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DIREITO TRIBUTÁRIO II Aula 12 – IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES PREVISTAS NA CONSTITUIÇÃO E O SIMPLES NACIONAL I – IMPOSTOS FEDERAIS A competência exclusiva da União para instituir impostos está prevista no art. 153, da CRF/88, o qual transcrevemos, a seguir: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros; II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III - renda e proventos de qualquer natureza; IV - produtos industrializados; V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI - propriedade territorial rural; VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. Passemos, agora a tecer breves comentários sobre cada um dos impostos previstos na competência exclusiva da União: 1.1 - IMPOSTO SOBRE IMPORTAÇÃO DE PRODUTOS ESTRANGEIRO –II (Art. 153, I, e §1º, da CRF/88 c/c Art. 19/22, CTN) 1.1.1 – NOÇÕES INICIAIS O Imposto sobre Importação - II tem uma função eminentemente extrafiscal, pois visa, preliminarmente, interferir na economia (e não a arrecadar recursos para os cofres públicos), como ocorre, por exemplo, quando a União reduz suas alíquotas de forma a permitir a entrada de determinados produtos no mercado, de forma a conter as pressões inflacionárias desse produto ou quando, por exemplo, a União amplia as alíquotas desse imposto a fim de resguardar determinado setor da economia que possa está 1

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DIREITO TRIBUTÁRIO II

Aula 12 – IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES PREVISTAS NA CONSTITUIÇÃO E O SIMPLES NACIONAL

I – IMPOSTOS FEDERAIS

A competência exclusiva da União para instituir impostos está prevista no art. 153, da CRF/88, o qual transcrevemos, a seguir:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:I - importação de produtos estrangeiros;II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;III - renda e proventos de qualquer natureza;IV - produtos industrializados;V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;VI - propriedade territorial rural;VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

Passemos, agora a tecer breves comentários sobre cada um dos impostos previstos na competência exclusiva da União:

1.1 - IMPOSTO SOBRE IMPORTAÇÃO DE PRODUTOS ESTRANGEIRO –II (Art. 153, I, e §1º, da CRF/88 c/c Art. 19/22, CTN)

1.1.1 – NOÇÕES INICIAIS

O Imposto sobre Importação - II tem uma função eminentemente extrafiscal, pois visa, preliminarmente, interferir na economia (e não a arrecadar recursos para os cofres públicos), como ocorre, por exemplo, quando a União reduz suas alíquotas de forma a permitir a entrada de determinados produtos no mercado, de forma a conter as pressões inflacionárias desse produto ou quando, por exemplo, a União amplia as alíquotas desse imposto a fim de resguardar determinado setor da economia que possa está sendo prejudicado pela concorrência de similares estrangeiros.

Em virtude desse caráter extrafiscal do Imposto sobre Importação - II torna-se necessário uma maior agilidade para alterar suas alíquotas, sem a demora que é o processo legislativo, razão pelo qual a Constituição, tornou o II uma exceção ao princípio da legalidade, visto que suas alíquotas podem ser alteradas, desde que dentro dos limites e condições estabelecido em lei, por Decreto do Presidente da República.

Art. 153, § 1º, CRF/88 - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.

Art. 21, CTN - O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do comércio exterior.

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Entretanto, não há que se exigir o uso de Lei Complementar para regular as condições e limites para a alteração das alíquotas do II, pois não há nenhum dispositivo constitucional exigindo o uso dessa espécie normativa, logo, deve-se utilizar a Lei Ordinária neste caso. Além disso, não há necessidade da presença de fundamentação (motivação) no decreto que altere as alíquotas desse imposto, pois esta se encontra em seu âmbito de formação no procedimento administrativo.

RE 225602 / CE - CEARÁRECURSO EXTRAORDINÁRIORelator(a):  Min. CARLOS VELLOSOJulgamento:  25/11/1998           Órgão Julgador:  Tribunal PlenoEMENTA: - CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMPORTAÇÃO: ALÍQUOTAS: MAJORAÇÃO POR ATO DO EXECUTIVO. MOTIVAÇÃO. ATO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO: FATO GERADOR. C.F., art. 150, III, a e art. 153, § 1º. I. - Imposto de importação: alteração das alíquotas, por ato do Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei: C.F., art. 153, § 1º. A LEI DE CONDIÇÕES E DE LIMITES É LEI ORDINÁRIA, DADO QUE A LEI COMPLEMENTAR SOMENTE SERÁ EXIGIDA SE A CONSTITUIÇÃO, EXPRESSAMENTE, ASSIM DETERMINAR. No ponto, a Constituição excepcionou a regra inscrita no art. 146, II. II. - A MOTIVAÇÃO DO DECRETO QUE ALTEROU AS ALÍQUOTAS ENCONTRA-SE NO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DE SUA FORMAÇÃO, MESMO PORQUE OS MOTIVOS DO DECRETO NÃO VÊM NELE PRÓPRIO. III. - Fato gerador do imposto de importação: a entrada do produto estrangeiro no território nacional (CTN, art. 19). Compatibilidade do art. 23 do D.L. 37/66 com o art. 19 do CTN. Súmula 4 do antigo T.F.R.. IV. - O que a Constituição exige, no art. 150, III, a, é que a lei que institua ou que majore tributos seja anterior ao fato gerador. No caso, o decreto que alterou as alíquotas é anterior ao fato gerador do imposto de importação. V. - R.E. conhecido e provido.

Da mesma forma, a Constituição tornou o II exceção ao princípio da anterioridade, seja a do exercício (só pode ser exigido no exercício seguinte à publicação da lei que o instituiu ou o majorou), seja a nonagesimal (só pode ser exigido noventa dias da publicação da lei que o instituiu ou o majorou) , ou seja, se alguma lei aumentar suas alíquotas ou alterar sua base de cálculo ou algum ato do executivo majorar sua alíquota, estes dispositivos poderão ser aplicado imediatamente.

Art. 150, §1º, CRF/88 - A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I.

1.1.2 – FATO GERADOR

A descrição do fato gerador do Imposto sobre Importação está prevista no art. 19, do CTN, o qual define como fato gerador desse imposto a entrada de produtos estrangeiros em território nacional (e não a compra de produtos estrangeiros).

Art. 19, CTN - O imposto, de competência da União, sobre a importação de produtos estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no território nacional.

Todavia, o Decreto-Lei 37/1966 (Este Decreto-Lei é 18/11/1966, portanto posterior ao CTN de 25/10/1966 – somente a CRF/67 deu status de LC ao CTN), em seu artigo 23, estabelece, como forma de identificar em que momento se dá a entrada do produto no território nacional, A DATA DO REGISTRO DA DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO, NA REPARTIÇÃO ADUANEIRA, COMO O MOMENTO DA

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OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR DO IMPOSTO SOBRE IMPORTAÇÃO. O Regulamento Aduaneiro, também, traz, expressamente, o mesmo momento como aquele que dá ensejo a ocorrência do fato gerador do II.

Art. 23, Decreto-Lei 37/1966 - Quando se tratar de mercadoria despachada para consumo,considera-se ocorrido o fato gerador na data do registro, na repartição aduaneira, da declaração a que se refere o artigo 44.

Art. 73, decreto 4.543/20002 - Para efeito de cálculo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 23 e parágrafo único): I - na data do registro da declaração de importação de mercadoria submetida a despacho para consumo; (...)

Logo, o que temos é um fato gerador espacial ou material (entrada da mercadoria em território nacional) e um fato gerador espacial (registro da declaração de importação na repartição aduaneira). Entretanto, segundo o STJ, a fim de eliminar as incertezas quanto a ocorrência do fato gerador, fixou o momento do registro da declaração de importação como aquele em que o fato gerador do II se aperfeiçoa.

REsp 362910 / PRRECURSO ESPECIAL2001/0129594-6 TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. MERCADORIA EM TRÂNSITO DESTINADA AO PARAGUAI. AVARIA OU EXTRAVIO. ISENÇÃO. IRRESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR. PRECEDENTES. 1. Não obstante o fato gerador do imposto de importação se dê com a entrada da mercadoria estrangeira em território nacional, torna-se necessária a fixação de um critério temporal a que se atribua a exatidão e certeza para se completar o inteiro desenho do fato gerador . Assim, EMBORA O FATO GERADOR DO TRIBUTO SE DÊ COM A ENTRADA DA MERCADORIA EM TERRITÓRIO NACIONAL, ELE APENAS SE APERFEIÇOA COM O REGISTRO DA DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO NO CASO DE REGIME COMUM e, nos termos precisos do parágrafo único, do artigo 1º, do Decreto-Lei nº 37/66, "com a entrada no território nacional a mercadoria que contar como tendo sido importada e cuja a falta seja apurada pela autoridade aduaneira". (...). 4. Recurso não conhecido.

1.1.3 – BASE DE CÁLCULO

A base de cálculo do Imposto sobre Importação está prevista no art. 20, do CTN, o qual assim dispõe:

Art. 20, CTN - A base de cálculo do imposto é: I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País; III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço da arrematação.

Como alíquota ad valorem (mais adotada) podemos conceituar aquelas em percentual que incidem sobre a base de cálculo do imposto (a grandeza econômica); já como alíquota específica temos aquelas calculadas em valor monetário por unidade (ex: R$10,00 por unidade; R$ 5,00 por Kg).

Nas alíquotas ad valorem, a fim de evitarem-se distorções nos reais valores da mercadoria importada, O CTN DETERMINOU QUE A ALÍQUOTA INCIDISSE

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SOBRE O PREÇO REAL DE VENDA, INDEPENDENTE DO QUE FOI DECLARADO PELO IMPORTADOR. Contudo, para se encontrar esse valor, deve-se utilizar o que dispõe o art. 7º, do GATT (Acordo geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio1).

Agora, no caso de bens apreendidos ou abandonados que foram adquiridos em licitação (leilão), a base de cálculo será o preço pago para arrematar o bem no leilão. Todavia, deve-se ter cuidado com fraudes, visto que o importador pode abandonar o bem, para recomprá-lo em leilão por um preço bem menor do seu real preço.

1.1.4 - CONTRIBUINTE

Quanto ao contribuinte do Imposto sobre Importação, cabe mencionar que, segundo dispõe o CTN, em seu art. 222, será aquele que importar mercadoria ou a quem a lei a ele equiparar ou o que arrematar produtos apreendidos ou abandonados.

O Decreto-Lei 37/66, com a nova redação trazida pelo Decreto-Lei 2.472/88, clareou o rol daqueles que são considerados sujeitos passivos do Imposto sobre Importação, bem como, o rol daqueles que são considerados responsáveis tributário deste imposto:

Art.31. Decreto-Lei 37/66 - É contribuinte do imposto: I - o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no Território Nacional; II - o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente; III - o adquirente de mercadoria entrepostada.

Art. 32, Decreto-Lei 37/66 - É responsável pelo imposto: I - o transportador, quando transportar mercadoria procedente do exterior ou sob controle aduaneiro, inclusive em percurso interno; II - o depositário, assim considerada qualquer pessoa incubida da custódia de mercadoria sob controle aduaneiro.

1.1.5 - LANÇAMENTO

O lançamento do Imposto sobre Importação, em regra, por determinação expressa da legislação aduaneira, é realizado por homologação, pois determina que o sujeito passivo recolha o valor do tributo antes de qualquer procedimento fiscal.

1 ARTIGO VII (GATT) VALOR PARA FINS ALFANDEGÁRIOS (...) 2.(a) O VALOR PARA FINS ALFANDEGÁRIOS DAS MERCADORIAS IMPORTADAS DEVERÁ SER ESTABELECIDO SOBRE O VALOR REAL DA MERCADORIA IMPORTADA À QUAL SE APLICA O DIREITO OU DE UMA MERCADORIA SIMILAR, E NÃO SOBRE O VALOR DO PRODUTO DE ORIGEM NACIONAL OU SOBRE VALORES ARBITRÁRIOS OU FICTÍCIOS. (b) O "VALOR REAL" DEVERÁ SER O PREÇO AO QUAL, EM TEMPO E LUGAR DETERMINADOS PELA LEGISLAÇÃO DO PAÍS IMPORTADOR, AS MERCADORIAS IMPORTADAS OU AS MERCADORIAS SIMILARES SÃO VENDIDAS OU OFERECIDAS À VENDA POR OCASIÃO DAS OPERAÇÕES COMERCIAIS NORMAIS EFETUADAS NAS CONDIÇÕES DE PLENA CONCORRÊNCIA. Essas mercadorias ou mercadorias similares são vendidas ou oferecidas à venda em condições de plena concorrência e através de operações comerciais normais, Na medida em que o preço dessas mercadorias ou de mercadorias similares dependa da quantidade sobre a qual recai uma transação determinada, o preço considerado deverá guardar relação na conformidade da escolha efetuada em definitivo pelo país importador, quer com quantidades comparáveis, quer com quantidades fixadas de forma não menos favorável ao importador do que se fosse tomado o maior volume dessas mercadorias que efetivamente tenha dado ensejo a transações comerciais entre o país exportador e o país importador. (c) No caso em que for impossível determinar o valor real em conformidade com os termos da alínea (b), do presente parágrafo, o valor para fins alfandegários deverá ser baseado na equivalência comprovável, mais próxima desse valor.

2 Art. 22, CTN - Contribuinte do imposto é: I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; II - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados.

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No caso de importação de bens que ultrapassem o limite permitido para a isenção das mercadorias inseridas dentro do conceito de bagagem acompanhada, o lançamento será feito por declaração (Declaração de Bagagem Acompanhada).

1.1.6 – COMENTÁRIOS FINAIS

Por fim, cabe apresentarmos alguns conceitos que mesmo fora do escopo do Direito Tributário, podem ser úteis na compreensão de questões de concurso que tratem do Imposto sobre Importação:

I) Drawback – é um regime aduaneiro especial, podendo ser considerado um incentivo a exportação, pois visa proteção da indústria nacional. Em virtude desse benefício o exportador de produto acabado é restituído do valor pago a título de Imposto sobre Importação incidente sobre a importação de insumos de origem estrangeira (matéria-prima ou produtos intermediários) ou tem esse pagamento suspenso ou torna-se isento desse imposto (art. 335, Regulamento Aduaneiro – Decreto 4.543/2002) 3

II) Dumping – é a invasão de mercadorias estrangeiras por preços abaixo do custo daquelas mercadorias comercializadas no mercado nacional, no intuito de acabar com a concorrência neste mercado

III) Desembaraço Aduaneiro – é a liberação da mercadoria, registrada no SISCOMEX, ao importador.

1.2 - IMPOSTO SOBRE A EXPORTAÇÃO, PARA O EXTERIOR, DE PRODUTOS NACIONAIS OU NACIONALIZADOS (Art. 153, II, e §1º, da CRF/88 c/c Art. 23/28, CTN)

O imposto sobre a exportação - IE também é um tributo extrafiscal, pois serve, por exemplo, como mecanismo de incentivo a exportação. Por esta razão este tributo não se submete ao princípio da legalidade (podendo ter suas alíquotas alteradas por Decreto, nos limites e condições estabelecidas em lei) nem ao princípio da anteiroridade (nonagesimal e do exercício).

Art. 153, § 1º, CRF/88 - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.

Art. 26, CTN - O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-los aos objetivos da política cambial e do comércio exterior.

Art. 150, §1º, CRF/88 - A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos

3 Art. 335, Decreto 4.543/2002 - O regime de drawback é considerado incentivo à exportação, e pode ser aplicado nas seguintes modalidades: I - suspensão do pagamento dos tributos exigíveis na importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento ou destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada; II - isenção dos tributos exigíveis na importação de mercadoria, em quantidade e qualidade equivalente à utilizada no beneficiamento, fabricação, complementação ou acondicionamento de produto exportado; e III - restituição, total ou parcial, dos tributos pagos na importação de mercadoria exportada após beneficiamento, ou utilizada na fabricação, complementação ou acondicionamento de outra exportada.

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previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I.

1.2.1 – FATO GERADOR

O Fato Gerado do IE é a saída para o exterior (fora do território nacional) de produtos nacionais ou nacionalizados. O art. 23, do CTN, assim dispõe:

Art. 23, CTN - O imposto, de competência da União, sobre a exportação, para o estrangeiro, de produtos nacionais ou nacionalizados tem como fato gerador a saída destes do território nacional.

Entretanto, a fim de se solucionar a incerteza quanto ao o momento da saída do produto do território nacional (por exemplo: saída do porto; saída do mar territorial, saída da Zona Econômica Exclusiva, etc.), O REGULAMENTO ADUANEIRO ESTABELECEU COMO MOMENTO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR DO IMPOSTO SOBRE EXPORTAÇÃO, A DATA DO REGISTRO DA EXPORTAÇÃO NO SISCOMEX, independente de ter ocorrido qualquer alteração da legislação quando da efetiva saída da mercadoria do território nacional.

Art. 213, Regulamento Aduaneiro – Decreto 4.543/2002 - O imposto de exportação tem como fato gerador a saída da mercadoria do território aduaneiro.

Parágrafo único. Para efeito de cálculo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador na data do registro de exportação no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex)

RE 227106 / PE - PERNAMBUCORECURSO EXTRAORDINÁRIORelator(a):  Min. ILMAR GALVÃOJulgamento:  21/03/2000           Órgão Julgador:  Primeira Turma

EMENTA: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO. AÇÚCAR. OPERAÇÕES QUE JÁ HAVIAM SIDO REGISTRADAS NO SISTEMA INTEGRADO DE COMÉRCIO EXTERIOR - SISCOMEX QUANDO FORAM EDITADAS AS RESOLUÇÕES NºS. 2.112/94 E 2.136/94, DO CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL. Equivalendo os registros informatizados das operações de exportação no SISCOMEX, para todos os efeitos legais, à guia de exportação (art. 6º, § 1º, do Decreto nº 660/92), é fora de dúvida que, no caso, as operações que, por essa forma, já se achavam registradas quando do advento das resoluções sob enfoque, não poderiam ser atingidas pelas novas regras nelas veiculadas, sob pena de ofensa ao princípio do direito adquirido. Recurso não conhecido.

Todavia, A MERA ASSINATURA DE CONTRATO (MESMO COM SEU REGISTRO NO SISCOMEX) ANTERIOR AO REGISTRO INFORMATIZADO DE EXPORTAÇÃO NO SISCOMEX NÃO É SUFICIENTE PARA CONFIGURAR A OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR, conforme já assentou a jurisprudência do STF.

RE 235858 / PE - PERNAMBUCORECURSO EXTRAORDINÁRIORelator(a):  Min. ILMAR GALVÃOJulgamento:  13/12/2002           Órgão Julgador:  Primeira TurmaEMENTA: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO. AÇÚCAR. RESOLUÇÕES N.°S 2.112/94 E 2.136/94, DO CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL. ALEGADA OFENSA AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA LEI TRIBUTÁRIA. A Medida Provisória n.° 655 de 14 de outubro de 1994, convertida, após sucessivas reedições, na Lei n.º 9.019/95, teve o efeito de revogar, a partir de sua edição -- na conformidade da jurisprudência pacífica do STF --, o § 3.° do art. 1.° do DL n.° 1.578/77, que autorizava o Poder Executivo a relacionar os produtos sujeitos ao imposto em apreço, generalizando, por esse modo, a incidência do tributo,

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salvo hipótese prevista na Constituição (inciso II do § 3.° do art. 153). Regulamentando a norma do § 1.° do art. 1.° do referido DL n.° 1.578/77, estabeleceu o Decreto n.° 660/92 equiparação entre a guia de exportação e o registro informatizado da exportação no SISCOMEX (§ 1.° do art. 6.°), para efeito de identificação do fato gerador . No presente caso, os registros de exportação foram realizados em fevereiro e abril/95, posteriormente, portanto, à edição da MP n.° 655/94 e da Resolução n.° 2.136/94, do BACEN, que fixou a alíquota do IE em 2% para açúcares de cana, não havendo espaço para falar-se em incidência retroativa da lei tributária. Registre-se, por fim, SER IRRELEVANTE QUE, NO CASO, A VENDA DO AÇÚCAR HOUVESSE SIDO REGISTRADA NO SISCOMEX ANTES DA EDIÇÃO DA MP 655/94, JÁ QUE NÃO SE TRATA DE ATO EQUIPARADO À GUIA DE EXPORTAÇÃO, PARA O EFEITO ACIMA MENCIONADO. O acórdão recorrido, dissentindo do entendimento exposto, não pode subsistir. Recurso conhecido e provido.

1.2.2 – BASE DE CÁLCULO

A base de cálculo do Imposto sobre Exportação será, no caso de alíquotas ad valorem , o preço normal que a mercadoria alcançaria em condições de livre concorrência no Mercado Internacional; enquanto para as alíquotas específicas, será a unidade de medida estabelecida pela lei tributária.4

Art. 24, CTN - A base de cálculo do imposto é:I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária;II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência.Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera-se a entrega como efetuada no porto ou lugar da saída do produto, deduzidos os tributos diretamente incidentes sobre a operação de exportação e, nas vendas efetuadas a prazo superior aos correntes no mercado internacional o custo do financiamento.

Todavia, na determinação da base de cálculo do imposto sobre importação, não pode o preço de venda das mercadorias exportadas ser inferior ao seu custo de aquisição ou de produção, acrescido dos impostos e das contribuições incidentes e da margem de lucro de quinze por cento sobre a soma dos custos, mais impostos e contribuições.

1.2.3 - CONTRIBUINTE

O contribuinte do Imposto sobre Exportação é o exportador ou a aquele que a ele equiparar5, ou como dispõe o Regulamento Aduaneiro, qualquer pessoa que promova a saída da mercadoria do território nacional:

4 Art. 214, Regulamento Aduaneiro – Decreto 4.543/2002 - A base de cálculo do imposto é o preço normal que a mercadoria, ou sua similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência no mercado internacional, observadas as normas expedidas pela Câmara de Comércio Exterior. § 1º Quando o preço da mercadoria for de difícil apuração ou for suscetível de oscilações bruscas no mercado internacional, a Câmara de Comércio Exterior fixará critérios específicos ou estabelecerá pauta de valor mínimo, para apuração da base de cálculo. § 2º Para efeito de determinação da base de cálculo do imposto, o preço de venda das mercadorias exportadas não poderá ser inferior ao seu custo de aquisição ou de produção, acrescido dos impostos e das contribuições incidentes e da margem de lucro de quinze por cento sobre a soma dos custos, mais impostos e contribuições.

5 Art. 27, CTN - Contribuinte do imposto é o exportador ou quem a lei a ele equiparar.

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Art. 217. É contribuinte do imposto o exportador, assim considerada qualquer pessoa que promova a saída de mercadoria do território aduaneiro

1.2.4 – LANÇAMENTO

O Imposto sobre Exportação é lançado por homologação pelo exportador e o desembaraço aduaneiro é a homologação expressa do procedimento do contribuinte.

1.3 – IMPOSTO SOBRE RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA (Art. 153, III e §2º, CRF c/c Art.43/45, CTN)

O Imposto de Renda – IR, ou melhor, o Imposto Sobre Renda e Proventos de Qualquer Natureza, é um tributo com caráter eminentemente fiscal, isto é, visa única e exclusivamente arrecadar recursos para os Cofres Públicos da União.

O art. 43, do CTN, define como FATO GERADOR do Imposto de Renda não apenas A RENDA, ENTENDIDA COMO A DISPONIBILIDADE ECONÔMICA (o sujeito passivo recebe a renda ou proventos) OU JURÍDICA (o sujeito passivo recebe o crédito, podendo dispor do mesmo juridicamente, sem contudo receber efetivamente a renda) ORIUNDA DO PRODUTO DO CAPITAL (EX: JUROS E APLICAÇÕES FINANCEIRAS), DO TRABALHO (E: SALÁRIO E VENCIMENTOS) OU DA COMBINAÇÃO DOS DOIS (EX: PROLABORE DOS SÓCIOS E O LUCRO) mas QUAISQUER PROVENTOS QUE POSSAM GERAR ACRÉSCIMOS PATRIMONIAIS PARA O SUJEITO PASSIVO, INDEPENDENTE DA NOMENCLATURA, CONDIÇÃO JURÍDICA (Ex: renda originada do Jogo do Bicho, do lenocínio, etc. – Princípio do “pecunia non olet”) OU LOCALIZAÇÃO QUE ESSES PROVENTOS POSSAM TER (ou rendas possam ter). Ex: Honorários, salário, vencimentos, lucro.

Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica:I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos;II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.§ 1º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção§ 2º Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo.

Enquadra-se, também, como renda ou provento de qualquer natureza, aquela renda oriunda do exterior, a qual será disponibilizada para fins de tributação do Imposto de Renda, na data do balanço, no qual tiverem sido apuradas.6 Portanto, pode a Fazenda Pública tributar o contribuinte do IR, domiciliado no país, independentemente de qual país seja a fonte das rendas (princípio da nacionalidade)

6 O Prof. Luiz Emygdio reforça uma corrente doutrina que sustenta que o § 2º, do Art. 43, CTN, incluídos pela LC 104/2001, são inconstitucionais por alterarem o conceito de renda previsto no art. 153, III, CRF/88, inserindo neste conceito, a renda auferida por pessoa jurídica no exterior. (Manual de Direito Financeiro e Direito Tributário, 20ed. Ed Renovar: RJ. 2007. P.727).

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Art. 74, MP n.º 2.158/2001 -  Para fim de determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL, nos termos do art. 25 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, e do art. 21 desta Medida Provisória, os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados, na forma do regulamento.Parágrafo único.  Os lucros apurados por controlada ou coligada no exterior até 31 de dezembro de 2001 serão considerados disponibilizados em 31 de dezembro de 2002, salvo se ocorrida, antes desta data, qualquer das hipóteses de disponibilização previstas na legislação em vigor.

1.3.1 – BASE DE CÀLCULO

A base de cálculo do Imposto de renda, segundo dispõe o art. 44, CTN7, é o montante real, arbitrado ou presumido das rendas ou proventos tributáveis. Mas o que podemos entender como presumido, arbitrado ou real?

Para a pessoa jurídica, a base de cálculo do IR é o lucro. Segundo, prevê o art. 247, do RIR/99, em regra, a base de cálculo do IR será o LUCRO REAL, entendido como o lucro líquido do período, ou seja, é o efetivo acréscimo no patrimônio da pessoa jurídica, apurado pelo cotejo das receitas em confronto com os custos e despesas, ocorridas no período de apuração.8

Já o LUCRO PRESUMIDO é uma opção concedida pela legislação do IR para alguns contribuintes (aqueles que não estão obrigados a apuração do lucro real). Para os optantes desta modalidade, o lucro, o será calculado aplicando-se uma alíquota sobre a receita bruta anual.

Art. 25, Lei 9.430/96 - O lucro presumido será o montante determinado pela soma das seguintes parcelas:I - o valor resultante da aplicação dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, sobre a receita bruta definida pelo art. 31 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, auferida no período de apuração de que trata o art. 1º desta Lei;II - os ganhos de capital, os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras, as demais receitas e os resultados positivos decorrentes de receitas não abrangidas pelo inciso anterior e demais valores determinados nesta Lei, auferidos naquele mesmo período.

Por fim, temos o chamado LUCRO ARBITRADO, o qual é aplicado quando o contribuinte não cumpre sua obrigação de escriturar os livros fiscais ou optar indevidamente pelo lucro presumido. Nestas situações, será aplicado um percentual sobre a receita bruta, porém, não sendo possível o cálculo da receita bruta, será cálculo será realizado com base no último lucro apurado de forma idônea, do ativo, do capital social, do patrimônio líquido, das compras de mercadorias, da folha de salários ou do valor do aluguel (Art. 535, doRIR).

7 Art. 44, CTN - A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributáveis.

8 Art. 247.  Lucro real é o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas por este Decreto (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º). § 1º  A determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido de cada período de apuração com observância das disposições das leis comerciais (Lei nº 8.981, de 1995, art. 37, § 1º). § 2º  Os valores que, por competirem a outro período de apuração, forem, para efeito de determinação do lucro real, adicionados ao lucro líquido do período de apuração, ou dele excluídos, serão, na determinação do lucro real do período de apuração competente, excluídos do lucro líquido ou a ele adicionados, respectivamente, observado o disposto no parágrafo seguinte (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, §  4º). § 3º  Os valores controlados na parte "B" do Livro de Apuração do Lucro Real - LALUR, existentes em 31 de dezembro de 1995, somente serão atualizados monetariamente até essa data, observada a legislação então vigente, ainda que venham a ser adicionados, excluídos ou compensados em períodos de apuração posteriores (Lei nº 9.249, de 1995, art. 6º).

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DIREITO TRIBUTÁRIO II

Art. 530, Dec. 3000/99 -  O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano-calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º): I - o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; II - a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para: a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou b) determinar o lucro real; III - o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527; IV - o contribuinte optar indevidamente pela tributação com base no lucro presumido; V - o comissário ou representante da pessoa jurídica estrangeira deixar de escriturar e apurar o lucro da sua atividade separadamente do lucro do comitente residente ou domiciliado no exterior (art. 398); VI - o contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, Livro Razão ou fichas utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário.

Todavia, nada impede que o contribuinte, opte pelo lucro arbitrado (iniciativa do sujeito passivo) quando tiver incidido em algumas das hipóteses previstas no art.530, do Dec. 3000/99 (RIR) e seja possível o cálculo da receita bruta.

Art. 531, Dec. 3000/99 - Quando conhecida a receita bruta (art. 279 e parágrafo único) e desde que ocorridas as hipóteses do artigo anterior, o contribuinte poderá efetuar o pagamento do imposto correspondente com base no lucro arbitrado, observadas as seguintes regras (Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, §§ 1º e 2º, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º):I - a apuração com base no lucro arbitrado abrangerá todo o ano-calendário, assegurada, ainda, a tributação com base no lucro real relativa aos trimestres não submetidos ao arbitramento, se a pessoa jurídica dispuser de escrituração exigida pela legislação comercial e fiscal que demonstre o lucro real dos períodos não abrangidos por aquela modalidade de tributação;II - o imposto apurado na forma do inciso anterior, terá por vencimento o último dia útil do mês subseqüente ao do encerramento de cada período de apuração.

No caso das PESSOAS FÍSICAS, a base de cálculo será calculada será a diferença de todos os rendimentos percebidos, no ano-calendário, excluídos os não tributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva , e as deduções legalmente previstas (saúde, educação, previdência social oficial e privada, livro caixa, pensão alimentícia e valor padrão por dependentes)

Art. 83, Dec. 3000/99 -  A base de cálculo do imposto devido no ano-calendário será a diferença entre as somas (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, e Lei nº 9.477, de 1997, art. 10, inciso I):I - de todos os rendimentos percebidos durante o ano-calendário, exceto os isentos, os não tributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva;II - das deduções relativas ao somatório dos valores de que tratam os arts. 74, 75, 78 a 81, e 82, e da quantia de um mil e oitenta reais por dependente.

Cabe destacar que, segundo a jurisprudência assentada no STJ, NÃO PODE O PODER JUDICIÁRIO ATUALIZAR AS TABELAS DO IMPOSTO DE RENDA, visto ser esta uma atribuição do legislador.

AgRg no REsp 722934 / DFAGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL2005/0018757-0 PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CORREÇÃO DA TABELA DE IMPOSTO DE RENDA. ARTIGOS 43, II E 44, DO CTN, E 1º, DA LEI 8.383/91. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.

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DIREITO TRIBUTÁRIO II

I - Com efeito, em nenhum momento, sequer implicitamente, o aresto recorrido discutiu a aplicação dos artigos 43, II e 44, do CTN, e 1º, da Lei 8.383/91, tendo apenas afirmado, em resumo, "que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem se posicionado no sentido de que a correção monetária, em matéria fiscal, é sempre dependente de lei que a preveja, não sendo facultado ao Poder Judiciário aplicá-la onde a lei não determina, sob pena de substituir-se ao legislador."(fl. 268) II - Agravo Regimental improvido.

1.3.2 - CONTRIBUINTE

O contribuinte do IR é o titular da renda ou proventos de qualquer natureza. Todavia, nada impede que a lei atribua ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou proventos tributáveis.9

Além disso, pode a lei atribuir a fonte pagadora a condição de responsável tributário 10 (terceiro com vínculo com o fato gerador) pela retenção e recolhimento do tributo aos Cofres Públicos. Porém, a não retenção dos valores a título de IR pelo responsável tributário, não exclui a responsabilidade do contribuinte que auferi a renda ou proventos e tem relação direta e pessoal com o fato gerador do IR.

1.3.3 - LANÇAMENTO

O lançamento do IR, atualmente, é do tipo por homologação (art. 150, CTN), visto que compete ao sujeito passivo (pessoa física ou jurídica) efetuar a declaração de bens (obrigação acessória), calcular o montante do imposto e realizar o pagamento do mesmo. Caberá a fazenda Pública apenas homologar ou não esse pagamento.

1.3.4 - ALÍQUOTA

O CTN não estabelece as alíquotas do IR, competindo ao legislador ordinário fixá-las, porém sem que fira os princípios da capacidade contributiva e da progressividade

1.3.5 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO IR

O art. 153, §2°, CRF, prevê como princípios que devem nortear o IR a generalidade, a universalidade e a progressividade.

Art. 153, § 2º, CRF - O imposto previsto no inciso III: - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei;

9 Art. 45, CTN - Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis. Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam.

10 Art. 121, CTN - Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.

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DIREITO TRIBUTÁRIO II

Os princípios da generalidade são corolários do princípio da isonomia tributária. O primeiro significa que todas as pessoas estarão submetidas á incidência do IR, independentemente do cargo ou função que possam ocupar, sem que haja desigualdades fiscais; já a universalidade diz respeito à exigência de que todas as rendas e proventos estarão sujeitas ao IR, independentemente da natureza jurídica dos acréscimos patrimoniais obtidos.

O princípio da progressividade das alíquotas do IR exige que sejam aplicadas alíquotas maiores aos rendimentos mais elevados

1.4 – IMPOSTOS SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IPI (Art. 153, IV, CRF/88 e §§ 1º e 3º; Art. 46/51, CTN)

O IPI, atualmente, apresenta um fim dominantemente fiscal, embora ainda seja utilizada a sua função extrafiscal, visto que o mesmo deve atender a seletividade em função da essencialidade do produto11. No passado, o IPI tinha caráter precipuamente extrafiscal, razão pela qual o Constituinte Originário o colocou entre aqueles impostos que são considerados exceção ao princípio da anterioridade e da legalidade, visto que podem ter suas alíquotas alteradas, dentro dos limites da lei, por decreto e não precisarem esperar o final do exercício para serem aplicadas.

Contudo, o IPI não é exceção ao princípio da anterioridade nonagesimal, introduzido pela EC 42/2003. Logo, o IPI não precisa esperar até o final do exercício para aplicar suas alíquotas que foram majoradas, mas precisa aguardar 90 dias da publicação da norma que institui ou majorou o tributo.

O CTN, em seu art. 153, §3º, prevê que o IPI seja obrigatoriamente seletivo e não-cumulativo.

Para ser seletivo, as alíquotas do IPI devem ser estabelecidas de acordo com a essencialidade, ou seja, deveram ser menores quando aplicadas em produtos com maior grau de essencialidade e maiores quando os produtos forem menos essenciais para a sociedade (ex: tabaco, jóia, etc.).

Já, para o IPI ser não-cumulativo, deverá ser permitido à compensação o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores, isto é, o IPI incide apenas ao valor agregado em cada operação (Não é imposto em cascata. Recolhe-se apenas a diferença entre o valor de entrada no estabelecimento e da saída do produto). Desse modo, não poderá, no final da cadeia de produção, o tributo cobrado ser maior que o valor da maior alíquota multiplicado pelo valor final da mercadoria

Art. 153,§ 3º, CRF/88 - O imposto previsto no inciso IV:I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores;

11 Art. 153,§ 3º, CRF/88 - O imposto previsto no inciso IV: I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;

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DIREITO TRIBUTÁRIO II

Art. 49, CTN - O imposto é não-cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido resulte da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente aos produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele entrados.Parágrafo único. O saldo verificado, em determinado período, em favor do contribuinte transfere-se para o período ou períodos seguintes.

Agora, SE HOUVER A INCIDÊNCIA DE ALÍQUOTA ZERO OU AQUISIÇÃO DE ALGUM INSUMO FOR NÃO TRIBUTADA, NÃO HAVERÁ CRÉDITOS A SEREM COMPENSADOS. TODAVIA, SE OS INSUMOS FOREM ISENTOS, HAVERÁ O DIREITO DE CRÉDITO.

RE 370682 / SC - SANTA CATARINARECURSO EXTRAORDINÁRIORelator(a):  Min. ILMAR GALVÃOEMENTA: Recurso extraordinário. Tributário. 2. IPI. Crédito Presumido. Insumos sujeitos à alíquota zero ou não tributados. Inexistência. 3. Os princípios da não-cumulatividade e da seletividade não ensejam direito de crédito presumido de IPI para o contribuinte adquirente de insumos não tributados ou sujeitos à alíquota zero. 4. Recurso extraordinário provido.

RE-AgR 240395 / RS - RIO GRANDE DO SULAG.REG.NO RECURSO EXTRAORDINÁRIORelator(a):  Min. MAURÍCIO CORRÊAEMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. LEI ESTADUAL. REDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. BENEFÍCIO FISCAL. CRÉDITO. VEDAÇÃO. PRINCÍPIO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. OBSERVÂNCIA. Lei estadual. Benefício fiscal outorgado ao contribuinte. Crédito decorrente da redução da base de cálculo do tributo. Vedação. Impossibilidade. A Constituição Federal somente não admite o lançamento do crédito nas hipóteses de isenção ou não-incidência. Precedente do Tribunal Pleno. Agravo regimental não provido.

Além disso, é necessário frisar que o IPI não incide sobre produtos destinados a exportação, isto é, as exportações são imunes ao IPI. Da mesma forma, a fim de incentivar a modernização do parque industrial e a economia real (em detrimento do sistema financeiro), a EC 42/2003 introduziu na CRF/88 que o IPI deverá ter suas alíquotas reduzidas, amenizando, assim, o seu impacto sobre a aquisição de bens de capital.

Art. 153, §3º, CRF – (...) III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior. IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei.

1.4.1 – FATO GERADOR

O art. 46, do CTN, elenca como fato gerador do IPI: a) o seu desembaraço aduaneiro; b) a sua saída do estabelecimento; c) a sua arrematação.

Art. 46, CTN - O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira;II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51;III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão.Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo.

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DIREITO TRIBUTÁRIO II

Quando a industrialização se der no próprio local de consumo ou de utilização do produto, fora de estabelecimento produtor, o fato gerador considerar-se-á ocorrido no momento em que ficar concluída a operação industrial. Do mesmo modo, o IPI será devido sejam quais forem as finalidades a que se destine o produto ou o título jurídico a que se faça a importação ou de que decorra a saída do estabelecimento produtor. 12

Entretanto, o Regulamento do IPI ampliou o conceito de produtos industrializados, passando a abarcar:

Art . 4º, Lei 4.502/64 - Equiparam-se a estabelecimento produtor, para todos os efeitos desta Lei: I - os importadores e os arrematantes de produtos de procedência estrangeira; II - as filiais e demais estabelecimentos que exercerem o comércio de produtos importados, industrializados ou mandados industrializar por outro estabelecimento do mesmo contribuinte;III - os que enviarem a estabelecimento de terceiro, matéria-prima, produto intermediário, moldes, matrizes ou modelos destinados à industrialização de produtos de seu comércio. IV - os que efetuem vendas por atacado de matérias-primas, produtos intermediários, embalagens, equipamentos e outros bens de produção.

1.4.2 – BASE DE CÁLCULO

A base de cálculo do IPI, segundo dispõe o art. 47, CTN13, é:

1) para produtos oriundos do exterior, será o preço que o mesmo ou um similar teria ao tempo da importação em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no país, porém acrescido do II, das taxas exigidas para a entrada do produto no país e dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador

2) para a saída de produtos industrializados do estabelecimento de importador, industrial, comerciante ou arrematante, será o valor da operação que decorrer a saída da mercadoria e, na falta desse valor, será o preço corrente da mercadoria, ou similar no mercado atacadista da praça do remetente;

3) para a arrematação de produto apreendido ou abandonado e levado a leilão, será o preço da arrematação.

Todavia, não há que se falar na inclusão de juros ou correção monetária originadas da venda financiada dos produtos na base de cálculo do IPI, visto que os mesmos não integram o processo de produção.

12 Art. 2º, Lei 4.502/64 - Constitui fato gerador do impôsto: I - quanto aos produtos de procedência estrangeira o respectivo desembaraço aduaneiro; II - quanto aos de produção nacional, a saída do respectivo estabelecimento produtor. § 1º Quando a industrialização se der no próprio local de consumo ou de utilização do produto, fora de estabelecimento produtor, o fato gerador considerar-se-á ocorrido no momento em que ficar concluída a operação industrial. § 2º O impôsto é devido sejam quais forem as finalidades a que se destine o produto ou o título jurídico a que se faça a importação ou de que decorra a saída do estabelecimento produtor.

13 Art. 47, CTN - A base de cálculo do imposto é: I - no caso do inciso I do artigo anterior, o preço normal, como definido no inciso II do artigo 20, acrescido do montante: a) do imposto sobre a importação;b) das taxas exigidas para entrada do produto no País; c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis; II - no caso do inciso II do artigo anterior: a) o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria; b) na falta do valor a que se refere a alínea anterior, o preço corrente da mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da praça do remetente; III - no caso do inciso III do artigo anterior, o preço da arrematação.

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DIREITO TRIBUTÁRIO II

1.4.3 – SUJEITO PASSIVO

O ART. 51, do CTN, prevê que serão considerados contribuintes do IPI: o importador, o industrial, ou a ele equiparado (aquele que apesar de não realizar materialmente o processo de industrialização, a lei o considera como contribuinte do IPI – art. 9º, Dec. 4.544/2002)14, o comerciante (fornecedor do industrial ou de quem a ele a lei equipara).

Art. 51. Contribuinte do imposto é:I - o importador ou quem a lei a ele equiparar;II - o industrial ou quem a lei a ele equiparar;III - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes definidos no inciso anterior;IV - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão.Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador, industrial, comerciante ou arrematante.

Todavia, SE A EMPRESA NÃO DER NOVA SAÍDA AO PRODUTO QUANDO DA IMPORTAÇÃO DO PRODUTO, OU SEJA, SE A EMPRESA FOR O CONSUMIDOR FINAL DO PRODUTO, NÃO HAVERÁ INCIDÊNCIA DO IPI, POIS NÃO HAVERÁ OPERAÇÕES SUBSEQÜENTES E EM VIRTUDE DO PRINCÍPIO DA NÃO-CUMULATIVIDADE A EMPRESA NÃO TERÁ COMO COMPENSAR.

Apesar de haver discordâncias doutrinárias que sustentam que a finalidade da incidência do IPI na importação (desembarco aduaneiro) é equilibrar os preços desses produtos com os similares nacionais, visto que se não houvesse a incidência estes estariam em desvantagem frente aos importados (os quais, em regra, são desonerados da carga tributária em seu país de origem), ESSE ENTENDIMENTO NÃO DEVE SER ADOTADO EM PROVAS DE CONCURSOS, JÁ QUE É CONFLITANTE COM A JURISPRUDÊNCIA DO STF.

RE-AgR 255682 / RS - RIO GRANDE DO SULAG.REG.NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO

14 Art. 9º , Decreto 4.544/2002 – RIPI - Equiparam-se a estabelecimento industrial: I - os estabelecimentos importadores de produtos de procedência estrangeira, que derem saída a esses produtos (Lei nº 4.502, de 1964, art. 4º, inciso I); II- os estabelecimentos, ainda que varejistas, que receberem, para comercialização, diretamente da repartição que os liberou, produtos importados por outro estabelecimento da mesma firma; III - as filiais e demais estabelecimentos que exercerem o comércio de produtos importados, industrializados ou mandados industrializar por outro estabelecimento do mesmo contribuinte, salvo se aqueles operarem exclusivamente na venda a varejo e não estiverem enquadrados na hipótese do inciso II (Lei nº 4.502, de 1964, art. 4º, inciso II, e § 2º, Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 1ª, e Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, art. 37, inciso I); IV - os estabelecimentos comerciais de produtos cuja industrialização haja sido realizada por outro estabelecimento da mesma firma ou de terceiro, mediante a remessa, por eles efetuada, de matérias-primas, produtos intermediários, embalagens, recipientes, moldes, matrizes ou modelos (Lei nº 4.502, de 1964, art. 4º, inciso III, e Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 33ª); V - os estabelecimentos comerciais de produtos do Capítulo 22 da TIPI, cuja industrialização tenha sido encomendada a estabelecimento industrial, sob marca ou nome de fantasia de propriedade do encomendante, de terceiro ou do próprio executor da encomenda (Decreto-lei nº 1.593, de 21 de dezembro de 1977, art. 23); VI - os estabelecimentos comerciais atacadistas dos produtos classificados nas posições 71.01 a 71.16 da TIPI (Lei nº 4.502, de 1964, observações ao Capítulo 71 da Tabela); VII - os estabelecimentos atacadistas e cooperativas de produtores que derem saída a bebidas alcoólicas e demais produtos, de produção nacional, classificados nas posições 22.04, 22.05, 22.06 e 22.08 da TIPI e acondicionados em recipientes de capacidade superior ao limite máximo permitido para venda a varejo, com destino aos seguintes estabelecimentos (Lei n º 9.493, de 1997, art. 3º): a) industriais que utilizarem os produtos mencionados como insumo na fabricação de bebidas; b)atacadistas e cooperativas de produtores; ou c) engarrafadores dos mesmos produtos. VIII – os estabelecimentos comerciais atacadistas que adquirirem de estabelecimentos importadores produtos de procedência estrangeira, classificados nas posições 33.03 a 33.07 da TIPI (Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, art. 39); IX - os estabelecimentos, atacadistas ou varejistas, que adquirirem produtos de procedência estrangeira, importados por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora, observado o disposto no § 2º ( Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, art. 79); e X - os estabelecimentos atacadistas dos produtos da posição 87.03 da TIPI (Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, art. 12).

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DIREITO TRIBUTÁRIO II

Relator(a):  Min. CARLOS VELLOSOJulgamento:  29/11/2005           Órgão Julgador:  Segunda TurmaEMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IPI. IMPORTAÇÃO: PESSSOA FÍSICA NÃO COMERCIANTE OU EMPRESÁRIO: PRINCÍPIO DA NÃO-CUMULATIVIDADE: CF, art. 153, § 3º, II. NÃO-INCIDÊNCIA DO IPI. I. - Veículo importado por pessoa física que não é comerciante nem empresário, destinado ao uso próprio: não-incidência do IPI: aplicabilidade do princípio da não-cumulatividade: CF, art. 153, § 3º, II. Precedentes do STF relativamente ao ICMS, anteriormente à EC 33/2001: RE 203.075/DF, Min. Maurício Corrêa, Plenário, "DJ" de 29.10.1999; RE 191.346/RS, Min. Carlos Velloso, 2ª Turma, "DJ" de 20.11.1998; RE 298.630/SP, Min. Moreira Alves, 1ª Turma, "DJ" de 09.11.2001. II. - RE conhecido e provido. Agravo não provido.

1.4.4 - LANÇAMENTO

O IPI é objeto do lançamento por homologação , isto é, o sujeito passivo, a cada período determinado em lei, calcular o montante do tributo, levando-se em conta as entradas e saídas de produtos industrializados, deduzindo do valor a pagar os créditos (não-cumulatividade) e recolhendo, antecipadamente, a diferença, sob condição resolutória de homologação pelo Fisco.

Por fim, cabe destacar que a fixação da data de recolhimento do IPI não está sujeita a reserva legal, podendo ocorrer por outro tipo de legislação.

RE 250232 / SP - SÃO PAULORECURSO EXTRAORDINÁRIORelator(a):  Min. MOREIRA ALVESJulgamento:  23/11/1999           Órgão Julgador:  Primeira TurmaEMENTA: - IPI. Portaria 266/88 do Ministro da Fazenda. Fixação de prazo para recolhimento do tributo. - O Plenário desta Corte, ao concluir, em 2.12.98, o julgamento do RE 140.669, deu pela constitucionalidade do artigo 66 da Lei 7.450, de 23 de dezembro de 1985, e da Portaria 266/88, sob o fundamento de que a fixação do prazo para o recolhimento do tributo não é matéria reservada à Lei. Dessa decisão divergiu o acórdão recorrido. Recurso extraordinário conhecido e provido.

1.5 – IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS – IOF (Art. 153, V e §§ 1º e 5º, CRF/88, e Art. 63/67, CTN)

O IOF é um imposto com caráter precipuamente extrafiscal, pois permite que a União intervenha no Mercado Financeiro, aquecendo-o ou resfriando-o (instrumento de política cambial), fato que justifica este imposto ser exceção aos princípios da legalidade, anterioridade (do exercício e a nonagesimal).

Art. 150, § 1º, CRF/88 - A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I.

Art. 153, § 1º, CRF/88 - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.

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DIREITO TRIBUTÁRIO II

Art. 65, CTN - O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política monetária.

Cabe destacar que o art. 67, CTN, prevê, expressamente, que os recursos arrecadados com este imposto serão destinados a formar as reservas monetárias. Entretanto, a nosso ver, este dispositivo não foi recepcionado pela atual Constituição, pois o art. 167, IV, da mesma, veda, em regra, a vinculação dos impostos (EM PROVA DE CONCURSOS DEVE TER ATENÇÃO SE A QUESTÃO É TRANSCRIÇÃO LITERAL DO CTN OU DOUTRINÁRIA)

Art. 67, CTN - A receita líquida do imposto destina-se a formação de reservas monetárias, na forma da lei.

1.5.1 – OURO ATIVO FINANCEIRO

Outro ponto relevante quanto ao IOF refere-se a sua incidência sobre o Ouro considerado como ativo financeiro ou instrumento cambial, pois nesta situação incidirá exclusivamente o IOF, devido na operação de origem, com alíquota mínima de 1%, não sendo admitida a incidência do IOF nas operações subseqüentes.

RE 190363 / RS - RIO GRANDE DO SULEMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IOF. OURO: TRANSMISSÃO DE OURO ATIVO FINANCEIRO. C.F., art. 153, § 5º. Lei 8.033, de 12.04.90, art. 1º, II. I. - O ouro, definido como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se, exclusivamente, ao IOF, devido na operação de origem: C.F., art. 153, § 5º. Inconstitucionalidade do inciso II do art. 1º da Lei 8.033/90.

Agora, quando o Ouro for considerado mercadoria, incidirá sobre o mesmo todos os tributos que normalmente incidem em qualquer mercadoria (ICMS, IPI, II e IE)

1.5.2 – FATO GEADOR

O art. 63, do CTN, prevê as hipóteses de ocorrência do fato gerador do IOF, quais sejam:

Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador:I - quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado;II - quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do interessado em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição por este;III - quanto às operações de seguro, a sua efetivação pela emissão da apólice ou do documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável;IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão, transmissão, pagamento ou resgate destes, na forma da lei aplicável.Parágrafo único. A incidência definida no inciso I exclui a definida no inciso IV, e reciprocamente, quanto à emissão, ao pagamento ou resgate do título representativo de uma mesma operação de crédito.

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Portanto, O IOF INCIDIRÁ SOBRE CONTRATOS DE CRÉDITO, DE CÂMBIO, DE SEGURO E SOBRE OPERAÇÕES COM TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS.

Todavia, já se posicionou O STF PELA IMPOSSIBILIDADE DE INCIDÊNCIA DO IOF SOBRE OS SAQUES REALIZADOS EM CADERNETA DE POUPANÇA, visto que os mesmos não se equiparam a operações de crédito.

Súmula 664, STF - É INCONSTITUCIONAL O INCISO V DO ART. 1º DA LEI 8033/1990, QUE INSTITUIU A INCIDÊNCIA DO IMPOSTO NAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS - IOF SOBRE SAQUES EFETUADOS EM CADERNETA DE POUPANÇA.

Agora, SE ESTIVERMOS DIANTE DE APLICAÇÃO EM FUNDOS DE INVESTIMENTOS COMPOSTO POR TÍTULOS (PÚBLICOS OU PRIVADOS), INCIDIRÁ O IOF.

O STF, em sede de cautelar em ADI 1763, assentou que haverá a incidência do IOF em operações de factoring que impliquem em financiamento.

ADI-MC 1763 / DF - DISTRITO FEDERALMEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADERelator(a):  Min. SEPÚLVEDA PERTENCEEMENTA: IOF: incidência sobre operações de factoring (L. 9.532/97, art. 58): aparente constitucionalidade que desautoriza a medida cautelar. O âmbito constitucional de incidência possível do IOF sobre operações de crédito não se restringe às praticadas por instituições financeiras, de tal modo que, à primeira vista, a lei questionada poderia estendê-la às operações de factoring, quando impliquem financiamento (factoring com direito de regresso ou com adiantamento do valor do crédito vincendo - conventional factoring); quando, ao contrário, não contenha operação de crédito, o factoring, de qualquer modo, parece substantivar negócio relativo a títulos e valores mobiliários, igualmente susceptível de ser submetido por lei à incidência tributária questionada.

1.5.3 – BASE DE CÁLCULO

Quanto à base de cálculo, o art. 64, CTN, assim dispõe:

Art. 64. A base de cálculo do imposto é:I - quanto às operações de crédito, o montante da obrigação, compreendendo o principal e os juros;II - quanto às operações de câmbio, o respectivo montante em moeda nacional, recebido, entregue ou posto à disposição;III - quanto às operações de seguro, o montante do prêmio;IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários:a) na emissão, o valor nominal mais o ágio, se houver;b) na transmissão, o preço ou o valor nominal, ou o valor da cotação em Bolsa, como determinar a lei;c) no pagamento ou resgate, o preço.

No que se refere às alíquotas, merece frisar novamente que as mesmas podem ser alteradas pelo Executivo e não se submetem a anterioridade (anual e nonagesimal).

1.5.4 - CONTRIBUINTE

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O art.66, CTN, prevê que QUALQUER DAS PARTES DA OPERAÇÃO TRIBUTADA PODERÁ SER O CONTRIBUINTE DO IOF, A DEPENDER APENAS DA ESCOLHA DO LEGISLADOR ORDINÁRIO.

Art. 66, CTN - Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei.

O regulamento do IOF (Dec. 6.306/2007) estabelece como contribuintes do IOF qualquer pessoa física ou jurídica que seja tomadora do crédito, (ocorrendo alienação de direitos de crédito em factoring, o contribuinte será o alienante) – NO CRÉDITO; aqueles que comprarem ou venderem moedas estrangeiras – NO CÂMBIO; as pessoas físicas ou jurídicas seguradas – NO SEGURO; os adquirentes de títulos ou valores mobiliários – NOS TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS e os respectivos titulares das operações financeiras – OURO ATIVO FINANCEIRO OU INSTRUMENTO CAMBIAL.

Art. 4º, Dec.6.306/2007 – RIOF -  Contribuintes do IOF são as pessoas físicas ou jurídicas tomadoras de crédito. Parágrafo único.  No caso de alienação de direitos creditórios resultantes de vendas a prazo a empresas de factoring, contribuinte é o alienante pessoa física ou jurídica.

Art. 12, Dec.6.306/2007 – RIOF -   São contribuintes do IOF os compradores ou vendedores de moeda estrangeira nas operações referentes às transferências financeiras para o ou do exterior, respectivamente. Parágrafo único.  As transferências financeiras compreendem os pagamentos e recebimentos em moeda estrangeira, independentemente da forma de entrega e da natureza das operações.

Art. 19, Dec.6.306/2007 – RIOF -   Contribuintes do IOF são as pessoas físicas ou jurídicas seguradas

Art. 26, Dec.6.306/2007 – RIOF -  Contribuintes do IOF são: I - os adquirentes de títulos ou valores mobiliários e os titulares de aplicações financeiras; II - as instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, na hipótese prevista no inciso IV do art. 28

Art. 37, Dec.6.306/2007 – RIOF -  Contribuintes do IOF são as instituições autorizadas pelo Banco Central do Brasil que efetuarem a primeira aquisição do ouro, ativo financeiro, ou instrumento cambial

1.5.5 - LANÇAMENTO

O lançamento do IOF é feito por homologação

1.6 – IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL – ITR (Art. 153, VI e §4º, CRF/88 e Art. 29/31, CTN)

O ITR é outro imposto com caráter eminentemente extrafiscal, pois é usado como instrumento de política fundiária, visto que suas alíquotas podem ser elevadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas (as alíquotas serão maiores à medida que menor for à produtividade da terra, isto é, as alíquotas

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serão progressivas), bem como, não incidirá sobre as pequenas glebas exploradas por produtores rurais que não possuam outro imóvel.

Art. 153, § 4º, CRF/88 - O imposto previsto no inciso VI do caput: I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas;II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel;III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.

Todavia, apesar do caráter extrafiscal desse imposto, estará sujeito aos princípios da legalidade e da anterioridade (anual e nonagesimal).

Quanto às pequenas glebas, a Lei 9.393/96 estabeleceu o seguinte conceito:

Art. 2º Nos termos do art. 153, § 4º, in fine, da Constituição, o imposto não incide sobre pequenas glebas rurais, quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel.Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, pequenas glebas rurais são os imóveis com área igual ou inferior a : I - 100 ha, se localizado em município compreendido na Amazônia Ocidental ou no Pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense;II - 50 ha, se localizado em município compreendido no Polígono das Secas ou na Amazônia Oriental;III - 30 ha, se localizado em qualquer outro município.

A mesma norma legal a fim de sanar a injustiça com aqueles produtores rurais que possuam mais de um imóvel, cujas áreas somadas são inferiores ao estabelecido no art. 2º, em seu art. 3º concedeu isenção a essas propriedades.

Art. 3º São isentos do imposto: (...) II - o conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário, cuja área total observe os limites fixados no parágrafo único do artigo anterior, desde que, cumulativamente, o proprietário:a) o explore só ou com sua família, admitida ajuda eventual de terceiros;b) não possua imóvel urbano.

Outro ponto a se destacar quanto ao ITR diz respeito à possibilidade introduzida pela EC 42/2003 que permite aos Municípios que optarem fiscalizar e arrecadar esse imposto, desde que não implique redução de imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. Cabendo a este a totalidade dos recursos arrecadados caso optem por fiscalizar e arrecadar o ITR.

Art. 158, II, CRF/88 - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção a que se refere o art. 153, § 4º, III

1.6.1 – FATO GERADOR

O fato gerador do ITR é a propriedade, o domínio útil ou a posse do imóvel localizado fora da área urbana do município15, em 1º de janeiro de cada ano.

15 Art. 32, § 1º, CTN - Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público: I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; II - abastecimento de água; III -

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Art. 29, CTN - O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localização fora da zona urbana do Município.

Art. 1º, Lei 9.393/96 - O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, de apuração anual, tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano.

Cabe ressaltar que o ITR incide apenas sobre o valor da terra nua, isto é, sem considerar o que sobre ela foi posto pelo homem, razão pela qual o CTN, expressamente, adotando o previsto no art. 43, CC/191616, previu como componente do fato gerador apenas os imóveis por natureza, isto é, o solo, o espaço aéreo o subsolo, as árvores e frutos pendentes.

Portanto, não haverá incidência do ITR quando tratar de imóvel por acessão física (quando o homem incorpora permanentemente ao solo; ex: sementes lançadas ao solo, edifícios, etc.) e por acessão intelectual (quando o proprietário mantiver no imóvel para a exploração industrial, aformoseamento e comodidade)

1.6.2 – BASE DE CÁLCULO

A BASE DE CÁLCULO DO ITR É O VALOR FUNDIÁRIO, EM 1º DE JANEIRO DE CADA ANO, ENTENDIDO ESSE COMO VALOR DA TERRA NUA, ou seja, o valor do imóvel excluído o valor dos bens móveis mantidos, em caráter permanente ou temporário, no imóvel, para efeito de sua utilização, exploração, aformoseamento ou comodidade17 (exclui-se do valor do imóvel: a) construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas e melhoradas e d) florestas plantadas).

1.6.3 - CONTRIBUINTE

O contribuinte do ITR será o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título.18

sistema de esgotos sanitários; IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado. § 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior.

16 Art. 43, Código Civil de 1916 - São bens imóveis: I - o solo com a sua superfície, os seus acessórios e adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo; II - tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao solo, como a semente lançada à terra, os edifícios e construções, de modo que se não possa retirar sem destruição, modificação, fratura, ou dano; III - tudo quanto no imóvel o proprietário mantiver intencionalmente empregado em sua exploração industrial, aformoseamento ou comodidade.

17 Art. 33, CTN - A base do cálculo do imposto é o valor venal do imóvel. Parágrafo único. Na determinação da base de cálculo, não se considera o valor dos bens móveis mantidos, em caráter permanente ou temporário, no imóvel, para efeito de sua utilização, exploração, aformoseamento ou comodidade.

18 Art. 34, CTN - Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título.

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Como proprietário podemos conceituar aquele que possui o domínio registrado em cartório de imóveis; já o titular do domínio útil é aquele que possui o direito de usar, gozar e dispor do imóvel, sem contudo possuir o domínio direto e possuidor aquele que exerce a posse.

1.6.4 – LANÇAMENTO

O ITR é um imposto lançado por homologação.

Art. 10, Lei 9.393/96 - A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitando-se a homologação posterior.

1.7 – IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS – IGF (Art. 153, VII, CRF/88)

Este imposto é da competência da União, porém até o momento não foi criado. Porém, para que a União exerça sua competência é necessário que a Lei Complementar estabeleça as normas gerais desse imposto (todas as diretrizes fundamentais para a regulação desse imposto), o qual para ser criado dependerá apenas de uma Lei Ordinária.

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II – IMPOSTOS ESTADUAIS

A competência exclusiva dos Estados e do Distrito Federal para instituir impostos está prevista no art. 155, da CRF/88, o qual transcrevemos, a seguir:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;III - propriedade de veículos automotores.

2.1 – Imposto sobre a transmissão causa mortis e doação – ITCMD (Art. 155, I e §1º, CRF/88 e Art.35/42, CTN

O ITCMD é um imposto, de caráter eminentemente fiscal, de competência do Estado e do DF e incidirá sobre a transmissão causa mortis (herança) e doação de quaisquer bens ou direitos. Logo, podemos verificar as operações em que incidem o ITCMD são operações que não possuem caráter oneroso (não existe pagamento), ou seja, é uma operação de caráter gracioso.

Este imposto não incidirá apenas sobre os bens imóveis, mas também sobre os bens móveis. O ITCMD que incidir sobre os bens imóveis competirá ao Estado da localização dos bens; enquanto o ITCMD que incidir sobre bens móveis, será de competência do Estado onde o inventário ou arrolamento estiver se processando, quando tratar-se de herança, agora, se estivermos diante de uma doação, será de competência será do Estado de domicílio do doador.

Se o doador tiver domicílio fora do país e não apresentar nenhum outro em nenhuma unidade da federação ou se teve o inventário processado no exterior, nestes casos a CRF/88, omissa no ponto, remete a Lei Complementar o dever de regulamentar o assunto.

Art. 155,§ 1.º, CRF/88 - O imposto previsto no inciso I: I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito FederalII - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal;III - terá competência para sua instituição regulada por lei complementar:a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior;b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado no exterior;IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal;

Outro ponto a se destacar diz respeito às alíquotas que devem ter seus máximos fixados pelo Senado Federal, por meio de resolução. Contudo, a indexação das alíquotas ao teto por um Estado, não garante a majoração desse imposto quando nova Resolução do Senado ampliar o teto, visto que será necessária uma nova lei estadual para ampliar as alíquotas do ITCMD, respeitando os limites ao Poder de Tributar impostos pelo Estado.

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RE 213266 / PE - PERNAMBUCORECURSO EXTRAORDINÁRIORelator(a):  Min. MARCO AURÉLIOJulgamento:  20/10/1999           Órgão Julgador:  TRIBUNAL PLENOTRIBUTA - FIXAÇÃO DE ALÍQUOTA X TETO - IMPOSTO DE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS - LEI Nº 10.260/89, DO ESTADO DE PERNAMBUCO. Não se coaduna com o sistema constitucional norma reveladora de automaticidade quanto à alíquota do imposto de transmissão causa mortis, a evidenciar a correspondência com o limite máximo fixado em resolução do Senado Federal.

2.1.1 – FATO GERADOR

O Art. 35, do CTN, trata do antigo Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis e de Direitos a eles Relativos de competência dos Estados, que não foi trazido pela Carta Constitucional de 1988 e, portanto, para ser aplicado ao ITCMD (e ao ITBI) precisa ser interpretado sob a égide do atual Sistema Constitucional.

Logo, podemos definir como fato gerador do ITCMD quaisquer transmissões de bens (móveis ou imóveis) ou direitos oriundos de causa mortis ou doação, excluindo-se apenas aqueles transferidos de forma onerosa entre vivos.

DEVE-SE TER ATENÇÃO A DIFERENÇA ENTRE A MEAÇÃO E A HERANÇA, POIS SÓ ESTA TRANSMITE PROPRIEDADE, ENQUANTO A MEAÇÃO NÃO TRANSFERE (O CÔNJUGE JÁ POSSUÍA A PROPRIEDADE) E, POR CONSEQÜÊNCIA, NÃO PODERÁ SER TRIBUTADA. DA MESMA FORMA, A RENÚNICIA A HERANÇA (SEM RESSALVA, EM BENEFÍCIO DE ALGUÉM) NÃO CARACTERIZA TRANSFERÊNCIA E, PORTANTO, NÃO ESTÁ SUJEITA A TRIBUTAÇÕ.

Será aplicada a legislação vigente à época da abertura da sucessão, que se dá no momento da morte, inclusive, a legislação aplicada para realizar o lançamento do ITCMD.

Súmula 112, STF – O imposto de transmissão causa mortis é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão.

Contudo, o pagamento do ITCMD somente se dará após a avaliação dos bens do espólio, o cálculo e a homologação do pagamento e terá seu montante calculado com base no valor dos bens na data da avaliação.

Súmula Nº   113 , STF – o imposto de transmissão "causa mortis" é calculado sobre o valor dos bens na data da avaliação.

Súmula Nº   114 , STF - o imposto de transmissão "causa mortis" não é exigível antes da homologação do cálculo.

2.1.2 – BASE DE CÁLCULO

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O ART. 38, do CTN, estabelece que a base de cálculo seja valor venal dos bens ou direitos transmitidos; logo, o podemos considerar como BASE DE CÁLCULO DO ITCMD O VALOR DE MERCADO DOS BENS E DIREITOS TRANSMITIDOS, CONSIDERADOS ESTES AQUELE ENCONTRADO COMA AVALIAÇÃO JUDICIAL DOS BENS (SÚMULA, STF, 113.

Art. 38, CTN - A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos.

Mas, para evitar-se que haja defasagem do valor do bem na data da avaliação (data do laudo) e do cálculo do ITCMD, o STJ assentou que deverá ser aplicada a correção monetária até a data do efetivo pagamento, a partis da morte do de cujus.

2.1.3 - CONTRIBUINTE

O art. 42, CTN19, estabelece que será contribuinte do ITMD qualquer das partes da relação tributada, conforme dispuser a lei. Logo, caberá a lei estadual fixar qual das partes da relação tributária será considerada contribuinte do ITCMD.

Comumente, no caso de herança, as leis estaduais atribuem ao herdeiro ou legatário; enquanto na doação poderá ser o doador ou donatário.

2.1.4 - LANÇAMENTO

O ITCMD é um imposto lançado por declaração, pois o sujeito presta informações ao Fisco que por meio delas constitui o crédito tributário. Contudo, nada impede a Fazenda Pública, em caso de não pagamento, efetuar o lançamento de ofício.

2.2 – IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS À CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SOBRE PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÃO, AINDA QUE AS OPERAÇÕES E AS PRESTAÇÕES SE INICIEM NO EXTERIOR – ICMS (art. 155, II e §§ 2º, 4º e 5º, CRF e LC 87/96)

O ICMS é um imposto eminentemente fiscal (maior arrecadação no país), apesar de poder ser seletivo20 em função da essencialidade do produto ou do serviço, o que lhe dá, também, um caráter extrafiscal.

19 Art. 42, CTN - Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei.

20 Art. 155,§ 2.º, CRF/88 - O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...) III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços;

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O ICMS deverá ser obrigatoriamente não-cumulativo21, ou seja, o valor do tributo pago em operação anterior (crédito) deve ser debitado da operação subseqüente (o ICMS incide apenas sobre o valor agregado).

Além disso, a CRF/88 prevê que não há que se falar em compensação dos créditos, nas operações de saída, caso a operação de circulação de mercadoria anterior for desonerada do tributo (se a operação for isenta ou imune, por exemplo). Logo, se haverá crédito para ser compensado, se o mesmo for efetivamente recolhido na operação que anterior.

Art. 155,§ 2.º, CRF/88 - O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...) II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da legislação:a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações seguintes;b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores;

CABERÁ ao Senado fixar as alíquotas interestaduais e para a exportação. Todavia, não há que se falar mais em alíquotas para a exportação, pois estas operações são imunes ao ICMS. Além disso, PODERÁ (faculdade) ao Senado fixar as alíquotas máximas e mínimas (teto e piso) que poderão ser aplicadas dentro do Estado.

Outrossim, se os Estados, por convênio do CONFAZ (a fim de evitar-se a Guerra Fiscal entre os Estados – Membros), não dispuserem de modo diverso, as alíquotas internas do ICMS não poderão ser inferiores as alíquotas aplicadas nas operações interestaduais

Art. 155,§ 2.º, CRF/88 - O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...)IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de exportação;V - é facultado ao Senado Federal:a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus membros;b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito específico que envolva interesse de Estados, mediante resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois terços de seus membros;VI - salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito Federal, nos termos do disposto no inciso XII, "g", as alíquotas internas, nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, não poderão ser inferiores às previstas para as operações interestaduais;VII - em relação às operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final localizado em outro Estado, adotar-se-á:a) a alíquota interestadual, quando o destinatário for contribuinte do imposto;b) a alíquota interna, quando o destinatário não for contribuinte dele;VIII - na hipótese da alínea "a" do inciso anterior, caberá ao Estado da localização do destinatário o imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual;

NAS OPERAÇÕES INTERESTADUAIS , onde o destinatário é contribuinte do ICMS, a alíquota interestadual (menor ou igual à interna) será destinada ao Estado de Origem (que deu saída na mercadoria), enquanto a diferença entre a alíquota interna (maior) e a interestadual (menor) caberá ao

21 Art. 155,§ 2.º, CRF/88 - O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; (...)

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Estado destinatário da mesma (na prática a operação ocorre do mesmo modo que aquela onde incide apenas a alíquota interna).

Agora, se estivermos diante de destinatário, localizado em outro Estado, que não seja contribuinte do ICMS, deverá ser aplicada a alíquota interna do Estado de saída (produtor), competindo a este o montante do imposto recolhido.

NO CASO DE IMPORTAÇÃO DE MERCADORIAS, a CRF/88, com a redação alterada pela EC 33/2001, DETERMINA QUE INCIDIRÁ O ICMS SOBRE A ENTRADA DE QUAISQUER BENS OU MERCADORIAS ORIUNDAS DO EXTERIOR, INDEPENDENTEMENTE, DE TER SIDO IMPORTADA POR PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA, AINDA QUE NÃO SEJA CONTRIBUINTE DO ICMS E QUAL SEJA O DESTINADO A SER DADO A MESMA (EX: CONSUMO, ATIVO FIXO, ETC.). O imposto arrecadado caberá ao Estado de domicílio ou estabelecimento do destinatário da mercadoria.

Art. 155,§ 2.º, CRF/88 - O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...) X - não incidirá: a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço;

Anteriormente, a EC 33/2001, o STF havia sumulado que não incidiria o ICMS nas importações de bens por pessoas físicas ou jurídicas que não fosse contribuinte do ICMS (Súmula 660, STF - não incide ICMS na importação de bens por pessoa física ou jurídica que não seja contribuinte do imposto). ENTRETANTO, ESTA SÚMULA FOI REEDITADA EM 2006; PORTANTO, EM PROVAS, DEVE - SE TER ATENÇÃO AS QUESTÕES, ANALISANDO-SE SE É UMA QUESTÃO QUE TRAZ A LITERALIDADE DA CRF/88 OU SE TRAZ O ENTENDIMENTO DA SÚMULA.

Outra característica se destacar sobre o ICMS é o fato de que ELE INCIDE SOBRE O VALOR TOTAL DA OPERAÇÃO, QUANDO O FORNECIMENTO DAS MERCADORIAS VIER ACOMPANHADO COM A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS, DESDE QUE ESTES NÃO ESTEJAM INSERIDOS NA COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS.

Art. 155,§ 2.º, CRF/88 - O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...)X - não incidirá: (...) b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem fornecidas com serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios;

Portanto, se o serviço não estiver na lista do ISS (LC 116/2003), deverá incidir o ICMS sobre toda a operação, como já sumulou em algumas oportunidades o STJ:

Súmula 163, STJ - O fornecimento de mercadorias com a simultânea prestação de serviços em bares, restaurantes e estabelecimentos similares constitui fato gerador do ICMS a incidir sobre o valor total da operação.

Súmula 156, STJ - A prestação de serviço de composição gráfica, personalizada e sob encomenda, ainda que envolva fornecimento de mercadorias, está sujeita, apenas, ao ISS. (serviço previsto na lista da LC 116/2003)

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Entretanto, se o serviço estiver previsto na LC 116/2003 (competência) dos municípios, mas a lei determina que as mercadorias deverão ser tributadas, caberá ao sujeito passivo emitir duas notas fiscais, uma com o valor do serviço, com o ISS. E outra com o valor das mercadorias, incidindo o ICMS.

NO QUE SE REFERE AS EXPORTAÇÕES, o ICMS, após a EC 42/2003, passou a não incidir, em nenhuma hipótese, quando os produtos que se destinavam a exportação e serviços prestados a destinatários no exterior, garantindo, inclusive ao exportador o direito de se compensar no crédito surgido em decorrência das operações anteriores.

Art.155,§ 2.º, CRF/88 - O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...) X - não incidirá: a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores

Quanto aos incentivos fiscais, para serem concedidos ou revogados deverão ter aprovação do CONFAZ, por meio de convênio (regras previstas na LC 24/75), e não apenas de lei unilateral de um único Estado-Membro22, ou seja, a concessão dos benefícios fiscais dependerá de prévia anuência (convênio) dos Estados-Membros.

Para a concessão de incentivos é necessária a concordância de todos os presentes e a revogação dependerá da aprovação de quatro quintos (4/5) dos presentes; o convênio celebrado deve ser ratificado por todos os Estados, mesmo por aqueles que não compareceram a reunião do Conselho, respeitando o mesmo quórum para eficácia.

Outro ponto a se destacar quanto às hipóteses de incidência do ICMS diz respeito AOS COMBUSTÍVEIS (LÍQUIDOS E GASOSOS) E LUBRIFICANTES DERIVADOS DO PETRÓLEO E ENERGIA ELÉTRICA , POIS PARA ESTES O VALOR ARRECADADO NÃO CABERÁ AO ESTADO DE ORIGEM, MAS AO ESTADO DESTINATÁRIO23, quando este alienar internamente esse recurso mineral. Argumenta-se que os recursos minerais não pertenceriam a nenhum Ente Federado específico, mas a todos eles, ou melhor, a União Federal.

Art.155,§ 2.º, CRF/88 - O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...) X - não incidirá: (...) b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica;

Cabe destacar que ESTA IMUNIDADE DO ICMS, NÃO PODE SER ESTENDIDA DE MODO A ABRANGER DERIVADOS DO PETRÓLEO QUE NÃO SÃO CONSIDERADOS COMBUSTÍVEIS OU LUBRIFICANTES, como já decidiu o STF.

AI-AgR 199516 / BA - BAHIAAG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTORelator(a):  Min. MOREIRA ALVESJulgamento:  09/09/1997           Órgão Julgador:  Primeira TurmaEMENTA: Agravo regimental. - A imunidade prevista no artigo 155, § 3º, da Constituição diz respeito às operações relativas a energia elétrica, combustíveis líquidos e gasosos, lubrificantes

22 Art. 155,§ 2.º, CRF/88 - O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...) XII - cabe à lei complementar: (...) g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.

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e minerais, o que não ocorre no caso, em que as operações sobre sacos de matéria plástica, pela única circunstância de o polietileno ser derivado do petróleo e elemento para a fabricação deles, não são, evidentemente, operações referentes a combustível líquido como é o petróleo. Agravo a que se nega provimento.

Com a EC/2003, a CRF/88 passou a prever que a Lei complementar competirá determinar os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o ICMS irá incidir uma única vez (incidência monofásica). Tal alteração constitucional se deu no intuito de otimizar a o cobrança do Imposto, permitindo a aplicação da substituição tributária para frente (antecipando o pagamento do ICMS). Caberá, também, ao Estado destinatário, a totalidade da arrecadação do imposto.

Todavia, se estivermos diante de operações INTERESTADUAIS DE GÁS NATURAL E SEUS DERIVADOS E OUTROS COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES NÃO DERIVADOS DO PETRÓLEO, REALIZADA ENTRE CONTRIBUINTES DO ICMS, será adotada a regra padrão para operação de mercadorias entre Estados, ou seja, a alíquota interestadual (menor ou igual à interna) será destinada ao Estado de Origem (que deu saída na mercadoria), enquanto a diferença entre a alíquota interna (maior) e a interestadual (menor) caberá ao Estado destinatário da mesma. Agora, se o destinatário não for contribuinte do ICMS, o Imposto caberá ao Estado de Origem.

Art.155,§ 2.º, CRF/88 - O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...) XII - cabe à lei complementar: (...) h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b;

Art.155, § 4º, CRF/88 - Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte:I - nas operações com os lubrificantes e combustíveis derivados de petróleo, o imposto caberá ao Estado onde ocorrer o consumo;II - nas operações interestaduais, entre contribuintes, com gás natural e seus derivados, e lubrificantes e combustíveis não incluídos no inciso I deste parágrafo, o imposto será repartido entre os Estados de origem e de destino, mantendo-se a mesma proporcionalidade que ocorre nas operações com as demais mercadorias;III - nas operações interestaduais com gás natural e seus derivados, e lubrificantes e combustíveis não incluídos no inciso I deste parágrafo, destinadas a não contribuinte, o imposto caberá ao Estado de origem;

Nesta hipótese, a alteração das alíquotas do ICMS não se submeterá aos princípios da legalidade e da anterioridade e a forma como se dará a entrega dos recursos arrecadados serão definidas por convênio (CONFAZ).

Art.155, § 4º, CRF/88 - Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte: IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g, observando-se o seguinte: (...) c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b.

Art.155§ 5º CRF/88 - As regras necessárias à aplicação do disposto no § 4º, inclusive as relativas à apuração e à destinação do imposto, serão estabelecidas mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g.

2.2.1 – FATO GERADOR

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Caberá as normas estaduais que instituírem o ICMS fixar o fato gerador desse tributo, contudo, dentro dos parâmetros gerais estabelecidos pela LC 87/96. Normalmente, as legislações estaduais adotam a saída da mercadoria do estabelecimento comercial como fato gerador do ICMS, entendida esse em seu aspecto jurídico, ou seja, desde que haja transferência de propriedade.

Logo, não se enquadraria na definição de fato gerador do ICMS as locações, o comodato, os furtos, os extravios de mercadorias, etc.

No caso de saída de mercadoria de um estabelecimento para outro, do mesmo proprietário, a LC 87/9624 adotou o entendimento da incidência do ICMS. Contudo, o STJ com entendimento divergente posicionou pela não incidência desse imposto, visto que o mero deslocamento de um estabelecimento para outro do mesmo proprietário, não se configura em transferência de propriedade (EM PROVAS DE CONCURSO, ESSE É O ENTENDIMENTO RECOMENDADO).

SÚMULA 166, STJ - não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte.

2.2.2 – MERCADORIA

Podemos conceituar mercadorias como bens móveis corpóreos que visam a comercialização (caracterizada pela habitualidade na atividade mercantil), seja na situação em que foi adquirida ou produzida, seja após ter sofrido algum tipo de transformação. Portanto, não há que se falar em mercadoria quando o bem for adquirido para consumo próprio ou mesmo passe a integrar o ativo fixo da empresa, situações em que esses bens perderão as sua característica de mercadoria.

Exceção a definição é a Energia Elétrica que é equiparada a mercadoria pela constituição para fins de ICMS, apesar de ser um bem incorpóreo.

Por tais razões, o software, segundo o STF, quando for apenas à produção de programas por encomenda ou por cessão de direitos, será um bem incorpóreo, não sendo considerado mercadoria e, portanto, não haveria a incidência do ICMS, mas apenas do ISS. Agora, quando o software for produzido em larga escala para a comercialização, irá prevalecer o chamado corpus mechanicum da criação intelectual (verdadeira mercadoria), incidindo, portanto o ICMS (são os chamados software de prateleira).

RE 199464 / SP - SÃO PAULORECURSO EXTRAORDINÁRIORelator(a):  Min. ILMAR GALVÃOJulgamento:  02/03/1999           Órgão Julgador:  Primeira TurmaEMENTA: TRIBUTÁRIO. ESTADO DE SÃO PAULO. ICMS. PROGRAMAS DE COMPUTADOR (SOFTWARE). COMERCIALIZAÇÃO. No julgamento do RE 176.626, Min. Sepúlveda Pertence, assentou a Primeira Turma do STF a distinção, para efeitos tributários, entre um exemplar standard de programa de computador, também chamado "de prateleira", e o licenciamento ou cessão do direito de uso de software. A PRODUÇÃO EM MASSA PARA COMERCIALIZAÇÃO E A REVENDA DE EXEMPLARES DO CORPUS MECHANICUM DA OBRA INTELECTUAL QUE NELE SE

24 Art. 12, LC 87/96 - Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento: I - da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular;

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MATERIALIZA NÃO CARACTERIZAM LICENCIAMENTO OU CESSÃO DE DIREITOS DE USO DA OBRA, MAS GENUÍNAS OPERAÇÕES DE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS, SUJEITAS AO ICMS. Recurso conhecido e provido.

Esse entendimento também deve ser estendido para as gravações em vídeo, conforme já sumulou o STF:

SÚMULA  662 , STF - É LEGÍTIMA A INCIDÊNCIA DO ICMS NA COMERCIALIZAÇÃO DE EXEMPLARES DE OBRAS CINEMATOGRÁFICAS, GRAVADOS EM FITAS DE VIDEOCASSETE.

Quando o estivermos diante de venda de mercadorias com a prestação de serviços em bares e restaurantes, já decidiu o STJ que deverá ser aplicado o ICMS sobre o valor total da operação, isto é, sobre o valor total das mercadorias adicionado do valor dos serviços.

SÚMULA 163, STJ - O FORNECIMENTO DE MERCADORIAS COM A SIMULTANEA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM BARES, RESTAURANTES E ESTABELECIMENTOS SIMILARES CONSTITUI FATO GERADOR DO ICMS A INCIDIR SOBRE O VALOR TOTAL DA OPERAÇÃO.

Também incidirá o ICMS quando o segurador vender dos bens salvados, visto que há habitualidade mercantil por parte das seguradoras o que caracteriza atividades ensejadoras da cobrança desse imposto.

ADI-MC 1648 / MG - MINAS GERAISMEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADERelator(a):  Min. NÉRI DA SILVEIRAEMENTA: - Ação direta de inconstitucionalidade. Medida cautelar. (...) 3. Incidência de ICMS na alienação, por seguradora, de salvados de sinistro. (...).

SÚMULA 152, STJ - NA VENDA PELO SEGURADOR, DE BENS SALVADOS DE SINISTROS, INCIDE O ICMS.

Merece destaque o fato de que o STF se posicionou pela incidência do ICMS quando diante de leasing internacional, o qual incidirá no momento do desembaraço aduaneiro. Logo, ocorrendo à entrada da mercadoria em território nacional, independente do negócio que lhe deu causa, irá incidir o ICMS.

RE 206069 / SP - SÃO PAULORECURSO EXTRAORDINÁRIORelator(a):  Min. ELLEN GRACIEJulgamento:  01/09/2005           Órgão Julgador:  Tribunal PlenoEMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. ICMS. ARRENDAMENTO MERCANTIL - "LEASING". 1. De acordo com a Constituição de 1988, incide ICMS sobre a entrada de mercadoria importada do exterior. Desnecessária, portanto, a verificação da natureza jurídica do negócio internacional do qual decorre a importação, o qual não se encontra ao alcance do Fisco nacional. 2. O disposto no art. 3º, inciso VIII, da Lei Complementar nº 87/96 aplica-se exclusivamente às operações internas de leasing. 3. Recurso extraordinário conhecido e provido.

2.2.3 – SERVIÇOS

O ICMS incidirá sobre os serviços de transporte interestadual e intermunicipal, bem como o serviço de comunicação.

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Deve-se ter atenção ao fato de que não haverá incidência do ICMS nos serviços de transporte intramunicipal, ou seja, aqueles que não ultrapassem as fronteiras do município.

Da mesma forma, não haverá incidência do ICMS, segundo o entendimento do STJ, sobre os serviços de provedores de internet, visto que estes não se enquadram com o conceito de serviços de comunicação e sim serviços de valor adicionado (serviços que se adicionam aos serviços de telecomunicação, ou seja, incorporam facilidades a este).

SÚMULA 334, STJ - O ICMS NÃO INCIDE NO SERVIÇO DOS PROVEDORES DE ACESSO À INTERNET.

EREsp 456650 / PREMBARGOS DE DIVERGENCIA NO RECURSO ESPECIAL (...) Da leitura dos artigos 155, inciso II, da Constituição Federal, e 2º, inciso III, da Lei Complementar n. 87/96, verifica-se que (...). Segundo informações da Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL, "a Internet é um conjunto de redes e computadores que se interligam em nível mundial, por meio de redes e serviços de telecomunicações, utilizando no seu processo de comunicação protocolos padronizados. (...). Em seu artigo 6º determina, ainda, que "o Provimento de Acesso a Serviços Internet não constitui serviço de telecomunicações, classificando-se seu provedor e seus clientes como usuários dos serviços de telecomunicações que lhe dá suporte". Por outro lado, a Lei Federal n. 9.472/97, denominada Lei Geral de Telecomunicações – LGT, no § 1º de seu artigo 61, dispõe que o serviço de valor adicionado "não constitui serviço de telecomunicações, classificando-se seu provedor como usuário do serviço de telecomunicações que lhe dá suporte, com os direitos e deveres inerentes a essa condição". (...) Na lição de Kiyoshi Harada, "o provedor de acesso à internet libera espaço virtual para comunicação entre duas pessoas, porém, quem presta o serviço de comunicação é a concessionária de serviços de telecomunicações, já tributada pelo ICMS. O provedor é tomador de serviços prestados pelas concessionárias. Limita-se a executar serviço de valor adicionado, isto é, serviços de monitoramento do acesso do usuário à rede, colocando à sua disposição equipamentos e softwares com vistas à eficiente navegação."(...) Como a prestação de serviços de conexão à Internet não cuida de prestação onerosa de serviços de comunicação ou de serviços de telecomunicação, mas de serviços de valor adicionado, em face dos princípios da legalidade e da tipicidade fechada, inerentes ao ramo do direito tributário, deve ser afastada a aplicação do ICMS pela inexistência na espécie do fato imponível. (...)

Da mesma forma, também, não haverá a incidência do ICMS na habilitação de celulares, visto que esta é uma mera atividade intermediária, não se configurando em serviços de telecomunicação para fins tributários.

RMS 11368 / MTRECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA1999/0105143-6 TRIBUTÁRIO. ICMS. INCIDÊNCIA SOBRE A HABILITAÇÃO DE TELEFONES CELULARES. IMPOSSIBILIDADE. ATIVIDADE QUE NÃO SE CONSTITUI EM SERVIÇO DE TELECOMUNICAÇÕES. ANALOGIA EXTENSIVA. EXIGÊNCIA DE TRIBUTO SOBRE FATO GERADOR NÃO PREVISTO EM LEI. PROIBIÇÃO. ART. 108, §1º, DO CTN. I - No ato de habilitação de aparelho móvel celular inocorre qualquer serviço efetivo de telecomunicação, senão de disponibilização do serviço, de modo a assegurar ao usuário a possibilidade de fruição do serviço de telecomunicações. II - O ICMS incide, tão somente, na atividade final, que é o serviço de telecomunicação propriamente dito, e não sobre o ato de habilitação do telefone celular, que se afigura como atividade meramente intermediária. III - O Convênio ICMS nº 69/98, ao determinar a incidência do ICMS sobre a habilitação de aparelho móvel

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celular, empreendeu verdadeira analogia extensiva do âmbito material de incidência do tributo, em flagrante violação ao art. 108, § 1º do CTN. IV - Recurso Ordinário provido.

Por fim, também não haverá a incidência do ICMS quando os serviços de radiodifusão sonora (rádio) e de sons e imagens (televisão) quando esses serviços forem prestados a título não-oneroso.

2.2.4 – BASE DE CÁLCULO

A base de cálculo, via de regra, é o valor da operação de circulação de mercadoria (incluindo o valor do frete) ou da prestação de serviço de transporte interestadual ou intermunicipal e de comunicação.

No computo do tributo, o valor do ICMS integrará sua base de cálculo. Todavia, não comporá a base de cálculo do ICMS o montante do IPI, quando diante de contribuintes e a operação se enquadre como fato gerador dos dois impostos.

Art. 155, § 2.º, CRF/88 - O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: XI - não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos;

Agora, se o adquirente do bem não for contribuinte do ICMS, o IPI comporá a base de cálculo do ICMS.

2.2.5 - CONTRIBUINTE

A LC 87/96, em seu art. 4º, conceitua o Contribuinte como qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, COM HABITUALIDADE OU EM VOLUME QUE CARACTERIZE INTUITO COMERCIAL, operações de circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior.

Ou aqueles que mesmo sem caráter de habitualidade ou intuito comercial: I – importe mercadorias ou bens do exterior, qualquer que seja a sua finalidade; II - seja destinatária de serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior; III – adquira em licitação mercadorias ou bens apreendidos ou abandonados; IV – adquira lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não destinados à comercialização ou à industrialização.

2.2.6 - LANÇAMENTO

O ICMS também é um tributo lançado por homologação, respeitado apenas a sistemática de débitos e créditos característica deste imposto.

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2.3 – IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES – IPVA (Art. 155, III e §6º, CRF/88)

O IPVA não está previsto no CTN, visto que este foi elaborado ainda sob égide da Constituição de 1946, a qual não previa em seu Sistema Tributário o IPVA. Só com a Constituição de 1967, o IPVA foi introduzido no Ordenamento Jurídico.

Até a EC 42/2003, não havia normas constitucionais sobre, a exceção da atribuição de sua competência aos Estados. Todavia, com essa Emenda, foi introduzido no Texto Constitucional, o §6º, do Art. 155, que concedeu ao Senado o poder de estabelecer as suas alíquotas mínimas, a fim de impedir que a guerra fiscal gere desequilíbrios orçamentários para os Estados-Membros.

Além disso, as alíquotas do IPVA poderão ser diferenciadas em função do tipo e da utilização do veículo, ou seja, por exemplo, podemos ter uma alíquota maior para os carros considerados de luxo e outra menor para os carros populares; ou podemos ter uma alíquotas maiores para os veículos de passeio e menor para os Taxi.

Porém, isso não quer dizer que seja possível estender essa regra a fim de aplicar alíquotas maiores para carros importados e menores para os produzidos no país.

Art. 155, § 6º, CRF/88 - O imposto previsto no inciso III: I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal; II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização

No mesmo sentido, o STF se posicionou pela possibilidade dos Estados adotarem alíquotas menores para aqueles proprietários que não tenham sofrido multas, como forma de estimular o cumprimento das normas de trânsito.

ADI-MC 2301 / RS - RIO GRANDE DO SULMEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADERelator(a):  Min. MARCO AURÉLIOJulgamento:  27/09/2003           Órgão Julgador:  Tribunal PlenoIPVA - DESCONTO - AUSÊNCIA DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. Ao primeiro exame, não surge relevante a articulação sobre a impossibilidade de o Estado federado, relativamente a tributo situado na respectiva competência - IPVA -, vir a dispor sobre desconto, considerada a ausência de infração de trânsito

Também, não há que se falar na incidência do IPVA sobre veículos aquáticos ou aéreos, pois, segundo o STF, este imposto só se aplica a veículos terrestres.

RE 255111 / SP - SÃO PAULOEMENTA: IPVA - Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (CF, art. 155, III; CF 69, art. 23, III e § 13, cf. EC 27/85): campo de incidência que não inclui embarcações e aeronaves.

Como até o presente, não há normas gerais da União que tratem do IPVA, os Estado pode, legislar de forma plena (art. 24, §§ 3º e 4º).

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É de se destacar, também, que o IPVA, com a EC 41/2003, em que pese se submeter à anterioridade nonagesimal, no que se refere a alteração de sua base de cálculo, este princípio não será aplicado.

Art. 150, §1º, CRF/88 - A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I.

2.3.1 – FATO GERADOR, BASE DE CÁLCULO, CONTRIBUINTE E LANAÇAMENTO

Como não há no Sistema Tributário norma geral da União que especifique o fato gerador e a base de cálculo do IPVA, caberá a lei estadual que criar o tributo defini-las. Normalmente, adota-se como fato gerador a propriedade do veículo automotor terrestre no dia 1º de janeiro do exercício financeiro.

Como base de cálculo do IPVA, em regra, adota-se o valor venal do veículo, visto que este permite quantificar o fato gerador desse imposto.

Já o contribuinte será o proprietário do veículo automotor terrestre, entendido como aquele que cujo nome o veículo está licenciado (presunção).

Por fim, cabe mencionar que o IPVA é um imposto lançado de ofício.

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III – IMPOSTOS MUNICIPAIS

Art. 156, CRF/88 - Compete aos Municípios instituir impostos sobre:I - propriedade predial e territorial urbana;II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar

3.1 – IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL URBANA (Art. 156, I e §1º, CRF/99 e Art. 32/34 CTN)

O IPTU tem um caráter eminentemente fiscal, sendo uma das principais fontes de recursos para os municípios, em que pese a CRF/88, em seu art. 182, §4, II25, ter trazido uma função extrafiscal para o IPPU, qual seja IPTU progressivo no tempo como forma desestimular o mau aproveitamento do solo urbano (regulado pelo art. 7º do Estatuto das Cidades – Lei 10.257/2001).

Com a EC 29/2000, foi introduzido no Texto Constitucional a autorização para que as alíquotas do IPTU sejam progressivas em razão do valor do imóvel, como também, em razão da localização ( e da utilização do imóvel (comercial ou residencial). Esta alteração não buscou ampliar a característica extrafiscal do IPTU, mas, muito pelo contrário, visou ampliar a arrecadação do Imposto, ou seja, trouxe um objetivo eminentemente fiscal.

Art. 156,§ 1º, CRF/88 - Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá: I - ser progressivo em razão do valor do imóvel; eII - ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel.

No entanto, esta progressividade não pode ser estendida de modo a ser aplicada sobre os proprietários de mais de um imóvel, permitindo que os mesmos sofram tributação mais onerosa, como já sumulou o STF:

SÚMULA 589, STF - É INCONSTITUCIONAL A FIXAÇÃO DE ADICIONAL PROGRESSIVO DO IMPOSTO PREDIAL E TERRITORIAL URBANO EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE IMÓVEIS DO CONTRIBUINTE.

3.1.1 – FATO GERADOR

O fato gerador do IPTU, segundo o art. 32, CTN, é a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil,

25 Art. 182,§ 4º, CRF/88 - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento,      sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo ; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

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localizado na zona urbana do Município26. Entendido por natureza o solo com a sua superfície, os seus acessórios e adjacentes e como acessão física tudo quanto o homem incorporar de forma permanente ao solo.

Para ser considerado área urbana, o local deve obedecer ao que dispões o §§ 1º e 2º, do art. 32, CTN:

Art. 32, CTN:(...) § 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;II - abastecimento de água;III - sistema de esgotos sanitários;IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado.§ 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior.

3.1.2 – BASE DE CÁLCULO

A base de cálculo do imóvel é o valor venal do imóvel do imóvel, desconsiderando-se o valor de quaisquer bens móveis que possam ter sido colocados de forma permanente ou temporária no imóvel, uma vez que o IPTU só incide sobre imóveis por natureza ou por acessão física.

Art. 33, CTN - A base do cálculo do imposto é o valor venal do imóvel.Parágrafo único. Na determinação da base de cálculo, não se considera o valor dos bens móveis mantidos, em caráter permanente ou temporário, no imóvel, para efeito de sua utilização, exploração, aformoseamento ou comodidade.

Com a EC 41/2003, apesar do IPTU se sujeitar a incidência da noventena, sua base de cálculo tornou-se exceção, de forma que a mesma pode ser alterada sem ter que esperar o prazo de 90 dias para surtir efeitos.

3.1.3 - CONTRIBUINTE

O CTN, em seu art.34, expressamente, conceituou o contribuinte como aquele que é proprietário do imóvel (possui o domínio registrado no Registro Geral de Imóveis), titular do seu domínio útil (aquele que pode gozar, usar e dispor da propriedade, mas não possui o domínio direto), ou o seu possuidor a qualquer título (aquele que possui algum dos poderes inerentes a propriedade, Ex: posse)27.

Cabe destacar que o detentor a título de posse só será considerado contribuinte do IPTU se a mesma for caracterizada pelo animus definitivo, excetuando-se, portanto, o locatário e o comodatário, por exemplo.

26 Art. 32, CTN - O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.

27 Art. 34, CTN - Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título.

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DIREITO TRIBUTÁRIO II

REsp 325489 / SPRECURSO ESPECIAL2001/0067505-5 TRIBUTÁRIO - IPTU - CONTRIBUINTE - POSSUIDOR - ART. 34 DO CTN. 1. O IPTU é imposto que tem como contribuinte o proprietário ou o possuidor por direito real que exerce a posse com animus definitivo - art. 34 do CTN. 2. O comodatário é possuidor por relação de direito pessoal e, como tal, não é contribuinte do IPTU do imóvel que ocupa. 3. Não sendo contribuinte o possuidor e confundindo-se, no Município, as posições de proprietário do imóvel e de sujeito ativo para a cobrança do IPTU, resulta indevido o tributo. 4. Recurso especial improvido.

3.1.4 - LANÇAMENTO

O IPTU é um imposto lançado de ofício

3.2 – IMPOSTO SOBRE A TRANSMISSÃO "INTER VIVOS", A QUALQUER TÍTULO, POR ATO ONEROSO, DE BENS IMÓVEIS – ITBI Art. 153, II e §2º, CRF/88 e Art. 35/42, CTN)

O ITBI incide sobre as transmissões onerosas de bens imóveis entre vivos, de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia (penhor, hipoteca e anticrese), bem como, sobre a cessão de direitos a sua aquisição.

Este imposto terá competência para cobrá-lo o município onde estiver localizado o imóvel. No entanto, não pode o município, sob que argumento for, estabelecer alíquotas progressivas para o ITBI, pois não há autorização constitucional para tanto.

SÚMULA 656, STF - É INCONSTITUCIONAL A LEI QUE ESTABELECE ALÍQUOTAS PROGRESSIVAS PARA O IMPOSTO DE TRANSMISSÃO "INTER VIVOS" DE BENS IMÓVEIS - ITBI COM BASE NO VALOR VENAL DO IMÓVEL.

Cabe destacar que a CF/88, em seu art. 156, §2º, I, prevê uma imunidade tributária (objetiva) para o ITBI, no intuito de fomentar o desenvolvimento das empresas, a qual transcrevo, a seguir:

Art. 156,§ 2º, CRF/88 - O imposto previsto no inciso II:I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, SALVO SE, NESSES CASOS, A ATIVIDADE PREPONDERANTE DO ADQUIRENTE FOR A COMPRA E VENDA DESSES BENS OU DIREITOS, LOCAÇÃO DE BENS IMÓVEIS OU ARRENDAMENTO MERCANTIL;

Não obstante, se a atividade da empresa for a compra e venda de imóveis, locação, como ocorre, por exemplo, com as imobiliárias, essa imunidade não será aplicada, já que essas são as suas atividades preponderante.

O art. 37, do CTN, estabelece o conceito de atividade preponderante como aquela em que mais de 50% receita operacional, nos 2 (dois) anos anteriores e nos 2 (dois) anos subseqüentes à aquisição, decorrer dessa atividade. Se as atividades iniciarem em menos de 2 anos da compra, será levado em consideração os 3 anos subseqüentes.

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Art. 37, CTN - O disposto no artigo anterior não se aplica quando a pessoa jurídica adquirente tenha como atividade preponderante a venda ou locação de propriedade imobiliária ou a cessão de direitos relativos à sua aquisição.§ 1º Considera-se caracterizada a atividade preponderante referida neste artigo quando mais de 50% (cinqüenta por cento) da receita operacional da pessoa jurídica adquirente, nos 2 (dois) anos anteriores e nos 2 (dois) anos subseqüentes à aquisição, decorrer de transações mencionadas neste artigo.§ 2º Se a pessoa jurídica adquirente iniciar suas atividades após a aquisição, ou menos de 2 (dois) anos antes dela, apurar-se-á a preponderância referida no parágrafo anterior levando em conta os 3 (três) primeiros anos seguintes à data da aquisição.§ 3º Verificada a preponderância referida neste artigo, tornar-se-á devido o imposto, nos termos da lei vigente à data da aquisição, sobre o valor do bem ou direito nessa data.

3.2.1 – FATO GERADOR

O fato gerador do ITBI será as transmissões onerosas de bens imóveis entre vivos, de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia (penhor, hipoteca e anticrese), bem como, sobre a cessão de direitos a sua aquisição.

Logo, não há que se falar em incidência de ITBI em simples contrato de promessa de compra e venda, pois este possui, apenas, natureza de contrato preliminar no direito privado e, portanto, não seria cabível a incidência do ITBI.

AgRg no REsp 327188 / DFAGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL2001/0064773-2 TRIBUTÁRIO - ITBI - PROMESSA DE CESSÃO - NÃO INCIDÊNCIA. Promessa de cessão de direitos à aquisição de imóvel não é fato gerador de ITBI.

3.2.2 – BASE DE CÁLCULO

O CTN, em seu art. 3828, prevê como base de cálculo do ITBI, o valor venal dos bens ou direitos transmitidos, excluindo-se o valor de quaisquer bens móveis que possam ter sido colocados de forma permanente ou temporária no imóvel. Entende-se como valor venal como o valor determinados pelas condições de mercado, o que não se confunde com o valor da venda do imóvel.

3.2.3 - CONTRIBUINTE

O contribuinte do imposto é qual qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei municipal.29 Via de regra, as leis municipais optam pelo adquirente como contribuinte do ITBI.

3.2.3 - LANÇAMENTO

O ITBI é um imposto lançado por declaração.

28 Art. 38, CTN - A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos.29 Art. 42. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei.

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3.3 – IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA – ISS (Art. 156, III e § 3º, CRF/88; LC 116/03; Dec-Lei 406/68)

O ISS também tem um caráter fiscal e abrangerá todos aqueles serviços que estiverem previstos em Lei complementar (LC 116/2003). A lista prevista na LC 116/2003 é uma lista exaustiva, não podendo se estendida de modo a abranger outras hipóteses de prestação de serviços.

Se os serviços que não são abrangidos pela lista da LC 116/2003, forem prestados em conjunto com a venda de mercadorias, o ICMS incidirá sobre a sua totalidade e não o ISS.

Art. 155,§ 2.º, CRF/88 - O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...) IX - incidirá também: (...) b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem fornecidas com serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios; (...)

Deve-se entender a prestação de serviços como uma obrigação de fazer. Logo, por exemplo, a locação de bens móveis, não sofrerá a incidência do ISS.

Da mesma forma, não que incidir o ISS sobre o leasing ou arrendamento mercantil, bem como a franquia (o serviço apenas compõe uma pequena parcela do contrato, em que pese estar prevista, expressamente no item 17.08, da lista da LC 116/2003), visto que essas atividades não materializam obrigação de fazer, logo, não podem ser considerada prestação de serviço.

Caberá a Lei Complementar definir as alíquotas e mínimas do ISS a fim de se evitar a guerra fiscal entre os municípios, bem como, competirá a Lei Complementar fixar as alíquotas máximas, criando limites a arrecadação desenfreada por parte dos municípios, e regular a forma e as condições para a concessão e revogação dos benefícios fiscais.

Art. 156,§ 3º, CRF/88 - Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar: I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;(...) III - regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados

3.3.1 – ISENÇÃO HETERÔNOMA

A Constituição de 1988 prevê algumas hipóteses de isenções heterônomas, quais sejam a do art. 155, §2º, X, “e”, CRF/88, que permite a União conceder, por meio de Lei complementar, isenção do ICMS de produtos ou serviços destinados ao exterior (não se exporta tributos). Com o advento da EC 42/2003, os produtos e serviços (prestados no exterior) destinados ao exterior passaram a ser imunes ao ICMS (deve-se ter atenção em provas de concursos, pois o art. 155, §2º, X, “e”, CRF/88 não foi revogado, podendo ser cobrado).

Art.155, §2º, XII, CRF/88 - cabe à lei complementar: (...) e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso X, "a".

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A outra hipótese quanto à isenção heterônoma está prevista no art. 156, §3º, II, CRF/88, o qual prevê a possibilidade da União conceder do ISS (competência municipal) nas exportações de serviços para o exterior.

Art. 156, § 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar: (...) II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior.

A última hipótese refere-se à concessão de isenção por meio de tratados internacionais celebrados pela União, visto que o Presidente da República, como Chefe de Estado, é o representante da República Federativa no plano internacional e, por conseqüência, pode celebrar tratados concedendo isenção heterônoma.

ADI 1600 / UF - UNIÃO FEDERALAÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADERelator(a):  Min. SYDNEY SANCHESRelator(a) p/ Acórdão:  Min. NELSON JOBIMJulgamento:  26/11/2001           Órgão Julgador:  Tribunal PlenoEMENTA: (...) TRIBUTAÇÃO DAS EMPRESAS NACIONAIS. QUANTO ÀS EMPRESAS ESTRANGEIRAS, VALEM OS ACORDOS INTERNACIONAIS - RECIPROCIDADE. VIAGENS NACIONAL OU INTERNACIONAL - DIFERENÇA DE TRATAMENTO. AUSÊNCIA DE NORMAS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS DE COMPETÊNCIA ENTRE AS UNIDADES FEDERADAS. ÂMBITO DE APLICAÇÃO DO ART. 151, CF É O DAS RELAÇÕES DAS ENTIDADES FEDERADAS ENTRE SI. NÃO TEM POR OBJETO A UNIÃO QUANDO ESTA SE APRESENTA NA ORDEM EXTERNA. NÃO INCIDÊNCIA SOBRE A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE AÉREO, DE PASSAGEIROS - INTERMUNICIPAL, INTERESTADUAL E INTERNACIONAL. INCONSTITUCIONALIDADE DA EXIGÊNCIA DO ICMS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE AÉREO INTERNACIONAL DE CARGAS PELAS EMPRESAS AÉREAS NACIONAIS, ENQUANTO PERSISTIREM OS CONVÊNIOS DE ISENÇÃO DE EMPRESAS ESTRANGEIRAS. AÇÃO JULGADA, PARCIALMENTE PROCEDENTE.

3.3.2 – FATO GERADOR

O fato gerador do ISS está previsto no art. 1º, da LC 116/2003, o qual conceitua como aquelas prestações de serviço, previsto na lista constante da referida norma, ainda que tais serviços não sejam considerados como atividade preponderante da Empresa.

Art. 1º, LC 116/2003 - O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador.§ 1º - O imposto incide também sobre o serviço proveniente do exterior do País ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior do País.§ 2º - Ressalvadas as exceções expressas na lista anexa, os serviços nela mencionados não ficam sujeitos ao Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, ainda que sua prestação envolva fornecimento de mercadorias.§ 3º - O imposto de que trata esta Lei Complementar incide ainda sobre os serviços prestados mediante a utilização de bens e serviços públicos explorados economicamente mediante autorização, permissão ou concessão, com o pagamento de tarifa, preço ou pedágio pelo usuário final do serviço.

3.3.3 – BASE DE CÁLCULO

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A base de cálculo do ISS é o valor do serviço prestado (inclui-se no valor do serviço o custo das mercadorias que possam ter sido usadas ou consumidas na prestação do serviço).

Art. 7º, LC 116/2003 - o A base de cálculo do imposto é o preço do serviço.§ 1o Quando os serviços descritos pelo subitem 3.04 da lista anexa forem prestados no território de mais de um Município, a base de cálculo será proporcional, conforme o caso, à extensão da ferrovia, rodovia, dutos e condutos de qualquer natureza, cabos de qualquer natureza, ou ao número de postes, existentes em cada Município.§ 2o Não se incluem na base de cálculo do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza:I - o valor dos materiais fornecidos pelo prestador dos serviços previstos nos itens 7.02 e 7.05 da lista de serviços anexa a esta Lei Complementar;

3.3.4 – CONTRIBUINTE E LANÇAMENTO

O art. 5º, da LC 116/2003, define o prestador de serviço como contribuinte do ISS.

Art. 5º, LC 116/2003 - Contribuinte é o prestador do serviço.

Considerando-se como prestador de serviço a empresa ou profissional autônomo, com ou sem estabelecimento comercial, desde que os serviços prestados estejam previstos na lista constante da LC 116/2003.

Já o lançamento do ISS é realizado, em regra, por homologação

3.3.5 – LOCAL DO RECOLHIMENTO DO IMPOSTO

O art. 3º, da LC 116/2003, estabelece, em regra, como local para o recolhimento do ISS, aquele em que prestador de serviços estiver sediado e, na ausência deste, o local de seu domicílio. Exceção a essa regra diz respeito estão previstas nos incisos de I a XX II, dessa Lei.

Art. 3º, LC 116/2003 - O serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador, exceto nas hipóteses previstas nos incisos I a XXII, quando o imposto será devido no local: I – do estabelecimento do tomador ou intermediário do serviço ou, na falta de estabelecimento, onde ele estiver domiciliado, na hipótese do § 1º do art. 1º desta Lei Complementar; II – da instalação dos andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas, no caso dos serviços descritos no subitem 3.05 da lista anexa; III – da execução da obra, no caso dos serviços descritos no subitem 7.02 e 7.19 da lista anexa; IV – da demolição, no caso dos serviços descritos no subitem 7.04 da lista anexa; V – das edificações em geral, estradas, pontes, portos e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.05 da lista anexa; VI – da execução da varrição, coleta, remoção, incineração, tratamento, reciclagem, separação e destinação final de lixo, rejeitos e outros resíduos quaisquer, no caso dos serviços descritos no subitem 7.09 da lista anexa; VII – da execução da limpeza, manutenção e conservação de vias e logradouros públicos, imóveis, chaminés, piscinas, parques, jardins e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.10 da lista anexa; VIII – da execução da decoração e jardinagem, do corte e poda de árvores, no caso dos serviços descritos no subitem 7.11 da lista anexa; IX – do controle e tratamento do efluente de qualquer natureza e de agentes físicos, químicos e biológicos, no caso dos serviços descritos no subitem 7.12 da lista anexa; X – (vetado); XI – (vetado); XII – do florestamento, reflorestamento, semeadura, adubação e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.16 da lista anexa; XIII – da execução dos serviços de escoramento, contenção de encostas e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.17 da lista anexa; XIV – da limpeza e dragagem, no caso dos serviços descritos no subitem 7.18 da lista anexa; XV – onde o bem estiver guardado ou estacionado, no caso dos serviços

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descritos no subitem 11.01 da lista anexa; XVI – dos bens ou do domicílio das pessoas vigiados, segurados ou monitorados, no caso dos serviços descritos no subitem 11.02 da lista anexa; XVII – do armazenamento, depósito, carga, descarga, arrumação e guarda do bem, no caso dos serviços descritos no subitem 11.04 da lista anexa; XVIII – da execução dos serviços de diversão, lazer, entretenimento e congêneres, no caso dos serviços descritos nos subitens do item 12, exceto o 12.13, da lista anexa; XIX – do Município onde está sendo executado o transporte, no caso dos serviços descritos pelo subitem 16.01 da lista      anexa; XX – do estabelecimento do tomador da mão-de-obra ou, na falta de estabelecimento, onde ele estiver domiciliado, no caso dos serviços descritos pelo subitem 17.05 da lista anexa; XXI – da feira, exposição, congresso ou congênere a que se referir o planejamento, organização e administração, no caso dos serviços descritos pelo subitem 17.10 da lista anexa; XXII – do porto, aeroporto, ferroporto, terminal rodoviário, ferroviário ou metroviário, no caso dos serviços descritos pelo item 20 da lista anexa.

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IV – CONTRIBUIÇÕES NA CRF/88

4.1 – CONTRIBUIÇÕES PARA A SEGURIDADE SOCIAL

4.1.1 Contribuição sobre a Folha de Pagamento, prevista no art. 195, I, da CF.

A Contribuição prevista no art. 195, I, da CF, incide sobre a folha de salários e outros rendimentos do trabalho pagos ou creditados pela empresa, a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, ou a qualquer outra pessoa física que para si preste serviço quer fique a sua disposição, mesmo sem vínculo empregatício.

A alíquota utilizada é de 20% sobre o valor total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título durante o mês, não se levando em conta os limites máximos e mínimos de contribuição para seguridade social.

Além disso, entra também no computo da base de cálculo da contribuição incidente sobre a folha de salário, os valores pagos a título de bolsa de estudos ou creditados ao médico-residente participante de residência médica, bem como, os valores pagos a título de moradia, alimentação, vestuário e outras prestações in natura fornecidas ao segurado ou ao contribuinte individual, salvo as exceções previstas no art.72, da Instrução Normativa MPS/SRP Nº3, de 14 de julho de 2005.

4.1.2 Contribuição sobre a Receita e o Faturamento – COFINS e o PIS/PASEP

A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS foi criada, pela Lei Complementar N.º 70, de 30 de dezembro de 1991, para substituir o antigo FINSOCIAL, previsto no art. 23, inciso I, da Lei 8.212/91.

A base de cálculo da COFINS passou a ser a receita bruta das vendas de mercadorias, mercadorias e serviços e serviços de quaisquer naturezas, auferidos por pessoa jurídica, sobre a qual incidirá a alíquota de sete inteiros e seis décimos por cento, admitindo-se o aproveitamento dos créditos referentes, por exemplo, a bens e serviços utilizados na produção ou fabricação de bens e compra de bens para a revenda.

Não devemos esquecer que sendo o COFINS e o PIS destinados a custear a seguridade social, devem exigidos de todos aqueles que materializam seu fato gerador, sem que haja preferência para qualquer setor produtivo; logo, segundo o STF, em que pese o art. 155, §3º, CRF/88 apenas prevê a incidência do II, IE e ICMS sobre energia elétrica, telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveise minerais do país, este Supremo Tribunal se manifestou pela incidência da COFINS e do PIS sobre essas atividades econômicas.

Art. 155,§ 3º, CRF/88 - À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas

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a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País.

RE 230337 / RN - RIO GRANDE DO NORTERECURSO EXTRAORDINÁRIORelator(a):  Min. CARLOS VELLOSOEMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PIS. COFINS. DISTRIBUIDORAS DE DERIVADOS DE PETRÓLEO, MINERADORES, DISTRIBUIDORAS DE ENERGIA ELÉTRICA E EXECUTORAS DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES. C.F., art. 155 , § 3º. Lei Complementar nº 70, de 1991. I. - LEGÍTIMA A INCIDÊNCIA DA COFINS E DO PIS SOBRE O FATURAMENTO DA EMPRESA. INTELIGÊNCIA DO DISPOSTO NO § 3º DO ART. 155, C.F. , EM HARMONIA COM A DISPOSIÇÃO DO ART. 195, CAPUT, DA MESMA CARTA.Precedente do STF: RE 144.971-DF, Velloso, 2.º T., RTJ 162/1075. II. - R.E. conhecido e provido.

A não-cumulatividade da COFINS foi estabelecida pela Lei Federal n.º10.833/2003, a qual, também, estabeleceu como hipótese de incidência da respectiva contribuição o faturamento mensal.

Destaca-se, outrossim que, tendo em vista seu caráter de contribuição de arrecadação vinculada, a COFINS tem a obrigatoriedade de ter sua arrecadação aplicada nas atividades-fim da saúde, previdência e assistência social.

As contribuições programa de Integração Social programa de formação do patrimônio de servidor público encontram respaldo no art. 239, da CF/1988, o qual estabelece que a arrecadação das referidas contribuições deverá ser utilizada para financiar o seguro - desemprego e o abono para os empregados que perceberam até dois salários mínimos mensais no último exercício.

No que se refere ao PIS/PASEP, estas contribuições têm como base de cálculo do faturamento, sobre o qual incidirá a alíquota de sessenta e cinco décimos por cento (0,65%), exceto se for operação realizada por refinaria e distribuidora de combustíveis, a qual terão alíquotas diferenciadas.

O programa de Integração Social - PIS/ programa de formação do patrimônio de servidor público - PASEP apresenta um percentual de um inteiro por cento, quando aplicáveis sobre a folha de salário.

As contribuições ao PIS/PASEP não – cumulativas, para pessoas jurídicas de direito privado, terão como alíquota o percentual de um inteiro e sessenta e cinco décimos por cento (1,65%), o qual incidirá sobre seu lucro real.

Por fim, cabe destacar que o PASEP, como contribuição que é, segundo a CRF/88, decorre de lei e por conseqüência possui caráter obrigatório, não havendo mais que se falar em caráter facultativo ou dispositivos específicos para os Entes Federados aderirem a esse programa.

AI-AgR 480721 / PR - PARANÁAG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTORelator(a):  Min. EROS GRAUJulgamento:  10/10/2006           Órgão Julgador:  Segunda Turma

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EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO CONVERTIDO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PASEP. PRECEDENTES. PASEP. Exigibilidade da contribuição pelas unidades da federação, pois a Constituição de 1988 retirou o caráter facultativo, bem assim a necessidade de legislação específica, para a adesão dos entes estatais ao Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento.

4.1.3 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL.

Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, prevista no art. 195, inciso I, alínea “c”, da CF/1988, o qual estabelece que esta Contribuição Social incidirá sobre o lucro das empresas e entidades a elas equiparadas.

Com a publicação da Lei N.º10.637, de 30 de dezembro de 2002, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL passou a ter, como alíquota, o percentual de nove por cento (9%) o qual deveria incidir, em uma periodicidade mensal, em todos os fatos geradores ocorridos a partir de 01 de janeiro de 2003, e teria como base de cálculo da contribuição o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda.

4.1.4 Contribuição do Importador de Bens e Serviços do Exterior

As Contribuições cobradas do Importador de Bens e Serviços do Exterior são concernentes àquelas instituídas para custear os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público, bem como, o Financiamento da Seguridade Social, são elas: Contribuição para o PIS/PASEP - Importação e a Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social devida pelo Importador de Bens Estrangeiros ou Serviços do Exterior – COFINS - Importação.

Estas contribuições terão como fato gerador à entrada de bens estrangeiros no território nacional ou o pagamento, o crédito, a entrega, o emprego ou a remessa de valores a residentes ou domiciliados no exterior como contraprestação por serviço prestado, conforme preceitua o art. 3º, incisos I e II, da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004.

Por fim, destaca-se que a base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP - Importação e a Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social devida pelo Importador de Bens Estrangeiros ou Serviços do Exterior – COFINS-Importação será o valor aduaneiro, ou seja, o valor acrescido do imposto de importação, do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS e das próprias contribuições, conforme dispõe o art.7º, inciso I, da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004.

Para os serviços importados do exterior, a base de cálculo será o valor pago, creditado, entregue, empregado ou remetido para o exterior, antes da retenção do

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imposto de renda, acrescido do Imposto sobre Serviços de qualquer Natureza - ISS e das contribuições, de acordo com o art.7º, inciso II, da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004.

4.1.5 Contribuição sobre os trabalhadores e dos demais segurados da previdência social

Esta contribuição incide sobre todos aqueles que são empregados, bem como, aqueles que não tenham vínculo empregatício (ex: os trabalhadores autônomos). Estas contribuições são retidas na fonte pelas empresas como responsáveis tributárias que são por esses tributos.

Não haverá incidência da contribuição dos trabalhadores sobre os proventos da aposentadoria e pensões concedidas pelo Regime Geral da Previdência; todavia, haverá incidência da contribuição para custear a previdência pública dos aposentados e pensionistas desse Sistema.

4.1.6 Contribuição sobre a Receita de Concursos de Prognósticos.

A Contribuição sobre a Receita de Concursos de Prognósticos esta pautada no art. 195, III, da CF/88, o qual estabelece como forma de financiar a seguridade social a receita proveniente da renda líquida originada dos concursos de prognósticos, ou seja, a receita líquida proveniente de todo e qualquer concurso de sorteio de números, loterias e apostas, inclusive hípicas, em todas as esferas federais, seja de entidades pública, seja de entidades privadas (art. 26, §1º, da Lei 8.212, de 24 de julho de 1991).

Do valor destinado ao financiamento da seguridade social, deverão ser descontados 30% da renda líquida os quais serão destinados ao Programa de Crédito Estudantil (art.5º, inciso III, da Lei n.º 9.288, de 01 de julho de 1996), bem como, mais 30% da renda líquida que será destinado para financiar o Programa de Financiamento ao Estudante de Nível Superior (art.2º, da Lei n.º10.260, de 12 de julho de 2001).

A Receita Líquida, para fins de Contribuição Receita de Concursos de Prognósticos, conforme dispõe o art. 26, §2º, da Lei 8.212, de 24 de julho de 1991, será:

Art. 26, §2º Para efeito do disposto neste artigo, entende-se por renda líquida o total da arrecadação, deduzidos os valores destinados ao pagamento de prêmios, de impostos e de despesas com a administração, conforme fixado em lei, que inclusive estipulará o valor dos direitos a serem pagos às entidades desportivas pelo uso de suas denominações e símbolos.

Esta contribuição caracteriza-se por ser uma fonte peculiar de financiamento da seguridade social, pois não apresenta nenhum vínculo com o trabalhador ou mesmo com a empresa, é apenas uma forma encontrada pelo Legislador Pátrio de conseguir fundos para custear os gastos da previdência social, como podemos depreender das lições do Professor Wladimir Novaes Martinez:

Extintas as antigas cotas da previdência, essa é a hipótese de incidência distante da empresa e do trabalhador, isto é, do labor propriamente dito. É o empenho desmedido do legislador de encontrar fundos para tentar cobrir as crescentes despesas da previdência social,

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entendo-se dever essa fonte de recursos estar canalizada particularmente para a assistência social30.

Desta forma, podemos perceber que esta contribuição é uma forma de financiamento pautado na idéia de sistema não contributivo, pois esta fonte de recursos para a seguridade social não apresenta nenhum vínculo com seus beneficiários, como diz o Professor Wladimir Novaes Martinez: “(...) a verdadeira contribuição da sociedade à seguridade social, exação inteiramente desvinculada, em sua origem, do beneficiário”31.

4.2 – CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS GERAISAs contribuições sociais gerais são aquelas destinadas a custear outras

atividades da União na área social, como ocorre com o salário-educação e as contribuições para o SESI, SECS, SENAI, SEBRAE, etc. (art.240, CRF/88).

Cabe destacar que parcela da doutrina entende que as contribuições para o SESI, SECS, SENAI e SEBRAE são contribuições corporativas; entretanto, a jurisprudência do STJ tem se posicionado pelo enquadramento das contribuições destinadas aos serviços sociais autônomos como contribuições sociais gerais, sob o argumento de que o fim dessas instituições é social e econômico, razão pela qual estas devem ser custeadas por toda a sociedade.

REsp 662911 / RJRECURSO ESPECIAL2004/0072911-2 TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL AUTÔNOMA. ADICIONAL AO SEBRAE. EMPRESA DE GRANDE PORTE. EXIGIBILIDADE. PRECEDENTES DO STF.1. As contribuições sociais, previstas no art. 240, da Constituição Federal, têm natureza de "contribuição social geral" e não contribuição especial de interesses de categorias profissionais (STF, RE n.º 138.284/CE) o que derrui o argumento de que somente estão obrigados ao pagamento de referidas exações os segmentos que recolhem os bônus dos serviços inerentes ao SEBRAE. 2. Deflui da ratio essendi da Constituição, na parte relativa ao incremento da ordem econômica e social, que esses serviços sociais devem ser mantidos "por toda a coletividade" e demandam, a fortiori, fonte de custeio. 3. Precedentes: RESP 608.101/RJ, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 24/08/2004, RESP 475.749/SC, 1ª Turma, desta Relatoria, DJ de 23/08/2004. 4. Recurso especial conhecido e provido.

4.3 – CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇAO NO DOMÍNIO ECONÔMICO - CIDE

A CIDE (competência da União) é um tributo extrafiscal, visto que seu fim precípuo é intervir em uma área econômica. Uma das características marcantes da CIDE é o fato de que a intervenção pelo destino da arrecadação a uma atividade que se quer incentivar.

30 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de Direito Previdenciário. Tomo II, Previdência Social,. 2 ed. São Paulo: LTR, 2003. p.255.

31 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de Direito Previdenciário. Tomo II, Previdência Social,. 2 ed. São Paulo: LTR, 2003. p.255.

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A lei (ordinária) que instituir a CIDE deve definir o seu fato gerador dentro do campo de atividade onde visa intervir, bem como, deverá indicar a destinação dos recursos que forem auferidos com essa contribuição especial.

Normalmente, a intervenção ocorre por meio de fiscalização do Poder Público ou por meio de atividades de fomento, por exemplo, com a abertura de linhas de crédito, investimento em infra-estrutura que permita desenvolver um setor da economia, entre outras atividades.

4.4 – CONTRIBUIÇÕES CORPORATIVAS

São contribuições de competência da União Federal, destinadas a entidades que representam categorias profissionais ou econômicas. Os recursos arrecadados são destinados a custear as atividades sindicais e representativas.

A contribuição corporativa, destinada aos sindicatos, conhecida vulgarmente por imposto sindical é um tributo instituído por lei e compulsório; portanto, diferente da chamada contribuição sindical que um valor pago a título voluntário por aqueles que forem sindicalizados.

As contribuições corporativas, em virtude serem de competência da União, para serem criadas, necessitam de uma lei ordinária da União e devem obedecer aos princípios da anterioridade (anual e nonagesimal) e da legalidade.

Parte da doutrina inclui entre as contribuições corporativas aquelas destinadas aos Conselhos Profissionais (OAB, CRM, CRC, CREA, etc.). Todavia, o STJ tem se posicionado pela natureza não tributária dessas contribuições e, portanto, não seriam contribuições, visto que os Conselhos Profissionais não tem a função precípua de defender interesses de categoria, mas regular a profissão (em provas de concurso, recomenda-se adotar o posicionamento do STJ).

EREsp 495918 / SCEMBARGOS DE DIVERGENCIA NO RECURSO ESPECIAL2003/0219672-5 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL - - EXECUÇÃO LEVADA A EFEITO PELA OAB PARA COBRANÇA DE ANUIDADES - APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - PRECEDENTES. Diante da natureza intrínseca da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, autarquia detentora de características diferentes das autarquias consideradas entes descentralizados, DENOTA-SE QUE AS CONTRIBUIÇÕES RECEBIDAS PELA ENTIDADE NÃO TÊM NATUREZA TRIBUTÁRIA. Nesse diapasão, esta egrégia Primeira Seção desta colenda Corte Superior de Justiça esposou, em recente julgado, entendimento segundo o qual "as contribuições cobradas pela OAB, como não têm natureza tributária, não seguem o rito estabelecido pela Lei n. 6.830/80" (EREsp 463.258/SC, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 29/3/2004). Embargos de divergência providos.

4.5 – CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA - COSIP

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A COSIP foi introduzida no Sistema Tributário com a EC 39/2002, a qual acrescentou o art. 149-A ao Texto Constitucional de 1988 e conferiu competência aos Municípios e o DF para instituírem e cobrarem essas contribuições; permitindo, inclusive, que a cobrança da contribuição se processe na conta de energia elétrica.

Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.

Os recursos arrecadados com a COSIP devem ser aplicados no custeio da iluminação pública, sendo inconstitucional qualquer aplicação diversa dos recursos arrecadados por esta contribuição (tributo de arrecadação vinculada).

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V – SIMPLES NACIONAL

A EC 42/2003, autorizou (art. 146, III, d, CRF/88) a União por Lei Complementar criar um regime tributário simplificado de caráter nacional para as micro e pequenas empresas. Mas para tanto, o regime deverá atender os requisitos discriminados no § único, do art. 146, CTN:

Art. 146, CRF/88 - Cabe à lei complementar: (...)III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: (...)d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239.Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que:I - será opcional para o contribuinte;II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado;III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento; IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes.

A LC 123/2006 institui o Regime do Simples Nacional, o qual pode ser definido, como um regime de tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Art. 13, LC 123/2006 - O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, dos seguintes impostos e contribuições: I – Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ; II – Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, observado o disposto no inciso XII do § 1º deste artigo; III – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL; IV – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS, observado o disposto no inciso XII do § 1º deste artigo; V – Contribuição para o PIS/Pasep, observado o disposto no inciso XII do § 1º deste artigo; VI – Contribuição para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica, de que trata o art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, exceto no caso das pessoas jurídicas que se dediquem às atividades de prestação de serviços previstas nos incisos XIII a XXVIII do § 1º e no § 2º do art. 17 desta Lei Complementar; VI - Contribuição para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica, de que trata o art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, exceto no caso da microempresa e da empresa de pequeno porte que se dediquem às atividades de prestação de serviços previstas nos incisos XIII e XV a XXVIII do § 1º do art. 17 e no inciso VI do § 5º do art. 18, todos desta Lei Complementar; VII – Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS; VIII – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS.

Integraram o regime único de arrecadação do Simples Nacional a maioria dos impostos e contribuições da União, o ICMS e o ISS, o qual será apurado mediante a aplicação de uma alíquota progressiva sobre a receita bruta da empresa e recolhidos mensalmente.

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Art. 18, LC 123/2006 - O valor devido mensalmente pela microempresa e empresa de pequeno porte, optante do Simples Nacional, será determinado mediante aplicação da tabela do Anexo I desta Lei Complementar. § 1º  Para efeito de determinação da alíquota, o sujeito passivo utilizará a receita bruta acumulada nos 12 (doze) meses anteriores ao do período de apuração.§ 2º  Em caso de início de atividade, os valores de receita bruta acumulada constantes das tabelas dos Anexos I a V desta Lei Complementar devem ser proporcionalizados ao número de meses de atividade no período.§ 3º Sobre a receita bruta auferida no mês incidirá a alíquota determinada na forma do caput e dos §§ 1º e 2º deste artigo, podendo tal incidência se dar, à opção do contribuinte, na forma regulamentada pelo Comitê Gestor, sobre a receita recebida no mês, sendo essa opção irretratável para todo o ano-calendário.

No Regime do Simples Nacional, não se aplica a regra da não - cumulatividade adotada para o IPI e ICMS (também não se aplica essa regra para o PIS e COFINS não-cumulativos). O valor da tributação deve ser calculado sobre a receita bruta auferida no mês

5.1 – EMPRESA DE PEQUENO PORTE E MICROEMPRESA

O art. 3º, da LC 123/2006, apresenta a seguinte conceituação para empresa de pequeno porte e microempresa:

Art. 3o  Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que:I – no caso das microempresas, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais);II – no caso das empresas de pequeno porte, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos   mil reais).

Contudo, se a empresa iniciar suas atividades no ano base, os limites apresentados pela LC 123/2006 deverão ser calculados proporcionalmente ao número de meses que a empresa houver exercido a atividade.

Art. 3º,§ 2º, LC 123/2006 - No caso de início de atividade no próprio ano-calendário, o limite a que se refere o caput deste artigo será proporcional ao número de meses em que a microempresa ou a empresa de pequeno porte houver exercido atividade, inclusive as frações de meses.

5.2 - OPÇÃO

A opção pelo Regime do Simples deverá ocorrer no mês de janeiro, até o último dia útil, produzindo efeitos a partir do 1º dia do ano da opção, podendo ter seus efeitos produzidos desde o início de suas atividades, se for atendido os requisitos estabelecidos pelo Comitê Gestor.

Art. 16, LC 123/2006 - A opção pelo Simples Nacional da pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa e empresa de pequeno porte dar-se-á na forma a ser estabelecida em ato do Comitê Gestor, sendo irretratável para todo o ano-calendário.(...)

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§ 2º  A opção de que trata o caput deste artigo deverá ser realizada no mês de janeiro, até o seu último dia útil, produzindo efeitos a partir do primeiro dia do ano-calendário da opção, ressalvado o disposto no § 3o deste artigo.§ 3º  A opção produzirá efeitos a partir da data do início de atividade, desde que exercida nos termos, prazo e condições a serem estabelecidos no ato do Comitê Gestor a que se refere o caput deste artigo.

5.3 - EXCLUSÃO

A exclusão do regime poderá ocorrer de ofício ou por meio de comunicação a empresa optante. Ocorrerá esta, quando a empresa opte ou, de forma obrigatória, quando incida em algumas das situações vedadas na LC 123/2006, bem como, quando ultrapassar, no ano-calendário de início de atividade, o limite de receita bruta correspondente a R$ 200.000,00.

Art. 30, LC 123/2006 - A exclusão do Simples Nacional, mediante comunicação das microempresas ou das empresas de pequeno porte, dar-se-á: I – por opção; II – obrigatoriamente, quando elas incorrerem em qualquer das situações de vedação previstas nesta Lei Complementar; ouIII – obrigatoriamente, quando ultrapassado, no ano-calendário de início de atividade, o limite de receita bruta correspondente a R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), multiplicados pelo número de meses de funcionamento nesse período, em relação aos tributos e contribuições federais, e, em relação aos tributos estaduais, municipais e distritais, de R$ 100.000,00 (cem mil reais) ou R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais), também multiplicados pelo número de meses de funcionamento no período, caso o Distrito Federal, os Estados e seus respectivos Municípios tenham adotado os limites previstos nos incisos I e II do art. 19 e no art. 20, ambos desta Lei Complementar.

A exclusão de ofício ocorrerá quando a empresa incidir em algumas das hipóteses elencadas no art. 29, da LC 123/2006.

Art. 29.  A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Simples Nacional dar-se-á quando: I – verificada a falta de comunicação de exclusão obrigatória; II – for oferecido embaraço à fiscalização, caracterizado pela negativa não justificada de exibição de livros e documentos a que estiverem obrigadas, bem como pelo não fornecimento de informações sobre bens, movimentação financeira, negócio ou atividade que estiverem intimadas a apresentar, e nas demais hipóteses que autorizam a requisição de auxílio da força pública; III – for oferecida resistência à fiscalização, caracterizada pela negativa de acesso ao estabelecimento, ao domicílio fiscal ou a qualquer outro local onde desenvolvam suas atividades ou se encontrem bens de sua propriedade; IV – a sua constituição ocorrer por interpostas pessoas; V – tiver sido constatada prática reiterada de infração ao disposto nesta Lei Complementar;VI – a empresa for declarada inapta, na forma dos arts. 81 e 82 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e alterações posteriores; VII – comercializar mercadorias objeto de contrabando ou descaminho; VIII – houver falta de escrituração do livro-caixa ou não permitir a identificação da movimentação financeira, inclusive bancária;IX – for constatado que durante o ano-calendário o valor das despesas pagas supera em 20% (vinte por cento) o valor de ingressos de recursos no mesmo período, excluído o ano de início de atividade;X – for constatado que durante o ano-calendário o valor das aquisições de mercadorias para comercialização ou industrialização, ressalvadas hipóteses  justificadas de aumento de estoque, for superior a 80% (oitenta por cento) dos ingressos de recursos no mesmo período, excluído o ano de início de atividade.

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XI - houver descumprimento da obrigação contida no inciso I do caput do art. 26 desta Lei Complementar; XII - omitir da folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária, trabalhista ou tributária, segurado empregado, trabalhador avulso ou contribuinte individual que lhe preste serviço.

5.4 – FISCALIZAÇÃO

O art. 33, da LC 1213/2006 estabelece que: “a competência para fiscalizar o cumprimento das obrigações principais e acessórias relativas ao Simples Nacional e para verificar a ocorrência das hipóteses previstas no art. 29 desta Lei Complementar é da Secretaria da Receita Federal e das Secretarias de Fazenda ou de Finanças do Estado ou do Distrito Federal, segundo a localização do estabelecimento, e, tratando-se de prestação de serviços incluídos na competência tributária municipal, a competência será também do respectivo Município”.

5.5 – PROCESSO ADMINISTRATIVO

O processo administrativo vai se dar no Órgão Julgador do Ente Federado que efetuar o lançamento ou proceder a exclusão da empresa do Regime do Simples Nacional.. Todavia, poderá o Município, por meio de convênio celebrado com o Estado, transferir a atribuição de julgar a este.

Agora, se estivermos diante de situações onde o sujeito passivo exerce atividades tributadas tanto pelo ICMS quanto pelo ISS e se verifique a existência de omissão de receitas não identificadas, a competência para processar o contencioso administrativo será dos Estados ou do Distrito Federal.

Art. 39, LC 123/2006 -  O contencioso administrativo relativo ao Simples Nacional será de competência do órgão julgador integrante da estrutura administrativa do ente federativo que efetuar o lançamento ou a exclusão de ofício, observados os dispositivos legais atinentes aos processos administrativos fiscais desse ente.§ 1º O Município poderá, mediante convênio, transferir a atribuição de julgamento exclusivamente ao respectivo Estado em que se localiza.§ 2º No caso em que o contribuinte do Simples Nacional exerça atividades incluídas no campo de incidência do ICMS e do ISS e seja apurada omissão de receita de que não se consiga identificar a origem, a autuação será feita utilizando a maior alíquota prevista nesta Lei Complementar, e a parcela autuada que não seja correspondente aos tributos e contribuições federais será rateada entre Estados e Municípios ou Distrito Federal.§ 3º  Na hipótese referida no § 2o deste artigo, o julgamento caberá ao Estado ou ao Distrito Federal.

5.6 – PROCESSO JUDICIAL

Em regra, caberá a Justiça Federal, processar as demandas relativas ao Simples Nacional, competindo a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional - PGFN representar a União nesses litígios, visto que os mesmos serão ajuizados em face da União.

Porém, nada Impede que a PGFN celebre convênios com as Procuradorias Estaduais ou Municipais a fim de delegar a possibilidade de essas Procuradorias inscreverem em dívida ativa estadual e municipal os créditos relativos aos tributos estaduais e municipais e cobrá-los judicialmente.

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Art. 41, LC 123/2006 -  À exceção do disposto no § 3o deste artigo, os processos relativos a tributos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional serão ajuizados em face da União, que será representada em juízo pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.§ 1º  Os Estados, Distrito Federal e Municípios prestarão auxílio à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, em relação aos tributos de sua competência, na forma a ser disciplinada por ato do Comitê Gestor.§ 2º  Os créditos tributários oriundos da aplicação desta Lei Complementar serão apurados, inscritos em Dívida Ativa da União e cobrados judicialmente pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.§ 3º  Mediante convênio, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional poderá delegar aos Estados e Municípios a inscrição em dívida ativa estadual e municipal e a cobrança judicial dos tributos estaduais e municipais a que se refere esta Lei Complementar.

 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1) Questão 71 do 32 Exame de Ordem - OAB/RJ - Com relação ao federalismo fiscal constitucional brasileiro, julgue os itens seguintes.

I - O imposto de renda retido na fonte incidente sobre proventos e demais rendimentos pagos por estados e municípios pertence a estes.

II - A partilha do ICMS é realizada sob dois critérios: de acordo com o valor adicionado obtido pela venda de mercadorias no âmbito do território municipal e pelo que vier a ser estabelecido em lei estadual.

III A arrecadação do IOF (imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários) deve ser repassada ao estado e ao município no qual houver extração de ouro, quando este for definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial.

IV A delegação de competência da União em favor dos municípios para fiscalização e arrecadação do ITR (imposto territorial rural) é uma das hipóteses constitucionais de repartição de receitas tributárias.

Estão certos apenas os itens

a. I, II e III.

b. I, II e IV.

c. I, III e IV.

d. II, III e IV.

2) Questão 70 do 31 Exame de Ordem - OAB/RJ - Considere a seguinte situação hipotética e responda: a partir de que data poderá ser exigida a nova alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, cuja alteração se deu através de lei publicada em 10 de dezembro de 2006?

a. Imediatamente uma vez que o IPI é exceção ao princípio da anterioridade;

b. A partir do 1º dia do exercício seguinte;

c. 90 dias após a publicação da referida lei;

d. 90 dias a contar do 1º dia do exercício financeiro seguinte.

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3) Questão 68 do 30 Exame de Ordem - OAB/RJ - Consoante a Constituição Federal, assinale a opção CORRETA em relação ao Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI:

a. A sua instituição decorre do exercício da competência residual outorgada a União Federal;

b. A majoração de suas alíquotas deverá ser realizada somente por lei ordinária;

c. O referido imposto não se submete ao Princípio da Anterioridade, mas deverá respeitar o Princípio da Noventena ou Nonagesimalidade;

d. A fixação de suas alíquotas deverá atender, de forma facultativa, o critério da seletividade, conforme se aplica ao ICMS.

4) Questão 70 do 30 Exame de Ordem - OAB/RJ – (IPTU) - Não depende de lei:

a. A redução da alíquota do IPTU;

b. A atualização da base de cálculo do IPTU, desde que por índice oficial de correção monetária;

c. A atualização da base de cálculo do IPTU, ainda que em percentual superior ao índice oficial de correção monetária;

d. A redução da base de cálculo do IPTU.

5) Questão 43 do 28 Exame de Ordem - OAB/RJ - Lei que determina redução da base de cálculo do Imposto de Renda entra em vigor:

A. No primeiro dia do exercício civil seguinte ao da sua publicação;

B. Noventa dias após a sua publicação;

C. Na data da sua publicação;

D. No primeiro dia do exercício civil seguinte e noventa dias após a sua publicação.

6) Questão 44 do 28 Exame de Ordem - OAB/RJ - Segundo o texto constitucional, são princípios que devem ser observados pela lei que traz nova disciplina para o Imposto sobre os Produtos Industrializados:

A. Seletividade, anterioridade e proporcionalidade;

B. Seletividade, progressividade e generalidade;

C. Não-cumulatividade, universalidade e noventena;

D. Não-cumulatividade, seletividade e noventena.

7) Questão 46 do 28 Exame de Ordem - OAB/RJ - O princípio da anterioridade nonagesimal não se aplica:

A. Ao IRPJ, ao IPTU, ao IPVA e ao ICMS;

B. Ao Imposto de Importação, ao IRPJ, ao IPVA e ao ITR;

C. Ao IPTU, ao imposto sobre a transmissão causa mortis e doações, ao imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro ou relativas a títulos e valores mobiliários;

D. Aos empréstimos compulsórios para atender despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência, ao Imposto sobre Importação de Produtos Estrangeiros, ao Imposto sobre a Exportação, ao Imposto sobre a Renda e Proventos de qualquer natureza, ao imposto sobre operações de

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crédito, câmbio e seguro ou relativas a títulos e valores mobiliários.

8) Questão 47 do 28 Exame de Ordem - OAB/RJ - Assinale a alternativa que contém afirmação errônea (ICMS):

A. O ICMS é um imposto que poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços;

B. É facultado ao Senado Federal estabelecer alíquotas mínimas do ICMS nas operações internas, mediante iniciativa de um terço, aprovada pela maioria absoluta de seus membros;

C. Não incide o ICMS sobre importações promovidas por pessoas físicas não-contribuintes do imposto, seja qual for a finalidade da importação;

D. O ICMS não compreenderá em sua base de cálculo o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos.

9) Questão 29 – AFRF/2002.2 - Assinale a opção correta.a)Compete supletivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas.b)A instituição das contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas depende de lei complementar de caráter geral que defina o fato gerador e a base de cálculo.c)Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão reter a contribuição federal, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício desses, de sistemas de previdência e assistência social.d)Os rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, a pessoa física que preste serviços à empresa não pode ser objeto da contribuição para a seguridade social por constituírem base de cálculo de outra exação, o imposto de renda.e)As contribuições para a seguridade podem ser exigidas imediatamente, por não se lhe aplicar a anterioridade da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado em relação ao exercício financeiro da cobrança.

10) Questão 30 – AFRF/2002.2 - Relativamente ao imposto de renda, assinale aafirmação correta.a)A Constituição determina que o imposto de renda seja informado pelo critério de que aquele que ganhe mais deverá pagar de imposto uma proporção maior do que aquele que ganhe menos.b)A renda e os proventos de qualquer natureza percebidos no País por residentes ou domiciliados no exterior ou a eles equiparados não estão sujeitos ao imposto em razão do princípio da extraterritorialidade.c)No caso de rendimentos percebidos em dinheiro a título de alimentos ou pensões em cumprimento de acordo homologado judicialmente ou decisão judicial, inclusive alimentos provisionais ou provisórios, verificando-se a incapacidade civil do alimentado, não há incidência do imposto.d)Em razão do princípio da universalidade da tributação, a ajuda de custo destinada a atender às despesas com transporte, frete e locomoção do beneficiado e seus familiares, em caso de remoção de um município para outro, está sujeita ao imposto.

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e)A tributação dos rendimentos recebidos por residentes ou domiciliados no Brasil que prestem serviços a embaixadas, repartições consulares, missões diplomáticas ou técnicas não está sujeita à legislação brasileira, por força da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas.

11) Questão 31 – AFRF/2002.2 - Assinale a resposta correta.(i) O imposto sobre produtos industrializados (IPI) incide sobre produtos industrializados estrangeiros?

(ii) O campo de incidência do IPI abrange os produtos com alíquota zero?

a)(i) Sim, porque para efeito de IPI não há distinção em relação à procedência dos bens.

(ii) Não, porque alíquota zero equivale à ausência de alíquota.

b)(i) Sim, porque se o produto é industrializado esse imposto substitui o de importação. (ii) Sim, porque alíquota zero não impede que o produto siga o regime geral do imposto.

c)(i) Sim. A lei assim o diz. (ii) Sim, porque a lei determina que seu campo de incidência abrange todos os produtos com alíquota.

d)(i) Não, porque haveria bis in idem, já que sobre eles incide o imposto de importação. (ii) Sim, porque o campo de incidência desse imposto abrange todos os produtos industrializados.

e)(i) Não, porque o IPI não é um tributo aduaneiro. (ii) Não, porque o campo de incidência advém da Constituição e esta não previu a hipótese.

12) Questão 32 – AFRF/2002.2 - Quanto ao imposto de exportação, avalie o acerto das afirmações adiante e marque com V as verdadeiras e com F as falsas; em seguida, marque a opção correta.

( )O imposto incide sobre mercadoria nacional ou nacionalizada destinada ao exterior.( )Pelas regras vigentes, o imposto é excepcional, pois somente os produtos relacionados estão a ele sujeitos.( )O preço, a vista, da mercadoria, FOB ou colocada na fronteira, é indicativo do preço

normal, que é a base de cálculo do imposto.a)V, V, Vb)V, V, Fc)V, F, Fd)F, F, Fe)F, V, F

13) Questão 34 – AFRF/2002.2 - Relativamente ao Imposto Territorial Rural (ITR), avalie o acerto das afirmações adiante e marque com V as verdadeiras e com F as falsas; em seguida, marque a opção correta.( )Como regra, o ITR incide inclusive sobre o imóvel declarado de interesse social para fins de reforma agrária.( )Segundo a interpretação legal, imóvel rural de área inferior a 30 hectares, independentemente do local onde se encontre, é considerada pequena propriedade, imune ao imposto.

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( )O “posseiro” do imóvel é estranho à relação jurídica relativa ao ITR, pois o contribuinte do imposto é o titular do domínio útil ou o proprietário.a)V, V, Vb)V, V, Fc)V, F, Fd)F, F, Fe)F, V, F

14) Questão 22 – AFRF/2003 - O texto abaixo sobre substituição tributária é reprodução do § 7º do art. 150 da Constituição Federal. Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas do texto.

“_____[I]______ poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de _____[II]_____ pelo pagamento _______[III]_____, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso ______[IV]_______ o fato gerador presumido.” a) [I] A lei...[II] responsável...[III] de impostos ou contribuição...[IV] não se realize b) [I] A legislação tributária...[II] substituto tributário...[III] de tributos...[IV] não ocorra c) [I] Resolução do CONFAZ...[II] responsável...[III] do ICMS...[IV] se efetive d) [I] Somente lei complementar...[II] substituto tributário...[III] do ICMS...[IV] não se materialize e) [I] Medida Provisória...[II] substituto legal...[III] de impostos e contribuições...[IV] ocorra

15) Questão 25 – AFRF/2003 - Avalie o acerto das afirmações adiante e marque com V as verdadeiras e com F as falsas; em seguida, marque a opção correta. ( ) A base de cálculo do imposto sobre a importação de produtos estrangeiros, quando a alíquota seja específica, é o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País. ( ) É facultado ao Poder Executivo, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto sobre a importação de produtos estrangeiros. ( ) A posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município, não constitui fato gerador do imposto sobre propriedade territorial rural.a) F, V, F b) F, F, V c) F, F, F d) V, F, V e) V, V, F16) Questão 27 – AFRF/2003 - Responda com base na Constituição Federal.É vedado que as contribuições sociais para a seguridade social tenham base de cálculo própria de impostos?Incide contribuição social para a seguridade social sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social?As contribuições sociais para a seguridade social sobre a folha de salários, a receita ou o faturamento de pessoas jurídicas poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica ou da utilização intensiva de mão-de-obra? a)Sim, não, não

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b)Sim, sim, sim c)Sim, sim, não d)Não, não, sim e)Não, sim, sim

17) Questão 28 – AFRF/2003 - Indique a opção que preenche corretamente as lacunas, consideradas as pertinentes disposições constitucionais. As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico previstas no caput do art. 149 da Constituição Federal _____________ sobre as receitas decorrentes de exportação, _______________ sobre a importação de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível. As contribuições de intervenção no domínio econômico, previstas no art. 149 da Constituição Federal, estão submetidas ao princípio da __________________.

a)incidirão / podendo incidir também / anterioridade b)não incidirão / mas poderão incidir / anterioridade c)não incidirão / mas poderão incidir / anterioridade mitigada ou nonagesimal d)incidirão / não podendo incidir / anterioridade e)não incidirão / não podendo incidir também / anterioridade mitigada ou nonagesimal

18) Questão 30 – AFRF/2003 - O Supremo Tribunal Federal julgou importante questão sobre a exigibilidade da contribuição para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP), pela União Federal, ao Estado do Paraná. Aponte a opção que preenche corretamente as lacunas do texto abaixo.

“... o Estado do Paraná, que, durante a vigência da Lei Complementar nº 8, de 3 de dezembro de 1970, _______ [I]________, por força da Lei nº 6.278, de 23/05/1972, a contribuir para o PROGRAMA DE FORMAÇÃO DO PATRIMÔNIO DO SERVIDOR PÚBLICO, ________ [II]__________ da contribuição, _______[III]_______ nº 10.533, de 30/11/1993, pois, com o advento da Constituição Federal de 1988, a contribuição deixou de ser ______ [IV]_______, para ser ______ [V]____ , nos termos do art. 239.”

a)[I] já não se comprometera... [II] não pode sofrer a incidência... [III] mesmo diante da Lei Federal... [IV] compulsória... [V] facultativa b)[I] se desobrigara... [II] pôde-se eximir... [III] em face de sua Lei... [IV] obrigatória... [V] voluntáriac)[I] se prontificara... [II] tem o direito de eximirse... [III] por meio de sua Lei... [IV] obrigatória... [V] voluntária d)[I] se obrigara... [II] já não poderia se eximir... [III] mediante sua Lei... [IV] facultativa... [V] obrigatóriae)[I] se comprometera... [II] já se liberou... [III] diante da Lei... [IV] fonte de estímulo ao servidor público... [V] instrumento financiador do seguro-desemprego

19) Questão 31 – AFRF/2003 - Avalie o acerto das afirmações adiante e marque com V as verdadeiras e com F as falsas; em seguida, marque a opção correta.

( ) Os encargos cambiais pagos pelo importador ou dele exigíveis não se incluem na base de cálculo do imposto sobre produtos industrializados, no caso de importação de produto de procedência estrangeira. ( ) A base de cálculo do imposto sobre produtos industrializados, em se tratando de produto de procedência estrangeira apreendido ou abandonado e levado a leilão, é o

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preço da arrematação, acrescido do valor dos demais tributos exigíveis na importação regular do produto. ( ) O imposto de importação não integra a base de cálculo do imposto sobre produtos industrializados, no caso de importação de produto de procedência estrangeira.a) V, V, F b) V, F, V c) V, V, V d) F, V, F e) F, F, F

20) Questão 02 – AFRF/2005 - Segundo a legislação própria, considera-se estrangeira(o) e, salvo disposição em contrário, pode, sobre ela(e), incidir o imposto de importação (salvo se por outra razão seja verificada sua não-incidência) :

a) mercadoria restituída pelo importador estrangeiro, por motivo de modificações na sistemática de importação por parte do país importador.b) mercadoria enviada em consignação e não vendida no exterior no prazo autorizado, quando retorna ao País.c) produto devolvido do exterior por motivo de defeito técnico, para reparo ou substituição.d) mercadoria nacional que retornar ao País.e) produto estrangeiro em trânsito aduaneiro de passagem acidentalmente destruído no País.

21) Questão 04 – AFRF/2005:

• Aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios compete instituir contribuições de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, desde que para o custeio, em benefício dos respectivos sujeitos passivos, e no âmbito territorial do ente tributante?

• A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a importação e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico combustível (CIDE) foi instituída pela União com a finalidade de financiamento de projetos de proteção ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico?

•Compete aos municípios o imposto sobre a cessão, a título oneroso, de direitos à aquisição, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitosreais sobre imóveis?

a) Não, não, simb) Não, não, nãoc) Sim, sim, simd) Não, sim, sime) Não, sim, não

22) Questão 05 – AFRF/2005 - O campo de incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados abrange:

a) todos os produtos relacionados na TIPI.

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b) todos os produtos relacionados na TIPI, com alíquota, mesmo os com alíquota zero.c) todos os produtos, exceto aqueles a que corresponde a notação “Zero”.d) todos os produtos com alíquota.e) todos os produtos, mesmo os com alíquota zero ou com a notação NT, ainda que não relacionados na TIPI.

23) Questão 07 – AFRF/2005 - Leia cada um dos assertos abaixo e assinale (V) ou (F), conforme seja verdadeiro ou falso. Depois, marque a opção que contenha a exata seqüência.( ) É legítima a cobrança da COFINS e do PIS sobre as operações relativas à energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País.( ) A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS, com a incidência não-cumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. ( ) Foram instituídas a Contribuição para o PIS/PASEP-Importação e a Contribuição para a COFINS, devida pelo importador de bens estrangeiros ou serviços do exterior. a) V V Fb) F V Fc) V F Fd) F F Fe) V V V

24) Questão 08 – AFRF/2005 - lei autorizou a remissão dos débitos incidentes sobre a receita bruta decorrente do transporte internacional de cargas ou passageiros, mas essa remissão é restrita aos débitos: a) constituídos antes de fevereiro de 1999 das empresas nacionais proprietárias de embarcações em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moedas conversíveis, relativamente à COFINS e ao PIS/PASEP.b) independentemente de serem constituídos ou não, mesmo os inscritos em dívida ativa, correspondentes à contribuição para o PIS/PASEP, à COFINS e ao FINSOCIAL de responsabilidade das empresas de transporte aéreo.c) não inscritos em Dívida Ativa, correspondentes à contribuição para o PIS/PASEP, à COFINS e ao FINSOCIAL incidentes sobre a receita bruta decorrente do transporte marítimo de cargas ou passageiros.d) constituídos apenas depois de fevereiro de 1999, das empresas nacionais proprietárias de embarcações em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moedas conversíveis, relativamente à COFINS e ao PIS/PASEP.e) constituídos antes de fevereiro de 1999 pelas empresas nacionais de transporte aéreo e empresas armadoras nacionais, quando o pagamento for efetuado em moedas conversíveis, relativamente à COFINS e ao PIS/PASEP.

25) Questão 14 – AFRF/2005 - Considerando o que decorre do sistema constitucional tributário brasileiro, julgue os itens a seguir, e marque com (V) a assertiva verdadeira e com (F) a falsa, assinalando ao final a opção correspondente.

( ) A progressividade do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana pode ser estipulada em função de subutilização do solo urbano.

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( ) As alíquotas máximas do Imposto Sobre Serviços de qualquer natureza são estipuladas por lei complementar.( ) A chamada “competência residual da União” consiste na possibilidade de instituir imposto não cumulativo, podendo, eventualmente, a base de cálculo desse ser a mesmade outro, já prevista na Constituição.( ) A medida provisória que majore contribuição para o financiamento da Previdência Social somente poderá surtir efeitos no exercício seguinte se convertida em lei até oúltimo dia do exercício precedente.a) V V F Vb) F F V Fc) V F V Fd) F V F Fe) V F F V

26) Questão 72, Procurador Federal 2007 – CESP - Caso um cidadão firme contrato de promessa de compra e venda de imóvel residencial transcrito em nome de autarquia municipal, nesse caso, tal cidadão será considerado contribuinte do imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) incidente sobre o referido imóvel.

27) Questão 73, Procurador Federal 2007 – CESP - Visando dar efetividade ao princípio da capacidade contributiva, é lícito que lei municipal fixe adicional progressivo do IPTU em função do número de imóveis do contribuinte.

28) Questão 74, Procurador Federal 2007 – CESP - Caso determinada lei estadual modifique o prazo de recolhimento do imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA), para que todos os contribuintes efetuem o pagamento do imposto em diferentes dias do mês de janeiro de cada ano, nesse caso, a referida lei estadual deverá obedecer ao princípio da anterioridade tributária.

29) Questão 75, Procurador Federal 2007 – CESP - Mediante lei específica, os municípios podem estabelecer alíquotas progressivas para o imposto sobre a transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis (ITBI) com base no valor venal do imóvel.

30) Questão 76, Procurador Federal 2007 – CESP - Considerando-se que a pessoa jurídica SL Alimentos Ltda. seja cliente de certa instituição bancária, é lícito que esta instituição cobre da SL Alimentos Ltda. o imposto sobre serviços (ISS) incidente sobre os depósitos, as comissões e as taxas de desconto.

No que tange aos princípios tributários e à competência para tributar, julgue os itens que se seguem.

31) Questão 21, TRF5/2006 – CESP - Se um contribuinte industrial adquire insumos isentos de ICMS, ele pode creditar-se do ICMS presumido sobre tais insumos, por expressa determinação constitucional.

32) Questão 22, TRF5/2006 – CESP - Comumente, os princípios tributários revelam a não-incidência de determinado tributo sobre certas pessoas ou situações, estabelecendo as chamadas limitações constitucionais ao poder de tributar. Entre essas limitações contidas na Constituição está a não-incidência do imposto de renda, nos termos e limites fixados em lei, sobre rendimentos provenientes de aposentadoria e pensão, pagos pela

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previdência social da União, dos estados, do Distrito Federal (DF) e dos municípios, a pessoa com idade superior a 65 anos, cuja renda total seja constituída, exclusivamente, de rendimentos do trabalho.

33) Questão 23, TRF5/2006 – CESP - Consoante o princípio da uniformidade, é vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a estado, ao DF ou a município, em detrimento de outro. Todavia, entende o STF ser admissível a fixação de alíquotas do imposto sobre produtos industrializados (IPI), de forma diferenciada por regiões, uma vez que há previsão constitucional para a exceção.

34) Questão 25, TRF5/2006 – CESP - Apesar de haver jurisprudência vacilante, se um contribuinte industrial adquire insumos tributados pela legislação do IPI com alíquota zero, ele não pode creditar-se do IPI presumido sobre tais insumos, pois a Constituição Federal exige lei específica para a criação de crédito presumido.

35) Questão 25, TRF5/2007 – CESP - A base de cálculo do imposto sobre importações, quando a alíquota seja ad valorem, é o valor aduaneiro, ou seja, o valor pelo qual foi realizado o eventual negócio jurídico referente à importação.

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