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  • PACOTE PREPARATRIO PARA O CARGO DE AFRFB2014 PROF. FABIANO PEREIRA - DIREITO ADMINISTRATIVO

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    Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br

    Ol!

    Hoje iremos conhecer a organizao e estruturao da Administrao Pblica brasileira, tema muito freqente em provas de concursos.

    Tentei ser o mais sucinto possvel, mas o tpico muito abrangente, o que fez com que a aula ficasse um pouquinho grande. Sei que voc no est preocupado com isso, pois melhor sobrar do que faltar conhecimento, mas, por via das dvidas, prometo que as outras aulas sero um pouco menos extensas.

    No mais, se voc possui alguma sugesto ou crtica que possam aumentar a qualidade do curso, no deixe de envi-las para o e-mail [email protected] ou diretamente para o frum.

    Lembre-se sempre de que o curso est sendo desenvolvido para que voc possa ter um excelente desempenho na prova de Direito Administrativo. O meu grande desejo que voc tambm possa sentir a gratificante sensao de ser um servidor pblico, assim como sinto, todos os dias, ao exercer as minhas funes no Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Minas Gerais.

    Conte comigo nesta bela jornada!

    Bons estudos!

    Fabiano Pereira.

    FACEBOOK: (www.facebook.com.br/professorfabianopereira)

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    ORGANIZAO ADMINISTRATIVA ADMINISTRAO PBLICA DIRETA E INDIRETA

    1. Conceito de Administrao Pblica ........................................... 03

    2. rgos Pblicos

    2.1. Teorias que buscam justificar a natureza jurdica da relao entre Estado e agentes pblicos

    2.1.1. Teoria do mandato ...................................................... 04

    2.1.2. Teoria da representao .............................................. 04

    2.1.3. Teoria do rgo ........................................................... 05

    2.2. Conceito de rgo pblico .............................................. 05

    2.3. Criao e extino dos rgos pblicos .......................... 12

    2.4. Capacidade processual ................................................... 12

    2.5. Principais caractersticas dos rgos pblicos ................ 14

    2.6. Classificao .................................................................. 15

    3. Centralizao e descentralizao

    3.1. Centralizao e descentralizao poltica ....................... 17

    3.2. Centralizao e descentralizao administrativas ......... 17

    3.2.1. Descentralizao Administrativa Territorial ................ 19

    3.2.2. Descentralizao administrativa por servios ou outorga 19

    3.2.3. Descentralizao por delegao ou colaborao ........... 20

    4. Administrao Pblica Direta e Indireta

    4.1. Administrao Pblica Direta ........................................... 21

    4.2. Administrao Pblica Indireta ........................................ 21

    4.3. Criao das entidades da Administrao Indireta ............ 22

    5. Reviso de Vspera de Prova RVP ............................................ 26

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    1. Conceito de Administrao Pblica

    A expresso Administrao Pblica no apresenta um sentido nico, pois pode ser estudada e analisada sob vrios enfoques diferentes. Dentre os vrios sentidos que podem ser atribudos referida expresso, encontram-se o sentido objetivo, material ou funcional e, ainda, o sentido subjetivo, formal ou orgnico.

    Em sentido subjetivo, a Administrao Pblica pode ser entendida como o conjunto de rgos, pessoas jurdicas (entidades polticas e entidades administrativas) e agentes pblicos encarregados do exerccio da funo administrativa. Esse um sentido que as bancas examinadoras gostam muito de exigir em suas provas, principalmente a ESAF, portanto, necessrio ficar atento.

    Ao utilizar a expresso Administrao Pblica em sentido subjetivo, a ESAF estar se referindo composio e organizao das entidades e rgos que integram a sua estrutura, a exemplo das autarquias, empresas pblicas, entidades polticas (Unio, Estados, Municpios e Distrito Federal) etc.

    De outro lado, em sentido objetivo, material ou funcional, a expresso administrao pblica (que deve ser grafada com as iniciais minsculas), consiste na prpria funo administrativa exercida pelos rgos, entidades e agentes que integram a Administrao Pblica em sentido subjetivo. Nesse caso, estudaremos as atividades finalsticas exercidas pela administrao, a exemplo do fomento, servio pblico, polcia administrativa e interveno administrativa, e no a sua composio e estruturao.

    A partir de agora, utilizarei a expresso Administrao Pblica somente em seu sentido subjetivo, pois iremos restringir o nosso estudo, neste momento, aos rgos e entidades que a integram. E os agentes pblicos, sero esquecidos? claro que no, iremos estud-los posteriormente, em uma aula especfica, j que tambm integram a Administrao Pblica em sentido subjetivo.

    2. rgos pblicos

    Todos aqueles capazes de contrair direitos e obrigaes so conhecidos como pessoas ou sujeitos de direito, podendo estabelecer relaes jurdicas com outras pessoas ou sujeitos de direito, pois a existncia de uma personalidade que possibilita o estabelecimento de relaes jurdicas.

    O Estado considerado um ente personalizado, ou seja, dotado de personalidade jurdica. Entretanto, no possui vontade prpria, no consegue se expressar diretamente para estabelecer relaes jurdicas com outras pessoas ou sujeitos de direito.

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    Sendo assim, obrigado a manifestar a sua vontade atravs da atuao de seus agentes pblicos, cujos atos praticados lhe so diretamente imputados (quando o agente pblico pratica um ato no exerccio da funo pblica como se o prprio Estado o tivesse praticado e, portanto, o ente estatal que inicialmente dever ser responsabilizado pelos prejuzos que eventualmente forem causados a terceiros).

    Diversas teorias foram criadas para tentar justificar a possibilidade de se atribuir a uma pessoa jurdica (Estado) atos praticados por pessoas fsicas (agentes pblicos). E, como no poderia ser diferente, so frequentes as questes em provas sobre o tema.

    2.1. Teorias que buscam justificar a natureza jurdica da relao entre Estado e agentes pblicos

    2.1.1. Teoria do mandato

    Essa teoria considerava o agente, pessoa fsica, como mandatrio da pessoa jurdica. Tem origem no direito civil, sendo a mais antiga das teorias criadas para explicar a ligao do Estado (que uma pessoa jurdica) a uma pessoa natural (agente pblico).

    Alegavam os seus defensores que os agentes pblicos atuavam em nome do Estado em virtude de uma suposta procurao fictcia que lhes havia sido outorgada.

    Vrias crticas surgiram em oposio teoria do mandato. A principal delas afirma que, como o Estado no tem vontade prpria, no poderia outorgar uma procurao a algum. Assim, a teoria restou superada e voc precisa saber de sua existncia apenas para fins de concurso pblico.

    2.1.2. Teoria da representao

    Se comparada com a teoria anterior, possui critrios mais sensatos e razoveis, pois afirma que a atuao dos agentes pblicos expressaria a vontade do Estado em decorrncia de lei. O agente pblico seria equiparado a um tutor ou curador e o Estado seria um incapaz.

    Essa teoria tambm foi muito criticada, tendo sido descartada doutrinariamente, pois apresentava a ideia de que o Estado estaria escolhendo os seus prprios representantes, o que no acontece na tutela ou curatela. Ademais, se o representante ultrapassasse os poderes de representao e causasse prejuzo a terceiros, o Estado no poderia ser responsabilizado, o que inadmissvel.

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    Exemplo: O IBAMA, autarquia pertencente Administrao Pblica Federal Indireta e detentora de personalidade jurdica de Direito Pblico, possui em sua estrutura diversos rgos, cada um deles com atribuies e competncias prprias. Como no possuem personalidade jurdica, esses rgos no atuam em nome prprio, mas sim em nome do IBAMA. Portanto, todas as atividades administrativas executadas pelos rgos que integram a estrutura do IBAMA consideram-se praticados pela prpria autarquia, o que muito lgico.

    Para ficar ainda mais fcil o entendimento, vamos analisar rapidamente a organizao da Presidncia da Repblica e dos Ministrios, que est prevista na Lei Federal 10.683/03.

    A Presidncia da Repblica o rgo mais importante dentro da organizao administrativa do Poder Executivo Federal. Nos termos da Lei 10.683/03, a Presidncia da Repblica possui, dentro de sua prpria estrutura, diversos outros rgos, que lhe so subordinados.

    Pergunta: Professor, dentro da estrutura de um rgo independente (Presidncia da Repblica, por exemplo), seria possvel a criao de outros rgos, subordinados ao primeiro?

    Com certeza! Em conformidade com o artigo 1 da citada lei, a Presidncia da Repblica constituda, essencialmente, pela Casa Civil; pela Secretaria-Geral; pela Secretaria de Relaes Institucionais; pela Secretaria de

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    Para conseguir visualizar o que estou escrevendo, observe bem o seguinte organograma do Ministrio da Fazenda, que indica perfeitamente como esto dispotos os rgos que integram a sua estrutura administrativa:

    Ateno: No organograma do Ministrio da Fazenda esto presentes todos os rgos e tambm entidades que fazem parte de sua estruturao. Todavia, lembre-se de que entidade no rgo pblico, pois possui personalidade jurdica prpria (a exemplo do BNB, SUSEP, CEF, Banco Central etc.). Apesar de estarem inseridas em seu organograma, as entidades administrativas no esto

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    subordinadas ao Ministrio, mas somente vinculadas, conforme estudaremos posteriormente.

    Aprofundando novamente no assunto, vlido esclarecer que todos os rgos que integram a estrutura do Ministrio da Fazenda tambm podem desconcentrar as suas atividades administrativas, como acontece com a ESAF.

    Observe que, na estrutura da ESAF, iremos encontrar diversos outros rgos, tais como diretorias, centros regionais, gerncias e chefias e, sendo assim, todos eles so fruto da desconcentrao.

    E para no ficar muito cansativo, gostaria apenas de ressaltar que todos os rgos citados abaixo tambm podem se desconcentrar, dando origem a novos rgos em suas respectivas estruturas. Na sequncia, os novos rgos criados tambm podero se desconcentrar e assim por diante.

    Bem, vai chegar um determinado momento em que a desconcentrao no mais ser possvel, por questo de lgica.

    De qualquer forma, lembre-se de que, independentemente do nvel ou do nmero de rgos que foram criados, sempre estaremos nos referindo a uma nica pessoa jurdica. Sendo assim, os atos praticados por todos os rgos que apresentei devero ser imputados Unio, que deu origem a toda essa desconcentrao.

    Diretor Geral

    Diretor-Geral Adjunto

    Diretor-Geral Adjunto

    Diretoria de Administrao Dirad

    Diretoria de Atendimento e Coordenao de Programa Dirat

    Diretoria de Cooperao Tcnica e Pesquisa Dirco

    Diretoria de Educao Dired

    Diretoria de Recrutamento e Seleo Dires

    Centro Estratgico de Formao e Educao Permanente - Cefor

    Centro Regional Conjunto de Capacitao para a Amrica Latina no Brasil Cecab

    Gerencia do Programa de Educao Fiscal Geref

    Gerncia de Tecnologia da Informao Gerti

    Chefia do Contencioso de Cursos e Concursos Conte

    Gerncia de Educao a Distncia GEEAD

    Chefia do Centro de Editorao e Material Didtico Cemad

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    Pergunta: Professor, como os rgos pblicos no so pessoas (fsicas ou jurdicas), existe a possibilidade de figurarem no polo ativo ou passivo de uma relao processual (uma ao judicial)?

    Em regra, no. Entretanto, em carter excepcional, existem algumas situaes nas quais os rgos pblicos, mesmo no possuindo personalidade jurdica, poderiam integrar uma relao processual:

    1) Para a defesa de suas prerrogativas funcionais: nesse caso, assegurada capacidade processual aos denominados rgos independentes e autnomos para ingressarem com mandado de segurana para a defesa de suas competncias, quando violada por outros rgos.

    Exemplo: Imaginemos que o Poder Executivo deixe de repassar ao Tribunal de Contas as verbas oramentrias que lhes so devidas, no prazo previsto no texto constitucional, desrespeitando a sua autonomia financeira. Nesse caso, o prprio Tribunal poder propor um mandado de segurana com o objetivo de defender as suas prerrogativas constitucionais (direito ao recebimento dos repasses oramentrios, pois, sem esses recursos, o Tribunal de Contas no consegue sequer arcar com as suas despesas bsicas de funcionamento).

    2) Na defesa dos interesses e direitos dos consumidores: nos termos do inciso III, artigo 82, do Cdigo de Defesa do Consumidor, alguns rgos pblicos (mesmo no possuindo personalidade jurdica) so legitimados a ingressarem com ao judicial na defesa dos interesses e direitos dos consumidores, individualmente ou a ttulo coletivo.

    Exemplo: apesar de ser um rgo pblico, o PROCON tem importante atuao em favor dos consumidores. O Superior Tribunal de Justia, no julgamento do Recurso Especial 200827/SP, reconheceu a sua capacidade processual para ingressar com ao judicial:

    Ao civil pblica. Direitos individuais homogneos. Cobrana de taxas indevidas. Candidatos a inquilinos. Administradoras de imveis. Legitimidade ativa do PROCON - Coordenadoria de Proteo e Defesa do Consumidor, por meio da Procuradoria Geral do Estado para ajuizar ao coletiva para proteo de direitos individuais homogneos. Prescrio. Multa do art. 84, 4, do Cdigo de Defesa do Consumidor. Repetio em dobro. Multa do art. 538, pargrafo nico, do Cdigo de Processo Civil. Smula n 07 da Corte.

    1. O PROCON - Coordenadoria de Proteo e Defesa do Consumidor, por meio da Procuradoria Geral do Estado, tem legitimidade ativa para ajuizar ao coletiva em defesa de interesses individuais homogneos, assim considerados aqueles direitos com origem comum, divisveis na sua extenso, variveis individualmente, com relao ao dano ou responsabilidade. So direitos ou interesses individuais que se identificam em funo da origem comum, a recomendar a defesa coletiva, isto , a defesa de todos os que esto presos pela mesma origem. No caso, o liame est evidenciado, alcanando os candidatos a inquilinos que so cobrados de taxas indevidas (STJ, Resp 200827/SP, relator Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, 3 T., j. 26/08/2002, DJ 09/12/2002, p. 339).

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    5) Podem firmar, por meio de seus administradores, contratos de gesto com outros rgos ou com pessoas jurdicas (CF, art. 37, 8.);

    6) No tm capacidade para representar em juzo a pessoa jurdica que integram;

    7) Alguns tm capacidade processual para a defesa em juzo de suas prerrogativas funcionais;

    8) No possuem patrimnio prprio.

    2.6. Classificao

    So vrias as classificaes de rgos pblicos elaboradas pelos doutrinadores brasileiros, contudo, nas provas da ESAF, a do professor Hely Lopes Meirelles ainda a mais utilizada.

    1) Quanto posio ocupada na escala governamental ou administrativa (quanto posio estatal): rgos independentes, autnomos, superiores e subalternos.

    Independentes so os rgos previstos diretamente no texto constitucional, representativos dos Poderes Legislativo (Congresso Nacional, Senado, Cmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Cmara de Vereadores), Executivo (Presidncia da Repblica, Governadoria dos Estados, DF e Prefeituras) e Judicirio (com todos os seus rgos). possvel incluir nessa classificao tambm o Ministrio Pblico e os Tribunais de Contas.

    Destaca-se que esses rgos no esto subordinados a quaisquer outros e so ocupados por agentes polticos.

    Autnomos so os rgos que se encontram diretamente subordinados aos rgos independentes, apesar de figurarem no topo da hierarquia administrativa. Detm autonomia tcnica, administrativa e financeira. Dentre eles, podemos citar os Ministrios, os rgos integrantes da estrutura administrativa da Presidncia da Repblica (Casa Civil, Secretaria-Geral, Secretaria de Relaes Institucionais, etc), entre outros.

    Os rgos superiores so aqueles que detm poder de direo, controle, deciso e comando dos assuntos de sua competncia especfica, mas sempre sujeitos subordinao e ao controle hierrquico de uma chefia mais alta. Nessa categoria, podemos incluir os rgos que esto diretamente subordinados aos rgos autnomos e, em alguns casos, at mesmo aos rgos independentes, tais como as gerncias, as coordenadorias, as procuradorias, os departamentos, as secretarias-gerais etc.

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    4) Quanto s funes exercidas: ativos, consultivos e de controle.

    rgos ativos so aqueles que editam atos administrativos com o objetivo de materializar as atividades administrativas, como acontece com os Ministrios, por exemplo.

    rgos consultivos so aqueles que elaboram pareceres com o objetivo de subsidiar as decises de outros rgos pblicos, a exemplo do Conselho de Defesa Nacional.

    rgos de controle so aqueles que exercem atribuies de fiscalizao e controle em relao a outros rgos, a exemplo do Tribunal de Contas da Unio.

    3. Centralizao e descentralizao

    3.1. Centralizao e descentralizao poltica

    As expresses centralizao e descentralizao podem ser estudadas tanto no mbito do Direito Constitucional quanto no mbito do Direito Administrativo.

    Analisando-as sob o mbito constitucional, a expresso centralizao refere-se manuteno do poder poltico (poder de legislar) em um nico ncleo. Nesse caso, a funo legislativa no repartida entre vrios entes, mas centralizada em um ente central, que o nico responsvel pela edio de leis, que so de mbito nacional. o que ocorre nos denominados Estados Unitrios, sendo possvel citar como exemplos o Uruguai, a Frana, a Itlia, dentre outros.

    Na descentralizao ocorre justamente o contrrio, pois o poder de legislar (poder poltico) repartido entre vrias pessoas jurdicas, como acontece no Brasil. Nesse caso, alm da Unio (atravs do Congresso Nacional), tambm podem criar leis os Estados, Distrito Federal e os Municpios, atravs de suas respectivas casas legislativas.

    A descentralizao poltica caracterstica marcante nos pases que adotam a Federao como forma de estado, como ocorre no Brasil e nos Estados Unidos.

    3.2. Centralizao e descentralizao administrativas

    Sob o enfoque do Direito Administrativo, a centralizao ocorre quando a Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios exercem diretamente, em face dos beneficirios, as atividades administrativas que esto em suas respectivas competncias, sem interferncia de outras pessoas fsicas ou jurdicas.

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    3.2.1. Descentralizao Administrativa Territorial

    Antes de a Constituio Federal de 1988 determinar a extino dos territrios, existia, no Brasil, a denominada descentralizao territorial ou geogrfica. Nessa espcie de descentralizao, cria-se um territrio (que ter personalidade jurdica de Direito Pblico interno) e a ele concedida capacidade administrativa genrica.

    A descentralizao territorial ocorre tipicamente nos Estados Unitrios, como o exemplo da Frana. No Brasil, atualmente, no temos esse tipo de descentralizao, pois a Constituio Federal de 1988 determinou a transformao dos antigos territrios de Roraima e do Amap em Estados da Federao (artigo 14 do ADCT da CF/88). Da mesma forma, o antigo territrio de Fernando de Noronha foi incorporado ao Estado de Pernambuco, nos moldes do artigo 15 do ADCT da CF/88.

    Apesar de no existirem territrios no Brasil, lembre-se de que o artigo 18 da CF/88 afirma que os Territrios Federais integram a Unio, e sua criao, transformao em Estado ou reintegrao ao Estado de origem sero reguladas em lei complementar.

    Sendo assim, caso posteriormente o Congresso Nacional decida pela criao de um novo territrio, este ser fruto de uma descentralizao administrativa da Unio, integrando a sua estrutura.

    3.2.2. Descentralizao administrativa por servios ou outorga

    Na descentralizao por outorga, uma entidade poltica (Unio, Estados, DF e Municpios) cria ou autoriza a criao, em ambos os casos atravs de lei especfica, de entidades administrativas (autarquias, fundaes pblicas, empresas pblicas e sociedades de economia mista) que recebero a titularidade e a responsabilidade pela execuo de uma determinada atividade administrativa.

    Exemplo: O inciso VI, artigo 23, da CF/1988, declara expressamente que competncia comum da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios protegerem o meio ambiente e combaterem a poluio em qualquer de suas formas. Sendo assim, na esfera federal, a Unio poderia exercer diretamente essa atribuio administrativa de proteger o meio ambiente, criando um rgo pblico especfico para tal.

    Entretanto, com o objetivo de diminuir o excesso de atividades administrativas que esto sob a sua responsabilidade e, ainda, em respeito ao princpio constitucional da eficincia, a Unio decidiu descentralizar essa atividade, criando o IBAMA.

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    outro lado, na delegao possvel que tenhamos no plo ativo da transferncia da execuo do servio tanto uma entidade poltica quanto uma entidade administrativa, apesar de esta ltima hiptese no ser muito comum. No setor de telecomunicaes, temos um bom exemplo de delegao efetuada por uma entidade administrativa: a ANATEL, que uma autarquia, transferiu para os particulares apenas a execuo dos servios de telecomunicaes, permanecendo com a titularidade.

    4. Administrao Pblica Direta e Indireta

    So muito comuns as questes em provas da ESAF diferenciando Administrao Pblica Direta e Indireta. Entretanto, tenho certeza de que voc jamais errar esse tipo de questo em prova, pois iremos estudar profundamente o tema, analisando todas as espcies de entidades que integram a Administrao Pblica, principalmente a indireta.

    4.1. Administrao Pblica Direta

    O Decreto-Lei n. 200/67, em seu artigo 4, inciso I, declara expressamente que a Administrao Pblica Federal compreende a Administrao Direta, que se constitui dos servios integrados na estrutura administrativa da Presidncia da Repblica e dos ministrios e ainda a Administrao Indireta.

    Como possvel perceber, o conceito de Administrao Pblica Direta est previsto diretamente no texto legal, no comportando maiores dvidas ou discusses. Na esfera federal, composta pela Unio (que detm personalidade jurdica de direito pblico) e de todos os rgos que integram a estrutura da Presidncia da Repblica, previstos na Lei 10.683/03: Ministrios, Casa Civil, Secretaria-Geral, Secretaria de Relaes Institucionais, Secretaria de Comunicao Social, entre outros.

    Da mesma forma que ocorre na esfera federal, os Estados, Distrito Federal e Municpios possuem autonomia poltica para se auto-organizarem. Entretanto, o que se observa na prtica que todos os entes polticos estaduais e municipais tm seguido a estrutura administrativa estabelecida no mbito da Unio.

    4.2. Administrao Pblica Indireta

    Alm de apresentar expressamente o conceito de Administrao Direta, o Decreto-Lei 200/67, em seu artigo 4, II, a, declara ainda que a Administrao Pblica Federal Indireta compreende as autarquias, empresas pblicas, sociedades de economia mista e fundaes pblicas, todas dotadas de personalidade jurdica prpria.

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    Como possvel observar, algumas entidades sero criadas diretamente por lei especfica (autarquias e fundaes pblicas de direito pblico) e outras tero a sua criao autorizada por lei especfica (fundaes pblicas de Direito Privado, empresas pblicas e sociedades de economia mista). Fique atento, pois essas peculiaridades so muito cobradas nas provas da ESAF.

    Caso a entidade seja criada diretamente por lei especfica, ser instituda com personalidade jurdica de direito pblico. Entretanto, se a criao for apenas autorizada por lei especfica, ser regida pelo direito privado.

    Uma questo que anteriormente gerou bastante polmica, mas que parece ter sido pacificada pelo Supremo Tribunal Federal, refere-se existncia de duas espcies de fundaes pblicas: de Direito Pblico e de Direito Privado.

    A polmica foi criada porque at a promulgao da emenda constitucional 19, que alterou o artigo 37, XIX, da CF/1988, as fundaes pblicas no podiam ter a criao autorizada por lei especfica, somente podiam ser criadas por lei especfica. O texto anterior era o seguinte:

    XIX - somente por lei especfica podero ser criadas empresas pblicas, sociedades de economia mista, autarquias ou fundaes pblicas.

    O Supremo Tribunal Federal j se manifestou por vrias vezes no sentido de que existem duas espcies de fundaes pblicas: as de Direito Pblico e as de Direito Privado. As primeiras so criadas por lei especfica, nos mesmos moldes das autarquias e, portanto, so regidas pelo Direito Pblico. A segunda espcie ter a criao autorizada por lei especfica e, portanto, ser regida pelo Direito Privado.

    Alm disso, independentemente do regime adotado (pblico ou privado), as fundaes pblicas somente podero atuar em reas definidas em lei complementar, que, at o momento, ainda no foi criada.

    No processo de criao de autarquias e fundaes pblicas de Direito Pblico, a prpria lei especfica ser responsvel por conceder personalidade jurdica a essas entidades, independentemente de registro posterior de seus atos constitutivos nos rgos competentes (Cartrio de Registro de Pessoas Jurdicas ou Junta Comercial, por exemplo).

    Em relao s entidades que tm a criao apenas autorizada em lei especfica (fundaes pblicas de Direito Privado, empresas pblicas e sociedades de economia mista), a personalidade jurdica somente ser assegurada com a edio de decreto pelo chefe do Poder Executivo (que ser responsvel pela organizao e estruturao da entidade) e o respectivo registro de seus atos constitutivos na Junta Comercial ou no Cartrio de Registro Civil das Pessoas Jurdicas.

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    7. O Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento de que existem duas espcies de fundaes pblicas, as de direito pblico e as de direito privado. As primeiras so criadas por lei, nos mesmos moldes das autarquias e, portanto, sero regidas pelo direito pblico. As segundas tero a criao autorizada por lei e, sendo assim, sero regidas pelo direito privado.

    8. vlido esclarecer que para a criao de subsidirias no existe a necessidade de lei especfica, mas somente autorizao legislativa (qualquer espcie legislativa). Alm disso, a autorizao legislativa tem que ser concedida em cada caso, ou seja, a cada criao de uma nova subsidiria. Contudo, apesar do texto constitucional ser expresso ao afirmar a necessidade de autorizao legislativa para cada caso, em 2004 o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 1649, decidiu que a autorizao legislativa especfica para a criao de empresas subsidirias dispensvel nos casos em que a lei autorizativa de criao da empresa de economia mista ou empresa pblica matriz tambm previu a eventual formao das subsidirias.

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    ENTIDADES DA ADMINISTRAO PBLICA INDIRETA

    1. Consideraes iniciais ............................................................. 29

    2. Espcies de entidades integrantes da administrao pblica indireta

    2.1. Autarquias ..................................................................... 29

    2.1.2. Autarquias em regime especial ................................... 40

    2.1.3. Autarquias profissionais ............................................. 41

    2.2. Fundaes pblicas ........................................................ 42

    2.3. Empresas pblicas e sociedades de economia mista ..... 47

    2.4. Consrcios pblicos ........................................................ 59

    3. Reviso de vspera de prova RVP......................................... 64

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    Cuidado! No correto afirmar que as autarquias possuem autonomia poltica (autonomia de governo), pois essa uma caracterstica inerente s entidades estatais (Unio, Estados, Municpios e Distrito Federal). As autarquias possuem capacidades exclusivamente administrativas e, para exerc-las com maior eficincia, possuem autoadministrao.

    A principal caracterstica das autarquias est relacionada natureza das atividades que desenvolvem: atividades tpicas de Estado, em regra. Esto includas no mbito das atividades tpicas de Estado segurana pblica, diplomacia, arrecadao e fiscalizao de tributos e contribuies previdencirias, vigilncia sanitria, fiscalizao e proteo ao meio ambiente, entre outras.

    Apesar do que acabei de afirmar, importante esclarecer que nem sempre as autarquias exercero atividades tpicas de Estado, a exemplo da UFMG (autarquia federal), que desempenha atividades de pesquisa, ensino e extenso universitrios, que no so tpicas de Estado, j que tambm so realizadas por particulares.

    2.1.1. Conceito

    As autarquias possuem personalidade jurdica de Direito Pblico e integram a Administrao Indireta e Descentralizada, sendo criadas por lei especfica para o exerccio de funes administrativas tpicas de Estado, tais como previdncia e assistncia social (INSS), polcia administrativa (IBAMA), regulao de determinados setores da economia (Banco Central e Comisso de Valores Mobilirios - CVM), assistncia social (INCRA) e at mesmo atuao na rea de sade, em situaes excepcionais.

    O Decreto-Lei 200/67, em seu artigo 5, I, conceitua autarquia como o servio autnomo, criado por lei, com personalidade jurdica, patrimnio e receita prprios, para executar atividades tpicas da administrao pblica, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gesto administrativa e financeira descentralizada.

    Doutrinariamente, interessante o conceito formulado pela professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, para quem autarquia uma pessoa jurdica de Direito Pblico, criada por lei, com capacidade de autoadministrao, para o desempenho de servio pblico descentralizado, mediante controle administrativo exercido nos limites da lei.

    As autarquias se caracterizam como um brao do prprio Estado, sendo as primeiras entidades administrativas a quem foram transferidas a titularidade e a execuo de atividades administrativas especficas.

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    2.1.3. Criao e extino

    Nos termos do inciso XIX, artigo 37, da Constituio Federal de 1988, somente por lei especfica, poder ser criada uma autarquia, seja ela federal, estadual, municipal ou distrital.

    A personalidade jurdica de uma autarquia tem incio com a vigncia da lei responsvel pela sua criao, contrariamente ao que ocorre em relao s pessoas jurdicas de Direito Privado, que so regidas pelas regras constantes no artigo 42 do Cdigo Civil Brasileiro, que assim dispe:

    Art. 45. Comea a existncia legal das pessoas jurdicas de Direito Privado com a inscrio do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessrio, de autorizao ou aprovao do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alteraes por que passar o ato constitutivo.

    A capacidade da autarquia para contrair direitos e obrigaes em nome prprio independe do registro de seus atos constitutivos perante os rgos competentes. A sua existncia legal ter incio com a publicao do texto da lei criadora no Dirio Oficial, que assegurar o incio de sua vigncia e, ainda, da personalidade jurdica da autarquia.

    Em regra, a iniciativa legislativa para a criao de autarquias privativa do Chefe do Executivo (artigo 61, 1, II, e, da CF/88), em todos os nveis federativos (Unio, Estados, Municpios e Distrito Federal).

    Depois de criada por lei, est autorizado o Chefe do Poder Executivo a editar decretos que tenham por objetivo organizar e estruturar o funcionamento da autarquia. O Presidente da Repblica, por exemplo, poder editar um decreto com a finalidade de aprovar o regimento interno ou o estatuto de uma autarquia recm-criada.

    Analisando-se o texto do artigo 37, caput, da CF/88, conclui-se ser possvel a criao de autarquias vinculadas ao Poder Judicirio e, ainda, ao Poder Legislativo. Nesses casos, a apresentao do projeto de lei de criao dependeria de cada Poder especfico, e no do Chefe do Executivo.

    Art. 37. A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia [...]

    Como exemplo de autarquia vinculada ao Poder Judicirio, podemos citar o Instituto Pedro Ribeiro de Administrao Judiciria IPRAJ, criada junto ao Tribunal de Justia do Estado da Bahia (atravs da Lei Estadual n 4.348/84), com o objetivo de planejar, coordenar, dirigir, executar e controlar as atividades de apoio administrativo em matria financeira, de pessoal, de suprimento, de desenvolvimento de recursos humanos e organizacionais, assistncia e previdncia social do Tribunal.

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    Assim, apesar de o Conselho Nacional de Justia - CNJ, em deciso proferida no processo administrativo n 337.015, ter sido contrrio existncia de autarquia vinculada ao Poder Judicirio, constata-se que, em tese, possvel a criao de tais entidades vinculadas ao Poder Judicirio e Legislativo (anlise extrada do artigo 37 da CF/88).

    Em respeito ao princpio do paralelismo das formas, como se exige lei especfica para criao de autarquia, da mesma forma, exige-se lei especfica para a sua extino. Desse modo, uma autarquia jamais poder ser extinta por Decreto editado pelo Chefe do Executivo, pois no foi criada por Decreto, mas sim por lei especfica.

    Para que voc consiga visualizar o processo de criao de uma autarquia, basta efetuar uma leitura do artigo 2 da Lei 7.735/89, alterado pela lei 11.516/07, que criou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis IBAMA:

    Art. 2 criado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis IBAMA, autarquia federal dotada de personalidade jurdica de Direito Pblico, autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministrio do Meio Ambiente, com a finalidade de:

    I - exercer o poder de polcia ambiental;

    II - executar aes das polticas nacionais de meio ambiente, referentes s atribuies federais, relativas ao licenciamento ambiental, ao controle da qualidade ambiental, autorizao de uso dos recursos naturais e fiscalizao, ao monitoramento e ao controle ambiental, observadas as diretrizes emanadas do Ministrio do Meio Ambiente; e (Includo pela Lei n. 11.516, 2007).

    III - executar as aes supletivas de competncia da Unio, de conformidade com a legislao ambiental vigente.

    2.1.4. Responsabilidade civil perante terceiros

    As autarquias respondero objetivamente pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsvel nos casos de dolo ou culpa, nos termos do 6, artigo 37, da Constituio Federal de 1988.

    Como as autarquias possuem personalidade jurdica prpria, respondem civilmente pelos danos que seus agentes, no exerccio de funo pblica, causarem a terceiros. O ente estatal responsvel pela criao da autarquia somente ser acionado para cumprir a obrigao quando a autarquia tornar-se inadimplente.

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    Entende a doutrina majoritria que os entes estatais respondem subsidiariamente pelos danos a terceiros causados em virtude de aes ou omisses de agentes das autarquias. O ente criador (Unio, Estados, Municpios e DF) somente pode ser acionado aps a exausto dos recursos financeiros da autarquia e, portanto, no correto falar-se em responsabilidade solidria, mas sim subsidiria, j que as autarquias possuem personalidade jurdica e patrimnio prprios,

    Somente se a autarquia no possuir recursos financeiros suficientes para cobrir os prejuzos causados a terceiros que o ente estatal poder ser acionado, subsidiariamente.

    No iremos aprofundar o nosso estudo, neste momento, no tema referente responsabilidade civil da Administrao. Em aula especfica, voltaremos a tratar do assunto.

    2.1.5. Patrimnio

    O patrimnio de uma autarquia constitudo por bens mveis e imveis, que so considerados integralmente bens pblicos, no existindo participao da iniciativa privada em sua constituio.

    Nos termos do artigo 98 do Cdigo Civil, so pblicos os bens do domnio nacional pertencentes s pessoas jurdicas de Direito Pblico interno; todos os outros so particulares, seja qual for a pessoa a que pertencem.

    Pergunta: Professor, como esses bens mveis e imveis passam a integrar o patrimnio de uma autarquia?

    Esses bens podem ser transferidos atravs da prpria lei responsvel pela criao da autarquia ou, ainda, atravs de lei posterior, que ir agregar novos bens ao patrimnio original.

    Exemplo: No momento da criao do IBAMA, a prpria Lei 7.735/89, em seu artigo 4, declarou expressamente que os bens que iriam integrar o patrimnio inicial da entidade seriam provenientes de outras entidades extintas.

    Art. 4 O patrimnio, os recursos oramentrios, extra-oramentrios e financeiros, a competncia, as atribuies, o pessoal, inclusive inativos e pensionistas, os cargos, funes e empregos da Superintendncia da Borracha - SUDHEVEA e do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal - IBDF, extintos pela Lei n. 7.732, de 14 de fevereiro de 1989, bem assim os da Superintendncia do Desenvolvimento da Pesca - SUDEPE e da Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA so transferidos para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis, que os suceder, ainda, nos direitos, crditos e obrigaes, decorrentes de lei, ato administrativo ou contrato, inclusive nas respectivas receitas.

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    Como os bens integrantes do patrimnio das autarquias so considerados pblicos, gozam das mesmas prerrogativas asseguradas aos bens pertencentes s entidades da Administrao Direta: a imprescritibilidade (no podem ser objeto de aes de usucapio apresentadas por terceiros), a alienabilidade condicionada (apenas os bens dominicais podem ser alienados e desde que cumpridas todas as exigncias legais) e a impenhorabilidade (no podem ser penhorados para garantir o pagamento de crditos de terceiros).

    2.1.6. Regime de pessoal

    Ao analisarmos o regime de pessoal das autarquias, necessrio e imprescindvel diferenciarmos duas espcies de agentes: os servidores pblicos e os seus dirigentes.

    a) Servidores Pblicos

    O texto original do artigo 39 da Constituio Federal de 1988 estabelecia que a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios deveriam estabelecer, no mbito de sua competncia, regime jurdico nico (apenas estatutrio, celetista ou outro regime legal) para os servidores da administrao pblica direta, das autarquias e das fundaes pblicas.

    Na esfera federal, decidiu-se adotar o regime estatutrio (Lei 8.112/90) para todos os servidores pblicos federais vinculados Unio, seus respectivos rgos, autarquias e fundaes pblicas de Direito Pblico.

    Entretanto, em 04 de junho de 1998, foi promulgada a emenda constitucional n. 19, que acabou com a obrigatoriedade de um regime jurdico nico para todos os servidores pblicos.

    A partir de ento, o regime jurdico das referidas entidades e rgos pblicos poderia ser estatutrio ou celetista (nos termos da CLT), ou, ainda, qualquer outro previsto em lei. Em tese, seria possvel ento que uma autarquia federal, por exemplo, tivesse em seu quadro uma parte de servidores regidos por estatuto (Lei 8.112/90) e outra parte regida pela CLT.

    Todavia, no dia 02 de agosto de 2007, o Plenrio do Supremo Tribunal Federal deferiu medida cautelar na ADIn n. 2.135, para declarar inconstitucional a nova redao dada pela EC n. 19/98 ao caput do artigo 39 da CF, sob a alegao de que a alterao do referido artigo no teria sido aprovada pelo processo legislativo previsto no texto constitucional (qurum favorvel de, no mnimo, 3/5 dos membros das duas Casas do Congresso Nacional, em dois turnos de votao, como exige o art. 60, 2, da CF/88).

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    Segundo os partidos que apresentaram a ADIn 2.135 (PT, PDT, PCdoB e PSB), a alterao do texto do artigo 39 da CF somente teria sido aprovada no Senado, sem a manifestao obrigatria da Cmara dos Deputados.

    Sendo assim, com a suspenso, pelo STF, da alterao que havia sido efetuada pela emenda constitucional n 19, voltou a vigorar no Brasil o famoso regime jurdico nico.

    A alterao efetuada pela EC n. 19/98 (fim do regime jurdico nico) no artigo 39 da CF/88 foi suspensa liminarmente pelo Supremo Tribunal Federal e, portanto, as autarquias federais atualmente s podem contratar servidores pblicos pelo regime estatutrio (Lei 8.112/90), pelo menos at a deciso final de mrito na ADIn 2.135.

    Ateno: As sociedades de economia mista e as empresas pblicas no foram afetadas pelas modificaes citadas neste tpico, pois os seus empregados sempre foram regidos exclusivamente pelo regime celetista, conforme veremos adiante.

    b) Dirigentes

    Alm dos servidores pblicos, ainda fazem parte do quadro de pessoal das autarquias os seus respectivos dirigentes, que sero escolhidos na forma da lei instituidora ou dos respectivos estatutos.

    Em regra, os dirigentes das autarquias ocupam cargos em comisso (tambm denominados cargos de confiana), nos termos do inciso II, artigo 37, da CF/1988, e a competncia para efetuar tanto a nomeao quanto a exonerao do Presidente da Repblica (artigo 84, XXV, da CF/1988).

    Da mesma forma e em respeito ao princpio da simetria (que determina que as entidades federativas estaduais, municipais e distrital, ao organizarem suas constituies estaduais e leis orgnicas, devem obedincia s normas de organizao previstas na Constituio Federal), tal competncia tambm ser assegurada aos Governadores dos Estados, do DF e aos Prefeitos, em suas respectivas esferas de atuao.

    Existem casos especficos em que a prpria Constituio Federal afastou a discricionariedade do Presidente da Repblica para a nomeao dos dirigentes de autarquias, como acontece, por exemplo, no inciso XIV, do artigo 84, que condiciona a nomeao dos diretores e presidente do Banco Central (autarquia federal) aprovao prvia do Senado Federal.

    O Supremo Tribunal Federal j declarou ser constitucional a exigncia legal que condiciona a nomeao de dirigentes de autarquias e demais entidades administrativas regidas pelo Direito Pblico, pelo Chefe do Executivo, prvia aprovao do Poder Legislativo respectivo.

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    b) quando a sentena for fundamentada em jurisprudncia do plenrio do Supremo Tribunal Federal ou em smula deste Tribunal ou de Tribunal Superior.

    2.1.8. Imunidade tributria

    Nos termos do artigo 150, VI, a, da Constituio Federal de 1988, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios instituir impostos sobre o patrimnio, renda ou servios, uns dos outros e, por fora do 2 do mesmo artigo 150, a vedao se estende s autarquias e s fundaes institudas e mantidas pelo poder pblico, no que se refere ao patrimnio, renda e aos servios vinculados s suas finalidades essenciais ou s delas decorrentes.

    importante esclarecer que a imunidade tributria, prevista no artigo 150, VI, a, da CF/88, no se aplica de forma plena s autarquias. A imunidade tributria somente ir incidir sobre o patrimnio, a renda e os servios das autarquias que estejam vinculados s suas finalidades essenciais ou s que delas decorram.

    Exemplo: O IBAMA, que autarquia federal, no est obrigado a pagar IPTU relativo a imvel integrante de seu patrimnio e que utilizado como sede de suas atividades administrativas (finalidade essencial). Todavia, se o IBAMA possui imvel que esteja desocupado e decide alug-lo, ser exigido o pagamento do IPTU, pois, nesse caso, o bem no estar sendo utilizado para a satisfao de suas finalidades essenciais.

    Para que voc no seja surpreendido nas provas, lembre-se sempre de que a imunidade tributria no alcana todas as espcies de tributo, como as taxas e as contribuies de melhoria, mas apenas os impostos, que so espcies do gnero tributo.

    2.1.9. Prescrio quinquenal

    Todos aqueles que possuem crditos a receber de autarquias devero promover a cobrana no prazo mximo de 05 (cinco) anos, sob pena de prescrio (no poder mais exigi-lo). O referido prazo consta expressamente no Decreto Federal 20.910/32, que foi estendido s autarquias pelo Decreto-Lei 4.597/42.

    2.1.10. Foro judicial

    Nos termos do inc. I, artigo 109, da Constituio Federal de 1988, as causas em que entidade autrquica federal for interessada na condio de autora, r, assistente ou oponente, exceto as de falncia, as de acidentes de trabalho e as sujeitas Justia Eleitoral e Justia do Trabalho, tramitaro na

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    justia federal. Entretanto, nos casos de autarquias estaduais ou municipais, as causas devero tramitar na justia estadual.

    Da mesma forma, nos termos do inciso VIII, artigo 109, da CF/1988, os mandados de segurana e os habeas data contra ato de autoridade federal (dirigentes de autarquias, por exemplo), excetuados os casos de competncia dos tribunais federais, tambm sero propostos na justia federal de 1 instncia.

    No momento, os servidores das autarquias somente podem vincular-se entidade pelo regime jurdico estatutrio, pois o Supremo Tribunal Federal restabeleceu a obrigatoriedade do regime jurdico nico. Contudo, entre 04 de junho de 1998 (promulgao da EC 19) e 02 de agosto de 2007 (data na qual o STF concedeu medida cautelar para restituir o regime jurdico nico), as autarquias puderam contratar agentes pblicos tanto pelo regime estatutrio quanto celetista.

    Assim, caso os servidores estatutrios de uma autarquia federal necessitem recorrer ao judicirio para exigir o pagamento de alguma verba remuneratria (horas extraordinrias, por exemplo), devero acionar a justia federal. Por outro lado, caso os agentes autrquicos sejam regidos pela CLT (contratados no perodo em que havia sido extinto o regime jurdico nico) e desejam exigir o pagamento de horas extraordinrias no recebidas, devero acionar a justia trabalhista.

    Deve ficar bem claro que a competncia judicial para processamento e julgamento das aes propostas pelos servidores pblicos, em face da Administrao, est intimamente relacionada com o regime jurdico adotado. Caso o regime jurdico adotado seja o celetista (empregados pblicos), a ao judicial pleiteando adicional de insalubridade, por exemplo, dever ser proposta na justia trabalhista. Do contrrio, caso o regime seja estatutrio (Lei 8.112/90, por exemplo), a ao dever ser proposta na justia federal comum de 1 instncia.

    2.1.11. Controle finalstico

    As entidades autrquicas no esto subordinadas s entidades polticas responsveis pela respectiva criao, mas apenas vinculadas. As entidades criadoras, da Administrao Direta, exercem sobre as autarquias apenas o denominado controle finalstico ou superviso ministerial (essa ltima denominao utilizada apenas no mbito federal, j que no temos Ministrios no mbito estadual e municipal, mas apenas Secretarias).

    Pergunta: Professor, o que seria essa tal de superviso ministerial?

    Primeiramente, necessrio esclarecer que as autarquias possuem autonomia administrativa, ou seja, capacidade de autoadministrao segundo as regras constantes da lei responsvel pela sua criao.

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    Como exemplos dessas autarquias em regime especial, podemos citar as Universidades Pblicas Federais que, em razo de o artigo 207 da CF/88 assegurar-lhes autonomia didtica, cientfica, administrativa e de gesto financeira e patrimonial, acabaram recebendo o ttulo de especiais.

    As agncias reguladoras tambm so exemplos de autarquias em regime especial e, por sinal, a ESAF adora cobrar questes sobre o tema. Todavia, somente no prximo mdulo iremos conhecer as caractersticas bsicas das agncias reguladoras e outras espcies de autarquias, como as agncias executivas.

    2.1.14. Autarquias profissionais

    Apesar de no serem comuns questes em provas sobre o tema, importante que voc saiba que os conselhos profissionais (Conselho Federal de Farmcia, Conselho Regional de Enfermagem, Conselho Federal de Contabilidade, entre outros) possuem a natureza jurdica de autarquias e, portanto, so regidos pelo Direito Pblico.

    Esse foi o entendimento do Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI 1.717-DF, em 22/09/1999, ao reconhecer que o servio de fiscalizao de profisses constitui atividade tpica de Estado, fundamentando o exerccio do poder de polcia e a aplicao de penalidades aos profissionais que desrespeitarem os preceitos legais normatizadores de cada profisso.

    Nos termos do 3, artigo 58, da Lei 9.649/98, os empregados dos conselhos de fiscalizao de profisses regulamentadas so regidos pela legislao trabalhista, sendo necessria a realizao de concurso pblico para o provimento de seu quadro de pessoal.

    Outro ponto importante e que merece destaque a natureza jurdica sui generis da Ordem dos Advogados do Brasil, que no pode ser confundida com os demais conselhos profissionais (assim se manifestou o Superior Tribunal de Justia no julgamento do EREsp n 503.252/SC, em 25/08/2004).

    No julgamento da ADI n 3.026-4/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou, entre outros, que:

    1) a OAB no se sujeita aos ditames impostos pela Administrao Pblica Direta e Indireta;

    2) a OAB no integra a Administrao Indireta da Unio;

    3) a OAB um servio pblico independente;

    4) a OAB no uma autarquia em regime especial;

    5) a OAB no est sujeita ao controle da Administrao Pblica;

    6) a OAB no precisa realizar concurso pblico para a contratao de seus empregados;

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    7) a OAB uma categoria mpar no elenco das personalidades jurdicas do Direito brasileiro.

    2.1.15. Autarquias interestaduais

    O professor Jos dos Santos Carvalho Filho, com a clareza que lhe peculiar, afirma que em virtude da autonomia de que so titulares, na forma do art. 18, da CF, cada uma das pessoas federativas tem competncia para instituir suas prprias autarquias, que ficaro vinculadas respectiva Administrao Direta. Todavia, no so admissveis autarquias interestaduais e intermunicipais. Se h interesse de Estados e de Municpios para executar servios comuns, devem os interessados, por si mesmos ou por pessoas descentralizadas, como o caso de autarquias, celebrar convnios ou consrcios administrativos, constituindo essa forma de cooperao a gesto associada prevista no art. 241 da Constituio, tudo, bvio, dentro do mbito das respectivas competncias constitucionais. Esta que deve ser a soluo, e no a criao de autarquia nica (ou outra pessoa descentralizada) para interesse de diversos entes. Semelhante hiptese provocaria deformao no sistema de administrao direta e indireta, segundo o qual cada pessoa descentralizada vinculada apenas ao ente federativo responsvel por sua instituio, e no simultaneamente a vrias pessoas federativas. Inexiste, por conseguinte, vinculao pluripessoal.

    Com esse correto entendimento, o STF julgou injurdica a criao de entidade considerada autarquia interestadual de desenvolvimento porque no h a possibilidade de criao de autarquias interestadual mediante a convergncia de diversas unidades federadas, alm do fato de que a matria relacionada a desenvolvimento, planejamento e fomento regional se insere na competncia da Unio Federal.

    2.2. Fundaes Pblicas

    2.2.1. Aspectos gerais

    Para fins de concursos pblicos, possvel citar trs espcies bsicas de fundaes: fundaes privadas; fundaes pblicas de Direito Privado e fundaes pblicas de Direito Pblico.

    As fundaes so figuras jurdicas originrias do Direito Privado, constitudas pela atribuio de personalidade jurdica a um patrimnio preordenado a um fim social. to grande a importncia do patrimnio em uma fundao que, frequentemente, voc encontra questes de concursos apelidando-as de patrimnio personificado.

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    Apesar de o tema ser constante em provas de concursos pblicos e de o prprio Supremo Tribunal Federal j ter se manifestado pela existncia das duas espcies de fundaes pblicas (julgamento do recurso extraordinrio n. 101.126/RJ), ainda grande a divergncia na doutrina. Entretanto, como o nosso objetivo ingressar no servio pblico, vamos adotar o posicionamento do STF.

    At a promulgao da emenda constitucional n. 19, que alterou o artigo 37, XIX, da CF/1988, as fundaes pblicas no podiam ter a criao autorizada por lei especfica, somente podiam ser criadas por lei especfica. O texto anterior era o seguinte:

    XIX - somente por lei especfica podero ser criadas empresas pblicas, sociedades de economia mista, autarquias ou fundaes pblicas.

    Entretanto, com a promulgao da EC n.19/98, o inciso XIX do artigo 37 passou a vigorar com seguinte teor:

    XIX - somente por lei especfica poder ser criada autarquia e autorizada a instituio de empresa pblica, de sociedade de economia mista e de fundao, cabendo lei complementar, neste ltimo caso, definir as reas de sua atuao.

    Nesse contexto, possvel concluir que as fundaes pblicas de Direito Pblico so criadas por lei especfica e, segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal, seriam uma espcie de autarquia, gozando de todas as prerrogativas atribudas a essa entidade administrativa. Quando regidas pelo Direito Pblico, as fundaes pblicas so usualmente denominadas de autarquia fundacional ou fundao autrquica.

    Por outro lado, as fundaes pblicas de Direito Privado tm a criao autorizada por lei e, portanto, no podem ser consideradas espcies de autarquias (pelo menos esse o entendimento da doutrina majoritria). As fundaes pblicas de Direito Privado so criadas nos moldes do art. 37, XIX, da CF, por decreto do Chefe do Poder Executivo aps autorizao concedida por lei especfica, que dever ser registrada nos rgos competentes para que se tenha incio a personalidade jurdica.

    Como exemplos de fundaes pblicas de Direito Pblico, podemos citar a Fundao Nacional de Sade (FUNASA), a Fundao Nacional do ndio (FUNAI), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), a Fundao Universidade de Braslia (UNB), a Fundao Oswaldo Cruz, entre outras.

    Em relao s fundaes pblicas de Direito Privado, podemos citar o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq), a Fundao Joaquim Nabuco (FUNDAJ) e a Fundao Cultural Palmares.

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    2.2.3 Caractersticas das fundaes pblicas de Direito Privado

    O regime de Direito Privado a regra para as fundaes pblicas de Direito Privado, sejam elas federais, estaduais, municipais ou distritais. Entretanto, tambm correto afirmar que so regidas por um regime jurdico hbrido, pois a elas se aplicam tambm alguns preceitos do Direito Pblico, como passaremos a elencar:

    1) Controle Finalstico: esto sujeitas ao controle, fiscalizao e gesto financeira pelos Tribunais de Contas (artigo 71, II e III, da CF/88) e ainda, nos termos do inciso X, artigo 49, da CF/1988, fiscalizao do Congresso Nacional. Ademais, vlido esclarecer ainda que as fundaes pblicas de Direito Privado esto sujeitas ao controle finalstico, tambm denominado de superviso ministerial;

    2) Licitao: independentemente da natureza jurdica da fundao governamental, seja de Direito Pblico ou de Direito Privado, existe a obrigatoriedade de submisso s regras licitatrias previstas no inciso XXI, artigo 37, da CF/1988;

    3) Responsabilidade civil: se estiver incumbida da prestao de servios pblicos respondero objetivamente pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros;

    4) Patrimnio: constitudo por bens mveis, imveis, valores e direitos adquiridos em razo de doaes terceiros, receitas da prpria entidade ou, ainda, em razo de cesso gratuita de bens pblicos, mediante lei. O entendimento doutrinrio majoritrio no sentido de que os bens integrantes do patrimnio das fundaes pblicas de Direito Privado no podem ser considerados bens pblicos e, portanto, so penhorveis e suscetveis de usucapio.

    5) Regime de pessoal: apesar de serem regidas pelo Direito Privado, existe consenso entre os doutrinadores de que ser necessria a realizao de concurso pblico para a contratao de seus agentes pblicos. Entretanto, os seus agentes sero regidos pelo regime contratual, ou seja, celetista.

    6) Foro judicial: como o inciso I, do artigo 109, da Constituio Federal, no diferenciou as fundaes pblicas regidas pelo Direito Pblico das fundaes pblicas regidas pelo Direito Privado, predomina o entendimento de que ambas possuem prerrogativa de foro na Justia Federal, quando forem institudas pela Unio. Esse pelo menos o posicionamento do Superior Tribunal de Justia, que j se pronunciou nesses termos no julgamento do Conflito de Competncia 37681/SC e 39431/PE.

    7) Imunidade tributria recproca: aplicam-se s fundaes pblicas regidas pelo Direito Privado as regras estabelecidas no 2, artigo 150, da CF/1988, gozando de imunidade em relao ao pagamento de impostos sobre os seus bens, servios e rendas, quando vinculados s atividades fins.

    Assim, para responder s questes de concursos pblicos, tenha sempre em mente que as fundaes pblicas de Direito Pblico so espcies de

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    autarquias, e, portanto, gozam das mesmas prerrogativas destas. Por outro lado, as fundaes pblicas de Direito Privado no gozam de todas as prerrogativas das autarquias, mas somente aquelas que foram elencadas acima.

    No concurso pblico para o cargo de Analista Tributrio da Receita Federal do Brasil, realizado em 2009, a ESAF considerou correta a seguinte assertiva: A Administrao Pblica, ao criar fundao de direito privado, submete-a ao direito comum em tudo aquilo que no for expressamente derrogado por normas de direito pblico.

    2.2.4. Controle do Ministrio Pblico

    Ainda existe divergncia doutrinria em relao possibilidade de o Ministrio Pblico fiscalizar as atividades finalsticas das fundaes pblicas. Alguns autores afirmam que o Ministrio Pblico deve exercer esse controle, assim como ocorre em relao s fundaes privadas institudas por particulares. Outros afirmam que no existe a necessidade de qualquer tipo de controle por parte do Ministrio Pblico, pois a superviso ministerial (tambm denominada de controle finalstico) exercida pela Administrao Direta seria suficiente para controlar a realizao dos objetivos fixados nos atos de constituio da entidade.

    A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, por exemplo, afirma que a fiscalizao pelo Ministrio Pblico, com relao s fundaes governamentais, mesmo a de direito privado, totalmente desnecessria, pois somente serve para sobrecarregar a entidade com duplicidade de controles que tm o mesmo objetivo.

    No concurso pblico para o cargo de Analista de Finanas e Controle da Secretaria do Tesouro Nacional, realizado em 2008, a ESAF considerou correta a seguinte assertiva: As fundaes pblicas de direito pblico, de natureza autrquica, no se submetem aos rgos de controle fundacional do Ministrio Pblico.

    No julgamento do recurso extraordinrio n 215.741/SE, de relatoria do Ministro Maurcio Corra, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a Fundao Nacional de Sade, que mantida por recursos oramentrios oficiais da Unio e por ela instituda, entidade de direito pblico. Nesses termos, compete Justia Federal processar e julgar ao em que figura como parte fundao pblica, tendo em vista sua situao jurdica conceitual assemelhar- se, em sua origem, s autarquias. Ainda que o artigo 109, I da Constituio Federal, no se refira expressamente s fundaes, o entendimento desta Corte o de que a finalidade, a origem dos recursos e o regime administrativo de tutela absoluta a que, por lei, esto sujeitas, fazem delas espcie do gnero autarquia.

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    Nesse caso, no temos mais dvidas em relao s fundaes pblicas de direito pblico (pelo menos para as provas da ESAF), pois a banca j se posicionou em relao desnecessidade de controle do Ministrio Pblico. Entretanto, permanece a dvida em relao s fundaes pblicas de direito privado, pois a ESAF ainda no elaborou questes sobre esse tpico.

    De qualquer forma, para responder s questes de prova, penso que mais prudente adotar o entendimento da professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, que no sentido da desnecessidade de fiscalizao do Ministrio Pblico em relao s fundaes pblicas, inclusive as de direito privado.

    2.3. Empresas pblicas e sociedades de economia mista

    2.3.1. Noes gerais

    Apesar de as empresas pblicas e sociedades de economia mista possurem algumas caractersticas distintas, estudaremos as duas conjuntamente, o que facilitar bastante a assimilao das informaes. De incio, analisaremos as caractersticas comuns e, posteriormente, os tpicos que as distinguem.

    Primeiramente, vlido esclarecer que so vrias as expresses utilizadas pelas bancas examinadoras ao se referirem s empresas pblicas e sociedades de economia mista, a exemplo de empresas governamentais, empresas estatais, entre outras.

    No concurso pblico para o cargo de Oficial de Chancelaria, por exemplo, realizado em 2002, a ESAF utilizou a expresso empresas estatais, conforme se constata na questo abaixo:

    (ESAF/Oficial de Chancelaria MRE/2002) Quanto s empresas estatais, assinale a afirmativa falsa.

    Diante disso, fique atento para no confundir as expresses empresas governamentais e empresas estatais com a expresso entidade paraestatal, pois esta ltima utilizada para se referir s pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrativos, que colaboram com o Estado na execuo de atividades de interesse coletivo, a exemplo das Organizaes Sociais, OSCIPs e Servios Sociais Autnomos.

    No concurso pblico para o cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal, realizado em 2009, a ESAF fez referncia s entidades paraestatais, considerando incorreta a assertiva que afirmava que tais pessoas jurdicas integravam a Administrao Pblica Federal:

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    Em regra, a explorao de atividades econmicas deve ficar sob a responsabilidade das empresas particulares e o Estado somente ir intervir nessa seara supletivamente.

    Como exemplos de entidades estatais exploradoras de atividades econmicas, podemos citar o Banco do Brasil (sociedade de economia mista federal), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social BNDES (empresa pblica federal), a Caixa Econmica Federal (empresa pblica federal), o Banco do Nordeste do Brasil (sociedade de economia mista federal) e a Petrobrs (sociedade de economia mista federal).

    Ainda sobre o tema, outro ponto que merece destaque a distino entre atividade econmica de produo ou comercializao de bens ou de prestao de servios.

    O 1, art. 173, da Constituio Federal de 1988, afirma claramente que a explorao de atividade econmica poder ocorrer atravs da produo ou comercializao de bens ou ainda atravs da prestao de servios. Em relao primeira hiptese, podemos citar como exemplo o caso da Petrobrs (sociedade de economia mista federal), que realiza a produo e a comercializao de produtos derivados do petrleo. Em relao segunda hiptese, podemos citar como exemplo a Caixa Econmica Federal (empresa pblica federal) e o Banco do Brasil (sociedade de economia mista federal), que realizam a prestao de servios bancrios.

    Ateno: O 1, art. 173, da Constituio Federal, refere-se aos servios que no so pblicos, ou seja, queles que so explorados pelas empresas privadas e que, somente quando estiver em risco a segurana nacional ou existir relevante interesse coletivo, sero explorados pelo Estado. O servio bancrio no considerado um servio pblico, muito pelo contrrio, caracteriza-se como atividade econmica.

    b) Empresas estatais prestadoras de servios pblicos: alm de explorarem atividades econmicas, as empresas estatais tambm exercem funes tpicas de Estado, ou seja, prestam determinados servios pblicos que so da competncia das entidades integrantes da Administrao direta.

    Como exemplo de empresas estatais prestadoras de servios pblicos, podemos citar a INFRAERO (empresa pblica federal), os CORREIOS (empresa pblica federal), a Companhia Brasileira de Trens Urbanos CBTU (sociedade de economia mista federal), a Cia Energtica de Minas Gerais CEMIG (sociedade de economia mista estadual), a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do So Francisco e do Parnaba - CODEVASF (empresa pblica federal), entre outras.

    No concurso pblico para o cargo de Oficial de Chancelaria, realizado em 2002, a ESAF considerou incorreta a seguinte assertiva: As empresas estatais somente podem ter por objeto social a explorao de atividades econmicas.

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    Analisando-se as informaes apresentadas nos pargrafos anteriores, no restam dvidas de que as empresas estatais podem explorar atividades econmicas ou prestar servios pblicos.

    2.3.3. Regime jurdico

    Independentemente da atividade que exercerem (explorao de atividade econmica ou prestao de servios pblicos) as empresas estatais sero predominantemente regidas pelo Direito Privado. Entretanto, no correto afirmar que essas entidades so regidas exclusivamente pelo direito privado, pois a elas tambm se aplicam regras do Direito Pblico, tais como a obrigatoriedade de licitao para a contrao de obras, bens e servios e ainda a necessidade de realizao de concurso pblico para a contratao de seus empregados.

    No concurso pblico para o cargo de Tcnico da Receita Federal, realizado em 2006, a ESAF considerou incorreta a seguinte assertiva: As sociedades de economia mista, constitudas com capitais predominantes do Estado, so pessoas jurdicas de direito privado, integrantes da Administrao Pblica Indireta, regidas pelas normas comuns aplicveis s empresas particulares, estando fora do mbito de incidncia do Direito Administrativo.

    Na oportunidade, a banca considerou incorreta a assertiva porque as sociedades de economia mista so de regime hbrido, isto , sujeitam-se ao direito privado e, em muitos aspectos, ao direito pblico (Direito Administrativo).

    O inc. II, 1, do artigo 173, da Constituio Federal, estabelece que quando as empresas estatais explorarem atividades econmicas estaro sujeitas ao regime prprio das empresas privadas, submetendo-se s mesmas obrigaes civis, comerciais, trabalhistas e tributrias.

    Determina ainda 2 do mesmo artigo que as referidas entidades no podero gozar de privilgios fiscais no extensivos s empresas privadas de sua rea de atuao, evitando-se, assim, uma possvel concorrncia desleal entre as empresas governamentais e privadas.

    Voc consegue imaginar o tamanho do prejuzo que poderia ser causado aos bancos privados caso a imunidade tributria recproca tambm se estendesse ao Banco do Brasil e Caixa Econmica Federal? Esses bancos simplesmente engoliriam o restante do mercado.

    2.3.4. Criao e extino

    As empresas estatais so criadas aps autorizao concedida em lei especfica, nos termos do inciso XIX, artigo 37, da Constituio Federal, que assim dispe:

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    empresas estatais recebam da entidade poltica criadora (Unio, Estados, Municpios e Distrito Federal) recursos para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral ( 9, artigo 37, da CF/88).

    Apesar da exigncia de aprovao em concurso pblico para ingresso nas empresas estatais, vlido esclarecer que os empregados pblicos no possuem estabilidade, que privativa dos servidores titulares de cargos efetivos, nos termos do artigo 41 da Constituio Federal de 1988.

    Ateno: no julgamento do recurso extraordinrio n 589.998, que ocorreu em 21/03/2013, o Supremo Tribunal Federal declarou que obrigatria a motivao da dispensa unilateral de empregado por empresa estatal e sociedade de economia mista tanto da Unio, quanto dos Estados, do Distrito Federal e dos municpios.

    Nesses termos, deve ficar claro que apesar de os empregados de empresas estatais no possurem estabilidade no emprego pblico, somente podem ser demitidos mediante ato motivado, isto , que apresente os fundamentos de fato e de direito que justificaram a respectiva dispensa.

    2.3.6. Licitao

    O inciso III, 1, artigo 173, da CF/88, afirma expressamente que a lei estabelecer o estatuto jurdico da empresa pblica, da sociedade de economia mista e de suas subsidirias que explorem atividade econmica de produo ou comercializao de bens ou de prestao de servios, dispondo sobre licitao e contratao de obras, servios, compras e alienaes, observados os princpios da administrao pblica.

    Analisando-se o referido dispositivo, conclui-se que o prprio texto constitucional estabelece a necessidade de criao de um regime licitatrio especfico para as empresas estatais exploradoras de atividade econmica, que se dar nos termos da lei.

    A criao desse novo regime certamente tornar mais simplificado o processo licitatrio, aumentando a competitividade e a eficincia das empresas pblicas e sociedades de economia mista.

    importante destacar que o citado dispositivo constitucional no se refere s empresas estatais prestadoras de servios pblicos, mas somente quelas que exploram atividades econmicas. Diante desse contexto, surge a seguinte dvida: as empresas estatais prestadoras de servios pblicos esto obrigadas a realizar licitao para a contratao de obras, bens e servios?

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    Certamente. Apesar de o texto constitucional no mencion-las, vlido esclarecer que as empresas estatais prestadoras de servios pblicos exercem atividades tpicas de Estado, assim como os rgos da Administrao Direta federal, estadual, municipal e distrital, bem como as autarquias e fundaes pblicas. Assim, tambm se submetem s regras do inciso XXI, artigo 37, da CF/1988, que apresenta como obrigatria a realizao de licitao.

    Diante de tudo o que foi apresentado, possvel concluir que a lei dever criar um estatuto licitatrio prprio para as empresas estatais exploradoras de atividade econmica. Todavia, enquanto o referido estatuto no for criado, aplicam-se a essas entidades as regras da lei geral de Licitaes (Lei 8.666/93).

    Pergunta: As empresas estatais prestadoras de servios pblicos tambm se submetem Lei 8.666/93?

    Sim, pois exercem atividades tipicamente estatais.

    No concurso pblico para o cargo de Oficial de Chancelaria, realizado em 2002, a ESAF considerou correta a seguinte assertiva: Pela previso constitucional, o estatuto das empresas estatais poder exclu-las da estrita observncia da legislao sobre licitao.

    2.3.7. Imunidade tributria

    Empresa estatal que explora atividade econmica atua no mercado competindo diretamente com empresas privadas e, portanto, no pode gozar de privilgios tributrios que no sejam assegurados tambm aos particulares, sob pena de caracterizao de concorrncia desleal.

    Essa informao muito cobrada em provas da ESAF, a exemplo do que ocorreu no concurso para o cargo de Oficial de Chancelaria do Ministrio das Relaes Exteriores, realizado em 2002, oportunidade na qual a banca considerou correta a seguinte assertiva: As empresas pblicas e as sociedades de economia mista no podero gozar de privilgios fiscais no extensivos s do setor privado.

    O 2, artigo 150, da CF/1988, estende a imunidade de pagamento de impostos sobre os seus bens, rendas e servios somente s autarquias e fundaes institudas e mantidas pelo Poder Pblico, alm, claro, das entidades polticas criadoras (Unio, Estados, Municpios e Distrito Federal).

    Em relao s empresas estatais prestadoras de servios pblicos o entendimento um pouco diferente. Para fins de concursos pblicos, conveniente que adotemos o entendimento do professor Jos dos Santos Carvalho Filho, segundo o qual as empresas pblicas e as sociedades de

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    economia mista, que executam servio pblico monopolizado, podero gozar de privilgios fiscais no extensivos s empresas do setor privado.

    Esse entendimento encontra amparo em deciso proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mais precisamente no recurso extraordinrio n 407.099/RS, atravs do qual se considerou inconstitucional a cobrana de IPVA (imposto estadual) dos veculos integrantes do patrimnio da Empresa Brasileira de Correios e Telgrafos.

    No julgamento ficou assentado que a Empresa Brasileira de Correios e Telgrafos executora de, no mnimo, dois servios de manuteno obrigatria para a Unio (servios postais e correio areo nacional, conforme o artigo 21, X, da CF/1988). Assim, nos mesmos moldes que a Unio, tambm goza de privilgios fiscais.

    Nesses termos, fique atento s questes de prova, pois o Supremo Tribunal Federal reconheceu as empresas estatais que prestam servios pblicos em regime de exclusividade, como o caso dos Correios, a imunidade em relao ao pagamento de impostos. Alm disso, assegurou ainda as demais prerrogativas inerentes s entidades regidas pelo Direito Pblico (entes estatais, autarquias e fundaes pblicas de Direito Pblico), a exemplo da impenhorabilidade e imprescritibilidade dos bens, pagamento de seus dbitos judiciais atravs do regime de precatrios, entre outros.

    2.3.8. Falncia

    Consta expressamente no inciso I, artigo 2, da Lei 11.101/2005 (que regula a recuperao judicial, a extrajudicial e a falncia do empresrio e da sociedade empresria), que no se aplicam s empresas pblicas e s sociedades de economia mista as regras gerais sobre a falncia, independentemente de explorarem atividade econmica ou prestarem servios pblicos.

    2.3.9. Responsabilidade civil

    O regime de responsabilizao civil da empresa estatal depender da atividade exercida. Se a empresa pblica ou sociedade de economia mista prestar servios pblicos, incontestvel que se submetero s regras do 6, artigo 37, da CF/1988, ou seja, respondero objetivamente pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.

    Entretanto, caso a empresa pblica ou sociedade de economia mista explorem atividades econmicas, a responsabilidade ser subjetiva, regulada pela legislao civil.

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    2.3.10. Patrimnio

    O patrimnio da empresa pblica e da sociedade de economia mista constitudo, inicialmente, mediante transferncia efetuada pelo ente poltico criador (Unio, Estados, Municpios e Distrito Federal).

    Enquanto integravam o patrimnio das citadas entidades polticas, os bens eram considerados pblicos. Todavia, a partir do momento que so transferidos para o patrimnio das empresas estatais assumem a caracterstica de bens privados e, portanto, no gozam dos atributos da imprescritibilidade, impenhorabilidade e alienabilidade condicionada.

    Todavia, necessrio ficar atento ao entendimento do Supremo Tribunal Federal quanto s empresas pblicas e sociedades de economia mista que prestam servios pblicos em regime de exclusividade. Nesse caso, os respectivos bens das entidades sero considerados pblicos, conforme se constata na deciso proferida pelo STF em 2003:

    2.3.11. Fiscalizao pelo Tribunal de Contas

    No restam dvidas de que as empresas pblicas e sociedades de economia mistas se submetem fiscalizao realizada pelo Tribunal de Contas da Unio, nos termos do art. 71, II, da Constituio Federal:

    Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, ser exercido com o auxlio do Tribunal de Contas da Unio, ao qual compete:

    [...] II - julgar as contas dos administradores e demais responsveis por dinheiros, bens e valores pblicos da administrao direta e indireta, includas as fundaes e sociedades institudas e mantidas pelo Poder Pblico federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuzo ao errio pblico;

    No julgamento do recurso extraordinrio n 230051/SP, de relatoria do Ministro Maurcio Corra, o Supremo Tribunal Federal decidiu que empresa Brasileira de Correios e Telgrafos, pessoa jurdica equiparada Fazenda Pblica, aplicvel o privilgio da impenhorabilidade de seus bens, rendas e servios. Na oportunidade, o tribunal assegurou a observncia ao regime de precatrio, sob pena de vulnerao do disposto no artigo 100 da Constituio Federal.

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    2.3.12. Diferenas entre as empresas pblicas e sociedades de economia mista

    Nos itens anteriores foram apresentadas as caractersticas comuns entre as empresas pblicas e as sociedades de economia mista. Entretanto, para responder s questes da ESAF, imprescindvel conhecer as principais diferenas entre as duas entidades, a saber:

    a) Foro judicial

    Nos termos do inciso I, artigo 109, da Constituio Federal de 1988, as causas em que a empresa pblica federal for interessada na condio de autora, r, assistente ou oponente, exceto as de falncia, as de acidentes de trabalho e as sujeitas Justia Eleitoral e Justia do Trabalho, tramitaro na justia federal comum. Entretanto, nos casos de empresas pblicas estaduais ou municipais, as causas devero tramitar na justia estadual.

    As sociedades de economia mista no gozam dessa prerrogativa e, portanto, todas as aes judiciais em que for autora, r, assistente ou oponente, exceto as de falncia, as de acidentes de trabalho e as sujeitas Justia Eleitoral e Justia do Trabalho, tramitaro na justia estadual, independentemente de serem entidades federais, estaduais ou municipais.

    Nos termos da Smula n 517 do Supremo Tribunal Federal as sociedades de economia mista s tm foro na Justia Federal quando a Unio intervm, como assistente ou opoente.

    b) Forma jurdica

    As sociedades de economia mista somente podem ser constitudas sob a forma de sociedade annima (S.A.), sejam elas federais, estaduais, municipais ou distritais. Por outro lado, as empresas pblicas podem ser

    No julgamento do Mandado de Segurana n 25.092/DF, de relatoria do Ministro Carlos Velloso, o Supremo Tribunal Federal ratificou esse entendimento ao afirmar que ao Tribunal de Contas da Unio compete julgar as contas dos administradores e demais responsveis por dinheiros, bens e valores pblicos da Administrao Direta e indire