ATUALIZAÇÕES NOVO CPC (PART 2)
Marcello Sgarbi
1 TUTELAS: Já se firmou na doutrina a ideia de que tutela é a atividade jurisdicional que visa a garantir a eficácia do direito
material conferido. Isto é o que afirma Marinoni1, para quem a tutela jurisdicional, devendo ser considerada no plano
do processo, é a atividade jurisdicional que deve realizar a tutela decorrente do direito material de forma plena e eficaz.
Diante disso, devemos entender que a tutela deve se amoldar a eficácia do direito que se pretende ver efetivado.
Entretanto, esta tutela, para ser efetivada necessita do requerimento dos interessados, ou seja, a atividade jurisdicional
deve ser provocada, sob pena de se afrontar o princípio da imparcialidade, isto já estava expressamente previsto no
código de 1973 e permanece no novo código de 2015, como podemos comparar:
Código de 1973
Art. 2º Nenhum juiz prestará a tutela
jurisdicional senão quando a parte ou o
interessado a requerer, nos casos e forma legais.
Art. 262. O processo civil começa por iniciativa
da parte, mas se desenvolve por impulso oficial.
.Código de 2015
Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se
desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em
lei.
1.1Tutelas Provisórias (urgência e evidência)
O Novo Código de Processo Civil, aborda a tutela provisória no seu Livro V, artigos 294 a 311. Conforme
esclarece Didier Jr.2, no novo código foi abolido o processo cautelar, tendo a sido reunida a tutela cautelar à tutela
antecipada no referido Livro V.
Aqui o legislador optou por fazer uma aproximação das tutelas cautelar e antecipada, tendo reunido as duas
conforme citado acima.
O código passa a tratar destas tutelas sob a denominação de provisórias, podendo ser cautelar (não satisfativa)
ou antecipada (satisfativa), sendo que o fundamento para tanto pode se dar na urgência (satisfativa ou não satisfativa) ou
na evidência (apenas a satisfativa).
Por provisório, devemos entender que será deferida no sentido de dar eficácia ao provimento definitivo que se
pretende mas, como a eficácia deste depende do transito em julgado da tutela definitiva, em certas situações não há
como se esperar o trâmite normal do processo para tanto, devendo ser dada uma tutela que antecipe os efeitos da tutela
definitiva ou que de certo modo garanta a eficácia, através de medidas que possam ter efeito imediato, de forma a
garantir a eficácia do direito protegido pela tutela definitiva.
Provisório será porque esta tutela se mostrará útil enquanto não sobrevier os efeitos da tutela definitiva
pretendida e irá durar até a eficácia desta.
1.1.2Tutela provisória em caráter de urgência
1 MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela inibitória. Pág. 400. São Paulo: RT. 1998
2 DIDIER, Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: teoria da prova, direito probatório, ações probatórias,
decisão, precedente, coisa julgada e antecipação dos efeitos da tutela.- 10.ed.- Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015.v.2. P. 568-570
No novo código a tutela provisória de urgência está instrumentalizada nos artigos 300 a 310 do novo Código de
Processo Civil. Destaque-se que os artigos 300 a 302 contém o regramento referente às disposições gerais.
Os requisitos gerais para o deferimento da tutela em sede de urgência são a probabilidade do direito e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo, ou como como são denominados: fumus boni iuris e o periculum in
mora. Somente para o caso da tutela de urgência satisfativa (antecipada) além destes pressupostos deve, ainda, ser
demonstrada a reversibilidade da medida (artigo 300, parágrafo 3º do NCPC).
Outra inovação do código, além da extinção do processo cautelar como sistema autônomo, se dá também, pelo
fato de que a tutela antecipada passa a contar com a possibilidade de ser requerida de forma antecedente, quando
fundamentada na urgência, ou seja, antes da propositura dos pedidos totais da ação principal, o que somente até então
era permitida a tutela cautelar conforme disposição expressa do código no artigo 303:
Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao
requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se
busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo.
Ainda, em decorrência desta novidade, no que tange a tutela provisória, o código estabeleceu um sistema
denominado de estabilização desta nos casos do réu, após o procedimento previsto no referido artigo, não interpor o
recurso específico para atacar a medida. Nestes casos a tutela deferida, se estabiliza, não como coisa julgada, mas como
uma decisão que tem seus efeitos tornados permanentes e, nesta situação, o processo é extinto, com o equivalente à
resolução do mérito. Mas, esta medida não está sob efeito da coisa julgada, podendo ser impugnada, em ação autônoma,
tanto pelo autor como pelo réu da ação originária no prazo de 02(dois) anos a contar da estabilização da medida.
Quanto a tutela cautelar ou não satisfativa, a novidade se resume no fato desta não ser mais tratada como sendo
um procedimento autônomo do sistema geral do código, passa a compor o processo de conhecimento.
Na sequencia os artigos 303 e 304 tratam da tutela antecipada requerida em caráter antecedente e nos artigos 305 a 310
tratam do procedimento da tutela cautelar requerida em caráter antecedente.
Nos termos do artigo 300 a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo e para a concessão da tutela de
urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra
parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-
la.
Os requisitos gerais para o seu deferimento são a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo, que se entende pela provável existência de um direito a ser tutelado e um provável perigo em
face do dano ao possível direito pedido. Os referidos requisitos são o fumus boni iuris e o periculum in mora dos
provimentos cautelares.
E finalmente, para ambas as tutelas de urgência não haverá a necessidade de proposição da ação principal,
havendo um único processo a conter as duas, não sendo necessários pagamentos de novas custas ou nova distribuição,
tudo será resolvido na mesma relação processual.
1.1.3. Tutela da Evidência
Aqui, o tempo continua a ser fator de preocupação. Entretanto, aqui o prisma não é a possibilidade de risco ou
perigo, mas, sim, a própria marcha processual que, em algumas situações se mostra perniciosa ao autor, posto que o
natural desenvolvimento do processo pode se mostrar um obstáculo a afastar um direito que para àquele ao qual já se
mostra evidente.
O novo código aglutinou as hipóteses de se reconhecer a evidência do direito do autor no artigo 311:
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao
resultado útil do processo, quando:
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de
casos repetitivos ou em súmula vinculante;
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que
será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o
réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.
O fundamento aqui se dá na evidência, que ao que se extrai dos incisos do artigo 311, devem estar se mostrando
através de provas cabais de forma que possam convencer o Magistrado da procedência do pedido do autor.
Diante disso, conforme disposição expressa, a urgência não é levada em conta como fundamento, podendo até
existir, mas aqui a cognição não é mais superficial e, sim, mais profunda, lastreada me provas convincentes.
Desta necessária cognição decorre que, aqui, não se pode admitir o procedimento antecedente como na tutela da
urgência, portanto aqui o autor não pode agir de forma “preparatória”, deve trazer à baila todos os fundamentos, pedidos
e provas necessários ao deferimento de seus pedidos.
Mas ainda que não se possa admitir a forma “preparatória”, se admite, nos caos dos incisos II e III do artigo
311, o deferimento da medida na forma liminar. Quanto aos incisos I e IV, não é possível a medida liminar tendo em
vista que a participação do réu é necessária para a configuração desta.
1.2 Tutela específica
A tutela específica se dá quando há o reconhecimento, por parte do juízo, da obrigação do réu em determinada
obrigação de fazer ou não fazer ou de entregar coisa certa, portanto situações específicas. O código de 1973 previa o
tratamento da tutela específica nos artigos 461 e 461-A.
Tais dispositivos se destinavam a regulamentar a forma de efetividade do direito reconhecido nestas situações.
A tutela neste sentido tem plena natureza executiva, onde a preocupação é o direcionamento específico ao direito
pretendido e reconhecido. Tais dispositivos eram complementados pelo artigo 273 do CPC/1973 que prevê a
possibilidade de antecipação da tutela específica pretendida.
Este sistema de regramentos da tutela específica tem correspondência destas regras nos artigos 497 e 498.
Podemos assim comparar:
Código de 1973
Art. 461. Na ação que tenha por objeto o
cumprimento de obrigação de fazer ou não
fazer, o juiz concederá a tutela específica da
obrigação ou, se procedente o pedido,
determinará providências que assegurem o
resultado prático equivalente ao do
adimplemento. (Redação dada pela Lei nº 8.952,
de 13.12.1994)
§ 1o A obrigação somente se converterá
em perdas e danos se o autor o requerer ou se
impossível a tutela específica ou a obtenção do
resultado prático correspondente. (Incluído pela
Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 2o A indenização por perdas e danos dar-
se-á sem prejuízo da multa (art. 287). (Incluído
pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 3o Sendo relevante o fundamento da
demanda e havendo justificado receio de
ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz
conceder a tutela liminarmente ou mediante
justificação prévia, citado o réu. A medida
liminar poderá ser revogada ou modificada, a
qualquer tempo, em decisão
fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)
§ 4o O juiz poderá, na hipótese do
parágrafo anterior ou na sentença, impor multa
diária ao réu, independentemente de pedido do
autor, se for suficiente ou compatível com a
obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o
cumprimento do preceito. (Incluído pela Lei nº
8.952, de 13.12.1994)
§ 5o Para a efetivação da tutela específica
ou a obtenção do resultado prático equivalente,
poderá o juiz, de ofício ou a requerimento,
determinar as medidas necessárias, tais como a
imposição de multa por tempo de atraso, busca e
apreensão, remoção de pessoas e coisas,
desfazimento de obras e impedimento de
atividade nociva, se necessário com requisição
de força policial. (Redação dada pela Lei nº
10.444, de 7.5.2002)
§ 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o
valor ou a periodicidade da multa, caso verifique
que se tornou insuficiente ou
excessiva. (Incluído pela Lei nº 10.444, de
7.5.2002)
Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto
a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela
específica, fixará o prazo para o cumprimento da
obrigação. (Incluído pela Lei nº 10.444, de
7.5.2002)
.Código de 2015
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de
fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a
tutela específica ou determinará providências que assegurem a
obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica
destinada a inibir a prática, a reiteração ou a continuação de um
ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da
ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo.
Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa,
o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o
cumprimento da obrigação.
Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa
determinada pelo gênero e pela quantidade, o autor
individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a escolha, ou,
se a escolha couber ao réu, este a entregará individualizada, no
prazo fixado pelo juiz.
Art. 499. A obrigação somente será convertida em perdas
e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica
ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
Art. 500. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem
prejuízo da multa fixada periodicamente para compelir o réu ao
cumprimento específico da obrigação.
Art. 501. Na ação que tenha por objeto a emissão de
declaração de vontade, a sentença que julgar procedente o
pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os
efeitos da declaração não emitida.
§ 1o Tratando-se de entrega de coisa
determinada pelo gênero e quantidade, o credor
a individualizará na petição inicial, se lhe couber
a escolha; cabendo ao devedor escolher, este a
entregará individualizada, no prazo fixado pelo
juiz. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
§ 2o Não cumprida a obrigação no prazo
estabelecido, expedir-se-á em favor do credor
mandado de busca e apreensão ou de imissão na
posse, conforme se tratar de coisa móvel ou
imóvel. (Incluído pela Lei nº 10.444, de
7.5.2002)
§ 3o Aplica-se à ação prevista neste artigo
o disposto nos §§ 1o a 6
o do art. 461.(Incluído
pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
O que se tem, no caso do novo código, é um regramento mais enxuto, mas plenamente aplicável quando
reconhecida tais obrigações ou nos casos de antecipação dos efeitos destas.
2.EXECUÇÃO Dentre as diversas mudanças ocorridas no CPC/2015, e conforme o objetivo deste, vamos destacar as que
entendemos mais significativas:
a)Possibilidade de citação por correio: o novo código, no seu artigo 247, ao regulamentar em quais hipóteses se pode
efetuar a citação por correio, excluiu de suas exceções o processo de execução conforme disposição do artigo 222 do
atual código.
Código de 1973
Art. 222. A citação será feita pelo correio,
para qualquer comarca do País, exceto:
a) nas ações de estado;
b) quando for ré pessoa incapaz;
c) quando for ré pessoa de direito público;
d) nos processos de execução;
e) quando o réu residir em local não
atendido pela entrega domiciliar de
correspondência;
f) quando o autor a requerer de outra
forma.
.Código de 2015
Art. 247. A citação será feita pelo correio para qualquer
comarca do país, exceto:
I – nas ações de estado, observado o disposto no art. 695, § 3º;
II – quando o citando for incapaz;
III – quando o citando for pessoa de direito público;
IV – quando o citando residir em local não atendido pela
entrega domiciliar de correspondência;
V – quando o autor, justificadamente, a requerer de outra
forma.
b) Ainda, o processo autônomo de execução fica restrito aos títulos executivos extrajudiciais, em conformidade com os
artigos 771 a 925.
c) Pode ser determinada, por requerimento da parte, a inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes.
Esta possibilidade também é dada na hipótese da execução definitiva de títulos judiciais conforme o artigo 782, §5º.
d) O prazo para pagamento, na execução por quantia certa, passa a ser de três dias contados da citação conforme artigo
829.
e) Para a expropriação do bem poderá ser efetuado leilão judicial, o termo o praça desaparece, conforme artigo 881.
Permanecem a alienação por inciativa particular e a adjudicação.
f) Ao contrário do sistema atual, o leilão somente se dará na forma presencial quando não for possível a sua realização
por meio eletrônico pelos ditames do artigo 882.
g) Uma outra inovação se dá ao admitir expressamente a execução contra a Fazenda Pública com base em título
executivo extrajudicial, artigo 910, e não mais somente por título judicial, o procedimento será o do cumprimento se
sentença contra a Fazenda Pública. A saber:
Art. 910. Na execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública será citada para opor embargos em 30 (trinta)
dias. § 1
o Não opostos embargos ou transitada em julgado a decisão que os rejeitar, expedir-se-á precatório ou requisição de
pequeno valor em favor do exequente, observando-se o disposto no art. 100 da Constituição Federal.
§ 2o Nos embargos, a Fazenda Pública poderá alegar qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa no
processo de conhecimento.
§ 3o Aplica-se a este Capítulo, no que couber, o disposto nos artigos 534 e 535.
h) reconhece-se a possibilidade de prisão civil ao devedor de alimentos também por título extrajudicial, conforme artigo
911 e não mais exclusivamente
às dividas decorrentes de títulos judicias.
i) Com relação aos honorários advocatícios, o juiz deve fixar de pronto ao despachar a inicial o valor de 10% de
honorários advocatícios, entretanto este valor deverá ser reduzido pela metade no caso de pronto pagamento efetuado
pelo devedor, quando o devedor, portanto cumpre com o dever de pagar o débito em juízo no prazo fixado em juízo. De
outra banda, em caso de rejeição ou improcedência de embargos à execução o valor dos honorários advocatícios deve
ser elevado para 20%. Tudo em conformidade com o artigo 827.
3.Embargos
Aqui também, como é de se esperar, houve mudanças no sistema pelo qual o devedor pode se opor a execução
dentre as quais apontamos como significativas as elencadas a seguir, por entendermos serem significativas em
comparação ao sistema atual.
a) Prazos e contagem. Com relação ao prazo de oposição dos embargos a execução, o art. 915, caput, mantém o prazo
de 15 dias, entretanto, a contagem do prazo tem algumas inovações, dentre as quais destacamos:
I)Cônjuges:
O parágrafo primeiro do referido artigo agora inclui as pessoas que se encontram sob união estável como sendo
beneficiárias da contagem da contagem autônoma do prazo, a ser computado da juntada do último mandato.
II)Nas execuções por carta:
O parágrafo segundo do artigo 915, trata da contagem dos prazos para oposição de embargos de acordo com o
julgamento pelo juízo deprecante ou deprecado. O inciso I do referido parágrafo determina que a contagem se dará da
juntada da certificação da citação quando versarem sobre vícios da penhora, da avaliação ou da alienação de bens. Já o
inciso II, determina que o julgamento se dará no juízo de origem e a contagem se fará a partir da juntada da
comunicação do cumprimento da carta ou, na ausência deste , da juntada da própria precatória devidamente cumprida
quando não se tratar das matérias do inciso I.
III)Prazo em dobro:
O parágrafo 3º é expresso ao afirmar que não se aplica o prazo em dobro do artigo 229 (litisconsortes)
b) Incorreção de penhora ou de avaliação. Nestes casos agora poderão ser impugnadas a incorreção de penhora ou de
avaliação por simples petição, sendo um incidente, portanto, não necessitando de procedimento autônomo conforme
disposição expressa do artigo 917, parágrafo 1º.
c) Comunicação da precatória. O parágrafo 4º do artigo 915 exige que a o cumprimento da precatória pelo juízo
deprecado seja efetivada pelo meio eletrônico.
4. COOPERAÇÃO E MOTIVAÇÃO a) Cooperação
O princípio da Cooperação passa a ser expressamente previsto no novo sistema processual brasileiro. De forma
expressa o art. 6.º do novo CPC consagra tal princípio, de onde se exige que todos os sujeitos do processo cooperem
entre si para que se obtenha a solução do processo com efetividade e em tempo razoável. Tal dispositivo, entretanto, se
mostra mais voltado a atuação do Juiz, de onde agora se extrai que este poderá ter participação mais ativa na solução do
litígio, já que agora, por todo a lógica que permeia o novo CPC, poderá ter atuação mais direta na determinação de atos
que visem a solução da demanda, bem como maiores poderás para interagir com as partes, podendo “sugerir” a
realização de atos e aproveitamento de outros que, resguardado o contraditório, podem ser benéficos à solução da lide.
Conforme ensina Didier3, a cooperação significa que o órgão jurisdicional passa a ser um participante ativo no
processo, junto às partes, na condução do processo não mais pela exclusiva vontade das partes, mas com a condução
mais próxima destas, valorizando o contraditório em buscando a solução da lide. Mas continua o autor, que esta
condução não se extende às decisões, que continua sendo ato exclusivo do magistrado4.
Também podemos considerar como parte do princípio da cooperação o regramento do artigo 67 do NCPC:
Art. 67. Aos órgãos do Poder Judiciário, estadual ou federal, especializado ou comum, em todas as instâncias e graus de
jurisdição, inclusive aos tribunais superiores, incumbe o dever de recíproca cooperação, por meio de seus magistrados e
servidores.
Esta cooperação entre órgãos jurisdicionais objetiva a celeridade, já que “os juízos poderão formular um ao
outro pedido de cooperação para a prática de qualquer ato processual” , artigo 68, o que vai demandar, ao menos esta é a
previsão, uma significativa diminuição do tempo despendido com atos judiciais externos.
Ressalte-se que, o atual CPC já contempla os institutos da carta de ordem e da carta precatória, considerados
meios de cooperação, o objetivo do novo código é mais amplo, de imediato inclui também o auxílio direto, reunião ou
apensamento de processo, prestação de informações e atos concentrados entre os juízes cooperantes, tudo sem necessitar
de forma específica rígida, conforme artigo 69 do novo código:
Art. 69. O pedido de cooperação jurisdicional deve ser prontamente atendido, prescinde de forma específica e pode ser
executado como:
3 DIDIER, Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de
conhecimento.- 17.ed.- Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015. Pg 125. 4 Idem. Pg 126
I - auxílio direto;
II - reunião ou apensamento de processos;
III - prestação de informações;
IV - atos concertados entre os juízes cooperantes.
§ 1o As cartas de ordem, precatória e arbitral seguirão o regime previsto neste Código.
§ 2o Os atos concertados entre os juízes cooperantes poderão consistir, além de outros, no estabelecimento de
procedimento para:
I - a prática de citação, intimação ou notificação de ato;
II - a obtenção e apresentação de provas e a coleta de depoimentos;
III - a efetivação de tutela provisória;
IV - a efetivação de medidas e providências para recuperação e preservação de empresas;
V - a facilitação de habilitação de créditos na falência e na recuperação judicial;
VI - a centralização de processos repetitivos;
VII - a execução de decisão jurisdicional.
§ 3o O pedido de cooperação judiciária pode ser realizado entre órgãos jurisdicionais de diferentes ramos do Poder
Judiciário.
b) Motivação
Outro aspecto que se modificou no novo CPC foi motivação de todas as decisões, em especial as decisões
interlocutórias, que exigem agora fundamentação detalhada da motivação e não mais meras repetições de expressões
como “ausentes os pressuposto nego , ou ao contrário, presentes os pressupostos defiro”, agora o Magistrado deverá
expor suas razões para o reconhecimento de tais atos.
Por outro lado, a sentença continua com a determinação de motivação, mas o novo CPC expões de forma clara
como deve ser feita e o que não se considera como motivação válida. A saber as duas hipóteses:
Código de 1973
Sem correspondente
Código de 2015
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do
Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
todas as decisões, sob pena de nulidade.
Parágrafo único. Nos casos de segredo de
justiça, pode ser autorizada a presença somente das
partes, de seus advogados, de defensores públicos ou
do Ministério Público.
Código de 1973
Art. 458. São requisitos essenciais
da sentença:
I - o relatório, que conterá os
nomes das partes, a suma do pedido e da
resposta do réu, bem como o registro das
principais ocorrências havidas no
andamento do processo;
II - os fundamentos, em que o juiz
analisará as questões de fato e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz
resolverá as questões, que as partes Ihe
submeterem.
Art. 459. O juiz proferirá a
sentença, acolhendo ou rejeitando, no
todo ou em parte, o pedido formulado
pelo autor. Nos casos de extinção do
processo sem julgamento do mérito, o
juiz decidirá em forma concisa.
Parágrafo único. Quando o autor
tiver formulado pedido certo, é vedado
ao juiz proferir sentença ilíquida.
Art. 460. É defeso ao juiz proferir
sentença, a favor do autor, de natureza
diversa da pedida, bem como condenar o
réu em quantidade superior ou em objeto
diverso do que Ihe foi demandado.
Parágrafo único. A sentença deve
ser certa, ainda quando decida relação
jurídica condicional. (Incluído pela Lei
nº 8.952, de 13.12.1994)
.Código de 2015
Art. 489. São elementos essenciais da
sentença:
I - o relatório, que conterá os nomes das partes,
a identificação do caso, com a suma do pedido e da
contestação, e o registro das principais ocorrências
havidas no andamento do processo;
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as
questões de fato e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as
questões principais que as partes lhe submeterem.
§ 1o Não se considera fundamentada qualquer
decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou
acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à
paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação
com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos
indeterminados, sem explicar o motivo concreto de
sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a
justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos
deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou
enunciado de súmula, sem identificar seus
fundamentos determinantes nem demonstrar que o
caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula,
jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem
demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento.
§ 2o No caso de colisão entre normas, o juiz
deve justificar o objeto e os critérios gerais da
ponderação efetuada, enunciando as razões que
autorizam a interferência na norma afastada e as
premissas fáticas que fundamentam a conclusão.
§ 3o A decisão judicial deve ser interpretada a
partir da conjugação de todos os seus elementos e em
conformidade com o princípio da boa-fé.
*todos os grifos são nossos
5.PRECEDENTES
O novo sistema processual, de forma expressa, determina o respeito aos precedentes jurisdicionais, sobretudo
dos Tribunais Superiores. Ainda que se possa afirmar que o atual código de 1973 visa a uniformização de
jurisprudência, este não se mostra expresso no respeito à jurisprudência. O código de 2015 entretanto, agora determina
de forma expressa esta necessidade de observância aso precedentes e, como dito, especialmente aos Tribunais
Superiores. Tudo em evidente consonância à necessidade de uniformização das decisões, visando maior segurança
social, bem como a redução de interposição de recursos. A saber o artigo 927 do novo código, que não tem
correspondente no atual código de 1973:
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:
I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;
II - os enunciados de súmula vinculante;
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de
recursos extraordinário e especial repetitivos;
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de
Justiça em matéria infraconstitucional;
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.
§ 1o Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1o, quando decidirem com fundamento
neste artigo.
§ 2o A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos repetitivos poderá ser
precedida de audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a
rediscussão da tese.
§ 3o Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou
daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e
no da segurança jurídica.
§ 4o A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese adotada em julgamento de casos
repetitivos observará a necessidade de fundamentação adequada e específica, considerando os princípios da segurança
jurídica, da proteção da confiança e da isonomia.
§ 5o Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizando-os por questão jurídica decidida e divulgando-os,
preferencialmente, na rede mundial de computadores.
6. INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA
Este instituto processual está previsto expressamente no novo CPC e está relacionado aos recursos, que prevê
que “o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo de competência originária envolver relevante
questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos” (art. 947).
Cumpre alertar que, como expresso no artigo referido também se aplica à remessa necessária, que não é
tecnicamente um recurso, e aos processos de competência originária dos Tribunais, que também não são recursos. A
função de tal sistema é de, precipuamente, otimizar a função jurisdicional, uniformizando de forma imediata o
entendimento dos Tribunais em matérias de relevância social, não afetadas pelo incidente de julgamento de recursos
repetitivos. A consequência indireta é a redução de novos recursos e maior celeridade.
Este instituto já estava previsto no atual código em seu artigo 555, parágrafo 1º, mas a novidade do novo código
é que o incidente poderá ser provocado pela parte, pelo MP e pela Defensoria Pública e não mais somente pelo relator
como no atual sistema. A saber:
Código de 1973
Art. 555. No julgamento de apelação ou de
agravo, a decisão será tomada, na câmara ou
turma, pelo voto de 3 (três) juízes. (Redação
dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
.Código de 2015
Art. 947. É admissível a assunção de competência quando o
julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo de
competência originária envolver relevante questão de direito,
com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos
§ 1o Ocorrendo relevante questão de direito, que
faça conveniente prevenir ou compor
divergência entre câmaras ou turmas do tribunal,
poderá o relator propor seja o recurso julgado
pelo órgão colegiado que o regimento indicar;
reconhecendo o interesse público na assunção de
competência, esse órgão colegiado julgará o
recurso. (Incluído pela Lei nº 10.352, de
26.12.2001)
§ 2o Não se considerando habilitado a proferir
imediatamente seu voto, a qualquer juiz é
facultado pedir vista do processo, devendo
devolvê-lo no prazo de 10 (dez) dias, contados
da data em que o recebeu; o julgamento
prosseguirá na 1a (primeira) sessão ordinária
subseqüente à devolução, dispensada nova
publicação em pauta. (Redação dada pela Lei nº
11.280, de 2006)
§ 3o No caso do § 2o deste artigo, não
devolvidos os autos no prazo, nem solicitada
expressamente sua prorrogação pelo juiz, o
presidente do órgão julgador requisitará o
processo e reabrirá o julgamento na sessão
ordinária subseqüente, com publicação em
pauta. (Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006)
processos.
§ 1o Ocorrendo a hipótese de assunção de competência, o relator
proporá, de ofício ou a requerimento da parte, do Ministério
Público ou da Defensoria Pública, que seja o recurso, a remessa
necessária ou o processo de competência originária julgado pelo
órgão colegiado que o regimento indicar.
§ 2o O órgão colegiado julgará o recurso, a remessa necessária
ou o processo de competência originária se reconhecer interesse
público na assunção de competência.
§ 3o O acórdão proferido em assunção de competência vinculará
todos os juízes e órgãos fracionários, exceto se houver revisão de
tese.
§ 4o Aplica-se o disposto neste artigo quando ocorrer relevante
questão de direito a respeito da qual seja conveniente a
prevenção ou a composição de divergência entre câmaras ou
turmas do tribunal.
7.PROCESSO DE CONHECIMENTO
Já na exposição de motivos do novo código se percebe uma ênfase na eficácia do processo. No novel sistema, a
entrar em vigência, há uma tendência a não detalhar de forma exaustiva os procedimentos, de forma a não torná-los
vítimas de rigidez excessiva. O novo sistema autoriza uma liberdade ao magistrado em conduzir o processo com
criatividade, concede maior impulso à conciliação e até a possibilidade de negociação, pelas partes, do procedimento a
ser adotado para a solução do litígio (artigo 190 do novo CPC).
Podemos apontar de forma sintética, que o novo sistema possui algumas novidades que se mostram inovadoras
comparadas ao atual sistema:
a) adoção de um rito único, com a extinção dos ritos sumários e ordinários, conforme previsto a partir do artigo 302 do
novo CPC. O rito passa a ser comum à quase todas as demandas, com exceção dos ritos especiais, sendo que seu
desenvolvimento será adaptado à realidade da demanda e não mais por mero formalismo legal.
b) A mudança no início do desenvolvimento do processo a partir da citação do réu, onde, no supracitado rito único, o
prazo para contestação não se inicia de imediato com a citação mas, sim, após a realização de uma audiência de
conciliação e mediação. Ou seja, o réu agora é citado para comparecer à referida audiência e a partir desta, e somente se
não houver composição, é que se iniciará o prazo para contestação, conforme regras dos artigos 334 e 335 do novo CPC.
c) A redução dos procedimentos especiais, onde alguns deixam de ser elencados como tal e passam a compor o processo
de conhecimento comum, como por exemplo a antecipação de provas, que deixa de ser tutela cautelar e passa a ser parte
do capítulo das provas no processo de conhecimento. Da mesma, forma, p.ex., a ação de apresentar contas por aquele
que entende ter a obrigação de apresentá-las deixa de existir, se for necessária será proposta na forma do processo de
conhecimento.
c) Deixa de existir o processo cautelar, sendo aglutinado no processo de conhecimento junto à antecipação de tutela, a
partir do artigo 294 do novo CPC, como já referido neste.
d) a ampliação do do negócio jurídico processual onde, tratando-se direitos que admitam autocomposição, as partes
podem ajustar o procedimento, conforme artigo 190 do novo CPC, que amplia o instituto do artigo 181 do atual códex
que se restringia a mudança de prazos dilatórios. A saber:
Código de 1973
Art. 181. Podem as partes, de comum
acordo, reduzir ou prorrogar o prazo dilatório; a
convenção, porém, só tem eficácia se, requerida antes do vencimento do prazo, se fundar em
motivo legítimo.
§ 1o O juiz fixará o dia do vencimento do
prazo da prorrogação.
§ 2o As custas acrescidas ficarão a cargo
da parte em favor de quem foi concedida a
.Código de 2015
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que
admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes
estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus,
poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o
processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz
controlará a validade das convenções previstas neste artigo,
recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de
prorrogação.
inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte
se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade
e) Alteração na contagem dos prazos processuais, que deixam de ser por dias corridos e passam a ser por dias úteis,
para atender a conforme expressa determinação do artigo 219 do novo CPC. A saber:
Código de 1973
Art. 178. O prazo, estabelecido pela lei ou pelo
juiz, é contínuo, não se interrompendo nos
feriados.
.Código de 2015
Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou
pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos
prazos processuais.
Existem outras alterações, mas em face do objetivo deste módulo, entendemos estas mais significativas, tendo
em vista redimensionarem o processo de conhecimento como já estamos habituados.
8. SENTENÇA E SUA MOTIVAÇÃO
Destarte ter sido abordado o tópico da motivação das decisões judicias, se impõe agora, uma melhor análise de
uma delas em específico, com brevidade.
A sentença no novo código mantém a redação com base no seu conteúdo, mas esclarece alguns pontos que
estavam omissos no atual código, que forma abordadas na parte final do artigo 203 do novo CPC.
As distinções podem ser constatadas comparando a redação dos artigos referentes ao conceito de sentença nos dois
sistemas:
Código de 1973
Art. 162. Os atos do juiz consistirão em
sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
§ 1º Sentença é o ato do juiz que implica
alguma das situações previstas nos arts. 267 e
269 desta Lei. (Redação dada pelo Lei nº
11.232, de 2005)
(...)
.Código de 2015
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em
sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
§ 1o Ressalvadas as disposições expressas dos
procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio
do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à
fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a
execução.
Portanto, o novo conceito de sentença se mantém orientado pelo conteúdo, mas dá relevância ao seu efeito na
marcha processual, com isso, será sentença as decisões que imponham resolução ou não do mérito, mas que encerrem a
fase de conhecimento do processo ou encerrem o processo de execução. Cumpre ressaltar que neste último (execução)
deve, em primeiro momento, encerrar a discussão sobre a natureza das decisões no processo de execução.
Como dito antes, se mantém a motivação com elemento da sentença, mas o código definiu agora que esta
motivação deve ser detalhada e, da mesma forma, com base em experiências do passado, resolveu também definir o que
não se pode considerar como sendo motivação, demandando reforma.
9. COISA JULGADA E SISTEMA RECURSAL
a)Coisa Julgada
A coisa julgada no novo código acabou por sofrer uma extensão no seu alcance. Enquanto no atual sistema esta
se limitava às questões expressamente pretendidas e debatidas pelas partes com a propositura da ação, no novo código a
coisa julgada passa a abranger as questões incidentais reconhecidas pelo Juiz durante a instrução deste, mesmo as
discutidas indiretamente em face de terem sido reflexos da discussão de mérito. Isto objetiva maior celeridade, evitando
novas demandas e, até, maior segurança jurídica sobre as questões postas em juízo. A saber:
Código de 1973
Art. 467. Denomina-se coisa julgada material a
eficácia, que torna imutável e indiscutível a
sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou
extraordinário.
Art. 468. A sentença, que julgar total ou
parcialmente a lide, tem força de lei nos limites
da lide e das questões decididas.
.Código de 2015
Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que
torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita
a recurso.
Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito
tem força de lei nos limites da questão principal expressamente
decidida.
§ 1o O disposto no caput aplica-se à resolução de questão
prejudicial, decidida expressa e incidentemente no processo, se:
(este parágrafo não tem correspondência no atual código)
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;
II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não
se aplicando no caso de revelia;
III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa
para resolvê-la como questão principal.
§ 2o A hipótese do § 1o não se aplica se no processo houver
restrições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o
aprofundamento da análise da questão prejudicial.
b)Sistema Recursal
O sistema recursal passa a contar com uniformidade de prazos, onde o prazo de todos os recursos à exceção dos
embargos de declaração, passa a ser de 15 dias, bem como com a extinção dos embargos infringentes e do agravo
Retido. Com relação aos prazos assim determina o novo código:
Código de 1973
Art. 508. Na apelação, nos embargos
infringentes, no recurso ordinário, no recurso
especial, no recurso extraordinário e nos
embargos de divergência, o prazo para interpor e
para responder é de 15 (quinze) dias. (Redação
dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
.Código de 2015
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da
data em que os advogados, a sociedade de advogados, a
Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público
são intimados da decisão.
(...)
§ 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para
interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.
Em relação aos recursos propriamente ditos, o Código atual admite a interposição de sete recursos: i) apelação;
ii) agravo; iii) embargos infringentes; iv) embargos de declaração; v) recurso ordinário; vi) recurso especial; e vii)
recurso extraordinário. Sendo que para o agravo existem quatro modalidades: a) agravo retido; b) agravo de
instrumento; c) agravo na forma do artigo 544; e d) agravo na forma do §1º do artigo 557.
Já no novo CPC, a ideia foi a simplificação do sistema recursal. Segundo o Novo CPC serão cabíveis os
seguintes recursos conforme redação do artigo 994 do novo código: i) apelação; ii) agravo de instrumento; iii) agravo
interno; iv) embargos de declaração; v) recurso ordinário; vi) recurso especial; vii) recurso extraordinário; viii) agravo
em recurso especial e extraordinário; e ix) embargos de divergência
Ainda, apesar de ter sido mantido o efeito suspensivo da apelação, os recursos não impedem a eficácia das
decisões se assim entender o órgão jurisdicional, conforme artigo 995 NCPC:
Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso.
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de
seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de
provimento do recurso.
De outro lado houve uma grande alteração com relação ao recurso de Agravo destinado ao ataque das decisões
interlocutórias.
O novo código preferiu instituir um rol taxativo de decisões passiveis de ataque por agravo de instrumento, que
podem ser direcionadas imediatamente ao Tribunal para conhecimento e, para as demais, não elencadas, passa a não
mais considerar preclusivo o sistema. Com isso, as decisões que não estejam previstas no rol do artigo 1015 do novo
código, podem ser revolvidas em sede de apelação, se assim entender necessário o apelante, em caráter preliminar na
peça recursal, independente de ter havido protesto no momento oportuno. A saber:
Código de 1973
Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá
agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma
retida, salvo quando se tratar de decisão
suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de
inadmissão da apelação e nos relativos aos
efeitos em que a apelação é recebida, quando
será admitida a sua interposição por
instrumento. (Redação dada pela Lei nº 11.187,
de 2005)
.Código de 2015
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões
interlocutórias que versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo; III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento
do pedido de sua revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
VII - exclusão de litisconsorte;
Parágrafo único. O agravo retido independe de
preparo. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de
30.11.1995)
Sem correspondência no código de 1973
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo
aos embargos à execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o;
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra
decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de
sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de
execução e no processo de inventário.
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.
§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a
decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não
são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar
de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou
nas contrarrazões.
Este ponto, entretanto, é controverso, visto que alguns doutrinadores ( entre eles Marinoni e Didier) entendem o
rol como exemplificativo, destarte a redação do artigo 1015 do CPC.
10. LIQUIDAÇÃO E CUMPRIMENTO DE SENTENÇA: a) Processo de Execução
Como já exposto antes, de forma expressa o processo autônomo de execução se restringe aos títulos
extrajudiciais, conforme artigo 771 do novo código, mas aplicável subsidiariamente a outros processos especiais de
execução e ao cumprimento de sentença:
Art. 771. Este Livro regula o procedimento da execução fundada em título extrajudicial, e suas disposições aplicam-se,
também, no que couber, aos procedimentos especiais de execução, aos atos executivos realizados no procedimento de
cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou fatos processuais a que a lei atribuir força executiva.
Portanto, ainda que autônomo, o processo de execução serve como referência aos direitos que dependam da
aplicação da tutela executiva, quando as disposições procedimentais para estes for omissa.
b) Liquidação de Sentença
O procedimento foi simplificado no Novo Código de Processo Civil, o artigo 509 define as modalidades de
liquidação:
Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento
do credor ou do devedor:
I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto
da liquidação;
II - pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e provar fato novo.
§ 1o Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a
execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.
§ 2o Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o
cumprimento da sentença.
§ 3o O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e colocará à disposição dos interessados programa de atualização
financeira.
§ 4o Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou.
A primeira inovação é a de que a liquidação que dependa exclusivamente de mero cálculo aritmético para se
chegar ao valor devido não exige liquidação da obrigação, deixa de fazer parte do rol da liquidação. De fato, o art. 786,
parágrafo único, do Novo CPC prevê que a necessidade de simples operações aritméticas para apurar o crédito
exequendo não retira a liquidez da obrigação constante do título.
Com isso, conforme disposição do parágrafo 2º do art. 509 nos casos de sentenças que dependam da apuração
do valor apenas por cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença, onde o
exequente se quiser poderá ser auxiliado por programa de atualização financeira a ser disponibilizado pelo Conselho
Nacional de Justiça, conforme disposição do parágrafo 3.º deste artigo.
Outro importante é que o artigo 509, caput, do Novo CPC dá algumas diretrizes no entendimento do cabimento
da liquidação. Em primeiro lugar, ao mencionar que é cabível em sentenças condenatórias de quantias ilíquidas, parece
limitar somente à obrigação de pagar quantia. Em segundo lugar, abre a legitimidade tanto ao credor como ao devedor
(parte final do caput do artigo 509).
De outro lado, restam somente dois tipos de liquidação : (I) por arbitramento e (II) pelo procedimento comum.
Se reduz as diferentes espécies de liquidação de sentença, limitando-se a prever dois diferentes procedimentos:
uma delas é a liquidação por arbitramento quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou exigido
pela natureza do objeto quando a fixação do valor dependesse de prova pericial.
A outra espécie é a liquidação pelo procedimento comum, quando dependa da necessidade de provar fato novo.
O procedimento da liquidação por arbitramento está regulado pelo artigo 510:
Art. 510. Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as partes para a apresentação de pareceres ou documentos
elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de plano, nomeará perito, observando-se, no que couber, o
procedimento da prova pericial.
Para tanto, sendo subsidiário o rito comum, se aplicam as disposições necessárias a garantir o contraditório.
O procedimento da liquidação pelo procedimento comum se verifica no artigo 511 do NCPC, onde se aplica o
rito comum do processo de conhecimento previsto na parte especial do código:
Art. 511. Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz determinará a intimação do requerido, na pessoa de seu
advogado ou da sociedade de advogados a que estiver vinculado, para, querendo, apresentar contestação no prazo de 15
(quinze) dias, observando-se, a seguir, no que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial deste Código.
Cumpre por fim, lembrar que todas as decisões exaradas na liquidação são atacáveis por agravo de instrumento
por determinação expressa do parágrafo único do artigo 1015 do NCPC.
c) Cumprimento definitivo e provisório da Sentença
Cumprimento provisório de sentença Para as sentenças que estejam pendentes de recurso sem efeito suspensivo o credor poderá promover a execução
provisória com base no artigo 520 quando se tratar de pagamento por quantia certa ou entregar coisa ou fazer ou não
fazer:
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado
da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:
I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos
que o executado haja sofrido;
II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes
ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos;
III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará
sem efeito a execução;
IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse ou alienação de
propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução
suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.
§ 1o No cumprimento provisório da sentença, o executado poderá apresentar impugnação, se quiser, nos termos do art.
525.
§ 2o A multa e os honorários a que se refere o § 1o do art. 523 são devidos no cumprimento provisório de sentença
condenatória ao pagamento de quantia certa.
§ 3o Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o ato não
será havido como incompatível com o recurso por ele interposto.
§ 4o A restituição ao estado anterior a que se refere o inciso II não implica o desfazimento da transferência de posse ou
da alienação de propriedade ou de outro direito real eventualmente já realizada, ressalvado, sempre, o direito à reparação
dos prejuízos causados ao executado.
§ 5o Ao cumprimento provisório de sentença que reconheça obrigação de fazer, de não fazer ou de dar coisa aplica-se,
no que couber, o disposto neste Capítulo.
Em resumo, a execução provisória é uma opção do credor que assume, entretanto, a responsabilidade é do
credor pelos cujos prejuízos causados que serão apurados nos mesmos autos.
Ainda, por se tratar de cumprimento provisório, para haver levantamento de depósito em dinheiro ou
expropriar os bens, o credor terá que prestar caução, salvo nas hipóteses do artigo 521do novo CPC (crédito de natureza
alimentar, independentemente da origem, credor demonstrar situação de necessidade, pender o recurso de agravo da
inadmissão de recurso extraordinário ou especial; sentença estiver de acordo com súmula do STF e do STJ ou nos casos
em que já acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos). De qualquer modo, independente de se tratar ou não
dos casos de exceção, a necessidade de caução permanece se a sua dispensa resultar em risco de grave dano de difícil
ou incerta reparação, conforme parágrafo único do artigo 521
A multa de 10% do cumprimento definitivo é aplicável ao cumprimento de sentença, por força do artigo 520,
parágrafo 2º.
Cumprimento definitivo
O cumprimento definitivo se divide em obrigações de pagar quantia certa, pagar alimentos
No caso de cumprimento de obrigação de pagar quantia certa assim, o código diferenciou os casos de quantia
certa em geral, a decorrente de obrigação de alimentos e a obrigação da fazenda pública:
Obrigação em quantia certa de forma geral
Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela
incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado
para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.
§ 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e,
também, de honorários de advogado de dez por cento.
§ 2o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos no § 1
o incidirão sobre
o restante.
§ 3o Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será expedido, desde logo, mandado de penhora e
avaliação, seguindo-se os atos de expropriação.
Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito,
devendo a petição conter:
I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1o a 3
o;
II - o índice de correção monetária adotado;
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados;
VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível.
§ 1o Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente exceder os limites da condenação, a execução será
iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá por base a importância que o juiz entender adequada.
§ 2o Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de contabilista do juízo, que terá o prazo máximo de 30
(trinta) dias para efetuá-la, exceto se outro lhe for determinado.
§ 3o Quando a elaboração do demonstrativo depender de dados em poder de terceiros ou do executado, o juiz poderá
requisitá-los, sob cominação do crime de desobediência.
§ 4o Quando a complementação do demonstrativo depender de dados adicionais em poder do executado, o juiz poderá, a
requerimento do exequente, requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência.
§ 5o Se os dados adicionais a que se refere o § 4
o não forem apresentados pelo executado, sem justificativa, no prazo
designado, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo exequente apenas com base nos dados de que dispõe.
Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias
para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua
impugnação.
§ 1o Na impugnação, o executado poderá alegar:
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;
II - ilegitimidade de parte;
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;
V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou
prescrição, desde que supervenientes à sentença.
§ 2o A alegação de impedimento ou suspeição observará o disposto nos arts. 146 e 148.
§ 3o Aplica-se à impugnação o disposto no art. 229.
§ 4o Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da
sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e
atualizado de seu cálculo.
§ 5o Na hipótese do § 4
o, não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, a impugnação será
liminarmente rejeitada, se o excesso de execução for o seu único fundamento, ou, se houver outro, a impugnação será
processada, mas o juiz não examinará a alegação de excesso de execução.
§ 6o A apresentação de impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de expropriação, podendo o
juiz, a requerimento do executado e desde que garantido o juízo com penhora, caução ou depósito suficientes, atribuir-
lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes e se o prosseguimento da execução for manifestamente
suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação.
§ 7o A concessão de efeito suspensivo a que se refere o § 6
o não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de
reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens
§ 8o Quando o efeito suspensivo atribuído à impugnação disser respeito apenas a parte do objeto da execução, esta
prosseguirá quanto à parte restante.
§ 9o A concessão de efeito suspensivo à impugnação deduzida por um dos executados não suspenderá a execução contra
os que não impugnaram, quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao impugnante.
§ 10. Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exequente requerer o prosseguimento da
execução, oferecendo e prestando, nos próprios autos, caução suficiente e idônea a ser arbitrada pelo juiz.
§ 11. As questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação da impugnação, assim como
aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos atos executivos subsequentes, podem ser
arguidas por simples petição, tendo o executado, em qualquer dos casos, o prazo de 15 (quinze) dias para formular esta
arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da intimação do ato.
§ 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste artigo, considera-se também inexigível a obrigação reconhecida
em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal
Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como
incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.
§ 13. No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser modulados no tempo, em
atenção à segurança jurídica.
§ 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 deve ser anterior ao trânsito em julgado da decisão
exequenda.
§ 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação
rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.
Art. 526. É lícito ao réu, antes de ser intimado para o cumprimento da sentença, comparecer em juízo e oferecer em
pagamento o valor que entender devido, apresentando memória discriminada do cálculo.
§ 1o O autor será ouvido no prazo de 5 (cinco) dias, podendo impugnar o valor depositado, sem prejuízo do
levantamento do depósito a título de parcela incontroversa.
§ 2o Concluindo o juiz pela insuficiência do depósito, sobre a diferença incidirão multa de dez por cento e honorários
advocatícios, também fixados em dez por cento, seguindo-se a execução com penhora e atos subsequentes.
§ 3o Se o autor não se opuser, o juiz declarará satisfeita a obrigação e extinguirá o processo.
Vê-se que aqui o código retirou a necessidade de garantia da execução para o início do prazo para apresentação
de impugnação do executado, iniciando este após o transcurso do prazo de pagamento dado pela intimação de
cumprimento desta.
Ainda, as alegações de excesso de execução e outras decorrentes de incerteza do cálculo apresentado pelo
exequente serão atacáveis por petição simples dirigidas ao juiz que terá o poder de revisão dos atos portanto, antes da
necessidade de provocação por recursos.
Obrigação de alimentos
Neste ponto o CPC assim dispõe:
Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória
que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três)
dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
§ 1o Caso o executado, no prazo referido no caput, não efetue o pagamento, não prove que o efetuou ou não apresente
justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, o juiz mandará protestar o pronunciamento judicial, aplicando-se, no que
couber, o disposto no art. 517.
§ 2o Somente a comprovação de fato que gere a impossibilidade absoluta de pagar justificará o inadimplemento.
§ 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o
pronunciamento judicial na forma do § 1o, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.
§ 4o A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o preso ficar separado dos presos comuns.
§ 5o O cumprimento da pena não exime o executado do pagamento das prestações vencidas e vincendas.
§ 6o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão.
§ 7o O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende até as 3 (três) prestações
anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo.
§ 8o O exequente pode optar por promover o cumprimento da sentença ou decisão desde logo, nos termos do disposto
neste Livro, Título II, Capítulo III, caso em que não será admissível a prisão do executado, e, recaindo a penhora em
dinheiro, a concessão de efeito suspensivo à impugnação não obsta a que o exequente levante mensalmente a
importância da prestação.
§ 9o Além das opções previstas no art. 516, parágrafo único, o exequente pode promover o cumprimento da sentença ou
decisão que condena ao pagamento de prestação alimentícia no juízo de seu domicílio.
Art. 529. Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito à
legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento da importância da prestação
alimentícia.
§ 1o Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à empresa ou ao empregador, determinando, sob pena de crime
de desobediência, o desconto a partir da primeira remuneração posterior do executado, a contar do protocolo do ofício.
§ 2o O ofício conterá o nome e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do exequente e do executado, a
importância a ser descontada mensalmente, o tempo de sua duração e a conta na qual deve ser feito o depósito.
§ 3o Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito objeto de execução pode ser descontado dos
rendimentos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos termos do caput deste artigo, contanto que, somado à
parcela devida, não ultrapasse cinquenta por cento de seus ganhos líquidos.
Art. 530. Não cumprida a obrigação, observar-se-á o disposto nos arts. 831 e seguintes.
Art. 531. O disposto neste Capítulo aplica-se aos alimentos definitivos ou provisórios.
§ 1o A execução dos alimentos provisórios, bem como a dos alimentos fixados em sentença ainda não transitada em
julgado, se processa em autos apartados.
§ 2o O cumprimento definitivo da obrigação de prestar alimentos será processado nos mesmos autos em que tenha sido
proferida a sentença.
Art. 532. Verificada a conduta procrastinatória do executado, o juiz deverá, se for o caso, dar ciência ao Ministério
Público dos indícios da prática do crime de abandono material.
Art. 533. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, caberá ao executado, a requerimento do
exequente, constituir capital cuja renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão.
§ 1o O capital a que se refere o caput, representado por imóveis ou por direitos reais sobre imóveis suscetíveis de
alienação, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, será inalienável e impenhorável enquanto
durar a obrigação do executado, além de constituir-se em patrimônio de afetação.
§ 2o O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão do exequente em folha de pagamento de pessoa
jurídica de notória capacidade econômica ou, a requerimento do executado, por fiança bancária ou garantia real, em
valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz.
§ 3o Se sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá a parte requerer, conforme as circunstâncias, redução
ou aumento da prestação.
§ 4o A prestação alimentícia poderá ser fixada tomando por base o salário-mínimo.
§ 5o Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará liberar o capital, cessar o desconto em folha ou cancelar as
garantias prestadas.
A requerimento do exequente o executado será intimado para pagar no prazo de 03 dias para pagar. Caso não
faça o pagamento e o débito já se dê por no mínimo 03 prestações o juiz poderá ordenar o protesto da sentença e, ainda,
decretar a prisão deste por um período de 1 a 3 meses, em regime fechado separado dos demais presos, esta prisão não
exime o devedor ao pagamento do débito. Desta forma o CPC unifica o procedimento com relação à estes itens.
Entretanto se de imediato o exequente optar pelo cumprimento de sentença na forma legal, não poderá ser
decretada a prisão do executado mês, serão efetuados os atos necessários à satisfação do crédito.
Do cumprimento de sentença de obrigação de pagar pela Fazenda Pública.
Neste ponto o CPC acaba com alguns dos privilégios da Fazenda Pública, aplicando o entendimento de
igualdade processual que permeia o novo Código. Assim dispõe o Código:
Art. 534. No cumprimento de sentença que impuser à Fazenda Pública o dever de pagar quantia certa, o exequente
apresentará demonstrativo discriminado e atualizado do crédito contendo:
I - o nome completo e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
do exequente;
II - o índice de correção monetária adotado;
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
VI - a especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados.
§ 1o Havendo pluralidade de exequentes, cada um deverá apresentar o seu próprio demonstrativo, aplicando-se à
hipótese, se for o caso, o disposto nos §§ 1o e 2
o do art. 113.
§ 2o A multa prevista no § 1
o do art. 523 não se aplica à Fazenda Pública.
Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga, remessa ou meio
eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir:
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;
II - ilegitimidade de parte;
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
IV - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou
prescrição, desde que supervenientes ao trânsito em julgado da sentença.
§ 1o A alegação de impedimento ou suspeição observará o disposto nos arts. 146 e 148.
§ 2o Quando se alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante do título,
cumprirá à executada declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de não conhecimento da arguição.
§ 3o Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da executada:
I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal competente, precatório em favor do exequente, observando-se
o disposto na Constituição Federal;
II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o ente público foi citado para o processo, o pagamento
de obrigação de pequeno valor será realizado no prazo de 2 (dois) meses contado da entrega da requisição, mediante
depósito na agência de banco oficial mais próxima da residência do exequente.
§ 4o Tratando-se de impugnação parcial, a parte não questionada pela executada será, desde logo, objeto de
cumprimento.
§ 5o Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se também inexigível a obrigação reconhecida
em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal
Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como
incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.
§ 6o No caso do § 5
o, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser modulados no tempo, de modo a
favorecer a segurança jurídica.
§ 7o A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 5
o deve ter sido proferida antes do trânsito em julgado da
decisão exequenda.
§ 8o Se a decisão referida no § 5
o for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória,
cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.
Com isso, a Fazenda Pública será intimada, na pessoa do seu representante, para querendo impugnar a
execução. Mantida a decisão de imediato será expedida pelo Tribunal o precatório respectivo, caso seja dívida de
pequeno monte o próprio juiz da causa poderá expedir ordem de pagamento ao representante intimado do cumprimento.
Obrigações de fazer ou não fazer ou entregar coisa certa
Assim dispõe o Código:
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz
poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático
equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente.
§ 1o Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e
apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso
necessário, requisitar o auxílio de força policial.
§ 2o O mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais de justiça, observando-se o
disposto no art. 846, §§ 1o a 4
o, se houver necessidade de arrombamento.
§ 3o O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé quando injustificadamente descumprir a ordem judicial, sem
prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência.
§ 4o No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, aplica-se o art.
525, no que couber.
§ 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que reconheça deveres de fazer e de
não fazer de natureza não obrigacional.
Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela
provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se
determine prazo razoável para cumprimento do preceito.
§ 1o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la,
caso verifique que:
I - se tornou insuficiente ou excessiva;
II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa causa para o descumprimento.
§ 2o O valor da multa será devido ao exequente.
§ 3o A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depositada em juízo, permitido o
levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte ou na pendência do agravo fundado nos
incisos II ou III do art. 1.042.
§ 4o A multa será devida desde o dia em que se configurar o descumprimento da decisão e incidirá enquanto não for
cumprida a decisão que a tiver cominado.
§ 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que reconheça deveres de fazer e de
não fazer de natureza não obrigacional.
SeçãoII
Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Obrigação de Entregar Coisa
Art. 538. Não cumprida a obrigação de entregar coisa no prazo estabelecido na sentença, será expedido mandado de
busca e apreensão ou de imissão na posse em favor do credor, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel.
§ 1o A existência de benfeitorias deve ser alegada na fase de conhecimento, em contestação, de forma discriminada e
com atribuição, sempre que possível e justificadamente, do respectivo valor.
§ 2o O direito de retenção por benfeitorias deve ser exercido na contestação, na fase de conhecimento.
§ 3o Aplicam-se ao procedimento previsto neste artigo, no que couber, as disposições sobre o cumprimento de obrigação
de fazer ou de não fazer.
Neste Ponto o CPC não modificou substancialmente o procedimento atual, mantendo os dispositivos que regulam
o cumprimento de tais obrigações.
Especificamente o CPC determina que as multas aplicadas se destinam ao exequente, e no caso da obrigação de
entregar coisa certa apenas definiu que as alegações de retenção por existência de benfeitorias devem ser efetuadas na
fase de conhecimento, o que demanda menor litigiosidade nesta fase de cumprimento, o que condiz com a lógica do
sistema.
e) Defesas do Executado
Em todos os casos de cumprimento de sentença, o meio de oposição a esta fase será a impugnação à execução
com as matérias taxativamente elencadas, agora independente de garantia do juízo, iniciando o prazo imediatamente ao
não cumprimento da ordem de pagar, ou de imediato no caso da Fazenda Pública. Para este último, aliás, surge a
novidade de, caso alegue excesso de execução deve agora, com a impugnação, apontar discriminadamente por meio de
cálculos o excesso, sob pena de rejeição da impugnação.
f) Meios de satisfação do credor
Os meios de satisfação do credor permanecem no novo CPC, sendo basicamente o leilão, a venda por iniciativa
particular e a adjudicação, nos casos de pagamento de quantia certa. Para as obrigações de fazer não fazer ou entregar
quantia certa permanecem os atos cogentes da autoridade judicial no sentido de poder tomar as medidas que entenda
necessárias para o cumprimento de sua decisão. Nos casos em que é exequente a Fazenda Pública permanece o sistema
de precatórios para grandes quantias e execução direta para pequenos valores.
Com relação à alienação dos bens, cumpre dizer que, desaparece o termo praça e restam apenas o leilão, de
preferencia o eletrônico e a venda por iniciativa particular, conforme dispõe o artigo 879:
Art. 879. A alienação far-se-á:
I - por iniciativa particular;
II - em leilão judicial eletrônico ou presencial.
g) Penhora de bens
A inovação do CPC se dá no fato de não mais exigir penhora prévia para a abertura do prazo para impugnação
pelo executado, portanto, no novo sistema, caso este não cumpra espontaneamente a obrigação ou após a determinação
dada pelo juízo inicia-se o prazo para impugnação da execução na forma do artigo 525 basicamente, que é aplicado
subsidiariamente aos demais tipos de cumprimento de sentença.
Entretanto, como novidade, que na prática veio regulamentar o que já entendia a Jurisprudência em muitos
casos, foi a autorização da penhora para dívidas oriundas de crédito alimentar de qualquer natureza e, independente da
natureza da dívida, para salários com valor acima de 50 salários mínimos. Da mesma forma se permite a penhora para
saldos da caderneta de poupança acima de 40 salários mínimos.
De se referendar que o art. 833 do NCPC, assim como acontecia no CPC73, apresenta o rol de bens
impenhoráveis, as situações nas quais, por força de lei, a penhora não é permitida, mas nos casos supra mencionados
agora haverá exceções à esta intangibilidade. A saber:
Art. 833. São impenhoráveis:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado
valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os
pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do
devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao
exercício da profissão do executado;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou
assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à
execução da obra.
§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para
sua aquisição.
§ 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação
alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos
mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3
o.
§ 3o Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as máquinas
agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido
objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de
natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária.
Ainda, expressamente, quando se tratar de penhora em aplicações financeiras será efetuada sem a ciência do
executado, ou seja, antes mesmo da citação (execução de título extrajudicial) ou da intimação (cumprimento de
sentença), conforme caput do artigo 854:
Art. 854. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira, o juiz, a requerimento do
exequente, sem dar ciência prévia do ato ao executado, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema
eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos financeiros
existentes em nome do executado, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na execução.
Isto veio a pacificar a discussão a respeito do tema e torna o cumprimento da medida passível de maior efetividade.
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