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Assédio moral nas organizações: O papel da
comunicação organizacional
Flávia Patrícia Rodrigues Pereira Hipólito
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO
GRAU DE MESTRADO EM GESTÃO ESTRATÉGICA EM RELAÇÕES PÚBLICAS
Orientadora:
Professora Adjunta Sandra Miranda
Escola Superior de Comunicação Social – Instituto Politécnico de Lisboa
Lisboa, 2018
II
DECLARAÇÃO
Eu, Flávia Patrícia Rodrigues Pereira Hipólito, aluna finalista do Mestrado em
Gestão Estratégica das Relações Públicas na Escola Superior de Comunicação Social,
declaro que sou a autora desta dissertação, parte integrante das condições exigidas para a
obtenção do grau de Mestre em Gestão Estratégica das Relações Públicas. Declaro ainda que
este trabalho é original, nunca antes submetido a qualquer instituição de ensino superior para
obtenção do grau académico de qualquer habilitação. Certifico também que todas as citações
incluídas ao longo da dissertação estão devidamente identificadas. Por último, acrescento
que tenho plena consciência de que o plágio poderá levar à anulação da dissertação agora
apresentada.
Lisboa, 25 de outubro de 2018
___________________________________
Flávia Pereira
III
RESUMO
Atualmente tem-se assistido a constantes mudanças nas organizações. Estas surgem
mais focadas nos seus públicos (internos e externos), em particular nos seus colaboradores,
verificando-se uma crescente preocupação na comunicação que é realizada e de que forma é
que estas mensagens são rececionadas, existindo um efeito a curto e a longo prazo no
ambiente organizacional, nomeadamente em questões relacionadas com comportamentos
adversos no ambiente de trabalho, como o caso do assédio moral.
O assédio moral assenta num tema cada vez mais atual e necessário de ser explorado
no contexto das Relações Públicas, porque uma das características deste problema é a
persistência com que as agressões ocorrem e a forma como ocorrem, condicionando
resultados organizacionais e favorecendo a ocorrência de consequências prejudiciais para as
organizações. Como consequências mais comuns destacam-se o stress organizacional e o
cinismo organizacional que afetam diretamente o individuo e, por sua vez, a organização.
Deste modo, o presente estudo tem como objetivo analisar o assédio moral como
comportamento negativo no ambiente organizacional, assim como os impactos que se
sucedem, e consequentemente, verificar de que forma a comunicação organizacional pode
mediar estes efeitos. Tendo sido, para isso, desenvolvido um estudo quantitativo com recurso
a aplicação de inquéritos por questionário.
Os resultados gerados da amostra de conveniência (N=155) demonstraram que o
assédio moral exerce um impacto positivo quer no stress, quer no cinismo organizacional,
ou seja, à medida que o assédio moral aumenta o stress e o cinismo também aumentam,
tendo a comunicação organizacional um papel essencial, uma vez que tem efeito mediador
nestes impactos.
Palavras-Chave – Assédio Moral, Stress Organizacional, Cinismo Organizacional,
Comunicação Organizacional
IV
ABSTRACT
Nowadays we have witnessed constant changes in organizations. These appear more
focused on their stakeholders (internal and external), in particular their employees, verifying
an increasing worry in communication which is performed and the way these messages are
received, existing a short and long term effect on the organizational environment, mainly on
issues related to adverse events in the work environment, like the case of moral harassment.
Moral harassment is based on an increasingly current issue that needs to be explored
in the context of public relations, because one of the characteristics of this problem is the
persistence with which the aggressions occur and the way they occur, conditioning
organizational results and favouring the occurrence of harmful consequences for
organizations. The most common consequences is work-related stress and organizational
cynicism.
This way, the present study aims to analyse moral harassment like a negative
behaviour in the organizational enviroment. Such as, impacts that succeed each other and
consequently, verifys the way in which organizational communication can mediate these
effects. Having been developed for this purpose a quantitative study using questionnaires.
The results generated from the sample convenience (N=155) shows that moral
harassment has a positive impact in either stress or organizational cynicism, that is, as
bullying increases stress and cynicism also increases, does organizational communication
play an essential role, since it has a mediator effect on these impacts.
Keywords – Moral harassment, work-related stress, organizacional cynicism,
organizacional communication
V
ÍNDICE DE CONTEÚDOS
DECLARAÇÃO ................................................................................................................... II
RESUMO ............................................................................................................................. III
ABSTRACT ......................................................................................................................... IV
ÍNDICE DE CONTEÚDOS ................................................................................................. V
ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS ............................................................................... VII
AGRADECIMENTOS ........................................................................................................ IX
INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
CAPÍTULO I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO .......................................................... 3
1.1 Assédio Moral em contexto organizacional ................................................................. 3
1.1.1 Evolução do conceito ............................................................................................ 3
1.1.2 Determinantes do assédio moral ............................................................................ 6
1.1.2.1 Fatores individuais .......................................................................................... 7
1.1.2.2 Fatores organizacionais ................................................................................... 8
1.1.3 Consequências do Assédio moral ........................................................................ 10
1.1.3.1 Consequências para o individuo ................................................................... 11
1.1.3.2 Consequências para a organização ............................................................... 13
1.1.3.2.1 Stress Organizacional ............................................................................. 15
1.1.3.2.2 Cinismo Organizacional ......................................................................... 17
1.2 A Comunicação nas Organizações ............................................................................. 20
1.2.1 A comunicação em contexto organizacional ....................................................... 20
1.2.2 A Comunicação com os colaboradores ............................................................... 22
1.3 Modelo Teórico de Análise ........................................................................................ 26
CAPÍTULO II – MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO ....................................................... 28
2.1 Objetivos da Investigação .......................................................................................... 28
2.2 Tipo de Investigação .................................................................................................. 28
2.3 Instrumentos de Recolha de Dados ............................................................................ 29
2.3.1 Escalas utilizadas na Recolha de Dados .............................................................. 29
2.4 Procedimentos na Recolha de Dados ......................................................................... 31
2.5 Procedimentos na Análise de Dados .......................................................................... 31
2.6 Amostra ...................................................................................................................... 32
CAPÍTULO III – RESULTADOS .................................................................................... 33
3.1 Consistência Interna das Escalas ................................................................................ 33
VI
3.2 Caracterização da Amostra ........................................................................................ 34
3.2.1 Dados Sociodemográficos ................................................................................... 34
3.2.2 Análise descritiva das dimensões ........................................................................ 37
3.2.2.1 Assédio Moral ............................................................................................... 37
3.2.2.2 Stress Organizacional ................................................................................... 38
3.2.2.3 Cinismo Organizacional ............................................................................... 38
3.2.2.4 Comunicação Organizacional ....................................................................... 39
3.3 Análise da Variância .................................................................................................. 40
3.3.1 Assédio Moral ..................................................................................................... 40
3.3.2 Stress Organizacional .......................................................................................... 41
3.3.3 Cinismo Organizacional ...................................................................................... 42
3.3.4 Comunicação Organizacional .............................................................................. 43
3.4 Modelo Teórico de Análise: Análise de Regressão ................................................... 45
CAPÍTULO IV – DISCUSSÃO DE RESULTADOS E CONCLUSÕES ..................... 50
4.1 Discussão de Resultados ............................................................................................ 50
4.2 Conclusões ................................................................................................................. 52
4.3 Limitações da investigação ........................................................................................ 54
4.4 Sugestões para investigações futuras ......................................................................... 54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 55
ANEXO A ........................................................................................................................... 63
VII
ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS
Figuras
Figura 1 Causas e consequências do assédio moral ............................................................... 7
Figura 2 - Modelo Teórico de Análise ................................................................................. 26
Tabelas
Tabela 1 Efeitos do Assédio Moral ...................................................................................... 13
Tabela 2 - Qualidades da comunicação com os colaboradores ........................................... 25
Tabela 3 - Consistência interna das escalas - Alfa de Cronbach ......................................... 34
Tabela 4 - Distribuição por Género ..................................................................................... 34
Tabela 5 - Distribuição Etária .............................................................................................. 35
Tabela 6 - Distribuição do Estado Civil ............................................................................... 35
Tabela 7 - Distribuição Formação Académica .................................................................... 35
Tabela 8 - Distribuição Setor de Atividade ......................................................................... 36
Tabela 9 - Distribuição da Posição Profissional no emprego atual ..................................... 36
Tabela 10 - Distribuição do Tempo de trabalho na empresa atual ...................................... 36
Tabela 11 - Estatística Descritiva da Dimensão: Assédio Moral ......................................... 37
Tabela 12 - Estatística Descritiva dos Itens: Assédio Moral ............................................... 37
Tabela 13 - Estatística Descritiva da Dimensão: Stress Organizacional ............................. 38
Tabela 14 - Estatística Descritiva da Dimensão: Cinismo Organizacional ......................... 39
Tabela 15 - Estatística Descritiva da Dimensão: Comunicação Organizacional ................. 39
Tabela 16 - Estatística Descritiva dos Itens: Comunicação Organizacional ....................... 39
Tabela 17 - Análise da Variância: Assédio Moral ............................................................... 40
Tabela 18 - Análise de Variância: Assédio moral vs Género .............................................. 41
Tabela 19 - Análise de Variância: Assédio moral vs Setor de Atividade ............................ 41
Tabela 20 - Análise da Variância - Stress Organizacional .................................................. 41
Tabela 21 - Análise da Variância - Stress Organizacional vs Género ................................. 42
Tabela 22 - Análise da Variância - Stress Organizacional vs Setor de Atividade ............... 42
Tabela 23 - Análise da Variância: Cinismo Organizacional ................................................ 42
Tabela 24 - Análise de Variância: Cinismo Organizacional vs Género .............................. 43
Tabela 25 - Análise de Variância: Cinismo Organizacional vs Idade ................................. 43
Tabela 26 - Análise de Variância: Cinismo Organizacional vs Setor Atividade ................. 43
Tabela 27 - Análise da Variância – Comunicação Organizacional ..................................... 44
Tabela 28 - Análise da Variância – Comunicação Organizacional vs Género .................... 44
VIII
Tabela 29 - Análise da Variância – Comunicação Organizacional vs Setor de Atividade .. 44
Tabela 30 - Análise Regressão linear: Assédio Moral e Stress Organizacional .................. 46
Tabela 31 - Análise Regressão linear: Assédio Moral e Cinismo Organizacional .............. 46
Tabela 32 - Análise Regressão linear: Assédio Moral e Comunicação Organizacional ..... 46
Tabela 33 - Análise Regressão Linear: Comunicação Organizacional e Stress
Organizacional ..................................................................................................................... 47
Tabela 34 - Regressão linear – Assédio vs Stress vs Comunicação Organizacional ........... 48
Tabela 35 - Análise Regressão Linear: Comunicação Organizacional e Cinismo
Organizacional ..................................................................................................................... 48
Tabela 36 - Regressão linear – Assédio vs Cinismo vs Comunicação Organizacional ....... 49
IX
AGRADECIMENTOS
A realização desta dissertação de mestrado contou com o apoio de várias pessoas que
sempre me deram incentivo e força para concluir esta etapa com sucesso. Assim, pretendo
agradecer a todos aqueles me apoiaram neste processo, em especial:
À Prof. Dra. Sandra Miranda, pela sua orientação, pelo interesse neste trabalho, por
todas as críticas construtivas que contribuíram para a minha aprendizagem e desempenho,
por toda a ajuda dispensada e especialmente por me fazer acreditar que seria possível
concluir esta etapa.
À minha mãe pela sua presença em todos os momentos importantes, em todos os
obstáculos, e pelo seu apoio incondicional.
Ao meu namorado que me incentivou desde o início, que esteve ao meu lado nas
fases mais difíceis e que sempre me motivou a seguir em frente.
Aos meus amigos e às minhas colegas de trabalho pela ajuda que me deram quando
precisei e por toda a disponibilidade e compreensão.
1
INTRODUÇÃO
O assédio moral em contexto organizacional consiste num problema recorrente nas
organizações, pretendendo-se assim dar particular ênfase aos efeitos e consequências para a
organização e para o individuo, de forma a analisar em que medida a comunicação
organizacional medeia o efeito entre o assédio moral, o stress e o cinismo organizacional.
Sendo o assédio moral analisado em contexto organizacional, é essencial perceber de que
forma a comunicação organizacional pode minimizar este problema e atenuar as
consequências nefastas tanto para organização como para o sujeito dada a complexidade e a
competitividade que existe atualmente, o que força as organizações a evoluírem e a criarem
dinâmicas especificas (Grama e Todericiu, 2016).
O assédio moral expõe uma temática com um elevado interesse de estudo, surge de
uma necessidade de abordar um problema social importante, dado que surge cada vez mais
nas organizações (Nielsen e Einarsen, 2012). É um tema sensível e com uma abordagem
quase inexistente em contexto organizacional que pode afetar qualquer individuo no seu
local de trabalho de forma direta ou indireta. Este problema afeta de forma negativa tanto as
vítimas como a organização, os indivíduos deixam de contribuir positivamente para a
organização, sendo a mesma afetada com a baixa produtividade e até mesmo com a intenção
de os colaboradores deixarem de fazer parte da empresa, podendo também ser comprometida
a reputação e a imagem da organização.
Assim, este tema torna-se pertinente no âmbito das Relações Públicas devido ao seu
impacto significativo sobre colaboradores e organizações. Um comportamento de trabalho
desviante leva muitas vezes a atos que se revelam contraproducentes para se atingir objetivos
organizacionais (Ahmed, Kiyani e Hashmi, 2013). Sendo o assédio moral um problema que
condiciona tanto as atitudes dos indivíduos como os resultados organizacionais, pretende-se
perceber que efeitos e repercussões pode ter.
É um tema que pode trazer consequências profundamente negativas e pouco
discutido na perspetiva das organizações e das vítimas, sendo então pertinente:
Verificar quais os níveis de assédio moral em contexto organizacional na amostra
em estudo;
Verificar quais os níveis de stress organizacional em contexto organizacional na
amostra em estudo;
2
Verificar quais os níveis de cinismo organizacional em contexto organizacional
na amostra em estudo;
Verificar se existe correlação entre o assédio moral e o stress organizacional;
Verificar se existe correlação entre o assédio moral e o cinismo organizacional;
Compreender se a comunicação organizacional pode atenuar os efeitos do assédio
moral
Foi assim desenvolvida uma investigação com base num estudo correlacional, com
recurso a uma metodologia de investigação de natureza quantitativa, através da aplicação de
inquéritos por questionário a pessoas de diversos níveis e funções na empresa onde
trabalham, as quais foram inquiridas para procurar identificar situações de assédio moral,
que já possam ter ocorrido.
Assim, numa primeira fase é essencial compreender o tema base de estudo, sendo o
primeiro capítulo referente ao enquadramento teórico dedicado inicialmente ao conceito de
assédio moral, à sua origem, causas e consequências como o stress organizacional e o
cinismo organizacional, procurando-se de seguida entender o papel da comunicação numa
organização e de que modo pode estar associado à ocorrência do assédio moral. Após toda
esta interligação entre o problema central que é o assédio moral e a comunicação
organizacional, no segundo capítulo encontra-se a definição da metodologia que conduziu
à parte empírica do presente estudo. No terceiro capítulo são apresentados os resultados
obtidos dos inquéritos por questionário realizados, sendo estes resultados discutidos no
quarto capítulo juntamente com as principais conclusões, limitações deste estudo e
sugestões para futuras investigações.
3
CAPÍTULO I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO
1.1 Assédio Moral em contexto organizacional
1.1.1 Evolução do conceito
O assédio moral em contexto organizacional que se caracteriza por uma atitude
agressiva contra um ou mais colaboradores numa organização, não constitui um problema
da contemporaneidade, tem sim vindo a manifestar-se de uma forma demarcada ao longo
dos anos. Perante um tema ainda silencioso na sociedade que começa aos poucos a ganhar
uma relevância significativa, é fundamental que todas as partes envolvidas, sejam eles os
colaboradores, a organização ou até mesmo a sociedade despertem para as consequências
nefastas que este problema pode provocar quer nos indivíduos, quer nas organizações. Desta
forma, o assédio moral constitui um fenómeno que tem vindo a ganhar uma enorme
importância, assumindo uma variedade de terminologias como bullying em países de língua
inglesa, assédio em países de língua francesa e mobbing mais comum nos restantes países
(Hoel et al., 2011) não existindo um consenso de um único conceito universalmente aceite.
Conceptualmente, o termo mobbing começou por ser definido por Konrad Lorenz
pelo comportamento agressivo de um grande número de animais com o objetivo de expulsar
um animal intruso (Lorenz, 1966), posteriormente a definição original é introduzida anos
mais tarde por Leymann como uma forma de bullying nas organizações. No entanto,
considera que o conceito de bullying deve ser dirigido a agressões que envolvem crianças e
adolescentes e mobbing utilizado em casos de agressões que envolvem adultos, sendo de
certa forma caracterizado por agressões maioritariamente psicológicas e não físicas
(Leymann, 1996). Contudo, bullying, utilizado no Reino Unido e em alguns países de língua
inglesa, identifica um comportamento de abuso pessoal realizado de uma forma persistente
em público ou em privado com o objetivo de humilhar uma pessoa (Adams, 1992 in
Einarsen, 2000), podendo se tratar de uma agressão física ou psicológica. O assédio tem
também o significado equivalente com o mesmo fim, embora se encontre com uma ligação
maioritariamente vincada ao assédio sexual, consiste num processo continuado que se
prolonga no tempo e que se traduz transversalmente “num conjunto de comportamentos
percecionados como abusivos com o objetivo de intimidar, coagir ou ameaçar [e
comprometer] a dignidade de outra (s) pessoa (s)” (Torres et al., 2016, p. 6).
Assumindo um significado com uma maior complexidade, surge o conceito de
assédio moral, por Marie-France Hirigoyen, tratando-se de um conceito mais restrito e
inserido maioritariamente no contexto organizacional, enquanto que os restantes termos
4
detêm uma conotação mais ampla, podendo ser introduzidos em vários contextos (escolar,
social, pessoal,..).
Segundo Laura Crashaw existe uma diversidade de palavras relacionadas com o
assédio moral:
“Abuso, abusivo, agressão, bullying, mobbing, local de trabalho
contraproducente, comportamento abusivo, abuso emocional, assédio
emocional, abuso emocional do empregado, abuso no local de trabalho, assédio,
comportamento hostil no local de trabalho, maus-tratos, agressão não física,
assédio não sexual, abuso psicológico, agressão psicológica, assédio
psicológico, terror psicológico, bode expiatório, bullying ilícito, comportamento
humilhante, agressão no local de trabalho, assédio no local de trabalho, violência
no local de trabalho”
(Crawshaw, 2009, p. 264)
Desta forma, existe uma proliferação de termos e expressões com um elevado grau
de complexidade, que na realidade se traduzem num só significado, isto é, todos eles estão
restritamente relacionados com o desrespeito pela integridade física e psíquica de qualquer
individuo. Os termos utilizados podem representar realidades e contextos diferentes, fazendo
com que não exista uma definição ou conceito unicamente aceite para este problema, mas
constituem na mesma medida conceitos que se podem adaptar e serem introduzidos também
no âmbito organizacional.
A par destes conceitos, denomina-se assédio moral em contexto organizacional
quando ocorre numa organização e um colaborador é remetido a situações de humilhação,
ameaças, agressão psicológica e desprezo por parte do agressor, que usa o seu poder de uma
forma indevida. Podem ser diretamente ataques verbais ou físicos à vítima, mas também
podem ser ações como excluir ou isolar a vítima de seu grupo de trabalho (Bartlett, James
E. e Bartlett, 2011; Yüksel e Tunçsiper, 2011; Tehrani, 2012), manifesta-se por um
comportamento de forma sucessiva com o objetivo de agredir a vítima e de a inferiorizar
através de uma forte agressão psicológica.
Os comportamentos podem manifestar-se através de críticas constantes, eliminação
de responsabilidade que lhe era inerente, delegação de tarefas comuns, insultos constantes
perante outros colaboradores ou em privado, estagnação na empresa em que se impossibilita
que a vítima possa atingir novas oportunidades ou promoções, exclusão da vítima nas
atividades de trabalho, criação de boatos e definição de prazos e trabalhos impossíveis de
cumprir (Divincová e Siváková, 2014). Pretende-se com tais atitudes diminuir a autoestima
das vítimas e colocar em causa a sua ligação ao local de trabalho conduzindo a uma
5
turbulência de acontecimentos em que a vítima é desgastada a nível emocional. Este tipo de
agressão pode surgir também de forma coletiva, isto é, quando numa organização todos os
colaboradores são afetados por “qualquer conduta abusiva que surge através de
comportamentos, [atitudes, expressões], palavras e gestos que possam trazer danos à
personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, pôr em perigo
seu emprego ou degradar o ambiente do trabalho” (Hirigoyen, 2008, p. 65).
Estes comportamentos não devem, contudo, ser percecionados como uma mera e
ocasional discussão profissional. O local de trabalho é constituído por pessoas o que por si
só se torna um local propício ao surgimento de conflitos, sendo desta forma habitual
surgirem pequenos desentendimentos no seio de uma organização, nem todos partilham da
mesma opinião e da mesma visão. O assédio moral não consiste numa mera discussão
profissional, sendo deste modo essencial distinguir estas atitudes de forma a identificar os
abusos sucessivos como assédio moral, não se tratando de uma situação pontual, mas sim de
comportamentos constantes em que se trata de desgastar e frustrar uma pessoa através de
tentativas sucessivas de intimidação (Brodsky, 1976 in Einarsen et al. 2011).
Uma organização encontra-se diretamente ligada com as relações humanas, pessoas
com ideias, atitudes e opiniões diferentes, o que torna suscetível o surgimento de atritos,
podendo surgir por vezes atitudes menos positivas que atingem negativamente uma pessoa,
contudo estes acontecimentos pontuais não se podem denominar comportamentos de assédio
moral, devendo assim existir especial atenção aos comportamentos dos colaboradores.
O assédio moral assume três fases distintas que de certa forma permitem diferenciar
tais acontecimentos de qualquer situação pontual que possa ocorrer dentro da organização:
a) Inicia com uma forte agressão psicológica sobre a vítima, podendo existir
diferentes tipos de agressores. Pode ser realizado de forma hierárquica, isto é, através de um
superior hierárquico (Redinha, 2003), manifestando-se assim por assédio vertical; entre
colegas do mesmo nível hierárquico (assédio horizontal) motivados pela competitividade
por uma promoção, sentimentos de inveja ou por motivos a nível pessoal (Guedes, 2003 in
Grazina e Magalhães, 2011) e assédio misto quando existe a combinação entre o assédio
vertical e o assédio horizontal, em que o superior hierárquico assume o papel de cúmplice
do agressor, quando tem conhecimento do problema e nada faz para o resolver (Pacheco,
2007 in João, 2009);
b) Verifica-se a continuação de situações em que uma pessoa está exposta
repetidamente e ao longo do tempo a ações negativas por parte de uma ou mais pessoas
6
(Vartia, 1993 in Einarsen, 2000; Akella, 2016) surgindo efeitos nefastos sobre a vítima.
Estão aqui criadas as condições para consequências a nível da saúde, motivação e bem-estar
na vítima, através de acontecimentos traumáticos e desgastantes com possíveis implicações
na organização que acaba por ser afetada também de forma negativa. Assim, os efeitos do
assédio moral estendem-se de forma notória e destrutiva;
c) Momentos negativos de uma forma sucessiva em que causa um mal-estar no
ambiente de trabalho, a vítima na melhor das hipóteses deixa o seu departamento e na pior
das hipóteses o seu local de trabalho (Kallwass, 2007 in Divincová e Siváková, 2014). Seria
essencial o apoio de gestores e colaboradores, e às vezes até mesmo órgãos públicos ou
governamentais para travar este problema, contudo muitas vezes não estão dispostos a
aceitar a sua própria existência, e muito menos impedir e gerir de forma justa os casos que
surgem (Keashly e Jagatic, 2011).
Em suma, pode-se afirmar que o comportamento intentado contra uma ou mais
pessoas no ambiente de trabalho, denominado por Redinha (2003) como assédio moral,
terror ou terrorismo psicológico é um fenómeno psicossocial que conta com uma existência
significativa, onde se encontram dispersos os valores de civismo e convivência em sociedade
e onde são relevados os instintos cruéis presentes no ser humano, sendo um problema que
tem origem nos comportamentos do ser humano, naquilo que este é capaz de fazer dadas
todas as circunstâncias envolventes.
1.1.2 Determinantes do assédio moral
O assédio moral, cujo problema desencadeia comportamentos e situações
verdadeiramente negativas, não ocasionais, dentro de uma organização, pode ser
determinado por diversos motivos (Figura 1), não se tratando de uma agressão psicológica
sem precedentes. Consiste assim numa forma de o agressor atingir a vítima e com isso ganhar
algo que ele próprio anseia, por motivos pessoais, inveja ou por uma personalidade intrínseca
que suscita desde logo a este tipo de comportamentos sem razões aparentes gerando alguma
pressão sobre a vítima (fatores individuais), ou proveniente de um ambiente com baixos
índices de liderança e com uma fraca gestão organizacional, uma cultura organizacional1
deficitária baseada na ausência de uma preocupação com os colaboradores, fomentando o
surgimento de atitudes negativas no ambiente laboral (fatores organizacionais), e até mesmo
por uma pressão no trabalho elevada.
7
Figura 1 Causas e consequências do assédio moral
Fonte: (Zapf, 1999, p. 71)
A sucessão de acontecimentos denominados de assédio moral podem dividir-se desta
forma em duas vertentes distintas.
1.1.2.1 Fatores individuais
Os fatores individuais resultam de causas expressamente interligadas ao individuo
sem qualquer influência do ambiente organizacional. Assentam na competição e rivalidade,
características estas inerentes às relações humanas. Existe um desequilíbrio de poder
percebido entre o agressor e a vítima, que resulta de um abuso de poder e/ou de uma luta de
poder dentro da organização em que o objetivo é crescer na empresa por meios que envolvem
a destabilização de outros colegas, “os agressores procuram validação e muitas vezes lutam
com questões emocionais e pessoais” (Fapohunda, 2013, p. 41).
Cada vez mais assiste-se a uma competitividade crescente nas relações laborais, em
que surge o receio de perder o poder e o status2 dentro da organização assim como o
rendimento, que se traduzem na perceção de que os interesses individuais poderão ser
ameaçados, procurando assim por um aumento, por um novo cargo diferenciando-se de
modo positivo perante os superiores, sendo que para isso seja necessário atingir alguém de
________________
1 A Cultura Organizacional trata-se da forma de como uma organização realiza tudo o que precisa fazer para
cumprir seu propósito ou missão (Sanchez, 2006), assim sendo “fornece às organizações um senso de
identidade e determina, por meio das atitudes, rituais, crenças, significados, valores, normas e linguagem da
organização a forma de como a organização funciona” (O’Donnell e Boyle, 2008, p. 4).
2 O poder e status podem conduzir a um ambiente no qual os colaboradores não se sentem seguros em se
envolver na organização (Bunderson e Reagans, 2010).
8
forma negativa para esse fim. Conquistar algo dentro da organização para alguns não se trata
de ser um bom profissional, mas sim de “eliminar” de certa forma aqueles que podem estar
no seu caminho. Os indivíduos que se envolvem em comportamentos de assédio moral não
possuem um autocontrolo de si próprios, são detentores de uma instabilidade emocional que
promovem situações de irritabilidade com tendência à agressividade. Desta forma, estes
comportamentos desviantes podem ser de certa forma para quem os pratica um estímulo de
elevar a sua autoestima e colmatar alguma ausência de competências sociais e afetivas
(Matthiesen e Einarsen, 2010).
No que diz respeito às vítimas, geralmente não se tratam de meros colaboradores que
apenas realizam o seu trabalho, ao contrário disso são pessoas proativas, de grande
responsabilidade e profissionais qualificados. São pessoas com estas características que
fazem com que os agressores se sintam “ameaçados”, pois são indivíduos que contribuem
de forma eficiente para a organização, o que na mente do agressor estes seus colegas podem
“prejudicar” o poder que têm ou pretendem atingir dentro da organização. Segundo Guedes
(2003 in Grazina e Magalhães, 2011) as vítimas caracterizam-se com um sentido de
responsabilidade intrínseco, sendo vulgarmente pessoas bem-educadas e detentoras de
qualidades profissionais e morais de grande valor, escolhidas justamente por terem algo
mais.
Por outro lado, pode ser apenas uma questão de rivalidades triviais e conflitos
interpessoais, em que o objetivo não é alcançar algo dentro da organização, mas sim
desgastar a vítima por motivos pessoais, raciais, de género ou por algo que esta tenha feito.
As questões pessoais aqui sobrepõe-se às questões profissionais. Ao ser iniciada uma
agressão psicológica sobre o “alvo” que se pretende atingir seja num caso ou noutro, faz com
que a vítima não se sinta bem no seu local de trabalho, baixe a sua produtividade, tenha
intenções de mudar de departamento ou até mesmo sair da organização. Perante tais factos,
o assédio moral, que se prende a fatores individuais tem a finalidade de destabilizar e
desgastar a vítima de forma de propositada para atingir um fim sob “humilhação pública,
ameaças verbais, evitando o alvo, espalhando rumores [e até mesmo sabotando o trabalho
da vítima]” (Wilkin e Kent, 2011, p. 3).
1.1.2.2 Fatores organizacionais
Numa perspetiva organizacional, Leymann (1996) defende que os fatores
relacionados com a gestão organizacional e com a qualidade dos comportamentos de
liderança são as causas fundamentais que incitam à ocorrência do assédio moral nas
9
organizações. Um clima de trabalho social fraco, impulsionado por um clima de insegurança
psicossocial, a ausência de suporte de liderança e as altas exigências podem estimular
comportamentos de assédio moral (Samnani e Singh, 2016)
O abuso de poder de superiores hierárquicos é frequente nas organizações em que os
colaboradores não são valorizados, e assim, tratados com desdém. Apenas existem para fazer
o que é exigido pelos superiores, que por vezes usam o poder que têm para humilhar e criticar
alguém, seja em privado ou em público, por meio de uma liderança fraca e injustiça para
com os colaboradores, através do desrespeito, falta de honestidade, o controlo excessivo e
uma posição autoritária. Trata-se de uma ameaça à posição profissional que envolve a
ausência de informações essenciais, o descrédito para o trabalho executado, a falta de um
feedback construtivo, a atribuição tarefas de trabalho banais ou impossíveis de cumprir, o
excesso de supervisão e controle, e também, uma desvalorização e a sobrecarga de trabalho
atribuída (Zapf, 1999; Einarsen, 2005; Keashly e Jagatic, 2011).
Em geral, os supervisores não valorizam os seus colaboradores exercendo uma
violência psicológica vincada no dia-a-dia, levando a uma comunicação enfraquecida ou até
mesmo inexistente e a modelos de gestão e relacionamento disfuncionais, o que se traduz
numa falta de cultura organizacional equilibrada e consciente. Uma cultura organizacional
eficiente e funcional age em conformidade com desenvolvimento da organização e com o
bem-estar dos seus colaboradores, tem em consideração “a organização como um todo, [o
modo como todos os intervenientes pensam e agem] assim como o trabalho nela realizado,
o seu papel, o seu negócio, os processos de comunicação e relacionamento interpessoal”
(Grazina e Magalhães, 2011, p. 117). Numa organização em que os seus superiores agem de
acordo com comportamentos suscetíveis de degradar o ambiente de trabalho, contribuindo
de uma forma negativa para o seu desenvolvimento, não são praticados modelos
organizacionais eficientes, não existindo assim uma cultura organizacional baseada em
crenças, valores, expectativas compartilhadas por todos os membros de uma organização
(Shein, 2004).
Por sua vez, as organizações podem também ser pressionadas e intimidadas pelos
seus stakeholders3 externos (acionistas, clientes, …) para alcançarem um desempenho e
performance de alto nível (Tehrani, 2012), sendo desta forma os colaboradores da
________________
3 Freeman define stakeholder como “qualquer grupo ou indivíduo que possa afetar ou seja afetado pela
realização dos objetivos da empresa” (2004, p. 229).
10
organização pressionados para atingir os objetivos e metas definidos, através de um ritmo
de trabalho por vezes acelerado e desgastante gerado por uma gestão ineficiente dos líderes
e gestores. Para uma maior produtividade e consequentemente para um bom desempenho da
organização, os colaboradores necessitam de ser motivados e afastados de situações de
stress. Quando pressionados e insatisfeitos, os colaboradores começam a criar uma relação
negativa com a organização, colocando menos esforço no seu trabalho, pondo em causa o
seu lugar na organização levando assim a uma predisposição de assédio organizacional com
a organização (Hershcovis et al., 2007).
Uma organização caracterizada por conflitos, situações de sobrecarga de trabalho,
stress, baixa autonomia, insegurança, disputa de interesses e um excessivo controlo sobre os
seus colaboradores potenciam a probabilidade de atitudes e comportamentos que atuam no
âmbito do assédio moral (Einarsen, 2000; de Cuyper, Baillien e de Witte, 2009). As
organizações, em geral, devem ter uma preocupação acrescida com os seus colaboradores,
reduzindo a pressão e os níveis de stress de modo a criar formas que aumentem a motivação.
E para isto ser exequível é necessário existir uma gestão eficiente, equilibrada e racional por
parte dos líderes. Atualmente as organizações estão a ser geridas de uma forma inadequada
no que se refere aos aspetos relacionados com o fator humano e organização de tarefas,
resultando assim de colaboradores insatisfeitos, inseguros e desmotivados.
Independentemente dos fatores que determinam os comportamentos de assédio
moral, o agressor assume por norma uma personalidade conflituosa, que promove o mau
estar com a vítima fazendo com que esta se sinta inferiorizada e desconfortável com toda a
situação provocada (Salin e Hoel, 2011), encaminhado sempre a organização e as próprias
vitimas para consequências preocupantes.
1.1.3 Consequências do Assédio moral
Uma organização em que estão criadas condições para o surgimento de uma agressão
psicológica intensa, que é o assédio moral, conduz a uma organização com um elevado clima
de insegurança, insatisfação e desmotivação gerando-se desta forma uma exposição
acentuada a situações de stress tal como é referido pela Agência Europeia para a Segurança
e a Saúde no Trabalho4 (Divincová e Siváková, 2014). Os colaboradores deixam de querer
________________
4 A EU-OSHA tem como objetivo tornar os locais de trabalho europeus mais seguros, mais saudáveis e mais
produtivos, em benefício das empresas, dos trabalhadores e dos governos. A agência promove uma cultura de
prevenção de riscos para melhorar as condições de trabalho na Europa.
11
pertencer à organização, a sua saúde psicológica, e também física, são afetadas, diminuindo
a sua produtividade e o seu bem-estar. Existe um efeito “bola de neve” em que as várias
consequências do assédio moral vão desencadeando outras consequências que atingem o
individuo e a organização num todo, na medida em que afetam o seu desenvolvimento de
forma negativa e a condição emocional da vítima e de todos os que presenciam e sabem da
existência deste problema. Torna-se de elevada importância reconhecer as consequências
tanto para o individuo como para a organização.
1.1.3.1 Consequências para o individuo
As agressões podem surgir de diversas formas com um único propósito de afetar
negativamente a vítima. O assédio moral tendo como principal característica a transposição
noutra pessoa de uma violência maioritariamente psicológica, pode assumir o seu papel na
criação de boatos, no isolamento da vítima, na sua inferiorização, desprezo ou até mesmo
numa agressão psicológica direta em que o agressor não esconde perante a vítima o que
pretende, insultando-a, descredibilizando o seu trabalho e as suas competências. A vítima
começa assim por sofrer uma desvalorização total afetando a sua autoestima, envolvendo-se
num processo de instabilidade e perda gradual de autoconfiança através de humilhações
persistentes que diminuem os valores morais do individuo, deixando-o numa situação
enfraquecida (Hirigoyen, 2008).
Assim, Leymann (1996) afirma que os efeitos sobre as vítimas devem ser estudados
de acordo com o tipo de agressão a que estão sujeitas, ou seja, no caso de situações em que
existe agressões e ameaças verbais as vítimas poderão começar a sentir dificuldade em
comunicar e em expressarem-se de forma adequada, no caso do isolamento em que os
colegas deixam de falar com a vítima, torna a vítima isolada e com dificuldade em manter
contactos sociais, no que diz respeito à criação de boatos sobre a vítima atinge a sua
reputação pessoal e a delegação de tarefas desnecessárias, ataques físicos e trabalhos
perigosos podem mesmo atingir a sua saúde física.
Os indivíduos reagem de diversas formas que se manifestam na sua energia,
envolvimento e eficácia, refletindo-se quer no trabalho, quer na vida pessoal (Leiter, Bakker
e Maslach, 2014). As vítimas sujeitas a uma constante agressão psicológica apresentam
assim elevados níveis de ansiedade, dificuldade em dormir, problemas de concentração,
distúrbios digestivos, stress, perturbações psicológicas, falta de motivação, confiança e
autoestima que podem levar à depressão e até mesmo ao suicídio. Surgem deste modo níveis
de confiança reduzidos, um aumento da timidez e uma sensação de vulnerabilidade, bem
como sentimentos de culpa e autodesprezo (Hogh, Mikkelsen e Hansen, 2011; Weisel, 2016)
12
sendo desencadeadas consequências que podem ser prejudiciais, com possíveis reflexos ao
nível da saúde, física ou psíquica da vítima, influindo negativamente na sua própria família
tal como nas relações sociais.
Todo este fenómeno culmina em efeitos adversos que são suscetíveis de se
perpetuarem no tempo, conduzindo também a um transtorno stress pós-traumático (PTSD)
ou síndrome de Burnout comum em pessoas que são expostas a qualquer evento traumático
que as atinge física ou psicologicamente. Einarsen (2005) caracteriza o PTSD como um
transtorno que em primeiro lugar, é revivido por memórias insistentes e dolorosas do evento,
pesadelos recorrentes ou por desconforto psicológico intenso ao recordarem-se do
acontecimento. Em segundo lugar, a vítima esforça-se para evitar situações associadas ao
trauma, alterando a sua forma de pensar e sentir. Em terceiro lugar, o paciente pode não ter
a capacidade de reagir emocionalmente de forma adequada, diminuindo o seu interesse em
atividades que costumavam trazer alegria, mostrando afetos limitados ou a sensação de não
ter futuro. Nielsen e Einarsen (2012) e Korunka e Tement (2010) caracterizam o burnout
como um distúrbio causado por uma experiência de esgotamento a longo prazo que leva a
um menor interesse do individuo em atividades que anteriormente o satisfaziam, o que antes
tinha valor é desvalorizado (família, amigos, trabalho, lazer…), a sensação que tudo é um
problema, desgastante e difícil de solucionar podendo levar a um colapso físico e mental.
O assédio moral tem um impacto substancial na forma como vítima interage, na
medida em que estas situações vão influenciar os seus pensamentos, atitudes e
comportamentos durante os estímulos provocadores do agressor, e até mesmo depois de estes
terem terminado (Ferris et al., 2016). Verifica-se com isto o surgimento de perturbações
psicológicas que podem resultar em problemas físicos, surgindo assim sintomas
psicossomáticos, em que o mal-estar físico tem início na mente, ou seja, todos os problemas
psicológicos que surgem com o assédio moral (ansiedade, stress, perturbações do sono,
vulnerabilidade, situações depressivas) podem ocasionar “dores de cabeça, problemas
respiratórios e cardíacos, hipertensão e hipersensibilidade aos sons” (Einarsen et al, 2011).
Conforme um estudo de O’Moore (2000) indica 40% das vítimas afirmam que o assédio
moral afetou a sua saúde física e 43% a sua saúde mental (in Martino, Hoel e Cooper, 2003).
Todas estas perturbações e problemas na vítima aumentam o desconforto em
permanecer na organização, resultando a intenção de deixar a empresa na medida em que o
compromisso organizacional diminui quando já não existe a partilha dos mesmos valores,
assim como, envolvimento e dedicação à organização. Contudo, quando a questão financeira
13
é o principal fator motivador no ambiente organizacional. Os colaboradores precisam de
permanecer na empresa por necessidade, o que torna este um fator impeditivo para que as
vítimas deixem a organização, dado que não possuem outro meio de subsistência ou têm
uma idade avançada. Com o receio do desemprego, aceitam assim a humilhação conduzindo
a comportamentos depressivos, à desmotivação e ao descontentamento (Yüksel e Tunçsiper,
2011), trazendo assim consequências negativas tanto para vítima como para a organização.
Portanto, o assédio moral deve ser tido em conta como comportamento desviante e
inaceitável, não podendo minimizar tais acontecimentos e caracteriza-los como normais,
uma vez que categorizar o assédio moral como um simples acontecimento, ou um conflito
entre colaboradores, estando perante um processo de negação, pode causar um sofrimento
mais intenso, um sentimento de vergonha e uma autoestima baixa, levando a um desgaste
cada vez maior da vítima (Matthiesen e Einarsen, 2007). É assim crucial depreender que o
problema existe, uma responsabilidade compartilhada entre as partes envolvidas capaz de
gerir todo este processo, beneficiando a vítima de modo a atenuar possíveis consequências,
ou até mesmo estagnar toda a sua evolução.
1.1.3.2 Consequências para a organização
Os colaboradores são o público principal que contribui para o desenvolvimento e
existência de uma organização, se estes são afetados por comportamentos desfavoráveis, que
contribuem para a sua desmotivação afetando o seu desempenho e sentimento de bem-estar
dentro da organização, a organização irá se deparar com consequências prejudiciais para o
seu desenvolvimento (Tabela 1).
Tabela 1 Efeitos do Assédio Moral
Efeitos para o individuo Efeitos organizacionais
Aumento de Burnout
Depressão
Receio em perder o emprego
Défice de atenção
Problemas Físicos
Alienação para a organização
Diminuição da motivação
Diminuição da performance
Insatisfação
Aumento da intenção de sair da
organização
Diminuição da cidadania organizacional
Diminuição da confiança
Aumento da taxa de rotatividade
Diminuição da performance organizacional
Diminuição do compromisso organizacional
Diminuição da confiança com a organização
e com os seus gestores
Aumento dos custos
Custos adicionais em novos recrutamentos e
no processo de adaptação
Reforma antecipada e exigência de
pagamento de indemnizações
Imagem da organização comprometida
Diminuição da qualidade de produção
Perda de colaboradores qualificados
Fonte: Pelit e Pelit (2014, p. 38)
14
Os resultados de assédio moral podem manifestar-se através da perda de respeito
pelos líderes, fraco desempenho profissional, diminuição da produtividade, baixas médicas
e demissões (Winbolt, 2013). As vítimas deixam de ter interesse em contribuir positivamente
para a organização, podendo assim ser instalado um mau ambiente de trabalho e insatisfação,
nos casos em que são provados comportamentos de assédio moral é comprometida a
reputação e imagem da organização. Para além das vítimas, os colaboradores que presenciam
os atos praticados, podem também reagir negativamente e de igual forma (Hershcovis, Reich
e Niven, 2015), uma vez que não estão de acordo com tais comportamentos e com o receio
de serem também alvo de situações de agressão moral.
A cultura organizacional surge deste modo enfraquecida, uma vez que é destruída a
confiança organizacional que conduz à perda da reputação e por sua vez à de clientes
fragilizando assim o poder competitivo no mercado (Akar, Anafarta e Sarvan, 2011). Uma
cultura organizacional danificada já não proporciona motivação aos colaboradores, dá
origem a um processo de alienação, leva a insatisfação no trabalho e intenção de
transferência, é destruída a confiança organizacional (Zapf, 1999).
A insatisfação e a desmotivação conduzem a um contributo negativo para a
organização tendo implicações não só dentro da organização como também para o exterior
através de um fraco desempenho profissional que se intensifica com as consequências
manifestadas nas vítimas. De acordo com Wright e Cropanzano (1998), um esgotamento
físico e emocional, uma despersonalização do individuo e a ausência de realização pessoal
em que o colaborador acaba por se sentir incompetente e ineficaz, conduz a um desempenho
baixo, a situações de stress que se podem traduzir numa prestação de serviços ou bens com
uma qualidade reduzida por parte das vítimas de assédio moral.
A reputação da organização é comprometida com a prestação de um serviço de má
qualidade e com o relato de casos de assédio moral em que existe uma publicidade negativa.
O impacto prejudicial da publicidade negativa que acompanha os casos de assédio moral no
local de trabalho não deve ser subestimado, particularmente no atual clima económico
difícil, onde as imagens negativas dos comportamentos de alguns gestores em algumas
organizações podem resultar em uma perceção negativa das suas organizações e das suas
profissões. Essa perda de reputação não afeta apenas colaboradores, clientes e fornecedores,
mas também acionistas (Namie, 2007).
15
Perante isto, surge um elevado impacto nas organizações que se traduz pela falta de
colaboradores, com a colocação de baixas médicas e demissões, um fraco desempenho
profissional levando a uma menor produtividade e qualidade nos serviços e bens que a
organização oferece, traduzindo-se todos estes problemas num aumento dos custos na
organização. Estes custos influenciam a produtividade uma vez que o colaborador não se
encontra a realizar o seu trabalho, ou seja, o custo para com este colaborador não é
rentabilizado, assim como, quando o colaborador decide em sair da organização (Cascardo,
2011 in Grizzle, 2016). Se os colaboradores se demitem, é necessário iniciar novos processos
de recrutamento e retenção de colaboradores que são dificultados se a reputação da
organização for negativa. O aumento dos custos relacionam-se também com as questões de
recrutamento, retenção, formação e desenvolvimento de um novo colaborador dentro da
empresa, uma vez que as novas contratações implicam uma menor eficiência inicial dos
funcionários de substituição até que estes alcancem o mesmo nível de desempenho que os
indivíduos que foram substituídos (Hoel et al., 2011) e implica um esforço acrescido de
forma a motivar novos colaboradores e fazê-los acreditar na organização e que o seu
contributo é valioso para esta.
O assédio moral resulta assim de um clima organizacional demarcado por uma
agressão persistente, afetando não só o grupo de trabalho como também a organização como
um todo, gerando-se um ambiente tóxico e deteriorado (Lipinski e Crothers, 2014)
evidenciado numa comunicação organizacional enfraquecida e despreocupada com o bem-
estar geral.
O assédio moral em contexto de trabalho conduz a vários efeitos negativos, sendo a
alteração das atitudes organizacionais os efeitos mais evidentes. Tais atitudes interferem com
a organização em geral, com a diminuição da sua produtividade, do seu desenvolvimento e
bem-estar geral dos colaboradores, diminuindo a sua satisfação e fomentando sentimentos e
atitudes negativas que se encontram associados um desgaste emocional permanente. Neste
contexto o stress e o cinismo organizacional surgem como consequências deste fenómeno
dentro da organização, tornando-se essencial perceber quais as suas especificidades e como
se manifestam.
1.1.3.2.1 Stress Organizacional
O stress organizacional descreve “o sentimento de uma pessoa que é obrigada
desviar-se do funcionamento normal ou desejado no local de trabalho” (Parker e Decotiis,
1983, p. 165), por outras palavras, surge como um estímulo, uma resposta a situações em
16
que as pessoas são colocadas sob pressão durante um período de tempo, tratando-se assim
de uma reação física e emocional entre um individuo no seu ambiente, que o prejudica e que
ocorre quando as condições no âmbito organizacional não correspondem às capacidades,
expectativas e necessidades do trabalhador (National Institute for Occupational Safety and
Health, 1999 in Park, 2007).
Os colaboradores encontram-se submetidos a comportamentos adversos como
elevadas situações de pressão no trabalho, obrigação de cumprimento de objetivos pouco
suscetíveis de serem atingidos nos timings definidos, mau ambiente de trabalho,
desvalorização, falta de apoio, conflitos e desentendimentos internos entre colegas e
superiores que originam um relacionamento interpessoal relacionado com problemas sociais
ou físicos sucedendo-se à falta de um suporte social, isto é, situações em que os indivíduos
são afetados por comportamentos que promovem a sua fragilidade e integridade, (Cox,
Griffiths e Rial-Gonzalez, 2000; Palmer, Cooper e Thomas, 2004; Islam, Mohajan e Datta,
2012) como o assédio moral.
Desta forma, o stress advém de situações difíceis de gerir, sendo uma das
consequências mais comuns do assédio moral em que os colaboradores não compreendem o
seu papel na organização e não sentem que fazem parte desta, e igualmente um antecedente
que pode desencadear tais acontecimentos uma vez que organizações em que estão presentes
altos níveis de pressão e desgaste psicológico, podem criar condições para que surjam
comportamentos que visem a desgastar os colaboradores (Hauge, Skogstad e Einarsen,
2007). Assim sendo, pode-se denominar o stress como uma atitude ambígua que transtorna
o funcionamento de uma organização desencadeando comportamentos moralmente
inaceitáveis, e que em simultâneo se torna uma consequência muito comum perante tais
comportamentos de assédio moral.
O stress manifesta-se desde logo no individuo a nível da saúde tanto de forma
psicológica como física através de uma maior preocupação, irritação, perdas de memória,
dificuldade de concentração, ansiedade, desmotivação, uma sensação depressão constante,
dores de cabeça, cansaço extremo, onde hábitos alimentares e as relações sociais são também
afetadas de forma negativa, podendo levar o individuo ao isolamento. Verifica-se um estado
de tensão que varia conforme as experiências vividas no ambiente de trabalho que implicam
mudanças consideráveis a nível da saúde, expressas de várias formas que envolvem as
funções cognitivas, os sentimentos e o comportamento (Cox, Griffiths e Rial-Gonzalez,
2000).
17
O problema reflete-se no clima organizacional através da insatisfação no ambiente
de trabalho, da resistência em ir trabalhar o que resulta de uma baixa produtividade e um
baixo comprometimento com a organização, tornando-a mais vulnerável e com uma maior
dificuldade em manter-se competitiva no mercado (Motowidlo, Packard e Manning, 1986;
Park, 2007). Com isto alteram-se as condições de trabalho, a experiência vivida na
organização, o modelo e a cultura organizacional existente, um padrão completo de eventos
intensivos e recorrentes são fatores determinantes que incentivam ao surgimento de situações
frequentes de stress, em que são despertadas sentimentos de ansiedade, frustração, depressão
e uma maior sensibilidade que afetam o individuo de forma intensiva e que
consequentemente diminuem a sua performance, a sua forma de estar e de trabalhar na
organização.
Perante uma organização em que o assédio moral existe e que conduz a momentos
constantes de stress, é inevitável que o seu desenvolvimento, qualidade de produção de
produtos ou serviços não seja atingido, sendo assim criado um problema dentro da
organização, assim como fora da organização na medida em se quebra a reputação, imagem
e confiança da organização quando a qualidade desta diminui, transformando-se numa
organização pouco atrativa (Florea e Florea, 2016) quer a nível de fidelização e captação
novos clientes, quer à retenção e atração de novos colaboradores.
Existem em todas as organizações momentos de pressão, stress, que fazem parte do
ambiente organizacional, mas quando estas características são exaltadas sob consequências
de situações negativas de forma contínua, como o caso do assédio moral, todo o modo de
funcionamento da organização é colocado em causa, comprometendo todo o seu normal
funcionamento e desenvolvimento, conduzindo ao stress organizacional. Em contrapartida,
num estudo realizado foi possível verificar que se os colaboradores se identificarem com a
organização, se existir um maior bem-estar e um comprometimento e não ocorram situações
negativas de forma demarcada e constante, os níveis de stress são consideravelmente
reduzidos, apresentando-se colaboradores bem-sucedidos e eficientes (Dick, Ciampa e
Liang, 2018).
De acordo com o que já foi mencionado, deriva-se a hipótese 1 de investigação: o
assédio moral tem efeito positivo no stress organizacional.
1.1.3.2.2 Cinismo Organizacional
O cinismo organizacional refere-se a uma atitude negativa em relação à empresa
através de atitudes de desprezo, comentários pessimistas, emoções negativas, tais como a
18
raiva, desilusão, ressentimento, desespero, insegurança, apatia, alienação, desconfiança
(Andersson, 1996; Nafei e Kaifi, 2013; Assis e Nascimento, 2017). Quando se dá por parte
dos colaboradores uma elevação das expectativas dentro de uma organização que não são
atendidas, constitui-se um sentimento de frustração e desmotivação, que por sua vez
conduzem à desconfiança e insatisfação no local de trabalho (Kanter e Mirvis, 1989 in
Thompson et al., 2000).
Os colaboradores acreditam e sentem que a organização tem falta de integridade e
honestidade para com os seus trabalhadores, o que cria sentimentos negativos em relação à
mesma, tendo assim o indivíduo tendência em adotar um comportamento crítico com a
organização. Na mesma medida, Dean, Brandes e Dharwadkar (1998), caracterizam o
cinismo como um estado negativo em relação à organização sustentando no facto de que a
organização não tem integridade e possui uma pré-disposição a comportamentos críticos e
negativos, que pode ocorrer em qualquer tipo de trabalho, não se delimitando a um setor, ou
a uma ocupação em especifico e que pode ser alterado consoante a experiências vividas na
organização.
Segundo Nafei (2013), o cinismo organizacional apresenta três dimensões e
consequências:
Afetivas: Referem-se às reações emocionais e sentimentais para a organização;
Cognitivas: Consiste na crença que a organização não possui honestidade e
transparência;
Comportamentais: Tendências para comportamentos depreciativos, críticas em
relação à organização que são consistentes com estas crenças e efeitos.
O assédio moral é um problema que dá origem ao cinismo organizacional, e que se
enquadra nestas três dimensões que Nafei (2013) refere. A nível afetivo as vítimas diminuem
o seu nível de comprometimento com a organização, sentem um mal-estar e uma pressão
constante que conduz num sentimento de tristeza e ressentimento em relação à organização.
A nível cognitivo revela-se o descredito pela organização, a insatisfação, ansiedade e
frustração. Por fim, geram-se comportamentos negativos que faz com que o nível de
eficiência e produtividade diminua e a intenção de deixar a organização aumente. Perante os
efeitos negativos que são gerados, pode-se afirmar que o cinismo detém um papel
significativo nas relações no que diz respeito ao esgotamento emocional e à ineficácia
profissional (Bang e Reio Jr., 2017).
19
O cinismo organizacional é o resultado dos problemas que surgem na organização,
ou seja, caracteriza-se como um efeito de experiências e eventos que ocorreram
anteriormente (Wanous, Reichers e Austin, 2004). De acordo com Khan (2014), o cinismo
organizacional encontra-se intrinsecamente ligado com a satisfação no local de trabalho e
com a motivação, e são estas variáveis que assumem um papel importante na intenção de
deixar a organização. Os comportamentos de assédio moral (agressão e violência
psicológica) que resulta das experiências vividas no local de trabalho, a afetividade que o
colaborador tem para com a organização, as diferenças individuais, a falta de suporte e
justiça no seio da organização, são fatores que podem provocar nos colaboradores uma
atitude cínica, de descrença e desilusão na organização.
O cinismo geralmente leva a associações negativas como o desempenho e
comportamento social, conflitos entre os indivíduos e ausências frequentes no local de
trabalho (Chiaburu et al., 2013). Assim, de forma a evitar o cinismo organizacional os
gestores precisam desempenhar um papel mais ativo na organização, analisar as suas causas
pode ajudar a resolver assuntos que têm tendência a desencadear tais comportamentos
indesejados, assim como adotar procedimentos éticos, “se esses fatores causais puderem ser
identificados, os gestores serão capazes de detetar e moderar os efeitos destrutivos do
cinismo” (Andersson, 1996, p. 1415).
Segundo o estudo de Pelit e Pelit (2014) existe uma relação positiva entre o assédio
moral e o cinismo organizacional. O assédio moral causa um esgotamento emocional, o que
aumenta atitudes cínicas por parte dos colaboradores, uma vez que estes sentem que não
estão a ser bem-sucedidos nem têm motivos para se sentirem responsáveis com a
organização. Neste sentido surgem atitudes cínicas como o desinteresse para com a
organização através de uma baixa assiduidade, assim como, atitudes céticas, hostis e
desprezo.
Neste contexto, deriva-se a hipótese 2 de investigação: o assédio moral tem efeito
positivo no cinismo organizacional.
20
1.2 A Comunicação nas Organizações
1.2.1 A comunicação em contexto organizacional
A comunicação nas organizações trata-se de uma dimensão que tem evoluído de
forma notória, sendo assim importante entender a ligação entre organização e comunicação
e a forma como se relacionam. De uma forma muito clara e concisa Carrillo (2014) define
uma organização como uma empresa ou uma instituição, pública ou privada, que trabalhando
de forma organizada procura atingir um certo objetivo, cumprir determinada missão e obter
a concretização da sua visão estratégica. Contudo Taylor (1993) numa perspetiva mais
profunda defende que uma organização constitui uma rede de interações e relações entre
seres humanos com o objetivo de contribuir para um negócio através de um entendimento e
de uma partilha de interesses de forma coerente, ou seja, uma organização é integrada por
pessoas que trabalham em conjunto e de forma estruturada com um objetivo comum. Porém,
o alcance destes objetivos não é possível sem comunicação e entendimento, uma vez que é
através da comunicação que os relacionamentos são estabelecidos e as mensagens ganham
significados. A comunicação é o suporte de todas as relações humanas e quando utilizada de
forma eficiente, estratégica e planeada em ambientes organizacionais pode contribuir para o
êxito de uma organização (Barros e Matos, 2015).
Numa visão holística, a comunicação nas organizações assenta em várias perspetivas
como “comunicação organizacional, de relações públicas, comunicação institucional,
interna, publicitária, mercadológica ou corporativa” (Ruão e Kunsch, 2014, p. 7), consistindo
assim num conceito dinâmico e complexo.
De acordo com vários autores da especialidade, Mourão (2017, p. 221) defende que
existem 4 aspetos fundamentais inerentes à comunicação organizacional:
A comunicação envolve símbolos, mensagens e significados [que se formam
através das informações, comportamentos e atitudes];
Trata-se de um processo que não pode ser isolado do contexto em que ocorre [a
comunicação organizacional envolve várias dimensões, ocorre em diversos
contextos, não sendo um procedimento isolado, na medida que contribui para um
entendimento geral];
Os significados são negociados através da comunicação, ou seja, a partilha pode
ser possível mas não totalmente atingida;
21
Todos os membros devem estar envolvidos, todos assumem um papel de
emissores e recetores.
A comunicação organizacional contribui então para o desenvolvimento das
organizações, uma vez que se traduz num processo que permite estabelecer uma relação com
os seus públicos, internos e externos, de forma estratégica e de acordo com as suas
necessidades perante as várias mudanças.
No contexto atual, as organizações apresentam particularidades específicas
caracterizadas por ambientes complexos e desafios constantes, em que os líderes devem ser
capazes de entender tais comportamentos, valores e crenças dos seus colaboradores, de
forma a identificar e aplicar mudanças necessárias (Sanchez, 2006). A forma de gerir tais
situações assenta na comunicação com a organização, que se tem destacado estritamente
para uma preocupação individual e coletiva, capaz de resolver problemas de gestão da
organização, como a melhoria do desempenho organizacional, a motivação dos
colaboradores, a construção de relacionamentos e o sentimento de pertença à organização
(Almeida, 2013).
Em concordância com uma preocupação constante com o ambiente organizacional,
assiste-se a um aumento substancial da importância de uma comunicação nas organizações
que valoriza as relações humanas e que tenta manter a sua qualidade, Miller (2012)
denomina-a de comunicação de inovação, que tem como objetivo estimular o fluxo de ideias
de todos os membros da organização, a sua satisfação e motivação através de uma
comunicação multidirecional, ou seja, se antes a comunicação era predominantemente de
forma hierárquica (comunicação vertical), agora o foco é uma comunicação que também dá
ênfase a uma comunicação de todos para todos (comunicação horizontal), em que o
propósito estratégico pode talvez ser expresso como sendo a preocupação com a construção
de relações bidirecionais e envolventes com os públicos internos, com o objetivo de melhorar
a eficácia organizacional (Tench e Yeomans, 2006).
Esta preocupação crescente com uma comunicação baseada nas relações humanas,
enquadra-se de certo modo na perspetiva do paradigma interpretativo, em que a organização
é vista como um “espaço social onde se evidenciam a partilha de valores, práticas e
significados (…) gerando realidades partilhadas que permitem a tomada de decisão, a
influência e a cultura, sendo todos estes conceitos encarados como processos de
comunicação que ajudar a criar a interação humana” (Mourão, Miranda e Gonçalves, 2016,
p. 72).
22
1.2.2 A Comunicação com os colaboradores
Os colaboradores apresentam-se como os principais agentes impulsionadores de uma
organização, os embaixadores corporativos que contribuem para o seu desenvolvimento,
para a sua reputação e que acrescentam valor, se por “um lado, os funcionários são a força
de produção da organização que contribui diretamente para o desempenho organizacional.
Por outro lado, os funcionários são embaixadores corporativos e defensores da marca que
representam a organização” (Men, 2014, p. 265). De facto se não existirem colaboradores a
organização não existe, tornando-os parte essencial nas organizações, isto é, são os
colaboradores que contribuem para o sucesso organizacional de forma a dar resposta a todos os
stakeholders (Berger, 2008; Verghese, 2017). Os colaboradores não devem apenas realizar as
suas funções para o cumprimento de objetivos, é necessário comunicar com eles, entender
as suas necessidades, motivar e envolve-los na organização, informar sobre as principais
metas e objetivos propostos, assim como os resultados atingidos, de forma a estabelecer uma
relação de pertença à organização. Traduz-se assim a comunicação com os colaboradores de
uma abordagem mais técnica, para uma abordagem motivadora, de envolvimento e de
pertença.
As organizações são constituídas por pessoas, com necessidades específicas, de
culturas diferentes e é neste contexto que através de uma comunicação adequada e
direcionada se pode motivar, satisfazer as suas necessidades e manter um compromisso com
a organização. A comunicação com os colaboradores surge de forma a informar e envolver
todos os colaboradores na organização, consiste em identificar, estabelecer e manter relações
mutuamente benéficas entre a organização e os seus colaboradores de quem depende o seu
sucesso (Cutlip, Center and Broom, 2006).
Surge desta forma, a importância da comunicação com os colaboradores na medida
que contribui para o reconhecimento do fator humano como fator essencial no processo
produtivo, constituindo a comunicação um processo essencial nas organizações para a
construção de uma cultura de diálogo, participação, colaboração, partilha de informações e
valores a fim de estabelecer um relacionamento de confiança, transparência entre a
organização e os seus colaboradores, de forma atenta, preocupada, e de acordo com as suas
necessidades. Torna-se assim relevante analisar as necessidades comunicacionais de cada
segmento, adaptando a comunicação para cada um deles. Esta atenção à segmentação do
público coaduna-se com a visão de FitzPatrick (2004), que na perspetiva da comunicação
interna defende que os colaboradores não são um grupo de stakeholders homogéneo, tendo
de ser realizado uma segmentação dos colaboradores com base em fatores demográficos,
23
fatores psicográficos, grupos de funções (administradores, diretores, supervisores, entre
outros), tipo de vínculo contratual com a organização, ou localização geográfica.
A comunicação com os colaboradores é por sua vez entendida como uma forma de
gestão estratégica das interações e relações entre todos os envolvidos dentro de uma
organização, que inclui os colaboradores na tomada de decisões, participação em atividades
e questões relacionadas com a organização, que se encontra atenta e focada nas relações
entre os membros da organização. A comunicação com os colaboradores é muito mais que
“newsletters, atualização de negócios, reuniões, benefícios, intranet, e notícias eletrónicas”
(Gayeski, 2006, p. 67) na perspetiva de Welch e Jackson (2007) tem como objetivo reforçar
o sentimento de autoestima, contribuir para um maior compromisso organizacional,
promover um sentimento positivo de pertença com a organização, desenvolver um
relacionamento positivo entre os colaboradores, assim como antecipar qualquer mudança
prejudicial para a organização. Uma comunicação atenta e preocupada com os seus
colaboradores, que aposta no seu envolvimento faz com que exista um compromisso, uma
partilha de valores, um envolvimento e dedicação, sentindo-se os trabalhadores identificados
com a organização, ou seja, é a força de identificação de um indivíduo com uma organização
em particular e com a sua participação na mesma.
É de realçar que a comunicação existente numa organização é realizada por e para
pessoas, sendo essencial entender que estas agem segundo atitudes e comportamentos, e é
neste facto que uma comunicação baseada na socialização e na construção de relações pode
ser eficaz, tal como refere Sanchez (2006, p. 41) “O verdadeiro poder da comunicação como
forma de implementar e sustentar uma mudança de cultura surge através da sua capacidade
de conquistar os corações e mentes dos colaboradores – estabelecendo a confiança.” Uma
organização atenta aos níveis de satisfação, às atitudes, ao ambiente que existe no
relacionamento entre os seus colaboradores, pode perceber se algo de errado está a acontecer,
se estes se mantêm satisfeitos e motivados ou se tais atitudes negativas advêm de algum
problema e assim atenuar situações propicias a conflitos ou de assédio moral.
É assim fundamental estabelecer e manter relações benéficas com os colaboradores,
numa comunicação baseada na transparência. Malek e Yazdanifard (2012) reforçam a ideia
da transparência afirmando que aquilo que os gestores dizem ou não dizem passa uma
mensagem, e que a comunicação deve ser uma prioridade para eles e não descartada como
uma função essencial na organização, devendo ser dado aos colaboradores a oportunidade
de partilharem as suas opiniões, queixas ou sugestões. A organização através dos seus
24
gestores tem de se mostrar credível, assumir um compromisso com os seus colaboradores de
modo a contribuir para o bem-estar geral. Segundo Curvello (2009), a qualidade da
comunicação nas organizações só ocorrerá, quando existir uma partilha de informações para
todos, tendo como princípio a verdade, o respeito e as diferenças individuais.
As organizações devem saber analisar um conjunto de indicadores de desempenho
como a motivação, o compromisso ou a satisfação dos colaboradores (Almeida, 2013), isto
só é possível de verificar com uma comunicação atenta, preocupada e focada nas relações
interpessoais. A comunicação deve atuar de forma a serem percebidas as necessidades e
falhas que possam surgir através de atitudes organizacionais negativas. A comunicação, que
antes era pensada apenas como um meio para alcançar os objetivos organizacionais, passa a
ser pensada de uma forma planeada e estratégica (Lima e Abbud, 2015)com o objetivo de
“criar um ambiente interno eficiente e também manter um sentimento positivo entre os
funcionários”(Mihai, 2017, p. 104).
Os colaboradores devem ser vistos como um cliente, deve-se manter uma relação
semelhante centrada na satisfação e motivação de modo a fidelizar os colaboradores, os
“clientes internos” de uma organização, segundo Bueno (2005) constituem (ou deveriam
constituir), os públicos mais importantes de uma organização. A falha na comunicação
origina atitudes organizacionais negativas, na medida que “sem comunicação, não pode
haver organização, gestão, cooperação, motivação, ou processos de trabalho coordenados …
De facto, uma organização humana é simplesmente uma rede comunicacional. Se a
comunicação falha, uma parte da estrutura organizacional também falha” (Cunha et al.,
2004, p. 316).
A presença de uma comunicação organizacional enfraquecida, um estilo de liderança
disfuncional e uma cultura organizacional fragmentada pode originar comportamentos de
assédio moral gerando consequências negativas para a organização, como o stress
organizacional e o cinismo organizacional. A comunicação organizacional pode ter desta
forma um efeito mediador nas consequências desencadeadas uma vez que afeta de forma
positiva uma organização, quando realizada de forma planeada, preocupada e estratégica,
em contraste quando realizada de forma inadequada ou pouco frequente pode influenciar os
resultados organizacionais de forma negativa conduzindo ao surgimento de conflitos,
ambiguidade de papéis, desgaste e situações de stress, insatisfação, [assim como sentimentos
negativos contra a organização] e por sua vez falta de confiança (Mirvis e Kanter, 1989;
Andersson, 1996; Einarsen, 2005).
25
Desta forma, derivamos as seguintes hipóteses de trabalho:
Hipótese 3: A comunicação organizacional medeia o impacto do assédio moral
no stress organizacional
Hipótese 4: A comunicação organizacional medeia o impacto do assédio moral
no cinismo organizacional
Segundo Grunig e Grunig (2006) uma cultura organizacional autoritária é incapaz de
suportar uma comunicação que envolva os colaboradores, tratando-se de uma estrutura que
apresenta procedimentos e regras formais e rígidas, onde os colaboradores são distinguidos
através de privilégios e onde se assiste uma participação limitada e centralizada. Desta
forma, a comunicação torna-se deficitária neste género de culturas organizacionais,
conduzindo a atitudes negativas para todos os envolvidos, ao invés de uma cultura
participativa que é capaz de contribuir para a satisfação dos colaboradores através de
mudanças necessárias e uma comunicação eficiente que resulta no aumento de níveis de
satisfação e compromisso com a organização em que os colaboradores ganham um vínculo
e um compromisso de envolvimento com esta. Com o objetivo de favorecer a uma
comunicação eficiente que aposta no bem-estar da organização, é necessário que as
organizações através dos seus gestores procurem formas que incentivem os colaboradores
“a escutar, comunicar, partilhar, delegar, gerir conflitos” (Pereira, 2017, p. 247).
Num estudo realizado, Scarlett (2006, pp. 218–219) enumerou algumas das
qualidades que as organizações identificaram essenciais para uma comunicação nas
organizações de excelência de forma a conduzir a uma comunicação atenta e preocupada
com os colaboradores (Tabela 2).
Tabela 2 - Qualidades da comunicação com os colaboradores
Autoconsciência
Um gestor tem de reconhecer e compreender as suas próprias emoções,
conhecer o seu estilo de comunicar, os seus pontos fortes e as áreas que
exigem mais trabalho
Boa comunicação
entre gestores e
colaboradores
A informação deve ter um sentido, ou seja, os colaboradores têm de
perceber o significado da informação que é passada; os gestores devem
saber ouvir os colaboradores, sentindo-se estes valorizados e
incentivados a contribuir com as suas ideias
Construção de
confiança
A confiança é uma dimensão fundamental dos relacionamentos
interpessoais. É construída ao longo do tempo e é baseada na crença de
que essa pessoa será honesta e fiel. É essencial que sejam criadas
condições para um ambiente honesto e transparente, com especial
atenção pelos interesses da organização e dos colaboradores
Conhecer os
colaboradores
Saber o que lhes interessa e motiva
26
Ganhar empatia
A capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa e entender como
essa pessoa pode estar a pensar ou a sentir é fundamental. Sem isso, mal-
entendidos podem surgir. É essencial que se dê especial atenção à forma
como os colaboradores se sentem
Respeitar os colegas
de trabalho
Deve existir respeito e compreensão entre os colaboradores
Aumento do
compromisso
organizacional
É inerente ao ser humano quererem pertencer e sentir-se parte de um
grupo ou organização. Assim, os colaboradores devem-se sentir
envolvidos
Lidar com o
conflito
As organizações são constituída por pessoas com ideias, atitudes e
pensamentos diferentes, sendo natural o surgimento de conflitos. Assim,
tem se encontrar um equilíbrio, e lidar com os conflitos de uma forma
responsável e justa, e haver especial atenção aos comportamentos
negativos que possam surgir
Fonte: Scarlett (2006, p.218-219)
É assim, fundamental, procurar renovar os estilos de gestão, que passam a ser mais
direcionados às pessoas, substituindo a participação passiva por uma participação ativa dos
indivíduos (Lima e Abbud, 2015) de forma a combater atitudes negativas, como o assédio
moral, e a diminuir os impactos que este possa trazer.
1.3 Modelo Teórico de Análise
No contexto do enquadramento teórico desenvolvido e tendo como referência a
questão de partida formulada inicialmente foi construído o modelo teórico de análise (Figura
2).
Constitui-se assim fundamental com base nas hipóteses formuladas a partir da
revisão de literatura efetuada, analisar as relações existentes entre cada variável.
H1. O assédio moral tem efeito positivo no stress organizacional
H2. O assédio moral tem efeito positivo no cinismo organizacional
ASSÉDIO MORAL
STRESS ORGANIZACIONAL CINISMO ORGANIZACIONAL
COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL
Figura 2 - Modelo Teórico de Análise
27
H3. A comunicação organizacional medeia o impacto do assédio moral no stress
organizacional
H4. A comunicação organizacional medeia o impacto do assédio moral no cinismo
organizacional
28
CAPÍTULO II – MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO
Após uma análise dos conceitos relevantes que estão associados com o objeto de
estudo desta investigação, segue-se a definição da estratégica metodológica com a finalidade
de realizar uma análise dos dados respeitantes às variáveis em estudo e obter-se as relações
existentes entre elas, com base num estudo correlacional
A análise das variáveis em estudo permitiram responder à questão de partida do
presente estudo: Em que medida a comunicação organizacional medeia o efeito entre o
assédio moral, o stress e o cinismo organizacional?
2.1 Objetivos da Investigação
Neste âmbito, os objetivos deste estudo prendem-se com as variáveis analisadas ao
longo desta investigação:
Verificar quais os níveis de assédio moral em contexto organizacional na amostra
em estudo;
Verificar quais os níveis de stress organizacional em contexto organizacional na
amostra em estudo;
Verificar quais os níveis de cinismo organizacional em contexto organizacional
na amostra em estudo;
Verificar se existe correlação entre o assédio moral e o stress organizacional;
Verificar se existe correlação entre o assédio moral e o cinismo organizacional;
Compreender se a comunicação organizacional pode mediar os efeitos do assédio
moral
2.2 Tipo de Investigação
Na presente investigação após a formulação da questão de partida, recorreu-se à
revisão de literatura, considerando o que foi já anteriormente pesquisado segundo autores
especializados, sendo assim possível compreender as variáveis em estudo (assédio moral,
stress organizacional, cinismo organizacional, comunicação organizacional).
Pretende-se com esta investigação ir ao encontro dos objetivos propostos, tendo
sido para isso necessário realizar uma descrição rigorosa dos dados obtidos através do
inquérito por questionário utilizado com recurso a uma metodologia de investigação de
natureza quantitativa. Esta metodologia permite que os resultados presentes na amostra
utilizada possam identificar, explicar e prever acontecimentos, causas, efeitos de forma a ser
29
possível generalizar tais resultados para uma população maior (Sampieri, Collado e Lucio,
2013). Pretende com isto, compreender de que forma as variáveis se relacionam e verificar
de que forma são recorrentes no âmbito organizacional.
2.3 Instrumentos de Recolha de Dados
Com o enfoque numa pesquisa quantitativa, foi necessário recorrer à aplicação de
inquéritos por questionário, sendo este uma técnica em que se “coloca a um conjunto de
inquiridos, geralmente representativo de uma população, uma série de perguntas relativas à
sua situação social, profissional ou familiar, às suas opiniões, à sua atitude em relação a
opções (...)” (Quivy e Campenhoudt, 2008, p. 20).
Desta forma, procedeu-se à elaboração de um questionário constituído por escalas já
utilizadas em outros estudos que correspondem às variáveis em análise nesta investigação:
“Assédio Moral”, “Stress Organizacional”, “Cinismo Organizacional” e “Comunicação
Comunicacional” num total de 72 itens sob forma de afirmações. Sendo assim utilizada uma
Escala de Likert de 5 pontos variáveis de acordo com cada escala:
Escala de concordância: 1- Discordo Totalmente; 2- Discordo Parcialmente; 3- Não
concordo, Nem discordo; 4- Concordo Parcialmente; 5- Concordo Totalmente
Escala de frequência: 1- Nunca; 2- Eventualmente; 3- Mensalmente; 4-
Semanalmente; 5- Diariamente e 1- Nunca/ Quase Nunca; 2- Raramente; 3- Às
vezes; 4- Frequentemente; 5- Sempre
Posteriormente foram aplicadas questões sociodemográficas: “Género”; “Idade”;
“Estado Civil”; “Habilitações Literárias”; “Setor de atividade onde trabalha”; “Posição
profissional no emprego atual”; “Tempo em que trabalha na empresa atual” permitindo
delimitar um perfil sociodemográfico dos inquiridos.
Todas as questões foram apresentadas no inquérito sob forma de preenchimento
obrigatório, não existindo respostas corretas ou erradas. O inquérito por questionário foi
aplicado através de plataformas online (redes sociais, correio eletrónico) garantindo o
anonimato de todos os inquiridos.
2.3.1 Escalas utilizadas na Recolha de Dados
As afirmações apresentadas no questionário construído neste estudo resultaram da
análise e tradução de escalas já utilizadas e validadas noutros trabalhos de investigação.
30
Escala Assédio Moral – NAQ-R (Comportamentos Negativos no local de
Trabalho)
A primeira escala corresponde à adaptação do “Negative Acts Questionnaire Revise
– NAQ-R” (Einarsen, Hoel e Notelaers, 2009) de modo a avaliar o assédio moral no que diz
respeito à Intimidação, Exclusão, Qualidade/Sobrecarga de Trabalho e Subvalorização do
Trabalho. A presente escala composta por 22 itens mede a frequência com que o inquirido
foi submetido a comportamentos negativos no local de trabalho durante os últimos 6 meses,
numa escala de Likert (1- Nunca; 2- Eventualmente; 3- Mensalmente; 4- Semanalmente; 5-
Diariamente) - Anexo A.
Escala Cinismo Organizacional
De modo a analisar o nível de cinismo dos inquiridos referente à organização onde
trabalham atualmente. Resulta assim de uma escala constituída por 28 itens, em que os
primeiros 13 itens correspondem à escala de Brandes, Dharwadkar e Dean (1999)
devidamente adaptada e traduzida para português por Miranda (2007). A escala avalia o grau
de concordância das seguintes afirmações apresentadas tendo como referência a organização
atual através de uma escala de Likert (1- Discordo Totalmente; 2- Discordo Parcialmente;
3- Não concordo, Nem discordo; 4- Concordo Parcialmente; 5- Concordo Totalmente) –
Anexo A.
Escala Stress Organizacional – COPSOQ Versão Reduzida
A escala do Stress Organizacional corresponde à versão reduzida do “Copenhagen
Psychosocial Questionnaire” desenvolvida e validada por Kristensen et al. (2005) que
procedeu à respetiva adaptação e tradução por Silva (Silva et al., 2006). Esta escala tem
como objetivo identificar potenciais áreas de risco a serem melhoradas na organização,
sendo portanto um modelo que avalia o stress como uma das consequências de atos
negativos no trabalho, elevadas exigências e falta de apoio social (Kristensen et al., 2005).
A escala é constituída por 16 itens correspondentes a afirmações relacionadas com a
organização numa escala de Likert (1- Nunca/ Quase Nunca; 2- Raramente; 3- Às vezes; 4-
Frequentemente; 5- Sempre) – Anexo A.
Escala Comunicação Organizacional
Por último, foi introduzido no questionário uma escala referente à comunicação
organizacional validada e desenvolvida por Smidts, Pruyn, e Van Riel (2001). A escala
composta por 6 itens permite medir o grau de concordância das afirmações que dizem
31
respeito à organização em que os inquiridos trabalham atualmente, através da escala de
Likert (1- Discordo Totalmente; 2- Discordo Parcialmente; 3- Não concordo, Nem discordo;
4- Concordo Parcialmente; 5- Concordo Totalmente) – Anexo A.
2.4 Procedimentos na Recolha de Dados
Para a recolha de dados pertinentes para a presente investigação, procedeu-se à
construção do inquérito por questionário na plataforma Google Forms, sendo neste contexto
possível partilhar o questionário online, obtendo respostas de forma rápida, reduzindo a
tendenciosidade do investigador, sendo também uma plataforma eficaz na análise dos dados
encontrando-se o mesmos disponíveis de imediato para a posterior análise e respetivo
tratamento.
A divulgação do inquérito foi realizado através dos seguintes meios online de 17 de
julho a 9 de Setembro:
Facebook: Através da partilha de várias pessoas; partilha em grupos de
trabalhadores
Linkedin: Rede social utilizada por profissionais e empresas, sendo os
usuários potenciais inquiridos pertinentes para a presente investigação
E-mail: Envio de e-mail para a rede de contactos
Segundo Malhotra e Peterson (2001), a internet veio modificar a forma de com a
recolha de dados é realizada, a construção de questionários online é cada vez mais comum e
que apresenta diversas vantagens, entre elas os inquiridos podem realizar o seu questionário
num horário e local à sua escolha, não existindo uma pressão em responder ao questionário,
o tempo de resposta é rápido e a capacidade de visar populações específicas também são
valorizadas.
2.5 Procedimentos na Análise de Dados
Para a análise dos dados utilizados no inquérito por questionário inseridos neste
estudo, recorreu-se à ferramenta de análise estatística IBM SPSS versão 22.0 em português.
Assim, procedeu-se à recolha dos dados resultantes do inquérito por questionário aplicado
para um ficheiro Excel de modo automático com o auxílio do Google Forms. A análise dos
dados exportados teve como recurso a ferramenta de análise estatística IBM SPSS, tendo
sido essencial para calcular o Alfa de Cronbach através da mensuração da consistência
interna das escalas utilizadas no inquérito por questionário, com o objetivo de avaliar a sua
confiabilidade.
32
Posteriormente, foi realizada uma caracterização da amostra no que diz respeito aos
dados sociodemográficos solicitados no questionário: género, idade, estado civil,
habilitações literárias, setor de atividade onde trabalha, posição profissional no emprego
atual, tempo em que trabalha na empresa atual.
De seguida, foi realizada uma análise descritiva das dimensões em análise (assédio
moral, stress organizacional, cinismo organizacional, comunicação organizacional) com
recurso aos indicadores como a média e desvio-padrão. Analisados estes indicadores, foi
analisada a variância através da aplicação do Test-T nas variáveis apenas com dois grupos
(género e setor de atividade) e do Test One-Way ANOVA nas variáveis com mais de dois
grupos (idade, estado civil, habilitações literárias, posição profissional no emprego atual e
tempo em que trabalha na empresa atual). A análise da variância possibilita a comparação
da média dos diferentes grupos, sendo que nas situações em que se verificaram diferenças
significativas dentro dos grupos das variáveis foi aplicado o Test Means (no caso de variáveis
com apenas dois grupos) e o Post-hoc Scheffe (no caso das variáveis com mais de dois
grupos) com o objetivo de avaliar se existe alguma influência de um dado fator sobre uma
variável dependente.
Por fim, procedeu-se à análise de regressão com a intenção de avaliar a correlação
entre a variável independente deste estudo – Assédio Moral – e as variáveis independentes
– Stress Organizacional, Cinismo Organizacional, e Comunicação Organizacional – de
modo a verificar se existe alguma relação entre elas.
2.6 Amostra
Na presente investigação a amostra é composta por 155 indivíduos. Recorreu-se à
técnica de amostragem uma vez que não é possível estudar a totalidade da população. Esta
técnica permite encontrar uma amostra da população total, com características semelhantes
ao universo para que a amostra seja representativa.
Neste sentido, a técnica de amostragem realizada foi a não probabilística por
conveniência, visto que se trata de um estudo quantitativo para estatística, e a escolha dos
elementos da população não foi aleatória, tendo sido deixada ao critério do investigador e à
iniciativa do possível inquirido em integrar o estudo.
Os inquiridos são escolhidos segundo um critério de conveniência ou facilidade em
obter a informação que se pretende.
33
CAPÍTULO III – RESULTADOS
3.1 Consistência Interna das Escalas
Inicialmente foi necessário proceder à mensuração da confiabilidade das escalas
utilizadas com recurso ao coeficiente Alfa de Cronbach. Este coeficiente permite avaliar a
confiabilidade das escalas, cujos valores variam entre 0 e 1, permitindo minimizar o erro de
modo a contribuir para uma análise estatística segura quando a consistência corresponde a
um valor superior a 0,7 (Streiner, 2003).
Escala Assédio Moral - NAQ-R – Comportamentos Negativos no local de
Trabalho
No que diz respeito à Escala NAQ-R que tem como principal enfoque o assédio
moral, o nível de confiabilidade apresenta um valor superior a 0,7 (α=0,94). Sendo esta uma
escala validada cientificamente, aplicada em diversos estudos académicos, apresentando
desta forma um bom nível de confiabilidade.
Escala Stress Organizacional – COPSOQ Versão Reduzida
A escala respetiva ao stress organizacional com itens cientificamente validados que
correspondem à escala presente na COPSOQ Versão Reduzida, apresenta um coeficiente do
Alfa Cronbach superior a 0,7 (α=0,81), mantendo assim todos os itens presentes nesta escala
por apresentarem um ótimo nível de confiabilidade.
Escala Cinismo Organizacional
Relativamente à escala do Cinismo Organizacional utilizada, que apresenta também
itens cientificamente validados, obteve-se um nível de confiabilidade com um valor superior
a 0,7 (α=0,94), apresentando assim uma boa consistência em relação aos itens presentes na
escala.
Escala de Comunicação Organizacional
A escala referente à comunicação organizacional, de acordo com o coeficiente de
Alfa de Cronbach, apresenta um nível de confiabilidade positivo com um valor maior que
0,7 (α=0,72), garantindo uma escala com uma boa consistência.
34
Tabela 3 - Consistência interna das escalas - Alfa de Cronbach
3.2 Caracterização da Amostra
3.2.1 Dados Sociodemográficos
Género
A amostra conseguida do inquérito em estudo que conta com um total de 155
inquiridos apresenta uma diferença significativa no que diz respeito ao género, uma vez que
105 dos inquiridos, ou seja, 67,5% são do género feminino, e apenas 55 dos inquiridos, ou
seja, 32,3% são do género masculino como se pode verificar na tabela 4.
Tabela 4 - Distribuição por Género
Idade
Tendo em consideração a amostra em estudo, pode-se verificar que os indivíduos dos
25 aos 34 anos de idade integram a faixa etária mais representativa com 41,9% (65),
seguindo-se a faixa etária dos 35 aos 44 anos com 20,6% (32). A faixa etária menos frequente
neste estudo é dos 55 aos 64 anos (5,8%; 9), sendo a dos 65 anos ou mais nula, não existindo
assim indivíduos desta faixa etária. Considera-se portanto que apesar de existir uma faixa
etária mais representativa, a amostra é constituída por indivíduos de diferentes idades o que
permite que os resultados não se concentrem apenas num segmento de idade, permitindo
assim ter resultados representativos de diferentes faixas etárias, que se situam em diferentes
estágios na vida profissional.
ESCALA Nº ITENS α DE CRONBACH
Escala Assédio Moral - NAQ-R 22 0,94
Escala Stress Organizacional – COPSOQ Versão Reduzida 16 0,81
Escala Cinismo Organizacional 28 0,94
Comunicação Organizacional 6 0,72
Género Frequência Percentagem (%)
Feminino 105 67,7
Masculino 50 32,3
Total 155 100,0
35
Tabela 5 - Distribuição Etária
Estado Civil
No que diz respeito ao estado civil pode-se verificar que mais de metade dos
inquiridos são solteiros (51%; 79), existindo também uma maior incidência em indivíduos
que são casados ou que vivem em união de facto (42,6%; 66). Conforme se pode observar
na tabela 6, existe apenas uma percentagem pouco significativa de indivíduos divorciados
(6,5%; 10) e não existe nenhum individuo que seja viúvo.
Tabela 6 - Distribuição do Estado Civil
Formação Académica
Como se pode observar na tabela 7 a amostra é constituída maioritariamente por
indivíduos com licenciatura (50,3%; 78) e ensino secundário (33,5%; 52), seguido de
indivíduos que têm uma formação a nível do mestrado (13,5%; 21) e doutoramento (2,6%;
4) com um peso pouco significativo.
Tabela 7 - Distribuição Formação Académica
Idade Frequência Percentagem (%)
18 aos 24 anos 30 19,4
25 aos 34 anos 65 41,9
35 aos 44 anos 32 20,6
45 aos 54 anos 19 12,3
55 aos 64 anos 9 5,8
65 anos ou mais 0 0
Total 155 100,0
Estado Civil Frequência Percentagem (%)
Casado ou União de facto 66 42,6
Divorciado 10 6,5
Viúvo 0 0
Solteiro 79 51,0
Total 155 100,0
Formação Académica Frequência Percentagem (%)
Ensino Secundário 52 33,5
Licenciatura 78 50,3
Mestrado 21 13,5
Doutoramento 4 2,6
Total 155 100,0
36
Setor de Atividade
Relativamente ao setor de atividade é visível que a maior parte dos indivíduos
trabalha no setor privado (80%; 124), tratando-se assim de um grupo em grande evidência
na amostra em estudo.
Tabela 8 - Distribuição Setor de Atividade
Posição Profissional no emprego atual
Mais de metade dos inquiridos detém um cargo operacional (56,1%; 87), sendo
também relevante na amostra de indivíduos com cargos de gestão média (30,3%; 47).
Encontra-se assim em prevalência dois grupos distintos no que diz respeito ao cargo
profissional ocupado.
Tabela 9 - Distribuição da Posição Profissional no emprego atual
Tempo de trabalho da empresa atual
Na tabela 10 é possível verificar que grande parte dos indivíduos trabalha há menos
de dois anos na mesma empresa (41,9%, 65), seguindo-se os indivíduos que trabalham há
mais de 10 anos na mesma empresa (27,1%, 42), existindo assim uma maior
representatividade em grupos de diferentes contrastes.
Tabela 10 - Distribuição do Tempo de trabalho na empresa atual
Setor de Atividade Frequência Percentagem (%)
Público 31 20,0
Privado 124 80,0
Total 155 100,0
Posição Profissional Frequência Percentagem (%)
Operacional (Caixa, aux., administrativo, etc.) 87 56,1
Gestão Média (Gerente, supervisor de área, etc.) 47 30,3
Alta Gestão (Diretor geral, chefe de
departamento, etc.)
14 9,0
Estagiário 7 4,5
Total 155 100,0
Tempo de trabalho na empresa atual Frequência Percentagem (%)
Menos de 2 anos 65 41,9
De 2 a 3 anos 20 12,9
De 4 a 6 anos 25 16,1
De 7 a 9 anos 3 1,9
Mais de 10 anos 42 27,1
Total 155 100,0
37
3.2.2 Análise descritiva das dimensões
3.2.2.1 Assédio Moral
A escala do assédio moral é composta por 22 afirmações de comportamentos
negativos no local de trabalho com o objetivo de aferir com que frequência os inquiridos
foram sujeitos a tais comportamentos nos últimos 6 meses. Assim, foi utilizada uma escala
de frequência de 1 a 5 (1-Nunca, 2-Eventualmente, 3-Mensalmente, 4-Semanalmente, 5-
Diariamente). Como se pode verificar na tabela 11, em média os inquiridos afirmam que
eventualmente foram expostos a este tipo de comportamentos (m=1,73; dp=0,68), o que faz
com que a amostra em estudo não seja identificativa de avultadas situações de
comportamentos de assédio moral.
Tabela 11 - Estatística Descritiva da Dimensão: Assédio Moral
Pode-se observar na tabela 12, que nos últimos 6 meses, os inquiridos em média
foram obrigados a desempenhar funções abaixo do seu nível de competência de forma
mensal (m=2,52; dp=1,52), sendo este comportamento de assédio moral o que mais se
destacou, uma vez que em média os inquiridos afirmam que nunca estiveram sujeitos a
comportamentos de assédio moral, nomeadamente a ameaças de violência e abuso físico
(m=1,14, dp=0,50).
Tabela 12 - Estatística Descritiva dos Itens: Assédio Moral
N Média Desvio Padrão
Assédio Moral 155 1,73 0,68
Itens N Média Desvio Padrão
1. Alguém esconde informações que podem afetar o seu
desempenho
155 2,10 1,14
2. Ser obrigado a desempenhar funções abaixo do nível das
suas competências
155 2,52 1,42
3. As suas opiniões ou pontos de vista são ignoradas 155 2,23 1,18
4. Serem-lhe atribuídas tarefas com objetivos ou prazos
impossíveis de cumprir
155 2,18 1,16
5. Supervisão/controlo excessivo do seu trabalho 155 2,12 1,26
6. Ser pressionado a não reclamar aquilo a que tem direito
(ex: baixa médica, férias, despesas de deslocação)
155 1,81 1,23
7. Ser exposto a uma carga de trabalho excessiva e
impossível de realizar
155 2,08 1,18
8. Ser humilhado ou ridicularizado em relação ao seu
trabalho
155 1,62 1,06
9. Retirarem ou substituírem responsabilidades da sua função
por tarefas pouco importantes e/ou desagradáveis
155 1,77 1,07
10. Espalhares boatos ou rumores sobre si 155 1,73 0,95
38
3.2.2.2 Stress Organizacional
Esta escala tem como objetivo avaliar o stress como uma das consequências de
comportamentos negativos no trabalho. Assim, perante as 16 afirmações utilizou-se uma
escala de Likert (1- Nunca/ Quase Nunca; 2- Raramente; 3- Às vezes; 4- Frequentemente;
5- Sempre) de modo a verificar com que frequência os inquiridos são expostos a tais
acontecimentos, tendo em conta o local de trabalho atual. Como se pode observar na Tabela
13 a variável do stress organizacional apresenta um valor relativamente elevado. De acordo
com a escala apresentada, em média, os inquiridos são expostos frequentemente a situações
de stress no local de trabalho (m=3,53; dp=0,57), existindo uma homogeneidade no que diz
respeito às respostas facultadas pelos inquiridos dado o valor do desvio padrão.
Tabela 13 - Estatística Descritiva da Dimensão: Stress Organizacional
3.2.2.3 Cinismo Organizacional
A escala do cinismo organizacional composta por 28 itens, como já referido, permite
avaliar o grau de concordância com os itens apresentados numa escala de 1 a 5 (1- Discordo
Totalmente; 2- Discordo Parcialmente; 3- Não concordo, Nem discordo; 4- Concordo
Parcialmente; 5- Concordo Totalmente) tendo como referência a organização atual. No que
concerne a esta variável, obteve-se um valor médio razoavelmente baixo (m=2,76; dp=0,86).
Desta forma, pode-se afirmar que em média, os inquiridos não concordam nem discordam
11. Ser insultado ou fazer comentários ofensivos sobre si ou
sobre a sua vida privada
155 1,56 0,93
12. Insinuações ou sinais que deve pedir demissão 155 1,38 0,78
13. Ser constantemente lembrado dos seus erros ou enganos 155 1,69 0,96
14. Ser ignorado ou enfrentar reações hostis quando se
aproxima de alguém
155 1,59 0,96
15. Críticas constantes ao seu trabalho e esforço 155 1,70 0,98
16. Ser alvo de piadas por parte de pessoas com as quais não
tem nenhuma ligação
155 1,45 0,79
17. Serem feitas acusações contra si 155 1,50 0,82
18. Ser alvo de sarcasmos ou de brincadeiras excessivas 155 1,46 0,79
19. Gritarem consigo ou ser alvo de atitudes agressivas 155 1,56 1,02
20. Ser alvo de comportamentos intimidatórios tais como
“apontar o dedo”, invasão do seu espaço pessoas, empurrões
ou bloquearem-lhe o caminho
155 1,32 0,76
21. Ser ameaçado de violência ou abuso físico ou ser mesmo
alvo de violência
155 1,14 0,50
22. Ser ignorado ou excluído 155 1,59 0,93
Nº Média Desvio Padrão
Stress Organizacional 155 3,53 0,57
39
com as afirmações apresentadas, mostrando assim um nível de cinismo organizacional baixo.
Por sua vez, verificou-se uma diferença considerável nas respostas dadas pelos inquiridos,
dado o valor elevado do desvio padrão.
Tabela 14 - Estatística Descritiva da Dimensão: Cinismo Organizacional
3.2.2.4 Comunicação Organizacional
Através da escala de likert (1- Discordo Totalmente; 2- Discordo Parcialmente; 3-
Não concordo, Nem discordo; 4- Concordo Parcialmente; 5- Concordo Totalmente), foi
possível medir avaliar o grau de concordância das 6 afirmações que dizem respeito à
organização em que os inquiridos trabalham atualmente. Em média, os inquiridos
manifestam um certo nível de indiferença relativamente aos itens apresentados, uma vez que
não concordam, nem discordam (m=3,35; dp=0,82) com as questões que se referem à
comunicação organizacional da empresa em que trabalham atualmente.
Tabela 15 - Estatística Descritiva da Dimensão: Comunicação Organizacional
Na dimensão que corresponde à comunicação organizacional, o item que se destacou
por obter um nível de concordância mais elevado por parte dos respondentes foi aquele que
se refere ao ambiente entre os colegas de trabalho, no item “Os meus colegas estão recetivos
às sugestões que eu lhes faço” (m=3,73; dp=1,00). Sendo que no que se refere à gestão e
direção existiu também um nível de concordância significativo “Sabe-se mais sobre a nossa
empresa em conversas com os colegas do que através da Gestão/ Direção” (m=3,69;
dp=1,31). É de salientar que, em média, nenhum nos inquiridos discordou totalmente dos
itens referentes à comunicação da organização em que trabalham atualmente.
Tabela 16 - Estatística Descritiva dos Itens: Comunicação Organizacional
N Média Desvio Padrão
Cinismo
Organizacional
155 2,76 0,86
Nº Média Desvio
Padrão
Comunicação Organizacional 155 3,35 0,82
Itens N Média Desvio Padrão
1. Quando os meus colegas me dizem alguma coisa, eu confio
neles para me dizerem a verdade
155 3,66 1,11
2. Os meus colegas estão recetivos às sugestões que eu lhes faço 155 3,73 1,05
3.Sabe-se mais sobre a nossa empresa em conversas com os
colegas do que através da Gestão/ Direção
155 3,69 1,31
40
3.3 Análise da Variância
Como mencionado, a análise da variância foi efetuada com recurso ao Test-T nas
variáveis somente com dois grupos (género e setor de atividade) e ao Test One-Way ANOVA
nas variáveis com mais de dois grupos (idade, estado civil, habilitações literárias, posição
profissional no emprego atual e tempo em que trabalha na empresa atual). A amostra é
organizada por fatores, ou seja, é separada em grupos segundo uma dada característica, e é
com a análise da variância que é possível verificar se existe alguma influência de um fator
sobre as variáveis dependentes em estudo (Assédio Moral, Stress Organizacional, Cinismo
Organizacional e Comunicação Organizacional). Nos casos em que se verificam diferenças
significativas ou um grau de influência sobre uma dada dimensão, isto é, quando
p=sig.<=0,05 é necessário verificar quais os grupos que diferem.
3.3.1 Assédio Moral
No que diz respeito à análise da variância no assédio moral, é possível observar que
não há diferenças entre os grupos das variáveis da idade (sig.=0,54>0,05), no estado civil
(sig.=0,78>0,05), na formação académica (sig.=0,62>0,05), na posição profissional no
emprego atual (sig=0,40>0,05) e no tempo de trabalho no emprego atual (sig=0,32>0,05).
No entanto, verificaram-se diferenças nas restantes variáveis, ou seja, no género
(sig=0,00<0,05) e no setor de atividade (sig.=0,00<0,05).
Tabela 17 - Análise da Variância: Assédio Moral
4. Os objetivos desta empresa, provavelmente só são conhecidos
por quem os formulou
155 3,23 1,38
5. A maior parte daquilo que fico a saber através dos canais
oficiais da minha empresa (ex: intranet, email) há muito tempo
que deixou de ser sobre assuntos atuais
155 2,74 1,43
6. Quando ouvimos informação que nos diz respeito, esta
geralmente chega por outras vias indiretas, o “diz que disse”
155 3,06 1,40
Assédio moral
sig.
Género 0,00
Idade 0,54
Estado civil 0,78
Formação académica 0,62
Setor de atividade 0,00
Posição profissional no emprego atual 0,40
Tempo de trabalho no emprego atual 0,32
41
Desta forma, foi necessário recorrer ao Test Means para as variáveis com apenas dois
grupos (género e setor de atividade) a fim de verificar quais os grupos em que existem
diferenças.
Conforme consta nas tabelas 18 e 19, o grupo em que existe uma diferença [pouco]
acentuada trata-se dos inquiridos do género feminino (m=1,74; dp=0,74) e que trabalham no
setor privado (m=1,76; dp=0,70) respetivamente.
Tabela 18 - Análise de Variância: Assédio moral vs Género
Tabela 19 - Análise de Variância: Assédio moral vs Setor de Atividade
3.3.2 Stress Organizacional
No que se refere ao stress organizacional existem diferenças estatísticas nos grupos
das variáveis correspondentes ao género (sig=0,00<0,05) e setor de atividade
(sig.=0,00<0,05).
Tabela 20 - Análise da Variância - Stress Organizacional
Conforme as tabelas 21 e 22, os grupos em que se registam diferenças referem-se ao
grupo feminino (m=3,54; dp=0,51) e ao grupo de inquiridos que trabalham no setor privado
Género N Média Desvio
Padrão
Feminino 105 1,74 0,74
Masculino 50 1,73 0,55
Total 155 1,73 0,68
Setor N Média Desvio
Padrão
Público 31 1,64 0,61
Privado 124 1,76 0,70
Total 155 1,73 0,68
Stress Organizacional
Sig.
Género 0,00
Idade 0,64
Estado Civil 0,83
Formação Académica 0,16
Setor de Atividade 0,00
Posição Profissional no Emprego Atual 0,27
Tempo de Trabalho no Emprego Atual 0,48
42
(m=3,56; dp=0,50) respetivamente, ou seja, não se verificam diferenças estatísticas dignas
de realce nos restantes grupos apresentados nas tabelas abaixo.
Tabela 21 - Análise da Variância - Stress Organizacional vs Género
Tabela 22 - Análise da Variância - Stress Organizacional vs Setor de Atividade
3.3.3 Cinismo Organizacional
Relativamente à análise da variância no cinismo organizacional, é possível observar
que não se verificaram diferenças no estado civil (sig.=0,67>0,05), na formação académica
(sig.=0,52>0,05), na posição profissional no emprego atual (sig.=0,30>0,05) e no tempo de
trabalho no emprego atual (sig.=45>0,05). Porém, registou-se uma diferença significativa
nos grupos inseridos nas restantes variáveis, isto é, no género (sig.=0,00<0,05), na idade
(sig.=0,01<0,05) e no setor de atividade (sig.=0,00<0,05).
.
Tabela 23 - Análise da Variância: Cinismo Organizacional
Género N Média Desvio Padrão
Feminino 105 3,54 0,51
Masculino 50 3,52 0,69
Total 155 3,53 0,57
Setor Atividade N Média Desvio Padrão
Público 31 3,41 0,78
Privado 124 3,56 0,50
Total 155 3,53 0,57
Cinismo
Organizacional
sig.
Género 0,00
Idade 0,01
Estado Civil 0,67
Formação Académica 0,52
Setor de Atividade 0,00
Posição Profissional no Emprego Atual 0,30
Tempo de Trabalho no Emprego Atual 0,45
43
Conforme apresentado na tabela 24, existe uma diferença pouco acentuada no grupo
feminino (m=2,79; dp=0,89) em relação ao grupo masculino (m=2,71; dp=0,79), estando
ambos os grupos praticamente no mesmo grau de concordância.
Tabela 24 - Análise de Variância: Cinismo Organizacional vs Género
No que diz respeito à idade, na tabela 25 verifica-se que não existe uma grande
variância de respostas entre os grupos, sendo mais visível que, em média, as respostas foram
idênticas em todos os grupos, apresentando o Post-hoc Scheffe (sig.=0,00<0,05) diferenças
apenas entre os grupos dos 18 aos 24 anos (m= 2,36; dp= 0,81) e dos 25 aos 34 anos (m=
2,93; dp=0,80).
Tabela 25 - Análise de Variância: Cinismo Organizacional vs Idade
No que diz respeito ao setor de atividade, tabela 26, o grupo em que existe uma
diferença estatística, contudo pouco acentuada, trata-se dos inquiridos que trabalham no
setor privado (m=2,80; dp=0,85).
Tabela 26 - Análise de Variância: Cinismo Organizacional vs Setor Atividade
3.3.4 Comunicação Organizacional
Quanto à comunicação organizacional existe uma variância significativa nos grupos
relativos ao género (sig.=0,00<0,05), setor de atividade (sig.=0,00<0,05) e tempo de trabalho
no emprego atual (sig.=0,02<0,05).
Género N Média Desvio Padrão
Feminino 105 2,79 0,89
Masculino 50 2,71 0,79
Total 155 2,76 0,86
Idade N Média Desvio Padrão
18 aos 24 anos 30 2,36 0,81
25 aos 34 anos 65 2,93 0,80
35 aos 44 anos 32 2,59 0,92
45 aos 54 anos 19 2,89 0,93
55 aos 64 anos 9 3,25 0,55
Total 155 2,76 0,86
Setor Atividade N Média Desvio Padrão
Público 31 2,61 0,90
Privado 124 2,80 0,85
Total 155 2,76 0,86
44
Tabela 27 - Análise da Variância – Comunicação Organizacional
No que diz respeito ao género e ao setor de atividade, voltam-se a verificar diferenças
estatísticas pouco acentuadas. Os grupos em que registam diferenças estatísticas referem-se
ao grupo feminino (m=3,40; dp=0,78) e ao grupo de inquiridos que trabalham no setor
público (m=3,37; dp=0,84) respetivamente como é possível verificar nas tabelas 28 e 29.
Tabela 28 - Análise da Variância – Comunicação Organizacional vs Género
Tabela 29 - Análise da Variância – Comunicação Organizacional vs Setor de Atividade
Comunicação
Organizacional
sig.
Género 0,00
Idade 0,21
Estado Civil 0,13
Formação Académica 0,43
Setor de Atividade 0,00
Posição Profissional no Emprego Atual 0,83
Tempo de Trabalho no Emprego Atual 0,02
Género N Média Desvio Padrão
Feminino 105 3,40 0,78
Masculino 50 3,25 0,91
Total 155 3,35 0,82
Setor Atividade N Média Desvio Padrão
Público 31 3,37 0,77
Privado 124 3,35 0,84
Total 155 3,35 0,82
45
3.4 Modelo Teórico de Análise: Análise de Regressão
A análise de regressão tem como propósito verificar a relação existente entre uma
variável dependente e uma ou mais variáveis independentes, isto é, se existe ou não
influência entre as variáveis, tendo em conta o modelo teórico de análise deste estudo.
Neste contexto, é considerada a presença de uma relação significativa quando
sig.=<0,05, sendo que o valor da correlação entre as variáveis varia entre -1 e 1.
Assim,
r = -1 e r = 1 – Relação linear perfeita
r = 0 – Inexistência de qualquer relação
r > 0 – Relação linear positiva, as variáveis variam no mesmo sentido
r < 0 – Relação linear negativa, as variáveis variam em sentido inverso
Ainda no seguimento desta análise, é também possível caracterizar a relação entre as
variáveis do seguinte modo: negligenciável (r<0,20), fraca (r=0,20-0,40), moderada (r=0,40-
0,60), forte (r=0,60-0,80) ou muito forte (r=0,80-1,00) (Malhotra e Birks, 2006).
De acordo com o modelo teórico de análise construído, a variável independente trata-
se do Assédio Moral, sendo o Stress Organizacional, o Cinismo Organizacional e a
Comunicação Organizacional as variáveis independentes. Com isto, será realizada a
confirmação das hipóteses formuladas com recurso à análise de regressão.
Para as duas últimas hipóteses de pesquisa, que implicava a existência de variáveis
mediadoras, utilizaram-se os procedimentos sugeridos Baron e Kenny (1986), onde é preciso
verificar quatro condições para perceber se uma variável tem um efeito mediador: em
primeiro lugar, analisar se existe uma relação entre a variável independente e a variável
dependente. De seguida, ver se existe uma relação entre a variável independente e a variável
mediadora. Importa ainda perceber se existe uma relação entre a variável mediadora e a
variável dependente e por último, perceber se a relação entre a variável independente e a
variável dependente é significativamente enfraquecida quando a variável mediadora é
incluída na equação de regressão.
H1. O assédio moral tem efeito positivo no stress organizacional
Como se pode aferir na Tabela 30, existe uma relação significativa entre a variável
assédio moral e a variável stress organizacional (sig.=0,00<0,05), verificando-se a existência
de uma relação linear positiva e moderada uma vez que r=0,41>0. Portanto, a H1 é validada,
46
dada a influência da variável independente sob a variável independente, ou seja, quanto
maior for o assédio moral maior será o stress organizacional.
Tabela 30 - Análise Regressão linear: Assédio Moral e Stress Organizacional
Assédio Moral vs Stress Organizacional
R Sig.
0,41 0,00
H2. O assédio moral tem efeito positivo no cinismo organizacional
No que se refere à relação entre o assédio moral e o cinismo organizacional, é
possível confirmar a existência de uma relação significativa entre as variáveis
(sig.=0,00<0,05), estabelecendo a presença de uma relação linear positiva (r=0,67>0), ou
seja, as variáveis variam no mesmo sentindo, verificando-se assim uma relação forte (r=0,60-
0,80) entre as mesmas. Neste seguimento a H2 é confirmada, dado que quanto maior for o
assédio moral maior será o cinismo organizacional, ou seja, o cinismo organizacional varia
conforme o assédio moral.
Tabela 31 - Análise Regressão linear: Assédio Moral e Cinismo Organizacional
Assédio Moral vs Cinismo Organizacional
R Sig.
0,67 0,00
Antes de verificar a validação da H3 e H4, é necessário perceber qual a relação entre
o assédio moral e a comunicação organizacional. Assim, conforme se pode observar na
Tabela 32 existe uma relação significativa entre as variáveis (sig.=0,00<0,05), sendo
percetível a existência de uma relação linear positiva e moderada (r=0,44>0).
Tabela 32 - Análise Regressão linear: Assédio Moral e Comunicação Organizacional
Assédio Moral vs Comunicação Organizacional
R Sig.
0,44 0,00
H3. A comunicação organizacional medeia o impacto do assédio moral no stress
organizacional
Para perceber se a comunicação organizacional tem função de mediador entre o
assédio moral e o stress organizacional, utilizaram-se os procedimentos sugeridos por Baron
47
e Kenny (1986), que sugerem a verificação de 4 condições previamente à realização no teste
do efeito mediador.
A primeira condição é a de que a variável independente (assédio moral) deve ter um
impacto significativo na variável dependente (stress organizacional). Como se observa na
tabela 30, isto é verdade, uma vez que (sig.=0,00<0,05), a relação é considerada moderada
(r=0,41).
A segunda condição é a de que a variável independente (assédio moral) deve ter um
impacto positivo na variável mediadora (comunicação organizacional). Esta condição
também se verifica na tabela 32, sendo que (sig.=0,00<0,05), a relação é considerada
moderada (r=0,44).
A terceira condição é a de que a variável mediadora (comunicação organizacional)
deve ter um impacto significativo na variável dependente (stress organizacional). Esta
condição também se verifica, uma vez que existe uma relação significativa (sig.=0,00<0,05),
a relação é considerada forte (r=0,62), como se pode observar na tabela 33.
Tabela 33 - Análise Regressão Linear: Comunicação Organizacional e Stress Organizacional
Comunicação Organizacional vs Stress Organizacional
R Sig.
0,62 0,00
Confirmadas as três primeiras condições, averiguamos se a quarta e última condição
se comprova, ou seja, se a relação entre a variável independente (assédio moral) e a variável
dependente (stress organizacional) é significativamente enfraquecida (mediação parcial) ou
não significativa (mediação total) quando a variável mediadora (comunicação
organizacional) é incluída na equação de regressão.
Como se pode ver na tabela 34, a relação entre o assédio moral e o stress diminuiu
quando se adicionou a variável, comunicação organizacional, na regressão linear, embora
continue a ser uma relação significativa (sig.=0,00<0,05), podemos concluir então que existe
uma mediação parcial da comunicação organizacional nesta relação, encontrando-se assim
a H3 validada.
48
Tabela 34 - Regressão linear – Assédio vs Stress vs Comunicação Organizacional
Assédio moral no stress organizacional adicionando a CO à
regressão linear
Beta Sig.
0,27 0,00
H4. A comunicação organizacional medeia o impacto do assédio moral no
cinismo organizacional
Quanto à H4, para se perceber se comunicação organizacional tem função de
mediador entre o assédio moral e o cinismo organizacional verificou-se novamente as 4
condições.
A primeira condição é a de que a variável independente (assédio moral) deve ter um
impacto significativo na variável dependente (cinismo organizacional). Como se observa na
tabela 31, isto é verdade, uma vez que (sig.=0,00<0,05), a relação é considerada forte
(r=0,67).
A segunda condição é a de que a variável independente (assédio moral) deve ter um
impacto positivo na variável mediadora (comunicação organizacional). Esta condição
também se verifica na tabela 32, sendo que (sig.=0,00<0,05), a relação é considerada
moderada (r=0,44).
A terceira condição é a de que a variável mediadora (comunicação organizacional)
deve ter um impacto significativo na variável dependente (cinismo organizacional). Esta
condição também se verifica na tabela 35, uma vez que existe uma relação significativa
(sig.=0,00<0,05), a relação é considerada forte (r=0,58).
Tabela 35 - Análise Regressão Linear: Comunicação Organizacional e Cinismo Organizacional
Comunicação Organizacional vs Cinismo Organizacional
R Sig.
0,58 0,00
Confirmadas as três primeiras condições, averiguamos se a quarta e última condição
se comprova, ou seja, se a relação entre a variável independente (assédio moral) e a variável
dependente (cinismo organizacional) é significativamente enfraquecida (mediação parcial)
ou não significativa (mediação total) quando a variável mediadora (comunicação
organizacional) é incluída na equação de regressão.
49
Como se pode ver na tabela 36, a relação entre o assédio e o stress diminuiu quando
se adicionou a variável, comunicação organizacional, na regressão linear, embora continue
a ser uma relação significativa (sig.=0,00<0,05), podemos concluir então que existe uma
mediação parcial da comunicação organizacional nesta relação, validando-se assim a H4.
Tabela 36 - Regressão linear – Assédio vs Cinismo vs Comunicação Organizacional
Assédio moral no cinismo organizacional adicionando a CO à
regressão linear
Beta Sig.
0,43 0,00
50
CAPÍTULO IV – DISCUSSÃO DE RESULTADOS E
CONCLUSÕES
Após a apresentação dos resultados desta investigação, procedeu-se à sua
interpretação e discussão crítica, para assim ser possível retirar as conclusões necessárias de
toda a informação assente neste estudo. De igual modo, são também mencionadas as
limitações que fizeram parte de toda a investigação e sugestões para futuras investigações.
4.1 Discussão de Resultados
Este estudo teve início numa revisão de literatura das variáveis em análise – assédio
moral, stress organizacional, cinismo organizacional e comunicação organizacional – com o
objetivo de verificar se a comunicação organizacional medeia o efeito entre o assédio, o
stress e o cinismo organizacional, tendo sido realizado um trabalho empírico de recolha de
informação de natureza quantitativa. Para isso, foi aplicado um inquérito por questionário a
indivíduos (N=155) de diversos níveis e funções na empresa onde trabalham.
No inquérito por questionário foram utilizadas escalas já validadas em estudos
anteriores, recorrendo-se à adaptação da escala NAQ-R de Einarsen, Hoel e Notelaers (2009)
para o assédio moral, à escala do stress organizacional que diz respeito à versão reduzida do
“Copenhagem Psychosocial Questionanaire” adaptada e traduzida por Silva (Silva et al.,
2006), seguindo-se a escala do cinismo organizacional devidamente adaptada e traduzida
por Miranda (2007), e por fim, a escala referente à comunicação organizacional validada e
desenvolvida por Smidts, Pruyn e Van Riel (2001).
A amostra do presente estudo é composta por 105 indivíduos do género feminino
(67,5%) e 55 indivíduos do género masculino (32,3%), sendo no total indivíduos com uma
idade compreendida entre os 18 aos 64 anos, o que permite que os resultados não se
concentrem apenas num grupo etário, mesmo existindo uma faixa etária mais representativa
dos 25 aos 34 anos de idade que conta com 65 inquiridos (41,9%). Relativamente ao estado
civil, 79 dos indivíduos são solteiros (51%), consistindo assim em mais de metade da
amostra, seguindo-se também um grupo significativo de 66 indivíduos em união de facto ou
casados (42,6%). Quanto à formação académica, destaca-se o grupo da licenciatura,
representando metade da amostra (50,3%). No que se refere ao emprego atual, a maioria dos
inquiridos, ou seja, 124 (80%) trabalham no setor privado, e tendo em consideração a
amostra total, no geral 87 indivíduos detém um cargo maioritariamente operacional (56,1%)
51
e 41,9% trabalham há menos de dois anos na mesma empresa (N=65), existindo também um
número significativo de indivíduos (27,1%, 42) que trabalham há mais de 10 anos na mesma
empresa.
Num contexto global, tendo em conta as várias dimensões em estudo, verificou-se no
caso do assédio moral que a amostra em estudo não é significativa de situações recorrentes
e intensas de comportamentos negativos no local de trabalho, uma vez que em média os
inquiridos afirmam que eventualmente foram expostos a este tipo de comportamentos nos
últimos 6 meses (m=1,73; dp=0,68), nomeadamente afirmam que em média nunca estiveram
sujeitos a comportamentos negativos como ameaças de violência e abuso físico (m=1,14;
dp=0,50). Contudo, verificou-se que em média os indivíduos que constituem a amostra,
foram obrigados a desempenhar funções abaixo do seu nível de competência com alguma
frequência (m=2,52; dp=1,52). Este comportamento registado de forma intensa e com
alguma regularidade poderá se tornar um comportamento indicador da existência de assédio
moral (Divincová e Siváková, 2014).
Relativamente ao stress organizacional, em média, a amostra é constituída por
indivíduos que estão frequentemente expostos a situações de stress no local de trabalho
(m=3,53; dp=0,57). No entanto no que respeita ao cinismo organizacional, os inquiridos não
demostraram qualquer existência ou ausência de atitudes cínicas em relação à organização
onde trabalham, uma vez que em média, não concordam nem discordam com as afirmações
apresentadas (m=3,53; dp=0,57).
Os inquiridos manifestam também um certo nível de indiferença relativamente aos
itens apresentados no que concerne à comunicação organizacional, uma vez que não
concordam, nem discordam (m=3,35; dp=0,82) com as afirmações no âmbito da
comunicação existente na empresa em que trabalham atualmente. No entanto, obteve-se um
nível de concordância mais acentuado no que se refere ao ambiente entre os colegas de
trabalho, na medida que estes se mostram recetivos às sugestões feitas por parte dos
inquiridos (m=3,73; dp=1,00) e também no que se refere à gestão e direção, em que os
inquiridos mostraram um nível de concordância mais elevado quando se refere que se sabe
mais sobre a empresa onde trabalham em conversas com os colegas do que através da própria
Gestão/Direção (m=3,69; dp=1,31).
No seguimento dos resultados apresentados, foi também possível observar por
intermédio da análise de variância, que se registam diferenças de opinião em todas as
52
dimensões respeitantes a dois critérios sociodemográficos: género e setor de atividade.
Apesar das diferenças estatísticas pouco acentuadas, verificou-se a existência de diferenças
no género feminino em todas as dimensões, o mesmo relativamente ao setor de atividade,
apresentando-se diferenças no setor privado nas dimensões do assédio moral (m=1,76;
dp=0,70), stress (m=3,56; dp=0,50) e cinismo organizacional (m=2,80; dp=0,85), e no setor
público na dimensão da comunicação organizacional (m=3,37; dp=0,77). Na mesma forma,
também se verificaram diferenças relativamente à idade no cinismo organizacional apenas
entre os grupos dos 18 aos 24 anos (m=2,36; dp=0.81) e dos 25 aos 34 anos (m=2,93;
dp=0,80). Concluindo-se assim, que o género e o setor de atividade são os fatores que mais
contribuíram para as diferenças de opinião em relação às dimensões em estudo.
De seguida, analisou-se a associação entre as variáveis através da análise de regressão
linear. É então possível verificar que existe uma relação moderada entre o assédio moral e o
stress organizacional (r=0,41), ou seja, à medida que o assédio moral aumenta o stress
também aumenta, validando a hipótese 1 (o assédio moral tem efeito positivo no stress
organizacional). À semelhança, o cinismo organizacional apresenta também a existência de
uma relação forte com o assédio moral (r=0,67), sendo também confirmada a hipótese 2 (o
assédio moral tem efeito positivo no cinismo organizacional). Assim, confirma-se que o
stress e o cinismo organizacional são consequências que derivam do assédio moral.
Por fim e também com recurso à análise de regressão linear, foi possível verificar
que existe uma relação moderada entre o assédio moral e a comunicação organizacional
(r=41). Surgindo a comunicação organizacional como uma variável mediadora neste estudo,
analisou-se que esta tem um impacto significativo quer no stress quer no cinismo
organizacional, apresentando uma relação forte (r=0,62; r=0,58) entre as variáveis. Quando
adicionada a variável mediadora à relação entre o assédio moral e stress e assédio moral e
cinismo, verifica-se uma diminuição considerável destas relações (sig=0,00<0,05). Desta
forma validam-se as hipóteses 3 e 4, uma vez que existe uma mediação parcial da
comunicação organizacional nestas relações, ou seja, a comunicação organizacional medeia
consideravelmente o impacto do assédio moral no stress e no cinismo organizacional.
4.2 Conclusões
O trabalho de investigação teve como principal objetivo analisar o assédio moral em
contexto organizacional e as implicações que pode ter quer nos indivíduos quer nas
organizações. Surgindo desta forma o stress e o cinismo organizacional como consequências
53
deste problema. Nesta sequência torna-se essencial perceber qual o papel da comunicação
organizacional, tendo-se definido neste contexto a seguinte questão de partida: Em que
medida a comunicação organizacional medeia o efeito entre o assédio moral, stress e o
cinismo organizacional?
Perante os resultados obtidos e de acordo com os objetivos propostos é possível
verificar que a amostra não é reveladora de situações constantes de comportamentos
negativos no local de trabalho, o que não significa que alguns dos comportamentos
mencionados nos inquéritos por questionário não sejam frequentes entre os indivíduos. No
entanto, esta amostra é reveladora de situações frequentes de stress, uma vez que em média
os inquiridos afirmam serem expostos a tais situações, podendo criar condições desgastantes
que podem destabilizar a sua capacidade emocional, manifestando-se posteriormente de
forma negativa no âmbito organizacional (Palmer, Cooper e Thomas, 2004; Hauge, Skogstad
e Einarsen, 2007).
No que diz respeito aos níveis de cinismo organizacional, dadas as respostas dos
inquiridos não é possível perceber se têm ou não atitudes cínicas em relação à organização
onde trabalham, manifestando os inquiridos uma opinião neutra.
Os critérios sociodemográficos como o género e o setor de atividade demonstraram
ter alguma influência na opinião dos inquiridos, porém na sequência das diferenças pouco
acentuadas, não se verifica qualquer padrão em que seja possível afirmar que são os
indivíduos do género feminino ou masculino ou os indivíduos que trabalham no setor publico
ou privado que apresentam uma opinião com maior destaque relativamente às dimensões em
análise (assédio moral, stress organizacional, cinismo organizacional e comunicação
organizacional).
Relativamente às relações existentes entre as variáveis, de acordo com Wanous,
Reichers e Austin (2004), as atitudes cínicas para com a organização resultam de problemas
existentes. O assédio moral caracteriza-se por comportamentos e experiências negativas
vividas no local de trabalho, que por sua vez originam consequências prejudiciais, daí ter
sido possível verificar e confirmar a existência de uma relação positiva entre o assédio moral
e o cinismo organizacional. Na mesma medida, verifica-se também uma relação entre o
assédio moral e o stress organizacional, sendo este também resultado de comportamentos
adversos. É também existente uma relação positiva entre a comunicação organizacional, o
54
assédio moral, o stress e o cinismo organizacional, tendo-se revelado uma relação de
intensidade moderada a forte nas variáveis existentes.
Desta forma e respondendo à questão de partida, dada a existência de relações diretas
entre as variáveis, confirma-se que a comunicação organizacional tem efeito mediador entre
o assédio, o stress e o cinismo organizacional.
Este estudo fornece indicadores importantes para as organizações, permitindo
consciencializar e alertar as organizações para os impactos que o assédio moral pode
provocar e como é possível intervir em tais efeitos através de uma comunicação atenta e
preocupada com os seus colaboradores, pois uma comunicação eficiente e eficaz conduz à
prevenção, deteção e resolução de problemas existentes (Hola, 2007) contribuindo para um
clima organizacional em que exista satisfação, respeito e confiança. Assim a comunicação
organizacional assume um papel essencial e de elevada importância nomeadamente na
construção de relações, conduzindo consequentemente a resultados positivos para o bem-
estar e desenvolvimento de uma organização.
4.3 Limitações da investigação
Na avaliação de todo o trabalho desenvolvido podem ser enumerados alguns aspetos
que de certo modo constituíram limitações ao longo do estudo realizado.
A literatura existente sobre o assédio moral é diversificada, contudo trata-se de uma
temática pouco explorada no contexto das Relações Públicas e da Comunicação
Organizacional.
Tratando-se de um tema sensível e ainda assim ter sido mencionado que o
questionário era anónimo e confidencial, pode ter existido algum constrangimento nas
respostas fornecidas.
4.4 Sugestões para investigações futuras
Sendo o assédio moral um tema pouco explorado na perspetiva das Relações
Públicas, e dado que se verificou a existência de uma relação significativa entre a
comunicação organizacional e este problema, seria de elevado interesse transpor esta
investigação para o seio de uma organização em particular de modo a fornecer inputs
importantes sobre a comunicação realizada e verificar se existe uma pré-disposição para a
existência de comportamentos de assédio moral.
55
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Wright, T. A. e Cropanzano, R. (1998) Emotional Exhaustion as a Predictor of Job
Performance and Voluntary Turnover. Journal of Applied Psychology, 83(3), pp. 486–493.
Yüksel, M. e Tunçsiper, B. (2011) The Relationship between Mobbing and Organizational
Commitment in Workplace. International Review of Management and Marketing, 1(3), pp.
54–64.
Zapf, D. (1999) Organisational, work group related and personal causes of mobbing/bullying
at work. International Journal of Manpower, 20(1–2), pp. 70–85.
63
ANEXO A
QUESTIONÁRIO
O presente questionário enquadra-se numa investigação no âmbito da dissertação de
Mestrado em Gestão Estratégica em Relações Públicas, realizada na Escola Superior de
Comunicação de Lisboa.
É garantida a confidencialidade e o anonimato de todos os dados recolhidos que apenas serão
utilizados no presente trabalho de investigação académico.
Não existem respostas certas ou erradas. Por isso solicita-se que responda de forma
espontânea e sincera a todas as questões.
Contacto em caso de dúvidas: [email protected]
As próximas questões referem-se à organização da qual faz parte
1. Os comportamentos descritos abaixo, realizados com frequência, são considerados
comportamentos nefastos no local de trabalho.
Selecione com que frequência foi sujeito a este tipo de comportamentos nos últimos
6 meses.
1-Eventualmente; 2-Mensalmente; 3-Semanalmente; 4-Diariamente
Assédio Moral - Itens 1 2 3 4 5
1. Alguém esconde informações que podem afetar o seu desempenho
2. Ser obrigado a desempenhar funções abaixo do nível das suas competências
3. As suas opiniões ou pontos de vista são ignoradas
4. Serem-lhe atribuídas tarefas com objetivos ou prazos impossíveis de cumprir
5. Supervisão/controlo excessivo do seu trabalho
6. Ser pressionado a não reclamar aquilo a que tem direito (ex: baixa médica,
férias, despesas de deslocação)
7. Ser exposto a uma carga de trabalho excessiva e impossível de realizar
8. Ser humilhado ou ridicularizado em relação ao seu trabalho
9. Retirarem ou substituírem responsabilidades da sua função por tarefas pouco
importantes e/ou desagradáveis
10. Espalhares boatos ou rumores sobre si
11. Ser insultado ou fazer comentários ofensivos sobre si ou sobre a sua vida
privada
12. Insinuações ou sinais que deve pedir demissão
13. Ser constantemente lembrado dos seus erros ou enganos
14. Ser ignorado ou enfrentar reações hostis quando se aproxima de alguém
15. Críticas constantes ao seu trabalho e esforço
16. Ser alvo de piadas por parte de pessoas com as quais não tem nenhuma
ligação
17. Serem feitas acusações contra si
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2. Tendo como referência a sua organização em termos globais, por favor indique a
resposta que mais se adequa às questões apresentadas.
1-Nunca/ Quase Nunca; 2-Raramente; 3-Às vezes; 4-Frequentemente; 5-Sempre
3. Tendo como referência a sua organização em termos globais, por favor indique o
grau de concordância com cada uma das seguintes afirmações.
1-Discordo totalmente; 2-Discordo parcialmente; 3-Não concordo nem discordo; 4-
Concordo parcialmente; 5-Concordo totalmente
18. Ser alvo de sarcasmos ou de brincadeiras excessivas
19. Gritarem consigo ou ser alvo de atitudes agressivas
20. Ser alvo de comportamentos intimidatórios tais como “apontar o dedo”,
invasão do seu espaço pessoas, empurrões ou bloquearem-lhe o caminho
21. Ser ameaçado de violência ou abuso físico ou ser mesmo alvo de violência
22. Ser ignorado ou excluído
Stress Organizacional - Itens 1 2 3 4 5
1. A sua carga de trabalho acumula-se por ser mal distribuída?
2. Com que frequência não tem tempo para completar todas as tarefas do seu
trabalho?
3. Precisa trabalhar muito rapidamente?
4. O seu trabalho exige a sua atenção constante?
5. O seu trabalho exige que tome decisões difíceis?
6. O seu trabalho exige emocionalmente de si?
7. Tem um elevado grau de influência no seu trabalho?
8. O seu trabalho exige que tenha iniciativa?
9. O seu trabalho permite-lhe aprender coisas novas?
10. No seu local de trabalho, é informado com antecedência sobre decisões
importantes, mudanças ou planos para o futuro?
11. Recebe toda a informação de que necessita para fazer bem o seu trabalho?
12. Sabe exatamente quais as suas responsabilidades?
13. O seu trabalho é reconhecido e apreciado pela gerência?
14. É tratado de forma justa no seu local de trabalho?
15. Com que frequência tem ajuda e apoio do seu superior imediato?
16. Existe um bom ambiente de trabalho entre si e os seus colegas?
Cinismo Organizacional - Itens 1 2 3 4 5
1. Acredito que a minha organização diz uma coisa e faz outra.
2. As políticas, objetivos e práticas da minha organização parecem ter pouco
em comum.
3. Irrito-me com frequência quando penso em algumas das práticas da minha
organização.
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4. A organização onde trabalho diz que espera um determinado comportamento
dos seus colaboradores, mas recompensa precisamente outros tipos de
comportamentos.
5. Quando a minha organização diz que vai fazer alguma coisa, questiono-me
se isso vai realmente acontecer.
6. Vejo pouca semelhança entre o que a minha organização diz que vai fazer e
o que realmente faz.
7. De uma forma geral, os colaboradores sentem-se frequentemente
pressionados quando pensam na organização.
8. De uma forma geral, os colaboradores sentem-se frequentemente desagrados
quando pensam na Organização.
9. De uma forma geral, os colaboradores sentem-se frequentemente ansiosos
quando pensam na organização.
10. De uma forma geral, os colaboradores queixam-se daquilo que acontece na
organização quando estão com amigos que a ela não pertencem.
11. De uma forma geral, os colaboradores fazem troça dos slogans e iniciativas
da organização.
12. De uma forma geral, os colaboradores costumam comentar com outras
pessoas a forma como as coisas são geridas na organização.
13. De uma forma geral, os colaboradores quando estão com outras pessoas
fazem críticas às políticas e às práticas da organização.
14. Não estou disposto a fazer sugestões de mudança, porque estou pouco
empenhado.
15. Detenho ideias passivamente porque estou resignado.
16. Passivamente guardo ideias para a resolução de problemas, para mim
próprio.
17. Mantenho para mim ideias de melhoria, porque tenho pouca autoconfiança
para fazer a diferença.
18. Retenho ideias sobre como melhorar o trabalho à minha volta, porque estou
pouco empenhado.
19. Não falo nem sugiro ideias de mudança, porque tenho medo.
20. Retenho informação relevante porque tenho medo.
21. Omito factos importantes de modo a proteger-me.
22. Evito expressar ideias de melhoria, para me auto-proteger.
23. Retenho a solução para os problemas, porque tenho medo.
24. Retenho informação confidencial, porque sou cooperante.
25. Protejo informação para que a Organização beneficie.
26. Resisto à pressão dos outros em contar segredos organizacionais.
27. Recuso-me a divulgar informação que possa prejudicar a Organização.
28. Protejo, de forma adequada, informação confidencial por preocupação para
com a Organização.
66
4. Tendo como referência a sua organização em termos globais, por favor indique o
grau de concordância com cada uma das seguintes afirmações.
1-Discordo totalmente; 2-Discordo parcialmente; 3-Não concordo nem discordo; 4-
Concordo parcialmente; 5-Concordo totalmente
5. Género
__ Feminino
__ Masculino
6. Idade
__ 18 aos 24 anos
__ 25 aos 34 anos
__ 35 aos 44 anos
__ 45 aos 54 anos
__ 55 aos 64 anos
7. Qual o seu estado civil?
__ Casado ou União de facto
__ Divorciado
__ Viúvo
__ Solteiro
8. Indique a sua formação académica
__ Ensino Secundário
__ Licenciatura
__ Mestrado
Comunicação Organizacional - Itens 1 2 3 4 5
1. Quando os meus colegas me dizem alguma coisa, eu confio neles para me
dizerem a verdade
2. Os meus colegas estão recetivos às sugestões que eu lhes faço
3.Sabe-se mais sobre a nossa empresa em conversas com os colegas do que
através da Gestão/ Direção
4. Os objetivos desta empresa, provavelmente só são conhecidos por quem os
formulou
5. A maior parte daquilo que fico a saber através dos canais oficiais da minha
empresa (ex: intranet, email) há muito tempo que deixou de ser sobre assuntos
atuais
6. Quando ouvimos informação que nos diz respeito, esta geralmente chega por
outras vias indiretas, o “diz que disse”
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__ Doutoramento
9. Indique o setor de atividade no qual trabalha
__ Público
__ Privado
10. Qual a sua posição profissional no seu cargo atual?
__ Operacional (caixa, aux. Administrativo, etc.)
__ Gestão média (Gerente de setor, supervisor de área, etc.)
__ Alta Gestão (Diretor geral, chefe de departamento, etc)
__ Estagiário
11. Indique há quanto tempo trabalha na empresa atual
__ Menos de 2 anos
__ De 2 a 3 anos
__ De 4 a 6 anos
__ De 7 a 9 anos
__ Mais de 10 anos