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  • 7/24/2019 Aspectos Estruturais e Fitoqumicos de partes vegetativas de Costus spicatus (Jacq.) Sw. (Costaceae)

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    Recebido para publicao em 18/09/2011Aceito para publicao em 29/11/2012

    Aspectos Estruturais e Fitoqumicos de partes vegetativas de Costus spicatus(Jacq.) Sw. (Costaceae)

    PAES, L.S.1*; MENDONA, M. S.2; CASAS, L.L.31IFAM Instituto Federal do Amazonas, Avenida 7 de Setembro, n 1975 Centro, CEP: 69020-120, Manaus-

    Brasil *[email protected]. 2Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Laboratrio de Botnica Agroorestal

    (LABAF); CEP: Av. General Rodrigo Octvio Jordo Ramos, n 3000, Campus Universitrio, Coroado I

    CEP:69077-000, Manaus-Brasil. 3Iniciao Cientfca FAPEAM, Avenida 7 de Setembro, n 1975 Centro,

    CEP: 69020-120, Manaus-Brasil.

    RESUMO: As folhas deCostus spicatus so amplamente empregadas na medicina popularpara o tratamento de vrias doenas entre elas: malria, hepatite e doena do aparelho urinrio.O objetivo deste trabalho foi identicar aspectos da anatomia dos rgos vegetativos(folhas,caules, razes e rizomas) associados triagem toqumica visando contribuir com informaesrelevantes para o desenvolvimento de estudos taxonmicos e farmacolgicos. A anliseanatmica por meio da microscopia ptica e de varredura evidenciou folha an-hipoestomtica,com estmatos e tricomas tectores lamentosos simples. O mesolo constitudo porparnquima cloroliano, que se divide em duas regies intercaladas por cordo de bras e

    feixes vasculares. O caule do tipo atactostlico como no rizoma. A raiz poliarca. Os testeshistoqumicos indicaram a presena de amido, protenas estruturais, alcaloides, cristais deoxalato de clcio. A prospeco qumica com extratos hidroalcolico e aquoso constatou apresena de saponinas, taninos, alcaloides, compostos fenlicos e heterosdeos cianognicos.

    Palavras chaves: anatomia, metablitos secundrios, plantas medicinais, Costus spicatus

    ABSTRACT: Structural and Phytochemical aspect from vegetative part of Costusspicatus(Jacq.) Sw (Costaceae).The leaves of Costus spicatusare widely employed in folkmedicine for the treatment of several diseases, including: malaria, hepatitis and urinary tractdisease. The purpose of this paper was to identify aspects of the anatomy of vegetative organs(leaves, stems, roots and rhizomes) associated with phytochemical screening to contributewith relevant information for the development of taxonomic and pharmacological studies. The

    anatomic analysis through optical microscopy and scanning showed amphistomatic leaves withtetracitic type stomats and simple lamentous tector trichomes. Mesophyll is constituted by achlorophyllian parenchyma, which is divided into two regions intersected by a strand of bersand vascular bundles. The stem is atactostelic, such as for the rhizome. The root is polyarc. Thehistochemical tests indicated the presence of structural proteins, alkaloids, and calcium oxalatecrystals. Chemical prospecting with hydroalcoholic and aqueous extracts attested the presenceof saponins, tannins, alkaloids,phenolic compounds and heterosides as cyanogenic glucosides.

    Keywords:anatomy, secondary metabolites, medicinal plants,Costus spicatus

    Rev. Bras. Pl. Med., Campinas, v.15, n.3, p.380-390, 2013.

    INTRODUOCostus spicatus (Jacq.) Sw uma espcie

    herbcea com distribuio neotropical pertencente famlia Costaceae (Specht et al., 2001; Specht& Stevenson, 2006; A.P.G III, 2009). Trata-se deuma planta perene, cespitosa, cuja parte areapode atingir 1,0 a 2,0 metros de altura, nativaem quase todo Brasil, principalmente na Mata

    Atlntica e regio Amaznica (Lorenzi & Matos,2008). As folhas so dispostas em espiral com

    prolongamento invaginante na base formando crea,

    com inorescncia terminal, brcteas em espiral,densa, imbricadas, glabra, e vermelha (Petersen,1990).

    Em virtude da semelhana quanto morfologia e aplicaes, as denominaes popularesde representantes do gnero Costus so: cana-mansa, canarana, cana-de -macaco, pobre-velhoe cana-do-brejo (Borrs, 2003; Lorenzi & Matos,

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    2008). Costus spiralis Rosc. e Costus spicatus(Jacq.) Sw so conhecidas por apresentaremas mesmas utilizaes na medicina tradicional(Gasparri, 2005).

    Na medicina popular brasileira, o chde C. spicatus utilizado com ns depurativos,adstringentes e diurticos (Boorhem et al., 1999;Borrs, 2003). Boorhem et al. (1999) descrevem

    que a decoco das partes vegetativas da espcieatuam no tratamento de irritaes vaginais,leucorreias e lceras. O suco do caule fresco diludo ecaz no tratamento de gonorreia, slis, nefrite,picada de insetos, problemas de bexiga e diabetes(Albuquerque, 1989; Borrs, 2003). As folhas podemser combinadas com Bonamia ferruginea cip-tura (Choisy) Hallier em forma de combinaes(garrafadas) no tratamento da malria, hepatite ediabetes (Silva, 2004).

    Os registros cientcos indicam que o usodo ch das folhas de C. spicatusem experimentoscom ratos durante 6 a 16 semanas para avaliaoda progresso da hiperglicemia e insulinopeniaentre os grupos experimentais e controle foramestatisticamente indistinguveis demonstrando que och no promoveu a diminuio da progressividadeda diabetes mellitus tipo 2 (Keller et al., 2009)resultados tambm observados por Silveira et al.(2010) com utilizao de extrato metanlico emdoses de 100, 200 e 400 mg/kg. De acordo comPinna et al., (2008) o ch de C. spicatus ecaz notratamento de Herpes zoster. Para Silva et al. (2000)a atividade anti-inamatria encontrada no extratofoliar est relacionada a presena dos glicosdeos

    avnicos.A faml ia Costaceae anteriormenteclassicada como uma subfamlia de Zingiberaceae(Costoideae) recentemente foi reclassificadaem funo da anlise cladstica molecular dogenoma nuclear de cloroplasto, bem como pelascaractersticas morfolgicas as quais, indicamque h diferenas anatmicas e estruturais paraCostaceae e Zingiberaceae que garantem umcarter diagnstico distintivo (Specht & Stevenson,2006). No entanto, poucos trabalhos cientcosevidenciam caractersticas peculiares de Costaceae.

    Diante do exposto objetivou-se caracterizar

    os aspectos anatmicos das partes vegetativas deC. spicatus identicando as principais classes demetablitos secundrios existentes nos tecidos comoforma de contribuir com informaes que forneamsubsdios para estudos taxonmicos, agronmicos,siolgicos e farmacolgicos referentes famlia.

    MATERIAIS E MTODOSO material botnico (folhas, caules, razes

    e rizomas) foi coletado no Campus Setor Sul

    da Universidade Federal do Amazonas. Foramselecionados e coletados 60 indivduos adultos (10indivduos para estudo anatmico e 50 indivduospara avaliao toqumica). As exsicatas encontram-se inseridas no acervo do Herbrio HUAM daUniversidade Federal do Amazonas UFAM sobnmero de registro 8288.

    Microscopia de luzPara o estudo anatmico, amostras das

    partes vegetativas (folhas, caules, razes e rizomas),foram fixadas em FAA 70 (formaldedo, cidoactico glacial e lcool etlico 70%) e estocadasem lcool etlico 70%. Posteriormente, o materialfoi desidratado em srie etlica e infiltrado emmetacrilato (Historesin, Leica, preparada conformeas instrues do fabricante). Em micrtomo rotativoos blocos foram seccionados (5 a 10 mm deespessura) e as seces foram coradas em Azul deToluidina pH 4,0 (OBrien & Maccully, 1981), sendomontadas em resina sinttica.

    Na preparao de lminas semipermanentesforam utilizadas partes vegetativas seccionadastransversalmente a mo livre, clarificadas comsoluo comercial de hipoclorito de sdio a 20%,coradas com azul de astra e fucsina e montadasem glicerina.

    Na dissociao da epiderme, foram retiradasseces do pice, borda e base da lmina foliar esubmetidas soluo de hipoclorito de sdio emdiferentes concentraes (70-100%) durante quatrodias. Em seguida, foram lavadas em lcool etlico,posteriormente coradas com soluo aquosa azul

    de astra e safranina 1%, e montadas em glicerina(Kraus & Arduin, 1997). A classicao dos tricomasfoi feita com base em Theobald (1979). As imagensforam obtidas com auxlio do microscpio ptico

    Axioskop com cmara MC 80.Para os testes histoqumicos, seces

    das partes vegetativas do material fresco que noforam submetidas a reagentes foram fotografadasa fim de documentar a colorao original dostecidos analisados (branco). Seces controleforam realizadas simultaneamente, de acordo coma metodologia descrita nos protocolos. As classesde metablitos investigadas encontram-se descritas

    na Tabela 1.

    Eletromicrografa de varredura (MEV)Para a obteno das eletromicrograas

    de varredura, seces xadas em FAA 70% por 48horas, ps-xadas em tetrxido de smio a 1% foramdesidratadas em srie etlica crescente de acordocom Johansen (1940), processadas em secador deponto crtico de CO2, aderidas em suportes metlicosatravs de ta de carbono dupla face e metalizadascom camada de ouro de aproximadamente 20 nm

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    de espessura por 150 segundos em corrente de25 mA. A observao e a captao de imagensforam realizadas no Laboratrio de Microscopia doMuseu Paraense Emlio Goeldi, em microscpio

    eletrnico de varredura LEO modelo 1450 VP, comacelerao de voltagem de 15 kV, sendo as escalasmicromtricas projetadas nas mesmas condiespticas.

    Prospeco ftoqumicaA triagem e avaliao fitoqumica dos

    extratos aquoso e hidroalcolico das partes de C.spicatusforam realizadas segundo a metodologiade Matos (1997).

    Para avaliao do extrato aquoso, 40 g domaterial vegetal modo (serragem) foi pesado sendosubmetido a 200 mL de H2O e, em seguida, levado

    ao banho-maria por 1 hora a 70C. Posteriormentefoi ltrado, sendo o volume completado para 200mL com o lquido extrator. Os extratos obtidos foramsubmetidos a testes para vericao da presenade: heterosdeos cianognicos, (papelpicro-sdico)heterosdeos saponnicos (agitao da soluo) ecidos volteis (tas de pH).

    Para a preparao do extrato hidroalcolicoforam pesadas as respectivas massas de serragem:123,13 g de folhas; 340,40 g de razes e rizoma;500,00 g de caule, e em seguida submetidas ao

    GRUPOS DE METABLITOS COLORAO EM LUZ VISVEL

    Lipdios Lipdios totais vermelha Sudan IV (Gerlach, 1984)

    Compostos fenlicos gerais verde, prpura, azul, negro Cloreto Frrico III (Johansen, 1940)

    Taninos vermelha Vanilina Clordrica

    (Mace & Howell, 1974) Lignina vermelha Floroglucinol (Johansen, 1940)

    Alcaloides Alcaloides castanho-avermelhado Reagente de Drangendorff (Costa, 1982)

    Amido roxa Lugol (Jensen, 1962)

    Pectinas e mucilagens rosa intenso Azul de Metileno

    (Salatino & Silva, 1975)

    Protenas Protenasestruturais laranja Xilidine Ponceau

    (OBrien e McCully, 1981)

    Terpenoides leos essenciais azul (essncia), vermelha

    e leo-resinas (resina), violeta Reagente de Nadi (David e Carde, 1964)

    (essncia+resina)

    Cristais Cristal de oxalato de clcio transparente Soluo de cido clordrico 10 %

    (Jensen, 1962)

    TABELA 1.Testes histoqumicos aplicados em amostras frescas do material.

    Compostos

    Fenlicos

    PolissacardeosNeutros

    processo de extrao por macerao a frio em etanol95% durante 7 dias e posteriormente o extrato foiltrado. No trmino, os extratos foram evaporadosem rotaevaporador. A soluo-me foi preparada a

    partir de 200 mg de cada parte vegetativa diluda em10 mL de etanol PA e gua (6:2). Os extratos obtidosforam submetidos a reaes qumicas seletivaspara a identicao da presena de fenis e taninos(reao com cloreto frrico), compostos fenlicos(teste de variao de pH, com hidrxido de sdioe cido sulfrico), saponinas (teste de formaode espuma), alcaloides (reao com Dragendorff,Hager e Mayer).

    RESULTADOS E DISCUSSO

    Caracterizao Anatmica e HistoqumicaCostus spicatus apresenta folhas elpticas

    dispostas em espiral no caule, com inorescnciaem espigas estrobiliformes de brcteas vermelhase ores amarelas (Figura 1 e 2).

    FolhaA epiderme foliar em vista frontal apresenta

    clulas com paredes retas levemente onduladascom formato hexagonal. Os tricomas so do tipotectores lamentosos simples, sem ramicaes

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    FIGURAS 1-2. Costus spicatus(Jacq.) Sw.1. Inorescncia. 2. Disposio das folhas em espiral.

    (Figura 3) predominantes na face abaxial. De acordocom Tomlinson (1956; 1962) a morfologia dostricomas, uniseriados, no ramicados, carterdistintivo entre Costaceae e Zingiberaceae.

    A folha an-hipoestomtica e os estmatosso do tipo tetracticos (Figura 4) estas informaesainda no haviam sido descritas para a famliaCostaceae os registros desta disposio e formade estmatos haviam sido relatadas apenas paraZingiberaceae a exemplo das folhas de 20 espcies

    pertencentes ao gneroAlpiniadescritas por Hussinet al. (2000) e Albuquerque & Neves (2004).Seces transversais da folha evidenciam

    epiderme uniestraticada, revestida por cutcula,mais espessa na face abaxial. Sob a epiderme,a hipoderme apresenta-se em ambas as facessendo constituda de duas camadas de clulasarredondadas com paredes delgadas (Figuras 5 e6). Na regio da nervura mediana este tecido podesofrer variaes quanto ao nmero de clulas, emvirtude do formato cncavo-convexo desta regio(Figura 5). Specht & Stevenson (2006) armaramque a variao no nmero de clulas da hipoderme

    tem um carter distintivo para Costaceae, pois emZingiberaceae pode ser ausente ou apresentarapenas uma camada simples ao contrrio do queocorre em Costaceae.

    O mesof i lo apresenta organizaodorsiventral com parnquima palidico constitudopor cerca de uma a duas camadas de clulasalongadas e justapostas. Nesta regio, observadagrande quantidade de cristais e ausncia de meatosresultando no aspecto denso. O parnquimalacunoso constitudo por cerca de duas a trs

    camadas de clulas isodiamtricas (Figura 6).As clulas da hipoderme so ricas em

    cristais de oxalato de clcio (Figuras 7 e 9)corroborando os registros de Oliveira et al. (1986)para C. spiralis. Os cristais geralmente encontram-se distribudos entre todos os nveis taxonmicos deorganismos fotossintticos. O acmulo de cristaisnos vegetais, possivelmente, apresenta um aumentona capacidade de regulao do clcio (Ca) e atuana proteo contra herbivoria (Franceschi & Nakata,

    2005). Frequentemente, as clulas subepidrmicasso interrompidas pelas cmaras subestomticas(Figura 8).

    Os feixes vasculares so bicolaterais,envolvidos por calotas de bras esclerenquimticas,dispostas externamente ao xilema e ao floema(Figura 9).

    Os pr incipais testes histoqumicosdestinados visualizao de compostos secundriosforam realizados, mas somente foram evidenciadosalcaloides e protenas estruturais em clulas quecompe o mesolo (Figura 10 e 11) respectivamente.

    O caule areo em corte transversal possui

    uma haste central envolvida por duas a trs bainhasfoliares. Cada bainha apresenta a mesma estruturada lmina foliar revestida por tricomas tectoreslamentosos simples (Figura 12-14).

    Sob as bainhas foliares, a haste caulinarapresenta uma epiderme uniestratificada comclulas ligeiramente retangulares, revestida porcutcula delgada. O crtex constitudo por umparnquima cloroliano formado por cerca de 2a 4 camadas de clulas. A endoderme distintadelimitando a regio cortical, evidenciada pelas

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    FIGURAS 3-11. Costus spicatus(Jacq.) Sw. 3. Corte transversal da lmina foliar com tricomas tectores (MEV).4. Estmatos (est) em vista frontal (MEV). 5-11.Seco transversal da lmina foliar de Costus spicatus. 5.Nervura mediana com feixe vascular central (fvc) hipodermes (hip). Epiderme adaxial (ead). Epiderme abaxial(eab) 6.Mesolo; parnquima palidico (pp) e lacunoso (pl). 7. Cristais de oxalato de clcio (cr). 8. Cmarasubestomtica (cs). 9. Feixe vascular central: xilema (xl), oema () e calotas de bras de esclernquima (es),colnquima (co). 10. Alcaloides em regies prximos aos feixes vasculares. 11. Protenas estruturais na regiodo mesolo. Barras= 170 m (3 e 4), 100 m ( 6, 7, 8, 10,11), 5 m (5), 200 m (9).

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    estrias de Caspary (Figura 15 e 16). Appezzato-da-Glria & Carmello-Guerreiro (2006) armam que ocrtex e a medula so muitas vezes contnuos emmonocotiledneas, mas sugerem que pode haveruma delimitao interna pela presena de camadaendodrmica ou ocorrncia de feixes vasculares.

    O periciclo composto por duas ou trsfileiras de clulas com paredes espessadas elignificadas coradas de rosa pelo floroglucinol(Figura 21) de tamanho reduzido que envolvetecidos vasculares (Figura 15). Menezes et al.(2005) armaram que o periciclo aparece sempreadjacente ao crtex, onde a endoderme e o

    periciclo constituem o meristema de espessamentoprimrio. Para Silva (2009) ambos tecidos soresponsveis pelo espessamento do corpo primriodas monocotiledneas.

    O tecido vascular colateral com distribuiode feixes na regio medular, determinando aclassicao do tipo atactostlica (Figura 17).

    As reaes histoqumicas indicam que emclulas parenquimticas que compem o tecido docrtex apresentam reservas de compostos fenlicos(Figura 18), alcaloides (Figura 19) e nas clulas que

    compem o cilindro vascular as reservas so demucilagem (Figura 20) e amido (Figura 22).

    RizomaO rizoma (caule subterrneo) bem

    desenvolvido classicado como atactostlico. revestido por uma epiderme uniestraticada. A regiocortical formada por clulas parenquimticas queapresentam formato isodiamtrico. A regio central delimitada pelas estrias de Caspary (Figuras 23 e 24).

    As clulas parenquimticas que constituem o cilindrovascular tm formato arredondado com variaes notamanho, sendo portadoras de inmeros gros de

    amido (Figura 25). Segundo Tomlinson (1956) tantoem Costaceae como Zingiberaceae a presena deamido intensa neste rgo.

    RaizA raiz deC. spicatus, evidencia epiderme

    uniestraticada constituda por clulas de formatopoligonal, revestida por plos radiculares (Figuras26 e 27). Adjacente epiderme, est localizadaa exoderme composta de uma nica camada declulas, em seguida ocorrem vrias camadas de

    FIGURAS 12-14. Eletromicrograa de Varredura de sees transversais do caule de Costus spicatus (Jacq.)Sw. 12. Cilindro vascular (cv) e crtex (ct). 13. Feixes vasculares na regio medular (fv) 14. Detalhe das bainhasfoliares (bf).

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    Figuras 15-22. Costus spicatus (Jacq.) Sw. 15. Seces transversais do caule: crtex (ct): epiderme (ep),endoderme (end), periciclo (pr). 16. Seco longitudinal do caule com estrias de Caspary (ec) na endoderme.17-22. Seces transversais do caule: 17. Viso geral do caule 18. Compostos fenlicos em clulas da regiocortical. 19. Clulas do crtex e cilindro vascular (cv) contendo alcaloides. 20. Clulas do cilindro vascularcontendo mucilagem (mu). 21. Bainha pericclica lignicada (bl). 22. Parnquima medular contendo amidocorado com lugol (am). Barras= 5 m (17), 100 m (15, 18, 19, 20, 21, 22), 200 m (18).

    clulas com paredes espessadas e subericadasconstituindo o sber estraticado (Figura 27 e 28).Na regio cortical, h espaos intercelulares

    que variam na forma e tamanho (Figura 28). SegundoOliveira et al. (1986) estes espaos constituem osmeatos que resultam em grandes cmaras internas.

    A endoderme unisseriada com as estriasde Caspary evidentes, apresentando deposio delignina num arranjo em formato de U. O pericicloconsiste em uma camada unisseriada de clulascom paredes delgadas de formato retangular,

    situado internamente endoderme, responsveispela formao das razes laterais (Figura 26 e 29).O tecido vascular est organizado na forma

    de um arco com cerca de 10 polos de protoxilemaclassicada como poliarca. Os cordes de oemaalternam-se com o xilema. A medula formada porparnquima com clulas de paredes espessadase lignicadas coradas de rosa com uroglucinol(Figura 29).

    As clulas parenquimticas do crtexe da medula reagiram positivamente aos testes

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    FIGURAS 23-32.Costus spicatus(Jacq.) Sw. 23-25. Seces transversais do rizoma. 23. Feixes vasculares(fv). 24. Endoderme e Estrias de Caspary (ec) 25. Feixes vasculares e clulas com gros de amido. 26-32.Seces transversais da raiz. 26. Viso geral da raiz: plos radiculares (per), crtex (ct), cilindro vascular (cv).27. Epiderme e plos radiculares. 28. Detalhe da exoderme (ex) e dos meatos (me). 29. Cilindro vascular (cv):endoderme (end), Estrias de Caspary (ec). 30. Distribuio de amido nas clulas cilindro vascular. 31. Protenasestruturais no cilindro vascular. 32. Clulas do cilindro vascular e crtex contendo mucilagem. Barras = 100 m(23, 24, 25, 27, 28, 29). 200 m (31), 5 m (26, 30, 32).

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    histoqumicos evidenciando a presena de amido(Figura 30), protena estrutural (Figura 31) emucilagem (Figura 32).

    Prospeco ftoqumicaO extrato aquoso e etanlico dos rgos

    vegetativos de C. spicatus indicam a presenade diferentes classes de substncias tais como

    polifenis ou compostos fenlicos, saponinas eheterosdeos cianognicos em todos os rgosvegetativos da espcie estudada neste trabalho(Tabela 2).

    Para Bernards (2010) os compostossecundrios das plantas so classicados de acordocom o tipo estrutural e pela origem biossinttica edesempenham funes de compostos protetoresou de sinalizao entre organismos. SegundoKaufman et al. (1998), estas substncias constituemum importante papel ecolgico como estratgiasreprodutivas e de defesa contra herbivoria.

    Dentre as classes de substnciasevidenciadas pela prospeco qumica de C.spicatus os flavonoides, representados pelapresena das leucoantocianidinas, e avanonas,esto presentes em todas as partes vegetativas(razes, rizoma, caule e folhas) analisadas. Osresultados descritos acima corroboram em partecom as observaes realizadas por Willians &Harborne (1977) os quais descrevem a presena dosavonoides C-glicosideos (taxa de 86%) isoladosde folhas das Costoideae e por Pinna et al. (2008).

    Os alcaloides foram detectados apenas nos

    extratos de caules, razes e rizoma e estes resultadosdivergem quanto a localizao encontrada por Pinnaet al. (2008), o qual observou a presena destaclasse no extratos foliares de C. spicatus.

    A presena das saponinas descrita porMartins et al. (2010) para folhas e rizomas deHedychium coronarium da famlia Zingiberaceae.

    A presena de saponinas nas partes vegetativas

    de C. spicatusprovavelmente uma caractersticacomum s Zingiberales e trata-se de um indicativode diversas aes biolgicas, tais como atividadeantimicrobiana e inseticida, uma das propriedadesrelatadas para os terpenos (Viegas Junior, 2003).

    Heterosdeos c ianognicos foramdetectados no extrato aquoso de todas as partesvegetativas de C. spicatus. De acordo com Gleason(2011), a presena de tais substncias umindicativo que h liberao de cido cianognico,sendo produzidas por vrios tecidos de plantas,porm mais frequentes em sementes. Para Kaufmanet al. (1998) so compostos utilizados como defesaqumica.

    Os resultados obtidos neste estudopossibilitam a compreenso dos arranjos celularese das reservas de metablitos secundrios deC. spicatus. Tais informaes fornecem umdirecionamento para estudos qumicos, agronmicose siolgicos, pois permitem a visualizao dassubstncias do metabolismo secundrio nas partesvegetativas (razes, rizomas, caules e folhas)ampliando informaes de classes qumicas que ato momento s haviam sido descritas apenas para as

    Classes de Substncias Indicadores EXTRATO AQUOSO EXTRATO HIDROALCOLICO

    Raiz e Caule Folha Raiz e Caule Folha

    rizoma rizoma

    Fenis FeCl3 NR - NR + + +

    Taninos FeCl3 - + + - - +

    Antocianinas Variao de cor/pH - - - - - -

    Chalconas /Auronas Variao de cor/pH NR NR NR - - -

    Leucoantocianidinas Variao de cor/pH NR NR NR + + -

    Catequinas Variao de cor/pH NR NR NR - - +Flavononas Variao de cor/pH NR NR NR + + +

    Flavonis, Flavanonas Flavanis Variao de cor/pH NR NR NR - - -

    Xantonas Variao de cor/pH NR NR NR - - -

    Saponinas Teste de Espuma + + + + + +

    Alcaloides Dragendorff, Hager e Mayer NR NR NR - + +

    Heterosideos Cianognicos Papel picro-sdico + + + NR NR NR

    cidos volteis Papel pH + + + NR NR NR

    TABELA 2. Metablitos secundrios encontrados no extrato etanlico e aquoso de razes (raiz+rizoma), caulee folhas de C. spicatus(Jacq.) Sw

    (+) = presena de substncia (-) = ausncia de substncia. NR: no realizados.

    Rev. Bras. Pl. Med., Campinas, v.15, n.3, p.380-390, 2013.

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    folhas (Silva et al. 2000; Willians & Harborne, 1977;Pinna et al. 2008)

    De uma forma geral os resultadosanatmicos e de prospeco qumica consolidaminformaes referentes famlia Costaceae dandosubsdios a estudos taxonmicos e de naturezaqumica.

    AGRADECIMENTOSAo Instituto Federal do Amazonas (IFAM),

    ao Laboratrio de Botnica Agroorestal (LABAF/UFAM); a Fundao de Amparo Pesquisa(FAPEAM), ao Museu Paraense Emlio Goeldi eao Programa de Ps-Graduao em AgronomiaTropical/UFAM.

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