atuação da fisioterapia na bronquiectasia

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Curso de Fisioterapia MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA CONDE ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NA BRONQUIECTASIA Rio de Janeiro – 2008

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Curso de Fisioterapia

MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA CONDE

ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NA BRONQUIECTASIA

Rio de Janeiro – 2008

II

MARIA DAS GRAÇAS DE OLIVEIRA CONDE

ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NA BRONQUIECTASIA

Monografia apresentada como pré-

requisito para conclusão do curso de Fisioterapia, da Universidade Veiga de Almeida, sob orientação do professor Othon Luíz Brun Almeida e co-orientação do professor Alexandre do Nascimento.

Rio de Janeiro – 2008

III

ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NA BRONQUIECTASIA

Monografia apresentada como pré-

requisito para conclusão do curso de Fisioterapia, da Universidade Veiga de Almeida, sob orientação do professor Othon Luiz Brun Almeida e co-orientação professor Alexandre do Nascimento.

Data de aprovação: ___ de _____________ de 2008

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________ Prof. Dr. Othon Luiz Brun Almeida

______________________________________ Prof. Dr. Alexandre José Lopes do Nascimento

______________________________________ Prof. Dr. Leonardo Esteves Natal

IV

Dedico este trabalho aos meus queridos: Marcus Conde e meu filho Raphael. Sem vocês, com certeza, eu seria uma pessoa incompleta. Obrigada por fazerem parte da minha história.

Dedico, in memoriam, à minha querida e adorada filha, Bruna. Em algum lugar, sei, que este anjo vela por mim.

V

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao professor e orientador Prof. Othon Luíz Brun Almeida, pela sua ajuda

com seu conhecimento, paciência e dedicação na confecção deste trabalho.

A todos os professores que estiveram ao meu lado em todas as etapas da minha

formação, especialmente o professor Alexandre do Nascimento.

Um especial agradecimento às minhas “mães”: Ir. Maria Neuza e Denice Oliveira, por

serem como são: maravilhosas e, também, por terem me amparado como filha.

À minha querida amiga Nerita Belo, pelo incentivo, apoio e amizade durante minha

caminhada acadêmica.

Aos meus familiares e amigos que contribuíram de maneira direta ou indireta para a

concretização deste meu projeto, meu sincero agradecimento.

Figura 1

VI

“O mais importante na vida não é a situação

em que estamos, mas a direção para a qual nos movemos”

Oliver Wendell Holmes

VII

RESUMO

A bronquiectasia é uma dilatação irreversível dos brônquios, que possui como principal

conseqüência a retenção de secreção gerando um impacto negativo na vida de seus

portadores. O objetivo dessa monografia é apresentar as técnicas, as manobras

fisioterápicas e as posturas que podem ser utilizadas durante o tratamento do paciente com

bronquiectasia de forma a reduzir o volume de secreção, as exacerbações infecciosas e a

sintomatologia geral. A drenagem postural é uma das técnicas que poderá ser associada

com manobras vibrocompressivas promovendo um aumento na depuração das secreções

brônquicas.

Palavras-chaves: fisioterapia, bronquiectasia, tratamentos pulmonares.

VIII

ABSTRACT

Bronchiectasis is an irreversible dilatation of the bronchi, which has as principal consequence

the retention of the bronchial secretions, causing negative impact on its porter’s life.

This study aimed at evaluating the efficaciousness is to present the techniques, and postures

that can be used in the treatment of patients with bronchiectasis to reduce the amount of

secretion, the infectious exacerbations and general symptoms.

The drainage posture is one of the techniques that could be associated with chest percussion

to mobilize pulmonary secretions that promoting an increase in the clearance of bronchial

secretions.

Key words: physiotherapy, bronchieactasis, pulmonary treatment.

IX

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CI - Capacidade inspiratória máxima

CPT - Capacidade pulmonar total

CPT - Capacidade pulmonar total

IRPM - Incursões por minuto

MmHg - Milímetros de mercúrio

OOAF – Oscilação oral de alta frequência

PEmax - pressão expiratória máxima

PEEP - Pressão Positiva Expiratória

PImax -Inspiratória máxima

SMI – Sustentação máxima da inspiração

TC -Tomografia computadorizada

TMR -Treinamento muscular respiratório

VAI - Vias aéreas inferiores

VAS - Vias aérea superiores

VRE- Volume de reserva expiratório

VRI -Volume de reserva inspiratório

X

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Movimento da caixa torácica nos movimentos de inspiração e expiração............25

Figura 2 - Comparação entre pulmão com bronquiectasia e outro sem comprometimento...35

Figura 3 -Classificação das bronquiectasias...........................................................................39

Figura 4 - Posicionamento para drenagem postural................................................................55

XI

SUMARIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................................. 13

2 OBJETIVO.................................................................................................................................... 15

3 REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................................... 16

3.1 ANATOMIA RESPIRATÓRIA ............................................................................................... 16 3.1.1 CAIXA TORÁCICA...................................................................................................................... 16 3.1.2 PULMÕES ................................................................................................................................... 16 3.1.3 A PLEURA .................................................................................................................................. 17 3.1.4 MÚSCULOS DA VENTILAÇÃO..................................................................................................... 18 3.1.5 MÚSCULOS ACESSÓRIOS DA VENTILAÇÃO ................................................................................ 19 3.1.6 MÚSCULOS EXPIRATÓRIOS........................................................................................................ 19 3.1.7 VIAS AÉREA SUPERIORES (VAS)............................................................................................... 20 3.1.8 VIAS AÉREAS INFERIORES (VAI)............................................................................................... 21 3.2 MECÂNICA VENTILATÓRIA ........................................................................................................ 25 3.2.1 MOVIMENTOS DA CAIXA TORÁCICAL........................................................................................ 25 3.2.2 MOVIMENTO DO AR................................................................................................................... 27 3.2.3 O PAPEL DO SURFACTANTE ....................................................................................................... 29 3.2.4 PROPRIEDADE ELÁSTICA PULMONAR ........................................................................................ 29 3.2.5 PROPRIEDADE RESISTIVA PULMONAR ....................................................................................... 30 3.2.6 PRESSÕES E GRADIENTES PRESSÓRICOS.................................................................................... 31 3.2.7 VOLUME E CAPACIDADE PULMONAR ........................................................................................ 31 3.2.8 VENTILAÇÃO ............................................................................................................................. 33 3.3 FISIOPATOLOGIA .................................................................................................................. 35 3.3.1 TEORIA DO CICLO VICIOSO, PROPOSTA POR COLE .................................................................... 37 3.3.2 CAUSAS DA BRONQUIECTASIA .................................................................................................. 37 3.3.3 QUADRO CLÍNICO DAS BRONQUIECTASIAS ............................................................................... 38 3.3.4 COMPLICAÇÕES DA BRONQUIECTASIA ...................................................................................... 38 3.3.5 O DIAGNÓSTICO......................................................................................................................... 39 3.3.6 TRATAMENTO............................................................................................................................ 40 3.4 AVALIAÇÃO RESPIRATÓRIA ............................................................................................. 42 3.4.1 A CIRTOMETRIA......................................................................................................................... 44 3.4.2 MANOVACUÔMETRO ................................................................................................................. 45 3.4.3 EXAMES DE IMAGENS ................................................................................................................ 45 3.4.4 PROVA DE FUNÇÃO.................................................................................................................... 46 3.4.5 EXPRESSÃO FACIAL................................................................................................................... 47 3.4.6 SONS PULMONARES ................................................................................................................... 47 3.4.7 TOSSE ........................................................................................................................................ 49 3.4.8 DOR TORÁCICA.......................................................................................................................... 50 3.4.9 HEMOPTISE................................................................................................................................ 50 3.4.10 PADRÃO RESPIRATÓRIO .......................................................................................................... 50 3.5 FISIOTERAPIA PREVENTIVA ............................................................................................. 52 3.5.1 MÉTODOS QUE CONTRIBUEM NA DESOBSTRUÇÃO BRÔNQUICA................................................ 54 3.5.2 TÉCNICAS RELACIONADAS COM MECANISMO DA TOSSE........................................................... 59 3.5.3 INCENTIVADORES RESPIRATÓRIOS ............................................................................................ 60

XII

3.5.4 EXERCÍCIOS PARA MOBILIZAR O TÓRAX ................................................................................... 61 3.5.5 EXERCÍCIOS RESPIRATÓRIOS ..................................................................................................... 62 3.5.6 EXERCÍCIOS DE REEXPANSÃO TORÁCICA .................................................................................. 63

4 CONCLUSÃO............................................................................................................................... 66

5 REFERÊNCIAS............................................................................................................................ 67

13

1 INTRODUÇÃO

As bronquiectasias se caracterizam por uma dilatação anormal e irreversível dos

brônquios com diâmetro superior a 2 milímetros devido à destruição dos componentes

muscular e elástico da sua parede. Clinicamente, se caracteriza por tosse de longa duração e

de caráter produtivo de forma crônica intermitente ou persistente. Durante os episódios de

exacerbação infecciosa a secreção se torna mais espessa e mais purulenta. As bronquiectasias

podem acometer os pulmões difusamente ou de forma localizada. As bronquiectasias

localizadas ocorrem como conseqüência de pneumonias pós sarampo ou pós influenza em

crianças ou como complicações locais pós coqueluche ou tuberculose. A relação potencial

entre antecedente de infecção viral e bronquiectasia foi recentemente comprovada através da

demonstração por microscopia eletrônica de um defeito transitório nas células epiteliais

ciliares durante infecções virais que alteraria o transporte mucociliar e, conseqüentemente, o

clearance mucociliar. Uma vez que a tosse somente mobiliza secreções até os brônquios de

sétima ordem, a mobilização de secreção das pequenas vias aéreas além deste ponto depende

do transporte mucociliar. Desta forma, a diminuição da capacidade de transporte mucociliar

favorece o acúmulo de secreção e a colonização dos brônquios desta região pulmonar

facilitando a infecção bacteriana secundária. Em resposta a isto ocorre uma reação

inflamatória local com liberação de proteases pelos neutrófilos que se associam

principalmente a destruição de elastina e de colágeno da parede brônquica. O aumento da

pressão transmural exercida pelo pulmão íntegro em torno do brônquio lesado acaba por

expandir esta parede enfraquecida, criando as dilatações vistas nos exames radiológicos. A

presença destas dilatações dificulta ainda mais o transporte mucociliar favorecendo e

perpetuando o quadro clínico de bronquiectasia. Em função do intenso processo inflamatório

local pode ocorrer obliteração fibrótica distalmente aos bronquíolos afetados ocasionando

perda de gerações brônquicas. Já as bronquiectasias difusas correspondem na maior parte das

vezes a uma manifestação pulmonar de uma doença sistêmica congênita ou adquirida, fibrose

cística ou a discinesia ciliar primária.

As medidas profiláticas incluem as campanhas de vacinação contra sarampo, etc na

infância, bem como o diagnóstico precoce e o tratamento das doenças infecciosas e/ou

congênitas que se associam à patogenia das bronquiectasias.

14

O objetivo da fisioterapia no paciente com bronquiectasia é a mobilização da secreção

retida além das pequenas vias aéreas além de sétima ordem, reduzindo o número de

exacerbações infecciosas e oferecendo uma melhor qualidade de vida ao paciente. Destacam-

se o uso de recursos fisioterapêuticos manuais, padrões respiratórios induzidos pelo comando

verbal ao paciente e incentivadores respiratórios. Cada recurso tem procurado corresponder às

expectativas impostas pela indicação da técnica. Dentre elas, destacam-se àquelas em que se

busca uma desobstrução brônquica. Além de outras que quando aplicadas de forma adequada,

permitem ao portador de bronquiectasia um controle da doença, prevenindo o

desencadeamento de novas crises e melhorando a qualidade de vida desses indivíduos.

A reabilitação pulmonar em pacientes com bronquiectasia tem o objetivo de melhorar

a ventilação, aumentar a efetividade do mecanismo de tosse, melhorar a força e a resistência

dos músculos respiratórios, corrigir padrões respiratórios inadequados, promover relaxamento

muscular e desta forma minimizar o esforço respiratório.

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2 OBJETIVO

Este trabalho consta de uma pesquisa bibliográfica realizada com a finalidade de

verificar quais são as técnicas manuais e manobras fisioterápicas atualmente mais empregadas

no tratamento das bronquiectasias.

Na confecção deste trabalho foi feita uma revisão literária atualizada na biblioteca da

Universidade Veiga de Almeida, livros e revistas científicas utilizados na biblioteca

Universidade Veiga de Almeida, e do Hospital São Vicente de Paulo.

Foi realizada uma revisão da literatura a partir da busca de estudos clínicos que

avaliassem técnicas de tratamento de bronquiectasia. Foram revistos artigos em português e

em inglês. A revisão de literatura foi realizada usando o MEDLINE (2000–2006), EMBASE

(2000–2006). Foram usadas as palavras chave “bronquiectasia”, “fisioterapia”, “pulmão”,

“tratamento”, “técnicas fisioterápicas”, retiradas do medical subject headings (MeSH) do

Pubmed.

16

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 ANATOMIA RESPIRATÓRIA

3.1.1 Caixa Torácica

A abertura superior do tórax é constituída pela incisura jugular do esterno, pelas

clavículas e por uma linha imaginária que une as articulações com o processo espinhoso da

sétima vértebra cervical. A abertura inferior do tórax limita-se do processo xifóide ao longo

do arco costal e a décima segunda costela até o processo espinhoso da décima segunda

vértebra torácica (GUIMARÃES, 2001). Portanto, tórax, ou a parede torácica, está ligado aos

ossos da coluna vertebral, costelas e músculos associados. Juntos, os ossos e músculos são

denominados caixa torácica (MERCADO, 2003).

Ao longo da face posterior do tórax, as porções dorsais das costelas articulam-se com

as 12 vértebras torácicas nas articulações costotransversárias e costovertebrais. Ao longo da

face anterior da caixa torácica, as primeiras sete costelas articulam-se diretamente com o

esterno por meio da cartilagem costal. A oitava e a décima costela têm inserções

cartilaginosas na costela acima, enquanto a 11ª. e a 12ª. são costelas flutuantes (KISNER,

2004).

Funcionalmente, o tórax é uma cavidade preenchida com três bolsas membranosas, ou

sacos. Um, o saco pericárdico, contém o coração. Os outros dois são os sacos pleurais, que

contem os pulmões. O esôfago, os vasos sanguíneos torácicos e os nervos passam entre os

sacos pleurais (DÂNGELO, 2000).

3.1.2 Pulmões

Luce (1993) descreve os pulmões como estruturas cônicas cujos ápices entendem-se

acima da primeira costela e cujas bases tocam o diafragma. Cada pulmão se estende do

diafragma a um ponto logo acima da clavícula, e suas superfícies são limitadas pelas costelas

na frente e atrás. Eles estão separados um do outro pelo coração e outras estruturas do

mediastino, que é a área entre os dois pulmões. Todas as estruturas do sistema respiratório

17

após os brônquios principais incluindo a arvore brônquica e os alvéolos pulmonares, estão

contidas no interior dos pulmões (GRAAFF, 2003).

Silverthor (1992) caracteriza o tecido dos pulmões como leve e esponjoso cujo volume

é quase todo ocupado por espaços cheios de ar. As vias aéreas rígidas, os brônquios, conectam

os pulmões com a via aérea principal, a traquéia.

As faces são referências para identificar as partes dos pulmões. As faces de cada

pulmão se adaptam ao contorno da cavidade torácica. A face mediastinal do pulmão é

ligeiramente côncava e contem uma fenda vertical, o hilo, através do qual os vasos

pulmonares, nervos e brônquios passam.A face diafragmática, chamada base, que é côncava

para se ajustar à cúpula convexa do diafragma. A face superior, ápice, que se estende-se

acima da clavícula e a face em contato com as membranas que cobrem as costelas chamada de

face costal pulmonar (FROWNFELTER,2004).

Os pulmões podem ser divididos em cinco lobos, três do lado direito (superior, médio

e inferior) e dois do lado esquerdo (superior e inferior). Ambos são divididos por fissura

obliqua. Apenas do lado direito, encontra-se a fissura horizontal que separa o lobo superior do

lobo medial. O pulmão esquerdo, possui uma parte chamada língula. A língula está localizada

na parte inferior do lobo superior, que é correspondente ao lobo medial do pulmão direito

(DÂNGELO, 2000).

Embora os pulmões direito e esquerdo sejam basicamente semelhantes, eles não são

idênticos. O pulmão esquerdo é um pouco menor que o direito e tem uma impressão cardíaca

em sua face mediastinal para acomodar o coração.

3.1.3 A pleura

A pleura é membrana que reveste a superfície externa dos pulmões (pleural visceral), e

que reveste o interior da cavidade torácica e a superfície torácica do diafragma (pleura

parietal) (MERCADO, 2003).

Entre os folhetos visceral e parietal da pleura existe uma cavidade real pleural que

contém em torno de 0,1 mL/Kg de líquido. Este líquido facilita o movimento dos pulmões,

permitindo a movimentação dos folhetos pleurais (RATO, 1981).

O fluido pleural permite o deslizamento entre as membranas opostas que ficam

escorregadias e permitem que os pulmões se movam dentro do tórax (CARVALHO, 2001).

18

3.1.4 Músculos da ventilação

Embora a ação dos músculos seja complexa, eles podem ser divididos em músculos

inspiratórios ou expiratórios. Inspiração é sempre um ato envolvendo contração muscular. O

diafragma geralmente executa o maior trabalho ventilatório, e os outros músculos melhoram

eficiência estabilizando a parede pulmonar. Eles podem ser recrutados a assumir uma maior

carga durante o exercício ou quando a função do diafragma esta prejudicada (LUCE, 1993).

3.1.4.1 Diafragma

O diafragma é o principal músculo da inspiração. É inervado pelo nervo frênico.

Durante a inspiração relaxada, é o músculo primário responsável pelo movimento do ar, e

nessas condições tranqüilas realiza cerca de 70 a 80% do trabalho da respiração. Á medida

que o diafragma se contrai, sua posição de repouso em forma de cúpula faz um movimento

caudal, aumentando a capacidade da caixa torácica (KISNER, 2004).

O diafragma tem sua origem nas fibras do esterno, das costelas inferiores e das

vértebras lombares superiores (GASKELL, 1988).

Uma característica interessante do diafragma é a constituição de suas fibras. O

diafragma apresenta aproximadamente 55% das fibras tipo 1 e 45% das fibras tipo 2, o que

resulta em uma maior capacidade de resistência a fadiga, já que as fibras tipo 1 tem como

característica: contração lenta, alta capacidade oxidativa e baixa capacidade glicolítica

(PRESTO,2007).

Azeredo (2002), vem reforçar a citação a cima quando relata que o diafragma é sem

dúvida alguma um músculo diferenciado dos demais principalmente pela sua resistência ao

trabalho.

O diafragma cria uma separação entre as cavidades abdominal e torácica, porém

possui uma série de aberturas através das quais passam o esôfago, os vasos sangüíneos e os

nervos (MCARDLE , 1998).

19

3.1.4.2 Intercostais internos e externos

Elevam a extremidade das costelas, resultando um movimento para cima e para fora e

aumentando a dimensão antero posterior do tórax (CARVALHO,2001).

Os intercostais internos, ficam ativos durante a inspiração em repouso. Eles

estabilizam a caixa torácica e previnem o movimento para dentro da face superior da parede

torácica (FROWNFELTER,2004).

3.1.5 Músculos acessórios da ventilação

Os músculos escalenos e esternocleidomastóideo são envolvidos na inspiração

profunda ou respiração forçada. Quando estes músculos estão contraídos, as costelas são

elevadas. Ao mesmo tempo a parte superior da caixa torácica esta estabilizada de forma que

os músculos intercostais externos tornem-se mais efetivos (GRAAFF, 2003). Os músculos

acessórios incluem também o trapézio (parte descendente), peitoral maior e menor e subclávio

ficando ativos durante a inspiração profunda ou difícil (DÂNGELO, 2000).

Os escalenos, elevam as duas primeiras costelas, o esternocleidomastóideo levanta o

esterno, e o trapézio, fixa os ombros

Os músculos acessórios da inspiração podem tornar-se os músculos respiratórios

primários e ficarem ativos durante a inspiração feita em repouso, quando o diafragma é

ineficiente ou fraco como resultado de patologia (KISNER, 2004).

3.1.6 Músculos expiratórios

Em contraste da inspiração, a expiração é um evento passivo em pessoas saudáveis

durante a respiração em repouso, porque a contração muscular não necessita retornar o

pulmão e a caixa torácica para posição de repouso. Entretanto, expiração, freqüentemente se

torna uma ação que eventualmente exige esforço muscular. Seja durante a saída do ar quando

as vias estão obstruídas ou na prática do exercício (LUCE, 1993).

Durante a expiração forçada, como tossir, a contração da porção interóssea dos

músculos intercostais internos diminui o diâmetro da caixa torácica.

20

A contração dos intercostais internos puxa as costelas para baixo e para dentro,

diminuindo o diâmetro antero-posterior durante a expiração forçada (RATO, 1981).

Na expiração, quando o diafragma relaxa, ele levanta e as costelas descem. O recuo

elástico dos tecidos diminui a área e aumenta a pressão intratorácica, causando a expiração.

Durante a expiração ativa, que pode ser controlada, forçada ou prolongada, vários músculos

acessórios ficam ativos (MERCADO, 2003).

A musculatura abdominal durante a expiração

Reto abdominal, tranverso do abdome, obliquo interno e externo. A contração destes

músculos deprime as costelas, força o diafragma para cima aumentando a pressão intra-

abdominal, e diminui a dimensão vertical da cavidade torácica.A musculatura abdominal

também serve para função inspiratória, forçando o diafragma na sua posição de cúpula

aumentando sua eficiência (FROWNFELTER, 2004).

Quando os abdominais se contraem, a pressão intratorácia aumenta e o ar é forçado

para fora dos pulmões. Uma intensa contração dos abdominais também é necessária para uma

tosse forte (KISNER, 2004).

Os músculos abdominais tornam-se mais eficientes durante a respiração profunda

quando o ar é mantido nos pulmões com a glote fechada fixando o diafragma.Essa mesma

técnica é usada quando erguemos um objeto pesado no qual o diafragma ajuda indiretamente

os músculos do dorso (DÂNGELO, 2000).

3.1.7 Vias aérea superiores (VAS)

As estruturas do trato respiratório superior são a cavidade nasal, a faringe, laringe até o

limite da traquéia. A medida que o ar é levado para dentro do corpo, a cavidade nasal e a

faringe filtram e removem particular do ar e começam a umidificá-lo e aquecê-lo na

temperatura corporal. O revestimento da mucosa dessas estruturas tem células que secretam

muco e células ciliadas (LUCE, 1993).

21

3.1.7.1 Cavidade nasal

A cavidade nasal é a continuação posterior do nariz estende-se até a faringe. Suas

aberturas anteriores são as narinas e as posteriores são as coanas, que comunicam as fossas

nasais com a faringe. É dividida em porção respiratória e olfatória (DÂNGELO, 2000).

O epitélio nasal serve para aquecer, umedecer e limpar o ar inspirado. Os pelos nasais, que se

estendem freqüentemente a partir das narinas, filtram macropartículas que em caso contrário

poderiam ser inaladas (RATO, 1981).

3.1.7.2 Faringe

É um tubo muscular que está localizado atrás da cavidade nasal, da cavidade oral e da

cavidade da laringe. Sua extremidade superior está abaixo da base do crânio (primeira

vértebra cervical) e a extremidade inferior continua-se com, o esôfago (termina ao nível da

sexta vértebra cervical). As três estruturas que estão anteriores a faringe servem de base para

dividi-la em três regiões: nasofaringe, orofaringe e laringo-faringe (MERCADO,2003).

3.1.7.3 Laringe

É a continuação da divisão condutora que conecta a parte laríngea da faringe com a

traquéia.A laringe tem duas funções. Sendo a principal impedir que o alimento ou os líquidos

entre na traquéia e nos pulmões durante a deglutição e permitir a passagem do ar durante a

respiração. Um papel secundário é a produção de sons (GRAAFF,2003).

3.1.8 Vias aéreas inferiores (VAI)

As Vias Aéreas Inferiores tem como objetivo conduzir o ar até os alvéolos para que

ocorram as trocas gasosas. Pode-se se dividir as VAI em duas zonas: a zona de condução, da

traquéia até os bronquíolos terminais e a zona respiratória, dos bronquíolos respiratórios até

os alvéolos (PRESTO,2007).

22

3.1.8.1 Traquéia

As paredes da traquéia e as vias aéreas inferiores são constituídas por epitélio

pseudoestraficado ciliado com células calicerformes. As glândulas brônquicas, por meio das

células calicerformes, produzem o muco e os cílios funcionam como uma vassoura,

empurrando pequenas partículas em direção as vias aéreas superiores (WEST, 1990).

A traquéia ramifica-se em dois brônquios principais: o direito, que se orienta quase

verticalmente, e o esquerdo, que se orienta mais obliquamente (SILVERTHOR,1992).

A traquéia (16 a 20 peças cartilaginosas em forma de C com extremidades livres

voltadas para região dorsal e unidas entre si por tecido fibroso e musculatura lisa) divide-se

em brônquios principais, que subdividem-se em brônquios segmentares. Este processo

continua até os bronquíolos terminais, que são as vias aéreas mais finas sem alvéolos. Este

conjunto chama-se vias aéreas condutoras e constitui o espaço morto anatômico com volume

de ± 150 ml (RATO, 1981). As cartilagens asseguram que a via aérea sempre permanecera

aberta. O ponto de divisão da traquéia é marcado por uma crista cartilaginosa denominada

carina (KISNER, 2004).

3.1.8.2 Brônquios principais

Os brônquios principais são vias aéreas que possuem cartilagens em suas paredes

(GASKELL, 1988). Os brônquios direito e esquerdo são revestidos por células similares aos

da cavidade nasal, que filtram e umidificam o ar e o conduzem até o pulmão (LUCE, 1993).

Cada brônquio principal possui anéis de cartilagem hialina no interior de suas paredes

envolvendo o lume para mantê-lo aberto quando se estende pelo pulmão (GRAAFF, 2003).

Cada brônquio principal divide-se em brônquios secundários ou lobares (dois a

esquerda e três a direita), cada um dos quais supre um lobo do pulmão. Cada brônquio lobar

divide-se brônquios terciários ou segmentar, que suprem segmentos específicos do pulmão

chamados segmentos broncopulmonares (DÂNGELO, 2000).

Os brônquios contêm cartilagem, glândulas submucosas, células epiteliais ciliadas e

goblet cells. Sua musculatura lisa é inervada por terminais muscarínicos carreadas pelo vago.

Os receptores da tosse são encontrados nos brônquios maiores, sobretudo nas bifurcações. Por

23

não ter uma grande total cross-section área, eles são os responsáveis pela maior parte da

resistência ao fluxo aéreo pulmonar (LUCE, 1993).

A árvore bronquial, é assim denominada porque está composta de uma série de tubos

respiratórios que se ramificam progressivamente em tubos mais estreitos que se estendem no

interior dos pulmões, continua se ramificando em túbulos cada vez menores chamados

bronquíolos (SILVERTHOR, 1992).

Os bronquíolos, por sua vez, não tem cartilagem, glândulas ou loblet cells. As goblet

cells são células epiteliais produtoras de mucinas, que vão diminuindo em quantidade

perifericamente, e normalmente desaparecem nos bronquíolos terminais. O seu

desaparecimento ocorre antes das células epiteliais ciliadas, que desaparecem nos bronquíolos

respiratórios, faz sentido porque com isso, é mínimo o backflow de muco para os ductos

alveolares e alvéolos. Em várias doenças das vias aéreas (asma, fibrose cística), há um

aumento da goblet cells. Entretanto, não se sabe a importância disso na fisiopatologia dessas

doenças. Os cílios são mais esparsos nos bronquíolos e a sua musculatura não é inervada pelo

vago. Uma vez que os bronquíolos não possuem uma grande total cross-section área, eles

contribuem pouco para a resistência ao fluxo aéreo pulmonar (WEST, 1990). Entretanto, por

não terem a parede rígida, sua dimensão varia com o volume pulmonar. Os bronquíolos são

localizados dentro do tecido conectivo da estrutura pulmonar, e tem a parede fina. Por isso,

embora tenha pouca contribuição para a resistência pulmonar a altos ou normais volumes

pulmonares, o mesmo não ocorre a baixos volumes pulmonares. Desta forma, um pulmão

ventilando próximo ao volume residual, ou seja, muito complacente, com grande

colapsibilidade, os bronquíolos periféricos se colabam a baixos volumes pulmonares

(MURRAY, 1994).

Os bronquíolos terminais se subdividem em bronquíolos respiratórios que tem

alvéolos ocasionais em suas paredes. A continuação é em ductos alveolares que são

totalmente forrados de alvéolos. A zona que vai do bronquíolo respiratório ao alvéolo é

chamada de zona respiratória por alguns autores ou zona transicional e respiratória por outros.

A zona respiratória é a maior parte do pulmão e tem volume de 2500 ml. À distância entre o

bronquíolo terminal e o alvéolo é de 5 mm. (SCANLAN, 2000).

Bronquíolos respiratórios:

- não tem nódulos linfáticos

- não tem cílios e nem células caliciformes

24

- não tem cartilagem

- surgem a partir da 17ª ordem de grandeza

- tem musculatura lisa e espessa que envolve os lumes (podendo constringir ou dilatar)

- são menores ou iguais a 0,4 mm

A partir do bronquíolo respiratório (17) não tem mais veia pulmonar (passa a ser

septal) e nem artéria brônquica (DÂNGELO, 2000).

A unidade funcional pulmonar é a menor estrutura pulmonar com funções de pulmão.

A unidade funcional pulmonar chama-se ácino. A definição de ácino, lóbulo secundário,

lóbulo primário e unidade funcional, variam de autor para autor.

3.1.8.3 Alvéolos

Os alvéolos são sacos de ar com uma única camada de células achatadas com fibras

elásticas finas. São envolvidos por uma rede de capilares, nos alvéolos há poros que permitem

a passagem de ar de um alvéolo para o outro, poros de Kohn e Lambert, produzindo o

fenômeno de corrente colateral de ar (FROWNFELTER, 2004).

A superfície alveolar é composta, basicamente, por células tipo I. Os pneumócitos

tipo II são maiores que as células tipo I e estão dispersas na superfície alveolar. Os

pneumócitos tipo II possuem como função a secreção de surfactante, além de mecanismos de

defesa, resposta inflamatória e reparação alveolar (PRESTO, 2007).

As paredes dos alvéolos não contem músculo, porque as fibras musculares poderiam

bloquear a troca rápida de gases. A função principal dos alvéolos é a troca gasosa entre o ar

contido em seu interior e o sangue. A proximidade dos capilares sanguíneos com o ar nos

alvéolos é essencial para a troca rápida de gases (SILVERTHOR, 1992).

25

3.2 Mecânica ventilatória

O estudo da mecânica ventilatória é simplesmente a análise do movimento do ar pelas

vias aéreas, ou seja, o processo de inspiração e expiração (MERCADO, 2003).

A mecânica respiratória relaciona-se com o processo físico de transporte de gás no

sistema respiratório. Esse processo engloba a ação da parede torácica e as propriedades físicas

do fluxo de ar dentro das vias aéreas. A função mecânica do pulmão está intrinsecamente

relacionada a outros aspectos da fisiologia pulmonar (FAFFE, 2001).

3.2.1 Movimentos da caixa torácical

Figura 1 - Movimento da caixa torácica nos movimentos de inspiração e expiração Fonte: Astrazeneca Respiratória – Multimídia – Tópicos do Sistema Respiratório

A inspiração normal em repouso é realizada através da contração dos músculos da

respiração, e a expiração em repouso resulta do relaxamento dos músculos e da retração

26

elástica. Uma inspiração e uma expiração mais profundas podem ser forçadas pelas

contrações dos músculos respiratórios acessórios (GRAAFF, 2003).

Em condições fisiológicas, na ausência de fluxo aéreo, a caixa torácica e os pulmões

possuem um equilíbrio de suas forças, pois ambas possuem comportamento elástico. Em

condições normais, a tendência do pulmão é colapsar (força de retração elástica) e a tendência

natural da caixa torácica é saltar para fora (PRESTO, 2007).

O mecanismo normal da respiração depende não só da anatomia dos músculos

respiratórios como, em particular, das costelas e suas articulações na caixa torácica.

Durante a respiração, produzem-se alterações no volume da caixa torácica em três

diâmetros (GASKELL, 1988).

3.2.1.1 Diâmetro antero-posterior

Há movimento do esterno e das costelas superiores para frente e para cima, descrito

como um movimento de “alavanca de bomba de poço”. A coluna torácica estende-se

(retifica), possibilitando maior excursão do esterno (KISNER, 2004).

3.2.1.2 Diâmetro transverso

Aumentam de dois modos: um passivo e outro ativo. O aumento passivo deve-se a

forma das costelas e ao eixo em torno do qual elas giram durante a inspiração. A costela

inclinada para baixo não só se eleva no sentido anteroposterior como também lateral. Essa

expansão lateral das costelas aumenta da quinta costela para baixo porque as cartilagens

costais tornam-se progressivamente mais obliquas (LUCE, 1993). Isso não ocorre nos quatro

pares superiores, visto que suas cartilagens costais são demasiado curtas para permitir essa

separação. O aumento ativo no diâmetro transverso é ocasionado pelo movimento de “alça de

balde” das costelas inferiores. Essas costelas rodam em torno de um eixo que passa através da

extremidade anterior e posterior de cada uma, como que levantando a alça caída do lado de

um balde (WEST,1990).

27

3.2.1.3 Diâmetro vertical

Ocorre na contração diafragmática onde as víceras são empurradas para baixo e a

caixa torácica desloca–se para fora (LUCE, 1993). A contração das cúpulas do diafragma

causa o seu achatamento, abaixando as suas cúpulas, o que aumenta a dimensão vertical da

cavidade torácica (GRAAFF, 2003).

3.2.2 Movimento do ar

O fluxo de ar no sistema respiratório é muito similar ao fluxo do sangue no sistema

cardiovascular em muitos aspectos, embora o sangue não seja um líquido que possa ser

comprimido e o ar seja uma mistura de gases que pode ser comprimida. O fluxo de ar ocorre

se existe um gradiente de pressão (MCARDLE, 1998). O fluxo de ar, similar ao fluxo

sanguíneo, move-se de áreas de alta pressão para áreas de baixa pressão. Na ventilação, o

fluxo de ar em gradientes baixos de pressão explica por que ocorrem trocas gasosas entre o

ambiente externo e os pulmões. O movimento do tórax durante a respiração cria condições

alternadas de pressão alta e baixa dentro dos pulmões (SILVERTHOR, 1992).

O fluxo de ar indica as medidas da quantidade de ar movido para dentro ou para fora

das vias aéreas em um período de tempo. O fluxo, que se relaciona com a resistência a

passagem de ar, reflete a facilidade com que ocorre a ventilação. O fluxo expiratório é

determinado pelo volume de ar expirado, dividido pela quantidade de tempo que leva para o

volume de gás ser expirado (KISNER, 2004).

A diferença de pressão entre o ar nos pulmões e a interface pulmão-parede torácica faz

com que os pulmões fiquem aderidos à parede torácica e que acompanhem literalmente cada

um de seus movimentos. Qualquer mudança no volume da cavidade torácica causa uma

modificação correspondente no volume pulmonar. Os pulmões dependem de meios acessórios

para alterar seu volume, pois não contém músculos. O volume pulmonar é alterado durante a

inspiração e a expiração (MERCADO, 2003).

Em condições fisiológicas, na ausência de fluxo aéreo, a caixa torácica e os pulmões

possuem um equilíbrio de suas forças, pois ambas possuem comportamento elástico. Isto quer

28

dizer que, em condições normais, a tendência do pulmão é colapsar (força de retração

elástica) e a tendência natural da caixa torácica é saltar para fora (PRESTO, 2007).

A ventilação é a troca maciça de gases para dentro e para fora do corpo. Durante a

inspiração, à medida que o tórax se alarga, a pressão no interior dos pulmões (pressão

alveolar) torna-se mais baixa do que a pressão atmosférica e o ar são impelidos para dentro

dos pulmões. No final da inspiração, os músculos relaxam e o recuo elástico dos pulmões

empurra o ar para fora, resultando em expiração (WEST, 1990).

3.2.2.1 Inspiração

No início de uma inspiração, a pressão alveolar é igual à pressão atmosférica e não

existe fluxo de ar. Quando a inspiração começa, os músculos da caixa torácica contraem-se e

o volume torácico aumenta. Com o aumento do volume, a pressão alveolar cai para cerca de 1

mmHg abaixo da pressão atmosférica (-1 mmHg) e o ar começa a fluir para dentro dos

alvéolos (LUCE,1993). A inspiração é completada quando cessa a expansão da cavidade

torácica e a pressão alveolar (chamada de intrapulmonar) aumenta até igualar-se a pressão

atmosférica (SILVERTHOR, 1992).

Em uma inspiração em repouso os músculos ventilatórios deverão vencer a retração

elástica do pulmão para que haja fluxo aéreo; entretanto a caixa torácica estará “auxiliando” o

processo de inspiração (MURRAY, 1994).

3.2.2.2 Expiração

No final da inspiração, os músculos relaxam e o recuo elástico dos pulmões empurra o

ar para fora, resultando em expiração (KISNER, 2004).

A expiração é, em parte, um processo passivo que ocorre quando os músculos

inspiratórios se relaxam e a caixa torácica retorna à sua posição original. Os pulmões se

retraem durante a expiração quando as fibras elásticas no interior do tecido pulmonar

encurtam e os alvéolos pulmonares se recolhem juntamente. O abaixamento da tensão

superficial nos alvéolos pulmonares, que leva ao recuo, é devido a uma substância chamada

surfactante, produzida pelas células alveolares tipo II (GRAAFF, 2003).

29

3.2.3 O papel do surfactante

O surfactante facilita o trabalho respiratório. Nos pulmões, o surfactante diminui a

tensão superficial do fluido que recobre os alvéolos e impede que os alvéolos menores

colapsem. O surfactante é mais concentrado em alvéolos menores, fazendo com que a tensão

superficial nestes alvéolos seja menor que em alvéolos maiores (LUCE, 1993). A tensão

superficial baixa iguala a pressão entre alvéolos de diferentes tamanhos e impede que os

alvéolos menores colapsem quando o seu ar flui para alvéolos maiores e com pressão mais

baixa. Com uma tensão superficial menor, o trabalho necessário para expandir os alvéolos em

cada respiração fica também substancialmente reduzido (MURRAY, 1994).

No pulmão existem alvéolos maiores que outros. Se a tensão superficial fosse igual

quaisquer que fossem suas dimensões, a pressão necessária para manter os espaços aéreos

insuflados também deveria ser diferente (FROWNFELTER, 2004). Com as pressões que se

exercem nos tubos aéreos são praticamente as mesmas, se a tensão superficial do alvéolo não

variasse os pequenos alvéolos se colapsariam e os grandes se expandiriam. . Essa variação de

tensão superficial com o tamanho do alvéolo permite, portanto, que tanto os pequenos como

os grandes alvéolos se insuflem quando se exerce sobre eles igual variação de pressão

(RATTO, 1981).

3.2.4 Propriedade elástica pulmonar

Refere-se à variação de volume por variação de pressão. Para que ocorra a inspiração

há contração dos músculos inspiratórios da parede torácica. Com isso ocorre distensão da

parede. Uma vez que o vetor elástico dos pulmões é em sentido oposto ao da parede torácica,

uma pressão negativa é gerada no espaço pleural. Essa pressão negativa se transmite a todas

as estruturas intratorácicas, que se tornam negativas em relação à pressão atmosférica. Como

conseqüência, o ar se desloca do ponto de maior pressão (ambiente) para o local cuja pressão

está negativa (alvéolo) ou seja, a necessidade de que haja uma “queda” da pressão (gerada

pelos músculos ventilatórios) para que o volume de ar aumente, durante a inspiração, e o

processo inverso durante à expiração (PRESTO, 2007).

A complacência refere-se a distensibilidade dos tecidos ou ao grau de facilidade com

que os pulmões se inflam durante a inspiração. Os pulmões normais são muito distensíveis

30

(complacentes), porém, a complacência modifica-se com a idade e com a presença de

enfermidade. Durante o processo normal de envelhecimento, o tecido pulmonar torna-se mais

complacente. As doenças do sistema pulmonar que, por exemplo, causam fibrose dos tecidos

(alveolares ou pleurais), tornam os pulmões rígidos, ou seja, menos complacentes, enquanto o

enfisema, torna o tecido pulmonar mais maleável as pressões (KISNER, 2004).

Uma alta complacência significa uma maior facilidade de distensão pulmonar, uma

baixa complacência exige mais força dos músculos inspiratórios para distender os pulmões. A

complacência é diferente da elasticidade. O fato do pulmão se distender facilmente (alta

complacência) não significa necessariamente que ele ira retornar ao volume de repouso

quando as forças de distensão forem liberadas. Se a elasticidade pulmonar diminuir, o retorno

a condição de repouso durante a expiração não é facilitada (SILVERTHOR,1992).

A propriedade mais importante é a elasticidade, a tendência dos pulmões e da caixa

torácica retornar a condição de repouso depois da distensão pulmonar (LUCE, 1993).

A complacência pulmonar é a capacidade do pulmão em manter-se expandido ou em

se expandir, ou seja, é a relação direta entre a pressão necessária para alcançar um

determinado volume. A elasticidade pulmonar é oposta à complacência, ou seja, é a

capacidade do tecido pulmonar em retornar ao seu estado morfológico inicial após

deformação prévia (PRESTO, 2007).

3.2.5 Propriedade resistiva pulmonar

Outro fator além da complacência que influencia o trabalho respiratório é a resistência

do sistema respiratório ao fluxo de ar. Aproximadamente 90% da resistência das vias aéreas,

normalmente, pode ser atribuída à traquéia e aos brônquios. Estas estruturas são suportadas

por cartilagem e osso, de modo que seus diâmetros geralmente não mudam, e sua resistência

ao fluxo do ar é constante. Entretanto o acúmulo de muco originado de infecções e alergias

pode aumentar a resistência (WEST, 1990).

Normalmente, as vias aéreas alargam-se durante a inspiração e estreitam-se durante a

expiração. À medida que o diâmetro das vias aéreas diminui, a resistência ao fluxo de ar

aumenta (AZEREDO, 2000).

31

3.2.6 Pressões e gradientes pressóricos

O fluxo de ar nos pulmões é causado por gradientes de pressão criados por um

bombeamento. No sistema respiratório, a maior parte do tecido pulmonar é um epitélio fino

de troca, de modo que os músculos da caixa torácica e o diafragma funcionam como bombas.

Quando estes músculos se contraem, movimentam as costelas e o diafragma, e os pulmões se

expandem dentro da caixa torácica pelo fluido pleural (SILVERTHOR, 1992).

A mobilização do ar para o interior dos pulmões (inspiração), e para sua exteriorização

(expiração), depende basicamente das diferenças pressóricas. O ar ambiente possui uma

pressão denominada pressão atmosférica, que esta em torno de 760 mmHg. Por convenção,

foi determinado que esta pressão de 760 mmHg é igual a zero ( 0 cm H20) (PRESTO, 2007).

3.2.6.1 Pressão pleural

A pressão pleural ou intrapleural é resultante das forças elásticas exercidas pelo

pulmão e pelas forças elásticas da caixa torácica. Convenciona-se considerá-la como positiva

quando tende a expandir o pulmão e negativa quando tende a retrair o mesmo (RATTO,1981).

3.2.6.2 Pressão Transpulmonar

A pressão transpulmonar é igual a diferença entre a pressão alveolar (sofre variações

durante o ciclo respiratório) e a pressão pleural. Este gradiente pressórico é o responsável

direto pela manutenção de um volume alveolar (COSTA, 1999).

3.2.7 Volume e capacidade pulmonar

A verificação da função pulmonar pode ser medida avaliando como o ar se movimenta

durante a respiração em repouso e no seu esforço máximo. Testes de função pulmonar usam o

espirômetro, um instrumento que mede o volume de ar que é movimentado em cada

respiração. Ainda que os testes de função pulmonar sejam relativamente simples de serem

feitos, eles têm um valor diagnóstico considerável (FROWNFELTER, 2004).

32

Os testes de função pulmonar que medem os volumes e as capacidades pulmonares

são feitos para avaliar a função mecânica dos pulmões. Os volumes e as capacidades

pulmonares relacionam-se à idade, ao peso, ao sexo e à posição corporal da pessoa e alteram-

se com as doenças. Dois ou mais volumes pulmonares, quando combinados são descritos

como capacidade (KISNER, 2004).

A quantidade de ar inspirada em um determinado tempo e o grau de dificuldade na

respiração são indicadores importantes da situação respiratória de uma pessoa. Sendo que

qualquer anormalidade ventilatória pode ser comparada ao que é aceito como normal

(GRAAFF, 2003).

Existem quatro variações para os volumes pulmonares e suas combinações resultam

nas capacidades pulmonares (AZEREDO, 2000).

Volume corrente – Volume de ar inspirado e expirado em repouso (sem contração

voluntária (PRESTO, 2007).

Volume de reserva inspiratório - Quantidade máxima de ar que pode ser inspirada a

partir da posição final de inspiração (RATTO, 1981).

Volume de reserva expiratório – Quantidade de ar que uma pessoa pode expirar após

uma expiração em repouso normal (COSTA, 1999).

Volume residual – Volume de ar que permanece nos pulmões ao fim de uma expiração

máxima. O volume pulmonar residual tende a aumentar com a idade, enquanto os volumes de

reserva inspiratório e expiratório se tornam proporcionalmente menores. A perda na reserva

respiratória e o aumento concomitante no volume residual são atribuídos em geral a uma

redução nos componentes elásticos do tecido pulmonar, observado com o envelhecimento. O

volume residual é o único volume pulmonar que não pode ser medido diretamente. É medido

pelos métodos de circuito aberto ou fechado usando gases relativamente insolúveis no sangue

e no tecido pulmonar (LUCE, 1993).

Capacidade inspiratória - A capacidade inspiratória é a quantidade máxima de ar que

uma pessoa pode inspirar após uma expiração em repouso (WEST, 1990).

Capacidade residual funcional – Inclui o volume reserva expiratório conhecido e o

volume residual desconhecido. Esta capacidade representa o ponto durante a ventilação no

qual as forças que expandem a parede torácica se acham em equilíbrio com as que tendem a

colapsar os pulmões (MCARDLE, 1998).

33

Capacidade Vital – É o volume máximo de ar que pode ser expirado após uma

inspiração máxima. É a soma do volume corrente, do volume reserva inspiratório e do volume

de reserva expiratório (MERCADO, 2003). A capacidade vital representa a quantidade

máxima de ar que pode ser voluntariamente movimentada para dentro ou para fora do sistema

respiratório em uma respiração (SILVERTHOR, 1992).

Capacidade pulmonar total – Representada pela capacidade vital mais o volume

residual (FROWNFELTER, 2004).

3.2.8 Ventilação

Os estímulos respiratórios dos centros bulbares e vários reflexos originados

principalmente nos seios carotídeos, árticos e nos próprios pulmões, mantêm os movimentos

cíclicos de inspiração e expiração, e os ajustam as necessidades metabólicas do nosso

organismo (RATTO, 1981).

A ventilação pulmonar é principalmente uma ação involuntária e rítmica tão eficiente

que continua funcionando até mesmo quando uma pessoa está inconsciente (LUCE, 2003). A

fim de que o centro nervoso de controle da respiração possa funcionar eficientemente, precisa

possuir propriedades de monitoramento, estimulação e inibição de forma que o corpo possa

responder adequadamente às necessidades metabólicas aumentadas ou diminuídas. Além

disso, o centro deve estar conectado ao cérebro para receber os impulsos voluntários de uma

pessoa que quer mudar a freqüência respiratória (GRAAFF, 2003).

A ventilação pulmonar quando medida em um minuto é chamada de volume minuto.

O volume minuto é a quantidade de ar que é mobilizada nas vias aéreas em um minuto, ou

seja, é o produto do volume corrente pela freqüência respiratória (PRESTO, 2007).

O espaço morto é o volume de ar que penetra nos pulmões, porém não participa das

trocas gasosas. O espaço morto anatômico compreende o volume de ar que ocupa as vias

aéreas desde a boca e narinas até o bronquíolo terminal (LUCE, 2003). E o espaço morto

fisiológico é a soma do espaço morto anatômico e do espaço morto alveolar. No pulmão ideal,

os espaços mortos anatômico e fisiológico são iguais. Quando, porém há irregularidade da

distribuição do ar e do sangue nos pulmões o espaço morto fisiológico pode ser maior que o

anatômico (COSTA, 1999).

34

3.2.8.1 Ventilação alveolar

Nas paredes dos alvéolos, existem aberturas que permitem a passagem de ar de um

alvéolo para outro e desse modo de um lóbulo para outro e de um segmento para outro, sem

usar as vias aéreas. Conhece-se este fenômeno como corrente colateral de ar e, fornecendo

vias alternativas para a passagem de ar, não ocorre necessariamente o colapso de segmentos

de um pulmão distal a um brônquio obstruído (GASKELL, 1988). A ventilação colateral é

feita habitualmente à prova dos pores de Kohn, existente entre os alvéolos (RATTO, 1981).

Quando o ar chega no alvéolo deve cruzar a membrana alvéolo capilar. Os gases

devem atravessar a camada de surfactante, a membrana epitelial do alvéolo e a membrana

endotelial do capilar pulmonar. O oxigênio deve ainda cruzar uma camada de plasma, a

membrana eritrocitária e o fluido intracelular do eritrócito até atingir uma molécula de

hemoglobina. Nos pulmões normais esta distância é pequena, mas na doença pode aumentar

(FROWNFELTER, 2004).

A perfusão é caracterizada pela entrado do sangue pelo capilar pulmonar, levando

oxigênio para nutrir os tecidos e eliminar o CO2 proveniente do ciclo tecidual. Necessário

ressaltar que o pulmão e seus brônquios necessitam de oxigênio como fonte de energia. Desta

forma os brônquios possuem uma circulação própria denominada circulação brônquica; que é

composta pelas artérias e veias brônquicas, que carreiam respectivamente, sangue arterial para

nutrias as vias aéreas e retornam com sangue venoso (PRESTO, 2007).

35

3.3 FISIOPATOLOGIA

Figura 2 - Comparação entre pulmão com bronquiectasia e outro sem comprometimento Fonte:http://www.ecureme.com/emyhealth/data/Bronchiectasis.asp

Para Ferri, (2004) citado por Trindade (2007), o trato respiratório é constantemente

exposto a diferentes tipos de agentes nocivos que entram em contato direto com a mucosa

respiratória, como microorganismos e poluentes atmosféricos. Para a manutenção da

homeostasia deste delicado e complexo sistema, o trato respiratório dispõe de um sofisticado

mecanismo de defesa: o "aparelho mucociliar".

O aparelho mucociliar tem como principal função à remoção de partículas ou

substâncias potencialmente agressivas ao trato respiratório através do transporte pelos cílios,

ou alternativamente, pela tosse e espirro, nos quadros de hiperprodução de muco, como rinite

alérgica, rinossinusites, bronquite crônica, fibrose cística, e asma (MURRAY, 1994).

Em condições normais a produção diária de fluido pelas vias respiratórias é de

aproximadamente 100 ml. A principal função destas secreções é eliminar partículas estranhas

através do mecanismo ciliar e do transporte de muco. Para que os cílios desempenhem seu

papel, além de estarem conservados quantitativa e qualitativamente, há necessidade de que as

36

secreções mantenham baixa viscosidade, o que facilita a mobilização de partículas desde o

bronquíolo terminal até a faringe (XARDEZ, 1997).

As vias aéreas são cobertas com um epitélio ciliado que secreta muco e solução salina

diluída. Os próprios cílios são banhados na solução salina e são recobertos por muco. O muco

é secretado pelas células caliciformes no epitélio (SILVERTHOR, 1992).

O epitélio brônquico desempenha um papel extremamente importante no início e

perpetuação dos mecanismos de defesa pulmonares. É uma barreira mecânica de defesa que

sintetiza e liberta uma grande variedade de mediadores que podem causar ativação,

diferenciação e recrutamento de células inflamatórias (MILLS, 1999).

As células epiteliais, os neutrófilos, os macrófagos, os linfócitos T, os eosinófilos, os

mastócitos, os pneumócitos tipo II e os fibroblastos estão envolvidos na resposta ás agressões.

Estas células produzem fatores quimiotáticos que mantêm a resposta inflamatória

(ALMEIDA, 2000).

A relação, potencial, entre antecedente de infecção viral e bronquiectasia foi

recentemente comprovada. Esta comprovação foi através de uma demonstração por

microscopia eletrônica de um defeito transitório nas células epiteliais ciliares durante

infecções virais que alteraria o transporte mucociliar e, conseqüentemente, o clearance

mucociliar (GUIMARÃES, 2001).

Scanlan (2000), esclarece que o clearance mucociliar nasal é o mais importante meio

de defesa do trato respiratório e corresponde a uma perfeita interação entre o epitélio ciliado e

as propriedades do muco.

A hiperatividade das glândulas mucossecretantes vai gerar uma secreção

extremamente importante. Esta secreção é difícil de expelir apenas pela tosse. Podendo

ocasionar uma estase na região danificada gerando assim, complicações (infecções, abcessos,

atelectasias, hemoptise) (FERRI, 2004).

Uma vez que a tosse somente mobiliza secreções até os brônquios de sétima ordem, a

mobilização de secreção das pequenas vias aéreas além deste ponto depende do transporte

mucociliar. Desta forma, a diminuição da capacidade de transporte mucociliar favorece o

acúmulo de secreção e a colonização dos brônquios desta região pulmonar facilitando a

infecção bacteriana secundária (LUCE, 2003).

A infecção envolve as paredes brônquicas. Parte da mucosa é destruída e substituída

por tecido fibrótico. A tração radial do parênquima pulmonar no brônquio lesado faz com que

37

as vias aéreas envolvidas tornem-se permanentemente dilatadas e distorcidas. Estas areas

desprovidas de células ciliadas normais contêm secreção que se tornam cronicamente

infectadas (FROWNFELTER, 2004).

3.3.1 Teoria do ciclo vicioso, proposta por Cole

Uma lesão inicial, congênita ou adquirida, gera dificuldade nos mecanismos de defesa,

favorecendo o acúmulo de secreção e a colonização bacteriana crônica. A presença das

bactérias gera uma reação inflamatória local. A partir daí, entram em cena os mediadores da

reação inflamatória, havendo grande acúmulo de neutrófilos na região da inflamação. Estes

neutrófilos secretam diversos produtos enzimáticos que, no tecido brônquico, vão atuar, ao

lado de outras proteases, inibindo o mecanismo mucociliar e danificando a estrutura

brônquica (cartilagem, tecido elástico e músculo liso). Esta situação propicia o aumento da

colonização bacteriana que, por sua vez, aumenta o estímulo inflamatório. Acredita-se,

atualmente, que este é o principal mecanismo responsável pelas bronquiectasias (SILVEIRA,

2000).

3.3.2 Causas da bronquiectasia

A dilatação das vias aéreas nas bronquiectasias decorre de alterações destrutivas e

inflamatórias das paredes da vias aéreas, principalmente ao nível dos brônquios de médio

calibre. Isto possibilita maior acúmulo de secreção, que gera maior possibilidade de

desenvolver infecções pulmonares, devido à inativação do clearance mucociliar (limpeza das

vias aéreas) que, conseqüentemente, reativa a cascata inflamatória gerando um ciclo vicioso.

Existem três teorias que poderiam estar associadas a este processo: o aumento da pressão

pulmonar (obstrução por secreção), o aumento da tração pleural (pressão pleural mais

negativa) e a fraqueza da parede brônquica (PRESTO, 2007).

A bronquiectasia pode começar na infância após uma infecção respiratória como

pneumonia, ou mais raramente pela obstrução de um brônquio como na tuberculose. A

destruição dos cílios responsáveis pela limpeza dos brônquios ocorre como resultado da

doença. Mesmo quando os cílios sobrevivem, eles podem movimentar-se ineficazmente

devido às secreções excessivas (GASKELL, 1988).

38

3.3.3 Quadro clínico das bronquiectasias

O quadro clínico varia do assintomático ao quadro clínico de supuração

broncopulmonar com tosse crônica e expectoração espessa de aspecto muco-purulento e odor

fétido. Nas exacerbações infecciosas o paciente apresenta piora da tosse e aumento na

produção de secreção, acompanhado ou não de anorexia, queda do estado geral, febre e

dispnéia. A hemoptise é comum e pode ocorrer em qualquer momento da evolução de um

quadro de bronquiectasia, inclusive como primeiro indício de doença (GUIMARÃES, 2001).

A maioria dos pacientes apresenta uma tosse produtiva com escarro purulento e sofre

de repetidas infecções torácicas. Pode ocorrer a hemoptise em graus variáveis e em alguns

pacientes ela pode representar o único sintoma; isto é conhecido como bronquiectasia “seca”

(GASKELL, 1988).

Quando ocorre um processo infeccioso o paciente pode apresentar febre acompanhada

de sintomas semelhantes à de uma pneumonia. Nas obstruções graves há possibilidade de

haver cianose central, devido a hipoxemia gerada pela obstrução brônquica (PRESTO, 2007).

Os pacientes com bronquiectasia de etiologia tuberculosa apresentam como principal sintoma

a hemoptise e aqueles com bronquiectasia de etiologia não-tuberculosa cursam mais com

tosse produtiva e pneumonia de repetição (NETO, 2001).

3.3.4 Complicações da bronquiectasia

As complicações da bronquiectasia são infecções de repetição, pneumotórax,

hemoptise, abscesso pulmonar, abscesso cerebral.

Uma complicação freqüente em pacientes acamados é a atelectasia, que é o

fechamento parcial ou total do alvéolo com resultado de diminuição da capacidade

funcional residual, da respiração superficial e diminuição dos movimentos ativos e

mudanças de decúbito (HISLP, 1995).

A pneumonia e a hemorragia são complicações menos comuns como fatores

causais do óbito. Com a terapia moderna, apenas poucos pacientes desenvolvem infecção

respiratória ou suas complicações.

39

A atelectasia pode levar a hipoxemia e ao aumento de secreção, e pode ser

prevenida com mudanças de decúbitos, incentivo da atividade voluntária e aumento da

profundidade da respiração (AZEREDO, 2000).

3.3.5 O diagnóstico

O diagnóstico era confirmado por broncografia. Nos últimos anos a broncografia vem

sendo substituída pela tomografia computadorizada (TC) (GASKELL, 1988).

Classificação das bronquiectasias de acordo com Reid.

Cilindrica: Dilatação uniforme das VA

Varicosa: Dilatação irregular (contrição e dilatação)

Cística: Alargamento progressivo, tipo saco.

Atualmente a classificação de Reid é pouca utilizada na prática, não se mostrando útil

na determinação de etiologia ou estabelecimento de prognóstico. Trabalhos mostraram não

haver diferença clínica, epidemiológica ou fisiológica entre estas três formas (PRESTO,

2007).

Figura 3 - Classificação das bronquiectasias Fonte: Astrazeneca Respiratória – Multimídia – Tópicos do Sistema Respiratório

40

3.3.6 Tratamento

A maioria dos estudos demonstra que, desde que é dado o diagnóstico, cerca de 75%

dos pacientes apresentam uma melhora dos sintomas e levam uma vida com qualidade de vida

aceitável, relativamente próxima dos padrões desejáveis do ideal.

Os objetivos terapêuticos nas bronquiectasias são controle dos sintomas com redução

da morbidade e prevenção da progressão da doença (HISLP, 1995).

Independentemente do antibiótico utilizado é fundamental na profilaxia e no

tratamento, a drenagem e eliminação das secreções (CARVALHO, 2001).

O tratamento da maior parte dos casos é clínico. Tem por objetivo tratar a infecção e

utilizar medidas para uma boa drenagem brônquica. Esse tratamento consiste na prevenção e

no emprego de antibióticos, fisioterapia, broncodilatadores, mucolíticos, corticosteróides e

antileucotrienos. Para prevenção da infecção, utiliza-se a imunização contra agentes

agressores. Nas exacerbações agudas, emprega-se antibioticoterapia, sempre que possível com

base no estudo bacterioscópico e cultura de escarro (GUIMARÃES, 2001).

Os pacientes hospitalizados devido a bronquiectasia podem ser tratados com drenagem

postural, percussão, vibração/e ou técnicas de espiração forçada (LUCE, 2003).

Uma indicação importante é que o paciente beba um grande volume de água por dia (2

a 3 l), para manter suas secreções menos espessas podendo assim expectorar mais facilmente

(FROWNFELTER, 2004).

Nos casos de bronquiectasia associada à doença subjacente o tratamento será

direcionado a doença de base. Assim, corticóide sistêmico no caso de aspergilose

broncopulmonar alérgica; reposição de imunoglobulina no caso de imunodeficiência passível

de tratamento; terapia de reposição enzimática nos casos de deficiência de alfa 1 anti-

protease; terapia com desoxirribonuclease recombinante humana (dornase alfa) por aerosol

em casos de fibrose cística, etc.(MURRAY, 1994). No tratamento da supuração brônquica, a

fisioterapia desempenha papel crucial, devendo ser realizada diariamente. A drenagem

postural duas vezes tem grande impacto na qualidade de vida do paciente e no número de

exacerbações infecciosas anuais Os antibióticos são utilizados nas exacerbações (SCANLAN,

2000).

Terapia anti-Pseudomas aeruginosa ou anti-Stafilococcus aureuns pode ser necessária,

em especial em pacientes com fibrose cística. Em função do comprometimento local e/ou

sistêmico dos mecanismos de defesa das vias respiratórias, níveis inadequados do fármaco na

41

secreção pulmonar pode ser um problema adicional na eliminação do microrganismo dos

pulmões destes pacientes. A principal opção para o aumento da concentração de

antimicrobianos na secreção de pacientes com bronquiectasia infectada é a utilização de altas

doses pela via intravenosa. Uma alternativa já estabelecida em pacientes com fibrose cística,

mas que vem sendo utilizada também em pacientes com bronquiectasias de outras etiologias,

é a administração tópica de antibióticos por via inalatória (GUIMARÃES, 2001).

Recentemente alguns autores têm proposto a utilização de antiinflamatórios inaláveis

como a indometacina e os corticosteróides no tratamento das bronquiectasias.

O tratamento cirúrgico permanece restrito a um pequeno número de casos com formas

localizadas, supurativas abundantes ou com quadro de hemoptise grave. O melhor prognóstico

seria naqueles com idade inferior a 40 anos com boa função pulmonar. Transplante de pulmão

pode ser uma opção, sobretudo na lesão difusa dos pacientes com fibrose cística não

colonizados por Pseudomonas (MURRAY, 1994).

42

3.4 AVALIAÇÃO RESPIRATÓRIA

A avaliação respiratória segue a linha de uma anamnese, ou seja, ela deve seguir os

passos de uma avaliação clínica que consta na identificação do paciente, queixa principal,

história da doença atual, história patológica pregressa, história social, história família, exame

físico e, quando necessário, exames complementares (PRESTO, 2007).

Quando se obtém, na anamnese, uma caracterização adequada de cada sintoma

referido pelo paciente, é possível direcionar o raciocínio para uma ou hipótese diagnóstica, ou

seja, o exercício do diagnóstico diferencial fica facilitado sempre que se consegue colher os

elementos semiológicos – sinais e sintomas – com o maior grau de aprofundamento possível

(NUNES, 2001).

A avaliação do paciente com disfunção pulmonar e a determinação de um diagnóstico,

prognóstico e plano de tratamento, baseiam-se em achados de exames abrangentes, incluindo

a história, a revisão dos sistemas, testes e medidas específicas (KISNER, 2004).

No ambiente hospitalar, o que primeiro se faz é a avaliação funcional da respiração do

paciente. Muitos apresentam respiração apical, usando mais a parte superior do tórax e

dificultando a expansão dos pulmões (NETO, 2001).

Todo aquele que é portador de uma insuficiência respiratória, dependendo do grau,

freqüência, duração e intensidade das crises e do tempo que a possui, vai apresentar uma

disfunção dos padrões ventilatórios ditos ideais. O diafragma também fica com uma

insuficiência funcional (CARVALHO, 2001).

A avaliação da mobilidade torácica tem sido uma ferramenta utilizada na prática

clínica da fisioterapia respiratória e, associada à avaliação da função pulmonar e muscular

respiratória, pode fornecer importantes informações sobre a saúde respiratória dos indivíduos

(TESCH, 2007).

O conhecimento das doenças pulmonares vai possibilitar ao fisioterapeuta uma

abordagem mais precisa no momento que for escolhida a conduta do tratamento. Isto ocorre,

porque o mecanismo fisiopatológico das doenças demonstra exatamente onde e porque um

distúrbio respiratório ocorre e, assim, com base na fisiologia das técnicas e manobras da

fisioterapia, o fisioterapeuta pode optar por uma melhor conduta com intuito de otimizar a

ventilação e a troca gasosa pulmonar (SCANLAN, 2000).

43

Cada queixa principal deve ser explorada cuidadosamente. Questões suplementares

não devem ser as primeiras, deve se usar palavras que o paciente possa entender facilmente.

Isto permite que se tenha um determinante da importância da queixa (FROWNFELTER,

2004).

A fisioterapia respiratória é sempre indicada para pacientes acamados, hospitalizados

por muito tempo em decorrência de cirurgia ou de outro procedimento que os obrigue a

permanência de um tempo mais prolongado no leito.Observa-se que quando o indivíduo está

no leito, a respiração é mais superficial e, se for mantida por tempo prolongado, algumas

estruturas pulmonares apresentam a tendência de se fecharem, desencadeando o ciclo de

problemas respiratórios (NETO, 2001).

Na avaliação, algumas informações serão importantes:

Determinar os comprometimentos respiratórios e ventilatórios primários e secundários

de um paciente como também o modo que eles influenciam e limitam a capacidade física e

respiratória (KISNER, 2004).

Estabelecer uma linha básica de informações para medir o progresso do paciente e a

efetividade do tratamento.

Determinar o momento de interromper as intervenções específicas.

Planejar e implementar um programa domiciliar que sirva de base para o

autotratamento (GASKELL, 1988).

É importante também, fornecer ao pacientes orientações sobre o tempo inspiratório e

expiratório, profundidade da respiração e sobre o padrão respiratório mais adequado. E,

mostrar qual a maneira correta para ativar a musculatura inspiratória, ensinando que a

inspiração dever ser feita pelo nariz e que a expiração deve ser efetuada pela boca (NEVES,

2005).

Vale ressaltar que é necessário conhecer qual o tratamento que o paciente tem

recebido para o seu problema clínico. Desta forma pode ser determinado quais as modalidades

de tratamento foram usadas, em quais o paciente acredita que tiveram mais eficácia e aquelas

que o paciente acha desagradáveis ou não acredita. Assim, pode-se evitar a indisposição do

paciente, não repetindo a terapia que ele acredita ser ineficaz (SCANLAN, 2000).

A avaliação muscular respiratória tem uma importância significativa na análise dos

comprometimentos pulmonares encontrados em algumas patologias, onde é possível notar

uma fraqueza muscular respiratória instalada. A medida da força inspiratória e expiratória

44

através da pressão Inspiratória máxima (PImax) e da pressão expiratória máxima (PEmax) e a

avaliação da resistência muscular inspiratória por teste de carga contínua ou incremental

utilizando um sistema de carga limiar inspiratória tipo threshold , ganham destaque por não

serem métodos invasivos e apresentarem uma fácil aplicação.

O sistema do threshold é bastante aplicado e é notório sua eficácia quando se avalia a

resistência muscular inspiratória, embora apresente um incoveniente de ter sua faixa de

pressão inspiratória limitada a 40 cmH20, o que pode limitar seu uso quando for exigido

aplicação de cargas maiores (JOHNSON,1996).

3.4.1 A cirtometria

A finalidade de produzir uma medida é avaliar ou calcular uma característica ou

atributo de um indivíduo. A característica a ser medida precisa, primeiro ser definida, e a

finalidade de produzir cada medida deve estar clara (FROWNFELTER, 2004).

A cirtometria é um método de avaliação que consiste na medição das circunferências

torácicas nas fases expiratória e inspiratória, utilizando-se uma fita métrica, comparando

posteriormente a diferença entre essas duas medidas (COSTA, 1999).

Na prática clínica, tal medida é também utilizada como parâmetro que proporciona

uma noção de volumes pulmonares e, quando associada à ausculta pulmonar, direciona o uso

de técnicas e recursos fisioterapêuticos.

A mensuração é feita na inspiração e expiração forçadas. A diferença entre os

resultados fornece a amplitude torácica, além de outros parâmetros como: volumes e

capacidades pulmonares, complacência pulmonar, mecânica da mobilidade torácica e função

diafragmática. Para se realizar a cirtometria três pontos anatômicos deverão ser empregados

como referência: prega axilar, apêndice xifóide e linha umbilical (CALDEIRA, 2007).

Para esta avaliação é necessário apenas, uma fita métrica. A fita métrica deverá ser

posicionadas nos referidos locais, onde poderão ter sido previamente marcados com lápis

dermográfico. Tomando cuidado para que a fita permaneça firmemente posicionada em linha

reta a partir do ponto de referência. Na axila a fita deverá ficar abaixo da marca da pele e

acima das outras duas marcas (TESCH, 2007).

Perímetro axilar:

A fita métrica deverá ser posicionada na área mais alta do tórax.

45

Perímetro xifoideano:

A fita métrica deverá ser posicionada na área do processo xifóide

Perimétrico basal:

A referência neste ponto está relacionado com a distância entre o processo xifóide e à cicatriz

umbilical.

3.4.2 Manovacuômetro

Um dos instrumentos mais utilizados para a mensuração da força dos músculos

respiratórios é o manovacuômetro. Com esse equipamento pode-se obter a pressão

inspiratória máxima (PImax), que representa a força dos músculos inspiratórios, e a pressão

expiratória máxima (PEmax), que representa a força dos músculos expiratórios. Essas

medidas são amplamente utilizadas nos laboratórios de pesquisa e clínicas e apresentam uma

grande vantagem, já que são técnicas não-invasivas e com altos níveis de confiabilidade

(VALLE, 1997).

As manobras para mensuração das pressões respiratórias são realizadas com o

indivíduo na oposição ortostática e com as narinas ocluídas, com um clipe nasal. A PImax é

obtida por uma manobra de inspiração máxima, precedida de expiração máxima ao nível do

volume residual (VR) e a PEmax por meio de uma manobra de expiração máxima, precedida

de uma inspiração máxima, ao nível da capacidade pulmonar total (CPT). Cada manobra deve

ser mantida por aproximadamente três segundos e devem ser obtidas no mínimo três

manobras válidas. Para analise, pode-se considerar o valor da maior medida ou uma média

entre elas (JAMAMI, 1999).

3.4.3 Exames de imagens

Os exames complementares são de inegável valor no auxílio à elaboração do

diagnóstico, mas de forma alguma podem substituir uma anamnese e um exame físico bem-

feitos (NUNES, 2001).

As imagens do tórax e dos pulmões são incontestavelmente as técnicas mais populares

de avaliação pulmonar. A interpretação da radiografia é uma parte importante da avaliação da

46

doença torácica e, embora o fisioterapeuta dependa da equipe clínica para interpretar os

detalhes mais complexos, é importante um conhecimento básico (GASKELL, 1988).

É importante enfatizar, também, que a radiografia de tórax é um exame complementar,

e isto significa que os resultados obtidos por meio dele dependem intimamente do exame

clínico realizado previamente, logo, para que a análise da radiografia seja facilitada sugere-se

uma anamnese prévia do paciente. A imagem radiológica pode servir como auxílio na

verificação dos resultados obtidos com a utilização de terminadas técnicas fisioterapêuticas e

não deve ser considerada como o único fator de análise (PRESTO, 2007).

Durante muitos anos o diagnóstico da bronquiectasia foi obtido através da

broncografia.

Nos últimos anos a broncografia vem sendo substituída pela tomografia

computadorizada (TC). O padrão de TC para o diagnóstico de bronquiectasia é o que

permita a visualização de brônquios de quinta a décima ordem com diâmetro de

aproximadamente 2 mm. (GUIMARÃES, 2001).

3.4.4 Prova de função

As provas de função respiratória são capazes não só de confirmar determinados

distúrbios respiratórios, mas de quantificar a função ou a perda da função pulmonar (DIAS,

2001).

Ao interpretar testes de função pulmonar, faz se necessário, primeiro determinar o

padrão de anormalidade: verificar se a disfunção é obstrutiva, restritiva, ou mista. Testes de

função pulmonar não podem por si só diagnosticar. Ele deve ser interpretado à luz da história

clinica do paciente, e de um bom exame físico (FEYROUZ, 2003).

Basicamente, os testes de função pulmonar são categorizados em testes de volume,

fluxo ou estudos de difusão. A interpretação do teste de função pulmonar do paciente permite

definir o diagnóstico da doença pulmonar bem como avaliar a melhora ou piora do paciente

com a evolução do tratamento (FROWNFELTER, 2004).

Pacientes com áreas bronquiectásicas localizadas, nos testes de função pulmonar

demonstram pouco ou nenhuma anormalidade (LUCE,2003).

47

A prova de função pulmonar constitui um valioso instrumento para se detectar e

classificar problemas pulmonares, avaliar a evolução clínica de uma doença e oferecer

parâmetro dos recursos terapêuticos empregados pelos indivíduos. Pela espirometria podem-

se medir volumes, capacidades e fluxos pulmonares, e para todos esses parâmetros existem

tabelas baseadas em fórmulas que oferecem valores de normalidade previstos, em relação a

altura, peso e idade do indivíduo (VALLE, 1977).

Um outro dispositivo que pode ser utilizado é o Flutter . Este incentivador respiratório

portátil do tipo expiratório combina os efeitos de Oscilação Oral de Alta Freqüência (OOAF)

e de Pressão Positiva Expiratória (PEEP) através de oscilações/vibrações de fluxo e pressão

transmitidas às vias aéreas. Sua ampla utilização em âmbito ambulatorial e hospitalar tem

demonstrado sua eficácia como terapia desobstrutiva em pacientes ventilando

espontaneamente (CEGLA, 1993).

3.4.5 Expressão facial

A observação da fisionomia do paciente pode fornecer dados importantes. Mas é

importante ressaltar que a face atípica embora tranqüilize por se relacionar, na maior dos

casos, com a ausência de uma severidade, não significa a ausência de doenças associadas ao

parênquima pulmonar, de evolução silenciosa (NUNES, 2001).

3.4.6 Sons pulmonares

A ausculta é a arte de ouvir os sons. A escuta e a interpretação de sons pulmonares, ou

a ausência de sons pulmonares, podem ajudar o fisioterapeuta na avaliação do paciente antes e

depois do tratamento.As alterações grosseiras dos sons pulmonares podem ser detectadas sem

estetoscópio mas o uso do mesmo ajudará a localizar a origem (GASKELL, 1988).

Os sons respiratórios ocorrem devido ao movimento do ar dentro das vias aéreas

durante a inspiração e a expiração (PRESTO, 2007).

A ausculta ajuda a identificar as áreas dos pulmões nas quais existe congestão e onde

devem ser empregadas técnicas de limpeza das vias aéreas, determinar a efetividade de

limpeza das vias aéreas, determinar se os pulmões estão ou não limpos e se as intervenções

devem ou não ser interrompidas (KISNER, 2004).

48

Ao auscultar deve-se observar a intensidade da incursão ventilatória e a freqüência

respiratória, pois sua alteração pode gerar uma falsa impressão ao se comparar às regiões

pulmonares. Devem-se evitar as proeminências ósseas, que impedem a boa ausculta. Lembrar

também que o tecido adiposo é um péssimo condutor de som, desta forma, ao se auscultar

pacientes obesos, deve-se ter cuidado redobrado, pois pode haver uma falsa impressão de

redução na ausculta (PRESTO, 2007).

O reconhecimento dos sons respiratórios normais é a chave para a identificação dos

sons anormais e adventícios, pois oferece ao terapeuta pontos importantes que serão utilizados

como referência para sinalizar um som diferente do esperado (FROWNFELTER, 2004).

Os sons respiratórios são classificados pela localização, pelo timbre, pela intensidade e

pela proporção dos sons ouvidos na inspiração versus expiração. Os sons respiratórios

também são identificados como normais ou adventícios. Os sons respiratórios normais

ocorrem na ausência de patologia e são ouvidos predominantemente durante a inspiração

(KISNER, 2004).

3.4.6.1 Sibilo

O sibilo é um som anormal presente durante a respiração, resultando de um

estreitamento nas vias aéreas parcialmente obstruídas. Os sibilos podem ser localizados ou

difusos, geralmente associados à expiração, sendo auscultados mais freqüentemente quando

esta se torna profunda (AZEREDO, 2000).

A presença de sibilo localizado deve ser interpretada como uma possível suboclusão

brônquica que pode advir quando ocorre uma aspiração de corpo estranho, na compressão

extrínseca do brônquio ou no carcinoma brônquico (NUNES, 2001).

3.4.6.2 Roncos

Roncos surgem quando as vias aéreas de grosso calibre estão estreitadas ocasionadas

ou por secreção ou por edema. O timbre costuma se modificar quando o paciente tosse, pois

neste caso a tosse induz uma mobilização das secreções (SCANLAN, 2000).

49

3.4.7 Tosse

A tosse é um procedimento essencial destinado a manter a permeabilidade das vias

aéreas e limpar a faringe e a árvore brônquica, quando as secreções se acumulam. A tosse

pode ser uma resposta reflexa ou voluntária à irritação em qualquer local, ao logo das vias

aéreas, a partir do nariz (HISLP, 1995).

Presto (2007), complementa que a tosse é um reflexo de defesa cujo objetivo consta

em limpar as VA inferiores. O espirro é um reflexo semelhante ao da tosse porem seu objetivo

é limpar as fossas nasais e a nasofaringe.

A força, a profundidade, o comprimento e a freqüência da tosse precisam ser

avaliados. Uma tosse efetiva é aguda e profunda. No paciente com disfunção pulmonar uma

tosse pode ser descrita como fraca, rasa, macia ou de garganta. O surgimento súbito da tosse

ou uma tosse continuada pode ser descrito como paroxística ou espasmódica. Se ela é

substancialmente fraca ou ineficaz, pode ser necessária a aspiração para limpar as vias aéreas

(KISNER, 2004).

Segundo Nunes, (2001) a presença de tosse, predominantemente seca, é mais comum

nas enfermidades do interstício pulmonar enquanto que aquela que vem acompanhada de

secreção é mais freqüente nas doenças broncoalveolares.

A tosse produtiva é caracterizada pela presença de muco ou secreção que poderá ou

não ser expectorada. Na tosse improdutiva não há presença de secreção. Quando a tosse é

produtiva, as características da secreção podem facilitar no diagnóstico e manejo de possíveis

distúrbios pulmonares (SCANLAN, 2000).

Existem numerosos receptores presentes na mucosa da laringe, traquéia, brônquio,

pleura e canal auditivo externo que são irritantes. Esses receptores são mais sensíveis na glote

e na carina e diminuem rapidamente após a quarta geração brônquica. Uma tosse é

conseqüência da estimulação desses receptores da mucosa por diversos fatores, incluindo

inflamação, secreção, corpos estranhos, gases nocivos ou odores, substâncias químicas,

tumores e compressão extrínseca na traquéia ou brônquio (FROWNFELTER, 2004).

50

3.4.8 Dor torácica

Grande parte dos casos de dor torácica são devido a complicações advindas de

disfunções do aparelho respiratório e ocorre pelo acometimento da pleura parietal, sendo

denominada dor pleurítica.Tipicamente a dor pleurítica tem início abrupto, é referida como

uma “pontada” e é intensa em qualidade. Geralmente é unilateral, sendo mais intensa nas

porções inferior e lateral do tórax com tendência a ser bem localizada, seguindo a distribuição

dos nervos intercostais. Este sintoma está relacionado com a pleural parietal que possui

nociceptores (SANTOS, 2002).

A dor não pleurítica geralmente é localizada no centro; de forma constante podendo se

irradiar. Normalmente, não é pulmonar, embora possa estar relacionada a uma doença

pulmonar de base (AZEREDO, 2000).

3.4.9 Hemoptise

A hemoptise é expectoração de muco com sangue.O local de sangramento pode estar

em qualquer ponto do trato respiratório superior ou inferior. O momento e a freqüência da

hemoptise, determinados na anamnese, podem oferecer pistas sobre sua causa. O

fisioterapeuta deve avaliar com cuidado as queixas de hemoptise e estar certo de sua causa

antes de iniciar o tratamento (FROWNFELTER, 2004).

3.4.10 Padrão respiratório

A freqüência respiratória normalmente varia entre 12 e 20 incursões por minuto

(irpm). Eupnéia é o termo utilizado para denominar um ciclo respiratório normal. Apnéia é

definida como parada temporária respiratória e taquipnéia é um padrão respiratório rápido,

superficial, indicativo de angustia respiratória. A bradipnéia existe quando a respiração é

lenta, menor que 12 incursões respiratórias por minuto (GASKELL, 1998).

51

3.4.10.1 Dispnéia

Dos padrões ventilatórios observados, a dispnéia é um dos mais importantes.

Caracteriza-se por um sintoma basicamente subjetivo, paciente refere uma sensação de

dificuldade ou desconforto respiratório. Apesar do desconforto, a dispnéia não é dolorosa;

significa, antes, a consciência da necessidade de um aumento na incursão ventilatória

(AZEREDO, 2000).

Quando um paciente refere falta de ar, deve-se saber que esta reclamação

freqüentemente não está relacionada com o nível de oxigênio, muitas vezes, a sensação de

falta de ar está relacionada à fatores alterados da mecânica respiratória (MAHLER, 1987).

Esta sensação de dificuldade respiratória, geralmente é associada a pacientes

acometidos por diversas moléstias, e indivíduos sadios, em condições de exercício extremo,

sendo um sintoma muito comum na prática médica, e particularmente referida por indivíduos

com moléstias dos aparelhos respiratório e cardiovascular (SCANLAN, 2000).

Esse sintoma é o principal fator limitante da qualidade de vida relacionada à saúde de

pacientes pneumopatas crônicos. Apesar de sua importância, os mecanismos envolvidos com

seu surgimento ainda não são completamente conhecidos (MARTINEZ, 2004).

A queixa de dispnéia pode ser avaliada pela graduação da sua intensidade relatada pelo

pacientes através da Escala de Borg Modificada ou da Escala Visual Analógica (PRESTO,

2007).

A escala de Borg foi desenvolvida, originalmente, para a percepção do grau de

esforço, realizado durante o exercício. Inicialmente descrita com uma pontuação variando

entre 6 e 20, atualmente, é utilizada na forma modificada com escores entre 0 e 10

(MCARDLE, 1998).

A escala visual analógica de sintomas é um recurso utilizado para tornar menos

subjetiva a mensuração de alguns sintomas relatados pelos pacientes, tais como dispnéia, dor

e fadiga. Nesta escala utiliza-se uma linha horizontal de 100mm em que em um extremo

representa a ausência de sintomas (0mm) e o outro a presença máxima (100mm) (DEAN,

1985).

52

3.5 FISIOTERAPIA PREVENTIVA

A fisioterapia respiratória é uma área muito vasta na prática profissional, que atua no

processo de avaliação e tratamento de pacientes, em todas as faixas etárias, que apresentam

distúrbios pulmonares agudos como também crônicos. Empregando uma grande variedade

de exercícios terapêuticos e técnicas relacionadas, para avaliar e tratar de forma efetiva o

paciente (NETTO, 2002).

As manobras fisioterapêuticas aplicadas aos cuidados respiratórios, englobam técnicas

que tem como objetivo promover a higiene pulmonar, treinamento da musculatura respiratória

e a promoção do condicionamento físico, a fim de evitar a inatividade e a deterioração da

capacidade funcional (FROWNFELTER, 2004).

Os exercícios respiratórios e o treinamento ventilatório são intervenções fundamentais

que atuam na prevenção ou o tratamento abrangente de distúrbios pulmonares agudos ou

crônicos. Os exercícios respiratórios e o treinamento ventilatório podem assumir muitas

formas, incluindo respiração diafragmática, respiração segmentar, treinamento muscular

ventilatório, treino de resistência respiratória, espirometria de incentivo e técnicas

respiratórias para o alívio da dispnéia por esforço (KISNER, 2004).

Numerosos estudos têm demonstrado a importância dos programas fisioterápicos,

quando disponíveis em hospitais, em reduzir a porcentagem de pacientes dependentes ao final

da hospitalização. Quanto mais precoce for o processo de reabilitação, maior será o potencial

para aquisição de independência funcional (GASKELL, 1988).

A reeducação respiratória é um dos domínios onde os resultados serão os mais

constantes e às vezes os mais surpreendentes. No entanto, ressalta que toda cinesioterapia

respiratória deverá basear-se ao mesmo tempo num conjunto de técnicas rigorosas. Técnicas,

estas, que deverão ser bem definidas e às vezes bastante especializada, associada com

resultados da avaliação funcional fisioterápica e do exame clínico feito por ou em colaboração

com o pneumologista (XARDEZ, 1997).

Objetivos dos exercícios respiratórios são:

• Obter a melhor função pulmonar possível por:

• Promover um padrão normal relaxado da respiração, quando possível.

• Para ensinar a respiração controlada com o mínimo de esforço.

53

• Ajudar a remoção de secreções.

• Ajudar a reexpansão do tecido pulmonar.

• Mobilizar a caixa torácica.

• Promover a aprendizagem de um padrão respiratório ideal.

O fisioterapeuta tem, principalmente, sob sua responsabilidade procurar manter as

condições clínicas ideais e a função muscular respiratória em qualquer etapa ou fase do

tratamento (AZEREDO, 2002).

É importante também manter o posicionamento correto do paciente no leito

objetivando otimizar a ventilação, favorecer a mecânica diafragmática e, desta forma

contribuir no favorecimento da troca gasosa (SCANLAN, 2000).

O posicionamento corporal na fisioterapia respiratória busca favorecer resultados mais

eficazes no tratamento de pacientes com disfunções pulmonares. Estudos têm demonstrado

que ao se posicionar estes pacientes, levando em conta a alteração fisiopatológica e a área

pulmonar afetada, pode-se prevenir a hipoxemia e melhorar a oxigenação. Isto, porque a

posição corporal influi na distribuição da ventilação, da perfusão e da relação V/Q, no

tamanho dos alvéolos, na mecânica respiratória (FROWNFELTER, 2004).

Não existe uma postura ideal, porém a que melhor atende a fisiomecânica da maioria

dos pacientes tratados por ventilação mecânica é a posição Fowler, que é uma posição semi-

sentada (30 a 60º) usada para tratamento de pacientes com dispnéia, uma vez que esta posição

afasta os órgãos abdominais do diafragma aliviando a pressão sobre a cavidade torácica,

permitindo que os pulmões se insuflem de maneira mais eficaz melhorando a relação

ventilação/perfusão pulmonar (CARVALHO, 2001).

O repouso na posição supina, uma posição comumente assumida por pacientes

hospitalizados, é não fisiológica, e por isso deletéria ao transporte de oxigênio. Os decúbitos

laterais têm efeito que é intermediário entre o ereto e o supino. A posição prona, que é

subutilizada clinicamente, tem um efeito benéfico significativo no transporte de oxigeno

(PRESTO, 2007).

Devido aos efeitos potentes e diretos do posicionamento corporal sobre as várias

etapas das vias de transporte de oxigênio na saúde e na doença, não se sabe o quanto dos

efeitos benéficos relatados com o uso da drenagem postural é devido ou ao aumento do

transporte mucociliar, ou ao aumento da troca gasosa no pulmão dependente, pelo incremento

da troca gasosa no pulmão dependente, pelo incremento do volume alveolar no pulmão

54

afetado não-dependente, pelo incremento do volume alveolar no pulmão afetado não

dependente ou em ambos (DEAN, 1985).

Na conferência realizada em Lyon no ano de 1994, foram estruturados métodos de

tratamento utilizados na fisioterapia. Os métodos utilizados são divididos em grupos em

função dos objetivos relacionados às doenças respiratórias.

Métodos que tem como objetivo manter a permeabilidade das vias aéreas associado

com técnicas desobstrutivas e métodos que tem como objetivo reeducar o padrão ventilatório

associado com cinesioterapia respiratória.

3.5.1 Métodos que contribuem na desobstrução brônquica

3.5.1.1 Percussões pulmonares

Englobam manobras realizadas com as mãos de forma ritmada e/ou compassada, com

objetivo de descolar a secreção pulmonar viscosa, permitindo seu deslocamento pela árvore

brônquica e facilitando sua eliminação. Podem ser incluídas como percussões, a tapotagem

(COSTA, 1999).

3.5.1.2

Vibração manual

Consiste em movimentos oscilatórios rápidos e de pequena amplitude exercidos sobre

a parede do tórax. Os movimentos vibratórios propiciam a depuração mucociliar e facilitam a

eliminação de secreções A percussão e a vibração são técnicas caracterizadas por uma

aplicação de energia mecânica sobre a parede torácica sendo transmitida para a região

pulmonar e aumentando a amplitude dos batimentos ciliares. São realizadas de forma ritmada

utilizando as mãos ou dispositivos elétricos, (vibradores manuais) (SOARES, 2000).

Para Scanlan (2000), a percussão desloca as secreções retidas facilitando sua remoção

através da tosse ou da aspiração, enquanto que a vibração auxilia na movimentação das

secreções em direção às vias aéreas centrais durante a expiração.

55

3.5.1.3 Pressão manual torácica

Favorece a tosse com o objetivo de promover a remoção de secreções, utilizando a

compressão na expiração forçada. Esta manobra auxilia também a desinsuflação e a

reexpansão.

3.5.1.4 Terapia expiratória manual passiva

Para dar mobilidade a caixa torácica. A pressão manual é aplicada na fase expiratória

da ventilação, com intuito de diminuir os diâmetros torácicos (é feita uma pressão para dentro

e para baixo).

3.5.1.5 Drenagem postural

Figura 4 - Posicionamento para drenagem postural Fonte: (COSTA, 1999).

56

O posicionamento corporal é considerado uma intervenção terapêutica não invasiva,

com efeitos significativos e benéficos sobre a função pulmonar e o transporte de oxigênio,

interferindo na distribuição da ventilação, da perfusão, da pressão de abertura dos alvéolos e

na mecânica diafragmática (YAMAGUTI, 2007).

Em síntese, a drenagem postural é o emprego da força da gravidade, auxiliando na

desobstrução dos brônquios.

A drenagem postural é indispensável para os pacientes com bronquiectasia que

apresentam tosse produtiva. Mesmo quando os cílios sobrevivem, eles podem movimenta-se

eficazmente devido às secreções excessivas. Mas a drenagem postural é desnecessária para os

pacientes com bronquiectasia “seca”, ela pode inclusive agravar a tendência à hemoptise

(LAMARI, 2006).

As posições se baseiam na anatomia da árvore brônquica. Foi confirmado o valor da

drenagem postural na limpeza das secreções brônquicas excessivas (COCHRANE, 1977).

Sendo que o paciente pode ser posicionado em uma mesa de drenagem elevada em uma

extremidade, uma mesa ortostática, uma mesa acolchoada reforçada com um mecanismo que

de suspensão ou quando hospitalizado, numa cama hospitalar. Na criança, a drenagem

postural pode ser oferecida, em posições específicas, no colo dos pais ou do fisioterapeuta

(KISNER, 2004).

O posicionamento adequado deve ser acompanhado com a participação de forma ativa

e exige do paciente concentração, pois o tratamento é ineficaz quando o paciente participa

passivamente na drenagem postural.Cada posição deve ser mantida até que a área afetada

esteja livre de secreções. O tempo vai variar em cada paciente, mas nota-se que o tratamento

ativo numa área geralmente fica em torno de 10-20 minutos. A drenagem postural pode ser

necessária 1-6 vezes por dia, a quantidade estipulada será variável de acordo com o perfil de

cada paciente (GASKELL, 1988).

O conhecimento da anatomia da árvore traqueobrônquica é essencial para um

tratamento eficaz. Cada lobo a ser drenado precisa ser alinhado de forma que a gravidade

possa mobilizar a secreção da periferia para as vias aéreas de maior calibre (WEST, 1990).

Pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica foram tratados rotineiramente com

fisioterapia respiratória, durante muitos anos, apesar de uma falta de validação científica deste

procedimento. Só recentemente as indicações e benefícios da técnica começaram a ser

esclarecida. No paciente com bronquiectasia, verificou-se que quando a Fisioterapia

57

Respiratória é realizada de forma segura e bem tolerada pelo paciente, auxilia na mobilização

das secreções (MAZZOCCO, 1985).

Se a radiografia torácica evidenciar-se satisfatória, os sons respiratórios adequados, na

auscula, e o paciente mostrar-se capaz de respirar profundamente, soltar o ar e tossir de forma

eficaz, provavelmente, não será necessário colocá-lo em posições desconfortáveis para a

drenagem postural (DEAN, 1985).

No paciente com bronquiectasia a drenagem postural pode ser realizada 1 hora antes

do período de repouso noturno para facilitar a expectoração de secreções que podem interferir

no repouso do paciente. Pois durante suas mudanças de decúbito poderão ocorrer fortes

estímulos para a tosse. Esta técnica também pode ser realizada pela manhã pra se efetuar a

limpeza brônquica das secreções acumuladas durante o período noturno (LAMARI, 2006).

3.5.1.6 Drenagem autógena

Técnica de higiene brônquica ativa utilizando inspirações e expirações lentas e

controladas pelo paciente” respirando em diferentes volumes pulmonares. Inicia-se no volume

de reserva expiratório (VRE), para mobilizar as secreções distais, e depois, progressivamente,

no volume de reserva inspiratório (VRI), para eliminação proximal. Dentre todas as técnicas

de higiene brônquica, ela parece produzir a maior quantidade de expectoração, porém, só

pode ser utilizada em pacientes cooperativos (CARVALHO, 2001).

3.5.1.7 Expiração forçada

Expiração forçada: esta técnica consiste em “uma ou duas expirações forçadas de

volume pulmonar médio a baixo sem fechamento da glote, seguidas por um período e

respiração diafragmática e relaxamento (SCANLAN, 2000). Para maior eficácia deve-se

ensinar o “huff” pois ajuda a manter a glote aberta.

58

3.5.1.8 Exercícios respiratórios com freno labial

Também conhecido como respiração com lábios franzidos. Nesse exercício, o paciente

é orientado a inspirar lentamente pelo nariz e expirar por entre os lábios semicerrados. Os

objetivos dessa técnica são a redução da dispnéia e a desinsulação pulmonar, pela imposição

de uma resistência expiratória final e pelo prolongamento da expiração (COSTA, 1999).

Durante a expiração, o paciente pode ou não contrair os músculos da expiração forçada. O

autor relata que alguns pacientes utilizam esta técnica sem nem mesmo ter aprendido, ou seja

de forma involuntária. Alguns autores recomendam o uso da técnica durante ou após o

paciente apresentar taquipnéia e/ou dispnéia (PRESTO, 2007).

Esta técnica mantém as vias aéreas abertas mediante a criação de uma pressão

retrógrada. Alguns autores baseados em estudos sugerem que a respiração com lábios semi-

cerrados diminui a freqüência respiratória, aumenta o volume corrente e melhora a tolerância

ao exercício (KISNER, 2004).

O padrão ventilatório com expiração retardada ou com resistência expiratória mantem

a integridade dos condutos aéreos evitando o colabamento precoce que pode ocorrer por

influência do predomínio da pressão intratorácica sobre as paredes dos brônquios. Além disso,

o retardo expiratório, promove durante a fase expiratória, uma desinsuflação pulmonar de

forma homogênea, mantendo a pressão intrabrônquica e favorecendo, portanto as trocas

gasosas. Nesta técnica a inspiração é feita nasal e a expiração via oral correspondendo à cerca

de três vezes o tempo da inspiração, sendo que o retardo expiratório pode ser obtido via

dentes, lábios propulsados ou franzidos ou pela resistência respiratória obtida através de

dispositivos (AZEREDO, 2002).

3.5.1.9 Respiração glossofaríngea

Esta técnica respiratória é uma forma de aumentar a capacidade inspiratória do

paciente quando nota-se que o paciente tem fraqueza grave dos músculos da inspiração. Ela é

ensinada aos pacientes que têm dificuldade para inspirar profundamente, por exemplo, em

preparo para a tosse. A técnica consiste em pedir ao paciente que tome vários “goles” de ar.

Então a boca é fechada e a língua empurra o ar para trás e o aprisiona na faringe. O ar é

59

forçado para dentro dos pulmões quando a glote é aberta. Isso aumenta a profundidade da

inspiração e a capacidade vital do paciente (CARVALHO, 2001).

3.5.2 Técnicas relacionadas com mecanismo da tosse

Posicionar o paciente de forma relaxada e confortável para respiração profunda e

tosse. A posição sentada ou de forma inclinada para frente, normalmente, é a melhor escolha

para efetuar a tosse. O pescoço do paciente deve estar um pouco fletido de forma a favorecer

um mecanismo mais favorável a oferecer mais conforto (GASKELL, 1988).

3.5.2.1 Tosse Dirigida

O paciente é orientado a realizar uma tosse voluntária que deve ser precedida de uma

inspiração profunda seguida de uma contração ou ativação brusca da musculatura abdominal.

Esta tosse deve ser realizada com a glote fechada e, no final o paciente deve expectorar. Esta

manobra assemelha-se ao reflexo de tosse, sendo que sem a fase irritativa. Sendo que a

posição sentada é mais benéfica, pois contribui para um favorecimento da mecânica

diafragmática e da contração da musculatura abdominal (PRESTO, 2007).

3.5.2.2 Tosse assistida:

A tosse é um importante mecanismo para eliminar secreções traqueobrônquicas. A

técnica de tosse assistida corresponde à imposição das mãos do terapeuta no tórax do

paciente, realizando uma expiração forçada, com o intuito de aumentar o fluxo expiratório e

tornar a tosse mais eficaz (COSTA, 1999).

3.5.2.3 Huffing

Expiração rápida e forçada, mas não com esforço máximo. Ao contrário do da tosse,

onde a glote está fechada, um sopro ou huffing requer que a glote permaneça aberta. Em um

60

sopro eficaz, os músculos do abdome devem contrair-se para fornecer uma maior força

expiratória (FROWNFELTER, 2004).

Alguns autores recomendam o uso da nebulização antes de efetuar as técnicas. Pois

segundo Xardez (1997), a nebulização permite que soluções medicamentosas

(broncodilatadores , liquidificantes), penetrem na árvore brônquica, reduzindo assim as

secreções em finas partículas e umidificando o trato respiratório.

3.5.3 Incentivadores respiratórios

Os incentivadores respiratórios são exercitadores respiratórios que tem como função a

reexpansão pulmonar, aumento da permeabilidade das vias aéreas e fortalecimento da

musculatura respiratória. Os incentivadores inspiratórios são recursos mecânicos da

fisioterapia respiratória, geralmente, destinados a ajudar no desempenho muscular respiratório

e na eficiência do trabalho mecânico da ventilação pulmonar (ALMEIDA, 2007).

Forma de treinamento ventilatório que enfatiza inspirações sustentadas máximas. Um

termo sinônimo é manobra inspiratória máxima mantida, que é feita com ou sem uso de um

espirômetro. O paciente respira por um espirômetro que fornece feedback visual ou auditivo

enquanto ele inspira o mais profundamente possível (KISNER, 2004).

Nota-se, na prática, que o feedback visual oferece aos pacientes condições de

visualizar no aparelho, a pressão inspiratória gerada por seus músculos ventilatórios.Esta

pressão então, produz uma resposta mais eficaz do que simplesmente realizar uma sustentação

máxima na inspiração (PRESTO, 2007).

Rocha (2002), complementa que a técnica dos incentivadores é fazer com que o

paciente, realize um trabalho ventilatório caracterizado por uma inspiração ativa forçada, que

deverá ser mantida (sustentação máxima inspiratória), por um determinado período de tempo

quantificado em segundos.

Existem dois tipos de incentivadores: fluxo e de volume. Os dois tipos de

incentivadores são equipamentos portáteis, geralmente de plástico ou material semelhante e

de baixo custo. São de fácil utilização, descartáveis e podem ser usados tanto em crianças

como em adultos. O respiron é um incentivador de fluxo, varia em função do tempo de

incentivo. Incentiva uma respiração sustentada máxima, em que o paciente deve inspirar para

61

que consiga fazer com que as três bolinhas do aparelho subam entre 5 a 10 segundos

(ALMEIDA, 2007).

Rocha (2002), descreve que os benefícios desta técnica oferecem: otimização da

insuflação pulmonar, otimização dos mecanismos da tosse, obtenção da melhora da

performance clínica do paciente em suas atividades diárias e otimização da força muscular.

A realização da terapia com a pressão expiratória positiva oscilante depende

exclusivamente, de aparelhos, sejam eles eletromecânicos ou portáteis. Os aparelhos portáteis

conhecidos como “hand held”, pela praticidade e custos, foram os que possibilitaram à

oscilação oral de alta freqüência, crescimento e popularidade mais intensos, estes aparelhos

portáteis apresentam uma forma básica, lembrando um cachimbo. Em seu interior existe um

canal, onde consta uma pequena esfera de aço. Esta esfera de aço, na realidade, é um resistor

de limiar gravitacional (Weight Ball ou Fixed Weight – peso por bola ou peso fixado), que

permite a frenagem do fluxo expiratório por produzir curtas e sucessivas interrupções à

passagem do fluxo, estas curtas e sucessivas interrupções permitem uma repercussão

oscilatória produzida pelo resistor do aparelho, que é transmitida à árvore brônquica

(AZEREDO, 2000).

A oscilação oral de alta freqüência é um dos recursos fisioterapêuticos eficazes no

tratamento dos pacientes com bronquiectasia pois, esta vai atuar na mobilização da secreção

brônquica desta forma sua intervenção terapêutica é capaz de melhorar consideravelmente a

qualidade de vida de seus portadores (CARVALHO, 2001).

3.5.4 Exercícios para mobilizar o tórax

Quaisquer exercícios que combinem movimentos ativos do tronco ou dos membros

com respiração profunda. Eles são elaborados para manter ou melhorar a mobilidade da

parede torácica, do tronco e das cinturas escapulares quando afetam a ventilação ou a

alinhamento postural. De acordo com o autor, estes exercícios também são usados para

reforçar ou enfatizar a profundidade da inspiração ou a expiração controlada. Segundo o

autor, um paciente pode melhorar a expiração inclinando-se para frente e flexionando os

quadris ou a coluna enquanto expira. Esse movimento empurra as vísceras superiormente

contra o diafragma e reforça ainda mais a expiração (KISNER, 2004).

62

3.5.5 Exercícios respiratórios

Em associação aos seus vários outros efeitos na saúde e no bem-estar, o exercício tem-

se mostrado um meio adjunto para a desobstrução brônquica. O exercício aumenta o

transporte mucociliar.A contribuição do fluxo expiratório e a tosse induzida pelo exercício são

outros fatores que contribuem para uma remoção mais efetiva da secreção (FROWNFELTER,

2004).

O paciente com bronquiectasia, além de ter um comprometimento obstrutivo, pode

também ter um comprometimento na expansibilidade torácica. E neste caso o objetivo da

fisioterapia é reeducar o padrão ventilatório associado com cinesioterapia respiratória

(CARVALHO, 2001).

Quando a musculatura diafragmática esta desempenhando efetivamente em seu papel

de músculo primário da inspiração, a ventilação é eficiente e o consumo de oxigênio dos

músculos da ventilação é muito baixo durante a respiração relaxada e tranqüila. Mas, a

demanda do trabalho respiratório aumenta de forma substancial, quando o paciente faz uso da

musculatura acessória (KISNER, 2004). Nas posições adotadas pelo fisioterapeuta com

objetivo de se reeducar o diafragma, o paciente deverá estar sempre com o quadril e os

joelhos em semiflexão e adotando um padrão de respiração suave, em que a inspiração seja

nasal e a expiração oral (AZEREDO, 2002).

A sensibilidade tátil é de grande valia para instruir o paciente a assumir o padrão

ventilatório mais adequado. As mãos do fisioterapeuta são colocadas sobre as áreas onde são

desejados movimentos musculares e o paciente é encorajado para se concentrar na expansão

da parte do tórax sob as mãos do terapeuta. A instrução para respiração diafragmática

apropriada pode ser estimulada quando o terapeuta posiciona suas mãos sobre o abdome do

paciente, abaixo do processo xifóide, pedindo ao mesmo que realize uma inspiração contra a

mão posicionada. O movimento diafragmatico apropriado fará com que o paciente sinta seu

abdome deslocar a mão para frente. Ombros relaxados e padrão ventilatório lento e calmo são

essências para instruir o paciente a respirar (SCANLAN, 2000).

O uso da respiração diafragmática se destina.

• Minimizar o trabalho da respiração

• Ajudar a controlar a respiração durante os ataques de dispnéia e durante o esforço.

• Melhorar a respiração das bases pulmonares.

63

3.5.5.1 Padrão diafragmatico.

O método prevê que o paciente aprenda a utilizar seu abdome para respirar, exigindo,

dessa forma, o máximo de seu diafragma. Durante a inspiração (realizada pelo nariz) o

paciente será orientado a protrair seu abdome, e na expiração (realizada pela boca em

associação com o exercício de frênulo labial) deverá realizar uma retração abdominal

(TARANTINO, 2002).

3.5.5.2 Cinesioterapia ventilatória adotando padrão ventilação tranqüila (quiet Breathing)

Este procedimento terapêutico consiste basicamente em adotar com o paciente, uma

forma de ventilação pulmonar realizada de maneira tranqüila e suave, onde a inspiração pode

ser realizada por via nasal ou oral, mas sempre realizada com o nível de amplitude próximo ao

volume corrente basal do paciente, permitindo, assim, que seja obtido um trabalho ventilatório

mínimo para o paciente, onde não sejam observados visualmente padrões musculares

excessivos principalmente com a participação da musculatura acessória. A freqüência

ventilatória deverá ser estabelecida entre 12 a 16 irpm,e, sempre que possível, mantendo

durante a técnica uma pausa inspiratória de um segundo entre cada fase inspiração/expiração

(AZEREDO, 2002).

3.5.6 Exercícios de reexpansão torácica

Estes exercícios são úteis para melhorar o movimento da caixa torácica e para ajudar

na remoção de secreções.

Esta técnica é chamada também de expansão basal lateral e pode ser feita de forma

unilateral ou bilateral. Acredita-se que a ênfase da respiração profunda com enfoque no

movimento dessa porção da caixa torácica inferior facilita o trabalho da musculatura

diafragmática (KISNER, 2004).

Expansão torácica inferior – o fisioterapeuta coloca a palma de sua mão encurvada no

lado da linha meso-axilar sobre a sétima, oitava e nona costelas. O paciente deve ser instruído

para relaxar e expirar, bem como sentir a depressão das costelas inferiores para baixo e para

dentro; esse movimento não deve ser forçado. No fim da expiração, o fisioterapeuta deve

64

aplicar uma compressão firme à área descrita. O paciente deve ser instruído para que na

próxima inspiração expanda as costelas inferiores de encontro a sua mão. A compressão não

deve ser excessiva visto que isso pode mais restringir do que ajudar na reexpansão pulmonar.

Na inspiração profunda, a compressão é liberada e não é aplicada novamente senão

imediatamente antes que o paciente esteja pronto para respirar de novo (GASKELL, 1988).

3.5.6.1 Treinamento muscular respiratório (TMR)

Pode ser realizado com respirações resistidas contra um pesou ou contra a mão do

próprio paciente, ou por meio dos chamados incentivadores respiratórios, entre eles o

Threshold e até o próprio manovacuômetro (COSTA, 1999). Os músculos respiratórios

desempenham um papel primordial, pois são responsáveis por promover a ventilação

pulmonar, permitindo a entrada e a saída de ar nos pulmões (MCARDLE, 1998).

Sabe-se que os músculos respiratórios, assim como qualquer músculo esquelético,

podem ser treinados aumentando sua força e resistência. Diversos protocolos de exercícios,

visando ao aumento da força e da resistência da musculatura respiratória, ao aumento da

mobilidade torácica e à reeducação respiratória, variando na sua intensidade, duração,

parâmetros avaliados e recursos empregados.

3.5.6.2 Cinesioterapia adotando padrão com soluções inspiratórias

A técnica consiste em inspirações curtas, sucessivas e energias sem apnéia pós-

inspiratória, até completar a capacidade inspiratória máxima (CI) e a capacidade pulmonar

total (CPT). A última fase da inspiração é efetuada por via oral, assim como também a

expiração (AZEREDO, 2002).

3.5.6.3 Inspiração fracionada

A inspiração fracionada tem como objetivo aumentar o volume pulmonar (PRESTO,

2007).

65

Quando a inspiração é realizada de uma só vez pode não ser suficiente para que o

paciente consiga atingir sua capacidade inspiratória com finalidade reexpansiva. Desta forma,

o uso de várias inspirações dentro de um mesmo ciclo ventilatório pode oferecer uma função

muito importante no tratamento. A inspiração fracionada ou em tempos consiste em

inspirações suaves, curtas, via nasal e interrompidas por curtos períodos de apnéia pós–

inspiratória e programada para dois, três, quatro ou seis tempos repetitivos (CARVALHO,

2001).

3.5.6.4 Sustentação máxima da inspiração

Técnica que pode ser utilizada associada a outras. A técnica consta em se manter uma

pausa ao final da inspiração por, aproximadamente, 5 a 10 segundos. O objetivo desta pausa é

manter o ar por mais tempo nas VA, desta forma obtém-se uma melhor ventilação pulmonar e

uma melhor distribuição do fluxo aéreo, por meio da interdependência alveolar e,

conseqüentemente, procurar alcançar as diferentes constantes de tempo. É importante lembrar

que alvéolos lesionados possuem maiores constantes de tempo, ou seja, levam mais tempo

para se expandir. Logo, nestes casos a SMI deve ser mantida por mais tempo (PRESTO,

2007).

3.5.6.5 Exercícios com auxilio de dispotivos associados aos membros superiores

Equipamentos auxiliares como bastão e halteres, promovem o fortalecimento da

musculatura respiratória gerando uma melhor expansão pulmonar. E, exercícios associados

aos membros superiores ajudam a melhorar a demanda metabólica e ventilatória da cavidade

torácica (FROWNFELTER, 2004).

66

4 CONCLUSÃO

Os resultados obtidos no presente estudo indicam que a fisioterapia pode contribuir de

forma eficaz no tratamento dos pacientes com bronquiectasia , sendo a higiene brônquica

fundamental. Os artigos revisados e o material utilizado confirmam a importância do

tratamento fisioterapêutico na prevenção de complicações respiratórias utilizando manobras e

técnicas que visam desobstruir vias aéreas.A adequação da técnica utilizada às características

fisiologias e à localização do alvo terapêutico parece ser o principio clínico imprescindível

para o sucesso e segurança do tratamento.

Vários estudos indicaram a drenagem postural como uma técnica eficaz na higiene

brônquica. Na prática, é visível a melhora na desobstrução das vias aéreas, pois ocorre um

aumento da velocidade do muco transportado, das trocas gasosas e melhora da função

pulmonar.

Este trabalho foi importante, portanto, para comprovar que a utilização de manobras e

técnicas preventivas fisioterápicas podem evitar que os sintomas relacionados com o paciente

com bronquiectasia se manifestem de vista de procedimento técnico, a pesquisa foi referência

bibliográfica. O resultado deste estudo foi favorável, entretanto são necessárias novas

pesquisas para que se estabeleçam conclusões definitivas.

Ao final conclui-se que embora os estudos sobre os benefícios da fisioterapia sejam

ainda insuficientes, do ponto de vista prático, ela parece ser benéfica. Exercendo assim um

papel importante na prevenção das complicações do paciente com bronquiectasias.

67

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