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Uma Viagem Pelo Novo Testamento Atos e Paulinas

Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior Página 2 

Conteúdo CAPÍTULO PRIMEIRO ...................................................................... 3 

Atos e Paulinas ............................................................................ 3 

ATOS DOS APÓSTOLOS ................................................................ 3 

CAPÍTULO SEGUNDO ..................................................................... 6 

ATOS DOS APÓSTOLOS (PARTE II) ................................................... 6 

CAPÍTULO TERCEIRO ..................................................................... 8 

PAULO ................................................................................... 8 

CAPÍTULO QUARTO ...................................................................... 12 

AS PRIMEIRAS CARTAS ................................................................ 12 

CAPÍTULO QUINTO ....................................................................... 15 

AS CARTAS DA TERCEIRA VIAGEM .................................................. 15 

CAPÍTULO QUINTO ....................................................................... 19 

AS CARTAS DA TERCEIRA VIAGEM (PARTE II) ..................................... 19 

CAPÍTULO SÉTIMO ....................................................................... 24 

AS CARTAS DA PRISÃO ................................................................ 24 

APÊNDICE I .......................................................................... 30 

APÊNDICE II ......................................................................... 32

 

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Pr. Ary Queiroz Vieira Júnior Página 3 

Atos e Paulinas CAPÍTULO PRIMEIRO

Atos e Paulinas

ATOS DOS APÓSTOLOS INTRODUÇÃO “Atos” é o livro histórico que faz o elo entre os Evangelhos e as Epístolas do NT. Também descreve a expansão da igreja a partir de “Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1:8). Ou ainda como homens e mulheres, impulsionados pelo Espírito Santo, lançaram-se no cumprimento da Grande Comissão do Senhor Jesus (Mt 28:16-20).

“Praxeis” (Atos) ou “Praxeis ton apostolon” (Atos dos Apóstolos) são os títulos designados por todos os manuscritos gregos, embora, como o segundo volume de uma obra de duas partes escrita por Lucas, talvez, originalmente, não tivesse um título separado.

AUTORIA Lucas, provavelmente um médico grego (Cl 4:10-14), companheiro fiel de Paulo (Fm 24; II Tm 4:11), foi autor de “Lucas/Atos”(cf. At 16:1-17; 20:5-21:18; 27:1-18:16). O uso de “nós” nestes textos indica autoria lucana, o que recebe apoio unânime da tradição primitiva.

DATAS Lucas não menciona a destruição de Jerusalém, que ocorreu em 70 dC; não menciona a morte de Paulo, em 68 dC, nem a perseguição movida por Nero, a partir de 64 dC. Antes, termina seu livro com Paulo aguardando julgamento em Roma (62 dC).

Portanto, o livro cobre um período de 32 anos, da ascensão do Senhor Jesus (cerca de 30 dC) ao aprisionamento de Paulo em Roma.

PROPÓSITOS O estilo e a qualidade literária dos escritos de Lucas (Lucas/Atos) são insuperáveis no NT. Somado a isto, a exatidão histórica de Lucas é surpreendentemente confirmada por descobertas arqueológicas. Ainda que seja uma história seletiva, mais propriamente os atos de Pedro (caps. 1-12) e Paulo (13-28), Lucas sumaria o sucesso do evangelho por onde quer que os cristãos o proclamassem (At 2:41,47; 5:14; 6:7; 9:31; 12:24; 13:49; 16:5; 19:20), através da poderosa atuação do Espírito Santo, a Quem Lucas atribui o crédito.

Atos ainda é um livro de transição. Além de formar um pano de fundo para a compreensão das epístolas, fornecendo-nos o contexto histórico, Lucas

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mostra-nos, em Atos, como o Corpo de Cristo, primariamente judaico, transicionou-se a uma membresia predominantemente gentílica, e como o cristianismo foi se separando do judaísmo, enquanto o seu próprio cumprimento. Enfim, Lucas demonstra que o judaísmo só pode sobreviver como religião autêntica no cristianismo.

Neste processo de transição, o centro das atividades é deslocado de Pedro (caps. 1-12) para Paulo (13-28), e a Igreja de Antioquia da Síria torna-se o quartel general de lançamento do movimento missionário gentílico, de onde Paulo iniciou suas três viagens missionárias.

ESBOÇO

I. O ministério em Jerusalém (1:1-8:4). II. O ministério na Judéia e Samaria (8:5-12:25). III. As viagens missionárias de Paulo (13:1-21:16). IV. Os aprisionamentos de Paulo (21:17-28:31).

COMENTÁRIO

I. O ministério em Jerusalém

1. O Senhor Jesus apareceu aos discípulos por espaço de 40 dias (1:3), tempo ao final do qual instruiu-os a esperarem em Jerusalém pela promessa do Pai quanto ao Espírito Santo (1:8).

2. A escolha de Matias (1:15-26), através do lançamento de sortes, teria sido uma atitude precipitada. Deus, mais tarde, haveria de escolher a Saulo de Tarso.

3. Dez dias depois da ascensão do Senhor, a promessa é

cumprida. Os discípulos são cheios do Espírito (2:4). Isto ocorreu na Festa das Semanas (Pentecostes), 50 dias após a Páscoa. Nesta ocasião Pedro prega o seu sermão, argumentando que os judeus haviam tirado a vida de Jesus, mas Deus O ressuscitara dentre os mortos. “Naquele dia agregaram-se quase três mil almas” (2:41).

4. Após a cura de um coxo (3:1-10), houve oportunidade a um

sermão de Pedro (3:11-26). A doutrina da ressurreição, enfatizada por Pedro, suscitou revolta dentre os saduceus, que prenderam os apóstolos (4:1-3). Pedro tem oportunidade para mais um discurso (4:8-12) e demonstra sua coragem (4:17-20).

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5. A vida comunitária da igreja (4:32-37). “Em Jerusalém se compartilhava das coisas por motivo de devoção a Deus, tratando-se de uma atitude inteiramente espontânea, que jamais teve por intuito tornar-se uma instituição permanente” (Robert H. Gundry). Barnabé é mencionado como um contraste marcante com Ananias e Safira (5:1-10).

6. O segundo aprisionamento é registrado

em 5:17-40, após o qual “retiraram-se... regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus” (5:41).

7. “Sete homens de boa reputação, cheios

do Espírito Santo e de sabedoria” foram levantados para ajudarem os apóstolos (6:1-7). Estevão, um dos sete, é levado ao sinédrio, faz sua defesa e se torna o primeiro mártir cristão (6:8-7:60).

Os Acontecimentos do dia de Pentecostes

A morte e a ressurreição de Cristo e o derramamento do Espírito representam o cumprimento dos tipos de três festas que se seguiam em sucessão uma à outra, a saber: a páscoa (Lv. 23.5), a festa das primícias (Lv 23.10-14); a festa de pentecoste (Lv. 23.15-21). A páscoa era simbólica da morte expiatória de Cristo. Depois da páscoa celebrava-se a festa das primícias, quando as primícias da colheita eram movidas diante do Senhor. Esta cerimônia era simbólica da ressurreição de Cristo como “primícias” dentre os mortos. A partir desta festa, contavam-se cinqüenta dias, e no último celebrava-se a festa de pentecoste (daí o nome “pentecoste” que significa 50)

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CAPÍTULO SEGUNDO

ATOS DOS APÓSTOLOS (PARTE II) II. O ministério na Judéia e Samaria

1. O martírio de Estevão foi o estopim de uma perseguição geral

contra os cristãos por parte dos judeus incrédulos. O que resultou numa dispersão dos cristãos (8:1-4) e em evangelização generalizada, como ilustrada no ministério de Filipe em Samaria, um outro “diácono” pregador, como Estevão (8:5-25), e ao “eunuco, mordomo-mor de Candace” (8:26-40).

2. A conversão de Saulo (nome hebraico) ou Paulo (romano), um dos líderes da perseguição (8:1a), resultou em que “as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia e Samaria tinham paz” (9:31). Deus transformara soberanamente a Saulo, o perseguidor da igreja, e dele faria um dos mais eficazes plantadores de igrejas de todos os tempos (I Co 15:8-10).

3. À conversão de Paulo seguiu-se uma missão de pregação em Damasco (9:19-25) e um tempo na região árabe (Gl 1:16-17), somente depois indo a Jerusalém (Gl 1:18; At 9:26).

4. De At 9:32 a 11:18 temos o ministério de Pedro aos gentios, quando este cresce na compreensão de que Cristo quebrara a barreira existente entre gentios e judeus (Ef 2:13-14).

III. As viagens missionárias de Paulo

1. A primeira viagem de Paulo (48-49 dC), está registrada em At 13:1-14:26. Paulo e Barnabé partiram de Antioquia para Chipre, quando pregaram em Salamina (13:5) e Pafos (13:6-12). Daqui foram a Perge (13:13) e depois a Antioquia da Pisídia (13:14), onde pregaram aos judeus e gentios (13:15-52).

De Antioquia da Psídia foram a Icônio, quando, após falarem “ousadamente acerca do Senhor” e, um conseqüente motim (14:1-5), seguiram a Listra (14:6-19) e Derbe (14:20). Saindo desta cidade retornam a Listra, Icônio e Antioquia, confirmando os discípulos e elegendo anciãos (14:21-23). Indo depois para Panfília, Perge e Atália (14:24-25), de onde retornaram para Antioquia da Síria (14:26-28).

2. Entre os anos 49 e 50 dC realizou-se um Concílio em Jerusalém, com o fim de determinar que os conversos gentílicos não precisavam tornarem-se judeus para serem cristãos (At 15). Neste período Paulo escreveu sua primeira epístola inspirada, a qual foi contada no cânon bíblico, a carta aos Gálatas. A epístola de Tiago (45 dC) foi, provavelmente, o único livro do NT anterior a Gálatas.

3. A segunda viagem missionária de Paulo (entre 51 e 53 dC) está registrada em At 15:40-18:22. Após o Concílio e, retornando a Antioquia, Paulo e Barnabé planejavam outra viagem (At 15:36-

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39). Mas havendo desacordo entre eles quanto à companhia de João Marcos (ver 13:13), resolveram separar-se.

Esta viagem os levou (agora Paulo e Silas) a passarem mais uma vez nas igrejas da Galácia (At 15:40-16:1), Derbe e Listra, onde incluíram Timóteo na equipe (16:1-3).

Em seguida ouvimos do chamado à Macedônia (16:6-10), quando Paulo ministra em Filipos (16:11-40), em Tessalônica (17:1-9) e em Beréia (17:10-14). Enquanto Silas e Timóteo ficam em Beréia (17:14), Paulo vai à região da Acaia (Grécia) e prega em Atenas (17:15-34) e de lá vai a Corinto, onde Paulo passa cerca de um ano e oito meses (18:1-18), e de onde escreve suas duas epístolas à igreja de Tessalônica. Ainda de Corinto, Paulo leva consigo a Priscila e Áquila, os quais deixou em Éfeso, de onde partiu para Cesaréia, Jerusalém e, finalmente, Antioquia (18:18-22).

4. A terceira viagem missionária de Paulo (53-57 dC) está registrada em At 18:23-21:16. Paulo passou quase três anos na cidade asiática de Éfeso (18:23-19:41), de onde diz que “uma porta grande e eficaz se me abriu; e há muitos adversários” (I Co 16:8,9) e de onde escreveu suas cartas aos corintios, ao menos I Co.

Deixando Éfeso, Paulo voltou a visitar as regiões da Macedônia e da Grécia pela segunda vez. Neste período, talvez de Corinto, teria escrito sua carta aos romanos. Paulo se despede dos presbíteros de Éfeso (20:17-38) e parte para Jerusalém, apesar de ter sido advertido a não ir (21:1-16).

IV. Os aprisionamentos de Paulo Paulo é falsamente acusado de conduzir gentios para o templo (21:18). A defesa de Paulo diante do povo e do sinédrio provoca reações violentas (21:37-23:22). Quando o centurião descobre uma conspiração com o fim de assassinar Paulo, envia seu prisioneiro a Félix, governador de Cesaréia (23:23-35). Durante dois anos de prisão em Cesaréia (cerca de 57-59) defendeu a fé cristã diante de Félix (24:1-26), Festo (24:27-25:12) e Agripa (25:13-16:32). Seu apelo a César (25:11,12; 26:32) lhe conduz a uma longa viagem a Roma, onde, vivendo sob guarda policial em prisão domiciliar, escreveu as epístolas aos efésios, colossenses, filipenses e a Filemon (At 27 e 28. Ver At 28:30).

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CAPÍTULO TERCEIRO

PAULO

“É impossível colocar-se demasiada ênfase na vida e obra de Paulo quanto ao seu efeito sobre o cristianismo. Paulo é o autor de cerca da metade do Novo Testamento. Dos vinte e sete livros do Novo Testamento, pelo menos treze foram escritos por este único homem, e quanto aos quatorze livros restantes, Paulo tem grande influência sobre Lucas (que escreveu os dois volumes de Lucas-Atos) e de algum modo está por trás da Epístola aos hebreus” (Broadus David Hale, em “Introdução ao Estudo do Novo Testamento”, pg. 196).

DADOS BIOGRÁFICOS

1. Paulo nasceu em Tarso, cidade da porção suleste da Ásia Menor, universitária, conhecida por sua cultura e pelos filósofos estóicos, nos últimos anos de Herodes ou nos primeiros de Arquelau (cerca de 4 aC), próximo ao nascimento de Cristo.

2. Paulo era cidadão romano por nascimento (At 22:28), título que lhe conferiu privilégios e uma proteção que serviram-lhe muito bem durante seus empreendimentos missionários (ver Apêndice I) – At 1635-39. Era filho de fariseu (At 23:6) e foi criado no judaísmo mais estrito (Fp 3:5,6), sob o famoso rabino Gamaliel (At 5:34; 22:3).

3. Paulo provavelmente se converteu em 33 dC, enquanto se dirigia a Damasco, em sua perseguição aos cristãos, dado o seu zelo religioso (Fp 3:6).

4. Após breve ministério em Damasco (At 9:19-22) passou os próximos três anos na Arábia (Gl 1:17-18), retornou a Damasco e fez sua primeira visita a Jerusalém como cristão em 40 dC (At 9:27).

5. Os próximos anos encontraram Paulo na Síria e na Cilícia, na região de Tarso, sua terra natal (Gl 1:21).

6. Por volta do ano 46 dC foi chamado por Barnabé para ir a Antioquia (At 11:25,26), onde passou cerca de um ano até serem enviados a Jerusalém, levando uma oferta de Antioquia (At 11:27-30). Esta foi sua segunda visita a Jerusalém (cerca de 47 dC) como cristão (Gl 2:1).

7. Empreendeu, a partir de Antioquia, três viagens missionárias. A primeira foi entre 48 e 49 dC (At 13:1-14:26), a segunda entre 50 e 53 (At 15:40-18:22) e a terceira entre 53 e 57 (At 18:23-21:16).

8. Por volta de 57 dC Paulo é aprisionado em Jerusalém (At 21) e enviado a Cesaréia, onde passa dois anos preso (cerca de 57 a 59 dC). Em seguida é levado a Roma, onde permanece dois anos preso (cerca de 60 e 61 dC).

9. Provavelmente entre os anos 62 66, fica em liberdade, tempo em que escreve as cartas pastorais (I e II Tm e Tt).

10. Em 67 dC é preso e executado por Nero.

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O MISSIONÁRIO “Segundo os relatos do Novo Testamento, o plantador de igrejas por excelência foi o Apóstolo Paulo. O seu testemunho em 2 Coríntios 6:1-10 revela algumas características básicas fundamentais ao seu êxito. Ele salienta a maneira como um Apóstolo faz o seu trabalho e o que tem de suportar. (1) O Apóstolo Paulo era um colaborador (um membro da equipe) e, ao mesmo tempo, um servo de Deus. (2) Ele tinha o cuidado de não ofender e desacreditar o ministério. (3) Em face duma grande variedade de experiências adversas e perseguições, ele conseguiu agüentar. (4) Como pessoa guiada e controlada pelo Espírito, o fruto do Espírito estava presente em sua vida (pureza, paciência, bondade, amor)”. (Do Dr. Samuel D. Faircloth, em “Guia para o plantador de igrejas”). Ver Apêndice II sobre “Método de pregação de Paulo” David J. Hesselgrave, em seu livro “Plantar Igrejas”, descreve “os elementos lógicos no plano-mestre de Paulo para a evangelização e o desenvolvimento da igreja”:

1. Missionários Comissionados (At 13:1-4; 15:39,40). 2. Auditório Contatado (At 13:14-16; 14:1; 16:13-15). 3. Evangelho Comunicado (At 13:17ss; 16:31). 4. Ouvintes Convertidos (At 13:48; 16:14,15). 5. Crentes Congregados (At 13:43). 6. Fé Confirmada (At 14:21,22; 15:41). 7. Líderes Consagrados (At 14:23). 8. Crentes Recomendados (At 14:23; 16:40). 9. Relacionamentos Continuados (At 15:36; 18:23); 10. Igrejas Missionárias Convocadas (At 14:26,27; 15:1-4).

A PERSONALIDADE “As epístolas de Paulo são o espelho de sua alma. Revelam seus motivos íntimos, suas mais profundas paixões, suas convicções fundamentais”. Em suas cartas não estava interessado em entretenimento literário, seu alvo era contribuir para a edificação da igreja de Cristo “para que apresentemos todo o homem perfeito em Jesus Cristo” (Cl 1:28). Era homem sincero, reconhecia sua imperfeição (Fp 3:12,13) e sabia não estar fora de perigo de ser ‘desqualificado’ por sucumbir à tentação (I Co 9:27). Sua coragem, humildade, abnegação, integridade e elevados motivos são inquestionáveis (I Ts 2:1-10).

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PANORAMA DAS CARTAS PAULINAS – Numa provável ordem cronológica –

CARTA OCASIÃO PROPÓSITOS LOCAL

Gl

Cerca de 49/50 dC

Escrita após a 1a Viagem Missionária, antes do Concílio de Jerusalém (At 15:1,2).

Paulo a escreveu como resposta aos ataques dos judaizantes que professavam a Jesus, mas queriam impor aos gentios as exigências da lei mosaica.

Antioquia

I Tess

Cerca de 52 dC

Escrita durante a 2a Viagem Missionária, em sua longa estada em Corinto (At 18:11).

(1) Expressar gratidão pela fé e amor deles (1:3); (2) Defender-se contra calúnias (2:1-10); (3) Encorajamento contra a imoralidade (4:3-7); (4) Dissipar a ignorância quanto aos mortos em Cristo (4:13-18; At 18:5; I Ts 1:1; 3:6).

Corinto

II Tess

Cerca de 52 dc

Escrita durante a 2a Viagem Missionária.

Após reconhecer a fé crescente da igreja, passa a corrigir idéias errôneas sobre a 2a Vinda do Senhor e o erro prático originado delas (1:3; 2:1-3; 3:7-12).

Corinto

I Co

Cerca de 55 dC

Escrita durante a 3a Viagem Missionária.

Era uma resposta corretiva aos relatos de problemas e desordens na igreja. Destinava-se a corrigir práticas (1-14) e idéias erradas (15) e encorajar o levantamento de coleta (16).

Éfeso

II Co

Cerca de 55 dC

Escrita durante a 3a Viagem Missionária.

(1) Instruir sobre o homem disciplinado na igreja (2:6-11); (2) Defender seu apostolado (3:1; 4:1-3); (3) Mostrar alegria pelo progresso da igreja (7:9-11); (4) Encorajar a coleta (8-9) e (5) reprimir os ainda insubmissos (10-13).

Macedonia, Filipos, Tessalô-nica ou Beréia (II Co 2:13; 7:5; 8:1,52)

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CARTA OCASIÃO PROPÓSITOS LOCAL

Rm

Cerca de 56 dC

Escrita durante a 3a Viagem Missionária.

Desejou apresentar a doutrina cristã a uma igreja que não foi fundada por um Apóstolo e preparar o caminho para a sua chegada.

Corinto

Ef

Cerca de 61 dC

Durante sua prisão em Roma (At 28).

Não foi escrita para resolver problemas, mas para tornar os crentes cônscios de sua posição em Cristo e exortá-los a viverem conforme esta vocação (4:1).

Roma

Fp

Cerca de 61 dC

Durante sua prisão em Roma (At 28).

Expressa gratidão pela cooperação da igreja (1:5; 4:15-18) e a exorta a um estilo de vida nos moldes da unidade, abnegação e alegria, seguindo o exemplo de Cristo, de Timóteo, de Epafrodito e dele próprio.

Roma

Cl

Cerca de 61 dC

Durante sua prisão em Roma (At 28).

Epafras lhe trouxe notícias de uma heresia que assolava a igreja, desvalorizando a Cristo. Paulo a refuta mostrando um conceito correto sobre a Pessoa de Jesus, Seus atributos e realizações.

Roma

Fl

Cerca de 61 dC

Durante sua prisão em Roma (At 28).

Esta carta é um apelo pessoal de Paulo para que Filemon recebesse a Onésimo, seu escravo fugitivo arrependido, como a um irmão em Cristo. Para alguns é o livro mais sociológico da Bíblia.

Roma

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CAPÍTULO QUARTO

AS PRIMEIRAS CARTAS Em nossa análise das cartas paulinas, vamos deixar ao próximo treinamento aquelas que não encontram-se no contexto histórico de Atos dos Apóstolos, as chamadas epístolas pastorais (I e II tm e Tt).

Nesta análise, seguiremos não a ordem canônica, como se encontram em nossa Bíblia, mas a ordem cronológica, conforme mencionamos no Comentário de Atos e no Panorama das cartas paulinas.

A EPÍSTOLA AOS GÁLATAS Paulo soube, por fonte que não nos é informada, que as igrejas plantadas por ele e Barnabé, na 1a Viagem Missionária, estavam se afastando do evangelho por eles pregado (1:6,7), por influência de “alguns que tinham descido da Judéia” (At 15:1). Sua reação foi rápida e enérgica. É a única carta que não expressa a sua ação de graças costumeira junto com a saudação. Imediatamente, após a saudação, começa a queixar-se com os gálatas e a denunciar os pervertedores do evangelho. “É a carta mais inflamada de Paulo”. Com a entrada dos gentios à fé, surge a tensão com uma igreja até então predominantemente judia. Quais seriam as condições da comunhão entre os conversos judeus e gentios? Precisariam os gentios tornar-se judeus para serem cristãos? Paulo responde dizendo que no Reino não há uma cidadania de segunda classe e que a salvação e a comunhão dependem exclusivamente da graça de Deus (2:21), através de Cristo. Portanto, não pode haver acréscimos à graça e ainda ser aceitável a Deus com isto. Para fortalecer sua posição, os “pervertedores do evangelho” questionavam o apostolado de Paulo, afirmando que não tinha estado com Cristo e, no máximo, possuía uma comissão de segunda mão (1:1,15-17; 2:7-10). ESBOÇO

I. A vindicação Pessoal (caps. 1 e 2). II. A vindicação Doutrinária (caps. 3 e 4). III. A aplicação Prática (caps. 5 e 6).

COMENTÁRIO Gálatas tem sido chamada de “Carta Magna da Liberdade Cristã”. Seu tema é a “Justificação pela fé somente, e a liberdade resultante”.

I. A vindicação Pessoal (caps. 1 e 2). Paulo afirma seu apostolado como divinamente concedido (1:1-5) e seu evangelho como único (1:6-10), que não se originou de fontes humanas, nem dos doze, nem de Pedro, mas da intervenção divina em sua vida (1:11-24). Sua mensagem e ministério foram validados pelos apóstolos (2:1-10) e seu entendimento era mais claro sobre a linha divisória entre a lei e a graça do que o de Pedro e Barnabé (2:11-21).

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II. A vindicação Doutrinária (caps. 3 e 4). Paulo apresenta nesta seção que o cristão é justificado por Deus sem qualquer mérito. Isto é provado:

(1) Pela experiência dos gálatas (3:1-5); (2) Pelo exemplo de Abraão (3:6-9); (3) Pela natureza da lei (3:10-14); (4) Pela supremacia da promessa sobre a lei (3:15-18); (5) Pelo propósito da lei (3:19-4:7) que é revelar o pecado (3:19-23), para

mostrar a necessidade de fé (3:24-29) e conduzir a Cristo (4:1-7); (6) Os gálatas deveriam reconhecer sua inconsistência e retornarem à

liberdade (4:8-20); (7) E pela superioridade da graça sobre a lei (4:21-31).

III. A aplicação Prática (caps. 5 e 6).

Paulo os adverte a guardarem-se do legalismo, não danificando sua liberdade (5:1-12), liberdade esta expressa por uma vida sob o controle do Espírito Santo (5:13-26). Os maduros devem ajudar os mais fracos (6:1-5) e todos sustentarem a pregação da verdade (6:6-10). A carta se encerra com um contraste entre os judaizantes e Paulo (6:11-18).

AS EPÍSTOLAS AOS TESSALONICENSES Paulo teve de deixar Tessalônica (At 17:9,10) e Beréia (At 17:13,14) indo para Atenas sem Silas e Timóteo. Eles deveriam, contudo, ir a Atenas o mais rápido que pudessem (At 17:15), e foi o que fizeram (I Ts 3:1,2), trazendo notícias que preocuparam a Paulo.

Paulo, não podendo ir, enviou Timóteo de volta a Tessalônica (I Ts 2:18; At 17:9) e foi para Corinto, onde encontraria Silas e Timóteo mais tarde (At 18:1,4,5). Após receber o relatório de Timóteo, escreve imediatamente I Tessalonicenses. Após esta carta, Paulo recebe notícias, de fontes não identificadas, acerca da igreja, e escreve II Tessalonicenses.

ESBOÇO DE I TS I. Saudações e ações de graças (cap. 1). II. O ministério de Paulo em Tessalônica e sua preocupação

com a Igreja (caps. 2 e 3). III. Instruções aos Tessalonicenses (caps. 4 e 5).

COMENTÁRIO I. Saudações e ações de graças (cap. 1).

Após a saudação (1:1) segue uma ação de graças pela transformação dos tessalonicenses e sua nova vida caracterizada por fé, amor e esperança (1:2-9).

II. O ministério de Paulo em Tessalônica ... (caps. 2 e 3). Paulo relembra-lhes seu ministério entre eles e defende sua conduta e motivações (2:1-12). Expressa gratidão pela perseverança deles (2:13-16) e

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seu desejo de retornar a eles (2:17-20). Mas expressa seu amor enviando Timóteo (3:1-9) e através de sua oração (3:10-13).

III. Instruções aos Tessalonicenses (caps. 4 e 5). Há uma exortação para alta moralidade e santificação (4:1-8) e um apelo aos ociosos (4:9-12). O Apóstolo conforta-os quanto aos mortos em Cristo (4:13-18), descreve a vinda do dia do Senhor (5:1-11), ensina sobre autoridade (5:12,13), sobre o cuidado mútuo (5:14,15) e faz exortações gerais (5:15-22). A epístola termina com uma petição pela santificação, três solicitações e uma bênção (5:23-28). ESBOÇO DE II TS

I. Saudação, ação de graças, conforto na perseguição e oração (cap 1).

II. O homem da iniqüidade e a vinda do Senhor (cap. 2:1-12). III. Exortações e a bênção (cap. 2:13-3:18).

COMENTÁRIO

I. Saudação, ação de graças, conforto na perseguição e oração (cap 1). Após a saudação (1:1,2) segue uma ação de graças e uma nota de encorajamento (1:3-12).

II. O homem da iniqüidade e a vinda do Senhor (cap. 2:1-12). Esta seção apresenta os sinais necessários que devem preceder o fim. Deve acontecer a grande apostasia (2:3) e a revelação do homem do pecado (2:8,9) quando o elemento refreador for removido (2:6).

III. Exortações e a bênção (cap. 2:13-3:18). Segue-se um encorajamento à fidelidade (2:13-17), uma solicitação de oração em seu favor (3:1-5), e admoestações acerca dos ociosos e devassos (3:6-15). Por fim, há a declaração de como identificar suas cartas (3:17), uma oração pela paz (3:16) e uma bênção (3:18).

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CAPÍTULO QUINTO

AS CARTAS DA TERCEIRA VIAGEM

I e II Corintios I Co 5:9 menciona uma carta anterior a I Coríntios que, dentre outros assuntos, que desconhecemos, escreveu acerca de não se associarem com os imorais. A igreja de Corinto interpretou erroneamente a carta ou deliberadamente lhe atribuiu um sentido falso.

A igreja lhe escreve para diluir dúvidas quanto a esta questão e para fazer perguntas importantes acerca da vida cristã (I Co 5:10; 7:1,25; 8:1; 12:1; 15:1; 16:1,12), carta esta enviada a Paulo por Estéfanas, Fortunato e Acaico (I Co 16:17). Com a vinda destes irmãos e a carta da igreja, juntamente com informações obtidas de pessoas da casa de Cloé (1:11) e talvez de Sóstenes (1:1), Paulo escreveu a Primeira aos Coríntios canônica – da cidade de Éfeso. Após escrever I Corintios, Paulo fez uma viagem a Corinto. Lá foi rejeitado e retornou a Éfeso onde, segundo alguns estudiosos, escreveu a carta “áspera” que II Corintios menciona (II Co 2:3,4,9; 7:12; 12:18). Dela não temos notícia. Indo a Trôade (2:12,13) e depois a Macedônia, ele encontrou Tito com as alegres novas da mudança de atitude em Corinto (7:5-7), de onde escreveu (talvez em Filipos) a segunda aos Coríntios canônica.

Esboço de I Coríntios I. O problema de divisões na Igreja (1:1-4:21). II. O problema da imoralidade (5:1-13). III. O problema do litígio nos tribunais (6:1-11). IV. O problema da impureza (6:12-20). V. Respostas sobre o matrimônio (7:1-40). VI. Resposta sobre a carne sacrificada aos ídolos (8:1-11:1). VII. Resposta às questões do culto (11:2-14:40). VIII. Resposta às questões da ressurreição (15:1-58). IX. Coleta, os planos, exortações e saudações (16:1-24).

COMENTÁRIO

I. O problema de divisões na Igreja (1:1-4:21). Depois da saudação e da ação de graças (1:1-9), Paulo escreve acerca das divisões da igreja, combatendo o partidarismo gerado pelo culto às personalidades de Paulo, Apolo e Pedro (1:12). Argumenta que não foi a sabedoria desses homens que levou os corintios a Cristo (1:21), mas a simples, única e eterna Palavra de Deus revelada pelo Espírito (1:18; 2:2-5,10). Acusa os corintios de que tais contendas é prova de sua imaturidade (3:3,4) e que os líderes que tanto estimavam não passam de servos (3:5-8).

II. O problema da imoralidade (5:1-13).

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Quanto ao caso gritante de incesto, Paulo acusa os corintios por não terem tomado qualquer medida disciplinar e ordena a exclusão do incestuoso (5:1-5).

III. O problema do litígio nos tribunais (6:1-11).

Outro testemunho negativo era a ação de crente contra crente nos tribunais civis. É melhor sofrer dano que causar escândalo (6:7).

IV. O problema da impureza (6:12-20).

Paulo adverte contra a imoralidade em geral, fazendo-os lembrar o exercício da santidade através do corpo, que é “membro de Cristo” (6:15) e “templo do Espírito Santo” (6:19).

V. Respostas sobre o matrimônio (7:1-40). Segundo Broadus David Hale, o Apóstolo está lidando com a seguinte pergunta: “É certo um cristão (especialmente um homem) não se casar?”. Paulo responde que sim (7:1). Mas isto deve ser determinado buscando a vontade de Deus para cada caso (7:7).

Em se tratando de casamentos mistos, o peso de dissolver a união recai no não-crente (7:8-24). Um cristão não pode casar-se com um não-cristão! No mais, a vontade de Deus deve ser buscada em cada caso (7:25-40).

VI. Resposta sobre a carne sacrificada aos ídolos (8:1-11:1). Normalmente qualquer pessoa que tinha um animal a ser vendido, primeiro o levaria a um dos templos pagãos e o ofereceria como um sacrifício aos ídolos. Os trabalhadores do templo ficavam com uma parte e o ofertante com outra, e ambos vendiam o excedente no mercado. A questão era: seria lícito um cristão comer desta carne? Paulo estabelece o princípio da liberdade cristã, mas adverte que a liberdade era limitada pelo amor ao irmão mais fraco (8:9-13). Paulo coloca-se como exemplo de alguém que possui direitos, mas é capaz de abdica-los por amor (9:1-27). Para ele, um tipo de conhecimento sem amor nada é (8:1-3).

Um cristão, continua o Apóstolo, não deve tomar parte em atividades aos deuses pagãos. Na sua casa a pessoa pode comer a carne dos mercados (10:25,26). Mas tal liberdade deve ser limitada pelo princípio do amor (10:28-14:1).

VII. Resposta às questões do culto (11:2-14:40). Sobre o papel da mulher na adoração pública (11:2-16), há necessidade de entendermos o contexto histórico de Corinto. Por causa da adoração licenciosa no templo de Afrodite e suas “prostitutas sagradas” qualquer ajuntamento religioso no qual as mulheres participassem com mais evidência era suspeito. O cabelo curto era indicativo que a mulher era uma adoradora naquele templo. O princípio é que não deveria haver qualquer semelhança entre a piedade cristã e a adoração pagã para aqueles que visitassem a reunião pública da igreja.

Outro problema no culto público dizia respeito à Ceia do Senhor (11:17-34). Era costume na igreja primitiva ter um jantar (festa do amor) seguido pela Ceia do Senhor. Durante o jantar os ricos comiam fartamente e os pobres, que nada tinham levado, ficavam de lado. Na hora da Ceia estes eram

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convocados a participar. Paulo escreve para dizer que tudo isso é incompatível com o significado da Ceia. Se não houver comida para todos, dispensa-se a “Festa do Amor” e somente a Ceia é celebrada (11:34). Com relação aos dons espirituais (caps. 12-14), o problema não era exatamente os dons, mas membros que se achavam “espirituais” (12:1) e queriam publicar tal espiritualidade. Para Paulo, a espiritualidade era a capacidade de servir amorosamente ao corpo, por isso põe o dom mais ostentado (falar em línguas) como o menos proveitoso para a adoração pública (14:19,23).

VIII. Resposta às questões da ressurreição (15:1-58). A idéia de um corpo ressurreto é alvo de desdém no pensamento grego, que insistia na natureza inerentemente má da matéria. Em sua defesa histórica e teológica da ressurreição, Paulo ensina sobre a natureza do corpo ressurreto.

IX. Coleta, os planos, exortações e saudações (16:1-24).

Paulo faz menção da oferta a ser coletada em favor dos cristãos pobres em Jerusalém (16:1-4), fala sobre seus planos pessoais (16:5-9) e indica o envio de Timóteo após esta carta (16:10-13). Seguem saudações pessoais, uma advertência final e uma bênção.

Esboço de II Corintios

I. Introdução e uma discussão dos fatos recentes (1:1-2:13).

II. Paulo defende seu ministério (2:14-7:3).

III. Restauração da confiança entre Paulo e a igreja (7:4-16).

IV. A coleta para a igreja em Jerusalém (8:1-9:15).

V. Defende seu apostolado ante a oposição restante (10:1-13:13).

COMENTÁRIO

I. Uma discussão dos fatos recentes (1:1-2:13). Depois da saudação (1:1,2) segue a ação de graças pelo bem-estar da igreja (1:3-7) e pelo seu livramento de morte (1:8-11). Paulo defende sua transparência (1:12-14) e explica as mudanças nos planos de viagem (1:15-2:4). Quanto ao ofensor, Paulo pede que ele seja perdoado pela igreja (2:5-11).

II. Paulo defende seu ministério (2:14-7:3). Neste ponto Paulo inicia uma extensa defesa do seu ministério.

(1) é um ministério de triunfo (2:14-17); (2) é superior ao velho concerto, pois é escrito no coração e não em

pedra (3:1-6); (3) é um ministério perseverante (4:1-6); (4) é um ministério de responsabilidades e sofrimentos (4:7-5:10); (5) é um ministério de reconciliação (5:11-21);

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(6) é um ministério aprovado (6:1-10); (7) é um ministério de forte apelo (6:11-7:3).

III. Restauração da confiança entre Paulo e a igreja (7:4-16).

A chegada de Tito à Macedônia trouxe alegria ao coração de Paulo, por causa das notícias de arrependimento da igreja quanto a sua atitude para com ele.

IV. A coleta para a igreja em Jerusalém (8:1-9:15).

Paulo argumenta a partir do exemplo dos macedônios (8:1-5) e de Cristo que realizou o supremo sacrifício (8:9), e fala sobre o grande valor da dádiva sacrificial (9:6-15).

V. Defende seu apostolado ante a oposição restante (10:1-13:13). Paulo se volta à minoria desobediente e defende sua autoridade e credenciais apostólicas, vendo-se forçado a valer-se de seu conhecimento, integridade, realizações, sofrimentos, visões e milagres. Ele revela seus planos, exorta ao arrependimento, faz exortações finais, saudações e a bênção.

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CAPÍTULO QUINTO

AS CARTAS DA TERCEIRA VIAGEM (PARTE II)

Romanos Paulo planejara ir a Jerusalém levando a coleta das igrejas gentílicas e depois ir a Roma (At 19:21).

Tendo saído de Éfeso, viajou a Corinto, onde passou três meses (At 20:1-3), de onde escreveu ‘Romanos’.

A visita a Roma seria apenas de familiarização. Ele queria, de lá, ir à Espanha (Rm 15:24) e quem sabe contar com os romanos neste inédito empreendimento missionário. Não resta dúvida que esta é a melhor organizada e mais bem pensada de todas as cartas de Paulo. A carta foi ditada a Tércio (16:22) e Febe a levaria (16:1-2).

Paulo jamais tinha visitado Roma (1:13; 15:19-25), o que torna óbvio o fato de que ele não fundou esta igreja. Sabe-se igualmente que ela não foi fundada por Pedro ou por qualquer dos demais apóstolos. A formação desta igreja se dá em Atos 2:10 ou Atos 8:1-4. Portanto, com esta carta, Paulo estava apresentando-se aos romanos. Ele não queria ir até eles como um estranho (15:23,32). Por outro lado, sistematiza seu evangelho a uma igreja que não fora fundada por um Apóstolo, talvez cogitando a possibilidade de nem chegar lá (15:30,31; At 21:13). Mas o que dizem alguns leitores da carta aos Romanos?

“Romanos é a porta aberta para a compreensão e a penetração até o mais oculto tesouro das Escrituras” (Calvino).

“Leio Romanos todas as semanas” (Crisóstomo).

“Romanos é o pão de todo dia” (Lutero).

“Romanos é a arma para combater o pelagianismo” (Agostinho).

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ESBOÇO

I. Introdução (1:1-17).

II. O pecado da humanidade (1:18-3:20).

III. A doutrina da justificação (3:21-5:21).

IV. A doutrina da santificação (6:1-8:39).

V. A questão dos judeus (9:1-11:36).

VI. A prática da vida cristã (12:1-15:13).

VII. Propósitos e apelo para oração (15:14-33).

VIII. Saudações finais e conclusão (16:1-27).

COMENTÁRIO

I. Introdução (1:1-17).

A introdução apresenta a conhecida saudação paulina (1:1-7), uma afirmação do seu desejo de ministrar em Roma (1:8-15) e o tema do livro (1:16-17), a saber, “A justiça de Deus”.

Justiça é um ato de Deus por nós, que é legal e não moral. “É um estado de justiça que Deus requer de nós se quisermos comparecer diante dele, que ele nos propicia através do sacrifício expiatório na cruz...” (John Stott).

II. O pecado da humanidade (1:18-3:20).

Paulo desenvolve seu argumento insistindo na necessidade universal da justiça de Deus, bem como na incapacidade da raça em adquirí-la. Os homens estão sem esperança, entrelaçados pelo pecado do qual não podem nem querem sair. A “ira de Deus” é expressa tanto contra o gentio (1:18-32) quanto contra os judeus (2:1-3:8), de forma que “...já dantes demonstramos que tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado” (3:9b). Esta é a conclusão de Paulo: A universalidade da depravação humana.

A teologia veio a chamar esta doutrina de “Depravação Total”. Isso não significa que a expressão da natureza pecaminosa seja sempre evidenciada em seu máximo, ou que os descrentes sejam tão maus quanto poderiam ser, ou que não sejam capazes de atos de bondade ou de apreciarem e decência e a honestidade.

Antes, significa que nenhuma dessas coisas tem qualquer mérito para Deus (Is 64:6).

Significa que o mal contaminou cada aspecto da humanidade:

(1) A personalidade (3:10-12). Os homens são universalmente maus (“não há um justo”), espiritualmente ignorantes (“não há quem entenda”), rebeldes (“não há quem busque a Deus”), desobedientes (“todos se extraviaram”), espiritualmente inúteis (“juntamente se fizeram inúteis”) e moralmente corruptos.

(2) A conversação (3:13,14). (3) A conduta (3:15-17).

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Significa, enfim, que o pecado é um mal universal. À expressão “Não há um justo” do Salmo 14:1 Paulo acrescenta “nem um sequer” para não permitir que alguém escape a essa regra (I Rs 8:46; Ec 7:20).

III. A doutrina da justificação (3:21-5:21). Nesta seção Paulo fala sobre a intervenção de Deus em ajudar o pecador com uma “justiça” que não é “alcançada” mas enviada (3:21). Deus é capaz de declarar o pecador justo e, ao mesmo tempo, ser justo (3:26), visto que este pronunciamento baseia-se na morte de Cristo. Três palavras são importantes aqui:

• Justificação (3:24). Um termo judicial que indica que pecadores culpados ante o tribunal de Deus foram declarados justos por Este Deus Santo.

• Redenção (3:24). Esta palavra era usada no mundo antigo para descrever a libertação de escravos e prisioneiros. Cristo pagou o preço do resgate, comprando os crentes da escravidão do pecado e isentando-os de sua penalidade.

• Propiciação (3:25). O sangue de Cristo satisfez as exigências do Deus justo.

Logo, desde que apareceu a “justiça de Deus”, não há mais lugar para a jactância (3:27,28). O capítulo 4 ilustra a justificação pela fé à parte das obras da lei na vida de Abraão. Se nem mesmo Abraão, conhecido pela sua excelência moral, foi justificado pelas obras, quem poderia sê-lo? Segue-se que, se foi justificado pela fé, não pode haver nenhum outro caminho de salvação para ninguém.

“Justificar, do ponto de vista divino, é o ato de declarar o réu justo, sem a presença de méritos ou favor (...) É um ato da livre graça de Deus, pela qual Ele nos perdoa os pecados e nos aceita como justos à sua vista, unicamente por causa da justiça de Cristo a nós imputada” (Josué Alves de Oliveira).

Da justificação resultam novas coisas (5:1-11):

Primeiro, uma nova relação com Deus demonstrada em três palavras:

(1) Paz, prova de nossa aceitação;

(2) Acesso, prova de nossa comunhão (ver Ef 2:18; 3:12) e

(3) esperança, a prova do porvir.

Segundo, um novo entendimento (5:3-5).

Terceiro, uma nova segurança diante do juízo de Deus (5:6-11).

Em 5:12-21 Paulo apresenta a nova humanidade. Enquanto o pecado do primeiro Adão foi imputado aos que ele representou – toda a raça humana – a obediência de Cristo foi imputada a todos os que Ele representou – a raça redimida.

IV. A doutrina da santificação (6:1-8:39).

Paulo combate o “antinomismo”, mostrando que a graça de Deus não libera o cristão para pecar mais (6:1,2). Ao contrário, em sua posição o crente está morto para o pecado (6:1-14) e para a sua prática. Que ele, pois , considere-

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se assim e apresente-se a Deus para servir “à justiça para santificação” (6:19b).

Mas o crente não está apenas livre do pecado (cap 6), está igualmente emancipado da lei (7:1-13), embora trave lutas intensas interiores (7:14-25) como resistência obstinada ao pecado.

Em Romanos 8 temos o ápice da santificação. É o capítulo Paulino que mais faz referência ao Espírito, cerca de 19 vezes. Aqui encontramos o mais completo quadro de uma vida no espírito:

(1) Libertação (8:1-11); (2) Adoção (8:12-17); (3) Esperança do crente (8:18-25); (4) Intercessão (8:26,27); (5) Cuidado de Deus (8:28-30); (6) Segurança do crente (8:31-39).

PARALELO ENTRE:

JUSTIFICAÇÃO SANTIFICAÇÃO

Um ato Um processoOcorre uma só vez. É completa e perfeita.

Começa quando nascemos em Cristo. É incompleta e prossegue até ao término de nossa vida aqui.

Ocorre fora de nós. Ocorre dentro de nós.Em metáfora: um ato de um juiz. Em metáfora: o trabalho de um

cirurgião. Algo declarado acerca de nós. Algo feito em nós.

VI. A questão dos judeus (9:1-11:36).

“Longe de ser uma digressão, na verdade os capítulos 9 a 11 de Romanos são uma parte integrante do desenrolar do argumento do Apóstolo e constituem ‘uma parte essencial da Epístola’” (John Stott, citando esta última expressão de Nygren). Nestes capítulos, Paulo vai lidar com uma pergunta crucial, que qualquer um que ouvira seu evangelho poderia fazer: “Como é que os judeus não receberam o Messias que lhes foi prometido em suas próprias Escrituras?”. Mais ainda: “Como é possível conciliar essa atitude de rejeição de Israel com a Aliança de Deus e Suas promessas?”. Cada capítulo trata de um aspecto diferente da relação de Deus com Israel, no passado, no presente e no futuro:

(1) A preocupação e o lamento de Paulo (9:1-5);

(2) A soberania de Deus (9:6-29);

(3) A responsabilidade de Israel (9:30-10:21);

(4) O futuro de Israel (11:1-32) e

(5) A doxologia (11:33-36).

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VII. A prática da vida cristã (12:1-15:13).

Tendo completado sua doutrina da justificação pela fé, Paulo prossegue mostrando as implicações da justiça de Deus no viver diário. A salvação descrita nos primeiros onze capítulos transformará a vida de um cristão em relação a Deus (12:1-2), à Igreja (12:3-16), à sociedade (12:17-21), às autoridades (13:1-7), ao próximo (13:8-10), ao procedimento geral (13:11-14).

Nos capítulos 14:1 a 15:13, Paulo discute o conceito da liberdade cristã, talvez a mesma questão dos capítulos 8 a 10 de I Coríntios. Paulo estabelece três princípios para resolver a questão:

(1) O direito de julgar pertence a Deus (14:1-12);

(2) O amor requer auto-limitação em benefício dos outros (14:13-23) e

(3) Devemos seguir o exemplo da paciência de Cristo (15:1-13).

VIII. Propósitos e apelo para oração (15:14-33).

Paulo relata seus planos de ir a Jerusalém deixar a coleta aos cristãos pobres, e seguir rumo à Espanha passando por Roma para desfrutar do companheirismo dos romanos. Paulo pede oração a seu favor.

IX. Saudações finais e conclusão (16:1-27).

Febe deve levar “Romanos” à Igreja (16:1). Paulo envia saudações a vários membros da comunidade cristã em Roma (16:2-23). Uma bênção (16:24) e uma doxologia (16:25-27) concluem a carta.

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CAPÍTULO SÉTIMO

AS CARTAS DA PRISÃO

INTRODUÇÃO Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemon estão incluídas num grupo de cartas de Paulo conhecidas como Epístolas da Prisão. Em cada uma destas quatro cartas é feita referência a estar em cadeias (Ef 3:1; 4:1; 6:20; Fp 1:7,13,14,17; Cl 4:18; Fm 1,9). As evidências internas de pelo menos três delas (Ef, Cl, Fm) demonstram pertencerem ao mesmo período de escrita. Tíquico é o portador de Efésios e Colossenses (Ef 6:21; Cl 4:7). Onésimo é um companheiro de viagem de Tíquico (Cl 4:9) e escravo fugitivo de Filemon (Fm 10ss).

O livro de Atos registra quatro aprisionamentos de Paulo: Filipos (16:23); Jerusalém (22:33ss); Cesaréia (25:4) e Roma (28:16ss). A questão é: Em qual das prisões Paulo escreveu estas epístolas? Filipos e Jerusalém são logo excluídas porque Paulo esteve em cada uma delas em um espaço de tempo muito curto. A posição tradicional, que é mantida pela maioria dos estudiosos, é que Paulo estava preso em Roma, confinado em casa alugada (At 28:16,30,31), por dois anos. A referência em Fp 4:22 à “casa de César” é mais lógico que seja entendida como indicando aqueles que estavam em torno de Nero em seu palácio em Roma. “Graças a Deus pelo cativeiro! Porque sem ele Paulo talvez não tivesse tempo para escrever estas cartas. Graças a Deus, também, pelo cativeiro de Ezequiel, pelo exílio de João em Patmos e pela prisão de John Bunyan, autor do clássico cristão ‘O Peregrino’!” (John D. Barnett). E porque não dizer “Graças a Deus” pela prisão de Onésimo? Foi lá que ele conheceu Paulo, que “graças a Deus” estava preso e Cristo o salvou.

EFÉSIOS Os estudiosos, em geral, concluem que Efésios foi escrita como uma carta circular, para ser usada nas igrejas da província romana da Ásia. É tida como a mais impessoal das cartas paulinas. Tíquico, que levaria “Colossenses” e “Filemon”, leria esta carta nas igrejas e saberia do estado delas para informar a Paulo (Ef 6:21,22).

ESBOÇO I. A posição do cristão (1:1-3:21). II. A prática do cristão (4:1-6:24).

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COMENTÁRIO

I. A posição do cristão (1:1-3:21). Após a saudação (1:1,2), Paulo explode em louvor pelas bênçãos da salvação eterna (1:3-14), pela eleição e predestinação do Pai (3-6), pela redenção do Filho (7-12) e pelo selo do Espírito (13,14). A obra salvífica de cada pessoa divina é “para louvor da glória de sua graça” (1:6,12,14). John Stott nos sugere quatro verdades importantes:

1. A doutrina da eleição é uma revelação divina e não uma especulação humana – Rm 8:28; 11:36; I Ts 1:2-10; Jo 6:44,65; At 13:48; I Pe 1:1-2.

2. A doutrina da eleição é um incentivo à santidade e não uma desculpa para o pecado (1:4). Longe de estimular o pecado, a doutrina da eleição o proíbe. Em última análise, a única evidência da eleição é uma vida santa.

3. A doutrina da eleição é um estímulo à humildade, não um motivo para o orgulho. Deus não escolheu Israel por ele ser um povo mais importante que os outros, mas porque o amava (Dt 7:7,8). A eleição aconteceu antes da fundação do mundo, portanto, antes de podermos alegar qualquer mérito. A eleição de Deus é livre, abate e aniquila todo o merecimento.

4. A doutrina da eleição tem como resultado a adoção (1:5). Mas filiação também subentende responsabilidade, uma vez que estamos sob a disciplina do Pai (Hb 12:10).

Antes de prosseguir, Paulo ora pedindo a Deus que lhes ilumine “os olhos do vosso entendimento; para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas... da sua herança...” (1:18), “e qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós...” (1:19). “Vocação se refere ao passado; a herança, ao futuro; e o poder, ao presente, que anuncia os recursos sem limites à disposição do povo de Deus” (C. Vaughan).

Paulo, em seguida, descreve o poder da graça de Deus, contrastando o seu passado com o seu presente em Cristo (2:1-10), em quem não há separação entre judeu e gentio (2:11-22). A verdade de que os gentios se tornaram “co-herdeiros do mesmo corpo” (3:6) fora um mistério agora revelado (3:1-13). A segunda oração de Paulo revela seu desejo de que os leitores sejam fortalecidos com o poder do Espírito e aprendam o amor de Cristo (3:14-21).

III. A prática do cristão (4:1-6:24). O versículo central na carta é 4:1, onde o tema inteiro, de 1:3-3:21, é reunido em uma oração: “Rogo-vos... que andeis como é digno da vocação...”. A palavra-chave nestes últimos três capítulos é “andar”: em Espírito (4:1-16), na nova vida e não na velha (4:17-32), em amor (5:1,2), como filhos da luz (5:3-14), com sabedoria (5:15-17). O enchimento do Espírito (5:18-20) deve influenciar todos os relacionamentos do cristão (5:21): no casamento (5:22-33); na família (6:1-4); no trabalho (6:5-9). A descrição vívida da guerra espiritual e da armadura de Deus (6:10-20) é seguida de uma palavra acerca de Tíquico e de uma bênção (6:21-24).

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FILIPENSES A carta é muito pessoal. Paulo quer que a igreja saiba de sua situação e a de Epafrodito. O amor da igreja para com Paulo e seu amor para com ela é uma nota para regozijo. Nesta carta, que Epafrodito levaria aos filipenses (2:28), Paulo expressa sua gratidão pelas ofertas e sua preocupação com possíveis problemas na igreja.

ESBOÇO

I. Introdução e oração (1:1-11).

II. Relatório sobre a condição de Paulo (1:12-26).

III. Apelo a unidade (1:27-2:18).

IV. Exemplos de Timóteo e Epafrodito (2:19-30).

V. Advertência acerca de falsa doutrina (3:1-21).

VI. Exortações finais, gratidão e saudações (4:1-23).

COMENTÁRIO

I. Introdução e oração (1:1-11).

A saudação costumeira de Paulo (1:1,2) é seguida de seu agradecimento, demonstração de afeto e oração por eles (1:3-11).

II. Relatório sobre a condição de Paulo (1:12-26).

Segue-se um relato acerca de sua situação na prisão, no qual ele vê seu encarceramento como um meio para a propagação do evangelho (1:12-17), o que contribui para a alegria do Apóstolo (1:18). Paulo acredita que será solto da prisão (1:25), mas mesmo quando considera as possibilidades de viver ou morrer (1:20), diz que o melhor é “partir, e estar com Cristo” (1:23), ainda que julgasse necessário “ficar na carne” (1:24).

III. Apelo a unidade (1:27-2:18).

Seguem-se três exortações. Paulo encoraja-os a “portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo” e, juntos, enfrentarem as perseguições (1:27-30). Em seguida, os exorta a uma atitude abnegada (2:1-4), seguindo o exemplo de nosso Senhor (2:5-11). A “Kenosis” ou “Esvaziamento” de Cristo significa que renunciou a Sua glória pré-encarnada (Jo 17:5) mas que voluntariamente restringiu-Se na encarnação. Os filipenses são exortados a seguirem esse exemplo.

IV. Exemplos de Timóteo e Epafrodito (2:19-30).

Nos planos de Paulo quanto a Timóteo (2:19-24) e Epafrodito (2:25-30), ele os cita como exemplos de uma vida abnegada. Abnegação, seguindo o exemplo do próprio Paulo (1:21-24), de Cristo (2:5-11) e agora de Timóteo e Epafrodito, era a base sobre a qual a unidade da igreja deveria ser erigida.

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V. Advertência acerca de falsa doutrina (3:1-21).

Paulo lida com o contínuo problema dos judaizantes legalistas, que “confiavam na carne”, na obtenção da justiça. Ele refuta este ensino revelando detalhes auto-biográficos acerca de seu antigo judaísmo (3:1-11).

É igualmente possível que esteja lidando com um tipo de perfeccionismo (3:12-16) e, em seguida, refuta o extremo do “antinomismo” (3:17-21).

VI. Exortações finais, gratidão e saudações (4:1-23). Há uma exortação à unidade (4:1-3) e à alegria que é produto da convivência respeitosa, da paz de Deus e da santidade (4:4-9). Paulo, explicando o motivo de sua própria alegria, diz não ser por causa das ofertas recebidas, mas porque elas expressam o cuidado da igreja por ele (4:10) e, através delas, o enriquecimento da própria igreja (4:17; ver 4:10-20). A carta encerra com saudações e bênção (4:21-23).

COLOSSENSES Provavelmente foi Epafras que trouxe notícias da igreja colossense. Dentre elas, um nocivo ensino que requeria medidas enérgicas ou um grande colapso se instalaria. Tíquico seria o mensageiro de Paulo porque estivesse retornando à região ou simplesmente a serviço a missão (Cl 4:7,8). O erro refutado por Paulo passou a ser chamado de “Heresia colossense”, que era um tipo de movimento sincretista que unia elementos judaicos (2:16,21) e filosofias pagãs (2:8,18). O erro estava destronando Cristo, questionando Sua suficiência, impondo um ascetismo inútil aos cristãos ou levando-os ao “antinomismo” (2:23).

Paulo combate o erro descrevendo a sua alta cristologia (1:15-20; 2:9-15), sendo enfático acerca da realidade de Cristo e Sua encarnação para o propósito redentor (1:21; 2:14), além de denunciar as práticas como falsa devoção (2:23) e chamar os crentes a que permaneçam firmes (1:23).

ESBOÇO I. Introdução (Cl 1:1-14). II. A preeminência de Cristo (Cl 1:15-2:3). III. A liberdade em Cristo (2:4-23). IV. A submissão a Cristo (3:1-4:6). V. Conclusão (4:7-18).

COMENTÁRIO I. Introdução (Cl 1:1-14).

Depois da saudação (1:1,2) há uma extensa ação de graças (1:3-8) e uma oração em favor dos colossenses (1:9-14) na qual Paulo faz menção do problema que desenvolverá.

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II. A preeminência de Cristo (Cl 1:15-2:3). Já começando a tratar da preeminência de Cristo, isto é colocado em relação ao universo (1:15-18), na redenção (1:19-23), no ministério de Paulo (1:24-29) e na igreja (2:1-3).

III. A liberdade em Cristo (2:4-23). As implicações da supremacia de Cristo, já descrita, se dão no fato de Sua suficiência para os crentes, devendo estes rejeitar a sedução de “palavras persuasivas” (2:4-7), “filosofias e vãs sutilezas” (2:8-10), os rituais legalistas (2:11-17), o misticismo (2:18,19) e o inútil ascetismo (2:20-23).

IV. A submissão a Cristo (3:1-4:6). Não necessitando mais das nulidades que descreveu, Paulo reafirma a posição do crente em Cristo como o suficiente fundamento para a vida cristã (3:1-4). O cristão, portanto, deve despir-se dos hábitos da velha vida (3:5-11) e vestir-se com a nova vida em Cristo (3:12-17) de tal modo que isto se manifeste em relacionamentos corretos (3:18-4:1). Segue uma exortação à oração e uma advertência ao cuidado na lida com os não-crentes (Cl 4:2-6).

V. Conclusão (4:7-18). Tíquico e Onésimo explicariam melhor o estado de Paulo (4:7-9). Em seguida há saudações, instruções e uma bênção (4:10-18).

FILEMON Filemon, um amigo de Paulo que vivia em colossos, era proprietário de um escravo fugitivo, Onésimo. Este havia subtraído o seu senhor de alguma forma e escapado para Roma. Lá esteve em contato com Paulo e se converteu (v. 10) e transformou-se em um irmão útil a Paulo (v. 11). Ao enviar Onésimo de volta ao seu proprietário, embora fosse difícil de fazê-lo (v. 12), Paulo pede a Filemon que o receba, não como um escravo, mas “como irmão amado” (v. 16) e assume os prejuízos que Onésimo lhe deu (v. 18,19), dizendo: “põe isso à minha conta... eu o pagarei”. Onésimo viajaria a Colosssos na companhia de Tíquico (Cl 4:7-9). ESBOÇO

I. Saudação e ação de graças (1-7). II. Petição de Paulo por Onésimo (8-16). III. Um reforço ao pedido (17-21). IV. Planos, saudações e bênção (22-25).

COMENTÁRIO

I. Saudação e ação de graças (1-7). Nesta única carta totalmente privada de Paulo que temos, ele a dedica pessoalmente a Filemon (um líder cristão), a Ápia e a Arquipo (talvez a esposa e filho de Filemon).

II. Petição de Paulo por Onésimo (8-16).

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Paulo não ordena, mas pede a Filemon que receba Onésimo como “irmão amado”, perdoando-lhe a dívida e não o punindo, apelando para sua responsabilidade cristã.

III. Um reforço ao pedido (17-21). Paulo deseja que Filemon receba Onésimo como a ele (v. 17) e que ponha a dívida deste em sua conta (vv. 18,19). Expressa como isso lhe trará alegria (v. 20), certo da obediência de Filemon (v. 21).

IV. Planos, saudações e bênção (22-25). Paulo termina esta carta, uma demonstração vívida de sua habilidade, expressando suas expectativas, saudando seus companheiros e dando uma bênção.

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APÊNDICE I

Cidadania Romana Nos tempos do Novo Testamento, Roma governava o mundo mediterrânico. Seu domínio estendia-se para o norte até às fronteiras da bárbara Gália (França) e Germânia, e circundava o mar Mediterrâneo. O Egito estava sob seu controle, bem como as cidades do Norte da África.

Não obstante, aonde quer que os romanos fossem, construíam boas estradas e obras públicas, levavam oficiais do governo, soldados e às vezes colônias inteiras de cidadãos romanos. A despeito de se falar da brutalidade romana, Roma não era um conquistador vingativo. Seu objetivo era transformar os novos súditos em bons romanos, de sorte que o Império Romano fosse verdadeiramente romano. Isto era um perfeito desafio, porque os povos conquistados ardiam de ódio a Roma.

O Senado Romano decidia permitir que certa região tivesse governo próprio segundo recomendasse a prudência. Na Judéia, isto significava que o rei nativo (Herodes o Grande) tinha permissão para governar os judeus. Com a morte de Herodes, o reino se dividiu entre seus três filhos restantes: Filipe, Arquelau e Herodes Antipas. Os nacionalistas judeus não aceitaram esta situação, e finalmente apelaram para César Augusto no sentido de abolir a monarquia na Judéia, o que ele fez no ano 6 d.C. Embora a Palestina ainda estivesse abarrotada de soldados romanos e de coletores de impostos, os judeus tinham permissão para decidir suas próprias desavenças internas.

Roma também consolidou o império concedendo cidadania a certos não-romanos. “Nunca antes ou desde esse tempo”, diz o historiador Will Durant, “a cidadania romana, embora noutras circunstâncias fosse uma pessoa sem importância, tinha vínculos com a elite governante. Sob as leis tolerantes de Roma, um indivíduo podia manter dupla cidadania. Foi assim que o Apóstolo Paulo pôde gozar direitos cívicos tanto de Tarso como de Roma.

Os benefícios da cidadania romana eram evidentes: tinha valor não só pelo direito de voto, mas também pela proteção concedida. Um cidadão romano não podia ser amarrado ou aprisionado sem julgamento. Não podia ser açoitado – forma comum de extrair confissão dos prisioneiros. Se ele percebia que não estava recebendo justiça do governo local, podia apelar para Roma.

Não admira que as autoridades romanas em Filipos tremessem quando souberam que Paulo e Silas não eram apenas uma dupla de judeus amotinadores! Esses homens insistiram ser cidadãos romanos, fato que podia ser confirmado mediante uma simples verificação dos róis de recenseamento. O imperador Cláudio executava homens que falsamente reivindicavam a cidadania romana, por isso não era uma afirmação feita levianamente. Não, os filipenses, sem que o soubessem, haviam amarrado, surrado, e aprisionado cidadãos romanos. Mas Paulo e Silas estavam dispostos a solucionar o problema mediante um pedido de desculpas. Uma vez que os magistrados o haviam publicamente lançado na prisão, Paulo propunha que agora publicamente viessem liberta-lo. Com prazer os magistrados aquiesceram – e rogaram aos missionários que deixassem a cidade (Atos 16:12-40).

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Mais tarde, em Jerusalém, Paulo serviu-se de novo de suas “ligações romanas”. Ele foi, como medida preventiva, mantido sob custódia quando os uivos de seus inimigos judeus atraíram a milícia romana. Quando Paulo desconfiou que estava prestes a ser açoitado – provavelmente por perturbar a paz – mencionou sua cidadania romana. Não só isto o salvou de uma surra, mas garantiu-lhe passagem segura para fora de Jerusalém.

O livro de Atos conclui afirmando que Paulo morou dois anos em Roma sob prisão domiciliar. Era-lhe permitido pregar e fazer convertidos. Diz-se que o imperador Nero crucificou a Pedro, como era de costume executar os criminosos comuns, mas Paulo foi decaptado. Esta era considerada uma morte mais honrosa e misericordiosa – a prerrogativa final do direito que tinha Paulo por haver nascido romano.

Extraído de: “O mundo do Novo Testamento”; Vida. J.I.Packer; Merril C.Tenney; William White Jr. pág. 70.

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APÊNDICE II Método de Pregação de Paulo

Paulo foi um pregador persuasivo. Os estudo de sua meninice aos pés de Gamaliel haviam fortalecido sua ortodoxia hebraica. Redirecionado por Jesus Cristo, Paulo exortava seus ouvintes a crer e ser salvos.

Paulo apontava para sua própria vida e obra como prova de sua mensagem (2 Coríntios 12:12). Ele anunciava boas novas experimentadas pessoalmente (Filipenses 3:12). Escreveu: “Para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Filipenses 1:21).

Os auditórios achavam Paulo franco, corajosamente zeloso, equilibrado e simpático. Paulo trazia à lembrança de seus ouvintes judeus sua história, sua língua, seus costumes (Atos 13:14-43; 22:2; 23:6-9). Entre os gentios, ele apelava para a curiosidade grega a respeito de novos ensinos (Atos 16:37; 17:22 e seguintes). Ele atraía a atenção dos ouvintes com palavras, gestos, ações dramáticas, e advertências (Atos 13:16,40; 14:14-15).

O único objetivo de Paulo era ganhar almas para Cristo. Suas exortações e advertências eram caluniosas e emocionais (1 Coríntios 15:58). Também usava argumentos convincentes, resumos bem desenvolvidos (1 Coríntios 10:31-33), e aplicações pessoais (Filipenses 3:17; 1 Coríntios 11:1).

A pregação de Paulo correspondia de perto ao modelo de pregação de Pedro no Pentecoste. Pedro ressaltara cinco pontos: [1] “varão aprovado por Deus diante de vós” (Atos 2:22). [2] “vós o matastes, crucificando-o” (Atos 2:23). [3] “ao qual, porém, Deus ressuscitou... a este Jesus Deus ressuscitou” (Atos 2:24,32). [4] “a este Jesus... Deus o fez Senhor e Cristo” (2:36). [5] “e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2:38).

Paulo declarou: [1] “Deus... escolheu nossos pais... Da descendência deste, ... trouxe Deus a Israel o Salvador” (Atos 13:17,23). [2] “Pediram... que ele fosse morto” (Atos 13:28). [3] “Mas Deus o ressuscitou dentre os mortos... e foi visto muitos dias pelos que com ele subiram...” (Atos 13:30-31). [4] “Deus a cumpriu... a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus” (Atos 13:33). Em outro lugar, Paulo revela a salvação de Deus para os gentios (Atos 14:15-17; 17:22-31).

Paulo refletia os ensinos de Jesus, embora raramente citasse o Mestre. Ele pregava com amor e compaixão pastorais. Sua mensagem fez muitos amigos e alguns inimigos, mas permitiu que fossem poucas as pessoas acomodatícias. Sua teologia tinha por centro a pessoa e obra de Cristo. Ele cria que as exigências éticas da lei judaica deviam ser cumprida; mas também cria que o novo homem, cheio do Espírito devia executar em virtude de motivação interior aquilo que as exigências da lei deixaram de realizar pela força.

Extraído de: “O mundo do Novo Testamento”; Vida. J.I.Packer; Merril C.Tenney; William White Jr. pág. 162.  

É permitida a reprodução deste material para uso do Evangelho Citações da Bíblia da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil (ACF), 

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© 1994 1995, 1996, 1997. Novo Testamento © 1979‐1997. Autoria: Pr. Ary Queiroz Vieira Junior