aula 02 - nede cap.4

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18 4 REDAÇÃO DE TEXTOS CIENTÍFICOS Fonte: AZEVEDO, Israel. O prazer da produção científica. 10. ed. São Paulo: Hagnos, 2001. O texto científico, independentemente de sua genealogia ou teleologia, constitui um gênero próprio. Nele e por ele, o autor apresenta os resultados de sua pesquisa, que é, no fundo, um pretexto para comunicar suas ideias. Como todo texto, a comunicação científica também visa à persuasão. Isto não implica em ceder ao fácil para convencer. Significa escrever de forma inteligível. Mais que isso; significa escrever para provocar satisfação em sua leitura e o prazer está, precisamente, no estilo. O conhecimento científico está voltado para a interpretação e transformação da realidade. Com isso, toda interpretação é um esforço para ordenar o caos. O texto é o estágio final deste processo e, a partir daí, o que vier a ocorrer independe dele, embora nascido de sua leitura. A aceitação destes pressupostos impõe maior responsabilidade ao autor. Seu texto terá que perseguir os princípios básicos de qualquer comunicação, como clareza, concisão, correção, encadeamento, consistência, contundência, precisão, originalidade e fidelidade, entre outros compromissos. Esta não é uma tarefa menos fácil do que reunir e analisar os dados. Um texto pode ter as virtudes essenciais da clareza, da concisão e da precisão e ser enfadonho. A advertência que se faz aos jornalistas se aplica aos cientistas. Para tanto, há uma dimensão estética no escrever, como no ler. Um texto é para ser fruído. Para que haja uma boa comunicação científica, terá de ter havido uma boa investigação científica, que é aquela que demonstra, por parte do autor, o domínio do assunto escolhido, bem como sua capacidade de sistematizar, recriar e criticar o material eleito. A seguir, são destacadas algumas qualidades globais da pesquisa científica, bem como algumas falhas comuns. Mais adiante, discutem-se as qualidades específicas do texto.

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18 4REDAO DE TEXTOS CIENTFICOS Fonte:AZEVEDO,Israel.Oprazerdaproduocientfica.10.ed.SoPaulo: Hagnos, 2001. Otextocientfico,independentementedesuagenealogiaouteleologia, constitui um gnero prprio. Nele e por ele, o autor apresenta os resultados de sua pesquisa,que,nofundo,umpretextoparacomunicarsuasideias.Comotodo texto, a comunicao cientfica tambm visa persuaso. Isto no implica em ceder aofcilparaconvencer.Significaescreverdeformainteligvel.Maisqueisso; significaescreverparaprovocarsatisfaoemsualeituraeoprazerest, precisamente, no estilo. Oconhecimentocientficoestvoltadoparaainterpretaoetransformao darealidade.Comisso,todainterpretaoumesforoparaordenarocaos.O texto o estgio final deste processo e, a partir da, o que vier a ocorrer independe dele, embora nascido de sua leitura. A aceitao destes pressupostos impe maior responsabilidade ao autor. Seu textoterqueperseguirosprincpiosbsicosdequalquercomunicao,como clareza,conciso,correo,encadeamento,consistncia,contundncia,preciso, originalidade e fidelidade, entre outros compromissos. Esta no uma tarefa menos fcil do que reunir e analisar os dados.Umtextopodeterasvirtudesessenciaisdaclareza,daconcisoeda precisoeserenfadonho.Aadvertnciaquesefazaosjornalistasseaplicaaos cientistas. Para tanto, h uma dimenso esttica no escrever, como no ler. Um texto para ser frudo. Paraquehajaumaboacomunicaocientfica,terdeterhavidoumaboa investigaocientfica,queaquelaquedemonstra,porpartedoautor,odomnio do assunto escolhido, bem como sua capacidade de sistematizar, recriar e criticar o material eleito. Aseguir,sodestacadasalgumasqualidadesglobaisdapesquisacientfica, bemcomoalgumasfalhascomuns.Maisadiante,discutem-seasqualidades especficas do texto. 19 4.1RECOMENDAES INICIAIS Naredaodotrabalhocientficonosedevedescuidardalinguagem,pois noseconcebem,numtratamentocientficoescrito,certosdefeitosrelevantes. Assim, importa respeitar os seguintes aspectos fundamentais: a)Correogramatical:(convmsolicitaracontribuiodeumconhecedorda lngua e da gramtica para nos auxiliar); b)Exposio clara, concisa, objetiva, condizente com a redao cientfica; c)Cuidado em evitar perodos extensos; d)Preocupao em redigir com um estilo capaz de equilibrar a simplicidade com omovimento,evitandoocolquioexcessivamentefamiliarevulgar,aironia causticante e os recursos retricos; e)Linguagem direta; f)Preciso e rigor com o vocabulrio tcnico, sem cair no hermetismo; Otrabalhodissertativorequeradefiniodeumtema,aargumentaoe compreensodomesmo,isto,odomniodeumavisosobreoqueo contextualiza.Destemodo,constituioprocedimentoadequadopara,apartirda pesquisa bibliogrfica, produzir-se a informao nova (SOUZA, 1997, p. 73); Aelaboraodorelatriorequeraaplicaodeumconjuntodetcnicasou padresdenatureza formalqueauxiliamoestudantena melhoradaexposiode suaargumentao,enriquecendoadiscussoqueestarapresentandoemseu texto (SOUZA, 1997, p. 73). FinalidadeConjunes e locues conjuntivas Expressar ideias similares ou equivalentes e estabelecer uma relao de soma aos dois termos ou s duas oraes E, nem, (tanto...) como ou (tanto) quanto. (No s...) mas tambm, mais ainda, seno, tambm, como tambm. (aditivas). Expressar contrastes, compensao, isto , ideias que se opem ou contrastam entre si. Mas, porm, todavia, entretanto, contudo, seno. No entanto, ao passo que, apesar disso, no obstante. (adversativas). Expressar uma relao de excluso ou alternncia entre os dois termos ou entre as duas oraes, que no podem ser simultneos. Ou...ou, ora...ora, j...j, quer ...quer, seja...seja. (alternativas). 20 Expressar ideias conclusivas, consequentes. Assim, logo, portanto, por isso, por conseguinte, por consequncia. (conclusivas). Expressar o motivo, a explicao do primeiro termo ou da primeira orao. Que, porquanto, pois, porque. (explicativas) Introduzir oraes que expressam hiptese ou condio. Se, caso, contanto que, desde que, salvo se, a menos que, a no ser que, dado que, sem que. (condicionais). Introduzir oraes que indicam circunstncias de causa. Porque, pois, que, como, porquanto, j que, uma vez que, visto que, visto como, desde que. (causais). Introduzir oraes que funciona como o segundo elemento de uma comparao. Como, que, tal, (to...ou tanto...) quanto, bem como, assim como, o mesmo que, (mais, menos, maior, menor, melhor ou pior...) que. (comparativas). Introduzir oraes que indicam acordo ou conformidade. Conforme, como, segundo, consoante (conformativas). Introduzir oraes que indicam uma consequncia do fato traduzido na orao anterior. (tal, tanto, to ou tamanho...) que, de modo que, de forma que, de sorte que, de maneira que. Introduzir oraes que expressam circunstncia de finalidade. Porque (=para que), que (=para que), para que, a fim de que. Introduzir oraes que expressam algum sentido de contrariedade, a qual, no entanto, no impede que o fato se realize. Embora, ainda que, mesmo que, mesmo quando, se bem que, por mais que, por muito que, por menos que, nem que, dado que, sem que (=embora no), apesar de. (concessivas) Introduzir oraes que expressam simultaneidade, concomitncia. medida que, proporo que, ao passo que, quando mais...mais, quanto menos...menos. (proporcionais) Introduzir oraes que exprimem circunstncias de tempo. Quando, mal, apenas, logo que, assim que, antes que, depois que, at que, depois que, at que, agora que, sempre que, cada vez que, desde que. (temporais). Fonte: MESQUITA, Roberto. Gramtica da lngua portuguesa. 3 ed. So Paulo: Saraiva, 1995. p. 366-370. 21 4.2QUALIDADES DA INVESTIGAO CIENTFICA 4.3DELIMITAO PRECISA Para que a pesquisa tenha direo e possa ser aferida, o objeto (ou problema ouassunto)aserinvestigadodeveestarbemdelimitado.Istosignificaqueprecisa estar adequadamente circunscrito (quanto ao tempo e ao espao), definido (quanto scategoriasqueemprega)eespecificado(emrelaoreamaiordo conhecimento em que se inscreve). Boapartedasintenesdepesquisanosematerializapelafaltadeuma delimitao precisa. Mesmo quando levada a cabo, a ausncia deste pr-requisito dificulta a elaborao da comunicao dos dados. Mesmo quando esta comunicao concluda, o leitor ainda se pergunta sobre o que, afinal, pretendeu o autor. Umadelimitaoprecisaoprimeiropassoparaaadequadaconduode uma pesquisa. Por ela, o assunto tratado se torna reconhecvel e claro, tanto para o autor quanto para os leitores. 4.4RELEVNCIA TEMTICA Otemaasertratadodeveterrelevnciaeserdesenvolvidopormeioda apresentao de dados e discusso de ideias. Assim, relevante o tema que amplia os horizontes do conhecimento acerca deumobjeto.Paraisso,deveseroriginal.Mesmoumarevisobibliogrficapode preencheresterequisito,sereuniromaterialsobumeixonovo.Deigualmodo, relevanteotemacujoconhecimentofazalgumadiferenadavidadaspessoas, mesmo que elas no o percebam. 4.5FUNDAMENTAO TERICA Oautordeveteremmentequeapesquisacientficaumprocessoque consisteeminterpretarfatossegundoumreferencialterico.Oresultado,entre outrasfacetas,oacmuloeapredio,oquecontribuiparaaampliaodos horizontes do prprio referencial terico, num fluxo de retroalimentao constante. 22 Cabeaoautorenunciarefundamentarseumarcoterico.Osentidodeste marcovariadereaparareadoconhecimento.Dequalquermodo,sempredir respeito ao modo de observar e interpretar a realidade. J que ningum pesquisa ou escreve sem este quadro terico, ele precisa ser explicado. 4.6CLAREZA NOS PROCEDIMENTOS Umaboainvestigaoindicacomclarezaosprocedimentosadotados, especialmenteashiptesesdetrabalho(quedevemserespecficas,plausveis, relacionadascomumateoriaearefernciaempricas)eosmodelosdeanlise (sejamelesdescritivos,explanatriosouprescritivos).Essesprocedimentosdevem permitir a verificabilidade dos dados, para consentir a aceitao ou contestao das concluses fornecidas. Alguns autores os chamam de mtodo ou metodologia. 4.7RIGOR DOCUMENTAL Umdoselementosessenciaisnacomunicaocientficaorigorna documentao, entendido como a apresentao de informaes sobre as fontes dos dados,sejamelesobtidospelaobservaooupelaleituradeautores.A documentaodeveserapresentadasegundoregrasnormativasuniversaise coerentesquepermitamcomfacilidadeeprecisoaidentificaodessasfontes. Esserigorumdeverticoindiscutveleumacondioindispensvelparaa verificabilidade dos dados. 4.8ORGANIZAO LGICA O material deve ser apresentado numa sequncia lgica. Cada tipo de estudo pedeum tipo desequncia.Algunselementossoessenciaisnessaapresentao: introduo,revisodeliteratura,materiaisemtodos,resultadoseconsideraes finais. Naintroduo,cuida-sededelimitareexplicitarotema,bemcomoindicaro quadro terico da pesquisa. Na reviso da literatura, faz-se um inventrio do estatuto do conhecimento acerca do estudo, a partir dos autores mais expressivos. Na seo materiaisemtodos,oferecem-seosprocedimentosempregadosnacoletaena 23 anlisedosdados.Nosresultados,descrevem-seosdadoslevantados,osquais seroanalisadosnaseoseguinte:discusso.Asconsideraesfinaisservema umarevisogeraldomaterialapresentadoeaumaindicaodepotenciais desdobramentos da pesquisa. 4.9ESTILO APURADO O texto deve ser escrito de modo apurado. Isto significa to somente dizer que precisaserredigidodemodogramaticalmentecorreto,fraseologicamenteclaro, terminologicamente preciso e estilisticamente agradvel. 4.10FALHAS COMUNS NA INVESTIGAO CIENTFICA 4.10.1 Falta de Clareza nos propsitos O autor deve ter sempre em mente seus objetivos na conduo da pesquisa, por isso, ser til explicar os objetivos da investigao. Do contrrio, o leitor poder ficar com a sensao de no ter entendido onde o autor quer chegar. 4.10.2 Falta de originalidade do material Desdeaescolhadotemaataredaodotextofinal,passandopela definiodoreferncialdeanliseepelaprpriaanlisepropriamentedita,o trabalhodeveevidenciaroriginalidade.Umacomunicaocientfica,mesmoum captulo de reviso de literatura, precisa do toque pessoal do seu criador. H que ser sempreumatentativaprpriadecontribuioparaacompreensodoobjeto investigado. 4.10.3 M organizao do material expositivo Oscaptulosdevemserorganizadosdemodolgico,coerenteeharmnico. Captulos muito longos devem ser divididos. 24 4.10.4 Repetio de palavras, conceitos e informaes Aremissosinformaesjapresentadasdevesermnimaeapenaspara recordar o leitor, de quem no se deve abusar da pacincia sob qualquer pretexto. 4.10.5 Desatualizao bibliogrfica Almdeabundantes,asfontesdevemseratualizadaseadequadas.O compromissodeumpesquisadorfazeravanaroconhecimentoenoapenas repeti-lo.Porisso,paraestaremdiacomesteconhecimento,precisaestar atualizadocomasfontes,sejamartigos,monografias,outeses.Ocritrioda adequao deve acompanhar o da atualizao. 4.10.6 Excessiva dependncia das fontes Os autores e materiais utilizados devem ser usados criticamente, mantida uma distnciaentreeleseoautordonovotexto.Umtextocientficonoenempode parecer uma colagem. 4.10.7 Incorreo ou incoerncia no sistema de referenciao das fontes Sejaqualforosistemausado,deveseguirasnormasdaAssociao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT). 4.10.8 Dimenso excessivamente longa de ttulos de captulos ou tpicos Os ttulos, subttulos e entrettulos devem ser apenas indicativos do contedo que se seguir; no devem pretender sintetiz-lo. 25 4.10.9 Inadequao da definio de termos Os termos empregados devem ser explicitados, se isto forimprescindvel. Se foremdedomniocomum,devemserutilizadosdemodoconsistenteaolongodo texto. Essas qualidades e essas falhas exigem cuidado por parte do autor, que deve se lembrar que o que escrito sem esforo lido sem prazer. 4.11PRINCPIOS DE COMUNICAO 4.11.1 Escreva para ser lido Porisso,pressuponhaqueestescrevendoparapessoascominteresses variados.Notenhaemmenteapenasoprofessordadisciplinaquesolicitouo trabalho ou o orientador da pesquisa ou a banca que a julgar.Seutextodeveevidenciarquevocescreveualgoquevaleapenaserlido. Para tanto, voc precisa acreditar na relevncia da sua pesquisa e na qualidade do seu texto. Se no acredita, mude de assunto. No escreva para provocar sono, mas para incendiar a imaginao. 4.11.2Procure o melhor modo de comunicar suas idias Sesuasideiasvalemapena,procureomelhormeioparaatrairepara informaroleitor.Cadatipodepesquisaexigeumtipoderelatrio.Descubra-o.H vrias maneiras de dizer uma coisa: procure a melhor. Se, por exemplo, no seu texto h predominncia de dados numricos, organize-os em tabelas e grficos, tomando o cuidado de no repetir no texto os dados apresentados na ilustrao; ocupe-se da sua interpretao. 26 4.11.3Seja original Hsempreumapilhadeartigoselivrossobreamesadosleitores.Para selecionar os que sero lidos, eles vo folhear os textos candidatos e, por fim, lero aqueles que lhes parecerem mais originais.A originalidade est no tratamento do assunto, desenvolvido de um modo que aindanofoiexperimentado.Aoriginalidadeestnumaredaoautnoma, agradvelecriativa.Escreverdemodoautnomoredigirnumaperspectiva pessoal,transformandoomaterialemmosnumaobradoespritoenonuma colchaderetalhosalheios,reescrevendo(amaioria)etranscrevendo(quando indispensvel)asideiascontidasnas fontes.Escreverdemodo agradvelredigir deformaadespertarnoleitoroprazerdaleitura;escreverdemodocriativo construir as frases de jeito a realar os aspectos novos do problema tratado.Originalidade tambm riqueza vocabular, que se na manifesta na recusa ao uso das frases feitas, dos lugares-comuns e dos jarges profissionais. Por isso, seja rigorosonaescolhadaspalavras.Nobastaqueseutextocontenhaideias;ele precisasedesenvolverpormeiodeumricovocabulrio.Essariquezapermitir evitar a cansativa repetio de palavras, que revela apenas a escassez vocabular do autor, embora o leitor geralmente a confunda com indigncia mental mesmo.Emsntese,originalotextoquerefleteumaimagemnova,umarelao indita, um pensamento raro. 4.11.4Cultive a simplicidade Quanto mais se conhece a lngua, mais se escreve com simplicidade.Escreverbemnoescreverdifcil:provocarsensaesnosleitores.A melhor remunerao para um autor despertar no leitor o seguinte comentrio: "eu gostaria de ter escrito este texto".Quemescrevebem,desprezaoenfeitegratuito(sejaumadjetivooufrase rebuscada),afalsaerudio(comcitaesdesnecessriaseconceitosconfusos), asfrasesempoladas(queapenasdoaimpressodebrilho),ovocabulrio pernstico (cheio de palavras de uso raro, quando h as de uso comum e de mesma eficcia),entreoutrasafetaes.Nopermita,porexemplo,queosadjetivosse tornemcomooschocalhosdasvacasdestruidoresdecerca,quesservempara 27 fazer barulho. Em resumo, o texto deve ser elegante, conquanto no haja elegncia sem simplicidade. 4.11.5Qualidades a serem alcanadas Otextocientficodeveserredigidoseguindo-seaquelescuidadosquelhe confiram clareza, conciso, coerncia, correo e preciso, entre outras qualidades.

4.11.6Clareza - escreva para ser entendido Todo texto deve ser escrito para ser entendido, at mesmo os dirios ntimos. Nacomunicaocientficaesteumprincpioureoaserbuscado.Porisso,a eventualdificuldadedoleitorpoderesidirnacompreensodoassunto,porvezes complexo, jamais na obscuridade do raciocnio do autor.Um pensamento claro gera um texto claro, escrito segundo a ordem natural do pensamentoedasregrasgramaticais.Ditodeoutromodo,"escreveclaroquem concebeouimaginaclaro".Noescrevademodoamereceraironiadeque"os escritores nebulosos tm um Deus parte" e "talvez por isso no se do ao trabalho de filtrar seu pensamento".Ser claro no escrever de modo bvio. No renunciar originalidade e profundidade.Sobaclarezadeumtextodevemestarasideiasmaisdensas.A profundidade,quetodoautordetextocientficoalmeja,noalcanadacom hermetismo.Alis,hautoresqueescrevemnumdialetoprprio,comosesua leitura exigisse a presena permanente de um tradutor.Umbomtesteparaaclarezadoseutextosolicitarsualeituraporoutra pessoa.Seelafizeralgumapergunta,noresponda.Tomeotextoeoreescreva. Depois, repita o teste. 4.11.7Conciso - procure dizer o mximo no mnimo Aclarezaconcorreparaaconciso.Qualquertexto,principalmenteo cientfico,precisadizeromximonomenornmeropossveldepalavras.Umdos critriosparaaaceitaodeoriginalparaapublicao(deartigoselivros)a extensodotexto.Quantomaior,menoresseroassuaschances.Ademais,um 28 autor seguro do que quer dizer no se perde em meio s suas palavras, que so um meio de dizer, e no um fim. Assim, por exemplo, no escreva: "autores como laye loyrelatamqueasdecises";prefiraaconciso:"paralayeloy,asdecises". Tambm no diga: "isto envolve a necessidade de um novo estudo"; diga logo: "isto requer um novo estudo".Severdadequeaclarezaconcorreparaaconciso,igualmenteoquea conciso concorre para a clareza. Aconcisoseobtmcomoexercciodereescrever.Acadavezquesefaz isso,descobre-seumarepetiodeideiasoudepalavras,nota-seumvocbulo suprfluo encontra-se uma maneira de dizer a mesma coisa com menos palavras. 4.11.8Correo - escreva em portugus Todotextotemumestiloprprio,masagramticasempreamesmapara todosostextos.Oestilodependedacorreodalinguagem.Nestesentido,a qualidade gramatical de textos cientficos, mesmo de alguns publicados, est muito aqumdonveldasideiasqueapresenta,aopontode,svezes,impedira compreensodessasmesmasideias.Assim,alngua,sejaaquelausadanodia-a-diadaspessoas,sejaaempregadanaimprensa,sejaaquelapelaqualse expressam professores e alunos, vem sendo objetos de involuntrios, mas violentos maus-tratos. Como acentuou George Orwell, referindo-se ao idioma ingls, a lngua setornafeiaeimprecisaporqueasideiassotolas,masafaltadeapuroda linguagem contribui para que se tenha ideias tolas. Por isso, "nada tem de frvola a guerra ao mau uso da lngua'.Osmaiorescuidadosdevemsertomadosemtrsdimensesprincipais:a ortografia,aconcordnciaeapontuao.Aortografia,oseditoresdetexto,com seuscorretoreseletrnicos,jresolveram;nohdvidaqueumdicionriono possaresponder.Aconcordnciaeapontuao.Aautovigilnciaumdever. Solicitar a ajuda de quem no tem este tipo de dificuldade outro recurso. Contudo, depoisquereceberaprimeiracorreo,omelhorcaminhodedicar-seaoestudo dagramticanospontoscrticos.Aprendermaisfcildoquedependerde terceiros, permanentemente. 29 4.11.9Preciso - seja preciso nas palavras e nos conceitos Aprecisoconceitualeterminolgicaabsolutamenteindispensvelna comunicaocientfica.Aambiguidadelxicainaceitvel.Quandoostermosso usadosnasuaacepouniversal,noprecisamdedefinio.Noentanto,quando empregadosnumaconcepoparticular,devemserdefinidosnumglossrioou numa nota-de-rodap.A preciso exige que se busque a palavra certa. Enquanto essa palavra no encontrada, o texto tende a se delongar, no temor de no ter sido claro. 4.11.10Consistncia - mantenha coerncia nos termos Devemosusar,aolongodotexto,ostemposverbais,ospronomesde autotratamento e as grafias especiais, de um modo coerente.Paraostemposverbais,deve-sepreferiravozativa.Muitosautoresoptam, porexemplo,pordescreverfatosdopassadonopresentedoindicativo.um recursoestilsticoaceitvel,oproblema quando opretrito eo futuroso usados para descrever o mesmo tipo de situao. Esta inconsistncia nada tem de elegante.De igual modo, os pronomes ou palavras que o autor usa para se referir a si mesmodevemguardaromesmocuidado.Parasereferirasimesmo,como pesquisador,oautorpodeescolherumtratamento(eu,ns,opesquisador","este pesquisador") ou buscar a impessoalidade ("a pesquisa pretende"; "pretende-se"). O importante manter a escolha coerentemente ao longo de todo o trabalho.Omesmocuidadoseaplicaaousodenumerais,grafiadepalavras estrangeiras, formatao das citaes, s notas bibliogrficas, etc. 4.11.11 Contundncia - Provoque o leitor Otextodeveirdiretoaoponto,afirmandooquetemqueserafirmado, negandooquetemquesernegado,semcircunlquios,semeufemismosesem explicaes desnecessrias.As afirmaes devem ser fortes, seja para criar impacto e persuadir, seja para marcarasposiesdoautor.Afrasedeveservigorosaenofrouxa.Assim,em lugardedizervagamente,porexemplo,"parece-mequeaescola,devidotalveza 30 problemas de administrao, est em dificuldades financeiras", melhor redigir: "os balancetes demonstram que a escola est em dificuldades financeiras". 4.11.12 Originalidade - seja original Eviteas frases feitas, asideiasbatidaseasexpressesvaziasdenovidade. Hsempreumamaneiradiferentededizerasmesmascoisas.Procure,at encontrar. 4.11.13 Correo poltica - escreva de modo politicamente correto Sem fazer disso uma obsesso, procure ser o mais politicamente correto que conseguir, luz dos seus conhecimentos, especialmente os etimolgicos.Escrevademodo"eticamentecorreto",paraevitarousodeexpressesque sejam ofensivas a grupos, especialmente, os minoritrios. Afaste-se do emprego de expressesdeconotaoetnocentrista,especialmenteasdecunhopoltico(como "classesdesfavorecidas"),sexistaeracista(como"judiar"ou"denegrir").Fique atento, mas no se desespere. 4.11.14 Fidelidade - seja honesto com o assunto, com as fontes e com o leitor Naargumentaoenousodasfontes,otextodeveseguirparmetrosque impliquem em respeito ao objeto de estudo e s fontes empregadas.Naargumentao,nodeveapelarafalciaslgicas,comoasabaixo exemplificadas:-argumentumadpopulum:apelovaidadedoleitor("quemforinteligente, concordar com a nossa hiptese"; "somente um leigo afirmaria);- argumentum ad misericordiam: apelo bondade do leitor para relevar falhas do redator: ("gostaria de ter me aprofundado no assunto, mas no foi possvel"; "em virtude da escassez de tempo, no foi possvel"). -argumentumadverecundiam:apeloautoridadedeumautor:("porque Dermeval Saviani disse...);31 No uso das fontes, faa tudo o que estiver ao seu alcance para no distorcer os que os autores quiseram dizer. Ao anotar as informaes, cuide dos detalhes, de modo a lhe permitir indicar meticulosamente todas as elipses e interpolaes. 4.11.15Para escrever melhor Procureserclaroeconciso.Paratanto,cuidedeescreverfrasesbreves, pargrafos curtos e captulos enxutos. O alvo deve ser dizer o mximo com o menor nmero possvel de palavras. Tenha sempre em mente que o melhor texto aquele que apresenta os resultados nomenor nmero possvel de palavras. Se voc pode usar uma palavra em lugar de duas, use uma e no duas. Busque a qualidade, no a quantidade de palavras.Na busca deste ideal, considere as seguintes recomendaes: AFRASE-Nosobrecarregueumafrasecomdadoseideias.Cada'frase deve conter apenas uma ideia forte e a informao indispensvel, tanto para o autor quantoparaoleitor.Nosedeveacumularnumamesmafraseideiasquenose relacionam e que podem compor outra frase.Notornedesnecessariamentelongasasfrases,especialmentecomapelos fceisarecursoscomogerndios("sendoque","fazendocomque")epronomes relativos ("o qual", "cujo"), entreoutros. Abstenha-se de superlativos, aumentativos, diminutivos e adjetivos em demasia. OPARGRAFO-Deigualmodo,ospargrafostambmnodevemser longos. Diante deles, a tendncia dos leitores passar para o prximo. Embora um pargrafodevaconterumaidiacompleta,porvezessermelhorquebr-loem nome do interesse do leitor, que dificilmente tolera um pargrafo com mais de linhas. Asqualidadesbsicasdeumbompargrafosoaunidade(contendoumanica idia), a coerncia (com as frases conectando-se entre si) e a nfase (com destaque paraaideiaprincipal).Alteramosopargrafo,somente,quandoaargumentao sobreotemacentralmudar.Destemodo,nuncamudamosdeassunto;alteramos, simplesmente, a forma de abord-lo. 32 OCAPTULO-Osmesmoscuidadosdevemserconsideradosparaa extensodoscaptulos,quenodevemserexcessivamentelongos.reco-mendvelquecontenhamtpicosidentificadosporentrettulos.Asuanumerao sequencialnoindispensvel,todaviaimprescindvelquehajaumahierarquia entre eles, demonstradas pela numerao ou pelo uso de tipos de letra diferentes. bom tambm que os captulos guardem um certo equilbrio quantitativo entre eles. OENCADEAMENTO-Encadeieasfrases,ospargrafos,ostpicoseos captulos entre si. Procure tornar cada frase um desenvolvimento do que veio antes, numasequncialgica,tantoparaexplicar,quantoparademonstrar,detalhar, restringir ou negar. Cada pargrafo deve estar em harmonia e em tranquila transio comoanteriorecomoposterior.Omesmovaleparatpicosecaptulos.Faao texto fluir naturalmente e no andar aos solavancos.Aspartes(frases,pargrafos,tpicosecaptulos)devem"ligar-senocom barbantes, mas com a lgica das ideias, pela fora do pensamento". Lembre-se que aconstruodeumtextoseassemelhaaotrabalhodeumpedreiro:"cadatijolo apoia o que lhe posto em cima e nenhum deve atrapalhar a harmonia do conjunto". Trata-se de observar a lgica, o equilbrio e a proporo.Para alcanar essas qualidades, por vezes, ser necessrio reescrever o texto atquealcanceaconcisoindispensvel,quesempreconcorreparaaclareza, meta permanente de quem escreve. 4.11.16A escolha das palavras Pesecadapalavraantesdeescolh-la.Lembre-sequetodapalavratemum pesoquevariasegundosuaexpressividadee"deacordocomsuacapacidadede sintetizar uma informao", que deve ser precisa, concisa e clara.Humaespecificidadenostextoscientficos,que,noentanto,mantm caractersticas gerais, para serem compreendidos. Alguns aspectos especficos so aqui considerados. VOCABULRIO TCNICO - Os termos utilizados devem ser precisos. Se isto se constitui o que se convencionou chamar de vocabulrio tcnico, no tenha receio de empreg-lo. Os termos tcnicos, por sua aceitao universal, evitam o rodeio de 33 palavras.Oproblema,portanto,nootecnicismo(usodevocabulrioespecfico deumareadoconhecimento),masatcnica(oabusodestevocabulrio desnecessariamente,apenasparademonstrarerudio).Portanto,useesses termos,quandoforemnecessriosefamiliaresaudincia.Seforempalavrase expresses brasileiras, no ser preciso asp-Ios. JARGES- No confunda termo tcnico com jargo, aqui entendido como a linguagemdeumdeterminadogrupo.Ojargoacabasetornandoumaespciede dialetointeligvelsparaosiniciados.Trata-sedeumalinguagemburocrticaque no necessariamente demanda o uso de termos especializados.O jargo, pela sua capacidade de nada dizer, deve ser evitado. EUFEMISMOS-Alinguagemacadmicanoadmiteeufemismos.Evite-os. As pessoas no "falecem"; elas "morrem" mesmo. GRIAS - S devem ser empregadas se forem transcrio de depoimentos. NEOLOGISMOS-Resistatentaodecri-Ios.Nosedeixeseduzirpelo fatodequeumaboapalavraparaotermojexistaemlnguaestrangeira, especialmente o ingls. Veja primeiro se a lngua portuguesa j no tem o termo de quevocprecisa.Percorraprimeiroodicionrio.Se,defato,fornecessria,sua construo,sejaparcimonioso.Consultebonsautores.Seforocaso,justifiquea criao numa nota-de-rodap. 4.11.17Grafias especiais A seguir, para apoi-lo na produo de um texto melhor, oferecem-se algumas regrasespecficasconsagradaspelouso,paraalgunstiposdepalavrase expresses.

ABREVIATURASESIGLAS-Noseabreviampalavrasnotexto,exceto ttulos de tratamento, pesos, medidas e siglas de instituies e partidos.34 ABREVIATURAS-Nocasodettulosdetratamento,devemserescritos preferentementedeformaabreviadaesemqualquerdestaquetipogrfico.[Ex.: Prof., Profa., Sr., Sra., Dr., Dra., Cel., Excia., etc.]Pesos,medidas,diasehorastambmdevemserabreviados,comespao entre o valor e a unidade de medida, mas sem pontuao interna e sem plural. [Ex. 1 km, 4 km; 1 m, 30 m; 1 kg, 55 kg; 11, 331; 5 feira; 16 h, 16h 15min 13s]SIGLAS - Para a primeira ocorrncia, o nome da instituio deve vir por exten-so,seguidodesiglaentreparnteses.[Ex.:UniversidadeMetodistadePiracicaba (Unimep).]Quandoonomedasiglaformaisconhecido,faz-seoprocedimento inverso.[Capes(CoordenaodeAperfeioamentodePessoaldeNvelSuperior).] Emalgunscasos,nemissonecessrio,quandoassiglasalcanamostatusde marcas[Ex.:Varig,Petrobrs]ourepresentampartidospolticos.[Ex.:PT,PMDB, Prona.] As siglas com mais de trs letras devem ser grafados em letras minsculas [Exemplos:Unimep,Banespa,Capes,USP,IBM,MEC],excetoquandocadaletra for pronunciada parte [Ex.: CNPq, BNDES].Quandohouverumaprofusodesiglas,recomendvel,noinciodotexto, apresentarumalistadelas(tambmneologisticamentechamadadesiglrio),a exemplo do que se faz com tabelas e grficos. NUMERAIS - A regra bsica graf-Ios por extenso at dez e com algarismos a partir de 11, tanto para os cardinais quanto para os ordinais.Nocasodoscardinais,asexceesregraso"cem","mil","milho"e "bilho",pelasimplesrazoquefacilitaaleitura.Senopargrafo,hnmeros abaixo e acima de 11, prefervel escrev-Ios com algarismos. A partir de mil, use pontoparaosmilhares,excetonaindicaodeanos.Nocasodedatas,no necessrioempregarOparadiasemeses.Nmerosfracionriosdevemvirpor extenso.Usealgarismoromanosapenasparattulosdereisepapas[Ex.:LusXV]e nomesoficiais[Ex.:IExrcito,XVdeNovembro].Nosdemaiscasos,fiquecomos arbicos [Ex.: Primeira Guerra Mundial, 140 Congresso de Filologia]. Para a meno a sculo, por exemplo, prefira algarismos arbicos. [Ex.: sculo 10, sculo 12].Nosedevecomearoperodocomnumerais.Seistofornecessrio,o nmerodevevirporextenso.Omelhorinverteraordemdafraseenocolocar 35 entreparntesesonmeroporextenso.Deve-setomarmuitocuidadocoma concordncia. PALAVRASEMOUTROSIDIOMAS-Emgeral,aspalavrasestrangeiras devemsergrafadasemitlicooucomaspas.Aquelaspalavrasdeusomuito frequente,comomarketing,software,shoppingcenter,slide,paraasquaisnoh correspondnciaemportugus,devemsergrafadasemitlico.Noentanto,voc pode graf-la sem qualquer destaque, desde que o faa com conscincia e de modo padronizadoaolongodotexto.Quandohouvercorrespondncia,nohesiteem empreg-Ias. Assim, prefira bal (e no ballet), encontro (e no meeting), padro (e no standard) e desempenho (e no performance).Nocasodenomescientficosemlatim,aconvenograf-Iosemitlico, comaprimeirapalavracomeandocomletramaiscula[Ex.:Homosapiens]. Quanto a outrasexpresses em latim, use itlico ou aspas [Ex.: status quo, status quo] Cuidadocomaquelaspalavraslatinasquetmamesmapronnciaem portugus,massografadasdiferentemente,devendoapareceremitlico.[Ex.: campus, campi, strito sensu, lato sensu]. PALAVRASCOMHFEN-Asregrasparaagrafiadepalavrascompostas (com hfen) so bastante claras, embora seu domnio no seja muito comum. Preste ateno. NOMESDEOBRASEAUTORES-Osttulosdasobrascitadas,quando aparecem no texto, devem vir entre aspas ou em itlico, em letras normais. Escolha umdestescuidadoseomantenhaaolongodotrabalho.Osnomesdosautores devemaparecersemqualquerdestaque.Algumasnormasexigem-nosemletras maisculas. Neste caso, siga-as, embora enfeiem o texto. 4.11.18 OUTROS CUIDADOSEviteabusardedestaques(negritos,itlicos,sublinhados,maisculas). Escrevadetalmodoqueanfasedecorradaimpressoqueotexto provoca no leitor.36 Evite apelar para generalizaes (do tipo "a maioria acha", "todos sabem"). Seja preciso nas suas informaes.Eviterecorrer,mesmoqueinvoluntariamente,amodismoslingusticos, como"emnvelde","colocao","Gadottivaidizerque...,etc.Essasex-presses do jargo universitrio so vagas e imprecisas.Evite as redundncias, como "os alunos so a razo de ser da Escola Prof. Pegado". Em alguma escola, os alunos no so a sua razo de ser? Cada frase deve ser produto de uma reflexo.Eviterepetirconceitosaolongodotextoepalavrasnafrase(bastauma vez). Use sinnimos.Eviteperder-seempormenores,detalhandosuperfluamente,etratarde assuntosalheiosaoproblemaemconsiderao,oqueredundaemsu-perficialidade e prolixidade.Evite as frases feitas.Evite empregar palavras rebuscadas, sejam neologismos, sejam vocbulos dicionarizados,quepareamdemonstrarerudio.[Ex.:conformamente, objetivar; obstaculizar, oportunizar; etc.]Evite expresses que datam o texto, como "recentemente", "corrente ano", "neste ms". No deixe que seu texto envelhea logo. Considere que o seu texto ter uma vida longa. 4.12CUIDADO COM ESSAS PALAVRAS E EXPRESSES Segue, agora, uma lista de palavras e expresses que so objeto de dvidas, cuja consulta pode ser til.Azevedo(2000,p.129-133)pedecuidadocomcertaspalavraseexpresses perigosaseapresentaumroldelas,queseencontra,parcialmente,transcritoa seguir: ExpressoCuidadoSugesto A maior parte (...) surgiram Concorda com o coletivo A maior parte (...) surgiu. A maioria (...) afirmamConcordncia condenvel A maioria (...) afirma medida em queErrado medida que 37 nvel dea nvel desimplesmente no existe apesar de seu uso geral, por influncia do espanhol Em nvel de, em termos de Antes de mais nada possvel algo antes do mais nada A ponto do/da Ao ponto de ErradoA ponto de o/a Ao invs deQuer dizer ao contrrio de e no em lugar de Apesar de Apesar do A contratao dificulta a identificao do sujeito Apesar de o autor achar que Assim como Bem como O verbo deve concordar com o primeiro sujeito O professor, bem como o aluno, sabe da verdade. At porque o autorat desnecessrioPorque o autor Bimensal duas vezes por ms Bimestral de dois em dois meses Cerca deConcorde com o numeral Cerca de 200 pessoas compareceram Citar Deve ser usado apenas para referncia a citaes Mencionar Colocao Evite a frase feita o autor faz a seguinte colocao O autor observa que Com exceo de Prefira a concisoExceto Dar conta de Frase feita evite De encontro aQuer dizer contra. No confunda com ao encontro de Deixar claroConcorda com o objetoDeixar claras as coisas Dentro um adjunto adverbial de lugar evite frases como dentro do processo de marketing empresarial Como parte de um processo de marketing empresarial DenegrirPalavra politicamente incorreta e preconceituosa DesapercebidoSignifica desprevenido Despercebido Significa desatento Desde um ponto de vista desde uma preposio para indicar 38 tempo De vez que de vez quer dizer de maneira decisiva Uma vez que ou vez que Dia-a-diaIndica rotina Dia a diaEquivale a diariamente Durante o tempo em quePrefira a concisoEnquanto Elo de ligao Redundncia, pois todo elo de ligao EloEm vez de Quer dizer em lugar de e no ao contrrio de EmbasamentoEmbasar Brasileirismo nada eufnico Fundamentao: fundamentar Enquanto adjunto adverbial de tempo. Evite enquanto pesquisador Na condio de pesquisador... (como pesquisador) penso que Errio pblicoTodo errio pblicoErrio Excesso Erro crassoExceo Face a Locuo inexistenteEm face de Fazem dez anosO verbo impessoalFaz dez anos que... Frente a Locuo inexistenteEm frente de, diante de Frum/FrunsExige acento GarantirModismo lingsticoUse sinnimos Grande nmero Concordncia singular Grosso modoE no a grosso modo H anos atrs Se aconteceu h anos, s pode ser atrs H anos Haja vistoErradoHaja vista ItemNo tem acento Judiar Palavra politicamente inaceitvel, por preconceituosa contra os judeus Latu sensuErradoLato sensu Matria-prima Palavra composta, exige hfen Na medida em queErradoNa medida que Obra-prima Palavra composta, exige hfen Onde Use somente para lugar No escreva no sentido em que, na qual Em que, na qual Ou seja No deve comear fraseEm outras palavras Paralelo a istoEviteParalelamente a isto Por sobLocuo inexistenteSob 39 PraNo necessrio o acento Praticar preoModismo; eviteCobrar Quorum No acentuada Palavra latina Quorum Resgate histricoLugar comum; evite Sendo queEvite Scritu sensuErradoStricto sensu Somente um leigo afirmaria Deselegante SuscintoErradoSucinto SumarizarDe fazer resumoSumariar Tanto quanto/tanto como Prefira o verbo no plural Tanto o professor quanto o aluno optou por Todo um processoEviteUm processo Um grupo de (...) entrevistaram Um grupo de (...) entrevistou Uma grande quantidadePrefira a concisoMuitos Via de regraLugar comum Geralmente VigirErradoViger