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UNIVERSIDADE NILTON LINS
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQUICULTURA
FREQUÊNCIA DO CANIBALISMO E CRESCIMENTO HETEROGÊNEO
DURANTE A LARVICULTURA DE MATRINXÃ, Brycon amazonicus
ELLEN CRISTINA MONTEIRO DE SOUZA
MANAUS- AM
2013
2
ELLEN CRISTINA MONTEIRO DE SOUZA
FREQUÊNCIA DO CANIBALISMO E CRESCIMENTO HETEROGÊNEO
DURANTE A LARVICULTURA DE MATRINXÃ, Brycon amazonicus
Orientador (a): Profa. Dra. Thaís Billalba Carvalho
Dissertação de mestrado apresentada ao
Programa de Pós-graduação em Aquicultura
da Universidade Nilton Lins.
MANAUS- AM
2013
3
AGRADECIMENTOS
À Deus por manifestar todos os dias sua presença e seu amor por nós;
À minha orientadora, Profª Drª Thaís Billalba Carvalho pela dedicação, incondicional
apoio e amizade, pela serenidade e companheirismo, que me fez manter a calma,
mesmo quando tudo parecia impossível;
Á querida Profª e “mestre” Marle Villacorta Corrêa pelo apoio, dedicação,
companheirismo e por acreditar e embarcar nesse projeto, e mesmo nos momentos de
incerteza e dificuldade estar sempre ao meu lado, incentivando e acreditando que tudo
daria certo.
À minha amiga e companheira Jaquelinne Pinheiro da Silva, pela dedicação em fazer
tudo dar certo, por me acompanhar e está ao meu lado durante todas as dificuldades e
em todas as etapas de desenvolvimento desse projeto.
A Universidade Federal do Amazonas na pessoa da Profª Marle Villacorta Corrêa e ao
Profª Alexandre Honzarick por cederem o espaço para realização da 1ª e 2ª fase
experimental respectivamente.
Aos técnicos do Centro de Aquicultura da Fazenda Experimental da Universidade
Federal do Amazonas e da Fazenda Santo Antônio por todo auxílio durante as etapas
de coletas de dados.
À minha família, meus amigos e especialmente meu esposo, que esteve ao meu lado me
apoiando de forma incondicional para que hoje esse sonho se tornasse realidade. Muito
obrigada amor!
4
DEDICATÓRIA
À minha família, e em especial
minha mãe, meu pai e meu esposo, por
todo apoio durante essa caminhada.
5
“Tudo posso naquele que me fortalece”
Filipenses 4:13
6
SUMÁRIO
1. RESUMO...........................................................................................................7
2. INTRODUÇÃO.................................................................................................8
3. MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................11
3.1 EXPERIMENTO I...................................................................................11
3.2 EXPERIMENTO II.................................................................................15
4. RESULTADOS................................................................................................17
5. DISCUSSÃO....................................................................................................29
6. REFERÊNCIAS...............................................................................................32
7. ANEXO............................................................................................................38
7
1. RESUMO
O canibalismo é um tipo de interação agonística intraespecífica predatória e
corresponde ao principal entrave na larvicultura de algumas espécies de peixes,
causando grande prejuízo econômico. Diversos fatores podem modular este
comportamento, entre eles, o crescimento heterogêneo do grupo que pode intensificar a
frequência da agressividade. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o canibalismo
em diferentes estágios de crescimento de matrinxã, Brycon amazonicus e testar se o
crescimento diferencial entre os indivíduos tem influência no comportamento agressivo
dessa espécie. Para isso, três espécimes foram agrupados em dois tratamentos
(homogêneo e heterogêneo) observados em seis períodos: 12, 24, 36, 48, 60 e 72 ± 2
horas pós-eclosão (hpe) por 20 minutos (n=10/cada). A interação agressiva e a atividade
motora foram descritas por meio de etogramas, a partir do qual foram realizadas as
quantificações comportamentais. A análise da biometria indicou aumento no tamanho e
peso ao longo do tempo em ambos os tratamentos (ANOVA de duas vias, F> 984,4, p<
0,000). A frequência das interações agressivas e da atividade motora para cada animal e
para o grupo foi maior às 12 hpe e menor às 36 e 48 hpe, tanto no homogêneo quanto no
heterogêneo (Kruskal-Wallis, X2< 52,80, p< 0,002). Não houve diferença entre os
tratamentos homogêneo e heterogêneo quando comparada a interação (Mann-Whitney,
U< 27, p> 0,08). Esses resultados permitem identificar os períodos onde as interações
foram mais intensas e evidenciam que a heterogeneidade do grupo não influenciou na
agressividade. A taxa de mortalidade aumentou ao longo das fases de crescimento
(ANOVA de duas vias, F= 26,28, p= 0,000), sendo observada maior mortalidade total
no tratamento homogêneo, o que pode estar relacionado à constante instabilidade
hierárquica do grupo. Diante do exposto, é possível propor estratégias que visem à
redução do canibalismo em B. amazonicus e, consequentemente, contribuir para o
aprimoramento da cadeia produtiva desse pescado.
8
2. INTRODUÇÃO
O canibalismo pode ser definido como uma interação agressiva predatória
intraespecífica que pode resultar em consumo parcial (canibalismo tipo I) ou total
(canibalismo tipo II) de indivíduos da mesma espécie (Folkvord 1997; Kestemont et al.
2003). É um comportamento exibido por várias espécies de peixes em ambiente natural
e artificial (Smith & Reay 1991; Hseu et al. 2003) e apresenta um impacto significativo
na sobrevivência durante os estágios iniciais de vida desses animais (Bernardino et al.
1993; Leonardo et al. 2008; Pedreira et al. 2008; Urbinati et al. 2008).
Ainda que não haja ingestão total, altas taxas de comportamento agressivo
causam injúrias e infecções que podem desencadear uma situação estressora e,
consequentemente, ocasionar na morte dos animais (Huntingford et al. 2006;
Baldisserotto 2009). Sabe-se que diversos fatores modulam a frequência e a intensidade
do canibalismo em peixes como, por exemplo, os parâmetros ambientais, o tamanho dos
animais (crescimento heterogêneo), a taxa de alimentação e a densidade populacional
(Katavic et. al. 1989; Sakakura & Tsukamoto 1998; Ostrowski et al. 1996; Marques et
al. 2004; Takeshita & Soyano 2009).
O crescimento heterogêneo é um dos problemas centrais em larvicultura
especialmente de espécies vorazes (Kestemont et al. 2003). A variação de tamanho
entre as larvas de peixes pode ser causada por diferentes fatores bióticos e abióticos,
incluindo as características fisiológicas e genéticas individuais, o tempo de eclosão e o
consumo do saco vitelínico (Metcalfe & Thorpe 1992; Sundstrom et al. 2005; Kamler
2008; Bystrom et al. 2012).
De acordo com Baras (1998), as consequências da variação de tamanho na etapa
larval são geralmente mais drásticas do que na fase adulta, pois favorecem o
canibalismo. Além disso, distribuições heterogêneas de tamanho frequentemente
determinam a posição de dominância social que é definida através de confrontos entre
indivíduos, em que os animais maiores geralmente são dominantes e os menores são
submissos (Huntingford & Turner 1987; Ridley 1995). O estabelecimento e a
manutenção dessa hierarquia de dominância desencadeiam uma situação potencialmente
estressora, sendo que os dominantes podem apresentar menor estresse social do que os
subordinados (Fernandes & Volpato 1993), o que reflete na redução do crescimento dos
animais de menor posição hierárquica (Volpato et al. 1989; Volpato & Fernandes 1994;
9
Metcalfe et al. 2003). Dentro deste contexto, a variação de tamanho individual dentro
do grupo pode ter uma implicação direta na exibição do canibalismo, pois este
comportamento indica diferenças biométricas, fisiológicas e comportamentais entre o
predador e a sua presa.
Dentre as espécies que apresentam o canibalismo, tem-se o Brycon amazonicus
(Spix & Agassiz 1829), conhecida como matrinxã, que ocupa o segundo lugar dos
peixes mais comercializados na Amazônia. Considerada uma espécie de alto interesse
comercial, o matrinxã apresenta rápido crescimento, boa aceitação de ração artificial e
carne de alta qualidade (Gomes & Urbinati 2005). No entanto, às elevadas taxas de
canibalismo durante a fase larval podem ser consideradas um fator limitador em
sistemas de criação intensiva para essa espécie (Smith & Reay 1991; Bernardino et al.
1993; Leonardo et al. 2008; Pedreira et al. 2008; Urbinati et al. 2008). Em ambiente
natural, B. amazonicus encontra-se em regiões de igarapés, o que reduz a ocorrência de
encontros agonísticos, sendo a formação de cardumes observada apenas no período
reprodutivo (Gomes & Urbinati 2005). Entretanto, em sistemas de produção, o
comportamento agressivo dessa espécie é exacerbado pelo confinamento e adensamento
dos indivíduos e também pode estar associado com a relação corporal entre os co-
específicos (Smith & Reay 1991), sendo diretamente correlacionado com o tamanho do
predador e, consequentemente, com o crescimento diferencial de indivíduos do mesmo
grupo (Ostrowski et al. 1996; Geffen 2002).
Segundo Moura & Senhorini (1996), a larvicultura do matrinxã consiste no
principal limitante tecnológico para sua criação. Nesta fase de desenvolvimento, as
perdas de larvas em decorrência do canibalismo podem chegar a 90% (Parazo et al.
1991; Senhorini et al. 2002), o que dificulta o cultivo e causa grandes prejuízos
econômicos para piscicultura. Neste contexto, vários estudos foram realizados na
tentativa de minimizar o canibalismo em cativeiro, como, por exemplo, a utilização de
diferentes tipos e tamanhos de alimento (Lopes et al. 1995; Ceccarelli 1997; Pedreira &
Sipaúba-Tavares 2002; Atencio-García et al. 2003), uso de hormônios tireoidianos
(Parra 2003; Leonardo et al. 2008) e triptofano (Hoshiba 2007), formato e coloração dos
aquários (Pedreira et al. 2006) e diferentes densidades de estocagem (Saccol-Pereira &
Nuñer 2003).
Embora evidências indiquem que o comportamento agressivo no matrinxã tem
início na fase larval (ex: Senhorini et al. 1998; Pedreira et al. 2008), não foram
10
encontrados estudos avaliando a frequência do canibalismo durante a metamorfose (fase
larval para a juvenil) e a interferência do crescimento heterogêneo na agressividade
dessa espécie, o que limita as inferências sobre as possíveis causas e os efeitos da
manipulação de fatores bióticos e abióticos sobre esse comportamento (ex. Vallés &
Stévez 2013). Diante do exposto, o objetivo foi avaliar o canibalismo em diferentes
estágios de crescimento e testar se o crescimento diferencial entre os indivíduos tem
influência no comportamento agressivo de matrinxã, Brycon amazonicus. No
experimento I foram analisados os parâmetros biométricos, a interação agressiva e a
atividade locomotora em larvas e juvenis de matrinxã em dois tratamentos: homogêneo
e heterogêneo. No experimento II, foram comparadas as taxas de sobrevivência em
diferentes fases de pós-eclosão de matrinxã, B. amazonicus. Assim, os resultados
forneceram informações etológicas que poderão ser utilizadas para prover melhorias em
métodos de larvicultura e, consequentemente, aumentar a eficiência da produção
comercial dessa espécie.
11
3. MATERIAL E MÉTODOS
Experimento I: Comportamento agressivo e atividade locomotora em larvas de
matrinxã, Brycon amazonicus
Os dados foram coletados no Centro de Aquicultura da Fazenda Experimental da
Universidade Federal do Amazonas (UFAM), onde as larvas foram produzidas a partir
de propagação artificial, utilizando o extrato bruto de hipófise de carpa comum de
acordo com Romagosa et al. (2001). Para as fêmeas foram utilizados 5,5 mg/kg de
peixe divididos em duas doses, a primeira com 0,5 mg/kg e a segunda com 5,0 mg/kg
em um intervalo de 10 horas. Nos machos foi administrada uma única dosagem
equivalente a 1,5 mg/Kg de peixe (Tabela 1).
Tabela 1. Média (± desvio padrão) do peso dos reprodutores e dosagem do extrato
bruto de hipófise de carpa administrada nas fêmeas e machos de matrinxã.
As taxas de fertilização dos ovos e de eclosão das larvas foram realizadas
conforme metodologias descritas por Romagosa et al. (2001) (Figura 1). Os ovos
fertilizados foram depositados em incubadoras cilíndricas de 35 litros (Figura 2), com
água em regime de renovação constante, temperatura de 26,9 ± 0,5 ºC, pH 7,45 ± 0,6 e
densidade de 1g de ovos por L de água (~ 1 larva/mL).
.
Figura 1. Ovos utilizados para o cálculo da taxa de fertilização.
Reprodutores Peso 1º Dosagem 2º Dosagem
Macho 1,46 ± 0,15 - 2,13 ± 0,20
Fêmea 1,48 ± 0,67 1,29± 0,70 9,79 ±1,49
12
Figura 2. Incubadoras utilizadas no armazenamento dos ovos e das larvas (35 L).
Foi comparado o efeito da similaridade de tamanho sobre o comportamento
agressivo, atividade locomotora e crescimento em larvas de matrinxã submetidas a dois
tratamentos. Um tratamento com três indivíduos de mesmo tamanho (homogêneo) e
outro com três indivíduos de diferentes tamanhos (heterogêneo) observados em seis
períodos: 12, 24, 36, 48, 60 e 72 ± 2 horas pós-eclosão (hpe), com 10 repetições cada.
Foi considerado como tempo zero o momento em que 50% das larvas eclodiram
(Romagosa et al. 2001) (Figura 3).
Figura 3. Observação da eclosão das larvas.
As larvas foram selecionadas por um separador confeccionado com tela de
malha 28 fio 30 de 50 cm de altura por 30 cm de diâmetro e instalado no interior da
incubadora (Figura 4). Após o enchimento da bexiga natatória, as larvas foram
colocadas dentro do separador por um período de 30 minutos, conforme técnica descrita
por Bernardino (1993) e Santos Jr. et al. (1996) e posteriormente transferidos (com o
auxílio de pipetas de plástico de 3 ml) para um recipiente redondo de vidro (2 cm x 1,5
cm) com 3 ml de água (Figura 5). A densidade na condição experimental foi
semelhante à densidade das incubadoras (1 larva/mL). Os peixes foram aclimatados por
13
10 minutos e, em seguida, foi feito o registro do comportamento (20 minutos) com
auxílio de um estereomicroscópio e uma câmera digital.
Figura 4. Coleta das larvas da incubadora.
Figura 5. Recipiente de manutenção dos tratamentos experimentais.
A interação agressiva e a locomoção foram quantificadas conforme os etogramas
descritos, respectivamente, nas Tabelas 2 e 3. A taxa de locomoção foi quantificada
pelo tempo que o animal se locomove durante cada observação (Olla et al. 1978; Sabate
et al. 2008) e, para auxiliar nesta análise, foi colocado um papel quadriculado sob cada
recipiente de vidro (Figura 5). Além disso, foi considerado o tempo de repouso e o tipo
de movimento (retilíneo ou circular), conforme realizado por Maciel et al. (2010) para
larvas de Brycon orbinyanus. Já o canibalismo foi estimado pela frequência da interação
agressiva (perseguição e mordida), conforme descrito por Sakakura & Tsukamoto
(2002), Takeshita & Soyano (2009) e Sabate et al. (2010).
A relação hierárquica entre os animais de cada grupo foi avaliada por um índice
de dominância (ID) que corresponde à proporção do número de ataques emitidos por
cada animal em relação ao total de ataques emitidos pelo grupo (Gonçalves-de-Freitas et
14
al. 2008; Boscolo et al. 2011). O ID varia de 0 a 1,0, sendo as posições sociais definidas
como: dominante (animal com maior ID), submisso 1 (animal com valor intermediário)
e submisso 2 (animal com menor ID).
Após o registro do comportamento, os espécimes (30 indivíduos por período de
observação) foram mortos por excesso de anestésico e fixados em formalina 4% para
medidas biométricas: peso corporal (mg)- com o uso de balança analítica de precisão e
comprimento total (mm)- com o auxílio de ictiômetro (confeccionado com uma lâmina
microscópica e papel milimetrado). Também foi avaliado o coeficiente de variação do
peso e do comprimento, o que permitiu avaliar a homogeneidade do tamanho dentro de
cada grupo, como realizado por Leonardo et al. (2008). Dependendo da fase de
crescimento, os animais foram alimentados até a saciação com plâncton vivo (até 48
hpe) e alimento inerte comercial (após 48 hpe), conforme descrito por Pedreira et
al.(2006).
Tabela 2. Etograma da interação agressiva em Brycon amazonicus.
Unidade
comportamental
Descrição
Abertura Bucal As larvas ficam paradas e realizam movimentos de abertura e de
fechamento da mandíbula.
Ameaça Movimento de investida de um peixe em direção ao oponente,
preparando-se para um ataque.
Ataque Um animal se aproxima do oponente e bate com a boca na região
da cauda ou cabeça.
Confronto Frontal Dois animais aproximam-se frontalmente e mordem a boca do
oponente.
Exibição Frontal Dois animais posicionam-se frente a frente sem contato físico.
Fuga O animal perseguido ou atacado se afasta do oponente.
Perseguição Um animal nada em direção ao oponente, acompanhando sua
trajetória.
15
Tabela 3. Etograma da atividade locomotora em Brycon amazonicus.
Unidade
comportamental Descrição
Contato Um animal em sua trajetória de natação toca outro animal
ocasionalmente.
Movimento circular O animal desloca-se de um local para o outro formando um círculo.
Movimento retilíneo O animal desloca-se de um local para o outro em linha reta.
Postura Ω A larva fica parada, inclinando sua postura corporal em diferentes
ângulos em relação ao ambiente.
Experimento II: Taxa de sobrevivência em diferentes fases do crescimento em
matrinxã, Brycon amazonicus
A coleta de dados foi desenvolvida na Fazenda Santo Antônio localizada no
ramal do Procópio (AM-010) durante o mês de dezembro de 2012. As larvas foram
produzidas por propagação artificial (Figura 6), conforme metodologia descrita no
Experimento I e baseada em Romagosa et al. (2001). A extrusão ocorreu 27 horas graus
após a indução, a taxa de fertilização dos ovos foi medida 12 horas após a segunda dose
de indução e a taxa de eclosão foi observada 5 horas após a fertilização, conforme
descrito por Romagosa et al. (2001). Os ovos fertilizados foram depositados em uma
incubadora cilíndrica de 35 litros (1g de ovos/L), com água em constante renovação
(Figura 7) e temperatura de 28 0C.
16
Figura 6. Fertilização artificial do matrinxã.
Figura 7. Incubadoras utilizadas no armazenamento dos ovos e larvas.
De acordo com Romagosa et al. (2001), a eclosão em matrinxã ocorre 10-11
horas após a fertilização, sendo, portanto, considerado como tempo zero o momento em
que 50% das larvas eclodirem. Foram realizados dois tratamentos: homogêneo (três
espécimes de mesmo tamanho) e heterogêneo (três espécimes de tamanhos diferentes)
observados em seis períodos: 12, 24, 36 (fase larval), 48, 60 e 72 (fase juvenil) horas
pós-eclosão (hpe), com cinco repetições cada.
Duas horas antes do início de cada período, as larvas foram separadas, contadas
e transferidas para recipientes (bandejas de polipropileno), seguindo a proporção de 1
larva/ml de água, semelhante a densidade da incubadora. As larvas foram selecionadas
por um separador confeccionado com tela de malha 28 fio 30 de 50 cm de altura por 30
cm de diâmetro e instalado no interior da incubadora. Após esse período, as larvas
17
foram recontadas para verificação da taxa de mortalidade representada pelo número de
animais mortos em relação ao número total de indivíduos utilizados em cada tratamento
experimental.
Análise de dados
Os dados foram analisados quanto à existência de valores discrepantes e, em
seguida, foram testados quanto à normalidade pelo teste de Shapiro-Wilk. De acordo
com a distribuição e variância dos dados, a frequência da interação agressiva e a
atividade locomotora foram comparadas entre os períodos de observação por Kruskal-
Wallis e entre os tratamentos por Mann-Whitney (dados não paramétricos). Já os dados
biométricos (comprimento e peso) e a taxa de mortalidade (experimento II) foram
comparados entre os tratamentos e ao longo do tempo por Análise de Variância de duas
vias (dados paramétricos). O teste de LSD foi utilizado para as comparações múltiplas e
foi considerado α ≤ 0,05 para significância estatística. Todas as análises citadas acima
foram baseadas em Zar (1999) e Siegel e Castellan (2006).
Nota ética
Este estudo está de acordo com os Princípios Éticos na Experimentação Animal
adotado pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA) e foi aprovado
pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da UFAM, Manaus, AM
(protocolo n0 035/2011).
4. RESULTADOS
A taxa de fertilização dos ovos foi de 93% e a taxa de eclosão foi de 88,7%. Não
foi observado interação entre o período de observação e o tratamento experimental para
o comprimento total (ANOVA de duas vias, F> 1,1, p< 0,35). No entanto, houve
aumento significativo ao longo do tempo para ambos os tratamentos (ANOVA de duas
vias, F> 984,4, p< 0,00). Considerando o peso corporal, foi observado efeito do período
de observação e do tamanho diferencial do grupo (ANOVA de duas vias, F> 4,27, p<
0,001; Figura 8). Já o coeficiente de variação do comprimento total e do peso corporal
foi maior no grupo heterogêneo em relação ao homogêneo e ao longo dos períodos de
observação (ANOVA de duas vias, F> 2,52, p< 0,03; Figura 9).
18
A fase de crescimento interferiu na frequência da interação agressiva total do
alfa, beta, gama e do grupo de animais, sendo maior às 12 e 72 hpe e menor às 36 hpe
tanto no grupo homogêneo como no heterogêneo (Kruskal-Wallis, X2< 52,80, p<
0,002). Esse efeito também foi encontrado quando considerada a ameaça, a
aproximação, o ataque e a fuga para o grupo e em todas as posições sociais nos dois
tratamentos experimentais (Kruskal-Wallis, X2< 36,61, p< 0,000; Figura 10 e 11). O
acompanhamento, o confronto frontal, a exibição frontal e a perseguição não foram
considerados para a quantificação por apresentarem baixa frequência. Quanto à abertura
bucal, não houve registro às 12 hpe, sendo sua maior frequência encontrada às 36 hpe,
tanto no grupo homogêneo como heterogêneo (Kruskal-Wallis, X2< 52,80, p< 0,000;
Figura 12). Não foi observada diferença na frequência de interação entre os tratamentos
homogêneo e heterogêneo para o total das interações em cada período de observação
(Mann-Whitney, U< 27, p> 0,08; Figura 13).
Houve maior duração da locomoção (movimento circular e retilíneo) nos
períodos de observação de 12 e 72 hpe para todos os animais do grupo (Kruskal-Wallis,
X2< 52,80, p< 0,000; Figura 14 e 15). Considerando a frequência da atividade motora,
foi observado menor deslocamento, contato e locomoção total às 36, 48 e 60 hpe
(Kruskal-Wallis, X2< 60,00, p< 0,001) em ambos os grupos experimentais. A postura Ω
foi observada a partir das 24 hpe, tendo seu maior índice às 72 hpe (Kruskal-Wallis,
X2< 22,00, p< 0,003; Figura 14 e 15). Não houve diferença na atividade locomotora
entre o os tratamentos homogêneo e heterogêneo para o total das interações e entre os
períodos de observação (Mann-Whitney, U< 49,50, p> 0,97; Figura 16).
Considerando o experimento II, não foi observada interação entre o período e o
tratamento experimental (ANOVA de duas vias, F= 1,23, p= 0,31). No entanto, houve
um aumento da taxa de mortalidade ao longo das fases de crescimento (ANOVA de
duas vias, F= 26,28, p= 0,000; Figura 17), sendo observada maior mortalidade total
(média dos seis períodos de observação) no tratamento homogêneo (p= 0,03; Figura
18).
19
0
5
10
12 hpe 24 hpe 36 hpe 48 hpe 60 hpe 72 hpe
com
prim
ento
tot
al (
mm
)
homogêneo
heterogêneo
Figura 8. Média (± desvio padrão) do comprimento total (cm) e do peso corporal (g)
dos animais em cada período de observação e nos dois tratamentos experimentais
(homogêneo e heterogêneo). Letras minúsculas diferentes indicam diferença estatística
significativa entre os períodos (LSD, p< 0,001).
A
a
c
a
b
c c c c c c c
b
B
a a
b b
c
c
c c
d d d
d
20
0
25
50
12 hpe 24 hpe 36 hpe 48 hpe 60 hpe 72 hpe
CV-p
eso
cor
pora
l (m
g)
homogêneo
heterogêneo
Figura 9. Média (± desvio padrão) do coeficiente de variação do comprimento total (A)
e do peso corporal (B) nos dois tratamentos experimentais e em cada período de
observação. Letras minúsculas diferentes indicam diferença estatística significativa
entre os períodos e asterisco indica diferença entre os tratamentos (LSD, p< 0,03).
B
a
c
a
c
A
a
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b
b
b
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b
c
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c
b
c
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min
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70
140
Approach Nipping Threat Total contest Flight
freq
uenc
y of
agg
ress
ive
inte
ract
ion
. 20
min
-1
12 HAH 24 HAH 36 HAH 48 HAH 60 HAH 72 HAH
Figura 10. Frequência (média ± desvio padrão) da interação agressiva para o
dominante (A), submisso 1 (B), submisso 2 (C) e o grupo (D) em cada período
de observação (hpe) para o grupo homogêneo. Letras diferentes indicam
diferença estatística significativa entre os períodos (p< 0,002).
Fre
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bc
d
a
c
b
b bc
a
a
bd
c bc
d
a
Aproximação Ataque Ameaça Total Fuga
Aproximação Ataque Ameaça Total Fuga
Aproximação Ataque Ameaça Total Fuga
Aproximação Ataque Ameaça Total Fuga
ad
c
bc d
b
22
0
70
140
Ameaça Aproximação Ataque Total Fuga
12 h 24 h 36 h 48 h 60 h 72 h
0
30
60
Ameaça Aproximação Ataque Total Fuga
12 h 24 h 36 h 48 h 60 h 72 h
0
30
60
Ameaça Aprox imação Ataque Total Fuga
12 h 24 h 36 h 48 h 60 h 72 h
A
B
0
30
60
Ameaça Aproximação Ataque Total Fuga
bc
bc cd cd
b
a
b
b
a
b c c
ba
b
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b
a
b
b
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b
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b
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b
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A
B
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a
a
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a
b b
a
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b
a
b
b
a
b
a
b
a
a
b
a
b
c c
a
a
b
a
b
c
c
Figura 11. Frequência (média ± desvio padrão) da interação agressiva para o
dominante (A), submisso 1 (B), submisso 2 (C) e o grupo (D) em cada período
de observação (hpe) para o grupo heterogêneo. Letras diferentes indicam
diferença estatística significativa entre os períodos (LSD, p< 0,004).
23
0
2000
4000
Homogêneo Heterogêneo
Fre
nq
uê
nci
a 2
0 m
in -1
24 h 36 h 48 h 60 h 72 h12 h
Figura 12. Frequência (média ± desvio padrão) da abertura bucal para o grupo nos dois
tratamentos experimentais e em cada período de observação (hpe). Letras diferentes
indicam diferença estatística significativa entre os períodos (LSD, p< 0,000).
a
b
c
b
c
c
a
b
c
b
c
c
24
0
30
60
12h 24h 36h 48h 60h 72h
0
30
60
12h 24h 36h 48h 60h 72h
0
30
60
12h 24h 36h 48h 60h 72h
0
75
150
12h 24h 36h 48h 60h 72hs
Homogêneo Heterogêneo
D
C
B
A
Figura 13. Média (± desvio padrão) do total da interação agressiva para o
dominante (A), submisso 1 (B), submisso 2 (C) e o grupo (D) em cada
período de observação (hpe) e nos dois tratamentos experimentais (Mann-
Whitney, U< 27, p> 0,08).
Fre
qu
ênci
a t
ota
l d
as
inte
raçõ
es a
gre
ssiv
as.
20
min
-1
25
Figura 14. Média (± desvio padrão) da atividade motora para o grupo (tratamento
homogêneo) em cada período de observação (hpe). Letras diferentes indicam diferença
estatística significativa entre os períodos (LSD, p< 0,003).
a
b
c c
c bc
a
b
c bc bc
d
a
b
c
c
c
d
0
900
1800
Circular swimming Linear swimming Total
Du
rati
on
. 2
0 m
in -1
12 HAH 24 HAH 36 HAH 48 HAH 60 HAH 72 HAH
0
320
640
Circularswimming
Linearswimming
Contact Total Ω-Posture
Freq
uen
cy .
20
min
-1
12 HAH 24 HAH 36 HAH 48 HAH 60 HAH 72 HAH
a
b
c c cd
bd
a
bd
c
bc bc
d
a b
c c cd
d
a
b
c
c
c
b
a a a a a
b
Deslocamento Deslocamento Contato Total Postura Ω Circular Linear
Deslocamento circular Deslocamento retilíneo Total
Freq
uên
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20 m
in-1
D
ura
ção
20
min
-1
a
b
c c
c bc
a
b
c bc bc
d
a
b
c
c
c
d
26
0
320
640
Deslocamento circular
Deslocamento retilíneo
Contato Total Postura ômega
Fre
qu
ên
cia
20
min
-1
12 h 24 h 36 h 48 h 60 h 72 h
0
900
1800
Deslocamento circular Deslocamento retilíneo Total
Du
raçã
o 2
0 m
in -1
12 h 24 h 36 h 48 h 60 h 72 h
Figura 15. Média (± desvio padrão) da atividade motora para o grupo (tratamento
heterogêneo) em cada período de observação (hpe). Letras diferentes indicam diferença
estatística significativa entre os períodos (LSD, p< 0,003).
A
B
a
b
c c c b
a
b
c
bc bc
b a
b c c
cd d
a
b
c
c c
b
a a a a b
a
b
c c c d
a
b
c c c
d
a
b
c c
d
c
27
0
300
600
12h 24h 36h 48h 60h 72hs
Fre
qu
ên
cia
20
min
-1
Homogêneo Heterogêneo
0
900
1800
12h 24h 36h 48h 60h 72h
Du
raçã
o /
20
min
-1(s
)
Homogêneo Heterogêneo
Figura 16. Média (± desvio padrão) da atividade motora frequência (A) e duração (B)
para o grupo nos tratamentos experimentais e em cada período de observação (hpe)
(Mann-Whitney, U< 49,50, p> 0,97).
A
B
28
0
0,15
0,3
Homogêneo Heterogêno
Taxa
de
mor
talid
ade
12 h 24 h 36 h 48 h 60 h 72 h
Figura 17. Média (± desvio padrão) da taxa de mortalidade nos tratamentos homogêneo
e heterogêneo durante os períodos de observação (hpe). Letras diferentes indicam
diferença estatística significativa entre os períodos (LSD, p< 0,0000).
0
0,1
0,2
Homogêneo Heterogêneo
Taxa
de
mor
talid
ade
Figura 18. Média (± desvio padrão) da taxa de mortalidade total nos tratamentos
homogêneo e heterogêneo. Asterisco indica diferença estatística (p= 0,03).
a a
b
b
c
c
a a
b b
c
c
*
29
5. DISCUSSÃO
A taxa de eclosão e fertilização dos ovos foi semelhante aos valores obtidos por
Romagosa et al. (2001), que observaram taxas, respectivamente, de 95 e 85%. Esses
resultados evidenciam que a técnica de reprodução artificial foi realizada
adequadamente.
Considerando o crescimento dos animais, foi observado um aumento
significativo do peso e do comprimento corporal ao longo dos períodos de observação,
semelhante aos resultados obtidos por Leonardo et al. (2008). Sabe-se que a intensidade
da interação agressiva está relacionada ao tamanho do predador e ao crescimento
diferencial dos indivíduos do mesmo grupo (Ostrowski et al. 1996; Geffen 2002), dessa
forma, o coeficiente de variação do peso e comprimento entre os espécimes dentro do
grupo foi menor no homogêneo, indicando tamanho diferencial entre os animais no
tratamento heterogêneo. Este resultado sugere que o método de separação das larvas foi
realizado de maneira adequada, conforme descrito por Santos Jr. et al. (1996).
As unidades descritas no etograma do comportamento agressivo são semelhantes
às observadas para larvas de outras espécies, tais como, Tautoga onitis (Olla et al.,
1978), Paralichthys olivaceus (Sakakura & Tsukamoto 2002), Thunnus orientalis
(Sabate et al. 2009) e Brycon orbinyanus (Maciel et al. 2010), com exceção da
aproximação, confronto frontal e exibição frontal, que não foram observados pelos
referidos autores. De acordo com Senhorini et al. (1998) e Pereira et al. (2008), o
comportamento agressivo no matrinxã tem início na fase larval, o que de fato aconteceu
neste trabalho, onde observou-se o início das interações agressivas às 12 hpe. O
matrinxã começa a se alimentar no fim do primeiro dia de vida (Romagosa et al. 2001),
porém, a interação agressiva é observada desde as 12 horas após a eclosão, período em
que as larvas ainda apresentam grande quantidade de vitelo, o que indica que o
canibalismo não é modulado pela alimentação, mas pode ser atribuído a outros fatores,
tais como, variações genéticas e parâmetros físicos ambientais (ex. Vallés & Estévez
2013).
Nas 12 hpe também foi exibido maior frequência de deslocamento e contato que
nos outros períodos de observação, o que pode ser explicado pelo início do
desenvolvimento corporal, grande quantidade de reserva do saco vitelínico, pouco
controle da atividade natatória (natação vertical) e grande incapacidade de equilíbrio das
larvas, conforme relatado por Lopes et al. (1995) e Sampaio (2010). Além disso, este
30
resultado pode ser considerado como uma tática de dispersão para reduzir a predação na
fase inicial, como descrito por Fuiman & Magurran (1994) para larvas de Epinephelus
septemfasciatus. Entretanto, não foi observada abertura bucal no período de 12 hpe, o
que pode ser explicado pelo fato das larvas de matrinxã apresentarem o aprofundamento
do epitélio que reveste a boca apenas às 18 hpe (Sampaio 2010).
A maior frequência da abertura bucal foi exibida 36 hpe, coincidindo com a fase
de declínio da atividade motora, o que pode ser atribuído ao fato do animal estar
direcionando maior energia para a movimentação constante da mandíbula. Essa alta
frequência de abertura bucal contribui para o fortalecimento da mandíbula do animal,
pois, de acordo com Herbing (2001), esse é um mecanismo importante no
desenvolvimento esquelético e muscular das estruturas envolvidas no processo de
captura do alimento. Além disso, Sampaio (2010) sugere que o intenso movimento
mandibular precede o canibalismo, o que pode explicar o aumento da agressividade
observada as 72 hpe na espécie em estudo.
Os resultados evidenciam que a duração e a frequência da interação agressiva e
da taxa de locomoção foram menores durante as 36 e 48 hpe, sugerindo que a menor
atividade locomotora reduz a probabilidade de encontros entre os animais e,
consequentemente, a interação social entre os membros do grupo. Após as 60 hpe, os
animais apresentaram absorção parcial do saco vitelínico, bexiga natatória inflada e
natação na horizontal, características que evidenciam o desenvolvimento do juvenil
(Lopes et al. 1995) e sugerem maior controle da atividade natatória, o que pode
justificar a maior taxa locomotora e o aumento no número de interações agonísticas
observada às 72 hpe. Além disso, o aumento da locomoção está relacionado com a
defesa de território em juvenis de Epinephelus septemfasciatus (Sabate et al. 2009).
Dessa forma, sugere-se que a maior atividade motora observada às 72 hpe possa ter
função semelhante, uma vez que o B. amazonicus também exibe comportamento
territorial (Ferraz & Gomes 2009).
Os animais não exibiram postura Ω às 12 hpe, conforme descrito por Sabate et
al. (2008) para Paralichthys olivaceus e Verasper variegatus. A exibição desse
comportamento ocorreu a partir das 24 hpe, sendo sua maior frequência observada às 72
hpe. De acordo com Sakakura (2006), a maior frequência de postura Ω está associada ao
aumento da agressividade em larvas de Paralichthys olivaceus. Assim, os resultados
31
concordam com o referido autor, pois foi observada maior frequência de interação
agressiva e de postura Ω às 72 hpe para cada animal e o grupo.
A maior agressividade no início do desenvolvimento larval (12 e 24 hpe) pode
refletir no aumento da mortalidade a partir das 36 hpe, período em que Bernardino et al.
(1993) e Lopes et al. (1995) também observaram as menores taxas de sobrevivência.
Isso pode ser esperado, pois o comportamento agressivo do início da fase larval causa
mordidas, injúrias e estresse que, por sua vez, podem facilitar a ação de patógenos e,
consequentemente, propiciar alta mortalidade dos animais (Katavic et al. 1989;
Huntingford et al. 2006). Já a partir das 60 hpe é evidenciado o aumento da taxa de
mortalidade que pode estar relacionado com a maior frequência da interação agressiva e
da locomoção exibida nesses períodos.
Comparando os tratamentos experimentais, pode-se concluir que a hpe interferiu
na agressividade e na taxa de locomoção, no entanto, o crescimento heterogêneo não
afetou o comportamento agressivo do matrinxã. Alguns autores enfatizam que a
heterogeneidade de tamanho aumentam as interações agressivas e o canibalismo em
espécies vorazes (Baras 1998; Kestemont et al. 2003), outros sugerem que o
agrupamento de animais sociais por similaridade de tamanho (grupo homogêneo) pode
aumentar as interações agressivas, pois animais de tamanho semelhante possuem a
mesma habilidade de luta, tendo, portanto, maior latência para o estabelecimento
hierárquico e, consequentemente, aumento no estresse social (Beeching 1992; Ang &
Manica 2010). No entanto, os resultados deste estudo evidenciam que o tamanho
diferencial do grupo (crescimento heterogêneo) não atua como um fator modulador da
interação agonística em matrinxã.
Comparando a exibição do comportamento agressivo e a taxa de mortalidade ao
longo dos períodos e em ambos os tratamentos, conclui-se que houve maior mortalidade
nos períodos de 60 e 72 hpe, que pode ser explicada pelas injúrias causadas pelas
interações agressivas ao longo dos períodos iniciais. Embora a agressividade não
apresente diferença entre os tratamentos, houve maior mortalidade total (soma dos seis
períodos de observação) no tratamento homogêneo, o que pode ser atribuído ao maior
gasto energético e as injúrias físicas decorrentes das interações agressivas
desencadeadas por animais que apresentam habilidade de luta semelhante (ex. Turnbull
et al. 1998).
32
A análise comparativa dos experimentos permitiu relacionar a exibição do
comportamento agressivo com a sobrevivência dos animais, evidenciando os fatores
moduladores do canibalismo em B. amazonicus. Diante do exposto, este estudo servirá
de direcionamento para práticas de larvicultura, pois, segundo Ceccarelli (1997), esta
fase corresponde ao maior entrave da piscicultura de matrinxã na região amazônica. Os
resultados também salientam a importância de conhecer o comportamento social desse
pescado, a fim de propor estratégias que visem à redução do canibalismo, diminuam a
taxa de mortalidade e contribuam para o aprimoramento da cadeia produtiva do B.
amazonicus. Além disso, o conhecimento etológico gerado permitirá inferir sobre as
possíveis causas e os efeitos da manipulação de fatores bióticos e abióticos no
comportamento agonístico de peixes.
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38
7. ANEXO
Parte desta dissertação foi submetida à Apllied Animal Behaviour Science.
N0 do protocolo: APPLAN-S-13-00217
Elsevier Editorial System(tm) for Applied Animal Behaviour Science
Manuscript Draft
Title: Onset of Cannibalism Related to Time of Hatching in Matrinxã, Brycon
amazonicus (Spix & Agassiz, 1829)
Article Type: Research Paper
Keywords: aggressive behavior, aquaculture, locomotion activity, survival, fish
Corresponding Author: Thais Carvalho, Ph.D
Corresponding Author's Institution: Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
First Author: Ellen Souza
Order of Authors: Ellen Souza; Jaquelinne Silva; Marle Villacorta-Correa, PhD.; Thais
Carvalho, Ph.D
Abstract: Cannibalism is an agonistic interaction, being the main obstacle for fish
hatchery, mainly that exhibit this behavior, because it represents great economic losses
for the fish farmer. Thus, we compared the aggressive behavior during post-hatching
different stages of matrinxã, Brycon amazonicus. Three specimens were grouped and
observed for six periods: 12, 24, 36, 48, 60 and 72 ± 2 hours after hatching (HAH) for
20 minutes, with 10 repetitions for each treatment. Aggressive behavior and motor
activity were described from an ethogram: approach, chase, flight, frontal display,
mouth fight, mouth opening, nipping, threat, circular and linear swimming, contact and
Ω-Posture. The biometric measurements have indicated an increase in the size and
homogeneity of the group (one way ANOVA, F > 1.72, P < 0.0001). Also, the
frequency of aggressive behavior and motor activity for each animal, and each group,
was higher at 12 and 72 hours after hatching (Kruskal-Wallis, H < 52.80, P < 0.003).
Summing up, these results help us to identify which periods have greater intense
interactions, and thus we may be able to propose strategies aiming at reducing
cannibalism in B. amazonicus, this way, improving the fish hatchery and farming.
39
Onset of Cannibalism Related to Time of Hatching in Matrinxã, Brycon amazonicus
(Spix & Agassiz, 1829)
Ellen Cristina M. de Souza1, Jaquelinne P. da Silva2, Marle Angélica Villacorta-Correa3,
Thaís B. Carvalho4
1 Programa de Pós-graduação em Aquicultura, Universidade Nilton Lins e Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, AM, Brazil /
[email protected]; 2 Graduação em Ciências Naturais - Universidade
Federal do Amazonas (UFAM), Manaus, AM, Brazil / [email protected]; 3
Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Faculdade de Ciências Agrárias (FCA),
Manaus, AM, Brazil / [email protected]; 4 Universidade Federal do
Amazonas (UFAM), Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Manaus, AM, Brazil /
Corresponding author: Dr. Thaís Billalba Carvalho
Av. General Rodrigo Octávio Jordão Ramos, 3000, Coroado I, 69077-000, Manaus-
AM, Brazil / Instituto de Ciências Biológicas / Departamento de Ciências Fisiológicas
Phone: +55 92 3305 4038; Fax +55 92 3305 4231
40
Abstract
Cannibalism is an agonistic interaction, being the main obstacle for fish hatchery,
mainly that exhibit this behavior, because it represents great economic losses for the
fish farmer. Thus, we compared the aggressive behavior during post-hatching different
stages of matrinxã, Brycon amazonicus. Three specimens were grouped and observed
for six periods: 12, 24, 36, 48, 60 and 72 ± 2 hours after hatching (HAH) for 20 minutes,
with 10 repetitions for each treatment. Aggressive behavior and motor activity were
described from an ethogram: approach, chase, flight, frontal display, mouth fight,
mouth opening, nipping, threat, circular and linear swimming, contact and Ω-Posture.
The biometric measurements have indicated an increase in the size and homogeneity
of the group (one-way ANOVA, F > 1.72, P < 0.0001). Also, the frequency of
aggressive behavior and motor activity for each animal, and each group, was higher at
12 and 72 hours after hatching (Kruskal-Wallis, H < 52.80, P < 0.003). Summing up,
these results help us to identify which periods have greater intense interactions, and
thus we may be able to propose strategies aiming at reducing cannibalism in B.
amazonicus, this way, improving the fish hatchery and farming.
Keywords: aggressive behavior, aquaculture, locomotion activity, survival, fish.
41
1. Introduction
Cannibalism is a type of aggressive predatory interaction that can cause injuries
(type I) or result in partial or total consumption (type II) of conspecifics (Folkvord, 1997;
Kestemont et al., 2003). This behavior has been recorded in several species of fish,
under natural and/or artificial conditions (Hseu et al., 2003; Smith and Reay, 1991) and
it has a significant impact on survival during the early stages of these animals’ lives
(Bernardino et al., 1993; Leonardo et al., 2008; Pedreira et al., 2008; Urbinati et al.,
2008). Even if there was no total consumption of the animal, high rates of aggressive
behavior may cause injuries, may be a trigger for stressful conditions, may increase the
pathogens action and may represent higher mortality rates (Huntingford et al., 2006).
According to Pickering and Christie (1981) the stress should be carefully considered in
fish farming, because social interactions are more intense due to limited space,
therefore being harmful for fishes’ health.
Several factors modulate the frequency and intensity of fish cannibalism such
as, environmental parameters, animal’s size, feeding rates and population density
(Baras et al., 2011; Marques et al., 2004; Ostrowski et al., 1996; Takeshita and
Soyano, 2009). In fact, the species Seriola dumerili tends to raise the cannibalism rates
in denser populations (Miki et al., 2011); although, the frequency of cannibalism in
Dicentrarchus labrax and S. quinqueradiata is inversely related to the feeding rate and
sizes differences among individuals in the group (Katavic et al., 1989; Sakakura and
Tsukamoto, 1998). In this sense, studies were performed in an attempt to minimize the
cannibalism, in captivity, it was presented options such as the use of different types
and sizes of food (Atencio-García et al., 2003; Lopes et al., 1995; Pedreira and
Sipaúba-Tavares, 2002), thyroid hormones (Leonardo et al., 2008; Urbinati et al.,
2008), different shapes and colors of the aquariums (Pedreira et al., 2006) and different
stocking densities (Saccol-Pereira and Nuñer, 2003).
42
Despite being a species with cannibalistic behavior, Brycon amazonicus (Spix &
Agassiz, 1829) - also known as matrinxã, is considered a species of high commercial
interest for fish farming (in several regions of Brazil) because it grows fast, has good
acceptance of artificial feed and has a meat of high quality (Gomes and Urbinati, 2010).
Under natural conditions, B. amazonicus can reduces the occurrence of agonistic
interactions, however, under artificial conditions such as fish farms, the aggressive
behavior increases, possibly because of individuals overcrowding and confinement.
The matrinxã hatchery has substantial technological boundaries since the
larvae loss can reach 90% due to cannibalism at this stage (Parazo et al., 1991;
Senhorini et al., 2002), what hampers farming and causes huge economic losses for
fish farming. Although some evidence indicates that aggressive behavior of matrinxã
begins at the larval stage (e.g. Pedreira et al., 2008; Senhorini et al., 1998), there are
no studies assessing the frequency of cannibalism during metamorphosis (larval stage
to the juvenile), which reduces experts’ assumptions about possible causes of the
biotic and abiotic handling effects on its behavior.
This study aims to describe and compare the cannibalism during different post-
hatching stages of matrinxã, Brycon amazonicus. Thus, ethological results will provide
information that may be used to improve hatchery methods and thereby increase the
efficiency of commercial farming this species.
2. Material and methods
2.1 Rearing Conditions
The study was conducted at the Centre for Aquaculture of Experimental Farm
from University of Amazonas, Manaus/Brazil. We used the crude carp pituitary extract,
as described by Romagosa et al. (2001) to larvae production from artificial propagation.
After extrusion, fertilized eggs were placed in incubators of 35 liters - water under
43
constant exchange, temperature of 26.9 ± 0.5 0C, pH 7.45 ± 0.6 and density of 1g of
egg / L of water.
2.2 Experimental Design
There were six experimental conditions: 12, 24, 36, 48, 60 and 72 ± 2 hours
after hatching (HAH), each one repeated 10 times; it was considered as “zero time” the
moment when 50% of larvae hatched (Romagosa et al., 2001). For each experimental
treatment, three individuals were collected from the incubator and transferred (by using
plastic pipettes of 3 ml) to a glass bowl of 2cm x 1.5cm previous filled with 3ml of water.
With the concern to keep the condition maintained proportional to the incubator.
2.3 Behavioral Observations
Larvae were acclimatized for 10 minutes and then a record of the behavior,
lasting 20 minutes, was made. For purposes of description and quantification of the
aggressive interaction was developed an ethogram (see results). The locomotion rate
was quantified by the time that the animal moves around during each observation (Olla
et al., 1978; Sabate et al., 2008). To improve the analysis method, under each glass
bowl was placed a graph paper. In addition, we considered the type of motor activity:
Circular Swimming- the animal moves from one location to another in a circle; Linear
Swimming- the animal moves from one square to another in a straight line; Contact-
the animals touch each other during the locomotion; Ohm-(Ω) posture- the larvae
bends its body posture at different angles. Regard the cannibalism, it was estimated by
the frequency of aggressive interaction as described by Sabate et al. (2010), Sakakura
and Tsukamoto (2002) and Takeshita and Soyano (2009). We also considered the sum
of all aggressive interactions, with the exception of flight (Total Contest); Total motor
activity- sum of swimming and contact.
44
The hierarchical relationship between animals, in each group, was assessed by
a Dominance Index (DI) that corresponds, pro rata, to the number of attacks emitted
by each animal for the number of attacks emitted by the group (Boscolo et al., 2011).
The DI ranges from 0 to 1.0, and social positions were defined as: alpha (animal with
larger DI), beta (animal with intermediate DI) and gamma (animal with a lower DI).
2.4 General Procedures
After behavior recording, specimens (30 individuals / treatment) were killed by
excess anesthetic (eugenol 0.5%) and fixed in formalin at 4% for biometric
measurements: body weight (mg)- using analytical accuracy balance, and length
(mm)- using a graduated ictiometer (mm). We also have assessed the coefficient of
variation of total length and mass which allow us to evaluate the size uniformity within
each group, as performed by Leonardo et al. (2008) and Sabate et al. (2009).
Depending on the growth phase, animals were fed to satiation with live plankton (up
to 48 HAH) and inert commercial food (after 48 HAH), as described by Pedreira et al.
(2006).
2.5 Statistical analysis
Data were analyzed for outliers and then tested for normality by the Shapiro-
Wilk test (Zar 1999). According to data variance and distribution, biometric data (total
length and mass) were compared among treatments with one-way ANOVA (parametric
data) followed by the Tukey test for multiple comparisons; and the frequency of
aggressive interaction and motor activity were compared between periods of
observation by Kruskal-Wallis. It was considered α ≤ 0.05 statistically significant; all
analyzes were based on Zar (1999).
2.6 Ethics
45
This study was conducted according to the ethical principles adopted by the
Brazilian College of Animal Experimentation (COBEA) and was approved by the Ethical
Commission of Animal Experimentation of the UFAM, Manaus, AM, Brazil (protocol
035/2011).
3. Results
The eggs fertilization rate was 93% and the hatching rate was 88.7%. There
was a substantial increase of the total length and mass (one-way ANOVA, F > 1.72, P
< 0.0001; Fig. 1). Considering the coefficient of variation, there was no difference
between the observation periods (one-way ANOVA, F < 1.87, P > 0.14; Table 1).
Aggressive behavior and motor activity were described from an ethogram
(Table 2). The post-hatching stage have interfered at the total frequency of aggressive
interaction (total contest) of alpha, beta, gamma and group, being greater at 12 and 72
HAH and smaller at 36 HAH (Kruskal-Wallis, H < 52.80, P < 0.003; Fig. 2); This result
was also found for approach, nipping, threat, and flight for the group and for all social
rank (Kruskal-Wallis, H < 36.61, P < 0.000; Figure 2). In the other hand, the mouth
opening was not observed at 12 HAH, being most frequently at 36 HAH (Kruskal-
Wallis, H < 52.80, P < 0.000; Fig. 3). Chase, frontal display, and mouth fight were not
considered to quantify because its low frequency.
Higher locomotor rates (circular and linear swimming) have occurred at the
periods of 12 and 72 HAH for the group animals (Kruskal-Wallis, H < 52.80, P < 0.000;
Fig. 4). It was observed lower frequency of swimming, contact and total motor activity
at 36, 48 and 60 HAH (Kruskal-Wallis, H < 52.80, P < 0.001). Ω-Posture was observed
from 24 HAH and its top rate at 72 HAH (Kruskal-Wallis, H < 22.00, P < 0.003; Fig. 4).
4. Discussion
46
Eggs fertilization and hatching rates was similar to the values obtained by
Romagosa et al. (2001) who have observed rates, respectively of 95 and 85%,
remarking this way, that artificial reproduction was achieved properly. We have
observed a significant increase in mass and total length at each observation period,
similar to Leonardo et al. (2008). Also, the coefficient of variation have showed no
difference between treatments (HAH), indicating group homogeneity, an important
feature, since it is known that the intensity of aggressive behavior is related to the
predator size and to the heterogeneous growth of individuals in the same group
(Geffen, 2002; Ostrowski et al., 1996).
The agonistic events described at the ethogram are similar to that observed for
larvae of other species, such as B. orbinyanus (Maciel et al., 2010), Thunnus orientalis
(Sabate et al., 2010), Paralichthys olivaceus (Sakakura and Tsukamoto, 2002),
Tautoga onitis (Olla et al., 1978) and, with the exception of the approach, frontal
display, and mouth fight, which were not observed by the authors. According to
Pedreira et al. (2008) and Senhorini et al. (1998), aggressive behavior of matrinxã
begins in the larval stage, what actually happened in this study, in which we have
observed the onset of aggressive interactions at 12 HAH. The matrinxã begins to feed
at the end of the first day of life (Romagosa et al., 2001), however, the aggressive
interaction was observed 12 hours after hatching, a period when the larvae still have
lots of yolk, which indicates that cannibalism is not modulated by the feed, but can be
attributed to other factors, such as genetic variants and physical environmental
parameters.
Comparing the first 48 hours of larval development, the largest number of
aggressive interactions was observed between 12 and 24 HAH and have reflected in a
lower rate of survival at 36 HAH, as described by Bernardino et al. (1993) and Lopes et
al. (1995); what is expected because the aggressive behavior on early larval stages
47
cause injuries and stress which, in turn, may foment the pathogens’ action and thus an
increases mortality (Huntingford et al., 2006; Katavic et al., 1989).
During the 12 HAH period, was also observed higher frequency of swimming
and contact, what can be explained by the early development of body, great yolk
reserves, little control of locomotor activity (swimming vertical) and severe equilibrium
disability, as reported by Lopes et al. (1995). Moreover, this result can be considered
as a tactical dispersion to reduce predation at the initial stage, as described by Fuiman
and Magurran (1994) for Epinephelus septemfasciatus. However, there was no mouth
opening within 12 HAH, which can be explained by the fact that matrinxã larvae
present the epithelium deepening that lining the mouth only at 18 HAH (Sampaio
A.C.S., unpublished results).
The higher frequency of mouth opening was observed at 36 HAH, coinciding
with the decline of motor activity phase, due to the animal is directing more energy to
the constant jaw movement. This higher frequency of mouth opening contributes to the
strengthening of the jaw, because, according to Herbing (2001), this is an important
mechanism in the development of skeletal and muscular structures involved in the
capture of its food. Furthermore, suggests that the intense jaw movement precedes the
cannibalism, which may explain the increased aggressiveness observed at 72 HAH.
Contrary to what we observed in the first and the last observation periods, our
results have showed that frequency and duration of aggressive interactions, as well as
locomotion rates were lower during the 36 and 48 HAH period, suggesting that lower
motor activity reduces the probability of encounters between animals and therefore,
social interactions between group members (e.g. Almazán-Rueda et al., 2004). After
the 60 HAH, the animals have showed partial absorption of the yolk, swim bladder
inflated and swimming horizontally, features that points the juvenile development
(Lopes et al., 1995) and suggest greater control of swimming activity, which may
explain the higher locomotion rate and the increasing number of agonistic
48
interactions observed at 72 HAH. In addition, the increased motor activity is related to
defense of territory for juveniles of E. septemfasciatus (Sabate et al., 2009). Thus, we
may suggest that the higher motor activity observed at 72 HAH may have similar
function, since B. amazonicus also presents territorial behavior (Ferraz and Gomes,
2009).
The animals have showed no Ω- posture at 12 HAH, as described by Sabate et
al. (2008) to Paralichthys olivaceus and Verasper variegatus. It has presented this
behavior from 24 HAH, being the most frequently observed at 72 HAH. According to
Sakakura (2006), the higher frequency of Ω- posture is associated with increased
aggressiveness in larvae of P. olivaceus. Thus, our results have agreed with author
cited because there was a higher frequency of aggressive interaction and Ω- posture at
72 HAH for each animal and for the group. This study will provide guidance for fish
hatchery, since this stage for matrinxã farming has substantial boundaries at the
Amazon region (Atencio-García and Zaniboni-Filho 2006; Leonardo et al., 2008;
Pedreira et al., 2008).
5. Conclusions
The results of the present study emphasize the importance of understand the
fishes’ social behavior in order to propose strategies aiming at reducing cannibalism,
decrease mortality rates and contribute to the improvement of B. amazonicus farming.
Furthermore, the ethological knowledge allows implying about the possible causes and
effects of the biotic and abiotic handling on fishes’ agonistic behavior.
Acknowledgments
The authors thank J. Augusto Bida Neto and J. Cesário for the technical
support. This study was sponsored by DARPA (Desenvolvimento da Aquicultura e de
Recursos Pesqueiros da Amazônia) project.
49
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7. Figure captions
Fig. 1. Mean (±S.D.) of total length (mm) and mass (mg) for B. amazonicus in which
experimental condition. Letters indicate significant differences among observation
sessions (P < 0.000).
Fig. 2. Mean (±S.D.) frequency of aggressive interaction for alpha (A), beta (B),
gamma (C) fish, and group (D) in which observation sessions (hours after hatching).
Different letters indicate significant differences between periods (P < 0.003).
Fig. 3. Mean (±S.D.) frequency of mouth opening for alpha, beta, gamma fish, and
group in which observation sessions (hours after hatching). Different letters indicate
significant differences between periods (P < 0.000).
Fig. 4. Mean (±S.D.) frequency (A) and duration (B) of motor activity for group in
which experimental condition (HAH). Different letters indicate significant differences
between observation sessions (P < 0.003).
55
0
5
10
12 HAH 24 HAH 36 HAH 48 HAH 60 HAH 72 HAH
(mm
/mg)
total length mass
a a
b b
c bc c bd
d c d cd
56
Fre
qu
ency
of
agg
ress
ive
inte
ract
ion
. 2
0 m
in-1
0
30
60
Approach Nipping Threat Total contest Flight
freq
uenc
y of
agg
ress
ive
inte
ract
ion
. 20
min
-1
0
30
60
Approach Nipping Threat Total contest Flight
freq
uenc
y of
agg
ress
ive
inte
ract
ion
. 20
min
-1
0
30
60
Approach Nipping Threat Total contest Flight
freq
uenc
y of
agg
ress
ive
inte
ract
ion
. 20
min
-1
0
70
140
Approach Nipping Threat Total contest Flight
freq
uenc
y of
agg
ress
ive
inte
ract
ion
. 20
min
-1
12 HAH 24 HAH 36 HAH 48 HAH 60 HAH 72 HAH
A
B
C
D
a
b
c bc
c
bc b
ac c
a ac
c
b a
bd bc b bc
d
a
b
c bc
bc
a
a
bd
c cd
b
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a
c
b
c
b
b bd
cd ad ad
c cd
a b
a
bc c c
bc b
a
c
b
b
bc
a
a
bc
c c
bd
ad
a
b c bc
bc bc
ab bc
a a
bd cd a
bd
c bc bc
d
a
cd
b
b bc
ad
ac ab
b bd
ad
c
a
b
c c
bc b ad
a
b bd
a
c
a
bd
c bc
bc
d
a
c
b
b bc
a
a
bd
c
bc
d
a
57
0
2000
4000
alpha beta gamma group
Freq
uen
cy .
20
min
-1
24 HAH 36 HAH 46 HAH 60 HAH 72 HAH12 HAH
a
bd
c
d
be ae a
b
c
b
a a
a
b
c
b
d ad a
b
c
b
d ad
58
0
900
1800
Circular swimming Linear swimming Total
Du
rati
on
. 2
0 m
in -1
12 HAH 24 HAH 36 HAH 48 HAH 60 HAH 72 HAH
0
320
640
Circularswimming
Linearswimming
Contact Total Ω-Posture
Freq
uen
cy .
20
min
-1
12 HAH 24 HAH 36 HAH 48 HAH 60 HAH 72 HAH
a
b
c c cd
bd
a
bd
c
bc bc
d
a b
c c cd
d
a
b
c
c
c
b
a a a a a
b
A
59
Table 1. Coefficient of variation (mean ±S.D.) of total length and mass for B.
amazonicus in which experimental condition (one-way ANOVA, F < 1.87; P > 0.14).
Experimental
condition 12 HAH 24 HAH 36 HAH 48 HAH 60 HAH 72 HAH
Total length
(mm)
1.05 ± 0.59 0.96 ± 0.55 0.23 ± 0.52 0.41 ± 0.47 0.33 ± 0.45 0.19 ± 0.38
Mass (mg) 14.00 ± 5.80 9.25 ± 4.21 14.00 ± 6.61 15.62 ± 7.27 10.65 ± 4.16 13.81 ±3.65
HAH= hours after hatching
60
Table 2. Ethogram of agonistic behavior for Brycon amazonicus.
Agonistic event Description
Approach an animal swims towards the opponent, without threat or
physical contact.
Chase one fish follows the opponent that swims in opposite direction.
Flight the attacked or chased fish keeps away from the contest place.
Frontal display both fish approach frontally each other, but without physical
contact.
Mouth fight both fish approach frontally each other with their mouths opened
and bite the opponent’s mouth. Their mouths are kept tightly
together while one fish displaces the opponent backwards.
Mouth opening the larvae get stuck and performs opening and closing
movements of the jaw.
Nipping the aggressor swims towards the opponent and bites its body.
Threat the fish approaches the opponent, preparing for nipping, but its
opponent keeps away.