sequencia textual

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A NOÇÃO DE SEQUÊNCIA TEXTUAL NA ANÁLISE PRAGMÁTICO-TEXTUAL DE JEAN-MICHEL ADAM Cláudia Eliane Elisângela Silva Evaneuda Araújo Lyzanne Macêdo Maura Regina Sandra Silva ESPECIALIZAÇÃO EM LINGUÍSTICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI SETEMBRO/2011

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Page 1: Sequencia textual

A NOÇÃO DE SEQUÊNCIA TEXTUAL NA ANÁLISE PRAGMÁTICO-TEXTUAL

DE JEAN-MICHEL ADAM

Cláudia ElianeElisângela Silva

Evaneuda AraújoLyzanne Macêdo

Maura ReginaSandra Silva

ESPECIALIZAÇÃO EM LINGUÍSTICA

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI

SETEMBRO/2011

Page 2: Sequencia textual

• Apresenta a noção de sequência textual conforme delineada por Jean-Michel Adam em sua obra.• A exposição estará centrada nos textos do final dos anos 1980 e início dos anos de 1990.•Adam aproxima os quadros teóricos da linguística textual e da análise do discurso francesa, apontando o texto como um objeto circundado e determinado pelo discurso. Partindo da enunciação ou das práticas discursivas (onde localiza o gênero, o discurso e o interdiscurso).

INTRODUÇÃO

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Cont...• Delimita o campo da linguística textual como o responsável pelo estudo do modo como os mecanismos de textualização se constituem e se caracterizam. • A sequência textual, um desses mecanismos, é vista como um conjunto de proposições psicológicas que se estabilizaram como recurso composicional dos vários gêneros.• Bonini pretende, além de discorrer sobre a proposta teórica de Adam, tratar a sequência como uma noção pertinente ao debate nas diversas perspectivas do estudo dos gêneros (textuais, discursivos, de linguagem).

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Cont... Distribui os conteúdos em cinco seções:- No primeiro momento faz um breve apanhado das influências teóricas no trabalho de Adam;-Na segunda seção, procura delinear o quadro teórico proposto pelo autor, apresentando seu conceito de sequência;- Na terceira seção, apresenta os cinco tipos de sequências textuais que ele concebeu;-Na quarta, procura, em uma análise de dois exemplares do gênero crítica cinematográfica, aplicar o conceito de sequência;- Na última seção, tendo em vista o panorama teórico em relação ao tema, faz alguns apontamentos sobre a noção de sequência.

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BASES TEÓRICAS DA NOÇÃO DE SEQUÊNCIA TEXTUAL NO TRABALHO DE ADAM

Jean-Michel Adam procurou construir uma reflexão teórica que agrupasse as orientações formais e enunciativas a respeito do texto.Sua carreira de pesquisador foi marcada pelas questões de estudo e ensino da narrativa literária, motivo pelo qual ele recorreu ao quadro teórico da análise estrutural da narrativa (especialmente aos formalistas russos e aos autores do contexto francês como Algirdas Julien Greimas, Roland Barthes e Gérard Genette). Adam também sofreu influências dos trabalhos sobre gramática narrativa (principalmente pela perspectiva aberta por Teun A. Van Dijk) e dos trabalhos de análise do discurso francesa (inicialmente, os de Michel Pêcheux e, posteriormente, os de Dominique Maingueneau).

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Cont...• Um de seus trabalhos iniciais mais conhecidos é Le récit (Adam, 1984), em que, sob a influência da análise do discurso francesa, propõe uma reorientação, em termos enunciativos, para o entendimento da narrativa. Nesse livro, já é possível visualizar as bases de seu conceito de sequência textual e de sua teoria do texto.• A noção de sequência começa a ser definida em vários artigos

publicados no decorrer da década de 1980(Adam, 1987), sendo aprofundada em seus três trabalhos mais importantes (Adam, 1990, 1992 e 1999). O livro de 1992 é dedicado inteiramente a esse tema e a noção de sequência se erige a partir de seis conceitos-chave, sendo eles: os conceitos de gênero e de enunciado de Bakhtin (1929, 1953), o de protótipo (Rosch, 1978), os de base e tipo de texto (Werlich, 1976) e o de superestrutura (Van Dijk, 1978).

Page 7: Sequencia textual

Cont...• Bakhtin (1953) concebe os gêneros como “tipos relativamente estáveis de enunciados”, entendendo por enunciado “ uma unidade real, estritamente delimitada pela alternância dos sujeitos falantes, e que termina por uma transferência da palavra ao outro [...]”.• Bakhtin propõe ainda duas categorias de gêneros:- Os primários (tipos simples de enunciados);- Os secundários (tipos complexos que incorporam os primeiros).

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Cont...• Adam (1992) se vale da ideia de estabilidade de Bakhtin, propondo que os gêneros primários sejam vistos como tipos nucleares, menos heterogêneos, e como responsáveis pela estruturação dos gêneros secundários. Os gêneros primários são concebidos, então, como sequências textuais, ou seja, como componentes textuais (compostos por proposições relativamente estáveis e maleáveis), que atravessam os gêneros secundários.

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Cont...• A estabilidade das sequências é pensada mediante raciocínio prototípico (Rosch, 1978, Kleiber, 1990). • O protótipo, segundo Rosch, é o objeto mais típico da categoria; é aquele que reúne o maior número de pistas de validade para ser membro dela.• Para Adam, os gêneros e seus exemplares são dispostos em categorias pelos traços que compartilham com as sequências (os protótipos).• As sequências, por sua vez, são pensadas a partir dos conceitos de base e tipo de texto e de superestrutura textual.

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Cont...• Werlich propôs o conceito de base de texto como uma forma de entender a competência textual do falante. Postulando também que existe cinco tipos de texto: a descrição, a narração, a exposição, a argumentação e a instrução. Sendo que, o conhecimento relativo aos tipos encerra também um modo de produção textual, uma vez que a base temática do texto corresponde a uma unidade temático-formal, a partir da qual o texto tem início e se expande na direção de um dos cinco tipos.

Page 11: Sequencia textual

Cont...• Assim como Werlich, Adam assume que os tipos compõem um conjunto de recursos cognitivos responsáveis, em parte, pela produção do texto, mas não leva em consideração a explicação de Werlich sobre a referência contextual de base e sobre os processos cognitivos implicados na formação desses tipos, pois Adam entende que os componentes textuais existem em função/decorrência das práticas sociais da linguagem.

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Cont... Adam aceita ainda o princípio de que a sentença já traz marcas dos tipos de texto, embora vá postular que essas marcas se subordinam ao tipo que será produzido.Assim como os tipos servem caracteristicamente a vários gêneros textuais também as sentenças servem aos vários tipos.

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Cont...• Adam prefere distinguir a base do texto de um conhecimento sobre o texto. A descrição desse conhecimento tem inspiração no conceito superestrutura de Van Dijk (1973, 1978), bem como no modelo de processamento do texto de Kintsch e Van Dijk(1978), com recorrência ao conceito de proposição psicológica utilizado nesses trabalhos e desenvolvido por Kintsch (1974).

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Cont...• A superestrutura é pensada, por Van Dijk (1978), como um esquema cognitivo composto por categorias vazias que, ao ser preenchidas, são responsáveis pela realização das partes características do texto. Kintsch e Van Dijk (1978) afirmam que a superestrutura intervém globalmente nos processamentos de compreensão e produção textual, pois organiza as proposições que vão sendo percebidas no texto, durante a leitura/escuta, ou linearizadas textualmente, durante a escritura/fala.

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Cont...• A princípio Adam aceita a afirmação de Van Dijk de que a superestrutura seja um esquema textual superposto às estruturas gramaticais, mas, a partir de seu trabalho de 1992, deixa de usar o termo, pois ele vê nas sequências um tipo diferente de conhecimento daquele dos gêneros e, portanto, uma certa impropriedade do termo superestrutura. Em segundo lugar, o termo promove uma confusão entre plano de texto e esquema cognitivo de texto. Sendo assim, Adam propõe seu trabalho como uma “passagem de uma teoria das superestruturas para uma hipótese sobre a estrutura sequencial dos textos e sobre os protótipos dos esquemas sequenciais de base [...]” (1992).

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A estrutura composicional do texto resulta de dois processos composicionais:

A planificação e a estruturação É instaurada a partir Instaurada a partir do gênero da proposição

Entendido como um para combinar sequências plano de texto fixo e obter um plano de texto ocasional

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Configuração pragmática

Alvo ilocucional (coerência)Submódulos Localização enunciativa

Coesão semântica(mundos)

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Sucessão de proposição

Conectividade – coesão • Submódulo Sequencialidade – sequências textuais

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TIPOS DE SEQUÊNCIA TEXTUAL

A diferença fundamental da sequência em relação ao gênero, é sua menor variabilidade.

Os gêneros : Marcam situações sociais específicas; São essencialmente heterogêneos; As sequências são: Componentes que atravessam todos os gêneros; Relativamente estáveis, facilmente delimitáveis

em um pequeno conjunto de tipos (tipologia)

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SEQUÊNCIA NARRATIVA

Segundo Adam, (1992), para identificar a sequência narrativa parte-se de seis características próprias :

1. A sucessão de eventos – a narrativa consiste na delimitação de um evento inserido em uma cadeia de eventos alinhados em ordem temporal.

2. A unidade temática – a ação narrada necessita ter um caráter de unidade, deve privilegiar um sujeito agente ou seja o personagem principal.

3. Os predicados transformados – o desenrolar de um fato implica a transformação das características do personagem, ou seja, será mau no início e se tornará bom no final etc.

Page 21: Sequencia textual

SEQUÊNCIA NARRATIVA 4. O processo – a narrativa deve ter início, meio e um fim. A

estruturação básica da sequência narrativa parte da ideia de processo. Para que haja o fato é necessário que ocorra uma transformação.

5. A intriga – a narrativa traz um conjunto de causas, de modo a dar sustentação aos fatos narrados. A intriga pode levar o narrador a alterar a ordem processual natural dos fatos, fazendo com que a narrativa por exemplo, comece pelo meio.

6. A moral – muitas narrativas trazem uma reflexão sobre o fato narrado, que pode encerrar a verdadeira razão de se contar aquela história. Não é uma parte essencial à sequência narrativa, de modo que pode vir implícita.

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SEQUÊNCIA NARRATIVA

• Com base em todos esses elementos e inspirado principalmente em Labov & Waletzky (1967), o esquema prototípico da sequência narrativa é descrito como contendo cinco macroproposições que perfazem a situação inicial, a complicação, as (re)ações, a situação final e a moral.

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SEQUÊNCIA ARGUMENTATIVA

• Argumentar é a construção por um falante de um discurso que visa modificar a visão de outro sobre determinado objeto, alterando, assim, o seu discurso.

• Conforme Ducrot (1987, 1988), é construído com base em um já- dito, em um dizer temporariamente anterior (e conhecido pelo interlocutor)que na sua forma mais característica, aparece implícito.

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SEQUÊNCIA ARGUMENTATIVA

• Consiste na contraposição de enunciados, tendo sua sustentação em operadores argumentativos. Estes operadores são palavras que tem a função de opor um enunciado que está sendo proferido a um já dito denominado topos. O operador argumentativo mais característico é a conjunção mas.

• Adam apresenta, como um exemplo característico de enunciado argumentativo, a frase :

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Proposição p (A marquesa tem mãos suaves) ----- REGRA DE INFERÊNCIA --- portanto (Eu amo a marquesa) Provavelmente CONCLUSÃO

Já que a menos que GARANTIA RESTRIÇÃO (Os homens amam mulheres que (refutação, têm mãos suaves) exceção)

estando dado SUPORTE

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SEQUÊNCIA DESCRITIVA

• A sequência descritiva é:A menos autônoma dentre todas, e dificilmente

predominará em um texto;Sua ocorrência mais característica é como parte

da sequência narrativa;Não apresenta uma ordem muito fixa;

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SEQUÊNCIA DESCRITIVA

• Adam, aponta três partes para a descrição:Uma ancoragem;Uma dispersão de propriedades;Uma reformulação.• Na descrição, após se estabelecer o tema –

título, haverá uma especificação dele, por meio da aspectualização e/ou do estabelecimento de relação.

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SEQUÊNCIA DESCRITIVA

• A aspectualização caracteriza o objeto em seu aspecto físico e divide-se em dois subprocessos:

O relato de propriedades do objeto ( qualidades)E relato de partes de partes do objeto

(sinédoque)• Cada uma das partes relatadas pode ser, por sua

vez, especificada, reaplicando-se ciclicamente os mesmos processos (tematização).

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SEQUÊNCIA DESCRITIVA

• O estabelecimento de relação, consiste em usar as características de uma parte relatada para compor outra, e subdivide-se em dois subprocessos:

A situação do objeto ( seja no espaço ou no tempo );

Assimilação de características;• A assimilação pode ocorrer via comparação ou

via metáfora.

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SEQUÊNCIA EXPLICATIVA

Essa tipologia textual não tem a finalidade impressiva nem a força dinâmica próprias do texto argumentativo. A sua apresentação aparenta-se mais ao desenvolvimento descritivo, onde se expõem, definem, enumeram e explicam fatos e elementos de informação, fazendo com que seu interlocutor/leitor adquira um conhecimento que até então não tinha.

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SEQUÊNCIA EXPLICATIVA

Constitui-se de três fases: • levantar um questionamento (problema);• responder o questionamento (explicação/resposta);• sumarizar a resposta, avaliando o problema (conclusão-avaliação).

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Exemplo de sequência explicativa

Introduzido por uma sequência descritiva:

Bem no alto da cadeia dos Pireneus, na base do monte Vignemale, se encontra o lago de Gaube. Neste lugar, usar um automóvel está fora de questão, pois só se chega lá por uma trilha estreita.

No entanto, na beira do lago, há um pequeno albergue: o de Madame Seyrès. E, neste albergue, há uma máquina de lavar roupa Radiosa.

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A sequência explicativa tem início com a pergunta:

Por que uma Radiosa?

• Partes da explicação: a esquematização inicial;

Ouça o que diz Madame Seyrès:“Mesmo aqui é preciso uma máquina

de lavar roupa. Para nossa roupa branca, claro. Além disso, mesmo isolado como se está, em um albergue, sempre há muitos guardanapos e toalhas para lavar”.

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O problema:

“Só é preciso uma máquina que não enguice.

A explicação:Por que é muito difícil, para os técnicos, subir até aqui”.

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Conclusão-avaliação:

“Então, é preciso de algo forte. Nós sempretivemos uma Radiosa. E nunca tivemosaborrecimentos com ela.”

Para a Radiosa, não só as máquinas de lavar roupa que não dão problemas: as lavadoras delouça, os fogões, as geladeiras e os freezerstambém são fabricados para durar como a máquinado lago de Gaube. Radiosa: Os eletrodomésticossem problemas. (Adam,1992, p.137)

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Gêneros em que predomina a sequência explicativa:

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Sequência dialogal

Possui como característica fundamental, o fato de ser formada por mais de um interlocutor, podendo estes interlocutores ser personagens, quando a sequência está inserida em um gênero de ficção.

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Esquema dialogal

abertura da interação {corpo da interação}{fechamento da interação}A abertura, em geral, é marcada por atos desaudação ou de apresentação; o fechamento,por atos de despedida ou agradecimento. Éno corpo da interação que se discorre sobreum assunto mais ou menos acolhido pelosinterlocutores.

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Segundo Adam, há dois tipos de sequências:

• fáticas – são ritualísticas e têm a função de abrir e fechar a interação. (Adam, 1992, p 156)Ex:A1 - Bom dia!B1 - Bom dia![...]Ax - Até logo.Bx - Até logo.

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Segundo Adam, há dois tipos de sequências:

• transacionais – são as que compõem o corpo da interação onde está realmente a razão do ato comunicativo.Ex:A1 - Desculpe. Você tem horas?B1 - Claro. São 6 horas.A2 - Obrigado.

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EMPREGANDO A NOÇÃO DE SEQUÊNCIA NA ANÁLISE DE EXEMPLARES DO GÊNERO “CRÍTICA DE CINEMA”

Adam (1992): Sequências considerar o gênero(1999): considera o intertexto

(condições de produção) e o processo de esquematização

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CONT...

PROCESSO DE ESQUEMATIZAÇÃO

PLANIFICAÇÃO GÊNERO

ESTRUTURAÇÃOSEQUÊNCIAS E DEMAIS

MECANISMOS TEXTUAIS

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ANÁLISE DA CRÍTICA DE CINEMA

Bonini leva em consideração:As sequências;Os processos de planificação e

esquematização;Comparação com a resenha acadêmica de

livros (gênero mais próximo);

Page 45: Sequencia textual

RESENHA ACADÊMICAMotta-Roth (2002) - gênero composto pelos

seguintes movimentos:Movimento 1 APRESENTANDO O LIVROPasso 1 Definindo o tópico geral do livro e/ouPasso 2 Informando sobre a virtual audiência e/ouPasso 3 Informando sobre o/a autor/a e/ouPasso 4 Fazendo generalizações e/ouPasso 5 Inserindo o livro na áreaMovimento 2 ESQUEMATIZANDO O LIVROPasso 6 Delineando a organização geral do livro e/ouPasso 7 Definindo o tópico de cada capítulo e/ouPasso 8 Citando material extratextoMovimento 3 RESSALTANDO PARTES DO LIVROPasso 9 Avaliando partes específicas Movimento 4 FORNECENDO AVALIAÇÃO FINAL DO LIVROPasso 10A Recomendando/desqualificando o livro ouPasso 10B Recomendando o livro apesar das falhas

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CRÍTICA DE CINEMA

Descrição de Beacco & Darot (apud Machado, 1996);

Caracteriza-se por três operações que determinam sua estruturação:

Descrever;Apreciar;Interpretar.

Page 47: Sequencia textual

CRÍTICA DE CINEMA

Machado (1996)- Concebe dois gêneros com esta configuração:

Resumos;Resenhas críticas de cinema Argumenta que se deve entender a constituição do

gênero como uma projeção da sequência descritiva e se apresenta do seguinte modo:

Descrição;Apreciação; Interpretação.

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CRÍTICA DE CINEMA

Bonini considera que três pontos podem ser reavaliados no trabalho de Machado:

Denominação do gênero;Organização do gênero;Identificação entre a estrutura da sequência

descritiva e a estrutura do próprio gênero.Exemplo:

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A ENFERMEIRA BETTY Cotação (0 a 10): 8 Nos dias de hoje, quando pessoas normais viram celebridades e “artistas” se revelam

comuns e patéticos, filmes como “A Enfermeira Betty” servem para mostrar a tênue linha entre o Imaginário e o real, cada vez mais medíocre. Para reforçar a tese, um debatedor à altura do tema: o incisivo e polêmico diretor Neil LaBute (Na companhia dos homens), que pode ter feito sua produção mais leve , porém, de longe, a mais interessante delas. Renée Zellweger é uma moça normal da classe média interiorana ianque. Faz tudo que o marido pede, tem um emprego mixuruca, é gentil com todos e, sobretudo, não perde um capítulo de sua novela preferida. A rotina muda quando testemunha o marido sendo assassinado por uma dupla de matadores (Morgan Freeman e Chris Rock, ótimos). Ela pira, passa a viver como se fosse uma personagem do tal dramalhão preferido da TV e vai em busca do amado doutor (Greg Kinnear) – ao mesmo tempo em que é perseguida pelos criminosos. A fábula de LaBute usa o artifício de “Forest Gump” (a patetice e a inocência podem vencer o mal) de forma crítica e acaba radiografando o coração do americano médio.

Rodrigo SalemNurse Betty, EUA, 2000. De Neil LaBute. Com Renée Zellweger, Morgan Freeman, Chris Rock.110 min. Columbia. Comédia.

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CONT...

• Giering, afirma que em termos conceituais, Adam não deixa claro o que permite a distinção entre tipo e plano de texto e, do mesmo modo, o que permite a identificação de uma sequência e de sua fronteira com as demais sequências presentes no texto.

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DISCUTINDO A NOÇÃO DE SEQUÊNCIA

• Dois pontos que merecem atenção sobre a validade epistêmica da noção de sequência:

É preciso considerar que as orientações teóricas diferentes elaboram explicações também diferentes para a noção;

A delimitação do número de sequências não é consensual, variando bastante entre os autores que discutem o tema.

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Existem três pontos críticos no trabalho de Adam

• O primeiro diz respeito ao modo como o autor combinou uma perspectiva cognitivista interna (com base na pragmática) com uma perspectiva discursiva externa (com base na análise do discurso francesa).

• O segundo ponto crítico corresponde ao problema do gênero primário (forma presente nas enunciações menos complexas, onde os interlocutores interagem mais diretamente).

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Cont...

• Gênero secundário (forma presente nas enunciações mais complexas, onde os interlocutores interagem de modo mais indireto).

• O terceiro ponto crítico corresponde ao problema de categorização. Se a linguagem acontece na produção, torna-se incoerente a afirmação de que as categorias textuais se organizam mediante protótipos sequenciais.

Page 54: Sequencia textual

Formalização e quantificação das sequências

• Autores como Werlich (1976), Brewer (1980) e Virtanen (1992), concebem as sequências, como resultantes de processos cognitivos primários da mente.

• Já o trabalho de Adam abre outra perspectiva, pois imprime uma postura relativista, concebendo esses tipos apenas como cristalizações a partir de práticas discursivas.

Page 55: Sequencia textual

CONT...• A posição de Bronckart (1999), por um lado

concebe as sequências como cristalizações no interdiscurso. Por outro, recorre a mecanismo psicológicos: os mundos discursivos (do narrar e do expor) e os arquétipos psicológicos (discurso interativo, discurso teórico, relato interativo, narração).

• Bonini (2002), sugeri que as sequências se relacionam à psique humana, mediante uma gradação de fatores psicológicos, quanto ao grau de importância para a sobrevivência do indivíduo.

Page 56: Sequencia textual

CONT...• O termo sequência não é consensual, uma vez

que muitos ainda preferem o termo tipo de texto, e Meurer (2000)fala em modalidades retóricas, entendendo-as como estruturas e funções textuais.

• Vários estudiosos já propuseram os seguintes tipos de sequências: descritivo, narrativo, expositivo, argumentativo, instrutivo, procedimental, comportamental (injuntivo), explicativo.

Page 57: Sequencia textual

CONT...• Entre Adam e Bronckart, que compartilham um

quadro teórico próximo, há divergência quanto à existência ou não de sequência injuntiva.

• Adam (1992) afirma que a injunção é um tipo de descrição. Bronckart (1999), além de incorporar mais um tipo ao conjunto delimitado por Adam, desenvolve um raciocínio gradativo dentro de cada mundo ( do expor e do narrar), de modo a acrescentar um grau zero da planificação na ordem do narrar.

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CONT...

• Adam e Bronckart não consideram um tipo expositivo. Sem esse tipo, torna-se difícil explicar a planificação da notícia. Não se pode dizer que ela é determinada claramente nem por uma sequência explicativa (não se explica o fato), nem narrativa, nem descritiva (já que não se descreve o fato).

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Realidade psicológica das sequências

• A realidade psicológica das sequências existiria realmente como componente cognitivo da linguagem?

• Como se interrelacionam os esquemas cognitivos das sequências e dos gêneros?

• Bonini: “gêneros se organizam como superestruturas e as sequências como intra-estruturas encaixadas.” (p.234)

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Sequência textual e ensino de produção textual e leitura/escrita de textos

• Nos PCNs, o trabalho com as sequências é proposto, mais direta e explicitamente, para as atividades analíticas (a leitura de texto escrito e a prática de análise linguística com os seguintes objetivos:

Na leitura de textos escritos: Articulação dos enunciados estabelecendo a progressão

temática, em função das características das sequências predominantes (narrativa, descritiva, expositiva, argumentativa e conversacional) e de suas especificidades no interior do gênero (Brasil, 1998, p.56)

Page 61: Sequencia textual

CONT...

Na prática de análise linguística parte das atividades de reconhecimento das características dos diferentes gêneros:

Análise das sequências discursivas predominantes (narrativa, descritiva, expositiva, argumentativa, conversacional)e dos recursos expressivos recorrentes no interior do gênero (Brasil, 1998, p.60)

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CONT...Dolz & Schneuwly (1996) afirmam que com a prática de

gênero em sala de aula, os alunos desenvolvem competências relativas às sequências. Propõem, então, que os gêneros a ser ensinados sejam agrupados de acordo com a capacidade que se queira desenvolver (o narrar, o relatar, o expor, o argumentar e o instruir/prescrever).

Ao se adotar o termo sequência, há uma vantagem imediata para o ensino: a renovação da noção de redação escolar tradicionalmente praticada nas escolas.

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Considerações finais

• O trabalho de Adam inova ao propor o conceito (e de certo modo até mesmo a noção) de sequência, que, como tal, enriquece o campo dos debates sobre gêneros textuais e possibilita pensar questões sobre as metodologias de ensino de língua e sobre a pesquisa do processamento cognitivo da linguagem.

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REFERÊNCIA

BONINI, Adair. A noção de sequência textual na análise pragmático-textual de Jean-Michel Adam. In: MEURER, J. L; BONINI, Adair; MOTTA-ROTH, Desirée (Orgs). Gêneros, Teorias, Métodos, Debates. São Paulo: Parábola, 2005.

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OBRIGADA!