aula do dia 20/10/08 a escultura grega. ideias & imagens ana lídia pinto | fernanda meireles...
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História da Cultura e das Artes
Aula do dia 20/10/08
A escultura grega
Ideias & ImagensAna Lídia Pinto | Fernanda Meireles
Manuela Cernadas CambotasMódulo 1 – Arte GregaM1
M1
É desnecessário acentuar que a escultura grega conhece fases, cada uma com as suas características próprias. […] O esforço pelo inteligível, na fase arcaica; o sentido da superação da matéria, na clássica; o poder de observação, gosto pelo concreto, pelo individual, pelo singular, na helenística. […] [Contudo] a escultura grega não apresenta, como noutros povos, espécimes primitivos; quando nasce, é já uma arte. Rhys Carpenter explica o facto supondo um período de aprendizado com os Egípcios, cuja técnica já constituída os Helénicos receberam.
Maria Helena da Rocha Pereira, Estudos de História da Cultura Clássica, vol. I – Os Gregos
FASES Arcaica
ANOS 700 600
SÉCS. VIII VII VI
Clássica
500 400
V IV
Helenística
300 200
III
Época arcaicaM1
1. O kouros, o rapaz nu (plural kouroi)
Kouros de Anavyssos, 530-520 a. C., mármore, 190 cm de altura
Na estatuária, a época arcaica legou-nos dois tipos:
Totalmente despido
Corpo direito, simétrico
Musculatura ainda sintetizada
Braços ao longo do corpo
Cabelos encaracolados geometricamente
Olhos amendoados
Meio sorriso
Perna esquerda ligeiramente avançada
M1 A época arcaica
M1
A nudez da figura dos efebos [os kouroi] […] é característica da atitude religiosa dos Gregos: o Oriente nunca ousou representar o nu, nem nos deuses, nem nos ofertantes, nem tão-pouco conheceu as figuras isoladas, sem apoio, realizadas em mármore ou bronze.
Werner Füchs, Arte Grega, em Ursula Hatje (dir. de), Historia de los Estilos Artísticos, Libro de Bolsillo Istmo, Madrid,
1971
A época arcaica
2. A koré, a rapariga (plural korai)
Koré da Acrópole, Jónia, finais do século VI a. C., mármore com vestígios de policromia, 182 cm de altura
Na estatuária, a época arcaica legou-nos dois tipos:
Totalmente vestida e pintada
Posição ereta, quase simétrica
Cabelos longos de tranças e caracóis
geometrizados
Olhos amendoados
Meio sorriso
Braço esquerdo ao longo do corpo
Braço direito empunhando um objeto(talvez uma oferta para os
deuses)
Perna esquerda ligeiramente avançada
M1 A época arcaica
Túnica e manto com pregueados
geometrizados
M1 A evolução dos kouroi
1. Apolo, de Mantiklos, Beócia, bronze, c. 690 a. C.
2. Kouros ático, mármore, c. 600 a. C., 190 cm de altura
3. Kouros Volamandra, Ática, mármore, c. 560 a. C., 179 cm de altura
4. Kouros de Munique, Ática, mármore, c. 540-530 a. C., 211 cm de altura
M1 A evolução das korai
1. Dama de Auxerre, executada em Creta, calcário, meados do século VII a. C., c. 75 cm alt. (na sobreposição, vemos uma recriação policromada tal como o original no seu tempo)
2. Hera de Samos (também conhecida por Koré de Samos), Jónia, c. 570-560 a. C., mármore, 192 cm de altura
3. Koré do Peplo, Jónia (?), c. 530 a. C., mármore com restos de policromia, 120 cm de altura
M1 Porque sorriem as korai?
O escultor de uma koré arcaica não tem por objetivo criar uma forma humana que revele um carácter ou um estado psicológico, passageiro ou não. A interioridade não é o que ele quer exprimir. O que ele deseja é fazer com que o objeto por ele criado […] tenha um aspeto exterior o mais agradável possível de contemplar. Ele não procura esculpir uma jovem feliz mas fazer felizes aqueles e aquelas, deuses ou mortais, que olham a rapariga de mármore que o seu cinzel criou.
Alain Pasquier (historiador de arte, especialista em escultura grega no
Louvre) Rosto sorridente da Koré do Peplo
Época clássica (c.480 - c. 300 a. C.)M1
M1 No início, o “estilo severo” (c. 500/480 a c. 460/450)
Krítios, Efebo, c. 480 a. C., mármore, 86 cm de altura
Correção anatómica
Rosto sério e sereno
Postura menos rígida, mais natural
Peso do corpo assente na perna esquerda
Perna direita livre
Tronco a rodar ligeiramente para a
direita
Ancas a rodar ligeiramente para a
esquerda
Krítios […] rompeu com a centenária estabilidade da fórmula dos kouroi deslocando o peso do corpo para a perna esquerda, deixando a perna direita, com o joelho ligeiramente dobrado, livre para equilibrar ou impulsionar. O deslocamento do peso para a esquerda ergue o quadril esquerdo e provoca uma leve assimetria no torso. A cabeça volta-se para a direita, rompendo completamente com a rígida frontalidade dos kouroi. O efeito desses recursos técnicos é criar uma figura que parece hesitar e estar incerta sobre o que fazer e para onde ir. Ele parece consciente do seu ambiente e estar diante de alternativas que exigem julgamento e decisões. Em suma, ele parece viver e pensar.
Jerome Pollitt, Art and Experience in Classical Greece, Cambridge University Press, 1972
M1 No início, o “estilo severo” (c. 500/480 a c. 460/450)
Autor desconhecido, Auriga de Delfos, c. 474 a. C., bronze, 180 cm de altura
M1 No início, o “estilo severo” (c. 500/480 a c. 460/450)
Autor desconhecido, Posídon(ou Zeus?), bronze, c. 200 cm de altura, c. 460 a. C.
M1 No início, o “estilo severo” (c. 500/480 a c. 460/450)
Míron, Discóbolo, c. 460-450 a. C., cópia romana em mármore do original grego em bronze. Representa um lançador de disco no instante exato de o lançar ao ar.
Posição em desequilíbrio,
contorcionada, em rotação sobre si
mesmo
Musculatura em esforço, tensa
Pernas fletidas, em rotação
para a esquerda
Tronco inclinado, em rotação para a direita
Rosto sereno, sem esforço
M1
Que se seguirá à grandeza do período severo?
O que se segue é a escultura da época de Péricles, o período de apogeu da civilização e da arte gregas que os historiadores apelidaram de Alto Classicismo.
Ora, dominando já a anatomia humana e tendo já atingido o controlo técnico dos materiais (quer do mármore quer do bronze), que novos caminhos se abrirão então ao génio único dos escultores gregos?
É o que irá descobrir nas próximas aulas.
A evolução do rosto até ao século IV a. C.
Kouroi c. 590 – 580 a. C., Metropolitan Museum of Art (New York)
MuseuNacional
de Atenasc. 530 a. C.
A estatuária da época arcaica deixou exemplos de representações de jovens nus que supostamente simbolizavam deuses. Estes exemplares ficaram conhecidos como os Kouroi.
As Korai, eram jovens vestidas com longas túnicas utilizadas para cerimónias rituais.
Templo de Zeus, em Olímpia, c. 450 a. C.
A época arcaica
Os relevos enquadravam-se na arquitectura, ocupando lugares destinados pelas “ordens”: na ordem dórica distribuem-se pelos tímpanos dos frontões.
Na ordem jónica, os relevos são aplicados também,nos frisos contínuos.
Friso do Tesourode Sifnos, c. 525 a.C.
A época clássica
Posídon, Estátua feita em bronze,2, 09 m
O Auriga de Delfos,c. 180 cm
O momento de passagem para a época clássica é marcado por estas duas obras que caracterizaram o chamado “estilo severo”.
A obra O Doriforode Policleto (c. 450 a. C.) foi um marco importantena aplicação da beleza e da racionalidadena escultura grega.
Diadúmeno de Policleto, c. 450 a.C. – cópia romana.
Míron, O Discóbolo, c. 450 a.C.
O corpo em tensão face ao movimento eminente, contraria a serenidade do rosto, utilizada na beleza canónica.
O génio escultórico grego foi expresso nos relevos do Parténon. As esculturas de Fídias revelam perfeição anatómica e a robustez.
A escultura helenística
Scopas, Ménade, c. 450 a.C
As estátuas deste período tornam-se mais naturais e expressivas. Nesta altura surgem representações do nu feminino.
Esta escultura revela a beleza corporal e efeminada que a época helenística deu à escultura.
Neste período surgiu também o gosto pelo retrato e pela representação de cenas do quotidiano.
Hermes, de Praxíteles, c. 340 a. C.
História da Cultura e das Artes
Aula do dia 20/10/08
A escultura grega
Esta escultura revela a beleza corporal e efeminada que a época helenística deu à escultura.
Neste período surgiu também o gosto pelo retrato e pela representação de cenas do quotidiano.
Hermes, de Praxíteles, c. 340 a. C.
Apoxiomeno, mármore, 2,05 m, cerca de 320 a.C.
Lísipo foi um dos grandes escultores da época helenística e criou um tipo de atleta mais esbelto e delgado.
Os grupos escultóricos são preferidos às estátuas individuais por permitirem composições mais dinâmicas.
Grupo Laocoonte, c. de 160 a 130 a.C. de Hagesandro, Polídoro e Atanadoro.