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Ao caminhar por temas complexos e substantivos chegaremos ao conceito emergente da Gestão Social.

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  • Anais do I Congresso Brasileiro de Estudos Organizacionais Abrindo Caminho nos Estudos Organizacionais Fortaleza, Cear, 11 a 13 de dezembro, 2013

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    CAMINHANDO POR TEMAS COMPLEXOS E SUBSTANTIVOS

    AT A EMERGNCIA DA GESTO SOCIAL

    Cleverson Tabajara Vianna

    Universidade Federal de Santa Catarina

    [email protected]

    Resumo

    Debates se sucedem; os sujeitos, em seu dia a dia, no so sujeitos, so quando muito

    objetos referenciais. Este trabalho cientfico apresenta uma oportunidade de reflexo

    sobre algumas das ideias, conceitos e autores ligados vida social organizada e a Teoria

    Organizacional. Retrospectivas histricas atravs de pesquisa bibliogrfica: Khun, Morin e

    Guerreiro Ramos (entre outros) esto presentes evidenciando novas possibilidades

    cincia e novos paradigmas. Satirizado j em Tempos Modernos de Chaplin, ao atender

    ao utilitarismo e racionalidade instrumental, o ser humano se limita a atuar no papel a ele

    prescrito, e sobrevive neste ambiente, por vezes opressivo, onde considerado mera

    extenso de mquinas; deixa de ser um indivduo que pensa e julga, para aceitar como

    natural aspectos normativos e prescritivos. Submetido aos deuses do mercado e

    produo no est consciente da necessidade humana em busca do mais complexo,

    enfim de uma razo substantiva para sua existncia... Vrias so as crticas ao

    Gerencialismo top-down e a emergncia da Gesto Social, vai alm de uma simples

    contraposio aos efeitos, ao propor-se a atuar nas causas das mazelas que provocam as

    duras questes sociais de nossa poca.

    Palavras chave

    Complexidade. Razo Substantiva. Funcionalismo. Gesto Social. Cidadania Deliberativa.

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    1 Introduo

    O objetivo deste documento trazer queles que se interessam nos estudos

    organizacionais em Administrao, uma viso de seu campo de atuao, de suas principais

    discusses familiarizando-o com as teorias, os pensamentos e autores ligados ao tema da

    Gesto Social e Territrios. Naturalmente por se tratar de campo vastssimo esta

    abordagem se restringe a alguns expoentes, bem como aos aspectos introdutrios. Isto

    posto, traz a tona novos conceitos ligados cidadania participativa, coproduo do bem

    pblico, compondo o que podemos chamar de Gesto Social.

    Cidadania e Desenvolvimento, embora sejam temas da atualidade, j na dcada passada

    despertava nos meios acadmicos acaloradas discusses, embora poca voltadas para a

    responsabilidade social. Em artigo publicado em 2002, na Revista de Administrao da

    UFLA, Oliveira e Moura Filho, referindo se aos desdobramentos de modelos de

    desenvolvimento e suas consequncias sociais e ambientais, afirmam:

    Diante desse quadro, urge a formulao, implementao e

    acompanhamento sistematizado de polticas desenvolvimentistas, cujo

    carter seja o da responsabilidade social e ambiental. Acredita-se que para

    se desnudarem tais aes do carter de utopia que as tem paramentado,

    requer-se, antes de tudo, uma postura humana que seja guiada pelo

    compromisso moral, individual e coletivo, quanto conscientizao sobre a

    sustentabilidade em todos os seus aspectos. (OLIVEIRA e MOURA FILHO,

    2002, p.8)

    Neste artigo, em sua primeira parte apresentamos um brevssimo contexto para

    situarmos a Teoria Organizacional buscando trazer as noes de paradigmas,

    complexidade e razo substantiva; a seguir apresentamos a emergncia dos novos

    S existe saber na inveno, na reinveno, na busca inquieta,

    impaciente, permanente, que os homens fazem no mundo e com

    os outros.

    PAULO FREIRE

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    conceitos de gesto social, que no mais aderente ao velho paradigma

    funcionalista/utilitarista. Ao final descortinamos na gesto social e na cidadania

    deliberativa um campo onde as ideias e conceitos esto em permanente ebulio viando

    conduzir o homem sua humanidade.

    2 Organizaes e teorias

    2.1 Teoria organizacional e a aquisio do conhecimento uma rpida viagem

    A Teoria Organizacional nos dias de hoje, apresenta uma vasta gama de opes ao

    investigador, especialmente quando este investigador volta-se para si mesmo, no intuito

    de aprimorar conhecimentos, de aprender e ter nos autores e professores no a figura

    entronizada de donos do conhecimento e sim como aqueles que criam os caminhos a

    serem alargados e explorados ao longo da caminhada, evidenciada pela no linearidade da

    cincia (Tomas Kunh, 1992, ltimo captulo dos livros com o estado da arte).

    Esta profuso do conhecimento em todas as reas e atravs de todos os meios,

    especialmente os da tecnologia da informao, faz com que reconhecer e trazer a luz os

    processos de aprendizado sejam por vezes mais importantes que a aquisio do

    conhecimento em si Metacognio; eis a um processo fundamental no apenas na

    Teoria Organizacional, mas em todo o processo do conhecimento humano, naturalmente

    sem descartar os enfoques tradicionais como o comportamentalismo de John Watson. O

    conhecimento metacognitivo refere-se a conhecimento adquirido sobre os processos

    cognitivos, o conhecimento que pode ser usado para controlar os processos cognitivos.

    Estudos de Flavell (1979, 1987) (apud JOU, 2006, p.179) ainda dividem o conhecimento

    metacognitivo em trs categorias: o conhecimento das variveis de pessoa, variveis de

    tarefa e variveis de estratgia.

    Aps esta brevssima digresso sobre os aspectos cognitivos nos voltamos para o

    campo da Teoria Organizacional, a qual para Frana Filho pode derivar dos trs subcampos

    da Cincia da Administrao:

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    Tcnicas e metodologias gerenciais: tais como a APO de Drucker,

    Reengenharia, Fayol com Organizao Racional do Trabalho-ORT, etc.

    reas funcionais: tais como marketing finanas Recursos Humanos - RH

    Teoria das Organizaes ou Estudos Organizacionais (que difere da - Teoria

    Geral da Administrao - TGA)

    Consideramos que, enquanto campo disciplinar, a administrao ocupa-se

    principalmente com o estudo das organizaes como um fenmeno social

    (FRANA FILHO, 2004, p.11).

    Entendemos para fins deste estudo que esta diviso simples, deve ser tratada

    como algo puramente didtico, pois todas se interpenetram e qualquer fenmeno

    relevante na Administrao abrange mais de um simultaneamente. Observe a discusso

    que assistimos no final do sculo passado, mais precisamente ao final dos anos 80, onde a

    ecologia tomou uma posio relevante, gerando uma transferncia de foco da luta de

    classes (burguesia e proletariado) para o ambiente movimentos em defesa do ambiente

    (Greenpeace mais famoso deles) , preservao dos ecossistemas.

    Uma vez imersos em um modelo capitalista, a forma evidente de minimizar a

    intensa explorao como Mao de obra ou recursos humanos no estar

    empregado, pois a dimenso econmica a dominante e para esta o emprego

    representa a dignidade do ser humano nesta sociedade e implicitamente sua dominao.

    Com este enfoque, e questionamento de paradigmas (vamos nos dedicar um pouco mais

    sobre este tema adiante), alguns conceitos divergentes afloraram e vieram a quebrar a

    harmonia do paraso positivista dos nmeros pois j temos alm do PIB, o IDH, a Pegada

    Ecolgica de Hanz Behring, e outros indicadores de curto, mdio e longo prazo, que

    mesmo em sua incipincia geraram intranquilidade no modelo hegemnico.

    Nesta fase do conhecimento humano sobre as organizaes, h o destaque para os

    Estudos Crticos, Comportamento Organizacional (Watson), Estruturalista com a Sociologia

    das Organizaes e a ntida predominncia dos autores em lngua inglesa, salvo a honrosa

    exceo de Guerreiro Ramos, todos olhando com reservas a viso unicamente

    funcionalista desde Taylor e Fayol... Tambm nos anos 60 no podemos esquecer o

    pensamento Liberal, a ideologia de Marx e Popper que busca separar cincia de ideologia.

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    A histria da Teoria das organizaes apresenta discursos distintos ao longo do tempo

    descritas por Michael Reed (1998) nas metanarrativas interpretativas, sua problemtica e

    contextos de transio:

    Quadro 1 Metanarrativas, problemtica e contextos

    Metanarrativa

    x Problemtica

    Exemplos

    e ilustrao

    Contexto

    emergente

    Racionalidade x

    Ordem

    Teorias Clssicas, Administrao Cientfica, Teoria da

    deciso, Taylor, Fayol, Simon

    Sociedade Industrial

    Integrao x

    Consenso

    Relaes Humanas, Teoria da contingncia/Sistmica,

    cultura corporativa, Durkheim, Barnard, Elton Mayo

    Capitalismo do bem-

    estar

    Mercado x

    Liberdade

    Economia institucional, custos de transao, ecologia

    populacional, teoria organizacional liberal

    Do gerencialismo ao

    neoliberalismo

    Poder x

    Dominao

    Weberianos neo-radicais, marxismo crtico-estrutural,

    processo de trabalho, teoria institucional, Weber, Marx

    Do coletivismo liberal

    ao corporativismo

    negociado

    Conhecimento x

    Controle

    Etnomtodo, smbolo/cultura organizacional, ps-

    estruturalista, ps industrialista, ps-fordista/moderno,

    Foucauld, Garfinkel, teoria do ator-rede

    Do Industrialismo /

    modernidade ao

    industrialismo ps-

    modernidade

    Justia x

    Participao

    tica de negcios, moralidade e OB, democracia

    industrial, teoria participativa, teoria critica, Habermas

    Da democracia

    repressiva a

    democracia

    participativa

    Fonte: Adaptado de Reed (2012, p.65).

    Para Alvesson e Deetz (2012) as dimenses contrastantes entre as prticas de

    pesquisas e os discursos sociais hegemnicos, apresentada em metateorias na figura a

    seguir:

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    Figura 1 Estudos e suas relaes com o discurso social dominante

    Fonte: Alvesson e Deetz (2012, p.233).

    2.2 Origens e bases

    Para que o contexto da teoria organizacional, configure um dos campos da

    administrao atual, se faz necessrio um brevssimo relato histrico das ideias

    proeminentes.

    A base modernista (Teoria Conhecimento na Modernidade) o positivismo

    (surgido com Descartes e depois Comte) seguida e complementada pela viso dos

    mtodos Dedutivo e Indutivo (Francis Bacon), que se fundem do sculo XVI ao XIX.

    Historicamente as classes dominantes condicionam (constrangem) os estudiosos a

    apoiarem sua administrao cientfica e suas ideias; assim que nesta passagem da idade

    mdia moderna, o catlico Descartes, sente que os tempos mudam, e origina a

    separao do estado e igreja, da cincia e religio. Emerge a democracia liberal ou

    burguesa e ajustam-se assim o pensador e a classe (grupo social) onde se situa...

    Com o domnio da igreja, mantenedora das universidades h um constrangimento

    dos cientistas em seus campos de pesquisa e Descartes pensa que deve ser criado um

    espao para o cientista e estabelece o DISCURSO DO MTODOi, onde cogita (domnio da

    especulao imaterial, filosofia, poesia, religio, literatura) e extensa (investiga o que

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    pode ser medido - ratia). Surge a diviso clssica, com a classe dominante (industriais,

    banqueiros, etc.) e onde se define o que cincia (quantificvel); perde assim a filosofia

    seu status pela falta de medida e a tecnologia se aproxima mais e mais da indstria.

    Para se chegar ao conhecimento (voltado administrao) dos dias atuais,

    podemos observar fases: a) infncia da humanidade (viso teologia deuses) sem

    autonomia racional; b) Na fase intermediria metafsica nem a segurana dos deuses

    (razo fora da minha mente) nem autnoma (sem possibilidade de prova); c) no sculo XIX

    temos a fase positiva tudo pode ser comprovado; apropriada a fsica dos slidos de

    Newton (mecnica) e o tomo. Taylor nos traz a administrao cientfica e surge a escola

    gerencialista (maneira certa de fazer as coisas) mecanicista-positivista. Adiante com a

    abordagem organicista surge a Teoria dos Sistemas (estrutural-funcionalismo Parsonii) -

    que passa a ser hegemnica nos anos 50-60 com mltiplas interpretaes e no apenas

    uma nica leitura.

    Produo e mercado passam a dar o ritmo e as organizaes apenas respondem ao

    mercado (ideias de produtividade, viso de mercado); na escola cientfica (Taylor e Fayol)

    estabelecem as diretivas da organizao, que so simplesmente impostas; na segunda fase

    com os problemas surgidos da necessidade de interao, se ouve para integrar, embora

    tudo isso no tenha qualquer importncia para o mercado minimizar custos de mercado

    e maximizar retornos (teorias neoliberais de mercado) o que importa!

    Thomas Kuhn (fsico) deixa a fsica para estudo da histria o que vai gerar frutos

    importantes, sendo um passo inicial para o que sucede, at chegarmos hoje ao global ou o

    geral, influindo sobre o local; para Michael Reed, devemos dar conta de atender a um e

    outro, pois a ideia de recorte do objeto (corta os elos com as demais cincias geografia,

    histria) e no h como descartar a histria para que possamos definir a identidade das

    organizaes; tambm a histria que certamente nos evidencia de onde surgiram e

    como projetar suas estratgias, pois estratgia trata-se de pensar hoje em nosso futuro,

    integrando o processo decisrio nas organizaes (como em Mintzberg).

    Temos em Chris Grey (2010):

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    Um dos mais destacados tericos da organizao no mundo, Jim March, que

    ao longo de cinco dcadas, proporcionou boa parte do pensamento mais

    influente e sofisticado nessa rea, com muita perspiccia destacou que, da

    mesma forma como a economia sofre de inveja da fsica, assim ocorre

    com a teoria da organizao em relao inveja da economia. (March, 2000,

    p.122). Mas a consequncia disso que a teoria das organizaes, como a

    economia, diz cada vez menos respeito das pessoas que conheo e que, na

    verdade, povoam as organizaes. (GREY, 2010, p.41).

    H que recordar que a construo desta obra que o conhecimento, se assenta em

    cada tijolo anteriormente colocado, embora construa paredes de diferentes alturas e

    espessuras, aplicadas nas organizaes onde Foucault, afirma peremptoriamente que

    todas as se assemelham a prises.

    Na oficina, na escola, no exrcito funciona como repressora toda uma

    micropenalidade do tempo (atrasos, ausncias, interrupes das tarefas), da

    atividade (desateno, negligncia, falta de zelo), da maneira de ser

    (grosseria, desobedincia), dos discursos (tagarelice, insolncia), do corpo

    (atitudes incorretas, gestos no conformes, sujeira), da sexualidade

    (imodstia, indecncia). Ao mesmo tempo utilizada, a ttulo de punio,

    toda uma srie de processos sutis, que vo do castigo fsico leve a privaes

    ligeiras e a pequenas humilhaes. Trata-se ao mesmo tempo de tornar

    penalizveis as fraes mais tnues da conduta, e de dar uma funo

    punitiva aos elementos aparentemente indiferentes do aparelho disciplinar:

    levando ao extremo, que tudo possa servir para punir a mnima coisa; que

    cada indivduo se encontre preso numa universalidade punvel-punidora.

    (FOUCAULT, 2002, p.165)

    Considerava Foucault que era melhor como cientista, voltar-se para a orientao

    genealgica, buscando descobrir as descontinuidades onde os outros consideravam

    contnuo, a recorrer a orientao arqueolgica que atuava sobre o passado.

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    2.3 Paradigmas e Metforas

    Queremos aqui nos deter por instantes e trazer os pensamentos iniciais sobre

    paradigmas, trazendo Khun, Morin e a seguir Guerreiro Ramos com sua viso

    multidimensional. Claro que no precisaremos nos deter no paradigma hegemnico, visto

    que o funcionalismo e utilitarismo so claramente evidenciados em todas as organizaes.

    Positivismo algo que permanece em ns a sculos e nosso objetivo aqui fazer com que

    possamos observar um pouco alm desta viso. Vejamos Thomas S. Khun em seu livro

    Estrutura das Revolues Cientficas: O que um homem v depende daquilo que ele olha

    como daquilo que sua experincia visual-conceitual prvia o ensinou a ver. Na ausncia de

    tal treino somente pode haver o que William James chamou de confuso atordoante e

    intensa . (KHUN, 1992, p.148)

    Para Khun (1962), a evoluo da cinciaiii, abordada em seus principais conceitos:

    cincia normal, paradigma e revoluo cientfica. Kuhn descreve o paradigma como uma

    realizao cientfica que se torna modelo para as demais pesquisas daquela rea; a cincia

    normal, como o perodo em que tal paradigma permanece vigente e no qual

    aperfeioado este paradigma; e a revoluo cientfica como o momento de crise, ou de

    ruptura onde o paradigma vigente substitudo por um novo paradigma. Sankey (1993) ao

    estudar Khun, divide suas posies em trs fases, onde na primeira os paradigmas (velho e

    novo) seriam totalmente incompatveis, numa fase intermediria considera que sejam

    apenas semnticas as diferenas, mas ao final torna-se bem mais poltico ao afirmar nos

    ltimos anos ele (Thomas Khun) comeou a desenvolver sua posio em uma forma mais

    refinada. Sua viso atual a de que h uma falha na traduo de blocos especficos entre

    os termos indefinidos dentro das linguagens de cada teoria (SANKEY, 1993, p.760). Mais

    pomposo que realista o ttulo do livro de Khun no apresenta o emaranhado desta teia

    que formam a cincia que seria a verdadeira revoluo; se concentra assim e fatos

    inequvocos como sua contestao dos livros didticos onde o ltimo captulo se refere

    ao estado da arte. Neste contexto, temos ento as cincias sociais, onde tudo pr-

    paradigmtico sem hegemonia (como em Weber) diferentemente das cincias naturais

    (com Newton, Einstein).

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    Para Burrel (2012) a alienao gerada fora do paradigma, pode ser transformada

    em conceito da prpria teoria hegemnica, pois a ortodoxia funcionalista, independente

    de sua vantagem em nmeros, recursos e posio institucional, muito boa em traduzir

    preocupaes, ideias e investidas originadas de fora, para dentro de seus prprios

    termos (BURREL, 2012, p.445). Ambos expem com clareza em seu livro, que embora

    comum, socialmente aceita, e politicamente forte, a orientao funcionalista no era de

    forma alguma a nica abordagem para a anlise organizacional, pois esta pluralista.

    Outros autores ampliaram o conceito de paradigma, transformando a abordagem em

    interdisciplinar; as teorias teriam componentes racionais e tambm irracionais e Morin

    passa a estudar justamente pelo oposto de Khun. Para Morin a viso de paradigma parte

    de outra viso:

    [...] um paradigma constitudo por um certo tipo de relao lgica

    extremamente forte entre noes mestras, noes chave e princpios chave.

    Esta relao e estes princpios vo comandar todos os propsitos que

    obedecem inconscientemente ao seu imprio.

    [...] princpios supralgicos de organizao do pensamento [...] princpios

    ocultos que governam a nossa viso das coisas e do mundo sem que disso

    tenhamos conscincia;

    (MORIN, 1999, p.15).

    Morin acrescenta: [...] movimento em duas frentes, aparentemente divergentes,

    antagnicas, [...] inseparveis: trata-se, evidentemente, de reintegrar o homem entre os

    seres naturais para distinguir deles, mas no para o reduzir a essa situao (1999, p. 25).

    Para Serva, Dias e Alpersted, o centro do que poderia ser o paradigma da complexidade

    est na auto-organizao:

    Ainda no que se refere aos conceitos peculiares do denominado paradigma

    da complexidade, deduz-se ento que auto-organizao o conceito central

    desse paradigma. No campo da ciberntica, a auto-organizao tida como

    o conceito que deflagrou as primeiras pesquisas sobre complexidade, apesar

    de ter sido nas pesquisas acerca da biologia molecular (metfora do

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    programa gentico ou mquina viva) que o conceito se percebe desafiador,

    o que leva ao entendimento de que se fundamenta no estudo dos sistemas

    vivos. (SERVA, DIAS e ALPERSTEDT, 2010, p.282)

    Esta viso simplificadora e positivista, encara o real como algo complexo e

    extenso e para compreend-lo vai dividindo-o sucessivamente em partes menores, at

    que cada parte possa ser estudada de forma profunda e que envolve:

    Quadro 2 Viso positivista

    VISO POSITIVISTA - SIMPLIFICADORA

    Objetivao/objetividade Separao entre objeto e sujeito, seguida da anulao do ltimo

    Disjuno Decomposio do objeto em objetos menores fragmentos

    Excluso Rejeio de dados no significativos/incoerentes com o modelo

    Centralizao Hierarquizao das ideias centrais e perifricas;

    Anlise e Reduo Do social ao biolgico, do biolgico ao fsico

    Modelizao Abstrao, formalizao e generalizao segundo uma lgica linear, rgida

    e fechada

    Sntese e Integrao Articulao do novo conhecimento com outros j estabelecidos

    Fonte: Adaptado de Morin (1999, p.10-16).

    Guerreiro Ramos que tem na viso do ser humano (complexo) os elevados

    propsitos da cultura humana e apresenta assim o contraponto ao simples paradigma

    econmico; percebe, como se o homem fosse o prisioneiro das organizaes; com a

    racionalidade substantiva que veremos a seguir, podemos observar uma viso

    multidimensional da civilizao humana nos dias atuais (embora Guerreiro Ramos a tenha

    formulado h dcadas).

    Natural que esta racionalidade que se volta para a essencialidade do ser humano

    se depare com obstculos que so mesmo intransponveis e que devem ser apenas

    contornados. Veja o caso do cienticifismo de Fayol com viso tcnica, e totalmente

    positivista, mas sobre a qual foi construda toda nossa histria evolutiva, tendo como

    deuses o Mercado e a Produo. o gestor que atravs de suas avaliaes e decises a

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    pedra angular das organizaesiv e este gestor, ao descrever, ao julgar ou decidir sobre um

    fato ou circunstncia ter toda uma subjetividade implcita, nunca estando ilimitadamente

    isento como supe o positivista; mutatis mudandis ocorre com a cincia, pois o gestor est

    para a empresa, assim como o cientista est para a cincia, a qual est tambm

    impregnada pela ideologia; embora louvveis esforos como Popper buscaram separar o

    que era cincia esta feita pelos cientistas.

    Mas para entender o todo, ou a organizao como um todo, preciso muito mais.

    Para Morgan as organizaes apresentam uma diversidade de enfoques e nos apresenta 8

    metforas (que esto associadas a paradigmas), para que possamos analisar sua estrutura,

    normas, metas e comunicaov.

    Temos ainda, correndo por fora e no menos importantes, as diversas tcnicas,

    escolas e modismos que com seus gurus se perpetuam num emaranhado de enunciados e

    tendncias; infindveis, enfileiram-se entre elas Kanban, TQC, reengenharia, etc.; umas

    perenes, outras desastrosas, mesmo no paradigma funcionalista:

    Para eliminar ou diminuir o risco do fracasso, organizaes de todas as reas

    de atuao, pblicas, privadas, no-governamentais, tm tentado aplicar as

    novas receitas que surgem diariamente na cincia da administrao,

    procurando seguir as novas tendncias. Nesse sentido, h uma prtica de

    copiar, onde todos se apropriam dos modelos de gesto que de alguma

    forma so sucessos reconhecidos pelos pares, em algum momento, em

    algum lugar. a comoditizao das tcnicas de gerenciamento, que

    passamos a maior parte do tempo tentando aprender, e esquecemos do

    principal: os produtos (bens e servios) e os clientes (consumidores,

    colaboradores/trabalhadores, cidados e contribuintes). (VIANNA, 2010,

    p.88)- grifo nosso.

    ento aparentemente o paradigma que separa o cientista do leigo; na cincia

    paradigmtica h estabilidade e convergncia da tambm a possibilidade da cincia

    avanar.

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    Pesa mais a estrutura ou a atuao do agente na estrutura? Embora as mudanas

    sejam a nica coisa constante nas organizaes, o limite para mudana dentro da

    organizao possui uma inrcia grande. Na tica construtivista, h mais espao para a

    construo negociada. Quem havia previsto a queda de Berlim? A primavera rabe? Fim

    da guerra-fria (queda ditadores)? As mudanas ocorrem atravs de grandes

    transformaes com uma grande ruptura das estruturas.

    Muitas cincias no tem comprovao veja Freud que usando sua experincia em

    consultrio, tirou tudo de uma derivao terica de suas consultas (as quais queimou tudo

    antes de morrer). Embora riqussimo acerto era o cientista respeitando a tica mdica...

    e tivemos ento uma derivao terica dos seus casos clnicos.

    Em nossas cincias sociais, Weber cita que h uma vertente prpria e

    fenomenolgica. Partimos do pressuposto que estamos acima da natureza, no entanto a

    tecnologia atual nos permite perceber que existem vrias racionalidades (coerncias) na

    natureza tal como o homem se supe racional (comunicao entre baleias, abelhas,

    formigas).

    De forma inquestionvel a tecnocincia salva vidas e em muitas destas

    organizaes, o cientista encarado como um operrio, sujeito aos controles equivalentes

    e regras de produo e produtividade (estabelecidas desde a administrao cientfica);

    muitas das vezes a servio da produo e mercado e tendo apenas o paradigma

    econmico, sequer pode divulgar a sua pesquisa (vejam o caso dos princpios ativos de

    agrotxicos), pois so segredos comerciais e industriais; cincia com censura

    competitiva, onde a cincia avana pela tcnica, mas a tcnica limitada pelo poder,

    podendo no apenas salvar vidas, mas tambm extirpa-las.

    Para Guerreiro Ramos a funcionalidade ou a racionalidade funcional, prejudicou no

    homem a sua capacidade de julgamento; na Nova cincia das Organizaes ele critica de

    forma veemente e lgica a hegemonia do Mercado sobre todos os demais aspectos

    humanos. Como propsito final a estratgia de mercado deveria vir a substituir a

    estratgia da guerra, do belicismo, gerando a competitividade no blica e a dominao

    no mais pela fora, mas pelos mercados; isto to verdadeiro e presente tanto que o

    mercado moderno tem suas metforas na guerra de dominaovi.

  • Anais do I Congresso Brasileiro de Estudos Organizacionais Abrindo Caminho nos Estudos Organizacionais Fortaleza, Cear, 11 a 13 de dezembro, 2013

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    Mas o modelo falhou? No podemos de maneira simplria confundir mercado (de

    origem milenar) com capitalismo (comercio, industrial) de 500 anos, onde em sua origem

    dever-se-ia produzir no apenas para seu consumo, mas para colocar no mercado

    (burgos); as teorias proliferaram e desde a Riqueza das Naes de Adam Smith a Keynes,

    temos a mo invisvel do mercado e a sua (virtual) autoregulao. Para Marx esta evoluo

    social conduziria ao regime perfeito e esta ecloso do socialismo-comunismo se daria nos

    pases mais desenvolvidos. Para Marx isto aconteceria por exemplo na Alemanha, etc. e

    no na Russia como ocorreu a revoluo Leninista do proletariado.

    Se em Marxvii e Engelsviii, temos um corte epistemolgico dizendo que

    precisvamos construir a nova sociedade ou seja, deixarmos de ser serviais e passar a

    trabalhar para si mesmo (buscar autonomia) sem a necessidade do estado, com um

    mercado autogestionvel, lmpida a percepo de que nesta construo seria inevitvel a

    luta de classes, a qual teria a violncia inversamente proporcional ao nvel cultural (Marx

    pensa nos sculos frente). Tambm oportuno recordar Hegelsix com seu idealismo,

    explicitando a relao escravo-servo e senhor: Aquele que manda executar o trabalho o

    desconhece e o saber fazer fica no servo que vai de certa forma, alienando o

    mandante... gradativamente o senhor acaba virando um imprestvel. Marx coloca isso

    nas classes sociais e isto realidade em nossos dias: A executiva, a nova dona de casa

    no sabe cozinhar, passar, etc.

    O que a histria apresenta que toda revoluo proletria no sculo XX em

    determinado momento se volta contra o proletariado; a revoluo socialista se volta

    contra os operrios (uso instrumental dos trabalhadores) gerando a elite burocrtica

    (como prevista em Weber). A queda do muro de Berlim, o neo-liberalismo reforam a obra

    de Guerreiro ramos, que acha tudo isto uma ingenuidade.

    Se nos reportarmos s criticas de Guerreiro Ramos ao modelo atual, no

    poderemos deixar de mencionar outro expoente que Fritjoff Capra, e sobre os quais

    Boeira nos apresenta com propriedade:

    Tanto Capra quanto Ramos fazem crticas contundentes e consistentes s

    sociedades industriais nascidas da Revoluo Industrial no sculo XVIII. Eles

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    partem, porm, de ngulos um pouco diferentes e enfatizam diferentes

    aspectos. Ambos fazem a crtica do Iluminismo. Ramos identifica nele a

    instituio da razo instrumental e Capra, o mecanicismo. H uma ntida

    familiaridade entre eles, uma vez que a razo instrumental desequilibra a

    mente humana no sentido da valorizao unilateral do que til

    exclusivamente ao indivduo, e os pressupostos mecanicistas separam corpo

    e mente, concebendo o Universo como uma imensa mquina. (BOEIRA,

    2002,p.8).

    Ao pensamos em transies e paradigmas emergentes, Capra (2006, p.27-29),

    indica perodos de transio que ocorrem no presente e indica trs que abalaro os

    alicerces de nossas vidas afetando profundamente o nosso sistema social, econmico e

    poltico: 1) Declnio do patriarcado; 2) Declnio da era do combustvel fssil; 3) Mudana

    de paradigma. E todos esses pontos tm ntima relao com a poltica econmica a ser

    acelerada e implementada: 1. Valorizao do trabalho domstico e feminino em geral; 2.

    Tcnicas suaves; pesquisas ecolgicas sobre fontes de energias e incentivo s tcnicas

    deste tipo voltadas para a descentralizao do poder como a energia solar, elica, com

    biomassa, etc.; 3. Articulao coerente dos valores que esto emergindo parte do

    paradigma mecanicista.

    Guerreiro Ramos aborta tambm a arte de governar, de delimitar espaos (cap. 7

    teoria da delimitao dos sistemas sociais) para aproximar ou afastar, mas sua angustia

    de que a razo instrumental bloqueia a natureza humana, dando guarida a Habermas

    quando se refere as relaes primrias que transcendem s relaes instrumentais (do

    poder governo), como a famlia por exemplo.

    Hoje tudo passa pelo estreito funil econmico-utilitrio (da razo instrumental),

    que por exemplo, define que precisa do PIB para investir. claro que os parmetros

    abstratos indicados por Guerreiro Ramos (isonomia, fenomia, anomia, etc.) nunca sero

    encontrados de forma singela e pura, pois so caricaturas racionais; deveremos pensar

    nossos caminhos sem as teorias que representam preconceitos disfarados como razo,

    sucesso, etc. Temos ento as novas ideias e a Teoria da Delimitao dos Sistemas, que

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    surge ainda sem bases tericas, mas como um manancial de ideias a germinar para as

    novas geraes, tendo como campo de aplicao as organizaes.

    A organizao como objeto aparentemente difcil de distinguir e hoje chamada

    de sistema. Construir um objeto de pesquisa um sistema de ideias (conjunto de ideias

    objetos sistematizados) e este objeto, traz em seu bojo a ideia de objetividade (onde eu

    sujeito, manipulo, descrevo, etc.). Na viso contempornea (fsica quntica, e viso social),

    ao identificar, descrever o objeto, j estou influindo sobre o objeto...

    Na TGA (prescritiva e normativa) volta-se para a gesto e deixa a organizao de lado

    (pensa nos termos das aes do dirigido), trazendo novamente uma ideia reducionista ou

    purista de pensarmos que as organizaes so externas aos pensadores. Pensamentos so

    interligados e interferem no objeto e o pensamento cientfico diferente do artstico, do

    religioso, senso comum, mas no um super-pensamento superior; apenas mais um

    pensamento... A verdadeira teorizao, ou a Teoria Organizacional, requer olhar para

    nossa subjetividade e especialmente a mesmo a linguagem utilizada)x, pois qualquer

    normativa, qualquer descritiva ou prescritiva dos elementos organizacionais, nunca ser

    inocente!

    2.4 A emergncia da Gesto Social

    Embora por vezes democrticas, as formas de gesto na atualidade, em quase

    todos os nveis apresentam casos de crises de confiana, representatividade e at mesmo

    legitimidade, ao no contemplar os anseios coletivos. A sociedade globalizada quando se

    volta para a ao, para a maioria dos sujeitos local ou regional na sua comunidade,

    no seu territrio que age o indivduo. Como vimos anteriormente, os conceitos de

    Foucault (2002) praticamente todas as organizaes possuem semelhanas com as prises,

    evidenciando suas posies opressoras e repressoras; ter voz, dialogar, participar por

    vezes ato de mera formalidade, quando deveria ser uma atitude a ser perseguida pelo

    cidado, no apenas a nvel individual, mas de forma organizada na sociedade; no se

    interessar pela participao abrir mo de valores inalienveis:

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    A participao que se espera, segundo Tenrio e Rozenberg (1997, p. 411) em

    primeiro lugar, participao requer conscincia sobre os seus atos. Logo, participao

    consciente aquela em que os envolvidos possuem a compreenso sobre o processo que

    esto vivenciando. E esta participao ser por vontade do sujeito segundo Demo (1996,

    p. 41) [...] assim, no existe participao dada, imposta, prvia ou suficiente.

    ao dar voz a seus pensamentos, manifestar interesses e experimentar a

    participao, ao exercit-la que o indivduo constri a cidadania baseada no dilogo

    pluralista e mais adiante o compartilhamento da responsabilidade e do poder a

    construo do bem pblico, sua coproduo, conforme apresenta Salm (2007, p.238):

    A coproduo do bem pblico envolve a participao ativa e direta do

    cidado nos processos de elaborao, desenho, implementao e

    avaliao das polticas pblicas voltadas ao interesse pblico e, em ltima

    instncia, construo do bem comum.

    E pensar o bem comum, no coisa fcil, pois no h este hbito outros pensam pro

    ns, ns apenas pedimos, e tal como ddivas as recebemos, embora sejam coisas

    pblicas como nos apresenta Tenrio (2002):

    Da que o item a seguir ao contemplar o significado de res pblica, coisa

    pblica, o faz j partindo da hiptese que pensar o bem comum no uma

    prtica costumeira, institucionalizada no Brasil, embora a sua populao seja

    normatizada sob os princpios de uma Repblica Federativa. Exemplos dessa

    no prtica republicana podem ser observados no nosso cotidiano, no dia a

    dia, tanto por polticos de turno como pela populao de um modo geral

    (TENRIO, 2002, p.12).

    J a algum tempo, o modelo hegemnico, reconhece a inao do Estado,

    reconhece as crises sociais, apresentam respostas reforando os conceitos externos ao

    sistema (BURREL, 2012). Assim que enxergamos na responsabilidade social de Kliksberg

    (1998, p.85), apenas um instrumento para mitigar o conflito: O Estado mnimo ou

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    ausente no parece dar soluo aos problemas sociais e, em geral, nimo para um

    desenvolvimento sustentado.

    Mas h uma nova compreenso de para atingir o desenvolvimento em equilbrio,

    depende de articulaes sociais complexas que colocam de lado as simplificaes

    estatistas ou liberais. Tudo se transforma:

    A transformao profunda. No decorrer de meio sculo, passamos de uma

    viso filantrpica, de generosidade assistencial, de caridade, de um tipo de

    blsamo tranquilizador para as conscincias capitalistas, para a

    compreenso de que a rea social se tornou essencial para as prprias

    atividades econmicas. (DOWBOR, 1999, p.5)

    O Estado, atravs dos seus gestores, pode utilizar as polticas sociais, tanto para amenizar

    as falhas de mercado, como para atender aos interesses de grupos hegemnicos. O

    neoliberalismo estabeleceu bases e permanece ainda a herana de suas instituies que

    buscam reduzir os custos sociais da incapacidade do Estado. Para Habermas, (apud MELO,

    2007, p.74):

    nessa tentativa de remediar as falhas funcionais do mercado, o Estado

    tambm deveria dirimir os riscos bsicos dos custos sociais da produo

    privada, sobretudo os riscos ligados ao trabalho assalariado, e garantir

    liberdade e justia social massa da populao.

    Tal como a cincia que no linear (Khun, 1992), a participao exige a quebra de

    paradigmas para sua construo, e isto se consegue ao enfraquecer pilares do sistema

    hegemnico, levantando outros a seu favor: participao, coproduo do bem comum,

    cidadania deliberativa. Tudo isto parte do arcabouo que faz emergir a Gesto Social, em

    oposio ao modelo top-down da Gesto Estratgica.

    Quanto ao par gesto estratgica e gesto social, eles significaro que o

    primeiro atua determinado pelo mercado, portanto, um processo de

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    gesto que prima pela competio, onde o outro, o concorrente, deve ser

    excludo e o lucro o seu motivo. Contrariamente, a gesto social deve ser

    determinada pela solidariedade, portanto, um processo de gesto que

    deve primar pela concordncia, onde o outro deve ser includo e a

    cooperao o seu motivo. Enquanto na gesto estratgica prevalece o

    monlogo o indivduo; na gesto social deve sobressair o dilogo o

    coletivo. (TENRIO, 2006, P.1146)

    o cidado que participa, no apenas num voluntariado de mo de obra, mas ao

    participar delibera e decide seu destino; a cidadania deliberativa que pressupe a

    legitimao das decises polticas a partir dos processos de discusso na elaborao das

    polticas e aes sociais (TENRIO, 2002), a dvida persiste entre ideologia e teoria, e

    temos de nos voltar para a ltima, gerando crticas racionais das instituies (herdadas do

    iluminismo) e no nos envolvermos apenas por ideologias, gerando posies mistificadas.

    A este respeito, Gramsci afirma que gostaria de inculcar nas mentes que h um certo

    misticismo existente na autoconfiana necessria do pesquisador-cientista, mas que gera

    tambm temor e angstia; o fato que a realidade a despeito de poder ser

    decepcionante, dever orientar o trabalho cientfico para a maximizao do rendimento

    dos investimentos e para o melhor aproveitamento possvel de recursos, a comear pelo

    tempo de que dispe (GRAMSCI, 2006, p.82). A prova cientfica se faz pela evidncia, que

    indiscutvel (e incompreensvel), mas aceita pelo cidado comum e tambm recusando

    por vezes a prova emprica:

    Ora, procede-se frequentemente como se o que pode ser reivindicado como

    evidencexi fosse evidente. O que se faz em funo de uma rotina cultural, a

    maior parte das vezes importa e inculcada pela educao (os famosos cursos

    de methodology das universidades americanas (BORDIEU, 2009, p.24)

    Assim clara a percepo de que a ideologia pode influir nos conceitos cientficos

    e a prpria universidade, baluarte de resistncia contra a dominao ideolgica vai

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    cedendo aos efeitos da fora econmica e muitas vezes volta-se apenas para a produo

    de mo de obra especializada para o mercado (BUARQUE, 2005, SANTOS, 2004).

    H uma precarizao do trabalho, o qual tem sido intenso tema de discusses

    sociolgicas (GIDDENS, 2008), pois faz com que aqueles de poucas qualificaes ou

    qualificaes erradas sejam relegados para empregos precrios e marginais, vulnerveis

    s mudanas dos mercados globais (GIDDENS, 2008, p.413).

    A viso multidimensional com os diversos enclaves est presente em Tenrio (2005, 2012)

    quando apresenta as categorias de anlise, pois alm de referir o processo de discusso

    das polticas pblicas participativas Habermas (1995), deixa flagrante o aspecto

    multidimensional, nos princpios que nos orientam as categorias de anlise, ensejando um

    construto, com apresentado a seguir:

    Quadro 1 Critrio de Avaliao - Categorias

    CATEGORIA CRITRIOS DE AVALIAO

    Canais de difuso:

    Qualidade de Informao:

    Espaos de Transversalidade:

    Pluralidade do grupo promotor:

    rgos Existentes:

    rgo de Acompanhamento:

    Processo de

    discusso

    Relao com outros processos participativos:

    Abertura dos espaos decisrios:

    Aceitao social, poltica e tcnica:

    Incluso

    Valorizao Cidad:

    Participao de Diferentes Atores: Pluralismo

    Perfil dos atores:

    Forma de escolha dos representantes:

    Discurso dos representantes:

    Igualdade

    Participativa

    Avaliao participativa:

    Origem das Proposies: Autonomia

    Alada dos Atores:

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    Perfil da Liderana:

    Possibilidade de exerccio da vontade prpria:

    Objetivos alcanados: Bem Comum

    Aprovao cidado dos resultados:

    Fonte: Adaptado de Tenrio (2012, p.39).

    Na dcada de 70 o liberalismo/neoliberalismo conduziu as naes ao

    desenvolvimento que estava inicialmente limitado ao seu limite territorial e surgir a

    explorao transacional onde as empresas visavam lucro em outros pases, e

    eventualmente o desenvolvimento se isto fosse necessrio para ter lucro. Embora a

    humanidade possa estar presente no discurso, a busca de mo de obra barata o motivo

    de muitas empresas se instalarem em pases de populao carente. Mas no dia a dia, o

    homem da atualidade, sujeito (e objeto) global ou globalizado, pensa globalmente mas ao

    agir, o faz localmente, em sua rea, em seu territrio. Este territrio j no mais definida

    pela limitao geopoltica dos anos 70, mas para Pecqueur (2006) e Buainain (2006), estes

    espaos locais so vrios e superpostos em uma mesma regio sendo ento mltiplos e

    certamente transitrios na medida de seu desenvolvimento e no so estabelecidos ou

    definidos com base em aspectos jurisdicionais, mas sim pela convergncia de interesses.

    Concluses

    Em nosso cotidiano, observamos que as dimenses sociais e mesmo as ambientais,

    onde est implcita a sustentabilidade so negligenciadas e pensar em redes colaborativas-

    cooperativas so tpicos que permeiam os espaos individuais e coletivos em cada regio.

    Os aspectos tericos que abordam os aspectos regionais e locais de desenvolvimento

    esto ligados criao de um espao de crescimento econmico que possa conciliar

    dinmicas globais de desenvolvimento e crescimento. Embora pense globalmente, no

    local que o sujeito age e estabelece sua rede de relaes, visando preservar a harmonia do

    ambiente em que vive. Denominados de clusters, polos, territrios, estes espaos so por

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    vezes foco de polticas pblicas, rgos de fomento e agencias governamentais, fazendo

    com que teoria e prtica possam se aproximar em alguns casos.

    Esta aproximao deve considerar a diversidades dos atores, e para que isto

    acontea fundamental a participao, pois haver uma necessidade de interpretar cada

    contexto, cada espao, buscando a os aspectos que diferenciam e permitindo a atuao

    conjunta dos territrios (como em Morin, distinguir sem separar, unir sem fundir).

    A insero de uma diversidade de atores de modo participativo uma

    necessidade. Existem limites para a comparabilidade entre territrios, pois, ao interpretar

    o espao e seu contexto, torna-se possvel constatar a existncia de aspectos

    diferenciadores (PECQUER, 2006) tais como indivduos e suas culturas. A participao de

    distintos grupos proporciona a ampliao da racionalidade, inclusive na discusso de

    questes conflituosas e pontuais, uma vez que diferentes espaos demandam

    organizaes coerentes ao seu contexto. Sob o ponto de vista utilitarista, o territrio

    tambm um objeto ou produto, onde se gera o consumo e na verdade h pouca

    importncia atribuda aos aspectos de cultura e histria locais, pois mercado e produo

    esto presentes em todos os locais/territrios.

    Para Schmitt e Moretto (2011, p.326), O esforo central consiste em intermediar

    as relaes entre indivduos e espao, com organizaes e tecnologias que permitam

    sinergias coletivas. Na forma conceitual onde o significado da res pblica, coisa pblica,

    tenha efetiva vivncia, a atuao republicana por si s seria quase suficiente para uma

    nova forma de conduzir a gesto; no entanto, a despeito de sermos uma Repblica

    Federativa, a prtica republicana esporadicamente levada a cabo.

    Em oposio gesto estratgica (monolgica, top-down, voltada ao mercado), a

    base epistemolgica da gesto social deve ser a intersubjetividade dialogicidade,

    presidindo a ao da cidadania tanto na esfera pblica, como privada.

    Em sntese, a gesto social pode ser apresentada como a tomada de deciso

    coletiva, sem coero, baseada na inteligibilidade da linguagem, na

    dialogicidade e no entendimento esclarecido como processo, na

    transparncia como pressuposto e na emancipao enquanto fim

    ltimo. (CANADO, 2011, p.697)

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    A racionalidade substantiva em contraposio racionalidade instrumental, Ramos

    (1989, p.140) no descarta o paradigma econmico, mas nos apresenta a viso

    paradigmtica multidimensional:

    Uma viso da sociedade como sendo constituda de uma variedade de

    enclaves (dos quais o mercado apenas um), onde o homem se empenha

    em tipos nitidamente diferentes, embora verdadeiramente integrativos, de

    atividades substantivas; b) um sistema de governo social capaz de formular

    e implementar as polticas e decises distributivas requeridas para a

    promoo do tipo timo de transaes entre tais enclaves sociais.

    A definio de gesto social em contraposio gesto estratgica (TENRIO,

    2006), vai estar apoiada na compreenso da inverso desses pares de palavras (uma em

    busca da concordncia, outra pela competio), bem como do conceito de cidadania

    deliberativa, categoria intermediadora da relao entre os pares de palavras, que vai

    significar que a legitimidade das decises deve ter origem em espaos de discusso

    orientados pelos princpios da incluso, do pluralismo, da igualdade participativa, da

    autonomia e do bem comum. Espaos onde se articulam diferentes atores que vocalizam

    as suas pretenses com o propsito de planejar, executar e avaliar polticas pblicas ou

    decises de produo. Assim, entendemos gesto social como o processo gerencial

    decisrio deliberativo que procura atender s necessidades de uma sociedade, regio,

    territrio ou sistema social especfico, quer vinculado produo de bens quer prestao

    de servios.

    A gesto social utpica? Para Horkheimer (1937) com a Teoria Crtica (que para

    ele a extenso ou continuao de Marx), postula-se que impossvel mostrar as coisas

    como realmente so, seno a partir da perspectiva de como elas deveriam ser. A utopia do

    que deve ser, nos conduz por um caminho ideal (inatingvel qui), mas que evidencia o

    que teramos de melhor. Assim, Cidadania Deliberativa, tal como Gesto Social nos

    apresentam um novo e promissor caminho. (VIEIRA e CALDAS, 2006. TENRIO, 1999)

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    Sendo utopia, ainda assim nos permitir fazer a critica e delimitar o cenrio onde

    estamos e onde poderemos estar.

    Consideraes Finais

    Neste trabalho recordamos alguns dos elementos essenciais para que o

    interessado na administrao e gesto, possa se aprofundar e usufruir dos conceitos.

    deste fascinante tema que a Teoria Organizacional, a qual se entranha nas organizaes,

    tal como a prpria organizao pressupe a interao de indivduos.

    A organizao como um sistema social facilita a interao de indivduos

    dentro da comunidade mais ampla, bem como a adaptao desta s

    condies tcnico-sociais de mudana, que frequentemente ocorrem de

    forma voltil. (REED, 2012, p.70)

    Na impossibilidade de se comunicarem os paradigmas (Khun), hoje o nosso campo

    da administrao multiparadigmtico; as organizaes so complexas e contraditrias,

    pois so como a realidade. Surge forte neste contexto a necessidade de mltiplas teorias e

    a capacidade do pesquisador em articul-las imprescindvel. necessrio criar uma inter-

    relao entre problemas locais e globais. Muitos falam em quebras de paradigmas (alguns

    sem saber exatamente do que se trata); a cincia poltica, sociologia, antropologia deram

    as costas s cincias naturais colocando o homem como o ponto central e colocando a

    natureza (de forma predatria na maioria das vezes) a seu servio. O construtivismo s

    considera o real a partir dos grupos sociais (ou seja no existe um fato social sem um

    grupo social), no se fala com gegrafo, oceangrafo, etc.

    O conceito hoje, de que preciso dialogar, mesmo com cientistas com outros

    mtodos diferentes das cincias sociais multidisciplinaridade e interdisciplinaridade.

    Como enfatiza Guerreiro Ramos, a viso deve ser multidimensional e no podemos apenas

    considerar a dimenso econmica e sim a vida substantiva: Uma teoria da vida humana

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    associada substantiva quando a razo, no sentido substantivo, sua principal categoria

    de anlise. (RAMOS ,1989, p.26)

    A separao das cincias naturais das sociais (monodisciplinar) algo a ser

    criticado, por no ser consistente com a realidade necessrio que o conhecimento

    substantivo seja transdisciplinar criando algo maior. Separa-se o ser humano em diversas

    partes para estud-lo, mas que nos fazem a compreender a realidade tambm de forma

    parcial. O administrador, no dia a dia, que se defronta com toda a natureza de problemas

    e decises e, para tudo exigido: uma gesto totalmente interdisciplinar.

    No fiquemos apenas conceituando a gesto social como oposio ao modelo top-

    down estratgico, pois isto seria reduzir seu mbito, seus limites. A gesto social vai alm

    e determina uma forma de pensar e agir que atua sobre causas e no apenas mitigando os

    efeitos dos problemas sociais atuais.

    Recordamos ao interessado em Estudos Organizacionais, que o apresentado neste

    artigo apenas uma representao, um mapa, ou qui um croquis, onde perdemos tudo

    aquilo que medeia entre a imagem (ou o conceito) real e sua representao. No perca o

    leitor a grandeza do tema ao pensar que est vendo a realidade, pois tal como tudo que

    abordamos aqui, a realidade da Gesto Social generosamente maior do que podemos

    apreciar nesta leitura, e s nos resta ir pesquisa em busca do conhecimento, pois nos

    textos que acabamos de ler, perdemos muito mais do que poderamos ganhar.

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    Notas i Observe a fora desta ruptura, onde Descartes (filsofo e cristo) estabelece a viso positivista do que cincia (complementada com Comte no sculo XIX).

    ii Parson, Talcott Edgar Frederick. 1902-1979 foi o socilogo mais lido nos USA por 50 anos.

    iii Conforme expe em seu livro: The structure of scientific revolutions de 1962

    iv Vide Pierre Morin: A Arte do Gestor: Da Babilonia Internet (Editora: INSTITUTO PIAGET)

    v Vide: Livro Images of Organization Gareth Morgan Editora Atlas 2006 2. Ed.

    vi Vide publicaes: Marketing de Guerra; Arte da Guerra.

    vii Marx, Karl Heinrich,1818-1883

    viii Hegel, Friedrich, 1820-1895

    ix Hegel, Georg Wilhelm Friedrich, 1770-1831

    x Vide: Varieties of discourse: On then study of organizations through discourse analysis de Mats Alvesson e Dan

    Karreman (2000)

    xi Termo anglo-saxo utilizado no original por Bordieu e que se refere evidencia cientfica.