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AVALIAÇÃO EM ESTÁGIO SUPERVISIONADO: UMA DISCUSSÃO NECESSÁRIA PARA SUA IMPLEMENTAÇÃO NO CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM. Ana Luzia Rodrigues 1 Maria Dagmar da Rocha Gaspar 2 Resumo: A avaliação pressupõe a análise de atividades á luz de critérios pré estabelecidos, constituindo uma atribuição de valor a alguma coisa e, este por sua vez, é um juízo emitido com bases em determinados princípios. Desta forma este trabalho teve como objetivo elaborar e implementar um instrumento de avaliação que subsidiasse professores e alunos no momento da avaliação nos estágios supervisionados. Optou-se por um estudo descritivo, do tipo qualitativo, por melhor se adaptar as indagações desta investigação. A amostra foi constituída de 23 participantes, sendo 11 professores supervisores de estágios, 1 coordenador de estágio, 1 coordenador pedagógico e 10 alunos, 2 de cada turma do curso Técnico em Enfermagem,  do Colégio Estadual Professora Elzira Correia de Sá, em Ponta Grossa, Paraná. A pesquisa resultou em dados obtidos após a implementação do instrumento em todos os estágios supervisionados. Com relação à análise das contribuições dos professores e alunos, tendo em vista a significância e representação que retrata a proposta inicial deste projeto emergiram 3 categorias: Importância de opinar sobre o instrumento de avaliação, o significado de conhecer o instrumento antes de iniciar os estágios e o nível de satisfação do professor após a implementação do instrumento. Concluiu-se que a implementação do instrumento de avaliação foi relevante a partir do momento que as percepções dos envolvidos foram desveladas, conforme seus depoimentos. Assim a presente pesquisa além de produzir resultados positivos frente à polêmica temática, despertou uma nova forma de olhar a avaliação. Palavras-Chave: Avaliação; Enfermagem; Estágio Supervisionado. TEACHING PRACTICE ASSESSMENT: A DISCUSSION NEEDED FOR ITS IMPLEMENTATION IN NURSING TECHNICAL COURSES Abstract Evaluation presupposes the analysis of something under the light of established criteria and consists in the attribution of a value to something, which is a judgment 1  Professora PDE, disciplinas técnicas. Coordenadora do Curso Técnico em Enfermagem do Colégio Estadual Professora Elzira Correia de Sá. 2  Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Docente lotado no Departamento de Enfermagem e Saúde Pública da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

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AVALIAÇÃO EM ESTÁGIO SUPERVISIONADO: UMA DISCUSSÃO NECESSÁRIA PARA SUA IMPLEMENTAÇÃO NO CURSO TÉCNICO EM 

ENFERMAGEM.

Ana Luzia Rodrigues1

Maria Dagmar da Rocha Gaspar2

Resumo: A avaliação pressupõe a análise de atividades á   luz de critérios pré estabelecidos, constituindo uma atribuição de valor a alguma coisa e, este por sua vez, é um juízo emitido com bases em determinados princípios. Desta forma este trabalho teve como objetivo elaborar e implementar um instrumento de avaliação que subsidiasse professores e alunos no momento  da  avaliação nos estágios supervisionados.   Optou­se   por   um   estudo   descritivo,   do   tipo   qualitativo,   por melhor se adaptar as indagações desta investigação. A amostra foi constituída de 23 participantes, sendo 11 professores supervisores de estágios, 1 coordenador de estágio, 1 coordenador pedagógico e 10 alunos, 2 de cada turma do curso Técnico em Enfermagem,  do Colégio Estadual Professora Elzira Correia de Sá, em   Ponta   Grossa,   Paraná.   A   pesquisa   resultou   em   dados   obtidos   após   a implementação   do   instrumento   em   todos   os   estágios   supervisionados.   Com relação à análise das contribuições dos professores e alunos, tendo em vista a significância   e   representação   que   retrata   a   proposta   inicial   deste   projeto emergiram 3 categorias: Importância de opinar sobre o instrumento de avaliação, o significado de conhecer o instrumento antes de iniciar os estágios e o nível de satisfação do professor após a implementação do instrumento. Concluiu­se que a implementação do instrumento de avaliação foi relevante a partir do momento que as percepções dos envolvidos  foram desveladas, conforme seus depoimentos. Assim   a   presente   pesquisa   além   de   produzir   resultados   positivos   frente   à polêmica temática, despertou uma nova forma de olhar a avaliação.

Palavras­Chave: Avaliação; Enfermagem; Estágio Supervisionado.

TEACHING PRACTICE ASSESSMENT: A DISCUSSION NEEDED FOR ITS IMPLEMENTATION IN NURSING TECHNICAL COURSES

Abstract

Evaluation presupposes the analysis of something under the light of established criteria and consists in the attribution of a value to something, which is a judgment 

1  Professora  PDE,  disciplinas   técnicas.  Coordenadora  do  Curso  Técnico  em Enfermagem do Colégio Estadual Professora Elzira Correia de Sá.2  Mestre   em   Educação   pela   Pontifícia   Universidade   Católica   do   Paraná.   Docente   lotado   no Departamento de Enfermagem e Saúde Pública da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

based on certain principles. This research aimed at elaborating and implementing an   assessment   tool   that   could   subsidize   teachers   and   students   during   their teaching   practice.   The   research   was   carried   out   according   to   a   descriptive qualitative study as  it   fit   the  investigation´s purposes.  The sample  involved 23 participants, from which 11 were teaching practice supervisors, 1 teaching practice coordinator, 1 pedagogical coordinator and 10 students, 2 of each of the Nursing Technical Course classes from the Elzira de Sá Public School in Ponta Grossa, Pr. The data was collected after the implementation of the assessment tool at all the teaching practice activities. The analysis of the contributions from teachers and students provided 3 categories: the importance of giving one´s opinion about the assessment   tool,   the   importance   of   knowing   the   assessment   tool   before   the teaching   practice   activities   and   teachers´   level   of   satisfaction   after   the implementation of the assessment tool. It was concluded that the implementation of the tool was relevant from the moment the perceptions of those involved in the process   were   known.   Therefore,   this   research   produced   not   only   positive outcomes about assessment, but also provided awareness about how to deal with assessment.

Keywords: Assessment; Nursing; Teaching Practice.

1 ­ INTRODUÇÃO

        Embora   tenha   evoluído   nos   últimos   tempos,   a   qualidade   da   avaliação 

educacional no Brasil  ainda deixa a desejar. A vasta  literatura sobre avaliação 

deixa   explicita   a   inexistência   de   um   modelo   único   e   ideal   de   avaliar   o 

desempenho   escolar,   porém   percebemos   a   preocupação   por   parte   dos 

educadores envolvidos com o tema em conhecer diversas formas de avaliação na 

perspectiva de encontrar a que melhor sirva para sua realidade.

Por mais que a avaliação seja uma responsabilidade dos professores é 

importante o empenho dos alunos e comunidade escolar em discutir esta questão 

tão   debatida   por   pesquisadores   da   educação.   Enquanto   atividade   teórica   e 

pratica, a avaliação não tem um paradigma amplamente aceito. (RABELO, 2004, 

p.69)

Na educação profissional, também se deparou com esta dificuldade, pois 

durante   o   processo   ensino­aprendizagem,   prever   os   objetivos   a   ser   atingido, 

escolher  meios  para  alcançá­los  e  verificar  os   resultados,  são  atividades  que 

ficam sob responsabilidade do professor uma vez que esta incumbência faz parte 

da atividade didática.

Na formação de futuros profissionais da enfermagem, especialmente nos 

estágios supervisionados os procedimentos utilizados para avaliar os alunos, não 

diferem   muito   da   regra   geral,   pois   focalizam­se   na   observação   do   quanto   o 

estagiário é capaz de reproduzir os conteúdos e técnicas aprendidas no decorrer 

das aulas teóricas e praticas em laboratórios.

Entretanto o estagio supervisionado no curso técnico em enfermagem é 

indispensável   na   formação   profissional,   pois   representa   o   momento   que 

oportunizará   ao   aluno   o   conhecimento   da   realidade,   o   relacionamento   com 

profissionais da área, as experiências organizacionais e funcionais de instituições 

de   saúde,   bem   como   o   desenvolvimento   de   habilidades   especificas   e 

enfrentamento de questões postas pelo dia a dia da profissão.

A supervisão do aluno estagiário é   feita diretamente em cada um dos 

procedimentos que ele desenvolve em ambiente hospitalar, unidades de saúde 

coletiva ou outros locais, e compete ao professor supervisor de estagio fazer a 

avaliação deste aluno, momento esse em que se evidencia a necessidade de um 

instrumento que norteie o professor na difícil tarefa de avaliar. Afinal, quais são os 

critérios na avaliação do aluno estagiário?

Em nossa realidade, observou­se que cada professor estabelecia critérios 

avaliativos diferenciados e assistemáticos gerando muitas vezes conflitos entre o 

supervisor e o estagiário.

Mediante esta problemática verificou­se a necessidade de estudar sobre 

as questões relacionadas à avaliação.   Emergiu então a possibilidade de rever 

como   a   referida   escola   estava   conduzindo   a   avaliação   durante   o   estagio 

supervisionado.

Dessa forma o objetivo deste estudo foi de elaborar em conjunto com os 

professores   supervisores   de   estagio,   alunos   e   coordenador   pedagógico   um 

instrumento de avaliação para norteá­los nos diversos momentos deste processo, 

estabelecendo   critérios   que   deverão   ser   considerados   durante   a   avaliação 

visando  a   intervenção  na  prática  pedagógica,   implementando  o   instrumento  e 

finalmente verificar a eficiência deste instrumento de avaliação implementado.

2 ­ DESENVOLVIMENTO

Ao avaliar um aluno de educação profissional, o que se pretende é que 

ele   demonstre   domínio   dos   conteúdos   que   o   tornam   competente   técnica   e 

socialmente. Os conteúdos das disciplinas são constituídos por conhecimentos, 

idéias, processos, teorias científicas, métodos e técnicas, habilidades cognitivas, 

atitudes   entre   outros.   Diante   destas   inquietações,   buscou­se   a   literatura 

específica e percebemos que o  tema avaliação apesar  de bastante explorado 

continua   sendo  motivo  de  preocupação  dos  educadores  nas  varias   áreas  de 

atuação.

A avaliação educacional, como atividade cientifica, surge na década de 40 

com os trabalhos de Ralph Tyler com uma    abordagem centrada na cuidadosa 

formulação   de   objetivos   definidos   a   partir   de   três   variáveis:   o   estudante,   a 

sociedade e a área de conteúdo. (VIANA, 1989 p.19 e 39).

Embora   tenhamos   significativos   avanços   propostos   pela   pedagogia 

histórica ­ critica a prática avaliativa, continua quase que engessada e algumas 

vezes com um enfoque arcaico, e que por certo contribui para as dificuldades que 

o professor encontra ao avaliar seus alunos.

Vianna   (1989,   p.19)   cita   alguns   aspectos   que   ainda   representam 

dificuldades para avaliar, entre eles:

Ausência   de   uma   teoria   perfeitamente   estruturada   e   que   traduzam consenso   entre   os   educadores,   inexistência   de   uma   tipologia   de informações   fundamentais  para  o  processo  decisório;   insuficiência  de instrumentos e planejamentos adequados para avaliação dos diversos fenômenos   educacionais;   ausência   de   um   sistema   que   possibilite   a organização,  processamento e  relatório  de  informações necessárias à avaliação,   e   finalmente   carência   de   elementos   qualificados   para   a realização das complexas atividades que o processo de avaliação exige. 

Para   discutir   o   tema,   necessitamos   iniciar   por   uma   definição   que 

possibilite a compreensão de do que é avaliação e, a partir de então, tentar um 

entendimento do significado latente dessas modificações da prática da avaliação 

na aprendizagem escolar (LUCKESI, 1995. p.67).

Avaliação   é   uma   palavra   que   faz   parte   de   nosso   cotidiano,   seja   de 

maneira espontânea, ou de modo formal. Originária do  latim, a palavra avaliar 

significa   “dar   valor   a...”   o   conceito   de   avaliação   é   expresso   como   sendo   a 

“atribuição de um valor ou qualidade a alguma coisa, ato ou curso de ação” (DIAS 

SOBRINHO, 2003, p.1; LUCKESI, 2000, p. 86).

No dicionário  Aurélio,  avaliar  significa:  determinar  a  valia  ou  valor  de; 

apreciar  ou estimar  o  merecimento de;   fazer  apreciação;  ajuizar.  Basicamente 

podemos representar as diversas definições sobre avaliação em um continuun, no 

qual de um lado situa­se o juízo, o julgamento de valores, e do outro, a tomada de 

decisões (RABELO, 2004. p.69).

Para alguns autores como Hoffmann (2000); Libâneo (1994, p.198) avaliar 

é:

[...]  Dinamizar  oportunidades de ação­reflexão, num acompanhamento permanente   do   professor   e   este   deve   propiciar   ao   aluno   em   seu processo de aprendência, reflexões acerca do mundo, formando seres críticos, libertários e participativos na construção de verdades formuladas e reformuladas.

[...] Um juízo de qualidade sobre dados relevantes tendo em vista uma tomada de decisão.

Segundo   Libâneo   (1994,   p.198)   tem­se   verificado   na   prática   escolar 

alguns  equívocos  em  relação  aos   objetivos,   função   e  papel   da  avaliação  na 

melhoria das atividades escolares e educativas, de acordo com o mesmo autor os 

professores tem dificuldades em avaliar resultados mais importantes do processo 

de ensino como a compreensão, originalidade, capacidade de resolver problemas 

e de fazer relação entre fatos e idéias.

A literatura sobre avaliação deixa claro a inexistência de um modelo único 

e ideal de avaliação do desempenho escolar, porém percebemos a preocupação 

por parte das pessoas envolvidas com o tema em conhecer diversas formas de 

avaliação na perspectiva de encontrar  a que melhor  sirva para sua realidade. 

Para   Hadji   (2001,   p.27)   “a   idéia   de   que   a   avaliação   é   uma   medida   dos 

desempenhos dos alunos esta, como já vimos, solidamente enraizada na mente 

dos professores... e, freqüentemente, na dos alunos”.

Sousa   (1991,   p.143)   defende  que   “a  avaliação  visa  à   verificação  dos 

objetivos   propostos   em   um  programa  escolar”.   Durante  o  processo   ensino   e 

aprendizagem é importante prever os objetivos a serem alcançados e escolher os 

meios  adequados  para  atingi­los  e  verificar  os   resultados   são  atividades  que 

sempre ficam sob responsabilidade do buscamos a literatura.

De acordo com Méndez (2005) a avaliação é um processo natural que 

nos permite a conscientização do que fazemos   e as conseqüências de nossas 

ações, mas percebemos que nas escolas os processos de avaliação tem sido 

alvo de muitas criticas e os professores têm encontrado dificuldade no momento 

de avaliar seu aluno.

O   professor   no   instante   de   construção   e   utilização   dos   instrumentos 

deveria   definir   os  dados   relevantes   e   sua  utilização  na  avaliação  evitando  o 

arbítrio momentâneo, pois, como se pode ver, a pratica da avaliação não pode ser 

efetivada arbitrariamente (LUCKESI, 1995. p.68)

Para Esteban (2003) a avaliação como prática de investigação pressupõe 

a interrogação constante e se revela um instrumento importante para professores 

comprometidos com uma escola democrática.

Entretanto, sabemos que, à medida que a ciência e a tecnologia avançam 

e o saber acumulado cresce, a tarefa de selecionar conteúdos das disciplinas e 

dos cursos torna­se mais difícil. Atualmente percebe­se que, entre o momento em 

que   o   profissional   recebe   seu   diploma   e   aquele   que   inicia   suas   atividades 

profissionais,   novas   teorias   são   divulgadas   e   nova   tecnologia   é   lançada   no 

mercado.

Diante deste fato, a escola deve reconhecer que, ao lado da construção 

de conhecimentos e das habilidades  técnicas,  é  preciso desenvolver  no aluno 

habilidades de pensamento: ele precisa aprender a pensar, a refletir, a analisar, a 

desenvolver capacidade de “aprender a aprender”, ou seja, a capacidade de auto­

aprendizagem. É necessário que o aluno tenha condições de emitir  julgamento 

critico,   de   argumentar,   defendendo   suas   idéias   e   de   criar   novas   idéias   e 

situações.

Conseqüentemente,  a  avaliação do desempenho do aluno deve  recair 

sobre dados relativos ao domínio dos conteúdos e das competências profissionais 

além do desenvolvimento das habilidades do pensamento.

Para   contextualizar   a   problemática   em   estudo,   a   seguir   serão 

apresentados   aspectos relacionados ao histórico do ensino de enfermagem em 

nosso país.

No Brasil o ensino de enfermagem foi oficialmente instituído a partir de 

1890 com a criação da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras no Rio 

de   Janeiro;   até   então   a   prática   da   enfermagem   fundamentava­se   em 

conhecimentos   empíricos   e   nenhuma   exigência   se   fazia   quanto   ao   nível   de 

escolarização,   bastava   abnegação,   dedicação   e   obediência   para   cumprir   as 

prescrições médicas e realizar cuidados elementares aos pacientes.

Mais tarde, a criação da associação nacional de enfermeiras diplomadas, 

atual Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) fez emergir a preocupação 

com   a   organização   do   ensino   de   enfermagem   no   país   (SILVA,   MEDEIROS, 

OLIVEIRA, 2007).

No Paraná, em 1954, criou­se a primeira escola de formação de auxiliares 

de enfermagem “Dr. Caetano Munhoz da Rocha” que hoje pertence à secretaria 

de saúde e tem o nome de Centro Formador de Recursos Humanos Caetano 

Munhoz da Rocha.

Em 1955, as irmãs de caridade de São Vicente de Paulo criaram a escola 

de auxiliares de enfermagem Catarina Labouré que deveria funcionar dentro do 

hospital   Nossa   Senhora   da   Graças,   efetivamente   autorizada   pelo   MEC   a 

funcionar em 1956.

Na década de 80 foi implantado no SENAC de Ponta Grossa o curso de 

Atendente  de  Enfermagem  dando  novas  perspectivas  para  o  atendimento  de 

enfermagem nas  instituições de saúde.  Na rede pública estadual,  o município 

ganhou seu primeiro curso de Auxiliar de Enfermagem no Instituto Estadual de 

Educação César Prieto Martinez, que foi reconhecido em 28/01/82 (PIRES, 2007, 

p. 44).

A aprovação da Lei do Exercício Profissional de Enfermagem nº 7.498, de 

25/06/86 reforçou a necessidade de qualificar os trabalhadores de enfermagem, 

por apresentar em seu art.  2º  que a enfermagem e suas atividades auxiliares 

somente podem ser exercidas por pessoas legalmente habilitadas.

No ano de 1995 os cursos de Auxiliar de enfermagem juntamente com 

outros cursos profissionalizantes deixaram de ser ofertados devido à política de 

governo da época.

A lei Federal nº 9.394/96, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 

(LDB) garante que:

(...) A educação profissional assim concebida não se confunde com a educação  básica  ou  superior.  Destina­se  àqueles  que  necessitam se preparar para seu desempenho profissional, num sistema de produção de bens e de prestação de serviços, onde não basta somente o domínio da informação, por mais atualizada que seja. Deve, no entanto, assentar­se em sólida educação básica, ferramenta essencial para que o cidadão trabalhador tenha efetivo acesso à conquista tecnológica da sociedade, pela apropriação do saber que alicerça a pratica profissional,  isto é, o domínio da inteligência do trabalho. 

Com   a   mudança   de   governo   em   2004   e   a   retomada   da   educação 

profissional, Ponta Grossa e outros municípios voltaram a ofertar curso na área de 

enfermagem,   tendo   o   Colégio   Estadual   Professora   Elzira   Correia   de   Sá, 

autorização para ofertar curso Técnico em Enfermagem que atualmente oferece 

opção ao aluno de ingressar no mercado de trabalho também como auxiliar de 

enfermagem.

Na   área   de   ensino   da   educação   profissional   em   enfermagem,   estão 

ocorrendo mudanças no processo educacional, decorrentes das prescrições da 

legislação vigente, entre outros motivos (OKANE, TAKAHASCHI, 2006).

Dentre  os  desafios  do  processo  ensino­aprendizagem na  enfermagem 

nos   deparamos   com   o   desenvolvimento   do   estágio   supervisionado,   neste 

momento   professor   supervisor   de   estágio   deve   ser   visto   como   aquele   que 

conhece o aluno observa seu crescimento e interfere quando necessário, portanto 

a avaliação desenvolvida no estágio deve ser realizada por meio de observação 

critica sistematizada, criteriosa e processual (FERRARI, 2002).

Deste modo se justifica a realização de um estudo bibliográfico sobre o 

estagio supervisionado com a intenção de correlacionar com o objetivo do estudo 

que é a construção do instrumento de avaliação

O estágio é componente obrigatório, podendo ser entendido como o eixo 

articulador entre teoria e prática. É a oportunidade para o aluno entrar em contato 

direto com a realidade.

O estágio supervisionado faz parte da matriz curricular de vários cursos 

da educação profissional, sendo este uma oportunidade de exercício da síntese 

dos conhecimentos adquiridos  ao  longo do curso.  É  uma atividade  teórica  de 

conhecimento,   fundamentação,   diálogo   e   intervenção   na   realidade,   esta   sim 

objeto da práxis, ou seja, é no contexto da sala de aula, da escola, do sistema de 

ensino e da sociedade que a práxis se dá. (PIMENTA e LIMA, 2008. p.45)

De   acordo   com   o   que   consta   no   Boletim   IOB   ­   Informações 

Objetivas­40/93, “A finalidade do estágio é  proporcionar a complementação do 

ensino e da aprendizagem a serem planejados,  executados,  acompanhados e 

avaliados segundo os currículos, programas, calendários escolares, a fim de se 

constituírem um  instrumento de  integração, em termos de treinamento pratico, 

aperfeiçoamento técnico cultural, cientifico e relacionamento humano.”

Resolução   do   Conselho   Federal   de   Enfermagem   (Cofen)   299/2005 

considera  o  estágio  curricular  supervisionado,  como ato  educativo,  deve visar 

complementação do ensino e da aprendizagem a serem planejados, executados, 

supervisionados e avaliados por enfermeiro, em conformidade com a proposta 

pedagógica do curso, a fim de assegurar o desenvolvimento das competências e 

habilidades gerais e específicas para o exercício profissional.

O trabalho coletivo exige a capacidade comunicativa entre os membros 

da equipe e também entre os clientes de seus serviços. Assim a formação deste 

novo trabalhador da enfermagem requer o saber fazer o porquê fazer e o saber 

relacionar­se,  é   importante   também desenvolver  a   capacidade  de  analisar  as 

situações   e   compreende­las   corretamente   a   fim   de   alcançar   os   resultados 

esperados. Todas estas questões devem ser trabalhadas nas aulas teóricas e nos 

estágios supervisionados. 

No   momento   da   avaliação   em   estágio   nos   surpreendemos   com 

questionamentos que nos levam a refletir, o que é realmente avaliar as atividades 

do outro? Será que este estagiário não tem mais potencial do que o avaliado? Fui 

justo? 

Percebemos com frequência que a separação do avaliar teórico e prático 

é uma realidade vivenciada por grande parte dos professores do curso técnico em 

enfermagem, principalmente tratando­se de estágios supervisionados.

No curso Técnico em Enfermagem, a supervisão do aluno estagiário é 

feita diretamente, em cada um dos procedimentos que ele venha desenvolver. Tal 

avaliação se justifica no fato de que os estagiários trabalham  com indivíduos que 

procuram os serviços de saúde, na perspectiva de cura de alguma afecção ou na 

manutenção do seu estado de saúde. Os procedimentos realizados pelos alunos 

vão  desde os mais simples até os mais complexos, de acordo com as atividades 

previstas para o técnico em enfermagem na Lei do Exercício Profissional. Desta 

forma,   toda   atividade   executada   pelo   aluno   é   acompanhada   pelo   professor 

supervisor.

É   importante proporcionar ao aluno um campo de estágio acolhedor e 

com possibilidade de autonomia para o aluno e professor contribuindo para uma 

aprendizagem   significativa   e   favorecendo   o   entendimento   do   processo   de 

trabalho.   Supervisionar   o   estágio   do   curso   técnico   em   enfermagem   leva   o 

professor a pensar , uma vez que o aluno fica próximo do ser humano que é 

cuidado,  ouve,   toca,   realiza  procedimentos   (curativos,   injeções...)  que  ensinar 

alguém a cuidar do outro envolve além das técnicas, aspectos emocionais dos 

que participam do processo, todas estas questões devem ser consideradas no 

momento da avaliação, portanto, esse processo deve acontecer de maneira justa, 

dialogada, objetiva, participativa, continua, transmitindo segurança.

Diante de uma supervisão de prática, o professor tem oportunidade de 

observar  atentamente  seus  alunos,  de  obter   inúmeras   informações  que  muito 

contribuirão para o conhecimento do educando,  individualmente e do grupo. A 

avaliação da aprendizagem requer do professor o domínio da observação que é 

uma técnica valiosa no acompanhamento e na avaliação, porém é  necessário, 

clareza de objetivos, seleção de métodos e técnicas adequadas, o uso racional do 

tempo e finalmente um instrumento de avaliação.

 3 ­ METODOLOGIA

Optou­se  por   um estudo  descritivo,  do   tipo  qualitativo,   por  melhor   se 

adaptar as indagações desta investigação. Como método, a pesquisa qualitativa 

responde   a   questões   particulares,   trabalham   com  o   universo  de   significados, 

motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes.

No   inicio   do   primeiro   semestre   de   2009,   em   momento   oportuno   a 

professora PDE, reuniu a coordenadora pedagógica, coordenadora de estágios e 

11 professores do curso Técnico em Enfermagem do Colégio Elzira Correia de 

Sá, em Ponta Grossa ­ Paraná, com a finalidade de apresentar o projeto para a 

construção de um instrumento de avaliação que possibilitasse algumas diretrizes 

no momento da avaliação do aluno estagiário. 

Os participantes da reunião manifestaram interesse e disponibilidade de 

tempo para fazerem parte do projeto. Inicialmente também foram convidados 10 

alunos sendo 2 de cada turma para participarem do processo. A amostra contou 

com 23 participantes. Na seqüência o instrumento já em fase de construção foi 

entregue a todos os alunos das 5 turmas para que pudessem também opinar e 

conhecer o trabalho que estava sendo desenvolvido.

No total foram 8 encontros realizados no ambiente escolar em períodos 

de   hora   atividade   dos   professores.   No   primeiro   encontro   foi   explicada   a 

metodologia a ser utilizada e entregue alguns materiais sobre o tema avaliação 

para leitura. No segundo encontro iniciou­se discussão do assunto em estudo, no 

terceiro, quarto e quinto encontros houve a construção do instrumento. No sexto 

encontro   discutiu­se   sobre   os   valores   atribuídos   a   cada   item.   Finalizado   o 

instrumento, o mesmo foi implementado no momento da avaliação dos estágios 

supervisionado pelos professores e alunos envolvidos.  No sétimo encontro houve 

a   participação   da   professora   orientadora   do   trabalho   a   qual   suscitou   uma 

discussão   sobre   o   tema   com   os   professores   participantes   enriquecendo   o 

processo. No oitavo encontro houve a primeira avaliação do instrumento após sua 

aplicação, neste momento alguns ajustes foram feitos.

No segundo semestre do mesmo ano, a fim de verificar a percepção dos 

professores   e   alunos   sobre   a   participação   na   elaboração   e   aplicação   do 

instrumento   de   avaliação,   (apêndice   1)   foram   aplicados   dois   questionários, 

um dirigido a cinco (5)       professores    supervisores de estágios, questionário   1 

( apêndice 2) elaborado com vistas à obtenção de informações sobre utilização 

do  instrumento no processo avaliativo durante o estagio  supervisionado sob a 

ótica do professor enquanto o questionário 2 ( apêndice 3) dirigido a cinco (5) 

alunos  que  objetivou   levantar  o   sentimento  do  aluno   frente  a  participação  no 

projeto.

As   respostas   obtidas   a   partir   dos   questionários   foram   analisadas, 

atribuindo a cada participante uma legenda utilizando a letra A quando referenciar 

alunos e letra P referenciando os professores e números de 1 a 5 de acordo com 

ordem de entrega do questionário.

Os dados coletados foram analisados na vertente de Análise de Conteúdo 

que   é   definida  por  Bardin   (1977),   como   sendo  um  conjunto  de   instrumentos 

metodológicos, os quais se aplicam aos “discursos” mais diversos e tem como 

meta a indução, a dedução e a conclusão.

4 ­ RESULTADOS E DISCUSSÕES 

Para   Albertino   (2004)   a   sistematização   da   avaliação   viabiliza   um 

aperfeiçoamento dos processos de ensino e aprendizagem, e ainda, favorece um 

maior desenvolvimento do referencial e do espírito critico do aluno.

Um dos objetivos do trabalho foi alcançado no momento da finalização da 

construção   e   implementação   do   instrumento   avaliativo,   pelos   sujeitos   da 

pesquisa.

A certeza que outro objetivo foi atingido veio no momento da organização 

das respostas obtidas nos questionários aplicados. 

Optou­se por analisar as contribuições dos professores e alunos tendo em 

vista a significância e representação que retrata a proposta inicial deste projeto, 

compiladas nas seguintes categorias:

­ A importância de opinar sobre o instrumento de avaliação usado nos 

estágios supervisionados.

­ O significado de conhecer o instrumento de avaliação antes de iniciar 

os estágios.

­   O   nível   de   satisfação   do   professor   após   a   implementação   do 

instrumento avaliado.

A   experiência   de   participar   da   construção   do   instrumento   foi 

enriquecedora para professores e alunos que reafirmam a importância de poder 

opinar   sobre  o   instrumento  de  avaliação  usado  nos  estágios   supervisionados 

quando expressam:

“Foi  essencial  para nos dar mais  segurança na avaliação que é   feita sobre nosso desempenho em estágio”. (A ­1) “Saber no que e quando estamos sendo avaliados; para saber onde precisamos melhorar.” (A­3)

A insegurança sentida pelos estagiários é aceitável e comum frente ao 

desconhecido, porém o problema se acentua quando o mesmo não sabe o que se 

espera dele naquele momento e como seu desempenho será avaliado.

Para Viana (1989) a avaliação sistemática permite eliminar qualquer tipo 

de insegurança que se aposse do aluno, tornando­o mais confiante no êxito de 

suas atividades. 

Durante muitos anos, nas escolas de ensino técnico em enfermagem os 

alunos apenas obedeciam ordens, seu saber era desconsiderado, hoje eles fazem 

parte do processo, opinam e  tem a oportunidade de participar ativamente das 

decisões que envolvem o binômio ensino aprendizagem. Os alunos perceberam 

sua importância dentro do processo quando relatam

“Nos fez perceber que somos partes importantes de um processo que diz respeito   a   nós   mesmos,   ou   seja,   tivemos   a   oportunidade   que   nem sempre é dada, de “escolhermos” como queremos ser avaliados.” (A­2)

“É muito importante os alunos poderem dar suas opiniões...” (A ­4)

Diante desta realidade, a avaliação necessita tomar um novo rumo e a 

participação  ativa  dos  alunos  é  muito   importante  para  que  se  estabeleça  um 

diálogo   aberto,   abrindo­se   assim,   um   leque   de   possibilidades   de   novos 

conhecimentos (FARIA, 2000).

O depoimento abaixo  revela o sentimento dos alunos em participarem 

ativamente   do   processo,   porém,   confirma   que   o   mesmo   não   está   pronto   e 

acabado, sugerem algumas mudanças e levantam a necessidade de um melhor 

preparo dos professores supervisores de estágios para a avaliação.

“Foi bastante importante, pois participamos ativamente do processo de montagem das folhas de avaliação, porem ainda necessita de algumas mudanças   como,   por   exemplo:   melhor   distribuição   de   notas   das atividades realizadas, melhor instrução dos professores supervisores de estagio para avaliarem melhor.” (A­5)

Para   Luis   (1998)   tem­se  a   certeza  que  o   instrumento   por   si   só,   não 

garante a eficácia da avaliação professor­aluno, ele deve ser utilizado como um 

facilitador   dos  envolvidos  nesse  processo.  Professores  e  alunos  devem estar 

preparados para o uso do instrumento a fim de que o mesmo alcance o objetivo 

para o qual foi construído, evidenciado nos depoimentos dos alunos.

Antes  do  uso   de  qualquer   instrumento  de  avaliação  é   fundamental   a 

clareza por parte dos professores do que se quer com esta ou aquela avaliação. É 

imprescindível que o professor perceba por que e para que esta avaliando este ou 

aquele conhecimento.

Ao discorrer sobre o estágio supervisionado, Burriolla (1999) argumenta 

que   o   papel   da   supervisão   neste   contexto   é   complexo   e   polêmico   e   que   o 

supervisor   na   maioria   das   vezes   não   busca   refletir   com   o   aluno   a   pratica 

experenciada.

Já   com   relação   aos   professores,   a   importância   da   participação   na 

construção   do   instrumento   despertou   sentimentos   de   valorização,   segurança, 

propiciando também a troca de experiências conforme os relatos a seguir:

“Valorização   do   professor   frente   às   dificuldades   de   avaliar   o   aluno quando   não   se   tem   um   parâmetro   a   ser   observado.   Integração   do professor na busca do aprendizado do aluno.” (P­1)

“Com a elaboração do instrumento de avaliação; consegui avaliar com mais segurança e qualidade; até mesmo o próprio aluno sabe o que é esperado ou qual é o objetivo que ele deve alcançar no estagio, pois o instrumento   determina   claramente   suas   competências/habilidades almejadas. Outro aspecto que considero importante é que o instrumento é   atual   e   flexível;   pois   adapta­se   a   realidade   que   encontramos   nos campos de estágios.”(P­2)

Assim como os alunos os professores também sentiram mais segurança 

no   momento   da   avaliação   dos   alunos   utilizando   o   instrumento.   Diferentes 

realidades são encontradas nos campos de estágio, sem falar nas especificidades 

de   cada   disciplina,   porém,   foi   percebida   a   flexibilidade   do   instrumento   e   a 

facilidade de adaptá­lo para os diversos locais de estágios.

A proposta metodológica do trabalho propiciou momentos de discussão e 

trocas de  experiências  positivas  para  o  crescimento  do  grupo e   foi  percebido 

pelos professores conforme relato:

“A   participação   na   elaboração   do   instrumento   nos   proporcionou momentos   de   reflexão   junto   aos   colegas,   discutimos,   trocamos experiências de forma enriquecedora, tentando em conjunto pensar em pontos essências para uma avaliação, que viesse ao encontro com as necessidades do aluno, do professor e do campo de estágio.” (P­5) 

A avaliação do processo ensino aprendizagem só  se concretiza com a 

participação  do  professor  e  do  aluno  e  no  caso  de  estagio  supervisionado   é 

importante  que  o  campo de estágio  seja   rico  em situações para  as  quais  os 

alunos estão sendo preparados, por isso a necessidade de conhecer os campos 

de estágios, uma vez que estes tem influencia direta na avaliação.

A oferta  de  um ambiente  democrático  e  a  participação  de   todos  com 

autonomia de ação e possibilidade de discutir os problemas buscando soluções 

em conjunto é  um requisito  mais  importante do que a obediência  cega a  um 

conjunto de regras (LUIS, 1988).

O estágio supervisionado faz parte da matriz curricular de vários cursos 

da   educação   profissional   os   alunos   ao   ingressarem   no   curso   técnico   em 

enfermagem criam uma expectativa muito  grande em relação ao momento do 

inicio dos estágios e demonstram preocupação na maneira como serão avaliado.

O significado de conhecer o instrumento usado na avaliação dos estágios 

supervisionados antes que estes iniciem demonstrou ser essencial para os alunos 

conforme os relatos:

“É  importante porque assim sabemos o que o curso espera do nosso desempenho e assim conseguimos direcionar melhor nossos esforços” (A­1) 

As informações obtidas com a avaliação precisam ser apresentadas aos 

alunos para juntos ao professor discutirem possibilidades de melhora quanto ao 

desempenho no estagio. Depresbiteris (2007) reforça que a virtude formativa não 

esta no instrumento, mas no uso que fazemos dele. Vejam o que dizem os alunos 

a este respeito:

“Ele   é   importante,   pois   nos   faz   capaz   de   descobrirmos   e   identificar valores e comportamentos necessários e de extrema importância para iniciarmos nossas atividades seja ela no nosso dia a dia principalmente no ambiente de trabalho”. (A­2)

“É bem importante tanto pelo fato de saber o que esta sendo avaliado e até  mesmo pela  postura  ética  e  profissional,  e   também pelo   fato  de poder discutir juntamente com o professor (avaliador) o resultado da nota final”. (A­5)

Os   depoimentos   dos   alunos   revelam   que   além   do   conhecimento   e 

habilidades técnicas, os aspectos relacionados a atitudes permeiam o processo 

ensino aprendizagem e também a práxis.

Os relatos vêm ao encontro com o pensamento de alguns estudiosos da 

área entre eles Castro e Carvalho (2002) que afirmam que é importante garantir 

que   os   alunos   conheçam   e   adquiram   familiaridade   com   os   instrumentos   de 

avaliação para evitar erros e melhorar a validade e fidedignidade dos resultados.

Quando   instigados   a   falarem   sobre   o   nível   de   satisfação   frente   ao 

instrumento   construído   e   implementado   os   professores   fazem   os   seguintes 

depoimentos:

”Muito   bom,   trabalho   elaborado   para   proporcionar   a   avaliação   e integração entre o aprendizado e a realidade vivenciada”. (P­1)

“Excelente,   o   processo   de   avaliação   passou   a   ser   algo   objetivo   e concreto; que considera a individualidade do aluno; seu perfil profissional e conseqüentemente torna esse “ato” de “avaliar” mais humano. Consigo com mais segurança olhar nos olhos do meu aluno, dizer quais são seus pontos positivos, quais são suas habilidades que devem ser melhoradas sem tornar a “avaliação” em um processo de “bicho papão”: mas em um processo de transformação do ser humano”. (P­2)

“Considero  o   instrumento  bom,  de   fácil   utilização;   também permite  a visualização por parte dos alunos do que esta sendo avaliado; além de possibilitar a chance de ser aperfeiçoado durante seu uso. A avaliação após utilizá­lo tornou­se mais completa”. (P­3)

Percebemos com estes depoimentos que a maneira como o instrumento 

foi concebido e utilizado contribuiu para a promoção da aprendizagem, pois, os 

professores concordam que a organização do instrumento permitiu a obtenção de 

um número maior e mais variado de informações relativas ao desempenho do 

estagiário possibilitando ao aluno diferentes formas de expressão.

De   acordo   com   Depresbiteris   (2007)   o   ser   humano   sempre   procurou 

aperfeiçoar   instrumentos   para   facilitar   as   suas   ações   e   o   seu   trabalho   com 

finalidade de alcançar melhores resultados. 

Pode­se   dizer   que   a   mesma   relação   ocorre   com   os   instrumentos 

utilizados no processo avaliativo: apresentam a finalidade de aprimorar o trabalho 

pedagógico.

Além   destes   aspectos   outros   pontos   merecem   estudos   junto   aos 

professores, como por exemplo: o trabalho integrado e humanizado buscando a 

transformação do ser humano

5 ­ CONCLUSÃO

Ressaltamos que este trabalho foi importante a partir do momento que as 

percepções dos envolvidos foram desveladas. Assim a presente pesquisa, além 

de produzir resultados positivos frente à polêmica temática, impingiu uma nova 

forma de olhar a avaliação.

A construção de um  instrumento  de  avaliação que possibilite  algumas 

diretrizes para o trabalho do professor, visando oferecer ao aluno caminhos que 

desenvolvessem   qualidades   e   permitissem   que   dificuldades   fossem   melhor 

trabalhadas, na expectativa de obter um dialogo produtivo entre professor e aluno, 

incentivar   a   reflexão   e   a   criatividade   durante   todo   o   processo   avaliativo   e 

promover  o crescimento mutuo.

Este relato da forma de elaboração de um instrumento de avaliação não 

tem   o   objetivo   de   oferecer   todas   as   respostas   sobre   o   tema  e   não   tem   a 

pretensão de tornar­se um modelo pronto e acabado em que o estudante deve se 

encaixar, a proposta foi de ajustá­lo as necessidades dos participantes os quais 

relataram   suas   experiências   na   construção   e   utilização   do   instrumento   de 

avaliação do aluno estagiário.

O ambiente democrático criado com a participação de todos os envolvidos 

no processo foi positivo na tentativa de soluções para o tema avaliação.  Para os 

alunos a   importância  de  poder  opinar  e  conhecer  o   instrumento  de  avaliação 

antes de iniciar os estágios foi muito importante e se consolida como pudemos 

perceber conforme respostas aos questionamentos.

O  interesse deste  trabalho é  apresentar esta experiência no  intuito  de 

contribuir,  suscitar  questionamentos  e  salientar  que um  instrumento  elaborado 

para   avaliar   o   processo   ensino   aprendizagem   muito   contribui   para   que   se 

alcancem os objetivos propostos.

A preocupação em envolver os professores supervisores de estágios e os 

alunos estagiários  na  busca de conhecimentos  que auxiliassem a  resolver  os 

dilemas da avaliação fez com que se optasse pela construção de um instrumento 

de avaliação que possibilite algumas diretrizes para o trabalho do professor.

Concluiu­se   então   que   os   instrumentos   de   avaliação   precisam   ser 

pensados segundo os objetivos pretendidos por todos os envolvidos, em última 

instância,   são   a   formação,   desenvolvimento,   integração,   socialização   e 

tranquilidades dos sujeitos; sua qualidade esta associada à qualidade educacional 

que ele possibilita.

Esperamos que este estudo tenha aberto um canal que possibilite aos 

professores preocupados com a  formação de seus alunos e com sua prática, 

novas pesquisas e compartilhem com seus pares as experiências acumuladas ao 

longo de sua trajetória como educadores.

REFERÊNCIAS

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ARCO VERDE, E. Dia a dia educação. Paraná: Portal Educacional do Estado do Paraná,   2003.   Disponível   em:   <http://[email protected]>. Acesso em: 14 nov. 2008.

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CONSELHO   FEDERAL   DE   ENFERMAGEM.   Resolução   299/2005.   Indicativos para   realização   de   estágio   curricular   supervisionado   de   estudantes   de enfermagem de graduação e do nível técnico da educação profissional. Rio deJaneiro: COFEN, 2005.

DEPRESBITERIS,   L.   Instrumentos   de   Avaliação:   a   necessidade   de   conjugar técnica e procedimentos éticos. In: Revista Aprendizagem. Pinhais: Editora Melo, ano 1, n. 1, jul­ago/2007.

DIAS SOBRINHO, J. Avaliação: políticas educacionais e reformas da educação superior. São Paulo: Cortez, 2003.

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KUENZER, A.Z. Competência como práxis: os dilemas da relação entre teoria e prática   na   educação   dos   trabalhadores.   Boletim   Técnico   do   SENAC,   Rio   de Janeiro, 2003.

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SOUSA, C. (Org.) Avaliação do rendimento escolar. Campinas: Papirus, 1991. p. 143­149.

VIANNA, H.M. Introdução a avaliação educacional. São Paulo: IBRASA, 1989.

APÊNDICES

APÊNDICE 1

COLÉGIO ESTADUAL PROFESSORA ELZIRA CORREIA DE SÁ

 CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DO ALUNO ESTAGIÁRIO

Aluno: __________________________________________________________

Disciplina: _______________________Local:  ___________Período: _______

Professor Supervisor: _____________________________________________

Comportamento Profissional 4,0 Observações

­ Aparência pessoal e uso de uniforme (0,2)

­ Pontualidade/assiduidade (0,2)

­ Material de bolso (0,2)

­ Demonstrar interesse no aprendizado (0,4)

­ É colaborativo no desenvolvimento do trabalho em         equipe (0,2)

­ Demonstra respeito pelo paciente/cliente/usuário (0,4)

­ Mantém ordem, organização e limpeza do ambiente (0,2)

­  Comporta­se  com adequação  ao  estágio   (não   fuma,  não  grita,  não  se ausenta das atividades) (0,2)

­ Aceita sugestões e críticas em benefício a aprendizagem (0,4)

­ Demonstra iniciativa e responsabilidade (0,4)

­ Mantém postura ética pessoal e profissional (0,4)

­   Estabelece   uma   comunicação   correta   com   o   paciente/cliente/usuário, respeita sua individualidade de forma humanizada (0,4)

Conhecimentos 2,0 Observações

­ É responsável pela busca constante do conhecimento (0,5)

­ Procura soluções e/ou sugestões sobre problemas apresentados (0,4)

­ Faz levantamento e interpreta dados sobre o diagnóstico do paciente (0,5)

­ Relata com clareza problemas ou ocorrências do cliente/paciente/usuário quanto a sinais e sintomas, desvios físicos ou emocionais (0,6) 

Desempenho técnico 4,0 Observações

­ Higieniza as mãos corretamente (0,2)

­ Participa e realiza passagem de plantão, reconhece o paciente sob seus cuidados pelo nome e patologia (0,2)

­ Cumpre integralmente as tarefas designadas (0,2)

­ Verifica corretamente sinais vitais (0,2)

­ Realiza cuidados de higiene e conforto (0,2) 

­ Conhece a medicação usada, indicação e efeitos colaterais (0,3)

­ Prepara e administra medicação (0,3)

­ Tem cuidados de assepsia e anti­sepsia (0,2)

­ Realiza curativos/retirada de pontos (0,2)

­ Coleta e encaminha materiais para exames (0,2) 

­ Utiliza corretamente os termos técnicos (0,2) 

­ Recepciona o usuário, realiza a triagem de enfermagem (0,2) 

­ Realiza admissão, internamento, aprazamento e checagem de prescrição (0,2)

­ Administra vacinas e tem cuidados com a rede de frios (0,2)

­ Acompanha e conhece ações da vigilância epidemiológica (0,2) 

­ Apresenta relatórios referente as atividades realizadas na data solicitada pelo professor (0,2)

­  Realiza  anotações  de enfermagem pertinentes  aos  cuidados  prestados (0,2)

­ Incentiva e orienta o aleitamento materno (0,2)

­   Fornece   orientações   corretas   de   enfermagem   para   o paciente/cliente/usuário e familiares (0,2)

Comentários: ____________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Aluno Estagiário                                            Professor Supervisor

APÊNDICE ­ 2 ­ PROFESSORES

Professor supervisor de estágios no curso Técnico em Enfermagem do Colégio Estadual Professora Elzira Correia de Sá.

Sua contribuição é muito importante para a conclusão de meu trabalho no PDE, se possível respondas as questões abaixo. Obrigada

1­ Qual a importância de sua participação na elaboração que um instrumento que norteie seu momento de avaliação nos estágios supervisionados?

2­ Após uso do instrumento elaborado, qual foi seu nível de satisfação?

APÊNDICE ­ 3 ­ ALUNOS

Caro aluno do curso Técnico em Enfermagem do Colégio Estadual Professora Elzira Correia de Sá, sua resposta a estas  duas questões contribuirão para a melhoria do processo de avaliação em estágios supervisionados.

Agradeço sua participação.

1­ Para você, qual foi a importância de poder opinar sobre o instrumento de avaliação usado nos estágios supervisionados?

2­ Para você o que significa conhecer o instrumento de avaliação antes de iniciar os estágios?