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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE FARMÁCIA PRISCILA AGLIO DE SOUZA DETERMINAÇÃO DO FATOR DE PROTEÇÃO SOLAR IN VITRO E AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE PRELIMINAR DE EMULSÃO DE ÁGUA EM SILICONE CONTENDO EXTRATOS DE Ginkgo biloba L. (Ginkgoaceae) E PRÓPOLIS VERDE JUIZ DE FORA 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE FARMÁCIA

PRISCILA AGLIO DE SOUZA

DETERMINAÇÃO DO FATOR DE PROTEÇÃO SOLAR IN VITRO E AVALIAÇÃO DA

ESTABILIDADE PRELIMINAR DE EMULSÃO DE ÁGUA EM SILICONE CONTENDO

EXTRATOS DE Ginkgo biloba L. (Ginkgoaceae) E PRÓPOLIS VERDE

JUIZ DE FORA

2016

PRISCILA AGLIO DE SOUZA

Determinação do fator de proteção solar in vitro e avaliação da estabilidade preliminar de

emulsão de água em silicone contendo extratos de Ginkgo biloba L. (Ginkgoaceae) e própolis

verde

JUIZ DE FORA

2016

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao corpo

docente da Faculdade de Farmácia da Universidade

Federal de Juiz de Fora como parte dos requisitos

para obtenção do título de Farmacêutica.

Orientador: Prof. Dr. Guilherme Diniz Tavares

Co-orientadora: Profa. Dra. Fabíola Dutra Rocha

FOLHA DE APROVAÇÃO

Determinação do fator de proteção solar in vitro e avaliação da estabilidade preliminar de

emulsão de água em silicone contendo extratos de Ginkgo biloba L. (Ginkgoaceae) e própolis

verde

PRISCILA AGLIO DE SOUZA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao corpo docente da Faculdade de Farmácia da

Universidade Federal de Juiz de Fora como parte dos requisitos para obtenção do título de

Farmacêutica.

Aprovado em: ____/____/____

Banca examinadora:

_________________________________________________

Professor Dr. Guilherme Diniz Tavares

Orientador – Universidade Federal de Juiz de Fora

_________________________________________________

Professor Dr. Hudson Caetano Polonini

SUPREMA - Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora

_________________________________________________

Professora Dra. Fernanda Maria Pinto Vilela

Universidade Federal de Juiz de Fora

“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas

do homem foram conquistadas do que parecia impossível.”

Charles Chaplin

AGRADECIMENTOS

“Agradecer é reconhecer que o homem jamais poderá lograr para si o dom de ser

autossuficiente“ (Autor desconhecido)

Agradeço em primeiro lugar a Deus, por sempre guiar e iluminar meu caminho, por toda

sabedoria e força necessária para concluir está etapa da minha vida.

Agradeço do fundo do meu coração aos meus pais queridos, Rosinéia e Domingos, que

sempre estiveram lutando e torcendo por mim. A vocês minha eterna gratidão.

A minha irmã Maria Clara pelo seu carinho, amor e afeto.

A minha madrinha Maria Inês por seu amor incondicional durante toda a minha vida e por

sempre acreditar em mim, jamais terei palavras o suficiente para lhe agradecer.

Ao meu noivo, Rômulo, por todo amor e carinho, demonstrando sempre paciência nas longas

conversas de receios e dúvidas com relação a esse trabalho. Muito obrigada por me ajudar

durante todo esse tempo e tornar esse sonho possível.

Aos meus avós que tão bem me acolheram em sua casa. Obrigada por fazerem eu me sentir

em casa.

A minha família por todo apoio e incentivo demonstrado.

A minha querida amiga Carla por sua amizade durante toda a faculdade, por me compreender

apenas pelo olhar, pelo incentivo, carinho e companheirismo durante esta caminha.

Aos meus companheiros do Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos

Cosméticos, pois trabalhando juntos tornamos possível esse sonho para todos nós.

A todos do Laboratório de Farmacognosia que tanto contribuíram para a realização deste

trabalho.

Agradeço a minha co-orientadora professora Fabíola Dutra Rocha, pela orientação em vários

momentos.

Agradeço em especial ao meu orientador professor Guilherme Diniz Tavares por acreditar em

mim. Muito obrigada por ter me dado à chance de trilhar este caminho que culminou na

geração deste trabalho.

A todos os professores da Faculdade de Farmácia de Juiz de Fora, que contribuíram para a

minha formação.

RESUMO

Extratos vegetais que apresentam grande quantidade de substâncias antioxidantes têm sido

muito utilizados em produtos cosméticos, devido à sua grande capacidade de proteger a pele

contra os danos causados pela radiação ultravioleta. Nesse contexto, este trabalho teve como

objetivo desenvolver uma formulação cosmética à base de silicone, contendo extratos vegetais

de Ginkgo biloba L. e própolis verde, a fim de estimar, in vitro, seu fator de proteção solar

(FPS) e sua estabilidade preliminar. Para isso, duas formulações-base contendo diferentes

tipos de silicone (DC245®, DC 9011

® e DC5225

®) foram preparadas e avaliadas com relação

às características organolépticas, tendência à separação de fases, pH e espalhabilidade. Por

meio dos resultados obtidos, foi selecionada a formulação à base do silicone

DC245®/DC9011

®, a qual apresentou melhor sensorial, visto que nos demais critérios as

formulações apresentaram características idênticas. Posteriormente, foram desenvolvidas

formulações contendo os extratos em estudo incorporados individualmente nas concentrações

de 2,5 e 5% (p/p). Esses produtos foram avaliados com base em suas características

organolépticas, tendência à separação de fases, pH e fator de proteção solar (FPS) in vitro. Em

todos os casos, os resultados mostraram-se adequados em relação ao aspecto, estabilidade

frente à centrifugação e pH. Por outro lado, os valores de FPS obtidos sugerem que o extrato

de própolis verde apresente maior capacidade de absorção da radiação UVB [FPS = 12,0 e

21,5 para as concentrações de 2,5 e 5% (p/p), respectivamente] quando em comparação ao

extrato de Ginkgo biloba L. [FPS = 2,1 e 3,5 para as concentrações de 2,5 e 5% (p/p),

respectivamente]. Finalmente, visando avaliar a possibilidade de efeito aditivo no FPS, os

extratos foram associados à formulação-base na concentração de 2,5% (p/p). Apesar de

apresentar características organolépticas e físico-químicas adequadas, bem como valor de FPS

que indica efeito sinérgico dos extratos (FPS = 16,7), os resultados relativos ao estudo de

estabilidade preliminar apontam para a necessidade de adequações na formulação, já que a

mesma manteve sua estabilidade física apenas quando armazenada sob refrigeração.

Palavras-chave: Ginkgo biloba L., Própolis verde, Emulsão de Silicone, Fator de Proteção

Solar, Estabilidade Preliminar.

ABSTRACT

Plant extracts that have large amounts of antioxidants have long been used in cosmetics due to

its great ability to protect the skin against damage caused by ultraviolet radiation. In this

context, this study aimed to develop a cosmetic formulation based on silicone containing plant

extracts of Ginkgo biloba L. and green propolis in order to estimate, in vitro, its sun

protection factor (SPF), and its primary stability . For this, two base formulations containing

different types of silicone (DC245®, DC 9011

® and DC5225

®) were prepared and evaluated

with respect to organoleptic characteristics, tendency to phase separation, pH and

spreadability. Through the results, was selected formulation based on silicone

DC245®/DC9011

® which showed the best sensory criteria other whereas in the formulations

showed similar characteristics. Subsequently, formulations have been developed containing

the extracts studied individually incorporated in concentrations of 2.5 and 5% (w/w). These

products were evaluated based on their organoleptic characteristics, tendency to phase

separation, pH and sun protection factor (SPF) in vitro. In all cases, the results showed

adequate for appearance, stability to centrifugation and pH. On the other hand, the SPF values

obtained suggest that the present green propolis extract more capacity UVB radiation

absorption [SPF = 12.0 and 21.5 for concentrations of 2.5 and 5% (w/w) respectively] as

compared to Ginkgo biloba L. extract [SPF = 2.1 and 3.5 for concentrations of 2.5 and 5%

(w/w), respectively]. Finally, to evaluate the potential additive effect on SPF, the extracts

were associated with the base formulation at 2.5% (w/w). Although of suitable organoleptic

and physicochemical characteristics, as well as SPF value that indicates the synergistic effect

of the extracts (SPF = 16.7), the results of the preliminary stability study points to the need for

adjustments in the formulation, as it maintained its physical stability only when stored under

refrigeration.

Keywords: Ginkgo biloba L., Green Propolis, Silicone Emulsion, Sun Protection Factor,

Preliminary stability.

LISTA DE ABREVIATURAS

ANVISA Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

A/O Emulsão água em óleo

A/S Emulsão água em silicone

CO2 Dióxido de carbono

DNA Ácido desoxirribonucleico

FPS Fator de Proteção Solar

IV Infravermelho

nm Nanômetros

NaCl Cloreto de sódio

µm Micrômetro

µL Microlitro

O/A Emulsão óleo em água

PABA Ácido p-aminobenzoico

PAF Fator de agregação plaquetária

pH Potencial hidrogeniônico

pI Ponto isoelétrico

RDC Resolução da Diretoria Colegiada

rpm Rotações por minuto

RNA Ácido ribonucleico

RUV Radiação Ultravioleta

UV Ultravioleta

UVA Ultravioleta A

UVA I Ultravioleta A I

UVA II Ultravioleta A II

UVB Ultravioleta B

UVC Ultravioleta C

Vis Visível

TiO2 Dióxido de titânio

ZnO Óxido de zinco

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Imagem do sol em 3D................................................................................... 18

Figura 2 Espectro eletromagnético.............................................................................. 19

Figura 3 Transição eletrônica das radiações UV e conversão em VIS e IV pelo

fotoprotetores orgânicos................................................................................

24

Figura 4 Ressonância de elétrons no PABA................................................................ 25

Figura 5 Esquema da estrutura molecular dos cinamatos............................................ 26

Figura 6 Esquematização geral da estrutura dos salicilatos........................................ 26

Figura 7 Ressonância de elétrons na estrutura molecular dos benzofenonas.............. 27

Figura 8 Estrutura química da avobenzona.................................................................. 27

Figura 9 Ginkgo biloba L. .......................................................................................... 29

Figura 10 Própolis marrom (A); própolis amarela (B); própolis verde (C) e própolis

vermelha (D).................................................................................................

32

Figura 11 Formulações à base do Silicone DC5225®

(A) e DC9011®

(B).................... 45

Figura 12 Formulação contendo o extrato de Ginkgo biloba L. a 2,5% (p/p) (A) e

5,0% (p/p) (B)................................................................................................

45

Figura 13 Formulação contendo o extrato de própolis verde a 2,5% (p/p) (A) e 5,0%

(p/p) (B).........................................................................................................

46

Figura 14 Formulação final, contendo os extratos associados de Ginkgo biloba L. e

própolis verde nas concentrações de 2,5% (p/p)...........................................

46

Figura 15 pH final das formulações-base. pH final da Formulação à base do Silicone

DC5225® (A) e DC9011

® (B).......................................................................

47

Figura 16 pH final das formulações. pH final após incorporação extrato de Ginkgo

biloba L. a 2,5% (p/p) (A). pH final após após incorporação do extrato de

própolis verde a 2,5% (p/p) (B). pH final após incorporação extrato de

Ginkgo biloba L. a 5,0% (p/p) (C). pH final após após incorporação do

extrato de própolis verde a 5,0% (p/p) (D). pH final após incorporação dos

extratos de Ginkgo biloba L. e própolis verde a 2,5% (p/p) (E)...................

49

Figura 17 Amostras submetidas ao teste de centrifugação. Formulação à base do

Silicone DC5225®, após centrifugação (A). Formulação à base do Silicone

DC9011®, após centrifugação (B)..................................................................

50

Figura 18 Amostras submetidas ao teste de centrifugação. Formulação contendo o

extrato de Ginkgo biloba L. a 2,5% (p/p) (A). Formulação contendo o

extrato de Ginkgo biloba L. a 5,0% (p/p) (B). Formulação contendo o

extrato de própolis verde a 2,5% (p/p) (C). Formulação contendo o extrato

de própolis verde a 5,0% (p/p) (D). Formulação final após incorporação

dos extratos de Ginkgo biloba L. e própolis verde a 2,5% (p/p)

(E)....................................................................................................................

51

Figura 19 Formulações submetidas ao teste de estabilidade preliminar. Imagens antes

e após o teste, respectivamente. Formulação controle (A). Formulação

exposta à luz (B). Formulação mantida em estufa (C). Formulação mantida

em ciclo Congelamento/Descongelamento (D). Formulação mantida em

geladeira (E)....................................................................................................

55

Figura 20 pH da formulação mantida em geladeira após termino do teste de

estabilidade.....................................................................................................

56

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Composição das formulações........................................................................ 38

Tabela 2 Relação entre o efeito eritematogênico e a intensidade da radiação em cada

comprimento de onda.........................................................................................

41

Tabela 3 Determinação do FPS das formulações pelo método Mansur (adaptado).... 52

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Apresentação das bases cosméticas adicionadas de filtros solares e seu

comportamento em relação à pele.................................................................

33

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 16

2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................... 18

2.1 Radiação Solar...................................................................................................... 18

2.1.1 Radiação Ultravioleta............................................................................... 20

2.2 Fotoprotetores....................................................................................................... 21

2.2.1 Filtros solares inorgânicos........................................................................ 22

2.2.2 Filtros solares orgânicos........................................................................... 24

2.2.3 Inconvenientes associados aos fotoprotetores ......................................... 27

2.2.4 Fotoprotetores de origem natural............................................................. 28

2.2.4.1 Ginkgo biloba L. ..................................................................... 29

2.2.4.2 Própolis.................................................................................... 31

2.3 Formulações cosméticas utilizadas em fotoproteção........................................... 33

2.3.1 Emulsões de silicone................................................................................ 35

3 OBJETIVOS................................................................................................................ 36

3.1 Objetivo geral....................................................................................................... 36

3.2 Objetivos específicos............................................................................................ 36

4 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................ 37

4.1 Materiais............................................................................................................... 37

4.1.1 Matérias-primas........................................................................................ 37

4.1.2 Reagentes e solventes............................................................................... 37

4.1.3 Equipamentos........................................................................................... 37

4.2 Métodos ............................................................................................................... 38

4.2.1 Desenvolvimento da formulação.............................................................. 38

4.2.1.1 Desenvolvimento das emulsões de água em silicone.............. 38

4.2.1.2 Caracterização das emulsões de água em silicone................... 39

4.2.1.2.1 Determinação das características organolépticas.. 39

4.2.1.2.2 Determinação do pH............................................. 39

4.2.1.2.3 Teste de centrifugação.......................................... 40

4.2.1.3 Incorporação dos extratos vegetais ......................................... 40

4.2.1.3.1 Fator de Proteção Solar in vitro............................ 40

4.2.1.3.2 Avaliação da estabilidade preliminar.................... 41

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 43

5.1 Desenvolvimento da formulação.......................................................................... 43

5.1.1 Desenvolvimento das emulsões de água em silicone.............................. 43

5.1.2 Caracterização das emulsões de água em silicone................................... 44

5.1.2.1 Determinação das características organolépticas..................... 44

5.1.2.2 Determinação do pH................................................................ 46

5.1.2.3 Teste de centrifugação............................................................. 49

5.1.3 Incorporação dos extratos vegetais........................................................... 51

5.1.3.1 Fator de Proteção Solar in vitro............................................... 51

5.1.3.2 Avaliação da estabilidade preliminar....................................... 54

6 CONCLUSÃO.............................................................................................................. 57

REFERÊNCIAS........................................................................................................... 58

16

1 INTRODUÇÃO

A radiação ultravioleta (RUV), que atinge a superfície terrestre, tendo como fonte

natural o sol, é responsável por provocar danos ao DNA, ao material genético, a oxidação

lipídica, carcinomas cutâneos, inflamação, rompimento da comunicação celular, modificação

na expressão dos genes, enfraquecimento da resposta imune da pele, queimaduras,

envelhecimento precoce e produção de radicais livres (RANGARAJAN; ZATS, 2003;

ARAUJO; SOUZA, 2008).

Embora a pele humana tenha diversos mecanismos de defesa contra as radiações

solares, estes tem se mostrado insuficientes para uma proteção efetiva (PURIM; LEITE,

2010). Ao atingir a pele humana desprotegida, a radiação UV tem efeito cumulativo,

acarretando em estresse oxidativo e, consequentemente, provocando um conjunto de reações

químicas e estruturais (BALOGH et al., 2011). Dessa forma, os protetores solares funcionam

com uma barreira protetora, reduzindo a quantidade de radiação UV absorvida pela pele

humana (ARAUJO; SOUZA, 2008). Pelo exposto, protetores solares são definidos como

substâncias de aplicação tópica em apresentações diversas que contenham em sua formulação

compostos que absorvem a radiação solar, minimizando seus efeitos deletérios (SCHALKA;

REIS, 2011).

Os filtros solares são compostos utilizados em cosméticos fotoprotetores, sendo

capazes de absorver ou refletir a radiação ultravioleta, a fim de prevenir ou reduzir os efeitos

prejudiciais da radiação solar na pele humana (RIBEIRO, 2004). Sendo assim, sua eficácia

depende da capacidade de absorção de energia radiante que apresenta proporcionalidade às

concentrações dos ativos absorventes ou refletores da sua formulação, ao intervalo de

absorção e ao comprimento de onda onde ocorre a máxima absorção (MELQUIADES et al.,

2007). Filtros orgânicos podem causar efeitos adversos, entre eles irritação da pele e reações

alérgicas de contato. Dessa forma, a busca por filtros com proteção e estabilidade cada vez

maiores e reações alérgicas menores ou inexistentes vem aumentado nos últimos anos

(LOPES; CRUZ; BATISTA, 2012). Nesse contexto, a utilização de substâncias de origem

natural vem ganhando destaque (CUNHA; SILVA; CHORILLI, 2009).

O Ginkgo biloba L. é uma planta que apresenta como principais constituintes químicos

os flavonoides, como a quercetina. Suas folhas apresentam biflavonoides, que quando

combinados apresentam uma atividade antirradicais livres enorme. Dessa forma ele apresenta

um alto grau de proteção da pele contra a radiação ultravioleta, sendo assim utilizado em

formulações cosméticas (GETTENS; FRASSON, 2007).

17

Da mesma forma, o extrato de Própolis verde se apresenta como bom agente

fototoprotetor devido a presença de flavonoides podendo ser utilizado com sucesso na prevenção

da pele danificada quando aplicado na forma tópica (LUSTOSA et al., 2008).

Visando a estabilidade do filtro solar na formulação, a escolha de um veículo

adequado é de fundamental importância. Além disso, é este veículo quem vai conferir as

características finais do produto, como aparência e sensorial (CHORILLI et al., 2006). As

emulsões de água em silicone (A/S) apresentam em sua constituição basicamente água,

fluidos e emulsionantes, são consideradas quimicamente inertes, ficam retidas por mais tempo

na pele e permitem a incorporação de elevadas proporções de substâncias hidrossolúveis

(SOUZA, 2007; TEIXEIRA, 2012).

Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo desenvolver uma formulação de

água em silicone contendo extratos de Gingko biloba L. e própolis verde, determinar seu fator

de proteção solar (FPS) in vitro e avaliar sua estabilidade preliminar quando esta formulação é

submetida à temperatura ambiente, a incidência direta da luz solar, a refrigeração (5°C), a

estufa (37°C) e ao ciclo congelamento/descongelamento. Dessa forma, espera-se que os

resultados dessa pesquisa possam contribuir para um melhor entendimento dos efeitos

fotoprotetores dos extratos de Ginkgo biloba L. e própolis verde, associados ou não a uma

formulação cosmética.

18

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Radiação Solar

A radiação solar é toda radiação eletromagnética proveniente do sol que atinge o

planeta (QUERINO et al., 2011). O sol (Figura 1) é a estrela mais próxima da Terra. Trata-se

de uma enorme esfera de gás incandescente, que produz energia por meio de reações

termonucleares em seu núcleo. É composto por aproximadamente 92% de hidrogênio e 8% de

hélio e outros elementos, como oxigênio, carbono e nitrogênio. Devido às temperaturas

elevadas, esses elementos apresentam-se ionizados (BALOGH, 2011).

Figura 1: Imagem do sol em 3D (NASA, 2009).

Os raios do sol que chegam a superfície terrestre são essenciais para que exista vida

em nosso planeta, uma vez que são responsáveis pelos principais processos de ordem física,

química e biológica, tanto animal quanto vegetal, bem como responsável direto na disposição

da energia primária para todos os processos terrestres, desde a fotossíntese, primordial para a

reciclagem do dióxido de carbono (CO2), até o desenvolvimento de tempestades, que

provocam situações meteorológicas adversas (PAVÃO et al., 2014). Nesse sentido, o sol é

visto como fonte de vida e doador de energia. Ele apresenta diversos efeitos benéficos, entre

ele podemos citar: a formação de vitamina D que é importante na absorção intestinal e no

metabolismo construtivo do cálcio e do fósforo nos ossos, agindo dessa forma na prevenção

do raquitismo e da osteoporose; ação antidepressiva, pois diminui a taxa humoral de

melatonina, hormônio cerebral cuja produção aumenta em caso de estresse e depressão; e

efeito terapêutico benigno em algumas enfermidades cutâneas com: psoríase, dermatite

19

atópica, micose fungóide, vitiligo e icterícia neonatal (PEVERARI, 2007). Além disso, após

uma exposição moderada pode trazer sensação de bem estar físico e mental, estímulo da

circulação sanguínea periférica, elevação na capacidade de formação da hemoglobina,

melhora de certas infecções cutâneas e bronzeamento direto, estimulado pela produção de

melanina (LORCA, 2012).

Por outro lado, a exposição à radiação solar pode trazer prejuízo ao organismo

humano, incluindo desde a produção de simples inflamações até graves queimaduras.

Induzidos pela radiação solar podem ocorrer ainda mutações genéticas e comportamentos

anormais das células e inúmeras alterações crônicas na pele, incluindo vários tipos de câncer

de pele (LORCA, 2012).

Apesar da grande extensão do espectro eletromagnético (Figura 2), a radiação solar é

composta por uma pequena faixa predominante (NASCIMENTO; SANTOS; AGUIAR,

2014). As radiações ultravioleta (UV) (100-400nm), visível (400-800nm) e infravermelha (>

800nm) irradiam na superfície da Terra e se distribuem em: 56% de infravermelho, 39% de

luz visível e 5% de radiação ultravioleta (BALOGH, 2011).

Figura 2: Espectro eletromagnético (adaptado de CED/UFSC, 2010).

Dessa forma o conhecimento do comportamento da radiação solar global é

fundamental para o entendimento da disponibilidade de energia para os diversos processos no

sistema terra-atmosfera (PAVÃO et al., 2014).

20

2.1.1 Radiação ultravioleta

A radiação UV contribui com região restrita do espectro da radiação eletromagnética e

é subdividida, tradicionalmente, em: UVC (100-290 nm), UVB (290-320 nm) e UVA (320-

400 nm). A radiação UVA, por sua vez, e classificada em UVA I (340-400 nm) e UVA II

(320-340 nm) (BALOGH et al., 2011).

A radiação ultravioleta, que possui efeito cumulativo, ao atingir a pele desprotegida,

pode provocar um complexo processo associado às reações químicas e morfológicas. Pode

ocorrer espessamento da camada espinhosa, retificação da junção dermo-epidérmica,

alterações histoquímicas de diferentes níveis e formação de radicais livres (SGARBI;

CARMO; ROSA, 2007). Essa radiação pode ser absorvida por várias moléculas na pele entre

eles: melanina, DNA, RNA, proteínas, aminoácidos aromáticos (como a tirosina e o

triptofano), ácido urocânico, entre outros, que por consequência a essa absorção pode passar

por diversas alterações químicas (GONZALEZ; FERNANDEZ-LORENTE; GILABERTE-

CALZADA, 2008). A principal molécula que absorve a radiação UV é o DNA que pode

sofrer mutações que, posteriormente, podem resultar em transformações malignas. O sistema

imunológico cutâneo pode ter seus componentes ativados pela radiação, gerando dessa forma

uma resposta inflamatória por diferentes mecanismos, como: ativação direta dos

queratinócitos e outras células que liberam mediadores inflamatórios e redistribuição e

liberação de autoantígenos sequestrados de células danificadas pela radiação UV (BALOGH,

2011).

A radiação UVA, considerada pigmentogênica, penetra nas regiões mais profundas da

pele, podendo chegar à derme, podendo promover o envelhecimento da pele,

hiperpigmentação e provocar danos, tais como: diminuição de colágeno e de vasos

sanguíneos, alterações no tecido da derme e fotosensibilização da pele (MANAIA, 2012).

A radiação UVB, eritematogênica, é a mais energética, embora apresente menor

comprimento de onda que a UVA e menor poder de penetração cutânea, sendo assim

absorvida pela epiderme de forma intensa. São responsáveis pelos danos agudos e crônicos da

pele, como manchas, queimaduras (vermelhidão e até bolhas), descamação e câncer de pele,

causados pela sua alta energia (PINTO et al., 2013).

A região UVC apresenta energia elevada, que associada ao seu menor comprimento de

onda, se torna altamente lesiva ao homem, com efeitos carcinogênicos e mutagênicos. A

camada de ozônio, que funciona como uma barreira natural de proteção que recobre a terra

21

absorve em sua maioria a radiação UVC, fazendo assim com que a quantidade dessa radiação

que atinge a população seja insignificante (ARAUJO; SOUZA, 2008).

2.2 Fotoprotetores

A fotoproteção é um mecanismo eficaz na prevenção dos efeitos prejudiciais da RUV.

A abordagem é realizada por meio do uso de protetores solares, roupas de proteção e

exposição restrita a luz solar. As novas tecnologias que estão surgindo se voltam contra estes

efeitos nocivos e envolve o uso de fotoprotetores, os quais contem em sua formulação

substâncias químicas, denominados de filtros solares, capazes de auxiliar nessa prevenção

(PALM; O’DONOGHUE, 2007).

Filtros solares são preparações de uso tópico que apresentam capacidade de absorver a

energia eletromagnética na faixa denominada ultravioleta e emiti-la sob outra forma

(geralmente na faixa do infravermelho, gerando sensação de calor) (RIBEIRO et al., 2004).

Além disso, os filtros físicos atuam refletindo a luz (CHORILLI; CAVALLINI; LEONARDI,

2006). Dessa forma, a radiação ultravioleta não atinge a pele, evitando assim os efeitos

deletérios (RIBEIRO et al., 2004).

Os primeiros filtros solares lançados no mercado foram desenvolvidos com o objetivo

de proteger a pele contra as queimaduras solares, ou seja, eles protegiam contra a radiação

UVB, permitindo um bronzeamento pela UVA (FLOR; DAVOLOS; CORREA; 2007). Porém

com o aumento do conhecimento a cerca dos efeitos deletérios causados pela radiação UVA,

ficou evidente que além da proteção contra a radiação UVB, a fotoproteção UVA é necessária

para se diminuir as alterações do fotoenvelhecimento e o risco de câncer de pele em função da

exposição solar (LOPES; CRUZ; BATISTA, 2012). Sendo assim, para um filtro solar ser

considerado eficiente, ele deve fornecer proteção não apenas contra possíveis queimaduras

solares, mas também, reduzir o total de lesões induzidas pela radiação ultravioleta, como

danos crônicos a pele, incluindo danos ao DNA celular, supressão imune fotoinduzida e o

câncer de pele (SEIXAS, 2014).

O produto que se destina a proteção solar deve, além de absorver a radiação incidente,

apresentar-se estável na pele, ser fotoestável sob luz solar, evitando assim o contato da pele

com produtos de degradação, não devem causar irritação, sensibilização ou fototoxicidade e

devem recobrir a superfície da pele sem, no entanto, penetrá-la, para que não ocorra exposição

sistêmica a esses compostos. De uma maneira geral, um bom filtro solar deve ser resistente à

água, insípido, inodoro e incolor (RIBEIRO, 2004). Além dessas características, os filtros

22

solares devem ser compatíveis com os numerosos ingredientes usados na formulação, inócuos

para a pele sadia e seguros clinicamente. Também devem apresentar boa relação custo-

benefício e fácil processabilidade (SILVA, 2009).

Os protetores solares devem ser aplicados generosamente e uniformemente de 15 a 30

minutos antes da exposição à radiação solar. Para a manutenção da efetividade, eles devem

ser reaplicados com frequência, principalmente quando praticando atividade física ao ar livre.

Porém, protetores solares representam apenas um único aspecto em fotoproteção. A adoção de

medidas preventivas é a melhor forma de proteção contra os danos induzidos pela radiação

UV, tais como evitar o sol entre as 10 e as 16 horas, quando a radiação UV é mais intensa,

buscar se abrigar na sombra pode ajudar, embora seja estimado que 50% da exposição UVA

ocorra na sombra. O uso de óculos de sol, chapéus de abas largas e roupas adequadas são

formas alternativas de proteger a pele contra os efeitos dos raios ultravioletas (SILVA, 2013).

Existem duas classes de filtros solares: orgânicos e inorgânicos, classificados rotineira

e respectivamente como filtros de efeito químico (filtros químicos) e filtros de efeito físico

(filtros físicos). Normalmente, os compostos orgânicos protegem a pele pela absorção da

radiação e os inorgânicos, pela reflexão da radiação. Atualmente existem no mercado, filtros

orgânicos que além de absorver, refletem a radiação ultravioleta (FLOR; DAVOLOS;

CORREA; 2007). Os filtros ultravioletas permitidos pela Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA) são descritos na Resolução da Diretoria Colegiada, RDC 69 de março de

2016, que dispõe sobre o "Regulamento técnico Mercosul sobre lista de filtros ultravioletas

permitidos para produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes" (BRASIL, 2016a).

2.2.1 Filtros solares inorgânicos

Os filtros solares inorgânicos são compostos metálicos que tem como função proteger

a pele refletindo e dispersando a radiação ultravioleta. Os agentes mais utilizados são o óxido

de zinco (ZnO), o dióxido de titânio (TiO2), o caolim, o talco, a calamina e o óxido de ferro.

Estes filtros são uma das formas mais seguras e eficazes para a proteção da pele, uma vez que

apresentam baixo potencial de irritação, fotoestabilidade e não são absorvidos sistemicamente

(LOPES; CRUZ; BATISTA, 2012). Dessa forma, esses compostos são considerados mais

seguros em detrimento aos filtros orgânicos, sendo normalmente considerados atóxicos e

estáveis. Por esta razão são particularmente indicados para indivíduos com históricos de

alergias, bem como para peles sensíveis e em formulações de uso infantil (LONNI et al.,

2008; SEIXAS, 2014).

23

Os óxidos que são usados como filtros solares ficam suspensos nas formulações.

Sendo assim, o tamanho das partículas apresenta relevância não só na eficácia do produto

como também na aparência cosmética do produto final (FLOR; DAVOLOS; CORREA,

2007). Porém existe um inconveniente estético na utilização dos filtros inorgânicos, pois eles

tendem a deixar uma coloração opaca esbranquiçada sobre a pele após aplicação, podem

favorecer a comedogênese e podem se transferir para vestimentas, comprometendo dessa

forma a eficácia fotoprotetora (BALOGH et al., 2011).

Na atualidade, os compostos ZnO e TiO2 são os mais utilizados para fins cosméticos.

Esses filtros foram previamente classificados como partículas inertes e incapazes de sofrer

absorção percutânea (PALMA; O’DONOGHUE, 2007). O óxido de zinco é um óxido

metálico muito utilizado na indústria farmacêutica em aplicações dermatológicas, em

unguentos e loções devido a sua ação protetora, adstringente e ausência de toxicidade

(SEIXAS, 2014). O dióxido de titânio é usado em muitos protetores solares, é um

semicondutor, desta forma, os elétrons destas moléculas inorgânicas, quando sob ação da luz

ultravioleta, são excitados e capazes de absorver esta radiação e converter em calor. Se

apresentam como pós inertes e opacos, insolúveis em água e materiais graxos, apresentam alto

índice de refração de partícula e, portanto, alta capacidade de refletir a luz . Dessa forma, têm

a capacidade de formar uma barreira sobre a pele, refletindo, dispersando e absorvendo a luz

UVA e principalmente a UVB (LONNI et al., 2008).

Versões microparticuladas dos filtros físicos descritos constituem uma inovação na

tecnologia dos filtros solares. Essas versões microparticuladas, também são chamadas de

pigmentos microfinos, e representam um grande avanço, uma vez que não formam uma

película perceptível sobre a pele. Nestas versões o tamanho das partículas se encontra na faixa

de 70 a 200 nm, sendo que o espalhamento máximo da luz ocorre na presença de partículas

com diâmetro aproximadamente igual ao comprimento de onda (λ) da luz incidente. Para que

o filtro solar seja eficaz, os pigmentos micronizados devem estar dispersos de forma adequada

no veículo, geralmente uma emulsão. O desempenho do produto diminui caso a dispersão não

seja realizada de forma corretamente. Estes pigmentos micronizados também precisam ser

mantidos em suspensão, de forma que as partículas não se aglomerem, uma vez que o

desempenho final do produto será prejudicado caso ocorra coalescência e formação de

agregados. Outro ponto importante que deve ser levado em consideração quando se faz uso de

micropartículas é o pH. Se o pH da emulsão utilizada como veículo se igualar ao pH do ponto

isoelétrico (pI), valor de pH em que a superfície do sólido passa a ter carga zero, as micro

partículas acabarão coalescendo (FLOR; DAVOLOS; CORREA, 2007). Ademais, as formas

24

micronizadas de óxido de zinco (ZnO) e dióxido de titânio (TiO2) podem sofrer reações

fotoquímicas que levam ao comprometimento da sua eficácia, favorecendo assim danos ao

material genético ou alterando a homeostase celular. O revestimento dessas partículas

micronizadas com dimeticone ou sílica promove a estabilidade das mesmas, reduzindo tais

inconvenientes (BALOGH et al., 2011).

2.2.2 Filtros solares orgânicos

Os filtros solares orgânicos apresentam capacidade de absorver a radiação UV (alta

energia) e transformá-la em radiações com energias menores e inofensivas ao ser humano.

Estas moléculas são, essencialmente, compostos aromáticos com grupos carboxílicos, e que

no geral, apresentam um grupo doador de elétrons, como uma amina ou um grupo metoxila,

na posição orto ou para do anel aromático (FLOR; DAVOLOS; CORREA; 2007). Quanto a

sua solubilidade, podem ser classificadas em hidrossolúveis ou lipossolúveis. O mecanismo

de ação dos filtros orgânicos (Figura 3) envolve a absorção da radiação ultravioleta e, em

seguida, a excitação do orbital π HOMO (orbital molecular preenchido de mais alta energia)

para o orbital π* LUMO (orbital molecular vazio de mais baixa energia). Ao retornarem aos

seus estados fundamentais, estas moléculas, liberam o excesso de energia absorvida, por

exemplo, na forma de calor (BALOGH et al., 2011).

Figura 3: Transição eletrônica das radiações UV e conversão em VIS e IV pelo

fotoprotetores orgânicos (NASCIMENTO; SANTOS; AGUIAR, 2014).

Uma molécula de filtro ultravioleta pode dissipar sua energia e retornar ao seu estado

padrão, por diversos mecanismos. Enquanto alguns mecanismos provocam a destruição da

molécula (fragmentação, reação biomolecular, determinadas isomerizações), outros a

preservam (fluorescência, fosforescência, algumas isomerizações, transferência de energia

para outras moléculas). Se os mecanismos não destrutivos forem predominantes, a molécula é

25

considerada fotoestável; mas se o que prevalece forem os mecanismos destrutivos, a molécula

será instável. Dessa forma, pode-se dizer que a fotoestabilidade dos filtros ultravioleta

depende da sua capacidade em dissipar a energia sem se autodestruir (LOPES; CRUZ;

BATISTA, 2012).

Os filtros solares orgânicos podem causar alguns efeitos adversos, tais como, irritação

da pele, reações alérgicas de contato e fotoalergia. Baseado nessas informações, as pesquisas

na área dos filtros solares procuram encontrar filtros com proteção e estabilidade cada vez

maiores e reações adversas menos pronunciadas ou inexistentes. Recentemente, visando

contornar tais inconvenientes, foram desenvolvidos filtros ultravioleta envoltos por uma

microcápsula de vidro sol-gel. Neste processo, o filtro ultravioleta é encapsulado dentro de

uma membrana de sílica gel de diâmetro de cerca de 1 μm, levando à redução da penetração

sistêmica, além da melhora da fotoestabilidade, diminuição do potencial alérgico e da

incompatibilidade dos ingredientes (LOPES; CRUZ; BATISTA, 2012). Por outro lado, as

pesquisas envolvendo a utilização de substâncias de origem vegetal vêm sendo desenvolvidas

visando a obtenção de filtros mais estáveis e seguros clinicamente (CUNHA; SILVA;

CHORILLI, 2009; LOPES; CRUZ; BATISTA, 2012).

Os filtros orgânicos são divididos em filtros UVA, que exercem proteção contra a

radiação UVA, filtros UVB, que exercem proteção contra a radiação UVB, e filtros de amplo

espectro, que promovem proteção contra radiação UVA e UVB (BALOGH et al., 2011).

O primeiro filtro ultravioleta patenteado usado imensamente nas décadas de 50 e 60

foi o ácido p-aminobezóico (PABA), que possui uma absorção máxima em 296 nm. A

presença de dois grupos funcionais reativos substituindo com orientação para no anel

benzeno é evidenciada na análise da estrutura química do PABA. O fato de existir um

grupamento doador de elétrons (-NH2) para em relação a um grupo aceptor de elétrons (-

COOH) permite a ocorrência de migração de elétrons na molécula. Essa energia de

deslocamento dos elétrons (Figura 4) se dá devido às transições eletrônicas associadas com a

região UVB da radiação solar (RIBEIRO, 2004).

Figura 4: Ressonância de elétrons no PABA (RIBEIRO, 2004).

26

Os ésteres do ácido p-aminobenzóico foram substituídos pelos cinamatos (Figura 5),

apresentando boa absorção UVB. O deslocamento dos elétrons ocorre pela insaturação extra

presente na molécula dos cinamatos conjugada com o anel benzênico e o grupamento

carbonila (RIBEIRO, 2004).

Figura 5: Esquema da estrutura molecular dos cinamatos (RIBEIRO, 2004).

Os salicilatos devem ser usados em altas concentrações por serem, em geral, fracos

absorventes UVB. São compostos orto-dissubstituídos, com um arranjo espacial que permite

uma ligação de hidrogênio interna na molécula, absorvendo a radiação UV em torno de 300

nm. A energia necessária para que o composto alcance seu estado excitado é diminuída pela

ligação de hidrogênio intramolecular evidenciada na Figura 6. Segurança e estabilidade são

características dos salicilatos, justificados pelo padrão de substituição em orto, que ligam os

dois grupos funcionais através de ligação intramolecular (LOPES; CRUZ; BATISTA, 2012).

Figura 6: Esquematização geral da estrutura dos salicilatos (LOPES; CRUZ; BATISTA,

2012).

Em relação à proteção UVA, as benzofenonas são filtros solares pertencentes à

categoria das cetonas aromáticas. Por isso, o deslocamento por ressonância (Figura 7) é

acrescido pela presença de um grupo doador de elétrons nas posições orto e/ou para. O

27

aceptor de elétrons é o grupamento carbonila (RIBEIRO, 2004). A benzofenonas são muito

utilizadas uma vez que apresentam um amplo espectro de ação de cobertura dos UVA

(TEIXEIRA, 2012).

Figura 7: Ressonância de elétrons na estrutura molecular de benzofenonas (RIBEIRO, 2004).

Por outro lado, a avobezona é um composto que, devido a ocorrência de transição

entre as suas funções cetônica e enólica (Figura 8), apresenta capacidade de absorver toda a

faixa de radiação do UVA, sendo muito utilizada em formulações cosméticas fotoprotetoras

devido a seu amplo espectro de proteção (LOPES; CRUZ; BATISTA, 2012). Porém,

apresenta-se como uma substância fotoinstável, sendo necessária sua associação com um

filtro solar de proteção UVB (BALOGH et al., 2011).

Figura 8: Estrutura química da avobenzona (LOPES; CRUZ; BATISTA, 2012).

2.2.3 Inconvenientes associados aos fotoprotetores

Como descrito anteriormente, para que a eficácia dos fotoprotetores seja garantida

durante todo o tempo de exposição à radiação ultravioleta, os filtros químicos utilizados não

podem sofrer alterações quando expostos a luz. Um filtro solar apresenta fotoestabilidade

quando sua capacidade fotoprotetora é mantida após a radiação ultravioleta, sendo que os

28

filtros químicos apresentam uma instabilidade maior quando comparado aos filtros físicos

devido ao fato do seu mecanismo de ação envolver absorção da radiação ultravioleta. A

diminuição da capacidade de absorção das moléculas em decorrência da instabilidade dos

filtros ultravioletas químicos leva a um aumento da quantidade de radiação incidente de forma

direta sobre a pele, tendo como consequência um aumento do potencial deletério dos raios

solares sobre o organismo (PAESE, 2008).

Por outro lado, os filtros solares podem apresentar risco potencial de acordo com seu

perfil intrínseco de toxicidade, bem como o potencial de exposição sistêmica. Grande parte

dos fotoprotetores são constituídos de filtros orgânicos (UVB) e filtros inorgânicos (UVA e

UVB), bem como de componentes químicos e veículos oleosos capazes de desencadear

desarranjos alérgicos causando bolhas, vermelhidão, coceira, dor e edema na pele. O pH da

formulação é um fator de relevância no aparecimento de reações adversas. Adicionalmente, os

filtros químicos podem apresentam toxicidade estrogênica. Essa toxicidade foi observada pela

absorção desses filtros através da pele, sendo também detectada sua presença na urina. Em

crianças o metabolismo de excreção é menor em comparação aos adultos, por isso o acúmulo

destes filtros em crianças é mais preocupante (OJOE, 2004).

Diante do exposto, a fim de miniminar possíveis efeitos tóxicos, estudos envolvendo a

utilização de extratos vegetais vem aumentando nos últimos anos. Dentre esses, pode-se citar

os extratos de Ginkgo biloba L. (BALOGH, 2011; DAL’BELO, 2008; PINTO et al., 2013) e

Própolis verde (NASCIMENTO et al., 2009; RAMOS, SANTOS, DELLAMORA-ORTIZ,

2010; REIS et al., 2010).

2.2.4 Fotoprotetores de origem natural

O uso de plantas que apresentam capacidade promover efeitos no corpo humano é tão

antigo quanto à própria existência humana (CUNHA; SILVA; ROQUE, 2003). Os estudos

das tradições dos povos, juntamente com as investigações antropológicas, paleontológicas e

arqueológicas comprovam que nossos ancestrais já utilizam as plantas para o tratamento de

doenças (LOPES; RITTER; RATES, 2009). De maneira semelhante, com a finalidade de se

obter fórmulas que possam ser usadas por um grande número de pessoas, que buscam na

natureza uma alternativa menos agressiva e mais efetiva, a incorporação de extratos vegetais

em formulações cosméticas fotoprotetoras tem sido uma tendência mundial (CUNHA;

SILVA; CHORILLI, 2009).

29

2.2.4.1 Ginkgo biloba L.

A Ginkgo biloba L. (Figura 9) é uma árvore alta, robusta e extremamente duradoura

(BANOV et al., 2006), nativa do Japão, China e Coréia. É a única planta da família

Ginkgoaceae vivente e devido à idade aproximada de 250 milhões de anos de alguns de seus

fósseis é considerada um “fóssil vivo” (BALOGH, 2011). O nome ginkgo tem como origem

a palavra chinesa sankyo, que significa “damasco do campo”, em referência ao pseudofruto

totalmente maduro, os quais lembram damascos, enquanto o termo biloba é atribuído à

aparência de suas folhas (bilobular), o que se assemelha a um pé de pato (LEITE; BRANCO,

2010).

Figura 9: (HENRIETTE’S HERBAL HOMEPAGE – Ginkgo biloba L., 2010).

A árvore do Ginkgo biloba L. apresenta sua casca de cor acinzentada e pode chegar a

medir mais de 40 metros. Em relação a sua circunferência já foram relatadas no oriente

plantas com 10 a 20 metros (LEITE; BRANCO, 2010). As folhas características da Ginkgo

biloba L. podem atingir até 8 cm, sendo suas cores dependentes da estação do ano: no verão

são verde acinzentado a amarelo esverdeado e, no outono amarelo dourado (BANOV et al.,

2006).

Os metabólitos secundários do Ginkgo biloba L. são encontrados principalmente em

suas folhas, sendo que as principais substâncias ativas podem ser classificadas em cinco

grupos principais: terpenos, tais como os diterpenos (gincolídeos), sesquiterpenos

(bilobalídeos), triterpenos e poliprenois; flavonoides, tais como flavonas, flavonóis e

30

biflavonoides; hidrocarbonetos de cadeia longa; derivados do ácido anacárdico (ácidos

gincólicos) e compostos nitrogenados de baixo peso molecular (SIMÕES et al, 1999).

O extrato seco padronizado das folhas para uso fitoterápico (patenteado como Egb-

761) contém 24% de flavonoides, 7% de proantocianidinas e 6% de terpenoides, 13% de

ácidos carboxílicos e 2% de catequinas. Os flavonoides incluem canferol e quercetina

conjugados com glicose ou ramnose e biflavonas (ginkgetina, isoginkgetina). A fração

terpênica consiste em lactonas diterpênicas (ginkgolideos A, B, C, J e M), e sesquiterpênicas

como o composto bilobalídeo (DAL’BELO, 2008).

Segundo Leite e Branco (2010), as ações farmacológicas de Ginkgo biloba L.

encontram-se bem descritas cientificamente e consistem na diminuição de edema cerebral

pós-traumático e induzido por toxina, redução do edema da retina e lesões celulares na

mesma, inibição da diminuição da quantidade de receptores relacionada à idade e comum

entre os receptores colínicos muscarínicos e adrenérgicos α2, melhora a captação de colina no

hipocampo, aumenta a memória e a capacidade de aprendizagem, ajuda na compensação de

distúrbios do equilíbrio, melhora o fluxo sanguíneo na região da microcirculação, melhora as

propriedades reológicas do sangue, remove radicais livres derivados do oxigênio, exerce

antagonismo ao fator de agregação das plaquetas (PAF) e efeito neuroprotetor. É indicado em

doenças cerebrais orgânicas, como por exemplo, a falha de memória, dificuldades de

concentração, depressão, vertigem, zumbido e dor de cabeça, melhora na distância que o

paciente consegue andar sem sentir dor causada pela doença arterial periférica oclusiva

(claudicação intermitente), vertigem ou zumbido de origem vascular ou complexa.

O extrato de Ginkgo biloba L., tem sido usado na área cosmética em formulações

antienvelhecimento e fotoprotetoras devido à sua grande concentração de flavonoides.

Estudos realizados demonstram que esse extrato apresenta a capacidade de aumentar a síntese

de colágeno e que a sua atividade antioxidante pode ser utilizada na tentativa de proteger a

pele frente aos danos causados pela radiação ultravioleta (BALOGH, 2011).

Em seus estudos, Balogh (2011) provou que o extrato de Ginkgo biloba L. quando

utilizado isoladamente apresenta um baixo valor de Fator de Proteção Solar, em torno de 0,37.

Porém, quando associado a um filtro químico seu poder fotoprotetor era potencializado. Por

outro lado, no estudo de Dal´Belo (2008) foi relatado um efeito sinérgico entre o extrato de

Ginkgo biloba L. e chá verde na proteção da pele contra os danos produzidos pela radiação.

Isto também foi evidenciado por Pinto et al. (2013) que diz em seu trabalho que, mesmo não

apresentando absorções consideráveis, o extrato de Ginkgo biloba L. pode ser utilizado de

maneira positiva em preparações protetoras como adjuvantes à fotoproteção, uma vez que

31

quando utilizado com filtros sintéticos, este pode auxiliar na atividade fotoprotetora da

formulação.

2.2.4.2 Própolis

A palavra própolis é derivada do grego pro-, em defesa, e polis-, cidade ou

comunidade, isto é, em defesa da comunidade (LUSTOSA et al., 2008). É composta por uma

mistura complexa de substâncias resinosas, gomas e balsâmicas, de consistência, textura e

coloração variada. É coletada por abelhas nas diversas partes das plantas, tais como botões

florais, brotos e exsudatos resinosos. A variação em sua coloração, textura e consistência são

devido ao fato das abelhas acrescentam ainda secreções salivares, cera e pólen a sua

composição (PINTO; PRADO; CARVALHO, 2011).

Desde pelo menos 300 AC a própolis tem sido bastante empregada na medicina

popular. Mas seu uso ganhou popularidade principalmente na medicina alternativa a partir da

década de 80, tendo seu número aumentado significantemente. As formas farmacêuticas mais

comuns ao emprego do extrato de própolis são na forma de spray ou diluído em água,

podendo ser usado em alimentos (balas), em higiene pessoal (xampu, sabonete e creme

dental), tendo atividade também em produtos dermocosméticos (MARQUELE-OLIVEIRA,

2007).

Os tipos de própolis apresentam variações na sua composição química por serem

provenientes de misturas de substâncias naturais. Geralmente, a própolis é composta de 50%

de resina e bálsamo vegetal, 30% de cera, 10% de óleos essenciais e aromáticos, 5% de pólen

e 5% de outras substâncias variadas, incluindo resíduos orgânicos. As características e

qualidade da própolis são determinadas pela espécie das abelhas, o tipo de planta e onde as

abelhas coletam o material para sua fabricação. Deste modo, variações quanto à cor, essência

e textura podem ser apresentadas pela própolis conferidas pelas atribuições da sua

composição química (Figura 10) (PINTO; PRADO; CARVALHO, 2011).

32

Figura 10: Própolis marrom (A); própolis amarela (B); própolis verde (C) e própolis

vermelha (D) (BALOGH, 2011).

Em sua maioria, a própolis apresenta flavonoides (quercetina, apigenina, galangina,

canferol, luteolina, pinocembrina, pinostrobina e pinobansina), terpenos, ácidos fenólicos e

ésteres, aminoácidos, hidrocarbonetos, vitaminas, mineirais, entre outros. Devido a esses

compostos, diversas propriedades são atribuídas a mesma, tais como: atividade antibacteriana,

cicatrizante, antioxidante, antipirética, antifúngica, anticarcinogênica, antiinflamatória,

antitrombótica e imunomduladora (BALOGH, 2011).

A própolis denominada popularmente como própolis verde tem como origem botânica

a Baccharis dracunculifolia (alecrim do campo) (SOUSA et al., 2007) e apresenta em sua

composição química ácidos fenólicos prenilados, lignanas, terpenos e álcoois terpênicos e

flavonoides (BANKOVA, 2005).

De acordo com Marquele-Oliveira (2007), a propriedade antioxidante da própolis foi

atribuída principalmente à sua capacidade em sequestrar radicais peroxila, atuando no estágio

inicial da peroxidação lipídica, bem como sequestrar radicais alcoxila, superóxido e hidroxila,

além de também ser capaz de quelar metais. Por outro lado, Nascimento e colaboradores

(2009) relatam em seu estudo que a própolis verde, devido a sua composição química,

apresenta capacidade de absorção da radiação ultravioleta, podendo ser utilizada para

incremento do efeito fotoprotetor de formulações. Neste estudo, foram comparadas a própolis

verde e a própolis vermelha, sendo que a própolis verde apresentou maiores valores de

absorção da radiação UV e maiores valores de FPS quando incorporadas a formulação, em

relação à própolis vermelha. Segundo os autores, essa diferença de potencial fotoprotetor

entre a própolis verde e a própolis vermelha, pode estar relacionada com a composição

química, a fauna e flora da região, a interação química entre os metabólitos da planta e os

constituintes químicos da formulação.

33

2.3 Formulações cosméticas utilizadas em fotoproteção

Para que a estabilidade do filtro solar seja assegurada e, por consequência a

estabilidade do produto final, é indispensável à incorporação desse filtro em um veículo

adequado. A fim de se obter as características físico-químicas desejadas do produto, melhorar

a aparência e o seu sensorial, alguns veículos podem ser utilizados. As formulações devem

conferir proteção eficiente sem que haja efeitos indesejáveis, sendo importante levar em

consideração as características dos diversos tipos de pele (CHORILLI et al., 2006). Para se

obter um produto estável, que resiste a água, não oleoso, sem cheiro, que não irrite a pele, e de

fácil aplicação, o veículo deve ser homogêneo e ser capaz de assegurar o efeito do filtro solar

(MILESI; GUTERRES, 2002).

A melhor apresentação do produto pode ser determinada por diferentes fatores.

Segundo Ponzio (2001) os formuladores de produtos para proteção solar podem escolher uma

série de formas de apresentação de seus produtos finais como óleos, mousses, aerossóis,

pomadas, sticks e, principalmente, géis-cremes e emulsões (cremes ou loções) (Quadro 1).

Quadro 1: Apresentação das bases cosméticas adicionadas de filtros solares e seu

comportamento em relação à pele (PONZIO, 2001).

Os óleos são veículos de formulação simples e de fácil espalhamento quando aplicado

sob à pele, apresentam boa fixação e difícil remoção por água. Porém, confere brilho à pele

34

por serem gordurosos, mancham o vestuário, aderem a areia e são comercializados a alto

custo (CHORILLI et al., 2006). A proteção gerada pelo veículo oleoso é favorável apesar de

não atingir elevados valores de FPS (BALOGH et al., 2011).

Os mousses são loções acondicionadas em embalagens diferenciadas e não apresentam

nenhum diferencial positivo em relação às outras preparações (PONZIO, 2001). Os aerossóis

são oleosos e promovem uma camada fina e uniforme sobre a pele (CHORILLI et al., 2006).

As pomadas podem ser constituídas por substâncias não solúveis em água, como a vaselina,

ou por substâncias que são solúveis em água, como polietilenoglicol. Aquelas pomadas cuja

constituição são substâncias não-miscíveis em água não foram muito aceitas cosmeticamente

pelo fato de serem de difícil espalhamento e de difícil remoção (SAMPAIO; RIVITTI, 2001).

Os sticks são caracterizados como formas sólidas, sendo constituídos por uma mistura

de ceras, óleos hidrogenados e vaselina, que podem ser combinados com filtros solares

(BAHIA, 2003). São geralmente utilizados para proteger pequenas áreas, como as

formulações labiais (BALOGH et al., 2011) para aplicação na zona bucal ou sticks de maior

largura, para proteção do nariz (CHORILLI et al., 2006), orelhas e pálpebra inferior. Porém,

são caros e não podem ser aplicados em todo o corpo (PALM; O’DONOGHUE, 2007).

Os géis têm caráter semi-sólido e são constituídos por polímeros dispersos em um

meio líquido. Apesar de possuírem as mesmas características de um óleo, os géis oleosos

promovem a repulsão da água e permite criar um filme mais denso sobre a pele. Os géis

aquosos permitem um melhor espalhamento, gerando um filme transparente e seco sobre a

pele, porém não atingem altos valores de FPS. Os géis alcoólicos também são de fácil

aplicação e conferem a pele um filme transparente e seco, o que possibilita atingir níveis mais

elevados de FPS, podendo, porém gerar desidratação cutânea (CHORILLI et al., 2006). Além

disso, devido à evaporação do álcool estas formulações podem resultar em “janelas”,

interferindo na qualidade do filme protetor.

Por sua vez, o gel-creme é uma emulsão que apresenta uma porcentagem de fase

aquosa elevada e um conteúdo oleoso baixo, que são estabilizadas essencialmente por

coloides hidrófilos. Este tipo de veículo é mais indicado para indivíduos com pele oleosa ou

com acne recorrente (TEIXEIRA, 2012).

De acordo com Chorilli et al. (2006) os cremes e loções são emulsões que apresentam,

respectivamente, alta e baixa viscosidade. As emulsões são dispersões de duas fases

imiscíveis entre si, que com a ajuda de um emulsionante formam um sistema homogêneo. As

loções são as mais comercializadas popularmente, devido à sua facilidade de espalhamento

sobre a pele e sua apresentação em frascos, enquanto que os cremes são apresentados

35

normalmente em potes ou bisnagas. As emulsões água/óleo (A/O) tornam o produto mais

oleoso e pouco lavável, fazendo com que este permaneça por mais tempo protegendo o local

aplicado. Apesar de propiciarem alta eficácia fotoprotetora, o sensorial dessas formulações é

um fator que acarreta sua baixa aceitação. Assim, os veículos mais utilizados nos últimos anos

têm sido as emulsões óleo/água (O/A), as quais apresentam sensorial mais adequado. Por

outro lado, as emulsões de água em silicone, devido à boa resistência à água, bem como

menor untuosidade e melhor espalhabilidade quando em comparação às emulsões A/O, têm

sido amplamente empregadas para a formulação de protetores solares.

2.3.1 Emulsões de silicone

Constituídas basicamente de água, fluidos e emulsionantes, as emulsões de silicone

tem seu uso aumentado nas preparações de produtos cosméticos (SOUZA, 2007). Elas

surgiram no final dos anos 90 e eram bem diferentes das emulsões A/O clássicas, sendo

chamadas de oil-free ou emulsões A/S (água em silicone). Os silicones aparecem em destaque

quando substituem os óleos, uma vez que são mais inertes quimicamente e apresentam maior

retenção na superfície da pele. Dessa forma os silicones permitem a incorporação de uma

grande quantidade de conteúdo na fase interna aquosa e as formulações, quando bem

estruturadas, tem sua característica gordurosa ausente (TEIXEIRA, 2012).

A eficácia dos filtros solares pode ser aumentada pelo fato de os polímeros de silicone

apresentarem grande resistência a água, melhor espalhabilidade e redução do potencial

irritante dos fotoprotetores (MILESI; GUTERRES, 2002).

A prática da adição de silicones em diferentes tipos de preparações dermocosméticas

tem se tornado comum com o intuito de melhorar características sensoriais e de proteção.

Melhorias essas como a espalhabilidade, a capacidade lubrificante, a sedosidade, menor

oleosidade e toque seco. A utilização de emulsão de silicone tem se tornado uma prática

bastante promissora quando substitui componentes oleosos, devido as características

intrínsecas dos silicones como, ausência de toxicidade, baixa irritabilidade, e ausência de

efeitos nocivos quando aplicados sobre a pele (SOUZA, 2007).

Alguns silicones de uso cosmético disponíveis no mercado e que são usados no

preparo de emulsões são o ciclopentasiloxano (e) PEG/PPG-18/18 dimeticone, o

ciclopentasiloxano (e) PEG-12 dimeticone polímero cruzado e o ciclopentasiloxano que

apresentam como vantagem a possibilidade de preparo das emulsões a frio e com agitação

mecânica (SOUZA, 2007).

36

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

O presente trabalho apresenta como objetivo geral determinar o fator de proteção solar

in vitro e avaliar a estabilidade preliminar de formulação à base de silicone contendo extratos

de Ginkgo biloba L. e própolis verde.

3.2 Objetivos específicos

Desenvolver bases emulsionadas do tipo água em silicone;

Determinar o fator de proteção solar in vitro de emulsão do tipo água em silicone

contendo os extratos de Ginkgo biloba L. e própolis verde, associados ou não;

Avaliar a estabilidade preliminar de emulsão do tipo água em silicone contendo a

associação entre os extratos de Ginkgo biloba L. e própolis verde.

37

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Materiais

4.1.1 Matérias primas

Cloreto de sódio (NaCl) (Vetec Química Fina LTDA, Lote: 942276);

Glicerina (Proquímios, Lote: 10/0587);

Metilparabeno (Éster metílico do ácido 4-hidroxibenzóico);

Propilparabeno (Éster propílico do ácido 4-hidroxibenzóico);

Ciclopentasiloxano (Silicone DC 245®) (D’Altomare química, Lote: DA041502354);

Ciclopentasiloxano (e) PEG/PPG-18/18 dimeticone (Silicone DC 5225®

) (D’Altomare

química, Lote: DA0615028760);

Ciclopentasiloxano (e) PEG-12 dimeticone polímero cruzado (Silicone DC 9011®)

(D’Altomare química, Lote: 0008137394);

Extrato seco de Ginkgo biloba L.;

Extrato de Própolis verde;

AMP 95®

(aminometilpropanol) (Lote: XF1531LAH2 DEG);

Ácido cítrico a 10% (Proquímios, Lote: 06/1131).

4.1.2 Reagentes e solventes

Água purificada;

Álcool etílico PA (Dinâmica química contemporânea LTDA, Lote: 787777);

Dimetilsulfóxido (Synth, Lote:160811)

4.1.3 Equipamentos

Balança analítica precisa 205A da Uniscience 220g;

Agitador mecânico da marca Fisaton/modelo 713;

Centrífuga excelsa Baby I, modelo 206;

pHmetro MP220 da Mettler Toleto;

Ultrasson UltraCleaner 1400;

38

Agitador de soluções (vórtex) AP56 da Phoenix Luferco;

Espectrofotômetro modelo SP-220.

4.2 Métodos

4.2.1 Desenvolvimento da formulação

4.2.1.1 Desenvolvimento das emulsões de água em silicone

As formulações foram desenvolvidas no laboratório de Tecnologia Farmacêutica da

Faculdade de Farmácia, da Universidade Federal de Juiz de Fora. Foram desenvolvidas duas

formulações de uso tópico com diferentes tipos de silicone (Tabela 1).

Tabela 1: Composição das formulações.

Formulação 1 Formulação 2

Matéria-prima Porcentagem

(%)

Matéria-prima Porcentagem

(%)

Cloreto de sódio (INCI

Name: Sodium Chloride)

2 Cloreto de sódio (INCI

Name: Sodium Chloride)

2

Glicerina (INCI Name:

Glycerin)

5 Glicerina (INCI Name:

Glycerin)

5

Parabenos (INCI Name:

Methylparaben e

Propylparaben)

3,3

Parabenos (INCI Name:

Methylparaben e

Propylparaben)

3,3

Ciclometicone DC 245®

(INCI Name:

Ciclopentasiloxano)

7

Ciclometicone DC 245®

(INCI Name:

Ciclopentasiloxano)

7

Silicone DC 5225®

(INCI

Name:Ciclopentasiloxano

(e) PEG/PPG-18/18

dimeticone)

10

Silicone DC 9011® (INCI

Name:Cyclopentasiloxane

and PEG-12 Dimethicone

Crosspolymer)

10

Água purificada (INCI

Name: aqua)

q.s.p 100% Água purificada (INCI

Name: aqua)

q.s.p 100%

39

As formulações foram preparadas da seguinte forma: os componentes da fase aquosa

(NaCl, glicerina, parabenos e água purificada) foram pesados em um béquer. Em um

recipiente esmaltado, próprio para uso em agitadores mecânicos, foram pesados os

componentes da fase siliconada (Ciclometicone DC 245® e Silicone DC 5225

® ou

Ciclometicone DC 245® e Silicone DC 9011

®). Sob agitação mecânica, a uma rotação de

4000rpm, a fase aquosa foi vertida sobre a fase siliconada. Essa mistura permaneceu em

agitação por, no mínimo, 10 minutos até a formação da emulsão.

4.2.1.2 Caracterização das emulsões de água em silicone

4.2.1.2.1 Determinação das características organolépticas

Foram observadas visualmente nas formulações em estudo as seguintes características:

aspecto, cor, odor, homogeneidade e separação de fases. Essas características foram

observadas primeiramente para a base pura, sendo essas formulações fotografadas para

posteriores análises durante o período de estudo, que foi de 30 dias, se mantendo estável

durante todo esse tempo de estudo. Já em um segundo momento, essas características foram

observadas para as bases contendo os extratos vegetais de Ginkgo biloba L. a 2,5% (p/p) e

5,0% (p/p), de própolis verde a 2,5% (p/p) e 5,0% (p/p) e os extratos associados a 2,5%. Essas

formulações foram fotografadas para posteriores análises durante o período de estudo, que foi

de 20 dias.

4.2.1.2.2 Determinação do pH

Para a determinação do pH das formulações em estudos foram utilizados dois

métodos. O primeiro foi o da fita indicadora de pH, onde está foi imersa na formulação e

depois comparada às fitas indicadoras de pH padrão. Já para o segundo método, dispersou-se

1,0 grama de cada amostra em 10mL de água purificada e o pH foi medido por meio de um

pHmetro previamente calibrado. O pH foi medido tanto para as bases puras, quanto para as

bases após a incorporação dos extratos vegetais em estudo.

40

4.2.1.2.3 Teste de centrifugação

Para análise da estabilidade das formulações, estas foram submetidas à centrifugação.

Para tanto, foram pesados em um tubo Falcon® 4,0 gramas de cada base e estas foram

submetidas à centrifugação de 3000rpm por 30 minutos, como preconizado pelo Guia de

Estabilidade de Produtos Cosméticos (BRASIL, 2004b). O teste de centrifugação foi

realizado tanto para as bases puras, quanto para as bases após a incorporação dos extratos

vegetais em estudo.

4.2.1.3 Incorporação dos extratos vegetais

O extrato de Ginkgo biloba L. foi obtido em uma farmácia de manipulação comercial

da cidade de Juiz de Fora e o extrato de própolis verde foi gentilmente cedido pelo Núcleo de

Identificação e Pesquisa de Princípios Ativos Naturais (Nippan) da Universidade Federal de

Juiz de Fora, onde foi produzido por um processo de maceração em acetato de etila e

rotaevaporação. Esses extratos foram incorporados individualmente na base emulsionada de

silicone, nas concentrações de 2,5% (p/p) e 5,0% (p/p). Para tanto, tais extratos foram

previamente solubilizados em quantidade suficiente de dimetilsulfóxido (DMSO), a mistura

foi levada ao vórtex e, posteriormente, ao ultrassom por 10 minutos, até completa

solubilização.

No desenvolvimento da formulação com os extratos associados, ambos foram

incorporados, através da mesma técnica descrita anteriormente, na concentração de 2,5%

(p/p).

4.2.1.3.1 Determinação do Fator de Proteção Solar in vitro

Para determinação do fator de proteção solar (FPS) da base siliconada pura, dessa base

com os extratos de Ginkgo biloba L. ou própolis nas concentrações de 2,5% (p/p) e 5,0%

(p/p), bem como da base contendo os extratos associados na concentração de 2,5% (p/p), foi

utilizado o Método de Mansur (adaptado). Para tanto, foram preparadas soluções com

concentração final de 0,2 mg mL-1

de cada uma das amostras em etanol. Essas soluções foram

então submetidas à leitura em espectrofotômetro, para a determinação das absorbâncias na

faixa de comprimento de onda de 290 a 320 nm, sendo a absorbância lida a cada 5 nm. A

seguir, foi utilizada a equação matemática abaixo (Equação 1) que relaciona o efeito

41

eritematogênico e a intensidade da radiação (EE x I) descritos na Tabela 2. O teste foi

realizado em triplicata.

Equação 1: Equação matemática utilizada no método de Mansur (MANSUR et al., 1986).

Onde:

FC = fator de correção igual a 10

EE (λ) = efeito eritemogênico da radiação de comprimento de onda (λ) nm

I (λ) = intensidade da radiação solar no comprimento de onda (λ) nm

Abs (λ) = leitura espectrofotométrica da absorbância da solução do filtro solar no

comprimento de onda (λ) nm

Tabela 2: Relação entre o efeito eritematogênico e a intensidade da radiação em cada

comprimento de onda (SAYRE et al., 1979).

4.2.1.3.2 Avaliação da estabilidade preliminar

Esse estudo foi realizado de acordo com o preconizado pelo Guia de Estabilidade de

Produtos Cosméticos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Para a

realização dos ensaios, 5,0 gramas da formulação final (contendo os extratos associados) foi

42

acondicionada em recipientes de vidro neutro com tampa, visando garantir boa vedação.

Posteriormente, cada um dos recipientes foi submetido, durante 15 dias, às seguintes

condições: temperatura ambiente, incidência direta de luz solar, refrigeração (5ºC), estufa

(37ºC), além de ciclo de congelamento/descongelamento. Ao longo do estudo, foram

analisados o aspecto, as características organolépticas e o pH das formulações.

43

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Desenvolvimento da formulação

5.1.1 Desenvolvimento das emulsões de água em silicone

Duas formulações-base de uso tópico, compostas por diferentes tipos de silicone,

foram desenvolvidas. As matérias primas utilizadas no desenvolvimento das formulações

foram selecionadas visando à obtenção de emulsões estáveis e com viscosidade e

características sensoriais favoráveis, tais como toque agradável a pele, não oleosa, não

pegajosa, eu não deixe um aspecto esbranquiçado sobre a pele, um odor agradável e uma boa

espalhabilidade.

A glicerina, adicionada na fase aquosa da formulação, é um líquido claro e viscoso,

inodoro, de pH neutro e completamente solúvel em água. Quimicamente, é um tri-álcool com

3 carbonos, tendo como nome sistemático (IUPAC) 1,2,3-propanotriol, derivado de fontes

naturais ou petroquímica (BEATRIZ; ARAÚJO; LIMA, 2011). Em formulações

farmacêuticas tópicas e cosméticas, a glicerina é usada principalmente por sua ação umectante

e pode ser usada como solvente ou co-solvente em cremes e emulsões (ROWE; SHESKEY;

QUINN, 2009). É uma substância que, quando aplicadas na pele, cria uma camada protetora,

que impede a perda de água para a atmosfera, mantendo-a umedecida. Também são

adicionadas nos cosméticos para melhorar a consistência do produto, e para que não ocorra

cristalização do mesmo (BEATRIZ; ARAÚJO; LIMA, 2011).

O cloreto de sódio (NaCl) é o agente de viscosidade mais utilizado neste tipo de

formulação, sendo capaz de aumentar a viscosidade do produto através da interação com

agentes tensoativos empregados, desde que os níveis de salinidade não ultrapassem o limite

permitido pela formulação (COUTO et al., 2007).

Os parabenos são conservantes muito utilizados em formas farmacêuticas de uso

tópico (THOMPSON, 2006). Seu uso é bastante difundido devido às características de baixa

irritabilidade cutânea, baixa toxicidade e boa efetividade frente a uma ampla gama de

microorganismos, mesmo em baixas concentrações (ZANON, 2010).

O ciclometicone DC 245® é um líquido volátil e compatível com vários ingredientes

de formulações cosméticas. Apresenta uma baixa tensão superficial e confere à pele uma

sensação suave e sedosa, não deixando nenhum resíduo ou acúmulo de substâncias oleosas,

além de apresentarem excelentes propriedades de difusão, lubrificação, facilidade de remoção

44

e características exclusivas de volatilidade. São emolientes, umectantes e agentes de

viscosidade (RASCHE, 2014).

O silicone DC 9011® é um elastômero de silicone emulsificante, desenvolvido para

preparar emulsões do tipo A/S (água em silicone). Apresenta excelente estabilidade, uma

flexibilidade durante sua fabricação e incorporação na formulação e um ótimo aspecto

estético. É usado em uma grande quantidade de produtos destinados aos cuidados pessoais

(DOW CORNING, 2009).

O silicone DC 5225® é indicado para preparar emulsões do tipo A/S (água em

silicone) que se apresentem estáveis, onde o silicone volátil irá compor uma parte da fase

oleosa. Proporcionam formulações menos gordurosas, com toque extremamente agradável e

com baixa pegajosidade. Proporcionam alta emoliência a cremes e loções, é estabilizador de

formulações, produz sensorial suave e seco. Muito utilizados em protetores solares, devido a

sua evidente resistência à água e distribuição uniforme dos princípios ativos (MAPRIC,

2016).

Como resultado, ambas as formulações desenvolvidas apresentaram boa

espalhabilidade, um toque agradável à pele e odor suave. Com a intenção de comprovar a

tendência à separação de fases dessas formulações, além das características organolépticas e a

determinação do pH, elas também foram submetidas ao teste de centrifugação.

5.1.2 Caracterização das emulsões de água em silicone

5.1.2.1 Determinação das características organolépticas

As formulações-base do tipo emulsão A/S sem adição de extratos se apresentaram

coloração branca, com aspecto homogêneo (Figura 11) e odor suave.

45

Figura 11: Formulações à base do Silicone DC5225®

(A) e DC9011®

(B).

Após incorporação do extrato de Ginkgo biloba L. (Figura 12), uma mudança de cor e

odor se fizeram perceptíveis. A base passou a ter uma coloração amarronzada, sendo a cor

proporcional à quantidade de extrato incorporada. Além disso, ambas adquiriram um odor

amadeirado suave, que se mostrou igualmente proporcional à quantidade de extrato

incorporado.

Figura 12: Formulação contendo o extrato de Ginkgo biloba L. a 2,5% (p/p) (A) e 5,0% (p/p)

(B).

Após incorporação do extrato de Própolis verde (Figura 13), uma mudança de cor e

odor se fizeram perceptíveis. A base passou a ter uma coloração amarelada, sendo a cor

proporcional à quantidade de extrato incorporada. Além disso, ambas adquiriram um cheiro

característico de Própolis, que se mostrou igualmente proporcional à quantidade de extrato

incorporado.

(A) (B)

(A) (B)

46

Figura 13: Formulação contendo o extrato de Própolis verde a 2,5% (p/p) (A) e 5,0%

(p/p) (B).

Após incorporação dos extratos associados de Ginkgo biloba L. e própolis verde à

formulação-base de silicone (Figura 14), uma mudança de cor e odor também se fizeram

perceptíveis. A base passou a ter uma coloração amarronzada, e adquiriu odor suave de

Própolis.

Figura 14: Formulação final, contendo os extratos associados de Ginkgo biloba L. e própolis

verde nas concentrações de 2,5% (p/p).

5.1.2.2 Determinação do pH

A determinação do pH da formulação é de extrema importância para a caracterização

da mesma e avaliação da compatibilidade com relação aos componentes da formulação, bem

como a compatibilidade da formulação com o local de aplicação evitando dessa forma

processos de irritação e a possibilidade de incorporação de substâncias ativas dependentes do

valor de pH (MARQUELE-OLIVEIRA, 2007).

(A) (B)

47

Ambas as formulações-base apresentaram em um primeiro momento um pH em torno

de 7, o que as tornaria menos compatível com o manto levemente ácido da pele (pH entre 4,6

e 5,8) (LEONARDI; GASPAR; CAMPOS, 2002). Então, para corrigir o pH das mesmas, foi

usado ácido cítrico a 10% (p/v) em quantidade suficiente. Após essa correção, o pH de ambas

as bases apresentou maior compatibilidade com o pH levemente ácido da pele (Figuras 15A e

15B).

(A)

(B)

Figura 15: pH final das formulações-base. pH final da Formulação à base do Silicone

DC5225® (A) e DC9011

® (B).

Após a incorporação dos extratos vegetais, ambas as formulações na concentração de

2,5% (p/p) apresentaram em um primeiro momento um pH levemente ácido, em torno de 5,6

(Figura 16A e 16B), o que as tornaria compatíveis com o pH levemente ácido da pele (pH

entre 4,6 e 5,8) (LEONARDI; GASPAR; CAMPOS, 2002). Da mesma forma as formulações

na concentração de 5,0% (p/p) apresentaram em um primeiro momento um pH em torno de

5,0 para o extrato de Ginkgo biloba L. e 5,2 para o extrato de Própolis verde (Figuras 16C e

16D), o que também as torna compatíveis com o pH da pele.

48

A formulação final apresentou em um primeiro momento um pH de 4,67, o que o

torna bastante próximo do pH mínimo compatível com o pH levemente ácido da pele (pH

entre 4,6 e 5,8) (LEONARDI; GASPAR; CAMPOS, 2002). Nesse sentido, optamos por

incrementar o pH com quantidade suficiente de aminometilpropanol (AMP 95) até valores

próximos a 6 (Figura 16E), já que esse pH pode minimizar a ocorrência do efeito

hypsochromic, o qual é observado principalmente em valores de pH mais ácidos. Tal efeito é

responsável pela modificação do deslocamento eletrônico das moléculas de filtros solares e,

com isso, os filtros poderiam absorver radiação UV em comprimentos de onda mais baixos,

comprometendo a eficácia do produto final (MELO; SIQUEIRA, 2012).

(A)

(B)

(C)

49

(D)

(E)

Figura 16: pH final das formulações. pH final após incorporação extrato de Ginkgo biloba L.

a 2,5% (p/p) (A). pH final após após incorporação do extrato de própolis verde a 2,5% (p/p)

(B). pH final após incorporação extrato de Ginkgo biloba L. a 5,0% (p/p) (C). pH final após

após incorporação do extrato de própolis verde a 5,0% (p/p) (D). pH final após incorporação

dos extratos de Ginkgo biloba L. e própolis verde a 2,5% (p/p) (E).

5.1.2.3 Teste de centrifugação

O teste de centrifugação fornecer informações rápidas sobre a estabilidade das

emulsões. Quando as emulsões são submetidas à centrifugação, podem ocorrer os fenômenos

de cremeação ou coalescência, porém caso não ocorra esses processos, pode-se supor que a

emulsão será estável em condições gravitacionais normais, visto que a aceleração da

gravidade aumenta o número de colisões entre os glóbulos, acelerando assim a ocorrência

desses fenômenos (MARQUELLE-OLIVEIRA, 2007). Nesse contexto, as formulações

preparadas no presente trabalho foram submetidas à centrifugação durante 30 minutos a

3000rpm e não houve indícios de separação de fases (Figura 17 e Figura 18).

50

Figura 17: Amostras submetidas ao teste de centrifugação. Formulação à base do Silicone

DC5225®, após centrifugação (A). Formulação à base do Silicone DC9011

®, após

centrifugação (B).

(A) (B)

51

Figura 18: Amostras submetidas ao teste de centrifugação. Formulação contendo o extrato

de Ginkgo biloba L. a 2,5% (p/p) (A). Formulação contendo o extrato de Ginkgo biloba L. a

5,0% (p/p) (B). Formulação contendo o extrato de própolis verde a 2,5% (p/p) (C).

Formulação contendo o extrato de própolis verde a 5,0% (p/p) (D). Formulação final após

incorporação dos extratos de Ginkgo biloba L. e própolis verde a 2,5% (p/p) (E).

5.1.3 Incorporação dos extratos vegetais

Os extratos foram incorporados na formulação à base do Silicone DC9011®

, uma vez

que, de acordo com avaliação do próprio formulador, a mesma apresentou melhor sensorial.

Dessa forma, os extratos de Ginkgo biloba L. e própolis verde foram incorporados

individualmente na formulação, nas concentrações de 2,5% (p/p) e 5,0% (p/p), e associados

nas concentrações de 2,5%(p/p) cada. Nesse caso, optamos por associar os extratos em estudo

nas concentrações de 2,5% sobretudo devido à quantidade limitada dos mesmos. Após a

incorporação desses extratos houve uma nítida mudança de coloração, porém seus aspectos de

homogeneidade e espalhabilidade foram mantidos.

5.1.3.1 Fator de Proteção Solar in vitro

O método proposto por Mansur e Colaboradores (1986) é considerado rápido, de fácil

execução e baixo custo e, ainda nos dias atuais, é bastante utilizado como teste preliminar

para a avaliação do Fator de Proteção Solar de diferentes substâncias e/ou formulações

cosméticas (APOLINÁRIO, 2011; NASCIMENTO et al., 2009; SOUZA; CAMPOS;

PACKER, 2013; VELASCO et al., 2011). Sendo assim, essa foi a metodologia empregada no

52

presente trabalho para a avaliação do FPS das formulações desenvolvidas. Dessa forma, estas

soluções diluídas das formulações desenvolvidas foram levadas ao espectrofotômetro para

leitura das absorbâncias e posterior cálculo do FPS, com base na fórmula proposta pelo

mesmo. Os resultados encontrados estão expressos na tabela abaixo.

Tabela 3: Determinação do FPS das formulações pelo método Mansur (adaptado).

Formulação Fator de Proteção Solar

(FPS)*

Base siliconada -0,14 + -1,51

Base com extrato de Ginkgo biloba L. a 2,5 % (p/p) 2,1 + 3,28

Base com extrato de Ginkgo biloba L. a 5,0 % (p/p) 3,5 + 4,70

Base com extrato de Própolis verde a 2,5% (p/p) 12,0 + 2,65

Base com extrato de Própolis verde a 5,0% (p/p) 21,5 + 3,82

Base com extrato de Ginkgo biloba L. e Própolis

verde associados à 2,5% (p/p)

16,7 + 1,44

*Os resultados foram expressos como média ± desvio padrão (n = 3)

Como esperado, a formulação-base não apresentou valor de fator de proteção solar

significativo (FPS=0), logo seu resultado não interferirá nos valores de FPS encontrados

quando da incorporação dos extratos à mesma.

Por sua vez, a base com o extrato de Ginkgo biloba L. a 2,5% (p/p) apresentou valor

de fator de proteção solar (FPS) próximo a 2, já a base com o extrato de Ginkgo biloba L. a

5,0% (p/p) apresentou FPS estimado de 3,5. Embora estes valores sejam significativos, eles

ainda se apresentam inferiores ao desejável e estabelecido como mínimo aceito pela

legislação brasileira, através da sua RDC n°30 de 2012, que é um FPS de 6 (BRASIL, 2012c).

Como já descrito anteriormente, baixos valores de fator de proteção solar para o extrato de

Ginkgo biloba L. usado individualmente, já haviam sido relatados em outros estudos, como o

realizado por Balogh (2011), que encontrou um FPS 0,37 para o extrato glicólico de Ginkgo

biloba L. e o de Pinto e colaboradores (2010) que avaliaram o extrato bruto de Ginkgo biloba

L. e encontraram um valor de FPS igual 0,82. Nesse mesmo estudo, após a incorporação do

extrato na concentração de 5,0% a uma formulação do tipo creme, foi obtido um valor de FPS

igual a 0,60 e, após incorporação na mesma concentração em formulação do tipo gel-creme,

um FPS de 0,59 foi obtido. Os autores atribuíram os resultados obtidos à baixa concentração

de moléculas com capacidade de absorver a radiação UV no extrato utilizado. Além disso, os

53

pesquisadores sugerem que o uso do extrato seco poderia ter um efeito mais pronunciado,

uma vez que, nesse caso, o teor de flavonoides tenderia a ser maior. Os resultados obtidos em

nosso trabalho corroboram essa teoria, visto que, ao utilizarmos o extrato seco de Ginkgo

biloba L., os valores de FPS encontrados foram maiores que os relatados nos estudos

descritos.

A base com o extrato de própolis verde a 2,5% (p/p) apresentou valor de fator de

proteção solar, (FPS) igual a 12 e a base com o extrato de própolis verde a 5,0% apresentou

FPS aproximado de 21. Estes valores podem ser considerados bastante promissores, sendo

superiores ao valor aceitável como mínimo pela legislação brasileira (FPS = 6). Nesse

contexto, altos valores de FPS para o extrato de própolis já foram relatados na literatura.

Ramos, Santos e Dellamora-Ortiz (2010) encontraram um FPS de 10 para o extrato seco de

própolis verde na concentração de 10%, sendo esse extrato analisado puro, sem ser

incorporação a uma formulação, o que também foi evidenciado no estudo realizado por Reis e

colaboradores (2010) que, ao incorporarem o extrato hidroalcóolico de própolis verde (40%

p/p) a géis e emulsões, obtiveram FPS acima de 10. Comparando-se com os resultados do

presente trabalho, a diferença nos valores encontrados pode estar relacionada à concentração

dos ativos presentes no extrato, sendo o processo de extração e a origem da amostra, fatores

que influenciam diretamente nesse parâmetro.

O extrato de própolis verde pode ter apresentado um valor de fator de proteção solar

maior do que o de Ginkgo biloba L. devido à diferença na quantidade e concentração de

flavonoides presentes nos mesmos. Nessa perspectiva, tais metabólitos secundários são

relatados como sendo os principais responsáveis pela atividade fotoprotetora. O extrato de

Ginkgo biloba L. apresenta, em maiores proporções, os flavonoides canferol e quercetina, já o

extrato de própolis verde além de quercetina e canferol, apresenta elevadas quantidades dos

flavonoides apigenina, galangina, luteolina, pinocembrina, pinostrobina e pinobansina

(BALOGH, 2011).

A base com os extratos de Ginkgo biloba L. e própolis verde a 2,5 % (p/p) associados

apresentou um valor de fator de proteção solar (16,7); superior ao valor aceitável como

mínimo pela legislação brasileira. Na análise comparativa dos resultados encontrados para o

FPS das formulações desenvolvidas, podemos perceber que, ao associar os extratos e Ginkgo

biloba L. e própolis verde, seus efeitos são potencializados, fazendo com que o FPS da

formulação final seja elevado e de grande interesse. Dessa forma, a associação dos extratos

em estudo mostra-se promissora para o desenvolvimento de fotoprotetor à base de produtos

naturais.

54

5.1.3.2 Avaliação da estabilidade preliminar

A estabilidade preliminar consiste na realização de testes na fase inicial do

desenvolvimento do produto, utilizando formulações desenvolvidas em laboratório e em um

curto intervalo de tempo, sendo empregadas condições extremas de temperatura com o

objetivo de acelerar possíveis reações entre seus componentes e o surgimento de sinais que

devem ser observados e analisados conforme as características específicas de cada tipo de

produto. Devido à forma com que é conduzido o teste, este não tem a finalidade de estimar a

vida útil do produto, somente de orientar e auxiliar na triagem das formulações (BRASIL,

2004b).

A realização do teste de estabilidade é necessária para que se possa assegurar que a

formulação irá manter sua qualidade, visto que uma formulação estável é aquela que mantém

devidas proporções entre seus componentes e mantém a superfície interfásica, mesmo após a

sua exposição a diferentes fatores, como temperatura, agitação e aceleração da gravidade.

Diversos parâmetros são levados em conta quando um produto é testado quanto a sua

estabilidade física, entre eles a aparência, cor, odor, pH , viscosidade e separação de fases

(MARQUELLE-OLIVEIRA, 2007).

A partir dos resultados obtidos no teste de estabilidade preliminar, pode-se perceber

que, com exceção da formulação mantida sob refrigeração, todas as demais apresentaram

indícios de instabilidade física tais como quebra na emulsão, separação de fases e redução de

viscosidade nas condições a qual foram submetidas. (Figura 19). A formulação mantida em

geladeira se apresentou estável durante o tempo de acompanhamento, não havendo quebra da

emulsão. Além disso, suas características organolépticas e o aspecto sensorial foram

mantidos. Para essa amostra, mediu-se o pH ao final do tempo de acompanhamento e, como

resultado, foi observado que esse parâmetro não foi alterado (Figura 20). Sendo assim, pode-

se inferir que apenas a formulação mantida a baixas temperaturas se apresenta estável e,

consequentemente, própria para utilização.

55

Figura 19: Formulações submetidas ao teste de estabilidade preliminar. Imagens antes e após

o teste, respectivamente. Formulação controle (A). Formulação exposta à luz (B). Formulação

mantida em estufa (C). Formulação mantida em ciclo Congelamento/Descongelamento (D).

Formulação mantida em geladeira (E).

56

Figura 20: pH da formulação mantida em geladeira após termino do teste de estabilidade.

Considerando os resultados obtidos nos experimentos realizados no presente estudo,

pode-se sugerir que novas formulações sejam desenvolvidas, visto que a formulação utilizada

não se apresentou estável na maioria das condições testadas. Tais condições incluem

temperaturas normalmente encontradas em diversas regiões do país onde a utilização de

protetores solares é prática corriqueira. Nesse sentido, o desenvolvimento de formulações

estáveis e capazes de manter a eficácia do produto frente às condições ambientais é de

fundamental importância. Adicionalmente, as substâncias com atividade fotoprotetora devem

apresentar compatibilidade com todos os componentes da formulação e conservar suas

propriedades quando exposta à radiação solar. Assim, embora os silicones se apresentem, em

geral, como compostos inertes, a grande complexidade de metabólitos presentes nos extratos

vegetais pode ter levado a algum tipo de interação destes com os demais componentes da

formulação.

Por outro lado, visando adequar a coloração do produto final, aspecto relevante no que

diz respeito à aceitação do consumidor, pode-se sugerir a utilização do dióxido de titânio a

fim de se obter uma formulação final com características mais opacas. Ressalta-se ainda que

essa substância poderia incrementar a eficácia fotoprotetora da formulação, uma vez que é um

ativo amplamente utilizado em protetores solares como filtro físico.

57

6 CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos no presente trabalho, pode-se concluir que:

Quando em comparação ao extrato de Ginkgo biloba L., o extrato de própolis verde

apresentou valores de FPS mais pronunciados. Tal diferença pode ser explicada com

base na constituição química dos diferentes extratos e implica em maior capacidade

protetora do extrato de Própolis verde em relação à radiação UVB;

A associação dos extratos em estudo pode indicar efeito sinérgico dos mesmos em

relação ao fator de proteção solar;

Diante dos resultados obtidos na avaliação da estabilidade preliminar, torna-se

imprescindível a reformulação do produto desenvolvido, uma vez que indícios de

instabilidade física foram observados na maioria das condições de armazenamento.

58

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