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Como investigar um surto de Doença Transmitida por alimentos (DTA) SUVIS ITAQUERA

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Page 1: Aula Surtos DTA

Como investigar um surto de Doença Transmitida por alimentos (DTA)

SUVIS ITAQUERA

Page 2: Aula Surtos DTA

OBJETIVOS

- Apresentar o fluxo de investigação de surtos de DTA (Doença Transmitida por Alimentos)

- Instrumentalizar os participantes para o processo de investigação de surtos de DTA

- Sensibilizar e mobilizar a equipe para a investigação de surtos sempre que necessário

Page 3: Aula Surtos DTA

Introdução - Definição:

Doença Transmitida por Alimentos (DTA): é a doença ou síndrome originada pela ingestão de alimentos e/ou de água que contenham agentes contaminantes biológicos/microrganismos, toxinas em quantidades tais que afetem a saúde do consumidor, em nível individual ou grupos de população;

as intolerâncias e alergias devido à hipersensibilidade individual a determinados alimentos não são consideradas DTA.

Page 4: Aula Surtos DTA

Introdução - Definições

Pandemia Epidemia

Surto epidêmico Ocorrência de um claro excesso de casos em relação ao esperado Em DTA: 2 ou mais casos epidemiologicamente relacionados ou apenas 1 caso para doença rara

Page 5: Aula Surtos DTA

Portaria MS nº 104/2011 – Notificação de surtos Anexo II• A notificação compulsória é

obrigatória a todos os profissionais de saúde médicos, enfermeiros, odontólogos, médicos veterinários, biólogos, biomédicos, farmacêuticos e outros no exercício da profissão, bem como os responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde e de ensino

Page 6: Aula Surtos DTA

Apresentação clínica

Gastrointestinal –Diarreia (com ou sem sangue), –Cólicas ou Dor abdominal –Náuseas, vômitos, cefaleia –Febre

Agentes etiológicos mais frequentes: • Salmonella spp • Escherichia coli • C. perfringens (toxina) • Bacillus cereus (toxinas) • Staphylococcus spp (toxina) • Norovirus • Rotavírus

Page 7: Aula Surtos DTA

Apresentação clínica Outras síndromes/agentes menos frequentes: • Neurológico (Botulismo, Listeriose, Cisticercose) • Renal (Síndrome Hemolítica Urêmica –E.coli

O157:H7) • Sistêmico (Febre Tifóide, Toxoplasmose) • Notificação obrigatória – Individual: • Botulismo • Cólera • Febre tifóide – Surtos de diarreia

Page 8: Aula Surtos DTA

Principais agentes em surtos alimentares

Vômitos, náuseas, cefaléia

Quadro 1 - Início, duração e sintomas dos principais agentes etiológicos das Doenças Transmitidas por Alimentos

Page 9: Aula Surtos DTA

Principais agentes em surtos alimentares

Quadro 1 - Início, duração e sintomas dos principais agentes etiológicos das Doenças Transmitidas por Alimentos - continuação

Início dos sintomas (tempo aproximado) Sinais e sintomas principais

Microorganismos relacionados, toxinas ou outros

Sintomas respiratórios e garganta inflamada

2-5 dias

Garganta e nariz inflamados, exsudato cinza, febre, calafrios, garganta inflamada, mal estar, dificuldade em engolir, edema de gânglios cervicais

Corynebacterium diphtheriae, Streptococcus do grupo A de Lancefield

Sintomas do trato gastrointestinal baixo como primeira ocorrência ou predominância

2-36 horas (média de 18-36 horas)

Cólicas abdominais, diarréia, diarréia putrefata (associada com o C. perfringers), algumas vezes náuseas e vômitos

Clostridium pertringens, Bacillus cereus (toxina diarreica)

12-74 horas (média de 18-36 horas)

Cólicas abdominais, diarréia, vômito, febre, calafrios, dor de cabeça, náusea, mal estar. Algumas vezes diarréia com sangue ou muco, lesão cutânea (associada com V. vulnificus)

Várias espécies de Salmonellas, Shigella, E.Coli enteropatogênica, outras enterobactérias, Vibrio cholerae (01 e não

3-5 diasDiarréia, febre, vômito, dor abdominal, sintomas respiratórios Viroses entéricas

Page 10: Aula Surtos DTA

Principais agentes em surtos alimentares

Quadro 1 - Início, duração e sintomas dos principais agentes etiológicos das Doenças Transmitidas por Alimentos - continuação

Início dos sintomas (tempo aproximado) Sinais e sintomas principais

Microorganismos relacionados, toxinas ou outros

Sintomas neurológicos (distúrbios visuais, vertigem, tinidos, entorpecimentos, paralisias)

2h-6 dias (comumente 12-36 horas)

Vertigem, visão turva ou dupla, perda de reflexo para a luz, dificuldade de engolir, falar e respirar, boca seca, fraqueza, paralisia respiratória

Clostridium botulinum e sua neurotoxina

Sintomas alérgicos (rubor facial, coceira)

Menos que 1 hora

Dor de cabeça, sonolência, náusea, gosto de pimenta/ardência, ardor de garganta, aumento de gânglios faciais, edema, rubor facial, dor de estômago, coceira de pele

Histamina (escombróide - pexes da família Scombridae) e tiramine (queijos frescais)

Sintomas de infecção generalizada (febre, calafrios, mal estar, prostração, dores, aumento de gânglios

7-28 dias (média de 14 dias)

Mal estar, dor de cabeça, febre, tosse, náusea, vômito, constipação, dor abdominal, calafrios, roséolas cutâneas, fezes sanguinolentas Salmonella typhi

10-13 diasFebre, dor de cabeça, mialgia, artralgia, rash cutâneo, linfadenomegalia, hepatomegalia Toxoplasma gondii

Fonte: tradução e adaptação do quadro apresentado pelo FDA/CFSAN Bad Book - Onset, Duration, and s...http://vm.cfsan.fda.gov/~mow/app2.html

Page 11: Aula Surtos DTA

Por que investigar surtos?

Identificar o alimento ou a fonte de infecção • Identificar o modo de transmissão • Identificar o agente etiológico – Doentes: coletar fezes – Alimento: coletar sobras ou guarda • Identificar os FATORES DE RISCO • Adotar medidas de controle para o surto e traçar estratégias de prevenção: – População (hábitos de higiene, consumo e produção

alimentos) – Comerciantes e industrias – Manipuladores e vendedores – Controle de reservatórios animais

Page 12: Aula Surtos DTA

Dificuldades/Limitações RESUMIR Atraso na notificação e/ou investigação: a

vigilância depende da notificação para desencadear as ações de prevenção e controle (informação para ação)

Dificuldade em obter amostras clínicas e/ou bromatológicas;

Recuperação de cepas para envio ao Lab. Referência (IAL);

Recuperação do histórico alimentar; Falta de recursos humanos e logísticos Implementação da vigilância de surtos de DTA em

unidades sentinela MDDA

Page 13: Aula Surtos DTA

Fluxo de Informações

Page 14: Aula Surtos DTA

Etapas de investigação 1. Determinar a existência de um surto 2. Confirmar diagnóstico 3. Compor uma equipe 4. Implementar medidas de controle imediatas 5. Desenvolver definição, identificar e contar

os casos 6. Analisar dados de tempo, lugar e pessoa 7. Gerar hipótese 8. Testar hipótese 9. Implementar medidas de prevenção e

controle 10. Comunicar os resultados e avaliar impacto

Page 15: Aula Surtos DTA

Conhecimento da ocorrência de um surto A notificação é a ação a partir da

qual desencadeia-se o processo informação →decisão → ação

Page 16: Aula Surtos DTA

Fontes de notificação - formais Médicos clínicos, profissionais de saúde • Assistência-UBS/AMA/Hospital (NVE,

CCIH) • Laboratórios de Saúde Pública e

privados • Vigilância local: revisão de dados

rotineiros de vigilância epidemiológica de doenças de notificação compulsória (Programa MDDA)

• Escolas/Creches • Asilos • Penitenciárias

Page 17: Aula Surtos DTA

Fontes de Notificação - informaisDenúncias da População, através

dos canais: –Serviço de Atendimento ao

Cidadão-SAC 156 –Praça de Atendimento-COVISA –Ouvidoria da Saúde •Imprensa

Page 18: Aula Surtos DTA

Estabelecer a existência do surto

Certificar-se da veracidade do surto Verificar: Consistência das informações Verdadeiro ou denúncia falsa/anônima

Orientações no momento da notificação • Evitar que alimentos continuem a ser consumidos • Guardar sob refrigeração todas as sobras dos alimentos

suspeitos, caso seja necessária coleta pela VISA • Orientar a coleta oportuna de amostras clínicas; procurar

serviço de saúde se necessário.

Page 19: Aula Surtos DTA

Estabelecer a existência do surto

Suspeitar de surto • Vários casos (2 ou mais) apresentando quadro clínico

semelhante ligados por evento/local comum (vínculo epidemiológico)

• Casos atendidos semelhantes quanto: Sintomas predominantes Data de início dos sintomas Alimentos em comum (até 72 horas antes sintomas) Outra informação relevante (festa, local)

• DTA rara (local e período)

Page 20: Aula Surtos DTA

Compor uma equipe

Planejamento inicial •Levantamento da literatura (possíveis agentes) •Verificar disponibilidade imediata de recursos

para investigação: - Veículos, combustível, diárias - Formulários

-Equipe, materiais para coleta e transporte de amostras

•Verificar número de amostras que laboratório pode receber e qual horário

•Definir fluxo de encaminhamento

Page 21: Aula Surtos DTA

Verificar o Diagnóstico • Confirmar o diagnóstico através do Laboratório: • Amostras clínicas (fezes), se oportunas (com

diarreia ou até o 5º dia de sintomas) •Amostras bromatológicas (água e alimentos), •Envio ao laboratório referência: IAL (amostras ou

cepas para sorotipagem) • Clínica e epidemiologia: • Entrevistar doentes /Rever fichas de atendimento

ou prontuários, caso tenha sido atendido • Caracterizar o quadro clínico •Caracterizar história/exposições/cardápio:

epidemiologia da doença

Page 22: Aula Surtos DTA

Registrar o surto no SINAN-NET (Ficha surto DTA)

Page 23: Aula Surtos DTA

Registrar o surto no SINAN-NET (CID 10 – A08 ou A09)

Page 24: Aula Surtos DTA

Implementar medidas de controle

Doentes •Orientar atendimento médico •Orientar medidas de higiene

Estabelecimentos comerciais de alimentos

•Inspeção sanitária •Identificação de Falhas e pontos críticos

na preparação/manipulação do alimento/refeição suspeitos

•Boas Práticas de manipulação de alimentos

Page 25: Aula Surtos DTA

Identificar e contar os casos

•Identificar o maior número possível de casos suspeitos

•Excluir os que não são casos

•Atividades: •Lista de casos Formulario de

inquérito coletivo – Formulário 3)

•Definição de caso

Page 26: Aula Surtos DTA

Modelo: Planilha de casos – Formulário 3 quando existe alimento/refeição em comum

Page 27: Aula Surtos DTA

Modelo: Planilha de casos – Formulário 3 quando o modo de transmissão provável é pessoa-pessoa

Page 28: Aula Surtos DTA

Identificar e contar os casos

Surtos “fechados” • Clássicos • Casos ligados por um evento com

alimento contaminado em comum (casamento – ex: alimento em comum, aniversário, congressos, cursos)

• Casos restritos a um local fechado (creche - ex: pessoa a pessoa, hospital, enfermaria) com provável transmissão pessoa-pessoa

• Relativamente fácil encontrar os casos

Page 29: Aula Surtos DTA

Identificar e contar os casos

Surtos “fechados” • Lista de expostos (convidados,

participantes) para identificar os casos e não casos ou matriculados/internados (alunos, funcionários, pacientes) para listar os doentes

• Lista dos alimentos/cardápio (quando houver alimento envolvido) para entrevistar cada um dos comensais

Page 30: Aula Surtos DTA

Identificar e contar os casos

Surtos abertos • Alimento comum - Vendidos em restaurantes, ambulantes

etc - Industrializado com ampla distribuição • Casos dispersos, atendidos em vários

lugares• Não sabem que fazem parte de um surto • Áreas - Difícil identificar e notificar o

surto- Horas depois: casos dispersos Consumidores sem

ligação

Page 31: Aula Surtos DTA

Localização dos expostos

• Alimento: VE deve procurar doentes e não doentes

• Surtos fechados: conseguir a lista de convidados com telefones; ir até a creche fazer o levantamento dos doentes

• Surtos abertos: identificar o máximo de pessoas expostas

• Conseguir lista dos alimentos servidos

Page 32: Aula Surtos DTA

Classificar o surto

Alimento (Fonte comum) X

Pessoa-Pessoa (Disseminação)

Page 33: Aula Surtos DTA

Classificar o surto

Page 34: Aula Surtos DTA

2. Fonte progressiva ou propagada (pessoa-pessoa)

Page 35: Aula Surtos DTA

Planilha de casos – Alimento (“line listing” ou Tabelão)

Page 36: Aula Surtos DTA

Planilha de casos (creche)

Page 37: Aula Surtos DTA

Organizar os dados em tempo lugar e pessoa

Page 38: Aula Surtos DTA

Principais medidas de freqüência em Surtos

Page 39: Aula Surtos DTA

Principais medidas de freqüência em Surtos

É preciso obter os denominadores: nº total de expostos, convidados, participantes, funcionários, alunos, crianças, familiares, etc..)

Page 40: Aula Surtos DTA

CURVA EPIDÊMICA – EXEMPLO

Page 41: Aula Surtos DTA

Organizar os Dados – Lugar

Page 42: Aula Surtos DTA
Page 43: Aula Surtos DTA

Comunicar os Resultados

Page 44: Aula Surtos DTA

Critério de confirmação do surto

Page 45: Aula Surtos DTA

FLUXO

Page 46: Aula Surtos DTA

COLETA DE AMOSTRAS

PORTARIA SMS-G 2619/11 – subitens

14.5; 14.5.1; 14.5.2; 14.5.3 e 14.5.4

Page 47: Aula Surtos DTA

COLETA DE AMOSTRAS Subitem 14.5

“A guarda de amostras deve ser realizada com o objetivo de

esclarecimento de falhas que comprometam a qualidade e a

segurança dos alimentos ofertados aos consumidores.”

Page 48: Aula Surtos DTA

COLETA DE AMOSTRAS Subitem 14.5.1

“Nas indústrias, as amostras do produto acabado devem ser conservadas pelo período

referente ao prazo de validade.”

Page 49: Aula Surtos DTA

COLETA DE AMOSTRAS

Subitem 14.5.2

“As amostras de pratos prontos para consumo preparados em

estabelecimentos com sistema de autosserviço, escolas, creches, casas de

longa permanência e em serviços de nutrição de estabelecimento de

assistência à saúde, devem ser guardadas por 96 horas sob refrigeração até 4°C, ou

sob congelamento a -18°C. Alimentos líquidos devem ser armazenados por 96

horas sob refrigeração até 4°C.”

Page 50: Aula Surtos DTA

COLETA DE AMOSTRAS Subitem 14.5.3

“As amostras devem ter no mínimo 100 gramas e serem coletadas na área de consumação um terço do

tempo antes do término da distribuição das refeições.”

Page 51: Aula Surtos DTA

COLETA DE AMOSTRAS

Subitem 14.5.4

“As amostras devem ser armazenadas identificadas com nome da preparação, data e horário em que foram servidas, e enviadas para análise microbiológica em situações de suspeita de caso ou surto de

doença veiculada por alimentos ou periodicamente, para que se possa

detectar possíveis falhas no processamento. As amostras devem ser armazenadas protegidas do contato com outros alimentos e de outras possíveis

fontes de contaminação.”

Page 52: Aula Surtos DTA

LABORATÓRIO DE CONTROLE DE QUALIDADE E SAÚDEAV. GUILHERME, 82TEL: 3397-8721

CONTATO: MARGARIDA

Page 53: Aula Surtos DTA
Page 54: Aula Surtos DTA

INTEGRAÇÃO ENTRE AS VIGILÂNCIAS

VIGILÂNCIA AMBIENTAL

VIGILÂNCIA SANITÁRIA

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Page 55: Aula Surtos DTA

EXERCÍCIO

Page 56: Aula Surtos DTA

ReferênciasAula – Dra. Geraldine Madalosso Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmitidas por Alimentos/CCD/COVISA [email protected]

Portaria SMS-G 2619/11