avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

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Eduardo Landini Lutaif Dolci Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução de rinossinusite bacteriana em coelhos Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Pesquisa em Cirurgia. SÃO PAULO 2014

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Page 1: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

Eduardo Landini Lutaif Dolci

Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução de

rinossinusite bacteriana em coelhos

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Pesquisa em Cirurgia.

SÃO PAULO 2014

Page 2: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

Eduardo Landini Lutaif Dolci

Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução de

rinossinusite bacteriana em coelhos

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Pesquisa em Cirurgia.

Área de concentração: Reparação Tecidual

Orientador: Prof. Dr. José Eduardo Lutaif Dolci

SÃO PAULO 2014

Page 3: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pela Biblioteca Central da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

Dolci, Eduardo Landini Lutaif Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução de rinossinusite aguda bacteriana em coelhos./ Eduardo Landini Lutaif Dolci. São Paulo, 2014.

Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Pesquisa em Cirurgia.

Área de Concentração: Reparação Tecidual Orientador: José Eduardo Lutaif Dolci 1. Sinusite 2. Sinusite/microbiologia 3. Modelos animais 4.

Modelos animais de doenças 5. Coelhos

BC-FCMSCSP/35-14

Page 4: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução
Page 5: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

Dedicatória

À minha mãe Inês, por todo o apoio e colaboração em todas as etapas da minha vida pessoal e profissional, pelo exemplo profissional, inspiração de construção familiar e

dedicação aos filhos incomparável. Obrigado por tudo, ontem, hoje e sempre!

Aos meus irmãos Rick e Léo, por todos os momentos de convivência, amizade e cumplicidade ao longo de todas as nossas vidas.

À Karen, pelo carinho, amizade, companheirismo, apoio e pelo brilho em minha vida.

A todos os meus familiares, em especial meus avós presentes Antenor e Maria Luiza (e ausentes, Reneé e Lourenço) pelos exemplos de perseverança, honestidade, e por nos

ensinarem a importância vital e incomensurável da união familiar em nossas vidas.

Page 6: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

Epígrafe

"Jamais algo grande demais será alcançado sem grandes homens, e os homens são

grandes apenas se eles estão determinados a assim ser. Dá-se glória apenas para aqueles

que sempre sonharam com ela."

Charles De Gaulle

“Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer.” Mahatma Gandhi

“As palavras de amizade e conforto podem ser curtas e sucintas, mas o seu eco é infindável.”

Madre Teresa de Calcutá

“Viver é acalentar sonhos e esperanças, fazendo da fé a nossa inspiração maior. É buscar

nas pequenas coisas, um grande motivo para ser feliz! ”

Mario Quintana

Page 7: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

Epígrafe

“Não digam palavras que fazem mal aos outros, mas usem apenas palavras boas, que ajudam

os outros a crescer na fé e a conseguir o que necessitam, para que as coisas que vocês dizem

façam bem aos que ouvem.”

(Efésios 4.25)

“Seja forte e corajoso, não fique desanimado, nem tenha medo, porque Eu o Senhor seu

Deus, estarei com você em qualquer lugar por onde você passar.”

(Josué 1:9)

Page 8: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

AGRADECIMENTO ESPECIAL Ao Prof. Dr. José Eduardo Lutaif Dolci, Professor Titular de Otorrinolaringologia e Diretor do Curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pela dedicação e amor irrepreensíveis nestes 33 anos, meu grande exemplo familiar, pessoal e profissional. Muito obrigado pelos ensinamentos diários, pela alegria, prazer e privilégio da eterna convivência;

Page 9: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

AGRADECIMENTOS

À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo por possibilitar o desenvolvimento deste trabalho;

À Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, pela grande contribuição em minha formação, pelo privilégio, prazer e oportunidade de trabalhar desde 2010 no Departamento de Otorrinolaringologia;

À Faculdade de Ciências Médicas de Santos, minha segunda casa, pela minha formação médica e crescimento pessoal;

Ao Prof. Dr. Ivo Bussoloti Filho, Professor Adjunto do Departamento de Otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, por sua contribuição à minha formação desde meu ingresso no Departamento de Otorrinolaringologia da Santa Casa de São Paulo;

Ao Prof. Dr. Paulo Roberto Lazarini, Professor Adjunto e Diretor do Departamento de Otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pela grande ajuda na elaboração deste trabalho;

Ao Prof. Dr. Leonardo da Silva, Professor Assistente do Departamento de Otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pelo inestimável apoio desde o início do projeto, pela atenção e dedicação sempre presentes;

Ao Prof. Dr. Osmar Mesquita de Souza Neto, Professor Adjunto do Departamento de Otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pelo exemplo em minha formação e pelo auxílio na elaboração do projeto;

Ao Prof. Dr. Alessandro Murano Ferre Fernandes, Professor Instrutor do Departamento de Otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pela colaboração e sugestões pertinentes neste trabalho;

Ao Prof. Dr. Carlos Alberto Herrerias de Campos, Professor Adjunto do Departamento de Otorrinolaringologia da Santa Casa de São Paulo, pelo exemplo ético-profissional e pela grande contribuição em minha formação;

Ao Prof. Dr. Fernando de Andrade Quintanilha Ribeiro, Professor Adjunto do Departamento de Otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pela dedicação ao curso da Pós-Graduação;

Ao Dr. Carlos Augusto Correia de Campos, Professor Instrutor do Departamento de Otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pelos ensinamentos desde meu ingresso nesta Instituição e amizade fiel de longa data;

Page 10: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

Ao Dr. Rodolfo Alexander Scalia, Professor Instrutor do Departamento de Otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pela grande amizade, apoio neste projeto da pós-graduação e exemplo de dedicação ao Departamento;

Aos Profs. Drs. Lídio Granato e Carlos Kayoshi Takara, pelos ensinamentos inesgotáveis durante minha residência e atualmente no Ambulatório de Rinossinusopatias;

À Sr ͣ. Sônia Regina Alves e Sr. Daniel Gomes, da secretaria da Pós-Graduação da Santa Casa de São Paulo, pela constante ajuda e paciência no desenvolvimento deste trabalho;

À todos os funcionários do Departamento de Microbiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, em especial à Prof. Dra. Suely Mitoy Ykko Ueda e a Sra Suzethe Matiko Sassagawa, por todo o apoio, atenção e disposição na realização deste trabalho;

Aos funcionários do ICAO, por todo o suporte necessário durante a realização do experimento, em especial, Solange;

À Fundação CAPES, pela contribuição ao projeto através de bolsa de estudos;

A todos os colegas, residentes, fellows e funcionários do Departamento de Otorrinolaringologia da Santa Casa de São Paulo, em especial às secretárias Sra. Maria Zélia Cirino Vieira e Srta. Telma Vieira Arlindo;

A todos os amigos que direta ou indiretamente participaram desta etapa em minha vida, dando o suporte essencial para a concretização deste projeto. Em especial aos meus amigos da XXXIX turma da FCMS e meu grande amigo Pedro Paulo Marinho Ayres. Obrigado por fazerem parte da minha vida e estarem sempre presentes.

Page 11: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

Lista de Abreviaturas e Símbolos

µg .......... Micrograma

cel ......... Célula

Cm ........ Centímetro

COM ..... complexo óstio-meatal

ed. ......... Edição

EUA ...... Estados Unidos da América

Fig. ........ Figura

g ............ Grama

HE ......... hematoxilina-eosina

ICAO ..... Instituto de Ciências Avançadas em Otorrinolaringologia

kg .......... Kilograma

l ............. Litro

mg ......... Miligrama

ml .......... Mililitro

n ............ número de animais na amostra

p ............ Probabilidade

PMMA ... polimetil-metacrilato

RSA ...... rinossinusite aguda

RSC ...... rinossinusite crônica

SBCAL .. Sociedade Brasileira de Ciência em Animais de Laboratório

sp .......... Espécie

Tab. ....... Tabela

TC ......... tomografia computadorizada

Page 12: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

Lista de tabelas

Tabela 1. Descrição dos grupos de animais, número de coelhos e os dias de sacrifício e remoção dos tampões nasais ................................................. 18

Tabela 2. Descrição dos grupos de bactérias encontrados nas amostras de acordo com o lado dos 20 coelhos dos grupos de estudo.................................... 30

Tabela 3. Descrição da positividade do swab conforme o dia de sacrifício dos grupos e resultado dos testes estatísticos ................................................ 31

Tabela 4. Descrição do grau de inflamação e proliferação conjuntivo-fibrosa conforme o dia de sacrifício dos grupos e resultado dos testes estatísticos. .............................................................................................. 32

Tabela 5. Resultado das comparações múltiplas do grau de inflamação no lado induzido entre os grupos. ......................................................................... 32

Tabela 6. Descrição da concordância das bactérias do tampão e da microbiologia no lado induzido conforme os grupos e resultado dos testes estatísticos. ....................................................................................... 33

Page 13: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

Lista de tabelas

Figura 1. Tampão nasal de Merocel® dividido em 3 fragmentos. Colocamos um fragmento em cada cavidade nasal direita dos coelhos dos grupos de estudo. ..................................................................................................... 19

Figura 2. Inserção do tampão nasal na cavidade nasal direita de coelho previamente anestesiado. ........................................................................ 19

Figura 3. Coelho do grupo A após a retirada do tampão no 10º dia, com quadro infeccioso à direita. ................................................................................... 21

Figura 4. Parede externa das cavidades nasossinusais abertas, com exposição dos seios maxilares e cavidade nasal. Processo infeccioso evidente à direita, caracterizado por edema mucoso e presença de secreção purulenta. Locais anatômicos representados por seio maxilar (M), septo nasal (S), concha inferior (C) e fossa nasal (N). ....................................................... 21

Figura 5. Mucosa de seio maxilar do lado direito do grupo de estudo sacrificado após 10 dias, demonstrando inflamação intensa caracterizada por agregados de células inflamatórias (grau 3), delimitada pelas setas - microscopia óptica, coloração HE, aumento de 100 vezes. ..................... 23

Figura 6. Mucosa sinusal do lado esquerdo do grupo de estudo sacrificado após 17 dias, com inflamação moderada caracterizada por infiltrado inflamatório difuso em lâmina própria, sem formação de agregados inflamatórios (grau 2) delimitada pelas setas - microscopia óptica, coloração HE, aumento de 100 vezes. ................................................................................................ 23

Figura 7. Mucosa sinusal do lado direito do grupo de estudo sacrificado após 10 dias, com inflamação moderada caracterizada por infiltrado inflamatório difuso em lâmina própria, sem formação de agregados inflamatórios (grau 2), delimitada pelas setas - microscopia óptica, coloração HE, aumento de 100 vezes. ................................................................................................ 24

Figura 8. Mucosa sinusal do lado direito do grupo de estudo sacrificado após 17 dias, com inflamação intensa (grau 3), demonstrando permeação do epitélio por neutrófilos (setas cheias) e fibroblastos (setas vazadas) no córion superficial. Microscopia óptica, coloração HE, aumento de 200 vezes. ....................................................................................................... 24

Figura 9. Recipiente com caldo suplementado à esquerda e laminocultivo à direita. Face do laminocultivo constituída por meio ágar Chocolate (H) e indicador de CO2 (i).................................................................................................. 25

Page 14: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

15

Figura 10. Sistema conectado através da abertura superior do frasco com o laminocultivo. Face do laminocultivo composta por meios ágar Sabouraud (B) e ágar MacConkey (M). ...................................................................... 26

Figura 11. Sistema após o término do período de incubação. Tampão nasal (T) no interior do frasco com caldo suplementado, indicador de CO2 (i) com coloração rosa forte pela presença de microorganismos e meio ágar Chocolate (H) com presença de colônias bacterianas. ............................ 27

Page 15: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

Sumário

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

1.1 Revisão da Literatura .......................................................................................... 5

1.1.1 Modelo experimental de rinossinusite em coelhos ..................................... 5

1.1.1.1 Indução de rinossinusite ......................................................................... 5

1.1.1.2 Cultura de secreção sinusal .................................................................. 10

1.1.1.3 Histologia da mucosa sinusal ................................................................ 12

1.1.1.4 Análise do tampão nasal ....................................................................... 15

2 OBJETIVO ............................................................................................................. 16

3 MATERIAL E MÉTODO ......................................................................................... 17

3.1 Locais ............................................................................................................... 17

3.2 Animais ............................................................................................................. 17

3.3 Grupos .............................................................................................................. 17

3.4 Procedimentos anestésicos e sacrifício ............................................................ 18

3.5 Confecção do modelo experimental de rinossinusite ........................................ 18

3.6 Cultura da secreção e exame bacterioscópico ................................................. 20

3.7 Avaliação histológica da mucosa sinusal .......................................................... 20

3.8 Cultura de material do tampão nasal ................................................................ 24

3.9 Análise estatística ............................................................................................. 28

4 RESULTADOS ....................................................................................................... 29

4.1 Cultura de secreção e exame bacterioscópico ................................................. 29

4.2 Avaliação histológica da mucosa sinusal .......................................................... 31

4.3 Análise do tampão nasal ................................................................................... 33

5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 34

5.1 Modelo experimental de rinossinusites ............................................................. 34

5.2 Cultura de secreção e exame bacterioscópico ................................................. 37

5.3 Avaliação histológica da mucosa sinusal .......................................................... 38

5.4 Análise do tampão nasal ................................................................................... 40

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 42

7 ANEXOS ................................................................................................................ 43

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 45

Resumo .................................................................................................................... 50

Abstract .................................................................................................................... 51

LISTAS E APÊNDICES ............................................................................................ 52

Page 16: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

1

1 INTRODUÇÃO

Rinite e sinusite frequentemente coexistem e são doenças concomitantes na

maioria dos indivíduos. Devido ao envolvimento quase universal do nariz em

condições inflamatórias sinusais, o termo rinossinusite, ao invés de sinusite, foi

recomendado pelo 1997 Task Force of the Rhinology and Paranasal Sinus

Committee. A grande variedade de sinais e sintomas associados a esta afecção tem

dificultado o estabelecimento de uma definição clínica adequada, visto que as

rinossinusites são reconhecidas e tratadas por médicos de diferentes

especialidades, como generalistas, pediatras, alergologistas, médicos de família,

pneumologistas e otorrinolaringologistas. Portanto, uma definição padronizada foi

designada para facilitar a comunicação entre médicos e promover uma abordagem

mais uniforme para a doença.

A rinossinusite é uma das doenças mais prevalentes atualmente. É a quinta

doença mais comum que requer uso de antibióticos (Ramanathan et al., 2006).

Aproximadamente 25 milhões de pessoas são diagnosticadas com rinossinusite por

ano nos EUA, tornando esta uma das principais doenças que requer atendimento

médico com otorrinolaringologistas ou generalistas. Os custos diretos e indiretos

associados às rinossinusites são altos, incluindo métodos diagnósticos, terapêuticos,

procedimentos, medicações e diminuição da produtividade (Hamilos et al., 1995).

A prevalência das RSA (rinossinusite aguda) e RSC (rinossinusite crônica) na

população geral é bastante elevada, porém existe uma dificuldade de se estimar

exatamente este valor, principalmente porque boa parte dos episódios é autolimitada

e pouco sintomática, não levando o paciente a buscar assistência médica. As

rinossinusites são responsáveis por 9% do total de antibióticos prescritos para a

população pediátrica e 21% do total prescrito para a população adulta nos EUA,

gerando gastos de cerca de 5,8 bilhões de dólares anuais, sendo 150 milhões de

dólares em antibióticos (Bhattacharyya, 2003; Bhattacharyya et al., 2011).

As infecções das vias aéreas superiores são a terceira causa mais comum de

consultas primárias nos EUA. Estudo realizado entre 1997 e 2006 apontou a

prevalência durante um ano de RSA e/ou RSC em 15,2% (Bhattacharyya, 2009). Na

Ásia, a RSA foi responsável por 6-10% das consultas de pronto atendimento

Page 17: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

2

otorrinolaringológicas (Wang et al., 2011). Na Europa, um estudo multicêntrico

calculou em 10,9% a prevalência de RSC, com forte associação entre asma e RSC

em todas as idades, e esta associação com asma é ainda mais forte em pacientes

com RSC e rinite alérgica (Hastan et al., 2011).

Além dos custos diretos, os custos indiretos contribuem consideravelmente

para elevar as despesas relacionadas às rinossinusites. Como 85% dos pacientes

com rinossinusite estão em idade produtiva (entre 18-65 anos), os custos indiretos

como faltas ao trabalho (absenteísmo) e diminuição da produtividade no trabalho

(presenteísmo) colaboram significativamente para o impacto econômico da doença

(Blackwell et al., 2002). Através do uso de um questionário composto por 36

questões que abrangem oito domínios da saúde, o SF-36, a RSC apresentou

impacto negativo em diversos aspectos da qualidade de vida, e apresenta impacto

pior na função social do que outras doenças crônicas como insuficiência cardíaca

congestiva, dor nas costas e angina (Fokkens et al., 2012). Desta forma, é

imperativo que continuemos a estudar a fisiopatologia da doença e a desenvolver

estratégias adequadas e com melhora no custo-benefício para prestar ajuda aos

pacientes (Murphy et al., 2002).

A rinossinusite é consequência de múltiplos fatores. Os principais fatores

etiológicos responsáveis pelo seu desenvolvimento são: ambientais (infecções virais,

bacterianas, fúngicas, alergia, atopia, asma e poluição), anatômicos/locais (concha

bolhosa, desvio septal e distúrbio mucociliar) e sistêmicos (desordens genéticas,

imunodeficiências e distúrbios endocrinológicos) (Chan, Kuhn, 2009). A incidência

da RSA varia de acordo com a estação do ano (maior nos meses de inverno) e

variações climáticas, além de ambientes úmidos e poluição ambiental. A grande

maioria dos casos infecciosos de rinossinusites são agudos, eventos virais auto-

limitados, também conhecidos como resfriado comum. Os adultos apresentam em

média 2 a 5 resfriados por ano, e as crianças 7 a 10 por ano (Bachert et al., 2003).

Existem, também, evidências que suportam as hipóteses de que inflamação

alérgica persistente e exposição à fumaça do tabaco predispõem pacientes a

quadros de rinossinusite aguda (RSA), possivelmente através de alterações na

motilidade e na função ciliar. Porém, ainda são necessários estudos para confirmar

estas relações (Fokkens et al., 2012).

Page 18: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

3

Os agentes virais mais comuns são rinovírus (principal em adultos),

parainfluenzae, vírus sincicial respiratório e influenzae. Aproximadamente 0,5-2%

dos pacientes com quadro de resfriado comum irão desenvolver rinossinusite aguda

bacteriana (Wang et al., 2011).

A RSA é infecciosa por natureza, enquanto que a RSC é menos

frequentemente bacteriana, apresentando uma etiologia multifatorial. Existem

estudos que sugerem que a RSC representa uma resposta imunológica e

inflamatória do hospedeiro a uma infecção inicial, apresentando-se

caracteristicamente como um quadro inflamatório (Fokkens et al., 2012).

A região denominada de complexo óstio-meatal (COM) é formada pela

confluência da drenagem de alguns seios paranasais (maxilar, frontal e etmoide

anterior). Algumas alterações anatômicas podem ocasionar obstrução do COM,

predispondo indivíduos à maior frequência de infecções sinusais. Embora exista

uma lista de fatores causais das rinossinusites bacterianas, o fator comum é a

obstrução do óstio de drenagem do seio. Quando ocorre um fator desencadeante,

como uma infecção viral, a mucosa nasossinusal é alterada e danificada (Caughey

et al., 2005).

O óstio dos seios, que já é estreito por alterações anatômicas, torna-se ainda

mais reduzido pelo edema da mucosa. Esta obstrução sinusal favorece o acúmulo

de muco no interior do seio, que estimulada pela hipoxia e diminuição da pressão

intrasinusal, causa vasodilatação, liberação de fatores de crescimento endotelial,

ocasionando transudação de fluidos e espessamento da mucosa sinusal. As

bactérias que habitualmente colonizam a rinofaringe e a cavidade nasal serão

transportadas para dentro dos seios após assoar o nariz. A inflamação associada a

esta infecção danifica a mucosa sinusal, ocasionando comprometimento do sistema

mucociliar (Early et al., 2007).

A literatura mundial tem apresentado diversas tentativas de modelação em

animais, sendo os estudos com coelhos os mais frequentes. Estes animais

apresentam anatomia e fisiologia muito semelhantes aos humanos. São os mais

adequados para estudos que exijam manipulação cirúrgica, porém apresentam alto

grau de mortalidade quando mantidos em estresse. Outros animais utilizados para

estudos são os ratos Wistar e Sprague-Dawley, cobaias e ovelhas (Grullón, Suárez,

1996; Illum, 1996; Marks, 1997; Costa et al., 2007).

Page 19: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

4

Os modelos experimentais de rinossinusite citados na literatura têm como

objetivo causar uma inflamação dos seios paranasais semelhante aos processos de

rinossinusite habituais. Estes modelos experimentais têm sido utilizados para estudo

da fisiopatogenia da inflamação e avaliação dos resultados de tratamento (Min et al.,

1995; Cable et al., 2000; Çetin et al., 2002; Cheng et al., 2009). Estudos sugerem

manobras de obliteração das fossas nasais, obliteração dos óstios de drenagem

sinusal, instilação de mediadores do processo inflamatório e até materiais que atuam

como meio de cultura nas fossas nasais (Bende et al., 1996; Marks et al., 1997; Uslu

et al., 2006; Kim et al., 2008; Bleier et al., 2010).

Não encontramos na literatura algum modelo experimental de rinossinusite

aguda bacteriana que houvesse sido realizado e descrito detalhadamente, através

das análises histológicas de ambos os seios maxilares (lado induzido e lado

contralateral) e as análises microbiológicas de ambos os lados dos seios maxilares,

em um quadro infeccioso bacteriano.

Também não encontramos na literatura algum estudo que tenha realizado a

análise do tampão nasal, quando este foi utilizado como método para indução do

quadro de rinossinusite bacteriana. Esta análise poderia ser realizada na tentativa de

correlacionar os achados microbiológicos da cavidade nasal com o seio maxilar.

Poucos estudos analisaram esta correlação, e não encontraram resultados

significativos (Kara et al., 2004).

Observamos ainda que muitos estudos realizados tinham como objetivos a

produção de um quadro infeccioso ou a avaliação da eficácia terapêutica de

medicamentos. Portanto, poucos estudos avaliaram as alterações histológicas e

microbiológicas no período subsequente ao diagnóstico do processo infeccioso

agudo sinusal sem a utilização de algum medicamento, após a retirada do tampão

nasal, ou seja, não analisaram o período de recuperação.

Desta forma, podemos identificar que a literatura carece de um modelo

experimental de rinossinusite aguda com metodologia detalhada, através da

avaliação de parâmetros microbiológicos e histopatológicos em ambos os lados dos

seios maxilares, análise do tampão nasal para pesquisa da relação entre as

bactérias encontradas nos seios e nas fossas nasais, e que seja de simples

execução, facilmente reprodutível e altamente eficaz na geração de um quadro

infeccioso agudo bacteriano.

Page 20: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

5

Existem ainda algumas dúvidas na literatura com relação à fisiopatologia e ao

tratamento das rinossinusites agudas, como o período esperado após o diagnóstico

da afecção para o início da terapêutica com antibióticos, a avaliação de pacientes

com recidiva do quadro logo após o término do tratamento e porque alguns

pacientes desenvolvem quadros recorrentes e/ou crônicos após um episódio agudo

de rinossinusite.

Acreditamos que o presente estudo possa contribuir para a padronização

deste modelo experimental proposto, e solucionar algumas das dúvidas existentes

em trabalhos anteriores, que sugeriram novos experimentos para a complementação

das pesquisas realizadas até então, nesta área de modelos experimentais de

rinossinusite em coelhos. Costa et al. (2007) afirmaram que “estamos

desenvolvendo alguns estudos nesta área, na tentativa de padronizar um modelo

experimental de rinossinusite, com metodologia detalhada, para eliminar a

possibilidade de viés nessas pesquisas”. Kara et al. (2004) concluíram em seu

trabalho que “futuros estudos são necessários para padronizar este modelo e

examinar se as cepas de bactérias se propagam, ou não, da cavidade nasal para o

seio”.

1.1 Revisão da Literatura

1.1.1 Modelo experimental de rinossinusite em coelhos

1.1.1.1 Indução de rinossinusite

O primeiro modelo experimental em coelhos foi realizado e descrito por

Hilding (1941) apud Marks (1997) em 1941. Realizou antrostomias através de

acesso externo em quatro diferentes locais, incluindo a ampliação do óstio natural,

adjacente a este óstio natural, no assoalho do seio e o mais afastado possível do

óstio natural. Observou que as antrostomias realizadas através ou próximas ao óstio

natural causaram rinossinusite supurativa em cinco de seis coelhos, ao passo que

Page 21: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

6

antrostomias realizadas em locais distantes causaram infecção em apenas um de

seis coelhos.

Kelemen (1955) apud Kara et al. (2004) em 1955, estudou a anatomia das

cavidades nasais e sinusais dos coelhos, microscopicamente e macroscopicamente,

descrevendo detalhadamente as estruturas e espaços como um guia para futuros

pesquisadores.

Em 1981, Maeyama publicou trabalho em que induziu um processo de

rinossinusite através de sucessivas inoculações transcutâneas de 1mL de cepas de

Staphylococcus aureus com o uso de uma seringa estéril, bilateralmente, nos seios

paranasais de coelhos previamente sensibilizados com albumina. Através de

microscopia óptica e microscopia eletrônica, observou alterações morfológicas nas

mucosas caracterizadas por inflamação após duas semanas, em alta incidência

nestes animais.

Nos anos subsequentes, Johansson et al. (1988) descreveram um modelo

experimental após indução de rinossinusite em 69 coelhos e estudaram os

diferentes aspectos da doença. A técnica básica deste modelo consistia na abertura

da parede anterior do seio maxilar, oclusão do óstio com cola e sutura das incisões.

No dia seguinte, injetaram 1 ml de solução de Streptococcus pneumoniae

diretamente no interior do seio maxilar do mesmo lado da realização da oclusão do

óstio. Observaram desenvolvimento de rinossinusite purulenta unilateral em todos os

animais.

Hinni et al. (1992) criticaram os modelos experimentais descritos até então,

afirmando que estes violavam cirurgicamente a cavidade sinusal com o objetivo de

obstruir o óstio sinusal. Desta forma, causavam alterações do seio anteriormente ao

início dos experimentos, caracterizadas por alterações inflamatórias, interrupção de

fluxo dos capilares sanguíneos e diminuição do fluxo mucociliar pré-existente.

Realizaram estudo experimental em 20 coelhos para avaliarem as alterações

precoces nas mucosas sinusais envolvidas em um processo agudo. Cinco dias após

o início, os animais foram sacrificados e as mucosas sinusais submetidas a análises

por microscopia óptica, para identificação de perda de células ciliadas e taxa de

batimento ciliar. Induziram o processo infeccioso através da oclusão do óstio sinusal,

realizado por via externa através do teto da cavidade nasal, associado à instilação

de toxoides de Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenze e Pseudomonas

Page 22: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

7

aerugionosa. Observaram alterações estatisticamente significativas nas taxas de

batimento ciliar e perdas severas de células ciliadas nas mucosas sinusais após

desenvolvimento de rinossinusite em 5 dias.

Marks (1997) descreveu um método diferente de indução de rinossinusite,

através de um modelo rinogênico. Utilizou 48 coelhos no trabalho, que foram

divididos de acordo com o período de sacrifício, sendo este realizado semanalmente

até a sexta semana. Realizou a indução do processo infeccioso através da inserção

de um pedaço de esponja sintética na cavidade nasal direita dos coelhos, embebida

em solução de Streptococcus pneumoniae. Não realizou a oclusão cirúrgica do óstio

sinusal. A esponja foi mantida nas fossas nasais até o sacrifício dos coelhos, sendo

que o último grupo foi sacrificado com 6 semanas. A avaliação histológica dos seios

foi realizada semanalmente após o sacrifício de cada grupo de animais. Observou a

morte de dois coelhos durante os primeiros seis dias após a indução do quadro

infeccioso. Apresentou indução de rinossinusite em 83% dos animais do estudo que

foram sacrificados nos primeiros 14 dias, com a presença de inflamação intensa

nestes animais. O quadro inflamatório foi regredindo no decorrer das semanas após

o início do experimento.

Kara et al. (2004) realizaram estudo utilizando o mesmo método de Marks

(1997) objetivando a determinação do período ideal para indução de rinossinusite

aguda e avaliação das alterações microbiológicas e histopatológicas neste modelo

experimental. Dividiram 39 coelhos em três grupos, com e sem embebição em

solução bacteriana de Streptococcus pneumoniae da esponja sintética, e um grupo

controle. Realizaram a indução do processo infeccioso através da inserção de

esponja sintética na fossa nasal direita dos animais, que foram removidas logo após

o diagnóstico de rinossinusite realizado através de TC (tomografia

computadorizada). Também utilizaram avaliações microbiológicas e histológicas das

mucosas das fossas nasais e dos seios maxilares após o sacrifício. Observaram

quadro de rinossinusite em todos os animais dos dois grupos de estudo até o 8º dia

do início do experimento. E após a remoção das esponjas, o quadro inflamatório na

mucosa sinusal persistiu até 30 dias após o inicio do trabalho.

Perloff e Palmer (2005) utilizaram um modelo experimental para a pesquisa

de biofilmes bacterianos em um quadro agudo sinusal. Realizaram indução de

rinossinusite em 22 coelhos, através de acesso externo com identificação do óstio

Page 23: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

8

sinusal e oclusão do mesmo com o uso de polimetil-metacrilato (PMMA), associado

à instilação de 1 mL de toxoide de Pseudomonas aeruginosa no interior do seio. Os

animais foram sacrificados com 6, 10 e 20 dias. Relataram presença de secreção

purulenta em todos os coelhos do estudo. Identificaram também, através de cultura

da secreção nasal, a presença de Pseudomonas aeruginosa em 21 coelhos. E

através do uso de microscopia eletrônica e microscopia óptica, observaram a

presença de biofilmes bacterianos pela identificação de glicocálix, canais de água e

estruturas tridimensionais.

No Brasil, Costa et al. (2007) realizaram um trabalho comparativo de modelos

experimentais de rinossinusite em coelhos. Dividiram 20 animais em 4 grupos com

modelos diferentes, realizando os seguintes procedimentos: inserção de esponja de

banho em uma cavidade nasal, instilação unilateral de cianoacrilato para obstrução

do óstio, instilação unilateral de sangue periférico do próprio animal no seio maxilar

por punção percutânea e instilação unilateral de toxoide bacteriano (50%

estafilocócico e 50% estreptocócico) por punção percutânea. Acompanharam os

animais até 15 dias do início do estudo e após o sacrifício, fizeram a análise

histológica dos seios maxilares. Observaram que todos os animais do estudo

apresentaram rinorreia purulenta unilateral até 15 dias de acompanhamento

Liang et al. (2008) realizaram estudo experimental para a indução de

rinossinusite crônica em modelo experimental de coelhos. Dividiram os coelhos em

dois grupos, sendo que no final do estudo 10 coelhos pertenciam ao grupo A e 12

coelhos ao grupo B. Não incluíram e não quantificaram os animais que morreram

durante o experimento. Nos coelhos do grupo A, realizaram a indução de

rinossinusite através da inserção de esponja sintética em uma fossa nasal. Nos

coelhos do grupo B. a indução foi realizada com a injeção de polimetil-metacrilato

(PMMA) em ambas as fossas nasais e esponja sintética em apenas uma das fossas

nasais. Na segunda semana após a indução, realizaram a remoção da esponja

sintética de todos os animais e estes também foram submetidos a TC e

nasoendoscopia. Todos estes exames foram repetidos na 12ª semana. Obtiveram

59% de coelhos com rinossinusite crônica encontrada após 12 semanas da indução

do processo com esponja sintética isolada e/ou em associação com PMMA.

Concluíram também, que mais de 90% dos coelhos induzidos apenas com merocel,

sem embebição em solução bacteriana, desenvolveram rinossinusite aguda.

Page 24: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

9

Campos (2010) realizou estudo experimental para avaliação da eficácia do

tratamento tópico com Luffa operculata em coelhos com rinossinusite. Utilizou

modelo experimental com introdução de esponja de polivinil em uma das fossas

nasais de 60 coelhos, associado à instilação percutânea de solução composta por

0,8 ml de sangue periférico do próprio animal e 0,2 ml de toxoide estreptocócico e

estafilocócico. Comparou os dois grupos de coelhos, tratados com Luffa operculata e

controle, através de parâmetros histológicos, microbiológicos e hematológicos

(leucograma). No momento da retirada das esponjas, no 10º dia, todos os 56

animais remanescentes apresentavam rinorreia purulenta unilateral. Relatou a morte

de 4 animais nos primeiros 10 dias após o início do estudo, e de 3 animais até o

período final do estudo. Não observou diferenças estatisticamente significativas

entre os dois grupos analisados pelos parâmetros histológicos e hematológicos. Na

microbiologia, observou maior incidência de patógenos oportunistas no grupo

controle, porém sem diferença na evolução da doença.

Casteleyn et al. (2010) realizaram estudo anatômico das cavidades

paranasais de coelhos, justificado pelo crescente uso destes animais em modelos

experimentais de rinossinusite. Avaliaram 20 coelhos adultos Nova Zelândia através

de tomografia computadorizada, cortes histológicos e reconstrução tridimensional.

Observaram que as cavidades paranasais dos coelhos são pareadas e formadas por

seio concho-dorsal, seio maxilar e seio esfenoidal. Descreveram também que os

seios maxilares apresentam um recesso dorsal e outro ventral, que se comunicam

através de uma grande abertura, e o seio maxilar se abre no seio concho-dorsal

através de um grande orifício. Desta maneira, formam uma cavidade concho-maxilar,

que é conectada à cavidade nasal através de um pequeno orifício em forma de

fenda. Diferem dos humanos por não apresentarem seios etmoidal e frontal.

Concluíram que o seio maxilar dos coelhos é realmente o mais apropriado para

realização de trabalhos experimentais.

Page 25: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

10

1.1.1.2 Cultura de secreção sinusal

Westrin et al. (1992) realizaram estudo experimental com o objetivo de

comparar os achados histopatológicos e de cultura em animais submetidos à

indução de rinossinusite por Streptococcus pneumoniae e Bacteroides fragilis.

Dividiram 36 coelhos em 2 grupos, sendo realizado bloqueio do óstio do seio maxilar

por acesso externo e inoculação do agente no interior do seio. Os animais foram

sacrificados com 5 dias, 2, 3 e 4 semanas. No grupo em que o pneumococo foi

utilizado, ocorreu substituição deste nos exames de cultura por agentes

oportunistas, logo após cinco dias de seguimento. Por outro lado, no grupo de

coelhos submetidos à inoculação de Bacteroides fragilis, foi possível a identificação

deste agente, mesmo após quatro semanas de indução da rinossinusite. Os coelhos

submetidos à instilação de Bacteroides fragilis apresentaram processo infeccioso

mais severo e persistente.

Ozturk et al. (2003) estudaram os níveis de óxido nítrico séricos e na mucosa

sinusal de coelhos submetidos a um quadro de rinossinusite aguda, e avaliaram a

eficácia de nitroprussiato de sódio para o tratamento do quadro infeccioso.

Realizaram o experimento em 21 coelhos, através da inserção de esponja absorvível

em fossa nasal direita e inoculação de solução de Streptococcus pneumoniae no

seio maxilar direito, um dia após a introdução da esponja. Os animais do grupo de

estudo foram divididos em três grupos: com rinossinusite e sem tratamento; com

rinossinusite e tratados com nitroprussiato de sódio; com rinossinusite e tratados

com levofloxacino por via oral. Um animal de cada grupo foi sacrificado com 3, 5, 7,

14, 21 e 28 dias. Removeram o tampão no quarto dia de indução e observaram,

através da cultura dos seios maxilares, que o agente inoculado estava presente

apenas no terceiro e quinto dia no grupo que não recebeu tratamento. No grupo que

recebeu nitroprussiato, este agente foi isolado apenas no terceiro dia, e no grupo

tratado com levofloxacino, não foi detectado. Observaram que os níveis de óxido

nítrico séricos diminuem durante um quadro de rinossinusite aguda, e que a

administração de nitroprussiato sódico acelera a recuperação histológica e

bacteriológica.

Liu et al. (2003) apud Cheng et al. (2009) induziram rinossinusite aguda em

40 coelhos para observação da bacteriologia nestes animais. Induziram o processo

Page 26: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

11

infeccioso de três maneiras diferentes: bloqueio do óstio de drenagem maxilar por

via externa, inoculação sinusal de agente infeccioso e bloqueio do óstio associado à

inoculação do agente. Realizaram sacrifício dos grupos e análise microbiológica da

secreção dos seios com 1, 2, 3 e 4 semanas. Obtiveram 100% de positividade na

indução de rinossinusite apenas no grupo em que utilizaram as duas técnicas. No

grupo submetido apenas ao bloqueio do óstio sinusal, obtiveram 84,6% de

positividade. Observaram também que os agentes inoculados foram identificados e

isolados até duas semanas após a indução e, após este período, foram substituídos

pela presença de agentes oportunistas.

Kara et al. (2004) observaram similaridade entre as bactérias predominantes

isoladas nos dois grupos de estudo, sendo que, em um dos grupos, o tampão nasal

foi embebido em solução de Streptococcus pneumoniae e, no outro grupo, foi

embebido em solução salina. Nos primeiros 15 dias do início da indução, as

bactérias isoladas eram predominantemente Gram negativas em ambos os grupos,

como Pseudomonas sp, Proteus sp e Escherichia coli. Após 15 dias, observaram

diminuição de bactérias Gram negativas, com crescimento de Gram positivas,

principalmente estreptococo alfa-hemolítico.

Cheng et al. (2009) avaliaram os efeitos de corticosteroides intranasais para o

tratamento da rinossinusite aguda maxilar experimental em coelhos. Utilizaram

também, como modelo de indução, a associação da inserção de esponja sintética

em uma das fossas nasais com inoculação de solução contendo cepas de

Streptococcus pneumoniae na mesma fossa nasal, em 48 coelhos. Os tampões

nasais foram removidos 10 dias após o início do estudo em todos os animais.

Realizaram exames de cultura 2 a 4 semanas após o período de indução, com

identificação apenas de bactérias oportunistas, como Pseudomonas sp, Moraxella

sp e Escherichia sp. Não observaram a presença do pneumococo em nenhum dos

exames, mesmo nos animais do grupo controle, que não receberam tratamento.

A Pasteurella multocida, cocobacilo Gram negativo, é o microorganismo

patogênico oportunista mais comum em coelhos (Sirois, 2005; Liang et al., 2008). É

geralmente habitante comensal do trato respiratório superior e digestivo dos coelhos.

Pode ocasionar uma doença conhecida como pasteurelose, que é uma enfermidade

muito frequente na cunicultura e contribui bastante para a mortalidade de coelhos

devido a problemas respiratórios, principalmente a pneumonia. A incidência da

Page 27: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

12

doença aumenta em situações de estresse do animal, na diminuição da resistência

corpórea e na presença de alta densidade populacional por gaiola (Makino e

Nakagui, 2005). Liang et al. (2008) isolaram esta bactéria em um grande número de

coelhos, porém o swab foi colhido apenas das cavidades nasais dos animais. Já

Ozturk et al. (2003), isolaram esta bactéria em apenas um coelho do grupo de

estudo no 5º dia após a indução. Outros autores não isolaram esta bactéria em

animais do estudo (Kara et al., 2004; Cheng et al., 2009; Campos, 2010).

1.1.1.3 Histologia da mucosa sinusal

Marks (1998) realizou um trabalho para caracterizar a histologia sinusal do

modelo rinogênico de rinossinusite em coelhos. Iniciou a indução do processo

infeccioso em 28 coelhos através da inserção de esponja sintética na fossa nasal

direita dos animais, com instilação de solução com cepas de Streptococcus

pneumoniae na mesma fossa nasal logo após a colocação da esponja. Grupos de 4

a 6 animais foram sacrificados em intervalos programados (1, 2, 4, 6 e 10 semanas).

Os tampões nasais foram mantidos nas fossas nasais até o dia do sacrifício dos

coelhos. Utilizou análise qualitativa e semiquantitativa para a avaliação das mucosas

sinusais. Observou, nas fases mais agudas (1 a 2 semanas), exsudato inflamatório

intenso predominantemente polimorfonucleado no lúmen dos seios e infiltrado

predominantemente linfoplasmocitário na mucosa, além de áreas com degeneração

epitelial, perda ciliar e ulceração. Nos estágios mais tardios, a partir da sexta

semana, relatou modificações menos intensas, como fibrose leve, metaplasia

epitelial e aumento de células caliciformes. Em todos os períodos, mesmo nos seios

não infectados, observou a presença de folículos linfóides na mucosa sinusal,

ressaltando a possível função destes na resposta imune à infecção.

Jyonouchi et al. (1999) analisaram a relação dos efeitos locais e imunológicos

em um modelo experimental de rinossinusite aguda em coelhos. Utilizaram 16

coelhos e induziram o quadro infeccioso sinusal através de incisão externa, com

exposição do seio maxilar esquerdo, oclusão do óstio sinusal com cianoacrilato e

instilação de solução contendo Bacteroides fragilis no interior do seio. Os animais

foram sacrificados após 1, 2, 3 e 4 semanas do início do experimento. Após análise

Page 28: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

13

histológica por microscopia óptica, relataram alterações inflamatórias significativas

nas mucosas dos seios maxilares esquerdos nos grupos de animais sacrificados

com 1 e 2 semanas. Na 3ª e 4ª semanas, a inflamação sinusal foi caracterizada por

espessamento do estroma com fibrose e áreas de epitélio desnudo. Nos seios

contralaterais, relataram aumento de células glandulares e caliciformes, além de

leve espessamento do estroma.

Hassab e Kennedy (2001) utilizaram um modelo experimental de rinossinusite

em coelhos para observarem os efeitos a longo prazo da obstrução do óstio do seio

maxilar. Através de incisão externa, realizaram a obliteração do óstio sinusal direito

em 8 coelhos com o uso de histoacryl. Não utilizaram nenhum tipo de toxoide

bacteriano. Após 24 semanas, observaram apenas 3 coelhos com obstrução do

óstio sinusal e alteração da pressão sinusal. Quatro coelhos apresentaram secreção

purulenta no interior do seio maxilar direito. As análises histológicas de todas as

mucosas dos seios maxilares à direita evidenciaram sinais inflamatórios crônicos,

com infiltrado celular de linfócitos, eosinófilos, além de áreas com sinais de reação

inflamatória aguda. Não identificaram sinais de inflamação na mucosa dos seios

contralaterais.

Kara et al. (2004) realizaram modelo experimental com a introdução de

esponja sintética em fossa nasal direita com e sem associação de cepas bacterianas

em 39 coelhos, e apresentaram resultados muito semelhantes. Na fase inflamatória

aguda (animais sacrificados no dia do diagnóstico da rinossinusite), observaram

exsudato denso, predominantemente de leucócitos polimorfonucleares, metaplasia

de células escamosas, hiperplasia de glândulas subepiteliais, folículos linfóides e

mucosa polipoide. No 15º dia de acompanhamento, a camada subepitelial estava

mais espessa e edemaciada, além de se apresentar atrófica e inflamatória algumas

vezes. Numerosas células caliciformes estavam presentes em todos os seios

infectados. No 30º dia de recuperação, atividade osteoblástica, folículos linfóides e

mínima atividade fibroblástica foram observados.

Shin e Heo (2005) avaliaram os efeitos da obstrução nasal unilateral nas

mucosas nasais e dos seios maxilares em coelhos. Realizaram oclusão das fossas

nasais à direita de 23 coelhos, através de sutura e cauterização do orifício narinário.

Os coelhos foram sacrificados após 4, 8 e 12 semanas do início do estudo. Na

avaliação histológica, observaram infiltrados de células inflamatórias bilateralmente

Page 29: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

14

nas fossas nasais e seios maxilares, sendo esta infamação mais intensa

proporcionalmente ao maior período de experimento.

Genc et al. (2008) utilizaram um modelo experimental de sinusite para avaliar

o desenvolvimento de óstio acessório do seio maxilar após quadro infeccioso agudo

sinusal. Utilizaram 5 coelhos como controle e 5 coelhos no grupo de estudo.

Desenvolveram quadro infeccioso através da inserção de esponja sintética em fossa

nasal direita e instilação de 0,5 mL de solução contendo Streptococcus pneumoniae

na mesma fossa nasal. O tampão nasal foi mantido até o sacrifício de todos os

coelhos do grupo de estudo, após 21 dias do início do experimento. Observaram

secreção purulenta nas fossas nasais e seios maxilares direitos de todos esses

animais. A análise histológica da mucosa sinusal revelou a presença de infiltrado de

células inflamatórias, predominantemente de leucócitos polimorfonucleares;

presença de eosinófilos e linfócitos; e perda de células ciliadas, degeneração

epitelial, áreas de ulceração e hiperplasia de folículos linfóides.

Liang et al. (2008) realizaram estudo experimental com introdução de Merocel

e PMMA, sem embebição de solução com bactérias, analisando 22 coelhos ao

término do experimento. Com 2 semanas, retiraram o tampão nasal de todos os

coelhos e observaram inflamação na mucosa e infiltrado eosinofílico. Mantiveram o

processo infeccioso até 12 semanas, caracterizando a rinossinusite crônica, com

persistência dos achados anteriores. Sugerem não ter sido observada inflamação

mucosa caracterizada por infiltrado leucocitário polimorfonuclear pela ausência de

inoculação de bactérias no experimento.

Ozcan et al. (2011) realizaram estudo experimental para comparar os

achados histopatológicos e tomográficos em um quadro de rinossinusite aguda.

Utilizaram 5 coelhos e realizaram a indução do quadro infeccioso através da

introdução de esponja gelatinosa embebida em cepas bacterianas de

Staphylococcus aureus em ambas as fossas nasais dos coelhos. Estes tampões

foram mantidos até o dia do sacrifício dos animais. Todos os animais foram

sacrificados no 10º dia e submetidos à TC de seios da face e análise histológica

semiquantitativa das mucosas dos seios maxilares e das fossas nasais. Relataram

diversos graus de desorganização epitelial, foco de ruptura de células epiteliais,

aumento de linfócitos e células polimorfonucleares, sendo estes os parâmetros

Page 30: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

15

utilizados para a classificação do quadro infeccioso através da avaliação histológica.

Observaram também, que a TC não reflete as alterações agudas da mucosa sinusal.

1.1.1.4 Análise do tampão nasal

Não encontramos na literatura nenhum trabalho que tivesse realizado a

análise microbiológica do tampão nasal. Esta poderia ser realizada com o objetivo

de correlacionar os agentes encontrados na fossa nasal e no seio maxilar.

Kara et al. (2004) realizaram a cultura das mucosas das fossas nasais e dos

seios maxilares do mesmo lado da indução do quadro de rinossinusite, nos dois

grupos de coelhos estudados (com e sem o uso de toxoide bacteriano associado ao

tampão nasal), e não encontraram correlação entre os microorganismos

identificados.

Liang et al. (2008) realizaram a confecção de modelo experimental de

rinossinusite através de dois métodos diferentes. Em um dos grupos, a indução do

processo infeccioso foi realizada apenas com o uso de tampão nasal de Merocel®, e

no outro grupo, foi utilizada uma associação de tampão nasal com injeção de PMMA

na mesma fossa nasal. Não fizeram uso de toxoide bacteriano, e justificaram que o

desenvolvimento do processo infeccioso foi obtido com o aumento do tamanho do

tampão nasal para assegurar a obstrução do óstio sinusal.

Page 31: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

16

2 OBJETIVO

O presente estudo tem como objetivo propor e avaliar a capacidade de um

modelo experimental para indução de rinossinusite aguda bacteriana em coelhos,

avaliando-se parâmetros histopatológicos da mucosa sinusal, microbiológicos da

secreção sinusal e tampão nasal e análise da presença de secreção nasal.

Page 32: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

17

3 MATERIAL E MÉTODO

3.1 Locais

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal

(CEEA) do Instituto de Ciências Avançadas em Otorrinolaringologia (ICAO) e

realizado neste mesmo instituto. Os animais foram confinados em gaiolas

individuais, adequadas para raça e peso. Os mesmos tiveram oferta livre de ração e

água durante todo o período em que estiveram confinados. Todos os animais foram

mantidos em condições uniformes, por um período de 8 dias antes do início do

estudo. Todos os procedimentos cirúrgicos e experimentais foram realizados no

mesmo instituto, de acordo com os princípios éticos na experimentação animal,

postulados pelo Código Brasileiro de Experimentação em Animais (COBEA).

As preparações e análises histológicas foram realizadas no laboratório Pathos

Diagnósticos Médicos. Os estudos microbiológicos foram feitos no Departamento de

Microbiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

3.2 Animais

Foram utilizados 22 coelhos da raça Nova Zelândia, adultos, brancos, de

ambos os gêneros, com peso entre 2500 – 3000g no início do experimento.

3.3 Grupos

Os coelhos foram divididos em 4 grupos: grupo A (6 coelhos), grupo B (7

coelhos), grupo C (7 coelhos) e grupo D como controle (2 coelhos). Os coelhos do

grupo A foram sacrificados no dia da remoção do tampão, 10 dias após a indução do

experimento. Os coelhos do grupo B foram sacrificados 17 dias após a indução, e os

coelhos do grupo C foram sacrificados 30 dias após a indução. Os 2 coelhos do

Page 33: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

18

grupo D foram mantidos em ambiente separado, em uma sala diferente dos animais

dos grupos de estudo, durante 30 dias, e sacrificados juntamente com os coelhos do

grupo C (Tab. 1). Nestes dois animais não foram introduzidos o tampão nasal e o

toxoide bacteriano.

Tabela 1. Descrição dos grupos de animais, número de coelhos e os dias de sacrifício e remoção dos tampões nasais

Grupo Coelhos (nº) Sacrifício (dia) Remoção tampão (dia)

A 6 10 10

B 7 17 10

C 7 30 10

D 2 30

3.4 Procedimentos anestésicos e sacrifício

Para realizar a anestesia dos animais no início do trabalho para colocação

dos tampões e no 10º dia para a retirada dos mesmos, foram utilizadas uma

associação de cloridrato de tiletamina e cloridrato de zolazepan, na concentração de

25 mg/ml (Zoletil® - Laboratório Virbal) e uma associação de citrato de fentalina e

citrato de droperidol (0,0785 mg/ml e 2,5 mg/ml, Nilperidol® - Laboratório Cristália). A

primeira foi administrada por via intramuscular na dose de 0,4 ml/kg e a segunda na

dose de 0,3 ml/kg. Durante os procedimentos, os animais permaneceram em

ventilação espontânea.

Para o sacrifício foi realizada injeção intracardíaca de 1,0 ml de cloreto de

potássio 19,1% (Equiplex Indústria Farmacêutica) nos animais previamente

anestesiados com tiopental sódico (Thiopentox® - Laboratório Cristália), na dose de

12 mg/kg, por via intramuscular.

3.5 Confecção do modelo experimental de rinossinusite

Foi realizado experimento para obtenção de um processo inflamatório

nasossinusal, através da fossa nasal dos animais, simulando uma rinossinusite

infecciosa aguda.

Page 34: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

19

Os coelhos foram submetidos à anestesia geral e realizada assepsia no dorso

nasal dos animais com clorexidina aquosa 2%. Inicialmente foi colocado tampão

nasal de Merocel® estéril medindo 0,3 x 0,5 x 2,5 cm em cavidade nasal direita com

o uso de uma pinça baioneta estéril, seguido pela instilação de 1 ml de toxoide

estreptocócico e estafilocócico (Toxoidepot®) em fossa nasal ipsilateral com o uso

de uma seringa e agulha de insulina estéreis (Figs. 1 e 2). Realizamos a instilação

do toxoide no interior da fossa nasal após a colocação do tampão nasal para que

pudéssemos padronizar a quantidade de toxoide em todos os animais.

Figura 1. Tampão nasal de Merocel® dividido em 3 fragmentos. Colocamos um fragmento em cada fossa nasal direita dos coelhos dos grupos de estudo.

Figura 2. Inserção do tampão nasal na cavidade nasal direita de coelho previamente anestesiado.

O tampão foi retirado no 10º dia após o início do experimento em todos os

animais dos três grupos de estudo.

Page 35: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

20

3.6 Cultura da secreção e exame bacterioscópico

Foi realizada a abertura e exposição da parede anterior dos seios maxilares

bilateralmente em cada animal, inicialmente do lado esquerdo para evitar

contaminação do lado contralateral ao da indução do experimento, com coleta de

secreção do interior dos mesmos através de swab (Cuturet®). Os materiais foram

mantidos em local com temperatura ambiente, sem exposição solar e encaminhados

ao laboratório após 24 – 36 horas da coleta.

Todas as amostras de secreção foram preparadas em lâminas e coradas pela

técnica de Gram, para realização de exame bacterioscópico. Desta forma, as

lâminas foram coradas com violeta de metila, fixadas com lugol, descoradas com

álcool etílico e coradas novamente com safranina. Realizou-se leitura das lâminas

por meio de microscopia óptica, com objetiva de imersão (1000x).

Após o exame bacterioscópico, os materiais foram semeados em cultura ágar

sangue, ágar chocolate e ágar Sabouraud. As placas de ágar sangue e ágar

chocolate foram incubadas à temperatura de 35 ± 2ºC. Foram realizadas leituras

diárias das placas até completar 48 horas para os meios ágar Sangue e ágar

Chocolate, e 15 dias para ágar Sabouraud.

Todos os exames bacterioscópicos e de cultura das secreções sinusais foram

realizados por técnicos do Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa de São Paulo.

3.7 Avaliação histológica da mucosa sinusal

Logo após o sacrifício, as estruturas que revestiam a face do coelho foram

dissecadas, e realizou-se a abertura da parede anterior dos seios maxilares e da

parede externa das cavidades nasais. Foi removida, então, a mucosa do interior dos

seios maxilares (Figs. 3 e 4).

Page 36: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

21

Figura 3. Coelho do grupo A após a retirada do tampão no 10º dia.

Figura 4. Parede externa das cavidades nasossinusais aberta, com exposição dos seios maxilares e cavidade nasal. Processo infeccioso evidente à direita, caracterizado por edema mucoso e presença de secreção purulenta. Locais anatômicos representados por seio maxilar (M), septo nasal (S), concha inferior (C) e fossa nasal (N).

As amostras de mucosa foram obtidas dos coelhos com remoção de mucosa

do interior dos seios maxilares, sendo imediatamente fixadas em formol a 10%

tamponado, permanecendo nesta solução pelo período mínimo de 24 horas, para

Page 37: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

22

adequada fixação. Permaneceram 24 – 48hs sob nossa responsabilidade e

posteriormente foram encaminhadas ao laboratório de Patologia. A seguir,

realizaram-se a clivagem das amostras, passando-se então ao processamento

histológico propriamente dito (desidratação em banhos sucessivos com

concentrações crescentes de álcool etílico, diafanização em xilol e inclusão em

parafina a 60 graus centígrados) e a microtomia, tendo cada corte histológico a

espessura máxima de 4 micrômetros. Finalizando, as lâminas foram coradas pela

técnica da hematoxilina-eosina (HE) e montadas em lamínulas para análise

microscópica pelo patologista.

Todas as lâminas foram analisadas por um único patologista, que

desconhecia o grupo ao qual a amostra pertencia. Foi feita uma avaliação

semiquantitativa das alterações presentes. Posteriormente, as amostras foram

classificadas pelos critérios de inflamação adotados, segundo Marks (Marks, 1998;

Perez et al., 2012): 0 = ausência de inflamação; 1 = inflamação leve (esparsas

células inflamatórias, sem lesão epitelial); 2 = inflamação moderada (infiltrado

inflamatório difuso em lâmina própria, sem formação de agregados inflamatórios,

com lesão focal de células epiteliais caracterizada por desorganização e ruptura de

células epiteliais); 3 = inflamação intensa (denso infiltrado inflamatório difuso com

formação de agregados de células inflamatórias, com lesão difusa de células epiteliais

caracterizada por desorganização e ruptura de células epiteliais); 4 = inflamação

severa com ulceração. Foi avaliada também a proliferação conjuntivo-fibrosa

existente, de acordo com a sua intensidade, classificada em ausente, presente e

intensa (Fig. 5, 6, 7 e 8).

A confecção de todos os preparados histológicos foi realizada no laboratório

Pathos Diagnósticos Médicos, pelo mesmo técnico.

Page 38: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

23

Figura 5. Mucosa de seio maxilar do lado direito do grupo de estudo sacrificado após 10 dias, demonstrando inflamação intensa caracterizada por agregados de células inflamatórias (grau 3), delimitada pelas setas - microscopia óptica, coloração HE, aumento de 100 vezes.

Figura 6. Mucosa sinusal do lado esquerdo do grupo de estudo sacrificado após 17 dias, com inflamação moderada caracterizada por infiltrado inflamatório difuso em lâmina própria, sem formação de agregados inflamatórios (grau 2) delimitada pelas setas – microscopia óptica, coloração HE, aumento de 100 vezes.

Page 39: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

24

Figura 7. Mucosa sinusal do lado direito do grupo de estudo sacrificado após 10 dias, com inflamação moderada caracterizada por infiltrado inflamatório difuso em lâmina própria, sem formação de agregados inflamatórios (grau 2), delimitada pelas setas - microscopia óptica, coloração HE, aumento de 100 vezes.

Figura 8. Mucosa sinusal do lado direito do grupo de estudo sacrificado após 17 dias, com inflamação intensa (grau 3), demonstrando permeação do epitélio por neutrófilos (setas cheias) e fibroblastos (setas vazadas) no córion superficial. Microscopia óptica, coloração HE, aumento de 200 vezes.

3.8 Cultura de material do tampão nasal

Os tampões nasais removidos das fossas nasais dos coelhos foram

analisados para cultura de microorganismos através do Hemobac®. O Sistema

Page 40: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

25

Hemobac Trifásico® é um produto utilizado na realização de culturas de sangue e

seus componentes, stem cell (células tronco), líquidos corpóreos e nutrição

parenteral. Utilizamos o Hemobac Trifásico Pediátrico®. O sistema é composto por

dois elementos: recipiente plástico contendo 30 ml de um caldo suplementado com

extrato de levedura e polianetol-sulfonado de sódio (SPS) e um laminocultivo (Fis. 9

e 10). Este último apresenta duas faces, sendo uma Face larga, composta por ágar

Chocolate e indicador de CO2 para detectar crescimento bacteriano e/ou fúngico, e

outra Face dividida, formada por ágar Sabouraud e ágar MacConkey. O sistema

apresenta as fases descritas a seguir: Fase 1- Caldo suplementado (Triptona Soja

Caldo, Piridoxina, L-Cisteína, Extrato de levedura): promove o crescimento de

microorganismos, devido à riqueza de nutrientes; Fase 2- Meios de cultura sólidos

que permitem o crescimento de bactérias (ágar Chocolate, ágar MacConkey) e

fungos (ágar Sabouraud); Fase 3 – Indicador: a viragem de cor para rosa forte e

vermelho ocorre pela presença de CO2 produzido pelo microorganismo.

Figura 9. Recipiente com caldo suplementado à esquerda e laminocultivo à direita. Face do laminocultivo constituída por meio ágar Chocolate (H) e indicador de CO2 (i).

Page 41: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

26

Figura 10. Sistema conectado através da abertura superior do frasco com o laminocultivo. Face do laminocultivo composta por meios ágar Sabouraud (B) e ágar MacConkey (M).

Iniciamos com a colocação do tampão nasal no interior do recipiente contendo

o caldo, logo após sua retirada da fossa nasal do coelho, com oclusão do frasco.

Para cada tampão nasal removido, utilizamos um Hemobac Trifásico Pediátrico®.

Este foi agitado levemente para que ocorresse a homogeneização da amostra com o

caldo. Mantivemos o material durante 72 horas a temperatura ambiente, sem

exposição solar e sem manipulação do material. A seguir, os materiais foram

encaminhados ao Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Ciências Médicas

da Santa Casa de São Paulo. O sistema foi completado com o encaixe do

laminocultivo ao frasco com o caldo, próximo ao bico de Bunsen, evitando, desta

forma, risco de contaminação. O sistema foi girado até que a Face dividida do

laminocultivo ficasse direcionada para a tampa de alumínio, sendo então agitado

Page 42: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

27

levemente e realizada pré-incubação a 35ºC ± 2ºC durante 4 horas. A seguir, o

sistema foi invertido gradualmente para que fosse realizada a semeadura das faces

do laminocultivo. O mesmo foi reposicionado na posição original para que todo o

meio líquido voltasse para a porção inferior do frasco. Todos os materiais foram

novamente incubados a 35ºC ± 2ºC, e observados duas vezes ao dia para a

identificação de colônias e/ou mudança do indicador de CO2 (Fig. 11)

Figura 11. Sistema após o término do período de incubação. Tampão nasal (T) no interior do frasco com caldo suplementado, indicador de CO2 (i) com coloração rosa forte pela presença de microorganismos e meio ágar Chocolate (H) com presença de colônias bacterianas.

Page 43: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

28

O período de incubação foi de 7 dias, procedendo-se, a seguir, com a

separação dos 2 recipientes e a identificação das colônias presentes em meio

sólido. Os meios ágar Chocolate e ágar MacConkey foram utilizados para a

identificação bacteriana. Os materiais foram mantidos incubados por mais 8 dias,

totalizando 15 dias, à temperatura ambiente, para a pesquisa de fungos no meio

ágar Sabouraud.

3.9 Análise estatística

Realizamos a análise estatística para avaliar o grau de inflamação na

mucosa, a proliferação conjuntivo-fibrosa e a presença ou não de bactérias, de

acordo com o dia de sacrifício dos animais.

Foram descritos todos os grupos de bactérias encontrados na amostra em

ambos os lados com uso de frequências absolutas e relativas. O grau de inflamação

da mucosa e a proliferação conjuntivo-fibrosa foram comparados entre os dias de

sacrifício com o uso de testes Kruskal-Wallis (Kirkwood, Sterne, 2006) seguidos de

comparações múltiplas não paramétricas de Dumm (Neter et al., 1996) para

comparação dos dias dois a dois, quando necessário. Para a presença ou não de

bactérias, foi verificada a existência de associação com uso de teste da razão de

verossimilhanças (Kirkwood, Sterne, 2006).

A concordância entre o swab e a cultura realizada no tampão foi descrita

conforme os dias de sacrifício e verificada a existência de associação da

concordância com os dias de sacrifício, com uso de teste da razão de

verossimilhanças.

Os testes foram realizados com nível de significância de 5% (p<0,05).

Page 44: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

29

4 RESULTADOS

Utilizamos no estudo 22 coelhos, sendo 20 coelhos no grupo de estudo e 2

coelhos no grupo controle. Nenhum animal evoluiu a óbito durante o período do

experimento.

No momento da retirada do tampão, no 10º dia da indução do experimento,

todos os coelhos apresentavam rinorreia purulenta unilateral. Desta forma, todos os

coelhos sacrificados do grupo A apresentavam rinorreia purulenta neste momento.

Apenas três coelhos do grupo B apresentavam rinorreia evidente antes do sacrifício.

Nenhum coelho do grupo C apresentava rinorreia evidente pela fossa nasal no

momento do sacrifício. Porém, três coelhos do grupo B e dois coelhos do grupo C

apresentavam secreção purulenta no seio maxilar após o sacrifício dos animais e

exposição destas estruturas anatômicas.

4.1 Cultura de secreção e exame bacterioscópico

Realizamos coleta e análise das secreções dos seios maxilares direito e

esquerdo de todos os coelhos. Optamos pela classificação das bactérias

encontradas nos seguintes grupos: bacilo Gram negativo não fermentador

(Acinetobacter baumanii, Acinetobacter Iwoffii, Achromobacter sp e Pseudomonas

aeruginosa), bacilo Gram negativo enterobactéria (Escherichia Coli), bacilo Gram

positivo (Bacillus sp) e cocos Gram positivo (Micrococcus sp, Staphylococcus

coagulase negativo e Staphylococcus aureus). Os resultados encontram-se

descritos na tabela a seguir:

Page 45: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

30

Tabela 2. Descrição dos grupos de bactérias encontrados nos seios maxilares nas amostras de acordo com o lado dos 20 coelhos dos grupos de estudo.

Variável Frequência %

Grupo bactéria direita

Negativo 2 7,4

Bacilo Gram negativo não fermentador 5 18,5

Bacilo Gram negativo enterobactéria 4 14,8

Bacilo Gram positivo 12 44,4

Coco Gram positivo 4 14,8

Total 27 100

Grupo bactéria esquerda

Negativo 6 27,3

Bacilo Gram negativo não fermentador 9 40,9

Bacilo Gram negativo enterobactéria 1 4,5

Bacilo Gram positivo 5 22,7

Coco Gram positivo 1 4,5

Total 22 100

Frequências absolutas e relativas

A Tabela 2 mostra que no lado submetido à indução de rinossinusite (lado

direito), o grupo de bactéria mais frequentemente encontrado foi de bacilo Gram

positivo (44,4%), já no lado contralateral, foi o grupo de bacilo Gram negativo não

fermentador (40,9%). Identificamos maior incidência de bactérias Gram negativas no

total dos coelhos avaliados. Estas foram identificadas em 15 animais (75%), sendo

que as bactérias Gram positivas em apenas 9 animais (45%).

O microorganismo mais encontrado nos exames de cultura do seio maxilar

direito dos coelhos foi o Bacillus sp, identificado em 11 coelhos. Também

observamos que 7 coelhos apresentaram dois microorganismos nos exames de

cultura do lado direito.

Avaliamos a positividade do swab bilateralmente nas amostras coletadas. Os

resultados encontram-se na tabela a seguir:

Page 46: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

31

Tabela 3. Descrição da positividade da cultura bacteriana obtida por swab conforme o dia de sacrifício dos grupos e resultado dos testes estatísticos

Grupos

Variável A B C Total p

N % N % N % N %

Swab direito

0,468

Negativo 0 0,0 1 14,3 1 14,3 2 10,0

Positivo 6 100,0 6 85,7 6 85,7 18 90,0

Swab esquerdo

0,039

Negativo 0 0,0 2 28,6 4 57,1 6 30,0

Positivo 6 100,0 5 71,4 3 42,9 14 70,0

Total 6 100 7 100 7 100 20 100

Resultado do teste da razão de verossimilhanças

A Tabela 3 demonstra que não há associação estatisticamente significativa na

positividade do swab no lado direito (p = 0,468). Observamos apenas que a

positividade no swab do lado esquerdo está estatisticamente associada aos dias de

sacrifício, sendo que a positividade vai diminuindo com o passar dos dias (p =

0,039).

As culturas dos seios maxilares dos dois coelhos utilizados como controle não

apresentaram crescimento de nenhuma bactéria.

4.2 Avaliação histológica da mucosa sinusal

A análise histológica das mucosas dos seios maxilares direito e esquerdo

apresentaram grau de inflamação na maioria das amostras.

Os resultados da avaliação histológica semiquantitativa das amostras de

mucosa encontram-se na tabela a seguir:

Page 47: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

32

Tabela 4. Descrição do grau de inflamação e proliferação conjuntivo-fibrosa na mucosa sinusal conforme o dia de sacrifício dos grupos e resultado dos testes estatísticos.

Grupos

Variável A B C Total p

N % N % N % N %

Proliferação Conjuntiva Fibrosa direita

0,420

Ausente 3 50,0 4 57,1 2 28,6 9 45,0

Presente 3 50,0 3 42,9 4 57,1 10 50,0

Muito presente 0 0,0 0 0,0 1 14,3 1 5,0

Proliferação Conjuntiva Fibrosa esquerda

0,786

Ausente 5 83,3 5 71,4 6 85,7 16 80,0

Presente 1 16,7 2 28,6 1 14,3 4 20,0

Grau de inflamação direito

0,009

0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 0 0,0 1 14,3 2 28,6 3 15,0

2 1 16,7 3 42,9 5 71,4 9 45,0

3 2 33,3 3 42,9 0 0,0 5 25,0

4 3 50,0 0 0,0 0 0,0 3 15,0

Grau de inflamação esquerdo

0,267

0 1 16,7 4 57,1 4 57,1 9 45,0

1 5 83,3 3 42,9 3 42,9 11 55,0

Total 6 100 7 100 7 100 20 100

Resultado do teste Kruskal-Wallis

A Tabela 4 mostra que há diferença estatisticamente significativa entre os

grupos para o grau de inflamação no lado induzido (p = 0,009), não havendo

diferença estatisticamente significativa na proliferação conjuntivo-fibrosa entre os

grupos (p=0,420). No lado esquerdo não houve diferença estatisticamente

significativa em ambos os parâmetros. Com relação ao grau de inflamação da

mucosa do seio maxilar esquerdo, observamos apenas graus 0 e 1.

Na tabela abaixo, comparamos o grau de inflamação do lado direito em

relação aos três grupos do estudo:

Tabela 5. Resultado das comparações múltiplas do grau de inflamação no lado induzido entre os grupos.

Comparação Valor Z P

A - B 1,82 0,069

A - C 3,05 0,002

B - C 1,28 0,200

Page 48: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

33

A Tabela 5 mostra que o grau de inflamação no grupo A (dia 10) é

estatisticamente maior que no grupo C (dia 30), com p = 0,002.

A análise histológica dos seios direito e esquerdo dos dois coelhos do grupo

controle apresentou grau 0 de inflamação e proliferação conjuntivo-fibrosa ausente.

4.3 Análise do tampão nasal

Analisamos a relação entre as bactérias encontradas no swab do lado direito

e as bactérias identificadas nos tampões de Merocel®.

Tabela 6. Descrição da concordância das bactérias do tampão e da microbiologia do seio maxilar no lado induzido conforme os grupos e resultado dos testes estatísticos.

Grupos

Variável A B C Total p

N % N % N % N %

Relação Hemobac® com swab direito

0,171

Bactérias diferentes 4 66,7 7 100,0 6 85,7 17 85,0

A mesma bactéria 2 33,3 0 0,0 1 14,3 3 15,0

Total 6 100 7 100 7 100 20 100

Resultado do teste da razão de verossimilhanças

Na tabela 6 não há associação estatisticamente significativa entre a

concordância das bactérias encontradas no swab e no tampão nasal conforme os

grupos (p = 0,171).

Realizamos a análise de um tampão de Merocel® utilizado como controle

através do sistema Hemobac® e não houve crescimento bacteriano.

Page 49: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

34

5 DISCUSSÃO

5.1 Modelo experimental de rinossinusites

Diversos modelos experimentais para indução de rinossinusite foram

realizados e estão descritos na literatura (Marks, 1997). Os coelhos são os animais

mais utilizados neste tipo de trabalho, seguidos por ratos e ovelhas. Optamos pela

utilização dos primeiros, por apresentarem maior semelhança anatômica e

fisiológica com as cavidades nasossinusais dos humanos, conforme relatado por

Casteleyn et al. (2010).

Diferentes métodos foram utilizados para a indução de processo infeccioso

bacteriano sinusal nos coelhos. Os primeiros trabalhos realizavam a obstrução

definitiva dos óstios maxilares através de procedimentos cirúrgicos ou uso de cola

(Johansson et al., 1988; Grullón, Suárez, 1996; Jyonouchi et al., 1999; Hassab,

Kennedy, 2001). Embora este modelo de rinossinusite tenha provado ser

extremamente eficaz na formação de rinossinusite purulenta, a inflamação era

geralmente limitada ao seio maxilar, como um abscesso sinusal. Além disso, a

manipulação para promover a obstrução do óstio era realizada através da cavidade

sinusal para dentro da cavidade nasal.

Outros trabalhos foram realizados através da oclusão das fossas nasais com

diferentes tipos de materiais e retirados após determinado período (Marks, 1997;

Kara et al., 2004; Cheng et al., 2009; Ozcan et al.; 2011). A presença destes

materiais foi associada ou não ao uso de bactérias ou toxoides bacterianos para

auxiliar na indução de rinossinusite bacteriana.

Estes modelos experimentais vêm sendo descritos para avaliarem diversos

aspectos do processo infeccioso sinusal. Foram avaliadas alterações anatômicas,

fisiológicas e histopatológicas dos seios paranasais (Johansson et al., 1988; Marks,

1998; Hassab, Kennedy, 2001; Kim et al., 2008); e realizadas comparações da

eficácia de diferentes tratamentos para rinossinusite (Min et al., 1995; Bende et al.,

1996; Cable et al., 2000; Ozturk et al., 2003; Cheng et al., 2009). A pesquisa e

identificação da presença de biofilmes bacterianos também foram realizadas

(Perloff e Palmer, 2005).

Page 50: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

35

Em nosso trabalho, optamos pela indução de rinossinusite através da

inserção de esponja sintética na fossa nasal direita dos animais, com retirada das

mesmas após 10 dias em todos os grupos. Este método apresenta simplicidade

técnica para sua confecção, causa pouca lesão em mucosa nasal e grande

facilidade na remoção do tampão dos coelhos que prosseguiram no estudo. Além

disso, este método não promove alterações permanentes na mucosa nasossinusal

dos animais, sendo reversível, o que nos permitiu avaliar a recuperação histológica

após a indução do quadro de rinossinusite aguda.

Alguns autores realizaram a inoculação do agente infeccioso dentro do seio

maxilar (Maeyama, 1981; Johansson et al., 1988; Osturk et al., 2003; Costa et al.,

2007; Cheng et al., 2009; Campos, 2010) e outros, dentro da cavidade nasal (Marks,

1997; Kara et al., 2004; Genc et al., 2008). Optamos por não utilizar a primeira

técnica, por ser mais invasiva e causar alterações iatrogênicas na mucosa sinusal.

Alguns trabalhos provaram que a simples obliteração das fossas nasais já seria

suficiente para desenvolver um quadro infeccioso bacteriano (Costa et al., 2007; Kim

et al., 2008; Liang et al., 2008).

Utilizamos a inoculação de toxoide estafilocócico e estreptocócico em

conjunto com a inserção de esponja sintética nas mesmas fossas nasais. Decidimos

pela inoculação do toxoide, com o objetivo de acelerar o tempo de indução da

rinossinusite. Este achado foi demonstrado por Kara et al. (2004), que evidenciaram

através da realização de tomografia computadorizada, a presença de infecção no

seio maxilar de coelhos a partir do 6º dia após a indução de rinossinusite com a

inoculação de toxoide, e no 8º dia sem a inoculação do mesmo.

Durante a realização do nosso estudo não observamos a morte de coelhos,

diferentemente de outros trabalhos. Campos (2010) referiu a morte de 7 coelhos

(11,67% do total), assim como Marks (1997) e Kara et al. (2004) também relataram

morte de animais (8,34% e 16,67% do total de coelhos, respectivamente). A

utilização da técnica com inoculação do toxoide no interior do seio por punção pode

favorecer a progressão do quadro para as vias aéreas inferiores dos animais, além

de ser um método mais invasivo. Acreditamos que a técnica utilizada diminui o risco

de complicações, principalmente a pneumonia, que foi a mais citada pelos autores

como causa de morte dos animais, pelo fato de ser menos invasiva e com regressão

do processo infeccioso após a retirada da esponja.

Page 51: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

36

Com relação ao tempo de permanência do tampão nasal para a indução da

rinossinusite, os estudos apresentam algumas variações. Cheng et al. (2009),

Campos (2010) e Ozcan et al. (2011) mantiveram o tampão durante 10 dias, de

maneira semelhante ao nosso. Costa et al. (2007) e Liang et al. (2008) mantiveram o

tampão durante 14 dias. Kara et al. (2004) mantiveram o tampão até a confirmação

do diagnóstico de rinossinusite realizado por TC, tendo retirado o mesmo com 6 e 8

dias nos 2 grupos de estudos. Apenas Marks (1997) manteve o tampão nasal por

um período mais prolongado, durante 6 semanas.

Após a retirada da esponja no 10º dia, todos os animais apresentavam

rinorreia purulenta unilateral na cavidade nasal em que as mesmas foram inseridas.

Este resultado é compatível com outros autores que utilizaram método semelhante

através da via rinogênica (Kara et al., 2004; Cheng et al., 2009; Ozcan et al., 2011).

Marks (1997) apresentou 83% de sucesso com seu método e Liang et al. (2008)

obtiveram 91,7% na indução de quadro infeccioso agudo. Campos (2010) também

obteve 100% de eficácia com seu trabalho, porém utilizou a inoculação de toxoide

bacteriano diretamente dentro dos seios maxilares.

Utilizamos como critério principal para o diagnóstico de rinossinusite aguda a

presença de rinorreia purulenta na cavidade nasal dos animais. As avaliações

microbiológicas e histológicas dos animais pertencentes ao grupo A nos permitiu a

avaliação do processo infeccioso no momento do seu diagnóstico, ou seja, 10 dias

após o inicio do experimento. A partir de então, foi possível observar o período de

recuperação da rinossinusite aguda, sem nenhum tipo de tratamento. Desta forma,

alguns coelhos do grupo B (três) ainda apresentavam secreção nas fossas nasais e

nos seios maxilares após serem sacrificados, e alguns coelhos do grupo C ainda

apresentavam secreção nos seios maxilares no momento do sacrifício.

Nas análises microbiológicas e histológicas dos coelhos do grupo A, todos os

animais apresentavam swab positivo do seio maxilar para microorganismos e sinais

de inflamação na mucosa bilateralmente. Já os coelhos dos grupos B e C,

apresentaram alguns resultados de swab negativos do seio maxilar, enquanto na

avaliação histológica, todos estes animais ainda mantinham algum grau de

inflamação no seio maxilar direito. Com estes resultados, podemos sugerir que na

evolução de um quadro de rinossinusite aguda bacteriana, a persistência dos

Page 52: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

37

achados inflamatórios na mucosa sinusal é mais prolongada do que a presença de

microorganismos causando um processo infeccioso.

5.2 Cultura de secreção e exame bacterioscópico

A Pasteurella multocida foi identificada por alguns autores em modelos

experimentais de rinossinusite em coelhos, após a realização de análises

microbiológicas. Liang et al. (2008) realizaram a coleta com swab das fossas nasais

dos animais após 2 e 12 semanas de início do experimento, e observaram esta

bactéria em um grande número de coelhos. Osturk et al. (2003) isolaram esta

bactéria em apenas 1 coelho sacrificado 5 dias após o início do estudo. Em nosso

trabalho, nós não isolamos este microorganismo em nenhum coelho dos grupos de

estudo e do grupo controle, assim como outros autores (Kara et al., 2004; Cheng et

al., 2009; Campos, 2010). Acreditamos que este microorganismo possa ser

substituído por outros agentes oportunistas mais patogênicos ou patogênicos não

oportunistas na vigência de um quadro infeccioso.

A grande maioria dos microorganismos isolados são oportunistas dos aparelhos

respiratório e digestório dos coelhos. O único microorganismo patogênico não

oportunista isolado em nossos exames foi o Staphylococcus aureus. A presença do

quadro sinusal infeccioso possibilita que estas bactérias oportunistas se multipliquem e

substituam os agentes inicialmente inoculados e precursores da infecção.

A maioria dos trabalhos que utilizou cepas de Streptococcus pneumoniae

para auxiliar na indução da rinossinusite apresentou a substituição deste patógeno

por outros agentes oportunistas. Westrin et al. (1992) utilizaram esta bactéria na

indução e observaram sua substituição após 5 dias em média. Marks (1997) e Kara

et al. (2004) isolaram o pneumococo em apenas 1 coelho nos estudos, na primeira

semana após a indução do quadro. Cheng et al. (2009) não isolaram este agente em

nenhum coelho após 10 dias do início da indução. Em nosso estudo, não

identificamos a presença do pneumococo em nenhum dos coelhos estudados.

Kara et al. (2004) relataram bactérias Gram negativas e Gram positivas nos

exames de cultura dos seios maxilares direitos, lado no qual ocorreu o quadro

infeccioso. Cheng et al. (2009) encontraram apenas bactérias Gram negativas nos

Page 53: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

38

exames de cultura dos seios maxilares, no lado da indução do quadro infeccioso.

Observaram também, que a maioria das bactérias cresceu isoladamente. Em nosso

estudo, encontramos bactérias Gram positivas e Gram negativas nos exames de

cultura dos seios maxilares direitos, com maior incidência de Gram positivas. Estas

foram identificadas em 16 animais (80%), sendo que as bactérias Gram negativas

apenas em 9 animais (45%).

Cheng et al. (2009) analisaram a positividade do swab em relação aos dias de

sacrifício. O grupo de coelhos utilizado como controle, no qual ocorreu a indução do

quadro de rinossinusite bacteriana sem posterior tratamento, foi sacrificado após

duas e quatro semanas. Na segunda semana, a positividade do swab colhido da

cavidade sinusal do lado submetido à indução do experimento foi de 100%. Já na

quarta semana, esta positividade diminuiu para 83,3%. Encontramos resultados

muito semelhantes em nosso estudo. O grupo de coelhos sacrificado no 10º dia

apresentou positividade no swab do seio maxilar direito de 100%. Nos grupos

sacrificados no 17º e 30º dias, esta positividade foi de 85,7%.

A grande maioria dos modelos descritos na literatura não avaliou o seio

contralateral ao seio da indução do experimento. Poucos trabalhos relataram a

cultura do material do seio contralateral, e quando realizada, foi em pequeno número

do total de animais do estudo. Liang et al. (2008) relataram pouco crescimento

bacteriano em cavidades nasais sem a presença de rinossinusite. Em nosso

trabalho, obtivemos a presença de bactérias no seio contralateral em 14 coelhos

(70% do total). Acreditamos que a progressão do quadro inflamatório na mucosa

nasossinusal também favoreça o aparecimento de bactérias oportunistas no seio

contralateral ao lado de indução do experimento.

5.3 Avaliação histológica da mucosa sinusal

A histologia normal da mucosa sinusal de coelhos apresenta epitélio

pseudoestratificado ciliado sem a presença de células inflamatórias. (Cheng et al.,

2009; Ozcan et al., 2011). A análise histológica da mucosa sinusal em coelhos

submetidos a experimentos para indução de rinossinusite foi realizada na grande

maioria dos trabalhos, com diversos objetivos. Foi utilizada sua avaliação como

Page 54: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

39

critério diagnóstico para presença de infecção sinusal (Marks et al., 1997; Kara et al.,

2004; Liang et al., 2008; Campos, 2010), na avaliação da intensidade da infecção

(Marks, 1998; Shin et al., 2005), na comparação da eficácia de diferentes

tratamentos para rinossinusite (Uslu et al., 2006; Ozturk et al., 2003; Bleier et al.,

2010) e nas alterações fisiopatológicas sinusais após indução de quadro infeccioso

agudo nasossinusal (Hassab, Kennedy, 2001; Genc et al., 2008; Kim et al., 2008).

A avaliação da intensidade da inflamação pode ser realizada de forma

qualitativa ou semiquantitativa. A maioria dos trabalhos realizou esta avaliação de

maneira qualitativa (Jyonouchi et al., 1999; Uslu et al., 2003; Kara et al., 2004; Costa

et al., 2007). Por outro lado, em alguns experimentos, foram utilizados parâmetros

semiquantitativos (Min et al., 1995; Bende et al., 1996; Marks et al., 1997; Campos,

2010). Cheng et al. (2009) utilizaram as duas análises em seu estudo.

Optamos em nosso trabalho pela análise semiquantitativa para que pudéssemos

graduar a intensidade da inflamação e comparar os três grupos experimentais (sacrifício

com 10, 17 e 30 dias). Obtivemos diferença estatisticamente significativa no grau de

inflamação entre os coelhos do grupo sacrificado com 10 dias e o grupo sacrificado com

30 dias. Demonstramos desta forma, que o processo inflamatório vai regredindo após a

retirada do tampão. Porém, mesmo após 30 dias do início do experimento (20 dias após

a retirada do tampão), muitos coelhos ainda apresentavam inflamação na mucosa

sinusal. Este achado denota que o quadro de rinossinusite aguda causa alterações

histológicas mais prolongadas do que os achados macroscópicos, e que persistem por

algumas semanas até sua regressão completa.

Poucos estudos realizados fizeram a análise histológica da mucosa do seio

maxilar contralateral ao seio acometido. Jyonouchi et al. (1999) observaram nos seios

contralaterais aumento de células glandulares e caliciformes, além de leve

espessamento do estroma. Porém, utilizaram como método de indução, a obliteração

permanente do óstio sinusal com cianoacrilato. Kara et al. (2004) relataram mucosa

sinusal macroscopicamente normal do lado esquerdo, contralateral ao lado acometido

pelo processo infeccioso. Genc et al. (2008) não observaram alterações na cavidade

nasal contralateral à estudada. Liang et al. (2008) avaliaram apenas alguns lados

controle e não observaram alterações histológicas. Alguns experimentos tiveram o

desenvolvimento de sinusite bilateral devido à presença de perfuração septal, que

permitiu a progressão da infecção para o lado contralateral (Kara et al., 2004).

Page 55: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

40

Shin e Heo (2005) observaram alterações nasossinusais nas cavidades

obstruídas e também nas cavidades contralaterais, nas quais não haviam realizado

nenhuma manipulação. Concluíram que os achados inflamatórios no lado ocluído

podem ter sido produzidos por ausência de aeração e ventilação sinusal. No lado

não ocluído, estas alterações inflamatórias podem ter sido ocasionadas por lesões

diretas nas células epiteliais nasais, causadas por aumento do fluxo de ar ou

aumento da carga bacteriana.

Acreditamos ser este um achado muito significativo e que possa ser justificada

a progressão da inflamação como uma resposta de todo epitélio respiratório a um foco

local, que desencadearia uma maior resposta mesmo em áreas sem agressão direta.

Fato este que também é evidenciado em pacientes asmáticos e portadores de rinite

alérgica e/ou rinossinusite, que pioram do quadro pulmonar em consequência da piora

do quadro nasal, na relação conhecida como “via aérea unificada”. Esta apresenta

algumas outras hipóteses para sua ocorrência, como reflexo neural nasobronquial,

contaminação das vias aéreas inferiores com células inflamatórias e mediadores

através de secreção nasal posterior, ou absorção de células inflamatórias do epitélio

nasal para a circulação sistêmica e consequentemente para mucosa bronquial

(Bousquet et al., 2003; Bousquet et al., 2008). Futuros estudos serão necessários

para avaliar a relação desta resposta em quadros de rinossinusite.

A avaliação da proliferação conjuntivo-fibrosa não apresentou diferença

estatisticamente significativa entre os grupos. Não foi possível, portanto, utilizar este

parâmetro como marcador de cronificação do processo infeccioso. O número de

coelhos pode não ter sido suficiente para reproduzir alteração estatística neste

parâmetro avaliado.

5.4 Análise do tampão nasal

Nas últimas décadas, a grande maioria dos estudos experimentais em

coelhos utilizou como método de indução de rinossinusite a inserção de tampão

nasal. O material utilizado foi esponja sintética de Merocel® (Marks, 1997; Kara et

al., 2004; Liang et al., 2008; Cheng et al., 2009), esponja gelatinosa (Ozcan et al.,

2011) ou esponja de polivinil (Costa et al., 2007; Campos, 2010). O objetivo foi

Page 56: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

41

promover um processo inflamatório e infeccioso através da obstrução do óstio

sinusal. Outra hipótese aventada para o início deste processo seria a reação

inflamatória da mucosa nasal a um corpo estranho, causando uma desorganização

da fisiologia ostiomeatal (Çetin et al., 2002).

Porém, não encontramos na literatura algum estudo que houvesse realizado a

análise do tampão nasal para cultura de microorganismos, ou com algum outro objetivo.

Kara et al. (2004) realizaram em seu estudo a cultura do seio maxilar direito

(lado de indução da infecção) e da fossa nasal direita de todos os coelhos, com a

coleta de swab. Este foi realizado em apenas uma região da fossa nasal. Afirmaram

que a propagação de bactérias da fossa nasal para o interior do seio era esperada,

porém não foi observada esta relação.

Liang et al. (2008) realizaram em seu estudo a análise dos microorganismos

presentes nas fossas nasais dos coelhos submetidos ao experimento, não tendo

realizado cultura de secreção no interior dos seios em nenhum dos animais. Através

da avaliação com TC para diagnóstico de infecção sinusal, observaram que poucos

patógenos cresceram nas fossas nasais de coelhos sem rinossinusite,

comparativamente com a presença destes microorganismos em fossas nasais de

coelhos com rinossinusite.

A avaliação do tampão nasal foi realizada para que pudéssemos analisar de

maneira precisa os microorganismos presentes nas fossas nasais, nas quais

realizamos a indução do quadro infeccioso. Utilizamos este método para correlacionar

as bactérias presentes no interior da cavidade nasal com as bactérias presentes no

interior do seio maxilar. Não encontramos associação significativa entre as bactérias

presentes nestes dois locais anatômicos distintos. Esta associação não foi

demonstrada inclusive no primeiro grupo de coelhos sacrificados, nos quais a retirada

do tampão foi realizada neste mesmo dia, 10 dias após o início do estudo.

Page 57: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

42

6 CONCLUSÃO

O modelo experimental realizado e avaliado por meio de parâmetros

histopatológicos da mucosa sinusal, por cultura da secreção sinusal e do tampão

nasal e por avaliação da presença de secreção nasal, mostrou-se capaz de induzir

quadro de rinossinusite aguda bacteriana em 100% dos animais utilizados no

estudo.

Page 58: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

43

7 ANEXOS

Anexo 1. Tabela demonstrando as bactérias encontradas em cada tampão nasal através da análise microbiológica do sistema Hemobac®.

Coelho Hemobac

1 Citrobacter diversus/ Achromobacter sp

2 Staphylococcus coagulase negativo/Micrococcus sp/ Achromobacter sp

3 Achromobacter sp

4 Staphylococcus aureus/ Achromobacter sp

5 Escherichia coli

6 Bacillus sp/ Neisseria sp

7 Pseudomonas aeruginosa

8 Morganella morganii

9 Pseudomonas aeruginosa/ Neisseria sp

10 Escherichia coli

11 Pseudomonas sp

12 Pseudomonas aeruginosa

13 Escherichia coli/ Stenotrophomonas maltophilia

14 Pseudomonas aeruginosa

15 Staphylococcus coagulase negativo/Acinetobacter lwoffii

16 Pseudomonas aeruginosa

17 Staphylococcus coagulase negativo/Pseudomonas aeruginosa

18 Pseudomonas aeruginosa

19 Staphylococcus aureus

20 Citrobacter diversus

Page 59: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

44

Anexo 2. Tabela demonstrando os resultados dos swabs realizados em ambos os seios maxilares.

Coelho Swab lado direito Swab lado esquerdo

1 Acinetobacter baumanii Acinetobacter baumanii

2 Bacillus sp Acinetobacter baumanii

3 Acinetobacter baumanii Acinetobacter baumanii

4 Staphylococcus aureus Staphylococcus coagulase negativo/Micrococcus sp

5 Staphylococcus aureus Bacillus sp

6 Escherichia coli/ Bacillus sp Escherichia coli

7 Bacillus sp Acinetobacter lwoffii

8 Escherichia coli/ Staphylococcus aureus Bacillus sp

9 Bacillus sp Negativo após 48 hs

10 Negativo após 48 hs Negativo após 48 hs

11 Acinetobacter lwoffii/ Bacillus sp Acinetobacter lwoffii

12 Achromobacter sp/ Bacillus sp Achromobacter sp

13 Bacillus sp Acinetobacter lwoffii

14 Negativo após 48 hs Negativo após 48 hs

15 Escherichia coli/ Bacillus sp Negativo após 48 hs

16 Pseudomonas aeruginosa/Bacillus sp Negativo após 48 hs

17 Bacillus sp Acinetobacter baumanii/Bacillus sp

18 Staphylococcus coagulase negativo/ Bacillus sp Bacillus sp

19 Bacillus sp Acinetobacter lwoffii

20 Escherichia coli Negativo após 48 hs

Page 60: Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução

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Dolci ELL. Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução de rinossinusite bacteriana em coelhos. Tese (Doutorado). São Paulo: Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo; 2014. Resumo Introdução: A rinossinusite é uma das doenças mais prevalentes nos dias atuais, sendo responsável por diversas consultas médicas, cirurgias, impacto na qualidade de vida da população e enorme impacto econômico gerado por custos diretos e indiretos envolvidos com a afecção. É uma das doenças que mais requer atendimento em pronto-socorro, uma das mais responsáveis pelo uso de antibiótico e responsável por piores índices de qualidade de vida comparada com doenças como dor nas costas, insuficiência cardíaca congestiva e doença pulmonar crônica. A realização de modelos experimentais em animais vem sendo realizada há décadas, com substancial aumento nos últimos anos. Têm como principais objetivos identificar as alterações fisiopatológicas ocasionadas pelo processo infeccioso sinusal e avaliar a eficácia de medicamentos no tratamento da rinossinusite. Objetivo: Avaliar a eficácia do modelo experimental proposto para a indução de um processo infeccioso nasossinusal agudo bacteriano, utilizando parâmetros histopatológicos e cultura da secreção sinusal. Material e Método: Foram utilizados 22 coelhos da raça Nova Zelândia, de ambos os sexos, com peso entre 2500-3000g. Foram divididos em 4 grupos: grupo A (6 coelhos), grupo B (7 coelhos), grupo C (7 coelhos) e grupo D (controle com 2 coelhos). Foi induzido quadro de rinossinusite através da inserção de esponja sintética nas fossas nasais direita dos 20 coelhos dos grupos de estudo, seguido por instilação de toxoide bacteriano (50% estreptocócico e 50% estafilocócico) nas mesmas fossas nasais. Os grupos foram sacrificados com 10 dias (grupo A), 17 dias (grupo B), 30 dias (grupos C e D). No 10º dia, todos os animais tiveram os tampões removidos e colocados em material para posterior cultura de microorganismos. Após o sacrifício, procedeu-se com a avaliação histológica semiquantitativa da mucosa sinusal bilateral, exame de cultura das secreções dos seios maxilares bilateralmente e análise com cultura do tampão nasal. Resultados: Todos os coelhos do grupo de estudo apresentaram quadro de rinossinusite aguda bacteriana, através da identificação macroscópica, análise histológica e cultura das secreções. Conclusão: O modelo proposto apresenta simplicidade técnica para sua execução, similaridade ao quadro rinogênico que acomete os humanos e é altamente eficaz na produção de um quadro infeccioso bacteriano agudo sinusal.

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Dolci ELL. Evaluation of an experimental model capacity to induce bacterial rhinosinusitis in rabbits. Tese (Doutorado). São Paulo: Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo; 2014. Abstract Introduction: Rhinosinusitis is one of the most prevalent diseases nowadays, responsible for quality of life impact and tremendous economic impact associated with direct and indirect costs. It’s one of the top reasons for presentation to a primary care physician, one of most common reasons for the prescription of antibiotics and it’s responsible for worst quality of life compared to back pain, congestive heart failure or chronic obstructive pulmonary disease. Animals have been used in experimental models in the last decades, with substantial increase in the last few years. The main targets are to study the pathogenesis of the infectious process and the efficiency of the medications to treat the rhinosinusitis. Objective: Evaluate the efficiency of the proposed experimental model to induce an acute bacterial sinonasal infectious process by using histological analysis and sinus secretion cultures. Material and Methods: Twenty two New Zealand rabbits were used, of both sexes with body weight between 2500 to 3000g. They were divided into 4 groups: group A (6 rabbits), group B (7 rabbits), group C (7 rabbits) and group D (control group with 2 rabbits). Rhinosinusitis was induced with the insertion of a synthetic sponge into the right-side nasal cavities of the 20 animals in the study groups followed by bacterial strains instillation (composed of 50% Staphylococcus sp and 50%Streptococcus sp). The groups were sacrificed within 10 days (group A), 17 days (group B) and 30 days (groups C and D). At the 10th day, all the sponges were removed from the nasal cavities and placed at a solution for posterior microbiological culture. After the rabbits were sacrificed, semi-quantitative histological analysis of bilateral sinus mucosa, bilateral sinus secretions bacterial culture and culture analysis of the nasal packing were performed. Results: All the rabbits of the study group developed acute bacterial rhinosinusitis, which was diagnosed by using macroscopic evaluation, histological analysis and sinus secretion culture. Conclusion: The proposed model has a simple method for execution, it is similar to the rhinogenic model that occurs in human beings and it is highly efficient to reproduce an acute bacterial sinus infection.

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LISTAS E APÊNDICES

APÊNDICE 1. Carta de aprovação do comitê de ética do ICAO

São Paulo, 10 de outubro de 2012. Ilmo. Sr. Prof.Dr. José Eduardo Lutaif Dolci protocolo 008-12 O Comitê de Ética em experimentação animal (CEEA) do Instituto de Ciências Avançadas em Otorrinolaringologia (ICAO) em reunião ordinária, e no cumprimento de suas atribuições, após avaliação do seu projeto de pesquisa: "Avaliação da capacidade de um modelo experimental para indução de rinossinusite bacteriana em coelhos", emitiu parecer considerando-o:

Aprovado

Prof. Dr. Leonardo da Silva Presidente do CEEA do ICAO