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AULA DE CAMPO E A GEOGRAFIA: UMA VISÃO DO COTIDIANO NO ENTORNO
DA ESCOLA PARA COMPREENSÃO DOS CONCEITOS GEOGRÁFICOS
Autora: Inês Donini1
Orientadora: Elaine de Cacia de Lima Frick2
Resumo
Na tentativa de atender os novos desafios da educação contemporânea, este artigo traz os resultados do projeto de intervenção “Aula de campo e a Geografia: uma visão do cotidiano no entorno da escola para compreensão dos conceitos geográficos”. A prática pedagógica teve por finalidade utilizar a aula em campo no entorno da escola como uma ferramenta didática para discutir e exemplificar os conceitos geográficos. O principal objetivo da utilização da aula de campo foi o de enriquecer as aulas de geografia e de permitir que os alunos entrassem em contato com o seu espaço vivido. E para que este trabalho pudesse contribuir para o ensino e aprendizagem em geografia foi pensado o tema uso do solo e suas variâncias como a dinâmica dos espaços e urbanização recente como uma possibilidade de aprofundamento dos conceitos trabalhados na sala de aula para serem validados e contextualizados com a realidade do cotidiano do seu geográfico. Para isso foi criado instrumentos como: material de apoio que norteou o trabalho em questionários de investigação, aulas teóricas, mapas mentais, aula de campo, mapas produzidos e relatórios. A prática pedagógica apresentou uma significativa contribuição na compreensão do espaço geográfico estudado e demais conceitos da Geografia por boa parte dos alunos participantes. Palavras-chave: Ensino; aprendizagem; conceitos geográficos, aula de campo.
1 Especialista em Espaço, Sociedade e Meio ambiente IBPEX, Licenciada em Geografia pela UFPR e Professora
de Geografia da Rede Estadual do Estado do Paraná ([email protected]). 2 Mestre em Ciências Florestais pela UFPR, Especialista em Análise Ambiental pela UFPR, Licenciada e Bacharel em Geografia pela UTP e Professora do Departamento de Geografia da UFPR ([email protected]).
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo visa cumprir a última etapa para conclusão do Programa
de Desenvolvimento Educacional (PDE), instituído pela Secretaria Estadual de
Educação do Paraná (SEED-PR).
O tema desse trabalho veio com a necessidade de buscar práticas que
contemplem um ensino de qualidade e contemporâneo que tem sido um desafio
constante para pedagogos, professores e gestores escolares. Os novos desafios, as
novas formas para a apreensão dos conhecimentos vêm por conta das novas
tecnologias que proporcionam aos educandos da atualidade o viver de um momento
rico em possibilidades e informações. E isso exige do professor não somente um
domínio dos conteúdos, como também uma multiplicidade metodológica e novas
práticas que motivem a aprendizagem. Mas, ainda há o que se pensar e refletir
sobre práticas didáticas e sua utilização ao longo da história do ensino escolar. Para
Gadotti (2000, p.1):
A virada do milênio é razão oportuna para um balanço sobre práticas e
teorias que atravessaram os tempos. Falar de "perspectivas atuais da
educação" é também falar, discutir, identificar o "espírito" presente no
campo das idéias, dos valores e das práticas educacionais que as
perpassa, marcando o passado, caracterizando o presente e abrindo
possibilidades para o futuro. Algumas perspectivas teóricas que orientaram
muitas práticas poderão desaparecer, e outras permanecerão em sua
essência. Quais teorias e práticas fixaram-se no ethos educacional, criaram
raízes, atravessaram o milênio e estão presentes hoje? Para entender o
futuro é preciso revisitar o passado. No cenário da educação atual, podem
ser destacados alguns marcos, algumas pegadas, que persistem e poderão
persistir na educação do futuro.
Ao transpor todas essas inquietações especificamente para a disciplina de
geografia, e sabendo-se que as práticas pedagógicas podem sim oferecer um
diferencial na qualidade das aulas e no ensino aprendizado que foi pensado a
utilização da aula de campo como um recurso didático para trabalhar os conceitos
geográficos e o uso do solo urbano. A aula de campo, não é uma prática nova e tão
pouco, exclusiva da geografia, uma vez que outras ciências recorrem a essa prática
para o ensino dos seus conteúdos. E foi pensando nisso, aula de campo para o
conteúdo uso do solo urbano que se visualizou o possível enriquecimento nas aulas
de geografia e a possibilidade dos alunos entrarem em contato com o seu espaço
vivido.
A característica fundamental do espaço urbano é a forma de apropriação e
reprodução deste conforme as relações sociais e de trabalho. Por ser resultado de
um processo social, o uso do solo urbano se dá devido a sua organização e
reorganização conforme as relações sociais, políticas e econômicas.
Compreendendo que existem conflitos e interesses dos diversos grupos
sociais na ocupação de um lugar comum, que se instigou a necessidade desta
pesquisa e aprofundamento dos conhecimentos adquiridos pelos alunos em sala de
aula.
Diante disso, numa tentativa de validar os conteúdos adquiridos pelos
alunos, esta investigação procura estabelecer uma contextualização com a realidade
no cotidiano do seu espaço geográfico.
Para isso, a aula de campo se torna um recurso indispensável porque além
do seu caráter prático e integrador dos aspectos geográficos ela ainda, remete o
aluno a uma reflexão sobre os conceitos como localização, espaço, paisagem, lugar
entre outros trabalhados na sala de aula. A aula em campo deve dançar no ritmo da
relação dos saberes problematizado na escola, como (livros didáticos, trabalho de
campo, experiências, etc.) e agora, movimentados na realidade ‘viva’, ela é esse
próprio movimento (Oliveira, Assis, 2009). Assim o objetivo desse trabalho é permitir
que a aula em campo no entorno da escola seja uma ferramenta de compreensão
dos conceitos geográficos.
A construção do conhecimento deve partir do cotidiano de cada pessoa em
sociedade, a escola deve romper as barreiras dos muros e estabelecer uma relação
efetiva com o cotidiano. Esta relação do educando com o meio que o cerca, deve ser
inserida através de experiências, investigação, pesquisa e da conscientização, e
assim o conhecimento se materializa podendo proporcionar a identificação e a
apreensão das complexidades destas relações, homem/meio. Ao proporcionar o
estudo no entorno da escola a esses alunos, poderá ter uma grande contribuição na
apreensão dos conhecimentos em geografia? E ainda, ele poderá ir além do saber
científico ao passo que essa leitura consciente do meio contribuirá para uma
contextualização com os problemas da comunidade, o que contribuirá ainda para
que a escola tenha uma função ativa enquanto aporte desta comunidade?
Levando em consideração a dificuldade dos alunos do ensino fundamental e
médio na apreensão dos conceitos geográficos de espaço geográfico, paisagem,
território, lugar, e para estabelecer os estudos de forma concreta e para uma melhor
compreensão destes o projeto que foi pensado inicialmente em sua aplicação com
os alunos do 6º ano do ensino básico fundamental, foi reformulado para que fosse
feito com os alunos de 1º ano do ensino médio, sabendo-se que os conceitos
geográficos também são conteúdos trabalhados nesta série e que o resultado
poderia ficar mais proveitoso, pois sabe-se aí que os educandos já apresentam uma
maior experiência e uma maior demanda teórica e prática no desenvolvimento dos
conteúdos.
Participaram da prática educativa 24 (vinte e quatro) alunos de uma única
turma de 1º ano do EM. Num primeiro momento, foi apresentado o projeto aos
alunos, elaborado um questionário de investigação para saber como eram seus
relacionamentos como espaço em questão, a elaboração de um mapa mental e
aulas expositivas com conteúdos necessários sobre conceitos geográficos para
subsidiar os temas como: paisagem, lugar, território, territorialidade, uso do solo e
conhecimentos cartográficos, pois necessitaríamos dessa ferramenta para visualizar
o espaço e mais tarde elaborar os mapas. Em seguida foram feitas as incursões ao
campo, os levantamentos e coletas de dados e por fim a elaboração dos resultados.
2. EMBASAMENTO TEÓRICO
O espaço geográfico constitui a base material onde a vida humana se
desenvolve, e de acordo com Santos (1999, p. 51) “o espaço é formado por um
conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e
sistemas de ações não considerados isoladamente, mas como o quadro único no
qual a história se dá”.
E é no espaço urbano que as transformações são mais rápidas onde os
objetos são cada vez mais artificiais. Vários aspectos devem ser levados em
consideração na produção do espaço urbano, tais como: o econômico, como a
renda da terra; o jurídico-político, como as leis de uso e ocupação do solo; e os
aspectos sócio-cultural e ambiental. Quem produz o espaço urbano é a sociedade
com suas diversas facetas, incorporando novas áreas, reordenando as já
incorporadas, e criando a infraestrutura adequada à satisfação de suas
necessidades, organizando-o para o seu cotidiano.
Dentro de um ensino significativo, os estudos sobre o meio possibilitam que
os alunos tenham acesso ao conhecimento escolar e científico da ciência
geográfica, ampliando suas reflexões sobre o espaço em que vivem. E com relação
ao espaço escolar, alguns questionamentos devem permear nossa prática enquanto
professores de Geografia, para que tenhamos sempre como perspectiva, que o
papel da escola na atualidade não pode estar limitado aos conteúdos propriamente
ditos, escritos, mas, deve consolidar a prática, a vivência, o conhecimento da
realidade do seu local, para contextualizar com os conteúdos e compreender que faz
parte ativa das relações globais. Sobre isto nos confirma Santos (1999, p. 257):
Através do entendimento desse conteúdo geográfico do cotidiano
poderemos, talvez, contribuir para o necessário entendimento (e, talvez,
teorização) dessa relação entre espaço e movimentos sociais, enxergando
na materialidade, esse componente imprescindível do espaço geográfico,
que é, ao mesmo tempo, uma condição para a ação; uma estrutura de
controle, um limite à ação; um convite à ação. Nada fizemos hoje que não
seja a partir dos objetos que nos cercam.
E é nesse espaço vivido pelo aluno, com suas significações e imagens que a
percepção em geografia também pode contribuir e auxiliar na compreensão deste.
Para Tuan (1980, p.18) O lugar encarna a experiência e as aspirações da
população. E para tanto, Tuan trabalha com os conceitos topofilia e topofobia, sendo
que o primeiro vai designar sentimentos de afetividade, de estética pelo lugar, onde
pode haver um elo afetivo entre a pessoa e o ambiente físico, em um espaço vivido
e experimentado pessoalmente. Já o segundo desperta sentimentos de repulsa ou
de medo pelo lugar, normalmente esse sentimento de topofobia geralmente são
despertados em pessoas que não pertencem a este ao lugar. Segundo Tuan (1983,
p.5, citado por LIMA, p.50, 2007) O lugar aparece como uma parada no movimento.
A pausa permite que uma determinada localidade se transforme em um centro de
reconhecido valor, na medida em que o indivíduo estabelece uma relação de
intimidade através da permanência em um local. Então, é neste lugar cheio de
emoções percepções vivenciados pelos alunos que é parte de uma totalidade que é
a vida em sociedade que se obterá o recorte para a aula em campo.
Assim, desenvolver trabalhos pedagógicos voltados para o cotidiano do
aluno onde ele participa do processo ensino-aprendizagem pode trazer uma nova
motivação e significado aos conteúdos apresentados nos livros didáticos. De acordo
com Carmelengo (2004, p.217) o aluno deve ser motivado pelos professores a
refletir, analisar, pesquisar e observar o seu cotidiano. E é nesse sentido que a aula
em campo pode possibilitar o conhecimento que o levará ao entendimento do seu
bairro, da sua rua e da sua escola inserido num contexto maior que é fruto das
ações humanas e que estão em constantes transformações no tempo e no espaço.
A aula de campo não é uma construção nova, sempre presente nas
atividades e práticas escolares e também sendo um recurso didático das mais
variadas disciplinas, mas na geografia ela toma uma dimensão diferente devido a
forte identidade da disciplina com o mundo exterior. Por isso a aula de campo torna-
se quase inerente à geografia. Dentre as várias idéias em torno da descrição da
aula de campo, uma em especial trás uma abordagem que se destaca em relação
as outras ao trazer o termo “aula em campo” em alguns aspectos se diferencia do
trabalho de campo. Para definirmos de maneira geral o trabalho de campo vem
como um suporte para aula em campo, conforme afirma (Oliveira, Assis, 2009) o
trabalho de campo pode ser realizados junto com os alunos como um momento que
precede a aula em campo na elaboração de escolhas de leitura, avaliação do lugar a
ser pesquisado, ou seja, o movimento entre a sala de aula e o campo. Já num
segundo momento com posse desses dados e com os objetivos já definidos, a aula
em campo poderá ser realizada. Segundo Oliveira, Souza (2009, p 198):
A aula em campo é uma atividade extrassala/extraescola que envolve,
concomitantemente, conteúdos escolares, científicos (ou não) e sociais com
a mobilidade espacial: realidade social e seu complexo amalgamado
material e imaterial de tradições/novidades. É um movimentos que tende a
elucidar sensações de estranheza, identidade, feiúra, beleza, sentimento e
até rebeldia do que é observado, entrevistado, fotografado e percorrido.
A aula em campo é um momento propício para que o professor e os alunos
construam práticas do seu dia a dia e não apenas um mero instrumento passageiro
e muito menos utilitarista, ela permite fazer desta prática uma possibilidade real de
interação entre os diferentes elementos que compõem o campo da geografia. E é
neste momento no campo, na vivência, que toda esta interação toma uma dimensão
espacial que não mais apenas o habitual ambiente escolar é seu lugar de
aprendizagem, neste momento ele se apropria do ambiente vivido e transformado
pela sociedade, e experimenta uma aula que estimula os sentidos, aguça a
curiosidade que está pautada sob a ótica de um pesquisador estimulado pelo
professor. Então perceber o mundo fora dos muros da escola, ali na particularidade
do seu espaço vivido, onde acontecem suas práticas sociais, poderá alargar sua
visão de mundo e tomando um sentido, uma serventia que venha possibilitar a
construção de práticas para sua vida presente e futura.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA
O projeto de intervenção foi aplicado no entorno do Colégio Estadual Yvone
Pimentel – Ens. Fundamental e Médio, estabelecido à Rua Sebastião Malucelli, 1312
no Bairro Novo Mundo, Curitiba-PR (Figura 1).
FIGURA 1- Localização
3.2 MATERIAIS USADOS
Para que a prática pedagógica fosse realizada foram utilizados alguns
materiais, como:
Papel sulfite;
Papel vegetal;
Lápis grafite, lápis de cor e canetas coloridas com ponta porosa;
Internet;
Projetor multimidia;
Máquinas fotográficas;
Imagem de satélite (Google Earth);
Note book;
Ficha de campo (instrumento de campo).
3.3 METODOLOGIA
3.3.1 Implementação na escola
Aqui será apresentado à metodologia de implementação no colégio, aplicada
na turma do 1º ano do bloco B com 24 alunos.
Foi apresentado aos alunos à proposta da implementação do projeto, o
material didático pedagógico e como a prática pedagógica seria desenvolvida
(finalidade, ações, número de aulas necessárias, métodos, recursos, materiais, entre
outros). Após explicação e às dúvidas sanadas, partiu-se para a aplicação da
primeira atividade.
Atividade 1: Questionário aos alunos
Nesta primeira atividade, foi fornecido um questionário de investigação
tendo perguntas fechadas e abertas sobre os elementos do espaço onde a
escola está inserida, para verificar o grau do relacionamento e a leitura dos
alunos em relação ao seu espaço vivido. As perguntas foram sobre o seu
conhecimento do espaço no entorno da escola, o tipo de transporte utilizado
para chegar à escola; distância da casa até a escola, se achava o espaço do
entorno, bonito, feio, agradável, favorável ou desfavorável a ao lazer, com ou
sem problemas socioambientais.
Atividade 2: Mapa mental
Já em posse dos resultados do questionário, partiu-se para a segunda
atividade, onde primeiro foi feito a discussão de alguns resultados mais polêmicos
ou evidentes, seguindo-se a elaboração de um mapa mental para verificar como eles
percebiam esse espaço, como eles viam e interpretavam o meio geográfico em que
a escola está inserida. Nessa atividade do mapa mental o objetivo foi o de verificar
como o espaço estava estruturado no imaginário de cada aluno.
Atividade 3: Conceitos geográficos
Na terceira atividade foram ministradas três aulas expositivas montadas em
slides, e apresentado os seguintes conteúdos:
a) Os conceitos de Localização, Lugar, Território, Territorialidade para isso se
utilizou do Conteúdo Estruturante: Dimensão Econômica do Espaço
Geográfico e os Conteúdos Básicos: A formação e a transformação das
paisagens conforme a proposta das DCEs de 2009, a expectativa foi de que a
compreensão desses conceitos permitisse uma relação efetiva entre o aluno,
a escola e seu entorno.
b) Na aula de número dois, foi ministrado o tema Uso do Solo Urbano dentro do
mesmo conteúdo estruturante e conteúdos básicos, e a expectativa de
aprendizagem foi o da compreensão do conceito de lugar, uso do solo e dos
processos de identidade que os grupos estabelecem com o espaço
geográfico na organização das atividades sociais e produtiva.
c) E por fim a terceira e última aula o conteúdo estruturante foi o Dimensão
Política do Espaço Geográfico e o conteúdo básico Dimensão Política do
Espaço Geográfico, e a expectativa buscada foi a de que os alunos
pudessem fazer a leitura do espaço geográfico através dos instrumentos de
cartografia tais como mapas, imagens, plantas, tabelas, gráficos e legendas.
Atividade 4: Aula em campo
A atividade quatro foi à aula em campo onde se utilizou do conteúdo
estruturante Dimensão Cultural e Demográfica do Espaço Geográfico e o conteúdo
básico A Distribuição Espacial das Atividades Produtivas e a (Re) Organização do
Espaço Geográfico, a expectativa de aprendizagem dessa aula foi a de que os
alunos compreendessem o conceito de lugar e dos processos de identidade que os
grupos estabelecem com o espaço geográfico na organização das atividades sociais
e produtivas.
Para realizar esta prática algumas medidas foram tomadas, como comunicar
a direção sobre esta aula; pedir a autorização dos pais, já que seus filhos estariam
numa atividade externa à escola; os alunos tiveram que estar devidamente
uniformizados por questão de segurança e ainda, orientados sobre o comportamento
e os cuidados que deveriam ter no momento da aula. O acontecimento dessa aula
teve como objetivo permitir que a aula em campo fosse uma ferramenta de
compreensão dos conceitos geográficos trabalhados em sala de aula. Alguns dos
materiais relacionados no item 3.2 fossem utilizados, sendo um desses materiais a
imagem do Google Earth com a delimitação da área como pode ser visto na Figura
2.
Figura 2 – Delimitação da área de trabalho de estudo
Fonte: Google Earth – 2009
Também foi sugerido a eles que levassem água, lanches leves, sacolas
plásticas para por o lixo, bonés e filtro solar.
Para realizar esta prática, foram necessárias três saídas a campo. Sempre
monitorada e acompanhada por um ou mais professores e alunos bolsistas do
Projeto Expedições Geográficas do Programa LICENCIAR da UFPR.
A primeira saída foi para apresentar o perímetro que está inserido à área de
estudo e o reconhecimento do local. Foram necessárias duas horas/aulas.
A segunda e a terceira saídas, já foram às aulas de campo em si, com a
coleta de informações seguindo as questões da ficha de campo, levantamento de
dados como áreas verdes, áreas comerciais, industriais, tipo de comercio,
infraestrutura, problemas ambientais e outros também sugeridos na ficha de campo,
e análises locais. Foram divididos em grupos, onde cada grupo ficou responsável
por uma porção da área respeitando as devidas proporções. Para a devida
realização foi necessário o número de seis horas/aula no total. O perímetro
selecionado contemplaram as seguintes ruas: Rua Sebastião Malucelli, Rua Paulina
Ader, Rua Opílio de Mello Pinheiro, Rua Affife Mansur, Rua Laudelino Ferreira
Lopes, Rua Pedro Gusso e finalmente a Rua Olga de Araújo Espíndola e mais seis
pequenas ruas transversais a essa sem nome apenas nomeadas pelos moradores
com Rua A, A-1, B, C, C-1, C-2.
Atividade 5: Análise dos dados de campo
Esta atividade foi feita em sala de aula, mas coletivamente, onde foram
analisados os dados coletados no campo e para que os alunos pudessem trabalhar
vários materiais do item 3.2 foram utilizados. O objetivo foi de organizar, tabular e
analisar todas as informações levantadas para produzir o material final da pesquisa.
Por uma questão de organização essa atividade foi separada em quatro etapas, que
foram feitas das seguintes formas:
• Etapa 1 – Foi elaborado um mapa mental após observação de campo,
com o intuito de comparar este mapa mental com o primeiro, para verificação da
eficácia do campo enquanto ferramenta para compreensão de conceitos
geográficos;
• Etapa 2 – Os alunos organizaram, tabularam e analisaram os dados
coletados e apresentaram os resultados em forma de relatório, nestes relatórios
ficaram registrados informações como tipos de moradias e das construções, o tipo
de comércio, a infraestrutura, as deficiências do lugar, os problemas ambientais e
etc...
• Etapa 3 – Foi feito uma seleção das fotografias registradas no campo e
montagem de painel, organizaram um arquivo digital para possíveis discussões
futuras.
• Etapa 4 – Com a utilização da imagem da área de trabalho como base
(imagem do Google Earth), elaboraram um mapa temático com os dados coletados
no campo, interpretado e analisado com a finalidade de melhor visualizar os
elementos que compõe essa paisagem geográfica e também para apreensão da
cartografia como uma ferramenta da geografia. Sendo ele um Mapa de Uso e
Ocupação do Solo Urbano no Entorno da Escola.
Atividade 6: Relatório final
Na atividade seis foi elaborado o relatório final, este relatório foi individual
onde o aluno pôde relatar sua produção e sua impressão pessoal sobre a aula de
campo onde foi sugerido que o fizesse com uma lauda apenas. O objetivo dessa
atividade foi avaliar e autoavaliar o projeto da aula de campo.
Atividades 7 e 8: Avaliações e resultados
Nas atividades sete e oito foram feitas as devidas avaliações e seus
resultados foram analisados para verificar se a aula de campo realmente atingiu
seus objetivos. Todas as atividades foram avaliadas conforme iam sendo executadas
e finalizadas. Por exemplo, as aulas expositivas dos conceitos geográficos e da
Cartografia foram feitas em forma de testes, a aula em campo foi avaliada na
participação, na elaboração e apresentação dos resultados e na confecção dos
relatórios. Também foi feita uma autoavaliação para conferir a validade das aulas, do
material e da implementação do projeto de intervenção.
3.3.2 Grupo de Trabalho em Rede
Durante todo o tempo da aplicação do Projeto de Intervenção na escola, o
Professor PDE contou com a contribuição dos colegas da disciplina de Geografia da
Rede Estadual de Ensino, através do curso em EaD o GTR (Grupo de Trabalho em
Rede). Foram 15 cursistas, uma desistência e 14 concluintes. Os professores
cursistas contribuíram auxiliando o professor PDE na implementação do projeto,
análises, críticas, feed backs, entre outros.
O GTR foi dividido em quatro temáticas e em cada uma delas os cursistas
tinham como atividade contribuir e interagir no fórum e responder no diário alguns
questionamentos pertinentes à temática. Cada temática foi devidamente avaliada
tanto as atividades do fórum como as do diário e as notas lhe foram atribuídas em
percentuais.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 IMPLEMENTAÇÃO NA ESCOLA
4.1.1 Questionário
Na implementação do projeto na escola, a primeira atividade aplicada foi a o
questionário para identificar a percepção do aluno do espaço no entorno da escola,
tendo os seguintes resultados através da tabulação dos dados:
Na questão 1 com objetivo de verificar se o aluno conhecia o espaço da
escola, percebe-se com o gráfico 1, que 4 alunos conheciam muito bem, 12 alunos
conhecem bem, 5 pouco e 3 muito pouco.
Gráfico 1 – Reconhecimento do espaço no entorno da escola
Fonte: Autora – 2012
Você conhece o espaço geográfico no entorno da escola?
Todas as atividades foram avaliadas conforme iam
sendo executadas e finalizadas. Por exemplo, as
aulas expositivas dos conceitos geográficos e da
Cartografia foram feitas em forma de testes, a aula
em campo foi avaliada na participação, na
elaboração e apresentação dos resultados e na
Através desses dados pode-se perceber que a maioria dos alunos transita
pelo entorno da escola e conhecem bem o espaço, mas não o exploram o suficiente
para ter uma real percepção deste espaço e, talvez isso aconteça por questão de
territorialidade, ou seja nem todos vivem muito próximos a escola, não vivenciando
uma relação diária com esse espaço, não se apropriando totalmente dele, ou seja
para alguns este é apenas um lugar de passagem, ou mesmo por falta de interesse
de outros.
A questão 2 teve por objetivo identificar qual o meio de transporte que o
aluno utiliza para ir até a escola (gráfico 2).
Gráfico 2 – Transporte utilizado para ir à escola
Fonte: Autora – 2012
Nessa pergunta alguns alunos colocaram mais de uma resposta, visto que
variam a forma de chegar até a escola, dependendo da disponibilidade dos pais em
levá-los e até mesmo às vezes como forma de economizar o dinheiro do transporte
coletivo, mas o que prevaleceu nas respostas foi o ir a pé, mais um fator que
comprova que eles percorrem o entorno da escola, ou seja, por morar perto da
mesma.
Qual o meio de transporte que você utiliza para
chegar a escola?
A questão 3 teve por objetivo verificar o local das moradias dos alunos para
avaliar a relação e o conhecimento deste com o entorno da escola (gráfico 3).
Gráfico 3 – Local da moradia
Você reside:
Fonte: Autora – 2012
Com esse gráfico pôde-se tirar muitas informações, como o fato da maioria
dos alunoa entrevistados irem a pé para a escola, pois moram entre uma e sete
quadras da escola, bairro longes da escolas são poucos e o fato de aparecer no
gráfico um número elevado de alunos morando em outro bairrro, isso se deve ao
fato da escola estar muito próxima de uma rua limite entre um outro bairro, ou seja o
Bairro do Capão Raso, a escola está apenas a uma quadra da Rua Pedro Gusso,
que faz esse limite. Mais tarde ainda descubriu-se que alguns alunos confundem
bairro com vila. Também percebeu-se uma coincidência entre o item conhece bem
os elementos do entorno registrado no gráfico 1 e o número de alunos que moram
entre uma e três quadras da escola registrados neste gráfico três, ou seja quanto
mais próximo a escola melhor o conhecimento dos elementos de seu entorno.
A questão 4, teve como objetivo verificar o vínculo e os sentimentos dos
alunos em relação ao espaço que a escola está inserida ( gráfico 4).
Você reside:
Gráfico 4 – Sentimento e percepção em relação ao entorno.
Autora – 2012
Fonte: Autora – 2012
Nessa pergunta foi permitido aos alunos que respondessem mais de uma
alternativa. Para o item um lugar bonito houve somente um aluno que o marcou e
bem como um lugar com atrativos também foi marcado por esse mesmo aluno. Um
lugar feio que no gráfico está salientando em relação aos outros itens, foi marcado
por 9 alunos. Na verdade o gráfico demonstra muito bem o sentimento que desperta
nesses alunos que circulam no entorno do espaço, realmente não é um lugar que se
pode chamar de bonito, e com vários atrativos, pois, não existem espaços para
lazer, as ruas são sem sinalizações e sem pavimentação adequada, é um lugar
simples como a maioria dos bairros de classe média das grandes cidades, onde se
percebe a ausência de investimentos e de políticas públicas voltadas para o lazer e
para o bem estar da população.
Na questão 5 a finalidade das perguntas foi do de verificar a criticidade do
alunos em relação ao espaço em questão, ou seja até que ponto eles percebiam os
problemas levantados (gráfico 5).
O que você pensa ou sente em relação a este espaço no entorno da
escola?
Gráfico 5 - Problemas existentes no entorno.
Em relação a este espaço, marque as alternativas que julgar verdadeiras:
Fonte: Autora – 2012
Por esse gráfico ser um dos que mais pode explicar os problemas
identificados neste espaço, será dado os números de respostas de cada item a
seguir: Tem problemas ambientais 8; tem problemas sociais graves 4; tem
problemas sociais com pouca significância 4; tem problemas estruturais 14; e por
últimos, se tem problemas de moradias irregulares 16.
Diante disse pode-se perceber que gráfico vem complementar e explicar
algumas respostas do gráfico 4, ou seja, toda a rejeição e a não contemplação do
bairro está relacionada aos problemas que o bairro apresenta, como o ambiental
devido ao córrego poluído que passa atrás do muro da escola, estruturais como já
foi dito sobre a falta de investimento, e por último as construções irregulares que
necessitam além da regularidade das moradias e das ruas a relocação de algumas
casas por apresentarem condições de risco pela proximidade ao córrego poluído.
Quanto ao problema de violência, ele é baixo em relação a dados mais graves
apresentados em outros bairros da cidade.
Em relação a este espaço, marque as alternativas que julgar verdadeiras:
4.1.2 Aulas de campo
A aula de campo fugiu um pouco do que havia sido planejado inicialmente no
projeto, primeiramente fizemos uma aula de observação inicial pelo entrono
delimitado na fotoimagem. Na segunda a saída a campo, por uma questão de tempo
os alunos foram divididos em três grupos distintos, onde cada grupo ficou com uma
parte para análise e coleta de dados, com isso cada equipe apresentou seus
resultados e confecção de mapas do local analisado.
As aulas de campo possibilitaram o contato dos participantes com o lugar,
percebendo como está sendo ocupado e utilizado pelas várias esferas da sua
comunidade como comércio, moradores, e transeuntes e dessa forma, formando a
paisagem do entorno. Esses elementos visualizados em campo deram sentido aos
conceitos geográficos apresentados na sala de aula através das aulas expositivas.
4.1.3 Mapa Mental
A ideia de pedir um mapa mental logo após o questionário de investigação e
outro após as aulas expositivas apresentando os conceitos geográficos, inclusive a
aula de cartografia como ferramenta para aula de campo, e a aula de campo em si,
trouxe um resultado satisfatório para testar a validade da aula de campo.
Na figura 3, temos um mapa mental bem elaborado de todo o entorno da
escola, rico em informações e detalhes realizado por um aluno logo após o
questionário, antes da aula de campo (figura 3).
O mapa mental da figura 3 está bem elaborado, revela uma boa organização
mental do aluno, abrange quase todo o entorno da escola e é rico em informações e
detalhes.
Após a aula de campo, esse mesmo aluno elaborou junto com os colegas de
equipe um mapa mental da área que lhes fora reservada para análise e coleta de
dados, esse o mapa da figura 4 é um recorte do mapa da figura 3. (figura 4).
Figura 3 – Mapa mental antes da aula de campo
Fonte: Aluno André Kuchla – 2011
Figura 4 – Mapa mental após aula de campo
Fonte: Equipe dos alunos do 1º ano B – 2011
O que se pode perceber nesse novo mapa mental da figura 4, são as
informações físicas que antes não eram conhecidas, como o curso do rio, as ruas
transversais existentes nesse espaço, cujos moradores a denominaram-nas de A, B
e C, e isso causou certa estranheza entre os alunos. Nesse segundo mapa mental
aparecem informações de nomenclaturas e convenções como a referência da seta
apontando para o N (norte). Também está registrado o nome da Rua Olga de Araujo
Espíndula, antes percebia-se somente como um “caminho simples”, o nome de rio
ao invés de “valeta”. O nome “favela” já não aparece nesse segundo mapa,
mostrando um novo olhar a uma área irregular. Assim os novos elementos que
aparecem nesse segundo mapa mental mostra a importância que a aula de campo
teve para esses alunos.
4.1.4 Mapas Produzidos
A produção dos mapas temáticos com os dados levantados no campo,
também apresentaram alguns resultados significativos, como podemos ver nas
figuras 5, 6 e 7.
Figura 5 – Mapa de uso e ocupação do solo no entorno da Escola.
Fonte: Equipe de alunos do 1º ano do EM CYP- 2011
Figura 6 – Mapa uso e ocupação do solo no entorno da Escola.
Fonte: Equipe de alunos do 1º ano do EM CYP- 2011
Figura 7 – Mapa uso e ocupação do solo no entorno da Escola.
Fonte: Equipe de alunos do 1º ano do EM CYP- 2011
Estes três mapas do uso e ocupação do solo no entorno da escola juntos
totalizam a área delimitada como recorte de estudo devido à necessidade da divisão
dos alunos em equipes. No primeiro mapa, é a área mais próxima da escola, onde
se tem por divisa um muro da escola e o Córrego Formosa, após o córrego existe
uma ocupação irregular onde foi concentrada a maior ênfase de análise pelos
alunos. Tanto nesse primeiro mapa como nos outros, houve uma retratação muito
fiel do uso e ocupação do solo, mostrando assim, que não só houve uma
compreensão da proposta como também a facilidade em aplicar os conhecimentos
de cartografia incorporados às aulas expositivas. Ao participar da aula de campo e
representar esse espaço, os alunos levantaram alguns questionamentos e
comentários que foram apresentados nos relatórios.
4.1.5 Produção dos Relatórios
Tanto nos relatórios individuais como nos coletivos, apareceram comentários
pertinentes e questionadores como a falta de áreas verdes, de infraestruturas, em
alguns os alunos ficaram impressionados com os esgotos a céu aberto e a
canalização do rio pelos próprios moradores, também apareceu comentários sobre a
contradição do espaço geográfico, porque onde tem a faculdade, o espaço está todo
organizado, ruas sinalizadas e asfaltadas e nos outros espaços onde há a escola, as
residências e os comércios menores, o espaço está bem abandonado. E para
finalizar, não acharam nenhuma área de lazer bem organizada, uma vez que
existem muitos conjuntos residenciais mostrando um adensamento grande de
população nesse entorno. A sugestão é a da revitalização da pracinha de esportes,
hoje um local abandonado e mal frequentado afugentando a população local.
Quantos as atividades propostas houve muitos comentários nos relatórios,
como esse feito por uma aluna:
Sair para a aula de campo foi muito diferente de tudo que eu já tinha feito
antes, é muito diferente em apenas olhar um mapa no livro e estudar uma
área para você mesmo produzir o mapa.
Outros relataram sobre o preconceito que tinham antes de entrar na área de
ocupação irregular, e que ao entrarem com esse espaço perceberam que ali vivem
pessoas honestas, trabalhadoras que foram muito receptivas a nossa visita e ainda
gostam e lutam para a melhora desse espaço. A maioria dos relatórios apresentou
informações e contribuições que poderiam estar sendo relatadas nesse artigo se o
espaço assim permitisse. Ao fazer as devidas leituras dos mapas produzidos e dos
relatórios, pode-se perceber que a aula de campo no entorno da escola, trouxe aos
alunos participantes um conhecimento maior e até mesmo uma criticidade do
espaço geográfico em que eles estão inseridos. Não houve nenhuma proposta de
intervenção por parte deles nesse espaço, mas se mostraram sensibilizados e
reflexivos.
4.2 GTR
Como resultados das quatro temáticas trabalhadas no GTR, têm- se:
Temática 1: Primeiros contatos e Apresentação do Projeto.
A primeira temática após as devidas apresentações do tutor e dos cursistas,
como instituição de graduação, temas de especializações, e tempo de trabalho na
rede estadual, e cidades onde atuam, partiu-se para os questionamentos dessa
temática sobre a análise do Projeto de Intervenção. O assunto discorreu sobre os
conteúdos da disciplina de geografia, se ele contemplava os temas propostos pela
DCE-Geografia e a aplicabilidade desses na escola pública com os alunos do
primeiro ano do ensino médio. Quanto ao conteúdo do projeto foi bem aceito pelos
colegas, embora no fórum um cursista tenha argumentado que os conceitos
geográficos, como lugar, paisagem território, territorialidade, ele utilizava para fazer
aulas de campo com os alunos das séries iniciais, mais especificamente o sexto
ano, e para os alunos do ensino médio ele utilizava temas mais complexos da
geografia. Respondi-lhe que na DCE- Geografia (2009), os conceitos geográficos
aparecem em todas as séries como conteúdo de trabalho em sala de aula, e a
maioria dos livros didáticos do primeiro ano do ensino médio trás esses conceitos
geográficos como conteúdo, e ao pensar nessa aula de campo para os alunos do
primeiro ano do EM, almejei um trabalho diferenciado, já que nessa idade o aluno
apresenta mais maturidade podendo apresentar um resultado mais elaborado. Já
na aplicabilidade na escola pública houve uma exceção em que um cursista disse
ser muito complicado tirar os alunos da sala de aula para expedições de campo por
não haver funcionários suficientes para nos auxiliar, uma vez que se exigem muitos
cuidados nessa ação.
Temática 2: Análise do Material Didático Pedagógico.
Na segunda temática, foi-lhes apresentado o Material Didático Pedagógico,
onde eles analisaram conteúdos, métodos, clareza e aplicabilidade. O material foi
muito bem aceito pelos cursistas, principalmente nas explicações das atividades
onde foi feito um passo a passo que facilitará trabalhos futuros para quem quiser
lançar mão desse material.
Temática 3: Contribuições para Implementação na Escola
Na terceira temática foi postado um Formulário de Acompanhamento da
Implementação do Projeto de Intervenção na Escola, onde estava registrado o
cronograma de aplicação com as ações já realizadas e com as ações futuras. Aos
cursistas foi proposto que apresentassem resumidamente algum trabalho que
tivesse semelhança a este e também contribuições que pudessem enriquecer o meu
trabalho. Esse foi um bom momento do GTR, pois o relato de experiências das aulas
de campo realizadas pelos meus colegas foi enriquecedor, num momento como
esse que percebemos a diversidade da escola pública do Estado do Paraná, as
diversas realidades que podem ser tratadas na geografia, como espaço urbano e o
espaço agrário, sendo que este último é muito explorado nas escolas do interior do
estado pois há uma proximidade grande com o espaço agrário. Senti-me privilegiada
ao partilhar com meus colegas tais experiências que só vieram alargar meus
conhecimentos e as novas possibilidades de práticas pedagógicas para tratar os
temas inerentes à geografia.
Temática 4: Avaliação do GTR
Essa última temática, como em todo curso presencial ou em EaD, foram
feitas duas avaliações, uma destinada ao tutor, onde ele fez um relatório da
experiência no curso, do resultado das atividades e da validade do mesmo para
implementação do seu projeto e a outra aos cursistas sobre o curso a validade da
proposta do GTR, como conteúdo, tempo, forma, atuação do tutor entre outros. Os
tutores não tem acesso a esses resultados, uma vez que a finalidade dele é a de
melhorar cursos futuros pelos elaboradores da SEED.
5 CONCLUSÃO
A aula de campo no entorno da escola mostrou-se produtiva e pertinente. A
aplicação dos conceitos geográficos na análise do uso e cobertura do solo urbano,
na ocupação recente e até mesmo nas questões ambientais que envolvem esse
espaço mostrou-se eficiente não só para aguçar o olhar geográfico dos alunos
participantes, mas como também para despertar-lhes o interesse e a compreensão
deste.
Dentro do que foi proposto como objetivos de trabalhos pelo Material Didático
Pedagógico, quase todos foram realizados de acordo com a proposta de trabalho,
exceto a apresentação dos painéis com o mosaico das fotografias por uma questão
de tempo de horas-aula que não foram suficientes para a realização completa do
trabalho.
A realização do Projeto de Intervenção e o Material Didático Pedagógico
possibilitou uma grande satisfação tanto nas suas aplicações como no resultado final
dessa prática, mostrando que no ensino não só da geografia como de qualquer outra
disciplina do currículo básico que procura retirar o aluno da sala de aula e levá-lo
para o entorno poderá lhes trazer muita significância nos conteúdos que lhes fora
apresentado na sala de aula. Sugiro futuras pesquisas nessa linha para melhorar as
práticas pedagógicas que além de motivarem a aprendizagem nos conteúdos da
disciplina da geografia, possam ainda buscar soluções que atendam os desafios da
educação contemporânea.
Espera-se que esse artigo contribua para melhorar as práticas pedagógicas
em geografia nas aulas de campo no entorno da escola, tanto para os professores
da Rede Estadual de Educação do Paraná, como para os demais professores
interessados no assunto.
6 REFERÊNCIAS
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