aula 02 (3)

Upload: wandersonlima

Post on 14-Oct-2015

32 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    AULA 02 TEORIA DO CRIME PARTE 02

    Futuros Delegados,

    Hoje finalizaremos a parte do Cdigo Penal que trata sobre a teoria do crime e, com certeza, ao final da aula voc j ter garantido importantes pontos na sua prova. Seguirei, para facilitar, a numerao da aula anterior.

    Bons estudos!!!

    ********************************************************

    2.4 CRIME DOLOSO

    Na aula passada, falamos bastante sobre a conduta. Ao se examinar tal instituto, verifica-se que, segundo a teoria finalista, ela um comportamento voluntrio e que o contedo da vontade seu fim.

    Nessa concepo, a vontade o componente subjetivo da conduta, faz parte dela e dela inseparvel.

    Se Tcio mata Mvio, no se pode dizer de imediato que praticou um fato tpico (homicdio), embora essa descrio esteja no art. 121 do CP ("matar algum").

    Isto porque o simples fato de causar o resultado (morte) no basta para preencher o tipo penal objetivo. indispensvel que se indague o contedo da vontade do autor do fato, ou seja, o fim que estava contido na ao, j que ela (a ao) no pode ser compreendida sem que se considere a vontade do agente.

    Toda ao consciente dirigida pela conscincia do que se quer e pela deciso de querer realiz-la, ou seja, pela vontade. A vontade querer alguma coisa e o dolo a vontade dirigida realizao do tipo penal.

    PARA A TEORIA FINALISTA DA AO, A CONDUTA COMPOSTA

    DE AO/OMISSO SOMADA AO DOLO PERSEGUIDO PELO

    AUTOR, OU CULPA EM QUE ELE TENHA INCORRIDO POR NO

    OBSERVAR DEVER OBJETIVO DE CUIDADO.

    ANTES DA PROPOSIO DESSA TEORIA, A TEORIA CLSSICA,

    ADOTADA AT A REFORMA DO CDIGO PENAL DE 1984 NO

    BRASIL, CONSIDERAVA ELEMENTOS DA CONDUTA APENAS A

    AO/OMISSO E O RESULTADO.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 2

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Assim, pode-se definir o dolo como:

    2.4.1 TEORIAS DO DOLO

    Existem trs teorias que tratam do dolo. So elas:

    1. TEORIA DA REPRESENTAO Para esta teoria, se o agente prev o resultado como possvel e ainda assim opta por continuar a conduta, j est caracterizado o dolo. Aqui, pouco importa se o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.

    Sendo assim, imagine que Tcio sai de casa em sua moto para ir a uma entrevista de emprego. Durante o percurso, devido a um congestionamento, resolve cortar pela calada e, logo em um momento inicial, depara-se com inmeros pedestres. Certo de sua percia na moto, prossegue e acaba atropelando Mvio.

    Segundo a teoria da representao, o ato ser considerado doloso, pois, ao subir na calada e se deparar com pessoas, Tcio j poderia prever o resultado como possvel, mesmo que no o desejasse sinceramente.

    2. TEORIA DA VONTADE Esta teoria engloba o conceito da teoria da representao no que diz respeito necessidade da previso do resultado, entretanto, amplia os requisitos para a caracterizao do dolo, incluindo, tambm, a obrigatoriedade da vontade de produzir o resultado.

    3. TEORIA DO ASSENTIMENTO Segundo esta teoria, h dolo no s quando o agente quer o resultado, mas tambm quando realiza a conduta assumindo o risco de produzi-lo.

    2.4.2 TEORIA ADOTADA PELO CDIGO PENAL

    O Cdigo Penal dispe a respeito do crime doloso em seu artigo 18, nos seguintes termos:

    A CONSCINCIA E A VONTADE NA REALIZAO DA

    CONDUTA TPICA OU A VONTADE DA AO ORIENTADA

    PARA A REALIZAO DO TIPO.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 3

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Art. 18 - Diz-se o crime:

    I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;

    Do exposto, pergunto a voc: Qual foi (ou quais foram) a(s) teoria(s) adotada(s) pelo Cdigo Penal?

    Resposta: A teoria da vontade (quando o inciso I diz o agente quis o resultado) e a do assentimento (quando o supra inciso dispe ou assumiu o risco de produzi-lo).

    Assim, podemos resumir que o dolo , primordialmente, VONTADE DE PRODUZIR O RESULTADO. Entretanto, tambm h dolo na conduta de quem, aps prever e estar ciente de que pode provocar o resultado, ASSUME O RISCO DE PRODUZ-LO.

    2.4.3 ELEMENTOS DO DOLO

    So elementos do dolo:

    I CONSCINCIA DO ATO E DO RESULTADO O sujeito ativo deve saber exatamente o que est fazendo ou deixando de fazer. Ademais, deve relacionar sua ao/omisso com o resultado desejado, ou seja, o nexo causal deve ser tambm percebido pelo agente. A esta percepo d-se o nome de momento intelectual do dolo, quando ele sabe que, com tal conduta, o resultado tpico ser alcanado.

    II VONTADE DE AGIR, OU SE OMITIR, E PRODUZIR O RESULTADO Este elemento dito momento volitivo, ou seja, o agente tem o desejo de realizar a conduta. Assim, no anterior (conscincia) ele sabe o que faz; neste (vontade), quer fazer isso.

    OO CCDDIIGGOO PPEENNAALL AADDOOTTOOUU AASS SSEEGGUUIINNTTEESS TTEEOORRIIAASS PPAARRAA

    CCAARRAACCTTEERRIIZZAARR OO DDOOLLOO::

    11 TTEEOORRIIAA DDAA VVOONNTTAADDEE OO AAGGEENNTTEE QQUUIISS OO RREESSUULLTTAADDOO;;

    22 TTEEOORRIIAA DDOO AASSSSEENNTTIIMMEENNTTOO OO AAGGEENNTTEE AASSSSUUMMIIUU OO RRIISSCCOO

    DDEE PPRROODDUUZZII--LLOO..

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 4

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    O dolo inclui no s o objetivo que o agente pretende alcanar, mas tambm os meios empregados e as conseqncias secundrias de sua atuao.

    Mas como assim?

    Bem, h duas fases na conduta: uma interna e outra externa.

    A interna opera-se no pensamento do autor (e se no passa disso, penalmente indiferente), e consiste em:

    a) propor-se a um fim (matar um inimigo, por exemplo);

    b) selecionar os meios para realizar essa finalidade (escolher um explosivo, por exemplo); e

    c) considerar os efeitos concomitantes que se unem ao fim pretendido (a destruio da casa do inimigo, a morte de outras pessoas que estejam com ele etc.).

    A segunda fase consiste em exteriorizar a conduta, numa atividade em que se utilizam os meios selecionados conforme a normal e usual capacidade humana de previso.

    Caso o sujeito pratique a conduta nessas condies, age com dolo e a ele se podem atribuir o fato e suas conseqncias diretas (morte do inimigo e de outras pessoas, a demolio da casa, o perigo para os transeuntes etc.).

    2.4.4 ESPCIES DE DOLO

    A doutrina subdivide o dolo em diversas espcies. Tratarei aqui das que so importantes para a sua PROVA. Vamos conhec-las.

    2.4.4.1 DOLO DIRETO E DOLO INDIRETO

    Tambm denominado dolo determinado, o dolo direto ocorre quando o agente quer atingir um resultado especfico com a conduta. o caso, por exemplo, do matador profissional que, aps receber uma determinada quantia em dinheiro, mata a vtima com um tiro certeiro.

    Eu vou matar

    o Tcio com

    minha arma!

    EELLEEMMEENNTTOOSS DDOO DDOOLLOO::

    CCOONNSSCCIINNCCIIAA ((EELLEEMMEENNTTOO IINNTTEELLEECCTTUUAALL)) ++ VVOONNTTAADDEE ((EELLEEMMEENNTTOO VVOOLLIITTIIVVOO))

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 5

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Diferentemente, o dolo indireto ou indeterminado aquele que no se dirige a um resultado certo. Subdivide-se em DOLO ALTERNATIVO E DOLO EVENTUAL.

    A partir de agora redobre a sua ateno, pois estamos tratando de um ponto que questo recorrente em PROVA.

    DOLO ALTERNATIVO Verifica-se quando o agente no possui previso de um resultado especfico, satisfazendo-se com um ou outro, indistintamente.

    D-se o dolo alternativo, por exemplo, quando a namorada ciumenta surpreende seu amado conversando com outra e, revoltada, joga uma granada no casal, querendo mat-los ou feri-los.

    Perceba que ela quer produzir um resultado e no o resultado.

    No exemplo acima, se o resultado for a morte, responder a agente por homicdio. Mas e se o resultado for ferimentos? Responder por leso corporal ou tentativa de homicdio?

    Em caso de dolo alternativo, o agente sempre responder pelo resultado mais grave, ou seja, pela tentativa de homicdio.

    DOLO EVENTUAL No dolo eventual, o sujeito prev o resultado e, embora no o queira propriamente atingir, pouco se importa com a sua ocorrncia (eu no quero, mas se acontecer, para mim tudo bem; no por causa desse risco que vou parar de praticar minha conduta; no quero, mas tambm no me importo com a sua ocorrncia).

    Seria o exemplo do indivduo que coleciona armas e, em determinado dia, resolve testar seu armamento. Prosseguindo no intento, aponta um fuzil na direo de uma estrada na qual quase nunca passa algum.

    Pensa: Aqui quase nunca passa algum, ento, se passar bem na hora que eu atirar, azar de quem estava no lugar errado na hora errada.

    Perceba que o indivduo assumiu o risco.

    Efetua o disparo e acerta uma pessoa, matando-a.

    Neste caso, responder o indivduo por homicdio doloso, pois presente se encontra o dolo eventual. Observe o interessante julgado do STF sobre o tema:

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 6

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Cabe o dolo eventual a todos os delitos que com ele tenham compatibilidade. Digo isto porque em alguns casos, como na previso do artigo 180 do Cdigo Penal, s cabvel o dolo direto, no sendo possvel o eventual. Observe:

    Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em

    proveito prprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-f, a adquira, receba ou oculte: (grifo nosso)

    A expresso que sabe traz a obrigatoriedade da vontade imediata de cometer o delito, ou seja, o dolo direto.

    2.4.4.2 ABERRATIO CAUSAE (DOLO GERAL)

    HC 91159/MG, rel. Min. Ellen Gracie, 2.9.2008. (HC-91159)

    Salientou-se que, no Direito Penal contemporneo, alm do dolo direto em que o agente quer o resultado como fim de sua ao e o considera unido a esta ltima h o dolo eventual, em que o sujeito no deseja diretamente a realizao do tipo penal, mas a aceita como possvel ou provvel (CP, art. 18, I, in fine).

    Relativamente a este ponto, aduziu-se que, dentre as vrias teorias que buscam justificar o dolo eventual, destaca-se a do assentimento ou da assuno, consoante a qual o dolo exige que o agente aquiesa em causar o resultado, alm de reput-lo como possvel.

    Observou-se que para a configurao do dolo eventual no necessrio o consentimento explcito do agente, nem sua conscincia reflexiva em relao s circunstncias do evento, sendo imprescindvel, isso sim, que delas (circunstncias) se extraia o dolo eventual e no da mente do autor.

    SSEENNDDOO AASSSSIIMM,, PPAARRAA SSUUAA PPRROOVVAA,, NNOO SSEE EESSQQUUEEAA::

    AAPPAARREECCEEUU AA EEXXPPRREESSSSOO QQUUEE SSAABBEE,, VVOOCC JJ SSAABBEE QQUUEE

    NNOO CCAABBVVEELL OO DDOOLLOO EEVVEENNTTUUAALL..

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 7

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Aberratio causae o erro na causa que produz o delito. Ocorre quando o sujeito, pensando ter atingido o resultado que queria, pratica uma nova conduta com finalidade diversa e, posteriormente, constata-se que o resultado foi ocasionado pela segunda conduta.

    Para exemplificar, imagine que Tcio, pensando em matar Mvio, bate com um pedao de ferro em sua cabea. Certo de ter matado Mvio, coloca-o dentro de um saco e lana o corpo dentro de um rio, a fim de ocultar o delito.

    Dias depois, o saco encontrado por policiais e o exame do cadver determina que a morte foi causada por asfixia, e no pela pancada.

    Neste caso, temos um erro na relao de causalidade, mas este erro, para o Direito Penal, irrelevante, pois o que importa se o agente queria um resultado e o alcanou.

    2.5 CRIME CULPOSO

    A doutrina constantemente trata sobre este tema, entretanto, no se chegou ainda a um conceito nico de crime culposo.

    A lei, por sua vez, limita-se a prever as modalidades da culpa e dispe sobre o assunto da seguinte forma:

    Art. 18 - Diz-se o crime:

    [...]

    II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudncia, negligncia ou impercia.

    Mas, professor... Como assim??? No h nenhum conceito doutrinrio de crime culposo para facilitar o entendimento?

    Caro(a) aluno(a), unindo os diversos conceitos apresentados pela doutrina e seguindo a linha de raciocnio do CESPE, podemos dizer que o crime culposo :

    OO QQUUEE SSEE VVEERRIIFFIICCAA QQUUAANNDDOO OO AAGGEENNTTEE,, DDEEIIXXAANNDDOO DDEE OOBBSSEERRVVAARR OO DDEEVVEERR OOBBJJEETTIIVVOO DDEE CCUUIIDDAADDOO,, PPOORR

    IIMMPPRRUUDDNNCCIIAA,, NNEEGGLLIIGGNNCCIIAA OOUU IIMMPPEERRCCIIAA,, RREEAALLIIZZAA VVOOLLUUNNTTAARRIIAAMMEENNTTEE UUMMAA CCOONNDDUUTTAA QQUUEE PPRROODDUUZZ RREESSUULLTTAADDOO

    NNAATTUURRAALLSSTTIICCOO IINNDDEESSEEJJAADDOO,, NNOO PPRREEVVIISSTTOO EE NNEEMM QQUUEERRIIDDOO,, QQUUEE PPOODDIIAA,, CCOOMM AA DDEEVVIIDDAA AATTEENNOO,, TTEERR EEVVIITTAADDOO..

    Para exemplificar, no sei se voc acompanhou (sei que concurseiro no v muita televiso), recentemente tivemos um caso amplamente divulgado de uma me que estava com seu filho em um carrinho de beb e, ao

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 8

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    esquecer-se de acionar o freio das rodas, o carrinho caiu na linha frrea e o trem passou por cima.

    Neste caso, tivemos um final feliz, pois nada aconteceu com a criana.

    Mas e se o resultado morte ocorresse? A me seria responsabilizada?

    Claro que sim, pois produziu um resultado indesejado, no previsto e nem querido, que podia, com a devida ateno (acionamento dos freios), ser evitado.

    Bom, agora que voc j sabe o conceito geral de crime culposo, vamos prosseguir com uma anlise mais detalhada desta espcie de delito. Conforme j vimos, dentro de uma concepo finalista, culpa o elemento normativo da CONDUTA, pois sua constatao depende da valorao do caso concreto.

    Os crimes culposos, normalmente, so previstos no chamado tipo penal aberto, pois a lei no diz expressamente no que consiste o comportamento culposo, reservando esta avaliao ao Juiz.

    Entretanto, importante ressaltar que nada impede a definio de um crime culposo em um tipo fechado, tal como ocorre no delito de receptao culposa previsto no Cdigo Penal. Observe:

    Art. 180[...]

    3 - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporo entre o valor e o preo, ou pela condio de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso. (grifo nosso)

    DICIONRIO DO CONCURSEIRO

    TIPO PENAL ABERTO

    FALA-SE EM TIPO ABERTO QUANDO O LEGISLADOR, EM RAZO DA

    IMPOSSIBILIDADE DE PREVER TODAS AS CONDUTAS PASSVEIS DE

    ACONTECER NA SOCIEDADE, CRIA TIPOS NOS QUAIS NO DESCREVE

    DE FORMA COMPLETA E PRECISA O COMPORTAMENTO CONSIDERADO

    PROIBIDO E CRIMINOSO, O QUE IMPE A NECESSIDADE DE

    COMPLEMENTAO PELO INTRPRETE DA NORMA.

    NESSA LINHA, TIPO ABERTO AQUELE QUE TRAZ EM SEU BOJO

    REQUISITOS NORMATIVOS, DE FORMA A EXIGIR DO APLICADOR DO

    DIREITO A REALIZAO DE JUZO NORMATIVO.

    EXEMPLIFICANDO: PRATICAR ATO OBSCENO. A NORMA PENAL NO

    ESPECIFICA O QUE SEJA ATO OBSCENO, CABENDO AO INTRPRETE

    BUSCAR A SUA DEFINIO.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 9

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    2.5.1 ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO

    Aps estes conceitos iniciais, vamos aprofundar o assunto verificando os elementos que compem o crime culposo. So eles:

    1. CONDUTA HUMANA;

    2. VIOLAO DO DEVER OBJETIVO DE CUIDADO;

    3. RESULTADO NATURALSTICO;

    4. NEXO CAUSAL;

    5. TIPICIDADE; e

    6. PREVISIBILIDADE.

    2.5.1.1 CONDUTA HUMANA

    Como j estudamos, nos crimes dolosos a vontade do agente est focada na realizao de resultados objetivos ilcitos. O FIM ALMEJADO OU ACEITO ILCITO.

    Diferentemente, nos crimes culposos o que importa no o fim do agente (que normalmente lcito), mas o modo e a forma imprpria com que atua.

    Os tipos culposos probem, assim, condutas em decorrncia da forma de atuar do agente para um fim proposto, e no pelo fim em si.

    Se um motorista, por exemplo, dirige velozmente para chegar a tempo de assistir missa domingueira e vem a atropelar um pedestre, o fim lcito no importa, pois agiu ilicitamente ao no atender ao cuidado necessrio a que estava obrigado em sua ao, dando causa ao resultado lesivo (leso, morte).

    Essa inobservncia do dever de cuidado faz com que essa sua ao configure uma ao tpica.

    Para ficar ainda mais claro, podemos dizer que no crime culposo a vontade do agente se limita a pratica de uma conduta perigosa, por ele aceita e desejada.

    Mas professor, nos vimos que no dolo eventual o agente tambm no quer diretamente atingir o fim ilcito. Qual a diferena?

    Perceba que no dolo eventual ele prev o resultado e, embora no o queira propriamente atingir, pouco se importa com a sua ocorrncia. Diferentemente, na culpa, o agente, sinceramente, no quer e acredita que o resultado no vai ocorrer. Isso ainda ficar mais claro no decorrer da aula. Fique tranquilo(a).

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 10

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Para finalizar, importante citar que o crime culposo pode ser praticado por ao ou omisso.

    2.5.1.2 VIOLAO DO DEVER OBJETIVO DE CUIDADO

    Sabemos que uma das principais caractersticas da vida em sociedade a impossibilidade de se fazer tudo o que almejado, pois os interesses de terceiras pessoas e da prpria comunidade impem barreiras que no podem ser afrontadas.

    Mais quais so essas barreiras?

    H algum tempo falava-se muito da necessidade de se utilizar o cinto de segurana, entretanto, poucas pessoas usavam.

    Aps a normatizao da conduta, trazendo previso de penalizao, o que aconteceu? Todos comearam a usar.

    Neste sentido, fica claro que estas barreiras so impostas pelo prprio ordenamento jurdico a todas as pessoas, visando regular o pacfico convvio social e garantir o DEVER OBJETIVO DE CUIDADO.

    E o que esse dever objetivo de cuidado?

    Quem vive em sociedade no deve causar dano a terceiro, sendo-lhe exigido o dever de cuidado, indispensvel para evitar tais leses. Assim, se o agente no observa esses cuidados, causando com isso dano a bem jurdico alheio, responder por ele.

    Como muitas das atividades humanas podem provocar perigo para os bens jurdicos, sendo inerentes a elas um risco que no pode ser suprimido inteiramente sob pena de serem totalmente proibidas (dirigir um veculo, operar um maquinismo, lidar com substncias txicas etc.), procura a lei estabelecer quais os deveres e cuidados que o agente deve ter quando desempenha certas atividades (velocidade mxima permitida nas ruas e estradas, utilizao de equipamento prprio em atividades industriais, exigncia de autorizao para exercer determinadas profisses etc.).

    Em razo de existir em todo delito culposo essa VIOLAO AO DEVER OBJETIVO DE CUIDADO, alguns doutrinadores referem-se a ele como o objeto central de estudo do Direito Penal da Negligncia, o gnero que teria como espcies as seguintes MODALIDADES:

    NEGLIGNCIA;

    IMPERCIA ;

    IMPRUDNCIA.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 11

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    2.5.1.3 RESULTADO NATURALSTICO

    No crime culposo, o resultado naturalstico funciona como elementar do tipo penal. Sendo assim, podemos concluir que:

    Em si mesma, a inobservncia do dever de cuidado no constitui conduta tpica porque necessrio outro elemento do tipo culposo: o resultado.

    RELEMBRANDO!!!

    IMPERCIA QUANDO ALGUM QUE DEVERIA DOMINAR UMA TCNICA

    NO A DOMINA. O CASO DO MDICO QUE ERRA NA HORA DE SUTURAR

    UM PACIENTE.

    DEPOIS DE SEIS ANOS ESTUDANDO MEDICINA, ELE DEVERIA SABER

    SUTURAR. SE NO SABE, IMPERITO.

    NEGLIGNCIA QUANDO AQUELE QUE DEVERIA TOMAR CONTA PARA

    QUE UMA SITUAO NO ACONTEA, NO PRESTA A DEVIDA ATENO

    E A DEIXA ACONTECER.

    O CASO DA ME QUE DEVERIA TOMAR CONTA DO NENM QUANDO

    EST DANDO BANHO NELE, VAI ATENDER O TELEFONE E O NENM

    ACABA SE AFOGANDO. ELA NO QUERIA E NEM ASSUMIU O RISCO DE

    MAT-LO, MAS NO TOMOU CONTA O SUFICIENTE PARA EVITAR SUA

    MORTE.

    IMPRUDENTE A PESSOA QUE NO TOMA OS CUIDADOS QUE UMA

    PESSOA NORMAL TOMARIA. A PESSOA QUE, AO DAR MARCHA-R COM

    O CARRO, ESQUECE DE OLHAR PARA TRS E ACABA ATROPELANDO

    ALGUM.

    TTOODDOO CCRRIIMMEE CCUULLPPOOSSOO UUMM

    CCRRIIMMEE MMAATTEERRIIAALL!!!!!!

    IIMMPPRRUUDDNNCCIIAA,, NNEEGGLLIIGGNNCCIIAA EE IIMMPPEERRCCIIAA SSOO

    MMOODDAALLIIDDAADDEESS,, EE NNOO EESSPPCCIIEESS DDEE CCUULLPPAA..

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 12

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    S haver ilcito penal culposo se da ao contrria ao cuidado resultar leso a um bem jurdico. Se, apesar da ao descuidada do agente, no houver resultado lesivo, no haver crime culposo.

    O resultado no deixa de ser um "componente de azar" da conduta humana no crime culposo (dirigir sem ateno pode ou no causar coliso e leses em outra pessoa).

    No existindo o resultado (no havendo a coliso), no se responsabilizar por crime culposo o agente que inobservou o cuidado necessrio, ressalvada a hiptese em que a conduta constituir, por si mesma, em um ilcito

    penal (a contraveno de direo perigosa de veculo, prevista no art. 34 da LCP, por exemplo).

    A exigncia do resultado lesivo para a existncia do crime culposo justifica-se pela funo poltica garantidora que deve orientar o legislador na elaborao do tipo penal.

    No haver crime culposo mesmo que a conduta contrarie os cuidados objetivos e se verifique que o resultado se produziria da mesma forma, independentemente da ao descuidada do agente.

    Assim, se algum se atira sob as rodas do veculo que dirigido pelo motorista na contramo de direo, no se pode imputar a este o resultado (morte do suicida). Trata-se, no caso, de mero caso fortuito.

    Evidentemente, deve haver no crime culposo, como em todo fato tpico, a relao de causalidade entre a ao e o resultado, obedecendo-se ao que dispe a lei brasileira no art. 13 do CP.

    Art. 13 - O resultado, de que depende a existncia do crime, somente imputvel a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ao ou omisso sem a qual o resultado no teria ocorrido.

    2.5.1.4 NEXO CAUSAL

    Como se trata de crime MATERIAL h que ser verificado a relao entre a conduta e o resultado a fim de caracterizar o delito, ou seja, em consonncia com a teoria da equivalncia dos antecedentes causais, deve ser provado que o RESULTADO ADVEIO DA CONDUTA.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 13

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    2.5.1.5 TIPICIDADE

    Sendo elemento do fato tpico nos crimes materiais consumados, a tipicidade precisa estar presente para a configurao do crime culposo. Como j vimos, nada mais do que a adequao do fato concreto ao descrito na lei.

    2.5.1.6 PREVISIBILIDADE OBJETIVA

    a possibilidade de uma pessoa comum, com inteligncia mediana, prever o resultado.

    Com voc j sabe, o tipo culposo diverso do doloso. H na conduta no uma vontade dirigida realizao do tipo, mas apenas um conhecimento potencial de sua concretizao, vale dizer, uma possibilidade de conhecimento de que o resultado lesivo pode ocorrer.

    Esse aspecto subjetivo da culpa a possibilidade de conhecer o perigo que a conduta descuidada do sujeito cria para os bens jurdicos alheios e a possibilidade de prever o resultado conforme o conhecimento do agente. A essa possibilidade de conhecimento e previso d-se o nome de previsibilidade.

    A previsibilidade, conforme o Professor Damsio, a possibilidade de ser antevisto o resultado, nas condies em que o sujeito se encontrava. Exige-se que o agente, nas circunstncias em que se encontrava, pudesse prever o resultado de seu ato. A condio mnima de culpa em sentido estrito a previsibilidade; ela no existe se o resultado vai alm da previso.

    Mas qual fato no pode ser previsto pelo homem? No se pode prever que existe a possibilidade de um louco se jogar na frente de um carro? Claro que sim, h louco para tudo neste mundo!

    evidente, porm, que no essa previsibilidade em abstrato de que se fala, pois, se no se interpreta o critrio de previsibilidade informadora da culpa com certa flexibilidade, o resultado lesivo sempre seria atribudo a seu causador.

    No se pode confundir o dever de prever, fundado na diligncia ordinria de um homem qualquer, com o poder de previso. Diz-se, ento, que esto fora do tipo penal dos delitos culposos os resultados que esto fora da previsibilidade objetiva de um homem razovel, no sendo culposo o ato quando o resultado s teria sido evitado por pessoa extremamente prudente.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 14

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Assim, s tpica a conduta culposa quando se puder estabelecer que o fato era possvel de ser previsto pela perspiccia comum, normal dos homens. Esse indivduo comum, de ateno, diligncia e perspiccia normais generalidade das pessoas o que se convencionou chamar de HOMEM MDIO.

    Os homens, porm, so distintos no que concerne inteligncia, sagacidade, instruo, conhecimentos tcnicos especficos etc., variando a condio de prever os fatos em cada um.

    Assim, a previsibilidade, segundo a doutrina, deve ser estabelecida tambm conforme a capacidade de previso de cada indivduo. A essa condio d-se o nome de previsibilidade subjetiva.

    Verificado que o fato tpico diante da previsibilidade objetiva (do homem razovel), s haver reprovabilidade ou censurabilidade da conduta (culpabilidade) se o sujeito pudesse prev-la (previsibilidade subjetiva).

    Vamos exemplificar:

    Jos, um exmio atirador, realiza a conduta voluntria de limpar sua pistola em um quarto onde seus sobrinhos esto brincando.

    Age com inobservncia do cuidado objetivo manifestado atravs da imprudncia, que a prtica de um ato perigoso.

    Como assim?

    Embora saiba dos riscos de acidente que a limpeza de arma de fogo traz, espera levianamente que nada ocorra, pois confia na sua percia no trato com armas. Dessa forma, d um golpe de segurana na arma para que se houvesse algum cartucho na cmara este fosse ejetado, retira o carregador e comea a limpeza da arma apontando-a sempre no sentido oposto do que brincam seus sobrinhos.

    Durante a limpeza, a arma dispara, o projtil atinge a janela, ricocheteia e lesiona seu sobrinho.

    Ocorre que Jos deveria, antes de dar o golpe de segurana, ter retirado o carregador, pois da forma como agiu, colocou um projtil na cmara da arma.

    Percebe-se, no exemplo citado, que o homem prudente e de discernimento (homem mdio) colocado nas condies de Jos no agiria como ele agiu, pois no precisa ser um atirador perfeito para saber do perigo existente na limpeza de um armamento.

    Dessa forma, configurada est a previsibilidade objetiva.

    Quando, ao comparar a conduta do sujeito com o dever de cautela genrico, observa-se que ele no agiu da forma imposta pelo cuidado objetivo, facilmente conclui-se que o fato tpico.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 15

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    2.5.2 ESPCIES DE CULPA

    Quanto s espcies, podemos classificar a culpa em:

    2.5.2.1 CULPA CONSCIENTE X CULPA INCONSCIENTE

    Essa diviso tem como fator distintivo a previso do agente acerca do resultado naturalstico provocado pela sua conduta.

    Na culpa consciente o agente prev o resultado, mas espera que ele no ocorra. Acredita o agente que pode evit-lo com suas habilidades (culpa com previso).

    Exemplo clssico dessa espcie de culpa dada pelo Professor Mirabete, no qual o caador, avistando um companheiro prximo ao animal que deseja abater, confia em sua habilidade de exmio atirador para no atingi-lo, mas, quando dispara, acaba causando a morte da vtima.

    Diferentemente, na culpa inconsciente, o resultado no previsto pelo agente, embora previsvel. a culpa comum, que se manifesta pela imprudncia, negligncia ou impercia.

    Caro aluno, tudo claro? Ento agora pergunto um dos principais questionamentos trazidos pelo CESPE: Existe diferena entre CULPA CONSCIENTE E DOLO EVENTUAL?

    Resposta: Claro que sim!!! A culpa consciente se diferencia do dolo eventual.

    No dolo eventual o agente tolera a produo do resultado, o evento lhe indiferente, tanto faz que ele ocorra ou no. Ele assume o risco de produzi-lo.

    Na culpa consciente, ao contrrio, o agente no quer o resultado, no assume o risco e nem ele lhe tolervel ou indiferente. O evento lhe representado (previsto), mas confia em sua no-produo.

    Para resumir tudo isso e voc NO ERRAR EM PROVA, imagine que Tcio comete uma conduta que ocasiona um resultado naturalstico penalmente punvel.

    Qual ser a frase adequada para Tcio no caso de dolo eventual?

    E no caso de culpa consciente?

    Abaixo apresento a resposta (Com uma linguagem bem clara!!!):

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 16

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    2.5.2.2 CULPA PRPRIA X CULPA IMPRPRIA

    Esta classificao baseia-se na inteno de produzir o resultado naturalstico.

    Na culpa prpria ou propriamente dita o agente no quer e nem assume o risco de produzir o resultado. , por assim dizer, a culpa propriamente dita.

    Contrariamente, na culpa imprpria ou por extenso ou por assimilao ou por equiparao, o agente por erro, fantasia ou outra situao ftica, que se real justificaria sua conduta, provoca intencionalmente um resultado ilcito.

    Cuida-se, na verdade, de dolo, eis que o agente quer a produo do resultado, mas, por motivos da poltica criminal, no entanto, o Cdigo Penal aplica a um crime doloso a punio correspondente a um crime culposo. (art. 20, par. 1, CP).

    Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punio por crime culposo, se previsto em lei.

    1 - isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstncias, supe situao de fato que, se existisse, tornaria a ao legtima. No h iseno de pena quando o erro deriva de culpa e o fato punvel como crime culposo

    Vamos exemplificar a culpa imprpria:

    Mvia, 16 anos, proibida pelos pais de se encontrar com Tcio, seu namorado. Triste com tal situao, e sem poder sair de casa pela porta no perodo noturno, resolve sair pela janela.

    Prosseguindo no seu intento, desce pela janela at o quintal, passa pelos quatro cachorros da casa que, por conhecerem a menina, no latem e, por fim, vai ao encontro do amado.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 17

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Aproximadamente s 2 da manh, Mvia volta para sua casa, passa pelos cachorros, que novamente no latem, e comea a subir na sacada para entrar pela janela.

    Caio, pai de Mvia, avista um vulto tentando entrar em sua casa e atira certeiramente. Ao descer para ver o corpo, percebe que alvejou sua filha.

    O agente efetuou os disparos com arma de fogo, com inteno de matar. Tinha dolo direto. Agiu, contudo, com o chamado ERRO INESCUSVEL QUANTO ILICITUDE DO FATO, pois foi imprudente.

    Mas como assim imprudente?

    Ele poderia ter sido mais cauteloso, j que o vulto no trazia ameaa e, com o silncio dos cachorros, somente poderia ser pessoa da casa.

    Desta forma, responde por homicdio culposo.

    2.5.3 COMPENSAO DE CULPAS

    Vamos comear este tpico exemplificando para facilitar o entendimento: Imagine que Tcio avana o semforo no sinal vermelho e, concomitantemente, um carro trafega na contramo. Os dois batem e ficam com leses corporais.

    Neste caso, como fica claro, os dois foram imprudentes e se enquadram no delito de leso corporal culposa. Ser possvel a compensao de culpas?

    A resposta NEGATIVA, ou seja:

    2.5.4 EXCEPCIONALIDADE DO CRIME CULPOSO

    O pargrafo nico do artigo 18 do Cdigo Penal deixa claro que s haver penalizao para um delito cometido de forma culposa quando houver previso legal. Observe:

    Art. 18 [...]

    Pargrafo nico - Salvo os casos expressos em lei, ningum pode ser punido por fato previsto como crime, seno quando o pratica dolosamente.

    NNOO SSEE AADDMMIITTEE AA CCOOMMPPEENNSSAAOO DDEE CCUULLPPAASS NNOO DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL

    BBRRAASSIILLEEIIRROO,, UUMMAA VVEEZZ QQUUEE PPRREEVVAALLEECCEE OO CCAARRTTEERR PPBBLLIICCOO DDAA

    SSAANNOO PPEENNAALL CCOOMMOO FFUUNNDDAAMMEENNTTOO PPAARRAA AA SSUUAA PPRROOIIBBIIOO..

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 18

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    O furto, por exemplo, por no trazer previso, no existe na modalidade culposa.

    Para complementar, veja as importantes palavras do STJ:

    2.5.5 TENTATIVA NO CRIME CULPOSO

    O crime se diz tentado quando o agente no o consuma por circunstncias alheias sua vontade. O intento do agente era consumar a infrao, atingir o bem jurdico protegido na extenso pretendida, todavia, interrompido, mas no por vontade prpria.

    Essa vontade qualifica-se como dolosa, porque a inteno do agente era consumar a infrao penal ou produzir o resultado criminoso.

    Nos crimes culposos, no se admite a tentativa porque a vontade inicial dirigida ao descumprimento nico e exclusivo do dever objetivo de cuidado, mas no se vincula, em momento algum, a vontade com a realizao do resultado, sob pena de se verificar a modalidade dolosa.

    Ento se cair na prova que a TENTATIVA nunca aceita para delitos culposos, est correto??? NOOOOO, pois:

    Resumindo:

    STJ - HABEAS CORPUS: HC 12161 SP

    De acordo com o princpio da excepcionalidade dos crimes culposos (pargrafo nico do art. 18 do CP)a punio por dolo a regra, enquanto a sano por culpa excepcional, s sendo admitida quando a lei textualmente o prev. (grifo nosso)

    AADDMMIITTIIDDAA AA TTEENNTTAATTIIVVAA NNAA HHIIPPTTEESSEE DDEE

    CCUULLPPAA IIMMPPRRPPRRIIAA!!!!!!

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 19

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    CCUULLPPAA

    MMOODDAALLIIDDAADDEESS

    EESSPPCCIIEESS

    IIMMPPRRUUDDNNCCIIAA

    NNEEGGLLIIGGNNCCIIAA

    IIMMPPEERRCCIIAA

    CCOONNSSCCIIEENNTTEE

    IINNCCOONNSSCCIIEENNTTEE

    PPRRPPRRIIAA

    IIMMPPRRPPRRIIAA

    EELLEEMMEENNTTOOSS

    CCOONNDDUUTTAA

    HHUUMMAANNAA

    VVIIOOLLAAOO DDOO

    DDEEVVEERR OOBBJJEETTIIVVOO

    DDEE CCUUIIDDAADDOO

    RREESSUULLTTAADDOO

    NNAATTUURRAALLSSTTIICCOO

    NNEEXXOO CCAAUUSSAALL

    TTIIPPIICCIIDDAADDEE

    PPRREEVVIISSIIBBIILLIIDDAADDEE

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 20

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO 2.6 CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO

    Quando estudarmos a parte do Cdigo Penal referente aos crimes e respectivas cominaes, voc perceber que existem determinados delitos que possuem uma penalizao definida para uma conduta bsica e outras penas mais rigorosas previstas para resultados mais graves advindos da conduta.

    Tm-se denominado tais infraes de crimes qualificados pelo resultado. Observe um exemplo:

    Art. 157 - Subtrair coisa mvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaa ou violncia a pessoa, ou depois de hav-la, por qualquer meio, reduzido impossibilidade de resistncia:

    Pena - recluso, de quatro a dez anos, e multa.

    [...]

    3 Se da violncia resulta leso corporal grave, a pena de recluso, de sete a quinze anos, alm da multa; se resulta morte, a recluso de vinte a trinta anos, sem prejuzo da multa. (grifo nosso)

    So quatro as espcies de crimes qualificados pelo resultado:

    1 DOLO NO ANTECEDENTE E DOLO NO CONSEQENTE H inteno do agente de praticar tanto a conduta tpica quanto produzir o resultado agravador.

    Exemplo: O agente espanca vtima com a inteno de provocar-lhe aborto (art. 129, 2, V). Tem dolo de leses corporais e dolo de provocar, como conseqncia, o aborto.

    2 CULPA NO ANTECEDENTE E CULPA NO CONSEQENTE A prtica do tipo d-se de forma culposa, assim como seu resultado.

    Exemplo: Acidentalmente causa leses corporais a outrem que, devido a elas, corre risco de vida (art. 129, 1, II).

    Outro exemplo o caso dos crimes culposos de perigo comum, resultando leso corporal grave ou morte. Veja:

    Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta leso corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade aumentada de metade; se resulta morte, aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta leso corporal, a pena

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 21

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicdio culposo, aumentada de um tero.

    3 CULPA NO ANTECEDENTE E DOLO NO CONSEQENTE A primeira conduta culposa, mas a segunda, que a agrava, cometida dolosamente.

    Exemplo: Sem querer, o agente causa leses corporais, mas, propositalmente, deixa de prestar socorro (art. 129, 7).

    4 DOLO NO ANTECEDENTE E CULPA NO CONSEQENTE (CRIME PRETERDOLOSO OU PRETERINTENCIONAL) Neste caso, o agente produz mais do que pretende. Na primeira conduta, tem a inteno de pratic-la, mas o resultado acaba sendo mais grave do que esperava ou queria. Esse o chamado crime preterdoloso, pois o resultado foi pior do que pretendido.

    Exemplo: Tendo a inteno de provocar leses vtima, d-lhe um soco; ela cai, bate a cabea numa pedra e morre.

    Tambm existe no caso de latrocnio, se a morte aps o roubo no era desejada (art. 157, 3).

    OBS: Se o agente do roubo assume o risco da qualificadora morte, teremos dolo no antecedente e dolo no consequente. Observe o elucidativo julgado do supremo tribunal Federal:

    Vamos agora tratar especificamente desta quarta espcie qualificadora que, como j visto, recebe a denominao de crime preterdoloso.

    2.6.1 CRIME PRETERDOLOSO

    STJ, RESP 418.183/DF

    PENAL. RECURSO ESPECIAL. LATROCNIO. CONCURSO DE AGENTES. PARTICIPAO DOLOSAMENTE DISTINTA. INAPLICABILIDADE.

    I - O roubo com morte delito qualificado pelo resultado, sendo que este plus, na melhor dico da doutrina, pode ser imputado na forma de dolo ou de culpa.

    II - No roubo, mormente praticado com arma de fogo, respondem, de regra, pelo resultado morte, situado evidentemente em pleno desdobramento causal da ao delituosa, todos que, mesmo no agindo diretamente na execuo da morte, contriburam para a execuo do tipo fundamental (Precedentes). Se assumiram o risco, pelo evento respondem. Recurso provido

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 22

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Preterdolo uma expresso que advm do latim praeter dolum, ou seja, alm do dolo. Grosso modo, podemos dizer que o crime preterdoloso, tambm chamado de preterintencional, aquele que ocorre quando a conduta dolosa gera a produo de um resultado mais grave do que o efetivamente desejado pelo agente.

    O crime preterdoloso um crime misto, em que h uma conduta que dolosa, por dirigir-se a um fim tpico, e que culposa pela gerao de outro resultado, ocorrido pela inobservncia do cuidado objetivo, que no era objeto do crime fundamental.

    No h aqui um terceiro elemento subjetivo ou forma nova de dolo ou mesmo de culpa. Como bem acentua Pimentel, " somente a combinao de dois elementos - dolo e culpa - que se apresentam sucessivamente no decurso do fato delituoso: a conduta inicial dolosa, enquanto o resultado final dela advindo culposo. H, como se tem afirmado, dolo no antecedente e culpa no conseqente.

    Exemplo tpico o apresentado no artigo 129, pargrafo 3, do Cdigo Penal, que dispe da seguinte forma:

    Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a sade de outrem:

    Pena - deteno, de trs meses a um ano. [...]

    3 Se resulta morte e as circunstncias evidenciam que o agente no quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:

    Pena - recluso, de quatro a doze anos. (grifei)

    Perceba, Caro(a) Aluno(a), que o legislador tipifica a conduta de gerar leses corporais (caput) e adiciona um resultado agravador que a morte da vtima produzida a ttulo de culpa.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 23

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    2.6.2 DISPOSIO DO CDIGO PENAL SOBRE O TEMA

    De forma bem objetiva para a sua PROVA, guarde o seguinte:

    PELO RESULTADO QUE AGRAVA A PENA, S RESPONDE O AGENTE QUE O HOUVER CAUSADO AO MENOS CULPOSAMENTE, conforme leciona o artigo 19 do Cdigo Penal:

    Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, s responde o agente que o houver causado ao menos culposamente.

    Desta forma, o resultado mais grave, se culposo, deve ser objetivamente previsvel, ou seja, previsvel ao HOMEM MDIO para que possa ser imputado ao agente.

    2.7 ERRO DE TIPO

    Para comear este tpico, e a fim de que voc entenda corretamente o assunto, preciso que se faa uma pergunta: Erro e ignorncia so palavras sinnimas? Em um primeiro momento, podemos dizer que no, mas para a SUA PROVA a resposta SIM.

    Mas como assim, professor?

    Vamos compreender:

    O erro um acontecimento humano de estado positivo, ou seja, o erro a falsa representao da realidade, a crena de ser A, sendo B, o equivocado conhecimento de um elemento.

    Para o Direito, o erro o vcio de consentimento e, sendo este um acontecimento humano, no podia o Direito Penal deixar de tratar da matria.

    A ignorncia, por sua vez, um acontecimento humano de estado negativo. A ignorncia difere do erro por ser a falta (e no a falsa) de representao da realidade, o total desconhecimento, isto , a ausncia do saber de determinado objeto.

    Na cincia jurdica, no entanto, no cabe a diferenciao entre estado negativo e estado positivo do acontecimento humano. Para nossa disciplina legal, predomina uma tese unificadora. Ambos, erro e ignorncia, no Direito Penal, so semelhantes em suas conseqncias ou, como nas palavras de Alcides Munhoz Neto:

    incidem sobre o processo formativo da vontade, viciando-lhe o elemento intelectivo, ao induzir o sujeito a querer coisa diversa da que teria querido, se houvesse conhecido a realidade.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 24

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Sendo assim, podemos resumir que, para o Cdigo Penal Brasileiro:

    2.7.1 CONCEITO

    Erro de tipo a falsa percepo da realidade acerca dos elementos constitutivos do tipo penal.

    o que incide sobre as elementares ou circunstncias da figura tpica, sobre os pressupostos de fato de uma causa de justificao ou dados secundrios da norma penal incriminadora.

    o que faz o sujeito supor a ausncia de elemento ou circunstncia da figura tpica incriminadora ou a presena de requisitos da norma permissiva.

    O erro de tipo pode ser:

    ESSENCIAL O erro recai sobre dados principais do tipo.

    Exemplo: Tcio vai caar na floresta e, para isso, esconde-se atrs de uma rvore. A fim de abater sua caa, aponta sua arma para uma moita, que no para de mexer (para frente e para trs).

    Acreditando ser uma ona, atira e acerta uma pessoa que estava l. A pessoa morre.

    Ocorre erro de tipo, pois no sabia Tcio que atirava em um ser humano. erro de tipo essencial, pois recaiu sobre dado principal do tipo (art. 121: matar algum).

    ACIDENTAL O erro recai sobre dados perifricos do tipo.

    Exemplo: Mvio vai a um supermercado para furtar sal. Chegando em casa com o produto do furto, percebe que acar.

    erro de tipo, pois no sabia que estava subtraindo acar.

    erro de tipo acidental, pois o fato de ser sal ou acar perifrico ao tipo.

    ERRO E IGNORNCIA SE EQUIVALEM!!!

    NNOO EERRRROO DDEE TTIIPPOO EESSSSEENNCCIIAALL,, OO AAGGEENNTTEE,, SSEE AAVVIISSAADDOO DDOO EERRRROO,,

    PPAARRAA IIMMEEDDIIAATTAAMMEENNTTEE OO QQUUEE IIAA FFAAZZEERR..

    NNOO EERRRROO DDEE TTIIPPOO AACCIIDDEENNTTAALL,, OO AAGGEENNTTEE,, SSEE AAVVIISSAADDOO DDOO EERRRROO,,

    OO CCOORRRRIIGGEE EE CCOONNTTIINNUUAA AA AAGGIIRR IILLIICCIITTAAMMEENNTTEE..

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 25

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    O erro de tipo encontra previso no artigo 20 e pargrafos do CP:

    Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punio por crime culposo, se previsto em lei.

    Antes de prosseguirmos, alguns conceitos so necessrios. Sendo assim, vamos abrir o nosso j conhecido dicionrio do concurseiro e aprender, ou relembrar, conceitos:

    2.7.2 ESPCIES

    O erro de tipo essencial pode ser de duas espcies:

    1. INESCUSVEL, VENCVEL OU INDESCULPVEL Neste caso, apesar do erro, fica claro que tal poderia ter sido evitado. a mesma

    DICIONRIO DO CONCURSEIRO

    TIPO PENAL O CONJUNTO DOS ELEMENTOS DO CRIME DESCRITOS NA NORMA PENAL. TODO TIPO PENAL POSSUI, NO MNIMO, UM NCLEO, QUE VEM A SER O VERBO QUE REPRESENTA A CONDUTA (AO OU OMISSO) HUMANA DESCRITA.

    ELEMENTOS OBJETIVOS OS ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO REFEREM-SE AO ASPECTO MATERIAL DA INFRAO PENAL, DIZENDO RESPEITO FORMA DE EXECUO, TEMPO, MODO, LUGAR, ETC.

    ELEMENTOS SUBJETIVOS OS ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO PENAL, TAMBM CONHECIDOS NA DOUTRINA POR ELEMENTOS SUBJETIVOS DO INJUSTO, DIZEM RESPEITO AO ESTADO PSICOLGICO DO AGENTE, OU SEJA, SUA INTENO.

    ELEMENTOS NORMATIVOS OS TIPOS PENAIS PODEM CONTER ELEMENTOS NA SUA FORMAO QUE NO SO DE COMPREENSO IMEDIATA, COMO OS ELEMENTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS, EM RAZO DA NECESSIDADE DE UM JUZO DE VALOR SOBRE OS MESMOS. NESTES TIPOS PENAIS QUE CONTM ELEMENTOS NORMATIVOS, ALM DE O LEGISLADOR INCLUIR EXPRESSES COMO MATAR, SUBTRAIR, OFENDER, ETC., INCLUI AINDA EXPRESSES COMO SEM JUSTA CAUSA, INDEVIDAMENTE, FRAUDULENTAMENTE, ETC., QUE SO CONSIDERADOS ELEMENTOS NORMATIVOS.

    ELEMENTARES DENOMINAM-SE ELEMENTARES AS EXPRESSES (PALAVRAS OU SIGNOS LINGSTICOS) QUE DESCREVEM O CONTEDO BSICO DO TIPO PENAL, SEM AS QUAIS A DESCRIO RESTA INCOMPLETA. SO ELEMENTARES DO TIPO PENAL DESCRITO NO ARTIGO 155 DO CP (CRIME DE FURTO): SUBTRAIR PARA SI OU PARA OUTREM, COISA ALHEIA MVEL.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 26

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    situao que j vimos quando tratamos do conceito de HOMEM MDIO relacionado com a culpa.

    2. ESCUSVEL, INVENCVEL, DESCULPVEL o erro que no advm da CULPA do agente, ou seja, qualquer pessoa MDIA, naquela situao, incidiria naquele erro.

    A partir da anlise destas duas espcies no caso concreto sero definidos os efeitos de erro de tipo. Desde j importante citar que, nos termos do caput do artigo 20 do CP, seja o erro INESCUSVEL ou ESCUSVEL, ele SEMPRE EXCLUI O DOLO.

    Mas e a culpa?

    A sim vai depender da espcie, ou seja, o erro escusvel EXCLUI O DOLO E A CULPA, gerando a impunidade total do fato.

    Diferentemente, o erro inescusvel exclui o dolo, mas permite a punio por crime culposo.

    Desta forma, podemos afirmar que, se Tcio, por no olhar a placa do veculo, leva o carro alheio para sua casa, ele ser punido a ttulo de culpa, por tratar-se de crime inescusvel, correto? ERRADO!!!!!

    Como vimos, a penalizao por crime culposo tem carter excepcional e como a lei no tipifica a conduta CULPOSA para o crime de furto, independentemente de ser escusvel ou inescusvel, permanecer o agente impune.

    Resumindo:

    ERRO DE

    TIPO

    ESSENCIAL

    INESCUSVEL

    ESCUSVEL EXCLUI O DOLO E

    A CULPA

    EXCLUI O DOLO,

    MAS NO A

    CULPA

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 27

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    2.7.3 DESCRIMINANTES PUTATIVAS

    Caro(a) Aluno(a), neste tpico vou adentrar somente no que importa para sua PROVA.

    Sobre as descriminantes putativas, preceitua o Cdigo Penal:

    Art. 20 [...]

    1 - isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstncias, supe situao de fato que, se existisse, tornaria a ao legtima. No h iseno de pena quando o erro deriva de culpa e o fato punvel como crime culposo.

    Putativo significa algo que se supe verdadeiro, embora, na verdade, no o seja. H uma incongruncia ou contradio entre a representao ftica do agente e a situao objetiva ou real.

    No momento da conduta, o autor imagina ser esta no-ilcita, pois supe existir uma situao que na verdade no h. Se tal situao realmente existisse, a conduta do agente tornar-se-ia lcita.

    Portanto, dois pontos extremos so as chaves para a compreenso das descriminantes putativas: o mundo real e o mundo imaginrio. As condutas praticadas na realidade apresentam sua ilicitude. Porm, no plano das idias do agente as mesmas teriam seu carter lcito.

    Ainda estudaremos a fundo as excludentes de ilicitude, mas por enquanto importante ao menos uma noo bsica:

    EM SNTESE, DESCRIMINANTE PUTATIVA UMA CAUSA

    EXCLUDENTE DE ILICITUDE, ERRONEAMENTE IMAGINADA PELO

    AGENTE. ELA NO EXISTE NA REALIDADE, MAS O AGENTE PENSA

    QUE SIM, POIS EST ERRADO.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 28

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    A doutrina admite trs hipteses de descriminantes putativas:

    a) Erro sobre os pressupostos fticos (supor situaes de fato) de uma causa de excluso da ilicitude. Imaginemos que Tcio est na rua e avista Mvio, seu desafeto. Ao se aproximar, Mvio coloca a mo no bolso e Tcio, imaginando que Mvio tiraria uma arma, efetua 3 disparos certeiros, matando Mvio.

    Posteriormente, Tcio, que pensou estar agindo em legtima defesa, verifica que Mvio no possua arma e iria somente tirar um isqueiro do seu bolso. Ocorreu a chamada LEGITIMA DEFESA PUTATIVA.

    b) Erro relativo aos limites da causa de justificao Caio, fazendeiro, fica o dia todo em sua janela com uma espingarda apontada para a entrada de sua propriedade. Sempre que um posseiro tenta invadir sua propriedade, ele, certeiramente, atira e mata o indivduo. Cuida-se da figura do excesso, pois a defesa da propriedade no permite esse tipo de reao desproporcional.

    c) Erro sobre a existncia da causa de justificao (supor estar autorizado) Caio encontra sua mulher praticando adultrio com Mvio. Sem pensar, pega sua arma e mata os dois.

    Imagina estar agindo de acordo com a LEGTIMA DEFESA DA HONRA, que no causa de excluso de ilicitude aceita em nosso ordenamento jurdico. O agente errou quanto existncia da descriminante.

    COMPREENDER PARA APRENDER

    EXCLUSO DE ILICITUDE UMA CAUSA EXCEPCIONAL QUE RETIRA O

    CARTER ANTIJURDICO DE UMA CONDUTA TIPIFICADA COMO CRIMINOSA.

    NO CDIGO PENAL BRASILEIRO, SO CAUSAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE:

    ESTADO DE NECESSIDADE - QUANDO O AUTOR PRATICA A CONDUTA

    PARA SALVAR DE PERIGO ATUAL DIREITO PRPRIO OU ALHEIO.

    LEGTIMA DEFESA - CONSISTE EM REPELIR MODERADAMENTE

    INJUSTA AGRESSO A SI PRPRIO OU A OUTRA PESSOA.

    ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL - QUANDO O AUTOR TEM

    O DEVER DE AGIR E O FAZ DE ACORDO COM DETERMINAO LEGAL.

    EXERCCIO REGULAR DE DIREITO - CONSISTE NA ATUAO DO

    AGENTE DENTRO DOS LIMITES CONFERIDOS PELO ORDENAMENTO

    LEGAL.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 29

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    O artigo 20, pargrafo 1, trata unicamente da situao de ERRO SOBRE OS PRESSUPOSTOS FTICOS (SUPOR SITUAES DE FATO) DE UMA CAUSA DE EXCLUSO DA ILICITUDE e atribui os seguintes efeitos:

    2.7.4 ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO

    Sobre o tema, dispe o Cdigo Penal:

    Art. 20

    [...]

    2 - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.

    H determinadas situaes nas quais o agente no erra por conta prpria, mas sim de forma provocada, isto , determinada por outrem (agente provocador). Este erro provocado pode ser doloso ou culposo.

    Quando o agente provocador atua com dolo, a ele ser imputado o delito.

    Suponha-se que o mdico, desejando matar o paciente, entrega enfermeira uma injeo que contm veneno, afirma que se trata de um anestsico e faz com que ela a aplique.

    A enfermeira agiu por erro determinado por terceiro, e no dolosamente, respondendo apenas o mdico.

    Ocorre que tambm pode o provocador agir culposamente e, nestes casos, teremos um efeito diferenciado.

    Imagine que um vendedor de carro, por engano, fornece um veculo sem freios para que um pretenso comprador realize um test drive. Ao sair da loja, o comprador atropela dois indivduos.

    Neste caso, responde o agente provocador e tambm o provocado, desde que seu erro seja inescusvel.

    2.7.5 ERRO DE TIPO ACIDENTAL SOBRE A PESSOA

    SITUAO DE FATO QUE, SE EXISTISSE, TORNARIA A AO LEGTIMA

    1ERRO PLENAMENTE JUSTIFICADO ISENTA DE PENA

    2ERRO INESCUSVEL RESPONDE POR CULPA (CASO HAJA PREVISO

    LEGAL)

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 30

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Caro(a) aluno(a), sabe aquele indivduo que tudo que faz, faz errado? Ento, exatamente dele que trataremos agora. No erro sobre a pessoa, o sujeito, no satisfeito em decidir matar algum, ainda ERRA a pessoa.

    o caso de Tcio, que querendo atirar em Mvio, confunde a pessoa visada e mata Caio.

    Ateno que aqui no estamos tratando de um indivduo que erro o alvo e sim daquele que, por confuso, acredita estar matando A e acaba matando B.

    Sobre o tema, preceitua o Cdigo Penal:

    Art. 20

    [...]

    3 - O erro quanto pessoa contra a qual o crime praticado no isenta de pena. No se consideram, neste caso, as condies ou qualidades da vtima, seno as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

    Perceba que o final do supra-exposto pargrafo diz que se deve considerar a qualidade da vtima contra quem o delito seria cometido. Sendo assim, imaginemos que Tcio quer matar seu pai, mas o confunde com seu tio, irmo gmeo, matando-o. Neste caso, a agravante, cometer crime contra ascendente, prevista no artigo 61, ser aplicada?

    A resposta positiva, pois no importa o que ocorreu e sim o que o agente queria que ocorresse.

    Mas, professor, como vamos saber exatamente, na realidade, o que o agente estava pensando?

    Boa pergunta... Depois que voc passar na prova eu tento responder. Por enquanto, atenha-se teoria!!! FOCO TOTAL NA APROVAO!!!

    2.7.6 ERRO DE TIPO ACIDENTAL NA EXECUO (ABERRATIO ICTUS)

    Neste tipo de erro, diferentemente do ocorrido no erro sobre a pessoa, o agente no se confunde quanto pessoa, mas erra o alvo e acaba acertando outra.

    Exemplo: Tcio mira em Mvio, mas acerta uma criana. Neste caso, responder pelo homicdio doloso, mas no de forma qualificada (crime cometido contra criana), pois, como vimos no item anterior, vale o que ele quer fazer e no o que ele fez.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 31

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    2.7.7 ERRO DE PROIBIO (ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO) X DESCONHECIMENTO DA LEI.

    Para comear este tema cabe uma importante pergunta:

    O no conhecimento da lei pode ser utilizado pelo agente como forma de ficar isento de pena?

    A resposta negativa e o efeito deste desconhecimento encontra previso no artigo 21 do Cdigo Penal, que dispe:

    Art. 21 - O desconhecimento da lei inescusvel. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitvel, isenta de pena; se evitvel, poder diminu-la de um sexto a um tero.

    Pargrafo nico - Considera-se evitvel o erro se o agente atua ou se omite sem a conscincia da ilicitude do fato, quando lhe era possvel, nas circunstncias, ter ou atingir essa conscincia. (grifo nosso)

    Mas todos interpretam as leis da mesma forma? Claro que no.

    Imaginemos um indivduo que, lendo a lei de drogas, interpreta ser possvel a plantao em sua casa da planta da maconha para fins medicinais. Este indivduo poder alegar o TOTAL DESCONHECIMENTO DA LEI?

    A resposta negativa, pois como vimos o desconhecimento da lei inescusvel. Entretanto, poder alegar um erro quanto ao entendimento da ilicitude do fato, ou seja, um ERRO DE PROIBIO.

    O erro de proibio pode ser definido como a falsa percepo do agente acerca do carter ilcito do fato tpico por ele praticado, de acordo com um juzo profano, isto , possvel de ser alcanado mediante um procedimento de simples esforo de sua conscincia.

    O indivduo conhece a existncia da lei penal, mas desconhece ou interpreta mal seu contedo, ou seja, no compreende adequadamente seu carter ilcito.

    7

    SE ESSE DESCONHECIMENTO FOR INEVITVEL, ISENTA

    DE PENA.

    DIFERENTEMENTE, SE EVITVEL, PODE REDUZIR A

    PENA.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 32

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    ********************************************************************

    FUTURO(A) APROVADO, MUITO BOM!!!

    AQUI VOC ACABA DE FINALIZAR MAIS UM IMPORTANTE TEMA RUMO TO SONHADA APROVAO.

    DITO ISTO, RESPIRE FUNDO, RECARREGUE AS SUAS ENERGIAS E VAMOS LUTA COM MAIS UM ASSUNTO DE NOSSA AULA!!!

    *************************************************************

    2.8 ITER CRIMINIS

    Iter criminis uma expresso em latim, que significa "caminho do delito", utilizada no direito penal para se referir ao processo de evoluo de um crime, ou seja, descrevendo as etapas que se sucederam desde o momento em que surgiu a idia do delito at a sua consumao.

    O Iter criminis costuma ser divididos em duas fases: A fase interna e a fase externa.

    2.8.1 FASE INTERNA

    Na fase interna, d-se a cogitao do crime.

    A cogitao refere-se ao plano intelectual acerca da prtica criminosa, com a visualizao do resultado querido.

    Essa fase interna ao sujeito, est em sua mente, em sua cabea, logo, no punvel. De fato, a conduta penalmente relevante somente aquela praticada por seres humanos e projetada no mundo exterior.

    2.8.2 FASE EXTERNA

    A fase externa engloba os atos preparatrios, os atos de execuo e a consumao do delito.

    ATOS PREPARATRIOS So atos externos ao agente, que passam da cogitao ao objetiva, como, por exemplo, a aquisio da arma para a prtica de homicdio. Os atos preparatrios, regra geral, no so punveis. Com relao s excees, no se preocupe para sua PROVA.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 33

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    ATOS DE EXECUO So aqueles dirigidos diretamente prtica do crime. No Brasil, o Cdigo Penal, em seu artigo 14, inciso II, definiu que o crime se diz tentado quando iniciada a execuo e esta no se consuma por circunstncias alheias vontade do agente. Assim, exige-se que o autor tenha realizado de maneira efetiva uma parte da prpria conduta tpica, adentrando no ncleo do tipo.

    o caso, por exemplo, de efetuar disparos de arma de fogo contra uma pessoa

    CONSUMAO aquela na qual esto presentes os elementos essenciais que constituem o tipo penal. , por isso, um crime completo ou perfeito, pois a conduta criminosa se realiza integralmente.

    Para exemplificar, em um homicdio em que a conduta matar algum, dizemos que o crime foi condumado com a morte de um ser humano provocado por outra pessoa.

    Resumindo:

    OH YES,

    VOU

    MATAR!!!

    COGITAO PREPARAO

    PROIBIDO!!!

    IMAGENS

    FORTES!!!

    EXECUO CONSUMAO

    J

    COMPREI

    A ARMA

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 34

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO 3.1 TENTATIVA

    3.1.1 CONCEITO

    Como vimos no tpico anterior, o crime possui um caminho que se denomina iter criminis. Ele composto da cogitao, preparao, execuo e consumao, das quais apenas as duas ltimas tm importncia para o estudo da tentativa.

    Digo isto, pois o legislador deixa claro no Cdigo Penal que tentativa o incio da execuo de um crime que somente no se consuma por circunstncias alheias vontade do agente. Observe:

    Art. 14 - Diz-se o crime:

    [...]

    II - tentado, quando, iniciada a execuo, no se consuma por circunstncias alheias vontade do agente.

    A tentativa, muitas vezes, recebe outras denominaes, tais como crime imperfeito ou crime incompleto, em oposio ao crime consumado, reconhecido como completo ou perfeito.

    3.1.2 ELEMENTOS DA TENTATIVA

    De forma bem objetiva, pode-se dizer que 03 elementos compem a estrutura do crime tentado. So eles:

    1. INCIO DA EXECUO;

    2. AUSNCIA DE CONSUMAO POR CIRCUSTNCIAS ALHEIAS VONTADE;

    3. DOLO DE CONSUMAO.

    A TENTATIVA A REALIZAO INCOMPLETA DO TIPO PENAL, DO MODELO DESCRITO NA LEI.

    NA TENTATIVA, H PRTICA DE ATO DE EXECUO, MAS NO CHEGA O SUJEITO CONSUMAO POR

    CIRCUNSTNCIAS INDEPENDENTES DE SUA VONTADE.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 35

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Observe, caro(a) aluno(a), que uma caracterstica fundamental da tentativa o dolo da consumao, ou seja, o agente QUERIA, TINHA VONTADE de alcanar a consumao, mas por circunstncias que no havia previsto, no consegue atingir seu objetivo.

    Aqui surge um importante questionamento que deve ser estudado com muita ateno: cabvel a tentativa no dolo eventual?

    A doutrina extremamente divergente neste ponto, mas, com foco na sua PROVA, o que necessrio conhecer o entendimento das bancas segundo o qual CABVEL A TENTATIVA NOS CASOS DE DOLO EVENTUAL.

    Este o entendimento que vem sendo seguido pela maioria dos Tribunais. Veja:

    PARA LEMBRAR:

    NO DOLO EVENTUAL, O SUJEITO PREV O RESULTADO E, EMBORA NO O QUEIRA PROPRIAMENTE ATINGIR, POUCO SE IMPORTA COM A SUA OCORRNCIA (EU NO QUERO, MAS SE ACONTECER, PARA MIM TUDO BEM, NO POR CAUSA DESSE RISCO QUE VOU PARAR DE PRATICAR MINHA CONDUTA; NO QUERO, MAS TAMBM NO ME IMPORTO COM A SUA OCORRNCIA)

    TJMA - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO: RSE 137722007 MA

    No cabe a desclassificao do crime de tentativa de homicdio, quando presente o dolo eventual na conduta do acusado, porquanto, o tipo penal no faz diferenciao em relao ao dolo direto.

    TJDF - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO : RECSENSES 20030510017029 DF

    PROCESSUAL PENAL. TENTATIVA DE HOMICDIO SIMPLES.

    [...]

    2. AO DESFERIR TIROS NO TRAX DA VTIMA, REGIO DE LETALIDADE IMEDIATA, FICA EVIDENCIADO, NO MNIMO, O DOLO EVENTUAL, RAZO PELA QUAL IMPOSSVEL EXCLUIR ANTECIPADAMENTE O NIMO DO DELITO.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 36

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    3.1.3 ESPCIES DE TENTATIVA

    A tentativa apresenta a seguinte diviso:

    TENTATIVA BRANCA OU INCRUENTA O agente no atinge o objeto material. Imagine que Tcio est com uma blusa branca, perfeitamente lavada pela sua me. Ao encontrar Mvio, este comea a atirar e Tcio comea a correr. Nenhum tiro acertado, logo

    o que era branco permanece branco, pois o objeto no foi atingido.

    TENTATIVA VERMELHA OU CRUENTA Diferentemente da tentativa branca, aqui a vtima atingida, mas o delito no se consuma.

    TENTATIVA PERFEITA Neste tipo de tentativa fica caracterizada a INCOMPETNCIA do agente, ou seja, o autor do delito utiliza TODOS os meios executrios disponveis e, mesmo assim, no atinge a consumao. o caso do indivduo que, portando um revolver com 06 cartuchos, utiliza todos, mas no consegue atingir a vtima em um ponto letal.

    TENTATIVA IMPERFEITA O agente inicia a execuo, mas no utiliza todos os meios de que dispe. o caso do indivduo que comea a atirar e, no 3 disparo, interrompido pela chegada de policiais que estavam passando pelo local.

    3.1.4 PUNIBILIDADE DA TENTATIVA

    Ao punir a tentativa, o Direito est protegendo um bem jurdico, ainda que este no tenha corrido perigo de maneira efetiva, mas pelo simples fato de a tentativa poder vir a proporcionar a vivncia do perigo. A ordem jurdica teme pelo sujeito passivo, mesmo que este no tenha sentido temor algum e nem tenha percebido a ameaa.

    Duas teorias existem a respeito da punibilidade da tentativa. A subjetiva prega a aplicao da mesma pena que a do delito consumado, fundamentando-se na vontade do autor, contrria ao direito.

    Diferentemente, a objetiva prope para a tentativa pena menor que a do crime consumado, j que a leso menor ou no ocorreu qualquer

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 37

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    resultado lesivo ou perigo de dano. Foi esta a adotada pelo Cdigo Penal ao determinar que:

    Art. 14

    [...]

    Pargrafo nico - Salvo disposio em contrrio, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuda de um a dois teros

    A reduo da pena concernente tentativa deve resultar das circunstncias da prpria tentativa. Isto quer dizer que no devem ser consideradas na reduo da pena as atenuantes ou agravantes porventura existentes, mas sim o iter criminis percorrido pelo agente em direo consumao do delito.

    A diminuio entre os limites legais deve ter como fundamento elementos objetivos, ou seja, a extenso do iter criminis percorrido pelo agente, graduando-se o percentual em face da maior ou menor aproximao da meta objetivada. Ou seja, quanto mais o agente se aprofundou na execuo, quanto mais se aproximou da consumao, menor a reduo.

    Na hiptese de homicdio, tem-se considerado em especial a reduo mxima para a tentativa branca e tambm a maior ou menor gravidade da leso efetiva para a dosagem da pena na tentativa.

    A lei prev excees regra geral no art. 14, pargrafo nico, cominando a mesma pena para a consumao e a tentativa do resultado lesivo. cominada a mesma sano, por exemplo, para a evaso ou tentativa de evaso com violncia do preso (art. 352), para a conduta de votar ou tentar votar duas vezes (art. 309 do Cdigo Eleitoral) etc. Veja:

    Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivduo submetido a medida de segurana detentiva, usando de violncia contra a pessoa:

    Pena - deteno, de trs meses a um ano, alm da pena correspondente violncia.

    Afora as excees expressas, obrigatria a reduo da pena entre os limites de um e dois teros.

    Podemos resumir:

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 38

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    3.1.5 CRIMES QUE NO ADMITEM TENTATIVA

    A regra geral a de que os crimes dolosos so compatveis com a tentativa, pouco importando se so materiais formais ou de mera conduta.

    A ttulo de exemplo, imagine que Mvio e Tcia decidem realizar um show de sexo explcito em uma praa pblica. No momento em que vo tirar a ltima pea de roupa, so abordados e presos por policiais. Neste caso, as condutas se enquadram como tentativa de ato obsceno (crime de mera conduta).

    Sendo assim, REPITO, a regra geral a COMPATIBILIDADE dos delitos com a tentativa.

    Algumas espcies de infraes penais, entretanto, no admitem tentativa. So elas:

    1. CRIMES CULPOSOS Como vimos, no se admite tentativa no crime culposo, pois este s se consuma com a ocorrncia do resultado naturalstico. Pode-se, porm, falar em tentativa na culpa imprpria, uma vez que, nessa hiptese, o agente visa o evento que no vem a ocorrer por circunstncias alheias sua vontade. Ocorre na realidade um crime doloso tentado que, por ter sido executado por erro ou excesso culposo, tem o tratamento do crime culposo por disposio legal.

    2. CRIMES PRETERDOLOSOS Tambm j tratamos deste delito e sabemos que ele, por se caracterizar pela culpa no resultado, no admite tentativa. ela possvel, porm, nos crimes qualificados pelo resultado em que este abrangido pelo dolo do

    DIMINUIO

    MXIMA DA

    PENA

    PROXIMIDADE DA CONSUMAO

    DIMINUIO

    MNIMA DA

    PENA

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 39

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    sujeito. Assim, se em um roubo o sujeito tentar matar a vtima, h tentativa de crime qualificado pelo resultado.

    3. CRIMES UNISUBSISTENTES Tambm chamado de crime nico, aquele em que a conduta exteriorizada mediante um nico ato, no se podendo falar em iter criminis e, consequentemente, na ocorrncia da tentativa. o caso do delito de desacato cometido verbalmente: ao ser dita a palavra empregada, com a finalidade de menosprezar a funo pblica, consumado est o crime.

    4. CRIMES OMISSIVOS PRPRIOS Os crimes omissivos puros tambm no admitem a tentativa, pois no se exige um resultado naturalstico decorrente da omisso. Se o sujeito deixou escoar o momento em que deveria agir, ocorreu a consumao; se ainda pode atuar, no h que se falar em tentativa.

    Ateno que nos crimes omissivos imprprios, admite-se a tentativa. A me que, desejando a morte do filho recm-nascido, deixa de aliment-lo, sendo a vtima socorrida por terceiro, pratica tentativa de infanticdio.

    5. CONTRAVENES PENAIS Segundo a Lei de Contravenes Penais (que no importa para a sua prova), NO ADMITIDA A TENTATIVA PARA AS CONTRAVENES PENAIS.

    6. CRIMES CONDICIONADOS So aqueles que dependem do cumprimento de uma condio para que possam ser punidos. Um exemplo claro o crime de participao em suicdio. Exemplo: Tcio, percebendo que seu cunhado est na janela, comea a gritar: PULA! PULA! PULA! PULA!. Se o cunhado no pular, no h delito, pois s h punio se resultar em morte ou leso corporal grave.

    7. CRIMES HABITUAIS Entende a doutrina majoritria NO ser possvel a tentativa nos crimes habituais. Ex: Tentativa de curandeirismo.

    8. CRIMES DE ATENTADO Fala-se em crime de atentado ou de empreendimento quando a tentativa punida com a mesma pena do crime consumado. Exemplo: art. 352, do CP.

    Resumindo:

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 40

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    NO ADMITEM TENTATIVA:

    1. P RETERDOLOSOS

    2. U NISUBSISTENTES

    3. C ULPOSOS;

    4. C ONTRAVENES PENAIS;

    5. A TENTADO

    6. C ONDICIONADOS

    7. H ABITUAIS

    8. O MISSIVOS PRPRIOS;

    3.1.6 DESISTNCIA VOLUNTRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ

    Imagine que Tcio, a fim de ocupar a vaga de presidente em uma empresa, ministra veneno para Mvio. Este ingere o veneno e comea a perder os sentidos.

    Se neste momento Tcio j respondesse, de qualquer forma, pela execuo, o que o levaria a interromper o feito, dando, por exemplo, um antdoto para Mvio?

    Exatamente para estimular esta interrupo e impedir o resultado naturalstico advindo da execuo, o legislador optou por colocar um dispositivo no Cdigo Penal prevendo que caso haja a desistncia do prosseguimento na ao ou o impedimento do resultado, responder o agente SOMENTE pelos seus atos j praticados. Observe:

    Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execuo ou impede que o resultado se produza, s responde pelos atos j praticados.

    Deste supracitado artigo, surgem os conceitos da desistncia voluntria e do arrependimento eficaz, que so formas da chamada tentativa abandonada, assim denominada porque a consumao do crime no ocorre em razo da VONTADE DO AGENTE.

    Vamos estudar cada um destes institutos:

    1. DESISTNCIA VOLUNTRIA O agente, por ato voluntrio, interrompe a execuo do crime, abandonando a prtica dos demais atos necessrios e que estavam sua disposio para a consumao.

    PARA MEMORIZAR!!!

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 41

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Observe, caro(a) concurseiro(a), que em nenhum momento ocorre de o agente NO PODER PROSSEGUIR na execuo, e este entendimento importantssimo para a sua PROVA. Exemplificando:

    Imagine que Tcio prende Mvio (esse Mvio sofre...) em uma parede e comea a atirar de uma distncia de 50 metros, errando o primeiro disparo. Efetua o segundo disparo de 25 m e tambm erra. Nervoso, resolve se posicionar a 1 metro de Mvio e, ao encostar a arma em sua cabea, v a foto da filha da vtima cada no cho. Comovido, e ainda com 05 cartuchos no revlver, desiste da ao. Neste caso, temos a desistncia voluntria.

    Sendo assim, entenda e GUARDE PARA SUA PROVA:

    2. ARREPENDIMENTO EFICAZ Diferentemente do que ocorre na desistncia voluntria, o agente pratica todos os atos suficientes consumao do delito, mas adota providncias para impedir o resultado.

    o caso do exemplo que vimos no incio deste tpico em que Tcio d veneno para Mvio. Ao ingerir o veneno, Mvio s no morre se Tcio der a ele o antdoto. Se Tcio age desta forma e impede a morte, operou-se o arrependimento eficaz.

    importante ressaltar que o arrependimento eficaz s possvel nos crimes materiais, pois o CP claro o dizer impede que o resultado se produza. Logo, se o resultado relevante ao fato, obviamente, no h que se falar em delitos formais ou de mera conduta.

    3.1.6.1 REQUISITOS

    Ainda dentro do assunto desistncia voluntria e arrependimento eficaz, preciso citar que existem dois requisitos a serem cumpridos para que o agente seja beneficiado pelo disposto no artigo 15. So eles:

    1. VOLUNTARIEDADE Idia originada da mente do agente.

    DESISTNCIA VOLUNTRIA QUANDO O AGENTE DIZ: POSSO PROSSEGUIR, MAS NO QUERO.

    TENTATIVA QUANDO O AGENTE DIZ: QUERO PROSSEGUIR, MAS NO POSSO.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 42

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    2. EFICCIA Tem que impedir o resultado. Se tentou impedir, mas no conseguiu...Azar o dele...

    3.1.6.2 EFEITOS

    A desistncia voluntria e o arrependimento eficaz no so causas de diminuio da pena e sim de atipicidade.

    Mas como assim professor? Quer dizer que ele no vai ser punido?

    Claro que vai, mas no de forma tentada pelo delito, mas somente pelos atos j praticados. Nos exemplos citados referentes a disparo de arma de fogo, por exemplo, no responder o agente por tentativa de homicdio e sim por leses corporais.

    3.2 ARREPENDIMENTO POSTERIOR

    3.2.1 CONCEITO

    Sobre o tema, dispe o Cdigo Penal da seguinte forma:

    Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violncia ou grave ameaa pessoa, reparado o dano ou restituda a coisa, at o recebimento da denncia ou da queixa, por ato voluntrio do agente, a pena ser reduzida de um a dois teros.

    O chamado arrependimento posterior CAUSA DE DIMINUIO DA PENA, diferentemente do que vimos na desistncia voluntria e no arrependimento eficaz. Ocorre quando o agente, nos crimes cometidos sem

    EXISTEM ALGUMAS CORRENTES QUE NO CONSIDERAM OS INSTITUTOS DA DESISTNCIA VOLUTRIA E DO ARREPENDIMENTO EFICAZ COMO FORMA DE AFASTAR A TIPICIDADE. E O QUE ISSO IMPORTA? ABSOLUTAMENTE NADA, POIS PARA SUA PROVA:

    A DESISTNCIA VOLUNTRIA E O ARREPENDIMENTO EFICAZ AFASTAM A

    TIPICIDADE, RESPONDENDO O AGENTE PELOS ATOS J PRATICADOS.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 43

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    violncia ou grave ameaa pessoa, voluntariamente e at o recebimento da denncia ou queixa, restitui a coisa ou repara o dano provocado por sua conduta.

    Segundo entendimento doutrinrio e jurisprudencial, o arrependimento posterior pode ocorrer em qualquer espcie de crime e no somente nos delitos contra o patrimnio. Basta, como deixa claro o texto legal, que exista um dano passvel de reparao.

    Observe o que diz sobre o tema o STJ, deixando claro o que arrependimento posterior e a OBRIGATORIEDADE da diminuio da pena:

    Antes de prosseguirmos, uma pequena observao:

    RELEMBRE

    A DENNCIA E A QUEIXA SO OS PEDIDOS INICIAIS PARA QUE O ESTADO PROMOVA UMA AO PENAL.

    DIANTE DOS ELEMENTOS APRESENTADOS PELO INQURITO POLICIAL OU PELAS INFORMAES QUE RECEBEU, O RGO DO MINISTRIO PBLICO FORMA A SUA CONVICO E PROMOVE A AO PENAL PBLICA COM O OFERECIMENTO DA DENNCIA.

    A QUEIXA A DENOMINAO DADA PELA LEI PETIO INICIAL DA AO PENAL PRIVADA INTENTADA PELO OFENDIDO OU SEU REPRESENTANTE LEGAL.

    STJ - RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS: RHC 20051 RJ 2006/0181741-0

    RECURSO ORDINRIO EM HABEAS CORPUS. DIREITO PROCESSUAL PENAL. CRIMES DE ESTELIONATO E FORMAO DE QUADRILHA. ARREPENDIMENTO POSTERIOR. DEPOIMENTO CONTIDO NOS AUTOS PELA PRPRIA VTIMA QUE ATESTA QUE O DANO FOI REPARADO VOLUNTARIAMENTE PELO PACIENTE. INCIDNCIA OBRIGATRIA DA CAUSA DE DIMINUIO DE PENA.

    1. O arrependimento posterior causa de diminuio de pena objetiva, bastando para a sua configurao seja voluntrio e realizado antes do recebimento da denncia, mediante a devoluo ou reparao integral do bem jurdico lesado.

    2. Na hiptese, observa-se, mormente da leitura do termo de declaraes prestado pela prpria vtima, que o recorrente, voluntariamente e logo aps os fatos narrados na denncia, restituiu, relativamente ao crime de estelionato, os bens havidos de forma indevida e fraudulenta 3. Recurso provido para, mantida a condenao do recorrente, determinar ao juzo sentenciante que realize nova dosimetria da pena, relativamente ao crime de estelionato a ele imputado, na qual dever incidir a causa de diminuio da pena do arrependimento posterior prevista no art. 16, do Cdigo Penal.

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 44

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    3.2.1.1 REQUISITOS

    Para que o arrependimento posterior seja aceito, os seguintes requisitos devem ser cumpridos, CUMULATIVAMENTE:

    1. CRIME SEM VIOLNCIA OU GRAVE AMEAA Imagine que Tcio, querendo furtar uma loja, quebra uma janela de vidro, depois explode duas portas de madeira, mata trs cachorros e, por fim, estrangula o gato da dona da loja. Neste caso, ser possvel a aplicao do instituto do arrependimento posterior?

    Claro que sim, pois houve violncia contra a COISA e no contra a pessoa.

    2. REPARAO VOLUNTRIA, PESSOAL E INTEGRAL O agente no pode ser coagido a reparar o dano, o que no quer dizer que no pode ter sido induzido por outra pessoa a tal ato. Aqui no importa se a idia surgiu ou no da mente do agente. Basta que a reparao seja voluntria.

    A reparao deve ser pessoal, ou seja, no pode o pai do criminoso querer restituir, por exemplo, uma quantia furtada.

    Mas professor, como saber se no foi o pai do agente que deu o dinheiro para ele devolver?

    Boa pergunta, mas com certeza a banca no vai cobrar este subjetivo conhecimento de voc! Fique tranquilo (a).

    Por fim, no basta reparar ou restituir parcela do que foi lesado.

    3. LIMITE TEMPORAL A reparao do dano ou restituio da coisa deve ocorrer antes do RECEBIMENTO da denncia ou queixa.

    Agora que j conhecemos a desistncia voluntria, o arrependimento eficaz e o arrependimento posterior, podemos resumir:

    DESISTNCIA VOLUNTRIA

    ARREPENDIMENTO EFICAZ

    ARREPENDIMENTO POSTERIOR

    EXCLUI A TIPICIDADE,

    RESPONDENDO O AGENTE

    PELOS ATOS J

    PRATICADOS

    OBRIGATORIAMENTE

    DIMINUI A PENA

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 45

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    E ainda:

    3.3 CRIME IMPOSSVEL

    3.3.1 CONCEITO

    Crime impossvel, tambm chamado pela doutrina de quase-crime, tentativa inadequada ou inidnea, na conceituao de Fernando Capez, " aquele que, pela ineficcia total do meio empregado ou pela impropriedade absoluta do objeto material impossvel de se consumar".

    O renomado jurista Antonio Jos Miguel convencionou chamar de crime impossvel "a atitude do agente, quando o objeto pretendido no pode ser alcanado dada a ineficcia absoluta do meio, ou pela absoluta impropriedade do objeto".

    Por sua vez, para reforar as definies aqui apresentadas, o art. 17 do Cdigo Penal dispe que:

    "Art. 17. No se pune a tentativa quando, por ineficcia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, impossvel consumar-se o crime."

    Diante dos conceitos apresentados, caro aluno, existe alguma semelhana entre o crime tentado e o crime impossvel? A resposta positiva, pois nos dois a execuo da conduta criminosa no alcana a consumao. Entretanto, as diferenas so bem claras.

    Na tentativa, a consumao plenamente possvel, a qual s no ocorre por circunstncias alheias vontade do agente. Diferentemente, no crime impossvel a consumao nunca pode ocorrer, seja em razo da ineficcia absoluta do meio, seja por fora da impropriedade absoluta do objeto.

    INCIO DA

    EXECUO

    FIM DA

    EXECUO

    CONSUMAO

    DO CRIME

    RECEBIMENTO

    DA DENNCIA

    OU QUEIXA

    DESISTNCIA

    VOLUNTRIA

    ARREPENDIMENTO

    EFICAZ

    ARREPENDIMENTO

    POSTERIOR

  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PARA AFT

    PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 46

    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERA