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  • 8/3/2019 Assis Oliveira. Rede Nacional das Assessorias Jurdicas Universitrias: histria, teoria e desafios

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    R. Fac. Dir. UFG, V. 33, n. 1, p. 152-166, jan. / jun. 2009

    introduo

    A Rede Nacional das Assessorias Jurdicas Universitrias (RENAJU) o objeto em

    anlise no presente estudo.Esta curiosidade cientfca surgiu em decorrncia de duas constataes: primeiro, que

    no existe, apesar da razovel longevidade da Rede, a sistematizao de sua histria, a ponto degarantir mnima percepo do desenvolvimento e condicionamentos que con eriram os cen-rios e as estruturas apresentadas na atualidade e projetadas para o uturo; segundo, os ltimosacontecimentos produzidos na Rede, que tem colocado em questo (ou em re exo) o ativismopoltico assumido, assim como a difculdade de estabelecer as escolhas coletivas de conduodemocrtica necessria unidade interna para o dilogo externo.

    Porm, antes de tudo, cabe uma introduo: o que a RENAJU? Esta pergunta quedeve ser previamente respondida, para contextualizar o debate elaborado adiante. Em princ-

    pio, entende-se que a RENAJU uma rede materializada pela constituio de uma lista virtualde discusso e que congrega, como membros polticos, Assessorias Jurdicas UniversitriasPopulares (AJUPs) atualmente 23 de todo o Brasil. odavia, este conceito ser resignif-cado ao longo do artigo.

    rede naCional das assessorias JurdiCas universitrias:histria, teoria e desaFios

    n n k f l g a c u y: y,y c g

    * Mestra em Direito pelo Programa de Ps-Graduao em Direito da Universidade Federal do Par (UFPA). Pro-essora Assistente I do curso de Direito da UFPA. Coordenadora do Ncleo de Assessoria Jurdica Popular Aldeia

    Kayap (NAJUPAK). Promotora de Justia do estado do Par. .** Bacharel em Direito pela UFPA. Estudante de especializao em Cincias Penais pela Rede de Ensino Luiz FlvioGomes. Membro undador do NAJUPAK. Pesquisador integrante do Programa de Polticas Afrmativas para PovosIndgenas e Populaes radicionais (PAPI ). Advogado. .

    Sumaya Saady Morhy Pereira *

    Assis da Costa Oliveira**

    Palavras-Chave: RENAJU Assessoria JurdicaUniversitria Popular teoria das redes

    resumo : O presente artigo apresenta a histria daRede Nacional das Assessorias Jurdicas Universitrias,com a fnalidade de entender como se desenvolveu

    ormao da identidade renajuana e as implicaes de-correntes no seu ativismo poltico e gesto interna. De

    orma complementar, procura-se debater a ormao daRede dentro da conjuntura poltico-social de omento asdenominadas redes de comunidades virtuais identitrias .Por fm, analisam-se os desafos que a Rede ter que en-

    rentar para assegurar seu processo de politizao e re-oro da imagem pblica sem descuidar da manuteno

    de seus valores e gesto interna.

    KeY words : RENAJU Legal Adviced University networks theory

    abstraCt: Tis article presents the history o the Le-gal Adviced University National Network, in order tounderstand how it developed your identity ormationand their activism implications in the political and inter-nal management. Additionally, it aims to discuss the ne-twork ormation among the political and social contextto promote the so-called solidarity networks. Finally, itanalyzes the challenges that the network will have to aceto ensure the politicization process and enhancing thepublic image without neglecting the maintenance o its values and internal management.

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    As AJUPs nasceram como novas propostas de interveno social do saber jurdico acad-mico. A base existencial so os cursos de Direito, de onde se originaram totalidade das assessoriasque compe a Rede, enquanto que o direcionamento operacional se liga as polticas de extenso e, de orma minoritria, pesquisa universitria, voltadas, principalmente, para o trabalho comgrupos socioculturalmente vulnerabilizados atravs da educao popular em direitos humanos.

    Historicamente, o propsito central das AJUPs oi o desenvolvimento de nova gra-mtica cultura educacional jurdica, a partir da crtica ao modelo tradicional de extensouniversitria. Neste sentido, as assessorias jurdicas se enquadram como servios legais queredefnem o papel da educao como erramenta de acesso justia. Mas no somente isso,pois esta educao toma os direitos humanos como instrumentos jurdicos de reivindicaese proposies polticas para a trans ormao social.

    Porm, o presente trabalho delimita sua interveno no mbito macro das AJUPs, naprocura do reencontro com marcos histricos da Rede e problematizao de sua estrutura pormeio das teorias das redes. Por fm, anuncia breves explicaes sobre a politizao das AJUPse o impacto na constituio de sua identidade e gesto.

    1 dez anos de renaJu: (em busCa das) memrias da rede

    Qual a idade da RENAJU? Qual seu percurso histrico? As perguntas, por mais simplriasou bvias, no so to ceis de responder, sobretudo, no to ceis de serem precisadas.

    As doutrinas que abordam o ano de surgimento da RENAJU costumam polarizam emtorno de dois perodos: 1996 e 1997.

    Para Nara Pereira (2006), o surgimento da RENAJU data de 1996, quando do perododo Encontro Nacional dos Estudantes de Direito (ENED) em Niteroi/RJ, podendo este ... ser

    ento considerado um marco para a divulgao dos ideais da assessoria. (PEREIRA, 2006: 07)Por outro lado, para Carlos Bruno Aguiar (2004) e Ivan Furmann (2003) a criao da Rede datado ano de 1997, sem proceder a explicaes mais detalhadas do contexto de surgimento.

    Sem querer desmerecer os levantamentos realizados pelos autores citados, ciente deque a impreciso cronolgica se deve a alta de registros histricos sobre o percurso de vidada Rede, o certo que tal dualidade leva, ao menos, a indagao de (re)conhecer, afnal decontas, qual das duas datas a correta? Para tanto, se estabeleceu o mtodo de con rontaodos re erentes dados com entrevistas realizadas com duasmemrias vivasda Rede, ou seja,pessoas que possuem suas trajetrias de vida imbricadas no desenvolvimento da RENAJU.

    com base no material obtido nas entrevistas realizadas via correio eletrnico com

    Wladimir de Carvalho Luz1

    e Jos Humberto de Ges Junior (Betinho),23

    que se vislumbraa possibilidade de demarca como momento inaugural da RENAJU o ano de 1998, durante oENED So Leopoldo/RS.1 Membro do Servio de Apoio Jurdico Universitrio da Universidade Federal da Bahia (SAJU/BAHIA) desde 1996.Atualmente doutorando em Direito pela Universidade do Vale do rio dos Sinos (UNISINOS) e pro essor da Uni- versidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC).2 Membro- undador do Servio de Auxlio Jurdico Universitrio do Estado de Sergipe (SAJU/SE), vinculado aUniversidade Federal de Sergipe, desde 1998. Atualmente, mestre em Direito pela Universidade Federal da Paraba(UFPB) e Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente de Aracaju/SE, eleito para obinio 2008/2009.3 Tambm no se poderia deixar de mencionar as contribuies recebidas de Luiz Otvio Ribas e Tiago ArrudaQueiroz Lima.

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    Ainda assim, n o de todo errado trabalhar o ano de 1996, pois ele tambm teve im-portncia para o que veio a ocorrer em 1998, substancialmente porque oi o ano de cria o daFedera o Nacional dos Estudantes de Direito (FENED) e, com isso, de extin o da Coorde-na o Nacional dos Estudantes de Direito (CONED).

    Com a extin o da CONED tambm desapareceu a Coordena o de Assessoria Jur -dica Universitria (CONAJU), estrutura ligada a CONED. A CONAJU tinha a fnalidade depromover a di us o das prticas de Assessoria Jur dica Popular (AJP), possuindo, inclusive,boletins com in orma es sobre como montar uma AJP. Era gerida por estudantes vinculadosao movimento estudantil tradicional, contando

    [...] com uma diretoria de 12 representantes, sendo seis titulares, dois da regi o Nordeste eos outros quatro das demais regies do pa s, pois, na poca, o Nordeste concentrava o maiornmero de grupos de Ajup. Essa entidade era responsvel pela organi a o do EncontroNacional de Assistncia Jur dica Gratuita, pelo menos at 1992, que ocorria durante o En-contro Nacional de Estudantes de Direito. (RIBAS, 2008, p. 14)

    Para a CONAJU, a defni o de AJP/AJUP era a de apoio jur dico popular, ou seja, ... umaprtica de vanguarda ainda praticamente indita e que signifca, entre outros, um remodelamentodas rela es estabelecidas entre o profssional do Direito e a clientela que bate sua porta diariamen-te. (COORDENAO DE ASSESSORIA JURDICA UNIVERSITRIA, s./d., p. 01)

    Luis Otvio Ribas (2008) argumenta que tal posicionamento denotava t mida aproxima-o com as undamenta es da educa o popular, pluralismo jur dico e cidadania, ainda que a

    principal fxa o terica tenha sido a di erencia o tipolgica entre servi os legais tradicionais einovadores4 estabelecida por Celso Campilongo (2000) no in cio da dcada de 90 - na qual seestabelecia o paradigma da assessoria como servi o legal inovador, em dicotomi a o antagni-ca com a assistncia jur dica popular, demarcada no campo tradicional.

    Nesse sentido, a assessoria jur dica popular [...] relaciona-se diretamente com osservi os legais inovadores [...] viabili ando o ideal tico de justi a n o apenas atravs dos me-canismos estatais, mas, tambm, atravs das prticas in ormais e alternativas de juridicidade.(COORDENAO DE ASSESSORIA JURDICA UNIVERSITRIA. s./d.,p.04.)

    A presen a da CONAJU parece ser um tanto amb gua quando se busca compreendersua importncia para orma o das atuais AJUPs. Por um lado, devido o ato de a Coordena-

    o ser gerida por representantes diretamente ligados ao movimento estudantil tradicional,havia muitas cr ticas, por parte de membros do Servi o de Assistncia Judiciria Universitriada Universidade Federal da Bahia (SAJU/UFBA)5 e do Servi o de Assessoria Judiciria Uni-4 Wladimir Lu especifca a tipologia de Celso Campilongo para o campo dos servi os legais universitrios, con-sistindo naquele composto por entidades divididas entre as enquadradas no modelo inovador como o Servi o deApoio Jur dico Gratuito da Universidade Federal da Bahia (SAJU/UFBA) e o Servi o de Apoio Jur dico Gratuitoda Universidade Federal do Rio Grande do Sul (SAJU/UFRGS) e as pertencentes ao modelo tradicional nome-adamente inclu das no rol dos escritrios-modelo. Por outro lado, defne, tambm, a tipologia dos servi os legaismilitantes no qual convergem, no modelo inovador, organi a es n o-governamentais (ONGs) de perfl combativo-contestatrio, ... com orte atua o comunitria e em de esa dos Direitos Humanos ... (2006, p. 101) destacando,no rol de entidades, o Instituto de Apoio Jur dico Popular (IAJUP/Rio de Janeiro) e o Gabinete Avan ado de Assesso-ria ao Movimento Popular (GAJOP/Pernambuco), e, no modelo tradicional, entidades voltadas exclusivamente parao atendimento de demandas individuais. Con erir: LUz, 2006, p. 98-102; LUz, 2008, p. 13-72.5 Na Bahia, em 1963, os estudantes da Universidade Federal da Bahia iniciam atividade semelhante [ao do SAJU/UFRGS], ocupando o abandonado por o ao lado do Auditrio Raul Chaves. A cria o do SAJU/UFBA re etia umainsatis a o dos acadmicos com o ensino jur dico tradicional... (SAMPAIO OLIVEIRA, 2006, p. 117)

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    versitria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (SAJU/UFRGS)6 nicas AJUPsou SAJUs at ento existentes -,7 que entendiam ser espao que acabava reprodu indo os v-cios de politicagem do movimento estudantil tradicional, alm de no possuir organicidade e

    undamentao terica consistente. Por outro lado, no se pode negar que seu modelo e suasideias in uenciaram decisivamente a re ormulao dos mesmos SAJUs.

    Con orme mencionado, entre 1995 e 1996 ocorrem as reestruturaes do SAJU/UFRGSe SAJU/UFBA, que serviram de base para a organicidade que as AJUPs apresentam at hoje.

    Primeiramente o SAJU/UFBA, em 1995, onde seus membros, aps as experinciasobtidas em decorrncia dos projetos de extenso, encontros, seminrios e discusses sobreuma nova orma de atuao no Direito,

    [...] constroem no SAJU um imaginrio da necessidade da superao da assistncia jurdica in-dividual. criado o Ncleo Coletivo ou Ncleo de Assessoria Jurdica do SAJU, que pretendiaatender as demandas coletivas, mediante a proposta da assessoria jurdica popular, sob a gide daextenso e pesquisa universitria. (SAMPAIO OLIVEIRA, 2006, p. 117)

    O at ento Servio de Assistncia Judiciria Universitria renomeado para Serviode Apoio Jurdico Universitrio, com perfl de movimento estudantil, devido ser reali ado porestudantes de orma organi ada e autnoma, objetivando (...)proporcionar uma ormaoacadmica di erenciada, atravs da promoo da assessoria jurdica popular aos movimentossociais e comunidades, utili ando-se do Direito como instrumento de libertao e emancipa-o social. (SAMPAIO OLIVEIRA, 2006, p.118-119)

    Quanto ao SAJU/UFRGS, a mudana ocorreu em 1996, a partir da consolidao doprojeto de extenso denominado Acesso Justia, sob orientao da pro essora Lui a Helena

    Moll, desde o qual se passou a ter mais clare a sobre a atuao do SAJU/UFRGS no campouniversitrio, in uenciada pela concepo do Ncleo de Assessoria Jurdica Popular di un-dida na CONAJU. (LUz, 2008)

    Desse modo, pode-se perceber que a estruturao da CONAJU teve considerveis in un-cias sobre as mudanas organi acionais e ideolgicas ocorridas com os SAJUs existentes da poca.8

    Trata-se, portanto, de dados que podem indicar aproximao dialgica entre as distintasinstancias do movimento estudantil que, por trs do discurso que ressaltava mais as contrarie-dades e di erenciaes, tinha possibilitado o enriquecimento de ambos e a construo, no planodas AJUPs, de organicidade com ortes sustentabilidades tericas sobretudo nos marcos queembasaram a ormao da CONAJU e a disponibili ao dos espaos do movimento estudan-6

    Fundado em 1950, quando um punhado de estudantes da Faculdade de Direito da UFRGS resolveu criar umasecretaria do Centro Acadmico que prestasse assistncia jurdica, possibilitando-se a prtica jurdica. Era, ento,criado em 1 de setembro de 1950, o Servio de Assistncia Jurdica SAJU uncionando,a princpio, com poucosacadmicos, que voluntariamente se dispunham a nele atuar. (REVISTA DO SAJUapud LUz, 2008, p. 142).7 Estranhamente, no se a nenhuma re erencia a existncia e participao, nesse perodo, do Ncleo de AssessoriaJurdica Comunitria da Universidade Federal do Cear (NAJUC/CE), criado em 1992, por iniciativa dos estudantesde Direito da UFC, por meio de convnio frmado entre UFC, OAB e Cmara Municipal de Fortale a. Desse modo,se constituindo na terceira AJUP mais antiga do Brasil.8 Sampaio Oliveira (2006) chega mesmo a afrma que no se deve pensar a relao, poca da reestruturao doSAJU/UFBA, entre movimento estudantil tradicional e SAJU como pura contraposio que indique negao entre si,mas antes como enmenos que pertencem ao mesmo gnero (movimento estudantil), possuindo objetivos similarese, portanto, estabelecendo relao de complementaridade.

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    til tradicional para a di uso dos seus ideais aos demais estudantes de Direito do pa s, conjunta-mente com a construo dos primrdios daidentidade renajuana .

    Depois da reestruturao dos SAJUs e a criao/extino da CONAJU, outro eventooi relevante para a constituio, em 1998, da Rede. Constitui-se no surgimento, em maro

    de 1996, da Rede Nacional dos Advogados Autnomos Populares (RENAAP),9 instituindonovo marco de organizao dos advogados populares no Brasil atravs da estruturao deespao que omentava a criatividade, interao e autonomia, incrementada pela comunicaoin ormatizada, minimizao da burocracia e descarte de laos institucionais ou ormas hie-rrquicas de trabalho.

    Con orme observa Wladimir Luz, [...] tal tendncia organizacional criou ortes basesno campo da assessoria universitria, o que pode ser percebido na confgurao atual da RedeNacional de Assessoria Jur dica Universitria (RENAJU). (2008, p. 227)

    Por fm, ainda explanando sobre a pr-histria da RENAJU, outras re erncias necess-rias do per odo oram os Encontros Nacionais de Assessoria Jur dica Universitria (ENAJU)que passaram a ocorrer ao longo da dcada de 90, dentro da programao dos ENEDs. Aindahoje, este o principal espao de divulgao e multiplicao das prticas de AJUP, sendo omomento em que estudantes e grupos estudantis tomam conhecimento da Rede, das entidadesexistentes e de seus undamentos terico-metodolgicos, passando a omentar as prticas deAJUP em suas regies e universidades, abrindo novos campos de ao que so, posteriormente,amadurecidos nas experincias colhidas no Encontro da Rede Nacional de Assessoria Jur dicaUniversitria (ERENAJU), de aspecto mais ormador.

    Pois bem, oi justamente em um ENAJU ocorrido durante o ENED So Leopoldo/RS, em 1998, que se teve a undao da RENAJU com a presena dos seguintes membros-

    undadores: SAJU/UFBA, SAJU/UFRGS, CAJU/CE10 e SAJU/SE.1112

    O nome RENAJU oi colocado apenas de orma sugestiva e transitria, at que se tives-se a indicao de outro nome, ato este que nunca chegou a ocorreu.Devido a preocupao de no excluir das discusses pessoas que no estavam compon-

    do nenhuma AJUP, em paralelo a criao da RENAJU (e de sua lista) undou-se a lista Opera-dores Jur dicos, onde as pessoas sem entidades podiam tomar conhecimento dos undamentostericos e ideolgicos da AJUP atravs das discusses que se ariam nela e, desse modo, possibi-litando o omento de novas entidades ou, ao menos, de di uso dos ideais.

    1.1 A Construo da Identidade Renajuana: Modelando o Corpo de um Ideal

    Inicialmente, o crescimento de entidades na Rede perpassou a incluso do NAJUC/UFC, via articulao do CAJU/CE. Posteriormente, tem-se a undao, em ordem cronol-gica, das seguintes AJUPs: Centro de Assessoria Jur dica Popular de Teresina da Universida-9 A articulao de advogados para a de esa das demandas populares nasce, em verdade, em dezembro de 1995, to-davia com o nome de proteo jur dica do povo da terra. S em 1996 que se tem, de ato, a estruturao, no sterminolgica, como tambm organizacional, da RENAAP.10 Centro de Assessoria Jur dica Universitria da Universidade Federal do Cear (CAJU/CE), criado em setembrode 1997.11 Servio de Aux lio Jur dico Universitrio do Estado de Sergipe (SAJU/SE), criado em maio de 1998 e vinculado aUniversidade Federal de Sergipe.12 A maioria das datas de undao das AJUPs mencionadas nesse artigo oi retirada de LVIA, 2006.

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    de Federal do Piau (CAJUINA/UFPI), undado em 1999; e, Ncleo de Assessoria JurdicaUniversitria Popular Negro Cosme da Universidade Federal do Maranho (NAJUP NegroCosme), undado em 2000.

    De certa orma, a lista dos Operadores Jurdicos teve mais sucesso que a da RENAJU,sendo que as prprias AJUPs undadoras ou que se ormavam no se identifcavam comoRENAJU nos espaos de atuao.

    Tal ato perdurou at o ENED Braslia/DF em 2000, quando houve deliberao coletivapara que o CAJU/CE e o NAJUC/CE construssem proposta de documento que estabelecesse osprincpios, fnalidades e critrios para a entrada, permanncia e excluso na Rede.

    No Encontro da Rede ocorrido na cidade de Aracaj/SE, em outubro do mesmo ano, 13 as duas entidades apresentaram minuta denominada Estatuto da RENAJU, cujo nome noobteve consenso da Assembleia Geral da RENAJU, pois o termo Estatuto desconfguraria aRede, que se tornaria uma Entidade. (RENAJU, 2006b)

    Assim, houve deliberao por unanimidade de que o documento osse renomeado

    para Carta-Compromisso da RENAJU , composta por cinco artigos e que representou o pri-meiro movimento ps- undao de vinculao e ortalecimento das AJUPs presentes (as seteat aqui descritas) na identidade renajuana.

    Posteriormente, ainda no mesmo ano, 2000, tem-se o surgimento do Servio de Asses-soria Jurdica Popular da Universidade de Fortaleza/CE (SAJU/UNIFOR) e, no ano de 2001, aconstituio do Servio de Assessoria Jurdica Universitria Popular da Universidade do Paran(SAJU/UFPR), totalizando leque de nove entidades pertencentes RENAJU.

    Neste perodo, que chega at 2005, a RENAJU uncionou como uma rede de discusso,intercmbio e di uso dos ideais de AJUP, objetivando resignifcar a educao jurdica uni- versitria a partir das atuaes locais de cada entidade. No havia a ideia de tomar posioconjunta, ou seja, de assumir aes enquanto Rede.

    Assim, quando algum membro tomava conhecimento de atos que caracterizavam vio-laes a direitos ou era acionado para assinar carta de apoio ou repdio, tais in ormaes eramenviadas para a lista da RENAJU e as demais entidades se mani estavam individualmente, pro-movendo atos e eventos em suas universidades visando publicizar e conscientizar sobre os atos,porm nunca lanando documentos coletivos ou agindo em nome da RENAJU.

    A lista Operadores Jurdicos continuou a ser usada, mesmo com a existncia da listaRENAJU. O nmero de pessoas includas naquela era muito maior do que a da lista da RENA-JU, e tanto assim oi que, em 2005, na Plenria Final do VII ERENAJU, em Porto Alegre/RS,determinou-se pela simples mudana do nome da lista Operadores Jurdicos para RENAJU,de modo a acabar com a dualidade e permitir que, fnalmente, houvesse a reunio de todas aspessoas que praticassem e discutissem AJUP dentro de uma nica rede, vindo a se confgurarno segundo movimento de ortalecimento da identidade renajuana.

    13 Na verdade, esse oi o II ERENAJU, mas s depois deste encontro que tais eventos da Rede passaram a ser de-nominados assim no sem alguma oposio de pessoas (e entidades) que acreditavam que o nome ERENAJU eraesteticamente defcitrio. Com o passar do tempo, o nome oi sendo aceito por todos, vindo assim a se integrar no rolde eventos da Rede, dos quais aziam parte, tambm, o ENAJU e a Semana do SAJU/UFBA. O I ERENAJU ocorreuem 1999, em Salvador/BA, no que oi, deveras, a Semana do SAJU/BA; o segundo, ainda com o nome de Encontroda Rede, em Aracaj/SE, em 2000; o terceiro ocorreu em Fortaleza/CE, em 2001, j com o nome de III ERENAJU;o quarto em So Lus/MA, em 2002; o quinto em Curitiba/PR, em 2003; o sexto em Teresina/PI, em 2004; o stimoem Porto Alegre/RS, em 2005; o oitavo em Fortaleza/CE, em 2006; o nono em Curitiba/PR, em 2007; e, por fm, odcimo em So Lus/MA, em 2008.

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    1.2. Da Identidade ao Sujeito Renajuano: O Ativismo Poltico da Rede

    O ano de 2005 tambm marca importante reviravolta nas aes da Rede que repercutemat hoje, confgurando o nascimento de um terceiro movimento de ortalecimento da identidaderenajuana , o qual se passa a denominar de processo de construo do sujeito coletivo RENAJU .

    No segundo semestre de 2005, a RENAJU e no mais uma ou algumas entidades oiconvidada a participar do Seminrio Nacional Prticas Jurdicas Emancipatrias e o Ensino de Direito (Seminrio EMANCIPAR), organizado numa parceira entre os Ministrios da Educao (MEC) e daJustia (MJ), realizado em Braslia/DF, em novembro de 2005. O objetivo do Seminrio era debateros desafos contemporneos da assessoria jurdica universitria, bem como elaborar um plano deao para ortalecer e potencializar o trabalho dessas assessorias em todo Brasil. (MEC, 2008)

    Plano de ao oi outro nome dado a ideia de ormular edital de fnanciamento dasprticas extensionistas de assessoria jurdica universitria. Assim, como desdobramento dosindicativos elencados no evento e sistematizados em seu relatrio fnal, MEC e MJ lanaramo Edital RECONHECER em 2006, cujos projetos selecionados iniciaram atividades ainda em2006, com concluso em 2007.

    Fato que, desde a seleo das pessoas que iriam representar a RENAJU no Seminrio at a validao ou no, pela Rede, da proposta de Edital lanada e, concomitantemente, da possibilidadedas entidades pertencentes Rede concorrerem a ele, tudo isso oi recortado por novo discursode que era o momento da RENAJU comear a se posicionar enquanto Rede nos espaos pblicosnacionais e regionais aos quais era demandada a intervir. (RENAJU, 2005)

    Esta argumentao vai repercutir nas aes articuladas no VIII ERENAJU, realiza-do na cidade de Fortaleza/CE, em abril de 2006, quando, na Plenria Final, so aprovadasas seguintes medidas (RENAJU, 2006a): a) Apoio aos movimentos sociais que lutam contra

    todas as ormas de opresso, devendo ser desenvolvido por meio de atuao em conjunto ede mltiplas ormas, a exemplo de mani estaes pblicas e cartas abertas; b) Proposio deconstruo da Carta de Apoio ao MST e ao Movimento Passe Livre, alm de Carta UNEsobre extenso universitria; c) Aprovao da realizao de campanhas anuais, com temas aserem defnidos dentro de cada ERENAJU, cujo tema 2006/2007 era Movimentos Sociais e Di-reito, com o desenvolvimento dos objetivos da campanha (de modo no obrigatrio) por cadaentidade componente da Rede, e nos demais eventos em que a Rede se fzesse presente.

    Dentro do mesmo ERENAJU, tambm houve a integrao Rede das entidades NA-JUP Direito nas Ruas/PE 14 e Estao de Direitos/RN, 15 passando a RENAJU a ser compostapor onze entidades.

    Durante o decorrer do ano de 2006, tambm oi construda e aprovada a Carta deRepdio aos Atos de Violncia em Fortaleza , assinada em conjunto pelas onze entidades daRede, devido ao brutal assassinato de adolescentes por policiais militares, e que reivindicava,no trecho fnal, apurao clere e transparente desses graves e tristes acontecimentos, esclare-cendo os atos e responsabilizando todos os envolvidos. (RENAJU, 2007a)

    Um pouco devido ocorrncia do ato motivador desta ltima Carta, acrescido pelosacalorados debates na sociedade sobre a reduo da maioridade penal e consequente crimi-14 Fundado em setembro de 2003 e vinculado ao curso de Direito da Universidade Federal de Pernambuco.15 Fundado em abril de 2004 e vinculado ao curso de Direito da Faculdade Mater Christi de Mossor (Rio Grandedo Norte).

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    nalizao da juventude, que no Ix ERENAJU, realizado na cidade de Curitiba/PR, em abrilde 2007, oi proposto o tema da Campanha 2007/2008 como sendo Violncia, Infncia e Ado-lescncia. (RENAJU, 2007b)

    Alm disso, outra deliberao que ortaleceu a posio/atuao da Rede enquanto su- jeito coletivo consistiu na produo da Carta Contra a Homo obia, 16 Carta de Apoio a RE-PED17 e Carta ao Edital Reconhecer, assim como outra Carta endereada a Faculdade MaterChristii/RN para de ender a manuteno da entidade Estao de Direitos/RN em contraposi-o aos intentos da Faculdade pelo seu echamento.

    Tambm se deve mencionar que neste evento houve a deliberao para integrao Rede de nmero recorde de AJUPs. No total, dez AJUPs ingressaram na Rede, sendo elas:NAJUP Aldeia Kayap/PA, NAJUP Isa Cunha/PA, PAJE/CE, NAJUP/PUC/RS, SAJU/USP,NIJUC/RS, NAJUP/UCS/RS, CAJU/PASSO FUNDO/RS e NAJUP/GO. 18 Passando a Rede ase constituir de 21 entidades.

    Durante o perodo posterior ao Ix ERENAJU a RENAJU tambm assinou, junto com ou-tras entidades nacionais e regionais, a Carta endereada (em setembro de 2007) a Cmara de Vere-adores de Curitiba/PR, re erente s consequncias das alteraes no sistema de transporte coletivoprevistas com a promulgao da nova lei do transporte pblico em trmite naquela casa.

    Outro ato importante, ocorrido ainda em 2007, oi a presena da RENAJU no Semin-rio 180 anos do ensino do direito no Brasil e a democratizao do acesso justia, realizado emnovembro, organizado pelo Ministrio da Justia (MJ) e Associao Brasileira de Ensino doDireito (ABEDI). Novamente, igual ao que houve no Seminrio EMANCIPAR, em 2005, a Rede

    oi convidada a comparecer para intervir no espao que viria a se tornar o bojo central das deli-beraes que serviriam para a produo do segundo edital RECONHECER, lanado em 2008.

    Neste evento, as intervenes da Rede se mostraram, acima de tudo, ragmentadas ou

    plurais. Os pontos de unidade eram mnimos, impedindo os membros que a representavamde posicionarem suas alas pblicas enquanto discursos de consenso da Rede. Ao contrrio,a diversidade de opinies quanto poltica de editais, re orma universitria e ensino jurdico,entre outras coisas, demonstrou algo que se vinha percebendo desde a primeira interven-o do sujeito coletivo RENAJU, ainda em 2005: a de que a demanda por seguidas escolhaspolticas pela Rede oram marcadas por pluralidade/diversidade de ideias que poucas vezes(talvez nunca) tinham conseguido estabelecer consenso, o que acabava levando, muitas vezes,a choques, confitos e crises internas quando as estratgias polticas e a disputa de poderpassavam a no mais respeitar os valores democrticos que tanto prega a Rede.

    Talvez esta situao tenha ganhado seus contornos decisivos durante a realizao do x

    ERENAJU, na cidade de So Lus/MA, em maro de 2008.Antes de adentrar nesta questo, cabe mencionar alguns encaminhamentos importan-tes tomados na Plenria Final do Encontro e que tm relao direta com o omento do sujei-16 O bojo da Carta centrava-se na de esa do Projeto de Lei n. 122/06 que previa a criminalizao das prticas homo-

    bicas e no repdio as mani estaes contrrias ao Projeto oriundas de alguns setores da sociedade civil, da Igrejae do Estado.17 Rede Popular dos Estudantes de Direito (REPED), undada em 2006, e composta por estudantes de direito deuniversidades pblicas e privadas que se aglutinam nesta Rede com o objetivo de estabelecer atividades em conjuntocom diversos movimentos sociais, em especial aqueles que lutam pelo direito a terra.18 Devido os limites do artigo, pre eriu-se por no realizar maior detalhamento do histrico e terminologia destasAJUPs.

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    to coletivo RENAJU : a) Aprovao da Campanha anual 2008/2009 com o temaUniversidadePopular ; b) Construo da Carta de apoio ao MST depois con eccionada como Moo de Apoio e Solidariedade da Rede Nacional de Assessoria Jurdica Universitria Jornada de Lutadas Mulheres Camponesas19 e da Moo de Repdio ao REUNI; c) Defnio da posio daRENAJU de ser contrria s polticas de editais geridas pelo governo ederal e no participarmais de suas selees; d) Alterao do art. 4 da Carta Compromisso, passando a constar

    ormalmente a necessidade das entidades pertencentes Rede de respeitarem os encaminha-mentos elaborados nos encontros, com possibilidade de digresso mediante justifcao p-blica (via lista virtual).

    Ocorreu, tambm, a integrao de outras duas AJUPs no rol de membros da Rede,sendo elas: NEPE/UFSC e NAJUP Produzindo Direitos/UERJ. Totalizando 23 entidades.Alm disso, outra entidade, o CORAJE/PI, tambm oi convidada a ingressar na RENAJU,mas pre eriu adiar tal insero ormal, para analisar melhor as possibilidades e conveninciasde sua relao com a Rede.

    A RENAJU completa 10 anos de existncia marcada por novos desafos e posturas queconvergem para um re oro de sua presena pblica enquanto sujeito coletivo, dizer, en-quanto Entidade (no mesmo signifcado rejeitado por seus membros em 2000). Quais as im-plicaes da nova interveno para a constituio daidentidade renajuana ? possvel mantera politizao da Rede respeitando a autonomia de cada AJUP? E como operacionalizar umaentidade cujo crescimento numrico no tem sido seguido pela melhoria de sua gesto edilogo interno?

    2 teoria das redes: aPortes Para (uma Possvel) teorizao darenaJu

    Tomando por base a dialtica marxista, necessrio compreender o conhecimentoproduzido sempre de orma totalizante e a ao humana como processo de totalizao.

    Por totalizao no se quer dizer algo que esgote a apreenso cognoscente sobre qual-quer objeto, mas antes como [...] certaviso de conjunto... (KONDER, 1998, p. 36) ou es-trutura onde os elementos (partes) estejam interligados (provisoriamente, porque de mododialtico) a dimenses mais amplas e abrangentes que escapam a qualquer sntese pois aprpria sntese uma totalizao parcial do conjunto.

    No objetivando maiores delongas sobre o conceito de totalizao marxista, importa-nos sua utilizao para a justifcao da interlocuo com a teoria das redes, que , em verda-de, orma de buscar compreender o contexto histrico de constituio da RENAJU como algototalizado, dizer, interligado em um conjunto mais amplo re exo de conjunturas poltico-sociais desenvolvidas desde meados da dcada de 80 e que demarcam, na dcada de 90, outra

    orma de potencializar a ao poltica dos movimentos sociais, partidos polticos e ONGs emsuas articulaes com organizaes populares: as redes.

    A ttulo de contextualizao, cabe mencionar que ao panorama de efccia reivindicativae de ortalecimento estrutural dos movimentos populares e novos movimentos sociais preconi-19 Em re erencia ao ato poltico eito por mulheres camponesas no dia 08 de maro, organizadas em torno da ViaCampesina, nas instalaes da Carvoaria Industrial da Empresa Ferro Gusa Carajs. Con erir: RENAJU, 2008.

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    zados ao longo da dcada de 70 e no incio da dcada de 80, seguiu-se, no fnal da dcada de 80e na primeira metade da dcada de 90, perodo de crise destes agentes polticos, o que no sig-nifcou seus desaparecimentos ou en raquecimentos, mas sim [...] uma rearticulao, interna e

    externa, de [...] (seus papeis) na sociedade. (GOHN, 2005, p. 111)Uma das estratgias de rearticulao do perodo de crise para revigoramento das aescoletivas oi insero de muitas organizaes da sociedade civil em amplas redes de reivindica-o de direitos e resistncia poltica, adotando posies mais propositivas dentro dos marcos dainstitucionalidade existente preconizada pela redemocratizao do pas.

    Por meio da constituio de redes buscava-se ... a ormao de identidades coletivasem torno de princpios ticos universalizveis, sem contudo eliminar as especifcidades ouparticularidades comunitrias, regionais, setoriais ou de outra natureza. (SCHERER-WAR-REN, 1996, p. 118)

    Em texto posterior, Ilse Scherer-Warren (2000) distingue as aes decorrentes da mo-

    bilizao entre mani estaes simblicas massivas, como respostas ao paradoxo (ps)modernoda excluso-incluso social (cuja expresso mais orte na atualidade so os Fruns SociaisMundiais) e, por outro lado, as redes de comunidades virtuais identitrias, baseadas no inter-cambio solidarstico e na estratgia de aglutinao de oras.

    Quanto ao segundo ponto, no entendimento de Ilse Scherer-Warren (2000), as redes decomunidades virtuais identitriaspossuem as seguintes caractersticas:

    re erncias simblicas, de orientao tica e poltica para os sujeitos individuais ecoletivos situarem-se e agirem em seus contextos sociais;

    canais de solidariedade, intensifcados em circunstancias conjunturais em que os su- jeitos so chamados a buscar solues ou a apoiar, estratgica e simbolicamente, iniciativas

    ace a problemas que a etam o pblico-alvo do movimento de re erncia; relativa autonomia de ao, isto , expresso de um conjunto de prticas sociais, in-

    tercmbios e cooperaes com sujeitos e associaes congneres ou receptivas a mobilizaesem decorrncia de uma afnidade tica e poltica;

    re erncia de reconhecimento de uma condio de sujeitoe de um lugar de pertenci-mento eticamente qualifcadona sociedade contempornea, em contraposio a condiessistmicas de opresso, excluso ou aniquilamento dos sujeitos.

    Estas caractersticas denotam a compreenso das redes virtuais como espaos de articu-lao de atores e movimentos sociais e culturais a partir do objetivo central de se constituremnuma ora de presso e participao institucional mais ampla (e totalizante, no sentido mar-

    xista), [...] parte de um tecido social movimentista que envolve movimentos [sociais] propria-mente ditos, ONGs e at certos espaos de representao institucional. (GOHN, 2006, p. 319)

    As marcas da teoria das redes na constituio e conduo da RENAJU nunca oram esta-belecidas e teorizadas, apesar de esta ser uma rede virtual portanto, rede de comunidades virtuaisidentitrias que congrega diversidade de entidades distribudas pelo Brasil. As estratgias iniciaispara a undao da RENAJU acabam explicando somente de modo superfcial os motivos para ouso do termo rede como visto no tpico anterior, nas in uenciais advindas da RENAAP.

    Com isso, compreender a RENAJU, de orma terica e estruturalmente, enquanto redepossibilita sua insero analtica no aporte da teoria das redes.

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    Neste sentido, uma primeira decorrncia da apro imao a constatao de que osujeito coletivo renajuano se constituiu tardiamente (somente em meados de 2005), haja vistaque sua e istncia pr-requisito de identifcao das redes, o que por muito tempo no oireivindicado pelos atores polticos da RENAJU, sendo muitas vezes combatido como noe emplo da discusso sobre a denominao de Estatuto da RENAJU.

    Por segundo, tem-se que o sucesso tico do crescimento de entidades que integrama Rede, a multiplicao do leque de atuaes e de insero da RENAJU nos espaos pbli-cos, apresentados desde meados de 2005, no dei am de transparecer aos olhos mais atentoscomo requisitos para o desenvolvimento dosujeito coletivo RENAJU .

    Em terceiro, a tendnciade reconhecimento da condio de sujeito est provocandono s crescente tenso dialtica com as trs outras caractersticas inerentes da Rede, mas,em verdade, a subordinao destas re erenciais simblico, canais solidrios e relativa auto-nomia de ao para com a uno desujeito coletivoda Rede. Fenmeno este representado,no plano dosimblico, pelas recentes e igncias de constituio de identidade poltica para aRede; no planosolidrio, no direcionamento aos movimentos sociais como pblico-alvo pri- vilegiado para atuao com as AJUPs;20 e, por fm, no plano daautonomia , na modifcao doartigo 4 da Carta-Compromisso da RENAJU, permitindo maior vinculao (e subordinao)de cada entidade-membro aos direcionamentos tomados nas assembleias da Rede.

    O sujeito coletivo RENAJU cresce na medida em que a Rede passa a adentrar em prti-cas e espaos de lutas pela cidadania e direitos humanos que transcendem as suas reivindica-es pontuais ou tradicionais.

    Esta transcendncia s possvel devido mediao daquilo que Ilse Scherer-Warren(1996) denomina de compartilhamento entre os atores da Rede de princpios ticos mnimoscomuns, defnidos na RENAJU dentro de sua Carta-Compromisso, principalmente nos seis

    incisos que compe seu artigo primeiro. Tal compartilhamento torna-se pressuposto para sepensar toda ao coletiva que pretenda ter a unidade poltica da Rede.Entretanto, somente vnculos ticos no parecem o erecer garantias de democracia na

    gesto dosujeito RENAJU na constituio de suas unidades ou ideias hegemnicas, principal-mente com relao as suas defnies identitrias. Com e eito, so as ideologias21 trazidas porcada AJUP, advindas de seus desenvolvimentos terico-metodolgicos e das aes e vincula-es histricas, o outro plo do contato dialgico-dialtico e istente na e pela Rede, e que setornou evidente no x ERENAJU, para o bem ou para o mal.

    A relao entre valores e ideologias na RENAJU remete a discusso mais ampla, a da

    politizao das AJUPs. a politizao, por derradeiro, o marco para se discutir osujeito cole-tivo RENAJU e suas implicaes na construo daidentidade renajuana .

    3 suJeito Coletivo renaJu e Politizao das aJuPs

    De ender a politizao das AJUPs trabalhar a percepo de sua no neutralidade20 Sobre a de esa da estratgia de vinculao das AJUPs com os movimentos sociais con erir: LIMA, 2008 e DIEHL,SILVA, 2006.21 Ideologia utilizada no sentido mar ista-gramsciano, como conjunto de crenas, valores e ideais que undamentame legitimam as concepes de mundo. Desse modo, ope-se ao sentido do mar ismo-ortodo o, que entende ideolo-gia como discurso de deturpao da realidade, escamoteador dos valores de e plorao burgueses.

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    poltica. Para alm da remio ao ato de autonomia poltica no signifcar isolamento ouabstinncia, a politizao mais bem representada pela n ase no compromisso com a luta so-cial em parceria com os oprimidos e escolha do contedo poltico que undamenta o servio jurdico, marcas que demarcam, por assim dizer, o recorte popular das AJUPs numa rase:a politizao a e igncia de conscincia de classe.

    No plano da Rede, o debate da politizao portanto, no politizao de cada entida-de, mas sim da Rede, como coletivo invoca a necessidade de se construir projeto coletivo demudana social, ou seja, proposta poltica da concepo de sociedade da RENAJU introdu-zido no bojo da necessidade de se defnir sua identidade.

    Ora, compreendendo-se por identidade a somatria de prticas concebidas a partir de umre erencial, (GOHN, 2006) defnida, antes de tudo, pelos projetos (enquanto Rede, primeiramente, eno conjunto das prticas de cada AJUP, secundariamente) na qual ela se engaja, a meno a procurapela identidade da RENAJU deve ser condizente com o ato de sua somatriase constituir no so-mente tendo em vista a e istncia da Carta-Compromisso que elenca srie de princpios e valores

    ormalmente acatados por cada entidade mas, e undamentalmente, pelas aes decorrentes doativismo poltico da Rede, ou seja, as cartas, moes, campanhas e propostas de endidas nos espaospblicos aos quais ela convidada a se mani estar enquanto Rede.

    Todos estes re erencias contm contedos te tuais que permitem encontrar elementosda identidade renajuana, no s tendo em vista os parceiros/direitos de endidos ou atos re-pudiados, mas, em especial, pela orma como argumentam suas de esas, dizer, as ideologiase valores que transmite aos endereados do ativismo poltico, o que invoca retorno internodestes valores e ideologias, ao serem apresentados e representados no sujeito coletivocomopertencentes ao conjunto de AJUPs que dela azem parte.

    Depreende-se da a percepo de que este sujeito coletivo RENAJU consequncia e

    causa da instaurao de novas praticas polticas, abrindo espaos sociais de interlocuo atento inditos, alm de revelar a capacidade e potencialidade de atuao coletiva em prol dade esa valores democrticos e dos direitos humanos.

    Mas ser mesmo isso? Ou melhor, essa (nova) atuao da RENAJU tem surtido e eitos?Tanto e terna quanto, e principalmente, internamente? Afnal de contas: qual o impacto que to-das essas cartas e moes tm para o pblico-alvo direcionado? Em que elas ajudam a pressionaro poder pblico ou privado, ou, ao menos, em que elas ajudam a di undir os atos e os atoresnelas imbricados, conjuntamente com a divulgao da posio da Rede? Qual a repercusso queas campanhas tm em cada AJUP? H, de ato, mobilizao em prol de melhor compreendero contedo das campanhas e promover aes para consolidao regional? E, por fm, pode-se

    alar em unidade poltica da Rede para tratar temas sociais relevantes?Os ltimos acontecimentos da Rede, particularmente as impresses retiradas do x

    ERENAJU, demonstram a e trema urgncia em debater tais perguntas e problematizar asconsequncias da gesto deste sujeito, em paralelo prpria considerao de sua efccia noretorno discusso sobre identidade renajuana.

    A condio de descentralizao administrativa que marca a gesto democrtica daRede, cujos operadores so as diversas entidades em paridade poltica, vem sendo posto aprova pela necessidade cada vez maior de se estabelecer unidade ideolgica sobre pontos quese mostram no consensuais entre as AJUPs, como: re orma universitria, poltica de editaise educao jurdica.

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    aqui, talve , que fque mais ntida a separao entre valores e ideologias. Valores,entendidos como [...] centros signifcativos que e pressam uma preferibilidade (abstrata egeral) por certos contedos [...] integrados num sentido consistente [...] , (FERRAz JNIOR,2003, p. 112) ormulaes cujo objetivo de integrao, representativas do consenso social.E, ideologias, conjuntos mais ou menos consistentes, ltimos e globais de avaliaes dos pr-prios valores. (FERRAz JNIOR, 2003)

    Ao contrrio do que possa parecer, so as ideologias que movimentam, conte tuali am,limitam e hierarqui am os valores, enfm, que condicionam os valores. Mas que tambm, e esse o ponto-central, buscam ahegemoniade umas sobre as outras, (FERRAz JNIOR, 2003) opondo-se (ainda que dialogicamente) entre si, uncionando como mecanismos estabili adores (dos valo-res) e de denuncias (de outras ideologias), ao mesmo tempo.

    A leitura dos relatrios de avaliao das AJUPs sobre o x ERENAJU, enviados para alista virtual,22 possibilita a compreenso de que as avaliaes positivas ou negativas do Encontroesto encharcadas pelas ideologias condi entes a cada entidade, resultando numa diversidadede modos de alinhar os valores ticos mnimos da Rede e de projetar seu uturo.

    Re ora, assim, constatao de que a gesto dosujeito coletivo RENAJU e a re e o sobre aidentidade renajuana devem ser pressupostas pelo reconhecimento de que a pluralidade de con-cepes ideolgicas que undamenta e undam os valores (ticos mnimos) da Rede, no podendohaver engajamento poltico que subestime a interlocuo necessria da busca das hegemonias ide-olgicas, o que requer maneira (metodologicamente alando) de reali ar tais aes sem enveredarpor campos e posturas de cultura poltica mais presente no movimento estudantil tradicional, di er, de modo a no cair nas vias alaciosas da politicagem.

    Essa condio de democrati ao da Rede para os pr imos perodos, no sentido desaber manejar as hegemonias e as ormas de se chegar a elas para a demarcao dos novos pas-

    sos identitrios dosujeito coletivo, de modo a no desrespeitar (e, assim, oprimir) as minoriasque nele possam se estabelecer.Para tanto, dois aportes sero de e trema utilidade estratgica: o primeiro, aeducao popu-

    lar freireana , renovando os aportes da politi ao dialgico-dialtica e das condies metodolgicaspara discusses e decises coletivas; o segundo, oteso, no sentido de reaprender a lidar com asemoes solidrias e militantes, compreendendo por teso, con orme o Estatuto do Teso criado pormembros da Rede em 2003, a pai o, o entusiasmo, a alegria, a motivao e a juventude necessrias construo de um mundo livre e igualitrio, onde a elicidade e a bele a sejam e perienciais coti-dianas, (RENAJU, 2003) reacendendo a postura doquerer bem aos sujeitos com os quais se compar-tilham os ideais de AJUP, sem o qual, con orme observa Ademar Bogo, [...] no possvel construir

    a unidade poltica entre as pessoas e com as oras revolucionrias. (2006, p.14)4 uma ConCluso Para tantas aberturas

    Em derradeiro, algumas consideraes fnais a se a er sobre os principais contedosarguidos.

    Primeiro, a histria da RENAJU estabelecida neste artigo no pretendeu esgotar ossentidos que ela teve (e tem) para os construtores m imos dela, as AJUPs e seus respectivosmembros. Tratou-se, antes de tudo, de es oro de sistemati ao que ganha justamente pela22 Foram lidos os relatrios do NAJUP Aldeia Kayap/UFPA, NEPE/UFSC, PAJE/CE, SAJU/PR, NAJUP Isa Cunha/UFPA e Projeto Justia e Atitude/PI.

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    parcialidade que assume. Outros atos e, mesmo, retifca es a pontos aqui apresentados, po-dem e devem ser eitos, para o bem da prpria Rede.

    Segundo, a teoria das redes um aporte terico privilegiado para a compreens o daRENAJU, histrico e conjunturalmente. Seu uso, no entanto, se mostra limitado quando n ocon rontado ou enriquecido com outros aportes, como a das tipologias de AJP e da cr tica aeduca o universitria (extens o, pesquisa e ensino). Devido s delimita es de artigo, estasarticula es s o provoca es para uturas pesquisas.

    erceiro, aidentidade renajuanae a consequente exposi o sobre osujeito coletivoRENAJU s o responsabilidades pol ticas que pe a prova a capacidade da Rede de honrarinternamente com aquilo que propaga em parceria com seus pblicos-alvos de atua o.A luta pelas hegemonias internas pressupe qualquer luta pelas hegemonias externas. Na verdade, componente tico e estratgico imprescind vel s entidades que se a irmammilitante.

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