aula de 16-06-1994 – pensamento_ lucrécio e espinoza « centro de estudos claudio ulpiano

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20/08/2015 Aula de 16/06/1994 – Pensamento: Lucrécio e Espinoza « Centro de Estudos Claudio Ulpiano data:text/html;charset=utf8,%3Cdiv%20class%3D%22title%22%20style%3D%22padding%3A%200px%3B%20margin%3A%200px%200px%2013px%3… 1/20 sábado, maio 29, 2010 @ 01:05 PM postado por: Editoria Há um texto de comentário, em que aparece um fato estranho: o confronto que uma determinada filosofia faz entre dois deuses ― EROS, deus do amor; e VÊNUS VOLUPTAS (voluptas traduzindo prazer), Vênus do prazer. Essa filosofia afirma que Eros não seria propriamente um deus; mas uma invenção humana ― enquanto que a Vênus Voluptas seria realmente uma deusa. O que essa filosofia quer dizer é que Eros, o deus do amor, não tem existência divina real e é uma invenção da arte humana; e que a arte humana só tem um poder: produzir FELICIDADE. Então, está sendo colocado que esse deus do amor, Eros, é um deus que nos traz a felicidade. Conforme essa filosofia está colocando, Eros não é realmente um deus, porque ele impede o supremo movimento de alegria da vida ― que seria o homem encontrar a PLENITUDE DA LIBERDADE. Liberdade, essa, que o amor impede, porque nos faz depender de um outro, externo a nós. Aluno: Inclusive, Platão, no Banquete, coloca que desconhece um deus que seja carente… Claudio: Para o Platão, Eros era um deus; e aqui está sendo colocado que não, que Eros é uma invenção dos homens, é uma arte. Deus, realmente, seria a Vênus Voluptas, porque ela seria uma deusa apenas do prazer, que não conduziria os homens a essa posição do amor, porque o amor nos dá uma imediata dependência: para encontrar a nossa felicidade ou a nossa alegria nós passamos a depender de um outro, que não nós mesmos. Essa filosofia está nitidamente condenando o amor como um empecilho e um impedimento para que o homem atinja a liberdade; e decantando a Vênus Voluptas, que seria o prazer. E esse prazer poderia ser alcançado através de comunidades humanas: os homens viveriam em comunidades ― como, de alguma maneira, houve com os hippies na década de sessenta; ou com os beatniks na década de cinqüenta, por exemplo. Pela Vênus Voluptas, a alegria e a prática do prazer se dariam integralmente. Então, apareceu uma coisa muito estranha. É que nós estamos vendo uma filosofia se confrontar com algo considerado pelos homens, talvez, como o mais importante de suas vidas ― que é o amor.

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20/08/2015 Aula de 16/06/1994 – Pensamento: Lucrécio e Espinoza « Centro de Estudos Claudio Ulpiano

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sábado, maio 29, 2010 @ 01:05 PMpostado por: Editoria

Há um texto de comentário, em que aparece um fato estranho: o confrontoque uma determinada filosofia faz entre dois deuses ― EROS, deus doamor; e VÊNUS VOLUPTAS (voluptas traduzindo prazer), Vênus doprazer. Essa filosofia afirma que Eros não seria propriamente um deus; masuma invenção humana ― enquanto que a Vênus Voluptas seria realmenteuma deusa. O que essa filosofia quer dizer é que Eros, o deus do amor, nãotem existência divina real e é uma invenção da arte humana; e que a artehumana só tem um poder: produzir FELICIDADE. Então, está sendocolocado que esse deus do amor, Eros, é um deus que nos traz afelicidade. Conforme essa filosofia está colocando, Eros não é realmenteum deus, porque ele impede o supremo movimento de alegria da vida ―que seria o homem encontrar a PLENITUDE DA LIBERDADE. Liberdade,essa, que o amor impede, porque nos faz depender de um outro, externo anós.

Aluno: Inclusive, Platão, no Banquete, coloca que desconhece um deus queseja carente…

Claudio: Para o Platão, Eros era um deus; e aqui está sendo colocado quenão, que Eros é uma invenção dos homens, é uma arte. Deus, realmente,seria a Vênus Voluptas, porque ela seria uma deusa apenas do prazer, quenão conduziria os homens a essa posição do amor, porque o amor nos dáuma imediata dependência: para encontrar a nossa felicidade ou a nossaalegria nós passamos a depender de um outro, que não nós mesmos.

Essa filosofia está nitidamente condenando o amor como um empecilho eum impedimento para que o homem atinja a liberdade; e decantando aVênus Voluptas, que seria o prazer. E esse prazer poderia ser alcançadoatravés de comunidades humanas: os homens viveriam em comunidades ―como, de alguma maneira, houve com os hippies na década de sessenta;ou com os beatniks na década de cinqüenta, por exemplo.

Pela Vênus Voluptas, a alegria e a prática do prazer se dariamintegralmente. Então, apareceu uma coisa muito estranha. É que nósestamos vendo uma filosofia se confrontar com algo considerado peloshomens, talvez, como o mais importante de suas vidas ― que é o amor.

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Então, essa filosofia está surpreendentemente afirmando que o amor ― demaneira alguma ― nos traria a felicidade. E essa filosofia é toda eladedicada às PRÁTICAS; e ela diz que há duas práticas ― a PRÁTICA DOPRAZER e a PRÁTICA DA DOR. E ela vai afirmar que o amor é aquilo quenos traz muita dor ― porque nós dependeríamos permanentemente dealguma coisa exterior a nós mesmos. Enquanto que Vênus Voluptas, que éa amizade, comunidades de amizade gerando prazeres,independentemente de relações de qualquer um com qualquer um, não nosconduziria a essa posição do amor. Faria aparecer o que é mais importantena vida ― que é a liberdade. A liberdade seria conseguida pela VênusVoluptas, mas seria impedida pelo Eros.

Eu vou fazer uma colocação, que é, inclusive, pra frente, que pode atémesmo se debater com o que eles estão dizendo e afirmar que Eros nãoseria propriamente um deus, Eros seria alguma coisa, algo da invenção daarte humana. A arte humana teria produzido Eros e a Vênus Voluptas seriarealmente uma deusa. Isso, porque essa filosofia, que é a filosofia dosatomistas (nós temos um especialista lá no canto, que é o Estevão, que vaiinclusive fazer uma conferencia sobre isso…), do Epicuro e do Lucrécio,está afirmando ― por isso que estou dizendo ― que a arte do homem ésempre a mesma: produzir INFELICIDADE. Então, a única maneira de nósencontrarmos o que é importante e o que é importante é a prática…

Prática se opõe a especulativo, prática e especulativo se opõem.Especulativo é algo que pertence exclusivamente ao pensamento e aprática é aquilo que se faz.

Então, para essa filosofia, a única coisa que importa é a prática; e a práticanos mostra dois resultados permanentes: o PRAZER e a DOR. Então, aexperiência fundamental da vida é a busca do prazer. E a vida não para denos ensinar como se conquista o prazer e se afasta da dor. Para essafilosofia, o homem faz da sua vida um mal permanente, porque ele se deixaperturbar. O quadro da humanidade, afirma essa filosofia, é um quadro dePERTURBAÇÃO PERMANENTE ― mas não de perturbação do corpo, esim de perturbação da ALMA. Nós, os homens, teríamos a almaexcessivamente perturbada e toda a filosofia teria uma única função: servirpara produzir uma prática com prazer. Ou seja, o serviço da filosofia serianos ensinar o que pertence à natureza. É a maneira como eu expliquei Erose Vênus Voluptas, dizendo que Eros não seria algo que pertenceria ànatureza, mas seria da invenção da arte dos homens. Então, é função dafilosofia, nos ensinar a distinguir o que pertence à natureza e o que

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pertence ao mito; porque aquilo que pertence ao mito é que vai­nos trazer ainfelicidade. E se nós partirmos para entender a natureza, ou seja, fizermosda nossa vida uma prática constantemente de entendimento, se nósprocurarmos entender, nós vamos entender a natureza e vamos suprimir denós a infelicidade. Então, está se lançando para vocês uma filosofia e elatem como objetivo fundamental o que estou chamando de prática e aprática se divide em prazer e dor. Nitidamente, o prazer e a dor são fatosque nós experimentamos e podemos distinguir. Ninguém precisa nosensinar o que é o prazer, nem o que é a dor, nós aprendemos. O que nóstemos que fazer é abandonar todo o regime do comando e da obediênciapara entrar no regime do entendimento. Porque é somente entendendo anatureza que nós superaremos as nossas infelicidades. (Ponto aqui, viu?)

Eu dei uma entrada na filosofia do Lucrécio, e essa explicação, que eu iadar no meio da aula, não tinha como objetivo dar Lucrécio pra vocês. Não,eu não vou fazer isso, porque eu se eu desse Lucrécio eu iria isolar muitoesse curso. Neste curso daqui, junto com tudo que estou dando, eu precisodar um excesso de cultura: dar, assim, muita informação junto com asaulas. Então, não vou poder dar Lucrécio pra vocês. O que eu vou dar vaiser Plotino, século III e IV dC; e Espinosa, século XVI e XVII dC. Nós vamosestudar basicamente esses dois. Agora, estudando Espinosa e Plotinovocês vão ver que Espinosa é um resultado da filosofia do Lucrécio, umprolongamento da filosofia de Lucrécio ― e eu acabei de colocar pra vocêsque Eros seria a razão da nossa infelicidade. Então, Eros é uma PAIXÃOTRISTE.

(Vamos manter esse nome agora, esse sintagma: paixão triste).

De onde se originam as paixões tristes? Não se originam da natureza. Elasse originam sempre da arte do próprio homem, que é a arte de produzirconstantemente a infelicidade. (É uma coisa assustadora, mas que é real.)Então, eles estão dizendo, Lucrecio está pregando pra nós que nósdevemos aprender o que é a natureza. Eu vou um pouco por Lucrécio paradepois passar para Plotino e Espinosa.

Para Lucrécio, a natureza é constituída de dois elementos ― e essa aula édefinitiva, é para ficar, nós não podemos esquecer! Para Lucrécio,fundamentalmente, são dois os elementos que constituem a natureza: oVAZIO e os ÁTOMOS. A questão dos átomos, eu vou explicar pra vocês oque é, mas ele vai afirmar que o vazio ― “O” vazio: é um vazio só! ― éinfinito e a quantidade dos átomos também é infinita. Então, já no despertarda filosofia dos atomistas, eles estão nos explicando que existem três

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infinitos (vão existir mais!), mas existe o INFINITO DO VAZIO, o INFINITODOS ÁTOMOS e o INFINITO DA COMBINATÓRIA dos átomos com “ovazio” (UM vazio só.). Agora, a palavra átomo é uma palavra que nósutilizamos no século XX, segundo as informações da física quântica. E afísica quântica nos informa que o átomo é uma estrutura.

Estrutura é um elemento constituído por partes, ou seja, quando você temalguma coisa que é uma estrutura, significa que aquilo tem partes e cadaparte tem uma função. Então, o átomo, esse átomo com que nóstrabalhamos aí e com que fizeram a bomba atômica é uma estrutura, que éconstituída de prótons, elétrons, etc., os prótons também têm estrutura, etc.

Agora, o átomo do atomista não tem estrutura, ele é uma unidade; e essaunidade ― sem partes, sem estrutura ― é ETERNA; ou seja, os átomosnunca nasceram e nunca vão desaparecer: eles são eternos; como o vaziotambém é eterno. E um corpo é constituído de átomos. Um corpo pode seresta xícara, um corpo pode ser o átomo da física quântica, um corpo podeser uma galáxia. Então, todos os corpos são constituídos de átomos.

Os elementos que constituem os nossos corpos são eternos; as os nossoscorpos nascem e morrem, porque todas as estruturas se fazem e sedesfazem.

Então, eles estão afirmando que nós não precisamos de nenhum deus, denenhuma entidade superior para compreender a natureza. A natureza é ovazio e esses átomos; os átomos compõem os nossos corpos, essesátomos são os compostos dos nossos corpos, nossos corpos não podem,então, ter uma existência infinita, uma existência eterna, porque sãoestruturas. Eles se desfazem ― se fazem e se desfazem ― e os elementosque compõem os nossos corpos enquanto tais são eternos, porque eles sãoos átomos.

Então, esse universo vai ter sempre presente dentro dele corpos e mundos,porque os átomos vão se chocar, vão se juntar entre eles e formar mundose corpos enquanto tais. Mas, agora, já fica lançado pra vocês que umcorpo é um conjunto de átomos e que todos os corpos fazem emissões.

(Começa a aparecer, agora, uma doutrina muito difícil; e eu acho que é atéonde eu vou ― depois eu vou parar com o Lucrécio!)

Por exemplo, o fogo emite fumaça, a luz emite calor, as flores emitemaromas, os nossos corpos emitem imagens ― porque todos os corposfazem emissões de átomos. Então, nesse instante, o nosso corpo aqui está

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emitindo conjuntos de átomos ou compostos de átomos: é por isso que euestou vendo vocês e vocês estão me vendo. Agora, esses compostos deátomos, que os corpos emitem, vão se encaminhar para o infinito, vãoembora. Os corpos estão emitindo átomos, eles são conjuntos, alguns nospegam e outros seguem em direção ao infinito. Esses conjuntos de átomosque seguem em direção ao infinito vão ser chamados CORPOSDISTANTES DAS FONTES. Ou melhor, SIMULACROS DISTANTES DASFONTES, ou ainda melhor, FANTASMAS DISTANTES DAS FONTES.

O que eles estão dizendo com isso, é que todos os nossos terrores, todosos nossos medos se originam nesses simulacros distantes das fontes, quevão formar o que eles chamam ― isso é fundamental ― de SIMULACROSTEOLÓGICOS, ONÍRICOS e ERÓTICOS. Ou seja, a ilusão percorre anatureza. Agora, o que tem que ser feito é entender essa natureza, porqueo entendimento vai nos afastar dos temores que esses simulacros vão nocausar. Então, essa filosofia afirma ― e aqui eu gostaria que vocêsdeclarassem para vocês de forma definitiva, porque eu não vou abandonaressa forma de pensar ― que a única maneira de nós ultrapassarmos osmitos e os temores é pelo entendimento. Ou seja, a única maneira de nósconseguirmos a liberdade é pelo pensamento ― não há outra! Qualqueroutra maneira que nós vivermos, conforme eu estou colocando pra vocês,nós seremos banhados e subjugados por esses simulacros. Então, paravencê­los, a única maneira que existe é ― o pensamento.

Então, aqui vocês recebem a informação principal do que é exatamentea minha maneira de trabalhar em filosofia: a filosofia, a arte e a ciência ou avida só têm um instrumento de libertação ― o pensamento. Então, isso setorna simples? Não. Isso se torna muito complexo, porque a partir de então,nós temos que verificar o que é o pensamento.

Então, eu comecei essa aula com o Lucrécio, (Eu dou três cursos porsemana: o Lucrecio é um curso que eu estou dando na terça­feira; não o devocês), mas a função dessa introdução ao Lucrécio é que, a partir de agora,eu vou começar a falar sobre o que é o pensamento. Vocês já estãosabendo por que eu estou falando o que é o pensamento. Porque opensamento…

E aí vocês não se iludam com nada mais, porque o pensamento é a únicapossibilidade que nós temos de encontrar a liberdade e de suprimir odomínio desses fantasmas teológicos, oníricos e eróticos, que vão nosbanhar ao longo das nossas vidas. (Acho que foi bem. Certo?). O meuobjetivo nesse começo de aula foi exclusivamente colocar a questão do

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pensamento pra vocês.

Então, a partir de agora, eu começo a falar no que é o PENSAMENTO emtermos de Espinosa. Então, eu abandono Lucrécio, Lucrécio está no séculoI a.C, e passo para Espinosa. Espinosa é século XVII.

É muito interessante que o Espinosa e o Lucrécio tenham morrido mais oumenos com a mesma idade, quarenta e poucos anos. Lucrécio morreucompletamente louco, mas não é louco por terrores dos simulacros, masalguma coisa como o cérebro mole, como se dizia no século passado. E oEspinosa morreu mais ou menos aos quarenta e poucos anos de idadetambém, perseguido por todos os simulacros existentes na época, ou seja,perseguido por todas as religiões, perseguido pelo fanatismo, perseguidopela ignorância.

Então, o que estou dizendo pra vocês é que o pensamento ― aquilo quenós vamos tentar investigar pela primeira vez nesta aula ― não tem comoobjetivo o encontro da verdade; não é esse o objetivo do pensamento! Oobjetivo do pensamento é afastar a IGNORÂNCIA e o FANATISMO.

Ou seja, o negativo (usem essa palavra), o NEGATIVO DO PENSAMENTOpara Aristóteles e para Platão, por exemplo, é o ERRO. Para Espinosa, onegativo do pensamento não é o erro, o negativo do pensamento é aIGNORÂNCIA e o FANATISMO. Como por exemplo, para Nietzsche, onegativo do pensamento é a TOLICE.

Então, nós não sabemos, mas o pensamento tem adversários terríveis.Adversários terríveis do pensamento que não são, de maneira nenhuma, oerro, ― mas a tolice, o fanatismo, a ignorância, a alienação (como se diziana década de sessenta), que seriam os grandes adversários dopensamento, tomando­se o pensamento como o único ——.

(Vou dar um exemplo, depois eu vou voltar, tá?).

São três as práticas para se encontrar a essência: Eros… Olha só, olha quecoisa interessante: Eros vai encontrar a verdade. O que Lucrécio disse deEros? Que é o pai da infelicidade. No Platão, é para encontrar a verdade.Então, para Platão encontrar a verdade, são as três maneiras de seencontrar a essência: Eros, o amor; a dialética; e o demônio. (Eu não vouexplicar!). O demônio (o daimon, não é?); o amor e a dialética.

― Uma vez encontrada a essência, o que nós encontraríamos?Encontraríamos a verdade! Então, para Platão, na hora em que o sujeito

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humano for governado pelo pensamento, ele vai tender para a verdade.Então, o corpo e as paixões estariam impedindo a verdade de serencontrada. É preciso dobrar o corpo, dobrar as paixões, dar poder aopensamento, para que este encontre a verdade ― e aí estaria organizado odestino do homem. Foi nítido o que Platão colocou: é que o drama dafilosofia seria suprimir a doxa e encontrar a episteme. Na realidade, issonunca aconteceu. Nós nunca saímos da doxa, nós nunca saímos daopinião.

Vinte e quatro séculos depois, Proust vai falar uma coisa muito semelhante:A questão do Proust, de toda a obra dele, ― e isso é surpreendente para osseus leitores ―, é abandonar o sujeito, encontrar o pensamento e irprocurar a essência. Logo, Proust é… platônico ― ele é altamenteplatônico! ― só que a essência de Proust e a essência de Platão não têmnada a ver, não são sequer parentes. A essência de Platão (isso ainda émuito difícil para vocês) é regida pelo princípio de identidade, pelo princípiode não­contradição, pelo princípio que vai organizar todo campo da ciênciado Ocidente. Enquanto que as essências proustianas são alógicas,supralógicas, elas não têm logicidade; por isso, elas são diferenças puras esão chamadas por Proust de MUNDOS POSSÍVEIS. Então, a questão doProust é ultrapassar o sujeito psicológico que nós somos, (ou seja, Swannnunca entendeu o Proust), e atingir o pensamento; porque o pensamento éque vai fazer essa viagem nos mundos possíveis. E a função dopensamento é dar esses mundos possíveis em forma de arte para os outroshomens. Só há comunicação entre os homens, quando esses mundospossíveis emergem em forma de arte. Fora isso, os homens ficarão sempresubmetidos a um solipsismo insuportável, ou seja, cada um fechado no seupróprio gueto psicológico. A única maneira de suprimir esse guetopsicológico é através do pensamento, encontrando esses mundospossíveis. Então, para o Proust, à diferença do Lucrécio, nem a amizadesalva. É preciso que se abandone o amor, que se abandone a amizade e sefaça da obra de arte o objetivo da vida. Eu não estou sendo proustiano, nãoestou sendo lucreciano, nada disso; estou apenas dizendo como elesdizem, porque a única coisa que resiste no que estou dizendo pra vocês éque a única maneira que nós temos para alcançar a liberdade é pelopensamento. Então, o pensamento, aqui, apareceu com muita facilidade ―o pensamento em Platão e o pensamento em Proust se assemelham muito:é livrar­se do sujeito psicológico que nós somos.

Aluno: Cláudio, eu poderia dizer que as essências no Proust se aproximammais das essências dos estóicos do que de Platão?

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Cláudio: Não. Elas não se aproximam das essências dos estóicos. (Vou tedar uma resposta rápida, porque senão fica só para nós dois, não é?). Asessências dos estóicos são corpos; e as essências do Proust são puroespírito. Mas é o espírito conquanto não pertencente a um sujeitopsicológico. É como se o que Proust chama de essências fossem outrosmundos, outras luas, como ele diz, outros Saturnos ― que só opensamento pode visitar. O pensamento visita esses mundos e é capaz deconstruir nesse mundo, fazer uma montagem estética e expressá­lo. Então,a arte é uma expressão. Expressão de quê? Expressão desses mundospossíveis, expressão dessas essências. Agora, essas essências não sãoregidas pelo princípio de identidade, conforme em Platão (não vou explicarjá, que não vai dar). Agora, essas essências, na verdade, são o caos. Opensamento encontra essas essências e ergue nelas a obra de arte. Ouseja, quando Modigliani fez aqueles pescoços e aqueles olhos, elemergulhou em mundos possíveis. Ou seja, para fazer uma obra de arte,você tem que abandonar o psicologismo, o sujeito psicológico que você é,fazer um mergulho no caos e arrancar do caos alguma coisa. A obra de arteé, necessariamente, esse mergulho que você faz no caos. Daí, a grandedificuldade que é você abandonar a facilidade do sujeito psicológico quevocê é… O sujeito psicológico é a coisa mais fácil do mundo ― a genteapenas não consegue viver (não é?). Abandonar o sujeito psicológico que agente é, entrar nessas forças terríveis do pensamento e com ele fazer essemergulho no caos e de lá arrancar alguma coisa. A obra de Proust começaa ficar mais clara no texto O TempoRedescoberto. Vocês já podem até irdireto pra lá, inclusive se vocês quiserem focalizar o Proust com o Visconti.Aliás, a maneira que eu vou usar aqui vai ser é essa: sempre pegar a obrade arte, para facilitar para a gente poder entender. O Visconti é umproustiano. Então, toda aquela filmografia do Visconti vai nos liberar tudoisso. Mas como eu estou dizendo: não é o sujeito psicológico que vai poderalcançar esses mundos possíveis; ele não alcança nunca! Você temque quebrar o sujeito psicológico.

― O que Proust está chamando de sujeito psicológico? Sobretudo aassociação de idéias. Porque o sujeito psicológico que nós somos éconstituído por associações de idéias. Nós vamos passando de uma idéiapara outra, de um fato para outro: diz outra coisa meu amigo! Aí nós vamosconversando de uma coisa para outra, de uma coisa para outra, aí nãoabandonamos nunca o sujeito psicológico que nós somos. Para entrar nopensamento é fazer esse percurso em direção aos mundos possíveis, ésobretudo quebrar essas associações de idéias. Porque essas associaçõesde ideias são exatamente a doxa e aquilo que nos dá um conforto, uma

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segurança. Nós passamos a achar que está tudo bem, que está tudotranquilo, que está tudo calmo: não está; não está! Nós estamos diante docaos. Nós estamos diante do caos, nós estamos diante do vazio e é opensamento que tem que confrontar com ele e de lá trazer alguma coisa.

(Eu acho que foi bem essa exposição).

Vocês, então, têm aqui a tríade: sujeito psicológico, objeto e pensamento.Como minha primeira exposição de pensamento, o pensamento seria, nocaso do Espinosa, o que ele vai chamar de ideia expressiva. A ideiaexpressiva é porque o pensamento é aquilo que expressa esses mundospossíveis, enquanto que o sujeito manifesta as suas psicologias. Nósvamos diferir um sujeito humano ― ele está sempre manifestando os seusfantasmas, as suas biografias… E quando você lê esses textos de bestseller, os sujeito é sempre fantástico (não é?). É sempre um sujeitofantástico, que é diferente do que o Proust está dizendo do pensamento ―que é a entrada nos mundos possíveis. Isso vai se chamar idéia expressiva. (Eu acho que foi bem, não é?). Chama­se IDÉIA EXPRESSIVA,no sentido de que expressa os mundos possíveis. E o sujeito é aquele quemanifesta a sua psicologia.

(fim de fita)

Parte 2

A representação representa os nossos estados psicológicos, a nossabiografia, os nossos fantasmas. Enquanto que a expressão, a idéiaexpressiva, à diferença da idéia representativa, (aí que vai começar a ficardifícil, eu vou fazer um esforço enorme para vocês entenderem…), a idéiaexpressiva não expressa o psicológico. Ela vai expressar o que em Proustchama­se mundos possíveis e em Espinosa chama­se terceiro gênero doconhecimento. Aí, veja bem, é possível que nós possamos dizer algo quenão seja da nossa psicologia, dizer algo que está em nós, mas não épsicológico. É como se fosse uma unidade diferente, alguma coisa que nospertencesse, mas não fosse nosso; alguma coisa do espírito, mas não danossa biografia, não da nossa subjetividade. Ou seja, a função da arte nãoé contar os nossos sofrimentos pessoais, a função do pensamento não édizer da nossa história, da nossa biografia, mas é expressar isto que euestou chamando de mundos possíveis. (Dois pontos, que eu vou começar aexplicar. Acho que foi bem outra vez, não é?).

O que eu quero que vocês marquem, que não se esqueçam, é a distinçãoentre idéia expressiva e idéia representativa ― e a propriedade que eu

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coloquei na idéia representativa, que é a distância. Isso daqui éfundamental no momento em que a gente for trabalhar em arte. Que adistância faz parte da representação. E um outro fato que eu distingui, fizuma distinção entre manifestações psicológicas e expressões de algumacoisa que está dentro, mas que não é psicológico.

(Então, vamos fazer essa passagem, eu vou para dois minutinhos paratomar um café. Podem perguntar também).

É o que vocês vão fazer para fazer o uso da vida de vocês. Ou seja, tornaresse planeta magnífico ou, mais do que nunca, torná­lo paranóico einsuportável, como ele é. Quase que já explodindo, de tão insuportável queele é.

(Então, só um instante…)

Aluna: Claudio, uma vez, falando em Platão você falou no simulacro nosentido quase positivo, de que o simulacro seria aquele que não sesubmeteria à lei.

Cláudio: É parecido. Os simulacros perdem contornos porque se distanciamdas fontes, ele é muito parecido com o simulacro platônico. Agora, nossimulacros platônicos são as conquistas sofistas para se libertarem dosmodelos platônicos. Têm dois funcionamentos diferentes. São essasquestões, que vocês precisam estar sempre acesos, que são asambiguidades dos termos. (Não é?). Saber que nós vivemos enfiados naambiguidade. A ambigüidade, a polissemia não seria um acontecimentoequívoco que aparecesse. Não, isso se dá sempre! Nós estamos sempreenvolvidos nisso que eu chamo de ambiguidade. Inclusive, já dei uma aulapara vocês que é o problema da… alma isolada… como como se chama? Do solipsismo. O problema do solipsismo. Eu dificilmente poderia afirmarque a gente se comunica, porque a gente está sempre dando umaprodução de sentido e o outro está ouvindo de maneira diferente.

Agora, vamos tentar entender (Tá?). Eu vou chamar o homem, (não temnenhuma discussão teórica nisso que eu vou dizer, é a coisa mais fácil domundo, não vou nem fazer explicação), o homem, seja qual for, eu vouchamar de sujeito. Depois, mais na frente, eu faço uma teoria do sujeito;agora, não precisa disso. Então, o homem é o sujeito e o sujeito tem comocorrelato (a palavra correlato quer dizer que se A é correlato de B, sempreque A aparecer, B tem que aparecer.). Então, o sujeito tem como correlato oobjeto. (Certo?).

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20/08/2015 Aula de 16/06/1994 – Pensamento: Lucrécio e Espinoza « Centro de Estudos Claudio Ulpiano

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Nós, os sujeitos humanos, temos como correlato o OBJETO, que é omundo. O mundo é o correlato do sujeito, o mundo é o objeto com o qual osujeito está sempre em contato. Nós, como sujeitos, vivemos incluídos numcampo físico, num campo político, num campo social, num campoeconômico ― que é onde a nossa vida se desenvolve: nós, enquantosujeitos psicológicos, sujeitos sociológicos. Agora, além desses dois termos― sujeito e objeto, que eu coloquei como correlatos ― Platão constituiu aidéia de essência.

A minha visada, ao falar isso para vocês, no meio do caminho vocês vãoentender como o platonismo funciona ― mas o meu objetivo é Espinosa.

Então, sujeito é o homem. Objeto é tudo aquilo com o qual o homem entraem contato ― pode vir de qualquer tipo de mundo: físico, social,econômico, religioso, seja ele qual for chama­se objeto. Mas, além desseobjeto, o Platão coloca uma figura chamada essência. A essência, para oPlatão, seria algo que o nosso corpo enquanto tal, o nosso corpo chamadode sensível, não apreenderia. Quem apreenderia as essências seria apenaso pensamento.

O que o Platão está colocando, então, é que o homem seria dotado depensamento, mas o pensamento dele seria para apreender as essências.Então, enquanto o sujeito humano discutisse sobre os objetos, ele viveriano campo da doxa, no campo das opiniões. E para atingir as essências, eleteria que abandonar a DOXA e entrar na episteme. A episteme é opensamento! Então, quando vocês ouvirem a palavra EPISTEMOLOGIA ―que faz muito sucesso por aí ― essa palavra quer dizer que o homemabandonou a opinião, abandou a doxa e passou para a episteme. Então,diz­se que o grande sonho da filosofia, ou seja, todo o programa da filosofiaé a superação da doxa para o encontro da episteme. Ou seja, superação daopinião para o encontro do pensamento. E o pensamento não lidaria comos objetos clássicos enquanto tais: objetos físicos, químicos, sociais, mascom a essência. A essência seria alguma coisa colocada fora do tempo; elateria eternidade. Aqui começa a surgir algo terrível teoricamente, não dápara trabalhar já, seria insuportável pra vocês: a essência seria o objeto dopensamento. Ou seja, quando o pensamento estivesse no campo daepisteme o que seria o objeto dele? As essências. (Entendido?). A essênciaseria a unidade… (O final dessa aula está na Aula em Áudio com omesmo nome: Pensamento: Lucrécio e Espinoza . (o trecho que estáfaltando nesta aula transcrita começa no áudio aos 2:40 min da Parte IV.)

Outro final – na época em que essa aula foi transcrita, não tínhamos encontrado ainda a gravação

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completa. Por isso, acrescentamos essa transcrição a seguir, de um trecho de uma outra aula

incompleta (s/ data – gravação do Tadeu), pois achamos que ele poderia complementar a aula acima.

(…)

Todos nós vivemos, não só psiquicamente ― o nosso psiquismo apreendeno mundo a sucessão do tempo, mas, o nosso organismo é determinadopela sucessão do tempo. (Ou não é?) Então, o que nós passamos a saber?Que o psíquico e o orgânico são governados pela sucessão do tempo.(Vocês entenderam o que eu disse?).

Então, para você encontrar a simultaneidade do tempo, você tem que sairdo psíquico e do orgânico. No começo da aula, eu disse que o Worringerfala numa arte orgânica e numa arte cristalina. Então, se eu seguir oWorringer é sair do orgânico para encontrar o cristalino. E esse cristalino? Éimaginário ou é real como o princípio orgânico? (Vocês entenderam aquestão agora ou não? Hein, Silvia?). O cristalino é real, como o orgânico?

Aluna: Não, como o orgânico não.

Cláudio: Como o orgânico não, mas ele também é real, ele não é umproduto do imaginário. Agora, nós temos que dividir o real em virtual e atual. Que é a forma mais fácil que eu estou achando. O que eu estouchamando de virtual é exatamente a síntese passiva. (Ficou muito difícil,não é?)

Aluna: “Peraí”, “peraí”!

Aluna: É porque você não tinha falado ainda sobre síntese passiva! Vocêdeu um recuo depois voltou.

Cláudio: Eu voltei.

Aluna: É porque ele fala também ——–

Aluna: Ah, bom. Desculpe.

Cláudio: Eu não tenho pressa nenhuma nessa aula. Ela é riquíssima! Euvou até onde vocês puderem ir. Quem vai falar?

Aluna: Eu pedi para esperar um pouco para eu me organizar. Mas estouacompanhando.

Agora, novamente eu apontei para a tal da síntese passiva. Apontei paraela. Usei um instrumento até um pouco inválido, para ajudar a vocês… falei

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em virtual e atual. Nem devia ter falado. A única coisa que importa agora é que não sabendo o que é, uma coisa eu já sei: a imagem direta do tempo ea síntese passiva são a mesma coisa.

Então, agora nós vamos começar a entrar na síntese passiva. (Está bem,Cristina?).

Aluna: Está. Eu só consigo… eu fiquei pensando se não é nem o psíquiconem o orgânico que são as vias que afetam a imagem pura do tempo…

Cláudio: Explica, por exemplo, porque Proust rompeu com a associação deideias na sua estética.

Aluna: Eu sei, mas eu estou pensando assim: se não é o psíquico e oorgânico, quer dizer, eu sei que não é. Porque esse é o real atual. Não, euestou pensando na…

Cláudio: Isso está ótimo!

Aluna: Eu estava pensando na impessoalidade. Quer dizer, é claro que é,mas… É uma espécie de—– ou é…?

Cláudio: A síntese passiva?

Aluna: Não, é quando Deleuze fala muito da impessoalidade. É quando elefala da contingência…

Cláudio:—– quando você falar na impessoalidade… Não, não pode fazerisso!

Aluna: Não?

Cláudio: a gente tem que ter a mesma lucidez de… O pensamento tem queentender, não importa o quê, mas ele tem que entender, ele não pode serdominado por nada. Nós temos que entender exatamente o que estoufalando.

Aluno: Cláudio, um dos motores da coexistência e da simultaneidade queapareceriam, não seria a associação de ideias?

Cláudio: Se for associação de ideias é —­, mas se você estudar Proust,você vai ver que todo mundo confundiu muito Proust pensando que Proustachava que a obra de arte, à maneira de Swann, porque Swann pensavaassim, era uma associação de ideias. De forma nenhuma! Para fazer artevocê tem que sair ——– você tem que sair do psicologismo.

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20/08/2015 Aula de 16/06/1994 – Pensamento: Lucrécio e Espinoza « Centro de Estudos Claudio Ulpiano

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Aluna: É aquela coisa dessa emergência do passado entrando nopresente…

Cláudio: Não… Mas cuidado, porque essa emergência do passadoentrando no presente, de que você está falando, ainda é psíquico.

Aluna: Ainda é psíquico?…

Cláudio: Por exemplo, eu vou te dar uma explicação.

Quando eu mergulho no passado, quando qualquer um de nós mergulha nopassado, para recuperar, para encontrar no passado alguma coisa que foivivida, —–. Então você viveu alguma coisa no passado, então, você querrecuperar essa coisa que você viveu, o que você faz? Você faz ummergulho no passado para recuperar aquilo que você viveu. Por exemplo, láem Macaé tinha o footing que as meninas faziam e os rapazes ficavamolhando. E para contar isso para vocês eu tenho que mergulhar nopassado. E quando eu mergulho no passado o que eu encontro? O antigopresente da minha vida. Então, quando psíquico vai ao passado parabuscar as suas lembranças, o que o psíquico encontra são antigospresentes. De forma alguma vai ao passado puro, ele vai aos antigospresentes. (Vê se vocês entenderam isso). Distinguir antigos presentes depassado puro.

Aluna: O passado puro é um passado que não foi presente?…

Cláudio: Não vou nem falar sobre isso.

Então, quando a gente vai recuperar nossa vida passada nós estamosrecuperando… os antigos presentes. Nós não estamos lidando com opassado puro.

Aluna: ——

Aluno: O passado puro seria correspondente ao presente puro também?

Cláudio: Olha, nunca ouvi ninguém falar em presente puro, mas a gentepode falar isso.

Alunos: Pode?

Cláudio: Pode. De uma certa forma, pode. Por que?…

Agora, eu vou começar a explicar para vocês toda a questão, através dacompreensão do que vem a ser a síntese passiva.

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20/08/2015 Aula de 16/06/1994 – Pensamento: Lucrécio e Espinoza « Centro de Estudos Claudio Ulpiano

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(Conversa entre os alunos sobre um filme: Julia e Julia).

Vou começar a explicar o que é síntese passiva para vocês. Agora, o quevocês têm que fazer? Vocês têm que abandonar todo o antigo presente devocês, mas o antigo presente no sentido do que foi presente quando euexpliquei para vocês. Vocês esqueçam o que eu venho falando até agora.Não se lembrem do que eu estava falando, cuidem só do que eu vou dizer.Se vocês vierem… Por exemplo, se a Tatiana vier com formas da verdade(tá?), se a Cristina vier com a impessoalidade ou etc., vocês não vãoentender o que eu estou falando. Nós vamos entrar na síntese passiva.Então, tudo o que eu falei até agora não importa, quando nós concluirmos acompreensão da síntese passiva eu volto às imagens puras do tempo e, aí,vocês vão entender com a maior clareza. (Está bom? Então, vamos lá.).

Vocês já notaram que ao raio sucede o trovão? Ou não? Geralmente agente vê aquela claridade no céu, (não é?). Assim, ao raio sucede o trovão.Isso de ao raio se suceder o trovão chama­se uma conjunção constante. Uma conjunção constante que está ocorrendo no mundo. O mundo estásempre nos apresentando essa conjunção constante. Mas agora se, poracaso, você for fazer um sério exame no raio você vai verificar que no raionão está contido o trovão. O trovão não está contido no raio. Ainda assim,eles estão na natureza em conjunção constante. Conjunção constante querdizer o quê? Quando aparece um, necessariamente o outro aparece. Ouseja, na conjunção constante você supõe que o primeiro é causa dosegundo. (Vocês entenderam?). Então, qual é a causa do trovão?

Aluna: O raio.

Cláudio: O raio. (Está certo?). É aquilo que você acha que é. Mas vejamque coisa interessante! O trovão só aparece quando o raio desaparece.Porque eles são sucessivos, são sucedâneos. Um aparece, o outrodesaparece. Se eles estão numa relação de causa e efeito, foi isso que eudisse para vocês, é necessário que apareça primeiro o quê? A causa. Edepois, o efeito. Então, a causa aparece, desaparece, aparece o efeito.Aparece o raio, depois —­ Não é claríssimo isso? Então agora nós vamosbotar… vou botar quem? Vou botar a Silvia, que é uma mulher calma,tranquila, sentada numa cadeira, observando durante quinhentos anos,uma tempestade interminável. Então, de segunda a segunda ela vê um raio,em seguida o barulho. Então, raio… trovão, raio… trovão. Então o que estáacontecendo lá na natureza? Um fenômeno, que eu queria que vocêsmarcassem, chamado repetição dos mesmos elementos. É isso que estáacontecendo? Ou não? Silvia está vendo o quê?

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20/08/2015 Aula de 16/06/1994 – Pensamento: Lucrécio e Espinoza « Centro de Estudos Claudio Ulpiano

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Aluna: Repetição dos mesmos elementos.

Cláudio: Está vendo ou não está?

Vamos dizer que Silvia está fazendo uma prática chamada contemplação.Contemplação quer dizer: ela pode ver mas não pode intervir. Silvia podefazer o quê?

Aluna: Contemplação.

Cláudio: Contemplação, mas não pode intervir nada. Eu usei Silvia porqueela é super­agitada e na hora em que ela contemplar o raio, você acha queSilvia vai esperar chegar o trovão? Dentro dela faz: bum! (Vê seentenderam…). Silvia faz o quê? Ela antecipa dentro dela o trovão.

Silvia: Ainda bem. Porque eu estava pensando que eu era indecisa e ia ficarquinhentos anos para poder…

Cláudio: Ela antecipa o trovão, mas quando ela antecipa o trovão, ela retémo raio. Na hora em que ela faz a retenção do raio e antecipa o trovão elajunta dentro do espírito dela o que estava separado. Raio e trovão noespírito de Silvia se interpenetram. (Entenderam?). Eles se interpenetram.Mas se interpenetraram onde?

Aluna: No espírito.

Cláudio: E lá no mundo?

Aluna: Continuam separados.

Cláudio: Então, a contemplação produz uma diferença no espírito semalterar o objeto. (Entenderam?). O espírito se altera sem que o objeto sealtere. Agora, o raio aparece, desaparece e aparece o trovão. Então, o raioaparece num instante e no instante seguinte é o trovão. Então, lá nomundo o que nós temos é sucessão de instantes. Sucessão de instantesou não. O que é a sucessão de instantes? Aparece uma coisa, desaparecee a outra surge. Então, os instantes são separados ou descontínuos.(Vocês não entenderam?…). O que quer dizer descontínuo? Só aparecequando outro desaparece. Então, os instantes são descontínuos. Mas, noespírito da Silvia o instante do raio e o instante do trovão seinterpenetraram, se fundiram. Enquanto que no mundo eles estavam emcoesão, em justaposição, no espírito de Silvia eles estão fundidos. (Vocêentendeu, Cristina?). Quem é que fez a fusão? Quem fez a fusão foi oespírito que contempla. Então, o espírito que contempla contrai os

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20/08/2015 Aula de 16/06/1994 – Pensamento: Lucrécio e Espinoza « Centro de Estudos Claudio Ulpiano

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instantes. Então, nós vamos chamar esse espírito que contempla de quê?De eu contraente. Eu contemplativo e contraente. Ele contempla e contrai.Na hora em que ele contrai ele funde os dois instantes. Ele funde os doisinstantes. Ao fundir os dois instantes ele produz o que o instante em simesmo não tinha: extensão. A fusão de dois instantes cria uma extensão.(Entendeu bem, extensão?). Uma extensão no espírito. Porque o instanteantecipado é o trovão. O instante retido é o raio. Quando os dois se fundemo raio se torna passado do trovão e o trovão futuro do raio. Mas no mundoeles não eram passado e futuro, eram apenas dois instantes separados.

Aluno: Agora, porque você chama isso de extensão? Isso você deu numaaula há dez anos atrás, agora, quando —­ falou nisso eu…

Cláudio: A extensão é porque dois instantes se juntaram. Então, quando sejunta os dois instantes, o primeiro é passado do segundo e o segundo éfuturo do primeiro!

Aluna: Então, eles se tornaram como se fosse uma unidade…

Cláudio: Essa contração, essa prática que a Silvia acabou de fazer, chama­se a invenção do tempo. Lá nos instantes não havia tempo. O tempoaparece no espírito que contrai.

Aluna: É impressionante porque isso é exatamente igual ao que aconteceno espaço. Por isso é que é o tempo…

Cláudio: Eu ainda vou explicar toda a questão do espaço…

Aluna: O espaço é exatamente assim. Eu tenho vários pontos, eu só tenhouma continuidade quando os pontos se fundem. E, aí, eu tenho umaextensão. É exatamente assim… É o modelo —­

Cláudio: Essa extensão chama­se duração. O que é duração?

Aluna: Agora eu entendi o que é extensão. Agora eu entendi! Extensão é aduração do tempo. Você está falando de extensão, é exatamente aduração.

Cláudio: Extensão e duração é a mesma coisa. Então, a duração estáonde?

Aluna: No espírito!…

Cláudio: A duração está no espírito. (Certo?). Vocês já podem até escrever:a essência da duração é a contração. Então, no espírito já há passado e

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20/08/2015 Aula de 16/06/1994 – Pensamento: Lucrécio e Espinoza « Centro de Estudos Claudio Ulpiano

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futuro. (Está indo bem?).

Fundiu o raio e o trovão (não é?). Lá no mundo raio e trovão estãoseparados? No espírito estão juntos? Lá no mundo eles se chamamconjunção constante? No espírito chama­se conexão necessária. (Bota aí).

Aluna: Mas a conjunção constante é não mais duração, é sempre osinstantes separados. Enquanto que conexão necessária…

Cláudio: Não. Agora você vai encerrar definitivamente. A duração está noespírito? Qual é a essência da duração? A contração. O que se opõe àduração? Instantes separados. Exatamente, o que se opõe à duração é arepetição.

Aluna: A repetição dos mesmos…

Cláudio: … instantes. A repetição dos mesmos elementos. Bota assim: oque se opõe à duração é a repetição. Numa outra linguagem essa duraçãoé a diferença. Mas não vou entrar por aqui senão vai complicar muito. Oque importa agora é que a fusão dos dois instantes, que se deu no espírito,é a invenção ou, vamos dizer melhor, a fundação do tempo. Quem é quefunda o tempo? O espírito que contempla e contrai. Ele juntou então, opassado ao futuro. (Certo?). Juntou os dois instantes. (Entenderam aqui?).Então, esses dois instantes… o primeiro se torna passado e o segundo setorna futuro. E o presente é aquilo que passa do passado para o futuro.(Depois eu vou melhorar mais isso para vocês. Está certo?).

Aluna: E vai falar de pontas do presente…

Cláudio: Ah! Não faz isso. Porque eu posso falar de pontas do presenteaqui, Silvia? Esgotou, não preciso dizer mais nada. Não posso falar depontas do presente nenhum aqui, Silvia. Como é que posso falar de pontasdo presente aqui, Silvia?

Aluna: Não, nesse instante você não pode, mas é por causa de que issoexiste que pode falar desse presente…

Cláudio: Então, está. Então, você vai falar. Vai concluir. Mas como vocêpode fazer uma conclusão dessas, Silvia?

Aluna: Não estou fazendo conclusão, Cláudio, estou só estou falando…

Cláudio: Isso aqui não é uma lógica racional, não estou dentro de umalógica racional, pelo contrário, eu estou numa irracionalidade absoluta, eu

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20/08/2015 Aula de 16/06/1994 – Pensamento: Lucrécio e Espinoza « Centro de Estudos Claudio Ulpiano

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estou entrando nos paradoxos.

Aluna: Não estou fazendo conclusão, quem vai concluir é você…

Cláudio: Então, deixa. Vejam bem. Vamos agora fazer uma mentira, umamentirinha. O raio é um instante separado do trovão? Não foi isso que eudisse? São dois instantes, o raio aqui e o trovão. Então vamos pegar trêsinstantes lá no mundo da repetição. Posso fazer isso? Pegar três instantesno mundo da repetição? (Não entenderam….). Esse três instantes nomundo da repetição estão separados? Estão. Vocês podem chamar omundo da repetição de mundo da matéria. Então, no mundo da matéria osinstantes estão separados? Estão. Tudo isso é um jogo que estou fazendopara vocês entenderem. Então, vamos chamar esse três instantes um depassado, um de presente e um de futuro. Então, se eu chamo um depassado, um de presente e um de futuro eu vou dizer que o passado estáseparado do presente?

Aluna: Sim…

Cláudio: Sim. Eu vou dizer que o presente está separado do futuro? Eu voudizer que o futuro está separado do presente? O futuro está separado dopassado? Eles são descontínuos? Separados? (Certo?). Agora, quando euentro cá na duração os instantes se fundiram? O passado está separado dofuturo?

Aluna: Não.

Cláudio: Não está na mesma fusão? Então, quando você vai para aduração o passado e o futuro não estão separados do presente, sãodimensões do presente. Lá nos instantes estão separados, cá no espíritonão estão separados. (Não sei se vocês entenderam…). Então, eu vouchamar o passado e o futuro de dimensões do presente. Porque fazemparte do presente. E quando eu digo dimensões do presente eu estoudizendo que o passado já não é mais passado, é o presente do passado eo futuro é o presente do futuro, porque é no presente que eles estão sedando. (Vê se vocês entenderam…).

Durante a trasncrição dessa aula, tentando encontrar otrecho que faltava, acabamos descobrindo uma outragravação com o mesmo tema – Lucrécio – e uma datasemelhante – 16 de junho. O ano marcado, porém,era 1992, ao invés de 1994. Achamos a princípio queera a mesma aula, com um erro de anotação. Mas

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20/08/2015 Aula de 16/06/1994 – Pensamento: Lucrécio e Espinoza « Centro de Estudos Claudio Ulpiano

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logo constatamos que se tratava de uma aula diferente– Lucrécio e a Ontologia da Ilusão – dada dois anosantes, mas queesclarecia e completava a primeira,cujo final não conseguimos encontrar. As duas,portanto, embora ministradas em datas diferentes, sãocomplementares, e podem ser lidas como uma únicaaula.

Veja também Lucrécio e os falsos infinitos