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FACULDADE EBRAMEC ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA CURSO DE FORMAÇÃO EM ACUPUNTURA JOAQUIM GOMES CAIADO NETO AUTOFAGIA: O PROCESSO METABÓLICO NA VISÃO DA MEDICINA CHINESA SÃO PAULO 2018

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FACULDADE EBRAMEC

ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA

CURSO DE FORMAÇÃO EM ACUPUNTURA

JOAQUIM GOMES CAIADO NETO

AUTOFAGIA: O PROCESSO METABÓLICO NA

VISÃO DA MEDICINA CHINESA

SÃO PAULO

2018

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JOAQUIM GOMES CAIADO NETO

AUTOFAGIA: O PROCESSO METABÓLICO NA

VISÃO DA MEDICINA CHINESA

Trabalho de Conclusão de Curso

de Formação em Acupuntura apresentado

à Faculdade de Tecnologia EBRAMEC –

Escola Brasileira de Medicina Chinesa,

sob a orientação do Prof. Leandro Galvão.

SÃO PAULO

2018

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JOAQUIM GOMES CAIADO NETO

AUTOFAGIA: O PROCESSO METABÓLICO NA

VISÃO DA MEDICINA CHINESA

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________

_______________________________________

_______________________________________

_______________________________________

Prof. Leandro Galvão

ORIENTADOR

Joaquim Gomes Caiado Neto

São Paulo, ____ de ________________de _____

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por estar presente em todos os tempos e espaços, pela

oportunidade de expressá-Lo através da consciência que também apresenta este trabalho.

Agradeço a meus pais, por enfrentarem a aventura de conceber um filho e de me

motivar a concluir a formação em acupuntura, aos meus padrinhos, Tia Vera e Tio

Rômulo, que puderam oferecer um pouco de seu suor, me ajudando a honrar os

compromissos. Por todo o auxílio emocional e financeiro, psicológico e material.

Aguentem agora o lugar de cobaias honorárias do vosso filho acupunturista.

Agradeço também à Tia Milza, Tio Júlio, Julinho, Rafa, Rapha e Rachel, pelas

oportunidades de acolhida em Sampa, permitindo que eu pudesse fazer parte também de

seu cotidiano por alguns dias.

Aos professores por estenderem a todos nós alunos um pouco de seus

conhecimento e experiência clínica, aqueles que se tornaram amigos e também aqueles

que ocuparão sempre o lugar de companheiros de caminhada, com seus exemplos extra

sala.

Aos colegas de turma(s) pela parceria, pelos debates acalorados e polêmicas,

companheirismo durante as horas de estágio, esse incentivo sempre bem-vindo à

constante procura de saberes e noções comparadas.

Aos funcionários da escola, pelas conversas corriqueiras que sempre facilitavam

a passagem das horas longe de casa, e pela certeza de que a humildade anda sempre na

frente de qualquer que seja a ciência que se adquire, sobretudo à médica.

Gratidão!

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RESUMO

Este trabalho visou estabelecer o que seria o processo metabólico da autofagia na

concepção da Medicina Chinesa, e sua possível contribuição terapêutica. O

desenvolvimento do trabalho consistiu primeiramente na apresentação da autofagia e sua

relativa importância, exemplificada no Prêmio Nobel de medicina de

2016. Seguidamente se apresentaram conceitos da medicina chinesa referentes à fleuma

e/ou mucosidade, e a terapêutica que os envolve. Entendidas as aplicações de ambos os

processos, traçou-se um paralelo entre a referida visão ocidental e a percepção da

medicina chinesa, apresentando a proposta terapêutica desenvolvida a partir deste

raciocínio. Essa pesquisa é de cunho bibliográfico e objetivou também, por sua relação

com as linguagens ocidental e oriental, trazer mais clareza à percepção holística da

ciência.

Palavras-chaves: Medicina Chinesa, Autofagia, Fleuma.

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ABSTRACT

This work established what would it be the process of autophagy in the

vision of the Chinese Medicine, and its possible therapeutic contribution. The

development of the work consisted firstly in a presentation of autophagy and their relative

importance, exemplified in the Nobel Prize in medicine of 2016. In sequence were

presented concepts of Chinese Medicine that refers to phlegm and/or mucus, and the

therapeutic that involve them. Understood the applications of both process, were treaced

a parallel between the occidental vision and the perception of the Chinese Medicine,

presenting the therapeutic proposition developed from this reasoning. This research is

bibliographical and objected too, by its relation with both languages, occidental and

oriental, bring more clarity to the holistic perception of the science.

Keywords: Chinese Medicine, Autophagy, Phlegm.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 7

2. JUSTIFICATIVA ..........................................................................................7

3. PROBLEMA .................................................................................................. 8

4. OBJETIVOS .................................................................................................. 8

4.1 GERAL .....................................................................................................8

4.2 ESPECÍFICOS ........................................................................................8

5. METODOLOGIA ..........................................................................................8

6. O PROCESSO METABÓLICO DA AUTOFAGIA ..................................8

6.1. A ESTRUTURA DA AUTOFAGIA ......................................................9

6.2. A FUNÇÃO DA AUTOFAGIA ...........................................................10

7. O TRABALHO DE YOSHINORI OHSUMI ...........................................10

7.1. A ESTRUTURA DO TRABALHO DE OHSUMI ...........................11

7.2. A FUNÇÃO DO TRABALHO DE OHSUMI ...................................13

8. A MEDICINA CONTRAPOSTA ...............................................................14

9. MEDICINA CHINESA – O RACIOCÍNIO HOLÍSTICO .....................16

9.1. A QUESTÃO TERMINOLÓGICA ...................................................17

9.2. A ORIGEM DA MUCOSIDADE .......................................................19

9.3. A ESTRUTURA DA MUCOSIDADE ...............................................20

9.4. AS CONSEQUENCIAS DA MUCOSIDADE ...................................21

10. A INTERSEÇÃO DOS CONTEÚDOS .....................................................23

10.1. MEDICINA CHINESA E AUTOFAGIA .........................................24

11. REFERÊNCIAS DIGITAIS E BIBLIOGRÁFICAS ...............................26

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1. INTRODUÇÃO

O metabolismo é um conceito amplamente estudado pela ciência médica

contemporânea. Por isso é tema deste estudo que quer apresentar qual seria sua possível

interpretação tradicional, dentro do pensamento da Medicina Chinesa (MC). Este estudo

tem a intenção de comparar visões terapêuticas, não insistindo em classificações ou juízos

de valor, mas sim objetivando um paralelo, um caminhar junto, à essas duas escolas de

pensamento médico. Portanto, é indispensável apresentar em contexto, ambas as visões

sobre um denominador comum. Esse denominador, tema central deste estudo, é o

processo metabólico da autofagia. Valendo-se da popularidade oferecida ao tema pelo

Nobel em Medicina de 2016, trabalho do biólogo japonês Yoshinori Ohsumi, esse estudo

se faz atualizado e concomitante ao interesse científico. Acredita-se desde já que o

referido processo metabólico tenha ação, traduzida para a linguagem da MC, sobre a

fleuma/mucosidade, fator patológico amplamente estudado por essa tradição. Para tanto

se faz necessária a conceituação terapêutica do fator. Procurar-se-á por fim formar

hipótese terapêutica que englobe as percepções, separadas por hemisférios, formando um

uníssono. Concordância e sintonia de dois raciocínios diferentes, não mais entendidos

como opostos, e sim complementares, no cuidado clínico que concerne a casos de

pacientes que apresentem patologias e síndromes (para usar da linguagem de cada uma

das vertentes) provenientes de fleuma.

2. JUSTIFICATIVA

A pesquisa pretende ofertar estudo comparado, entre a visão médica

contemporânea ocidental e a visão médica chinesa tradicional, a acupunturistas e

profissionais da saúde em suas mais diversas áreas, sobretudo àqueles que optaram pelos

estudos da Medicina Chinesa em pós-graduação, facilitando seu entendimento da nova

escolha de estudos, a da terapia ancestral, e o trânsito do pensamento cartesiano ocidental

à abrangência do pensamento holístico chinês.

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3. PROBLEMA

Qual seria a visão da Medicina Chinesa sobre um processo metabólico, sendo

metabolismo um conceito tão contemporâneo e ocidental da medicina.

4. OBJETIVOS

4.1. Geral

Comparar as visões médicas ocidental contemporânea e a chinesa tradicional sob

referencial no metabolismo, clarificando a linguagem holística da ciência.

4.2. Específico

Levantar hipótese terapêutica aplicável a casos de fleuma/mucosidade patológica

a partir da visão da medicina chinesa sobre o processo metabólico da autofagia.

5. METODOLOGIA

Pesquisa bibliográfica (qualitativa) por meio de revisão de literatura clássica e

científica. Foram utilizados livros e artigos científicos nos idiomas português, espanhol e

inglês, sendo que na busca em bases de dados foram acessados os portais: Scielo e Google

Acadêmico.

6. O PROCESSO METABÓLICO DA AUTOFAGIA

O conceito de metabolismo aqui apresentado trata da bioquímica celular, noção à

qual pertence o processo da autofagia, tema central deste capítulo. Sendo o metabolismo

o conjunto de transformações pelas quais passam os componentes da célula, sendo essas

transformações dividas em reações de síntese (anabólicas) e reações de degradação

(catabólicas). O conjunto total das transformações, catalisadas por enzimas, das

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moléculas orgânicas das células vivas; a soma do anabolismo e catabolismo

(LEHNINGER, 2002).

A autofagia (do grego autos, próprio, e phagein, comer), é o processo do

metabolismo celular no qual a célula digere partes de si mesma, portanto se enquadrando

à concepção de processo catabólico. Importante para a eliminação de componentes que a

célula não mais necessita, assim como para a renovação de estruturas celulares

(JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2012).

6.1 A ESTRUTURA DA AUTOFAGIA

A autofagia é um mecanismo usado pelas células para degradar componentes

citoplasmáticos, como organelas que já cumpriram sua vida média ou estruturas a serem

degradadas durante o processo de diferenciação e desenvolvimento embrionário. Esses

componentes são envolvidos por uma dupla membrana, formando uma vesícula, o

vacúolo autofágico ou autofagossomo. Os autofagossomos, envolvidos por essa

membrana dupla, fundem-se com os lisossomos formando organelas chamadas

autolisossomos. Durante a fusão, a membrana externa do autofagossomo torna-se parte

da membrana do autolisossomo, enquanto a vesícula interna é liberada no interior da

organela, onde é degradada pelas enzimas hidrolíticas (JUNQUEIRA & CARNEIRO,

2012).

Sobre os componentes básicos do processo, comenta Gerald Karp, com a pequena

alteração terminológica da estrutura autolisossomo para autofagolisossomo: Os

lisossomos também ocupam um papel-chave na renovação das organelas, isto é, na

destruição das organelas da própria célula e sua reposição. Durante esse processo, que é

chamado autofagia, uma organela, como uma mitocôndria é circundada por uma dupla

membrana derivada de uma cisterna do retículo endoplasmático (RE). A membrana do

RE, então, funde-se com um lisossomo para produzir o autofagolisossomo. Não é raro

quando uma micrografia eletrônica detecta uma mitocôndria ou outra organela encerrada

num autofagolisossomo. Calcula-se que, numa célula do fígado, mais ou menos a cada

10 minutos uma mitocôndria sofra autofagia (KARP, 2005)

Utilizando também a terminologia próxima à de Junqueira e Carneiro, Hernandes

Carvalho assim define o processo: A eliminação de organelas envelhecidas, danificadas

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ou presentes em quantidades excessivas ocorre por um processo conhecido por autofagia.

Neste processo, as organelas a serem eliminadas são envolvidas por membranas oriundas

do RE, formando uma vesícula. A princípio, essa vesícula é denominada autofagossomo.

Segue-se a fusão de vesículas pré-lisossomais, formando então um lisossomo ativo na

digestão de componentes da própria célula (CARVALHO, 2007)

6.2. A FUNÇÃO DA AUTOFAGIA

A destruição e renovação de organelas é um processo fisiológico que permite à

célula manter seus componentes em bom estado funcional e em quantidade adequada às

suas necessidades no momento. As organelas desgastadas pelo uso são eliminadas e

substituídas por organelas novas. As que não são mais necessárias são simplesmente

removidas (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2012).

Em determinadas condições fisiológicas, há um aumento da autofagia. Isso

acontece, por exemplo, nas glândulas mamárias quando termina a lactação. Durante a

gravidez, aumenta o número de células secretoras dessas glândulas, para produzir leite

após o parto. Terminado o período da lactação, ocorre a destruição autofágica dos restos

de secreção e das organelas não mais necessárias (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2012).

Um aumento acentuado na autofagia é observado quando uma célula é privada de

nutrientes. Sob essas condições, a célula consegue energia para manter a própria vida

devorando suas próprias organelas (KARP, 2005).

A autofagia é extremamente importante nos fenômenos de regressão e involução

de órgãos, como acontece durante a embriogênese ou metamorfose (por exemplo, na

regressão da cauda dos girinos, nas transformações que ocorrem nas pupas dos insetos e

no útero, após o parto). Em condições de jejum, há também indução da autofagia

(CARVALHO, 2007).

Portanto, o estudado processo catabólico da autofagia possui em si função dual, e

acontece tanto para retirar da célula aqueles componentes que não estão funcionando bem,

ou perderam suas determinadas funções, quanto para produzir energia reciclando esses

componentes.

7. O TRABALHO DE YOSHINORI OHSUMI

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Nascido em 9 de fevereiro de 1945, Ohsumi é um biólogo celular japonês

especializado em autofagia. Depois de concluir seus estudos de pós-graduação na

Universidade de Tóquio, ele assumiu vários cargos de pesquisa e, em 1974, se matriculou

na Universidade Rockefeller, onde seus interesses de pesquisa se concentraram em

leveduras. Retornando à Universidade de Tóquio, em 1977, ele se especializou no estudo

da membrana vacuolar de levedura. Em 1988, Ohsumi montou seu próprio laboratório e

fez a descoberta da autofagia de levedura por microscopia de luz e eletrônica. Desde

então, dedicou seus estudos à autofagia.

(https://www.elsevier.com/__data/assets/pdf_file/0011/244577/completo29.pdf)

(Acessado em 06/04/18).

Por muito tempo, poucos cientistas haviam estudado a autofagia e seu processo

molecular, as descobertas do professor Ohsumi mudaram e continuam mudando

progressivamente o campo de pesquisa na área. Focando seus estudos em um organismo

unicelular, a levedura, observou que a autofagia permanecia nesses organismos e

inclusive podia ser facilmente observada. Posteriormente identificando genes que são

essenciais para o desenvolvimento da autofagia e as funções do produto desses genes

tanto nas leveduras como em células de mamíferos, que levaram à uma visão bastante

compreensiva dos mecanismos do fenômeno, provando sua relativa importância, tanto

para a fisiologia quanto a patologia.

O conceito de autofagia foi descoberto por volta dos anos 1960, mas pouco se

sabia sobre isso até o início dos anos 1990, quando Ohsumi fez uma série de experimentos

com levedura para identificar os genes envolvidos na autofagia. O pesquisador induziu,

através de substâncias químicas, mutações em diversos genes para verificar se as

mudanças afetavam o processo de autofagia nas células de levedura. Em um ano, ele já

tinha identificado os primeiros genes ligados à autofagia, o que permitiu que as proteínas

envolvidas nesse processo fossem detectadas. No total, Ohsumi identificou 15 genes

essenciais para a autofagia (http://www.ufrgs.br/secom/ciencia/autofagia-como-as-

pesquisas-premiadas-com-o-nobel-de-medicina-sao-aplicadas-na-ufrgs/) (Acessado em

06/04/18).

7.1. A ESTRUTURA DO TRABALHO DE OSHUMI

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Na sua investigação, Yoshinori Ohsumi usou células de levedura – um modelo

experimental que é muito utilizado para estudar células humanas, o cientista cultivou

células do fermento de padeiro sem as enzimas que ajudam o processo de reciclagem em

pequenas estruturas (que equivalem aos lisossomas nas células humanas). Depois, fez

com que estas células com mutações passassem fome, sujeitando-as a uma situação

de stress e obrigando-as a reagir. Observou que os reservatórios de reciclagem eram

preenchidos com pequenas vesículas (autofagossomos), e como eles funcionavam. O

cientista quis explorar estas células de fermento com vesículas acumuladas. Esta

acumulação, concluiu, não poderia acontecer se os genes determinantes para a autofagia

estivessem inativos. Quais genes? Yoshinori Ohsumi introduziu mutações em vários

genes e depois induziu a autofagia. Em apenas um ano, o cientista japonês identificou os

primeiros genes essenciais para a autofagia e, mais tarde, caracterizou as

proteínas fabricadas por esses genes. Assim, mostrou que a autofagia era controlada por

várias proteínas (e por sua vez), que cada uma delas regulava uma fase distinta da

formação dos autofagossomos. Rapidamente se percebeu que os mecanismos observados

nestes modelos experimentais também aconteciam nas nossas células.

(https://www.publico.pt/2016/10/03/ciencia/noticia/nobel-da-medicina-1745973)

(Acessado em 07/04/18).

Interrompeu a degradação proteica dentro dos vacúolos ao mesmo tempo em que

ativava o processo de autofagia. Desse modo, pensou, os autofagossomos deveriam se

acumular dentro dos vacúolos, tornando-se visíveis no microscópio. Ohsumi fez isso

modificando geneticamente as leveduras, inativando a formação de autofagossomos

dentro dos vacúolos. Simultaneamente, estimulou a autofagia nas células por meio da

privação de nutrientes. Em algumas horas, ele verificou, os vacúolos estavam cheios de

autofagossomos que não se degradavam. O biólogo concluiu que a autofagia existia em

leveduras e, ainda, identificou os genes-chave envolvidos no processo. Poucos anos mais

tarde as proteínas produzidas a partir da ativação desses genes foram caracterizadas por

outros pesquisadores. Os resultados desses estudos adicionais, feitos por ele e por outros

pesquisadores, mostraram que a autofagia é controlada pela produção em cascata de

proteínas e complexos proteicos, cada um deles responsável pela regulação de um estágio

específico da formação dos autofagossomas. Graças às contribuições de Ohsumi, sabe-se

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hoje que a autofagia é essencial para o funcionamento adequado das células.

(http://revistapesquisa.fapesp.br/2016/10/04/nobel-de-medicina-premia-biologo-

japones-por-trabalho-sobre-a-autofagia/). (Acessado em 07/04/18).

7.2. A FUNÇÃO DO TRABALHO DE OHSUMI

O processo de autofagia pode proteger-nos e funcionar como um sistema de defesa

em diversas situações como as infecções. Quando uma célula é submetida a uma situação

de stress, como uma infecção ou fome, ela é capaz de ativar um sistema em que vai buscar

os nutrientes necessários para se reciclar e sobreviver a esse momento. Nos casos em que

há um stress contínuo e a célula não se consegue reciclar, ela pode acabar por se

autodestruir. (https://www.publico.pt/2016/10/03/ciencia/noticia/nobel-da-medicina-

1745973). (Acessado em 06/04/18).

Ele descobriu genes que regulam a autofagia - o processo de destruir (ou “comer”)

componentes de células inúteis. Essas descobertas podem proporcionar oportunidades

para prevenir doenças, já que, quando esses genes não funcionam corretamente e a

autofagia falha, as doenças típicas da velhice são mais prováveis de ocorrer. A

Assembleia do Nobel disse que suas descobertas “levaram a um novo paradigma na

compreensão de como a célula recicla seu conteúdo e abriram o caminho para a

compreensão da importância fundamental da autofagia em muitos processos fisiológicos,

como na adaptação à fome ou resposta à infecção “.

(https://www.elsevier.com/__data/assets/pdf_file/0011/244577/completo29.pdf).

(Acessado em 06/04/18).

Ele destaca que a autofagia diminui gradativamente conforme o envelhecimento

e sua indução está associada com o aumento da longevidade de um organismo. “O jejum,

ou seja, comer pouco, é uma forma de ativação da autofagia e faz organismos viverem

mais tempo”, acrescenta. A autofagia também está relacionada com doenças

neurológicas. “Durante isquemias, por exemplo, a autofagia é induzida e é importante

para proteger os neurônios até certo limite, pois se passar desse limite, ela acaba matando

os neurônios”, afirma o professor. Também é importante destacar o impacto no

desenvolvimento de cânceres. De acordo com Guido, “durante o desenvolvimento inicial

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do câncer, a autofagia elimina as células tumorais, mas em estágios mais avançados, ajuda

as células do câncer a sobreviver”. (http://www.ufrgs.br/secom/ciencia/autofagia-como-

as-pesquisas-premiadas-com-o-nobel-de-medicina-sao-aplicadas-na-ufrgs/) (Acessado

em 07/04/18).

Dadas essas palavras bastante atuais sobre o trabalho do laureado professor

Ohsumi, cabe a este trabalho ressaltar a relevância de sua pesquisa nas muitas questões

terapêuticas e clínicas, nos processos patológicos de muitas das patologias mais

agressivas.

Sobre seu trabalho, o próprio pesquisador afirma em sua palestra, ao receber o

Nobel: Minha pesquisa em autofagia sempre foi guiada por nada mais que curiosidade

intelectual e uma vontade de entender melhor a vida, através da dinâmica das proteínas

na célula. Quando eu comecei meu trabalho, nunca pensei que ele se tornaria relevante

para patologias tão diversas como degeneração neurológica, doenças infecciosas, câncer

e outras, num período tão curto de tempo. Mas agora o campo de pesquisa em autofagia

se tornou um campo maior na biologia.

(https://www.titech.ac.jp/english/nobel/report/log_nobelprize1207.html) disponível em

20/03/18)

8. A MEDICINA CONTRAPOSTA

Neste capítulo será tratada a compreensão médico-científica do pensamento chinês

tradicional, baseada na lei de Yin e Yang. E as questões também duais do pensamento

ocidental e sua aplicabilidade médica. É importante ressaltar aqui, que a lógica da

dualidade de forças na Medicina Chinesa, Yin e Yang, é expressa por suas integrações

naturais, e não simplesmente opostas. O cânone da literatura médica tradicional chinesa,

Huang Di Nei Jing assim apresenta essa inter-relação.

Disse o Imperador Amarelo: "O Yin corresponde à falta de movimento e sua energia

simboliza a terra; o Yang corresponde ao movimento e sua energia simboliza o céu,

portanto, o Yin e o Yang são os caminhos da terra e do céu. Como o nascimento,

crescimento, desenvolvimento, colheita e armazenamento de todas as coisas são levados

a efeito de acordo com a regra de crescimento e declínio do Yin e do Yang, então o Yin

e o Yang são os princípios que norteiam todas as coisas. Na mútua vitória ou queda do

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Yin e do Yang, a situação será de variações inúmeras, portanto o Yin e o Yang são pais

das variações (BING WANG, 2017).

Portanto convém entender a diferença básica, entre a dualidade básica chinesa, Yin

e Yang, e a dualidade básica cartesiana, alma e corpo, que norteia o pensamento médico

ocidental. Em medicina chinesa a base teórica utiliza-se da compreensão do simbólico

para o entendimento de seus conceitos:

O Céu se situa acima, é o cúmulo do Yang luzidio acima; a terra se situa abaixo, é o

acúmulo do Yin turvo abaixo. O Yin se associa à calma, e o Yang se associa ao

movimento impetuoso. O Yang se associa ao nascimento (como na primavera) e o Yin se

associa ao crescimento (como no verão); o Yang se associa ao desenvolvimento (como

no outono) e o Yin se associa ao ocultar (como no inverno). O Yang tem a função de

ativar a energia vital, e o Yin tem a função de dar forma corporal a todas as coisas. (BING

WANG, 2017).

O pensamento cartesiano, também integra sua dualidade básica, alma e corpo, na

célebre frase “penso, logo existo”: E, ao notar que esta verdade: eu penso, logo existo,

era tão sólida e tão correta que as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam

capazes de lhe causar abalo, julguei que podia considerá-la, sem escrúpulo algum, o

primeiro princípio da filosofia que eu procurava. (DESCARTES, 2017)

Porém o conceito cartesiano consegue ser ainda mais abstrato que o conceito chinês,

por depender da experiência, o conhecimento a partir dos sentidos, e posteriormente de

fé:

Tudo o que recebi, até presentemente, como o mais verdadeiro e seguro, aprendi dos

sentidos ou pelos sentidos: ora, experimentei que esses sentidos eram enganosos, e é de

prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez. [...] Todavia, há

muito que tenho no meu espírito certa opinião de que há um Deus que tudo pode e por

quem fui criado e produzido tal como sou. (DESCARTES, 2016)

Por certo as contribuições matemáticas de René Descartes foram suas teorias mais

responsáveis pelo desenvolvimento científico moderno, o mesmo não pode ser dito da

aplicabilidade desses conceitos à área médica. A mecanicidade da medicina atual é fruto

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de um vazio teórico, e ainda que produza um conhecimento deveras importante como o

desenvolvido pelo Professor Ohsumi, tem muitíssimo a ganhar com a contribuição

holística.

9. MEDICINA CHINESA – O RACIOCÍNIO HOLÍSTICO

Como um exemplo da formulação do pensamento clínico chinês se inicia este

capítulo, já abordando o tema da pesquisa, o desenvolvimento da umidade em muco. Com

o intuito de exprimir de maneira didática como acontece o raciocínio holístico chinês,

derivando de análise da percepção do meio ambiente e suas correspondências corporais,

serão retomadas as palavras do cânone, o Huang Di Nei Jing, no que diz respeito à

umidade.

"A energia do Yang luzidio se acumula acima para formar o céu, e a energia do Yin

turvo se deposita abaixo para formar a terra, a energia da terra ascende para se tornar

nuvem por meio da evaporação da energia do céu. A energia do céu se torna chuva quando

desce. Por isso, embora a chuva caia do céu, no entanto é transformada pela energia da

terra; embora a nuvem seja formada a partir da energia da terra, no entanto, depende da

evaporação por parte da energia do céu, e estas são as relações de mútua função do Yin e

do Yang (BING WANG, 2017).

Em sequência ao raciocínio do adensamento natural da água na natureza,

apresenta-se como se daria, portanto, em correspondência, o adensamento dos líquidos

no corpo com o exemplo do muco nasal:

O muco nasal pertence ao cérebro, o cérebro pertence ao Yin, e a medula é o que

preenche a cavidade óssea. Quando houver exsudação da medula, isso virará muco. A

vontade dos rins domina os ossos, por isso quando surgem as lágrimas, o muco vem junto

com seu surgimento. O muco e a lágrima são como irmãos (BING WANG, 2017).

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Além dos processos envolvendo a etiologia da umidade, o cânone também cita

que o surgimento da mucosidade também pode ser originado por vento.

Quando os ventos patógenos frios e quentes invadem o músculo e a pele, isso

força o fluído a virar fleuma e saliva, que ficarão condensadas e estagnadas devido ao

frio; a fleuma e a saliva estagnadas vão causar rachaduras nos músculos, gerando dor

(BING WANG, 2017).

Quando o vento perverso fica retido entre o limite dos músculos, o fluido corporal

fica condensado como uma espuma e ocorre dor. (BING WANG, 2017).

9.1. A QUESTÃO TERMINOLÓGICA

Seguindo adiante na proposta deste trabalho, apresentar-se-á o conceito de tan yin,

ou mucosidade, da medicina chinesa. Para a conceituação dessa condição patológica,

quer-se esclarecer o dilema terminológico, da tradução do termo ‘tan yin’, referido por

alguns autores como fleuma e outros como mucosidade. Acentuam a necessidade de

esclarecimento terminológico vários autores e tradutores, inclusive alguns que preferem

manter a nomenclatura, transliteração, chinesa de certos conceitos.

Richard Bertschinger, consultor para idiomas da obra, Acupuntura Chinesa e

Moxibustão, editada por Qiu Mao-liang, demonstra sua preocupação: Ao editar a

tradução do chinês para o inglês, mantive-me fiel ao original, dando especial atenção à

pontuação, parágrafos, ordem das palavras, etc. No entanto, justifica-se levantar a questão

da terminologia. Em nível mais detalhado, Fleuma e Vento têm sido as traduções mais

comuns de tan e jeng, porém, nesta edição, foram substituídas pela transliteração das

palavras chinesas originais. Isto porque tan e jeng. Juntamente com yin, yang, qi. etc.)

são conceitos fundamentais em medicina chinesa e os estreitos e parciais "vento" e

"fleuma" ignoram a natureza ricamente adaptável da língua chinesa. (MAO-LIANG,

2001)

Acrescenta ainda Mao-Liang sobre a transliteração da nomenclatura: Tan é

escorregadio e pegajoso, mas, quando o imponderável se aloja nas juntas ou obstrui o

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coração, Fleuma passa ser uma expressão inadequada para essa função (MAO-LIANG,

2001).

Também Auteroche e Navailh sentiram a necessidade de apresentar justificativa à

escolha de nomenclaturas. Por outro lado, certas expressões podem ter um sentido amplo

ou um sentido restrito. Por exemplo, Tan Yin significa quer "Mucosidades, Humores

viscosos", quer "Mucosidades - Humores viscosos situados no Estômago e no Intestino

(AUTEROCHE & NAVAILH, 1992).

Em seu livro de fundamentação teórica, Giovanni Maciocia trata da questão como

fleuma: O conceito de fleuma (tanyin) é muito amplo e importante na medicina chinesa,

sendo extremamente frequente na prática clínica. A Fleuma é ao mesmo tempo uma

condição patológica e um fator etiológico, retida por um longo tempo torna-se a causa da

patologia. (MACIOCIA, 2017)

Chama também por fleuma Peter Deadman em seu Manual de Acupuntura: o calor

por excesso ou deficiência condensa os líquidos corporais (a fleuma é conhecida como “a

parte substancial do fogo” e o fogo como “a parte não substancial da fleuma”).

(DEADMAN, 2012)

Já Liu Gong Wang em sua edição do Tratado Contemporâneo de Acupuntura e

Moxibustão define a Tanyin como mucosidade: A retenção de mucosidade e líquido

seroso (Tanyin)e a estase de Xue (Yu Xue) são situações patológicas do corpo que podem

se formar no curso de doenças devido aos distúrbios dos Zang. Em um aspecto, as

características das secreções de uma doença causada por umidade usualmente são

viscosas por natureza. Por exemplo, muco tem uma qualidade viscosa e é difícil de ser

eliminado. (WANG, 1996)

Também define como mucosidade, Jeremy Ross em seu popular livro sobre o

sistema de órgãos e vísceras da medicina chinesa: A ideia que se dá à mucosidade (Tan)

é diferente ao do conceito ocidental. A Umidade é molhada, pesada, macia, enquanto a

Mucosidade é mais pesada e mais espessa, podendo causar bloqueios e obstruções. A

Mucosidade pode ser a causa, assim como o resultado de uma desarmonia energética

(ROSS, 1994).

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Diante da apresentação da problemática terminológica envolvendo o tema da

pesquisa, este trabalho adotará o termo mucosidade, por acreditar que delimite melhor a

significação de seu objeto. Ainda que os autores aqui transcritos se refiram à mucosidade

como fleuma, é favor compreender que tratam ambos os termos do mesmo significado e

expressão chinesa ‘tan yin’.

9.2. ORIGEM DA MUCOSIDADE

Em patologia, se Qi é incapaz de excretar água, o transporte e a distribuição de

Jin Ye são afetados. Por exemplo, a disfunção de Qi nesse caso pode causar retenção de

água, manifestada como retenção de mucosidade. A formação insuficiente ou a perda

excessiva de Jin Ye podem levar a desidratação e a exaustão de Jin Ye. Distúrbios no

transporte, distribuição e excreção de Jin Ye podem causar estagnação de água, resultando

em retenção de mucosidade. A retenção de mucosidade e líquido resulta de distúrbios do

metabolismo da água, mais comumente causada por disfunções do Fei, do Pi e do Shen,

cujos produtos patológicos caracterizam-se por um acúmulo de umidade. (WANG, 1996).

Também relacionando três Órgãos(Zang), afirma Peter Deadman, baseado em

suas localizações no corpo: Quando os líquidos se estagnam e se condensam,

independente da causa ser por estagnação do Qì do Fígado(Gan), com ação condensadora

do calor sobre os líquidos corporais ou por deficiência de qualquer um dos três Zang

responsáveis pela transformação e transporte dos líquidos (o Pulmão(Fei) no aquecedor

superior, o Baço(Pi) no aquecedor médio e o Rim(Shen) no aquecedor inferior), haverá

formação de fleuma. (DEADMAN, 2012)

O alimento deve ser equilibrado qualitativamente. Uma alimentação gordurosa

demais e demais condimentada, ou o abuso de álcool origina: Calor, Umidade e

Mucosidade, acarretando estase do Qi e do sangue (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992).

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A principal causa para a formação de fleuma, é a deficiência do Baço(Pi). Se o

Baço falhar ao transformar e transportar os fluidos corpóreos (JinYe), estes se acumularão

e se transformarão em fleuma. O Pulmão(Fei) e o Rim(Shen) também estão envolvidos

na formação da fleuma. Se o pulmão falhar em dispersar e descender os fluidos corpóreos

e se o Rim fracassar ao transformá-los e excretá-los, estes poderão se acumular e se

transformar em fleuma. Todavia o Baço é sempre o fator primário. (MACIOCIA, 1996).

Quando existir uma fraqueza da capacidade de "transporte-transformação" do

Baço, a umidade se concentra e se transforma em mucosidade (Tan Yin). Isso é resumido

em uma fórmula: "O Baço é a fonte que produz as mucosidades, o Pulmão é o vaso que

as contém". Do mesmo modo, quando o Qi do Pulmão está fraco, há diminuição em sua

capacidade de "difusão - descida" que causará urna estagnação da umidade no Aquecedor

Mediano (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992).

A Mucosidade forma-se pela evolução da Umidade, por isso, ambas aparecem

juntas e está geralmente relacionada com a deficiência do Baço. Assim como o Baço

forma a Mucosidade, o Pulmão armazena-a e esta energia pode ser a causa, assim como

resultar-se da deficiência da função de dispersão do Pulmão (ROSS, 1994).

9.3. A ESTRUTURA DA MUCOSIDADE

As mucosidades e os humores viscosos são os produtos da interrupção parcial do

metabolismo dos líquidos orgânicos, provocando urna condensação dos humores. Tem-

se o hábito de chamar "Mucosidades” (Tan) o que é espesso e Humores (Yln} o que é

fluido. Por outro lado, chama-se "Mucosidades e Humores viscosos sem aparência

material" (Wu Xing Zhi Tan Yin), as manifestações patológicas que apresentam sintomas,

tais como: vertigens, ofuscações, náuseas, vômitos, respiração curta, palpitações,

demência, perda de sentido, confusão mental; isso, sem que haja sinais exteriores de

humores viscosos ou mucosidades (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992).

Há dois tipos de fleuma, sendo o primeiro “substancial” e o outro “não substancial”.

Nos clássicos antigos, estes eram descritos como Tan yin “apresentando uma forma” e

“sem forma”. A fleuma substancial pode ser vista, tal como a expectoração que se coleta

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no pulmão e é expelida durante a bronquite ou outra patologia do Pulmão. A fleuma não

substancial pode ser retida subcutaneamente ou nos meridianos. Pode obstruir os orifícios

do coração, ou da Vesícula Biliar, ou Rim na forma de pedras. pode se estabelecer nas

articulações na forma de artrite deformante. (MACIOCIA, 1996).

Retenção de mucosidade é, além disso, classificada nos tipos: concreta e sem

forma. Retenção de mucosidade concreta refere-se ao escarro secretado pelo trato

respiratório, ou a mucosidade que estagna nos órgãos internos, tecidos, meridianos e

colaterais, causando várias enfermidades, tais como escrófula (tuberculose dos linfonodos

cervicais), nódulos subcutâneos, abscessos múltiplos. A mucosidade sem forma ocorre

em indivíduos com sintomas produzidos por retenção de mucosidade, cuja presença não

é visualizada nem palpada ao exame físico, como em alguns tipos de cefaleia e tontura,

palpitação e parestesia no corpo; nestes casos obtém-se bons resultados com o tratamento

de eliminação da mucosidade. (WANG, 1996).

9.4. AS CONSEQUENCIAS DA MUCOSIDADE

Tendo explicado as origens e a formação de ‘tan yin’, faz-se necessário apresentar

agora, aquilo que a mucosidade apresenta como as consequências patológicas de sua

presença na fisiologia do corpo, sua atuação e seu quadro sindrômico.

Essas produções de humores e mucosidades podem realizar-se em todas as partes

do corpo, criar perturbações em todos os Órgãos, ou então estorvar o funcionamento

normal do Qi. É o que diz o aforisma: "As doenças são muitas vezes devidas a uma

perturbação causada pelos humores e as mucosidades" (AUTEROCHE & NAVAILH,

1992).

A mucosidade patológica estagna no interior do corpo e, na superfície corporal,

na pele, nos músculos, tendões e ossos. O líquido patogênico se acumula no interior do

corpo no hipocôndrio, epigástrio e intestinos, e na superfície corporal (WANG, 1996).

Sobre o que afirma acima Wang, com relação a localização da mucosidade

patológica no interior do corpo, sua presença acarreta a Síndrome da Obstrução Dolorosa

(Bi), que na medicina moderna corresponderia a doença reumática e artrítica.

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Outra causa é observada com evidência na Síndrome de Obstrução Dolorosa (Bi),

em especial quando provocada por Umidade complicada por Fleuma em casos crônicos,

nos quais a rigidez do membro é acompanhada por inflamação e dor das articulações. Nos

idosos, uma incapacidade de flexionar as articulações acontece frequentemente em

decorrência da retenção de Fleuma nos canais, em conjunto com vento interior

(MACIOCIA, 1996).

Sobre a relação da mucosidade com os órgãos e vísceras, ressaltam Auteroche e

Navailh: A atividade funcional dos órgãos Pulmão(Fei), Baço(Pi) e Rins(Shen), pode

ficar embaraçada, a circulação pela Via da água do Triplo Aquecedor pode ser estorvada,

o que afetará a distribuição e a drenagem dos líquidos orgânicos. Com efeito: se o Pulmão

não efetuar mais sua função de "difusão-descida", os líquidos orgânicos não podem ser

distribuídos e se acumulam; se o Baço não efetuar mais sua atividade de "transporte-

transformação", a água e a umidade não mais circulam e se acumulam; se o Rin não

cumprirem mais sua ação no controle da água, esta não mais poderá ser transformada e

vai se acumular (AUTEROCHE & NAVAILH, 1992).

A presença da mucosidade tende a causar desarmonias das mais diversas no corpo,

mas não estão restritas apenas ao aspecto fisiológico, o desequilíbrio provocado por ela

também se estende inclusive a perturbações psicológicas.

As doenças depressivas assim como os comprometimentos das atividades mentais

são causadas pela estagnação de mucosidade e Qi. O paciente é taciturno, deprimido, com

expressão apática e olhar opaco, alternando entre momentos de choro e riso. A mania

deve-se à mucosidade-fogo perturbando o Coração(Xin) e tomando o paciente agitado e

inquieto. (WANG, 1996).

Tratando das síndromes acarretadas pela presença de mucosidade prejudicando o

funcionamento da função do coração de abrigar a mente (Shen), explica Jeremy Ross: Os

sintomas desse padrão, tais como, a insanidade e o comportamento violento, resultam da

combinação do distúrbio extremo do espírito (Shen) devido ao calor e à obstrução deste

pela presença de mucosidade, que na concepção da Medicina Tradicional Chinesa diz que

os “Orifícios do Coração” ficam obstruídos e que em casos mais graves podem levar à

perda da consciência (Shen) (ROSS, 1994).

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Estamos sujeitos a muitos estímulos emocionais diferentes, percepções,

sentimentos e sensações e todos eles são percebidos e reconhecidos pela Mente. Perde-se

a perspicácia quando a Mente fica obstruída por Fleuma, resultando em doença mental

séria como psicose (MACIOCIA, 1996).

Finalizado esse capítulo, espera-se que com sua explanação a respeito da medicina

chinesa e sua aplicação, desenvolvimento teórico e investigação patológica do processo

da etiologia da mucosidade, se possa traçar um paralelo inteligível entre as concepções

médicas aqui abordadas, um lugar comum de compreensão acadêmica entre as duas

linguagens não antagônicas, mas complementares.

10. A INTERSEÇÃO DOS CONTEÚDOS

Essa interdisciplinaridade entre visões clínicas complementares pode em muito

contribuir com as necessidades que a medicina atual apresenta. Desde deficiências

estruturais provenientes da concepção mecanicista ao empobrecimento das relações

humanas entre médico e paciente.

No caso da medicina ocidental contemporânea ou biomedicina, a integralidade

se apresenta como uma necessidade a posteriori, para superar consequências derivadas

de sua compreensão mecanicista do processo de adoecimento e da terapêutica, entre as

quais: a excessiva instrumentalização das práticas de saúde, o empobrecimento das

relações entre profissionais e pacientes, e a fragmentação da abordagem em múltiplas

especialidades e profissões. (https://www.scielosp.org/article/icse/2014.v18n48/127-

138/) (Acesso em 10/05/2018).

A crise prática da medicina no seu plano ético, isto é, da prática terapêutica, em

função da qual o paciente é deixado em segundo plano em face da pesquisa de novas

patologias, ou mesmo de novos vírus ou bactérias, deixou órfã toda uma geração de

médicos terapeutas, muitas vezes partidários da contracultura dos anos 70. Esses médicos

com vocação terapêutica encontraram nas medicinas alternativas, basicamente na

homeopatia e na acupuntura, no que concerne ao Brasil, uma saída para o exercício dessa

vocação. É verdade que encontraram também, nos anos 80, um veio de mercado pouco

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explorado e com grande demanda potencial em termos de clientela privada. O fato é que

essa situação contribuiu para que a formação em medicinas alternativas funcionasse como

um polo atrativo para estudantes de medicina desde o fim dos anos 70.

(http://www.scielo.br/pdf/physis/v15s0/v15s0a08.pdf) (Acesso em 10/05/2018).

A troca de conteúdos e experiência clínica entre médicos e terapeutas, entre essas

concepções complementares de cuidado humano, é valorosa de todos os vieses que se

procure ver a relação, é uma típica relação onde todos os envolvidos ganham. E este

trabalho quer exemplificar a excelência dessa relação, através das teorias apresentadas ao

longo de sua dissertação: A concepção teórica estrutural e funcional da Medicina Chinesa

em favorecimento à manutenção autofágica, e a recíproca verdadeira, a promoção de

autofagia em favorecimento à casos clínicos de Medicina Chinesa provenientes de

mucosidades.

10.1. MEDICINA CHINESA E AUTOFAGIA

Metabolismo pode ser entendido praticamente como transformação, e

transformação é o produto das relações ente Yin e Yang. Não há um conceito em

Medicina Chinesa para célula ou metabolismo, mas há sim a possibilidade de

relacionarmos suas transformações com o inicialmente apresentado conceito de

metabolismo.

Reações anabólicas e catabólicas, como a fotossíntese e a respiração, são

expressões das transformações de Yin e Yang, como a síntese promovida pela luz (Yang)

produz a glicose (Yin), ou a quebra da glicose (Yin) produz ATP (Yang). Essas

transformações celulares complicadas já eram, portanto, traduzidas holisticamente pela

Lei de Yin e Yang, primeiro veículo de expressão da Medicina Chinesa.

A digestão, ou síntese metabólica do alimento é assim retratada: O homem ingere

comida nos cinco estados e absorve sua essência a fim ele nutrir o corpo, por isso

finalmente a comida vai para o físico (incluindo as vísceras, músculos, vasos, tendões e

ossos); quando o físico está bem nutrido, a energia saudável se torna substancial. A

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energia saudável pode mais tarde produzir a essência da vida, a qual pode promover o

viver e a transformação de todas as coisas vivas. (BING WANG, 2017)

Não havia a necessidade reducionista de conceber aquilo que viemos a chamar de

célula, porquanto os símbolos das polaridades Yin e Yang eram compreendidos, e se

sabemos hoje que uma mitocôndria é a responsável pela produção de energia na célula

isso vem por sua parte complementar também o conhecimento da Medicina Chinesa. Essa

reciprocidade é o que deseja o autor deste trabalho ver expressa interdisciplinarmente.

Em se tratando do tema deste trabalho a reação catabólica da autofagia, percebe-

se que é uma transformação de Yin em Yang, processo catabólico, o fato da célula

degradar certos componentes (Yin) para produzir energia (Yang). O que interessa

finalmente é transferir esse raciocínio, àqueles componentes celulares alvos da catálise

da autofagia, eles enquadram-se justamente no conceito de mucosidade (Tan yin).

A mucosidade é um acúmulo de umidade, uma estagnação de substâncias,

portando, quando levamos esse raciocínio à nível celular, percebemos que a autofagia é

um processo terapêutico que tem por base promover a transformação dessa matéria em

excesso e produzir energia.

Conclui-se, portanto, que tanto a Medicina Chinesa quando relata as

transformações de Yin e Yang, quanto a medicina ocidental quando relata as reações

metabólicas da célula, incluindo o processo de autofagia, tem o mesmo produto que é a

manutenção do bem-estar e do funcionamento ótimo do organismo. O interessante é

perceber como um método pode ajudar o outro.

Da prática clínica, os predecessores da Medicina Chinesa acreditavam que

"mucosidade frequentemente ocorre no homem gordo, enquanto fogo ocorre no homem

magro". Essa asserção permanece importante na prática clínica atual. (WANG, 1996).

Encontrar o equilíbrio entre o excesso e a deficiência é a proposta fundamental da

Medicina Chinesa para manutenção e recuperação da saúde, como expressa pela referida

lei de Yin e Yang, e esse raciocínio tem muito a contribuir à medicina ocidental, por ser

correspondente ao conceito de homeostase.

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A importância da manutenção do meio interno foi primeiro postulada por Claude

Bernard, na segunda metade do século passado, e posteriormente desenvolvida por Walter

B. Cannon, que criou o termo homeostase para designar a tendência dos organismos vivos

em manter constante o ambiente interno. Quando o organismo não consegue manter a

homeostase, ocorre a doença. (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2012).

O Yin e o Yang dentro do corpo humano devem sempre ser conservados em

equilíbrio. A superabundância de Yin causa enfermidades Yang, e a superabundância de

Yang irá causar enfermidades Yin. A superabundância de Yang. (BING WANG, 2017)

Estão as estruturas de pensamento apoiadas em conteúdos e perspectivas

diferentes, mas ambas procuram o mesmo resultado, por serem medicina, objetivam a

manutenção da saúde e recuperação da sua ausência. Cada profissional fazendo à sua

maneira, foi como a intolerância, tanto científica quanto social, chegou ao nível que se

percebe atualmente. Já é passado o tempo dessas visões médicas perceberem que unidas

apenas tem a ganhar, que não são terapêuticas opostas e sim, como apenas começam a

entenderem-se, complementares.

11. REFERÊNCIAS DIGITAIS E BIBLIOGRÁFICAS

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Andrei, 1992.

BING WANG, Princípios de Medicina Interna do Imperador Amarelo, 3ª ed., Ícone,

2017.

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Manole, 2007.

DEADMAN, Peter. Manual de Acupuntura. 1º ed., Roca, 2012.

DESCARTES, René. Discurso do Método, 1ª ed., Lafonte, 2017.

DESCARTES, René. Meditações Metafísicas, 1ª ed., Edipro, 2016.

KARP, Gerald. Biologia celular e molecular: conceitos e experimentos. 3ª ed., Manole,

2005.

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Guanabara Koogan, 2012

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L. Nelson, Michael M. Cox ; traduzido por Arnaldo Antônio Simões, Wilson Roberto

Navega Lodi. – 3ª. ed. – São Paulo 2002.

MACIOCIA, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa. São Paulo: Robe, 1996.

MACIOCIA, Giovanni, Os Fundamentos da Medicina Chinesa. 3ª ed. Roca, 2017

MAO-LIANG, Qiu, Acupuntura chinesa e moxabustão / editor chefe Qiu Mao-Liag;

editor sub-chefe Zang Shan-chen; editor tradutor Li Liang-yu; editor consultor para

idiomas e conselheiro Richard Bertschlnger; [tradução José Ricardo Amaral de Souza

Cruz]., São Paulo, Roca, 2001.

ROSS, J. Zang Fu: sistemas de órgãos e vísceras da medicina tradicional chinesa: funções,

inter-relações e padrões de desarmonia na teoria e na prática. 1ªed., Roca, 1994.

Wang, Liu Gong. Tratado Contemporâneo de Acupuntura e Moxabustão. 1ª ed.,

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