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ASPETOS CONTRATUAIS ESPECÍFICOS DA CONSTRUÇÃO SUBTERRÂNEA, EM ESPECIAL OS TÚNEIS

Diniz Vieira, Gonçalo; [email protected], João; [email protected] e Sousa, Jorge; [email protected]ão, Carlos J. Oliveira; [email protected]

Gonçalo Diniz Vieira; Animador do GT2 da CPT

Eng. Civil, MSc, MBA, Contratação Pública | geogdv.wordpress.com

ORGANIZAÇÃO

geogdv.wordpress.com

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AGENDA

▪ Porquê?

▪ Especificidade das obras subterrâneas complexas

▪ Recomendações ITA & Contratos FIDIC

▪ Gestão do Risco

▪ Legislação e Jurisprudência: Caso Português

▪ Direito comparado: França | Itália | USA | Noruega

▪ Novas Diretivas: Transposição até 18 abril 2016

▪ Contributos


Gonçalo Diniz Vieira | 22 junho 2016 | FEUP

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PORQUÊ?



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ESPECIFICIDADE DAS OBRAS SUBTERRÂNEAS COMPLEXAS (EM ESPECIAL OS TÚNEIS)



• Dependência do comportamento dos materiaisexistentes no subsolo, que podem não ser conhecidos,

de um modo preciso, na fase de projeto;

• Incerteza geotécnica inerente à natureza,

profundidade, heterogeneidade, hidrogeologia, condições a que o subsolo esteve sujeito, etc

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• O projeto de um túnel

– Métodos simplificados

– Métodos numéricos, 2D e 3D

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• O projeto de um túnel não acaba com a entrega de um

conjunto de desenhos e peças escritas ...

• Neste tipo de obras geotécnicas, mesmo com a realização de

uma extensa e cuidada campanha de prospeção, a incerteza poderá continuar a existir.

Lumachelas

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• As melhores práticas contratuais em países com

grande tradição neste tipo de obras geotécnicas complexas

promovem a adequação dos métodos construtivos inicialmente previstos às condições reais encontradas em obra (através

da utilização do método observacional, conforme estabelecido no capítulo 2.7 da Norma Europeia de Projeto Geotécnico – EC7: Parte 1 Regras Gerais)

• e apontam para a utilização de soluções legislativas adaptadas a esta realidade, que acompanhem as melhores práticas

construtivas, permitam uma melhor gestão do risco geotécnico e conduzam a uma maior economia e segurança na globabildade destas obras.

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• Em face do exposto, fica claro que o projeto de um túnel :

i. deve ser elaborado tendo em consideração determinados

pressupostos, para diferentes cenários, que

devem estar devidamente explicitados nas peças escritas e desenhadas que o compõem; e

ii. deve ser suficientemente dinâmico e flexível nas soluções propostas e nos métodos de intervenção para, durante a

fase de construção da obra, melhor se poder ajustar ao comportamento da escavação em resultado

da aferição dos pressupostos assumidos na fase de conceção.

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• ITA tem elaborado guidelines & recommendations sobre osaspetos contratuais para túneis convencionais (WG19) e sobrecláusulas contratuais | ckecklist para escavações subterrâneas

(WG3), que resumem o estado de arte

• A implementação de um procedimento formal de gestão de risco em projetos subterrâneos é altamente incentivada…

Todas as partes envolvidas no projeto devem participar neste processo para gerir e mitigar os riscos identificados (ITA Contractual Practices, 2015).

• Assistência Técnica Especial (art. 132.º da Portaria 701-H/2008, de 29 de Julho) “No projecto de túneis… a fase de construção deve implicar uma assistência técnica especial, a prestar pelo Projectista… para fazer a “apreciação das condições geológicas do maciço realmente existentes… apreciação dos resultados fornecidos pela instrumentação da obra… adaptação do projecto às reais condições do terreno encontradas.”

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ITA | FIDIC



• Alocação do Risco Relacionado com o terreno Dono de obra

Relacionado com o desempenho Empreiteiro

• Condições geotécnicas contratuais de referência

• "Differing site conditions" – cláusulas que prevêemprocedimentos (qualitativos e quantitativos, financeiros e técnicos) de atuação no caso das condições encontradas seremdiferentes das esperadas.

• Mecanismo flexível de remuneração

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GESTÃO DO RISCO



• RISCO GEOTÉCNICO existe sempre… mas quando lidamos com a natureza, em profundidade, a incerteza associada ao material e à escavação aumenta o risco para níveis mais elevados:

Risk = P X IProbabilidade de ocorrência

Impacto

O risco geotécnico pode ser gerido, minimizado, partilhado, transferido ou aceite.

Contudo, não pode ser ignorado !

(Laura Caldeira, 2015)

Mississippi, 2015 India, 2016

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GESTÃO DO RISCO



• A partilha do risco entre o dono de obra e o construtor, traz mais eficiência e justiça ao contrato e traz também uma maior capacidade de gerir e antecipar eficazmente os problemas e de resolver conflitos e reclamações, o que é fundamental para reduzir o “custo associado ao risco”, em especial o geotécnico

ALARP – As Low As Reasonably Possible

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LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIACASO PORTUGUÊS



• A legislação Portuguesa de contratação pública não respondeeficazmente aos requisitos de adaptabilidade tantas vezesnecessários nas obras subterrâneas complexas, previsivelmente incertas

• Trabalhos a mais (370º)

• Trabalhos de suprimento de Errose Omissões (376º)

• Responsabilidade pelos EO (378º)

Circunstância imprevista…

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EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO

1986 1989 1992 1995 1998 2001 2004 2007 2010 2013 2016

DL 149/2012 -CCP/2012

12/7/2012

DL 18/2008 - CCP/2008

29/1/2008

DL 59/99

2/3/1999

DL 405/93

10/12/1993

DL 235/86

18/8/1986

15CNG - FEUP

22/6/2016

TrabalhosAdicionais

Trabalhos a Mais

Errors and Omissions

• que se tenham tornado necessários

devido a circunstâncias imprevistas

a) Aspectos ou dados que se revelem

desconformes com a realidade;

b) Condições técnicas de execução que o

interessado não considere exequíveis;

c) Trabalhos estritamente necessários à

integral execução do contrato.< 50% < 50%Inclusão de trabalhos adicionais ao contrato

para obras geotécnicas complexas, em

especial a construção de túneis.

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TRIBUNAL DE CONTAS

• Controlo financeiro prévio / concomitante / sucessivo das EOP

• Pressuposto: Trabalhos a mais devem ser excecionais, decorrentes de uma circunstância imprevista

• “… toda a circunstância que um decisor público normal colocado na posição do real decisor não podia ter previsto, aquando do lançamento do procedimento pré-contratual, ou só muito dificilmente a pudesse ter previsto e com enormes custos antes do lançamento do procedimento pré-contratual (i.e, não devia ter previsto).”

[in sentença n.º9/2012 do Tribunal de Contas]

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Quando é certa a incerteza, o que é certo fazer?

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LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIADIREITO COMPARADO



• Nos ordenamentos com mais experiência neste tipo de obras geotécnicas complexas (com destaque para os túneis): existe uma abordagem mais flexível e adequada a este tipo de obras

maior sintonia entre as soluções legais e regulamentares e o estado da arte do ponto de vista das boas práticas de projeto e gestão de obras com características geotécnicas complexas

• FRANÇA

Fascículo 69:

necessidade de elaboração de um plano de gestão de riscos geológicos que permita identificar os “riscos não eliminados pelos estudos” e “definir os procedimentos técnicos e contratuais a aplicar em caso de ocorrência de eventos que se considere necessitarem de adaptações técnicas às especificações construtivas previstas e à estimativa de custos”.

• ITALIA

art. 132º do Codice dei Contratti Pubblici:

“Se durante a execução da obra se manifestam dificuldades de execução resultantes de causas geológicas, hídricas ou similares, não previstas pelas partes, que tornem significativamente mais onerosa a prestação do empreiteiro, este tem direito a uma compensação equitativa”.

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LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIADIREITO COMPARADO



• USA

United States Code:

obrigatoriedade de inclusão de uma cláusula decláusula “Differing Site Conditions”.

Subjacente à referida cláusula está, mais uma vez, a ideia segundo a qual o projeto é concebido de acordo com pressupostos considerados normais, numa estimativa razoável, mas que podem não corresponder à realidade. Sobre tais situações não recai qualquer estigma, não sendo as mesmas associadas a erros de projeto, mas antes consideradas como inerentes à prática corrente, e mesmo às melhores práticas

• NORUEGA Norwegian Method of Tunnelling

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REFORMA DO CCPNOVAS DIRETIVAS



3 Novas Diretivas Europeias de contratação Pública:

2014/23 – Contratos de Concessão

2014/24 – Contratação Pública

2014/25 – Sectores Especiais: Água, Energia, Transportes, Serviços Postais

Necessidade de transposição para ordenamento

nacional até 18 abril 2016 !

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REFORMA DO CCPNOVAS DIRETIVAS



• Maior flexibilidade contratual

Art. 72º , alínea 1.a)

1. Os contratos e os acordos-quadro podem ser modificados sem novo

procedimento de contratação, nos termos da presente diretiva, em qualquer dos

seguintes casos:

a) Se as modificações, independentemente do seu valor monetário, estiverem

previstas nos documentos iniciais do concurso em cláusulas de revisão

(podendo incluir cláusulas de revisão dos preços) ou opção claras, precisas e

inequívocas.

Metodologia de previsão de cenários alternativos !

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REFORMA DO CCPCONTRIBUTO DA CPT | GT2 ENG. & LAW



• TAE – Trabalhos de Adaptação Especiais

Modificações de quantidade / tipo de trabalho / prazo de execução

Adaptação do método construtivo para condições geotécnicas diferentes das previstas no cenário base de projeto

Em situação de Assistência Técnica Especial (ATE)

Para obras com condicionalismos naturais com especiais características de imprevisibilidade (à luz do código atual): maritimas portuárias; túneis; reabilitação e restauro de bens móveis

Projeto obrigatoriamente revisto (art. 43º CCP)

Disponibilização da informação geológica e geotécnica e das condições de referência do subsolo (cenário A, mais provável) para o dimensionamento da escavação e construção

Cenários alternativos de projeto, possíveis embora menos prováveis: i) situação com piores condições geotécnicas (cenário B) e ii) situação com condições mais favoráveis (cenário C)

Cláusulas de “differing site conditions”

Comissão de Resolução (expedita) de Conflitos, com 3 membros

Monitorização periódica das obras

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Maior flexibilidade contratual exige um maior rigor na preparação

Preparação do Concurso Fase de Construção

ProspeçãoGeotécnicaadequada

Projeto para diferentescenários

RelatórioGeotécnico de

Referência

Revisão do projeto

Differing Site Conditions

Alocaçãoequilibrada do

risco

AssistênciaTécnica Especial

Procedimentosformais de

gestão do risco

Monitorização Site supervision specialists

Trabalhos de Adaptação

Especiais (TAE)

Comissão de Resolução de

Conflitos

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Revogação do regime especial de trabalhos de suprimento de erros e omissões (n.4 do art. 376º do CCP)

Dono de obra assume o risco geotécnico, que extravaza as condições de referência do concurso, podendo implicar um acréscimo de custo (nas situações mais adversas do que inicialmente previstas) mas também pode trazer benefícios quando os terrenos apresentam melhor comportamento do que o expectável

Nestas situações não deve ser aplicado o art. 381º do CCP, respeitante à indemnização por supressão de trabalhos

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Aproximar a nossa legislação às melhores práticas contratuais de construção de obras subterrâneas complexas realizadas em

circunstâncias previsivelmente incertas, em particular os túneis

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OBRIGADO

FORÇA PORTUGAL !!!

Gonçalo Diniz Vieira; Animador do GT2 da CPT

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