aula 11 (1)

95
Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR: PEDRO IVO AULA 11 - CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA / ABUSO DE AUTORIDADE / SENTIMENTO RELIGIOSO / RESPEITO AOS MORTOS Futuros Delegados da Polícia Federal, Hoje vamos tratar de três temas importantíssimos para quem deseja ser um Delegado da Polícia Federal. Iremos começar com a análise dos crimes contra a Fé Pública, presentes na parte especial do Código Penal. Posteriormente, fecharemos o CP e vamos começar a estudar a lei sobre o abuso de autoridade. Por fim, analisaremos os crimes contra o sentimento religioso e respeito aos mortos. Bons estudos! ***************************************************************** 11.1 CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA Um dos aspectos fundamentais para a vida em sociedade é a crença na veracidade dos documentos, símbolos e sinais que são usados pelo homem no convívio social. A essa presunção relativa de veracidade dá-se o nome de fé pública. Passaremos, a partir de agora, a estudar as condutas típicas que visam resguardar a credibilidade da sociedade nos documentos que fazem parte de nosso dia a dia. Assim, com foco na PROVA, vamos começar! 11.2 DA MOEDA FALSA 11.2.1 MOEDA FALSA O tipo fundamental do delito encontra-se expresso no art. 289 do Código Penal nos seguintes termos: Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.

Upload: wandersonlima

Post on 23-Nov-2015

23 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    1

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    AULA 11 - CRIMES CONTRA A F PBLICA / ABUSO DE AUTORIDADE / SENTIMENTO RELIGIOSO / RESPEITO AOS

    MORTOS

    Futuros Delegados da Polcia Federal,

    Hoje vamos tratar de trs temas importantssimos para quem deseja ser um Delegado da Polcia Federal.

    Iremos comear com a anlise dos crimes contra a F Pblica, presentes na parte especial do Cdigo Penal. Posteriormente, fecharemos o CP e vamos comear a estudar a lei sobre o abuso de autoridade. Por fim, analisaremos os crimes contra o sentimento religioso e respeito aos mortos.

    Bons estudos!

    *****************************************************************

    11.1 CRIMES CONTRA A F PBLICA

    Um dos aspectos fundamentais para a vida em sociedade a crena na veracidade dos documentos, smbolos e sinais que so usados pelo homem no convvio social. A essa presuno relativa de veracidade d-se o nome de f pblica.

    Passaremos, a partir de agora, a estudar as condutas tpicas que visam resguardar a credibilidade da sociedade nos documentos que fazem parte de nosso dia a dia. Assim, com foco na PROVA, vamos comear!

    11.2 DA MOEDA FALSA

    11.2.1 MOEDA FALSA

    O tipo fundamental do delito encontra-se expresso no art. 289 do Cdigo Penal nos seguintes termos:

    Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metlica ou papel-moeda de curso legal no pas ou no estrangeiro:

    Pena - recluso, de trs a doze anos, e multa.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    2

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Protege-se com o tipo penal a confiana que a populao deve ter nas moedas em circulao no pas

    11.2.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa.

    2. SUJEITO PASSIVO: Primariamente o Estado e secundariamente o lesado pelo delito.

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: ncleo do tipo:

    Falsificar. A falsificao pode ocorrer mediante fabricao ou alterao.

    2. SUBJETIVO:

    1. Dolo;

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. O crime consumado com a fabricao ou alterao da moeda. Ateno, caro (a) aluno (a) que no se exige que a moeda seja posta em circulao nem que venha causar dano a outrem.

    2. admissvel a tentativa (Ex: O particular surpreendido quando vai iniciar a cunhagem da primeira moeda).

    FIGURA TPICA PRIVILEGIADA

    1. Encontra previso no art. 2 do art. 289. Observe:

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    3

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    2 - Quem, tendo recebido de boa-f, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui circulao, depois de conhecer a falsidade, punido com deteno, de seis meses a dois anos, e multa.

    A conduta incriminada consiste no fato de o agente, aps receber moeda falsa e tendo cincia da falsidade, coloc-la novamente em circulao.

    Assim, imagine a seguinte situao: Tcio, aps comprar um saco de pipocas de R$2,00, paga com R$100,00 e recebe R$98,00 de troco.

    Ao chegar em casa, verifica que a nota de R$50,00, dada como troco pelo pipoqueiro, era falsa e, com isso, fica pensando em meios de se livrar da moeda falsa.

    No dia seguinte, ao pegar um txi, entrega a nota falsa.

    Neste caso, poder responder Tcio pelo crime definido no pargrafo 2 do art. 289.

    FIGURA EQUIPARADA

    Dispe o pargrafo 4 do art. 289 que nas mesmas penas da figura fundamental do crime de moeda falsa incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulao no estava ainda autorizada.

    11.2.1.2 CIRCULAO DE MOEDA FALSA

    Nos termos do pargrafo 1 do art. 289:

    1 - Nas mesmas penas incorre quem, por conta prpria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulao moeda falsa.

    Trata-se da definio de um crime de ao mltipla em que responde o sujeito por uma s infrao quando realiza as vrias condutas descritas. Assim, por exemplo, comete um s crime quem adquire, guarda e introduz na circulao moeda falsa.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    4

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    11.2.1.3 FABRICAO OU EMISSO IRREGULAR DE MOEDA

    Encontra previso no pargrafo 3 do art. 289. Veja:

    3 - punido com recluso, de trs a quinze anos, e multa, o funcionrio pblico ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emisso que fabrica, emite ou autoriza a fabricao ou emisso:

    I - de moeda com ttulo ou peso inferior ao determinado em lei;

    II - de papel-moeda em quantidade superior autorizada.

    Trata-se de crime prprio, pois s pode ser cometido por funcionrio pblico, diretor, gerente ou fiscal de banco de emisso de moeda. Obviamente, no se trata de qualquer funcionrio pblico, mas sim daquele que infringe especial dever funcional inerente ao ofcio junto atividade estatal de emisso de moedas.

    11.2.1.4 CRIMES ASSIMILADOS AO DE MOEDA FALSA

    O art. 290 do Cdigo Penal define como crime a seguinte conduta:

    Art. 290 - Formar cdula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cdulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cdula ou bilhete recolhidos, para o fim de restitu-los circulao, sinal indicativo de sua inutilizao; restituir circulao cdula, nota ou bilhete em tais condies, ou j recolhidos para o fim de inutilizao:

    Pena - recluso, de dois a oito anos, e multa.

    Podemos dividir o supracitado tipo penal em trs figuras tpicas:

    1. Formao de cdula, nota ou bilhete representativo de moeda O agente, atravs de partes de notas, cdulas ou bilhetes representativos de moeda verdadeira forma outra nota / cdula ou bilhete representativo.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    5

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    2. Supresso de sinal indicativo de sua inutilizao Nesta figura tpica o agente age no sentido de retirar da nota / cdula ou bilhete representativo sinal que confirme a inutilizao.

    3. Restituio de moeda circulao O agente restitui a circulao cdula, nota ou bilhete nas condies anteriormente tratadas.

    Alm da figura tpica fundamental o Cdigo Penal traz a previso do tipo qualificado. Observe:

    Art. 290 [...]

    Pargrafo nico - O mximo da recluso elevado a doze anos e multa, se o crime cometido por funcionrio que trabalha na repartio onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fcil ingresso, em razo do cargo.

    11.2.2 PETRECHOS PARA FALSIFICAO DE MOEDA

    PARA PENSAR...

    Imagine que Tcio ape em uma determinada nota nmeros e letras de outra, com a finalidade daquela apresentar maior valor. Neste caso, responder Tcio pelo crime previsto no art. 289 ou 290? Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metlica ou papel-moeda de curso legal no pas ou no estrangeiro.

    Art. 290 - Formar cdula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cdulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cdula ou bilhete recolhidos, para o fim de restitu-los circulao, sinal indicativo de sua inutilizao; restituir circulao cdula, nota ou bilhete em tais condies, ou j recolhidos para o fim de inutilizao.

    A resposta que responder pelo crime do art. 289, pois Tcio ALTERA uma nota. Tal fato diferente da situao em que Tcio cria uma nota com fragmentos de outras !!!

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    6

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Trata-se de delito definido no art. 291 do Cdigo Penal nos seguintes termos:

    Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a ttulo oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado falsificao de moeda:

    Pena - recluso, de dois a seis anos, e multa.

    11.2.2.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa.

    2. SUJEITO PASSIVO: o Estado

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: So ncleos do tipo:

    Fabricar;

    Adquirir;

    Fornecer;

    Possuir; ou

    Guardar.

    2. SUBJETIVO:

    1. Dolo;

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. Consuma-se com a fabricao do objeto, com a aquisio, fornecimento, posse ou guarda (modalidade permanente). Cabe ressaltar que se o agente usa o instrumento para fabricar ou

    Maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado falsificao de moeda.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    7

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    falsificar moeda, responde somente pelo crime definido no art. 289, pois este ABSORVE o delito do art. 291.

    2. admissvel a tentativa.

    11.3 DA FALSIDADE DE TTULOS E OUTROS PAPIS PBLICOS

    Para comearmos a tratar deste tpico precisamos diferenciar dois importantes institutos: A FALSIDADE MATERIAL DA FALSIDADE IDEOLGICA. Podemos definir as duas espcies da seguinte forma:

    FALSIDADE IDEOLGICA: CONSISTE EM OMITIR EM DOCUMENTO PBLICO OU PARTICULAR DECLARAO QUE DELE DEVIA CONSTAR, OU NELE INSERIR OU

    FAZER INSERIR DECLARAO FALSA OU DIVERSA DA QUE DEVIA SER ESCRITA

    COM O FIM DE PREJUDICAR, CRIAR, OBRIGAES OU ALTERAR A VERDADE

    SOBRE FATO JURDICO RELEVANTE.

    FALSIDADE MATERIAL: A QUE SE COMETE PELA FABRICAO DE COISA FALSA, ELABORANDO UM DOCUMENTO FALSO, OU PELA ALTERAO DA

    VERDADE, DIVERGE DA FALSIDADE IDEOLGICA, ONDE O DOCUMENTO SE

    MOSTRA VERDADEIRO, MAS NO EXPRIME A VERDADE.

    Assim, podemos resumir da seguinte forma: Na falsidade ideolgica o documento verdadeiro, mas as informaes so falsas. Diferentemente, na falsidade material h falha no prprio documento. Vamos exemplificar:

    Tcio pega a sua identidade e, atravs da insero de pequenos pontos pretos, altera a sua data de nascimento. Neste caso, se a identidade for entregue, por exemplo, a um perito, ele conseguir determinar a falsificao?

    A resposta sim, pois o perito, atravs da anlise, pode detectar os pequenos pontos pretos e constatar a alterao. Assim, trata-se de FALSIDADE MATERIAL.

    Imaginemos agora que Mvio elabora um currculo em que, com apenas 23 anos, ele diz ser formado em Direito pela USP, diz ter Mestrado em Direito Penal, e afirma ser doutor em Direito Processual Penal. Neste caso, se entregarmos o currculo a um perito, simplesmente olhando para o documento poder ele dizer se o papel falso ou verdadeiro?

    A resposta no, pois o documento no possui falhas. O que o perito ter que fazer (e isso poderia ser feito por qualquer pessoa) verificar os FATOS, AS INFORMAES. Assim, podemos afirmar que caso de FALSIDADE IDEOLGICA.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    8

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Bom, entendidos estes conceitos, vamos passar s criminalizaes...

    11.3.1 FALSIDADE DE TTULOS E OUTROS PAPIS PBLICOS

    Encontra previso no art. 293 do Cdigo Penal, nos seguintes termos:

    Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:

    I selo destinado a controle tributrio, papel selado ou qualquer papel de emisso legal destinado arrecadao de tributo;

    II - papel de crdito pblico que no seja moeda de curso legal;

    III - vale postal; (Revogado e substitudo pelo art. 36 da Lei n 6.538/78).

    IV - cautela de penhor, caderneta de depsito de caixa econmica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito pblico;

    Considera-se selo a estampilha postal, adesiva ou fixa, bem

    como a estampa feita por mquina de franquear, destinadas a

    comprovar o pagamento de taxas e prmios.

    Papel de crdito pblico o ttulo da dvida pblica, como as

    aplices e letras do Banco Central

    Cautela de penhor constitui ttulo de crdito. Trata-se de

    documento pblico expedido pelas caixas econmicas.

    Caderneta de depsito de caixa econmica ou outro

    estabelecimento corresponde ao documento expedido e entregue

    ao depositante, contendo informaes das importncias

    depositadas.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    9

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    V - talo, recibo, guia, alvar ou qualquer outro documento relativo a arrecadao de rendas pblicas ou a depsito ou cauo por que o poder pblico seja responsvel;

    VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela Unio, por Estado ou por Municpio:

    Pena - recluso, de dois a oito anos, e multa.

    11.3.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: crime comum.

    2. SUJEITO PASSIVO: o Estado.

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: ncleo do tipo:

    Falsificar;

    Este inciso refere-se a papis relacionados com a receita de rendas

    pblicas ou com depsito ou caues de responsabilidade do Estado.

    Recibo corresponde declarao de quitao de uma dvida.

    Guia o documento expedido por entidade arrecadadora para o

    recolhimento de importncias.

    Alvar o documento com destinao de autorizar o recolhimento de

    rendas pblicas ou depsito ou cauo por que o poder pblico

    responsvel.

    Talo a parte que pode ser destacada do caderno ou livro oficial,

    permanecendo um canhoto com as mesmas anotaes.

    Abrange o transporte areo, martimo, terrestre ou fluvial.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    10

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    2. SUBJETIVO:

    1. Dolo;

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. A consumao ocorre com a falsificao, independentemente de qualquer resultado.

    2. admissvel a tentativa.

    CONDUTAS EQUIPARADAS: As condutas equiparadas ao tipo

    fundamental encontram-se presentes no pargrafo 1 do art. 293 nos seguintes termos:

    Art. 293 [...]

    1o Incorre na mesma pena quem:

    I usa, guarda, possui ou detm qualquer dos papis falsificados a que se refere este artigo;

    II importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui circulao selo falsificado destinado a controle tributrio;

    III importa, exporta, adquire, vende, expe venda, mantm em depsito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito prprio ou alheio, no exerccio de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria:

    a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributrio, falsificado;

    b) sem selo oficial, nos casos em que a legislao tributria determina a obrigatoriedade de sua aplicao.

    Cabe ressaltar que se equipara a atividade comercial, para os fins do inciso III do 1o, qualquer forma de comrcio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praas ou outros logradouros pblicos e em residncias.

    TIPO QUALIFICADO

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    11

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Se o agente funcionrio pblico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte (ART. 295).

    11.3.1.2 OUTROS DELITOS PRESENTES NO ART. 293

    Aqui, para sua PROVA, cabe apenas uma noo geral. Vamos esquematizar:

    CRIME CONDUTA OBSERVAES

    SUPRESSO DE SINAIS

    INDICATIVOS DE

    INUTILIZAO DE

    PAPIS PBLICOS.

    Suprimir, em qualquer dos papis citados no art. 293, quando legtimos, com o fim de torn-los novamente utilizveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilizao

    O delito exige dois elementos subjetivos:

    O primeiro o dolo e o segundo est contido na expresso com o fim de torn-los novamente utilizveis.

    USO DE PAPIS

    PBLICOS COM

    INUTILIZAO

    SUPRIMIDA

    Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papis a que se refere o delito acima apresentado

    A consumao ocorre com o uso do papel pblico em que foi suprimido o carimbo ou sinal indicativo de sua inutilizao.

    A tentativa no admissvel, pois com o primeiro ato de uso o delito j tido como consumado.

    RESTITUIO

    CIRCULAO

    Quem usa ou restitui circulao, embora recibo de boa-f, qualquer dos papis falsificados ou alterados, a que se referem o art. 293, depois de conhecer a falsidade ou alterao, incorre na pena de deteno, de seis meses a dois anos, ou multa

    Trata-se de um tipo privilegiado.

    Exige trs elementos subjetivos:

    1-O dolo;

    2-embora recebido de boa-f;

    3-depois de conhecer a falsidade ou alterao.

    11.3.2 PETRECHOS PARA FALSIFICAO

    Trata-se de delito definido no art. 294 do Cdigo Penal nos seguintes termos:

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    12

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado falsificao de qualquer dos papis referidos no artigo anterior:

    Pena - recluso, de um a trs anos, e multa.

    11.3.2.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa.

    2. SUJEITO PASSIVO: o Estado

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: So ncleos do tipo:

    Fabricar;

    Adquirir;

    Fornecer;

    Possuir; ou

    Guardar.

    2. SUBJETIVO:

    2. Dolo;

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. Consuma-se com a fabricao do objeto, com a aquisio, fornecimento, posse ou guarda (modalidade permanente). Cabe ressaltar que se o agente fabrica o petrecho e comete a falsificao s responde pelo ltimo delito (princpio da consuno).

    2. admissvel a tentativa.

    Objetos destinados falsificao dos papis referidos no art. 293.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    13

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    TIPO QUALIFICADO

    Se o agente funcionrio pblico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte (ART. 295).

    11.4 DA FALSIDADE DOCUMENTAL

    11.4.1 FALSIFICAO DE SELO OU SINAL PBLICO

    O delito encontra previso no art. 296 do Cdigo Penal. Observe:

    Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:

    I - selo pblico destinado a autenticar atos oficiais da Unio, de Estado ou de Municpio;

    II - selo ou sinal atribudo por lei a entidade de direito pblico, ou a autoridade, ou sinal pblico de tabelio:

    Pena - recluso, de dois a seis anos, e multa.

    11.4.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: Crime comum podendo ser cometido por qualquer pessoa.

    2. SUJEITO PASSIVO: o Estado.

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: ncleo do tipo:

    Falsificar;

    Selo pblico destinado a autenticar atos oficiais da Unio, de Estado ou de Municpio;

    Selo ou sinal atribudo por lei a entidade de direito pblico, ou a autoridade, ou sinal pblico de tabelio

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    14

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    2. SUBJETIVO:

    1. Dolo;

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. O delito tem-se por consumado com a fabricao ou alterao do objeto material.

    2. admissvel a tentativa.

    CONDUTAS EQUIPARADAS: As condutas equiparadas ao tipo

    fundamental encontram-se presentes no pargrafo 1 do art. 296 nos seguintes termos:

    1 - Incorre nas mesmas penas:

    I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;

    II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuzo de outrem ou em proveito prprio ou alheio.

    III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros smbolos utilizados ou identificadores de rgos ou entidades da Administrao Pblica.

    TIPO QUALIFICADO

    Se o agente funcionrio pblico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte (ART. 296, 2).

    11.4.2 FALSIFICAO DE DOCUMENTO PBLICO

    Com o intuito principal de proteger a f pblica, no que diz respeito aos documentos de natureza pblica, dispe o Cdigo Penal:

    Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento pblico, ou alterar documento pblico verdadeiro:

    Pena - recluso, de dois a seis anos, e multa.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    15

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Para que voc compreenda corretamente esta tipificao, cabe um importante questionamento: O que documento pblico?

    Documento pblico aquele elaborado por funcionrio pblico, no exerccio de suas funes. So tambm considerados documentos pblicos os translados, fotocpias com autenticao e as certides.

    Cabe ressaltar que as cpias no autenticadas no so consideradas documentos para fins penais.

    Ainda dentro da definio de documento pblico, importantssimo para a sua PROVA ter conhecimento do pargrafo 2 do art. 297 que leciona:

    Art. 297 [...]

    [...]

    2 - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento pblico o emanado de entidade paraestatal, o ttulo ao portador ou transmissvel por endosso, as aes de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.

    Assim, do supracitado dispositivo, podemos retirar que so documentos pblicos por equiparao:

    1. O EMANADO DE ENTIDADE PARAESTATAL;

    2. O TTULO AO PORTADOR OU TRANSMISSVEL POR

    ENDOSSO;

    3. AS AES DE SOCIEDADE COMERCIAL;

    4. OS LIVROS MERCANTIS; E

    5. O TESTAMENTO PARTICULAR (HOLGRAFO).

    11.4.2.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    16

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    1. SUJEITO ATIVO: crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa.

    2. SUJEITO PASSIVO: Primariamente o Estado e secundariamente o indivduo lesado (caso haja).

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: So ncleos do tipo:

    Falsificar (no todo ou em parte, documento pblico);

    Alterar (documento pblico verdadeiro).

    2. SUBJETIVO: Dolo;

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. Consuma-se no momento da falsificao ou alterao.

    2. Admite-se a tentativa.

    TIPO QUALIFICADO

    O tipo qualificado do crime de falsificao de documento pblico encontra previso no pargrafo primeiro do art. 297. Veja:

    Art. 297 [...]

    1 - Se o agente funcionrio pblico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.

    CONDUTAS EQUIPARADAS FALSIFICAO DE DOCUMENTO

    PBLICO PREVIDENCIRIO

    Nos dois casos, para a caracterizao do delito, a falsificao

    deve ser capaz de ludibriar a vtima. Caso seja grosseira

    inexiste o delito em face da ausncia de potencialidade lesiva.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    17

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:

    1. Na folha de pagamento ou em documento de informaes que seja destinado a fazer prova perante a previdncia social, pessoa que no possua a qualidade de segurado obrigatrio;

    2. Na Carteira de Trabalho e Previdncia Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdncia social, declarao falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;

    3. Em documento contbil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigaes da empresa perante a previdncia social, declarao falsa ou diversa da que deveria ter constado.

    Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados acima, nome do segurado e seus dados pessoais, a remunerao, a vigncia do contrato de trabalho ou de prestao de servios.

    11.4.2.2 FALSIFICAO DE DOCUMENTO PBLICO X ESTELIONATO

    Trataremos agora de um tema bem controvertido na doutrina e na jurisprudncia.

    H diversas orientaes a respeito da tipicidade do fato de o sujeito, aps falsificar um documento empreg-lo na prtica de um delito. Vamos conhecer, a partir de agora, o que interessa para sua PROVA.

    Segundo o entendimento do STJ o crime de estelionato absorve o crime de falsificao de documento pblico. Tal posicionamento est estampado na smula 17 do STJ que dispe:

    "Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, por este absorvido".

    Ocorre, entretanto, que diferentemente do entendimento supra-apresentado, o STF se posiciona no sentido de que h concurso formal entre o estelionato e a falsificao de documento pblico. Segundo a Suprema Corte h unidade de ao, de desgnio e pluralidade de bens jurdicos violados.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    18

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Para a sua PROVA, leve como regra o entendimento do STF, ou seja, h concurso formal entre o estelionato e a falsificao de documento pblico.

    Firme-se na smula 17 somente nos casos em que a banca pergunta: Segundo o entendimento do STJ [...].

    11.4.3 FALSIFICAO DE DOCUMENTO PARTICULAR

    O legislador penal, visando resguardar a f publica com relao autenticidade dos documentos particulares, definiu o crime de falsificao de documento particular que encontra previso no art. 298 do Cdigo Penal nos seguintes termos:

    Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro:

    Pena - recluso, de um a cinco anos, e multa.

    Antes de prosseguirmos, cabe-nos conceituar o objeto material do delito, ou seja, o documento particular.

    Segundo Damsio documento o escrito elaborado por autor certo em que se manifesta a narrao de fato ou a exposio de vontade, possuindo importncia jurdica. No tem formalidade especial, feito por um particular, no sofrendo a interveno de funcionrio pblico. Entretanto, o documento pblico, quando nulo por vcio de forma, considerado documento particular.

    Podemos resumir que o documento particular apresenta as seguintes caractersticas:

    1. Forma escrita;

    2. Autor determinado (no sofrendo a interveno de funcionrio pblico);

    3. Deve conter exposio de fato ou manifestao de vontade;

    4. Relevncia Jurdica

    11.4.3.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    19

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa.

    2. SUJEITO PASSIVO: Primariamente o Estado e secundariamente o indivduo lesado (caso haja).

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: So ncleos do tipo:

    Falsificar (no todo ou em parte, documento pblico);

    Alterar (documento pblico verdadeiro).

    2. SUBJETIVO: Dolo;

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. Consuma-se no momento da falsificao ou alterao.

    2. Admite-se a tentativa. Ex: O agente surpreendido no momento em que est inserindo nmeros no documento.

    11.4.4 FALSIDADE IDEOLGICA

    O art. 299 do Cdigo Penal tipifica a seguinte conduta:

    Art. 299 - Omitir, em documento pblico ou particular, declarao que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declarao falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar

    Nos dois casos, para a caracterizao do delito, a falsificao deve

    ser capaz de ludibriar a vtima. Caso seja grosseira inexiste o delito

    em face da ausncia de potencialidade lesiva.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    20

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    direito, criar obrigao ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:

    Pena - recluso, de um a cinco anos, e multa, se o documento pblico, e recluso de um a trs anos, e multa, se o documento particular.

    A fim de relembrarmos a falsidade ideolgica, diferenciando-a da falsidade material, necessrio se faz transcrever as palavras do Nobre Jurista, Damsio de Jesus:

    Na falsidade material o vcio incide sobre a parte exterior do documento, recaindo sobre o elemento fsico do papel escrito e verdadeiro. O sujeito modifica as caractersticas originais do objeto material por meio de rasuras, borres, emendas, substituio de palavras ou letras, nmeros, etc. (...) Na falsidade ideolgica (ou pessoa) o vcio incide sobre as declaraes que o objeto material deveria possuir, sobre o contedo das idias. Inexistem rasuras, emendas, omisses ou acrscimos. O documento, sob o aspecto material verdadeiro; falsa a idia que ele contm. Da tambm chamar-se ideal. Distinguem-se, pois, as falsidades material e ideolgica.

    Neste sentido, observamos que a falsidade ideolgica leva em considerao o contedo intelectual do documento, no a sua forma.

    11.4.4.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa.

    2. SUJEITO PASSIVO: Primariamente o Estado e secundariamente o indivduo lesado (caso haja).

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: So ncleos do tipo:

    Omitir (declarao que devia constar do objeto material);

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    21

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Inserir (declarao falsa ou diversa da que devia ser escrita insero direta);

    Fazer inserir (declarao falsa ou diversa da que devia ser escrita insero indireta)

    Nota-se que so trs as modalidades de condutas praticadas pelo agente sendo, a de omitir, inserir ou fazer inserir declarao falsa no documento.

    Na omisso de declarao o agente deixa de relatar, no menciona, oculta fato que era obrigado a fazer constar.

    Na conduta de inserir o agente declara de forma falsa ou diversa da que devia ser escrita.

    J na conduta de fazer inserir o agente atua de forma indireta, utilizando-se de terceiro para introduzir no documento a declarao falsa.

    OBSERVAO Para a caracterizao do delito, a falsificao deve ser capaz de ludibriar a vtima. Caso seja grosseira inexiste o delito em face da ausncia de potencialidade lesiva. Alm disso, deve recair sobre fato jurdico relevante. Observe elucidativo entendimento jurisprudencial: Para a caracterizao do delito de falsidade ideolgica mister que se configurem os quatro requisitos componentes do tipo penal, a saber: a) alterao da verdade sobre o fato juridicamente relevante; b) imitao da verdade; c) potencialidade de dano; d) dolo. Se no h na ao dos agentes entrelaamento desses requisitos, relevncia jurdica do falso dano efetivo ou mesmo potencial e, ainda dolo (porque o falso decorre de simples erro), no est caracterizado tal crime. E o remdio herico pode validamente ser impetrado para, em tais circunstncias, trancar a ao penal.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    22

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    2. SUBJETIVO: So dois que precisam co-existir para a caracterizao da falsidade ideolgica:

    Dolo;

    Com o fim de prejudicar direito, criar obrigao ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. Consuma-se o delito com a omisso ou insero direta ou indireta da declarao, no momento em que o documento, j com a falsidade, se completa

    2. Admite-se a tentativa nas condutas de inserir ou fazer inserir. Na omisso, no se admite a forma tentada.

    CAUSAS DE AUMENTO DE PENA

    O tipo qualificado do crime de falsidade ideolgica encontra previso no pargrafo nico do art. 299. Assim, a pena ser aumentada de sexta parte nas seguintes situaes:

    1 - SE O AGENTE FUNCIONRIO PBLICO, E COMETE O CRIME

    PREVALECENDO-SE DO CARGO;

    2 - SE A FALSIFICAO OU ALTERAO DE ASSENTAMENTO DE REGISTRO

    CIVIL (EX: INSCRIES DE NASCIMENTO, CASAMENTO, BITO ETC.).

    OBSERVAES:

    1 O delito de registrar filho alheio como prprio, antes enquadrado

    no pargrafo nico do art. 299, encontra previso no art. 242.

    2 A conduta de promover no registro civil a inscrio de nascimento

    inexistente constitui crime previsto no art. 241.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    23

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    11.4.4.2 FALSIDADE EM FOLHA EM BRANCO

    Trataremos agora de mais um caso que gera inmeras discusses na jurisprudncia e doutrina.

    Imagine que uma folha em branco, devidamente assinada, entregue por Tcio Mvio. Tendo a posse da folha, Mvio a preenche com informaes falsas. Neste caso, haver crime de falsificao?

    A pergunta pertinente, pois nosso Cdigo Penal no define exatamente o fato. S a ttulo de conhecimento, o cdigo de 1890, por exemplo, deixava claro a conduta delituosa. Veja:

    "Abusar do papel com assinatura em branco, de que tenha se apossado, ou lhe haja sido confiado com obrigao de restituir, ou fazer dele uso determinado, e nele escrever ou fazer escrever um ato, que produza efeito jurdico em prejuzo daquele que o firmou, e ainda no inciso 9 usar de qualquer fraude para constituir outra pessoa em obrigao que no tiver em vista, ou no puder satisfazer ou cumprir".

    A dificuldade do atual enquadramento da conduta como crime contra a f pblica reside no fato de que a folha de papel em branco assinada, por no apresentar contedo, no pode ser considerada um documento.

    A situao, todavia, resolvida atravs do entendimento de que aps o preenchimento das informaes a folha torna-se documento, o que caracteriza o crime. Alm disso, para a correta definio da forma tpica a ser aplicada, deve-se verificar as circunstncias em que a folha ingressou na esfera de disponibilidade do agente.

    Assim:

    SE A FOLHA ASSINADA EM BRANCO FOI ENTREGUE E CONFIADA AO AGENTE PELA VTIMA, SEU PREENCHIMENTO ABUSIVO CONFIGURA A FALSIDADE IDEOLGICA.

    SE A FOLHA EM BRANCO ASSINADA FOI APOSSADA PELO AGENTE OU OBTIDA POR MEIO DA PRTICA DE ALGUM CRIME (EX. FURTO), SEU PREENCHIMENTO CARACTERIZAR O FALSO MATERIAL. TAMBM HAVER FALSO MATERIAL NO PRIMEIRO CASO QUANDO A AUTORIZAO ANTERIOR DADA PELA VTIMA FOR POR ELA REVOGADA.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    24

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    11.4.5 FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMA OU LETRA / CERTIDO OU ATESTADO FALSO / FALSIDADE DE ATESTADO MDICO

    Agora trataremos de alguns delitos que no so muito exigidos em PROVA. Assim, a exigncia restringe-se ao conhecimento da conduta tpica e de pequenas particularidades. Vamos esquematizar:

    CRIME CONDUTA OBSERVAES

    FALSO

    RECONHECIMENTO

    DE FIRMA OU LETRA

    Reconhecer, como verdadeira, no exerccio de funo pblica, firma ou letra que o no seja.

    Trata-se de crime prprio que s pode ser praticado por funcionrio pblico.

    considerado pela doutrina uma modalidade tpica de falsidade ideolgica.

    Consuma-se com o ato do reconhecimento, indepen-dentemente de qualquer resultado.

    CERTIDO OU

    ATESTADO

    IDEOLOGICAMENTE

    FALSO

    Atestar ou Certificar falsamente, em razo de funo pblica, fato ou circunstncia que habilite algum a obter cargo pblico, iseno de nus ou de servio de carter 4pblico, ou qualquer outra vantagem.

    Trata-se de crime prprio que s pode ser praticado por funcionrio pblico.

    considerado pela doutrina uma modalidade tpica de falsidade ideolgica.

    Atinge sua consumao com a entrega da certido falsa ao terceiro.

    Se o crime praticado com o fim de lucro, aplica-se, alm da pena privativa de liberdade, a de multa.

    FALSIDADE

    MATERIAL DE

    ATESTADO OU

    CERTIDO

    Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certido, ou alterar o teor de certido ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstncia que

    Trata-se de crime comum que pode ser praticado por qualquer pessoa.

    Se o crime praticado com o fim de lucro, aplica-se,

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    25

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    habilite algum a obter cargo pblico, iseno de nus ou de servio de carter pblico, ou qualquer outra vantagem.

    alm da pena privativa de liberdade, a de multa.

    FALSIDADE DE

    ATESTADO MDICO

    Dar o mdico, no exerccio da sua profisso, atestado falso.

    Trata-se de crime prprio que s pode ser praticado por mdico.

    considerado pela doutrina uma modalidade tpica de falsidade ideolgica.

    Atinge sua consumao com a entrega da certido falsa ao terceiro.

    Se o crime cometido com o fim de lucro, aplica-se tambm multa.

    11.4.6 USO DE DOCUMENTO FALSO

    O art.304 define o crime de uso de documento falso da seguinte forma:

    Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:

    Pena - a cominada falsificao ou alterao.

    A conduta passvel de punio a de fazer uso de documento falso como se fosse verdadeiro. Assim, incrimina-se o uso de documento pblico ou particular material ou ideologicamente falso, de documento com falso reconhecimento de firma ou letra, de atestado, certido ou atestado mdico falsos.

    Para a caracterizao do delito a utilizao pode ser tanto na esfera judicial quanto extrajudicial. Exige-se a utilizao do documento, no caracterizando o crime o uso de fotocpia ou cpia.

    11.4.6.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    26

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa.

    2. SUJEITO PASSIVO: Primariamente o Estado e secundariamente o indivduo lesado (caso haja).

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: ncleo do tipo:

    Fazer (uso);

    2. SUBJETIVO:

    Dolo;

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. O crime consumado com o uso do documento falso. Para complementar, observe os seguintes julgados:

    ATENO

    O uso de documento que o sujeito sabe ou deve saber falso ou inexato na prtica de crime contra a ordem tributria se encontra descrito no art. 1, IV da lei n 8.137 (Lei que define os crimes contra a ordem tributria.

    STJ, HC 145.824/MS, DJ 22.02.2010

    Segundo a jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia, irrelevante, para a caracterizao do crime de uso de documento falso, que o agente use o documento por exigncia da autoridade policial.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    27

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    2. No se admite a tentativa, pois o simples tentar usar j caracteriza o crime.

    11.4.7 SUPRESSO DE DOCUMENTOS

    Segundo De Plcido e Silva, a supresso de documentos, notadamente em sentido do Direito Penal, a subtrao do documento aos efeitos jurdicos pretendidos, na inteno de se favorecer ao supressor, ou a outrem, em prejuzo de algum.

    O crime de supresso de documentos encontra-se previsto no art. 305 do Cdigo Penal. Veja:

    Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefcio prprio ou de outrem, ou em prejuzo alheio, documento pblico ou particular verdadeiro, de que no podia dispor:

    Pena - recluso, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa, se o documento pblico, e recluso, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se o documento particular.

    O tipo penal tem como objetivo proteger a f pblica, evitando que seja atingida, infringida, ofendida com a supresso de determinado documento. Busca-se, aqui, assegurar a proteo ao documento que, via de regra, imbudo de fora probante em relao a certo fato.

    STJ, HC 148.479/MG, DJ 05.04.2010

    Consolidou-se nesta Corte o entendimento de que a atribuio de falsa identidade, visando ocultar antecedentes criminais, constitui exerccio do direito de autodefesa.

    No caso, ao ser abordado por policiais, o paciente apresentou documento falso, buscando ocultar a condio de foragido e evitar sua recaptura.

    Ordem parcialmente concedida para, afastando a condenao referente ao crime de uso de documento falso reduzir a pena recada sobre o paciente de 8 (oito) anos para 5 (cinco) anos.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    28

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    O objeto material deve reunir as condies de documento e ser verdadeiro. Caso se trate de documento falso, no poder ser caracterizado o delito em tela, podendo surgir outro crime como, por exemplo, o favorecimento pessoal (art. 348) ou fraude processual (art. 347).

    11.4.7.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa.

    2. SUJEITO PASSIVO: Primariamente o Estado e secundariamente o indivduo lesado (caso haja).

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: So ncleos do tipo:

    Destruir;

    Suprimir;

    Ocultar.

    2. SUBJETIVO: So dois que precisam co-existir para a caracterizao do crime:

    Dolo;

    em benefcio prprio ou de outrem, ou em prejuzo alheio

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. O crime consumado com o ato de destruir, suprimir ou ocultar. A consumao independe do resultado.

    2. possvel a tentativa. Seria o caso, por exemplo, do documento que colocado em um picador, mas retirado antes de ser destrudo.

    Documento pblico ou particular verdadeiro

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    29

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    11.5 DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PBLICO

    A Lei n 12.550/2011 incluiu no Cdigo Penal o art. 311-A que assim dispe:

    Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, contedo sigiloso de:

    I - concurso pblico;

    - avaliao ou exame pblicos;

    III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou

    IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:

    Pena - recluso, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

    1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas no autorizadas s informaes mencionadas no caput.

    2o Se da ao ou omisso resulta dano administrao pblica:

    Pena - recluso, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

    3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um tero) se o fato cometido por funcionrio pblico.

    O tipo penal em comento foi criado com o objetivo de tipificar as fraudes em concursos pblicos, vestibulares e outros certames de interesse pblico, considerando o vcuo legislativo existente, que impedia a imputao criminal aos fraudadores dos mesmos. Alis, j havia posio consolidada sobre o assunto afirmando serem atpicas condutas nesse sentido, da a necessidade da inovao legal.

    Cabe ressaltar que a Lei n 12.550/2011 tambm incluiu o inciso V ao art. 47, do CP, que passou a ter a seguinte redao:

    Interdio temporria de direitos

    Art. 47 - As penas de interdio temporria de direitos so:

    I - proibio do exerccio de cargo, funo ou atividade pblica, bem como de mandato eletivo;

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    30

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    II - proibio do exerccio de profisso, atividade ou ofcio que dependam de habilitao especial, de licena ou autorizao do poder pblico;

    III - suspenso de autorizao ou de habilitao para dirigir veculo.

    IV proibio de freqentar determinados lugares.

    V - proibio de inscrever-se em concurso, avaliao ou exame pblicos. (grifei)

    Conforme se v, agora h a possibilidade do magistrado aplicar, como pena restritiva de direito a proibio de inscrever-se em concurso, avaliao ou exame pblicos.

    Trata-se de medida que refora a tutela dos certames de interesse pblico, pois o condenado por fraud-los pode ser, na sentena penal condenatria (se preenchidos os demais requisitos legais), proibido de participar de outros concursos.

    11.6 DE OUTRAS FALSIDADES

    Para finalizarmos o tema, trataremos de algumas outras falsidades. Tais delitos aparecem muito pouco em prova e, quando presentes, a exigncia restringe-se unicamente conduta.

    Assim, atenha-se as condutas, tenha uma noo geral das criminalizaes e... Siga em frente!!!

    CRIME CONDUTA OBSERVAES

    FALSIFICAO DO

    SINAL

    EMPREGADO NO

    CONTRASTE DE

    METAL PRECIOSO

    OU NA

    FISCALIZAO

    ALFANDEGRIA

    Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal empregado pelo poder pblico no contraste de metal precioso ou na fiscalizao alfandegria, ou Usar Marca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem.

    Trata-se de crime comum que se consuma com a fabricao, a alterao ou o uso da marca ou sinal.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    31

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    FALSA IDENTIDADE

    Atribuir-se ou atribuir a terceiro FALSA IDENTIDADE para obter vantagem, em proveito prprio ou alheio, ou para causar dano a outrem.

    Trata-se de crime comum que se consuma com a falsa atribuio de identidade.

    No comete crime quem somente silencia a respeito da errnea identidade que lhe atribuda.

    USO DE

    DOCUMENTO DE

    IDENTIDADE

    ALHEIA

    Usar, como prprio, passaporte, ttulo de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia OU ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, prprio ou de terceiro.

    Trata-se de crime comum que se consuma com o uso ou cesso do documento.

    FRAUDE DE LEI

    SOBRE

    ESTRANGEIRO

    Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no territrio nacional, nome que no o seu.

    Trata-se de crime prprio que se consuma com efetivo uso pelo estrangeiro do nome imaginrio ou de terceiro.

    FALSIDADE EM

    PREJUZO DA

    NACIONALIZAO

    DE SOCIEDADE

    Prestar-se a figurar como proprietrio ou possuidor de ao, ttulo ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a este vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens.

    Trata-se de crime comum que se consuma no momento em que o agente assume a posio de proprietrio ou possuidor dos bens.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    32

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    ADULTERAO DE

    SINAL

    IDENTIFICADOR

    DE VECULO

    AUTOMOTOR

    Adulterar ou remarcar nmero de chassi ou qualquer sinal identificador de veculo automotor, de seu componente ou equipamento.

    Trata-se de crime comum que se consuma no instante da adulterao ou remarcao.

    Se o agente comete o crime no exerccio da funo pblica ou em razo dela, a PENA AUMENTADA de um tero.

    *****************************************************************

    Futuro(a) Aprovado(a),

    At aqui, tudo tranquilo? Claro que sim, afinal, esta a penltima aula e voc j venceu um grande caminho para chegar at esta aula.

    Sendo assim, MOTIVAO TOTAL, pois iniciaremos agora mais um tema de nosso curso!

    Vamos em frente!

    Bons estudos!

    *****************************************************************

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    33

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    11.7 ABUSO DE AUTORIDADE

    O Brasil, como nao democrtica, tem em sua Constituio Federal que:

    Art.5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e a propriedade.

    Portanto, nenhuma forma de abuso de autoridade pode ser aceito impunemente em um pas defensor das garantias individuais como o Brasil.

    E o que vem a ser um crime de abuso de autoridade?

    Trata-se de um crime que pode ser praticado por praticamente todos os integrantes da Administrao Pblica, estando em um cargo de autoridade ou no, desde que tenham poder funcional para determinar alguma conduta.

    Portanto, um delito amplo, com grandes possibilidades de punio aos autores das condutas tpicas.

    Apesar dessa amplitude, notamos que os abusos de autoridade que ocorrem com mais frequncia so os praticados pelas autoridades policiais, principalmente os ligados liberdade individual, como no caso de buscas e apreenses, abordagens pessoais e operaes policiais fora dos parmetros legais.

    O abuso ser caracterizado quando a autoridade praticar, omitir ou retardar ato, no exerccio da funo pblica, para embaraar ou prejudicar os direitos fundamentais do cidado garantidos na Constituio Federal, como, por exemplo, a liberdade individual, a integridade fsica e moral, a intimidade, a vida privada e a inviolabilidade do domiclio.

    necessrio ressaltar, desde j, que o abuso de autoridade um delito de atentado.

    Mas, professor... O que isso quer dizer?

    Bom, de uma maneira geral, quando um fato ilcito no se completa, dizemos que houve uma tentativa de praticar o crime, cuja conduta, claro, tem pena menor que o crime consumado.

    O mesmo no se d com os crimes descritos como abuso de autoridade, pois o simples ato de atentar contra os direitos e liberdades das pessoas j suficiente para caracterizar a consumao do crime.

    Vamos comear a compreender melhor e esmiuar estes conceitos!

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    34

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    11.8 DISPOSIES LEGAIS

    11.8.1 DIREITO DE REPRESENTAO CONTRA ABUSO DE AUTORIDADE

    A Lei dos Crimes de Abuso de Autoridade, Lei n4.898/65, vem regular o direito de representao e o processo de responsabilidade administrativa civil e penal nos casos de abuso de autoridade, ou seja, a violao presente lei poder acarretar responsabilidade nas trs esferas (administrativa, civil e penal). Observe:

    Art.1. O direito de representao e o processo de responsabilidade administrativa civil e penal, contra as autoridades que, no exerccio de suas funes, cometerem abusos, so regulados pela presente lei.

    Mas quem pode representar contra abusos de autoridade?

    Qualquer pessoa pode pleitear perante as autoridades competentes a punio dos responsveis por abuso. Trata-se do direito de representao previsto na Constituio Federal nos seguintes termos:

    Art.5 [...]

    XXXIV - O direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. (grifei)

    Como vai ser exercido esse direito de representao?

    O artigo 2 da lei de Abuso de Autoridade disciplina o exerccio do direito constitucional de representao.

    Assim, qualquer pessoa que for vtima de abuso de autoridade poder, direta, pessoalmente e SEM A NECESSIDADE DE ADVOGADO, encaminhar sua delao autoridade civil ou militar competente para a apurao e a responsabilizao do agente.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    35

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Art.2 O direito de representao ser exercido por meio de petio.

    a) dirigida autoridade superior que tiver competncia legal para aplicar, autoridade civil ou militar culpada, a respectiva sano;

    b) dirigida ao rgo do Ministrio Pblico que tiver competncia para iniciar processo-crime contra a autoridade culpada.

    Pargrafo nico. A representao ser feita em duas vias e conter a exposio do fato constitutivo do abuso de autoridade, com todas as suas circunstncias, a qualificao do acusado e o rol de testemunhas, no mximo de trs, se as houver.

    A representao dever ser encaminhada para a autoridade superior, ou seja, para a autoridade que tiver competncia para aplicar sano ao indivduo que cometeu o ato ilcito.

    Alm disso, deve tambm ser encaminhada ao Ministrio Pblico a fim de que as providncias criminais sejam tomadas.

    11.8.1.1 REPRESENTAO - FORMALIDADES

    A lei exige uma srie de formalidades para a confeco da representao. Segundo o dispositivo legal, ser feita em duas vias, contendo os seguintes requisitos:

    1. EXPOSIO DO FATO COM TODAS AS CIRCUNSTNCIAS;

    2. QUALIFICAO DO ACUSADO; E

    3. ROL DE TESTEMUNHAS.

    Bom, Caro (a) aluno (a), estamos falando constantemente em representao e, com certeza, voc que j estudou ou tem ao menos uma noo de Processo Penal deve estar pensando:

    Essa representao necessria para que a correspondente ao penal seja iniciada, ou seja, estamos aqui tratando de delitos de ao penal pblica condicionada ou incondicionada?

    Pela leitura inicial do dispositivo, temos a ntida impresso de ser a representao condio objetiva de procedibilidade, tal qual ocorre nas aes penais pblicas condicionadas.

    Mas a resposta para este questionamento encontrada na Lei n 5.249/67, que dispe em seu artigo 1:

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    36

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Art. 1 A falta de representao do ofendido, nos casos de abusos previstos na Lei n 4.898, de 9 de dezembro de 1965, na obsta a iniciativa ou o curso de ao pblica.

    Assim, diante do supra exposto, fica claro que a ao pblica incondicionada, ou seja, pode ser iniciada pelo Ministrio Pblico, independentemente da vontade da vtima do abuso.

    11.8.2 AUTORIDADE

    Caro (a) aluno (a), at agora falamos muito na palavra AUTORIDADE. Mas o que vem a ser, juridicamente, autoridade?

    Na conceituao legal, considera-se autoridade quem exerce cargo, emprego ou funo pblica, de natureza civil ou militar, ainda que transitoriamente e sem remunerao.

    necessrio que a pessoa esteja no exerccio da funo pblica, ainda que no perceba remunerao dos cofres pblicos. Veja:

    Art. 5 Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, emprego ou funo pblica, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remunerao.

    Atravs do conceito, podemos citar como autoridades:

    OS TITULARES DE CARGOS PBLICOS; O VEREADOR; O GUARDA-CIVIL

    MUNICIPAL; O SERVENTURIO DA JUSTIA; ETC.

    importante citar que o conceito no abrange os que exercem mnus e no funo pblica.

    MNUS PBLICO

    EXPRESSO USADA, SOBRETUDO NO MEIO JURDICO, PARA

    DESIGNAR UM CARGO PBLICO QUE, COMO REFERE O DICIONRIO AURLIO, IMPLICA ENCARGOS EM BENEFCIO DA SOCIEDADE.

    O QUE PROCEDE DE AUTORIDADE PBLICA OU DA LEI E QUE

    OBRIGA O INDIVDUO A CERTOS ENCARGOS EM BENEFCIO DA

    COLETIVIDADE OU DA ORDEM SOCIAL.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    37

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Podemos citar os seguintes agentes:

    TUTORES;

    DEPOSITRIO JUDICIAL;

    SNDICOS DE MASSA FALIDA;

    INVENTARIANTES JUDICIAIS

    ETC.

    11.8.3 CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE

    Os crimes de abuso de autoridade encontram-se dispostos nos arts. 3 e 4 da lei n 4.898/65.

    Esses crimes consumam-se com o atentado aos direitos e s garantias fundamentais previstos no art. 3 e por meio das aes ou omisses descritas pelo art. 4, bastando o perigo de dano.

    O art. 3 dispe que:

    Art. 3. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:

    a) liberdade de locomoo;

    b) inviolabilidade do domiclio;

    c) ao sigilo da correspondncia;

    d) liberdade de conscincia e de crena;

    e) ao livre exerccio do culto religioso;

    f) liberdade de associao;

    g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exerccio do voto;

    h) ao direito de reunio;

    i) incolumidade fsica do indivduo;

    j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exerccio profissional. (Includo pela Lei n 6.657,de 05/06/79)

    Vamos analisar cada caso:

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    38

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    CCOONNSSTTIITTUUII

    AABBUUSSOO OO

    AATTEENNTTAADDOO

    CCOONNTTRRAA::

    OOBBSSEERRVVAAEESS::

    A LIBERDADE DE

    LOCOMOO

    De acordo com o artigo 5 da Constituio Federal, temos:

    LXI - ningum ser preso seno em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciria competente, salvo nos casos de transgresso militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;

    Do exposto, retiramos que a regra no nosso pas a NO PRISO, sendo admitida, a privao nos casos de:

    Priso em flagrante;

    Ordem Judicial;

    Priso administrativa do Militar.

    Assim, caro concurseiro, qualquer questo de prova que demonstre a privao de liberdade fora das possibilidades admitidas constituir ABUSO DE AUTORIDADE.

    Observao: Existem alguns casos de deteno momentnea para a manuteno da ordem pblica e o bem do cidado, que no se configura como uma priso.

    o caso, por exemplo, de desordeiros sob efeito de lcool que so detidos para que passe o efeito da substncia e se previna problemas sociedade.

    A autoridade entra em contato com algum parente para comunicar o fato e o mantm em lugar seguro at que algum venha busc-lo. claro que nesse caso no h nenhum abuso de autoridade por parte da autoridade que o deteve.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    39

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    A INVIOLABILIDADE

    DE DOMICLIO

    De acordo com o artigo 5 da Constituio Federal, temos:

    XI - a casa asilo inviolvel do indivduo, ningum nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinao judicial;

    Para alcanarmos o conceito de casa, recorremos ao Cdigo Penal, que dispe:

    Art.150 [...]

    4. A expresso casa compreende:

    I qualquer compartimento habitado;

    II aposento ocupado de habitao coletiva;

    III compartimento no aberto ao pblico, onde algum exerce profisso ou atividade.

    Assim, segundo a Constituio, podemos afirmar ser possvel entrar na casa de outrem, sem ser considerado abuso de autoridade, nas seguintes hipteses:

    Consentimento do morador;

    Flagrante delito;

    Para prestar socorro;

    No caso de desastre; e

    Mediante mandado judicial (durante o dia).

    Portanto, segundo o que determina o pargrafo acima, a casa, o quarto e a penso, o hotel ou o motel, o consultrio de um mdico, o atelier de um artista, o escritrio de um advogado so alguns exemplos de locais que, caso violados fora das possibilidades definidas em lei, caracterizado estar o abuso de autoridade.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    40

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    O SIGILO DA

    CORRESPONDNCIA

    De acordo com o artigo 5 da Constituio Federal, temos:

    XII - inviolvel o sigilo da correspondncia e das comunicaes telegrficas, de dados e das comunicaes telefnicas, salvo, no ltimo caso, por ordem judicial, nas hipteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigao criminal ou instruo processual penal;

    Existem hipteses nas quais esta regra pode ser excepcionada, como no caso dos que cumprem pena, cuja correspondncia pode ser censurada pelo diretor do estabelecimento penal (STF).

    Observao: Quem violar o sigilo da comunicao telefnica no responder por crime de abuso e sim pela Lei 9.296/96.

    A LIBERDADE DE

    CONSCINCIA E DE

    CRENA / AO LIVRE

    EXERCCIO DO

    CULTO RELIGIOSO

    De acordo com o artigo 5 da Constituio Federal, temos:

    VI - inviolvel a liberdade de conscincia e de crena, sendo assegurado o livre exerccio dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteo aos locais de culto e a suas liturgias;

    Obviamente que esta liberdade no atinge um grau absoluto, sendo excepcionada pela doutrina e pela jurisprudncia, em situaes tais como:

    A proibio de eventos religiosos simultneos que possam causar conflito entre seus integrantes.

    A proibio ou restrio de manifestaes religiosas contrrias ordem pblica, moral e tranqilidade, como no caso de cultos com potentes alto-falantes que incomodem o entorno.

    A designao/determinao pelas autoridades competentes do trajeto a ser feito por procisses religiosas.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    41

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    A LIBERDADE DE

    ASSOCIAO De acordo com o artigo 5 da Constituio Federal, temos:

    XVIII - a criao de associaes e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorizao, sendo vedada a interferncia estatal em seu funcionamento;

    Perceba que a Carta Magna no atribui restries ao direito de associao, diferentemente do que faz com as cooperativas.

    Associar-se unir-se para um determinado fim comum, com a liberdade excepcionada pela prpria Constituio Federal no que diz respeito a associaes de carter paramilitar e associaes com fins no lcitos.

    OS DIREITOS E AS

    GARANTIAS LEGAIS

    ASSEGURADOS AO

    EXERCCIO DO VOTO;

    Aqui no h muito o que se comentar, pois sabemos que o voto um direito de todo cidado e, qualquer violao a este direito, constituir abuso de autoridade.

    O DIREITO DE

    REUNIO

    Dispe o artigo 5 da Carta Magna:

    XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao pblico, independentemente de autorizao, desde que no frustrem outra reunio anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prvio aviso autoridade competente;

    A reunio a presena de vrias pessoas em um local determinado para deliberaes ou manifestaes em conjunto, e pela Constituio Federal dever ser realizada em locais abertos ao pblico e de modo pacfico, sem presena de armas. No ser considerado abuso de autoridade proibir:

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    42

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Reunies com fins ilcitos

    Reunies com fins blicos

    Reunies de membros armados

    Reunies em locais proibidos

    Reunies realizadas sem prvio aviso autoridade.

    A INCOLUMIDADE

    FSICA DO INDIVDUO

    Ao falamos na incolumidade fsica do indivduo, pensamos logo na violncia como forma de violao a esse direito.

    No caso do abuso cabvel tanto a violncia real, ou seja, as que causam leses, (sejam elas leves ou graves) quanto a violncia moral, isto , aquela que no provoca danos externos visveis, como a tortura psicolgica ou o uso de substncias do tipo do soro da verdade, gazes txicos etc.

    OS DIREITOS E AS

    GARANTIAS LEGAIS

    ASSEGURADOS AO

    EXERCCIO

    PROFISSIONAL

    Sobre o tema, trata a Constituio:

    XIII - livre o exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso, atendidas as qualificaes profissionais que a lei estabelecer;

    A Constituio garante ao indivduo, desde que legalmente regulamentado para o exerccio de sua profisso, o direito de exerc-la livremente.

    Qualquer impedimento nesse sentido ser considerado um crime de abuso de autoridade.

    Como exemplos tirados da jurisprudncia, temos o caso de um juiz de direito da comarca que baixou uma portaria impedindo advogado de ingressar no frum, conduta de policial que probe ou dificulta a comunicao do advogado com seu cliente, e muitos outros casos.

    Continuando com a enumerao dos delitos, dispe o artigo 4 da Lei de Abuso de Autoridade:

    Art. 4 Constitui tambm abuso de autoridade:

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    43

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder;

    b) submeter pessoa sob sua guarda ou custdia a vexame ou a constrangimento no autorizado em lei;

    c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a priso ou deteno de qualquer pessoa;

    d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de priso ou deteno ilegal que lhe seja comunicada;

    e) levar priso e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiana, permitida em lei;

    f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobrana no tenha apoio em lei, quer quanto espcie quer quanto ao seu valor;

    g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importncia recebida a ttulo de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa;

    h) o ato lesivo da honra ou do patrimnio de pessoa natural ou jurdica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competncia legal;

    i) prolongar a execuo de priso temporria, de pena ou de medida de segurana, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade. (Includo pela Lei n 7.960, de 21/12/89)

    Segundo o entendimento majoritrio, em caso de conflito aparente de normas, os tipos definidos no art. 4 prevalecem sobre os do art. 3, pois so considerados mais especficos.

    Vamos analisar:

    CCOONNSSTTIITTUUII TTAAMMBBMM

    AABBUUSSOO DDEE

    AAUUTTOORRIIDDAADDEE

    OOBBSSEERRVVAAEESS::

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    44

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    ORDENAR OU EXECUTAR

    MEDIDA PRIVATIVA DA

    LIBERDADE INDIVIDUAL,

    SEM AS FORMALIDADES

    LEGAIS OU COM ABUSO

    DE PODER

    Conforme comentrios anteriores, qualquer priso sem a devida observao das normas legais se constitui em uma prtica de crime de abuso de autoridade.

    SUBMETER PESSOA SOB

    SUA GUARDA OU

    CUSTDIA A VEXAME OU

    A CONSTRANGIMENTO

    NO AUTORIZADO EM LEI

    Qualquer tipo de constrangimento, humilhao ou restrio no autorizada em lei considerado vexame e sua prtica punida como crime de abuso.

    Obrigar detento a dar entrevista imprensa, colocar grilhes em preso ou mant-lo em cela escura so alguns exemplos de condutas que podem caracterizar abuso de autoridade.

    Neste sentido, dispe a Carta Magna em seu artigo 5:

    XLIX - assegurado aos presos o respeito integridade fsica e moral;

    DEIXAR DE COMUNICAR,

    IMEDIATAMENTE, AO JUIZ

    COMPETENTE A PRISO

    OU DETENO DE

    QUALQUER PESSOA

    De acordo com o artigo 5 da Constituio Federal, temos:

    LXII - a priso de qualquer pessoa e o local onde se encontre sero comunicados imediatamente ao juiz competente e famlia do preso ou pessoa por ele indicada;

    Repare na expresso imediatamente usada na sano acima.

    A comunicao obrigao legal e dever ser feita AO JUIZ logo aps o trmino da lavratura do auto de priso em flagrante.

    Ateno: Se logo aps a priso de um indivduo sua famlia no for comunicada, imediatamente, a autoridade infringir o crime da alnea a, que o de no seguir as formalidades legais ao ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    45

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    DEIXAR O JUIZ DE

    ORDENAR O

    RELAXAMENTO DE PRISO

    OU DETENO ILEGAL

    QUE LHE SEJA

    COMUNICADA.

    Crime prprio praticado unicamente pelo juiz, que tem o dever constitucional de faz-lo. Segundo a Constituio:

    Art.5

    [...]

    LXV- A priso ilegal ser imediatamente relaxada pela autoridade judiciria.

    LEVAR PRISO E NELA

    DETER QUEM QUER QUE

    SE PROPONHA A PRESTAR

    FIANA, PERMITIDA EM

    LEI.

    Segundo o art. 5 da CF, temos:

    LXVI - ningum ser levado priso ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisria, com ou sem fiana;

    Mas e se a autoridade no nega a fiana, mas a arbitra de maneira abusiva?

    Neste caso, ser penalizado pelo crime tipificado na alnea a, j que no se pode dizer que, claramente, a autoridade negou a possibilidade de fiana.

    COBRAR O CARCEREIRO

    OU AGENTE DE

    AUTORIDADE POLICIAL

    CARCERAGEM, CUSTAS,

    EMOLUMENTOS OU

    QUALQUER OUTRA

    DESPESA, DESDE QUE A

    COBRANA NO TENHA

    APOIO EM LEI, QUER

    QUANTO ESPCIE QUER

    QUANTO AO SEU VALOR.

    A cobrana de valores dos presos indevida, caracterizando esta prtica o abuso de autoridade.

    O ATO LESIVO DA HONRA OU

    DO PATRIMNIO DE PESSOA

    NATURAL OU JURDICA,

    QUANDO PRATICADO COM

    ABUSO OU DESVIO DE PODER

    OU SEM COMPETNCIA

    LEGAL.

    A aplicao arbitrria de multas, apreenso ilegal de veculo, despejo violento e humilhante e deteno ilcita de documentos pessoais so algumas das modalidades de realizao da figura tpica.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    46

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    PROLONGAR A EXECUO

    DE PRISO TEMPORRIA,

    DE PENA OU DE MEDIDA

    DE SEGURANA,

    DEIXANDO DE EXPEDIR EM

    TEMPO OPORTUNO OU DE

    CUMPRIR IMEDIATAMENTE

    ORDEM DE LIBERDADE.

    Essa alnea foi acrescentada em 1989 pela Lei 7.960, que dispe sobre a priso temporria.

    Determina a lei que a priso temporria s pode ser decretada durante o inqurito policial e ter durao mxima de cinco dias, passvel de uma prorrogao de igual perodo.

    A Lei que dispe sobre a priso temporria determina que, quando o prazo de cinco dias tiver terminado, cabe ao prprio delegado que preside o inqurito mandar expedir o alvar de soltura, caso no tenha sido decretada a priso preventiva.

    Atente que este item no trata s de priso temporria. O mesmo dispositivo vale tambm nos casos de priso e de medida de segurana.

    No caso de trmino de cumprimento de pena, caso o juiz da execuo no providencie a ordem e liberdade, vai incidir no crime de abuso. Da mesma forma incidir o diretor da penitenciria, caso no execute e solte o preso, imediatamente, aps recebimento da ordem de soltura.

    No caso de medida de segurana, a obrigao de soltar o preso ser do diretor do estabelecimento, que dever faz-lo assim que receber a ordem judicial.

    Observao: Lembre-se de que nos crimes hediondos a priso temporria de 30 dias, com possvel prorrogao de mais 30 dias (Lei 8.072/90).

    11.8.4 SANOES APLICADAS NO CRIME DE ABUSO DE AUTORIDADE

    At agora falamos dos muitos dos crimes, mas e as penalizaes? Vamos comear a conhec-las a partir de agora.

    As sanes aplicadas aos crimes de abuso de autoridade so determinadas em trs esferas diferentes e autnomas, a civil, a administrativa e a penal.

    Sendo assim, fica claro que um indivduo pode s sofrer uma sano administrativa e no sofrer uma penal ou mesmo ter aplicada apenas uma penalizao civil em determinado caso.

    Algum

    pode me

    soltar?

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    47

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Por esta razo, desde j importante deixar claro que no se trata a Lei que dispe sobre o Abuso de Autoridade de um diploma exclusivamente penal, mas predominantemente. Observe:

    Art.6 O abuso de autoridade sujeitar o seu autor sano administrativa civil e penal.

    11.8.4.1 SANOES ADMINISTRATIVAS

    As sanes administrativas esto dispostas no 1 do art. 6 e sero aplicadas de acordo com a gravidade do abuso cometido. Veja:

    1 A sano administrativa ser aplicada de acordo com a gravidade do abuso cometido e consistir em:

    a) advertncia;

    b) repreenso;

    c) suspenso do cargo, funo ou posto por prazo de cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e vantagens;

    d) destituio de funo;

    e) demisso;

    f) demisso, a bem do servio pblico.

    Podemos resumir:

    A) ADVERTNCIA A MAIS AMENA DAS SANES, MERAMENTE VERBAL.

    B) REPREENSO DIFERE DA ADVERTNCIA POR SER FORMALIZADA POR

    ESCRITO.

    C) SUSPENSO DO CARGO O AGENTE FICA PREJUDICADO EM RELAO AO

    VENCIMENTO E BENEFCIOS DURANTE O PERODO DE SUSPENSO.

    D) DESTITUIO DE FUNO (DE CONFIANA OU CARGO COMISSIONADO) O

    AGENTE, CASO EFETIVO, PERMANEE INTEGRANDO OS QUADROS DA

    ADMINISTRAO.

    E) DEMISSO SADA COMPULSRIA DOS QUADROS DA ADMINISTRAO

    PBLICA.

    F) DEMISSO A BEM DO SERVIO PBLICO USADA NOS CASOS MAIS GRAVES,

    COMO CORRUPO, PECULATO ETC.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    48

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    11.8.4.2 SANO CIVIL

    Apresentada no art. 6, 2, a sano civil no tem mais aplicabilidade nos termos da lei, pois este pargrafo determina que:

    Art. 6

    [...]

    2 A sano civil, caso no seja possvel fixar o valor do dano, consistir no pagamento de uma indenizao de quinhentos a dez mil cruzeiros.

    Esse pargrafo foi escrito h 44 anos e logicamente a moeda corrente no mais o cruzeiro.

    Como no sabemos quanto significa o citado valor na moeda atual e a doutrina e jurisprudncia entendem pelo no cabimento de correo monetria, no possvel o clculo do valor para a imposio desta sano.

    Ateno que isso no quer dizer que no h mais penalidades civis para o crime de abuso de autoridade. Hoje em dia, a vtima dever ser levada ao juzo cvel onde o dano sofrido ser analisado e, caso cabvel, mensurado monetariamente pelo Magistrado.

    11.8.4.3 SANO PENAL

    As possveis sanes penais esto dispostas no 3 do art. 6, tendo sua aplicao de acordo com as regras do Cdigo Penal.

    Consistiro em:

    A) MULTA DE CEM A CINCO MIL CRUZEIROS, QUE PASSA A USAR O SISTEMA DO

    CDIGO PENAL DE DIAS-MULTA. (ARTS. 49 E SEGUINTES)

    B) DETENO DE 10 DIAS A 06 MESES;

    C) PERDA DO CARGO E INABILITAO PARA O EXERCCIO DE QUALQUER OUTRA

    FUNO PBLICA POR PRAZO DE AT TRS ANOS.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    49

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    Atente para o fato de que no existe na Lei uma regra objetiva para as sanes penais, cabendo ao juiz analisar e escolher a pena que julgar justa ao crime.

    Cabe ressaltar que, segundo a Lei, as penalizaes podem ser aplicadas autnoma ou cumulativamente.

    Finalmente, o ltimo pargrafo do art. 6 traz uma pena especfica para autoridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria, que tenha praticado o crime de abuso.

    Caso se confirme o crime, o agente no poder exercer funes de natureza policial ou militar no municpio onde vinha prestando servio, por um prazo de 01 a 05 anos. Observe:

    5 Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poder ser cominada a pena autnoma ou acessria, de no poder o acusado exercer funes de natureza policial ou militar no municpio da culpa, por prazo de um a cinco anos.

    11.8.4.4 REPERCUSSO DA SENTENA PENAL

    A regra diz que cada instncia deve seguir o procedimento que lhe peculiar, porem correto afirmar que h interao entre as esferas Penal, Civil e Administrativa.

    Primeiramente, para a anlise dos efeitos, h de se notar que a sentena penal condenatria pode determinar a condenao criminal do servidor, ou, a sua absolvio, que pode se fundamentar em trs situaes distintas:

    A) NEGATIVA DE AUTORIA OU DO FATO,

    B) AUSNCIA DE CULPABILIDADE PENAL;

    C) AUSNCIA DE PROVAS.

    Assim, conforme ensina o professor Hely Lopes Meirelles, "Direito Administrativo Brasileiro", tem-se quatro hipteses a serem analisadas. So elas:

    A primeira, que trata da condenao penal, produz efeitos diretos em relao ao processo administrativo, fazendo coisa julgada relativamente

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    50

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    culpa do agente, sujeitando-o reparao do dano e s punies administrativas.

    Na segunda hiptese, qual seja de absolvio por negativa da autoria ou do fato, a sentena criminal tambm produz efeitos na esfera administrativa e civil, eis que impede a responsabilizao ao funcionrio.

    Quanto terceira hiptese - absolvio ou ausncia de culpabilidade penal - a absolvio criminal no produz efeito algum nos mbitos civis e administrativos, sendo que a Administrao poder ajuizar ao de regresso de indenizao e conden-lo infrao disciplinar administrativa, j que houve apenas a declarao de no existncia de ilcito penal, o que no afasta a punio civil e administrativa.

    Por fim, na quarta hiptese, a absolvio criminal tambm no produz qualquer efeito no juzo cvel e administrativo, j que a insuficincia de prova da ao penal no impede que se comprovem a culpa administrativa e a civil

    Tal entendimento est h tempos consolidado na smula 18 do STF nos seguintes termos:

    Pela falta residual, no compreendida na absolvio pelo juzo criminal, admissvel a punio administrativa do servidor pblico.

    11.8.5 USO DE ALGEMAS

    A possibilidade do uso de algemas sempre foi assunto controverso em nosso pas.

    Que podia ser utilizada em algumas situaes, ningum discordava, mas quando o uso seria tipificado como abuso de autoridade?

    Devido falta de um disciplinamento claro, situaes problemticas comearam a ocorrer, como em 07 de agosto de 2008, quando o uso de algemas durante um Jri Popular em So Paulo gerou a anulao da condenao de um indivduo. Anulao essa proferida pelo STF.

    A fim de acabar com estes problemas e disciplinar claramente o assunto, o Supremo Tribunal Federal, atravs da smula vinculante n11, proposta em sesso realizada em 13.08.08 no STF, imps o seguinte regramento quanto ao uso de algemas:

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    51

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    11.8.6 PROCEDIMENTOS NOS CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE

    Trataremos neste tpico do procedimento Administrativo, Civil e Penal quando do cometimento de uma afronta a dispositivo da lei n 4.898/65.

    11.8.6.1 PROCESSO ADMINISTRATIVO

    Recebida a representao, a autoridade competente ir baixar portaria determinando a instaurao de inqurito ou sindicncia para apurar o fato.

    Neste momento, ser nomeada comisso que determinar a citao do agente e aguardar a apresentao de defesa prvia.

    Art. 7 recebida a representao em que for solicitada a aplicao de sano administrativa, a autoridade civil ou militar competente determinar a instaurao de inqurito para apurar o fato.

    1 O inqurito administrativo obedecer s normas estabelecidas nas leis municipais, estaduais ou federais, civis ou militares, que estabeleam o respectivo processo.

    O procedimento administrativo, por ser independente, no dever ser interrompido a fim de aguardar deciso judicial penal.

    3 O processo administrativo no poder ser sobrestado para o fim de aguardar a deciso da ao penal ou civil.

    SS LLCCIITTOO NNOO CCAASSOO DDEE RREESSIISSTTNNCCIIAA EE DDEE FFUUNNDDAADDOO

    RREECCEEIIOO DDEE FFUUGGAA OOUU DDEE PPEERRIIGGOO IINNTTEEGGRRIIDDAADDEE FFSSIICCAA

    PPRRPPRRIIAA OOUU AALLHHEEIIAA,, PPOORR PPAARRTTEE DDOO PPRREESSOO OOUU DDEE

    TTEERRCCEEIIRROOSS,, JJUUSSTTIIFFIICCAADDAA AA EEXXCCEEPPCCIIOONNAALLIIDDAADDEE PPOORR

    EESSCCRRIITTOO,, SSOOBB PPEENNAA DDEE RREESSPPOONNSSAABBIILLIIDDAADDEE DDIISSCCIIPPLLIINNAARR

    CCIIVVIILL EE PPEENNAALL DDOO AAGGEENNTTEE OOUU DDAA AAUUTTOORRIIDDAADDEE,, EE DDEE

    NNUULLIIDDAADDEE DDAA PPRRIISSOO OOUU DDOO AATTOO PPRROOCCEESSSSUUAALL AA QQUUEE SSEE

    RREEFFEERREE,, SSEEMM PPRREEJJUUZZOO DDAA RREESSPPOONNSSAABBIILLIIDDAADDEE CCIIVVIILL DDOO

    EESSTTAADDOO..

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    52

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    A sano aplicada ser anotada na ficha funcional da autoridade infratora.

    Art. 8 A sano aplicada ser anotada na ficha funcional da autoridade civil ou militar.

    11.8.6.2 PROCESSO CIVIL

    Art. 11. ao civil sero aplicveis as normas do Cdigo de Processo Civil.

    11.8.6.3 PROCESSO PENAL

    Regra geral, aos delitos relacionados na lei de abuso de autoridade, aplicvel o procedimento sumarssimo, cabvel para os crimes de menor potencial ofensivo.

    Nos termos da lei n 9.099/95:

    Art. 61. Consideram-se infraes penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenes penais e os crimes a que a lei comine pena mxima no superior a 2 (dois) anos, cumulada ou no com multa.

    Ocorre, todavia, que em alguns casos o procedimento sumarssimo no pode ser aplicado por expressa determinao legal. Isto ocorre em situaes, tais como:

    1. Quando o acusado no for encontrado para ser citado, hiptese em que o Juiz enviar as peas existentes ao Juzo comum para adoo do procedimento previsto em lei.

    2. Se a complexidade da causa no permitir denncia, o MP poder requerer ao juiz o encaminhamento das peas existentes ao juzo comum.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Prof.: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

    53

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL