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Resumo – Este trabalho está focado na avaliação
econômica da inspeção preventiva de isoladores de linhas
de transmissão através da emissão de corona, com objetivo
de avaliar a utilização de câmera de detecção ultravioleta
na identificação de emissão corona em isoladores, estimar
os custos financeiros, sociais e possíveis multas devido à
interrupção do fornecimento de energia elétrica.
O estudo foi realizado em uma linha de transmissão de
138 kV. Nesta foi realizada a inspeção e identificação do
efeito corona em cadeias de isoladores poliméricos e
realizada a substituição destas cadeias de isoladores por
novas cadeias de porcelana, com objetivo de analisar a
aplicabilidade e eficácia da câmera na identificação da
localização do efeito corona. A falha de isoladores
representa uma das principais causas de interrupções nos
sistemas de subtransmissão, por isso a importância de se
avaliar economicamente os custos financeiros e sociais
devido a uma interrupção deste tipo. Ainda, a avaliação
econômica mostra a importância de se realizar a inspeção
preventiva em isoladores, pois, além de representar um
custo inferior ao realizado em uma manutenção
emergencial, evitam-se perdas de receita, compensações
financeiras devido à violação de indicadores de
continuidade, e prejuízos aos consumidores.
Palavras-chave – Efeito Corona, Câmera
Ultravioleta, Inspeção Preventiva, Continuidade de
Fornecimento.
I. INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, a energia elétrica é fundamental para
a sociedade, e a sua disponibilidade representa uma
melhora na qualidade de vida, sendo sua utilização
essencial para o desenvolvimento humano e econômico.
Caso a interrupção no fornecimento de energia elétrica
ocorra por qualquer motivo, espera-se o seu
restabelecimento o mais rápido possível para que os
mais diversos setores da economia não sejam
prejudicados. A interrupção ocasiona elevados custos
para as concessionárias, devido à perda de receita, pelo
deslocamento de equipe de manutenção, entre outros.
Atualmente, requisitos de qualidade, continuidade e
segurança no fornecimento de energia elétrica são
impostos pela Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL), às empresas distribuidoras de energia elétrica
através de indicadores, a fim de garantir qualidade no
fornecimento de energia com segurança. Os sistemas de
transmissão e distribuição têm importância fundamental
na operação do sistema elétrico, uma vez que quase a
totalidade dos clientes está conectada direta ou
indiretamente nestes sistemas. Cabe salientar que, por
atender grande parte dos consumidores, a
responsabilidade pela qualidade da energia e pela
continuidade no fornecimento, são fatores que tornam
necessário um grande volume de investimentos por parte
das distribuidoras.
Com a reestruturação do setor elétrico brasileiro
criou-se um mercado competitivo para atrair
investimento privado para a expansão do sistema,
aumentando-se as exigências relacionadas à qualidade da
energia entregue ao consumidor.
Manter uma linha de transmissão ou distribuição em
boas condições de funcionamento demanda um alto
investimento tanto em equipamentos quanto em mão-de-
obra. A confiabilidade exigida e as graves consequências
no caso de uma interrupção no fornecimento de energia
elétrica levam as empresas a buscar métodos e
equipamentos cada vez mais eficientes, visando evitar ao
máximo a interrupção e, caso estes ocorram, reduzir
eficientemente o tempo e o custo de reparo.
As falhas em isolamentos elétricos sãos as principais
causas das interrupções no fornecimento de energia
elétrica aos diversos consumidores, então, o desempenho
das linhas de transmissão de energia está diretamente
relacionado com o desempenho dos seus isoladores [1].
A detecção de efeito corona assim como a
substituição dos isoladores com indicativos de falha
representam para qualquer concessionária um objetivo
ideal a ser atingido antes que ocorram problemas
maiores e gerem interrupções. O termo corona é
utilizado para descrever descargas elétricas que ocorrem
em estruturas dos sistemas de energia, como resultado da
Roberto André Pressi, [email protected], Mariana Resener, [email protected], e
Maicon Ramos, [email protected]
AES Sul Distribuidora Gaúcha de Energia S.A. Rua Presidente Roosevelt, 68 Centro - São Leopoldo, RS – Brasil, Tel: +55 51 9678 4581
Avaliação Econômica da Inspeção Preventiva de
Isoladores de Linhas de Transmissão Através da Emissão
de Carona
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ionização causada por um campo elétrico intenso no
isolamento. A experiência operativa mostra que o efeito
pode contribuir na redução do tempo de vida útil do
isolamento de equipamentos, além de causar
interferências em sistemas de comunicação, medição e
controle. Portanto o efeito deve ser visto como um fator
preocupante, podendo levar a prejuízos econômicos pela
eventual interrupção ou falha de equipamentos.
A solução do problema de detecção de isoladores
defeituosos torna-se cada vez mais necessária para as
empresas de energia elétrica, as quais buscam associar o
aumento da confiabilidade do sistema à redução de
custos.
O objetivo é realizar uma avaliação econômica da
inspeção preventiva de isoladores de linhas de
transmissão através da emissão de corona. A finalidade é
avaliar a utilização de câmera ultravioleta na
identificação de emissão corona em isoladores, estimar
os custos financeiros, sociais, multas devido a
interrupções no fornecimento de energia elétrica, e
comparar os custos envolvidos na realização de
manutenção preventiva ou de maneira emergencial.
As inspeções com a câmera de detecção ultravioleta
foram realizadas com permissão da AES Sul para utilizar
o equipamento, bem como também à permissão para
utilização de software de simulação de indicadores e
compensações financeiras devido à interrupção no
fornecimento de energia elétrica. Foi utilizada a
ferramenta Excel para análise dos resultados obtidos nas
inspeções, o tratamento dos dados através de planilhas e
apresentação de resultados de forma gráfica.
II. EFEITO CORONA
O efeito corona é o fenômeno que ocorre quando o
campo elétrico superficial chega a um limiar que
proporciona a ruptura dielétrica do ar ao redor do
equipamento, fazendo através da sua ionização, o ar
mudar sua característica de isolante para condutor.
Quando a ruptura ocorre, ocorre o aparecimento de
pequenas descargas ao redor do equipamento,
semelhante a uma coroa, o que deu origem ao nome
corona [2].
O efeito corona em linhas aéreas de transmissão é um
fenômeno observado na superfície dos condutores,
isoladores, ferragens ou demais materiais, quando o
valor do gradiente potencial excede o valor crítico
disruptivo do ar ou de outro meio isolante, resultando em
uma descarga eletrostática [3].
Descargas individuais de corona provocam pulsos de
tensão e corrente de curta duração que se propagam ao
longo das linhas, resultando em campos
eletromagnéticos em suas imediações. Essas descargas
ocorrem durante ambos os semi ciclos da tensão
aplicada, porém aquelas que ocorrem durante os semi
ciclos positivos é que irradiam ruídos capazes de
interferir na radio recepção nas faixas de frequência das
transmissões em amplitude modulada (AM), em
particular nas faixas das ondas médias. Eflúvios de
corona também ocorrem em outros componentes das
linhas, tais como ferragens e isoladores. Porém a
intensidade dos ruídos gerados é bastante inferior à dos
gerados pelos condutores. Ferragens defeituosas, pinos e
contra pinos mal ajustados ou soltos podem igualmente
gerar pulsos eletromagnéticos. Esses, no entanto,
ocorrem nas faixas das frequências de frequência
modulada (FM), provocando interferência ou ruídos nas
recepções das ondas de FM [4].
A geração desses ruídos interfere nos direitos
individuais dos moradores das vizinhanças das linhas de
transmissão, uma vez que podem se propagar além das
faixas de servidão das linhas. Ainda não é possível
projetar-se economicamente uma linha de transmissão
aérea em tensões acima de 100 kV e que não produza
radio interferência. Não obstante, critérios corretos e
atenção aos aspectos relevantes do projeto podem
produzir um sistema que resulte pelo menos em níveis
aceitáveis de perturbação [4].
III. TÉCNICA DE INSPEÇÃO – DECTOR UV
A atividade corona presente em uma linha de
transmissão ou distribuição, é uma descarga parcial
devido à ionização do ar, onde o campo elétrico excede
um valor crítico. Um alto campo eletromagnético,
gerado por descargas superficiais, por exemplo, ioniza o
ar e causa a atividade corona. Esse processo é
acompanhado pela excitação de moléculas de nitrogênio,
emitindo assim radiação ultravioleta [5].
Constata-se que a atividade corona pode ser
observada na forma de luz principalmente presente na
faixa de comprimento de onda ultravioleta, variando
entre 200 nm e 400 nm, sendo que os seus picos
concentram-se na faixa entre 340 nm e 380 nm [6].
Entretanto, a radiação solar se faz presente em
comprimentos de onda superiores a 280 nm sobrepondo-
se à radiação ultravioleta emitida pela atividade corona
proveniente de uma linha de transmissão, cujo espectro
está mostrado na Figura 1, [5].
Devido à radiação solar o equipamento utilizado deve
possuir filtros especiais que bloqueiam qualquer
comprimento de onda acima desse valor. Isso permite ao
equipamento operar na faixa de radiação conhecida
como solar blind, ou seja, em uma faixa específica onde
a radiação solar não atinge a superfície terrestre devido a
presença da camada de ozônio.
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Fig. 1. Espectro de Emissão Solar
O equipamento para detecção de efeito corona é
caracterizado por possuir dois canais de captação de
dados, um para a captação da radiação ultravioleta e
outro para a captação de imagens visíveis. Ambas as
imagens podem ser sobrepostas tornando a operação do
equipamento mais simplificada [7].
O canal ultravioleta detecta a formação de descargas
em equipamentos elétricos, dentre eles isoladores
poliméricos. A radiação ultravioleta é direcionada para
um tubo intensificador constituído de uma série de lentes
e filtros, que possibilita sua detecção e quantificação,
como mostra a Figura 2, [6].
Fig. 2. Princípio de Funcionamento de Câmera Ultravioleta
A sensibilidade para se determinar uma anomalia é
adquirida apenas com a prática na operação do
equipamento e com base em treinamento e cartilhas
elaboradas de emissão de fótons pela tensão nominal.
O número de fótons emitidos por minuto está
relacionado com a presença ou não de defeitos, mas
deve-se ter cuidado ao adotar-se como base para se
determinar o período de troca dos isoladores [5].
Avaliando técnicas de monitoramento de isoladores
poliméricos, conclui que a inspeção de isoladores
poliméricos associando os detectores de corona e
infravermelho é uma promissora técnica para detecção
de isoladores defeituosos, entretanto é necessário
confirmar a eficácia da técnica em situações reais [8].
A câmera UV fornece excelente informação relativa à
existência e localização do efeito corona nos isoladores.
Identifica-se na pesquisa que a atividade corona
intensifica-se com isolador molhado e também com o
aumento da tensão [6].
IV. METODOLOGIA
O estudo de caso apresentado nesse trabalho é
realizado através da análise de uma linha de transmissão
em 138 kV, a qual faz parte do sistema de potência da
região metropolitana do estado do Rio Grande do Sul,
Brasil. Empregou-se nas inspeções para identificação de
emissão de corona em isoladores o equipamento
DayCor® SUPERB, apresentado na Figura 3, fabricado
pela empresa Ofil Sytems, de origem israelense.
Fig. 3. Câmera DayCor® SUPERB da Ofil Systems
Por utilizar uma unidade particular para inspeção de
corona (fóton por minuto), a inspeção deve ser realizada
de modo quantitativo e qualitativo. A metodologia
adotada na inspeção da emissão de corona realizada
neste trabalho seguirá orientações do fabricante
conforme Figura 4.
Fig. 4. Metodologia de Inspeção da Emissão de Corona com a Câmera
Ultravioleta
Agrupando e correlacionado todas as informações,
apresenta-se na Figura 5 adaptada de [9], de maneira
simplificada e objetiva a metodologia a ser aplicada nas
inspeções a serem realizadas na linha de transmissão de
138 kV, linha escolhida como estudo de caso deste
trabalho.
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Fig. 5. Resumo da Metodologia Aplicada
V. APLICAÇÃO
A linha de transmissão analisada neste trabalho opera
em 138 kV e interliga a subestação Estância Velha à
subestação Dois Irmãos, localizadas na região
metropolitana do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. O
trecho da linha de transmissão a ser inspecionado com a
câmera ultravioleta localiza-se no município de Ivoti, no
estado do Rio Grande do Sul, conforme mostra a Figura
6. Os pontos indicados em amarelo representam a
estrutura da LT onde estão localizados os isoladores a
serem inspecionados.
Fig. 6. Linha de transmissão 138 kV, Estância Velha x Dois Irmãos
Esse trecho da LT foi escolhido devido à existência
de reclamações de moradores vizinhos às estruturas
indicadas na Figura 7 com relação a ruídos supostamente
oriundos destas estruturas. Trata-se de estruturas em
concreto armado, composta por nove cadeias de
isoladores poliméricos. Observa-se a proximidade desta
torre com uma torre de transmissão em 230 kV e com
uma residência.
Fig. 7. Estrutura nº1 e 2 Inspecionadas
Foram realizadas duas inspeções nos isoladores das
estruturas indicadas. Na segunda inspeção a quantidade
de fótons/minuto verificada foi maior, quase todas as
cadeias apresentaram valores acima de 1.000 fótons/min
chegando ao valor máximo de 5.840. Em todos os casos
a atividade corona ocorreu na 1ª saia do isolador. A
Figura 8 apresenta algumas imagens das cadeias de
isoladores que apresentaram descarga corona nas
inspeções realizadas.
Fig. 8. Descarga Corona em Isolador
Também foram inspecionadas as cadeias de
isoladores da linha de transmissão 230 kV paralela à
linha de transmissão 138 kV escolhida para este estudo
de caso, porém não foi verificado descarga corona nos
isoladores.
De acordo com a metodologia apresentada neste
trabalho em tensões igual ou maiores que 115 kV, a
faixa de média contagem compreende valores entre 1000
e 5000 fótons/min, indicando que os isoladores podem
vir a falhar. Outro ponto que qualifica para que estes
pontos sejam atentamente observados, é o fato dos
isoladores que apresentaram emissão corona serem
constituídos de material polimérico. Os isoladores
poliméricos possuem menor resistência aos raios
ultravioleta, e com isso os componentes construídos com
este tipo de material, ao apresentarem emissão corona
são caracterizados como casos críticos.
Como ação imediata foi proposta e realizada a
substituição destas cadeias de isoladores do tipo
polimérico que apresentaram quantidades significativas
de fótons/min. As cadeiras de isoladores utilizadas como
passagem em nenhum momento apresentaram indícios
quantitativos de emissão corona, e, portanto, elas não
foram indicadas para substituição.
Todas as doze cadeias de isoladores substituídas por
novas cadeias de isoladores de porcelana apresentam
reduções percentuais de no mínimo 80% e máximo 98%.
A Figura 9 apresenta imagens das novas cadeias de
isoladores inspecionadas, onde pode-se observar que
estas não apresentaram efeito corona significativo.
Fig. 9. Descarga corona em Isolador – Após a Substituição
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VI. AVALIAÇÃO ECONÔMICA
O primeiro ponto abordado nesta etapa é que custo no
serviço emergencial realizado no período diurno 5,5
vezes maior que o praticado de maneira preventiva. Caso
o serviço emergencial venha ocorrer no período noturno,
este valor passa a ser 7,2 vezes maior. Comparando a
realização do serviço de maneira preventiva com a
realização de maneira emergencial, de forma percentual,
estima-se um custo de 548% (diurno) e 722% (noturno
ou final de semana), maior na realização do serviço
emergencial.
Portanto ao comparar com a atividade preventiva, a
concessionária poderia ter evitado no mínimo o custo de
R$ 2.985,00 por cadeia de isolador em uma eventual
falha noturna em cadeia de isolador.
Os custos de uma interrupção devido a eventual falha
de isolador na linha de transmissão do estudo de caso
são abordados em [10]. São apresentados na Tabela 1,
para classe industrial, comercial e residencial os valores
médios nacionais de custo das interrupções na média de
1h, tomados a partir do consumo mensal em R$/kWh.
TABELA I
CUSTOS MÉDIOS EM 1H DAS INTERRUPÇÕES (R$/KWH)
Horário Industrial Comercial Residencial
0-8 3,04 4,08 1,40
8-18 3,07 7,00 2,60
18-24 2,92 6,26 3,60
A partir do consumo médio estimado por classe de
consumidores através das curvas típicas do software
Interplan, obteve-se a curva típica de demanda estimada
dos consumidores conectados à LT, conforme
apresentado na Figura 10.
Fig. 10. Curva Típica de Demanda Estimada da LT EVE X DIR
Assim, no caso de uma interrupção de 4,5 horas no
período da tarde em um dia de semana, pode-se estimar
um prejuízo financeiro médio de R$ 800.000,00 para a
região atendida pela LT EVE X DIR. Avaliando-se no
caso de uma interrupção no período noturno, este
prejuízo é estimado em torno de R$ 560.000,00. Este
prejuízo financeiro é tratado pela concessionária como
um custo social, o qual tem um impacto negativo na
imagem da empresa do ponto de vista do cliente, além
do impacto nos indicadores de continuidade.
A ocorrência de uma falha em um isolador da LT
EVE x DIR, pode gerar uma interrupção de 4,5 horas no
período da tarde em um dia útil, então, pode-se estimar
um prejuízo médio no faturamento da concessionária de
R$ 57.000,00. Caso esta mesma falha no isolador ocorra
no período noturno, o tempo aproximado para o
restabelecimento da energia elétrica é de 5,5 horas.
Neste período o consumo é menor, e o tipo de carga
predominante deve-se à classe residencial, porém pode-
se estimar um prejuízo médio de R$ 44.000,00 no
faturamento da concessionária. Estes prejuízos
verificados devido à energia não vendida impactam
significativamente na receita de uma concessionária, e
devido ao não suprimento de energia elétrica, podem
ainda somar-se a estes prejuízos as multas que a
concessionária estará sujeita.
Ao analisar o impacto nos indicadores de
continuidade verifica-se que a concessionária possui
aproximadamente 2.000 km de LT, assim, observa-se
uma taxa de 1 ocorrência para cada 19,6 km de LT, as
quais geraram um total de 33,4 horas de não suprimento
de energia elétrica, atingindo em média 13.593
consumidores. Ao verificar o impacto destas ocorrências
no DEC e FEC global da concessionária realizado em
2011, pode-se indicar que o percentual no DEC global
representou um pouco mais de 1%, porém no FEC este
percentual aproxima-se de 8%. Estes percentuais
indicam que existem oportunidades de redução dos
indicadores, o que é importante para as distribuidoras de
energia elétrica, devido às metas estabelecidas pela
agência reguladora.
As mesmas simulações, interrupções de 4,5 horas e
5,5 horas, foram realizadas para todos os alimentadores
da subestação atendida pela LT EVE x DIR. A
estimativa de multas nos alimentadores da subestação
Dois Irmãos, e, consequentemente, na LT, simuladas
para 4,5 horas e 5,5 horas de interrupção são de R$ 34
mil para interrupção de 4,5 horas e R$ 55 mil para 5,5
horas.
Além das multas estimadas por violação dos
indicadores de continuidade individuais, interrupções
desta grandeza comprometem significativamente os
indicadores de continuidade do conjunto (DEC e FEC).
Através das simulações, estima-se contribuições na meta
mensal do DEC do conjunto na ordem de até 174% da
meta mensal, e 32% na meta mensal do FEC do
conjunto.
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VII. CONCLUSÕES
O objetivo foi avaliar a emissão de corona nos
isoladores de uma linha de transmissão 138 kV,
utilizando uma câmera de detecção ultravioleta. Além,
optou-se em avaliar economicamente a aplicabilidade da
inspeção preventiva em isoladores de linha de
transmissão, bem como estimar custos financeiros e
sociais que as concessionárias e consumidores estão
submetidos no caso de uma interrupção de energia
elétrica.
As conclusões obtidas estão resumidas a seguir:
• Foi observada a importância da realização da
inspeção preventiva em isoladores de linhas de
transmissão 138 kV, pois o efeito corona encontra-se
presente neste nível de tensão, causando desgaste nos
isoladores e podendo vir a causar uma interrupção no
fornecimento de energia elétrica.
• Nas inspeções realizadas comprovou-se a eficácia
da utilização de câmera de detecção ultravioleta na
localização de isoladores com emissão de corona. A
identificação apresentou-se de modo preciso, facilitando
assim, a localização exata do isolador com corona.
• Para inspeções mais produtivas deve-se utilizar de
maneira conjunta mais de uma técnica de inspeção.
Conforme apresentado no referencial bibliográfico e no
estudo de caso realizado, a utilização da técnica de
ultrassom é eficiente na sinalização de possíveis pontos
com presença de emissão corona, e a câmera ultravioleta
contribui na precisão da inspeção, qualificação e
quantificação do efeito.
• A verificação de excelentes resultados na redução
de emissão corona, após a substituição das cadeiras de
isoladores por novas cadeias de porcelana, contribui
significativamente na avaliação positiva da metodologia
empregada, das técnicas utilizadas e na reafirmação das
pesquisas descritas neste trabalho sobre a preocupação
da utilização de isoladores poliméricos.
• A avalição econômica realizada constata os
benefícios econômicos da realização da manutenção
preventiva na inspeção de isoladores quando comparada
com os valores realizados na manutenção emergencial.
Ao realizar manutenção preventiva, minimizam-se as
possibilidades de interrupção de energia elétrica.
• A interrupção no fornecimento de energia elétrica
gera custos financeiros e sociais. Interrupções devido a
defeito em isolador na LT EVE X DIR necessitam em
média de 4,5 a 5,5 horas para a realização da
manutenção emergencial e consequente restabelecimento
do fornecimento. Estima-se uma perda de receita
aproximada na ordem de R$ 57.000,00, e um prejuízo
econômico para a região atendida por esta LT de R$
800.000,00.
• Além da perda de receita, a concessionária
responsável pela LT está sujeita a pagar compensações
financeiras devido à violação dos indicadores de
continuidade estabelecidos pela ANEEL. Estima-se, para
interrupções desta grandeza, que estas compensações
possam chegar a R$ 55.000,00, representando prejuízo
financeiro para a empresa, além de denigrir a imagem da
concessionária junto a seus clientes.
Este trabalho contribui com uma análise técnica e
econômica da manutenção preventiva de isoladores de
linha de transmissão, utilizando câmera de detecção
ultravioleta. Estas análises se mostraram benéficas na
identificação de emissão corona em isoladores e na
rentabilidade de realização da manutenção preventiva,
evitando-se prejuízos de receita e multas para
concessionária, contribuindo consistentemente na
melhoria da imagem da empresa.
VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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