atendimento alunos especiais

37

Upload: junior-pires

Post on 21-Jul-2015

62 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Presidente da Repblica Federativa do Brasil Luiz Incio Lula da Silva Ministro de Estado da Educao Fernando Haddad Secretrio Executivo do Ministrio da Educao Jairo Jorge da Silva Secretria de Educao Especial Claudia Pereira Dutra

MINISTRIO DA EDUCAO SECRETARIA DE EDUCAO ESPECIAL

SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS: ESPAO PARA ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

MINISTRIO DA EDUCAO SECRETARIA DE EDUCAO ESPECIAL

SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS: ESPAO PARA ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

BRASLIA-2006

Secretria de Educao Especial Claudia Pereira Dutra Diretora do Departamento de Polticas de Educao Especial Claudia Maffini Griboski Coordenadora de Articulao da Poltica de Incluso Denise de Oliveira Alves Elaborao: Denise de Oliveira Alves Marlene de Oliveira Alves Claudia Pereira Dutra Claudia Maffini Griboski Colaborao: Carolina Rizzotto Schirmer Maria Glria Batista da Mota Renata Rodrigues Maia Pinto Rita de Cssia Reckiegel Bersch Tiragem: 5000 Endereo: Esplanada dos Ministrios o Bloco L-6 andar CEP: 70047-901-Braslia-DF E-mail: [email protected] www.mec.gov.br Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) Alves, Denise de Oliveira Sala de recursos multifuncionais: espaos para atendimento educacional especializado / elaborao Denise de Oliveira Alves, Marlene de Oliveira Gotti, Claudia Maffini Griboski, Claudia Pereira Dutra - Braslia : Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Especial, 2006. 36 p.

1. Atendimento em sala de recursos. 2. Atendimento especializado. 3. Educao inclusiva 4. Alunos com necessidades especiais. I.Gotti, Marlene de Oliveira. II. Titulo. CDU 376

SUMRIOApresentao ................................................................................ 07 I -A Poltica de Incluso Educacional ........................................ 09 II - Sala de Recursos Multifuncionais ......................................... 13 1. Concepo.................................................................................. 13 2. Definio de atendimento educacional especializado ................... 15 3. Alunos atendidos ........................................................................ 15 4. Perfil do professor........................................................................ 17 5. Ajudas tcnicas e tecnologias assistivas........................................ 18 6. Sugestes de recursos e materiais ............................................... 20 III -Atendimento Educacional Especializado ....................... .....21 1. Alunos com deficincia mental ................................................... 21 2. Alunos surdos ou com deficincia auditiva.................................. 24 3. Alunos com deficincia visual ..................................................... 26 4. Alunos com deficincia fsica ...................................................... 28 5. Alunos com dificuldades de comunicao expressiva ................... 31 6. Alunos com altas habilidades/superdotao ................................ 32 IV- Bibliografia............................................................................. 36

APRESENTAO0 Ministrio da Educao implementa uma poltica de incluso que pressupe a reestruturao do sistema educacional, com o objetivo de tornar a escola um espao democrtico que acolha e garanta a permanncia de todos os alunos, sem distino social, cultural, tnica, de gnero ou em razo de deficincia e caractersticas pessoais. 0 documento Sala de Recursos Multifuncionais: espao para o atendimento educacional especializado se destina aos gestores e educadores dos sistemas educacionais e visa subsidiar tcnica e pedagogicamente a organizao dos servios de atendimento educacional especializado que favorea a incluso de alunos com necessidades educacionais especiais nas classes comuns do Ensino Regular. Essas orientaes tm por objetivo apoiar o processo de implantao de salas de recursos, onde sejam atendidas as necessidades educacionais especiais de cada aluno, transformando as atitudes que impedem o acesso s classes comuns do ensino regular e tornando as escolas mais acessveis. Os princpios para organizao das salas de recursos multifuncionais partem da concepo de que a escolarizao de todos os alunos, com ou sem necessidades educacionais especiais, realiza-se em classes comuns do Ensino Regular, quando se reconhece que cada criana aprende e se desenvolve de maneira diferente e que o atendimento educacional especializado complementar e suplementar escolarizao pode ser desenvolvido em outro espao escolar. O ambiente de aprendizagem o ensino regular, no qual se flexibiliza o processo pedaggico, para que todos possam ter acesso ao currculo, beneficiando-se da escolarizao. Para avanar nesse processo, alm de conhecimentos e informaes, importante a conscientizao dos direitos dos alunos quanto as suas necessidades educacionais especiais para que sejam respeitadas e valorizadas as diferenas.

Nessa perspectiva, a Secretaria de Educao Especial/MEC, numa ao compartilhada com os estados e municpios, desenvolve o Programa Educao Inclusiva: direito diversidade que tem entre seus objetivos o de apoiar a implantao de salas de recursos multifuncionais para favorecer o processo de incluso educacional na rede pblica de ensino. Claudia Pereira Dutra Secretria de Educao Especial

I -A POLTICA DE INCLUSO EDUCACIONAL A educao inclusiva, a partir do reconhecimento e valorizao da diversidade como fator de enriquecimento do processo educacional, tem provocado mudanas na escola e na formao docente, propondo uma reestruturao da educao que beneficie todos os alunos. A organizao de uma escola para todos prev o acesso escolarizao e ao atendimento s necessidades educacionais especiais. A educao inclusiva uma abordagem que procura responder s necessidades de aprendizagem de todas as crianas, jovens e adultos, com foco especfico nas pessoas ou grupo de pessoas que esto excludas da efetivao do direito educao e que esto fora da escola ou enfrentam barreiras para a participao nos processos de aprendizagem escolar. Existem diversas formas de excluso escolar, dentre elas, destaca-se aquela que diz respeito aos alunos com necessidades educacionais especiais, os quais, historicamente, tm sido excludos do processo de escolarizao. A escola, tradicionalmente, tem apresentado uma forte tendncia homogeneizadora e seletiva com relao aos alunos que no se adaptam ao padro estabelecido. No paradigma da educao inclusiva, resultante do conceito de sociedade tambm inclusiva, os sistemas e instituies sociais so adaptados s necessidades de todas as pessoas e no o contrrio, quando os indivduos esto sujeitos a se adaptarem s exigncias do sistema. Nesse processo, a formao dos professores fundamental para que a aprendizagem esteja centrada no potencial de cada aluno, de forma que uma incapacidade para andar, ouvir, enxergar, ou um dficit no desenvolvimento no sejam classificados como falta de competncia para aprender e nem causa para que os alunos desistam da escolarizao. A atitude positiva da gesto da escola, o trabalho colaborativo desenvolvido por toda a equipe escolar, a parceria entre escola e famlia, a organizao de recursos e a ateno s necessidades de cada aluno formam uma estrutura bsica para melhorar a qualidade da educao, alterando o

modo como os alunos so tratados e avanando na compreenso de que as dificuldades de aprendizagem podem ser o resultado de um sistema no acolhedor. Nessa perspectiva, o desenvolvimento de sistemas educacionais inclusivos, nos quais as escolas devem acolher todos, independente de suas condies fsicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingsticas e outras, representam a possibilidade de combater a excluso e responder s especificidades dos alunos. A Declarao de Salamanca, 1994, afirma que todas as crianas tm necessidades e aprendizagens nicas, que tm o direito de ir escola da sua comunidade, com acesso ao Ensino Regular, e que os sistemas educacionais devem implementar programas, considerando a diversidade humana e desenvolvendo uma pedagogia centrada na criana. A organizao do sistema educacional orientada nos princpios da educao inclusiva possibilita quebrar o ciclo de excluso, desafiar os preconceitos, dar visibilidade s pessoas com deficincia e oportunidade para que essas construam o seu prprio futuro. Ao compreender que todas as crianas devem estar com suas famlias e em suas comunidades, a poltica de incluso afirma os direitos humanos e fortalece a participao, superando os preconceitos que persistem na sociedade. Para eliminar as barreiras centradas nas atitudes preciso desfazer a cultura da segregao, desmistificar a idia de que a deficincia est associada incapacidade. As experincias de incluso demonstram que no contexto escolar, as crianas aceitam as diferenas e aprendem a no discriminar. A educao inclusiva melhora a qualidade do ensino para todos, atua como impulsionadora das mudanas nas prticas educacionais nas escolas, desafiando os professores a desenvolverem novas metodologias para a participao ativa que beneficie todos os alunos. Alm das competncias de que os professores necessitam para proporcionar uma educao de qualidade para todos, muitas vezes, so necessrias ajudas tcnicas ou equipamentos especficos para atender s necessidades educacionais especiais, bem como a atuao conjunta de outros profissionais na promoo da acessibilidade. O conceito de incluso reflete, tambm, uma nova abordagem na elaborao das polticas pblicas que reforam a concepo de transversalidade da educao especial nos programas educacionais, refora ainda, as relaes dessa modalidade de educao com as demais reas, assegurando assim, a acessibilidade dos alunos e a oportunidade de satisfao de suas necessidades educacionais especiais nos sistemas de ensino.

Experincias educacionais tm demonstrado prticas de violao dos direitos das crianas e adolescentes nas escolas, identificando a excluso nas seguintes situaes: os educadores dizem no estarem preparados para receber alunos com necessidades educacionais especiais; as escolas no oferecem acessibilidade; as famlias desistem da escolarizao de seus filhos porque muitas escolas no aceitam crianas com deficincia; a escolarizao de alunos com deficincia mental se mantm no mbito da Educao Infantil; os alunos abandonam as escolas que no respondem s suas necessidades. Paradoxalmente a esse processo, experincias positivas afirmam que muitas crianas so includas, com sucesso, nas escolas de ensino regular, evidenciando o compromisso da gesto da escola na construo de um projeto pedaggico que contemple as diferenas e a organizao de espaos para a realizao do atendimento educacional especializado. Esse cenrio positivo de crianas e adolescentes bem sucedidos educacionalmente, refora ainda mais, a necessidade da efetivao da mudana estrutural na educao. A transformao dos sistemas educacionais para a incluso de alunos com necessidades educacionais especiais significa uma mudana na gesto da educao que possibilita o acesso s classes comuns do Ensino Regular. Significa ainda a ampliao da oferta do atendimento educacional especializado que propicia a eliminao das barreiras para o acesso ao currculo. Assim, uma nova gesto dos sistemas educacionais prev a prioridade de aes de ampliao do acesso Educao Infantil, o desenvolvimento de programas para a formao de professores e a adequao arquitetnica dos prdios escolares para acessibilidade. Preconiza tambm a organizao de recursos tcnicos e de servios que promovam a acessibilidade pedaggica e nas comunicaes aos alunos com necessidades educacionais especiais em todos os nveis, etapas e modalidades da educao. As Diretrizes Nacionais para a Educao Especial na Educao Bsica, 2001, em seu artigo 2 orientam que:"Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo s escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condies necessrias para uma educao de qualidade para todos". O Plano Nacional de Educao, 2001, destaca, no captulo da Educao Especial, que "o grande avano que a dcada da educao deveria produzir seria a construo de uma escola inclusiva que garantisse o atendimento diversidade humana". O processo de incluso educacional exige mudanas nas prticas pedaggicas, no currculo e o rompimento com atitudes discriminatrias que

tm impedido o acesso de determinados alunos s classes comuns do Ensino Regular. O projeto do MEC de implantao de Salas de Recursos Multifuncionais nas escolas municipais e estaduais tem como propsito apoiar os sistemas de ensino na oferta do atendimento educacional especializado de forma complementar ou suplementar ao processo de escolarizao, conforme previsto no inciso V do artigo 8o da Resoluo CNE/CEB n. 2/2001. Os avanos da educao inclusiva mostram que os sistemas educacionais esto em processo de transformao e j refletem uma viso que transpe a concepo tradicional de ensino, alterando o paradigma da educao das pessoas com necessidades educacionais especiais. A iniciativa de implantao de salas de recursos multifuncionais nas escolas pblicas de ensino regular responde aos objetivos de uma prtica educacional inclusiva que organiza servios para o atendimento educacional especializado, disponibiliza recursos e promove atividades para desenvolver o potencial de todos os alunos, a sua participao e aprendizagem. Essa ao possibilita o apoio aos educadores no exerccio da funo docente, a partir da compreenso de atuao multidisciplinar e do trabalho colaborativo realizado entre professores das classes comuns e das salas de recursos.

Il - SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS 1. Concepo A concepo de escola inclusiva se fundamenta no reconhecimento das diferenas humanas e na aprendizagem centrada nas potencialidades dos alunos, ao invs da imposio de rituais pedaggicos pr-estabelecidos que acabam por legitimar as desigualdades sociais e negar a diversidade. Nessa perspectiva, as escolas devem responder s necessidades educacionais especiais de seus alunos, considerando a complexidade e heterogeneidade de estilos e ritmos de aprendizagem. Para tanto, necessria uma nova estrutura organizacional, com currculos flexveis, estratgias tericas metodolgicas eficientes, recursos e parcerias com a comunidade. A Educao Especial, como modalidade da educao escolar responsvel pelo atendimento educacional especializado, organiza-se de modo a considerar a aproximao dos pressupostos tericos prtica da educao inclusiva, a fim de cumprir dispositivos legais, polticos e filosficos. Os alunos com necessidades educacionais especiais tm assegurado na Constituio Federal de 1988, o direito educao (escolarizao) realizada em classes comuns e ao atendimento educacional especializado complementar ou suplementar escolarizao, que deve ser realizado preferencialmente em salas de recursos na escola onde estejam matriculados, em outra escola, ou em centros de atendimento educacional especializado. Esse direito tambm est assegurado na LDBEN - Lei n. 9.394/96, no parecer do CNE/CEB n. 17l 01, na Resoluo CNE/CEB n. 2, de 11 de setembro de 2001, na Lei n. 10.436/02 e no Decreto n. 5.626, de 22 de dezembro de 2005. As salas de recursos multifuncionais so espaos da escola onde se realiza o atendimento educacional especializado para alunos com necessidades educacionais especiais, por meio do desenvolvimento de estratgias de aprendizagem, centradas em um novo fazer pedaggico que favorea a construo de conhecimentos pelos alunos, subsidiando-os para que desenvolvam o currculo e participem da vida escolar.

De acordo com as Diretrizes Nacionais de Educao Especial para a Educao Bsica, o atendimento educacional especializado em salas de recursos constitui servio de natureza pedaggica, conduzido por professor especializado1, que suplementa, no caso dos alunos com altas habilidades/superdotao, e complementa, no caso dos alunos com dificuldades acentuadas de aprendizagem vinculadas ou no deficincia. Esse servio se realiza em espao dotado de equipamentos e recursos pedaggicos adequados s necessidades educacionais especiais dos alunos, podendo estender-se a alunos de escolas mais prximas, nas quais ainda no exista esse atendimento. Pode ser realizado individualmente ou em pequenos grupos em horrio diferente daquele em que freqentam a classe comum. A sala de recursos multifuncionais , portanto, um espao organizado com materiais didticos, pedaggicos, equipamentos e profissionais com formao para o atendimento s necessidades educacionais especiais. No atendimento, fundamental que o professor considere as diferentes reas do conhecimento, os aspectos relacionados ao estgio de desenvolvimento cognitivo dos alunos, o nvel de escolaridade, os recursos especficos para sua aprendizagem e as atividades de complementao e suplementao curricular. A denominao sala de recursos multifuncionais se refere ao entendimento de que esse espao pode ser utilizado para o atendimento das diversas necessidades educacionais especiais e para desenvolvimento das diferentes complementaes ou suplementaes curriculares. Uma mesma sala de recursos, organizada com diferentes equipamentos e materiais, pode atender, conforme cronograma e horrios, alunos com deficincia, altas habilidades/superdotao, dislexia, hiperatividade, dficit de ateno ou outras necessidades educacionais especiais. Para atender alunos cegos, por exemplo, deve dispor de professores com formao e recursos necessrios para seu atendimento educacional especializado. Para atender alunos surdos, deve se estruturar com profissionais e materiais bilnges. Portanto, essa sala de recursos multifuncional em virtude de a sua constituio ser flexvel para promover os diversos tipos de acessibilidade ao currculo, de acordo com as necessidades de cada contexto educacional. A escola deve articular junto gesto da sua rede de ensino, as condies necessrias para a implementao das salas de recursos multifuncionais, bem como a definio de procedimentos pedaggicos e a participao dos pais ou responsveis.' O professor especializado em Educao Especial deve comprovar ps-graduao, graduao ou cursos de formao continuada nas reas especficas de Educao Especial. Ver artigo n. 18, o 2 e 3 da Resoluo do CNE/CEB 2/2001.

2. Definio de Atendimento Educacional Especializado 0 atendimento educacional especializado nas salas de recursos multifuncionais se caracteriza por ser uma ao do sistema de ensino no sentido de acolher a diversidade ao longo do processo educativo, constituindo-se num servio disponibilizado pela escola para oferecer o suporte necessrio s necessidades educacionais especiais dos alunos, favorecendo seu acesso ao conhecimento. O atendimento educacional especializado constitui parte diversificada2 do currculo dos alunos com necessidades educacionais especiais, organizado institucionalmente para apoiar, complementar e suplementar os servios educacionais comuns. Dentre as atividades curriculares especficas desenvolvidas no atendimento educacional especializado em salas de recursos se destacam: o ensino da Libras, o sistema Braille3 e o Soroban4, a comunicao alternativa, o enriquecimento curricular, dentre outros. Alm do atendimento educacional especializado realizado em salas de recursos ou centros especializados, algumas atividades ou recursos devem ser disponibilizados dentro da prpria classe comum, como, por exemplo, os servios de tradutor e intrprete de Libras e a disponibilidade das ajudas tcnicas e tecnologias assistivas, entre outros. Nesse sentido, o atendimento educacional especializado no pode ser confundido com atividades de mera repetio de contedos Programticos desenvolvidos na sala de aula, mas deve constituir um conjunto de procedimentos especficos mediadores do processo de apropriao e produo de conhecimentos. 3. Alunos atendidos A sala de recursos multifuncionais um espao para a realizao do atendimento educacional especializado de alunos que apresentam, ao longo de sua aprendizagem, alguma necessidade educacional especial, temporria ou permanente, compreendida, segundo as Diretrizes Nacionais para a Educao Especial na Educao Bsica, em trs grupos:2

- A LDB, em seu artigo 26, determina: "Os currculos do Ensino Fundamental e Mdio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas caractersticas regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela". 3 - Sistema Braille um sistema de leitura e escrita em relevo constitudo de 64 smbolos resultantes da combinao de seis pontos, dispostos em duas colunas de trs. 4 - Soroban um instrumento de clculo de procedncia japonesa, adaptado para uso de pessoas cegas.

alunos com dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitaes no processo de desenvolvimento que dificultam o acompanhamento das atividades curriculares: aquelas no vinculadas a uma causa orgnica especfica ou aquelas relacionadas a condies, disfunes, limitaes ou deficincias; alunos com dificuldades de comunicao e s i n a l i z a o diferenciadas dos demais alunos; alunos que evidenciem altas habilidades/superdotao e que apresentem uma grande facilidade ou interesse em relao a algum tema ou grande criatividade ou talento especfico.

Incluem-se, nesses grupos, alunos que enfrentam limitaes no processo de aprendizagem devido a condies, distrbios, disfunes ou deficincias, tais como, autismo, hiperatividade, dficit de ateno, dislexia, deficincia fsica, paralisia cerebral e outros. Esses alunos que, muitas vezes, no tm encontrado respostas s suas necessidades educacionais especiais no sistema de ensino, podero ser beneficiados com os recursos de acessibilidade por meio de ajudas tcnicas e de tecnologias assistivas, utilizao de linguagens e cdigos aplicveis e pela abordagem pedaggica que possibilite seu acesso ao currculo. Nesse sentido, no se teve a pretenso de esgotar o amplo espectro de alunos que tm direito ao atendimento educacional especializado, ficando os sistemas de ensino com a responsabilidade e autonomia para se organizar conforme as necessidades apresentadas por seus alunos. Segundo o parecer CNE/CEB n. 17/01, o projeto pedaggico de uma escola inclusiva dever atender ao princpio da flexibilidade para que o acesso ao currculo seja adequado s condies do aluno, favorecendo seu processo escolar. Dessa forma, devem ser observadas as variveis que podem interferir no processo de aprendizagem tais como: as de cunho individual do aluno, as condies da escola, a prtica docente, as diretrizes do sistema de ensino, bem como a relao entre todas elas. Portanto, so beneficiados com atendimento educacional especializado todos os alunos que encontram respostas s suas necessidades educacionais especiais. Essas respostas so estabelecidas na relao entre a modalidade da Educao Especial e as etapas da educao.

4. Perfil do professor 0 professor da sala de recursos multifuncionais dever ter curso de graduao, ps-graduao e ou formao continuada que o habilite para atuar em reas da educao especial para o atendimento s necessidades educacionais especiais dos alunos. A formao docente, de acordo com sua rea especifica, deve desenvolver conhecimentos acerca de: Comunicao Aumentativa e Alternativa, Sistema Braille, Orientao e Mobilidade, Soroban, Ensino da Lngua Brasileira de Sinais - Libras, Ensino de Lngua Portuguesa para Surdos, Atividades de Vida Diria, Atividades Cognitivas, Aprofundamento e Enriquecimento Curricular, Estimulao Precoce, entre outros. O professor da sala de recursos multifuncionais tem como atribuies: atuar, como docente, nas atividades de complementao ou suplementao curricular especfica que constituem o atendimento educacional especializado dos alunos com necessidades educacionais especiais; atuar de forma colaborativa com o professor da classe comum para a definio de estratgias pedaggicas que favoream o acesso do aluno com necessidades educacionais especiais ao currculo e a sua interao no grupo; promover as condies para a incluso dos alunos com necessidades educacionais especiais em todas as atividades da escola; orientar as famlias para o seu envolvimento e a sua participao no processo educacional; informar a comunidade escolar acerca da legislao e normas educacionais vigentes que asseguram a incluso educacional; participar do processo de identificao e tomada de decises acerca do atendimento s necessidades educacionais especiais dos alunos; preparar material especfico para uso dos alunos na sala de recursos; orientar a elaborao de materiais didtico-pedaggicos que possam ser utilizados pelos alunos nas classes comuns do ensino regular; indicar e orientar o uso de equipamentos e materiais especficos e de outros recursos existentes na famlia e na comunidade; articular, com gestores e professores, para que o projeto pedaggico da instituio de ensino se organize coletivamente numa perspectiva de educao inclusiva.

Salienta-se que o professor da sala de recursos multifuncionais dever participar das reunies pedaggicas, do planejamento, dos conselhos de classe, da elaborao do projeto pedaggico, desenvolvendo ao conjunta com os professores das classes comuns e demais profissionais da escola para a promoo da incluso escolar. 5. Ajudas Tcnicas e Tecnologias Assistivas As ajudas tcnicas possuam uma orientao predominantemente voltada para o suporte ao mdica e reabilitao, de forma que a nfase desses recursos era colocada apenas na patologia e nas estratgias de reduo das dificuldades das pessoas com deficincia. Ampliando essa orientao, a Lei n. 10.098/00, que trata das normas gerais e critrios bsicos para a promoo da acessibilidade de pessoas com deficincia ou mobilidade reduzida, disps que o poder pblico promover a supresso de barreiras urbansticas, arquitetnicas, de transporte e de comunicao, mediante ajudas tcnicas. Na regulamentao da Lei, o art. 61 do Decreto n. 5.296/04 definiu: "consideram-se ajudas tcnicas os produtos, instrumentos e equipamentos ou tecnologia adaptados ou especialmente projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa portadora de deficincia ou com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida". Recentemente foi inserida na cultura educacional brasileira, a terminologia tecnologias assistivas, apresentando-se paralelamente expresso ajudas tcnicas, no que diz respeito aos recursos que favorecem a funcionalidade e aos servios que tm por objetivo promover a avaliao, indicao, confeco e orientao para o desenvolvimento de autonomia funcional do usurio da tecnologia assistiva. Tecnologia assistiva, portanto, uma expresso utilizada para identificar todo o arsenal de recursos e servios que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficincia e, conseqentemente, promover vida independente e incluso. Ainda, de acordo com Dias de S (2003) a tecnologia assistiva deve ser compreendida como resoluo de problemas funcionais, em uma perspectiva de desenvolvimento das potencialidades humanas, valorizao de desejos, habilidades, expectativas positivas e da qualidade de vida, as

quais incluem recursos de comunicao alternativa, de acessibilidade ao computador, de atividades de vida diria, de orientao e mobilidade, de adequao postural, de adaptao de veculos, rteses e prteses, entre outros. Nesse sentido, o Ministrio da Cincia e Tecnologia (2005) definiu as tecnologias assistivas como aquelas que reduzem ou eliminem as limitaes decorrentes das deficincias fsica, mental, visual, auditiva, a fim de colaborar para a incluso social das pessoas com deficincia e dos idosos. Essa concepo efetiva o disposto na Constituio Federal de 88, que garante s pessoas com deficincia, o direito ao atendimento educacional especializado, o qual deve contemplar as ajudas tcnicas e as 'tecnologias assistivas'. No desenvolvimento de sistemas educacionais inclusivos, as ajudas tcnicas e as tecnologias assistivas esto inseridas no contexto da educao brasileira, dirigidas promoo da incluso de todos os alunos nas escolas. Portanto, o espao escolar deve ser estruturado como aquele que oferece tambm as ajudas tcnicas e os servios de tecnologia assistiva. A tecnologia assistiva classificada em vrias reas de especializao importantes no processo educacional, sendo entendida como recursos para alunos cegos ou com baixa viso; surdos, ou com dficit auditivo; com deficincia mental; com deficincia fsica, superdotados, destacandose o material escolar pedaggico adaptado; a adequao de postura (mobilirio); a mobilidade; a comunicao aumentativa e alternativa; a informtica acessvel e os projetos arquitetnicos para acessibilidade, entre outros. Dessa forma, as ajudas tcnicas e as 'tecnologias assistivas' constituem campo de atuao da educao especial que tm por finalidade atender o que especfico dos alunos com necessidades educacionais especiais, buscando recursos e estratgias que favoream seu processo de aprendizagem, habilitando-os funcionalmente na realizao de tarefas escolares. No processo educacional, podero ser utilizadas nas salas de recursos, tanto a tecnologia avanada, quanto os computadores e softwares especficos, como tambm os recursos de baixa tecnologia, que podem ser obtidos ou confeccionados artesanalmente pelo professor, a partir de materiais que fazem parte do cotidiano escolar.

6. Sugestes de Materiais e Recursos Entre a grande variedade de materiais e recursos pedaggicos que podem ser utilizados para o trabalho na sala de recursos multifuncionais, destacam-se: jogos pedaggicos que valorizam os aspectos ldicos, a criatividade e o desenvolvimento de estratgias de lgica e pensamento. Os jogos e materiais pedaggicos podem ser confeccionados pelos professores da sala de recursos e devem obedecer a critrios de tamanho, espessura, peso e cor, de acordo com a habilidade motora e sensorial do aluno. So muito teis as sucatas, folhas coloridas, fotos e gravuras, velcro, ms, etc; jogos pedaggicos adaptados para atender s necessidades educacionais especiais dos alunos, como aqueles confeccionados com simbologia grfica, utilizada nas pranchas de comunicao correspondentes atividade proposta pelo professor, ou ainda aqueles que tm peas grandes, de fcil manejo, que contemplam vrios temas e desafios para escrita, clculo, cincias, geografia, histria e outros; livros didticos e paradidticos impressos em letra ampliada, em Braille, digitais em Libras, com simbologia grfica e pranchas de comunicao temticas correspondentes atividade proposta pelo professor; livros de histrias virtuais, livros falados, livros de histrias adaptados com velcro e com separador de pginas, dicionrio trilnge: Libras/ Portugus/Ingls e outros; recursos especficos como reglete, puno, soroban, guia de assinatura, material para desenho adaptado, lupa manual, calculadora sonora, caderno de pauta ampliada, caneta ponta porosa, engrossadores de lpis e pincis, suporte para livro (plano inclinado), tesoura adaptada, softwares, brinquedos e miniaturas para o desenvolvimento da linguagem, reconhecimento de formas e atividades de vida diria, e outros materiais relativos ao desenvolvimento do processo educacional; mobilirios adaptados, tais como: mesa com recorte, ajuste de altura e ngulo do tampo; cadeiras com ajustes para controle de tronco e cabea do aluno, apoio de ps, regulagem da inclinao do assento com rodas, quando necessrio; tapetes antiderrapantes para o no descolamento das cadeiras.

Ill - ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO 1. Alunos com deficincia mental Diferenciando-se dos espaos tradicionalmente organizados de forma segregada para o atendimento educacional dos alunos com deficincia mental em classes e escolas especiais, a proposta da sala de recursos multifuncionais pressupe que a construo do conhecimento por pessoas com ou sem deficincia mental se d na interao com a diversidade. Nesse contexto, a deficincia mental que se constitui em defasagem e alteraes nas estruturas mentais para a construo do conhecimento no concebida como ausncia de capacidade de abstrao, generalizao ou aptido. Assim, o direito escolarizao em classes comuns do ensino regular deve ser garantido aos alunos com deficincia mental, bem como o atendimento educacional especializado que deve ser assegurado nas salas de recursos multifuncionais. Nesses espaos de atendimento s necessidades educacionais especiais de alunos com deficincia mental, os professores realizam a mediao docente de forma a desenvolver os processos cognitivos, tambm chamados processos mentais, que oportunizam a produo do conhecimento. interessante ressaltar que as propostas pedaggicas direcionadas ao aluno com deficincia mental tm sido historicamente influenciadas por referenciais inatistas5 e ambientalistas6, os quais do margem a uma variedade de metodologias de treinamento, categorizao e etiquetagem, bem como necessidade de deteco precisa da deficincia, com o conseqente desenvolvimento de testes de inteligncia e outras tcnicas de diagnstico quantitativo. Entretanto, durante as dcadas de sessenta e setenta, em5

Segundo a concepo inatista os eventos que ocorrem aps o nascimento no so essenciais para o desenvolvimento humano, uma vez que as qualidades e capacidades bsicas de cada pessoa j se encontrariam "prontas" e em sua forma final ao nascer, (DAVIS & OLIVEIRA, 1990). 6 Segundo a concepo ambientalista a experincia sensorial a base do conhecimento. Nesse sentido, atribui imensa importncia ao ambiente no desenvolvimento humano, (DAVIS & OLIVEIRA, 1990).

decorrncia da contribuio de muitas disciplinas e ramos da cincia, uma grande "revoluo" se deu no conceito de deficincia. Tal alterao teve por base uma mudana de perspectiva, na qual no mais se focaliza a deficincia "do indivduo e no indivduo" e sim, os condicionantes socioculturais que contribuem, ou no, para o seu desenvolvimento e aprendizagem. Situam-se nesse cenrio as contribuies da psicologia e da epistemologia gentica de Jean Piaget, que alteraram de forma definitiva, as teorias vigentes sobre a mente humana, rompendo com barreiras conceituais e metodolgicas que impediam a compreenso sobre as reais condies de aprendizagem desses alunos. Nessa perspectiva, as pessoas com deficincia mental passam pelos mesmos estgios de desenvolvimento cognitivo (sensrio-motor, pr-operatrio, operatrio concreto, operatrio formal), pelos quais as demais pessoas passam, realizando processos similares de construo e objetivao do conhecimento. Vygotsky (1989) afirma que uma criana com deficincia mental no simplesmente menos desenvolvida que outra da sua idade, mas uma criana que se desenvolve de outro modo. Para ele, as funes psicolgicas superiores, que so caractersticas do ser humano, esto ancoradas, por um lado, nas caractersticas biolgicas da espcie humana e, por outro, so desenvolvidas ao longo de sua histria social. Assim, no existe uma nica forma de aprender e tampouco uma nica forma de ensinar, mas o "bom aprendizado" , para Vygotsky, aquele que envolve sempre a interao com outros indivduos e a interferncia direta ou indireta deles, e, fundamentalmente, o respeito ao modo peculiar de cada um aprender. Assim, tanto as pesquisas de inspirao interacionista7 quanto a constatao emprica, confirmam que as pessoas com deficincia mental se diferenciam das pessoas sem deficincia muito mais pelo ritmo de construo das estruturas do conhecimento do que pela forma como conseguem evoluir intelectualmente. Conforme Mantoan (1997), no existe uma diferena estrutural no desenvolvimento cognitivo de pessoas deficientes e, embora existam lentides significativas no desenvolvimento intelectual, a inteligncia de pessoas deficientes, tanto quanto a inteligncia de qualquer pessoa, possui plasticidade, o que faz com que sejam capazes de "evoluir, manter estveis suas aquisies intelectuais, assim como generaliz-las para uma gama considervel de atividades", (p. 57).

7

A concepo interacionista se apia na idia de interao entre organismo e meio e v a aquisio do conhecimento como um processo construdo pela pessoa durante toda a sua vida, no estando pronto ao nascer nem sendo adquirido passivamente pelo meio (DAVIS & OLIVEIRA, 1990).

Na sala de recursos multifuncionais para atendimento educacional especializado para alunos com deficincia mental, so realizadas as adequaes necessrias para participao e aprendizagem desses alunos, por meio de estratgias terico-metodolgicas que lhes permitam o desenvolvimento cognitivo e a apropriao ativa do saber. As atividades tm como objetivo o engajamento do aluno em um processo particular de descoberta e o desenvolvimento de relacionamento recproco entre a sua resposta e o desafio apresentado pelo professor. Diante de uma situao problema, o aluno que no apresente deficincia mental busca, por si s, alternativas para solucionar a mesma, enquanto o aluno com deficincia mental, devido a limitaes estruturais de natureza orgnica, precisa, na maioria das vezes, de um apoio intencional para que possa estruturar condutas inteligentes. Observa-se, nessa situao, que exigido desse aluno um maior esforo para o desenvolvimento de seus processos mentais, cabendo ao professor intensificar e complexificar as atividades, respeitando o ritmo e o estilo de aprendizagem do aluno. Atribuies do professor de sala de recursos para alunos com deficincia mental O atendimento educacional especializado realizado em sala de recursos deve se caracterizar como complemento curricular, de modo que atenda as necessidades educacionais de alunos com deficincia mental, priorizando o desenvolvimento dos processos mentais, oportunizando atividades que permitam a descoberta, inventividade e criatividade. Nessa perspectiva, o professor da sala de recursos multifuncionais deve: realizar atividades que estimulem o desenvolvimento dos processos mentais: ateno, percepo, memria, raciocnio, imaginao, criatividade, linguagem, entre outros; proporcionar ao aluno o conhecimento de seu corpo, levando-o a us-lo como instrumento de expresso consciente na busca de sua independncia e na satisfao de suas necessidades; fortalecer a autonomia dos alunos para decidir, opinar, escolher e tomar iniciativas, a partir de suas necessidades e motivaes; propiciar a interao dos alunos em ambientes sociais, valorizando as diferenas e a no discriminao;

preparar materiais e atividades especficas para o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos. 2. Alunos surdos ou com deficincia auditiva A educao de pessoas surdas no Brasil realizava-se na concepo clnicoteraputica e os professores tinham por objetivo fazer os alunos falarem. Sob esse ponto de vista, a Educao Especial esteve voltada reabilitao da audio e da fala, considerada como sinnimo de linguagem. A predominncia desse modelo acarretou o uso concomitante de prticas pedaggicas e da sade (fonoaudiologia) no atendimento educacional especializado, desenvolvido em escolas ou classes especiais para alunos surdos. Nos ltimos anos, as prticas, as representaes sociais e as novas concepes de surdez passaram a ser edificadas com respaldo nos avanos cientficos e nos estudos lingsticos e scios antropolgicos. Essas concepes no negam que a surdez seja uma limitao auditiva, mas valorizam as potencialidades dos surdos expressas nas construes artsticas, lingsticas e culturais. Nesse universo, a experincia visual traz s pessoas surdas a possibilidade de constituir sua subjetividade por meio de experincias cognitivas e lingsticas diversas, mediadas por formas alternativas de comunicao simblica, que encontram na lngua de sinais seu principal meio de concretizao. Com base nesses estudos, representaes da comunidade surda brasileira organizaram-se em associaes e federaes, que passaram a reivindicar mudanas no processo educacional dos alunos surdos e o reconhecimento da lngua de sinais do Brasil. O Brasil reconheceu a Lngua Brasileira de Sinais, por meio da Lei n. 10.436/02, (Lei de Libras), que determinou a incluso desse contedo curricular em todos os cursos de formao de professores e de fonoaudilogos, definindo ainda que a Libras no substitui a Lngua Portuguesa (escrita). O Decreto n. 5.626/05, que regulamentou a Lei de Libras definiu, entre outros aspectos, que os sistemas de ensino devem garantir a incluso de pessoas surdas8 ou com deficincia auditiva9, por meio da organizao de8

Considera-se pessoa surda aquela que por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experincias visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Lngua Brasileira de Sinais - Libras. Ver Decreto n. 5626/05, 2. 9 Considera-se deficincia auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqncias de 500Hz, 1.000Hz, 2 000Hz e 3.000Hz. Ver o Decreto n. 5.626/05, 2 , pargrafo nico.

escolas e classes bilnges, nas quais a Libras e a Lngua Portuguesa sejam lnguas de instruo. Definiu, tambm, que alm da escolarizao esses alunos tm o direito ao atendimento educacional especializado em turno diferenciado, para o desenvolvimento de complementao curricular. Essas mudanas que introduziram Libras no currculo tornaram seu ensino obrigatrio. No entanto, se os pais ou os prprios alunos optarem pelo no uso da Libras, devero formalizar essa preferncia junto escola. Nesse caso, professores, em interface com os profissionais da fonoaudiologia, devero realizar um trabalho que promova a aquisio da modalidade oral da lngua portuguesa pelo aluno com surdez, em turno distinto ao da escolarizao. A mudana de paradigma que possibilitou remover as barreiras do preconceito com relao Lngua de Sinais, aponta para a necessidade de reformulao no trabalho desenvolvido no atendimento educacional especializado, que passa a constituir um trabalho pedaggico de promoo de acessibilidade comunicao, informao e educao. A sala de recursos multifuncionais para os alunos surdos ou com deficincia auditiva o espao organizado para o atendimento educacional especializado, necessrio aos alunos que apresentam condies de comunicao e sinalizao diferenciadas das dos demais colegas. Esses alunos podem demandar, ao longo de sua aprendizagem, o desenvolvimento de instrumentos lingsticos (Lngua Brasileira de Sinais e Lngua Portuguesa), necessrios para sua incluso educacional e social. Atribuies do professor da sala de recursos para atendimento s necessidades educacionais especiais dos alunos com surdez ou deficincia auditiva As salas de recursos para alunos surdos ou com deficincia auditiva so espaos educacionais destinados realizao da complementao curricular especfica, em turno contrrio ao da classe comum. O objetivo da organizao dessas salas viabilizar condies para o acesso aos nveis mais elevados de ensino, considerando que esses alunos tm condies de comunicao diferenciada. Nessas salas de recursos, o professor, preferencialmente bilnge, com conhecimentos acerca de metodologias para o ensino de lnguas deve: complementar os estudos referentes aos conhecimentos construdos nas classes comuns do ensino regular;

ofertar suporte pedaggico aos alunos, facilitando-lhes o acesso a todos os contedos curriculares; promover o aprendizado da Libras para o aluno que optar pelo seu uso; utilizar as tecnologias de informao e comunicao para a aprendizagem da Libras e da Lngua Portuguesa; desenvolver a Libras como atividade pedaggica, instrumental, dialgica e de conversao; promover a aprendizagem da Lngua Portuguesa para alunos surdos, como segunda lngua, de forma instrumental, dialgica e de conversao; aprofundar os estudos relativos disciplina de Lngua Portuguesa, principalmente na modalidade escrita; produzir materiais bilnges, (Libras-Portugus-Libras); favorecer a convivncia entre os alunos surdos para o aprendizado e o desenvolvimento da Lngua Brasileira de Sinais; utilizar equipamentos de amplificao sonora e efetivar interface com a fonoaudiologia para atender alunos com resduos auditivos, quando esta for a opo da famlia ou do aluno.

3. Alunos com deficincia visual Os alunos com deficincia visual apresentam uma variao de perdas que poder se manifestar em diferentes graus de acuidade visual, conforme detalhado nas definies mdicas e educacionais que definem pessoas cegas10 ou com baixa viso". Por ser a deficincia visual uma limitao sensorial, ela pode manifestar efeitos sobre o desenvolvimento da criana, quando esta no for atendida em suas especificidades. O atendimento s suas necessidades educacionais especiais inclui variedade de experincias, formao de conceitos, orientao e mobilidade, interao com o ambiente e acesso a informaes impressas em braille, em caracteres ampliados e outros.

'"Pessoas Cegas: aquelas cuja acuidade visual igual ou menor que 20/200, ou cujo campo visual inferior a 20 no melhor olho. Pessoas que apresentam desde a ausncia total da viso, at a perda da projeo de luz. 11 Pessoas com Baixa Viso: aquelas que apresentam alterao da capacidade funcional da viso, decorrente de inmeros fatores isolados ou associados, tais como: baixa acuidade significativa, reduo importante do campo visual, alteraes corticais e ou de sensibilidade aos contrastes, que interferem ou que limitam o desempenho visual. Pessoas que apresentam "desde condies de indicar projeo de luz, at o grau em que a reduo da acuidade visual interfere ou limita seu desempenho", (MEC, 2005).

O processo de aprendizagem de alunos cegos se desenvolve por meio da utilizao dos sentidos remanescentes, tato, audio, olfato, paladar, utilizando o Sistema Braille como principal meio de comunicao escrita. J o processo educativo de alunos com baixa viso se desenvolver, principalmente, por meios visuais, ainda que com a utilizao de recursos especficos, (MEC, 2005). Os processos de construo do conhecimento pela criana cega so semelhantes aos das crianas videntes. Porm, os profissionais que atuam nessa rea devem proporcionar experincias que desenvolvam habilidades aprendidas naturalmente pelas pessoas videntes. Existem, portanto, atividades que precisam ser deliberadamente ensinadas para as crianas cegas para que possam estabelecer relaes com o meio e perceber formas, tamanho, distncia, posio e localizao de objetos. Dessa forma, o atendimento educacional especializado, em sala de recursos multifuncionais para alunos com deficincia visual, dever possibilitar o desenvolvimento das atividades mais simples de interao com o mundo, a realizao do processo de alfabetizao pelo Sistema Braille ou a utilizao de caracteres ampliados ou recursos especficos conforme a necessidade dos alunos com baixa viso. Tambm, dever possibilitar atendimento nas reas especficas de orientao e mobilidade, atividades da vida diria, escrita cursiva, soroban, acesso s tecnologias de informao e outros. A sala de recursos multifuncionais para atendimento educacional especializado aos alunos com deficincia visual um ambiente dotado de equipamentos e recursos pedaggicos adequados natureza das suas necessidades e que possibilitam o acesso informao, comunicao, com adequaes que visam facilitar a incluso no ensino regular, em carter complementar e no substitutivo da escolarizao realizada em sala de aula. Atribuies do professor da sala de recursos para atendimento s necessidades dos alunos com deficincia visual As salas de recursos so espaos onde professores operacionalizam as complementaes curriculares especficas necessrias educao dos alunos com deficincia visual, realizando o atendimento educacional especializado e a confeco de materiais adaptados. Nessas salas de recursos, os professores devem: promover e apoiar a alfabetizao e o aprendizado pelo Sistema Braille; realizar a transcrio de materiais, braille/tinta, tinta/braille, e produzir gravao sonora de textos;

realizar adaptao de grficos, mapas, tabelas e outros materiais didticos para uso de alunos cegos; promover a utilizao de recursos pticos, (lupas manuais e eletrnicas) e no pticos, (cadernos de pauta ampliada, iluminao, lpis e canetas adequadas); adaptar material em caracteres ampliados para uso de alunos com baixa viso, alm de disponibilizar outros materiais didticos; desenvolver tcnicas e vivncias de orientao e mobilidade e atividades da vida diria para autonomia e independncia; desenvolver o ensino para o uso do soroban; promover adequaes necessrias para o uso de tecnologias de informao e comunicao.

4. Alunos com deficincia fsica A discusso sobre uma escola acolhedora, responsiva s diferenas humanas, tem suscitado inmeros debates sobre programas e polticas de insero do aluno com necessidades educacionais especiais em ambientes inclusivos. Em consonncia com o paradigma da educao inclusiva, a proposta de atendimento educacional especializado para alunos com deficincia fsica deve ter como base, a reflexo sobre as dimenses fsicas e as atitudes que permeiam o ambiente escolar. Diversos elementos, que vo desde as condies de acesso, como o transporte adaptado e a arquitetura dos prdios escolares, at as barreiras discriminatrias que limitam a permanncia com sucesso na escola, precisam ser consideradas. Um dos avanos recentes com relao garantia de acessibilidade aos ambientes foi a publicao do Decreto n. 5.296/04 que estabelece normas gerais e critrios bsicos para a promoo da acessibilidade das pessoas com deficincia ou com mobilidade reduzida, definindo condies para acesso, movimento, circulao e utilizao, com segurana e autonomia, dos mobilirios, equipamentos, espaos, edificaes, servios de transporte, bem como, acesso comunicao e informao. A deficincia fsica se refere ao comprometimento do aparelho locomotor que compreende o sistema osteoarticular, o sistema muscular e o sistema nervoso. As doenas ou leses que afetam quaisquer desses sistemas, isoladamente ou em conjunto, podem produzir quadros de limitaes fsicas de grau e gravidade variveis, segundo os segmentos corporais afetados e o tipo de leso ocorrida, (MEC, 2004).

Tratando-se especificamente dos processos de ensinar e de aprender, importante ressaltar que alunos com deficincia fsica constrem conhecimentos da mesma forma que os demais alunos, requerendo, entretanto, algumas alternativas metodolgicas diferenciadas. Com o propsito de adequar metodologias de ensino s caractersticas de cada pessoa com deficincia fsica, respeitando suas diferenas individuais, a Educao Fsica Adaptada, por exemplo, surgiu oficialmente nos cursos de graduao, prevendo a atuao do professor de Educao Fsica junto aos alunos com deficincia fsica e outras necessidades educacionais especiais. Essa rea tem como objeto de estudo, a motricidade humana direcionada s pessoas com deficincia fsica ou com mobilidade reduzida e, em seus contedos, no se diferencia da Educao Fsica, mas compreende tcnicas, mtodos e formas de organizao que podem ser aplicados no trabalho com os alunos. Contribuindo para que se desfaa um imaginrio, segundo o qual, apenas uma parcela de alunos, em geral os mais "habilidosos", pode estar efetivamente engajada nas atividades propostas pelos professores, a concepo de incluso traz o entendimento de que as deficincias fazem parte da diversidade humana e, portanto, as respostas s necessidades educacionais especiais devem estar presentes nas prticas pedaggicas. Cabe ao professor da sala de recursos, atuar conjuntamente com o professor da classe comum, para orient-lo acerca da participao efetiva do aluno com deficincia fsica nas atividades recreativas, esportivas e culturais da escola, trabalhando, fundamentalmente, os aspectos relacionados ao desenvolvimento da auto estima, auto valorizao e auto imagem, devendo buscar ainda, estimular a independncia e a autonomia, bem como a socializao desse aluno com outros grupos. Nesse contexto, no atendimento educacional especializado para alunos com deficincia fsica, necessrio que os professores conheam a diversidade e a complexidade dos diferentes tipos de deficincia fsica, para definir estratgias de ensino que desenvolvam o potencial dos alunos. De acordo com a limitao fsica apresentada, necessrio utilizar recursos didticos e equipamentos especiais para a sua educao, buscando viabilizar a participao do aluno nas situaes prticas vivenciadas no cotidiano escolar, para que o mesmo, com autonomia, possa otimizar suas potencialidades e possibilidades de movimento e venha interagir e transformar o ambiente em busca de uma melhor qualidade de vida.

O desenvolvimento de ajudas tcnicas e de tecnologias assistivas nas salas de recursos faz-se necessrio para promover modificaes nos ambientes e currculos, considerando as diferenas e as capacidades fsicas. Assim, os recursos s adquirem funcionalidade quando permitem que as potencialidades possam ser expressas. A escola, no atendimento aos alunos com deficincia fsica, dever promover condies de acessibilidade por meio da adequao do mobilirio escolar, da eliminao de barreiras arquitetnicas, da disponibilidade de recursos, materiais escolares e pedaggicos adaptados e de equipamentos de informtica acessveis que os habilite para o uso independente do computador, que lhes garanta formas alternativas de acesso produo do conhecimento. Atribuies do Professor de Sala de Recursos Orientar o professor da classe comum sobre estratgias que favoream autonomia e envolvimento do aluno em todas as atividades propostas ao grupo; orientar o professor quanto ao uso da metodologia da Educao Fsica Adaptada; operacionalizar as complementaes curriculares especficas necessrias educao dos alunos com deficincia fsica no que se refere ao manejo de materiais adaptados e escrita alternativa, (quando necessrio), s vivncias de mobilidade e acesso a todos os espaos da escola e atividades da vida diria, que envolvam a rotina escolar, dentre outras; orientar os alunos para a adaptao ao uso de prteses, de membro superior ou inferior; introduzir o aluno no aprendizado da informtica acessvel, identificando qual o melhor recurso de tecnologia assistiva que atende s suas necessidades, considerando a sua habilidade fsica e sensorial atual, e capacit-lo para o uso independente do computador; promover a insero dos recursos de tecnologias de informao e comunicao no espao da sala de aula; realizar adequao de material didtico pedaggico para atender as necessidades dos alunos.

5. Alunos com dificuldades de comunicao expressiva Todas as pessoas tm a capacidade de desenvolver linguagem, porm algumas tm limitaes para express-la de forma oral, escrita, gestual ou sinalizada. Portanto, o atendimento educacional especializado para alunos que apresentam essa limitao, objetiva, dentre outros, desenvolver formas de comunicao simblica, estimulando o aprendizado da linguagem expressiva. As salas de recursos para atendimento s necessidades educacionais dos alunos com dificuldades de comunicao expressiva constituem espaos para atendimento educacional especializado, que tm entre seus objetivos, o de prover recursos de Comunicao Aumentativa e Alternativa. Esses alunos, embora possam ter limitaes de naturezas diversas, paralisia cerebral, autismo, deficincia mental e outras, podem se beneficiar de recursos e meios alternativos de comunicao. Todas as manifestaes expressivas dos alunos devero ser valorizadas e o professor, baseado nessas manifestaes, deve confeccionar pranchas de comunicao que contemplem, alm do vocabulrio do aluno, outros smbolos grficos de relevncia para sua interao no contexto escolar, social e familiar, que atendam a sua necessidade comunicativa. Atribuies do professor de sala de recursos para alunos com dificuldades de comunicao expressiva Garantir o suprimento de material especfico de Comunicao Aumentativa e Alternativa (pranchas, cartes de comunicao, vocalizadores e outros), que atendam a necessidade comunicativa do aluno no espao escolar; adaptar material pedaggico (jogos e livros de histrias) com a simbologia grfica e construir pranchas de comunicao temticas para cada atividade, com objetivo de proporcionar a apropriao e o aprendizado do uso do recurso de comunicao e a ampliao de vocabulrio de smbolos grficos; identificar o melhor recurso de tecnologia assistiva que atenda as necessidades dos alunos, de acordo com sua habilidade fsica e sensorial atual, e promova sua aprendizagem por meio da informtica acessvel; habilitar os alunos para o uso de "softwares" especficos de Comunicao Aumentativa e Alternativa, utilizando o computador como ferramenta de voz, a fim de lhes proporcionar expresso comunicativa;

ampliar o repertrio comunicativo do aluno, por meio das atividades curriculares e de vida diria; realizar atividades para desenvolver os processos mentais: ateno, percepo, memria, imaginao, criatividade, raciocnio, linguagem, entre outros.

6. Alunos com altas habilidades/superdotao As salas de recursos multifuncionais para os alunos com altas habilidades/ superdotao constituem espaos para atendimento s suas necessidades educacionais especiais, uma vez que esses apresentam caractersticas diferenciadas de aprendizagem ao longo de sua vida escolar. O atendimento educacional especializado nessas salas tem a funo de viabilizar a suplementao curricular para que os alunos explorem reas de interesse, aprofundem conhecimentos j adquiridos e desenvolvam habilidades relacionadas criatividade, resoluo de problemas e ao raciocnio lgico. Tambm so espaos para o desenvolvimento de habilidades scio emocionais, de motivao, de aquisio de conhecimentos referentes aprendizagem de mtodos e tcnicas de pesquisa e de desenvolvimento de projetos. De acordo com as Diretrizes Nacionais para a Educao Especial na Educao Bsica, (2001), as altas habilidades/superdotao se referem aos alunos que apresentam grande facilidade de aprendizagem que os leva a dominar rapidamente os conceitos, os procedimentos e as atitudes. Por terem eles, condies de aprofundar e enriquecer esses contedos, devem receber desafios suplementares em classes comuns, em sala de recursos ou em outros espaos definidos pelos sistemas de ensino, inclusive para concluir, em menos tempo, a srie ou etapa escolar. Renzulli, (1986, 2001), prope uma definio de superdotao denominada concepo dos trs anis, que afirma ser essa, o resultado da interao de trs fatores de comportamento: habilidade acima da mdia, que envolve duas dimenses: habilidades gerais, que consistem na capacidade de processar informaes, de integrar experincias que resultem em respostas apropriadas e adequadas s novas situaes e na capacidade de se engajar em novas situaes; e, habilidades especficas, que consistem na capacidade de adquirir conhecimento, prtica e habilidades para atuar em uma ou mais atividades de uma rea especfica;

motivao ou envolvimento com a tarefa: refere-se a uma forma refinada e direcionada de motivao, uma energia canalizada para uma tarefa em particular ou rea especfica. Algumas palavras freqentemente usadas para definir o envolvimento com a tarefa so perseverana, persistncia, dedicao e auto confiana; criatividade: envolve aspectos que geralmente aparecem juntos na literatura, tais como fluncia, flexibilidade e originalidade de pensamento e, ainda, curiosidade, sensibilidade, coragem para correr riscos e abertura a novas experincias. A criatividade no est, exclusivamente, relacionada rea artstica, mas qualquer rea de interesse do aluno.

O desenvolvimento da criatividade e da motivao dentro da rea de interesse e ou de habilidade do estudante, vem ampliar as possibilidades de que o aluno tenha sucesso e satisfao pessoal. Nesta definio, os trs anis no precisam estar presentes ao mesmo tempo e nem na mesma intensidade, mas necessrio que interajam em algum grau para que possam resultar em um alto nvel de produtividade. No trabalho em salas de recursos multifuncionais importante buscar essas trs dimenses, destacando os comportamentos e habilidades j evidentes e desenvolvendo outros para o sucesso na rea de habilidade. Algumas dificuldades de adaptao enfrentadas por alunos superdotados indicam que geralmente eles recusam os trabalhos escolares repetitivos e rotineiros e sentem falta de desafio. Dentre os problemas que podero surgir nos processos de interao social, destaca-se que esses alunos, muitas vezes, escondem seus talentos para serem aceitos por seus pares e tm dificuldades em aceitar crticas, tendendo ao isolamento. Portanto, a interveno que a escola deve oferecer aos alunos com altas habilidades/superdotao, diz respeito elaborao de um programa educacional desafiador, que oferea uma combinao entre desenvolvimento social e acadmico, levando em conta o ritmo, o nvel e os padres de aprendizagem de cada aluno. Elaborar e aplicar programas em salas de recursos multifuncionais para o desenvolvimento do talento, das altas habilidades/superdotao significa desenvolver um currculo criativo e desafiador, criando um ambiente em que os alunos possam produzir conhecimentos e desenvolver tcnicas de resoluo criativa de problemas, explorando novos tpicos e idias interessantes.

Dessa forma, a sala de recursos multifuncionais para alunos com altas habilidades/superdotao deve oferecer: estratgias de ensino planejadas para promover altos nveis de aprendizagem, produo criativa, motivao e respeito s diferenas de cada aluno; oportunidades para a descoberta do potencial dos alunos nas diversas reas de ensino; identificao e realizao de projetos do interesse, reas de habilidade e preferncias dos alunos; atividades de enriquecimento incluindo estudos independentes, pequenos grupos de investigao, pequenos cursos e projetos envolvendo mtodos de pesquisa cientfica; desenvolvimento de projetos de acordo com as necessidades sociais da comunidade, com a finalidade de contribuir para o desenvolvimento local por meio de sugestes para a resoluo de problemas enfrentados pela populao; procedimentos de acelerao que possibilite o avano dos alunos nas sries ou ciclos.

Atribuies do professor da sala de recursos para alunos com altas habilidades/superdotao Garantir o suprimento de materiais especficos para o desenvolvimento das habilidades e talentos, conforme as necessidades dos alunos; promover ou a p o i a r a r e a l i z a o das adequaes, complementaes ou suplementaes curriculares ao processo de ensino e de aprendizagem, por meio de tcnicas e procedimentos de enriquecimento, compactao ou acelerao curricular; promover ou apoiar a realizao de cursos, participao em eventos, seminrios, concursos e outros; orientar quanto ao uso de equipamentos e materiais especficos e ou estabelecer parcerias para esse fim, quando se tratar de assuntos especializados.

IV - BIBLIOGRAFIA ALENCAR, EM.L.S. & FLEITH, D.S Superdotados: determinantes, educao e ajustamento. So Paulo: E.P.U. 2001. BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Braslia: Senado Federal. 1988 BRASIL. Coordenadoria Nacional para Integrao da Pessoa Portadora de Deficincia: Acessibilidade. Braslia: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2005. BRASIL. Ministrio da Cincia e Tecnologia. Tecnologias assistivas e a promoo da incluso social. Braslia, 2005. BRASIL. Ministrio da Educao. Direito a Educao: Subsdios para gesto dos sistemas educacionais/orientaes gerais e marcos legais. Braslia: Secretaria de Educao Especial. 2004. BRASIL. Ministrio da Educao. Diretrizes nacionais para a educao especial na educao bsica. Braslia: Secretaria de Educao Especial. 2001. BRASIL. Ministrio da Educao. Educao Inclusiva: Atendimento Educacional Especializado para a Deficincia Mental. Braslia: Secretaria de Educao Especial. 2005. BRASIL. Ministrio da Educao. Ensino de Lngua Portuguesa para Surdos - caminhos para a prtica pedaggica. Braslia: Secretaria de Educao Especial. 2004. BRASIL. Ministrio da Educao. Saberes e Prticas da Incluso - Ensino Fundamental. Braslia: Secretaria de Educao Especial. 2005. BRASIL. Ministrio da Educao. Saberes e Prticas da Incluso - Educao Infantil. Braslia: Secretaria de Educao Especial. 2005. DAVIS, C; OLIVEIRA, Z. Psicologia na Educao. So Paulo: Cortez. 1990. FELIPE.T. A.; SALERNO, M. Libras em Contexto: curso bsico. Braslia: Livro do Professor. Braslia. 2001 FERNANDES. E. Linguagem e surdez. Porto Alegre: Artmed. 2002. ___ . Surdez e Bilingismo. Porto Alegre: Mediao. 2005.

FERREIRA, L Por uma gramtica de lngua de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro. 1995. GUENTHER, Z. C. Desenvolver capacidades e talentos: um conceito de incluso. Petrpolis: Vozes. 2000. MAIA-PINTO, R. R.; FLEITH, D. S. Avaliao das Atividades e Clima de Sala de Aula Implementados na Educao de Alunos Superdotados. Psicologia Escolar e Educacional, 55-77. 2004 MANTOAN, M. T. E. Ser ou estar: eis a questo - Explicando o dficit intelectual. Rio de janeiro: WVA. 1997. PINTO, R; CRREA, S. Tecnologias Assistivas no Brasil. Banco Mundial. 2003. Disponvel em . QUADROS. R.M. Educao de surdos: a aquisio da linguagem. Porto Alegre: Artes Mdicas. 1997. ___ . Alfabetizao e o ensino da lngua de sinais. Artigo Revista Textura. Ulbra, v. II. 1997. RENZULLI, J.S. The three-ring conception of giftedness: A developmental model for creative productivity. Em R.J. Sternberg & J.E. Davidson (Orgs.), Conception of giftedness (pp. 53-92). New York: Cambridge University Press. 1986. ___ . Enriching curriculum for all Students. Arlington Heights, IL: SkyLight. 2001. S. E. Material Pedaggico e Tecnologias Assistivas. Banco Mundial. 2003. Disponvel em . SKLIAR, C. Uma anlise preliminar das variveis que intervm no Projeto de educao Bilnge para Surdos. Rio de Janeiro: Espao. 1997. __ . Uma perspectiva scio-histrica sobre a psicologia e a educao dos surdos. Cadernos de autoria. Porto Alegre: UFRGS. 1996. VIGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. Lisboa: Antdoto. 1979.