aula 01 - finanÇas pÚblicas p receita federal

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CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI 1 www.pontodosconcursos.com.br AULA 1 Finanças Públicas para AFRF Caros (as) futuros (as) colegas: O escopo de cobrança da matéria de Finanças Públicas em concursos tem aumentado consideravelmente, especialmente nas provas elaboradas pela ESAF. As questões antes aplicadas limitavam-se a respostas curtas e objetivas, o que não é mais de praxe. Procuraremos ao longo do desenvolvimento das aulas resgatar questões aplicadas em certames recentes, de forma a contribuir e quem melhorar o rendimento em futuras questões de Finanças Públicas a serem cobradas no próximo certame para o cargo de AFRFB. Mesmo não estando presente de forma explícita no último edital, o tópico referente às Falhas de Mercado é de especial importância, considerando que estas justificam a intervenção do Estado no processo econômico. Gostaria de informá-los que optei por não estender o conteúdo do edital referente aos Impostos, Taxas, Tarifas, Contribuições Fiscais e Parafiscais, uma vez que este assunto é tratado de forma exaustiva na matéria de Direito Tributário. Então é isso, mãos à obra! Um abraço, Francisco

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AULA 1

Finanças Públicas para AFRF

Caros (as) futuros (as) colegas:

O escopo de cobrança da matéria de Finanças Públicas em concursos tem

aumentado consideravelmente, especialmente nas provas elaboradas pela ESAF.

As questões antes aplicadas limitavam-se a respostas curtas e objetivas, o que não

é mais de praxe. Procuraremos ao longo do desenvolvimento das aulas resgatar

questões aplicadas em certames recentes, de forma a contribuir e quem melhorar o

rendimento em futuras questões de Finanças Públicas a serem cobradas no próximo

certame para o cargo de AFRFB.

Mesmo não estando presente de forma explícita no último edital, o tópico

referente às Falhas de Mercado é de especial importância, considerando que estas

justificam a intervenção do Estado no processo econômico.

Gostaria de informá-los que optei por não estender o conteúdo do edital

referente aos Impostos, Taxas, Tarifas, Contribuições Fiscais e Parafiscais, uma vez

que este assunto é tratado de forma exaustiva na matéria de Direito Tributário.

Então é isso, mãos à obra!

Um abraço,

Francisco

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Definição das Finanças Públicas, seus objetivos, metas e abrangências

Podemos nos valer das palavras de um dos mais importantes estudiosos das

finanças públicas para assim defini-la:

De acordo com Musgrave1, “Finanças Públicas é a terminologia que tem sido

tradicionalmente aplicada ao conjunto de problemas da política econômica que

envolvem o uso de medidas de tributação e de dispêndios públicos”.

Esta definição baseia-se no fato de que a necessidade da atuação econômica

do poder público prende-se na constatação de que a simples existência do sistema

de mercado (consumidores versus produtores) não consegue cumprir

adequadamente algumas tarefas e funções que visam o bem-estar da população. A

maneira pela qual o Estado intervém no processo econômico é dependente da série

de instrumentos pela qual este dispõe, inclusive em termos do financiamento de

suas atividades.

Sendo assim, podemos dizer que o estudo das Finanças Públicas abrange a

emissão de moeda e títulos públicos, a captação de recursos pelo Estado, sua

gestão e seu gasto, para atender às necessidades da coletividade e do próprio

Estado. Na captação dos recursos são estudadas as diversas formas de receitas,

obtidas em decorrência do patrimônio do Estado, do seu endividamento ou por força

do seu poder tributário. Uma vez captados os recursos impõe-se a sua administração até o efetivo dispêndio.

As fontes geradoras de receitas são a tributação, classificada como receita

derivada do poder coercitivo do Estado e o endividamento público, representado

pela emissão e resgate de títulos da dívida pública.

A capacidade do Estado de tomar empréstimos está substancialmente

determinada pelo potencial de recursos compulsórios que, ano a ano, ele tem

1 MUSGRAVE, R. A. Teoria das Finanças Públicas. São Paulo. Atlas, 1974.

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condições de mobilizar da sociedade. Deste ponto ressalta-se o porque da

tributação constituir um dos principais condicionantes do endividamento público.

Veremos no decorrer das aulas que as receitas utilizadas para aplicação nas

chamadas despesas públicas não são somente as tributárias, assim também

chamada de receitas derivadas, mas também as chamadas receitas originárias,

aquelas associadas à exploração do patrimônio do Estado, como o próprio

endividamento público.

Funções do Governo

Conforme verificamos anteriormente, o Estado necessita financiar sua

atividade intervencionista na sociedade. Essa atuação é devida à existência do que

agora denominamos de “Falhas de Mercado”, situação na qual a simples interação

entre consumidores e produtores não leva a melhor alocação possível dos recursos

econômicos. Trata-se pois de mais um dos fundamentos no qual o próprio Estado

se utiliza para arrecadar recursos visando direcionar a sua ação as funções básicas

por ele exercidas, assim denominadas como funções alocativa, distributiva e função

estabilizadora.

Função Alocativa

A função alocativa é aquela que atribui ao Estado a responsabilidade pela

alocação dos recursos existentes na economia quando, pela livre iniciativa de

mercado, isto não ocorrer. Um bom exemplo da função alocativa é representado

pela iniciativa do Estado em realizar obras que trarão grandes benefícios à

população. Um caso polêmico, mas revestido da função básica de alocação dos

recursos pelo Estado é a transposição do Rio São Francisco, que mesmo podendo

trazer custos ambientais e sociais negativos para parte da população do Sertão

Nordestino, resultará em um significativo aumento do bem-estar da própria

população, levando água, saúde e riqueza a uma região bastante castigada pela

seca.

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Função Distributiva

A função distributiva é representada de fato pela melhoria na chamada

distribuição da renda gerada na economia. Políticas de tributação progressiva da

renda com a conseqüente adoção por parte do governo de políticas como o

programa Bolsa Família, representam claramente uma política distributiva do

governo, retirando, a princípio, daqueles que ganham mais e repassando-os àqueles

que ganham menos.

Função Estabilizadora

A função estabilizadora visa manter constante o nível de preços e estimular

a geração de renda e emprego. A função é exercida através do controle da demanda

agregada (quantidade de bens e serviços consumidos na economia), seja por meio

de estímulos ao crescimento da renda, seja pelo adequado controle dos níveis de

déficit e dívida pública do país. Realiza ainda o controle da oferta de moeda na

economia, uma vez que este é o principal instrumento de estímulo da demanda

agregada via disseminação do crédito.

Adendo: A função reguladora

Com a o processo de desestatização implementado pelo Estado brasileiro no

fim dos anos 70 e intensificado a parti dos anos 90, surgiu a necessidade a que este

mesmo Estado passasse a controlar as atividades em que antes este atuava

diretamente, constituindo para isso uma série de Agências Reguladoras que

passaram a ter como missão a regulação dos serviços públicos concedidos à

iniciativa privada, nos moldes dos regimes de concessão de rodovias, portos,

distribuição de energia elétrica e telefonia.

Vejamos agora a resolução de algumas questões cobradas nos últimos

certames em que este matéria foi cobrada de forma explícita, inclusive pela ESAF.

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(AFC/STN – ESAF/2008) A aplicação das diversas políticas econômicas a fim de

promover o emprego, o desenvolvimento e a estabilidade, diante da incapacidade do

mercado em assegurar o atingimento de tais objetivos, compreende a seguinte

função do Governo:

a) Função Estabilizadora.

b) Função Distributiva.

c) Função Monetária.

d) Função Desenvolvimentista.

e) Função Alocativa.

Resposta:

O conceito de políticas econômicas está estritamente associado ao uso das

políticas fiscal ou monetária. No caso da política fiscal, esta visa estimular o

crescimento da renda e do emprego por meio de estímulos à demanda agregada,

especialmente por meio ou do aumento dos gastos governamentais ou pela redução

da tributação, nos moldes do atualmente realizado pelo governo com a redução do

IPI sobre diversos bens industrializados. No caso da política monetária o estímulo se

dá pelo aumento da quantidade de moeda (crédito) em circulação, permitindo a

população o uso destes recursos para realizar a compra de bens e serviços.

A partir destes conceitos podemos concluir que a função destacada a partir do

enunciado da questão refere-se à função estabilizadora.

Gabarito: letra “a”.

(APO/Séc. Plan./Econ./SP – ESAF/2009) A atuação do governo na economia tem

como objetivo eliminar as distorções alocativas e distributivas e de promover a

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melhoria do padrão de vida da coletividade. Tal atuação pode se dar das seguintes

formas, exceto:

a) complemento da iniciativa privada.

b) compra de bens e serviços do setor público.

c) atuação sobre a formação de preços.

d) fornecimento de bens e de serviços públicos.

e) compra de bens e serviços do setor privado.

Resposta:

Essa questão a princípio para ser pouco objetiva em termos das respostas

disponíveis, uma vez que algumas assertivas visam mais confundir o candidato do

que ajudá-lo a resolver a questão proposta. Vejamos a análise de cada uma das

assertivas:

a) O complemento da iniciativa privada pode estar ligado, por exemplo, à

participação do governo no processo de melhoria no processo produtivo

implementado por determinada empresa. Ex: A implantação de um pólo produtivo,

em região pouco explorada economicamente, imputa ao Estado a necessidade de

complementar, em termos de infra-estrutura, a atividade privada. A construção de

uma rodovia/ferrovia para escoamento da produção pode ser considerada como um

atendimento por parte do governo dentro da sua função alocativa.

Opção correta b) A compra de bens e serviços do setor público não gera resultados em termos de

estímulo à atividade econômica uma vez que a própria ação do gasto fica restrita à

atividade estatal. Uma segunda questão é o fato de que a participação do Estado no

processo econômico visa estimular a maior interação entre consumidores e

produtores, o que, a princípio, não ocorreria na situação em análise.

Opção Incorreta – gabarito

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c) O processo de atuação sobre a formação de preços está diretamente ligado a

mais nova função governamental, qual seja a função reguladora. Nesta assertiva o

termo “formação de preços” parece não estar associado à subida ou queda de

preços devido ao problema inflacionário mas sim a formação de preços a partir das

chamadas estruturas de mercado, tais como o monopólio, o oligopólio e outras.

Adicionalmente, esta intervenção pode ainda estar relacionada a participação das

chamadas agências reguladoras na formação dos preços que remunerarão a

atividade exploratória concedida a iniciativa privada.

Opção correta d) O fornecimento de bens e serviços públicos pode ser entendido como o

oferecimento pelo Estado daquelas atividades associadas a própria existência de

uma sociedade organizada, tais como justiça, educação, serviço policial e forças

armadas.

Opção correta e) A compra de bens e serviços do setor privado é a própria caracterização de uma

política fiscal expansionista, na qual o Estado se utiliza dos recursos captados da

sociedade por meio de tributos para realizar o aumento de gastos públicos, o que

tende a estimular a demanda agregada, gerando impactos positivos sobre a renda e

o emprego.

Opção correta

A série de funções imputadas ao Estado justificam a existência do que

definimos como Falhas de Mercado, situação na qual existe a ineficiente alocação

dos recursos econômicos.

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Falhas de Mercado

Podemos interpretar como “falha” tudo aquilo que acontece de modo

ineficiente. No mesmo sentido, podemos interpretar “mercado” como o sendo o local

onde indivíduos e empresas transacionam bens e serviços com o objetivo de atingir,

respectivamente, o maior bem-estar possível, derivado da sua renda de trabalhador,

e a maximização do lucro, obtido pela produção e venda dos mesmos bens e

serviços.

Temos a seguinte definição dada pela Organização para Cooperação

Econômica e Desenvolvimento (OCDE) para as Falhas de Mercado:

"Pode ser definida como a incapacidade de o mercado levar o processo econômico a uma situação social ótima. Um aspecto importante disto é que se deixa de incluir, nos custos e nos preços, os efeitos externos (externalidades) ou a redução dos lucros de outros agentes que não aqueles diretamente envolvidos nas transações de mercado e atividades afins. Com relação aos bens e serviços ambientais, podem-se destacar as externalidades referentes à poluição, à exploração dos recursos e à degradação de ecossistemas. Assim, as falhas de mercado impedem o mercado de alocar os recursos no mais alto interesse da sociedade" (OECD, 1994).

As Falhas de Mercado são representadas por toda alocação ineficiente de

recursos econômicos, derivada das transações ocorridas entre todos os

componentes da sociedade.

Assim sendo, como este deveria intervir na economia de forma a evitar

distorções prejudiciais a consumidores e produtores? A chamada teoria do bem-

estar econômico, conhecida como welfare economics, afirma que os mercados

perfeitamente competitivos, sem interferência governamental, promovem a alocação

eficiente de recursos entre os agentes econômicos, de tal maneira que é impossível

melhorar a situação de um indivíduo sem piorar a de outro. Trata-se do conceito

chamado “Ótimo de Pareto”.

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A grande questão no entanto é que a definição da situação de “Ótimo de

Pareto” é dificilmente alcançada, devida a própria existência das Falhas de Mercado.

Estas são divididas em:

a) Poder de Mercado de Empresas;

b) Bens Públicos;

c) Externalidades;

d) Assimetria de Informações;

e) Monopólios Naturais;

f) Mercados Incompletos;

g) Desemprego e Inflação;

h) Riscos Pesados.

Poder de Mercado

O poder de mercado pode ser interpretado com a posição dominante exercida

por uma empresa ou grupo destas em um determinado mercado, seja ele de bens

ou de serviços.

De forma a sermos mais claro em termos do significado de poder de mercado,

podemos citar a posição exercida pela Microsoft no que se refere à produção e

venda de softwares (sistema operacional, aplicativos) utilizados em computadores. A

concentração nas mãos de uma única empresa tende a diminuir a capacidade de

barganha dos consumidores, impactando diretamente no bem-estar da sociedade.

O poder exercido por uma única empresa não é, por si só, a caracterização

de poder de mercado em termos de prejuízos à sociedade. Torna-se necessário

considerar o mercado em que determinada empresa ou grupo de empresas atua, e

assim estabelecer a forma de atuação, em termos de regulação, a que as empresas

estarão obrigadas a seguir.

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A definição do poder de mercado pode ser retirada a partir da definição dada

pelo departamento de justiça americano, fazendo assim uma relação com o caso

Microsoft:

“Um mercado é definido como um produto ou um grupo de produtos e uma área geográfica na qual ele é produzido ou vendido tal que uma hipotética firma maximizadora de lucros, não sujeita a regulação de preços, que seja o único produtor ou vendedor, presente ou futuro, daqueles produtos naquela área, poderia provavelmente impor pelo menos um ‘pequeno mas significativo e não transitório’ aumento no preço, supondo que as condições de venda de todos os outros produtos se mantêm constantes. Um mercado relevante é um grupo de produtos e uma área geográfica que não excedem o necessário para satisfazer tal teste”.

A definição acima envolve o possível efeito anticompetitivo, expresso em

termos de poder de mercado sobre os preços, derivados de operações que

acarretem aumento de concentração econômica, ou de condutas praticadas por

empresas presumidamente detentoras de tal poder, em mercados que são

economicamente significativos.

A intervenção governamental deve buscar inibir a formação de estruturas de

mercado que eliminem o poder de barganha da população consumidora. Ressalta-

se que na se trata de inibir a geração de lucros por estas atividades produtivas, até

porque se assim fosse, não haveria estímulos por estas empresas em oferecer bens

e serviços. A regulação interposta pelo governo, com vistas à correção desta falha

de mercado, deve objetivar a geração de lucros considerada normal para a atividade

produtiva, de forma que o Estado exerça o seu papel de gerador de bem-estar

econômico a toda a sociedade, via o atendimento de suas funções alocativa,

distributiva e estabilizadora.

Bens Públicos

Os bens públicos são aqueles normalmente oferecidos pelo governo, tendo a

caracterização de que o seu consumo por um indivíduo ou por um grupo de

indivíduos não prejudica o consumo pelos demais indivíduos. Destaca-se que

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mesmo que alguns se beneficiem mais do que outros, todos podem desfrutar do

bem.

De outra forma, pode-se afirmar que os bens públicos são aqueles em que o

seu consumo é indivisível ou mesmo “não rival”, dado que não existe rivalidade

quanto a quem consumirá mais de um ou outro bem.

São exemplos de bens públicos tangíveis (que podem ser tocados), as praças,

a iluminação pública, as ruas. De bens públicos intangíveis temos a segurança

pública, a justiça e a defesa nacional.

Uma questão importante sobre os bens públicos é que de o seu consumo não

pode estar passivo de exclusão – princípio da não-exclusão -, de tal forma que,

quando colocado à disposição da população de um determinado bairro o

policiamento extensivo, todos serão beneficiados pela decisão governamental.

A existência do princípio da não-exclusão no consumo dos bens públicos é

que leva a existência das Falhas de Mercado. Isto ocorre pelo fato de que como o

governo não consegue mensurar o “quantum” do bem público está sendo

consumindo por cada indivíduo, ele não conseguirá repartir o ônus imposto à

sociedade na forma da tributação, que é justamente a fonte de recursos para o

oferecimento de bens públicos.

Devido ainda ao princípio da não-exclusão, passam a existir na economia os

chamados “free riders” ou também chamados de caronas, que se beneficiam dos

bens públicos sem pagar nada por isso, alegando que não precisam do bem

oferecido ou simplesmente por não pagarem a tributação imposta a estes.

Assim sendo, podemos afirmar que, para que o mercado possa funcionar

adequadamente, um dos quesitos será a validade do princípio da exclusão, podendo

o consumo ser mensurado para cada um dos consumidores.

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Adendo: O Bem Privado (Não caracterizado como uma Falha de Mercado)

Considerando as informações descritas acima, podemos conceituar o

chamado bem privado, que seria aquele cujo consumo não pode ser compartilhado

simultaneamente por quaisquer dois ou mais usuários, em função dos direitos de propriedade bem demarcados. De outra forma, passa a ser válido o princípio da

exclusão.

Um bom exemplo de um bem privado seria a contratação de uma empresa de

vigilância privada que atenderia a determinado condomínio de moradores.

Considerando que a segurança deve atender somente um circulo restrito de

moradores, caso ocorra assaltos na redondeza do condomínio, mas sem impactos

para este, de nada se poderá cobrar da empresa de vigilância.

É aquele velho ditado, só desfruta quem paga!

Bens Semi Públicos ou Meritórios

Os chamados bens semi-públicos são aqueles bens que possuem associados

a si o princípio da exclusão.

Nas palavras de Viceconti e Neves (2007, pág. 412) encontramos uma outra

definição para os bens semi-públicos:

“São os bens que, embora possam ser explorados economicamente pelo

setor privado, devem ou podem ser produzidos pelo governo para evitar que a

população de baixa renda seja excluída de seu consumo, por não poder pagar o

preço correspondente: é o caso de educação e saúde”.

Os bens semi-públicos são também chamados de meritórios pelo fato de ser

disponibilizados (oferecido) as pessoas que adquirem mérito para tal. Um bom

exemplo é a Universidade Pública. Somente aqueles que possuem o mérito de

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passar no vestibular é que terão a si concedidos o mérito de cursar gratuitamente o

ensino superior.

Importante considerar, conforme vemos no dia-a-dia que o ensino superior

também é oferecido pela a iniciativa privada, sendo, no entanto, passível de

cobrança, ficando assim garantido o princípio da exclusão. Outrossim, o objetivo

lógico do governo é o garantir o direito ao ensino público gratuito à população,

exigindo, em contrapartida, o mérito de passar no vestibular.

Externalidades

As externalidades representam a forma como as ações de determinado

indivíduo ou empresa impactam os demais indivíduos. A existência de

externalidades implica que os chamados custos e benefícios privados – ocorridos

em função da ação da iniciativa privada – sejam diferentes dos custos e benefícios

sociais destas mesmas ações.

O que estamos dizendo é que os preços negociados entre consumidores e

produtores refletem apenas a negociação privada, sendo assim necessária a

presença do Estado imputando, por exemplo, a tributação ou subsídios fiscais como

forma de corrigir as externalidades ocorridas.

As externalidades se subdividem em positivas e negativas. Um bom

exemplo de externalidade positiva, e que nos dias de hoje é tão importante, seria o

caso da realização de uma limpeza geral da casa por parte de um indivíduo que

visasse à eliminação de possíveis focos de reprodução dos mosquitos transmissores

da dengue. Nesta situação, o benefício privado será superior ao custo privado, da

mesma forma que o conseqüente benefício social será muito maior do que o custo

social de adoção da medida.

De forma contrária, as externalidades negativas são representadas por

determinadas ações que de forma direta ou indireta prejudicam os demais indivíduos

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participantes da sociedade. Um caso clássico de externalidade negativa é

representado pelo despejo por parte de empresas, de produtos poluentes nos rios.

Esta ação tende a tornar o custo social superior ao custo privado, especialmente

pelo fato de que as comunidades ribeirinhas às margens do rio serão diretamente

atingidas.

A existência destas falhas justifica a atuação do governo que deve coibir a

externalidade negativa através da aplicação de uma tributação desestimuladora da

poluição, da mesma forma que deve oferecer subsídios às atividades geradoras de

externalidades positivas.

Assimetria de Informações

As informações assimétricas representam um grande problema ao bom

funcionamento do mercado. Exemplos claros de assimetria estão presentes em

todos os ramos de negócios que envolvem consumidores e produtores. Um bom

exemplo é aquele referente aos componentes de determinados alimentos

industrializados. A omissão ou o excesso de informações que são na verdade

inverídicas, tornam o consumidor passivo às manipulações das empresas. O

resultado natural é a perda de bem-estar do consumidor.

Outra atividade econômica onde a existência de informações assimétricas é

perversa é o mercado financeiro. O mascaramento dos balanços de empresas que

possuem ações negociadas em bolsas tende a provocar a incorreta precificação

destas, lesando assim os investidores em valores mobiliários.

A regulamentação – imposta por leis - e regulação governamental – tribunais,

secretarias e conselhos - devem inibir esta pratica ilegal, procurando tornar o

mercado o mais “perfeito” possível.

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Monopólios Naturais

Partimos do princípio de que os mercados competitivos são os mercados que

melhor representam as interrelações entre consumidores e produtores com o

objetivo de atingir o maior nível de bem estar econômico e social. Estes mercados

seriam aqueles menos propícios a existência de falhas de mercado, pela própria

noção de atomização, ou seja, nem os consumidores nem tão quanto as empresas,

possuem poder de barganha para impor custos adicionais aos demais participantes.

Os mercados competitivos são caracterizados por apresentarem baixos

custos à entrada de novas empresas, de tal maneira que nenhuma empresa tenha

condições de manipular os preços dos bens e serviços oferecidos.

De forma contrária, existe na economia os chamados monopólios naturais,

que seria o mercado em que apenas uma única empresa produzindo geraria custos

mais baixos para a formação dos preços de venda do que várias empresas

produzindo.

O que ocorre na verdade é que no caso dos monopólios naturais, os custos

de entrada no mercado são altíssimos, de forma que o custo por unidade de

produção, o chamado custo médio, diminui à medida que aumenta a escala de

produção da empresa.

Setores de produção de gás, energia e telefonia são bons exemplos desta

estrutura de mercado.

No que concerne às falhas de mercado, a existência de monopólios naturais

leva o governo a adotar medidas no intuito de evitar abusos na formação dos preços

de vendas. Segundo Giambiagi e Além (2000, pág. 26), o governo pode exercer

apenas a regulação dos monopólios naturais, evitando assim uma perda ainda maior

de bem-estar da sociedade. Ainda segundo os autores, o governo pode

responsabilizar-se diretamente pela produção do bem ou serviço caracterizado com

sendo monopólio natural.

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A responsabilidade pela produção deriva-se muitas vezes não só pela

questão de evitar abusos na formação de preços de produtos, mas também por

estas atividades produtivas serem estratégicas para o país.

Destaca-se, conforme podemos ver nos dias de hoje, que o Estado tem

adotado a linha do enxugamento das suas atividades atípicas, de tal maneira que os

controles dos monopólios naturais têm sido repassados à iniciativa privada,

passando o mesmo Estado a limitar a sua atuação através da regulação dos setores

(Elétrico, Telecomunicações e etc).

Mercados Incompletos

Um mercado completo é definido com sendo o mercado onde o custo de

produção é inferior aos preços que consumidores estão dispostos a pagar. De outra

forma, trata-se do mercado onde existe a possibilidade de ganhos por parte dos

produtores.

O mercado incompleto é caracterizado como sendo o mercado em que

mesmo que os custos de produção estejam abaixo dos preços que consumidores

estão dispostos a pagar, os bens ou serviços não são ofertados.

A falha de mercado representada pelos mercados incompletos é existente

principalmente em países em desenvolvimento, onde o sistema financeiro não é

suficientemente desenvolvido, em termos de riscos, para financiar no longo prazo as

atividades produtivas. Perceba que para todo investimento deve existir um prazo

mínimo de carência para que o produtor possa gerar caixa e honrar seus

compromissos. Caso o sistema financeiro não aceite a tomada de risco da carência

dos investimentos, será inexistente o oferecimento de fundos para as empresas

produzirem.

No Brasil a intervenção governamental nos mercados incompletos é feita pelo

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, que realiza a

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concessão de crédito de longo prazo objetivado no financiamento das atividades

produtivas.

Desemprego e Inflação O funcionamento dos mercados através das inter-relações entre

consumidores e produtores é insuficiente para que sejam evitados os problemas de

inflação, caracterizado pelo aumento geral é contínuo dos preços, e o desemprego,

definido como a parte da população economicamente ativa que se encontra

desempregada involuntariamente.

As pressões de demanda realizada pelos consumidores tende a suplantar a

oferta de bens e serviços, ocasionado assim elevação dos preços. Políticas de

controle do crédito ou de aumento das taxas de juros são bons instrumentos de

intervenção governamental para corrigir a falha de mercado chamada inflação.

O desemprego é existente em toda a economia, ocorrendo pelo fato de que o

mercado não é capaz de gerar vagas suficientes para todos aqueles que entram no

mercado de trabalho a cada dia. No entanto, destaca-se que o governo pode

minimizar tais problemas, realizando atividades interventivas que visem à colocação

de novos trabalhadores no mercado de trabalho. Programas como o primeiro

emprego do governo federal, que trazem em contra-partida benefícios às empresas,

especialmente em termos de carga tributária, são ações voltadas à minimização dos

problemas da falha de mercado chamado desemprego.

Riscos Pesados

Sabe-se que o setor privado tem como objetivo a geração de lucro. Não

obstante, determinadas atividades, mesmo potencialmente geradoras de lucro

futuro, não são efetivadas. O problema em si é muito parecido com o ocorrido nos

mercados imperfeitos, mas com uma conotação diferenciada.

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As existências de riscos nos negócios são associadas ao grande custo

envolvido no projeto, de tal maneira que mesmo podendo obter benefícios futuros,

esta não se arriscará. A partir do exemplo de Viceconti e Neves (2007, pág. 413),

podemos melhor ilustrar o problema. Segundo os autores, um bom exemplo seria o

caso da produção de energia elétrica a partir da energia atômica. O custo total de

pesquisa será enorme, vários anos serão necessários antes mesmo de o projeto ser

oferecido em nível econômico e, mesmo que a empresa se dispusesse a correr o

risco, teria dificuldade em colher os benefícios, por possivelmente não obter o

monopólio de uma patente, e assim recuperar o investimento feito.

Além do fato do risco econômico pesado com a realização do investimento, as

empresas no país tem sempre a preocupação com a chamada insegurança jurídica

dos contratos, especialmente no que se refere a quebra de patentes. A intervenção

governamental no sentido de quebra de direitos só deverá existir caso os benefícios

sociais gerados com a ação sejam superiores aos custos ocorridos com a medida.

De forma complementar à análise, destacamos que as ações tomadas pelo

governo de forma a contornar esta falha de mercado, seriam aquelas relacionadas

aos programas de Parcerias Público Privadas – PPP’s e ao Programa de Aceleração

do Crescimento – PAC, que representam as propostas de parceiras em

investimentos feitos pelo governo federal, especialmente através de suas empresas

estatais, de forma a mitigar os pesados riscos associados aos projetos de grande

vulto financeiro.

Pelo todo exposto, verifica-se que para o Estado possa realizar a intervenção

necessária à correção das falhas de mercado, deve criar mecanismos que

possibilitem o financiamento de suas atividades, especialmente através da

imposição do seu Poder de Império. Através da tributação incidente sobre a renda

auferida pela sociedade, o Estado realiza a necessária intervenção no processo

econômico. De forma a tornar esta intervençãol a menos onerosa possível a própria

sociedade, o Estado deve balizar o financiamento de suas atividades segundo os

chamados Princípios Teóricos da Tributação.

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Destarte, com fins de adentramos ao estudo destes princípios, importa-nos

destacar que o próprio processo de tributação deve adotar determinados

pressupostos, em especial aquele que diz que a utilidade marginal da renda (Umg) é decrescente. O entendimento do conceito de Utilidade Marginal

decrescente é o de que quanto maior a renda adicional recebida pelos

componentes da sociedade, menor é a utilidade que essa mesma renda propicia ao

seu recebedor. Como os indivíduos de classes de renda mais altas já possuem, em

tese, melhores condições de vida, o ganho adicional de renda será utilizado na

compra de bens e serviços que são, não exaustivamente, supérfluos para uma

qualidade de vida digna.

Considerado assim os pontos abordados, caminhemos para o entendimento

dos chamados Princípios Teóricos da Tributação.

Princípios Teóricos da Tributação

Princípio da Neutralidade

O princípio da neutralidade impõe que os impactos gerados pelo ônus

tributário não devem interferir na alocação de recursos na economia. Considerando

que os preços são a melhor forma de se estabelecer uma relação de troca de

recursos em uma economia, pode-se inferir que o impacto da tributação sobre os

preços dos bens e serviços deve ser neutro, ou seja, a relação de preços existente

entre os diversos bens deve-se manter igual (preço de um produto em relação aos

outros). Vamos a um exemplo simples:

Antes de incidência da tributação o bem X custava R$ 10 e dos demais bens

chamados de Y, R$ 5. Com isso o preço relativo do bem X em relação ao bem Y era

igual a 2.

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Preço X / Preço de Y = 10/5 = 2

Para que seja mantida a neutralidade tributária, a incidência da tributação

sobre o bem X deve ser igual aos dos demais bens (Y).

Imaginemos o caso de um aumento de cerca de 10% na tributação para todos

os bens. O preço do bem X passa a custar R$ 11 e o bem Y R$ 5,50, mantendo-se a

neutralidade sobre os preços mesmo com um nível maior de arrecadação.

Preço de X / Preço de Y = 11/5,5 Este exemplo simples é a elucidação básica do que chamamos de princípio

da neutralidade. Na verdade uma tributação neutra é aquela que procura minimizar

os impactos nas decisões econômicas dos agentes atuantes no mercado (famílias,

empresas).

Quando nos referimos à imposição de impostos sobre consumidores de

maneira neutra, estamos falando de impostos denominados “lump-sun tax”, ou seja,

impostos que recaiam de forma igual entre os agentes. De forma diferente, a

imposição pelo governo de imposto dito seletivo, ou seja, que recaia sobre o bem X

e não sobre o bem Y, tende a impactar os preços relativos, deixando de ser neutro.

Por tudo isso a alocação de bens deixa de ser eficiente, tornando possível a

existência do que chamamos de peso morto dos impostos, assunto a ser tratado por

nós oportunamente.

O Sistema Tributário deve privilegiar a eficiência econômica, podendo ser

utilizado inclusive para corrigir distorções existentes no mercado. O princípio da

neutralidade está intimamente ligado ao conceito econômico chamado de Ótimo de

Pareto2, que seria a aplicação da tributação pelo governo da forma mais eficiente

possível.

2 Em sentido ao Ótimo de Pareto, a tributação incidente sobre os agentes econômicos não pode ser reorganizada para aumentar o bem-estar de alguns indivíduos sem prejudicar o bem-estar dos demais indivíduos.

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Princípio da Equidade O princípio da equidade afirma que os impactos gerados pela tributação

devem ser equânimes, isto é, o ônus da tributação deve ser distribuído de maneira

justa entre os componentes da sociedade.

A equidade é baseada em critérios estabelecidos entre os indivíduos. Para

isso, temos que nos valer do chamado princípio da equidade horizontal, em que

deve ser dispensando tratamento igual entre indivíduos considerados iguais.

Adicionalmente a este temos o chamado princípio da equidade vertical, em que os

indivíduos considerados desiguais devem ser tratados de forma desigual. Trata-se

pois de garantir o tratamento justo aqueles que possuem as mesmas condições,

realizando a devida diferenciação apenas quando estes de fato puderem ser

diferenciáveis. Até devido a isto que o mesmo princípio da equidade ainda se divide

em outros dois princípios, o chamado princípio do benefício e princípio da capacidade de pagamento.

Princípio do Benefício

O princípio do benefício afirma que o consumidor deve pagar ao governo na

forma de tributos o equivalente ao total de benefícios que este recebe. Trata-se de

um princípio de fácil entendimento mas de difícil aplicação. O problema encontrado

para a correta sua correta aplicação é devido a dificuldade de se conseguir

individualizar os serviços recebidos do governo, uma vez que estamos falando de

bens e serviços chamados públicos3, em que o acesso da sociedade é amplo e

irrestrito.

Um bom exemplo da aplicação do princípio do benefício é o referente às

contribuições previdenciárias feitas pelos indivíduos ao longo do seu período de 3 Os bens públicos são aqueles normalmente oferecidos pelo governo, tendo a caracterização de que o seu consumo por um individuo ou por um grupo de indivíduos não prejudica o consumo pelos demais indivíduos. Destaca-se que mesmo que alguns indivíduos beneficiam-se mais do que outros, todos podem desfrutar do bem

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trabalho. Quanto maiores forem as suas contribuições ao longo da vida profissional,

maiores serão – limitados ao teto do regime geral de previdência – os benefícios

percebidos após a sua aposentadoria.

Em termos econômicos poderíamos ainda dizer que o princípio do benefício

garante que o preço do tributo deve ser igual ao chamado benefício marginal adquirido com a cobrança tributária. (O que eu tenho de benefício a mais por pagar

um pouco mais).

Princípio da capacidade de pagamento A capacidade de pagamento está diretamente relacionada à renda recebida

pelos agentes. Quanto maior a renda maior é a capacidade de pagamento dos

indivíduos. Um exemplo típico da aplicação do princípio da capacidade de

pagamento é o imposto de renda. Quanto maior a faixa salarial maior a alíquota

incidente sobre a renda.

O princípio em questão é mais fácil de ser medido do que o princípio do

benefício concedido pelo Estado, haja vista que a própria renda, o consumo e o

patrimônio são os parâmetros utilizados pelo Estado para a imposição da sua

atividade de tributação.

Veremos adiante que o governo procura redistribuir a renda gerada na

economia evitando a sua concentração nas mãos de poucos. A maneira pela qual

ele executa essa atividade é, ao menos em teoria, através da imposição dos

chamados impostos progressivos, de forma que, para níveis maiores de renda,

consumo e patrimônio, maior é a carga fiscal4 incidente. O objetivo da tributação

4 Existem diferenças entre carga fiscal e carga tributária. No cálculo da carga tributária está computado apenas os valores decorrentes da imposição das chamadas receitas tributárias, tais como os receita de impostos, taxas e contribuições de melhoria. No caso da carga fiscal deve-se adicionar as demais receitas de caráter impositivo, tais como as receitas previdenciárias.

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progressiva é que, com a maior arrecadação, o governo pode executar os chamados

programas de transferência de renda para a população de menor poder aquisitivo.

Pelo exposto e como forma de fixar os conceitos estudados até o momento,

vamos a resolução de alguns exercícios:

(AFRF/SRF – ESAF/2000) A teoria econômica moderna estabelece critérios de

imposição de tributos. O critério que postula que a tributação não introduza

distorções nos mecanismos de funcionamento e alocação de recursos da economia

de mercado é o da

a) Universalidade

b) eqüidade

c) neutralidade

d) justiça social

e) adequação

Resposta: A questão é direta ao afirmar que: O critério que postula que a tributação

não introduza distorções nos mecanismos de funcionamento e alocação de recursos

da economia de mercado. Conforme verificamos, para que não haja distorções nos

mecanismos de mercado e na atual alocação de recursos é necessário que a

tributação realizada pelo Estado não altere os preços relativos dos produtos, ou seja,

que os preços de um produto em relação ao outro sejam mantidas constantes. Essa

definição refere-se ao princípio que conceituamos por neutralidade da tributação.

Essa mesma neutralidade está associada à idéia de eficiência do sistema tributário.

(AFRF/SRF – ESAF/2002) Segundo o princípio da eqüidade, na teoria da tributação,

dois critérios são propostos: a classificação dos indivíduos que são considerados

iguais e o estabelecimento de normas adequadas de diferenciação. Indique quais

são esses critérios:

a) Neutralidade e eficiência

b) Benefício e capacidade de pagamento

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c) Unidade e universalidade

d) Eficiência e justiça

e) Produtividade e eficiência.

Resposta: Perceba que a questão já fala do princípio da equidade, solicitando ao

concursando os critérios utilizados para a aplicação deste princípio. A única

estranheza, na forma de pegadinha, refere-se à conceituação do primeiro critério

utilizado: a classificação dos indivíduos que são considerados iguais. Esse conceito

remete ao que definimos por equidade horizontal, em que é dispensa de

tratamento igual aos iguais. O segundo critério vai direto ao ponto: estabelecimento

de normas adequadas de diferenciação. O estabelecimento de diferenciação, no que

se refere à equidade, está diretamente relacionado ao princípio da capacidade de pagamento.

Bem, por eliminação já poderíamos marcar a letra “b” que é o gabarito, mas é

importante considerarmos o seguinte: Conforme verificamos, de acordo com o

princípio do benefício, o consumidor deve pagar ao governo, na forma de tributos, o

equivalente ao total de benefícios que este recebe. Ou seja, todos aqueles que

recebem benefício na forma de bens públicos, iguais, devem pagar a mesma

tributação.

Gabarito: letra b

(AFRF/SRF – ESAF/2002) A principal fonte de receita do setor público é a

arrecadação tributária. Com relação às características de um sistema tributário ideal,

assinale a opção falsa:

a) A distribuição do ônus tributário deve ser eqüitativa.

b) A cobrança dos impostos deve ser conduzida no sentido de onerar mais aquelas

pessoas com maior capacidade de pagamento.

c) O sistema tributário deve ser estruturado de forma a interferir o minimamente

possível na alocação de recursos da economia.

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d) O sistema tributário deve ser eficiente e maximizar os custos de fiscalização da

arrecadação.

e) O sistema tributário deve ser de fácil compreensão para o contribuinte e de fácil

arrecadação para o governo.

Resposta: Essa questão é moleza. Entendo que mesmo não tendo estudado a

matéria, e estando atento na interpretação das alternativas, marcaríamos a letra “d”.

Não é razoável que os custos de fiscalização da arrecadação tributária seja

maximizada. Quando o sistema tributário é eficiente - parte correta da questão – o

custo para o controle da arrecadação já é minimizado. Não obstante, é importante

que o trabalho de fiscalização da arrecadação seja feito de forma mais eficiente

possível e menos custosa aos cofres públicos.

As demais alternativas tendem a maximizar o chamado “sistema tributário ideal”.

Assim sendo podemos partir agora para a resolução de alguns exercícios.

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Questões de Provas Anteriores:

1 - (AFTN/STN – ESAF/1998) Do ponto de vista das finanças públicas, diz-se, em

relação ao princípio do benefício, que

a) cada um deve pagar proporcionalmente às suas condições.

b) este princípio é o mais adotado, sendo as despesas de consumo a variável que

melhor explica o benefício.

c) a renda é uma medida para avaliar quantitativamente o benefício advindo dos

gastos públicos.

d) as pessoas devem ser tributadas de acordo com a vantagem que recebem das

despesas governamentais.

e) este princípio é de fácil aplicação, não envolvendo questões subjetivas como o

conhecimento das curvas de preferência dos consumidores.

2 – (AFTN/STN – ESAF/1998) Afirma-se, na Teoria da Tributação, com relação ao

princípio de neutralidade, que

a) um tributo justo é aquele em que cada contribuinte paga ao Estado um montante

diretamente relacionado com os benefícios que dele recebe.

b) um imposto deve distribuir seu ônus de maneira justa entre os indivíduos.

c) os agentes deveriam contribuir com impostos de acordo com sua capacidade de

pagamento.

d) este princípio é seguido quando os tributos não alteram os preços relativos,

minimizando sua interferência nas decisões econômicas dos agentes de mercado.

e) um indivíduo paga o tributo de maneira a igualar o preço do serviço recebido ao

benefício marginal que ele aufere com sua utilização.

3 – (AFTN/STN – ESAF/1996) A teoria da tributação repousa em dois princípios

fundamentais. Aponte a opção que caracteriza estes princípios:

a) neutralidade e eficiência

b) justiça e eficiência

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c) eficiência e eqüidade

d) eqüidade horizontal e eqüidade vertical

e) neutralidade e eqüidade

4 – (APO/MPOG – ESAF/2001) As pessoas concordam que o sistema tributário deve

ser justo. No entanto, não existe acordo definitivo de como estabelecer esta quota.

Um dos enfoques adotados é o da capacidade de pagamento. Com relação a este

princípio, tem-se que:

a) cada contribuinte é tributado de acordo com sua demanda por serviços.

b) o critério da capacidade de pagamento está relacionado à alocação dos

benefícios dos serviços públicos.

c) a aplicação de um tributo, de acordo com este princípio, é adotada em situações

em que os serviços públicos são fornecidos aos indivíduos, através de taxas,

contribuições de melhoria e pedágios.

d) um perfil de tributos diferenciados entre pessoas com renda ou bem-estar

desigual é referido como eqüidade horizontal.

e) a renda, consumo ou patrimônio são medidas para avaliar a capacidade de

pagamento.

5 – (AFC/STN – ESAF/2008) Sob determinadas condições, os mercados privados

não asseguram uma alocação eficiente de recursos. Em particular, na presença de

externalidades e de bens públicos, os preços de mercado não refletem, de forma

adequada, o problema da escolha em condições de escassez que permeia a

questão econômica, abrindo espaço para a intervenção do governo na economia, de

forma a restaurar as condições de eficiência no sentido de Pareto. Nesse contexto, é

incorreto afirmar:

a) externalidades ocorrem quando o consumo e/ou a produção de um determinado

bem afetam os consumidores e/ou produtores, em outros mercados, e esses

impactos não são considerados no preço de mercado do bem em questão.

b) consumidores podem causar externalidades sobre produtores e vice-versa.

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c) a correção de externalidades, pelo governo, pode ser feita mediante tributação

corretiva, no caso de externalidades positivas, ou aplicação de subsídios, no caso de

externalidades negativas.

d) um exemplo de bem público puro é o sistema de defesa nacional, cujo consumo

se caracteriza por ser não-excludente e não-rival.

e) falhas de mercado são fenômenos que impedem que a economia alcance o

estado de bem-estar social, por meio do livre mercado, sem interferência do

governo.

6 – (APO/Séc. Fazenda de São Paulo – ESAF/2009) A atuação do governo na

economia tem como objetivo eliminar as distorções alocativas e distributivas e de

promover a melhoria do padrão de vida da coletividade. Tal atuação pode se dar das

seguintes formas, exceto:

a) complemento da iniciativa privada.

b) compra de bens e serviços do setor público.

c) atuação sobre a formação de preços.

d) fornecimento de bens e de serviços públicos.

e) compra de bens e serviços do setor privado.

7 - (APO/Séc. Fazenda de São Paulo – ESAF/2009) Assinale a opção falsa com

relação aos Princípios Teóricos da Tributação.

a) Do ponto de vista do princípio do benefício, os impostos são vistos como preços

que os cidadãos pagam pelas mercadorias e serviços que adquirem por meio de

seus governos, presumivelmente cobrados de acordo com os benefícios individuais

direta ou indiretamente recebidos.

b) A neutralidade, na ótica da alocação de recursos, deveria ser complementada

pela equidade na repartição da carga tributária.

c) O princípio da capacidade de pagamento sugere que os contribuintes devem

arcar com cargas fiscais que representem igual sacrifício de bem-estar, interpretado

pelas perdas de satisfação no setor privado.

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d) Não existem meios práticos que permitam operacionalizar o critério do benefício,

por não ser a produção pública sujeita à lei do preço.

e) A equidade horizontal requer que indivíduos com diferentes habilidades paguem

tributos em montantes diferenciados.

8 – (AFTN/STN – ESAF/1998) A função alocativa do governo está associada a:

a) controle da demanda agregada visando minimizar os efeitos sobre o bem-estar

social das crises de inflação ou recessão.

b) intervenção do Estado na economia, para alterar o comportamento dos níveis de

preço e emprego.

c) fornecimento de bens e serviços não oferecidos adequadamente pelo sistema de

mercado.

d) utilização de instrumentos de política fiscal, monetária, comercial e de rendas.

e) implementação de uma estrutura tarifária progressiva.

9 – (AFTN/STN – ESAF/1996) Baseado no Princípio da Neutralidade Fiscal, assinale

a resposta correta.

a) A neutralidade pressupõe o critério do benefício, atribuindo a cada indivíduo um

ônus equivalente aos benefícios que ele usufruir.

b) A neutralidade do sistema tributário é obtida quando existe equidade vertical.

c) A neutralidade do ponto de vista da alocação de recursos pressupõe que o ônus

seja repartido entre os indivíduos.

d) A neutralidade do sistema tributário é obtida quando a forma de captação de

captação de recursos pelo governo não modifica os preços relativos dos bens e

serviços.

e) A neutralidade do sistema tributário é obtida quando existe equidade horizontal.

10 – (APO/MPOG – ESAF/2008) O financiamento para que o Estado cumpra suas

funções com a sociedade é feito por meio de arrecadação tributária, ou receita fiscal.

Identifique a única opção errada referente aos princípios de tributação.

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a) Pelo princípio da eqüidade, um imposto, além de ser neutro, deve ser equânime,

no sentido de distribuir o seu ônus de maneira justa entre os indivíduos.

b) De acordo com o princípio do benefício, um tributo justo é aquele em que cada

contribuinte paga ao Estado um montante diretamente relacionado com os

benefícios que recebe do governo.

c) A neutralidade pode ser avaliada sob dois princípios: princípio do benefício e

princípio da capacidade de pagamento.

d) Os impostos podem ser utilizados na correção de ineficiências do setor privado.

e) Os argumentos favoráveis à utilização da renda como capacidade de pagamento

baseiam-se na abrangência desta medida, pois renda inclui consumo e poupança.

11 – (AFC/CGU – ESAF/2004) A necessidade de atuação econômica do setor

público prende-se à constatação de que o sistema de preços não consegue cumprir

adequadamente algumas tarefas ou funções. Assim, é correto afirmar que

a) a função distributiva do governo está associada ao fornecimento de bens e

serviços não oferecidos eficientemente pelo sistema de mercado.

b) a função alocativa do governo está relacionada com a intervenção do Estado na

economia para alterar o comportamento dos níveis de preços e emprego.

c) o governo funciona como agente redistribuidor de renda através da tributação,

retirando recursos dos segmentos mais ricos da sociedade e transferindo-os para os

segmentos menos favorecidos.

d) a função estabilizadora do governo está relacionada ao fato de que o sistema de

preços não leva a uma justa distribuição de renda.

e) a distribuição pessoal de renda pode ser implementada por meio de uma estrutura

tarifária regressiva.

12 - (APO/MPOG – ESAF/2005) A tributação é um instrumento pelo qual as pessoas

obtêm recursos, coletivamente, para satisfazer às necessidades da sociedade. Entre

os pontos básicos que se espera de um sistema de tributação, assinale a única

opção incorreta.

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a) Os tributos seriam escolhidos de forma a maximizar sua interferência no sistema

de mercado, a fim de não torná-lo mais ineficiente.

b) Os tributos devem ser universais, impostos sem distinção a indivíduos em

situações similares.

c) Cada indivíduo deveria ser taxado de acordo com a sua capacidade para pagar.

d) O sistema de tributação deveria ser o mais justo possível.

e) O sistema de tributação é o principal mecanismo de obtenção dos recursos

públicos no sistema capitalista.

13 – (AFC/STN – ESAF/2008) A aplicação das diversas políticas econômicas a fim

de promover o emprego, o desenvolvimento e a estabilidade, diante da incapacidade

do mercado em assegurar o atingimento de tais objetivos, compreende a seguinte

função do Governo:

a) Função Estabilizadora.

b) Função Distributiva.

c) Função Monetária.

d) Função Desenvolvimentista.

e) Função Alocativa.

14 - (AFC/STN – ESAF/2005) Devido a falhas de mercado e tendo em vista a

necessidade de aumentar o bem-estar da sociedade, o setor público intervém na

economia. Identifique a opção correta inerente à função alocativa.

a) O setor público oferece bens e serviços públicos, ou interfere na oferta do setor

privado, por meio da política fiscal.

b) O setor público age na redistribuição da renda e da riqueza entre as classes

sociais.

c) Adotando políticas monetárias e fiscais, o governo procura aumentar o nível de

emprego e reduzir a taxa de inflação.

d) Adotando políticas monetárias e fiscais, o governo procura manter a estabilidade

da moeda.

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e) O governo estabelece impostos progressivos, com o fim de gastar mais em áreas

mais pobres e investir em áreas que beneficiem as pessoas carentes, como a

educação e saúde.

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Gabarito comentado:

Questão 1: letra “d”

a) Princípio da Capacidade de Pagamento.

b) Trata-se novamente do Princípio da Capacidade de Pagamento, sendo o

consumo um dos parâmetros para aferir a capacidade do contribuinte.

c) A renda é uma medida para avaliar a capacidade de pagamento.

d)Trata-se do próprio conceito do princípio do benefício, em que as pessoas

recebem benefícios na forma de bens públicos.

e) Conforme visto, trata-se de um princípio de difícil aplicação, uma vez que não pe

possível dimensionar o “quantum” cada componente da sociedade se beneficia das

despesas governamentais (bens públicos).

Questão 2: letra “d”

a) Trata-se do Princípio da Capacidade de Pagamento, derivado do Princípio da

Equidade.

b) É o próprio princípio da equidade.

c) Princípio da Capacidade de Pagamento

d) Refere-se ao conceito do Princípio da Neutralidade

e) Trata-se da definição alternativa do princípio do benefício.

Questão 3: letra “e” Sem comentários adicionais.

Questão 4: letra “e” a) Trata-se de um conceito que não se aplica.

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b) Refere-se ao princípio do benefício.

c) Idem

d) é referido como Equidade Vertical

e) Trata-se dos principais parâmetros que medem a capacidade de pagamento.

Questão 5: letra “c”

a) Assertiva correta

b) idem

c) A tributação corretiva se dá diante da existência de externalidades negativas e os

subsídios diante das externalidades positivas.

d) Assertiva correta

e) Assertiva correta.

Questão 6: letra “b” Questão já resolvida no corpo da aula.

Questão 7: letra “e” Explicação da questão falsa:

e) a equidade horizontal determina que indivíduos com as mesmas habilidades

paguem tributos em montantes iguais.

Questão 8: letra “c” a) Função Estabilizadora

b) idem

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d) idem

e) idem

Questão 9: letra “d” a) Trata-se do princípio do benefício e não da neutralidade.

b) A equidade vertical está associada ao conceito de que indivíduos considerados

desiguais devem suportar de forma diferenciada a ônus tributário.

c) Este conceito está associado à equidade e não à Neutralidade.

e) Existe equidade horizontal quando indivíduos iguais são onerados na mesma

proporção.

Questão 10: letra “c”

Explicação da questão falsa:

c) A equidade pode ser avaliada sob dois princípios: princípio do benefício e

princípio da capacidade de pagamento.

Questão 11: letra “c”

a) Função Alocativa

b) Função Estabilizadora

d) Função distributiva

e) Estrutura Tarifária Progressiva

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Questão 12: letra “a” Explicação da questão falsa:

a) Os tributos seriam escolhidos de forma a minimizar sua interferência no sistema

de mercado, a fim de torná-lo mais eficiente.

Questão 13: letra “a” É a própria definição da função estabilizadora.

Questão 14: letra “a”

b) Função Distributiva

c) Função Estabilizadora

d) idem

e) Função Estabilizadora, relacionada a Política Fiscal via Tributação.

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Impostos, Tarifas, Taxas, Contribuições Fiscais e Parafiscais

Conforme descrevemos, o governo, representante da atividade estatal,

necessita financiar-se para prover dos chamados bens públicos a sociedade. No

mesmo sentido, é através da tributação que o Estado re-aloca recursos de

segmentos de maior poder aquisitivo para segmentos de menor poder aquisitivo.

Os tributos componentes da estrutura tributária são diversos, tendo cada um

suas característica próprias, conforme se segue abaixo:

Impostos

Segundo o Código Tributário Nacional os impostos são o tributo cuja

obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade

estatal “.

Quando falamos em fato gerador nos referenciamos a ocorrência específica

que dá origem a cobrança do imposto. É como se disséssemos que a partir do

recebimento de renda superior a R$ 1313,00 – faixa inicial de cobrança de imposto -

haverá incidência de Imposto sobre a Renda.

Da mesma definição acima se extrai o entendimento de que a cobrança do

imposto não gera, para o Estado, obrigação vinculada à cobrança deste tributo, ou

seja, o Estado cobra mas não é obrigado a reverter na forma de benefício a renda

recebida. Ainda relativo aos impostos, de acordo com o art. 167 da CF/1988, é

vedada a vinculação de receita de arrecadação deste tributo a órgão, fundo ou

despesa, como seria o caso da extinta CPMF, excetuando-se a repartição

obrigatória constante da própria CF. Esta repartição é representada pelos fundos de

participação de Estados e Municípios, aos serviços de Saúde e Ensino, para a

prestação de garantias em operações de crédito por antecipação de receitas, assim

como para a realização de atividades da administração tributária.

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Destacamos os principais impostos de competência da União:

• sobre Importações;

• sobre Exportações;

• sobre a Renda e proventos de qualquer natureza;

• sobre Produtos Industrializados;

• sobre Operações Financeiras;

• sobre Propriedade Territorial Rural;

• sobre Grandes Fortunas; e

• Extraordinários de Guerra.

Os impostos de competência dos Estados e do Distrito Federal são:

• sobre transmissão causas mortis e doação;

• sobre a circulação de Mercadorias e sobre prestações de serviços de

transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação; e

• sobre a propriedade de veículos automotores

Os impostos de competência dos Municípios e do DistritO Federal são:

• sobre a propriedade predial e territorial urbana;

• sobre a transmissão de bens intervivos; e

• sobre serviços de qualquer natureza.

Tarifas

Podemos dizer que as tarifas ou também chamadas de preços públicos, são

uma modalidade não nova mas intensivamente usada no a partir da desestatização

da economia brasileira nos anos de 1990. Estas derivam-se dos bens e serviços

prestados de forma não compulsória pelos chamados concessionários e

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permissionários de serviços públicos (energia elétrica, gás, telefonia, etc.). O regime

de direito que as regem é o privado, sendo admitida a rescisão por parte do Estado.

Taxas

As taxas, diferentemente dos impostos, são uma espécie de tributo com fato

vinculado. A cobrança de taxa está intimamente vinculada à prestação de um serviço

público específico. Conforme dispõe o CTN, o fato gerador da taxa é o exercício

regular do poder de polícia ou a utilização efetiva ou potencial de serviço público

específico e divisível, prestado ou posto a disposição do contribuinte.

Uma forma adicional de diferenciar as taxas das tarifas públicas é de que, no

caso da primeira, são geradas receitas derivadas com a cobrança do tributo,

enquanto na segunda são geradas receitas originárias da exploração do patrimônio

do Estado (estradas, portos, etc).

Contribuições As contribuições cobradas pelo Estado são divididas em Fiscais, Parafiscais e

Extrafiscais. Vejamos o significado e o objetivo de cada uma delas:

Contribuições Fiscais O caso mais comum de contribuição fiscal é a chamada contribuição de

melhoria. Trata-se de um tributo vinculado no qual o Estado acaba oferecendo,

mesmo indiretamente, benefícios a cidadãos específicos. É o caso por exemplo da

pavimentação de uma rua em frete a um condomínio residencial de alto poder

aquisitivo. Os imóveis pertencentes ao mesmo condomínio tiveram uma valoração

em função da melhoria do acesso ao local.

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Um outro tipo de Contribuição Fiscal hoje extinta era a CPMF, em que a sua

arrecadação era destinada ao financiamento dos gastos com saúde, previdência

social e ao fundo de combate à pobreza.

Contribuições Parafiscais As contribuições parafiscais são definidas como o tributo que tem por objetivo

a arrecadação de recursos para o custeio de atividades que, em princípio, não

integram funções próprias do Estado, mas este as desenvolve através de entidades

específicas. O exemplo mais comum de contribuição parafiscal é a contribuição para

a seguridade social. Estas contribuições existem pela necessidade de atendimento

assistencial pelo Estado, especialmente aquelas vinculadas a grande importância

social.

Temos ainda como exemplos adicionais de contribuição parafiscal o PIS e a

COFINS.

De acordo com a doutrina jurídica, as contribuições parafiscais são divididas

em três espécies:

Contribuições Sociais, sendo o próprio exemplo da contribuição para

financiamento da seguridade social;

Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, tendo na sua

representação a chamada CIDE incidente sobre a importação e comercialização de

petróleo e seus derivados;

Contribuição de interesse de categorias profissionais, que é representada

pela cobrança de contribuições feitas por órgãos e conselhos de classe de

trabalhadores (OAB, CREA, etc).

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Contribuições Extrafiscais

Trata-se da espécie de tributo utilizado pelo Estado como forma de minimizar

as externalidades negativas geradas pela atividade privada. Um bom exemplo é a

cobrança de contribuição pelo governo local devido à poluição do meio ambiente por

grandes empresas. O objetivo com a imposição deste tributo é evitar a degradação

do meio ambiente bem como promover atendimento às famílias diretamente

afetadas com a poluição.

Pois bem, chegamos ao final de nossa primeira aula. Passemos a resolução

de mais alguns exercícios para a fixação da matéria.

Um abraço,

Prof Francisco

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Questões de Provas Anteriores:

15 – (AFRF/SRF – ESAF/2003) As contribuições sociais, de intervenção do domínio

econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, obedecem a

algumas exigências e princípios constitucionais. Aponte qual contribuição tem como

fato gerador o faturamento operacional das empresas privadas com ou sem fins

lucrativos e a utilização do trabalho assalariado ou de quaisquer outros que

caracterizem a relação de trabalho.

a) Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS).

b) Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS).

c)Contribuição Social sobre o Lucro Líquido de Pessoa Jurídica (CSLL).

d) Contribuição Provisória sobre a movimentação Financeira (CPMF).

e) Contribuição para o Programa de Integração Nacional (PIN).

16 – (AFTN/STN – ESAF/1998) Diz-se que são contribuições parafiscais

a) juros recebidos pelas autoridades públicas;

b) contribuições à previdência social;

c) dividendos recebidos pelo governo;

d) correções monetárias recebidas pelo governo;

e) correções cambiais recebidas pelo setor público.

17 – (AFTN/STN – ESAF/1998) Recolhimentos compulsórios feitos pelo governo, por

terem características de tributos e não estarem previstos no código tributário, são

chamados de contribuições parafiscais. Marque a única opção incorreta nessa

categoria de contribuições.

a) Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.

b) Contribuição do Empregador para a Seguridade Social.

c) Contribuição para o fundo PIS/PASEP

d) Contribuição FINSOCIAL.

e) Contribuição de Melhoria.

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Gabarito Comentado:

Questão 15: letra “b”

Questão 16: letra “b”

Questão 17: letra “e” A contribuição de melhoria esta prevista no código tributário, sendo considerada uma

receita tributária.