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Avaliação de sistemas de pagamentos na América Latina Um relatório oficial do Economist Intelligence Unit patrocinado pela Visa International

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Avaliação de sistemas depagamentos na América Latina

Um relatório oficial do Economist Intelligence Unitpatrocinado pela Visa International

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© The Economist Intelligence Unit 2005 1

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Prefácio

Avaliação de sistemas de pagamentos na América

Latina constitui um relatório oficial do Economist

Intelligence Unit, a divisão de análise econômica

internacional do The Economist Group, patrocinado

pela Visa International.

● A Economist Intelligence Unit é a única responsável

pelo conteúdo deste relatório. A equipe editorial da

Economist Intelligence Unit reuniu os dados,

conduziu as entrevistas e escreveu o relatório. O

autor do relatório é Ken Waldie. As decisões e

pareceres expressos neste relatório não refletem

necessariamente os pontos de vista do

patrocinador.

● Nossa pesquisa utilizou uma ampla gama de fontes

publicadas, tanto do setor público quanto do

privado. Além disso, conduzimos entrevistas

aprofundadas com autoridades do governo e

executivos de nível sênior de uma série de empresas

de serviços financeiros na América Latina. Devemos

agradecer a todos os entrevistados pelo tempo

dedicado e pelo conhecimento do assunto.

Maio de 2005

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2 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Resumo executivo 4

Sistemas de pagamentos eletrônicos 7

Produtos de pagamento eletrônico 8

Cartões de pagamento convencionais 8

Cartões inteligentes 8

Cartões de valor armazenado 9

Pagamentos com base na Internet 9

Infra-estrutura de sistemas de pagamentos 9

Sistemas de câmara de compensação 10

Redes de cartão 10

Comparações internacionais 11

Sistemas de pagamentos eletrônicos na América Latina 12

Distribuição polarizada de renda 12

A importância das remessas de famílias 13

Reestruturação do setor financeiro 13

A evolução dos sistemas de pagamentos eletrônicos 13

Argentina 14

O setor financeiro 14

Instituições governantes 14

Bancos 14

Sistemas de câmara de compensação 15

Produtos de pagamento eletrônico 15

Cartões de crédito 15

Cartões de débito 16

Créditos e débitos diretos 16

Reembolsos do imposto sobre valor agregado 16

Solidez e oportunidades 17

Panorama 17

Brasil 19

O setor financeiro 19

Instituições governantes 19

Bancos 19

Sistemas de câmara de compensação 20

Produtos de pagamento eletrônico 20

Cartões de crédito 20

Cartões de débito 21

Cartões inteligentes e cartões pré-pagos 21

Créditos e débitos diretos 21

Visa Vale 22

Solidez e oportunidades 22

Panorama 23

Chile 25

O setor financeiro 25

Instituições governantes 25

Bancos 25

Sistemas de câmara de compensação 25

Produtos de pagamento eletrônico 26

Cartões de crédito 26

Cartões de débito 27

Cartões inteligentes e cartões pré-pagos 27

Créditos e débitos diretos 27

Comércio eletrônico 28

Solidez e oportunidades 28

Panorama 28

Índice

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© The Economist Intelligence Unit 2005 3

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Colômbia 30

O setor financeiro 30

Instituições governantes 30

Bancos 30

Sistemas de câmara de compensação 31

Produtos de pagamento eletrônico 31

Cartões de crédito 32

Cartões de débito 32

Créditos e débitos diretos 32

Solidez e oportunidades 32

Remessas de família 33

Panorama 34

México 35

O setor financeiro 35

Instituições governantes 35

Bancos 35

Sistemas de câmara de compensação 36

Produtos de pagamento eletrônico 36

Cartões de crédito 37

Cartões de débito 37

Cartões inteligentes e cartões pré-pagos 37

Créditos e débitos diretos 37

Vida Bancomer 38

Solidez e oportunidades 38

Panorama 39

Venezuela 41

O setor financeiro 41

Instituições governantes 41

Bancos 41

Sistemas de câmara de compensação 42

Produtos de pagamento eletrônico 42

Cartões de crédito com nível de entrada 43

Cartões de crédito 43

Cartões de débito 44

Cartões inteligentes e cartões pré-pagos 44

Solidez e oportunidades 44

Panorama 45

Conclusão 46

Vantagens para os depositários 46

Vantagens macroeconômicas 48

Obstáculos 49

Oportunidades 49

Apêndice Sistemas de câmara de compensação 51

Argentina 51

Brasil 52

Chile 52

Colômbia 53

México 53

Venezuela 54

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4 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Os sistemas de pagamentos eletrônicos da

América Latina têm melhorado

consideravelmente nos últimos anos, à medida

que a infra-estrutura financeira subjacente tem sido

modernizada. Isso levou a uma maior penetração de

produtos de pagamento eletrônico tanto no segmento

de consumo quanto no de negócios. Os cartões de

débito, em particular, têm contribuído para aumentar

a penetração das atividades bancárias de um modo

geral, em parte por causa da crescente popularidade

dos cartões salário e produtos com base em cartão

criados especificamente para remessas familiares.

Melhores sistemas de avaliação de risco e produtos

novos e inovadores de cartão de crédito facilitaram

também a extensão de crédito para consumidores de

menor renda e para pequenas empresas. A

modernização da infra-estrutura levou também a uma

maior integração dos produtos de pagamento

eletrônico como, por exemplo, os links entre produtos

de cartão e as transferências diretas de fundos. Essas

melhorias geraram benefícios importantes para todos

os tipos de depositários, inclusive consumidores,

comerciantes, instituições financeiras e governos.

Avaliação dos sistemas de pagamentos

Além das modernizações recentes do sistema

financeiro, os países da América Latina têm outras

características em comum que distinguem seus setores

financeiros, entre elas as distribuições polarizadas de

renda e grandes volumes de remessas de famílias. Não

obstante, a eficácia e disponibilidade de determinados

produtos de pagamento eletrônico varia

consideravelmente de país para país, devido a

diferenças importantes no ambiente econômico,

demográfico e cultural. O que funciona em um

determinado país não é necessariamente apropriado

para os outros.

Os produtos de pagamento eletrônico utilizados

atualmente na América Latina incluem cartões de

crédito e de débito, assim como cartões inteligentes

com base em chip que foram introduzidos

recentemente em alguns mercados. Eles incluem

também cartões com valor armazenado, como as

“carteiras eletrônicas” e ainda os sistemas de

pagamentos com base na Internet como débitos e

créditos diretos. Os sistemas de pagamentos

eletrônicos também incluem câmaras de compensação

e outros arranjos usados para acertar os pagamentos

entre as instituições financeiras.

Os sistemas de câmara de compensação passaram

por significativa modernização em toda a América

Latina nos últimos anos, levando à redução do risco

sistêmico e a uma maior eficiência da compensação e

da liquidação. Esses aperfeiçoamentos tecnológicos

estão por trás das importantes melhorias dos produtos

de pagamento varejista, principalmente os produtos

com base em cartão e na Internet. Os

aperfeiçoamentos desses produtos nos últimos anos

resultaram em maior conveniência e menores custos

para compradores e vendedores, além de maior

segurança, maior mobilidade internacional e maior

crescimento econômico.

Este documento oficial avalia a evolução recente e o

estado atual dos sistemas de pagamentos eletrônicos

em seis mercados financeiros importantes da América

Latina. Em um capítulo para cada país temos a

descrição dos sistemas e produtos de pagamentos no

mercado e a avaliação de sua solidez e também das

oportunidades para melhorias futuras.

Resumo executivo

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© The Economist Intelligence Unit 2005 5

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Solidez e oportunidades

A modernização dos sistemas de pagamentos

eletrônicos levou a uma maior eficiência, menos riscos

e à introdução de novos e melhores produtos em toda

a América Latina. Esse processo de modernização

ainda está em curso. As oportunidades para mais

melhorias variam de país para país, como mostram os

seguintes exemplos.

No Brasil, o novo Sistema de Pagamentos Brasileiro

(SPB) já foi reconhecido como um grande sucesso,

muito embora ainda não tenha sido inteiramente

implantado. O Brasil tem, sem dúvida, a mais alta

penetração de cartões de crédito na região. Porém o

valor médio do cartão de crédito continua baixo, tendo

as autoridades financeiras reconhecido que ainda

existem oportunidades para aumento de eficiência,

inclusive para desestimular o uso de cheques e

aumentar a interoperabilidade da rede de ATM

(máquina de caixa automático).

O México fornece um outro exemplo. O setor

bancário do país está agora numa situação sólida

depois da grande modernização da infra-estrutura de

pagamentos e da introdução de novos produtos,

inclusive de cartões inteligentes. O país apresentou

também considerável progresso ao promover a

introdução dos cartões de débito de salário. Além

disso, o governo reconheceu que os cartões salário são

usados principalmente em ATMS, proporcionando

dinheiro em espécie para alimentar a economia

informal, e agora está tratando desse problema.

Panorama

As autoridades financeiras de toda a região

reconheceram a necessidade de maior expansão dos

sistemas de pagamentos eletrônicos, mas enfrentam

uma série de obstáculos para avançar nesse objetivo.

As barreiras são a baixa penetração bancária, hábitos

enraizados do consumidor de usar cheques e

oportunidades de fugir dos impostos através do uso de

dinheiro em espécie. Felizmente, os governos e as

instituições financeiras desenvolveram uma série de

ferramentas para superar esses obstáculos e espera-se

um progresso firme durante os próximos anos.

Exemplos dessas ferramentas incluem dar o exemplo

mediante o próprio uso pelo governo dos produtos de

pagamento eletrônico, estimulando ou obrigando o uso

de cartões salário, desestimulando o uso de cheques,

oferecendo descontos no imposto sobre valor agregado

(IVA) e promovendo tecnologias emergentes para

suporte da infra-estrutura de pagamentos. Além de

aumentar a familiaridade e conforto dos produtos de

pagamento eletrônico, tais iniciativas permitirão que

os prestadores de serviços financeiros explorem de

forma mais completa a infra-estrutura de pagamentos

recentemente modernizada para gerar maiores

benefícios a um maior número de pessoas.

Vantagens dos sistemas de pagamentos eletrônicos

Em toda a região, as vantagens dos sistemas de

pagamentos modernizados têm-se acumulado para

todo tipo de depositário, ao passo que as vantagens

econômicas como crescimento mais rápido da

economia têm-se acumulado para a sociedade como

um todo. A infra-estrutura de pagamentos melhorada

é sobretudo transparente para os consumidores, e as

vantagens imediatas são mais aparentes para as

instituições financeiras e governos. Do ponto de vista

de compradores e vendedores, as vantagens são vistas

principalmente na forma de novos e inovadores

produtos e serviços de pagamento, especialmente

produtos com base em cartão e bancos online.

Com relação a clientes, as vantagens mais

importantes são uma gama mais ampla de opções de

pagamento, mais conveniência, maior segurança

pessoal, e melhor capacidade de gerenciamento

financeiro. O último recurso é particularmente

importante para usuários de empresas. Muitos clientes

de baixa renda também ganharam acesso a bancos e a

crédito pela primeira vez, à medida que novos

produtos foram introduzidos.

Os comerciantes foram beneficiados com o aumento

das vendas oferecendo opções de pagamento que

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6 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

apresentam conveniência (cartões de débito) e

liquidez (cartões de crédito). Eles ganham também

processos operacionais seguros e rápido acesso a

pagamento definitivo, assim como redução dos custos

e maior proteção contra roubo e fraude.

Os bancos foram beneficiados através de

operações de processamento de pagamentos mais

seguras, de menor custo e risco. Eles podem também

oferecer produtos novos e inovadores aos clientes,

inclusive produtos de entrada de crédito para

clientes de baixa renda que anteriormente não

tinham acesso ao banco.

Os governos—tanto como fornecedores de serviços

quanto como guardiões do interesse público—talvez

sejam os maiores beneficiados com a modernização

recente dos sistemas de pagamentos. As grandes

reduções de risco sistêmico que foram alcançadas

aumentam bastante a capacidade dos bancos centrais

de administrar os sistemas financeiros nacionais, e

isso tende a melhorar as classificações de risco país. Os

próprios governos tornaram-se os principais usuários

dos sistemas de pagamentos eletrônicos, o que

aumentou sua própria eficiência e também sua

transparência.

Os governos também se beneficiaram dos impactos

macroeconômicos dos sistemas de pagamentos

eletrônicos. A disponibilidade de produtos de

pagamento eletrônico mais rápidos, menos

dispendiosos e mais seguros aumenta a velocidade do

dinheiro e reduz a fricção na economia, levando a um

crescimento mais rápido da economia. Um estudo

recente concluiu que um sistema de pagamentos

eletrônicos poderia potencialmente gerar um aumento

de 1% no crescimento anual real do PIB. Os produtos

de pagamento eletrônico têm também contribuído

para levar as pessoas e empresas para a economia

formal e a captar uma fatia maior de remessas

familiares dentro do sistema bancário.

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Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Anecessidade de intercâmbio de valor é tão

antiga quanto a própria civilização e o conceito

de “dinheiro” evoluiu na passagem do milênio.

Ouro, prata e outros objetos preciosos deram lugar ao

papel moeda lastreado por ouro no início do século

XVII. A contínua evolução durante o século XX

introduziu o sistema atual em que o papel-moeda e os

depósitos em conta bancária são dinheiro porque têm

lastro dos governos. No contexto dessa história, “o

dinheiro plástico” e o “dinheiro eletrônico” são

inovações muito recentes.

Os cartões de crédito emitidos por bancos e lojas

vêm sendo usados em todo o mundo desde os anos 50.

Nas décadas seguintes, as organizações de cartão de

crédito globais como Visa e MasterCard ampliaram a

aceitação dos comerciantes ao consolidar marcas. Isso

preparou o cenário para os primeiros sistemas de

pagamentos eletrônicos no início dos anos 70, quando

se introduziu os cartões de crédito com fita magnética

e a aprovação automatizada das operações com cartão

de crédito. As primeiras máquinas de caixa automático

(ATMs) e os cartões de débito apareceram nos anos 80,

completando a integração do papel-moeda e dinheiro

plástico. Os cartões de crédito e débito continuam

sendo o meio mais importante para operações

varejistas de pagamento que não passam pelo caixa,

porém outras tecnologias como débitos e créditos

diretos com base na Internet têm aparecido nos

últimos anos. Os pagamentos eletrônicos permitem

que novos produtos recentes que movimentam além

do simples pagamento dêem suporte aos

relacionamentos existentes com os clientes.

Os sistemas de pagamentos eletrônicos tiveram

influência em quase todos os setores da economia

global, expandindo de suas origens no ponto de venda

varejista para possibilitar pagamentos por telefone ou

pela Internet, e para diversas aplicações como

telefones públicos, pedágios e trânsito público.

Entidades não-comerciais como universidades, órgãos

do governo e clínicas de tratamento de saúde estão

também expandindo seu uso de produtos de

pagamentos com base em cartão.

O aumento do uso desses pagamentos trouxe

inúmeras vantagens, inclusive conveniência e redução

dos custos para compradores e vendedores, além de

aceleração do crescimento econômico, maior

segurança e maior mobilidade internacional. Mas,

apesar das previsões de que os sistemas de

pagamentos eletrônicos acabariam levando a uma

“sociedade sem dinheiro em espécie”, pessoas em

todo o mundo continuam usando moeda corrente. De

fato, os cartões de plástico estão exercendo um papel

cada vez maior na economia monetária através de

ATMs e terminais de saque, permitindo aos

consumidores levar valores menores.

Este capítulo prepara o cenário para uma avaliação

dos sistemas de pagamentos eletrônicos da América

Latina descrevendo os tipos de produtos em uso por

toda a região. O próximo capítulo identifica uma série

de características exclusivas de países latino-

americanos que determinam o modo como os produtos

de pagamento são usados. Os capítulos seguintes

avaliam os sistemas de pagamentos usados nos

principais mercados latino-americanos. Esses

capítulos fornecem uma ampla visão geral da operação

dos sistemas de liquidação em cada país, mas excluem

uma série de questões técnicas como controles de

liquidez do banco central e a determinação de preço

dos produtos de pagamento, que são muito complexas

para serem tratadas aqui. O capítulo final faz breves

Sistemas de pagamentos eletrônicos

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8 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

conclusões sobre as vantagens e o desenvolvimento

futuro dos produtos de pagamento eletrônico na

região.

Produtos de pagamento eletrônico

Muitos dos diversos produtos de pagamento eletrônico

utilizados na América Latina podem se distinguir pelo

seu formato físico e pela origem do valor que

transferem. Os cartões de pagamento podem adquirir

valor devido ao crédito fornecido pelo emissor do

cartão, ao acesso aos fundos em depósito do cliente,

ou ao valor transferido dessas fontes e armazenados

no próprio cartão. Produtos de pagamento eletrônico

sem cartão como transferências com base na Internet

aumentam a utilidade dos produtos de cartão por ligá-

los um ao outro e fornecer novas interfaces para os

sistemas financeiros.

Cartões de pagamento convencionais

Cartões de crédito e de cobrança

Os cartões de crédito mais amplamente utilizados são

aqueles emitidos por bancos e outras instituições

financeiras com nomes de marca globais estabelecidos

pelas organizações de cartões. As principais marcas

são Visa, MasterCard, American Express, Discover e

Diners Club. Muitas lojas emitem seus próprios cartões

de crédito para uso na própria loja.

Cartões cujo saldo deva ser pago integralmente a

cada mês são denominados cartões com valor

armazenado (charge cards), enquanto que os cartões

de crédito estendem o crédito renovável. Seja um ou

outro, os cartões com limites elevados de gastos dão

prestígio e recebem nomes, e muitas vezes cores, que

os distinguem. Os produtos de cartão de crédito

também são diferenciados por taxas anuais, pontos de

recompensa, promoções e vantagens para o portador

como seguro, por exemplo. As organizações de cartões

também concorrem com base na extensão de aceitação

dos comerciantes.

Existem diversos cartões de crédito e de valor

armazenado de finalidades especiais, inclusive cartões

de aquisições utilizados por companhias e entidades

do governo, e cartões de incentivo. Os affinity cards

(cartões de crédito que permitem que o usuário

encaminhe pequenas somas para entidades

filantrópicas) são cartões de crédito emitidos por

bancos cuja marca é compartilhada com equipes

desportivas, universidades e outras organizações que

recebem pagamentos de acordo com o uso do cartão.

Cartões de débito

Com a chegada dos ATMs, os bancos emitiram “cartões

de clientes” para permitir aos clientes acesso a suas

contas. Em muitos países, mais tarde eles formaram

redes para possibilitar a interoperabilidade. Os cartões

de débito expandiram-se com a função de ATM para

proporcionar meios diretos de pagamento aos

comerciantes equipados com terminais. Existem

também cartões de crédito pré-pagos que acessam

uma conta separada que pode ser carregada e

recarregada a partir de uma conta bancária pela

Internet. Por exemplo, o Visa Buxx é um cartão pré-

pago para adolescentes controlado pelos pais. Entre

outros cartões de débito de finalidades especiais

temos aqueles usados para pagamento de salário e de

benefícios da previdência social.

Cartões inteligentes

O desenvolvimento da tecnologia de cartões

inteligentes em meados dos anos 80 possibilitou a

inclusão de novas aplicações para cartões de

pagamento, usando um microprocessador ou chip de

memória embutido no cartão. Além da funcionalidade

tradicional de débito e crédito, entre as aplicações

estão a capacidade de efetuar operações pela Internet

utilizando uma leitora de cartão inteligente anexada a

um computador pessoal. O mais avançado desses

sistemas são as implementações Java de multi-

aplicações que podem baixar aplicações

personalizadas. As vantagens desses cartões

comparadas com a dos cartões de fita magnética são

sua robusta segurança criptografada e a capacidade de

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© The Economist Intelligence Unit 2005 9

armazenar dados dinâmicos como detalhes de compra

para sistemas avançados de fidelidade de cliente.

Cartões inteligentes sem contato

Os cartões inteligentes “sem contato” são

extensamente utilizados para identificação pessoal e

liberação de acesso, porém seu uso em cartões de

pagamento é bem recente. Eles operam através da

troca de sinais de radiofreqüência próximos a um

transponder para transferir as informações. Cartões de

valor armazenado sem contato foram lançados com

considerável sucesso em alguns mercados, porém

geralmente como cartão de uma única finalidade,

como aqueles introduzidos recentemente no sistema

de trânsito de Santiago. Esses cartões são de especial

valor para sistemas de trânsito porque eles aumentam

a velocidade média dos veículos e reduzem o consumo

de combustível e a poluição, diminuindo assim o

tempo que os veículos ficam parados. Eles podem

também aumentar a capacidade de passageiros

permitindo esquemas de determinação de preços mais

flexíveis. Os cartões de pagamento sem contato de

finalidade geral foram testados no mercado, e em

março de 2005 Visa e MasterCard anunciaram um

acordo para estabelecer um padrão comum de modo a

garantir a interoperabilidade de seus produtos.

Cartões de valor armazenado

Os cartões de valor armazenado são cartões

inteligentes que registram um saldo de conta

carregado de outro sistema de pagamentos e, em

seguida, deduzem as compras desse saldo, sem

precisar de validação à distância. Isso os torna

especialmente úteis para micropagamentos onde os

custos de comunicação são altos em relação ao valor

da operação. A validação instantânea é uma outra

vantagem. Esses cartões geralmente são denominados

bolsas de dinheiro eletrônicas (e-purses) que podem

ser descartáveis ou recarregáveis. Os cartões

descartáveis geralmente são do tipo de finalidade

única como aqueles usados em telefones públicos. Os

cartões de valor armazenado de finalidade geral

podem ser recarregados em um ATM ou terminal

similar e algumas vezes pela Internet. Existem diversas

versões do cartão de valor armazenado de finalidade

geral como, por exemplo, cartões de presente e

cartões de viagem.

Pagamentos com base na Internet

O rápido aumento da penetração da Internet nos

últimos dez anos possibilitou uma grande variedade de

novos sistemas de pagamentos eletrônicos. Os cartões

de pagamento emitidos por bancos que aproveitaram

os sistemas de autorização/compensação/quitação

existentes prepararam o caminho para novos sistemas

que permitem créditos e débitos diretos entre contas

bancárias em muitos mercados. Logo que eles foram

introduzidos, os débitos diretos funcionavam somente

dentro de cada banco, com isso limitando seu uso

apenas por fornecedores que fossem suficientemente

grandes para manter contas em todos os bancos

usados por seus clientes como, por exemplo, as

companhias de serviços de utilidade pública. Pela

mesma razão, os créditos diretos foram usados

principalmente para recebimentos regulares como

depósitos de folha de pagamento. Em muitos

mercados, as novas redes eletrônicas entre bancos

permitem agora débitos e créditos diretos iniciados

pelo cliente para uma finalidade específica que são

praticamente instantâneos ou que levam de dois a três

dias. Não obstante, os produtos de pagamento com

base em cartão continuam dominando esse segmento

em termos de participação de mercado.

Infra-estrutura de sistemas depagamentos

Os sistemas de compensação de pagamentos em uso

nos principais mercados da América Latina são

descritos separadamente para cada país nos seguintes

capítulos. Para evitar repetição e esclarecer a

terminologia, esta seção dá uma visão geral dos

elementos comuns a quase todos os sistemas.

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

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Sistemas de câmara de compensação

Cada sistema financeiro nacional tem um sistema de

compensação de pagamento conhecido como Câmara

de Compensação Automatizada (CCA). A maioria dos

países têm pelo menos dois desses sistemas. Os

Sistemas de Transferência de Grandes Valores (STGV)

processam as transferências de fundos eletrônicos

entre as instituições financeiras. Os participantes

devem manter contas de compensação junto ao banco

central do país e tomar empréstimos de um dia

(overnight) para saldar todas as operações ao final de

cada dia. O mais moderno desses sistemas é conhecido

como sistema de Liquidação Bruta em Tempo Real

(LBTR) porque as operações são liquidadas de forma

imediata e individual. Alguns países continuam

usando sistemas de liquidação líquida de grandes

valores onde os saldos líquidos são liquidados no dia

seguinte. Isso reduz o investimento em tecnologia,

mas cria um nível mais elevado de risco sistêmico. As

instituições participantes se comunicam, no canal

principal, usando protocolos desenvolvidos pela

Sociedade de Telecomunicação Financeira

Interbancária no Mundo Inteiro (SWIFT), mas algumas

delas têm seus próprios sistemas interbancários de

propriedade exclusiva.

As operações interbancárias de valores menores,

inclusive pagamentos em papel (cheques, ordens de

pagamento e cheques de viagem) e eletrônicos

(débito e crédito direto) são compensadas entre um

número maior de participantes através de um Sistema

de Liquidação de Compensação Automatizada (SLCA).

A maioria dos sistemas de SLCA compensam itens de

pagamento da noite para o dia para liquidação no dia

seguinte. Alguns sistemas de câmara de compensação

permitem que os participantes “interrompam”

instrumentos de pagamento em papel, o que significa

que eles fazem uma cópia eletrônica do cheque

(imagem e/ou reconhecimento de caracteres ópticos)

ou de outro documento e a armazenam, e usam o

documento eletrônico no processo de compensação.

Redes de cartão

Os pagamentos de cartões de crédito e de débito são

autorizados, compensados e liquidados através de

redes de propriedade exclusiva mantidas por

organizações de cartões ou por instituições

financeiras a elas associadas. Essas redes variam

bastante de acordo com o tamanho do mercado e a

interoperabilidade dos produtos de débito entre os

bancos. As maiores redes globais de ATM/cartões de

débito são aquelas afiliadas à Visa e a MasterCard, que

operam em paralelo com seus sistemas de cartão de

crédito.

São “esquemas abertos” onde os cartões são

emitidos por diversas instituições financeiras

concorrentes num sistema conhecido como de “quatro

partes”:

● O titular do cartão é uma pessoa física ou sociedade

que utiliza o cartão de pagamento para fazer

compras.

● O emissor é um banco ou uma instituição financeira

não-bancária que fornece o cartão e cobra o

pagamento do cliente.

● O comerciante é uma empresa que aceita o cartão

para pagamento de compras.

● O adquirente é um banco que fornece o terminal de

ponto de venda (POS) para o comerciante e

deposita os fundos na conta do comerciante.

A organização do cartão licencia sua marca para o

emissor e para o adquirente, e coordena o sistema de

aprovação/compensação/liquidação. A maioria das

liquidações no final ocorrem através das câmaras de

compensação nacionais, mas o alcance global dos

sistemas de organização de cartões significa que seus

produtos podem ser usados quase em toda parte do

mundo. O adquirente contrata os serviços de

fornecedores de rede especializados para estabelecer

a ligação entre o terminal do POS, o adquirente e a

rede da organização do cartão. Para operações pela

Internet e outras situações em que não existe terminal

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

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© The Economist Intelligence Unit 2005 11

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

de POS, o relacionamento do comerciante com o

adquirente pode ser intermediado por uma porta de

comunicações do cartão de crédito de cinco partes.

As operações geralmente são autorizadas pelo

emissor em tempo real, e normalmente são liquidadas

dentro de 24 horas, quando então o adquirente

transfere os fundos eletronicamente para o emissor

que, por sua vez , atualiza a conta do cliente. As

práticas diferem entre os sistemas nacionais, sendo

algumas delas sistemas de cartão de crédito e débito

distintos, enquanto que outras utilizam os mesmos

processos para ambos.

Comparações internacionais

A disponibilidade e eficácia de determinados produtos

de pagamento eletrônico variam consideravelmente

de país para país. Isso algumas vezes reflete a

eficiência relativa dos sistemas de pagamentos, mas as

diferenças no nível de concentração dos setores

financeiros e o tamanho e a densidade geográfica do

mercado têm a mesma importância. As preferências e

as características culturais também exercem

influência. Isso é tão verdadeiro entre os mercados de

países desenvolvidos quanto entre países em

desenvolvimento.

Esses tipos de diferenças confundem as

comparações diretas de país para país dos sistemas de

pagamentos eletrônicos. Isso significa que não existe

um sistema nacional geral que possa servir de exemplo

para outros países. O que funciona bem em um

determinado mercado nem sempre é adequado para

outros. Por essa razão, as avaliações dos sistemas de

pagamentos eletrônicos nos países abordados por este

relatório oficial tomam por base sua eficiência e

eficácia em atender as necessidades e os objetivos

locais, e não as comparações com outros países.

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12 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Os sistemas de pagamentos eletrônicos utilizados

na América Latina foram formados de acordo

com o ambiente financeiro da região. Existem

variações substanciais de país para país, mas existem

também uma série de características em comum. As

maiores diferenças dizem respeito aos dados

demográficos, porque a penetração do sistema

bancário depende, em parte, da estrutura etária e do

poder aquisitivo da população. Por exemplo, no

México, Colômbia e Venezuela, a população é mais

jovem que no Brasil, Chile e Argentina. A renda per

capita (expressa em paridade de poder aquisitivo—

PPP—equivalente em dólares internacionais) varia

mais abruptamente se compararmos toda a região da

América Latina. Em 2004 a renda nos seis países

abordados neste relatório oficial variava de US$5.790

na Venezuela a US$ 12.840 na Argentina. As

características regionais mais comuns são discutidas

nas seções seguintes.

Distribuição polarizada de renda

A característica de mercado mais importante da região

é a distribuição de renda altamente polarizada. Uma

medida comum de polarização é a relação entre as

fatias da renda nacional recebida pelo quintil do topo

e o quintil do fundo da população. Nos EUA, o quintil

do topo recebe 9,2 vezes a renda do quintil do fundo, e

isso geralmente é usado como um padrão de referência

internacional porque os EUA têm a distribuição de

renda mais polarizada entre os países desenvolvidos.

Quatro dos seis países abordados neste relatório

oficial: Argentina, México, Chile e Venezuela, têm

coeficientes de polarização entre 18 e 19, cerca do

dobro dos EUA. Os outros dois países, Colômbia e

Brasil, têm coeficientes mais elevados ainda, de 22,9 a

26,4 respectivamente. Em contrapartida, de acordo

com o Banco Mundial, somente três dos 10 países em

desenvolvimento da região do Sudeste da Ásia-

Pacífico têm coeficientes maiores que 10, e o mais alto

é Papua Nova Guiné, com 12,6.

Essas divisões acentuadas entre as camadas sócio-

econômicas têm grandes implicações para o setor de

serviços financeiros. Em particular, somente cerca da

metade dos latino-americanos têm algum

relacionamento com o sistema bancário. As altas taxas

de analfabetismo de alguns países aumentam esse

problema. A baixa penetração bancária, por sua vez,

Sistemas de pagamentos eletrônicos na América Latina

PIBPer capita, dólares internacionais, 2004

Argentina

Chile

México

Brasil

Colômbia

Venezuela

12.910

11.630

9.680

8.540

5.790

7.000

Fonte: Grupo Banco MundialNota: Dólares Internacionais são o equivalente em dólares PPP – purchasingpower parity – conforme definido pelo Banco Mundial

Distribuição de rendaRelação entre o quintil mais alto e o mais baixo

Brasil (2001)

Colômbia (1999)

México (2000)

Chile (2000)

Argentina (2001)

Venezuela (1998)

26.4

22.9

18.7

19.3

17.9

18.1

Fonte: Grupo Banco Mundial

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© The Economist Intelligence Unit 2005 13

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

perpetua a economia informal, minando os esforços

do governo para controlar a economia e arrecadar

impostos. Isso tem também atrapalhado o

desenvolvimentos de produtos de pagamento

eletrônico que poderiam melhorar a eficiência e

promover o crescimento econômico.

A importância das remessas de famílias

Uma outra característica que distingue o ambiente

financeiro latino-americano é a imensa entrada de

remessas de membros da família que trabalham em

outros países, principalmente nos Estados Unidos. De

acordo com as estimativas do Banco Interamericano de

Desenvolvimento (BID), as remessas para dentro da

região em 2004 superaram os investimentos diretos

estrangeiros (IDE) com entradas de mais de US$ 40

bilhões. As remessas aumentaram repentinamente

desde que os reguladores dos EUA permitiram às

instituições financeiras aceitar identificação

estrangeira para abrir contas bancárias, o que levou

hispânicos não documentados (ilegais) que trabalham

nos EUA para o sistema financeiro formal.

A proporção de remessas efetuadas por bancos foi

estimada em torno de 20% para a região como um

todo, cerca da metade da parcela das organizações de

transferência monetária (OTMs). Porém o mercado tem

mudado, à medida que os bancos latino-americanos

introduzem novos produtos na ponta do recebedor.

Pelo menos nos mercados de alto volume, os bancos

estão aproveitando suas linhas de negócios mais

extensas, redes de ATM e base mais ampla de cartões

de débito e de cartões pré-pagos para proporcionar

transferências de menor custo para um maior número

de localidades que as MTOs podem oferecer. Os

produtos de cartão de débito e de cartão pré-pago são

a solução mais comum de remessa proporcionada

pelos bancos. Essa mudança traz vantagens, tanto

para o recebedor quanto para a economia, visto que

uma parcela maior das remessas alcança o beneficiário

e uma parcela maior do total de remessas é canalizada

para a economia formal e para a poupança. Esses

produtos também são mais convenientes para o

beneficiário, visto que são automaticamente

recarregáveis com cada remessa.

Reestruturação do setor financeiro

A maioria dos países da América Latina, da mesma

forma que outras economias de países emergentes,

sofreu severos choques externos e internos no final dos

anos 90 na esteira da crise bancária de 1994 no México,

da crise financeira na Ásia e do colapso econômico da

Rússia. Severos desequilíbrios macroeconômicos

provocaram o colapso de inúmeros bancos em toda a

região, ao qual se seguiu uma série de dispendiosos

resgates financeiros e aquisições do governo. Como os

setores bancários da região foram gradualmente

reprivatizados e consolidados, os conglomerados

bancários estrangeiros entraram, trazendo com eles

tecnologia moderna e métodos de negócios. Ao mesmo

tempo, os governos estabeleceram novas estruturas de

supervisão legislativa e bancária e organizaram

reformas estruturais no setor financeiro. Em muitos

casos, as reformas foram exigidas pelo FMI de acordo

com os termos das iniciativas internacionais de

assistência ao ajuste. Por essas razões, todos os países

abordados neste relatório formal têm sistemas

bancários e de pagamentos que haviam sido usados

apenas durante cinco ou seis anos e ainda ocorrem

reformas em muitos deles.

A evolução dos sistemas depagamentos eletrônicos

Essas características comuns ajudam a explicar a

evolução dos sistemas de pagamentos eletrônicos nos

principais mercados latino-americanos. Essa evolução

é avaliada separadamente com relação à Argentina,

aoBrasil, à Colômbia, ao México e à Venezuela nos

capítulos seguintes. Embora cada país tenha suas

próprias necessidades, solidez e aspectos negativos

específicos, as características regionais descritas

neste capítulo também exercem um papel na formação

das soluções desses países.

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14 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Argentina tem uma população em torno de 39

milhões. O PIB nominal alcançou US$ 146

bilhões em 2004. O crescimento real foi de 8,8%

em 2004, inalterado em relação ao ano anterior, mas

mesmo assim não foi suficiente para recuperar o nível

do PIB real em moeda local de 1998, após quatro anos

de declínio. A renda per capita, expressa em PPP

(paridade de poder aquisitivo), foi equivalente em

dólares internacionais a US$ 12.910 em 2004.

O setor financeiro

A recessão prolongada de 1999, combinada com a

sobrevalorização da moeda, provocou uma crise

cambial severa no final de 2001-02, levando a uma

abrupta redução da liquidez, retirada de crédito e uma

agressiva intervenção do governo. O conseqüente

colapso da renda dizimou a classe média, que é o

segmento mais promissor do setor financeiro. A

demanda de crédito vem principalmente das empresas

de exportação de pequeno e médio porte que

ganharam com a desvalorização do peso e que até

agora têm crescido devido ao excesso de capacidade e

da expansão financeira através de retenção de lucros.

Desde essa crise, os mercados financeiros têm estado

concentrados na reestruturação da dívida e não na

injeção de capital novo.

Instituições governantes

O Banco Central da República da Argentina (BCRA)

recebeu uma nova carta patente no início de 2002 para

restaurar seu papel de credor de última instância, e o

banco cumpriu essa função repetidamente no decorrer

do ano. Ele também tem realizado inúmeras mudanças

na estrutura da supervisão bancária, à medida que a

Argentina se adapta ao novo ambiente financeiro. A

Superintendência das Instituições Financeiras e

Cambiais (SEFyC) é parcialmente independente do

Banco Central. O governo tem agido também no

sentido de formar o setor financeiro de acordo com

outras leis como, por exemplo, uma disposição da Lei

de Competitividade que restringe o uso de dinheiro em

espécie para pagar faturas comerciais.

Bancos

A crise financeira de 2001-02 reverteu o fluxo interno

de bancos estrangeiros, que haviam se concentrado

principalmente na aquisição de bancos argentinos

menores durante os anos 90. Quando o BCRA

comprometeu-se a garantir a solvência dos bancos

privados e estaduais do país, eles foram os principais

beneficiados do movimento reverso de fuga para a

qualidade, à medida que os depositários transferiam

seus recursos para bancos com proteção do governo.

Vários grupos financeiros estrangeiros deixaram o

país, enquanto que outros mudaram seus planos para

operações futuras na Argentina.

Em contrapartida, os maiores bancos estrangeiros

sinalizaram a continuação de seu compromisso com o

mercado. Entre eles, o BSCH, BBVA, Bank Boston,

Citibank e HSBC. Não é possível especificar a

participação de mercado em ativos no ambiente atual,

porque os bancos tiveram uma concessão de 60 meses

para introduzir as baixas contábeis que foram forçados

a assumir durante a crise. Os três maiores bancos são,

sem dúvida, o banco estatal Banco de la Nación de

Argentina, o banco estadual Banco de la Provincia de

Buenos Aires e o banco privado Banco de Galicia. Eles

controlavam mais de 40% dos ativos dos bancos

nacionais, de acordo com as informações do BCRA em

meados de 2004. A penetração do sistema bancário foi

Argentina

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© The Economist Intelligence Unit 2005 15

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Argentina

estimada em pouco menos de 50% da população, mas

só 15,8% possuem conta corrente (ou no modo de

dizer americano “checking account”, conta bancária

com cheque).

Sistemas de câmara de compensação

O sistema de câmaras de compensação financeira da

Argentina foi substancialmente reformado em 1997,

quando o BCRA estabeleceu uma nova estrutura de

câmaras de compensação para modernizar os sistemas

tradicionais realizados com papel. O Banco também

implantou um novo sistema de LBTR, que as câmaras

de compensação têm que usar para saldar suas contas

correntes no Banco Central. Foram estabelecidas duas

câmaras de compensação para valores grandes e duas

para valores baixos , e existem também sistemas novos

para compensar e saldar as operações de ATM e de

cartão de débito/crédito. (Os detalhes desse programa

de modernização são fornecidos em um Apêndice.)

Produtos de pagamento eletrônico

Alguns países da região têm agido de forma a

desestimular o uso de cheques, mas a preocupação

maior do banco central da Argentina é trazer as

operações em dinheiro para a economia formal. O

governo promoveu os produtos de pagamento

eletrônico, oferecendo desconto no imposto de valor

agregado "(IVA) para operações com cartão, mas ele

também considera o aumento na velocidade de

processamento de cheques como uma outra

ferramenta eficaz para reduzir o uso de dinheiro em

espécie. Não obstante, a popularidade dos cartões de

débito e os pagamentos em prestações usando cartões

de crédito têm contribuído para reduzir o uso de

cheques. O número de cheques per capita diminuiu em

um terço, passando de cerca de três em 2000 para dois

em 2004, muito embora o número tenha aumentado

um pouco em 2004 com o afrouxamento das restrições

de retiradas.

Cartões de crédito

Os cartões de crédito eram usados de forma intensa na

Argentina antes de 2001. Mas, a quantidade de

cartões ativos vigentes diminuiu 14% em 2003 em

conseqüência da crise financeira de 2001-02, que

elevou as taxas de juros, reduziu as viagens ao exterior

e aumentou os custos das contas em dólar. A

penetração do cartão de crédito aumentou

ligeiramente em 2004, de 0,196 per capita para 0,212,

e as autoridades bancárias dizem que o aumento da

penetração dependerá de taxas de juros mais baixas.

Os bancos emitem cartões de crédito da Visa,

MasterCard, Credencial, Cabal, American Express e Carta

Franca. A American Express e Diners Club também

emitem seus próprios cartões, e existem diversas marcas

de cartões nacionais e regionais, alguns dos quais são

emitidos por entidades não bancárias. Produtos de

cartão empresarial como o cartão de Visa Compras (Visa

Purchasing card) têm se desenvolvido bem na

Argentina, e seu uso está aumentando por causa dos

relatórios sofisticados e os controles financeiros

incorporados a alguns desses produtos.

Existe também uma série de cartões de lojas no

mercado. Não há dados estatísticos oficiais para

operações ou gastos de cartão de crédito, mas os

observadores dizem que poucos portadores de cartão

mantêm saldos significativos devido ao alto custo do

crédito.

ArgentinaCartões em vigorPer capita

2000

2001

2002

2003

2004

Cartões de débitoCartões de crédito

0.260.24

0.340.27

0.340.23

0.370.20

0.380.21

Fontes: Banco Central de la República Argentinia; ABA (Asociacion de Bancos de Argentina)

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16 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Argentina

Cartões de débito

Uma combinação de duas forças provocou um aumento

significativo da penetração do cartão de débito. A

primeira foi a implantação gradual do regulamento de

1997 do BCRA exigindo que a maioria das folhas de

pagamento fossem feitas por depósito direto e não em

dinheiro. Essa regra é agora rigorosamente executada.

A segunda foi a imposição de controles sobre retiradas

de contas bancárias iniciadas em dezembro de 2001.

Isso estimulou as pessoas a manterem diversas contas

bancárias e a movimentar o dinheiro entre elas com

cartões de débito. As compras com cartão de débito

ficaram também isentas dos controles, que tinham o

propósito de impedir que as pessoas retirassem

dinheiro dos bancos para converter em dólares. Esses

controles foram gradualmente afrouxados e por volta

de abril de 2003 não estavam mais vigorando. Não

existem dados oficiais para cartões de pagamento na

Argentina, mas as estimativas da Associação de

Bancos da Argentina (ABA) e de analistas

independentes indicam que a quantidade de cartões

de débito continua aumentando desde o fim dos

controles, em parte também porque os consumidores

agora estão mais familiarizados com seu uso. Espera-

se que a penetração do cartão de débito continue

aumentando à medida que as pessoas físicas e as

pequenas empresas sejam levadas para a economia

formal.

Os cartões de débito com marca de banco são

emitidos como parte do pacote de produtos associados

a contas correntes e contas de poupança. Também são

oferecidos cartões de débito de marca compartilhada

que podem ser usados internacionalmente.

Tanto os cartões de débito quanto os cartões de

crédito podem ser usados para pagamentos

periódicos.

Créditos e débitos diretos

Os débitos diretos têm se tornado mais populares

desde o lançamento das novas câmaras de

compensação de grandes valores, que permitem

transferências de fundos entre bancos no mesmo dia,

o que, por sua vez, possibilitou as transferências de

cliente para cliente. Cerca de 90% das operações

Reembolsos do impostosobre valor agregado

Geralmente os países da América Latina têm

problemas com a arrecadação dos impostos

sobre valor agregado (IVA), que são desvia-

dos através de operações em dinheiro em

espécie sem registro. Esse é um problema

significativo na América Latina porque a

maioria dos países possuem economias

informais grandes. Alguns países também

procuram promover o uso de produtos de

pagamento eletrônico para usufruir seus

outros benefícios. Os governos da Colômbia

e Argentina atacaram esse problema traba-

lhando com a indústria bancária para inte-

grar um desconto do IVA em operações com

cartão para proporcionar um incentivo de

seu uso. E, em ambos os países, os descon-

tos são oferecidos como reembolsos para

titulares de cartão, que possuem a van-

tagem de assegurar que as reduções do IVA

não sejam absorvidas pelos varejistas.

Na Colômbia, uma nova lei promulgada

no final de 2003 determina que toda compra

com uma taxa de IVA de 10% a 16% receberá

um desconto de dois pontos se forem

processadas com um cartão de crédito ou

débito. Os reembolsos são depositados na

conta bancária do titular do cartão até o

final de março do ano seguinte à compra. Os

beneficiários devem solicitar o reembolso,

normalmente submetendo um formulário

fornecido pela rede do Credibanco. Mas

desde o início de 2005, os titulares de cartão

podem solicitar cálculos automáticos a

serem feitos em seu nome. O governo espera

reembolsar P100bi em 2005.

Na Argentina, um desconto para cartões

de débito foi lançado na ocasião do corralito

(uma restrição oficial sobre as retiradas em

espécie de contas bancárias) em 2001 e os

cartões de crédito foram adicionados em

2003. Os titulares de cartões recebem uma

redução de cinco pontos da taxa básica do

IVA de 21% no país e três pontos para

operações de cartão de crédito. Existe uma

redução separada de dois pontos para

compras de gasolina. O reembolso é mensal,

com a quantia creditada à conta de cartão

de crédito do titular ou conta bancária. Não

existem avaliações públicas do sucesso

deste programa, mas os observadores da

indústria dizem que ele teve seu papel no

grande crescimento do volume das

operações com cartão de débito desde 2001.

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© The Economist Intelligence Unit 2005 17

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Argentina

compensadas através do sistema de liquidação

interbancária são transferências eletrônicas de fundos

entre empresas em que os fundos são teoricamente

creditados na conta recebedora no mesmo dia, muito

embora possam levar mais de 24 horas para serem

liquidadas. Os usuários desse sistema enviam

instruções sobre a transferência para o sistema

Interbancário que, por sua vez, envia instruções para o

banco devedor usando o sistema de Meios Eletrônicos

de Pagamento (MPE).

O uso de débitos diretos pelo consumidor também

vem aumentado rapidamente, muito embora eles

possam demorar até 72 horas. A força motriz por trás

disso é o serviço postal não ser considerado confiável

o bastante para lidar com dinheiro, e também a

disponibilidade de transferências com base em cartão

que fomentou o desenvolvimento desse modo de

transferência. O aumento da demanda levou ao

desenvolvimento de produtos especializados de

débito direto do consumidor como o Serviço de Débito

do Visa, que permite pagamentos periódicos com

cartões Visa ou cartões Visa Electron. Os usuários

podem efetuar pagamentos por telefone e suspender

um pagamento com aviso de 24 horas. Os

comerciantes podem verificar os saldos disponíveis

antes de iniciar o débito e receber notificação

automática quando os números do cartão mudarem,

assim como relatórios completos. Um outro serviço

executado pelo Banelco, chamado

pagomiscuentas.com, permite a todos que possuem

cartão de ATM pagar contas on line. O Link Pagos da

RedLink oferece recursos semelhantes.

Solidez e oportunidades

A liderança do BCRA, combinada com a disposição dos

bancos de investir em infra-estrutura, levou a uma

rápida implantação do sistema de pagamento

modernizado da Argentina, mesmo no meio da crise

cambial e financeira. Devido a isso, o país possui uma

infra-estrutura de pagamentos eletrônicos que é tão

moderna quanto a de qualquer outro país da América

Latina, muito embora o uso de dinheiro em espécie

continue em níveis elevados, e milhares de empresas

ainda recorram aos serviços de firmas de

gerenciamento de dinheiro.

O governo promoveu o uso dos cartões de débito e

de crédito oferecendo incentivos fiscais e promovendo

intensamente o uso de cartões salário, mas isso não

teve o efeito de desestimular o uso de cheques. Ao

contrário, houve uma concentração na promoção

tanto de produtos de pagamento eletrônico quanto no

uso de cheques como alternativas para o dinheiro em

espécie, de modo a aumentar a participação na

economia formal.

De qualquer forma, fica difícil avaliar as

oportunidades de outras melhorias nos sistemas

eletrônicos quando o sistema bancário está nessa

desordem. Os bancos estão em sua maioria insolventes

e há mais de cinco anos estão assimilando as baixas

dos prejuízos causados pela conversão assimétrica

para pesos das dívidas denominadas em dólares. A

maioria dos observadores acredita que levará alguns

anos para que o sistema bancário consiga restaurar

sua função tradicional de intermediário. Enquanto

isso, os bancos começaram a valer-se dos sistemas de

pagamentos modernizados para melhorar suas

funções operacionais e começar a reconstruir os

produtos de crédito para o consumidor. Especialistas

do setor acreditam que os cartões de crédito

comerciais são o segmento de mais forte potencial no

curto prazo, principalmente à medida que o crédito se

estende para as pequenas empresas. Os produtos de

remessa também são considerados como uma

oportunidade significativa.

Panorama

As autoridades do setor financeiro não esperam

mudanças importantes nos sistemas de pagamentos

nos próximos anos, a não ser a implantação de um

sistema de imagens de cheques. Um novo sistema, que

eliminará a necessidade de transportar fisicamente os

cheques “superiores”, está agora na fase de teste e

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18 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Argentina

deverá ser implantado em 2006. Essa nova facilidade

estenderá para o resto do país o tempo de

compensação de 48 horas agora visto em Buenos

Aires, a capital do país. Isso pode reduzir o uso de

dinheiro, mas pode também retardar a penetração dos

produtos de pagamento eletrônico.

Mais especificamente, o BCRA não vê muito campo

para melhoramento na infra-estrutura de

transferência eletrônica de fundos, e espera que o uso

aumente gradualmente no médio prazo. À medida que

a recuperação econômica prossiga, mais pessoas e

empresas que operam “fora dos registros oficiais”

começarão a usar o sistema bancário—algumas pela

primeira vez. Atualmente, estima-se que 30% das

contas dos prestadores de serviços argentinos são

pagas por débito direto.

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© The Economist Intelligence Unit 2005 19

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Brasil tem uma população em torno de 180

milhões. O PIB nominal alcançou US$ 610

bilhões em 2004, e o crescimento real foi um

saudável 5,2%, um aumento de 0,5% em relação ao

ano anterior. A renda per capita foi de US$ 8.540 em

dólares internacionais de paridade de poder aquisitivo

(PPP) em 2004.

Em 1993 o Brasil lançou uma estratégia agressiva

para manter a hiperinflação sob controle. Parte dessa

estratégia incluiu o Plano Real, que estabeleceu o Real

como moeda nacional. Em conseqüência disso, a

inflação dos preços para o consumidor caiu firmemente,

passando de mais de 2.000% em 1994 para 3,2% em

1998. Os preços aumentaram 6,6% em 2004.

O setor financeiro

Embora o Brasil seja o maior mercado da América do

Sul, a proporção de famílias que podem usar bancos é

baixa porque o país tem uma das economias mais

polarizadas do mundo. O importante desafio para as

firmas do setor financeiro é alcançar as camadas sócio-

econômicas mais baixas. Com o governo

comprometido com o superávit fiscal, a redução dos

requisitos para empréstimo do setor público libertará

o capital para o investimento privado. O mercado de

capitais brasileiro é subdesenvolvido e a falta de

liquidez tende a tornar esse problema cíclico. A cultura

do crédito não floresceu, em grande parte por causa

das altíssimas taxas de juros para empréstimo que

chegaram a uma média de 55% em 2004, entre as mais

altas do mundo. A inflação dos preços para o

consumidor caiu para 6,6% em 2004 e as taxas de

juros estão projetadas para baixarem gradualmente

nos próximos anos.

Instituições governantes

O Banco Central do Brasil (BCB) supervisiona as

instituições financeiras, regula os mercados

monetários e desempenha o principal papel no

controle das operações de câmbio do país. Porém ele

não é responsável pela política monetária. Essa função

faz parte do campo de ação do Conselho Monetário

Nacional (CMN), que é o principal órgão da política do

Ministério das Finanças.

Bancos

Os bancos comerciais do Brasil são os mais sólidos da

América Latina e têm agüentado confortavelmente os

efeitos dos choques externos. A maioria desses bancos

faz parte dos conglomerados que surgiram com a

intensa atividade de consolidação desde 2000. A

privatização e a mudança estrutural levaram a um

aumento da participação estrangeira, e 25% dos ativos

bancários pertencem agora a entidades estrangeiras.

As reformas importantes desde 1998 foram: criação

de bancos de “multifinalidades” e a privatização dos

bancos estatais. Os dois maiores bancos do país

continuam sob o controle do governo e não há

atualmente nenhuma programação de licitação. O

número de bancos caiu de 242 em 1995 para 160 em

2004. A entrada de bancos estrangeiros também

contribuiu para modernizar o setor e colocá-lo numa

posição mais sólida. Cinco dos dez principais bancos

privados eram de propriedade estrangeira no final de

2004. Porém algumas instituições financeiras

estrangeiras menores reduziram sua exposição

brasileira em 2002-03, diminuindo assim a

participação de ativos estrangeiros de 28% no final de

2002 para 24% no final do ano de 2004.

Os cinco maiores bancos controlam pouco mais da

Brasil

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20 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Brasil

metade dos ativos bancários do Brasil. Os dois maiores

bancos, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal,

são de propriedade do governo federal e juntos

controlam quase 27% do total dos ativos bancários. Os

outros três componentes dos cinco bancos principais,

Banco Bradesco, Banco Itaú e Unibanco, são de

propriedade privada. O maior banco estrangeiro é o

Banco Santander Central Hispano com 4,5% do total

dos ativos bancários no final de 2004. O Brasil tem a

maior penetração bancária da América Latina com

72,2% da população em 2002 e quase dois terços dela

tinham contas correntes.

Sistemas de câmara de compensação

As reformas do sistema financeiro do Brasil implantadas

depois da crise bancária de 1995 almejavam

basicamente aumentar a rapidez do processamento. O

foco mudou para gerenciamento de risco em 2002 com a

introdução do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB),

que inclui um sistema de liquidação LBTR de grandes

valores operados pelo Banco Central. O SPB consegue

diminuir o risco sistêmico controlando as contas de

reserva do Banco Central durante o dia e fornecendo um

Sistema de Transferência de Reservas em tempo real

(STR). Saques a descoberto das contas de reserva não

são mais permitidos, e as compensações de operações

de um banco se atrasam se o banco não tiver fundos

suficientes.

Desde 2002, as operações e saques com cartão de

débito da rede de ATM do Banco24Horas

compartilhada por 52 bancos têm sido compensados e

liquidados através de um sistema operado por

Tecnologia Bancária (TecBan). Trata-se de um sistema

de liquidação líquida multilateral com liquidações

finais através do STR. Os dados dos ATMs e terminais

são transmitidos através de uma rede de comunicação

privada. Uma rede menor denominada Rede Verde-

Amarela serve 11 bancos estaduais, e é operada pela

associação bancária estadual e regional. As operações

com o Visa e MasterCard foram transferidas da COMPE

para a VisaNet e RedeCard respectivamente em 2002.

Produtos de pagamento eletrônico

Os cheques possuem status especial no Brasil e embora

continuem servindo como instrumento de crédito, seu

uso tem diminuído gradualmente. Os cheques são

extensamente aceitos no Brasil por causa da forte

proteção legal que desfrutam, e isso torna os cheques

pré-datados uma ferramenta de crédito eficaz. Contudo,

a quantidade de operações com cartão de crédito e de

débito per capita (13,5) superou a quantidade de

cheques emitidos (11,8) pela primeira vez em 2004,

enquanto que o valor de cheques caiu para 61% do PIB,

metade do nível de 2002. Mesmo assim, a quantidade de

cheques emitidos no Brasil foi de 2,1 bilhões em 2004,

diminuindo somente 20% desde 2000, e continuam

sendo o mecanismo de pagamento mais caro. Em abril

de 2005 o BCB indicou que está considerando retardar o

tempo de liquidação dos cheques inferiores a 300 reais

para desestimular o uso de cheques.

Cartões de crédito

Os cartões de crédito ganharam popularidade

generalizada no Brasil após o sucesso do Plano Real de

manter a inflação em níveis sustentáveis. A

quantidade de cartões em vigor aumentou

rapidamente, subindo 88% entre 2000 e 2004,

alcançando 52,5 milhões. O Brasil agora tem a maior

penetração de cartão de crédito da região com 0,293

per capita em 2004. Compara-se com a do Chile de

0,166% , sendo digno de nota porque este último tem

uma renda per capita muito mais elevada.

As principais marcas são Visa, MasterCard,

American Express, e HiperCard. Quase todos os bancos

emitem produtos tanto da Visa quanto da MasterCard.

Os bancos oferecem uma ampla gama de produtos de

cartão, inclusive uma variedade de planos de pontos

de prêmio e outros benefícios para os titulares, os

affinity cards de universidade e a combinação de

cartões crédito-débito.

Os cartões corporativos e de empresas ganharam

força nos últimos dois anos, embora ainda exista

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espaço considerável para crescimento à medida que os

clientes empresas e clientes governo se tornem mais

familiarizados com as suas vantagens.

Cartões de débito

Os cartões de débito são bastante populares no Brasil,

tiveram uma penetração per capita de 0,92 em 2003, o

ano mais recente com dados disponíveis na ocasião em

que preparamos este relatório. A quantidade de

cartões em vigor, a quantidade de operações e o

volume no ponto de venda, tudo isso aumentou

aproximadamente 45% só em 2003.

O Visa Electron, Redeshop (da MasterCard) e

Cheque Eletrônico (da TecBan) são os cartões de

débito mais comuns no Brasil; o Maestro da

MasterCard também está disponível. Os bancos

promoveram ativamente os cartões de débito como

forma de substituir os cheques e como uma ferramenta

para alcançar a população sem banco. Os bancos

normalmente fornecem um de seus próprios cartões de

débito para cada conta corrente, mas muitos clientes

abastados preferem os cartões de débito de marca

global porque permitem melhor controle do

orçamento e menor risco de fraude. Uma variedade de

cartões de finalidades especiais também está

disponível, inclusive diversos cartões pré-pagos de

incentivos e benefícios para empregados.

Cartões inteligentes e cartões pré-pagos

Uma série de cartões pré-pagos foi introduzida no

Brasil, inclusive o Visa Vale (consulte a barra lateral), e o

uso deles vem aumentando gradualmente. Foram

realizados testes de mercado de aumento de segurança

com alguns cartões de crédito inteligentes, mas esses

cartões encontraram dificuldades. Os observadores

dizem que houve problema com o pessoal das lojas, que

não sabia como usar os cartões, e os consumidores que,

por sua vez, geralmente não percebiam a necessidade de

usar um PIN (número de identificação pessoal) com um

cartão de crédito. São utilizados cartões pré-pagos em

alguns sistemas de telefonia e de trânsito.

Créditos e débitos diretos

O Brasil modernizou seu sistema de transferência

direta de fundos em 2002 com a introdução da

Transferência Eletrônica Disponível (TED), que permite

créditos diretos no mesmo dia, iniciados pelo cliente

© The Economist Intelligence Unit 2005 21

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Brasil

BrasilCartões em vigorNúmero de cartões per capita no final do ano

2000

2001

2002

2003

2004

0.5030.164

0.5860.205

0.6540.238

0.9200.269

1.245*0.293

Fontes: Banco Central do Brasil; Febraban (Federação Brasileira de Bancos); Abecs (Assoc. Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito) and Bacen

* Estimativa

Cartões de débitoCartões de crédito

BrasilTransações com cartãoNúmero de transações per capita por ano

2000

2001

2002

2003

2004

1.215.88

1.895.96

2.586.41

3.747.27

4.98*8.47

Fontes: Banco Central do Brasil; Febraban (Federação Brasileira de Bancos); Abecs (Assoc. Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito) and Bacen

* Estimativa

Cartões de débitoCartões de crédito

BrasilValor das transações com cartãoValor das transções anuais como % do PIB

2000

2001

2002

2003

2004

0.0090.046

0.0130.052

0.0160.054

0.0220.056

0.027*0.058

Fontes: Banco Central do Brasil; Febraban (Federação Brasileira de Bancos); Abecs (Assoc. Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito) and Bacen

* Estimativa

Cartões de débitoCartões de crédito

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22 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Brasil

para uma finalidade específica. Os bancos também

oferecem serviços de débito automático, mas

atualmente não existe um sistema de débito direto

entre bancos, portanto esses serviços ficam limitados

principalmente para pagamentos de contas de serviços

de utilidade pública e outros pagamentos periódicos.

Os bancos experimentaram os sistemas de

transferência de dinheiro com brasileiros que vivem no

Japão, mas eles ainda não alcançaram grandes

incursões dentro deste mercado.

Solidez e oportunidades

O Sistema Nacional de Pagamentos (SPB) foi

considerado um grande sucesso pelos executivos de

serviços financeiros, principalmente considerando que

é relativamente recente e que ainda não foi

completamente instalado. O emprego de uma

estrutura moderna de pagamento e liquidação reduziu

os riscos privados do sistema interbancário, e

aumentou a eficiência econômica. Os bancos já

alcançaram maior agilidade nos pagamentos e maior

redução dos custos. Os clientes se beneficiaram de um

melhor acesso a suas contas, assim como de produtos

de pagamento com novos cartões e com base na

Internet, e provavelmente verão a redução das taxas

nos próximos anos, à medida que as reduções de custo

sejam repassadas.

Os governos têm sido também os principais

beneficiados com a modernização, não só através dos

amplos benefícios para a economia, mas também pelo

próprio uso de produtos de pagamento eletrônico. Os

bancos comerciais exercem um papel central na

arrecadação e desembolso de pagamentos em nome

dos três poderes do governo, e as novas ferramentas

implantadas desde 2002 proporcionaram a eles a

capacidade de supervisionar suas contas no BCB em

tempo real, encurtar os atrasos da arrecadação de

impostos, e efetuar de forma mais rápida e por menor

custo os pagamentos a beneficiários. Os operadores de

cartões atualmente estão negociando com o governo

federal um acordo para aceitar cartões de crédito e

débito para pagamento de imposto de renda, que

poderá ser pago por transferência direta de fundos,

mas não com cartões.

Os bancos realizaram inovações de modo a alcançar

grupos de renda mais baixa. Compraram empresas

Visa Vale

Vários dos maiores bancos do Brasil se asso-

ciaram à Visa para providenciar a substitu-

ição de vales em papel por bens e serviços

básicos que os empregadores fornecem

como benefícios adicionais. Em 2002, eles

constituíram uma empresa chamada Com-

panhia Brasileira de Soluções e Serviço

(CBSS) para emitir um cartão pré-pago

denominado Visa Vale. Até agora, mais de

1,1 milhões de cartões foram emitidos e a

CBSS atualmente processa 7 milhões de

transações por mês.

Mediante um programa do governo

conhecido como PAT (Programa de

Alimentação do Trabalhador),

empregadores recebem deduções do

imposto de renda se oferecerem vales que os

funcionários e suas famílias possam resgatar

por alimentos. Os vales são considerados

como um benefício adicional e não são

tributados contanto que sejam usados para

alimentos. Outros países na região possuem

programas similares.

Há uma série de problemas com os

programas tradicionais com base em papel.

Os vales devem ser emitidos todo mês e, já

que são equivalentes a dinheiro, a

distribuição é cara e sujeita a prejuízos. O

comerciante deve coletar os vales para

reembolso periódico e se algum deles for

usado por um valor menor que o valor de

face, deve ser emitido um “canhoto de vale”

para verificação de saldo. Os vales de papel

tornaram-se uma forma de “dinheiro

paralelo” e um mercado negro se

desenvolveu para desviar esse poder de

consumo para fins desautorizados,

resultando em evasão fiscal flagrante.

Os cartões de Refeição Visa Vale e de

Alimentação Visa Vale podem ser usados em

restaurantes e lojas de alimentação,

respectivamente. Da perspectiva do

governo, eles reduzem em muito as fraudes,

pois são fundamentados em PIN (Número de

Identificação Pessoal), possuem o nome do

funcionário e podem ser cancelados em caso

de perda. Para o comerciante, não existe

mais canhoto de vale e o registro de saída é

automático usando um terminal normal, que

significa pagamento imediato e a

eliminação da despesa de manusear os vales

de papel.

Os funcionários também se beneficiam. O

Banco Bradesco, um sócio da CBSS, também

oferece o cartão para seus funcionários. Os

executivos do Bradesco informaram que

houve reduções substanciais dos custos

administrativos e operacionais, pois cada

conta Visa Vale do funcionário é recarregada

automaticamente e os cartões são emitidos

somente uma vez.

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© The Economist Intelligence Unit 2005 23

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Brasil

financeiras menores recentemente e estabeleceram

acordos de parceria com comerciantes para criar novas

carteiras de marca privada. Estão também explorando

novos produtos que ofereçam taxas baixas de juros

devido a estarem garantidos por um vínculo salarial ou

plano de pensão. Alguns bancos menores lançaram

recentemente produtos Visa dirigidos para a

população de aposentados. O Bradesco introduziu um

cartão de crédito para indivíduos que ganham apenas

o salário mínimo. Em outro desenvolvimento visando

alcançar a população sem serviço bancário, o Banco

Popular e o Banco Postal (de propriedade do Banco

Brasil e Bradesco/Correios respectivamente) estão

montando uma infra-estrutura bancária e produtos de

pagamento para mais de 4000 municípios rurais por

todo o interior do Brasil.

O governo tomou uma série de medidas para ajudar

as pequenas empresas a obterem melhor acesso ao

crédito, e as empresas de médio porte provavelmente

surgirão como campo de oportunidade para os bancos.

Por exemplo, o banco de desenvolvimento do governo,

BNDES, juntou forças com o Bradesco e Banco do

Brasil para oferecer soluções de linhas de crédito e de

cartão de pagamento para pequenas empresas que

precisem comprar máquinas.

Porém, apesar dos avanços, algumas ineficiências

permanecem. A migração dos cheques para a TED

reduziu o valor das operações processadas pela COMPE

por volta de dois terços. Mas houve apenas uma redução

de 5% na quantidade de documentos processados, que

incluem Documentos de Crédito (DOCs) e cheques. Isso

reflete o fato de que a grande maioria das operações são

inferiores a 5.000 reais, e não são manobradas pelo SPB.

Vista de uma perspectiva de redução de risco, a

prioridade dada a pagamentos maiores foi certa, mas os

custos da COMPE agora são muito maiores em relação ao

valor que processa.

O problema por trás disso tudo é que os cheques

continuam sendo populares entre o público, mesmo

para operações de maior vulto que poderiam ser

efetuadas pela TED. As autoridades do Banco Central

dizem que gostariam de desestimular o uso de

cheques, e o banco está agora planejando uma outra

rodada de reformas, desta vez dirigida a pagamentos

de baixo valor. Ele indicou que entre as novas medidas

podem estar os incentivos de cooperação

interbancária, a padronização dos protocolos de

comunicações, truncamento de cheques e a promoção

de instrumentos eletrônicos. Alguns especialistas do

setor também sugeriram o aumento do tempo de

compensação de cheques, como fizeram no México

para aumentar o uso de TEDs e DOCs.

A segurança tornou-se o maior problema para os

cartões de débito, à medida que o uso de fraudes

passou dos cartões de crédito para os cartões de

débito nos últimos anos. O roubo de informações

sobre o titular no ATM foi identificado como a raiz do

problema e os bancos estão agora implantando

controles mais rigorosos contra a fraude.

Há também oportunidades para melhorias na

eficiência da rede de ATMs e na base de terminais. No

caso de terminais, muitos comerciantes são forçados a

manter dois sistemas de modo a contornar as

incompatibilidades tecnológicas, e existem também

redes múltiplas de ATMs. Os bancos maiores têm

tradicionalmente visto as redes privadas de ATM como

uma ferramenta competitiva, ao passo que os bancos

menores têm estado mais propensos a compartilhar

suas redes. Em 2003 havia 29 redes de ATM operando

no país com mais de 137.000 ATMs, estando apenas

38% deles ligados a uma rede “aberta”. Uma rede

compartilhada reduziria substancialmente os custos.

Por exemplo, no Aeroporto de Guarulhos em São

Paulo, existem dez ATMs de seis bancos, que é cerca do

dobro que uma rede compartilhada precisaria.

Panorama

Os níveis de renda drasticamente reduzidos durante a

recessão de 1999 deverão recuperar-se gradualmente.

Espera-se que a renda pessoal disponível depois dos

impostos cresça mais que a média anual de 5% nos

próximos anos, fazendo aumentar o consumo e a

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24 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Brasil

demanda de serviços financeiros.

Tendo agora as reformas de 2002 tido sucesso em

reduzir o risco sistêmico, os próximos passos na

evolução dos sistemas de pagamento e liquidação

serão aumentar a eficiência das operações de valor

médio, principalmente estimulando a substituição dos

cheques por produtos de pagamento eletrônico. As

autoridades do sistema financeiro, executivos

bancários e outros observadores dizem que os

desenvolvimentos esperados descritos abaixo são, em

sua maioria, independentes um do outro, e não

ocorrerão em nenhuma seqüência determinada.

Apesar da introdução da TED no mesmo dia para

créditos diretos, muitos clientes continuam a usar os

métodos mais lentos do DOC, porque não estão

familiarizadas com a TED. Espera-se que as autoridades

diminuam gradualmente o valor máximo de 5.000 reais

para DOC de modo a agilizar a operação. Uma outra

modernização no horizonte é a de débitos diretos entre

bancos. Atualmente, os fornecedores têm que manter

contas em vários bancos, o que faz com que o sistema

só possa ser usado por grandes organizações como, por

exemplo, os prestadores de serviços públicos. Mas isso

não é encarado como de grande prioridade, portanto os

débitos diretos entre bancos provavelmente não serão

implantados antes de 2007.

Embora a quantidade de cheques de baixo valor

tenha caído vertiginosamente em 2003 após as

reformas do ano anterior, ainda houve emissão de

mais de 1,7 bilhões de cheques “inferiores”, ou seja,

mais de três quartos do total de cheques. Os

observadores acreditam que melhoramentos na rede

de ATM estimulariam a realização de pequenas

operações com dinheiro. A falta de interoperabilidade

é o problema mais importante. As ligações entre as 29

redes de ATM do país serão facilitadas pelos

melhoramentos dos sistemas de compensação e

liquidação que foram planejados para meados de

2006. Atualmente cada operação interbancária é

encaminhada do ATM para o banco que a possui e

depois para Câmara de Compensação de Pagamentos

Interbancários (CIP) e, em seguida, para o outro

banco. A confirmação volta pelo mesmo caminho.

Quando os melhoramentos planejados forem

implantados, as informações serão enviadas

diretamente do ATM para a CIP.

As autoridades financeiras do Brasil acreditam que

o uso generalizado e contínuo de Boletos de Cobrança

para contas representa risco considerável para o SPB.

O número de operações que utilizam esse veículo

continua aumentando mesmo depois das reformas de

2002, e com a introdução da TED sua participação no

valor das operações manobradas pela COMPE subiu

abruptamente de 18,8% em 2002 para 38,6% em

2003. Mas, embora os boletos permitam pagamento

eletrônico de contas nos ATMs ou pela Internet, eles

ainda são enviados aos clientes pelo correio. A CIP

está no processo de criar um boleto eletrônico de

modo a eliminar o documento em papel para muitas

operações. Isso é visto com um meio de aumentar a

liquidez do sistema financeiro e também como um

meio de reduzir o risco de fraude. Os novos boletos

serão enviados por e-mail ou baixados dos websites

das empresas. O pagamento será efetuado de forma

eletrônica, via débito direto ou por transferência

eletrônica de fundos. O comprovante de pagamento,

atualmente um documento em papel, passará também

a ser um arquivo eletrônico.

Observadores do setor financeiro no Brasil dizem

que as três oportunidades mais importantes para

aumentar o crescimento estão nos produtos de

pagamento comercial para pequenas e médias

empresas, cartões de compras do governo e produtos

inovadores para o segmento de baixa renda. Entre as

oportunidades estão o aumento da taxa de ativação e

uso dos cartões existentes em vigor e também a

expansão da base de clientes. Em particular, eles

acreditam que, embora deva levar algum tempo para

que os clientes governo e clientes empresa

reconheçam perfeitamente os benefícios dos cartões

de compra em termos de controle e transparência das

despesas, existe um enorme espaço para crescimento.

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© The Economist Intelligence Unit 2005 25

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

OChile tem uma população em torno de 16

milhões. O PIB nominal alcançou US$ 91

bilhões em 2004. O crescimento real foi um

robusto 6,0%, um ganho considerável de 3,3% em

relação ao ano anterior, principalmente devido aos

preços animadores das commodities. A renda per

capita foi de US$ 11.630 em dólares internacionais de

paridade de poder aquisitivo (PPP) em 2004.

O setor financeiro

O crescimento econômico sustentado após a recessão

de 1999 elevou a renda pessoal e expandiu a classe

média, trazendo a demanda de serviços financeiros. O

crédito para o consumidor e os empréstimos

habitacionais cresceram em 2003, à medida que as

taxas de juros caíram. A inflação dos preços ao

consumidor foi um pouco mais de 1% em 2004. A

liquidez está alta em termos comparativos, e embora

ainda seja um fator limitante, principalmente para as

pequenas empresas, o acesso ao crédito em moeda

local está extraordinariamente bom para um mercado

latino-americano. O sistema bancário está bem

capitalizado, competitivo e administrado com

prudência. O empréstimo ao consumidor é um campo

de batalha lucrativo, mas violento, onde os varejistas

exercem um papel extraordinariamente grande.

Instituições governantes

O Banco Central do Chile (BCC) é independente e tem

controle absoluto sobre a política monetária. Suas

responsabilidades incluem estabelecer as regras para

cartões de crédito emitidos por banco, mas não para

cartões com marca privada emitidos por lojas. Essas regras

são executadas pela Agência de Supervisão Bancária do

Chile (ASBC), que é uma instituição autônoma.

Bancos

Em 2004 havia 12 bancos comerciais privados de

propriedade local operando no Chile, junto com 13

bancos estrangeiros de serviço completo e um banco

estatal. Os cinco bancos principais eram responsáveis

por 73,2% dos depósitos em outubro de 2004. Os

bancos estrangeiros possuíam 43% do total dos ativos

bancários.

Os dois maiores bancos, Banco Santander Santiago

e Banco de Chile, juntos eram responsáveis por 41%

dos ativos bancários. Os cinco principais bancos, onde

também se incluem o Banco de Crédito e Inversiones,

Banco Bilbao Vizcaya Argentina e Corpbanca,

respondem por uma participação de 66,5%. Nenhum

outro banco tem participação superior a 4%. A

penetração do sistema bancário foi estimada em

43,5% da população em 2002. O uso de conta corrente

continua muito baixo, mas a penetração do segmento

de baixa renda melhorou com o emprego de contas “à

vista” (cuenta a la vista) em 1996. Essas contas são

associadas a ATM ou cartões de débito e não têm os

privilégios das contas correntes.

Sistemas de câmara de compensação

A infra-estrutura de pagamentos foi substancialmente

modernizada após uma emenda em 1997 da Lei

Bancária Geral. A execução foi gradativa, devido ao

problema prolongado da dívida subordinada que

continuou afetando as instituições financeiras. O

grande empurrão no sentido da modernização foi

iniciado pelo BCC em setembro de 2000, inclusive o

desenvolvimento de um novo sistema de LBTR, que

será inteiramente instalado até setembro de 2005.

O Chile tem duas redes de ATM, a Redbanc

(estabelecida em 1987) e a Globalnet (estabelecida em

Chile

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26 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Chile

1992). Essas redes pertencem aos bancos

participantes. As duas organizações anunciaram um

acordo de interconexão em 2004. O Transbank

(estabelecido em 1993) opera uma rede para

instituições financeiras que emitem os cartões de

crédito Visa, MasterCard, American Express, Diners Club

e Magna. Ele também lida com os cartões de débito

Redcompra, Electron e Maestro, e ainda com marcas de

cartão de banco doméstico. O Transbank também

fornece um sistema de compensação chamado Webpay

para vendas de cartão de crédito pela Internet.

Produtos de pagamento eletrônico

A penetração dos produtos de pagamento eletrônico

tem sido influenciada pelo fato de que o cheque é um

recurso firmemente estabelecido na sociedade

chilena. O cheque é um instrumento muito seguro

porque existem termos de prisão para quem passa

cheques com fundos insuficientes. Os cheques também

são símbolo de status devido aos rigorosos requisitos

antes da emissão, e podem ser usados como forma de

crédito, através de um esquema conhecido como Tres

Cuotas, em que os clientes pagam com três cheques

pré-datados em 30, 60 e 90 dias. Estima-se que 25%

do mercado varejista chileno seja financiado por

algum tipo de pagamentos em prestação. A

quantidade de cheques emitidos per capita foi de 19,1

em 2004, sem dúvida o mais alto nível de qualquer um

dos países avaliados neste relatório oficial.

Cartões de crédito

Apesar da popularidade dos cheques entre os

consumidores abastados, a penetração do cartão de

crédito é alta em relação à de outros mercados latino-

americanos. A penetração de cartões de crédito

emitidos por bancos foi relativamente baixa com 0,166

per capita em 2004, tendo 2,6 milhões em vigor. Esses

dados excluem cartões de lojas, para os quais não

existem dados estatísticos oficiais.

Os principais bancos emitem cartões de crédito Visa

e também MasterCard. Alguns emitem também cartões

American Express e Diners, e existem algumas marcas

locais. Os cartões de crédito, na sua maioria, são

associados a contas bancárias e não são promovidos

separadamente, embora alguns bancos ofereçam

mercadoria como incentivo para concorrer com a

prática comum entre os varejistas de oferecer

“brindes” ou descontos para titulares de cartão.

O Transbank oferece uma facilidade de pagamento

em prestações para marcas de cartão de crédito

globais, que fornecem termos de isenção de juros

idênticos ao do sistema de Tres Cuotas dos cheques

pré-datados. Em 2002, o Transbank lançou um novo

serviço chamado Pagamento Automático de Cartão

(PAC), que permite aos titulares distantes usar os

principais cartões de crédito para efetuar pagamentos

periódicos ou para uma finalidade específica. O

Transbank e os bancos emitentes têm promovido

intensamente esse serviço, e 10% das operações são

agora realizadas através do PAC.

Embora a quantidade de cartões de crédito emitidos

por banco em vigor tenha continuado estável nos

últimos cinco anos, houve um pico no valor das

operações em 2003. A repressão da demanda de bens

de consumo duráveis ficou à solta devido à queda

acentuada das taxas de juros de empréstimo para

6,2% durante o ano. O aumento de 3,7% na renda

pessoal disponível após os impostos contribuiu para

aumentar a demanda.

Os cartões de crédito de marcas privadas emitidos

por lojas incluem cartões “abertos”que são honrados

em diversas lojas, assim como cartões “fechados” de

uma única loja. As estimativas em relação à

quantidade de cartões em vigor variam intensamente,

em parte devido ao tratamento diferente dos cartões

inativos. Uma estimativa coloca o número de cartões

ativos entre 7,6 e 8,0 milhões. Os cartões de loja são

originalmente emitidos para pessoas de baixa renda

sem acesso a crédito bancário, e apesar da quantidade

muito maior de cartões de loja em vigor, os cartões de

crédito emitidos por bancos captam cerca da metade

do total de pagamentos por cartão de crédito.

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Cartões de débito

A quantidade de cartões de débito em vigor tem

aumentado firmemente no Chile, e também o valor das

operações. Os cartões de débito, geralmente “cartões

de clientes” ou “cartões bancários” com marca de

banco, eram tradicionalmente associados a contas

correntes e emitidos automaticamente como parte de

um pacote de serviços. O primeiro cartão de débito de

diversos bancos denominado Checkline (agora Red

Compra) foi introduzido em 1995 e tem sido

extremamente bem-sucedido, e agora responde por

cerca de 30% de todas as operações com cartão. Porém

o grosso dos cartões em vigor são cartões Visa Electron

e Maestro emitidos pelos bancos.

Cartões inteligentes e cartões pré-pagos

O cartão inteligente teve apenas uso limitado no Chile

até pouco tempo atrás, embora as iniciativas para

implantá-los extensamente estejam agora em

andamento. Além de tornarem as operações de crédito

mais seguras os cartões ativados por chip facilitam

uma grande variedade de programas de fidelidade. Os

cartões inteligentes estão também sendo usados em

diversas universidades, onde os usuários podem

incluir a função de cartão de débito à carteira de

identidade de multifunções emitidas para alunos,

corpo docente e equipe de funcionários.

O Metrô de Santiago introduziu os cartões

inteligentes sem contato no início de 2005 em todas

as suas 52 estações de metrô, usando o sistema de

cartão Multivia. Os ônibus públicos começarão a

aceitar cartões em meados de 2005. A Associação da

União Metropolitana para Transporte de Passageiros

está também introduzindo cartões inteligentes em

3.800 ônibus de operação privada.

Créditos e débitos diretos

As transferências diretas de fundos foram introduzidas

no Chile por volta de 1990, mas inicialmente a falta de

uma rede interbancária abrangente limitou-as a

pagamentos periódicos com grandes fornecedores. Em

meados dos anos 90 diversos bancos introduziram um

sistema interbancário de débito direto conhecido

como Pagamento Automático de Contas (PAC). Ele

permite pagamentos para uma finalidade específica, e

instituições de caridade e universidades estão entre as

500 organizações participantes.

© The Economist Intelligence Unit 2005 27

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Chile

ChileCartões em vigorNúmero de cartões per capita no final do ano

2000

2001

2002

2003

2004

0.120.16

0.140.17

0.190.17

0.240.17

0.290.17

Fontes: Banco Central de Chile, Instiuto Nacional de Estadistica de Chile, Centro de Estudios Monetearios Latinomericanos, Superintendica de Bancos e Indsituciiones Financieras de Chile

Cartões de débitoCartões de crédito

ChileTransações com cartãoNúmero de transações per capita por ano

2000

2001

2002

2003

2004

0.132.62

0.752.73

1.312.72

2.112.78

3.073.46

Fontes: Banco Central de Chile, Instiuto Nacional de Estadistica de Chile, Centro de Estudios Monetearios Latinomericanos, Superintendica de Bancos e Indsituciiones Financieras de Chile

Cartões de débitoCartões de crédito

ChileValor das transações com cartãoValor das transções anuais como % do PIB

2000

2001

2002

2003

2004

0.000.02

0.000.02

0.010.02

0.010.04

0.020.03

Fontes: Banco Central de Chile, Instiuto Nacional de Estadistica de Chile, Centro de Estudios Monetearios Latinomericanos, Superintendica de Bancos e Indsituciiones Financieras de Chile

Cartões de débitoCartões de crédito

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28 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Chile

Solidez e oportunidades

A modernização do sistema de pagamentos

eletrônicos do Chile gerou benefícios importantes para

todos os seus depositários. Os pagamentos são

processados de forma mais rápida e segura, e os

consumidores têm mais opções e também maior

acesso a crédito. Os comerciantes assumem mais risco

de inadimplência e os custos operacionais são mais

baixos. O sistema de LBTR do Banco Central reduziu o

risco sistêmico, cortou os custos operacionais e

proporcionou melhores informações. Do ponto de

vista do público, o sistema bancário ficou mais

acessível para as pessoas de baixa renda, e o uso do

próprio governo de sistemas de pagamentos

automatizados aumentou a eficiência do serviço

público. As reformas também melhorarão as

classificações de risco de país do Chile.

Existe uma série de oportunidades para mais

melhorias no sistema. Os cartões de débito podem

exercer maior papel na redução da quantidade de

cheques, o que reduziria o custo e agilizaria a

compensação e liquidação. Mas, a quantidade de

cheques per capita continua alta, apesar do fato de

que apenas cerca de 20% da população tenha conta

corrente. A preferência cultural por cheques, de certa

forma, é reforçada pelos bancos, que estão divididos

entre forças opostas. Se por um lado, diminuir o uso de

cheques reduziria os custos; por outro lado, o sistema

de cheques de Tres Cuotas proporciona aos bancos

uma ferramenta para concorrer contra os cartões de

crédito de lojas. Os bancos não têm reagido de forma

coerente. Após alguns anos de declínio do uso de

cheques, em 2004 alguns bancos começaram a

promovê-los de novo, e a quantidade de cheques subiu

5,3% passando a 304 milhões. Recentemente alguns

bancos rumaram em outra direção introduzindo taxas

para cheques.

Panorama

A busca agressiva de acordos comerciais do Chile

abrirá portas para empresas de médio porte,

estimulando a demanda de crédito bancário. Contudo

as pequenas firmas ainda encontrarão dificuldade para

Comércio eletrônico

O mercado de comércio eletrônico da

América Latina é um dos que cresce mais

rápido no mundo. Empresas grandes, espe-

cialmente as multinacionais usando soft-

ware especializado, respondem pelo grosso

desse mercado, mas o segmento de B2C

(empresa para consumidor) expandiu rapi-

damente. O crescimento foi na faixa de 50%

ao ano durante vários anos, apesar de limi-

tações como infra-estrutura subdesen-

volvida, baixa penetração da Internet e

oferta online limitada. Cerca de 90% das

compras online são pagas com cartões de

crédito e débito, e a relutância dos titulares

de cartões em fornecer seus números de

conta na Internet também segurou o cresci-

mento. Em 2004 o total estimado de vendas

de comércio eletrônico na América Latina

alcançou US$ 3 bilhões.

A maior confiança do consumidor no uso

de cartões online foi a força mais importante

que agiu por trás desse crescimento e, da

mesma forma, as iniciativas das marcas

globais no tratamento da questão de

segurança. Por exemplo, o Verified by Visa

aproveita a rede global da marca para

permitir operações online seguras. Ele

autentica os titulares de cartões Visa

durante o processo de registro de saída

virtual dos comerciantes participantes

usando uma senha fornecida pelo banco

emissor. O comerciante pode adicionar

essas funções ao sistema de processamento

existente. O sistema também fornece ao

titular do cartão uma mensagem pessoal

certificando que a senha solicitada é

legítima, portanto, autenticando tanto o

titular do cartão quanto o comerciante.

As melhoras dos serviços de varejo online

também tiveram um papel importante no

crescimento do segmento B2C. Os

fornecedores internacionais online têm cada

vez mais procurado a região e pleiteiam um

terço do mercado. Cerca de 40% das

operações de comércio eletrônico da

América Latina são internacionais,

comparadas com aproximadamente 15% em

nível global. Os varejistas online da América

Latina também estão alcançando mercados

internacionais com a venda de bens e

serviços para expatriados, que compram

online para entrega direta em casa a

familiares e amigos ou remessa para o

estrangeiro. Um número cada vez maior de

clientes está usando sistemas de Internet

com base em cartão para pagamentos

periódicos como contas de serviços de

utilidade pública. O setor de viagens é uma

outra área de crescimento rápido, à medida

que empresas aéreas e hotéis introduzem

sistemas de reserva e de pagamento online,

e as agências de viagem com base na web

conquistam maior fatia de mercado.

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© The Economist Intelligence Unit 2005 29

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Chile

obter crédito e continuarão a depender de

empréstimos renováveis de curto prazo. Elas podem

também aumentar o uso de cartões de pagamento

empresariais, à medida que a economia cresce. A boa

administração do risco de mercado e de crédito dos

bancos chilenos será a garantia de que uma expansão

de suas carteiras de crédito não virá às custas da

deterioração da qualidade de empréstimo.

A infra-estrutura de pagamentos do país continuará

melhorando. A câmara de compensação de baixos

valores está se preparando para introduzir um sistema

de imagens de cheques modelado no sistema Check 21

dos EUA (recebeu esse nome em razão da Lei de 2003

de Compensação de Cheques para o Século XXI). O Chile

aprovou essa legislação para permitir a introdução

desse sistema, e foi planejada uma implantação em três

etapas. Na primeira etapa, esperada para o terceiro

trimestre de 2005, os varejistas deverão escanear os

cheques e transmiti-los eletronicamente para os

respectivos bancos. Na segunda etapa, os bancos

deverão trocar imagens em vez de cheques. Na terceira

etapa, possivelmente em 2006, os clientes serão

capazes de acessar as imagens de seus cheques online.

Espera-se que o comércio eletrônico (e-commerce)

continue se expandindo rapidamente, especialmente

no setor B2B (de empresa para empresa). A

International Data Corporation estimou que as

operações B2B no Chile aumentaram 150% entre 2003

e 2004, passando para US$ 10 bilhões, ou cerca de 10%

do PIB do país. O principal propulsor desse crescimento

foi a execução, pelas autoridades fiscais, em abril de

2003 de um novo sistema de faturamento eletrônico e

um esquema de registro de assinaturas digitais a ele

associado. Espera-se que no final de 2006 cerca de 50%

das faturas sejam eletrônicas, subindo para 80% em

2008. A integração de pagamentos por transferência

direta é um próximo passo bem simples. Espera-se

também que o comércio de B2B se expanda,

principalmente após a introdução, no Chile, da

Verificação pelo Visa, planejada pela Visa.

Os cartões inteligentes estão preparados para

deslanchar no Chile como parte de um esforço

conjunto para melhorar a segurança e oferecer

melhores serviços aos titulares de cartões. Diversos

bancos de grande porte no Chile se associaram com a

Telefónica CTC Chile em 2000 para formar uma

companhia denominada Empers de Tarjetas

Inteligentes (Etisa), que está realizando as melhorias

necessárias na infra-estrutura. O Transbank está

também implantando cartões inteligentes e havia

melhorado cerca de 5.000 dos 35.000 terminais até

novembro de 2004. A Etisa prevê que a conversão de

cartões inteligentes será concluída até 2007. Com esse

melhoramento na infra-estrutura espera-se também

um aumento no uso dos cartões de débito no ponto de

venda. A Etisa está também fornecendo a tecnologia

para os novos cartões inteligentes sem contato pré-

pagos que estão sendo agora implantados no sistema

de trânsito de Santiago, e para uma proposta de usar

cartões para pagar pedágio em uma nova rodovia para

o aeroporto da cidade.

A concorrência entre cartões de crédito de bancos e

de lojas vai aumentar, principalmente se as emendas

legislativas propostas para regulamentar os cartões de

crédito forem aprovadas. Alguns analistas acreditam

que o crescimento futuro virá principalmente dos

aumentos no volume médio das operações e na

quantidade de operações por cartão, em não de uma

quantidade maior de cartões, porque os clientes

abastados tendem a usar só um cartão. Isso poderia

mudar se os bancos forem bem-sucedidos no alcance de

maior penetração na classe média, no qual os clientes

tendem a usar diversos cartões. Além disso, espera-se

que os bancos continuem expandindo a cobertura da

população sem banco. Espera-se também que a

quantidade de emissores de cartão de loja diminua para

três ou quatro no decorrer dos próximos anos, à medida

que mais varejistas “abram” redes de cartão de loja.

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30 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

AColômbia tem uma população em torno de 45

milhões de habitantes. O PIB atual alcançou

US$ 95 bilhões em 2004. O crescimento

econômico real foi um saudável 3,6% em 2004, quase

alcançando o crescimento de 3,8% do ano anterior, à

medida que a economia continua a se recuperar da

recessão de 1999. A renda per capita foi de US$ 7.000

em dólares internacionais de paridade de poder

aquisitivo (PPP) em 2004.

O setor financeiro

A combinação de crescimento econômico saudável e

taxas de juros mais baixas está provocando um

aumento na demanda de serviços financeiros, depois

da crise do final da década de 90. O crédito doméstico

está projetado para alcançar 40% do PIB até 2008, um

aumento de 32% em relação ao PIB de 2002. O

crescimento econômico continua vinculado à situação

política e ao controle da luta civil. As limitações à

propriedade estrangeira no setor financeiro

colombiano foram eliminadas durante a década de 90,

estando agora um punhado de conglomerados

estrangeiros controlando um terço dos ativos do setor

financeiro. Os “bancos universais” (multibanca)

controlam 70% dos ativos bancários. A inflação dos

preços para o consumidor estava historicamente baixa

em 5,9% em 2004, e há previsões de mais declínios.

Instituições governantes

O Banco da República (BanRep), o banco central da

Colômbia, é uma instituição independente de acordo

com a constituição do país. Ele é responsável pelas

funções habituais do banco central, inclusive de

emissão de moeda, política monetária, câmbio e

fornecimento de serviços de compensação para os

bancos, assim como de administração dos requisitos

de reserva. O banco opera ou fornece a infra-estrutura

para as principais câmaras de compensação de

pagamentos do país através de sua rede interbancária

nacional em tempo real online, o Sistema Electrónico

del Banco de la República (SEBRA). A

Superintendência Bancária da Colômbia é responsável

pela supervisão de bancos e de outras instituições

financeiras.

Bancos

Desde a crise financeira de 1998-1999, as políticas do

governo têm promovido o desenvolvimento de bancos

universais (multibanca), levando à consolidação do

setor bancário. O setor consistia em 66 instituições

(incluindo bancos, companhias financeiras,

companhias de arrendamento mercantil e outras

instituições) em 2004, menos que as 140 antes da

crise. No final de 2004 havia 24 bancos comerciais e

hipotecários privados, dos quais 15 eram privados e de

propriedade doméstica, e nove eram de propriedade

estrangeira. Pela lei, os bancos devem manter os

ativos na Colômbia e não existem sucursais de bancos

estrangeiros. Os bancos estrangeiros controlavam

menos de 20% dos ativos bancários do país no final de

2004.

Os cinco bancos principais—Bancolombia, Banco de

Bogota, BBVA Colombia, Banco Davivienda e Banco de

Occidente—controlavam quase que a metade de todos

os ativos bancários (incluindo as companhias

financeiras) no final de 2004. Desses bancos, só o

BBVA é de propriedade estrangeira e nenhum outro

banco estrangeiro tem uma participação maior que a

de 3,6% do Citibank. A proporção da população que

utiliza o sistema bancário foi estimada em 40,3% em

Colômbia

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© The Economist Intelligence Unit 2005 31

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Colômbia

2002. A penetração de conta corrente foi

excepcionalmente baixa com 9,2%.

Sistemas de câmara de compensação

O Depósito Central de Valores (DCV) foi estabelecido

pelo BanRep em 1992. Trata-se de um sistema

eletrônico de valores líquidos altos, com liquidações

ocorrendo no final de cada dia. Nessa época havia

também um sistema em tempo real para instituições

que não mantinham conta junto ao BanRep, e em 1998

esse sistema foi expandido em um sistema completo

de LBTR no meio da crise financeira. O BanRep também

administra uma câmara de compensação automatizada

líquida e multilateral de baixos valores denominada

Sistema de Compensação Eletrônica de Cheques

(CEDEC). O governo promoveu o uso de produtos de

pagamento eletrônico, e o BanRep também administra

o Sistema Nacional de Compensação Eletrônica

Interbancária (ACH-CENIT). (Os detalhes desse

programa de modernização são fornecidos em um

Apêndice.).

Existem seis redes de ATM/POS incluindo o

Credibanco, A Toda Hora (ATH), Servibanca e Redeban

Multicolor, além de várias redes de propriedade

exclusiva operadas por bancos. Os bancos que emitem

o Visa, MasterCard e American Express, as principais

organizações de cartão de crédito em operação na

Colômbia, utilizam serviços de compensação

fornecidos pelo Credibanco e Redeban Multicolor

respectivamente. Os cartões Diners são processados

por um banco comercial no qual os comerciantes que

aceitam o cartão mantêm contas.

Produtos de pagamento eletrônico

Os produtos de pagamento eletrônico estão cada vez

mais substituindo os cheques como meio de

pagamento. A quantidade de cheques processados

vem caindo a cada ano desde que alcançaram o pico de

212 milhões em 1996. Entre 2000 e 2004, a

quantidade de cheques per capita caiu de 2, 4 para

1,4. O volume de operações com cartão de crédito e de

ColômbiaCartões em vigorNúmero de cartões per capita no final do ano

2000

2001

2002

2003

2004

0.190.05

0.190.05

0.190.05

0.210.06

0.230.06

Fontes: Banco de la Republica; CENIT (Sistema de Compensacion Electronica Nacional Interbancaria); ACH Colombia; Superintendencia Bancaria de Colombia

Cartões de débitoCartões de crédito

ColômbiaTransações com cartãoNúmero de transações per capita por ano

2000

2001

2002

2003

2004

1.360.71

1.530.69

1.870.77

2.221.14

2.211.14

Fontes: Banco de la Republica; CENIT (Sistema de Compensacion Electronica Nacional Interbancaria); ACH Colombia; Superintendencia Bancaria de Colombia

Cartões de débitoCartões de crédito

ColômbiaValor das transações com cartãoValor das transções anuais como % do PIB

2000

2001

2002

2003

2004

0.120.03

0.140.03

0.140.03

0.150.04

0.140.04

Fontes: Banco de la Republica; CENIT (Sistema de Compensacion Electronica Nacional Interbancaria); ACH Colombia; Superintendencia Bancaria de Colombia

Cartões de débitoCartões de crédito

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32 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Colômbia

débito aumentou em 72% e 74% respectivamente

durante o mesmo período. Parte da queda no uso de

cheques reflete uma mudança para dinheiro em

espécie após a imposição de tributação sobre as

operações financeiras em 1998. Os cheques são

usados principalmente para operações de baixo valor;

as operações de alto valor pelas empresas geralmente

são realizadas eletronicamente. A quantidade de

operações processadas eletronicamente através de

contas únicas de depósito do RanRep (CUD) aumentou

em 265% entre 2000 e 2004.

Embora a proporção da população que utiliza conta

corrente seja bem baixa, a penetração das contas de

poupança é relativamente alta, estimada por várias

fontes entre 35% e 55% em 2004. Isso reflete o uso

crescente dos sistemas de pagamento eletrônico de

salários, visto que, diferente de alguns outros países,

a Colômbia permite produtos de pagamento

associados a contas de poupança.

Cartões de crédito

A penetração do cartão de crédito é relativamente –

baixa na Colômbia: foi de 0,062 per capita em 2004,

mas houve um aumento substancial comparado com

0,046 em 2000, devido à quantidade de cartões em

vigor ter aumentado de 1,9 milhões para 2,8 milhões.

Houve mais de 50 milhões de operações com cartão de

crédito em 2004, apenas cerca de 1,1 per capita. Todos

os bancos maiores oferecem os cartões Visa e

MasterCard, e os cartões American Express e Diners

também estão disponíveis. Os produtos de cartão de

marca compartilhada emitidos por banco predominam

no mercado, embora alguns cartões de crédito de loja

e de fidelidade também estejam disponíveis.

Cartões de débito

Cartões de ATM/débito estão disponíveis para todos os

titulares de conta corrente e de conta de poupança,

mas os cartões de débito da marca Visa e MasterCard

emitidos por bancos comerciais são intensamente

usados: existem mais de 10 milhões em circulação.

Todos os ATMs e terminais no país são interoperáveis.

Os cartões de débito ganharam popularidade durante

os últimos anos, tendo os cartões em vigor aumentado

quase 20% entre 2000 e 2004, e o valor das operações

ultrapassado 15% do PIB em 2003.

Créditos e débitos diretos

A maioria dos bancos oferece portais de Internet e a

Colômbia tem um sistema bem desenvolvido para

débitos e créditos interbancários diretos tanto através

do ACH Colômbia quanto do ACH-CENIT. Esses serviços

têm visto seu uso aumentar nos últimos anos, à

medida que as empresas e as pessoas físicas se sentem

confortáveis com eles. Os créditos diretos são

largamente utilizados para depósitos de salário, e a

quantidade de operações aumentou quase sete vezes

entre 2000 e 2004, alcançando 14 milhões. Os débitos

diretos foram mais lentos em ganhar aceitação do

consumidor, mas mesmo assim também cresceram

acentuadamente, passando de menos de 100.000 em

2000 para 673.000 em 2004.

Solidez e oportunidades

O sistema de pagamentos eletrônicos da Colômbia é

moderno e eficiente, e aos poucos tem instalado

tecnologias emergentes. O sistema de altos valores

proporciona estabilidade financeira, ao passo que o

sistema de baixos valores fomenta a concorrência,

conduzindo ao aumento da eficiência. Os observadores

acreditam que a modernização contínua do sistema de

baixos valores diminuirá os custos das instituições

financeiras. Isso será repassado para os consumidores

na redução das taxas que, por sua vez, podem

aumentar a penetração dos principais produtos de

pagamento eletrônico. Espera-se também que a

melhoria dos sistemas de controle financeiro conduza

à repressão da lavagem de dinheiro e a uma melhor

reputação internacional do país. O governo e as

instituições financeiras também ganharão com o

aumento da transparência e um controle mais rigoroso

do sistema financeiro.

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© The Economist Intelligence Unit 2005 33

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Colômbia

O uso dos cartões de pagamento aumentou à

medida que a aceitação espalhou-se para as lojas

menores, farmácias e restaurantes de fast-food,

aumentando o volume total, e ao mesmo tempo

reduzindo o valor médio da operação. O mercado de

cartões de crédito também ficou mais segmentado à

medida que os titulares de cartão migravam para

produtos de consumidores de alta renda. Esses

desenvolvimentos proporcionaram maior

conveniência para os titulares de cartões, ao mesmo

tempo em que também contribuíram para o objetivo

do governo de aumentar a arrecadação de imposto

sobre valor agregado.

Existe uma série de oportunidades para melhorar

ainda mais. Os participantes do setor bancário dizem

que a liquidez dentro de um dia da compensação de

grandes valores precisa ser aumentada. O horário de

fechamento para operações é programado de forma tal

que ocorre grande aumento das liquidações no final da

tarde, e que até um quarto das operações são

realizadas depois das 6 horas da tarde. Foi alcançado

algum melhoramento com o emprego de um novo

sistema de taxa, e existem agora planos de mais

melhorias através da criação de um sistema híbrido

que estimulará as obrigações de liquidação líquida de

cada participante antes de os pagamentos brutos

serem processados. Os observadores dizem que obter a

cooperação de grandes instituições financeiras,

principalmente de entidades não bancárias como as

operadoras de ações, constitui o principal desafio para

o BanRep na execução desses melhoramentos.

Os observadores do setor financeiro apontam para

importantes oportunidades de expansão contínua do

segmento de cartão de crédito para consumidores de

alta renda, assim como maior uso de sistemas de

pagamentos periódicos com base em cartão e maior

expansão do mercado de cartão comercial. Existem

oportunidades também para os bancos aumentarem

sua participação no mercado de entrada de remessas,

levando a uma maior participação na economia formal.

Remessas de família

A migração da América Latina para os países

desenvolvidos aumentou substancialmente

durante as décadas passadas. Quando esses

imigrantes ganham dinheiro, geralmente

enviam parte dele para ajudar seus famil-

iares. Essas remessas aumentaram em 20%

em cada um dos dois últimos anos,

alcançando US$ 45 bilhões em 2004. Atual-

mente, elas são uma fonte maior de liquidez

do que os investimentos diretos

estrangeiros (IDE) e a ajuda estrangeira ofi-

cial juntos. Diferente da ajuda estrangeira,

elas alcançam as famílias diretamente

através de canais existentes e, diferente do

IDE, elas são contra-sazonais, e em geral

chegam ao auge durante os declínios

econômicos.

O grande aumento das remessas redunda

em uma elevação significativa da renda

disponível após os impostos. Tais remessas

elevam as famílias acima do nível de

subsistência, permitindo que comecem a

poupar e a investir para ter um papel ativo

na economia. A taxa de poupança de

remessas é estimada em até 10% no México,

e um estudo do Banco Mundial verificou ser

de 4% na Guatemala.

O desafio dos governos é de garantir que

uma proporção maior de remessas percorra

canais legais. Dessa forma, as remessas são

injetadas na economia formal, podendo

criar empregos e oportunidades de negócios

legítimos. Uma melhor prestação de contas

é claramente uma parte importante deste

esforço.

Uma forma de conseguir uma prestação

de contas melhor é encaminhar as

transferências através de bancos, que estão

sujeitos à supervisão do banco central e

exigências de prestação de contas. No lado

de quem envia, a indústria bancária reagiu a

essa oportunidade oferecendo produtos

novos e inovadores, variando de cartões de

débito até contas conjuntas internacionais e

transferências eletrônicas. Durante os

últimos dois anos, os bancos começaram a

oferecer produtos de cartão aos

beneficiários, criando serviços vantajosos e

levando esses clientes para o sistema

financeiro. Por exemplo, o Visa Giro é um

cartão de pagamento inovador, projetado

especificamente para facilitar a

transferência de dinheiro para a América

Latina. Essas formas de transferência são

baratas, eficientes e flexíveis. Esses fatores,

além da conveniência oferecida aos

recebedores, já possibilitaram aos bancos

um ganho de 15% de participação de

mercado de organizações tradicionais de

transferência de dinheiro como a Western

Union e MoneyGram. O aumento da

concorrência já forçou uma queda das taxas

operacionais de 20% para 7%, o que resulta

em transferências maiores e mais

recebedores alcançando a participação.

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34 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Colômbia

Os observadores percebem também que o aumento da

cooperação entre as organizações de cartão, bancos e o

governo poderiam levar a uma expansão maior dos

cartões de pagamento. A maior penetração do mercado

de baixa renda é vista como um contínuo desafio.

Panorama

Os avanços marcantes na segurança pública

contribuíram para manter o forte crescimento do PIB

de 3,6% em 2004. As previsões vêm uma estabilização

do crescimento em torno de uma taxa média anual de

3,5% nos próximos anos, mas existem riscos nessas

previsões. As vitórias no conflito civil interno estão

diminuindo os retornos e a preocupação com a

solvência pública deixa a Colômbia vulnerável às

mudanças de sentimento do investidor.

As taxas reais de empréstimo continuam baixas

pelos padrões históricos, estimulando a demanda de

serviços de crédito e financeiros já reforçados pela

maior estabilidade e os firmes aumentos da renda

disponível depois de impostos e do consumo privado.

Um súbito aumento das remessas e o retorno dos

colombianos expatriados, e do dinheiro deles, estão

reavivando os empreendimentos de pequeno e médio

porte, principalmente nos setores domésticos como o

de construção, e isso terá um efeito cascata sobre o

crédito no restante da economia.

Como resultado da queda da inflação e das taxas de

empréstimo, espera-se que a proporção de famílias

com acesso formal ao crédito, que agora está em

menos de uma em dez famílias, aumente em 25%

durante os próximos quatro anos. Os ativos bancários

deverão crescer a uma taxa anual de 6%. O baixo nível

de penetração bancária da Colômbia é um obstáculo

para o aumento do uso de cartões de débito e de

crédito. Apesar disso, nota-se um aumento

significativo no uso de cartão de débito, o que em

parte explica a diminuição do uso de cheques. E,

embora os valores das operações de cartão de débito

sejam ainda muito baixos, o volume das operações é

significativo e continuará crescendo, em parte devido

à expansão da base de aceitação.

Um produto de pagamento que atualmente vem

recebendo atenção é “a atividade bancária virtual”. Os

portais bancários da Internet que já estão em

operação serão expandidos de modo a permitir

transferências de fundos, pagamentos de contas e

outros tipos de pagamento, reduzindo ainda mais os

custos operacionais. A expansão dos sistemas de

pagamentos com base na Internet está limitada pela

baixa penetração de computadores pessoais (PC), que

era apenas de 7,9% da população em meados de 2004.

Em contrapartida, a atividade bancária virtual cresceu

rapidamente, passando de cerca de 840.000 usuários

em 2002 para quase 1,3 milhões em 2004. Durante o

mesmo período, a quantidade de operações por

usuário também aumentou de 5,5 para 10,6, de acordo

com os dados publicados pela Asobancaria, a

associação de banqueiros.

Embora a penetração da atividade bancária virtual

ainda esteja baixa se comparada com outras formas de

pagamento, esse segmento parece preparado para mais

expansão, especialmente à medida que os preços de

computador caem rapidamente proporcionando

aumentos na penetração da Internet. De certa forma, os

baixos níveis da penetração do PC podem ser

compensados através do fornecimento de terminais

públicos. Existe uma série de programas piloto em

desenvolvimento na Colômbia que envolvem o uso de

quiosques e exibições interativas em lugares públicos

em que os clientes de bancos podem acessar suas contas

de uma forma semelhante ao acesso pela Internet.

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© The Economist Intelligence Unit 2005 35

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

OMéxico tem uma população em torno de 105

milhões. O PIB nominal alcançou US$ 677

bilhões em 2004, e o crescimento real foi um

saudável 4,4%, um aumento de 1,4% em relação ao

ano anterior. A renda per capita foi de US$ 9.680 em

dólares internacionais de paridade de poder aquisitivo

(PPP) em 2004.

O setor financeiro

As mudanças nos padrões de gasto do consumidor,

estimuladas pelos aumentos contínuos do salário

médio, concretizarão o aumento da demanda de

serviços financeiros. Espera-se que o crédito aumente

5% ao ano durante os próximos anos, superando o PIB

e a demanda interna. As taxas de juros deverão subir,

mas permanecerão relativamente baixas pelos padrões

históricos, e não deverão cortar significativamente a

demanda de empréstimos. A inflação dos preços para o

consumidor foi de 4,7%. O crescimento econômico

mexicano continua altamente dependente do

desempenho da economia dos EUA. O setor bancário

tem sido fortalecido com a total liberalização,

consolidação e entrada de capital estrangeiro. As

carteiras têm sido revistas e a proporção de

empréstimos vencidos é baixa. Cerca de 75% dos

ativos bancários são de propriedade estrangeira.

Instituições governantes

O Banco do México é o banco central. É uma instituição

autônoma responsável por garantir o funcionamento

dos sistemas de pagamentos, além de ter outras

responsabilidades. A Comissão Nacional Bancária e de

Títulos e Valores Mobiliários (CNBV) é uma unidade

semi-autônoma do Secretariado de Finanças (SHCP) e

é responsável pela supervisão direta de instituições

financeiras.

Bancos

Quando os bancos do México foram reprivatizados em

1991-92 não havia sido instalada nenhuma estrutura

supervisora sólida, após uma década como

propriedade do governo. Em conseqüência disso, o

setor estava em condições frágeis quando o peso

subitamente despencou nos últimos dias de 1994,

levando a uma crise econômico-financeira por todo o

ano de 1995. O governo foi forçado a mobilizar a

Entidade Fiduciária Bancária de Proteção à Poupança

(Fobaproa), para evitar a quebra das principais

instituições financeiras. O custo desse imenso resgate

foi estimado em 20% do PIB. O sistema bancário foi

completamente revisto nos anos que se seguiram à

crise.

A crise enfraqueceu o setor bancário ao ponto de

ele não ser capaz de atender totalmente o mercado em

crescimento durante o surto econômico do final dos

anos 90. Os conglomerados bancários estrangeiros

entraram para preencher o vazio. Entre 2000 e 2002,

bancos da Espanha, dos Estados Unidos, do

ReinoUnido e do Canadá realizaram uma série de

aquisições. Em meados de 2004, 22 dos 32 bancos

comerciais que operavam antes da crise foram

reestruturados ou fechados. Só um banco grande, o

Banco Mercantil del Norte (Banorte), continua nas

mãos de mexicanos.

Em dezembro de 2004 havia 30 “bancos múltiplos”

operando no México. Os cinco maiores bancos, o BBVA

Bancomer, Banamex, HSBC, Santander Serfin e Banco

Mercantil del Norte, controlam 75% do total de ativos

bancários. O Bancomer e Banamex juntos controlam

cerca da metade dos ativos bancários do país e só oito

bancos detêm mais de 1,5% de participação. A

penetração do sistema bancário foi estimada em

43,8% da população em 2002, com apenas 15,2%

México

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36 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

México

possuindo contas correntes. A penetração bancária

está aumentando gradualmente à medida que os

empregadores implantam sistemas de pagamento de

salário com base em cartões de débito.

Sistemas de câmara de compensação

O México iniciou uma modernização substancial de

seus sistemas de liquidação de pagamentos em 1994.

Nessa época, o Banco do México operava um sistema

de liquidação interbancária eletrônica e também uma

compensação manual de cheques. O principal objetivo

das reformas foi substituir os cheques de grandes

valores por transferências eletrônicas através do

sistema de LBTR existente do banco, o Sistema de

Atendimento a Titulares de Conta (SIAC). Isso foi

alcançado em etapas que se iniciaram com o

lançamento do Sistema de Pagamentos Eletrônicos

Estendido de altos valores (SPEUA), e culminaram com

o lançamento do Sistema de Pagamentos Eletrônicos

Interbancários (SPEI) em março de 2005. A Cecoban, a

câmara de compensação de cheques do México, foi

privatizada em 1997, e desde então vem sendo

realizado um extenso programa de modernização. (Os

detalhes desse programa de modernização são

fornecidos em um Apêndice.)

Originalmente o México tinha três redes de ATMs e

terminais de POS interconectados, com Banamex e

Bancomer executando seus próprios sistemas e Prosa

cobrindo todos os outros bancos. Banamex e

Bancomer juntaram agora suas operações. As

liquidações finais são realizadas por um banco

comercial, por meio de transferências eletrônicas de

fundos através do SPEUA.

Produtos de pagamento eletrônico

À medida que os produtos de pagamento eletrônico

ganharam força no mercado, a quantidade de cheques

processados caiu lentamente de 6,0 per capita em

2001 para 5,7 em 2004. O valor das operações com

cheque caiu de 170% do PIB para 120% durante o

mesmo período. Em 2004, foram processados 6,2

milhões a menos de cheques que no ano anterior. O

uso de cheques de alto valor diminuiu

acentuadamente desde que o Banco do México

implantou o atraso de um dia na compensação

interbancária de cheques para promover o uso do

MéxicoCartões em vigorNúmero de cartões per capita no final do ano

2000

2001

2002

2003

2004

n/dn/d

0.290.06

0.320.08

0.310.09

0.330.11

Fontes: Banco de Mexico; Asociacion de Bancos de Mexico; Centro de Estudios Monetarios Latinoamericanos

Cartões de débitoCartões de crédito

MéxicoTransações com cartãoNúmero de transações per capita por ano

2000

2001

2002

2003

2004

n/dn/d

8.791.76

10.362.08

11.012.21

11.822.37

Fontes: Banco de Mexico; Asociacion de Bancos de Mexico; Centro de Estudios Monetarios Latinoamericanos

Cartões de débitoCartões de crédito

MéxicoValor das transações com cartãoValor das transções anuais como % do PIB

2000

2001

2002

2003

2004

n/dn/d

0.090.01

0.140.02

0.130.02

0.140.02

Fontes: Banco de Mexico; Asociacion de Bancos de Mexico; Centro de Estudios Monetarios Latinoamericanos

Cartões de débitoCartões de crédito

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© The Economist Intelligence Unit 2005 37

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

México

SPEUA. Os cheques continuam sendo usados para

compras de consumo de itens caros como carros e

casas, e as autoridades financeiras dizem que

gostariam de continuar estimulando as pessoas a

usarem produtos eletrônicos.

Cartões de crédito

Embora os cartões de crédito sejam emitidos no

México já há muitos anos, eles só estavam disponíveis

para uma parte relativamente pequena da população.

Havia 14 milhões de cartões ativos em vigor em 1994,

mas esse número diminuiu para quase a metade depois

da crise, à medida que as taxas de juros subiram e

novas restrições foram impostas. Houve um

crescimento significativo conforme a economia se

recuperou e os bancos foram consolidados, e até 2004

havia 11,6 milhões de cartões em vigor.

Os bancos emitem produtos da Visa e MasterCard,

enquanto que a American Express emite seus próprios

cartões. Os cinco bancos principais predominam nos

negócios de cartões, tanto na emissão quanto na

aquisição. Muitas cadeias de lojas emitem cartões de

marca privativa.

Existe uma variedade muito grande de produtos no

mercado, inclusive cartões de milhagem aérea, assim

como cartões de afinidade (affinity cards) de

universidade, instituições de caridade e equipes

desportivas. Além disso, existem cartões comerciais

criados tanto para grandes corporações quanto para

pequenas empresas.

Os clientes podem determinar que pagamentos

periódicos como de contas de serviços de utilidade

pública sejam automaticamente cobrados em seus

cartões de crédito. Isso é popular entre alguns clientes

que não se sentem confortáveis com os débitos diretos

de suas contas.

Cartões de débito

Originalmente os bancos emitiam cartões de saque

associados às contas correntes ou de poupança para

serem usados nos ATMs, mas em meados dos anos 90

eles começaram a emitir cartões de débito que podiam

ser usados nos terminais de POS. A maioria desses

cartões tem a marca Electron ou Maestro. Esses cartões

têm-se tornado cada vez mais populares com o

crescimento gerado pela expansão da rede de ATMs e

da base de terminais iniciada por volta de 2001, assim

como a tendência no sentido de pagamento de salário

através de depósitos diretos vinculados a cartões de

débito. Um outro fator positivo foi a expansão da

funcionalidade de saque pelos comerciantes. Havia

20.400 ATMs no país em 2004. A quantidade de

cartões de débito em vigor aumentou 18,7% entre

2001 e 2004, alcançando 34 milhões. Esses cartões

também foram usados mais intensamente, levando a

um aumento de 39,2% na quantidade de operações

durante o mesmo período. Os bancos principais

oferecem uma grande variedade de cartões de débito,

inclusive cartões de afinidade, cartões para jovens e

cartões criados para facilitar o recebimento de

remessas do exterior.

Cartões inteligentes e cartões pré-pagos

Os cartões de crédito com base na tecnologia de cartão

inteligente têm sido oferecidos em maior escala no

mercado do México. Até agora, eles possuem duas

aplicações principais: redução de fraudes através de

maior segurança com base em senha e aumento da

funcionalidade através de programas de fidelidade

avançados (vide a barra lateral). Os cartões pré-pagos

para telefones são bastante utilizados.

Créditos e débitos diretos

Os maiores bancos mexicanos começaram a oferecer

créditos diretos em 1995, e cerca de 25 bancos

participam do sistema de Transferência Eletrônica de

Fundos (TEF). Essas operações não ocorrem em tempo

real e são processadas através do Sistema de

Compensação do Banco do México (SICAM). (O TEF e

SICAM são descritos em mais detalhes em um

Apêndice.)

Os débitos diretos têm sido usados por grandes

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38 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

México

companhias de serviços de utilidade pública há vários

anos, mas os débitos interbancários não eram

disponíveis antes de uma emenda à Lei Bancária de

2001. O novo sistema, conhecido como DOMI, está em

operação há cerca de dois anos, por meio de cerca de

20 bancos. Devido a isso, as transferências diretas de

fundos tornaram-se cada vez mais populares.

O mercado de transferência direta ao consumidor

continuará crescendo, mas só de forma lenta, pois a

penetração da Internet continua baixa. A Associação

de Banqueiros Mexicanos (ABM) prevê que somente

cerca de 5 milhões de titulares de conta bancária no

México terão acesso aos serviços bancários online este

ano. Porém, as corporações e governos estão

implantando pagamentos eletrônicos rapidamente.

Solidez e oportunidades

O Banco do México goza de excelente reputação após

ter se recuperado dos danos causados pela crise do

peso, em 1994-95. O banco tornou-se autônomo de

acordo com a emenda constitucional de 1994, e as

melhores práticas de divulgação tornaram-no um dos

bancos centrais mais transparentes do mundo. O

sistema bancário está também em uma posição muito

mais sólida, pois o setor consolidou-se, a eficiência

aumentou e novos produtos foram introduzidos.

Foram também instalados novos sistemas de

liquidação de pagamentos eletrônicos que reduziram

substancialmente os custos operacionais, enquanto

que simultaneamente reduzem o risco sistêmico por

permitir liquidações em tempo real. A quantidade de

operações eletrônicas interbancárias mais do que

dobrou desde o ano 2000, levando mais atividades

para a economia formal. O banco central não corre

mais os riscos de conceder empréstimos sem garantia.

As autoridades do setor financeiro concordam que

esses benefícios aparecem na economia inteira.

Os observadores do setor indicam o gabinete de

crédito do México como um ativo importante para o

sistema financeiro do país. Ele combina os históricos

de crédito pessoal da Trans Union de Mexico com

informações sobre empresas da Dun and Bradstreet, e

é considerado um dos sistemas de informação sobre

crédito mais desenvolvido da região. Os bancos estão

Vida Bancomer

Em março de 2005, o BBVA Bancomer se

tornou o primeiro banco no México a lançar

um programa de fidelidade, aprimorado

com base nos conceitos da Geração

Inteligente da Visa que alavanca a tecnolo-

gia do cartão inteligente para prover vanta-

gens aos clientes. O próprio programa de

fidelidade e seu software de apoio foram

desenvolvidos e implantados pelo Ban-

comer. Os especialistas do cartão

inteligente da Visa trabalharam com o Ban-

comer em todas as fases de avaliação,

planejamento e implantação do projeto.

Devido ao fato do identificador do

programa e as recompensas estarem

armazenados no próprio cartão inteligente,

essa tecnologia permite um processamento

instantâneo das recompensas no ponto de

venda. As recompensas podem ser

designadas a determinados

estabelecimentos, produtos, clientes ou

dias, ou a uma combinação de fatores. O

sistema fornece aos clientes pontos de

recompensa, cupons e descontos

concedidos instantaneamente, sem ter que

produzir um cartão de fidelidade distinto ou

cupons de papel. Além disso, o sistema

incorpora um sistema de reconhecimento de

cliente que pode ser usado para construir

relacionamentos com o cliente, acionando

presentes-surpresa ou promoções

reservadas para clientes preferenciais, ou

para aqueles que usam o cartão em uma loja

pela primeira vez.

Mais de 2.000 comerciantes já se

registraram no programa Vida Bancomer e

as autoridades bancárias estão confiantes

de que alcançarão seus objetivos de 10.000

até o final do ano. Os comerciantes

participantes também podem trabalhar com

o Bancomer para projetar seus próprios

programas personalizados, compartilhando

os custos das recompensas, enquanto o

Bancomer oferece e gerencia a plataforma

de recompensas instantâneas.

A equipe de projetos especiais do

Bancomer trabalhou com um fornecedor de

plataforma durante um período de 18 meses

para desenvolver o programa. Os cartões

emitidos depois do lançamento de março

possuem o logotipo do Vida Bancomer e o

banco os têm enviado para clientes

preferenciais. No final, todos os cartões de

crédito Visa dos bancos e alguns de seus

cartões de débito serão substituídos por

cartões inteligentes que abrangem o

programa de fidelidade.

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© The Economist Intelligence Unit 2005 39

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

México

cada vez mais fazendo uso das informações do

gabinete de crédito para controlar os riscos de emitir

cartões de crédito para grupos de menor renda. À

medida que o uso desse sistema se expande, a

exatidão das decisões de empréstimo deverá melhorar,

gerando benefícios tanto para os credores quanto para

os mutuários, e contribuindo para o crescimento

econômico através da expansão do crédito. Os

credores estarão em melhor posição para avaliar e

estabelecer o preço do risco por trás de uma

determinada conta, e para aumentar a especialização

do segmento. Os consumidores serão beneficiados

com um estabelecimento de preços que melhor reflete

suas circunstâncias específicas, muitas delas dando

maior acesso ao crédito com base em um

entendimento melhor de suas posições financeiras. O

sistema também proporciona melhores recompensas

para uma conduta de bom crédito no decorrer do

tempo.

Os bancos reconheceram que a expansão do crédito

para grupos de menor renda representa uma

oportunidade importante, pois a penetração do cartão

de crédito ainda é relativamente baixa no México. A

quantidade de cartões de crédito per capita foi apenas

em torno de 0,11 em 2004, ao passo que a penetração

na população economicamente ativa foi estimada em

menos de 28%. Existe espaço também para a expansão

do uso do cartão de débito através da aceitação em um

maior número de pontos de venda por parte dos

comerciantes. Atualmente o grande uso do cartão de

débito é através de ATMs e a aceitação do comerciante é

limitada. Os observadores do setor também indicam os

produtos de cartão comercial como uma outra área de

oportunidade, visto que a penetração ainda é baixa.

Tanto o setor do governo quanto o bancário

reconhecem a necessidade de mais melhorias nos

sistemas de pagamentos eletrônicos do México. Um

outro desafio é o baixo nível de penetração bancária

no país. A taxa de penetração bancária em 2002

permaneceu em apenas 43,8% da população, embora

a ABM tenha estimado que três quartos da população

economicamente ativa têm cartão de débito. Os

programas de pagamento de salário levaram a um

aumento da quantidade de cartões, mas essa

abordagem não é eficaz em setores com uma grande

proporção de trabalhadores itinerantes como, por

exemplo, na agricultura e na construção civil. Um

outro problema ainda é que as pessoas com cartões de

débito de salário os utilizam basicamente em ATMs e

não em terminais de comerciantes, o que pode abalar

o objetivo de reduzir a escala da economia informal.

Com esses desafios em mente, a ABM, o SHCP, e os

bancos locais lançaram em 2003 o Programa de Apoio

ao Sistema de Pagamentos Eletrônicos, tanto para

estender a infra-estrutura de pagamentos eletrônicos,

quanto para convencer os consumidores a usá-la. O

objetivo do governo inclui a promoção de cartões com

chip porque no futuro eles poderão possibilitar

sistemas que possam contribuir para uma arrecadação

mais eficiente dos impostos.

Um elemento importante do empenho para

aumentar a participação na economia formal é a

campanha Boletazo, que tem por objetivo triplicar o

uso dos cartões de débito em três anos. É um empenho

conjunto do SHCP e ABM, com o apoio da Visa e

MasterCard. As compras são automaticamente

registradas no sistema Boletazo. Ocorrem sorteios

diários de prêmios de considerável valor, inclusive itens

caros como carros, assim como itens menores como

máquinas de lavar roupa, liquidificadores e entradas

para concertos. Existe um programa de jogos na TV, no

qual os participantes são selecionados a partir de vales

do Boletazo enviados. A ABM tem apoiado essa

campanha com uma série de anúncios na TV.

Panorama

A economia mexicana é altamente dependente do

desempenho do mercado dos EUA. O crescimento do

PIB foi de 4,4% em 2004 e está previsto, dentro de um

horizonte possível, para permanecer estável a uma

taxa anual em torno de 3%. A renda pessoal disponível

após os impostos, 4% acima em 2005 e devendo subir

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40 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

México

3% ao ano nos próximos anos, deverá sustentar

razoavelmente o forte crescimento do consumo

privado. A mudança nos padrões de gastos da classe

média emergente deverá também contribuir para um

aumento da demanda de serviços de crédito e

financeiros.

A inflação chegou a 4,7% em 2004, mas o banco

central permanecerá no controle e guiará os

aumentos de preço no sentido de uma taxa alvo

padrão de 3%. As taxas de juros de empréstimo

deverão aumentar, possivelmente, para os níveis de

dois dígitos, mas permanecerão em níveis

historicamente baixos. Com esse ambiente estável e

propício, o crédito deverá prosperar e expandir-se

para cerca de 5% ao ano, superando tanto o PIB

quanto a demanda interna.

Os novos sistemas de liquidação de pagamentos

empregados agora possibilitarão novos produtos,

principalmente novos tipos de transferências online

que poderão tirar proveito da remoção do valor

operacional mínimo no SPEI. O banco central espera

que as transferências de dinheiro ocorram em menos

de 20 minutos no futuro próximo. Os usuários terão

também acesso a mais informações como, por

exemplo, a confirmação do recebimento de uma

transferência. Mas antes os bancos terão que melhorar

seus próprios sistemas para poder explorar os recursos

de compensação de forma mais completa. O novo

sistema fornecerá também ao Banco do México

informações mais confiáveis para apoio da supervisão

dos sistemas de pagamentos.

As compras parceladas com cartões de crédito são

outra inovação lançada pelos bancos maiores, e

espera-se que isto seja uma contribuição importante

para a expansão do crédito para os grupos de renda

mais baixa. Os bancos estão também aumentando seus

esforços no sentido de proporcionar expansão do

crédito para pequenas empresas.

Nos próximos três anos, os bancos se empenharão

ao máximo para ampliar a base de terminais de modo a

alcançar as pequenas empresas. O Fundo de

Terminalização do ABM tem uma meta de 3,2 bilhões

de pesos (cerca de US$ 280 milhões) para investir na

instalação de 250.000 terminais de POS gratuitos

ativados por chip em pequenas empresas. No final de

2004, havia 65.000 terminais ativados por chip

instalados. O programa colocará também mais 50.000

terminais em postos de gasolina, cinemas e

restaurantes. Espera-se que as licitações para os

terminais saiam em meados de 2005.

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© The Economist Intelligence Unit 2005 41

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

AVenezuela tem uma população em torno de 26

milhões. O PIB atual chegou a US$ 109 bilhões

em 2004. O aumento dos preços do petróleo

levaram o crescimento econômico real para 17,3%

durante o ano, mas isso não foi suficiente para

compensar os declínios reais durante os dois anos

anteriores. A renda per capita foi de US$ 5.790 em

dólares internacionais de paridade de poder aquisitivo

(PPP) em 2004, 3,2% mais baixa que em 2001.

O setor financeiro

O setor financeiro na Venezuela ofereceria

considerável campo de ação para desenvolvimento em

uma economia estável. Porém a população jovem e o

baixo poder aquisitivo do consumidor restringem o

tamanho do mercado. A restrição da liquidez surgiu

em decorrência dos controles cambiais, mas o

aumento dos depósitos quase não foi positivo depois

de descontar a inflação, e tem sido dirigido

principalmente para as contas de acesso instantâneo.

E os ricos do país continuam a tradição de investir seus

bens no exterior. A inflação dos preços para o

consumidor caiu para 22% em 2004, partindo de 31%

no ano anterior.

Instituições governantes

O Banco Central da Venezuela (BCV) é uma instituição

independente responsável pela administração da

política monetária e pela promoção da estabilidade de

preços. É também a principal fonte de divisas

estrangeiras do país, segundo um acordo que exige

que a companhia de petróleo estatal, Petróleos de

Venezuela S.A. (PDVSA), venda seus recebíveis em

divisa estrangeira para o BCV. O Banco opera o Sistema

Nacional de Pagamentos da Venezuela (SNP), inclusive

a câmara de compensação de cheques e uma variedade

de outros serviços de pagamento.

A Superintendência de Bancos e de Outras

Instituições Financeiras (SUDEBAN) supervisiona

todas as instituições financeiras. Sua função principal

é acompanhar o comportamento das instituições em

sua visão prévia e notificar o BCV sobre quaisquer

casos de risco que possam levar à insolvência.

Bancos

A estrutura legislativa da Venezuela distingue diversos

tipos de banco, incluindo bancos universais, bancos

comerciais, bancos de investimento, bancos

hipotecários e escritórios de representação de bancos

estrangeiros, assim como diversas categorias de

entidades não bancárias como companhias de

arrendamento mercantil e entidades de empréstimo e

poupança. O relatório mais recente da SUDEBAN para o

terceiro trimestre de 2004 indica que existem 43

instituições sob sua supervisão, incluindo 17 bancos

universais privados e 15 bancos comerciais (um banco

comercial é de propriedade do governo).

Quatro grandes bancos universais controlam cerca

de 61% de todos os depósitos públicos. O Banco

Mercantil, Banco de Venezuela, Banco Provincial e

Banesco detêm cada um uma participação de mercado

entre 14,5% e 15,9%. Quatro bancos de médio porte

juntos detêm outra fatia de 15% do mercado.

A quantidade de bancos estrangeiros que operam

na Venezuela diminuiu nos últimos anos, revertendo a

tendência anterior. O Banco do Brasil, Bank of

America, ING Bank e JP Morgan Chase fecharam todas

as suas operações na Venezuela em 2001 e 2002,

usando os cortes de custos como justificativa. Quatro

pequenos bancos estrangeiros foram vendidos para

Venezuela

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42 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Venezuela

investidores locais em 2003, em resposta ao aumento

do risco político e econômico. Agora existem oito

bancos de participação majoritária estrangeira

controlando cerca de 35% dos ativos bancários da

Venezuela. A penetração do sistema bancário foi

estimada em um nível relativamente alto, de 55,4% da

população em 2002, e a proporção da população com

contas correntes foi de 33,9%, acima da média latino-

americana.

Sistemas de câmara de compensação

Os sistemas de pagamento da Venezuela estão

atualmente passando pelo processo de uma extensa

modernização após consultas com o setor bancário em

1998. O Banco Central opera duas câmaras de

compensação de pagamentos, uma para cheques e

outra para operações de altos valores. No núcleo de

ambos os sistemas estão as contas correntes que cada

banco ou instituição financeira detém no BCV,

conhecidas como contas únicas, que são usadas tanto

para liquidações interbancárias como para

cumprimento dos requisitos de reserva. As instituições

financeiras também usam suas contas do BCV para

realizar liquidações bilaterais de grandes valores como

aquelas para operações de cartão de crédito. Depois

das consultas de 1998, o BCV estabeleceu um grupo

fechado de usuários de propriedade exclusiva da

SWIFT, que as instituições poderiam usar para iniciar

operações interbancárias no mesmo dia. O sistema não

opera em tempo real, e o BCV processa cada

transferência manualmente. Para compensar essa

desvantagem, sete bancos grandes instalaram uma

rede privada para comunicar informações sobre

pagamento.

Produtos de pagamento eletrônico

Os cheques continuam sendo o método mais

importante de pagamento na Venezuela, embora o uso

de dinheiro tenha aumentado desde 2000, quando os

bancos impuseram um valor mínimo por cheque para

desestimular as operações de baixo valor. A mudança

para dinheiro em espécie foi também estimulada por

um imposto sobre operações bancárias estabelecido

em 2001. Os cheques são largamente aceitos no país,

em parte devido a um sistema relativamente avançado

de verificação de fundos por telefone, que opera 24

horas por dia. Esse sistema parou recentemente de

VenezuelaCartões em vigorNúmero de cartões per capita no final do ano

2000

2001

2002

2003

2004

n/d0.10

n/d0.10

0.270.10

0.250.10

0.290.11

Fontes: Banco Central de Venezuela (BCV);Superintendencia de Bancos (SUDEBAN); Asosiacion Bancaria de Venezuela (ABV)’ Consejo Bancario Nacional (CBN); Centro de Estudios Monetarios Latinoamericanos (CEMLA); Sistema de Pagos Interbancarios (SPI); Banesco

Cartões de débito Cartões de crédito

VenezuelaTransações com cartãoNúmero de transações per capita por ano

2000

2001

2002

2003

2004

1.60

1.57

1.43

1.24

1.57

Fontes: Banco Central de Venezuela (BCV);Superintendencia de Bancos (SUDEBAN); Asosiacion Bancaria de Venezuela (ABV)’ Consejo Bancario Nacional (CBN); Centro de Estudios Monetarios Latinoamericanos (CEMLA); Sistema de Pagos Interbancarios (SPI); Banesco

Cartões de débito – dados não disponiveisCartões de crédito

VenezuelaValor das transações com cartãoValor das transções anuais como % do PIB

2000

2001

2002

2003

2004

0.01

0.02

0.03

0.03

0.03

Fontes: Banco Central de Venezuela (BCV);Superintendencia de Bancos (SUDEBAN); Asosiacion Bancaria de Venezuela (ABV)’ Consejo Bancario Nacional (CBN); Centro de Estudios Monetarios Latinoamericanos (CEMLA); Sistema de Pagos Interbancarios (SPI); Banesco

Cartões de débito – dados não disponiveisCartões de crédito

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fornecer serviços de confirmação para cheques

inferiores a 20.000 bolívares, o que aumentou a

popularidade dos cartões de ATM. Em conseqüência

desses desenvolvimentos, a quantidade de cheques

caiu de 4,4 per capita em 2000 para 2,9 em 2004. Não

existem dados estatísticos oficiais coerentes à

disposição para sistemas de pagamentos na Venezuela

para o período de 2000-04 coberto por este relatório

oficial. Os dados estatísticos aqui citados são

provenientes de diversas fontes, inclusive do relatório

de 2003 da SUDEBAN

Cartões de crédito

O uso de cartões de crédito aumentou na Venezuela

desde que o governo impôs controles do câmbio em

2001, tornando os cartões de crédito o único meio de

acesso ao câmbio para a maioria das pessoas. Os

cartões de crédito podem também ser usados para

retiradas de dinheiro em espécie, usando a função

débito conhecida como Domiciliación de Pagos. Essa

função pode ser usada para iniciar débitos ou créditos

diretos pré-combinados ou para uma finalidade

específica, em uma conta no mesmo banco ou dentro

da rede privada mantida pelos sete grandes bancos.

Esse serviço está disponível apenas para contas de

empresas e de pessoas físicas com volume

relativamente alto.

Os 17 bancos universais da Venezuela emitiram

cerca de 95% do total de 2,6 milhões de cartões de

crédito em vigor no final de 2003. Os quatro grandes

bancos universais, sozinhos, controlam mais de 60%

do mercado, o que é proporcional à sua parcela de

participação dos depósitos públicos. Corpbanca e

Banco Exterior, ambos bancos universais, são outros

grandes emissores, com quase 250.000 cartões cada

um. De acordo com os dados estatísticos do BCV,

nenhum banco não universal chegou a ter ao menos

50.000 cartões em vigor.

Todos os grandes bancos universais emitem

produtos tanto da Visa quanto da MasterCard. Alguns

bancos também emitem cartões da American Express

ou do Diners Club. Existem também inúmeros cartões

de afinidade.

Os cartões de pontos de recompensa não são tão

© The Economist Intelligence Unit 2005 43

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Venezuela

Cartões de crédito com nívelde entrada

Na maioria dos países da América Latina, o

acesso a crédito tradicionalmente tem sido

privilégio principalmente de uma parte re-

lativamente rica da população. Sem acesso

a crédito, muitas pessoas optam por não ter

nenhum tipo de relação bancária, portanto

o crédito de nível de entrada pode exercer o

papel de levá-las para o sistema bancário.

Quando o segmento de baixa renda

obtém acesso a crédito, normalmente ele é

concedido pelas lojas, que em geral cobram

prestações na porta do cliente. O sucesso do

crédito de prestações no setor de varejo

serviu de exemplo aos bancos em toda a

região para alcançarem clientes não

preferenciais. Sua abordagem normal foi

integrar pagamentos de prestações para

compras individuais em produtos de cartão

de crédito convencionais. Há três

modalidades principais:

● O emitente arca com o risco: O cliente

negocia com o emitente os termos da

prestação para uma compra específica e o

comerciante recebe o pagamento com-

pleto.

● O Adquirente arca com o risco: O comer-

ciante oferece prestações fixas e recebe

prestações mensais, sendo a quantia

total garantida pelo banco adquirente.

● O comerciante arca com o risco: O co-

merciante oferece opções de prestações

e recebe as prestações mensais quando o

cliente paga.

A pesquisa demonstrou que, no segmento

não preferencial, o fluxo de caixa mensal é a

consideração mais importante, e que os

clientes consideram os bancos muito buro-

cráticos. Os bancos da América Latina têm

agido nessas duas áreas. No Brasil, por exem-

plo, um banco líder simplificou o processo de

solicitação de cartões de crédito, em alguns

casos exigindo somente comprovantes de

identidade e endereço e uma renda de pelo

menos um salário mínimo. No Peru, os ban-

cos alcançaram novos clientes com lojas de

distribuição especiais em centros comerciais

de áreas de baixa renda.

Os bancos também têm feito melhor uso

das informações das agências de

classificação de crédito enfocando a

ausência de relatórios negativos, visto que

poucos dos candidatos têm histórico de

crédito. Também foram desenvolvidos

produtos novos que estabilizam o fluxo de

caixa. Por exemplo, um banco líder no

México oferece um cartão de crédito com

pagamentos de prestações sobre uma

porcentagem fixa do limite do crédito em

vez do saldo pendente.

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44 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Venezuela

comuns quanto em alguns outros países, mas alguns

bancos emitem tais cartões com nomes de marcas

privadas. Duas instituições de empréstimo e

poupança, Casa Propia e Mi Casa, também emitem uma

pequena quantidade de cartões de crédito.

Cartões de débito

Os bancos emitem cartões de ATM que podem ser

usados em duas redes principais: Suiche 7B e Conexus.

Esses sistemas são interoperáveis desde 2000, e no

final de 2002 havia 4.302 ATMs na rede combinada. Os

bancos promovem o uso de ATM e cartões de débito

porque o custo de processamento é menor que para

cheques. Em 2004 havia mais de 7,5 milhões de

cartões em vigor. Esses cartões têm uso limitado

dentro do país porque a Venezuela ainda não tem um

sistema completamente operacional para a

compensação eletrônica de instrumentos de

pagamento varejista.

Cartões inteligentes e cartões pré-pagos

Atualmente não são emitidos cartões inteligentes na

Venezuela. Os cartões pré-pagos são uma oferta

relativamente recente e ainda não são muito

populares. Alguns bancos oferecem cartões

eletrônicos pré-pagos que podem ser usados para

compras na Internet, e outros bancos começaram

também a oferecer “vales” (vouchers) eletrônicos.

Esses vales substituem os cupons e selos de papel

usados por algumas empresas para proporcionar

benefícios adicionais aos funcionários. Eles são usados

como dinheiro, mas só são aceitos para a compra de

certas mercadorias básicas ou gasolina. Esses cartões

não são vinculados a uma conta bancária, portanto

podem ser usados por qualquer pessoa. Espera-se que

esse tipo de produto introduza o conceito de dinheiro

plástico a novos usuários, o que por sua vez fará

aumentar a confiança nos sistemas de pagamentos

eletrônicos e a penetração bancária. Cartões pré-

pagos de uma única finalidade estão sendo também

largamente usados para celulares.

Créditos e débitos diretos

Os créditos e débitos diretos são muito usados na

Venezuela, principalmente para pagamentos de

grande valor. O sistema é limitado pelo fato de que

não existe nenhum sistema nacional de liquidação

interbancária. Sete grandes bancos criaram uma rede

privada que permite transferência direta entre seus

titulares de contas, mas as transferências fora desse

sistema levam 48 horas.

Solidez e oportunidades

As autoridades do setor bancário creditam ao BCV e a

suas eficientes consultas com o setor, a rápida

instalação de uma nova câmara de compensação

eletrônica (CCE). Os bancos de grande porte agiram

rápido para fazer os investimentos necessários em

nova tecnologia, e foram realizadas melhorias

substanciais na infra-estrutura em apenas um ano. O

uso de operações paralelas durante a transição para a

CCE minimizou os riscos de ruptura, concedendo

tempo para treinar funcionários de todos os níveis nos

novos procedimentos. Os observadores do setor dão

crédito também a alguns bancos de grande porte, mais

notadamente o Banesco e BBVA Provincial, por ajudar

instituições menores durante a transição, fornecendo

serviços de consultoria.

Quando o novo sistema eletrônico CCE estiver

inteiramente instalado, ele deverá gerar benefícios

consideráveis para a economia e para os usuários do

sistema. Os cheques serão compensados em 24 horas

em vez das 48 horas atuais, o que resulta em redução

de custos para as instituições financeiras e o BCV. Isso,

porém, provavelmente reduzirá os incentivos para uso

de produtos de pagamento eletrônico. O

processamento eletrônico reduzirá também o risco,

visto que diminui a extensão do prazo de

compensação, e diminui o risco de erro humano. Um

outro benefício é a utilização de sistemas de controle

mais eficazes, tanto para o BCV, que terá acesso a

dados desagregados, quanto para as instituições

financeiras.

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© The Economist Intelligence Unit 2005 45

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Venezuela

De acordo com observadores do setor, os custos

mais baixos de processamento devem levar a taxas

menores cobradas dos clientes, o que poderia resultar

em maior penetração bancária, embora os bancos não

tenham mostrado muito interesse em ter como meta a

população de baixa renda.

Os bancos também se beneficiarão de um sistema

de pagamentos unificados que os permita executar

operações interbancárias de uma forma rápida e

econômica, por sua vez permitindo-lhes oferecer aos

clientes um conjunto maior de produtos. De outro

lado, o governo se beneficiará da redução dos custos

das operações públicas como, por exemplo, a

arrecadação de impostos e o pagamento de benefícios

da previdência social.

Os melhoramentos das comunicações

interbancárias ainda estão no processo de execução e

é cedo demais para avaliar o resultado. Porém os

observadores de todo o setor financeiro da Venezuela

dizem que o processo sem precedentes de consulta e

planejamento iniciado em 1998 gerou o impulso

necessário para que se continue a modernização dos

sistemas de pagamentos do país.

O principal obstáculo para a expansão do uso do

cartão de crédito é uma dedução tributária de 4% da

operação, que vai para o governo para cobrir os

impostos mercantis. Se o comerciante tiver direito a

restituição no final do ano, isso é pago como crédito

para os impostos do ano seguinte e não como

reembolso de dinheiro. Essa dedução se aplica

somente a cartões de crédito.

O maior obstáculo para uma operação eficiente do

setor financeiro é a falta de um sistema LBTR. A rede

privada atual da SWIFT é produto da tradição do BCV de

soluções para uma finalidade específica, e ela impõe

tanto atrasos quanto riscos a seus participantes. A

criação de um sistema em tempo real, combinado a

uma distinção clara entre pagamentos de grandes e

pequenos valores, beneficiará imensamente todas as

instituições financeiras do país.

Panorama

O setor bancário da Venezuela planeja aproveitar a

nova câmara de compensação eletrônica CCE para

introduzir e expandir novos serviços no futuro

próximo. A mais importante será a expansão do

sistema de crédito existente de débitos diretos, que

atualmente está disponível somente para clientes de

grandes volumes e somente através de certos bancos.

Isso inibiu a penetração do cartão de débito e as

autoridades do setor bancário dizem que esse

problema será tratado através de reformas do sistema

de Domiciliación, que será integrado no CCE, junto

com outras formas de pagamento eletrônico. O

primeiro passo será a transferência eletrônica de

salários, que se espera estar disponível até o final de

2005. Essa reforma poderia levar a aumentos

substanciais da penetração bancária e da velocidade

de pagamentos.

Espera-se que os cartões de débito e de crédito

gradualmente ganhem maior aceitação, à medida que

os bancos repassem a economia de custo para os

clientes e que possam oferecer mais serviços. Além

disso, espera-se que os bancos se concentrem nas

campanhas de lançamentos que enfatizem a

segurança de se utilizar cartões. Os bancos estão

também explorando a possibilidade de lançar cartões

de vale refeição.

Finalmente, os bancos também planejam fazer

imagens dos cheques, com base no sistema US Check

21. Isso exigirá mudanças nas regras bancárias para

dar à imagem do cheque o mesmo status legal que o

original, como já foi feito em alguns países da América

Latina. Além de acelerar o processo, essa inovação

forneceria maior segurança através da detecção mais

rápida de ações fraudulentas.

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46 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Os sistemas de pagamentos eletrônicos

instalados nos maiores mercados da América

Latina passaram por grandes reformas desde o

final dos anos 90, e na maioria dos casos o

desempenho deles chega perto do desempenho dos

sistemas encontrados em países desenvolvidos. Foram

instalados sistemas LBTR em todos os sistemas de

pagamentos avaliados neste relatório oficial (com

exceção dos da Venezuela), com isso diminuindo

substancialmente o risco sistêmico. Os sistemas de

compensação de cheques em papel deram lugar aos

sistemas eletrônicos, e sistemas em imagem estão

sendo agora desenvolvidos de modo a permitir o

truncamento de cheques, em alguns casos no nível do

comerciante. As novas câmaras de compensação de

altos valores, combinadas com protocolos de

comunicação modernos, têm permitido operações

rápidas e de baixo risco entre grandes empresas,

agilizando assim o ritmo do comércio e impulsionando

o crescimento econômico. Além disso, as câmaras de

compensação de baixos valores renovadas foram

adaptadas para acomodar produtos de pagamento

emergentes como créditos e débitos diretos, e o

aumento da eficiência do sistema financeiro ajudou os

bancos a introduzirem novos produtos de cartão de

crédito e de débito.

Vantagens para os depositários

As vantagens dos sistemas de pagamentos

modernizados têm se acumulado para todo

depositário, e têm se acumulado também para a

sociedade como um todo, criando benefícios

econômicos como, por exemplo, um crescimento mais

rápido. A infra-estrutura de pagamentos melhorada é

mais transparente para os clientes, e as vantagens

imediatas são mais aparentes para as instituições

financeiras e governos. Do ponto de vista de

consumidores e comerciantes, as vantagens dos

melhoramentos do sistema financeiro são vistas

principalmente na forma de produtos e serviços novos

e inovadores, especialmente produtos de pagamento

em cartão e atividade bancária online.

Vantagens para os clientes

● Uma grande variedade de opções de pagamento

combinadas com acesso imediato a depósitos e

linhas de crédito, assim como um período de

crédito sem juros.

● Ferramentas de administração financeira melhores,

inclusive acesso à conta online, comprovante de

pagamento e recurso para transferência eletrônica

de fundos entre contas.

● Maior segurança pessoal devido a poder manter

menos dinheiro disponível, pois carrega-se menos

dinheiro.

● Conveniência para viajantes que utilizam cartões de

pagamento com aceitação global, e podem

administrar suas contas online enquanto estão fora

de casa.

● Sistemas sofisticados de controle de custos para

usuários de cartão empresarial.

● Em muitos casos, vantagens de prêmios e

descontos dos programas de fidelidade e também

descontos sobre o IVA.

● Acesso ao sistema bancário, e a oportunidade de

formar histórico de crédito para as pessoas de baixa

renda que usam cartões salário, cartões de crédito

com nível de entrada e outros produtos de

pagamento eletrônico pela primeira vez.

● Acesso conveniente, seguro e nada dispendioso a

Conclusão

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© The Economist Intelligence Unit 2005 47

Assessing payments systems in Latin America

Conclusão

remessas para o exterior.

● Preços menores no médio prazo, já que as reduções

dos custos das operações de varejo são repassadas

para comerciantes que podem obter a economia de

escala de novas tecnologias.

Comerciantes

● Aumento das vendas oferecendo diversas opções de

pagamento que apresentem tanto conveniência

(cartões de débito) quanto liquidez (cartões de

crédito).

● Processamento operacional rápido e seguro, com

rápido acesso ao pagamento definitivo.

● Redução dos custos com o processamento

operacional e registro contábil automático,

inclusive operações após a compra como

reembolsos e trocas.

● Maior prevenção contra roubo e fraude devido a

sistemas com menor manutenção de dinheiro em

espécie e relatórios sofisticados.

● Menor risco de eliminação do crédito fornecido à

loja.

● Vantagem para comerciantes de maior porte devido

à capacidade de desenvolver programas de

fidelidade personalizados e de construir

relacionamentos duradouros com os clientes. Eles

também se beneficiam de campanhas promocionais

patrocinadas pelos bancos emissores.

● Os comerciantes que aceitam cartões de pagamento

de marcas globais recebem garantia de pagamento

pela organização de cartões, mesmo no caso de

inadimplência do emissor.

● Comerciantes do setor de viagens e turismo

aumentam suas vendas aceitando dos visitantes

internacionais cartões de pagamento com marcas

globais. Em particular, os hotéis, empresas aéreas e

outros fornecedores de serviços podem manter

depósitos, aceitar reservas e fazer pagamentos

online.

Bancos

● Economias de custos no longo prazo através de

operações mais eficientes tanto do sistema central

de compensação quanto do sistema bancário

interno.

● Redução de riscos com os novos sistemas LBTR, e

melhores sistemas de controle financeiro interno.

● Redução dos custos no processamento de

pagamentos e dos riscos de fraude com a

substituição de cheques por cartões de débito.

● Extensão de crédito com menor risco para grupos

de renda mais baixa através de produtos de cartão

de crédito com níveis de entrada que podem ser

automaticamente aumentados à medida que o

histórico de crédito é criado.

● Tecnologias de pagamento emergentes como

cartões inteligentes que permitem aos bancos

oferecer uma maior variedade de serviços a seus

clientes, associados a uma segurança mais forte.

● Menores custos que no final permitem diminuir as

taxas para os clientes, levando ao aumento da

penetração do sistema bancário.

Governos

Os governos—tanto como prestadores de serviços

quanto como guardiões do interesse público—talvez

sejam os maiores beneficiados com as reformas

recentes. As grandes reduções de risco sistêmico que

foram alcançadas aumentam bastante a capacidade

dos bancos centrais de administrar os sistemas

financeiros nacionais, e isso tende a melhorar as

classificações de risco país. Os próprios governos

tornaram-se os principais usuários dos sistemas de

pagamentos eletrônicos, e eles também se

beneficiaram de maior crescimento econômico.

Uma discussão detalhada do uso de sistemas de

pagamentos eletrônicos pelos governos está além do

campo de ação deste relatório oficial, mas sistemas

avançados de governo eletrônico estão cada vez mais

incorporando tanto a arrecadação de impostos e taxas

quanto a distribuição de benefícios. Por exemplo, o

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48 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Conclusão

governo da Colômbia está agora encaminhando alguns

pagamentos diretamente para os recebedores através

de sistemas eletrônicos. O governo brasileiro lançou

um novo cartão de pagamento com a marca Visa em

2001 denominado CPGF (Cartão de Pagamento do

Governo Federal), que substituirá cerca de 27.000

contas individuais de fornecedores. E diversos estados

mexicanos estão agora aceitando pagamento de

impostos com cartões de débito e crédito.

O uso de produtos de pagamento eletrônico por

governos traz diversas vantagens. Aumenta a

transparência e reduz a fraude pela implantação de

sistemas de relatórios automatizados e diminuição do

uso de dinheiro em espécie e de recibos em papel.

Agiliza o fluxo tanto da receita de impostos quanto de

pagamentos a beneficiários. Mostra também as

vantagens dos produtos de pagamento eletrônico para

os usuários, e conduz um maior número de pessoas

para a economia formal. Finalmente reduz

imensamente o custo das operações financeiras do

governo.

Vantagens macroeconômicas

Algumas das vantagens mais importantes

provenientes do uso generalizado de produtos de

pagamento eletrônico se acumulam para a sociedade

como um todo na forma de maior eficiência da

economia e crescimento econômico mais rápido.

A disponibilidade de produtos de pagamento

eletrônico mais rápidos, menos dispendiosos e mais

seguros aumenta a velocidade do dinheiro e reduz o

atrito na economia. Embora com essas vantagens é

possível que intuitivamente seja esperado um

aumento do crescimento econômico, só recentemente

os analistas começaram a quantificá-las. Um estudo

importante do Centro Conjunto AEI-Brookings para

Estudos Regulatórios, publicado em setembro de

2004, emitiu idéias sobre esse assunto. O estudo

concluiu que o custo aos países de um sistema de

pagamentos eletrônicos é de metade a um terço do

custo de um sistema em papel moeda, e que a

mudança de um sistema inteiramente em papel para

outro inteiramente eletrônico, poderia possivelmente

gerar um aumento anual do crescimento real do PIB de

1%. Embora nenhum país possa fazer uma mudança

grande como essa no curto ou médio prazo, mesmo a

metade dessa vantagem já seria considerada bem

substancial. A mera existência de uma rede de

benefícios sociais, além de acumular vantagens

particulares para as partes envolvidas, é um caso

contundente para que o governo promova os produtos

de pagamento eletrônico.

E o interessante é que o estudo Brookings aponta

para o fato de que os custos do processamento de

operações em dinheiro em espécie geralmente são

sub-relatados pelos lojistas, visto que não

contabilizam o custo total de efetuar depósitos que

deveriam incluir a probabilidade de roubo, como

também o tempo necessário para contar o dinheiro,

preparar depósitos e ir à agência bancária. Os grandes

custos fixos de infra-estrutura e treinamento

relacionado a formas de pagamento eletrônico não

podem ser totalmente recuperados sem razoáveis

economias de escala. Isso proporciona uma

justificativa adicional para iniciativas do governo de

modo a garantir que investimentos de grande vulto

que já tenham sido feitos beneficiem o maior número

de pessoas possível.

Na América Latina, existem vantagens adicionais

macroeconômicas provenientes da capacidade dos

produtos de pagamento eletrônico para tratar alguns

dos problemas específicos às economias da região.

● Os cartões de crédito e de débito conduzem as

pessoas diretamente para a economia formal,

dando-lhes uma atraente alternativa para o

dinheiro em espécie, principalmente em países que

oferecem descontos sobre o IVA.

● Os cartões salário aumentam a penetração do

sistema bancário, fortalecendo ainda mais a

economia formal.

● Os cartões de pagamento aumentam a eficiência da

arrecadação de impostos, pois envolvem tanto os

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© The Economist Intelligence Unit 2005 49

Assessing payments systems in Latin America

Conclusão

comerciantes quanto os consumidores nos

processos de informações automatizadas.

● Os cartões de débito e outros produtos bancários

para remessas familiares diminuem os custos

operacionais e aumentam a fatia que chega ao

recebedor, ao mesmo tempo garantindo a entrada

da remessa na economia formal.

Obstáculos

Os países latino-americanos enfrentam uma série de

obstáculos que se interpõem na obtenção total das

vantagens dos sistemas de pagamentos eletrônicos. O

mais importante deles é a baixa penetração bancária.

Um estudo em 2002 descobriu que a penetração

bancária média de 16 países da América Latina era de

55,6% da população, e nos seis países cobertos por

este relatório oficial ela variou de 40,3% na Colômbia

a 72,2% no Brasil. A proporção da população

economicamente ativa que tem conta bancária é

maior, mas não existem medidas coerentes recentes

desse fator entre os países. A baixa penetração

bancária tende a perpetuar os hábitos do consumidor

de pagar com dinheiro em espécie, o que por sua vez,

alimenta a economia informal, e esse é o principal

obstáculo para um uso mais eficaz dos pagamentos

eletrônicos.

Um outro obstáculo importante é o intenso uso de

cheques, principalmente por clientes abastados. Esse

fenômeno é mais pronunciado no Chile, Colômbia e

Brasil, onde existe uma prática firmemente arraigada

de usar cheques pré-datados como forma de

pagamento. Além do fato de que o crédito é

geralmente mais fácil de se obter com cheques do que

com cartões de crédito, o uso em alguns países é visto

como um símbolo de status porque demonstra a

capacidade de estar qualificado para uma conta

corrente.

A baixa penetração da Internet também atrapalha a

transição para pagamentos online. Isso, por sua vez, é

uma função da baixa penetração do PC. Dos seis países

estudados, o Chile tem a maior penetração com 238

usuários de Internet em 1.000 pessoas, seguido da

Argentina com 112. A penetração na Venezuela é a

mais baixa com 51 usuários em 1.000 pessoas.

Oportunidades

Apesar desses obstáculos, existem muitas

oportunidades para os governos e instituições

financeiras tomarem medidas no sentido de conduzir a

transição para produtos de pagamento eletrônico. Os

métodos que funcionam em um determinado país não

são necessariamente apropriados para outros, e os

exemplos que se seguem não são prescrições. Com eles

têm-se a intenção de ilustrar as abordagens gerais que

podem ser personalizadas para as necessidades

específicas de cada mercado.

Os governos podem dar o exemplo. O aumento do

uso pelo governo de produtos de pagamento

eletrônico para compras, pagamento de benefícios e

arrecadação de impostos e taxas são uma

demonstração prática das vantagens desses produtos.

Além do mais, a exposição a esses produtos de

pagamento para receber benefícios da previdência

social, por exemplo, contribui para que as pessoas se

sintam à vontade em usá-los.

Os funcionários e governos podem acelerar a

entrada de funcionários no sistema bancário exigindo

que os salários sejam depositados em contas

bancárias, ou promovendo tais sistemas de alguma

outra forma. Em muitos casos esses arranjos

constituem o primeiro contato dos funcionários com o

sistema bancário, e ajudam a aumentar o nível de

conforto deles com os produtos de pagamento

eletrônico.

Os governos podem criar desincentivos para o uso

de cheques introduzindo atrasos programados nos

sistemas de compensação de cheques. Os descontos

sobre o IVA para operações com cartão que foram

implantados em alguns países também criam

incentivos positivos para o uso de produtos de

pagamento eletrônico, embora sua principal

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50 © The Economist Intelligence Unit 2005

Avaliação dos sistemas de pagamentos na América Latina

Conclusão

finalidade seja fazer com que a arrecadação de

impostos seja cumprida pelos comerciantes.

As instituições financeiras e governos podem

também continuar promovendo a introdução de

tecnologias emergentes que permitam sistemas de

pagamentos sofisticados. Os cartões inteligentes, por

exemplo, diminuem a fraude e permitem outros

benefícios de diversas aplicações. As instituições

financeiras podem também trabalhar no sentido de

promover a expansão de redes de terminais para

garantir o uso e a aceitação difundida dos produtos de

pagamento.

Finalmente os governos podem promover aumentos

da penetração na Internet indiretamente subsidiando

os custos de infra-estrutura, ou diretamente

fornecendo terminais públicos de Internet ou

subsidiando compras individuais de computadores.

Todos os países discutidos aqui neste relatório

oficial tiveram um rápido progresso na década passada

na implantação de sistemas modernos de pagamentos,

especialmente no desenvolvimento de infra-estrutura

moderna. Mas ainda existe muito que pode ser feito

para explorar esta nova infra-estrutura de modo a gerar

maiores benefícios para um número maior de pessoas.

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© The Economist Intelligence Unit 2005 51

Apêndice Sistemas de câmara de compensação

Todos os seis países incluídos neste relatório oficial

realizaram grandes reformas nos sistemas de

pagamentos durante vários anos. Todos eles

modernizaram suas câmaras de compensação, e todos,

com exceção da Venezuela, instalaram sistemas em

tempo real para operações de grandes valores.

Argentina

O sistema de liquidações financeiras da Argentina foi

substancialmente reformado em 1997, quando o

Banco Central da Argentina (BCRA) estabeleceu uma

nova estrutura de câmaras de compensação privadas

para modernizar os sistemas tradicionais realizados

com papel. O BCRA também instalou um novo sistema

de Liquidação Bruta em Tempo Real (LBTR,) que as

câmaras de compensação privadas têm que usar para

saldar suas contas correntes no BCRA. Foram

estabelecidas duas câmaras de compensação de

grandes valores e duas de baixos valores.

O sistema de LBTR é denominado Meios Eletrônicos

de Pagamento (MPE). Ele manobra todas as

transferências interbancárias, inclusive as que são

feitas em nome de clientes, através de contas

correntes mantidas por participantes junto ao Banco

Central, não sendo permitidos saques a descoberto. O

sistema tem uma conta única tanto para a execução

das liquidações quanto para o cumprimento das

exigências mínimas de liquidez junto ao BCRA. Essas

contas podem ser acessadas online em tempo real para

se fazer transferências diretas, inclusive aquelas

provenientes das compensações para liquidação de

saldos líquidos dentro de um mesmo dia. O sistema do

BCRA é diferente pelo fato de que designa como

compensações de alto valor aquelas que liquidam as

operações em 24 horas, e de baixo valor aquelas que

levam mais tempo para liquidar, não importando o

valor que tenham.

O BCRA autorizou duas câmaras de compensação de

baixo valor: a Compensadora Electrónica (COELSA),

que atende principalmente os bancos da região de

Buenos Aires, e a ACH S.A., que atende os bancos das

províncias. Esses dois sistemas operam de forma

parecida, compensando cheques, débitos diretos

interbancários, transferências e outros instrumentos

de pagamento. As transferências incluem aquelas

efetuadas pela Internet e ATMs e também aquelas com

cartões de crédito e de débito. Todos os cheques são

compensados dentro de 48 horas. Os sistemas ACH e

COELSA estão interconectados, utilizam sistemas

tecnológicos similares e para os clientes de bancos

aparecem como uma única câmara de compensação.

Todas as informações sobre os cheques são obtidas

eletronicamente, e a compensação também é

conduzida eletronicamente para cheques inferiores ao

limite de valor mínimo, abaixo do qual os cheques não

são encaminhados fisicamente. Esse valor foi

atualmente estabelecido em 700 pesos, que cobre

cerca de três quartos de todos os cheques emitidos no

país. Os cheques abaixo desse valor são sempre

compensados dentro de 48 horas. Os cheques de

valores mais altos são trocados fisicamente entre os

bancos. Muito embora sejam usados registros

eletrônicos para fins de controle, eles não são

compensados até que o cheque real seja apresentado e

a assinatura verificada. Os cheques dentro de uma área

a uma distância em torno de 60 km de Buenos Aires

são compensados em 48 horas, mas em todos os

outros lugares pode levar de três a cinco dias. A região

de Buenos Aires responde por cerca da metade do

volume de cheques da Argentina.

Apêndice

Sistemas de câmara de compensação

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52 © The Economist Intelligence Unit 2005

Apêndice Sistemas de câmara de compensação

Foram criadas duas câmaras de compensação de

altos valores depois das reformas de 1997. A

interbancária (CCI), criada em 1998, atende a todos os

bancos privados da Argentina. A Provincanje, criada

em 1999, atende aos bancos das províncias. As duas

oferecem serviços de liquidação líquida multilateral no

mesmo dia. Elas estão interconectadas e operam de

modo paralelo sob a coordenação do BCRA. Os

participantes devem manter caução suficiente junto ao

Banco Central para realizar operações.

Brasil

As reformas do sistema financeiro do Brasil

implantadas depois da crise bancária de 1995

almejavam basicamente aumentar a rapidez do

processamento. O foco mudou para gerenciamento de

risco em 2002 com a introdução do Sistema Nacional

de Pagamentos (SPB), que inclui um sistema de

liquidação LBTR de grandes valores operados pelo

Banco Central do Brasil (BCB). O SPB consegue

diminuir o risco sistêmico controlando as contas de

reserva do Banco Central durante o dia e fornecendo

um Sistema de Transferência de Reservas em tempo

real (STR). Saques a descoberto das contas de reserva

não são mais permitidos, e as compensações de

operações de um banco se atrasam se o banco não

tiver fundos suficientes.

Além do STR, foram instalados mais quatro novos

sistemas de compensação de pagamentos como parte

das reformas de 2002. Eles incluem um sistema de

liquidação líquida interbancária, uma rede de ATM, e

duas redes de cartão de débito e de crédito. A câmara

de compensação de cheques tradicional denominada

COMPE continua operando.

Além de cheques, existem três tipos de

instrumentos de pagamento interbancário no Brasil. O

Documento de Crédito (DOC), que é uma transferência

interbancária de um dia para o outro até um limite de

5.000 reais e que dá apoio às operações de ATM e

Internet. A Transferência Eletrônica Disponível (TED),

que foi introduzida em 2002 como parte do processo

de modernização e que permite liquidações no mesmo

dia. Os Boletos de Cobrança, que são faturas em papel

com código de barra e que permitem aos consumidores

pagar contas em um ATM, através de bancos da

Internet ou em um banco. O documento físico pode ser

truncado pelo banco recebedor e nesse caso a

operação é compensada e liquidada eletronicamente.

A Câmara de Compensação de Pagamentos

Interbancários (CIP) destina-se a liquidações de DOCs,

TEDs e boletos eletrônicos. Trata-se de um sistema

híbrido, com liquidações líquidas no encerramento do

dia em ordens de crédito que ocorrem durante o dia.

Os saldos são liquidados através de contas distintas no

BCB “ligadas” à COMPE, e os participantes utilizam o

STR para manter saldo positivo.

A COMPE é um sistema de compensação líquida

multilateral para cheques, DOCs e boletos. Os cheques

podem ser truncados segundo acordos bilaterais,

enquanto que outros documentos sempre são

truncados. São realizadas duas sessões em cada dia

operacional para cheques superiores e inferiores ao

valor limite, atualmente em 300 reais. Os cheques

superiores são compensados no mesmo dia e os

cheques inferiores são compensados de um dia para o

outro, Os saldos líquidos são liquidados no

encerramento de cada sessão via STR e todos os

pagamentos ficam irrevogáveis após esse momento.

Chile

A infra-estrutura de pagamento do Chile foi

substancialmente modernizada após uma emenda da

Lei Bancária Geral em 1997. A implantação foi

gradativa devido ao problema prolongado de dívida

subordinada que continuou afetando as instituições

financeiras. O principal impulso no sentido da

modernização foi a iniciativa do Banco Central do Chile

(BCC) em setembro de 2000.

O Banco Central está no processo de implantação de

um novo sistema de LBTR. Quando ele estiver

inteiramente operacional em setembro de 2005, o

sistema funcionará junto com uma câmara de

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© The Economist Intelligence Unit 2005 53

Apêndice Sistemas de câmara de compensação

compensação de grandes valores de propriedade

privada (CCPAV), administrada pela Compensadora

Bancaria (Combanc). Ela utiliza cheques interbancários

para liquidações de um dia para o outro. Para facilitar a

implantação, a Associação de Bancos e Instituições

Financeiras (ABIF) instalou uma câmara temporária

paralela de compensação líquida de grandes valores

denominada Cámara de Cobranza que oferece aos

bancos uma forma de conexão com o LBTR.

Desde 1985, a ABIF vem operando uma câmara de

compensação líquida multilateral de pequenos valores

denominada Sistema Nacional de Comunicação

Financeira (SINACOFI). Esse sistema foi gradualmente

modernizado, mas ainda está só parcialmente

automatizado. Os cheques em papel são enviados a um

processador terceirizado que emite um relatório

mostrando o total das operações de cada banco. Esse

relatório vai para o SINACOFI, que o analisa de um dia

para o outro para liquidação na manhã seguinte na

maior parte das regiões do país. Espera-se que o Banco

Central emita novas regras dentro em breve para

permitir automação total, e o SINACOFI já instalou um

sistema na Internet para facilitar as comunicações por

todo o país.

Colômbia

O Depósito Central de Valores (DCV) foi estabelecido em

1992 pelo Banco da República (BanRep), o banco

central da Colômbia. Trata-se de um sistema eletrônico

de valores líquidos altos, com liquidações ocorrendo no

encerramento de cada dia. Nessa época havia também

um sistema em tempo real para instituições que não

mantinham conta junto ao BanRep, e em 1998 esse

sistema foi expandido em um sistema completo de LBTR

no meio da crise financeira. Embora a implantação

levasse apenas 15 dias, o período de transição foi difícil

porque o sistema não estava preparado para os

choques impostos pela crise. Os relacionamentos entre

os bancos e o BanRep são mantidos através de contas

de depósito únicas (CUDs) usadas tanto para fins de

compensação quanto de reserva.

O BanRep também administra uma câmara de

compensação automatizada líquida e multilateral de

baixos valores denominada Sistema de Compensação

Eletrônica de Cheques (CEDEC). Os bancos enviam seus

cheques para empresas de processamento

terceirizadas que convertem 90% desses cheques para

a forma eletrônica de modo a transmiti-los ao CEDEC,

que liquida os pagamentos líquidos resultantes

através de contas do BanRep. Os pagamentos são

liquidados no meio do dia após apresentação dos

instrumentos de pagamento ao CEDEC.

O governo promoveu o uso de produtos de

pagamento eletrônico, e o BanRep também administra

o Sistema Nacional de Compensação Eletrônica

Interbancária (ACH-CENIT). Esse sistema foi criado na

esteira da crise de 1998-99 para estimular o

desenvolvimento de produtos de pagamento

eletrônico, especialmente débitos e créditos diretos.

Ele se concentra basicamente nos pagamentos do

setor público. E está no processo de modernização,

devendo todas as liquidações ser realizadas em um dia

até o final de 2005.

O ACH Colombia, operado por um grupo de

instituições financeiras privadas, oferece uma segunda

câmara de compensação de pagamentos eletrônicos.

Ela se concentra principalmente em operações de

varejo e operações interbancárias de alto valor. O total

do volume de operações foi de 7 milhões em 2004. O

ACH-CENIT manobra um número bem menor de

operações, mas responde por cerca da metade do valor

dos pagamentos, visto que lida com pagamentos do

governo de valor relativamente alto. O ACH Colombia

lançou recentemente uma nova rede interbancária para

operações na Internet denominada Pagamento de

Serviços Eletrônicos (PSE). A PSE serve como

intermediária entre comerciantes online e os bancos

que adquirem, e os clientes podem pagar pelas compras

com suas contas bancárias ou com cartão de crédito.

México

O México iniciou uma modernização substancial de seus

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54 © The Economist Intelligence Unit 2005

Apêndice Sistemas de câmara de compensação

sistemas de liquidação de pagamentos em 1994. Nessa

época, o Banco do México, seu banco central, operava

um sistema de liquidação interbancária eletrônica e

também uma compensação manual de cheques. O

principal objetivo das reformas foi substituir os

cheques de grandes valores por transferências

eletrônicas através do sistema de LBTR existente do

banco, o Sistema de Atendimento a Titulares de Conta

(SIAC). O SIAC havia sido lançado três anos antes, mas

ele não tem capacidade para incluir instruções de

pagamento para operações de terceiros.

O Banco do México preencheu esse vazio em 1995

com o lançamento do Sistema de Pagamento

Eletrônico Estendido (SPEUA). Esse sistema está sendo

agora substituído por um outro mais avançado,

incluindo uma nova plataforma tecnológica online que

foi lançada em março de 2005. O Sistema de

Pagamento Eletrônico Interbancário (SPEI), também

lançado em março, permite assinaturas digitais,

integra um protocolo de mensagens sofisticado, e

aumenta a capacidade de 5.000 para 20.000

pagamentos por dia. Os participantes podem liquidar

operações em tempo real através do SIAC, ou podem

estender linhas de crédito entre eles e liquidar no

encerramento do dia. O valor mínimo de operação de

50.000 pesos também foi removido.

Cecoban, a câmara de compensação do México, foi

privatizada em 1997, e foi lançado um programa

multifases de modernização. As melhorias incluem um

sistema de liquidação eletrônica conhecido como Pago

Interbancario que oferece processamento eletrônico

para quase todas as operações. Os saldos líquidos são

compensados através do Sistema de Compensação do

Banco do México (SICAM), que é operado pela

Cecoban. Ele é um sistema de liquidação líquida para

operações eletrônicas, com os saldos compensados

através da SIAC no dia seguinte à operação. Em 2002 o

Pago Interbancario foi transformado no TEF. Ao

mesmo tempo, foram introduzidos débito diretos

(DOMI).

Também em 2002, foi lançada a primeira fase de um

novo sistema de truncamento e imagens de cheques,

começando com a criação da imagem do cheque e a

introdução de um código bancário padronizado de 18

dígitos. A segunda fase do sistema de truncamento

iniciou-se em 2003, com preparações para operações

de troca de imagens. Pelo menos um banco mexicano

já começou o truncamento de cheques no nível do

comerciante.

Venezuela

Os sistemas de pagamento da Venezuela estão

atualmente passando pelo processo de uma extensa

modernização após consultas com o setor bancário em

1998. O Banco Central da Venezuela opera duas

câmaras de compensação de pagamentos, uma para

cheques e outra para operações de altos valores. No

núcleo de ambos os sistemas estão as contas correntes

que cada banco ou instituição financeira detêm no

BCV, conhecidas como contas únicas, que são usadas

tanto para liquidações interbancárias como para

cumprimento dos requisitos de reserva.

A câmara de compensação de cheques utiliza um

arranjo de liquidação líquida multilateral semi-

automatizado. Os cheques são apresentados ao BCV

fisicamente, junto com um disquete de computador

com informações agregadas para as operações de cada

dia compiladas às 18h. O BCV processa essas

informações eletronicamente e devolve os cheques

que não puderam ser processados às 6 horas da manhã

seguinte. Depois o BCV processa os débitos e créditos

de cada conta do BCV do banco para liquidar os saldos

líquidos entre as 15h e 15h30 do segundo dia.

As instituições financeiras também utilizam suas

contas do BCV para realizar liquidações bilaterais de

grandes valores como as utilizadas para operações

com cartão de crédito. Depois das consultas de 1998,

o BCV estabeleceu um grupo fechado de usuários de

propriedade exclusiva da SWIFT, o qual as instituições

poderiam usar para iniciar operações interbancárias

no mesmo dia. O sistema não opera em tempo real, e o

Banco Central processa cada transferência

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© The Economist Intelligence Unit 2005 55

Apêndice Sistemas de câmara de compensação

manualmente. Para compensar essa desvantagem,

sete bancos grandes instalaram uma rede privada para

comunicar informações sobre pagamento.

Os pagamentos de grandes valores respondem por

um percentual estimado em 90% de todos os

pagamentos da Venezuela, mas não existe uma

distinção clara entre os pagamentos de alto e de

baixo valor no sistema de compensação do BCV. O

Banco Central anunciou planos para estabelecer uma

definição para pagamentos de alto valor e para

processá-los através de um canal distinto. Isso será

uma medida preliminar no sentido de estabelecer um

sistema de LBTR para pagamentos de grandes

valores, que eventualmente substituirão a tecnologia

SWIFT e as redes operadas pelos bancos atuais. Isso

eliminaria o alto risco do prazo de compensação que

atualmente existe, tanto no sistema de cheques

quanto no SWIFT.

A instalação de uma nova câmara de compensação

eletrônica de cheques operada pelo BCV começou no

início de 2004 quando os bancos começaram a

substituir os números dos cheques pelos números de

20 dígitos do cliente usando tinta magnética.

Conhecida como Câmara de Compensação Eletrônica

de Cheques e Outros Meios de Pagamento (CCE), o

novo sistema também moderniza os meios pelos quais

as instituições financeiras e o BCV trocam

informações, facilitando todos os tipos de arranjos

interbancários. O BCV iniciou um teste do novo sistema

no começo de 2005, executando ambos os sistemas em

paralelo para eliminar os erros (bugs) antes da

instalação que é esperada para meados de 2005.

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Embora todos os esforços tenham sido feitos para

verificação da precisão das informações, nem a The

Economist Intelligence Unit nem o patrocinador deste

relatório podem aceitar qualquer responsabilidade ou

ônus pelo uso, por qualquer pessoa, deste relatório ou

de qualquer das informações, opiniões, ou conclusões

emitidas neste trabalho.

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