aulas de direito internacional

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TEORIA GERAL DO DIREITO INTERNACIONAL Prof.: Felipe Mendonça Montenegro E-mail: [email protected] Origem Histórica - Corrente minoritária, afirma que o Direito Internacional Público, surgiu na Antiguidade: Período de 4.000 a.C a 476 d.C com a tomada do império romano pelos povos bárbaros. Nascimento de quatro institutos: Arbitragem, Imunidade Diplomática, Troca de Prisioneiros de Guerra e o Direito de Asilo; - Outra corrente minoritária, afirma que o DIP, surgiu na Idade Média, no período compreendido entre 476 d. C a 1.453, possuindo dois marcos históricos muito importantes: a Tomada do Império Romano pelos povos bárbaros e a tomada de Constantinopla pelos Turcos Otomanos. Levam em consideração o período do feudalismo (relação entre os feudos). Além disso, surgem três importantes institutos disseminados nos séculos subsequentes: - Paz de Deus, Trégua de Deus e da Noção de Guerra Justa; -Paz de Deus: Os camponeses não deveriam ser atingidos quando houvessem o estado de beligerância, somente soldados e combatentes deveriam ser atingidos; -Trégua de Deus: Haveria interrupção da beligerância em feriados e dias santos; -Noção de Guerra Justa: Era considerada uma guerra justa quando configurasse uma reação a uma agressão indevida. Do mesmo modo a guerra justa deveria sempre ser declarada pelo Príncipe; A corrente majoritária, defende que o nascimento do Direito Internacional Público ocorre na Idade Moderna, compreendendo o período de 1.453 a 1.789, com dois marcos históricos importantes: a tomada de Constantinopla pelos Turco Otomanos e a Revolução Francesa; - Em 1648, foram elaborados os Tratados de Vestifália, em realidade foram dois tratados: O Tratado de Munster e de Osnabrück, dando fim a guerra dos Trinta Anos (entre católicos e protestantes), cujas principais características são: Derrota do imperador e do Papa: legaliza-se formalmente o nascimento dos novos Estados soberanos e a nova carta política da Europa; e institui-se a liberdade religiosa total; (afastamento da religião – Igreja do poder) Assentam-se os primeiros elementos do direito público europeu: surgimento da soberania e a igualdade dos Estados são reconhecidas como princípios fundamentais das relações internacionais; prevê-se o

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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO ANOTAÇÕES DE AULA 8º SEMESTRE JACKELINE POVOAS

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TEORIA GERAL DO DIREITO INTERNACIONALProf.: Felipe Mendona MontenegroE-mail: [email protected]

Origem Histrica- Corrente minoritria, afirma que o Direito Internacional Pblico, surgiu na Antiguidade: Perodo de 4.000 a.C a 476 d.C com a tomada do imprio romano pelos povos brbaros. Nascimento de quatro institutos: Arbitragem, Imunidade Diplomtica, Troca de Prisioneiros de Guerra e o Direito de Asilo;- Outra corrente minoritria, afirma que o DIP, surgiu na Idade Mdia, no perodo compreendido entre 476 d. C a 1.453, possuindo dois marcos histricos muito importantes: a Tomada do Imprio Romano pelos povos brbaros e a tomada de Constantinopla pelos Turcos Otomanos. Levam em considerao o perodo do feudalismo (relao entre os feudos). Alm disso, surgem trs importantes institutos disseminados nos sculos subsequentes: - Paz de Deus, Trgua de Deus e da Noo de Guerra Justa;

-Paz de Deus: Os camponeses no deveriam ser atingidos quando houvessem o estado de beligerncia, somente soldados e combatentes deveriam ser atingidos;-Trgua de Deus: Haveria interrupo da beligerncia em feriados e dias santos;-Noo de Guerra Justa: Era considerada uma guerra justa quando configurasse uma reao a uma agresso indevida. Do mesmo modo a guerra justa deveria sempre ser declarada pelo Prncipe;

A corrente majoritria, defende que o nascimento do Direito Internacional Pblico ocorre na Idade Moderna, compreendendo o perodo de 1.453 a 1.789, com dois marcos histricos importantes: a tomada de Constantinopla pelos Turco Otomanos e a Revoluo Francesa;- Em 1648, foram elaborados os Tratados de Vestiflia, em realidade foram dois tratados: O Tratado de Munster e de Osnabrck, dando fim a guerra dos Trinta Anos (entre catlicos e protestantes), cujas principais caractersticas so:

Derrota do imperador e do Papa: legaliza-se formalmente o nascimento dos novos Estados soberanos e a nova carta poltica da Europa; e institui-se a liberdade religiosa total; (afastamento da religio Igreja do poder)Assentam-se os primeiros elementos do direito pblico europeu: surgimento da soberania e a igualdade dos Estados so reconhecidas como princpios fundamentais das relaes internacionais; prev-se o recurso ao processo dos tratados como instituto de resoluo de problemas comuns; cria-se um mecanismo de manuteno da nova ordem europeia. (concepo de Estado Moderno);

O reconhecimento da soberania do Estado, apresentasse com o surgimento de quatro requisitos bsicos, sendo trs objetivos e um subjetivo: Territrio, Povo e Governo Soberano (Objetivos) e a Recognio (Subjetivo);- Territrio: no dever existir controvrsia sobre o territrio;- Povo: no confundir com nao ou populao; - Povo: pessoas ligadas ao territrio pelo vinculo da nacionalidade; - Nao: Pessoas ligadas entre si por suas tradies e costumes; - Populao: Pessoas localizadas num determinado territrio;- Recognio (elemento subjetivo): Reconhecimento da existncia do Estado pelos demais elementos da seara internacional. No precisa ser reconhecido por todos os Estados do globo terrestre;

- Outras essncias advindas da Idade Moderna:- O DIP surge em face do Estado, este, pessoa jurdica de direito pblico internacional primrio;- Noo de Organizao Internacional Intergovernamental (implementada no Sculo XX);A revoluo francesa foi o marco histrico mais relevante da idade moderna, trazendo diversos direitos que tutelam os interesses humanos, como por exemplo, a possibilidade do surgimento do estado laico, da liberdade de expresso, do princpio da reserva legal (a norma jurdica sempre deve ser prvia ao fato que vai reger);

- Na idade contempornea temos o desenvolvimento do DIP;A 1 Guerra Mundial, foi determinante para uma rpida mudana na importncia deste ramo do direito;- Aps o trmino da 1 Guerra, em 1919 foi assinado o Tratado de Versailles (levou a Alemanha a bancarrota, obrigando este pas a pagar por todos os Estados que venceram a primeira grande guerra aspecto negativo nascimento do ultra nacionalismo alemo liderado por Adolf Hitler)

- Em 1923, Adolf intentou um golpe contra a Alemanha, no obtendo xito, sendo condenado a 5 anos de priso, na qual somente veio a cumprir por 9 meses; Nesse mesmo perodo, Adolf escreveu o livro chamado Minha luta, que o colocou em efetiva popularidade;- Hitler, em 1930, ocupou a posio de Chanceler, estando abaixo apenas do Presidente Alemo, com a morte deste, Hitler ocupou o posto mximo de poder da Alemanha;- Em 1935, ele reequipou e reestruturou o exrcito alemo;

- Assim, em 1 de setembro de 1939, a Alemanha liderada por Adolf Hitler, invade a Polnia, dando incio a 2 Guerra Mundial;- Esta guerra causou a morte de 35 milhes de pessoas;- Foi finalizada em 2 de setembro de 1945;- Estes fatos levaram a pactuao de diversos tratados, bem como, ao surgimento de diversas organizaes internacionais;- Entre os tratados, o de maior relevncia, a Conveno de Viena sobre o direito dos Tratados de 1969 configura como verdadeira manifestao positiva do direito consuetudinrio vigente em Direito Internacional as regras para a elaborao dos tratados internacionais esto nesta conveno;

- Outra com o mesmo ttulo, surgiu, na qual incluiu as Organizaes Internacionais Intergovernamentais como pessoas jurdicas de direito internacional pblico secundrias;- Assim, tratados e convenes internacionais podem ser celebrados por Estados, Organizaes Internacionais e a Santa S;

- Alm disso, com o fim da 2 Guerra Mundial, h o surgimento de diversos Tribunais Internacionais, iniciando com os Tribunais de exceo (surgem depois do fato jurdico forte critica da doutrina internacional). Ex: Tribunal Internacional Militar de Nuremberg, Tribunal Internacional Militar de Tkio, Tribunal Penal Internacional da Yugoslvia (Julgou crimes ocorridos nos Blcs);- Diante disso, surgiu a necessidade de criao de um Tribunal Penal Internacional, em 1998, pelo Estatuto de Roma;

As relaes internacionais observadas sob o prisma jurdico- Relaes, so teias de laos entre pessoas naturais e jurdicas que perpassam as fronteiras nacionais, caracterizando-se por peculiar complexidade;- O relacionamento internacional, antigamente envolvia apenas os Estados, porm, atualmente a sociedade internacional reconhece outros atores, como: Organizaes Internacionais, ONGs, empresas, indivduos.

- O Direito um elemento determinante na evoluo da vida internacional, em especial, o Direito Internacional Pblico, ramo da cincia jurdica que visa a regular as relaes com vistas a permitir a convivncia entre os membros da sociedade internacional;- Assim, o Direito Internacional influenciado, em sua formao e aplicao, pelos fatores que do forma sociedade internacional;

A Sociedade Internacional - O emprego indiscriminado dos termos sociedade internacional e comunidade internacional faz transparecer que ambos os termos so sinnimos, porm, em verdade, no o so, vejamos:a) Comunidade: fundamenta-se em vnculos espontneos e de carter subjetivo, envolvendo identidade e laos culturais, emocionais, histricos, sociais e religiosos e familiares comuns. Carateriza-se pela ausncia de dominao, pela cumplicidade e pela identificao entre os seus membros, cuja convenincia naturalmente harmnica. Ex: Comunidade Indgena;

b) Sociedade: fundamenta-se na vontade dos seus integrantes, que decidiram se associar para atingir certos objetivos que compartilham. Desse modo, caracteriza-se pelo papel decisivo da vontade, como elemento que promove a aproximao entre os seus membros e pela existncia de fins, que o grupo pretende alcanar; (Presena de interesse)

- Grande parte da doutrina entende que no h uma comunidade internacional, haja vista que os Estados unem-se apenas por interesses e no por laos espontneos e subjetivos;- Valrio de Oliveira MAZZUOLLI, defende que j possvel vislumbrar a presena de comunidades internacionais, luz de problemas globais que se referem a todos os seres humanos, como a segurana alimentar, e proteo do meio ambiente, os desastres naturais, os direitos humanos e a paz;

- Conceito de Sociedade Internacional: conjunto de vnculo entre as diversas pessoas e entidades interdependentes entre si, que coexistem por diversos motivos e que estabelecem relaes que reclamam a devida disciplina. (PEREIRA, Bruno Yepes. Curso de Direito Internacional pblico, p. 3;- O nascimento da sociedade internacional se confunde com a historia da humanidade, pois, a historia demonstra que, desde tempos remotos, os povos vm estabelecendo laos entre si, com o objetivo de concretizar projetos comuns;

Caractersticas da Sociedade Internacional - So caractersticas da sociedade internacional:a) Universal abrange o mundo inteiro, ainda que o nvel de integrao de alguns de seus membros s suas dinmicas no seja to profundo;b) Heterognea seus atores possuem diferenas entre si, de cunho econmico, cultural, etc. Quanto maior a heterogeneidade, maior ser a complexidade do processo de negociao e aplicao das normas internacionais;c) Descentralizada no existe um poder central internacional ou um governo mundial, mas vrios centros de poder, como os prprios Estados e Organizaes Internacionais no subordinadas a qualquer ordem maior;

A globalizao e o sistema normativo internacional- Para melhor entendimento do que vem a ser o Direito Internacional ser necessrio um breve exame do conceito de globalizao, termo este que foi indiscriminadamente utilizado no final do sculo passado, causando na sua noo uma ampla polmica em vrias reas do conhecimento;

- Conceito de globalizao: processo de progressivo aprofundamento da integrao de vrias partes do mundo, especialmente nos campos poltico, econmico, social e cultural, com vistas a formar espao internacional comum dentro dos quais bens, servios e pessoas circulem da maneira mais desimpedida possvel. Assim, nesta acepo, globalizao refere-se ao forte incremento no ritmo da integrao da economia mundial;

- Caractersticas da globalizao: aumento nos fluxos de comrcio internacional e de investimento estrangeiro direto; acirramento da concorrncia no mercado internacional; maior interdependncia entre os pases; expanso dos blocos regionais; e a redefinio do papel do Estado e de noes como a de soberania estatal;

- A globalizao ps 11 de setembro e ps crise econmica internacional do fim da primeira dcada do sculo XXI: priorizao de polticas internacionais de segurana e diminuio das iniciativas ligadas ao livre comrcio e integrao regional;

- Estas mudanas atingem o Direito Internacional, sendo perceptvel a ampliao das matrias tratadas nas normas internacionais, que variam de temas tradicionais, como as relaes comerciais, a questes as quais se atribui maior relevncia na atualidade, como o meio ambiente;- Essa necessidade de regulamentao de uma sociedade internacional mais dinmica vem ensejando o aparecimento de novas modalidades normativas mais flexveis, como a soft law; Relembrando

Relembrando

Conceito de Direito Internacional Pblico - A compreenso dos atores que compem a sociedade internacional, determinante para a conceituao do Direito Internacional Pblico, assim, teremos doutrinadores tradicionalistas que reconhecem apenas os Estados como sujeitos internacionais e os doutrinadores modernos que reconhecem outros sujeitos alm dos Estados;- Na doutrina clssica, temos o conceito de Alberto do Amaral Junior, que define como o ramo do direito que tem sido tradicionalmente entendido como o conjunto das regras escritas e no escritas que regula o comportamento dos Estados, no mesmo sentido Francisco Rezek;

- Na doutrina moderna, surge o conceito de Celso Albuquerque de Mello, que afirma que o Direito Internacional Pblico o conjunto de normas que regulam as relaes externas dos atores que compem a sociedade internacional. Tais pessoas internacionais so as seguintes: Estados, organizaes internacionais, o homem etc. No mesmo sentido, Valrio Manzuolli;

Relembrando

Terminologia - O termo Direito Internacional foi empregado pela primeira vez em 1780, por Jeremy Bentham, na obra An Introduction to the principles of Moral and Legislation, com o intuito de diferenciar o direito que cuida das relaes entre os Estados, do Direito Nacional e Municipal;- O termo pblico foi inserido por influencia francesa, aludindo quanto ao interesse geral da matria regulada pelo Direito Internacional, diferenciando por sua vez, do Direito Internacional Privado;

- Tambm conhecido como Direito das Gentes em razo da traduo literal do jus gentium do Direito Romano, expresso que era utilizada para as normas de direito romano aplicada aos estrangeiros que invocassem determinadas regras do direito romano de modo a facilitar as relaes comerciais entre estes;

Objeto - Tradicionalmente, o objeto o Direito Internacional restringia-se a limitar as competncias de Estados e de organizaes internacionais, conferindo direitos e impondo-lhes obrigaes, com vistas a reduzir a anarquia na sociedade internacional, ainda marcada pela inexistncia de um poder mundial superior a todos os Estados;

- Atualmente, o objeto do Direito Internacional vem sendo ampliado, passando a regular tambm a cooperao internacional, pautando o modo pelo qual os Estados, as organizaes internacionais e outros atores devero proceder para atingir objetivos comuns, normalmente ligados a problemas globais, como a proteo do meio ambiente, ou a interesses regionais, a exemplo das integraes regionais;

- Amaral Jnior sintetiza o objeto do Direito Internacional, afirmando que, Desde as suas origens, o Direito Internacional Pblico cumpre duas funes bsicas: reduzir a anarquia por meio de normas de conduta que permitam o estabelecimento de relaes ordenadas entre os Estados soberanos e satisfazer as necessidades e interesses dos membros da comunidade internacional.

Fundamento do Direito Internacional Pblico - O estudo do fundamento visa a determinar o motivo pelo qual as normas internacionais so obrigatrias;- Aqui se concentram duas correntes tericas: o voluntarismo e o objetivismo;

- O voluntarismo uma corrente doutrinria de carter subjetivista, cujo elemento central a vontade dos sujeitos de Direito Internacional. Esta corrente entende que os Estados e as Organizaes Internacionais devem observar as normas internacionais porque expressaram livremente sua concordncia em faz-lo, de forma expressa (por meio de tratados) ou tcita (pela aceitao generalizada de costumes), essa corrente tambm chamada de corrente positivista. Apoiam esta corrente: Jellinek, Triepel, Wenzel e Hall e Oppenheim;

So vertentes do voluntarismo:a) Autolimitao da vontade (Jellinek): O Estado, por sua prpria vontade, submete-se s normas internacionais e limita sua soberania;b) Vontade coletiva (Triepel): o Direito Internacional nasce no da vontade de um ente estatal, mas da conjuno das vontades unnimes de vrios Estados, formando uma s vontade coletiva;c) Consentimento das naes (Hall e Oppenheim): o fundamento do Direito das Gentes a vontade da maioria dos Estados de um grupo, exercida de maneira livre e sem vcios, mas sem exigncia de unanimidade;d) Delegao do Direito Interno (ou do Direito estatal externo Max Wenzel): o fundamento do Direito Internacional encontrado no prprio ordenamento nacional dos entes estatais;

- O objetivismo sustenta que a obrigatoriedade do Direito Internacional decorre da existncia de valores, princpios ou regras que se revestem de uma importncia tal que delas pode depender, objetivamente, o bom desenvolvimento e a prpria existncia da sociedade internacional. Desse modo, as normas internacionais, surgiriam a partir da prpria dinmica da sociedade internacional, colocando-se acima da vontade dos Estados devem, portanto, pautar as relaes internacionais, devendo ser respeitadas por todos; Apia esta corrente Kelsen;

So vertentes do Objetivismo:a) Jusnaturalismo (Teoria do Direito Natural): as normas internacionais impem-se naturalmente, por terem fundamento na prpria natureza humana, tendo origem divina ou sendo baseadas na razo;b) Teorias sociolgicas do Direito: a norma internacional tem origem em fato social que se impe aos indivduos;c) Teoria da norma-base de Kelsen: o fundamento do Direito Internacional a norma hipottica fundamental, da qual decorrem todas as demais, inclusive as do Direito Interno, at porque no haveria diferena entre as normas internacionais e internas;d) Direitos fundamentais dos Estados: o Direito Internacional fundamenta-se no fato de os Estados possurem direitos que lhe so inerentes e que so oponveis em relao a terceiros;

Relembrando

O ordenamento jurdico internacional - H teorias que negam a existncia de um Direito Internacional, embasando-se nos seguintes fundamentos: a) Que as normas internacionais tem carter meramente moral e de pura cortesia; (carncia de coercitividade)b) Que impossvel existir um Direito Internacional enquanto no existir uma sociedade mundial organizada;

- Evidentemente, essas teorias no predominam no meio internacional. No difcil verificar que existe um ordenamento jurdico internacional, formado pelo conjunto de preceitos voltados a regular as condutas dos membros da sociedade internacional e o tratamento de termas de interesses globais. Por fim, como os demais preceitos jurdicos, as normas internacionais so obrigatrias e, com freqncia, contemplam expressamente a possibilidade de sanes no caso de seu descumprimento;

Caractersticas do Direito Internacional Pblico- Dicotomia entre a relativizao da soberania estatal e a manuteno de sua importncia:

Relativizao da soberania: no momento que um ente Estatal celebra um tratado ou se submete competncia de um tribunal internacional, efetivamente restringe a sua capacidade de deliberar sobre todos os assuntos de seu interesse;

Manuteno da soberania: Os entes estatais ainda so competentes para decidir a respeito da celebrao de tratados e do modelo de incorporao das normas internacionais ao ordenamento interno, bem como de sua submisso a rgos internacionais de soluo de controvrsias. Desse modo, o funcionamento da maioria das organizaes internacionais continua a depender das deliberaes e da colaborao dos Estados;

- O Direito Internacional um direito de cooperao, diferentemente do direito interno que de subordinao. Dentro dos Estados, as normas so elaboradas por um poder soberano central capaz de impor obrigaes a particulares, no plano internacional, ante a inexistncia de um poder soberano central, a tarefa de construo de um ordenamento jurdico fruto de um esforo de articulao entre Estados e Organizaes Internacionais, que elaboram as normas a partir de negociaes entre estes, e a necessidade de expressarem o seu consentimento para observ-las;

- O Direito Internacional de ampla descentralizao da produo normativa, com efeito, cada Estado tem o processo legislativo centralizado em poucos rgos definidos pelo ente estatal;- O Direito Internacional inclui a possibilidade de sanes (ser vista logo a seguir em Jurisdio Internacional);

- Em regra, no h hierarquia entre normas no Direito Internacional. Exceo: Normas do jus cogens, ou seja, normas internacionais de observncia obrigatria em qualquer Tratado. Ex: Comrcio, Trabalho e Direitos Humanos;- O Direito Internacional Pblico no gera apenas efeitos no mbito das relaes internacionais, mas tambm dentro dos Estados. Os tratados normalmente determinam aes que os Estados devero efetivar dentro dos seus territrios, como o Protocolo de Kyoto, que visa reduzir a poluio ambiental no mundo;

A cooperao internacional entre os Estados - Os Estados articulam aes conjuntas referentes aos temas de interesse internacional (combate a endemias, combate a misria etc), formando esquemas de cooperao compostos por marcos legais consagrados em tratados e, s vezes, por arcabouos institucionais, conhecidos como organizaes internacionais;

- A cooperao internacional permite regular a administrao de reas que no pertencem a nenhum Estado e que so do interesse de toda a humanidade, como o alto mar e o espao extra-atmosfrico;- A partir do Sculo XX a cooperao internacional consolidou-se como trao marcante do Direito Internacional, para servir como meio para que os Estados alcancem objetivos comuns;

A jurisdio internacional - Analisaremos os mecanismos voltados a assegurar a aplicao das normas internacionais;- A jurisdio internacional composta por rgos encarregados de dirimir controvrsias relativas ao Direito Internacional e de aplicar suas normas a casos concretos; Esses rgos que exercem a funo jurisdicional normalmente so criados por Tratados, que definem as respectivas competncias e modo de funcionamento, podendo ser, judiciais (seguindo o modelo das cortes nacionais), arbitrais ou administrativos, como as comisses encarregadas de monitorar o cumprimento de tratados;

- Exemplos: Corte Internacional de Justia (CIJ) competente para conhecer de qualquer lide relativa ao Direito Internacional; - Os Estados se vinculam a estes mecanismos de jurisdio internacional apenas se celebrarem os tratados que os criaram ou que aceitem se submeter as suas respectivas competncias;

- A maioria destes rgos Internacionais ainda no admitem que sujeitos que no sejam Estados ou Organizaes Internacionais participem dos seus procedimentos.

Excees: Corte Europeia de Direitos Humanos; Tribunal Penal Internacional quando julga pessoas naturais acusadas de crimes contra a humanidade; Comisso Interamericana de Direitos Humanos, que recebe reclamaes de indivduos contra violaes dos seus direitos;

A sano no Direito Internacional Pblico - Os tratados podem fixar conseqncias jurdicas para os atos ilcitos dos entes obrigados a observar os preceitos do Direito das Gentes e criar rgos internacionais encarregados de fazer valer as normas acordadas pelos Estados;- Em que pese s previses de sanes nos tratados, a critica doutrinaria neste tpico, refere-se dificuldade de aplicar sanes aos Estados que descumprem as normas internacionais. Estas dificuldades esto relacionadas a ausncia de rgos internacionais centrais encarregados da tarefa, bem como, o fato de a aplicao dessas sanes dependem da articulao dos Estados, o que no pode ocorrer num determinado contexto.

- Ex: Conselho de Segurana da ONU que formam suas tropas a partir dos pases que a compem, poder ocorrer situaes em que alguns destes pases no concordem com as sanes impostas a um Estado que lhe prximo culturalmente, economicamente etc;

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Direito Internacional Pblico e Direito Internacional Privado - O Direito Internacional Privado no ramo do direito Internacional Pblico;- O Direito Internacional Pblico ramo do direito que regula as relaes internacionais e temas de interesse da sociedade internacional, disciplinando os relacionamentos que envolvem os Estados, OIs e outros atores em temas de interesse internacional, conferindo proteo adicional a valores caros humanidade, como a paz e os direitos humanos;

- O Direito Internacional Privado regula conflitos das leis no espao, cuidando, essencialmente, de estabelecer critrios para determinar qual a norma, nacional ou estrangeira, aplicvel as relaes privadas com conexo internacional, ou seja, que transcendem os limites nacionais e sobre os quais incidiria mais de uma ordem jurdica;

Quadro comparativo

- Como as normas internacionais so incorporadas ordem jurdica domstica?- No conflito entre preceitos de Direito Internacional e de Direito interno, qual norma dever prevalecer?- Ante a polmica que estas questes trazem, a doutrina examina esta matria com base em duas teorias: o dualismo e o monismo;

- A definio acerca da relao entre o Direito Internacional e o interno geralmente feita dentro da Constituio de cada Estado. Cumpre destacar que a prtica internacional demonstra que os Estados, ao decidirem a respeito do relacionamento entre o Direito Internacional e o interno, optam por uma dessas teorias, escolhe elementos de ambas, ou, ainda, afirmam no se vincular a nenhuma delas;

- Nesse sentido o posicionamento do STF na ADI-MC 1480/DF, vejamos:E M E N T A: (...) na Constituio da Repblica - e no na controvrsia doutrinria que antagoniza monistas e dualistas - que se deve buscar a soluo normativa para a questo da incorporao dos atos internacionais ao sistema de direito positivo interno brasileiro. O exame da vigente Constituio Federal permite constatar que a execuo dos tratados internacionais e a sua incorporao ordem jurdica interna decorrem, no sistema adotado pelo Brasil, de um ato subjetivamente complexo, resultante da conjugao de duas vontades homogneas: a do Congresso Nacional, que resolve, definitivamente, mediante decreto legislativo, sobre tratados, acordos ou atos internacionais (CF, art. 49, I) e a do Presidente da Repblica, que, alm de poder celebrar esses atos de direito internacional (CF, art. 84, VIII), tambm dispe - enquanto Chefe de Estado que - da competncia para promulg-los mediante decreto. (...) (ADI 1480 MC, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 04/09/1997, DJ 18-05-2001 PP-00429 EMENT VOL-02031-02 PP-00213)

Dualismo - Dualismo teoria cuja principal premissa a de que o Direito Internacional e o Direito Interno so dois ordenamentos jurdicos distintos e totalmente independentes entre si, cujas normas no poderiam entrar em conflito umas com as outras;- Para esta teoria, o Direito Internacional dirige a convivncia entre os Estados, ao passo que o Direito Interno disciplina as relaes entre os indivduos e entre estes e o ente estatal;

- O dualismo vincula-se tambm a teoria da incorporao formulada por Paul Laband, pelo qual um tratado poder regular relaes dentro do territrio de um Estado somente se for incorporado ao ordenamento interno, por meio de um procedimento que o transforme que o transforme em norma nacional;

- Alguns autores, como, Bruno Yepes e Hildebrando Accioly, defende a existncia de um dualismo moderado, pelo qual no necessrio que o contedo das normas internacionais seja inserido em um projeto de lei interna, bastando apenas a incorporao dos tratados ao ordenamento interno por meio de procedimento especfico, distinto do processo legislativo comum, que normalmente inclui apenas a aprovao do parlamento e, posteriormente, a ratificao do Chefe de Estado, bem como, no caso do Brasil, um decreto de promulgao do Presidente, que inclui o ato internacional na ordem jurdica nacional;

- Alguns doutrinadores entendem que o Brasil adota o modelo do dualismo moderado, visto que o Estado brasileiro efetivamente incorpora ao ordenamento interno, por meio de decreto presidencial, o tratado j em vigor na ordem internacional e que foi ratificado pelo Brasil;

Monismo - O monismo fundamenta-se na premissa de que existe apenas uma ordem jurdica, com normas internacionais e internas, interdependentes entre si;- Para o monismo, as normas internacionais podero ter eficcia, desde que, condicionada harmonia de seu teor com o Direito Interno, e a aplicao das normas nacionais pode exigir que estas no contrariem os preceitos de Direito das Gentes aos quais o Estado se encontra vinculado;

- Nesta teoria, a dvida reside qual o ordenamento dever prevalecer em caso de conflito. Para isso, foi desenvolvidas duas vertentes tericas dentro do monismo: o monismo internacionalista e o monismo nacionalista;

- O monismo internacionalista, formulado pela Escola de Viena, encabeada por Hans Kelsen, entendia que o ordenamento jurdico uno, e que o Direito das Gentes a ordem hierarquicamente superior, da qual derivaria o Direito Interno e qual este estaria subordinado. Nessa vertente terica, o tratado teria total supremacia sobre o Direito nacional, e uma norma interna que contrariasse uma norma internacional deveria ser declarada invlida. Essa vertente terica conhecida tambm como monismo radical;

- O monismo nacionalista, prega a primazia do Direito Interno de cada Estado. Funda-se no valor superior da soberania estatal absoluta, objeto de teorias desenvolvidas por autores como Hegel e na convivncia internacional a partir da paz de Vestflia. Nessa vertente terica, os Estados s se vinculariam s normas com as quais consentissem e nos termos estabelecidos pelas respectivas ordens jurdicas nacionais. Aqui, as normas nacionais deveriam prevalecer frente as normas internacionais;

- Ao realizar a leitura do art. 27 da Conveno de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969, verifica-se que o monismo internacionalista o adotado pelo Direito Internacional, vejamos o art. 27: Uma parte no pode invocar as disposies de seu Direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado.

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Questes sobre o temaAno: 2011 Banca: CESPE rgo: TRF - 2 REGIO Prova: Juiz Federal

O Estado regulamenta a convivncia social em seu territrio por meio de legislao nacional, e a comunidade internacional tambm cria regras, que podem conflitar com as nacionais. A respeito das correntes doutrinrias que procuram proporcionar soluo para o conflito entre as normas internas e as internacionais, assinale a opo correta.

a) A corrente monista e a dualista apresentam as mesmas respostas para o conflito entre as normas internas e as internacionais b) Nenhum pas adota a corrente doutrinria monista. c) Consoante a corrente monista, o ato de ratificao de tratado gera efeitos no mbito nacional. d) De acordo com a corrente dualista, o direito interno e o direito internacional convivem em uma nica ordem jurdica. e) De acordo com a corrente monista, a norma interna sempre prevalece sobre a internacional.

Questes sobre o temaAno: 2011 Banca: FUMARC rgo: BDMG Prova: Advogado Leia as assertivas abaixo e coloque frente de cada um dos parnteses (F) se FALSA e (V) se for VERDADEIRA: ( ) Dois ordenamentos jurdicos distintos e totalmente independentes entre si Dualismo. ( ) Uma ordem jurdica internacional e uma ordem jurdica interna Monismo.

( ) Impossibilidade de conflito entre Direito Internacional e o Interno Monismo. ( ) O Direito Internacional que dirige a convivncia entre os Estados, ao passo que o Direito interno disciplina as relaes entre os indivduos e entre estes e o ente estatal Dualismo. Marque a alternativa CORRETA, na ordem de cima para baixo:a) V F V V. b) V F F V. c) F V F F. d) F V V F

CASO MARCOS ARCHER:Trabalho escrito, individual;Valor 1,0 Ponto Extra;Abordar quais os tratados que a Repblica da Indonsia violou ao executar o brasileiro;Explicar a relao da soberania do pas com os tratados firmados perante a sociedade internacional.

TRATADOSTrabalho escrito em grupo;Valor 4,0 pontos, sendo 2,0 pontos pelo trabalho escrito e 2,0 pontos para sabatina de um dos integrantes do grupo sorteado, que a ser realizada em data a ser definida;Pontos que devero ser abordados no trabalho escrito e posteriormente cobrados em sabatina:1. Conceito e natureza jurdica; 2. Classificao (Nmero de partes; Procedimento de concluso; Execuo; Natureza das Normas; Efeitos e Possibilidade de adeso); 3. Evoluo histrica; 4. Condies de validade; 5. Processo de elaborao dos tratados; 6. Efeito dos tratados sobre as partes e sobre terceiros; 7. Interpretao dos tratados; 8. Adeso; 9. Alterao dos Tratados; 10. Reservas: Forma, validade e efeitos jurdicos; 11. Extino e Suspenso dos Tratados; 12. Incorporao ao Direito Interno; 13. Conflito entre o Direito Direito Internacional Pblico e o Direito Interno;

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SUJEITOS DO DIREITO INTERNACIONAL PBLICO INTRODUOProf.: Felipe M. Montenegro

Personalidade Jurdica- Personalidade refere-se a capacidade para ser titular de direitos e deveres;- No Direito Internacional, o exame da personalidade internacional refere-se, em regra, faculdade de atuar diretamente na sociedade internacional, comportando o poder de criar as normas internacionais, a aquisio e o exerccio de direitos e obrigaes fundamentas nessas normas e a faculdade de recorrer a mecanismos internacionais de soluo de controvrsias, assim, aqueles que sejam capazes de praticar os atos acima citados seriam os sujeitos de Direito Internacional;

- A doutrina clssica reconhece apenas os Estados e as Organizaes Internacionais como sujeitos de direito internacionais;- A doutrina moderna, baseando-se na evoluo do Direito Internacional, vem admitindo o individuo, as empresas e as organizaes no governamentais, como sujeitos de Direito Internacional, ao passo que, podem invocar normas internacionais, devem cumpri-las, dispondo, ademais da faculdade de recorrera certos foros internacionais;

- Deve ser ressaltado que estes ltimos sujeitos, no possuem a capacidade de celebrar tratados, contando, outrossim, com possibilidades muito restritas de recorrer a mecanismos internacionais de soluo de controvrsias. Ante a estas limitaes, parte da doutrina classificam estes como sujeitos fragmentrios;- A sociedade internacional tambm conta com a participao de coletividades no-estatais peculiares, como a Santa S, os beligerantes, os insurgentes, e em alguns casos as naes em luta pela soberania;- O final do sculo XX marcou a consolidao dos blocos regionais, que atualmente so importantes atores internacionais, possuindo estes o poder de celebrar tratados;

Resumindo

O Estado- um ente composto por um territrio onde vive uma comunidade humana governada por um poder soberano e cujo aparecimento, cabe desde logo destacar, no depende da anuncia de outros membros da sociedade internacional;

Organizaes Internacionais- As Organizaes Internacionais foram concebidas para articular os esforos dos entes estatais, dirigidos a atingir certos objetivos, diante, igualmente da necessidade recorrente da cooperao internacional, tornando-se um trao caracterstico da convivncia internacional a partir do sculo XX; (Especialmente aps a 2 Guerra Mundial);

- So entidades criadas e compostas por Estados por meio de tratado, com arcabouo institucional permanente e personalidade de jurdica prpria, visando a alcanar propsitos comuns;- Possuem ampla capacidade de ao no cenrio internacional e, por isso, so reconhecidas como sujeitos de Direito Internacional, podendo, por exemplo, celebrar tratados e recorrer a mecanismos internacionais de soluo de controvrsias;

- So reconhecidas pela Doutrina como sujeitos de direito internacional pblico secundrio ou de personalidade jurdica derivada;- Os primeiros organismos internacionais surgiram no sculo XIX; (Comisso Central do Reno datado de 1814-1815, que regulou a navegao, bem como outras convenes que aboliram o comrcio de escravos;

Santa S e Estado da Cidade do Vaticano- Santa S e Vaticano so dois entes distintos que tm em comum, fundamentalmente, o vnculo com a Igreja Catlica Apostlica Romana e a controvrsia em relao a personalidade jurdica internacional de ambos. Assim, vamos diferenciao;

- Santa S a entidade que comanda a Igreja Catlica Apostlica Romana, sendo Chefiada pelo Papa e composta pela Cria Romana, esta um conjunto de rgos que assessora o Sumo Pontfice em sua misso de dirigir o conjunto de fiis catlicos na busca de seus fins espirituais. sediada no Estado da Cidade do Vaticano, e seu poder no limitado por nenhum outro Estado;

- A Santa S um sujeito de Direito Internacional, status adquirido ao longo de sculos de influncia na vida mundial;- Na atualidade o Santo Padre ainda goza de status e prerrogativas de Chefe de Estado e continua a ter certa ascendncia na sociedade internacional, como provam as suas reiteradas manifestaes em assuntos de interesse internacional;- A Santa S pode celebrar tratados, participar de organizaes internacionais e exercer o direito de legao (direito de enviar e receber agentes diplomticos);

- A sua personalidade internacional passou a ser contestada com a incorporao dos Estados Pontifcios Itlia, porm, atravs do Tratado de Latro, celebrado entra a Itlia e a Santa S em 1929, cedeu a esta um espao em Roma onde foi criado o Estado da Cidade do Vaticano, dentro do qual a autoridade suprema da Igreja Catlica se encontra instalada;- Desse modo, o Vaticano um ente estatal e, portanto, tem personalidade jurdica de Direito Internacional;- Conta com um territrio de 44 hectares ou 0,44 Km, com nacionais e com um governo soberano;

O Indivduo- A personalidade internacional do ser humano ainda contestada, possuindo os seguintes posicionamentos doutrinrios conflitantes:a) 1 corrente (tradicional): (Rezek) - Os indivduos no tm personalidade de direito internacional (assim como as empresas pblicas ou privadas) uma vez que no se envolvem, a ttulo prprio, na produo do acervo normativo internacional, nem guardam qualquer relao direta e imediata com essa ordem, apesar de existirem normas internacionais que criam direitos e deveres a essas pessoas. O autor aduz que a flora e a fauna tambm so objetos de proteo por normas de direito das gentes, e nem por isso tem personalidade jurdica de direito das gentes. Rezek informa que ainda experimental a idia de que o indivduo tenha deveres diretamente impostos pelo DIP, independente de qualquer compromisso que vincule o Estado. Ele lembra que no Tribunal Internacional de Nuremberg entendeu-se que os indivduos podem cometer crimes suscetveis de punio pelo direito internacional, apesar da licitude de sua conduta ante a ordem jurdica interna a que estivessem subordinados. Inobstante isso, Rezek informa que o caso de Nuremberg no constitui jurisprudncia, em razo de sua exemplar singularidade;

b) 2 corrente (mais moderna e que vem ganhando fora a cada dia, podendo ser considerada a majoritria atualmente): (Celso D. Albuquerque Mello, Valrio Mazzuoli, Portela e muitos outros) So sujeitos de DIP todos os entes cujas condutas esto diretamente previstas pelo direito das gentes, entidades ou pessoas a quem as normas de DIP so destinadas, quer atribuindo direitos ou obrigaes. Mazzuoli explica que o conceito de sujeito de DIP no se confunde com o conceito de personalidade jurdica internacional, que a capacidade para agir internacionalmente. Desta forma, no seria necessrio para deter a qualidade de sujeito de direito das gentes, ter capacidade para participar do processo de formao das normas jurdicas internacionais;

- incontestvel que uma pessoa natural tambm est obrigada a observar as normas internacionais e, caso no o faa, pode responder pelo ato em foros internacionais, como o TPI (Tribunal Penal Internacional);- O ser humano no pode celebrar tratados e, nesse sentido, as normas internacionais que lhe dizem respeito continuam sendo criadas pelos Estados e Organizaes Internacionais, do mesmo modo, as suas possibilidades de acesso aos foros internacionais so ainda mais restritas que as dos Estados;

As Organizaes No-Governamentais (ONGS)- So associaes de direito privado, em que as atividades so relacionadas s questes de interesse pblico. Tm como objetivo especfico desenvolver aes em promoo ou defesa de valores e interesses relativos moralidade, religio, ideologia ou cultura. As ONGs no so obrigatoriamente organizaes internacionais, inicialmente sendo organizadas em mbito nacional;

- As ONGs cumprem o papel de promover a aplicao das normas internacionais em vrios campos, como os direitos humanos e o meio ambiente;- Algumas ONGs participam de organizaes internacionais como observadoras (Anistia Internacional), podendo recorrer, inclusive a determinados foros internacionais de defesa de direitos ou interesses vinculados a suas respectivas reas de atuao;

- Ateno, ONGs no podem celebrar tratados;- ONGs notrias na sociedade internacional so a Anistia Internacional, o Comit Olmpico Internacional (COI), o Greenpeace, a Human Rights Wacth e os Mdicos sem Fronteiras (MSF);

As Empresas- As empresas tambm referidas de pessoas jurdicas, beneficiam-se diretamente das normas internacionais, a exemplo daquelas que facilitam o comrcio internacional e os fluxos de investimentos;- Porm, tem obrigaes fixadas pelo Direito das Gentes, como os padres internacionais mnimos estabelecidos em tratados, em matrias como trabalho e meio ambiente;- Em alguns casos as empresas tm acesso, a mecanismos internacionais de soluo de controvrsias, como no MERCOSUL (arbitragem);

Coletividades No Estatais- BELIGERANTES: o ato de beligerncia o movimento que inflama dentro de um Estado um movimento de desmembramento. Se os beligerantes alcanam uma determinada fora (revolues de grande vulto, em que h a formao de tropas regulares e a tomada do controle de parte do territrio estatal) podem ser reconhecidos como sujeitos de direito internacional pelos demais Estados. EXEMPLO: Confederados da Guerra de Secesso dos EUA (1861 1865). O reconhecimento por outros pases geram conseqncias: os emissrios dos revolucionrios so recebidos como diplomatas, celebram acordos, etc.;

- A caracterstica marcante do movimento beligerante a luta armada e a finalidade desta luta normalmente a modificao do sistema poltico no qual se encontra o Estado. Ocorre beligerncia tanto quando se desencadeia guerra civil para desmembramento, e tambm quando um ou mais partidos polticos promovem luta civil para mudar o governo vigente. Mas apenas sero beligerantes quando demonstrarem poder de fato similares aos exercidos pelo Estado contra os que se rebelam. O status de beligerante equipara-os aos Estados; Ex: Recentes movimentos ocorridos no Egito, Sria e Lbia;

- INSURGENTES: o movimento de insurgncia tambm est relacionado rebelio, mas no chega a ser beligerante, j que no assume propores to grandes como os atos dos beligerantes. um movimento mais fraco, que nunca ser considerado como Estado, NO TERO PERSONALIDADE JURDICA DE DIREITO INTERNACIONAL;- Em regra, o reconhecimento de insurgncia exime o Estado onde ocorre o movimento de responder internacionalmente pelos atos dos revoltosos e impe, a todos os lados envolvidos em uma revolta, a obrigao de respeitar as normas internacionais de carter humanitrio;

- Beligerncia e Insurgncia so institutos semelhantes, tanto que Alfred Verdross, define os insurgentes como beligerantes com direitos limitados (in, VERDROSS, Alfred. Derecho Internacional Pblico, p. 151 apud DELLOLMO, Florisbal de Souza, Curso de Direito Internacional Pblico, p. 62);

- NAES EM LUTA PELA SOBERANIA: so movimentos de independncia nacional, que acabem adquirindo notoriedade tamanha que fica impossvel ignor-los nas relaes internacionais; Exemplo: A antiga Organizao para Libertao da Palestina (OLP), atual Autoridade Palestina, que, sem contar com a soberania estatal, exercia e ainda exerce certas prerrogativas tpicas dos Estados, como de celebrar tratados e o direito de legao;- Podem ter origem na beligerncia ou na insurgncia, e sua personalidade de Direito das Gentes com a plenitude das prerrogativas depender do reconhecimento de outros integrantes da comunidade internacional, como os Estados e as Organizaes Internacionais;

Os Blocos Regionais- So, sucintamente, esquemas criados por Estados localizados em uma mesma regio do mundo, com o intuito de promover a maior integrao entre as respectivas economias e, eventualmente, entre as suas sociedades nacionais;

- So tambm conhecidos como mecanismos de integrao regional, surgem a partir de tratado, celebrados entre Estados que os criaram, e funcionam no apenas no mbito do marco dos atos internacionais que os constituram, como tambm do acordo de regras, fixadas por outros tratados e por modalidade normativas peculiares, concebidas no bojo de suas atividades, como as decises, resolues e diretrizes do MERCOSUL;- Exemplos: MERCOSUL, NAFTA, UNIO EUROPEIA;

- A depender do nvel de aproximao entre os seus Estados-membros, os blocos regionais organizam-se de modo a agirem autonomamente nas relaes internacionais, ganhando personalidade jurdica prpria, podendo vir a celebrar tratados, comparecer a mecanismos de soluo de controvrsias internacionais e exercer o direito de legao; Ex: MERCOSUL, UNIO EUROPEIA e UNASUL (Unio das Naes Sul-Americanas);

Questes sobre o temaAno: 2012 Banca: CESPE rgo: ANAC Prova: Analista Administrativo - rea 3No que concerne ao direito internacional pblico, julgue os itens a seguir.A doutrina clssica aponta como sujeitos de direito internacional os Estados, as organizaes internacionais (intergovernamentais e no governamentais) e os indivduos.Certo Errado

Ano: 2011 Banca: CESPE rgo: Instituto Rio Branco Prova: Diplomata Presentes em todos os continentes, as organizaes no governamentais (ONGs) desempenham importante papel na defesa de causas de interesse comum da humanidade. Acerca da atuao dessas organizaes, julgue (C ou E) os itens que se seguem.

Com caractersticas polticas e jurdicas de ONG e desprovido de atributos de personalidade jurdica internacional, o Comit Internacional da Cruz Vermelha sujeito apenas aparente de direito internacional pblico. Certo Errado

O ESTADOProf: Felipe Montenegro

CONCEITO

- No papel do DIP analisar exaustivamente o fenmeno estatal, mas dever deste ramo jurdico examinar os aspectos da existncia do Estado que se relacionem com o Direito das Gentes;

- Os entes estatais criam a maior parte das normas do DIP, especialmente por meio dos tratados, formam as organizaes internacionais, exercem papel relevante na conduo e cooperao entre povos e estabelecem diversos parmetros dentro dos quais outros sujeitos de Direito Internacional atuaro na sociedade internacional;

- Para Jellinek, o Estado , a corporao de um povo, assentada num determinado territrio e dotada de um poder originrio de mando;

- Acciolly e Silva o definem como um agrupamento humano, estabelecido permanentemente num territrio determinado e sob um governo independente;

- Para Portela, entende o Estado como ente formado por um territrio, uma comunidade humana e um governo soberano, dotado da capacidade de exercer direitos e contrair obrigaes e no subordinado juridicamente a qualquer outro poder, externo ou interno;

- No confundir o Estado soberano com os Estados membros de uma federao, que no renem os elementos constitutivos do ente estatal soberano e nem possuem competncias no mbito internacional, exceto quando permitido pelos Estados de que fazem parte;

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS: TERRITRIO, POVO E GOVERNO SOBERANO

- Os elementos sociais do ente estatal foram consagrados pelo Direito das Gentes, por meio da conveno de Montevidu sobre Direitos e Deveres dos Estados de 1933, que elenca os requisitos para que o Estado possa ser considerado sujeito de Direito Internacional: I Populao permanente; II Territrio determinado; III Governo; IV. Capacidade para entrar em relaes com os demais Estados (art. 1);

- Os itens III e IV correspondem ideia de governo soberano, bem como, a expresso populao permanente dever ser entendida como o povo, em conformidade com a Teoria Geral do Estado definiram como efetivos elementos essenciais do ente estatal;

- Assim temos:

COMUNIDADE DE INDIVDUOS (ELEMENTO HUMANO): pessoas que habitam o mbito da soberania estatal. Esses indivduos formam dentro do Estado, o que se entende por POVO (SO OS NACIONAIS NATOS E NATURALIZADOS) e o que se entende por POPULAO (SO OS NACIONAIS E OS ESTRANGEIROS).

TERRITRIO (ELEMENTO FSICO): a poro de terra (extensiva ao espao areo e martimo) fixa e determinada onde o Estado exerce a sua soberania.

GOVERNO AUTNOMO E INDEPENDENTE (ELEMENTO POLTICO): capacidade do Estado de eleger o governo que quer adotar e a capacidade do Estado de gerir (administrativa, legislativa e judicialmente) os interesses do seu povo.

FINALIDADE (ELEMENTO SOCIAL): no existe Estado contemporneo sem a finalidade, que objetivamente, o papel que o Estado desempenha no seu desenvolvimento e na busca do bem-estar do seu povo. Com discusses.

RESUMO

OS MICROESTADOS

- Existem Estados com territrios pouco extenso, pequena quantidade de nacionais e prerrogativas estatais, tradicionalmente entendidas como inerentes soberania, exercidas por Estados vizinhos, como a defesa, a emisso de moedas e a poltica externa. Ante a estes fatos, pode-se eventualmente contestar o carter estatal desses entes conhecidos como microestados, de que so exemplos Andorra, Liechtenstein e Mnaco;

- O entendimento majoritrio o de que no existe um conjunto de requisitos bsicos que os elementos essenciais do Estado devem observar para que o ente estatal possa efetivamente existir;

- Assim, no h exigncia de que o Estado tenha uma extenso territorial mnima, um nmero mnimo de nacionais e um conjunto imprescindvel de atribuies a serem exercidas por seu governo para que o ente estatal seja uma pessoa internacional. Nesse sentido, inclusive, j decidiu a CIJ que a qualidade de sujeito de direito internacional no depende da quantidade de direitos e obrigaes do qual um Estado titular;

- A cesso de prerrogativas soberanas a outras entidades no mais exclusiva dos microestados. Na unio europeia, por exemplo, a maioria dos Estados abriu mo de ter uma moeda prpria e da capacidade de formulao de suas polticas macroeconmicas, do mesmo modo o Equador que adota o dlar americano como moeda nacional;

SURGIMENTO DOS ESTADOS

- O foco principal deste ponto classificar as formas pelas quais nascem os entes estatais;

- O aparecimento dos Estados , essencialmente, resultado de processos histricos. Nesse passo, a histria registra que os Estados nasceram de conflitos armados, de movimentos de independncia ou de unificao nacional, da diviso de Estados maiores, de negociaes polticas, do voto popular, etc;

- Porm, o Direito Internacional pode influenciar o surgimento de um Estado. Exemplo: o principio da autodeterminao dos povos contribuiu para a descolonizao da frica e da sia na segunda metade do sculo XX, e negociaes ocorridas dentro na ONU contriburam para a criao do Estado de Israel;

- No passado, a ocupao de terra desabitada e cuja posse no era reclamada por ningum (terra nullius) era a forma comum no s do aparecimento de um Estado, mas tambm de aquisio de territrio por entes estatais j existentes. Hoje no h mais espaos caracterizados como terra de ningum, assim no mais possvel o surgimento deste modo;

- A conquista de territrios pertencentes a outros Estados tambm era um modo tanto de surgimento de um novo ente estatal como a aquisio de territrio um Estado que j existia. Com a proibio da guerra de conquista a partir do sculo XIX, esse modelo de criao caiu em desuso;

- A guerra pode levar criao de Estados; Ex: Aps a I Guerra Mundial, por exemplo, o Imprio Austro-Hngaro desapareceu dando lugar a ustria e a Hungria. Atualmente o surgimento o aparecimento de novo Estado em decorrncia de guerra ser considerado ilegal se esta envolver violao das normas relativas ao uso da fora nas relaes internacionais, que licito apenas na defesa do ente estatal em caso de agresso ou no legitimo interesse da sociedade internacional de manter e promover a paz e a segurana do mundo;

- possvel vislumbrar o aparecimento de um novo Estado a partir da separao de parte de seu territrio. Este fenmeno tambm chamado de desmembramento (quando resultado de descolonizao) ou secesso (quando uma parte de um Estado que no sua colnia dele se separa, como foi o caso do Uruguai, antiga provncia Cisplatina do Brasil);

- Os Estados podem surgir, ainda, da dissoluo ou desintegrao de entes estatais, que desaparecem para dar lugar a novos Estados. Ex: Unio Sovitica que foi dissolvida em Rssia, Armnia e Litunia, bem como a Iugoslvia que deu lugar a Srvia, Crocia e Bsnia;

- E por fim, os Estados, podem ser criados a partir da fuso, agregao ou unificao, que ocorre quando dois ou mais entes estatais desaparecem para dar lugar a um s, como a antiga Repblica rabe Unida, fruto da unio entre Egito e Sria;

RECONHECIMENTO DE ESTADO E GOVERNO

- antiga a evidncia de que as comunidades humanas, em maior ou menor escala, raramente foram ou so auto-suficientes. Esse tambm o caso do Estado, cuja existncia em condies satisfatrias normalmente dependem de intercmbio com outros entes estatais, envolvendo bens, servios e tecnologias etc;

- Os institutos do reconhecimento de Estado e de governo reveste-se de importncia, na medida em que ambos se referem capacidade de o ente estatal manter vnculos com outros Estados e organismos internacionais e, desse modo, se inserir efetivamente na dinmica das relaes internacionais;

- O reconhecimento de Estado ato unilateral pelo qual um ente estatal constata o aparecimento de um novo Estado e admite tanto as conseqncias jurdicas inerentes a este fato como que considera o novo ente estatal como um sujeito com o qual poder manter relaes vlidas no campo jurdico;

- O reconhecimento do um Estado implica apenas que aquele que reconhece aceita a personalidade de reconhecido com todos os direitos e deveres determinados pelo Direito Internacional, como reza o artigo 8 da Conveno de Montevidu sobre os Direitos e Deveres dos Estados, de 1933;

- PORTELA, alerta que muitos defendem que o reconhecimento ato constitutivo do Estado e consiste em um dos elementos essenciais. Porm, esse entendimento minoritrio, mormente por condicionar o surgimento de um Estado anuncia de outros entes estatais, que poderiam no ter o menor interesse poltico no fato. Inclusive, o art. 3 da Conveno de Montevidu sobre Direitos e Deveres dos Estados, explcito ao determinar que A existncia poltica do Estado independe do seu reconhecimento pelos demais Estados;

- ato discricionrio, fundamentado, portanto, em consideraes de interesse nacional;

- Ato unilateral. A sua validade repousa na manifestao de vontade de um nico sujeito de direito e produz efeitos jurdicos;

- Ato irrevogvel. Quem efetuou o reconhecimento no pode retir-lo discricionariamente. Sendo, contudo, dado ao Estado que preencha os requisitos antes enunciados. Deixando de existir um dos requisitos o reconhecimento desaparece;

- Espcies de reconhecimento. O reconhecimento dividido pelos autores em espcies, a saber: tcito ou expresso, de jure ou de facto, individual ou coletivo:

- Ser tcito o reconhecimento quando o propsito se revela atravs de atos que tornam aparentes a aceitao do novo Estado como pessoa de direito internacional.

- E expresso se provm de um ato emanado de um rgo competente, atravs de uma nota, decreto ou tratado que declara inequivocamente o propsito de reconhecer;

- De jure o reconhecimento completo, definitivo e irrevogvel e de facto se provisrio ou limitado a certas relaes jurdicas e revogveis. Esta distino insubsistente por ser todo reconhecimento irrevogvel;

- Individual ser o reconhecimento emanado de um nico Estado. Coletivo se de vrios Estados. Ex:

- No confundir o Reconhecimento de Estado com o Reconhecimento de Governo! O primeiro pressupe o segundo, mas pode haver o reconhecimento de governo no originrio, em um Estado que j existe h tempo, quando h mudanas polticas. Uma vez emitido, o reconhecimento, que ato unilateral, no pode ser revogado, o que no impede o Estado de expressar seu repdio conduta do novo Estado ou do novo governo instalado;

- O reconhecimento de Governo no importa no reconhecimento de sua legitimidade, mas significa apenas que este possui, de fato, o poder de dirigir o Estado e o de o representar internacionalmente. O reconhecimento do Estado comporta automaticamente o do governo que est no poder. Se a forma do governo muda, isto no altera o reconhecimento do Estado. S o novo governo ter necessidade de novo reconhecimento;

- O reconhecimento do Governo tambm ato unilateral, discricionrio, no-obrigatrio, irrevogvel e incondicionado. Entretanto, est vinculado ao compromisso do governo com as principais normas de Direito Internacional e, em muitos casos, ao restabelecimento da normalidade institucional e do regime democrtico;

- So duas as Doutrinas para Reconhecimento de Governo:

- A DOUTRINA TOBAR (Ministro das Relaes Exteriores do Equador- 1907):

- No se deve reconhecer governo algum oriundo de golpe de Estado ou de revoluo, enquanto o povo do respectivo pas, por meio de representantes livremente eleitos no o tenham reorganizado constitucionalmente. Ex: A Venezuela (Anos 60), sob o Governo de Betancourt e Ral de Leone, praticou declaradamente a doutrina Tobar. Rompeu relaes diplomticas com o Brasil em 1964 e a restabelece aps dois anos e meio; com a Argentina, 1966 e com o Per, 1968 ( governo de esquerda);

- A DOUTRINA ESTRADA (TAMBM CHAMADA DE DOUTRINA DA EFETIVIDADE) (Genaro Estrada (1930) Secretrio das Relaes Exteriores do Mxico):

- o reconhecimento do governo constitui prtica afrontosa, que fere a soberania da nao interessada e importa em atitude crtica. Esta doutrina restou triunfante. A postura mais comum se for o caso, a ruptura de relaes diplomticas com um regime que se avalie impalatvel. O que se pretendeu com esta doutrina foi repudiar as ingerncias indevidas e os juzos crticos dos Estados sobre o governo estrangeiro, baseada no princpio da no-interveno em assuntos internos estatais. (art. 8, Conveno de Montevidu);

- Concluso: O reconhecimento acaba sendo um ato de convenincia poltica;

- Na atualidade o Direito Internacional vem apresentando uma preocupao crescente com a promoo da democracia;

- Nesse sentido, comum que, diante de golpes de estado ou de revolues, a sociedade internacional se manifeste no sentido de cobrar o rpido retorno normalidade da democrtica, sem o que se pode ser reduzida a intensidade das relaes com o ente estatal onde houve quebra da ordem institucional;

- Alm disso, mecanismos de integrao regional, como o MERCOSUL, condicionam a participao dos Estados dos blocos regionais ao compromisso com a democracia, levando a quebra da ordem democrtica a suspenso ou expulso do ente estatal do mecanismo integracionista essa regra est inserida no Protocolo de Ushuaia sobre compromisso democrtico no MERCOSUL, Bolvia e Chile (Decreto 4.210, de 24/04/2002) tambm a regra do Protocolo de Assuno sobre Compromisso com a Promoo e a Proteo dos Direitos Humanos do MERCOSUL, de 2005 (Decreto 7.225, de 01/07/2010);

RESUMO

DIREITOS E DEVERES DOS ESTADOS

- Os Estados so dotados de personalidade jurdica internacional e, nesse sentido, tm a capacidade de ser sujeitos de direitos e de contrair obrigaes na sociedade internacional, fato que se infere no s da prpria noo de personalidade, mas tambm das normas internacionais, que conferem aos entes estatais inmeras prerrogativas e os obrigam a observar determinadas condutas; - Os direitos e deveres fundamentais dos Estados encontram-se consagrados tanto no costume como na norma escrita, cujo o principal exemplo a Conveno de Montevidu sobre os Direitos e Deveres dos Estados, firmada em 1933 e ainda em vigor, inclusive no Brasil, onde foi promulgada pelo Decreto 1.570 de 13/04/1937;

- Os Direitos Fundamentais tm como base o direito existncia, que o direito que tem o Estado de existir e de continuar existindo enquanto ente soberano. Por conta deste direito, os Estados podem/devem: a) tomar todas as medidas necessrias em relao ao ingresso ou sada de estrangeiros do territrio nacional; b) organizar a dar competncia aos tribunais internos, para que estes apliquem as leis necessrias existncia do Estado; (exerccio da jurisdio) c) criar um brao armado nacional.

Todos os direitos estatais derivam do direito existncia, que por sua vez no absoluto e deve ser exercido nos limites das normas de Direito Internacional Pblico.- OBS: Para Accioly s existe um Direito fundamental: Direito Existncia (primordial) e do qual decorrem todos os demais. Para Verdross (5 direitos): Direito Independncia, Direito Conservao, Direito Igualdade, Direito Honra (ou ao respeito mtuo) e o Direito a Comerciar. Para Gerson Britto Mello Boson: Direito Fundamental Existncia, Direito Igualdade, Direito ao Respeito Mtuo e Direito ao Comrcio Internacional.

- A Carta da OEA enumera dos arts. 9 ao 22 os direitos e deveres fundamentais;

- Os deveres dos Estados podem ser classificados em: a) deveres jurdicos: decorrem das fontes primrias de Direito Internacional Pblico e podem ter seu cumprimento exigido coercitivamente pelos meios admitidos em Direito Internacional Pblico. O principal dever jurdico dos Estados o dever de no-interveno. H tambm o dever de respeitar a jus cogens; b) deveres morais: baseiam-se nos princpios da cortesia, da humanidade, da equidade e da justia natural. No podem ter seu cumprimento exigido coercitivamente nem seu descumprimento gera sano jurdica. Muitos dos deveres morais acabam positivando-se com o tempo, passando a ser deveres jurdicos;

RESUMO

DOUTRINA DRAGO

- A formao histrica do principio da no-interveno incluiu a concepo da Doutrina Drago;- Esta doutrina tinha tambm o objetivo para a defesa da Amrica Latina contra a interveno estrangeira

- A DOUTRINA DRAGO, enunciada por Lus Maria Drago, ento Ministro das Relaes Exteriores e Cultura da Argentina, em 1902. Sustentava ele que um Estado no podia intervir militarmente em outro para cobrar dvidas deste Estado. Em 1907, com a colaborao do estadunidense Horace Porter, a doutrina, que ento passou a chamar-se DRAGO-PORTER, ficou enunciada da seguinte forma: Com o fim de evitar entre naes incidentes armados de origem pecuniria proveniente de dvidas contratuais reclamadas como dvidas a nacionais de outro Estado, as potncias convencionam no recorrer fora armada para a cobrana de tais dvidas contratuais.

- A regra hoje corrente a de que a interveno individual s cabe quando se tratar da manuteno da segurana coletiva e no interesse da sociedade internacional, por meio de procedimento prprio do organismo internacional competente;

- Uma das mais importantes restries aos direitos fundamentais dos Estados a imunidade jurisdio e execuo estatal de que gozam os representantes de um Estado, bem como o imvel onde funciona a representao (embaixada) no territrio de outro, que ficam sujeitos apenas jurisdio de seu pas de origem, por uma fico de extraterritorialidade. Tal se faz com o fim de garantir aos representantes de um Estado a liberdade e independncia necessrias ao exerccio pleno de suas funes;

EXTINO E SUCESSO DE ESTADOS

- A extino de um estado depende, em principio, apenas da perda de algum de seus elementos;

- Na prtica os Estados podem extinguir-se por fuso, unificao, reunificaes ou agregao, quando dois ou mais entes estatais se unem para formar um novo Estado, como ocorreu com a Alemanha Oriental, que desapareceu para se juntar Repblica Federal da Alemanha;

- Outra forma de extino dos Estados a dissoluo ou desintegrao, que ocorre quando um estado maior desaparece para lugar a outros, como foi o caso da Iugoslvia e Unio Sovitica;

- Em realidade a extino do Estado coloca em pauta a discusso da sucesso dos direitos e deveres do ente estatal extinto, bem como, aparece tal problemtica quando uma parte do territrio de um Estado passa a pertencer a outro ente estatal;

- A matria regulada por normas costumeiras e pelas Convenes de Viena sobre a Sucesso de Estados em Matria de Tratados, de 1978, e sobre a Sucesso de Estados em matria de Bens, Arquivos e Dvidas de 1983, nenhuma das quais em vigor para o Brasil;

- possvel que a sucesso possa ser regulada pela lei interna do Estado sucessor. Por fim, nada impede que os entes estatais envolvidos (antecessor e sucessor) acertem os termos da sucesso entre si, desde que no violem o jus cogens;

- EFEITOS DA EXTINO:

QUANTO AOS TRATADOS: a) Teoria da sucesso automtica Os tratados anteriormente concludos pelo Estado sucedido passam a valer automaticamente no territrio do estado sucessor; b) Teoria da Tabula rasa O Estado sucessor no obrigado a aceitar os tratados ento em vigor no territrio do Estado sucedido. Essa teoria tem prevalecido, e com ela a idia de que os tratados internacionais devem ser extintos por efeito da sucesso de Estados;

- No caso da anexao total, extinto o Estado, com ele tambm se extinguem os tratados por ele celebrados;

- No caso de anexao parcial, o entendimento corrente no sentido de que os tratados gerais concludos entre o Estado anexado tambm se extinguem, permanecendo em vigor somente aqueles tratados reais, relativos parte territorial incorporada pelo outro Estado. Essa oscilao dos tratados chamada de princpio da mobilidade das fronteiras nos tratados, significando que a autoridade dos acordos internacionais concludos pelo Estado desanexado cedem lugar ao Estado anexante. Na anexao total, os tratados ratificados pelo Estado anexador estendem-se ao estado anexado, salvo se circunstancias muito excepcionais indicarem o contrrio (no sendo a recproca verdadeira).- OBS:* O art. 16 Conveno de Viena sobre sucesso de Estados em matria de tratados demonstra uma inclinao pela teoria da tabula rasa;

QUANTO NACIONALIDADE:

- Seja no caso de anexao total ou parcial, a nacionalidade do Estado anexador se estende populao do estado anexado. No caso de separao, diviso ou desmembramento de Estado, a soluo seria estender a nacionalidade dos novos Estados aos nacionais do antigo.

QUANTO S OBRIGAES FINANCEIRAS:

- No que respeita s dvidas de Estado, a Conveno de Viena de 1983, no art. 33, as define como toda obrigao financeira de um Estado, face a outro Estado ou a uma organizao internacional ou qualquer outro sujeito de Direito Internacional. Nota-se, assim, que aquela Conveno no cogita das situaes de direitos dos particulares (denominao genrica para designar pessoas de direito interno, fsicas ou jurdicas), que possam ser atingidos por uma mudana na titularidade da soberania de um Estado, sobre o territrio onde se encontram seus bens e direitos, quaisquer que sejam os plos das obrigaes: outros particulares ou o prprio Estado sucessor. O princpio fundamental se encontra definido no art. 36 daquela Conveno, em virtude do qual uma sucesso de Estados no atinge, enquanto tal, quaisquer direitos dos credores do Estado, dependendo, contudo do tipo de sucesso;

- No caso de descolonizao (art. 38), nenhuma dvida passa ao novo Estado, salvo no caso de haver acordos formais em contrrio, que podem eventualmente considerar certas dvidas anteriormente contradas em benefcio exclusivo do territrio colonial e a importncia dos ativos imobilizados, os quais se incorporaram automaticamente ao novo Estado, sem compensao;

- No caso de dissoluo de Estados, e no caso de secesso de Estados, as dvidas dos Estados precedentes passam, em propores eqitativas, ao(s) Estado(s) sucessor(es), levando-se em conta os bens, direitos e interesses que tais dvidas representam para os territrios dos Estados sucessores; (princpio da repartio ponderada da dvida)

QUANTO LEGISLAO INTERNA:

- A regra que ocorrendo anexao (total ou parcial), o estado anexado passa a reger-se pelas leis que esto em vigor no territrio do Estado incorporador, que regula soberanamente a vigncia das novas regras jurdicas do territrio.

QUANTO AO DOMNIO DO ESTADO:

- Todos os bens que integram o domnio pblico do Estado so transferidos pro Estado anexador;

QUANTO AS ORGANIZAES INTERNACIONAIS:

- A regra de que o sucessor no toma o lugar do predecessor nas organizaes internacionais, dependendo a participao nessa entidades de pedido de ingresso, apreciado nos termos dos requisitos estabelecidos nos respectivos atos constitutivos;

TERRITRIO

CONCEITO- Espao fsico dentro do qual o Estado exerce o seu poder soberano. portanto, o mbito geogrfico do exerccio da jurisdio estatal;

- Excepcionalmente, o Estado exerce a jurisdio estatal em espaos fora dos seus territrios, que se consideram como se extenso do territrio nacional fossem, ainda que na realidade no o sejam. Tais espaos so as aeronaves e embarcaes militares onde quer que se encontrem, as aeronaves e embarcaes privadas que estejam em guas internacionais ou no espao areo internacional, as misses diplomticas e consulares e artefatos espaciais e as bases militares;

- O fato de a competncia soberana estatal alcanar espaos fora de seu territrio na implica que tal poder se exera de maneira livre de amarras. Com efeito, e dada a excepcionalidade dessa situao, bem como em nome da convivncia pacifica entre os povos, deve a jurisdio de um Estado ser exercida, nesses casos, dentro do estrito respeito ao Direito Internacional e ordem pblica de outros Estados;

AQUISIO E PERDA (TERRITRIO)

- Antigamente ocorria a aquisio do territrio pela descoberta, posse e ocupao da terra desabitada (terra nullius ou terra de ningum), ou habitada por povos que no seguiam o modelo de organizao estatal concebido na Europa Ocidental e que no estavam sob o poder de nenhuma soberania;

- Tambm ensejava a aquisio territorial a ocupao de terra abandonada por seu antigo soberano (terra derelicta);

- Outro meio de aquisio territorial era a conquista militar de reas pertencentes a outros Estados. Com a vedao, nas relaes internacionais, do uso da fora, da guerra de conquista e de aes militares voltadas a promover a anexao de territrio, tal meio atualmente considerado ilcito;

- Atualmente, o territrio pode ser adquirido por negociaes internacionais que visem a resolver litgios fronteirios ou problemas que possam ser solucionados pela cesso de uma parcela da rea geogrfica de um Estado a outro;

- H possibilidade tambm, do territrio ser obtido por adjudicao, ou seja, a partir da deciso tomada por mecanismo internacional de soluo de controvrsias;

- Pode ocorrer atualmente tambm pela acesso, ou seja, a partir da ao exclusiva das foras da natureza, como por meio de aluvio (aterros naturais que vo gradativamente se acumulando), avulso (desprendimento de pedaos de terra de um Estado que vo se unir ao territrio de outro Estado) ou aparecimento de ilha, como conseqncia de atividades vulcnicas ou similares;

- A aquisio pode ser feita a titulo gratuito e oneroso, podendo incluir pagamento em dinheiro ou outras contrapartidas;

- A perda do territrio normalmente decorre de sua aquisio por outros Estados;

FRONTEIRAS- Fronteira o limite fsico do territrio e do exerccio do poder do Estado;

- As fronteiras normalmente so estabelecidas por Tratados, embora a histria revele que alguns Estados definiram seus limites pela arbitragem ou pela mediao;

- As fronteiras podem ser naturais ou artificiais, as primeiras so resultantes de acidentes geogrficos, como cordilheira e rios. As segundas so criadas pelos Estados, normalmente aproveitando-se de linhas geodsicas (paralelos e meridianos) ou traos que unem dois pontos no espao, indicados mais ou menos aleatoriamente;

JURISDIO TERRITORIAL: DIREITOS TERRITORIAIS. IMPERIUM E DOMINIUM

- O territrio a rea geogrfica sobre a qual o Estado tem jurisdio, ali fazendo incidir a sua ordem jurdica e exercendo o seu poder soberano;

- A jurisdio estatal geral e exclusiva. Geral porque abrange todas as competncias tpicas de um Estado (administrativa, legislativa, jurisdicional). Exclusiva porque o ente estatal no deve coexistir com outra soberania nesse espao geogrfico;

- Entretanto, a competncia do Estado sobre seu territrio no absoluta. De fato, h casos em que o ente estatal no exerce a jurisdio sobre certas pessoas, bens e reas, como diante de privilgios e imunidades gozados por Estados estrangeiros, organismos internacionais e autoridade de outros entes estatais, como os diplomatas. Do mesmo modo, a lei estrangeira pode aplicar-se no territrio do Estado, em hipteses reguladas pelo Direito Internacional Privado;

- H tambm a possibilidade de atuao extraterritorial do poder estatal, onde um Estado pode, por exemplo, exercer sua jurisdio sobre suas misses diplomticas e consulares, pode entender-se competente para julgar um nacional seu por ato que este tenha praticado no exterior ou pode ter normas de seu Direito nacional aplicadas no estrangeiro, com fundamento no Direito Internacional Privado; Esta ao extraterritorial ser ilcita se no for consentida, em geral de forma expressa, pelo ente estatal onde essa ao ocorre;

- A relao do Estado com o territrio objeto de duas teorias sintetizadas no Dominium e de Imperium:

a) Dominium: o Estado seria proprietrio do territrio e, portanto, titular de um direito real, exercido diretamente sobre uma coisa, o solo, com o qual o ente estatal teria relao de domnio e do qual poderia dispor de modo absoluto e exclusivo; b) Imperium: No existiria domnio, mas sua relao pela qual o Estado exerceria seu poder sobre as pessoas e, por meio destas, sobre o territrio;

IMUNIDADE JURISDIO ESTATAL

- A imunidade refere-se impossibilidade de que certas pessoas sejam julgadas por outros Estados contra a sua vontade e que seus bens sejam submetidos a medidas por parte das autoridades dos entes estatais onde se encontram ou onde atuam;

- No Direito Internacional, tais pessoas so, fundamentalmente, os Estados estrangeiros, as Organizaes Internacionais e os rgos (autoridades) de Estados Estrangeiros;

- A imunidade se fundamenta, em sntese, na proteo das pessoas naturais e jurdicas que atuam nas relaes internacionais, que precisam contar com a prerrogativa de exercer suas funes sem constrangimentos de qualquer espcie, que possam afetar a expresso de sua vontade;

- A imunidade de jurisdio configura limitao direta da soberania, pelo que est estritamente regulada pelo Direito Internacional;

IMUNIDADE DO ESTADO ESTRANGEIRO: ORIGEM, FUNDAMENTOS E LIMITES

- A atuao do ente estatal no exterior envolve a seguinte pergunta: uma controvrsia que envolva um Estado estrangeiro pode ser solucionada pelo Judicirio nacional de outro ente estatal? Essa a questo da Imunidade de jurisdio do Estado estrangeiro, cuja a resposta foi objeto de duas vises principais: uma clssica que vedava totalmente a possibilidade de julgamento e que se encontra superada, e uma moderna, que permite esse julgamento em certas hipteses e que atualmente acolhida dentro do Direito das Gentes e na maioria dos pases do mundo, como o Brasil;

- O tema imunidade de jurisdio do Estado no objeto de nenhum tratado vlido para o Brasil;

- H normas escritas a respeito do assunto, no Direito Internacional, vigora na Europa a Conveno Europeia sobre a Imunidade de Jurisdio dos Estados (Conveno da Basilia), de 1972. Alm disso alguns pases regulam o tema no ordenamento interno, a exemplo dos EUA e do Reino Unido;

- No Brasil, o marco jurdico do tema definido pela jurisprudncia dos tribunais superiores (STJ e STF), com fulcro na norma costumeira internacional;

VISO CLSSICA: PAR IN PAREM NON HABET JUDICIUM/IMPERIUM

- Por esta teoria o Estado Estrangeiro no poderia ser julgado, pelas autoridades de outro Estado contra a sua vontade, com fundamento no princpio par in parem non habet judicium/imperium (iguais no podem julgar iguais);

- Atualmente a viso clssica encontra-se superada, no mais guiando os Estados diante da possibilidade de exame de um processo judicial em que o ru outro Estado Soberano. Entretanto, o inteiro teor da noo tradicional na matria foi acolhido pela noo moderna a respeito do tema da imunidade de jurisdio e ainda empregada quando o Estado pratica os chamados atos de imprio, conforme veremos a seguir;

VISO MODERNA: ATOS DE IMPRIO E ATOS DE GESTO

- No final do sculo XIX e a dcada de 60 do sculo passado, a doutrina comeou a discutir a plausibilidade de que o Estado estrangeiro fosse levado ao Judicirio por outro Estado contra a sua vontade;

- Os debates culminaram com a noo de que os Estados estrangeiros podem ser obrigados a responder por seus atos em outros Estados dentro de certas condies, cuja expresso mais notria a teoria que distingue os atos estatais em atos de imprio e atos de gesto;

- Atos de imprio (jure imperium) so aqueles que o Estado pratica no exerccio de suas prerrogativas soberanas e no tocante as quais continua a gozar de imunidade de jurisdio. Ex: Atos de guerra, atos de concesso ou de denegao de visto e atos de admisso de estrangeiro no territrio de em Estado ou que configurem impedimento de ingresso ou deportao;

- Neste sentido o entendimento do STJ, literis:

RECURSO ORDINRIO. AO DE INDENIZAO CONTRA ESTADO ESTRANGEIRO. ATO DE GUERRA. IMUNIDADE ABSOLUTA. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Em se tratando de ato de guerra, a imunidade de jurisdio absoluta, no comportando excees. 2. A Repblica Federativa da Alemanha, em todas as aes de indenizao idnticas presente, decorrentes de afundamento do barco pesqueiro brasileiro Changri-La por um submarino alemo U-199, no litoral do Estado do Rio de Janeiro, quando citada, quedou-se silente, no havendo como compeli-la a responder ao indenizatria por ato de imprio. Precedentes. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no RO 110/RJ, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 11/09/2012, DJe 24/09/2012) AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINRIO. APELAO CVEL. APLICAO DO PRINCPIO DA FUNGIBILIDADE. IMPOSSIBILIDADE. ERRO GROSSEIRO. ATO DE IMPRIO. IMUNIDADE DE JURISDIO ABSOLUTA. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.1. Contra sentena que julga ao promovida contra organismo internacional, o recurso prprio o ordinrio, de competncia do Superior Tribunal de Justia, a teor do disposto nos arts. 105, II, "c", da CF c/c 539, II, "b", do CPC.2. Constitui erro grosseiro a interposio de apelao cvel quando se trata de hiptese de cabimento de recurso ordinrio. Precedentes.3. Ato de imprio - ofensiva militar durante perodo de guerra - acobertado por imunidade de jurisdio absoluta, no implicando renncia imunidade o silncio do Estado estrangeiro, que se abstm de compor a relao processual.4. Agravo regimental a que se nega provimento.(AgRg no RO 59/RJ, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 21/08/2012, DJe 08/10/2012)

- J os atos de gesto (jure gestionis) so aqueles em que o ente estatal virtualmente equiparado a um particular e a respeito dos quais no h imunidade de jurisdio; So exemplos de atos de gesto: aquisio de bens mveis e imveis, atos de natureza comercial e contratao de servios e de funcionrios locais para misses diplomticas e consulares, bem como atos que envolvam responsabilidade civil;

- No Brasil, at a dcada de 80, entendia-se que a imunidade da jurisdio estatal era absoluta, ou seja, outros entes estatais s poderiam ser rus perante o Judicirio brasileiro se renunciassem expressamente a sua imunidade;

- Porm, desde de 1989, atravs do julgado ACi 9.696, promovida no STF, admite-se no haver imunidade de jurisdio de Estado estrangeiro em matria trabalhista a ser julgada, aps o advento da Constituio de 1988, pela Justia do Trabalho, vejamos: ESTADO ESTRANGEIRO. IMUNIDADE JUDICIRIA. CAUSA TRABALHISTA. NO H IMUNIDADE DE JURISDIO PARA O ESTADO ESTRANGEIRO, EM CAUSA DE NATUREZA TRABALHISTA. EM PRINCPIO, ESTA DEVE SER PROCESSADA E JULGADA PELA JUSTIA DO TRABALHO, SE AJUIZADA DEPOIS DO ADVENTO DA CONSTITUIO FEDERAL DE 1988 (ART. 114). NA HIPTESE, POREM, PERMANECE A COMPETNCIA DA JUSTIA FEDERAL, EM FACE DO DISPOSTO NO PARAGRAFO 10 DO ART. 27 DO A.D.C.T. DA CONSTITUIO FEDERAL DE 1988, C/C ART. 125, II, DA E.C. N. 1/69. RECURSO ORDINRIO CONHECIDO E PROVIDO PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA SE AFASTAR A IMUNIDADE JUDICIRIA RECONHECIDA PELO JUZO FEDERAL DE PRIMEIRO GRAU, QUE DEVE PROSSEGUIR NO JULGAMENTO DA CAUSA, COMO DE DIREITO.(ACi 9696, Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES, Tribunal Pleno, julgado em 31/05/1989, DJ 12-10-1990 PP-11045 EMENT VOL-01598-01 PP-00016 RTJ VOL-00133-01 PP-00159)

- Esse julgado possibilitou que certos atos de entes estatais estrangeiros , entendidos como atos de gesto, podem ser apreciados pelas autoridades judicirias brasileiras, mantendo-se, porm, a imunidade para os atos de imprio;

- A maioria dos atos de gesto que aparecem com maior freqncia nas cortes brasileiras envolvem matrias trabalhistas;

- Relembrando, qualquer ato praticado pelo Estado que envolva uma relao de natureza meramente civil, comercial ou trabalhista considerado ato de gesto, e, portanto, no se encontra abrangido pela imunidade de jurisdio estatal, do mesmo modo, no h imunidade de jurisdio para o Estado estrangeiro em causas envolvendo a responsabilidade civil, conforme Ag 36.493/DF do STJ, vejamos: AO DE INDENIZAO. ESTADO ESTRANGEIRO. ALEGAO DE IMUNIDADE DE JURISDIO. NO RECONHECIMENTO. RECURSO CABIVEL DA SENTENA. RESPONSABILIDADE PELO FATO DE TERCEIRO. FALTA DE COMPROVAO DE TER O TERCEIRO AGIDO COM CULPA. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO INTERPOSTO PELO REU VENCIDO EM PRELIMINAR, MAS VENCEDOR NO MERITO. FALTA DE SUCUMBENCIA. INADMISSIBILIDADE. I - VENCIDO NA PRELIMINAR DE IMUNIDADE DE JURISDIO, MAS VENCEDOR COM A IMPROCEDENCIA DA AO DE INDENIZAO, NO PODE O REU APELAR DA SENTENA, QUE, NO MERITO, LHE FOI FAVORAVEL, POR FALTAR-LHE O PRESSUPOSTO SUCUMBENCIA. TODAVIA, O NO PROCESSAMENTO DO SEU RECURSO APELATORIO NO IMPEDE, NO CASO, QUE A MATERIA, OBJETO DA PRELIMINAR, SEJA APRECIADA PELO TRIBUNAL, POR DUAS RAZOES: PRIMEIRA, PORQUE FOI EXPRESSAMENTE SUSCITADA NAS CONTRA-RAZOES DE APELAO INTERPOSTA PELAS AUTORAS, SEGUNDA, PORQUE CONSTITUI MATERIA QUE DIZ RESPEITO A PRESSUPOSTOS DE CONSTITUIO VALIDA E REGULAR DO PROCESSO, PODENDO SER CONHECIDA DE OFICIO, EM QUALQUER TEMPO OU GRAU DE JURISDIO (C.P.C., ART. 267, PAR. 3.) E, POR ISSO, NO SUJEITA A PRECLUSO. II - A APELAO E O RECURSO ADEQUADO, ENDEREADO DIRETAMENTE AO STJ, PARA IMPUGNAR SENTENA PROFERIDA EM CAUSA, EM QUE FOREM PARTES ESTADO ESTRANGEIRO, DE UM LADO, E, DE OUTRO, PESSOA RESIDENTE OU DOMICILIADA NO PAIS (CONSTITUIO FEDERAL, ART. 105, II, "C"). III - NO HA IMUNIDADE DE JURISDIO PARA O ESTADO ESTRANGEIRO, EM CAUSA RELATIVA A RESPONSABILIDADE CIVIL.IV - NO COMPROVADO QUE O SEU PREPOSTO TENHA AGIDO COM IMPERICIA OU IMPRUDENCIA, COMO TERCEIRO PARTICIPANTE DE FATO CAUSADOR DE EVENTO DANOSO, NO HA COMO IMPOR-SE AO REU O DEVER DE INDENIZAR. V - AGRAVO DE INSTRUMENTO E APELAO DESPROVIDOS.(Ag 36.493/DF, Rel. Ministro ANTNIO DE PDUA RIBEIRO, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/08/1994, DJ 19/09/1994, p. 24677)

- Convm ressaltar que os Estados estrangeiros gozam de imunidade de jurisdio tributria, conforme estabelece a Conveno de Viena sobre Relaes Diplomticas de 1961 e de Relaes Consulares de 1963;

- Com relao a processos submetidos ao conhecimento da jurisdio brasileira, a respeito de atos de imprio praticados por Estados estrangeiros, a jurisprudncia reconhece a necessidade de que o magistrado brasileiro, antes de se declarar incompetente, contactar o ente estatal estrangeiro, por meio de comunicao dirigida Embaixada deste no Brasil, para que o Estado exera o direito imunidade jurisdicional ou submeta-se voluntariamente jurisdio ptria;

- Por fim, o silncio do ente estatal, ao no responder comunicao acima citada, no implica renncia a imunidade;

IMUNIDADE DAS ORGANIZAES INTERNACIONAIS

- um tema que inclui um grande potencial de controvrsias, e, portanto, requer o permanente acompanhamento da evoluo jurisprudencial e doutrina a respeito;

- A tendncia de alguns operadores do Direito aplicar imediatamente as mesmas noes referentes imunidade de jurisdio estatal aos organismos internacionais, entretanto, o desenvolvimento recente desta questo vem revelando peculiaridades s quais devem estar atentos todos os interessados no assunto;

- As imunidades dos Organismos Internacionais visam a permitir o exerccio das funes dessas entidades e de seus funcionrios em suas relaes com os Estados onde atuam ou com os quais mantm algum vinculo;

- As regras relativas s imunidades das organizaes internacionais encontram-se estabelecidas dentro dos seus atos constitutivos ou em tratados especficos celebrados com os Estados os quais o organismo internacional mantenha relaes, sendo, portanto, essas imunidades estabelecidas em Direito Convencional, enquanto que a imunidade de jurisdio estatal, ainda muito fundamentada na norma costumeira;

- No Brasil, os principais acordos que vigoram quanto ao tema so a Conveno sobre Privilgios e Imunidades das Naes Unidas, de 1946 (Decreto 27.784 de 16/02/1950), a Conveno sobre privilgios e Imunidades das Agncias Especializadas das Naes Unidas, de 1947 (Decreto 52.288, de 24/07/1963), e o Acordo sobre Privilgios e Imunidades da Organizao dos Estados Americanos, de 1949 (Decreto 57.942, de 10/03/1966);

- O Brasil tambm parte de tratados na matria com entidades com a Agncia Internacional de Energia Atmica (AIEA), o Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (FONPLATA), o Instituto Interamericano de Cooperao para a Agricultura (IICA), a Organizao Internacional de Telecomunicaes Martimas por Satlite (INMARSAT), a Organizao Internacional de Telecomunicaes por Satlite (INTELSAT) e a Organizao Latino-Americana de Energia (OLADE);

A JURISPRUDNCIA BRASILEIRA E O TEMA DA IMUNIDADE DAS ORGANIZAES INTERNACIONAIS

- Os Tribunais brasileiros vem tendo um posicionamento oscilante a respeito da imunidade das organizaes internacionais, evoluindo de um entendimento relativizador dessa imunidade para uma percepo da imunidade dos organismos internacionais como absoluta;

- At 2009, o TST, adotando precedentes do STF alusivos aos Estados Estrangeiros, vinha decidindo que os Organismos Internacionais no tinham imunidade de Jurisdio para julgamentos referentes a relaes trabalhistas, com o fundamento na noo de que os atos ligados aos vnculos laborais seriam similares aos atos de gesto praticados pelos Estados;

- A partir de 2009, comearam a surgir decises dentro do prprio TST que divergiam desse entendimento, acrescentando que os vnculos laborais com os Organismos Internacionais estariam fora do alcance das normas da CLT e se encontrariam integralmente submetidos s normas trabalhistas do prprio Organismo Internacional;

- Assim, em 2012, atravs da OJ n 416 da SDI-1 do TST, consolidou o entendimento, ao qual, at o momento vem sendo aplicado nos dias atuais, conforme julgado que segue:

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO PRIMEIRO RECLAMADO (PNUD). IMUNIDADE DE JURISDIO. ORGANISMO INTERNACIONAL. Nos termos da OJ n 416 da SDI-1 do TST, "As organizaes ou organismos internacionais gozam de imunidade absoluta de jurisdio quando amparados por norma internacional incorporada ao ordenamento jurdico brasileiro, no se lhes aplicando a regra do Direito Consuetudinrio relativa natureza dos atos praticados". Recurso de revista conhecido e provido. ( ARR - 29800-68.2007.5.10.0020 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 04/03/2015, 8 Turma, Data de Publicao: DEJT 06/03/2015) - Esse entendimento parte tambm da obrigao de cumprir os tratados que atribuem imunidade aos Organismos Internacionais;

- Os Organismos Internacionais no podem ter o mesmo tratamento do Estado no tocante ao tema da imunidade, visto que ambos se tratam de entes com caractersticas distintas, a comear pelo fato de que as organizaes internacionais so inteiramente compostas e pautadas por tratados e no possuem territrio nem soberania;

- Em suma, as Organizaes Internacionais gozam de IMUNIDADE DE JURISDIO ABSOLUTA, com fundamento nos tratados pertinentes, dos quais o Brasil faa parte;

- Havendo conflito entre um Organismo Internacional e um empregado seu, a controvrsia deve ser solucionada pelos mecanismos indicados pela prpria entidade, como foros arbitrais ou tribunais administrativos da prpria organizao. Ex: Tribunal Administrativo das Naes Unidas (TANU);

- Somente em 2013 o STF admitiu expressamente a imunidade de jurisdio das organizaes internacionais, antes, apenas tinha feito tocante aos Estados, vejamos o julgados a seguir: Ementa: DIREITO INTERNACIONAL PBLICO. DIREITO CONSTITUCIONAL. IMUNIDADE DE JURISDIO. ORGANIZAO DAS NAES UNIDAS (ONU). PROGRAMA DAS NAES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (ONU/PNUD). RECLAMAO TRABALHISTA. CONVENO SOBRE PRIVILGIOS E IMUNIDADES DAS NAES UNIDAS (DECRETO 27.784/1950). APLICAO. 1. Segundo estabelece a Conveno sobre Privilgios e Imunidades das Naes Unidas, promulgada no Brasil pelo Decreto 27.784, de 16 de fevereiro de 1950, A Organizao das Naes Unidas, seus bens e haveres, qualquer que seja seu detentor, gozaro de imunidade de jurisdio, salvo na medida em que a Organizao a ela tiver renunciado em determinado caso. Fica, todavia, entendido que a renncia no pode compreender medidas executivas. 2. Esse preceito normativo, que no direito interno tem natureza equivalente a das leis ordinrias, aplica-se tambm s demandas de natureza trabalhista. 3. Recurso extraordinrio provido.(RE 578543, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acrdo: Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 15/05/2013, DJe-100 DIVULG 26-05-2014 PUBLIC 27-05-2014 EMENT VOL-02732-01 PP-00001) Ementa: DIREITO INTERNACIONAL PBLICO. DIREITO CONSTITUCIONAL. IMUNIDADE DE JURI SDIO. ORGANIZAO DAS NAES UNIDAS (ONU). PROGRAMA DAS NAES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (ONU/PNUD). RECLAMAO TRABALHISTA. CONVENO SOBRE PRIVILGIOS E IMUNIDADES DAS NAES UNIDAS (DECRETO 27.784/1950). APLICAO. 1. Segundo estabelece a Conveno sobre Privilgios e Imunidades das Naes Unidas, promulgada no Brasil pelo Decreto 27.784, de 16 de fevereiro de 1950, A Organizao das Naes Unidas, seus bens e haveres, qualquer que seja seu detentor, gozaro de imunidade de jurisdio, salvo na medida em que a Organizao a ela tiver renunciado em determinado