audiência pública do sistema dutoviário do complexo...
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Audiência Pública do Sistema Dutoviário do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – COMPER J
Data: 21 de junho de 2011 Local: CIEP 327 Pedro Américo (Rua Rosa Angélica, 315 – Suruí – Magé – RJ) 5
Transcrição da Audiência
ANTÔNIO GUSMÃO – Boa noite! Isso! Então, muito obrigado pela presença de todas as 10
pessoas aqui, é um prazer encontrar a sociedade. Boa noite! Aqui de Magé. E nós
estamos reunidos hoje aqui para a realização de uma Audiência Pública, e essa
Audiência Pública, ela faz parte do processo de Licenciamento Ambiental do
empreendimento que é o Sistema de Dutos, Sistema Dutoviário da Petrobras, e que vai
passar, pretende passar aqui no Município. Então, essa Audiência, ela faz parte desse 15
processo de Licenciamento Ambiental na sua fase inicial, que é chamada o pedido de
Licença Prévia. Então nesse momento nós estamos aqui para que as pessoas da
empresa, da Petrobras, apresentem a vocês o empreendimento, como é que vai ser,
como é que é o projeto, quais são os impactos. E também, os representantes da
consultora, da empresa que fez esse Estudo Ambiental para apresentar aqui para vocês. 20
E tem outros colegas também da Petrobras presentes, que vão estar prontos para tirar
alguma dúvida, esclarecer, que esse é o momento em que a turma aqui do Município vai
receber as informações, tirar suas dúvidas. Por isso que vocês quando chegaram,
assinaram lá um livro, que é importante a assinatura do livro, até para firmar a posição
dos moradores aqui do Município. A turma que entrou agora, que tinha uma fila muito 25
grande lá fora, a turma vai assinar durante a Audiência. O pessoal que está mais ali do
lado, então vai ter sempre alguém, é importante que todos assinem o livro. E quando
vocês receberam o material da Audiência, tem uma folhinha, um folhetinho dentro, no qual
vocês vão escrever as perguntas, aquelas perguntas que vocês quiserem formular, ou
para turma da Petrobras, ou para o pessoal dos consultores, ou para o nosso colega aqui 30
do órgão ambiental, que é o José Alencar, que eu já estou apresentando inicialmente, que
vai, e essas pessoas vão responder essas perguntas. Então, vocês estão vendo nessa
mesa aqui, na qual estão as autoridades aqui do Estado, que é o José Alencar, que é o
Coordenador do grupo de trabalho do INEA, que está analisando esse empreendimento.
Palmas. O José Alencar é muito querido aqui no Município, foi muito espontâneo aqui a 35
situação das pessoas. Temos a nossa colega do Ministério Público, presente sempre as
audiências aqui na região, a Débora Vicente, que sempre vem trazendo uma colaboração,
que a valorização da Audiência com a presença do Ministério Público, muito obrigado
Débora pela presença, é importante o Ministério Público. Temos aqui o meu colega da
CECA, Marco Antônio, Marco Antônio Alves, que vai secretariar a Audiência, é o 40
Secretário. E também o meu colega Iam, Iam Lindesay, colega também da CECA, e que
vai, os dois vão ajudar aqui na distribuição das perguntas que vocês estão fazendo, que
vocês vão fazer. Então essa turma aqui, é a turma que representa o INEA, o Ministério
Público, a CECA, a estrutura do Estado. E na mesa em frente, nós temos representando a
Petrobras, a nossa colega Daniella Medeiros, Daniella. Representando a Consultora, 45
Fernanda, da empresa que foi contratada para fazer o Estudo. Ao seu lado o colega
Márcio, também da Petrobras, que vai apresentar o empreendimento pela Petrobras. O
nosso outro colega da Petrobras, o Carlos, Carlos Trevia. E o nosso Cláudio, Cláudio
Carvalho. A primeira, o primeiro procedimento nosso aqui vai ser a apresentação de uma
explicaçãozinha de segurança para as pessoas que estão aqui, uma explicação sobre 50
segurança, feita por um técnico da Petrobras, para esclarecer para as pessoas presentes
quais os procedimentos aqui em questão de segurança. Quem é que vai fazer a
apresentação? Cadê o nosso colega? Palmas para o nosso colega da Segurança.
GALDINO – Boa noite. Boa noite. Eu sou Galdino, sou Técnico de Segurança do 55
Comperj, estou aqui para passar para vocês algumas orientações de conforto e
segurança do evento. O nosso evento hoje dispõe de banheiros químicos no final do
salão do lado esquerdo, tem banheiro feminino, masculino e para deficientes físicos.
Dispomos de água e café também ali na região do banheiro químico. Em caso de alguma
emergência médica, tem uma ambulância ali fora, com profissionais de saúde, para em 60
caso de enfim, mal subido ou alguma coisa que possa ocorrer com qualquer participante
da Audiência. E também em caso de emergência, nós dispomos de uma equipe de
Brigada de Incêndio, que estão posicionados estrategicamente no local, e assim
acontecendo uma emergência, nós vamos seguir as orientações que eles derem para a
gente. Tudo bem? Bom evento para todo mundo, uma boa Audiência também. Obrigado. 65
ANTÔNIO GUSMÃO – Muito obrigado. Quer dizer, eu estou aqui feliz, satisfeito com a
presença em massa da turma, dos moradores de Magé, vocês estão de parabéns, vamos
discutir, vamos ouvir, isso que é o objetivo de uma Audiência Pública. Queria registrar
também a presença do meu colega da Secretaria de Estado de Desenvolvimento 70
Regional de Abastecimento e Pesca, o Gustavo Meireles. Cadê o Gustavo? Obrigado
amigão, muito obrigado pela presença. E também do nosso colega, sempre presente nas
audiências, ele não vai poder ficar de pé, que está com o pé quebrado, que é o
Alexandre. Cadê o Alexandre? Obrigado amigão da lá da Associação dos Homens do
Mar, sempre presente, representando também o CONEMA. E agora vamos ao Hino 75
Nacional.
EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL
ANTÔNIO GUSMÃO – Atenção turma, não é para sentar não, porque tem uma surpresa 80
para vocês. Vamos lá, eu quero saber quem sabe esse hino aqui na ponta da língua,
vamos ver.
EXECUÇÃO DO HINO DE MAGÉ
85
ANTÔNIO GUSMÃO – Bem, agora podemos sentar. E vamos então iniciar as
apresentações, os colegas da Petrobras irão apresentar o projeto, depois a nossa colega
do EIA-RIMA, Fernanda, vai apresentar como é que foi feito o Estudo, o prof. José
Alencar vai mostrar como é que está esse processo tramitando no INEA, desde o seu
pedido, o requerimento da Licença Prévia, e vocês vão elaborando, escrevendo as 90
perguntas, a medida que vocês forem ouvindo aí as apresentações. Depois, na segunda
etapa então, nós iniciamos os debates, as perguntas são lidas, respondidas, e convido
então o colega Márcio, da Petrobras, para iniciar a apresentação. Muito obrigado. E a
turma que está lá fora, depois vai assinando, por favor, o livro de chamada, está certo. E
também registro a presença do Vice-Presidente do Sindicato de Pesca do Rio de Janeiro, 95
nosso amigo Cléber de Araújo. Cadê o Cléber? Muito obrigado Cléber pela presença. Boa
noite. Por favor, Márcio. Obrigado.
MÁRCIO ACCORSI – Boa noite a todos. Meu nome é Márcio Accorsi, eu trabalho na
Engenharia da Petrobras, que vai ser responsável pela construção do Sistema Dutoviário. 100
Vou fazer aqui uma breve apresentação sobre o projeto e algumas consequências.
Bom, o Sistema de Dutos do Comperj, ele será composto de 7 dutos, 6 desses dutos vão
interligar o Comperj com a Estação de Campos Elíseos, que fica próximo à Reduc, e um
gasoduto que vai fornecer o gás para o Comperj. Será construída também uma linha de
fibra óptica, para interligação com o Sistema de Telecomunicações da Petrobras. Estes 105
dutos terão a extensão aproximada de 49 km, os 6 dutos, e o gasoduto uma extensão de
11 km. O cronograma de execução dessa obra seria de 24 meses após a emissão da
Licença de Instalação.
Temos aqui a relação dos dutos. Um gasoduto de 16 polegadas, aproximadamente 41
cm, um oleoduto de petróleo, com 32 polegadas, 82 cm, um duto de diesel de 20 110
polegadas, em torno de 51 cm, um duto de nafta de 14 polegadas ou 36 cm, um duto de
querosene de aviação de 10 polegadas, 25 cm, um duto para transportar ou GLP ou
Butano, com 10 polegadas, 25 cm de diâmetro e, finalmente, um duto de óleo combustível
de 14 polegadas, aproximadamente 36 cm. Esse aqui é o mapa de localização, aonde os
dutos vão atingir toda a faixa, saindo de Itaboraí, chegando aqui no Termina de Campo 115
Elíseos, ao lado da REDUC.
Os oleodutos, eles são essa linha cor de abóbora aqui, que sai do TECAM, o oleoduto,
que vai levar o petróleo até o Comperj. Os demais dutos levam os derivados de retorno, e
tem um oleoduto, um gasoduto, desculpa, que sai aqui de uma estação existente, do
ponto de entrega aqui em Guapimirim, que vai levar o gás para operação na refinaria. 120
Aqui nesse mapa tem os municípios que atravessam os dutos. Saindo aqui de Itaboraí, já
dentro do Comperj, aproximadamente 1,6 km, depois os 7 dutos passam aqui dentro do
Município de Guapimirim, desculpa, de Cachoeiras de Macacu, com aproximadamente
6,3 km. Tem o trecho aqui ainda dentro do Município de Guapimirim, numa distância total
de 11,3 km. E um pedaço aqui do gasoduto de 2 km, saindo aqui, como eu disse, do 125
ponto de entrega. E aqui no Município de Magé, o gasoduto só é esse trecho aqui. No
Município de Magé seriam os outros 6 dutos, o oleoduto levando petróleo e os cinco dutos
trazendo derivado de volta. Dentro do Município de Magé então, uma distância
aproximadamente de 26 km. E conforme pode ser observado, próximo à faixa existente já
dentro do Município. E aqui chegando no TECAM, dentro do Município de Caxias, uma 130
distância aproximadamente de 2,9 km. Como eu mostrei aqui, dentro de Itaboraí já é uma
área existente, que é a área do Comperj, onde já está sendo construída a refinaria, então
esse trecho aqui em Itaboraí não afeta nenhuma comunidade do Município.
Aqui os principais dados dessa obra. São sete travessias de rios, os rios Macacu, Guapi-
açu, Guapimirim, Roncador ou Santo Aleixo, o Rio Iriri, o Rio Suruí e o Rio Estrela. São 135
sete travessias de rios principais, pequenos canais existem, esses são os principais rios.
Cruzamentos de rodovias. Cruza a rodovia BR-493, aquela rodovia que liga Manilha até
Magé, e cruza a rodovia RJ-112, que vai de Vale das Pedrinhas até Citrolândia. Então,
são duas principais rodovias.
Cruzamento de ferrovias. A Companhia Estadual de Engenharia de Transporte e 140
Logística, que é a Central. São dois cruzamentos dentro de Magé, um em Jardim Nova
Marília, e o outro em Parque Iriri.
Existem outras instalações, que são 3 áreas de válvulas intermediárias, mais na frente eu
vou explicar a finalidade dessas válvulas. E construção de duas áreas de lançamento e
recebimento de PIG, PIG é uma ferramenta de inspeção de dutos, que mais à frente 145
também eu vou explicar a finalidade. Essas áreas de lançamento e recebimento de PIG, é
uma em Itaboraí, outra em Duque de Caxias. Existe também em Guapimirim, uma área de
lançamento de PIG do gasoduto, ali no ponto de entrega existente em Guapimirim.
Vou mostrar rapidamente agora, quais são as etapas de construção e montagem, quais
são os processos que levam à construção do Sistema Dutoviário. Primeira etapa da 150
construção e montagem é fazer levantamento topográfico, que é onde são retirados os
dados principais para elaboração do projeto, sem essa informação não pode ser feito o
projeto executivo da obra. Quando efetivamente inicia a fase de construção dos dutos, a
primeira etapa é abertura da pista, que pode ser mostrada nessa figura, a largura onde os
dutos vão ser enterrados, é aberto, retirada a vegetação, para poder fazer a escavação. A 155
etapa seguinte, que é chamada desfile de dutos, os dutos são colocados ao longo de toda
faixa para a fase seguinte, que vai ser o processo de soldagem. Então eles são alocados,
e posteriormente então é feita a soldagem, a emenda dos tubos, para poder. Após a
soldagem é feita uma inspeção rigorosa em cada solda, para garantir a confiabilidade do
sistema. E o sistema de inspeção é através de um sistema de ultra-som,aonde é 160
verificada a qualidade daquela solda, e de uma certa forma garantir então a segurança.
Como os dutos foram emendados, pedaços de tubos, então é feito o revestimento
daquela junta aonde foi feita a solda no campo, de tal forma que tenha também uma
proteção externa no duto, ele já vem revestido, e depois então é feito um revestimento
naquela emenda. 165
Aí é feita a abertura da vala, inicialmente foi mostrado aonde foi feita a abertura da faixa,
agora é feita uma escavação para a abertura da vala aonde o duto vai ser enterrado. Aqui
o duto já está soldado e inspecionado, pronto para ser enterrado.
Aí a fase que a gente chama de abaixamento da tubulação, que são máquinas especiais
que fazem o lançamento desse duto dentro da vala. 170
E aí vem a fase de recobrimento ou enterramento do duto, e colocação, deixando o
terreno na condição que ele estava originalmente.
Existem obras especiais nos cruzamentos de estradas e ferrovias, para evitar o corte na
rodovia é feita uma obra especial de lançamento dos dutos.
Travessias de rios também é uma obra especial, cuidadosa, para poder fazer o 175
lançamento através dos rios, dos canais.
Quando necessário, ao longo da faixa são feitas obras de contenção para evitar erosão
do terreno, algum tipo de acidente com o material que foi trabalhado.
É feita a instalação das válvulas, essas válvulas eu vou mostrar mais na frente a
finalidade delas. Como eu mostrei são três áreas de válvulas, para cada um desses dutos 180
vai ter uma válvula em cada ponto, em cada um desses três pontos.
Então o duto já está pronto, está concluída a prova. É feito o que nós chamamos de teste
hidrostático, onde o duto é pressurizado com água, para verificar se eventualmente existe
algum problema com aquela montagem, algum vazamento. Então essa pressão é uma
pressão muito acima da pressão de trabalho do duto, então vai garantir então a 185
estanqueidade e a segurança dessa instalação. É feita a recomposição do terreno,
deixando então na condição original.
Uma coisa importante que é a sinalização, mostrando aqui que existem dutos enterrados,
orientando para não escavar, e normalmente tem o telefone, chamado telefone verde,
aonde as pessoas podem relatar qualquer anormalidade que seja encontrada na faixa. E 190
aqui tem, desculpe, aqui tem uma placa indicando a profundidade em que o duto está
passando naquele local.
Bom, existe uma etapa que é de supervisão e controle da operação e manutenção. Então
após o duto entrar em operação, existe esse sistema de controle, e para isso existem
algumas válvulas, que são chamadas válvulas de bloqueio automático, que são válvulas 195
instaladas para permitir a manutenção de trechos dos dutos, e bloquear imediatamente o
transporte de produtos em caso de vazamento. Então aqui mostra uma área de válvulas,
uma dessas válvulas, que elas são controladas através de um sistema central que eu vou
mostrar mais a frente.
Na fase de operação dos dutos são passadas essas ferramentas que eu falei inicialmente, 200
são chamadas PIG, que são ferramentas de inspeção de dutos, são esses tipos de
ferramentas aqui que elas são lançadas ao longo do duto pelo próprio produto, ela é
lançada, o produto leva esse PIG, essa ferramenta, que faz uma inspeção interna da
tubulação, e registra também problemas externos. Então qualquer falha que existir é
indicada num relatório, e a equipe de manutenção depois vai dar o tratamento nisso aqui, 205
ou seja, qualquer problema o duto vai parar antes que ocorra qualquer falha. Então evita
com isso que um duto desse um dia venha a vazar.
É feita manutenção frequenta da faixa, limpeza e manutenção, mantendo ela sempre em
condições, onde a Petrobras vai fazer sempre uma inspeção para verificar o estado, se
existe alguma questão, algum problema com o terreno, algum problema de erosão que 210
tenha que ser corrigido.
E aquelas válvulas automáticas, elas são controladas através de um sistema de
supervisão e controle centralizado na Petrobras, que fica aqui no Rio de Janeiro, na Av.
Presidente Vargas, onde todos os dutos a Petrobrás, do Brasil inteiro, são operados e
controlados. Então se algum problema for detectado num duto desses, o operador aqui no 215
sistema no Centro, na Av. Presidente Vargas, vai tomar uma ação por exemplo, de
mandar bloquear uma válvula daquelas automáticas, com isso então é feita uma garantia
sobre o sistema.
Bom, essa aí é rapidamente uma pequena explicação sobre o sistema dutoviário, e eu
fico aí à disposição para qualquer pergunta, se for necessário, ao final. Muito obrigado. 220
ANTÔNIO GUSMÃO – Bem, obrigado ao Márcio pela apresentação do projeto, e agora
nós convidamos a consultora Fernanda para apresentar o Estudo de Impacto Ambiental.
Obrigado Fernanda.
225
FERNANDA TRIERVEILER – Bom, boa noite a todos. Meu nome é Fernanda, eu fui a
coordenadora técnica desse Estudo de Impacto Ambiental, do Sistema Dutoviário do
Comperj. Bem, esse estudo então, apresentando como empreendedor a Petrobras,
Petróleo Brasileiro S/A, e a empresa consultora Bourscheid Engenharia e Meio Ambiente,
responsável pela elaboração do Estudo de Impacto Ambiental, que é o EIA, e do Relatório 230
de Impacto Ambiental, que é o RIMA, esses dois documentos fazem parte do processo de
licenciamento desse empreendimento, que é o Sistema Dutoviário, junto ao órgão
ambiental responsável, que é o INEA. E a gente vai ver alguns principais tópicos desses
conjunto.
Bem, a primeira atividade feita no âmbito desse estudo, foi a avaliação de alternativas 235
para esse Sistema Dutoviário. A primeira alternativa que nós avaliamos diz respeito, e foi
denominada de Sistema A. Nesse Sistema A nós tínhamos um trajeto proveniente, desde
o Comperj, até o TECAM, e a REDUC, onde 10 dutos transportavam os produtos que já
foram apresentados anteriormente, e a partir de TECAM e REDUC, seguiam três dutos
através da Baía de Guanabara, até o terminal de Ilha Comprida, onde esses produtos 240
seriam exportados. Além disso, um gasoduto transportando gás do ponto de entrega de
Guapimirim até o Comperj. Esse saindo do Comperj, e passando por esses municípios
até TECAM e REDUC, e dali com três dutos até o terminal de Ilha Comprida, foi
denominado de Sistema A.
Alternativamente foi avaliado um Sistema B, onde a gente teria a passagem de sete dutos 245
via essa trajetória norte, saindo do Comperj até TECAM e REDUC, enquanto três dutos
sairiam por um outro trajeto, uma faixa que a gente denominou de sul, até São Gonçalo,
onde seria instalado um terminal até São Gonçalo, e daí iriam até Ilha Comprida. A
presença do gasoduto seguindo o mesmo trajeto desde o ponto de entrega de
Guapimirim, que já existe, até o Comperj. Então essa configuração foi denominada 250
Sistema B.
Ainda foi avaliado um Sistema C, uma terceira alternativa, onde haveria passagem de oito
dutos desde o Comperj até o TECAM, sendo que daqui dois dutos seguiriam até o
terminal de Ilha Comprida, um duto, desculpe. Enquanto que dois dutos seguiriam pela
faixa sul até o terminal de São Gonçalo, e daí até o terminal de Ilha Comprida. Então essa 255
alternativa, com essa configuração, foi denominada de Sistema C.
Essas três alternativas foram avaliadas tanto do ponto de vista técnico, como ambiental,
sendo a alternativa do Sistema A aquela apontada como a mais adequada.
Bem, aqui apresentando novamente o Sistema A, então conforme eu tinha apresentado
na primeira alternativa. Tendo em vista esse Sistema A, houve um avanço nos estudos 260
que resultou na redução da composição desse sistema dutoviário, permitindo então a
eliminação do trecho marítimo que ligaria o TECAM e a REDUC até o terminal de Ilha
Comprida. Então esse sistema sem esses dutos, que ligariam até o terminal de Ilha
Comprida, foi denominado Sistema A Reduzido. Então esse Sistema A Reduzido.
265
ANTÔNIO GUSMÃO – Fernanda, só um instantinho, dá licença, é que nós temos um
probleminha, uma criança está passando mal, precisa sair, e há um carro, uma viatura
que está interrompendo a sápida do carro o socorro, e o carro é um gol branco, um gol
branco, prefixo K de Kibom, Q de queijo, L de Luís, KQL, numeral 5036, 5036. Então a
mesa pede aqui que o responsável por esse carro tire ali da frente, para possibilitar a 270
saída do carro que está levando a criança para atendimento médico. Muito obrigado.
Então, Gol branco, K de Kibom, Q de queijo, L de Luís, numeral 5036. Muito obrigado,
desculpe Fernanda, e vamos continuar.
FERNANDA TRIERVEILER – Bem, retomando então, o Sistema A Reduzido foi apontado 275
como a melhor alternativa do ponto de vista técnico e ambiental. Definida então essa
melhor alternativa, partiu-se então para a definição das áreas de influência desse
empreendimento. As áreas de influência são aquelas áreas que são estudadas como
potenciais áreas, onde os impactos decorrentes do empreendimento vão ocorrer. A gente
determina áreas de influência direta e indireta, essas áreas de influência também são 280
determinadas para os fatores físicos, bióticos, e socioeconômicos, ou antrópicos.
Com relação ao meio físico e biótico então se determinou como área de influência, uma
faixa de 400 m no entorno do Sistema Dutoviário. Então o traçado proposto está
representado por essa linha vermelha, e a área de influência direta por esse entorno em
laranja, ao longo de todo traçado. Como área de influência indireta, se determinou um raio 285
ou entorno de 5 km, ao longo de todo esse traçado, essa então é a área de influência
direta e indireta para o meio físico e biótico.
Para o meio antrópico, ou meio socioeconômico, a área de influência direta foi a mesma,
todavia a área de influência indireta foi determinada como a área dos municípios que são
atravessados pelo traçado proposto, ou seja, o município de Itaboraí, Cachoeiras de 290
Macacu, Guapimirim, Magé, e que de Caxias. Bem, definida então a área de influência,
que é a nossa área de estudo, se procedeu então aio diagnóstico dessa região. O
diagnóstico ambiental, ele leva em consideração diversos critérios, eu vou comentar
alguns deles aqui. Para o meio físico por exemplo, são realizados estudos acerca do
clima, qualidade do ar, dos ruídos, da parte de solos, que é pedologia dos recursos 295
minerais, recursos hídricos, entre outros. Por exemplo, com relação ao ruído foi feito um
estudo diagnosticando qual é o nível de ruído atual, ao longo desse trajeto, então foram
medidos tanto no período diurno, como noturno, foram realizados pontos de medição
tanto na chegada do Comperj, como ao longo da futura dutovia. Esses pontos então
foram avaliados quanto ao ruído atual. 300
Com relação ao solo e aos recursos minerais, então foram mapeados os tipos de solo
presentes ao longo desse traçado. Foram encontrados solos com pouca erosão, que são
aqueles que possibilitam o aproveitamento agrícola, solos com bastante erosão, onde não
há possibilidade de aproveitamento agrícola, e solos também altamente modificados pela
ação humana, por exemplo aqueles das vias urbanas. Também foi identificada a presença 305
de recursos minerais extraídos na região, como brita, saibro, e areia, sendo que a maioria
dessas explorações era de pequeno porte.
Com relação aos recursos hídricos, então a região do empreendimento está toda inserida
na região hidrográfica da Baía de Guanabara, sendo que os principais rios que vão ser
atravessados, conforme já foi mostrado na apresentação anterior, são o Macacu, Guapi-310
Açu, Guapimirim, Santo Aleixo, Iriri, Suruí, e Estrela. Todos esses rios, eles são
classificados como de água doce classe 2, conforme a legislação. Sendo que o rio
Macacu e o Guapi-Açu são contribuintes do canal de Imunana, que abastece o sistema da
CEDAE chamado Imunana-Laranjal. Bem, foi feita então a caracterização da qualidade
das águas superficiais, e dos sedimentos desses principais rios. Os rios apresentaram 315
índice de qualidade variável, estando presentes as classes boa, regular e ruim, sendo a
ruim, que é essa lilás, apenas o rio Estrela, e as demais boa ou regular. Então nenhum rio
apresentou qualidade ótima ou péssima.
Com relação ao meio biótico então, foi feito o diagnóstico da vegetação, flora, da fauna, e
das Áreas de Preservação Permanente, e das Unidades de Conservação presentes. Com 320
relação à vegetação, a área está toda inserida dentro do bioma Mata Atlântica, estando
presentes as formações de florestas, brejos, e manguezais. Predomina na paisagem
então, áreas modificadas pelas atividades humanas, como agricultura e pecuária. E ainda
existem alguns fragmentos de floresta melhor preservados, essas áreas estão em topos
de morro, ou então em algumas áreas sob proteção do Poder Público. 325
Um mapeamento do uso do solo na área de influência direta, mostrando então aqui quais
as principais classes e tipos de uso de solo presentes. A principal classe então, categoria
de campo ou pastagem, com 39%, na classe área urbana, com 17%, a seguir área
agrícola e inundável, cada uma com 10%, a floresta secundária e mangue em
regeneração, 8%, mangue degradado, 7%, e outras classes somadas, 1%. Com relação 330
as áreas de manguezal, nessas áreas houve a dominância do mangue branco, e os
trechos de manguezal estudados encontravam-se ou degradados, ou em regeneração.
Também se notou a presença de algumas espécies que são exploradas, como o
caranguejo-uçá, e o guaiamu.
Com relação à fauna, predominaram espécies comuns, adaptadas a ambientes alterados 335
pelo homem, aqui tem alguns exemplos como a coruja, o teiú, e o cachorro-do-mato. E
houve ainda alguns registros de lontras em alguns trechos nas margens da Baía de
Guanabara.
Com relação à biota aquática dos rios, foi registrada a presença de algumas algas, que
são indicadoras de contaminação por matéria orgânica, elas indicam então a presença de 340
esgoto doméstico nesses rios estudados. A fauna de peixes se encontra bastante
empobrecida, tendo sido registradas apenas 11 espécies de peixes, como o robalo.
Com relação à interferência em Áreas de Preservação Permanente, ela se dá tanto nas
margens de rios, como em alguns pontos de manguezal. E aqui é apresentado então um
quadro com as unidades de conservação, interceptadas pelo empreendimento. Essa 345
unidades são quatro áreas de proteção ambiental, a APA do rio Macacu, a APA do rio
Estrela, Suruí, e Guapi/Guapi-Açu. Todas essas áreas de proteção são da categoria uso
sustentável, que é aquela categoria e unidade de conservação, onde é permitido alguns
tipos de uso, conciliando com a conservação do ambiente. Então essas quatro áreas de
proteção ambiental são interceptadas pelo traçado proposto. E também foram mapeadas 350
aquelas áreas de Unidade de Conservação não interceptadas pelo empreendimento, mas
presentes em um raio de 10 km desse traçado. Então são essa unidades, sendo que
dessas, duas são do grupo de proteção integral, que é a Estação Ecológica Guanabara, e
o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, as outras demais também são do grupo de uso
sustentável. 355
Bom, com relação ao meio antrópico, então foi feita uma caracterização socioeconômica e
cultural da área de influência indireta, e da área de influência direta, além de um
diagnóstico do patrimônio histórico, cultural, e arqueológico. Foram caracterizadas então
as atividades socioeconômicas presentes nos municípios atravessados, sendo que em
Itaboraí as principais atividades econômicas são a atividade agrícola, pecuária, e a 360
produção de cerâmicas. Já em Cachoeiras de Macacu, a principal atividade é a
agricultura e pecuária bovina. Em Guapimirim se destacam então produção de flores,
cultivos agrícolas, banana, aipim, a indústria de papel, produtos alimentares, e a indústria
metalúrgica. Em Magé, agricultura, pecuária de leite, atividades portuárias, lazer, e
turismo. E em Duque de Caxias a indústria do petróleo e comércio. 365
Bem, aqui, conforme já foi apresentado, é a extensão do traçado proposto atravessando
cada um dos municípios, em Itaboraí então é 1,6km, em Cachoeiras de Macacu 6,3, em
Guapimirim 11,3, Magé 25,9, e Duque de Caxias 2,9km.
Esse traçado apresentado, sempre que possível, ele acompanha a faixa de dutos já
existente, já implantada. Sendo que a maior parte dessa faixa, ela atravessa áreas rurais 370
com ocupação escassa. As áreas que tem maior ocupação são algumas localidades no
município de Duque de Caxias e Magé. Então essa região que possui uma densidade de
ocupação um pouco maior, ela se refere ao Jardim Ana Clara, que é no município de
Duque de Caxias, todavia essa implantação vai se dar junto dessa região em uma faixa
que já existe. Então nessa figura a gente tem aqui a localização do Jardim Ana Clara, e 375
aqui uma faixa de dutos já existentes, portanto implantação do Sistema Dutoviário do
Comperj ia se dar em faixa já existente, não necessitando ampliar essa faixa, que é
próxima a área mais densamente povoada. Além disso o traçado não passa por terra
indígenas ou quilombolas, também não atinge nenhuma edificação do patrimônio histórico
nessa região, não há ocorrência de nenhum sítio arqueológico registrado no traçado, MS 380
existe um potencial arqueológico na região.
Bem, agora vou apresentar aqui o levantamento dos impactos ambientais. Aqui a
metodologia da identificação desses impactos. Primeiramente então a gente faz uma
análise das etapas do projeto, de todas as atividades que compõem esse
empreendimento, tanto na fase de implantação, que inclui mobilização e construção e 385
montagem, quanto da fase de operação e desativação. Essas etapas do projeto então
permitem a identificação dos impactos inerentes a essas atividades. Esses impactos
identificados sã classificados quanto a sua significância, e são propostas medidas
mitigadoras, ou potencializadoras desses impactos, quando é um impacto positivo, então
pode ser proposta uma medida potencializadora. 390
Bem, aqui a gente vai apresentar alguns desses impactos avaliados, um deles diz
respeito a emissão dos poluentes atmosféricos, essa emissão se dando na fase da
implantação, ou seja, na fase de obras, e ela é causada pela emissão de veículos, pelas
emissões de veículos e maquinários. Emissão de particulados, ou seja, de poeiras. Com
relação a esse impacto então, se indicou o monitoramento e o controle das emissões dos 395
veículos, dos maquinários, e da poeira, e revisão e regulagem dos motores, e a medição
dos veículos e equipamentos utilizados. Se indicou priorizar a utilização de equipamentos
e veículos mais eficientes, utilização de lonas de proteção nos veículos de carga, e a
redução da poeira através da umectação das vias com caminha pipa, quando for o caso.
Que é esse exemplo que está sendo mostrado aqui na figura. Essas medidas, e todas 400
essas ações, elas devem ser implantadas através de um Programa de Controle de Obras,
ou Programa Ambiental da Construção.
Um outro impacto avaliado foi referente a emissão dos ruídos, esses ruídos se dando
também na fase de implantação, e eles decorrem do uso de máquinas e equipamentos e
veículos ao longo desse traçado durante as obras. Como medida então se indicou o 405
atendimento à legislação que define quais são esses limites de emissão de ruído,
utilizando se necessário equipamentos atenuadores, defletores, ou silenciadores de ruído.
Um outro impacto avaliado diz respeito a geração dos resíduos sólidos e efluentes, essa
geração de resíduos e efluentes, se dando tanto na fase de implantação,quanto operação
e desativação do empreendimento. Ele decorre então da geração de resíduos diversos, 410
de diversos tipos de resíduos sólidos, como da construção, resíduos domésticos, resíduos
da saúde, oleosos, e também diferentes tipos de efluentes, como sanitários, pluviais, e de
lavagem oleosos. Todos esses resíduos e efluentes, então devem ser corretamente
coletados e destinados adequadamente. Então para isso se indica a elaboração e
implantação de alguns programas específicos com relação aos resíduos, um desses 415
programas é o Programa de Controle de Obras, também o Programa de Gerenciamento
de Efluentes, Gerenciamento de Resíduos Sólidos e Produtos Perigosos, Programa de
Educação Ambiental, e Programa de Ação de Emergências.
Um outro impacto avaliado então é com relação ao solo e a água subterrânea, esse
impacto se daria então na fase de implantação, e ele diz respeito as alterações nas 420
encostas, na cobertura dos solos, no revolvimento dos solos, e também em decorrência
da disposição de alguns materiais, ou potenciais contaminantes de máquinas e
equipamentos, através de vazamentos dessas máquinas e equipamentos. Então para
controlar esse impacto, se indica a construção de sistemas de drenagem, o uso de áreas
de empréstimo e bota fora, que já sejam silenciados, a recomposição da estrutura dos 425
solos, recomposição da estrutura dos solos, a utilização de técnicas construtivas que
previnam esse impacto, priorizar o uso dos acessos já existentes, e evitar sempre que
possível a utilização de áreas com declividade acima de 30 graus, e obras no período de
chuvas. Os programas relacionados também são o Programa de Controle de Obras, um
Programa de Recuperação das Áreas Degradadas, e um Programa de Ação de 430
Emergências.
Bem, o impacto avaliado sobre os rios e a sua biota, se dando na sua fase de
implantação, através da atividade da implantação dos dutos e recobrimentos dos
mesmos, causando então uma pequena ressuspenção no sedimento quando deste
processo, e uma alteração temporária dos parâmetros físico/químicos da água. Para 435
controle desse impacto se indicou então o uso de barreiras físicas nas margens, evitar
processos erosivos durante a fase de terraplanagem, evitar alteração no escoamento
normal dos cursos d’água, realização de inspeções periódicas nas travessias, e o uso de
métodos construtivos menos impactantes quando for possível. Ainda se indicou a
elaboração e implantação de um Programa de Monitoramento da Qualidade da Água 440
Superficial, Sedimentos, e Biota Aquática, e de um Programa de Recuperação de Áreas
Degradadas.
Bem, com relação a interferência sobre a vegetação e a fauna, essa se dando também na
fase de implantação, causada pela abertura da faixa de dutos, e pelas perturbações que
durante a fase de obras decorrem através da movimentação de maquinários e pessoas no 445
local. Como medida para controle desse impacto então, utilizar prioritariamente os
acessos já existentes. O traçado foi otimizado em alguns pontos conforme algumas
sugestões. Que seja procedida a recomposição das áreas alagadas e úmidas, e o
salvamento de grupos diretamente atingidos pelo empreendimento. Também se indicou a
elaboração e implantação de um Programa de Controle de Obras, Programa de 450
Supressão da Vegetação, um Programa para Acompanhamento dessa supressão, um
Programa de Recuperação das Áreas Degradadas, a reposição florestal obrigatória, e
acompanhamento da fauna terrestre.
Com relação a interferência sobre o manguezal, essa se dá na abertura da faixa para
implantação dos dutos em área de manguezal. Como medidas se indicou então, na 455
verdade o traçado foi otimizado neste ponto, ainda se indica utilizar prioritariamente os
acessos que já existem, e adoção de ações integradas aos outros programas que
envolvem a avaliação sobre a fauna de manguezal, através de um Programa e Controle
de Obras, Programa de Recuperação de Áreas Degradadas, Programa de Supressão da
Vegetação, e um Programa de Reposição Florestal Obrigatória. 460
Com relação a interferência sobre a atividade de coleta artesanal de caranguejos, se
dando também na fase da implantação, decorrente das atividades de implantação dos
dutos em alguns pontos. Como medidas para esse impacto então se indicou, identificar e
avaliar as possíveis interferências nas atividades dos catadores e no tráfego de
embarcações de pesca, visando definir as medidas atenuadoras ou compensatórias, 465
quando for o caso. Informar aos catadores de caranguejos e às suas respectivas
organizações, dos possíveis impactos e interferências da construção do empreendimento
sobre essa atividade. Então se indicou elaborar e implantar um Programa de
Acompanhamento da Interferência na Atividade de Coleta Artesanal, e esse programa
contendo medidas compensatórias quando for o caso. Também ações de um Programa 470
de Comunicação Social e um Programa de Educação Ambiental.
Com relação aos impactos na infraestrutura urbana e no uso do solo, este se dando tanto
na fase de implantação quanto de operação do empreendimento. Esses impactos então
são causados através da pressão sobre a infraestrutura existente, produzindo
potencialmente um aumento de construções irregulares, um aumento da violência e dos 475
problemas de saúde. Também ele é decorrente de melhorias na infraestrutura pelas
empresas que se instalarem na região. Como medidas então para esse impacto se
sugeriu priorizar a mão de obra local ou regional para o empreendimento, apoiar as ações
efetivas de qualificação profissional, monitorar, junto com o Poder Público, o surgimento
de novas áreas de ocupação irregular, e negociar com o Poder Público a ampliação da 480
capacidade de atendimento dos serviços públicos, e a destinação de uma eventual
infraestrutura que venha a ser construída, e acompanhar a qualidade dos serviços
durante a implantação do empreendimento, através de um Programa de Comunicação
Social.
Bem, com relação às interferências nas Áreas de Preservação Permanente, as APPs. 485
Essa interferência se dá na fase de implantação, através da abertura da faixa de dutos.
Como medida para minimizar essa interferência, através de um Programa de Reposição
Ambiental Obrigatória, um Programa de Recuperação de Áreas Degradadas, e um
Programa para Acompanhamento e Controle da Supressão de Vegetação.
Com relação a interferências em Unidades de Conservação, essa interferência se dá na 490
fase de implantação e operação, causada pela abertura da faixa, interceptando aquelas
quatro Unidades que já tinham sido apresentadas anteriormente, que são as Áreas de
Proteção da Bacia do Rio Macacu, do Rio Estrela, Suruí e Guapi/Guapi-açu. Como
medidas se indicou então, adotar todos os cuidados e medidas, considerando que essa
implantação vai se dar num espaço ambiental protegido. Além disso se indicou a 495
elaboração e implantação dos Programas de Controle de Obras, Supressão Vegetal,
Compensação Ambiental, Educação Ambiental, Salvamento e Resgate de Fauna, e
Comunicação Social.
Bem, com relação ao impacto de geração de emprego e renda. Esse impacto se dá na
fase de implantação, e ele e causado pela contratação da mão de obra direta e indireta 500
para o empreendimento. Então se indicou medidas potencializadoras para esse impacto
positivo, são priorizar a contratação da mão de obra local ou regional, e apóio a ações
efetivas que visem a qualificação profissional, através de um programa de comunicação
social.
Se avaliou também o impacto sobre a receita tributária,ocorrendo na fase de implantação, 505
e causado pela aquisição de materiais, insumos, produtos e equipamentos relacionados a
esse empreendimento, e também decorrente do recolhimento direto da arrecadação,
referente a implantação do Sistema Dutoviário. Então como medida potencializadora para
esse impacto positivo, se indica priorizar a aquisição dos equipamentos materiais,
serviços, e mão de obra de fornecedores locais. 510
Se avaliou o impacto na comunidade pelas desapropriações, se dando na fase de
implantação, causado então pela desapropriação e indenização, tanto das propriedades,
como das benfeitorias que estejam estabelecidas na área afetada, como medida então se
indicou a avaliação das propriedades e benfeitorias, seguindo os critérios e normas
técnicas, privilegiando a negociação direta e o comum acordo, e na impossibilidade 515
seguindo as determinações legais. Se indicou elaborar e implantar um programa de
estabelecimento da faixa de servidão administrativa e indenizações, e um Programa de
Comunicação Social.
Com relação as interferências no cotidiano da população. Essas se dariam também na
fase da implantação, e elas seriam causadas pelo aumento do trânsito, dos ruídos, da 520
emissão de poeiras, e de interferências na circulação de veículos, e das pessoas durante
a fase das obras. Como medidas então se indicou esclarecer e informar a população
sobre o empreendimento, evitar quando possível as vias que sejam muito utilizadas,
eleger locais de trânsito e permanência de maquinários que menos interfiram na vida das
comunidades, a elaboração e implantação de um Programa de Controle de Obras, de 525
Comunicação Social, e de Educação Ambiental.
Se avaliou também o impacto ao patrimônio arqueológico. É um impacto potencial, se
dando na fase da implantação, e causado pelo revolvimento do solo para implantação dos
dutos. Então se indica realizar ações de um programa específico, que é o Programa de
Prospecção e Salvamento do Patrimônio Arqueológico, e de Educação Patrimonial. 530
Bem, agora vamos comentar alguns programas que foram citados aqui, como o Programa
de Comunicação Social, esse programa deve estar estruturado em três eixos, ele vai
promover a articulação entre as instituições e a sociedade, promover ações de
comunicação e informação, e também de educação.
Um outro programa que a gente comentou foi o de Educação Ambiental, esse programa 535
deverá estar voltado tanto para Educação Ambiental nas comunidades, quanto Educação
Ambiental nos canteiros de obra. Produzindo então materiais, cartilhas e folhetos com os
temas a serem desenvolvidos no âmbito do programa.
Um outro programa que a gente comentou, que foi o de Controle de Obras, também
chamado de PAC, Programa Ambiental da Construção. Ele objetiva então minimizar todos 540
os impactos negativos que são decorrentes das obras de implantação do
empreendimento. Ele deverá conter também os requisitos gerais para a construção, as
diretrizes gerais para os canteiros de obras, áreas de armazenamento, área
administrativa, as diretrizes do Código de Conduta dos Trabalhadores, e as diretrizes de
saúde e segurança nas obras. 545
Outro programa que a gente desenvolveu foi o de Estabelecimento da Faixa de Servidão
Administrativa, e de indenizações, ele objetiva a liberação das áreas para a implantação
do empreendimento. Então ele deve conter o levantamento topográfico e cadastral de
cada propriedade ou bem, a definição do valor que é indenizado, a ser indenizado, a
negociação, termo de compromisso, e escrituração pública. 550
O Programa de Recuperação de Áreas Degradadas, então ele objetiva recuperar todas as
áreas que forem alteradas em decorrência da implantação do empreendimento, incluindo
então retirar todos os equipamentos e a infraestrutura que seja utilizada, recuperar os
acessos e promover a revegetação, ou a regeneração natural, dependendo qual for o
caso, é um ou outro. 555
Bem, como conclusão do Estudo do Impacto Ambiental então, a empresa consultora e
sua equipe técnica, consideraram que o empreendimento é ambientalmente viável. A
implantação e operação do Sistema Dutoviário, através desse projeto indicado, não
comprometerão a qualidade ambiental futura da região. E as ações preventivas e
mitigadoras gerenciam adequadamente os impactos identificados. 560
Bem, agora eu vou apresentar em relação ao Estudo de Análise de Risco, que foi
desenvolvido para esse empreendimento. Foram realizados então 3 Estudos de Análise
de Risco para o Sistema de Dutos do Comperj, sendo que um desses estudos foi feito
para as instalações fixas, compreendendo o TECAM, Terminal de Campos Elíseos e o
Comperj. Um outro estudo realizado para 6 dutos de líquidos inflamáveis que interligam 565
essas duas instalações. E um outro estudo realizado para o gasoduto que interliga o
ponto de entrega de Guapimirim com o Comperj.
Esse Estudo de Análise de Risco, ele segue as diretrizes da Instrução Técnica nº 13 do
INEA. A avaliação de Risco resultante desse estudo, concluiu que os riscos impostos pelo
Sistema de Dutos do Comperj, são plenamente toleráveis, segundo essa Instrução 570
Técnica do INEA. Eu gostaria de agradecer a atenção de vocês. Muito obrigada.
ANTÔNIO GUSMÃO – Bem, agora para fechar essa apresentação da Petrobras, o Carlos
Trevia vai apresentar aqui os projetos sócio-ambientais e de qualificação profissional da
empresa, que é de interesse de todos aqui. Por favor. E vocês estão aí fazendo as 575
perguntas, não é, e as perguntas já estão sendo recolhidas aqui pelas pessoas.
CARLOS TREVIA – Bom, boa noite a todos. Gostaria de dizer para vocês, que hoje os
projetos da Petrobras, eles estão sempre sendo acompanhados por uma equipe de
Responsabilidade Social, então hoje o Comperj, ele tem uma equipe de Responsabilidade 580
Social, olhando os municípios, identificando aí as necessidades dos municípios, avaliando
e trazendo projetos para os municípios. Projetos que a Petrobras desenvolve, que eu vou
mostrar alguns aqui, alguns já foram realizados em Magé, alguns estão em estruturação
ainda para acontecer, enfim, em breve.
E além disso também, tem um projeto grande da Petrobras de qualificação profissional na 585
região, que também se iniciou e vai continuar, ainda tem muito curso para ser feito.
Então, eu trouxe aqui alguns projetos que já atendem Magé. Na região do Comperj já são
6.500 pessoas aproximadamente, atendidas pelos projetos sociais da Petrobras. Aqui em
Magé nós já temos acontecendo o Projeto PAIS, que é voltado para agricultura, e o
Projeto de Agricultura Familiar Peri-urbana, que está previsto para acontecer. Além disso, 590
nós temos Educação Ambiental, que já aconteceu, eu vou mostrar uma primeira fase que
incluiu Magé, também atendeu Magé. E vão acontecer novas qualificações no futuro.
O Criança Esperta Não Entra Pelo Cano, um outro projeto que sempre acompanha as
nossas obras, para evitar que aconteçam acidentes com as crianças.
O Cidade da Solda, um projeto muito importante, que visa qualificar as pessoas para 595
estarem, enfim, trabalhando no projeto Comperj. Já temos aí um projeto em estruturação
com 650 vagas, e que pode estar aberto para inscrição de pessoas de todos os
municípios ao redor do Comperj, na área de influência do Comperj.
E alguns projetos aqui voltados, que atingem Magé, que é Recuperação do Manguezal da
APA de Guapimirim, que está aqui próximo. Apoio ao Desenvolvimento Territorial da 600
Pesca e Agricultura da Baía de Guanabara, que é um projeto que está sendo estruturado
em parceria com o Ministério da Pesca. Apoio à Comercialização do Pescado Artesanal,
que é um projeto também que visa aí apoiar esse processo da comercialização, do
beneficiamento do pescado, apoio logístico, então também está sendo estruturado. Um
outro Projeto de Desenvolvimento da Aquicultura, voltado aí para a piscicultura, 605
ranicultura de água doce, também que estamos estruturando aqui para a região. E um
para o caranguejo-uçá também, de apoio aos catadores de caranguejo, a comercialização
do caranguejo.
E esses projetos envolvem cursos de capacitação, cursos de gestão, apoio propriamente
dito à comercialização, enfim. Estão sendo estruturados e vão estar acontecendo em 610
breve. É importante dizer que hoje o Comperj, ele terminou a fase de terraplanagem, que
é uma fase inicial, ainda tem muita obra para acontecer, esses projetos estão sendo
estruturados, outros poderão ser estruturados, como eu vou mostrar nas linhas aí de
Responsabilidade Social da Petrobras. E também muita qualificação ainda vai acontecer.
Mais em detalhes então, aqui em Magé, o PAIS. Foram implantadas 140 unidades já no 615
Rio de Janeiro, 57 aqui em Magé, já estão implantadas, voltadas aí, esse projeto, ele visa
produção de aves, hortaliças, frutas.
O outro projeto é Agricultura Familiar Peri-Urbana, que também já está estruturado,
atendendo aí 150 pessoas em Magé. Voltados aí para jovens, mulheres, enfim, também
agricultura também para gerar renda para as pessoas. 620
Esse projeto que eu cite, Educação Ambiental, que já teve uma primeira fase, onde 230
professores da rede pública na região do Comperj foram treinados, para atuarem inclusive
como multiplicadores. É interessante que esse projeto, ele gera uma conscientização para
preservação do ambiente de vocês, e também até para forma pessoas que trabalhem aí
nessa área ambiental, guias, enfim, defensores do meio ambiente, então é muito 625
interessante. Quando você treina um professor e ele multiplica isso na escola, ele está
gerando aí uma, enfim, uma capacitação para os jovens, e para poderem até estar
trabalhando no futuro também. Então, mais 125 representantes da sociedade civil
participaram dos treinamentos, incluindo aí Magé e outros municípios da região.
A segunda fase, que vai começar agora em 2011, já estamos quase começando, que 630
envolve oficinas de capacitação, vamos estar aí junto com os fóruns locais, Agenda 21,
vamos incentivar, vai ter incentivo ao desenvolvimento de projetos ambientais. Enfim, já
está previsto mais 515 professores e mais 85 representantes da sociedade civil. Então,
esse trabalho vai ser todo feito em articulação com as Agendas 21, enfim, com o Poder
Público. Aqui na região para a gente atender a vocês. 635
Então aqueles foram alguns exemplos de projetos que nós estamos realizando, estamos
estruturando para acontecer agora no segundo semestre e em 2012. Agora, a Petrobras
tem toas essas linhas aqui de apóio a projetos, quer dizer, qualquer projeto que o
município tenha, que a comunidade tenha, que as associações de moradores, enfim,
organizações não governamentais tenham, é só enquadrar ele dentro de uma das linhas 640
da Petrobras de apóio, que eles poderão ser apoiados, e a equipe o Comperj, ela está
preocupada em olhar esses projetos, avaliar, e ajudar, que eles se encaixem aqui nessas
linhas de apóio da Petrobras, o que acontece por seleção pública, como está ali, mas
também podem acontecer como projetos convidados. Quando identificada então essa
necessidade no município, nós podemos estar olhando, avaliando, e estar ajudando 645
então, dando um apóio a esse projeto.
E aí vocês tem ali Petrobras Ambiental, Petrobras Desenvolvimento e Cidadania,
Petrobras Cultural, e Petrobras Esporte e Cidadania. Inclusive esporte e cidadania, que é
um programa novo da Petrobras, vai ter em breve uma caravana passando pelos
municípios, ensinando as pessoas como propor um projeto entro desse programa, então é 650
interessante, e no momento em que a gente tiver as datas, nós vamos começar a divulgar
através da Agenda 21, e 0800, quem também quiser saber informação é só ligar para o
0800 que a gente informa quando tiver já a data. Mais informações também vocês podem
consultar ali no site da Petrobras.
Agora entrando no projeto de qualificação, que é um grande projeto da Petrobras, que a 655
gente chama de Centros de Integração, que é para qualificar até 30 mil pessoas, que é a
mão de obra que vai trabalhar no Comperj. Hoje já temos 7 mil qualificados nos 11
municípios, em 13 categorias profissionais. Agora no segundo ciclo, que já começou, nós
temos mais 6 mil pessoas nesse segundo semestre e início de 2012, que serão
qualificadas já em 25 categorias profissionais, aí envolvendo não só construção civil, 660
como construção e montagem também, em 11 municípios.
Especificamente aqui em Magé, nós já tivemos aqui no primeiro e segundo ciclos de
qualificação, 530 pessoas qualificadas em Magé, nessas categorias, armador, carpinteiro,
eletricista predial, encanador predial, pedreiro, pintor predial. É importante dizer, como eu
falei, o que nós tivemos agora foi a terraplanagem, ainda tem muita obra para ser feita, 665
então ainda tem muita oportunidade de emprego para as pessoas. Aqui em dutos
especificamente serão alguns empregos, mas no site vai ter muita geração de emprego
ainda, e ao redor, porque aí você começa a ter todo o desenvolvimento de empresas ao
redor, do setor de serviços, então indiretamente também esse projeto aqui é interessante,
porque ele gera um efeito positivo, nós treinamos 30 mil pessoas, todas vão trabalhar no 670
Comperj? Não necessariamente, mas vão estar trabalhando em empresas que prestam
serviço para o Comperj, vão trabalhar no setor de serviços, então é um efeito importante
para o desenvolvimento da região.
Agora já para o terceiro ciclo do Prominp, nós já temos aqui 70 pessoas aprovadas de
Magé, que vão estar cursando os cursos agora de construção e montagem em 675
2011/2012, nesse ciclo que vai ser realizado.
Essa é uma outra linha muito importante, é um convênio que a Petrobras tem com o
SEBRAE, que é para desenvolver empreendedores, empresas locais. Então nós já
tivemos aqui 6.400, um pouco mais de 6.400 pessoas sendo treinadas, participando dos
cursos, das palestras junto com o SEBRAE. 144 eventos realizados, e aqui em Magé nós 680
já tivemos 9 eventos, 147 empreendedores participando. Inclusive agora dia 1º de Julho,
nós vamos ter uma entrega de certificados de aproximadamente 40 empresas aqui do
município, ou empreendedores que participaram dos cursos Meu Município, Meu Negócio,
e outros cursos que aconteceram.
Além dessa qualificação de 30 mil pessoas para atender aí a demanda de mão de obra do 685
Comperj, é importante também que, como eu falei, essa equipe de Responsabilidade
Social, está preocupada em trazer cursos para os municípios. Então existem cursos
gratuitos no SESI, no SENAI, no SENAC, de informática, inglês, espanhol, Libras -
Linguagem Brasileira de Sinais, português, que acontecem, são dados em outros
municípios, e a gente está buscando trazer esses cursos para os municípios que estão na 690
área de influência do Comperj. Hoje vocês podem buscar mais informação nos sites da
Firjan, no site do SENAC, mas esses cursos, quando eles forem acontecer aqui no
município, nós iremos fazer uma divulgação no município, será feita uma divulgação na
Agenda 21 local, no Poder Público, junto ao secretário, enfim, de Trabalho, de Educação,
então quando acontecerem. Agora, qualquer dúvida também ligar para o 0800, que a 695
gente quando tiver já as datas informa.
Antes de terminar, eu só queria dizer só mais um projeto da Petrobras muito importante
também, que é uma articulação que a Petrobras está fazendo com o Ministério das
Cidades, com a Caixa, com o BNDES, que é um projeto de infraestrutura, para trazer
projetos de infraestrutura para a região. O objetivo é fazer uma articulação para que os 700
recursos federais, estaduais, venham para a região, sejam olhados os projetos que
existam nos municípios, e então se promova o desenvolvimento da região. Então é um
projeto muito importante que está começando, e enfim, a gente acredita que vai trazer
muito desenvolvimento para a região. Então obrigado, fico a disposição aí depois para
mais dúvidas. 705
ANTÔNIO GUSMÃO – Muito obrigado pela apresentação, falando dos projetos da
Petrobras, e agora o nosso colega do INEA, o José Alencar vai mostrar como é que o
projeto se desenvolveu lá no órgão ambiental, desde o início até o presente momento,
nesse momento da realização da Audiência Pública. Esse projeto já passou por algumas 710
etapas no INEA, e o Alencar que é o chefe do grupo de trabalho que está analisando esse
pedido de licença, vai mostrar para vocês qual foi aí a movimentação desse processo até
o momento. Muito obrigado.
JOSÉ ALENCAR – Bem, boa noite a todos. Como o Gusmão já falou, meu nome é José 715
Alencar Soares Sampaio, eu sou Técnico do INEA, Coordenador do grupo de trabalho
que elaborou a Instrução Técnica para esse empreendimento, e vem analisando o Estudo
de Impacto até agora. Contamos com a ajuda de vocês para continuar essa avaliação.
Bom, as fases do Licenciamento Ambiental, tem que se entender o que significa o
Licenciamento Ambiental. É o procedimento administrativo pelo qual o INEA estabelece 720
as condições, restrições e medidas de controle ambiental, que devem ser obedecidas na
localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos utilizadores de
recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, ou aqueles
capazes sob qualquer forma de causarem degradação ambiental. Nesse caso o
empreendimento em questão se enquadra como de significativo potencial, dessa forma 725
sujeito ao estudo de impacto ambiental, e estamos aqui discutindo.
A Licença Prévia então, que é objeto dessa Audiência Pública, é objeto do estudo, é a
fase preliminar que consiste do projeto do empreendimento a ser licenciado, quanto a sua
localização, concepção, e viabilidade ambiental.
O resumo das três fases de licenciamento pelo qual vai passar esse empreendimento 730
seria então a Licença Prévia que atesta a viabilidade ambiental. Nesse caso o INEA
estaria autorizando a localização e a sua concepção. A Licença de Instalação, onde
observamos os planos, programas e projetos aprovados. Esses programas que foram
apresentados aqui. Nessa fase então o INEA autoriza a implantação e/ou ampliação, no
caso a implantação do empreendimento. E a última fase do licenciamento seria a Licença 735
de Operação, onde se observaria o cumprimento efetivo das restrições das licenças
anteriores, quer dizer, a Licença Prévia, e Licença de Instalação. E o INEA então emitiria
a Licença de Operação, autorizando o funcionamento do empreendimento.
A fase então de licenciamento do empreendimento em questão, essa Licença Prévia, ela
passa pelo requerimento, análise do requerimento. Esse empreendimento passível de 740
estudo de impacto como previsto na legislação, como exigência do INEA. Observada essa
necessidade, o INEA instituiu então um grupo de trabalho constituído por diversos
profissionais de áreas diversificadas, profissionais que analisaram todo o estudo, e estão
nessa fase até agora de finalização aguardando essa Audiência Pública, a finalização
dessa Audiência Pública, para dar prosseguimento na avaliação a análise do projeto. 745
Após a análise do EIA-RIMA, o grupo de trabalho emite um parecer favorável ou não.
Sendo o parecer favorável, serão estabelecidas as condicionantes a serem atendidas nas
próximas fases de sua implantação.
Aqui um breve histórico do processo, desde a sua entrada no INEA até a data de hoje.
Em 09 de Maio de 2008 a Petrobras deu entrada no requerimento de Licença Prévia no 750
INEA, no dia 15 de Maio o INEA então instituiu o grupo de trabalho. 27 de Maio foi emitida
a notificação do INEA para entrega da Instrução Técnica. No dia 13 de Novembro de 2009
foi emitida uma nova notificação de aceite do EIA-RIMA para fins de análise. Então nós
recebemos o EIA-RIMA, fizemos uma pré-avaliação do seu conteúdo, emitimos uma
notificação para poder entrar o EIA-RIMA na avaliação. Em 06 de Maio foi publicado em 755
Diário Oficial a autorização de convocação da Audiência Pública através da Deliberação
CECA nº 5.323/2011. 1º de Junho de 2011 publicada a data para a realização da
Audiência Pública no município de Cachoeiras de Macacu. 03 de Junho publicada a data
da realização das Audiências Públicas dos municípios de Guapimirim e Magé. No dia 13
de Junho foi realizada a Audiência Pública no município de Cachoeiras de Macacu, dia 15 760
a Audiência Pública do município de Guapimirim, e hoje, 21 de Junho, essa Audiência que
estamos presenciando.
A análise do requerimento então, do estudo de impacto ambiental, ela encontra-se
atualmente em andamento pelo grupo de trabalho, nós estamos avaliando esse estudo.
Para elaboração do parecer final serão consideradas as manifestações apresentadas 765
nesta fase de debates, quer dizer, aguardando as três Audiências Públicas, as
manifestações das pessoas presentes nessas audiências. Nos próximos 10 dias a contar
desta data, as mesmas deverão ser encaminhadas, quer dizer, as manifestações deverão
ser encaminhadas ao INEA, para que nós possamos observar qualquer contribuição
possível na nossa avaliação. 770
Esse é o grupo de trabalho que eu falei, composto pelos 2, 4, 6, 8, 10, 12 técnicos do
INEA. E aí o endereço do INEA para que vocês possam encaminhar as suas
manifestações, as quais nós estamos aguardando com muita ansiedade. Muito obrigado a
todos.
775
ANTÔNIO GUSMÃO – Muito obrigado ao José Alencar pela sua participação. Queremos
também registrar a presença do senhor Pedro Laurentino. Cadê o senhor Pedro
Laurentino Cardoso?Que fez um contato lá com o órgão ambiental ontem, e está
representando a sua associação, muito obrigado pela presença senhor Pedro. E para
finalizar essa parte inicial das apresentações, nós vamos aqui ouvir agora a palavra do 780
Ministério Público Estadual, que está acompanhando o processo aqui, a Dra, Débora
Vicente e os seus comentários.
DÉBORA VICENTE – Boa noite a todos, o meu nome é Débora Vicente, eu sou
Promotora de Justiça, integrante do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. 785
Quero inicialmente parabenizar a CECA, ao INEA, e a Petrobras, por terem realizado uma
Audiência Pública dotada de representatividade, com a presença de inúmeros
interessados, a comunidade local, entidades, enfim, permitindo então que esse ato, que
essa Audiência Pública não se tornasse apenas uma formalidade, uma fase a ser
vencida, mas efetivamente uma etapa de debate, enfim, as características do projeto, e 790
das consequências tanto ambientais, quanto socioeconômicas, que certamente ele irá
causar nos municípios diretamente afetados.
Quanto a observação, a análise do EIA-RIMA, eu gostaria de esclarecer aos senhores,
porque INEA, CECA, e a Petrobras, certamente já tem conhecimento dessa informação,
esses instrumentos são analisados no Ministério Público por um grupo de apóio técnico, 795
são os nosso técnicos periciais que emitem então informações técnicas a respeito do EIA,
e o RIMA, de cada um dos empreendimentos que nós recebemos, afim de subsidiar a
atuação do Promotor de Justiça. Essas informações técnicas será enviadas no prazo dos
10 dias ao INEA para fim de análise, quando da elaboração do parecer técnico
relacionado a emissão da Licença Prévia, e o INEA certamente terá a oportunidade de 800
observar os pontos destacados pelos nossos técnicos periciais. Mas eu gostaria de
pontuar aqui três que nos causaram alguma preocupação, primeiro a questão da análise
de risco, que foi destacada. Nós consideramos, os técnicos periciais do Ministério Público,
consideraram que houve uma insuficiência dessa análise, sobretudo no que diz respeito
ao trajeto desses dutos, onde já existem outros oleodutos, gasodutos instalados. 805
Normalmente a análise de risco é realizada individualmente para cada empreendimento, e
nós consideramos que seria necessário, ao menos não identificamos que tenha havido
uma análise dos riscos cumulativos da existência de vários dutos e oleodutos na mesma
área, principalmente nos locais mais densamente povoados. Outro ponto destacado pelo
grupo de apóio técnico do Ministério Público, foi a questão das emissões atmosféricas na 810
Bacia Aérea 3, já considerada, segundo informações que nós temos, saturada. Então isso
também é um ponto de preocupação do Ministério Público. E terceiro entre alguns outros
destacados, a questão da fragmentação de habitat e ausência, e perda de conectividade
entre esses fragmentos restantes, com possibilidades de prejuízos na nossa concepção,
ainda não dimensionados quanto a fauna existente. Essas sã observações relacionadas a 815
esse empreendimento, que certamente serão objeto de análise pelo INEA, e também pela
empresa Petrobras. Outros pontos que nós consideramos importantes que sejam
destacados, e foram debatidos na reunião que nós realizamos ontem na sede do
Ministério Público, transborda um pouco a questão da análise desse empreendimento dos
dutos e terminais do Comperj, mas de qualquer maneira, dizem respeito a ele e a todos 820
os demais relacionados a esse complexo. Na ótica do Ministério Público é preciso que
haja uma maior interação entre o INEA, o Ministério Público e a Petrobras, no sentido de
que possa ser absolutamente transparente o processo de licenciamento. A interação do
INEA e do Ministério Público tem sido cada vez mais intensa, nós temos avançado muito
a cada dia no contato entre as duas instituições, mas ainda é preciso que esse contato 825
seja intensificado entre a Petrobras e o Ministério Público. Nós destacamos, por exemplo,
três pontos ontem na nossa reunião, que são transparência dos processos de
licenciamento que envolvam todas atividades do Complexo, em relação à fases, licenças
já concedidas, a questão das compensações também, que ao Ministério Público tem sido
complicado compreender de que maneira elas estão sendo estabelecidas em cada um 830
dos licenciamentos.
E aquilo que a gente sempre toca em todas as Audiências Públicas em que temos a
possibilidade de estarmos presentes, que é a questão da análise sinérgica de efeitos
cumulativos entre todos os empreendimentos, não só realizados pelo Comperj, pela
Petrobras, mas também aqueles que são trazidos para a região em função da instalação 835
do Complexo.
Nós e o INEA devemos nos reunir nos próximos dias para tratar desses pontos, mas
também considero que seja interessante que a Petrobras, no momento oportuno, também
debata com o Ministério Público alguns pontos relacionados a essas observações que nós
fizemos. 840
De outro lado, quero destacar aqui a todos os presentes, que a posição do Ministério
Público nunca foi, e nem deve ser, de oposição à instalação de empreendimentos, mas é
de cautela em relação aos efeitos, à analise dos efeitos que eles podem trazer para as
comunidades, para o meio ambiente e para a sociedade envolvida neles. Muito obrigada.
845
ANTÔNIO GUSMÃO – Muito obrigado a apresentação da nossa colega do Ministério
Público, que é muito importante a presença dela aqui na nossa Audiência. Então, nós já
estamos recebendo as perguntas aqui, até o momento já passamos de 100 perguntas,
vocês estão de parabéns, é ou não é? A turma vai responder as perguntas. E enquanto
nós estamos separando as perguntas, para dividi-las em blocos, já são 9 horas, 9:10. 850
Então nós vamos fazer um intervalo, para a segunda parte dos debates, de 10 minutos. E
aqui à nossa esquerda, à esquerda de vocês, está servido um lanche, que é para a gente
chegar com toda força e disposição na hora dos debates, está certo? Então voltamos em
10, 15 minutos, enquanto separamos as perguntas. E um bom lanche para todo mundo aí.
Obrigado. 855
INTERVALO
ANTÔNIO GUSMÃO – Bem, então vamos, vamos retornar, fazer a, vamos recompor aqui
as mesas, convidar aqui as pessoas. Então muitas perguntas foram recebidas aqui na 860
mesa, demonstrando uma boa variedade de preocupações que as pessoas tem aqui, em
relação à passagem dos dutos, as desapropriações, aos riscos envolvidos, algumas
situações de obras anteriores, outras em relação a distância do duto das residências,
outras falando sobre medidas compensatórias, enfim, vamos selecionar essas perguntas,
e as pessoas que fizeram e estão se identificando aqui, nós vamos selecionando e 865
passando para vocês. Muito bem.
Bem, então, todos estão aí? Muito obrigado. Então aqui, uma grande ansiedade aqui da,
uma grande ansiedade das pessoas presentes aqui na Audiência, é em relação ao
traçado e onde o duto vai passar, e como esse local vai interferir nas residências. Então
aqui, a Sra. Angélica Nascimento, a Sra. Euzira, a Sra. Vilma Martins. Essas pessoas 870
estão aí? Obrigado. Também Marcilene Santos Viana, Sr. Mauro Aluísio. Então, essas
perguntas, e a Sra. Maria Aparecida Rodrigues também, as perguntas que eles fazem é o
seguinte: se o Barro Vermelho vai ser atingido? Se a Petrobras vai ocupar a área lá da
Dona Euzira, onde ela mora, em Suruí, Magé, no Bairro do Partido? E muitas pessoas
dizem que ouviram comentários, escutaram algumas conversas, e elas não sabem 875
exatamente se aquela região que elas moram, as suas casas serão atingidas pelos dutos,
outros ficam ansiosos porque não sabem exatamente onde é que esses dutos vão passar.
Então, justamente aqui, não é, essa preocupação, eu queria que vocês esclarecessem
também ao pessoal lá de Suruí, eles gostariam de saber depois em detalhes. Aí é uma
questão depois de conversar, inclusive com a Sra. Vilma Martins. Qual o local que os 880
dutos vão passar? Gostaria de saber detalhes maiores. E ainda, a Sra. Marcilene, está
preocupada se o empreendimento, caso aprovado, vai acabar com todas as áreas de
moradia do Suruí, e que garantia essas pessoas terão, caso acabe com todas as
moradias do Suruí? E também nosso colega Mauro Aluísio, ele queria saber qual o
traçado dos dutos, porque o seu terreno fica localizado lá na Baía Branca. Então, vamos 885
ver essa primeira bateria de perguntas, concluindo com a Sra. Maria Aparecida
Rodrigues, se a área da Barra Vermelha vai ser atingida também pelos dutos. A turma do
bairro do Partido, Barro Vermelho, e se vai acabar com as moradias lá em Suruí?
MÁRCIO ACCORSI – Em relação a essa pergunta, eu não tenho aqui nas mãos detalhes 890
para poder responder exatamente, mas a gente pode dar a seguinte referência, como já
foi apresentado aqui, esse Sistema Dutoviário do Comperj, ele vai seguir paralelo à faixa
existente. Ou seja, aqui dentro do Município de Magé, praticamente a faixa é colada à
faixa de dutos existente. Então essa é uma primeira referência, a segunda referência é
que está sendo feito o cadastramento dessas residências que eventualmente vão ser 895
impactadas. Se alguma das pessoas já foi procurada para fazer o cadastramento, está
sabendo que vai ser feito um processo de negociação, ou em breve poderá ser procurada
para ser feito esse cadastramento. Quer dizer, detalhes a gente não tem aqui no
momento para poder passar exatamente, porque não tenho a planta em detalhes, eu não
tenho aquela planta, como foi apresentado, em grande escala. Mas a grande referência é 900
essa, ao lado da faixa existente. Então, se a pessoa que está preocupada aí mora ao lado
da faixa existente e ainda não foi cadastrada, é possível que venha a ser cadastrada, se
estiver na área de alcance da faixa nova.
ANTÔNIO GUSMÃO – Quer dizer, esses moradores aqui da região, como é que eles 905
podem ter acesso a essa informação Dr. Márcio? Eles gostariam de saber. Quer dizer, a
gente até compreende que mostrar com detalhe, rua por rua aqui, não seria possível, mas
eles gostariam de saber como é que eles podem ter essa informação, até porque isso
deve estar causando uma preocupação aí, uma ansiedade dos moradores desses bairros.
910
MÁRCIO ACCORSI – Ou pode procurar um cadastrador que está fazendo um trabalho
local, ou pode ligar para o 0800, que a gente passa a informação.
ANTÔNIO GUSMÃO – Quer dizer, outras pessoas também aqui, como o Sr. Aécio, Sr.
Aécio José está aí? Sr. Aécio, a Sra. Ângela, e também a Janaína Moreira, eles estão 915
dizendo o seguinte, eles gostariam de saber, que eles foram visitados por pessoas
identificadas como funcionários ou engenheiros, um acompanhante, que fizeram o
cadastramento, e em alguns casos as suas residências foram fotografadas. Aqui a Sra.
Ângela diz: a minha casa foi fotografada, depois foi medida. E eles gostariam de saber
qual o desdobramento desse procedimento, em relação às visitas que foram feitas e 920
essas fotografias. Eu acho que você está se referindo ao cadastramento, não é?
MÁRCIO ACCORSI – Exatamente.
ANTÔNIO GUSMÃO – Mas aí essas pessoas já tiveram as suas residências visitadas. 925
MÁRCIO ACCORSI – Então, conforme já foi apresentado aqui também, após o
cadastramento, nós encaminhamos para fazer uma avaliação, depois da avaliação vai se
voltar ao proprietário para fazer uma processo de negociação. Então, se ela já foi
cadastrada e não foi procurada novamente, é porque deve estar na fase de elaboração da 930
estimativa, ou seja, da avaliação daquela residência, e em breve ela deverá ser procurada
para um processo de negociação.
ANTÔNIO GUSMÃO – Em relação ao que foi apresentado aqui, o Sr. Geraldo Corrêa, o
Sr. Geraldo está aí? O Sr. Geraldo, obrigado Sr. Geraldo, ele estava, vocês falaram aqui 935
sobre a passagem de fibra óptica, é ou não é? Isso suscitou algumas dúvidas aí, algumas
perguntas das pessoas moradoras aí de Suruí, que eles não tem acesso à Banda Larga,
se essa fibra óptica também seria estendida à população, aos usuários aqui da região.
MÁRCIO ACCORSI – Olha, essa fibra óptica, ela é usada por aquele sistema de 940
comunicação da Petrobras, para fazer a comunicação entre as válvulas e os sistemas
periféricos, com a central da Petrobras. Um programa de utilização pela comunidade, é
um programa já um pouco fora da nossa alçada, não está no projeto atual.
ANTÔNIO GUSMÃO – Quer dizer, portanto, a fibra óptica é para utilização do sistema da 945
Petrobras, não é, fazendo.
MÁRCIO ACCORSI – É, o sistema de segurança dos dutos.
ANTÔNIO GUSMÃO – Está certo. Aqui nós também tivemos uma pergunta bastante 950
interessante da Sra. Iraci, Iraci Rocha, Dona Iraci obrigado aí pela presença. A Dona Iraci,
ela se demonstra satisfeita com as informações que recebeu aqui na reunião, mas a
preocupação dela é, eu acho que deveria dar mais um pouquinho de atenção ao que ela
está solicitando, em relação a como é que vai se realizar essa retirada das pessoas.
Quando que a obra pretende começar? É claro que isso tudo depende do licenciamento, 955
porque vocês não tem nem licença para isso. E toda essa bateria dessas ansiedades das
pessoas, eu gostaria de resumir aqui na Dona Iraci, em relação a quanto tempo, quando
elas terão informações que serão desapropriadas, as pessoas moradoras nessa região?
Também Barão de Iriri, Sr. Aluísio, que é comerciante, vários comerciantes aqui, eles
gostariam de saber como proceder em relação às indenizações, a Sra. Denise também. E 960
também o Sr. Nivaldo pergunta o seguinte, que durante algum tempo ele sofreu alguns
impactos, alguns incômodos, em relação à obra anterior do primeiro duto que passou, ele
queria saber se nessa nova etapa ele também vai ter alguma influência na região dele,
que ele tem um pequeno negócio ali no Suruí, a maioria das pessoas ali do bairro do
Partido. Então, se vocês pudessem dar aí uma orientação e uma explicação, nesse 965
sentido de qual seria a previsão dessas intervenções nessas áreas aí do Suruí, do
Partido, em relação às desapropriações dessas pessoas.
MÁRCIO ACCORSI – Como foi apresentado no início, a obra só pode começar após nós
recebermos a Licença de Instalação do INEA, e isso tem um cronograma previsto aí, 970
provavelmente para o final do ano, no final do ano estaríamos recebendo essa Licença de
Instalação, então a obra estaria se iniciando aí em meados do ano que vem, início do ano
que vem. Essa é previsão que a gente tem, mas depende muito do licenciamento, não
podemos começar a obra sem o licenciamento. Com relação à obra anterior, o que a
gente tem para indicar, é que nós temos informações de todos os problemas que 975
ocorreram na obra anterior, e estamos tomando todas as providências para minimizar
esses problemas, evitar que eles ocorram. Conforme foi apresentado pela Consultora
Fernanda, diversos programas vão ser implementados nesta obra para evitar os impactos
da obra na comunidade, essa é a nossa intenção realmente de evitar que os problemas
voltem a ocorrer. 980
ANTÔNIO GUSMÃO – O que vocês estão perguntando, e é importante que seja
esclarecido na Audiência, que o pedido de licença feito pela Petrobras foi para a
passagem desses dutos, vocês viram o traçado dos dutos, passa pelos municípios ali,
vem de Cachoeiras de Macacu, passa aqui 29 ou 26 km em Magé, acho que é esse o 985
percurso. O que está sendo discutido aqui, nessa Audiência de hoje, é a apresentação do
projeto. O Gustavo veio pedir, o nosso colega lá da Secretaria, a gente quer os programas
ambientais. Esses programas vão ser entregues, mas esses programas ainda não foram,
na totalidade, não foram feitos, porque ainda está na fase do licenciamento, ou seja, do
licenciamento prévio, portanto, não há garantia nenhuma. Vocês viram a Consultora dizer 990
que a Análise de Risco foi feita, indicada, sim, a Análise de Risco já foi feita, porque faz
parte desse início de Estudo de Impacto. Agora, no caso de ser concedida a Licença
Prévia, a próxima etapa é a empresa solicitar a Licença de Instalação, e segundo o que
nós estamos ouvindo até agora, caso essas etapas todas sejam, que a gente prospere,
evolua no sentido das Licenças, isso é para início do ano que vem então, seria essa a 995
previsão, não é Márcio? Portanto, daqui a uns oito meses, 7, 8 meses, é ou não é?
MÁRCIO ACCORSI – Positivo.
ANTÔNIO GUSMÃO – Então, mas as pessoas, muitas perguntas, eu acho que a gente 1000
tem a obrigação de trazer essa tranquilidade. Se vão acabar as residências no Suruí, e se
vão acabar as residências do bairro do Partido? É isso que a turma está querendo saber,
se vai acabar com todas? Mesmo que seja concedido a Licença e a obra se inicie.
MÁRCIO ACCORSI – Evidentemente que não, apenas aquelas residências que estiverem 1005
na área em que os dutos vão passar, fora da área dos dutos não há nenhum impacto
evidentemente.
ANTÔNIO GUSMÃO – Quer dizer, uma outra preocupação também que temos aqui, do
Sr. Alexandre Anderson, da Sra. Dulce Regina, do Sr. Valdeci. Essas pessoas estão 1010
presente aqui? Obrigado. Alexandre, ah está certo, o Alexandre nosso colega, não tinha
reparado que era você, desculpa. Eles falam em relação à possíveis acidentes nas
comunidades, falam em questão de acidentes, de derrame de óleo, de segurança, não é?
Então, qual a garantia que a comunidade terá, que nenhum duto vai estourar? E se
acontecer, qual a providência que será tomada? Eu vi vocês mostrando aí planos de 1015
emergência, programas de combate à derrames de hidrocarbonetos, que todos serão
realizados com a continuação do licenciamento. Então o Alexandre: levando em conta os
inúmeros acidentes ocorridos com dutos, gasodutos, navios, terminais, de propriedade ou
à serviço da Petrobras pelo Brasil, qual a metodologia ou tecnologia aplicada nos novos
empreendimentos? E eles são seguros? Estamos falando de vidas humanas que vivem 1020
ao redor dessas dutos. Essa foi a pergunta do Alexandre, e a Sra. Dulce Regina, Dona
Dulce Regina muito obrigado, boa noite Dona Dulce. E para nossa segurança teremos
algum sistema de desocupação, de retirada da área? Muito boa a pergunta da Dona
Dulce. Seremos recortados por 12 dutos que cruzarão as nossas vias. E fechando essa
série, o Sr. Valdeci Macedo. Qual a garantia que a comunidade terá que nenhum duto vai 1025
estourar? Valdeci Macedo, obrigado Sr. Valdeci. E se acontecer, qual a previdência,
desculpa, a providência que será tomada em relação aos planos e futuras indenizações?
Então, essas perguntas mais técnicas em relação ao que fazer, em relação à danos
ocorridos de derrames ou vazamentos.
1030
MÁRCIO ACCORSI – Olha só, vou até repetir aquilo que eu falei um pouco na
apresentação. Com relação ao duto estourar, a probabilidade é muito pequena, primeiro
porque o processo de construção, como eu apresentei aqui, a gente usa tecnologia
avançada. Vocês viram ali os equipamentos de ultra-som, para verificar a qualidade da
solda. Se tiver um mínimo defeito na solda ele vai detectar e aquela solda está reprovada, 1035
vai ter que ser refeita. Depois os dutos são testados com pressão hidrostática, com água,
com uma pressão muito maior do que a pressão que o duto trabalha. Então, isso dá uma
garantia que o duto tem uma resistência muito grande. Depois, durante o processo de
operação, passam aquelas ferramentas dentro do duto, que a gente chama de PIG, pig é
porco, mas ela faz a inspeção do duto, então se detectar algum defeito, o duto é 1040
paralisado para fazer o reparo. Então, a probabilidade de ter um acidente é muito
pequena. Eu diria que os acidentes mais prováveis de acontecer são por um dano
externo. Como eu mostrei ali, existe a placa de sinalização que não deve ser feita
escavação na faixa, mas inadvertidamente alguma pessoa pode ir lá com uma
retroescavadeira e começar a escavar, e não atentar para aquela observação e atingir o 1045
duto. Se atingir o duto, ele vai furar, ele não explode, não tem como explodir, mas ele
pode furar e acontecer um vazamento, nesse momento aquele sistema de válvulas vai
bloquear o trecho, ou seja, vai ficar com uma área muito reduzida para aquele vazamento.
Então, aí sim tem um programa, conforme a Consultora Fernanda falou, um programa de
aviso à comunidade, de informações, um programa de tratamento dos resíduos etc., etc., 1050
então existe toda essa sistemática. Então, eu diria que a probabilidade de acontecer um
acidente é muito pequena.
ANTÔNIO GUSMÃO – Alexandre, você quer algum comentário, está satisfeito? Leva ali,
por favor, o microfone à eles aí por favor. 1055
VALDECI MACEDO – Olha só, ele disse que a probabilidade é pequena, ele não disse
que seria zero. Se acontecer, o que seria feito? Qual o procedimento a ser feito? Isso aí
que eu queria mais explicação a esse respeito.
1060
ANTÔNIO GUSMÃO – Obrigado Sr. Valdeci. O colega da turma de Análise de Risco, eles
vão esclarecer isso para o senhor. Então, por favor, o seu Valdeci está preocupado aí em
relação ao que, é improvável que aconteça, é difícil, mas se acontecer, qual é a ação de
combate, não é isso? A gente sabe, seu Valdeci, que acidente zero não existe, mas tem
que ser tomadas todas as medidas, é ou não é? Quando a gente pega um avião, tem que 1065
ser 99,999 né, e na área ambiental é a mesma relação. Então, vamos conversar aí com a
turma, para explicar melhor para o seu Valdeci, e depois o Alexandre também, esses
questionamentos em relação às medidas tomadas caso aconteça um derrame ou um
vazamento, que vocês já disseram que é improvável acontecer.
1070
NILTON FRANÇA – Boa noite, eu sou representante da empresa que fez o Estudo de
Análise de Risco, e como o Márcio falou, na ocorrência de um acidente, como é muito
pequena a probabilidade, as válvulas de bloqueio atuariam para minimizar a
consequência do vazamento. E também existe um Plano de Ação de Emergência, onde
há procedimentos de resposta, onde todos os procedimentos, todas as ações que 1075
deverão ser tomadas estão descritas. E há planos de treinamento também, brigada de
emergência, que visam minimizar essas consequências. Está ok?
ANTÔNIO GUSMÃO – Alexandre. Alexandre vai falar sentado, porque está contundido.
1080
ALEXANDRE ANDERSON – Isso. Uma boa noite à todos, principalmente o pessoal da
mesa, estou feliz em ver todos aqui. Parabéns Gusmão, mais uma vez, sempre
direcionando um bom trabalho perante às comunidades nas Audiências Públicas. E estou
feliz em ver também a representante do Ministério Público, isso engrandece aqui o nosso
conteúdo dessa Audiência Pública. E um abraço especial para o pessoal de Magé, estou 1085
gostando de ver os pescadores de Suruí, isso é muito importante. A preocupação do
companheiro ali é a mesma preocupação nossa. Nós sabemos que a parte mecânica, o
homem perfeito, a parte mecânica mais ainda. Conhecemos o histórico de vários
vazamentos, não só da Petrobras, mas de várias empresas pelo mundo, com tecnologias
inclusive mais avançadas do que a Petrobras. O que me preocupa é que fazendo uma 1090
vistoria prévia, antes mesmo de me acidentar, pelas linhas de dutos da Petrobras, parte
terrestre, eu verifiquei uma distância muito pequena das residências, dos povoamentos,
inclusive uma fragilidade em áreas em que não há asfalto, cimento asfáltico ou um asfalto
mais denso. E isso, não só basta uma pessoa apenas perfurar, ou uma draga, um próprio
acidente mesmo terrestre, onde não há recapiamento, ou mesmo uma ruptura próximo a 1095
essas residências, será mais fatal do que é previsto no sistema da Petrobras. Tem dutos
que passam dentro da casa de pessoas, temos aqui em Suruí, próximo ali a entrada do
Partido. Isso aí eu acho que Petrobras tem que tomar atenção nisso. Sabendo que vão
usar quase a mesma rota, a mesma linha, é uma coisa a mais para se preocupar, porque
isso aí existe, vocês saindo daqui, vocês vão verificar isso que eu estou falando. Santa 1100
Dalila também é outra preocupação, sem falar na questão do meio ambiente. Nós vamos
cortar alguns rios, vamos cortar APA, APAs municipais, APAs federais, vamos cortar
bastante rios importantíssimos para a Baía de Guanabara, vamos causar talvez um
acidente, numa região que já é castigada, super vulnerável, que é a região que banha a
Baía de Guanabara, vai acabar não só com a questão lá da vegetação, com aqueles 1105
peixes, mas com o sustento de milhares de famílias que estão aqui presentes. Eu gostaria
que a Petrobras me respondesse essa pergunta, e saber também se eles tem
conhecimento dessa fragilidade aonde que já passam os dutos aqui, principalmente
dentro de Magé?
1110
ANTÔNIO GUSMÃO – Muito obrigado pela pergunta, isso cabe até como observação em
relação à obras anteriores, o que é objeto de algumas perguntas também aqui. Então com
certeza os colegas da Petrobras estão verificando isso, estão anotando, e vão te
responder, e vão averiguar isso que você está falando.
1115
MÁRCIO ACCORSI – Olha só Alexandre, em relação a segurança dos dutos, volto a
informar que existe toda uma sistemática de proteção, os dutos, eles são enterrados a
uma profundidade que não é muito simples de ser atingido, normalmente ele tem uma
profundidade de 1,50m, 1,80m, e quando eles atravessam os rios, eles além disso
recebem uma proteção, uma camada de concreto. Então além de ter essa proteção de 1120
construção e montagem, de garantia que não vai ter problemas com duto, quando eles
passam pelos rios eles tem uma camada de concreto adicional, ou seja, a resistência é
bastante grande. Quanto a essa questão que você fala aí de passar em residências hoje,
precisa passar para a gente as informações, nós não temos, mas você passa as
indicações, eu não acredito que exista, porque esses dutos que foram anteriores,eles 1125
foram licenciados, então eles foram licenciados, eles tem uma aprovação dos órgãos
competentes, e evidentemente que não ia passar próximo a uma resistência, até porque a
análise de risco não permitiria isso, mas se tiver uma indicação, passa para a gente
depois verificar.
1130
ANTÔNIO GUSMÃO – Eu acho que isso aí é objeto de vocês depois passarem essa
informações, e combinarem aí. Depende agora de um acerto aí de vocês passarem essas
informações.
ALEXANDRE ANDERSON – Eu tenho um material fotográfico, eu vou encaminhar para a 1135
Petrobras, com cópia para a CECA, mas se o senhor tiver alguma dúvida, uma é no
Partido, do lado da Amendoeira, tem um poste dentro da residência de um pessoal lá, o
senhor fica à vontade para daqui a pouco ir lá.
ANTÔNIO GUSMÃO – Então está bom. Então, ele tem esse material, alguém da 1140
Petrobras vai manter contato com você aí, para você esclarecer. Eu tenho também uma
pergunta aqui da Sra. Renilda, a Sra. Renilda está aí?
DULCE REGINA – Eu gostaria de antes da Sra. Renilda.
1145
ANTÔNIO GUSMÃO – Pois não.
DULCE REGINA – Eu queria fazer uma colocação.
ANTÔNIO GUSMÃO – Pois não senhora. 1150
DULCE REGINA – Eu moro em Barão de Iriri. No meu bairro nós já temos lá, são 5 dutos
que já estão passando nessa faixa lá dentro do bairro. A via de tráfego, eles fazem um
recorte nas vias de tráfego lá. Não é recapeado, é barro quando chove, entendeu, é um
terreno vulnerável, e às vezes eu fico apreensiva, até porque quando o senhor ali disse 1155
que é 1,50m mais ou menos de profundidade desses dutos, lá se passa caminhões
pesados, inclusive na época da obra, nessa última agora, eram máquinas imensas que
passavam pra lá e pra cá nesse, transitando em cima desses dutos. E agora com a
colocação de mais 7 dutos, quer dizer, vamos para 12 dutos, todos recortando a nossa
comunidade. Nós inclusive, nós não temos saída, porque se houver esse mínimo, mínimo, 1160
mínimo que existe de risco, mas existe. Então, se houver qualquer acidente, como o
senhor também, o técnico vem dizer, não, tem um sistema. Mas nós não conhecemos
esse sistema, se houver alguma explosão, alguma coisa, nós não temos por onde sair,
nem pela Baía de Guanabara, porque também está cheia de dutos, não é verdade? A
nossa estrada é recortada, o que vai para Suruí tem duto, o que saí na rodovia tem dutos. 1165
Então, eu acho que falta uma aproximação maior da Petrobras com a comunidade, até
para fazer com que a gente entenda melhor esse sistema, e que a gente não fique tão
apreensiva quanto a esses riscos que a gente corre sim, entendeu, é um risco
permanente que a gente fica muito preocupada. E a gente, se tem um sistema, a
comunidade não tem conhecimento dele, está certo? Obrigada. 1170
ANTÔNIO GUSMÃO – A senhora é Dona Dulce, não é?
DULCE REGINA – Sou.
1175
ANTÔNIO GUSMÃO – Dona Dulce, a senhora está absolutamente coberta de razão, e
está falando de uma forma absolutamente delicada, representando a sua comunidade, a
sociedade. Agora, isso que a senhora falou também foi comentado na reunião que nós
fizemos, na Audiência Pública lá em Cachoeiras de Macacu. E naquela ocasião, as
pessoas responsáveis da Petrobras, eles fizeram um contato com a Dona Dulce lá de 1180
Cachoeiras de Macacu, e depois chegaram lá a um entendimento em relação a essas
melhorias, ou a verificação de passivos que ficaram de obras anteriores, como o
Alexandre falou, e o nosso colega, como é o nome dele? Desculpa, Valdeci. Valdeci, não
é? Em relação a problemas que ficaram de obras anteriores, até porque muitos desses
dutos vão passar em locais onde já tem outros dutos, não é isso? Então, quer dizer, a 1185
lição que nós tivemos, a experiência da Audiência anterior, é que as pessoas da
Petrobras se responsabilizaram no sentido, se comprometeram em verificar isso, inclusive
de obras que foram feitas por empreiteiras, por pessoas contratadas por eles, é ou não é?
E ficou muito bem solucionado lá em Cachoeiras de Macacu, a sociedade ficou bem
satisfeita com isso, no sentido dessa melhoria, até para verificar se tem uma obra anterior 1190
que deixou um problema, não pode prosseguir esse problema numa obra anterior. Então,
eu queria que a senhora tivesse confiança nessa possibilidade de contato com eles, os
colegas da Petrobras, o nosso colega Alencar aqui do INEA está anotando isso tudo aqui.
E são essas contribuições na Audiência, quer dizer, os moradores, o Alexandre sabe que
tem um local notável que acontece alguma coisa, então nós, a obrigação de todos aqui é 1195
tentar melhorar a situação de vocês trazendo segurança.
DULCE REGINA – Muito bem, eu aguardo que a gente tenha uma relação mais próxima,
para que a gente tenha mais esclarecimento sobre todos esses riscos que a gente corre,
está certo? 1200
ANTÔNIO GUSMÃO – Está certo. E o objetivo da Audiência é exatamente esse.
DULCE REGINA – Correto.
1205
ANTÔNIO GUSMÃO – As pessoas também da empresa terem o contato com vocês, para
atenderem essas ansiedades aí. Eu agradeço a senhora, a sua forma delicada em que
colocou, e parabéns aí pela sua representação, está certo?
DULCE REGINA – Obrigada. 1210
ANTÔNIO GUSMÃO – Dona Renilda, podemos conversar? A Dona Renilda, ela também
vem nessa mesma preocupação de periculosidade, de medidas compensatórias,
degradação, geração de empregos. A pergunta da Dona Renilda foi um resumo de tudo o
que está aqui, não é? Em relação também às medidas compensatórias, que foram 1215
comentadas lá na reunião de Guapimirim, na qual nós tivemos aí a Sra. Lucimar. Cadê a
Dona Lucimar? Vamos esclarecer isso tudo hoje aqui com a senhora também, em relação
a essas compensações. Mas as perguntas da Sra. Renilda, em relação à periculosidade,
medidas compensatórias, oportunidade de emprego, geração, e também a preocupação
dela em relação ao aumento, como é que se acentua o risco da população, e também faz 1220
uma menção à obra do GASDUC-3, é ou não é Dona Renilda?
RENILDA JARDIM – Correto.
ANTÔNIO GUSMÃO – Que a obra lá do GASDUC-3 não é objeto do licenciamento de 1225
hoje, mas tem uma interligação, nós não temos como conectar, não é isso? Então, e
como é que seria feita a recuperação dessas áreas degradadas pela obra anterior? Então
eu estou lendo a pergunta aqui da nossa colega, Sra. Renilda Jardim, que ela é
Presidente da Associação de Moradores de Suruí, então tem uma representatividade
significativa. E antes que os colegas da Petrobras respondessem alguma coisa, eu 1230
gostaria que a senhora se manifestasse, fizesse oralmente uma colocação das suas
perguntas.
RENILDA JARDIM – Bom, primeiramente gostaria aqui enquanto cidadã, enquanto
moradora, e enquanto Presidente da Associação de Moradores aqui de Suruí, protestar 1235
contra a ausência do representante da Prefeitura Municipal de Magé aqui na nossa mesa
de trabalho. Ficou muito feio, porque nós estamos tendo alguns assuntos aqui
prejudicados, em razão da ausência de um representante municipal, daqui a pouco vão
querer caçar licenças, vão querer alugar máquinas, nesse momento todos se fazem
presentes, e num momento importante desse fogem. Gostaria também de cumprimentar 1240
aqui toda a minha comunidade que se faz presente, e eu entendo muito bem as razões,
porque nós sabemos o quanto nós sofremos com a obra do GASDUC-3. Tudo isso que foi
exposto aqui hoje, com relação às informações passadas aqui pelas autoridades
competentes, ficaram, foram passadas também no GASDUC-3, na obra do GASDUC-3, e
ficaram só no papel. Na verdade, a obra do GASDUC-3, e nós tememos muito também 1245
por essa obra do Comperj, que aconteça o mesmo, trouxe transformações sim nas
nossas vidas, trouxe prejuízos negativos às nossas vidas, estamos com a nossa
comunidade, que não viram um centavos das medidas compensatórias pagas pela
Petrobras ao Município de Magé, nenhum centavo chegou nas comunidades impactadas
por essa obra, e nós sabemos o quanto a Petrobras pagou à Prefeitura Municipal. Vemos 1250
aí comunidades como o Barro Vermelho, Ferro Velho, Ganha Pouco, Partido, que estão
cheios de mato, de valas a céu aberto, uma coisa absurda que ainda acontece em pleno
séc. XXI, com tanto dinheiro que a Petrobras tem, e tem posto aqui nos cofres públicos
municipais. Além das medidas compensatórias, ainda tem as verbas dos royalties, que
vem rigorosamente, mensalmente para essa cidade, que só esse ano foram mais de 70 1255
milhões de reais, e que não são gastos com as nossas comunidades. Nos prometeram
hospital, e não conseguiram sequer concluir a obra de reforma do Posto de Saúde
Central, que vive mais sem médico e funcionando de forma precária. Nos prometeram
também emprego, e o que nós vemos são famílias inteiras aguardando cestas básicas,
cujo programa está suspenso há mais de 2 anos aqui nessa comunidade. Nos 1260
prometeram um CEO, um Centro Especializado Odontológico, e estamos vivendo o
inferno nessa comunidade, com áreas inteiras sendo alagadas, ruas esburacadas,
estradas mal conservadas, e a população reivindicando, cobrando das autoridades
municipais, cobrando dos órgãos de fiscalização. Então, nós não poderíamos virar a
página anterior, passar para a página do Comperj, sem corrigir essa injustiça que vem 1265
sendo cometida com a população do Distrito de Suruí, um Distrito esse importante, que
faz divisa com o Distrito de Mauá, um Distrito esse que faz divisa com o Distrito Agrícola,
um Distrito esse que faz divisa com um Município importante, que é Duque de Caxias.
Minha gente, nós seremos o quarto em arrecadação de verbas do Governo Federal,
precisamos ficar unidos e atentos, porque não temos necessidade de estarmos crescendo 1270
em miserabilidade social, conforme nós estamos crescendo aqui a cada dia nessa Cidade
de Magé. Então esse é o recado que eu gostaria de dar. E gostaria também de que
constasse nos anais dessa Audiência Pública, o pedido da Associação de Moradores, de
nós incluirmos uma carta compromisso com a Petrobras, fazendo diretamente os
investimentos em infraestrutura, para essa comunidade saia desse caos e esse prejuízo 1275
que ela vem enfrentando em razão dessas obras. Então, por favor, porque se vocês
enviarem dinheiro para essa cidade, nós vamos continuar pisando na lama, vamos
continuar sem transporte, vamos continuar sem saúde. Está sendo aumentada a
periculosidade aqui, e nós precisamos saber quais são as ações de combate, para que
caso aconteça algum acidente, porque isso é possível, a gente saber como que nós 1280
vamos fazer, porque hoje nem transporte para sair correndo para Magé, para um hospital
nós temos. Muito obrigada a todos.
ANTÔNIO GUSMÃO – Bem, vamos agora atender aí ao pleito, ao que a Dona Renilda
falou aqui. Parabéns aí pela sua fala, absolutamente limpa, correta. Agora, a senhora 1285
falou algumas coisas interessantes que eu gostaria de esclarecer, e depois passar aos
colegas. A senhora falou em compensações ambientais, a senhora falou em empregos, a
senhora falou em royalties, a senhora falou em aproveitamento de mão de obra local,
danos anteriores de uma obra passada, não é isso? E também da possibilidade da
realização de projetos na sua localidade diretamente com a empresa. Mais ou menos foi 1290
esse o resumo da sua colocação. Em relação aos empregos, temos outras perguntas aqui
privilegiando empregos para a turma de Magé, qualificação, mão de obra, isso tudo a
Petrobras tem lá os seus sistemas, ela vai explicar para vocês. Em relação aos royalties e
as medidas compensatórias, Sra. Renilda, que também é uma preocupação da Sra.
Lucimar Fernandes, é que a legislação estabelece medidas compensatórias. O que são 1295
medidas, porque medida compensatória é diferente do royalties, o royalties que o
município recebe, que tem uma legislação própria que trás uma legislação para o
royalties, que divide os royalties por estado, por municípios. Aquele conflito. Lembra, que
teve ano passado de dividir entre outros estados da federação? Muito bem, então os
royalties tem a sua legislação. E o município aqui recebe os royalties, que a senhora até 1300
falou qual o valor, e a gente na área ambiental não atua muito nessa área. Muito bem!
Mas as medidas compensatórias de projetos tipo esse aqui, que foi objeto de Estudo de
Impacto Ambiental, que foi objeto de uma Audiência Pública, todos esses
empreendimentos Dona Lucimar, todos eles tem medidas compensatórias. E há uma
legislação federal que estabelece qual o percentual das compensações ambientais dos 1305
empreendimentos que fizeram aqui esse Estudo de Impacto. Por exemplo, se alguém em
Magé, ou em outro lugar qualquer quiser pedir ao INEA para fazer uma fábrica de
shampoo por exemplo, coisa para cabelo, esse empreendimento não tem um Estudo de
Impacto Ambiental, nem Audiência Pública como nós estamos aqui, então esse
empreendimento não tem medidas compensatórias, as medidas compensatórias são 1310
estabelecidas para esses empreendimentos de maior impacto. E aqui no nosso Estado o
percentual de compensação ambiental, ele vai até 1,1% do empreendimento. Então com
certeza esse empreendimento vai ser objeto de compensação ambiental, e essa
compensação, o percentual dela, se vai ser 0,9%, 1,1%, 0,8%, isso vai ser estabelecido,
vai ser cravado dentro da Licença Prévia, caso essa Licença Prévia seja expedida. Como 1315
esse empreendimento não é uma coisa pontual, é um oleoduto, é um conjunto de dutos,
de gasodutos, ele atravessa outros municípios. Então por atravessar outros municípios, é
feita uma distribuição dessas compensações para cima de projetos que sejam
encaminhados, como a senhora pode encaminhar, como a associação pode encaminhar
para a Câmara de Compensação. É claro que Magé vai ser mais beneficiado, porque a 1320
maioria do sistema passa por Magé, certo? Agora, além dessa compensação ambiental
que vai chegar a quanto, até quanto pode chegar? Até quanto? Isso. Até 1.1% pela nossa
legislação. Os últimos licenciamentos ambientais aqui no Estado, o Secretário Carlos
Minc, ele estabeleceu que seriam também incluídos 1% do empreendimento, esse 1%
distribuído em projetos que privilegiem saneamento, biodiversidade, projeto para 1325
desenvolvimento lá dos pescadores, como aconteceu no município de Itaguaí. Então nós
temos três situações aqui Dona Lucimar, primeiro são os royalties, que aí cada município
tem a sua regra, e que nós não temos influência nisso, mas as compensações ambientais
vão ser primeiro a da legislação, que vai até 1,1%, e além disso o Secretário está
colocando nessas novas licenças 1% para ser dividido entre saneamento, biodiversidade, 1330
pescadores, e um projeto que vocês tenham, e que seja colocado na Câmara de
Compensação, e esse dinheiro não vem para o município não, nem para o Estado,
diretamente a empresa que paga esses benefícios. Entendeu dona? Então o quê que
acontece? Pode falar Dona Lucimar, pode falar, pode falar, uma boa noite para a senhora,
e obrigado pela sua presença. 1335
LUCIMAR FERNANDES – Boa noite professor! Já fui sua aluna a muito tempo, tenho
grande admiração.
ANTÔNIO GUSMÃO – A senhora tirou nota 10 não foi? 1340
LUCIMAR FERNANDES – Foi, foi, ganhei bananada, ganhei bananada. Bom, ele
distribuía bananada para turma lá, quem acertava. Mas aí a gente está aí a muito tempo
estudando tudo isso. E trabalhando aqui na realidade de Magé, o que a gente está
pesquisando, o nosso instituto está pesquisando, é esse percentual das medidas 1345
compensatórias, que eu não estou conseguindo encontrar, por exemplo, nós estamos
falando hoje dos dutos, mas já foi feita toda terraplanagem do Comperj, já tem impacto
sentido em todos os municípios, o que está sendo informado são números de quantidade
de pessoas, eu quero saber recurso, eu sou contadora, e pelo menos pelo bem da minha
profissão, eu quero saber quanto isso implica em valor, e quanto já foi despendido 1350
efetivamente em Magé? Porque o tempo que a gente anda aqui não vê nada, a não ser
uma plaquinha aqui, outra ali, dos PAIS aqui e ali, mais nada. Então eu procurei nos sites
da Petrobras, eu procurei nos sites ambientais do Governo do Estado, na Secretaria de
Estado. Quem é responsável de fato, já que nós temos aqui no município uma situação
política muito frágil, como é que nós, organização civil, nos organizamos, e podemos 1355
dialogar direto com o Estado, com a União, com a Petrobras, seja lá com quem for,
porque não dá, com essa ausência de poder que tem aqui, com esse total descaso com o
município, como é que a gente pode acompanhar para onde esse recurso está indo?
Porque se os municípios que estiverem mais organizados forem tomando esse recurso, o
quê que a gente pode fazer para resolver isso aqui? E onde eu acompanho? Isso não só 1360
como cidadã, mas também como estudiosa do assunto, eu quero acompanhar
financeiramente quanto tem que ser investido, e quanto é esse pró-rata, peço ao
Ministério Público por favor que ajude a gente a desvendar esse mistério, porque isso não
tem transparência, nós não sabemos quando chegar o recurso.
1365
ANTÔNIO GUSMÃO – Desculpe, seu nome é Márcia? É Lucimar, eu me lembrava. Olha
só turma, a Dona Lucimar, olha só, eu só vou discordar um pouquinho, respeitando aí as
nossas bananadas, da faltada transparência em relação aqui à Secretaria, mas aí eu vou
explicar para a senhora porque, só me adiantei no seguinte, a Petrobras, se a senhora for
procurar no site da Petrobras essas destinações, provavelmente a senhora não vai 1370
encontrar, porque não é objeto, não é função da Petrobras, eu não sei, eu nunca visitei o
site da Petrobrás, mas eu acho que ela na vai dizer aonde foram as compensações, na é
a função dela. Agora, a compensação do Comperj por exemplo, que é independente
dessa aqui, o Comperj é um projeto de cerca de 17 bi por exemplo, então a senhora
imagine 1,1%, são 180 milhões. Mas essas compensações ambientais Dona Lucimar, a 1375
partir de 2008, a partir de 2008, 2009, com a criação por legislação da Câmara de
Compensação Ambiental, que é um colegiado que recebe os projetos, calcula esses
percentuais e gerencia, administra esses recursos para serem distribuídos em projetos
aprovados pela Câmara, essa Câmara é um colegiado que tem representação da
sociedade civil, da Firjan, do Estado, das ONGs, das Universidades, então esses valores 1380
e esses projetos são absolutamente abertos, transparentes, dentro da Secretaria do
Ambiente na Câmara de Compensação Ambiental. A nossa função na CECA é durante
essa fase inicial do licenciamento, estabelecer qual é o percentual, com esse percentual
estabelecido, que é um calculo, se a senhora quiser depois eu lhe mando qual é a regra,
que é uma deliberação da CECA, nº 4888 de 2007, que estabelece qual é o valor, vamos 1385
dizer, 0,95, esse valor estabelecido, esses recursos vão para a Câmara de
Compensação. E como eu disse para a Dona Renilda, vocês podem ter essa
representação, e junto com o Ministério Público, que está aqui também, no sentido de
acompanhar para onde vão esses recursos, que esses recursos Dona Renilda, isso não
vai para o município, nem o Estado pega esse dinheiro, isso é feito, é aplicado 1390
diretamente nesses benefícios.
LUCIMAR FERNANDES – Mas por quem? Por quem? Espera aí.
ANTÔNIO GUSMÃO – Pode continuar. 1395
LUCIMAR FERNANDES – Esse dinheiro constitui um fundo? Quem administra? Como é
que eu posso ver?
ANTÔNIO GUSMÃO – A Câmara de Compensação do Estado. A senhora já ouviu falar 1400
no FECAM?
LUCIMAR FERNANDES – Já.
ANTÔNIO GUSMÃO – O FECAM é o Fundo Estadual que recebe as multas ambientais, 1405
parte dos royalties, lembra? O FECAM é uma outra situação dentro da Secretaria.
Independente do FECAM existe a Câmara de Compensação Ambiental.
LUCIMAR FERNANDES – Esse projetos você apresenta por edital público?
1410
ANTÔNIO GUSMÃO – Sim.
LUCIMAR FERNANDES – Eu chego lá, eu, Instituto Interdisciplinar, chego lá e apresento
um projeto a quem?
1415
ANTÔNIO GUSMÃO – A senhora vai apresentar esse projeto, à Câmara de
Compensação Ambiental se reúne com uma frequência, aí eu não sei exatamente dizer
para a senhora se é quinzenal ou se é mensal, esses projetos são discutidos. É um
colegiado, e esse colegiado é presidido pelo Secretário de Estado, representantes de
Firjan, de ONGs, de universidades, pessoas gabaritadas, e elas decidem quais os 1420
projetos são aprovados, e quais deles serão objeto de aproveitamento dessas
compensações.
LUCIMAR FERNANDES – Agora, eu gostaria de saber, tem uma relação direta com os
municípios impactados por aquele projeto? 1425
ANTÔNIO GUSMÃO – Com certeza, com certeza.
LUCIMAR FERNANDES – Eu vou gostar de receber essa prestação de contas
certamente. Obrigada. Eu peço ao Ministério Público, por favor, que nos ajude. 1430
ANTÔNIO GUSMÃO – Quer dizer, não tem sentido esse empreendimento aqui ter uma
compensação ambiental aplicada, por exemplo, em Resende, não existe isso. Então é no
município. E vou dizer uma coisa para a senhora, Dona Lucimar, às vezes faltam projetos,
às vezes faltam bons projetos. Às vezes faltam projetos Dona Renilda. Agora, esse 1435
dinheiro da Câmara de Compensação não vão para o Município, isso fica dentro do
âmbito da Câmara de Compensação. E acho que vocês tem absoluto direito de quê? O
nosso colega, o Alexandre conhece a estrutura da Secretaria, eu não sei se ele participa
da Câmara de Compensação ou não, mas ele participa do CONEMA, ele sabe como isso
funciona. Esse dinheiro é um dinheiro que vai ser aplicado nos municípios impactados. 1440
Em projetos de quê? Biodiversidade, reflorestamento, saneamento, ajuda à pescadores.
O projeto, por exemplo, do Boto Cinza lá em Sepetiba, saiu de uma compensação
ambiental 0,05 da Termoelétrica que se implantou, que estava com LP, na mesma fase de
vocês. Fala Gustavo, o que você ia completar?
1445
GUSTAVO MEIRELES – Boa noite. É só um adendo, eu acho que dentro do anseio da
Renilda e da maior parte da população, aí eu falo não como figura da Secretaria de
Desenvolvimento Regional, mas como morador de Magé. Por exemplo, os royalties nós
sabemos que não podem ser gastos com pagamento de pessoal, funcionários públicos,
sabemos que é uma espécie de dinheiro carimbado que vai ser investido em 1450
infraestrutura. Só que desde 2008 já existem empreendimentos da Petrobras, inúmeros
empreendimentos, e a gente vem caminhando, se a gente analisar os indicativos
socioeconômicos de Magé, por exemplo Suruí, onde está sendo realizada a Audiência
Pública que nós estamos, tem o segundo pior IDH do Estado, desde 2008 para cá só
piorou, a gente continua tendo esgoto a céu aberto, as ruas aqui não são pavimentadas, 1455
as obras contribuem. Os royalties são dinheiro carimbado, a gente nitidamente a ausência
do Poder Público. A Petrobras não tem nada com isso, a gente também sabe disso, mas
também a gente não vê, aí também eu vou ratificar o meu pedido ao Ministério Público,
falta transparência, a gente não sabe para onde está vindo esse dinheiro, que a
impressão que a gente tem é que vai para todos os lugares, menos para infraestrutura. 1460
Para a gente ter uma ideia, só 16% da população de Magé tem direito a água encanada,
e 0% tem rede de tratamento de esgoto, a água que sai da descarga vai para a Baía de
Guanabara. A gente tem uma quantidade de pescadores aqui, olha quanto a pesca
artesanal já vem sofrendo, os impactos vão existir, o empreendimento é, vamos dizer, de
soberania para o País, garantir a autonomia aí do abastecimento de gás, mas a gente 1465
também, sabe, a cada dia a gente consegue perceber essa ausência de transparência, a
gente não sabe para onde vai o dinheiro. O dos fundos a gente sabe, tem toda uma
legislação, necessita de projeto, mas ninguém tem o calendário, eu ouso aqui falar que
ninguém tem o calendário de projeto, ninguém recebeu um folheto, ocorreu um acidente,
o que eu vou fazer? Para onde eu vou correr? A amiga de Barão de Iriri, todo comentam, 1470
se vazar alguma coisa em Barão de Iriri acabou, acabou a localidade, e eu aposto que ela
nunca recebeu um folheto na casa dela, explicando como agir. Já recebeu companheira?
Tem algum morador aqui que já recebeu? A gente, aí é um pedido na figura da Secretaria
de Desenvolvimento Regional também, que seja melhorada essa interlocução com os
moradores, que de fato são diretamente afetados. É só isso Gusmão, obrigado. 1475
ANTÔNIO GUSMÃO – O que é importante ficar claro aqui para vocês, primeiro é a
participação da Secretaria do Ambiente nesse licenciamento, e do INEA, que o Alencar
representa o grupo de trabalho. As compensações ambientais, elas são aplicadas no
município, ou naqueles municípios de influência do empreendimento. Quer dizer, vocês 1480
tem que ter uma representatividade, não deixar esse assunto, já que vocês estão com
força agora e estão com lideranças, dentro da Câmara de Compensação, e nós
encaminhamos vocês lá para saberem isso, entendeu, nós encaminhamos. É claro que
vocês estão representando a comunidade, mas deixar claro que esse dinheiro não vem
para o município não. O dinheiro dos royalties aí eu não sei, aí eu não tenho informação a 1485
respeito. Mas em relação à Câmara de Compensação, que vocês já cheguem com um
projeto, com uma ideia, eu tenho certeza que o Secretário Minc vai beneficiar vocês com
essas compensações. Agora, tem coisas que devem ser também esclarecidas aqui,
algum passivo que ficou da obra anterior, não é compensação ambiental não, recuperar
algum passivo, ou alguma coisa que ficou lá do duto anterior, não é Alencar? Isso não é 1490
compensação. Isso aconteceu também em Cachoeiras de Macacu, e os colegas da
Petrobras não tiveram a menor dúvida, atenderam as pessoas, a Daniella estava
anotando isso tudo. Se você quiser comentar alguma coisa Daniella, para complementar
isso. Deixando bem claro para eles que uma coisa é compensação, que vocês não tem
poder, quem define é o Estado. Agora, outra coisa é a remediação, a recuperação, a 1495
restauração de passivos de obras anteriores, que deixa a turma aí meio preocupada.
LUCIMAR FERNANDES – Só um minutinho em relação à Petrobras também, que o
Carlos colocou, não, estamos abertos aí, temos, por exemplo, os programas ambientais,
abres-se o valor que vai ser investido. No último ano, o programa ambiental, ele destinaria 1500
apenas dois projetos por Estado. O valor é relativo, é significativo, agora, se no Rio de
Janeiro nós teremos apenas dois projetos sociais, dois projetos ambientais, acho justo
que a Petrobras tenha uma atuação em nível nacional, que distribua o recurso desses
programas em nível nacional, mas estes que você indicou aí não deveriam ser os
específicos para a nossa situação aqui. Porque, ah tudo bem você entra no edital, mas o 1505
edital tem uma política determinando que haja apenas dois projetos para cada Estado, e
dois projetos para todo o Estado do Rio de Janeiro, e mais de 4 milhões impactados aqui
pelas obras do Comperj, não é caminho que se oriente para a gente seguir, não é
possível seguir esse caminho. A gente precisa de um caminho objetivo, para no caso da
ausência de outros caminhos, a gente ter possibilidade de obter os recursos que a gente 1510
não consegue chegar esses recursos aqui. Obrigada.
DANIELLA MEDEIROS – Boa noite! Especialmente para o Sr. Gustavo, a Sra. Dulce, a
Sra. Renilda, e para todos vocês que devem ter exatamente a mesma preocupação, foi
muito importante o testemunho de vocês, e nós temos um compromisso, o plano de ação 1515
de emergência da Petrobras para esses dutos, ele vai ser detalhado nas próximas fases
do licenciamento, ele não está pronto agora. E as nossas ações de comunicação social e
diálogo social nessa região, que como o meu colega aqui, o Carlos Trevia, disse que vão
ser intensificadas, vão levar para vocês os esclarecimentos sobre os riscos que vocês
correm, sobre quais são as ações de resposta a emergência, de contenção de 1520
vazamento, de prevenção de vazamento, de recolhimento de material vazado, nós vamos
fazer isso nas próximas etapas. Da mesma forma a gente está aprendendo muito com os
passivos que nós identificamos do GASDUC-3, que vão ser atendidos, vão ser atendidos,
isso é um compromisso, nós já entramos em contato com os responsáveis por essa obra,
o INEA tomou nota também dessas questões, e a gente já tinha identificado mesmo antes 1525
da Audiência Pública. E a gente está aprendendo com vocês, para que essas questões
não se repitam. Acho que tinha mais uma questão que foi da Dona Lucimar, sobre os
programas ambientais. O Carlos pode até complementar, mas a gente colocou ali que
existe o Petrobras Ambiental, que como você disse é um programa importante, que é
nacional, mas ele também mencionou que as nossas equipes estariam aqui conhecendo 1530
quais são os outros projetos. Nós vamos intensificar a presença, nós vamos ser vizinhos
de vocês durante uma obra inteira, de novo nós queremos ser bons vizinhos para vocês.
Então não é a única alternativa, mas é importante que a gente apresente, que as pessoas
saibam que existem essas alternativas de projetos ambientais. Trevia, você queria.
1535
CARLOS TREVIA – Então complementando aqui o que a Daniella colocou, não há essa
limitação de projetos. Como eu falei existe a seleção pública, e também existe a
possibilidade de terem projetos convidados, aí é que entra a nossa equipe atuando na
região, e vendo projetos que existam, que são propostos por vocês e que podem ser
enquadrados dentro desses programas da Petrobras para serem apoiados. Então nós 1540
levamos para a Petrobras esses projetos e encaminhamos para que sejam aprovados, e
que a gente possa estar apoiando esses projetos de vocês, então não existe essa
limitação de dois projetos não.
ANTÔNIO GUSMÃO – Só para ficar mais um objeto aqui da nossa Audiência, mais um 1545
ganho, o Alencar já colocou aqui como restrição, caso haja a Licença de Instalação, que é
esse plano de comunicação social, e como proceder em caso de acidente. Então isso aí
já foi um ganho aqui da nossa reunião. Em relação aos empregos, a possibilidade de mão
de obra, aproveitamento de mão de obra local, treinamento, qualificação das pessoas.
Alguém mais queria aqui fazer um comentário sobre isso? Como é que seria feita essa 1550
aproximação, já foi comentado aqui, mas a gente sabe que esse processo é prioridade
também para vocês. Alguém gostaria de fazer uma sugestão, uma colocação que
pudesse acrescentar mais, como por exemplo, nós já ganhamos aqui nessa
comunicação, na comunicação de algum acidente que acontecer na região.
1555
DULCE REGINA – Posso falar sobre a qualificação?
ANTÔNIO GUSMÃO – Pode.
DULCE REGINA – É Dulce quem está falando. 1560
ANTÔNIO GUSMÃO – Dona Dulce, pode falar.
DULCE REGINA – É o seguinte, na minha comunidade estiveram presentes lá uma
equipe do Comperj, levando para eles uma possibilidade e terem cursos de qualificação. 1565
E como já foi dito aqui por todos, a gente vive no município de Magé uma carência imensa
de empregos, de falta de qualificação de mão de obra, e a comunidade ficou
extremamente interessada, entendeu, mais de 80 pessoas se escreveram para ter essa
oportunidade de se qualificarem, na esperança ou de trabalharem em algum momento no
evento do Comperj, ou também poderem se manter através de, como pessoas 1570
autônomas. Então, e isso ficou na comunidade um sentimento de que foi lá, foi proposto,
e não foi encaminhado mais nada entendeu, então eu gostaria que se alguém pudesse
fazer uma colocação, mais ou menos como está o processo dessa qualificação, como
serão se serão contempladas essas pessoas que foram inscritas, entendeu, ou qual o
processo, como vocês vão utilizar esses processos? Que a gente tem o nome dessas 1575
pessoas todas que se dispuseram a fazer essa qualificação. Ok!
ANTÔNIO GUSMÃO – Dona Dulce, obrigado. Nós vamos falar mais sobre esse assunto.
A Dona Dulcineia está aí? Cadê a Dulcineia de Abreu? Onde é que está? Ela também vai
nessa mesma linha de pergunta da Dona Dulce, de aproveitamento de pessoas, de 1580
capacitação. O Sr. Júlio César Gomes, também obrigado Sr. Júlio César pela presença.
Então essas pessoas estão querendo justamente esse maior esclarecimento, eu acho que
essa aproximação de como é que pode ser o facilitador dessas comunicações, não é
Dona Dulce, que a senhora quer saber? Então se vocês pudessem aí dar mais esse
esclarecimento, seria importante, por favor. 1585
CARLOS TREVIA – Bom, então com relação à qualificação Dona Dulce, existem dois
processos, existe o Prominp, e existe o Planseq, e existem outros cursos também que a
gente busca trazer para a região. O Prominp, o processo de seleção para o Prominp é por
seleção pública, concurso, as pessoas que passam, as melhores classificadas, de acordo 1590
com as vagas que existam para a região, elas então fazem o curso. O que a gente faz é
buscar com o Prominp, que sejam trazidas vagas para a região, então que a região, cada
município, tenham um certo número de vagas, para poderem então as pessoas
participarem da seleção, mas é uma seleção pública. Então quem passa cursa, não há
enfim como selecionar. Já o Planseq, existe uma seleção geralmente através do SINE, 1595
que é um cadastro nacional de empregos. E aí como é que funciona? O Ministério do
Trabalho e Emprego, ele sim seleciona uma instituição para estar dando esses cursos,
então existe lá uma seleção pública, e a instituição que ganha, ela vem e faz os cursos na
região, então essa instituição que ganha é que propõe um cronograma, ela distribui as
turmas pela região, então é com essa instituição, e pega no SINE, ou junto às secretarias 1600
do município de educação, do trabalho e emprego, essas indicações das pessoas que
querem participar dos cursos, então aí inscreve as pessoas nos cursos, não é diretamente
com a Petrobras também. Agora, é lógico, é como eu estava falando, a nossa equipe faz
todo o esforço para que os cursos venham aqui para a região, são muitas pessoas, então
algumas pessoas são selecionadas aí através desse caminho que eu estava falando, se 1605
inscrevem no SINE, aí pega lá o nome das pessoas, e elas fazem o curso. E tem os
outros cursos gratuitos também que a gente trás, e que também é livre para todos se
inscreverem.
ANTÔNIO GUSMÃO – Carlos, as pessoas também estão perguntando, Dona Dulce, só 1610
um instantinho, desculpe, em relação a contratação de empresas prestadoras de serviços,
como é que elas podem, da região, como elas podem se cadastrar, oferecer essas
prestações de serviços aí para vocês. Como é que as empresas aqui da região podem se
candidatar aí a prestar serviços nas mais diferentes atividades aí? Isso é uma
preocupação também das perguntas que chegaram aqui. 1615
CARLOS TREVIA – Bom, com relação aos prestadores de serviço, tem esse programa
que eu mencionei, que é um convênio com o SEBRAE para desenvolver fornecedores
locais para a Petrobras. Então tem cursos ali de ISO-14000, enfim, outros cursos que
visam qualificar as empresas locais para estarem trabalhando para a Petrobras, ou para 1620
alguma empresa, grande empresa, empreiteira, e que esteja trabalhando para a
Petrobras. E aí qualquer empresa, qualquer empreendedor local pode estar se
inscrevendo, e pode estar participando desses eventos que são promovidos pelo
SEBRAE nesse convênio com a Petrobras. São diversos cursos de empreendedorismo,
de qualidade, enfim, de segurança, meio ambiente, saúde, enfim, são diversos cursos e 1625
palestras que as empresas locais podem estar se inscrevendo, não há nenhuma restrição.
Agora, com relação a contratação que é feita pela obra, eu passo aqui para o meu colega.
MÁRCIO ACCORSI – Olha só, o processo de construção vai ser da seguinte forma, após
nós recebemos a Licença Prévia, se for emitida, a Petrobras vai fazer uma licitação, uma 1630
licitação dentro do processo que ela tem, para escolher uma empresa para fazer a obra,
executar a obra. Bom, nós estamos preparando a documentação dessa licitação,
memorial descritivo, e nesse memorial descritivo está claro que a empresa vai ter que
priorizar a mão de obra local, então se ela estiver realizando uma obra em Magé, ela vai
ter que priorizar a mão de obra de Magé, se ela estiver realizando uma obra em 1635
Guapimirim, vai ter que priorizar a obra de Guapimirim, então isso é uma cláusula que tem
no contrato, que a empresa vai ter que priorizar a mão de obra local.
DULCE REGINA – Seu Carlos, eu só queria colocar para o senhor o seguinte, o que eu
coloquei aqui é que em algum momento o Comperj procurou a nossa comunidade, fez 1640
uma reunião na comunidade, aonde ele propôs uma qualificação de mão de obra para a
comunidade, inclusive na discussão se dizia, dependendo do número, são vários cursos,
de eletricista, soldador, pintor, e vários outros. Então eles colocaram, se houver uma
demanda grande num curso por exemplo, de qualificação para pintores, pode ser até
desenvolvido na própria comunidade. Então não é como o senhor colocou aí, Prominp, 1645
nem nada, foi um outro tipo de qualificação, inclusive se não me engano, era para idade
de 18 até 29 anos, ou 30 anos, sei lá, não, até nem tinha limite, a partir os 18 anos. Então
isso ficou em suspenso, o senhor está entendendo? Eu sei que é um processo, mas às
vezes a comunidade tem dificuldade de entender isso, às vezes ela acha que ela foi
enganada nisso, que foram lá, propuseram alguma coisa, e as coisas não continuaram, o 1650
senhor está entendendo? Então é isso que eu queria saber, está, eu entendi a explicação
que o senhor deu, mas isso foi uma coisa bem específica, foram lá e propuseram isso
para a comunidade, e é uma comunidade com muitas carências, e as pessoas ficaram
ouriçadas, foram lá, se inscreveram, e querem uma colocação, vai ter, não vai ter, em
algum momento vai chegar, quando vai ser? Eu sei que tem que esperar todo um 1655
processo acontecer, mas eu gostaria que o senhor colocasse especificamente sobre esse
assunto, está certo? Obrigada.
CARLOS TREVIA – É muito importante Dona Dulce, a gente estar com seu contato, vou
colocar minha equipe aqui para conversar direto com a senhora para ver o que foi que 1660
aconteceu, quando foi, e quando a gente tiver informações, levar para o pessoal. Como
eu falei aqui na apresentação, já temos aí um ciclo do Prominp, mas aí são pessoas
selecionadas pelo concurso público, 70 pessoas de Magé vão estar cursando, e novos
cursos aconteceram para Magé, Prominp, Planseq, e outros cursos gratuitos. Então eles
também serão divulgados quando nós tivermos as datas. E como eu falei, qualquer 1665
dúvida também pode perguntar para o 0800, que quando tiver já cursos programados,
será informado. Especificamente esse caso que a senhora está colocando, eu gostaria de
saber melhor quando foi, como foi, para a gente poder dar uma resposta mais precisa.
ANTÔNIO GUSMÃO – Dona Dulce, mais algum comentário em respeito a isso? Gustavo, 1670
Alexandre?
DULCE REGINA – Seu Carlos, gostaria de saber de mais detalhes agora, ou o senhor
quer depois que eu lhe passe algumas informações?
1675
CARLOS TREVIA – Isso, quando terminar a gente então conversa, e a gente depois pega
o contato para dar uma resposta mais precisa.
ANTÔNIO GUSMÃO – Passa o microfone para o nosso colega ali por favor.
1680
ANTÔNIO JOÃO – Só um minuto, ainda com relação ao Prominp, para o seu Carlos. Por
favor seu Carlos, com relação ao que ela disse, tem muito a ver a questão do projeto para
os jovens fazerem o aprendizado, mas nós temos também na comunidade alguns
formados até pelo Prominp, mão de obra qualificada, que está esperando, aguardando o
Comperj, aguardando as oportunidades que as empresas contratadas pela Petrobras não 1685
estão dando a preferência a essa população, gente da comunidade, dos certames de
Itaboraí, Magé por exemplo, que é mais próximo, que tem curso de formação do Prominp,
às vezes de 1 ano, 1 ano e pouco, e não estão sendo aproveitados. Tem como já se fazer
um cadastramento como disse a Dona Dulce? E ir vendo até quando, ou quando essas
pessoas podem ser aproveitadas? 1690
CARLOS TREVIA – Então deixa eu dar algumas informações aqui. Nós temos um
cadastro que todas as pessoas que são treinadas, elas vão fazer parte de um cadastro, e
quando a gente tem as empreiteiras, as empresas sendo contratadas, a gente vai até
elas, faz uma reunião, entrega o cadastro das pessoas, e fala: Olha, aqui tem um 1695
cadastro das pessoas que nós qualificamos. Busquem daqui. Como eu falei na minha
apresentação, houve uma primeira fase de obra, que foi terraplanagem, que terminou
agora, enfim, está dando início a etapa de construção e montagem. Então muita gente
que foi qualificada não teve oportunidade ainda porque também ainda não chegou a fase.
Agora vai aumentar muito a demanda por mão de obra na obra. Adicionalmente, com 1700
relação a essa questão de não estar aproveitando pessoas da região, como o meu colega
falou aqui, a gente sempre indica para as empresas aproveitarem pessoas da região. E aí
eu queria citar aqui uma reportagem que saiu num jornal fluminense, no dia 18 agora, 18
de Junho, que mostra de Itaboraí, como o senhor citou, que mostra que houve essa
reclamação de que não estão sendo aproveitadas as pessoas locais, e a reportagem aqui 1705
fala, houve uma intervenção, houve essa reclamação, houve uma intervenção da
Petrobras, nossa, de que fossem aproveitadas mais pessoas da região, e já começou a
mudar um pouco, quer dizer, aumentar. Porque é como eu falei, agora está começando a
aumentar a contratação, agora é uma oportunidade para se estar contratando essas
pessoas da região, então, enfim. 1710
ANTÔNIO GUSMÃO – O seu nome qual é amigo? Por favor, que você fez essa pergunta.
Mas tem que falar no microfone, por favor, para ficar. Porque isso aí fica gravado, tem
uma transcrição de tudo que nós falamos aqui.
1715
ANTÔNIO JOÃO – Antônio.
ANTÔNIO GUSMÃO – Meu xará.
ANTÔNIO JOÃO – Isso. 1720
ANTÔNIO GUSMÃO – Antônio de quê?
ANTÔNIO JOÃO – Antônio João Lírio, eu sou funcionário aqui do colégio, e fiz também
esse curso do Prominp ano passado, e terminei o curso de tubulação industrial, e nunca 1725
mais foi falado nisso.
ANTÔNIO GUSMÃO – Essa explicação que o senhor recebeu do colega da Petrobras, o
senhor ficou satisfeito com isso?
1730
ANTÔNIO JOÃO – Em parte. Porque eu já tenho uma idade, trabalhei na REDUC um
tempo, tenho experiência, fiz nessa esperança, passei no concurso, como ele fez, como
passei no do Estado, e aí queria mudar, melhorar, o país não está mudando? E pela
minha comunidade. Até chegar isso aqui, eu vou estar me aposentando, mas eu tenho
uma filha também, que terminou na FAETEC eletrotécnica, e não consegue às vezes 1735
estágio, eu estou com o currículo dela aqui, mas não tenho esperança de tão cedo ser
aproveitado para mim, mas eu tenho por ela, pelos jovens, e como a dona disse, por
todas as pessoas que se cadastraram e querem se qualificar para ter um futuro melhor,
toda comunidade aqui precisa disso.
1740
ANTÔNIO GUSMÃO – A resposta que o seu Carlos deu, da Petrobras, que muitos, foi o
que eu entendi, muitos foram aprovados como o senhor, mas não chegou a hora de uma
contratação maior, de mais gente, essa hora vai chegar agora, ou na fase de obras, não é
isso?
1745
CARLOS TREVIA – Essas pessoas estão em um cadastro que é sempre levado para que
as empresas.
ANTÔNIO GUSMÃO – Quer dizer, não chegou a hora de contratar ainda esse maior
contingente. 1750
CARLOS TREVIA – Já houve contratações, houve aproximadamente aí, eu posso dizer,
algo em torno de 5 mil pessoas trabalharam na terraplanagem, só que isso aí vai chegar a
um pico de quase 30 mil pessoas, que ainda não chegou.
1755
ANTÔNIO GUSMÃO – Posso lhe chamar de xará?
ANTÔNIO JOÃO – Pode.
ANTÔNIO GUSMÃO – Xará, então é questão de ficar atento, é ou não é? A turma se 1760
qualificar colocando os currículos.
ANTÔNIO JOÃO – É, mas como foi debatido, estamos nessa Audiência há um tempo, foi
falado sobre os jovens que precisam, esse projeto jovem aprendiz e tal, que são do
governo, mas tem projetos também da Petrobras, e nós sabemos que tem, de 1765
aproveitamento, como ela acabou de dizer, cadastram as pessoas, ficam as 80 pessoas,
só do que ela conseguiu, se for fazer um cadastramento aqui agora, tem pessoas que já
estão qualificadas, pintor, soldador, que saem trabalhando em outros lugares, porque às
vezes perto, ou no coisa vizinho, ou numa grande obra dessa, com todo duto para ser
construído, e toda essa periculosidade para a comunidade, a comunidade não tem essa 1770
compensação, de ter os seus jovens estudando, se preparando, seguindo projetos de
qualificação, para também ter algum benefício nisso.
ANTÔNIO GUSMÃO – Está certo, então muito obrigado pela sua participação.
1775
ANTÔNIO JOÃO – Obrigado xará.
ANTÔNIO GUSMÃO – E isso aí eu estou vendo que vocês vão acompanhar, e já está
com um canal aberto aí no setor de comunicação da Petrobras, e com o desenvolvimento,
com a maior geração de empregos, é claro que não tem sentido não dar prioridade para 1780
vocês aqui. Pela ordem aqui, quem é que vai? O senhor não é? Depois o senhor, a
senhora, certo? Obrigado. Que ele já tinha pedido ali. O senhor se identifica, por favor.
PEDRO LAURENTINO – Bom, boa noite! Meu nome é Pedro Laurentino, presidente da.
1785
ANTÔNIO GUSMÃO – Eu estou com a sua pergunta aqui seu Pedro, o senhor pode
formular.
PEDRO LAURENTINO – Tudo bem. Sou presidente da Associação de Pequenos
Produtores Rurais de Cachoeira Grande, Magé. Nós trouxemos uma caravana, pessoas 1790
lutadoras, pessoas batalhadoras, pessoas que a esperança é que os projetos venham a
ser realizados, e até hoje nós temos só promessa e mais nada. Então sabemos desse
compromisso da Petrobras, desse trabalho brilhante aí, que começou desde 2008. E nós
percebemos que o trabalho foi desenvolvido, está sendo desenvolvido, e tivemos a
esperança de trabalho, uma esperança de profissional jovem para o trabalho. Só que isso 1795
até hoje a gente só ouviu falar, não sai do papel. A minha comunidade é ansiosa para
receber esse projeto, principalmente das mudas, e nós, presidente da associação, às
vezes nós nos lançamos de corpo e alma sem receber nada, uma instituição sem fim
lucrativo, nós estamos aqui hoje, terça-feira, amanhã é dia de trabalho. Nós esperamos
que essa reunião, que venha a sair do papel, e nós venhamos ser respeitados, para que 1800
nossos filhos venham se espelhar nessa reunião de hoje. Nós temos espaço na
associação de Cachoeira Grande, nós temos lá um espaço, temos lá uma fábrica
abandonada, aonde as pessoas muitas vezes ali se refugiam, e nós poderíamos utilizar
aquilo ali para um trabalho social, um trabalho para nós capacitarmos os jovens, que às
vezes se encontrar sem ter o que fazer. Então eu acho, eu vou pedir a Petrobras que 1805
olhasse mais para a associação, olhasse mais para a cooperativa, porque eu sou
presidente lá já vai fazer 3 anos, e até hoje eu só ouço falar dos projetos, mas na verdade
mesmo nós estamos lá abandonados. Nós somos produtores, somos pessoas de bem,
somos famílias lutadoras, e se hoje nós estamos aqui vivos, é através dos produtores que
produzem lá o milho, produzem feijão, então vamos valorizar esse trabalho gente, vamos 1810
valorizar, é isso que eu peço em nome da associação.
ANTÔNIO GUSMÃO – Seu Pedro Laurentino, o senhor fez um contato conosco ontem na
CECA, meu colega Marcos atendeu o senhor. O senhor conseguiu o transporte direitinho?
A turma veio lá? Cadê a turma? Obrigado. Boa noite. Então, olha, eu tenho absoluta 1815
convicção, certeza que vocês vão ser atendidos numa conversa no sentido de aproveitar
mão de obra de pequenos produtores rurais, no sentido do aproveitamento do trabalho de
vocês para as mudas, é ou não é? Em Daniella? É uma questão que facilita, porque a
turma já está aqui, é ou não é? E esse trabalho, além de um trabalho social, vocês
também dão oportunidades aos jovens, também como o meu xará falou ali. Então isso é 1820
uma outra situação, é diferente daqui que eu tenho do pescador do caranguejo, do
soldador, mas vocês formam uma associação que pode oferecer um trabalho local, não é
isso? Eu tenho certeza seu Pedro, mas certeza, porque eu conheço as pessoas, eu
também sou brasileiro como vocês, que isso vai ser atendido aí pela Petrobras. No
microfone por favor! 1825
PEDRO LAURENTINO – E nós queremos também que essas mudas, que estão aí
precisando de 4 milhões de mudas, que elas sejam produzidas no nosso município, não
é, que seja produzida nesse município, é isso que nós estamos querendo também.
1830
ANTÔNIO GUSMÃO – E não tem sentido de não ser, porque esse é o tipo do projeto que
é tudo de bom, é ou não é? Daniella, se você puder fazer um comentário, uma
aproximação aí com os nossos colegas lá de Piabetá, não é.
DANIELLA MEDEIROS – Cachoeira Grande, Cachoeira Grande. Seu Pedro, como vai? É 1835
bom vê-lo de novo. Nós, na última Audiência de Guapimirim já tínhamos conversado com
o seu Pedro, e eu conversei com os meus colegas, que disseram que entraram em
contato com o senhor não é? Então para o senhor ver que a gente não estava brincando
que nós entraríamos em contato com o senhor, e entramos, e nós vamos nos aproximar,
não tenha dúvida, está bom? É bom vê-lo de novo. 1840
ANTÔNIO GUSMÃO – Só um instantinho, que ela estava inscrita primeiro que a senhora
ali, só um instantinho, desculpe. Vai, qual o seu nome colega?
HOSANA OLIVEIRA – Boa noite, meu nome é Hosana, sou moradora de Mauá. E a 1845
minha dúvida é a seguinte. Quando uma das representantes da empresa falou sobre o
impacto, ela citou a influência direta 400 m, e influência indireta 5 km. A minha dúvida é a
seguinte, isso aí seria a distância em que poderão ocorrer possíveis indenizações e
desapropriações,é isso que eu entendo?
1850
ANTÔNIO GUSMÃO – Isso é com a Fernanda.
FERNANDA TRIERVEILER – Não, não é esse entendimento. A área de influência
indireta, essa dos 5 km que a gente estava comentando, é a área com potencial para
ocorrência dos impactos, é uma área onde a gente estuda, onde a gente faz o diagnóstico 1855
dessa região para avaliar se realmente vai ou não vai acontecer aquela série de impactos
que foram avaliados, nessa área pode ou não ocorrer esses impactos. NO caso não é a
área relacionada a essa interferência.
HOSANA OLIVEIRA – Tudo bem. Porque uma coisa que acaba aqui sendo inevitável, 1860
que vem com um grande empreendimento, são os boatos, e por questões de segurança
eu pergunto, a partir da localização do duto, qual a distância em que poderão ocorrer as
desapropriações, 50 m?
FERNANDA TRIERVEILER – As desapropriações ocorrem apenas na própria faixa, na 1865
própria faixa de dutos.
HOSANA OLIVEIRA – Apenas na própria faixa?
FERNANDA TRIERVEILER – Exato. 1870
HOSANA OLIVEIRA – Porque na própria faixa não tem construção, já não existe
construção, tem próximos a faixa. Aí eu pergunto, 50 m depois da faixa? 100 m após a
faixa? Não seria uma distância de segurança por estar conduzindo materiais inflamáveis?
1875
FERNANDA TRIERVEILER – Desapropriação é diferente de distância de segurança, a
distância de segurança é a distância da própria faixa, e é nessa faixa que ocorre a
desapropriação.
HOSANA OLIVEIRA – Mas aí, o senhor pode falar, eu espero. 1880
MÁRCIO ACCORSI – Posso. Olha só, a distância normalmente ela é determinada pelo
decreto de desapropriação, então o decreto vai definir uma área que vai ser
desapropriada, então aquela área ali, ela já está, já foi definida em função da análise do
risco da tubulação. Então normalmente essa distância é em torno de 15 m a partir da faixa 1885
de dutos, essa é a distância que normalmente se coloca como segurança, ou seja, não
pode ter construções próximas a 15 m da faixa.
HOSANA OLIVEIRA – Ok! E uma outra pergunta, somente 15 m não é? E uma outra
pergunta, no site da empresa, é possível dos interessados acompanharem a evolução do 1890
empreendimento, das obras? Porque muitos não puderam estar aqui, muitos já foram
embora pelo avançar da hora. Tem como ter esse feedback de vocês através do site?
CARLOS TREVIA – O acompanhamento da obra não está no site, mas vai haver, como
foi colocado aqui, um programa de comunicação social, onde a gente vai estar aí fazendo 1895
diálogos na comunidade, e essas questões vão ser respondidas, e as informações vão
ser levadas às comunidades.
HOSANA OLIVEIRA – Está ok, estou satisfeita, obrigada.
1900
ANTÔNIO GUSMÃO – A senhora está satisfeita com a, o nome da senhora?
HOSANA OLIVEIRA – Meu nome é Hosana Oliveira.
ANTÔNIO GUSMÃO – Está ótimo, muito obrigado pela sua participação. 1905
HOSANA OLIVEIRA – Se ele respondeu que são 15 m somente a faixa de possível
desapropriação.
ANTÔNIO GUSMÃO – Eu acho que ele disse que é 15 m a partir da faixa, não é isso? 1910
HOSANA OLIVEIRA – Sim, 15 m a partir da faixa.
ANTÔNIO GUSMÃO – E a faixa, qual é a largura dela?
1915
MÁRCIO ACCORSI – A largura da faixa depende da quantidade de dutos, aqui em Magé
por exemplo, a faixa é de 30 m.
ANTÔNIO GUSMÃO – Então são 15 a partir dos 30, não é isso?
1920
MÁRCIO ACCORSI – 15 a partir dos 30. Isso é uma tolerância de segurança, não haveria
necessidade, a gente coloca esses 15 m como uma segurança.
ANTÔNIO GUSMÃO – Pois não, a senhora. Qual o seu nome?
1925
ISABELA SILVEIRA – Primeiramente boa noite, meu nome é Isabela Silveira. Eu sou
moradora de Suruí, e a dúvida que eu tenho é referente a interdição do rio Suruí. Eu faço
parte de uma família onde o rendimento vem da pesca. Na obra passada nós tivemos
alguns problemas com a outra empresa, enfim, eu gostaria de saber quanto tempo o rio
vai ficar interditado, e se for o caso, ou se vai ter algum esquema de siga e pare? Eu 1930
gostaria de saber também se houver essa interrupção, se tem a possibilidade, devido aos
riscos, de haver até uma interrupção definitiva do tráfego marítimo? E quanto esses
pescadores vão ser impactados com essa obra, enfim, se vai ter indenização? Porque
aonde eu moro quase todos os moradores são pescadores, todos cadastrados na colônia
em Mauá. Então eu queria saber como vai ser essa linha de comunicação social com 1935
todas essas famílias, qual o período, porque até então nenhum de nós foi procurado,
estamos todos nós apreensivos.
ANTÔNIO GUSMÃO – Está certo. Essa sua pergunta, ela também foi formulada pela
senhora Daniele Matias. Dona Daniele está aí? Pelo Guaracy, Cíntia, e Marcelo Ramos. 1940
Quanto tempo vai ficar fechado, e como serão essas indenizações? Eles precisam do rio
Suruí para ida e vinda dos pescadores. Como serão beneficiados os catadores de
caranguejo? Quanto tempo o ria não poderá ser objeto de trabalho deles? Como ficará a
inda e vinda dos pescadores através, aqueles que trabalham no mangue no Morro
Grande Estrela, não é isso? E também a Cíntia. Como ficará a família dos pescadores, e 1945
quanto tempo os rios ficaram fechados? Na mesma linha da senhora. O seu nome,
desculpa, eu não gravei.
ISABELA SILVEIRA – Isabela Silveira.
1950
ANTÔNIO GUSMÃO – Dona Isabela Silveira. Em relação aos catadores, que também o
Alexandre tinha feito essa pergunta.
MÁRCIO ACCORSI – Bom, a todos que perguntaram, e Dona Isabela, olha só, como nós
já falamos aqui, nós aproveitamos todas as experiências de obras anteriores para 1955
aprimorar na próxima obra. Então todos esses problemas do rio Suruí nós temos
conhecimento, temos todas essas informações, então já estamos prevendo no nosso
contrato, no novo contrato como eu falei, que ainda é uma empresa que vai ser escolhida,
a empresa não foi escolhida ainda, agente só pode fazer a licitação após receber a
Licença Prévia, então essa empresa, ela vai ter já na especificação do contrato, que ela 1960
vai ter que fazer as indenizações necessárias, pelo tempo que for necessário pela
interdição do rio Suruí, está certo? Então isso vai acontecer na época pela empresa que
vai realizar a obra. Então ela mesma vai apresentar um planejamento para fiscalização da
Petrobras, dizendo, vou interditar o rio Suruí durante tanto tempo. Então nós vamos exigir
que ela cumpra, ou seja, como vai impedir a passagem de barcos durante esse período, 1965
os pescadores vão ter que ser indenizados nesse período, então está previsto no contrato
essa indenização, ok? Agora, o tempo vai ser definido pelo planejamento da contratada.
Nós não sabemos exatamente qual é esse tempo hoje, ela vai definir um tempo, e o
tempo que ela definir vai ser, os pescadores, e eventualmente os caranguejeiros vão ser
indenizados. 1970
ISABELA SILVEIRA – Só para concluir a pergunta, eu gostaria de saber também, nessa
linha de negociação, quem vai ficar responsável? Se vão tratar diretamente com os
pescadores, se vão se dirigir aos órgãos, às colônias, a associação dos caranguejeiros
também, eu gostaria de saber como vai ser essa linha de comunicação? 1975
MÁRCIO ACCORSI – Isso vai ser uma responsabilidade da empresa contratada, mas nós
vamos fiscalizar para que ela faça corretamente isso aí, ou seja, provavelmente vai ser
uma conversa com a associação, é o mais natural que ocorra.
1980
ISABELA SILVEIRA – E com isso também existem muitos pescadores, caranguejeiros,
que por algum motivo, eles também não são cadastrados nas colônias, e como na obra
passada eles ficaram fora também dessas indenizações, e vivem da pesca. Então tudo
isso vai ser de responsabilidade da empresa que vai assumir a obra, é isso?
1985
MÁRCIO ACCORSI – Sim, olha só, ela vai ter que fazer um levantamento de quais vão
ser as pessoas impactadas, sejam associados ou não, se for impactado, essa pessoa vai
ter que ser indenizada.
ISABELA SILVEIRA – E em caso dos pescadores, eu falo em nome de todos, de a gente 1990
não ficar satisfeito com o tratamento, aonde eu vou recorrer? Com quem eu vou
reclamar?
MÁRCIO ACCORSI – Olha só, o processo normal vai ter sempre um fiscal da Petrobras
na área, no local, mas se não tiver, tem o 0800, se fizer um registro no nosso número 1995
0800, que a gente chama o telefone verde, vai ser respondido com certeza qualquer
reclamação.
ISABELA SILVEIRA – Ok! Muito obrigada, estou satisfeita com a resposta.
2000
ANTÔNIO GUSMÃO – Obrigada Dona Isabela. Dona Dulce!
DULCE REGINA – Eu queria colocar aqui para o seu Márcio, que eu fico muito
preocupada quando a gente vê essa metragem, é 400 pra lá, é 800 pra cá. O que
aconteceu por exemplo na nossa comunidade, é que nós tivemos no processo do 2005
Gasduc-3, da colocação dos dutos, foi o quê? Casas rachadas, entendeu, poste que caiu
lá na comunidade, que por milagre não aconteceu um acidente maior, porque era um
poste de alta tensão. Então a gente teve uma série de ocorrências durante o período da
obra, o senhor está entendendo? E o que eu estou vendo agora vai ser da mesma forma,
porque se continua a mesma metragem, os 15 m pra cá, 15 m pra lá, quer dizer que as 2010
pessoas vão continuar correndo o mesmo risco de ter as suas casas danificadas, e as
casas são, e acaba que ficam desvalorizadas, e quando vai sentar para fazer uma
negociação sobre a desapropriação, aí o valor já cai lá embaixo, está entendendo. Então
a gente viu coisas assim, caixa d’água rachada, tem pessoas que até hoje estão sem
poder voltar para a sua casa, que e a sua casa, como é uma pessoa humilde, tem uma 2015
série de problemas, a pessoa hoje fica vivendo de aluguel na comunidade porque a casa
dele até hoje está lá, entendeu, e ninguém toma atitude. Agora, quando o senhor fala
assim, que o senhor aproveita os acontecidos da obra anterior, o senhor me desculpe, o
senhor não está atento a esses detalhes, eu acho que o senhor devia ir a essas
comunidades que foram afetadas, que passaram por esse último processo do Gasduc 3, 2020
para que o senhor tomasse o conhecimento do que aconteceu, foram atrocidades, foi
morro deslizando, a gente não ter como passar, foram coisas assim terríveis, entendeu,
eu às vezes fico meio irritada, porque eu a partir dessa obra lá, fiquei uma pessoa
extremamente estressada, eu só de eu pensar no que a gente vai passar de novo, o
senhor está entendendo, tinha dias que eu tinha que passar, a gente tem uma série de 2025
dificuldades, é um bairro com muitas carências, e eu via crianças indo para a escola todas
cheias de barro até não sei aonde, tem professoras aqui da escola municipal lá que
podem relatar sobre isso. E aí o senhor continua dizendo, porque esses 400 m de
influência direta, eu não consigo entender o quê é, se é, se explodir esses, quem mora
nessa área vai para os ares, se vai, eu não consigo entender, é uma lógica que por mais 2030
que seja explicada aqui, eu acho que eu não tenho a capacidade para entender,
entendeu, é o que eu gostaria de saber. Porque esses 30 m, eu não posso aceitar isso,
eu acho isso uma imoralidade, a pessoa morar a 30 m de um duto, isso não tem
entendeu, a gente quer fazer o quê, Vila Socó, é isso? É isso que a gente quer
acontecer? Aí eu acho que é brincar sabe, com a gente, é não cuidar da vida humana, 2035
não ter respeito. Eu acho que minimamente tem que ter sabe, essa avaliação novamente.
O que ocorreu não foi bom, então espero que não seja igual, entendeu seu Márcio, o
senhor esculpa, mas quem fala, inclusive uma senhora que é minha vizinha, está
apreensiva, porque o duto passa, é uma casa e depois é o duto passando ao lado da
casa dela. E é isso, e essas pessoas ficam ali, e isso leva a gente a ficar doente, a 2040
pressão subir, porque a gente não sabe a quem recorrer, o senhor está entendendo, o
senhor desculpa, mas eu acho que esses é o momento de a gente fazer essas
colocações, e de vocês repensarem às vezes algum encaminhamento, está certo. Eu
gostaria que o senhor esclarecesse melhor isso para a gente, está bom? Obrigada.
2045
ANTÔNIO GUSMÃO – Dona Dulce, a senhora é Dulce Regina não é isso?
DULCE REGINA – Isso.
ANTÔNIO GUSMÃO – Seu telefone é 9495-2657, não é? 2050
DULCE REGINA – Correto.
ANTÔNIO GUSMÃO – Qual o local exatamente, assim, dá uma situada nesse local que a
senhora está falando. 2055
DULCE REGINA – Olha, o bairro chama Barão de Iriri.
ANTÔNIO GUSMÃO – Barão de Iriri.
2060
DULCE REGINA – Barão de Iriri. Ele fica logo aqui depois de Suruí, ele pertence ao 1º
Distrito, mas ele fica logo depois aqui de Suruí, inclusive tem uma placa lá institucional da
Petrobras, a Petrobras dando a seta para dentro do bairro, entendeu, Km-160.
ANTÔNIO GUSMÃO – Está certo, o Alencar está anotando isso aqui também. 2065
DULCE REGINA – Era interessante passarem por lá, e fazerem uma avaliação entendeu,
porque eu acho que é muito arriscado da forma que as pessoas estão sendo tratadas lá,
está certo. Obrigada.
2070
ANTÔNIO GUSMÃO – Está feito o seu registro. Também lá no Barão de Iriri.
LINDAURA DA SILVA – Olha, meu nome é Lindaura, eu moro ali na Estrada São
Francisco, 1719, a minha casa da última vez foi totalmente rachada, meu esgoto
quebrado, em frente a minha rua há uma cratera de novo, a cratera foi aberta, eu tenho 2075
duas netas gêmeas que caíram ali, rachou a cabeça. Levei, chamei o engenheiro da
Petrobras no mesmo dia, foram na minha casa, viram as rachaduras todas, e estou lá
com esse problema para resolver. Inclusive o seu Fernando, do meu lado, saiu, e eu
estou ali sozinha, porque o sítio saiu, acabou todo mundo, e eu estou lá sozinha lá, se
falar com todo mundo que está aqui me conhece e sabe, eu moro lá há 40 anos, eu 2080
jamais queria sair de lá, mas estou lá jogada sozinha. Inclusive foi o pessoal da Petrobras
lá, fizeram cerca, e eles estão invadindo, eu estou de manhã à noite com o maior medo lá,
porque estou isolada, ali sozinha, então isso daí é que não pode ficar, está entendendo,
eu estou aqui hoje para poder falar aquilo que eu passei, lama até o joelho, estou aqui
com uma micose que graças a Deus hoje ficou curada, mas na época, eu estava com 2085
Renilda ali, Renilda lembra, não foi Renilda? Eu tratando lá com ela, não tive condição de
pagar aquelas aplicações toda semana, Renilda é prova disso, que eu naquela obra, eu
sofri miséria ali, e não tive assistência. Para eles me trazerem no posto, a minha afilhada
que já saiu e lá, teve que chorar, leva a minha madrinha, porque a minha madrinha não
consegue passar no meio dessa lama. Era lama no meio da canela que nós tínhamos que 2090
passar, todas as estradas ficaram fechadas, e a gente ficou lá, e eu hoje ainda
permaneço lá. Eu estou falando, e falo por mim, que hoje estou sozinha, eu não tenho
mais vizinho nenhum, já tiraram i sítio, já tiraram o senhor Fernando, tiraram o pessoal do
ganha pouco, onde esse moço aqui falou que tem um poste lá arriado, realmente é isso,
eu estou, luz é cortada quase toda semana, estou totalmente isolada gente. Então eu sou 2095
prova disso, estou ali totalmente isolada. Minha filha mora aqui na estação, qualquer coisa
sem telefone, sem luz, sem nada. A única coisa que eu tenho para reclamar é com vocês
aqui. Já foram dois técnicos lá, dois técnicos não, dois engenheiros da demolição, e
falaram: Dona Lindaura, a senhora tinha que ser inscrita para sair agora junto com o seu
Fernando. O seu Fernando já saiu desde março, e eu continuo lá sem assistência 2100
nenhuma, inclusive minha casa está toda rachada, eu estou pagando aqui na estação pra
eu sair de um aluguel, para poder a casa não cair em cima da minha casa, vou me mudar
agora, não tem condição de pagar esse aluguel, e estou lá, está a minha filha de prova
aqui, que não me deixa mentir, e posso constatar para vocês, a casa que eu vou morar é
aqui na estação, de aluguel, depois de eu ter a minha casa. Eu não vou agüentar uma 2105
segunda obra lá, é isso que eu tenho que falar para vocês.
ANTÔNIO GUSMÃO – Senhora Lindaura da Silva Santos. Então vamos fazer aí um
comentário aí para a senhora Lindaura. A sua solicitação está aqui Dona Lindaura.
2110
LINDAURA DA SILVA – Da minha janela para onde vai passar o tubo não tem 25 m, não
tem 25 m, qualquer um pode ir lá, e pode ver esta realidade, inclusive a própria
engenheira, eu esqueci o nome dela, mas é uma moça clara, alta, forte, ela parece até
com a minha filha assim, e ela foi lá, e ela falou: Dona Lindaura, a senhora tinha que ser
inscrita para sair agora junto com o seu Fernando. E eu estou lá jogada, ao relento. 2115
ANTÔNIO GUSMÃO – Qual é o local da senhora Dona Lindaura? É 2647-070.
LINDAURA DA SILVA – Não, esse é o da minha filha.
2120
ANTÔNIO GUSMÃO – 3632-2152.
LINDAURA DA SILVA – É isso mesmo, esse é o meu telefone.
ANTÔNIO GUSMÃO – E qual o local da senhora? A localidade? 2125
LINDAURA DA SILVA – Na estrada São Francisco, 1719. Foi a única casa que ficou lá
no alto, é a minha, que está lá caída lá, estou com rachadura, estou com tudo lá.
ANTÔNIO GUSMÃO – Qual o bairro? Como é que chama? É Estrada de São Francisco. 2130
LINDAURA DA SILVA – É Estrada de São Francisco.
ANTÔNIO GUSMÃO – Mas qual o nome do bairro?
2135
LINDAURA DA SILVA – Fica no, ali era loteamento Vila Nova Suruí, mas não tem mais
loteamento nenhum, só estou eu lá no loteamento.
ANTÔNIO GUSMÃO – Que a senhora colocou que mora na Estrada de Mauá.
2140
LINDAURA DA SILVA – É, é em frente o sítio Deus era Fiel, também já acabou com o
sítio. Está entendendo? Não tem mais nada lá, não foi lá não, não ficaram lá.
ANTÔNIO GUSMÃO – Se procurar na Estrada de Mauá, 1719, acha a senhora lá?
2145
LINDAURA DA SILVA – Acha, é ali mesmo indo para Mauá, não tem erro, procurar ali a
Lindaura, qualquer um informa, eu estou ali isolada.
MÁRCIO ACCORSI – Dona Lindaura, nós já anotamos aqui, e nós vamos procurar a
Dona Lindaura lá, para ver exatamente qual é esse problema dela. 2150
ANTÔNIO GUSMÃO – Então ele anotou e vai pessoalmente lá, ou o representante da
Petrobras ver o seu problema.
LINDAURA DA SILVA – Tá bom. 2155
ANTÔNIO GUSMÃO – É uma coisa à parte da Audiência, mas faz parte desse problema.
LINDAURA DA SILVA – Inclusive o Marcelo, o engenheiro da demolição esteve lá, ele
falou para mim, Dona Lindaura a senhora não está no cadastramento, a senhora vai ter 2160
que ficar aí. Eu falei, Marcelo, como que eu vou ficar se a minha casa está caindo? Minha
casa já desnivelou um tanto assim mais ou menos a cozinha, a rachadura da cozinha,
onde sobe para a cozinha para ir para a sala, aquele batente já desnivelou um tanto
assim. Quer dizer que eu estou ali dentro e estou arriscando. Aí ele trouxe um outro
engenheiro, que esse engenheiro falou assim para mim: a senhora pode ficar aqui 2165
tranqüila que a casa não vai cair. Eu falei, você quer trocar de lugar comigo? Você vem
aqui para dentro, fica aqui, espera as obras da Petrobras e eu saio meu filho, não tem
problema. Agora, eu vou pagar um aluguel, vou pagar com segurança, porque cadáver
não recebe dinheiro, eu falei isso para ele. Aí ele falou, a senhora está certa, a senhora
está certa, aí saiu, foi embora e não me deu solução nenhuma. Quer dizer que eu estou aí 2170
nesse impasse.
ANTÔNIO GUSMÃO – A senhora vai ser atendida aqui, é um compromisso aí da turma
da Petrobras.
2175
LINDAURA DA SILVA – Tá bom, eu agradeço.
ANTÔNIO GUSMÃO – Pois não Dona Renilda. O senhor está inscrito em seguida, está
bem?
2180
RENILDA JARDIM – Só para complementar o que a Dona Lindaura está falando, porque
as pessoas aqui tiveram muitos prejuízos, morais, sociais, econômicos e até psicológicos,
como é o caso dela, e esses prejuízos são irreparáveis. Nós estamos também muito
sentidos pela ausência dos órgãos de fiscalização, que não atuaram em nosso favor, no
período que nós passamos essas dificuldades. Então, fica registrado aqui que nós 2185
recorremos ao Ministério Público Federal, formalizamos denúncias por escrito sobre toda
essa situação vivida por pessoas como a Dona Lindaura, e até hoje não fomos
respondidos, isso é uma falha grave, é uma coisa muito séria, e que isso não se repita
nessa próxima obra.
2190
ANTÔNIO GUSMÃO – Perfeito, a senhora tem absoluta razão. Seu nome por favor
colega.
VÍTOR FRANCISCO – Boa noite, meu nome é Vítor, eu moro em Mauá. O problema que
ela está vivendo eu vivi, eu moro na D. Pedro II, nº 65. Com as obras do duto anterior, 2195
eles escavaram lá, chovia, eles não tinham contenção, a lama desceu toda na vala que eu
fiz em volta do meu sítio. Porque a Prefeitura diz que faz a limpeza, mas se nós não
fizermos a limpeza da vala, entope e alaga tudo. Ou seja, o barro da Petrobras desceu,
entupiu tudo, entupiu a manilha que corta o meu portão ali para eu poder entrar. Ou seja,
hoje eu tenho um problema, que choveu um pouquinho, eu fico com água pela canela 2200
dentro do meu sítio. Ele, com muita reclamação minha, falando que eu ia chamar
reportagem e tudo, porque na época, um engenheiro que estava presente, falou que eu
tinha que reclamar com a Petrobras, não com eles. Aí eu falei, bom, eu sei que a
Petrobras não executa a obra, ela faz a licitação, coloca uma empresa terceirizada, essa
empresa presta contas à Petrobras. Só que a Petrobras, nesse ponto eu espero que ela 2205
melhore, que é fazer a fiscalização de maneira certa, porque eu particularmente, eu nunca
vi um representante. Tive que limpar todo o sítio, porque estava cheio de barro, por uma
obra malfeita. Agora, eu queria fazer, no caso são três indagações. Eu sou estudante de
Direito. O que acontece? Eu gostaria de pedir que o Ministério Público, no caso a
Promotora, interviesse nessa negociação, por quê? Porque como a Presidente da 2210
Associação de Moradores de Suruí falou aqui, nós estamos cansados de promessas, não
só de políticos, porque por enquanto o Município tem alguma coisa a oferecer à
Petrobras, ela precisa do Município, ela necessita passar essa linha de dutos novamente
aqui, já tem, ela precisa passar uma outra linha. Então aparece todo mundo aqui para
falar, para prometer, para dizer que vai colocar programas, que vai colocar projetos. Eu 2215
acho isso muito válido, mas desde que saia do papel, desde que exista um compromisso
assinado, reconhecido no cartório, no que for, que passe na mão do Ministério Público.
Que a gente tenha não um 0800, que nós tenhamos uma pessoa a quem cobrar, porque o
que acontece? Ligar para o 0800 de qualquer repartição pública, você fica escutando
musiquinha. Então, se a Petrobras vai fazer obra em Magé, ela tem que ter um 2220
representante em Magé, ela tem que ter um representante que possa, a pessoa chegar lá,
olha, vai lá ver o que a empresa contratada está fazendo, porque ligar para o 0800, me
desculpe, não dá resultado. Outra coisa que ela está falando eu também estou passando,
a Petrobras já desapropriou vários sítios em volta do meu, ou seja, essa área pertence à
Petrobras, essa área tem que ser fiscalizada pela Petrobras. Por quê? Porque vai ter 2225
invasão, e com essas invasões, todo mundo sabe que hoje no Rio de Janeiro não existe
lugar seguro, não existe. Aqui em Mauá ainda se tem um pouquinho de tranqüilidade,
Suruí se tem um pouquinho de tranqüilidade, porque graças a Deus ainda não existem
facções criminosas enraizadas aqui dentro. Agora, a partir do momento que se cria uma
facilidade, eu vou começar a ter problema. Eu saio 4 horas da manhã para trabalhar, 2230
minha esposa fica em casa com 3 filhas. Aí eu pergunta a vocês, quem garante a
segurança delas, por uma área que era povoada e hoje está devastada? Isso é a segunda
indagação. A terceira. Vocês falam de trabalho, aqui em Magé ninguém está querendo
trabalho temporário não, porque tempo de obra todo mundo sabe que tem. Agora, a
Petrobras vai causar um impacto dentro do Município? Vai. Então, nada mais justo que a 2235
Petrobras invista, coloque algum órgão da Petrobras aqui, para que gere emprego fixo.
Curso em época de obra aparece um montão, qualquer pessoa aqui de Mauá, vamos
falar do Município de Magé, tem que sair daqui para ir fazer qualquer curso melhor, o
mais próximo é em Caxias, o SENAI é em Caxias. A promessa, eu não quero promessa,
eu quero um compromisso, uma assinatura. Vamos, a Petrobras vai pleitear perante à 2240
Segurança Pública, que essas áreas onde ela está devastando, vai ter um policiamento
ostensivo. A Petrobras vai se comprometer em ter empregos, não temporários, mas
empregos fixos para pessoas do Município. E outra, a Petrobras tem que se comprometer
em ter uma pessoa no município, que responda por quaisquer danos causados pela obra,
impactos ambientais ou materiais, ou morais, para os moradores por onde ela vai passar. 2245
Linha de segurança não é 15 m pelo que eu entendo, essa linha de segurança se for 15 m
ou 30 m, nós vamos ter um exemplo, se tiver qualquer desastre em relação a esses
gasodutos, nós vamos ter o mesmo problema que aconteceu nos Estados Unidos, casas
voando. O senhor falou que não corre risco de explosão. Até acredito, com certeza,
porque o sistema de bloqueio das válvulas é eficaz, é eficaz. Eu fiz um curso de SMS, 2250
assisti palestra na REDUC, pela Brigada de Incêndio da REDUC, e eu sei que é eficaz.
Mas nada é falho, nada é perfeito, pode acontecer alguma falha. E aí é que eu falo, a
Petrobras tem que estar preparada para acontecer essa falha, e 15 m não vai ser o
espaço hábil para estar preparado para evitar uma tragédia maior, como aconteceu nos
Estados Unidos. Não digo que seja o mesmo problema, mas pode vir a causar a mesma 2255
coisa. O que eu peço? Ministério Público, faça com que a Petrobras assine um
compromisso com o que ela está falando. Peço a vocês, que se vocês puderem me
fornecer, ou por e-mail, ou telefonar, eu gostaria da gravação, da cópia, porque isso é um
documento, porque palavras ditas o vento leva, mas documentado não. Então, é isso que
eu gostaria de falar, parte de segurança, que se comprometesse com a parte de 2260
segurança. Não vocês, que vocês não são responsáveis por isso, mas que fossem pedir
um ostensivo na área que está sendo devastada, porque quem fica sofre com isso.
Emprego fixo, e um representante no Município, porque 0800 não resolve.
ANTÔNIO GUSMÃO – O nome do senhor mesmo? Desculpe. 2265
VÍTOR FRANCISCO – O meu nome é Vítor.
ANTÔNIO GUSMÃO – Vítor. Seu Vítor, olha, em relação à transcrição aqui da reunião,
isso é um documento público, sai em dois documentos, uma ata sucinta, uma ata rápida 2270
que nós fazemos, assim sintetizando o que foi colocado, isso é feito em 4, 5 dias, consta
do processo. Mas o senhor está vendo, o senhor falou em microfone, o senhor está vendo
gravação, tudo o que foi dito aqui, fica documentado num papel, faz parte do processo
também. Então, se o senhor quiser essa ata transcrita, aí demora uns 10 dias mais ou
menos. O senhor pode solicitar que nós encaminhamos, está certo? Isso na CECA, isso é 2275
com a gente, não é com a Petrobras. Isso tudo o senhor tem documentado, se eu tossir
aqui na Audiência sai na ata, uff-uff-uff, que eles gravam tudo, então tudo é gravado. Tem
a ata sucinta, que resume o que nós fazemos aí nesses próximos 2, 3 dias, mas a
transcrição da ata está aqui. A presença da Doutora aqui com a gente do Ministério
Público, a Dra. Débora, que vem a todas as Audiências na área de atuação dela e até em 2280
outros municípios, não é doutora? O Alencar, que é do grupo de trabalho, o que vocês
falaram aqui, o que você falou, isso foi dito lá em Cachoeiras também, e a empresa, ela
assumiu isso tudo que vocês estão, é claro que há alguns detalhes né, que são as
questões de uma empreiteira. Então, isso tudo, eu vou repetir, isso não são medidas
compensatórias, essas recuperações, essas preocupações todas, são recuperações e 2285
remediações de uma intervenção anterior. Vocês querem fazer algum comentário aí em
relação a fala do Vítor, antes do Alexandre fazer ali a intervenção dele?
CARLOS TREVIA – Vítor, só algumas respostas, tentando te passar algumas
informações com relação a emprego fixo. Aqui é uma Audiência de dutos, realmente tem 2290
alguns empregos que vão ser temporários durante a obra de dutos, agora, o Comperj, ele
está causando um impacto positivo aí nesse sentido na região, que foi calculado em
alguns estudos que mostram que mais de mil empresas devem se instalar na região do
Conleste, do Consórcio Leste Fluminense, dos 13 municípios, e 200 mil empregos
indiretos seriam gerados. Então, quer dizer, vai ter muito emprego fixo gerado na região 2295
do Comperj, na área de influência do Comperj. Uma outra resposta com relação ao
policiamento ostensivo que o senhor pediu. Existe um comitê de segurança que discute
os problemas de segurança na região do Conleste, eles se reúnem, se eu não me
engano, mensalmente, e a gente participa, a gente sempre tem pessoas participando da
Petrobras nesse comitê, então também é uma iniciativa tentando acompanhar o que está 2300
acontecendo de violência na região, se há algum impacto negativo gerado pelo Comperj,
e nesse sentido quando identificado um impacto negativo, se procura remediar. Nesse
sentido também nós temos um projeto que monitora os indicadores socioeconômicos e
demográficos da região, para verificar também esses impactos, se houver algum impacto,
então é um projeto grande, que tem mesas de discussão com professores para analisar 2305
aqueles impactos que estão acontecendo na região. Nós temos esse monitoramento
desde 2008, agora estamos fazendo o monitoramento relativo a 2009, 2010. Então
também para a gente identificar que impactos negativos estão sendo causados, e então a
gente procurar remediar, procurar fazer articulação com o poder público, com o governo
estadual para buscar remediar esses impactos. A Petrobras não pode fazer o 2310
policiamento, mas ela pode buscar que numa área que esteja sendo impactada
negativamente, isso aconteça junto com o Estado. E com relação a fiscalização a gente
sempre tem que ter um fiscal local com certeza, a gente vai ter que ter, além da equipe de
diálogo, de comunicação, que é essa equipe que eu estava mencionando aqui de
responsabilidade social e de comunicação, vai estar pelas comunidades, vai estar no 2315
fórum da Agenda 21, vai estar presente e ouvindo o que está acontecendo, e podendo
então levar essa informação para a Petrobras tratar, e enfim, voltar com uma solução para
a população. Agora, é importante o 0800 sim, que esse número é da Petrobras, então se
a empreiteira, a empresa que está lá trabalhando fizer alguma coisa errada, é importante
se entrar no 0800 e registrar, porque aí a Petrobras vai saber, e aí se por acaso ainda não 2320
tiver sido detectado no local, a gente vai lá ver o quê que está acontecendo, porque que
essa empresa está fazendo isso, e ela tem obrigação de remediar o que ela está fazendo,
está bom?
VÍTOR FRANCISCO – Deixa eu só fazer uma colocação. 2325
ANTÔNIO GUSMÃO – Vai, vai.
VÍTOR FRANCISCO – Em relação a segurança, como você está falando, eu poderia dar
uma sugestão. Hoje se você for na Washington Luís, na Rio-Magé também, você vai 2330
observar câmeras de segurança utilizadas. A Petrobras poderia investir nisso, porque nas
áreas que são dela, que ela já desapropriou, é que está tendo esse tipo de problema,
porque fica escuro, não tem morador, a pessoa passa num deserto e é assaltada, tem
meninas que já foram agarradas, entendeu, então hoje, adolescentes que voltam do
colégio podem passar, se vocês quiserem verificar isso peguem a Dom Pedro II sentido 2335
ao Jacu, como se fosse para Suruí, você sai de Mauá, pegou a D. Pedro II indo em
sentido à Suruí, você vai ver que tem uma parte que é um breu só, e que meninas voltam
do colégio sozinhas, voltavam, porque agora os pais tem que vim na padaria pegar e ir
com elas, e correr risco de ser assaltado ou alguma coisa junto com elas, entendeu,
nesse ponto, passando da minha casa, até a minha casa ainda tem luz, mas da minha 2340
casa para lá não tem, e é uma área que já está praticamente devastada pela Petrobras.
Essa é a parte de segurança. Quando à emprego, eu sei que realmente vai ser, vai trazer
benefícios para o município, isso eu acho legal. Agora, fiscalização, puxa, é o que eu mais
prezo, porque infelizmente, quando a obra não é prestada pela Petrobras, quando ela é
feita por uma terceirizada, eu sei que às vezes a Petrobras não tem material humano para 2345
estar em todos os pontos ao mesmo tempo, mas que tenham um pouco mais de atenção,
porque você está vendo que está tendo muita reclamação nessa região, e que não são
poucas, sabe, e às vezes a gente quer procurar uma pessoa para falar, e a empreiteira se
diz ser da Petrobras, e diz que não pode fazer nada. Às vezes a Petrobras não está ciente
do que a empreiteira está fazendo em nome da Petrobras, está denegrindo o nome, se 2350
não é a primeira, é a segunda, que eu acho que a Vale está em primeiro, que mais gera
lucro para o país, se não é a primeira é a segunda, eu acho que está entre a Vale e a
Petrobras, entendeu, e está denegrindo a imagem de um símbolo nacional. Agora, vocês
como representantes hoje aqui, estão escutando a gente, de todo mundo um pouquinho,
e tenho certeza que vocês, muitos não conheciam sequer o município antes de ter o 2355
projeto, acho que tem gente que nunca nem sequer passou por aqui, pode ter passado na
estrada, mas dentro não. Hoje conhecem porque tem um projeto, entendeu. Então, se
vocês tiverem um pouquinho mais de atenção, vocês vão ser mais bem recebidos pela
população, isso com certeza. E quanto ao que o amigo falou, eu gostaria muito sim, eu
vou pegar o endereço depois com vocês, para eu poder pegar essa ata, não a resumida, 2360
eu quero a completa. Por quê? Isso é um documento, se amanhã ou depois eu tiver que
cobrar, eu tenho um documento, entendeu, porque tudo o que está sendo proposto é
bonito, mas desde que saia do papel. Quanto ao que você falou, você falou outra coisa
que eu queria debater na hora, mas, você falou de, não é indenização, é em relação aos
impactos. 2365
ANTÔNIO GUSMÃO – Compensação?
VÍTOR FRANCISCO – Compensação. O que a Presidente da Associação de Moradores
de Suruí estava falando é uma coisa muito sensata, o que acontece? Eu acho legal que 2370
nós podemos propor projetos, porque eu tenho projeto. Eu fiz um curso de SMS voltado
para o Pólo Gás Químico, e eu quis implantar num colégio aqui de Mauá, no meu tempo
vago eu queria implantar, que eu fosse dar aula de Meio Ambiente e Segurança do
Trabalho e Saúde, para as crianças, porque como diz, pau que nasce torto não morre
torto. Porque quando ele é pequeno, se você endireitar ele, ele cresce reto. Então, se 2375
você trabalhar as crianças, elas vão dar valor ao Meio Ambiente, à segurança, não só a
segurança de trabalho, mas a segurança doméstica, e à saúde.
ANTÔNIO GUSMÃO – Sr. Vítor, Sr. Vítor, nós, tudo o que o senhor está dizendo aqui, eu
sei que o senhor está até emocionado, falando isso aí com bastante emoção. Mas isso 2380
tudo o que o senhor está dizendo, o senhor tem inteira razão, inteira razão. Todos os
documentos estão a sua disposição, o senhor vai verificar tudo o que o senhor está
dizendo, e com certeza, da mesma forma que aconteceu lá em Cachoeiras de Macacu, as
pessoas estão anotando, estão verificando isso. Inclusive a Dra. Débora, no meio da sua
intervenção, ela queria fazer um comentário, não é Doutora? Só para o senhor ter o 2385
Ministério Público ainda junto aí com o senhor.
DÉBORA VICENTE – Eu gostaria de dizer para o Sr. Vítor e para todos os senhores, que
até essa hora se encontram presentes aqui, demonstrando profundo interesse em relação
aos efeitos desse empreendimento e de todos os outros que estão sendo instalados na 2390
região, que o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, nós não somos Ministério
Público Federal, embora o Ministério Público Federal também tenha uma atuação
importante em defesa do Meio Ambiente, da probidade administrativa, mas o Ministério
Público Brasileiro como um todo, trava uma batalha diária pela proteção dos interesses
coletivos da sociedade. Não é uma batalha simples, nós contamos com o apoio do INEA, 2395
como eu destaquei, tem sido um contato positivo, mas ainda precisamos intensificar esse
contato, por exemplo, no esclarecimento dos critérios de compensação, com a Câmara de
Compensação. Existe inclusive uma reunião, coincidentemente foi tocado nesse aspecto
aqui, designada já na minha Promotoria de Justiça, para conversarmos com a Câmara de
Compensação e alguns secretários municipais de Meio Ambiente, sobre para onde tem 2400
sido destinados esses recursos. Quer dizer, as preocupações manifestadas pelos
senhores aqui, são também as preocupações do Ministério Público. Nós temos realizado
reuniões a respeito desses temas, análise de risco, medidas compensatórias, impactos
sócio-ambientais dos empreendimentos. Os empreendimentos, os senhores tem muito
mais certeza do que eu, tem efeitos gravíssimos, amplíssimos, mas nós temos tentado 2405
acompanhar tudo isso, e as medidas, elas são adotadas, medidas judiciais ou extra-
judiciais, à medida em que as investigações são finalizadas. Agora, as preocupações que
os senhores manifestaram, elas ultrapassam questões meramente ambientais, e também
ultrapassam a atribuição de determinadas promotorias de justiça. De modo que eu
gostaria de orientá-los a nunca deixarem de informar ao Ministério Público pela nossa via 2410
de acesso, pela nossa via de contato à população. Os senhores podem se dirigir à
Promotoria local, não tem problema nenhum, toda cidade tem, toda cidade que tem
Fórum tem Promotoria de Justiça. Por escrito, ou vão chegar lá e vão ser atendidos, e as
reclamações vão ser reduzidas à termo. Mas há mecanismos mais rápidos, telefone 127
da nossa Ouvidoria, os senhores podem relatar os seus problemas, e aí a gente tem 2415
técnicos experimentados, que vão fazer o encaminhamento da sua notícia para a
Promotoria de Justiça, para o Promotor responsável pela solução do problema. Além do
número 127, a gente tem no nosso site, na nossa Internet, mp.rj.gov.br, um link da nossa
Ouvidoria, que aí o senhor pode fazer a comunicação, via sistema, à Promotoria de
Justiça, o Promotor responsável pela sua reclamação vai receber o seu e-mail e vai 2420
adotar as providências que ele entender pertinente, segundo a análise que ele tem da
notícia apresentada. Todas essas preocupações manifestadas aqui foram anotadas por
mim, o Ministério Público também tem acesso à ata, e nós já criamos um calendário de
encontros do Ministério Público, de membros do Ministério Público de atuação
diversificada, Tutela Coletiva do Meio Ambiente, Tutela Coletiva do Patrimônio Público, 2425
promotores de justiça criminais, promotores de justiça da infância e juventude, nós
estamos discutindo todos os efeitos desses empreendimentos, afim de que a gente possa
contribuir, para que o INEA, para que os municípios, para que a Secretaria Estadual de
Segurança Pública, e para que a Petrobras, conduzam todo esse processo, no sentido de
impactar o menos possível a vida de cada um dos senhores. É um trabalho difícil, é um 2430
trabalho complexo, e precisa muito da colaboração dos elementos que os senhores
podem apresentar por essas vias. Como a Petrobras destacou, é preciso que ela saiba
dos problemas causados pelos terceirizados? É verdade, e o Ministério Público também
precisa saber dos problemas causados pelos terceirizados e pela Petrobras nesses
empreendimentos. Nós esperamos que os senhores tenham acesso, façam uso desses 2435
meios de acesso e comunicação. Obrigada.
ANTÔNIO GUSMÃO – A senhora queria fazer alguma colocação? Que estava aí atrás,
por favor.
2440
JANDIRA ROCHA – É mais ou menos, meu nome é Jandira, eu faço parte da Associação
dos Pequenos Produtores. E nessa segunda linha agora que passou, eles passaram num
morro próximo à minha casa, aí quando vinha chuva, de um lado e do outro, as crianças é
o mesmo problema para ir à escola, sujeira, tinha dia que estava chovendo demais, muita
lama, não dava nem para a gente sair nem de carro e nem à pé. Uma vez eu fui sair de 2445
carro e o meu carro ficou atolado, era meio da madrugada, e passou o carro da Ampla,
me amarrou e me desatolou. Estava uma chuva imensa, e aquela coisa, sem contenção,
as coisas feitas tudo de qualquer maneira, e muito desse barro foi para uma área do meu
terreno, uma área que morreram vários pés de goiaba, de outras plantas frutíferas, outras
não frutíferas que eu tenho, e estão lá secas. Que eu tenho fotos de antes dessa obras, 2450
eles todos vivinhos, e eles agora todos lá, os que já caíram e os que não caíram. Então, o
prejuízo, na época eu procurei reclamar e não consegui com ninguém, eu cheguei a
entrar e falar na sala do Presidente da Contreras, ele me atendeu, ele foi até a minha
casa, muito gentilmente, claro, me pegou, eu fui, mostrei, e ele falou que aquilo não era
da competência deles, entendeu, e ficou, e foi assim. Eu perturbei, perturbei, eu fui, quem 2455
me conhece sabe que eu sou de ir, e eu não consegui absolutamente nada. A terra está
lá. Fotos do terreno antes eu tenho, e ele está lá agora para quem quiser ver, eu e mais
dois vizinhos meus tiveram, um dos vizinhos, ele perdeu muitos dos móveis dele com o
alagamento, e eles saíram e não limparam as valas. Eu não tenho como limpar a vala, a
vala está lá toda assoreada, entendeu, de detrito que desceu do morro. A minha pergunta 2460
está aí, para ver se talvez né, vamos ver o que a Petrobras vai fazer com relação a isso,
porque o prejuízo que eu tive foi imenso, e eu corri na época e não consegui nada da
Contreras.
ANTÔNIO GUSMÃO – Dona Jandira, desculpe interromper a senhora, mas a senhora 2465
está no mesmo caso aqui, já está anotado aqui também, no sentido da senhora ter o seu
atendimento.
JANDIRA ROCHA – O interessante seria ter um canal direto com a Petrobras.
2470
ANTÔNIO GUSMÃO – Lógico, vai ter alguém da Petrobras em contato com vocês.
JANDIRA ROCHA – Ok.
ANTÔNIO GUSMÃO – Não é Dra. Daniella, não é isso que é o procedimento? A senhora, 2475
por favor. Depois você Alexandre.
CESIRA LEONIRA – Meu nome é Cesira Leonira Roça, eu moro na rua Marilandes, na
Canela Preta. Quando eu comprei o meu sítio, já vão fazer 40 anos, 35 anos que eu
comprei o meu sítio. Eu comprei para a minha velhice, e viver uma vida tranqüila. Porém, 2480
veio a primeira linha da Petrobras, veio a segunda, veio a terceira, e eu levei 15 anos
fazendo a minha casa. Pois bem, com essa última linha, eles levaram muita gente lá, e eu
fiquei só eu e uma outra casa lá. Conclusão, acabou a minha saúde, acabou a minha
vida, a Petrobras acabou com a minha vida. Porque eu saio para trabalhar, que eu sou
professora, eu saio para trabalhar, que eu sou professora, ladrão levou da minha casa do 2485
DVD às telhas que estavam sendo colocadas num segundo telhado. Geladeira, freezer,
até pratos eles levaram. Ladrão entrou 8 vezes na minha casa. Aí o senhor fala que nós
temos que fazer uma reunião com a Polícia Militar. Eu estive, eu fiz uma carta, levei lá no
Fórum de Piabetá, contando toda minha história, me mandaram que eu fosse no
Comando da Polícia Militar. Eu fui. Com isso, em represaria, os ladrões, porque diziam 2490
que eu tinha que provar quem entrou para levar as minhas coisas. Com isso, eu vou dizer
uma coisa para o senhor, o quê que aconteceu com a minha vida? Ladrão foi lá e
arrancou toda fiação da minha casa, deixou sem luz, sem água, não pude mais morar na
casa, estou morando numa casa de escombro no Ipiranga, porque a minha casa que eu
construí com tanto sacrifício durante 15 anos, eu nem lá dentro posso ficar. Tive que dar 2495
para um senhor morar lá, até ver o que eu faço com essa solução, e eu não sei o que eu
vou fazer. Moro perto desse senhor que está aqui, mais ou menos próximo, o que ele
passa, eu já passei tudo isso, e eu não queria nem falar, não me inscrevi para falar, só
vim aqui para ouvir, mas só sei que vou dizer para vocês, a minha vida virou um farrapo,
eu cheguei aos 65 anos, tudo o que eu construí foi tudo por água abaixo, está lá a minha 2500
casa esqueleto, quebrada, arrancada, janela de alumínio levaram, tudo que tinha lá
levaram. E o quê que eu vou fazer, eu sozinha, mulher? Vou pegar o quê? Uma
metralhadora, vou pegar um revólver e vou dar tiro para onde? A quem eu vou recorrer?
Uma mulher sozinha faz o quê, uma mulher indefesa? Nada. É só isso que eu queria
dizer, porque eu quero registrar isso, que eu vou querer uma cópia também. 2505
ANTÔNIO GUSMÃO – O nome da senhora qual é?
CESIRA LEONIRA – Cesira Leonira Roça.
2510
ANTÔNIO GUSMÃO – Dona Cesira, está registrado. E de fato é lamentável o que
aconteceu com a senhora, e esses casos assim que a população sofre, de fato a gente
fica, eu que faço as Audiências Públicas aqui, tenho essa missão, ao mesmo tempo que
eu vejo uma Associação de Pequenos Produtores Rurais ter a sua pretensão atendida,
dar uma esperança aí de jovens colocados, o próprio xará conversou, isso me trás uma, 2515
eu fico gratificado de poder interceder nessas aproximações. E o que a senhora relata de
fato, Dona Cesira, o prof. Alencar vai fazer contato com a senhora pelo INEA também,
está certo? Depois a senhora passa o endereço para ele aqui, que ele vai anotar, que ele
está vendo esses casos pontuais. Alexandre, você queria fazer uma colocação? Tem uma
outra pergunta tua aqui, mas eu deixo você fazer oralmente. 2520
ALEXANDRE ANDERSON – Gusmão, eu vou me apresentar, porque há alguns que não
me conhecem, até para deixar registrado. Meu nome é Alexandre Anderson, eu estou
Presidente de um Sindicato forma, que é o SINDIPESC-RJ, Sindicato dos Pescadores do
Estado do Rio, e de conhecimento de todos, principalmente da Petrobras, sou Diretor da 2525
Associação Homens do Mar, da Baía de Guanabara, ÁGUAMAR. O que a gente está
vendo aqui, Gusmão, eu até mudei o meu discurso, é exclusão social, eu acredito que é
prática de exclusão social. Estou feliz com a presença da Dra. Promotora aqui,
representando o MP. E falar também para todos, aproveitar em colaboração, que o
mecanismo, o MP, o MPF, são mecanismos corretos, ideais para esse tipo de denúncia. E 2530
fazer uma proposta Gusmão, inclusive para o Márcio da Petrobras, seu Márcio, doutor.
Que a gente tente trazer para esse pessoal que ainda resta aqui, e para os outros que
vão acompanhar o resultado dessa Audiência Pública, uma solução. Eu acho que solução
começaria de fazer um novo Estudo de Impacto Ambiental, pois nós temos aqui
elementos suficientes que provam que as obras anteriores da Petrobras, não estão sendo 2535
corretamente projetadas, corretamente andadas. Porque nós temos experiência na área
de mar e terra, que é o GNL, GLP, inclusive o MPF tem pareceres que provam que tem
falhas no licenciamento, tem falha na condução da obra. E aqui nós verificamos que o
GASDUC, que está aqui para todos verem, que é uma obra desastrosa para o município,
vai ser uma obra desastrosa para todos nós, para a comunidade em peso, para a 2540
população brasileira. Eu acredito que nós estamos escolhendo somente o ônus de todo
esse crescimento aqui. E eu acho que a população mageense tem que parar de, já vi que
parou de aceitar isso quieto. Hoje lotamos isso aqui, e tivemos realmente uma resposta
positiva quanto a isso. Acho que devemos propor isso, um novo Estudo de Impacto
Ambiental, considerando as explanações aqui, visto que isso aqui é uma Audiência 2545
Pública, é uma assembléia, é considerada toda essa fala aqui, é registrada. E eu vou
passar Gusmão, inclusive aproveitar a oportunidade, nós temos sim o Ministério Público
Federal, o Ministério Público Estadual como aliados, aliados de toda população, inclusive
aliados da Petrobras, aliados das grandes empresas. A Petrobras, ela é considerada sim,
ela é a dona da obra, ela tem toda responsabilidade com as empreiteiras, pois estão ali 2550
graças a permissão dela, a licitações ou não. E as sub-contratadas e contratadas que ela
põe aqui, então ela não pode se eximir nenhuma que é por conta da empreiteira. E vou
dizer que eu tive o desprazer de saber a pouco tempo, em uma Audiência no MPF, que
eu fui conhecer o fiscal da Petrobras que estava tomando conta de toda aquela
desordem, somente na Audiência do MPF. Então, não há fiscalização, há uma falha muito 2555
grande na comunicação social da Petrobras. Eu peço ao Dr. Márcio que considere isso,
que é um homem sério, como todos que estão na mesa são sérios, como o Sr. Gusmão,
que considere toda essa fala aqui da população. É prática de exclusão social. Eu espero
que daqui a 5 anos ou 10 anos, a gente não veja aqui os refugiados do Comperj, é o que
está se formando aqui se a gente não fizer nada. Obrigado. 2560
ANTÔNIO GUSMÃO – Está certo. Alexandre, a sua proposta, eu acho que você dividiu a
sua fala em duas, a sua proposta propondo a realização de um outro Estudo de Impacto
Ambiental para isso, eu acho que não seria bem o nosso caminho, porque o Estudo de
Impacto Ambiental, ele tem como objetivo admitir a implantação de um empreendimento, 2565
causando o menor impacto possível. Esses impactos que você está dizendo do
empreendimento anterior, eles já foram causados, então o Estudo de Impacto não iria
consolidar, ou contemplar esses impactos. O que a gente está fazendo aqui, é verificar
caso a caso, que eu vou repetir, isso aconteceu em Macacu também, em Cachoeiras
aconteceu a mesma coisa. E eu, conversando com colegas da Petrobras, que nós somos 2570
órgão licenciador, não é isso, Petrobras, Ministério Público, vocês, Associação de
Moradores, de Pescadores, cada um tem a sua função na sociedade. E tanto lá em
Cachoeiras como aqui, em Guapimirim eu não fiz a Audiência, mas soube também dos
desdobramentos, essas questões pontuais todas foram absolutamente identificadas, e os
colegas assumiram a responsabilidade disso. E nós não estamos fazendo aqui papel para 2575
enrolar ninguém, para enganar ninguém. Seria absolutamente um despropósito, o órgão
ambiental estar aqui, o Ministério Público, não é? Agora, é claro que o que ficou para trás
tem que ser solucionado, e não vai ser um Estudo de Impacto Ambiental Alexandre, que
vai solucionar isso, é uma outra coisa. Que outra coisa é essa? Recuperar esses passivos
que foram deixados. E vocês aqui estão colocando isso. E é claro que os colegas da 2580
Petrobras vão se reunir com vocês, atender a vocês, o Ministério Público está anotando
tudo, o Alencar também já se comprometeu, o Gustavo saiu daqui com o compromisso de
acompanhar também. Então, o acompanhamento agora vai ser de vocês, vocês é que
vão acompanhar isso também, acompanhar junto à Câmara de Compensação,
acompanhar junto aos recursos, e acompanhar as medidas. Essa que é, para isso que foi 2585
feita uma Audiência Pública, Audiência Pública não foi feita para brigar, para xingar, para
trazer outras coisas, foi feita para trazer contribuições de vocês. E digo a vocês, olha, uma
Audiência Pública, tinha o quê, mil pessoas aqui? Heim, tinha mais, é ou não é? Mais de
mil pessoas. E nisso aqui a gente foi colocando, foi pontuando, e isso com certeza vai ser
atendido. O colega queria fazer o uso da palavra? 2590
JOSÉ CLEMENTE – Olha, eu sou José Clemente, eu sou também pelo 4º Distrito, pela
AMOSADA, Associação de Moradores de Santa Dalila, e eu participo do Comperj desde o
início, 2007. Ou seja, tem um Conselho, um Concrecomperj em cada município, tem o
Concrecomperj. A Petrobras não deu estrutura a esses conselhos, ou seja, deixou por 2595
conta dos municípios, qualificação. Tem uma cota de emprego para Magé, todos sabem
disso, uma quantidade de 15 mil a 20 mil empregos para Magé. Tem que ter uma Escola
Técnica do Governo Federal aqui no Município, tudo isso foi tratado lá no início, em 2007,
mas nada disso tem sido cumprido. Esse desabafo aqui, é tudo continuando o que
começou lá no Comperj. O Conselho de Magé, ele vai estar falando com a Petrobras, pois 2600
aumentaram a capacidade em mais 1/3, não é? E não foi passado para o município, para
todos os Conselhos das cidades impactadas, o que esse terço vai gerar de impacto
ambiental na região desses municípios. E nossa preocupação não está com o gasoduto,
nós não estamos preocupados com o gasoduto, o Conselho não está preocupado com
isso, está preocupado com qualificação para o Comperj, quem vai trabalhar lá. Ou seja, 2605
nós só vamos cavar buraco para a Petrobras? Estamos preocupados com os empregos
lá, diretos e indiretos, que vamos ter. Essa é a preocupação dos conselhos municipais,
nós estamos nessa preocupação, que qualifique os nossos jovens para o primeiro
emprego, e que eles estejam qualificados, para quando o Comperj começar a funcionar,
então esses jovens estejam trabalhando no Comperj, não só cavando buraco, essas 2610
coisas, terraplanagem, levantando a construção, para depois outros habitarem.
ANTÔNIO GUSMÃO – Seu José Clemente, o senhor tem acompanhado as reuniões dos
conselhos do Comperj, vamos dizer, as duas últimas reuniões, o senhor não tem notado
uma mudança no comportamento, na postura, com a participação do Secretário Minc 2615
agora? O senhor não está vendo que ele está dando, não vou nem dizer isso, porque vai
pensar que é um gasoduto, mas não acha que o Minc está dando um gás aí nos
conselhos do Comperj?
JOSÉ CLEMENTE – Sim, com certeza. 2620
ANTÔNIO GUSMÃO – O senhor está notando isso?
JOSÉ CLEMENTE – Mas o que nós queremos é que dê condições para o Conselho
trabalhar, do Conselho fiscalizar. 2625
ANTÔNIO GUSMÃO – Mas o senhor não tem notado que está evoluindo, de umas duas
ou três reuniões para cá, com injeção de ânimo, ou de participação, envolvimento, que o
Secretário Minc está fazendo em relação aos conselhos? Eu estou perguntando a sua
opinião com membro, como conselheiro. 2630
JOSÉ CLEMENTE – Olha, tem melhorado, mas não o suficiente do que é necessário,
precisamos de mais, ou seja, nós precisamos de condições, porque esses conselhos,
cada cidade tem um Conselho Regional, mas nós temos o Conselho Estadual, e todo
esse conselho tem um Conselho Regional, que também não sei nem como é que ele está 2635
funcionando. Ou seja, nós aqui, nós nos reunimos, tudo bem, tanto que vamos nos reunir
sábado aí, o Conselho vai estar presente, vamos estar conversando a respeito daqui. Eu
só acho que com certeza, não tem outro conselheiro aqui do Concrecomperj, mas a
gente, o que nós queremos mesmo é que esqueçam esse negócio de Prefeituras
administrando essas coisas. A Petrobras tem que tomar iniciativa e qualificar o povo, só 2640
isso.
ANTÔNIO GUSMÃO – Entendi. Eu acho que a sua solicitação também já foi até
comentada aqui, né. Bem, então, vai, pois não.
2645
JOSÉ JABIS – Meu nome é José Jabis.
ANTÔNIO GUSMÃO – Boa noite.
JOSÉ JABIS – Eu queria falar a respeito, no caso, a gente fica inviável, pelo preço da 2650
passagem, da gente estar indo para outro município fazer o curso, esse do Comperj.
Então, pode ser até que a gente nem venha a preencher a cota pela falta de capacitação.
Então, eu venho pedir, perguntar para os representantes da Petrobras, se vai ser feito
alguma coisa à respeito de colocar alguma escola que tenha curso em Magé, porque se
for em outro município fica inviável, até pelo horário, distância e pelo preço da passagem, 2655
que o nosso Município, a passagem é a mais cara do Rio, se não me engano.
ANTÔNIO GUSMÃO – Está bom. O seu nome mesmo?
JOSÉ JABIS – José Jabis. 2660
ANTÔNIO GUSMÃO – Está bem seu José. Tem algum comentário aí para o pleito aí do
nosso colega, morador aqui de Magé?
CARLOS TREVIA – Sim. Nós estamos buscando que os cursos aconteçam nos 2665
municípios. Aqui eu já posso citar como exemplo, no segundo ciclo, que eu mostrei, que
no primeiro e segundo ciclos foram treinadas 500 pessoas em Magé. No segundo ciclo,
por exemplo, os cursos aconteceram na Associação de Moradores de Vila Carvalho, na
Associação de Moradores de Parque Veneza, por exemplo. Então, a ideia é que a gente
sempre traga os cursos para os municípios. 2670
ANTÔNIO GUSMÃO – Então, o senhor tem que ficar aí agora, sabendo essa
programação, para o senhor procurar o treinamento aqui mesmo no município. Pois não.
Boa noite.
2675
CLÓVIS ROCHA – Boa noite. Meu nome é Clóvis, tenho 53 anos, sou nascido e criado
dentro de Suruí. A minha maior preocupação é concernente de algumas perguntas que
me fizeram, da época em que eu vim, eu nasci e me criei, e as pessoas não obtiveram
documentos dos seus imóveis, até porque, muitas das vezes herdaram de família etc., e
não passaram o IPTU para o nome deles. A preocupação deles é se eles vão ser 2680
ressarcidos, se a Petrobras vai pagar, no caso, para a demolição da sua casa,
respeitando o documento que tem anterior com o nome de outras pessoas. Porque eles
disseram o seguinte, que a Petrobras quando passou há 3 anos, há alguns anos atrás, e
estava pedindo escritura definitiva, e nem todos nós temos escritura definitiva. Eu
principalmente, tenho a minha casa, construída há 25 anos, não tenho escritura definitiva. 2685
Caso precise ser demolida a minha casa, eu queria saber como eu poderia agir, e a quem
recorrer?
ANTÔNIO GUSMÃO – Perfeito. Em relação à documentação. Obrigado seu Clóvis.
2690
MÁRCIO ACCORSI – Posso?
ANTÔNIO GUSMÃO – Pois não.
MÁRCIO ACCORSI – Olha só, vai ser atendido sim, porque existem dois processos, o 2695
processo de aquisição do terreno e um processo de aquisição da posse. Quando o
posseiro, vamos dizer assim, não é dono da terra, ele é indenizado pelas benfeitorias, e a
terra vai ser, num processo depois, provavelmente numa ação judicial, porque
normalmente não existe, não é vivo, ou é imobiliária falida, é uma pessoa que não sabe
aonde se localiza mais, então para esse terreno vai ser feito um processo de, 2700
normalmente de depósito judicial, para se discutir. Agora, a gente tem orientado também
as pessoas, que por exemplo é o caso do senhor, que tente regularizar essa terra. Porque
o senhor mora lá há 25 anos, pode entrar com um processo, por exemplo, de Uso Capião,
regularizar essa terra, e a Petrobras vai indenizar quem for o proprietário da terra. Está
certo? 2705
CLÓVIS ROCHA – A minha casa é legalizada, eu estou falando por pessoas que me
procuraram, que estão passando por essa situação de não ter nenhum documento no
nome deles, pagando até IPTU no nome de outros, já até falecidos. E eles queriam saber
qual é o meio que eles teriam que fazer, para comprovar que realmente aquilo ali 2710
pertence a eles por longos anos.
MÁRCIO ACCORSI – Na realidade, se a pessoa mora ali, tem como provar que mora ali,
ela vai ser indenizada pela posse, com certeza. Ok?
2715
ANTÔNIO GUSMÃO – Seu Clóvis, o senhor está satisfeito com a resposta? Muito
obrigado pela sua presença. Olha, nós estamos aqui reunidos há, tem já duas horas de
reunião? Perdi até, já tem duas horas? Já são onze horas? Que horas são? Essa
Audiência foi, heim? Caramba! Olha, então eu queria, eu vou repetir aqui, eu participo de
audiências públicas, eu tenho essa missão na Secretaria, e eu sempre gosto de participar, 2720
de ouvir. Às vezes a gente escuta numa audiência alguns comentários, a doutora também
participa conosco, mas olha, vocês aqui, eu acho que uma Audiência com mais de mil
pessoas, mais de 200 perguntas, todos com intervenções orais, eu acho que nós tivemos
um grande ganho aqui, de vocês entenderem que o órgão ambiental está fazendo um
trabalho decente, um trabalho direito do licenciamento. O prof. Alencar, que tem aqui a 2725
competência de ser o chefe desse grupo de trabalho, está anotando. E eu tenho absoluta
certeza que as pessoas, os colegas da Petrobras, que é uma empresa que nós temos
satisfação, orgulho de ser uma empresa brasileira, conceituada no mundo inteiro, eles vão
atender todas essas solicitações, eles já demonstraram que os erros que aconteceram aí
pelas empreiteiras, eles não se excluíram dessa responsabilidade. Dr. Débora também 2730
está aqui conosco. Então, eu só tenho é que agradecer a presença de todos, a disposição
de vocês, a forma delicada, educada, eu não sei se vocês também compartilham disso, a
forma delicada que vocês aqui se comportaram. E nós, representando aqui a Secretaria
de Estado do Ambiente, o Secretário Carlos Minc pediu também que trouxesse essa
mensagem para vocês. Nós agradecemos a participação de todos. Eu declaro aqui a 2735
Audiência encerrada. E que todos retornem para as suas casas em paz, com saúde, e
que nós possamos nos encontrar em outras atividades. Uma boa noite, quase um bom
dia, é ou não é? E muito obrigado a todos.
2740
2745