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ASSENTAMENTOS HUMANOS ISSN 1517-7432 Vol.9 Nº 1 Out.2007 Revista da Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Técnologia Universidade de Marília Marília SP Assentamentos Humanos Marília v9 nº1 Pg. 1-78 2007

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ASSENTAMENTOSHUMANOS

ISSN 1517-7432Vol.9 Nº 1 Out.2007

Revista da Faculdade de Engenharia, Arquitetura e TécnologiaUniversidade de Marília

Marília SP

Assentamentos Humanos Marília v9 nº1 Pg. 1-78 2007

Ficha Catalográfica preparada pelaBiblioteca Central da Universiade de

Marília - UNIMAR

Assentamentos Humanos: revista da Faculdade de Enge n h a ri a ,Arquitetura e Tecnologia da Universidade de Marília. v.9, nº1(Out. 2007) - ...Marília: FEAT/UNIMAR, 2007- V.9:il.;27cm.

Anual

ISSN 1517-7432

1. Arquitetura e Urbanismo - Periódicos. 2.Assentamentos Humanos.I . Faculdade de Enge n h a ri a , A rq u i t e t u ra e Te c n o l ogia daUniversidade de Marília.II. Universiade de Marília.

Distribuição:Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Tecnologia

FEAT - UNIMARAv. Higyno Muzzy Filho, 1001. Fone: (14) 2105-4044

e-mail: [email protected]

Os artigos são de responsabilidade de seus autores.

O projeto gráfico é fundamentado num modelo da autoria da DesignerCassia Leticia Carrara Domiciano.

A capa, a identidade visual e a editoração foram realizadas pelo diagramador

Marcelo Andrini

CDD 720

UNIVERSIDADE DE MARÍLIA

Reitor

Dr. Márcio Mesquita Serva

Vice-Reitora

Profª. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva

Pró-Reitora de Pós-Graduação

Profª. Dra. Suely Fadul Villibor Flory

Diretora Administrativa

Bel. Sinara Mesquita Serva

Pró-Reitor de Graduação

Prof. José Roberto Marques de Castro

Pró-Reitora de Ação Comunitária

Profª. Maria Beatriz de Barros Morães Trazzi

FACULDADE DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E TECNOLOGIA

Diretor

Prof. Ms. Odair Laurindo Filho

Correspondência e artigos para publicação deverão ser encaminhados a:Correspondence and articles for publication shoud be adress to:

Assentamentos Humanos

Sub-Comissão de Pós-GraduaçãoFaculdade de Engenharia, Arquitetura e Tecnologia - Unimar

CEP 17500-000 - Marília - SP -Brasil

E-mail: [email protected]

Comissão Editorial

Alexandre Ricardo Alferes Bertoncini

Irajá Gouvêa

Lúcio Grinover

Maria Alzira Loureiro

Odair Laurindo Filho

Paulo Kawauchi

Renato Leão Rego

Conselho Consultivo

Akemi Ino (EESC-USP)

Alexandre Kawano (POLI-USP)

Bruno Soerensen Cardoso (IPETEC-UNIMAR)

Doris C.C.K. Kowaltowski (FEC-UNICAMP)

Élide Monzéglio (FAU-USP)

Jair Wagner de Souza Manfrinato (FEBa-UNESP)

José Carlos Plácido da Silva (FAAC-UNESP)

Mario Duarte Costa (UFPe-Recife)

Nilson Ghirardello (FAAC-UNESP)

Otávio Yassua Shimba (UEL-Londrina)

Rosalvo T. Ruffino (EESC-USP)

Sérgio Murilo Ulbricht (UFSC-Florianópolis)

SUMÁRIO

José Carlos Plácido da Silva

Antropometria: uma visão históricae sua importância para o Design.

Jeane Ap. R. de Godoy Rosin

Estudo de caso na cidade deTupã/SP política urbana X preser-vação ambiental.

Marco Antonio Louzada Junior

Aplicação da metodologia “designfor manufacture and assembly” -dfma - no processo de desenvolvi-mento de um componente demáquina agrícola: um estudo decaso.

Walnyce Scalise

Gestão urbana e sustentabilidade:reflexões sobre a dimensão socialda Sustentabilidade e instrumentosde gestão urbana.

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Luis Carlos Paschoarelli

Dimensionamento de andadoresdobráveis: aspectos antropométri-cos aplicados ao design ergonômi-co.

Luiz Carlos Racanicchi

Implantação de rede de referênciacadastral no município de são car-los, com o uso de tecnologia GPS.

Irajá Gouvêa

Identidade arquitetônica do índiobrasileiro.

Katia Emi Kozuma

Cuidadando da cidade: uma visãosistêmica (3).

André Luiz Carrilho Nucci

Sede de controle e tra n s m i s s ã opara canais de TV Digital: um novoprograma arquitetônico

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José Carlos Plácido da Silva1

Alexander Pereira Martins2

João Marcelo Ribeiro Soares3

Marta Karina Leite4

Luis Carlos Paschoarelli5

José Jorge Boueri6

SILVA, J. C. P.; MARTINS, A. P.; SOARES, J. M.R.; LEITE, M. K.; PASCHOARELLI, L. C. eBOUERI, J. J. Antropometria: uma visão históri-ca e sua importância para o Design. RevistaAssentamentos Humanos, Marília, v 9, n 1, p 9- 16, 2007.

ABSTRACT

This study aims to point outthe importance of anthropometry in devel -oping projects for artificial environmentsor/and objects, be in the function esthetic,functional or productive, such fact is a real -ity, a need that accompanies the humanhistory.

Key Words: Antropometry, History andDesign

Palavras-chave: Antropometria, Históriae Design

1. INTRODUÇÃO

A Antropometria é um método deinvestigação científica que tem como obje-tivo a medição das dimensões físicas e suas

1 José Carlos Plácido da Silva, Livre Docente em Ergonomia - PPGDI - FAAC/UNESP – [email protected] Alexander Pereira Martins, Programa de Pós-graduação em Desenho Industrial da FAAC – UNESP/Bauru – [email protected] 3 João Marcelo Ribeiro Soares, mestrando em Desenho Industrial - PPGDI - FAAC/UNESP – [email protected] Marta Karina Leite, mestranda em Desenho Industrial - PPGDI - FAAC/UNESP – [email protected] Luis Carlos Paschoarelli, Doutor em Engenharia de Produção - PPGDI - FAAC/UNESP –[email protected] José Jorge Boueri, professor Doutor, Livre Docente CGP - FAU/USP - EACH – Campus Maranhão –[email protected]

ANTROPOMETRIA: UMA VISÃO HISTÓRICA E SUAIMPORTÂNCIA PARA O DESIGN

variações que compõem o corpo humano. Aantropometria é uma das disciplinas quecompõem a antropologia, que compreendeo homem como ser biológico, pensante,produtor de culturas e participante dasociedade.

A antropologia se divide em doiscampos: a biológica ou física e a cultural ousocial. É na antropologia biológica que sesitua a antropometria, contribuindo nolevantamento de informações da naturezafísica do homem, como estrutura anatômi-ca e dimensões corporais (SANTOS, 1997).

2. HISTÓRIA DA ANTROPOMETRIA

A pesquisa antropométrica foi maisintensamente desenvolvida em meados doséculo XX, porém seu conceito parece exis-tir há muito mais tempo e apresentada nasartes e arquitetura.

O arquiteto e engenheiro romanoMarcos Vitrúvio Polião, no século I a.C.,havia descrito em seu tratado de arquitetu-ra, um sistema de proporcionalidade docorpo humano e suas implicações nametrologia da época (Figura 1).

As origens da Antropometria remon-tam às viagens de Marco Polo (1273-1295),

que revelou um grande número de raçashumanas, diferentes em tamanho e consti-tuição. Na antropologia racial apresentadapor Linné, Buffon e White no século XVIIIque demonstrava que há diferenças nasproporções corporais de diversas ra ç a shumanas (PANERO e ZELNIK, 1991).

Leonardo Da Vinci (1452-1519)desenvolve e apresenta o clássico desenhodo “homem padrão” baseado na proporcio-nalidade proposta por Vitrúvio, conformevisto na Figura 2.

O Termo Antropometria foi usadopela primeira vez em 1654, pelo médicoJohann Sigismund Elsholtz, em uma tesecujo título é “Anthropometria”.

Porém, segundo ROEBUCK (1975),foi o belga Quetelet quem consolidou a fun-dação da ciência e a invenção do própriotermo Antropometria com a publicação em1870 da sua obra Antropometrie que cons-titui a primeira pesquisa em grande escala.

Vinculada, inicialmente, à esfera dasartes plásticas, da antropologia e da etno-logia, a partir do século XIX aAntropometria foi sendo incorporada aoutros campos, como o da saúde, econo-mia, planejamento, nutrição e engenharia.A área tomou impulso em 1859 com o fun-dador da Antropologia Moderna Paul Broca,

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Figura 1 - Sistema de proporcionalidade do corpo humano de Vitrúvio, século I a. C., para projetos arquitetônicos (VITRUVIOPOLIÃO, 2002) e Figura 2 - Homem vitruviano de Leonardo Da Vinci (PANERO e ZELNIK, 1989).

com a criação da Société d’Anthropologiena Faculté de Médecine de Paris.

Charles-Edouard Jeanneret- G r i s(1887-1965), arquiteto conhecido como LeCorbusier, desenvolve um sistema baseadonos conceitos dos matemáticos Euclides(360 a.C. - 295 a. C) e Fibonacci (1175 -1250). Esse sistema buscava uma soluçãoprojetual mais harmônica com as propor-ções humanas através de medidas modula-res para um individuo imaginário com esta-tura entre 1,75 e 1,80 metros (Figura 3).

Em 1919, Ales Hrdlicka, o líder daEscola Americana de Antropologia, definiua Antropometria como um “sistema dem e n s u rações do corpo humano”. Ales,observou não ser um sistema uniforme,dadas as variações do método segundo asfinalidades pretendidas, bem como as raçase distinguiu ainda um pólo de pesquisachamado: “Antropometria antropológica”.Buscando atribuir um valor profissional eestritamente científico. Tudo o que diz res-peito às partes do corpo sujeitas à mensu-ração, como: peso, volume ou extensão; aAntropometria equivalia à antropologia“física”.

Em 1948 Giedion desenvolve estu-dos sobre à dimensão do corpo e os movi-mentos das atividades relacionadas ao tra-

balho (BOUERI, 1991). E em 1959 é publi-cado o livro “The measure of man”, porTilley & Dreyfuss, posteriormente, seriadenominado “The measure of man andwoman” (Figura 4). Que disponibiliza dadosantropométricos para a aplicação em proje-tos de design industrial e demais áreas pro-jetuais. A partir da segunda metade doséculo XX, na década de 60, estudos tra-tam do estabelecimento de relações entreas variações nas dimensões físicas e oestado nutricional de indivíduos e popula-ções, esse estudo específico é denominadoAntropometria nutricional.

Antropometria é a designação atri-buída à estatística do corpo. A adoçãodesta técnica como método de identificaçãocriminal apresenta uma evolução histórica.Em Portugal, as autoridades usaram aAntropometria como um método oficial eobrigatório nas cadeias, para isso foi feitoum estudo prévio, na tentativa de garantira qualidade dos procedimentos para traçarpadrões característicos do corpo que deter-minassem a identificação de “indivíduosp e r i g o s o s ”. Esgotado os estudos naAntropometria criminal a pesquisa deixa debuscar as diferenças fisiomáticas e somáti-cas dos delinqüentes e busca a igualdadedos cidadãos.

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Figura 3 – El Modulor de Lê Corbusier ( PANERO e ZELNIK 1989) e Figura 4 - The measure of man, de Tilley & Dreyfuss,publicado em 1959. (DREYFUSS, HENRY 1966).

No século XX a antropometria assu-me um papel significativo nas pesquisasrelacionadas à origem humana, isso foipossível através das medições de crânios eestruturas faciais em fósseis pré-humanos.Outro fato significativo das pesquisasantropométricas neste período, foi à aplica-ção dos dados coletados no redesign demáquinas, ferramentas e produtos de con-sumo humano.

2.1. A ANTROPOMETRIA APLICADAAO DESIGN

Desenhar produtos que se adaptamaos seres humanos não é algo novo, isto jáera feito pelos homens pré-históricos aodarem formas as suas ferramentas e torná-las mais fáceis no uso.

Estudos realizados durante asG u e r ras Civil Americana, Primeira eSegunda Guerra Mundial são notáveis e degrande valia para aproximar as caracterís-ticas humanas dos projetos de objetos aserem usados pelo homem. Praticamentedurante o mesmo período em que se estu-dou a dimensão estática do corpo, houve,também, um interesse no estudo dadimensão ocupada pelo corpo em ativida-de. Em muitos desses estudos a ênfase foidada para resolver problemas no desempe-nho de atividades de trabalho, na constru-ção e utilização de equipamentos militares.E xemplos destes problemas eram: asdimensões de roupas para a tropa e o gran-de número de acidentes na operação deaeronaves, devido às pequenas dimensõesdas cabines que dificultava ou impedia mui-tos dos movimentos dos pilotos (ROEBUCK,1975).

Após a Segunda Guerra Mundial, aênfase em adaptar a máquina ao homemtornou-se melhor desenvolvida com objeti-vos tanto comerciais quanto militares,levando em consideração não só as medi-das corporais, mas, também os fatoresfisiológicos e psicológicos dos envolvidos. Na década 40 as medidas antropométricasprocuravam determinar as médias de umapopulação como peso, estatura, etc.

Atualmente o principal interesse está cen-trado nas diferenças entre os grupos einfluência de variáveis como raça, regiãogeográfica e cultura. Toda população éconstituída de indivíduos diferentes, alémdisso, com a crescente internacionalizaçãoda economia, alguns produtos são vendidosno mundo todo, como por exemplo, oscomputadores, automóveis e aviões. Istocontribuiu para que se pense mais ampla-mente.

Ao se projetar um produto deve-sepensar que os consumidores podem estarespalhados por muitos países. E por issodeve-se tomar muito cuidado, pois emboranão existam medidas confiáveis para apopulação mundial, grande parte das medi-das disponíveis é oriunda de contingentesdas forças armadas que é predominante-mente do sexo masculino, na faixa dos 18aos 30 anos e que atenderam aos critériospara recrutamento militar como peso eestatura mínimos (ROEBUCK, 1975; IIDA,1991; PANERO e ZELNIK, 1989).

Ao projetar um produto ou equipa-mento deve-se utilizar, sempre que possí-vel as medidas antropométricas da popula-ção usuária, evitando o estresse e aciden-tes. Normalmente as medidas antropomé-tricas são representadas pela média e odesvio padrão, porém a utilidade dessasmedidas depende do tipo de projeto emque vão ser aplicadas (IIDA, 1991).

Roebuck apud AÑEZ (2001) mencio-na que a Revolução Industrial focou suasatividades no mercado de massas e asmedidas de saúde de massas, isto, devidoà necessidade de aplicar as medidas dohomem para desenvolvimento da produçãoem massa. Do ponto de vista industrial,quanto mais padronizado o produto for,menores serão os seus custos de produção.O projeto para a média é baseado na idéiaque isso maximiza o conforto da maioria,na prática isso não é fato, pois, há diferen-ças significativas entre as médias dehomens e de mulheres, e a adoção de umamédia geral acaba beneficiando uma faixamuito pequena da população, cujas médiascaem dentro da média adotada. Em muitascircunstâncias há necessidade de se combi-

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nar as diversidades métricas dos indivíduoscomo é o caso das saídas de emergênciaque devem ser projetadas para comportarpelo menos até o percentil 95 masculino.Os locais de trabalho onde devem trabalharhomens e mulheres geralmente são dimen-sionados pelo mínimo, isto é, o percentilcinco das mulheres.

Existem inúmeros dados antropo-métricos que podem ser utilizados na con-cepção dos espaços de trabalho, mobília,ferramentas e produtos de forma geral, namaioria dos casos pode-se utilizá-los noprojeto industrial (SA N TO S, 1997).Contudo, devido ao grande número devariáreis, é importante que os dados favo-reçam a melhor interface entre os usuários,espaço e objetos. Para isso, é primordialdefinir com exatidão a natureza da popula-ção que se pretende projetar. Muitas vezesquando o usuário é um indivíduo ou umgrupo reduzido de pessoas e estão presen-tes algumas situações especiais, o levanta-mento da informação antropométrica éimportante, principalmente quando o pro-jeto envolve um grande investimento eco-nômico (PANERO e ZELNIK, 1989).

Na área de mobiliário, a antropome-tria e a ergonomia são ferramentas indis-pensáveis na projeção de novas peças. Odesigner tem o compromisso de projetarbaseando-se na comodidade do usuário ecumprindo certas especificações básicas den o r m a t i z a ç ã o. Além dos itens conforto,funcionalidade, praticidade e estética quedevem estar sempre em harmonia com ascaracterísticas do usuário em um projetode design. No mercado de mobiliário exis-tem casos onde os dados antropométricosnão são levados em consideração, nestescasos, a primeira instância, o mobiliárionão apresenta problema, porém, com a suautilização algumas de suas característicassão expostas, causando dor, desconforto aousuário e até problemas sérios de saúde; ese este mobiliário for de utilização profis-sional, como posto ou parte de um posto det ra b a l h o, o caso pode tornar-se aindamuito mais grave. O posto de trabalho deveser desenhado de forma que seu operadorpossa fazer os movimentos de maneira

natural, além de ser ajustável à maioriados biótipos e cumprir as normas de segu-rança, conforme proposta de PASCHOA-RELLI (1997), Figura 05.

Quando há a utilização de dadosantropométricos em um projeto de produtoeste tende a ser mais confiável, pois foramconsiderados os limites e possibilidades dousuário. Quaresma apud PEQUINI (2005)

conclui que é muito difícil projetar algumproduto que seja compatível a todas aspopulações do mundo. Os produtos devem,portanto, ser projetados apenas para umapopulação ou para populações semelhan-tes, isto significa que antes de se definir apopulação usuária do produto, devem seridentificadas as características da popula-ção. E em algumas situações, devem-seproporcionar elementos ajustáveis. Os limi-tes de variações dos ajustes devem estarbaseados nas características antropométri-cas dos usuários, bem como a natureza datarefa, e as limitações físicas e mecânicasenvolvidas. Contudo, a utilização de ajus-tes em um projeto deve ser criteriosa, poispode tanto facilitá-lo no uso quanto inviabi-lizá-lo economicamente na produção domesmo. Além disso, deve-se estudar opúblico alvo deste produto, pois por muitasvezes, produtos com elementos ajustáveisnem sempre são bem utilizados, devido àfalta de informação de seus usuários.

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Figura 5 – Design de mobiliário para o pré-primário utilizan-do fatores antropométricos. Projeto com foco na satisfação,conforto e segurança do usuário (PASCHOARELLI, 1997).

3. MÉTODOS ANTROPOMÉTRICOS

Atualmente, segundo SA N TOS eFURJÃO (2003) a Antropometria divide-seem: s o m a t o m e t r i a que consiste na ava l i a-ção das dimensões corporais do indivíduo,c e f a l o m e t r i a que se ocupa do estudo dasmedidas da cabeça do indivíduo, o s t e o m e-t r i a que tem como finalidade o estudo dosossos cranianos, p e l v i m e t r i a que se ocupadas medidas pélvicas e o d o n t o m e t r i a q u ese ocupa do estudo das dimensões dos den-tes e das áreas dentárias.

Há dois métodos antropométricos:os funcionais ou dinâmicos, que estão dire-cionados à análise da tarefa com medidasassociadas aos movimentos e os estáticos,que consideram as mensuras em posiçãoestáticas. A Antropometria envolve diver-sas variáveis, um exemplo de levantamen-to de uma variável antropométrica é apre-sentado na Figura 06.

Além do levantamento das medidasdo corpo, em um projeto devem ser consi-derados também dados como:

Genótipos - existem 3 tipos físicosbásicos para classificar o corpo humano,

são eles: E n d o m o r f o – são indivíduoscaracterizados com grandes depósitos degordura, abdómem grande, tórax parecepequeno, ombros e cabeças arredondadas,braços e pernas curtas e flácidos e formasarredondadas; Mesomorfo – são indivíduosc a racterizados pelas formas angulosas,musculosas, com pouca gordura, tóra xparece pequeno, abdômen pequeno, mem-

bros musculosos e fortes, cabeça cúbica,ombros e peitos largos; Ectomorfo - sãoindivíduos caracterizados pelas formasalongadas e finas, com pouca gordura emúsculo, pescoço fino e comprido, ombroslargos e caídos, rosto magro, queixo recua-do e testa alta, o tórax e abdômen sãoestreitos e finos. No entanto, uma parcelaconsiderável da população não se enquadranas formas citadas, o que ocorre, na maio-ria das vezes, é uma misturas entre ostipos físicos (SHELDON, 1940)

Gênero: Entre homens e mulhereshá diferenças de dimensões e proporções:os homens costumam ser mais altos (25%em média) e mais magros, com braçosmais compridos (devido ao tamanho doantebraço) e possuem também mais mús-culos esqueléticos do que as mulheres;

Idade: O ser humano apresentadiferentes formas e proporções durante avida, devido a diferentes velocidades decrescimento para cada parte do corpo. Asextremidades crescem mais rápido porémexistem ainda diferenças individuais entreas pessoas para este crescimento. O cres-cimento mais rápido nem sempre implicaem maior altura na fase adulta. A velhicepromove um decréscimo na altura;

Etnias: As maiores variações estãona África Pigmeus (~140 cm) e nilóticos(~180 cm). Existe um forte fator genéticonas proporções, mesmo após muitas gera-ções de imigrantes, sendo que os mestiçosapresentam valores intermediários a seusancestrais. A etnia acaba oferecendo umproblema significativo para a exportação deprodutos, principalmente hoje que temosum comércio cada vez mais globalizado emiscigenado. A adaptação das dimensõesprojetuais para grupos com etnias diferen-tes é difícil, principalmente no que diz res-peito às proporções corporais. Produtosglobais exigem soluções projetuais psicoló-gicas e físicas complexas, orientadas pordados culturais e combinações dimensio-nais do corpo humano de orientais, euro-peus, árabes, etc. Brasileiros, por exemplo,têm os pés mais curtos e mais “gordos” emrelação aos europeus.

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Figura 6 – Foto e representação gráfica de uma mediçãoantropométrica: assento-cotovelo (SILVA, 1997).

Além dos itens já mencionados aépoca também deve ser considerada, vistoque interfere nos dados antropométricos,uma vez que estes sofrem modificaçõescom o tempo devido à alteração dos hábi-tos alimentares, saúde, prática de espor-tes, etc. Uma população pode crescer atéuma média de aproximadamente 2,0mm/ano. O clima é outro fator que deveser considera d o, pois regiões quentesdeterminam corpos mais finos e membroslongos (dimensão linear), que favorece atroca de calor. Já as regiões frias são mar-cadas por corpos robustos (dimensão esfé-rica), que proporciona a conservação decalor.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa pesquisa indica que a atividadeprojetual humana sempre foi marcada porfatores que subsidiassem a melhor integra-ção entre os espaços e o homem, seja nafunção estética, funcional ou produtiva,esse fato é uma realidade, uma necessida-de que acompanha a história humana. Dohomem vitruviano aos atuais estudos arespeito das características humanas, éfato, conhecer o usuário contribui qualitati-vamente para o projeto das coisas.

A Antropometria conquistou o espa-ço de disciplina científica, aplicada na cole-ta metodológica de informações que contri-bui para entender e atender melhor ohomem, ela acompanha a evolução huma-na. E uma das variáveis projetuais maisconcretas - se não a mais - manipuladaspelo designer. Tal fato oferece à antropo-metria um status de disciplina fundamentalà formação do projetista, uma vez que pos-sibilita dados que vão além dos simplesprincípios métricos para atender a objeti-vos práticos da metodologia projetual.

A Antropometria cumpre a sua partena coleta, análise e tabulação dos dadosnuméricos sobre as dimensões humanas.Esses dados devem ser atualizados acom-panhando a evolução humana, e são pré-requisitos para o processo projetual dodesigner, para assim melhor atender às

exigências funcionais e de uso de qualquerobjeto ou espaço.

5. REFERÊNCIAS

DREYFUSS, Henry. The measure of man –Human factors in design. Revised andexpanded 2nd. Edition. New York, TheWhitney Library of Design/Watson-GuptillPublications. 1996

PA N E R O, Julius e ZELNIK, Martin. L a sdimensiones humanas en los espacios inte -riores. Estándares antropometricos. 5 ed.México : G. Gili, 1989.

PASCHOARELLI, Luís Carlos. O posto detrabalho carteira escolar como objeto dodesenvolvimento da educação infantil: umacontribuição do design e da ergonomia.Dissertação de Mestrado – Programa deP ó s - g raduação em desenho Industrial.Faculdade de Arquitetura, Artes eComunicação – UNESP – campus de Bauru.FAAC/UNESP. 1997

PEQUINI, Suzi Marino. Ergonomia aplicadaao design de produtos: um estudo de casosobre o design de bicicletas.FAU/USP.2005.

RODRIGUEZ-AÑEZ, C. R.. A antropometriae sua aplicação na ergonomia. RevistaB ra s i l e i ra de CineantropometriaDesempenho Humano, Florianópolis, v. 3,n. 1, p. 102-108, 2001.

ROEBUCK, J. A. Jr.; KROEMER, K. H. E.;THOMSON, W. G. Engineering anthropome -try methods. New York : Wiley-Intersciencie : J Wiley, 1975.

SA N TO S, Neri dos et. al.Antropotecnologia: a ergonomia dos siste-mas de produção.Curitiba : Genesis, 1997.

SA N TO S, Raquel; FUJÃO, Carlos.Antropometria. Universidade de Évora –Curso Pós Graduação: Técnico Superior deHST. Fevereiro, 2003.

15

SHELDON, William H.; The varieties ofhuman physique: An introduction to consti -tutional psychology. New York: Harper &Brothers, 1940.

S I LVA, José Carlos Plácido da.Levantamento de dados antropométricosda pré-escola ao 1º Grau no município deBauru (SP). Tese de Livre-docência, apre-sentada a Faculdade de Arquitetura, Artes eComunicação – UNESP – campus de Bauru.FAAC/UNESP. 1997

VITRÚVIO POLIÃO, Marco. Vitrúvio daarquitetura. Introdução: Júlio R. Katinsky.São Paulo: Editora Hucitec-A n n a b l u m e .2002.

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Arqª. Jeane Ap. R. de Godoy Rosin1

Arq. Ms. Irajá Gouvêa2

ROSIN, J. A. R. G.; GOUVÊA, I. Estudo de casona cidade de Tupã/SP política urbana X preser-vação ambiental. Revista AssentamentosHumanos, Marília, v 9, n 1, p 17 - 24, 2007.

RESUMO

No decorrer dos últimosséculos, o espaço geográfico mundial, temsido drasticamente altera d o. Esta tra n s f o r-mação apresenta-se como conseqüência deuma constante organização espacial decor-rente da ação social, pois, a cada dia, maisa sociedade procura adequar o meio no qualestá inserida às suas necessidades sociais,políticas e principalmente econômicas.

O artigo 225 da ConstituiçãoFederal assegura que “todos têm direito aomeio ambiente ecologicamente equilibrado,impondo ao Poder Público o dever dedefendê-lo e a coletividade o de preservá-l o ”. Este dispositivo é um importanteinstrumento na luta ecológica em defesa davida. Quando o homem ultrapassa esselimite de intervenção, ocorre à degradaçãoda natureza, o desaparecimento de espé-cies, o esgotamento dos solos e dos recur-sos hídricos.

A partir destes pressupostos,este estudo teve a finalidade de analisar ast ransformações ambientais ocorridas noMunicípio de Tupã, identificando os princi-pais impactos ambientais decorrentes doprocesso de urbanização, principalmente oslocalizados na micro-bacia do CórregoAfonso XIII.

1 Pós-graduada em Planejamento e Gestão Municipal pela UNESP. Secretária de Obras e Planejamento Urbanoda Estância Turística de Tupã2 Professor da Faculdade de Engenharia e Arquitetura e Tecnologia – UNIMAR – Marília. Professor da Faculdadede Arquitetura e Urbanismo – FACCAT - Tupã

ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE TUPÃ /SPPOLÍTICA URBANA X PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

ABSTRACT

In elapsing of the last cen -turies, the world geographical space, it hasbeen altered drastically. This transforma -tion comes as a consequence of a constantspace organization due to the social action,because, every day, more the society triesto adapt the middle in which is inserted totheir social needs, politics and mainly eco -nomical.

The Federal Constitution (225), itassures that "all are entitled ecologically tothe environment balanced, imposing to thePublic Power the duty of defending him/itand the collectivity the one of preservinghim/it". This device is an important instru -ment in the ecological fight in defense ofthe life. When the man crosses that inter -vention limit, it happens to the degradationof the nature, the disappearance ofspecies, the exhaustion of the soils and ofthe resources watery.

Starting from these presup -positions, this study had the purpose ofanalyzing the environmental transforma -tions happened in the Municipal district ofTupã, identifying the main current environ -mental impacts of the urbanizationprocess, mainly the located ones in thepersonal computer-basin of the streamAfonso XIII

Key Words: Não tem

Palavras-chave: Impacto ambiental,Preservação ambiental, política urbana.

INTRODUÇÃO

Como a maioria das cidadesbrasileiras, Tupã adotou em seu plano ini-cial o tabuleiro de xadrez como proposta dearranjo espacial. O desenho possibilitoufácil parcelamento do solo, permitindo aexpansão do sítio urbano, sem provocaralterações significativas no plano inicial.Entretanto por mais funcional que este

plano pudesse ser, ele dificilmente teriacontinuidade sem o apoio de uma rigorosalegislação que orientasse e disciplinasse ouso e ocupação de seu território.

Desse modo, o solo, anteriormenterural, começou assumir as característicasurbanas, com pouca ou nenhuma preocu-pação com o planejamento da cidade, per-mitindo assim, que o perímetro urbano seestendesse nas direções definidas pelosinteresses imobiliários, fortemente influen-ciados por uma elite política atuante.

A cidade, além de não contar comuma política urbana eficiente, não teveadministrações capazes de promover deforma harmônica, o desenvolvimento eco-nômico e espacial da cidade, visando amelhoria da qualidade do espaço urbano.

Associam-se a esses problemas, atopografia, pois à medida que a cidade seexpandia, afastando-se do núcleo central(área levemente plana) deparava-se comárea de topografia ondulada, não permitin-do a continuidade de um crescimentoh o m o g ê n e o, o desenho urbano inicialcomeçou então, a ser descaracterizado.Essa mudança se intensifica quando sur-gem interesses de grupos privados, na pro-moção da especulação do solo urbano.

O município de Tupã, assim comovários outros, municípios do Estado de SãoPaulo foi contemplado pelo tão conhecidoPDDI, cujas propostas nunca foram com-preendidas e muito menos implantadas,dado a inexistência de recursos técnicos efinanceiros do município.

Todos esses fatores contribuíra mpara que o solo fosse ocupado de formainsatisfatória. Somente a partir de 1970,que os interesses administrativos se volta-ram para questão, e em dezembro de 1981é aprovado o 1º Código de Zoneamento,numa tentativa de estabelecer normas quevisassem ordenar e disciplinar o uso e ocu-pação do solo na zona urbana.

No Código de Zoneamento de 1981,ficaram definidas as zonas de preferênciaresidenciais (ZPR), as zonas de preferênciacomercial (ZPC), as zonas de preferênciaindustrial (ZPI) e as zonas estritamenteindustriais (ZEI) abordadas também, as

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taxas de ocupação para cada uma daszonas definidas.

Apesar do aspecto frágil, o Códigodirigiu e doutrinou o crescimento da cidadeaté 2004, quando então entrou em vigor oPlano, sem propósitos dignos de menção,ele atuou mais no sentido de regulamentaro existente e de dar continuidade à estru-tura já implantada.

Na realidade, a cidade se desenvol-veu em torno do eixo formado pela AvenidaTamoios e Rua Aimorés. Este eixo, atual-mente, além de concentrar comércio, servi-ços e se constituir numa via principal detráfego, desempenha funções importantesno cenário urbano, tanto no sentido políti-co, como recreativo.

Em relação aos demais usos, comexceção dos serviços públicos que se con-centram próximos à Praça da Bandeira,estão distribuídos de forma dispersa,segundo as necessidades e oportunidadesde instalação.

No que se refere propriamente aoparcelamento do solo e ao sistema viário,estes foram realizados, ignorando a hidro-grafia, a forma de relevo, as diferentesdeclividades além de permitir excessivospercentuais de impermeabilização do solo ea conseqüente alteração do regime fluvial,que junto a outros fatores ocasionaram odesequilíbrio do clima regional, criandomicro-climas locais.

Dessa forma, na ausência de umplanejamento adequado, o sistema viárioresultante, proporcionou uma circulaçãocomplexa, sobretudo nas áreas residen-ciais.

Outro fator a considera r, é o trânsitode carga pesada no eixo comercial. Estas i t u a ç ã o, é ainda agravada com a sinaliza-ção mal localizada, constituindo mais em umelemento de poluição visual, do que propria-mente num instrumento de informação.

Voltando à questão do Código deZoneamento, ele é um reflexo claro do usoe ocupação do Solo e do Sistema Viárioarticulado na zona urbana. Uma das razõesdo êxito do zoneamento decorre de suaaceitação como instrumento urbanísticocapaz de organizar a cidade, a partir de um

determinado modelo, ainda que básico.A cidade está “naturalmente” dividi-

da em partes, onde a densidade decresce“naturalmente” do centro para a periferia eas funções urbanas se separam “natural-mente”. Sendo assim, o zoneamento, ape-nas serviria para corrigir algum dessesaspectos da cidade quando ele não estives-se funcionando segundo a ordem “natural”.

Assim, como foi possível verificar, oprocesso de urbanização resultante, emconsonância com a economia local, alicer-çados em modelos já superados, desenca-deou uma série de atividades que ignora-ram as peculiaridades locais relacionadasao meio ambiente, principalmente no quese refere aos recursos hídricos e coberturavegetal, ocasionando assim, inúmerosimpactos sócio-ambientais.

Neste contexto, é válido salientar, acarência de espaços livres na malha urba-na, constituindo um obstáculo senão defini-tivo pelo menos bastante difícil de sersuperado, dado o valor especulativo dasáreas urbanas.

Embora a cidade seja bem arboriza-da, o cálculo das áreas verdes existentesna malha urbana indica um déficit quandocomparado ao índice de áreas verdes porhabitante recomendado pela ONU(Organização das Nações Unidas).

Há em Tupã um total de aproxima-

damente 126.000 m2 de áreas verdes, cor-

respondendo ao índice de 2,8 m2/hab, talíndice tenderá a se elevar para 6.48

m2/hab. Quando as demais áreas verdesprojetadas forem urbanizadas, o que éainda insuficiente.

Quando se observa o mapa de áreasverdes existentes nota-se uma carênciaainda maior em direção aos bairros demenor poder aquisitivo, no caso Santa Ritade Cássia, Vila Indústria, Parque Tabajara,Vila Europa, Vila Independência e JardimPaulista, situados à Sudoeste.

Juntam-se a estes os bairros locali-zados à Nordeste, Vila Formosa, AltoSumaré, e suas imediações, além daquelesque se encontram nas proximidades daerosão.

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Do total existente, constam apenaspraças, com equipamentos insuficientes einadequados, esta situação se agrava àmedida que se localizam em zonas estrita-mente residenciais, portanto não há par-ques distritais, de bairro, ou mesmo devizinhança, acentuando ainda mais asnecessidades de lazer, de recreação dacomunidade urbana.

Os benefícios resultantes do verdenão se exteriorizam somente pela existên-cia e implantação de áreas verdes, mastambém pela arborização das vias públicas,dos jardins particulares, hortas de fundo dequintal e outros que transmitem a popula-ção os efeitos diretos de bem-estar.

Tais elementos assumem umaimportância considerável na cidade, fatoque pode ser constatado numa observaçãodetalhada do levantamento aerofotogramé-trico. Essa tendência se atribui ao hábito decultivo, de grande parcela da população,em plantar seja em vaso ou mesmo nafrente da casa ou no quintal – surge comouma necessidade de ambientar seu espaço.

Em se tratando de arborizaçãopública, como foi dito no início, apesar dacidade ter uma arborização significativa, asespécies existentes devido aos problemasque tem provocado, estão sendo removidase substituídas por outras sob controle eorientação do Departamento de Urbanismoda Prefeitura Municipal.

No que diz respeito ao Município,foram cadastradas pela Prefeitura 28 áreasconsideradas como matas naturais, dentreas 28,6 áreas apresentando uma dimensãoaproximada de 350 hectares, enquanto que11 áreas possuem aproximadamente 100hectares e as demais em torno de 50 hec-tares, por unidade considerada.

Tais áreas se encontram fora doperímetro urbano, distribuídas na zo n arural, havendo uma concentração maior emdireção ao Sul do Município.

À Nordeste, numa distância de 7 kmda malha urbana, encontra-se a única áreade lazer para uso público, a Represa doRibeirão Sete de Setembro, com uma área

de 154.638,00 m2, sua freqüência é baixadevido às precárias condições em que se

encontram suas instalações, há interesseda administração local em transformá-laem área de lazer Campestre.

Entretanto, em relaçãoàs culturas desenvolvidas no meio rural,apesar da substituição de escala ainda háuma participação, assim como no início dapovoação, de café, amendoim, milho eatualmente em proporções maiores, depastagem.

Do total da área agrícola existenteno Município, 89.323,10 ha, apenas, éusada 71.500,00 há, o que vem apontarum decréscimo das áreas de produção. Emtermos de análise, foi levantado o aspectode uso do solo agrícola, apenas para se terà idéia de que forma o solo é utilizado, eem que proporções; pois além de concorrerpara a amenização do clima na cidade,cada cultura é uma massa verde que emconjunto formam a paisagem do meiorural, caracterizando uma região.

A S P E C TOS A M B I E N TAIS DOMUNICÍPIO DE TUPÃ

O crescimento urbano está se tor-nando uma temática amplamente discutidana problemática ambiental, pois a falta ouplanejamento inadequado da urbanizaçãoocasiona alterações no ambiente, podendoinfluenciar direta e/ou indiretamente naqualidade de vida da população local e,conseqüentemente, regional.

A relação entre o crescimento urba-no e os impactos ambientais, pode tam-bém, ser analisado no município de Tupã,que teve seu traçado inicial implantado noespigão divisor das águas dos Rios Aguapeíe Peixe.

Os impactos ambientais do municí-pio, apontados neste estudo são resultan-tes do:

Processo de ocupação urbana inadequa-do, realizado sem planejamento prévio,sem considerar as características natu-rais do meio e sem a implantação deinfra-estrutura necessária capaz de for-necer à população as condições mínimas

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de vida, acarretando dessa forma, osacrifício do meio-ambiente e expondo avida humana a inúmeros riscos.

Diante da necessidade de priorizar osimpactos ambientais mais relevantes, defi-niu-se neste estudo, como gravidade do pro-blema o grau de comprometimento do meio-ambiente, ou seja, o tempo que este leva r átentando se reequilibra r, tendo como dimen-s i o n a m e n t o, a área de abrangência e comoconseqüências, as repercussões causadaspelos impactos no local e adjacências.

Sendo assim, em função do proble-ma escalar, isto é, a necessidade deaumentar a escala para garantir umamelhor compreensão dos detalhes, optou-se por empreender algumas análises emsubsistemas, ou seja, uma área amostral,porém, representativa das característicasde uso da terra e geomorfologia do restan-te do município.

Nesta perspectiva, de acordo comMENDONÇA e FERRIER JUNIOR (1955, p.180),

A unidade geográfica básica de trabalhoé a bacia hidrográfica.

Porém, para obtenção de um nívelmaior de detalhamento e garantia de qua-lidade do trabalho, os mesmos autoressugerem o estudo de pequenas bacias – asmicro-bacias hidrográficas.

C o l a b o rando com esta definição,COELHO NETO (1995, p.100) afirma ser abacia de drenagem a:

Unidade conveniente ao entendimentodos processos hidrológicos e geomorfo-lógicos e das ligações espaciais entreáreas distintas que podem afetar tanto oplanejamento local como regional.

Do mesmo modo, CUNHA e GUERRA(1998, p. 353-354), ratificam que, asbacias hidrográficas revelam-se comoexcelentes áreas de estudos para o plane-jamento, pois:

... integram uma visão conjunta docomportamento das condições naturais

e das atividades humanas nelas desen-volvidas, uma vez que, mudanças signi-ficativas em qualquer dessas unidades,podem gerar alterações, efeitos ouimpactos a jusante e nos fluxos energé-ticos de saúde.

Atendendo a tais preposições, nesteestudo, foi destacado como área de amos-tragem, a micro-bacia do Córrego AfonsoXIII.

Os Córregos são na hierarquia flu-vial os que dão origem aos rios e ribeirões,assim são formados pela junção de peque-nos filetes ou minas d’água, que muitasvezes não constam nos mapas oficiais.Desse modo, os Córregos são os primeirosa formarem as menores bacias hidrográfi-cas ou micro-bacias (SPRESSOLA JUNIOR,2001).

A micro-bacia do Córrego AfonsoXIII está inserida dentro de área urbana ese constitui numa das sub-bacias da BaciaHidrográfica do Rio Aguapeí.

Na área urbana é o único cursod’água, sua nascente (Braço Esquerdo)está situada próxima a Rua Moema com aRua Miguel Gantus (Vila Teixeira), percor-rendo de Oeste para Norte, até o ponto deconfluência com o braço direito, há umadistância aproximada de 2,5 km. Já a suanascente no braço direito está situada nasp r oximidades da Rua Waldemar (VilaFormosa), percorrendo de Leste para Norte2,2 km até a confluência. A partir desteponto, caminha mais 3,5 km até sair doperímetro urbano e entrar na área rural.

Um trecho significativo do braçodireito foi canalizado e aterrado, por umprograma de combate à erosão urbana, ini-ciado em 1983 pela Prefeitura Municipal.

Na época, mais de 5.000m? erodi-dos, atrave s s avam a cidade, formando ob raço esquerdo e direito do Córrego AfonsoXIII, com buracos de até 50,00m de largurae 8,00m de profundidade. Esta situação foir e s p o n s á vel pela destruição de lotes intei-ros, interrupção de ruas, desmoronamentode muros e edificações, além de se constituirnuma calamidade no período de chuva s .

A ocupação humana indevida namicro-bacia resultou, ao longo dos anos, no

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intenso processo de degradação doCórrego. Os últimos censos do IBGE (1996-2000) revelaram que a população urbanado município de Tupã aumentou, fato quefavoreceu o avanço da população as mar-gens do Córrego, que na ausência de pla-nejamento adequado, ocupou até mesmoas faixas de proteção dos cursos d’água.

Todos esses fatos obrigaram o PoderPúblico local a tomar providências, queacabaram por resultar em medidas de con-tenções, canalizações e aterros dos pontosmais críticos da área afetada. Dandoseqüência ao projeto global para macro-drenagem urbana elaborado pelo DAEE, aPrefeitura Municipal, sem conseguir con-cluí-lo, ainda está refazendo alguns trechoscanalizados que, em função do aumento davasão, se tornaram obsoletos.

Ao longo de seu Vale, a paisagem édensamente ocupada por residências, compoucas áreas livres. Neste aspecto, o BraçoEsquerdo no local onde está situada suanascente, dispõe de uma área livre comcobertura vegetal, bastante significativa.

IMPACTOS AMBIENTAIS

Com os trabalhos de campo realiza-do através de aplicação de questionário eobservações in loco, pode-se observar eregistrar outras conseqüências negativasque evidenciam o avanço acelerado dadeterioração ambiental na micro-bacia cau-sada essencialmente pela ação antrópica,são elas:

• A expansão urbana ocorrida nasproximidades do curso d’água, nãorespeitando a faixa marginal de 30m exigida pela Legislação. Mesmoque essas áreas apresentem umainfra-estrutura urbana básica - cal-çamento, luz, água e esgoto – sãoáreas que devido às característicasdo relevo encontra-se em constanter i s c o, principalmente de desliza-mentos durante períodos chuvosos.

As principais conseqüências desse-processo se constituem na retirada daCobertura Vegetal (Mata Ciliar), que cola-bora na aceleração dos processos erosivos;o acúmulo de lixo nos canais de drenagem,que por sua vez, favorece ao assoreamen-to e às inundações nas áreas urbanas.

• Resíduos sólidos lançados noCórrego - A micro-bacia do CórregoAfonso XIII encontra-se agredidapor resíduos sólidos, os quais sãoaté mesmo lançados no cursod’água. Garrafas e sacos plásticosentre outros tipos resíduos sólidosdomésticos, constituem as margensde alguns trechos do curso d’água.Esses objetos lançados em lugaresimpróprios, pela população local,são reflexos de ausência de cons-ciência voltada à problemáticaambiental.

• Deslizamentos de Vertentes – Acrescente urbanização ocorrida nomunicípio favoreceu o avanço dodesmatamento da mata ciliar e que,na área rural, foi realizado para darlugar aos cultivos agrícolas, agra-vando o problema de deslizamentodas encostas em boa parte de seucurso. Esses deslizamentos contri-buem para a elaboração do índice deturbidez e do assoreamento domesmo.

• Uso incorreto de Agrotóxicos emsua micro-bacia – A g r i c u l t o r e spraticantes de agricultura comerciale de subsistência, ao utilizaremagrotóxicos nos cultivos de hortali-ças, frutas e outros, nas proximida-des do Córrego, contribuem paraque essa prática se constitua numproblema ambiental local, devido aoescorrimento superficial das águasdas chuvas, que carregam consigoparte desses produtos químicos uti-lizados, para o Córrego.

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• Prática da Pecuária Extensiva –A prática da pecuária extensiva dosgados bovinos e eqüinos, reverte-seem problemática, uma vez que osanimais mortos por doenças são,algumas ve zes, depositados emsangas ou fundos de vales de bacia,contribuindo para a contaminaçãodas águas.

• Apatia do Poder Público e daComunidade Local – A indiferençado Poder Público e da Comunidadecom os problemas ambientais refle-te a ausência do COMDEMA(Conselho Municipal de Defesa doMeio-Ambiente) e de entidades comefetiva atuação municipal.

CONCLUSÃO

A pesquisa apresentou resultadosque deverá ser entendida apenas comouma amostragem de uma determinadasituação, de um determinado período, umavez que não foi possível entrevistar toda apopulação residente na micro-bacia doCórrego Afonso XIII, cidade de Tupã-SP, eainda, o questionário formulado insuficien-te para avaliar todo o contexto local.Porém, os resultados obtidos permitemverificar que:

Uma porcentagem significativa dapopulação residente na micro-bacia vive nacidade há mais de 40 anos e uma parcelamenor é oriunda de cidades da região.

Os moradores mais antigos acompa-n h a ram o processo de urbanização desde afase inicial, quando era possível ter umac o nvivência sadia com o Córrego, o que per-mite que tenham uma visão clara de todo oprocesso de degradação ocorrido na área.

Essa mesma população tem umreferencial afetivo e histórico muito grandeem relação à micro-bacia.

A grande maioria dos moradoresreconhece a péssima situação do Córrego,identificando claramente os principais pro-blemas, tais como: água poluída, lixo, ero-são, desmatamento e outros. Atualmente,

encontram-se revoltados com omissão einércia dos órgãos públicos.

Boa parte dos moradores admitepossibilidades de atuação coletiva, em buscade alternativas capazes de solucionar oupelo menos minimizar os problemas locais.

A população local muito cansada deaguardar passivamente por soluções, jáestá se mobilizando e denunciando aos jor-nais e rádios locais, a situação existente ecobrando ações efetivas.

Embora, boa parte da população daárea estudada seja de pessoas com poucaescolaridade, respondem favo rave l m e n t eàs campanhas realizadas pelas escolas,polícia ambiental e outras entidades naárea de educação.

De modo geral, todos desejam queo Córrego seja despoluído e restauradosuas potencialidades naturais, cumprindo-se a legislação ambiental vigente.

Em síntese, a pesquisa pretendeuajudar a visualizar e dimensionar a impor-tância que os problemas ambientais e oCórrego propriamente como elemento dapaisagem tem no cotidiano de seus mora-dores, e ainda, a necessidade de criarcaminhos onde a parceria entre a comuni-dade local e o poder público sejam alterna-tivas concretas na busca de soluções capa-zes de reverter o processo de degradação.

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25

Marco Antonio Louzada Junior 1

Luiz Eduardo De Angelo Sanchez 2

JUNIOR, M. A. L. ; SANCHEZ, L . E. A. Aplicaçãoda metodologia “design for manufacture andassembly” - dfma - no processo de desenvolvi-mento de um componente de máquina agrícola:um estudo de caso. Revista AssentamentosHumanos, Marília, v9, nº1, p25-32, 2007.

RESUMO

Este trabalho apresenta oso b j e t i vos e as ferramentas da metodologiaDesign for Manufacture and Assembly –DFMA e seus impactos no Processo deD e s e nvolvimento de Produto – PDP. Pa rat a n t o, um estudo de caso é apresentadonão só para enfatizar os benefícios e ganhosdo uso da metodologia DFMA, mas tambémp a ra verificar sua influência e interação nafacilidade da transmissão de conhecimentoi n t e l i g í vel entre departamentos da empre-sa, com vista a conceber um produto orien-tado para os processos de manufatura .

ABSTRACT

This paper presents theobjectives and the tools of the Design forManufacture and Assembly methodology –DFMA and its impacts in the ProductDevelopment Management (PDP). For this,a case study is presented not only toemphasize the benefits and gains of theuse of DFMA methodology, but also itsinfluence and interaction in the facility ofthe transfer of intelligible knowledge

1 Universidade Estadual Paulista – Faculdade de Engenharia de Bauru, Av. Eng. Luiz Edmundo Carrijo Coube –CEP 17033-360, Bauru-SP - [email protected] Universidade Estadual Paulista – Faculdade de Engenharia de Bauru, Av. Eng. Luiz Edmundo Carrijo Coube –CEP 17033-360, Bauru-SP - [email protected]

APLICAÇÃO DA METODOLOGIA “DESIGN FORMANUFACTURE AND ASSEMBLY” - DFMA - NO

PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE UM COM-PONENTE DE MÁQUINA AGRÍCOLA: UM ESTUDO

DE CASO

between the departments of the company,with the objective of design for the manu -facture process.

Key Words: Product DevelopmentManagement (PDP), Design for Manu -facture and Assembly – DFMA, project ofproduct, manufacture process, assemblyprocess.

P a l a v r a s - c h a v e : Processo de Desen-volvimento de Produto – PDP, Design forManufacture and Assembly – DFMA, proje-to de produto, processos de manufatura,processos de montagem.

1. INTRODUÇÃO

A disponibilidade de produtos proje-tados e manufaturados provenientes ded i versos locais do mundo é um processoi r r e ve r s í vel. A pressão da globalização porprodutos de boa qualidade e preços compe-t i t i vos atinge diversos setores industriais,principalmente os mercados cuja demandanão tem comportamento linear, ciclíco ouindique tendência explicita, fazendo comque o objetivo principal seja a otimização doProcesso de Desenvolvimento do Produto(PDP) através de diversas metodologias.

Segundo Valeri (2000 apud CLARK &FUJIMOTO, 1991), a competição industrial

contemporânea proveniente da globaliza-ção, o aumento do nível de exigências e cri-térios de aceitação do consumidor final, afragmentação dos mercados e as mudan-ças constantes na tecnologia não só impõeum foco na otimização do PDP, mas tam-bém deixa evidente o duvidoso sucesso nolançamento de um produto baseado nasestratégias utilizadas antigamente.

2. PROCESSO DE DESENVOLVIMEN-TO DE PRODUTO

Silva (2003, apud Clark & Fujimoto,1991) define o PDP como o “processo peloqual uma organização transforma dadossobre oportunidades de mercado e possibi-lidades técnicas em bens e informaçõespara a fabricação de um produto comer-cial”.

Segundo Krumenauer (2007), se asetapas do PDP forem em sequencia e isola-das, o cronograma pode ser estendido aponto de tornar o lançamento do produtoinviável. Além disso, o mesmo pode resul-tar na transmissão de conhecimento implí-cito e inadequado, conforme pode ser vistona Figura 1.

Esta situação configura o Processode Desenvolvimento de Produto Con-vencional – PDPC e propicia um ambienteonde a detecção de oportunidades de

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Figura 1 – Influência da ausência de comunicação intersetorial e transferência de conhecimento adequada no PDP (KOVALCHUK, 2006).

melhorias provenientes do processoseguinte é quase inexistente. A Figura 2m o s t ra o fluxo g rama do processo ded e s e nvolvimento de máquinas agrícolasmencionado por Badin (2005 apud ROMA-NO, 2003).

Diversas metodologias e ferramen-tas têm sido utilizadas com o intuito deminimizar os impactos negativos durante oPDP. O DFMA, ou projeto orientado paramanufatura e montagem, propicia a manei-ra como um produto deve atingir o máximode eficiência construtiva, principalmentequando os recursos materiais e humanossão limitados (OPERATIONS strategy analy-sis and design for manufacture, 2007).

Assim, o melhor PDP é aquele indi-visível e sistêmico, cujos estágios ou eta-pas possam ser representados distinta-mente, porém não significa uma separação,quebra ou ordem lógica e seqüencial daparticipação dos setores industriais. Ametodologia DFMA desafia esta estruturanão interativa do PDPC.

3. DESIGN FOR MANUFACTURE ANDASSEMBLY – DFMA

DFMA é a combinação de duasmetodologias denominadas DFM – Designfor Manufacture (projeto orientado para amanufatura) e DFA – Design for Assembly(projeto orientado para a montagem).Boothroyd, Dewhurst e Knight (2002, apudW I L L I A M S, 1994) mencionam que aempresa Hewlett Packard Loveland iniciouestudos primeriamente com a aplicação dametodologia DFMA no reprojeto de produ-tos existentes, para depois expandir suaaplicação para o projeto de novos produtos.

Os principais objetivos da metodolo-gia DFMA (BOOT H R OYD; DEWHURST;KNIGHT, 2002) são:

• Disponibilizar recursos à engenhariade produto, de forma a assegura rque informações de complexidadede manufatura e montagem sejamc o n s i d e radas em estágios iniciais dop r o j e t o, e como consequência, ativa r

a questão do atendimento de requi-sitos extremamente técnicos emdetrimento dos custos do produto esua competitividade no mercado;

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Figura 2 – Processo de desenvolvimento de máquinas agrí-colas (Adaptado de ROMANO, 2003).

• Simplificar o produto, fazendo comque o número de componentes e oscustos de manufatura e montagemsejam minimizados.

A metodologia DFM possui o intuitode tornar mais fácil a manufatura dos com-ponentes (FILHO, 2004). Horta e Rozenfeld(2006) apontam que as principais regraspara se atingir os objetivos citados ante-riormente são:

1) D e s e nvo l ver uma abordagem deprojeto com plataformas modulares;

2) Diminuir ao máximo, as variaçõesentre componentes – padronização;

3) Focalizar o projeto para um númeromínimo de componentes, a fim deque os mesmos sejam multifuncio-nais;

4) Facilitar e reduzir os custos de fabri-cação.

A metodologia DFA tem como obje-tivo tornar a montagem dos componentesque compõe o produto menos onerosa e omais otimizada possível através da reduçãodos custos de montagem (FILHO, 2004).Horta e Rozenfeld (2006) mencionam queas principais regras para se atingir estesobjetivos são:

1) Focalizar o projeto para um númeromínimo de componentes, a fim detorná-los multifuncionais;

2) Utilizar componentes e processospadronizados, de maneira a apro-veitar componentes e processos jáexistentes;

3) D e s e nvo l ver uma abordagem deprojeto com plataformas modulares;

4) Diminuir a utilização de elementosde união (parafusos, porcas e arru-leas), molas, roldanas, conectores e

eliminar a necessidade de processosde ajuste durante a montagem;

5) Eliminar produtos com movimentosrelativos desnecessários.

As ferramentas da metodologiaDFMA permitem analisar e entender osefeitos do custo nas decisões e especifica-ções do projeto de um produto. Para tanto,baseia-se na redução do custo através dasimplificação, fazendo com que seja possí-vel identificar um número mínimo de com-ponentes de um determinado produto(DESIGN FOR MANUFACTURE AND ASSEM-BLY, 2006).

Além de ser utilizada no PDP denovos produtos, a metodologia DFMA tam-bém pode ser aplicada ao PDP que exijarevisão e consequente alterações de proje-tos. Boothroyd, Dewhurst e Knight (2002,apud ELLISON; BOOTHROYD, 1980) mos-tram as melhorias no reprojeto de um eixodiferencial que proporcionaram ganhospara o processo de montagem. O reproje-to, além de visar ganhos no processo demontagem – DFA, também tem foco namelhora do desempenho do produto, dimi-nuição de overhead industrial e simplifica-ção de componentes. A simplificação dosprocessos de manufatura também foi con-s i d e rada. Quantitativamente, os ganhosobtidos para o reprojeto do eixo diferencial,com a aplicação da metodologia DFMApodem ser vistos na Tabela 1.

4. ESTUDO DE CASO

4.1 JUSTIFICAT I VA E ESCOLHA D OMATERIAL

O estudo de caso foi estimulado pelanecessidade de alteração da especificaçãode um componente pertencente ao circuitohidráulico de pulverização de um equipa-

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Tabela 1 – Ganhos com a utilização da metodologia DFMA no reprojeto de um eixo diferencial.)

Descrição Projeto Inicial Reprojeto Ganho (%)

Número de componentes 41 29 29

Tempo de montagem (minutos) 6.37 2.58 59

mento para aplicação de defensivos agríco-las, denominado câmara compensadora(confeccionado em latão), que devido à suaconcepção não suporta o efeito corrosivoproveniente do uso de adubo líquido.

4.2 ORIENTAÇÕES PARA OS PROCESSOS DEMANUFATURA ESCOLHIDOS

A realização de um levantamentomostrou que uma série de materiais aten-de à restrição de resistência à corrosão. Aescolha do aço inoxidável AISI 304 aconte-ce por apresentar o menor custo, tantofundido quanto em barras.

Procurando otimizar as relações decomplexidade, tolerância e acabamentosuperficial em detrimento do custo, o pro-cesso de fundição denominado fundição emcera perdida (microfusão ou, ainda, fundi-ção de precisão) torna-se a escolha para aconfecção dos componentes. Considerandoa análise de DFM para este processo, umasérie de recomendações são orientadas.Dentre as quais pode-se mencionar aFigura 3, a qual evidencia a recomendaçãovoltada à concepção de componentes mi-crofundidos com profundidade elevada.

Assim como a recomendação daexistência de ângulos de saída, raios tam-bém devem ser previstos com o intuito def avorecer o fluxo de fluído cerâmico, que

r e veste o modelo da peça. A regra básica éevitar cantos agudos retos, uma vez que aexistência destes ocasionam imperfeiçõesdecorrentes da contração e pontos concen-t radores de tensões. A próxima figura mos-t ra as recomendações para esta abordagem.

4.3 OTIMIZAÇÃO DO PROJETO INICIAL –RESUMO DOS GANHOS

Durante o projeto do produto, ainteração entre as engenharias de produtoe processos mostra-se evidente. Comoexemplo, pode-se mencionar a orientaçãoda engenharia de processos para o proces-so de soldagem via TIG – Tungsten InertGas, bem como a orientação para o proje-to da melhor junta de união, conformepode ser visto na próxima figura.

O primeiro de todos os objetivos dametodologia DFMA é o atendimento de

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Figura 3 – Situação favorável para o processo de microfusãoou fundição em cera perdida em componentes

com profundidade elevada.

Figura 4 – Situação favorável para o fluxo de fluído cerâmicoem um processo de microfusão ou fundição em cera perdida.

Figura 5 – Detalhe da junta de solda do reprojeto do reser-vatório de amortecimento de pulsação em aço inox AISI 304

(Fonte: Máquinas Agrícolas Jacto S/A).

requisitos técnicos em detrimento dos cus-tos do produto e sua competitividade nomercado.

A redução de estoque em processo éuma ação favorável à redução do overheadindustrial, pois reduz valores monetáriosque estão estagnados e sem movimenta-ção. A Tabela 2 mostra os valores da redu-ção percentual do número mínimo de con-juntos para preparação, set-up e início doprocesso de soldagem (lote mínimo).

O segundo dos objetivos da meto-dologia DFMA é a simplificação do produto,fazendo com que o número de componen-tes e os custos de manufatura e montagemsejam minimizados. Neste contexto, qual-quer ganho de peso também é bem vindo,

pois agiliza todo processo administrativofábril e em campo proporciona redução depeso no pulverizador e, consequente, redu-ção de consumo de combustível.

A Tabela 3 mostra os valores daredução percentual do número de compo-nentes que compõe o conjunto soldado,peso e custo de manufatura para m e t r i z a d oda câmara compensadora em latão (projetoinicial) e em aço inox AISI 304 (reprojeto).

A Tabela 4 mostra os valores daredução percentual do número de proces-sos de manufatura, movimentação e inspe-ção/conferência da câmara compensadoraem latão (projeto inicial) e em aço inoxAISI 304 (reprojeto).

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Tabela 2 – Ganho na quantidade do lote mínimo entre o projeto inicial e reprojeto da câmara compensadora.

Lote mínimo (número de conjuntos soldados)

Conjunto - Câmara compensadora em latão (Projeto Inicial)

20

Conjunto - Câmara compensadora em aço inox AISI 304 (Reprojeto - PDP/DFMA)

10

DIFERENÇA (%) 50,0

Tabela 3 – Ganhos entre o projeto inicial e reprojeto do câmara compensadora – número de componentes,

peso e custo de manufatura.

NÚMERO Número de

componentes Peso (kg)

Custo de manufatura parametrizado (%)

Conjunto - Câmara compensadora em latão (Projeto Inicial)

5 3,08 100,0

Conjunto - Câmara compensadora em aço inox AISI 304 (Reprojeto - PDP/DFMA)

2 2,21 85,5

DIFERENÇA (%) 60,0 28,2 14,5

Tabela 4 – Resumo dos processos de manufatura do reprojeto da câmara compensadora em aço inox AISI 304.

NÚMERO Processos de manufatura

Processos de movimentação

Processos de inspeção/conferência

Conjunto - Câmara compensadora em latão (Projeto Inicial)

16 23 13

Conjunto - Câmara compensadora em aço inox AISI 304 (Reprojeto - PDP/DFMA)

6 10 4

62,5 56,5 69,2 DIFERENÇA (%)

62,8

Uma das principais consequênciasda redução do número de processos dem a n u f a t u ra, movimentação einspeção/conferência é a minimização dooverhead industrial. Em função desta redu-ção, de maneira geral, pode-se destacarque a redução dos processos administrati-vos dos componentes e conjunto do proje-to incial para o reprojeto alcança cerca de63%.

5. CONCLUSÃO

O mercado atual, altamente compe-titivo, é um catalisador de ações em dire-ção à otimização do processo de concepçãode produtos e o PDP deve contemplar ai n t e ração de informações benéficas dediversos departamentos industriais.

O PDPC apresenta uma distorçãoem relação ao momento atual, pois descon-sidera a sobreposição ou concomitância deetapas, fazendo não só que o conhecimen-to seja transmitido de maneira tácita, mastambém que os prazos de lançamentosejam estendidos, podendo inviabilizar oproduto. A revisão da literatura da metodo-logia DFMA e seus impactos no PDP confi-guram uma proposta racional para obter osresultados outrora mencionados.

A interação adequada, simultânea eprofícua entre as engenharias de produto eprocessos permite que o projeto do produ-to seja orientado para a manufatura (otimi-zação e facilitação dos processos de micro-fusão ou fundição em cera perdida e solda-gem TIG).

Os ganhos obtidos são evidentes emrelação ao projeto inicial. A redução em50% da quantidade do lote mínimo propor-ciona a diminuição do estoque em processoe consequentemente reduz valores mone-tários que estão estagnados, atendendo oprimeiro dos objetivos da metodologiaDFMA.

As reduções do número de compo-nentes do conjunto, peso e custo de manu-fatura atendem o segundo objetivo atravésda simplificação da estrutura do produto.Além disso, possibilitam a redução dos pro-

cessos administrativos através da reduçãomédia em torno de 63% a quantidade deprocessos de manufatura, movimentação einspeção/conferência.

Diante do exposto, conclui-se que oso b j e t i vos traçados no começo deste tra b a l h osão atingidos de maneira adequada e práti-ca. Desta maneira, acredita-se que a aplica-ção da metodologia DFMA seja altamentec o nveniente para o cenário e comportamen-to do mercado de máquinas agrícolas.

Há também uma crença de que oentendimento da metodologia DFMA nocontexto deste trabalho possa ser expandi-do em outros trabalhos futuros, objetivan-do ganhos em outros segmentos comomarketing, qualidade e confiabilidade deprodutos.

6. REFERÊNCIAS

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Walnyce Scalise 1

SCALISE, W. Gestão urbana e sustentabilidade :reflexões sobre a dimensão social daSustentabilidade e instrumentos de gestãou r b a n a. Revista Assentamentos Humanos,Marília, v9, nº1, p33-43, 2007.

ABSTRACT

Rapid urbanization has trans -formed human spaces and interfered in theenvironment, with disastrous results bothto the ecosystems and the quality of life ofpeople. This article intends to analyse thenew urban management system that inte -grates fragmented aspects in managerialprocedures and effectively incorporates thesocial and environmental dimensions intothe process, leading cities toward sustaina -ble development. This system uses toolsthat allow community participation andstrategic vision in the decision process.

Key Words: environmental management;urban management; sustainability; urbanism

Palavras-chave: gestão ambiental; ges-tão urbana; sustentabilidade; urbanismo.

INTRODUÇÃO

A temática da gestão urbana surge,atualmente, em destaque tanto nas discus-sões acadêmicas quanto nas experiênciasconcretas de órgãos públicos, ONGs em ovimentos sociais. O debate, que seexpressa de várias maneiras através delivros, artigos, teses, relatórios e acordos,

1 Arquiteta e Urbanista pela USP, Mestre em Comunicação, Professora de Paisagismo, Projeto de Arquitetura,do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Marília. [email protected]

GESTÃO URBANA E SUSTENTABILIDADE :REFLEXÕES SOBRE A DIMENSÃO SOCIAL DA

SUSTENTABILIDADE E INSTRUMENTOS DEGESTÃO URBANA

é carregado de uma multiplicidade de enfo-ques que vão da crítica a visões normati-vas, além da constatação do descaso comas condições de sobrevivência da popula-ção. Paralelamente a isso, o que se vê é adivulgação de experiências transformado-ras, da ilusão de fórmulas fáceis e a adoçãosem critérios de agendas predeterminadas,mesmo que carregadas de boas intenções.

O crescimento urbano e a concen-tração de população no meio urbano vêmacompanhados pela deterioração da quali-dade de vida. A gestão das cidades tem secaracterizado pelas suas dificuldades emenfrentar os agravos ambientais, emboranão sejam poucas as iniciativas para pro-mover um gerenciamento integrado dasatividades urbanas que aumente a qualida-de de vida da população e preserve o equi-líbrio ambiental.

No caso brasileiro, a dinâmica deurbanização associada a uma crise na ges-tão pública tem como resultado a exposi-ção das carências sociais e de serviçospúblicos e uma dificuldade concreta de ges-tão administrativa.

Dentro desse panorama, é impor-tante aprofundar o debate sobre uma pos-tura de cautela para com os modelos domi-nantes - cidades saudáveis, globais, estra-tégicas, sustentáveis, entre outras - aomesmo tempo em que oferece a informa-ção para a compreensão dos meandros econtextos nos quais são formulados os dis-cursos contemporâneos sobre a cidade.Não há fórmulas mágicas que dêem contada enormidade do passivo urbano-ambien-tal que caracteriza a atual urbanizaçãoincompleta e excludente e para tanto se faznecessário repensar e avaliar os potenciaisde sustentabilidade e riscos implícitos naspráticas atuais de gestão urbana.

O ambiente urbano, entendido comouma organização social complexa regidapela incerteza e pela possibilidade, comonão vale por si só, seu significado surge emfunção das relações que estabelece entre oespaço e seus habitantes. As variáveissociais, econômicas, físico-espaciais eambientais fazem parte desse complexoemaranhado de relações, o que requer

habilidades de planejamento e gestão, deforma a gerar espaços urbanos democráti-cos, socialmente justos e com adequadascondições físico-ambientais.

O que se observa no cenário urbanobrasileiro é uma rede de cidades comc a racterísticas diferenciadas, com suaspeculiaridades regionais e locais, que abri-gam problemas que afetam sua sustentabi-lidade, particularmente os decorrentes dedificuldades de acesso à terra urbanizada,déficit de moradias adequadas, déficit deserviços de saneamento ambiental, preca-riedade de emprego, violência e marginali-zação social. Para enfrentar esses proble-mas, é fundamental buscar novos modelosde políticas públicas urbanas que dosem oesforço de crescimento econômico comações equilibradas de condições de vidapara as populações e com a diminuição dadegradação do meio ambiente.

O presente artigo pretende iniciar-se nessa área de pesquisa, ainda de formasutil, um olhar através dos conceitos desustentabilidade urbana, auto–sustentabili-dade, desenvolvimento sustentável, perce-bendo problemas e possibilidades, enfo-cando a cidade sustentável e possíveiscaminhos pra se conseguir o desenvolvi-mento urbano sustentável, sem almejaruma proposição de ferramentas, aplicaçãoprática ou estudo de caso. (Re)pensar agestão e o planejamento urbano não é umadiscussão fácil, mas precisa ser assumida eum bom princípio consiste na busca de umconhecimento mais aprofndado para poste-rior elaboração de instrumentos que viabi-lizem as ações públicas para o desenvolvi-mento sustentável.

SUSTENTABILIDADE URBANA

Sustentabilidade é um conceito quese apóia em 3 dimensões: ecológica, socio-cultural e econômica. A dimensão que seacredita mais difícil de ser construída é asustentabilidade social. Por motivos estra-tégicos e culturais uma elite tem governa-do; a grande maioria da população tem

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pouca participação nas decisões políticasTalvez por isso mesmo, acredita-se que aparticipação popular pode e deve se con-cretizar e espera-se que isso ocorra. Noentanto, muito trabalho será necessáriopara realizá-la efetivamente, com qualida-de da participação, do envolvimento e daresponsabilidade pelo bem comum. Aoportunidade surge no mesmo processosocial que, no seu desenvolvimento, deveconsolidar as bases para a estruturaçãotécnica do planejamento e gestão das cida-des. O indivíduo se realiza e se emancipadentro de uma sociedade. Carências indi-viduais, que são constantemente recriadas,instituem a trama das relações sociais,indivíduo e sociedade, constituindo-se reci-procamente todo o tempo.

Pensar a sustentabilidade urbanapressupõe os temas insumos, sociedade,economia, uso do solo e rejeitos envolvidose tratá-los como um todo. ACSELRADlembra que uma das vertentes da busca dasustentabilidade urbana estaria associada aestratégias do modelo de cidade-empresa,cidade competitiva, sendo a sustentabilida-de de uma cidade um dos atributos para aatração de investimentos no contexto dacompetição global. Salienta, ainda, umoutro aspecto da aplicação do conceito de“cidades sustentáve i s ”, o de buscar“reconstruir a unidade das cidades, suacoesão social e sua governabilidade políti-ca” num contexto de desmonte do Estado,de reforço das instâncias privadas e defragmentação do tecido social, ou seja,“promover uma conexão gestionária do queé, antes de tudo, fratura política”. Para oautor, tal fratura é proveniente de conflitosque“refletem as contradições deste novomodo de regulação das cidades em gesta-ção, ou deste modo de inserção das cida-des em uma regulação que é própria aocapitalismo em sua fase flexível”.

Constitui-se aspecto de relevânciaas relações de poder e de dominação quese processam dentro da sociedade, princi-palmente quando se considera o valor demercado do solo urbano implicado nasquestões de planejamento urbano e gestãocom participação popular. Nesse campo,

processos e estruturas configuradas porlegislação e práticas antigas conseguemver novas perspectivas no Estatuto daCidade no que diz respeito ao resgate daspossibilidades de implementação de umespaço urbano com relações sociais maisigualitárias.

O debate sobre o conceito de sus-tentabilidade não apresenta apenas diver-gências de conteúdo e forma. Diversos teó-ricos têm apontado elementos de conver-gência no conceito de sustentabilidade pormeio da questão social, ambiental e econô-mica, porém poucos são os que incorporama dimensão do espaço intra-urbano comoelemento de análise, e quando o fazematribuem-lhe um papel secundário. Noentanto, quando se trata de assentamentoh u m a n o, de características urbanas, oespaço configura-se como o ponto de con-vergência dos conceitos, seja pelo impactodo seu tamanho e complexidade da econo-mia, seja pelos processos de segregação,de falta de eficiência do aproveitamentodos recursos hídricos, etc.

SUSTENTABILIDADE E AUTO-SUSTENTABILIDADE

Se é possível afirmar que a susten-tabilidade de um ambiente pode ser manti-da por intermédio de intervenções antrópi-cas, o mesmo se aplica à sustentabilidadede uma cidade, que pode ser mantida atra-vés do fornecimento de insumos nãonecessariamente provenientes dela, por-tanto, uma cidade sustentável pode ser aque fornece um ambiente saudável, demo-crático e com possibilidades de trabalhopara sua população, a partir do adequadogerenciamento de insumos necessários.

Refletindo sobre a sustentabilidadeque se almeja para o meio ambiente urba-no, alguns conceitos da ecologia podem serapresentados. Estabelecer um paralelo aosconceitos próprios das ciências humanasem definições sobre sustentabilidadepodem auxiliar a desfazer dúvidas geradasentre sustentabilidade e auto-sustentabili-dade, responsáveis muitas vezes pelo lan-

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çamento de divergências sobre a possibili-dade de chegar a ter cidades sustentáveis.

Um desses conceitos refere-se àhabilidade dos ecossistemas retornaremaos seus níveis de sustentabilidade apósterem sido alterados. Surgem algumasquestões, como por exemplo, quais seriamos atributos, ou o conjunto de recursos domeio ambiente urbano, que possibilitariamàs cidades sustentáveis retornarem à sus-tentabilidade existente caso sofram pertur-bações impostas por forças externas. Ouainda, quais seriam as forças capazes delevar as cidades a extrapolarem seus níveisde abastecimento, atendimento hospitalar,educacional, de moradia, etc. e como ante-ver a ação de tais forças e os mecanismosde superação.

Da mesma forma, o conceito deresistência, se traduz no potencial de umsistema em resistir a um determinadoimpacto de maneira que não haja perturba-ção. Nesse sentido as questões que surgemdizem respeito ao ponto de resistência dascidades ao atual nível de poluição, como adeposição de rejeitos, o excesso de carros,a falta de moradia, o desprezo por parte deseus moradores, etc. Se elas possuemreservas, quais seriam e se conseguem semanter no atual nível de degra d a ç ã oambiental.

O Estatuto da Cidade é um mecanis-mo que deve ser buscado e aplicado paraauxiliar na “estabilidade de elasticidade”das cidades. Elasticidade, vista por Odum(1986) refere-se à capacidade de o ecos-sistema recuperar-se rapidamente. Aqui, oque seria traduzido como a capacidade domeio ambiente urbano se recuperar mesmoquando é desequilibrado.

As cidades ainda podem funcionarna forma como pode ser entendida umacidade e manter intactas suas funções,capacidades, sua estrutura, mesmo noatual nível de estresse. Esses níveis dife-rem de cidade para cidade, de acordo como seu tamanho, sua população, sua intensi-dade de uso de recursos e sua capacidadesuporte.

DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADEE CIDADE SUSTENTÁVEL

• Dimensões ética: constitui-se namaneira como a sociedade usa omeio ambiente, decorrente de suavisão de mundo e do ser humanoem relação às demais formas devida. A partir daí , a sociedadeadquire seus conceitos de justiçaambiental relativos a todas as for-mas de vida, nas gerações atuais efuturas e desta forma, atribui valo-res e toma decisões sobre o meioambiente;

• Dimensão social: refere-se à habili-dade de conservação dos mecanis-mos necessários para a manutençãodo processo de enriquecimento e dod e s e nvolvimento de atitudes dec o m p a r t i l h a r, com preocupaçõessociais, estimulando a integra ç ã osocial. Por meio da sustentabilidadesocial, desenvo l vem-se também, osmecanismos de manutenção do sta-tus quo, com objetivos sociais domi-nantes em sociedades consumistasque estimulam o aumento da com-petitividade, o consumo que se con-f i g u ra como um estímulo contrário àcoesão social e constitui-se numapressão sobre o meio ambiente;

• Dimensão econômica: a disposiçãopara manter o bem estar econômi-co, com a maximização dos valoresde consumo atuais não combinacom a sustentabilidade. A maioriados autores que se referem a umacombinação entre os conceitos demaximização e sustentabilidadeambiental, não prevê possibilidadesde ajuste nos níveis de consumo.Com isso, a sustentabilidade é vistacomo restrição na busca da eficiên-cia econômica e existe pouco ouquase nada de concreto no sentidode propostas de contribuição domeio ambiente à economia.

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Partindo destes conceitos na elabo-ração de políticas urbanas, pesquisas apon-tam a relação entre espaço, economia esociedade. Considerando os indicadoresque refletem a constituição de um projetode cidade sustentável destacam-se numprimeiro momento: o desenvo l v i m e n t oeconômico, a habitação acessível, a segu-rança pública, a proteção do meio ambien-te e a mobilidade que, por estarem relacio-nados, devem ser vistos de forma integra-da. Devem ser privilegiados elementos quecontribuam para manter a diversidade deespaços e a inclusão social, conciliandouma variedade de interesses para identifi-car e alcançar valores e objetivos comuns.Assim, é assegurada a qualidade e nãosomente a quantidade dos espaços e inte-resse comuns, incrementando a qualidadeda vida urbana.

O urbanismo sustentável deveobservar todos esses pontos da sustenta-bilidade, pois, cidade sustentável é oassentamento humano constituído por umasociedade consciente de seu papel deagente transformador dos espaços. Sevista pelo ângulo do espaço urbano, anoção de sustentabilidade tem acionadorepresentações para a gestão das cidades,que vão desde a administração de riscos aoestímulo da capacidade de adaptação dasestruturas urbanas.

No discurso da sustentabilidadeurbana fica evidente a divisão entre os queprivilegiam uma representação técnica dascidades pela articulação da noção de sus-tentabilidade urbana, considerando modosde gestão dos fluxos de energia e materiaisassociados ao crescimento urbano e os quedefinem a falta de sustentabilidade dascidades pela queda da produtividade dosinvestimentos urbanos, enfim, da incapaci-dade de acompanhar o crescimento dasdemandas sociais. Para pensar a susten-tentabilidade urbana é necessário inter-relacionar os diversos temas envolvidos:insumos, sociedade, economia, uso dosolo, rejeitos, etc. e tratá-los como umtodo.

Para uma sustentabilidade das cida-des brasileiras, que não permita a degra-

dação dos estoques de recursos atuais,pressupõe-se uma administração democrá-tica das cidades preocupada com a funçãosocial da propriedade, juntamente com aadoção de mecanismos que incluam amanutenção dos atuais estoques de recur-sos para as gerações futuras. Deve garan-tir que os interesses comuns prevaleçamsobre os direitos individuais à propriedadee que os cidadãos se apropriem de seusterritórios, participando nos processos dedecisão, de produção e de desenvolvimen-to do conhecimento, bem como da criaçãode condições ambientalmente sustentáveis.

A participação popular deve ser esti-mulada, assim como o fortalecimento daautonomia dos governos locais. Um con-junto de medidas que tenha por objetivocolocar um fim à combinação de fatoresque têm levado ao incremento da pobrezae à urbanização excludente é o que seespera dos que tomam as decisões noBrasil. Paralelamente devem existir campa-nhas de esclarecimento sobre problemas eriscos ambientais, associadas a medidas deelevação do nível educacional da popula-ção.

No Brasil, desde o início de seu pro-cesso de industrialização, no século XIX, ascidades converteram-se cada vez mais nasmolas propulsoras do crescimento econô-mico. Além de concentrarem a manufaturatornaram-se centros consumidores e dedistribuição de bens e serviços. Como umdos resultados deste processo, a sustenta-bilidade urbana tem estado sob constantepressão. Inundações por transbordamentode cursos d`água ou por alagamento,soterramento de casas por desmorona-mento de encostas, proliferação de vetoresde transmissão de doenças, longos conges-tionamentos do tráfego de veículos, incre-mento nos índices de criminalidade, sãoalguns sintomas da perda de sustentabili-dade.

A partir dos anos 80, a globalizaçãotem trazido novas demandas para as cida-des, levando-as a competir para se torna-rem centros de negócios regionais e atéinternacionais, além de se transformaremem molas propulsoras do crescimento eco-

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nômico, o que deixa a sustentabilidadeurbana sob constante pressão.

É necessário entender até quandose permitirá a urbanização ambientalmenterelapsa, socialmente excludente, com apopulação de baixa renda obrigada a vivernas periferias, etc. Décadas de debates sepassaram em busca de idéias, solução deconflitos teóricos, alternativas econômicas,manifestações, experimentações e imple-mentações de novas práticas na busca dasustentabilidade. Cabe ressaltar o papeldos movimentos em torno da temáticaambiental, que cobra dos governos o cum-primento da Agenda 21 ou fomentando aelaboração destas agendas em nível local.

Buscam-se nos poderes públicos,soluções para problemas urbanos que vãoda construção de moradias à preservaçãode áreas de verdes, do gerenciamento delixo ao suprimento de água potável, daconservação do patrimônio histórico e cul-tural ao transporte. Porém, a construção deuma cidade sustentável, não é uma incum-bência apenas do poder público. Não dedeve encarar a busca da sustentabilidadeapenas na criação de políticas públicas depreservação de praças e áreas verdes, ousimplesmente cobrar do governo medidasde controle da poluição e degra d a ç ã oambiental.

A construção de uma cidade susten-tável é uma obrigação coletiva. Cada vezque se constrói um prédio, deve-se terconsciência de que também se constrói acidade. O futuro sustentável somente podeser alcançado a partir da tomada de cons-ciência pela população, da importância quecada um possui na solução dos problemasdo seu mundo. Cada vez que se joga lixona rua, que não se recicla, etc. somam-seatitudes irresponsáveis que implicarão nafalta de potabilidade das águas, nas cheiasda cidade, na falta de recursos para inves-timentos pela administração em ruas, cal-çadas, serviços de saúde, educação, dentreoutros problemas enfrentados pelas cida-des.

Este papel protagonista da cidada-nia em geral, não está mais limitado ape-nas ao seu âmbito íntimo e pessoal, cabe

ao poder público criar mecanismos que efe-tivem a participação popular na tomada dedecisões. Os artigos 43 a 45 do Estatutodas Cidades, prevêem diversos instrumen-tos de participação direta da população nagestão pública, que devem ser efetivadospelos administradores, dentre os quais des-tacam-se órgãos colegiados de políticaurbana, debates, audiências e consultaspúblicas, conferências de assuntos de inte-resse urbano, iniciativa popular de projetosde lei e de planos, programas e projetos dedesenvolvimento urbano.

DESENVOLVIMENTO URBANOSUSTENTÁVEL

O termo “desenvolvimento susten-tável”, introduzido na Estratégia Mundialpara a Conservação (1980), afirmava quepara alcançar a conservação dos recursosnaturais do planeta é necessário o desen-volvimento, para aliviar a pobreza que afli-ge milhões de pessoas em todo o mundo.

Porém a definição de “desenvolvi-mento sustentável” consagrada foi publica-da no Relatório Brundtland, “desenvolvi-mento que satisfaz as necessidades pre-sentes, sem comprometer a capacidadedas gerações futuras de suprir suas pró-prias necessidades” (1987), e traz o pres-suposto de que o desenvolvimento deveconsiderar o equilíbrio entre a economia eos recursos do meio ambiente, num siste-ma global interdependente. Contribuiu,também, para elevar a consciência de queconservação e desenvolvimento não deve-riam mais ser tratados como opostos edevem ser metas permanentes da humani-dade.

A definição de “desenvo l v i m e n t osustentável” pressupõe um desenvolvimen-to que considere o equilíbrio entre a econo-mia e os recursos do meio ambiente, numsistema global interdependente. As cidadess ã o, elas próprias, recursos do meioambiente construído e necessitam ser pro-tegidas ao mesmo tempo em que se incre-mentam cada vez mais as demandasnecessárias a sua manutenção e ao seu

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desenvolvimento. Daí a propriedade do usodo termo “desenvolvimento urbano susten-tável”.

A agenda resultante da ConferênciaHabitat II – Istambul (1996) aponta estra-tegicamente para o desenvolvimento urba-no sustentável, a partir da adoção de par-cerias entre o poder público e a sociedadecivil, nas quais o uso dos recursos naturais,a produção e o consumo são pensados como crescimento das cidades, considerando-se limites para este.

Desenvolvimento sustentável podetambém ser definido como o desejo demanter a realização de aspirações sociaisdesejáveis por todo o tempo, não se rela-cionando esta definição exclusivamente aomeio ambiente físico, ou a outras condi-ções. Deve-se evitar a confusão entre ovalor prático do termo “desenvolvimentosustentável”, e o da auto-sustentabilidadedos ecossistemas. Diferentemente da auto-sustentabilidade dos ecossistemas que émantida em função da habilidade e resis-tência do ambiente natural, a sustentabili-dade ambiental permite interve n ç õ e santrópicas em sua manutenção. Portanto,nas cidades, pode-se afirmar que sua sus-tentabilidade pressupõe interve n ç õ e santrópicas.

A preocupação com o desenvolvi-mento sustentável representa a possibilida-de de garantir mudanças sócio-politicasque não comprometam os sistemas ecoló-gicos e sociais nos quais se sustentam ascomunidades. É cada vez mais notória acomplexidade desse processo de transfor-mação de um cenário urbano ameaçado, ediretamente afetado por riscos e agravossócio-ambientais.

Partindo-se da compreensão dasinterações complexas entre as cidades e oambiente natural, é fundamental conside-rar que elas são recursos que necessitamde proteção e que se deve incrementar asdemandas necessárias para sua manuten-çao e seu desenvolvimento. O uso do termo“desenvolvimento urbano sustentável” des-loca para o meio ambiente construído aênfase do debate sobre o desenvolvimentosustentável e, portanto, entendendo-se a

cidade como um recurso, as possibilidadespara o seu planejamento devem ser anali-sadas na busca de sua sustentabilidade.Parâmetros como o consumo de energia eas aspirações por qualidade de vida devemser considerados bem como padrões deconsumo, por exemplo, como temas fun-damentais ao planejador que pretende bus-car o desenvolvimento urbano.

O desenvolvimento pretendido exigediferentes tipos de sustentabilidade quan-do os objetivos do desenvolvimento devemse realizar por um longo período de tempoou quando se pretende benefícios maismodestos de desenvolvimento, de realiza-ção em menor tempo. Independente dasustentabilidade almejada não deve serpermitida a diminuição dos estoques derecursos naturais ao longo do tempo,observando suas características da irrever-sibilidade, pois alguns recursos quandodestruídos perdem-se para sempre, e tam-bém da diversidade de recursos que, quan-do disponíveis em abundância, resistem aimpactos.

Para a realização de um desenvolvi-mento sustentável sujeito a condiçõesimpostas, deve existir um equilíbrio entreas aspirações por desenvolvimento e osníveis de uso dos recursos, onde aspiraçõesde uma sociedade podem ser reduzidaspelas condições vigentes.O desenvolvimen-to urbano sustentável deve centrar-se nodesenvolvimento que afete a todos, nãoisolando-se uma ou outra variável pararesolver outra.

Sabe-se que muitas atividades dedesenvolvimento urbano: indústria, habita-ção, serviços, comércio e transporte, con-somem grande volume de recursos natu-rais e contribuem para a degradação tantodo ambiente natural como do ambienteconstruído, sejam eles urbanos ou rurais.Estas atividades podem ser “sustentavel-mente desenvolvidas” sem pôr em risco osrecursos do ambiente em seu sentido maisamplo? Compreendendo a dinâmica urbanainserida no meio ambiente onde a cidade éum recurso que faz uso de outros recursos,a resposta a esta questão não pode restrin-gir-se, a objetivos de desenvolvimento que

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se preocupem apenas com o atendimentoda qualidade de vida no espaço intraurba-no. Discussões sobre o planejamento e agestão urbana com propósitos sustentáveisdevem reconhecer que as cidades conso-mem e degradam o ambiente natural, etambém como recursos do ambiente cons-truído.

O ideal será encontrar nas cidadesuma situação de equilíbrio relativo entreedificações, áreas verdes, espaço de mani-festação cultural e de lazer, cuja manuten-ção será possível com mecanismos degerenciamento municipal associados a ins-trumentos legais. A manutenção e conser-vação de áreas verdes, o uso de energia, ostransportes, os serviços, a produção e oconsumo, bem como a destinação de resí-duos, requerem a aplicação de tecnologiasapropriadas, assentamentos adequados,com a participação dos cidadãos, nosmecanismos de administração para a reali-zação do desenvolvimento urbano susten-tável.

A tradução de desenvolvimento sus-tentável para desenvolvimento urbano sus-tentável parece simples. A sustentabilidadeurbana pode ser analisada em contextoonde a desigualdade da cidadania pode sertraduzida pela desigualdade dos ambientesnas quais ela se produz e o desenvolvimen-to sustentável pelo desenvolvimento urba-no sustentável, no qual a realização dosdesejos de desenvolvimento pelos cidadãosdeve ser sustentada por todo o tempo.

A eqüidade social e econômica entreos cidadãos pode ser difícil de atingir, maspossível de prever, da mesma forma que aidéia de se certificar que as gerações futu-ras dos cidadãos não sejam fundamental-mente prejudicadas por ações presentes.Para garantir o desenvolvimento urbanosustentável, deve-se buscar limites aospadrões de consumo e estes não podemser espelhados no presente nível de consu-mo. Mudar a tendência do padrão de con-sumo atual verificada na sociedade brasilei-ra é necessário se o objetivo for assegurarque o uso de recursos se dê em níveis sus-tentáveis a longo prazo.

O direito à cidadania pressupõe a

participação dos habitantes das cidades,nas decisões sobre a organização deseja-da: o direito à terra e ao sustento, à mora-dia, ao abastecimento e ao saneamento, àeducação, à saúde, ao trabalho, ao trans-porte público e ao tempo livre, são compo-nentes da cidadania, juntamente com aliberdade de organização e o acesso a umambiente culturalmente diverso, sem dis-tinções.

A garantia de que os interessescomuns prevaleçam sobre os direitos indi-viduais à propriedade, e de que os cidadãosse apropriem de seus territórios, partici-pando nos processos de decisão, bem comoda criação de condições ambientalmentes u s t e n t á veis, são pressupostos para aa d m i n i s t ração democrática para cidadesfazendo prevalecer a sua função social,estimulando a participação popular e o for-talecimento da autonomia dos governoslocais.

CAMINHOS POSSÍVEIS PARA CIDA-DES SUSTENTÁVEIS

Um conjunto de medidas deve sertomado pelos poderes públicos, com oobjetivo de por fim à combinação de fato-res históricos e estruturais que leva aoaumento da pobreza e à urbanização quee xclui, que expulsa números cada ve zmaiores de população de baixa renda paraas periferias urbanas ou para seus assenta-mentos irregulares. As campanhas deesclarecimento sobre problemas e riscosambientais, associadas a medidas de ele-vação do nível educacional da população,também são essenciais na busca de umaação conjunta pelas cidades, entre gover-nantes e cidadãos.

Na tentativa de superar uma situa-ção histórica do Brasil urbano, indica-se, aelaboração de planos de ação com a parti-cipação de atores-chave (governos, profis-sionais, associações de moradores, univer-sidades, ONGs, sindicatos, empresários)em níveis local e regional. Paralelamente,deve existir a adoção de práticas de deci-

são participativas, nas quais setores gover-namentais e não-governamentais possamdirecionar os investimentos após teremconhecimento do diagnóstico dos principaisproblemas sociais e ambientais, bem comodos recursos existentes.

Propostas específicas devem serapresentadas para a questão fundiária, ofinanciamento, a gestão pública e a adoçãode tecnologias adequadas. A aprovação doEstatuto da Cidade veio possibilitar aosmunicípios realizar a função social da cida-de, na qual a aplicação dos investimentospúblicos deverá converter-se para a priori-zação do bem-estar coletivo. A diminuiçãoda pressão migratória sobre as cidades, àprodução de alimentos e à distribuição derenda com diminuição das desigualdadesno campo e entre ele e as cidades seriapossível atravé da implantação de umaReforma Agrária ampla e efetiva.

A aplicação do Estatuto da Cidadetambém poderá trazer como conseqüênciaa diminuição do preço da moradia e obrigara revisão de uma série de leis relacionadasao espaço urbano: a lei do inquilinato, asleis municipais de parcelamento do solo, dalegislação de zoneamento, parcelamento ecódigo de obras. A taxação de vazios urba-nos e a criação de zonas especiais de inte-resse social são outros mecanismos queimplicam custos de produção de unidadeshabitacionais, aumentam a oferta de mora-dias legais e democratizam o mercado imo-biliário.

As cidades, sejam aquelas que cres-ceram “naturalmente”, sejam aquelas pla-nejadas, como Brasília, Goiânia ou BeloHorizonte, acabam tendo uma vida orgâni-ca como se fossem seres viventes. Quandose pensa na sustentabilidade, pode-seraciocinar não só com os métodos da eco-logia urbana, mas também com os paradig-mas da biologia, e ver que uma cidadepode crescer bastante sem precisar abriruma nova rua ou um novo bairro, de modosustentável, por exemplo, ocupando seusvazios, que são áreas ociosas, e de configu-ração variada.

A existência desses vazios inapro-veitados não constitui somente um proble-

ma social, de mau aproveitamento do capi-tal investido e de desprezo do patrimônioconstruído, é um crime ambiental, já queesses deixam de usar uma infra-estruturaprojetada e calculada para sua plena utili-zação, fazendo a cidade buscar novos ter-renos, novos territórios para crescer, econstruir redes de água, de esgoto sanitá-rio, de energia elétrica, sistema viário,equipamentos sociais, comércio etc.

Abandona-se progressivamente aidéia de cidade como um caos a ser evita-do, para a idéia de que é preciso adminis-trar a cidade e os processo sociais que aproduzem e a modificam.

A questão da moradia social, direta-mente relacionada com a sustentabilidade,é entendida como o ponto crucial parareverter o quadro de exclusão social edeterioração ambiental das cidades brasi-leiras. O fornecimento de assessoria técni-ca e jurídica gratuita aos moradores deocupações irregulares é imprescindíve lpara a legalização dos imóveis e promovera justiça social na ocupação do solo, comdistribuição de renda. A taxação diferencia-da de impostos urbanos e imobiliáriosvisando promover o patrimônio arquitetôni-co e cultural e programas especiais definanciamento para compra e reforma deimóveis usados, juntam-se a medidasa d m i n i s t ra t i vas para recuperar centrosurbanos degradados e melhorar a qualida-de de vida em áreas de periferia.

Outro ponto crucial é o consumo deenergia, que deve ser considerado emtodas as instâncias de planejamento, comcontrole, evitando desperdícios. Incentivaro uso de materiais de construção, cujamatriz energética consome menos e sejap r oveniente de fontes certificadas porparâmetros que considerem a sustentabili-dade de suas fontes.

As potencialidades de danosambientais e à saúde em todos os proces-sos de produção, transporte, armazena-mento e deposição final dos produtos des-tinados ao consumo nas cidades devem serinformadas, apontando opções de escolhade produtos saudáveis, para que se crie,uma cultura rumo à sustentabilidade.

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Torna-se imprescindível adotar prá-ticas coletivas de gestão dos espaços urba-nos através de conselhos municipais esetoriais, parcerias com unive r s i d a d e s ,associações profissionais, ONGs e organi-zações comunitárias em programas de edu-cação ambiental, de geração de renda, e decapacitação para a gestão de espaçospúblicos.

A multiplicação de boas práticas degestão urbana e ambiental local, demons-tra que os vários atores sociais estãoatuando de maneira responsável, inovado-ra e até criativa para melhorar as condiçõesde vida e trabalho da população. O interes-se de conhecer as melhores práticas e dedisseminar os bons resultados alcançadospor gestores urbanos é muito grande. São,em geral, práticas que refletem a capacida-de local de tomar iniciativa, sem esperarnecessariamente do apoio das outras esfe-ras de governo, para enfrentar os seus pro-blemas de desenvolvimento e melhorar aqualidade da governança local.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao tratar das questões urbanísticase ambientais, aborda-se, ao mesmotempo, a temática social, o econômico, opolítico, o jurídico e outros assuntos com-plementares e atuais, como a exclusão, aviolência e as poluições, por exemplo. Ascidades atuais são produtos de um modelode desenvolvimento econômico esgotado,pautado num individualismo consumista ena busca pelo lucro fácil. Por isso, o que sevê em plena época de escassez de recursoshídricos é que as cidades, cada vez mais,sofrem com a contaminação de suas águassuperficiais e de seu lençol freático, alémde constantes alagamentos, típicos daausência de planejamento e do prejuízo desua sustentabilidade em interesses que nãosão os coletivos.

O crescente agravamento dos pro-blemas ambientais na cidade e o modelo deapropriação do espaço refletem as desi-gualdades sócio-econômicas vigentes,

sendo o período atual marcado pela ineficá-cia de políticas públicas para o enfrenta-mento destes problemas, predominando ainércia da Administração Pública na detec-ção, correção e proposição de medidas quevisem ordenar o território do e garantir aqualidade de vida.

A questão de fundo está associada àemergência e adoção como "natural" de ummodelo único de gestão urbana e ambien-tal, que teria como referência pelo menosduas tendências contemporâneas: uma quepoderia ser vista como "globalização dasagendas" ambientais e urbanas, incorpo-rando padrões genéricos de sustentabilida-de urbana e de qualidade de vida, medidospor índices internacionais e nacionais,associados a uma certa "eficiência ecológi-ca" das cidades: outra e não dissociada daprimeira, onde as alternativas de gestãoligadas ao planejamento estratégico e aomarketing das cidades, que vem sendocaracterizado por um certo "pensamentoúnico".

Entre os teóricos estudados existe arecusa em aceitar as tendências acimamencionadas como único e inevitável cami-nho para o futuro das cidades e da gestãourbana. Alternativamente, contrapõem aidéia de "cultura dos direitos", enfatizandoa necessidade de reflexões que resgatem oacúmulo de experiências e conhecimentosconstruídos pelos movimentos sociais emdireção a parâmetros de diversidade políti-ca, cultural e de justiça sócio-ambiental.

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Luis Carlos Paschoarelli1

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Kauré Ferreira Martins3

José Carlos Plácido da Silva4

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RESUMO

Os idosos apre-sentam características antropométricasespecíficas, demandando um corretodimensionamento nos produtos desenvolvi-dos para esta faixa populacional. Este arti-go objetivou gerar parâmetros para odesign de andador dobrável, a partir dedados antropométricos da população senilbrasileira. Os resultados devem corroborarp a ra o desenvolvimento de tecnologiasassistivas e uma melhor qualidade de vidade seus usuários.

ABSTRACT

Aged people ge -nerally present specific anthropometriccharacteristics, demanding a properlysizing in the products designed for them.The purpose in this study has been togenerate parameters to the walking framedesign using Brazilian elderly anthropome -tric data. The results may help the walkingframes’ users as well as the developing ofnew technologies to improve the elderly lifequality.

1 Doutor em Ergonomia; LEI - DDI - FAAC/UNESP; [email protected] Bolsista IC-FAPESP; LEI - DDI - FAAC/UNESP; [email protected] Bolsista ITI-CNPQ; LEI - DDI - FAAC/UNESP; [email protected] Doutor em Ciências; LEI - DDI - FAAC/UNESP; [email protected]

DIMENSIONAMENTO DE ANDADORES DOBRÁVEIS:ASPECTOS ANTROPOMÉTRICOS APLICADOS AO

DESIGN ERGONÔMICO

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Palavras-chave: design ergonômico,antropometria, andadores, idososPalavras-chave: ergonomic design, anth-ropometry, walking framework, elderly

1. INTRODUÇÃO

O envelhecimento resulta em váriasa l t e rações anatômicas e fisiológicas aoidoso, tornando-o mais frágil, principal-mente diante a realização de suas ativida-des da vida diária (AVDs). De acordo comSmith et al (2000), estas alterações dife-renciam o idoso dos jovens em certascaracterísticas e habilidades e, neste senti-do, afirmam ser “... necessário que taismudanças sejam levadas em conta nodesign e funcionamento de produtos desti-nados à população senil” (p. 4).

Estudos que discutem as particulari-dades, características e necessidades dosidosos envo l vem os conhecimentos daergonomia, da acessibilidade, da antropo-metria, da reabilitação, da geriatria e datecnologias assistivas, entre outros.

Dessa forma, pressupõe-se que aaplicação de parâmetros ergonômicos nodesign de dispositivos auxiliares destinadosà população idosa com mobilidade reduzidaproporcionará, além de maior segurança,uma ampliação do campo de acessibilidadedos usuários e maior facilidade quando notratamento de disfunções relacionadas àlocomoção.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Caracterização e Demandas

Conforme a lei nº 8.842 (BRASIL,1994), pode ser considerado idoso todo oindivíduo com sessenta anos de idade oumais. Dados do IBGE (Instituto Brasileirode Geografia e Estatística) mostram que noem 2000 haviam aproximadamente catorzemilhões de idosos no Brasil, o que repre-senta menos de dez por cento da popula-ção do país. Por outro lado, as projeçõesindicam que aproximadamente trinta e

cinco milhões de pessoas estarão na tercei-ra idade em 2020. Segundo Kalache, et al,(1985, apud KALACHE, et al, 1987), em2025 o Brasil irá dispor da sexta populaçãomais idosa do mundo.

Para a lei brasileira de nº 10.741( B R ASIL, 2003), que dispõe sobre oEstatuto do Idoso, “o envelhecimento é umdireito personalíssimo e a sua proteção umdireito social...” (art 8º), e complementa noart. 3º que “é obrigação da família, dacomunidade, da sociedade e do Po d e rPúblico assegurar ao idoso, com absolutaprioridade, a efetivação do direito à vida, àsaúde, à alimentação, à educação, à cultu-ra, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cida-dania, à liberdade, à dignidade, ao respeitoe à convivência familiar e comunitária”.

Tais dados reiteram a necessidadeeminente de políticas de saúde e assistên-cia voltadas para a Terceira Idade, a qualapresenta uma ampla demanda de maiorescuidados e melhores condições em suasatividades diárias.

2.2 Necessidades nas Atividades daVida Diária do Idoso

Entre as diversas necessidadesapresentadas por idosos, destacam-se a demobilidade com segurança. Vários estudostêm apontado que a ocorrência de quedasnesta faixa da população é freqüentementeelevada, ocorrendo especialmente durantea realização de suas AVDs. O envelheci-mento traz alterações anatômicas e fisioló-gicas à pessoa idosa, tornando-a mais frá-gil e fazendo com que ela se torne maisvulnerável às quedas. Nevitt (1989), afirmaque acidentes envolvendo quedas consti-tuem o principal fator de risco para a saúdedas pessoas idosas. De acordo comO’Loughlin, et al (1996), cerca de 29%dessas pessoas caem ao menos uma vez aoano, sendo que 11,5% sofrem duas oumais quedas.

Perracini e Ramos (2002), do Centrode Estudos do Envelhecimento daUniversidade Federal de São Paulo (UNI-FESP), a partir de uma amostra de 1.667

idosos, com 65 anos de idade ou mais,identificou que cerca de 31% desse públicosofreram quedas ao menos uma vez aoano; e 11% relataram reincidência, comduas ou mais quedas, verificando-se que adiminuição de habilidades aumenta rapida-mente com a idade.

Na Inglaterra, metade das pessoasdesabilitadas possui 65 anos ou mais: 23%com 65 a 74 anos e 26% com mais de 75anos, comparados a 4% com idade entre16 e 24 anos (Department of Heath, 1998,apud BARRETT, 2005). Blake (1988) obser-vou que 35%, de 1042 idosos ingleses,afirmaram ter caído uma ou mais vezes noano anterior à sua pesquisa, notando-seque a mobilidade estava significativamenteafetada nesses casos: 53% relatara mterem tropeçado, 8% alegaram a perda doequilíbrio, 6% informaram blackouts (faltade iluminação por queda de energia) e os19% restantes não foram capazes de infor-mar a razão.

Tinetti (1988) relatou que 32% dosidosos entrevistados nos Estados Unidosinformaram ter caído pelo menos uma vez,havendo sérias complicações em 24% des-tes casos e fraturas em 6%. Dentre os fato-res que propiciaram tais acidentes desta-cam-se o uso de sedativos, deficiência cog-nitiva, perda de habilidade nas extremida-des inferiores, anormalidades no equilíbrioe marcha, além de problemas nos pés,entre outros. O risco de queda aumentouproporcionalmente ao número de fatoresde risco, de 8% com nenhum, para 78%com quatro ou mais fatores.

Campbell (1990) relatou que nãohouve nenhuma diferença de gênero nataxa de queda entre idosos na NovaZelândia, entretanto, 20% das quedasestavam associadas a tropeços e escorre-gões, resultando em danos expressivos em10% dos casos. Houve um aumento subse-qüente no risco de morte entre os homens,comparados àqueles que não caíram. Amortalidade também aumentou entremulheres que caíram, mas não em níveisconsideráveis.

Ivers, et al (1998), concluiu que de3654 idosos abordados na Austrália, 29,6%relataram uma ou mais quedas, sendo

estas fortemente associadas a deficiênciasvisuais, tais como acuidade visual, reduçãodo campo visual, diminuição da sensibilida-de ao contraste e presença de catarata.Segundo Barrett (2005), idosos são maispropícios a possuir múltiplas deficiênciastais como falhas na visão, audição e condi-ções crônicas como artrite óssea.

Para Hayflick (1996), “... é possívelque uma queda da qual uma pessoa maisjovem teria se recuperado com facilidadeseja fatal para uma pessoa mais velhacujos ossos têm maior probabilidade desofrer fraturas e cujas mudanças fisiológi-cas normais associadas à idade dificultammais a recuperação” (p. 37). Este pesqui-sador afirma ainda que “a maioria dosnorte-americanos com mais de 65 anos ésaudável, e tem uma vida normal e produ-tiva, mas, com o avançar da idade, a saúdegeralmente se deteriora, aumentando anecessidade de cuidados especiais ou deajuda em uma ou mais atividades básicascomo, por exemplo, fazer compras ou pre-parar refeições” (p. 83).

Barrett (2005), constatou que 51%dos idosos em estudo na Inglaterra infor-maram não receber ajuda suficiente emsuas AVDs. As atividades relatadas comosendo de maior dificuldade foram as queexigem maior sustentação e força física porparte do indivíduo, particularmente relacio-nadas à mobilidade dentro e fora de casa.

Na Inglaterra, a probabilidade deviver sozinho aumenta com a idade: em1998, o General Household Survey, publi-cou que 50% daqueles com 75 anos oumais vivem sozinhos, comparados a 12%tendo entre 25 e 44 anos de idade. Entre asmulheres, 60% daquelas com 75 anos oumais vivem sozinhas enquanto 33% doshomens de idade avançada o fazem (Officefor National Statistics, Social Surve yDivision, 2000, apud BarretT, 2005).

De acordo com Kalache, et al (1987)“o conceito de capacidade funcional é par-ticularmente útil no contexto do envelheci-mento” e “... está intimamente ligado àmanutenção de autonomia”. Sendo assim,fatores psicosociais, como sentimento deexclusão e incapacidade, também estão

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fortemente associados à deterioração dasaúde. Para Ayis, et al, (2006), ações nosentido de minimizar estes efeitos, assimcomo o acompanhamento destes proble-mas psicológicos, são efetivas para amelhoria na qualidade de vida do indivíduo.

Segundo Hayflick (1996), “as pes-soas idosas têm mais problemas de saúdedo que as mais jovens, tendendo a ser maisc o m p l e xos e crônicos, exigindo longospedidos de hospitalização, maior uso deinstituições de repouso e maior utilizaçãode assistência domiciliar e instalações comfins assistenciais” (p. 317).

Perracini e Ramos (2002), ressaltamque “o envelhecimento populacional e oaumento da expectativa de vida deman-dam ações preventivas e reabilitadoras nosentido de diminuir os fatores de risco paraquedas, como o comprometimento dacapacidade funcional, a visão deficiente e afalta de estimulação cognitiva”.

Diante dos aspectos observa d o santeriormente, nota-se uma ampla varie-dade de fatores que contribuem para aocorrência de acidentes com indivíduos ido-sos, com destaque para as quedas. Nota-setambém que este fator está intimamenterelacionado à redução da autonomia porparte do público senil. Além disso, é cadavez maior o número de idosos que residemsozinhos e, portanto, necessitam de algumtipo de ajuda nas atividades diárias; sendojustificável a implementação de ações e/oualternativas tecnológicas no sentido de pre-venir quedas e reabilitar o idoso a uma vidamais independente.

2.3 Alternativas Tecnológicas para aMobilidade de Idosos

Várias são as alternativas tecnológi-cas para o auxílio da realização das AVDspor idosos, entretanto os equipamentos deauxílio à mobilidade são aqueles que pro-movem estabilidade e suporte, restaurandoa locomoção de indivíduos com necessida-des especiais. Neste caso, o uso de anda-dores pode ser apontado como uma alter-nativa de prevenção e manutenção da

saúde e mobilidade do idoso, auxiliandosua vida cotidiana, na reabilitação e acessi-bilidade.

Andadores têm sido usados desde1885 e ajudam no caminhar, mantendo oequilíbrio e aumentando o alívio de pesonos membros inferiores, tra n s m i t i n d o - oatravés dos braços (HALL et al., 1990).

Segundo Roomi et al. (1998), o usode andadores pode aumentar a capacidadede exercício em pacientes idosos com defi-ciência respiratória, o que pode ser com-p r ovado em seu estudo que avalia odesempenho de uma amostra de indiví-duos, com idade entre 70 e 82 anos, queforam submetidos a três modelos de anda-dores diferentes, sendo eles “z i m m e rframe”, “gutter frame” e “rollator”. A mar-cha sem auxilio e a utilização de “rollators”o b t i ve ram desempenho semelhante,enquanto o primeiro modelo citado apre-sentou menor oxigenação do sangue,resultando em uma menor distância per-corrida no mesmo intervalo de tempo e omodelo “gutter frame” apresentou osmelhores resultados. Deathe (1992) justifi-ca o melhor desempenho do modelo “rola -tor” em relação ao modelo “zimmer frame”pelo o gasto energético, afirmando que ouso de um andador com rodas reduz aenergia gasta à metade, comparando como uso de um andador comum, para amesma taxa cardíaca.

De acordo com Brandt et al. (2003,apud ALKJÆR, et al. 2006), o uso dosandadores providos de rodízios tem comoprincipal propósito otimizar a capacidadede locomoção e minimizar o risco de queda,aumentando a capacidade do idoso de selocomover com melhor cadência e velocida-de, promovendo vida social ativa e inde-pendente.

Estudos visando melhorias nosaspectos projetuais do andador, comoregulagem adequada da altura, melhoriado sistema de freios e, principalmente,estabilidade são fundamentais para a dimi-nuição da incidência de quedas, gerandoprodutos de acordo com os conceitos doDesign Ergonômico. Com este objetivo,Deathe, et al. (1996) analisaram a estabili-

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dade e usabilidade de andadores. Os resul-tados mostram que com ajuste da altura doandador, variando três centímetros paracima ou para baixo da altura padrão, é pos-sível redistribuir a carga sobre os mem-bros, inferiores e superiores, sem afetar aestabilidade.

Os problemas de dimensionamentodo andador, principalmente no que refere avariação da altura da pega relacionam-sediretamente com os aspectos antropomé-tricos da população de usuários. SegundoPheasant (1996), parâmetros antropomé-tricos referem-se sempre a uma populaçãoespecífica, e quando aplicados a projeto deprodutos para outra população os resulta-dos podem ser “drásticos”.

2.4. O envelhecimento e a variabilida-de antropométrica

A teoria na área da antropometriatem demonstrado a ocorrência de umadiminuição na estatura com a idade, apóster atingido seu ápice entre 25 e 35 anos,com um declínio de 1 a 2 centímetros pordécada e acelerando com a idade (ROS-SMAN in FINCH; HAYFLICK, 1977).Segundo Smith et al. (2000), tais variaçõesdecorrem, dentre outros fatores, da com-pressão vertebral, mudança na altura eforma dos discos vertebrais, além de alte-rações posturais, diminuição da força, damobilidade nas juntas e tonacidade dosmúsculos.

Ainda de acordo com esses autores,a utilização de dados antropométricos noprojeto de produtos e ambientes, associa-da à parâmetros de segurança, gera solu-ções seguras e eficazes. Entretanto paragarantir a eficiência de um projeto é neces-sário cuidado na interpretação e principal-mente aplicação de tais dados, pois odesign de produtos ergonômicos deveatender às necessidades de públicos espe-cíficos.

Sendo assim, considerando a impor-tância e necessidade de dados antropomé-tricos para ao design de produtos destina-dos a idosos, FRANCO (2005) realizou, no

Brasil, um estudo onde foram analisadas 27variáveis antropométricas (16 em pé e 11na postura sentada), além do Índice deMassa Corpórea (IMC) de uma amostra deindivíduos com 50 anos de idade ou mais,apresentando um banco de dados antropo-métricos que pode servir de parâmetropara o design ergonômico.

Dessa forma, pressupõe-se que autilização de dados antropométricos na defi-nição de parâmetros ergonômicos para odesign de dispositivos auxiliares destinadosà população idosa bra s i l e i ra com mobilidadereduzida proporcionará, além de maiors e g u rança, uma ampliação do campo deacessibilidade dos usuários desses produtose maior facilidade quando no tratamento dedisfunções relacionadas à locomoção.

2.5 Aspectos Técnicos e Normativos

Quanto aos aspectos normativo srelacionados ao projeto de andadores, sãopoucas as normas que tratam da variáveldimensional. Na Inglaterra, segundo a“BS4986–1990”, que aborda altura fixa emandadores, para quatro tipos de andado-res, vários aspectos devem ser considera-dos no projeto de andadores dobráveis:

• Alturas dos quatro andadores, excluin-do as dimensões das ponteira s :915mm, 840mm, 760mm e685mm, respectivamente;

• Peso suportado: 173 kg.

Por outro lado, a “BS5104–1990”,descreve os aspectos de andadores comaltura regulável, trata das especificaçõesde três tipos de andadores: grande, médioe pequeno.

• Alturas máximas reguladas, respectivasaos três tipos de andadores reco-mendados: 915mm, 815mm e715mm.

• Peso suportado: 160 kg.

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Além disso, esta norma recomendaque, para as duas pernas traseiras doandador ajustadas na altura máxima eambas as pernas dianteiras no ajuste míni-mo, o ângulo entre o plano contendo aparte da frente e a base onde o andador seapóia não seja maior que 87º, podendo seaplicar a mesma regra a situação inversa.Isso significa que o andador permaneceráestável mesmo se for ajustado incorreta-mente, mas em decorrência disso a varie-dade de ajustes é reduzida.

Quanto aos materiais utilizados naconfecção do andador, as normas do“British Standard Institution” prescrevem:tubo de alumínio anodisado, com pegas deborracha, contendo textura para maior atri-to e segurança, além do uso de pegas mol-dadas em plástico.

No Brasil, a ABNT ainda não apre-senta normas ou outras especificações paraprojeto de andadores. Segundo (HOUGH-TON, 1991), “se um andador não obedecea um determinado padrão proposto, nãosignifica necessariamente que este é infe-rior, mas que possui um design diferente”(p. 14).

2.6. Aspectos Dimensionais doAndador: Influência Antropométrica

A questão antropométrica é funda-mental para definir parâmetros dimensio-nais de produtos, principalmente no casodo andador, o qual se caracteriza (sob oponto de vista fisiológico) como a estruturade apoio e, conseqüentemente, movimen-tação e extensão do corpo humano.

Algumas delimitações populacionaisdevem ser descritas como, por exemplo,tratar-se de usuários de ambos os gêneros,independente de qualquer outro fator (nívelsocial ou etnia) com exceção da faixa etá-ria.

Segundo Croney (1978), a partirdos 60 anos há uma perda sensível dasfunções motoras, tornando os movimentosmais difíceis, além do que, devido à “... cal-cificação e atrofia dos discos interverte-brais, ocorre uma perda significativa de

cerca de 30 mm na estatura” (p. 38).Independente deste fator, o estudo

em questão considerou a pesquisa desen-volvida por Franco (2005), a qual trata deum estudo antropométrico com indivíduosidosos com 50 anos ou mais, retratandocom maior fidelidade dados para o projetode andadores.

O design ergonômico de andadoresd e ve respeitar ao menos 3 dimensõesessenciais: altura do piso à manopla; a lar-gura entre manoplas e a espessura dasmesmas.

Quanto a altura do piso à manopla,Hall et al. (1990) afirmam que a alturaideal de manoplas para andadores deveb a s e a r-se exatamente na altura do“Processo Apofisi Estilóides” dos usuários, oqual compreende a conjunção óssea nofinal do rádio (osso situado no antebraço),em ligação ao punho, quando o sujeitoapresenta-se em pé (ereto), com o braçoem descanço e o antebraço em flexão de15º.

3. OBJETIVOS

Este estudo teve por objetivo revi-sar os aspectos que tratam das caracterís-ticas e necessidades da população de ido-sos e, conseqüentemente, gerar parâme-tros dimensionais para o design de andadordobrável, com base nos dados antropomé-tricos da população senil brasileira, possibi-litando a geracão de tecnologias assistivasmais eficientes, confortáveis e seguras.

4. MÉTODOS

Para a obtenção desses dados, res-gatou-se dados antropométricos de idosos(FRANCO, 2005), particularmente as variá-veis Cotovelo-chão (p. 49) e Cotovelo-punho (p. 51); e a partir de uso de um soft-ware gráfico (SolidEdge V. 17), foi possívelprojetar a altura do “Processo ApofisiEstilóides” (ou altura ulnar-estilóide) parasujeitos do gênero masculino e feminino,percentis 05, 50 e 95.

51

5. RESULTADOS

Os resultados do dimensionamentodo “Processo Apofisi Estilóides” podem serobservados na Tabelas 01 e 02 e Figura 01.

Tabela 01 – Definição da altura do “Processo Apofisi Estilóides” para o genero feminino.

Tabela 02 – Definição da altura do “Processo Apofisi Estilóides” para o genero masculino.

Feminino Dimensões

VARIÁVEIS 05 %il 50 %il 95 %il

Peso (Kg) 49,45 62,00 83,00

Estatura (cm) 144,00 154,00 162,53

Cotovelo-chão (cm) 88,00 95,00 100,00

Cotovelo-punho (cm) 23,00 26,00 29,00

“Processo Apofisi Estilóides” (cm) 76,89 82,44 85,99

Masculino Dimensões

VARIÁVEIS 05 %il 50 %il 95 %il

Peso (Kg) 60,45 76,25 95,00

Estatura (cm) 159,00 166,00 179,01

Cotovelo-chão (cm) 96,00 102,00 110,55

Cotovelo-punho (cm) 26,00 28,00 30,00

“Processo Apofisi Estilóides” (cm)

53

Luiz Carlos Racanicchi1

Segundo Carlos Lopes2

Sergio Antonio Röhm3

RACANICCHI, L. C. ; LOPES, S. C. ; RÖHM, S. A.Implantação de rede de referência cadastral nomunicípio de são carlos, com o uso de tecnolo-gia GPS. Revista Assentamentos Humanos,Marília, v9, nº1, p53-61, 2007.

RESUMO

Este trabalho relata aimplantação de uma rede de referênciacadastral para a cidade de São Carlos - SP,através de rastreamento de satélite artifici-ais do Sistema de Posicionamento Global(GPS). A rede implantada é constituída den ove vértices, atende aos critériosdefinidos pela Associação Bra s i l e i ra deNormas Técnicas (NBR 14.166 de agostode 1998) e está injuncionada à Rede Oficialdo Estado de São Paulo, através dos vér-tices Pirassununga (PIRA) e Jaboticabal(JABO).

ABSTRACT

This work focuses theimplantation of a cadastral reference net -work for the city of São Carlos - SP, track -ing the artificial satellites of the GlobalPositioning System (GPS). The implantednetwork is constituted of nine vertices andfollows to criteria defined for the ABNT(NBR 14.166 of August of 1998) and is con -straited to the Official Network of the Stateof São Paulo, by the vertices Pirassununga(PIRA) and Jaboticabal (JABO).

1 Universidade Camilo Castelo Branco – Campus de Fernandópolis – SP – Estrada Projetada F1, s/n – FazendaSanta Rita – 15600-000 - Fernandópolis, SP – Brasil – e-mail: [email protected] Universidade Federal de São Carlos – Departamento de Engenharia Civil – Rodovia Washington Luiz km 235– 13565-905-São Carlos – SP – Brazil – e-mail: [email protected] 3 Universidade Federal de São Carlos – Departamento de Engenharia Civil – Rodovia Washington Luiz km 235– 13565-905-São Carlos – SP – Brazil – e-mail: [email protected]

IMPLANTAÇÃO DE REDE DE REFERÊNCIACADASTRAL NO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS,

COM O USO DE TECNOLOGIA GPS

Palavras-chave: geodetic network, globalpositioning system, urban planning.

Palavras-chave: rede geodésica, sistemade posicionamento global, planejamentourbano.

1 – INTRODUÇÃO

Uma Rede de Referencia Cadastral éconstituída por marcos implantados no ter-reno cujas coordenadas estão relacionadasa um referencial adotado no país. O Brasiladotou oficialmente, em 25/02/2005, umreferencial geocêntrico para o SistemaGeodésico Brasileiro (SGB) denominadoSistema de Referência Geocêntrico para asAméricas (SIRGAS). Por um período nãosuperior a 10 anos esse sistema poderá serusado em concomitância com o SAD/69para fins geodésicos. Após esse períodoapenas o SIRGAS. Um sistema de referên-cia é representado por uma figura matema-ticamente definida (elipsóide de revolução)para a realização dos cálculos geodésicos,como a determinação da posição de pontosna superfície terrestre.

Na implantação de redes de referên-cia cadastral, diferentes métodos têm sidoutilizados ao longo dos anos, cujos procedi-mentos, inicialmente, foram baseados namedição de ângulos horizontais e verticaise de bases, através de instrumentos medi-dores (teodolitos, níveis, fios invar eoutros). Para esse fim, foram desenvolvi-dos os métodos astronômicos, triangulaçãoe poligonação. Posteriormente, com oadvento dos medidores eletrônicos de dis-tâncias (distanciômetros), foi desenvolvidoo método da trilateração. Na determinaçãoprecisa da altitude das estações geodésicasemprega-se, até hoje, o nivelamento geo-métrico.

Atualmente acrescenta-se a essesmétodos, o posicionamento baseado nao b s e r vação de satélites artificiais doSistema de Posicionamento Global (GlobalPositioning System - GPS). O GPS permiteaos usuários determinar a posição tridi-mensional (X,Y,Z) das feições de interesse,que pode ser convertida em latitude, longi-

tude e altura elipsoidal (geométrica). Alémdisso, os resultados obtidos com a utiliza-ção da tecnologia GPS tornam esta umadas ferramentas mais populares e avança-das de posicionamento. As coordenadaspodem ser determinadas com precisão decentímetros ou até milímetros, a baixoscustos e em pequeno intervalo de tempo,garantindo, assim a continuidade e expan-são da sua utilização.

Uma vez consolidadas, essas redesde pontos geodésicos constituirão a basepara maioria das aplicações das atividadesque exigem georreferenciamento.

Conforme preconiza a NBR 14.166(1998) que normatiza a Rede de ReferênciaCadastral Municipal, o poder público neces-sita dessa rede para dar suporte a todos oslevantamentos que se destinem a:• subsidiar a elaboração e a atualiza-

ção de plantas cadastrais munici-pais;

• amarrar todos os serviços detopografia no intuito de incorpo-rá-lo às plantas cadastrais domunicípio;

• servir de base para definição e res-tauração de limites de proprieda-des; e

• referenciar todos os serviços topo-gráficos de: (i) demarcação, (ii)anteprojetos, (iii) projetos, (iv)implantação e obras de engenha-ria em geral, (v) urbanização, (vi)levantamentos de obras, e (vii)cadastros imobiliários para regis-tros públicos e multifinalitários.

2 – PROJETO E CONCEPÇÃO DAREDE

Uma rede de referência cadastrald e ve suprir a região que está sendoimplantada com informações geodésicasconfiáveis que possam dar suporte às ativi-dades de mapeamento e à maioria dasobras de engenharia de toda área urbana.Dessa forma, no projeto de concepção daRede GPS São Carlos procurou-se atenderàs especificações descritas em seguida.

54

2.1 Precisão

A Rede GPS São Carlos é uma den-sificação da Rede GPS do Estado de SãoPaulo, cuja precisão das coordenadas decada estação é centimétrica.

Segundo a coletânea de Normas doIBGE (1198), para Levantamentos GPS uti-lizando o posicionamento relativo estático ereceptores GPS de dupla freqüência (porta-dora L1 e L2) pode-se prever uma precisãode até 1ppm.

No entanto, a exatidão deve atenderà maioria das atividades vinculadas a umarede de referência cadastral. A norma NBR- 14166 da Associação Bra s i l e i ra de NormasTécnicas - Rede de Referência Cadastra lMunicipal - Procedimento, 1998, especificaque a precisão final, relativa à posição dospontos da rede deve ser da ordem de 20ppm (1/50.000), ou superior, considera n d o -se 95% de nível de confiança.

Pa ra o planejamento das estaçõesf o ram utilizadas uma carta planimétrica daárea urbana, na escala aproximada de1/12.000 fornecida pela prefeitura de SãoCarlos e várias cartas planialtimétricas naescala 1/10.000 produzidas pelo InstitutoGeográfico e Cartográfico do Estado de SãoPa u l o. No planejamento vários pontosf o ram escolhidos e, após a realização dor e c o n h e c i m e n t o, optou-se pela definição de9 estações. A Figura 1 mostra a materializa-ção de um ponto com centragem forçada.

As principais dificuldades encontra-das na escolha dos locais das estações con-sistiram na existência de obstáculos quepoderiam provocar multicaminhamento einterferir na recepção dos sinais, tais comoárvores de grande porte, e, principalmente,antenas relacionadas à telefonia celular.

As estações estão distribuídas deforma homogênea e em locais estratégicospor toda a área urbana, permitindo obteruma boa geometria para a rede e todasatendem aos critérios especificados nanorma NBR 14166 (1998). A Figura 2(RACANICCHI, 2003) mostra a distribuiçãoespacial aproximada das estações da rede.Esta tarefa foi realizada em conjunto, comATULIM (2002).

2.2 Integração da Rede com o SistemaGeodésico Brasileiro

A integração da Rede de ReferênciaC a d a s t ral de São Carlos ao SistemaGeodésico Brasileiro considerou que atual-

55

Figura 1 – Ponto FED 1.

Figura 2. Distribuição Espacial das Estações.

56

mente a estrutura geodésica disponível noBrasil permite realizar levantamentos apartir de redes ativas e passivas.

A Rede GPS do Estado de São Pauloestá atualmente integrada ao SistemaGeodésico Brasileiro, (SEGANTINE, 2002).

As estações Pirassununga (PIRA) eJaboticabal (JABO) foram escolhidas comopontos de injunção para a Rede São Carlos, através do ponto STTU, sendo, então, uti-lizadas como bases para o posicionamentor e l a t i vo (RACANICCHI & RÖHM, 2005;RÖHM, 2006).

2.3 Coleta das observações GPS

No planejamento das observaçõesfoi considerada a relação existente entre otipo de equipamento, tempo e distânciasentre pontos, conforme proposto porMONICO (2000), mostrado no Quadro 1.

Cada estação foi ocupada por umreceptor GPS geodésico, responsável pelacoleta das observações das ondas portado-ras L1 e L2 e código C/A.

As observações foram gravadas namemória do receptor e posteriormente des-carregadas em um microcomputador. A fimde evitar perdas de dados, as baterias quealimentaram os receptores eram carrega-das diariamente antes da jornada de traba-lho.

O equipamento utilizado foi oReceptor GPS LEICA SR530 com caracterís-ticas adequadas ao levantamento deseja-do.

As sessões de observação foramexecutadas em duas fases:• na primeira, foi realizada as seções

de injunção das estações da RedeGPS do Estado de São Paulo com oponto STTU; e

• na segunda, as sessões de observa-ção das estações da rede emimplantação foram processadas emrelação as coordenadas do pontoSTTU, consideradas fixas, conformemostrado no Quadro 2.

• Foi criado um arquivo de observaçãode trabalho denominado Rede SC

XXYY, onde XX e YY são os númerosdos pontos que foram medidos pelosreceptores. Cada ponto foi identifi-cado pelas quatro primeiras letrasdo nome principal:

Ponto Nome Identificação01 Park Fehr FEHR02 UFSCar FED 103 USP STTU04 Fazenda Hotel FAZE05 Central Park CENT06 Praça Itália ITAL07 Trevo Getúlio Vargas TREV08 Jardim Beatriz BEAT09 C.E.A.T CEAT

De acordo com a duração da coletade dados, concluiu-se que o período dasseções de observações pode ser de até 50minutos com receptores de uma freqüênciae de 40 minutos para receptores de duplafreqüência (ATULIM, 2002).

A leitura das mensagens, bem comodas observáveis, é realizada em cadareceptor usando seu próprio formato biná-rio. Para facilitar o intercâmbio de dadosentre diversas marcas de receptores foidesenvolvido o formato RINEX (ReceiverIndependent Exchange Format) (MONICO,2000).

Quadro 1. Planejamento da relação das linhas de base, dis-tância e tempo de rastreamento.

Tempo calculado

(horas:minuto)

Linhas

de base

Distâncias

aproximadas

(metros) L1 L1e L2

FEHR – FED1 5.541 00:48 00:30

FED1 - STTU 3.367 00:39 00:26

STTU - FAZE 4.574 00:42 00:28

FAZE - ITAL 3.971 00:42 00:28

ITAL - TREV 2.953 00:39 00:26

TREV - CEAT 4.889 00:45 00:30

CEAT - BEAT 4.954 00:45 00:30

BEAT - CENT 2.616 00:39 00:26

CENT - FEHR 4.623 00:45 00:30

2.4 Processamento

Como estratégia de processamentode dados utilizaram-se vetores. Na cons-trução gráfica da rede desenhara m - s etodos os vetores observados dependentes eindependentes.

Para o processamento foram utiliza-dos dois pontos de injunção PIRA e JABO,da Rede Estadual São Paulo, considerando:• a combinação linear entre as obser-

vações em L1 e L2, com o propósitode reduzir os efeitos causados pelarefração ionosférica (LEICK, 1995);dados meteorológicos padrão do

software; e• efemérides transmitidas, obtidas no

próprio arquivo de dados de nave-gação, em formato RINEX (ReceiverIndependent Exchange Format)

2.5 Programa Computacional paraProcessamento

No processamento dos dados utili-zou-se o programa SKI-Pro, capaz de pro-cessar dados GPS de uma rede de alta pre-cisão e permite combinações lineares comas duas portadoras L1 e L2 (LAROCCA,2000).

O programa SKI-Pro, Leica StaticKinematic Software v 2.5, é um programacomercial constituído de um conjunto deprogramas amigáveis que rodam na plata-forma Windows. Os resultados são obtidosem WGS-84 e em sistemas de referênciaslocais que podem ser exportados paraoutros sistemas através de arquivos noformato RINEX.

2.6 Ajustamento

O ajustamento proporciona a obten-ção de uma solução única para as coorde-nadas. Os resultados do processamento doajustamento fornecem, além das posiçõesajustadas, as respectivas precisões, bemcomo a precisão das linhas observadas.

Através destas informações, podeser verificado se os resultados obtidos noposicionamento dos pontos da rede têm ounão a precisão suficiente para compor essarede.

No caso da rede de Re f e r ê n c i aCadastral de São Carlos, após o processa-mento dos dados e verificação de que osresultados obtidos atendiam às especifica-ções para esse tipo de rede realizou-se oajustamento com uso do módulo adequadoque compõe o software SKI-Pro.

As características da Rede GPS SãoCarlos, utilizando o programa SKI Pro são:

• Estaçõesnúmero de estações conhecidas: 2número de estações desconhecidas: 9

• Observaçõesdiferenças de coordenadas GPS: 96em (32 linhas de base)coordenadasdesconhecidas: 6

57

PONTO OCUPADO MEDIÇÃO DATA

Juliano VETOR

EQP 1

EQP 2 EQP 3

INÍCIO TÉRMINO

TEMPO DESLOC.

12nov02

316 PIRA-03 PIRA STTU 14:59:50 16:34:00 02:00

14nov02

318

02-04

02/04-03

FED 1

FED 1

FAZE

FAZE

STTU

09:51:50

09:51:50

10:52:50

10:52:50

00:20

22nov02

326 JABO-03 JABO STTU 10:16:40 11:46:50 02:30

03dez02

337

02-01

05-01

05-06

02/01-03

05/01-03

05/06-03

FED 1

CENT

CENT

FED 1

CENT

CENT

FEHR

FEHR

ITAL

FEHR

FEHR

ITAL

STTU

STTU

STTU

11:36:50

15:14:00

17:42:16

11:36:50

15:14:00

17:42:16

12:36:50

16:44:22

18:42:22

12:36:50

16:44:22

18:42:22

00:30

00:30

04dez02

338

04-06

07-06

08-06

0z9-06

04/06-03

07/06-03

08/06-03

09/06-03

FAZE

TREV

BEAT

CEAT

FAZE

TREV

BEAT

CEAT

ITAL

ITAL

ITAL

ITAL

ITAL

ITAL

ITAL

ITAL

STTU

STTU

STTU

STTU

08:57:10

10:11:40

13:10:30

14:57:50

08:57:10

10:11:40

13:10:30

14:57:50

09:57:10

11:11:40

14:10:30

15:46:00

09:57:10

11:11:40

14:10:30

15:46:00

00:20

00:40

00:40

05dez02

339

08-05

08-09

07-09

07-04

08-05/03

08-09/03

07-09/03

07-04/03

BEAT

BEAT

TREV

TREV

BEAT

BEAT

TREV

TREV

CENT

CEAT

CEAT

FAZE

CENT

CEAT

CEAT

FAZE

STTU

STTU

STTU

STTU

09:23:30

11:46:30

14:08:10

15:35:00

09:23:30

11:46:30

14:08:10

15:35:00

10:24:10

12:46:30

15:08:10

16:35:00

10:24:10

12:46:30

15:08:10

16:35:00

00:40

00:20

00:20

09dez02

343

06-09

06-09/03

ITAL

ITAL

CEAT

CEAT

STTU

16:20:10

16:20:10

17:45:10

17:45:10

10dez02

344

01-05

06-05

01-05/03

06-05/03

FEHR

ITAL

FEHR

ITAL

CENT

CENT

CENT

CENT

STTU

STTU

07:28:10

09:08:50

07:28:10

09:28:10

08:31:10

10:08:50

08:31:10

10:08:10

00:40

Quadro 2. Execução das Medições.

• Incógnitascoordenadas: 33graus de liberdade: 69

• Ajustamentonúmero de iterações: 1 correção máxima da última itera-ção: 0,0000 m

• Testesalfa (multidimensional): 0,5895alfa (uma dimensão): 0,0500beta: 0,80valor crítico do teste W: 1,96valor crítico do teste de F (3 dimen-sões): 1,89valor crítico do teste de F (2 dimen-sões): 2,42valor crítico do teste de F: 0,95

• Constantes do elipsóideelipsóide: WGS 84semi-eixo maior: 6.378.137,0000machatamento: 298,257223563

2.7 Transformação das coordenadas

As coordenadas obtidas no posicio-namento GPS são referenciadas ao sistemaWGS-84, que foram transformadas emcoordenadas referenciadas ao SAD 69.

As coordenadas da Rede Municipalde São Carlos foram transformadas tam-bém em coordenadas plano-retangularesdo Sistema UTM referenciadas ao SAD/69,para serem utilizadas em mapeamentos,em projetos locais de engenharia ou noplanejamento urbano.

Os Quadros 3 e 6 mostram as coor-denadas planas obtidas dos pontos nos sis-temas WGS84 e SAD-69, respectivamente.

Os Quadros 4 e 7 mostram as coor-denadas geográficas obtidas dos pontosnos sistemas WGS84 e SAD-69, respecti-vamente.

Os Quadros 5 e 8 mostram erros defechamentos nos sistemas WGS84 e SAD-69, respectivamente.

Quadro 4 . Coordenadas geodésicas referenciadas ao WGS/84.

Quadro 5. Quantidades estatísticas de ajustamento Erros de fechamento, referente ao WGS/84.

Quadro 6. Coordenadas plano–retangulares UTM referenciadas ao SAD-69 - Meridiano Central 45º W.

58

Quadro 3. Coordenadas cartesianas X, Y, Z referenciadas ao WGS/84.

Quadro 7. Coordenadas Geodésicas referenciadas ao SAD/69.

Quadro 8. Quantidades estatísticas de ajustamento

Erros de fechamento, referente ao SAD/69.

3 – ANÁLISES DOS RESULTADOS

A concepção da Rede de ReferênciaCadastral de São Carlos cujas coordenadasplanialtimétricas foram estabelecidas comprecisão dentro dos padrões exigidos, utili-zando a técnica GPS e o método de posicio-namento relativo estático:

• considerou sua finalidade de ser-vir de apoio e controle de todabase cartográfica de São Carlos;

• avaliou toda área urbana e possíveldesenvolvimento; e

• implantou uma rede constituída por9 estações materializadas no terreno(1 estação com chapa de latão fixa-da em marco de concreto, 5 esta-ções com chapas de latão crava d a sem superfícies estáveis e 3 estaçõesem marcos de concreto com sistemade centragem forçada).

Os resultados obtidos, a partir dasbases individuais, permitiram efetuar algu-mas análises para avaliar sua qualidade.Neste caso, pode-se avaliar o erro defechamento (que deve estar entre 1 a 3ppm), com as bases que formam um polí-gono fechado. O erro de fechamento, emconjunto com as informações estatísticasadvindas do processo de ajustamento dasbases individuais e da rede (desvio padrão,fator de variância a posteriori), fora messenciais para analisar a qualidade dolevantamento, que apresenta as seguintescaracterísticas:

• a precisão da posição dos pontos darede foi superior a 20 ppm(1/50.000), com 95% de nível deconfiança. Este aspecto é suficientepara atender às atividades vincula-das a uma rede de referência cadas-tral;

• a rede está referenciada ao SistemaGeodésico Brasileiro (SGB) atravésda Rede GPS do Estado de SãoPaulo;

• a concepção da rede, planejamentodas observações, procedimentopara a coleta de dados, processa-mento e ajustamento dos dados edemais condições específicas impor-tantes em termos de definição daprecisão, foram atendidas;

• as estações da Rede foram distribuí-das de forma homogênea e emlocais estratégicos por toda a áreaurbana, permitindo obter uma boageometria; e

• o programa SKI-Pro, da Leica, aten-deu plenamente às proposiçõesdeste trabalho no que tange ao pro-cessamento e ajustamento.

4 – CONCLUSÕES

Os softwares comerciais que acom-panham os equipamentos, em geral, reali-zam as tarefas pertinentes ao pós-proces-samento dos vetores da rede envolvendoos dados GPS automaticamente, entretan-

59

to os resultados devem ser analisados con-siderando a qualidade e a aplicabilidade doproduto obtido.

Os programas utilizados para o pro-cessamento individual das linhas de baseda rede, detectaram as perdas de ciclos eerros grosseiros. Tais programas proces-sam cada linha de base individualmente, oque resulta nas componentes DX, DY e DZdas várias linhas de base ou variáveis deri-vadas delas (azimute, distância e diferen-ças de elevação), que foram associadas àsrespectivas Matriz Variância Covariância.Esse procedimento é uma estratégia mate-maticamente correta quando apenas doisreceptores forem utilizados.

Esse trabalho garantiu a implanta-ção tecnicamente correta de uma Rede deReferência Cadastral para São Carlos etodas as suas estações permitirão:• apoiar as atividades cadastrais, de

planejamento e controle de expan-são urbana, projetos e obras deengenharia e outras;

• georreferenciar a base cartográfica;• facilitar a incorporação de novos

projetos; e• facilitar a manutenção e atualização

da carta do município.

Vale salientar que a escolha corretado equipamento receptor é fundamentalpara se atingir os objetivos, principalmenteem se tratando de Rede Geodésica dePrecisão.

As coordenadas dos pontos da RedeReferência Cadastral Municipal de SãoCarlos obtidas após ajustamento atendemao disposto na NBR 14.166. As maiores dis-crepâncias foram observadas nas medidasdas altitudes geométricas (Quadros 5 e 8 –Erro de Fechamento).

O programa comercial SKI-Pro, cominterface em Windows, utilizado nos pro-cessamentos e ajustamentos realizadospode ser considerado amigável e de fácilexecução.

A rede também foi processada como programa OMNI, o qual permite conheceras influências dos dados transmitidos pelossatélites do GPS no processamento dos

vetores, verificar a qualidade dos sinais dossatélites, apresentado as respectivas visua-lizações gráficas.

Espera-se que com a implantaçãoda Rede GPS São Carlos, constituída pormarcos de coordenadas planialtimétricasreferenciados a uma única origem e a ummesmo sistema de representação geodési-co, permita: • a amarração e a conseqüente incor-

poração de todos os trabalhos det o p o g rafia num mapeamento dereferência cadastral;

• sua adoção como a rede de referên-cia oficial do Município de SãoCarlos;

• que a rede de referência cadastraldevidamente vinculada a redes ofi-ciais contribua de maneira decisivapara os trabalhos de cadastro den-tro do município e estabeleça ainfra-estrutura de apoio geodésico etopográfico, proporcionando a nor-malização e sistematização a todosos métodos de levantamento, desdeo método clássico até o posiciona-mento por satélite;

• efetuar a conexão à rede GPS doEstado de São Paulo; e

• que esta tecnologia seja estendidaaos usuários e produtores de infor-mações georreferenciadas na cidadede São Carlos e região.

5 – REFERÊNCIAS

ATULIM, R.M.L. – Rede de Re f e r ê n c i aCadastral para o Município de São Carlos,Utilizando a Técnica GPS. Dissertação deMestrado, UFSCar, São Carlos, 2002.

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Arq. Ms. Irajá Gouvêa 1

GOUVÊA, I. Identidade arquitetônica do índiob ra s i l e i r o. Revista Assentamentos Humanos,Marília, v9, nº1, p63-69, 2007.

RESUMO

A arquitetura como área deestudo é praticamente desconhecida naspesquisas sobre a cultura indígena. Comraras exceções, o que normalmente se vêsão levantamentos fotográficos ou esboçosde elementos construtivos servindo comobase ao estudo sociológico e/ou historio-gráfico.

Mas, vale lembrar, que a artee em especial a arquitetura, está ligada avida de todos os povos, especialmente dospovos indígenas, entre os quais, sua habi-tação, seu agrupamento construtivo e seuterritório, constituem os principais reserva-tórios de conhecimento de sua cultura.Assim como a língua, os conhecimentosmatemáticos, a história e as ciências inte-gram as áreas do conhecimento, também aarquitetura pode constituir-se como tal eser estudada por meio dos conteúdos quelhes são próprios.

A percepção, a criação, aimaginação, a reflexão, a emoção e o sen-timento são alguns dos aspectos quepodem ser levantados nas produções cons-trutivas, porém, sua organização espacialrelacionando o elemento construído ao ter-ritório, observado em diferentes leiturasentre as várias nações indígenas, a varie-dade técnico-construtiva na feitura da habi-tação, variando de aldeia para aldeia, pro-voca a busca por informações mais deta-lhadas e respostas para novas indagações.

1 Professor da Faculdade de Engenharia e Arquitetura e Tecnologia – UNIMAR - Marília - Professor da Faculdadede Arquitetura e Urbanismo - FACCAT – Tupã

IDENTIDADE ARQUITETÔNICADO ÍNDIO BRASILEIRO

A ocupação territorial e oespaço geográfico do índio, determinando aescolha do local onde irá ser implantado aaldeia, os caminhos traçados e os locaisdeterminados aos ancestrais, são algunsdos elementos a serem determinados pelaótica arquitetônica.

Esta riqueza de elementosdistintos entre si, acontecendo num mesmoespaço de tempo, apresentando significa-ção ora distinta e ora igual às demais, pro-picia uma gama imensa de informaçõesque serão analisadas não só pela arte, mastambém, servindo de instrumento à socio-logia e antropologia.

P a l a v r a s - c h a v e : A r q u i t e t u ra, Indígena,elementos arquitetônicos, linguagemarquitetônica.

ABSTRACT

The architecture as studyarea is ignored practically in the researcheson the indigenous culture. With rare excep -tions, what usually see her are photograp -hic risings or sketches of constructive ele -ments serving as base to the sociologicalstudy and/or historiography.

But, it is worth to remindthat the art and especially the architecture,is linked to the life of all of the people,especially of the indigenous people, amongthe ones which, his/her house, his/herconstructive grouping and his/her territory,they constitute the main reservoirs ofknowledge of his/her culture. As well as thelanguage, the mathematical knowledge,the history and the sciences integrate theareas of the knowledge, also the architec -ture can be constituted as such and to bestudied through the contents that are themown.

The perception, the creation,the imagination, the reflection, the emotionand the healthy feeling some of the aspectsthat can be lifted up in the constructiveproductions, however, his/her space orga -nization relating the element built to the

territory, observed in different readingsamong the several indigenous nations, thetechnician-constructive variety in themaking of the house, varying of village forvillage, it provokes the search for moredetailed information and answers for newinquiries.

The territorial occupation andthe geographical space of the Indian,determining the choice of the place wherewill be implanted the village, the drawnroads and the certain places to the ances -tral ones, is some of the elements to theybe certain for the architectural optics.

This wealth of different ele -ments amongst themselves, happening in asame space of time, presenting significan -ce some different times and other timesequal to the others, it propitiates animmense range of information thatyou/they will be analyzed not only for theart, but also, serving as instrument thesociology and anthropology.

INTRODUÇÃO

A arquitetura, elemento integranteda arte está presente em todas as civiliza-ções: nas culturas existentes na atualidadeou nas que existiram em tempos passados.

Desde idades mais remotas, associedades se agruparam em espaçosdeterminados, procurando a proteção econforto para manutenção da vida. Dasfiguras gravadas e pintadas nas paredesdas grutas e cavernas aos elementos cons-trutivos elaborados pelos povos antigos doEgito aos modernos prédios do conjuntodestinados a abrigar as olimpíadas 2008em Pequim, China, o homem buscou solu-ções espaciais para suprir suas fraquezasdiante da natureza.

Com o passar dos tempos, as for-mas de expressão e comunicação da arqui-tetura, assim como sua função e significa-do, foram se modificando porque o modode viver, as culturas, os valores e técnicasdos diferentes povos também se transfor-maram. Mas, em cada período da história

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da humanidade, algum tipo de elementoconstrutivo foi produzido. Pode-se conhecerboa parte dessa representação artística nospróprios lugares em que estão implantadosou, em outros casos, através de levanta-mentos sistemáticos destes elementos ourestos do que sobrou ao longo dos tempos.

Ao se buscar estes exemplares pro-duzidos em diferentes tempos e lugares,compreende-se que o mundo é formadopor múltiplas culturas, e que esta diversi-dade pode ocorrer num mesmo país ounuma mesma região. O Brasil, por exem-plo, é formado por diferentes grupos étni-cos e culturais: os povos indígenas, os des-cendentes dos povos africanos, os imigran-tes e descendentes dos japoneses, italia-nos, portugueses, espanhóis e outros.Assim, encontram-se em nosso país não sóvárias línguas, religiões, formas de organi-zação social, visões de mundo, mas tam-bém, diferentes produções artísticas entreelas, os elementos construtivos.

Em todas as regiões bra s i l e i ra s ,vemos elementos arquitetônicos expres-sando a sociedade de determinados grupossociais, jardins japoneses com singelaspontes e vegetações adaptadas, chalésgermânicos edificados em madeira, resi-dências com murais em azulejo portuguêse arabescos de origem do médio oriente,entre outros.

Os povos indígenas, da mesmaforma, se diferenciam entre si e das outrasculturas pela maneira de realizar sua arte,sendo os elementos construtivos, um dosmais impressionantes pelo simples fato datotal integração à natureza e de sua ori-gem, passada de geração em geração.

A ARQUITETURA NAS SOCIEDADESINDÍGENAS

Para o índio, a arte está presenteem diferentes esferas da vida: nos rituais,na produção de alimentos, nas práticasguerreiras, nos locais de moradia, nosespaços ocupados pelo grupo, sobretudoem suas tradições passadas de pais parafilhos de maneira a dar testemunho da vida

de um povo.As construções artísticas dos índios

são construídas a partir de valores, regras,estilos, conhecimentos técnicos, materiaise concepções estéticas distintas em cadatribo. Assim como ocorre em outras etniase culturas que existem no mundo, as cons-truções nas sociedades indígenas sãoalguns dos elementos importantes na for-mação de identidades específicas, repre-sentando um suporte de memória ao indi-víduo, ao grupo e a sociedade. Entretanto,sua arquitetura não se constituí em algoque não muda, que se transmite através degerações de modo inalterado. Ela é cons-tantemente elaborada e reelaborada, aolongo do tempo e através do espaço, e seudinamismo acompanha a própria vida dasociedade produtora.

Esta arquitetura deve ser com-preendida por suas diferentes característi-cas de estilo, de formas, de materiais e deconcepções estéticas, além dos aspectossimbólicos e das relações que mantém comas demais esferas da vida cultural, social eeconômica.

O estilo arquitetônico de um povo éidentificado por um conjunto de caracterís-ticas relacionadas com a forma, a cor, otipo de decoração e técnica e matériaprima. Esse conjunto de elementos que for-mam o estilo de cada povo busca atingirdeterminados padrões estéticos. Nas cul-turas indígenas, o julgamento do que ébom, bonito, confortável tem por base cri-térios muito especiais. Tais critérios podemser materiais, como a madeira usada nasconstruções; técnicos, como o modo decortar e encaixar estes troncos de madeira;simbólicos, o que essa estrutura de madei-ra representa.

Em cada sociedade indígena, exis-tem pessoas que desenvolvem conheci-mentos específicos a respeito de certascategorias ou modalidades artísticas. Hásempre alguém que sabe confeccionarmelhor um cesto cargueiro, um pote ouuma flauta, que sabe cantar ou fabricar uminstrumento musical com mais habilidade ecompetência; que sabe contar históriascom mais riqueza de detalhes e domina o

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estilo de narração. No caso da arquitetura,por exemplo, essas pessoas conhecem astécnicas de confecção, sabem escolher epreparar as matérias primas e sabemcomo deve ser feito o acabamento e adecoração. De outro lado, essas pessoasg e ralmente detêm um saber específicosobre o uso e a função dos ferramentaisexistentes, o manejo da matéria primaapropriada, a escolha do local a ser implan-tado a construção, as dimensões e propor-ções. Através dessas pessoas, que podemser chamadas de especialistas, os conheci-mentos se renovam e se transmitem àsnovas gerações.

ANÁLISE HISTORIOGRÁFICA

01 – O índio - Ao falarmos da culturaindígena, precisamos antes de tudodeterminar de onde ele (índio) veioe para onde ele migrou nos diferen-tes períodos de evolução, sua ori-gem nos primórdios e seu desenvol-vimento junto ao planeta e todas assuas variantes, do clima ao relevo,das condições oferecidas pela natu-reza ao sentido cultural e espiritualadotado pelos grupos.No caso específico do índio quepovoou o hemisfério sul, no conti-nente americano, devemos nos ateràquilo com o qual se deparou eadaptou, ao longo do tempo, emdiferentes lugares e regiões.

02 – Diversidade entre os índios - Aose separarem em grupos d i s t i n-tos durante sua evo l u ç ã o, o indivíduot e ve que se adaptar a fatores exter-nos, provocando ao longo do tempomudanças biológicas refletidas emsua configuração física e mental, ori-ginando exigências específicas paracada grupo de adaptados. Uma des-tas conseqüências foi a dive r s i f i c a ç ã olingüística, fato que acabou por sepa-rá-los definitiva m e n t e .Como seqüela dessas mudanças, oscostumes também seriam individua-

lizados por grupos gerando resulta-dos em suas vidas cotidianas queacabariam por determinar modos emaneiras de vida avessa aos seusconterrâneos e irmãos.

03 – A vida do índio - A vida do índio sebaseia na sobrevivência pura e inte-gral junto a própria natureza, tradu-zindo uma forma peculiar nãoentendida pela cultura moderna,onde a satisfação e a alegria deviver está no simples fato que nãose deve vencer ou competir com anatureza, mas sim trabalhar e con-viver em simbiose com a mesma.Sua sociedade baseia-se na intera-ção de seus membros com a forçanatural do ambiente, sendo o siste-ma comunitário dominante emquase todos os grupos observados.A expressão artística é um resultadodesta forma de encarar e viver avida junto a natureza. Sempre bus-cando retratar e valorizar a belezaatravés da cópia das várias facesnaturais.

04 – O sagrado - Para o índio, os mitose crenças foram sendo passados degeração a geração através de justi-ficativas observadas na mãe nature-za, sendo o ideal de vida, a buscapor maior proximidade e carinho amãe terra. Tal qual a religiosidade, o sabersempre evolutivo foi transferido degeração para geração através deaprendizado entre os mais velhos,anciãos e os mais novos, buscandoatravés de erros e acertos, formasde evolução para toda a comunida-de.

05 - O índio moderno – O índio moder-no brasileiro, assim como os demaisgrupos indígenas passaram nostempos modernos a se relacionaremde maneira mais abrangente comseus iguais, diferentemente de tem-pos antigos, onde apenas as aldeias

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PARQUE GUELL

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mais próximas traçavam informa-ções, culturas e saber.Hoje, uma comunidade indígena dosul do país conhece e assimila infor-mações variadas do índio do extre-mo norte brasileiro, sendo observa-do como conseqüência miscigena-ção entre diferentes culturas indíge-nas.Por outro lado, o índio ao ter conta-to com os portugueses, espanhóis,negros e tantas outras culturas queaqui se estabeleceram, acabou tro-cando também informações, culturae saber que resultou em uma fortemiscigenação inter-racial.Seu processo de aculturação nãoacabou, nem vai acabar, pois aolongo da evolução humana, estamossempre num aprendizado adaptati-vo, tampouco deve acabar ou serengolido pela cultura dominante,pois mesmo esta, sendo a domina-dora, apresenta várias nuances dacultura indígena.

06 – Habitação - Ao falarmos em técni-cas construtivas da cultura indígena,podemos apenas pensar no arquéti-po da oca indígena apresentadadesde nossa infância nas aulas deHistória. Porém, a riqueza de deta-lhes na sua construção, utilizandosoluções técnicas básicas retiradasda natureza, bem como materiaisadaptados ao local implantado,revela que está longe de ser umaforma primitiva de se construir, vistoque em muitos casos, as constru-ções dos primeiros brancos aquiaportados não superavam em ter-mos técnicos a dos nativos.Em sua Arquitetura, o índio apre-s e n t ava um domínio importantequanto a implantação de suas cons-truções, sempre levando em conta aadaptação com o meio ambiente e ainteração das atividades cotidianascom os elementos edificados. Suasconstruções apresentavam tambémsoluções técnicas construtivas quan-

to ao sistema de ventilação, ilumi-nação e insolação.O sistema técnico apresentado nasedificações era basicamente comu-n i t á r i o, havendo uma edificaçãocentral e outras de apoio, sendouma especialmente destinada aoshomens.A edificação não apresentava qual-quer divisão interna, criando-se umg rande e amplo espaço de usocomum aos seus moradores.

07 – Construções - Os materiais utiliza-dos nas confecções das construçõeseram retirados da natureza sendo osde fechamentos substituídos tempo-rariamente, ou seja, cobertura eparedes externas substituídos detempos em tempos por novos mate-riais e os elementos estruturaiscalculados para agüentar um deter-minado período, quando entãohaveria mudanças do grupo paraoutro sítio. Os ferramentais utiliza-dos não passavam de utensílios docotidiano, sendo o trabalho quaseartesanal em sua montagem.Quanto a tipologia, podemos dizerque nos surpreende a quantidade devariações observadas nas diferentesregiões do país, pois não só apre-sentam variações estruturais, mastambém quanto dos materiaisempregados, formatos volumétricoscom diferentes resultados e nãomenos importante, acabamentosartísticos e decora t i vos buscandoidentificação do grupo ali existente.A b a i xo podemos observar algunsexemplares distintos não comunsnos livros de História eAntropologia.

Ilustração – Irajá Gouvêa

Oca da Região Centro-OesteBrasil

Ilustração – Irajá Gouvêa

Oca da Região NorteBrasil

Ilustração – Irajá GouvêaOca da Região Centro-Oeste

Brasil

Ilustração – Irajá GouvêaOca da Região Nordeste e Norte

Brasil

CONCLUSÃO

Não temos aqui a pretensão de elu-cidar ainda que de maneira modesta oassunto. Entretanto, cabe-nos despertarem outros pesquisadores e estudantes dearquitetura, antropologia, história e socio-logia, curiosidade para adentrar nestevasto e complexo ramo do saber que aindanão foi devidamente pesquisado. Assim,como objetivo para futuros pesquisadores ecuriosos, propomos um desafio com o obje-tivo :• Reconhecer as expressões arquite-

tônicas como aspectos importantesna afirmação e expressão de identi-dades culturais;

• Compreender as expressões arqui-tetônicas da sociedade indígena,enquanto patrimônios culturais quedevem ser preservados, valorizados,documentados e divulgados;

• Reconhecer traços que singularizamas produções arquitetônicas entreas diferentes sociedades indígenas;

• Dominar recursos, técnicas edemais procedimentos de organiza-ção; documentação e divulgação dopatrimônio artístico da sociedadeindígena;

• Compreender a multiplicidade demanifestações artísticas-cultura i sque existem no Brasil, bem como os

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aspectos que diferenciam e aproxi-mam as várias culturas e povos ;

• Valorizar o saber dos especialistas/produtores em arte dentro dasociedade indígena. Compreendera arte como uma forma de aproxi-mação entre as diversas culturas,observando os elementos que mar-cam as diferenças e semelhanças;

• Identificar como esta diferente lin-guagem arquitetônica se apresentaem outras culturas;

• Reconhecer os diferentes va l o r e sc u l t u rais nas minorias étnicas esociais existentes no Brasil;

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Katia Emi Kozuma1

Fabiana Martinez da Silva2

Paulo Kawauchi3

KOZUMA, K. E. ; SILVA, F. M. ; KAWAUCHI, P.Cuidadando da cidade: uma visão sistêmica (3).Revista Assentamentos Humanos, Marília, v9,nº1, p71-74, 2007.

RESUMO

Foi realizado um diagnósticodas favelas da cidade de Marília, por meioda percepção ambiental e da análise com-parativa por similaridade transdisciplinar,com objetivo de hierarquizar os indicadoresdas insustentabilidades que servirão deargumentos para as definições das priori-dades aos futuros projetos emergentes. Ametodologia foi realizada por meio da leitu-ra do não verbal, com o objetivo de combi-nar imagens e de perceber as conexõesentre sistemas. Este trabalho apresenta oresultado da pesquisa no "espaço-favela"com visão sistêmica, holística e prospectivaenfatizando as 5 sustentabilidades (cultu-ral, social, econômica, espacial e ambien-tal) propostas pela Agenda 21 da ECO 92.A solução está na conscientização que oscidadãos devem ter sobre as potencialida-des criativas que existem em seus cérebrose em seus corações para criarem projetosem parcerias cuja política econômica é a do“ganha-ganha” i.é, onde todos ganham: acidade, o meio ambiente, a parceria, asociedade favelada. Uma sociedade feliz éaquela que é auto-sustentável, onde ocidadão faz parte, faz falta e é importantepara a comunidade, para a cidade, para anação, para o planeta, para o universo.

* Cuidando da cidade (1) e (2), originalmente foi produzido em cooperação com a Profa. Dra. LOUREIRO, M.A.1 Graduando (10º termo) do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Engenharia, Arquitetura eTecnologia da UNIMAR.2 Graduando (6º Termo) do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Engenharia, Arquitetura eUrbanismo da UNIMAR.3 Prof. Dr. Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo e do Curso Superior de Tecnologia em Design deProduto da FEAT - UNIMAR. Marília. SP. [email protected]

CUIDANDO DA CIDADE:Uma visão sistêmica (3)*

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Palavras-chave: Agenda 21, Eco 92, sus-tentabilidade, ecologia, habitação, cultura,sociedade, pobreza, ética.

ABSTRACT

A diagnosis of the slums ofMarília city was performed, by means ofenvironmental perception, and by compa -rative analysis through tran disciplinarysimilarity to hierarchies indicators of insus -ceptibility that serve as arguments in defi -ning the priorities of the emerging projects.This works presents the result of an envi -ronmental research in the "slum-space”; itis a systemic vision the five maintainablesystems cultural, social, economic, spaceand environmental proposed by the Agenda21 of ECHO 92.

Keywords: Agenda 21, sustentability, eco-logy, habitation, culture, society, poverty,ethics.

INTRODUÇÃO

Durante os meses de abril, maio ejunho deste ano, foram realizados levanta-mentos quantitativos sobre as favelas deMarília. Foram pesquisadas diversas fontesde informações formais, estatísticos einformais (Fontes Formais: dados estatísti-cos da Prefeitura Municipal de Marília,Escritório de Planejamento Urbano, Núcleode Atendimento Habitacional (CDHU –Companhia de Desenvo l v i m e n t oHabitacional e Urbano - Secretaria daHabitação), bibliografias, pesquisas publi-cadas. Fontes informais: entrevistas, per-cepção ambiental, senso comum).

Segundo dados formais, em 1996existiam 19 assentamentos clandestinosurbanos denominados “favelas”. Segundoos dados formais atuais, pudemos averi-guar que houve uma redução do número deassentamentos clandestinos em Marília,com 16 unidades. A mais problemática detodas é a favela da Vila Barros onde, em1996 foram constatadas 356 com aproxi-madamente 1393 pessoas; em 2007,

segundo dados do Escritório dePlanejamento da Emdurb, acusa aproxima-damente 336 famílias, totalizando 1127pessoas. Assim, em 11 anos, esta favelateve uma redução média de 5,6%. Aomesmo tempo, em 1996 foi assentada aprimeira CDHU em Marília, com 938 mora-dias, e, atualmente, possui 2.423 unidadesno distrito. Neste ano foi realizado o desfa-velamento pela CDHU de 70 famílias. Trata-se de um programa onde são construídasmoradias a fim de tirar essas pessoas des-ses assentamentos, oferecendo local maisdigno, e transformando a favela em umparque, ou uma área de lazer, ou umapraça. Na realidade constatou-se que nãovem ocorrendo o desfavelamento desejadoe sim a retomada desse local por outrasfamílias. Apesar de visível empenho deórgãos governamentais o problema “fave-la” continua.

MATERIAL E MÉTODOS

O material de que lançamos mãopara esta pesquisa, em uma relação objeti-va, constituiu de uma espaço ambientalurbano relacionado com assentamentoshumanos denominados “ favelas”, localiza-das na periferia da cidade de Marília, esta-do de São Paulo, situada na região centrooeste, distante cerca da 480 Km da capi-tal.

A fim de processar este trabalho,em uma relação instrumental, foram utili-zadas máquinas fotográficas, filmadoras eblocos de anotações. Na relação intérprete,o pesquisador lançou mão de seus sistemasde percepção (os cinco sentidos) asso-ciados ao argumento da comparação entrea realidade e o objeto, tendo como base orepertório intelectual relacionado com aAgenda 21. Em terceiro lugar, utilizou-se deargumentos transdisciplinares relacionadoscom a espiritualidade.

A metodologia constou de percep-ção ambiental; leitura do não verbal, com oobjetivo de combinar imagens, fazer coe-xistir a parte de uma, com a parte de outrasim-bólico e, de perceber voluntariamen-te ou não, as conexões entre sistemas. (8)

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo das favelas de Marília podeser visualizado sob cinco enfoques deinsustentabilidade: social, espacial,ambiental, econômica e cultural.

1 - Insustentabilidade Social: A gra n d ecrise sistêmica que percebemosneste final de século tem inúmerosindicadores. Todos os indicadoresanalisados nas f avelas de Marília,estão interligados numa mesma teia(6), o que torna impossível afirmarque um dos indicadores é resultadode um único problema. O desempre-g o, por exe m p l o, é apenas um indi-c a d o r, o crescimento destes assenta-mentos clandestinos é um outro indi-c a d o r, e assim por diante. A impossi-bilidade de escolha de um estilo devida digno, o d e s e s p e rançado senti-do de vida tornam esta cultura damiséria cada vez mais excluída dasociedade urbana como um todo.Este é o grande problema que reúnetodos os indicadores negativos quepudemos perceber neste ambiente eque dificultam cada vez mais um fácilsolução viáve l .

2 - Insustentabilidade Espacial: A faltade planejamento urbano nestesassentamentos clandestinos dificultae, em grande parte, impossibilitaqualquer tipo de melhoria urbanasem que seja necessária uma reen-genharia espacial. Os espaços entreas habitações são totalmente irregu-lares, e as "ruas" são apenas trilhasque dão passagens entre elas. Existeo problema da extensão, tomandocada vez mais o espaço periférico dacidade, onde existe os cinturões ve r-des, os mananciais e áreas de riscoperto das falésias. Nas falésias exis-tem também a área verde daFloresta Atlântica, que está emextinção e portanto, tombada pelop a t r i m ô n i o nacional e mundial.

3 - Insustentabilidade Ambiental : Afavela da Vila Barros está situadasobre um dos maiores mananciaisde Marília cujo o córrego que aindatenta sobreviver neste local, trans-formou-se em depósito de lixo,sem vida, mal cheiroso. É um dosmais complicados indicadores deinsustentabilidade ambiental. Este éo argumento que impede quaisquerhipóteses de solução para estemesmo local, mas que justifica apromoção do planejamento e mane-jo destes assentamentos humanospara outro local digno e seguro eque dê em condições de uma ótimaqualidade e de um estilo de vidafamiliar dignos.

4 - Insustentabilidade Econômica: Nãoexiste planejamento urbano devidoao fato de esta área corresponder aum manancial, fato que impede osm o radores de serem donos do espa-ço que ocupam e,portanto, n ã opodem também vendê-los. Sem ai n f ra - e s t r u t u ra básica, não existee s g o t o, nem pav i m e n t a ç ã o, nemguias de calçadas; a eletricidade éclandestina, como também a água.Os barracos construídos são precá-rios, sem o menor valor de mercado.São índices da miséria, construídoscom sucatas de construções urba-nas sem nenhum va l o r. Muitosm o radores não têm emprego,porém conhecem um ofício e quan-do podem, fazem "bicos" comopedreiros, pintores, encanadores, eoutros similares. Muitos recolhemo lixo seco papéis, vidros, metais,plásticos da cidade para revende-rem aos "atravessadores", por pre-ços irrisórios. É a política econômicado "ganha-perde", onde um ganha emuitos perdem.

5 - Insustentabilidade Cultural: Nãoexiste uma sociedade sem cultura. Éa cultura que caracteriza uma socie-dade. Os assentamentos das fave l a ssão caracterizados pela cultura da

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m i s é r i a, a cultura dos excluídos. Estac u l t u ra é percebida pela linguagemsem palav ras, onde a leitura é feitapela observa ç ã o, pela percepção,pela intuição, pelo coração e pelarazão(2,3,4). Alguns dos índicesdesta cultura da miséria podem sero b s e r vados nos seguintes ícones: asorganizações dos barracos, a coerên-cia das formas construtiva s a cor ea textura dos materiais de constru-ç ã o, altura e volume das habitações ,as características dos mora d o r e s ,físicas, as expressões das crianças,as formas de se vestir que reve l a mdecadência dos gostos e dos costu-m e s a insalubridade o cheiro dolocal, o esgoto aberto, o chão lama-c e n t o, e a trilha por entre casebres,erosão quando não vo ç o r o c a

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de várias tentativas por partedos moradores e de terem construído umaSede Social, falta à infra - e s t r u t u ra intelec-tual com conhecimentos necessários parainiciar uma mudança com visão sistêmica,holística e prospectiva (7). Por esta ra z ã o, asituação se encontra em estado de inércia,e s p e rando que "alguém" traga a solução. Asolução está na conscientização que oscidadãos devem ter sobre a potencialidadec r i a t i va que existe em seus cérebros e emseus corações para criarem projetos de par-ceria com política econômica do "ganha-ganha" (10) i . é ., onde todos ganham: acidade, o meio ambiente, a parceria, asociedade favelada. Uma sociedade feliz éaquela que é auto-sustentável, onde cadacidadão faz parte, faz falta e é importantep a ra a nossa comunidade, para a cidade,p a ra a nação, para o planeta, para o unive r-so (5,11). Esperar que "alguém" traga asolução é insustentável, faz parte de umac u l t u ra de dependência que menospreza apotencialidade criativa de cada cidadão, édesumana e gera a violência (2,3,4). Agirde maneira criativa, solidária, coopera t i va etomar decisões em conjunto é sustentáve l ,

pois cria um sistema libertador, humanoque gera o amor e a fraternidade. Estes sãoos princípios da Agenda 21-ECO 92 (1) . "Oque muda em relação à organização comu -nitária do passado, é que a Agenda 21 Localvê relação da comunidade com o poderpúblico como uma parceria, um compromis -so mútuo. As favelas devem eleger seusrepresentantes e participar ativamente dosfóruns da Agenda 21 Local e dos Grupos deT r a b a l h o" .

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BROWN, L.(org.) . Salve o Planeta Terra!Qualidade de vida . São Paulo: Globo,1990.

CAPRA, F. A Teia da vida. São Paulo:Cultrix, 1998.

CREMA, R. Visão Holística em Psicologiae Educação. São Paulo: Summus, 1991.

Ferrara, L. Leitura sem Palavras. SãoPaulo: Ática, 1993.

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U N E S C O, UNICEF: Cadernos deEducação Ambiental. 1 Conceitos parase fazer Educação Ambiental. 2 Em direçãoao Mundo da Vida: Interdisciplinaridade eEducação Ambiental. 2 ed. revisada. 1997.

André Luis Carrilho Nucci1

Sérgio Fernando Miquelette Alves2

NUCCI, A. L. C. ; ALVES, S. F. M. Sede de con-trole e transmissão para canais de tv digital: umnovo programa arquitetônico. Revista Assen-tamentos Humanos, Marília, v 9, n 1, p 75 - 77,2007.

P a l a v r a s - c h a v e : N ovas tecnologias dei n f o r m a ç ã o, tecnologia digital, partidoarquitetônico.

Na internet já existem exemplos debancos de dados interativos de notícias,eventos, cinema, vídeo clipes e episódiosde momentos do cotidiano de qualqueranônimo. Tudo indica que, num futuro pró-x i m o, poucas imagens conseguirão semanter privadas, e todos poderão se tornarcinegrafistas, diretores e personagens.

A televisão em seu padrão digitaldemonstra similaridade aos sistemas jáencontrados na “navegação" pela internet.Isto indica que o sistema de tv digital sig-nifica mais do que alta definição de ima-gens: significa interatividade. Já existememissoras de televisão internacionais, compadrão de assinatura digital, que permitemao telespectador fazer, por exemplo, aescolha do ângulo preferido. As atuaisemissoras terão de se adaptar a um novotipo de transmissão: a “transmissão digitalcom interatividade”.

O telespectador terá o domínio daprogramação. Com o apoio da internetteremos como fazer compras ou dar opi-niões imediatas, no momento das apresen-tações, sem sair da frente do monitor.

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1 Aluno do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Marília.2 Professor mestre titular da cadeira de projeto arquitetônico - do curso de Arquitetura e Urbanismo da Univer-sidade de Marília.

SEDE DE CONTROLE E TRANSMISSÃO PARACANAIS DE TV DIGITAL:

um novo programa arquitetônico

Partindo da idéia de que não seráexclusividade dos grandes canais a produ-ção das imagens transmitidas, todas aspessoas poderão contar histórias, mostrarsuas vidas ou simplesmente seus hábitosprediletos.

Serão necessárias sedes administra-tivas para controle dessas imagens, alémde novas leis para defender a privacidade ea ética dos cidadãos.

Como a televisão, a arquitetura temresponsabilidades perante a sociedade. Elacria opiniões, parâmetros sócio-econômi-cos e intelectuais. Partindo-se das premis-sas descritas, idealizar um projeto arquite-tônico para espaços com estas característi-cas exigirá do arquiteto a compreensão detodas as mudanças que estão ocorrendoneste poderoso meio de comunicação.

Em busca destes novos conceitos,procuramos desenvolver projetos que bus-quem acima de tudo a discussão das solu-ções. O projeto arquitetônico aqui apresen-tado esta sendo desenvolvido como traba-lho de conclusão de curso. Foi dividido emtrês blocos distintos unidos por uma praçade convivência e contemplação do espaço,tudo coroado por uma estrutura indepen-dente, alta e leve. Cada bloco possui volu-metria diferenciada, apropriadas as fun-ções específicas de cada setor, sendo inter-ligados com passarelas, marquises, áreasverdes e espelhos d’água, que juntos com-põem uma praça central, dando unidade aoconjunto. Suas estruturas em aço e isola-mento em vidro remetem ludicamente anovas tecnologias.

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Vista oeste do conjunto arquitetônico.

Vista norte do conjunto.

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Vista da entrada do conjunto com portaria de segurança.

Sobre a Revista

Formato:200 x 265 mm

Mancha:33,5 x 46,5 paicas

Tipologia:Verdana / Futura medium / AvantGarde

Papel:Copimax - 75/gm2 (miolo)Xerocoat - 220/gm2 (capa)

Impressão:Avalon Gráfica Rápida

Acabamento:Avalon Gráfica Rápida / Baby Binder

Tiragem:500 exemplares

Produção:Paulo Kawauchi