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Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO AULA 08 – CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO Olá, Pessoal! Hoje começaremos a tratar sobre os crimes contra o patrimônio, assunto este constantemente exigido nas provas da Polícia Federal. Para a correta compreensão, seguirei a mesma “linha de raciocínio” utilizada quando vimos os delitos contra a Administração Pública. Agora, ative o cérebro e vamos começar! Bons estudos!!! ***************************************************************** 8.1 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 8.1.1 FURTO O furto é a subtração de coisa alheia móvel com o fim de assenhoramento definitivo, ou seja, para se apoderar do objeto definitivamente. Com esta criminalização, visa o Código Penal proteger dois objetos jurídicos: a posse e a propriedade. O delito encontra sua previsão fundamental no art. 155 do Código Penal, nos seguintes termos: Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Ocorre, entretanto, que o furto possui outras figuras típicas além da supracitada. Desta forma, podemos resumir o assunto da seguinte forma: TIPOS PENAIS DO CRIME DE FURTO FURTO SIMPLES Art. 155, caput

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AULA 08 – CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

Olá, Pessoal!

Hoje começaremos a tratar sobre os crimes contra o patrimônio, assunto este constantemente exigido nas provas da Polícia Federal.

Para a correta compreensão, seguirei a mesma “linha de raciocínio” utilizada quando vimos os delitos contra a Administração Pública.

Agora, ative o cérebro e vamos começar!

Bons estudos!!!

*****************************************************************

8.1 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

8.1.1 FURTO

O furto é a subtração de coisa alheia móvel com o fim de assenhoramento definitivo, ou seja, para se apoderar do objeto definitivamente. Com esta criminalização, visa o Código Penal proteger dois objetos jurídicos: a posse e a propriedade. O delito encontra sua previsão fundamental no art. 155 do Código Penal, nos seguintes termos:

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Ocorre, entretanto, que o furto possui outras figuras típicas além da supracitada. Desta forma, podemos resumir o assunto da seguinte forma:

TIPOS PENAIS DO CRIME DE FURTO

FURTO SIMPLES Art. 155, caput

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FURTO PRIVILEGIADO (FURTO MÍNIMO)

Art. 155, § 2º

FURTO QUALIFICADO Art. 155, §§ 1º, 4º, 5º

8.1.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

• SUJEITOS DO DELITO:

1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa. Todavia, há uma exceção a esta regra, pois o furto não pode ser cometido pelo proprietário do bem.

“Mas, professor, o fato de o proprietário do bem não poder cometer o crime de furto é óbvio, não é?”

Bom, mais ou menos... Vamos exemplificar: Imagine que em um contrato de penhor o indivíduo, a fim de garantir uma dívida de R$30.000,00, dá ao credor um anel de ouro como forma de garantia. Próximo ao vencimento do contrato, sabendo que não poderia pagar o que devia, penetra na residência do credor e subtrai o anel. Neste caso, poderá o devedor responder pelo crime de furto?

A resposta é NEGATIVA, pois o art. 155 fala em “coisa alheia móvel” e, desta forma, o fato praticado pelo devedor não se enquadra na descrição típica do furto.

“Mas professor, quer dizer que ele não responderá por nenhum delito?”

Responderá sim, mas pelo crime definido no art. 346 do Código Penal que agora reproduzo a título de conhecimento:

Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção

2. SUJEITO PASSIVO: É a pessoa física ou jurídica titular da posse, incluindo a detenção, ou da propriedade.

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• OBJETO MATERIAL: O objeto do furto é a coisa alheia móvel. Dito isto, vamos analisar alguns casos já exigidos em provas:

1. PESSOA VIVA ��� Claramente, não pode ser objeto do furto, ou seja, ninguém responde pelo furto de uma pessoa viva, mas sim por seqüestro (art. 148), cárcere privado (art. 148) ou subtração de incapazes (art. 249).

2. CADÁVER ��� De maneira geral, também não pode ser objeto do furto, respondendo o agente pelo crime contra o respeito aos mortos. Todavia, quando o cadáver pertence a alguém, como no caso de ser utilizado por um centro de pesquisas médicas, pode ocorrer o furto.

3. A RES NULLIS (COISA DE NINGUÉM) E A RES DERELICTA (COISA ABANDONADA) ��� Não podem ser objeto do furto, pois não se trata de coisa ALHEIA móvel.

4. OBJETOS DE VALOR ÍNFIMO (APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA) ��� Regra geral, os objetos de valor muito pequeno, tal qual um alfinete ou um pequeno botão, não podem ser objeto do furto. Todavia, cabe ressaltar que objetos que têm valor sentimental, mesmo que sem valor econômico, podem ser objeto de furto.

Exemplo: Tício tem em seu armário um cadarço de um tênis que foi utilizado no dia em que ele correu sua primeira Maratona. O cadarço não tem nenhum valor em dinheiro, mas para Tício tem um grande valor sentimental. Neste caso, se for furtado, poderá o agente responder pelo crime.

Para complementar este ponto, observe abaixo os interessantes julgados do STJ que deixam claro que a aplicação do princípio da insignificância depende de outros requisitos que não só o valor econômico:

STJ, HC 60.949/PE, DJ 17.12.2007 O pequeno valor da res furtiva não se traduz, automaticamente, na aplicação do princípio da insignificância. Há que se conjugar a importância do objeto material para a vítima, levando-se em consideração a sua condição econômica, o valor sentimental do bem, como também as circunstâncias e o resultado do crime, tudo de modo a determinar, subjetivamente, se houve relevante lesão. Precedente desta Corte.

STJ, HC 148.496/DF, DJ 22.02.2010 Para a incidência do princípio da insignificância, são necessários a mínima ofensividade da conduta do agente, nenhuma periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada. Precedente do STF No caso do furto, não se pode confundir bem de pequeno valor com de valor insignificante. Este, necessariamente, exclui o crime em face da ausência de ofensa ao bem jurídico tutelado, aplicando-se-lhe o princípio da insignificância; aquele, eventualmente, pode caracterizar o privilégio previsto no § 2º do art. 155 do Código Penal.

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• ELEMENTOS:

1. OBJETIVO: É núcleo do tipo:

• Subtrair � O apossamento pode ser:

i. Direto � Quando o agente, pessoalmente, subtrai o objeto.

ii. Indireto � Quando o agente utiliza algum meio para efetuar a subtração. Exemplo: animais adestrados.

2. SUBJETIVO:

1. Dolo;

2. A expressão “para si ou para outrem” � Para a caracterização do furto não é suficiente que o agente queira utilizar o bem por poucos instantes. É preciso que aja com intenção de apoderamento definitivo (animus furandi).

OBSERVAÇÃO:

Para a caracterização do furto, a coisa deve ser MÓVEL. Ocorre, entretanto, que o Código Civil define que são imóveis:

1. AS APÓLICES DA DÍVIDA PÚBLICA ONERADAS COM CLÁUSULA DE INALIENABILIDADE (ART. 80, CC);

2. OS MATERIAIS PROVISORIAMENTE SEPARADOS DE UM PRÉDIO PARA NELE MESMO SE EMPREGAREM (ART. 81, II, CC);

3. OS NAVIOS E AS AERONAVES (ART. 1473, CC); Será, então, que se o indivíduo subtrai tijolos separados provisoriamente de um prédio, não poderá responder pelo furto? A resposta é: poderá SIM responder pelo furto, pois as regras do Código Civil acima descritas não são adotadas pelo ordenamento jurídico penal.

OBSERVAÇÃO: Para a caracterização do dolo, faz-se necessário que o agente tenha vontade de subtrair coisa móvel e, além disso, que saiba se tratar de coisa alheia. Caso suponha que o objeto seja próprio, trata-se de erro de tipo capaz de excluir o dolo e, portanto, a conduta delituosa.

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• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

1. O crime é consumado quando o objeto é retirado da posse e disponibilidade do sujeito passivo, ou seja, quando este não pode mais exercer as faculdades inerentes à posse ou propriedade do bem.

Sendo assim, pergunto: Imagine que em uma casa a empregada pega uma jóia e coloca em seu bolso com o fim de levá-la para sua casa e vendê-la. Neste caso, o furto estará consumado somente quando a empregada sair da casa em que reside a dona do bem?

A resposta é negativa, pois no momento em que a jóia é colocada no bolso, esta já é retirada da disponibilidade da dona e, portanto, consumado está o delito.

2. É crime material e instantâneo e é admissível a tentativa.

8.1.1.2 FURTO DE USO

A atual legislação brasileira desconhece o furto de uso que ocorre, segundo Hungria, “quando alguém arbitrariamente retira coisa alheia infungível, para dela servir-se momentaneamente ou passageiramente, repondo-a, a seguir, íntegra, na esfera de atividade patrimonial do dono”.

OBSERVAÇÃO: Imagine que Mévio está passeando quando Tício, sorrateiramente, coloca a mão em seu bolso a fim de furtar sua carteira. Situação 01 � Mévio havia esquecido a carteira no trabalho � Neste caso, temos hipótese de CRIME IMPOSSÍVEL. Situação 02 � Tício coloca a mão no bolso esquerdo, mas a carteira está no direito � Trata-se de TENTATIVA DE FURTO. Na primeira situação, como há inexistência do objeto, não há que se falar em furto devido à ausência da COISA MÓVEL. Diferentemente, no segundo caso, há o objeto material e o delito só não se consuma por uma circunstância ALHEIA à vontade do agente.

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A doutrina majoritária e a jurisprudência (STJ, HC 94.168/MG, DJ 22.04.2008) entendem que o furto de uso constitui figura atípica, sendo, portanto, um indiferente penal.

8.1.1.3 FURTO NOTURNO

Encontra previsão no parágrafo 1º do art. 155 do Código Penal, nos seguintes termos:

Art. 155 [...]

§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.

É importante ressaltar que a qualificadora em questão refere-se ao REPOUSO NOTURNO e não a TODOS os fatos ocorridos durante a noite. Sendo assim, a aplicação da qualificadora deve ser analisada caso a caso.

Exemplo: Imagine que um delito é cometido às 18h20min na Cidade de São Paulo. Neste caso, embora no período noturno, haverá aplicação do FURTO NOTURNO?

A resposta é negativa, pois não se considera que neste horário os moradores de São Paulo estão repousando (seria até bom, mas normalmente estamos no trânsito!!!).

Para finalizar, um importante questionamento: Como se exige o repouso noturno, a qualificadora só pode ser aplicada a estabelecimentos residenciais? A resposta é negativa, cabendo a qualificadora, inclusive, para locais desabitados. Observe interessantes julgados:

DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO

Infungibilidade é o princípio que define os bens móveis que não podem ser substituídos por outros da mesma espécie, quantidade e qualidade. Logo, todo bem móvel único é infungível, assim como todo bem imóvel.

São infungíveis as obras de arte, bens produzidos em série que foram personalizados, objetos raros dos quais restam um único exemplar etc.

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Para finalizar, cabe uma importante ressalva: A qualificadora do repouso noturno só encontra aplicação quando se trata de FURTO SIMPLES, não se estendendo ao furto qualificado.

8.1.1.4 FURTO PRIVILEGIADO OU MÍNIMO

Encontra previsão no parágrafo 2º do art. 155 do Código Penal, nos seguintes termos:

Art. 155.[...]

§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.

Do supracitado dispositivo legal, percebe-se a necessidade do cumprimento de dois requisitos para que seja possível a ocorrência da diminuição de pena, quais sejam:

STJ, REsp 704.828/RS, DJ 26.09.2005

Aplica-se a majorante prevista no art. 155, § 1º, do Código Penal, se o delito é praticado durante o repouso noturno, período de maior vulnerabilidade inclusive para estabelecimentos comerciais.

STJ, HC 143.699/MS, DJ 01.02.2010

A causa especial de aumento de pena constante do § 1º do art. 155 do Código Penal (repouso noturno) é perfeitamente aplicável nos casos em que o furto foi cometido de madrugada, horário em que há maior facilidade para o cometimento de delitos em virtude da vulnerabilidade do patrimônio da vítima ante a deficiência na vigilância.

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1. QUE O CRIMINOSO SEJA PRIMÁRIO, ou seja, que não seja reincidente;

2. QUE A COISA SEJA DE PEQUENO VALOR � A jurisprudência majoritária vem considerando o salário mínimo como teto para o “pequeno valor” do privilégio, embora tal regra não seja adotada de maneira absoluta.

Sobre o tema, observe interessantes e elucidativos julgados:

Para finalizar, um importante questionamento: É possível definir um valor preciso para a diferenciação entre o furto privilegiado e a aplicação do princípio da insignificância?

A resposta é negativa, ou seja, cada caso deve ser analisado de acordo com suas particularidades. Observe como o STF se posiciona sobre o tema:

STJ, HC 140.542/RS, DJ 14.12.2009

A atitude do paciente revela lesividade suficiente para justificar uma condenação, havendo que se reconhecer a ofensividade do seu comportamento, até porque furtou e tentou furtar (foram dois crimes, em continuidade delitiva) peças de vestuário, avaliadas, no total, em R$ 230,00 (duzentos e trinta reais), valor que beira a meio salário-mínimo e não pode ser considerado ínfimo. No caso do furto, não se pode confundir bem de pequeno valor com de valor insignificante. Este, necessariamente, exclui o crime em face da ausência de ofensa ao bem jurídico tutelado, aplicando-se-lhe o princípio da insignificância; aquele, eventualmente, pode caracterizar o privilégio previsto no § 2º do art. 155 do Código Penal.

STJ, REsp 207.181/DF, DJ 07.08.2000 Para a determinação do conceito de coisa de pequeno valor para fins de caracterização do furto privilegiado, o salário-mínimo pode ser adotado, em princípio, como parâmetro de referência, não podendo, todavia, ser adotado como critério de rigor aritmético, impondo-se ao juiz sopesar outras circunstâncias próprias do caso.

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8.1.1.5 FURTO DE ENERGIA

O legislador penal fez questão de deixar claro a possibilidade do crime de furto no tocante à energia elétrica, ou seja, podemos afirmar que para o Direito Penal equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Observe o texto legal:

Art. 155.

[...]

§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.

STF, HC 84.424/SP, DJ 07.10.2005

O princípio da insignificância, vetor interpretativo do tipo penal, é de ser aplicado tendo em conta a realidade brasileira, de modo a evitar que a proteção penal se restrinja aos bens patrimoniais mais valiosos, ordinariamente pertencentes a uma pequena camada da população.

A aplicação criteriosa do postulado da insignificância contribui, por um lado, para impedir que a atuação estatal vá além dos limites do razoável no atendimento do interesse público. De outro lado, evita que condutas atentatórias a bens juridicamente protegidos, possivelmente toleradas pelo Estado, afetem a viabilidade da vida em sociedade.

O parâmetro para aplicação do princípio da insignificância, de sorte a excluir a incriminação em caso de objeto material de baixo valor, não pode ser exclusivamente o patrimônio da vítima ou o valor do salário mínimo, pena de ensejar a ocorrência de situações absurdas e injustas.

No crime de furto, há que se distinguir entre infração de ínfimo e de pequeno valor, para efeito de aplicação da insignificância. Não se discute a incidência do princípio no tocante às infrações ínfimas, devendo-se, entretanto, aplicar-se a figura do furto privilegiado em relação às de pequeno valor.

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Nos termos da Exposição de Motivos do CP, “toda energia economicamente utilizável e suscetível de incidir no poder de disposição material e exclusiva de um indivíduo pode ser incluída, mesmo do ponto de vista técnico, entre as coisas móveis, a cuja regulamentação jurídica, portanto, deve ficar sujeita”.

8.1.1.6 FURTO QUALIFICADO

Nos termos dos parágrafos 4º e 5º do art. 155, considera-se o furto qualificado quando ocorre com:

1. Violência contra obstáculo à subtração ��� A violência deve ser empregada antes ou durante a retirada, mas nunca depois de consumado o furto. É necessário que a violência seja contra obstáculo, que foi predisposta ou aproveitada pelo homem para a finalidade especial de evitar a subtração.

Exemplo: rompimento do cadeado que prende uma lancha.

2. Abuso de confiança ��� Neste caso, o sujeito abusa da confiança nele depositada pelo ofendido a fim de cometer o delito. Assim, trata-se a qualificadora de elemento subjetivo do tipo, sendo necessário, então, que o agente tenha consciência de que está praticando o fato com abuso de confiança. Além disso, exige-se que a coisa esteja na esfera de disponibilidade do sujeito ativo em face dessa confiança.

Observação: A mera relação empregatícia não é suficiente para que o furto seja qualificado. É necessário que haja um real traço subjetivo capaz de gerar confiança e, por isso, passível de abuso.

Exemplo:

Para o reconhecimento da qualificadora do abuso de confiança no furto, não basta a simples relação de emprego existente, sendo necessária a presença de uma situação de especial confiança do empregador com relação ao empregado, podendo esta ser deduzida da própria função exercida e de outras circunstâncias do caso concreto. Na hipótese, o acusado era motorista da empresa lesada por quase dois anos, tendo livre acesso ao local onde os cheques ficavam guardados e foram subtraídos,o que evidencia a confiança nele depositada. Outrossim, o fato da gaveta ficar fechada não impede o reconhecimento da qualificadora, porque as chaves eram deixadas livremente na sala em que o acusado tinha acesso livre, tendo se aproveitado desta condição para pegá-las, abrir a gaveta e subtrair os cheques, o que ocorreu em vários dias distintos, sendo reconhecida a continuidade delitiva. (TJRJ. AC - 2007.050.03357. JULGADO EM 24/07/2007).

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3. Fraude ��� Qualifica o furto, pois se trata de um meio enganoso capaz de iludir a vigilância do ofendido e permitir maior liberdade na subtração do objeto material.

Exemplo: O agente se fantasia de fiscal da prefeitura a fim de adentrar na residência da vítima e subtrair bens.

4. Escalada ��� É o acesso a determinado lugar por meio anormal. Atenção, caro(a) aluno(a), que diferentemente do que muitos pensam, não se trata simplesmente do uso de escadas, mas, repetindo, de qualquer acesso por meio anormal.

Exemplo: Saltar o muro, entrar pelo telhado etc.

5. Destreza ��� Trata-se de habilidade desenvolvida pelo sujeito que age sem ser percebido pela vítima. É o tradicional “mão leve” ou mesmo os “batedores de carteira”.

Agora pergunto: Mévia está dirigindo o carro e deixa a bolsa no banco do carona. Tício, renomado ladrão, quebra o vidro com destreza e pega a bolsa. Neste caso, futuro aprovado, em qual delito você “enquadrará” o bandido?

(A) furto simples

(B) furto qualificado pela destreza

(C) roubo

(D) Todas estão incorretas

A resposta é a alternativa “D”, pois neste caso trata-se de furto qualificado pela violência. Perceba que não há violência contra a pessoa e, portanto, não há roubo. Trata-se de violência contra COISA (vidro do carro). Também não é caso de destreza, pois, obviamente, a ação de Tício foi prontamente percebida por Mévia.

Para finalizar, um questionamento: No caso em que o indivíduo tenta “bater” uma carteira e é percebido, responderá ele pela tentativa de furto simples ou pela tentativa de furto qualificado?

A resposta é: DEPENDE!!! Se o agente foi descoberto devido ao aviso de um terceiro, por exemplo, temos o caso da tentativa de furto qualificada. Diferentemente, se é a vítima quem percebe a atuação do agente, tem-se a tentativa de furto simples devido à inexistência de destreza do criminoso.

6. Chave falsa ��� É todo instrumento, com ou sem forma de chave, destinado a abrir fechaduras, tais como mixa, gazuas, grampos, pregos etc.

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Observação: Se a chave é encontrada na fechadura, não há furto qualificado, mas furto simples.

Exemplo:

7. Concurso de pessoas ��� Exige-se, no mínimo, a concorrência de duas ou mais pessoas na realização do furto, sendo irrelevante que uma delas seja inimputável.

8. Intenção de transportar veículo automotor para outro Estado ou para o exterior ��� Às qualificadoras que vimos até agora, o Código Penal comina uma penalização de dois a oito anos de reclusão e multa. Diferentemente, para esta última que agora estamos vendo, o legislador penal achou por bem definir uma pena de três a oito anos de reclusão, ou seja, ampliou-se, neste caso, o mínimo da pena.

Para a incidência da qualificadora, o veículo deve ser automotor, o que abrange automóveis, caminhões, lanças, aeronaves, motos etc. Além disso, exige-se a intenção de transportar o veículo para outro Estado ou para o exterior.

8.1.1.7 FURTO QUALIFICADO E PRIVILEGIADO

Muito se discute a respeito da possibilidade ou não da ocorrência do furto com incidência de circunstância privilegiadora e qualificadora.

Recentemente, o STF reafirmou o seu entendimento no sentido da possibilidade da existência de tal espécie de delito. Desta forma, para a sua PROVA, adote o mesmo sentido e não se preocupe com divergências.

Observe o entendimento do STF em recente julgado:

STJ, REsp: 915.187/RS, DJ 13.04.2009

O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que o conceito de chave falsa abrange também a "mixa". Na hipótese em exame, a qualificadora restou bem caracterizada, na medida em que o uso da "mixa" propiciou o acesso ao interior do veículo.

STF, HC 99.581/RS, DJ 02.02.2010

Furto qualificado e privilegiado. Compatibilidade. Precedentes. Ordem concedida. Não há vedação legal ao reconhecimento concomitante do furto qualificado (art. 155, § 4º) e privilegiado (art. 155, § 2º).

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PROFESSOR PEDRO IVO 8.1.1.8 FURTO DE COISA COMUM

No crime de furto tipificado pelo artigo 155 do Código Penal, o agente subtrai coisa alheia móvel de qualquer pessoa, apossando-se do objeto como se dele fosse o dono. Já aqui no furto de coisa comum, o agente furta seu próprio sócio, co-herdeiro ou condômino. Nestes termos é a redação do artigo 156 do Código Penal, vejamos:

Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.

Nesse contexto, vale observar que ao contrário do crime de furto previsto no artigo 155 do Código Penal, para que o agente incorra no crime de furto de coisa comum previsto no artigo 156, a coisa móvel subtraída deve ser comum e não alheia. Diz-se comum pela simples razão de a coisa pertencer a mais de uma pessoa, inclusive ao próprio agente.

Assim, é possível entender que a coisa subtraída deve ser, via de regra, infungível e indivisível, pelo menos no momento da ação, de modo que seja impossível o agente levar apenas a parte do objeto/coisa que lhe pertença. Caso seja possível esta divisão, assim dispõe o CP:

§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.

Na medida em que o artigo apenas protege determinadas categorias de pessoas (condômino, sócio ou co herdeiro), e levando-se em consideração que o sujeito passivo tem que ser, obrigatoriamente, uma delas, trata-se de crime próprio.

DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO

Condomínio � É a propriedade em comum exercida por dois ou mais indivíduos simultaneamente. Chama-se também co-propriedade, e os proprietários são consortes, condôminos ou co-proprietários.

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Passivamente podem figurar, além dos condôminos, sócios e co herdeiros, um terceiro que detenha legitimamente a coisa comum. Todavia, se a detenção de qualquer dos mencionados for ilegítima, a ação do agente será atípica.

Quanto ao elemento subjetivo do tipo, o delito será punível apenas se praticado dolosamente. Logo, nesse caso, inexiste a modalidade culposa.

O crime se consumará na ocasião em que o agente conseguir subtrair a coisa do local em que esteve sob a proteção e vigilância da vítima. Observa-se, ainda, que não é exigível que o agente detenha a posse mansa e pacífica do objeto para que o delito se aperfeiçoe.

Assim, como vimos no furto simples, ainda que não haja o deslocamento da coisa, o crime estará concluído quando o sujeito passivo não mais puder exercer qualquer ação sobre o objeto que anteriormente estava sob sua responsabilidade.

Admite-se a tentativa.

8.1.2 ROUBO

O roubo é a subtração de coisa alheia móvel mediante violência, grave ameaça ou qualquer meio capaz de anular a capacidade de resistência da vítima. Encontra previsão no Código Penal, nos seguintes termos:

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

Ainda segundo o Código Penal, incide também no crime de roubo quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

Da descrição típica do delito extraem-se duas figuras, o roubo próprio e o roubo impróprio.

No roubo próprio, a violência (violência, grave ameaça ou qualquer outro meio que reduz a vítima à impossibilidade de resistência) é empregada antes ou durante a subtração e tem como objetivo permitir que a subtração se realize.

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No roubo impróprio, a subtração é realizada sem violência e esta será empregada depois da subtração, pois tem como objetivo assegurar a impunidade pelo crime ou a detenção da coisa.

Podemos, em resumo, dizer que o roubo impróprio é um furto que deu errado, pois começa com a simples subtração, caracterizadora do furto, mas termina como roubo. Nota-se que a violência posterior não precisa necessariamente ser contra o proprietário da coisa subtraída, podendo inclusive ser contra o policial que faz a perseguição, devendo ser realizada com a finalidade de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa.

8.1.2.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

• SUJEITOS DO DELITO:

1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa.

2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o titular da posse ou da propriedade. Excepcionalmente, podemos ter dois sujeitos passivos, situação em que um sofre a violência, ou grave ameaça, e o outro é o titular do direito de propriedade.

• OBJETOS MATERIAIS: O roubo possui dois objetos materiais: a pessoa humana (sobre a qual recai a violência ou grave ameaça) e a coisa móvel (que é efetivamente subtraída).

• ELEMENTOS:

1. OBJETIVO: É núcleo do tipo:

• Subtrair (mediante violência ou grave ameaça);

2. SUBJETIVO:

RELEMBRANDO!!!

NO ROUBO, A VIOLÊNCIA É CONTRA PESSOA, ENQUANTO NO FURTO QUALIFICADO, A VIOLÊNCIA É CONTRA COISA.

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1. Dolo; e

2. A expressão “para si ou para outrem”.

Observação: O roubo impróprio exige outro elemento subjetivo do tipo, previsto na expressão “a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro”.

• QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA, CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

1. É crime material, pois apresenta em seu tipo uma conduta e um resultado.

É delito instantâneo, pois se consuma no instante em que o objeto sai da esfera de disponibilidade da vítima.

É complexo, pois é um crime integrado por diversas espécies: FURTO + LESÃO CORPORAL + AMEAÇA + CONSTRANGIMENTO ILEGAL.

É delito de forma livre, pois admite qualquer meio de execução.

É crime de dano, pois exige a lesão do bem.

Por fim, é plurissubsistente, pois não se consuma com um único ato, ou seja, deve haver a violência e a subtração.

2. A consumação ocorre, como vimos, de forma semelhante ao furto, ou seja, no momento em que o objeto material sai da esfera de disponibilidade da vítima. Cabe ressaltar que o roubo impróprio tem sua consumação quando o sujeito emprega a violência.

3. É admissível a tentativa no que diz respeito ao roubo próprio. Com relação ao impróprio, embora haja divergências, para a sua PROVA não se admite tentativa, pois ou o sujeito emprega a violência e consuma-se o roubo ou não emprega e responde pelo furto.

STJ, REsp 1.025.162/SP, DJ 10.11.2008

O crime previsto no art. 157, § 1º, do Código Penal consuma-se no momento em que, após o agente tornar-se possuidor da coisa, a violência é empregada, não se admitindo, pois, a tentativa (Precedentes do Pretório Excelso e desta Corte).

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8.1.2.2 ROUBO QUALIFICADO

Segundo o parágrafo 2º do art. 157, a pena do crime de roubo deve ser ampliada de um terço até a metade nas seguintes situações:

1. Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma ��� Quanto a este ponto, cabe uma importante ressalva: quando o Código Penal refere-se ao emprego de arma como circunstância qualificadora, não se refere ao porte de arma, mas sim ao uso efetivo da arma durante o roubo. Seria o caso, por exemplo, do criminoso que coloca uma arma na cabeça de sua vítima.

Cabe ressaltar que quanto a este ponto há uma grande divergência doutrinária e jurisprudencial em relação à incidência da qualificadora no caso de uso de arma de brinquedo. Para a sua PROVA, entenda pelo NÃO cabimento do aumento de pena.

2. Se há o concurso de duas ou mais pessoas ��� Para a incidência da qualificadora, exige-se, no mínimo, a concorrência de duas ou mais pessoas na realização do roubo, sendo irrelevante que uma delas seja inimputável.

3. Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância;

4. Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior ��� Para a

STJ, HC 127.679/SP, DJ 15.12.2009

Esta Corte, com o cancelamento da Súmula 174/STJ, passou a entender que a causa de aumento de pena prevista no art. 157, § 2o., I do CPB não incide nos roubos perpetrados com o uso de arma de brinquedo, orientação a ser seguida com a ressalva do ponto de vista do Relator.

STJ, 87.630/SP, DJ 14.12.2009

Com o cancelamento da Súmula n.º 174 do Superior Tribunal de Justiça, ficou assentado o entendimento, segundo o qual, a simples atemorização da vítima pelo emprego da arma (de brinquedo) não mais se mostra suficiente para configurar a majorante, dada a ausência de incremento no risco ao bem jurídico, servindo, apenas, a caracterizar a grave ameaça, já inerente ao crime de roubo.

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incidência da qualificadora, o veículo deve ser automotor, o que abrange automóveis, caminhões, lanças, aeronaves, motos etc. Além disso, exige-se a intenção de transportar o veículo para outro Estado ou para o exterior.

5. Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade ��� O inciso V do § 2º do art. 157 do CP exige, para a sua configuração, que a vítima seja mantida por tempo juridicamente relevante em poder do réu, sob pena de que sua aplicação seja uma constante em todos os roubos (STJ, REsp 933.584/SP, DJ 22.06.2009).

Exemplo:

8.1.2.3 LESÃO CORPORAL GRAVE E LATROCÍNIO – ROUBO QUALIFICADO PELO RESULTADO

O § 3º do art. 157 do Código Penal apresenta dois tipos de roubo qualificado: o primeiro qualifica-se pela lesão corporal grave, de modo que a pena em abstrato será de reclusão de sete a quinze anos, além de multa. O segundo qualifica-se pela morte e é chamado de latrocínio, de forma que a pena em abstrato será de reclusão de vinte a trinta anos e multa. As duas formas qualificadas se aplicam tanto ao roubo próprio quanto ao roubo impróprio.

Observe:

Art. 157.

[...]

§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.

STJ, RHC 13.529/BA, DJ 17.05.2004

RECURSO EM HABEAS CORPUS. ROUBO QUALIFICADO

Mantida a vítima, mediante grave ameaça, exercida com o emprego de arma de fogo, sob o poder dos agentes, por cerca de oito horas, na prática do roubo e em garantia da sua impunidade, impõe-se afirmar que a execução do delito protraiu-se por todo esse tempo, tocando o audacioso agir delituoso mais de um lugar.

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Vamos agora tratar de cada uma das qualificadoras:

• LESÕES CORPORAIS GRAVES

A expressão lesão corporal grave indica as lesões graves em sentido amplo, descritas no art. 129, §§ 1º e 2º do Código Penal. Veremos este tema em nossa próxima aula, bastando aqui que você saiba que se o roubo for cometido com lesão corporal grave, incide a qualificadora.

A título de conhecimento e já adiantando um pouco do nosso próximo tema, caracterizam-se como lesões corporais graves as que resultam em:

• Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;

• Perigo de vida;

• Debilidade permanente de membro, sentido ou função;

• Aceleração de parto;

• Incapacidade permanente para o trabalho;

• Enfermidade incurável;

• Perda ou inutilização do membro, sentido ou função;

• Deformidade permanente;

• Aborto.

“Mas, professor...E as lesões corporais leves?”

As lesões corporais de natureza leve são absorvidas pelo crime de roubo e, portanto, não qualificam o crime.

• LATROCÍNIO

O latrocínio exige dolo na conduta antecedente, qual seja, o roubo, e dolo ou culpa na conduta subsequente, qual seja, a morte. É considerado crime hediondo de acordo com o artigo 1º, inciso II, da Lei nº 8.072/90. Assim, se da violência empregada no crime de roubo resulta a morte da vítima, estará configurado o crime de latrocínio, punido com reclusão de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.

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Vejamos agora algumas importantes situações particulares:

1. Homicídio consumado e subtração patrimonial consumada � Responde o agente por latrocínio consumado.

2. Homicídio tentado e subtração patrimonial tentada ��� Responde o agente por tentativa de latrocínio.

3. Tentativa de homicídio e subtração patrimonial consumada ��� Responde o agente por tentativa de latrocínio. Veja:

4. Homicídio consumado e subtração patrimonial tentada ��� Responde o agente por latrocínio consumado.

8.1.3 EXTORSÃO

Extorsão é o ato de obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa por meio de ameaça ou violência, com a intenção de obter vantagem, recompensa ou lucro.

Exemplo: Um empresário, político ou funcionário público é descoberto em um esquema de corrupção por seus colegas, que passam a exigir dinheiro ou

STJ, REsp 601.871/RS, DJ 02.08.2004

Evidenciado o dolo de matar por parte do réu, não há como se afastar a ocorrência da tentativa de latrocínio. A subtração consumada, aliada ao homicídio tentado, caracteriza a tentativa de latrocínio. A magnitude da lesão corporal causada é de somenos importância para a configuração do crime de tentativa de latrocínio. Precedente do STF.

STF - SÚMULA 610

HÁ CRIME DE LATROCÍNIO, QUANDO O HOMICÍDIO SE CONSUMA, AINDA QUE NÃO SE REALIZE O AGENTE A SUBTRAÇÃO DE BENS DA VÍTIMA.

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ajuda de qualquer natureza para que não o denunciem. Esta é a prática mais comumente conhecida e que, na verdade, torna o chantagista cúmplice do mesmo crime.

A objetividade jurídica principal é a inviolabilidade do patrimônio. Trata-se de crime complexo que tem por objetos jurídicos a vida, a integridade física, a tranquilidade de espírito e a liberdade pessoal.

É crime tipificado no art. 158 do Código Penal Brasileiro:

Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.

A extorsão é um delito bem parecido com o roubo e a jurisprudência diferencia as duas espécies de crime da seguinte forma:

8.1.3.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

TJDF - APELAÇÃO CRIMINAL: ACR 20010110588270 DF – DJ 25.01.2006.

ROUBO. Extorsão. Diferença.

CONFORME PRECEDENTE DO COLENDO STJ, NO ROUBO E NA EXTORSÃO, O AGENTE EMPREGA VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA A FIM DE SUBMETER A VONTADE DA VÍTIMA.

NO ROUBO, O MAL É 'IMINENTE' E O PROVEITO 'CONTEMPORÂNEO'.

NA EXTORSÃO, O MAL PROMETIDO É 'FUTURO' E 'FUTURA' A VANTAGEM QUE SE VISA.

NO ROUBO, O AGENTE TOMA A COISA OU OBRIGA A VÍTIMA (SEM OPÇÃO) A ENTREGÁ-LA.

NA EXTORSÃO, A VÍTIMA PODE OPTAR ENTRE ACATAR A ORDEM OU OFERECER RESISTÊNCIA... (RESP. N. 90.097-PR, RELATOR MINISTRO LUIZ VICENTE CERNICCHIARO). LIÇÃO QUE SE ADOTA PARA RETIFICAR O TIPO LEGAL CONDENATÓRIO.

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• SUJEITOS DO DELITO:

1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa.

2. SUJEITO PASSIVO: Assim como no roubo, é possível a existência de dois sujeitos passivos, situação em que um recebe a violência e outro faz, deixa de fazer ou tolera que se faça ou deixe de fazer alguma coisa.

• ELEMENTOS:

1. OBJETIVO: É núcleo do tipo:

• Constranger (mediante violência ou grave ameaça).

2. SUBJETIVO:

1. Dolo; e

2. A expressão “com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica”.

3. NORMATIVO:

• O tipo exige um elemento normativo contido na expressão “vantagem indevida”. Assim, caso devida a vantagem, o fato é atípico diante da inexistência do elemento normativo, passando a constituir exercício arbitrário das próprias razões (CP, art. 345).

• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

1. Trata-se de crime formal. O crime é consumado com a ação ou omissão da vítima, no momento em que ela faz, deixa de fazer ou tolera que se faça alguma coisa.

NA EXTORSÃO, A VANTAGEM DEVE SER ECONÔMICA (BENS MÓVEIS E IMÓVEIS). CASO SEJA MORAL, DESCLASSIFICA-SE O DELITO PARA CONSTRANGIMENTO ILEGAL (CP, ART. 146).

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2. É admissível a tentativa.

• TIPO QUALIFICADO: Responde o agente pelo crime de extorsão

qualificada quando o crime:

1. É cometido por duas ou mais pessoas;

2. É cometido com emprego de arma;

Art. 158. § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.

3. É cometida com violência;

Art. 158. § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior (§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa)

4. É cometido mediante restrição da liberdade e ocasiona lesão corporal grave e a morte da vítima;

Art. 158. § 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente.

Observação: Já tratamos destas qualificadoras quando vimos o crime de roubo e, para elas, cabem os mesmos comentários.

STJ - SÚMULA 96

O CRIME DE EXTORSÃO CONSUMA-SE INDEPENDENTEMENTE DA OBTENÇÃO DA VANTAGEM INDEVIDA.

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8.1.3.2 EXTORSÃO INDIRETA

O legislador penal fez constar no art. 160 do Código Penal a seguinte previsão de crime:

Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Conforme a Exposição de Motivos do Código Penal, a criminalização de tal conduta visa “a coibir os torpes e opressivos expedientes a que recorrem, por vezes, os agentes da usura, para garantir-se contra o risco do dinheiro mutuado. São bem conhecidos esses recursos, como, por exemplo, o de induzir o necessitado cliente a assinar um contrato simulado de depósito ou a forjar no título de dívida a assinatura de um parente abastado, de modo que, não resgatada a dívida no vencimento, ficará o mutuário sob a pressão da ameaça de um processo por apropriação indébita ou falsidade”.

Do exposto, fica claro que é necessário para a ocorrência do delito algum documento que possa dar ensejo ao início de um processo penal (Exemplo: cheque sem fundos, documento falso etc.). Além disso, exige-se que o sujeito ativo abuse da situação financeira da vítima.

Quanto à conduta de exigir, trata-se de crime formal e atinge a consumação com a simples exigência, independentemente de qualquer resultado. Há possibilidade de tentativa como no caso em que uma carta contendo a exigência é interceptada por autoridade policial.

No que diz respeito ao ato de receber, trata-se de crime material que somente se consuma com a entrega do documento ao sujeito do delito. É possível a ocorrência do crime na forma tentada.

8.1.4 EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO

Encontra previsão no art. 159 do Código Penal, nos seguintes termos:

Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:

Pena - reclusão, de oito a quinze anos.

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Como se observa, consiste na conduta de privar alguém de liberdade e exigir determinada vantagem a fim de liberá-la.

8.1.4.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

• SUJEITOS DO DELITO:

1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa.

2. SUJEITO PASSIVO: Assim como na extorsão simples, é possível a existência de dois sujeitos passivos, situação em que um é seqüestrado, enquanto a intenção de se obter a vantagem atinge outro. É a forma normal deste delito no qual, por exemplo, o filho é seqüestrado e a vantagem é exigida dos pais.

• ELEMENTOS:

1. OBJETIVO: É núcleo do tipo:

• Sequestrar;

2. SUBJETIVO:

1. Dolo; e

2. A expressão “com o fim de obter para si ou para outrem”.

Observação: Caso ausente este último elemento subjetivo, responderá o agente pelo delito previsto no art. 148 do Código Penal:

Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado:

Pena - reclusão, de um a três anos.

NA EXTORSÃO, A VANTAGEM DEVE SER ECONÔMICA. DIFERENTEMENTE, NA EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO, A LEI

TRATA DE QUALQUER VANTAGEM.

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• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

1. Trata-se de crime hediondo, permanente, complexo e formal. O crime é consumado com a privação de liberdade da vítima por tempo juridicamente relevante.

2. É admissível a tentativa.

• TIPO QUALIFICADO: Segundo o parágrafo 1º do art. 159 do Código

Penal, responde o agente pelo crime qualificado se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.

• TIPO QUALIFICADO PELO RESULTADO: Nos termos dos parágrafos 2º e 3º do art. 159 do Código Penal, caso o fato resulte em lesão corporal de natureza grave, a pena é de reclusão de 16 a 24 anos. Caso resulte em morte, a reclusão é de 24 a 30 anos.

Para a sua PROVA, o importante é o conhecimento de que a lesão corporal grave e a morte agravam a pena prevista para o crime de extorsão mediante sequestro, não sendo necessário o conhecimento exato dos prazos de penalização.

• CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA – DELAÇÃO PREMIADA: Conforme o parágrafo 4º do art. 159, se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.

STJ, HC 87.764/SC, DJ 25.05.2009

Extorsão mediante seqüestro: a consumação desse delito prescinde da efetiva obtenção da vantagem, pelo que, com a privação de liberdade, já está consumado o delito. O curto tempo de privação da liberdade não retira a atipicidade da conduta.

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8.1.5 RECEPTAÇÃO

O crime de receptação encontra-se definido no art. 180 do Código Penal, nos seguintes termos:

Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Do art. 180 é possível retirarmos duas formas de receptação. São elas:

1. Receptação dolosa própria � Consiste em receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime.

2. Receptação dolosa imprópria � Consiste em influir para que terceiro de boa-fé a adquira, receba ou oculte coisa proveniente de crime.

Ocorre, entretanto, que a receptação possui outras figuras típicas além da supracitada. Desta forma, podemos resumir o assunto da seguinte forma:

TIPOS PENAIS DO CRIME DE RECEPTAÇÃO

RECEPTAÇÃO SIMPLES Art. 180, caput

RECEPTAÇÃO PRIVILEGIADA Art. 180, § 5º, 2ª parte

RECEPTAÇÃO QUALIFICADA Art. 180, § 6º

RECEPTAÇÃO NO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE COMERCIAL

Art. 180, § 1º

RECEPTAÇÃO CULPOSA Art. 180, § 3º

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8.1.5.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

• SUJEITOS DO DELITO:

1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa, SALVO o autor, co-autor ou partícipe do delito antecedente.

Observação: Perceba que o tipo penal da receptação utiliza a palavra “coisa” e não a expressão “coisa alheia”. Assim, nada impede que o proprietário do bem seja sujeito ativo do crime de receptação.

Exemplo: Tício fornece uma obra de arte como forma de garantia de um contrato. Dias depois a obra é roubada e o bandido oferece a pintura à Tício que, por ser um profundo conhecedor de artes, prontamente identifica o quadro. Tício, a fim de frustrar a garantia, prontamente compra o quadro por um valor bem abaixo do preço.

2. SUJEITO PASSIVO: É a vítima do crime antecedente.

• OBJETO MATERIAL: Somente os bens móveis podem ser objeto de receptação e aqui surge um importante questionamento: Para a ocorrência da receptação, obrigatoriamente o crime anterior que obteve o bem deve ser contra o patrimônio?

A resposta é negativa, pois podemos ter a ocorrência da receptação recaindo sobre um bem advindo do crime de peculato que, como você sabe, é um crime contra a Administração Pública.

Observação: É cabível a receptação da receptação, situação em que um indivíduo adquire um bem proveniente de crime e o revende para outro indivíduo.

• ELEMENTOS:

1. OBJETIVO: São núcleos do tipo:

• Na receptação dolosa própria � Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar (em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime)

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• Na receptação dolosa imprópria � Influir (para que terceiro de boa-fé a adquira, receba ou oculte coisa proveniente de crime).

2. SUBJETIVO:

1. Dolo; e

2. A expressão “para si ou para outrem”.

Observação: Sem o fim especial de obter vantagem para si ou para outrem, ocorre a desclassificação do delito para o crime de favorecimento real (art. 349).

• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

1. Receptação dolosa própria � Trata-se de crime material. Desta forma, consuma-se com o ato de aquisição, recebimento, transporte, condução ou ocultação. É admissível a tentativa.

2. Receptação dolosa imprópria � Trata-se de crime formal que atinge a consumação com a conduta de influir, não importando se o terceiro efetivamente adquiriu, recebeu ou ocultou o objeto material. Não é admissível a tentativa, uma vez que se trata de delito unissubsistente.

Por fim, cabe ressaltar o parágrafo 4º do art. 180, que dispõe que a receptação é punível ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.

8.1.5.2 RECEPTAÇÃO NO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE COMERCIAL

O delito encontra previsão no art. 180 do Código Penal, nos seguintes termos:

Art. 180 [...]

§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime:

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Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.

Trata-se de crime próprio, pois só pode ser cometido por comerciante ou industrial. Cabe ressaltar, entretanto, o parágrafo 2º do art. 180, que dispõe:

§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência.

8.1.5.3 RECEPTAÇÃO CULPOSA

Caro(a) aluno(a), imagine que Tício apresenta para você um relógio rolex (original), todo em ouro, pelo preço de R$ 200,00. Você desconfiaria da procedência do produto?

Claro que a resposta só pode ser positiva e para estas situações absurdas responderá o indivíduo que comprar o objeto pelo crime de receptação culposa. Observe a previsão legal:

Art. 180

[...]

§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso:

Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas

Perceba que o Código Penal só apresenta como núcleo do tipo os verbos adquirir e receber. Isso ocorre, pois o fato de ocultar algo caracteriza dolo e não culpa. Observe também que o fato de influir para que terceiro realize a conduta culposa não foi tratada por ser considerada irrelevante pelo legislador penal.

Finalizando este tópico, cabe ressaltar que na 1º parte do parágrafo 5º do art. 180 há uma hipótese de perdão judicial quando ocorre a receptação culposa:

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§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.

8.1.5.4 RECEPTAÇÃO QUALIFICADA

O parágrafo 6º do art. 180 determina que, em se tratando de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput do art. 180 aplica-se em dobro.

8.1.5.4 RECEPTAÇÃO PRIVILEGIADA

A segunda parte do parágrafo 5º do art. 180 estende à receptação dolosa o privilégio do furto. Tal diminuição de pena não é cabível nos casos de receptação qualificada.

8.1.6 APROPRIAÇÃO INDÉBITA

Mais uma vez, visando proteger o patrimônio, o legislador penal definiu como crime a conduta de:

Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

A apropriação indébita pode ser classificada em:

1. Apropriação indébita propriamente dita � Significa receber a posse ou detenção lícita da coisa e dispor dela como se fosse sua (vendendo, doando etc.).

2. Negativa de restituição � Quando o sujeito deixa claro ao ofendido que não restituirá o objeto material.

Observação: Existem casos definidos no Código Civil em que a negativa de restituição não constitui delito. É o caso, por exemplo,

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do hotel que retêm a bagagem do hóspede que não apresenta condições de efetuar o pagamento.

O pressuposto da apropriação indébita é que inicialmente o agente recebe a posse ou detenção lícita da coisa, mesmo sem ter ainda o propósito de cometer um delito. Posteriormente, quando ele teria que devolver a coisa, se nega a fazê-lo ou passa a agir em relação a ela como se dono fosse (vendendo, doando etc.).

Seria o caso, por exemplo, do indivíduo que aluga dez filmes em uma locadora e dias depois, a fim de melhorar sua condição financeira, resolve vendê-las na rua 25 de março.

Podemos dizer que se caracteriza este delito, fundamentalmente, pelo abuso de confiança.

“Mas professor... Agora surgiu uma dúvida... Qual a diferença do abuso de confiança que constitui elementar da apropriação indébita para o abuso que qualifica o furto?”

Boa pergunta! Segundo leciona Damásio, na apropriação indébita, o agente tem posse desvigiada do objeto material; no furto qualificado pelo abuso de confiança, o sujeito não tem posse do objeto material que continua na esfera de proteção, vigilância e posse do seu dono. Suponha-se que o sujeito, numa biblioteca pública, apanhe o livro que lhe foi confiado pela bibliotecária e o esconda sob o paletó, subtraindo-o. Neste caso, responde o agente pelo crime de furto qualificado pelo abuso de confiança. Suponha-se, agora, que o sujeito, da mesma biblioteca pública, tome emprestado o livro e, levando-o para casa, venda-o a terceiro. Neste caso, responde por apropriação indébita.

8.1.6.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

• SUJEITOS DO DELITO:

1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa que tenha a posse ou detenção.

Observação: No caso de funcionário público, há delito de peculato.

2. SUJEITO PASSIVO: É o indivíduo que, não cumprida a relação obrigacional, sofre prejuízo.

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• ELEMENTOS:

1. OBJETIVO: É núcleo do tipo:

• Apropriar-se (que significa fazer sua a coisa alheia).

2. SUBJETIVO:

1. Dolo;

Observação: Se o sujeito já recebe a coisa a título de posse ou detenção, com a finalidade de apropriar-se dela, responde por estelionato, e não por apropriação indébita.

3. NORMATIVO:

• Encontra-se na expressão “alheia”, referindo-se à coisa. Tratando-se de coisa própria, a conduta é atípica. Todavia, o fato PODE ser cometido pelo sócio, co-herdeiro ou co-proprietário.

• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

1. Apropriação indébita propriamente dita � Consuma-se o delito com o ato de dispor a coisa como se fosse sua. É cabível a tentativa como, por exemplo, no caso em que o sujeito é surpreendido no momento em que vai vender a coisa.

2. Negativa de restituição ��� Consuma-se quando o sujeito se nega a devolver o objeto material. Neste caso, a tentativa não é admissível.

8.1.6.2 APROPRIAÇÃO INDÉBITA QUALIFICADA

Nos termos do parágrafo único do art. 168 do Código Penal, a pena é aumentada de um terço quando o agente recebe a coisa:

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1. Em depósito necessário ��� O depósito necessário encontra-se disposto nos arts. 647, 648 e 649 do Código Civil (a título de conhecimento, reproduzo abaixo).

2. Na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;

3. Em razão de ofício, emprego ou profissão.

8.1.6.3 APROPRIAÇÃO INDÉBITA PRIVILEGIADA

O art. 170 do CP estende à apropriação indébita o privilégio do furto. Significa que se o criminoso é primário e é de pequeno valor a coisa apropriada, deve o juiz substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços ou aplicar somente a pena de multa.

8.1.6.4 OUTRAS FIGURAS DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA

APROPRIAÇÃO INDÉBITA

APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA – Pela importância, trataremos em um tópico separado.

APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO, CASO FORTUITO OU FORÇA DA NATUREZA - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza.

Art. 647. É depósito necessário: I - o que se faz em desempenho de obrigação legal; II - o que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a inundação, o naufrágio ou o saque. Art. 648. O depósito a que se refere o inciso I do artigo antecedente, reger-se-á pela disposição da respectiva lei, e, no silêncio ou deficiência dela, pelas concernentes ao depósito voluntário. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se aos depósitos previstos no inciso II do artigo antecedente, podendo estes certificarem-se por qualquer meio de prova. Art. 649. Aos depósitos previstos no artigo antecedente é equiparado o das bagagens dos viajantes ou hóspedes nas hospedarias onde estiverem. Parágrafo único. Os hospedeiros responderão como depositários, assim como pelos furtos e roubos que perpetrarem as pessoas empregadas ou admitidas nos seus estabelecimentos.

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APROPRIAÇÃO DE TESOURO - Achar tesouro em prédio alheio e se apropriar, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio.

APROPRIAÇÃO DE COISA ACHADA - Achar coisa alheia perdida e dela se apropriar, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente dentro no prazo de 15 (quinze) dias.

8.1.7 APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA

O legislador, também através da lei nº 9.983/00, inseriu o seguinte dispositivo no Código Penal:

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

A CONDUTA DEFINIDA NO “CAPUT” CONFIGURA O CHAMADO CRIME DE CONDUTA

MISTA.

MAS, PROFESSOR... O QUE É ISSO?

É O DELITO QUE REÚNE UMA AÇÃO E UMA OMISSÃO NO MESMO TIPO. PERCEBA

QUE, PARA A OCORRÊNCIA DO CRIME, PRIMEIRO O AGENTE RECOLHE (AÇÃO) E

DEPOIS DEIXA DE REPASSAR (OMISSÃO).

ENTRETANTO, APESAR DE SER CLASSIFICADO COMO DE CONDUTA MISTA, O STJ E O

STF CLASSIFICAM O DELITO COMO OMISSIVO PRÓPRIO E ESTE DEVE SER O

ENTENDIMENTO QUE VOCÊ DEVE LEVAR PARA SUA PROVA!!!

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§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000).

PARA COMPREENDERMOS BEM O INCISO I, É NECESSÁRIO COMPARÁ-LO COM A

ANTIGA REDAÇÃO PREVISTA NO ART. 95 DA LEI Nº 8.212/91. VEJA:

“DEIXAR DE RECOLHER, NA ÉPOCA PRÓPRIA, CONTRIBUIÇÃO OU OUTRA IMPORTÂNCIA DEVIDA À SEGURIDADE SOCIAL E ARRECADADA DOS SEGURADOS OU DO PÚBLICO;”

OBSERVE QUE O NOVO TIPO PENAL PASSOU A ABRANGER TAMBÉM OS

RECOLHEDORES DE CONTRIBUIÇÕES DE TERCEIROS E SUBSTITUIU A EXPRESSÃO

SEGURIDADE SOCIAL (PREVIDÊNCIA + ASSISTÊNCIA SOCIAL + SAÚDE) PARA INCLUIR,

DE FORMA RESTRITIVA, SOMENTE A EXPRESSÃO PREVIDÊNCIA SOCIAL.

TRATA-SE DE CRIME PRÓPRIO, ENDEREÇADO ÀQUELES QUE REALIZAM DESPESAS

CONTÁBEIS OU CUSTOS RELATIVOS À VENDA DE PRODUTOS OU À PRESTAÇÃO DE

SERVIÇOS.

NORMALMENTE NÃO É EXIGIDO EM PROVA!!!

A MAIORIA DOS BENEFÍCIOS É PAGA DIRETAMENTE AO SEGURADO PELO INSS.

OCORRE QUE, EM ALGUNS CASOS, A EMPRESA PAGA UM BENEFÍCIO E DEPOIS É

REEMBOLSADA. VISA-SE COM ESTE DISPOSITIVO QUE A EMPRESA NÃO AGUARDE O

REEMBOLSO PARA SÓ POSTERIORMENTE PAGAR O BENEFÍCIO.

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8.1.7.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

• SUJEITOS DO DELITO:

1. SUJEITO ATIVO: É a pessoa que tem o dever de repassar valores à Previdência. Trata-se de crime próprio.

2. SUJEITO PASSIVO: Primariamente, é a previdência social e, de forma secundária, os próprios segurados lesados pelo não repasse.

• ELEMENTOS:

1. OBJETIVO: É elementar do tipo da conduta principal:

• Deixar de repassar (as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional)

2. SUBJETIVO:

1. Dolo.

• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

1. É crime material. Consuma-se o delito na data do término do prazo convencional ou legal do repasse ou recolhimento das contribuições devidas ou do pagamento do benefício devido.

2. Não é admissível a tentativa.

• EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

O legislador achou por bem dar uma “chance” ao agente, ou seja, caso aja conforme o parágrafo 2º do art. 168-A, não será punido. Veja:

Art. 168-A [...]

§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.

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Do exposto acima, podemos concluir que, para que ocorra a extinção de punibilidade, deve o agente cumprir simultaneamente os seguintes requisitos:

1. PESSOALIDADE � A retratação deve ser feita pelo PRÓPRIO agente.

2. ESPONTANEIDADE � Devem ser espontâneas as condutas de declarar e confessar.

3. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES DEVIDAS À PREVIDÊNCIA SOCIAL.

4. ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL.

5. PAGAMENTO

• PERDÃO JUDICIAL

O art. 168-A traz em seu parágrafo 3º uma hipótese de perdão judicial. Veja o disposto:

§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:

I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou

II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.

Para os dois casos, além das condições subjetivas (ser primário e bons antecedentes), é necessário que o valor das contribuições devidas seja igual ou inferior ao teto fixado pela Previdência Social e que o pagamento seja feito antes de oferecida a denúncia.

Vejamos:

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Para finalizar a apropriação indébita previdenciária, observe este interessante julgado do STJ que resume grande parte do que vimos:

STJ, REsp 888.947/PB, DJ 23.04.2007

1. O dolo do crime de apropriação indébita previdenciária é a consciência e a vontade de não repassar à Previdência, dentro do prazo e na forma da lei, as contribuições recolhidas, não se exigindo a demonstração de especial fim de agir ou o dolo específico de fraudar a Previdência Social como elemento essencial do tipo penal.

2. Ao contrário do que ocorre na apropriação indébita comum, não se exige o elemento volitivo consistente no animus rem sibi habendi (dolo específico) para a configuração do tipo inscrito no art. 168-A do Código Penal.

3. Sendo assim, o registro nos livros contábeis e a declaração ao Poder Público dos descontos não recolhidos, conquanto sejam utilizados para comprovar a inexistência da intenção de se apropriar dos valores arrecadados, não têm reflexo na apreciação do elemento subjetivo do referido delito.

4. Trata-se de crime omissivo próprio, em que o tipo objetivo é realizado pela simples conduta de deixar de recolher as contribuições previdenciárias aos cofres públicos no prazo legal, após a retenção do desconto.

5. A alegada impossibilidade de repasse de tais contribuições em decorrência de crise financeira da empresa constitui, em tese, causa supralegal de exclusão da culpabilidade -inexigibilidade de conduta diversa -, e, para que reste configurada, é necessário que o julgador verifique a sua plausibilidade, de acordo com os fatos concretos revelados nos autos, não bastando para tal a referência a meros indícios de insolvência da sociedade.

6. O ônus da prova, nessa hipótese, compete à defesa, e não à acusação, por força do art. 156 do CPP.

VALOR DAS CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS, INCLUSIVE ACESSÓRIOS, IGUAL OU

INFERIOR ÀQUELE ESTABELECIDO PELA PREVIDÊNCIA SOCIAL.

AÇÃO

FISCAL

OFERECIMENTO

DA DENÚNCIA

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8.1.8 ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES

Futuro(a) aprovado(a), neste tópico trataremos do estelionato e das outras fraudes definidas no famoso art. 171 do Código Penal.

Com relação ao estelionato, cabe um estudo aprofundado tal qual fizemos com relação aos delitos até agora apresentados. Todavia, no que diz respeito “às outras fraudes”, cabe apenas uma noção geral, pois o aprofundamento quanto a este ponto é desnecessário. Dito isto, vamos começar!!!

O art. 171 do Código Penal define o estelionato nos seguintes termos:

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.

Como você pode perceber a partir da análise do supra dispositivo, a característica fundamental do estelionato é a fraude. Mas qual a diferença entre a fraude do estelionato e a fraude que qualifica o furto?

No furto, a fraude ilude a vigilância do ofendido. Desta forma, não tem o sujeito passivo a percepção de que o objeto está ingressando na esfera de disponibilidade do criminoso.

Diferentemente, no estelionato, a fraude objetiva que a vítima incida em erro e, a partir deste erro, desfaça-se conscientemente de seus bens, ingressando estes na esfera de disponibilidade do autor.

Exemplo: Tício comparece na casa de Mévio e pergunta se ele está interessado em fazer um empréstimo com taxas muito vantajosas. Mévio mostra-se animado, diz que quer R$1.000,00 a título de empréstimo para pagar em 36 meses.

Tício entrega para Mévio um formulário e solicita vários documentos.

Dias depois Tício liga para Mévio e diz que o dinheiro já está na conta, mas que ocorreu um engano e foram depositados dez mil ao invés do valor solicitado. Desta forma, solicita encarecidamente que Mévio transfira R$ 9.000,00 para a conta XYZ.

Mévio verifica o depósito de R$10.000,00 e efetua a transferência solicitada.

Tempo depois, Mévio descobre que Tício solicitou ao banco, em seu nome, um empréstimo de R$ 10.000,00 e não de R$1.000,00. Desta forma, não havia

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dinheiro depositado a mais e a conta informada por Tício não era a do banco, mas a dele mesmo a fim de “embolsar” o dinheiro.

No caso em tela, Tício claramente induz Mévio ao erro e este, conscientemente, transfere o valor para a conta de Tício. Assim, opera-se o ESTELIONATO.

8.1.8.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

• SUJEITOS DO DELITO:

1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa que induz ou mantém a vítima em erro, mediante artifício ardil ou qualquer outro meio fraudulento.

2. SUJEITO PASSIVO: É a pessoa enganada.

• ELEMENTOS:

1. OBJETIVO: É núcleo do tipo:

• Obter (para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio).

2. SUBJETIVO:

1. Dolo; e

2. A expressão “para si ou para outrem” referindo-se à vantagem indevida.

• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

1. Trata-se de crime material que obtém sua consumação com a obtenção da vantagem ilícita, em prejuízo alheio.

2. A tentativa é admissível.

• TIPO QUALIFICADO: A pena aumenta-se de um terço se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.

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• TIPO PRIVILEGIADO: O art. 171, parágrafo 1º do CP estende ao estelionato o privilégio do furto. Observe:

Art. 171

[...]

§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.

8.1.8.2 OUTRAS FRAUDES:

ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES

DISPOSIÇÃO DE COISA ALHEIA COMO PRÓPRIA - vender, permutar, dar em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria.

ALIENAÇÃO OU ONERAÇÃO FRAUDULENTA DE COISA PRÓPRIA - vender, permutar, dar em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias.

DEFRAUDAÇÃO DE PENHOR - defraudar, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado.

FRAUDE NA ENTREGA DE COISA - defraudar substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém.

FRAUDE PARA RECEBIMENTO DE INDENIZAÇÃO OU VALOR DE SEGURO - destruir, total ou parcialmente, ou ocultar coisa própria, ou lesar o próprio corpo ou a saúde, ou agravar as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;

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FRAUDE NO PAGAMENTO POR MEIO DE CHEQUE - emitir cheque sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustrar o pagamento.

DUPLICATA SIMULADA - emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.

ABUSO DE INCAPAZES - abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico em prejuízo próprio ou de terceiro.

INDUZIMENTO À ESPECULAÇÃO - abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa.

FRAUDE NO COMÉRCIO - Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou consumidor:

I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada;

II - entregando uma mercadoria por outra:

OUTRAS FRAUDES - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento.

FRAUDES E ABUSOS NA FUNDAÇÃO OU ADMINISTRAÇÃO DE SOCIEDADE POR AÇÕES -

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Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo.

FRAUDE À EXECUÇÃO - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens ou simulando dívidas.

8.1.9 USURPAÇÃO

O delito de usurpação divide-se em quatro espécies:

• Alteração de Limites; • Usurpação de Águas • Esbulho possessório; • Supressão ou alteração de Marca em animais.

Vamos analisá-las:

USURPAÇÃO

ALTERAÇÃO DE LIMITES

(ART. 161, CAPUT)

Conduta ��� Consiste em suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia. Atribui o CP pena de detenção, de um a seis meses, e multa para todas as formas de usurpação.

Busca-se com a prática deste crime, portanto, “apagar as linhas divisórias”, com a finalidade de se apropriar, no todo ou em parte, de coisa alheia imóvel.

Tapume, na lição de Nélson Hungria, é toda cerca (sebes vivas, cerca de arame, tela metálica, etc.) ou muro (de pedra, tijolo, madeira, etc.) destinado a indicar o limite entre dois ou mais imóveis. Marco, por sua vez, é toda coisa corpórea, natural ou artificial (pedras, piquetes, postes,

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árvores, tocos de madeira etc.), que serve como sinal marcatório. Qualquer outro sinal indicativo de limites, além destes, podem ser valas, trilhas, cursos d’água, etc.

Sujeito Ativo ��� A alteração de limites é o crime cometido entre vizinhos. Trata-se de crime próprio, de forma que pode ser sujeito ativo só o proprietário e/ou o possuidor de imóvel limítrofe.

Sujeito Passivo ��� Cuida-se do proprietário e/ou o possuidor do imóvel no qual são suprimidos ou deslocados os tapumes, marcos ou demais sinais.

Elemento subjetivo � Dolo.

Elemento normativo ��� Esta contido na expressão “alheia”. Assim, não há crime quando se trata de imóvel próprio.

Consumação ��� Trata-se de crime formal. Consuma-se o crime quando o agente pratica os comportamentos típicos de suprimir ou deslocar tapume, marco ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, com o intuito de se apropriar de coisa alheia imóvel.

Tentativa � É admissível.

USURPAÇÃO DE ÁGUAS

(ART. 161, § 1º, I)

Conduta ��� Desviar ou represar, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias.

Por águas alheias, entendem-se aquelas de natureza pública ou privada, que não pertençam ao agente.

Sujeito Ativo ��� Trata-se de crime comum, podendo ser qualquer pessoa.

Sujeito Passivo ��� É o proprietário ou o possuidor, ou ainda aquele que detém o uso ou o gozo das águas.

Elemento subjetivo � É o dolo, acrescido do especial fim de agir, isto é, da finalidade de atuar em proveito próprio ou alheio.

Elemento normativo ��� Esta contido na expressão “alheias”. Assim, não há crime quando se trata de águas próprias.

Consumação ��� Por se tratar de crime formal, consuma-se no momento em que ocorre o desvio ou o represamento de águas alheias, independentemente do fato do agente ter conseguido obter ou não proveito para si ou para outrem.

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Tentativa � É admissível.

ESBULHO POSSESSÓRIO

(ART. 161, § 1º, II)

Conduta ��� Invadir, com violência à pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.

Sujeito Ativo ��� Pode ser qualquer pessoa, exceto o proprietário ou o possuidor.

Sujeito Passivo ��� É o possuidor (proprietário, arrendatário, locatário etc.).

Elemento Subjetivo � É o dolo, acrescido do especial fim de agir, isto é, do esbulho possessório.

Consumação ��� Por se tratar de crime formal, consuma-se no instante em que invade o imóvel, independentemente do efetivo apossamento almejado.

Tentativa � É admissível.

SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE MARCA EM ANIMAIS

(ART. 162)

Esse delito há tempos não aparece em prova e basta que você saiba que consiste na conduta de suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade.

8.1.10 DANO

Trata-se o dano de delito pouco exigido em prova, bastando, portanto, que você conheça o abaixo descrito:

DANO

DANO – FORMA SIMPLES – CONDUTA - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia.

DANO QUALIFICADO - Se o crime é cometido:

I - com violência à pessoa ou grave ameaça;

II - com emprego de substância inflamável ou explosiva,

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se o fato não constitui crime mais grave;

III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista;

IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima.

INTRODUÇÃO OU ABANDONO DE ANIMAIS EM PROPRIEDADE ALHEIA - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que do fato resulte prejuízo.

DANO EM COISA DE VALOR ARTÍSTICO, ARQUEOLÓGICO OU HISTÓRICO - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico.

ALTERAÇÃO DE LOCAL ESPECIALMENTE PROTEGIDO - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local especialmente protegido por lei.

8.1.11 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por questões de política criminal, achou por bem o legislador definir determinadas situações em que, embora haja uma conduta delituosa, ocorre a chamada imunidade penal, ou seja, ocorre isenção de pena.

Esta imunidade penal pode ser absoluta ou relativa. Vamos analisar:

8.1.11.1 IMUNIDADE PENAL ABSOLUTA

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Esta definida nos incisos I e II do art. 181 do Código Penal nos seguintes termos:

Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:

I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;

II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. (grifei)

Assim, como podemos observar no dispositivo supra, caso algum crime contra o patrimônio seja cometido em prejuízo do cônjuge (na constância da sociedade conjugal), de ascendente ou descendente, estará o agente isento de pena.

Trata-se de escusa absolutória. Dessa forma, subsiste o crime em todos os seus aspectos, excluindo-se apenas a punibilidade do fato.

8.1.11.2 IMUNIDADE PENAL RELATIVA

A imunidade penal relativa não isenta o agente de pena, mas altera o tipo de ação penal de pública incondicionada para pública condicionada. Assim, para que a ação penal possa ter início, fica o Ministério Público na dependência da manifestação da vontade do ofendido, através da chamada REPRESENTAÇÃO.

As hipóteses de imunidade relativa estão previstas no art. 182 do Código Penal, nos seguintes termos:

Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:

I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;

II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;

III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. (grifei)

8.1.11.3 EXCEÇÕES

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Segundo o art. 183 do Código Penal, não se aplica a imunidade penal absoluta e nem a relativa:

1. Se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;

2. Ao estranho que participa do crime.

3. Se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

8.2 CONCURSO DE CRIMES

Para finalizarmos nosso curso abordarei um tópico, presente em seu edital, mas que, em se tratando do CESPE, dificilmente estará presente em sua PROVA. Desta forma, abordarei da forma mais objetiva possível e não recomendo que perca muito tempo com este tópico.

Quando falamos em concurso de crimes, temos que conhecer o concurso material e o concurso formal. Vamos analisar:

Concurso material � É a prática pelo agente criminoso, mediante mais de uma ação ou omissão, de dois ou mais crimes, idênticos ou não. Nesse caso, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido.

Na situação de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. Encontra previsão no art. 69, do Código Penal.

Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.

§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código.

§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.

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Concurso formal � É a prática pelo agente criminoso, mediante uma só ação ou omissão, de dois ou mais crimes, idênticos ou não.

Na sistemática do Código Penal, aplica-se a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade.

As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos. Encontra previsão no art. 70, do Código Penal.

Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.

Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.

Resumindo:

CONCURSO MATERIAL � MAIS DE UMA AÇÃO/OMISSÃO COM MAIS DE UM

RESULTADO � SOMAM-SE AS PENAS.

CONCURSO FORMAL � UMA AÇÃO/OMISSÃO COM DOIS OU MAIS CRIMES, IDÊNTICOS

OU NÃO � PENA MAIS GRAVE AUMENTADA DE UM SEXTO ATÉ A METADE.

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Caros Alunos,

Parabéns por mais uma etapa completada!!!

Neste momento, chegamos ao final do nosso curso (pelo menos da parte teórica) e queria que soubessem que para mim é uma grande felicidade saber que, mesmo com uma pequena parcela, pude contribuir nesta busca árdua pela aprovação.

Espero sinceramente ter correspondido à confiança que depositaram no meu trabalho ao escolherem este curso e ter conseguido atingir o meu objetivo principal de transmitir a vocês o Direito Penal de uma maneira clara, objetiva e agradável.

Agora é seguir em frente com força, foco e fé, pois, sem dúvida, a união destas três palavras fará com que cada um alcance o seu objetivo.

De agora em diante, deixo de ser simplesmente o “professor” e passo a ser mais um “concurseiro de carteirinha” que sempre estará pronto a ajudá-los no que for preciso e possível de agora até a tão esperada PROVA.

Muito sucesso a todos e lembrem-se sempre que a aprovação depende de apenas três requisitos:

1. A existência de vagas;

2. Sua vontade;

3. A conversão do requisito número 02 em trabalho.

Abraços e bons estudos,

Pedro Ivo

[email protected]

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RESUMO DA MATÉRIA APRESENTADA

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

CRIME

CONDUTA FORMAS ESPECIAIS

FURTO

Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel.

FURTO QUALIFICADO - Se o crime é cometido:

I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;

II - com abuso de confiança ou mediante fraude, escalada ou destreza;

III - com emprego de chave falsa;

IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

FURTO DE COISA COMUM – Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum.

ROUBO

Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência à pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência.

A pena aumenta-se de um terço até a metade:

I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;

II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;

III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;

V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.

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EXTORSÃO

Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa.

EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO – Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate.

EXTORSÃO INDIRETA – Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro.

USURPAÇÃO

Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia.

USURPAÇÃO DE ÁGUAS - Desviar ou represar, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias.

ESBULHO POSSESSÓRIO - Invadir, com violência à pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.

DANO

Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia

DANO QUALIFICADO - Se o crime é cometido:

I - com violência à pessoa ou grave ameaça;

II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave;

III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista;

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IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima.

INTRODUÇÃO OU ABANDONO DE ANIMAIS EM PROPRIEDADE ALHEIA - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que do fato resulte prejuízo.

DANO EM COISA DE VALOR ARTÍSTICO, ARQUEOLÓGICO OU HISTÓRICO - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico.

ALTERAÇÃO DE LOCAL ESPECIALMENTE PROTEGIDO - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local especialmente protegido por lei.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA

Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA - Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional.

APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO, CASO FORTUITO OU FORÇA DA NATUREZA - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza.

APROPRIAÇÃO DE TESOURO - Achar

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tesouro em prédio alheio e se apropriar, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio.

APROPRIAÇÃO DE COISA ACHADA - Achar coisa alheia perdida e dela se apropriar, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente dentro no prazo de 15 (quinze) dias.

ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES

Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.

DISPOSIÇÃO DE COISA ALHEIA COMO PRÓPRIA - Vender, permutar, dar em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria.

ALIENAÇÃO OU ONERAÇÃO FRAUDULENTA DE COISA PRÓPRIA - Vender, permutar, dar em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias.

DEFRAUDAÇÃO DE PENHOR - Defraudar, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado.

FRAUDE NA ENTREGA DE COISA - Defraudar substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém.

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FRAUDE PARA RECEBIMENTO DE INDENIZAÇÃO OU VALOR DE SEGURO - Destruir, total ou parcialmente, ou ocultar coisa própria, ou lesar o próprio corpo ou a saúde, ou agravar as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;

FRAUDE NO PAGAMENTO POR MEIO DE CHEQUE - Emitir cheque sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustrar o pagamento.

DUPLICATA SIMULADA - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.

ABUSO DE INCAPAZES - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico em prejuízo próprio ou de terceiro.

INDUZIMENTO À ESPECULAÇÃO - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa.

FRAUDE NO COMÉRCIO - Enganar, no

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exercício de atividade comercial, o adquirente ou consumidor:

I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada;

II - entregando uma mercadoria por outra:

OUTRAS FRAUDES - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento.

FRAUDES E ABUSOS NA FUNDAÇÃO OU ADMINISTRAÇÃO DE SOCIEDADE POR AÇÕES - Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo.

FRAUDE À EXECUÇÃO - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens ou simulando dívidas.

RECEPTAÇÃO

Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte.

RECEPTAÇÃO QUALIFICADA - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime.

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OBSERVAÇÕES

É ISENTO DE PENA QUEM COMETE QUALQUER DOS CRIMES

PREVISTOS NESTA TABELA EM PREJUÍZO:

I - DO CÔNJUGE, NA CONSTÂNCIA DA SOCIEDADE CONJUGAL;

II - DE ASCENDENTE OU DESCENDENTE, SEJA O PARENTESCO

LEGÍTIMO OU ILEGÍTIMO, CIVIL OU NATURAL.

SOMENTE SE PROCEDE MEDIANTE REPRESENTAÇÃO SE O CRIME

PREVISTO NESTE TÍTULO É COMETIDO EM PREJUÍZO:

I - DO CÔNJUGE DESQUITADO OU JUDICIALMENTE SEPARADO;

II - DE IRMÃO, LEGÍTIMO OU ILEGÍTIMO;

III - DE TIO OU SOBRINHO COM QUEM O AGENTE COABITA.

NÃO SE APLICA O DISPOSTO ACIMA:

I - SE O CRIME É DE ROUBO OU DE EXTORSÃO OU, EM GERAL,

QUANDO HAJA EMPREGO DE GRAVE AMEAÇA OU VIOLÊNCIA À

PESSOA;

II - AO ESTRANHO QUE PARTICIPA DO CRIME.

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PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA

Furto

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.

§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.

§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.

Furto qualificado

§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:

I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;

II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;

III - com emprego de chave falsa;

IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.

Furto de coisa comum

Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

§ 1º - Somente se procede mediante representação.

§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.

Roubo

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:

I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;

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PROFESSOR PEDRO IVO II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;

III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;

V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. )

§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.

Extorsão

Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.

§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior.

§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente.

Extorsão mediante seqüestro

Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:

Pena - reclusão, de oito a quinze anos..

§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.

Pena - reclusão, de doze a vinte anos.

§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.

§ 3º - Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.

§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.

Apropriação indébita

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PROFESSOR PEDRO IVO Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Aumento de pena

§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:

I - em depósito necessário;

II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;

III - em razão de ofício, emprego ou profissão.

Estelionato

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.

§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.

Receptação

Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Receptação qualificada

§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime:

Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.

§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência.

§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso:

Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas.

§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.

§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155.

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PROFESSOR PEDRO IVO § 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro.

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:

I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;

II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.

Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:

I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;

II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;

III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:

I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;

II - ao estranho que participa do crime.

III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

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EXERCÍCIOS

1. (CESPE / Escrivão - PC-ES / 2011) Robson, motorista profissional, foi contratado por um grupo de pessoas para fazer o transporte em seu caminhão, de mercadorias que foram objeto de roubo. No início da viagem, o veículo foi interceptado e o motorista, preso pela polícia. Nessa situação, Robson praticou o crime de receptação, na modalidade de transportar coisa que sabe ser produto de crime.

GABARITO: CERTO

COMENTÁRIOS: Nos termos do art. 180 do Código Penal, o crime de receptação caracteriza-se pela conduta de adquirir, receber, TRANSPORTAR, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influi para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte.

2. (CESPE / Delegado - PC-ES / 2011) Em 2009, Lauro, mediante grave ameaça e com o intuito de obter para si indevida vantagem econômica, constrangeu César ao pagamento de importância correspondente a R$ 5.000,00. César, diante dessa situação de constrangimento, houve por bem denunciar a conduta de Lauro antes mesmo de efetuar o pagamento da quantia exigida. Em sede de recurso especial, a defesa de Lauro argumentou que, segundo o entendimento sumulado do STJ, a legislação penal aplicável subordina a consumação do delito em questão à efetiva consecução do proveito econômico. Nessa situação, a tese da defesa de Lauro está em consonância com a jurisprudência da mencionada Corte Superior.

GABARITO: ERRADO

COMENTÁRIOS: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.

3. (CESPE/Promotor – MPE SE/2010) Marcelo, Rubens e Flávia planejaram praticar um crime de roubo. Marcelo forneceu a arma e Rubens ficou responsável por transportar em seu veículo os corréus ao local do crime e dar-lhes fuga. A Flávia coube a tarefa de atrair e conduzir a vítima ao local ermo onde foi praticado o crime. Nessa situação hipotética, conforme entendimento do STJ, Rubens foi coautor funcional ou parcial do crime, não sendo a sua participação de menos importância.

GABARITO: CERTA

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PROFESSOR PEDRO IVO COMENTÁRIOS: Rubens, bem como Marcelo e Flávia, compartilhavam de um objetivo comum, agindo em unidade de desígnios. É entendimento do STJ que todos os envolvidos responderão pela causa de aumento de pena, ainda que um só dos agentes alcance a consumação do delito. Traz o art. 157, §2°, II, que a pena aumenta de um terço até metade se há o concurso de duas ou mais pessoas.

4. (CESPE/Técnico Judiciário – TRE BA/2010) Para que o crime de extorsão seja consumado é necessário que o autor do delito obtenha a vantagem indevida.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: O crime de extorsão, art. 158 do CP, é um crime formal, tendo sua consumação no momento em que a vítima assuma um comportamento, positivo ou negativo, contra a sua vontade, em decorrência da violência ou grave ameaça do agente. A obtenção de vantagem indevida é mero exaurimento do crime.

5. (CESPE/Técnico Judiciário–TRE BA/2010) O indivíduo que fizer uso de violência após subtrair o veículo de outro cometerá o denominado roubo próprio.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: O roubo próprio é aquele no qual há o uso de violência contra a pessoa ou grave ameaça para o cometimento do roubo, constante do caput do art. 157 do CP. A violência seria um meio para a prática da subtração. O exemplo da questão aborda o roubo impróprio, preceituado no §1° do art.157, no qual primeiro acontece a subtração da coisa móvel alheia, para depois vir a violência ou grave ameaça, como formas de assegurar a impunidade do agente ou detenção da coisa.

6. (CESPE/Técnico Judiciário–TRE BA/2010) A subtração de energia elétrica pode tipificar o crime de furto.

GABARITO: CERTA

COMENTÁRIOS: De conformidade com o §3° do art. 155 do Código Penal, do furto, equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra coisa que tenha valor econômico.

7. (CESPE/Técnico Judiciário–TRE BA/2010) O crime de dano não admite a tentativa.

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PROFESSOR PEDRO IVO GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: O crime de dano é um crime material, havendo a consumação quando o agente efetivamente destrói, inutiliza ou deteriora coisa alheia. É um crime plurissubsistente, permitindo o fracionamento do iter criminis. Dessa forma, quando o agente não consegue o resultado por circunstâncias alheias à sua vontade, é possível a tentativa.

8. (CESPE / Polícia Federal / 2009) Diferenciam-se os crimes de extorsão e estelionato, entre outros aspectos, porque no estelionato a vítima quer entregar o objeto, pois foi induzida ou mantida em erro pelo agente mediante o emprego de fraude; enquanto na extorsão a vítima despoja-se de seu patrimônio contra a sua vontade, fazendo-o por ter sofrido violência ou grave ameaça.

GABARITO: CERTA

COMENTÁRIOS: A questão apresenta de forma clara e correta uma das diferenciações entre a extorsão e o estelionato.

9. (CESPE / TJ – MS / 2008) São crimes contra o patrimônio o roubo, furto, estelionato e usurpação de águas.

GABARITO: CERTA

COMENTÁRIOS: Este tipo de questão, embora fácil, é tradicional em provas e basta o conhecimento de quais são os crimes contra o patrimônio.

10. (CESPE / Polícia Federal / 2009) A causa de aumento de pena relativa à pratica do crime de furto durante o repouso noturno somente se aplica ao furto simples e não às modalidades de furto qualificado e prevalece o entendimento de que o aumento de pena só é cabível quando a subtração ocorre em casa ou em alguns de seus compartimentos e local habitado.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: Como vimos em nossa aula, a questão começa de forma correta, pois a causa de aumento de pena relativa à pratica do crime de furto durante o repouso noturno realmente só se aplica ao furto simples e não às modalidades de furto qualificado.

Ocorre, entretanto, que a causa de aumento de pena é cabível para estabelecimentos comerciais e para locais desabitados, o que torna a alternativa incorreta.

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PROFESSOR PEDRO IVO 11. (CESPE / MPE – SE / 2009) O emprego de arma de brinquedo qualifica o roubo, de acordo com Súmula do Superior Tribunal de Justiça.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: Até 2001 esta alternativa estaria correta, pois havia previsão expressa desta possibilidade na súmula 174 do STJ. Entretanto, com o cancelamento da referida súmula, o entendimento atual e pacífico é de que o emprego de arma de brinquedo NÃO qualifica o roubo.

12. (CESPE / TRE – GO / 2009) É circunstância que qualifica o crime de furto a prática do delito mediante o concurso de duas ou mais pessoas.

GABARITO: CERTA

COMENTÁRIOS: Ocorre o furto qualificado nos termos do artigo 155, § 4º do CP, quando este é cometido:

� Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;

� Com abuso de confiança ou mediante fraude, escalada ou destreza;

� Com emprego de chave falsa;

� Mediante concurso de duas ou mais pessoas.

13. (CESPE / TRE – GO / 2009) O furto de coisa comum submete-se à ação penal pública incondicionada.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: Sobre o furto comum, dispõe o CP da seguinte forma:

Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:

§ 1º - Somente se procede mediante representação.

Observe que o parágrafo 1º dispõe a respeito da chamada representação. Esta representação é aquela que estudamos na aula passada e que você já sabe que é condição objetiva de procedibilidade da ação.

Desta forma, fica claro que não é caso de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA, pois esta se caracteriza, especialmente, pela ausência de condições.

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PROFESSOR PEDRO IVO 14. (CESPE / TRE – GO / 2009) Pratica crime de furto o agente que subtrai coisa alheia móvel, com animus furandi, depois de haver reduzido à impossibilidade de resistência da vítima, haja vista não ter empregado, para a subtração, violência ou grave ameaça, que são elementares do crime de roubo.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: Incorre no crime de furto aquele que subtrai, “para si ou para outrem, coisa alheia móvel”.

Pratica o crime de roubo aquele que subtrai “coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência à pessoa, ou depois de havê-lo, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência”.

Observamos que a diferença entre os dois crimes reside no fato de que no roubo o agente pratica violência, grave ameaça ou reduz à impossibilidade de resistência da vítima, e no crime de furto nenhuma destas condutas ocorrem.

“Professor, só uma dúvida! O que é esse tal de animus furandi?”

Animus furandi nada mais é que a intenção de apoderamento definitivo.

15. (CESPE / TRE – GO / 2009) No crime de extorsão mediante sequestro, praticado em concurso de agentes, o concorrente que o denunciar à autoridade terá sua pena reduzida, ainda que a delação não facilite a libertação do sequestrado.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: Opera-se a redução de pena se a denúncia de um dos participantes FACILITA a liberação do seqüestrado.

16. (CESPE / Oficial de Justiça / 2008) Com uma arma de fogo sobre sua cabeça, César foi obrigado por Sérgio a lhe transferir todo o dinheiro de sua conta corrente, já que este achara na carteira da vítima os dados da conta e senha. Segundo a interpretação majoritária da Lei, trata-se de extorsão, já que a vítima fora compelida por grave ameaça a fornecer ao agente indevida vantagem econômica.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: O Código Penal prevê a extorsão como o ato de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter, para si ou

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PROFESSOR PEDRO IVO para outrem, indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa.

Segundo o entendimento majoritário, para que fique caracterizada a extorsão, deve, necessariamente, haver previsão de vantagem futura que não seria obtida sem o ato ilícito. Como no caso em tela o agente do delito já possuía os dados da conta da vítima, não há que se falar em EXTORSÃO, mas sim em ROUBO.

17. (CESPE / OAB / 2009) Viviane esteve em uma locadora de filmes e, fazendo uso de documento falso, preencheu o cadastro e locou vários DVDs, já com a intenção de não devolvê-los.Nessa situação hipotética, por ter causado à casa comercial prejuízo equivalente ao valor dos DVDs, Viviane praticou, segundo o CP, o delito de estelionato.

GABARITO: CERTA

COMENTÁRIOS: Assim como a questão anteriormente analisada, aqui também temos um caso de aplicabilidade do princípio da consunção, ou seja, O ESTELIONATO ABSORVE O CRIME DE USO DE DOCUMENTO FALSO.

Observe o elucidativo julgado do STJ:

18. (CESPE / OAB / 2007) O agente que se vale de disfarce de fiscal da saúde pública para penetrar na residência da vítima com consentimento desta última e subtrair objetos para si comete o crime de furto qualificado pelo emprego de fraude.

GABARITO: CERTA

COMENTÁRIOS: A questão trata de um meio enganoso capaz de iludir a vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na subtração do objeto material. Nesta situação, temos o furto qualificado pela fraude.

19. (CESPE / TCE – PB / 2006) João, maior, ingressou numa residência pela porta que estava aberta e Pedro, com 12 anos de idade, ficou do lado de fora, vigiando. Após a subtração de objetos de valor, João fugiu do local em companhia de Pedro, que não participou dos lucros

STJ - HC 73.889/SP - DJ 27.06.2007

I - Tendo o delito de uso de documento falso sido meio necessário para a prática do crime de estelionato, deve ser reconhecida a absorção daquele por este, por força do princípio da consunção.

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PROFESSOR PEDRO IVO decorrentes da venda do produto do crime. Nesse caso, João responderá por furto qualificado pelo concurso de agentes.

GABARITO: CERTA

COMENTÁRIOS: O Código Penal traz a previsão da qualificação do furto quando este é cometido mediante o concurso de duas ou mais pessoas (art. 155, § 4º, IV).

A ponto principal da questão é: Será que tal circunstância qualificadora estará presente quando um dos agentes é inimputável?

A resposta é positiva.

Para o agravamento da pena previsto no CP, não importa se o agente é inimputável ou mesmo se obteve vantagem com o furto. O que vale é a quantidade de pessoas no momento do furto. Se há mais de uma, podemos afirmar que é caso de incidência da qualificadora.

20. (CESPE / ESCRIVÃO DA POLÍCIA FEDERAL 2004 – REGIONAL-CESPE/UNB) Julgue os seguintes itens, relativos a crimes contra o patrimônio. Considere a seguinte situação hipotética. Carlos foi denunciado pelo crime de furto, por ter subtraído uma máquina fotográfica de Alberto, avaliada em R$ 80,00. Nessa situação, no momento da prolação da sentença, o juiz, mesmo tendo constatado que Carlos tinha contra si outros três inquéritos policiais para a apuração de furtos por ele praticados, poderá reconhecer a presença do furto privilegiado ou furto mínimo, substituindo a pena de reclusão por detenção, aplicando redução de pena ou aplicando somente a pena de multa.

GABARITO: CERTA

COMENTÁRIOS: Ocorre furto privilegiado se o criminoso é primário e é de pequeno valor a coisa furtada, podendo o juiz substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa (§2.º). Primário é aquele que não é reincidente. Pequeno valor existe quando demonstrado que o prejuízo econômico da vítima foi mínimo, comparado ao patrimônio desta; ou então, segundo outro critério, quando o bem subtraído possui valor abaixo de um salário-mínimo vigente.

O fato de uma pessoa ter contra si instaurados três inquéritos policiais não impede a caracterização da privilegiadora do furto, porque o agente ainda é primário.

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PROFESSOR PEDRO IVO 21. (CESPE / ESCRIVÃO DA POLÍCIA FEDERAL / 2004) No crime de roubo e no crime de extorsão, o agente pode-se utilizar dos mesmos modos de execução, consistentes na violência ou grave ameaça. A diferença fundamental existente entre os dois delitos consiste em que, no crime de extorsão, pretende-se um comportamento da vítima, restando um mínimo de liberdade de escolha, enquanto que, no crime de roubo, o comportamento é prescindível.

GABARITO: CERTA

COMENTÁRIOS: Haverá roubo sempre que a ajuda da vítima for prescindível; quando, no entanto, a ajuda for imprescindível para o criminoso atingir o patrimônio, haverá extorsão. Assim, toda vez que a vantagem indevida depender necessariamente do comportamento do sujeito passivo, haverá crime de extorsão; caso contrário, será roubo.

22. (CESPE / POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL / 2004) Em um depósito público, valendo-se de facilidades que lhe proporcionava o cargo, um servidor público subtraiu um toca-fitas do interior de um veículo apreendido, do qual não tinha a posse ou a detenção. Nessa situação, o servidor público praticou o crime de furto qualificado, com abuso de confiança.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: Cometeu crime de peculato, e não furto qualificado. No caso, o local era um depósito público, portanto, o toca-fitas e o veículo apreendido são bens particulares sob a custódia da Administração.

23. (CESPE / POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL / 2004) Um indivíduo, mediante violência e grave ameaça exercida com o emprego de um revólver municiado, exigiu que a vítima preenchesse e assinasse um cheque no valor de R$ 4 mil, entregando-o posteriormente para ser sacado no banco. Nessa situação, o indivíduo praticou um crime de roubo, com a causa de aumento de pena devido ao emprego de arma.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: A ação de obrigar uma pessoa a assinar um cheque caracteriza extorsão, pois o agente criminoso somente consegue lesar o patrimônio da vítima com a ajuda desta. Toda vez que a vantagem indevida depender necessariamente do comportamento da vítima haverá extorsão, e não roubo.

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PROFESSOR PEDRO IVO 24. (CESPE / MPE – SE / 2009) O chamado "furto de uso", se aceito, não constituiria crime por falta de tipicidade.

GABARITO: CERTA

COMENTÁRIOS: A atual legislação brasileira desconhece o furto de uso que ocorre, segundo Hungria, “quando alguém arbitrariamente retira coisa alheia infungível, para dela servir-se momentaneamente ou passageiramente, repondo-a, a seguir, íntegra, na esfera de atividade patrimonial do dono”.

A doutrina majoritária entende que o furto de uso constitui figura atípica, sendo, portanto, um indiferente penal.

25. (CESPE / MPE – SE / 2009) Há latrocínio tentado no caso de homicídio consumado e subtração tentada, segundo entendimento sumulado do Supremo Tribunal Federal.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: Segundo entendimento do STF presente na súmula 610, há latrocínio CONSUMADO e não TENTADO. Observe o texto:

Súmula 610: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não se realize o agente a subtração de bens da vítima.

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LISTA DOS EXERCÍCIOS APRESENTADOS

1. (CESPE / Escrivão - PC-ES / 2011) Robson, motorista profissional, foi contratado por um grupo de pessoas para fazer o transporte em seu caminhão, de mercadorias que foram objeto de roubo. No início da viagem, o veículo foi interceptado e o motorista, preso pela polícia. Nessa situação, Robson praticou o crime de receptação, na modalidade de transportar coisa que sabe ser produto de crime.

2. (CESPE / Delegado - PC-ES / 2011) Em 2009, Lauro, mediante grave ameaça e com o intuito de obter para si indevida vantagem econômica, constrangeu César ao pagamento de importância correspondente a R$ 5.000,00. César, diante dessa situação de constrangimento, houve por bem denunciar a conduta de Lauro antes mesmo de efetuar o pagamento da quantia exigida. Em sede de recurso especial, a defesa de Lauro argumentou que, segundo o entendimento sumulado do STJ, a legislação penal aplicável subordina a consumação do delito em questão à efetiva consecução do proveito econômico. Nessa situação, a tese da defesa de Lauro está em consonância com a jurisprudência da mencionada Corte Superior.

3. (CESPE/Promotor – MPE SE/2010) Marcelo, Rubens e Flávia planejaram praticar um crime de roubo. Marcelo forneceu a arma e Rubens ficou responsável por transportar em seu veículo os corréus ao local do crime e dar-lhes fuga. A Flávia coube a tarefa de atrair e conduzir a vítima ao local ermo onde foi praticado o crime. Nessa situação hipotética, conforme entendimento do STJ, Rubens foi coautor funcional ou parcial do crime, não sendo a sua participação de menos importância.

4. (CESPE/Técnico Judiciário – TRE BA/2010) Para que o crime de extorsão seja consumado é necessário que o autor do delito obtenha a vantagem indevida.

5. (CESPE/Técnico Judiciário–TRE BA/2010) O indivíduo que fizer uso de violência após subtrair o veículo de outro cometerá o denominado roubo próprio.

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PROFESSOR PEDRO IVO 6. (CESPE/Técnico Judiciário–TRE BA/2010) A subtração de energia elétrica pode tipificar o crime de furto.

7. (CESPE/Técnico Judiciário–TRE BA/2010) O crime de dano não admite a tentativa.

8. (CESPE / Polícia Federal / 2009) Diferenciam-se os crimes de extorsão e estelionato, entre outros aspectos, porque no estelionato a vítima quer entregar o objeto, pois foi induzida ou mantida em erro pelo agente mediante o emprego de fraude; enquanto na extorsão a vítima despoja-se de seu patrimônio contra a sua vontade, fazendo-o por ter sofrido violência ou grave ameaça.

9. (CESPE / TJ – MS / 2008) São crimes contra o patrimônio o roubo, furto, estelionato e usurpação de águas.

10. (CESPE / Polícia Federal / 2009) A causa de aumento de pena relativa à pratica do crime de furto durante o repouso noturno somente se aplica ao furto simples e não às modalidades de furto qualificado e prevalece o entendimento de que o aumento de pena só é cabível quando a subtração ocorre em casa ou em alguns de seus compartimentos e local habitado.

11. (CESPE / MPE – SE / 2009) O emprego de arma de brinquedo qualifica o roubo, de acordo com Súmula do Superior Tribunal de Justiça.

12. (CESPE / TRE – GO / 2009) É circunstância que qualifica o crime de furto a prática do delito mediante o concurso de duas ou mais pessoas.

13. (CESPE / TRE – GO / 2009) O furto de coisa comum submete-se à ação penal pública incondicionada.

14. (CESPE / TRE – GO / 2009) Pratica crime de furto o agente que subtrai coisa alheia móvel, com animus furandi, depois de haver reduzido à impossibilidade de resistência da vítima, haja vista não ter empregado, para a subtração, violência ou grave ameaça, que são elementares do crime de roubo.

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15. (CESPE / TRE – GO / 2009) No crime de extorsão mediante sequestro, praticado em concurso de agentes, o concorrente que o denunciar à autoridade terá sua pena reduzida, ainda que a delação não facilite a libertação do sequestrado.

16. (CESPE / Oficial de Justiça / 2008) Com uma arma de fogo sobre sua cabeça, César foi obrigado por Sérgio a lhe transferir todo o dinheiro de sua conta corrente, já que este achara na carteira da vítima os dados da conta e senha. Segundo a interpretação majoritária da Lei, trata-se de extorsão, já que a vítima fora compelida por grave ameaça a fornecer ao agente indevida vantagem econômica.

17. (CESPE / OAB / 2009) Viviane esteve em uma locadora de filmes e, fazendo uso de documento falso, preencheu o cadastro e locou vários DVDs, já com a intenção de não devolvê-los.Nessa situação hipotética, por ter causado à casa comercial prejuízo equivalente ao valor dos DVDs, Viviane praticou, segundo o CP, o delito de estelionato.

18. (CESPE / OAB / 2007) O agente que se vale de disfarce de fiscal da saúde pública para penetrar na residência da vítima com consentimento desta última e subtrair objetos para si comete o crime de furto qualificado pelo emprego de fraude.

19. (CESPE / TCE – PB / 2006) João, maior, ingressou numa residência pela porta que estava aberta e Pedro, com 12 anos de idade, ficou do lado de fora, vigiando. Após a subtração de objetos de valor, João fugiu do local em companhia de Pedro, que não participou dos lucros decorrentes da venda do produto do crime. Nesse caso, João responderá por furto qualificado pelo concurso de agentes.

20. (CESPE / ESCRIVÃO DA POLÍCIA FEDERAL 2004 – REGIONAL-CESPE/UNB) Julgue os seguintes itens, relativos a crimes contra o patrimônio. Considere a seguinte situação hipotética. Carlos foi denunciado pelo crime de furto, por ter subtraído uma máquina fotográfica de Alberto, avaliada em R$ 80,00. Nessa situação, no momento da prolação da sentença, o juiz, mesmo tendo constatado que Carlos tinha contra si outros três inquéritos policiais para a apuração de furtos por ele praticados, poderá reconhecer a presença do furto

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PROFESSOR PEDRO IVO privilegiado ou furto mínimo, substituindo a pena de reclusão por detenção, aplicando redução de pena ou aplicando somente a pena de multa.

21. (CESPE / ESCRIVÃO DA POLÍCIA FEDERAL / 2004) No crime de roubo e no crime de extorsão, o agente pode-se utilizar dos mesmos modos de execução, consistentes na violência ou grave ameaça. A diferença fundamental existente entre os dois delitos consiste em que, no crime de extorsão, pretende-se um comportamento da vítima, restando um mínimo de liberdade de escolha, enquanto que, no crime de roubo, o comportamento é prescindível.

22. (CESPE / POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL / 2004) Em um depósito público, valendo-se de facilidades que lhe proporcionava o cargo, um servidor público subtraiu um toca-fitas do interior de um veículo apreendido, do qual não tinha a posse ou a detenção. Nessa situação, o servidor público praticou o crime de furto qualificado, com abuso de confiança.

23. (CESPE / POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL / 2004) Um indivíduo, mediante violência e grave ameaça exercida com o emprego de um revólver municiado, exigiu que a vítima preenchesse e assinasse um cheque no valor de R$ 4 mil, entregando-o posteriormente para ser sacado no banco. Nessa situação, o indivíduo praticou um crime de roubo, com a causa de aumento de pena devido ao emprego de arma.

24. (CESPE / MPE – SE / 2009) O chamado "furto de uso", se aceito, não constituiria crime por falta de tipicidade.

25. (CESPE / MPE – SE / 2009) Há latrocínio tentado no caso de homicídio consumado e subtração tentada, segundo entendimento sumulado do Supremo Tribunal Federal.