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Atividades organizadoras de ensino: análise à luz dos pressupostos teórico- metodológicos da semiótica discursiva Marion Rodrigues Dariz (Universidade Católica de Pelotas UCPel) Fabiane Villela Marroni (Universidade Católica de Pelotas UCPel) Resumo: Este trabalho tem como objetivo apresentar trechos de algumas atividades produzidas por estudantes do Ensino Fundamental, partindo da proposta de Atividade Orientadora de Ensino - AOE (MOURA 1996a, 2002, 2010) - uma forma de organização da atividade de ensino-aprendizagem que, sustentada pelos pressupostos da Teoria Histórico-Cultural, se apresenta como uma possibilidade para realizar a atividade educativa, tendo por base o conhecimento produzido sobre os processos humanos de construção de conhecimento. As produções das AOE são produtos da leitura de narrativas curtas de autores brasileiros de referência na literatura. São elas: produção de book trailers, de poesias de cordel e de histórias em quadrinhos, gravação de curtas-metragens, com base em roteiro escrito pelos próprios alunos a partir dos contos, e confecção de cartazes de divulgação. Assim, essas tarefas surgem como uma proposta para ensinar e incentivar nossos aprendentes a ler e escrever, utilizando- se, para tanto, de diferentes recursos tecnológicos. Como base teórico-metodológica de análise, foram utilizados os pressupostos da Semiótica Discursiva de Greimas e seus colaboradores, por ser uma teoria que se encarrega de investigar diferentes linguagens e que procura conhecer a maneira pela qual o sentido do texto é construído. Palavras-chave: Atividade Organizadora de Ensino; Processo Ensino-aprendizagem; Narrativas Curtas; Semiótica Discursiva. Abstract: This paper aims to present excerpts from some of the activities produced by Elementary School students, starting from the proposal of Teaching Guiding Activity - AOE (MOURA 1996a, 2002, 2010) - a form of organization of the teaching-learning activity that, supported by assumptions of the Historical-Cultural Theory, presents itself as a possibility to carry out the educational activity, based on the knowledge produced on the human processes of knowledge construction. The productions of the AOE are products of the reading of short narratives of Brazilian authors of reference in the literature. They are: production of book trailers, string poetry and comic strips, recording of short films, based on a script written by the students themselves from the short stories, and the creation of publicity posters. Thus, these tasks emerge as a proposal to teach and encourage our learners to read and write, using, for that, different technological resources. As a theoretical-methodological basis of analysis, the assumptions of Discursive Semiotics of Greimas and their collaborators were used, because it is a theory that is in charge of investigating different languages and that seeks to know the way in which the meaning of the text is constructed. Keywords: Teaching Organizing Activity; Teaching-learning Process; Short Narratives; Discursive Semiotics.

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Atividades organizadoras de ensino: análise à luz dos pressupostos teórico-

metodológicos da semiótica discursiva

Marion Rodrigues Dariz

(Universidade Católica de Pelotas – UCPel)

Fabiane Villela Marroni

(Universidade Católica de Pelotas – UCPel)

Resumo: Este trabalho tem como objetivo apresentar trechos de algumas atividades produzidas

por estudantes do Ensino Fundamental, partindo da proposta de Atividade Orientadora de

Ensino - AOE (MOURA 1996a, 2002, 2010) - uma forma de organização da atividade de

ensino-aprendizagem que, sustentada pelos pressupostos da Teoria Histórico-Cultural, se

apresenta como uma possibilidade para realizar a atividade educativa, tendo por base o

conhecimento produzido sobre os processos humanos de construção de conhecimento. As

produções das AOE são produtos da leitura de narrativas curtas de autores brasileiros de

referência na literatura. São elas: produção de book trailers, de poesias de cordel e de histórias

em quadrinhos, gravação de curtas-metragens, com base em roteiro escrito pelos próprios

alunos a partir dos contos, e confecção de cartazes de divulgação. Assim, essas tarefas surgem

como uma proposta para ensinar e incentivar nossos aprendentes a ler e escrever, utilizando-

se, para tanto, de diferentes recursos tecnológicos. Como base teórico-metodológica de análise,

foram utilizados os pressupostos da Semiótica Discursiva de Greimas e seus colaboradores,

por ser uma teoria que se encarrega de investigar diferentes linguagens e que procura conhecer

a maneira pela qual o sentido do texto é construído.

Palavras-chave: Atividade Organizadora de Ensino; Processo Ensino-aprendizagem;

Narrativas Curtas; Semiótica Discursiva.

Abstract: This paper aims to present excerpts from some of the activities produced by

Elementary School students, starting from the proposal of Teaching Guiding Activity - AOE

(MOURA 1996a, 2002, 2010) - a form of organization of the teaching-learning activity that,

supported by assumptions of the Historical-Cultural Theory, presents itself as a possibility to

carry out the educational activity, based on the knowledge produced on the human processes

of knowledge construction. The productions of the AOE are products of the reading of short

narratives of Brazilian authors of reference in the literature. They are: production of book

trailers, string poetry and comic strips, recording of short films, based on a script written by

the students themselves from the short stories, and the creation of publicity posters. Thus, these

tasks emerge as a proposal to teach and encourage our learners to read and write, using, for

that, different technological resources. As a theoretical-methodological basis of analysis, the

assumptions of Discursive Semiotics of Greimas and their collaborators were used, because it

is a theory that is in charge of investigating different languages and that seeks to know the way

in which the meaning of the text is constructed.

Keywords: Teaching Organizing Activity; Teaching-learning Process; Short Narratives;

Discursive Semiotics.

Introdução

Tendo por base os estudos de Moura (2001, 2010), sobre Atividade Orientadora1 de

Ensino, o objetivo deste trabalho é descrever, com certos detalhes, as etapas de “Atividade

Organizadora de Ensino” (AOE), uma proposta como forma de organizar a atividade de

ensino-aprendizagem, de modo a incentivar nossos alunos das séries finais do Ensino

Fundamental (8ª série/9º ano) à leitura de autores da literatura brasileira de forma diferente.

Para tanto, surge o projeto de sala de aula com atividades envolvendo a leitura e a produção de

gêneros distintos utilizando mídias digitais. Acreditamos que o trabalho com essa diversidade

de gêneros textuais pode auxiliar os alunos a desenvolverem as habilidades e competências em

leitura e contribuir para que esses educandos se envolvam com temas variados e, esses textos,

por trabalharem com diferentes linguagens, aliados ao uso das tecnologias, vão ao encontro

dessa proposta e colaboram para despertar o interesse desse aluno para a prática leitora.

Não é novidade para os professores que os documentos nacionais de referência que

norteiam/regem a educação assinalam como responsabilidade da escola tentar expandir o

“letramento” dos alunos, com o objetivo de fazê-los interagir com textos diversos, práticas

cotidianas, de maneira efetiva, interpretando-os e/ou produzindo-os. Começamos, então, nosso

percurso tentando resgatar o sentido de letramento no contexto educacional brasileiro. O

“letramento” foi definido pelos PCN como o “produto da participação em práticas sociais que

usam a escrita como sistema simbólico e tecnologia” (BRASIL, 1998. p.19) e vai além,

afirmando que “são práticas discursivas que precisam da escrita para torná-las significativas,

ainda que, às vezes, não envolvam as atividades específicas de ler ou escrever”. Soares (2004)

assevera que letramento é “entendido como o desenvolvimento de comportamentos e

habilidades de uso competente da leitura e da escrita em práticas sociais” (SOARES, 2004,

p.20).

No que tange à formação leitora, nos PCN de Língua Portuguesa,

[...] o trabalho com leitura tem como finalidade a formação de leitores

1 Atividade Orientadora de Ensino é aquela que se estrutura de modo a permitir que os sujeitos interajam, mediados

por um conteúdo negociando significados, com o objetivo de solucionar coletivamente uma situação-problema.

(Moura, 2001, p.155)

competentes e, consequentemente, a formação de escritores2 pois a

possibilidade de produzir textos eficazes tem sua origem na prática de leitura,

espaço de construção da intertextualidade e fonte de referências

modelizadoras. A leitura, por um lado, nos fornece a matéria-prima para a

escrita: o que escrever. Por outro, contribui para a constituição de modelos:

como escrever (BRASIL, 1997, p. 53).

Pensando nessa formação de um leitor crítico, é que se insere esta proposta na qual se

busca a valorização de textos literários para “evocar o imaginário do leitor” e não como um

“pretexto” para fins gramaticais. Para tanto, faz-se necessária uma mudança de postura por

parte do professor, pois se os textos da contemporaneidade mudaram, as

competências/capacidades de leitura e produção de textos exigidas para participar de práticas

de letramento atuais não podem ser as mesmas (ROJO, 2013, p.8). Vemos, assim, que se requer

um novo letramento; temos um novo desafio: letrar uma nova geração de aprendizes que estão

crescendo e vivenciando os avanços das tecnologias da informação e comunicação (XAVIER,

2005). Torna-se necessário ensinar-lhes a ler imagens, integrar textos verbais e visuais

(linguagem sincrética). Temos aí um novo tipo de letramento: o letramento multimodal.

Para Barton e Lee (2015, p.27), “o letramento pode ser uma poderosa lente para

examinar a mudança das práticas sociais. Isto inclui o impacto das novas tecnologias, uma vez

que o envolvimento com textos de vários tipos é central na vida online.” Assim, levando em

consideração esse “mundo online”, “os estudos de letramento experimentaram ‘uma virada

digital’” (MILLS, 2010), permanecendo de toda forma centrais, já que “parte da internet é

mediada por atividades letradas: ela é escrita e lida”.

Atividade organizadora de ensino: percurso trilhado

Nossa tentativa inicial com a proposta da AOE é de atingir o objetivo de tornar os alunos

proficientes naquilo que leem e escrevem. Para isso, a professora-pesquisadora começa a traçar

o percurso a ser trilhado. Então, a partir do segundo trimestre de cada ano letivo, começa

efetivamente o desenvolvimento das atividades com as turmas dos anos finais do Ensino

Fundamental de uma escola pública da cidade de Pelotas as quais são desafiadas a ler, interagir

e aplicar o conhecimento que têm da tecnologia, muitas vezes adquirido fora do ambiente da

2Como os próprios PCN trazem em nota de rodapé “Não se trata, evidentemente, de formar escritores no sentido

de profissionais da escrita e sim de pessoas capazes de escrever com eficácia.” (1997, p.40)

sala de aula, para a efetivação da proposta. Para tanto, descrevemos a seguir, em detalhes, essas

atividades (AOE).

Primeiramente, para a execução do trabalho, dividem-se os estudantes em grupos de 3

a 4 componentes e sorteia-se um conto para cada grupo. Distribui-se, então, o texto para a

leitura e, em seguida, propõe-se o estudo do período literário do qual esses autores fazem parte.

Os alunos pesquisam sobre o contexto histórico da época, as principais características desse

período, os principais autores e obras e, principalmente, dedicam-se ao estudo pormenorizado

dos autores cujas obras serão lidas e do conto a ser estudado. Importante ressaltar que a escolha

por contos se deve ao fato de serem narrativas curtas e de fácil aceitação. Após pesquisa, sob

mediação da professora, o grupo prepara os principais tópicos em slides, para apresentação aos

demais colegas da turma durante um seminário marcado antecipadamente, tendo por finalidade

o desenvolvimento cognitivo de todos e a aprendizagem conjunta. Para esse seminário já é

exigido dos grupos o uso das mídias/tecnologias. Alguns grupos preparam as apresentações em

slides no Power Point, mas grande parte opta pelo MovieMaker3 – apresentação em forma de

vídeo, ainda que alguns optem pelo uso do Prezi e façam apresentações como o exemplo

abaixo. Com o uso de diferentes tecnologias, vemos maior interesse de nossos alunos,

envolvidos nas aulas de Língua Portuguesa e Literatura, responsáveis por sua aprendizagem.

Dá-se, de certa forma, a construção de sentido por meio do texto literário.

Apresentação seminário sobre pré-modernismo, Monteiro Lobato e obra Urupês

Disponível em https://prezi.com/fw4ulmyi4q0c/apresentacao-do-conto-bucolica-da-obra-urupes-de-monteiro-lobato/

Como já mencionado, a professora tem o cuidado de não somente pedir que o aluno leia

atentamente o texto, vai além, tenta mediar esse processo, procura orientá-lo do que é

3É um software de edição de vídeos da Microsoft. Atualmente faz parte do conjunto de aplicativos Windows Live.

É bastante utilizado, possui uma interface bastante amigável e de fácil usabilidade, o que facilita que pessoas sem

muita experiência em informática possam fazer edições, adicionar efeitos de transição, textos personalizados e

áudio nos seus filmes.

necessário observar, pois é preciso ensinar o aluno a ler, pois como é assegurado por Fiorin

(2013, p.9) “a sensibilidade não é um dom inato, mas algo que se cultiva e desenvolve”.

Durante esse seminário, fica acordado com os educandos antecipadamente que estamos

em um momento formal, diferente de uma conversa no recreio com o colega; que cabe, assim,

boa oralidade e uma “postura adequada” 4 na apresentação. Todos os grupos apresentam o

trabalho abordando principalmente sobre a narrativa estudada relacionando com os

aspectos/características do período literário e contexto histórico no qual a obra se insere. Além

disso, como cada grupo apresenta um conto, os demais alunos formulam questionamentos ou

fazem acréscimos aos trabalhos dos colegas. Têm-se, assim, as primeiras etapas concluídas.

Percebe-se o envolvimento dos alunos com o trabalho, cujo objetivo, neste momento, é

promover a interação como forma de crescimento e interlocução, visto que nossa sala de aula

ainda hoje é vista como um espaço no qual o professor detém o conhecimento e ao aluno o

transmite. Com base em minhas percepções, tal envolvimento acontece porque eles se sentem

“afetados” positivamente pelo trabalho, pois é uma atividade que faz sentido para eles, ou

seja, algo que lhes produz sentido.

Tais “afetações”, tais efeitos de sentido são produzidos pela proposta de trabalho da

professora-pesquisadora (destinador) de modo a levá-los (sujeitos/destinatários) a crer e aceitar

o percurso da proposta. É estabelecido um contrato fiduciário, em que o destinador manipula

os sujeitos, levando-os a aceitar o que a professora propõe a um querer e/ou dever- saber/poder,

habilitando-os para a realização da performance.

Greimas e Courtés (2016, p.208) asseveram que o

[...] contrato fiduciário põe em jogo um fazer persuasivo de parte do

destinador e, em contrapartida, a adesão do destinatário: dessa maneira, se o

objeto do fazer persuasivo é a veridicção (o dizer verdadeiro) do enunciador,

o contraobjeto, cuja obtenção é esperada, consiste em um crer-verdadeiro que

o enunciatário atribui ao estatuto do discurso enunciado[...]

Após esse seminário, exige-se maior envolvimento com o texto e mais leituras são

realizadas, pois é, a partir daqui, que os discentes vão se preparar para as próximas fases do

trabalho: a produção da resenha crítica, produção da releitura do conto, transformando-o em

4Quando nos referimos a uma “postura adequada”, queremos destacar o posicionamento, a forma de gesticular,

de usar o corpo como expressão, além do domínio daquilo que vai dizer, cuidar o uso adequado da língua, não

estabelecendo qualquer tipo de preconceito linguístico.

História em Quadrinhos (HQ), escrita de uma poesia de cordel, produção do cartaz de

divulgação, confecção/elaboração de uma revista digital, de um book trailer e, finalmente,

produção do curta-metragem5, tendo como base um roteiro escrito pelos grupos a partir da

narrativa de referência.

Para o desenvolvimento do gênero textual denominado resenha, fez-se, antes o ensino

do resumo, dando destaque ao processo de sumarização, visto que esse gênero é um dos mais

importantes nas atividades escolares, pois as capacidades de produção desse gênero são

indispensáveis para a produção de outros gêneros, tais como artigos, relatórios, projetos etc.

Com o ensino da técnica do resumo, começa-se, assim, a preparação quanto à

aprendizagem do gênero resenha. Para tanto, algumas resenhas são lidas e, nelas, são apontadas

as partes que as compõem. Após esta apresentação de conteúdo, ocorre a produção conjunta de

uma resenha como modelo. Nessa etapa, o grupo é desmembrado em duplas ou em trios. A

partir daí, são produzidos novos textos nesse gênero, configurando-se dois novos trabalhos

sobre cada conto. Apesar dessa nova subdivisão, a ajuda mútua constitui-se em uma constante,

as atividades continuam sendo realizadas colaborativamente, uma vez que estas se têm

mostrado benéficas à aprendizagem. Com base nos estudos concernentes à Psicologia

Histórico-Cultural, Damiani (2008) salienta que as atividades colaborativas trazem inúmeros

benefícios para as pessoas que nelas estão envolvidas, principalmente na área da Educação. A

mesma ideia é defendida por Moura (2007). Para a autora,

[...] o participar da troca de experiências possibilitada pelo trabalho em grupo,

o indivíduo precisa organizar o seu pensamento a fim de exprimir suas ideias

de forma a ser compreendido por todos. Na dinâmica do trabalho em grupo,

o aluno fala, ouve os companheiros, analisa, sintetiza e expõe ideias e

opiniões, questiona, argumenta, justifica, avalia (MOURA, 2007, p.12).

Dando continuidade aos passos do trabalho, os alunos, voltam a ler os contos, para

fazerem uma releitura em quadrinhos, ou seja, a produção de HQ. Este gênero se constitui um

importante gênero textual apresentado por uma sequência de quadros, na qual se utiliza de texto

e imagens para narrar uma história dos mais variados gêneros. A produção segue o mesmo

caminho de desenvolvimento da resenha. Primeiramente, apresentamos aos educandos

5Curta-metragem, ou simplesmente curta, é o nome que se dá a um filme de pequena duração. O Dicionário

Houaiss define curta-metragem como "filme com duração de até 30 minutos, de intenção estética, informativa,

educacional ou publicitária, geralmente exibido como complemento de um programa cinematográfico".

inúmeras HQ, lemos, discutimos, vemos estruturas, elementos constitutivos como o uso de

recursos linguísticos no que tange à forma escrita (discurso direto e indireto) e oral, uso de

onomatopeias, variações linguísticas, o uso de elementos específicos, como os balões, usados

para expressar as falas dos personagens, expressões, gestos... Elementos utilizados como forma

de enriquecer a história apresentada. Após explorarmos o estudo desse gênero, os alunos são

desafiados a produzir uma HQ, tendo como orientação o uso de softwares educativos gratuitos.

Alguns destes softwares são sugeridos para uso - Pixton, HagáQuê, Toondoo, cujo

funcionamento é explicado em detalhes aos alunos em sala de aula. A maioria opta por utilizar

o Pixton6, pois, segundo os próprios educandos, é um aplicativo mais fácil e simples de usar e,

ainda, permite seu uso por meio de uma conta no Facebook. Isso nos leva a crer que a

ferramenta multimídia Pixton seja bastante utilizada pelos educandos porque apresenta uma

interface de fácil usabilidade, oportunizando aos alunos “sem muita experiência” o acesso aos

seus recursos.

Além de ser um importante gênero textual, é importante salientar que as HQ podem ser

aproveitadas como uma espécie de storyboards7 para os curtas. Os storyboards e as histórias

em quadrinhos são bastante próximos no que diz respeito ao formato e à maneira com que são

criados, embora apresentem propósitos bem diferentes. Os quadrinhos são uma obra de

entretenimento e contam uma história, enquanto os storyboards apenas servem de base para

uma outra obra de entretenimento que conta uma história: os filmes. (FURINI E TIETZMANN,

2012)

6O Pixton é um aplicativo Web 2.0 com o qual se pode, por meio de ferramentas de arrastar e soltar, criar

quadrinhos rapidamente e gratuitamente. 7 O storyboard em sua essência é basicamente um guia visual narrando as principais cenas de uma obra

audiovisual. Os storyboards no geral são desenhos rápidos e com poucos detalhes, sendo o mais objetivo possível.

Audiovisual é puro movimento, o storyboard é a chave de ignição deste movimento que é traçado por linhas e

gestos no papel.

Segundo TOGNI, storyboard é o roteiro desenhado em quadros, semelhante aos quadrinhos, porém não possuem

balões de fala. Traduzindo, "story" significa história e "board" que pode ser quadro, tábua, placa. Esta tradução

justifica-se pelo fato dos artistas/diretores de cinema esboçarem o roteiro e os fixarem em uma placa com

tachinhas. http://anaceciliatogni.com.br/trabalhos/STORYBOARD.pdf

A produção da poesia de cordel acontece como etapa seguinte. A partir de um modelo

desse tipo de poesia produzido a partir da obra de Shakespeare, Romeu e Julieta, mostra-se

uma das estruturas e solicita-se que os alunos produzam uma poesia de cordel tendo como base

o conto estudado. Além do texto produzido, também são elaboradas “xilogravuras”, utilizando,

para tanto, estratégias computacionais/midiáticas. Temos mais uma etapa da AOE e o processo

de ensino-aprendizagem de mais um gênero textual, pois acreditamos que, como professores,

é nosso compromisso preparar os estudantes para lidar com a diversidade das práticas sociais

de leitura e escrita. Não podemos mais “pensar em textos como relativamente fixos e estáveis,

[...] eles estão se tornando cada vez mais multimodais e interativos” (BARTON e LEE, 2015,

p.31)

Poesia de Cordel produzida pelos alunos com base no conto “O Boi Velho” da obra Contos Gauchescos

Fonte: retiradas dos arquivos de trabalhos da professora-pesquisadora

A produção dos cartazes de divulgação do curta e a produção do vídeo propriamente

dito acontecem paralelamente. É dado o momento de colocar as ideias em prática. Talvez a

Biografia em HQ de João Simões Lopes Neto. Disponível em

https://www.pixton.com/br/comic-strip/fh5z6kd3

HQ do conto “Juca Guerra” de Contos Gauchescos de João

Simões Lopes Neto. Fonte: retiradas dos arquivos de trabalho da

professora-pesquisadora.

máxima “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça" do cineasta Glauber Rocha, um dos

diretores brasileiros mais aclamados de todos os tempos, encaixe-se perfeitamente aqui! No

momento, dessas produções, os alunos terão em mente de que precisam fazer o trabalho de

modo a “convencer” de certa forma a professora e os demais membros da comunidade (os

destinatários - outros). Momento em que vai ocorrer a persuasão, ou seja, os sujeitos tentam

manipulá-los/convencê-los a querer assistir ao filme. Tanto Barros (2011) quanto Fiorin (2013)

compartilham a ideia de que o discurso é sempre persuasivo, no qual o enunciador assume a

postura de manipulador, persuadindo o enunciatário a acreditar nas “verdades” do discurso.

Sobre a persuasão, Fiorin (2013, p.75) postula que

[a] finalidade última de todo ato de comunicação não é informar, mas

persuadir o outro a aceitar o que está sendo comunicado. Por isso o ato de

comunicação é um complexo jogo de manipulação com vistas a fazer o

enunciatário crer naquilo que se transmite. Por isso, ele é sempre persuasão.

Anterior à produção do vídeo, os alunos, com base em orientações dadas por um

estudante do curso de cinema (um pequeno workshop) e/ou pela professora, preparam seus

roteiros, escolhem cenário, figurino, distribuem as falas entre os personagens, ensaiam

inúmeras vezes e partem para a gravação. Este vídeo é gravado com câmeras digitais simples,

não profissionais, e/ou com celulares8. Inicia-se, então, o ponto culminante do trabalho e talvez

o mais esperado: o momento da gravação dos curtas (vídeos com duração de aproximadamente

12 min.), com base nos contos de autores da nossa Literatura.

No que tange à edição, os grupos, quase que na totalidade, optam pelo uso do programa

Movie Maker, provavelmente, como já mencionado, por ser “mais” acessível que outros.

Acompanhando o trabalho, percebe-se que os grupos que têm mais facilidade ajudam, ensinam

aqueles com mais dificuldades. Há uma preocupação com a gravação das imagens, com o

som..., enfim, preocupam-se na produção/edição com o uso de elementos como música,

figurino, cenário, dramatização etc., elementos necessários na construção da linguagem

audiovisual.

8A proposta do trabalho não é utilizar equipamentos profissionais. Pretende-se que os estudantes utilizem as

ferramentas de que dispõem, seus celulares, suas câmeras portáteis.

As figuras representam o banho de Blau Nunes concretizados pelos grupos em 2011 e 2015 respectivamente

Fonte: retiradas dos arquivos de trabalhos da professora-pesquisadora

Até o momento os autores e obras escolhidos para o estudo e desenvolvimento das

atividades foram Monteiro Lobato com os contos da obra “Urupês”, Lima Barreto com contos

avulsos, João Simões Lopes Neto com a obra “Contos Gauchescos” e “Casos do Romualdo”,

Machado de Assis, com contos avulsos, e Carlos Drummond de Andrade com a obra “Contos

de Aprendiz”. As produções artísticas são realizadas na íntegra pelos educandos – desde

produção, direção até atuação, e são apresentadas em momento destinado a tal. Um momento

muito importante para esses “artistas”: uma Mostra de Cinema que ocorre ao final do ano letivo

com direito à premiação por escolha de um júri, composto por professor de Literatura,

estudante de cinema e/ou teatro e professor da área de Artes, e também por escolha popular.

Esse é o momento no qual se reúnem membros da comunidade escolar – alunos e seus

familiares e professores – para prestigiar essas verdadeiras “obras de arte”. É, neste momento,

em que ocorre a sanção do programa e do percurso narrativo, ou seja, momento em que é

realizado um julgamento por parte do destinador, em que há a constatação de que a

performance se realizou e o reconhecimento do sujeito que operou a transformação. Ratifica-

se, então, que o estudante entra em conjunção com o saber, momento final de sanção da

aprendizagem.

A escolha de atividades como as aqui mencionadas, assim como a elaboração de uma

revista digital, quanto o book trailer9 deve-se em função dos diferentes aparatos tecnológicos

9O book trailer, como o próprio nome sugere, é uma ideia oriunda do cinema. O visual de um book trailer é como

a capa de um livro, precisa ser chamativo e dar uma ideia dos conteúdos e temas, de forma concisa e direta focada

na mensagem a ser transmitida, com um tempo e corte ágeis. Para tal, selecionam-se poucas palavras ou frases

com objetividade e imagens com força (originais o quanto possível), assim como uma boa música ou sonoplastia

para criar o ambiente. https://www.viegaseditora.com/book-trailer-e-teaser

a que temos sido submetidos diariamente; sendo utilizados para tanto linguagens verbais,

visuais e sincréticas, ou seja, a articulação de diferentes linguagens e não a anulação de uma

em benefício da outra (MARRONI, 2013, p.343)). Muitos dos book trailers foram produzidos

no VivaVideo10, utilizando para tanto o celular11.

Cabe destacar que, para a produção da revista digital, diversos softwares foram

utilizados, desde a montagem no Publisher até a produção do arquivo em formato PDF em que,

posteriormente, faziam o upload e era convertido automaticamente numa belíssima publicação

digital, organizada, fácil de folhear (Flipsnack). Ao publicar as revistas digitais online, o link

ficava acessível, pronto a compartilhar com a professora e nas redes sociais (Facebook).

Concernente à produção do book trailer, utilizamos essa atividade, posterior ao ensino

do resumo e da resenha. Produzido em poucos minutos, permeado com imagens que tivessem

relação com a narrativa e com frases de impacto, envolto com uma música de fundo com o

objetivo de chamar a atenção do leitor e, quem sabe, despertar o desejo de ler a narrativa. Mais

uma vez foi utilizado para produção e edição desta atividade o mesmo editor de vídeo usado

anteriormente.

10O VivaVideo é um dos melhores apps de câmera de vídeo e editor de vídeos. Assim que se tiver selecionado o

material multimídia que se quer utilizar, pode-se começar a utilizar todas as ferramentas que o VivaVideo:

FreeVideo Editor oferece. Pode-se cortar e colar vídeos, adicionar diferentes tipos de transições (cortes, fades

etc.), aplicar muitos tipos de filtros e muito mais. http://vivavideo-free-video-editor.br.uptodown.com/android 11 Com o uso da tecnologia móvel tenta-se quebrar o tabu e se deixa de ver o aparelho celular como um

pesadelo/um entrave. Com um bom planejamento e objetivos bem traçados, ele passa a ser um aliado no processo

de ensino-aprendizagem.

Revista Digital sobre vida e obra de Machado de Assis.

Disponível emhttps://www.flipsnack.com/asipsilva/crin-

edicao-machado-de-assis.html

Revista Digital sobre vida e obra de Machado de Assis.

Disponível em https://www.flipsnack.com/leopoldo8/revista-

digital-machado-de-assis.html

Vemos, assim, que, com todo o avanço tecnológico a que estamos expostos, o modo de

leitura não pode mais ser o mesmo. Há um ‘bombardeio” de textos verbais, visuais e,

principalmente, sincréticos. Então, como bem ressalta Antunes (2003), não podemos ver a

leitura “como uma pedra no meio caminho das aulas de Língua Portuguesa” nem a ter “reduzida

a momentos de exercícios e [que] não desperta o prazer nos alunos”. Rojo e Moura (2012),

com base nas ideias do New London Group, defendem a pedagogia do multiletramento, “em

que os alunos se transformem em criadores de sentidos [...] que sejam capazes de transformar

discursos e significações seja na recepção ou na produção” (p.29) e, como professores, temos

de pensar que significados estão sendo construídos a partir da tecnologia.

Breves reflexões acerca de algumas atividades produzidas pelos estudantes à luz da

Semiótica Discursiva

Como já mencionado, grandes são as dificuldades de leitura e escrita percebidas pela

professora nas séries finais do Ensino Fundamental. Dentro das AOE, uma das propostas feita

aos alunos consiste em “trazer uma história do papel para as telas”, com a utilização da

tecnologia, por entendermos que “ao utilizarem-se das linguagens verbal, visual e sonora terão

um “percurso diferente” de incentivo à leitura. Não queremos com isso dizer que os textos

verbais não sejam capazes de desempenhar essa função leitora, mas como afirma Marroni

(2013) essas manifestações [sincréticas] possuem um fazer persuasivo. Segundo a autora:

[...] essas manifestações articulam diferentes tipos de linguagens,

possibilitando uma estrutura complexa de significação. Isto não quer dizer

que os textos que articulam um único tipo de linguagem sejam menos

complexos. Todo texto, cada um com sua especificidade, é portador de uma

significação e todos têm algo a dizer, expressando ideias que lhe são

peculiares. O uso de diferentes tipos de linguagens é um artifício a mais, que

tem, dentre outras funções, um alto grau de persuasão para o destinatário do

texto. (MARRONI, 2013, p. 343).

Procurando incentivar nossos alunos de forma a lhes produzir sentido, propusemos,

como mencionado, a tradução intersemiótica12 utilizando, para tal, os recursos tecnológicos de

que os alunos dispõem. De posse desses “curtas”, analisaremos, nessas produções, os efeitos

12 A tradução intersemiótica, definida como tradução de um determinado sistema de signos para outro sistema

semiótico tem sido estudada por muitos autores contemporâneos como Nelson Goodman, Michael Benton, Mario

Praz, Júlio Plaza, Solange Oliveira e outros.

de sentido despertados por meio da articulação das diferentes linguagens.

Tanto nessas produções quanto nos book trailers serão analisados os processos de

figurativização e tematização, além de verificar os efeitos de sentido produzidos por meio da

articulação das diferentes linguagens nesses vídeos.

Na análise empreendida a essas produções, partiremos de um tema, procurando imagens

que lhes deem cobertura figurativa. Focaremos, pois, no nível da concretização/ figurativização

dos temas.

Na proposta de produção dos curtas, cada grupo concretiza a linguagem verbal do seu

jeito, fazendo uso da liberdade proporcionada pela professora para recriar, fazer a releitura

audiovisual do texto literário em prosa. Percebe-se, então, que essa tradução intersemiótica

(produção/adaptação de obra literária, “transpor a história do papel para a tela”) resulta em

produtos diferentes do texto original.

A análise será feita mediante as imagens apresentadas e retiradas dos curtas-metragens

produzidos pelos alunos. Tais traduções intersemióticas constituem-se artefatos privilegiados

de uma análise.

Nessa produção audiovisual, nas cenas produzidas, e não apenas no texto lido, o

enunciador dispõe de muitos recursos, além do texto escrito, para persuadir o enunciatário,

como a organização do cenário, a iluminação, o som, o figurino e a atuação das personagens.

Os elementos são colocados de forma a criar efeitos de realidade, procurando estabelecer um

contrato de veridicção13, ao enunciatário do texto.

A produção de histórias em quadrinhos (HQ), ou seja, a tradução intersemiótica a partir

de uma narrativa ou de uma biografia em prosa trata-se de mostrar como se deu a tradução do

texto em prosa para a história em quadrinhos, ver como essa história foi elaborada e quais os

efeitos de sentido que tal elaboração proporcionou.

A análise desse gênero textual refere-se ao conteúdo de alguns balões e quadrinhos do

texto produzido. Procura-se selecionar os quadrinhos consoante as peculiaridades do que é

proposto pela Semiótica de Greimas, na qual se analisam, na visualidade, topologia, cores,

formas e de como esses elementos estão associados ao plano do conteúdo.

Alguns elementos assinalam as relações semissimbólicas14 entre imagem e texto.

13 O contrato recebe esta denominação por ser estabelecido com base na confiança e crença; que estatui

(estabelece) sobre o parecer-verdadeiro. 14Semissimbolismoé quando ocorre uma correlação/articulação entre dos dois planos (conteúdo e expressão). O

semissimbolismo possibilita uma nova leitura do mundo, ao associar diretamente relações de cor, de forma (plano

Apesar de, muitas vezes, fazermos uma separação entre as palavras e as imagens, nas HQ,

imagem e palavra se juntam para compor um gênero mesclado, constituindo-se um importante

instrumento para os alunos, no sentido da conexão da expressão com o conteúdo. Assim, deve-

se aproveitar esse gênero para fazer com que o aluno perceba que as imagens, os aspectos

visuais mais os elementos verbais formam uma unidade de sentido e possibilitam, com

interdependência, as apreensões de sentido.

A partir das análises realizadas sobre o conteúdo temático das HQ por meio das figuras

encontradas no texto, pensa-se em um direcionamento à prática pedagógica e o trabalho com o

objeto analisado em sala de aula. Com a importante tarefa de uma leitura interligada à conexão

do plano de expressão com o plano de conteúdo, ou seja, a relação das figuras que levam ao

tema cujos aspectos apontam para uma unidade de sentido, em correspondência com os

elementos visuais presentes nas imagens. Além da comunicação verbal, nas HQ, é encontrada

também a comunicação visual, já que são (as HQ) formadas de textos e imagens.

Algumas considerações... não conclusivas

Assim, apresentamos as etapas/os trabalhos da “Atividade Organizadora de Ensino”

(percurso) e apontamos que é na relação de diferentes textos que é construído o

significado/sentido. Dissecamos esse objeto, para, em trabalhos futuros, fazer a análise, com

base no arcabouço teórico-metodológico da Semiótica Discursiva de Greimas e seus

colaboradores, por ser uma teoria que se encarrega de analisar textos de qualquer natureza, de

investigar diferentes linguagens e que procura conhecer a maneira pela qual o sentido do texto

é construído, ou seja, a teoria semiótica, ou teoria da significação se preocupa em explicar o

que o texto diz e como ele faz para dizer o que diz (BARROS, 2011, p.7).

Como mencionado, não é nosso objetivo, neste trabalho, trazer a análise semiótica das

etapas da AOE, todavia salientamos que, tendo por base os pressupostos da Semiótica

Discursiva, na tese e em um próximo trabalho, serão trabalhadas e analisadas as atividades

utilizando a relação entre o plano da expressão, a partir de seus formantes, e o plano de

conteúdo, analisando o Percurso Gerativo de Sentido em seus diferentes níveis: discursivo,

narrativo e fundamental. Esse percurso se constrói no e pelo texto e mostra como se produz e

de expressão) com relações de sentido (plano de conteúdo), contribuindo, desse modo, para tornar o aluno um

leitor proficiente de textos/imagens.

se interpreta o sentido desse texto.

Por ser a literatura uma entre as inúmeras artes, ela vai dialogar com outras artes como

teatro, dança, pintura, música, canto, circo, moda, arquitetura, escultura, fotografia, cinema...

e se constituir em um dos canais de expressão de criatividade. Assim, ao falarmos em literatura,

temos de levar em conta também a abrangência da cultura da imagem.

Acreditamos, pois, na possibilidade de realizar um trabalho com textos sincréticos

(multimodais) a fim de potencializar as práticas de leitura e produção textual nas séries finais

do Ensino Fundamental (práticas de multiletramentos15) e, para que se obtivesse sucesso, a

tecnologia constituiu-se uma forma de mudança nas relações na sala de aula, do professor com

os alunos, com o conhecimento, a relação do que se entende efetivamente por escola e,

especialmente, a mudança na natureza da linguagem. Ao inserirmos a tecnologia, as relações

são reorganizadas. Pensemos, então, na apropriação dessa tecnologia como forma de contribuir

para reinventar o ensino da Língua Portuguesa e da Literatura, enfim da própria escola, já que

a forma como essa instituição produz conhecimentos hoje não é mais compatível com o modo

como os jovens estão aprendendo esse conhecimento.

Assim sendo, estudar e analisar a incorporação das “novas” práticas de ensino de leitura

e escrita tem-se constituído uma necessidade, tendo em vista a variedade de recursos

tecnológicos de que os alunos utilizam. Diante disso, está posto um dos grandes desafios do

educador e novas ações/demandas nas práticas docentes se tornam imprescindíveis no sentido

de desenvolver estratégias para aproximar o clássico literário do leitor e incentivar a leitura

desses textos.

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15[...] Práticas que partam das culturas de referência do aluno e de gêneros, mídias e linguagem por eles conhecidos

[...] que ampliem o repertório cultural na direção de outros letramentos [...] (ROJO E MOURA, 2012, p.8)

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