atividades zen para crianças
TRANSCRIPT
ATIVIDADES “ZEN” PARA CRIANÇAS
Toda criança quer limite e afeto. Se é desrespeitosa e nada
acontece, torna-se hostil. A escola, meio à diversidade de
temperamentos, não pode manter uma única regra, estabelecer uma
linha igual para todos. O tratamento, em determinadas situações, deve
ser individualizado, criando-se oportunidades de crescimento a cada
aluno.
Aventurar-se, com cautela, na estrada do saber é necessário e
eficaz. Tem-se que avançar sempre, desenvolvendo no aluno uma
atitude de enfrentamento das situações de aprendizagem. O medo de
errar retarda o aprendizado. O aluno deve ser orientado a constatar o
erro e a aprender mais com ele.
A escola, de hoje, enfrenta uma movimentação, uma inquietação
maior de seus alunos. Com a TV, o computador, os games, as crianças
estão se tornando mais ansiosas. A isso, acresce-se uma rotina
frenética de atividades extraclasses, as aulas de natação, inglês, balé,
judô, futebol e outras, que acabam por estressar as crianças, como
um adulto.
Crianças, que começam a apresentar problemas de
comportamento, são pelos próprios pais encaminhadas a outros tipos
de atividades, atividades zen, que vêm ganhando adeptos a cada dia e
que deixam de ser apenas alternativas. A comprovação de seus
benefícios torna seus cursos bem mais procurados. Essas atividades
englobam as práticas orientais da meditação, ioga, aikido e tai chi
chuan, que, através de brincadeiras, métodos orientados, investem na
saúde do corpo e da mente das crianças, além de trabalhar o seu lado
espiritual.
287
Crianças que freqüentam aulas de meditação aprendem a se
relaxar, a se controlar diante de contrariedades, enfraquecendo os
seus
ataques de ímpetos. Com a meditação, elas aprendem a desenvolver o
autocontrole, a fazer exercícios de respiração que as acalmam. As
aulas não são presas a um roteiro; adaptações são feitas para
despertar o interesse dos alunos, apresentando as atividades,
basicamente lúdicas. Uma boa escola cria muitas brincadeiras, espaço
para conversar, para responder a dúvidas e até para desenhar. Há todo
um encaminhamento na prática de meditação, que uma criança,
mesmo dispersiva e inquieta, é levada a sentar-se em posição de lótus.
Cada vez mais crianças freqüentam aulas de ioga, cuja postura e
trabalho com a respiração fortalecem e mantêm a flexibilidade do corpo,
provocando um estado de serenidade, auxiliando a criançada envolvida
na superestimulação da TV. Ao praticar ioga desde cedo, as crianças
se preparam para conviver melhor no futuro com a correria do dia-a-dia.
Tornam-se menos ansiosas, mais tranqüilas e também mais corajosas.
Outra atividade zen, indicada para crianças, é o aikido, uma luta
marcial que se assemelha ao judô, sendo, entretanto, uma prática mais
serena. É definida como uma antiluta. Nessa modalidade não há
vencedor, simplesmente porque não existe competição. Os mais fortes
fisicamente nem sempre são os melhores praticantes. O professor
Ricardo Kanashiro, da Associação Cultural do Centro ao Movimento,
explica: “O que importa dentro de seus preceitos é respeitar a força do
adversário. Um tombo não representa uma derrota, assim como deixar
de conseguir uma coisa na vida não significa fracasso. Com a prática
do aikido, aprende-se a trabalhar melhor a cobrança social pelo
sucesso e pela vitória”.
288
O tai chi chuan é outra atividade oriental que vem conquistando os
pequenos. Essa modalidade, em vez dos movimentos lentos das outras
modalidades, aplica uma dinâmica própria para as crianças. Essa práti-
ca traz melhoras na qualidade do sono, da alimentação e do
comportamento. O tai chi chuan é indicado, como a natação, para
crianças com problemas de bronquite. É uma boa alternativa para quem
não se dá bem com a água. Professores dessa modalidade afirmam
que os exercícios respiratórios são fundamentais para controlar ou
superar as crises. Além disso, ele auxilia na coordenação e equilíbrio
motores, ajuda na concentração, favorecendo a alfabetização. As
crianças praticam posturas lúdicas, com as quais imitam animais, e
aprendem automassagem, com técnicas do dói-in – pontos de energia
vital, segundo a medicina chinesa.
Os horizontes ampliam cada vez mais as oportunidades
educacionais de crianças e de jovens. O importante é a análise das
situações, a observação interessada da problemática comportamental
infanto-juvenil e buscar ajuda apropriada. Os recursos enriquecem-se a
cada passo, conhece-los para poder deles se utilizar e beneficiar a
criança e o aluno, em geral, é tarefa de todo educador.
Plutarco, pensador nascido na Grécia, no século I de nossa era,
interessou-se profundamente pelos rumos da existência humana, pelo
sentido prático da vida. Queria proteger os jovens, especialmente os
mais apressados e impacientes. Ele recomendava a técnica do silêncio.
O verdadeiro conhecimento, dizia ele, é aquele que torna a alma mais
leve e moderada, que afasta comoções e paixões inflamadas. O papel
maior do professor, dizia ele, é fazer de seu aluno um bom ouvinte,
“exercitar os ouvidos”, para ser capaz de identificar os bons e os maus
discursos e, principalmente, aprender sobre o valor do silêncio e da
289
reflexão, para atingir o verdadeiro aprendizado. Para Plutarco, o
professor deve ensinar os fundamentos da verdadeira “arte de ouvir”.
Ouvir não é um ato tão simples, requer concentração, atenção, requer
uma
alma aberta para o mundo e para si mesmo. “É ser capaz de ouvir o
estrondoso silêncio da existência e reconhecer que somos e seremos
sempre meros aprendizes de uma vida que não cansa de surpreender
com sua beleza e inventividade”. Eu acrescentaria: de uma vida que
não cansa de ensinar até nossa morte.
As atividades zen podem auxiliar a introduzir a criança, o jovem, na
pedagogia do silêncio, na “arte de ouvir”.
A propósito:
Este tema e outros sobre comportamento infantil, deste capítulo,
como Formas de Comunicação na Infância ou Conflitos entre
Escolares, tiveram como fonte o jornal O Estado de S. Paulo.
Ilustro, com este esclarecimento, a importância da leitura de
revistas e jornais por professores e alunos. A imprensa, responsável, é
fonte de conhecimento e parte integrante do currículo escolar. Colabora
com a sua contextualização, na abordagem de temas atualizados e de
relevância social.
290
Clique para voltar ao sumário