avaliação da digestibilidade e índices zootécnicos em...

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UNIVERSIDADE NILTON LINS UNINILTON LINS Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia INPA Programa de Pós-Graduação da UNINILTON LINS - UNINILTONLINS Programa de Pós-Graduação em Aquicultura PPG-AQUI ANDRÉ DIAS NOBRE Avaliação da digestibilidade e índices zootécnicos em juvenis de tambaqui (Colossoma macropomum), alimentados com rações contendo diferentes níveis de silagem ácida de pescado. MANAUS-AM 2016

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UNIVERSIDADE NILTON LINS – UNINILTON LINS

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA

Programa de Pós-Graduação da UNINILTON LINS - UNINILTONLINS

Programa de Pós-Graduação em Aquicultura – PPG-AQUI

ANDRÉ DIAS NOBRE

Avaliação da digestibilidade e índices zootécnicos em juvenis de

tambaqui (Colossoma macropomum), alimentados com rações contendo

diferentes níveis de silagem ácida de pescado.

MANAUS-AM

2016

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UNIVERSIDADE NILTON LINS – UNINILTON LINS

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA Programa de Pós-Graduação da UNINILTON LINS - UNINILTONLINS

Programa de Pós-Graduação em Aquicultura – PPG-AQUI

Avaliação da digestibilidade e índices zootécnicos em juvenis de

tambaqui (Colossoma macropomum), alimentados com rações contendo

diferentes níveis de silagem ácida de pescado.

ANDRÉ DIAS NOBRE

Orientadora: Dra. Márcia Regina Fragoso Machado

Co-Orientador: Dr. Rogério Souza de Jesus

Dissertação apresentada ao Programa de pós-

graduação em Aquicultura da Universidade Nilton

Lins, como parte das exigências para obtenção de

título de Mestre em Aquicultura.

MANAUS-AM

2016

iii

iv

N 754a Nobre, André Dias.

Avaliação da digestibilidade e índices zootécnicos em juvenis de tambaqui

(Colossoma macropomum), alimentados com rações contendo diferentes

níveis de silagem ácida de pescado/ André Dias Nobre. - Manaus:

UNL,2016

38f. 30 cm

Dissertação (Programa de Pós – Graduação em Aquicultura) Universidade

Nilton Lins, Manaus,2016.

Orientadora: Dra. Márcia Regina Fragoso Machado.

1.Digestibilidade. 2. Tambaqui 3.desempenho. 4.Silagem ácida de pescado.

I. Título. II. Universidade Nilton Lins.

CDU: 639.21

Sinopse

Pensando em uma alternativa para minimizar o custo de produção com a

alimentação, o presente estudo teve como objetivo utilizar a silagem ácida de

pescado como fontes proteicas na nutrição de juvenis de tambaqui (Colossoma

macropomum).

v

Aos meus pais e irmãos, aos quais dedico

minha vida todos os dias para retribuir o

amor, carinho, incentivo e apoio que

sempre recebi.

Dedico.

vi

Agradecimentos

Primeiramente a Deus, fonte de toda sabedoria e o meu pilar em todos os

momentos de minha vida. Sem ele nada faria sentido.

Em especial, ao meu pai Gabriel da Rocha Nobre Filho e minha mãe Dadimar

Dias Nobre, pelo amor incondicional, paciência nesta caminha e apoio em todos os

meus passos. E aos meus irmãos Marco Dias Nobre e Júlia Dias Nobre pela paciência

do convívio, amo vocês!

A minha namorada Sunique Poá por ter me acompanhado nos momentos mais

difíceis “experimento”, e pela paciência em todos momentos dessa caminhada. Amo

você!

À Universidade Nilton Lins e o Programa de Pós-graduação em Aquicultura

por ter me recebido com as portas sempre abertas.

Aos meus orientadores, Dra. Márcia Regina Fragoso Machado e Dr. Rogério

Souza de Jesus, pela confiança, direcionamento e ensinamentos no decorrer deste

trabalho.

À Universidade Federal do Amazonas e ao Professor Dr. Antônio José

Inhamuns por cedido o laboratório para o desenvolvimento da silagem.

Aos amigos Vanessa Ribeiro, Marcelo, Fábio Holder, Yugo Pastrana, Vinicius

Machado, Flávio Augusto e Michelle Fugimura, pelas palavras de encorajamento, e

pelos momentos divertidos.

Aos alunos do Grupo de Pesquisas aplicadas à Aquicultura da Amazônia –

GPAqua, pela ajuda na realização do trabalho, Jessica Silva, Elcimar Sousa, Hercules

Figueiredo, Stefane Souza, Gisele, Mariana Greff e Iurych Bussons.

Aos professores do programa de pós graduação, pelos ensinamentos. Em

especial Ao Dr. Leandro Godoy e Dra. Ligia Uribe Gonçalves por todas as conversas

construtivas e por ter disponibilizado a estação de piscicultura para a realização do

experimento. AGRADECIDO!

À FAPEAM pela concessão da bolsa durante o período de estudo.

A todos que colaboraram de alguma forma para a realização desse trabalho.

Muito obrigado a todos!

vii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8

2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 10

2.1 Silagem de pescado .................................................................................................10

2.2 Valor Nutricional da Silagem .................................................................................12

2.3 Uso do ensilado na nutrição de organismos aquáticos. .......................................14

3. JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 18

4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 19

5. OBJETIVO ............................................................................................................... 22

5.1 Objetivo geral ...........................................................................................................22

5.2 Objetivos específicos ...............................................................................................22

6. ARTIGO ................................................................................................................... 23

7. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 24

8. MATERIAL E METODOS ..................................................................................... 26

9. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 31

10. CONCLUSÕES .................................................................................................... 36

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 36

viii

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Composição bromatológica e energia bruta da silagem ácida de resíduos

de pescado........................................................................................................................27

TABELA 2 – Composição Percentual das Rações Experimentais ................................. 28

TABELA 3 – parâmetros físico-químicos de qualidade de água nos tratamentos testados

......................................................................................................................................... 31

TABELA 4 – Coeficiente de digestibilidade aparente da matéria seca, proteína bruta

extrato etéreo e energia bruta nas dietas referência e testes. ........................................... 32

TABELA 5 –Médias e desvio padrão das variáveis taxa de crescimento especifico

(TCE), ganho de peso diário (GPD), ganho de peso total (GPT), taxa de ganho relativo

(TGR) e conversão alimentar aparente

(CAA)..............................................................................................................................34

TABELA 6 - Composição centesimal dos peixes no início do experimento e no final do

período experimental em cada tratamento.......................................................................35

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Silagem ácida de pescado.................................................................................38

Figura 2. Elaboração das dietas ....................................................................................... 39

Figura 3. Unidades experimentais ................................................................................... 39

Figura 4. Biometria. ......................................................................................................... 40

8

1. INTRODUÇÃO

A população mundial está cada vez mais exigente em relação a sua

alimentação, procurando alimentos saudáveis e que sejam produzidos de forma ética.

A partir deste ponto de vista, a aquicultura vem crescendo e ocupando espaço no

cenário mundial como produtora de alimento de elevada qualidade nutricional (Kubitza,

2006).

Embora 85% do território brasileiro estejam localizados em zona de clima

tropical, muito favorável à produção aquícola e concentre 12% das reservas de água

doce do planeta e seja banhado por um litoral de aproximadamente 8.000km, ainda é

baixa a exploração da atividade aquícola no Brasil, perfazendo 18,6% contra 81,4%

da produção pesqueira por captura (Cyrino & Fracalossi, 2012). Porém, nos últimos

10 anos a aquicultura brasileira cresceu a uma taxa média de 10% ao ano, contra

um crescimento mundial de 6% ao ano no mesmo período (FAO, 2014).

Os números oficiais do Ministério de Pesca e Aquicultura (MPA-2010)

apontam o Sul e Nordeste como as principais regiões produtoras, respondendo juntas

por 61% da produção aquícola nacional, as regiões Sudeste e Centro-Oeste são

responsáveis por 30% da produção, e a região Norte tem a menor participação na

produção nacional, perfazendo somente 9%.

Contudo, de acordo com o consumo, Silva, (2015) afirma que o peixe representa

a principal fonte de proteína para consumo humano na região amazônica,

particularmente das populações que habitam as margens dos rios e lagos. O consumo

per capita de pescado das populações ribeirinhas é estimado entre 500 e 600 g/dia e em

Manaus de 33,7 kg/pessoa/ano.

Entretanto, com o aumento da produção de pescado (tanto da pesca como da

aquicultura) no Brasil, ocorre simultaneamente o aumento de desperdício de pescado

oriundos das feiras e indústrias de beneficiamento, na forma de resíduos do

processamento e até peixes inteiros de baixo valor comercial e/ou não comercializados.

De acordo com informações da Secretária de Estado de Produção Rural

SEPROR (2015), no Estado do Amazonas existe uma grande produção de resíduos de

pescado, no qual 27 mil toneladas de pescado foram desperdiçadas em 2014. Essa

quantidade alcança em média, 74 toneladas por dia e gera um problema ambiental, pois

9

esses resíduos são depositados nos lixões do Estado ou devolvidos ao ambiente

aquático.

Diante deste cenário, os pesquisadores estão dando cada vez mais importância

para o balanceamento de rações com utilização de ingredientes locais. Sabe-se que a

nutrição de organismos aquáticos no Amazonas possui elevado custo, difícil aquisição

e constantes faltas de matérias primas para confecção de rações (Tavares-Dias &

Mariano, 2015). Por isso, faz-se necessário a utilização de ingredientes alternativos e

regionais, que possam favorecer a cadeia produtiva da região.

Segundo (SEPROR, 2015), o Estado do Amazonas produz cerca de 200mil

toneladas anuais de pescado, onde uma grande fração desta produção são

desperdiçadas por ano, na forma de excesso de pescado que não foi comercializado e

subprodutos das indústrias de processamento de pescado.

Uma das alternativas para o aproveitamento desses resíduos seria a produção de

silagem do pescado na forma de ingrediente para rações de peixes, contribuindo assim

para diminuir a emissão desse material orgânico altamente poluente ao meio ambiente e

aproveitando as sobras de peixes que são desperdiçadas (Oetterer, 1994).

Segundo Kubitza (2012) a produção de resíduos nas indústrias de alimentos,

através da bioconversão, representa fonte potencial de rações e alimentos. Porém, a

utilização de técnicas para o aproveitamento desses subprodutos é recente, não havendo

preocupação com a eficiência de utilização deste, onde as perdas podem superar 60 a

70% do total capturado e/ou produzido.

Os resíduos do processamento industrial de pescado são utilizados na produção

de farinha de peixe, alimento este que possui alto valor nutritivo, porém, exige alto

investimento na sua fabricação e apresenta entraves como odor e efluentes.

Na tentativa de minimizar um problema ambiental gerado pelo resíduo de

pescado, uma das opções é transforma-lo em um produto que possa ser incorporado,

como ingrediente, em rações para animais (Ristic et al., 2002). Um exemplo seria a

utilização destes resíduos na produção de silagem de pescado, por ser um produto que

não exige alto investimento, ser de fácil produção, possuir valor nutritivo semelhante ao

da matéria-prima e características antimicrobianas, podendo ser utilizado na nutrição

animal.

Contudo, a correta avaliação do potencial de um ingrediente em uma ração

balanceadas, além de sua composição química, é de fundamental importância que se

10

determine sua digestibilidade, já que um ingrediente pode apresentar altos níveis de um

nutriente e este ser pouco absorvido (Furuya, 2000).

O uso da silagem de pescado pode ser uma alternativa de destinação dos

subprodutos de pescado na Amazônia. Além de ser fonte proteica, pode aumentar a

taxa de sobrevivência e desempenho zootécnico das espécies de peixes criadas em

sistemas de cultivo intensivo e semi-intensivo, reduzindo os custos com ração.

Dentre as espécies de peixes cultivados no Estado do Amazonas, o tambaqui

(Colossoma macropomum), apresenta-se como a espécie mais cultivada, seguida por

matrinxã (Brycon amazonicus) e pirarucu (Arapaima gigas). O tambaqui caracteriza-se

por apresentar boas características zootécnicas, habito alimentar onívoro, fácil

adaptação ao cativeiro, elevada rusticidade e fácil obtenção de juvenis (Aride et al.

2006). Porém, ainda existem poucos estudos relacionados à nutrição e exigências

nutricionais desta espécie, desta forma faz-se necessário o estudo de ingredientes

alternativos que venham atender as exigências nutricionais do tambaqui e reduzir o

custo com a ração.

Contudo, em Manaus não se tem um local especifico para destinar os resíduos

das indústrias de processamento de pescado e a sobra das feiras, sendo estes liberados

na lixeira municipal, fato este que contribui para a poluição do ambiente e para o não

aproveitamento de um produto que possui grande potencial nutricional. Dessa forma,

faz-se necessário, a fim de oferecer um destino a estes resíduos e oferecer um

ingrediente alternativo na alimentação de peixes.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Silagem de pescado

A ensilagem de resíduos de pescado é uma técnica antiga de conservação da

matéria orgânica (Hammoumi et al., 1998). Porém, Edin, na década de 30, adaptou a

metodologia de preservação de resíduos de pescado, a partir de um método

desenvolvido por Virtanen na década de 20, onde este utilizava ácidos sulfúrico e

clorídrico na preservação de forragem (Raa & Gilberg, 1982).

A silagem de pescado é definida como um produto semilíquido elaborado a

partir de peixes inteiros ou partes dele, no qual o processo de ensilagem consiste na

redução do pH, através da adição de ácidos orgânicos e/ou inorgânicos, tais como:

fórmico, sulfúrico, clorídrico, propiônico, acético, fosfórico, etc., conhecida como

11

silagem ácida, ou empregando microrganismos produtores de ácido lático juntamente

com uma fonte de carboidrato, conhecida como silagem biológica (Tatterson &

Windsor, 1974).

De acordo com Vidotti (2011), a silagem de pescado é realizada por um

processo simples e conhecido há muito tempo, que tem como princípio acidificar o pH

da massa moída, permitindo que as enzimas presentes no tecido fiquem livres para

hidrolisar a massa residual, podendo ser utilizado na alimentação de suínos, aves,

animais aquáticos e ruminantes. De acordo com a mesma autora, as silagens ácidas e

fermentadas conservam as características de composição dos resíduos de origem, e

ocorre variação nas características organolépticas (cor, cheiro e aparência) devido o

tipo de processamento utilizado (digestão ácida ou fermentada).

No processo de ensilagem ocorre a redução do pH para valores inferiores a 4,0

inibindo o crescimento de micro-organismos deteriorantes e patogênicos, prevenindo

também a oxidação da matéria-prima; observa-se também, redução no teor de proteína

bruta e aumento no teor de nitrogênio solúvel (não proteico), acompanhado de um

aumento no teor de aminoácidos livres e peptídeos de cadeia curta (Borghesi et al.,

2007).

Vidotti et al., (2003) avaliaram silagens ácidas e biológicas de diferentes

matérias-primas e concluíram que ambos processos empregados na preservação da

matéria-prima se apresentaram viáveis e manteve a qualidade proteica dos produtos.

A silagem do pescado pode ser um produto substituto a farinha de peixe em

rações, e sua produção apresenta vantagens em comparação com a farinha de peixe;

por tratar-se de um processo simples, prático, que independe de escala, com

necessidade de pouco investimento, com redução na emissão de efluentes e de odores,

sendo rápido em climas tropicais e de fácil realização. Entretanto, o produto é

volumoso quando na forma pastosa, podendo-se proceder à sua secagem para sua

aplicação em rações, na forma desidratada (Arruda et al., 2007).

Natel et al., (2012) avaliaram diferentes inoculantes na produção de silagens

(ácidas e biológicas), e utilizaram como matéria prima os resíduos de Tilápia

(Oreochromis niloticus) e como inoculantes os ácidos acético e sulfúrico para a

silagem química, e a bactéria Lactobacillus plantarum para a silagem biológica. Os

autores concluíram que os inoculantes testados produzem silagens de boa qualidade

nutricional para utilização em rações artesanais para o setor aquícola.

A silagem em geral é estável mesmo sem um processo de secagem. No

12

processo de ensilagem há um baixo consumo de energia e as enzimas especificas

presentes na matéria prima melhoram a palatabilidade e a digestibilidade do produto,

além de se evitar etapas de desodorização (Oetterer, 2004).

2.2 Valor Nutricional da Silagem

O conhecimento da composição química do pescado “in natura” é bastante

relevante, no que diz respeito a aspectos nutricionais, tecnológicos e ao uso de espécies

no setor piscícola. As composições químicas dos peixes podem variar entre espécies ou

entre indivíduos da mesma espécie, está variação está relacionada a fatores como sexo,

tamanho, região geográfica, época do ano, alimentação e ciclo metabólico (Furlan &

Outterer, 2002).

Segundo Oetterer (2007), a análise da composição química do pescado deve ser

realizada antes do processo de ensilagem, devido à grande variação de composição da

matéria-prima utilizada.

Apesar das mudanças físico-químicas do pescado no processo de ensilagem, o

valor nutricional é semelhante ao da matéria prima que lhe deu origem, variando, com

o tipo de matéria prima empregado no processo, particularmente quanto ao teor de

lipídeos (Borghesi, 2007).

Vidotti, (2011), menciona várias características e/ou qualidades que a silagem

apresenta na nutrição animal, como a melhora na palatabilidade de alimentos para

animais monogástricos, como cães, gatos e salmonídeos; a melhoria na digestibilidade

do alimento para animais muito jovens (larvas e alevinos), além do alto teor protéico e

baixo teor de cinza. Furlan & Outterer (2002) afirmam que o baixo teor de cinza é de

suma importância no preparo de produtos destinados a aquicultura.

A silagem do pescado é geralmente utilizada para modificar propriedades

funcionais de alimentos e em alimentos dietéticos, como fonte de pequenos peptídeos

e aminoácidos. Devido à sua elevada digestibilidade e ao seu balanço em aminoácidos

apresentando vantagens óbvias sobre produtos secos, como a farinha de peixe (Feltes,

2009).

Lo et al., (1993) desenvolveram silagens ácidas de pescado utilizando peixes

mortos oriundos das criações de salmão, e concluíram que o conteúdo de nutrientes foi

idêntico ao do salmão “in natura”, promovendo assim, uma solução para problemas de

estocagens das fazendas britânicas e utilização dos peixes mortos como fonte proteica.

No processo de ensilagem ocorre um aumento de aminoácidos livres, devido a

13

presença das enzimas endógenas presentes no pescado. Segundo Oeterrer, (2004) o

valor nutricional da silagem se reduz quando há um aumento no tempo de hidrólise.

Uma alternativa para inibir a atividade de hidrolise excessiva seria um tratamento

térmico, não havendo a necessidade de resfriamento para conservação da massa, onde a

silagem pode permanecer por mais de um ano em temperatura ambiente sem que

ocorra diminuição da qualidade.

De acordo com Slizyte et al., (2005), a silagem de peixe apresenta vantagens

nutricionais que permite a melhoria do valor nutritivo da matéria-prima no que diz

respeito ao aumento da digestibilidade proteica e à presença de lisina e metionina,

dentre outros aminoácidos essenciais. Em geral, as silagens são deficientes em

triptofano, aminoácido instável em condições ácidas, quando se apresentam na forma

livre (Morales-ulloa & Oetterer, 1995; Arruda et al., 2006;).

Segundo Feltes, ( 2009), a matéria-prima atualmente utilizada para obtenção de

silagens, são os descartes comestíveis de processamento de pescado magro, visto que

espécies com alto teor de gordura promovem o desenvolvimento de alterações

sensoriais (off flavor), afetando a qualidade nutricional da silagem, indisponibilizando

proteínas e aminoácidos e produz substancias tóxicas, o que pode prejudicar o ganho de

peso dos animais, fator pelo qual deve-se evitar o uso de peixes gordurosos.

Segundo Espe et al., (1989), a redução do valor nutricional do ensilado, está

relacionado a presença de aminoácidos livres, sendo estes desviados para a síntese

proteica e entrarem na rota catabólica mais rapidamente, fazendo com que os

aminoácidos livres fiquem mais disponíveis a serem utilizados como fonte de energia ao

invés das proteínas.

A silagem de pescado também apresenta um sério problema de armazenamento,

pois a silagem apresenta-se bastante volumosa e possui uma maior superfície de contato

com o ar atmosférico, favorecendo assim a ocorrência da oxidação lipídica e

consequente baixa do valor nutricional da silagem (Sales,1995). O mesmo autor afirma

que a redução do valor nutricional da silagem está no fato de os produtos primários da

oxidação lipídica, hidroperóxidos, responsáveis por causarem problemas de flavor e

ranço nas silagens. A decomposição de tais hidroperóxidos em produtos secundários

como hidrocarbonetos, alcoóis, cetonas e aldeídos, influenciam significativamente o

valor nutritivo das silagens de pescado. Segundo Gray (1978), a oxidação lipídica, está

responsável pela rancidez oxidativa, é influenciada por fatores como luz, calor, metais,

oxigênio atmosférico, pigmentos e grau de instauração dos ácidos graxos. A silagem de

14

pescado com altos níveis de ácidos graxos poliinsaturados, como o eicosapentaenoico

(C20:5) e o decosahexaenóico (C22:6), tem seu valor nutricional reduzido quando o

oxigênio atmosférico ataca as duplas ligações dos ácidos graxos insaturados.

Quando proteínas são expostas a lipídeos peroxidados, uma significante

proporção destes lipídeos complexa-se com proteínas através de associação e/ou

ligações de hidrogênio, ocorrendo assim a destruição de aminoácidos e formação de

produtos de adição com proteínas, tendo como consequência, redução da qualidade

nutricional do produto final (Sales, 1995).

2.3 Uso do ensilado na nutrição de organismos aquáticos.

O uso da silagem de pescado vem sendo utilizado na nutrição de organismos

aquáticos como excelente fonte de nutrientes em substituição a farinha de peixe, devido

estas apresentarem semelhança com a matéria prima utilizada, muitos autores apoiam o

estudo desta forma alternativa de alimento, baseando-se no menor custo da silagem em

comparação a farinha de peixe na alimentação aquícola (Fagbenro & Jauncey, 1995;

Disney et al, 1997; Goddard & Perret, 2005; Caravlho et al, 2006).

Ximenes-Carneiro (1991), utilizou rações contendo silagens biológicas na

alimentação de alevinos de tambaqui e concluiu que, a silagem biológica aumentou a

palatabilidade, apresentando-se com elevado potencial para substituição das farinhas de

carne e ossos ou da farinha de peixe. O autor também verificou um aumento nos teores

de cálcio e fosforo nos peixes alimentados com as raçoes testadas.

A literatura demonstra que o uso de silagem ácida de pescado na alimentação de

salmão (Salmo solar) concluíram que não houve diferença no desempenho zootécnico

dos peixes alimentados com ração a base de silagem em comparação a ração controle,

porém as dietas a base de silagem apresentaram menor custo (Espe et al.; 1994; Heras et

al.; 1994).

Ramos et al., (1994), não encontraram diferença estatística significante para

ganho de peso (P>0,05) trabalhando com a alimentação de juvenis de tambaqui

(Colossoma macropomum), através de dietas contendo diferentes níveis de inclusão de

silagem de peixe. Boscolo et al., (2007), também não encontraram diferença estatística

(P>0,05) no desempenho zootécnico do lambari (Astyanax bimasculatus) alimentados

com dietas contendo como fonte proteica de origem animal resíduos da indústria de

15

filetagem de tilápia. Porém, Pereira (2002), utilizando dietas a base de silagem de peixe

nos níveis de (10, 20 e 30%) em substituição a farinha de peixe na alimentação de

juvenis de tilápia (Oreochromis niloticus), observou que o peso dos juvenis nos

diferentes tratamentos foi menor do que a ração comercial.

Alguns estudos foram realizados com o objetivo de desidratar silagem. Carvalho

et al., (2006), avaliaram a composição química de silagem de resíduos de peixe

acrescida de 30% de farelo de trigo e o desempenho de tilápia do Nilo (Oreochromis

niloticus), recebendo níveis de (0, 10, 20 e 30%) desta silagem na dieta. Os autores

concluíram que o acréscimo de até 30% desta silagem na dieta não prejudica o

desempenho de tilápia. Fagbenro & Juancey (1995), avaliaram o coeficiente de

digestibilidade aparente do bagre africano (Clarias gariepinus) alimentados com dietas

contendo silagens de tilápias “co-secas” com farelo de soja, farinhas de vísceras, de

penas hidrolisada ou carne e ossos. Os autores concluíram que a dieta contendo silagem

de tilápia fermentada co-seca com farinha de penas hidrolisada apresentou o menor

valor do coeficiente de digestibilidade aparente da fração proteica (74,4%), as outras

dietas foram consideradas adequadas nutricionalmente e altamente digestíveis. Hossain

et al., (1997), avaliaram o coeficiente de digestibilidade aparente de vários alimentos

usados como fonte de proteína vegetal e animal para alimentação da carpa comum

(Cyprinus carpio), os autores concluíram que as silagens ácida de peixe marinho co-

secas com farelo de trigo, apresentaram os melhores CDA de 88,08 e 85,11%, com

ácido fórmico e sulfúrico, respectivamente.

Honczaryk & Maeda (1998), utilizaram dietas contendo silagens biológicas de

resíduos da filetagem de piramutaba (Brachyplatystoma vaillantii) e peixe picado como

controle na alimentação de pirarucu (Arapaima gigas), concluindo que as dietas que

continham o ensilado biológico apresentaram os melhores resultados de desempenho

zootécnico e características de carcaça, quando comparados com a dieta controle (peixe

picado).

2.4 Tambaqui (Colossoma Macropomum)

O tambaqui (Colossoma macropomum), pertencente à família Characidea e ao

gênero Colosssoma, é uma espécie tropical que ocorre naturalmente nas bacias do rio

Amazonas e do rio Orinoco, habitando áreas caracterizadas por possuir águas ricas em

nutrientes, com temperatura médias entre 25 e 34°C, e sendo capaz de resistir a baixas

concentrações de oxigênio dissolvido na água (<1mg/L) (Val & Almeida-val, 1995),

16

porém, a melhor concentração de oxigênio dissolvido que favoreça o crescimento dos

peixes tendem a ser superiores a (3mg/L). Outra característica do tambaqui é sua

resistência as variações do pH da água, pois a espécie é encontrado preferencialmente

em águas de cor preta (pH 3,8 - 4,9) e de cor branca ou barrenta (pH 6,2 -7,2). Aride et

al., (2006), afirmaram que exemplares de tambaqui mantidos em água com pH 4,0

apresentaram os melhores desempenhos e não foi constatado variações fisiológicas.

O tambaqui (Colossoma macropomum), além de ser a segunda maior espécie de

peixe de escama de agua doce do mundo, apresenta-se no cenário nacional como a

espécie nativa mais produzida no Brasil. Pois apresentam boas características

zootécnicas (Chagas, 2003), elevada eficiência de conversão da proteína ingerida (Izel

& Melo, 2004), fácil obtenção de juvenis, elevada rusticidade, habito alimentar onívoro

(Aride et al., 2010).

No Norte do Brasil, o tambaqui é uma espécie muito apreciada pela população

local e a demanda por sua carne é a principal razão pela qual muitos pesquisadores vem

dando importância para a elaboração de um pacote tecnológico que venha melhorar a

produção desta espécie. Izel & Rodriguez (2001), afirmam que o retorno econômico da

produção de tambaqui em viveiros escavados depende do preço de venda do produto,

mas fica geralmente entre 2,8 e 8,7 anos/há.

O maior entrave para a produção de tambaqui na região amazônica está

relacionada a nutrição das espécies, pois sabe-se que a ração representa a maior parte

dos custos de produção (maiores que 50%). Dairiki & Silva (2011), afirma que devido a

falta de informações sobre a composição química dos alimentos, exigência qualitativa e

quantitativa dos nutrientes das espécies produzidas. Estudos estão sendo subsidiados

com o objetivo de fornecer fontes alternativas de alimentos que possam desenvolver a

aquicultura na região.

Oishi, (2007), avaliou a farinha de resíduo da castanha da Amazônia

(Bertholletia excelsa) no desempenho de tambaqui, indicando que a inclusão de até 30%

da farinha de castanha não promoveu prejuízo no desempenho dos peixes.

Anselmo (2008), avaliou o desempenho e a digestibilidade de tambaquis

alimentados com rações extrusadas contendo diferentes resíduos de frutos amazônicos

como ingrediente alternativo, foram formuladas 5 rações (1 controle e 4 rações testes)

que foram caracterizadas pela substituição de 30% da ração controle por resíduos de

(acerola, camu-camu, jenipapo e araça-boi). O autor conclui que os resíduos de jenipapo

17

e acerola podem ser utilizados como fonte alternativa de proteína sem prejudicar o

desempenho e digestibilidade dos peixes.

2.5 Digestibilidade

Andriguetto, (1982), define a digestibilidade como sendo a fração do alimento

consumido que não é recuperada nas fezes, quando está fração não recuperada nas fezes

se expressa como percentagem da ingesta, recebe o nome de coeficiente de

digestibilidade.

Além da composição química dos alimentos, a digestibilidade é uma das

principais ferramentas que têm sido utilizadas na avaliação da qualidade de uma dieta

ou ingrediente, indicando o seu valor nutricional, assim como dos níveis de nutrientes

não digeridos, que irão compor a maior parte dos resíduos acumulados no meio aquático

(França-segundo, 2008). Pensando nisso, Pezzato et al., (2002), relatam em trabalho

desenvolvido com tilápia do nilo (Oreochromis niloticus) que os ingredientes que

possuem semelhança nas composições químicas podem apresentar diferentes

coeficientes de digestibilidade.

Andriguetto, (1982), afirma que alguns fatores afetam a eficiência de utilização

dos nutrientes de um alimento, sendo eles: nível de inclusão do nutriente, interação

entre os nutrientes, diferenças entre espécies, distintas características morfológicas e

fisiológicas e processo empregado na fabricação das dietas.

Dentre os marcadores utilizados nos estudos de digestibilidade em peixes, o

oxido de cromo III (Cr203), apresenta-se na maioria destes, pois este apresenta

características de ser não absorvível, não influenciar na palatabilidade, não interage com

outros nutrientes, possui a mesma taxa de passagem que o resto dos alimentos pelo

sistema digestório e não deve possuir características tóxicas aos animais (De silva &

Anderson, 1995).

Porém, todos os métodos de digestibilidade estão sujeito a erros, devido a perdas

por lixiviação e solubilidades dos nutrientes (De silva & Anderson, 1995). Pensando

assim, cuidados devem ser tomados afim de se reduzir perdas dos nutrientes durante os

experimentos de digestibilidade, independente da metodologia empregada (De silva,

2000).

Oliveira et al., (2006), avaliaram os coeficientes de digestibilidade aparente dos

nutrientes e da energia bruta da silagem ácida de resíduos da filetagem de tilápia do

Nilo (Oreochromis niloticus) para juvenis de tilápia nilótica. Os autores obtiveram

18

coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca (95,49%), coeficiente de

digestibilidade aparente da proteína bruta (96,66%), coeficiente de digestibildade

aparente do extrato etéreo (97,18%), coeficiente de digestibilidade aparente da energia

bruta (95,44%), tendo os autores concluído que a utilização deste alimento pode ser

eficientemente utilizada pela tilápia nilótica.

3. JUSTIFICATIVA

A população do Estado do Amazonas vem crescendo muito desde a última

década, com isso cresceu também o volume de lixo orgânico (principalmente sobras e

resíduos de pescado) produzido pelo estado. A demanda por pescado cresceu, mas não

a ponto de ultrapassar a oferta. Com isso criou-se um problema de desperdício de

pescado nas feiras e com resíduos de pescados das indústrias de processamento dos

mesmos.

Devido a problemas com desperdício de pescados que são excelentes fontes de

nutrientes, faz-se necessário a utilização destes resíduos na alimentação animal. A

silagem do pescado é geralmente utilizada para modificar propriedades funcionais de

alimentos e em alimentos dietéticos, como fonte de pequenos peptídeos e

aminoácidos. Devido à sua elevada digestibilidade e ao seu balanço em aminoácidos

apresentando vantagens óbvias sobre produtos secos, como a farinha de peixe

(FELTES, 2009).

O uso da silagem de pescado pode ser uma grande ferramenta de destinação

dos subprodutos de pescado na Amazônia. Na forma de excelentes fontes proteicas

como ingredientes para peixes amazônicos, objetivando assim aumentar a taxa de

sobrevivência e desempenho zootécnico das espécies amazônicas criadas em cativeiro

e alternativas para diminuir custos com alimentação. Dessa forma, o uso de silagem de

pescado confere vantagens sobre aspectos econômicos e sociais.

Pensando em uma alternativa para minimizar o custo de produção com a

alimentação, o presente estudo terá como objetivo utilizar a silagem ácida de pescado

como fontes proteicas na nutrição de juvenis de tambaqui (Colossoma macropomum).

Será realizada uma avaliação do desempenho zootécnico e da digestibilidade aparente

das rações formuladas com as diferentes concentrações da silagem ácida de pescado

em substituição a farinha de peixe.

19

4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

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22

5. OBJETIVO

5.1 Objetivo geral

Avaliar o desempenho zootécnico, coeficiente de digestibilidade

aparente e a composição centesimal do tambaqui (Colossoma macropomum)

alimentados com rações a base de silagem ácida de pescado em substituição a

farinha de peixe nos níveis de (0, 10, 20, 30 e 40%).

5.2 Objetivos específicos

4.2.1. Elaborar silagem ácida de pescado.

4.2.2. Balancear as dietas utilizando silagem ácida de pescado como ingrediente na

alimentação de juvenis de Tambaqui (Colossoma macropomum).

4.2.3. Avaliar os coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca, proteína

bruta, extrato etéreo e energia bruta das dietas teste.

4.2.4. Avaliar o desempenho zootécnico dos peixes alimentados com silagem ácida de

pescado.

4.2.5. Avaliar a composição centesimal do tambaqui (Colossoma macropomum)

alimentados com as dietas teste.

23

6. ARTIGO

Avaliação da digestibilidade e índices zootécnicos em alevinos de

tambaqui, alimentados com rações contendo diferentes níveis de

silagem de pescado

André Dias Nobre¹, Rogério Souza de Jesus², Márcia Regina Fragoso Machado³

1-Aluno de pós-graduação em aquicultura, Universidade Nilton Lins, Av. Av. Professor Nilton

Lins, 3259, 69058-030, Manaus, Amazonas, Brazil. 2-Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia (INPA), Coordenação de Pesquisa em Tecnologia de Alimentos, Manaus, AM, Brasil.

3- Programa de Pós-graduação em Aquicultura, Universidade Nilton Lins, Av. Professor Nilton

Lins, 3259, 69058-030, Manaus, Amazonas, Brazil.

Resumo – Os experimentos foram conduzidos simultaneamente para avaliar os

coeficientes de digestibilidade aparente dos nutrientes e da energia bruta da silagem

ácida de resíduos de pescado para juvenis de tambaqui (Colossoma macropomum) e o

desempenho dos juvenis recebendo níveis crescentes (0, 10, 20, 30 e 40%) da silagem

ácida em substituição a farinha de peixe na ração. Para os experimentos foram utilizados

150 juvenis de tambaqui, com peso médio de 25g e acondicionados em cones de 100L

de volume útil. A coleta de fezes foi realizada durante 18 dias e a determinação do

coeficiente de digestibilidade aparente dos nutrientes foi feita por metodologia indireta,

tendo sido utilizado 0,5% de (Cr2O3) como indicador incorporado à ração. As variáveis

analisadas para o desempenho zootécnico foram: taxa de crescimento especifico (TCE),

ganho de peso diário (GPD), ganho de peso total (GPT), taxa de ganho relativo (TGR) e

conversão alimentar aparente (CAA). O delineamento utilizado foi o inteiramente

casualizado com 5 tratamentos e 3 repetições. Foi encontrado diferença significativa

para os valores de digestibilidade aparente das dietas testadas (P<0,05), tendo o

tratamento 40% com os melhores valores de digestibilidade. Não foi encontrado

diferença significativa (P>0,05) para taxa de crescimento especifico, ganho de peso

diário, ganho de peso total, taxa de ganho relativo e conversão alimentar aparente.

Conclui-se que a silagem de pescado pode ser eficientemente utilizada pelo tambaqui

sem que prejudique o desempenho, ocorra mortalidade, e principalmente, reduzindo o

custo da ração e o impacto ambiental produzidos pelos resíduos de pescado.

Termos para indexação: Digestibilidade, Tambaqui, desempenho, silagem ácida de

pescado.

24

Summary - The experiments were simultaneously carried out to evaluate the apparent

digestibility coefficients of nutrients and gross energy of acid silage of fish waste for

tambaqui (Colossoma macropomum) and performance of tambaqui receiving increasing

levels (0, 10, 20, 30 and 40%) of acid silage by replacing fish meal in feed. For both

experiment, 150 tambaqui were used. The average weight of 25 g and packed in cones

100L working volume. Feces collection was made during 18 subsuquent days and

determining of the apparent digestibility coefficient of nutrients was made by indirect

methodology, 0,5% of (Cr2O3) was used as indicator incorporated into the feed. The

analyzed variables for the growth performance were: specific growth rate (SGR),

average daily gain (ADG), total weight gain (GPT) gain relative rate (ORR) and

apparent feed conversion (AFC). The design was completely randomized with 5

treatments and 3 repetitions. There was found significant differences in the apparent

digestibility values of the tested diets (P <0.05) with treatment 40% with the best

digestibility values. No significant difference (P> 0.05) were found for specific growth

rate, daily weight gain, total weight gain, gain relative rate and feed conversion. It was

concluded that the fish silage can be efficiently used by tambaqui without detrimental

performance, no mortality occurs, especially by reducing feed cost and environmental

impact produced by fish waste.

Index terms: digestibility, Tambaqui, performance, acid fish silage.

7. INTRODUÇÃO

A aquicultura no Brasil é considerada a atividade do setor primário em maior

desenvolvimento na atualidade (Tavares-Dias & Mariano, 2015). Porém, mesmo com o

aumento da população, a oferta de pescado é maior que a demanda em todo o território

Nacional, gerando assim grandes quantidades de resíduos de pescado (Brasil, 2012).

O Estado do Amazonas possui elevado potencial para o desenvolvimento da

atividade aquícola, devido a abundancia hídrica, elevado consumo per capita de pescado

e possuir tecnologias de produção e diversas espécies nativas adaptadas a criação em

cativeiro, tendo o tambaqui (Colossoma macropomum) como a espécie mais produzida

no Amazonas (Tavares-Dias & Mariano, 2015).

O tambaqui possui características como: habito alimentar onívoro, fácil obtenção

de juvenis, bom potencial de crescimento, alta produtividade e rusticidade (Goulding,

1997). Segundo Almeida et al., (2006), possui alta aceitação no mercado, devido sua

carne saborosa, com vida útil de 43 dias se conservada de forma correta entre camadas

25

de gelo. Está espécie representa a maior fração dos pescados comercializados pelas

indústrias e feiras do Amazonas, também sendo responsável por grande parte dos

resíduos de pescados gerados pelo Estado.

Dados da Secretária de Produção Rural do Amazonas (SEPROR, 2015),

apontam que o Estado do Amazonas produz 27 mil toneladas de resíduos de

pescado/ano do total produzido e que o Estado não possui um local especifico para

destinação dos resíduos de pescados, sendo atualmente um problema socioeconômico e

ambiental, pois estes contaminam o ar, solos e lençol freático.

Porém, o aumento da produção e do consumo de pescado está diretamente ligado

a necessidade de se viabilizar tecnologias para o aproveitamento dos resíduos gerados

pelas feiras e industrias de beneficiamentos de pescado. Uma alternativa para a

destinação dos resíduos de pescado é seu uso na alimentação animal (Oeterrer, 2004).

A alimentação na aquicultura representa cerca de 70% do custo de produção,

sendo que as fontes proteicas representam a maior fração dos custos das rações nos

sistemas de cultivo intensivo e semi-intensivo (Meurer, 2002). Dessa forma, faz-se

necessário a busca constante por alimentos alternativos que possam atender as

necessidades biológicas e econômicas (Pezzato et al., 2002).

Dessa forma, a silagem de pescado apresenta-se como uma alternativa para o

aproveitamento de resíduos de pescado, na forma de ingrediente com elevado valor

nutricional. Segundo Vidotti (2001), a silagem define-se por ser um produto liquefeito

obtido a partir de peixes inteiros, impróprio para o consumo humano ou resíduos do

beneficiamento do pescado. Nunes et al. (2006) afirma que a silagem de pescado

apresenta várias vantagens em relação a farinha de peixe, pois é obtida a partir de um

processo simples, não envolve mão de obra especializada e altos custos (energia e

equipamentos). O produto não atrai insetos, devido os odores ácidos exalados e nem

apresenta problemas relacionados a alguns patógenos, como Salmonellas.

Durante a ensilagem, as proteínas são hidrolisadas pela ação das enzimas

naturalmente presente no pescado e/ou adicionadas (silagem enzimática), devido ao

abaixamento do pH (<4,0), fato este que inibe a proliferação microbiana e origina um

produto rico em proteínas, lipídeos de cadeia curta e aminoácidos livres (Oeterrer,

2004).

A silagem apresenta-se como um alimento de valor nutricional agregado, além

de oferecer um destino aos resíduos de pescado que contribuiriam com a poluição

26

ambiental, gerado pelo acumulo desse material orgânico e para redução do custo das

rações.

Este trabalho objetivou avaliar o desempenho zootécnico, digestibilidade, custo

e composição centesimal dos pescados alimentados com silagens ácidas em substituição

a farinha de peixe.

8. MATERIAL E METODOS

8.1 Produção do Ensilado

Os resíduos de pescado como: carcaça, espinha, nadadeiras e escamas, foram

utilizados como matéria-prima para a elaboração da silagem ácida. Os resíduos foram

coletados nas feiras e industrias de processamento de pescado de Manaus e

transportados em estado refrigerado até o laboratório de Tecnologia do Pescado da

Universidade Federal do Amazonas (UFAM/FCA/DEPESCA), Manaus-AM, onde estes

foram triturados com o auxílio de moedor de carne, obtendo-se assim 5kg de massa

homogenia.

Adicionou-se à massa homogeneizada 0,1% de ácido ascórbico e 0,02% BHT

(butilhidroxitolueno) como antioxidante. Em seguida foram acrescentados os ácidos

Fórmico 85% P.A.Vetec e Propiônico 99,5% P.S. Vetec, a 3% v/p na proporção de 1:1

(Figura 1). Diariamente foi aferido o pH, temperatura e o revolvimento da massa foi

realizado duas vezes ao dia, com a finalidade de a massa ter um contato uniforme com o

ácido. Este procedimento se manteve por quatro dias quando foi observada a

estabilização do pH próximo a 4, conforme recomendado por (Tatterson & Windsor,

1974).

A análise químico-bromatológica da silagem foi realizada com base na matéria

seca como preconizado pela AOAC (2005). Sendo umidade e cinzas determinada pelo

método gravimétrico, o teor de proteína bruta foi determinado pelo método de micro-

kjedal (1883), e extrato etéreo foi determinado pelo método de Soxhlet (1879), como

descrita na tabela 1.

27

TABELA 1 – Composição bromatológica e energia bruta da silagem ácida de resíduos

de pescado.

Variáveis* Média ± Desvio padrão

Matéria seca (%) 29,91 ± 0,5

Proteína bruta (%) 69,87± 0,6

Extrato etéreo (%) 21,53 ± 0,4

Cinzas (%) 7,82 ± 0,1

Energia bruta (kcal/100g) 180,95± 0,8

*com base na matéria seca

8.2 Elaboração das Dietas

Foram formuladas uma dieta controle (sem silagem) e quatro dietas contendo

níveis crescentes de silagem (10, 20, 30 e 40%) em substituição parcial a farinha de

peixe. As dietas foram formuladas utilizando software SUPERCRAC versão 5.8,

MASTER.

Para a elaboração das rações, os ingredientes foram triturados, utilizando-se

peneira de 1,0 mm, posteriormente foram misturados conforme a formulação e então

processados. A peletização foi feita em uma peletizadora experimental pelo

umedecimento prévio da mistura com água (20% do total dos ingredientes) à

temperatura de 50ºC (Figura 2). Após a peletização, estas foram secas em uma estufa

de ventilação forçada por 24 h e posteriormente armazenadas sob refrigeração até sua

utilização (Tabela 2).

28

TABELA 2 – Composição Percentual das Rações Experimentais.

Ingredientes (kg) Nível de Silagem (%)

0 10 20 30 40

Farelo de soja 45 40 40 40 43

Amido 15 15 15 15 15

Farelo de trigo 13 15 15 15 12,70

Farinha de peixe 10 09 08 07 06

Milho 10 13 13,2 13 11

Silagem de resíduo de

pescado 0 10 20 30 40

Óleo de soja 02 02 02 02 02

Fosfato bicálcico 02 1,3 1,3 2 2,6

L-lisina 01 1,2 01 01 01

Sal comum 01 01 01 01 01

Premix peixes 01 01 01 01 01

DL-metionina 0,50 0,5 0,50 0,50 0,50

Total 100 100 100 100 100

Cálcio (%) 0,91 0,81 0,78 0,77 0,76

EB Peixes (Mcal/kg) 2914 2937 2966 2955 2960

Fibra bruta (%) 3,88 4,10 3,93 3,84 3,80

Fósforo disponível (%) 0,66 0,59 0,55 0,54 0,52

Gordura (%) 6,21 6,08 5,95 5,92 5,80

Lisina (%) 3,08 3,12 3,13 3,18 3,20

Metionina (%) 0,71 0,83 0,86 0,88 0,90

Proteína bruta (%) 30,00 30,00 30,00 30,00 30,00

Triptofano (%) 0,37 0,40 0,41 0,44 0,49

*Suplemento Vitamínico e Mineral, níveis de garantia por kg da dieta: Ácido fólico (min) 250,00 mg; Ácido

pantontênico (min) 5000,00 mg; Biotina (min) 50,00 mg; Cobre (min) 1995,00 mg; Etoxiquim 390,00 mg; Ferro

(min) 13,476; Iôdo (min) 75,00 mg; Manganês (min) 3733,00 mg; Niacina (min) 5000,00 mg; Selênio (min) 75,00

mg; Vitamina A (min) 1000000,00 UI; Vitamina B1 (min) 500,00 mg; Vitamina B12 (min) 3750,00 µg; Vitamina B2

(min) 17500,00 mg; Vitamina B6 (min) 2488,00 mg; Vitamina C (min) 25,00 g; Vitamina D3 (min) 500000,00 UI;

Vitamina E (min) 20000,00 UI; Vitamina K3 (min) 500,00 mg; Zinco (min) 20,00 g.

8.3 Digestibilidade Aparente

O ensaio foi conduzido no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),

em Manaus – AM, no período de 11 a 28 junho de 2015. Foram utilizados 150 animais,

distribuídos em 15 cones de fibra de vidro com capacidade de 100L de volume útil

29

(Figura 3). A determinação do coeficiente de digestibilidade aparente foi determinada

pelo método indireto, sendo utilizado como indicador 0,5% de óxido de cromo III

(Cr2O3) incorporado as dietas, conforme metodologia descrita por (Cho, 1987). Os

juvenis de tambaqui (Colossoma macropomum) foram adquiridos por meio de doação,

da estação de piscicultura da Secretaria de Estado de Produção Rural, em Manaus-AM,

pesando 25,00 ± 4,00g e medindo 9,60 ± 0,90cm.

Os tratamentos foram sorteadas ao acaso, passando por um período pré-

experimental de 5 dias. O período experimental teve duração de 18 dias, com

alimentação Ad libitum e fornecida duas vezes ao dia (09:00 e 17:00hrs), sendo

realizada a coleta de fezes nos horários (08:00 e 16:00hrs). Parte da água coletada junto

com as fezes era desprezada, as fezes sedimentadas eram então congeladas a (-10°C) até

se obter quantidade suficiente para realização das análises.

Ao termino do período de coleta, as amostras foram secas com o auxílio de uma

estufa com circulação de ar forçado a temperatura de 45°C, posteriormente

homogeneizada e submetidas a análises bromatológicas e de energia, realizadas no

Laboratório de Qualidades de Alimentos, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná

(UNIOESTE), campus de Toledo –PR, segundo AOAC (2005). Foram analisados

matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo e energia bruta.

No início e final do experimento foi realizada analise físico-química da água. Os

dados de temperatura, oxigênio dissolvido e pH foram aferidos em dias alternados

durante o período experimental, sendo temperatura e oxigênio dissolvido aferidos em

°C e mg/L, respectivamente, utilizando um oxímetro digital da marca YSI professional

series. O pH das amostras foram aferidos com auxílio de um pHmetro da marca

Bernauer Aquacultura, F-1100. As concentrações de amônia total e nitrito foram

determinadas pelo método colorimétrico segundo Verdouw et al., (1978) e Boyd &

Tucker, (1992) respectivamente, alcalinidade e dureza foram determinadas através de

titulação descrita por (Boyd & Tucker, 1992). A alcalinidade foi determinada usando o

indicador metil-laranja e a dureza total, e o gás carbônico segundo (Boyd & Tucker,

1992).

As análises para determinação da concentração de óxido de cromo nas fezes e

dietas foram realizadas no Laboratório de Qualidades de Alimentos, da Universidade

Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), em Toledo –PR, determinada por

espectrofotometria de absorção atômica, descrita por Kimura & Miller (1957), para

30

posteriores cálculos do coeficiente de digestibilidade das dietas (Mukhopdaghy & Ray,

1997).

8.4 Desempenho

O ensaio foi conduzido no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),

em Manaus – AM. Foram utilizados 150 animais, distribuídos em 15 cones de fibra de

vidro com capacidade de 100L de volume útil. Os cones possuíam circulação de água e

aeração constantes.

Devido os ensaios de digestibilidade e desempenho terem ocorridos

simultaneamente, os mesmos animais foram utilizados em ambos os ensaios. Sendo os

cones utilizados como unidades experimentais, em cada unidade experimental foram

acondicionados 10 animais. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado,

sendo 5 tratamentos (0, 10, 20, 30 e 40% de substituição parcial da farinha de peixe por

silagem acida de pescado) e 3 repetições.

Durante o período pré-experimental os animais não adaptados e/ou mortos foram

substituídos. Após o período pré-experimental, iniciou-se o período experimental com a

ração controle (0%) e as rações experimentais de (10, 20, 30 e 40%) de substituição

parcial da farinha de peixe por silagem ácida de pescado. As biometrias foram

realizadas com todos os peixes de cada unidade experimental no (1°, 30° e 60° dia),

objetivando assim, avaliar o ganho de peso e comprimento dos peixes. O peso dos

peixes foi aferido com o auxílio de balança digital com precisão de 0,5g, para o

comprimento utilizou-se ictiometro graduado em milímetros. O comprimento total foi

considerado da cabeça a cauda e o comprimento padrão da cabeça a inserção da cauda.

Com os resultados das biometrias (Figura 4), foi realizado o cálculo de

crescimento em peso e comprimento, a taxa de crescimento específico (TCE = [(ln

peso tempo 0 - ln peso tempo 1) /tempo] x 100). Os parâmetros de produtividade final

avaliados foram: sobrevivência (%), ganho de peso diário (GD= [peso final – peso

inicial] /tempo), ganho de peso total (GP = peso final - peso inicial), taxa de ganho

relativo (TGR= {[peso final-peso inicial] /peso inicial} x100%) e conversão alimentar

aparente (CAA = consumo de ração/ganho de peso).

A composição corporal dos peixes inicial e após o experimento foram realizadas

segundo a metodologia descrita pela A.O.A.C. (2005). Estas análises foram realizadas

no Laboratório de Tecnologia de pescado do Instituto Nacional de Pesquisas da

31

Amazônia (INPA). As análises químico-bromatológicas da carcaça foram realizadas em

triplicatas com base na matéria seca.

O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC), com cinco

tratamentos e três repetições (5x3). As médias e os respectivos desvios foram calculados

para cada grupo. Os resultados obtidos para cada tratamento foram comparados por

ANOVA (one-way), seguido de teste de comparação múltipla de Tukey. O nível de

significância admitido foi p<0,05.

9. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve mortalidade nos tratamentos durante o período experimental. Os

parâmetros físico-químicos de qualidade de água não diferiram estatisticamente entre si

(Tabela 3), apresentando boas condições da qualidade da água definidas para peixes

tropicais (Kubitza, 2003). Os parâmetros de qualidade de água do presente trabalho

estão de acordo com dados realizados por Roubach & Val (2007), considerados normais

para tambaqui (Colossoma macropomum).

TABELA 3 – parâmetros físico-químicos de qualidade de água nos tratamentos

testados (Média ± Desvio Padrão).

VARIÁVEIS TRATAMENTOS

0% 10% 20% 30% 40%

TEMP (°C) * 28,83 ± 0,85 28,90 ± 0,90 28,99 ± 0,76 29,03 ± 0,94 29,10 ± 0,90

OXIGÊNIO (mg/L)* 5,82 ± 1,14 6,04 ± 1,33 4,83 ± 0,31 5,77 ± 1,25 5,44 ± 0,74

pH* 4,90 ± 0,35 4,83 ± 0,31 4,90 ± 0,35 4,93 ± 0,29 4,87 ± 0,27

CO2 17,00 ±5,19 20,00 ± 5,00 18,33 ± 2,88 16,66 ± 5,77 16,70 ± 5,78

AMÔNIA (mg/L) 0,24 ± 001 0,21 ± 0,09 0,24 ± 0,05 0,16 ± 0,08 0,21 ± 0,08

ALCALINIDADE (mg/L) 9,16 ± 3,17 9,16 ± 3,17 9,16 ± 3,18 11,00 ± 0,03 11,00 ± 0,04

DUREZA (mg/L) 21,68 ± 2,89 20,02 ± 0,00 18,35 ± 2,89 20,02 ± 0,02 20,02 ± 0,01

* As variáveis que possuem (*) representam que as amostras foram coletadas em dias alternados durante

o período experimental. A ausência de (*) representa dados coletados no início e final do período

experimental.

9.1 Ensaio de Digestibilidade

Na Tabela 4, observa-se que os coeficientes de digestibilidade aparente da

matéria seca (CDAms), proteína bruta (CDApb,) extrato etéreo (CDAee) e energia bruta

(CDAeb) em silagens com diferentes níveis de substituição a farinha de peixe variaram

estatisticamente entre si (P<0,05).

32

Os valores do CDAms e CDAeb apresentaram os maiores valores na dieta

controle, (83,62% e 74,70%) respectivamente. Os menores valores do CDAms e

CDAeb encontrados neste estudo está representado pelo tratamento 10%, (52,88% e

51,12%) respectivamente. Lee et al., (2000), afirmam que dietas contendo elevados

valores do CDAms, apresentarão também elevados valores do CDAeb, isto pode ser

explicado pelas características dos óleos insaturados presentes nos alimentos da dieta,

pois estes são melhor absorvidos que alimentos com elevado teor de lipídeos saturados.

TABELA 4 – Coeficiente de digestibilidade aparente da matéria seca, proteína bruta,

extrato etéreo e energia bruta nas dietas referência e testes.

VARIÁVEIS CDA

MS (%) PB (%) EE (%) EB (%)

CDA 0% 83,62 ± 1,24a 69,29 ± 0,64d 46,88 ± 0,81c 74,70 ± 1,25a

CDA 10% 52,88 ± 0,89d 82,32 ± 0,48a 70,36 ± 0, 88b 51,12 ± 1,04c

CDA 20% 59,77 ± 0,74cd 80,11 ± 0,71ab 89,91 ± 1,02b 55,65 ± 1,10c

CDA 30% 66,33 ± 0, 80c 76,55 ± 0,49bc 67,00 ± 0,75b 63,00 ± 0,92b

CDA 40% 74,00 ± 0,73b 74,84 ± 0,66c 80,70 ± 0,66a 68,03 ± 0,99b

Letras diferentes na mesma coluna representam diferença estatística para (p<0,05)

Os valores máximo e mínimo do CDApb encontrados neste estudo estão

representados pelos tratamentos 10% (82,32%) e controle (69,29%), respectivamente.

Esta diferença é explicada pela hidrolise das proteínas da silagem em aminoácidos livres

e peptídeos de cadeia curta, sendo esses responsáveis por favorecer a digestibilidade

proteica dos alimentos (Viegas, 2002). Porém, o excesso de hidrolise proteica

disponibiliza elevadas concentrações de aminoácidos livres reduzindo assim a

digestibilidade proteica dos alimentos, através das vias de absorção proteica (Oeterrer,

2004).

Fagebenro at al., (1997), encontraram valores semelhantes ao CDApb (76,2 a

87,2%) para juvenis de bagre africano alimentados com silagem de resíduos de camarão

“co-secas” com produtos de origem animal.

Os valores dos CDAee foram diferentes estatisticamente (p<0,05), variando na

máxima a mínima entre os tratamentos 20% (89,91%) e controle (46,88%),

respectivamente. Segundo Oliveira (2003), este fato pode ser justificado pelo aumento

de ácidos graxos livres, devido a hidrolise lipídica ocorrida durante o período de

estocagem.

33

Os valores do coeficiente de digestibilidade aparente encontrados neste estudo

foram menores que os encontrados por Oliveira et al., (2006), no qual obteve valores

dos CDAms (95,49%), CDApb (96,66%), CDAee (97,18%) e CDAeb (95,44%),

trabalhando com diferentes níveis de inclusão de silagem ácida de resíduos de tilápia (0,

10, 20, 30 e 40%) em substituição a farinha de peixe para juvenis de tilápia

(Oreochromis niloticus).

Os CDAeb apresentados neste trabalho foram semelhantes ao encontrado por

Boscolo et al., (2004) quando trabalhando com farinha de tilápia (48,52%), farinha de

corvina (54,45%) e farinha de camarão (68,38%) na alimentação de tilápia do Nilo.

As diferenças encontradas nos CDA das dietas testadas podem estar relacionadas

a habilidade desta dieta em utilizar determinados nutrientes, espécie utilizada,

metodologia de coleta de fezes, marcador utilizado, composição química e

processamento a que estes ingredientes foram submetidos (Borghesi, 2007).

9.2 Ensaio de Desempenho

Durante o período experimental, foi observado disfunção comportamental

(interação de dominância) e maior atividade dos peixes na hora da alimentação nos

tratamentos que possuíam silagem ácida de pescado em substituição a farinha de peixe,

confirmando que os produtos de origem animal, como ocorre com a farinha de peixe e

silagem de pescado, além do valor nutricional, apresentam-se como palatabilizantes

(Furuya, 2001). Segundo Honczaryk & Maeda (1998), o aumento da palatabilidade das

dietas estão relacionados a substancias químicas solúveis (aminoácidos) disponíveis na

silagem ácida de pescado que atuam como estimulante de consumo.

Não houve diferença estatística (P>0,05) entre os tratamentos para as variáveis

taxa de crescimento especifico (TCE), ganho de peso diário (GPD), ganho de peso total

(GPT), taxa e ganho relativo (TGR) e conversão alimentar aparente (CAA), tabela 5.

Estes dados são compatíveis com o relatado por Oliveira et al., (2006) que também não

encontraram diferenças significativas na alimentação de tilápias do Nilo submetidas a

dietas contendo diferentes níveis de silagem ácidas de resíduos de tilápias (0, 10, 20, 30

e 40%) em substituição a farinha de peixe, concluindo que níveis de substituição da

farinha de peixe em até 40% por silagem ácida pode ser utilizada sem prejudicar o

desempenho e mortalidade de tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus).

34

TABELA 5 –Médias e desvio padrão das variáveis taxa de crescimento especifico

(TCE), ganho de peso diário (GPD), ganho de peso total (GPT), taxa de ganho relativo

(TGR) e conversão alimentar aparente (CAA).

Níveis de

Substituição

Variáveis

TCE% GPD(g) GPT(g) TGR% CAA

0% 19,66 ± 0,45a 0,46 ± 0,08ª 27,65 ± 12,80a 108,00 ± 0,48a 2,34 ± 0,08a

10% 18,78 ± 0,46a 0,44 ± 0,06ª 26,71 ± 8,21a 103,52 ± 0,37a 2,48 ±0,07a

20% 19,30 ± 0,40a 0,48 ± 0,05ª 29,08 ± 11,41a 112,27 ± 0,51a 2,26 ± 010a

30% 17,78 ± 0,48a 0,45 ± 0,06ª 27,40 ± 14,48a 107,18 ± 0,45a 2,33 ±0,8a

40% 18,26 ± 1,07a 0,46 ± 0,09ª 27,77 ± 12,06a 108,01 ± 0,49a 2,44 ±0,10a

Não houve diferença estatística para nenhuma das variáveis acima citadas (p>0,05).

Segundo Vidotti, (2001), citada por Borghesi, (2007), o sucesso da

utilização da silagem de pescado na alimentação de peixes está associada a presença de

aminoácidos livres e peptídeos de cadeia curta serem melhor absorvidos pelos peixes do

que proteínas inteiras. Baldisserotto (2013), afirma que a absorção dos peptídeos de

cadeia curta é mais rápida que a absorção dos mesmos aminoácidos na forma livre

(estes quando em excesso).

Ramos et al., (2001) avaliaram duas dietas com diferentes níveis de proteína

bruta (uma com 18% de proteínas bruta de silagem de pescado e outra com 22% de

proteína bruta de farinha de peixe) na alimentação de juvenis de tambaqui (Colossoma

macropomum) e observaram que não houve diferença significativa no ganho de peso e

conversão alimentar dos peixes, mesmo havendo diferença no teor de proteína bruta das

dietas. Lessi (2001), não encontrou diferença estatística (P>0,05) nos parâmetros de

desempenho zootécnicos, porém, observou um aumento progressivo no comprimento de

juvenis de tambaqui alimentados com silagem biologia de pescado em substituição a

farinha de peixe.

De acordo com Carvalho et al., (2006), avaliando o desempenho de juvenis de

Tilapias do Nilo (Oreochromis niloticus) alimentados com silagem de pescado nos

níveis (10, 20 e 30%) acrescidos de 30% de farelo de trigo resultaram em rações de boa

qualidade e com potencial para utilização na alimentação de juvenis de tilápia do Nilo,

podendo ser incluso até 30% deste ingrediente na dieta diária, promovendo assim a

redução do custo com alimentação

35

Chagas et al., (2005), afirma que experimentos relacionados a utilização de

rações experimentais devem levar em consideração o rendimento de carcaça, que

compensem os custos com alimentação. No presente estudo não houve diferença

significativa para as variáveis Matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e matéria mineral

(MM), com exceção dos valores de extrato etéreo (EE) que variaram com valores de

máxima e mínima de (9,39% a 4,15%).

TABELA 6 - Composição centesimal dos peixes no início do experimento e no final do

período experimental em cada tratamento.

Indicadores Variáveis

MS(%) PB (%) EE (%) MM (%)

Inicial 25,55 ± 0,68a 77,36 ± 6,40a 4,15 ± 0,19 a 14,77 ± 1,10a

0% 24,42 ± 0,72a 77,06 ± 2,37a 5,05 ± 0,15 abf 16,49 ± 2,99a

10% 24,44 ± 1,31a 79,53 ± 5,27a 7,42 ± 1,27 cd 13,97 ± 1,35a

20% 24,52 ± 0,82a 78,55 ± 8,90a 6,75 ± 0,49 df 14,89 ± 0,34a

30% 23,17 ± 1,55a 72,47 ± 10,19a 9,39 ± 0,69 e 15,01 ± 2,72a

40% 25,06 ± 0,95a 79,24 ± 5,39a 5,89 ± 0,39 f 16,76 ± 1,02a

Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatística pelo test de Tukey (P<0,05).

O efeito dos tratamentos sobre a composição corporal final dos peixes, quando

comparados com a composição inicial mostraram uma elevação do teor de extrato

etéreo, e semelhança nos teores de proteína bruta, matéria seca e matéria mineral. A

diferença entre os valores de extrato etéreo está relacionada a hidrolise da fração

lipídica das silagens, reação está que aumenta os teores de ácidos graxos insaturados,

importante na alimentação dos peixes e na característica de filé, já que os lipídeos

incorporados dependem do ingerido, ou seja espelham o conteúdo do alimento ingerido,

como observado por (Vidotti, 2011)

Pérez et al., (2001), utilizando resíduos de filetagem de piramutaba

(Brachyplatystoma vaillantii) submetidos a dois diferentes processamentos (cozimento

após moagem e silagem biológica) na alimentação de juvenis de tambaqui, constatou

que não houve diferença significativa (P<0,05) na composição centesimal dos peixes

nas diferentes dietas testadas. Estes mostraram maiores valores de extrato etéreo e

menores valores de proteína bruta e matéria mineral em comparação ao presente estudo.

36

10. CONCLUSÕES

A substituição parcial da farinha de peixe por 40% de silagem de pescado em

dieta para juvenis de tambaqui (Colossoma macropomum) apresentaram os resultados

mais satisfatórios (>70%) dos coeficientes de digestibilida aparente da matéria seca,

proteína bruta, extrato etéreo e energia bruta.

Não houve diferença estatística para o desempenho zootécnico entre os níveis

estudados. A farinha de peixe pode ser substituída por silagem ácida de pescado até o

nível de 40%, sem prejudicar o desempenho zootécnico, mortalidade, e principalmente,

reduzindo o custo da ração e o impacto ambiental produzidos pelos resíduos do

pescado.

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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