67ª Reunião Anual da SBPC

A.4.2 – Ensino de Química. AS VÁRIAS FACES DA CONTEXTUALZIAÇÃO NOS LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA APROVADOS NAS ÚLTIMAS EDIÇÕES DO PNLD (2009 E 2012): CONTEXTO E SIGNIFICADO. Rosa Maria Mendes de Godoy1*, Rosebelly Nunes Marques2.

1. Professor de educação básica na rede pública – E.E. Profº José Vieira de Moraes – São Paulo – SP * rosammgodoy@gmail.com Mestranda da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar – São Carlos – SP 2. Pesquisadora Depto. de Economia, Administração e Sociologia – ESALQ/USP – Piracicaba - SP Palavras Chave: ensino de química, contextualização, livros didáticos.

Introdução Inúmeras pesquisas na área de educação apontam o Livro Didático (LD) como um dos recursos mais bem estruturados, sistematizados e atualmente, o recurso mais acessível nas salas de aula da rede pública de ensino, desde implantação do PNLD/PNLEM em 2008, portanto considerado veículo ideal para motivação e disseminação de estratégias didático-metodológicas preocupadas com a construção de conceitos científicos atrelados a compreensão do contexto sociocultural, como preconiza a abordagem Contextualizada (alavancada pelos documentos oficiais1 é considerada um dos eixos centrais na estruturação e organização curricular no ensino básico). Logo, esse trabalho investigou as várias faces (concepções) atribuídas à Contextualização nos LD de química aprovados no PLND de 2009 e 2012, de forma a caracterizar um perfil capaz de esclarecer como é encarada essa proposta de ensino nos atuais dias, através dos LD ofertados a rede pública de ensino, que atendeu em duas edições do programa cerca de 22 milhões estudantes do Ensino Médio (EM) em todo o país. Para isso analisou-se os capítulos sobre a temática Transformações Químicas (TQ) em 11 livros aprovados pelo programa.

Resultados e Discussão As análises foram realizadas através de um referencial orientador constituído na pesquisa2, onde se caracterizaram dois grupos distintos de concepções vinculadas a abordagem Contextualizada: Caráter Informativo (utiliza a contextualização como mero recurso para ensinar conceitos disciplinares desvinculados da compreensão do contexto sociocultural) e Caráter Formativo (empregado como principio norteador na construção de conceitos científicos vinculados ao contexto sociocultural do estudante, edificando alguns aspectos essenciais na construção da cidadania). A tabela 1 reproduz as várias faces (concepções) atribuídas à Contextualização em cada um dos LD de química aprovados no PNLD 2009 e 2012 (1º e 2º edições do programa), permitindo esboçar á partir da temática TQ um perfil individual do significado conferido à proposta de Contextualização, bem como um perfil coletivo, capaz de delinear como essa estratégia de ensino é apresentado nesses recursos didáticos que são ofertados a rede pública de ensino em todo país. Adjacente aos resultados, reflexões com base em estudos na literatura vigente apontam sobre a capacidade de repercussão dessas concepções entre seus principais usuários (professores e alunos), denotando a necessidade de alertar sobre o grande poder de persuasão conferido ao LD, quando único recurso didático realmente acessível nas salas de aula da rede pública de ensino.

Tabela 1 – Perfil de concepções atribuídas a Contextualização (individuais e coletivos) manifestados nos LD de química, nas edições de 2009 e 2012 do PNLD. Concepções atribuídas

a Contextualização LD de química (PNLD 2009)

LD de química (PNLD 2012)

Caráter Informativo

LDI-1, LDI-2, LDI-3, LDI-4,

LDI-5

LDII-1, LDII-2, LDII-3, LDII-4

% de LD com caráter Informativo

83% 80%

Caráter Formativo LDI-6

LDII-5

% de LD com caráter Formativo

17% 20%

Cerca de 80% dos LD de química aprovados e disponibilizados a rede pública de ensino em todo o país, no período de 2009 a 2014 (1º e 2º edições do PNLD-PNLEM) manifestam a Contextualização com caráter Informativo. Um mero recurso simplista e isolado para descrever fenômenos cotidianos e/ou motivar os estudantes a fim de facilitar a introdução de conceitos disciplinares desvinculados da compreensão e relação do contexto sociocultural, refletindo uma perspectiva reducionista e superficial de seu real propósito, construir conceitos científico-químicos pautados pelo contexto de forma a elucidar situações do próprio contexto.

Conclusões Conclui-se assim, que a concepção de Contextualização focada no caráter Informativo é predominante nos LD aprovados nas edições de 2009 e 2012, em relação á Contextualização com caráter Formativo, refletindo um referencial ambíguo no seu entendimento e disseminação, denotando a necessidade de mais empenho para sua real compreensão e propósito, e apontam que esses recursos didáticos não só manifestam essas concepções equivocadas, mas que também cooperam para sua disseminação e sustentação, afetando o juízo de seus usuários (professores e alunos). _________________________ 1 BRASIL (País) Secretaria de Educação Média e Tecnológica - Ministério da Educação e Cultura. PCN + Ensino Médio: Orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEMTEC, 2002. 2 GODOY, R. M. M. A Contextualização em Livros Didáticos de Química do PNLD 2012. 2013, 43f. Trabalho de Conclusão de Curso Especialização em Química para Professores do Ensino Fundamental e Médio). Universidade Estadual Paulista. UNESP, Araraquara, 2013. 3 Livros Didáticos analisados – PNLEM-2009 - LDI-1 PERUZZO e CANTO; Moderna, 2005, v.1; LDI-2 FELTRE; Moderna, 2005, v. 1; LDI-3 BIANCHI e ALBRECHT; FTD, 2005, v. único; LDI-4 NOBREGA; SILVA e SILVA, Ática, 2005, v. único; LDI-5 MORTIMER e MACHADO; Scipione, 2005, v. único; LDI-6 SANTOS e MOL; Nova Geração, 2005, v. único. PNLEM-2012 - LDII-1 FONSECA; FTD, 2010, v.1; LDII-2 LISBOA; SM, 2010, v.1; LDII-3 MORTIMER e MACHADO; Scipione, 2011, v.1; LDII-4 PERUZZO e CANTO; Moderna, 2010, v.1; LDII-5 – SANTOS e MOL; Nova Geração, 2010, v. 1. (referências abreviadas)