aulas consumidor 2 unidade

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2ª UNIDADE – ROTEIRO 1. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 2. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 3. PRÁTICAS COMERCIAIS 4. PROTEÇÃO CONTRATUAL 5. SANÇÕES ADMINISTRATIVAS 6. A DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO AULA DE 06/05 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. O CDC positivou em ser art. 28 os requisitos que permitem ao magistrado desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade para atingir o patrimônio de seus sócios. Não se trata de dissolução da personalidade jurídica, mas de mera desconsideração para responsabilizar seus sócios que podem esconder-se por trás dela a fim de causar prejuízos aos consumidores e ao mercado de consumo. Desta feita, toda vez que em detrimento do consumidor verificar-se abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social, a desconsideração será efetivada. Será também decretada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração, ou quando a personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Atente-se que as sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações assumidas pelos fornecedores perante os consumidores. Já a responsabilidade das sociedades consorciadas é solidária, e as sociedades coligadas só responderão por culpa. Art. 28 do CDC. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 1. Conceituação. Coube a doutrina e a jurisprudência fazerem a distinção entre prescrição e decadência. A primeira esta ligada à lesão do direito, cuja ocorrência faz surgir novo dever jurídico para o transgressor – a responsabilidade – e o novo poder jurídico para aquele que sofreu a lesão – a pretensão, devendo esta ser entendida como o poder de invocar a tutela do Estado. Se esta pretensão não for exercida no prazo legal, ocorre a prescrição.

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ROTEIRO DE AULAS CONSUMIDOR

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2 UNIDADE ROTEIRO 1. DESCONSIDERAO DA PERSONALIDADE JURDICA2. PRESCRIO E DECADNCIA3. PRTICAS COMERCIAIS4. PROTEO CONTRATUAL5. SANES ADMINISTRATIVAS6. A DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUZO

AULA DE 06/05DESCONSIDERAO DA PERSONALIDADE JURDICA.O CDC positivou em ser art. 28 os requisitos que permitem ao magistrado desconsiderar a personalidade jurdica da sociedade para atingir o patrimnio de seus scios. No se trata de dissoluo da personalidade jurdica, mas de mera desconsiderao para responsabilizar seus scios que podem esconder-se por trs dela a fim de causar prejuzos aos consumidores e ao mercado de consumo.Desta feita, toda vez que em detrimento do consumidor verificar-se abuso de direito, excesso de poder, infrao da lei, fato ou ato ilcito ou violao dos estatutos ou contrato social, a desconsiderao ser efetivada.Ser tambm decretada quando houver falncia, estado de insolvncia, encerramento ou inatividade da pessoa jurdica provocados por m administrao, ou quando a personalidade for, de alguma forma, obstculo ao ressarcimento de prejuzos causados aos consumidores.Atente-se que as sociedades integrantes dos grupos societrios e as sociedades controladas so subsidiariamente responsveis pelas obrigaes assumidas pelos fornecedores perante os consumidores. J a responsabilidade das sociedades consorciadas solidria, e as sociedades coligadas s respondero por culpa. Art. 28 do CDC.

PRESCRIO E DECADNCIA1. Conceituao.Coube a doutrina e a jurisprudncia fazerem a distino entre prescrio e decadncia. A primeira esta ligada leso do direito, cuja ocorrncia faz surgir novo dever jurdico para o transgressor a responsabilidade e o novo poder jurdico para aquele que sofreu a leso a pretenso, devendo esta ser entendida como o poder de invocar a tutela do Estado. Se esta pretenso no for exercida no prazo legal, ocorre a prescrio.Em doutrina define-se a prescrio como sendo a convalescena de uma leso de direito pela inrcia do seu titular e o decurso do tempo. Art. 189 do CC.Na decadncia o que se atinge uma faculdade jurdica, modernamente denominada de direito potestativo, quando o seu exerccio est subordinado a uma prazo fatal estipulado pela lei.Conclui-se, portanto, que s h prescrio de direito subjetivo, isto , quando ao direito do titular corresponde um dever jurdico para que, pela violao deste, surja a leso e, consequentemente, a prescrio. Onde no se tiver um direito subjetivo, mas to-somente uma faculdade jurdica (ou direito potestativo) qual no corresponda um dever de outrem, no se pode ter leso de direito nem prescrio, a s pode ocorrer decadncia.Resumo:Decadncia a perda do direito potestativo, ou seja, extingue-se o direito aps escoar o prazo previsto em lei. Devemos salientar que o objeto da decadncia o direito, diferente da prescrio que atinge a pretenso.

Prescrio, portanto, consiste na perda da pretenso, isto , extingue-se a pretenso aps decorrer o prazo disposto em lei.Entende-se como pretenso o poder de exigir de outrem, em juzo, uma prestao. A violao de um direito, por conseguinte, gera para o seu titular uma pretenso, e por meio de um processo o autor busca satisfaz-la.Verifica-se que, no obstante, a prescrio atinja a faculdade que o autor tem de propor ao contra o ru, permanece o seu direito frente a este, com efeito, o direito a prestao devida continuar com o credor, porm, no poder exigi-lo judicialmente.Alm disso, opera para aquele que se manteve inerte a precluso temporal, todavia, difere da prescrio e da decadncia, visto que, s ocorre dentro do processo.Denomina-se precluso temporal a perda da faculdade ou direito processual por no exerccio em tempo til, em outras palavras, ultrapassado o limite de tempo estabelecido para pratica de um ato processual, este no poder ser praticado.Ademais, o autor que d causa a extino do processo sem resoluo do mrito pelo abandono da causa por mais de 30 (trinta) dias, por trs vezes, incorre em perempo.Perempo a perda do direito do autor renovar a propositura da mesma ao. Embora a perempo cause a perda do direito de ao, nada impede que a parte invoque seu eventual direito material em defesa, quando sobre ele vier a se abrir processo por iniciativa da outra parte.Em suma, a decadncia um prazo estabelecido pela lei para exerccio de um direito, no praticado dentro do prazo, ter-se- extino do direito, ao passo que, a prescrio um prazo dentro do qual se pode exigir em juzo uma prestao, se no fizer, o autor perder o poder de exigi-la judicialmente. J precluso deriva do fato do autor ou ru no ter praticado um ato processual no prazo em que ele deveria ser realizado e a perempo a perda do direito de ao do autor que abandonou a causa trs vezes.

2. A sistemtica do CDC.O CDC tem disciplina prpria no que tange prescrio e decadncia. Haver prescrio sempre que se tratar de fato do produto ou do servio, vale ressaltar, acidente de consumo (art. 27), e decadncia no caso de vcio do produto ou do servio, que seja de qualidade quer de quantidade (art. 26).

2.1 PRESCRIO:Dispe o art. 27 do CDC: Prescreve em cinco anos a pretenso reparao pelos danos causados por fato do produto ou do servio prevista na Seo II deste Captulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.O que prescreve no o direito subjetivo do consumidor, mas a pretenso reparao pelos danos que lhe causou o fato do produto ou do servio.Tambm aqui a pretenso est ligada a uma leso do direito do consumidor e consequente pretenso reparao do dano.O CDC estabeleceu prazo prescricional nico para todos os casos de acidentes de consumo cinco anos prazo esse que s comea a correr a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.Assim, se determinada doena se manifestar em um consumidor anos aps ter utilizado algum medicamento, e ficar demonstrado que a doena tem por causa esse medicamento, somente a partir da comear a correr o prazo prescricional de cinco anos.Causas que suspendem ou interrompem a prescrio.A prescrio pode ser suspensa ou interrompida nos casos previstos em lei. As causas suspensivas impedem que a prescrio comece a correr ou paralisam o seu andamento caso j iniciado, sem, entretanto, anular o tempo eventualmente transcorrido, as causas interruptivas eliminam totalmente o lapso de tempo j vencido.Na suspenso nada se conta enquanto perdurar os efeitos da causa impeditiva, mas um vez cessados estes, a marcha do prazo retomada a partir do momento em que ocorreu a paralizao. No se despreza o tempo ocorrido e conta-se, depois de cessada a suspenso, apenas o saldo do tempo da prescrio. Na interrupo, o passado extingue-se, de sorte que, aps ela, comea-se do zero a nova contagem da prescrio.Aplica-se ao CDC, naquilo que for possvel, as causas suspensivas e interruptivas da prescrio prevista nos arts. 198, 199 e 202 do CC.A reclamao formulada perante o fornecedor bem como a instaurao de inqurito civil previsto no 2 do art. 26, alinham-se entre as causas de suspenso da prescrio nas aes que envolvem a responsabilidade por danos causados aos consumidores.

A prescrio no seguro.Embora a recusa ao pagamento caracterize o "fato gerador da pretenso", o art. 206, 1, II, "b" manda contar o prazo prescricional da data em que a seguradora d cincia da recusa ao segurado ("... contado o prazo ... da cincia do fato gerador" art. 206, 1, II, "b").Efetivamente, no se pode contar o prazo prescricional da data do sinistro nem do momento em que o segurado comunica a ocorrncia seguradora porque a contagem s se inicia a partir da existncia de uma pretenso acionvel e esta s nasce quando o segurado toma conhecimento de que foi "violado o direito" indenizao. Na data do sinistro e na data da comunicao administrativa ainda no houve violao e, portanto, no nasceu a pretenso que investe o titular do direito do poder de exigir a prestao em juzo.Ao fixar como termo inicial da prescrio a "cincia do fato gerador da pretenso", o art. 206, 1, II, "b", no est se referindo cincia do sinistro, mas cincia da resposta negativa da seguradora, ou, mais precisamente, cincia de que foi violado seu direito percepo da indenizao.

Em suma, luz dos arts. 189 e 206 do Cdigo Civil, e dos fundamentos que orientaram a opo legislativa do novo Cdigo, o prazo prescricional conta-se da data em que, terminado o procedimento de regulao do sinistro, o segurado tomar cincia da recusa de pagamento por parte da seguradora.Uniformizao de jurisprudncia. Contrato de seguro em grupo. Lapso temporal prescricional. Divergncia, em rgos fracionrios integrantes do Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro, sobre o prazo prescricional em matria securitria. Incidente admitido. Ao indenizatria baseada em contrato de seguro em grupo prescreve em um ano, com termo inicial na data em que o segurado for cientificado da recusa de pagamento da indenizao pela seguradora, aplicando-se o disposto no art. 206, 1, inc. II, al. "b", do Cdigo Civil." (Julgamento: 18.6.2007; Dirio Oficial RJ: 11.9.2007).

Ver smula 229 do STJ: o pedido do pagamento de indenizao seguradora suspende o prazo de prescrio at que o segurado tenha cincia da deciso. Vale dizer, o tempo que a seguradora levar para apreciar o pedido de indenizao no ser computado no prazo prescricional, que comear a correr, pelo restante, a partir da efetiva cincia da deciso pelo segurado.O terceiro beneficirio do seguro de vida no se sujeita ao prazo nuo da prescrio, de acordo com o entendimento do STJ. Ex.: o terceiro beneficirio do seguro de vida em grupo no sujeita ao prazo nuo da prescrio (art. 206, 3, IX do CC), uma vez que no se confunde com a figura do segurado.

2.2 DECADNCIA.Quando se tratar de vcio do produto ou do servio, no ser caso de prescrio mas de decadncia.O consumidor dispe de prazos para exigir que os vcios (de qualidade ou de quantidade) sejam sanados mediante uma das alternativas contempladas nos art. 18, 1, e 20. De acordo com o art. 26, I e II do CDC, o prazo decadencial ser de 30 dias tratando-se de vcio de produto ou servio no durvel, e de 90 dias tratando-se de produto ou servio durvel. O CDC faz distino tambm entre vcio aparente e vcio oculto. O primeiro, como o prprio nome indica, o vcio de fcil constatao, visvel ou percebvel to logo o produto recebido ou o servio prestado.O vcio oculto aquele que no pode ser percebido desde logo, que s vem a se manifestar depois de um certo tempo de uso do produto ou de fruio do servio, mas dentro do seu perodo de vida til.Os prazos tanto para os vcios aparentes como para os ocultos, so os mesmos. O que diferencia um do outro o dies a quo, isto , o seu ponto de partida, momento em que o prazo comea a fluir. No caso de vcio aparente ou de fcil constatao, conta-se o prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do trmino da execuo do servio (art. 26, 1).Se o vcio oculto, o prazo s comea a correr a partir do momento em que ficar evidenciado o defeito (art. 26, 3).Aqui, necessrio distinguir o vcio do produto ou do servio do defeito que decorre do desgaste natural. O primeiro relaciona-se com o defeito de fabricao, de projeto, da resistncia de materiais etc. defeito intrnseco, existente desde a fabricao -, ao passo que o segundo - desgaste natural do produto decorre da fruio do bem, posto que, no sendo eterno nenhum produto, inevitvel que algum desgaste venha ocorrer depois de um tempo razovel de uso normal.A garantia legal visa proteger o consumidor dos defeitos relacionados aos vcios do produto ou servio oriundos de defeitos intrnsecos, existentes desde a fabricao ou prestao, quer sejam eles aparentes ou ocultos, uma vez que no esto cobertos pela garantia os defeitos decorrentes do desgaste natural do produto ou de sua m conservao.Ento, se o vcio oculto se exteriorizar quando o produto estiver na fase de degradao do consumo, no pode o fornecedor ser compelido a substituir o produto defeituoso sem efetiva apurao da origem do defeito.Atentando-se para a vida til do produto, ter-se- que apura, em cada caso, atrvs de percia, qual a verdadeira causa do defeito.

Em resumo: quando o bem for novo, haver uma presuno relativa de que o vcio de origem, podendo o nus da prova ser invertido pelo juiz; quando; quando o bem no for novo, deve-se atentar para a vida til do produto ou do servio, e a prova da anterioridade do vcio deve ser feita mediante percia.Assim, no pode ser considerado vcio do produto o desgaste de peas decorrentes da intensa utilizao do veculo no transporte alternativo, que em menos de seis meses rodou quase cinquenta mil quilmetros.Obstam decadncia (art. 26, 2) a reclamao comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e servios at a resposta da negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequvoca, e a instaurao de inqurito civil, at o seu encerramento.A decadncia fica obstaculizada pela reclamao do consumidor, decorrendo da a seguinte alternativa: o fornecedor atende a reclamao, corrige o vcio e o problema fica resolvido, ou responde negativamente (pode tambm se omitir no prazo que tinha para a resposta), caso em que o consumidor pode e deve exercer aquelas e outras opes previstas no 1 do art. 18 do CDC.O consumidor deve exercer sua nova opo no mesmo prazo que tinha para reclamar, porquanto continuar sendo caso de vcio do produto ou do servio para o qual o CDC prev prazo decadencial, ou seja, 30 dias para produtos no durveis e 90 dias para produtos durveis.

AULAS DE 13/05, 20/05 PRTICAS COMERCIAIS1. Introduo.Ao regular as prticas comerciais o diploma consumerista, pretende regular a fase ps-produo, que implica na prtica de atos pelos fornecedores que visam a retirada do produto de sua linha de produo at as mos dos consumidores.Assim, Prtica Comercial qualquer ato de ps-produo, que vise o escoamento de produtos. Ante o mercado de massa caracterizado pelo anonimato dos agentes e pela informtica, a utilizao do marketing como ferramenta de trabalho passa a ser essencial para os fornecedores.Temos ento que o marketing espcie do gnero prticas comerciais, constituindo todas as medidas que se destinam a promover a comercializao de produtos e servios. Assim, constituem atividades de marketing a publicidade, os selos, as ofertas, concursos, descontos, promoes via telefone etc., ou seja, quaisquer mecanismo de incentivo venda.A regulao do marketing pode se dar diretamente por meio das especficas regras de marcas e patentes, direitos autorais, concorrncia desleal e concentrao de poder econmico no mercado. Pode tambm se dar indiretamente mediante preceitos estabelecidos no CDC.Partindo do pressuposto de que, para a existncia do consumidor e do regramento que o tutela, necessrio o mercado de massas com concorrncia entre os fornecedores, preciso tratar deste tendo como parmetro os princpios constitucionais j estudados da Informao, da Livre-Iniciativa e da Defesa do Consumidor.2. Consumidor exposto s prticas comerciais (art. 29).Trata-se da modalidade de consumidor equiparado, j tratado anteriormente, aplicvel aos institutos da Publicidade, Prticas Abusivas, Cobranas de Dvidas e Bancos de Dados e Cadastro de Consumidores. 3. Da Oferta.A oferta nas relaes de consumo informao pr-contratual, manifestao unilateral de vontade por meio da qual o fornecedor faz conhecer a inteno de contratar e as condies do contrato consubstanciadas em regar na venda ou locao de produto e servios, ou seja, nada mais do que a proposta ou oblao do direito civil, mero dolus bonus inerente aos vendedores em geral.O CC/02 trata da questo em seus arts. 427 e 428, introduzindo a regra de que a proposta de contrato obriga o proponente, se o contrrio no resultar dos termos dela. Embora o CC no exija forma para a proposta, a doutrina entende que ela deva ser precisa, firme (inequvoca) e dirigida ao seu destinatrio. A doutrina e a jurisprudncia tratavam da oferta como mero convite a contratar, podendo ser revogada at a aceitao. Porm, o CDC introduziu uma noo moderna sobre oferta, partindo do pressuposto de que est, nas relaes de consumo, intimamente ligada ao marketing.Assim, nas relaes de consumo a Oferta, Policitao ou Proposta tem valor contratual. A exempli do sistema alemo e portugus, no Brasil o fornecedor est vinculado sua oferta. Trata-se do Princpio da Vinculao Oferta. Havendo veiculao da oferta com contedo suficientemente preciso, haver vinculao.A prtica de puffing, em regra, no vincula o fornecedor, como nos casos em se veicula: a melhor pizza do bairro ou o melhor sabo em p do mercado. Todavia, se do anncio constar: a pizza mais barata do bairro, e a afirmao no for verdica, o fornecedor incidir em enganosidade, sujeita s penalidades penais, administrativas e civis. Se houver aceite do consumidor, incorporada ao contrato estar a oferta.As informaes constantes das ofertas devem ser corretas, precisas, ostensivas e claras, sempre tendo como parmetro o consumidor mdio.Caso o fornecedor se recusar oferta, ao consumidor imputa-se a faculdade de exigir o cumprimento forado da obrigao, aceitar outro produto ou prestao equivalente, ou ainda requerer a resciso contratual com a restituio das quantias pagas monetariamente atualizadas e perdas e danos.Assim, toda informao ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicao com relao a produtos e servios oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado (art. 30 Princpio da Vinculao e Integrao ao contrato).A oferta e apresentao de produtos ou servios devem assegurar informaes corretas, claras, precisas e ostensivas e em lngua portuguesa sobre suas caractersticas, qualidade, quantidade, composio, preo, garantia, prazo de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre riscos que apresentam sade e segurana dos consumidores.Ex.: infrao ao art. 31 do CDC Vitrine externa com exposio de produtos sem a respectiva indicao de preo Irrelevante a existncia de outras modalidades de verificao dos preos no interior da loja, pois o CDC e legislao pertinente exigem que as informaes sobre os produtos expostos venda , no caso da vitrine externa da loja, sejam claras e os preos dos produtos estejam etiquetados diretamente no produto ou prximo a eles.Entendimento do STJ os estabelecimentos no so mais obrigados a colocar etiquetas individuais informativas do preo em todos os produtos que vende, caso adote o sistema de cdigo de barras e nos produtos estejam afixados o referido cdigo.Atentem-se que a Lei 11.989/09, introduziu o pargrafo nico ao art. 31 do CDC para determinar que no caso dos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, referidas informaes sero gravadas de forma indelvel.A nova legislao admite novas formas de afixao de preos em vendas a varejo para o consumidor. Assim, no comrcio em geral, a afixao pode se dar por meio de etiquetas ou similares afixados diretamente nos bens expostos venda, e em vitrines, mediante divulgao do preo vista em carter legveis.Em autosservios, supermercados, hipermercados, mercearias ou estabelecimentos comerciais onde o consumidor tenha acesso direto ao produto, sem interveno do comerciante, pode ser dar mediante a impresso ou afixao de cdigo referencial, ou, ainda, com a afixao de cdigo de barras.Nos casos de utilizao de cdigo referencial ou de barras, o comerciante dever expor, de forma clara e legvel, junto aos itens expostos, informao relativa ao preo vista do produto, suas caractersticas e cdigo. Caso haja impossibilidade de afixao do preos, permitido o uso de relaes de preos dos produtos expostos, bem como dos servios oferecidos, de forma escrita, clara e acessvel ao consumidor.Os fabricantes e importadores devero assegurar a oferta de componentes e peas de reposio enquanto no cessar a fabricao ou importao do produto. Cessadas a produo ou a importao, a oferta dever ser mantida por perodo razovel de tempo, na forma da lei.Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, devem constar o nome do fabricante e o endereo na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na transao comercial. Ressalta-se que a Lei 11.800/08, acrescentou o pargrafo nico ao art. 33 do CDC, para determinar que proibida a publicidade de bens e servios por telefone, quando a chamada for onerosa ao consumidor que a origina.Por fim, o CDC positivou regra j existente no CC que preceitua que o fornecedor do produto ou servio solidariamente responsvel pelos atos de seus prepostos ou representes autnomos (art. 34).4. Da Publicidade.A publicidade nada mais do que uma espcie de marketing e a forma mais sofisticada da oferta. Criada com instrumentos tecnolgicos modernos, a publicidade altamente ldica e persuasiva. Ao trabalhar com os sentidos humanos, busca o convencimento do consumidor para criar demanda e aumentar a produo e, consequentemente, as vendas. instrumento poderoso que cria expectativas legtimas e devem ser protegidas.Como modalidade de oferta, a publicidade tem valor contratual. A sua m utilizao sujeita fornecedores e publicitrios responsabilidade civil, penal e administrativa. Devem ser sempre observadas a boa-f e a transparncia, pois, ao receber a publicidade, o consumidor est em estado de vulnerabilidade mxima, uma vez que recebe a mensagem unilateralmente, sem qualquer interlocuo com o fornecedor. O consumidor sempre mero expectador passivo do anncio. A publicidade determina o comportamento contratual do consumidor sujeitando-se ao fornecedor.Por essa razes o CDC criou um regramento rgido, inspirado na experincia acumulada com o Cdigo Brasileiro de Autorregulamentao Publicitria, editado pelo CONAR Conselho Nacional de Autorregulamentao Publicitria, em 1980, e que, embora no seja lei, aplicvel s pessoas envolvidas na atividade publicitria.Desta feita, o CDC regulou a questo vedando a publicidade clandestina, enganosa e abusiva. Se no se enquadrar em uma dessa definio a publicidade ser perfeitamente regular.Assim, a publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fcil e imediatamente, a identifique como tal. O Princpio de Proibio de Clandestinidade surge para coibir principalmente o merchandising e a propaganda subliminar que atua no subconsciente das pessoas.O fornecedor na publicidade de seus produtos ou servios, manter, em seu poder, para informao dos legtimos interessados, os dados fticos, tcnicos, e cientficos que do sustentao mensagem. Trata-se do Princpio da Transparncia da Fundamentao. Com os referidos dados possvel a verificao da enganosidade.Caso o fornecedor dixe de organizar os dados fticos, tcnicos e cientficos que do base a publicidade, estar sujeito pena de deteno de um a seis meses ou multa, nos termos do art. 69 do CDC.Assim, enganosa qualquer modalidade de informao ou comunicao de carter publicitrio, inteira ou parcialmente falsa, ou por qualquer outro modo, mesmo por omisso, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, caracterstica, qualidade e quantidade, propriedades, origem, preo e quaisquer outros dados sobre produtos e servios.Note-se que o CDC trata tambm da enganosidade por omisso, se faltar ao anncio publicitrio informao essencial do produto e do servio que no induziria o consumidor a erro, como o preo real e a taxa de juros. O erro para a caracterizao da enganosidade fundamental. O consumidor no firmaria o negcio jurdico se no houvesse a veiculao da falsa informao, ou a omisso. abusiva, dentre outras a publicidade discriminatria de qualquer natureza, a que incite violncia, explore o medo ou a superstio, se aproveite da deficincia de julgamento e experincia da criana, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa sua sade ou segurana (art. 37, 2 do CDC). Nesta modalidade procura-se coibir a publicidade que viole valores ticos e morais, de carter social e cultural. A mensagem pode at ser verdadeira, mas se for abusiva, no poder ser veiculada.Por fim, o CDC criou os tipos penais aplicveis espcie. Assim, nos termos do art. 66 do CDC, fazer afirmao falsa ou enganosa, ou omitir informao relevante sobre a natureza, caracterstica, qualidade, quantidade, segurana, desempenho, durabilidade, preo ou garantia de produtos ou servios, sujeita o infrator pena de deteno de trs meses a um ano e multa.Incorrer nas mesmas penas quem patrocinar a oferta. Aqui, tambm admite-se a modalidade culposa, com pena de deteno de um a seis meses ou multa.Nessa esteira o art. 67 prescreve que, fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva, sujeita o infrator a pena de deteno de trs meses a um ano e multa. Observem ainda, que o art. 68 criou outro tipo com pena mais severa, voltado a certas modalidade de publicidade abusiva, assim, fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua sade ou segurana, sujeita o infrator pena de deteno de seis meses a dois anos e multa.Ocorrendo publicidade enganosa ou abusiva , de se plicar tambm sano administrativa denominada de contrapropaganda, para que o fornecedor repare a enganosidade ou abusividade que cometera o com a mesma intensidade. Assim, prescreve o art. 60, a imposio de contrapropaganda ser cominada quando o fornecedor incorrer na prtica de publicidade enganosa ou abusiva, nos termos do art. 36 e seus pargrafos, sempre s expensas do infrator, e dever divulgada pelo responsvel da mesma forma, frequncia e dimenso e, preferencialmente no mesmo veculo, local, espao e horrio, de forma capaz de desfazer o malefcio da publicidade enganosa ou abusiva.Referido dispositivo concretiza o mandamento do inciso XII do art. 56 do CDC.No mbito civil aplica-se a regra da solidariedade art. 7, pargrafo nico do CDC. Assim, a agncia de publicidade produtora do anncio responde solidariamente com o seu cliente fornecedor de produtos e servios. No entanto, h excees que geram a desresponsabilizao da agncia. No caso em que a enganosidade: a) no est objetivamente colocada no anncio em si; b) depende da ao real, concreta e posterior do fornecedor anunciante, de maneira que a agncia tenha participado como mera produtora de uma informao encomendada. Ex.: fornecedor que anuncia durante a semana, que no domingo um determinado produto estar 20% mais barato. Veiculado o anncio, no domingo o preo do produto no sofre alterao. Nesse caso, a agncia no responsvel pela enganosidade, pois ela se d por ao real, concreta e posterior do fornecedor anunciante. Por fim, em matria publicitria o nus da prova da veracidade e correo da informao ou comunicao publicitria cabe a quem as patrocina. Portanto, est regra foge ao mandamento geral do inciso VIII do art. 6 do CDC, e de aplicao obrigatria independentemente da verificao de ser o consumidor hipossuficiente ou de verossimilhana das alegaes do consumidor. 5. Das Prticas Abusivas.O CDC, em seu art. 39, colacionou uma srie de prticas abusivas. Inicialmente, preciso verificar que o referido rol meramente exemplificativo sendo numerus apertus, no exaustivos. Buscou abarcar o maior nmero de situaes possveis, de prticas abusivas exercidas no mercado de consumo. evidente que a lei pode tido prever, principalmente num mercado que est em constante mutao. Assim, preciso estabelecer alguns critrios que faam uma prtica comercial tornar-se um ato de abuso de direito, prejudicando no s consumidores, mas tambm os fornecedores concorrentes. Aqui, mais uma vez, o CDC, ao regular as relaes de consumo, vai indiretamente coibir a concorrncia desleal, pois quem exerce prtica abusiva desrespeita fundamentos da ordem econmica inscritos na Constituio Federal.Ser abusiva a prtica comercial se ferir os princpios estatudos pelo microssistema das relaes de consumo, mormente aqueles inscritos nos arts. 1 a 7. o que se depreende do inciso XV do art. 51. Ser tambm abusiva a prtica comercial qie configurar o Abuso de Direito, que finalmente encontra-se positivado no art. 187 do CC/02. Assim, tambm comete ato ilcito o titular de uma direito que, ao exerc-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econmico ou social, pela boa-f ou pelos bons costumes.Uma prtica abusiva pode estar respaldada em uma clusula contratual e nem por isso ser lcita. Por esse motivo o CDC tambm elencou um rol de clusula abusivas em seu art. 51, que ser adiante abordado.No campo das relaes de consumo, o fornecedor que abusa do direito est sujeito s sanes penais, administrativas e civil.Vejamos ento o rol estatudo pelo art. 39 do CDC, so prticas abusivas: I - condicionar o fornecimento de produto ou de servio ao fornecimento de outro produto ou servio, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos. Trata-se da venda casada, prtica vedada por limitar diretamente a liberdade e a vontade do consumidor. Tal conduta, alm de abusiva, configura crime por fora do art. 36, 3, XVIII, da lei 12.529/11.De outro lado, h a proibio de venda de produtos e servios condicionados a limites quantitativos, o que s permitido se houver justa causa, como por exemplo, por fora de poltica nacional de conteno de consumo de combustveis realizada diante da falta de petrleo no mercado.II - recusar atendimento s demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes.Busca essa regra garantir isonomia entre consumidores havendo a disponibilidade em estoque pelo fornecedor. Trata-se tambm de regra que busca exigir o exerccio da boa-f nas relaes de consumo. Tal constitui crime por fora do inciso VI do art. 7 da Lei 8.137/90 e infrao ordem econmica por fora do inciso XI do 3 do art. 36 da Lei 12.529/11.III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitao prvia, qualquer produto, ou fornecer qualquer servio.Prtica bastante comum, abusiva por limitar a vontade e a liberdade do consumidor. Muito corriqueiro o envio de cartes de crdito sem que tenha sido promovida a competente solicitao. Mesmo que o consumidor informe ser possvel o seu cancelamento, configurada est a abusividade por imputar um nus ao consumidor. Atente-se que os servios prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, sem prvia solicitao, equiparam-se s amostras grtis, inexistindo obrigao de pagamento (art. 39, pargrafo nico).IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorncia do consumidor, tendo em vista sua idade, sade, conhecimento ou condio social, para impingir-lhe seus produtos ou servios.Trata-se de regra que refora o mandamento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo, e reconhece a maior fragilidade de determinados seguimentos, tendo em vista sade, idade e condio social. Visa proteger o livre consentimento dos consumidores no mercado de consumo.V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva.Tal prtica exacerba o desequilbrio j inerente entre fornecedores e consumidores, gerando desproporcionalidade. Ex.: exigncia das instituies bancrias fazem para que o consumidor correntista assine nota promissria em branco nos contratos de abertura de crdito e conta corrente. Por outro lado o CDC fixa parmetros da vantagem excessiva no art. 51, 1 do CDC. O STJ, tendo como objeto crditos ao consumidor e servios bancrios, consolidou o entendimento de que admitida a reviso de taxas de juros remuneratrios sem situaes excepcionais, desde que caracterizada a relao de consumo e que a abusividade (capaz de colocar o consumidor em desvantagem exagerada art. 51, 1) fique cabalmente demonstrada, ante s peculiaridades do julgamento em concreto. VI - executar servios sem a prvia elaborao de oramento e autorizao expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de prticas anteriores entre as partes.Tal regra exige a realizao de oramento prvio, uma vez que este formaliza a oferta, vincula o fornecedor e integra o futuro contrato.Atente-se que pelo art. 40 o fornecedor de servio ser obrigado a entregar ao consumidor oramento prvio discriminando o valor da mo-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condies de pagamento, bem como as datas de incio e trmino dos servios. Tal oramento ter validade pelo prazo de dez dias, contado de seu recebimento pelo consumidor, salvo estipulao expressa em contrrio. Uma vez aprovado pelo consumidor, o oramento obriga os contraentes e somente pode ser alterado mediante livre negociao das partes, no respondendo o consumidor por quaisquer nus ou acrscimos decorrentes da contratao de servios de terceiros no previstos no oramento prvio. Por fim, a exigncia de oramento pode ser dispensada pelas prticas constantes exercidas entre consumidor e fornecedor. o caso das pessoas jurdicas que constantemente utilizam determinados servios, como o de manuteno em computao.VII - repassar informao depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exerccio de seus direitos.Tal regra visa garantir a boa utilizao dos bancos de dados e cadastros de consumidores que sero analisados adiante. Tambm visa garantir a liberdade do consumidor para exercer seus direitos, como, por exemplo, a realizao de pesquisa comparativa de preos.VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou servio em desacordo com as normas expedidas pelos rgos oficiais competentes ou, se normas especficas no existirem, pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial (Conmetro).Visa garantir padres mnimos de segurana e de qualidade para os servios e produtos fornecidos no mercado. A adequao s referidas normas no isenta o fornecedor das responsabilidades perante o consumidor, principalmente no que concerne garantia legal de adequao. IX - recusar a venda de bens ou a prestao de servios, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediao regulados em leis especiais.Introduzido pelo Lei 8.884/94, relaciona-se com o inciso II j abordado. Esta regra mais abrangente abarcando outros sujeitos no consumidores, como comerciantes, atacadistas, fabricantes e distribuidores. X - elevar sem justa causa o preo de produtos ou servios.Consoante com o art. 173, 4 da CF/88, este dispositivo pretende garantir regularidade de preos no mercado onde no h tabelamento. Relaciona-se com o inciso X do art. 51 do CDC, que considera nula clusula contratual que permita ao fornecedor, direta ou indiretamente, variao do preo de maneira unilateral. Tambm encarta-se aqui a conduta recentemente observada de manuteno de preos com a diminuio na quantidade de produtos, como ocorreu com biscoitos, papel higinico, produtos de limpeza etc., sem que houvesse alterao dos respectivos rtulos, passando desapercebido aos olhos do consumidor. XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigao ou deixar a fixao de seu termo inicial a seu exclusivo critrio.Esta prtica muito comum nas incorporaes imobilirias gera profunda desproporcionalidade. Equivale a fixao unilateral do termo de prestao obrigacional pelo fornecedor. Ao consumidor caber exigir o cumprimento da obrigao ou a resciso contratual. XIII - aplicar frmula ou ndice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido.Visa garantir a estabilidade das relaes e dos negcios jurdicos, vedando a modificao unilateral. Caso o fornecedor proceda dessa forma, ao consumidor assiste o direito de cobrar-lhe em dobro o indevido, por determinao do art. 42 do CDC.Por fim, atente-se que, no caso de fornecimento de produtos ou de servios sujeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preos, os fornecedores devero respeitar os limites oficiais sob pena de no o fazendo, responderem pela restituio da quantia recebida em excesso, monetariamente atualizada, podendo o consumidor exigir sua escolha, o desfazimento do negcio, sem prejuzo de outras sanes cabveis (art. 41 do CDC).6. Da Cobrana de Dvidas.Na cobrana de dbitos, o consumidor inadimplente no ser exposto ao ridculo, nem ser submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaa. Tal prtica configura crime nos termos do art. 71.Assim, utilizar, na cobrana de dvidas, de ameaa, coao, constrangimento fsico ou moral, afirmaes falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, ao ridculo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer, sujeita o infrator deteno de trs meses a um ano e multa.De outra parte, o consumidor cobrado em quantia indevida tem direito repetio do indbito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correo monetria e juros legais, salvo hiptese de engano justificvel, art. 42 do CDC.A Lei 12.039/2009, introduziu o art. 42-A ao CDC, com a prescrio de que em todos os documentos de cobranas de dbitos apresentados ao consumidor, devero constar o nome, o endereo e o nmero de inscrio no CPF ou no CNPJ do fornecedor do produto ou servio correspondente.7. Dos bancos de dados e cadastros de consumidores.Dispe os arts. 43 e 44 do CDC:Art. 43. O consumidor, sem prejuzo do disposto no art. 86, ter acesso s informaes existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes. 1 Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fcil compreenso, no podendo conter informaes negativas referentes a perodo superior a cinco anos. 2 A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo dever ser comunicada por escrito ao consumidor, quando no solicitada por ele. 3 O consumidor, sempre que encontrar inexatido nos seus dados e cadastros, poder exigir sua imediata correo, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias teis, comunicar a alterao aos eventuais destinatrios das informaes incorretas. 4 Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os servios de proteo ao crdito e congneres so considerados entidades de carter pblico. 5 Consumada a prescrio relativa cobrana de dbitos do consumidor, no sero fornecidas, pelos respectivos Sistemas de Proteo ao Crdito, quaisquer informaes que possam impedir ou dificultar novo acesso ao crdito junto aos fornecedores.Art. 44. Os rgos pblicos de defesa do consumidor mantero cadastros atualizados de reclamaes fundamentadas contra fornecedores de produtos e servios, devendo divulg-lo pblica e anualmente. A divulgao indicar se a reclamao foi atendida ou no pelo fornecedor. 1 facultado o acesso s informaes l constantes para orientao e consulta por qualquer interessado. 2 Aplicam-se a este artigo, no que couber, as mesmas regras enunciadas no artigo anterior e as do pargrafo nico do art. 22 deste cdigo.Os bancos de dados no Brasil e o CDC.O tema relativo ais bancos de dados assume um importante papel, seja pelo fato de ser questo inerente individualidade, honra e privacidade do cidado.A disciplina das relaes jurdicas inerentes aos bancos de dados em nosso pas ainda est por ser construda, muito embora a Constituio Federal tenha estabelecido ampla proteo esfera de intimidade de cidado, inclusive com a garantia constitucional do habeas data, o que, por si s, seria insuficiente.No entanto, a situao brasileira no to sombria quanto possa parecer, seja pelo avano da nossa Carta Magna, seja, como veremos, pelo advento do CDC, que regulou a matria nas relaes de consumo.Bancos de dados de crdito e relaes de consumo.Os bancos de dados que atuam na rea de crdito tm por finalidade a coleta de informaes que indiquem a condio econmica financeira, bancria e at judicial das pessoas. A funo destes rgos orientar no mercado aqueles que oferecem crdito. de consignar que esses bancos de dados tambm atuam no mercado de consumo, orientando fornecedores de produtos e servios sobre o comportamento dos consumidores. Por intermdio dos dados prestados pelo banco de dados, o usurio poder concluir se as pessoas com as quais est negociando so ou no boas pagadoras, ou melhor, bons consumidores.No entanto, esse interesse no pode sobrepor aos direitos tratados anteriormente, que visam proteger e esfera ntima de cada cidado, sendo certa a necessidade da busca do equilbrio entre as vontades que no fundo perseguem o mesmo resultado, ou seja, o estabelecimento de negcios no mercado.Assim, tanto aquele que empresta o dinheiro como aquele que receber tm o mesmo interesse em que o negcio se realize. Da mesma forma presume-se na relao fornecedor-consumidor.Os bancos de dados nas relaes de consumo.Fornecedor e consumidor no podem mais antever o estabelecimento de um negcio jurdico, pela velocidade das transaes: o que anteriormente deveria ser intudo pelo empresrio, para melhor conhecer a clientela por ele atendida, pode hoje ser obviamente pesquisado, ordenado e armazenado. A informao sobre o consumidor efetivo ou potencial instrumento imprescindvel para as decises do empresrio.Assim, os chamados arquivos de consumo, gnero do qual so espcies os bancos de dados e os cadastros de consumidores, conseguem superar o anonimato do consumidor, pois prestam informaes sobre a vida ao fornecedor; auxiliam na utilizao do crdito e na velocidade das transaes, possibilitando as realizaes de outras as relaes de consumo, como as de bens, servios etc.Por esses arquivos os fornecedores verificam a veracidade das informaes prestadas pelo consumidor, e adquirem outras adicionais, que possibilitam uma breve anlise crtica sobre os riscos do negcio efetuado.Nessa esteira, o empresrio se arama para, na relao individual, conhecer melhor o consumidor, e na sua estratgia de insero no mercado, a partir do estabelecimento do perfil de seus consumidores, municiar o marketing que ir orientar sua ao para atingir as massas. Nessa nova realidade, a principal arma empresarial o banco de dados. certo que algumas empresas podero possuir seu prprio banco de dados, ou, como prefere o CDC, seu cadastro de consumidores, sem excluir o acesso a outros bancos de dados, como a rede bancria e notarial, o distribuidor judicial etc.No entanto, comum que existam empresas especializadas em prestar servios na rea de informaes. So bancos de dados autnomos prestadores de servio. O maior banco de dados brasileiro dessa natureza o SPC (Servio de Proteo ao Crdito), vinculado Confederao Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), que tambm atua na rea de consumo orientando a concesso de crdito, seguindo a Serasa (Central de Servios dos Bancos S/A), vinculada a Febraban (Federao Brasileira de Bancos).Nota-se, de um lado, o poder econmico e persuasivo que os bancos de dados exercem no mercado, e, de outro, vislumbra-se tambm a necessidade de sua existncia, imposta pela demanda no mercado de consumo, para ampliar a circulao de produtos e servios e diminuir os riscos dos crdito, agilizando sua concesso. No entanto, essa atividade no pode ser exercida em limites, em nome de uma suposta concretizao do direito informao dos fornecedores de servios e bens. Justamente pela enorme proporo que tomaram, que a regulao da atividade dos bancos de dados de consumo deve ser rgida, como forma de garantir a defesa da intimidade do consumidor e a incolumidade moral do cidado. Assim, a danosidade difusa e no individual que, em ltima anlise, est em jogo. A operao dos bancos de dados, se no exercida dentro de certos limites, se transforma em um dano social.Assim, o CDC visa defesa da intimidade do consumidor, impondo maior clareza na coleta, armazenamento e gerenciamento dos dados obtidos, fixando limite temporal para a mantena das informaes, estabelecendo responsabilizao e reparao de danos causados.Bancos de dados e cadastros de consumidores: espcies do gnero arquivo de consumo.Enquanto banco de dados caracterizam-se pela ideia de informaes organizadas, arquivadas de maneira permanente em estabelecimento outro que no do fornecedor que lida diretamente com o consumidor; ali ficam, de modo latente, espera de utilizao, os cadastros de consumidores, via de regra, so feitos pelo prprio consumidor junto ao seu fornecedor atual ou futuro, sendo que a organizao e permanncia no so suas caractersticas bsicas e necessrias. Art. 43 do CDC.Por fim, atentem-se que o diploma consumerista no diferencia aqueles bancos de dados e os cadastros de consumidores de carter pblico daqueles de carter privado. Assim, pouco importa se o arquivo de consumo se reveste do manto de uma pessoa jurdica de direito pblico e privado. Nas duas hiptese aplica-se o CDC.A inteno do codificador foi abarcar nas duas denominaes todas as modalidades de armazenamento de informaes sobre consumidores. Sejam elas privadas ou pblicas, de uso pessoal do fornecedor ou aberta a terceiros, informatizadas ou manuais, setoriais ou abrangentes.Ressalta-se novamente que, para efeito de aplicao do CDC, porco importa se as informaes so disponibilizadas ou visam apenas ao uso privativo do fornecedor.O CDC regulamenta a atividade referente aos bancos de dados e cadastros de consumidores em seus arts. 43, 44, 72, 73, sendo que no seu anteprojeto ainda figuravam os arts. 45 e 86, vetados pela Presidncia.O carter pblico dos bancos de dados e cadastros dos consumidores.Assim, prescreve o 4 do art. 43 do CDC que os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os servios de proteo ao crdito e congneres so considerados entidades de carter pblico.A personalidade jurdica dessas entidades continuam sendo determinada no momento da sua criao, ou seja, quando no estatais, sero consideradas pessoas jurdicas de direito privado. Ocorre que, pela natureza da atividade desenvolvida, ou seja, manipulao de informaes no mercado de consumo expondo constantemente leso a intimidade dos consumidores, conferiu-lhes o CDC carter pblico, o que significa dizer que os rgos, quando no estatais, so pessoas jurdicas de direito privado.Ademais, em relao ao carter pblico dos registro ou bancos de dados a lei foi desastrosa, restringindo o seu significado ao consignar que esse carter s ser conferido aos bancos de dados ou registros que possuam pelo menos uma das duas caractersticas seguintes:1. Aqueles que possibilitem a publicidade suas informaes, ou seja, que elas possam ser potencialmente transmitidas para terceiros; ou2. Registro ou banco de dados contendo informaes que no sejam de uso privativo do rgos ou entidade produtora ou depositria das informaes.Assim, o carter pblico exsurge para todo arquivo (registro ou banco de dados) que manipule informaes de carter pessoal, independentemente de publicidade.Pelo simples fato de manejarem informaes de carter pessoal, recai sobre esse rgos o interesse pblico de controle de atividade, para a proteo da privacidade cidad. Enfim, da danosidade potencial que deriva o carter pblico, e no da mera publicidade.Por fim, temos que a terminologia carter pblico empregada pelo CDC objetivou, por uma lado, apontar o interesse pblico e at difuso de que a atividade dos arquivos de consumo seja dada nos estritos parmetros do ordenamento jurdico, e, por outro, visou abrir ao cidados consumidor as portas das aes constitucionais do mandado de segurana e habeas data em face de todos os arquivos de consumo que contenham informaes pessoais ou de consumo dos consumidores.AULA DE 27/05O ART. 43 DO CDC CONTINUAO DE PRTICAS COMERCIAISO art. 43 do CDC, tem como mandamento fundamental do seu caput determinar que o consumidor ter acesso as informaes existentes em cadastros , fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre suas respectivas fontes.As hipteses no so taxativas e sim exemplificativas, com o intuito de abranger todos os arquivos de consumo, sejam eles complexos e informatizados ou no.Tal garantia no teve no teve como escopo a preocupao com origem da informao, pouco importando se ela proveniente de um rgos pblico ou privado, afinal os rgos pblicos tambm so falveis. O que importa se a informao resulta de uma prtica lcita ou ilcita, e se ela efetivamente corresponde a verdade dos fatos.Se resultante de uma prtica ilcita, o ordenamento est de prontido para reprimi-la, no s com os dispositivos do CDC, mais tambm com os instrumentos constitucionais e penais disponveis. Se ela no corresponde a verdade, pode o consumidor, diante de uma informao falsa, obscura ou inexata, retific-la, ou at mesmo exclu-la, no s do arquivo de consumo, como tambm de sua fonte geradora.Constitui ilcito o armazenamento de informaes referentes a caractersticas pessoais, familiares, quanto ao modo de vida, convico poltica e religiosa etc., at porque constituem o espectro de intimidade absoluta do cidado.As informaes constantes de arquivo de consumo tem vida til de cinco anos. Este o tempo mximo que a lei entende ser necessrio para que o mercado esquea a conduta irregular do consumidor, se antes no prescreveu o prazo para ao cambiria.No 1 do art. 43, quis o CDC consignar que s as informaes relativas ao mercado de consumo que podem figurar nos arquivos. Dessa forma, outras informaes esto vedadas, por isso a necessidade de que as informaes sejam, objetivas, claras e verdadeiras.As informaes dos arquivos s podem ser prestadas uma vez preenchidas duas condies, quais sejam:a) solicitao individual;b) que tal situao seja decorrente de uma necessidade de consumo;Qualquer utilizao que no obedea a essas condies implicar em mau uso, sujeitando os infratores s sanes contra a invaso da privacidade e dano honra, ficando obrigados a prestar indenizao ao consumidor na forma do art. 6, VII e VIII do CDC. de salientar que alm da reparao de danos ao consumidor, sanes de natureza civil e de natureza penal, os arquivos de consumo estro sujeitos as sanes administrativas previstas no art. 56 do CDC e no Decreto 2.181/97.Tambm como consequncia do mau uso do banco de dados temos a previso da aplicao das sanes penais nos arts. 72 e 73 do CDC, reprimindo o impedimento do acesso informao por parte do consumidor, o mero embarao e a negativa da correo da informao inexata.Finalmente, importante salientar a criao, em nosso pas, do Cadastro positivo nos sistemas de proteo ao crdito, por meio da Lei 12.414/2011. Defendida por setores importantes da economia brasileira, a medida promete baratear o crdito ao consumidor.Considerando que o texto da lei em nada altera as disposies do CDC, se aplicam aos cadastros positivos todos os preceitos da matria aqui estudados.I) Os direitos de comunicao, acesso e retificao.A abertura de registro em bancos de dados pode se dar de trs formas:1) por solicitao do prprio consumidor, como por exemplo mediante o preenchimento de fichas em bancos, planos de sade, cartes de crdito e agncias de viagens;2) por determinao da empresa interessada na realizao do negcio de consumo;3) por deciso espontnea de um banco de dados.O direito de que o consumidor seja informado acerca da informao sobre ele constante em bancos de dados est disciplinado no 2 do art. 43 do CDC, constituindo-se em verdadeiro dever do rgos de armazenamento de informaes.Da mesma forma, o direito de acesso aos bancos de dados est inserido no caput do art. 43, referindo-se aos cadastros fichas e registros. J o direito de retificao, e por conseguinte o dever por parte do arquivo de consumo, vem prescrito no 3 do art. 43.Assim, temos que, como consequncia do deve de comunicao, surge o direito de acesso do consumidor s informaes arquivadas em quaisquer bancos de dados ou cadastros de consumidores.Como decorrncia do direito de acesso surge o direito de retificao das informaes incorretas.O direito de acesso no diz respeito apenas aos dados arquivados, estende-se igualmente s suas fontes. Cria-se por essa via, um dever para o bando de dados de sempre anotar a origem da informao que arquiva.Por duas razes: Primeiro, para se precaver, pois a qualquer momento tal elemento pode ser contestado, fazendo-se necessria uma nova investigao;Segundo, como forma de permitir ao consumidor postular perdas e danos contra quem deu origem informao desconforme.No se exige que o consumidor faa prova negativa da verdade ou desconformidade dos fatos corrigidos. J que se trata de material recolhido sua revelia, compete ao arquivista, a quem os dados aproveitam diretamente, produzir prova positiva de sua veracidade e atualidade.Uma vez que, aps a reinvestigao, a informao seja confirmada, deixa de existir a obrigao de retificao e o dever de comunicao a terceiros.O art. 45 foi vetado pela Presidncia da Repblica.Note-se que as pessoas fornecedoras de crdito figuram na posio de consumidoras de informao, enquanto a empresa detentora do banco de dados na posio de fornecedora de servios. Ressalta-se que o fornecedor, nesse caso, perante o direito brasileiro, responde objetivamente pela exatido, completude e atualizao da informao.Qualquer leso que o consumidor da informao vier a sofre em razo da inexatido, incompletude ou desatualizao da informao ser reparada objetivamente.Porm, deve ressaltar que se nada de errado houver com a informao prestada, e o fornecedor de crdito (consumidor de informao) vier a sofrer leso em decorrncia de negcio estabelecidos no mercado, o fornecedor de informaes (banco de dados) no ter responsabilidade alguma, pois responde pela informao e no pelo sucesso do negcio estabelecido por se consumidor. Com a informao prestada o fornecedor de crdito assume sozinho o risco do negcio efetuado.II) Pressupostos de legitimidade dos arquivos de consumo.Os arquivos a partir da interpretao dos dispositivos do CDC, para exercerem regularmente suas atividades, devem preencher quatro pressupostos bsicos:a) Teleolgicos ou finalsticos:O diploma consumerista visa, alm da defesa, tambm preveno ao consumidor. Por isso, todo arquivo de consumo deve indicar qual a finalidade da informao coletada, a qual objetivo ela se presta, afinal, nenhum arquivo de consumo pode se transformar em curador de dvidas no pagas; no coletor de dvidas.O rigor legal com esses rgos deve-se unilateralidade de sua atividade, pois vive procura de novas informaes sem o conhecimento da pessoa referida; invasividade da privacidade alheia, parcialidade com que transmite a informao sem atentar para o devido processo legal, principalmente quando faz da negativao do consumidor um instrumento de cobrana, desviando seu objetivo maior, que a proteo da universalidade do crdito.Sobre as prticas abusivas da Serasa e do SPC, desafortunadamente, a experincia de anos de atuao desses servios, nos tem mostrado que, eles, como prestadores de informao, finalisticamente, valem muito mais como agentes opressores e inibidores das liberdades individuais, do que auxiliares da cadeia produtiva, visto que as informaes negativas que fornecem tendem a se propagar e encontrar acolhida efetiva nos mais diversos seguimentos sociais, para, generalizadamente, fixar conceitos pessoais e impossibilitar p livre exerccio das atividades econmicas.b) Substantivos: O arquivo dever observar a natureza da informao manejada, o seu tipo e contedo, pois, nem toda informao pode ser circulada, como as referentes esfera de intimidade sensvel.Ademais, necessrio que o dbito seja inquestionvel, com a certeza e convico da informao, sem os quais ela no pode ser circulada. Atente-se que qualquer dbito discutido em juzo deixa de ter essas caractersticas, o que nos leva a co0nsluir que o consumidor nessa condio no pode ser negativado.Desta feita, no se pode esquecer, que a negativao gera efeitos concretos na sociedade contra a dignidade e a imagem do consumidor, e que nenhuma leso ou ameaa est excluda da apreciao do Poder Judicirio (art. 5, XXXV da CF).Donde se pode forosamente se concluir que pode o consumidor questionar a abusividade da cobrana e da dvida com todas as demais aes eficazes no que diz respeito ao constrangimento; sendo assim, a possiblidade de violao dignidade e a imagem do consumidor , sem sombra de dvida, a negativao nos servios de proteo ao crdito.Por certo, dever o magistrado, avaliando no caso concreto a verossimilhana das alegaes do consumidor, decidir pelo impedimento da negativao ou seu cancelamento. Por isso, diga-se desde j, com todas as letras: se o consumidor questionar a dvida em juzo, no se pode mant-lo negativado nos servios de proteo ao crdito.STJ: constitui constrangimento e ameaa o registro de nome de consumidor em cadastro de proteo ao crdito, quando o montante da dvida ainda objeto de discusso em juzo.A atividade dos arquivos de consumo sem a observao desses pressupostos configura prtica abusiva, nos termo do art. 39, VII do CDC.Atentem-se que o dbito negociado no pode ter o condo de manter registro em banco de dados.Cabe ao banco de dados a obrigao de buscar tambm essa informao, sob pena de responder pelas leses causadas aos consumidores, pois a finalidade desse arquivo de consumo garantir o mercado, o crdito em geral, e no o credor original.Por fim, ressalta-se que as informaes protegidas pelo manto constitucional da privacidade e que no digam respeito s relaes de consumo no podem figurar nos arquivos de consumo.c) Procedimentos ou formais:Estes aspectos limitam a atividade dos bancos de dados de consumo quanto forma de atuao. Assim, no qualquer pessoa que pode acessar um arquivo de consumo, j que para tanto necessria a solicitao individual decorrente da atividade de consumo, como visto na anlise do artigo 43. Com isso, verifica-se que a informao s pode ser prestada mediante consulta.d) Temporal:Por fim, resta o pressuposto da limitao temporal da informao, tambm j estudada, estabelecida nos 1 e 5 do art. 43, ou seja, de cinco anos para informaes em geral, contados do memento do faro que deu origem ao dado e no do seu lanamento no arquivo, e o prazo prescricional para a ao de cobrana. Assim, se a prescrio para a ao de cobrana ocorre antes de cinco anos, a informao no pode ser consignada no arquivo.Decorrido o limite temporal consignado nos dispositivos em comento, todos os dados, inclusive os documentais, devem ser apagados do arquivo.Os cadastros de rgos pblicos.A diferenciao existente entre os cadastros de rgos pblicos, regulados pelo art. 44 do CDC, e os que foram at agora abordados consiste no contedo das informaes arquivadas.Assim, enquanto os arquivos referidos no art. 44 so exclusivamente do Estado, os outros tm natureza privada. Estes armazenam informaes relativas aos consumidores, enquanto os arquivos dos rgos pblicos armazenam informaes relativas aos fornecedores e seu comportamento no mercado, com propsito de justamente orientar os consumidores.Ex.: Decon, Procon, Departamento Nacional de Defesa do Consumidor do Ministrio da Justia e Vigilncia Sanitria do Ministrio da Sade.Esses rgos constituem-se no troco do CDC aos servios de proteo ao crdito.Tais informaes precisam, necessariamente, ser divulgadas, para fazer cumprir o objeto precpuo dos cadastros, que o de auxiliar o consumidor.A divulgao deve ocorrer pelo menos um vez por ano, e de forma pblica, com o fim de atingir os consumidores que se encontram de forma difusa no mercado de consumo. A lei possibilita o acesso pessoa interessada, entendendo-se que todo consumidor interessado.Em relao ao fornecedor o mesmo no ocorre, pois este deve demonstrar o interesse legtimo da sua consulta, para que as informaes no sejam utilizadas com o condo de concorrncia desleal.Incidem subsidiariamente as regras dos arquivos de consumo privado aos cadastros de rgos pblicos, aplicando-se tambm o habeas data para os fornecedores, afinal essa ao constitucional tambm pode ser utilizada por pessoa jurdica.Desta forma, o habeas data constitui-se em garantia fundamental, pois uma remdio processual que visa garantir a existncia e o respeito de direito fundamentais.O posicionamento mais recente do STJ.O Egrgio Superior Tribunal de Justia, conforme a doutrina, vem retrocedendo em sua posio sobre a matria, vejamos:(...) devedores de quantias elevadas buscam, abusivamente, impedir o registro de seus nomes nos cadastros restritivos de crdito s e s por terem ajuizado ao revisional de seus dbitos, sem nada pagar ou depositar, recomendam que esse impedimento deva ser aplicado com cautela, segundo o prudente exame do juiz, atentando-se as peculiaridade de caso. Para tanto, deve-se ter, necessria e concomitantemente, a presena desse trs elementos: a) que haja ao proposta pelo devedor contestando a existncia integral ou parcial do dbito;b)que haja efetiva demonstrao de que a contestao da cobrana indevida se funda na aparncia de uma bom direito e em jurisprudncia consolidada do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justia;c) que, sendo a contestao apenas de parte do dbito, deposite o valor referente parte tida por incontroversa, ou preste cauo idnea, ao prudente arbtrio do magistrado (...).A ausncia de prvia comunicao ao consumidor da inscrio do seu nome em cadastro de proteo ao crdito, prevista no art. 43, 2 do CDC, enseja o direito compensao por danos morais, salvo quando preexista inscrio desabonadora regularmente realizada (...). (...) basta que comprovem a postagem, ao consumidor, de correspondncia notificando-o quanto inscrio de seu nome no respectivo cadastro, sendo desnecessrio aviso de recebimento. A postagem deve ser dirigida ao endereo fornecido pelo credor (...)Assim, sobre a matria o STJ editou as seguintes smulas:Smula 404/09 dispensvel o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicao ao consumidor sobre a negativao se seu nome em bancos de dados e cadastros.Smula 385/09 Da anotao irregular em cadastro de proteo ao crdito, no cabe indenizao por dano moral, quando preexistente legtima inscrio, ressalvado o direito ao cancelamento.Smula 359/08 Cabe ao rgo mantenedor do Cadastro de Proteo ao Crdito a notificao ao devedor antes de proceder inscrio.Smula 323/05 A inscrio de inadimplente pode ser mantida nos servios de proteo ao crdito por, no mximo, cinco anos, independentemente da prescrio da execuo.Smula 2/90 No cabe habeas data (CF, art. 5, LXXII, letra a) se no houver recusa de informaes por parte da autoridade administrativa.

AULA DE 03/06DA PROTEO CONTRATUAL1. Introduo.No campo dos contratos o CDC foi bastante inovador. Instituiu o princpio da funo social dos contratos, da boa-f objetiva, do dever de cooperao entre as partes, da proibio das clusulas abusivas, as conservao dos contratos e o direito de reviso, todos j abordados.Por isso os contratos que regulam as relaes de consumo no obrigaro os consumidores, se no lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prvio de seu contedo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreenso de seu sentido e alcance. Trata-se do princpio da informao e da transparncia.Por haver flagrante desequilbrio nos contratos de consumo que as clusulas contratuais sero interpretadas de maneira mais favorvel ao consumidor, e as declaraes de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pr-contratos relativos s relaes de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execuo especfica.Como no mercado so utilizadas diversas tcnocas e veculos para levar os produtos e servios aos consumidores, como telefone, internet e vendas a domiclio, ao consumidor dado o direito de desistir do contrato, no prazo de sete dias, a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou servio, por ser a contratao de fornecimento de produtos e servios firmada fora do estabelecimento comercial.Exercido esse direito de reflexo, os valores eventualmente pagos, a qualquer ttulo, sero devolvidos de imediato e monetariamente atualizados.Como j abordo, o CDC instituiu sistemas de garantia legal de adequao de produtos e servios com prazos especficos. Nesse sentido, permite a lei que o fornecedor estipule em contrato prazos de garantia superiores aos fixados pela lei.Assim, determina o CDC que a garantia contratual complementar legal e ser conferida mediante termo escrito, devendo ser padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os nus a cargo do consumidor, devendo ser-lhes entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor , no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instruo, de instalao e uso do produto em linguagem didtica, com ilustraes.Note-se que a garantia contratual complementar legal, ou seja, ao prazo estabelecido na lei (90 dias para bens durveis e 30 dias para bens no durveis art. 26 do CDC) soma-se ao fixado no contrato.Por exemplo, se o fornecedor oferta garantia contratual de um ano para determinado produto durvel, isto significa que ao consumidor dada a garantia contratual de um ano e noventa dias contados da efetiva entrega do produto.Atentem-se, ainda, que, nos termos do art. 74 do CDC, deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequadamente preenchido e com especificaes claras de seu contedo, sujeita o infrator pena de deteno de um a seis meses ou multa.

2. Das clusulas abusivas.Assim como no art. 39, o CDC, em seu art. 51, elencou um rol exemplificativo de clusulas abusivas que se completam por outras assim consideradas no caso concreto pelo juiz de direito, ou pela Secretaria de Direito Econmico do Ministrio da Justia.Antes de abord-las note-se que as referidas clusulas so nulas de pleno direito e, por conseguinte, referida nulidade absoluta imprescritvel. Neste sentido, a nulidade de uma clusula contratual abusiva no invalida o contrato, exceto quando de sua ausncia , apesar dos esforos de integrao, decorrer nus excessivos a qualquer das partes.Ao consumidor ou associao de consumidores facultado requerer ao Ministrio Pblico que ajuze a competente ao para ser declarada a nulidade de clusula contratual que contrarie o disposto no CDC ou que de qualquer forma no assegure o justo equilbrio entre direitos e obrigaes das partes.Assim, conforme o art. 51 do CDC, so nulas de pleno direito, entre outras, as clusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e servios que: Incisos I, II, III, IV, VI, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI.

Dos contratos sucessivos e clusulas penais.O mercado de consumo caracterizado pela presena marcante de uma elemento fundamental, o crdito. Por essa razo, grande parte dos contratos de consumo de trato sucessivo diferido. A prestao do consumidor (que em regra consubstancia-se no pagamento de produtos e servios) deve ser executada por meio de diversos atos sucessivos.Por isso estabelece o CDC que no fornecimento de produtos e servios que envolva outorga de crdito ou concesso de financiamento ao consumidor, o fornecedor dever inform-lo prvia e adequadamente sobre o preo do produto ou servio em moeda correte nacional, o montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros, os acrscimos legalmente previstos, o nmero e periodicidade, e a soma total a pagar, com e sem financiamento.Trata-se de informaes essenciais para que o consumidor possa livremente formar sua convico em contratar.Nesse compasso fixa o limite de 2% do valor do contrato para a fixao das clusulas penais moratrias.Assegura ao consumidor a liquidao antecipada do dbito, total ou parcialmente, mediante reduo proporcional dos juros e demais acrscimos.

Dos contratos de compra e venda e conscios.Nos contratos de compra e venda de mveis ou imveis, que devem ser sempre expressos em moeda nacional, mediante pagamento em prestaes , bem como nas alienaes fiducirias em garantia, considera o CDC que as clusulas que estabeleam a perda total das prestaes pagas em benefcio do credor que, em razo do inadimplemento do consumidor, pleitear a resoluo do contrato e a retomada do produto alienado, so nula de pleno direito e, portanto, abusivas.J para os contratos firmados no sistema de conscios de produtos durveis, a compensao ou a restituio das parcelas quitadas ter descontados, alm da vantagem econmica auferida com a fruio, os prejuzos que o desistente ou inadimplente acusar ao grupo.Atentem-se que a lei 11.795/2008, regula o sistema de conscios e possibilita a aplicao do sistema tambm aos servios, j que nos termo do seu art. 2: consrcio a reunio de pessoas naturais e jurdicas em grupo, com prazo de durao e nmero de cotas previamente determinados, promovida por administradora de consrcio, com a finalidade de propiciar a seus integrantes, de forma isonmica, a aquisio de bens ou servios, por meio de autofinanciamento.

Dos contratos de Adeso.Define a lei que contrato de adeso aquele cujas as clusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou servios, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu contedo (art. 54, caput, do CDC). Neste sentido, a prtica muito comum de insero de clusula no formulrio no desfigura a sua natureza de adeso.Exiges o CDC que esses contratos sejam redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legveis, sendo que as clusulas que implicarem limitao de direito do consumidor devero ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fcil compreenso.Cobe-se, assim, a prtica muito comum de confeco de contratos com letras praticamente ilegveis. O que compromete demasiadamente a pouca liberdade do consumidor em contratar e a sua livre manifestao de vontade.Nesta modalidade contratual lcita a clusula resolutria desde que a alternativa caiba ao consumidor, ressalvadas as disposies atinentes aos contratos de conscio.Atente-se que a Lei 11.795/2008, introduziu o 3 ao art. 54 do CDC, para determinar que os contratos de adeso escritos sero redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legveis, cujo tamanho da fonte no ser inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreenso pelo consumidor.Assim, por um lado, o seguimento da padronizao na contratao se deve ao intuito dos predisponentes de aumentar margem de segurana contra riscos, diminuir a carga de detalhamento na elaborao de grande nmero de contratos e aumentar a eficincia produtiva no relacionamento com a grande massa de clientes.Nessa diapaso, acentua que atualmente , o impulso mais forte do desenvolvimento da padronizao dos contratos est ligado a criao de mecanismos para aumentar a rentabilidade e a eficincia empresariais na fase superior do capitalismo, na qual a concentrao empresarial e a competitividade so caractersticas.Assim, a economia brasileira superoligopolizada exigiu a reformulao da legislao antitruste ( a Lei que se destina a punir prticas anticompetitivas que usam o poder de mercado para restringir a produo e aumentar preos, de modo a no atrair novos competidores, ou eliminar a concorrncia), com a redao da Lei 8.884/1994, e alei 12.529/2011.Mas por outro lado fez surgir a crescente adoo dos contratos de adeso nas relaes empresariais, ante a massificao das relaes jurdicas e a necessidade de se conhecer antecipadamente as condies de aquisio de bens.Esse cenrio impulsionou o CC/2002 a disciplinar esse modelo de contrato em dois dispositivos: Art. 423. Quando houver no contrato de adeso clusulas ambguas ou contraditrias, dever-se- adotar a interpretao mais favorvel ao aderente.Art. 424. Nos contratos de adeso, so nulas as clusulas que estipulem a renncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negcio.Assim, ante o fenmeno do mercado de massas, o Estado tambm deve intervir nas relaes de natureza privada. Essa interveno concretizada com as balizas das boa-f objetiva e da funo social dos contratos, para estabelecer o equilbrio natural existente nas relaes entre particulares, resguardando a equivalncia das prestaes.Seguindo essa esteira todo negcio jurdico deve ser interpretado conforme a boa-f eticidade (art. 113 do CC), inclusive aqueles decorrentes do contrato de adeso, a exemplo do art. 47 do CDC, deve-se sempre adotar a interpretao mais favorvel ao aderente art. 423 do CC.Essas tambm so as razes que nos levam a concluir que a clusula compromissria compulsria ao aderente em contrato de adeso nula, j que nesse moldes implica a renncia antecipada tutela jurisdicional, a exempli do que ocorre com as referidas clusulas no contrato de consumo.

Dos contratos eletrnicos.Em 15 de maro de 2013, foi editado o Decreto n 7.962, que regulamenta o CDC, para dispor sobre a contratao no comrcio eletrnico. Esse regulamento visa garantir informaes claras a respeito do produto, do servio e do fornecedor, o atendimento facilitado ao consumidor e o respeito ao direito de arrependimento nessas contrataes.Estabelece que os stios eletrnicos ou demais meios eletrnicos utilizados para a oferta ou concluso de contrato de consumo devem disponibilizar, em local de destaque e de fcil visualizao, o nome empresarial e nmero de inscrio do fornecedor, quando houver, no Cadastro Nacional de Pessoas Fsicas ou no Cadastro Nacional de Pessoas Jurdicas do Ministrio da Fazenda; o endereo fsico e eletrnico, e demais informaes necessrias para a sua localizao e contato; as caractersticas essenciais do produto ou do servio, includos os riscos sade e a segurana dos consumidores, discriminao no preo, de quaisquer despesas adicionais ou acessrias, tais como as de entrega ou seguros; as condies integrais da oferta, includas modalidades de pagamento, disponibilidade, forma e prazo de execuo do servio ou da entrega ou disponibilizao do produto; e informaes claras e ostensivas a respeito de qualquer restries fruio da oferta.Essa informaes tambm so exigidas no caso de compras coletivas, onde tambm devero ser disponibilizadas informaes referentes quantidade mnima de consumidores para a efetivao do contrato; o prazo para utilizao da oferta pelo consumidor; e a identificao do fornecedor responsvel pelo stio eletrnico e do fornecedor do produto ou servio ofertado.Em relao ao atendimento facilitado ao consumidor no comrcio eletrnico, o fornecedor dever apresentar sumrio do contrato antes da contratao, com as informaes necessrias ao pleno exerccio do direito de escolha do consumidor, enfatizadas as clusulas que limitem direitos.Dever disponibilizar ferramentas eficazes ao consumidor para identificao e correo imediata de erro ocorridos nas etapas anteriores finalizao da contratao, confirmando imediatamente o recebimento da aceitao da oferta, como mecanismos de segurana eficazes para o pagamento e para o tratamento de dados do consumidor.Feito isso o fornecedor dever garantir ao consumidor o contrato em meio que permita sua conservao e reproduo.Aps a contratao, deve ser mantido servio adequado e eficaz de atendimento em meio eletrnico, que possibilite ao consumidor a resoluo de demandas referentes a informao, dvida, reclamao, suspenso ou cancelamento do contrato, com a confirmao imediata de seu recebimento. A manifestao do fornecedor em relao a essas demandas devero ser encaminhadas ao consumidor em at cinco dias.Nos termos do art. 49 do CDC, o Decreto 7.962/2013 trata do direito de arrependimento no comrcio eletrnico. Para tanto, prescreve que o consumidor poder exercer o direito pela mesma ferramenta utilizada para a contratao, sem prejuzo de outros meios disponibilizados, com a garantia do recebimento da confirmao imediata pelo fornecedor. Saliente-se que o exerccio desse direito implica a resciso contratual, inclusive eventuais contratos acessrios, sem qualquer nus ao consumidor. Importante obrigao imposta ao fornecedor a de informar, imediatamente a instituio financeira ou administradora do carto de crdito ou similar, sobre a resciso contratual, para que a transao no seja lanada na fatura do consumidor, ou seja efetivado o estorno do valor, caso o lanamento j tenha sido realizado.Por fim, lembramos que s contrataes eletrnicas devem ser aplicadas todas as disposies previstas no CDC, sobretudo acerca da oferta, proteo contratual e sanes administrativas.

AULA DE 10/06SANES ADMINISTRATIVAS1. Introduo.A fixao das Sanes Administrativas nada mais do que regular o Poder de Polcia da Administrao Pblica na fiscalizao do cumprimento das regras inerentes a defesa do consumidor. Visam preservar vida, sade, segurana, informao (interesse econmico) e o bem-estar do consumidor. So aplicadas independentemente das sanes de natureza penal ou civil. Trata-se da trplice sano nas regras de consumo. Decorre do poder de polcia da administrao pblica na defesa do consumidor, previsto no art. 78 da Lei 5.172/1996 Cdigo Tributrio Nacional.Assim, considera-se Poder de Polcia a atividade da administrao pblica que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prtica de ato ou absteno de fato, em razo do interesse pblico concernente segurana, higiene, ordem, aos costumes, disciplina da produo e do mercado, ao exerccio das atividades econmicas dependentes de concesso ou autorizao do Poder Pblico, tranquilidade pblica ou ao respeito propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.Assim, compete Unio, aos Estados e ao Distrito Federal, em carter concorrente e nas suas respectivas reas de atuao administrativa (art. 24 da CF), editar as normas relativas produo, industrializao, distribuio e consumo de produtos e servios.Devero tambm fiscalizar e controlar a produo e servios e o mercado de consumo, no interesse da preservao da vida, da sade, da segurana da informao e do bem-estar do consumidor, editando as normas que se fizerem necessrias.Podero tambm os rgos oficiais expedir notificaes aos fornecedores para que, sob pena de desobedincia, prestem informaes sobre questes de interesse do consumidor, resguardado o segredo industrial.As sanes administrativas so aplicadas independentemente das sanes de natureza penal e civil, pois so cumulveis. Desta feita, so sanes administrativas previstas no ast. 56 do CDC: I - multa; II - apreenso do produto; III - inutilizao do produto; IV - cassao do registro do produto junto ao rgo competente; V - proibio de fabricao do produto; VI - suspenso de fornecimento de produtos ou servio; VII - suspenso temporria de atividade; VIII - revogao de concesso ou permisso de uso; IX - cassao de licena do estabelecimento ou de atividade; X - interdio, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade; XI - interveno administrativa; XII - imposio de contrapropaganda.Atentem-se para o prescrito no Decreto 2.181/97, que ao regulamentar o CDC complementou o rol das prticas infrativas e regrou as competncias do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor.As penas de multa, graduadas de acordo com a gravidade da infrao, a vantagem auferida e a condio econmica do fornecedor, sero aplicadas mediante procedimento administrativo nos termos da lei, revertendo para o fundo de que trata a Lei 7.347/85 Ao Civil Pblica, sendo a infrao ou o dano de mbito nacional, ou para os fundos estatais de proteo ao consumidor nos demais casos.Tais multas no devem, nunca, ser em montante inferior a trezentas ou superior a trs milhes de vezes o valor do Bnus do Tesouro Nacional (BTN), ou ndice equivalente que venha substitu-lo.Quando forem constatados vcios de quantidade ou de qualidade por inadequao ou insegurana do produto ou do servio, sero aplicadas as penas de apreenso, de inutilizao de produtos, de proibio de fabricao de produtos, de suspenso de fornecimento de produtos ou servios, de cassao do registro do produto e revogao da concesso ou permisso de uso, mediante procedimento administrativo, asseguradas a ampla defesa (art. 58 do CDC).Quando o fornecedor reincidir na prtica das infraes de maior gravidade previstas na legislao de consumo, as penas de cassao de alvar de licena, de interdio e de suspenso temporria da atividade, bem como a de interveno administrativa, sero aplicadas mediante procedimento administrativo, assegurada a ampla defesa (art. 59 do CDC).Por fim, a pena de cessao da concesso ser aplicada concessionria de servios pblicos, quando violar obrigao legal ou contratual. A pena de interveno administrativa ser aplicada sempre que as circunstncias de fato desaconselharem a cassao de licena, a interdio ou a suspenso da atividade. Pendendo de ao judicial na qual se discuta a imposio de penalidade administrativa, no haver reincidncia at o trnsito em julgado da sentena.

A DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUZO1. Introduo.O CDC possui normas de natureza material (analisadas at agora) e normas de natureza processual que cuidam da defesa do consumidor em juzo. Ao lado da Lei 4.717/65 Ao Popular (Ao Popular um remdio constitucional, que possibilita ao cidado brasileiro que esteja em pleno gozo de seus direitos polticos, tutele em nome prprio interesse da coletividade de forma a prevenir ou reformar atos lesivos praticados por agente pblicos ou a eles equiparados por lei ou delegao, na proteo do patrimnio pblico ou entidade custeada pelo Estado, ou ainda a moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimnio histrico cultural);e da Lei 7.347/85 Ao Civil Pblica (A ao civil pblica o instrumento processual adequado conferido ao Ministrio Pblico para o exerccio do controle popular sobre os atos dos poderes pblicos, exigindo tanto a reparao do dano causado ao patrimnio pblico por ato de improbidade, quanto a aplicao das sanes do artigo 37, 4, da Constituio Federal, previstas ao agente pblico, em decorrncia de sua conduta irregular. Podemos definir tambm como sendo o instrumento processual adequado para reprimir ou impedir danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico e por infraes de ordem econmica, protegendo, assim, interesses difusos da sociedade.), constituem a chamada jurisdio civil coletiva.2. A jurisdio civil coletiva.A jurisdio civil coletiva no um fenmeno novo, que teria surgido com a Constituio de 1988.Surgiu, em conformidade com o princpio do devido processo legal e com a decorrncia do processo histrico da sociedade de massas, surgem os direitos difusos e coletivos.Assim, hoje, em sede de jurisdio civil, h a existncia de dois sistemas de tutela processual: um destinado s lides individuais, cujo o instrumento adequado e idneo o Cdigo de Processo Civil, e um outro, destinado tutela coletiva, na exata acepo trazida pelo art. 81, pargrafo nico, do CDC.3. Dos direitos coletivos lato sensu.Os direitos do consumidor se encontram inserido na seara dos direitos coletivos lato sensu, que o gnero do qual so espcies os direito difusos e os coletivo stricto sensu.No que pesem os direitos individuais homogneos no terem natureza coletivista, pois so individuais puros, so tratados no bojo dos direito coletivos lato sensu por receberem da lei um tratamento processual coletivizado em razo de serem originados de uma fato comum.Com o advento do CDC, se estabeleceu o conceito definitivo dos diretos difusos, coletivos stricto sensu e individuais homogneos, muito embora a lei de Ao Civil Pblica j tenha tratado da matria.Estabelece o art. 81 do CDC, in verbis: art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vtimas poder ser exercida em juzo individualmente, ou a ttulo coletivo.Pargrafo nico. A defesa coletiva ser exercida quando se tratar de:I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste cdigo, os transindividuais, de natureza indivisvel, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstncias de fato;II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste cdigo, os transindividuais, de natureza indivisvel de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrria por uma relao jurdica base;III - interesses ou direitos individuais homogneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.Assim, temos que, na verdade o que determina a classificao de um direito como difuso, coletivo, individual puro ou individual homogneo o tipo de tutela jurisdicional que se pretende quando se prope a competente ao judicial. Ou seja, o tipo de pretenso que se deduz em juzo.Tomemos um fato exemplificativo com hiptese, qual seja, a veiculao de uma publicidade enganosa e abusiva em todo p territrio nacional. Cujo contedo consiste em afirmar que determinada faculdade de direito concorrente no forma profissionais preparados para o mercado de trabalho. a) Desse fato pode decorrer a tutele de direitos difusos, se a pretenso deduzida em juzo for a de proibir a sua veiculao j que um nmero indeterminado e indeterminvel de pessoas foi atingido.b) Pode tambm decorrer a tutela de direitos coletivos stricto sensu se a pretenso deduzida em juzo for da de preservar a imagem dos alunos que estudam ou que estudaram nessa faculdade.Atentem-se que nesse caso os alunos possuem a mesma relao jurdica base com a faculdade, e constituem uma coletividade de pessoas indeterminadas, mas determinveis, j que podem ser individualizadas.c) Por derradeiro, desse mesmo fato tambm pode decorrer a tutela de interesses individuais homogneos, se a pretenso deduzida em juzo for a de promover a reparao de danos de um conjunto de trinta ex-alunos que foram prejudicados, em razo da publicidade veiculado, em processo de admisso para uma determinada empresa. Neste caso h dano de origem comum.4. Aspectos da defesa do consumidor em juzo.Para a defesa dos direito e interesses difusos, ou coletivos lato sensu, e neles se incluem os direitos dos consumidores, so admissveis todas as espcies de aes capazes de propiciar a sua adequada e efetiva tutela. Abriu-se, assim, um amplo leque para a tutela do consumidor. No entanto, para a defesa coletiva desses direito, a ser efetivada por meio da Ao Civil Pblica, so legitimados, de forma concorrente, o Ministrio Pblico, a Defensoria Pblica, a Unio, os Estados, os Municpios e o Distrito Federal; as entidades e rgos da Administrao Pblica, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurdica, especialmente destinados defesa dos interesses e direito difusos; e as associaes legalmente constitudas h pelo menos um anos e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direito difusos, dispensada a autorizao das respectivas assembleias dirigentes.No se trata de legitimidade extraordinria ou de substituio processual, mas sim de legitimao autnoma para a conduo do processo conferida por lei.Atentem-se que havendo manifesto interesse social evidenciado pela dimenso ou caracterstica do dano, ou pela relevncia do bem jurdico a ser protegido, o magistrado, por critrio de discricionariedade, poder, no caso concreto, dispensar a pr-constituio de uma ano para as associaes civis.Nessas aes coletivas no haver adiantamento de custas, emolumentos, honorrios periciais e quaisquer outras despesas. Tambm no haver condenao da associao autora em honorrios de advogados, custas e despesas processuais, salvo comprovada m-f. Ocorrendo litigncia de m-f, a associao autora e os diretores responsveis pela propositura da ao sero solidariamente condenados em honorrios advocatcios e ao dcuplo das custas, sem prejuzos das responsabilidade por perdas e danos.No campo das obrigaes de fazer o CDC tambm inovou, antes mesmo das reformar promovidas no Cdigo de Processo Civil (art. 461). Desta feita na ao que tenha por objeto o cumprimento da obrigao de fazer ou no fazer, o juiz conceder a tutela especfica da obrigao ou determinar providncias que assegurem o resultado prtico equivalente ao do adimplemento, por meio de medidas com busca e apreenso, remoo de coisas e pessoas, desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, alm de requisio de fora policial.Note-se que ao juiz lcito conceder a tutela liminar ou aps a justificao prvia, desde que seja relevante o fundamento da demanda e haja justificado receio de ineficcia do provimento final. Trata-se da possiblidade de antecipao da tutela . No atendida a tutela liminar pelo fornecedor, o magistrado poder, a qualquer momento, ou na sentena, impor multa diria ao ru/fornecedor, tambm denominada de astreintes, independentemente do pedido do autor/consumidor, se for suficiente ou compatvel com a obrigao, fixando prazo razovel para o cumprimento do preceito.Ao consumidor sempre facultada a converso da obrigao em perdas e danos, mas tambm ocorrer se impossvel a tutela especfica ou a obteno do resultado prtico correspondente. Referida indenizao ser fixada sem prejuzo das astreintes, conforme dispe o art. 287 do CPC.5. Das aes coletivas para a defesa de interesse individuais homogneos.Alm dos aspectos gerais j mencionados, as aes coletivas para a defesa dos interesses individuais homogneos possuem regramento especfico.Assim, os legitimados da Ao Civil Pblica podero propor em nome prprio o nome interesse das vtimas ou seus sucessores, ao civil coletiva de responsabilidade pelos danos individualmente sofridos. Ao Ministrio Pblico imputado o dever de sempre participar dessa aes, seja como autor, seja como fiscal da lei.Ressalvada a competncia da Justia Federal, competente para a causa a justia local do foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de mbito local; e do foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de mbito nacional ou regional, aplicando-se as regra do CPC aos casos de competncia concorrente.Caso seja procedente a ao, a condenao ser genrica, fixando a responsabilidade do ru pelos danos causados.Superada a fase de conhecimento, a liquidao e execuo da sentena podem ser promovidas pela vtima e seus sucessores, assim como pelos legitimados para a Ao Civil Pblica.Por outro lado, a execuo poder ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados para a Ao Civil Pblica. Abrangendo as vtimas cuja as indenizaes j tiverem sido fixadas em sentena de liquidao, sem prejuzo do ajuizamento de outras execues. Neste caso, a execuo coletiva feita com base em certido da sentena de liquidao, da qual dever constar a ocorrncia ou no do trnsito em julgado.Para as execues competente o juzo da liquidao da sentena ou da ao condenatria no caso de execuo individual; e da ao condenatria, quando coletiva a execuo.Por fim, decorrido um ano sem habilitao dos interessados em nmero compatvel com a gravidade do dano, podero os legitimados para a Ao Civil Pblica promover a liquidao e execuo da indenizao devida. Nesse caso, o produto da indenizao devida reverter para o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, Lei 7.374/85 e Decreto 1.306/94.6. Das aes de responsabilidade do fornecedor de produtos e servios.Nas aes de responsabilidade civil do forn