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TÓPICOS EM FÍSICA CLÁSSICA
Aulas 4 - 5 - Eletrostática
Tópicos em Física Clássica - Aula IV 2
O PROBLEMA BÁSICO DO ELETROMAGNETISMO: DADO UM CONJUNTO DE CARGAS E CAMPOS QUAL SERÁ A CONFIGURAÇÃO DE EQUILÍBRIO?
x
Cargas
Distribuição de cargas em condutores
y
z
Ponto onde queremos calcular o campo
P
r
ri ’
(r’)
Tópicos em Física Clássica - Aula IV 3
CONCEITOS BÁSICOSAlguns conceitos básicos:
a) Fonte do campo: carga que cria o campo:
- Carga é fonte de campo elétrico (E);
- Carga em movimento é fonte de campo magnético (B).
b) Eletrostática: envolve o cálculo de campos em sistemas de referência nos quais as fontes do campo estão em repouso relativo.
Neste caso o problema básico se reduz ao cálculo do campo elétrico E (ou, alternativamente, do potencial elétrico );
c) Eletrodinâmica: estudo dos campos quando estamos em sistemas de referência nos quais as cargas estão em movimento.
Tópicos em Física Clássica - Aula IV 4
PROPRIEDADES DA CARGA ELÉTRICAA carga elétrica apresenta as seguintes propriedades básicas:
A carga elétrica apresenta dois tipos (sabores) denominados de positivo ( + ) e negativo ( - ). A carga elétrica é quantizada. Toda carga elétrica observada é múltiplo da carga fundamental, a
carga do elétron ou do próton.
Propriedade básica do eletromagnetismo: uma carga elétrica influencia o comportamento de outra carga elétrica:
Cargas de sinais contrários -> atração
Cargas de sinais iguais -> repulsão
- A carga elétrica é conservada (conservação global da quantidade de carga).
F21 F12q1 q2
F21 F12
q1 q2
5
PROPRIEDADES DA INTERAÇÃO ENTRE CARGAS ELÉTRICAS (REPOUSO RELATIVO)
A força elétrica entre duas cargas depende do valor das cargas elétricas. Matematicamente: F q1 q2.
A força entre duas cargas elétricas depende apenas da distância entre as duas cargas. A dependência é inversamente proporcional ao quadrado da distância entre as duas cargas:
Tópicos em Física Clássica - Aula IV
21 2
1
| |
F
r r
F21q1
F12
q2
r2
r1 – r2
r1
z
y
x
• Na eletrostática, a terceira lei de Newton é válida: F12 = - F21
Tópicos em Física Clássica - Aula IV 6
PROPRIEDADES DA INTERAÇÃO ENTRE CARGAS ELÉTRICAS (REPOUSO RELATIVO (CONT.)
1 221 12 1 23
1 2| |
q qk
F F r r
r r
Nesta expressão F21 é a força exercida pela partícula com carga q2 sobre a partícula com carga q1.
A constante k depende do sistema de unidades usado. No SI:
120
0
1 8,854 10 F/m
4 k
• Podemos agrupar estes resultados experimentais na Lei de Coulomb:
Tópicos em Física Clássica - Aula IV 7
PROPRIEDADES DA INTERAÇÃO ENTRE CARGAS ELÉTRICAS (REPOUSO RELATIVO (CONT.)
Princípio da superposição: quando temos mais de duas partículas interagindo a força resultante sobre uma delas, devida às demais, é dada pela soma das forças sobre a partícula em análise:
31
30 1
| |
1
4 | |
jj i
j i ji ji
i j
ji
j j i ji ji
i k
q qk
F r rr r
F r rr r
Tópicos em Física Clássica - Aula IV 8
DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS DE CARGA No caso de termos distribuições de cargas não pontuais, a soma deve ser transposta para uma
integral sobre a densidade de carga:
O conceito de campo: ao invés de falarmos da força sobre uma partícula podemos falar sobre a força por unidade de carga da partícula campo. Se dividirmos a força sobre a k-ésima partícula pela carga desta partícula, então o campo na região da partícula será dado por:
33
0
1 ( ')( ) ' ( ')
4 | ' |q d r
rF r r r
r r
F(r) q
(r’)
r'
r – r’
r
z
y
x
330 0
1 ( ')( ) lim ' ( ')
4 | ' |
qd r
q
F rE r r r
r r
q é a chamada carga de teste: não pode interferir na distribuição que cria o campo.
LEI DE GAUSS
Tópicos em Física Clássica - Aula IV9
d
q
n
Er
O que acontece com a componente do campo normal à superfície?
20
cos.
4
qda da
r
En
2
cos dad
r
0
.4
qda d
En
Integrando sobre a superfície S (fechada) :
0
se limitado por .
0 se limitado por S
qq V S
da
q V S
En
Tópicos em Física Clássica - Aula IV 10
0
3
0
.1
( ') '
i
i
S
V
q
dad r
En
r
Para uma distribuição de cargas (pontuais ou uma densidade volumétrica de carga):
Cargas pontuais
Distribuição volumétrica de cargas
Forma diferencial da lei de Gauss
Para podermos escrever em forma diferencial a lei de Gauss vamos analisar o teorema da divergência de Gauss para um campo vetorial qualquer:
3. .S V
da d x An A
SV
Fluxo de A
Aplicando ao campo elétrico:
3 3
0
1. ' . ' ( ') '
S V V
da d r d r
En E r0
( ). ( )
r
E r
Forma diferencial da lei de Gauss
LEI DE GAUSS (CONT.)
11
O POTENCIAL ESCALARO campo elétrico é um campo de rotacional nulo. Isso é facilmente verificável a partir da expressão para E:
Tópicos em Física Clássica - Aula IV
33
0
1 '' ( ')
4 | ' |
d r
r r
E rr r
O rotacional atua somente sobre a variável r e não sobre a variável r’, portanto o rotacional atua somente sobre a fração no integrando, a qual pode ser reescrita como:
3
' 1
| ' || ' |
r r
r rr r
Logo:
3
0
3
0
0
1 1' ( ')
4 | ' |
1 1' ( ') ( ) 0
4 | ' |
0
Nesta expressão:
1 1( ) ( ')
4 | ' |
d r
d r
E rr r
E r rr r
E
r rr r
Potencial eletrostático
O POTENCIAL ESCALAR (CONT.)
Tópicos em Física Clássica - Aula IV 12
Portanto, o campo elétrico pode ser escrito como o gradiente de uma função escalar:
( ) E r
Observações:
• Na definição do potencial eletrostático a integração é sobre todas as cargas no universo;
• O potencial é definido a menos de uma constante arbitrária.
Tópicos em Física Clássica - Aula IV 13
INTERPRETAÇÃO FÍSICA DO POTENCIAL ESCALAR
Vamos calcular o trabalho que devemos executar contra o campo eletrostático E, para levarmos uma carga elétrica q de um ponto a até um ponto b com velocidade constante. Observe-se que esse trabalho é executado contra a força elétrica F = q E:
. .b b
a a
W d q d F l E la
bdlq
Usando que E = - :
.b b
b a
a a
W q d q d q l
O campo eletrostático é um campo conservativo:
. . 0b
b a
a
d d E l E l
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DISTRIBUIÇÕES SUPERFICIAIS DE CARGAS E DIPOLOS. DESCONTINUIDADES NO CAMPO E NO POTENCIAL
Teríamos um mundo perfeito se não tivéssemos limites! O que fazer em um contorno?
Vamos aplicar a lei de Gauss a um disco cujas bases estão uma na parte superior da superfície e outra na base inferior. As faces laterais possuem áreas desprezíveis.
2 10
.
E E n
Esta equação expressa o fato de que há uma descontinuidade nas componentes normais do campo elétrico . As componentes tangenciais, no entanto, são contínuas.
1 2
1 2
0
1 2 2 20
2 1 2
1 2 2 2 2 10
1.
1. .
Como e 1:
. . .
S S
s S
S S
ds ds
ds ds ds
S S
ds ds A A
1 1
1
1 1
En
E n E n
n n
E n E n E E n
Tópicos em Física Clássica - Aula IV 15
Consideremos uma camada formada por duas superfícies muito próximas
POTENCIAL DEVIDO A UMA DISTRIBUIÇÃO DE DIPOLOS SOBRE UMA SUPERFÍCIE S
O potencial pode ser escrito como:
0 0 '
1 ( ') 1 ( ')( ) ' ''
4 | ' | 4 | ' |S S
da dad
r r
rr r r r n
Para d << |r - r’|podemos expandir o denominador na segunda integral usando a identidade:
22 2
1 1 1 . 1 11 ... . ...
| | 2 . x x xxx a
a xa
x a a x
Tópicos em Física Clássica - Aula IV 16
Logo, após substituir esta expressão na integral do potencial e tomar o limite:
( ) 0lim ( ) ( ) ( )
d xd D
x x x
Obtemos:
0
1 1( ) ( ') . ' '
4 | ' |S
D da
r r n
r r
Observando que:
2
1 cos '. ' '
| ' | | ' |
dada d
n
r r r r
Então:
0
1( ) ( ')
4S
D d
r r2 1
0
D
Há uma descontinuidade no potencial ao cruzar a dupla camada !!!
Tópicos em Física Clássica - Aula IV 17
A EQUAÇÃO DE POISSON
O campo elétrico é descrito a partir das duas equações:
0
.
0
E
E
Lembrando que o campo eletrostático pode ser escrito em termos de um potencial escalar (devido à segunda das igualdades acima):
2
0
( )( ) ( ) .( ( )) ( )
r
E r r r rEquação de
Poisson
Importante: nessa equação a quantidade (r) indica a densidade de carga na posição onde estamos calculando o potencial.
q1 ,r1q1 , r2
r3
1 1 1 1 1
32 2 2 2 2 2 2
3 3 3
( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( ) ( )
( ) ( ) 0
V
q
q d v
r r r
r r r r
r r
18
A EQUAÇÃO DE POISSON (CONT.)
Tópicos em Física Clássica - Aula IV
Se na região de interesse não existem fontes do campo, então temos a equação de Laplace:
2 0
Teorema de Green
Motivação -> Temos, normalmente, condições de contorno a serem satisfeitas. Isto torna as integrações mais difíceis de serem calculadas.
Solução de uma equação diferencial passa pela obtenção da solução geral (classe de soluções) e da aplicação das condições de contorno
relevantes ao problema
Tópicos em Física Clássica - Aula IV 19
Vamos começar pelo teorema da divergência de Gauss:
3. .V S
d x da A AnS
V
A
Vamos fazer:
A Então:
2.( ) .
e
.n
n
Derivada normal à superfície S dirigida de dentro para fora
Substituindo essa expressão no Teorema da Divergência de Gauss:
2 3.V S
d x dan
Primeira
identidade de Green
EQUAÇÃO DE POISSON (CONT.)
20
EQUAÇÃO DE POISSON (CONT.)
Tópicos em Física Clássica - Aula IV
Vamos agora trocar por (e vice-versa) e subtrairmos da identidade a nova identidade, obteremos o que chamamos de segunda identidade de Green:
2 3
2 3
2 2 3
.
.
V S
V S
V S
d x dan
d x dan
d x dan n
Se agora tomarmos as seguintes identidades:
2 21 1 14 ( ')
| ' | R R
r rr r
Tópicos em Física Clássica - Aula IV 21
Então quando r está no interior da superfície S:
3
0
3
0
1 1 14 ( ') ( ') ( ') ' '
' '
1 ( ') 1 1 1( ) ' '
4 4 ' '
V S
V S
d r daR n R R n
d r daR R n n R
r r r r
rr
Se r estiver fora do volume de integração a integral sobre o volume é nula.
EQUAÇÃO DE POISSON (CONT.)
22
EQUAÇÃO DE POISSON (CONT.)
Tópicos em Física Clássica - Aula IV
Unicidade de soluções: condições de Dirichlet e Newmann
Problema: unicidade da solução para o potencial. Quais são as condições de contorno apropriadas ao problema?
S
V
Suponhamos que existam duas soluções para a equação de Poisson em um volume V limitado por uma superfície S ( 1 e 2) as quais satisfazem as mesmas condições de contorno. Seja U = 2 - 1 . Então, no interior de S:
2 0U
Portanto, ou U é nulo (igual a zero) ou U/ n = 0 sobre S, conforme sejam dadas condições de contorno de Dirichlet ou Newmann.
f(x,y,z) conhecida sobre a superfície S -> Condições de Dirichlet
Ou, alternativamente, f’(x,y,z) conhecida sobre a superfície S -> Condições de Newmann.
23Tópicos em Física Clássica - Aula IV
Vamos usar agora a primeira identidade de Green, com:
U 2 3.V S
uU U U U d x U da
n
Em qualquer caso (U=0 ou U/n = 0 no contorno) temos que:
2 3| | 0V
U d x Portanto, temos que U=0 o que implica que a função U é constante no interior do volume V.Caso 1: condições de Dirichlet no contorno -> US = 0. Nesse caso temos que:
1 2 A solução é única.
Caso 2: condições de Newmann no contorno -> U/n = 0 . Nesse caso temos que:
1 2 constante
EQUAÇÃO DE POISSON (CONT.)
Observações:
• A imposição das duas condições ao mesmo tempo não é possível;
• As duas soluções são, em geral, diferentes.
Tópicos em Física Clássica - Aula IV 24
SOLUÇÃO GERAL DE PROBLEMAS ELETROSTÁTICOS DE CONTORNO: FUNÇÕES DE GREEN
Obtivemos anteriormente a solução para a equação de Poisson:
3
0
1 ( ') 1 1 1( ) ' '
4 4 ' 'V S
d r daR R n n R
r
r
Condição de Newmann Condição
de Dirichlet
Na obtenção dessa equação usamos, nas identidades de Green:
1
| |
r - r'
Potencial da carga
puntiforme
2 14 ( ')
| ' |
r rr r
Tópicos em Física Clássica - Aula IV 25
Este é um exemplo de um a classe de funções que satisfazem à equação mais geral:
2
2
' ( , ') 4 ( ')
Nesta expressão:
1( , ') ( , ')
| ' |
com F satisfazendo: ( , ') 0
G
G F
F
r r r r
r r r rr r
r r
Equação de Laplace dentro do volume V.
Se usarmos na expressão para o potencial G ( r , r’ ) = e escolhermos F( r , r’ ) tal que consigamos eliminar ou sua derivada da expressão para o potencial obteremos apenas uma das condições de contorno dentro da integral para :
3
0
1 1( ) ( ') ' '
4 4 ' 'V S
GG d r G da
n n
r r
Caso 1: condições de contorno de Dirichlet – GD = 0 para todo r’ sobre S:
3
0
1 1( ) ( ') ' '
4 4 '
V S
GG d r da
n
r r
FUNÇÕES DE GREEN (CONT.)
Tópicos em Física Clássica - Aula IV 26
V
FUNÇÕES DE GREEN (CONT.)
Caso 2: condições de contorno de Newmann – GN/ n’= - 4/S para todo r’ sobre S:
3
0
3
0
1 1 4( ) ( ') ' '
4 4 '
1 1 1( ) ( ') ' ' '
4 4 '
1Mas: '
V S
V S S
SS
G d r G dan S
G d r G da dan S
daS
r r
r r
Valor médio do potencial sobre a superfície S. Vale zero se a superfície S vai ao infinito.
Interpretação da função F – Essa função satisfaz a equação de Laplace dentro do volume V. Portanto representa uma solução do potencial criado por cargas externas a V.
S
2 ( , ') 0F r r
27
ENERGIA POTENCIAL ELETROSTÁTICA
Tópicos em Física Clássica - Aula IV
Questão: qual o trabalho para trazer uma carga do infinito até um ponto do espaço?
x
z
y
trajetória
r1
r2
( )i i i iW q r
Se as cargas geradoras do campo estiverem localizadas nas posições rj
então o potencial sobre a i-ésima carga será dado por:1 1
0 01 1
1
4 | | 4 | |
n nj ji
i ii j i jj j
j i j i
q qqW
r r r r
A energia potencial total do sistema de n cargas será dada então por:
0 01 1 1 1
1 1
4 | | 8 | |
j in n ni j i j
i j i ji j i ji j
q q q qW
r r r r
28
ENERGIA POTENCIAL ELETROSTÁTICA (CONT.)
Tópicos em Física Clássica - Aula IV
Se a distribuição de cargas for contínua, a soma é substituída por uma integral:
3 3
0
3
1 ( ) ( ')'
8 | ' |
1( ) ( )
2
W d r d r
W d r
r r
r r
r r
Vamos resolver o problema agora olhando, alternativamente para o campo elétrico. Vamos reescrever a equação acima, usando a equação de Poisson, como:
3 20 ( ) ( )2
W d r
r r
Integrando por partes essa expressão:
2 30
2 30
| |2
| |2
W d r
W d r
E
Esta expressão não contém mais
referência alguma às cargas !!!
Densidade de energia (w) Esta é uma
quantidade positiva !!!
Tópicos em Física Clássica - Aula IV 29
Para um sistema de condutores mantidos a potenciais Vi e cargas qi, no vácuo, podemos escrever o potencial em função das cargas e de certas grandezas geométricas chamadas de coeficiente de capacidade. O potencial no enésimo condutor pode ser escrito como:
1
n
i ij jj
V p Q
Termos que contém a geometria do problema
Podemos, ao menos formalmente, inverter a equação acima para obter as cargas nos condutores:
1
; ( 1,.., )n
i ij jj
Q C V i n
Se i =j (Cii) temos as capacitâncias dos condutores.
Para i j falamos em coeficientes de capacitância
Interpretação: a capacitância de um condutor é a carga total no condutor quando o mesmo é mantido a um potencial unitário, com os potenciais de todos os outros condutores mantidos no zero.
Para um sistema de condutores:
1
1 1
2 2
n
i i ij i ji i j
W Q V C V V
ENERGIA POTENCIAL ELETROSTÁTICA (CONT.)