

Farmacêutica Ltda.

• Umectante

- propilenoglicol. Fornecedor: Pharma Nostra.

• Fragrância

- essência Floral suave. Fornecedor: Galena – Química e Farmacêutica Ltda.

• Veículo

- água destilada

3.2 EQUIPAMENTOS E OUTROS MATERIAIS

• Peagâmetro – Tecnal® .

• Balança semi analítica – Marte®.

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• Centrífuga – Quimis®, modelo: Q-222 T1 série: 902990.

• Estufa com termômetro digital – Tecnal® , modelo Te-398/2.

• Refrigerador Cônsul® 275 L, modelo: CRA 30E.

• Termômetro - Incoterm® .

• Vidros transparentes de 200g, com tampa rosca.

• Fogareiro

• Recipiente de alumínio para banho-maria

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3.3 MÉTODOS

Para o desenvolvimento das formulações foram levadas em consideração as

matérias-primas normalmente utilizadas em farmácias magistrais que pudessem ser

associadas, para obtenção de um produto de boa espalhabilidade, com boa formação de filme

sobre a pele, seguro e eficaz. Foi realizada a escolha da forma cosmética e das matérias-

primas utilizadas como ativos e excipientes.

A tabela 1 descreve os componentes dos cremes não iônicos preparados pelo método

do béquer. A fase oleosa (Fase A) foi aquecida separadamente até 75 - 80ºC. A fase aquosa

(Fase B) foi vertida sobre a fase oleosa e homogeneizada manualmente até 40ºC. Em seguida

foi incorporada Fase C, a qual continha os componentes termos sensíveis (ALLEN JUNIOR,

1999).

TABELA 1: Diferenças entre as formulações desenvolvidas

Componentes FÓRMULA

A

FÓRMULA

B

Fase A (oleosa)

Cera auto-emulsionante não iônica 14% 14%

Base de absorção de lanolina 2% 2%

Estearato de octila 3% 3%

Óleo de silicone 1% 1%

Metoxicinamato de 2-etil-hexila 7% 7%

Benzofenona-3 4% 4%

Dióxido de titânio micronizado 0,50% 0,50%

B.H.T. 0,02% 0,02%

Propilparabeno 0,05% 0,05%

Fase B (aquosa)

EDTA-Na 2 0,10% 0,10%

Propilenoglicol 3% 3%

Dispersão de Carbopol 2% 8%- -

Trietanolamina 0,15% -

Metilparabeno 0,10% 0,10%

Água destilada qsp 100,0g 100,0g

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Fase C

Fragrância 0,2% 0,2%

Vitamina E oleosa 0,5% 0,5%

Foram preparadas 200g de cada formulação. Após 24 horas as amostras foram

caracterizadas com relação às suas características organolépticas: aspecto, cor, odor,

estabilidade após centrifugação e pH. (BRASIL, 2004).

3.4 ANÁLISES 3.4.1 Características organolépticas

Os cremes foram avaliados em relação às suas propriedades organolépticas por

observação visual. Foram avaliados:

- aspecto: creme, homogêneo.

- cor: branca

- odor: levemente floral

3.4.2 Determinação do pH

As amostras foram submetidas à avaliação de pH, através de determinação

potenciométrica utilizando-se um peagâmetro previamente calibrado, através de leitura direta

na formulação. Foram realizadas três avaliações diretamente em cada amostra, obtendo-se a

média. O teste foi realizado em temperatura ambiente (STULTZER, 2006).

3.4.3 Teste de centrifugação

Em tubo de ensaio cônico, graduado, para centrífuga foram adicionadas 5,0g de cada

formulação em duplicata, pesadas em balança semi-analítica e submetidas à centrifugação a

3000 rpm por 30 minutos, a temperatura ambiente.

3.4.4 Estresse térmico - Ciclo gela/degela

As formulações 1 e 2 foram fracionadas em potes de vidro transparentes, fechadas

com tampa rosca. Ambas em duplicatas (A1 e A2, B1 e B2) e submetidas ao estresse térmico,

através de 6 ciclos de gela/degela, nas seguintes temperaturas: 5 ± 2 º C e à 37ºC, por 24 horas

cada um. Uma amostra foi acondicionada em temperatura ambiente, protegida da luz e, foi

utilizada como amostra controle das formulações (BRASIL, 2004). A cada ciclo as amostras

eram submetida s aos seguintes ensaios: de centrifugação, determinação do pH e verificação

das características organolépticas: cor, odor, e aspecto. As amostras foram avaliadas e

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comparadas com a amostra controle, observando-se possíveis alterações como sinais

indicativos de instabilidade, através dos seguintes parâmetros:

Aspecto:

As amostras foram classificadas segundo os seguintes critérios:

1. Normal sem alteração; 2. Levemente separado ou levemente precipitado 3. Separado ou

precipitado.

Cor:

As amostras foram classificadas segundo os seguintes critérios:

1. Normal: sem alteração; 2. Levemente modificada; 3. Intensamente modificada.

Odor:

Comparou-se o odor da amostra com a do padrão estabelecido, diretamente através

do olfato. A amostra pode ser classificada segundo os seguintes critérios:

1. Normal sem alteração; 2. Levemente modificado; 3. Intensamente modificado.

Após as avaliações as amostras eram descartadas.

Teste de Centrifugação:

Após centrifugação as amostras foram observadas visualmente, verificando a

ocorrência ou não de alterações, seguindo os parâmetros.

1. estável; 2. levemente não homogênea; 3. iniciando separação; 4. separação total das fases.

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4. RESULTADOS

A tabela 2 apresenta os resultados obtidos a partir da amostra no tempo zero T0 (24

horas após a preparação) e nos tempos (T1, T2, T3, T4, T5, T6) após cada ciclo de

gela/desgela.

TABELA 2: Resultados no tempoT0, T1, T2, T3, T4 , T5, T6)

Amostras pH

(média)

Cor Odor Aspecto Centrifugação

T0 A padrão 6,47 Branco Floral, Suave Creme homogêneo Estável

T0 B padrão 5,92 Branco Floral, Suave Creme homogêneo Estável

T1 A1 6,38 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T1 A2 6,32 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T1 B1 6,04 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T1 B2 6,03 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T2 A1 6,33 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T2 A2 6,33 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T2 B1 6,07 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T2 B2 6,04 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T3 A1 6,32 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T3 A2 6,43 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T3 B1 6,00 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T3 B2 6,03 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T4 A1 6,33 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T4 A2 6,36 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T4 B1 6,04 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T4 B2 6,01 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T5 A1 6,36 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T5A2 6,32 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T5 B1 6,03 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T5 B2 6,03 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

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T6 A1 6,32 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T6 A2 6,36 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T6 B1 6,03 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

T6 B2 6,01 sem alteração sem alteração sem alteração Estável

Foram demonstradas as médias de pH em todos os ciclos (T0 – T6) e, realizadas as

comparações das amostras com os padrões quanto às características macroscópicas. Todas as

amostras armazenadas nas diferentes temperaturas testadas apresentaram-se estáveis, ou seja,

se mantiveram homogêneas. Os valores referentes ao pH, tanto na formulação A quanto na

formulação B, sofreram alterações não significativas durante os 6 ciclos em que os testes

foram realizados,permanecendo dentro do pH fisiológico da pele.

A formulação A e a formulação B apresentaram-se com aspecto cremoso, com cor

branca e odor floral. A formulação 1 apresentou-se com um aspecto cremoso com menos

“dureza” que a formulação B, devido a incorporação do espessante hidrofílico, com relação à

formulação 2 que continha somente cera auto-emulsionante. As duas formulações

permaneceram estáveis ao teste de centrifugação, então foram submetidas às outras condições

de tensão, como o ciclo gela-degela, caracterizando a estabilidade preliminar, totalizando 6

ciclos de 24 horas a 5,0ºC ± 2,0ºC, e 24 horas a 37 ºC. As amostras analisadas permaneceram

estáveis, não havendo sinais de separação de fases, durante o teste preliminar de

centrifugação, demonstrando compatibilidade entre os componentes das formulações e

equilíbrio nas concentrações dos componentes.

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5. DISCUSSÃO

Foram propostas duas diferentes formulações contendo filtros solares (A e B). Após

24 horas as amostras foram caracterizadas com relação às propriedades organolépticas e em

seguida submetidas ao teste preliminar de centrifugação. O tempo de 24 horas é necessário

porque a emulsão não adquire o equilíbrio perfeito imediatamente após o preparo, é

necessário um tempo de espera para que haja a estabilização, sendo usualmente preconizado

24-48 horas após o preparo (MORAIS, 2006).

O teste da centrifugação teve como objetivo avaliar, em curto espaço de tempo,

possíveis instabilidades físicas e químicas que pode m atingir as formulações. Este teste

produz estresse na amostra simulando um aumento na força de gravidade, fazendo com que

haja uma maior mobilidade das partículas e antecipando possíveis instabilidades que poderão

ser observadas através de precipitação ou separação de fases (ANVISA, 2004).

A diferença entre a formulação A e a formulação B é a presença de um agente

espessante hidrofílico, o polímero do ácido carboxivinílico na formulação B. Este espessante

é importante porque fornece ao creme um toque mais seco à pele, ou seja, menos oleoso, que

é exigido para peles com tendência à oleosidade, ao mesmo tempo, favorece a viscosidade da

fase aquosa da emulsão, favorecendo sua estabilidade em concentrações baixas e possuindo

boa compatibilidade com a pele (TADROS, apud PIANOVISSKI, 2008).

A instabilidade de uma emulsão pode se manifestar das seguintes formas: -

cremagem acontece quando as gotículas da fase dispersa sobem para a superfície da

formulação devido à baixa Densidade da fase dispersa; - floculação: quando a força de

repulsão entre as gotículas da fase dispersa é diminuída, devido principalmente à baixa

concentração de agente emulsionante e, elas se associam de maneira fraca. Este processo é

reversível por agitação; - coalescência: as gotículas da fase interna se unem e formam uma

única gotícula sendo este processo irreversível e a inversão de fase quando a fase externa

torna-se interna e vice-versa (PIANOVISSKI, 2008).

Vários fatores podem comprometer a estabilidade físico-química e microbiológica de

um sistema emulsionado, como a escolha de constituintes incompatíveis, tipo e concentração

de emulsificantes, velocidade de agitação, tempo de aquecimento e arrefecimento,

quantidades das fases, temperatura e ambiente de estocagem e contaminação por

microrganismos (SILVA, SOARES, 1996; SCHUELLER, ROMANOWSKI, 2000).

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À medida que as emulsões tornam-se instáveis, suas características físico-químicas

variam. Para observar estas variações pode-se determinar o valor do pH, viscosidade,

densidade, teste de centrifugação, condutividade elétrica, tamanho da partícula, entre outros

(BRASIL, 2004). As amostras foram submetidas a condições de estresse com o objetivo de

acelerar o surgimento de possíveis sinais de instabilidade, que poderiam ser causados por

possíveis alterações intrínsecas, relacionadas à natureza das formulações e, sobretudo, à

interação de seus ingredientes entre si ou com o material de acondicionamento (BRASIL,

2004).

Os estudos de estabilidade propostos neste trabalho forneceram informações que

indicam o grau de estabilidade relativa das formulações em diversas condições de exposição a

que possa estar sujeito, tais testes são muito importante para que novas formulações sejam

desenvolvidas. Os testes podem ser realizados em farmácias magistraias, na triagem

deformulações. As amostras mostraram-se muito semelhantes ao padrão e as características

organolépticas não sofreram alterações aparentes durante nenhum ciclo realizado.

Sendo assim, tanto a formulação A quanto a formulação B, quando submetidas à

análise preliminar, tiveram apenas uma pequena variação de pH que não caracteriza como

alteração discrepante, os resultados apresentados foram os esperados, indicando que as

formulações possuem estabilidade.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para que uma emulsão possua boa qualidade, esta deve ser submetida a diversos

testes de estabilidade. Neste trabalho, os cremes contendo fotoprotetores mostraram-se

estáveis em relação aos testes preliminares de estabilidade, porém, este não é suficiente para

assegurar uma total qualidade do produto, a partir deste trabalho, testes de estabilidade

acelerada podem ser desenvolvidos, com o intuito de assegurar a estabilidade de uma fórmula

que atenda requisitos importantes em fotoprotetores, além de testes de determinação do FPS.

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