aspectos ambientais e de infraestruras da praÇa … · através disso, podemos perceber que a...

14
ASPECTOS AMBIENTAIS E DE INFRAESTRURAS DA PRAÇA PREFEITO JOÃO SZESZ NA CIDADE DE MAMBORÊ (PR), BRASIL Ana Claudia Breitkreitz Fernandes Ayres, Unespar – Câmpus de Campo Mourão, [email protected] Maila Mirian Ferreira de Carvalho, Unespar – Câmpus de Campo Mourão, [email protected] Marcos Clair Bovo, (OR), Unespar – Câmpus de Campo Mourão, [email protected] RESUMO: As áreas verdes mais comuns na cidade são as praças, acompanhamento viário, parques, fundo de vale e jardins. Dentre estes, a praça enquanto área verde é a que oferece o mais fácil acesso e interação entre a população citadina, pois contribui com diferentes funções dentre elas a social, ecológica e a estética. No entanto elas são constituídas de vegetação exótica e nativa, e o mobiliário nem sempre está compatível com as exigências do público. Tendo em vista a importância destes espaços público a presente pesquisa têm por objetivo caracterizar e analisar a Praça Prefeito Szesz enquanto área verde urbana de Mamborê/PR, destacando os seus aspectos paisagísticos e a sua infraestrutura.Como metodologia adotou-se pesquisa in loco dos aspectos qualitativos e quantitativos dos equipamentos e infraestruturas no sentido de averiguar as condições que se encontram esses equipamentos, e a qualidade paisagística e a análise da vegetação. Dentre os resultados conclui-se que esse espaço público é pouco usado para reunir e promover lazer a diferentes grupos de citadinos; não oferece aos seus usuários elementos arquitetônicos e estruturais adequados e em bom estado de conservação; a necessidade de reposição, manutenção e implantação de novas estruturas e equipamentos; necessidade do poder público municipal de desenvolver ações visando à revitalização da praça e tornado estas mais atrativas para a população de Mamborê. Palavras-chave: Praça. Áreas Verdes. Espaço Público. 1 INTRODUÇÃO Diversos pesquisadores têm realizado estudos referentes às áreas verdes urbanas, sobre a sua manutenção e sobre o seu potencial em realçar a qualidade de vida sobre as suas funções ambientais, sociais e estéticas que venham a contribuir para amenizar a gama de propriedades negativas da urbanização. Dentre os estudos realizados dando ênfase aos benefícios da vegetação urbana, destacamos as pesquisas realizadas por Milano, (1988, 1990); Amorim, (2001); Goya, (1992); Oliveira (1996); Nucci, 2001); De Angelis, (2000), Bovo (2009). Esses trabalhos apresentam a importância da vegetação para o clima urbano, o controle da poluição do ar e da acústica, a melhoria da qualidade estética, os efeitos sobre a saúde mental e física da população, o aumento do conforto ambiental, a valorização econômica das propriedades e a formação de uma memória e de um patrimônio cultural. Para Milano e Dalcin (2000), as cidades abrigam hoje mais da metade da população mundial. No Brasil, 84% da população segundo o IBGE (2010), estão concentrados em centros urbanos. Essa concentração acaba contribuindo para o crescimento acelerado e desordenado das cidades, fruto de fluxos migratórios inter-regionais e do êxodo rural, acarretando diversas consequências socioambientais. Todos esses fatores, somados à política imobiliária, colaboram para a ocupação de

Upload: duongkhanh

Post on 06-Dec-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

ASPECTOS AMBIENTAIS E DE INFRAESTRURAS DA PRAÇA PREFEITO JOÃO SZESZ

NA CIDADE DE MAMBORÊ (PR), BRASIL

Ana Claudia Breitkreitz Fernandes Ayres, Unespar – Câmpus de Campo Mourão, [email protected]

Maila Mirian Ferreira de Carvalho, Unespar – Câmpus de Campo Mourão, [email protected]

Marcos Clair Bovo, (OR), Unespar – Câmpus de Campo Mourão, [email protected]

RESUMO: As áreas verdes mais comuns na cidade são as praças, acompanhamento viário, parques, fundo de vale e jardins. Dentre estes, a praça enquanto área verde é a que oferece o mais fácil acesso e interação entre a população citadina, pois contribui com diferentes funções dentre elas a social, ecológica e a estética. No entanto elas são constituídas de vegetação exótica e nativa, e o mobiliário nem sempre está compatível com as exigências do público. Tendo em vista a importância destes espaços público a presente pesquisa têm por objetivo caracterizar e analisar a Praça Prefeito Szesz enquanto área verde urbana de Mamborê/PR, destacando os seus aspectos paisagísticos e a sua infraestrutura.Como metodologia adotou-se pesquisa in loco dos aspectos qualitativos e quantitativos dos equipamentos e infraestruturas no sentido de averiguar as condições que se encontram esses equipamentos, e a qualidade paisagística e a análise da vegetação. Dentre os resultados conclui-se que esse espaço público é pouco usado para reunir e promover lazer a diferentes grupos de citadinos; não oferece aos seus usuários elementos arquitetônicos e estruturais adequados e em bom estado de conservação; a necessidade de reposição, manutenção e implantação de novas estruturas e equipamentos; necessidade do poder público municipal de desenvolver ações visando à revitalização da praça e tornado estas mais atrativas para a população de Mamborê. Palavras-chave: Praça. Áreas Verdes. Espaço Público. 1 INTRODUÇÃO

Diversos pesquisadores têm realizado estudos referentes às áreas verdes urbanas, sobre a sua

manutenção e sobre o seu potencial em realçar a qualidade de vida sobre as suas funções ambientais,

sociais e estéticas que venham a contribuir para amenizar a gama de propriedades negativas da

urbanização. Dentre os estudos realizados dando ênfase aos benefícios da vegetação urbana,

destacamos as pesquisas realizadas por Milano, (1988, 1990); Amorim, (2001); Goya, (1992); Oliveira

(1996); Nucci, 2001); De Angelis, (2000), Bovo (2009). Esses trabalhos apresentam a importância da

vegetação para o clima urbano, o controle da poluição do ar e da acústica, a melhoria da qualidade

estética, os efeitos sobre a saúde mental e física da população, o aumento do conforto ambiental, a

valorização econômica das propriedades e a formação de uma memória e de um patrimônio cultural.

Para Milano e Dalcin (2000), as cidades abrigam hoje mais da metade da população mundial.

No Brasil, 84% da população segundo o IBGE (2010), estão concentrados em centros urbanos. Essa

concentração acaba contribuindo para o crescimento acelerado e desordenado das cidades, fruto de

fluxos migratórios inter-regionais e do êxodo rural, acarretando diversas consequências

socioambientais. Todos esses fatores, somados à política imobiliária, colaboram para a ocupação de

IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014

ISSN 1981-6480

áreas de risco, pois, ao se considerar o solo como mercadoria, legitimou-se a propriedade privada e a

ocupação diferencial do espaço urbano. Neste contexto, as interferências humanas no meio natural

tornam-se cada vez mais acentuadas, trazendo como consequência, entre outras, a proliferação de

favelas, o desmatamento das áreas de encostas, as enchentes, o surgimento de ilhas de calor, a

impermeabilização do solo e a ausência de áreas verdes, estas, muitas vezes, substituídas pelo

concreto.

No Brasil inúmeras cidades, entre elas São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Presidente

Prudente (SP), Santa Maria (RS) há a escassez de árvores nas calçadas que acompanham o sistema

viário. Estas condições nos levam a pensar em como as cidades brasileiras, principalmente as

pequenas, médias e grandes, foram construídas e como crescem sem que o Poder Público discuta

adequadamente suas áreas verdes públicas que são, certamente, um registro histórico de quanto o

homem tem se distanciado da natureza, prescindindo do seu contato.

Hoje verificamos os efeitos negativos do acelerado processo de urbanização das cidades

brasileiras sobre a qualidade de vida de seus moradores, entre os quais destacamos a falta de um

planejamento urbano que considere as áreas verdes como elementos essenciais para os moradores

citadinos. Percebemos que essas áreas são deixadas pelo Poder Público em segundo plano, tendo-se

como consequências o empobrecimento da paisagem urbana, a desvalorização imobiliária das

propriedades do entorno, a falta de lazer para os moradores e a deterioração do ambiente

Portanto, o presente artigo tem como objetivo caracterizar e analisar a Praça Prefeito Szesz

enquanto área verde urbana de Mamborê/PR, destacando os seus aspectos paisagísticos e a sua

infraestrutura, a fim de compreender a qualidade ambiental deste espaço público. Essa pesquisa

também objetiva propor medidas que auxiliem no planejamento e gerenciamento dessa área verde,

visando proporcionar a melhoria ambiental.

2 ÁREAS VERDES URBANAS: ALGUNS APONTAMENTOS TEÓRICOS

Uma parte da vida dos citadinos das pequenas cidades se passa nas praças públicas, pois estas

desempenham papel importante para a população local. Para Dobal (1952, p. 3), a cidade tem muitas

praças, “umas cuidadas, ajardinadas, frequentadas, outras abandonadas, esquecidas, outras que nem se

quer tem o nome de praças [...].

Sendo assim, a administração pública municipal, em geral, não apresentam eficiência com

relação à implantação de seus projetos e a satisfação da população. Determinados setores do poder

público municipal, apresentam resultados satisfatórios na execução de ações, porém outros são

inoperantes e inócuos no que concerne ao ordenamento dos espaços urbanos.

IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014

ISSN 1981-6480

O meio urbano é resultado de fatores naturais modificados pelo homem, ou seja, cada vez

mais o homem está presente no meio ambiente e este meio encontra-se ligado ao homem. Dentro desta

perspectiva destacamos a importância da vegetação no meio urbano que é o principal espaço ocupado

pelo homem.

Atualmente a qualidade ambiental e a qualidade de vida das pessoas vêm preocupando

pesquisadores e cientistas do mundo todo, que tentam de alguma forma entender as ações antrópicas

na paisagem os efeitos que isso vem causando para os mesmos. Diante dessa situação verificamos que

a questão da arborização nas cidades tem sido um fator relevante e bastante discutido no meio

acadêmico e também pela sociedade em geral. É importante ressaltar que a vegetação desempenha um

papel fundamental no meio urbano, pois através desta podemos avaliar a qualidade de vida das

pessoas, além de influenciar em outros fatores como clima e umidade do ar.

Para Milano (1990), manter a arborização das cidades quer dizer obter melhorias visuais e

estéticas no meio urbano, além de melhorar a saúde física e mental das pessoas, ainda contribui para a

redução da poluição sonora e visual desses meios que são os mais ocupados pela população e que

tendem a aumentar cada vez mais.

A presença de vegetação no meio urbano se mostra relevante em todos os aspectos que

envolvem a paisagem e a vida das pessoas nas cidades. Para (GREY & DENEKE, 1978, p.3):

[...] A vegetação neste contexto, contribui significativamente para a melhoria destas condições em virtude das ações de controle da incidência de radiação solar direta e refletida, no aumento da umidade relativa do ar e na condução e diminuição da velocidade dos ventos, benefícios estes diretamente proporcionais à quantidade de vegetação/árvores.

Neste sentido Costa (2010) destaca que essas áreas são:

[...] igualmente relevantes para o bem-estar e as condições de saúde da população, por promoverem a biodiversidade, constituírem importante parte da paisagem urbana, por trazerem benefícios econômicos significativos e formar espaços estruturais e funcionais fundamentais para transformar as nossas cidades em áreas mais agradáveis de viver. As áreas verdes podem assim assumir um papel primordial nos esforços para melhorar a qualidade de vida e no desenvolvimento sustentável (COSTA, 2010, p.20).

Desta forma, Andrade (2011) destaca que a: [...] presença de áreas verdes em cidades vem se mostrando como uma espécie de indicativo de qualidade de vida urbana, sendo tais espaços destinados especialmente ao lazer. Cumprindo uma função muito mais que paisagística, as áreas verdes, mesclam-se ao espaço urbano e quando bem zeladas, o dão uma qualidade ambiental maior (ANDRADE, 2011, p.2).

IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014

ISSN 1981-6480

Através disso, podemos perceber que a presença de vegetação na área urbana diminui os

efeitos como radiação solar e velocidade dos ventos. Então, quanto maior o índice de áreas verdes,

melhor será o ambiente da cidade. Por outro lado a arborização também pode causar conflitos. De

acordo com Moisés Filho (2002, p. 5):

[...] apesar de inúmeros benefícios que estas proporcionam ao ambiente, a arborização no meio urbano não é isenta de conflitos. A arborização assim como os demais componentes do espaço urbano de uma cidade, disputa espaço físico e recursos para a sua manutenção.

Dentre as áreas verdes urbanas as praças apresentam grande relevância, pois são espaços

públicos que desempenham diferentes funções. Dentre elas destacamos a social, estética, ecológica e a

psicológica. Para Serpa (2011, p.9) a praça é entendida como “[...] espaço da ação política ou ao

menos da possibilidade da ação política na contemporaneidade”, complementado por Andrade (2011,

p.9) “as praças se caracterizam por abrigar estruturas diversas como, por exemplo, bicicletário, coreto,

chafariz, luminárias, bebedouro, lixeira, quiosque, arborização, bancos, e muitos outros” e também

constituem importantes áreas verdes nos espaços citadinos.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Na organização da pesquisa adotamos os seguintes procedimentos: pesquisa bibliográfica,

levantamento de campo e análise dos resultados.

Para isso realizamos estudos bibliográficos de teses, dissertações, livros, artigos de revistas

científicas, relacionadas às áreas verdes urbanas, com objetivo de buscar a fundamentação teórica para

a sustentação e elaboração da pesquisa.

A pesquisa in loco teve por base um questionário semi estruturado com objetivo de avaliar as

estruturas e equipamentos compreendendo os aspectos quantitativos e a avaliação qualitativa da

vegetação.

Quanto aos equipamentos e estruturas físicas adotamos a metodologia desenvolvida por De

Angelis (2000) no qual foram avaliadas a disposição, quantidade, aspecto geral de uso e viabilidade

aos usuários.

Também foi realizado o diagnóstico da situação geral da Praça Prefeito Szesz, a partir da

avaliação quantitativa e qualitativa direta, com a identificação e descrição dos equipamentos e

mobiliários existentes como bancos, iluminação, monumentos artísticos, pisos (entre outros), segundo

a metodologia utilizada por De Angelis et all (2004), que atribui valores que variam de 0,0 (zero) a 4,0

(quatro), na seguinte escala: 0 a 0,4 (péssimo); 0,5 a 1,4 (ruim); 1,5 a 2,4 (regular); 2,5 a 3,4 (bom);

3,5 a 4,0 (ótimo). Por meio dos resultados atingidos a praça foi avaliada, no sentido de diagnosticar o

IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014

ISSN 1981-6480

nível de confortabilidade oferecido aos mais variados usuários, incluindo idosos, gestantes, deficientes

físicos, etc.

Para melhor representar os aspectos qualitativos das estruturas e dos equipamentos existentes

na praça estudadas será utilizada a metodologia desenvolvida por Bovo (2009) que se utilizou de

símbolos, sendo estes representados em três cores principais: a) cor verde, representando as estruturas

e equipamentos em bom estado; b) cor laranja, simbolizando os regulares; c) cor vermelha, para

indicar os equipamentos e estruturas caracterizados como ruim; d) cor preta indica as propostas de

equipamentos e estruturas a serem implantadas nas quatro áreas estudadas (Quadro 1).

Quadro 1 - Símbolos dos equipamentos ou estruturas das praças de estudo de Mamborê/PR.

Fonte: Organizado por BOVO, M. C., 2009.

Os resultados foram tabulados em planilha específica e consequentemente descritos e

analisados de maneira detalhada.

IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014

ISSN 1981-6480

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

A cidade de Mamborê (imagem 1) está localizada na Mesorregião Centro Ocidental

Paranaense possui uma área territorial de 788.061 km² (IBGE, 2012) com uma população estimada de

13.781 habitantes (IBGE, 2012). Sua altitude é de 762 metros em relação ao nível do mar, sua Latitude

de 24º19'10'' S e Longitude 52º31'48'' W. Na sua área central encontra-se Praça Prefeito João Szesz

que será objeto de investigação dessa pesquisa.

Imagem 1: Mapa da Localização do Perímetro Urbano e Localização Geográfica de Mamborê no contexto da Mesorregião Centro Ocidental Paranaense.

FONTE: MORIGI, Josimari de Brito, 2010.

A Praça Prefeito João Szesz é popularmente conhecida como “praça da matriz” por localizar-

se em frente à Igreja Matriz, na Avenida Augusto Mendes dos Santos e Avenida Manuel Francisco da

Silva com a Rua Piraí e Rua Guadalajara no centro de Mamborê–PR.

4.1 A PRAÇA PREFEITO JOÃO SZESZ ENQUANTO ÁREA VERDE

Neste item apresentamos a análise da Praça Prefeito João Szesz enquanto área verde urbana

que se encontra localizada na área central e comercial da cidade de Mamborê. No que tange a

IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014

ISSN 1981-6480

vegetação da praça esta apresenta uma situação satisfatória, pois verificamos que há uma “harmonia”

suficiente entre os espaços de pavimentação e espaços considerados verdes.

Quanto à condição vegetação-iluminação está também apresenta como satisfatória, pois as

copas das árvores não impedem a iluminação da praça. Isto se deve ao fato das árvores serem de porte

grande, pois estas são antigas, e também por que o logradouro apresenta iluminação do tipo baixa o

que faz com que a luz não seja bloqueada tanto pelos galhos e pelas folhas das árvores existentes.

Dessa forma, mesmo possuindo um número considerável de espécies arbóreas, a praça é

amplamente iluminada, indicando que a relação vegetação-iluminação é satisfatória, garantido a ampla

funcionalidade desses espaços públicos abertos a população.

Quanto às espécies de vegetação existentes na Praça Prefeito João Szesz destacam as arbóreas

com predomínio da Sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides) Ipês- Amarelo (Tabebuia alba (Cham.),

Flamboyant (Delonix regia Sandwith), entre outras (imagem 2), e árvores nativas, o que constitui um

ponto também positivo desse espaço público, onde a prioridade deve ser por árvores que garantam

sombreamento e que de preferência não gerem frutos, até para facilitar a questão de limpeza e

manutenção da praça.

Além de espécies arbóreas, as praças ainda contam “espécies de forração” de caráter

especialmente estético, mas que em conjunto caracterizam a agradabilidade ambiental de tais espaços.

Tomando como base os parâmetros de avaliação de Teixeira (1991), a vegetação presente nas

duas praças se enquadra na categoria “bom”, ou seja, as mesmas encontram-se praticamente isenta de

pragas, doenças ou injúrias.

Quanto à qualidade paisagística, ainda segundo os parâmetros de Teixeira (1991) a praça em

questão enquadra-se novamente na categoria “bom”, ou seja, não apresenta danos significativos e está

em condições de uso pleno, novamente confirmando a situação de boa conservação da mesma.

IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014

ISSN 1981-6480

Imagem 2: Espécies arbóreas da Praça Prefeito João Szesz. Foto: FERREIRA M.M. 2014.

4.2 ANÁLISE DOS EQUIPAMENTOS E DAS INFRAESTRUTURAS DA PRAÇA PREFEITO

JOÃO SZESZ

Quanto ao mobiliário urbano da praça este possui grande relevância, pois responde às

necessidades sociais dos citadinos. Sendo assim tais mobiliários permitem não só a socialização de

espaços públicos como também contribuem para a construção da identidade desse espaço. É isso, que

em essência traduz o sentido de utilização de tais espaços pela população, principalmente para prática

de lazer.

Afinal, que seriam das praças sem seus equipamentos e mobiliários como bancos, obras de

arte, chafarizes, pontos de iluminação, entre outros? Certamente, estes contribuem para a peculiaridade

desses espaços livres e públicos de tal maneira que é considerável dizer que cada praça por mais

simples que seja possui uma identidade única no contexto do espaço urbano em que se insere.

Quanto às estruturas encontradas na praça destacamos a existência de 46 postes de luminárias

com dois globos cada, o que proporciona uma boa luminosidade da praça durante a noite,

possibilitando com que as pessoas circulem livremente pela praça. A praça é pavimentada de asfalto,

que em determinados locais apresentam problemas devido o escoamento da água da chuva.

A praça apresenta 12 bancos de mesmo designer e material. Estes últimos apresentam-se em

concreto (encosto e assento) e encontram distribuídos de forma irregular pela praça. Alguns deles já

manifestam sinais de uso intenso e isso nos foi comprovado pela existência de certos bancos, cuja

IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014

ISSN 1981-6480

estrutura de concreto já se encontra em ressecamento devido à exposição constante ao sol e a chuva.

No entanto apresentam poucos sinais evidentes de vandalismo.

Quanto às lixeiras existem apenas 4 sendo insuficiente se considerada a área da praça. Estas

lixeiras não são do mesmo material e designer, ou seja, duas delas são constituídas em material

plástico com suporte metálico e duas com material de metal com suporte também de metal. Estas

últimas já se encontram danificadas o que afeta consideravelmente a funcionalidade do logradouro

público, quanto à higienização.

Outro elemento fundamental refere-se à iluminação que é essencial para o “funcionamento da

praça” durante a noite. A socialização de espaços livres e públicos como as praças está em muito

ligada às condições de iluminação, que quase sempre acabam sendo sinônimos de maior ou menor

segurança de um determinado logradouro. Além disso, a iluminação tem valor estético, portanto

consequentemente atrativo à população. Então, o designer e arquitetura do próprio poste de luz

também deverem ser consideradas, já que também configura um elemento presente na praça e,

portanto ornamental ao espaço.

Em 2012, durante o processo de revitalização, a Praça Prefeito João Szesz passou a contar

com postes de luz em estilo republicano, sendo estes distribuídos de forma minuciosamente

geométrica. Esses postes de luz contribuem de forma significativa para o embelezamento do

logradouro esse acham em número adequado, de maneira que durante a noite, a praça se encontra

amplamente iluminada, possibilitando sua utilização pela população.

Outro equipamento importante é a academia da terceira idade (A.T.I.). Nesta encontra-se os

seguintes equipamentos: rotação vertical; rotação dupla diagonal; cavalgada; leg press; simuladores de

caminhada, duas lixeiras permeáveis em meta entre outros. Na área ocupada pelos equipamentos da

A.T.I., o solo é concretado. Neste local observamos que certos equipamentos ficam sem utilidade, pois

a água da chuva fica parada sobre o calçamento onde está instalado o equipamento, pois o desnível do

mesmo impossibilita que a água escoe, deixando grandes poças da água no local.

A Academia encontra-se iluminada por luminárias presentes em postes de concreto com duas

pétalas e luminárias baixas com dois globos. Os equipamentos da academia se encontram em péssimo

estado de conservação. Todos eles estão enferrujados, sem contar com os equipamentos que já não

estão em funcionamento, pois se encontram quebrados.

Quanto ao estacionamento este se encontra posicionado no entorno da praça, servindo para

estacionamento dos veículos das pessoas que frequentam a igreja que está localizada nesta praça.

Esta praça possui dois banheiros sendo um feminino e um masculino que se encontra em

péssimas condições de uso.

IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014

ISSN 1981-6480

Esta praça conta com quatro quiosques que oferece possibilidade de alimentação, mas não

possui instalações sanitárias devidamente instaladas, como água, banheiro, etc. Cabe destacar a

presença de pessoas nesse espaço exclusivamente à noite (horário que os quiosques estão abertos)

geralmente nos finais de semana. Uma característica peculiar é que os frequentadores de tais

quiosques se restringem somente as imediações de tal estabelecimento comercial não usufruindo

também da praça. A isso se correlaciona a falta de atrativos neste espaço

Quanto à placa de identificação esta apresenta em bom estado de conservação. Nesta placa

está escrito a seguinte mensagem, escrita por Ir. Germano Rebellatto “O grande homem Mantém o seu

modo de pensar, independentemente da opinião pública. É tranquilo, pensa com clareza, fala com

inteligência, vive com tranquilidade”. É importante destacar que João Szesz foi prefeito de Mamborê

de 1965 a 1969 e de 1973 a 1976, e em sua vida levou como lema a honestidade, a dedicação e o

trabalho. Sendo assim, está praça foi implantada e inaugurada em homenagem e reconhecimento do

Prefeito João Szesz em setembro de 2001.

O espaço para eventos culturais presente nesta praça está localizado bem no centro da praça,

porém, nunca é utilizado para realizações sociais e culturais. Nos últimos anos este espaço tem sido

utilizado para o trabalho do CRAS - Centro de Referência da Assistência Social de Mamborê, mas até

o momento da realização desta pesquisa este local se encontra fechado.

Na sequência apresentamos o quadro 2 que a apresenta a síntese qualitativa dos equipamentos

e estruturas existes na Praça Prefeito João Szesz, os equipamentos representados pela cor preta são

propostas de implantação.

Quadro 02: Síntese qualitativa das estruturas e equipamentos da Praça Prefeito João Szesz.

■ Bom ■ Regular ■ Ruim ■ Proposta de implantação Fonte: Pesquisa de campo realizada pelo autor em 2014.

A síntese qualitativa dos equipamentos e estruturas existentes na praça, possibilita verificar os

problemas existentes nos mesmos, diante disso compete ao poder público municipal os serviços de

manutenção, reposição e instalação de novos equipamentos visando a melhoria dessa área verde para

os citadinos.

No quadro 3 apresentamos a síntese geral das estruturas e equipamentos e de outros itens

avaliados na pesquisa de acordo com a metodologia desenvolvida por De Angelis (2004) que atribui

notas de zero a quatro de acordo com o índice qualitativo dos mesmos.

IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014

ISSN 1981-6480

QUADRO 03 – Levantamento das estruturas e equipamentos existentes na praça. Equipamentos, Estruturas e Mobiliários Urbanos

Quantidade e Descrição Nota

Bancos 12 Bancos de concreto. Não se encontram bem distribuídos, não estão em bom estado de conservação, não apresentam conforto por serem produzidos com material concreto. Muito recuados um do outro.

1,5

Pavimentação Pavimentação tipo concreto, tipo de pavimentação segura que evita escorregamentos ou quedas aos frequentadores, porém está bastante desgastada e com presença de valetas e pequenos buracos.

2,0

Iluminação 46 postes de luz estilo republicano com um, dois ou três globos de luz. Iluminação do tipo baixa para proporcionar luminosidade adequada em função da copa das árvores. Apresenta algumas lâmpadas queimadas.

3,5

Traçado dos Caminhos

Conduzem especialmente a Prefeitura Municipal de Mamborê, ao Colégio Estadual João XXIII e Igreja Matriz. Indicativo de ser um meio de acesso e não necessariamente de passeio pela praça em si.

4,0

Canteiros

Com meio fio. Em alguns locais da praça o meio-fio encontra-se desgastado e quebrado.

3,5

Placa de Identificação

Placa de identificação afixada em estrutura de concreto em boas condições, visível, porém em tamanho muito pequeno.

3,5

Lixeiras 6 lixeiras, mal distribuídas e pouco conservadas. 1,0

Sanitários 2 sanitários (um feminino e um masculino), em péssimo estado e condição de uso.

0,0

Palco Apresenta um local para realização de apresentações culturais, porém nunca é utilizado.

1,0

Estacionamento 1 estacionamento para capacidade de dezenas de carros, muito bem sinalizado.

4,0

Equipamentos Físicos para 3ª Idade

1 A.T. I, em estado bastante precário, apresentando equipamentos enferrujados e quebrados

0,8

Qualidade Paisagística Apresenta uma grande de espécies arbóreas, com aspectos físicos sanitários satisfatórios e uma boa distribuição.

3,5

Limpeza e Conservação Presença de amontoados de cisco e formiga saúva no interior da praça.

3,0

Fonte: pesquisa de campo realizada pela autora em 2014.

De maneira geral, podemos considerar que a praça apresenta um nível que vai desde o regular

até o bom e ótimo para a conservação e isso é resultado em grande parte da pouca atenção que o poder

público passou a dar para tal logradouro desde que foi construída.

IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014

ISSN 1981-6480

Alguns equipamentos obtiverem o conceito de ótimo, seja no sentido de conservação e de

distribuição no espaço das praças, como foi o caso da iluminação (3,5), indicando que a praça é

amplamente iluminada, o que faz com que não ocorra nenhum impedimento para uso do espaço

durante a noite, o que contribui para a ampliação de seu aspecto de socialização à população.

Dos mobiliários analisados, as lixeiras foram as que obtiveram a nota mais baixa (1,5) por se

constituírem de material pouco resistente, por se apresentarem em número insuficiente e por

apresentarem sinais evidentes de vandalismo.

Como já mencionado acima a maioria dos equipamentos, estruturas e mobiliários da Praça

Prefeito João Szesz obtiveram notas que oscilaram entre 3,0 a 3,5, que segundo o parâmetro utilizado

na pesquisa indicam uma condição que vai do bom ao ótimo.

Sem dúvida o município de Mamborê, desde a última revitalização da praça em 2012, não tem

zelado de forma significativa no espaço que se configura um dos principais espaços públicos da

cidade. É obvio também que a requer condição das estruturas e mobiliários da praça também se deve

ao fato da praça nunca ter passado por uma reforma.

Nesse sentido, os mobiliários urbanos que em essência são a própria praça devem considerar

amplamente a diversidade com que se constitui uma cidade (portadores de necessidades especiais,

crianças, idosos, etc.), definindo-se com prioridade principal a socialização do espaço que antes ser

belo e ornamental precisa ser, sobretudo, funcional.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da análise dos mobiliários urbanos da Praça Prefeito João Szesz constatamos que não

respondem especificamente ao que se espera de uma praça pública em seus aspectos mais básicos para

atender a população citadina, pois os equipamentos e a infraestruturas necessitam de manutenção,

reposição e implantação de novos equipamentos urbanos conforme já evidenciados ao longo da

pesquisa.

É evidente que os mobiliários urbanos presentes na Praça Prefeito João Szesz não contribuem

para a construção da identidade histórica da praça. Diante dessa situação é extremamente considerável

que projetos relacionados à construção de praças devem levar em consideração pelo menos quatro

elementos relacionados aos mobiliários que por elas serão abrigados: tipo, segurança, distribuição,

adaptação às condições especiais e necessidades da população em geral.

Nesse sentido, a prioridade dos gestores públicos deve se assentar não somente na perspectiva

de idealizar projetos de áreas verdes que “enfeitem” a cidade, mas que sejam capazes de atender e

cumprir uma função social que se estenda a grande maioria daqueles que também compõem a cidade e

IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014

ISSN 1981-6480

que muitas vezes são ignorados como os idosos, cadeirantes e outros portadores de necessidades

especiais.

REFERÊNCIAS

AMORIM, Margarete Cristiane de Costa Trindade. Caracterização das áreas verdes em Presidente Prudente. In: SPÓSITO, Maria. E. B. Textos e Contextos para a Leitura Geográfica de uma Cidade Média. Presidente Prudente: Programa de Pós-Graduação em Geografia. FCT/UNESP GASPERR. 2001. ANDRADE, Thiago. B; BOVO, Marcos C; A importância do mobiliário urbano para a identidade e a socialização de espaços públicos: o caso da praça Getúlio Vargas em Campo Mourão/ PR. Disponível em <http://www.fecilcam.br/nupem/anais_vi_epct/resumos/Ciencias_exatas/comunicacao.html>. 2011. Acesso em 27 de fevereiro de 2014.

BOVO, Marcos Clair. Áreas verdes urbanas, imagem e uso: um estudo geográfico sobre a cidade de Maringá-PR. Tese de (Doutorado em Geografia) Universidade Estadual Paulista. Presidente Prudente. 2009. COSTA. S. C. Áreas verdes: um elemento chave para a sustentabilidade urbana. Disponível em <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/10.126/3672>. Portal Vitruvios. 2010. Acesso em 24 de Fevereiro de 2014.

DE ANGELIS, Bruno Luiz Domingues et al. Praças: história, usos e funções. Editora da Universidade de Maringá - Fundamentum (15), 2005. DE ANGELIS, Bruno Luís Domingos de. A Praça no Contexto das Cidades: o caso de Maringá-PR. Tese de (Doutorado em Geografia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – Universidade de São Paulo. São Paulo, 2000. DOBAL, Hindemburgo. Roteiro sentimental e pitoresco de Teresina. Teresina: Fundação Monsenhor Chaves, 1952. Disponível em <http://www.redenet.edu.br/publicacoes/arquivos/20080212_082642_LAZE-005.pdf>Acesso em 05 de junho de 2014. FILHO, Moisés Afonso Sales. Guia de arborização urbana. Salvador. Coelba, 2002. GOYA, C.R. Relato Histórico da Arborização na Cidade de São Paulo. In: 1º Congresso Brasileiro Sobre Arborização Urbana. Anais, Vol. II... Vitória, 1992.

GREY, G. W. & DENEKE, F.J. Urban florestry. New York. John Wiley and Sons, 1978.

MILANO, Miguel Serediuk & DALCIM E. Arborização de vias públicas. Rio de Janeiro: Light, 2000.

IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014

ISSN 1981-6480

NUCCI, João Carlos. Qualidade ambiental e adensamento urbano. São Paulo: Humanistas/FFLCH-USP, 2001.

OLIVEIRA, C. H. Planejamento ambiental na cidade de São Carlos – SP com enfase nas áreas verdes: diagnóstico e proposta. Dissertação (mestrado em Ecologia e Recursos Naturais). UFSCar, São Carlos, 1999 SERPA. A. O Espaço público na cidade contemporânea. Contexto, São Paulo. 2011. TEIXEIRA, I. F. SANTOS, N. R. Caracterização das áreas verdes do perímetro urbano de Santa Catarina (RS). In: Anais do Encontro Nacional de Estudos sobre o Meio Ambiente, Londrina, 1991.