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Avaliaªo Ambiental Projeto de Cogeraªo com Bagao Alta Mogiana Econergy Brasil Avaliaªo Ambiental Projeto de Cogeraªo com Bagao Alta Mogiana Preparado por: Econergy Brasil Outubro 2004 E1059 v.2 Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized

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Avaliação Ambiental Projeto de Cogeração com Bagaço Alta MogianaEconergy Brasil

Avaliação Ambiental

Projeto de Cogeração com Bagaço Alta Mogiana

Preparado por: Econergy Brasil

Outubro 2004

E1059 v.2

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Introdução O Projeto de Cogeração com Bagaço Alta Mogiana (PCBAM) é um projeto de cogeração usando bagaço de cana-de-açúcar. O objetivo do projeto é a instalação de mais capacidade na usina Alta Mogiana e a melhoria no uso da energia na planta de forma a aumentar a quantidade de eletricidade a ser produzida usando-se o bagaço. As usinas sucro-alcooleiras no Brasil de maneira geral produzem sua própria energia (tanto térmica quanto elétrica) a partir do bagaço produzido na moagem da cana. Apenas no estado de São Paulo, reponsável por aproximadamente 60% da produção de cana do país, estima-se que cerca de 700 MW de capacidade estejam instalados, a maioria deles para auto-produção apenas. Uma vez que o bagaço é considerado um problema para as usinas, dado o enorme espaço que o mesmo ocupa nos pátios, a racionalidade por trás de seu uso tem sido a prática de processos ineficientes no que toca a utilização da energia cogerada, de forma a consumir a maior quantidade possível do insumo energético. No entanto, em meados dos anos 90, a desregulamentação do mercado de energia elétrica no Brasil abriu uma oportunidade para aqueles interessados em estabelecer uma outra unidade de negócios dentro das usinas, tendo já obtido a maior parte do conhecimento necessário para operar tais unidades – o único fator não experimentado foi a comercialização da eletricidade cogerada. E com o mercado de comércio de emissões tornando-se mais sólido, uma nova oportunidade surgiu para as usinas.

Aquecimento Global, o Protocolo de Quioto e o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo1

AQUECIMENTO GLOBAL

O balanço energético de longo-prazo na Terra e sua atmosfera influencia seu clima. O planeta absorve energia vinda do Sol e na média o balanço ocorre com radiação infra-vermelha sendo emitida de volta ao espaço. As temperaturas são mantidas em seus níveis por gases de efeito estufa (GEE), como dióxido de carbono (CO2) e vapor d’água. No entanto, desde o início da era industrial, a concentração de GEE na atmosfera terrestre aumentou dramaticamente, especialmente a do CO2, que teve sua concentração aumentada em 31% desde a era pré-industrial. Esse aumento é resultante de dois fatores principais: queima de combustíveis fósseis como carvão, óleo e gás natural; e o desflorestamento, que reduz a capacidade do planeta de seqüestrar o gás. Os combustíveis são queimados para produzir energia, necessária em fábricas e casas, além de serem usados em veículos automotores. Desde o fim do século 19, a temperatura da superfície terrestre aumentou entre 0,3 e 0,6oC. Por volta do ano 2100, a temperatura deve ter subido de 1 a 3,5oC com relação a temperaturas de 1990. Mas uma pequena mudança como essa deveria ser motivo de preocupação? Sim, uma vez que muitos problemas ocorrem a partir desse aumento. Com tais projeções, o nível do mar deve subir entre 15 e 95 cm, ameaçando milhões de pessoas

1 Guimarães H.B. 2002. “Cogenerated Electricity from Sugarcane Bagasse in Brasil – Exploiting an Abundant Renewable Energy Source”. KTH, Estocolmo, Suécia.

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que vivem em áreas costeiras. Também, essa mudança pode fazer com que doenças tropicais como malária, dengue e febre amarela atinjam áreas temperadas. Estimativas mostram que, devido a isso, ao final do século 21 60% da população mundial poderia estar vivendo na zona de transmissão potencial de malária, significando de 50 a 80 milhões de casos adicionais da doença por ano.

A CONVENÇÃO-QUADRO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA MUDANÇA DO CLIMA -CQNUMC

Em 1987, um relatório da primeira-ministra norueguesa Gro Harlem Brundltand para a Comissão da ONU para o Meio-Ambiente e Desenvolvimento foi publicado. O relatório, intitulado “Nosso Futuro Comum”, mencionou pela primeira vez o acúmulo de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera, com aumento da temperatura e efeitos conseqüentes. Nascia o debate internacional sobre mudanças climáticas. Em 1992, durante a Cúpula da Terra no Rio de Janeiro, 175 países mostraram suas preocupações com o câmbio climático através da criação da Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudança do Clima (CQNUMC). Basicamente, o objetivo da convenção era colocar os países para negociar limitações e reduções de emissões de GEE, tentando estabilizar a concentração de tais gases na atmosfera e dessa forma evitar perturbações perigosas no sistema climático.

CONFERÊNCIA DAS PARTES – COP

A Conferência das Partes é o órgão supremo da CQNUMC, agindo para promover e revisar a implementação da convenção, além de reforçá-la. Seus membros são classificados como Partes do Anexo I ou Anexo II. As Partes do Anexo I constituem-se de 36 países desenvolvidos e economias em transição que concordaram na Rio-92 em estabilizar as suas emissões de CO2 a níveis de 1990 no ano 2000. Partes do Anexo II consistem de 25 países desenvolvidos (Anexo I menos economias em transição). O Protocolo de Quioto, que estabeleceu o MDL e tem sido a referência em negociações sobre mudanças climáticas, foi o resultado da COP-3 (Terceira Conferência das Partes), ocorrida em Quioto, Japão, em 1997. A última COP foi a COP-9, que ocorreu em Milão, na Itália em dezembro de 2003, e definiu as diretrizes para enquadramento de projetos florestais no MDL. Em 2004 será realizada a COP-10, em Buenos Aires. No entanto, para que o Protocolo entre em vigor, 55 países representando 55% das emissões de CO2 em 1990 devem ratificá-lo. Atualmente, 122 países representando 44,2% de tais emissões ratificaram o Protocolo. Com os Estados Unidos recusando-se a fazê-lo, a única opção que pode levar o protocolo a ter força legal é a ratificação do mesmo pela Rússia, que representava 17,4% das emissões de CO2 de 1990 em 1997.

O MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO - MDL

O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo foi criado pelo artigo 12 do Protocolo de Quioto, e foi originalmente proposto por um comitê brasileiro na Convenção de Bonn em maio de 1997. A idéia original era criar um Fundo de Desenvolvimento Limpo, que seria

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constituído por incursões de capital de países desenvolvidos no caso de eles não cumprirem com suas reduções de emissão. No Protocolo de Quioto, a proposta brasileira tornou-se um mecanismo que é uma cooperação para a preservação e a melhoria das condições ambientais em países pobres e em desenvolvimento, sempre de acordo com as metas destes próprios países para o desenvolvimento. Ou seja, o MDL é uma ferramenta para países não-Anexo I usar para atingir o desenvolvimento sustentável, já que como resultado de projetos dessa categoria, receitas podem ser auferidas sob a forma de Reduções Certificadas de Emissões (RCE), que são títulos comercializáveis correspondentes às reduções de emissão de GEE atingidas pelo projeto. Compradores destes títulos são todas as Partes que têm metas de redução de emissão.

Descrição do Projeto

A USINA ALTA MOGIANA

A Alta Mogiana está listada entre as cinqüenta maiores empresas da cana-de-açúcar no Sudeste do Brasil. Na colheita de 2003/2004, ela moeu 2,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, produzindo 52,7 mil m3 de etanol e 224 mil toneladas de açúcar. Para a colheita de 2004/2005, as estimativas são de um aumento para 2,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, 55 mil m3 de etanol e 265 mil toneladas de açúcar. Procurando melhorar continuamente a sua produtividade, a Alta Mogiana dá uma atenção especial para os seus recursos humanos. Para encorajar seus empregados a se engajarem com os resultados da empresa, a Alta Mogiana sempre desenvolveu os serviços sociais. A empresa acredita que a contribuição dos empregados para aumentar a qualidade dos produtos é fortemente dependente das suas qualidades de vida. Para alcançar uma alta qualidade no gerenciamento dos recursos humanos, a empresa concentra suas atenções na segurança no trabalho e cuidado com a saúde. O número total de empregados da Alta Mogiana era 2.155 diretamente e 7.453 indiretamente durante a safra de 2001/2002. Considerando o grande número de fazendeiros que se beneficiam da companhia, empregando algumas outras pessoas para manter suas plantações de cana, pode ser dito que a Alta Mogiana é a mais importante criadora de trabalhos para as 45.000 pessoas da cidade onde a empresa está localizada. Além do mais, a Alta Mogiana mantêm um laboratório para 200 estudantes do colégio da comunidade local, no projeto “Educando para o Futuro”. Aumentando os rendimentos anuais da firma devido a comercialização dos RCEs adiciona um valor substancial para os empregados diretos da firma, seus fornecedores de cana-de-açúcar, suas famílias e comunidade local. Os processos industriais da Alta Mogiana são também uma questão cuidada pela empresa, e a qualidade está no topo dos cuidados. A empresa definiu programas para seus processos, incluída a geração de termeletricidade, de acordo com as normas da ISO como um caminho para incorporar tecnologia e práticas de qualidade. A usina está certificada sob a ISO 9001:2000.

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O PROJETO DE COGERAÇÃO COM BAGAÇO ALTA MOGIANA

O PCBAM tem por objetivo aumentar o excedente de eletricidade gerada no sistema de cogeração da usina e adicionar valor ao bagaço proveniente do processo de moagem. Ao colocar energia produzida a partir de uma fonte renovável na rede nacional, o PCBAM evita que energia produzida com combustíveis fósseis seja despachada para essa mesma rede, evitando portanto emissões de GEE e contribuindo para mitigar o aquecimento global. O projeto inclui as seguintes fases: • Fase 1 (2002): Esta fase inclui a reforma de duas caldeiras de 21 bar para caldeiras de 42 bar cada uma, as quais terão a eficiência energética aumentada significativamente; e a aquisição de um turbo gerador de contrapressão de 25 MW. Além disso, o consumo de energia no processamento do açúcar está previsto para ser reduzido em 19% de 530 Kg de vapor por tonelada de cana-de-açúcar moída para 430 Kg da vapor por tonelada de cana moída. Em 2002, a Alta Mogiana forneceu para a rede elétrica 28.948 MWh de energia renovável. A CPFL2 é a empresa com quem a Alta Mogiana tem um contrato de longo-prazo de venda de energia assinado. A capacidade garantida de energia vendida, que foi acordada no PPA (contrato de venda de energia), é a base de cálculo da quantidade total esperada de reduções certificadas de emissões (RCEs). Porém, o PCBAM provavelmente gerará mais energia do que contemplado no PPA, de forma que mais RCEs poderão ser conseqüentemente geradas. O PPA, no entanto, contempla a possibilidade de eletricidade extra ser comprada a partir de 2005, caso o PCBAM decida colocar para funcionar os turbo geradores que foram colocados em stand-by na fase 1. Mesmo que o PCBAM, nesta primeira fase, alcance a capacidade instalada total de 37,5 MW, os dois turbo geradores de 5 MW e 7,5 MW estarão em stand-by, por este ser o primeiro ano em que a Alta Mogiana utiliza o novo turbo gerador. Porém, mesmo que no PPA uma capacidade excedente de 6 MW está garantida para fazer energia elétrica para comercialização, a Alta Mogiana pode ser capaz de entregar mais, como mostrado na tabela 1, desde que ela possa usar a capacidade reserva como ela quiser ou for necessário, e esta comercialização da eletricidade não prevista será verificada pela entidade operacional para contabilizar a quantidade total de emissão de carbono evitada, conforme a “Capacidade Excedente Total de Eletricidade”, mostrada na tabela 1. É importante notar que pequenos projetos de energia, como o PCBAM, não são despachados pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), significando que a Alta Mogiana está autorizada a fornecer para a rede elétrica tanta energia quanto ela possa. E no final a Alta Mogiana pode ainda comercializar qualquer quantidade de energia extra no Mercado Atacadista de Eletricidade (MAE). • Fase 2 (2003): No ano de 2003, durante o período da safra, a Alta Mogiana continuou os investimentos de 2002, para alcançar uma maior eficiência na exploração da biomassa, então produzindo 41.985 MWh de energia limpa fornecida para a rede elétrica, que equivale a 12 MW de capacidade dedicados à comercialização de eletricidade.

2 Companhia Paulista de Força e Luz

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Nesta fase, a capacidade já instalada deverá ser melhor explorada pelo investimento no aumento da eficiência na produção de açúcar, diminuindo o consumo interno de vapor. Além disso, a produção de bagaço está projetada para ser aumentada. E ainda que os dois turbo-geradores que estão em stand-by não tenham seus funcionamentos previstos de acordo com o PPA, eles podem gerar eletricidade se existir uma vantagem financeira para isto. • Fase 3 (2004-2005): A Alta Mogiana já está considerando a possibilidade de futura expansão. Para isso, o PCBAM está projetado para aumentar ainda mais a eficiência energética através da redução da utilização do vapor no processo de fabricação do açúcar e também aumentando a produção de biomassa, passo que pode levar a um aumento na energia gerada. Entretanto, um aumento da energia renovável gerada requer um grande esforço financeiro. Em termos de resultados financeiros, a maior eficiência para produzir energia de biomassa, o que significa caldeiras de maior pressão e/ou otimização do uso do vapor nos processos da usina, implica em um baixo retorno. Como mostrado na tabela 1, o PCBAM pode ter a capacidade máxima de 20 MW para vender eletricidade para a rede elétrica se a Alta Mogiana não considerar a desativação, mas começar a usar os dois turbo geradores que estão em stand-by. Neste caso, os 20 MW serão considerados para receber os RCEs. Embora o PPA respeite a capacidade de 12 MW como garantida para venda de 2004 em diante, o PCBAM pretende explorar toda a capacidade de 20 MW para suprir a rede elétrica a partir de 2005. Em contrapartida, a Alta Mogiana está considerando outros investimentos: compra de uma nova caldeira de 42 bar e troca dos dois turbo geradores que estão em stand-by por um novo turbo gerador de condensação de 25 MW. Neste caso, o verificador considerará 30 MW como sendo a capacidade máxima de RCEs devido ao PCBAM. Junto com o preço da energia, o suporte financeiro das reduções certificadas de emissão (RCEs) influenciarão na decisão de fazer ou não este investimento extra, significando que se os rendimentos das RCEs superarem as expectativas da Alta Mogiana, estes novos investimentos em novas máquinas de cogeração será continuado. Por esta razão, o PCBAM requer a verificação se foi instalada ou não uma nova turbina e gerador, antes da verificação do final de 2005. Mesmo que a Alta Mogiana não tenha no PPA a obrigação de explorar mais do que 12 MW para fornecer para a rede elétrica de 2005 em diante, ela está considerando como sendo 20 MW a capacidade de energia para venda, porque a quantidade de biomassa disponível será muito melhorada até lá. Além disso, está sendo esperado que a demanda de energia no Brasil tenha um grande aumento nos próximos anos,causando um aumento do preço e então afetando o mercado à vista, consolidando a posição das empresas de energia de exercer a opção no PPA de explorar qualquer capacidade extra de eletricidade produzida e vendida para a CPFL. A figura a seguir mostra o lay-out geral da Usina Alta Mogiana, com destaque para a casa de força e para a substação.

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Figura 1. Lay-out geral da Usina Alta Mogiana

TECNOLOGIA UTILIZADA

A tecnologia predominante em todo o mundo para a geração de eletricidade a partir de biomassa é o ciclo Rankine, que consiste da combustão direta de biomassa em uma caldeira para gerar vapor, que é então expandido através de uma turbina. A tecnologia Rankine foi introduzida em escala comercial há aproximadamente um século. A maioria das geradoras de ciclo a vapor está localizada em áreas industriais, onde o vapor residual da turbina é recuperado e usado para atender a demandas locais de calor de processo. Tais sistemas de geração combinada de calor e eletricidade, ou sistemas de cogeração, fornecem níveis maiores de energia por unidade de biomassa consumida que sistemas que produzem eletricidade apenas.

O ciclo de vapor Rankine envolve a evaporação de água pressurizada, com o vapor resultante expandindo para girar um turbo gerador, e então condensado para reciclagem total ou parcial na caldeira. Um trocador de calor é usado em alguns casos para recuperar calor de gases residuais para o pré-aquecimento do ar de combustão, e um de-aerador deve ser utilizado para remover da água o oxigênio dissolvido antes que ela entre na caldeira.

Turbinas a vapor são projetadas ou como contra-pressão ou como condensação. Aplicações de cogeração empregam tipicamente turbinas de contra-pressão, onde o vapor expande até uma pressão que é ainda substancialmente superior à pressão ambiente. Ele deixa a turbina

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ainda como vapor e é enviado para satisfazer necessidades de calor no parque industrial, onde é condensado. Ele então retorna total ou parcialmente à caldeira. Alternativamente, se as necessidades de vapor do processo podem ser supridas utilizando-se apenas uma parte do vapor disponível, uma turbina do tipo extração-condensação pode ser utilizada. Este desenho inclui a capacidade de algum vapor ser extraído em um ou mais pontos no caminho de expansão para atender necessidades do processo. O vapor não extraído é convertido em água num condensador que utiliza ar ambiente ou uma fonte de água fria como agente resfriador. O ciclo de vapor Rankine usa diferentes desenhos de caldeiras, dependendo da escala da planta e das características do combustível utilizado. A pressão e a temperatura iniciais do vapor, juntamente com a pressão a que ele é expandido, determinam a quantidade de eletricidade que pode ser gerada por massa de vapor. Em geral, quanto maior a pressão e temperatura do vapor, mais sofisticado, eficiente e caro é o ciclo.

A tabela 1 mostra como a infra-estrutura da Alta Mogiana será atualizada de acordo com o PCBAM.

Tabela 1: Atualização dos equipamentos de cogeração do PCBAM

Ativo / Ativando Desativando

Reforma de duas caldeiras de 21 bar para 42 bar

Fase 1 Aquisição de um turbo-gerador de contra-pressão de

25 MW

Duas caldeiras reformadas de 42

bar

Fase 2 Um turbo gerador

de contrapressão de 25 MW

Compra de uma caldeira de 42 bar

Duas caldeiras reformadas de 42

bar

Fase 3 Um turbo gerador de contrapressão

de 25 MW

Dois turbo geradores de

contrapressão de 5 e 7,5 MW

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LICENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO

O Projeto de Cogeração com Bagaço Alta Mogiana está totalmente em conformidade no que tange às exigências ambientais feitas para seu funcionamento. As licenças são apresentadas nas figuras a seguir.

Figura 2. Licença de funcionamento para os equipamentos instalados na fase 1 (página 1 de 2)

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Figura 3. Licença de funcionamento para os equipamentos instalados na fase 1 (página 2 de 2)

Figura 4. Licença prévia para a fase 3 (página 1 de 2)

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Figura 5. Licença prévia para a fase 3 (página 2 de 2)

Condições Sócio Ambientais Existentes

LOCALIZAÇÃO

A Alta Mogiana está localizada no município de São Joaquim da Barra, norte do estado de São Paulo, a 400 km da capital do estado (cidade de São Paulo) ao norte, 96 km de Ribeirão Preto, 60 km de Franca, 21 km de Guará, 25 km de Ipuã e 22,50 km de São Joaquim da Barra. O local da usina não é caracterizado como unidade de conservação nem como comunidade indígena. A figura 6 mostra a localização do município.

Nota: Elaborado a partir de CATI – Coordenadoria Agrícola Técnica Integral (www.cati.sp.gov.br)

Figura 6. Localização do município de São Joaquim da Barra

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VIAS DE ACESSO

A usina pode ser acessada pela Rodovia Anhanguera (SP330), seguindo-se até o trevo localizado no km 388. Ali, acessa-se a rodovia Prefeito Fábio Talarico (SP-345), tomando-se o sentido Ipuã – Barretos. Ao chegar ao km 89, a Alta Mogiana pode ser acessada pela vicinal Álvaro Sostena. A figura 7 situa a usina na região e mostra as vias de acesso à mesma. Todas essas vias apresentam boas condições de tráfego.

Fonte: Departamento de Estradas de Rodagem – São Paulo

Figura 7. Localização e vias de acesso à Usina Alta Mogiana

ÁREA OCUPADA

Na região citada, a área total ocupada pela empresa corresponde a 37.403 ha, sendo 32.453 ha de área própria mais arrendamento e 4.950 ha de fornecedores.

HIDROGRAFIA

O rio que abastece a Alta Mogiana é o rio Sapucaí, que faz parte da bacia hidrográfica do Sapucaí Mirim – Grande. A figura 8 mostra um mapa da bacia, com seus principais municípios em destaque.

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Fonte: Rede Paulista de Educação Ambiental

Figura 8. Bacia Hidrográfica Sapucaí-Mirim/Grande

São Joaquim da Barra

Franca

Batatais

Guaíra

Miguelópolis

Igarapava

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MEIO BIOLÓGICO

Flora

As principais espécies encontradas na região da Usina Alta Mogiana são mostradas na tabela 2. Não se tem registro de espécies da flora local ameaçadas de extinção. Tabela 2: Principais espécies da flora na região da Usina Alta Mogiana

Fauna

As principais espécies da fauna da região são mostradas na tabela 3. Assim como no caso da flora, não há informações sobre espécies da fauna local ameaçadas de extinção. Tabela 3: Principais espécies da fauna na região da Usina Alta Mogiana

Animais Aves Peixes

Tatu Peba Gavião Carcará Dourado

Lagarto Teiú Anú Lambari

Lobo Guará Tucano Piapara

Veado Campeiro Pombas Cascudo

Capivara João de Barro Corimba (papa terra)

Bem-te-vi

Quadro Legal, Político e Administrativo A Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação.

Angico Ipê Sucupira

Jatobá Farinha Seca Aroeira

Figueira Embira Ingá do Brejo

Jacarandá Cedro Unha de Vaca

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A resolução CONAMA no. 003/90 estabelece padrões para material particulado em suspensão, fumaça, partículas inaláveis, SO2, CO, Ozônio, NO2 e estabelece os diferentes métodos de amostragem. A geração de eletricidade no Brasil é regulamentada pela resolução 456 de 29 de novembro de 2000 da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. A resolução CONAMA no. 1/86 dispõe sobre procedimentos relativos a Estudo de Impacto Ambiental. O licenciamento ambiental de projetos de geração de energia elétrica é regido pela resolução CONAMA no. 6 de 16 de setembro de 1987.A Lei Estadual (São Paulo) 997/76 dispõe sobre o controle da poluição no meio ambiente. A Lei Estadual (São Paulo) 6.171/88 dispõe sobre o uso, preservação e conservação do solo agrícola. A Lei Estadual (São Paulo) 9.509/97 dispõe sobre a Política Estadual do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação (SEAQUA). A Lei Estadual (São Paulo) 9.989/98 dispõe sobre a recomposição da cobertura vegetal no Estado de São Paulo. O Decreto Estadual (São Paulo) 14.806/80 institui o Programa de Controle da Poluição Industrial, e dá outras providências. O Decreto Estadual (São Paulo) 21.880/84 altera o Programa de Controle da Poluição Industrial instituído pelo Decreto nº 14.806, de 4 de março de 1980, visando à ampliação de suas condições de aplicação e dá outras providências. O Decreto Estadual (São Paulo) 24.932/86 institui o Sistema Estadual do Meio Ambiente, cria a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, e dá providências correlatas. O Decreto Estadual (São Paulo) 43.505/98 autoriza o Secretário do Meio Ambiente a celebrar convênios com municípios do Estado de São Paulo visando a fiscalização e o licenciamento ambiental. O Capítulo IV da Constituição do Estado de São Paulo trata do Meio Ambiente, dos Recursos Naturais e do Saneamento, delineando o quadro-geral de obrigações a serem cumpridas.

Benefícios Sócio-Ambientais da Usina Alta Mogiana

BENEFÍCIOS AMBIENTAIS

A Usina Alta Mogiana, sendo engajada nas causas ambientais e consciente de sua capacidade de educar através de suas ações, vem implementando um programa que visa à re-adequação ambiental de suas áreas, bem como das áreas de seus fornecedores. Dessa forma, cerca de 100 ha por ano são totalmente recuperados, sejam eles margens de estradas, áreas de matas ciliares, de propriedade da usina ou não. No total, cerca de 3.400 ha serão recuperados, melhorando assim a biodiversidade da região e garantindo a exploração sustentável da cana-de-açúcar na região. Além disso, a Alta Mogiana executa hoje um programa de colheita verde da cana, evitando assim o uso de queimadas em 55% da área de sua lavoura. Com isso, propicia-se também uma possibilidade de melhoria da qualidade do solo, já que as folhas e pontas da cana-de-açúcar ficam no campo. É possível que, num futuro não muito longínquo, parte dessas folhas seja

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recolhida para ser queimada nas caldeiras e gerar ainda mais energia renovável. De fato, o compromisso com a máxima redução das queimadas faz parte da cultura da Usina Alta Mogiana, que pretende adotar a colheita verde em 58% da área que fornece cana para seu processo industrial.

Impactos do Projeto

IMPACTOS NA CONSTRUÇÃO

Linha de Transmissão

A linha de transmissão possui comprimento total de 2.170,63 metros, assim distribuídos: 868,48m na área de cana, 1.172,6m na área de pastagem, 200m na Área de Proteção Permanente (APP - mata ciliar), 129,55m no leito do rio. Houve pequeno dano na mata ciliar, obedecendo às normas de segurança para construção e conservação de rede de transmissão, não sendo constatado nenhum dano à fauna local.

Vias de Acesso

Impactos nas rodovias de acesso, quanto ao trânsito: nas rodovias Anhangüera e Prefeito Fábio Talarico, houve um pequeno aumento no fluxo de veículos uma vez que 70 a 80 % do transporte de matéria prima (cana de açúcar), é feito por estradas internas. Esse pequeno aumento corresponde à quantidade de cana aumentada e que permite a produção excedente de energia.

IMPACTOS NA OPERAÇÃO

Na operação do PCBAM, o impacto mais significativo refere-se às emissões de particulados das caldeiras. As emissões gasosas a partir da queima do bagaço são devidamente lavadas e tratadas; no entanto, o processo não é 100% eficiente, de forma que uma parte pequena das cinzas do bagaço queimado acaba sendo liberada para a atmosfera.

IMPACTOS PÓS-FECHAMENTO

Considerando-se que a atividade da Usina Alta Mogiana ocorre predominantemente na área agrícola através do plantio da cana-de-açúcar, não são esperados impactos significativos após um encerramento das atividades da empresa. A área industrial será descomissionada e recoberta com espécies vegetais locais.

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Medidas Mitigadoras

EMISSÕES DE PARTICULADOS

De forma a mitigar o impacto das emissões de particulados originados da queima do bagaço nas caldeiras, a Alta Mogiana utiliza filtros e lavadores de gases, que retêm as cinzas do bagaço queimado. Tal material é posteriormente utilizado como fertilizante.

REMOÇÃO DE VEGETAÇÃO

Como forma de mitigar o impacto causado pela construção da linha de transmissão, conforme mencionado no item F.1.1, a Alta Mogiana está implementando o “Plano de Adequação Ambiental”. Este plano visa ao plantio de 100.000 mudas/ano de espécies vegetativas locais. A área total a ser atingida é de 18.000 ha, compreendidas de áreas de pastagens e canaviais. Dessa forma, além de mitigar os impactos causados pela linha de transmissão, a usina pretende promover a conservação dos recursos naturais da região onde atua.

SEGURANÇA DO TRABALHO

A empresa possui a certificação OSHAS 18001-1999, que é uma norma nos mesmos padrões das normas de gerenciamento de sistemas de qualidade (série 9000) e de gerenciamento de sistemas ambientais (série 14000), porém aplicada especificamente a saúde ocupacional e segurança no trabalho.

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