aula identificação correta do paciente

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Identificação Correta do Paciente

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Health & Medicine


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Esta aula sobre Identificação Correta do Paciente é uma produção institucional do Centro Colaborador para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (Proqualis) e foi elaborada pelo professora Dra. Carla Gouvea do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS-UERJ).

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Page 1: Aula Identificação Correta do Paciente

Identificação

Correta do Paciente

Page 2: Aula Identificação Correta do Paciente

“Oi, Greg. Eu sou a Wendy e vou colher um pouco do seu sangue.”Olhando o pedido, Wendy diz: “Ah, desculpe, Scott. Greg é seu nome do meio.

Opa! Eu olhei muito rápido para o pedido”. Scott diz: “Sim, eu sou o Scott. Fico feliz que você percebeu isso!”

Victorian Managed Insurance Authority (VMIA) . Reducing Harm in Blood Transfusion. Investigating the Human Factors behind ‘Wrong Blood in Tube’ (WBIT) events in the Emergency Department. VMIA 2010.

“Eu nem sempre faço essa coisa de identificação, porque, se os pacientes têm uma pulseira, eu suponho que nós saibamos quem eles são. Se eu não vir a pulseira, então eu vou me certificar de fazer aquelas perguntas.”

“Eu entro, me apresento e vou direto ao prontuário sem realmente perguntar ao paciente o seu nome. Na maioria das vezes eu verifico, depois de terminar, se a papelada do paciente corresponde à da pessoa que eu me prontifiquei a ver.”

Page 3: Aula Identificação Correta do Paciente

Sumário

Identificação Correta do Paciente – definição,

importância, principais problemas.

Contextualizando o problema.

Iniciativas e estratégias para promover a

identificação correta dos pacientes.

Page 4: Aula Identificação Correta do Paciente

Identificação Correta do Paciente - o que é?

“Processo pelo qual se assegura ao paciente que

a ele é destinado determinado tipo de

procedimento ou tratamento, prevenindo erros e

enganos que possam lhe causar dano.”(1)

Page 5: Aula Identificação Correta do Paciente

Por que este processo é tão importante?

A identificação incorreta pode ocasionar sérias

consequências para a segurança do paciente.

Falhas na identificação do paciente podem resultar em

erros de medicação; erros durante a transfusão de

hemocomponentes; erros em testes diagnósticos;

procedimentos realizados em pacientes errados e/ou em

locais errados; entrega de bebês às famílias erradas,

entre outros.

Page 6: Aula Identificação Correta do Paciente

Porque este processo é tão importante?

Ou seja, tais falhas podem resultar em:

Medicamentos errados administrados.

Reações transfusionais.

Exames diagnósticos não realizados e/ou

realizados sem necessidade.

Cirurgias erradas ou nos pacientes errados.

Page 7: Aula Identificação Correta do Paciente

Erros de identificação do paciente podem ocorrer:

Em todos os setores de cuidado – na atenção

domiciliar, hospitalar ou ambulatorial.

Em todas as fases de transição do cuidado – na

Admissão, Referências, Transferências e Alta.

Em todas as etapas do diagnóstico e do tratamento.

Contextualizando o problema

Page 8: Aula Identificação Correta do Paciente

Contextualizando o problema

Em dois hospitais de ensino australianos, a identificação dos pacientes foi verificada em menos de 50% de todas as infusões intravenosas observadas.(2)

A identificação inadequada dos pacientes é reconhecida como uma causa raiz de graves erros transfusionais.(3)

A identificação inadequada do paciente foi citada como causa raiz em mais de cem análises realizadas pelo “Veterans Affairs (VA) National Center for Patient Safety” num período de quatro anos. Os locais mais comuns onde ocorreram os eventos foram: sala de cistoscopia, banco de sangue, departamento de emergência, sala de espera, Unidade de Terapia Intensiva e centro cirúrgico.(4)

Investigação de um dia em hospital brasileiro evidenciou que apenas 23,8% dos pacientes possuíam pulseira de identificação.(5)

Page 9: Aula Identificação Correta do Paciente

“Muitos pacientes, incluindo pacientes extras, estavam programados para cirurgias de catarata. O cirurgião entrou na primeira sala de cirurgia e disse:

‘Bom dia, senhor João Silva. Como o senhor está?’

O paciente respondeu: ‘Bem’.

Mas não era o Sr. João Silva. Depois de concluída a cirurgia, descobriu-se que o paciente tinha recebido a lente errada. O cirurgião removeu a lente errada do paciente e colocou uma correta naquele mesmo dia.”(4)

Contextualizando o problema Casos

Page 10: Aula Identificação Correta do Paciente

Contextualizando o problema Casos

“Dois pacientes com deficiência cognitiva estavam em leitos vizinhos na UTI - leitos três e cinco. Foi solicitada transfusão de sangue para o paciente do leito três e informações corretas foram registradas no prontuário.

No entanto, a enfermeira colheu sangue do paciente do leito cinco. O tipo de sangue desta amostra não correspondeu ao arquivado na base de dados do banco de sangue. O técnico do banco de sangue, então, solicitou uma nova coleta.

Uma auditoria na base de dados do banco de sangue identificou outros seis ‘near misses’ semelhantes no ano anterior, todos identificados com base no registro histórico dos tipos sanguíneos no banco de sangue, que indicavam uma discrepância entre a amostra de sangue e os prontuários.”(4)

Page 11: Aula Identificação Correta do Paciente

Iniciativas para identificação correta dos pacientes

2003 – The Joint Commission, agência de acreditação norte-

americana, passa a exigir dos hospitais o cumprimento de

onze Metas de Segurança do Paciente. Uma delas é a

identificação correta dos pacientes.

2005 – O Centro Colaborador para Segurança do Paciente da

OMS inicia uma rede internacional para identificar, avaliar,

adaptar e difundir soluções para a segurança do paciente

em todo o mundo.

Page 12: Aula Identificação Correta do Paciente

Iniciativas para identificação correta dos pacientes

As Soluções para a Segurança do Paciente são estratégias

ou intervenções voltadas para prevenir ou reduzir o risco de

dano ao paciente decorrente do processo de cuidado de

saúde inseguro.

Uma das soluções consiste em identificar corretamente o

paciente.

Page 13: Aula Identificação Correta do Paciente

Iniciativas para identificação correta dos pacientes

2013 – O Programa Nacional de Segurança do Paciente,

lançado pelo Ministério da Saúde brasileiro, coloca em

consulta pública seis protocolos de segurança do paciente.

Um deles é sobre a identificação do paciente.

Page 14: Aula Identificação Correta do Paciente

Estratégias para identificar corretamente o paciente(6, 7)

1. Garantir que as instituições de saúde tenham sistemas que:

a. Enfatizem a responsabilidade dos profissionais de saúde na identificação correta de pacientes antes da realização de exames, procedimentos cirúrgicos, administração de medicamentos/hemocomponentes e realização de cuidados.

b. Incentivem o uso de pelo menos dois identificadores (ex.: nome e data de nascimento) para confirmar a identidade de um paciente na admissão, transferência para outro hospital e antes da prestação de cuidados. Em pediatria, é também indicada a utilização do nome da mãe da criança.

Page 15: Aula Identificação Correta do Paciente

Estratégias para identificar corretamente o paciente(6, 7)

c. Padronizem a identificação do paciente na instituição de saúde, como os dados a serem preenchidos, o membro de posicionamento da pulseira ou de colocação da etiqueta de identificação, uso de cores para identificação de riscos, placas do leito.

d. Desenvolvam protocolos para identificação de pacientes com identidade desconhecida, com o mesmo nome, comatosos, confusos ou sob efeito de ação medicamentosa.

e. Encorajem o paciente e a família a participar de todas as fases do processo de identificação e esclareça sua importância.

f. Realizem a identificação dos frascos de amostra de exames na presença do paciente.

Page 16: Aula Identificação Correta do Paciente

Estratégias para identificar corretamente o paciente(6, 7)

g. Desenvolvam protocolos para manutenção das identificações dos frascos de amostra de exames durante todas as fases de análise (pré-analítica, analítica e pós-analítica).

h. Confirmem a identificação do paciente na pulseira, na prescrição médica e no rótulo do medicamento/hemocomponente, antes de sua administração.

i. Verifiquem rotineiramente a integridade das informações nos locais de identificação do paciente (ex.: pulseiras, placas do leito).

j. Desenvolvam protocolos sobre questionamentos de resultados de exames laboratoriais e outros quando estes não forem consistentes com a história clínica do paciente.

k. Façam diversas verificações para evitar a multiplicação de um erro relacionado a um registro informatizado.

Page 17: Aula Identificação Correta do Paciente

Estratégias para identificar corretamente o paciente(6, 7)

2. Desenvolver estratégias de capacitação para identificar o paciente e realizar a checagem da identificação, de forma contínua, para todos os profissionais de saúde.

3. Educar de forma positiva os pacientes sobre a importância e a relevância da correta identificação destes, respeitando também as preocupações com a privacidade.

Page 18: Aula Identificação Correta do Paciente

Utilize, pelo menos, dois identificadores!Nunca utilize idade, sexo, diagnóstico, número do leito ou

do quarto para identificar o paciente.

O identificador deve estar especificamente relacionado ao paciente, ou seja, deve estar

diretamente associado ao indivíduo.

Identificadores:Nome; data de nascimento; endereço; telefone;

número do registro de identidade; foto.

Estratégias para identificar corretamente o paciente(6, 7)

Page 19: Aula Identificação Correta do Paciente

Pergunte ao paciente o nome e a data de nascimento dele. Em seguida, confirme verificando a pulseira de identificação.

Nunca pergunte:

“Esse é você?" ou

“A senhora é Maria da Silva?”

Estratégias para identificar corretamente o paciente(6, 7)

Page 20: Aula Identificação Correta do Paciente

Problemas na identificação de: Bebês e crianças Pacientes inconscientes Pacientes com deficiência cognitiva, auditiva,

mental ou de linguagem Pacientes com nomes iguais

Solicite auxílio a cuidadores, familiares ou intérpretes para verificar a identificação

correta.

Estratégias para identificar corretamente o paciente(6, 7)

Page 21: Aula Identificação Correta do Paciente

Verifique continuamente a integridade da pele do membro no qual a pulseira está posicionada.

Eduque os pacientes e seus familiares sobre os riscos relacionados à identificação incorreta.

Peça aos pacientes ou a seus familiares para verificar se as informações de identificação estão corretas.

Incentive os pacientes, familiares e cuidadores a participar ativamente do processo de identificação, a expressar suas preocupações sobre a segurança e erros, e a fazer perguntas sobre os cuidados recebidos.

Estratégias para identificar corretamente o paciente(6, 7)

Page 22: Aula Identificação Correta do Paciente

Considere a implementação de sistemas automatizados (por exemplo, códigos de barra, biometria e outros) para diminuir o potencial de erros de identificação.

Não assuma que as informações da pulseira estão corretas: podem ocorrer erros de ortografia, transposição de números e letras. Sistemas informatizados podem produzir um erro a cada 300 caracteres digitados.

Estratégias para identificar corretamente o paciente(6, 7)

Page 23: Aula Identificação Correta do Paciente

Sempre faça a correta correspondência entre o paciente e o pedido e entre o

pedido e a amostra!!!

Every patient - Every time

Estratégias para identificar corretamente o paciente(6, 7)

Page 24: Aula Identificação Correta do Paciente

No caso de não aceitação de qualquer tipo de identificação aparente (ex.: pulseira ou etiqueta) por parte do paciente ou dos familiares, utilize outras formas para confirmar os dados antes da prestação dos cuidados, como o uso de etiquetas com a identificação do paciente posicionadas no lado interno das roupas.

Estratégias para identificar corretamente o paciente(6, 7)

Page 25: Aula Identificação Correta do Paciente

Alguns resultados(8):

Um conjunto de ações foi implementada em um Hospital

Universitário do Malawi visando melhorar a identificação dos

pacientes. Dentre elas, a implantação de protocolo de

identificação do paciente, treinamentos para implementação

do protocolo e o uso de pulseiras de identificação

manuscritas, contendo: nome do paciente, data do

nascimento, número do setor hospitalar e da enfermaria.

Estratégias para identificar corretamente o paciente

Page 26: Aula Identificação Correta do Paciente

Alguns resultados(8):

Após cinco meses, foi observado que 65% dos pacientes

usavam pulseiras, de forma compatível com o proposto no

protocolo.

O uso dos procedimentos de identificação do paciente, por

parte dos profissionais, foi raramente observado.

A falta de tempo, de pessoal e a pouca importância dada aos

procedimentos foram razões para não cumprir as orientações

do protocolo.

Estratégias para identificar corretamente o paciente

Page 27: Aula Identificação Correta do Paciente

Alguns resultados(8):

O estudo conclui que instrumentos como as pulseiras de

identificação são mais fáceis de implementar e são mais

aceitáveis. No entanto, a mudança de atitudes através

de educação é menos efetiva.

Estratégias para identificar corretamente o paciente

Page 28: Aula Identificação Correta do Paciente

Referências Bibliográficas

1. Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA); Joint Commission International (JCI). Padrões de Acreditação da Joint Commission Internacional para Hospitais. 3ª ed. [editado por] Consórcio Brasileiro de Acreditação de Sistemas e Serviços de Saúde. Rio de Janeiro: CBA, 2007.

2. Westbrook JI, Rob MI, Woods A, Parry D. Errors in the administration of intravenous medications in hospital and the role of correct procedures and nurse experience. BMJ Qual Saf 2011;20:1027e1034.

3. Victorian Managed Insurance Authority (VMIA). Reducing Harm in Blood Transfusion. Investigating the Human Factors behind ‘Wrong Blood in Tube’ (WBIT) events in the Emergency Department. VMIA 2010.

4. Mannos D. NCPS patient misidentification study: a summary of root cause analyses. VA NCPS Topics in Patient Safety. Washington, DC, United States Department of Veterans Affairs, June–July 2003.

5. Miasso AI, Cassiani MHB. Erros na Administração de Medicamentos: Divulgação de Conhecimentos e Identificação do Paciente como Aspectos Relevantes. Rev. Esc. Enf. USP, v.34, n.1, p. 16-25, mar. 2000.

6. Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo (COREN-SP). Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente (REBRAENSP) Polo São Paulo. 10 PASSOS PARA A SEGURANÇA DO PACIENTE. São Paulo, 2010.

7. World Health Organization (WHO). Patient Identification. Patient Safety Solutions. volume 1, solution 2. May 2007.

8. Latham T, Malomboza O, Nyirenda L. et al. Quality in practice: implementation of hospital guidelines for patient identification in Malawi Int J Qual Health Care first published online July 25, 2012.

Page 29: Aula Identificação Correta do Paciente

Carla Gouvêa

Produção

RealizaçãoPROQUALIS

[email protected]

Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS-UERJ)