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ATUALIZAÇÕES NOVO CPC (PART 2) Marcello Sgarbi 1 TUTELAS: Já se firmou na doutrina a ideia de que tutela é a atividade jurisdicional que visa a garantir a eficácia do direito material conferido. Isto é o que afirma Marinoni 1 , para quem a tutela jurisdicional, devendo ser considerada no plano do processo, é a atividade jurisdicional que deve realizar a tutela decorrente do direito material de forma plena e eficaz. Diante disso, devemos entender que a tutela deve se amoldar a eficácia do direito que se pretende ver efetivado. Entretanto, esta tutela, para ser efetivada necessita do requerimento dos interessados, ou seja, a atividade jurisdicional deve ser provocada, sob pena de se afrontar o princípio da imparcialidade, isto já estava expressamente previsto no código de 1973 e permanece no novo código de 2015, como podemos comparar: Código de 1973 Art. Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais. Art. 262. O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial. .Código de 2015 Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. 1.1Tutelas Provisórias (urgência e evidência) O Novo Código de Processo Civil, aborda a tutela provisória no seu Livro V, artigos 294 a 311. Conforme esclarece Didier Jr. 2 , no novo código foi abolido o processo cautelar, tendo a sido reunida a tutela cautelar à tutela antecipada no referido Livro V. Aqui o legislador optou por fazer uma aproximação das tutelas cautelar e antecipada, tendo reunido as duas conforme citado acima. O código passa a tratar destas tutelas sob a denominação de provisórias, podendo ser cautelar (não satisfativa) ou antecipada (satisfativa), sendo que o fundamento para tanto pode se dar na urgência (satisfativa ou não satisfativa) ou na evidência (apenas a satisfativa). Por provisório, devemos entender que será deferida no sentido de dar eficácia ao provimento definitivo que se pretende mas, como a eficácia deste depende do transito em julgado da tutela definitiva, em certas situações não há como se esperar o trâmite normal do processo para tanto, devendo ser dada uma tutela que antecipe os efeitos da tutela definitiva ou que de certo modo garanta a eficácia, através de medidas que possam ter efeito imediato, de forma a garantir a eficácia do direito protegido pela tutela definitiva. Provisório será porque esta tutela se mostrará útil enquanto não sobrevier os efeitos da tutela definitiva pretendida e irá durar até a eficácia desta. 1.1.2Tutela provisória em caráter de urgência 1 MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela inibitória. Pág. 400. São Paulo: RT. 1998 2 DIDIER, Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: teoria da prova, direito probatório, ações probatórias, decisão, precedente, coisa julgada e antecipação dos efeitos da tutela.- 10.ed.- Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015.v.2. P. 568-570

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ATUALIZAÇÕES NOVO CPC (PART 2)

Marcello Sgarbi

1 TUTELAS: Já se firmou na doutrina a ideia de que tutela é a atividade jurisdicional que visa a garantir a eficácia do direito

material conferido. Isto é o que afirma Marinoni1, para quem a tutela jurisdicional, devendo ser considerada no plano

do processo, é a atividade jurisdicional que deve realizar a tutela decorrente do direito material de forma plena e eficaz.

Diante disso, devemos entender que a tutela deve se amoldar a eficácia do direito que se pretende ver efetivado.

Entretanto, esta tutela, para ser efetivada necessita do requerimento dos interessados, ou seja, a atividade jurisdicional

deve ser provocada, sob pena de se afrontar o princípio da imparcialidade, isto já estava expressamente previsto no

código de 1973 e permanece no novo código de 2015, como podemos comparar:

Código de 1973

Art. 2º Nenhum juiz prestará a tutela

jurisdicional senão quando a parte ou o

interessado a requerer, nos casos e forma legais.

Art. 262. O processo civil começa por iniciativa

da parte, mas se desenvolve por impulso oficial.

.Código de 2015

Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se

desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em

lei.

1.1Tutelas Provisórias (urgência e evidência)

O Novo Código de Processo Civil, aborda a tutela provisória no seu Livro V, artigos 294 a 311. Conforme

esclarece Didier Jr.2, no novo código foi abolido o processo cautelar, tendo a sido reunida a tutela cautelar à tutela

antecipada no referido Livro V.

Aqui o legislador optou por fazer uma aproximação das tutelas cautelar e antecipada, tendo reunido as duas

conforme citado acima.

O código passa a tratar destas tutelas sob a denominação de provisórias, podendo ser cautelar (não satisfativa)

ou antecipada (satisfativa), sendo que o fundamento para tanto pode se dar na urgência (satisfativa ou não satisfativa) ou

na evidência (apenas a satisfativa).

Por provisório, devemos entender que será deferida no sentido de dar eficácia ao provimento definitivo que se

pretende mas, como a eficácia deste depende do transito em julgado da tutela definitiva, em certas situações não há

como se esperar o trâmite normal do processo para tanto, devendo ser dada uma tutela que antecipe os efeitos da tutela

definitiva ou que de certo modo garanta a eficácia, através de medidas que possam ter efeito imediato, de forma a

garantir a eficácia do direito protegido pela tutela definitiva.

Provisório será porque esta tutela se mostrará útil enquanto não sobrevier os efeitos da tutela definitiva

pretendida e irá durar até a eficácia desta.

1.1.2Tutela provisória em caráter de urgência

1 MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela inibitória. Pág. 400. São Paulo: RT. 1998

2 DIDIER, Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: teoria da prova, direito probatório, ações probatórias,

decisão, precedente, coisa julgada e antecipação dos efeitos da tutela.- 10.ed.- Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015.v.2. P. 568-570

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No novo código a tutela provisória de urgência está instrumentalizada nos artigos 300 a 310 do novo Código de

Processo Civil. Destaque-se que os artigos 300 a 302 contém o regramento referente às disposições gerais.

Os requisitos gerais para o deferimento da tutela em sede de urgência são a probabilidade do direito e o perigo

de dano ou o risco ao resultado útil do processo, ou como como são denominados: fumus boni iuris e o periculum in

mora. Somente para o caso da tutela de urgência satisfativa (antecipada) além destes pressupostos deve, ainda, ser

demonstrada a reversibilidade da medida (artigo 300, parágrafo 3º do NCPC).

Outra inovação do código, além da extinção do processo cautelar como sistema autônomo, se dá também, pelo

fato de que a tutela antecipada passa a contar com a possibilidade de ser requerida de forma antecedente, quando

fundamentada na urgência, ou seja, antes da propositura dos pedidos totais da ação principal, o que somente até então

era permitida a tutela cautelar conforme disposição expressa do código no artigo 303:

Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao

requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se

busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo.

Ainda, em decorrência desta novidade, no que tange a tutela provisória, o código estabeleceu um sistema

denominado de estabilização desta nos casos do réu, após o procedimento previsto no referido artigo, não interpor o

recurso específico para atacar a medida. Nestes casos a tutela deferida, se estabiliza, não como coisa julgada, mas como

uma decisão que tem seus efeitos tornados permanentes e, nesta situação, o processo é extinto, com o equivalente à

resolução do mérito. Mas, esta medida não está sob efeito da coisa julgada, podendo ser impugnada, em ação autônoma,

tanto pelo autor como pelo réu da ação originária no prazo de 02(dois) anos a contar da estabilização da medida.

Quanto a tutela cautelar ou não satisfativa, a novidade se resume no fato desta não ser mais tratada como sendo

um procedimento autônomo do sistema geral do código, passa a compor o processo de conhecimento.

Na sequencia os artigos 303 e 304 tratam da tutela antecipada requerida em caráter antecedente e nos artigos 305 a 310

tratam do procedimento da tutela cautelar requerida em caráter antecedente.

Nos termos do artigo 300 a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a

probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo e para a concessão da tutela de

urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra

parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-

la.

Os requisitos gerais para o seu deferimento são a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao

resultado útil do processo, que se entende pela provável existência de um direito a ser tutelado e um provável perigo em

face do dano ao possível direito pedido. Os referidos requisitos são o fumus boni iuris e o periculum in mora dos

provimentos cautelares.

E finalmente, para ambas as tutelas de urgência não haverá a necessidade de proposição da ação principal,

havendo um único processo a conter as duas, não sendo necessários pagamentos de novas custas ou nova distribuição,

tudo será resolvido na mesma relação processual.

1.1.3. Tutela da Evidência

Aqui, o tempo continua a ser fator de preocupação. Entretanto, aqui o prisma não é a possibilidade de risco ou

perigo, mas, sim, a própria marcha processual que, em algumas situações se mostra perniciosa ao autor, posto que o

natural desenvolvimento do processo pode se mostrar um obstáculo a afastar um direito que para àquele ao qual já se

mostra evidente.

O novo código aglutinou as hipóteses de se reconhecer a evidência do direito do autor no artigo 311:

Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao

resultado útil do processo, quando:

I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;

II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de

casos repetitivos ou em súmula vinculante;

III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que

será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;

IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o

réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.

Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.

O fundamento aqui se dá na evidência, que ao que se extrai dos incisos do artigo 311, devem estar se mostrando

através de provas cabais de forma que possam convencer o Magistrado da procedência do pedido do autor.

Diante disso, conforme disposição expressa, a urgência não é levada em conta como fundamento, podendo até

existir, mas aqui a cognição não é mais superficial e, sim, mais profunda, lastreada me provas convincentes.

Desta necessária cognição decorre que, aqui, não se pode admitir o procedimento antecedente como na tutela da

urgência, portanto aqui o autor não pode agir de forma “preparatória”, deve trazer à baila todos os fundamentos, pedidos

e provas necessários ao deferimento de seus pedidos.

Mas ainda que não se possa admitir a forma “preparatória”, se admite, nos caos dos incisos II e III do artigo

311, o deferimento da medida na forma liminar. Quanto aos incisos I e IV, não é possível a medida liminar tendo em

vista que a participação do réu é necessária para a configuração desta.

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1.2 Tutela específica

A tutela específica se dá quando há o reconhecimento, por parte do juízo, da obrigação do réu em determinada

obrigação de fazer ou não fazer ou de entregar coisa certa, portanto situações específicas. O código de 1973 previa o

tratamento da tutela específica nos artigos 461 e 461-A.

Tais dispositivos se destinavam a regulamentar a forma de efetividade do direito reconhecido nestas situações.

A tutela neste sentido tem plena natureza executiva, onde a preocupação é o direcionamento específico ao direito

pretendido e reconhecido. Tais dispositivos eram complementados pelo artigo 273 do CPC/1973 que prevê a

possibilidade de antecipação da tutela específica pretendida.

Este sistema de regramentos da tutela específica tem correspondência destas regras nos artigos 497 e 498.

Podemos assim comparar:

Código de 1973

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o

cumprimento de obrigação de fazer ou não

fazer, o juiz concederá a tutela específica da

obrigação ou, se procedente o pedido,

determinará providências que assegurem o

resultado prático equivalente ao do

adimplemento. (Redação dada pela Lei nº 8.952,

de 13.12.1994)

§ 1o A obrigação somente se converterá

em perdas e danos se o autor o requerer ou se

impossível a tutela específica ou a obtenção do

resultado prático correspondente. (Incluído pela

Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 2o A indenização por perdas e danos dar-

se-á sem prejuízo da multa (art. 287). (Incluído

pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 3o Sendo relevante o fundamento da

demanda e havendo justificado receio de

ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz

conceder a tutela liminarmente ou mediante

justificação prévia, citado o réu. A medida

liminar poderá ser revogada ou modificada, a

qualquer tempo, em decisão

fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.952, de

13.12.1994)

§ 4o O juiz poderá, na hipótese do

parágrafo anterior ou na sentença, impor multa

diária ao réu, independentemente de pedido do

autor, se for suficiente ou compatível com a

obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o

cumprimento do preceito. (Incluído pela Lei nº

8.952, de 13.12.1994)

§ 5o Para a efetivação da tutela específica

ou a obtenção do resultado prático equivalente,

poderá o juiz, de ofício ou a requerimento,

determinar as medidas necessárias, tais como a

imposição de multa por tempo de atraso, busca e

apreensão, remoção de pessoas e coisas,

desfazimento de obras e impedimento de

atividade nociva, se necessário com requisição

de força policial. (Redação dada pela Lei nº

10.444, de 7.5.2002)

§ 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o

valor ou a periodicidade da multa, caso verifique

que se tornou insuficiente ou

excessiva. (Incluído pela Lei nº 10.444, de

7.5.2002)

Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto

a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela

específica, fixará o prazo para o cumprimento da

obrigação. (Incluído pela Lei nº 10.444, de

7.5.2002)

.Código de 2015

Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de

fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a

tutela específica ou determinará providências que assegurem a

obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.

Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica

destinada a inibir a prática, a reiteração ou a continuação de um

ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da

ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo.

Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa,

o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o

cumprimento da obrigação.

Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa

determinada pelo gênero e pela quantidade, o autor

individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a escolha, ou,

se a escolha couber ao réu, este a entregará individualizada, no

prazo fixado pelo juiz.

Art. 499. A obrigação somente será convertida em perdas

e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica

ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.

Art. 500. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem

prejuízo da multa fixada periodicamente para compelir o réu ao

cumprimento específico da obrigação.

Art. 501. Na ação que tenha por objeto a emissão de

declaração de vontade, a sentença que julgar procedente o

pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os

efeitos da declaração não emitida.

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§ 1o Tratando-se de entrega de coisa

determinada pelo gênero e quantidade, o credor

a individualizará na petição inicial, se lhe couber

a escolha; cabendo ao devedor escolher, este a

entregará individualizada, no prazo fixado pelo

juiz. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

§ 2o Não cumprida a obrigação no prazo

estabelecido, expedir-se-á em favor do credor

mandado de busca e apreensão ou de imissão na

posse, conforme se tratar de coisa móvel ou

imóvel. (Incluído pela Lei nº 10.444, de

7.5.2002)

§ 3o Aplica-se à ação prevista neste artigo

o disposto nos §§ 1o a 6

o do art. 461.(Incluído

pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

O que se tem, no caso do novo código, é um regramento mais enxuto, mas plenamente aplicável quando

reconhecida tais obrigações ou nos casos de antecipação dos efeitos destas.

2.EXECUÇÃO Dentre as diversas mudanças ocorridas no CPC/2015, e conforme o objetivo deste, vamos destacar as que

entendemos mais significativas:

a)Possibilidade de citação por correio: o novo código, no seu artigo 247, ao regulamentar em quais hipóteses se pode

efetuar a citação por correio, excluiu de suas exceções o processo de execução conforme disposição do artigo 222 do

atual código.

Código de 1973

Art. 222. A citação será feita pelo correio,

para qualquer comarca do País, exceto:

a) nas ações de estado;

b) quando for ré pessoa incapaz;

c) quando for ré pessoa de direito público;

d) nos processos de execução;

e) quando o réu residir em local não

atendido pela entrega domiciliar de

correspondência;

f) quando o autor a requerer de outra

forma.

.Código de 2015

Art. 247. A citação será feita pelo correio para qualquer

comarca do país, exceto:

I – nas ações de estado, observado o disposto no art. 695, § 3º;

II – quando o citando for incapaz;

III – quando o citando for pessoa de direito público;

IV – quando o citando residir em local não atendido pela

entrega domiciliar de correspondência;

V – quando o autor, justificadamente, a requerer de outra

forma.

b) Ainda, o processo autônomo de execução fica restrito aos títulos executivos extrajudiciais, em conformidade com os

artigos 771 a 925.

c) Pode ser determinada, por requerimento da parte, a inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes.

Esta possibilidade também é dada na hipótese da execução definitiva de títulos judiciais conforme o artigo 782, §5º.

d) O prazo para pagamento, na execução por quantia certa, passa a ser de três dias contados da citação conforme artigo

829.

e) Para a expropriação do bem poderá ser efetuado leilão judicial, o termo o praça desaparece, conforme artigo 881.

Permanecem a alienação por inciativa particular e a adjudicação.

f) Ao contrário do sistema atual, o leilão somente se dará na forma presencial quando não for possível a sua realização

por meio eletrônico pelos ditames do artigo 882.

g) Uma outra inovação se dá ao admitir expressamente a execução contra a Fazenda Pública com base em título

executivo extrajudicial, artigo 910, e não mais somente por título judicial, o procedimento será o do cumprimento se

sentença contra a Fazenda Pública. A saber:

Art. 910. Na execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública será citada para opor embargos em 30 (trinta)

dias. § 1

o Não opostos embargos ou transitada em julgado a decisão que os rejeitar, expedir-se-á precatório ou requisição de

pequeno valor em favor do exequente, observando-se o disposto no art. 100 da Constituição Federal.

§ 2o Nos embargos, a Fazenda Pública poderá alegar qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa no

processo de conhecimento.

§ 3o Aplica-se a este Capítulo, no que couber, o disposto nos artigos 534 e 535.

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h) reconhece-se a possibilidade de prisão civil ao devedor de alimentos também por título extrajudicial, conforme artigo

911 e não mais exclusivamente

às dividas decorrentes de títulos judicias.

i) Com relação aos honorários advocatícios, o juiz deve fixar de pronto ao despachar a inicial o valor de 10% de

honorários advocatícios, entretanto este valor deverá ser reduzido pela metade no caso de pronto pagamento efetuado

pelo devedor, quando o devedor, portanto cumpre com o dever de pagar o débito em juízo no prazo fixado em juízo. De

outra banda, em caso de rejeição ou improcedência de embargos à execução o valor dos honorários advocatícios deve

ser elevado para 20%. Tudo em conformidade com o artigo 827.

3.Embargos

Aqui também, como é de se esperar, houve mudanças no sistema pelo qual o devedor pode se opor a execução

dentre as quais apontamos como significativas as elencadas a seguir, por entendermos serem significativas em

comparação ao sistema atual.

a) Prazos e contagem. Com relação ao prazo de oposição dos embargos a execução, o art. 915, caput, mantém o prazo

de 15 dias, entretanto, a contagem do prazo tem algumas inovações, dentre as quais destacamos:

I)Cônjuges:

O parágrafo primeiro do referido artigo agora inclui as pessoas que se encontram sob união estável como sendo

beneficiárias da contagem da contagem autônoma do prazo, a ser computado da juntada do último mandato.

II)Nas execuções por carta:

O parágrafo segundo do artigo 915, trata da contagem dos prazos para oposição de embargos de acordo com o

julgamento pelo juízo deprecante ou deprecado. O inciso I do referido parágrafo determina que a contagem se dará da

juntada da certificação da citação quando versarem sobre vícios da penhora, da avaliação ou da alienação de bens. Já o

inciso II, determina que o julgamento se dará no juízo de origem e a contagem se fará a partir da juntada da

comunicação do cumprimento da carta ou, na ausência deste , da juntada da própria precatória devidamente cumprida

quando não se tratar das matérias do inciso I.

III)Prazo em dobro:

O parágrafo 3º é expresso ao afirmar que não se aplica o prazo em dobro do artigo 229 (litisconsortes)

b) Incorreção de penhora ou de avaliação. Nestes casos agora poderão ser impugnadas a incorreção de penhora ou de

avaliação por simples petição, sendo um incidente, portanto, não necessitando de procedimento autônomo conforme

disposição expressa do artigo 917, parágrafo 1º.

c) Comunicação da precatória. O parágrafo 4º do artigo 915 exige que a o cumprimento da precatória pelo juízo

deprecado seja efetivada pelo meio eletrônico.

4. COOPERAÇÃO E MOTIVAÇÃO a) Cooperação

O princípio da Cooperação passa a ser expressamente previsto no novo sistema processual brasileiro. De forma

expressa o art. 6.º do novo CPC consagra tal princípio, de onde se exige que todos os sujeitos do processo cooperem

entre si para que se obtenha a solução do processo com efetividade e em tempo razoável. Tal dispositivo, entretanto, se

mostra mais voltado a atuação do Juiz, de onde agora se extrai que este poderá ter participação mais ativa na solução do

litígio, já que agora, por todo a lógica que permeia o novo CPC, poderá ter atuação mais direta na determinação de atos

que visem a solução da demanda, bem como maiores poderás para interagir com as partes, podendo “sugerir” a

realização de atos e aproveitamento de outros que, resguardado o contraditório, podem ser benéficos à solução da lide.

Conforme ensina Didier3, a cooperação significa que o órgão jurisdicional passa a ser um participante ativo no

processo, junto às partes, na condução do processo não mais pela exclusiva vontade das partes, mas com a condução

mais próxima destas, valorizando o contraditório em buscando a solução da lide. Mas continua o autor, que esta

condução não se extende às decisões, que continua sendo ato exclusivo do magistrado4.

Também podemos considerar como parte do princípio da cooperação o regramento do artigo 67 do NCPC:

Art. 67. Aos órgãos do Poder Judiciário, estadual ou federal, especializado ou comum, em todas as instâncias e graus de

jurisdição, inclusive aos tribunais superiores, incumbe o dever de recíproca cooperação, por meio de seus magistrados e

servidores.

Esta cooperação entre órgãos jurisdicionais objetiva a celeridade, já que “os juízos poderão formular um ao

outro pedido de cooperação para a prática de qualquer ato processual” , artigo 68, o que vai demandar, ao menos esta é a

previsão, uma significativa diminuição do tempo despendido com atos judiciais externos.

Ressalte-se que, o atual CPC já contempla os institutos da carta de ordem e da carta precatória, considerados

meios de cooperação, o objetivo do novo código é mais amplo, de imediato inclui também o auxílio direto, reunião ou

apensamento de processo, prestação de informações e atos concentrados entre os juízes cooperantes, tudo sem necessitar

de forma específica rígida, conforme artigo 69 do novo código:

Art. 69. O pedido de cooperação jurisdicional deve ser prontamente atendido, prescinde de forma específica e pode ser

executado como:

3 DIDIER, Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de

conhecimento.- 17.ed.- Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015. Pg 125. 4 Idem. Pg 126

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I - auxílio direto;

II - reunião ou apensamento de processos;

III - prestação de informações;

IV - atos concertados entre os juízes cooperantes.

§ 1o As cartas de ordem, precatória e arbitral seguirão o regime previsto neste Código.

§ 2o Os atos concertados entre os juízes cooperantes poderão consistir, além de outros, no estabelecimento de

procedimento para:

I - a prática de citação, intimação ou notificação de ato;

II - a obtenção e apresentação de provas e a coleta de depoimentos;

III - a efetivação de tutela provisória;

IV - a efetivação de medidas e providências para recuperação e preservação de empresas;

V - a facilitação de habilitação de créditos na falência e na recuperação judicial;

VI - a centralização de processos repetitivos;

VII - a execução de decisão jurisdicional.

§ 3o O pedido de cooperação judiciária pode ser realizado entre órgãos jurisdicionais de diferentes ramos do Poder

Judiciário.

b) Motivação

Outro aspecto que se modificou no novo CPC foi motivação de todas as decisões, em especial as decisões

interlocutórias, que exigem agora fundamentação detalhada da motivação e não mais meras repetições de expressões

como “ausentes os pressuposto nego , ou ao contrário, presentes os pressupostos defiro”, agora o Magistrado deverá

expor suas razões para o reconhecimento de tais atos.

Por outro lado, a sentença continua com a determinação de motivação, mas o novo CPC expões de forma clara

como deve ser feita e o que não se considera como motivação válida. A saber as duas hipóteses:

Código de 1973

Sem correspondente

Código de 2015

Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do

Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas

todas as decisões, sob pena de nulidade.

Parágrafo único. Nos casos de segredo de

justiça, pode ser autorizada a presença somente das

partes, de seus advogados, de defensores públicos ou

do Ministério Público.

Código de 1973

Art. 458. São requisitos essenciais

da sentença:

I - o relatório, que conterá os

nomes das partes, a suma do pedido e da

resposta do réu, bem como o registro das

principais ocorrências havidas no

andamento do processo;

II - os fundamentos, em que o juiz

analisará as questões de fato e de direito;

III - o dispositivo, em que o juiz

resolverá as questões, que as partes Ihe

submeterem.

Art. 459. O juiz proferirá a

sentença, acolhendo ou rejeitando, no

todo ou em parte, o pedido formulado

pelo autor. Nos casos de extinção do

processo sem julgamento do mérito, o

juiz decidirá em forma concisa.

Parágrafo único. Quando o autor

tiver formulado pedido certo, é vedado

ao juiz proferir sentença ilíquida.

Art. 460. É defeso ao juiz proferir

sentença, a favor do autor, de natureza

diversa da pedida, bem como condenar o

réu em quantidade superior ou em objeto

diverso do que Ihe foi demandado.

Parágrafo único. A sentença deve

ser certa, ainda quando decida relação

jurídica condicional. (Incluído pela Lei

nº 8.952, de 13.12.1994)

.Código de 2015

Art. 489. São elementos essenciais da

sentença:

I - o relatório, que conterá os nomes das partes,

a identificação do caso, com a suma do pedido e da

contestação, e o registro das principais ocorrências

havidas no andamento do processo;

II - os fundamentos, em que o juiz analisará as

questões de fato e de direito;

III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as

questões principais que as partes lhe submeterem.

§ 1o Não se considera fundamentada qualquer

decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou

acórdão, que:

I - se limitar à indicação, à reprodução ou à

paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação

com a causa ou a questão decidida;

II - empregar conceitos jurídicos

indeterminados, sem explicar o motivo concreto de

sua incidência no caso;

III - invocar motivos que se prestariam a

justificar qualquer outra decisão;

IV - não enfrentar todos os argumentos

deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a

conclusão adotada pelo julgador;

V - se limitar a invocar precedente ou

enunciado de súmula, sem identificar seus

fundamentos determinantes nem demonstrar que o

caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;

VI - deixar de seguir enunciado de súmula,

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jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem

demonstrar a existência de distinção no caso em

julgamento ou a superação do entendimento.

§ 2o No caso de colisão entre normas, o juiz

deve justificar o objeto e os critérios gerais da

ponderação efetuada, enunciando as razões que

autorizam a interferência na norma afastada e as

premissas fáticas que fundamentam a conclusão.

§ 3o A decisão judicial deve ser interpretada a

partir da conjugação de todos os seus elementos e em

conformidade com o princípio da boa-fé.

*todos os grifos são nossos

5.PRECEDENTES

O novo sistema processual, de forma expressa, determina o respeito aos precedentes jurisdicionais, sobretudo

dos Tribunais Superiores. Ainda que se possa afirmar que o atual código de 1973 visa a uniformização de

jurisprudência, este não se mostra expresso no respeito à jurisprudência. O código de 2015 entretanto, agora determina

de forma expressa esta necessidade de observância aso precedentes e, como dito, especialmente aos Tribunais

Superiores. Tudo em evidente consonância à necessidade de uniformização das decisões, visando maior segurança

social, bem como a redução de interposição de recursos. A saber o artigo 927 do novo código, que não tem

correspondente no atual código de 1973:

Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:

I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;

II - os enunciados de súmula vinculante;

III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de

recursos extraordinário e especial repetitivos;

IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de

Justiça em matéria infraconstitucional;

V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.

§ 1o Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1o, quando decidirem com fundamento

neste artigo.

§ 2o A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos repetitivos poderá ser

precedida de audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a

rediscussão da tese.

§ 3o Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou

daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e

no da segurança jurídica.

§ 4o A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese adotada em julgamento de casos

repetitivos observará a necessidade de fundamentação adequada e específica, considerando os princípios da segurança

jurídica, da proteção da confiança e da isonomia.

§ 5o Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizando-os por questão jurídica decidida e divulgando-os,

preferencialmente, na rede mundial de computadores.

6. INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA

Este instituto processual está previsto expressamente no novo CPC e está relacionado aos recursos, que prevê

que “o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo de competência originária envolver relevante

questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos” (art. 947).

Cumpre alertar que, como expresso no artigo referido também se aplica à remessa necessária, que não é

tecnicamente um recurso, e aos processos de competência originária dos Tribunais, que também não são recursos. A

função de tal sistema é de, precipuamente, otimizar a função jurisdicional, uniformizando de forma imediata o

entendimento dos Tribunais em matérias de relevância social, não afetadas pelo incidente de julgamento de recursos

repetitivos. A consequência indireta é a redução de novos recursos e maior celeridade.

Este instituto já estava previsto no atual código em seu artigo 555, parágrafo 1º, mas a novidade do novo código

é que o incidente poderá ser provocado pela parte, pelo MP e pela Defensoria Pública e não mais somente pelo relator

como no atual sistema. A saber:

Código de 1973

Art. 555. No julgamento de apelação ou de

agravo, a decisão será tomada, na câmara ou

turma, pelo voto de 3 (três) juízes. (Redação

dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

.Código de 2015

Art. 947. É admissível a assunção de competência quando o

julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo de

competência originária envolver relevante questão de direito,

com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos

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§ 1o Ocorrendo relevante questão de direito, que

faça conveniente prevenir ou compor

divergência entre câmaras ou turmas do tribunal,

poderá o relator propor seja o recurso julgado

pelo órgão colegiado que o regimento indicar;

reconhecendo o interesse público na assunção de

competência, esse órgão colegiado julgará o

recurso. (Incluído pela Lei nº 10.352, de

26.12.2001)

§ 2o Não se considerando habilitado a proferir

imediatamente seu voto, a qualquer juiz é

facultado pedir vista do processo, devendo

devolvê-lo no prazo de 10 (dez) dias, contados

da data em que o recebeu; o julgamento

prosseguirá na 1a (primeira) sessão ordinária

subseqüente à devolução, dispensada nova

publicação em pauta. (Redação dada pela Lei nº

11.280, de 2006)

§ 3o No caso do § 2o deste artigo, não

devolvidos os autos no prazo, nem solicitada

expressamente sua prorrogação pelo juiz, o

presidente do órgão julgador requisitará o

processo e reabrirá o julgamento na sessão

ordinária subseqüente, com publicação em

pauta. (Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006)

processos.

§ 1o Ocorrendo a hipótese de assunção de competência, o relator

proporá, de ofício ou a requerimento da parte, do Ministério

Público ou da Defensoria Pública, que seja o recurso, a remessa

necessária ou o processo de competência originária julgado pelo

órgão colegiado que o regimento indicar.

§ 2o O órgão colegiado julgará o recurso, a remessa necessária

ou o processo de competência originária se reconhecer interesse

público na assunção de competência.

§ 3o O acórdão proferido em assunção de competência vinculará

todos os juízes e órgãos fracionários, exceto se houver revisão de

tese.

§ 4o Aplica-se o disposto neste artigo quando ocorrer relevante

questão de direito a respeito da qual seja conveniente a

prevenção ou a composição de divergência entre câmaras ou

turmas do tribunal.

7.PROCESSO DE CONHECIMENTO

Já na exposição de motivos do novo código se percebe uma ênfase na eficácia do processo. No novel sistema, a

entrar em vigência, há uma tendência a não detalhar de forma exaustiva os procedimentos, de forma a não torná-los

vítimas de rigidez excessiva. O novo sistema autoriza uma liberdade ao magistrado em conduzir o processo com

criatividade, concede maior impulso à conciliação e até a possibilidade de negociação, pelas partes, do procedimento a

ser adotado para a solução do litígio (artigo 190 do novo CPC).

Podemos apontar de forma sintética, que o novo sistema possui algumas novidades que se mostram inovadoras

comparadas ao atual sistema:

a) adoção de um rito único, com a extinção dos ritos sumários e ordinários, conforme previsto a partir do artigo 302 do

novo CPC. O rito passa a ser comum à quase todas as demandas, com exceção dos ritos especiais, sendo que seu

desenvolvimento será adaptado à realidade da demanda e não mais por mero formalismo legal.

b) A mudança no início do desenvolvimento do processo a partir da citação do réu, onde, no supracitado rito único, o

prazo para contestação não se inicia de imediato com a citação mas, sim, após a realização de uma audiência de

conciliação e mediação. Ou seja, o réu agora é citado para comparecer à referida audiência e a partir desta, e somente se

não houver composição, é que se iniciará o prazo para contestação, conforme regras dos artigos 334 e 335 do novo CPC.

c) A redução dos procedimentos especiais, onde alguns deixam de ser elencados como tal e passam a compor o processo

de conhecimento comum, como por exemplo a antecipação de provas, que deixa de ser tutela cautelar e passa a ser parte

do capítulo das provas no processo de conhecimento. Da mesma, forma, p.ex., a ação de apresentar contas por aquele

que entende ter a obrigação de apresentá-las deixa de existir, se for necessária será proposta na forma do processo de

conhecimento.

c) Deixa de existir o processo cautelar, sendo aglutinado no processo de conhecimento junto à antecipação de tutela, a

partir do artigo 294 do novo CPC, como já referido neste.

d) a ampliação do do negócio jurídico processual onde, tratando-se direitos que admitam autocomposição, as partes

podem ajustar o procedimento, conforme artigo 190 do novo CPC, que amplia o instituto do artigo 181 do atual códex

que se restringia a mudança de prazos dilatórios. A saber:

Código de 1973

Art. 181. Podem as partes, de comum

acordo, reduzir ou prorrogar o prazo dilatório; a

convenção, porém, só tem eficácia se, requerida antes do vencimento do prazo, se fundar em

motivo legítimo.

§ 1o O juiz fixará o dia do vencimento do

prazo da prorrogação.

§ 2o As custas acrescidas ficarão a cargo

da parte em favor de quem foi concedida a

.Código de 2015

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que

admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes

estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus,

poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o

processo.

Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz

controlará a validade das convenções previstas neste artigo,

recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de

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prorrogação.

inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte

se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade

e) Alteração na contagem dos prazos processuais, que deixam de ser por dias corridos e passam a ser por dias úteis,

para atender a conforme expressa determinação do artigo 219 do novo CPC. A saber:

Código de 1973

Art. 178. O prazo, estabelecido pela lei ou pelo

juiz, é contínuo, não se interrompendo nos

feriados.

.Código de 2015

Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou

pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos

prazos processuais.

Existem outras alterações, mas em face do objetivo deste módulo, entendemos estas mais significativas, tendo

em vista redimensionarem o processo de conhecimento como já estamos habituados.

8. SENTENÇA E SUA MOTIVAÇÃO

Destarte ter sido abordado o tópico da motivação das decisões judicias, se impõe agora, uma melhor análise de

uma delas em específico, com brevidade.

A sentença no novo código mantém a redação com base no seu conteúdo, mas esclarece alguns pontos que

estavam omissos no atual código, que forma abordadas na parte final do artigo 203 do novo CPC.

As distinções podem ser constatadas comparando a redação dos artigos referentes ao conceito de sentença nos dois

sistemas:

Código de 1973

Art. 162. Os atos do juiz consistirão em

sentenças, decisões interlocutórias e despachos.

§ 1º Sentença é o ato do juiz que implica

alguma das situações previstas nos arts. 267 e

269 desta Lei. (Redação dada pelo Lei nº

11.232, de 2005)

(...)

.Código de 2015

Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em

sentenças, decisões interlocutórias e despachos.

§ 1o Ressalvadas as disposições expressas dos

procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio

do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à

fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a

execução.

Portanto, o novo conceito de sentença se mantém orientado pelo conteúdo, mas dá relevância ao seu efeito na

marcha processual, com isso, será sentença as decisões que imponham resolução ou não do mérito, mas que encerrem a

fase de conhecimento do processo ou encerrem o processo de execução. Cumpre ressaltar que neste último (execução)

deve, em primeiro momento, encerrar a discussão sobre a natureza das decisões no processo de execução.

Como dito antes, se mantém a motivação com elemento da sentença, mas o código definiu agora que esta

motivação deve ser detalhada e, da mesma forma, com base em experiências do passado, resolveu também definir o que

não se pode considerar como sendo motivação, demandando reforma.

9. COISA JULGADA E SISTEMA RECURSAL

a)Coisa Julgada

A coisa julgada no novo código acabou por sofrer uma extensão no seu alcance. Enquanto no atual sistema esta

se limitava às questões expressamente pretendidas e debatidas pelas partes com a propositura da ação, no novo código a

coisa julgada passa a abranger as questões incidentais reconhecidas pelo Juiz durante a instrução deste, mesmo as

discutidas indiretamente em face de terem sido reflexos da discussão de mérito. Isto objetiva maior celeridade, evitando

novas demandas e, até, maior segurança jurídica sobre as questões postas em juízo. A saber:

Código de 1973

Art. 467. Denomina-se coisa julgada material a

eficácia, que torna imutável e indiscutível a

sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou

extraordinário.

Art. 468. A sentença, que julgar total ou

parcialmente a lide, tem força de lei nos limites

da lide e das questões decididas.

.Código de 2015

Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que

torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita

a recurso.

Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito

tem força de lei nos limites da questão principal expressamente

decidida.

§ 1o O disposto no caput aplica-se à resolução de questão

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prejudicial, decidida expressa e incidentemente no processo, se:

(este parágrafo não tem correspondência no atual código)

I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;

II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não

se aplicando no caso de revelia;

III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa

para resolvê-la como questão principal.

§ 2o A hipótese do § 1o não se aplica se no processo houver

restrições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o

aprofundamento da análise da questão prejudicial.

b)Sistema Recursal

O sistema recursal passa a contar com uniformidade de prazos, onde o prazo de todos os recursos à exceção dos

embargos de declaração, passa a ser de 15 dias, bem como com a extinção dos embargos infringentes e do agravo

Retido. Com relação aos prazos assim determina o novo código:

Código de 1973

Art. 508. Na apelação, nos embargos

infringentes, no recurso ordinário, no recurso

especial, no recurso extraordinário e nos

embargos de divergência, o prazo para interpor e

para responder é de 15 (quinze) dias. (Redação

dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

.Código de 2015

Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da

data em que os advogados, a sociedade de advogados, a

Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público

são intimados da decisão.

(...)

§ 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para

interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.

Em relação aos recursos propriamente ditos, o Código atual admite a interposição de sete recursos: i) apelação;

ii) agravo; iii) embargos infringentes; iv) embargos de declaração; v) recurso ordinário; vi) recurso especial; e vii)

recurso extraordinário. Sendo que para o agravo existem quatro modalidades: a) agravo retido; b) agravo de

instrumento; c) agravo na forma do artigo 544; e d) agravo na forma do §1º do artigo 557.

Já no novo CPC, a ideia foi a simplificação do sistema recursal. Segundo o Novo CPC serão cabíveis os

seguintes recursos conforme redação do artigo 994 do novo código: i) apelação; ii) agravo de instrumento; iii) agravo

interno; iv) embargos de declaração; v) recurso ordinário; vi) recurso especial; vii) recurso extraordinário; viii) agravo

em recurso especial e extraordinário; e ix) embargos de divergência

Ainda, apesar de ter sido mantido o efeito suspensivo da apelação, os recursos não impedem a eficácia das

decisões se assim entender o órgão jurisdicional, conforme artigo 995 NCPC:

Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso.

Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de

seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de

provimento do recurso.

De outro lado houve uma grande alteração com relação ao recurso de Agravo destinado ao ataque das decisões

interlocutórias.

O novo código preferiu instituir um rol taxativo de decisões passiveis de ataque por agravo de instrumento, que

podem ser direcionadas imediatamente ao Tribunal para conhecimento e, para as demais, não elencadas, passa a não

mais considerar preclusivo o sistema. Com isso, as decisões que não estejam previstas no rol do artigo 1015 do novo

código, podem ser revolvidas em sede de apelação, se assim entender necessário o apelante, em caráter preliminar na

peça recursal, independente de ter havido protesto no momento oportuno. A saber:

Código de 1973

Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá

agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma

retida, salvo quando se tratar de decisão

suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de

inadmissão da apelação e nos relativos aos

efeitos em que a apelação é recebida, quando

será admitida a sua interposição por

instrumento. (Redação dada pela Lei nº 11.187,

de 2005)

.Código de 2015

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões

interlocutórias que versarem sobre:

I - tutelas provisórias;

II - mérito do processo; III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;

IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;

V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento

do pedido de sua revogação;

VI - exibição ou posse de documento ou coisa;

VII - exclusão de litisconsorte;

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Parágrafo único. O agravo retido independe de

preparo. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de

30.11.1995)

Sem correspondência no código de 1973

VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;

IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;

X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo

aos embargos à execução;

XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o;

XII - (VETADO);

XIII - outros casos expressamente referidos em lei.

Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra

decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de

sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de

execução e no processo de inventário.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a

decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não

são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar

de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou

nas contrarrazões.

Este ponto, entretanto, é controverso, visto que alguns doutrinadores ( entre eles Marinoni e Didier) entendem o

rol como exemplificativo, destarte a redação do artigo 1015 do CPC.

10. LIQUIDAÇÃO E CUMPRIMENTO DE SENTENÇA: a) Processo de Execução

Como já exposto antes, de forma expressa o processo autônomo de execução se restringe aos títulos

extrajudiciais, conforme artigo 771 do novo código, mas aplicável subsidiariamente a outros processos especiais de

execução e ao cumprimento de sentença:

Art. 771. Este Livro regula o procedimento da execução fundada em título extrajudicial, e suas disposições aplicam-se,

também, no que couber, aos procedimentos especiais de execução, aos atos executivos realizados no procedimento de

cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou fatos processuais a que a lei atribuir força executiva.

Portanto, ainda que autônomo, o processo de execução serve como referência aos direitos que dependam da

aplicação da tutela executiva, quando as disposições procedimentais para estes for omissa.

b) Liquidação de Sentença

O procedimento foi simplificado no Novo Código de Processo Civil, o artigo 509 define as modalidades de

liquidação:

Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento

do credor ou do devedor:

I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto

da liquidação;

II - pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e provar fato novo.

§ 1o Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a

execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.

§ 2o Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o

cumprimento da sentença.

§ 3o O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e colocará à disposição dos interessados programa de atualização

financeira.

§ 4o Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou.

A primeira inovação é a de que a liquidação que dependa exclusivamente de mero cálculo aritmético para se

chegar ao valor devido não exige liquidação da obrigação, deixa de fazer parte do rol da liquidação. De fato, o art. 786,

parágrafo único, do Novo CPC prevê que a necessidade de simples operações aritméticas para apurar o crédito

exequendo não retira a liquidez da obrigação constante do título.

Com isso, conforme disposição do parágrafo 2º do art. 509 nos casos de sentenças que dependam da apuração

do valor apenas por cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença, onde o

exequente se quiser poderá ser auxiliado por programa de atualização financeira a ser disponibilizado pelo Conselho

Nacional de Justiça, conforme disposição do parágrafo 3.º deste artigo.

Outro importante é que o artigo 509, caput, do Novo CPC dá algumas diretrizes no entendimento do cabimento

da liquidação. Em primeiro lugar, ao mencionar que é cabível em sentenças condenatórias de quantias ilíquidas, parece

limitar somente à obrigação de pagar quantia. Em segundo lugar, abre a legitimidade tanto ao credor como ao devedor

(parte final do caput do artigo 509).

De outro lado, restam somente dois tipos de liquidação : (I) por arbitramento e (II) pelo procedimento comum.

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Se reduz as diferentes espécies de liquidação de sentença, limitando-se a prever dois diferentes procedimentos:

uma delas é a liquidação por arbitramento quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou exigido

pela natureza do objeto quando a fixação do valor dependesse de prova pericial.

A outra espécie é a liquidação pelo procedimento comum, quando dependa da necessidade de provar fato novo.

O procedimento da liquidação por arbitramento está regulado pelo artigo 510:

Art. 510. Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as partes para a apresentação de pareceres ou documentos

elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de plano, nomeará perito, observando-se, no que couber, o

procedimento da prova pericial.

Para tanto, sendo subsidiário o rito comum, se aplicam as disposições necessárias a garantir o contraditório.

O procedimento da liquidação pelo procedimento comum se verifica no artigo 511 do NCPC, onde se aplica o

rito comum do processo de conhecimento previsto na parte especial do código:

Art. 511. Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz determinará a intimação do requerido, na pessoa de seu

advogado ou da sociedade de advogados a que estiver vinculado, para, querendo, apresentar contestação no prazo de 15

(quinze) dias, observando-se, a seguir, no que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial deste Código.

Cumpre por fim, lembrar que todas as decisões exaradas na liquidação são atacáveis por agravo de instrumento

por determinação expressa do parágrafo único do artigo 1015 do NCPC.

c) Cumprimento definitivo e provisório da Sentença

Cumprimento provisório de sentença Para as sentenças que estejam pendentes de recurso sem efeito suspensivo o credor poderá promover a execução

provisória com base no artigo 520 quando se tratar de pagamento por quantia certa ou entregar coisa ou fazer ou não

fazer:

Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado

da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:

I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos

que o executado haja sofrido;

II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes

ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos;

III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará

sem efeito a execução;

IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse ou alienação de

propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução

suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.

§ 1o No cumprimento provisório da sentença, o executado poderá apresentar impugnação, se quiser, nos termos do art.

525.

§ 2o A multa e os honorários a que se refere o § 1o do art. 523 são devidos no cumprimento provisório de sentença

condenatória ao pagamento de quantia certa.

§ 3o Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o ato não

será havido como incompatível com o recurso por ele interposto.

§ 4o A restituição ao estado anterior a que se refere o inciso II não implica o desfazimento da transferência de posse ou

da alienação de propriedade ou de outro direito real eventualmente já realizada, ressalvado, sempre, o direito à reparação

dos prejuízos causados ao executado.

§ 5o Ao cumprimento provisório de sentença que reconheça obrigação de fazer, de não fazer ou de dar coisa aplica-se,

no que couber, o disposto neste Capítulo.

Em resumo, a execução provisória é uma opção do credor que assume, entretanto, a responsabilidade é do

credor pelos cujos prejuízos causados que serão apurados nos mesmos autos.

Ainda, por se tratar de cumprimento provisório, para haver levantamento de depósito em dinheiro ou

expropriar os bens, o credor terá que prestar caução, salvo nas hipóteses do artigo 521do novo CPC (crédito de natureza

alimentar, independentemente da origem, credor demonstrar situação de necessidade, pender o recurso de agravo da

inadmissão de recurso extraordinário ou especial; sentença estiver de acordo com súmula do STF e do STJ ou nos casos

em que já acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos). De qualquer modo, independente de se tratar ou não

dos casos de exceção, a necessidade de caução permanece se a sua dispensa resultar em risco de grave dano de difícil

ou incerta reparação, conforme parágrafo único do artigo 521

A multa de 10% do cumprimento definitivo é aplicável ao cumprimento de sentença, por força do artigo 520,

parágrafo 2º.

Cumprimento definitivo

O cumprimento definitivo se divide em obrigações de pagar quantia certa, pagar alimentos

No caso de cumprimento de obrigação de pagar quantia certa assim, o código diferenciou os casos de quantia

certa em geral, a decorrente de obrigação de alimentos e a obrigação da fazenda pública:

Obrigação em quantia certa de forma geral

Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela

incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado

para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.

§ 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e,

também, de honorários de advogado de dez por cento.

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§ 2o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos no § 1

o incidirão sobre

o restante.

§ 3o Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será expedido, desde logo, mandado de penhora e

avaliação, seguindo-se os atos de expropriação.

Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito,

devendo a petição conter:

I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica

do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1o a 3

o;

II - o índice de correção monetária adotado;

III - os juros aplicados e as respectivas taxas;

IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;

V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;

VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados;

VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível.

§ 1o Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente exceder os limites da condenação, a execução será

iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá por base a importância que o juiz entender adequada.

§ 2o Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de contabilista do juízo, que terá o prazo máximo de 30

(trinta) dias para efetuá-la, exceto se outro lhe for determinado.

§ 3o Quando a elaboração do demonstrativo depender de dados em poder de terceiros ou do executado, o juiz poderá

requisitá-los, sob cominação do crime de desobediência.

§ 4o Quando a complementação do demonstrativo depender de dados adicionais em poder do executado, o juiz poderá, a

requerimento do exequente, requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência.

§ 5o Se os dados adicionais a que se refere o § 4

o não forem apresentados pelo executado, sem justificativa, no prazo

designado, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo exequente apenas com base nos dados de que dispõe.

Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias

para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua

impugnação.

§ 1o Na impugnação, o executado poderá alegar:

I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;

II - ilegitimidade de parte;

III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;

V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou

prescrição, desde que supervenientes à sentença.

§ 2o A alegação de impedimento ou suspeição observará o disposto nos arts. 146 e 148.

§ 3o Aplica-se à impugnação o disposto no art. 229.

§ 4o Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da

sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e

atualizado de seu cálculo.

§ 5o Na hipótese do § 4

o, não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, a impugnação será

liminarmente rejeitada, se o excesso de execução for o seu único fundamento, ou, se houver outro, a impugnação será

processada, mas o juiz não examinará a alegação de excesso de execução.

§ 6o A apresentação de impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de expropriação, podendo o

juiz, a requerimento do executado e desde que garantido o juízo com penhora, caução ou depósito suficientes, atribuir-

lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes e se o prosseguimento da execução for manifestamente

suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação.

§ 7o A concessão de efeito suspensivo a que se refere o § 6

o não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de

reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens

§ 8o Quando o efeito suspensivo atribuído à impugnação disser respeito apenas a parte do objeto da execução, esta

prosseguirá quanto à parte restante.

§ 9o A concessão de efeito suspensivo à impugnação deduzida por um dos executados não suspenderá a execução contra

os que não impugnaram, quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao impugnante.

§ 10. Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exequente requerer o prosseguimento da

execução, oferecendo e prestando, nos próprios autos, caução suficiente e idônea a ser arbitrada pelo juiz.

§ 11. As questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação da impugnação, assim como

aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos atos executivos subsequentes, podem ser

arguidas por simples petição, tendo o executado, em qualquer dos casos, o prazo de 15 (quinze) dias para formular esta

arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da intimação do ato.

§ 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste artigo, considera-se também inexigível a obrigação reconhecida

em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal

Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como

incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.

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§ 13. No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser modulados no tempo, em

atenção à segurança jurídica.

§ 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 deve ser anterior ao trânsito em julgado da decisão

exequenda.

§ 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação

rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.

Art. 526. É lícito ao réu, antes de ser intimado para o cumprimento da sentença, comparecer em juízo e oferecer em

pagamento o valor que entender devido, apresentando memória discriminada do cálculo.

§ 1o O autor será ouvido no prazo de 5 (cinco) dias, podendo impugnar o valor depositado, sem prejuízo do

levantamento do depósito a título de parcela incontroversa.

§ 2o Concluindo o juiz pela insuficiência do depósito, sobre a diferença incidirão multa de dez por cento e honorários

advocatícios, também fixados em dez por cento, seguindo-se a execução com penhora e atos subsequentes.

§ 3o Se o autor não se opuser, o juiz declarará satisfeita a obrigação e extinguirá o processo.

Vê-se que aqui o código retirou a necessidade de garantia da execução para o início do prazo para apresentação

de impugnação do executado, iniciando este após o transcurso do prazo de pagamento dado pela intimação de

cumprimento desta.

Ainda, as alegações de excesso de execução e outras decorrentes de incerteza do cálculo apresentado pelo

exequente serão atacáveis por petição simples dirigidas ao juiz que terá o poder de revisão dos atos portanto, antes da

necessidade de provocação por recursos.

Obrigação de alimentos

Neste ponto o CPC assim dispõe:

Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória

que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três)

dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.

§ 1o Caso o executado, no prazo referido no caput, não efetue o pagamento, não prove que o efetuou ou não apresente

justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, o juiz mandará protestar o pronunciamento judicial, aplicando-se, no que

couber, o disposto no art. 517.

§ 2o Somente a comprovação de fato que gere a impossibilidade absoluta de pagar justificará o inadimplemento.

§ 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o

pronunciamento judicial na forma do § 1o, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.

§ 4o A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o preso ficar separado dos presos comuns.

§ 5o O cumprimento da pena não exime o executado do pagamento das prestações vencidas e vincendas.

§ 6o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão.

§ 7o O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende até as 3 (três) prestações

anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo.

§ 8o O exequente pode optar por promover o cumprimento da sentença ou decisão desde logo, nos termos do disposto

neste Livro, Título II, Capítulo III, caso em que não será admissível a prisão do executado, e, recaindo a penhora em

dinheiro, a concessão de efeito suspensivo à impugnação não obsta a que o exequente levante mensalmente a

importância da prestação.

§ 9o Além das opções previstas no art. 516, parágrafo único, o exequente pode promover o cumprimento da sentença ou

decisão que condena ao pagamento de prestação alimentícia no juízo de seu domicílio.

Art. 529. Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito à

legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento da importância da prestação

alimentícia.

§ 1o Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à empresa ou ao empregador, determinando, sob pena de crime

de desobediência, o desconto a partir da primeira remuneração posterior do executado, a contar do protocolo do ofício.

§ 2o O ofício conterá o nome e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do exequente e do executado, a

importância a ser descontada mensalmente, o tempo de sua duração e a conta na qual deve ser feito o depósito.

§ 3o Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito objeto de execução pode ser descontado dos

rendimentos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos termos do caput deste artigo, contanto que, somado à

parcela devida, não ultrapasse cinquenta por cento de seus ganhos líquidos.

Art. 530. Não cumprida a obrigação, observar-se-á o disposto nos arts. 831 e seguintes.

Art. 531. O disposto neste Capítulo aplica-se aos alimentos definitivos ou provisórios.

§ 1o A execução dos alimentos provisórios, bem como a dos alimentos fixados em sentença ainda não transitada em

julgado, se processa em autos apartados.

§ 2o O cumprimento definitivo da obrigação de prestar alimentos será processado nos mesmos autos em que tenha sido

proferida a sentença.

Art. 532. Verificada a conduta procrastinatória do executado, o juiz deverá, se for o caso, dar ciência ao Ministério

Público dos indícios da prática do crime de abandono material.

Art. 533. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, caberá ao executado, a requerimento do

exequente, constituir capital cuja renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão.

§ 1o O capital a que se refere o caput, representado por imóveis ou por direitos reais sobre imóveis suscetíveis de

alienação, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, será inalienável e impenhorável enquanto

durar a obrigação do executado, além de constituir-se em patrimônio de afetação.

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§ 2o O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão do exequente em folha de pagamento de pessoa

jurídica de notória capacidade econômica ou, a requerimento do executado, por fiança bancária ou garantia real, em

valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz.

§ 3o Se sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá a parte requerer, conforme as circunstâncias, redução

ou aumento da prestação.

§ 4o A prestação alimentícia poderá ser fixada tomando por base o salário-mínimo.

§ 5o Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará liberar o capital, cessar o desconto em folha ou cancelar as

garantias prestadas.

A requerimento do exequente o executado será intimado para pagar no prazo de 03 dias para pagar. Caso não

faça o pagamento e o débito já se dê por no mínimo 03 prestações o juiz poderá ordenar o protesto da sentença e, ainda,

decretar a prisão deste por um período de 1 a 3 meses, em regime fechado separado dos demais presos, esta prisão não

exime o devedor ao pagamento do débito. Desta forma o CPC unifica o procedimento com relação à estes itens.

Entretanto se de imediato o exequente optar pelo cumprimento de sentença na forma legal, não poderá ser

decretada a prisão do executado mês, serão efetuados os atos necessários à satisfação do crédito.

Do cumprimento de sentença de obrigação de pagar pela Fazenda Pública.

Neste ponto o CPC acaba com alguns dos privilégios da Fazenda Pública, aplicando o entendimento de

igualdade processual que permeia o novo Código. Assim dispõe o Código:

Art. 534. No cumprimento de sentença que impuser à Fazenda Pública o dever de pagar quantia certa, o exequente

apresentará demonstrativo discriminado e atualizado do crédito contendo:

I - o nome completo e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica

do exequente;

II - o índice de correção monetária adotado;

III - os juros aplicados e as respectivas taxas;

IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;

V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;

VI - a especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados.

§ 1o Havendo pluralidade de exequentes, cada um deverá apresentar o seu próprio demonstrativo, aplicando-se à

hipótese, se for o caso, o disposto nos §§ 1o e 2

o do art. 113.

§ 2o A multa prevista no § 1

o do art. 523 não se aplica à Fazenda Pública.

Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga, remessa ou meio

eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir:

I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;

II - ilegitimidade de parte;

III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

IV - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou

prescrição, desde que supervenientes ao trânsito em julgado da sentença.

§ 1o A alegação de impedimento ou suspeição observará o disposto nos arts. 146 e 148.

§ 2o Quando se alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante do título,

cumprirá à executada declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de não conhecimento da arguição.

§ 3o Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da executada:

I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal competente, precatório em favor do exequente, observando-se

o disposto na Constituição Federal;

II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o ente público foi citado para o processo, o pagamento

de obrigação de pequeno valor será realizado no prazo de 2 (dois) meses contado da entrega da requisição, mediante

depósito na agência de banco oficial mais próxima da residência do exequente.

§ 4o Tratando-se de impugnação parcial, a parte não questionada pela executada será, desde logo, objeto de

cumprimento.

§ 5o Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se também inexigível a obrigação reconhecida

em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal

Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como

incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.

§ 6o No caso do § 5

o, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser modulados no tempo, de modo a

favorecer a segurança jurídica.

§ 7o A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 5

o deve ter sido proferida antes do trânsito em julgado da

decisão exequenda.

§ 8o Se a decisão referida no § 5

o for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória,

cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.

Com isso, a Fazenda Pública será intimada, na pessoa do seu representante, para querendo impugnar a

execução. Mantida a decisão de imediato será expedida pelo Tribunal o precatório respectivo, caso seja dívida de

pequeno monte o próprio juiz da causa poderá expedir ordem de pagamento ao representante intimado do cumprimento.

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Obrigações de fazer ou não fazer ou entregar coisa certa

Assim dispõe o Código:

Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz

poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático

equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente.

§ 1o Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e

apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso

necessário, requisitar o auxílio de força policial.

§ 2o O mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais de justiça, observando-se o

disposto no art. 846, §§ 1o a 4

o, se houver necessidade de arrombamento.

§ 3o O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé quando injustificadamente descumprir a ordem judicial, sem

prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência.

§ 4o No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, aplica-se o art.

525, no que couber.

§ 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que reconheça deveres de fazer e de

não fazer de natureza não obrigacional.

Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela

provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se

determine prazo razoável para cumprimento do preceito.

§ 1o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la,

caso verifique que:

I - se tornou insuficiente ou excessiva;

II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa causa para o descumprimento.

§ 2o O valor da multa será devido ao exequente.

§ 3o A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depositada em juízo, permitido o

levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte ou na pendência do agravo fundado nos

incisos II ou III do art. 1.042.

§ 4o A multa será devida desde o dia em que se configurar o descumprimento da decisão e incidirá enquanto não for

cumprida a decisão que a tiver cominado.

§ 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que reconheça deveres de fazer e de

não fazer de natureza não obrigacional.

SeçãoII

Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Obrigação de Entregar Coisa

Art. 538. Não cumprida a obrigação de entregar coisa no prazo estabelecido na sentença, será expedido mandado de

busca e apreensão ou de imissão na posse em favor do credor, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel.

§ 1o A existência de benfeitorias deve ser alegada na fase de conhecimento, em contestação, de forma discriminada e

com atribuição, sempre que possível e justificadamente, do respectivo valor.

§ 2o O direito de retenção por benfeitorias deve ser exercido na contestação, na fase de conhecimento.

§ 3o Aplicam-se ao procedimento previsto neste artigo, no que couber, as disposições sobre o cumprimento de obrigação

de fazer ou de não fazer.

Neste Ponto o CPC não modificou substancialmente o procedimento atual, mantendo os dispositivos que regulam

o cumprimento de tais obrigações.

Especificamente o CPC determina que as multas aplicadas se destinam ao exequente, e no caso da obrigação de

entregar coisa certa apenas definiu que as alegações de retenção por existência de benfeitorias devem ser efetuadas na

fase de conhecimento, o que demanda menor litigiosidade nesta fase de cumprimento, o que condiz com a lógica do

sistema.

e) Defesas do Executado

Em todos os casos de cumprimento de sentença, o meio de oposição a esta fase será a impugnação à execução

com as matérias taxativamente elencadas, agora independente de garantia do juízo, iniciando o prazo imediatamente ao

não cumprimento da ordem de pagar, ou de imediato no caso da Fazenda Pública. Para este último, aliás, surge a

novidade de, caso alegue excesso de execução deve agora, com a impugnação, apontar discriminadamente por meio de

cálculos o excesso, sob pena de rejeição da impugnação.

f) Meios de satisfação do credor

Os meios de satisfação do credor permanecem no novo CPC, sendo basicamente o leilão, a venda por iniciativa

particular e a adjudicação, nos casos de pagamento de quantia certa. Para as obrigações de fazer não fazer ou entregar

quantia certa permanecem os atos cogentes da autoridade judicial no sentido de poder tomar as medidas que entenda

necessárias para o cumprimento de sua decisão. Nos casos em que é exequente a Fazenda Pública permanece o sistema

de precatórios para grandes quantias e execução direta para pequenos valores.

Com relação à alienação dos bens, cumpre dizer que, desaparece o termo praça e restam apenas o leilão, de

preferencia o eletrônico e a venda por iniciativa particular, conforme dispõe o artigo 879:

Art. 879. A alienação far-se-á:

I - por iniciativa particular;

II - em leilão judicial eletrônico ou presencial.

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g) Penhora de bens

A inovação do CPC se dá no fato de não mais exigir penhora prévia para a abertura do prazo para impugnação

pelo executado, portanto, no novo sistema, caso este não cumpra espontaneamente a obrigação ou após a determinação

dada pelo juízo inicia-se o prazo para impugnação da execução na forma do artigo 525 basicamente, que é aplicado

subsidiariamente aos demais tipos de cumprimento de sentença.

Entretanto, como novidade, que na prática veio regulamentar o que já entendia a Jurisprudência em muitos

casos, foi a autorização da penhora para dívidas oriundas de crédito alimentar de qualquer natureza e, independente da

natureza da dívida, para salários com valor acima de 50 salários mínimos. Da mesma forma se permite a penhora para

saldos da caderneta de poupança acima de 40 salários mínimos.

De se referendar que o art. 833 do NCPC, assim como acontecia no CPC73, apresenta o rol de bens

impenhoráveis, as situações nas quais, por força de lei, a penhora não é permitida, mas nos casos supra mencionados

agora haverá exceções à esta intangibilidade. A saber:

Art. 833. São impenhoráveis:

I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;

II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado

valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;

III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;

IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os

pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do

devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o;

V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao

exercício da profissão do executado;

VI - o seguro de vida;

VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;

VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;

IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou

assistência social;

X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;

XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;

XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à

execução da obra.

§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para

sua aquisição.

§ 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação

alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos

mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3

o.

§ 3o Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as máquinas

agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido

objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de

natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária.

Ainda, expressamente, quando se tratar de penhora em aplicações financeiras será efetuada sem a ciência do

executado, ou seja, antes mesmo da citação (execução de título extrajudicial) ou da intimação (cumprimento de

sentença), conforme caput do artigo 854:

Art. 854. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira, o juiz, a requerimento do

exequente, sem dar ciência prévia do ato ao executado, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema

eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos financeiros

existentes em nome do executado, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na execução.

Isto veio a pacificar a discussão a respeito do tema e torna o cumprimento da medida passível de maior efetividade.

Page 18: ATUALIZAÇÕES NOVO CPC (PART 2) - Unipúblicaunipublicabrasil.com.br/uploads/materiais/18e9adf26c99e7a1686f179... · Na sequencia os artigos 303 e 304 tratam da tutela antecipada

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