constituindo uma associação comunitária

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Constituindo uma associação comunitária Inicialmente é necessário que haja, entre os membros de uma área ou comunidade, uma demonstração de solidariedade. Geralmente, isto começa quando há interesses comuns. Pode ser a necessidade de conseguir, junto a alguém ou ao governo, verba, por exemplo, para construir um centro comunitário, praça ou posto médico, uma passagem molhada, um pontilhão, uma barragem comunitária, etc. No caso do centro comunitário, este passará a ser o local de centralização de toda a comunidade para juntos, no dia previamente combinado, começar a discutir as necessidades da comunidade. Não existindo este centro, a discussão poderá ser em uma escola ou outro local público e/ou particular que comporte um número expressivo de pessoas. Necessidades comunitárias São todas aquelas que venham beneficiar a comunidade. Temos como exemplos: ■ Escola; ■ Posto de Saúde; ■ Praça para lazer; ■ Quadra esportiva (para todos); ■ Salão Comunitário; ■ Lavanderia comunitária; ■ Igreja. E outras de interesse da população local. Não pode ser algo ou alguma coisa que venham a beneficiar apenas a uma ou duas pessoas, como, por exemplo, a abertura de uma rua para atender a uma casa, ou a limpeza do terreno de uma pessoa, ou a casa de uma pessoa. Como iniciar uma Associação Comunitária Para que haja organização e a discussão passe a ser oficial, ela tem que representar todos os presentes. A maneira certa é discutir, com a participação de todos, a necessidade ou não de uma associação que represente, ao mesmo tempo, toda a comunidade e não apenas uma ou duas pessoas isoladamente. É importante lembrar que a união dos moradores fortalece e dá mais valor aos pedidos. É essencial verificar se realmente é desejo da maioria a criação da associação comunitária. Para esta discussão inicial, aconselha- se que seja feita a arrumação das cadeiras formando um círculo, em que as pessoas estão praticamente de frente umas às outras, dando uma ideia de igualdade entre todos, o que de fato é verdade e deverá ficar demonstrado. Se for possível, aconselha-se a presença de um técnico ou pessoa que já tenha participado de uma Associação para organizar e controlar esta reunião inicial. Todos terão participação, podendo qualquer um emitir sua opinião de modo simples e, acima de tudo, civilizado. É indispensável que haja uma explicação inicial de um técnico ou pessoa com vivência em associação comunitária para apresentar todas as informações aos interessados. Ao final desta reunião, é necessário que haja uma votação democrática, onde todos votarão e os votos de todos terão o mesmo valor para decidir pela formação ou não da Associação. Esta reunião deve ser documentada com uma ata, feita por um dos presentes, e na presença de todos, onde constarão todos os assuntos discutidos e a decisão da maioria pela criação ou não da associação. Todos os presentes deverão assinar esta ata ao final da reunião, pois se for aprovada a formação da associação, este será o documento inicial da mesma.

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Page 1: Constituindo uma associação comunitária

Constituindo uma associação comunitáriaInicialmente é necessário que haja, entre os membros de uma área ou comunidade, uma demonstração de solidariedade. Geralmente, isto começa quando há interesses comuns. Pode ser a necessidade de conseguir, junto a alguém ou ao governo, verba, por exemplo, para construir um centro comunitário, praça ou posto médico, uma passagem molhada, um pontilhão, uma barragem comunitária, etc.

No caso do centro comunitário, este passará a ser o local de centralização de toda a comunidade para juntos, no dia previamente combinado, começar a discutir as necessidades da comunidade. Não existindo este centro, a discussão poderá ser em uma escola ou outro local público e/ou particular que comporte um número expressivo de pessoas.

Necessidades comunitáriasSão todas aquelas que venham beneficiar a comunidade. Temos como exemplos:

■ Escola;

■ Posto de Saúde;

■ Praça para lazer;

■ Quadra esportiva (para todos);

■ Salão Comunitário;

■ Lavanderia comunitária;

■ Igreja.

E outras de interesse da população local. Não pode ser algo ou alguma coisa que venham a beneficiar apenas a uma ou duas pessoas, como, por exemplo, a abertura de uma rua para atender a uma casa, ou a limpeza do terreno de uma pessoa, ou a casa de uma pessoa.

Como iniciar uma Associação ComunitáriaPara que haja organização e a discussão passe a ser oficial, ela tem que representar todos os presentes. A maneira certa é discutir, com a participação de todos, a necessidade ou não de uma associação que represente, ao mesmo tempo, toda a comunidade e não apenas uma ou duas pessoas isoladamente.

É importante lembrar que a união dos moradores fortalece e dá mais valor aos pedidos. É essencial verificar se realmente é desejo da maioria a criação da associação comunitária. Para esta discussão inicial, aconselha-se que seja feita a arrumação das cadeiras formando um círculo, em que as pessoas estão praticamente de frente umas às outras, dando uma ideia de igualdade entre todos, o que de fato é verdade e deverá ficar demonstrado.

Se for possível, aconselha-se a presença de um técnico ou pessoa que já tenha participado de uma Associação para organizar e controlar esta reunião inicial.

Todos terão participação, podendo qualquer um emitir sua opinião de modo simples e, acima de tudo, civilizado. É indispensável que haja uma explicação inicial de um técnico ou pessoa com vivência em associação comunitária para apresentar todas as informações aos interessados.

Ao final desta reunião, é necessário que haja uma votação democrática, onde todos votarão e os votos de todos terão o mesmo valor para decidir pela formação ou não da Associação.

Esta reunião deve ser documentada com uma ata, feita por um dos presentes, e na presença de todos, onde constarão todos os assuntos discutidos e a decisão da maioria pela criação ou não da associação. Todos os presentes deverão assinar esta ata ao final da reunião, pois se for aprovada a formação da associação, este será o documento inicial da mesma.

Organização jurídicaRecomenda-se que seja levado ao conhecimento dos vários interessados o estatuto de uma associação comunitária já existente na região. Será formada uma pequena comissão para estudar e elaborar uma primeira versão do futuro estatuto da associação.

Este estatuto deverá ser lido atenciosamente e discutido, capítulo a capítulo, quando serão analisados os diferentes aspectos de cada questão levantada para fazer a adequação do documento de acordo com a realidade e desejo da maioria dos interessados.

Com o aprofundamento das questões discutidas, será feita uma primeira versão do estatuto para a associação a ser criada.

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Um dos primeiros pontos a ser definido será o nome oficial da associação, e recomenda-se que este nome represente o desejo de todos e, de preferência, tenha o nome do local, lugar ou vila de modo que seja facilmente reconhecido e ponha em evidência a localidade ou distrito.

Deverá ser convocada uma assembleia com todos os interessados do lugar e com a participação de toda a comunidade quando a primeira versão do estatuto deverá ser discutida.

Esta reunião será registrada em ata e todas as decisões tomadas serão registradas por escrito, com a assinatura de todos os presentes. Sendo aprovado o estatuto, este deve ser redigido e assinado pelos presentes e/ou representantes designados pela comunidade.

Esquematicamente podemos representar as associações como sendo:

Formação da DiretoriaApós a definição do Estatuto da Associação, recomenda-se que sejam compostas uma ou duas chapas de pessoas interessadas em integrar a primeira Diretoria da Associação.

Cada chapa a concorrer deverá ser definida com os seguintes cargos:

■ Presidente;

■ Vice-Presidente;

■ Primeiro Tesoureiro;

■ Segundo Tesoureiro;

■ Primeiro Secretário;

■ Segundo Secretário;

Membros do Conselho Fiscal:

■ Presidente;

■ Vice-Presidente;

■ Secretário.

Page 3: Constituindo uma associação comunitária

As duas ou mais chapas serão votadas na assembleia da comunidade ou associação. Ganha a que obtiver a maioria absoluta dos votos de pessoas maiores de idade (18 anos).

No caso de haver apenas uma chapa, esta deverá ser apresentada a todos os interessados e/ou já futuros sócios da associação, e submetida, em assembleia, à votação. Ganha a eleição, a chapa ou chapa única que obtiver a maioria dos votos dos presentes nesta reunião com maiores de 18 anos.

De imediato, a chapa será empossada e o presidente eleito passa a dirigir a reunião que, também, passará a ser anotada pelo secretário eleito. A ata deve ser, em todas as reuniões, assinada por todos os presentes, quer sejam ou não da associação.

Esta ata de posse da primeira diretoria eleita deve ser arquivada, pois é um importante documento para todo o processo de legalização da associação.

Deve ficar acertado, nesta reunião, a inscrição dos sócios e qual o valor de sua contribuição mensal para  as despesas da Associação.

Legalização da AssociaçãoO Estatuto e a Ata da eleição da primeira diretoria devem ser registrados em cartório.

Deve ser providenciada, junto à Receita Federal, a inscrição no CNPJ. Recomenda-se que seja feito o cadastro da comunidade constando vias de acesso, número de famílias, tipo de atividades, e qualquer outra informação que seja útil.

É importante que toda reunião seja registrada em ata e assinada por todos os presentes. A associação deve se registrar junto ao Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável (CMDS) e outros conselhos existentes no município.

A organização da associaçãoA organização de uma associação comunitária é visível quando esta se reúne e discute os assuntos de interesse coletivo, faz reivindicações e é atuante na solução ou procura amenizar seus problemas.

É fundamental que seja marcado um dia fixo por mês para a reunião mensal. A participação dos sócios em todas as reuniões evidencia o interesse da comunidade pela discussão e futuras soluções de seus problemas.

O pagamento criterioso, sem atraso, das contribuições mensais dos sócios é um fator de avaliação de desempenho da associação.

O Gerenciamento das atividades e benefícios conseguidosToda e qualquer reivindicação solicitada pela comunidade tem o objetivo de favorecer todos ou a maioria. No caso de benefícios conseguidos, a distribuição dos mesmos será feita após discussão e decisão em assembleia, da metodologia a ser adotada.

Recomenda-se que sejam priorizados os casos dos mais necessitados ou viúvas necessitadas com filhos menores e outros casos semelhantes.

Deve-se adotar o critério de atingir o maior número de famílias necessitadas. Para tanto, é importante conseguir que qualquer benefício seja distribuído por casa, atendendo casas diferentes, de modo a não concentrar o favorecimento em uma única ou em poucas famílias.

Os membros da diretoria devem ter direitos e deveres iguais aos de todos. Toda e qualquer decisão de interesse da comunidade não pode ser tomada só pela diretoria. Deve ser tomada decisão em assembleia, onde todos votam e vence aquela proposta que obtiver a maioria dos votos, em uma perfeita demonstração de democracia.

Direitos e deveresTodos os sócios têm direitos iguais. No caso da associação se comprometer com alguma dívida ou outra obrigação acertada e legalizada em Assembleia, com a aprovação e assinatura da maioria dos sócios será de responsabilidade da diretoria e, em seguida, de todos os sócios a quitação da obrigação ou o pagamento desta dívida coletiva.

O mesmo critério adotado para os benefícios deve ser utilizado para as obrigações que são iguais para todos. Qualquer dívida ou obrigação assumida pela diretoria que não seja aceita pela maioria de votos dos sócios e aprovada pela assembleia com a assinatura de todos em ata, será de responsabilidade do diretor ou diretores que as contraíram. Nestes casos, essas iniciativas são consideradas decisões assumidas pela diretoria à revelia (sem passar e ser aprovada) da assembleia. Neste caso, a Associação não se responsabilizará por nada.

A importância da Ata das ReuniõesPara toda reunião e/ou assembleia realizadas pela diretoria ou com seus associados deve ser elaborada uma ata. Esta ata deve ser registrada em livro de capa dura, que é adquirido, especificamente, para registrar todas as atas das reuniões.

Com o registro de tudo que foi decidido, em todas as reuniões, com os associados, juntamente com a diretoria, fica oficializada na ata todas as decisões. Este documento deve, ainda, ter a assinatura de todos, para evitar, no futuro, que algum associado ou diretor venha a alegar que não sabia de determinada decisão.

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Características das associaçõesAspectos societáriosConceito: pessoa jurídica de direito privado com ou sem fins lucrativos.Finalidade: apresentar e defender os interesses dos associados.Número mínimo: 10 (dez) associados.Formação de capital social: não tem capital social, mas patrimônio formado por contribuições, doações e eventos.Ingresso na sociedade: livre, conforme disposição do Estatuto.Fiscalização: Conselho Fiscal.Contabilidade: Escrituração contábil simplificada.Dissolução: definida em Assembleia GeralDestinação do patrimônio após dissolução: deduzidas as dívidas, fica definido, em Assembleia Geral, que o patrimônio poderá ser doado a outra Associação ou dividido entre os sócios, conforme o Estatuto.Liquidação societária: resolvida em Assembleia Geral, convocada para este fim.Geração de receitas: por contribuições mensais, taxas, eventos, etc.Poder decisório: cada sócio tem direito a um voto.Operações: podem ser realizadas operações comerciais, se constarem do Estatuto.Abrangência: definida no Estatuto.Destinação dos resultados financeiros: sobras incorporadas ao patrimônio.Responsabilidade dos associados: inicialmente, será da diretoria.Remuneração dos diretores: não recebem qualquer tipo de remuneração. 

Para legalizar as associações comunitárias que vão ter fins lucrativosSegundo informações colhidas junto à Célula de Consultoria e Normas e do Setor de Normas de Tributação da Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará (SEFAZ):

 

Para vendas no estado e em outros estados1º caso: Agroindústria que trabalha com beneficiamento de frutas naturais1º passo: constituir a associação comunitária providenciando os seguintes documentos: Estatuto, Ata de formação e eleição da primeira diretoria.2º passo: inscrever-se na Receita Federal para tirar o CNPJ.3º passo: Inscrever-se na Secretaria da Fazenda Estadual na localidade ou na Regional para obter a inscrição do CGF.4º passo: deve ser solicitado um bloco de NF1 na SEFAZ mais próxima, e providenciado na gráfica oficializada para tal fim.Considerando-se que, pela Regulamentação do ICMS do Estado do Ceará, Decreto nº 24.569/97, Seção IV, artigo 6º, inciso XXII, foi modificado pelo Decreto nº 27.343, de 23/01/2004 no inciso XXIII do artigo 6º, é liberado do ICMS a saída interna de frutas e verduras naturais. Conforme inciso XXIII – saída interna de produto hortifrutícola, em estado natural, exceto abacaxi, alho, alpiste, ameixa, amendoim, batata inglesa, caqui, castanha de caju, cebola, laranja, kiwi, maçã, maracujá, morango, painço, pêra, pêssego, pimenta-do-reino, tangerina e uva (Convênio ICMS nº 44/75-indeterminado: Embora não seja pago o ICMS, a fábrica de doce gera uma Nota Fiscal 1 que será utilizada para a entrada de frutas compradas dos pequenos agricultores que fornecem os frutos, constando nesta NF a entrada dos frutos).5º passo: para a venda dos produtos beneficiados pela Fábrica será gerada outra NF1, do mesmo bloco, constando a saída dos produtos.6º passo: caberá ao responsável pela contabilidade (contador), orientar a associação para o recolhimento necessário dos tributos (ICMS, etc) referentes a esta Nota Fiscal de saída (venda) dos produtos.

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2º caso: Beneficiamento industrial (confecções e produtos de limpeza)1º passo: semelhante ao processo anterior.2º passo: semelhante ao processo anterior.3º passo: semelhante ao processo anterior.4º passo: exigir dos fornecedores de materiais e outros as respectivas notas fiscais que serão as entradas de mercadorias para o beneficiamento.5º passo: solicitar da SEFAZ a autorização da emissão do bloco de nota fiscal normal da empresa e providenciar na gráfica autorizada.6º passo: recolher, sob orientação do contador, os tributos necessários. 3º caso: Prestação de ServiçosExemplo – Reforma de cadeiras estudantis para a Prefeitura.

1º passo: formar a associação do mesmo modo do 1º e do 2º casos.2º passo: inscrever-se na Receita Federal para tirar o CNPJ.3º passo: inscrever-se na Prefeitura como prestador de serviços.4º passo: emitir notas de serviços de acordo com a legislação municipal e sob a orientação de um contador.5º passo: recolher, à Prefeitura, os tributos devidos dos serviços prestados. 

Para vendas no exterior – exportaçãoSegundo informações colhidas junto à Alfândega (Comércio Exterior), no Cais do Porto, em Fortaleza/Ceará, para a associação exportar é necessário que esteja legalizada com os seguintes documentos:

■ CNPJ

■ CGF

■ Estatuto

 

1º passo: encaminhar-se ao SISCOMEX (antiga CACEX), situado na Alfândega, no Cais do Porto, em Fortaleza, Ceará, fone (85) 3263-3416.2º  passo: fornecer ao SISCOMEX a estimativa contendo o número de exportações por ano e a estimativa do valor total anual de exportações.3º passo: consultar, junto ao SISCOMEX, para definir o tipo de formulário adequado (se 3 ou 1). Para isto é necessário consultar pelo e-mail www.receita.fazenda.gov.br. Na legislação, as Instruções Normativas SRF 455/2004 e o aditivo complementar destas Instruções Normativas ADE 10/2004 ou consultar no SISCOMEX.4º passo: preencher o formulário adequado de modo a que a empresa (Associação) fique habilitada a efetuar a exportação.5º passo: após a habilitação, a associação deve procurar um despachante aduaneiro habilitado, legalizado e legitimado junto à Alfândega (Ver relação na própria Alfândega no SISCOMEX ou junto ao Sindicato da Categoria).6º passo: deve ser feito um contrato entre o despachante aduaneiro habilitado e a empresa (Associação) exportadora.7º passo: providenciar a exportação, com a assistência de um contador habilitado de acordo com as leis vigentes.

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Porto com containers para exportação em navios

AssociaçãoÉ a forma jurídica de legalizar a união de pessoas em torno de seus interesses e sua constituição permite a construção de condições para maior realização no trabalho e remuneração satisfatória. A associação é uma sociedade civil com ou sem fins lucrativos.

É muito comum que as pessoas se reúnam para alcançar objetivos que, individualmente, seriam bem mais difíceis ou mesmo impossíveis de serem conseguidos.

Os pequenos produtores e produtoras rurais, que normalmente apresentam as mesmas dificuldades para obter um bom desempenho econômico, têm, na formação de associações, um mecanismo que lhes garante melhor desempenho para competir no mercado.

A organização de produtores rurais é estimulada pelo artigo 174, inciso 2, combinado com o artigo 45 do capítulo XI da lei nº 8.171/91 – Lei agrícola, que explica “O Poder Público apoiará e estimulará os produtores rurais a se organizarem nas suas diferentes formas de associações, (…..)”

 

Objetivos das associações comunitáriasQualquer associação comunitária deve ter como objetivos prioritários:

■ Desenvolver um projeto coletivo de trabalho;

■ Defender o interesse dos associados;

■ Produzir e comercializar de forma conjunta;

■ Reunir esforços para reivindicar melhorias em sua atividade e na comunidade;

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■ Melhorar a qualidade de vida e participar do desenvolvimento de sua região.

 

ProcedimentosA associação deve funcionar de forma democrática e participativa, registro essencial para seu êxito. Após as reuniões e decisão de constituir uma associação, os interessados são convocados para a Assembleia de fundação da sociedade. Nesta ocasião, deve ser escolhida uma pessoa para presidir os trabalhos e coordenar a discussão; e outra para auxiliar, secretariando a  reunião.

Para a sua criação é elaborado um documento legal – Estatuto – que descreve os compromissos, objetivos, estrutura e forma de funcionamento da associação.

Os sócios fundadores, em Assembleia Geral, apreciam, discutem e elaboram um Estatuto.

As regras de funcionamento são elaboradas e aprovadas por decisão da maioria, ocasião, em que a Assembleia aprova  o Estatuto e define nome e metas da Associação, promovendo a fundação da mesma, sendo tudo registrado no livro de atas e assinado por todos os presentes.

Nesta ocasião, será eleita a primeira Diretoria que assumirá a responsabilidade pela administração e, em seguida, escolhe o Conselho Fiscal e seus Suplentes que serão responsáveis pela fiscalização da associação. Os dirigentes de uma Associação Comunitária não são remunerados por seus cargos.

A Associação geralmente se mantém através do pagamento de uma taxa mensal a ser combinada entre os sócios.

Para usufruir de  isenções  fiscais  e  receber  recursos  públicos uma associação comunitária deve providenciar:

■ Registro na Receita Federal com o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ);

■ Registro na Prefeitura do município;

■ Registro na Fazenda Estadual;

■ Estar de posse da ata de fundação da Associação;

■ Estar de posse do Estatuto aprovado e registrado em cartório;

■ Registrar-se no Núcleo de Registro de entidades da Secretaria de Estado do Trabalho, ou órgão similar;

■ Ser considerada de utilidade pública, através de um projeto de lei municipal aprovado pelo Poder Legislativo, apresentado por um vereador;

■ Registrar-se no Conselho Nacional de Serviço Social;

■ Não pagar Imposto de Renda, devendo, anualmente, efetuar declaração de isenção.

A associação deve, sempre, buscar adequar-se às novas situações. Havendo necessidade de mudanças, o grupo discute e aprova as novas resoluções e/ou modifica o Estatuto, se for o caso, sempre com decisões em assembleia.

O importante é que os agrupamentos voluntários (no caso associações comunitárias) têm importante função, pois, assim se fazem representar, se tornam mais fortes e evoluem como cidadãos, chegando a conseguir o que individualmente seria muito difícil.

 

AssociativismoAlguns fatores são facilitadores do processo de uma associação, entre eles:

■ Cooperação;

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■ Boa vontade;

■ Disposição dos associados;

■ Incentivo;

■ Participação coletiva;

■ Liberdade de ação;

■ Apoio financeiro (mensal) dos associados;

■ Consenso;

■ Autoconfiança;

■ Postura da equipe;

■ Otimização do tempo;

■ Objetivo comum.

No entanto, é importante destacar que alguns fatores dificultam o processo de criação e manutenção de uma associação, com destaque para:

■ Política autoritária do líder;

■ Falta de conscientização das pessoas;

■ Associados desestimulados;

■ Individualismo dos associados;

■ Dificuldades de recursos financeiros;

■ Dificuldades de recursos estruturais;

■ Falta de conhecimento;

■ Falta de articulação;

■ Falta de acompanhamento;

■ Falta de estímulo;

■ Falta de objetividade;

■ Falta de oportunismo;

■ Falta de comunicação.

Experiências mostram que para alcançar êxito nos seus objetivos, torna-se imprescindível para uma associação:

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■ Acreditar;

■ Agir;

■ Apoio concreto;

■ Envolver a comunidade;

■ Injeção de recursos;

■ Atender as necessidades da comunidade;

■ Avaliar os valores;

■ Definir objetivos;

■ Priorizar metas;

■ Conscientizar os associados;

■ Estabelecer diálogo com a comunidade;

■ Compartilhar ideias;

■ Ter objetividade e vontade política;

■ Valorizar a associação;

■ Poder de decisão;

■ Estímulo constante;

■ Promover mudanças .

Nas páginas seguintes encontraremos um modelo de ata e um de estatuto.

 

Modelo de Ata ATA DA 1ª REUNIÃO 

Aos  _________dias do mês  de ________ de  ____ às___horas, os sócios da   Associação     reuniram-se no (local e endereço) às horas, com a presença de  (Y)  sócios, sendo tomadas as seguintes decisões: – Fundação de uma Associação Comunitária, que receberá o nome de¨ (nome completo da Associação), ¨ ,  em seguida foi analisado e aprovado o ESTATUTO dessa Associação, foi eleita por aclamação e por maioria dos votos a Primeira  Diretoria da Associação, o Conselho Fiscal e os Suplentes do Conselho Fiscal compostos pelos sócios para os seguintes cargos: Diretor Presidente – (nome completo) com número do CPF e da identidade e endereço completo), Vice Presidente: (nome completo), Primeiro Secretário: (nome completo), Segundo Secretário: (nome completo), Primeiro Tesoureiro: (nome completo), Segundo Tesoureiro: (nome completo) e com membros do Conselho Fiscal: primeiro membro e presidente do Conselho: (nome completo), Segundo membro: (nome completo), Terceiro membro: (nome completo) e como suplentes pela mesma ordem, Primeiro Suplente: (nome completo), Segundo Suplente: (nome completo) e Terceiro Suplente: (nome completo), marcada a reunião fixa e mensal para a (dia da semana às x  horas), sendo a próxima no dia (____/___/____), no  local determinado. Nada mais tendo a acrescentar, o Sr. Diretor Presidente encerrou a reunião e esta ata será assinada por todos e, juntamente com o Estatuto aprovado, será encaminhada para ser registrada em Cartório, legalizando a Associação. Nada mais tendo a acrescentar, o Diretor-Presidente encerrou esta reunião e eu, (nome completo da secretária que fez a ata), lavrei a presente ata que abaixo assino juntamente com todos os presentes. Assinatura da Secretária.

Assinatura do Diretor Presidente e abaixo a assinatura de todos os outros presentes  a esta reunião (sendo uma assinatura por linha).

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Observações importantes:• É necessário em toda ata constar todos os assuntos discutidos e decididos na reunião, pois somente registrando em ata, o assunto está legalmente adotado pela associação e concordado por todos aqueles que assinaram e, consequentemente, pela associação toda.

• Nunca deve faltar a assinatura de todos os presentes, logo após terminar a reunião.

 

Modelo de Estatuto ASSOCIAÇÃO IGUATUENSE  DE APICULTORES – AIAPI 

CAPÍTULO I – Da Denominação, Sede, Objetivos e Duração 

Artigo 1º – Sob a denominação de Associação Iguatuense de Apicultores, fica constituída uma associação civil, sem fins lucrativos, que se regerá pelo seguinte estatuto e pela legalização específica.Artigo 2º – A sede da Associação está localizada à rua Deoclécio Lima Verde s/n, bairro Areias, em sua sede provisória, município de Iguatu-Ceará.Artigo 3º – A Associação terá como objetivos:a. Congregar os apicultores da região, sem discriminação de caráter social, cor, sexo, religião ou partidos políticos.

b. Buscar conscientização, participação e organização dos apicultores para que possam reivindicar melhores condições de trabalho.

c. Defender as reivindicações dos apicultores junto aos poderes públicos, municipal, estadual e federal.

d. Desenvolver e fortalecer entre os apicultores os princípios da amizade, respeito mútuo, união e solidariedade.

e. Promover intercâmbio com outras Associações, Cooperativas, Instituições e Entidades, a fim de compartilhar e democratizar as experiências individuais e associativas.

Artigo 4º – A duração da Associação é por tempo indeterminado. 

CAPÍTULO ll – Dos SóciosArtigo 5º – Ficam criadas três categorias de sócios, a saber:1º - São considerados sócios fundadores aqueles que compareceram à primeira reunião da fundação da Associação ou que nela se inscreveram durante os primeiros 30 (trinta) dias da Associação, a contar da data de sua fundação.2º - São considerados sócios contribuintes, todos os apicultores da comunidade em que a assembleia, através de votação, decidir-se favorável com cinquenta por cento (50%) mais um dos votos válidos, aceitar a sua filiação.3º - São considerados sócios honorários aquelas pessoas que dão honra, glória e orgulho à Associação.Artigo 6º - Todos os sócios terão validada a sua filiação mediante o preenchimento de uma ficha, o pagamento de uma taxa inicial e uma mensalidade estipulada pela Assembleia geral, com exceção dos sócios honorários que não terão estas obrigações.Parágrafo único: O associado que, consecutivamente, faltar a três reuniões ordinárias, receberá uma advertência por escrito, e o associado faltando à próxima reunião ordinária após o recebimento da advertência, terá seu nome colocado em apreciação pela Assembleia que decidirá pela sua exclusão como sócio ou permanência, por maioria absoluta dos votos.Artigo 7º - Somente terá direito a voto, na Assembleia, os sócios fundadores e sócios contribuintes, e que estiverem em dia com suas mensalidades.Artigo 8º - O sócio, com direito a voto, somente poderá votar estando presente na Assembleia, sem a possibilidade de transferir esse direito a outro sócio.Artigo 9º - Os membros da Associação não respondem subsidiariamente pelas obrigações sociais. 

CAPÍTULO lll – Da DiretoriaArtigo 10º - A Associação será dirigida por uma diretoria eleita em Assembleia Geral para o período de 2 (dois) anos, podendo a mesma ser reeleita.Artigo 11º - A Diretoria da Associação será composta dos seguintes cargos:Presidente, Vice-Presidente, 1º Secretário, 2º Secretário, 1º Tesoureiro, 2º Tesoureiro, Conselho Fiscal composto por 3 (três) membros efetivos e 3 (três) suplentes.

Artigo 12º - São atribuições do Presidente:a. Coordenar os trabalhos da Associação, cuidando para que as decisões tomadas em Assembleia Geral sejam aplicadas.

b. Convocar Assembleia Geral e reuniões.

Page 11: Constituindo uma associação comunitária

c. Dirigir os trabalhos das reuniões e Assembleias.

d. Em conjunto com os tesoureiros, ou isoladamente, representar a Associação ativa ou passiva, judicial ou extrajudicialmente.

e. Assinar conjuntamente com o vice-presidente, com o 1º e o 2º Tesoureiros, cheques e outros títulos que importem em movimento de fundos.

Artigo 13º - Caberá ao vice-presidente, substituir o presidente em sua ausência e em seus impedimentos ocasionais, ou assumir a Presidência até o término do mandato em caso de afastamento definitivo.Artigo 14º - Caberá ao 1º Secretário:a. Substituir o Presidente nos seus impedimentos ocasionais ou em definitivo, deste ou do Vice-Presidente.

b. Realizar os trabalhos da Secretaria e guardar toda a documentação.

c. Redigir as Atas das reuniões da diretoria e supervisionar a elaboração de atas de reuniões e assembleias gerais com os associados.

d. Redigir as Atas das reuniões e assembleias gerais com os associados.

Artigo 15º - Caberá ao 2º Secretário.Auxiliar o 1º Secretário, em todos os seus trabalhos e substituí-lo em seus impedimentos.

Artigo 16º - Caberá ao 1º Tesoureiro:a. Realizar os serviços da tesouraria e caixa.

b. Elaborar o orçamento da receita.

c. Prestar conta, semestralmente, aos Associados.

Artigo 17º - Caberá ao 2º Tesoureiro auxiliar o 1º Tesoureiro em todos os seus trabalhos e substituí-lo em seus impedimentos.Artigo 18º - Nenhum membro da diretoria será remunerado para o desempenho de suas respectivas atribuições. 

CAPÍTULO lV – Do Conselho FiscalArtigo 19 – O Conselho Fiscal será composto de 3 (três) membros efetivos, cada um dos quais com um suplente eleito, juntamente com a Diretoria, em Assembleia Geral.Artigo 20º - O Conselho Fiscal tem suas atribuições e os poderes que são conferidos por lei.Artigo 21º - A apresentação de contas deverá ser tomada pelo Conselho Fiscal bimestralmente.Artigo 22º - Os membros do Conselho Fiscal desempenharão suas funções e atribuições, sem remuneração. 

CAPÍTULO V – Da Assembleia GeralArtigo 23º - As Assembleias da Associação serão ordinárias e extraordinárias:1º - As Assembleias Ordinárias serão realizadas na primeira sexta-feira de cada mês, para eleger a Diretoria quando for o caso, aprovar as suas contas, eleger os membros do Conselho Fiscal, apresentar a proposta de ação para o exercício atual e seguinte e para decidir sobre assuntos que envolvam a Associação.2º - As Assembleias Gerais são extraordinárias sempre que o interesse da Associação exigir o pronunciamento dos sócios e para os fins previstos por lei e nos seguintes casos: reforma do estatuto, eleição de uma nova diretoria por renúncia dada em exercício ou por solicitação da maioria dos seus Associados.Artigo 24º - As Assembleias Gerais serão convocadas pelo Presidente através de cartas circulares, comunicados veiculados pela imprensa, através de contato telefônico e editais fixados na sede, com antecedência mínima de 7 dias e funcionará em primeira convocação para validade de suas deliberações com a presença mínima de metade de seus Associados.Parágrafo Único: Deverá constar no próprio Edital de Convocação que se este número não for alcançado, a assembleia funcionará em segunda convocação com qualquer número de associados.Artigo 25º - As Assembleias Gerais serão dirigidas pelo Vice-Presidente da Associação. As decisões serão tomadas por maioria de votos, que poderão ser dados pela forma nominal ou secreta, conforme requerimento verbal de qualquer um de seus membros.Parágrafo Único: Quando houver empate nas votações, o Presidente terá voto de qualidade para desempatar. 

CAPÍTULO Vl – Do PatrimônioArtigo 26º - O Patrimônio Social será constituído nelas contribuições de seus sócios, doações, subvenções e legados.Artigo 27º - A aliança, hipoteca, penhor, venda ou troca de bens patrimoniais da Associação, somente poderão ser decididos por aprovação da maioria absoluta da Assembleia Geral Extraordinária, convocada especificamente para este fim. 

CAPÍTULO Vll – Do Exercício SocialArtigo 28º - O Exercício Social terá a duração de 2 (dois) anos, terminando em 05 (cinco) de janeiro de cada ano.Artigo 29º - No fim de cada exercício social, a Diretoria fará elaborar com base na escrituração contábil da Associação, um balanço patrimonial, a demonstração do resultado do exercício, e uma demonstração das origens e aplicações de recursos. 

Page 12: Constituindo uma associação comunitária

CAPÍTULO Vlll – Da LiquidaçãoArtigo 30º - A Associação poderá ser extinta por deliberação da maioria dos seus associados, em qualquer tempo, desde que seja convocada uma Assembleia Geral Extraordinária para tal fim.Artigo 31º - Poderá a Associação ser extinta também, por determinação legal.Artigo 32º - No caso de extinção, competirá Assembleia Geral Extraordinária estabelecer o modo de liquidação e nomear o liquidante e o Conselho Fiscal que deverá funcionar durante o período de liquidação.Artigo 33º - Extinta a Associação, seus bens serão doados a uma instituição semelhante. 

CAPÍTULO IX - Disposições Gerais e TransitóriasArtigo 34º - O Estatuto desta Associação será reformável por determinação da maioria dos Associados em Assembleia Geral Extraordinária, convocada para tal fim.Artigo 35º - Os casos omissos também serão resolvidos em Assembleia Geral Extraordinária convocada para tal fim.Artigo 36º - Fica eleito o Fórum desta Comarca de Iguatu, para qualquer ação fundada neste estatuto. 

Iguatu, ___ de ________________de ____.

  Associação Iguatuense de Apicultores 

 

Diretor Presidente

Resumo da Lição

Para constituir uma associação comunitária é necessário que haja, entre os membros de um local ou comunidade, uma demonstração de solidariedade.

Necessidades comunitárias são todas aquelas que, se atendidas, venham beneficiar a comunidade.

O Estatuto e a Ata da eleição da primeira diretoria devem ser registrados em Cartório.

Deve ser providenciado, junto à Receita Federal, a inscrição no CNPJ, registro junto ao Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável e outros conselhos existentes no município; e inscrição na Secretaria da Fazenda Estadual para obter o CGF.

A organização de uma associação comunitária é muito visível quando esta sempre se reúne e discute os assuntos de interesse coletivo, faz reivindicações, é atuante na solução ou procura amenizar seus problemas.

Associação é a forma jurídica de legalizar a união de pessoas em torno de seus interesses.