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  • 8/14/2019 Ass Imprensa Guia Conselhos

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    emdiaconselhosum guia para encurtar a distncia entre Conselhos de Direitos, Conselhos Tutelares e a sociedade

    _como se relacionar com profissionaise veculos de comunicao

    _aes alternativas de comunicao

    para falar e ser ouvido

    _construindo estratgias de comunicao

    para um Conselho

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    4percorrendo o guia_

    ELABORADO PARA ORIENTAR CONSELHEIROS NA CONSTRUO DE UMBOM RELACIONAMENTO COM OS MEIOS DE COMUNICAO, O GUIA MDIAE CONSELHOSFOI PRODUZIDO EM 8 CAPTULOS, ORGANIZADOS PARAFACILITAR A BUSCA DE DICAS E SUGESTES DE AES. VEJA COMOPERCORRER O GUIA E ENCONTRAR AS INFORMAES QUE VOC DESEJA.

    Este cone acompanha os quadrosexplicativos que trazem receitas e dicaspara aes voltadas para a comunicao.

    Este cone indica falas de conselheiros e jornalistas queparticiparam das oficinas Mdia e Conselhos.

    sem medo deser notcia_25

    Sugestes para os Conselhos se prepararem para umbom relacionamento com a imprensa. Um glossriointroduz conceitos que fazem parte do cotidianoprofissional dos jornalistas.

    matria-prima paraa comunicao_35

    Dicas de como fazer um bom planejamento das aesde comunicao, visando estreitar os laos com amdia. E ainda experincias positivas construdasdurante os encontros regionais do Projeto Mdia eConselhos.

    boas, criativas e baratas_48

    No s os jornais, as tevs e rdios so poderososintrumentos para promover aes de aproximaocom a comunidade. A chamada mdia alternativa tem

    se espalhado por todo o Brasil, com iniciativascriativas, aproveitando os encontros, festas e locaispblicos para estabelecer um verdadeiro dilogo coma comunidade sobre o Estatuto da Criana e doAdolescente.

    ganhando espaos_56

    Um Banco de Pautas com exemplos de matrias queos conselheiros podem sugerir para os jornalistas paratornar mais presente a temtica da infncia e daadolescncia nos meios de comunicao.

    os Conselhos pelo Brasil_63

    Quadro demonstrativo com o nmero de ConselhosTutelares e de Direitos no Pas. Tambm apresentadoo nmero de Conselhos Tutelares que j trabalhamcom o Sipia.

    o Projeto Mdiae Conselhos_64

    Apresentao das aes realizadas no Projeto Mdia eConselhos - Aliana Estratgica na Prioridade Absolutaaos Direitos da Criana e do Adolescente.

    apresentao_6Na abertura do Guia, a ANDI e o Conanda destacam aimportncia da comunicao no processo devisibilidade e de fortalecimento dos Conselhos.

    prefcio_7

    O Ministro-chefe da Secretaria Especial DireitosHumanos e presidente do Conselho Nacional dosDireitos da Criana e do Adolescente, NilmrioMiranda, destaca o papel dos Conselhos naconstruo de um pacto social em favor da infncia eda adolescncia no Brasil e o papel estratgico dacomunicao para atingir as metas deste pacto.

    democratizaoda comunicao_8

    As anlises realizadas pela ANDI sobre a cobertura damdia nacional mostram avanos no comportamentode jornais, revistas e programas de tev diante dotema da infncia e juventude. Apesar da maiorpresena dos assuntos ligados a esta temtica naagenda de pautas, os Conselhos de Direitos eTutelares tm um longo caminho a percorrer paratornarem-se referncia como fontes para a imprensa.

    comunicao: essncia

    da natureza humana_14Neste captulo, mostramos como a Comunicaointegra a vida humana desde os primrdios, sendo umdos principais motores que induzem o relacionamentosocial. Seguindo a Linha do Tempo, possvelcompreender como os meios de comunicao e osdireitos das crianas e dos adolescentes evoluramatravs dos sculos.

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    O Brasil tem testemunhado nas ltimas dcadas,principalmente aps a Constituio de 1988,importantes avanos no campo jurdico-legal no quese refere aos direitos das crianas e adolescentes. Umdos pontos altos dessa transformao foi, sem dvida,o Estatuto da Criana e do Adolescente. Ao tratar acriana e o adolescente como sujeitos de direitos edeveres, o Estatuto inaugurou a doutrina de proteointegral, baseada na descentralizao poltico-administrativa e na paridade governo/sociedade civilno processo de tomada de decises.

    Entretanto, apesar de todos estes avanos legais, osdireitos da infncia e da adolescncia continuam a serdenegados na prtica social. O fato que possvelidentificar uma enorme distncia entre as condiesreais de vida dessas populaes e aquilo que lhescabe por direito. Alm disso, ainda que se tenhaampliado o acesso aos bens e servios que lhes sodestinados, urgente atingir a universalizao e aeqidade no atendimento de suas necessidades edemandas.

    Para que alcancemos o xito no enfrentamento destesdesafios, preciso implementar polticas pblicaseficientes e eficazes com a construo de um pactosocial em favor das crianas e adolescentes do Brasil.

    Conselhos de Direitos e Conselhos Tutelares soprotagonistas deste pacto social, pois desempenhampapis fundamentais, estratgicos. De um lado, oConselho de Direitos tem a funo de acompanhar emonitorar a formulao das polticas, exercendo ocontrole social sobre as aes do Estado. De outrolado, o Conselho Tutelar, responsvel por zelar peloexerccio pleno dos direitos, atua no difcil terreno dasviolaes, sendo responsvel pelas medidas maisimediatas.

    Nesse sentido, para que os Conselhos desenvolvam oseu protagonismo que visa a garantia efetiva dosdireitos da populao infanto-juvenil , estratgico opapel da comunicao. A idia que norteou arealizao deste Guia a necessidade de insero naagenda social de um amplo debate sobre aimportncia da efetivao dos direitos da criana e doadolescente; sobre o Pas que se deseja ter; aconscincia dos desafios do presente e daspossibilidades do futuro. Pois, afinal, investir nopresente de nossa infncia e adolescncia significaconstruir um futuro melhor para todos.

    Neste contexto, estou certo que este Guia defundamental importncia, pois traz orientaes sobrecomo produzir e fazer circular informaes que dotransparncia s aes, ampliam a noo de controlesocial e contribuem com o processo de conquista dalegitimidade poltica da atuao dos Conselhos deDireitos e Tutelares. Ao colaborar para que essasinstituies construam uma relao saudvel com aimprensa baseada em princpios ticos e nademocratizao do acesso informao e ao debatepblico , bem como para que estejam cientes daspossibilidades de uso das diversas ferramentas decomunicao para a mobilizao, o Guia reconhece aimportncia de tais recursos para a consolidao dos

    direitos infanto-juvenis. Alm disso, busca encurtar oscaminhos em direo a uma nova histria, ancoradaem mudanas de atitudes e valores. Uma histria quedeve, necessariamente, garantir o exerccio pleno dacidadania e superar desigualdades e injustias aindaexistentes nas condies de vida das crianas,adolescentes e suas famlias.

    Nilmrio Miranda

    Ministro-chefe da Secretaria Especial dos Direitos Humanos e presidentedo Conselho Nacional dos Direitos da Criana e do Adolescente (CONANDA)

    prefcio_Esta publicao integra o leque de aes do projetoMdia e Conselhos - Aliana Estratgica na PrioridadeAbsoluta aos Direitos da Criana e do Adolescente,idealizado e coordenado pela ANDI - Agncia deNotcias dos Direitos da Infncia e pelo CONANDA -Conselho Nacional dos Direitos da Criana e doAdolescente, com recursos do Fundo Nacional dosDireitos da Criana e do Adolescente, destinados pelaPetrobras.

    Unidas pela convico de que possvel e necessriofortalecer e profissionalizar as estratgias decomunicao social desenvolvidas por Conselhos deDireitos e Conselhos Tutelares, as entidades parceirasesto investindo no processo de qualificao deconselheiros e na produo e veiculao de umacampanha publicitria. O objetivo dar maiorvisibilidade a estes rgos, que so os principais focosde promoo de cidadania de crianas eadolescentes.

    Anlise realizada pela ANDI e Instituto Ayrton Sennasobre a cobertura jornalstica de temas relacionados infncia e adolescncia mostra que, em 2002, osConselhos Tutelares foram ouvidos em apenas 0,71%das mais de 92 mil reportagens veiculadas por 50 dosmais importantes jornais de todo o Pas. J os

    Conselhos de Direitos serviram de fonte a 0,46%desses textos.

    A idia de potencializar o uso de ferramentas decomunicao em prol dos direitos das novas geraes j est na Lei 8069/90, o Estatuto da Criana e doAdolescente, que recomenda como uma de suas

    diretrizes de poltica de atendimento "a mobilizao daopinio pblica, no sentido da indispensvelparticipao dos diversos segmentos da sociedade"(Artigo 88, inciso VI).

    O Projeto Mdia e Conselhos quer ajudar naconstruo de caminhos originais para a efetivaodesse preceito legal e deseja faz-lo em conjunto comaqueles atores que tm percebido a importncia deaproximar os instrumentos da era dos direitosdaqueles da era da informao. Tal processocertamente depende do protagonismo de cada umdos envolvidos. Portanto, para essa viagem criativaque a ANDI e o Conanda convidam voc,conselheiro(a).

    O manual que voc tem em mos oferece orientaespara acessar com agilidade e eficincia o mundo dacomunicao social. Elaborado inicialmente com acontribuio de especialistas da rea de mdia e domovimento pelos direitos da criana e do adolescente,seu contedo foi debatido, ampliado e aprimorado aolongo de seis encontros regionais com conselheiros e jornalistas de todo o Pas, realizados durante oprimeiro semestre de 2003.

    Assim, o produto final lanado em dezembro de 2003

    durante a V Conferncia Nacional dos Direitos daCriana e do Adolescente, em Braslia, expressa ospassos de centenas de pessoas na direo de formaruma conscincia pblica no s favorvel aos direitosinfanto-juvenis, mas incansvel na busca de sua plenaimplementao.

    apresentao_

    CONANDA

    Conselho Nacional dos Direitosda Criana e do Adolescente

    ANDI

    Agncia de Notciasdos Direitos da Infncia

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    democratizaoda informao_ A anlise cuidadosa das notcias publicadas nos

    jornais brasileiros sobre o universo da infncia e daadolescncia permite observar que a quantidade e aqualidade depende de como os jornalistas enfrentam odesafio dirio de tratar, com equilbrio, assuntos queimpactam profundamente a sociedade como aviolncia e a pedofilia , sem ferir os direitos das novasgeraes. Este equilbrio s possvel quando essesprofissionais se preocupam no apenas em denunciarproblemas, mas, principalmente, em debateralternativas e solues viveis.

    A qualidade das matrias depende tambm de umoutro fator: a capacidade dos setores sociaisenvolvidos com a promoo e defesa dos direitos dacriana e do adolescente de mobilizar a sociedade eprovocar o envolvimento dos veculos e profissionaisda comunicao.

    Muitos atores, entidades ou segmentos sociaiscomprometidos com a promoo dos direitos infanto-juvenis limitam sua relao com a mdia crtica aoserros cometidos na cobertura dessa rea. Outrossuperaram as dificuldades iniciais de relacionamento ecompreendem que toda organizao precisa devisibilidade para se legitimar diante da sociedade,agregando credibilidade poltica e atraindo novos

    parceiros para sua causa.

    Entretanto, mais do que priorizar e investir nacomunicao institucional e na consolidao de suaimagem, necessrio que as organizaes sociaisatuantes na rea da infncia e da adolescncia, comoConselhos de Direitos e Tutelares, compreendam quetm a obrigao de tornar pblicos os conhecimentosque acumularam pela experincia e pelo trabalhodesenvolvido.

    /co-responsabilidadeDenncias, solues encontradas, diagnsticos,entraves polticos ou culturais para o enfrentamentodas questes que afetam esse universo tudo issopode virar notcia e merece divulgao. Assim, possvel promover a democratizao da informao.

    Essa , portanto, uma questo fundamental: a co-responsabilidade entre as fontes que produzem a

    informao e os jornalistas, que as coletam, editam edistribuem. E se as organizaes ainda demonstramdificuldades em estabelecer estratgias de aobaseadas na comunicao, por sua vez os jornalistasprecisam se esforar para superar a formaouniversitria deficiente no que se refere ao campo dosdireitos humanos. Na maioria dos casos, necessitamtambm aprender a enfrentar rotinas de trabalho emque o tempo para apurar, redigir e editar extremamente curto grave obstculo a ser vencidopor quem prioriza a informao de qualidade.

    Vale lembrar, porm, que a atuao destes atoressociais deve ir alm de um relacionamento saudvelcom veculos da imprensa, como veremos logo aseguir. No decorrer de nossa viagem pelos diversosaspectos da comunicao, sero apresentadas outras

    formas de utilizao de seus diversos recursos, quefuncionam muito bem quando utilizados de forma ticae estrategicamente planejada. Aps a leitura desteguia, ser possvel programar um detalhado percursode comunicao a ser desenvolvida pelos Conselhos.E dele poder fazer parte tanto uma complexaentrevista coletiva para a divulgao de dennciasquanto a simples elaborao de um fo lheto explicativo.Sejam as aes bsicas ou sofisticadas, todas sofundamentais para a mobilizao da sociedade rumo defesa integral de nossas crianas e adolescentes.

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    10 /muita coisa ainda por fazer

    Apesar de muitos avanos em direo consolidaode um jornalismo socialmente responsvel, o retratoda infncia e da adolescncia diariamente pintado pelaimprensa brasileira ainda no reflete a verdadeiradimenso dos problemas e desafios que minam umaefetivao mais abrangente dos direitos infanto- juvenis. Crianas e adolescentes chamados demenores ainda ocupam as manchetes das pginaspoliciais e tm menos voz nas reportagens do queseria recomendvel. As organizaes da sociedadecivil ainda so muito pouco ouvidas em relao a

    alguns temas importantes.

    /os Conselhosnos meios de comunicao

    As pesquisas realizadas pela ANDI e seus parceirostambm identificam que os Conselhos de Direitos eTutelares, fundamentais na promoo e garantia dosdireitos da criana e do adolescente, estopraticamente ausentes na cobertura.

    Dados veiculados no relatrio Infncia na Mdia demaro/2001 revelam que entre as 792 matrias quetinham como foco o 10. aniversrio do Estatuto da

    Criana e do Adolescente, coletadas entre os 50principais jornais dirios e 8 revistas semanaisbrasileiros, os Conselhos de Direitos e Tutelares foramouvidos pelos jornalistas em apenas 9,16%. Na ediodo relatrio publicada em maro de 2003, a radiografiada cobertura jornalstica de todos os temasrelacionados infncia e adolescncia por estesmesmos veculos mostra que, ao longo de 2002, osConselhos Tutelares foram ouvidos em apenas 0,71%das mais de 92 mil reportagens analisadas; osConselhos de Direitos em 0,46%.

    Tambm em relao a temticas especficas, asituao crtica. Na pesquisa Infncia na Mdia desetembro/2001, fica evidenciado que entre 769matrias analisadas sobre o t emaEducao Infantil, osConselhos Tutelares foram fonte em apenas umamatria. J os conselhos deliberadores de polticaspblicas (dos Direitos, da Educao, da Sade e daAssistncia Social) foram ouvidos, no total, em apenas14 ocasies.

    Em reportagens sobre a violncia, analisadas noestudo Balas Perdidas - Um olhar sobre ocomportamento da imprensa brasileira quando acriana e o adolescente esto na pauta da violncia,

    que analisou em profundidade 1.140 reportagens, osConselhos dos Direitos (Municipais, Estaduais eNacional) foram ouvidos em 0,6% delas, o mesmopercentual dos Conselhos Tutelares.

    Na imprensa regional, a situao semelhante, comodemonstram as pesquisas A Criana e o Adolescentena Mdia, realizadas nos estados onde estoimplantadas as Agncias da Rede ANDI. Os conselhosso pouco ouvidos nas matrias sobre crianas eadolescentes publicadas tanto por jornais das capitaisquanto do interior dos diferentes estados.

    /conselheiros e a mdia

    justamente para lidar com a questo fundamental dorelacionamento dos Conselhos de Direitos e Tutelarescom os profissionais da mdia que produzimos esteguia, pois vivemos um momento muito oportuno paraque se estabeleam novos patamares nessa relao.A cada ano, se consolida de forma mais significativa,nas redaes de todo o Pas, uma imprensasocialmente responsvel e mais atuante no que serefere s principais questes de interesse das crianase dos adolescentes. Os conselheiros, certamente,devem ter um papel fundamental na construo de um

    debate pblico mais qualificado e mobilizador.

    /a criana e o adolescentena mdia brasileira

    A produo de informaes sobre crianas eadolescentes na imprensa brasileira tem sido objetocentral do trabalho da ANDI Agncia de Notcias dosDireitos da Infncia desde 1992. De l para c,pesquisas de monitoramento de mdia demonstramque o trabalho da imprensa evoluiu, libertando-se demuitos mitos e preconceitos, ao mesmo tempo emque passa a incorporar uma viso mais madura sobreos direitos de meninos e meninas. Um bom exemplo

    o fato do tema Educao haver saltado da oitavaposio, em 1996, para o primeiro lugar, em 1998,entre os assuntos mais abordados pelos jornalistas.Essa liderana mantida at hoje, consolidando aidia de que necessariamente passa pelas salas deaula a soluo de problemas estruturais de nossoPas.

    No aspecto quantitativo geral, entre 1996 e 2002, onmero de reportagens que os 50 principais jornaisbrasileiros dedicaram aos temas relacionados aosdireitos da infncia e da adolescncia cresceu cercade 800%, conforme aponta o relatrio Infncia naMdia, editado pela ANDI e pelo Instituto Ayrton Senna,com apoio do Unicef. Isso significa que h uminteresse crescente da sociedade e dos veculos decomunicao pela situao da infncia e daadolescncia e pelas polticas voltadas a essesegmento, prioritrio quanto se discute justia social,eqidade e desenvolvimento humano no Brasil.

    /boas notciasO Estatuto da Criana e do Adolescente, antescombatido de forma claramente passional econservadora, j h alguns anos vem sendorespaldado pela na mdia brasileira. Anlisecoordenada pela ANDI sobre a cobertura dascomemoraes dos dez anos do ECA completadosem julho de 2000 , registrou que 85,72% dos quase800 textos focalizados tinham um posicionamentoclaramente favorvel lei.

    O estudo A Mdia dos Jovens, que analisa o trabalhodos suplementos de jornais e revistas dedicadas aosadolescentes, tambm traz boas notcias. Nessaspublicaes, temas de Relevncia Social aqueles

    que contribuem para a formao cidad de seusleitores ocuparam em 2002 cerca de 54% de todo oespao editorial. Este ndice no ult rapassava 24% em1997.

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    12 /a via do dilogo

    Mas, se os jornalistas no procuram os Conselhos, osconselheiros ainda so pouco pr-ativos e tambm no semobilizam em direo aos meios de comunicao.

    A maioria dos jornalistas participantes das oficinas do ProjetoMdia e Conselhos considera esses rgos como fontes deinformao imprescindveis quando o assunto envolve crianas eadolescentes. Ao mesmo tempo, a maior parte dos conselheirostambm afirma que raramente e at mesmo que nunca envia sugestes de matrias para os veculos de comunicao.Alguns deles chegaram a apontar que no conversam com a

    mdia em hiptese alguma.

    O farto crescimento no nmero de reportagens publicadas sobrecrianas e adolescentes mostra, no entanto, que h um espaoimportante onde os Conselhos podem atuar para a maiorqualificao dessa cobertura. E precisamente a construo deuma relao profissional, tica e sistemtica com os meios decomunicao, que poder provocar o aprimoramento notratamento desse vasto leque de questes.

    O que se espera como resultado dessa aproximao que osmeios de comunicao compreendam a lgica de ateno aosdireitos proposta pelo Estatuto da Criana e do Adolescente.Assimilar a mecnica do Sistema de Garantia de Direitos,entender as atribuies dos Conselhos Tutelar e de Direitos,capacitar-se a cobrar polticas pblicas eficazes e, principalmente,saber contextualizar os fatos que costumam virar notcia no dia-a-

    dia. Essas so mudanas que indicaro um salto qualitativo degrande relevncia. Mas, para tal salto se materializar, se fazemnecessrios, em igual nvel de responsabilidade, os esforos damdia e de todo o movimento social que atua em defesa dosdireitos de crianas e adolescentes.

    Nesse contexto, os Conselhos podem se estabelecer comofontes de informao fundamentais e como referncias para osjornalistas sobre questes que envolvem crianas e adolescentes,criando vias de dilogo mais efetivas e permanentes.

    /rumo mobilizaoda sociedade

    O desconhecimento das atribuies dos Conselhos pelasociedade uma dificuldade enfrentada por seusrepresentantes no desenvolvimento de suas atividades. Adesinformao tambm gera preconceitos: conselheirosouvem com freqncia que o Estatuto da Criana e doAdolescente protege os jovens que cometem delitos ouque esse Estatuto muito avanado para o Brasil.

    Mesmo considerando a grande diversidade encontrada

    entre os municpios brasileiros e entre os Conselhos, ficaevidente que a comunicao ser uma ferramenta degrande importncia para que os c onselheiros se aproximemda comunidade tanto para divulgar informaes quefacilitem a compreenso sobre os princpios que orientam oEstatuto da Criana e do Adolescente, quanto para divulgara importncia e o papel dos Conselhos.

    Para que o Estatuto seja definitivamente implementado, fundamental a participao de todos. E o Estatuto prev amobilizao da opinio pblica no sentido da indispensvelparticipao dos diversos segmentos da sociedade, comodiretriz da poltica de atendimento. O que sugere arealizao de campanhas e a difuso de informaes paratodos os espaos da sociedade. Isso significa possibilidadede envolver os grandes meios de comunicao de massaat aes especficas em praas, clubes, escolas, igrejas,

    empresas, universidades, hospitais, feiras, festas folclricase religiosas ou seja, qualquer espao pblico pode serpotencializado pelos conselheiros que desenvolvemestratgias criativas para mobilizar a comunidade.

    Em sntese, os recursos da comunicao so fundamentaispara que os conselheiros possam convidar os segmentossociais a fazer do Estatuto um instrumento de democraciaparticipativa, na busca de solues para a infncia eadolescncia brasileiras.

    A ANDI - Agncia de Notcias dos Direitos daInfncia uma organizao no-governamental, fundada em 1992, emBraslia. Sua misso contribuir para oaprimoramento da qualidade da informaopblica em torno de temas consideradosdecisivos para a promoo dos direitos dainfncia e da adolescncia. Para isto, buscaestimular o dilogo pr-ativo, profissional etico entre os atores da sociedade civil

    organizada e a mdia.Trs eixos estratgicos Mobilizao, Anlisee Qualificao orientam as diversasiniciativas desenvolvidas pela ANDI. Emfuno disso, as tecnologias de informaovm sendo adotadas pela instituio, comvistas organizao da infra-estrutura, formao de redes e gesto da informaoem monitoramento e avaliao da mdia.

    Baseada nessa experincia bem sucedida, emmaro de 2000 foi criada a Rede ANDI Brasil.Ela se prope a construir uma aoorganizada e sistmica entre agentes decomunicao e mobilizao social tambminspirada na promoo e defesa dos direitos

    da infncia e adolescncia. Seu principalobjetivo investir na formao de uma cult ura

    jornalstica que investigue e priorize asquestes relativas ao universo infanto-juvenil,sempre sob a tica dos seus direitos.Atualmente, a Rede ANDI conta com oitoAgncias regionais. So elas: Auuba (PE),Cip (BA), Ciranda (PR), Girassolidrio (MS),Mdia Criana (SC), Oficina de Imagens (MG),TerrAmar (RN) e Uga-Uga (AM).

    Saiba mais sobre a ANDI e a Rede ANDIno site www.andi.org.br

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    comunicao:essncia da natureza humana_

    "SOMOS O QUE FAZEMOS,MAS SOMOS, PRINCIPALMENTE,

    O QUE FAZEMOS PARAMUDAR O QUE SOMOS".

    Eduardo Galeano

    NESTE CAPTULO DAREMOS INCIO VIAGEM AO MUNDO DA COMUNICAO, BUSCANDOENTENDER PORQUE ELA TO IMPORTANTE EM NOSSAS VIDAS. APRESENTAMOS AINDAA TRAJETRIA CRONOLGICA DOS MEIOS DE COMUNICAO NO BRASIL E NO MUNDO E,PARALELAMENTE, RETRATAMOS COMO NOSSA SOCIEDADE PASSOU A PROMOVER UMANOVA POLTICA DE ATENO S CRIANAS E ADOLESCENTES.

    /faz parte do nosso ser

    A comunicao integra a vida humana desde sempre. O ser

    humano socivel, se organiza em grupos, tradicionalmente liga-se ao outro para viver. Este ser dotado de um crebro queaprende, desenvolve conhecimento, modos de sobrevivncia e deadaptao. Os processos retratados por estas afirmativas estopresentes em nossas vidas o tempo todo. De tanto ouvi-las, jnem pensamos mais como se processam. E, alm disso, comoagimos mecanicamente, nem percebemos como as exercitamos.Um dos motores principais desta mquina social que produzrelacionamentos a comunicao. Desde o incio dos tempos, acomunicao est enraizada na vida humana. ela que garanteos instrumentos e vnculos necessrios para que nossa raacompartilhe suas experincias, produza novos sentidos e valores,enfim, propicie o acmulo de saberes e a evoluo.

    /pintura rupestre

    No incio, o ser humano foi desenvolvendo uma srie de smbolospara preservar aspectos da vida cotidiana. Naquela poca,registrar a histria j era considerada uma atividade de grandeimportncia. Muitos pesquisadores no temem em afirmar que osresponsveis pelas pinturas rupestres, encontradasprincipalmente em cavernas e grutas, eram dispensados dealgumas tarefas na tribo. Quando a humanidade deixou de sernmade, de vagar pelo mundo para garantir seu alimento e fixou-se em um lugar, a elaborao dos processos comunicacionaisganhou velocidade e sofisticao.

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    MDIA1438_Gutenberg inventa, naFrana, a tipografia, processode impresso a partir de tiposem relevo.

    1455_Uma Bblia, impressapor Gutenberg, o primeirolivro produzido em tipografia.

    DIREITOSA populao indgena enxergaa criana comoresponsabilidade no apenasdos pais biolgicos, mas detoda a tribo. J na Europa, ainfncia no existe como umacategoria especfica, mascomo um adulto emminiatura.

    DIREITOSCrianas e adolescentes abandonadose marginalizados em Portugal sotrazidos pelos colonizadores ao Brasilpara colaborar nas atividades deaproximao com os ndios e nacatequese. Comea a ser formada acategoria criana, porm, consideradacomo um pequeno adulto ou umaminiatura do adulto.

    MDIA1605_Em Anturpia, na Blgica,circula o primeiro jornal daEuropa - Notcias da Anturpia

    DIREITOSAo longo do sculo XVII, acategoria da infncia vai seconsolidando, porm sempre emcondio de inferioridade esubmisso em relao aos adultos.

    at 1500 1500 / 1600 1600 / 1700

    na linha do tempo/para que serve a notcia?Chegamos a uma questo fundamental: por um lado,as notcias tm mltiplas interpretaes. Por outro,elas tm mltiplas formas de produo. A notcia no uma cpia fiel de um fato. Na produo da notcia, oprocesso de seleo determinante. Este processoenvolve a linha editorial do meio de comunicao, osvalores e costumes do grupo social para o qual o jornal, o rdio ou a televiso esto destinados, semelhora ou no a venda.

    Alguns princpios que orientama seleo da notcia.1/ a proximidade com o acontecimento;.2/ nvel de importncia dos envolvidos;.3/ a repercusso da notcia na vida das pessoas;.4/ a atualidade da notcia,a capacidade de informar melhor

    e primeiro.Quanto mais atual, melhor a notcia;.5/ a polmica jornalstica as vezes, ela a opo.

    Exemplos claros so programas que apelam para oabsurdo e enxergam tudo atravs da tragdia.

    /direito comunicao bsico para a cidadania

    Informar transmitir mensagens sem quenecessariamente se tenha um retorno de como ela foientendida. Comunicar diferente: pressupe retorno,dilogo, compreenso, pacincia. E se comunicao uma via de mo dupla, temos um grande problema aser enfrentado no Brasil: o monoplio dos meios decomunicao, que em geral veiculam o que interessaa uma minoria dominante e no maior parte dapopulao.

    Falar em democratizar a comunicao lembrar quetodo cidado brasileiro tem direito ao acesso informao condio bsica para o exerccio dacidadania. Cabe a voc, conselheiro de Direitos ouTutelar, ter em mos os melhores dados estatsticos eanalticos sobre a infncia e a juventude e garantir oacesso da sociedade a estas informaes. Seu papel desmistificar o Estatuto da Criana e do Adolescentejunto populao, com a contribuio da mdia.Este Guia foi feito para encurtar distncias e proporcaminhos entre o movimento social envolvido na

    promoo e defesa dos direitos de crianas eadolescentes e os meios de comunicao social. Porisso, indispensvel percebermos em que contexto seinsere a promoo dos direitos no Brasil de hoje, paraque tenhamos a dimenso do nosso desafio.Mudar uma cultura significa alterar mentalidades eatitudes pessoais e institucionais. E a sociedade tendea resistir a mudanas. Elas trazem desconfortos,desinstalam certezas, desacomodam comporta-mentos estereotipados e abalam as estruturas depoder estabelecidas.A comunicao deve ser vista como uma aliada nesteesforo de construir uma nova histria, exigindo ocumprimento dos direitos sociais e combatendo aexcluso. As anlises desenvolvidas pela ANDI e seusparceiros sobre a cobertura que a mdia brasileiraoferece aos temas da infncia e adolescncia

    apontam para uma clara evoluo. Mas precisoavanar muito mais.Trabalhando em conjunto, mdia e Conselhos tmcondies de criar uma comunicao que d suporteeficaz implementao do Estatuto da Criana e doAdolescente, evitando que caia no descrdito dasociedade no somente a legislao em si, mastambm as enormes possibilidades dedesenvolvimento social, poltico, econmico e culturalque ela inaugurou para o Pas. 1

    dcada de 30 dcada de 40dcada de 201801 / 19001701 / 1800

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    MDIA_1935_Acontece naAlemanha a primeiratransmisso oficial de TV.

    DIREITOS_Acontece uma crise do setoragrrio com a derrubada dasoligarquias rurais, principalmotivadora de umarevoluo, com o incio deum Estado autoritrio(Ditadura Vargas).Comearam a ser criadasestruturas de retaguarda para

    o Cdigo de Menores.

    dcada de 30MDIA_1940_Tem incio a "poca de ourodo Rdio", que contrata uma leva detcnicos e produtores, passa a teruma programao mais popular eganha audincia.

    No mesmo ano, vai ao ar o primeirojornal falado do rdio brasileiro: oGrande Jornal Falado Tupi, de SoPaulo, seguido pelo noticirio maisimportante do rdio brasileiro: oReprter Esso.

    DIREITOS_ criado, no mbito do governofederal, o SAM - Servio deAssistncia ao Menor. A lgica desseservio era a correcional-repressiva,ou seja, crianas e adolescentesabandonados ou infratores eram casode polcia e recluso.

    Surgem os patronatos, internatos eprogramas de profissionalizao para"menores carentes". Neste mesmoperodo, surge a LBA - LegioBrasileira de Assistncia, as Casas doPequeno Jornaleiro e do PequenoTrabalhador, obras ligadas primeiradama, D. Darcy Vargas.

    Algumas conquistas deste perodo: aCLT - Consolidao das LeisTrabalhistas e a obrigatoriedade doensino fundamental.

    dcada de 40MDIA_1919_Comea a chamada "Era do rdio".

    1920_O Rdio passa a ser usado comoveculo de comunicao de massa com atransmisso dos resultados da eleiopresidencial americana. Era o incio daradiodifuso.

    1922_Um discurso do ento presidente darepblica, Epitcio Pessoa, marca a primeiratransmisso oficial de rdio no Brasil.

    1923_Edgard Roquete Pinto e Henry Morizefundam a primeira estao radiofnica brasileira:a Rdio Sociedade do Rio de Janeiro.

    1928_Os Dirios Associados, de AssisChateaubriand, lanam O Cruzeiro, a primeirarevista semanal brasileira de circulao nacional.

    DIREITOS_At 1922 no existia nenhuma iniciativaestatal de atendimento a crianas eadolescentes. O atendimento aos"desamparados" era executadoexclusivamente pela Igreja Catlica,baseado na lgica higienistapredominante na poca, que tinha comoprincpio segregar e confinar tudo o quefosse doente na sociedade.

    Sob essa lgica, inaugurado em 1922o primeiro estabelecimento pblico para"menores" no Rio de Janeiro.

    Em 1927, criada a primeira legislaopara a infncia e adolescncia: o Cdigode Menores, que tinha como principalpropsito determinar medidas a seremadotadas em relao a crianas eadolescentes abandonados e infratores.

    dcada de 20MDIA_1808_Criada a Imprensa Rgia, resultado da vinda da Famlia Real Portuguesa para oBrasil. No mesmo ano, publicado o Correio Braziliense, dirigido e redigido pelo maomHiplito Jos da Costa, primeiro jornal independente do Brasil, impresso em Londres(somente em 1820 foi permitida sua circulao no Brasil).

    1826_O francs Joseph Nicphore Nipce (1765-1833) realiza a primeira fotografiapermanente do mundo.

    1863_O ingls James Clerck Maxwell demonstra a existncia das ondaseletromagnticas. Isso marca o incio das pesquisas que resultariam na inveno dordio como o conhecemos.

    1865_Surge em So Paulo o Dirio de S.Paulo.

    1870_Surgem no Pas vrios jornais de tendncia republicana, entre eles A Repblica.

    1875_Nasce em So Paulo a Provncia de So Paulo, mais tarde batizado como OEstado de S. Paulo.

    1876_Alexander Graham Bell registra a patente de seu novo invento, o telefone.

    1891_Nasce no Rio de Janeiro o Jornal do Brasil.

    1896_Inveno do rdio, popularizado aps a Primeira Guerra Mundial.

    DIREITOS_As crianas e adolescentes negros so inseridos no trabalho escravo. Os adolescenteseram preferidos por seu porte fsico e apresentarem perspectiva de retorno maisprolongado aos seus senhores. As adolescentes negras eram tambm usadassexualmente para a satisfao de seus senhores e para gerarem filhos mais claros, quepodiam ser vendidos no mercado escravo por preos mais altos.

    Em meados dos anos 1800, criada em Salvador (BA), a primeira iniciativa deatendimento a meninos e meninas abandonados, atravs da Ao Social Arquidiocesana,cujo padre responsvel foi autorizado pelos governantes a pedir esmolas em praapblica para manter o atendimento.

    Em 1886, com a Lei do Ventre Livre, aumenta o nmero de crianas e adolescentesabandonados, vivendo nas ruas.

    Em 1899 criado o Tribunal de Menores do Estado de Illinois/EUA, primeira estrutura jurdica no mundo na perspectiva denominada doutrina da situao irregular. Essemodelo influenciou as legislaes na rea da infncia em todos os continentes. E noBrasil, o Tribunal de Menores foi criado em 1924 e serviu de base para o primeiro Cdigode Menores em 1927 e todo o marco legal at o Estatuto da Criana e do Adolescente.

    1801 / 1900MDIA_1702_Surge o primeiro jornaldirio do mundo, o DailyCourant. Dele, nasceria aescola Anglo-Saxnica,segundo a qual aobjetividade a virtudeessencial do jornalismo.

    DIREITOS_No Brasil, criada a escolacomo lugar de ordem ehomogeneizao das crianasoriundas das elites. Aquelasque ficavam fora destainstituio eram consideradasas sem possibilidades, semfamlia, sem poder, semdinheiro: os "menores".

    So implantadas as Rodas dosExpostos, um mecanismo demadeira, inserido nos murosdas Santas Casas deMisericrdia, em que os bebsrejeitados pelas mes (porserem filhos ilegtimos,deficientes, ou mesmo porpobreza) eram depositadosnuma roda, que, uma vezacionada por uma manivela,levava para dentro do prdio acriana abandonada, quepassava a ser criada pelos

    padres e freiras.

    1701 / 1800

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    22 1950_No dia 3 de abril,

    acontece a pr-estriada televiso no Brasilcom a apresentao deFrei Jos Mojica, padree cantor mexicano. Asimagens no passam dosaguo dos DiriosAssociados, em SoPaulo, onde haviaalguns aparelhos de TVinstalados.

    1951_Comeam a serfabricados no Brasil os

    primeiros aparelhos deteleviso.

    1954_Entra emfuncionamento a TV emcores, inventada em1940 por PeterGoldmark.

    1956_O sucesso da TV tanto que o mercadopublicitrio passa a fazergrandes investimentos.

    Naquele ano, as trsemissoras de TV de SoPaulo arrecadavam maisque as treze emissorasde rdio. A essa altura,

    a TV atingia cerca deum milho e meio detelespectadores emtodo o Brasil.

    1960_No incio da dcada de 60, de um projeto militar americano surgiu a Arpanet, umarede de comunicao atravs do computador, com o objetivo de facilitar a transmisso dedados do Governo dos EUA.

    1962_ publicado o decreto 1.777, que define o profissional de jornalismo e suas funese condiciona o exerccio do jornalismo ao diploma de curso superior e ao registro doMinistrio do Trabalho.Promulgada a lei Lei 4.117, o Cdigo Brasileiro de Telecomunicaes, em 27 de agosto,cria o Sistema Nacional de Telecomunicaes, atribuindo Unio a competncia paraexplorar diretamente os servios, e autoriza o Poder Executivo a criar uma empresa pblicapara explorar os servios, a Embratel.

    1965_ inaugurada a TV Globono Rio de Janeiro e em So Paulo.

    1967_ criado o Ministrio das Comunicaes. Tambm inaugurada a TV Bandeirantes

    de So Paulo.

    1968_O governo militar cria o Conselho Superior de Censura.

    1969_A primeira rede de computadores criada para garantir a troca de informaesentre militares dos EUA durante a Guerra Fria.

    1969/1976_A imprensa brasileira resistia a presses do regime militar e procuravammostrar sempre ao leitor que estavam sob censura prvia.

    DIREITOS_Ampliao do nmero de organizaes da sociedade civil, especialmente no mbitosindical. Comea a haver reivindicao de polticas sociais redistributivas. No h registrohistrico de movimento organizado pela infncia e adolescncia neste contexto.

    Inicia-se a ditadura militar. O gasto social pblico priorizava o desenvolvimento econmico.Neste perodo, os programas sociais eram marcados por centralismo burocrtico do

    governo federal, controle social dos pobres (objetos passivos da assistncia do Estado),desmobilizao social, falta de uniformidade nos critrios de distribuio de verbaspblicas, incoerncia entre as prioridades do Estado e as demandas sociais,concentrao do investimento na mediao e controle.

    Neste contexto poltico e social promulgada a Lei 4513/64 - Poltica Nacional do BemEstar do Menor Funabem e Febens transio da concepo correcional-repressivapara a assistencialista (de perigoso a carente), elaborada dentro da Escola Superior deGuerra e que fortalece a poltica repressiva.

    Tambm nesse perodo instalada a censura no Pas: o governo probe a veiculao dequalquer imagem ou mensagem por qualquer meio de comunicao, que fosse contrriaou questionasse o regime poltico em vigor.

    MDIA_1970_O Censo aponta que o nmero deaparelhos de televiso chegou a 4 milhesde lares, atingindo, aproximadamente, 25milhes de telespectadores.

    1972_Acontece a primeira transmisso acores da TV brasileira: a Festa da Uva deCaxias do Sul / RS.Nesse ano, o jornalista Wladimir Herzog,do Departamento de Telejornalismo da TVCultura de So Paulo, assassinado nasdependncias do DOI-CODI, em SoPaulo. A morte de Herzog produz umagrave crise na ditadura militar, provoca

    reaes da sociedade civil e expe o quede pior ocorria durante o regime instaladoem 1964: priso, tortura e morte demilitantes.

    1975_Surge a Internet, a partir de umarede acadmica nas universidadesamericanas.

    DIREITOS_ feita uma reformulao do Cdigo deMenores (Lei 6697/79), incorporando anova concepo (assistencialista) doatendimento a crianas e adolescentesexcludos, regido pela doutrina da situaoirregular. Em meados dessa dcada teve

    incio o processo de abertura democrticae de reorganizao dos setores populares.

    As instituies de atendimento passam aconviver com trs tendncias: a repressiva,a assistencialista e a educativa. Algunssegmentos sociais comeam a denunciarmaus-tratos no sistema Febem/Funabem.Surge o Plano de Integrao Menor-Comunidade, uma tentativa dedesinstitucionalizar crianas eadolescentes das Febens, incentivando asiniciativas comunitrias de atendimento.

    MDIA_1981_Incio das operaes do SBT Sistema Brasileiro de Televiso, deSlvio Santos.

    1984_Depois de uma pesquisa cujo resultado demonstrou que apopulao desejava eleger o sucessor do presidente Joo BatistaFigueiredo, o jornal Folha de S. Pauloencampa a campanha Diretas J,pela eleio do novo presidente da Repblica.No mesmo ano, inaugurada a Rede Manchete.

    1988_A Constituio Federal, em seu Art. 224, faz referncia ao controlesocial da mdia, atravs do Conselho Nacional de Comunicao Social,garantindo a participao da sociedade civil.

    DIREITOS_Surge um movimento social composto por organizaesda sociedade civil (associaes de moradores; novosgrupos sindicais; movimentos culturais nas periferias, comnfase na cultura afro-brasileira; imprensa de bairro;Comunidades Eclesiais de Base).

    Um projeto inovador, Alternativas de Atendimento a Meninos de Rua,coordenado pelo Unicef e Funabem, culminou na realizao do I SeminrioLatino-Americano de Alternativas Comunitrias de Atendimento a Meninos deRua, no qual surgiram novas idias, prticas e lideranas como alternativas aoatendimento fechado em instituies da Funabem / Febem e com valorizaoda ao nas comunidades.

    Em 1985, criado o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua. Pelaprimeira vez fala-se em protagonismo infanto-juvenil, reconhecendo-se acriana e o adolescente como sujeitos participativos.

    Em 1986, vrias entidades de expresso se articulam e formam a Frente

    Nacional de Defesa dos Direitos das Crianas e Adolescentes, que mais tardepassou a se chamar Frum DCA Nacional. Neste mesmo ano, criada aComisso Nacional Criana e Constituinte, integrada por representantes dosMinistrios da Educao, Sade, Previdncia e Assistncia Social, Justia,Trabalho e Planejamento. Comea o maior processo de sensibilizao,conscientizao e mobilizao da opinio pblica e dos constituintes jimplementado neste Pas em defesa de um determinado segmento social.

    Em 1988, so apresentadas duas emendas de iniciativa popular: Criana eConstituintee Criana Prioridade Nacional, com mais de 6 milhes deassinaturas de eleitores de todo o Pas. Seus textos foram fundidos e setransformaram nos Artigos 204 e 227 da Constituio Federal, com 435 votosa favor e 08 contra.

    dcada de 60dcada de 50 dcada de 70 dcada de 80

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    4dcada de 90 2001 / 2003 sem medo

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    MDIA_1991_Jornalistas africanosredigem uma declarao deprincpios para uma mdia livre,independente e pluralista, aDeclarao de Windhoek.Tambm nesta data, comea aInternet no Brasil, com a RedeNacional de Pesquisa, umaoperao acadmica subordinadaao Ministrio de Cincia eTecnologia.

    1995_No dia 12 de maio, a Folhade S. Pauloalcana a maiorcirculao da histria da imprensabrasileira, 1.613.872 exemplares,empurrada pelo lanamento deum atlas histrico que acompanhaa publicao. Em maio, o Jornaldo Brasilpublica na internet suaverso eletrnica, a primeira doPas, o JB Online.

    DIREITOS_Em 13 de julho de 1990, sancionado o Estatuto da Crianae do Adolescente.

    Em 1993 sancionada a LOAS -Lei Orgnica de Assistncia Social.

    Em 1996, sancionada a novaLDB - Lei de Diretrizes e Bases daEducao Nacional.

    MDIA_2001_No dia 11 de setembro, o atentado terrorista contrao Word Trade Center, em Nova Iorque, transmitido ao vivomundialmente p ela TV.

    2002_ aprovada emenda constitucional que permite queempresas de comunicao sejam de propriedade depessoas jurdicas e permite a entrada de capital estrangeirono setor. Neste ano, constitudo o Conselho Nacional deComunicao, previsto na Constituio Federal de 1988.

    2003_Atualmente, a rede mundial de computadores considerada um dos maiores meios de comunicao,perdendo apenas para rede de telefones. E uma de suas

    vantagens a democratizao da informao. Os usuriospassam no s a ter acesso a informaes localizadas nosmais distantes pontos do globo como tambm a c riar,gerenciar e distribuir informaes em larga escala, nombito mundial, algo que somente uma grandeorganizao poderia fazer usando os meios decomunicao convencionais. Isso com certeza afetarsubstancialmente toda a estrutura de disseminao deinformaes existente no mundo, a qual hoje controladaprimariamente por grandes empresas.

    DIREITOS_Em 2002, o Pas possui aproximadamente 4 mil Conselhosde Direitos e 3,5 mil Conselhos Tutelares. O reordenamentoinstitucional proposto pelo Estatuto da Criana e d oAdolescente efetiva-se na mudana gradativa deconcepo, metodologia e gesto relacionadas s polticasde ateno aos direitos da infncia e da juventude.

    Em 2003, ANDI e Conanda decidem fortalecer a 8clusula do Pacto pela Paz elaborado durante a IVConferncia Nacional dos Direitos da Criana e doAdolescente, em 2001 , com a realizao do Projeto Mdiae Conselhos: Aliana Estratgica na Prioridade Absolutaaos Direitos das Crianas e Adolescentes.

    sem medode ser notcia_

    6 /as ni ersidades

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    /preparados para odilogo com a imprensa

    O relacionamento com a mdia e a mobilizao dasociedade so fundamentais para que o trabalho dosConselhos consiga alcanar visibilidade. Porm, lidarcom a comunicao envolve uma srie de diferentessituaes para as quais os c onselheiros precisam estarpreparados. Neste captulo, trataremos, especifica-mente, da relao entre as instituies que represen-tam e os veculos de comunicao de massa (jornais,rdios, tevs, revistas e internet). evidente que existe uma grande diversidade nosperfis dos Conselhos estrutura fsica, equipamentos,equipes de trabalho, recursos financeiros. Da mesmaforma, os veculos de comunicao tambmapresentam diferenas regionais, de formato, deestrutura. Entretanto, o modo de funcionamento basicamente o mesmo em qualquer Conselho e emqualquer veculo.A seguir, apresentamos algumas aes e conceitos domundo jornalstico que ajudaro os Conselhosna preparao para lidar com a comunicao.

    importante que cada Conselho avalie, de acordo coma sua realidade, quais aes ele poder realizar, emque medida vai aprofundar cada uma delas e em queprazo.Estas dicas foram elaboradas para servir comoreferncia aos conselheiros, no significando quedeve-se desconsiderar sua potencialidade em realizaraes de comunicao se alguma das sugestes noestiver ao seu alcance.

    /abrindo as gavetasde pautas

    Para estreitar os laos com a imprensa, precisotomar iniciativas importantes. Para isso, o primeiropasso construir um plano de comunicao,dimensionando os recursos disponveis para monta-gem da estrutura e quais servios o Conselho querdisponibilizar para a sociedade atravs da comu-nicao.O plano de comunicao deve ser entendido como adefinio dos objetivos, metas e estratgias que aorganizao, no caso os Conselhos, vo utilizar paraobter a visibilidade de suas aes junto mdia esociedade.Dentro deste planejamento, uma boa estratgia eleger uma Comisso de Comunicao ou at contarcom a assessoria de um profissional para organizar oatendimento aos jornalistas.O atendimento imprensa exige agilidade e orga-nizao para oferecer respostas em curto tempo, jque rapidez na apurao e redao das notcias socaractersticas essenciais do profissional de jornalismo.

    /as universidadescomo parceiras

    Mesmo definindo uma comisso responsvel pelacomunicao, muito importante que os Conselhosbusquem algum tipo de suporte para a realizao desuas atividades ligadas essa rea.De acordo com a necessidade e estrutura de cadaentidade, caso seja invivel a contratao de umprofissional, isso pode se dar de outras formas. Umadelas o recrutamento de estagirios de Comunicao,contando com o apoio das universidades na criao deuma rede de novos jornalistas que conhecem os direitos

    das Crianas e dos Adolescentes no Brasil.Muitos profissionais que lecionam nas universidadesapostam no conhecimento que os alunos adquirem aose envolverem em projetos prticos, por entenderemcomo parte importante na sua formao profissional.Essa relao com os conselheiros contribui assim paraque o Estatuto da Criana e do Adolescente sejaincludo no currculo dos futuros profissionais dacomunicao.

    No conseguimos ainda planejar uma poltica de comunicao. Cabe aoConselho pensar esta estratgia e viabilizar um profissional junto ao

    poder pblico, ou chamar um profissional e dar a ele essaresponsabilidade? Como se constri uma poltica de comunicao com a

    mdia e com a sociedade? Hoje temos mais perguntas do querespostas...

    Ana Maria Caetano Pereira Secretaria Executiva do CMDCA de Belo Horizonte/MG

    Os Conselhos precisam ter o entendimento de que a funo deles no apenas a poltica de atendimento ou a violao de direitos. Ns

    precisamos criar um relacionamento diferente com a mdia e com acomunidade. No s esperando que a imprensa nos procure, mas para

    que possamos servir de fonte para as notcias.Maria das Graas Marilene Cruz

    Assessora Pedaggica da Pastoraldo Menor / Conselheira do Conanda

    O relacionamento com os meios de comunicao precisa ser ampliado equalificado para mostrar que o Conselho uma fonte de informao clara

    de interesse pblico. Na verdade, a gente tem chamado pouco a mdia.Andra Pereira Goeb

    CMDCA do Rio de Janeiro/RJ

    H dificuldades de relacionamento e de comunicao: a mdia procura oConselho com a pauta pronta e quer chegar em determinado lugar com amatria. s vezes, o Conselho procurado para se expressar em situao

    que envolve a questo polticop artidria e pego de surpresa.A gentepercebe que difcil sair dessas situaes constrangedoras.

    Alexandre Tom de Souza Presidente do CMDCA de So Jos do Rio Preto/ SP

    SUGESTES DE COMO ELABORAR AES DECOMUNICAO, GARANTINDO VISIBILIDADE AO TRABALHODOS CONSELHOS E ESTABELECENDO UM BOMRELACIONAMENTO COM A MDIA

    8 /sindicatos como parceiros /organizando informaes

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    28 /sindicatos como parceiros

    Outras alternativas tambm podem ser construdas. Uma delas procuraros sindicatos de jornalistas, que podem colaborar na realizao deentrevistas, eventos e mesmo na aproximao com os profissionais decomunicao.

    /organizaes nogovernamentais como parceiras

    O Brasil conta hoje com um conjunto de organizaes que trabalham a

    comunicao com um olhar dedicado democratizao da informao.Em suas aes e projetos, elas podem ajudar os Conselhos com aimprensa e na realizao de campanhas de mobilizao social. A RedeANDI um bom exemplo dessa realidade, por meio de suas AgnciasRegionais espalhadas pelo Pas. Faa contato.

    /o poder pblico como parceiro

    Utilizar a estrutura do poder pblico, por meio das assessorias de

    comunicao das prefeituras e governos de estado e federal, pode seroutra alternativa. Os Conselhos podem solicitar este suporte. Para isso, importante que os conselheiros estejam bem alinhados em relao sposies que suas instituies vo tomar diante de fatos polmicos egarantam que as notcias que envolvam denncias e crticas ao prprioPoder Executivo tambm sejam divulgadas. Utilizar esta estrutura pode seruma boa sada para os Conselhos, que no tm condies de montar umaassessoria, mas, sem dvida, importante estar atento, em virtude dosinteresses envolvidos.

    Existia rivalidade entre os Conselhos ea imprensa aqui na cidade. Algunsconselheiros passavam informaesequivocadas para os jornalistas e depoisos acusavam de ter deturpado o que foidito. Comeamos a estreitar os laoscom os jornalistas e enviar por escrito as

    informaes, o que facilitou o trabalhodeles e divulgou o Estatuto da Criana edo Adolescente.Hoje, em nosso maiorveculo de comunicao local, osprofissionais passaram a manter contatoconosco e temos boas matrias sobre oEstatuto.Abigail Gonalves Silva Corra

    CMDCA Governador Valadares/MG

    Mais do que medo, falta conhecimentoe habilidade para lidar com a linguagemda comunicao. Os Conselhos no tmprofissionais de comunicao,emboranos incomode a forma como a mdia serelaciona com o Conselho e tambmnossa dificuldade de comunicar com asociedade e dizer o que o Conselho faz.Ana Maria Caetano Pereira

    Secretari a Executiva do CMDCA deBelo Horizonte/MG

    Quando ns procuramos o jornal, elequer notcia de impacto. Matrias sobrea implementao das polticas pblicasno so divulgadas. O que divulgado sensacionalismo. Ns procuramos areportagem, mas s vezes no somosouvidos.Doracy Anacleto Eich

    CEDCA do Rio de Janeiro/RJ

    CIP comunicaointerativa (BA)[email protected].: (71) 240-4477

    AUUBA comu nicaoe educao (PE)[email protected].: (81) 3441-2722

    Agncia UGA-UGA

    de comunicao (AM)[email protected].: (92) 642.8013

    CIRANDA (PR)[email protected].: (41) 224-3925

    OFICINA DE IMAGENS (MG)[email protected].: (31) 3482-0217

    MDIA CRIANA (SC)[email protected].: (48) 334-0801

    GIRASSOLIDRIO (MS)www.girassolidario.org.brtel.: (67) 342-5377

    COMPANHIATERRAMAR (RN)(Rio Grande do Norte)[email protected].: (84) 212-1258

    As agncias regionais da

    Rede ANDI pelo Brasil:

    /organizando informaes

    Para atender demanda da imprensa, ter sempre informaes e dadosestatsticos e analticos sobre a agenda da criana e do adolescente tarefa essencial no planejamento de comunicao. So dados que devemser usados para definir prioridades na elaborao de projetos, programasou polticas pblicas e que vo contribuir para que os jornalistascompreendam a dimenso e a natureza dos problemas que afetam ainfncia e a adolescncia.

    Para estruturar um banco de informaes, cada Conselho pode executaras atividades listadas abaixo:

    .1/ Levantar os projetos e programas desenvolvidos pelo governo oupor iniciativas no governamentais no municpio/estado na reada promoo e defesa dos direitos da infncia e da adolescncia;

    .2/ Realizar diagnsticos e relatrios e reunir informaes oficiaissobre a situao da infncia e da adolescncia;

    .3/ Identificar outras fontes de dados estatsticos mais gerais comoUnicef, ANDI, Unesco, Conanda, Secretarias Estaduais eMunicipais;

    .4/ Identificar as possibilidades para providenciar um computadorcom acesso Internet para cada Conselho;

    .5/ Assegurar a participao dos Conselhos no Sipia (Sistema de

    Informaes para a Infncia e Adolescncia), garantindoatualizao sistemtica dos dados referentes aos atendimentos;.6/ Procurar ter acesso s reportagens, programas de rdio ou

    televiso sobre crianas e adolescentes em sua regio e no Pas.Isso permitir aos conselheiros mais informaes sobre o queacontece na sua rea de atuao;

    .7/ Manter arquivados a Constituio Federal, o Estatuto da Criana edo Adolescente, resolues e demais legislaes sobre a infnci ae a adolescncia;

    .8/ Os Conselhos Tutelares podem divulgar estatsticas de denncias,de violaes de direitos e de encaminhamentos realizados.

    como fazer_

    0 /unificando conceitos e linguagem /os Conselhos

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    .1/ Estabelecer reunies peridicas para discutir como as informaes sobredenncias, encaminhamentos, diagnsticos e outros dados sero repassadas paraos jornalistas e para a sociedade. Nessas reunies, pode ser definido,por exemplo,se o Conselho divulgar para a imprensa relatrios semanais, quinzenais, mensaissobre as aes realizados.

    .2/ Realizao de encontros de capacitao dos conselheiros sobre o Estatuto daCriana e do Adolescente e legislaes relacionadas, como a Lei de Diretrizes eBases da Educao (LDB), a Lei Orgnica da Assistncia Social (LOAS), asconvenes internacionais de direitos e outros instrumentos legais importantes.

    .3/ Estabelecer formas de manter a periodicidade da comunicao entre os ConselhosTutelares e Conselhos de Direitos.

    como fazer_

    A causa da criana e do adolescente transversal e deve estar presente no

    comportamento dos editores, dos reprteres, daequipe de polcia, da equipe de economia, da

    equipe de poltica, da equipe de esportes.Acausa a causa do cidado, que tem que ter

    este compromisso estendendo a prtica jornalstica sobre qualquer tema.

    Suzana Varjo jornalista Jornal A Tarde Salvador/BA

    Ainda no aprendemos a lidar com a imprensae isso t em prejudicado bastante.Devemos

    passar informaes para o jornalista, atendendos necessidades peculiares mdia no que diz

    respeito a tempo e espao.Geraldo Gonalves de Oliveira Filho

    Presidente do CEDCA de Minas Gerais

    Os dados dos questionrios que vocsaplicaram durante o Projeto Mdia e Conselhos

    so reveladores: a maioria dos conselheiros achaque os jornalistas no esto preparados para

    falar sobre crianas e adolescente. umabsurdo, porque,de outro lado os jornalistas

    acham que os Conselhos so fontes importantes,embora acrescentem que a maioria pode se

    preparar melhor para dar a informao.Apolinrio Santos Lessa

    CT de Sobral/CE

    Precisamos nos capacitar para a relao com aimprensa,e, ao mesmo tempo, fazer um trabalho

    de capacitao dos jornalistas, quedesconhecem os termos que ns utilizamos,

    como ECA e FIA. So espaos que nsconquistamos quando nos fazemos presentes,pois somos formuladores de polticas pblicas

    para crianas e adolescentes.Raul Gomes de Oliveira Filho

    CEDCA do Rio Grande do Sul

    Durante as oficinas do Projeto Mdia e Conselhos, muitos conselheiros afirmaram que comum no haver consenso sobre o que dizer em relao a determinados assuntos eque, muitas vezes, so defendidas opinies contrrias ao que est determinado noEstatuto. Alguns jornalistas tambm afirmaram ter encontrado essa realidade quandoentrevistaram diferentes representantes de um mesmo Conselho.

    /unificando conceitos e linguagem

    Antes de procurar a imprensa para divulgar informaes ou sensibilizar acomunidade, os conselheiros precisam discutir entre si os dados disponveissobre a infncia e adolescncia no seu mbito de atuao e os fatos queacontecem no cotidiano.Isso fundamental para a construo de um discurso comum sobre osdiversos temas, tendo como referncia o que est estabelecido no Estatuto daCriana e do Adolescente. muito importante que as opinies pessoais dos conselheiros no sesobreponham posio do Conselho. Se a instituio atua de acordo com oEstatuto, no so as opinies pessoais que iro prevalecer nas informaesdivulgadas para a comunidade. Se um conselheiro contra e outro a favor, porexemplo, de certo projeto em execuo em um municpio, a posio a serdivulgada para a sociedade dever levar em conta uma avaliao do projeto,tendo como referncia a adequao de seus objetivos lei e s prioridadesdefinidas para aquele municpio em conjunto com a prefeitura e governo deestado, a partir dos diagnsticos realizados. Em resumo, deve ser divulgadaapenas uma posio, consensual, que ser a opinio institucional sobre o fato.Uma viso sem foco por parte do Conselho levar a sociedade a formar umaimagem de um sistema confuso, onde os prprios operadores desconhecemas diretrizes que orientam a realizao do seu trabalho.

    /os Conselhoscomo articuladores

    Como rgos de referncia na defesa dos direitos das crianas e dosadolescentes, cabe aos Conselhos indicar aos jornalistas outras fontesde informao que atuam no sistema de garantia. Novos aliados podemser encontrados no poder Executivo, nas entidades e organizaesno-governamentais, no poder Judicirio, nas cmaras de vereadorese assemblias legislativas. importante esclarecer aos jornalistas que os Conselhos atuam deforma articulada e complementar s organizaes que disponibilizamservios e programas de atendimento. Mais do que isso, lembrar quetodos os municpios devem manter uma rede de atendimento que

    assegure ateno global s necessidades da criana e do adolescente.Podemos citar como outros exemplos de fontes para a rea da infnciae da adolescncia o IBGE, as Secretarias de Governos, as escolas eprofissionais/especialistas que podem fornecer ou analisar dados einformaes para a construo de reportagens sobre crianas eadolescentes.Na construo desta rede de informantes, os Conselhos de Direitos eTutelares devem se relacionar com as outras fontes, obtendoinformaes que ajudem a definir suas estratgias de ao,contribuindo para que os jornalistas produzam reportagens maiscompletas e que tragam diferentes opinies.

    2 /construindo um banco de fontes /glossrio da imprensa

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    Uma coisa que a gente conseguiu articular

    foi trabalhar com a assessoria decomunicao do municpio,j que notnhamos recursos para montar a nossaprpria.Luiza de Lourdes Bezerra Mota

    CMDCA de Caucaia/CE

    Ns tnhamos uma assessoria de imprensae hoje usamos a assessoria de imprensa daprefeitura.Em algumas situaes nopodemos usar essa assessoria do governo,porque todo mundo j conhece sua posio epode confundir as coisas. Nesses casos, nsvamos a campo e ligamos para os reprterespara que no aparea apenas o ponto devista do governo. Muitos empresrios nodoavam para o FIA porque achavam queestvamos atrelados prefeitura.Lcia Castnho

    CMDCA de Porto Alegre/RS

    Em nosso municpio h jornal semanal daprefeitura.O Conselho utiliza o jornal paradivulgar notcias, como a da nossa pr-conferncia e a comunidade participou emmassa.O jornal divulga aes que aprefeitura realiza durante a semana e oConselho relata as reunies, sugere pautas.Ilza Aparecida Cardoso Freitas

    Conselheira de Santa Terezinhado Itaip/PR

    .1/ Comece elaborando uma listagem de pessoas capazes de fornecerinformaes credenciadas para a imprensa. Lembre-se que esta lista podecomear com um nmero pequeno de especialist as. O universo de fontes proporcional realidade de cada Conselho. Vale contatos com assecretarias governamentais, com os programas de atendimentodesenvolvidos por elas, das entidades registradas na prefeitura ou governoestadual;

    .2/ A partir destes primeiros contatos, a rede de fontes vai crescendonaturalmente. Importante lembrar das organizaes no-governamentais,das escolas,dos clubes e associaes de servios, dos projetos religiosos.Depois preciso relacionar cada rgo, inclui ndo o telefone e o nome dosprofissionais responsveis;

    .3/ O trabalho exige dedicao e persistncia. recomendvel procurartambm outros especialistas que podem divulgar informaes e fazeranlises sobre diversos temas como mdicos, professores universitrios,promotores de Justia, juzes. Pode-se listar os especialistas por temascomo: Educao,Sade, Trabalho Infantil, Explorao e Abuso Sexual;

    .4/ Lembre-se de fazer contato com estas pessoas para saber se elas estodispostas a integrar um banco de fontes de especialistas para atender aimprensa em suas demandas relativas a temtica infncia e adolescncia;

    .5/ A construo da lista de fontes pode ser feita por telefone, mas o ideal que os conselheiros faam visitas e verifiquem pessoalmente quem so osprofissionais integrantes de sua rede de relacionamentos.

    /construindo um banco de fontes

    Banco de Fontes uma listagem com os nomes e telefones deinstituies e de profissionais/especialistas e seus locais de trabalho.No caso dos direitos da infncia e a da adolescncia, cada Conselhodeve organizar o seu Banco de Fontes de acordo com sua estruturae rea de abrangncia. Por isso, pode-se trabalhar desde uma lista decontatos em uma agenda at uma banco de dados mais complexoem computador.

    como organizar_

    Em nenhuma rea se discute o estatuto.Algumaspoucas universidades de direito esto incluindo odebate, mas no existe como contedo obrigatrio.Isso tambm no foge da rea do jornalismo.Maria Margareth Alves- CMDCA de Foz do Igua/PR

    Por meio de parcerias com universidades estamosbuscando nos capacitar para a relao com aimprensa. Precisamos estar preparados para sentardiante de uma cmera de televiso, para falar emuma rdio,dar uma entrevista. Uma das coisas quens avanamos bastante na comunicao com osveculos de imprensa que agora falamos a mesmalinguagem.Raul Gomes de Oliveira Filho

    CEDCA do Rio Grande do Sul

    Temos no Conselho uma comisso permanente decomunicao. Fizemos um plano de aes onde otrabalho dessa comisso est incorporado.Armando Luiz Bandeira de Paula

    CEDCA do Cear

    importante estabelecer uma poltica decomunicao interna. Depois a comunicao

    externa, relao com a mdia e com a sociedade.Uma dica instalar uma assessoria decomunicao com um profissional habilitado.Nemtodos os Conselhos tm recursos financeiros paraisso. Ento a sugesto alternati va passar por umtreinamento,convidando jornalistas para capacitarum grupo de conselheiros sobre como serelacionar com a mdia. Acredito que amanh oudepois o Conselho no vai precisar ligar para aimprensa. Ao contrrio,ele vai ser incomodado porns,jornalistas, em busca de informaes.Susane Vidal

    jornalista TV Sergipe

    g p

    O universo jornalstico traz expresses que traduzem as vriasetapas da produo das notcias. A listagem abaixo rene umvocabulrio bsico, que facilitar a construo de um bomrelacionamento com a mdia. Devem ser levadas em consideraoas diferenas regionais, que podem ocasionar alteraes nalinguagem utilizada pela imprensa no seu cotidiano.

    _Abertura: texto introdutrio de uma reportagem._Artigo: texto jornalstico que traz interpretao ou opinio do autor sobre determinadoassunto.

    _Boneco: esboo ou projeto grfico de uma pgina de jornal, revista ou site. Tambm

    chamado de leiaute ou espelho._Box: texto complementar de uma reportagem. Pode trazer informaes como, porexemplo, um perfil do personagem enfocado. Tambm pode servir como uma memria dofato ou ainda para esclarecer termos difceis abordados no texto principal.

    _Caderno: Conjunto de pginas que trata de assuntos (editorias) especficos ou ainda dasreportagens mais importantes de uma edio.

    _Chamada: Informao resumida de um assunto, localizada na primeira pgina de umjornal,revista ou caderno,para atrair a leitura._Clipping: Publicao que contm notcias veiculadas nos meios de comunicao sobredeterminado assunto, empresa ou pessoa.

    _Cobertura: Captao de material (informaes, entrevistas,fotos) sobre um fato, realizadopela equipe de reportagem.

    _Conselho Editorial: rgo consultivo que define a linha editorial do veculo decomunicao. Podem integram jornalistas do prprio veculo e personalidades de expressopblica, especialistas em reas de interesse da populao.

    _Deadline: Prazo final para o fechamento de uma edio ou a concluso de umareportagem.

    _Diagramao: Previso do desenho grfico de uma pgina em que so mostrados ostamanhos dos textos e a localizao das fotos e ilustraes. Com o processo dediagramao eletrnica, o diagrama tem sido feito pelo prprio editor.

    _Edio: Processo de acabamento do material informativo. Tambm se refere ao noticiriopronto que ser impresso nos jornais ou veiculado na tev e na emissora de rdio.

    _Editoria: As redaes jornalsticas se dividem em editorias, setores que renem os jornalistas que apuram, redigem e editam as notcias e informaes que sero veiculadasem rgo da imprensa (jornal,r dio,tev, internet).As editorias so distribudas pela reade cobertura,assim existem editorias de economia, esportes, poltica, cultura entre outras.

    _Editorial: Artigos publicados, geralmente, no primeiro caderno de jornais ou revistas, querefletem a opinio dos editores e a linha editorial do veculo.

    4 matria-prima

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    3 _Em off: Abreviatura de off the record informao confidencial,dada por um entrevistado ao jornalista com a condio de no serpublicada.

    _Expediente: Espao onde so publicados os nomes dos editores,endereos e telefones para contato com o veculo de comunicao.

    _Externa: Gravao realizada fora do estdio de tev._Gancho: Algum assunto que, geralmente, faz parte do interessepblico, no qual o jornalista se ampara para produzir e veiculardeterminada matria. Tambm pode significar uma informaocoletada em alguma notcia e que pode gerar novas reportagens.

    _Fechamento: Etapa de encerramento da produo dos noticirios,quando a edio enviada para a grfica ou est pronta para serveiculada nos jornais de rdios e tev.

    _Interttulo: Pequeno ttulo colocado no meio do texto para separaruma parte importante da matria e dar leveza diagramao.

    _Fonte: Pessoa ou instituio que fornece informaes ao jornalistasobre determinado assunto, colaborando com a produo dematrias jornalsticas.

    _Ilha de edio: Conjunto de equipamentos necessrios para aedio de um programa de tev e rdio.

    _Lauda: Folha padronizada para os textos das reportagens. Com aedio eletrnica, as laudas quase no mais so usadas.

    _Legenda: Texto curto que explica uma foto ou ilustrao._Lide: Introduo do texto jornalstico, que vem no primeiropargrafo. Rene o que h de mais importante na notcia. Deveresponder s perguntas bsicas: quem? o que? quando? onde?como? por qu?

    _Mailing: Relao das informaes sobre os veculos decomunicao que interessam a uma assessoria de imprensa. Traz

    os nomes, telefones, fax, e-mails dos jornais, revistas, emissorasde rdio e tev, sites, identificando os editores, reprteres,fotgrafos, separados de acordo com as editorias onde estolotados: econmica, cultura,poltica, outros.

    _Manchete: Ttulo da principal reportagem do jornal ou revista,publicado na primeira pgina. tambm a principal reportagem decada pgina.

    _Matria: Contedo de uma notcia ou reportagem._Olho: Texto curto e em destaque,localizado, geralmente, entre ascolunas do corpo da notcia, que ressalta algum aspectoimportante da matria.

    _Ombusdman: Jornalista escolhido para fazer a leitura eacompanhamento das notcias veiculadas naquele determinado

    jornal,revista, site ou emissora de rdio ou televiso,responsvelpor verificar a eficcia,legitimidade e tica da cobertura.Ele umfuncionrio do veculo e trabalha para melhorar a coberturanoticiosa feita pelos jornalistas.

    _Pauta: Agenda de assuntos previstos na cobertura jornalstic a. Apauta um roteiro que contm, inclusive, a indicao ou sugestosobre como deve ser tratado o tema. captada pelo pauteiro ediscutida por toda a equipe, em reunies de pauta.

    _Pingue-pongue: Forma de texto em que as perguntas e respostasde uma entrevista so publicadas.

    _Pirmide Invertida:Tcnica de se estruturar um texto de modoque as informaes mais importantes sejam colocadas nasprimeiras linhas (lide).

    _Ponto Eletrnico:Pequeno fone de ouvido usado entre osprofissionais de TV, que traz comunicao direta entr e seu portadore o controle mestre.

    _Reportagem: Ato de adquirir informaes sobre um assunto etransmiti-las ao pblico pelos noticirios.

    _Retranca: Texto complementar da matria principal._Release: Material distribudo para a imprensa sobre assunto aoqual se pretende dar divulgao. Respeita a linguagem especficados diferentes veculos e a estrutura bsica do texto jornalstico.

    _Standard: Formato padro dos jornais brasileir os. Mede 54 x 33,5cm. O tamanho tablide a metade do standard.

    _Stand by: Reportagens que podem ser veiculadas em qualquerpoca, sem preocupao com a data. Tambm so chamados detextos de "gaveta", de "geladeira" ou matrias frias.

    _Sute: Texto jornalstico que desdobra uma notcia j publicada nodia anterior em qualquer rgo de imprensa._Tablide: publicao em formato de meio jornal._Teleprompter ou TP: Guia para os apresentadores de telejornais;trata-se de um aparelho onde passa o texto a ser lido durante onoticirio.

    _Texto final: Matria apurada, redigida e pronta para a publicao._VT: Matria com a presena do reprter. Um VT com reportagemeditada tem as imagens, a narrao (off), o discurso indireto("fulano disse que") e o discurso direto (fala dos entrevistados).

    ppara a comunicao_

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    3

    3 Boa comunicao garante...

    _visibilidade e transparncia s atividades doConselho. Divulgar a situao das crianas edos adolescentes no municpio, as aesrealizadas pelos Conselhos e os resultadosalcanados para a comunidade torna explcitoo compromisso com o direito da sociedade informao de qualidade.

    _que o Conselho seja mais conhecido evalorizado socialmente. Sabendo da seriedade

    do trabalho realizado, a comunidade e ogoverno se tornam dispostos a colaborar com osucesso de seu trabalho.

    _o cumprimento do papel educativo de orientara populao acerca dos direitos das novasgeraes. Os Conselhos esto trabalhandotambm para a consolidao de umasociedade onde os direitos do cidado saiamdo papel. Por isso, a dimenso pedaggica dotrabalho no pode ser deixada em segundoplano: os conselheiros lidam com violaes dedireitos cotidianamente e so os atores maispreparados para tratar essas questes junto mdia e sociedade.

    _ampliao da capacidade de captao derecursos atravs dos Fundos da Infncia eAdolescncia (FIAs). Sendo conhecidas asaes e resultados dos Conselhos, fica maisfcil para o conselheiro trabalhar pela captaode recursos junto a empresas de sua cidade eEstado. Os FIAs tm um grande potencial decaptao para o financiamento de polticaspblicas. Esse potencial no atingido porpura desinformao dos empresrios e dasociedade em geral.

    /aes criativas para fazerda mdia uma parceira

    No difcil desenvolver boas estratgias para divulgar o Estatuto da Criana e doAdolescente e dar visibilidade ao papel dos Conselhos de Direitos e Tutelares

    mesmo enfrentando problemas como a falta de recursos, de infra-estrutura, deinformaes e dados sistematizados. As atividades realizadas durante os seisencontros do Projeto Mdia e Conselhos, que reuniram conselheiros e jornalistas detodas as regies brasileiras, resultaram, tambm, no relato de diversas experinciasde comunicao.Neste captulo, esto listadas algumas sugestes que podem servir de refernciapara a elaborao de aes e planos de comunicao para os Conselhos. preciso definir metas prioritrias, objetivos a serem alcanados e construir soluesque envolvam a mdia na estruturao de uma verdadeira teia pela defesa dosdireitos das crianas e dos adolescentes.

    /dando os primeiros passos

    Comece definindo os objetivos das aes de comunicao. So aes que visam

    divulgar uma atividade, tema ou data especfica? Por exemplo, o Conselhopretende fazer uma campanha contra o trabalho infantil? Datas como o 18 de maio Dia Nacional de Combate ao Abuso e Explorao Sexual Infanto-Juvenil ou 13de julho, aniversrio da promulgao do Estatuto da Criana e do Adolescente? Ouso aes de comunicao que visam promover debates mais amplos,fortalecendo a divulgao do prprio Estatuto ou das funes dos Conselhos?

    O ideal que os Conselheiros tenham como meta promover as duas estratgias,para colher os benefcios de uma divulgao bem planejada.

    NESTE CAPTULO SO APRESENTADAS DICAS DE COMO ELABORAR UM BOM PLANEJAMENTODAS AES DE COMUNICAO. TAMBM SELECIONAMOS EXPERINCIAS EXITOSAS DERELACIONAMENTO COM A MDIA CONSTRUDAS POR CONSELHOS DE VRIAS REGIES DO PAS.

    /profissionalizando orelacionamento com a mdia

    Nas oficinas do Projeto Mdia e Conselhos, jornalistas econselheiros constataram a insegurana que muitas vezesafeta os dois interlocutores, o que acaba comprometendouma boa relao. Mitos como todo jornalista contra oEstatuto ou a mdia quer prejudicar os Conselhos,deturpando as falas e os fatos, so comuns noimaginrio dos conselheiros.Por outro lado, os jornalistas, via de regra, desconfiam da

    capacidade de organizao de informaes dosConselhos ou ignoram suas competncias e atribuies.Devemos apostar numa parceria pedaggica, ou seja:h uma desinformao geral na sociedade a respeito dosdireitos da criana e do adolescente e o jornalista tambm atingido por essa viso de senso comum. Se isso umproblema, tambm uma oportunidade para que oconselheiro possa dialogar com o jornalista como seestivesse fazendo isso com os leitores, ouvintes outelespectadores.Porm, reconhecer a importncia da mdia diferente dese submeter a ela. Deve-se evitar uma relao domsticade favores pessoais, caracterizada, por exemplo, pelo usode expresses do tipo me quebra o galho e divulga isso,t?, ou me d uma forcinha.... O relacionamentoprecisa ser pautado pelo profissionalismo, visando a

    divulgao de informaes de interesse pblico.No discrimine veculos ou jornalistas. O atendimento imprensa no deve levar em conta apenas a capacidadede alcance ou a importncia institucional de um ou deoutro. Trate todas as solicitaes com o mesmo respeitoe ateno. Evite preconceito contra veculos ouprofissionais desconhecidos. Considere o fato de quepequenos veculos, muitas vezes, atingem maisdiretamente o pblico prioritrio para os Conselhos.

    38 Algumas dificuldades comuns aos Conselhos na

    relao com a imprensa apontadas nos

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    essa lei muitobonita no papel,

    mas...

    algunsmenores so

    realmenteirrecuperveis.

    esse estatutono muito

    utpico?

    3

    3

    Cuidados com as notciasenvolvendo jovens emconflito com a lei

    O papel de porta-voz do Estatuto faz dos Conselhosum dos principais protetores da imagem dosmeninos e meninas na mdia, quando ligada a fatosque possam estigmat izar, causar danos de naturezapsicolgica ou afetar moralmente. Deve-se buscartambm esclarecer as punies estabelecidas peloEstatuto quando os jornalistas descumprem as leisde proteo imagem de crianas e adolescentes.Muitos jornalistas tm um entendimento equivocadoda lei. A tendncia achar que o Estatuto, ao proibira exposio do nome, apelido, filiao, fotografiasou ilustraes que identifiquem a criana e oadolescente, inviabiliza o trabalho e protege osmeninos e meninas acusados de cometer atoinfracional. Mas, na verdade, ao cobrir casos deadolescentes em conflito com a lei, profissionais decomunicao cometem srios equvocos, nogarantindo a proteo a que tm direito.Os Conselhos devem esclarecer a mdia nessesentido: o Estatuto no tem a inteno de proibir asentrevistas com esses jovens, mas sim preservar

    seus direitos privacidade e dignidade.

    relao com a imprensa, apontadas nosquestionrios doProjeto Mdia e Conselhos:

    .1/ No contam com uma assessoria profissional decomunicao;

    .2/ Poucas informaes organizadas, bem fundamentadas,diretas e precisas;

    .3/ Dificuldade dos conselheiros em compreender as tcnicas elinguagens da comunicao (jornais, revistas,programas derdio, Internet etc);

    .4/ Desconhecimento dos termos tcnicos da rea dos direitos,por parte do jornalista,que quem vai tr aduzir a informaopara o pblico;

    .5/ Viso da comunicao como mera publicidade: s chamama imprensa quando vo realizar algum evento;

    .6/ Falta de informao sobre a estrutura e o funcionamentodos veculos de comunicao: o ritmo rpido das redaese o papel de cada profissional na construo da informao;

    .7/ Insegurana, nervosismo ou agressividade nas entrevistas,talvez por desconfiana e medo em relao aos jornalistase editores.

    .8/ Dificuldade do conselheiro em filtrar adequadamente asinformaes que transmitem aos jornalistas, dando espaoa que algumas vezes sejam fomentadas abordagenssensacionalistas envolvendo crianas e adolescentes.

    Algumas dificuldades comuns aos jornalistasna relao com os Conselhos, apontadas nos

    questionrios doProjeto Mdia e Conselhos:

    .1/ Tempo escasso para apurao das informaes;

    .2/ Concorrncia de vrias matrias para espaos curtos dedivulgao;

    .3/ Desinformao dos profissionais de imprensa sobre osdireitos da criana e do adolescente;

    .4/ Presso por matri as vendveis, que agradem o pblico;

    .5/ Desconhecimento sobre a estrutura, competncias efuncionamento dos Conselhos de Direitos e Tutelares.

    _ fundamental estar bem preparadopara conceder uma entrevista. Ao serprocurado, pergunte ao jornalista qualser o assunto e, se possvel, quaissero as perguntas. Essa noo sobreo teor da conversa e sobre o veculopara o qual ele trabalha o ponto de

    partida para uma boa preparao.

    _Lembre-se que o fator tempo deve serlevado em conta sempre. Quando ojornalista necessita de uma informao,normalmente no dispe de muitotempo para esperar. Por isso, procureresponder logo. Caso no se sintaseguro, informe ao profissional decomunicao que no domina aqueleassunto especfico. Nesse caso, importante indicar outras fontes para atemtica em questo.

    _Esteja preparado para perguntas ruinsou mal-formuladas e encontre respos-tas para elas. Pratique suas boas

    respostas com antecedncia. Prepare-se tambm para perguntas agressivase irnicas (por exemplo, o senhor noacha que esse Estatuto prot ege demaisesses delinqentes juvenis?).

    _Rena material de consulta.Exemplos, nmeros, pesquisas, datase nomes facilitam o trabalho do jornalista. Tentar ser claro e objetivo

    garantir que suas citaes seroutilizadas. Use vocabulrio que podeser compreendido pelo pblico emgeral. Cuidado com o uso de jarges,termos tcnicos, siglas ou abreviaesque s quem da rea conhece (Ex:ECA, Conanda, Sipia).

    _Ao dar entrevistas sobre polticaspblicas, enfatize as diversas questes:quem so os responsveis pelasaes, quem pode fiscalizar e quais soos prazos de execuo dos projetos,alm de deixar claro de onde vem averba.

    _Sempre que possvel, opte porconversar pessoalmente com oreprter. Alm de estreitar os laosentre a fonte e o jornalista, o contatopessoal enriquece a entrevista e podediminuir os problemas de rudo nacomunicao.

    _Em vez de ficar com medo de darentrevista, ou achar que nem adiantaenviar para os veculos a divulgao deum evento, o conselheiro deve enten-der eventuais posturas desfavorveisdos jornalistas como um desafio,preparando-se com bons argumentos.

    /na hora da entrevista

    40 _Entrevista por telefoneCaso seja seu primeiro contato com um jornalista Quem coordena a coletiva so os entrevistados e no os

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    Durante a comemorao dos 10 anosdo Estatuto uma emissora AM de grande

    tradio na cidade nos convidou parafazer um programa de rdio ao vivo.Minha surpresa foi perceber que a rdio um meio de comunicao que tem umapenetrao enorme: ao vivo,ns tivemosa participao de vrios municpios dointerior do estado.O jornalista enfocou aquesto da reduo da idade penal efizemos um programa muito interessanteque mudou a impresso que eu tinhasobre rdio.Tem a Internet, a TV, atrdio FM,mas a rdio AM eu achei queningum ouvia mais. No entanto,ouve eouve muito. Foi interessante constataressa realidade.Edmundo Ribeiro

    CEDCA/BA

    Os jornalistas de um programa que

    enfoca aspectos da vida em comunidade,numa rdio local, convidaram osconselheiros para uma entrevista.Avaliamos o teor das perguntas, queenvolviam polticas pblicas e pedimosao assessor jurdico para participarconosco. Esta rdio voltada para acomunidade e todo sbado elestransmitem ao vivo de diferentes regiesda cidade,e l est o Conselho.Lcia Castnho

    CMDCA de Porto Alegre/RS

    j p jdesconhecido ou uma publicao da qual voc nunca ouviufalar, pergunte-lhe se voc pode retornar a ligao em 15minutos. Isto lhe dar a oportunidade de fazer uma checagemda identidade de quem lhe telefonou. Aproveite este tempopara se preparar para a entrevista.Durante o primeiro contato, pergunte ao reprter o que elequer exatamente, quem mais ser entrevistado, qual ocontexto, etc. Durante a entrevista, concentre-se e tomemedidas para no ser interrompido. Seja amistoso e educado,mas firme, quando necessrio.

    _Entrevista na TV

    Nas entrevistas gravadas, procure dizer objetivamente a fraseque gostaria de ver veiculada. No d respostas longas, poiselas podem ser editadas e ganhar um outro sentido. Olhe paraa cmera e para o entrevistador, com naturalidade, pois odilogo duplo: voc fala para o reprter e para otelespectador ao mesmo tempo.Evite roupas com listras finas, xadrezes pequenos e comgrandes reas brancas ou vermelhas. Elas provocam efeitosdesagradveis no vdeo e desviam a ateno do telespectador.Em programas ao vivo, com interao com o pblico ou dedebate, seja sempre cordial na entonao, mesmo diante deum questionamento agressivo ou desafiante.

    _Entrevista colet ivaAo contrrio dos outros tipos de entrevista, em que oConselho atende a solicitaes de jornalistas, neste caso aentrevista coletiva uma estratgia que parte do prprioConselho. A coletiva se justifica apenas se h necessidade dedivulgao de algum assunto de grande interesse pblico.Neste caso, o Conselho envia uma pauta (ver glossrio) paraos meios de comunicao convocando uma entrevistacoletiva. Durante a entrevista, os conselheiros comeamexpondo as informaes principais, antes de abrir espao paraas perguntas dos reprteres. aconselhvel distribuir aosjornalistas um resumo sobre o tema que est sendo divulgado,o que ir ajud-los a redigir ou editar a matria mais tarde.

    Quem coordena a coletiva so os entrevistados e no osentrevistadores. Os conselheiros devem avaliar at que pontoas dvidas dos jornalistas j foram suficientemente esclarecidase a entrevista pode ser encerrada. Alguns reprteres podem tertempo para esperar e aprofundar o assunto com algumconselheiro ou telefonar depois para esclarecer possveisdvidas que surgirem durante a elaborao do material final.

    _O dia seguinteNo espere perfeio da imprensa, nem tampouco que a suaentrevista seja publicada na ntegra. Evite a chamada sndromeda reao compulsiva. As crticas publicadas pela imprensadevem ser analisadas, caso necessitem ser respondidas. O

    imediatismo e a pressa dos veculos de comunicao em obterrespostas resultam, s vezes, na edio de informaesparciais, incompletas e at descontextualizadas. bom ficar em permanente contato com as redaes.Ocorrendo problema, procure discut-lo em primeiro lugar como jornalista que fez a matria (evite ir logo a seu chefe),explicando o que no foi bem divulgado. possvel enviarmaterial com os dados e conceitos corretos, procurandomanter as portas abertas sempre.No caso de equvocos grosseiros, que vo gerar problemaspara a imagem do Conselho ou da criana e do jovem citadosna reportagem preciso estar atento Lei de Imprensa eestudar a possibilidade de retratao no veculo decomunicao. Caso o Conselho no disponha dedepartamento jurdico, pode pedir apoio nas organizaes queofeream servios advocatcios.Por outro lado, se uma matria ficou boa, se foi alm de suasexpectativas, simptico enviar uma correspondnciaparabenizando.

    Com certeza a primeira preocupao do conselheiro aotratar a imprensa seria a de estar traindo um segredoprofissional. Mas os conselheiros podem passarinformaes para a imprensa preservando o nome e aidentidade de crianas e adolescentes,m ostrandoestatsticas de violaes. A imprensa s vezes procuraalgo sensacionalista e expositivo,precisa da imagem.Aos conselheiros se retraem, pois eles temem estar

    expondo a criana,o adolescente e a famlia. precisoque a imprensa e os conselheiros definam uma diretrizde trabalho colaborativo. um dever do conselheirodivulgar seu trabalho: ele um servidor pblico e comotal ele tem que deixar claro o trabalho que feito.Celina Chagas

    Conselheira Tutelar de Belo Horizonte/MG

    Temos que preservar a imagem da criana envolvidanuma situao noticiada pela imprensa, porque existemlimites que s vezes no so respeitados e os direitosso violados. Estamos preocupados porque somosfontes insignificantes nas matrias pertinentes rea dainfncia e da adolescncia, segundo as pesquisas daANDI. Comeamos a trabalhar com escolas eeducadores, porque as universidades no trabalham oestatuto.Maria Margareth Alves

    CMDCA de Foz do Igua/PR

    Temos produzido matrias semanais com o jornal etem sido muito bom. Ojornal nos procurou para umaentrevista e no sabiam o que o CMDCA. Ento,ficamos muito tem po explicando o que era o CMDCA,oConselho Tutelar e seu papel. Depois disso comearamas matrias semanais. Vamos participar tambm de umdebate na TVcom os conselheiros tutelares que estoparticipando do processo eleitoral.Adria Cristina de Almeida

    CMDCA de Ponta Por/ MS

    42 /quem quem numa redao

  • 8/14/2019 Ass Imprensa Guia Conselhos

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    4De uma maneira geral, as redaes organizam-se da seguinte forma:

    _A direo define a orientao da linha editorialdo veculo de comunicao. Respondelegalmente quando h problemas decorrentesdas matrias no assinadas, no caso dos jornais,e co-responsabilizada pelos textos e matriasveiculadas na tev e no rdio, cujo autor estidentificado. Como responsvel legal peloveculo, a direo deve aprovar as peas maisdelicadas da edio. Como gestora, ela deve

    promover a ligao entre a administrao daempresa e a redao. Para manter talintegridade, a direo pode supervisionar arealizao de reportagens e trabalhos de maiorflego e importncia para o veculo,determinando o tipo da abordagem e os meiosque sero utilizados para a execuo da matria.

    _Achefia de redao tem a funo de coordenar,acompanhar e supervisionar todo o trabalhoeditorial e responsabilizar-se sozinha oujuntamente com a direo pela montagem dosdestaques do noticirio.

    _Os editores de rea ou seo coordenam osredatores de sua rea. Por exemplo: esporte,poltica e economia. Eles editam todo o materialjornalstico produzido pela equipe.

    _Os reprteres so os jornalistas que buscam asinformaes, entrevistam as fontes e formulam aprimeira verso das matrias que, muitas vezes,so retrabalhadas por redatores antes de seremveiculadas.

    _Os redatores so jornalistas que escrevem ostextos d