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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTI-HIPERALGÉSICO DE CHALCONAS BIOATIVAS FRENTE A DIFERENTES MODELOS EXPERIMENTAIS DE DOR PERSISTENTE EM CAMUNDONGOS LILIAN WÜNSCH ROCHA Itajaí - 2011

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTI-HIPERALGÉSICO DE

CHALCONAS BIOATIVAS FRENTE A DIFERENTES MODELOS

EXPERIMENTAIS DE DOR PERSISTENTE EM CAMUNDONGOS

LILIAN WÜNSCH ROCHA

Itajaí - 2011

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS

LILIAN WÜNSCH ROCHA

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTI-HIPERALGÉSICO DE

CHALCONAS BIOATIVAS FRENTE A DIFERENTES MODELOS

EXPERIMENTAIS DE DOR PERSISTENTE EM CAMUNDONGOS

Dissertação submetida à Universidade do

Vale do Itajaí como parte dos requisitos

para obtenção do título de Mestre em

Ciências Farmacêuticas.

Orientadora: Profª. Dra. Nara Lins Meira

Quintão

Co-orientador: Profª. Dra. Kathryn Ana

Bortolini Simão da Silva

Itajaí, Fevereiro de 2012

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Àquela que é minha inspiração constante:

Minha orientadora.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais por terem me dado a vida. Agradeço especialmente à minha mãe

pelas palavras de incentivo e por todos os sacrifícios feitos por ela para que eu me

tornasse uma pessoa melhor. Te amo!

À minha orientadora, que esteve sempre presente nos momentos em que mais

precisei. Pelo seu carinho, respeito, amizade, confiança, generosidade e

conhecimentos a mim conferidos. Obrigada pela oportunidade de trabalhar e

aprender contigo. Minha gratidão será eterna e espero um dia chegar a ser 10% da

grande profissional que és.

À professora Tânia Mari Bellé Bresolin e ao professor Valdir Cechinel Filho, pela

confiança, pela oportunidade de cursar disciplinas em horário de trabalho, além do

apoio financeiro sem o qual a realização deste sonho seria impossível.

À professora Fátima de Campos-Buzzi pelos compostos, pela amizade e pelas

importantes contribuições a este trabalho.

À minha co-orientadora, que chegou de mansinho e conquistou meu carinho e

amizade. Obrigada pelos conhecimentos transmitidos, pelas contribuições a este

trabalho, pelos cuidados com a minha saúde e pela “feirinha”. Sua história de vida

me dá forças para continuar perseguindo meu sonho.

Ao professor Rilton Alves de Freitas, pelos conhecimentos relacionados ao cultivo

celular e por me instigar a querer dar o melhor de mim.

À professora Márcia Maria de Souza, pelas contribuições ao trabalho.

Às minhas queridas amigas Ju Bagatini e Ju Nunes, por estarem presentes em toda

essa trajetória, me ouvindo, consolando, ajudando e tornando meus dias mais

alegres e felizes. Obrigada pela amizade sincera construída. Amo vocês!

Às minhas amigas Gi e Nicole, pelas palavras de incentivo, pela amizade e pelos

artiguinhos lindos.

Aos meus colegas do mestrado pelas discussões, risadas, conhecimentos

compartilhados e pelos “A”s que conquistamos juntos.

Aos demais professores do programa, pelos ensinamentos, críticas e elogios sempre

pertinentes.

Ao professor Thiago Mattar Cunha, por ter se disponibilizado a participar da

banca, certamente seus conhecimentos engrandecerão este trabalho.

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“Suba o primeiro degrau com fé.

Não é necessário que você veja toda a escada.

Apenas dê o primeiro passo. ”

(Martin Luther King)

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTI-HIPERALGÉSICO DE

CHALCONAS BIOATIVAS FRENTE A DIFERENTES MODELOS

EXPERIMENTAIS DE DOR PERSISTENTE EM CAMUNDONGOS

Lilian Wünsch Rocha Fevereiro/2012

Orientadora: Nara Lins Meira Quintão, Dra. Co-orientador: Kathryn Ana Bortolini Simão da Silva, Dra. Área de Concentração: Farmacologia Autonômica. Número de Páginas: 95

As chalconas são moléculas que vêm sendo amplamente estudadas pela comunidade

científica e que já apresentam atividade farmacológica comprovada, tais como antiinflamatória,

antitumoral, antibacteriana, antioxidante, entre outras. A proposta deste estudo foi contribuir para a

validação da possível atividade anti-hiperalgésica de duas chalconas, (2E)-1-(4-aminofenil)-3-(4-

nitrofenil)prop-2-en-1-ona – ANCh, e N-{4-[(2E)-3-(4-nitrofenil)prop-2-enoil]fenil}acetamida - AcANCh,

frente a diferentes modelos de dor persistente em camundongos, além de tentar identificar seu

mecanismo de ação, bem como possíveis efeitos indesejáveis. Para tal, foram utilizados

camundongos C57BL/6 machos e fêmeos (20-30g, n=6). Para verificar a atividade anti-hiperalgésica

dos compostos, foram utilizados os modelos de hiperalgesia induzidos por carragenina (300 µg/pata),

Adjuvante completo de Freund (CFA) (20 µL/pata), lipopolissacarídeo (LPS) (100 ng/pata), bradicinina

(BK) (500 ng/pata), prostaglandina E2 (PGE2) (3 nmol/pata), epinefrina (100 ng/pata), fator de necrose

tumoral α (TNF-α) (40 pg/pata), interleucina 1 β (IL1-β) (20 pg/pata), quimiocina derivada de

queratinócito (KC) (20 pg/pata), ligação parcial do nervo ciático (LPNC) e dor induzida por células

tumorais (B16F10, 2x105 céls). A sensibilidade mecânica foi avaliada por meio de filamentos de Von

Frey (0,6g). Foram também realizados os testes bioquímicos, como a dosagem da citocina IL1-β e

avaliação da migração de neutrófilos através da quantificação da enzima mieloperoxidase (MPO).

Finalmente, foram realizados testes a fim de verificar os possíveis efeitos indesejáveis relacionados

ao tratamento, como a atividade locomotora, placa quente e temperatura corporal. O composto ANCh

foi eficaz em reduzir a hiperalgesia mecânica induzida pela carragenina com inibições de 40 ± 4 %, 43

± 3 % e 36 ± 4 % nas doses de 1,11, 3,72 e 11,18 µmol/kg, respectivamente. Resultados

semelhantes foram encontrados para o composto AcANCh (35 ± 8 %, 36 ± 7 % e 45 ± 9 %), nas

doses de 0,96, 3,22 e 9,66 µmol/kg, respectivamente. Na hiperalgesia induzida pelo CFA (20 µL/pata)

os compostos ANCh e AcANCh também foram significativamente ativos quando administrados

preventivamente (18 ± 5% e 19 ± 7%, respectivamente nas maiores doses) ou de forma curativa (44 ±

9 %, 43 ± 2 %, 41 ± 1 % para ANCh e 13 ± 5 %, 24 ± 6 % e 36 ± 6 % para AcANCh). Resultados mais

expressivos foram encontrados para o modelo de dor neuropática induzida pela ligação parcial do

nervo ciático (LPNC), onde as porcentagens de inibição foram de 31 ± 7 %, 43 ± 7 % e 66 ± 8 % para

ANCh e 25 ± 6 %, 39 ± 5 % e 60 ± 4 % para AcANCh. No modelo de dor neoplásica, os compostos

também foram efetivos em inibir a hiperalgesia mecânica, com inibições de 13 ± 8 %, 18 ± 5 % e 52 ±

6 % para ANCh e 8 ± 3 %, 25 ± 7 % e 28 ± 8 % para AcANCh. ANCh e AcANCh foram eficazes

também em reduzir a frequência de resposta de retirada da pata nos modelos de dor induzida por IL-

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1β (42 ± 5 % e 42 ± 7 %, respectivamente nas maiores doses) TNF-α (43 ± 11 % e 39 ± 11 %,

respectivamente nas maiores doses) e epinefrina (46 ± 8 % e 40 ± 7 % nas maiores doses).

Contrariamente aos resultados já apresentados, na dor induzida por LPS, BK e KC os compostos não

apresentaram atividade. Avaliando a capacidade destas chalconas em inibir a produção da citocina

IL-1β, observou-se que ambas foram efetivas (49 ± 4 % e 64 ± 2 %, respectivamente). Ademais,

somente o composto ANCh foi eficaz em inibir a migração de neutrófilos com inibição de 67 ± 4 % e a

hiperalgesia induzida pela PGE2 (59 ± 4 %) na dose de 11,18 µmol/kg . Com relação aos efeitos

indesejáveis relacionados ao tratamento, os compostos não provocaram alterações nos animais,

sugerindo, juntamente com os demais resultados, que ambos os compostos testados podem ser uma

interessante alternativa para o tratamento de processos dolorosos crônicos.

Palavras-chave: Chalconas. Dor. Hiperalgesia. Neuropatia.

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EVALUATION OF THE ANTIHYPERALGESIC POTENTIAL OF

BIOACTIVE CHALCONES ON SEVERAL MODELS OF CHRONIC

PAIN IN MICE

Lilian Wünsch Rocha February/2012

Supervisor: Nara Lins Meira Quintão, PhD. Co-supervisor: Kathryn Ana Bortolini Simão da Silva, PhD. Area of Concentration: Autonomic Pharmacology. Number de Pages: 95

Chalcones are molecules that have been widely studied by the scientific community, which

has already proven its pharmacological activities; such has anti-inflammatory, antitumor, antibacterial,

antioxidant activities, among others. The purpose of this study was to contribute to the validation of the

potential anti-hyperalgesic activity of two chalcones, (2E)-1-(4-aminophenyl)-3-(4-nitrophenyl)prop-2-

en-1-one – ANCh and N-{4-[(2E)-3-(4-nitrophenyl)prop-2-enoil]phenyl}acetamide - AcANCh, compared

using different models of persistent pain in mice, and try to identify their mechanism of action and

possible side effects. C57BL/6 mice male and female (20-30g, n=6) mice were used. To verify the

anti-hyperalgesic activity of the compounds, the following models were used: carrageenan (300

µg/paw), CFA (20 µL/paw), LPS (100 ng/paw), BK (500 ng/paw), PGE2 (3 nmol/paw), epinephrine (100

ng/paw), TNF-α (40 pg/paw), IL1-β (20 pg/paw), KC (20 pg/paw), partial sciatic nerve ligation (PSNL)

and pain induced by tumor cells (B16F10, 2x105 cells). The mechanical sensitivity was assessed using

Von Frey hairs (0,6g). Biochemical tests were also carried out, such as the determination of cytokine

IL-1β and assessment of neutrophil migration by quantification of the myeloperoxidase enzyme. ANCh

was effective in reducing mechanical hyperalgesia induced using the carrageenan model, with

inhibition of 40 ± 4%, 43 ± 3% and 36 ± 4% at doses of 1.11, 3.72, 11.18 µmol/kg, respectively .

Similar results were found for AcANCh (35 ± 8%, 36 ± 7 and 45 ± 9%) at doses of 0.96, 3.22 and 9.66

µmol/kg, respectively. In hyperalgesia induced by CFA (20 mL/paw), ANCh and AcANCh were also

significantly active when administered in prevention (18 ± 5% and 19 ± 7%, respectively at higher

doses) or healing (44 ± 9%, 43 ± 2% , 41 ± 1% for ANCh and 13 ± 5%, 24 ± 6% and 36 ± 6% for

AcANCh). More significant results were found using the model of neuropathic pain induced by partial

sciatic nerve ligation (PSNL), where the percentages of inhibition were 31 ± 7%, 43 ± 7% and 66 ± 8%

for ANCh and 25 ± 6 %, 39 ± 5% and 60 ± 4% for AcANCh. In the neoplasic pain model, the

compounds were also effective in inhibiting mechanical hyperalgesia, with inhibitions of 13 ± 8%, 18 ±

5% and 52 ± 6% for ANCh and 8 ± 3%, 25 ± 7% and 28 ± 8 % for AcANCh. ANCh and AcANCh were

also effective in reducing the frequency of paw withdrawal response in models of pain induced by IL-

1β (42 ± 5% and 42 ± 7%, respectively, at the highest doses), TNF-α (43 ± 11% and 39 ± 11 %,

respectively, at the highest doses) and epinephrine (46 ± 8% and 40 ± 7%, at the highest doses).

Contrary to previous results using pain induced models, LPS, BK and KC showed no activity.

Assessing the capacity of chalcones to inhibit the production of IL-1β, we observed that both were

effective (49 ± 4% and 64 ± 2%, respectively). Moreover, only ANCh was effective in inhibiting

neutrophil migration, with an inhibition of 67 ± 4% and hyperalgesia induced by PGE2 (59 ± 4%) at

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dose of 11.18 µmol/kg. In order to verify possible undesired events related to treatment, compounds

caused no changes in animals, suggesting, along with the other results, that both compounds tested

can be an interesting alternative for the treatment of chronic painful processes.

Key Words: Chalcones. Pain. Hyperalgesia. Neuropathy.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Organização laminar do corno dorsal da medula espinhal . ....................... 21

Figura 2. Representação esquemática do mecanismo de transmissão e percepção do processo doloroso ........................................................................................ 23

Figura 3. Representação esquemática do mecanismo de sensibilização dos nociceptores por células cancerígenas . ............................................................ 30

Figura 4. Representação esquemática da estrutura geral das chalconas.. ............... 34

Figura 5. Esquema da rota de síntese das chalconas avaliadas. .............................. 41

Figura 6. Inoculação intraplantar das células de melanoma murino B16F10. .......... 46

Figura 7. Representação da estimulação mecânica na pata do camundongo utilizando-se o monofilamento de Von Frey 0,6g. ............................................. 47

Figura 8. Efeito anti-hiperalgésico da chalcona ANCh sobre a hiperalgesia mecânica induzida pela injeção i.pl. de carragenina . ........................................................ 52

Figura 9. Efeito anti-hiperalgésico da chalcona AcANCh sobre a hiperalgesia mecânica induzida pela injeção i.pl. de carragenina . ........................................ 53

Figura 10. Efeito anti-hiperalgésico das chalconas ANCh e AcANCh sobre a hiperalgesia mecânica induzida pela injeção i.pl. de CFA . ................................ 54

Figura 11. Efeito anti-hiperalgésico da chalcona ANCh sobre a hiperalgesia mecânica induzida pela injeção i.pl. de CFA . .................................................... 56

Figura 12. Efeito anti-hiperalgésico da chalcona AcANCh sobre a hiperalgesia mecânica induzida pela injeção i.pl. de CFA . .................................................... 57

Figura 13. Efeito anti-hiperalgésico das chalconas ANCh e AcANCh sobre a hiperalgesia mecânica induzida pela injeção i.pl. de LPS . ................................ 58

Figura 14. Efeito anti-hiperalgésico das chalconas ANCh e AcANCh sobre a hiperalgesia mecânica induzida pela LPNC . ..................................................... 60

Figura 15. Efeito anti-hiperalgésico das chalconas ANCh e AcANCh sobre a hiperalgesia mecânica induzida por diferentes agentes álgicos . ....................... 61

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Figura 16. Frequência de resposta de retirada da pata direita traseira, avaliada nos grupos controle, os quais receberam a injeção i.pl. de diferentes concentrações da linhagem celular B16F10 ou meio de cultura utilizado como veículo para as células.. .............................................................................................................. 62

Figura 17. Representação da medida das patas injetadas com células B16F10 no aparelho Pletismômetro, onde o volume expresso em microlitros é dado como a diferença entre as patas posteriores direita e a esquerda. ................................. 63

Figura 18. Volume da pata dos animais, avaliado do 3º ao 28º dia após a injeção i.pl. das células tumorais........................................................................................... 64

Figura 19. Efeito anti-hiperalgésico da chalcona ANCh sobre a hiperalgesia mecânica induzida pela injeção i.pl. de B16F10 (2x105 cél.). ............................ 65

Figura 20. Efeito anti-hiperalgésico da chalcona AcANCh sobre a hiperalgesia mecânica induzida pela injeção i.pl. de B16F10 (2x105 cél.) . ........................... 66

Figura 21. Efeito dos compostos ANCh e AcANCh sobre os níveis de IL-1β 4 horas após injeção i.pl. de carragenina (300 μg/pata). ................................................ 67

Figura 22. Efeito dos compostos ANCh e AcANCh sobre a atividade da mieloperoxidase 6 horas após injeção i.pl. de carragenina (300 μg/pata).......... 68

Figura 23. Efeito dos compostos ANCh e AcANCh sobre a atividade locomotora dos animais.. ............................................................................................................. 68

Figura 24. Efeito dos compostos ANCh e AcANCh sobre a latência de resposta dos animais.. ............................................................................................................. 69

Figura 25. Efeito dos compostos ANCh e AcANCh sobre a temperatura corporal dos animais. .............................................................................................................. 69

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LISTA DE ABREVIATURAS

AINES- Antiinflamatório não esteroidal

AcANCh- N-{4-[(2E)-3-(4-nitrofenil)prop-2-enoil]fenil}acetamida

AMPA- Ácido a-amino-3-hidroxi-5-metil-4-isoxazolpropiônico

ANCh - (2E)-1-(4-aminofenil)-3-(4-nitrofenil)prop-2-en-1-ona

ANOVA- Análise de variância

ATP- Trifosfato de adenosina

AUC- Área sob a curva

BDNF- Fator neurotrófico derivado do cérebro

BK- Bradicinina

cAMP- Monofosfato de Adenosina Cíclico

CCD- Cromatografia em camada delgada

CFA- Adjuvante completo de Freund

CGRP- Peptídeo relacionado ao gene da calcitonina

COX-2- Ciclooxigenase 2

CRP- Proteína C reativa

CXCL/1- Ligante de quimiocina 1

DMSO- Dimetilssulfóxido

DRG- Gânglio da raiz dorsal

EPM- Erro padrão da média

ERK- Proteína quinase regulada por sinal extracelular

FDA- Food and Drug Administration

GABA- Ácido aminobutírico

GDNF- Fator neurotrófico derivado da glia

IASP- Associação Internacional para o Estudo da Dor

IL- Interleucina

i.p.- Intraperitonial

i.pl.- Intraplantar

JNK- Proteína quinase N-terminal c-Jun

KC- Quimiocina derivada de queratinócito

5-LOX- Lipoxigenase 5

LPNC- Ligação parcial do nervo ciático

LPS- Lipopolissacarídeo

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MAPK- Proteína quinase ativada por mitógeno

MCP-1- Proteína quimiotáxica de monócitos 1

MMP-9- Matriz metaloproteinase 9

MPO- Mieloperoxidase

NF-ĸB- Fator Nuclear ĸB

NGF- Fator de crescimento neural

NK- do inglês “Natural Killer”

NKA- Neurocinina A

NMDA- N-metil-D-aspartato

NO- Óxido nítrico

NOS- Óxido nítrico sintase

PAF- Fator ativador de plaquetas

PBS- Salina tampão fosfato

PGE2- Prostaglandina E2

PKA- Proteína quinase A

PKC- Proteína quinase C

RNS- Espécie reativa de nitrogênio

ROS- Espécie reativa de oxigênio

s.c- Subcutâneo

SC- Sistema complemento

SNC- Sistema nervoso central

SNP- Sistema nervoso periférico

SP- Substância P

TGF-β- Fator de transformação de crescimento β

TLR4- Receptor toll like tipo 4

TrkA- Receptor tirosina quinase A

TNF-α- Fator de necrose tumoral α

TRP- Receptor potencial transitório

TRPV1- Receptor de Potencial Transitório Vanilóide Tipo 1

VEGF- Fator de crescimento endotelial vascular

v.o- Via oral

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 18

2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 18

2.2 Objetivos Específicos .......................................................................................... 18

3 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 19

3.1 Dor Crônica ......................................................................................................... 23

3.2 A dor inflamatória ................................................................................................ 24

3.3 A dor neuropática ................................................................................................ 25

3.4 A dor do câncer ................................................................................................... 28

3.5 Tratando a dor ..................................................................................................... 31

3.6 Chalconas ........................................................................................................... 33

3.6.1 Propriedades Biológicas ................................................................................... 34

3.6.2 Dos compostos em estudo ............................................................................... 38

4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 41

4.1 Substâncias e Reagentes.................................................................................... 41

4.2 Obtenção dos Compostos ................................................................................... 41

4.3 Análise “In silico” ................................................................................................. 42

4.3.1 Regra dos cinco de Lipinski .............................................................................. 42

4.4 Ensaios in vivo .................................................................................................... 42

4.4.1 Animais ............................................................................................................. 42

4.4.2 Avaliação da Atividade Anti-hiperalgésica ........................................................ 43

4.4.2.1 Hiperalgesia mecânica induzida pela Carragenina........................................ 43

4.4.2.2 Hiperalgesia mecânica induzida pelo adjuvante completo de Freund (CFA) 43

4.4.2.3 Hiperalgesia mecânica induzida por LPS ...................................................... 44

4.4.2.4 Hiperalgesia mecânica induzida pela ligação parcial do nervo ciático (LPNC)

.................................................................................................................................. 44

4.4.2.5 Hiperalgesia mecânica induzida por BK, CXCL1/KC, TNF-α, IL1-β, PGE2 e

epinefrina................................................................................................................... 45

4.4.2.6 Hiperalgesia mecânica induzida por células tumorais B16F10 ..................... 45

4.4.2.6.1 Cultivo Celular ............................................................................................ 45

4.4.2.6.2 Indução da hiperalgesia ............................................................................. 46

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4.4.3 Análise do limiar mecânico através do filamento de von Frey .......................... 46

4.5 Ensaios bioquímicos............................................................................................ 47

4.5.1 Dosagem de citocina ........................................................................................ 47

4.5.2 Medida da atividade da mieloperoxidase ......................................................... 48

4.6 Avaliação dos possíveis efeitos indesejáveis do tratamento com as chalconas . 48

4.6.1 Atividade locomotora (campo aberto) ............................................................... 48

4.6.2 Placa Quente .................................................................................................... 49

4.6.3 Avaliação da Temperatura Corporal ................................................................. 49

4.7 Análise estatística ............................................................................................... 50

5 RESULTADOS ....................................................................................................... 51

5.1 Análise “in silico” ................................................................................................. 51

5.2 Ensaios in vivo .................................................................................................... 52

5.2.1 Hiperalgesia mecânica induzida pela carragenina ........................................... 52

5.2.2 Hiperalgesia mecânica induzida pelo CFA ....................................................... 54

5.2.3 Hiperalgesia mecânica induzida pelo LPS ....................................................... 58

5.2.4 Hiperalgesia induzida pela ligação parcial do nervo ciático (LPNC) ................. 58

5.2.5 Hiperalgesia mecânica induzida por IL1-β, TNF-α, CXCL1/KC, epinefrina, BK e

PGE2 ......................................................................................................................... 61

5.2.6 Padronização experimental .............................................................................. 61

5.2.7 Hiperalgesia induzida por B16F10.................................................................... 64

5.2.8 Efeito dos compostos ANCh e AcANCh sobre os níveis de IL-1β .................... 67

5.2.9 Medida da atividade da mieloperoxidase ......................................................... 67

5.2.10 Efeito dos compostos ANCh e AcANCh sobre a atividade locomotora (campo

aberto) ....................................................................................................................... 68

5.2.11 Efeito dos compostos ANCh e AcANCh sobre a latência de resposta dos

animais na Placa Quente .......................................................................................... 69

5.2.12 Efeito dos compostos ANCh e AcANCh sobre a temperatura corporal dos

animais ...................................................................................................................... 69

6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 71

7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 83

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 85

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1 INTRODUÇÃO

A dor crônica tem aumentado em prevalência em todo o mundo e a

Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), relatou que uma em cada

cinco pessoas sofre de dor moderada a grave, e uma em cada três são incapazes de

manter um estilo de vida adequado. Além disso, a maioria das pessoas que sofrem

deste tipo de dor são incapazes de realizar exercícios, dormir normalmente,

relacionar-se socialmente, e executar tarefas do dia-a-dia como caminhar ou dirigir

um carro (ABU-SAAD, 2010).

A nocicepção envolve interações complexas de estruturas do sistema nervoso

central (SNC) e periférico (SNP), se estendendo pela pele, vísceras e tecidos

musculoesqueléticos até o córtex cerebral. A caracterização detalhada dos

mecanismos que sustentam a excitabilidade do nociceptor já são bem conhecidos e

a identificação de vários canais iônicos, receptores e moléculas de sinalização de

segundos mensageiros contribuíram muito no desenvolvimento de intervenções

terapêuticas eficazes para o tratamento da dor, porém as mesmas ainda apresentam

consideráveis efeitos advérsos (RIEDEL; NEECK, 2001; GOLD; GEBHART, 2010).

A comunidade científica tem realizado incessantes pesquisas a fim de

desenvolver novos fármacos eficazes contra algumas patologias ainda sem

tratamento adequado, como é o caso da dor crônica. A síntese orgânica tem

contribuído significativamente neste aspecto, tendo grande importância por realizar

as modificações químicas necessárias para transformar a estrutura química de uma

substância em outra de melhor perfil terapêutico, além de diminuir o tempo e o custo

da produção de medicamentos, o que favorece a indústria farmacêutica.

(BARREIRO, 1991; MENEGATTI; FRAGA; BARREIRO, 2001; CECHINEL FILHO;

CAMPOS; CORRÊA, 2001; CORREIA; COSTA; FERREIRA, 2002).

Nos últimos anos houve um crescente interesse dos pesquisadores por

pequenas moléculas bioativas, como as chalconas. Estas moléculas ocorrem

naturalmente e são precursoras da biossíntese dos flavonoides em plantas

superiores. Pelo fato de apresentarem estruturas químicas relativamente simples, a

síntese destas moléculas em laboratório permitiu um grande avanço nos estudos

com essa classe de compostos (NI; MENG; SIROSKI, 2004; CAMPOS-BUZZI et al.,

2007; ROMAGNOLI et al.; 2009). Hoje se sabe que as chalconas, tanto de origem

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natural quanto sintética, são moléculas muito versáteis fisiologicamente,

apresentando diferentes atividades biológicas já comprovadas como antineoplásica

(HSU et al., 2006; MODZELEWSKA et al., 2006; SAXENA et al., 2007), anti-

inflamatória (FURUSAWA et al., 2009), antinociceptiva (CAMPOS-BUZZI et. al.

2007; SANTOS et. al., 2001; SANTOS et al., 2008), antiangiogênica (MOJZIZ et al.,

2008; PILATOVA et al., 2010), antibacteriana (SIVACUMAR et al., 2010),

antimalárica (BHATTACHARYA et al., 2009), antifúngica (LÓPEZ et al., 2001),

antiprotozoárica (NIELSEN et al., 1998), antipigmentar (SEO et al., 2010), entre

outras.

Sem sombra de dúvidas, a dor crônica é um problema de saúde pública que

necessita da atenção dos pesquisadores para a busca de fármacos mais eficazes e

com efeitos colaterais reduzidos, que possam prover uma melhor qualidade de vida

para os pacientes. Considerando o fato de existirem evidências farmacológicas

demonstrando o vasto potencial terapêutico das chalconas, o presente trabalho teve

como objetivo avaliar o potencial anti-hiperalgésico de duas chalconas sintéticas em

diferentes modelos animais de dor persistente, visto que sua ação anti-nociceptiva

em modelos agudos de dor já foi comprovada (CAMPOS-BUZZI et. al., 2007;

CAMPOS-BUZZI, 2007).

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar o efeito anti-hiperalgésico de duas chalconas sintéticas, ANCh e

AcANCh, frente a diferentes modelos experimentais de dor persistente em

camundongos.

2.2 Objetivos Específicos

• Avaliar o efeito dos compostos ANCh e AcANCh sobre a hiperalgesia mecânica

induzida pela injeção i.pl. de carragenina;

• Avaliar o efeito dos tratamentos preventivo e curativo com os compostos ANCh e

AcANCh frente ao modelo de hiperalgesia mecânica induzida pela injeção i.pl. de

adjuvante completo de Freund (CFA);

• Verificar o efeito dos compostos ANCh e AcANCh sobre a hiperalgesia mecânica

induzida pela injeção i.pl. de lipopolissacarídeo (LPS);

• Avaliar o efeito dos compostos ANCh e AcANCh frente a hiperalgesia mecânica

persistente induzida pela ligação parcial do nervo ciático (LPNC);

• Avaliar o efeito dos compostos ANCh e AcANCh sobre a hiperalgesia mecânica

induzida por citocinas (IL-1β, TNF-α), quimiocina (CXCL1/KC), epinefrina, bradicinina

(BK) e prostaglandina E2 (PGE2);

• Analisar o efeito dos compostos ANCh e AcANCh sobre a hipersensibilidade

mecânica induzida por melanoma em camundongos;

• Verificar o papel da citocina IL-1β e da migração de neutrófilos no possível efeito

anti – hiperalgésico dos compostos ANCh e AcANCh;

• Estimar a capacidade de absorção e de permeabilidade de acordo com os

parâmetros estipulados na regra dos 5 de Lipinski.

• Investigar o possível envolvimento de efeitos centrais relacionados com o

tratamento com os compostos ANCh e AcANCh.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

Ao longo de bilhões de anos, as mais variadas formas de vida se

estabeleceram no planeta Terra. A evolução dos seres vivos ao longo dos séculos e

a origem da vida são temas de grandes discussões ainda nos dias de hoje.

Cientistas tentam explicar como distintos ambientes passaram a abrigar e a fornecer

as condições necessárias para a manutenção de determinadas espécies e como os

seres vivos conseguiram se adaptar e evoluir ao longo dos anos. O que já se sabe é

que os recursos fornecidos pelo planeta são limitados e que para poderem

sobreviver, as espécies precisam competir por água, alimento e nichos ecológicos.

Dentro deste paradigma, Charles Darwin, em 1859, publicou seu livro A Teoria das

Espécies, no qual relatou: “Quando refletimos sobre esta luta universal, podemos

consolar-nos com a certeza de que os seres vivos vigorosos, sadios e afortunados

sobreviverão e se multiplicarão.” (DARWIN, 1859, p. 91).

Vários mecanismos fisiológicos foram desenvolvidos pelos animais ao longo

do processo de seleção natural para que pudessem permanecer vigorosos e sadios,

os quais foram também os responsáveis por conferir às espécies a capacidade de

adaptação, sobrevivência e evolução ao longo dos tempos. Um dos mecanismos de

proteção desenvolvidos foi a sensação de dor, o qual ocupa lugar de destaque, pois

constitui um instrumento que possibilita a detecção dos estímulos físicos e químicos

nocivos, estabelece situações com limiares específicos e organizados, além de

sensibilizar sistemas que protegem o indivíduo contra futuras lesões. Através de

vários mecanismos, promove ao indivíduo a consciência de que sua integridade

física está sendo ameaçada ou que ocorre alguma disfunção no seu organismo

(WOOLF; SALTER, 2000; TEIXEIRA, 2009; FERREIRA et al., 2009).

O processo doloroso pode ser caracterizado como uma experiência complexa

de percepção, que envolve tanto eventos centrais quanto periféricos e que pode ser

modulado a diversos níveis. Atualmente, a IASP a define como sendo uma sensação

ou experiência emocional desagradável, associada com dano tecidual real ou

potencial, ou descrita nos termos de tal dano (LOESER; TREEDE, 2008; MOFFAT;

RAE, 2011). Do ponto de vista neurobiológico, a dor pode ser compreendida como:

(1) Sistema fisiológico e protetor de alerta, essencial para detectar e minimizar o

contato com estímulos nocivos (dor nociceptiva); (2) Sistema adaptativo e protetor

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que é acionado quando há lesão tecidual e consequente liberação de células do

sistema imune neste local, levando a um aumento da sensibilidade sensorial (dor

inflamatória); ou (3) Processo resultante do funcionamento anormal do SNC (dor

patológica). A dor patológica pode ocorrer devido a danos no SNC e SNP, dando

origem à dor neuropática, entretanto, também ocorre em condições em que não há

danos ou inflamação (dor disfuncional), como é o caso da fibromialgia, síndrome do

intestino irritável, cistite intersticial, entre outras (WOOLF, 2010).

A dor nociceptiva, também conhecida como fisiológica, não é considerada um

problema clínico, mas desempenha um importante papel em manter a integridade do

organismo. Contudo, a incapacidade de perceber a dor nociceptiva, pode resultar

em auto-mutilações, fraturas ósseas, amputações, cicatrizes múltiplas e até em

morte prematura (WOOLF, 2010). As células responsáveis por codificar estímulos

potencialmente nocivos são os neurônios nociceptivos localizados no SNP.

Diferentes estímulos podem ativar os nociceptores, que são terminações nervosas

periféricas dos neurônios nociceptivos e agem como um receptor sensorial, os quais

estão localizados por todo o corpo, inervando a pele, músculos, articulações e

órgãos internos (JULIUS; BASBAUM, 2001; LOESER; TREEDE, 2008; DUBIN;

PATAPOUTIAN, 2010).

Os neurônios sensoriais, ou aferentes primários, podem ser classificados

pelos seus alvos periféricos (por exemplo, existem aferentes viscerais, articulares e

cutâneos), pela sua velocidade de condução (a qual é relacionada com o tamanho e

mielinização da fibra), propriedade de resposta (incluindo a modalidade sensorial e a

intensidade do estímulo necessário para ativá-los) e o fenótipo neuroquímico (como

a expressão de peptídeos) (TODD, 2010). De acordo com sua função na transdução

de informações sensoriais nas terminações aferentes primárias, antes da sua

transmissão à medula espinhal, podem ser classificados em três classes: fibras de

pequeno diâmetro, amielinizadas e com velocidade de condução de 2 m/s (fibras C);

fibras de médio diâmetro, discretamente mielinizadas e com velocidade de condução

de 25 a 50 m/s (fibras A-δ); ou fibras de grande diâmetro, intensamente mielinizadas

e com elevada velocidade de condução (fibras A-α e A-β), responsáveis pela

informação proprioceptiva (toque e pressão) (JULIUS; BASBAUM, 2001; BASBAUM

et al., 2009; TEIXEIRA, 2009).

Os nociceptores polimodais (ativados por uma variedade de estímulos

químicos, mecânicos e térmicos) e as fibras amielinizadas (tipo C) de pequeno e

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médio diâmetro, representam a maior parte dos nociceptores. As fibras sensoriais do

tipo C merecem destaque, pois apresentam capacidade de respostas distintas

conforme o tipo de estímulo. Além disso, as fibras C têm caráter polimodal e podem

ser divididas em duas classes: uma população peptidérgica, ou seja, capaz de

liberar os neuropeptídeos substância P (SP), neurocinina A e o peptídeo relacionado

ao gene da calcitonina (CGRP), além de expressar os receptores do tipo tirosina

quinase (TrkA) para o fator de crescimento neural (NGF); ou ainda como uma

população não-peptidérgica, que responde às neurotrofinas neurturina, artemina e

ao fator neurotrófico derivado da glia (GDNF) (COSTIGAN; WOOLF, 2000; JULIUS;

BASBAUM, 2001; GOLD; GEBHART, 2010).

Os aferentes primários, que inervam a pele e os tecidos mais profundos do

corpo, transmitem informações sensoriais que são percebidas pelos neurônios do

corno dorsal da medula espinhal. Estes aferentes primários terminam com um

padrão específico de distribuição na medula que é determinado pela sua modalidade

sensorial e pela região do corpo que inervam. Em geral, fibras que apresentam baixo

limiar de ativação se estendem desde a lâmina III até a lâmina V, conforme ilustrado

na figura 1. Já as fibras nociceptivas e termoreceptoras Aδ e C inervam a lâmina I e

II (TODD, 2010).

Figura 1. Organização laminar do corno dorsal da medula espinhal. a Substância cinzenta da

medula espinhal dividida em uma série de lâminas paralelas de acordo com as variações de densidade e tamanho dos neurônios marcados com anticorpo. b São demonstradas as terminações centrais dos principais tipos de aferentes primários. Fonte: Adaptado de TODD, 2010.

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A ativação dos nociceptores requer que um determinado estímulo (como por

exemplo, temperaturas extremas (> ~ 40 – 45 °C ou < ~ 15 °C), pressão intensa e

produtos químicos) despolarize os terminais periféricos com suficiente amplitude e

duração (Fig. 2). Estes estímulos intensos alteram as propriedades de condutância

da membrana e a atividade da bomba eletromagnética dos nociceptores,

deflagrando potenciais de geração que, quando somados, desencadeiam os

potenciais de ação. Estes estímulos são convertidos em atividade elétrica pelo

receptor potencial transitório (TRP) e pelos canais purinérgicos. Os canais de sódio

amplificam essa atividade, dissipando os potenciais de ação. Este estágio do

processamento doloroso é conhecido como transdução. Em seguida, ocorre a

transmissão direta de estímulos do nociceptor aferente primário (fibras A-δ e C) para

o corno dorsal da medula espinhal, ascendendo pelo trato espinotalâmico lateral até

o tálamo lateral (implicado no processamento dos aspectos sensoriais e

discriminativos da dor), ou através do trato espinoparabraquial até o tálamo medial e

sistema límbico. E, finalmente no córtex o estímulo é reconhecido como doloroso, ou

seja, ocorre a percepção da dor (HOLDEN; PIZZI, 2003; TEIXEIRA, 2009; DUBIN;

PATAPOUTIAN, 2010; KUNER, 2010; MOFFAT; RAE, 2011).

Embora não haja absoluta clareza anatômica acerca dos sistemas de

transferência nociceptiva, duas dimensões da dor podem ser distinguidas: o

componente sensorial-discriminativo da nocicepção, que ocorre no tálamo, e o

afetivo-cognitivo, percebido pelo córtex. A percepção e a detecção de estímulos

nocivos dependem de sua intensidade, localização, duração e qualidade da dor (que

compreende a relação entre a atenção e memória da dor, a capacidade de enfrentar

e suportar a dor e sua racionalização). Todos estes componentes têm

representações diferentes de indivíduo para indivíduo (RIEDEL; NEECK, 2001).

A função de um nociceptor é substancialmente modificada em resposta a um

dano tecidual, inflamação ou lesão nervosa. A excitabilidade, a transmissão e o

limiar de um nociceptor podem ser alterados promovendo hipersensibilidade e dor

espontânea. Estas mudanças tanto podem ocorrer nos terminais periféricos e no

local da lesão axonal, quanto nas propriedades da membrana. Algumas destas

modificações são rápidas, entretanto outras necessitam de transporte retrógrado no

corpo celular, ativação de cascatas de transdução de sinal, mudanças na

transcrição, além do transporte de proteínas. Mas, os nociceptores não são os

únicos gatilhos da dor; fibras sensoriais de baixo limiar, que somente produzem

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sensações inócuas como leve toque, começam então a produzir dor, uma mudança

substancial na especificidade funcional do sistema nervoso (SCHOLZ; WOOLF,

2002).

Figura 2. Representação esquemática do mecanismo de transmissão e percepção do processo

doloroso. Estímulos nocivos são percebidos pelas fibras sensoriais e enviados ao corno dorsal da medula espinhal, de onde ascendem para o tálamo e córtex, onde serão reconhecidos como estímulo

doloroso. Fonte: Adaptado de KUNER, 2010.

3.1 Dor Crônica

A noção de que a dor aguda é um fenômeno diferente da dor crônica é

amplamente aceita por médicos e pela comunidade científica. Experiências clínicas

sugerem que diferenças entre estes dois tipos de dor não são arbitrárias e que pode

haver uma transição de estados de dor aguda para crônica. Quando o papel

reparador e protetor da dor cessa, ela deixa de ser fisiológica, pois quando se torna

exagerada e espontânea é sinal de que ocorreram mudanças caracterizadas como

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plasticidade mal adaptativa (SCHOLZ; WOOLF, 2002; REICHLING; LEVINE, 2009).

Muitos mecanismos podem contribuir para o desenvolvimento e manutenção da dor

crônica, são eles: 1) Sensibilidade aumentada devido à perda de um nervo; 2)

Remoção de influências inibitórias; 3) Eficácia aumentada de sinapses previamente

inefetivas; 4) Hiperexcitabilidade espinhal e/ou dos neurônios talâmicos; 5)

Desenvolvimento de canais de íons anormais que alteram as propriedades da

membrana das células; 6) Alterações na distribuição e atividade dos transportadores

que levam a um aumento no glutamato extracelular; 7) Plasticidade de receptores ou

transmissores (HULSEBOSCH et al., 2009).

Embora o conhecimento acerca dos circuitos estabelecidos na medula

espinhal sejam ainda limitados, recentes estudos começam a revelar algumas das

conexões sinápticas existentes entre aferentes primários, interneurônios, bem como

receptores e canais iônicos expressos nos diferentes componentes destes circuitos.

Maiores informações deste tipo podem ajudar a identificar novos alvos moleculares

de fármacos para combater a dor, bem como identificar mudanças que ocorrem em

estados de dor crônica (TODD, 2010).

3.2 A dor inflamatória

A inflamação é a resposta primária a uma infecção ou lesão no organismo e

possui o importante papel de remover o material prejudicial (ou o agente) e promover

a reparação tecidual. É caracterizada pela liberação de uma série de mediadores

que regulam o aumento da permeabilidade vascular e o recrutamento de leucócitos

para o local da lesão (RODRIGUEZ-VITA; LAWRENCE, 2010). Alguns desses

mediadores, incluindo as quimiocinas, podem ativar diretamente ou modificar a

atividade dos nociceptores, contribuindo para a hipersensibilidade dolorosa e dor

espontânea (FERREIRA, 1993; ABBADIE, 2005; FERREIRA et. al., 2009).

Todos os mediadores químicos liberados a partir de células do sistema imune

ou das células lesionadas, tais como: aminas bioativas, eicosanóides, citocinas,

quimiocinas e fatores de crescimento dão origem à uma “sopa inflamatória” no sítio

da lesão (RODRIGUEZ-VITA; LAWRENCE, 2010). Em muitos casos, estes

mediadores se ligam a receptores acoplados a proteína G na membrana celular e

ativam sistemas de segundos mensageiros, os quais resultam na ativação de

proteínas quinases que tem a habilidade de fosforilar canais iônicos e receptores.

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Todas estas ações resultam na diminuição do limiar de ativação celular (JENSEN,

2008).

As fibras sensoriais são ativadas pelos mediadores inflamatórios de vários

modos: Alguns mediadores ativam diretamente os canais de Ca++ e despolarizam os

neurônios desencadeando potenciais de ação, ou, alguns receptores ativam vias

intracelulares e influenciam a sensibilidade neuronal e a excitabilidade indiretamente

(TEIXEIRA, 2009).

As alterações sensoriais que ocorrem devido ao processo inflamatório em

geral são todas reversíveis e a sensibilidade de todo o sistema será restaurada

quando a inflamação cessar (JENSEN, 2008).

Quando ocorre inflamação prolongada, lesão nervosa ou anormalidades

teciduais, os nociceptores são sensibilizados e passam então a promover dor

persistente (TEIXEIRA, 2009).

3.3 A dor neuropática

A dor neuropática se refere a uma síndrome dolorosa específica,

caracterizada por dor e anormalidades sensoriais em locais do corpo que

apresentam perda da representação sensorial ou da inervação periférica normal no

SNC (JENSEN; FINNERUP, 2009). Diversos fatores podem causar danos ao SNC

ou SNP, incluindo exposição a toxinas, infecção, vírus, doenças metabólicas,

deficiências nutricionais, trauma (cirúrgico e não cirúrgico), etc., que levam a uma

resposta aguda, que é caracterizada por dor nociceptiva, inflamação e restrição da

função normal.

Frequentemente, seguida a fase aguda, ocorre um período de diminuição da

inflamação e da dor, reparo tecidual e retorno a função normal. Entretanto, em 7 a

18% da população em geral, a dor persiste após a lesão, resultando em um estado

de dor neuropática crônica. Os sintomas da dor neuropática são, com frequência,

severamente debilitantes, como alodínia (dor resultante de um estímulo

normalmente não nocivo), hiperalgesia (resposta aumentada a um estímulo

doloroso), dor espontânea, bem como debilidades comportamentais (insônia e

depressão) (PASERO, 2004; AUSTIN; MOALEM-TAYLOR, 2010).

A dor neuropática é desencadeada por lesões no sistema nervoso

somatosensorial que alteram sua estrutura e o seu funcionamento. As dores

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espontâneas e a resposta a estímulos nocivos e inócuos, que ocorriam antes da

lesão do sistema nervoso, tornam-se patologicamente amplificadas. Múltiplas

alterações amplamente distribuídas no SNC contribuem para o estado de doença

neuronal. Estas alterações incluem: geração ectópica de potenciais de ação,

facilitação e desinibição da transmissão sináptica, perda da conectividade sináptica

e/ou formação de novos circuitos sinápticos e interações neuroimunes (COSTIGAN;

SCHOLZ; WOOLF, 2009).

Após uma lesão no SNP, mediadores químicos (noradrenalina, histamina, BK,

prostaglandinas, citocinas, serotonina, neuropeptídeos) são liberados pelas células

lesionadas e por células inflamatórias e agem sensibilizando os nociceptores para

novos circuitos sinápticos. No gânglio da raiz dorsal (DRG) e nas fibras nervosas dos

nociceptores lesionados, ocorrem mudanças no número e na localização de canais

iônicos, especialmente canais de Na+. Como resultado, o limiar de despolarização é

diminuído e podem acontecer as descargas espontâneas, conhecidas como

ectópicas. Consequentemente, a resposta dos nociceptores a estímulos térmicos e

mecânicos é aumentada, fenômeno conhecido como sensibilização periférica.

Existem também evidências de que os mecanoceptores próximos aos axônios

danificados também se tornam altamente sensíveis a um estímulo aplicado

(PASERO, 2004; D’MELLO; DICKENSON, 2008).

A liberação de taquicininas (SP, e neurocinina A) e neurotransmissores

(glutamato, CGRP e ácido aminobutírico (GABA))é decorrente de mecanismos

centrais, os quais promovem hiperexcitabilidade dos neurônios centrais. A liberação

prolongada e a ligação destas substâncias aos receptores neurais ativam os

receptores do tipo N-metil-D-aspartato (NMDA), que causam um aumento nos níveis

de cálcio intracelular. Elevados níveis de Ca2+ intraneurais estimulam a oxido nítrico

sintase (NOS) e a produção de óxido nítrico (NO). Desta forma, o limiar de ativação

é diminuído, a resposta ao estímulo se torna aumentada em magnitude e duração, e

o tamanho do campo receptivo aumenta. Estas mudanças resultam em um

fenômeno conhecido como “wind-up” (RIEDEL; NECK, 2001; PASERO, 2004).

Resumidamente, a hiperexcitabilidade neural é responsável por modificações

em nível molecular, celular e clínico. Em nível molecular ocorre a formação de novos

canais e receptores, aumento e/ou diminuição na expressão de certos receptores,

além da indução de novos genes. Já em nível celular, gera descargas espontâneas

nos nociceptores, limiar reduzido para despolarizar os corpos celulares,

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recrutamento de receptores silenciosos, mudanças nos fenótipos celulares e, como

consequência disso, alterações secundárias na medula e no cérebro. As

manifestações clínicas decorrentes destes aspectos incluem dores exageradas e

prolongadas, além de uma propagação extraterritorial da dor para tecidos não-

danificados (JENSEN; FINNERUP, 2009).

Os mecanismos centrais também contribuem no processo de diminuição da

inibição central, o qual ocorre quando as vias inibitórias/modulatórias

(downregulation dos neurotransmissores GABA e glicina e dos receptores inibitórios

pré-sinapticos GABA e opioide) são perdidas ou suprimidas. A diminuição da inibição

central pode resultar de uma atividade dependente da morte celular dos

interneurônios inibitórios do corno dorsal da medula espinhal. A sensibilização

central e a redução da inibição central, juntamente com alterações periféricas,

contribuem para a alodínia (dor proveniente de um estímulo que normalmente não

provoca dor), característica marcante dos estados de dor neuropática (COSTIGAN;

WOOLF, 2000; PASERO, 2004).

Além de todos os mecanismos envolvidos na geração e manutenção da dor

neuropática, as células da glia também estão implicadas neste processo.

Fisiologicamente modulam a atividade neuronal, através da liberação e recaptação

de neurotransmissores, além de prover suporte físico e nutricional. As células de

Schwann são a glia dos nervos periféricos, entretanto, quando ocorre lesão nervosa,

adquirem a habilidade de proliferar, migrar e secretar numerosos mediadores que

contribuem para a degeneração walleriana e regeneração nervosa. Adicionalmente,

algumas horas após uma lesão no nervo periférico, as células de Schwann ativadas

começam a secretar outros mediadores, incluindo citocinas pró-inflamatórias, PGE2,

fator de necrose tumoral α (TNF-α), ATP e quimiocinas como a proteína quimiotáxica

de monócitos 1 (MCP-1) e o fator inibitório de leucemia (LIF), que promovem

continuada neuroinflamação através do recrutamento de macrófagos. Sob condições

normais as células de Schwann liberam fatores tróficos.

Após um dano nervoso, ocorre um aumento na liberação de substâncias

relacionadas à dor como NGF-β e o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF).

Desta forma, parecem contribuir significativamente para a dor neuropática, através

da sensibilização e ativação dos axônios dos nociceptores (SOMMER; KRESS,

2004; AUSTIN; MOALEM-TAYLOR, 2010).

A dor neuropática é de difícil tratamento como pode ser percebido pelos

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diversos mecanismos envolvidos em sua gênese. Danos nervosos podem promover

ainda a ativação do sistema β-endorfinérgico no cérebro. A liberação de β-endorfinas

pode ativar continuamente os receptores µ-opioides, culminando na diminuição da

expressão destes receptores. Assim, a utilização de fármacos agonistas opioides

representa uma alternativa limitada para o tratamento da dor neuropática, com isso,

outras classes de medicamentos devem ser utilizadas e a busca por novos fármacos

para o tratamento para este tipo de dor deve ser constante (NIIKURA et al., 2010).

3.4 A dor do câncer

O câncer é uma das principais causas de morte no mundo, sendo

responsável por 13% do total de mortes em 2007, ou seja, 7.900.000 casos (OMS,

2010). Os avanços na detecção e nas terapias utilizadas para o tratamento do

câncer estão aumentando a expectativa de vida dos pacientes, porém, o impacto

negativo que a dor do câncer causa sobre a qualidade de vida dos mesmos é

extremamente intenso e não pode ser subestimado (MANTYH et al., 2002).

A experiência dolorosa é um dos mais comuns e angustiantes sintomas

experimentados por pacientes oncológicos e, embora os processos físicos que dão

origem ao sentimento final de dor possam ser descritos, o significado global da dor

como sensação desagradável é único para cada indivíduo (PACHARINSAK; BEITZ,

2008; MOFFAT; RAE, 2011). Sendo a dor um sintoma subjetivo e pessoal, sua

severidade não é diretamente proporcional à quantidade de tecido lesionado, logo,

sua percepção pode ser influenciada por diversos fatores, como fadiga, depressão,

raiva, medo e sentimentos de falta de esperança e amparo (BRASIL, 2001). Quando

não curada, pode perturbar e interferir nas atividades diárias, qualidade de vida e

humor (PACHARINSAK; BEITZ, 2008).

Para muitos pacientes, a dor é o primeiro sinal do câncer. Sua frequência e

intensidade tende a aumentar durante os estágios avançados da doença. De fato, de

75 a 95% dos pacientes com câncer metastático ou avançado experimentarão dor

moderada a severa (MANTYH et al., 2002). A intensidade da dor varia entre os

pacientes, e é dependente do tipo de câncer, de sua localização e da sensibilidade

do paciente à dor (PACHARINSAK; BEITZ, 2008).

A dor sentida por pacientes oncológicos é principalmente decorrente de

invasões ósseas, viscerais e no sistema nervoso periférico, provocadas pelo próprio

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29

tumor com incidência de 46 a 92%. Fatores relacionados ao câncer, como espasmo

muscular, constipação intestinal e escaras de decúbito representam 12 a 29%, além

da dor associada ao tratamento (dor pós-operatória, dor pós-quimioterápica e dor

pós-radioterápica) (BRASIL, 2001).

Os mecanismos que promovem a progressão tumoral e o desenvolvimento do

processo doloroso são extremamente complexos e diferem para cada tipo de câncer.

A primeira indicação de uma possível ligação entre inflamação e câncer foi sugerida

no século XIX, com a descoberta da presença de leucócitos próximos a tumores

(Fig. 3) (GRIVENNIKOV; GRETEN; KARIN, 2010).

Somente na última década têm sido obtidas claras evidências de que o

microambiente inflamatório é um componente essencial para todos os tumores.

Hoje já se sabe que a inflamação crônica possui um papel crítico na proliferação,

angiogênese, invasão, metástase e supressão da apoptose. Os principais

responsáveis por estas ações são as citocinas TNF-α, IL-1α, IL-1β, IL-6, IL-8, IL-18,

quimiocinas, metaloproteinase de matriz 9 (MMP-9), fator de crescimento endotelial

vascular (VEGF), ciclooxigenase 2 (COX-2) e lipoxigenase 5 (5-LOX). A expressão

de todos estes produtos é principalmente regulada pelo fator de transcrição NF-ĸB,

que é constitutivamente ativo em muitos tumores e induzido por carcinógenos,

promotores tumorais, proteínas virais carcinogênicas e agentes quimioterapêuticos

(GRIVENNIKOV; GRETEN; KARIN, 2010).

Cabe ressaltar que várias células do sistema imune inato (monócitos,

eosinófilos, células dendríticas, células NK, mastócitos, neutrófilos, entre outras),

geram espécies reativas de oxigênio (ROS) e espécies reativas de nitrogênio (RNS),

as quais danificam o DNA, levando à ativação de oncogenes e/ou inativação de

genes supressores de crescimento (KUNDU; SURH, 2008).

Já as células do sistema imune, como macrófagos, neutrófilos e células T,

participam ativamente na secreção de moléculas que sensibilizam ou excitam

diretamente os neurônios aferentes primários (como prostaglandinas, TNF-α,

endotelinas, IL-1, IL-6, fator de crescimento epidermal, fator de crescimento derivado

de plaquetas e fator de transformação de crescimento β (TGF-β)) (MANTYH et al.,

2002; AGGARWAL et. al., 2006).

Além da participação do sistema imune na geração da dor inflamatória, o

crescimento da massa tumoral promove a compressão de nervos periféricos ao

tumor, gerando a dor neuropática (GAO et al., 2009). No entanto, de 25-35 % dos

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pacientes com tumor sólido de mama, ovário e pulmão, que utilizam quimioterapia

combinada com paclitaxel, relatam, além de dor neuropática periférica, dor muscular

de moderada a severa, ocasionada pelo tratamento (FORSYTH et al., 1997; HIDAKA

et al., 2009).

Figura 3. Representação esquemática do mecanismo de sensibilização dos nociceptores por

células cancerígenas. Além das células tumorais, o tumor é formado por células inflamatórias e vasos sanguíneos que estão freqüentemente próximos aos nociceptores aferentes primários. As células tumorais e as células inflamatórias liberam uma variedade de produtos, como ATP, BK, H

+, NGF,

prostaglandinas e VEGF que excitam ou sensibilizam os nociceptores. Estímulos dolorosos são detectados pelos nociceptores e são transmitidos para os neurônios da medula espinhal. Os sinais são então transmitidos para centros superiores no cérebro. Os sinais de dor associada ao câncer podem ascender até o cérebro por duas principais vias: o trato espinotalâmico e pelo trato pós-sináptico da coluna dorsal. A ativação dos nociceptores resulta na liberação de neurotransmissores como CGRP, endotelina, histamina, glutamato e SP. A ativação do nociceptor também causa a liberação de prostaglandinas dos terminais periféricos das fibras sensoriais os quais podem induzir extravasamento plasmático, recrutamento e ativação de células imunes e vasodilatação. Adaptado de MANTYH et. al., 2002.

Devido à complexidade da doença, o tratamento para a dor dos pacientes

com câncer inclui o uso de diferentes classes de medicamentos, como opioides,

antiinflamatórios não-esteroidais (AINES), anestésicos locais, antidepressivos e

anticonvulsivantes, o que muitas vezes é uma terapia paliativa que tem por objetivo

controlar a dor de um tumor incurável e melhorar a qualidade de vida

(PACHARINSAK; BEITZ, 2008). O principal fármaco utilizado para aliviar a dor de

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pacientes terminais é a morfina, pois alivia com eficácia a dor do câncer, embora

provoque efeitos adversos tais como sedação, náusea, constipação, retenção

urinária, euforia e diminuição da capacidade de concentração, quando administrada

em altas doses (LEVY, 1996; VALLEJO; BARKIN; WANG, 2011). Desta forma,

tratamentos com maior eficácia e reduzidos efeitos adversos para a dor oncológica

se fazem necessários (PACHARINSAK; BEITZ, 2008).

Desde 1999, novos modelos animais têm sido desenvolvidos com o intuito de

demonstrar os distintos aspectos neuroquímicos e farmacológicos que envolvem a

dor do câncer. Modelos de dor de câncer ósseo, de pele e de dor oncológica

neuropática já sugerem que os componentes associados à dor são de origem

inflamatória, neuropática e tumorigênica (ASAI et al., 2005).

Sasamura et al. (2002) estudaram o efeito analgésico da morfina frente à

supressão do crescimento tumoral e metástase, em modelo animal de inoculação

ortotópica de células B16-BL6 em camundongos C57BL/6. Com base nos resultados

obtidos, os autores sugerem a existência de duas fases de hiperalgesia. Na fase

inicial, em torno de 8 dias após inoculação, a dor estaria relacionada à inflamação

induzida pelo tumor, incluindo a produção de prostaglandinas. Os autores chegaram

a essa conclusão devido às altas doses utilizadas do fármaco diclofenaco, que inibiu

a hiperalgesia somente até o 8º dia. A hiperalgesia térmica foi aparente entre o 7º e

o 11º dia. A fase tardia, considerada do 16º ao 20º dia após a inoculação, é

caracterizada por metástase. Os fatores de crescimento e citocinas relacionados à

metástase seriam responsáveis pela dor tardia. Tanto o diclofenaco quanto a

morfina, inibiram a fase inicial da dor, entretanto, não foram capazes de inibir a fase

tardia, o que demonstra a severidade da dor em estágios avançados. Na fase tardia

se soma a dor neuropática, resultado do crescimento exponencial do tumor a partir

da fase inicial. O melhor entendimento da fase tardia será de grande valia para o

desenvolvimento de melhores tratamentos.

3.5 Tratando a dor

Um diagnóstico sensível e específico se torna necessário para revelar o

processo patológico responsável pela sensação dolorosa em cada indivíduo. Para

que o diagnóstico seja bem feito, deve-se levar em conta o histórico do paciente,

exames e investigações profundas a fim de selecionar o tratamento adequado para

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32

cada tipo de dor (WOOLF; MANNION, 1999). Como a transmissão dolorosa envolve

diferentes receptores, além da participação do SNC e do SNP, frequentemente o

tratamento é multimodal, visando otimizar o controle da dor e limitar os efeitos

adversos. Os fármacos mais comumente utilizados no gerenciamento da dor

incluem: AINES, anestésicos locais, opioides, antidepressivos tricíclicos e

anticonvulsivantes (MOFFAT; RAE, 2011).

Os AINES são fármacos responsáveis por reduzir a transmissão do processo

doloroso, através da redução de determinada cascata inflamatória. Geralmente estes

agentes oferecem alívio suave da dor e efeitos adversos potencialmente graves

como hipertensão e úlcera gástrica, além de um risco aumentado a eventos

cardiovasculares (para a classe de inibidores seletivos da ciclooxigenase-2). Apesar

de possuírem ação antiinflamatória, antipirética e analgésica, sua utilidade

permanece limitada, pois o alívio da dor envolve mecanismos adicionais a estes,

como eventos centrais e periféricos (LYNCH, 2008; MOFFAT; RAE, 2011). Alguns

AINES apresentam formulações de uso tópico, as quais dispensam doses

terapêuticas através da penetração nos tecidos, reduzindo os efeitos adversos

sistêmicos, diminuindo a taxa de circulação da substância na corrente sanguínea

(ZILTENER; LEAL; FOURNIER, 2010).

Os opioides representam os medicamentos de primeira linha para pacientes

com dor neuropática, dor neuropática devido ao câncer e exacerbações da dor

neuropática. Apresentam seus efeitos analgésicos por: 1) inibir o influxo de cálcio na

membrana pré-sináptica, inibindo a liberação de substância P, 2) hiperpolarizar as

células pré-sinápticas pelo aumento do efluxo de potássio, impedindo que as

informações aferentes nociceptivas se espalhem para os neurônios adjacentes, e 3)

modular centralmente a informação nociceptiva no sistema límbico. Os efeitos

adversos desta classe de medicamentos, como constipação, náusea e sedação são

bastante marcantes, mas podem ser reduzidos utilizando-se doses menores e

associações com fármacos adjuvantes. Embora os efeitos adversos desencorajem

sua utilização, os opioides ainda são os fármacos de escolha para dores intensas

(DWORKIN et. al., 2010; VALLEJO; BARKIN; WANG, 2011).

Os antidepressivos tricíclicos e inibidores seletivos da recaptação de

noradrenalina e serotonina, são eficazes no tratamento da depressão, uma

comorbidade comum aos pacientes com dor crônica, porém sua eficácia terapêutica

tem sido relatada também em pacientes não-deprimidos. Estes fármacos mantêm os

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níveis de monoaminas nas vias descendentes, além de aumentar as concentrações

de opioides endógenos por vias indiretas. Não apresentam custo elevado, porém

seus efeitos adversos são comuns e incluem boca seca, constipação e retenção

urinária (DWORKIN et. al., 2010; MOFFAT; RAE, 2011).

Os anticonvulsivantes apresentam indicações precisas em determinados

quadros de dor neuropática devido à sua capacidade de prolongar o período

refratário efetivo das fibras nervosas, limitar o disparo de alta freqüência e aumentar

a inibição sináptica central (OLIVEIRA, 2009). Agem globalmente na transmissão

sináptica por interferir nas funções dos canais de sódio ou cálcio, reduzindo a

excitabilidade dos neurônios sensibilizados (MOFFAT; RAE, 2011). A Gabapentina é

o anticonvulsivante mais utilizado para o tratamento de dor crônica nos Estados

Unidos por apresentar poucos efeitos adversos, tais como dor de cabeça, sedação,

fadiga e vertigem, os quais são mais freqüentes em idosos (FITZGERALD,

ROMERO, SABERSKI, 1998).

De 1960 até o ano de 2009, 59 novos fármacos para a tratamento da dor

foram desenvolvidos, sendo que 39 deles foram especificamente desenvolvidos

como analgésicos e os 20 restantes para outras patologias, porém a eficácia para o

tratamento da dor foi mais tarde comprovada pelo Food and Drug Administration

(FDA). Embora tenha havido uma melhora no entendimento dos mecanismos

envolvidos no processo doloroso, o sucesso no desenvolvimento de novos fármacos

infelizmente ainda é limitado e se torna uma necessidade (KISSIN, 2009).

3.6 Chalconas

Chalconas são compostos químicos nomeados como 1,3-difenil-2-propen-1-

ona e definidas quimicamente como cetonas α,β-insaturadas, onde se tem tanto a

carbonila quanto a porção olefínica conjugadas e ligadas a grupamentos aromáticos,

conforme demonstrado na figura 4 (SATYANARAYANA; RAO, 1993).

As chalconas são moléculas frequentemente encontradas em frutas (maçã),

vegetais (tomates, batatas, brotos de feijão) ou especiarias (alcaçuz). São

precursoras imediatas da via de biossíntese de flavonoides em plantas superiores e

também desempenham um papel muito importante na defesa contra patógenos e

insetos e na atração de polinizadores (MOJZIS et al., 2008; BATOVSKA;

TODOROVA, 2010; ORLIKOVA et al., 2011). Podem ser encontradas em diferentes

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34

órgãos vegetais, sobretudo nas flores, onde contribuem significativamente na

pigmentação da corola. Uma característica marcante do grupo é a presença de

coloração amarela que passa a vermelha em meio alcalino. A cor amarela nas flores

das plantas se deve também à presença de carotenos, mas especialmente em

algumas famílias - como Asteraceae, Acanthaceae, Gerneriacea e Liliaceae - as

chalconas têm participação especial (ZUANAZZI; MONTANHA, 2007).

Figura 4. Representação esquemática da estrutura geral das chalconas. Fonte: Adaptado a partir

de PADHYE et al., 2009.

O

3.6.1 Propriedades Biológicas

As estruturas simples, juntamente com a facilidade de síntese das chalconas,

tornaram-se grandes atrativos para estudos de relação estrutura-atividade. Diversos

substituintes têm sido sintetizados para avaliar a relação dos grupos funcionais

quanto à atividade biológica. Desta forma, chalconas de ocorrência tanto natural

quanto sintética têm apresentado promissoras atividades biológicas. Estes

compostos também demonstram perfis seguros, e recentemente muitos avanços nas

pesquisas foram alcançados (NI; MENG; SIROSKI, 2004; CAMPOS-BUZZI et al.,

2007; ROMAGNOLI et al.; 2009).

Pesquisas que avaliam a propriedade antitumoral das chalconas foram

realizadas por Romagnoli et al. (2009). Os autores obtiveram, através de síntese

orgânica, duas séries de chalconas α-bromoacriloilamido. De todas as chalconas

híbridas testadas, 8 delas (estruturas representadas pelos nos (1) e (2)) foram

capazes de inibir a proliferação de células tumorais de leucemia murino e humano,

carcinoma mamário murino e carcinoma de cervix humano. Esta atividade parece

estar relacionada com a indução da apoptose através da via intrínseca, mediada

pelo envolvimento da mitocôndria e ativação da caspase-3. Porém, mais estudos

para esclarecer detalhes sobre os mecanismos moleculares de ação destes

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compostos são necessários.

Ar = 4-Br-C6H

5; 4-OCH

2CH

3-C

6H

5; 2-tienil

NH

O

Br

Ar

O

(1)

Ar

O

NH

O

Br

Ar = C6H

5; 4-OCH

3-C

6H

4; 2-OCH

3-C

6H

4;

2,3-(OCH3)2-C

6H

3;2,3,4-(OCH

3)3-C

6H

2

(2)

Também com relação à atividade antitumoral, Saxena et al. (2007) realizaram

a síntese de chalconas derivadas de estradiol. Ao todo, 13 chalconas e derivados

foram sintetizados, sendo que os compostos (3) e (4) apresentaram resultados muito

promissores em relação à linhagem tumoral MCF-7 (células de câncer de mama

humano dependentes de hormônio). Ademais, não apresentaram citotoxicidade para

eritrócitos, porém o mecanismo de ação dos compostos não foi avaliado.

OHO

H3CO

H3CO

H3CO

(3)

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O

H3CO

H3CO

OH

H3COH3CO

(4)

Cabe destacar também o estudo realizado por pesquisadores da

Universidade Federal de Santa Catarina, publicado por Navarini et al. (2009), no

qual foi realizado a síntese de 13 hidroxichalconas por condensação aldólica. As

mesmas foram avaliadas frente à toxicidade para células B16F10 (melanoma

murino), sendo que três delas ((5), (6) e (7)) reduziram mais de 50% a viabilidade

celular das células tumorais. Os resultados referentes ao possível mecanismo de

ação sugerem que as moléculas testadas promoveram morte celular por apoptose e

induziram a depleção de glutationa e ATP mitocondrial. Estes efeitos foram

relacionados pelos autores com a conformação dos compostos e com número de

grupamentos hidroxil.

O

R2

R1

(6) R1=OH; R2= H

(5) R1=H; R2= OH

OOH

Br

H3CO OCH3

COOH

(7)

Além dos dados já expostos, Orlikova et al. (2011) publicaram uma revisão

bastante completa demonstrando o grande potencial de chalconas provenientes da

dieta humana como agentes quimiopreventivos e quimioterapêuticos, uma vez que

atuam efetivamente em cada passo da carcinogênese, incluindo iniciação, promoção

e progressão. Assim, os autores sugerem que estas moléculas e seus derivados

podem ser considerados como potenciais agentes anticancer.

Diversos estudos têm demonstrado atividade antiinflamatória para as

chalconas, nos quais os compostos testados foram capazes de inibir a produção de

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NO através de down-regulation e/ou inibição de iNOS (KIM et al., 2007; CHIARADIA

et al., 2008). Tran et al. (2009) realizaram a síntese de várias chalconas (2’-

hidroxichalconas) com diferentes substituintes no anel B. Dentre as 18 chalconas

sintetizadas, 6 delas (8) demonstraram atividade inibitória potencial contra a

produção de PGE2 na linhagem celular RAW 264,7 (macrófago murino) estimulada

pelo LPS, com porcentagens de inibição acima de 90% e CI50 entre 3,8 - 6,2 µM.

O

OH R1

R2

R3

R4

R = 4-benziloxi; 3,4-dibenziloxi; 3-benziloxi,4-OCH3;

2,3-(OCH3)2; 2,4-(OCH

3)2; 3,4,5-(OCH

3)3

(8)

Além da atividade antiinflamatória de diversas classes de chalconas por

diversos mecanismos, estas moléculas também demonstram efeito antinociceptivo

agudo. Campos-Buzzi et al. (2006) realizaram a síntese de 17 chalconas e as

avaliaram farmacologicamente frente a dor induzida por ácido acético, onde a

maioria dos compostos testados foram mais eficazes que a aspirina, fármaco

analgésico utilizados como controle positivo. O composto (9) merece destaque, pois

foi capaz de reduzir as contorções abdominais em 92,2% quando administrado por

via i.p.

Corrêa et. al. (2001) avaliaram o potencial antinociceptivo de uma série de 11

chalconas, sendo que duas delas (10) apresentaram inibições acima de 90% no

teste da formalina. Os autores sugerem que a adição de grupos substituintes

contendo o átomo cloro no anel A foram os responsáveis pela ação farmacológica.

OOH

H3CO OCH3

COOH

(9)

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O

R2

R1

R = 4-Cl; 3,4-Cl2

(10)

Corrêa et al. (2008) realizaram a síntese de três séries de chalconas e as

avaliaram farmacologicamente frente ao teste de dor aguda induzida pelo ácido

acético. Os compostos (11), (12) e (13) foram os mais efetivos e os autores também

sugerem que a ação farmacológica ocorreu devido aos substituintes do anel A.

O

Cl

Cl

OH

N

O

Cl

Cl

O

Cl

Cl

(11) (12)

(13)

Conforme demonstrado, as chalconas representam uma classe de moléculas

que vem sendo extensivamente estudadas e que apresentam atividade comprovada

nas mais diversas áreas, além das anteriormente citadas, como antiviral,

antimicrobiana, antifúngica, antioxidante, anti-leishmania, antiproliferativa,

antiulcerogênica, antihistamínica, anti-HIV e como inibidoras de tirosina quinase

(SAXENA et al., 2007; TRAN et al., 2009; BATOVSKA; TODOROVA. 2010).

3.6.2 Dos compostos em estudo

Campos-Buzzi (2007) sintetizou várias séries de chalconas e as avaliou

farmacologicamente. O composto (2E)-1-(4-aminofenil)-3-(4-nitrofenil)prop-2-en-1-

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ona (ANCh) (14) foi o que apresentou resultados mais promissores dentro da série

de amino-chalconas. No teste de contorções abdominais induzidas pelo ácido

acético, esta chalcona apresentou inibição de 96,3 ± 1,1% para a dose de 10 mg/kg

(i.p). Dentro deste aspecto, o composto foi avaliado em outras doses, onde se

obteve o valor de DI50 de 1,27 (0,78 – 2,01) µmol/kg. No teste da formalina, o

composto ANCh apresentou inibição significativa somente na segunda fase, com

inibição de 68,2% na dose de 10 mg/kg. Com o objetivo de melhor avaliar a ação do

composto frente a dor neurogênica, foi realizado o teste da capsaicina, no qual o

composto foi eficaz apresentando inibição de 50,7% também na dose de 10 mg/kg.

Para completar a bateria de testes, foi realizado o teste da placa quente com o

intuito de avaliar a possível influência do composto na via opioide, o qual não

apresentou resultados significativos para este teste.

(14)

A chalcona N-{4-[(2E)-3-(4-nitrofenil)prop-2-enoil]fenil}acetamida (AcANCh)

(5) também foi sintetizada e avaliada quanto ao seu potencial antinociceptivo agudo

(CAMPOS-BUZZI et al., 2007). O composto apresentou porcentagem de inibição

frente às contorções abdominais induzidas pelo ácido acético, com inibição de 94,1 ±

2,5% para a dose de 10 mg/kg. Desta forma, foi realizada uma curva dose-resposta

para o mesmo teste, onde foi encontrada uma DI50 de 1,22 (0,83 – 1,80) µmol/kg.

Além disso, o composto foi capaz de reduzir a segunda fase (inflamatória) da dor

induzida pela formalina, com inibição de 60,8%. Ainda na dose de 10 mg/kg, o

composto reduziu significativamente a dor induzida pela capsaicina, com inibição de

69.6%, sugerindo um possível envolvimento com o antagonismo dos receptores

vaniloides. No teste da placa quente, o composto não apresentou resultados

significativos, sugerindo que o mesmo não atua pela via opioide.

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40

(15)

Com base nos promissores resultados apresentados por estes dois

compostos, os mesmos foram os escolhidos para aprofundar os estudos frente a

diferentes modelos de dor persistente em camundongos.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Substâncias e Reagentes

Para realização do estudo foram utilizados: Soro Bovino Fetal e Meio MEM

(Gibco BRL, NY, USA), L-glutamina (Sigma Aldrich, St. Louis, MO, EUA), penicilina e

estreptomicina (Gibco BRL, NY, USA), Éter Dietílico P.A, cloreto de sódio, cloreto de

potássio (Merck & Co., Inc.), Gabapentina (Neurontin®; Park-Davis, Brasil); ʎ-

Carragenina, CFA, salina tampão fosfato (PBS), Lipopolissacarídeo de E. coli (LPS),

PGE2, BK, Epinefrina (todos Sigma Chemical Company, St Louis, MO, E.U.A),

Morfina (Dimorf® , Cristália), Hidrato de Cloral (Vetec; Brasil), Tween 80 (Merck,

Alemanha).

4.2 Obtenção dos Compostos

As amino e amido-chalconas - (2E)-1-(4-aminofenil)-3-(4-nitrofenil)prop-2-

en-1-ona (ANCh) e N-{4-[(2E)-3-(4-nitrofenil)prop-2-enoil]fenil}acetamida

(AcANCh) – utilizadas neste trabalho foram sintetizadas por Daniele Regina Sonza,

de acordo com a reação clássica, segundo uma derivação do método geral de

condensação aldólica de Claisen-Schmidt (Figura 5) utilizando metanol, NaOH, 4-

nitrobenzaldeído, e respectivamente, a p-aminoacetofenona e a N-(4-acetilfenil)

acetamida (SATYANARAYANA et al., 2004). Todas as reações foram monitoradas

através da cromatografia em camada delgada (CCD), utilizando como eluente

hexano/acetato de etila (70:30) (CAMPOS-BUZZI, 2007; CAMPOS-BUZZI et al.,

2007).

Figura 5. Esquema da rota de síntese das chalconas avaliadas.

O

NH N+

O-

OR

CH3

O

NHR

N+O

-

O

O

H+

R = H (G4); COCH3 (A6)

metanolNaOH

agitaçãot. amb.

R = H (ANCh); COCH3 (AcANCh)

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4.3 Análise “In silico”

4.3.1 Regra dos cinco de Lipinski

Foram realizados cálculos teóricos computacionais para estimar a

solubilidade e permeabilidade dos compostos sintetizados. Os valores do peso

molecular (PM), Log P, aceptores de ligação hidrogênio (N + O) e doadores de

ligação hidrogênio (NH + OH) foram obtidos a partir do programa free molinspiration

on line, através do JME Editor, cortesia de Peter Ertl da Novartis, disponível no site:

http://www.molinspiration.com/cgi-bin/properties. Foram analisados: a massa molar,

a qual não deve exceder a 500 g/mol; o log P, cujo valor limite é 5; e os grupos

doadores (NH + OH) e aceptores (N + O) de ligação hidrogênio, cujas somatórias

não devem ultrapassar a 5 e 10, respectivamente (LIPINSKI et al., 2001).

4.4 Ensaios in vivo

4.4.1 Animais

Foram utilizados camundongos C57/BL6 machos e fêmeos pesando entre

25 e 35 gramas, todos provenientes do Biotério Central da Universidade do Vale do

Itajaí (UNIVALI). Os animais foram mantidos em temperatura controlada de 22 ±

1ºC, em ciclo claro/escuro de 12 horas, recebendo água e ração ad libitum. Os

animais permaneceram no laboratório durante um período de adaptação de pelo

menos 1 hora antes da realização dos testes, que foram executados entre 8 e 17

horas (ZIMMERMANN, 1983). Os protocolos experimentais foram previamente

submetidos à apreciação do Comitê de Ética para o Uso de Animais da Universidade

do Vale do Itajaí (UNIVALI) e aprovados sob parecer 017P1/10. Os modelos

contaram com 5 grupos de animais (n=6): um grupo controle negativo que recebeu o

veículo utilizado para diluição dos compostos (PBS + 1 gota de Tween 80), um

controle positivo com fármaco padrão quando adequado, e três doses para cada

uma das chalconas a serem testadas, sendo utilizado um número mínimo de animais

para demonstrar efeitos consistentes para os tratamentos.

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43

4.4.2 Avaliação da Atividade Anti-hiperalgésica

4.4.2.1 Hiperalgesia mecânica induzida pela Carragenina

Para realização deste modelo os animais foram pré-tratados com ANCh (1,11,

3,72 ou 11,18 µmol/kg), AcANCh (0,96, 3,22 ou 9,66 µmol/kg), Indometacina (13,97

µmol/kg) ou veículo (10 mL/kg), 30 min para a via intraperitoneal ou 1 hora para a via

oral, antes da injeção de 50 µL de ʎ- Carragenina (300 µg/pata). Os animais foram

avaliados quanto à hiperalgesia mecânica através do monofilamento de Von Frey 0,6

g, nos intervalos de 1, 3, 4, 6, 24 e 48 horas após a injeção intraplantar de

carragenina (DE CAMPOS et. al., 1996; BORTOLANZA et. al., 2002).

4.4.2.2 Hiperalgesia mecânica induzida pelo adjuvante completo de Freund

(CFA)

Para a indução da resposta inflamatória persistente, os camundongos

receberam uma injeção i.pl. de 20 μL de CFA (1 mg/mL de bacilo de Mycobacterium

tuberculosis inativado por calor, cada mililitro (mL) de veículo contém 0,85 mL de

óleo de parafina + 0,15 mL de monooleato de 61 manida) na superfície plantar da

pata direita posterior (CAO et. al., 1998; FERREIRA et. al., 2001; QUINTÃO et al.,

2005). A hiperalgesia mecânica foi avaliada utilizando o monofilamento de von Frey

0,6g. Para avaliar o efeito preventivo sobre a hiperalgesia mecânica, diferentes

grupos de animais foram previamente tratados com os compostos ANCh (1,11, 3,72

ou 11,18 µmol/kg, i.p), AcANCh (0,96, 3,22 ou 9,66 µmol/kg, i.p) ou veículo (10

mL/kg). Como controle positivo foi utilizada a Gabapentina (408,80 μmol/kg, v.o.),

fármaco anticonvulsivante utilizado na clínica nos dias atuais para o tratamento de

dor crônica. Após 30 minutos (ou 1h para a Gabapentina) os animais receberam

uma injeção intraplantar de CFA, e a hiperalgesia mecânica foi avaliada em

diferentes intervalos de tempo (1, 3, 4 e 6h).

Com o intuito de verificar o efeito curativo dos compostos, os animais

receberam uma injeção intraplantar de CFA, e após 24h os mesmos foram tratados

com o os compostos ANCh (1,11, 3,72 ou 11,18 µmol/kg, i.p), AcANCh (0,96, 3,22

ou 9,66 µmol/kg, i.p), Gabapentina (408,80 μmol/kg, v.o.) ou o veículo, 1 vez ao dia,

durante 5 dias consecutivos, e a hiperalgesia mecânica foi avaliada 4h após a

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administração diária. A fim de investigar a extensão do efeito anti-hiperalgésico dos

compostos, o tratamento foi interrompido 5 dias após a primeira administração,

porém a avaliação da hiperalgesia mecânica continuou até a ausência do efeito dos

compostos. Quando a hiperalgesia dos grupos que receberam o tratamento com os

compostos se igualou a do controle, os animais foram novamente tratados para

avaliar uma possível tolerância dos compostos.

4.4.2.3 Hiperalgesia mecânica induzida por LPS

Para induzir a hiperalgesia inflamatória, os animais receberam uma injeção

intraplantar de LPS (100 ng/pata) após terem sido pré-tratados com ANCh (1,11,

3,72 ou 11,18 µmol/kg, i.p), AcANCh (0,96, 3,22 ou 9,66 µmol/kg, i.p) ou veículo. Os

animais foram avaliados através do monofilamento de Von Frey 0,6 g, nos intervalos

de 1, 3, 4, 6, 24 e 48 horas após a injeção intraplantar de LPS.

4.4.2.4 Hiperalgesia mecânica induzida pela ligação parcial do nervo ciático

(LPNC)

Inicialmente os animais foram anestesiados com hidrato de cloral 7% (8

mL/kg; i.p.). Em seguida, foi realizada uma pequena incisão na coxa do animal, e o

nervo ciático foi exposto próximo à trifurcação ciática. Foi realizada uma amarria de

aproximadamente 1/3 a 1/2 da porção dorsal do nervo ciático com fio de sutura 8.0

(Brasuture, Brasil). O procedimento utilizado foi similar ao descrito para ratos por

Seltzer et al. (1990) e modificado para camundongos por Malmberg e Basbaum

(1998). Em um grupo de animais, falso- operados, o nervo ciático foi exposto sem

realizar amarração. No 5º dia após a cirurgia, os animais operados foram tratados

com ANCh (1,11, 3,72 ou 11,18 µmol/kg, i.p), AcANCh (0,96, 3,22 ou 9,66 µmol/kg,

i.p) ou Gabapentina (408,80 μmol/kg, v.o.) e os falso-operados com o veículo (10

mL/kg) 1 vez ao dia, durante 5 dias consecutivos, e a hiperalgesia mecânica foi

avaliada 4h após a administração diária com o monofilamento de von Frey 0,6 g. A

fim de investigar a extensão do efeito anti-hiperalgésico dos compostos, o

tratamento foi interrompido 5 dias após a primeira administração, porém a avaliação

da hiperalgesia mecânica continuou até a ausência do efeito dos compostos.

Quando a hiperalgesia dos grupos que receberam o tratamento com os compostos

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45

se igualou a do controle, os animais foram novamente tratados para avaliar uma

possível tolerância dos compostos.

4.4.2.5 Hiperalgesia mecânica induzida por BK, CXCL1/KC, TNF-α, IL1-β, PGE2

e epinefrina

Neste modelo os animais foram pré-tratados com os compostos ANCh (1,11,

3,72 ou 11,18 µmol/kg, i.p), AcANCh (0,96, 3,22 ou 9,66 µmol/kg, i.p) ou veículo (10

mL/kg) e após 30 minutos receberam injeção intraplantar de 50 µL de BK (500

ng/pata), CXCL1/KC (20 pg/pata), IL1-β (20 pg/pata), TNF-α (40 pg/pata), PGE2 (3

nmol/pata) ou epinefrina (100 ng/pata). A hiperalgesia foi avaliada 3 horas após o

estímulo inflamatório, exceto para epinefrina onde a avaliação foi realizada após 30

minutos. Quando a BK foi utilizada, os animais foram pré-tratados com o inibidor da

enzima conversora da angiotensina I, o Captopril (5 mg/kg, s.c.), 60 minutos antes

dos experimentos para prevenir sua degradação (DE CAMPOS et al., 1997).

4.4.2.6 Hiperalgesia mecânica induzida por células tumorais B16F10

4.4.2.6.1 Cultivo Celular

Foram utilizadas células B16F10, melanócitos provenientes de melanoma de

pele de camundongos (Mus musculus C57BL/6J) obtidas do Banco de Células do

Rio de Janeiro (BCRJ). As células foram cultivadas em meio mínimo de essencial

MEM (Gibco-BRL) suplementado com Soro Fetal Bovino (Gibco) a 10% já estéril,

inativado e filtrado em fluxo laminar, e 1% de mistura de antibióticos (Gibco 15640)

sendo 5 mg/mL de penicilina, 5 mg/mL de estreptomicina e 10 mg/mL de neomicina,

além de antifúngico (Gibco) 250 μg/mL e 2 mM de L-glutamina (Ajinomotto). A L-

glutamina utilizada para suplementação do meio foi preparada numa solução 100x

concentrada, (200 mM). O meio de cultura MEM foi trocado a cada 2 dias até uma

confluência de 80-90% das células na garrafa, sendo então realizado o

procedimento de tripsinização. Resumidamente, as células foram lavadas com

tampão salino fosfato 0,1 M pH 7,4 (PBS). Posteriormente foi adicionado 1 mL de

tripsina (0,25% tripsina,0.038% EDTA) seguido de incubação em estufa a 37ºC, 5%

de CO2, por no máximo 10 minutos. A tripsina foi inativada com meio MEM contendo

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10% de soro fetal bovino e íons Mg++ e Ca++, seguido de transferência das células

para um tubo falcon de 15 mL, centrifugação a 1000 g por 10 min a 10oC, descarte

do sobrenadante e ressuspensão em meio MEM suplementado.

4.4.2.6.2 Indução da hiperalgesia

Para indução do tumor, os animais receberam 30 µL de uma solução

contendo 2 x 105 células da linhagem B16F10, por via intraplantar, conforme descrito

por Sasamura et. al. (2002) (figura 6). Após 7 dias, os animais foram tratados com os

compostos ANCh (1,11, 3,72 ou 11,18 µmol/kg, i.p), AcANCh (0,96, 3,22 ou 9,66

µmol/kg, i.p), veículo (10 mL/kg), ou com controle positivo Morfina (3,5 µmol/kg, s.c.)

e foram avaliados após 1, 3, 4 e 6 horas, recebendo um novo tratamento com os

compostos nas mesmas doses ao final da avaliação (12 x 12 h). Do 8o ao 26o dia, os

animais foram novamente tratados, 2 vezes ao dia, e a avaliação da hiperalgesia se

deu 4 horas após o tratamento.

Figura 6. Inoculação intraplantar das células de melanoma murino B16F10. Fonte: Própria.

4.4.3 Análise do limiar mecânico através do filamento de von Frey

Para avaliar a hiperalgesia mecânica, os mesmos foram colocados

individualmente em compartimentos de acrílico transparente individuais (9 x 7 x 11

cm) localizados em uma plataforma de arame elevada, para permitir o acesso à

superfície ventral das patas traseiras (Figura 7). Os animais foram aclimatizados por,

no mínimo 1 hora antes dos testes comportamentais. A frequência de resposta de

retirada da pata foi obtida através de 10 aplicações (duração de 1 s cada) do

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filamento de von Frey 0,6 g (VFH, Stoelting, Chicago, USA). Este aparato consiste

de um filamento de nylon e produz em média 15 % de frequência de retirada da

pata, sendo considerado um valor adequado para a avaliação da hiperalgesia

mecânica (BORTOLANZA et. al., 2002). Os estímulos foram realizados no centro da

superfície plantar da pata traseira direita do animal. O limiar mecânico foi avaliado

em diferentes tempos de acordo com o modelo.

Figura 7. Representação da estimulação mecânica na pata do camundongo utilizando-se o

monofilamento de Von Frey 0,6g. Fonte: Própria.

4.5 Ensaios bioquímicos

4.5.1 Dosagem de citocina

Os níveis de IL-1β foram avaliados de acordo com Francischi et al. (2000). Os

animais foram sacrificados 4 horas após a injeção intraplantar de carragenina (300

µg/pata) e a pele da pata traseira foi coletada. Os tecidos foram homogeneizados

em salina tamponada com fosfato (PBS; pH=7,4; NaCl 137 mM, KCl 2,7 mM,

Na2HPO4 8,1 mM, KH2PO4 1,5 mM, filtrado a 0,2 µm) contendo NaCl 0,4 M, PMSF

0,1 mM, EDTA 10 mM, 0,05% de Tween 20, 0,5% de BSA, Cloreto de Benzetônio

0,1 mM e 2 µg/mL de aprotinina. Os homogenatos foram centrifugados a 6900 RPM,

por 10 min a 4ºC. Os níveis de IL-1β foram mensurados através dos Kits de ELISA,

de acordo com as recomendações do fabricante R & D Systems®, (Minneapolis,

USA). A absorbância foi medida usando um leitor de microplacas a 450 nm e 550 nm

e os resultados foram expressos em pg/mg de tecido.

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4.5.2 Medida da atividade da mieloperoxidase

O recrutamento de neutrófilos foi quantificado indiretamente através da

determinação da atividade da MPO, segundo o método descrito por Souza et al.

(2000) e Cunha et. al. (2004) com pequenas modificações. Os animais receberam

uma injeção intraplantar de carragenina (300 µg/pata) e foram sacrificados após 6

horas, tendo o tecido subcutâneo das patas traseiras coletado, congelado em

nitrogênio líquido e armazenado a - 20 ºC. Os tecidos foram homogeneizados a 5 %

(peso/volume) em tampão EDTA/NaCl/NaPO4 (pH 4,7), e centrifugados a 10.000 g,

por 15 minutos a 4ºC. O precipitado resultante foi ressuspendido em tampão 1

gelado (pH 7,4; NaCl 0,1 M, NaPO4 0,02 M e EDTA 0,015 M). Adicionou-se então

NaCl 0,2 % gelado e, após 30 s, NaCl 1,6 % contendo glicose 5 % (gelado). A

solução foi centrifugada a 10.000 g, por 15 min a 4 ºC. O precipitado formado foi

ressuspendido em tampão 2 gelado (pH 5,4; NaPO4 0,05 M e hexadecil-

trimetilamônio – H-TAB 0,5 %) e as amostras obtidas foram congeladas e

descongeladas 3 vezes em nitrogênio líquido. Após o último descongelamento, as

amostras foram centrifugadas novamente a 10.000 g, por 15 minutos a 4 ºC, e 25 μL

do sobrenadante foram utilizados para o ensaio de MPO. A reação enzimática foi

realizada na presença de tetrametilbenzidina (TMB; 1,6 mM), fosfato de sódio

(NaPO4; 80 mM) e peróxido de hidrogênio (H2O2; 0,3 mM). A absorbância foi medida

em 650 nm, e os resultados foram expressos em densidade óptica (DO) por mg de

tecido.

4.6 Avaliação dos possíveis efeitos indesejáveis do tratamento com as

chalconas

4.6.1 Atividade locomotora (campo aberto)

O teste do campo aberto permite uma avaliação da atividade estimulante ou

depressora de um determinado composto no SNC, conforme descrito por Sielgel

(1946). O equipamento do campo aberto consiste em uma arena circular de acrílico

transparente com 60 cm de diâmetro e 50 cm de altura, com um piso dividido em 12

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quadrantes. O número de cruzamentos realizado com as quatro patas foi

quantificado durante uma sessão de 6 minutos. Os animais foram tratados por via

intraperitoneal com os compostos ANCh (1,11, 3,72 ou 11,18 µmol/kg), AcANCh

(0,96, 3,22 ou 9,66 µmol/kg) ou veículo (10 mL/kg) e, por via subcutânea, receberam

controle positivo Morfina (17,52 µmol/kg). Após 30 minutos do tratamento, a

atividade locomotora dos animais foi avaliada.

4.6.2 Placa Quente

O teste da placa quente foi utilizado para mensurar a latência de resposta dos

animais frente à sensibilidade térmica, como descrito por Woolfe and MacDonald

(1944). Os animais foram pré-selecionados, 24 horas antes do teste, para verificação

do limiar nociceptivo. Para realização do teste, os animais foram tratados com ANCh

(1,11, 3,72 ou 11,18 µmol/kg), AcANCh (0,96, 3,22 ou 9,66 µmol/kg), morfina (17,52

µmol/kg) ou veículo (10 mL/kg) e 30 minutos após foram submetidos à avaliação. Os

camundongos foram então colocados sobre uma placa quente previamente

aquecida a 56 ± 1 oC. O tempo em segundos que cada animal levou para lamber,

morder ou levantar as patas foi considerado indicativo da latência de resposta. O

tempo máximo permitido aos animais para permanecerem sobre a placa foi de 30

segundos para evitar danos teciduais causados pelo aquecimento. A máxima

porcentagem de efeito (% MPE) foi calculada com base na seguinte equação:

4.6.3 Avaliação da Temperatura Corporal

A temperatura corporal dos animais foi mensurada 30 minutos após o

tratamento com os compostos ANCh (1,11, 3,72 ou 11,18 µmol/kg), AcANCh (0,96,

3,22 ou 9,66 µmol/kg) ou veículo (10 mL/kg), através da inserção de um termômetro

digital lubrificado com glicerina em uma profundidade de 2 cm no reto dos animais

por aproximadamente 50 segundos, até que a temperatura estabilizasse.

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4.7 Análise estatística

Os resultados foram apresentados como a média ± erro padrão da média

(EPM, 95%), exceto os valores das DI50 (doses da droga que produziram a resposta

em 50% em relação ao grupo controle), que são apresentadas como a média

geométrica acompanhada de seus respectivos limites de confiança, em nível de

95%. As porcentagens de inibição foram citadas como a média ± o erro padrão da

média da diferença (em porcentagem) entre as áreas sob as curvas obtidas para

cada experimento individual em relação ao grupo controle correspondente. A análise

estatística dos dados foi realizada por meio de análise de variância (ANOVA) de

duas vias seguida pelo teste de Bonferroni, de análise de variância (ANOVA) de uma

via seguida pelos testes de Dunnett ou Newman-Keuls, ou através do teste t de

Student, quando apropriado. Valores de p menores que 0,05 (P < 0,05) foram

considerados como indicativos de significância. Todas as análises citadas acima

foram realizadas utilizando o programa GraphPad PRISM®.

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5 RESULTADOS

5.1 Análise “in silico”

Os resultados apresentados na tabela 1 demonstram que os compostos em

estudo não violam nenhum dos parâmetros sugeridos por Lipinski para que as

moléculas apresentem solubilidade e permeabilidade adequadas quando

administrados por via oral.

Tabela 1. Previsão teórica da solubilidade e permeabilidade das chalconas segundo

a “regra dos cinco” de Lipinski.

O

NO2R

Estrutura

No de

Átomos

LogP*

PM

N

.

O

N

a

N.

OHNHb

No de

Ligações

Rotáveis

TPSAc

No de

Violações

NH2

20

2,846

268,272

5

2

4

88,918

0

NHCH3

O

23

2,989

310,309

6

1

5

91,993

0

Nota: *Método preditivo para logP desenvolvido por Molinspiration (milogP2.2 –

Novembro 2005).

a Somatório das ligações aceptoras de hidrogênio (N e O).

b Somatório das ligações doadoras de hidrogênio (NH e OH).

c Área de superfície polar.

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5.2 Ensaios in vivo 5.2.1 Hiperalgesia mecânica induzida pela carragenina

Analisando os dados demonstrados na figura 8, pode-se observar que a

injeção i.pl. de carragenina promove hiperalgesia mecânica acentuada nos animais,

a qual pode ser avaliada a partir de uma hora após sua administração. O composto

ANCh (1,11, 3,72 ou 11,18 µmol/kg), quando administrado intraperitonealmente, foi

capaz de reduzir significativamente a hiperalgesia mecânica induzida pela

carragenina, com inibição de 40 ± 4%, 43 ± 4% e 36 ± 4%, respectivamente (Fig. 8,

A e B). A Indometacina, fármaco utilizado como controle positivo, também reduziu a

hiperalgesia, com inibição de 62 ± 4% até a sexta hora.

Figura 8. Frequência de resposta de retirada da pata direita traseira, avaliada no grupo controle e

em animais tratados com ANCh (1,11-11,18 µmol/kg) (A e B, i.p) (C e D, v.o) em diferentes intervalos de tempo após a injeção i.pl. de carragenina (300 µg/pata). Os dados são expressos como a média ± E.P.M. de 4 – 6 animais em cada grupo. Os asteriscos indicam uma redução significante do limiar de retirada da pata, onde *p<0,05 e **p<0,01 (ANOVA de duas vias, seguido do teste de Bonferroni ou seguido do teste de Dunnett). B: limiar basal. # Quando comparado com o limiar mecânico de retirada basal (p<0,001).

B 1 3 4 60

25

50

75

100

Carragenina (300 g/pata)+ ANCh (1,11 mol/kg, i.p)

+ ANCh (3,72 mol/kg, i.p)

Tempo (h)

24 48

+ ANCh (11,18 mol/kg, i.p)+ Indometacina (13,97 mol/kg, i. p)

Fre

qu

ên

cia

de R

esp

osta

(%

)

0

100

200

300

400

ANCh

(mol/kg, i.p)

C 1,11 3,72 11,18 I

**

******

B

Carragenina (300 g/pata)

+ Indometacina (13,97 mol/kg, i. p)

#

AU

C (

1 -

6 h

)

B 1 3 4 60

25

50

75

100

Carragenina (300 g/pata)+ ANCh (1,11 mol/kg, v.o)

+ ANCh (3,72 mol/kg, v.o)

Tempo (h)

24 48

+ ANCh (11,18 mol/kg, v.o)+ Indometacina (13,97 mol/kg, v.o)

Fre

qu

ên

cia

de R

esp

osta

(%

)

0

100

200

300

400

ANCh

(mol/kg, v.o)

C 1,11 3,72 11,18 I

****

*

+ Indometacina (13,97 mol/kg, v.o)

Carragenina (300 g/pata)

B

#

AU

C (

1 -

6 h

)

A

C D

B

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Com base nos resultados obtidos na análise in silico acerca da solubilidade e

permeabilidade dos compostos, foi realizado o teste da carragenina com tratamento

por via oral. O composto ANCh reduziu significativamente a hiperalgesia na dose de

11,18 µmol/kg quando comparado ao grupo controle, com inibição de 60 ± 5%. Na

dose de 3,72 µmol/kg, também houve inibição, porém menos expressiva: 25 ± 7%

(Fig. 8 C e D).

Com relação ao composto AcANCh, todas as doses foram efetivas quando

administradas intraperitonealmente. As inibições foram de 35 ± 8% para a dose de

0,96 µmol/kg, 37 ± 7% para a dose de 3,22 µmol/kg e 46 ± 9% para a dose de 9,66

µmol/kg (Fig. 9 A e B). Entretanto, quando administrado por via oral, somente a dose

de 9,66 µmol/kg reduziu a hiperalgesia significativamente, com inibição de 29 ± 4%

(Fig. 9, C e D).

Figura 9. Frequência de resposta de retirada da pata direita traseira, avaliada no grupo controle e

em animais tratados com AcANCh (0,96-9,66 µmol/kg) (A e B, i.p) (C e D, v.o) em diferentes intervalos de tempo após a injeção i.pl. de carragenina (300 µg/pata). Os dados são expressos como a média ± E.P.M. de 4 – 6 animais em cada grupo. Os asteriscos indicam uma redução significante do limiar de retirada da pata, onde **p<0,01 (ANOVA de duas vias seguido do teste de Bonferroni ou do teste de Dunnett). B: limiar basal. # Quando comparado com o limiar mecânico de retirada basal (p<0,001).

B 1 3 4 60

25

50

75

100

Carragenina (300 g/pata)

+ AcANCh (0,96 mol/kg, i.p)

+ AcANCh (3,22 mol/kg, i.p)

Tempo (h)

24 48

+ AcANCh (9,66 mol/kg, i.p)+ Indometacina (13,97 mol/kg, i. p)

Fre

qu

ên

cia

de R

esp

osta

(%

)

0

100

200

300

400

AcANCh

(mol/kg, i.p)

C 0,96 3,22 9,66 I

**

******

+ Indometacina (13,97 mol/kg, i.p)

Carragenina (300 g/pata)

B

#

AU

C (

1 -

6 h

)

B 1 3 4 60

25

50

75

100

Carragenina (300 g/pata)

+ AcANCh (0,96 mol/kg, v.o)

+ AcANCh (3,22 mol/kg, v.o)

Tempo (h)

24 48

+ AcANCh (9,66 mol/kg, v.o)+ Indometacina (13,97 mol/kg, v.o)

Fre

qu

ên

cia

de R

esp

osta

(%

)

0

100

200

300

400

AcANCh

(mol/kg, v.o)

C 0,96 3,22 9,66 I

**

**

+ Indometacina (13,97 mol/kg, v.o)

Carragenina (300 g/pata)

B

#

AU

C (

1 -

6 h

)

A

C D

B

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54

5.2.2 Hiperalgesia mecânica induzida pelo CFA

A injeção i.pl. de CFA reduziu significativamente o limiar de sensibilidade

mecânica dos animais quando comparado aos valores basais obtidos antes do teste,

como pode ser observado na fig. 10 (p < 0,001). Os compostos ANCh (11,18

µmol/kg, i.p) ou AcANCh (9,66 µmol/kg, i.p), quando administrados preventivamente,

ou seja, antes da injeção de CFA, foram capazes de reduzir significativamente o

surgimento da resposta hiperalgésica, com inibição de 18 ± 5% e 19 ± 7%,

respectivamente. O fármaco utilizado como controle positivo neste modelo foi a

Gabapentina, a qual apresentou inibição de 45 ± 8%.

Figura 10. Frequência de resposta de retirada da pata direita traseira, avaliada no grupo controle e

em animais tratados com ANCh (11,18 µmol/kg, i.p) (A e B) e AcANCh (9,66 µmol/kg, i.p) (C e D) em diferentes intervalos de tempo após a injeção i.pl. de CFA (20 µl/pata). Os dados são expressos como a média ± E.P.M. de 4 – 6 animais em cada grupo. Os asteriscos indicam uma redução significante do limiar de retirada da pata, onde *p <0,05, **p<0,01, ***p<0,001. ANOVA de duas vias seguido pelo teste de Bonferroni (A e C) ou seguidos do teste de Newman-Kels (B e D). B: limiar basal. # Quando comparado com o limiar mecânico de retirada basal (p<0,001).

B 1 3 4 60

25

50

75

100

CFA (20 L/pata)

Tempo (h)

+ ANCh (11,18 mol/kg, i. p)

+ Gabapentina (408,80 mol/kg, v. o)

Fre

qu

ên

cia

de R

esp

osta

(%

)

0

100

200

300

400

C

***

CFA (20 L/pata)

Gabapentina (40880 mol/kg, v.o)

B

*

+ ANCh (11,18 mol/kg, i.p)

#

AU

C (

1 -

6 h

)

B 1 3 4 60

25

50

75

100

CFA (20 L/pata)

Tempo (h)

+ AcANCh (9 ,66 mol/kg, i.p)

+ Gabapentina (408,80 mol/kg, v. o)

Fre

qu

ên

cia

de R

esp

osta

(%

)

0

100

200

300

400

C

***

CFA (20 L/pata)

Gabapentina (408 80 mol/kg, v.o)

B

*

+ AcANCh (9,66 mol/kg, i.p)

#

AU

C (

1 -

6 h

)

A

C D

B

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55

A fim de avaliar o efeito curativo dos compostos em estudo, os animais

receberam a injeção i.pl. de CFA (20 µL/pata), e após 24 horas o tratamento foi

iniciado. A fig. 11 demonstra os resultados obtidos com o composto ANCh, através

da avaliação na pata ipsilateral (A, B e C) e na pata contralateral (D e E).

Na pata ipsilateral a inibição da hiperalgesia mecânica pelo composto ANCh

foi de 44 ± 2% para a dose de 1,11 µmol/kg, 44 ± 2% para a dose de 3,72 µmol/kg e

41 ± 2% para a dose de 11,18 µmol/kg, da primeira até a sexta hora. A inibição

promovida pelo fármaco controle gabapentina foi de 49 ± 6%, semelhante aos

resultados obtidos com o composto. O tratamento crônico com o composto ANCh

manteve as porcentagens de inibição com valores elevados para todas as doses. Do

segundo ao sexto dia, as inibições foram de 42 ± 6%, 32 ± 4% e 49 ± 2% nas doses

de 1,11, 3,72 ou 11,18 µmol/kg, respectivamente. Após a interrupção do tratamento,

observou-se que o efeito anti-hiperalgésico voltou assim que o tratamento foi

retomado, sugerindo que o composto não promove tolerância.

Na pata contralateral, a porcentagem de inibição foi calculada do sexto ao

nono dia após a injeção intraplantar de CFA, período em que o tratamento com o

composto ANCh inibiu de forma significativa a frequência de resposta de retirada da

pata dos animais, como se pode observar na figura 11 (D e E). Somente a dose

11,18 µmol/kg foi capaz de inibir a sensibilização mecânica com inibição de 30 ± 9%.

Diferentemente do que foi descrito anteriormente para o composto ANCh, o

tratamento com o composto AcANCh foi efetivo somente na dose intermediária (3,22

µmol/kg), com inibição de 23 ± 7% e na maior dose (9,66 µmol/kg), com inibição de

36 ± 6%, quando analisado da primeira até a sexta hora na pata contralateral (Fig.

12, A e B). Já do segundo ao sexto dia, somente a dose de 9,66 µmol/kg foi efetiva,

com inibição de 20 ± 4%.

O que se observa na pata contralateral dos animais tratados com AcANCh, é

que somente a dose de 9,66 µmol/kg foi capaz de inibir a hiperalgesia mecânica,

com inibição de 18 ± 4% (Fig. 12, D e E). A gabapentina promoveu inibição de 36 ±

2%.

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56

Figura 11. Frequência de resposta de retirada da pata direita traseira, avaliada no grupo controle e em animais tratados com ANCh (1,11-11,18 µmol/kg,

i.p) em diferentes intervalos de tempo após a injeção i.pl. de CFA (20 µL/pata). (A, B e C) Avaliação da pata ipsilateral. (D e E) Avaliação da pata contralateral. Os dados são expressos como a média ± E.P.M. de 4 – 6 animais em cada grupo. Os asteriscos indicam uma redução significante do limiar de retirada da pata, onde **p<0,01. ANOVA de duas vias seguido pelo teste de Bonferroni (A e D) ou seguidos do teste de Dunnett (B, C e E). B: limiar basal. . # Quando comparado com o limiar mecânico de retirada basal (p<0,001).

B 1 3 4 60

25

50

75

100

CFA (20 L/pata)+ ANCh (1,11 mol/kg, i.p)

+ ANCh (3,72 mol/kg, i.p)

Tempo (h)2 3 4 5 6 7 8 9

+ ANCh (11,18 mol/kg, i.p)+ Gabapentina (408,80 mol/kg, v.o)

Trat. 1x dia Trat. 1x dia

Tempo (d)

Fre

qu

ên

cia

de R

esp

osta

(%

)

0

100

200

300

400

ANCh

(mol/kg, i.p)

C 1,11 3,72 11,18 G

** ****

**

CFA (20 L/pata)

+ Gabapentina (408,80 mol/kg, v.o)

B

#

AU

C (

1 -

6 h

)

0

100

200

300

400

500

600

ANCh

(mol/kg, i.p)

C 1,11 3,72 11,18 G

****

****

+ Gabapentina (408,80 mol/kg, v.o)

CFA (20 L/pata)

B

#

AU

C (

2 -

6 d

)

B 1 3 4 60

25

50

75

100

CFA (20 L/pata)

ANCh (1 11 mol/kg, i.p)

ANCh (3 72 mol/kg, i.p)

Tempo (h)2 3 4 5 6 7 8 9

ANCh (11 18 mol/kg, i.p) Gabapentina (408 80 mol/kg, v.o)

Trat. 1x dia Trat. 1x dia

Tempo (d)

Fre

qu

ên

cia

de R

esp

osta

(%

)

0

100

200

300

400

500

ANCh

(mol/kg, i.p)

C 1,11 3,72 11,18 G

****

+ Gabapentina (408,80 mol/kg, v.o)

CFA (20 L/pata)

B

#

AU

C (

6 -

9 d

)

A B C

D E

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57

Figura 12. Frequência de resposta de retirada da pata traseira, avaliada no grupo controle e em animais tratados com AcANCh (0,96-9,66 µmol/kg, i.p) em

diferentes intervalos de tempo após a injeção i.pl. de CFA (20 µL/pata). (A, B e C) Avaliação da pata ipsilateral. (D e E) Avaliação da pata contralateral. Os dados são expressos como a média ± E.P.M. de 4 – 6 animais em cada grupo. Os asteriscos indicam uma redução significante do limiar de retirada da pata, onde **p<0,01. ANOVA de duas vias seguido pelo teste de Bonferroni (A e D) ou seguidos do teste de Dunnett (B, C e E). B: limiar basal. . # Quando comparado com o limiar mecânico de retirada basal (p<0,001).

B 1 3 4 60

25

50

75

100

CFA (20 L/pata)

+ AcANCh (0,96 mol/kg, i.p)

AcANCh (3 22 mol/kg, i.p)

Tempo (h)2 3 4 5 6 7 8 9

AcANCh (9 66 mol/kg, i.p)+ Gabapentina (408,80 mol/kg, v.o)

Trat. 1x dia

Tempo (d)

Trat. 1x diaFre

qu

ên

cia

de R

esp

osta

(%

)

0

100

200

300

400

AcANCh

(mol/kg, i.p)

C 0,96 3,22 9,66 G

**

***

+ Gabapentina (408,80 mol/kg, v.o)

CFA (20 L/pata)

B

#

AU

C (

1 -

6 h

)

0

100

200

300

400

500

600

AcANCh

(mol/kg, i.p)

C 0,96 3,22 9,66 G

**

*

+ Gabapentina (408,80 mol/kg, v.o)

CFA (20 L/pata)

B

#

AU

C (

2 -

6 d

)

B 1 3 4 60

25

50

75

100

CFA (20 L/pata)

AcANCh (0 96 mol/kg, i.p)

+ AcANCh (3,22 mol/kg, i.p)

Tempo (h)2 3 4 5 6 7 8 9

+ AcANCh (9,66 mol/kg, i.p)+ Gabapentina (408,80 mol/kg, v.o)

Trat. 1x dia

Tempo (d)

Trat. 1x diaFre

qu

ên

cia

de R

esp

osta

(%

)

0

100

200

300

400

500

AcANCh

(mol/kg, i.p)

C 0,96 3,22 9,66 G

**

*

+ Gabapentina (408,80 mol/kg, v.o)

CFA (20 L/pata)

B

#

AU

C (

6 -

9 d

)

AB C

D

E

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58

5.2.3 Hiperalgesia mecânica induzida pelo LPS

Os resultados apresentados na fig. 13 nos permitem visualizar que, os

compostos ANCh (1,11-11,18 µmol/kg) e AcANCh (0,96-9,66 µmol/kg), quando

administrados intraperitonealmente, não foram capazes de inibir a hiperalgesia

mecânica induzida pelo LPS nos animais.

Figura 13. Frequência de resposta de retirada da pata direita traseira, avaliada no grupo controle e

em animais tratados com ANCh (1,11-11,18 µmol/kg, i.p) (A) ou AcANCh (0,96-9,66 µmol/kg, i.p) (B) em diferentes intervalos de tempo após a injeção i.pl. de LPS (100 ng/pata). Os dados são expressos como a média ± E.P.M. de 4 – 6 animais em cada grupo. ANOVA de duas vias seguido pelo teste de Bonferroni. B: Limiar basal.

5.2.4 Hiperalgesia induzida pela ligação parcial do nervo ciático (LPNC)

A dor neuropática é induzida neste modelo pela LPNC. A ligação parcial do

nervo promove redução do limiar basal em resposta à estimulação pelo

monofilamento de Von Frey 0,6 g quando comparado com o grupo falso operado. A

fig. 14, demonstra que o composto ANCh (1,11-11,18 µmol/kg, i.p), foi capaz de

reverter de forma significativa a sensibilização mecânica dos animais com inibições

de 31 ± 7%, 43 ± 7% e 66 ± 8%, respectivamente quando analisados da primeira até

a sexta hora. O efeito foi dependente da dose, com DI50 de 9,12 (7,27 – 11,44)

µmol/kg. Avaliando o efeito referente ao tratamento crônico com o composto ANCh

(do 2o ao 6o dia), pode-se observar que o mesmo também foi dose-dependente, com

inibições de 21 ± 3% para a dose de 1,11 µmol/kg, 42 ± 3% para a dose de 3,72

µmol/kg e 60 ± 4% para a dose de 11,18 µmol/kg, com DI50 de 10,71 (9,36 – 12,27)

B 1 3 4 60

25

50

75

100

LPS (100 ng/pata)

+ ANCh (1,11 mol/kg, i.p)

+ ANCh (3,72 mol/kg, i.p)

Tempo (h)

24 48

+ ANCh (11,18 mol/kg, i.p)

Fre

qu

ên

cia

de R

esp

osta

(%

)

B 1 3 4 60

25

50

75

100

LPS (100 ng/pata)

+ AcANCh (0,96 mol/kg, i.p)

+ AcANCh (3,22 mol/kg, i.p)

Tempo (h)

24 48

+ AcANCh (9,66 mol/kg, i.p)

Fre

qu

ên

cia

de R

esp

osta

(%

)

A B

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59

µmol/kg. Já o composto AcANCh (0,96, 3,22 ou 9,66 µmol/kg) promoveu inibições de

26 ± 6%, 39 ± 5% e 72 ± 5%, respectivamente (1a até a 6a hora). O efeito crônico do

tratamento (2o ao 6o dia) gerou inibições de 29 ± 6%, 42 ± 9% e 67 ± 4% para as

mesmas doses e DI50 de 7,59 (6,52 – 8,84) µmol/kg.

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60

Figura 14. Frequência de resposta de retirada da pata direita traseira, avaliada no grupo controle e em animais tratados com ANCh (1,11-11,18 µmol/kg,

i.p) (A, B e C) e AcANCh (0,96-9,66 µmol/kg, i.p) (D, E e F) em diferentes intervalos de tempo após a cirurgia de LPNC. Os dados são expressos como a média ± E.P.M. de 4 – 6 animais em cada grupo. Os asteriscos indicam uma redução significante do limiar de retirada da pata, onde *p<0,05, **p<0,01. ANOVA de duas vias seguido pelo teste de Bonferroni (A e D) ou seguidos do teste de Dunnett (B, C, E e F). B: limiar basal. # Quando comparado com o limiar mecânico de retirada basal (p<0,001).

B 1 3 4 60

25

50

75

100

LPNC + ANCh (1,11 mol/kg, i.p)

+ ANCh (3,72 mol/kg, i.p)

Tempo (h)2 3 4 5 6 7 8 9

+ ANCh (11,18 mol/kg, i.p)

+ Gabapentina (408,80 mol/kg, v.o)

Trat. 1x dia Trat. 1x dia

Tempo (d)

Falso-Operado

Fre

qu

ên

cia

de R

esp

osta

(%

)

0

100

200

300

400

ANCh

(mol/kg, i.p)

C 1,11 3,72 11,18 G

****

***

+ Gabapentina (408,80 mol/kg, v.o)

LPNC

B

#

AU

C (

1 -

6 h

)

0

100

200

300

400

500

600

ANCh

(mol/kg, i.p)

C 1,11 3,72 11,18 G

****

**

*

+ Gabapentina (408,80 mol/kg, v.o)

LPNC

B

#

AU

C (

2 -

6 d

)

B 1 3 4 60

25

50

75

100

LPNC AcANCh (0 96 mol/kg, i.p)

+ AcANCh (3,22 mol/kg, i.p)

Tempo (h)2 3 4 5 6 7 8 9

+ AcANCh (9,66 mol/kg, i.p)

+ Gabapentina (408,80 mol/kg, v.o)

Trat. 1x dia Trat. 1x dia

Tempo (d)

Falso-Operado

Fre

qu

ên

cia

de R

esp

osta

(%

)

0

100

200

300

400

AcANCh

(mol/kg, i.p)

C 0,96 3,22 9,66 G

****

***

+ Gabapentina (408,80 mol/kg, v.o)

LPNC

B

#

AU

C (

1 -

6 h

)

0

100

200

300

400

500

600

AcANCh

(mol/kg, i.p)

C 0,96 3,22 9,66 G

****

****

+ Gabapentina (408,80 mol/kg, v.o)

LPNC

B

#

AU

C (

2 -

6 d

)

A

D

B C

E F

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61

5.2.5 Hiperalgesia mecânica induzida por IL1-β, TNF-α, CXCL1/KC, epinefrina,

BK e PGE2

A figura 15 ilustra a Frequência de resposta dos animais tratados com a dose

mais efetiva de ambos os compostos e do grupo controle frente à hiperalgesia

mecânica induzida por diferentes agentes flogísticos, avaliados 3 horas após a

injeção i.pl. O composto ANCh (A) reverteu a hiperalgesia induzida por IL1-β, TNF-α,

Epinefrina e PGE2, com inibições de 42 ± 5%, 43 ± 11%, 46 ± 8% e 59 ± 4%,

respectivamente. O composto AcANCh (B) apresentou resultados semelhantes,

tendo porcentagem de inibição de 42 ± 8% para IL1-β, 39 ± 11% para o TNF-α e 40

± 7% para a epinefrina, porém o mesmo não foi capaz de reduzir a Frequência de

resposta dos animais frente a PGE2.

Figura 3. Frequência de resposta de retirada da pata direita traseira, avaliada no grupo controle e

em animais tratados com ANCh (11,18 µmol/kg, i.p) (A) e AcANCh (9,66 µmol/kg, i.p) (B), 3 horas após a injeção do agente álgico (Exceto epinefrina – 30 min.). Os dados são expressos como a média ± E.P.M. de 4 – 6 animais em cada grupo. Os asteriscos indicam uma redução significante do limiar de retirada da pata, onde *p<0,05, **p<0,01, ***p<0,001 (Teste t de Student). B: limiar basal. # Quando comparado com o limiar mecânico de retirada basal (p<0,001).

5.2.6 Padronização experimental

A hiperalgesia mecânica induzida por células tumorais se trata de um modelo

experimental nunca antes realizado em nossa Universidade, desta forma, avaliou-se

o padrão de resposta dos animais frente a duas concentrações de células injetadas

na superfície plantar direita traseira. A escolha das concentrações celulares foi

realizada com base na literatura (SASAMURA et. al., 2002; GAO et al. 2009; FUJITA

0

25

50

75

100

IL1- TNF- KC EP

ANCh (11,18 mol/kg, i.p)

BK PGE2B

*** ****

***

## #

###

Fre

qu

ên

cia

de R

esp

osta

(%

)

0

25

50

75

100

IL1- TNF- KC EP

AcANCh (9,66 mol/kg, i.p)

BK PGE2B

** ***

## #

## #

Fre

qu

ên

cia

de R

esp

osta

(%

)

A B

Page 62: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTI-HIPERALGÉSICO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Lilian Wunsch Rocha.pdf · mecanismo de ação, bem como possíveis efeitos indesejáveis. Para tal, foram

62

et. al., 2010). A figura 16 demonstra a frequência de resposta de retirada da pata,

avaliada a partir do terceiro dia de inoculação das células tumorais. Nesta primeira

etapa experimental os animais não receberam nenhum tipo de tratamento.

Figura 16. Frequência de resposta de retirada da pata direita traseira, avaliada nos grupos

controle, os quais receberam a injeção i.pl. de diferentes concentrações da linhagem celular B16F10 ou meio de cultura utilizado como veículo para as células.

Pode-se observar na fig. 16 que a resposta nociceptiva dos animais se torna

acentuada a partir do 5o dia após a inoculação das células tumorais, permanecendo

praticamente inalterada até o 14o dia quando atinge o valor máximo. Cabe também

ressaltar que o padrão de resposta das duas concentrações foi muito semelhante e

não apresentou diferença estatística. Devido à debilidade dos animais que

receberam a concentração de 6x105 células tumorais, a avaliação foi interrompida no

22o dia.

Para compreender o perfil da progressão tumoral apresentado pelos animais

injetados com as duas concentrações celulares, foi utilizado o pletismômetro (Ugo

Basile, Italy). Este equipamento é utilizado para mensurar o volume do edema

gerado na pata injetada por diferentes agentes flogísticos em modelos de

inflamação. Desta forma, o volume tumoral foi calculado como a diferença entre a

pata direita (injetada) e a pata esquerda (normal), conforme demonstrado na figura

17. O valor encontrado é expresso em microlitros.

3 4 5 6 7 10 12 14 17 22 280

25

50

75

100

6X105

células B16F10

2X105 células B16F10

Meio de cultura

Tempo (dias após a inoculação)

Fre

qu

ên

cia

de R

esp

osta

(%

)

Page 63: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTI-HIPERALGÉSICO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Lilian Wunsch Rocha.pdf · mecanismo de ação, bem como possíveis efeitos indesejáveis. Para tal, foram

63

Figura 17. Representação da medida das patas injetadas com células B16F10 no aparelho

Pletismômetro, onde o volume expresso em microlitros é dado como a diferença entre as patas posteriores direita e a esquerda.

Os mesmos animais utilizados para avaliar a hiperalgesia mecânica foram

avaliados quanto ao perfil do desenvolvimento do tumor sólido na pata. Como se

pode observar na fig. 18, os animais que receberam a injeção intraplantar de 6x105

células B16F10 demonstraram um crescimento tumoral muito rápido, atingindo o

tamanho máximo em 22 dias após a inoculação. Já os animais que receberam a

menor concentração de células tiveram um perfil mais linear de crescimento. Com

base nestes dados e pelo fato de não haver diferença ente a resposta nociceptiva

dos animais, a concentração de 2x105 foi a escolhida para a realização dos demais

experimentos. A figura 18 também demonstra que é a partir do 14º dia de inoculação

que o tumor sólido começa a atingir um volume mensurável no pletismômetro,

justamente no dia em que a nocicepção também atinge seu ponto máximo, conforme

demonstrado anteriormente na fig. 16.

Pata Direita

(Injetada)

Pata Esquerda

(Normal)

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64

Figura 48. Volume da pata dos animais, avaliado do 3º ao 28º dia após a injeção i.pl. das células

tumorais.

5.2.7 Hiperalgesia induzida por B16F10

Os resultados expressos na fig. 19 demonstram a avaliação do efeito anti-

hiperalgésico do composto ANCh em camundongos machos e fêmeos a fim de

verificar uma possível diferença de resposta em decorrência do sexo.

Todos os animais apresentaram sensibilização mecânica sete dias após a

inoculação das células tumorais da linhagem B16F10, tanto machos quanto fêmeos.

No experimento realizado com machos (A, B e C), o composto ANCh foi efetivo

somente na dose de 11,18 µmol/kg, com inibições de 52 ± 6% (1a - 6a h) e 59 ± 4%

(9o ao 21o dia). Com os camundongos fêmeos (D, E e F) o resultado foi expressivo

em todas as doses, com inibições de 18 ± 3%, 28 ± 4% e 34 ± 4% para as doses de

1,11, 3,72 ou 11,18 µmol/kg, respectivamente (1a - 6a h). Do 9o ao 21o dia a inibição

foi significativa apenas nas doses de 3,72 µmol/kg (15 ± 5%) e 11,18 µmol/kg (38 ±

3%).

A figura 20 demonstra os resultados encontrados com o composto AcANCh

realizados também com machos (A, B e C) e fêmeos (D, E e F). Dentre todas as

análises estatísticas realizadas, pode-se observar que os resultados obtidos com o

composto AcANch foram efetivos somente da 1a até a 6a hora em camundongos

machos, com inibições de 44 ± 5%, 39 ± 6% e 39 ± 1% para as doses de 0,96, 3,22

e 9,66 µmol/kg, respectivamente.

3 4 5 6 7 10 12 14 17 22 280

100

200

300

400

500

6X105

células B16F10

2X105 células B16F10

Meio de cultura

Tempo (dias após a inoculação)

V

olu

me d

a P

ata

(

l)

Page 65: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTI-HIPERALGÉSICO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Lilian Wunsch Rocha.pdf · mecanismo de ação, bem como possíveis efeitos indesejáveis. Para tal, foram

65

Figura 19. Frequência de resposta de retirada da pata direita traseira, avaliada no grupo controle e em animais tratados com ANCh (1,11-11,18 µmol/kg,

i.p) em diferentes intervalos de tempo após a injeção de B16F10 (2x105 cél.) (A, B e C) Machos (D, E e F) Fêmeos. Os dados são expressos como a média ±

E.P.M. de 4 – 6 animais em cada grupo. Os asteriscos indicam uma redução significante do limiar de retirada da pata, onde *p<0,05, **p<0,01. ANOVA de duas vias seguido pelo teste de Bonferroni (A e D) ou seguidos do teste de Dunnett (B, C, E e F). B: limiar basal. # Quando comparado com o limiar mecânico de retirada basal (p<0,001).

B 1 3 4 60

25

50

75

100

B16F10 (2x10 5 cél./30 L) + ANCh (1,11 mol/kg, i.p)

+ ANCh (3,72 mol/kg, i.p)

8 9 10 11 12 13 16 21 25

Tempo (h),7 dias após a inoculação.

Dias após a inoculação

+ Morfina (3,50 mol/kg, s.c)

+ ANCh (11,18 mol/kg, i.p)+ Meio de Cultura (30 L)

Trat. 2x diaFre

qu

ên

cia

de R

esp

osta

(%

)

0

100

200

300

400

ANCh

(mol/kg, i.p)

C 1,11 3,72 11,18 M

*

*

B16F10 (2x105 células)

Morfina (350 mol/kg, s.c)

B

#

AU

C (

1 -

6 h

)

0

200

400

600

800

ANCh

(mol/kg, i.p)

C 1,11 3,72 11,18 M

**

**

B16F10 (2x105 células)

Morfina (350 mol/kg, s.c)

B

#

AU

C (

9 -

21 d

)

B 1 3 4 60

25

50

75

100

B16F10 (2x105 cél./30 L)) + ANCh (1,11 mol/kg, i.p)

+ ANCh (3,72 mol/kg, i.p)

8 9 10111213 16 21 25

Tempo (h),7 dias após a inoculação.

Dias após a inoculação

+ ANCh (11,18 mol/kg, i.p)Meio de Cultura (30 L)

+ Morfina (3,50 mol/kg, s.c)

Trat. 2x diaFre

qu

ên

cia

de R

esp

osta

(%

)

0

100

200

300

400

ANCh

(mol/kg, i.p)

C 1,11 3,72 11,18 M

****

** *

B16F10 (2x105

células)

Morfina (3 50 mol/kg, s.c)

B

#

AU

C (

1 -

6 h

)

0

250

500

750

1000

ANCh

(mol/kg, i.p)

C 1,11 3,72 11,18 M

****

*

Morfina (350 mol/kg, s.c)

B16F10 (2x105 células)

B

#

AU

C (

9 -

21 d

)

A B

D E F

C

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66

Figura 20. Frequência de resposta de retirada da pata direita traseira, avaliada no grupo controle e em animais tratados com AcANCh (0,96-9,66 µmol/kg,

i.p) em diferentes intervalos de tempo após a injeção de B16F10 (2x105 cél.) (A, B e C) Machos (D, E e F) Fêmeos. Os dados são expressos como a média ±

E.P.M. de 4 – 6 animais em cada grupo. Os asteriscos indicam uma redução significante do limiar de retirada da pata, onde *p<0,05, **p<0,01. ANOVA de duas vias seguido pelo teste de Bonferroni (A e D) ou seguidos do teste de Dunnett (B, C, E e F). B: limiar basal. # Quando comparado com o limiar mecânico de retirada basal (p<0,001).

B 1 3 4 60

25

50

75

100

B16F10 (2x10 5 cél./30 L) + AcANCh (0,96 mol/kg, i.p)

+ AcANCh (3,22 mol/kg, i.p)

8 9 10111213 16 21 25

Tempo (h),7 dias após a inoculação.

Dias após a inoculação

+ AcANCh (9,66 mol/kg, i.p)

+ Morfina (3,50 mol/kg, i.p)

Meio de Cultura (30 L)

Trat. 2x diaFre

qu

ên

cia

de R

esp

osta

(%

)

0

100

200

300

400

AcANCh

(mol/kg, i.p)

C 0,96 3,22 9,66 M

**

******

B16F10 (2x105 células)

+ Morfina (3,50 mol/kg, s.c)

B

#

AU

C (

1 -

6 h

)

0

200

400

600

800

AcANCh

(mol/kg, i.p)

C 0,96 3,22 9,66 M

B16F10 (2x105 células)

+ Morfina (3,50 mol/kg, s.c)

B

#

AU

C (

9 -

21 d

)

B 1 3 4 60

25

50

75

100

B16F10 (2x105 cél./30 L) + AcANCh (0,96 mol/kg, i.p)

+ AcANCh (3,22 mol/kg, i.p)

8 9 10111213 16 21 25

Tempo (h),7 dias após a inoculação.

Dias após a inoculação

+ AcANCh (9,66 mol/kg, i.p)

+ Morfina (3,50 mol/kg, s.c)

Meio de Cultura (30 L)

Trat. 2x diaFre

qu

ên

cia

de R

esp

osta

(%

)

0

100

200

300

400

AcANCh

(mol/kg, i.p)

C 0,96 3,22 9,66 M

+ Morfina (3,50 mol/kg, s.c)

B16F10 (2x105 células)

B

#

AU

C (

1 -

6 h

)

0

250

500

750

1000

AcANCh

(mol/kg, i.p)

C 0,96 3,22 9,66 M

*

B16F10 (2x10 5 células)

+ Morfina (3,50 mol/kg, s.c)

B

#

AU

C (

9 -

21 d

)

A B

D E F

C

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67

5.2.8 Efeito dos compostos ANCh e AcANCh sobre os níveis de IL-1β

O tratamento com os compostos ANCh (3,72, 11,18 ou 37,37 µmol/kg, i.p)

(Fig. 21, A) e AcANCh (3,22, 9,66 e 32,22 µmol/kg, i.p) (Fig. 21, B) reduziram, de

forma significativa, os níveis de IL1-β induzidos pela injeção i.pl de carragenina (300

µg/pata) na pele da pata dos camundongos. As porcentagens de inibição do

composto ANCh foram de 57 ± 3%, 49 ± 5% e 71 ± 5%. Os resultados obtidos com o

composto AcANCh foram dose-dependentes, com inibição de 56 ± 4%, 63 ± 2% e 86

± 2% para as doses de 3,22, 9,66 e 32,22 µmol/kg, respectivamente. A DI50 foi de

10,25 (9,39 – 11,18) µmol/kg.

Figura 21. Efeito dos compostos ANCh (3,72-37,27 µmol/kg, i.p) (A) e AcANCh (3,22-32,22

µmol/kg, i.p) (B) sobre os níveis de IL-1β 4 horas após injeção i.pl. de carragenina (300 μg/pata). Os dados são expressos como a média ± E.P.M. de 4 animais em cada grupo. ANOVA seguido do teste de Dunnett. Asteriscos indicam diferenças significativas comparadas com o grupo controle (**p<0,01).

5.2.9 Medida da atividade da mieloperoxidase

Os resultados referentes ao ensaio bioquímico que avalia a atividade da

enzima mieloperoxidase podem ser observados na fig. 22. O composto ANCh foi

capaz de inibir a atividade da MPO somente na dose de 11,18 µmol/kg, com inibição

de 66 ± 4%, embora pareça exercer uma atividade dependente da dose. O resultado

encontrado com o composto foi tão eficaz quanto o demonstrado pelo fármaco

padrão utilizado como controle, a Indometacina, o qual apresentou inibição de 47 ±

7%. Já o composto AcANCh não foi capaz de influenciar significativamente a

atividade da enzima em nenhuma das três doses testadas.

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

ANCh

(mol/kg, i.p)

CS

Carragenina (300 g/pata)

Salina (0,9%)

11,18C 3,72 37,27

**

******

Nív

eis

de I

L-1

(pg

/mg

tecid

o)

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

AcANCh

(mol/kg, i.p)

CS

Carragenina (300 g/pata)

9,66C 3,22 32,22

**

******

Salina (0,9%)

Nív

eis

de I

L-1

(pg

/mg

tecid

o)

A B

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68

Figura 22. Efeito dos compostos ANCh (1,11-11,18 µmol/kg, i.p) (A) e AcANCh (0,96-9,66 µmol/kg,

i.p) (B) sobre a atividade da mieloperoxidase 6 horas após injeção i.pl. de carragenina (300 μg/pata). Os dados são expressos como a média ± E.P.M. de 4 animais em cada grupo. ANOVA seguido do teste de Dunnett. Asteriscos indicam diferenças significativas comparadas com o grupo controle (*p<0,05 e **p<0,01).

5.2.10 Efeito dos compostos ANCh e AcANCh sobre a atividade locomotora

(campo aberto)

A fim de verificar a possível efeito sedativo ou relaxante muscular dos

compostos testados, foi realizado o teste do campo aberto. Os resultados

apresentados na figura 23 demonstram que nenhuma das doses dos compostos

testados ANCh (A) e AcANCh (B) foram capazes de afetar, de maneira significativa,

a atividade locomotora dos animais 30 minutos após o tratamento, como ocorreu

com o tratamento com o controle positivo Morfina (17,52 µmol/kg).

Figura 23. Efeito dos compostos ANCh (1,11-11,18 µmol/kg, i.p) (A) e AcANCh (0,96-9,66 µmol/kg,

i.p) (B) sobre a atividade locomotora dos animais. Os dados são expressos como a média ± E.P.M de 6 animais em cada grupo. ANOVA seguido do teste de Dunnett. Asteriscos indicam diferenças significativas comparadas com o grupo controle (**p<0,01).

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

ANCh

(mol/kg, i.p)

CS

Carragenina (300 g/pata)

Salina (50 L/pata)

**

*

**

1,11 3,72 11,18

+ Indometacina (13,97 mol/kg, i.p)

MP

O (

D.O

/mg

/tecid

o)

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

CS

Carragenina (300 g/pata)

Salina (50 L/pata)

*

**

+ Indometacina (13,97 mol/kg, i.p)

AcANCh

(mol/kg, i.p)

0,96 3,22 9,66

MP

O (

D.O

/mg

/tecid

o)

A B

0

50

100

150

200

250

Controle

ANCh

(mol/kg, i.p)

C 1,11 3,72 11,18

**

Morfina (17,52 mol/kg, s.c)

mero

de C

ruzam

en

tos

0

50

100

150

200

Controle

AcANCh

(mol/kg, i.p)

C 0,96 3,22 9,66

**

Morfina (17,52 mol/kg, s.c)

mero

de C

ruzam

en

tos

A B

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69

5.2.11 Efeito dos compostos ANCh e AcANCh sobre a latência de resposta dos

animais na Placa Quente

Pode-se observar na fig. 24, que ambos os compostos testados (ANCh e

AcANCh) não foram capazes de alterar a latência de resposta dos animais no teste

da placa quente quando comparados com o grupo controle. O fármaco padrão

Morfina, na dose de 17,52 µmol/kg, promoveu um aumento no tempo de

permanência dos animais na placa aquecida, ou seja, foi capaz de alterar a latência

de resposta dos mesmos.

Figura 24. Efeito dos compostos ANCh (1,11-11,18 µmol/kg, i.p) (A) e AcANCh (0,96-9,66 µmol/kg,

i.p) (B) sobre a latência de resposta dos animais. Os dados são expressos como a média ± E.P.M. de 4-6 animais em cada grupo. ANOVA seguido do teste de Dunnett. Asteriscos indicam diferenças significativas comparadas com o grupo controle (**p<0,01).

5.2.12 Efeito dos compostos ANCh e AcANCh sobre a temperatura corporal

dos animais

Conforme ilustrado na fig. 25, o tratamento com os compostos ANCh (1,11-

11,18 µmol/kg, i.p) e AcANCh (0,96-9,66 µmol/kg) não produziu alterações na

temperatura corporal dos animais quando comparados com o grupo controle. O

fármaco morfina, utilizado como controle em diversos experimentos, também não

produziu alteração na temperatura corpórea dos animais na dose testada.

Figura 25. Efeito dos compostos ANCh (1,11-11,18 µmol/kg, i.p) (A) e AcANCh (0,96-9,66 µmol/kg,

i.p) (B) sobre a temperatura retal dos animais. Os dados são expressos como a média ± E.P.M. de 6

-10

0

10

20

30

Controle

Morfina (17,52 mol/kg, s.c)

ANCh

(mol/kg, i.p)

1,11 3,72 11,18C

**

% M

PE

s

-10

0

10

20

30

Controle

Morfina (17,52 mol/kg, s.c)

AcANCh

(mol/kg, i.p)

0,96 3,22 9,66C

**

% M

PE

s

A B

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70

animais em cada grupo. ANOVA seguido do teste de Dunnett.

0

10

20

30

40

Controle

Morfina (17 52 mol/kg, s.c)

ANCh

(mol/kg, i.p)

C 1,11 3,72 11,18 M

Tem

pera

tura

Reta

l (C

)

0

10

20

30

40

Controle

Morfina (1752 mol/kg, s.c)

AcANCh

(mol/kg, i.p)

C 0,96 3,22 9,66 M

Tem

pera

tura

Reta

l (C

)

A B

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71

6 Discussão

A incidência de dor crônica está estimada entre 20 a 25% em todo o mundo.

Para muitos pacientes, múltiplos aspectos de suas vidas podem ser alterados,

incluindo a saúde física, emocional e espiritual, bem como a habilidade de trabalhar

e relacionar-se familiar e socialmente. Poucos pacientes que possuem este tipo de

dor obtêm alívio completo a partir dos fármacos disponíveis, sendo que metade

deles relata alívio inadequado. A ineficiência dos tratamentos está relacionada com

o fato de que um mesmo mecanismo pode ser responsável por diferentes sintomas

em um mesmo paciente. Além disso, o mesmo sintoma pode advir de mecanismos

distintos em dois indivíduos diferentes. Dentro deste contexto, os pacientes

desprendem meses ou anos para encontrar o tratamento farmacológico que irá

prover o máximo alívio com efeitos adversos toleráveis. Considerando a

complexidade do processo doloroso crônico, possivelmente nunca teremos um

tratamento único e ideal para todos os pacientes. Por isso, a busca por novas

terapias adjuvantes deve ser incessante (WOOLF; MANNION, 1999; ARNSTEIN,

2004; GOLD; GEBHART, 2010).

Com o intuito de contribuir com a busca de novas moléculas com atividades

terapêuticas no tratamento da dor crônica, o efeito anti-hiperalgésico dos compostos

ANCh e AcANCh foi avaliado frente a modelos de dor persistente de origem

inflamatória, neuropática e neoplásica.

O primeiro modelo utilizado para avaliar a inibição da dor de origem

inflamatória foi a hiperalgesia induzida pela carragenina. A carragenina é um agente

flogístico utilizado para induzir inflamação não específica, através da ativação da

resposta imune inata. É bastante conhecida por induzir exudação inflamatória aguda

e edema de pata, além de lesões em vasos sanguíneos e liberação de cininas

(NACIFE et. al., 2004; REICHLING; LEVINE, 2009). Por estes motivos, têm sido

muito utilizada para investigar a atividade anti-inflamatória e anti-hiperalgésica de

novas substâncias (SAMMONS et. al., 2000).

A injeção i.pl. de carragenina em roedores está associada com uma

hiperalgesia aguda, que é detectada como uma diminuição do limiar de retirada da

pata em resposta a um estímulo mecânico aplicado no local da injeção (NACIFE et.

al., 2004). A resposta imune desencadeada pela carragenina envolve a ativação de

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72

macrófagos residentes, mastócitos e células endoteliais, responsáveis pela liberação

de citocinas proinflamatórias (incluindo TNF-α, IL-1β, IL-6) e mediadores (por

exemplo, óxido nítrico), os quais contribuem para o desenvolvimento da hiperalgesia

mecânica e térmica (OMOTE et. al., 2001).

Os neutrófilos são as primeiras células recrutadas da circulação para a pata

inflamada e apresentam índices elevados 1,5 a 3 horas após a injeção i.pl.. Tem sido

relatado em diversos trabalhos que a hiperalgesia máxima é atingida 4 horas após a

injeção i.pl. de carragenina através dos chamados mediadores finais da inflamação,

como por exemplo, as prostaglandinas (SAMMONS et. al., 2000; NACIFE et. al.,

2004; FECHO et. al., 2007; REICHLING; LEVINE, 2009).

Os resultados obtidos através da avaliação dos compostos em estudo,

quando administrados por via i.p, frente a este modelo, demonstram inibição

significativa, principalmente até a terceira hora de administração para ambos

compostos. Ribeiro et. al. (2000) sugerem que a cascata liberada pela carragenina

pode ser considerada bifásica, sendo que a primeira fase estaria sendo

desencadeada principalmente por citocinas (TNF-α, IL-1β e IL-8) e a segunda fase

pelo aumento de prostanóides e radicais livres. Sugere-se então, que os compostos

possam estar influenciando na fase aguda da inflamação gerada pela carragenina.

A diminuição do limiar de retirada da pata pelos animais neste modelo é

caracterizada pela liberação de vários mediadores inflamatórios, tais como os

metabólitos do ácido araquidônico (PGE2), produtos originados de mastócitos como

histamina (que pode liberar SP e CGRP), SP, BK, (IL-1β, TNF-α e IL-6 já citados

anteriormente), NGF, além de fatores de transcrição como o NF-ĸB (MILLAN, 1999;

SAMMONS et. al., 2000; CUNHA et al., 2005; REICHLING; LEVINE, 2009). Cunha

et al. (2005) ressaltam ainda que a hiperalgesia induzida pela carragenina em

camundongos depende de duas citocinas chaves, TNF-α e KC. Ambas atuam

através da liberação de IL-1β e da produção de prostanóides pela própria citocina IL-

1β. Com base nestes dados, sugere-se um mecanismo de ação amplo dos

compostos visto que a carragenina é um agente inflamatório utilizado primariamente

na avaliação da atividade anti-hiperalgésica. Talvez os mesmos possam interferir

nas diferentes vias responsáveis pela sinalização da dor de origem inflamatória,

incluindo a ação de citocinas e a sensibilização periférica de neurônios sensoriais.

Os resultados obtidos através do pré-tratamento dos camundongos por via

oral com o composto ANCh foram ainda mais significativos do que quando

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administrado por via i.p., sugerindo que possivelmente a metabolização hepática

pela qual o composto é submetido quando administrado por via oral pode estar

sendo crucial para sua ação. Em contrapartida, o composto AcANCh apresentou

resultados menos significativos quando administrado por via oral. Vale ressaltar que

a dose utilizada em ambos os tratamentos (i.p e v.o) foi a mesma, e somente a dose

de 9,66 µmol/kg foi significativa para o composto AcANCh. Não se pode descartar a

hipótese de que com o aumento da dose essa inibição seja maior.

Por outro lado, quando avaliados no modelo do LPS, os compostos não foram

capazes de inibir a hiperalgesia em nenhuma das doses testadas. O LPS é um

componente importante da membrana externa de bactérias Gram-negativas e um

dos iniciadores microbianos mais potentes da inflamação. É capaz de provocar

ativação e lesões em diversas células, o que acaba alterando a fisiologia das

mesmas (NACIFE et. al., 2004).

Os mecanismos moleculares de ativação de macrófagos pelo LPS envolvem

diversas quinases, como a PKC, PKA e três classes de proteínas quinase ativadas

por mitógeno (MAPK): ERK1, ERK2, JNK e P38 MAPK. Além das quinases, quando

o LPS se liga aos receptores toll like tipo 4 (TLR4), através de uma cascata de

sinalização, gera a ativação do fator de transcrição nuclear (NFĸB), que promove a

ativação da transcrição de genes para diversos mediadores da resposta

imunológica. O LPS também é capaz de induzir a produção de citocinas pró-

inflamatórias, como TNF-α, IL-1β, IL-6, IL-8 e IL-12 por monócitos e macrófagos. Os

macrófagos também secretam, em resposta ao LPS, uma grande variedade de

outros mediadores da resposta biológica, incluindo fator ativador de plaquetas (PAF),

prostaglandinas, enzimas e radicais livres, como o NO. A produção dessas citocinas

inflamatórias contribui para o controle eficiente do crescimento e disseminação de

patógenos invasores ao organismo (FUJIHARA et. al., 2003).

Como já mencionado anteriormente, a hiperalgesia induzida pela injeção i.pl.

de LPS tem relação com as citocinas IL-1β e TNF-α. Entretanto, neste modelo,

parece que a hiperalgesia mediada por citocinas é independente de prostanóides,

sugerindo um efeito direto da IL-1β, embora outros mediadores primários possam

participar (por exemplo, aminas simpáticas, leucotrienos, e ou endotelinas) (CUNHA

et al., 2005).

Conforme os resultados apresentados anteriormente com a realização deste

modelo, pode-se sugerir que os compostos ANCh e AcANCh não interferem na

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cascata de sinalização intracelular ativada pela ligação do LPS aos receptores TLR4,

possivelmente pelo fato deste agente flogístico ser capaz de ativar duas vias

nucleares de transcrição de genes independentes, o que demonstra a complexidade

de sua ação.

O Mycobacterium tuberculosis inativado por calor (CFA), quando injetado na

pata de roedores, produz inflamação persistente, caracterizada pelo recrutamento de

células inflamatórias, e consequente liberação de mediadores inflamatórios, edema,

bem como nocicepção marcada e prolongada (WOOLF; MANNION, 1999). Neste

modelo de hiperalgesia inflamatória, a liberação da citocina TNF-α induz a secreção

de IL-1β, as quais juntas estimulam a produção de NGF. Acredita-se que este fator

de crescimento seja um dos principais mediadores envolvidos no mecanismo de

hiperalgesia induzido pelo CFA (WOOLF et al., 1997; CUNHA et al., 2005).

A fim de verificar o efeito do tratamento profilático com os compostos, os

animais foram pré-tratados com ANCh e AcANCh somente na dose em que os

resultados foram mais significativos para os demais modelos realizados. O

tratamento com os compostos inibiu significativamente a hiperalgesia induzida pelo

CFA até três horas após sua administração.

Embora o CFA produza uma resposta inflamatória marcante dentro de poucas

horas após sua injeção i.pl., é um agente utilizado para avaliar a dor persistente,

pois age tanto na sensibilização dos neurônios periféricos (por possuir uma ação

direta, sem a participação de prostanóides) quanto através da sensibilização central

dos neurônios da medula espinhal (WOOLF et al., 1997; SAMAD et. al., 2001). No

entanto, parece que a sua hiperalgesia é pelo menos em parte mediada por

leucotrienos e aminas simpáticas (WOOLF et al., 1997; CUNHA et al., 2005). As

alterações centrais que podem ser promovidas pelo CFA envolvem modificações

teciduais nas lâminas superficiais (I e II) e profundas (V e VI) da medula que

recebem os estímulos nocivos (WOOLF; MANNION, 1999; MANJAVACHI et. al.,

2010; DA SILVA, 2011).

Os efeitos apresentados pelos compostos foram mais significativos através do

tratamento crônico do que com o tratamento preventivo, especialmente para o

composto ANCh. Após 5 dias de tratamento crônico foi realizada a interrupção da

administração dos compostos. O efeito relacionado ao tratamento não perdurou,

porém quando o tratamento foi retomado, novamente houve inibição da hiperalgesia

sugerindo não haver tolerância relacionada ao tratamento.

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Ressalta-se que o efeito do tratamento avaliado na pata contralateral não foi

marcante, sugerindo que os compostos podem estar agindo somente a nível

periférico e, com a diminuição dos estímulos que ascendem até o SNC, pode estar

ocorrendo uma diminuição da sensibilização central (MILLAN, 1999), ou seja, uma

ação central indireta, o que explicaria a pequena inibição somente na maior dose.

A dor aguda e a dor crônica diferem não somente por suas durações, mas

pela capacidade do organismo em restaurar o sítio da lesão, reparar os disparos

aferentes e o processamento central normal (LOESER, 2000). Estes eventos são

dependentes da intensidade e duração do estímulo, e sendo este persistente, mais

difícil torna-se seu tratamento (WOOLF; SALTER, 2000).

A utilização de modelos animais para estudar a dor neuropática baseados em

procedimentos cirúrgicos data por volta de 1980. Desde então, vários modelos tem

sido desenvolvidos e adaptados para camundongos (MOGIL, 2009). O modelo de

ligação parcial do nervo ciático tem ajudado a identificar os mecanismos envolvidos

na dor neuropática. Estes mecanismos incluem: a excitabilidade ectópica dos

neurônios sensoriais como resultado de uma expressão aumentada e da

redistribuição dos canais de sódio; expressão alterada de genes pelos neurônios

sensoriais e sensibilização dos neurônios no corno dorsal da medula espinhal. A dor

neuropática induzida pela LPNC é caracterizada por uma dor profunda e

intermitente, bem como pela constante hiperexitabilidade dos neurônios, além de

estar relacionada com outros mecanismos ainda não conhecidos (COSTIGAN;

SCHOLZ; WOOLF, 2009). Sabe-se também que os receptores B1 e B2 são super

expressos no DRG após a LPNC, o que contribui consequentemente com a

hiperalgesia e alodinia (SHOLZ; WOOLF, 2002; MOALEM; TRACEY, 2006).

A neuropatia envolve um número muito grande de alterações nos nervos

lesionados, tanto em termos de atividade, quanto nas propriedades e capacidade de

transmissão do impulso nervoso. A patogênese da dor neuropática não está

simplesmente confinada a mudanças na atividade do sistema neuronal, mas envolve

também interações entre neurônios, células imune inflamatórias, células da glia,

além de citocinas e quimiocinas derivadas de células do sistema imune. A ativação

do sistema complemento (SC) é essencial para a defesa do organismo contra

patógenos, entretanto, sua ativação inapropriada pode causar severos danos

teciduais (D’MELLO; DICKENSON, 2008; AUSTIN; MOALEM-TAYLOR, 2010). Em

um estudo realizado por Li et. al. (2007), foi encontrado um aumento na deposição

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de C3, indicando a ativação do sistema complemento 6 horas após a LPNC. Além

disso, a inibição da ativação do SC levou a uma inibição da deposição de C3, que

não somente atenua a dor após 4 semanas, mas foi associada com a diminuição na

infiltração de macrófagos e células T no local da lesão nervosa. Uma lesão nervosa

periférica provoca reação do sistema imune em diferentes localizações anatômicas

incluindo o nervo danificado, o DRG, a medula espinhal e sítios supra-espinhais

associados com as vias da dor. Outros estudos demonstraram que a ativação do SC

também foi identificada no DRG após lesão nervosa periférica. De fato, o SC está

envolvido na regeneração e remielinização dos neurônios, e também na fase tardia

de ativação das células do sistema imune que liberam os mediadores inflamatórios

responsáveis pelo aumento da sensibilidade à dor (AUSTIN; MOALEM-TAYLOR,

2010).

Os mastócitos são importantes iniciadores e efetores da imunidade inata e

estão residentes em muitos tecidos, incluindo nervos. Não se sabe exatamente

como os mastócitos são ativados após uma lesão nervosa, porém os mesmos

liberam mediadores como histamina, serotonina, proteases, prostaglandinas e

citocinas. Vários destes mediadores são capazes de ativar diretamente nociceptores

e promover a quimiotaxia dos neutrófilos que contribuem para a liberação de

agentes inflamatórios e álgicos adicionais (AUSTIN; MOALEM-TAYLOR, 2010).

Além dos mastócitos, os macrófagos desempenham um papel central na

regeneração de nervos centrais e periféricos, pois participam da degeneração

walleriana, fagocitando células de Schwann mortas e axônios axotomizados. Desta

forma, secretam também no local da lesão mediadores potenciais da hiperalgesia

como TNF-α, IL-1β e IL-6, ROS e prostaglandinas. Além disso, a COX-2 é super

regulada em macrófagos localizados próximo à lesão, contribuindo para a formação

de mais mediadores (AUSTIN; MOALEM-TAYLOR, 2010).

Tendo em vista a complexidade dos mecanismos envolvidos na dor

neuropática, destaca-se a importante ação dos compostos frente à hiperalgesia

induzida pela ligação parcial do nervo ciático. O efeito promovido pelo tratamento

dos animais foi extremamente significativo para ambos os compostos, além de ter

sido dose dependente. A gabapentina, fármaco utilizado como tratamento de

primeira linha para a dor neuropática e originalmente designada como um análogo

do GABA, promove sua ação por interagir com a subunidade α2δ de canais de Ca2+

dependentes de voltagem, inibindo assim o influxo deste íon (D’MELLO;

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DICKENSON, 2008). O efeito dos compostos ANCh e AcANCh foi bastante

semelhante ao apresentado pela gabapentina nos experimentos realizados,

destacando a importância de investigações mais profundas acerca dos mecanismos

de ação destes compostos, pois os mesmos se mostram como moléculas bastante

promissoras para o tratamento de dores persistentes.

Conforme já mencionado, a dor neuropática é desenvolvida principalmente

por uma lesão nervosa. Os neutrófilos são as células do sistema imune que

participam de estágios iniciais seguidos deste tipo de lesão. Os neutrófilos podem

produzir ou facilitar a produção de mediadores inflamatórios, incluindo enzimas de

degradação, radicais livres, metaloproteinases, liberação de superóxido e outras

espécies reativas de oxigênio. Adicionalmente, liberam citocinas tais como TNF-α,

IL1-β, IL-2 e IL-6. O recrutamento destas células é mediado pelo NGF-β, CXCL/1,

leucotrieno B4 e MCP-1 (CUNHA et. al., 2008; AUSTIN; MOALEM-TAYLOR, 2010).

A dosagem dos níveis enzima MPO no local da lesão (pata) nos dá uma

medida indireta da migração de neutrófilos para este local. O fato do composto

ANCh ter sido capaz de inibir de forma significativa a migração de neutrófilos, pode

ser um dos mecanismos pelos quais este composto esteja agindo para reduzir tanto

a dor neuropática quanto inflamatória, pois as citocinas que seriam liberadas

subsequentemente deixam de ser liberadas, reduzindo a excitabilidade dos

neurônios.

As citocinas são pequenas moléculas constitutivamente expressas na

superfície celular de forma precursora e são clivadas para uma ação rápida.

Estabelecem comunicação entre o sistema imune e o sistema nervoso, agindo em

concentrações hormonais através de receptores de alta afinidade. Produzem efeitos

endócrinos, parácrinos e autócrinos e difundem-se somente em pequenas

distâncias. Os efeitos álgicos de citocinas pró-inflamatórias são freqüentemente

indiretos, através da expressão de outros mediadores como NO e PGE2, os quais

sensibilizam os nociceptores (SOMMER; SCHÄFERS, 2004; AUSTIN; MOALEM-

TAYLOR, 2010). Estudos demonstram que a injeção i.pl. de IL-1β e de TNF-α reduz

o limiar mecânico nociceptivo, promovendo rápida hipersensibilidade à dor,

associada com descargas espontâneas transitórias, em um processo dependente de

prostaglandinas (SOMMER; KRESS, 2004).

A liberação imediata de IL-1β no sítio da lesão parece estar mediada por uma

proteína sensível a cálcio, a calpaína, que é ativada pelo influxo deste íon após a

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lesão. Sob condições inflamatórias, a IL-1β pode ser liberada por muitos tipos

celulares, como células mononucleares, fibroblastos, sinoviócitos, células de

Schwann e células endoteliais. A ação pró-nociceptiva da IL-1β pode ser mediada

por uma complexa cascata de sinalização e pela produção de segundos

mensageiros, como NO, BK e prostaglandinas. A longa exposição dos aferentes

primários a IL-1β induz a liberação de SP. Tem sido demonstrado que a

excitabilidade neuronal provocada por esta citocina está relacionada com o aumento

do influxo de íons não seletivos e de cálcio, além do efluxo de potássio (SOMMER;

KRESS, 2004; SOMMER; SCHÄFERS, 2004).

Adicionalmente, nos neurônios da medula, a IL-1β aumenta as correntes

induzidas pelos receptores NMDA e AMPA e também diminui correntes inibitórias

espontâneas do GABA e glicina. Acredita-se também que a hiperalgesia gerada pela

IL-1β está relacionada com o aumento de NGF (potente degranulador de mastócitos)

em nervos inflamados. Já a injeção i.pl. de TNF-α induz alodinia mecânica e

hiperalgesia térmica. O TNF-α exerce seus efeitos através da ativação de dois

receptores, o receptor de TNF 1 (TNFR1) e o receptor de TNF 2 (TNFR2) e induz a

produção de IL-1β, IL-6 e IL-8. Esta cascata de citocinas finalmente resulta na

ativação da liberação de prostanóides dependentes de COX-2 e a liberação de

catecolaminas pelas fibras aferentes (SOMMER; KRESS, 2004; SOMMER;

SCHÄFERS, 2004; MOALEM; TRACEY, 2006; AUSTIN; MOALEM-TAYLOR, 2010).

Com relação às quimiocinas, que são pequenas citocinas (8-10 kDa) que regulam o

recrutamento e a migração de leucócitos para o tecido inflamado, a KC promove

hiperalgesia por meio da via da citocina IL-1β e prostaglandinas e também por

estimular a liberação de aminas simpáticas (BAGGIOLINI, 2001; CUNHA, 2005;

MANJAVACHI et al., 2010).

Os compostos ANCh e AcANCh foram capazes de inibir a hiperalgesia

induzida pelas citocinas IL-1β e TNF-α, em contrapartida não interferiram na via

ativada pela quimiocina KC, possivelmente por não serem capazes de inibir a

liberação de aminas simpáticas.

Dentre os vários mecanismos já citados aqui e relacionados ao processo

doloroso, a PGE2 é um contribuinte importante para a sensibilidade à dor durante a

inflamação. Sua produção requer a atividade de pelo menos uma das duas

isoformas da COX, a COX-1 que é expressa constitutivamente ou a COX-2 que é a

isoforma induzida, sendo particularmente relevante para a inflamação. Os AINES

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mais clássicos bloqueiam a COX-1 e COX-2 em graus semelhantes, enquanto os

antiinflamatórios mais recentemente desenvolvidos "Coxibes" são seletivos para a

COX-2. Embora esses medicamentos geralmente proporcionam alívio excelente da

dor inflamatória, seu uso a longo prazo é freqüentemente associado com efeitos

colaterais. AINEs tradicionais causam ulcerações do trato gastrointestinal superior, e

o uso de inibidores seletivos da COX-2 está associado com um risco aumentado de

eventos cardiovasculares (JOHANSSON; NARUMIYA; ZEILHOFER, 2011). A PGE2

exerce seus efeitos através de quatro receptores acoplados à proteína G ancorados

por diferentes genes e chamados de EP1, EP2, EP3 e EP4 e tem um papel

importante no aumento da permeabilidade vascular e na geração de febre, além da

hiperalgesia (CHIZZOLINI; BREMBILLA, 2009). Embora a aplicação de

prostaglandinas não seja usualmente dolorosa, altos níveis de PGE2 podem

contribuir para os mecanismos excitatórios através da supressão da condutância de

íons de K+, e um aumento na condutância de íons de Na+e Ca2+. Estas ações levam

a um aumento na liberação de neuropeptídeos pelas fibras C (MILLAN, 1999;

ZEILHOFER, 2007). A hiperalgesia mecânica induzida pela PGE2 é normalmente

mediada pela ativação de cAMP, que ativa a proteína quinase A (PKA), segundo

mensageiro da cascata de sinalização em aferentes nociceptivos primários. Além

disso, aumenta a excitabilidade dos neurônios do DRG através do aumento da

liberação de glutamato (JULIUS; BASBAUM, 2001; CHEN; LEVINE, 2005;

REICHLING; LEVINE, 2009).

Os resultados obtidos com as chalconas sobre a hiperalgesia induzida pela

PGE2 permitem sugerir que o composto AcANCh talvez tenha uma via de ação mais

seletiva, uma vez que não interferiu neste modelo, diferentemente do composto

ANCh, que apresentou resultados significativos também para este modelo.

Outro agente pro-inflamatório utilizado para tentar mapear o mecanismo de

ação das chalconas em estudo foi a BK. A injeção i.pl. de BK promove uma imediata

e intensa hipersensibilidade dolorosa nos animais através da sensibilização das

fibras C e Aδ, além de potenciar a transmissão sináptica glutamatérgica na medula

espinhal. A BK está envolvida em muitas funções fisiológicas como a regulação da

pressão arterial e eventos patológicos como inflamação e dor, sendo formada por

ação enzimática em condições fisiológicas (FUJITA et. al., 2010). Dois receptores

acoplados à proteína G estão envolvidos na hiperalgesia inflamatória gerado por

este peptídeo: B1 e B2. A BK age principalmente nos receptores B2, que são

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constitutivos e estão presentes nos neurônios sensoriais e na micróglia. Através

destes receptores, ativa a PKC, que regula canais iônicos e conseqüentemente a

excitabilidade neuronal. A ativação das fibras sensoriais pela BK em camundongos

não depende da liberação de citocinas, a mesma age diretamente na liberação de

prostanóides e de aminas simpaticomiméticas, além de também causar a liberação

de neuropeptídeos como SP, CGRP e neurocinina A (NKA) (MILLAN, 1999; RIEDEL;

NEECK, 2001; CUNHA et al., 2005; MOALEM; TRACEY, 2006).

Os compostos estudados não reduziram a hiperalgesia induzida pela injeção

i.pl. de BK, sugerindo que os compostos não agem pela via percorrida por este

agente álgico.

Contrariamente aos resultados demonstrados pelos compostos na

hiperalgesia induzida pela BK, ANCh e AcANCh foram eficazes em reduzir a

hiperalgesia induzida pela epinefrina. A administração local de epinefrina induz

hiperalgesia transitória térmica e mecânica e exibe seus efeitos por se ligar com alta

afinidade aos receptores β1- e β2-adrenérgicos e com baixa afinidade aos

receptores α-adrenérgicos. A epinefrina ativa a cascata de segundos mensageiros

envolvendo cAMP e PKA, os quais consequentemente reduzem o limiar do

nociceptor e aumentam a excitabilidade neuronal. Além disso, a cascata produzida

pela epinefrina também está envolvida com a ativação da PKCε e da ERK (CHEN;

LEVINE, 2005; MANJAVACHI et. al., 2010; WANG et. al., 2011). Os resultados

encontrados sugerem que os compostos podem estar agindo através da via

adrenérgica, uma vez que foram eficazes em inibir a hiperalgesia induzida pela

epinefrina.

Resultados significativos também foram encontrados para o modelo de dor

neoplásica, induzida por células de melanoma murino (B16F10). Devido ao fato de

haver poucos artigos na literatura citando a utilização deste modelo, foi realizada

uma padronização a fim de escolher a melhor concentração celular para ser injetada

nos animais e promover hiperalgesia. Nossos resultados vão de encontro com os

dados mencionados por Sasamura et. al. (2002), quando o mesmo relata que o

processo doloroso se torna intenso a partir do sétimo dia após a injeção i.pl. de

células de melanoma, intensificando-se com o passar dos dias. De posse destas

informações e dos dados relacionados à progressão tumoral, a hiperalgesia

mecânica foi avaliada em camundongos machos e fêmeos, sendo que a resposta

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frente ao tratamento com os compostos ANCh e AcANCh foi bastante semelhante

em ambos os sexos.

A inoculação de células de melanoma na pata traseira induz dor espontânea

(comportamento de lamber a pata), hiperalgesia térmica e alodinia/hiperalgesia

mecânica, sugerindo que a massa tumoral libera agentes álgicos. Estudos com

animais de laboratório têm demonstrado que a dor aumenta o crescimento e/ou a

metástase dos tumores. Desta forma, o alívio da dor é importante não somente para

a qualidade de vida, mas também para melhorar a terapia do câncer (SASAMURA et

al., 2002; FUJITA, 2010).

A dor relacionada ao câncer é muitas vezes referida como um mecanismo

doloroso misto, já que raramente se apresenta como uma síndrome puramente

neuropática, visceral ou somática, mas sim como um mecanismo complexo com

componentes inflamatórios, neuropáticos ou isquêmicos, freqüentemente em vários

sítios (URCH; DICKENSON, 2008).

Laird et. al. (2011) afirmam que a dor é o sintoma mais comum em paciente

com câncer, enquanto que a inflamação está implicada no desenvolvimento e na

progressão tumoral. Desta forma, a relação entre dor e inflamação é de grande

interesse. Entretanto, é um desafio examinar porque vários fatores podem afetar

essas variáveis. Sabe-se que diversas citocinas relacionadas à inflamação e ao

processo doloroso estão presentes em níveis elevados no plasma de pacientes

oncológicos, como IL-1β, TNF-α, IL-8, mas principalmente a IL-6 (KAI et. al., 2005).

Já foi demonstrado em modelos animais que a administração de IL-6 promove

alodinia e hiperalgesia térmica (DELEO et. al., 1996). Esta citocina controla a

produção de uma proteína plasmática de fase aguda produzida no fígado, a proteína

C reativa (CRP). As concentrações desta proteína aumentam drasticamente durante

a inflamação e a mesma é utilizada como medida indireta de IL-6. Estudos clínicos

realizados por Lair et. al. (2011) sugerem a forte relação entre câncer, inflamação e

o processo doloroso, bem como a influência da IL-6 neste processo.

Nosso estudo não avaliou a ação dos compostos ANCh e AcANCh frente a

ação ou liberação da citocina IL-6, porém seria de grande importância a posse

destes resultados para melhor compreender os mecanismos de ação dos compostos

frente ao modelo de dor neoplásica.

A morfina é o fármaco recomendado pela OMS como analgésico de escolha

para o tratamento efetivo da dor moderada a severa causada pelo câncer

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(SAKURADA, KOMATSU, SAKURADA, 2005). Além da morfina, outros agonistas µ-

opioides são freqüentemente utilizados para o tratamento de dor do câncer, bem

como de outras dores severas como pós-traumática ou pós-cirúrgica. Entretanto os

µ-agonistas também apresentam uma constelação de efeitos colaterais (entre as

principais estão a depressão respiratória, náusea, constipação crônica e retenção

urinária), além de tolerância e dependência (SAKURADA, KOMATSU, SAKURADA,

2005; NIIKURA et al., 2010).

A busca incessante por moléculas ativas farmacologicamente e que não

sejam capazes de influenciar de forma negativa a fisiologia dos sistemas corporais é

um denominador comum a pesquisadores do mundo inteiro. A pesquisa realizada

com os compostos ANCh e AcANCh neste trabalho contribuem muito neste aspecto,

pois vão de encontro aos resultados anteriormente obtidos relacionados à atividade

anti-hiperalgésica aguda (CAMPOS-BUZZI et. al., 2007; CAMPOS-BUZZI, 2007),

validando assim a atividade farmacológica dos compostos.

Com relação aos possíveis efeitos colaterais investigados, os animais

tratados com os compostos ANCh e AcANCh não demonstraram alterações nos

limiares de nocicepção térmica e mecânica em nenhuma das doses avaliadas.

Destaca-se também que não foram observadas alterações na atividade locomotora

dos animais, quando avaliados no teste do campo aberto. Estes dados, juntamente

com o fato dos compostos não terem sido capazes de causar hipotermia nos animais

quando avaliados 30 minutos após o tratamento, são suficientes para sugerir que os

compostos ANCh e AcANCh não afetam vias funcionais importantes do SNC.

Estudos toxicológicos subseqüentes fazem-se necessários para confirmar a

segurança terapêutica destes compostos.

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7 Conclusão

A realização de diferentes modelos experimentais de dor persistente ao longo

deste trabalho forneceu resultados bastante significativos que validam a atividade

anti-hiperalgésica dos compostos testados e nos permitem sugerir um possível

mecanismo de ação para os mesmos.

A literatura nos diz que a ativação das fibras nociceptivas pode ser alcançada

direta ou indiretamente através da ação de diferentes mediadores, conforme citado

ao longo da revisão bibliográfica. Os resultados obtidos sugerem que os compostos

testados podem estar agindo através da inibição de alguns destes mediadores que

irão, ao longo do processo inflamatório, gerar a sensibilização dos nociceptores. A

dosagem dos níveis de IL-1β demonstrou que ambos os compostos foram capazes

de reduzir os níveis desta citocina no local da lesão, sugerindo uma possível ação

dos mesmos na expressão/liberação de IL-1β, ou até mesmo em outras citocinas

que são capazes de estimular sua liberação, como o TNF-α, porém mais estudos

são necessários para confirmar esta hipótese.

Os demais dados obtidos nos levam a crer que possivelmente os compostos

também possam estar agindo em cascatas de sinalização intracelulares, inibindo a

ação de proteínas quinases, principalmente a PKA ou até mesmo de outros

segundos mensageiros intracelulares como AMPc.

O fato dos compostos terem inibido a hiperalgesia induzida pela epinefrina

nos levam a pensar em uma possível interferência também na via adrenérgica. Além

disso, reduzindo os níveis de MPO podemos sugerir uma possível ação através da

interferência na expressão de moléculas de adesão endoteliais, responsáveis pela

migração celular.

Pode-se concluir então que possivelmente a ação dos compostos está sendo

indireta, inibindo mediadores ou moléculas liberadas primariamente após uma lesão

tecidual e não uma ação em canais iônicos, por exemplo, responsáveis por

desencadear diretamente o potencial de ação e a ativação da fibra nociceptiva.

Assim, os compostos ANCh e AcANCh parecem ser promissores para o

desenvolvimento de novos fármacos analgésicos para o tratamento da dor crônica,

tendo bastante relevância por também terem sido biodisponíveis por via oral, o que

os torna muito atrativos para a indústria farmacêutica. Entretanto, estudos mais

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detalhados devem ser realizados com o intuito de verificar o exato mecanismo de

ação e as características farmacocinéticas das chalconas testadas.

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