efeitos do microcrÉdito rural sobre a produÇÃo...

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Universidade Federal da Paraíba Centro de Ciências Sociais Aplicadas Programa de Pós-Graduação em Economia do Setor Público EFEITOS DO MICROCRÉDITO RURAL SOBRE A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA: EVIDÊNCIAS DO PROGRAMA AGROAMIGO ISABELA ASSIS GUEDES João Pessoa - PB 2017

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Universidade Federal da ParaiacutebaCentro de Ciecircncias Sociais Aplicadas

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Economia do SetorPuacuteblico

EFEITOS DO MICROCREacuteDITO RURAL SOBRE APRODUCcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA EVIDEcircNCIAS DO

PROGRAMA AGROAMIGO

ISABELA ASSIS GUEDES

Joatildeo Pessoa - PB2017

ISABELA ASSIS GUEDES

EFEITOS DO MICROCREacuteDITO RURAL SOBRE A

PRODUCcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA EVIDEcircNCIAS DO

PROGRAMA AGROAMIGO

Dissertaccedilatildeo de Mestrado Profissional apre-sentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo emEconomia da Universidade Federal da Pa-raiacuteba - UFPB em cumprimento agraves exigecircn-cias do Curso de Mestrado Profissional emEconomia do Setor Puacuteblico

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Sociais Aplicadas

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Economia do Setor Puacuteblico

Orientador Dra Liedje Bettizaide Oliveira de Siqueira

Coorientador Dr Aleacutessio Tony Cavalcanti de Almeida

Joatildeo Pessoa - PB

2017

G924e Guedes Isabela Assis Efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria evidecircncias do programa agroamigo Isabela Assis Guedes - Joatildeo Pessoa 2017 47 f il

Orientaccedilatildeo Liedje Bettizaide Oliveira de Siqueira Coorientaccedilatildeo Aleacutessio Tony Cavalcanti de Almeida Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - UFPBCCSA

1 Microcreacutedito rural - Agroamigo 2 Produccedilatildeo agropecuaacuteria - Municiacutepios nordestinos 3 Agricultura familiar I Siqueira Liedje Bettizaide Oliveira de II Almeida Aleacutessio Tony Cavalcanti de III Tiacutetulo

UFPBBC

Catalogaccedilatildeo na publicaccedilatildeoSeccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo e Classificaccedilatildeo

ldquoPor vezes sentimos que aquilo que fazemosnatildeo eacute senatildeo uma gota de aacutegua no mar Mas o

mar seria menor se lhe faltasse uma gotardquo(Madre Teresa de Calcutaacute)

Agradecimentos

Primeiramente a Deus sempre presente na minha vida Aos meus pais por todo oapoio e incentivo por ter cuidado da minha princesa nos meus longos periacuteodos deausecircncia Sem vocecircs eu natildeo teria conseguido chegar ateacute aqui

A meu esposo Thiago Fernandes e meus filhos Gabriel e Sofia por serem tatildeo impor-tantes na minha vida Apesar dos momentos difiacuteceis sempre me fizeram acreditar queera possiacutevel realizar esse sonho

Aos meus amigos Severino Augusto (Bill) e Tatiana Pontual (Taty) por terem com-partilhado comigo toda essa fase da minha vida Muitas noites de estudos muitasmadrugadas na Universidade mas principalmente ombros amigos sempre presentesnas horas que eu pensava em sucumbir

Ao professor Aleacutessio Tony Cavalcanti de Almeida que sempre disposto a ajudarpacientemente mostrou-me o caminho que eu precisava trilhar para concluir essetrabalho

Agrave minha orientadora Liedje Siqueira por ter aceito o desafio desta orientaccedilatildeo peloapoio atenccedilatildeo confianccedila e oportunidade de trabalhar ao seu lado

Ao professor Ignaacutecio Tavares pelas valiosas contribuiccedilotildees para finalizaccedilatildeo destadissertaccedilatildeo

Ao Tribunal de Contas do Estado da Paraiacuteba e agrave Universidade Federal da Paraiacuteba cujaparceria viabilizou a criaccedilatildeo deste mestrado profissional

Agrave professora Maria da Conceiccedilatildeo Sampaio de Sousa que com exemplos simples e docotidiano conseguia transmitir assuntos muitas vezes complexos para os alunos docurso

Aos meus colegas do curso pelas experiecircncias e desafios compartilhados muitas vezesangustiantes desde a seleccedilatildeo do mestrado ateacute a entrega da dissertaccedilatildeo Somos todosvitoriosos

A todos os professores e funcionaacuterios do MESP que de alguma forma contribuiacuterampara minha formaccedilatildeo

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre ovalor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigono periacuteodo de 2005 a 2015 levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios ao Programa Para tanto foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) com controle para efeito fixo A partir das anaacutelisesrealizadas foi possiacutevel identificar que o microcreacutedito rural produziu um efeito positivoembora muito pequeno de 010 para seis anos de exposiccedilatildeo e apenas no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e no conjunto total da produccedilatildeo agropecuaacuteria natildeoforam identificadas relaccedilotildees positivas entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa e oaumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios cobertos pelo Agroamigo O estudotambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir um volume consideraacutevel derecursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiares o valor do investimentoque retorna para sociedade ainda eacute muito baixo Os resultados encontrados natildeoapresentaram indiacutecios de que o Programa de microcreacutedito rural Agroamigo seja capazde gerar uma mudanccedila expressiva na dimensatildeo econocircmica Desse modo muitos satildeoos desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacutedito rural comouma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteriade forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Palavras-chave Microcreacutedito rural Agroamigo Agricultura familiar Valor daProduccedilatildeo Nordeste

Abstract

The purpose of this study was to analyze the effect of rural microcredit on the valueof agricultural production in the municipalities of Northeastern Brazil assisted byAgroamigo from 2005 to 2015 considering the volume of resources and the time ofexposure of municipalities to the Program For that was used the Differences inDifferences (Dd) method with control for fixed effect Based on the analysis it waspossible to identify that rural microcredit had a positive although very small of 010 for six years of exposure and effect only on the value of livestock production Inagriculture and in the total set of agricultural production no positive relationshipwas identified between the time of exposure to the Program and the increase inthe production value of the municipalities covered by Agroamigo The study alsopresented evidence that although there is a considerable amount of resources directedto the production of family farmers the value of the investment that returns to societyis still very low The results showed no evidence that the rural microcredit programAgroamigo is capable of generating a significant change in the economic dimensionwith regard to family agriculture Thus many challenges and advances are beingfaced to consolidate rural microcredit as a tool that contributes effectively to increasingagricultural production in a sustainable way specifically in the Northeast of Brazil

Keywords Rural microcredit Agroamigo Program Family farming Value of Produc-tion Northeast

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste 21Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015 23Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste 27Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo 32Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria 33Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo total (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 34Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo agriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 35Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo pecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 36Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria 38

Lista de ilustraccedilotildees

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano 28Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil 29Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de ativi-

dade 30Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio 31

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 1421 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito 1422 Microcreacutedito no Brasil 1723 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo 1924 Agricultura familiar 20

3 DADOS E VARIAacuteVEIS 22

4 ESTRATEacuteGIA EMPIacuteRICA 25

5 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 28

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 41

11

1 Introduccedilatildeo

Nas uacuteltimas trecircs deacutecadas governos do mundo todo tecircm implementado accedilotildeespara reduzir a pobreza e ajudar famiacutelias a saiacuterem da pobreza extrema Nesse sentido omicrocreacutedito tem sido apontado por pesquisadores e formuladores de poliacuteticas puacuteblicascomo importante ferramenta de desenvolvimento social e econocircmico Diversos estudoscomo Banerjee e Duflo (2011) Chen e Snodgrass (2001) Goldberg (2005) Hermes eLensink (2007) Hollis e Sweetman (1998) Hossain (1988) Jayne et al (2016) KhandkerBaqui e Khan (1995) Koloma e Aila (2014) Li Gan e Hu (2011) Lipton (2009) Pitt eKhandker (1998) tecircm examinado o potencial do microcreacutedito na melhoria das condiccedilotildeesde vida dos seus beneficiaacuterios na inclusatildeo financeira e no fortalecimento da produccedilatildeoagriacutecola de quem faz uso dessa modalidade de creacutedito

Segundo Reed (2015) o microcreacutedito tem apresentado nuacutemeros expressivosem escala global em termos de atendimento e concessatildeo de creacutedito Em 1997 dos13 milhotildees de beneficiados 8 milhotildees eram pobres ou viviam abaixo da linha dapobreza Em 2013 o microcreacutedito beneficiou 211 milhotildees de clientes sendo que 114milhotildees viviam na pobreza extrema Molineus (2015) aponta que ao longo das uacuteltimasduas deacutecadas o microcreacutedito movimentou um volume de recursos entre $60 e $100bilhotildees de doacutelares possuindo cerca de 200 milhotildees de clientes e com perspectiva decrescimento para os proacuteximos anos

Dados do Banco Mundial (2008) apontam que nos paiacuteses em desenvolvimento75 das pessoas de baixa renda vivem em aacutereas rurais e a maioria depende diretaou indiretamente da agricultura para sua subsistecircncia Cerca de 86 da populaccedilatildeorural do mundo (25 bilhotildees de pessoas) depende da agricultura e esta por sua vezgera emprego para 13 bilhotildees de pequenos produtores e trabalhadores sem-terraDessa forma de acordo com o Banco Mundial (2008) em pleno seacuteculo XXI a produccedilatildeoagriacutecola ainda desempenha um papel fundamental para o desenvolvimento sustentaacutevele a reduccedilatildeo da pobreza e fome mundiais e dessa forma a concessatildeo do microcreacuteditoaos pequenos produtores rurais tambeacutem se apresenta como uma importante ferramentade poliacutetica puacuteblica que proporciona aumento da capacidade produtiva e fortalecimentoda agricultura

Diversos estudos na literatura internacional tecircm buscado mostrar a influecircncia domicrocreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola de pequeno porte tais como Alam (1988) Akwaa-Sekyi (2013) Alwang e Siegel (2003) Ashaolu et al (2011) Dong Lu e Featherstone(2010) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Lowder Skoet e Singh (2014)Shah et al (2015) Sharmeen e Chowdhury (2013) Sulemana e Adjei (2015)

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 12

No Brasil as primeiras experiecircncias relacionadas ao microcreacutedito remontam adeacutecada de 1970 e em anos mais recentes estatildeo sendo orientadas pela Lei no 111102011que estabeleceu o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO)voltado para incentivar as atividades produtivas de pequeno porte estimulandoemprego e renda desse setor De acordo com Sistema de Informaccedilotildees de Creacutedito doBanco Central do Brasil (BCB) ateacute dezembro de 2013 a carteira total de microcreacuteditoregistrou um volume de R$ 53 bilhotildees referentes a 31 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito(BCB 2015)

Estudos brasileiros referentes ao efeito do microcreacutedito na agricultura familiarde diferentes tipos de pesquisa quanto agrave abordagem e procedimentos como os deAbramovay et al (2013) Batista e Neder (2014) Capobiango et al (2012) Garcia Castroe Teixeira (2008) Gazolla e Schneider (2013) Kageyama (2003) Mattei (2005 2006)Pereira e Nascimento (2014) Silva e Filho (2009) apresentaram resultados positivosreforccedilando a ideia de que o acesso ao creacutedito rural eacute capaz de estimular a produccedilatildeoagriacutecola de pequeno porte

Dessa forma o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) maior instituiccedilatildeo financeirada Ameacuterica Latina voltada ao desenvolvimento regional e oacutergatildeo executor de poliacuteticaspuacuteblicas examinou experiecircncias de sucesso de microcreacutedito em alguns paiacuteses asiaacuteticose latino-americanos e como resultado verificou que poderia ser desenvolvida umametodologia especiacutefica de microcreacutedito no meio rural para fomentar a geraccedilatildeo derenda e ocupaccedilatildeo das camadas mais carentes Assim foi criado em 2005 o ProgramaAgroamigo que tem como accedilatildeo expandir o atendimento aos agricultores familiaresde pequeno porte mediante a concessatildeo de microcreacutedito produtivo rural e orientado(BNB 2016)

Nesse contexto o presente estudo analisa o papel do microcreacutedito rural sobre ovalor da produccedilatildeo agropecuaacuteria nos municiacutepios nordestinos atendidos pelo ProgramaAgroamigo Para o cumprimento deste objetivo satildeo estabelecidas e analisadas variaacuteveisque tenham relaccedilatildeo de causa e efeito entre o Agroamigo e a produccedilatildeo agropecuaacuteriabem como verificada a evoluccedilatildeo do tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios ao Programa edo volume de recursos recebidos no periacuteodo de 2005 a 2015

A hipoacutetese testada neste trabalho como a defendida por Abramovay et al (2013)eacute de que os municiacutepios que recebem mais recursos contabilizados a partir da somados empreacutestimos individuais fornecidos dentro do Programa Agroamigo e que estatildeoexpostos 1 ao Programa por mais tempo conseguem obter um aumento no valor dasua produccedilatildeo agropecuaacuteria A ideia eacute que os empreacutestimos possibilitam aos agricultoresfamiliares obter um aumento no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria na medida em1 O tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio eacute contado pela quantidade de anos em que o municiacutepio

apresentou pelo menos um contrato de adesatildeo de algum produtor local ao Programa Agroamigo

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 13

que permite investimentos em novas variedades de culturas de melhor rendimentoaquisiccedilatildeo de rebanhos para produccedilatildeo de carne e leite e o acesso a tecnologias maissustentaacuteveis que melhoram seus processos produtivos e seus niacuteveis de produccedilatildeotornando-os mais competitivos O acesso ao microcreacutedito tambeacutem permite que ospequenos agricultores recebam assistecircncia teacutecnica das instituiccedilotildees financeiras e comisso fortaleccedilam as atividades econocircmicas desenvolvidas refletindo consequentementena melhoria da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios

Natildeo obstante existem alguns trabalhos que destacam resultados negativosquanto ao efeito do microcreacutedito como os de Banerjee Karlan e Zinman (2015)Bateman e Chang (2012) Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher(2007) Hulme e Mosle (1996) e Morduch (1998)

A importacircncia desse trabalho reside na existecircncia de poliacuteticas puacuteblicas 2 voltadasagrave agricultura familiar no Brasil que movimentam um grande volume de recursos cercade 30 bihotildees de reais para as safras de 2017 a 2020 (MDA 2017) e sendo assimeacute preciso verificar se de fato estaacute havendo retorno nos recursos aplicados no setorespecificamente no que se refere ao Programa Agroamigo

Aleacutem disso a necessidade em estudar o microcreacutedito voltado agrave agriculturafamiliar deve-se ao fato dessa configuraccedilatildeo produtiva possuir diversas funccedilotildees quevatildeo desde a sustentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do homem no campo ateacute a importacircncia do seupapel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo de forma significativapara o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses

Ademais de acordo com Guilhoto et al (2007) apesar da heterogeneidade exis-tente no segmento da agricultura familiar no Brasil este eacute responsaacutevel por importanteparcela da produccedilatildeo agropecuaacuteria contribuindo de forma significativa na geraccedilatildeo deriquezartacircncia do seu papel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo deforma significativa para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses Ademaisdo paiacutes

Seguida desta parte introdutoacuteria a seccedilatildeo 2 apresenta a revisatildeo da literaturaA terceira seccedilatildeo descreve os dados utilizados bem como as variaacuteveis selecionadasA seccedilatildeo 4 detalha a estrateacutegia empiacuterica necessaacuteria ao desenvolvimento do trabalhodiscorrendo sobre os modelos adotados para avaliar o efeito do programa objeto dopresente estudo A seccedilatildeo 5 apresenta os resultados encontrados e por uacuteltimo na sextaparte satildeo feitas as consideraccedilotildees finais

2 No Brasil existem diversas poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar como o PronafAssistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural (ATER) Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos (PAA) ProgramaNacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) etc

14

2 Revisatildeo da Literatura

21 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito

O grande marco histoacuterico que serviu de modelo para difundir o microcreacuteditoocorreu em Bangladesh na deacutecada de 70 de uma experiecircncia iniciada pelo economistaMuhammad Yunus fundador do Grameen Bank e ganhador do Precircmio Nobel da Pazem 2006 A ideia defendida abertamente por Yunus (2001) eacute a do microcreacutedito ser umprograma de mudanccedila social que permite aos mais pobres exercerem suas habilidadese sua capacidade de produzir

Da experiecircncia do Grameen Bank aos dias atuais o ritmo de expansatildeo e aabrangecircncia alcanccedilada pelo microcreacutedito tem despertado o interesse de profissionais eteoacutericos do mundo todo Considerado um elemento importante na reduccedilatildeo de pobrezae melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos o microcreacutedito tem se apresentadocomo uma forma de alavancar e fortalecer as atividades de uma parte da populaccedilatildeoque foi excluiacuteda do sistema financeiro tradicional fomentando o desenvolvimentoeconocircmico e social Segundo Yunus e Jolis (2000) o microcreacutedito visa garantir finan-ciamento adequado aos indiviacuteduos que trabalham em aacutereas rurais melhorando acapacidade produtiva o padratildeo e as condiccedilotildees de vida em geral Seu objetivo eacute permi-tir aos mais desfavorecidos condiccedilotildees de terem uma vida digna e autossustentaacutevel pormeio da concessatildeo de pequenos empreacutestimos

De acordo com Barone et al (2002) Monzoni (2008) Soares e Sobrinho (2007)Osmani e Mahmud (2015) Quayes e Khalily (2014) o microcreacutedito eacute a concessatildeode empreacutestimos de baixo valor a indiviacuteduos e pequenos empreendedores informaisque natildeo possuem acesso formal ao sistema financeiro tradicional e diferencia-se dosdemais tipos de empreacutestimo primordialmente em funccedilatildeo da metodologia utilizadaPara Abramovay et al (2013) Maciel et al (2009) e Yunus e Jolis (2000) o microcreacuteditoassume-se como um instrumento de combate agrave pobreza e melhora das condiccedilotildees devida dos indiviacuteduos

Goldberg (2005) afirma que grande parte dos estudos iniciais sobre impacto domicrocreacutedito apresenta resultado positivo na pobreza e renda dos seus beneficiaacuteriosUm dos primeiros estudos abrangentes de impacto foi realizado por Hossain (1988p10) apontando que ldquoa renda familiar meacutedia dos tomadores de microcreacutedito junto aoGrameen era 43 superior agrave dos natildeo tomadores de microcreacutedito sendo as maioresdiferenccedilas no estrato de menor rendardquo

Trabalhos como os de Khandker Baqui e Khan (1995) McKernan (2002) e Pitt e

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 15

Khandker (1998) demonstraram que embora o efeito seja positivo a magnitude doimpacto do microcreacutedito sobre a oferta de trabalho as despesas os bens adquiridos aescolaridade das crianccedilas a fertilidade o uso de contraceptivos e os lucros do trabalhodepende do sexo do participante do programa de creacutedito Hermes e Lensink (2007)e Khandker (2005) tambeacutem realizaram estudos sobre o microcreacutedito e elencaram osefeitos positivos desta poliacutetica dentre eles o aumento da renda familiar e dos bens dasmulheres a melhoria da escolaridade dos filhos a superaccedilatildeo da linha da pobreza e odesenvolvimento local

O microcreacutedito sob a perspectiva da responsabilidade conjunta e da atuaccedilatildeode grupos solidaacuterios foi analisado nos trabalhos de Ahlin e Townsend (2007) CassarCrowley e Wydick (2007) Karlan (2007) e Wenner (1995) cujos resultados indicaramque o desempenho do reembolso de grupos solidaacuterios melhora quando os grupospossuem regras formais de como seus membros devem se comportar

Os estudos de Hulme e Mosle (1996) apontaram que o crescimento da rendafamiliar dos tomadores de microcreacutedito sempre se apresentava superior ao crescimentode renda das famiacutelias natildeo tomadoras de creacutedito corroborando com os resultados daspesquisas iniciais de Hossain Pesquisas realizadas por Agbola Acupan e Mahmood(2017) Banerjee e Duflo (2011) MkNelly (1998 1999) indicaram que aleacutem do aumentode renda familiar o microcreacutedito proporcionou a melhoria do bem-estar econocircmicopor meio da estabilizaccedilatildeo do consumo da melhoria das condiccedilotildees de moradia e dapropriedade de bens

Sob a perspectiva da intervenccedilatildeo do microcreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola diversostrabalhos foram realizados apresentando diferentes enfoques Alam (1988) investigouo crescimento da produtividade dos agricultores com acesso ao microcreacutedito peloGrameen Bank constatando que pequenos agricultores poderiam melhorar sua produ-tividade alocando parte de suas terras para o cultivo de variedades de alto rendimentoAshaolu et al (2011) realizaram um estudo na Nigeacuteria e concluiacuteram que o aumento noniacutevel de produccedilatildeo agriacutecola na Nigeacuteria ocorreu devido ao fortalecimento financeiro dosagricultores por meio do acesso ao microcreacutedito Akwaa-Sekyi (2013) afirma que omicrocreacutedito contribui para o desenvolvimento agriacutecola especificamente na matildeo deobra empregada capital de giro a produccedilatildeo e a renda dos agricultores

Estudo realizado por Shah et al (2015) na cidade de Mastung no Paquistatildeoconcluiu que o microcreacutedito fornece apoio financeiro aos agricultores contribuindopara o desenvolvimento do setor agriacutecola aumento da produccedilatildeo agriacutecola e conse-quentemente elevaccedilatildeo da renda Trabalho realizado por Sulemana e Adjei (2015) emGhana verificou que o acesso ao microcreacutedito permitiu aos agricultores a adoccedilatildeo deteacutecnicas agriacutecolas mais modernas e uso de sementes de alta produccedilatildeo impactandopositivamente nos niacuteveis de produccedilatildeo De forma semelhante Zeller Diagne e Mataya

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 16

(1998) concluiacuteram que a participaccedilatildeo em um programa de creacutedito agriacutecola possibilita oacesso agrave melhores tecnologias agriacutecolas e de maior rentabilidade elevando a produccedilatildeodo milho e tabaco hiacutebridos no Malawi

Sharmeen e Chowdhury (2013) afirmam que parte do microcreacutedito eacute destinadoaos agricultores pobres para compra de insumos como sementes irrigaccedilatildeo fertilizan-tes e encontraram uma correlaccedilatildeo positiva entre o microcreacutedito agriacutecola e o aumentoda produccedilatildeo em Bangladesh

Embora o microcreacutedito seja tradicionalmente considerado como uma poliacutetica dedesenvolvimento econocircmico e social local fundamental para a superaccedilatildeo da pobrezaa geraccedilatildeo de trabalho e renda e o fomento da produccedilatildeo agropecuaacuteria ainda natildeo existeum consenso no que se refere ao seu efeito na literatura e nas pesquisas internacionaisde impacto Isso porque no final da deacutecada de 90 diversos estudos passaram a criticaros resultados alcanccedilados pelo microcreacutedito

Morduch (1998) questionou a validade e o rigor dos estudos realizados sobre omicrocreacutedito em Bangladesh afirmando natildeo existir evidecircncia estatiacutestica que compro-vasse o aumento no consumo entre os indiviacuteduos que realizavam empreacutestimo por meiodo microcreacutedito em relaccedilatildeo aos que natildeo realizavam De acordo com Bateman e Chang(2012) os efeitos positivos do microcreacutedito satildeo de curto prazo e apenas para algunsindiviacuteduos ldquosortudosrdquo Aleacutem disso se constitui uma poderosa barreira institucional epoliacutetica para o desenvolvimento econocircmico e social sustentaacutevel e tambeacutem agrave reduccedilatildeoda pobreza Coleman (2006) com base em estudo de impacto realizado na Tailacircndiaconcluiu que havia um vieacutes nos resultados do microcreacutedito e que natildeo se poderiaatribuir unicamente a ele a soluccedilatildeo para retirar as pessoas da pobreza

Autores como Hulme e Mosle (1996) Banerjee et al (2015) afirmam nos seusestudos que natildeo encontraram efeitos significativos do microcreacutedito no consumo dasfamiacutelias na educaccedilatildeo na sauacutede ou no empoderamento das mulheres Banerjee Karlane Zinman (2015) compilaram os resultados de seis estudos aleatoacuterios realizados sobre omicrocreacutedito nas aacutereas urbanas e rurais da Boacutesnia Etioacutepia Iacutendia Meacutexico Marrocos eMongoacutelia mostrando que nenhum dos seis estudos encontraram impacto significativona renda familiar dos beneficiaacuterios

Feder et al (1990) afirmam que parte do creacutedito concedido aos produtoreseacute desviada para o consumo fazendo com que o efeito provaacutevel da produccedilatildeo sejamenor do que o esperado Guirkinger e Boucher (2007) sugerem que as restriccedilotildees decreacutedito afetam negativamente a alocaccedilatildeo de recursos prejudicando a produccedilatildeo agriacutecolados pequenos agricultores peruanos Conclusatildeo semelhante eacute encontrada no estudorealizado por Dong Lu e Featherstone (2010) na China Para Armendariz e Morduch(2005) ainda existe uma seacuterie de questionamentos sobre o efeito do microcreacutedito quenatildeo foram amplamente pesquisados e explicados

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 17

O Brasil natildeo alheio agrave essa temaacutetica tem estimulado a concessatildeo de operaccedilotildees demicrocreacutedito com intuito de melhorar a situaccedilatildeo da populaccedilatildeo mais pobre de reduziras desigualdades sociais existentes e de promover o desenvolvimento sustentaacutevel daagricultura familiar

22 Microcreacutedito no Brasil

Monzoni (2008) aponta que a experiecircncia pioneira de microcreacutedito no Brasilocorreu no contexto das atividades da Uniatildeo Nordestina de Assistecircncia a PequenasOrganizaccedilotildees (UNO) entidade criada em 1973 com o objetivo de apoiar micro epequenos empreendimentos da Regiatildeo Nordeste

Segundo Maciel et al (2009) na deacutecada de 1980 outras iniciativas voltadas aomicrocreacutedito surgiram no paiacutes em 1982 foi criado o Banco da Mulher em 1986 foramcriados o Banco do Microcreacutedito no Paranaacute e o PROMICRO no Distrito FederalJaacute em 1987 a partir da experiecircncia da Accioacuten Internacional e de organizaccedilotildees natildeo-governamentais colombianas a metodologia dos grupos solidaacuterios que utiliza o avalsolidaacuterio foi replicada no Brasil com a criaccedilatildeo do Centro de Apoio aos PequenosEmpreendimentos Ana Terra (CeapeRS) instituiacuteda sob a forma de organizaccedilatildeo natildeogovernamental e considerada a primeira organizaccedilatildeo a introduzir no Brasil elementosque predominam na tecnologia do microcreacutedito quais sejam agente de creacuteditogarantia solidaacuteria prazos curtos e valores crescentes (CAMAROTTI SPINK 2002)

De acordo com Monzoni (2008) na deacutecada de 1990 houve o surgimento doProacute Renda no Cearaacute (1990) o Balcatildeo de Ferramentas (1991) da Caixa EconocircmicaFederal o Banco da Providecircncia (1994) no Rio de Janeiro e o Portosol (1995) no RioGrande do Sul Zouain e Barone (2007) apontam que em 1995 foi criado o ProgramaComunidade Solidaacuteria para enfrentamento da fome e da miseacuteria por meio de acessoao creacutedito natildeo como poliacutetica isolada mas dentro de um contexto de desenvolvimentolocal integrado e sustentado Em 1998 foi implantado o Banco do Povo Paulista emSatildeo Paulo (SOARES SOBRINHO 2007)

Matos Macambira e Cacciamali (2014) afirmam que somente no final da deacutecadade 1990 a atividade de microcreacutedito difundiu-se no Brasil e os principais fatores quegarantiram essa expansatildeo foram

bull as de alteraccedilotildees no marco regulatoacuterio brasileiro que proporcionou a regula-mentaccedilatildeo de novas figuras institucionais autorizadas a atuar na atividade demicrocreacutedito

bull a implantaccedilatildeo do Programa Crediamigo pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB)em 1997 que incorporou praacuteticas de operacionalizaccedilatildeo tiacutepicas da atividade de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 18

microcreacutedito dentre as quais formaccedilatildeo de grupos solidaacuterios foco na atividadeprodutiva informal progressividade de concessatildeo entre outros

bull aportes de recursos por parte do poder puacuteblico a instituiccedilotildees de microcreacuteditofundamentalmente por meio da atuaccedilatildeo do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconocircmico e Social (BNDES)

Em 2005 foi estabelecido o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) criado pela Medida Provisoacuteria no 226 de 29 de novembro de2004 que foi convertida na Lei no 11110 de 25 de abril de 2005 De acordo comValentin e Serra (2012) o PNMPO foi o resultado de mais de 30 anos de iniciativasinovadoras de oferta de creacutedito popular por parte de OSCIPS ONGs e sociedadescivis organizadas e possui como objetivo principal a oferta de creacutedito exclusivo amicroempreendedores populares com acompanhamento teacutecnico local

Conforme a referida lei considera-se microcreacutedito produtivo orientado o creacute-dito concedido para o atendimento das necessidades financeiras de pessoas fiacutesicase juriacutedicas empreendedoras que realizem atividades produtivas de pequeno porteutilizando metodologia baseada no relacionamento direto com os empreendedores nolocal onde eacute executada a atividade econocircmica (BRASIL 2005)

No Brasil vaacuterios trabalhos empiacutericos foram realizados sobre o microcreacuteditosob diferentes enfoques tais como Batista e Neder (2014)B Moraes (2010) e GonzalezRighetti e DiSerio (2014) que enfatizaram a importacircncia do microcreacutedito na renda dosbeneficiaacuterios Maia e Pinto (2015) destacou o papel do microcreacutedito no desempenho doPronaf B Oliveira Almeida e Taques (2015) que analisaram o grau de concentraccedilatildeo eniacutevel de aderecircncia dos recursos da carteira de financiamento do programa Baiardi et al(2015) Moreira Silveira e Motter (2014) que investigaram a percepccedilatildeo do beneficiaacuteriosdo programa

Embora vaacuterios programas de microcreacutedito tenham sido implantados no Brasilao longo das uacuteltimas deacutecadas os que tiveram maior expansatildeo e adensamento foramos implementados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) Considerada uma dasinstituiccedilotildees que mais se destaca com o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) o BNB eacute um banco puacuteblico federal que desde 1998 concedeempreacutestimos a empreendedores de baixa renda com o objetivo de fortalecer e im-pulsionar o desenvolvimento de pequenos negoacutecios tanto no meio rural quanto nourbano trabalhando com duas linhas de microcreacutedito o Crediamigo e o Agroamigoeste uacuteltimo objeto de estudo do presente trabalho

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 19

23 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo

O Agroamigo3 eacute um programa de microcreacutedito rural do Banco do Nordesteque se propotildee a melhorar o perfil social e econocircmico do agricultor familiar por meioda concessatildeo de financiamento para a aacuterea rural adotando metodologia proacutepria deatendimento Operacionalizado pelo Instituto Nordeste Cidadania (INEC) organizaccedilatildeoda sociedade civil de interesse puacuteblico (Oscip) o Programa iniciou suas operaccedilotildeesem 2005 tendo como fonte de recursos o Fundo Constitucional de Financiamento doNordeste (FNE)

A criaccedilatildeo da metodologia de microcreacutedito rural foi influenciada pelo sucessoda experiecircncia do microcreacutedito urbano do proacuteprio Banco do Nordeste com o ProgramaCrediamigo que inspirou uma accedilatildeo similar apropriada nas comunidades rurais Satildeoobjetivos do programa aumentar a renda familiar criar empregos no meio ruralaumentar a oferta de alimentos para a populaccedilatildeo do campo e das cidades e melhorar aqualidade de vida da populaccedilatildeo rural (MATOS MACAMBIRA CACCIAMALI 2014)

O Agroamigo atua na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel integrandoas vertentes i) social ao promover a inclusatildeo no mercado de creacutedito e possibilitar oresgate agrave cidadania ii) econocircmica ao proporcionar via creacutedito a geraccedilatildeo de rendapara sustento da unidade familiar e iii) ambiental ao estimular a exploraccedilatildeo doempreendimento de forma sustentaacutevel (MACIEL et al 2009)

O Programa possui como puacuteblico-alvo agricultores familiares que se enquadramno Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF assimclassificados

bull Agroamigo Crescer com financiamentos de ateacute R$ 4 mil eacute voltado para agricul-tores familiares que se enquadrem no grupo B do PRONAF ou seja beneficiaacuteriosque possuam renda bruta familiar nos uacuteltimos 12 meses de produccedilatildeo normalque antecedem a solicitaccedilatildeo da DAP4 natildeo superior a R$2000000 (BCB 2016)

bull Agroamigo Mais com financiamentos de ateacute R$ 15 mil eacute voltado para agriculto-res familiares que obtenham renda bruta anual de ateacute R$ 360 mil e se enquadremno PRONAF V (renda variaacutevel)

Segundo Neri (2012) nos grupos atendidos pelo Agroamigo incluem-se todos osque exploram parcela de terra tanto na condiccedilatildeo de proprietaacuterio posseiro arrendataacuterio3 Disponiacutevel em lthttpwwwbnbgovbrhistoricogt Acesso em 10 de janeiro de 20174 De acordo com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agraacuterio a

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP)eacute o documento de identificaccedilatildeo da agricultura familiar e pode ser obtido tanto pelo agricultor ouagricultora familiar (pessoa fiacutesica) quanto por empreendimentos familiares rurais como associaccedilotildeescooperativas agroinduacutestrias (pessoa juriacutedica)

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 20

quanto parceiro que residam na propriedade rural ou em local proacuteximo e obtenham nomiacutenimo 50 da renda familiar da exploraccedilatildeo do estabelecimento rural Os agricultoresclientes do Agroamigo podem desenvolver qualquer atividade seja agriacutecola pecuaacuteriaoutras atividades natildeo agropecuaacuterias no meio rural que gere renda no campo ou nasproximidades urbanas como agroinduacutestria pesca turismo rural serviccedilos no meiorural e artesanato

Dessa forma o Agroamigo resulta da prioridade dada pelo Banco do Nordesteao apoio aos agricultores familiares em reconhecimento agrave importacircncia econocircmica esocial deste segmento

24 Agricultura familiar

Embora a globalizaccedilatildeo e a pressatildeo pela competitividade tenham obrigadoa agricultura evoluir a maioria das fazendas no mundo ainda eacute familiar e estapredominacircncia eacute esmagadora natildeo apenas nos paiacuteses subdesenvolvidos mas tambeacutemnos paiacuteses desenvolvidos (MORENO-PeacuteREZ LOBLEY 2015)

Estudos como os de Brookfield (2008) Carlson (2008) Duumlrr (2016) Barry (2015)e Strange (1988) assinalam um crescente interesse por essa configuraccedilatildeo produtivana medida em que os resultados encontrados sugerem que a agricultura familiarcontribui para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses o que tem desafiadoos governos a implementarem poliacuteticas puacuteblicas voltadas para este segmento

Especificamente em se tratando da agricultura familiar no Brasil houve umcrescente interesse por este segmento a partir da deacutecada de 90 Algumas pesqui-sas se tornaram marcos nos estudos rurais brasileiros tais como Abramovay (2007)Kageyama e Bergamasgo (1990) e Veiga (2012) cujos trabalhos apontam a impor-tacircncia deste setor na histoacuteria do Brasil e do mundo descrevendo a evoluccedilatildeo que odesenvolvimento agriacutecola experimentou desde o poacutes-guerra

Um outro trabalho de destaque no campo da agricultura familiar eacute o relatoacuteriopublicado em 1994 pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Agricultura e Ali-mentaccedilatildeo (FAO) em conjunto com o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e ReformaAgraacuteria (INCRA) cujo objetivo principal foi estabelecer as diretrizes para um ldquomodelode desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Sendo assim historicamente a atividade agriacutecolatem apresentado expressiva relevacircncia na economia brasileira na medida em queproporciona desenvolvimento social e econocircmico por meio de geraccedilatildeo de emprego erenda (FURTADO 1980 PRADO JUacuteNIOR 1977)

De acordo com Franccedila Grossi e Marques (2009) o Censo Agropecuaacuterio de 2006identificou que do total de estabelecimentos agropecuaacuterios no Brasil 4367902 eram de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 21

agricultores familiares representando 844 dos estabelecimentos brasileiros sendoque a metade deles estava no Nordeste Este contingente de agricultores familiaresocupava uma aacuterea de 8025 milhotildees de hectares representando 243 da aacuterea ocupadapelos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros demonstrando que o Brasil possuiacuteauma estrutura agraacuteria concentrada

Guilhoto et al (2007) afirmam que o segmento familiar da agropecuaacuteria brasileirae as cadeias produtivas a ela interligadas responderam em 2005 por 90 do PIBbrasileiro e considerando que o agronegoacutecio nacional foi responsaacutevel por 279 doPIB no referido ano fica evidente a importacircncia da agricultura familiar na geraccedilatildeo deriqueza do paiacutes A Tabela 1 a seguir mostra a participaccedilatildeo do agronegoacutecio familiar epatronal do Brasil e Nordeste no PIB Total brasileiro nos anos de 2002 a 2004

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste

Unidades Federativas 2002 2003 2004

PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

Brasil 925 1961 1007 2052 960 2030Alagoas 901 2752 822 2836 1046 2391

Bahia 1073 2085 1179 2098 1063 2124Cearaacute 1357 1411 1423 1337 1226 1319

Maranhatildeo 1667 1757 1635 1886 1566 1676Paraiacuteba 1684 2282 1944 2216 1722 2282

Pernambuco 759 1631 834 1773 749 1606Piauiacute 1625 1486 1516 1629 1377 1537

Rio Grande do Norte 1118 1881 1249 1878 1085 1841Sergipe 1063 1197 1126 1136 908 1134

Fonte Adaptado de Guilhoto et al 2007

Guanziroli et al (2001) e Aquino e Teixeira (2005) afirmam que para haverum desempenho econocircmico viaacutevel dessa atividade eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo deassistecircncia teacutecnica e poliacuteticas puacuteblicas adequadas

Portanto as poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar devem levarem consideraccedilatildeo as especificidades deste setor de modo a permitir que a pequenaproduccedilatildeo agropecuaacuteria familiar reduza o fluxo de trabalhadores do campo para acidade gere emprego e renda e contribua para o desenvolvimento local e regionalde forma sustentaacutevel E o microcreacutedito tem se destacado como uma ferramenta defomento da agricultura familiar haja vista a dificuldade na aquisiccedilatildeo de creacutedito formalser frequentemente argumentada como uma das restriccedilotildees agrave expansatildeo da capacidadeprodutiva dos pequenos agricultores

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

ISABELA ASSIS GUEDES

EFEITOS DO MICROCREacuteDITO RURAL SOBRE A

PRODUCcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA EVIDEcircNCIAS DO

PROGRAMA AGROAMIGO

Dissertaccedilatildeo de Mestrado Profissional apre-sentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo emEconomia da Universidade Federal da Pa-raiacuteba - UFPB em cumprimento agraves exigecircn-cias do Curso de Mestrado Profissional emEconomia do Setor Puacuteblico

Universidade Federal da Paraiacuteba

Centro de Ciecircncias Sociais Aplicadas

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Economia do Setor Puacuteblico

Orientador Dra Liedje Bettizaide Oliveira de Siqueira

Coorientador Dr Aleacutessio Tony Cavalcanti de Almeida

Joatildeo Pessoa - PB

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G924e Guedes Isabela Assis Efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria evidecircncias do programa agroamigo Isabela Assis Guedes - Joatildeo Pessoa 2017 47 f il

Orientaccedilatildeo Liedje Bettizaide Oliveira de Siqueira Coorientaccedilatildeo Aleacutessio Tony Cavalcanti de Almeida Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - UFPBCCSA

1 Microcreacutedito rural - Agroamigo 2 Produccedilatildeo agropecuaacuteria - Municiacutepios nordestinos 3 Agricultura familiar I Siqueira Liedje Bettizaide Oliveira de II Almeida Aleacutessio Tony Cavalcanti de III Tiacutetulo

UFPBBC

Catalogaccedilatildeo na publicaccedilatildeoSeccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo e Classificaccedilatildeo

ldquoPor vezes sentimos que aquilo que fazemosnatildeo eacute senatildeo uma gota de aacutegua no mar Mas o

mar seria menor se lhe faltasse uma gotardquo(Madre Teresa de Calcutaacute)

Agradecimentos

Primeiramente a Deus sempre presente na minha vida Aos meus pais por todo oapoio e incentivo por ter cuidado da minha princesa nos meus longos periacuteodos deausecircncia Sem vocecircs eu natildeo teria conseguido chegar ateacute aqui

A meu esposo Thiago Fernandes e meus filhos Gabriel e Sofia por serem tatildeo impor-tantes na minha vida Apesar dos momentos difiacuteceis sempre me fizeram acreditar queera possiacutevel realizar esse sonho

Aos meus amigos Severino Augusto (Bill) e Tatiana Pontual (Taty) por terem com-partilhado comigo toda essa fase da minha vida Muitas noites de estudos muitasmadrugadas na Universidade mas principalmente ombros amigos sempre presentesnas horas que eu pensava em sucumbir

Ao professor Aleacutessio Tony Cavalcanti de Almeida que sempre disposto a ajudarpacientemente mostrou-me o caminho que eu precisava trilhar para concluir essetrabalho

Agrave minha orientadora Liedje Siqueira por ter aceito o desafio desta orientaccedilatildeo peloapoio atenccedilatildeo confianccedila e oportunidade de trabalhar ao seu lado

Ao professor Ignaacutecio Tavares pelas valiosas contribuiccedilotildees para finalizaccedilatildeo destadissertaccedilatildeo

Ao Tribunal de Contas do Estado da Paraiacuteba e agrave Universidade Federal da Paraiacuteba cujaparceria viabilizou a criaccedilatildeo deste mestrado profissional

Agrave professora Maria da Conceiccedilatildeo Sampaio de Sousa que com exemplos simples e docotidiano conseguia transmitir assuntos muitas vezes complexos para os alunos docurso

Aos meus colegas do curso pelas experiecircncias e desafios compartilhados muitas vezesangustiantes desde a seleccedilatildeo do mestrado ateacute a entrega da dissertaccedilatildeo Somos todosvitoriosos

A todos os professores e funcionaacuterios do MESP que de alguma forma contribuiacuterampara minha formaccedilatildeo

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre ovalor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigono periacuteodo de 2005 a 2015 levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios ao Programa Para tanto foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) com controle para efeito fixo A partir das anaacutelisesrealizadas foi possiacutevel identificar que o microcreacutedito rural produziu um efeito positivoembora muito pequeno de 010 para seis anos de exposiccedilatildeo e apenas no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e no conjunto total da produccedilatildeo agropecuaacuteria natildeoforam identificadas relaccedilotildees positivas entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa e oaumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios cobertos pelo Agroamigo O estudotambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir um volume consideraacutevel derecursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiares o valor do investimentoque retorna para sociedade ainda eacute muito baixo Os resultados encontrados natildeoapresentaram indiacutecios de que o Programa de microcreacutedito rural Agroamigo seja capazde gerar uma mudanccedila expressiva na dimensatildeo econocircmica Desse modo muitos satildeoos desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacutedito rural comouma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteriade forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Palavras-chave Microcreacutedito rural Agroamigo Agricultura familiar Valor daProduccedilatildeo Nordeste

Abstract

The purpose of this study was to analyze the effect of rural microcredit on the valueof agricultural production in the municipalities of Northeastern Brazil assisted byAgroamigo from 2005 to 2015 considering the volume of resources and the time ofexposure of municipalities to the Program For that was used the Differences inDifferences (Dd) method with control for fixed effect Based on the analysis it waspossible to identify that rural microcredit had a positive although very small of 010 for six years of exposure and effect only on the value of livestock production Inagriculture and in the total set of agricultural production no positive relationshipwas identified between the time of exposure to the Program and the increase inthe production value of the municipalities covered by Agroamigo The study alsopresented evidence that although there is a considerable amount of resources directedto the production of family farmers the value of the investment that returns to societyis still very low The results showed no evidence that the rural microcredit programAgroamigo is capable of generating a significant change in the economic dimensionwith regard to family agriculture Thus many challenges and advances are beingfaced to consolidate rural microcredit as a tool that contributes effectively to increasingagricultural production in a sustainable way specifically in the Northeast of Brazil

Keywords Rural microcredit Agroamigo Program Family farming Value of Produc-tion Northeast

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste 21Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015 23Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste 27Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo 32Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria 33Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo total (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 34Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo agriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 35Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo pecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 36Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria 38

Lista de ilustraccedilotildees

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano 28Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil 29Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de ativi-

dade 30Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio 31

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 1421 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito 1422 Microcreacutedito no Brasil 1723 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo 1924 Agricultura familiar 20

3 DADOS E VARIAacuteVEIS 22

4 ESTRATEacuteGIA EMPIacuteRICA 25

5 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 28

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 41

11

1 Introduccedilatildeo

Nas uacuteltimas trecircs deacutecadas governos do mundo todo tecircm implementado accedilotildeespara reduzir a pobreza e ajudar famiacutelias a saiacuterem da pobreza extrema Nesse sentido omicrocreacutedito tem sido apontado por pesquisadores e formuladores de poliacuteticas puacuteblicascomo importante ferramenta de desenvolvimento social e econocircmico Diversos estudoscomo Banerjee e Duflo (2011) Chen e Snodgrass (2001) Goldberg (2005) Hermes eLensink (2007) Hollis e Sweetman (1998) Hossain (1988) Jayne et al (2016) KhandkerBaqui e Khan (1995) Koloma e Aila (2014) Li Gan e Hu (2011) Lipton (2009) Pitt eKhandker (1998) tecircm examinado o potencial do microcreacutedito na melhoria das condiccedilotildeesde vida dos seus beneficiaacuterios na inclusatildeo financeira e no fortalecimento da produccedilatildeoagriacutecola de quem faz uso dessa modalidade de creacutedito

Segundo Reed (2015) o microcreacutedito tem apresentado nuacutemeros expressivosem escala global em termos de atendimento e concessatildeo de creacutedito Em 1997 dos13 milhotildees de beneficiados 8 milhotildees eram pobres ou viviam abaixo da linha dapobreza Em 2013 o microcreacutedito beneficiou 211 milhotildees de clientes sendo que 114milhotildees viviam na pobreza extrema Molineus (2015) aponta que ao longo das uacuteltimasduas deacutecadas o microcreacutedito movimentou um volume de recursos entre $60 e $100bilhotildees de doacutelares possuindo cerca de 200 milhotildees de clientes e com perspectiva decrescimento para os proacuteximos anos

Dados do Banco Mundial (2008) apontam que nos paiacuteses em desenvolvimento75 das pessoas de baixa renda vivem em aacutereas rurais e a maioria depende diretaou indiretamente da agricultura para sua subsistecircncia Cerca de 86 da populaccedilatildeorural do mundo (25 bilhotildees de pessoas) depende da agricultura e esta por sua vezgera emprego para 13 bilhotildees de pequenos produtores e trabalhadores sem-terraDessa forma de acordo com o Banco Mundial (2008) em pleno seacuteculo XXI a produccedilatildeoagriacutecola ainda desempenha um papel fundamental para o desenvolvimento sustentaacutevele a reduccedilatildeo da pobreza e fome mundiais e dessa forma a concessatildeo do microcreacuteditoaos pequenos produtores rurais tambeacutem se apresenta como uma importante ferramentade poliacutetica puacuteblica que proporciona aumento da capacidade produtiva e fortalecimentoda agricultura

Diversos estudos na literatura internacional tecircm buscado mostrar a influecircncia domicrocreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola de pequeno porte tais como Alam (1988) Akwaa-Sekyi (2013) Alwang e Siegel (2003) Ashaolu et al (2011) Dong Lu e Featherstone(2010) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Lowder Skoet e Singh (2014)Shah et al (2015) Sharmeen e Chowdhury (2013) Sulemana e Adjei (2015)

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 12

No Brasil as primeiras experiecircncias relacionadas ao microcreacutedito remontam adeacutecada de 1970 e em anos mais recentes estatildeo sendo orientadas pela Lei no 111102011que estabeleceu o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO)voltado para incentivar as atividades produtivas de pequeno porte estimulandoemprego e renda desse setor De acordo com Sistema de Informaccedilotildees de Creacutedito doBanco Central do Brasil (BCB) ateacute dezembro de 2013 a carteira total de microcreacuteditoregistrou um volume de R$ 53 bilhotildees referentes a 31 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito(BCB 2015)

Estudos brasileiros referentes ao efeito do microcreacutedito na agricultura familiarde diferentes tipos de pesquisa quanto agrave abordagem e procedimentos como os deAbramovay et al (2013) Batista e Neder (2014) Capobiango et al (2012) Garcia Castroe Teixeira (2008) Gazolla e Schneider (2013) Kageyama (2003) Mattei (2005 2006)Pereira e Nascimento (2014) Silva e Filho (2009) apresentaram resultados positivosreforccedilando a ideia de que o acesso ao creacutedito rural eacute capaz de estimular a produccedilatildeoagriacutecola de pequeno porte

Dessa forma o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) maior instituiccedilatildeo financeirada Ameacuterica Latina voltada ao desenvolvimento regional e oacutergatildeo executor de poliacuteticaspuacuteblicas examinou experiecircncias de sucesso de microcreacutedito em alguns paiacuteses asiaacuteticose latino-americanos e como resultado verificou que poderia ser desenvolvida umametodologia especiacutefica de microcreacutedito no meio rural para fomentar a geraccedilatildeo derenda e ocupaccedilatildeo das camadas mais carentes Assim foi criado em 2005 o ProgramaAgroamigo que tem como accedilatildeo expandir o atendimento aos agricultores familiaresde pequeno porte mediante a concessatildeo de microcreacutedito produtivo rural e orientado(BNB 2016)

Nesse contexto o presente estudo analisa o papel do microcreacutedito rural sobre ovalor da produccedilatildeo agropecuaacuteria nos municiacutepios nordestinos atendidos pelo ProgramaAgroamigo Para o cumprimento deste objetivo satildeo estabelecidas e analisadas variaacuteveisque tenham relaccedilatildeo de causa e efeito entre o Agroamigo e a produccedilatildeo agropecuaacuteriabem como verificada a evoluccedilatildeo do tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios ao Programa edo volume de recursos recebidos no periacuteodo de 2005 a 2015

A hipoacutetese testada neste trabalho como a defendida por Abramovay et al (2013)eacute de que os municiacutepios que recebem mais recursos contabilizados a partir da somados empreacutestimos individuais fornecidos dentro do Programa Agroamigo e que estatildeoexpostos 1 ao Programa por mais tempo conseguem obter um aumento no valor dasua produccedilatildeo agropecuaacuteria A ideia eacute que os empreacutestimos possibilitam aos agricultoresfamiliares obter um aumento no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria na medida em1 O tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio eacute contado pela quantidade de anos em que o municiacutepio

apresentou pelo menos um contrato de adesatildeo de algum produtor local ao Programa Agroamigo

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 13

que permite investimentos em novas variedades de culturas de melhor rendimentoaquisiccedilatildeo de rebanhos para produccedilatildeo de carne e leite e o acesso a tecnologias maissustentaacuteveis que melhoram seus processos produtivos e seus niacuteveis de produccedilatildeotornando-os mais competitivos O acesso ao microcreacutedito tambeacutem permite que ospequenos agricultores recebam assistecircncia teacutecnica das instituiccedilotildees financeiras e comisso fortaleccedilam as atividades econocircmicas desenvolvidas refletindo consequentementena melhoria da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios

Natildeo obstante existem alguns trabalhos que destacam resultados negativosquanto ao efeito do microcreacutedito como os de Banerjee Karlan e Zinman (2015)Bateman e Chang (2012) Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher(2007) Hulme e Mosle (1996) e Morduch (1998)

A importacircncia desse trabalho reside na existecircncia de poliacuteticas puacuteblicas 2 voltadasagrave agricultura familiar no Brasil que movimentam um grande volume de recursos cercade 30 bihotildees de reais para as safras de 2017 a 2020 (MDA 2017) e sendo assimeacute preciso verificar se de fato estaacute havendo retorno nos recursos aplicados no setorespecificamente no que se refere ao Programa Agroamigo

Aleacutem disso a necessidade em estudar o microcreacutedito voltado agrave agriculturafamiliar deve-se ao fato dessa configuraccedilatildeo produtiva possuir diversas funccedilotildees quevatildeo desde a sustentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do homem no campo ateacute a importacircncia do seupapel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo de forma significativapara o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses

Ademais de acordo com Guilhoto et al (2007) apesar da heterogeneidade exis-tente no segmento da agricultura familiar no Brasil este eacute responsaacutevel por importanteparcela da produccedilatildeo agropecuaacuteria contribuindo de forma significativa na geraccedilatildeo deriquezartacircncia do seu papel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo deforma significativa para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses Ademaisdo paiacutes

Seguida desta parte introdutoacuteria a seccedilatildeo 2 apresenta a revisatildeo da literaturaA terceira seccedilatildeo descreve os dados utilizados bem como as variaacuteveis selecionadasA seccedilatildeo 4 detalha a estrateacutegia empiacuterica necessaacuteria ao desenvolvimento do trabalhodiscorrendo sobre os modelos adotados para avaliar o efeito do programa objeto dopresente estudo A seccedilatildeo 5 apresenta os resultados encontrados e por uacuteltimo na sextaparte satildeo feitas as consideraccedilotildees finais

2 No Brasil existem diversas poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar como o PronafAssistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural (ATER) Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos (PAA) ProgramaNacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) etc

14

2 Revisatildeo da Literatura

21 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito

O grande marco histoacuterico que serviu de modelo para difundir o microcreacuteditoocorreu em Bangladesh na deacutecada de 70 de uma experiecircncia iniciada pelo economistaMuhammad Yunus fundador do Grameen Bank e ganhador do Precircmio Nobel da Pazem 2006 A ideia defendida abertamente por Yunus (2001) eacute a do microcreacutedito ser umprograma de mudanccedila social que permite aos mais pobres exercerem suas habilidadese sua capacidade de produzir

Da experiecircncia do Grameen Bank aos dias atuais o ritmo de expansatildeo e aabrangecircncia alcanccedilada pelo microcreacutedito tem despertado o interesse de profissionais eteoacutericos do mundo todo Considerado um elemento importante na reduccedilatildeo de pobrezae melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos o microcreacutedito tem se apresentadocomo uma forma de alavancar e fortalecer as atividades de uma parte da populaccedilatildeoque foi excluiacuteda do sistema financeiro tradicional fomentando o desenvolvimentoeconocircmico e social Segundo Yunus e Jolis (2000) o microcreacutedito visa garantir finan-ciamento adequado aos indiviacuteduos que trabalham em aacutereas rurais melhorando acapacidade produtiva o padratildeo e as condiccedilotildees de vida em geral Seu objetivo eacute permi-tir aos mais desfavorecidos condiccedilotildees de terem uma vida digna e autossustentaacutevel pormeio da concessatildeo de pequenos empreacutestimos

De acordo com Barone et al (2002) Monzoni (2008) Soares e Sobrinho (2007)Osmani e Mahmud (2015) Quayes e Khalily (2014) o microcreacutedito eacute a concessatildeode empreacutestimos de baixo valor a indiviacuteduos e pequenos empreendedores informaisque natildeo possuem acesso formal ao sistema financeiro tradicional e diferencia-se dosdemais tipos de empreacutestimo primordialmente em funccedilatildeo da metodologia utilizadaPara Abramovay et al (2013) Maciel et al (2009) e Yunus e Jolis (2000) o microcreacuteditoassume-se como um instrumento de combate agrave pobreza e melhora das condiccedilotildees devida dos indiviacuteduos

Goldberg (2005) afirma que grande parte dos estudos iniciais sobre impacto domicrocreacutedito apresenta resultado positivo na pobreza e renda dos seus beneficiaacuteriosUm dos primeiros estudos abrangentes de impacto foi realizado por Hossain (1988p10) apontando que ldquoa renda familiar meacutedia dos tomadores de microcreacutedito junto aoGrameen era 43 superior agrave dos natildeo tomadores de microcreacutedito sendo as maioresdiferenccedilas no estrato de menor rendardquo

Trabalhos como os de Khandker Baqui e Khan (1995) McKernan (2002) e Pitt e

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 15

Khandker (1998) demonstraram que embora o efeito seja positivo a magnitude doimpacto do microcreacutedito sobre a oferta de trabalho as despesas os bens adquiridos aescolaridade das crianccedilas a fertilidade o uso de contraceptivos e os lucros do trabalhodepende do sexo do participante do programa de creacutedito Hermes e Lensink (2007)e Khandker (2005) tambeacutem realizaram estudos sobre o microcreacutedito e elencaram osefeitos positivos desta poliacutetica dentre eles o aumento da renda familiar e dos bens dasmulheres a melhoria da escolaridade dos filhos a superaccedilatildeo da linha da pobreza e odesenvolvimento local

O microcreacutedito sob a perspectiva da responsabilidade conjunta e da atuaccedilatildeode grupos solidaacuterios foi analisado nos trabalhos de Ahlin e Townsend (2007) CassarCrowley e Wydick (2007) Karlan (2007) e Wenner (1995) cujos resultados indicaramque o desempenho do reembolso de grupos solidaacuterios melhora quando os grupospossuem regras formais de como seus membros devem se comportar

Os estudos de Hulme e Mosle (1996) apontaram que o crescimento da rendafamiliar dos tomadores de microcreacutedito sempre se apresentava superior ao crescimentode renda das famiacutelias natildeo tomadoras de creacutedito corroborando com os resultados daspesquisas iniciais de Hossain Pesquisas realizadas por Agbola Acupan e Mahmood(2017) Banerjee e Duflo (2011) MkNelly (1998 1999) indicaram que aleacutem do aumentode renda familiar o microcreacutedito proporcionou a melhoria do bem-estar econocircmicopor meio da estabilizaccedilatildeo do consumo da melhoria das condiccedilotildees de moradia e dapropriedade de bens

Sob a perspectiva da intervenccedilatildeo do microcreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola diversostrabalhos foram realizados apresentando diferentes enfoques Alam (1988) investigouo crescimento da produtividade dos agricultores com acesso ao microcreacutedito peloGrameen Bank constatando que pequenos agricultores poderiam melhorar sua produ-tividade alocando parte de suas terras para o cultivo de variedades de alto rendimentoAshaolu et al (2011) realizaram um estudo na Nigeacuteria e concluiacuteram que o aumento noniacutevel de produccedilatildeo agriacutecola na Nigeacuteria ocorreu devido ao fortalecimento financeiro dosagricultores por meio do acesso ao microcreacutedito Akwaa-Sekyi (2013) afirma que omicrocreacutedito contribui para o desenvolvimento agriacutecola especificamente na matildeo deobra empregada capital de giro a produccedilatildeo e a renda dos agricultores

Estudo realizado por Shah et al (2015) na cidade de Mastung no Paquistatildeoconcluiu que o microcreacutedito fornece apoio financeiro aos agricultores contribuindopara o desenvolvimento do setor agriacutecola aumento da produccedilatildeo agriacutecola e conse-quentemente elevaccedilatildeo da renda Trabalho realizado por Sulemana e Adjei (2015) emGhana verificou que o acesso ao microcreacutedito permitiu aos agricultores a adoccedilatildeo deteacutecnicas agriacutecolas mais modernas e uso de sementes de alta produccedilatildeo impactandopositivamente nos niacuteveis de produccedilatildeo De forma semelhante Zeller Diagne e Mataya

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 16

(1998) concluiacuteram que a participaccedilatildeo em um programa de creacutedito agriacutecola possibilita oacesso agrave melhores tecnologias agriacutecolas e de maior rentabilidade elevando a produccedilatildeodo milho e tabaco hiacutebridos no Malawi

Sharmeen e Chowdhury (2013) afirmam que parte do microcreacutedito eacute destinadoaos agricultores pobres para compra de insumos como sementes irrigaccedilatildeo fertilizan-tes e encontraram uma correlaccedilatildeo positiva entre o microcreacutedito agriacutecola e o aumentoda produccedilatildeo em Bangladesh

Embora o microcreacutedito seja tradicionalmente considerado como uma poliacutetica dedesenvolvimento econocircmico e social local fundamental para a superaccedilatildeo da pobrezaa geraccedilatildeo de trabalho e renda e o fomento da produccedilatildeo agropecuaacuteria ainda natildeo existeum consenso no que se refere ao seu efeito na literatura e nas pesquisas internacionaisde impacto Isso porque no final da deacutecada de 90 diversos estudos passaram a criticaros resultados alcanccedilados pelo microcreacutedito

Morduch (1998) questionou a validade e o rigor dos estudos realizados sobre omicrocreacutedito em Bangladesh afirmando natildeo existir evidecircncia estatiacutestica que compro-vasse o aumento no consumo entre os indiviacuteduos que realizavam empreacutestimo por meiodo microcreacutedito em relaccedilatildeo aos que natildeo realizavam De acordo com Bateman e Chang(2012) os efeitos positivos do microcreacutedito satildeo de curto prazo e apenas para algunsindiviacuteduos ldquosortudosrdquo Aleacutem disso se constitui uma poderosa barreira institucional epoliacutetica para o desenvolvimento econocircmico e social sustentaacutevel e tambeacutem agrave reduccedilatildeoda pobreza Coleman (2006) com base em estudo de impacto realizado na Tailacircndiaconcluiu que havia um vieacutes nos resultados do microcreacutedito e que natildeo se poderiaatribuir unicamente a ele a soluccedilatildeo para retirar as pessoas da pobreza

Autores como Hulme e Mosle (1996) Banerjee et al (2015) afirmam nos seusestudos que natildeo encontraram efeitos significativos do microcreacutedito no consumo dasfamiacutelias na educaccedilatildeo na sauacutede ou no empoderamento das mulheres Banerjee Karlane Zinman (2015) compilaram os resultados de seis estudos aleatoacuterios realizados sobre omicrocreacutedito nas aacutereas urbanas e rurais da Boacutesnia Etioacutepia Iacutendia Meacutexico Marrocos eMongoacutelia mostrando que nenhum dos seis estudos encontraram impacto significativona renda familiar dos beneficiaacuterios

Feder et al (1990) afirmam que parte do creacutedito concedido aos produtoreseacute desviada para o consumo fazendo com que o efeito provaacutevel da produccedilatildeo sejamenor do que o esperado Guirkinger e Boucher (2007) sugerem que as restriccedilotildees decreacutedito afetam negativamente a alocaccedilatildeo de recursos prejudicando a produccedilatildeo agriacutecolados pequenos agricultores peruanos Conclusatildeo semelhante eacute encontrada no estudorealizado por Dong Lu e Featherstone (2010) na China Para Armendariz e Morduch(2005) ainda existe uma seacuterie de questionamentos sobre o efeito do microcreacutedito quenatildeo foram amplamente pesquisados e explicados

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 17

O Brasil natildeo alheio agrave essa temaacutetica tem estimulado a concessatildeo de operaccedilotildees demicrocreacutedito com intuito de melhorar a situaccedilatildeo da populaccedilatildeo mais pobre de reduziras desigualdades sociais existentes e de promover o desenvolvimento sustentaacutevel daagricultura familiar

22 Microcreacutedito no Brasil

Monzoni (2008) aponta que a experiecircncia pioneira de microcreacutedito no Brasilocorreu no contexto das atividades da Uniatildeo Nordestina de Assistecircncia a PequenasOrganizaccedilotildees (UNO) entidade criada em 1973 com o objetivo de apoiar micro epequenos empreendimentos da Regiatildeo Nordeste

Segundo Maciel et al (2009) na deacutecada de 1980 outras iniciativas voltadas aomicrocreacutedito surgiram no paiacutes em 1982 foi criado o Banco da Mulher em 1986 foramcriados o Banco do Microcreacutedito no Paranaacute e o PROMICRO no Distrito FederalJaacute em 1987 a partir da experiecircncia da Accioacuten Internacional e de organizaccedilotildees natildeo-governamentais colombianas a metodologia dos grupos solidaacuterios que utiliza o avalsolidaacuterio foi replicada no Brasil com a criaccedilatildeo do Centro de Apoio aos PequenosEmpreendimentos Ana Terra (CeapeRS) instituiacuteda sob a forma de organizaccedilatildeo natildeogovernamental e considerada a primeira organizaccedilatildeo a introduzir no Brasil elementosque predominam na tecnologia do microcreacutedito quais sejam agente de creacuteditogarantia solidaacuteria prazos curtos e valores crescentes (CAMAROTTI SPINK 2002)

De acordo com Monzoni (2008) na deacutecada de 1990 houve o surgimento doProacute Renda no Cearaacute (1990) o Balcatildeo de Ferramentas (1991) da Caixa EconocircmicaFederal o Banco da Providecircncia (1994) no Rio de Janeiro e o Portosol (1995) no RioGrande do Sul Zouain e Barone (2007) apontam que em 1995 foi criado o ProgramaComunidade Solidaacuteria para enfrentamento da fome e da miseacuteria por meio de acessoao creacutedito natildeo como poliacutetica isolada mas dentro de um contexto de desenvolvimentolocal integrado e sustentado Em 1998 foi implantado o Banco do Povo Paulista emSatildeo Paulo (SOARES SOBRINHO 2007)

Matos Macambira e Cacciamali (2014) afirmam que somente no final da deacutecadade 1990 a atividade de microcreacutedito difundiu-se no Brasil e os principais fatores quegarantiram essa expansatildeo foram

bull as de alteraccedilotildees no marco regulatoacuterio brasileiro que proporcionou a regula-mentaccedilatildeo de novas figuras institucionais autorizadas a atuar na atividade demicrocreacutedito

bull a implantaccedilatildeo do Programa Crediamigo pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB)em 1997 que incorporou praacuteticas de operacionalizaccedilatildeo tiacutepicas da atividade de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 18

microcreacutedito dentre as quais formaccedilatildeo de grupos solidaacuterios foco na atividadeprodutiva informal progressividade de concessatildeo entre outros

bull aportes de recursos por parte do poder puacuteblico a instituiccedilotildees de microcreacuteditofundamentalmente por meio da atuaccedilatildeo do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconocircmico e Social (BNDES)

Em 2005 foi estabelecido o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) criado pela Medida Provisoacuteria no 226 de 29 de novembro de2004 que foi convertida na Lei no 11110 de 25 de abril de 2005 De acordo comValentin e Serra (2012) o PNMPO foi o resultado de mais de 30 anos de iniciativasinovadoras de oferta de creacutedito popular por parte de OSCIPS ONGs e sociedadescivis organizadas e possui como objetivo principal a oferta de creacutedito exclusivo amicroempreendedores populares com acompanhamento teacutecnico local

Conforme a referida lei considera-se microcreacutedito produtivo orientado o creacute-dito concedido para o atendimento das necessidades financeiras de pessoas fiacutesicase juriacutedicas empreendedoras que realizem atividades produtivas de pequeno porteutilizando metodologia baseada no relacionamento direto com os empreendedores nolocal onde eacute executada a atividade econocircmica (BRASIL 2005)

No Brasil vaacuterios trabalhos empiacutericos foram realizados sobre o microcreacuteditosob diferentes enfoques tais como Batista e Neder (2014)B Moraes (2010) e GonzalezRighetti e DiSerio (2014) que enfatizaram a importacircncia do microcreacutedito na renda dosbeneficiaacuterios Maia e Pinto (2015) destacou o papel do microcreacutedito no desempenho doPronaf B Oliveira Almeida e Taques (2015) que analisaram o grau de concentraccedilatildeo eniacutevel de aderecircncia dos recursos da carteira de financiamento do programa Baiardi et al(2015) Moreira Silveira e Motter (2014) que investigaram a percepccedilatildeo do beneficiaacuteriosdo programa

Embora vaacuterios programas de microcreacutedito tenham sido implantados no Brasilao longo das uacuteltimas deacutecadas os que tiveram maior expansatildeo e adensamento foramos implementados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) Considerada uma dasinstituiccedilotildees que mais se destaca com o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) o BNB eacute um banco puacuteblico federal que desde 1998 concedeempreacutestimos a empreendedores de baixa renda com o objetivo de fortalecer e im-pulsionar o desenvolvimento de pequenos negoacutecios tanto no meio rural quanto nourbano trabalhando com duas linhas de microcreacutedito o Crediamigo e o Agroamigoeste uacuteltimo objeto de estudo do presente trabalho

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 19

23 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo

O Agroamigo3 eacute um programa de microcreacutedito rural do Banco do Nordesteque se propotildee a melhorar o perfil social e econocircmico do agricultor familiar por meioda concessatildeo de financiamento para a aacuterea rural adotando metodologia proacutepria deatendimento Operacionalizado pelo Instituto Nordeste Cidadania (INEC) organizaccedilatildeoda sociedade civil de interesse puacuteblico (Oscip) o Programa iniciou suas operaccedilotildeesem 2005 tendo como fonte de recursos o Fundo Constitucional de Financiamento doNordeste (FNE)

A criaccedilatildeo da metodologia de microcreacutedito rural foi influenciada pelo sucessoda experiecircncia do microcreacutedito urbano do proacuteprio Banco do Nordeste com o ProgramaCrediamigo que inspirou uma accedilatildeo similar apropriada nas comunidades rurais Satildeoobjetivos do programa aumentar a renda familiar criar empregos no meio ruralaumentar a oferta de alimentos para a populaccedilatildeo do campo e das cidades e melhorar aqualidade de vida da populaccedilatildeo rural (MATOS MACAMBIRA CACCIAMALI 2014)

O Agroamigo atua na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel integrandoas vertentes i) social ao promover a inclusatildeo no mercado de creacutedito e possibilitar oresgate agrave cidadania ii) econocircmica ao proporcionar via creacutedito a geraccedilatildeo de rendapara sustento da unidade familiar e iii) ambiental ao estimular a exploraccedilatildeo doempreendimento de forma sustentaacutevel (MACIEL et al 2009)

O Programa possui como puacuteblico-alvo agricultores familiares que se enquadramno Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF assimclassificados

bull Agroamigo Crescer com financiamentos de ateacute R$ 4 mil eacute voltado para agricul-tores familiares que se enquadrem no grupo B do PRONAF ou seja beneficiaacuteriosque possuam renda bruta familiar nos uacuteltimos 12 meses de produccedilatildeo normalque antecedem a solicitaccedilatildeo da DAP4 natildeo superior a R$2000000 (BCB 2016)

bull Agroamigo Mais com financiamentos de ateacute R$ 15 mil eacute voltado para agriculto-res familiares que obtenham renda bruta anual de ateacute R$ 360 mil e se enquadremno PRONAF V (renda variaacutevel)

Segundo Neri (2012) nos grupos atendidos pelo Agroamigo incluem-se todos osque exploram parcela de terra tanto na condiccedilatildeo de proprietaacuterio posseiro arrendataacuterio3 Disponiacutevel em lthttpwwwbnbgovbrhistoricogt Acesso em 10 de janeiro de 20174 De acordo com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agraacuterio a

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP)eacute o documento de identificaccedilatildeo da agricultura familiar e pode ser obtido tanto pelo agricultor ouagricultora familiar (pessoa fiacutesica) quanto por empreendimentos familiares rurais como associaccedilotildeescooperativas agroinduacutestrias (pessoa juriacutedica)

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 20

quanto parceiro que residam na propriedade rural ou em local proacuteximo e obtenham nomiacutenimo 50 da renda familiar da exploraccedilatildeo do estabelecimento rural Os agricultoresclientes do Agroamigo podem desenvolver qualquer atividade seja agriacutecola pecuaacuteriaoutras atividades natildeo agropecuaacuterias no meio rural que gere renda no campo ou nasproximidades urbanas como agroinduacutestria pesca turismo rural serviccedilos no meiorural e artesanato

Dessa forma o Agroamigo resulta da prioridade dada pelo Banco do Nordesteao apoio aos agricultores familiares em reconhecimento agrave importacircncia econocircmica esocial deste segmento

24 Agricultura familiar

Embora a globalizaccedilatildeo e a pressatildeo pela competitividade tenham obrigadoa agricultura evoluir a maioria das fazendas no mundo ainda eacute familiar e estapredominacircncia eacute esmagadora natildeo apenas nos paiacuteses subdesenvolvidos mas tambeacutemnos paiacuteses desenvolvidos (MORENO-PeacuteREZ LOBLEY 2015)

Estudos como os de Brookfield (2008) Carlson (2008) Duumlrr (2016) Barry (2015)e Strange (1988) assinalam um crescente interesse por essa configuraccedilatildeo produtivana medida em que os resultados encontrados sugerem que a agricultura familiarcontribui para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses o que tem desafiadoos governos a implementarem poliacuteticas puacuteblicas voltadas para este segmento

Especificamente em se tratando da agricultura familiar no Brasil houve umcrescente interesse por este segmento a partir da deacutecada de 90 Algumas pesqui-sas se tornaram marcos nos estudos rurais brasileiros tais como Abramovay (2007)Kageyama e Bergamasgo (1990) e Veiga (2012) cujos trabalhos apontam a impor-tacircncia deste setor na histoacuteria do Brasil e do mundo descrevendo a evoluccedilatildeo que odesenvolvimento agriacutecola experimentou desde o poacutes-guerra

Um outro trabalho de destaque no campo da agricultura familiar eacute o relatoacuteriopublicado em 1994 pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Agricultura e Ali-mentaccedilatildeo (FAO) em conjunto com o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e ReformaAgraacuteria (INCRA) cujo objetivo principal foi estabelecer as diretrizes para um ldquomodelode desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Sendo assim historicamente a atividade agriacutecolatem apresentado expressiva relevacircncia na economia brasileira na medida em queproporciona desenvolvimento social e econocircmico por meio de geraccedilatildeo de emprego erenda (FURTADO 1980 PRADO JUacuteNIOR 1977)

De acordo com Franccedila Grossi e Marques (2009) o Censo Agropecuaacuterio de 2006identificou que do total de estabelecimentos agropecuaacuterios no Brasil 4367902 eram de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 21

agricultores familiares representando 844 dos estabelecimentos brasileiros sendoque a metade deles estava no Nordeste Este contingente de agricultores familiaresocupava uma aacuterea de 8025 milhotildees de hectares representando 243 da aacuterea ocupadapelos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros demonstrando que o Brasil possuiacuteauma estrutura agraacuteria concentrada

Guilhoto et al (2007) afirmam que o segmento familiar da agropecuaacuteria brasileirae as cadeias produtivas a ela interligadas responderam em 2005 por 90 do PIBbrasileiro e considerando que o agronegoacutecio nacional foi responsaacutevel por 279 doPIB no referido ano fica evidente a importacircncia da agricultura familiar na geraccedilatildeo deriqueza do paiacutes A Tabela 1 a seguir mostra a participaccedilatildeo do agronegoacutecio familiar epatronal do Brasil e Nordeste no PIB Total brasileiro nos anos de 2002 a 2004

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste

Unidades Federativas 2002 2003 2004

PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

Brasil 925 1961 1007 2052 960 2030Alagoas 901 2752 822 2836 1046 2391

Bahia 1073 2085 1179 2098 1063 2124Cearaacute 1357 1411 1423 1337 1226 1319

Maranhatildeo 1667 1757 1635 1886 1566 1676Paraiacuteba 1684 2282 1944 2216 1722 2282

Pernambuco 759 1631 834 1773 749 1606Piauiacute 1625 1486 1516 1629 1377 1537

Rio Grande do Norte 1118 1881 1249 1878 1085 1841Sergipe 1063 1197 1126 1136 908 1134

Fonte Adaptado de Guilhoto et al 2007

Guanziroli et al (2001) e Aquino e Teixeira (2005) afirmam que para haverum desempenho econocircmico viaacutevel dessa atividade eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo deassistecircncia teacutecnica e poliacuteticas puacuteblicas adequadas

Portanto as poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar devem levarem consideraccedilatildeo as especificidades deste setor de modo a permitir que a pequenaproduccedilatildeo agropecuaacuteria familiar reduza o fluxo de trabalhadores do campo para acidade gere emprego e renda e contribua para o desenvolvimento local e regionalde forma sustentaacutevel E o microcreacutedito tem se destacado como uma ferramenta defomento da agricultura familiar haja vista a dificuldade na aquisiccedilatildeo de creacutedito formalser frequentemente argumentada como uma das restriccedilotildees agrave expansatildeo da capacidadeprodutiva dos pequenos agricultores

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

41

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

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Orientaccedilatildeo Liedje Bettizaide Oliveira de Siqueira Coorientaccedilatildeo Aleacutessio Tony Cavalcanti de Almeida Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - UFPBCCSA

1 Microcreacutedito rural - Agroamigo 2 Produccedilatildeo agropecuaacuteria - Municiacutepios nordestinos 3 Agricultura familiar I Siqueira Liedje Bettizaide Oliveira de II Almeida Aleacutessio Tony Cavalcanti de III Tiacutetulo

UFPBBC

Catalogaccedilatildeo na publicaccedilatildeoSeccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo e Classificaccedilatildeo

ldquoPor vezes sentimos que aquilo que fazemosnatildeo eacute senatildeo uma gota de aacutegua no mar Mas o

mar seria menor se lhe faltasse uma gotardquo(Madre Teresa de Calcutaacute)

Agradecimentos

Primeiramente a Deus sempre presente na minha vida Aos meus pais por todo oapoio e incentivo por ter cuidado da minha princesa nos meus longos periacuteodos deausecircncia Sem vocecircs eu natildeo teria conseguido chegar ateacute aqui

A meu esposo Thiago Fernandes e meus filhos Gabriel e Sofia por serem tatildeo impor-tantes na minha vida Apesar dos momentos difiacuteceis sempre me fizeram acreditar queera possiacutevel realizar esse sonho

Aos meus amigos Severino Augusto (Bill) e Tatiana Pontual (Taty) por terem com-partilhado comigo toda essa fase da minha vida Muitas noites de estudos muitasmadrugadas na Universidade mas principalmente ombros amigos sempre presentesnas horas que eu pensava em sucumbir

Ao professor Aleacutessio Tony Cavalcanti de Almeida que sempre disposto a ajudarpacientemente mostrou-me o caminho que eu precisava trilhar para concluir essetrabalho

Agrave minha orientadora Liedje Siqueira por ter aceito o desafio desta orientaccedilatildeo peloapoio atenccedilatildeo confianccedila e oportunidade de trabalhar ao seu lado

Ao professor Ignaacutecio Tavares pelas valiosas contribuiccedilotildees para finalizaccedilatildeo destadissertaccedilatildeo

Ao Tribunal de Contas do Estado da Paraiacuteba e agrave Universidade Federal da Paraiacuteba cujaparceria viabilizou a criaccedilatildeo deste mestrado profissional

Agrave professora Maria da Conceiccedilatildeo Sampaio de Sousa que com exemplos simples e docotidiano conseguia transmitir assuntos muitas vezes complexos para os alunos docurso

Aos meus colegas do curso pelas experiecircncias e desafios compartilhados muitas vezesangustiantes desde a seleccedilatildeo do mestrado ateacute a entrega da dissertaccedilatildeo Somos todosvitoriosos

A todos os professores e funcionaacuterios do MESP que de alguma forma contribuiacuterampara minha formaccedilatildeo

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre ovalor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigono periacuteodo de 2005 a 2015 levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios ao Programa Para tanto foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) com controle para efeito fixo A partir das anaacutelisesrealizadas foi possiacutevel identificar que o microcreacutedito rural produziu um efeito positivoembora muito pequeno de 010 para seis anos de exposiccedilatildeo e apenas no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e no conjunto total da produccedilatildeo agropecuaacuteria natildeoforam identificadas relaccedilotildees positivas entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa e oaumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios cobertos pelo Agroamigo O estudotambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir um volume consideraacutevel derecursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiares o valor do investimentoque retorna para sociedade ainda eacute muito baixo Os resultados encontrados natildeoapresentaram indiacutecios de que o Programa de microcreacutedito rural Agroamigo seja capazde gerar uma mudanccedila expressiva na dimensatildeo econocircmica Desse modo muitos satildeoos desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacutedito rural comouma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteriade forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Palavras-chave Microcreacutedito rural Agroamigo Agricultura familiar Valor daProduccedilatildeo Nordeste

Abstract

The purpose of this study was to analyze the effect of rural microcredit on the valueof agricultural production in the municipalities of Northeastern Brazil assisted byAgroamigo from 2005 to 2015 considering the volume of resources and the time ofexposure of municipalities to the Program For that was used the Differences inDifferences (Dd) method with control for fixed effect Based on the analysis it waspossible to identify that rural microcredit had a positive although very small of 010 for six years of exposure and effect only on the value of livestock production Inagriculture and in the total set of agricultural production no positive relationshipwas identified between the time of exposure to the Program and the increase inthe production value of the municipalities covered by Agroamigo The study alsopresented evidence that although there is a considerable amount of resources directedto the production of family farmers the value of the investment that returns to societyis still very low The results showed no evidence that the rural microcredit programAgroamigo is capable of generating a significant change in the economic dimensionwith regard to family agriculture Thus many challenges and advances are beingfaced to consolidate rural microcredit as a tool that contributes effectively to increasingagricultural production in a sustainable way specifically in the Northeast of Brazil

Keywords Rural microcredit Agroamigo Program Family farming Value of Produc-tion Northeast

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste 21Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015 23Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste 27Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo 32Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria 33Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo total (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 34Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo agriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 35Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo pecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 36Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria 38

Lista de ilustraccedilotildees

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano 28Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil 29Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de ativi-

dade 30Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio 31

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 1421 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito 1422 Microcreacutedito no Brasil 1723 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo 1924 Agricultura familiar 20

3 DADOS E VARIAacuteVEIS 22

4 ESTRATEacuteGIA EMPIacuteRICA 25

5 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 28

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 41

11

1 Introduccedilatildeo

Nas uacuteltimas trecircs deacutecadas governos do mundo todo tecircm implementado accedilotildeespara reduzir a pobreza e ajudar famiacutelias a saiacuterem da pobreza extrema Nesse sentido omicrocreacutedito tem sido apontado por pesquisadores e formuladores de poliacuteticas puacuteblicascomo importante ferramenta de desenvolvimento social e econocircmico Diversos estudoscomo Banerjee e Duflo (2011) Chen e Snodgrass (2001) Goldberg (2005) Hermes eLensink (2007) Hollis e Sweetman (1998) Hossain (1988) Jayne et al (2016) KhandkerBaqui e Khan (1995) Koloma e Aila (2014) Li Gan e Hu (2011) Lipton (2009) Pitt eKhandker (1998) tecircm examinado o potencial do microcreacutedito na melhoria das condiccedilotildeesde vida dos seus beneficiaacuterios na inclusatildeo financeira e no fortalecimento da produccedilatildeoagriacutecola de quem faz uso dessa modalidade de creacutedito

Segundo Reed (2015) o microcreacutedito tem apresentado nuacutemeros expressivosem escala global em termos de atendimento e concessatildeo de creacutedito Em 1997 dos13 milhotildees de beneficiados 8 milhotildees eram pobres ou viviam abaixo da linha dapobreza Em 2013 o microcreacutedito beneficiou 211 milhotildees de clientes sendo que 114milhotildees viviam na pobreza extrema Molineus (2015) aponta que ao longo das uacuteltimasduas deacutecadas o microcreacutedito movimentou um volume de recursos entre $60 e $100bilhotildees de doacutelares possuindo cerca de 200 milhotildees de clientes e com perspectiva decrescimento para os proacuteximos anos

Dados do Banco Mundial (2008) apontam que nos paiacuteses em desenvolvimento75 das pessoas de baixa renda vivem em aacutereas rurais e a maioria depende diretaou indiretamente da agricultura para sua subsistecircncia Cerca de 86 da populaccedilatildeorural do mundo (25 bilhotildees de pessoas) depende da agricultura e esta por sua vezgera emprego para 13 bilhotildees de pequenos produtores e trabalhadores sem-terraDessa forma de acordo com o Banco Mundial (2008) em pleno seacuteculo XXI a produccedilatildeoagriacutecola ainda desempenha um papel fundamental para o desenvolvimento sustentaacutevele a reduccedilatildeo da pobreza e fome mundiais e dessa forma a concessatildeo do microcreacuteditoaos pequenos produtores rurais tambeacutem se apresenta como uma importante ferramentade poliacutetica puacuteblica que proporciona aumento da capacidade produtiva e fortalecimentoda agricultura

Diversos estudos na literatura internacional tecircm buscado mostrar a influecircncia domicrocreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola de pequeno porte tais como Alam (1988) Akwaa-Sekyi (2013) Alwang e Siegel (2003) Ashaolu et al (2011) Dong Lu e Featherstone(2010) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Lowder Skoet e Singh (2014)Shah et al (2015) Sharmeen e Chowdhury (2013) Sulemana e Adjei (2015)

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 12

No Brasil as primeiras experiecircncias relacionadas ao microcreacutedito remontam adeacutecada de 1970 e em anos mais recentes estatildeo sendo orientadas pela Lei no 111102011que estabeleceu o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO)voltado para incentivar as atividades produtivas de pequeno porte estimulandoemprego e renda desse setor De acordo com Sistema de Informaccedilotildees de Creacutedito doBanco Central do Brasil (BCB) ateacute dezembro de 2013 a carteira total de microcreacuteditoregistrou um volume de R$ 53 bilhotildees referentes a 31 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito(BCB 2015)

Estudos brasileiros referentes ao efeito do microcreacutedito na agricultura familiarde diferentes tipos de pesquisa quanto agrave abordagem e procedimentos como os deAbramovay et al (2013) Batista e Neder (2014) Capobiango et al (2012) Garcia Castroe Teixeira (2008) Gazolla e Schneider (2013) Kageyama (2003) Mattei (2005 2006)Pereira e Nascimento (2014) Silva e Filho (2009) apresentaram resultados positivosreforccedilando a ideia de que o acesso ao creacutedito rural eacute capaz de estimular a produccedilatildeoagriacutecola de pequeno porte

Dessa forma o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) maior instituiccedilatildeo financeirada Ameacuterica Latina voltada ao desenvolvimento regional e oacutergatildeo executor de poliacuteticaspuacuteblicas examinou experiecircncias de sucesso de microcreacutedito em alguns paiacuteses asiaacuteticose latino-americanos e como resultado verificou que poderia ser desenvolvida umametodologia especiacutefica de microcreacutedito no meio rural para fomentar a geraccedilatildeo derenda e ocupaccedilatildeo das camadas mais carentes Assim foi criado em 2005 o ProgramaAgroamigo que tem como accedilatildeo expandir o atendimento aos agricultores familiaresde pequeno porte mediante a concessatildeo de microcreacutedito produtivo rural e orientado(BNB 2016)

Nesse contexto o presente estudo analisa o papel do microcreacutedito rural sobre ovalor da produccedilatildeo agropecuaacuteria nos municiacutepios nordestinos atendidos pelo ProgramaAgroamigo Para o cumprimento deste objetivo satildeo estabelecidas e analisadas variaacuteveisque tenham relaccedilatildeo de causa e efeito entre o Agroamigo e a produccedilatildeo agropecuaacuteriabem como verificada a evoluccedilatildeo do tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios ao Programa edo volume de recursos recebidos no periacuteodo de 2005 a 2015

A hipoacutetese testada neste trabalho como a defendida por Abramovay et al (2013)eacute de que os municiacutepios que recebem mais recursos contabilizados a partir da somados empreacutestimos individuais fornecidos dentro do Programa Agroamigo e que estatildeoexpostos 1 ao Programa por mais tempo conseguem obter um aumento no valor dasua produccedilatildeo agropecuaacuteria A ideia eacute que os empreacutestimos possibilitam aos agricultoresfamiliares obter um aumento no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria na medida em1 O tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio eacute contado pela quantidade de anos em que o municiacutepio

apresentou pelo menos um contrato de adesatildeo de algum produtor local ao Programa Agroamigo

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 13

que permite investimentos em novas variedades de culturas de melhor rendimentoaquisiccedilatildeo de rebanhos para produccedilatildeo de carne e leite e o acesso a tecnologias maissustentaacuteveis que melhoram seus processos produtivos e seus niacuteveis de produccedilatildeotornando-os mais competitivos O acesso ao microcreacutedito tambeacutem permite que ospequenos agricultores recebam assistecircncia teacutecnica das instituiccedilotildees financeiras e comisso fortaleccedilam as atividades econocircmicas desenvolvidas refletindo consequentementena melhoria da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios

Natildeo obstante existem alguns trabalhos que destacam resultados negativosquanto ao efeito do microcreacutedito como os de Banerjee Karlan e Zinman (2015)Bateman e Chang (2012) Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher(2007) Hulme e Mosle (1996) e Morduch (1998)

A importacircncia desse trabalho reside na existecircncia de poliacuteticas puacuteblicas 2 voltadasagrave agricultura familiar no Brasil que movimentam um grande volume de recursos cercade 30 bihotildees de reais para as safras de 2017 a 2020 (MDA 2017) e sendo assimeacute preciso verificar se de fato estaacute havendo retorno nos recursos aplicados no setorespecificamente no que se refere ao Programa Agroamigo

Aleacutem disso a necessidade em estudar o microcreacutedito voltado agrave agriculturafamiliar deve-se ao fato dessa configuraccedilatildeo produtiva possuir diversas funccedilotildees quevatildeo desde a sustentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do homem no campo ateacute a importacircncia do seupapel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo de forma significativapara o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses

Ademais de acordo com Guilhoto et al (2007) apesar da heterogeneidade exis-tente no segmento da agricultura familiar no Brasil este eacute responsaacutevel por importanteparcela da produccedilatildeo agropecuaacuteria contribuindo de forma significativa na geraccedilatildeo deriquezartacircncia do seu papel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo deforma significativa para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses Ademaisdo paiacutes

Seguida desta parte introdutoacuteria a seccedilatildeo 2 apresenta a revisatildeo da literaturaA terceira seccedilatildeo descreve os dados utilizados bem como as variaacuteveis selecionadasA seccedilatildeo 4 detalha a estrateacutegia empiacuterica necessaacuteria ao desenvolvimento do trabalhodiscorrendo sobre os modelos adotados para avaliar o efeito do programa objeto dopresente estudo A seccedilatildeo 5 apresenta os resultados encontrados e por uacuteltimo na sextaparte satildeo feitas as consideraccedilotildees finais

2 No Brasil existem diversas poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar como o PronafAssistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural (ATER) Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos (PAA) ProgramaNacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) etc

14

2 Revisatildeo da Literatura

21 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito

O grande marco histoacuterico que serviu de modelo para difundir o microcreacuteditoocorreu em Bangladesh na deacutecada de 70 de uma experiecircncia iniciada pelo economistaMuhammad Yunus fundador do Grameen Bank e ganhador do Precircmio Nobel da Pazem 2006 A ideia defendida abertamente por Yunus (2001) eacute a do microcreacutedito ser umprograma de mudanccedila social que permite aos mais pobres exercerem suas habilidadese sua capacidade de produzir

Da experiecircncia do Grameen Bank aos dias atuais o ritmo de expansatildeo e aabrangecircncia alcanccedilada pelo microcreacutedito tem despertado o interesse de profissionais eteoacutericos do mundo todo Considerado um elemento importante na reduccedilatildeo de pobrezae melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos o microcreacutedito tem se apresentadocomo uma forma de alavancar e fortalecer as atividades de uma parte da populaccedilatildeoque foi excluiacuteda do sistema financeiro tradicional fomentando o desenvolvimentoeconocircmico e social Segundo Yunus e Jolis (2000) o microcreacutedito visa garantir finan-ciamento adequado aos indiviacuteduos que trabalham em aacutereas rurais melhorando acapacidade produtiva o padratildeo e as condiccedilotildees de vida em geral Seu objetivo eacute permi-tir aos mais desfavorecidos condiccedilotildees de terem uma vida digna e autossustentaacutevel pormeio da concessatildeo de pequenos empreacutestimos

De acordo com Barone et al (2002) Monzoni (2008) Soares e Sobrinho (2007)Osmani e Mahmud (2015) Quayes e Khalily (2014) o microcreacutedito eacute a concessatildeode empreacutestimos de baixo valor a indiviacuteduos e pequenos empreendedores informaisque natildeo possuem acesso formal ao sistema financeiro tradicional e diferencia-se dosdemais tipos de empreacutestimo primordialmente em funccedilatildeo da metodologia utilizadaPara Abramovay et al (2013) Maciel et al (2009) e Yunus e Jolis (2000) o microcreacuteditoassume-se como um instrumento de combate agrave pobreza e melhora das condiccedilotildees devida dos indiviacuteduos

Goldberg (2005) afirma que grande parte dos estudos iniciais sobre impacto domicrocreacutedito apresenta resultado positivo na pobreza e renda dos seus beneficiaacuteriosUm dos primeiros estudos abrangentes de impacto foi realizado por Hossain (1988p10) apontando que ldquoa renda familiar meacutedia dos tomadores de microcreacutedito junto aoGrameen era 43 superior agrave dos natildeo tomadores de microcreacutedito sendo as maioresdiferenccedilas no estrato de menor rendardquo

Trabalhos como os de Khandker Baqui e Khan (1995) McKernan (2002) e Pitt e

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 15

Khandker (1998) demonstraram que embora o efeito seja positivo a magnitude doimpacto do microcreacutedito sobre a oferta de trabalho as despesas os bens adquiridos aescolaridade das crianccedilas a fertilidade o uso de contraceptivos e os lucros do trabalhodepende do sexo do participante do programa de creacutedito Hermes e Lensink (2007)e Khandker (2005) tambeacutem realizaram estudos sobre o microcreacutedito e elencaram osefeitos positivos desta poliacutetica dentre eles o aumento da renda familiar e dos bens dasmulheres a melhoria da escolaridade dos filhos a superaccedilatildeo da linha da pobreza e odesenvolvimento local

O microcreacutedito sob a perspectiva da responsabilidade conjunta e da atuaccedilatildeode grupos solidaacuterios foi analisado nos trabalhos de Ahlin e Townsend (2007) CassarCrowley e Wydick (2007) Karlan (2007) e Wenner (1995) cujos resultados indicaramque o desempenho do reembolso de grupos solidaacuterios melhora quando os grupospossuem regras formais de como seus membros devem se comportar

Os estudos de Hulme e Mosle (1996) apontaram que o crescimento da rendafamiliar dos tomadores de microcreacutedito sempre se apresentava superior ao crescimentode renda das famiacutelias natildeo tomadoras de creacutedito corroborando com os resultados daspesquisas iniciais de Hossain Pesquisas realizadas por Agbola Acupan e Mahmood(2017) Banerjee e Duflo (2011) MkNelly (1998 1999) indicaram que aleacutem do aumentode renda familiar o microcreacutedito proporcionou a melhoria do bem-estar econocircmicopor meio da estabilizaccedilatildeo do consumo da melhoria das condiccedilotildees de moradia e dapropriedade de bens

Sob a perspectiva da intervenccedilatildeo do microcreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola diversostrabalhos foram realizados apresentando diferentes enfoques Alam (1988) investigouo crescimento da produtividade dos agricultores com acesso ao microcreacutedito peloGrameen Bank constatando que pequenos agricultores poderiam melhorar sua produ-tividade alocando parte de suas terras para o cultivo de variedades de alto rendimentoAshaolu et al (2011) realizaram um estudo na Nigeacuteria e concluiacuteram que o aumento noniacutevel de produccedilatildeo agriacutecola na Nigeacuteria ocorreu devido ao fortalecimento financeiro dosagricultores por meio do acesso ao microcreacutedito Akwaa-Sekyi (2013) afirma que omicrocreacutedito contribui para o desenvolvimento agriacutecola especificamente na matildeo deobra empregada capital de giro a produccedilatildeo e a renda dos agricultores

Estudo realizado por Shah et al (2015) na cidade de Mastung no Paquistatildeoconcluiu que o microcreacutedito fornece apoio financeiro aos agricultores contribuindopara o desenvolvimento do setor agriacutecola aumento da produccedilatildeo agriacutecola e conse-quentemente elevaccedilatildeo da renda Trabalho realizado por Sulemana e Adjei (2015) emGhana verificou que o acesso ao microcreacutedito permitiu aos agricultores a adoccedilatildeo deteacutecnicas agriacutecolas mais modernas e uso de sementes de alta produccedilatildeo impactandopositivamente nos niacuteveis de produccedilatildeo De forma semelhante Zeller Diagne e Mataya

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 16

(1998) concluiacuteram que a participaccedilatildeo em um programa de creacutedito agriacutecola possibilita oacesso agrave melhores tecnologias agriacutecolas e de maior rentabilidade elevando a produccedilatildeodo milho e tabaco hiacutebridos no Malawi

Sharmeen e Chowdhury (2013) afirmam que parte do microcreacutedito eacute destinadoaos agricultores pobres para compra de insumos como sementes irrigaccedilatildeo fertilizan-tes e encontraram uma correlaccedilatildeo positiva entre o microcreacutedito agriacutecola e o aumentoda produccedilatildeo em Bangladesh

Embora o microcreacutedito seja tradicionalmente considerado como uma poliacutetica dedesenvolvimento econocircmico e social local fundamental para a superaccedilatildeo da pobrezaa geraccedilatildeo de trabalho e renda e o fomento da produccedilatildeo agropecuaacuteria ainda natildeo existeum consenso no que se refere ao seu efeito na literatura e nas pesquisas internacionaisde impacto Isso porque no final da deacutecada de 90 diversos estudos passaram a criticaros resultados alcanccedilados pelo microcreacutedito

Morduch (1998) questionou a validade e o rigor dos estudos realizados sobre omicrocreacutedito em Bangladesh afirmando natildeo existir evidecircncia estatiacutestica que compro-vasse o aumento no consumo entre os indiviacuteduos que realizavam empreacutestimo por meiodo microcreacutedito em relaccedilatildeo aos que natildeo realizavam De acordo com Bateman e Chang(2012) os efeitos positivos do microcreacutedito satildeo de curto prazo e apenas para algunsindiviacuteduos ldquosortudosrdquo Aleacutem disso se constitui uma poderosa barreira institucional epoliacutetica para o desenvolvimento econocircmico e social sustentaacutevel e tambeacutem agrave reduccedilatildeoda pobreza Coleman (2006) com base em estudo de impacto realizado na Tailacircndiaconcluiu que havia um vieacutes nos resultados do microcreacutedito e que natildeo se poderiaatribuir unicamente a ele a soluccedilatildeo para retirar as pessoas da pobreza

Autores como Hulme e Mosle (1996) Banerjee et al (2015) afirmam nos seusestudos que natildeo encontraram efeitos significativos do microcreacutedito no consumo dasfamiacutelias na educaccedilatildeo na sauacutede ou no empoderamento das mulheres Banerjee Karlane Zinman (2015) compilaram os resultados de seis estudos aleatoacuterios realizados sobre omicrocreacutedito nas aacutereas urbanas e rurais da Boacutesnia Etioacutepia Iacutendia Meacutexico Marrocos eMongoacutelia mostrando que nenhum dos seis estudos encontraram impacto significativona renda familiar dos beneficiaacuterios

Feder et al (1990) afirmam que parte do creacutedito concedido aos produtoreseacute desviada para o consumo fazendo com que o efeito provaacutevel da produccedilatildeo sejamenor do que o esperado Guirkinger e Boucher (2007) sugerem que as restriccedilotildees decreacutedito afetam negativamente a alocaccedilatildeo de recursos prejudicando a produccedilatildeo agriacutecolados pequenos agricultores peruanos Conclusatildeo semelhante eacute encontrada no estudorealizado por Dong Lu e Featherstone (2010) na China Para Armendariz e Morduch(2005) ainda existe uma seacuterie de questionamentos sobre o efeito do microcreacutedito quenatildeo foram amplamente pesquisados e explicados

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 17

O Brasil natildeo alheio agrave essa temaacutetica tem estimulado a concessatildeo de operaccedilotildees demicrocreacutedito com intuito de melhorar a situaccedilatildeo da populaccedilatildeo mais pobre de reduziras desigualdades sociais existentes e de promover o desenvolvimento sustentaacutevel daagricultura familiar

22 Microcreacutedito no Brasil

Monzoni (2008) aponta que a experiecircncia pioneira de microcreacutedito no Brasilocorreu no contexto das atividades da Uniatildeo Nordestina de Assistecircncia a PequenasOrganizaccedilotildees (UNO) entidade criada em 1973 com o objetivo de apoiar micro epequenos empreendimentos da Regiatildeo Nordeste

Segundo Maciel et al (2009) na deacutecada de 1980 outras iniciativas voltadas aomicrocreacutedito surgiram no paiacutes em 1982 foi criado o Banco da Mulher em 1986 foramcriados o Banco do Microcreacutedito no Paranaacute e o PROMICRO no Distrito FederalJaacute em 1987 a partir da experiecircncia da Accioacuten Internacional e de organizaccedilotildees natildeo-governamentais colombianas a metodologia dos grupos solidaacuterios que utiliza o avalsolidaacuterio foi replicada no Brasil com a criaccedilatildeo do Centro de Apoio aos PequenosEmpreendimentos Ana Terra (CeapeRS) instituiacuteda sob a forma de organizaccedilatildeo natildeogovernamental e considerada a primeira organizaccedilatildeo a introduzir no Brasil elementosque predominam na tecnologia do microcreacutedito quais sejam agente de creacuteditogarantia solidaacuteria prazos curtos e valores crescentes (CAMAROTTI SPINK 2002)

De acordo com Monzoni (2008) na deacutecada de 1990 houve o surgimento doProacute Renda no Cearaacute (1990) o Balcatildeo de Ferramentas (1991) da Caixa EconocircmicaFederal o Banco da Providecircncia (1994) no Rio de Janeiro e o Portosol (1995) no RioGrande do Sul Zouain e Barone (2007) apontam que em 1995 foi criado o ProgramaComunidade Solidaacuteria para enfrentamento da fome e da miseacuteria por meio de acessoao creacutedito natildeo como poliacutetica isolada mas dentro de um contexto de desenvolvimentolocal integrado e sustentado Em 1998 foi implantado o Banco do Povo Paulista emSatildeo Paulo (SOARES SOBRINHO 2007)

Matos Macambira e Cacciamali (2014) afirmam que somente no final da deacutecadade 1990 a atividade de microcreacutedito difundiu-se no Brasil e os principais fatores quegarantiram essa expansatildeo foram

bull as de alteraccedilotildees no marco regulatoacuterio brasileiro que proporcionou a regula-mentaccedilatildeo de novas figuras institucionais autorizadas a atuar na atividade demicrocreacutedito

bull a implantaccedilatildeo do Programa Crediamigo pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB)em 1997 que incorporou praacuteticas de operacionalizaccedilatildeo tiacutepicas da atividade de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 18

microcreacutedito dentre as quais formaccedilatildeo de grupos solidaacuterios foco na atividadeprodutiva informal progressividade de concessatildeo entre outros

bull aportes de recursos por parte do poder puacuteblico a instituiccedilotildees de microcreacuteditofundamentalmente por meio da atuaccedilatildeo do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconocircmico e Social (BNDES)

Em 2005 foi estabelecido o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) criado pela Medida Provisoacuteria no 226 de 29 de novembro de2004 que foi convertida na Lei no 11110 de 25 de abril de 2005 De acordo comValentin e Serra (2012) o PNMPO foi o resultado de mais de 30 anos de iniciativasinovadoras de oferta de creacutedito popular por parte de OSCIPS ONGs e sociedadescivis organizadas e possui como objetivo principal a oferta de creacutedito exclusivo amicroempreendedores populares com acompanhamento teacutecnico local

Conforme a referida lei considera-se microcreacutedito produtivo orientado o creacute-dito concedido para o atendimento das necessidades financeiras de pessoas fiacutesicase juriacutedicas empreendedoras que realizem atividades produtivas de pequeno porteutilizando metodologia baseada no relacionamento direto com os empreendedores nolocal onde eacute executada a atividade econocircmica (BRASIL 2005)

No Brasil vaacuterios trabalhos empiacutericos foram realizados sobre o microcreacuteditosob diferentes enfoques tais como Batista e Neder (2014)B Moraes (2010) e GonzalezRighetti e DiSerio (2014) que enfatizaram a importacircncia do microcreacutedito na renda dosbeneficiaacuterios Maia e Pinto (2015) destacou o papel do microcreacutedito no desempenho doPronaf B Oliveira Almeida e Taques (2015) que analisaram o grau de concentraccedilatildeo eniacutevel de aderecircncia dos recursos da carteira de financiamento do programa Baiardi et al(2015) Moreira Silveira e Motter (2014) que investigaram a percepccedilatildeo do beneficiaacuteriosdo programa

Embora vaacuterios programas de microcreacutedito tenham sido implantados no Brasilao longo das uacuteltimas deacutecadas os que tiveram maior expansatildeo e adensamento foramos implementados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) Considerada uma dasinstituiccedilotildees que mais se destaca com o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) o BNB eacute um banco puacuteblico federal que desde 1998 concedeempreacutestimos a empreendedores de baixa renda com o objetivo de fortalecer e im-pulsionar o desenvolvimento de pequenos negoacutecios tanto no meio rural quanto nourbano trabalhando com duas linhas de microcreacutedito o Crediamigo e o Agroamigoeste uacuteltimo objeto de estudo do presente trabalho

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 19

23 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo

O Agroamigo3 eacute um programa de microcreacutedito rural do Banco do Nordesteque se propotildee a melhorar o perfil social e econocircmico do agricultor familiar por meioda concessatildeo de financiamento para a aacuterea rural adotando metodologia proacutepria deatendimento Operacionalizado pelo Instituto Nordeste Cidadania (INEC) organizaccedilatildeoda sociedade civil de interesse puacuteblico (Oscip) o Programa iniciou suas operaccedilotildeesem 2005 tendo como fonte de recursos o Fundo Constitucional de Financiamento doNordeste (FNE)

A criaccedilatildeo da metodologia de microcreacutedito rural foi influenciada pelo sucessoda experiecircncia do microcreacutedito urbano do proacuteprio Banco do Nordeste com o ProgramaCrediamigo que inspirou uma accedilatildeo similar apropriada nas comunidades rurais Satildeoobjetivos do programa aumentar a renda familiar criar empregos no meio ruralaumentar a oferta de alimentos para a populaccedilatildeo do campo e das cidades e melhorar aqualidade de vida da populaccedilatildeo rural (MATOS MACAMBIRA CACCIAMALI 2014)

O Agroamigo atua na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel integrandoas vertentes i) social ao promover a inclusatildeo no mercado de creacutedito e possibilitar oresgate agrave cidadania ii) econocircmica ao proporcionar via creacutedito a geraccedilatildeo de rendapara sustento da unidade familiar e iii) ambiental ao estimular a exploraccedilatildeo doempreendimento de forma sustentaacutevel (MACIEL et al 2009)

O Programa possui como puacuteblico-alvo agricultores familiares que se enquadramno Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF assimclassificados

bull Agroamigo Crescer com financiamentos de ateacute R$ 4 mil eacute voltado para agricul-tores familiares que se enquadrem no grupo B do PRONAF ou seja beneficiaacuteriosque possuam renda bruta familiar nos uacuteltimos 12 meses de produccedilatildeo normalque antecedem a solicitaccedilatildeo da DAP4 natildeo superior a R$2000000 (BCB 2016)

bull Agroamigo Mais com financiamentos de ateacute R$ 15 mil eacute voltado para agriculto-res familiares que obtenham renda bruta anual de ateacute R$ 360 mil e se enquadremno PRONAF V (renda variaacutevel)

Segundo Neri (2012) nos grupos atendidos pelo Agroamigo incluem-se todos osque exploram parcela de terra tanto na condiccedilatildeo de proprietaacuterio posseiro arrendataacuterio3 Disponiacutevel em lthttpwwwbnbgovbrhistoricogt Acesso em 10 de janeiro de 20174 De acordo com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agraacuterio a

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP)eacute o documento de identificaccedilatildeo da agricultura familiar e pode ser obtido tanto pelo agricultor ouagricultora familiar (pessoa fiacutesica) quanto por empreendimentos familiares rurais como associaccedilotildeescooperativas agroinduacutestrias (pessoa juriacutedica)

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 20

quanto parceiro que residam na propriedade rural ou em local proacuteximo e obtenham nomiacutenimo 50 da renda familiar da exploraccedilatildeo do estabelecimento rural Os agricultoresclientes do Agroamigo podem desenvolver qualquer atividade seja agriacutecola pecuaacuteriaoutras atividades natildeo agropecuaacuterias no meio rural que gere renda no campo ou nasproximidades urbanas como agroinduacutestria pesca turismo rural serviccedilos no meiorural e artesanato

Dessa forma o Agroamigo resulta da prioridade dada pelo Banco do Nordesteao apoio aos agricultores familiares em reconhecimento agrave importacircncia econocircmica esocial deste segmento

24 Agricultura familiar

Embora a globalizaccedilatildeo e a pressatildeo pela competitividade tenham obrigadoa agricultura evoluir a maioria das fazendas no mundo ainda eacute familiar e estapredominacircncia eacute esmagadora natildeo apenas nos paiacuteses subdesenvolvidos mas tambeacutemnos paiacuteses desenvolvidos (MORENO-PeacuteREZ LOBLEY 2015)

Estudos como os de Brookfield (2008) Carlson (2008) Duumlrr (2016) Barry (2015)e Strange (1988) assinalam um crescente interesse por essa configuraccedilatildeo produtivana medida em que os resultados encontrados sugerem que a agricultura familiarcontribui para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses o que tem desafiadoos governos a implementarem poliacuteticas puacuteblicas voltadas para este segmento

Especificamente em se tratando da agricultura familiar no Brasil houve umcrescente interesse por este segmento a partir da deacutecada de 90 Algumas pesqui-sas se tornaram marcos nos estudos rurais brasileiros tais como Abramovay (2007)Kageyama e Bergamasgo (1990) e Veiga (2012) cujos trabalhos apontam a impor-tacircncia deste setor na histoacuteria do Brasil e do mundo descrevendo a evoluccedilatildeo que odesenvolvimento agriacutecola experimentou desde o poacutes-guerra

Um outro trabalho de destaque no campo da agricultura familiar eacute o relatoacuteriopublicado em 1994 pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Agricultura e Ali-mentaccedilatildeo (FAO) em conjunto com o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e ReformaAgraacuteria (INCRA) cujo objetivo principal foi estabelecer as diretrizes para um ldquomodelode desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Sendo assim historicamente a atividade agriacutecolatem apresentado expressiva relevacircncia na economia brasileira na medida em queproporciona desenvolvimento social e econocircmico por meio de geraccedilatildeo de emprego erenda (FURTADO 1980 PRADO JUacuteNIOR 1977)

De acordo com Franccedila Grossi e Marques (2009) o Censo Agropecuaacuterio de 2006identificou que do total de estabelecimentos agropecuaacuterios no Brasil 4367902 eram de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 21

agricultores familiares representando 844 dos estabelecimentos brasileiros sendoque a metade deles estava no Nordeste Este contingente de agricultores familiaresocupava uma aacuterea de 8025 milhotildees de hectares representando 243 da aacuterea ocupadapelos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros demonstrando que o Brasil possuiacuteauma estrutura agraacuteria concentrada

Guilhoto et al (2007) afirmam que o segmento familiar da agropecuaacuteria brasileirae as cadeias produtivas a ela interligadas responderam em 2005 por 90 do PIBbrasileiro e considerando que o agronegoacutecio nacional foi responsaacutevel por 279 doPIB no referido ano fica evidente a importacircncia da agricultura familiar na geraccedilatildeo deriqueza do paiacutes A Tabela 1 a seguir mostra a participaccedilatildeo do agronegoacutecio familiar epatronal do Brasil e Nordeste no PIB Total brasileiro nos anos de 2002 a 2004

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste

Unidades Federativas 2002 2003 2004

PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

Brasil 925 1961 1007 2052 960 2030Alagoas 901 2752 822 2836 1046 2391

Bahia 1073 2085 1179 2098 1063 2124Cearaacute 1357 1411 1423 1337 1226 1319

Maranhatildeo 1667 1757 1635 1886 1566 1676Paraiacuteba 1684 2282 1944 2216 1722 2282

Pernambuco 759 1631 834 1773 749 1606Piauiacute 1625 1486 1516 1629 1377 1537

Rio Grande do Norte 1118 1881 1249 1878 1085 1841Sergipe 1063 1197 1126 1136 908 1134

Fonte Adaptado de Guilhoto et al 2007

Guanziroli et al (2001) e Aquino e Teixeira (2005) afirmam que para haverum desempenho econocircmico viaacutevel dessa atividade eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo deassistecircncia teacutecnica e poliacuteticas puacuteblicas adequadas

Portanto as poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar devem levarem consideraccedilatildeo as especificidades deste setor de modo a permitir que a pequenaproduccedilatildeo agropecuaacuteria familiar reduza o fluxo de trabalhadores do campo para acidade gere emprego e renda e contribua para o desenvolvimento local e regionalde forma sustentaacutevel E o microcreacutedito tem se destacado como uma ferramenta defomento da agricultura familiar haja vista a dificuldade na aquisiccedilatildeo de creacutedito formalser frequentemente argumentada como uma das restriccedilotildees agrave expansatildeo da capacidadeprodutiva dos pequenos agricultores

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

ldquoPor vezes sentimos que aquilo que fazemosnatildeo eacute senatildeo uma gota de aacutegua no mar Mas o

mar seria menor se lhe faltasse uma gotardquo(Madre Teresa de Calcutaacute)

Agradecimentos

Primeiramente a Deus sempre presente na minha vida Aos meus pais por todo oapoio e incentivo por ter cuidado da minha princesa nos meus longos periacuteodos deausecircncia Sem vocecircs eu natildeo teria conseguido chegar ateacute aqui

A meu esposo Thiago Fernandes e meus filhos Gabriel e Sofia por serem tatildeo impor-tantes na minha vida Apesar dos momentos difiacuteceis sempre me fizeram acreditar queera possiacutevel realizar esse sonho

Aos meus amigos Severino Augusto (Bill) e Tatiana Pontual (Taty) por terem com-partilhado comigo toda essa fase da minha vida Muitas noites de estudos muitasmadrugadas na Universidade mas principalmente ombros amigos sempre presentesnas horas que eu pensava em sucumbir

Ao professor Aleacutessio Tony Cavalcanti de Almeida que sempre disposto a ajudarpacientemente mostrou-me o caminho que eu precisava trilhar para concluir essetrabalho

Agrave minha orientadora Liedje Siqueira por ter aceito o desafio desta orientaccedilatildeo peloapoio atenccedilatildeo confianccedila e oportunidade de trabalhar ao seu lado

Ao professor Ignaacutecio Tavares pelas valiosas contribuiccedilotildees para finalizaccedilatildeo destadissertaccedilatildeo

Ao Tribunal de Contas do Estado da Paraiacuteba e agrave Universidade Federal da Paraiacuteba cujaparceria viabilizou a criaccedilatildeo deste mestrado profissional

Agrave professora Maria da Conceiccedilatildeo Sampaio de Sousa que com exemplos simples e docotidiano conseguia transmitir assuntos muitas vezes complexos para os alunos docurso

Aos meus colegas do curso pelas experiecircncias e desafios compartilhados muitas vezesangustiantes desde a seleccedilatildeo do mestrado ateacute a entrega da dissertaccedilatildeo Somos todosvitoriosos

A todos os professores e funcionaacuterios do MESP que de alguma forma contribuiacuterampara minha formaccedilatildeo

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre ovalor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigono periacuteodo de 2005 a 2015 levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios ao Programa Para tanto foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) com controle para efeito fixo A partir das anaacutelisesrealizadas foi possiacutevel identificar que o microcreacutedito rural produziu um efeito positivoembora muito pequeno de 010 para seis anos de exposiccedilatildeo e apenas no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e no conjunto total da produccedilatildeo agropecuaacuteria natildeoforam identificadas relaccedilotildees positivas entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa e oaumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios cobertos pelo Agroamigo O estudotambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir um volume consideraacutevel derecursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiares o valor do investimentoque retorna para sociedade ainda eacute muito baixo Os resultados encontrados natildeoapresentaram indiacutecios de que o Programa de microcreacutedito rural Agroamigo seja capazde gerar uma mudanccedila expressiva na dimensatildeo econocircmica Desse modo muitos satildeoos desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacutedito rural comouma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteriade forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Palavras-chave Microcreacutedito rural Agroamigo Agricultura familiar Valor daProduccedilatildeo Nordeste

Abstract

The purpose of this study was to analyze the effect of rural microcredit on the valueof agricultural production in the municipalities of Northeastern Brazil assisted byAgroamigo from 2005 to 2015 considering the volume of resources and the time ofexposure of municipalities to the Program For that was used the Differences inDifferences (Dd) method with control for fixed effect Based on the analysis it waspossible to identify that rural microcredit had a positive although very small of 010 for six years of exposure and effect only on the value of livestock production Inagriculture and in the total set of agricultural production no positive relationshipwas identified between the time of exposure to the Program and the increase inthe production value of the municipalities covered by Agroamigo The study alsopresented evidence that although there is a considerable amount of resources directedto the production of family farmers the value of the investment that returns to societyis still very low The results showed no evidence that the rural microcredit programAgroamigo is capable of generating a significant change in the economic dimensionwith regard to family agriculture Thus many challenges and advances are beingfaced to consolidate rural microcredit as a tool that contributes effectively to increasingagricultural production in a sustainable way specifically in the Northeast of Brazil

Keywords Rural microcredit Agroamigo Program Family farming Value of Produc-tion Northeast

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste 21Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015 23Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste 27Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo 32Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria 33Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo total (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 34Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo agriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 35Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo pecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 36Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria 38

Lista de ilustraccedilotildees

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano 28Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil 29Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de ativi-

dade 30Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio 31

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 1421 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito 1422 Microcreacutedito no Brasil 1723 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo 1924 Agricultura familiar 20

3 DADOS E VARIAacuteVEIS 22

4 ESTRATEacuteGIA EMPIacuteRICA 25

5 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 28

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 41

11

1 Introduccedilatildeo

Nas uacuteltimas trecircs deacutecadas governos do mundo todo tecircm implementado accedilotildeespara reduzir a pobreza e ajudar famiacutelias a saiacuterem da pobreza extrema Nesse sentido omicrocreacutedito tem sido apontado por pesquisadores e formuladores de poliacuteticas puacuteblicascomo importante ferramenta de desenvolvimento social e econocircmico Diversos estudoscomo Banerjee e Duflo (2011) Chen e Snodgrass (2001) Goldberg (2005) Hermes eLensink (2007) Hollis e Sweetman (1998) Hossain (1988) Jayne et al (2016) KhandkerBaqui e Khan (1995) Koloma e Aila (2014) Li Gan e Hu (2011) Lipton (2009) Pitt eKhandker (1998) tecircm examinado o potencial do microcreacutedito na melhoria das condiccedilotildeesde vida dos seus beneficiaacuterios na inclusatildeo financeira e no fortalecimento da produccedilatildeoagriacutecola de quem faz uso dessa modalidade de creacutedito

Segundo Reed (2015) o microcreacutedito tem apresentado nuacutemeros expressivosem escala global em termos de atendimento e concessatildeo de creacutedito Em 1997 dos13 milhotildees de beneficiados 8 milhotildees eram pobres ou viviam abaixo da linha dapobreza Em 2013 o microcreacutedito beneficiou 211 milhotildees de clientes sendo que 114milhotildees viviam na pobreza extrema Molineus (2015) aponta que ao longo das uacuteltimasduas deacutecadas o microcreacutedito movimentou um volume de recursos entre $60 e $100bilhotildees de doacutelares possuindo cerca de 200 milhotildees de clientes e com perspectiva decrescimento para os proacuteximos anos

Dados do Banco Mundial (2008) apontam que nos paiacuteses em desenvolvimento75 das pessoas de baixa renda vivem em aacutereas rurais e a maioria depende diretaou indiretamente da agricultura para sua subsistecircncia Cerca de 86 da populaccedilatildeorural do mundo (25 bilhotildees de pessoas) depende da agricultura e esta por sua vezgera emprego para 13 bilhotildees de pequenos produtores e trabalhadores sem-terraDessa forma de acordo com o Banco Mundial (2008) em pleno seacuteculo XXI a produccedilatildeoagriacutecola ainda desempenha um papel fundamental para o desenvolvimento sustentaacutevele a reduccedilatildeo da pobreza e fome mundiais e dessa forma a concessatildeo do microcreacuteditoaos pequenos produtores rurais tambeacutem se apresenta como uma importante ferramentade poliacutetica puacuteblica que proporciona aumento da capacidade produtiva e fortalecimentoda agricultura

Diversos estudos na literatura internacional tecircm buscado mostrar a influecircncia domicrocreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola de pequeno porte tais como Alam (1988) Akwaa-Sekyi (2013) Alwang e Siegel (2003) Ashaolu et al (2011) Dong Lu e Featherstone(2010) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Lowder Skoet e Singh (2014)Shah et al (2015) Sharmeen e Chowdhury (2013) Sulemana e Adjei (2015)

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 12

No Brasil as primeiras experiecircncias relacionadas ao microcreacutedito remontam adeacutecada de 1970 e em anos mais recentes estatildeo sendo orientadas pela Lei no 111102011que estabeleceu o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO)voltado para incentivar as atividades produtivas de pequeno porte estimulandoemprego e renda desse setor De acordo com Sistema de Informaccedilotildees de Creacutedito doBanco Central do Brasil (BCB) ateacute dezembro de 2013 a carteira total de microcreacuteditoregistrou um volume de R$ 53 bilhotildees referentes a 31 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito(BCB 2015)

Estudos brasileiros referentes ao efeito do microcreacutedito na agricultura familiarde diferentes tipos de pesquisa quanto agrave abordagem e procedimentos como os deAbramovay et al (2013) Batista e Neder (2014) Capobiango et al (2012) Garcia Castroe Teixeira (2008) Gazolla e Schneider (2013) Kageyama (2003) Mattei (2005 2006)Pereira e Nascimento (2014) Silva e Filho (2009) apresentaram resultados positivosreforccedilando a ideia de que o acesso ao creacutedito rural eacute capaz de estimular a produccedilatildeoagriacutecola de pequeno porte

Dessa forma o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) maior instituiccedilatildeo financeirada Ameacuterica Latina voltada ao desenvolvimento regional e oacutergatildeo executor de poliacuteticaspuacuteblicas examinou experiecircncias de sucesso de microcreacutedito em alguns paiacuteses asiaacuteticose latino-americanos e como resultado verificou que poderia ser desenvolvida umametodologia especiacutefica de microcreacutedito no meio rural para fomentar a geraccedilatildeo derenda e ocupaccedilatildeo das camadas mais carentes Assim foi criado em 2005 o ProgramaAgroamigo que tem como accedilatildeo expandir o atendimento aos agricultores familiaresde pequeno porte mediante a concessatildeo de microcreacutedito produtivo rural e orientado(BNB 2016)

Nesse contexto o presente estudo analisa o papel do microcreacutedito rural sobre ovalor da produccedilatildeo agropecuaacuteria nos municiacutepios nordestinos atendidos pelo ProgramaAgroamigo Para o cumprimento deste objetivo satildeo estabelecidas e analisadas variaacuteveisque tenham relaccedilatildeo de causa e efeito entre o Agroamigo e a produccedilatildeo agropecuaacuteriabem como verificada a evoluccedilatildeo do tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios ao Programa edo volume de recursos recebidos no periacuteodo de 2005 a 2015

A hipoacutetese testada neste trabalho como a defendida por Abramovay et al (2013)eacute de que os municiacutepios que recebem mais recursos contabilizados a partir da somados empreacutestimos individuais fornecidos dentro do Programa Agroamigo e que estatildeoexpostos 1 ao Programa por mais tempo conseguem obter um aumento no valor dasua produccedilatildeo agropecuaacuteria A ideia eacute que os empreacutestimos possibilitam aos agricultoresfamiliares obter um aumento no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria na medida em1 O tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio eacute contado pela quantidade de anos em que o municiacutepio

apresentou pelo menos um contrato de adesatildeo de algum produtor local ao Programa Agroamigo

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 13

que permite investimentos em novas variedades de culturas de melhor rendimentoaquisiccedilatildeo de rebanhos para produccedilatildeo de carne e leite e o acesso a tecnologias maissustentaacuteveis que melhoram seus processos produtivos e seus niacuteveis de produccedilatildeotornando-os mais competitivos O acesso ao microcreacutedito tambeacutem permite que ospequenos agricultores recebam assistecircncia teacutecnica das instituiccedilotildees financeiras e comisso fortaleccedilam as atividades econocircmicas desenvolvidas refletindo consequentementena melhoria da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios

Natildeo obstante existem alguns trabalhos que destacam resultados negativosquanto ao efeito do microcreacutedito como os de Banerjee Karlan e Zinman (2015)Bateman e Chang (2012) Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher(2007) Hulme e Mosle (1996) e Morduch (1998)

A importacircncia desse trabalho reside na existecircncia de poliacuteticas puacuteblicas 2 voltadasagrave agricultura familiar no Brasil que movimentam um grande volume de recursos cercade 30 bihotildees de reais para as safras de 2017 a 2020 (MDA 2017) e sendo assimeacute preciso verificar se de fato estaacute havendo retorno nos recursos aplicados no setorespecificamente no que se refere ao Programa Agroamigo

Aleacutem disso a necessidade em estudar o microcreacutedito voltado agrave agriculturafamiliar deve-se ao fato dessa configuraccedilatildeo produtiva possuir diversas funccedilotildees quevatildeo desde a sustentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do homem no campo ateacute a importacircncia do seupapel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo de forma significativapara o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses

Ademais de acordo com Guilhoto et al (2007) apesar da heterogeneidade exis-tente no segmento da agricultura familiar no Brasil este eacute responsaacutevel por importanteparcela da produccedilatildeo agropecuaacuteria contribuindo de forma significativa na geraccedilatildeo deriquezartacircncia do seu papel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo deforma significativa para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses Ademaisdo paiacutes

Seguida desta parte introdutoacuteria a seccedilatildeo 2 apresenta a revisatildeo da literaturaA terceira seccedilatildeo descreve os dados utilizados bem como as variaacuteveis selecionadasA seccedilatildeo 4 detalha a estrateacutegia empiacuterica necessaacuteria ao desenvolvimento do trabalhodiscorrendo sobre os modelos adotados para avaliar o efeito do programa objeto dopresente estudo A seccedilatildeo 5 apresenta os resultados encontrados e por uacuteltimo na sextaparte satildeo feitas as consideraccedilotildees finais

2 No Brasil existem diversas poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar como o PronafAssistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural (ATER) Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos (PAA) ProgramaNacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) etc

14

2 Revisatildeo da Literatura

21 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito

O grande marco histoacuterico que serviu de modelo para difundir o microcreacuteditoocorreu em Bangladesh na deacutecada de 70 de uma experiecircncia iniciada pelo economistaMuhammad Yunus fundador do Grameen Bank e ganhador do Precircmio Nobel da Pazem 2006 A ideia defendida abertamente por Yunus (2001) eacute a do microcreacutedito ser umprograma de mudanccedila social que permite aos mais pobres exercerem suas habilidadese sua capacidade de produzir

Da experiecircncia do Grameen Bank aos dias atuais o ritmo de expansatildeo e aabrangecircncia alcanccedilada pelo microcreacutedito tem despertado o interesse de profissionais eteoacutericos do mundo todo Considerado um elemento importante na reduccedilatildeo de pobrezae melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos o microcreacutedito tem se apresentadocomo uma forma de alavancar e fortalecer as atividades de uma parte da populaccedilatildeoque foi excluiacuteda do sistema financeiro tradicional fomentando o desenvolvimentoeconocircmico e social Segundo Yunus e Jolis (2000) o microcreacutedito visa garantir finan-ciamento adequado aos indiviacuteduos que trabalham em aacutereas rurais melhorando acapacidade produtiva o padratildeo e as condiccedilotildees de vida em geral Seu objetivo eacute permi-tir aos mais desfavorecidos condiccedilotildees de terem uma vida digna e autossustentaacutevel pormeio da concessatildeo de pequenos empreacutestimos

De acordo com Barone et al (2002) Monzoni (2008) Soares e Sobrinho (2007)Osmani e Mahmud (2015) Quayes e Khalily (2014) o microcreacutedito eacute a concessatildeode empreacutestimos de baixo valor a indiviacuteduos e pequenos empreendedores informaisque natildeo possuem acesso formal ao sistema financeiro tradicional e diferencia-se dosdemais tipos de empreacutestimo primordialmente em funccedilatildeo da metodologia utilizadaPara Abramovay et al (2013) Maciel et al (2009) e Yunus e Jolis (2000) o microcreacuteditoassume-se como um instrumento de combate agrave pobreza e melhora das condiccedilotildees devida dos indiviacuteduos

Goldberg (2005) afirma que grande parte dos estudos iniciais sobre impacto domicrocreacutedito apresenta resultado positivo na pobreza e renda dos seus beneficiaacuteriosUm dos primeiros estudos abrangentes de impacto foi realizado por Hossain (1988p10) apontando que ldquoa renda familiar meacutedia dos tomadores de microcreacutedito junto aoGrameen era 43 superior agrave dos natildeo tomadores de microcreacutedito sendo as maioresdiferenccedilas no estrato de menor rendardquo

Trabalhos como os de Khandker Baqui e Khan (1995) McKernan (2002) e Pitt e

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 15

Khandker (1998) demonstraram que embora o efeito seja positivo a magnitude doimpacto do microcreacutedito sobre a oferta de trabalho as despesas os bens adquiridos aescolaridade das crianccedilas a fertilidade o uso de contraceptivos e os lucros do trabalhodepende do sexo do participante do programa de creacutedito Hermes e Lensink (2007)e Khandker (2005) tambeacutem realizaram estudos sobre o microcreacutedito e elencaram osefeitos positivos desta poliacutetica dentre eles o aumento da renda familiar e dos bens dasmulheres a melhoria da escolaridade dos filhos a superaccedilatildeo da linha da pobreza e odesenvolvimento local

O microcreacutedito sob a perspectiva da responsabilidade conjunta e da atuaccedilatildeode grupos solidaacuterios foi analisado nos trabalhos de Ahlin e Townsend (2007) CassarCrowley e Wydick (2007) Karlan (2007) e Wenner (1995) cujos resultados indicaramque o desempenho do reembolso de grupos solidaacuterios melhora quando os grupospossuem regras formais de como seus membros devem se comportar

Os estudos de Hulme e Mosle (1996) apontaram que o crescimento da rendafamiliar dos tomadores de microcreacutedito sempre se apresentava superior ao crescimentode renda das famiacutelias natildeo tomadoras de creacutedito corroborando com os resultados daspesquisas iniciais de Hossain Pesquisas realizadas por Agbola Acupan e Mahmood(2017) Banerjee e Duflo (2011) MkNelly (1998 1999) indicaram que aleacutem do aumentode renda familiar o microcreacutedito proporcionou a melhoria do bem-estar econocircmicopor meio da estabilizaccedilatildeo do consumo da melhoria das condiccedilotildees de moradia e dapropriedade de bens

Sob a perspectiva da intervenccedilatildeo do microcreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola diversostrabalhos foram realizados apresentando diferentes enfoques Alam (1988) investigouo crescimento da produtividade dos agricultores com acesso ao microcreacutedito peloGrameen Bank constatando que pequenos agricultores poderiam melhorar sua produ-tividade alocando parte de suas terras para o cultivo de variedades de alto rendimentoAshaolu et al (2011) realizaram um estudo na Nigeacuteria e concluiacuteram que o aumento noniacutevel de produccedilatildeo agriacutecola na Nigeacuteria ocorreu devido ao fortalecimento financeiro dosagricultores por meio do acesso ao microcreacutedito Akwaa-Sekyi (2013) afirma que omicrocreacutedito contribui para o desenvolvimento agriacutecola especificamente na matildeo deobra empregada capital de giro a produccedilatildeo e a renda dos agricultores

Estudo realizado por Shah et al (2015) na cidade de Mastung no Paquistatildeoconcluiu que o microcreacutedito fornece apoio financeiro aos agricultores contribuindopara o desenvolvimento do setor agriacutecola aumento da produccedilatildeo agriacutecola e conse-quentemente elevaccedilatildeo da renda Trabalho realizado por Sulemana e Adjei (2015) emGhana verificou que o acesso ao microcreacutedito permitiu aos agricultores a adoccedilatildeo deteacutecnicas agriacutecolas mais modernas e uso de sementes de alta produccedilatildeo impactandopositivamente nos niacuteveis de produccedilatildeo De forma semelhante Zeller Diagne e Mataya

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 16

(1998) concluiacuteram que a participaccedilatildeo em um programa de creacutedito agriacutecola possibilita oacesso agrave melhores tecnologias agriacutecolas e de maior rentabilidade elevando a produccedilatildeodo milho e tabaco hiacutebridos no Malawi

Sharmeen e Chowdhury (2013) afirmam que parte do microcreacutedito eacute destinadoaos agricultores pobres para compra de insumos como sementes irrigaccedilatildeo fertilizan-tes e encontraram uma correlaccedilatildeo positiva entre o microcreacutedito agriacutecola e o aumentoda produccedilatildeo em Bangladesh

Embora o microcreacutedito seja tradicionalmente considerado como uma poliacutetica dedesenvolvimento econocircmico e social local fundamental para a superaccedilatildeo da pobrezaa geraccedilatildeo de trabalho e renda e o fomento da produccedilatildeo agropecuaacuteria ainda natildeo existeum consenso no que se refere ao seu efeito na literatura e nas pesquisas internacionaisde impacto Isso porque no final da deacutecada de 90 diversos estudos passaram a criticaros resultados alcanccedilados pelo microcreacutedito

Morduch (1998) questionou a validade e o rigor dos estudos realizados sobre omicrocreacutedito em Bangladesh afirmando natildeo existir evidecircncia estatiacutestica que compro-vasse o aumento no consumo entre os indiviacuteduos que realizavam empreacutestimo por meiodo microcreacutedito em relaccedilatildeo aos que natildeo realizavam De acordo com Bateman e Chang(2012) os efeitos positivos do microcreacutedito satildeo de curto prazo e apenas para algunsindiviacuteduos ldquosortudosrdquo Aleacutem disso se constitui uma poderosa barreira institucional epoliacutetica para o desenvolvimento econocircmico e social sustentaacutevel e tambeacutem agrave reduccedilatildeoda pobreza Coleman (2006) com base em estudo de impacto realizado na Tailacircndiaconcluiu que havia um vieacutes nos resultados do microcreacutedito e que natildeo se poderiaatribuir unicamente a ele a soluccedilatildeo para retirar as pessoas da pobreza

Autores como Hulme e Mosle (1996) Banerjee et al (2015) afirmam nos seusestudos que natildeo encontraram efeitos significativos do microcreacutedito no consumo dasfamiacutelias na educaccedilatildeo na sauacutede ou no empoderamento das mulheres Banerjee Karlane Zinman (2015) compilaram os resultados de seis estudos aleatoacuterios realizados sobre omicrocreacutedito nas aacutereas urbanas e rurais da Boacutesnia Etioacutepia Iacutendia Meacutexico Marrocos eMongoacutelia mostrando que nenhum dos seis estudos encontraram impacto significativona renda familiar dos beneficiaacuterios

Feder et al (1990) afirmam que parte do creacutedito concedido aos produtoreseacute desviada para o consumo fazendo com que o efeito provaacutevel da produccedilatildeo sejamenor do que o esperado Guirkinger e Boucher (2007) sugerem que as restriccedilotildees decreacutedito afetam negativamente a alocaccedilatildeo de recursos prejudicando a produccedilatildeo agriacutecolados pequenos agricultores peruanos Conclusatildeo semelhante eacute encontrada no estudorealizado por Dong Lu e Featherstone (2010) na China Para Armendariz e Morduch(2005) ainda existe uma seacuterie de questionamentos sobre o efeito do microcreacutedito quenatildeo foram amplamente pesquisados e explicados

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 17

O Brasil natildeo alheio agrave essa temaacutetica tem estimulado a concessatildeo de operaccedilotildees demicrocreacutedito com intuito de melhorar a situaccedilatildeo da populaccedilatildeo mais pobre de reduziras desigualdades sociais existentes e de promover o desenvolvimento sustentaacutevel daagricultura familiar

22 Microcreacutedito no Brasil

Monzoni (2008) aponta que a experiecircncia pioneira de microcreacutedito no Brasilocorreu no contexto das atividades da Uniatildeo Nordestina de Assistecircncia a PequenasOrganizaccedilotildees (UNO) entidade criada em 1973 com o objetivo de apoiar micro epequenos empreendimentos da Regiatildeo Nordeste

Segundo Maciel et al (2009) na deacutecada de 1980 outras iniciativas voltadas aomicrocreacutedito surgiram no paiacutes em 1982 foi criado o Banco da Mulher em 1986 foramcriados o Banco do Microcreacutedito no Paranaacute e o PROMICRO no Distrito FederalJaacute em 1987 a partir da experiecircncia da Accioacuten Internacional e de organizaccedilotildees natildeo-governamentais colombianas a metodologia dos grupos solidaacuterios que utiliza o avalsolidaacuterio foi replicada no Brasil com a criaccedilatildeo do Centro de Apoio aos PequenosEmpreendimentos Ana Terra (CeapeRS) instituiacuteda sob a forma de organizaccedilatildeo natildeogovernamental e considerada a primeira organizaccedilatildeo a introduzir no Brasil elementosque predominam na tecnologia do microcreacutedito quais sejam agente de creacuteditogarantia solidaacuteria prazos curtos e valores crescentes (CAMAROTTI SPINK 2002)

De acordo com Monzoni (2008) na deacutecada de 1990 houve o surgimento doProacute Renda no Cearaacute (1990) o Balcatildeo de Ferramentas (1991) da Caixa EconocircmicaFederal o Banco da Providecircncia (1994) no Rio de Janeiro e o Portosol (1995) no RioGrande do Sul Zouain e Barone (2007) apontam que em 1995 foi criado o ProgramaComunidade Solidaacuteria para enfrentamento da fome e da miseacuteria por meio de acessoao creacutedito natildeo como poliacutetica isolada mas dentro de um contexto de desenvolvimentolocal integrado e sustentado Em 1998 foi implantado o Banco do Povo Paulista emSatildeo Paulo (SOARES SOBRINHO 2007)

Matos Macambira e Cacciamali (2014) afirmam que somente no final da deacutecadade 1990 a atividade de microcreacutedito difundiu-se no Brasil e os principais fatores quegarantiram essa expansatildeo foram

bull as de alteraccedilotildees no marco regulatoacuterio brasileiro que proporcionou a regula-mentaccedilatildeo de novas figuras institucionais autorizadas a atuar na atividade demicrocreacutedito

bull a implantaccedilatildeo do Programa Crediamigo pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB)em 1997 que incorporou praacuteticas de operacionalizaccedilatildeo tiacutepicas da atividade de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 18

microcreacutedito dentre as quais formaccedilatildeo de grupos solidaacuterios foco na atividadeprodutiva informal progressividade de concessatildeo entre outros

bull aportes de recursos por parte do poder puacuteblico a instituiccedilotildees de microcreacuteditofundamentalmente por meio da atuaccedilatildeo do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconocircmico e Social (BNDES)

Em 2005 foi estabelecido o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) criado pela Medida Provisoacuteria no 226 de 29 de novembro de2004 que foi convertida na Lei no 11110 de 25 de abril de 2005 De acordo comValentin e Serra (2012) o PNMPO foi o resultado de mais de 30 anos de iniciativasinovadoras de oferta de creacutedito popular por parte de OSCIPS ONGs e sociedadescivis organizadas e possui como objetivo principal a oferta de creacutedito exclusivo amicroempreendedores populares com acompanhamento teacutecnico local

Conforme a referida lei considera-se microcreacutedito produtivo orientado o creacute-dito concedido para o atendimento das necessidades financeiras de pessoas fiacutesicase juriacutedicas empreendedoras que realizem atividades produtivas de pequeno porteutilizando metodologia baseada no relacionamento direto com os empreendedores nolocal onde eacute executada a atividade econocircmica (BRASIL 2005)

No Brasil vaacuterios trabalhos empiacutericos foram realizados sobre o microcreacuteditosob diferentes enfoques tais como Batista e Neder (2014)B Moraes (2010) e GonzalezRighetti e DiSerio (2014) que enfatizaram a importacircncia do microcreacutedito na renda dosbeneficiaacuterios Maia e Pinto (2015) destacou o papel do microcreacutedito no desempenho doPronaf B Oliveira Almeida e Taques (2015) que analisaram o grau de concentraccedilatildeo eniacutevel de aderecircncia dos recursos da carteira de financiamento do programa Baiardi et al(2015) Moreira Silveira e Motter (2014) que investigaram a percepccedilatildeo do beneficiaacuteriosdo programa

Embora vaacuterios programas de microcreacutedito tenham sido implantados no Brasilao longo das uacuteltimas deacutecadas os que tiveram maior expansatildeo e adensamento foramos implementados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) Considerada uma dasinstituiccedilotildees que mais se destaca com o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) o BNB eacute um banco puacuteblico federal que desde 1998 concedeempreacutestimos a empreendedores de baixa renda com o objetivo de fortalecer e im-pulsionar o desenvolvimento de pequenos negoacutecios tanto no meio rural quanto nourbano trabalhando com duas linhas de microcreacutedito o Crediamigo e o Agroamigoeste uacuteltimo objeto de estudo do presente trabalho

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 19

23 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo

O Agroamigo3 eacute um programa de microcreacutedito rural do Banco do Nordesteque se propotildee a melhorar o perfil social e econocircmico do agricultor familiar por meioda concessatildeo de financiamento para a aacuterea rural adotando metodologia proacutepria deatendimento Operacionalizado pelo Instituto Nordeste Cidadania (INEC) organizaccedilatildeoda sociedade civil de interesse puacuteblico (Oscip) o Programa iniciou suas operaccedilotildeesem 2005 tendo como fonte de recursos o Fundo Constitucional de Financiamento doNordeste (FNE)

A criaccedilatildeo da metodologia de microcreacutedito rural foi influenciada pelo sucessoda experiecircncia do microcreacutedito urbano do proacuteprio Banco do Nordeste com o ProgramaCrediamigo que inspirou uma accedilatildeo similar apropriada nas comunidades rurais Satildeoobjetivos do programa aumentar a renda familiar criar empregos no meio ruralaumentar a oferta de alimentos para a populaccedilatildeo do campo e das cidades e melhorar aqualidade de vida da populaccedilatildeo rural (MATOS MACAMBIRA CACCIAMALI 2014)

O Agroamigo atua na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel integrandoas vertentes i) social ao promover a inclusatildeo no mercado de creacutedito e possibilitar oresgate agrave cidadania ii) econocircmica ao proporcionar via creacutedito a geraccedilatildeo de rendapara sustento da unidade familiar e iii) ambiental ao estimular a exploraccedilatildeo doempreendimento de forma sustentaacutevel (MACIEL et al 2009)

O Programa possui como puacuteblico-alvo agricultores familiares que se enquadramno Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF assimclassificados

bull Agroamigo Crescer com financiamentos de ateacute R$ 4 mil eacute voltado para agricul-tores familiares que se enquadrem no grupo B do PRONAF ou seja beneficiaacuteriosque possuam renda bruta familiar nos uacuteltimos 12 meses de produccedilatildeo normalque antecedem a solicitaccedilatildeo da DAP4 natildeo superior a R$2000000 (BCB 2016)

bull Agroamigo Mais com financiamentos de ateacute R$ 15 mil eacute voltado para agriculto-res familiares que obtenham renda bruta anual de ateacute R$ 360 mil e se enquadremno PRONAF V (renda variaacutevel)

Segundo Neri (2012) nos grupos atendidos pelo Agroamigo incluem-se todos osque exploram parcela de terra tanto na condiccedilatildeo de proprietaacuterio posseiro arrendataacuterio3 Disponiacutevel em lthttpwwwbnbgovbrhistoricogt Acesso em 10 de janeiro de 20174 De acordo com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agraacuterio a

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP)eacute o documento de identificaccedilatildeo da agricultura familiar e pode ser obtido tanto pelo agricultor ouagricultora familiar (pessoa fiacutesica) quanto por empreendimentos familiares rurais como associaccedilotildeescooperativas agroinduacutestrias (pessoa juriacutedica)

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 20

quanto parceiro que residam na propriedade rural ou em local proacuteximo e obtenham nomiacutenimo 50 da renda familiar da exploraccedilatildeo do estabelecimento rural Os agricultoresclientes do Agroamigo podem desenvolver qualquer atividade seja agriacutecola pecuaacuteriaoutras atividades natildeo agropecuaacuterias no meio rural que gere renda no campo ou nasproximidades urbanas como agroinduacutestria pesca turismo rural serviccedilos no meiorural e artesanato

Dessa forma o Agroamigo resulta da prioridade dada pelo Banco do Nordesteao apoio aos agricultores familiares em reconhecimento agrave importacircncia econocircmica esocial deste segmento

24 Agricultura familiar

Embora a globalizaccedilatildeo e a pressatildeo pela competitividade tenham obrigadoa agricultura evoluir a maioria das fazendas no mundo ainda eacute familiar e estapredominacircncia eacute esmagadora natildeo apenas nos paiacuteses subdesenvolvidos mas tambeacutemnos paiacuteses desenvolvidos (MORENO-PeacuteREZ LOBLEY 2015)

Estudos como os de Brookfield (2008) Carlson (2008) Duumlrr (2016) Barry (2015)e Strange (1988) assinalam um crescente interesse por essa configuraccedilatildeo produtivana medida em que os resultados encontrados sugerem que a agricultura familiarcontribui para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses o que tem desafiadoos governos a implementarem poliacuteticas puacuteblicas voltadas para este segmento

Especificamente em se tratando da agricultura familiar no Brasil houve umcrescente interesse por este segmento a partir da deacutecada de 90 Algumas pesqui-sas se tornaram marcos nos estudos rurais brasileiros tais como Abramovay (2007)Kageyama e Bergamasgo (1990) e Veiga (2012) cujos trabalhos apontam a impor-tacircncia deste setor na histoacuteria do Brasil e do mundo descrevendo a evoluccedilatildeo que odesenvolvimento agriacutecola experimentou desde o poacutes-guerra

Um outro trabalho de destaque no campo da agricultura familiar eacute o relatoacuteriopublicado em 1994 pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Agricultura e Ali-mentaccedilatildeo (FAO) em conjunto com o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e ReformaAgraacuteria (INCRA) cujo objetivo principal foi estabelecer as diretrizes para um ldquomodelode desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Sendo assim historicamente a atividade agriacutecolatem apresentado expressiva relevacircncia na economia brasileira na medida em queproporciona desenvolvimento social e econocircmico por meio de geraccedilatildeo de emprego erenda (FURTADO 1980 PRADO JUacuteNIOR 1977)

De acordo com Franccedila Grossi e Marques (2009) o Censo Agropecuaacuterio de 2006identificou que do total de estabelecimentos agropecuaacuterios no Brasil 4367902 eram de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 21

agricultores familiares representando 844 dos estabelecimentos brasileiros sendoque a metade deles estava no Nordeste Este contingente de agricultores familiaresocupava uma aacuterea de 8025 milhotildees de hectares representando 243 da aacuterea ocupadapelos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros demonstrando que o Brasil possuiacuteauma estrutura agraacuteria concentrada

Guilhoto et al (2007) afirmam que o segmento familiar da agropecuaacuteria brasileirae as cadeias produtivas a ela interligadas responderam em 2005 por 90 do PIBbrasileiro e considerando que o agronegoacutecio nacional foi responsaacutevel por 279 doPIB no referido ano fica evidente a importacircncia da agricultura familiar na geraccedilatildeo deriqueza do paiacutes A Tabela 1 a seguir mostra a participaccedilatildeo do agronegoacutecio familiar epatronal do Brasil e Nordeste no PIB Total brasileiro nos anos de 2002 a 2004

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste

Unidades Federativas 2002 2003 2004

PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

Brasil 925 1961 1007 2052 960 2030Alagoas 901 2752 822 2836 1046 2391

Bahia 1073 2085 1179 2098 1063 2124Cearaacute 1357 1411 1423 1337 1226 1319

Maranhatildeo 1667 1757 1635 1886 1566 1676Paraiacuteba 1684 2282 1944 2216 1722 2282

Pernambuco 759 1631 834 1773 749 1606Piauiacute 1625 1486 1516 1629 1377 1537

Rio Grande do Norte 1118 1881 1249 1878 1085 1841Sergipe 1063 1197 1126 1136 908 1134

Fonte Adaptado de Guilhoto et al 2007

Guanziroli et al (2001) e Aquino e Teixeira (2005) afirmam que para haverum desempenho econocircmico viaacutevel dessa atividade eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo deassistecircncia teacutecnica e poliacuteticas puacuteblicas adequadas

Portanto as poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar devem levarem consideraccedilatildeo as especificidades deste setor de modo a permitir que a pequenaproduccedilatildeo agropecuaacuteria familiar reduza o fluxo de trabalhadores do campo para acidade gere emprego e renda e contribua para o desenvolvimento local e regionalde forma sustentaacutevel E o microcreacutedito tem se destacado como uma ferramenta defomento da agricultura familiar haja vista a dificuldade na aquisiccedilatildeo de creacutedito formalser frequentemente argumentada como uma das restriccedilotildees agrave expansatildeo da capacidadeprodutiva dos pequenos agricultores

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

41

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Agradecimentos

Primeiramente a Deus sempre presente na minha vida Aos meus pais por todo oapoio e incentivo por ter cuidado da minha princesa nos meus longos periacuteodos deausecircncia Sem vocecircs eu natildeo teria conseguido chegar ateacute aqui

A meu esposo Thiago Fernandes e meus filhos Gabriel e Sofia por serem tatildeo impor-tantes na minha vida Apesar dos momentos difiacuteceis sempre me fizeram acreditar queera possiacutevel realizar esse sonho

Aos meus amigos Severino Augusto (Bill) e Tatiana Pontual (Taty) por terem com-partilhado comigo toda essa fase da minha vida Muitas noites de estudos muitasmadrugadas na Universidade mas principalmente ombros amigos sempre presentesnas horas que eu pensava em sucumbir

Ao professor Aleacutessio Tony Cavalcanti de Almeida que sempre disposto a ajudarpacientemente mostrou-me o caminho que eu precisava trilhar para concluir essetrabalho

Agrave minha orientadora Liedje Siqueira por ter aceito o desafio desta orientaccedilatildeo peloapoio atenccedilatildeo confianccedila e oportunidade de trabalhar ao seu lado

Ao professor Ignaacutecio Tavares pelas valiosas contribuiccedilotildees para finalizaccedilatildeo destadissertaccedilatildeo

Ao Tribunal de Contas do Estado da Paraiacuteba e agrave Universidade Federal da Paraiacuteba cujaparceria viabilizou a criaccedilatildeo deste mestrado profissional

Agrave professora Maria da Conceiccedilatildeo Sampaio de Sousa que com exemplos simples e docotidiano conseguia transmitir assuntos muitas vezes complexos para os alunos docurso

Aos meus colegas do curso pelas experiecircncias e desafios compartilhados muitas vezesangustiantes desde a seleccedilatildeo do mestrado ateacute a entrega da dissertaccedilatildeo Somos todosvitoriosos

A todos os professores e funcionaacuterios do MESP que de alguma forma contribuiacuterampara minha formaccedilatildeo

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre ovalor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigono periacuteodo de 2005 a 2015 levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios ao Programa Para tanto foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) com controle para efeito fixo A partir das anaacutelisesrealizadas foi possiacutevel identificar que o microcreacutedito rural produziu um efeito positivoembora muito pequeno de 010 para seis anos de exposiccedilatildeo e apenas no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e no conjunto total da produccedilatildeo agropecuaacuteria natildeoforam identificadas relaccedilotildees positivas entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa e oaumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios cobertos pelo Agroamigo O estudotambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir um volume consideraacutevel derecursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiares o valor do investimentoque retorna para sociedade ainda eacute muito baixo Os resultados encontrados natildeoapresentaram indiacutecios de que o Programa de microcreacutedito rural Agroamigo seja capazde gerar uma mudanccedila expressiva na dimensatildeo econocircmica Desse modo muitos satildeoos desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacutedito rural comouma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteriade forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Palavras-chave Microcreacutedito rural Agroamigo Agricultura familiar Valor daProduccedilatildeo Nordeste

Abstract

The purpose of this study was to analyze the effect of rural microcredit on the valueof agricultural production in the municipalities of Northeastern Brazil assisted byAgroamigo from 2005 to 2015 considering the volume of resources and the time ofexposure of municipalities to the Program For that was used the Differences inDifferences (Dd) method with control for fixed effect Based on the analysis it waspossible to identify that rural microcredit had a positive although very small of 010 for six years of exposure and effect only on the value of livestock production Inagriculture and in the total set of agricultural production no positive relationshipwas identified between the time of exposure to the Program and the increase inthe production value of the municipalities covered by Agroamigo The study alsopresented evidence that although there is a considerable amount of resources directedto the production of family farmers the value of the investment that returns to societyis still very low The results showed no evidence that the rural microcredit programAgroamigo is capable of generating a significant change in the economic dimensionwith regard to family agriculture Thus many challenges and advances are beingfaced to consolidate rural microcredit as a tool that contributes effectively to increasingagricultural production in a sustainable way specifically in the Northeast of Brazil

Keywords Rural microcredit Agroamigo Program Family farming Value of Produc-tion Northeast

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste 21Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015 23Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste 27Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo 32Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria 33Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo total (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 34Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo agriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 35Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo pecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 36Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria 38

Lista de ilustraccedilotildees

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano 28Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil 29Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de ativi-

dade 30Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio 31

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 1421 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito 1422 Microcreacutedito no Brasil 1723 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo 1924 Agricultura familiar 20

3 DADOS E VARIAacuteVEIS 22

4 ESTRATEacuteGIA EMPIacuteRICA 25

5 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 28

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 41

11

1 Introduccedilatildeo

Nas uacuteltimas trecircs deacutecadas governos do mundo todo tecircm implementado accedilotildeespara reduzir a pobreza e ajudar famiacutelias a saiacuterem da pobreza extrema Nesse sentido omicrocreacutedito tem sido apontado por pesquisadores e formuladores de poliacuteticas puacuteblicascomo importante ferramenta de desenvolvimento social e econocircmico Diversos estudoscomo Banerjee e Duflo (2011) Chen e Snodgrass (2001) Goldberg (2005) Hermes eLensink (2007) Hollis e Sweetman (1998) Hossain (1988) Jayne et al (2016) KhandkerBaqui e Khan (1995) Koloma e Aila (2014) Li Gan e Hu (2011) Lipton (2009) Pitt eKhandker (1998) tecircm examinado o potencial do microcreacutedito na melhoria das condiccedilotildeesde vida dos seus beneficiaacuterios na inclusatildeo financeira e no fortalecimento da produccedilatildeoagriacutecola de quem faz uso dessa modalidade de creacutedito

Segundo Reed (2015) o microcreacutedito tem apresentado nuacutemeros expressivosem escala global em termos de atendimento e concessatildeo de creacutedito Em 1997 dos13 milhotildees de beneficiados 8 milhotildees eram pobres ou viviam abaixo da linha dapobreza Em 2013 o microcreacutedito beneficiou 211 milhotildees de clientes sendo que 114milhotildees viviam na pobreza extrema Molineus (2015) aponta que ao longo das uacuteltimasduas deacutecadas o microcreacutedito movimentou um volume de recursos entre $60 e $100bilhotildees de doacutelares possuindo cerca de 200 milhotildees de clientes e com perspectiva decrescimento para os proacuteximos anos

Dados do Banco Mundial (2008) apontam que nos paiacuteses em desenvolvimento75 das pessoas de baixa renda vivem em aacutereas rurais e a maioria depende diretaou indiretamente da agricultura para sua subsistecircncia Cerca de 86 da populaccedilatildeorural do mundo (25 bilhotildees de pessoas) depende da agricultura e esta por sua vezgera emprego para 13 bilhotildees de pequenos produtores e trabalhadores sem-terraDessa forma de acordo com o Banco Mundial (2008) em pleno seacuteculo XXI a produccedilatildeoagriacutecola ainda desempenha um papel fundamental para o desenvolvimento sustentaacutevele a reduccedilatildeo da pobreza e fome mundiais e dessa forma a concessatildeo do microcreacuteditoaos pequenos produtores rurais tambeacutem se apresenta como uma importante ferramentade poliacutetica puacuteblica que proporciona aumento da capacidade produtiva e fortalecimentoda agricultura

Diversos estudos na literatura internacional tecircm buscado mostrar a influecircncia domicrocreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola de pequeno porte tais como Alam (1988) Akwaa-Sekyi (2013) Alwang e Siegel (2003) Ashaolu et al (2011) Dong Lu e Featherstone(2010) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Lowder Skoet e Singh (2014)Shah et al (2015) Sharmeen e Chowdhury (2013) Sulemana e Adjei (2015)

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 12

No Brasil as primeiras experiecircncias relacionadas ao microcreacutedito remontam adeacutecada de 1970 e em anos mais recentes estatildeo sendo orientadas pela Lei no 111102011que estabeleceu o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO)voltado para incentivar as atividades produtivas de pequeno porte estimulandoemprego e renda desse setor De acordo com Sistema de Informaccedilotildees de Creacutedito doBanco Central do Brasil (BCB) ateacute dezembro de 2013 a carteira total de microcreacuteditoregistrou um volume de R$ 53 bilhotildees referentes a 31 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito(BCB 2015)

Estudos brasileiros referentes ao efeito do microcreacutedito na agricultura familiarde diferentes tipos de pesquisa quanto agrave abordagem e procedimentos como os deAbramovay et al (2013) Batista e Neder (2014) Capobiango et al (2012) Garcia Castroe Teixeira (2008) Gazolla e Schneider (2013) Kageyama (2003) Mattei (2005 2006)Pereira e Nascimento (2014) Silva e Filho (2009) apresentaram resultados positivosreforccedilando a ideia de que o acesso ao creacutedito rural eacute capaz de estimular a produccedilatildeoagriacutecola de pequeno porte

Dessa forma o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) maior instituiccedilatildeo financeirada Ameacuterica Latina voltada ao desenvolvimento regional e oacutergatildeo executor de poliacuteticaspuacuteblicas examinou experiecircncias de sucesso de microcreacutedito em alguns paiacuteses asiaacuteticose latino-americanos e como resultado verificou que poderia ser desenvolvida umametodologia especiacutefica de microcreacutedito no meio rural para fomentar a geraccedilatildeo derenda e ocupaccedilatildeo das camadas mais carentes Assim foi criado em 2005 o ProgramaAgroamigo que tem como accedilatildeo expandir o atendimento aos agricultores familiaresde pequeno porte mediante a concessatildeo de microcreacutedito produtivo rural e orientado(BNB 2016)

Nesse contexto o presente estudo analisa o papel do microcreacutedito rural sobre ovalor da produccedilatildeo agropecuaacuteria nos municiacutepios nordestinos atendidos pelo ProgramaAgroamigo Para o cumprimento deste objetivo satildeo estabelecidas e analisadas variaacuteveisque tenham relaccedilatildeo de causa e efeito entre o Agroamigo e a produccedilatildeo agropecuaacuteriabem como verificada a evoluccedilatildeo do tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios ao Programa edo volume de recursos recebidos no periacuteodo de 2005 a 2015

A hipoacutetese testada neste trabalho como a defendida por Abramovay et al (2013)eacute de que os municiacutepios que recebem mais recursos contabilizados a partir da somados empreacutestimos individuais fornecidos dentro do Programa Agroamigo e que estatildeoexpostos 1 ao Programa por mais tempo conseguem obter um aumento no valor dasua produccedilatildeo agropecuaacuteria A ideia eacute que os empreacutestimos possibilitam aos agricultoresfamiliares obter um aumento no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria na medida em1 O tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio eacute contado pela quantidade de anos em que o municiacutepio

apresentou pelo menos um contrato de adesatildeo de algum produtor local ao Programa Agroamigo

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 13

que permite investimentos em novas variedades de culturas de melhor rendimentoaquisiccedilatildeo de rebanhos para produccedilatildeo de carne e leite e o acesso a tecnologias maissustentaacuteveis que melhoram seus processos produtivos e seus niacuteveis de produccedilatildeotornando-os mais competitivos O acesso ao microcreacutedito tambeacutem permite que ospequenos agricultores recebam assistecircncia teacutecnica das instituiccedilotildees financeiras e comisso fortaleccedilam as atividades econocircmicas desenvolvidas refletindo consequentementena melhoria da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios

Natildeo obstante existem alguns trabalhos que destacam resultados negativosquanto ao efeito do microcreacutedito como os de Banerjee Karlan e Zinman (2015)Bateman e Chang (2012) Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher(2007) Hulme e Mosle (1996) e Morduch (1998)

A importacircncia desse trabalho reside na existecircncia de poliacuteticas puacuteblicas 2 voltadasagrave agricultura familiar no Brasil que movimentam um grande volume de recursos cercade 30 bihotildees de reais para as safras de 2017 a 2020 (MDA 2017) e sendo assimeacute preciso verificar se de fato estaacute havendo retorno nos recursos aplicados no setorespecificamente no que se refere ao Programa Agroamigo

Aleacutem disso a necessidade em estudar o microcreacutedito voltado agrave agriculturafamiliar deve-se ao fato dessa configuraccedilatildeo produtiva possuir diversas funccedilotildees quevatildeo desde a sustentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do homem no campo ateacute a importacircncia do seupapel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo de forma significativapara o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses

Ademais de acordo com Guilhoto et al (2007) apesar da heterogeneidade exis-tente no segmento da agricultura familiar no Brasil este eacute responsaacutevel por importanteparcela da produccedilatildeo agropecuaacuteria contribuindo de forma significativa na geraccedilatildeo deriquezartacircncia do seu papel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo deforma significativa para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses Ademaisdo paiacutes

Seguida desta parte introdutoacuteria a seccedilatildeo 2 apresenta a revisatildeo da literaturaA terceira seccedilatildeo descreve os dados utilizados bem como as variaacuteveis selecionadasA seccedilatildeo 4 detalha a estrateacutegia empiacuterica necessaacuteria ao desenvolvimento do trabalhodiscorrendo sobre os modelos adotados para avaliar o efeito do programa objeto dopresente estudo A seccedilatildeo 5 apresenta os resultados encontrados e por uacuteltimo na sextaparte satildeo feitas as consideraccedilotildees finais

2 No Brasil existem diversas poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar como o PronafAssistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural (ATER) Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos (PAA) ProgramaNacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) etc

14

2 Revisatildeo da Literatura

21 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito

O grande marco histoacuterico que serviu de modelo para difundir o microcreacuteditoocorreu em Bangladesh na deacutecada de 70 de uma experiecircncia iniciada pelo economistaMuhammad Yunus fundador do Grameen Bank e ganhador do Precircmio Nobel da Pazem 2006 A ideia defendida abertamente por Yunus (2001) eacute a do microcreacutedito ser umprograma de mudanccedila social que permite aos mais pobres exercerem suas habilidadese sua capacidade de produzir

Da experiecircncia do Grameen Bank aos dias atuais o ritmo de expansatildeo e aabrangecircncia alcanccedilada pelo microcreacutedito tem despertado o interesse de profissionais eteoacutericos do mundo todo Considerado um elemento importante na reduccedilatildeo de pobrezae melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos o microcreacutedito tem se apresentadocomo uma forma de alavancar e fortalecer as atividades de uma parte da populaccedilatildeoque foi excluiacuteda do sistema financeiro tradicional fomentando o desenvolvimentoeconocircmico e social Segundo Yunus e Jolis (2000) o microcreacutedito visa garantir finan-ciamento adequado aos indiviacuteduos que trabalham em aacutereas rurais melhorando acapacidade produtiva o padratildeo e as condiccedilotildees de vida em geral Seu objetivo eacute permi-tir aos mais desfavorecidos condiccedilotildees de terem uma vida digna e autossustentaacutevel pormeio da concessatildeo de pequenos empreacutestimos

De acordo com Barone et al (2002) Monzoni (2008) Soares e Sobrinho (2007)Osmani e Mahmud (2015) Quayes e Khalily (2014) o microcreacutedito eacute a concessatildeode empreacutestimos de baixo valor a indiviacuteduos e pequenos empreendedores informaisque natildeo possuem acesso formal ao sistema financeiro tradicional e diferencia-se dosdemais tipos de empreacutestimo primordialmente em funccedilatildeo da metodologia utilizadaPara Abramovay et al (2013) Maciel et al (2009) e Yunus e Jolis (2000) o microcreacuteditoassume-se como um instrumento de combate agrave pobreza e melhora das condiccedilotildees devida dos indiviacuteduos

Goldberg (2005) afirma que grande parte dos estudos iniciais sobre impacto domicrocreacutedito apresenta resultado positivo na pobreza e renda dos seus beneficiaacuteriosUm dos primeiros estudos abrangentes de impacto foi realizado por Hossain (1988p10) apontando que ldquoa renda familiar meacutedia dos tomadores de microcreacutedito junto aoGrameen era 43 superior agrave dos natildeo tomadores de microcreacutedito sendo as maioresdiferenccedilas no estrato de menor rendardquo

Trabalhos como os de Khandker Baqui e Khan (1995) McKernan (2002) e Pitt e

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 15

Khandker (1998) demonstraram que embora o efeito seja positivo a magnitude doimpacto do microcreacutedito sobre a oferta de trabalho as despesas os bens adquiridos aescolaridade das crianccedilas a fertilidade o uso de contraceptivos e os lucros do trabalhodepende do sexo do participante do programa de creacutedito Hermes e Lensink (2007)e Khandker (2005) tambeacutem realizaram estudos sobre o microcreacutedito e elencaram osefeitos positivos desta poliacutetica dentre eles o aumento da renda familiar e dos bens dasmulheres a melhoria da escolaridade dos filhos a superaccedilatildeo da linha da pobreza e odesenvolvimento local

O microcreacutedito sob a perspectiva da responsabilidade conjunta e da atuaccedilatildeode grupos solidaacuterios foi analisado nos trabalhos de Ahlin e Townsend (2007) CassarCrowley e Wydick (2007) Karlan (2007) e Wenner (1995) cujos resultados indicaramque o desempenho do reembolso de grupos solidaacuterios melhora quando os grupospossuem regras formais de como seus membros devem se comportar

Os estudos de Hulme e Mosle (1996) apontaram que o crescimento da rendafamiliar dos tomadores de microcreacutedito sempre se apresentava superior ao crescimentode renda das famiacutelias natildeo tomadoras de creacutedito corroborando com os resultados daspesquisas iniciais de Hossain Pesquisas realizadas por Agbola Acupan e Mahmood(2017) Banerjee e Duflo (2011) MkNelly (1998 1999) indicaram que aleacutem do aumentode renda familiar o microcreacutedito proporcionou a melhoria do bem-estar econocircmicopor meio da estabilizaccedilatildeo do consumo da melhoria das condiccedilotildees de moradia e dapropriedade de bens

Sob a perspectiva da intervenccedilatildeo do microcreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola diversostrabalhos foram realizados apresentando diferentes enfoques Alam (1988) investigouo crescimento da produtividade dos agricultores com acesso ao microcreacutedito peloGrameen Bank constatando que pequenos agricultores poderiam melhorar sua produ-tividade alocando parte de suas terras para o cultivo de variedades de alto rendimentoAshaolu et al (2011) realizaram um estudo na Nigeacuteria e concluiacuteram que o aumento noniacutevel de produccedilatildeo agriacutecola na Nigeacuteria ocorreu devido ao fortalecimento financeiro dosagricultores por meio do acesso ao microcreacutedito Akwaa-Sekyi (2013) afirma que omicrocreacutedito contribui para o desenvolvimento agriacutecola especificamente na matildeo deobra empregada capital de giro a produccedilatildeo e a renda dos agricultores

Estudo realizado por Shah et al (2015) na cidade de Mastung no Paquistatildeoconcluiu que o microcreacutedito fornece apoio financeiro aos agricultores contribuindopara o desenvolvimento do setor agriacutecola aumento da produccedilatildeo agriacutecola e conse-quentemente elevaccedilatildeo da renda Trabalho realizado por Sulemana e Adjei (2015) emGhana verificou que o acesso ao microcreacutedito permitiu aos agricultores a adoccedilatildeo deteacutecnicas agriacutecolas mais modernas e uso de sementes de alta produccedilatildeo impactandopositivamente nos niacuteveis de produccedilatildeo De forma semelhante Zeller Diagne e Mataya

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 16

(1998) concluiacuteram que a participaccedilatildeo em um programa de creacutedito agriacutecola possibilita oacesso agrave melhores tecnologias agriacutecolas e de maior rentabilidade elevando a produccedilatildeodo milho e tabaco hiacutebridos no Malawi

Sharmeen e Chowdhury (2013) afirmam que parte do microcreacutedito eacute destinadoaos agricultores pobres para compra de insumos como sementes irrigaccedilatildeo fertilizan-tes e encontraram uma correlaccedilatildeo positiva entre o microcreacutedito agriacutecola e o aumentoda produccedilatildeo em Bangladesh

Embora o microcreacutedito seja tradicionalmente considerado como uma poliacutetica dedesenvolvimento econocircmico e social local fundamental para a superaccedilatildeo da pobrezaa geraccedilatildeo de trabalho e renda e o fomento da produccedilatildeo agropecuaacuteria ainda natildeo existeum consenso no que se refere ao seu efeito na literatura e nas pesquisas internacionaisde impacto Isso porque no final da deacutecada de 90 diversos estudos passaram a criticaros resultados alcanccedilados pelo microcreacutedito

Morduch (1998) questionou a validade e o rigor dos estudos realizados sobre omicrocreacutedito em Bangladesh afirmando natildeo existir evidecircncia estatiacutestica que compro-vasse o aumento no consumo entre os indiviacuteduos que realizavam empreacutestimo por meiodo microcreacutedito em relaccedilatildeo aos que natildeo realizavam De acordo com Bateman e Chang(2012) os efeitos positivos do microcreacutedito satildeo de curto prazo e apenas para algunsindiviacuteduos ldquosortudosrdquo Aleacutem disso se constitui uma poderosa barreira institucional epoliacutetica para o desenvolvimento econocircmico e social sustentaacutevel e tambeacutem agrave reduccedilatildeoda pobreza Coleman (2006) com base em estudo de impacto realizado na Tailacircndiaconcluiu que havia um vieacutes nos resultados do microcreacutedito e que natildeo se poderiaatribuir unicamente a ele a soluccedilatildeo para retirar as pessoas da pobreza

Autores como Hulme e Mosle (1996) Banerjee et al (2015) afirmam nos seusestudos que natildeo encontraram efeitos significativos do microcreacutedito no consumo dasfamiacutelias na educaccedilatildeo na sauacutede ou no empoderamento das mulheres Banerjee Karlane Zinman (2015) compilaram os resultados de seis estudos aleatoacuterios realizados sobre omicrocreacutedito nas aacutereas urbanas e rurais da Boacutesnia Etioacutepia Iacutendia Meacutexico Marrocos eMongoacutelia mostrando que nenhum dos seis estudos encontraram impacto significativona renda familiar dos beneficiaacuterios

Feder et al (1990) afirmam que parte do creacutedito concedido aos produtoreseacute desviada para o consumo fazendo com que o efeito provaacutevel da produccedilatildeo sejamenor do que o esperado Guirkinger e Boucher (2007) sugerem que as restriccedilotildees decreacutedito afetam negativamente a alocaccedilatildeo de recursos prejudicando a produccedilatildeo agriacutecolados pequenos agricultores peruanos Conclusatildeo semelhante eacute encontrada no estudorealizado por Dong Lu e Featherstone (2010) na China Para Armendariz e Morduch(2005) ainda existe uma seacuterie de questionamentos sobre o efeito do microcreacutedito quenatildeo foram amplamente pesquisados e explicados

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 17

O Brasil natildeo alheio agrave essa temaacutetica tem estimulado a concessatildeo de operaccedilotildees demicrocreacutedito com intuito de melhorar a situaccedilatildeo da populaccedilatildeo mais pobre de reduziras desigualdades sociais existentes e de promover o desenvolvimento sustentaacutevel daagricultura familiar

22 Microcreacutedito no Brasil

Monzoni (2008) aponta que a experiecircncia pioneira de microcreacutedito no Brasilocorreu no contexto das atividades da Uniatildeo Nordestina de Assistecircncia a PequenasOrganizaccedilotildees (UNO) entidade criada em 1973 com o objetivo de apoiar micro epequenos empreendimentos da Regiatildeo Nordeste

Segundo Maciel et al (2009) na deacutecada de 1980 outras iniciativas voltadas aomicrocreacutedito surgiram no paiacutes em 1982 foi criado o Banco da Mulher em 1986 foramcriados o Banco do Microcreacutedito no Paranaacute e o PROMICRO no Distrito FederalJaacute em 1987 a partir da experiecircncia da Accioacuten Internacional e de organizaccedilotildees natildeo-governamentais colombianas a metodologia dos grupos solidaacuterios que utiliza o avalsolidaacuterio foi replicada no Brasil com a criaccedilatildeo do Centro de Apoio aos PequenosEmpreendimentos Ana Terra (CeapeRS) instituiacuteda sob a forma de organizaccedilatildeo natildeogovernamental e considerada a primeira organizaccedilatildeo a introduzir no Brasil elementosque predominam na tecnologia do microcreacutedito quais sejam agente de creacuteditogarantia solidaacuteria prazos curtos e valores crescentes (CAMAROTTI SPINK 2002)

De acordo com Monzoni (2008) na deacutecada de 1990 houve o surgimento doProacute Renda no Cearaacute (1990) o Balcatildeo de Ferramentas (1991) da Caixa EconocircmicaFederal o Banco da Providecircncia (1994) no Rio de Janeiro e o Portosol (1995) no RioGrande do Sul Zouain e Barone (2007) apontam que em 1995 foi criado o ProgramaComunidade Solidaacuteria para enfrentamento da fome e da miseacuteria por meio de acessoao creacutedito natildeo como poliacutetica isolada mas dentro de um contexto de desenvolvimentolocal integrado e sustentado Em 1998 foi implantado o Banco do Povo Paulista emSatildeo Paulo (SOARES SOBRINHO 2007)

Matos Macambira e Cacciamali (2014) afirmam que somente no final da deacutecadade 1990 a atividade de microcreacutedito difundiu-se no Brasil e os principais fatores quegarantiram essa expansatildeo foram

bull as de alteraccedilotildees no marco regulatoacuterio brasileiro que proporcionou a regula-mentaccedilatildeo de novas figuras institucionais autorizadas a atuar na atividade demicrocreacutedito

bull a implantaccedilatildeo do Programa Crediamigo pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB)em 1997 que incorporou praacuteticas de operacionalizaccedilatildeo tiacutepicas da atividade de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 18

microcreacutedito dentre as quais formaccedilatildeo de grupos solidaacuterios foco na atividadeprodutiva informal progressividade de concessatildeo entre outros

bull aportes de recursos por parte do poder puacuteblico a instituiccedilotildees de microcreacuteditofundamentalmente por meio da atuaccedilatildeo do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconocircmico e Social (BNDES)

Em 2005 foi estabelecido o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) criado pela Medida Provisoacuteria no 226 de 29 de novembro de2004 que foi convertida na Lei no 11110 de 25 de abril de 2005 De acordo comValentin e Serra (2012) o PNMPO foi o resultado de mais de 30 anos de iniciativasinovadoras de oferta de creacutedito popular por parte de OSCIPS ONGs e sociedadescivis organizadas e possui como objetivo principal a oferta de creacutedito exclusivo amicroempreendedores populares com acompanhamento teacutecnico local

Conforme a referida lei considera-se microcreacutedito produtivo orientado o creacute-dito concedido para o atendimento das necessidades financeiras de pessoas fiacutesicase juriacutedicas empreendedoras que realizem atividades produtivas de pequeno porteutilizando metodologia baseada no relacionamento direto com os empreendedores nolocal onde eacute executada a atividade econocircmica (BRASIL 2005)

No Brasil vaacuterios trabalhos empiacutericos foram realizados sobre o microcreacuteditosob diferentes enfoques tais como Batista e Neder (2014)B Moraes (2010) e GonzalezRighetti e DiSerio (2014) que enfatizaram a importacircncia do microcreacutedito na renda dosbeneficiaacuterios Maia e Pinto (2015) destacou o papel do microcreacutedito no desempenho doPronaf B Oliveira Almeida e Taques (2015) que analisaram o grau de concentraccedilatildeo eniacutevel de aderecircncia dos recursos da carteira de financiamento do programa Baiardi et al(2015) Moreira Silveira e Motter (2014) que investigaram a percepccedilatildeo do beneficiaacuteriosdo programa

Embora vaacuterios programas de microcreacutedito tenham sido implantados no Brasilao longo das uacuteltimas deacutecadas os que tiveram maior expansatildeo e adensamento foramos implementados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) Considerada uma dasinstituiccedilotildees que mais se destaca com o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) o BNB eacute um banco puacuteblico federal que desde 1998 concedeempreacutestimos a empreendedores de baixa renda com o objetivo de fortalecer e im-pulsionar o desenvolvimento de pequenos negoacutecios tanto no meio rural quanto nourbano trabalhando com duas linhas de microcreacutedito o Crediamigo e o Agroamigoeste uacuteltimo objeto de estudo do presente trabalho

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 19

23 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo

O Agroamigo3 eacute um programa de microcreacutedito rural do Banco do Nordesteque se propotildee a melhorar o perfil social e econocircmico do agricultor familiar por meioda concessatildeo de financiamento para a aacuterea rural adotando metodologia proacutepria deatendimento Operacionalizado pelo Instituto Nordeste Cidadania (INEC) organizaccedilatildeoda sociedade civil de interesse puacuteblico (Oscip) o Programa iniciou suas operaccedilotildeesem 2005 tendo como fonte de recursos o Fundo Constitucional de Financiamento doNordeste (FNE)

A criaccedilatildeo da metodologia de microcreacutedito rural foi influenciada pelo sucessoda experiecircncia do microcreacutedito urbano do proacuteprio Banco do Nordeste com o ProgramaCrediamigo que inspirou uma accedilatildeo similar apropriada nas comunidades rurais Satildeoobjetivos do programa aumentar a renda familiar criar empregos no meio ruralaumentar a oferta de alimentos para a populaccedilatildeo do campo e das cidades e melhorar aqualidade de vida da populaccedilatildeo rural (MATOS MACAMBIRA CACCIAMALI 2014)

O Agroamigo atua na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel integrandoas vertentes i) social ao promover a inclusatildeo no mercado de creacutedito e possibilitar oresgate agrave cidadania ii) econocircmica ao proporcionar via creacutedito a geraccedilatildeo de rendapara sustento da unidade familiar e iii) ambiental ao estimular a exploraccedilatildeo doempreendimento de forma sustentaacutevel (MACIEL et al 2009)

O Programa possui como puacuteblico-alvo agricultores familiares que se enquadramno Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF assimclassificados

bull Agroamigo Crescer com financiamentos de ateacute R$ 4 mil eacute voltado para agricul-tores familiares que se enquadrem no grupo B do PRONAF ou seja beneficiaacuteriosque possuam renda bruta familiar nos uacuteltimos 12 meses de produccedilatildeo normalque antecedem a solicitaccedilatildeo da DAP4 natildeo superior a R$2000000 (BCB 2016)

bull Agroamigo Mais com financiamentos de ateacute R$ 15 mil eacute voltado para agriculto-res familiares que obtenham renda bruta anual de ateacute R$ 360 mil e se enquadremno PRONAF V (renda variaacutevel)

Segundo Neri (2012) nos grupos atendidos pelo Agroamigo incluem-se todos osque exploram parcela de terra tanto na condiccedilatildeo de proprietaacuterio posseiro arrendataacuterio3 Disponiacutevel em lthttpwwwbnbgovbrhistoricogt Acesso em 10 de janeiro de 20174 De acordo com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agraacuterio a

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP)eacute o documento de identificaccedilatildeo da agricultura familiar e pode ser obtido tanto pelo agricultor ouagricultora familiar (pessoa fiacutesica) quanto por empreendimentos familiares rurais como associaccedilotildeescooperativas agroinduacutestrias (pessoa juriacutedica)

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 20

quanto parceiro que residam na propriedade rural ou em local proacuteximo e obtenham nomiacutenimo 50 da renda familiar da exploraccedilatildeo do estabelecimento rural Os agricultoresclientes do Agroamigo podem desenvolver qualquer atividade seja agriacutecola pecuaacuteriaoutras atividades natildeo agropecuaacuterias no meio rural que gere renda no campo ou nasproximidades urbanas como agroinduacutestria pesca turismo rural serviccedilos no meiorural e artesanato

Dessa forma o Agroamigo resulta da prioridade dada pelo Banco do Nordesteao apoio aos agricultores familiares em reconhecimento agrave importacircncia econocircmica esocial deste segmento

24 Agricultura familiar

Embora a globalizaccedilatildeo e a pressatildeo pela competitividade tenham obrigadoa agricultura evoluir a maioria das fazendas no mundo ainda eacute familiar e estapredominacircncia eacute esmagadora natildeo apenas nos paiacuteses subdesenvolvidos mas tambeacutemnos paiacuteses desenvolvidos (MORENO-PeacuteREZ LOBLEY 2015)

Estudos como os de Brookfield (2008) Carlson (2008) Duumlrr (2016) Barry (2015)e Strange (1988) assinalam um crescente interesse por essa configuraccedilatildeo produtivana medida em que os resultados encontrados sugerem que a agricultura familiarcontribui para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses o que tem desafiadoos governos a implementarem poliacuteticas puacuteblicas voltadas para este segmento

Especificamente em se tratando da agricultura familiar no Brasil houve umcrescente interesse por este segmento a partir da deacutecada de 90 Algumas pesqui-sas se tornaram marcos nos estudos rurais brasileiros tais como Abramovay (2007)Kageyama e Bergamasgo (1990) e Veiga (2012) cujos trabalhos apontam a impor-tacircncia deste setor na histoacuteria do Brasil e do mundo descrevendo a evoluccedilatildeo que odesenvolvimento agriacutecola experimentou desde o poacutes-guerra

Um outro trabalho de destaque no campo da agricultura familiar eacute o relatoacuteriopublicado em 1994 pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Agricultura e Ali-mentaccedilatildeo (FAO) em conjunto com o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e ReformaAgraacuteria (INCRA) cujo objetivo principal foi estabelecer as diretrizes para um ldquomodelode desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Sendo assim historicamente a atividade agriacutecolatem apresentado expressiva relevacircncia na economia brasileira na medida em queproporciona desenvolvimento social e econocircmico por meio de geraccedilatildeo de emprego erenda (FURTADO 1980 PRADO JUacuteNIOR 1977)

De acordo com Franccedila Grossi e Marques (2009) o Censo Agropecuaacuterio de 2006identificou que do total de estabelecimentos agropecuaacuterios no Brasil 4367902 eram de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 21

agricultores familiares representando 844 dos estabelecimentos brasileiros sendoque a metade deles estava no Nordeste Este contingente de agricultores familiaresocupava uma aacuterea de 8025 milhotildees de hectares representando 243 da aacuterea ocupadapelos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros demonstrando que o Brasil possuiacuteauma estrutura agraacuteria concentrada

Guilhoto et al (2007) afirmam que o segmento familiar da agropecuaacuteria brasileirae as cadeias produtivas a ela interligadas responderam em 2005 por 90 do PIBbrasileiro e considerando que o agronegoacutecio nacional foi responsaacutevel por 279 doPIB no referido ano fica evidente a importacircncia da agricultura familiar na geraccedilatildeo deriqueza do paiacutes A Tabela 1 a seguir mostra a participaccedilatildeo do agronegoacutecio familiar epatronal do Brasil e Nordeste no PIB Total brasileiro nos anos de 2002 a 2004

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste

Unidades Federativas 2002 2003 2004

PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

Brasil 925 1961 1007 2052 960 2030Alagoas 901 2752 822 2836 1046 2391

Bahia 1073 2085 1179 2098 1063 2124Cearaacute 1357 1411 1423 1337 1226 1319

Maranhatildeo 1667 1757 1635 1886 1566 1676Paraiacuteba 1684 2282 1944 2216 1722 2282

Pernambuco 759 1631 834 1773 749 1606Piauiacute 1625 1486 1516 1629 1377 1537

Rio Grande do Norte 1118 1881 1249 1878 1085 1841Sergipe 1063 1197 1126 1136 908 1134

Fonte Adaptado de Guilhoto et al 2007

Guanziroli et al (2001) e Aquino e Teixeira (2005) afirmam que para haverum desempenho econocircmico viaacutevel dessa atividade eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo deassistecircncia teacutecnica e poliacuteticas puacuteblicas adequadas

Portanto as poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar devem levarem consideraccedilatildeo as especificidades deste setor de modo a permitir que a pequenaproduccedilatildeo agropecuaacuteria familiar reduza o fluxo de trabalhadores do campo para acidade gere emprego e renda e contribua para o desenvolvimento local e regionalde forma sustentaacutevel E o microcreacutedito tem se destacado como uma ferramenta defomento da agricultura familiar haja vista a dificuldade na aquisiccedilatildeo de creacutedito formalser frequentemente argumentada como uma das restriccedilotildees agrave expansatildeo da capacidadeprodutiva dos pequenos agricultores

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

41

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre ovalor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigono periacuteodo de 2005 a 2015 levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios ao Programa Para tanto foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) com controle para efeito fixo A partir das anaacutelisesrealizadas foi possiacutevel identificar que o microcreacutedito rural produziu um efeito positivoembora muito pequeno de 010 para seis anos de exposiccedilatildeo e apenas no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e no conjunto total da produccedilatildeo agropecuaacuteria natildeoforam identificadas relaccedilotildees positivas entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa e oaumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios cobertos pelo Agroamigo O estudotambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir um volume consideraacutevel derecursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiares o valor do investimentoque retorna para sociedade ainda eacute muito baixo Os resultados encontrados natildeoapresentaram indiacutecios de que o Programa de microcreacutedito rural Agroamigo seja capazde gerar uma mudanccedila expressiva na dimensatildeo econocircmica Desse modo muitos satildeoos desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacutedito rural comouma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteriade forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Palavras-chave Microcreacutedito rural Agroamigo Agricultura familiar Valor daProduccedilatildeo Nordeste

Abstract

The purpose of this study was to analyze the effect of rural microcredit on the valueof agricultural production in the municipalities of Northeastern Brazil assisted byAgroamigo from 2005 to 2015 considering the volume of resources and the time ofexposure of municipalities to the Program For that was used the Differences inDifferences (Dd) method with control for fixed effect Based on the analysis it waspossible to identify that rural microcredit had a positive although very small of 010 for six years of exposure and effect only on the value of livestock production Inagriculture and in the total set of agricultural production no positive relationshipwas identified between the time of exposure to the Program and the increase inthe production value of the municipalities covered by Agroamigo The study alsopresented evidence that although there is a considerable amount of resources directedto the production of family farmers the value of the investment that returns to societyis still very low The results showed no evidence that the rural microcredit programAgroamigo is capable of generating a significant change in the economic dimensionwith regard to family agriculture Thus many challenges and advances are beingfaced to consolidate rural microcredit as a tool that contributes effectively to increasingagricultural production in a sustainable way specifically in the Northeast of Brazil

Keywords Rural microcredit Agroamigo Program Family farming Value of Produc-tion Northeast

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste 21Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015 23Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste 27Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo 32Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria 33Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo total (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 34Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo agriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 35Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo pecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 36Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria 38

Lista de ilustraccedilotildees

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano 28Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil 29Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de ativi-

dade 30Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio 31

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 1421 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito 1422 Microcreacutedito no Brasil 1723 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo 1924 Agricultura familiar 20

3 DADOS E VARIAacuteVEIS 22

4 ESTRATEacuteGIA EMPIacuteRICA 25

5 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 28

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 41

11

1 Introduccedilatildeo

Nas uacuteltimas trecircs deacutecadas governos do mundo todo tecircm implementado accedilotildeespara reduzir a pobreza e ajudar famiacutelias a saiacuterem da pobreza extrema Nesse sentido omicrocreacutedito tem sido apontado por pesquisadores e formuladores de poliacuteticas puacuteblicascomo importante ferramenta de desenvolvimento social e econocircmico Diversos estudoscomo Banerjee e Duflo (2011) Chen e Snodgrass (2001) Goldberg (2005) Hermes eLensink (2007) Hollis e Sweetman (1998) Hossain (1988) Jayne et al (2016) KhandkerBaqui e Khan (1995) Koloma e Aila (2014) Li Gan e Hu (2011) Lipton (2009) Pitt eKhandker (1998) tecircm examinado o potencial do microcreacutedito na melhoria das condiccedilotildeesde vida dos seus beneficiaacuterios na inclusatildeo financeira e no fortalecimento da produccedilatildeoagriacutecola de quem faz uso dessa modalidade de creacutedito

Segundo Reed (2015) o microcreacutedito tem apresentado nuacutemeros expressivosem escala global em termos de atendimento e concessatildeo de creacutedito Em 1997 dos13 milhotildees de beneficiados 8 milhotildees eram pobres ou viviam abaixo da linha dapobreza Em 2013 o microcreacutedito beneficiou 211 milhotildees de clientes sendo que 114milhotildees viviam na pobreza extrema Molineus (2015) aponta que ao longo das uacuteltimasduas deacutecadas o microcreacutedito movimentou um volume de recursos entre $60 e $100bilhotildees de doacutelares possuindo cerca de 200 milhotildees de clientes e com perspectiva decrescimento para os proacuteximos anos

Dados do Banco Mundial (2008) apontam que nos paiacuteses em desenvolvimento75 das pessoas de baixa renda vivem em aacutereas rurais e a maioria depende diretaou indiretamente da agricultura para sua subsistecircncia Cerca de 86 da populaccedilatildeorural do mundo (25 bilhotildees de pessoas) depende da agricultura e esta por sua vezgera emprego para 13 bilhotildees de pequenos produtores e trabalhadores sem-terraDessa forma de acordo com o Banco Mundial (2008) em pleno seacuteculo XXI a produccedilatildeoagriacutecola ainda desempenha um papel fundamental para o desenvolvimento sustentaacutevele a reduccedilatildeo da pobreza e fome mundiais e dessa forma a concessatildeo do microcreacuteditoaos pequenos produtores rurais tambeacutem se apresenta como uma importante ferramentade poliacutetica puacuteblica que proporciona aumento da capacidade produtiva e fortalecimentoda agricultura

Diversos estudos na literatura internacional tecircm buscado mostrar a influecircncia domicrocreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola de pequeno porte tais como Alam (1988) Akwaa-Sekyi (2013) Alwang e Siegel (2003) Ashaolu et al (2011) Dong Lu e Featherstone(2010) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Lowder Skoet e Singh (2014)Shah et al (2015) Sharmeen e Chowdhury (2013) Sulemana e Adjei (2015)

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 12

No Brasil as primeiras experiecircncias relacionadas ao microcreacutedito remontam adeacutecada de 1970 e em anos mais recentes estatildeo sendo orientadas pela Lei no 111102011que estabeleceu o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO)voltado para incentivar as atividades produtivas de pequeno porte estimulandoemprego e renda desse setor De acordo com Sistema de Informaccedilotildees de Creacutedito doBanco Central do Brasil (BCB) ateacute dezembro de 2013 a carteira total de microcreacuteditoregistrou um volume de R$ 53 bilhotildees referentes a 31 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito(BCB 2015)

Estudos brasileiros referentes ao efeito do microcreacutedito na agricultura familiarde diferentes tipos de pesquisa quanto agrave abordagem e procedimentos como os deAbramovay et al (2013) Batista e Neder (2014) Capobiango et al (2012) Garcia Castroe Teixeira (2008) Gazolla e Schneider (2013) Kageyama (2003) Mattei (2005 2006)Pereira e Nascimento (2014) Silva e Filho (2009) apresentaram resultados positivosreforccedilando a ideia de que o acesso ao creacutedito rural eacute capaz de estimular a produccedilatildeoagriacutecola de pequeno porte

Dessa forma o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) maior instituiccedilatildeo financeirada Ameacuterica Latina voltada ao desenvolvimento regional e oacutergatildeo executor de poliacuteticaspuacuteblicas examinou experiecircncias de sucesso de microcreacutedito em alguns paiacuteses asiaacuteticose latino-americanos e como resultado verificou que poderia ser desenvolvida umametodologia especiacutefica de microcreacutedito no meio rural para fomentar a geraccedilatildeo derenda e ocupaccedilatildeo das camadas mais carentes Assim foi criado em 2005 o ProgramaAgroamigo que tem como accedilatildeo expandir o atendimento aos agricultores familiaresde pequeno porte mediante a concessatildeo de microcreacutedito produtivo rural e orientado(BNB 2016)

Nesse contexto o presente estudo analisa o papel do microcreacutedito rural sobre ovalor da produccedilatildeo agropecuaacuteria nos municiacutepios nordestinos atendidos pelo ProgramaAgroamigo Para o cumprimento deste objetivo satildeo estabelecidas e analisadas variaacuteveisque tenham relaccedilatildeo de causa e efeito entre o Agroamigo e a produccedilatildeo agropecuaacuteriabem como verificada a evoluccedilatildeo do tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios ao Programa edo volume de recursos recebidos no periacuteodo de 2005 a 2015

A hipoacutetese testada neste trabalho como a defendida por Abramovay et al (2013)eacute de que os municiacutepios que recebem mais recursos contabilizados a partir da somados empreacutestimos individuais fornecidos dentro do Programa Agroamigo e que estatildeoexpostos 1 ao Programa por mais tempo conseguem obter um aumento no valor dasua produccedilatildeo agropecuaacuteria A ideia eacute que os empreacutestimos possibilitam aos agricultoresfamiliares obter um aumento no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria na medida em1 O tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio eacute contado pela quantidade de anos em que o municiacutepio

apresentou pelo menos um contrato de adesatildeo de algum produtor local ao Programa Agroamigo

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 13

que permite investimentos em novas variedades de culturas de melhor rendimentoaquisiccedilatildeo de rebanhos para produccedilatildeo de carne e leite e o acesso a tecnologias maissustentaacuteveis que melhoram seus processos produtivos e seus niacuteveis de produccedilatildeotornando-os mais competitivos O acesso ao microcreacutedito tambeacutem permite que ospequenos agricultores recebam assistecircncia teacutecnica das instituiccedilotildees financeiras e comisso fortaleccedilam as atividades econocircmicas desenvolvidas refletindo consequentementena melhoria da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios

Natildeo obstante existem alguns trabalhos que destacam resultados negativosquanto ao efeito do microcreacutedito como os de Banerjee Karlan e Zinman (2015)Bateman e Chang (2012) Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher(2007) Hulme e Mosle (1996) e Morduch (1998)

A importacircncia desse trabalho reside na existecircncia de poliacuteticas puacuteblicas 2 voltadasagrave agricultura familiar no Brasil que movimentam um grande volume de recursos cercade 30 bihotildees de reais para as safras de 2017 a 2020 (MDA 2017) e sendo assimeacute preciso verificar se de fato estaacute havendo retorno nos recursos aplicados no setorespecificamente no que se refere ao Programa Agroamigo

Aleacutem disso a necessidade em estudar o microcreacutedito voltado agrave agriculturafamiliar deve-se ao fato dessa configuraccedilatildeo produtiva possuir diversas funccedilotildees quevatildeo desde a sustentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do homem no campo ateacute a importacircncia do seupapel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo de forma significativapara o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses

Ademais de acordo com Guilhoto et al (2007) apesar da heterogeneidade exis-tente no segmento da agricultura familiar no Brasil este eacute responsaacutevel por importanteparcela da produccedilatildeo agropecuaacuteria contribuindo de forma significativa na geraccedilatildeo deriquezartacircncia do seu papel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo deforma significativa para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses Ademaisdo paiacutes

Seguida desta parte introdutoacuteria a seccedilatildeo 2 apresenta a revisatildeo da literaturaA terceira seccedilatildeo descreve os dados utilizados bem como as variaacuteveis selecionadasA seccedilatildeo 4 detalha a estrateacutegia empiacuterica necessaacuteria ao desenvolvimento do trabalhodiscorrendo sobre os modelos adotados para avaliar o efeito do programa objeto dopresente estudo A seccedilatildeo 5 apresenta os resultados encontrados e por uacuteltimo na sextaparte satildeo feitas as consideraccedilotildees finais

2 No Brasil existem diversas poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar como o PronafAssistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural (ATER) Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos (PAA) ProgramaNacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) etc

14

2 Revisatildeo da Literatura

21 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito

O grande marco histoacuterico que serviu de modelo para difundir o microcreacuteditoocorreu em Bangladesh na deacutecada de 70 de uma experiecircncia iniciada pelo economistaMuhammad Yunus fundador do Grameen Bank e ganhador do Precircmio Nobel da Pazem 2006 A ideia defendida abertamente por Yunus (2001) eacute a do microcreacutedito ser umprograma de mudanccedila social que permite aos mais pobres exercerem suas habilidadese sua capacidade de produzir

Da experiecircncia do Grameen Bank aos dias atuais o ritmo de expansatildeo e aabrangecircncia alcanccedilada pelo microcreacutedito tem despertado o interesse de profissionais eteoacutericos do mundo todo Considerado um elemento importante na reduccedilatildeo de pobrezae melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos o microcreacutedito tem se apresentadocomo uma forma de alavancar e fortalecer as atividades de uma parte da populaccedilatildeoque foi excluiacuteda do sistema financeiro tradicional fomentando o desenvolvimentoeconocircmico e social Segundo Yunus e Jolis (2000) o microcreacutedito visa garantir finan-ciamento adequado aos indiviacuteduos que trabalham em aacutereas rurais melhorando acapacidade produtiva o padratildeo e as condiccedilotildees de vida em geral Seu objetivo eacute permi-tir aos mais desfavorecidos condiccedilotildees de terem uma vida digna e autossustentaacutevel pormeio da concessatildeo de pequenos empreacutestimos

De acordo com Barone et al (2002) Monzoni (2008) Soares e Sobrinho (2007)Osmani e Mahmud (2015) Quayes e Khalily (2014) o microcreacutedito eacute a concessatildeode empreacutestimos de baixo valor a indiviacuteduos e pequenos empreendedores informaisque natildeo possuem acesso formal ao sistema financeiro tradicional e diferencia-se dosdemais tipos de empreacutestimo primordialmente em funccedilatildeo da metodologia utilizadaPara Abramovay et al (2013) Maciel et al (2009) e Yunus e Jolis (2000) o microcreacuteditoassume-se como um instrumento de combate agrave pobreza e melhora das condiccedilotildees devida dos indiviacuteduos

Goldberg (2005) afirma que grande parte dos estudos iniciais sobre impacto domicrocreacutedito apresenta resultado positivo na pobreza e renda dos seus beneficiaacuteriosUm dos primeiros estudos abrangentes de impacto foi realizado por Hossain (1988p10) apontando que ldquoa renda familiar meacutedia dos tomadores de microcreacutedito junto aoGrameen era 43 superior agrave dos natildeo tomadores de microcreacutedito sendo as maioresdiferenccedilas no estrato de menor rendardquo

Trabalhos como os de Khandker Baqui e Khan (1995) McKernan (2002) e Pitt e

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 15

Khandker (1998) demonstraram que embora o efeito seja positivo a magnitude doimpacto do microcreacutedito sobre a oferta de trabalho as despesas os bens adquiridos aescolaridade das crianccedilas a fertilidade o uso de contraceptivos e os lucros do trabalhodepende do sexo do participante do programa de creacutedito Hermes e Lensink (2007)e Khandker (2005) tambeacutem realizaram estudos sobre o microcreacutedito e elencaram osefeitos positivos desta poliacutetica dentre eles o aumento da renda familiar e dos bens dasmulheres a melhoria da escolaridade dos filhos a superaccedilatildeo da linha da pobreza e odesenvolvimento local

O microcreacutedito sob a perspectiva da responsabilidade conjunta e da atuaccedilatildeode grupos solidaacuterios foi analisado nos trabalhos de Ahlin e Townsend (2007) CassarCrowley e Wydick (2007) Karlan (2007) e Wenner (1995) cujos resultados indicaramque o desempenho do reembolso de grupos solidaacuterios melhora quando os grupospossuem regras formais de como seus membros devem se comportar

Os estudos de Hulme e Mosle (1996) apontaram que o crescimento da rendafamiliar dos tomadores de microcreacutedito sempre se apresentava superior ao crescimentode renda das famiacutelias natildeo tomadoras de creacutedito corroborando com os resultados daspesquisas iniciais de Hossain Pesquisas realizadas por Agbola Acupan e Mahmood(2017) Banerjee e Duflo (2011) MkNelly (1998 1999) indicaram que aleacutem do aumentode renda familiar o microcreacutedito proporcionou a melhoria do bem-estar econocircmicopor meio da estabilizaccedilatildeo do consumo da melhoria das condiccedilotildees de moradia e dapropriedade de bens

Sob a perspectiva da intervenccedilatildeo do microcreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola diversostrabalhos foram realizados apresentando diferentes enfoques Alam (1988) investigouo crescimento da produtividade dos agricultores com acesso ao microcreacutedito peloGrameen Bank constatando que pequenos agricultores poderiam melhorar sua produ-tividade alocando parte de suas terras para o cultivo de variedades de alto rendimentoAshaolu et al (2011) realizaram um estudo na Nigeacuteria e concluiacuteram que o aumento noniacutevel de produccedilatildeo agriacutecola na Nigeacuteria ocorreu devido ao fortalecimento financeiro dosagricultores por meio do acesso ao microcreacutedito Akwaa-Sekyi (2013) afirma que omicrocreacutedito contribui para o desenvolvimento agriacutecola especificamente na matildeo deobra empregada capital de giro a produccedilatildeo e a renda dos agricultores

Estudo realizado por Shah et al (2015) na cidade de Mastung no Paquistatildeoconcluiu que o microcreacutedito fornece apoio financeiro aos agricultores contribuindopara o desenvolvimento do setor agriacutecola aumento da produccedilatildeo agriacutecola e conse-quentemente elevaccedilatildeo da renda Trabalho realizado por Sulemana e Adjei (2015) emGhana verificou que o acesso ao microcreacutedito permitiu aos agricultores a adoccedilatildeo deteacutecnicas agriacutecolas mais modernas e uso de sementes de alta produccedilatildeo impactandopositivamente nos niacuteveis de produccedilatildeo De forma semelhante Zeller Diagne e Mataya

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 16

(1998) concluiacuteram que a participaccedilatildeo em um programa de creacutedito agriacutecola possibilita oacesso agrave melhores tecnologias agriacutecolas e de maior rentabilidade elevando a produccedilatildeodo milho e tabaco hiacutebridos no Malawi

Sharmeen e Chowdhury (2013) afirmam que parte do microcreacutedito eacute destinadoaos agricultores pobres para compra de insumos como sementes irrigaccedilatildeo fertilizan-tes e encontraram uma correlaccedilatildeo positiva entre o microcreacutedito agriacutecola e o aumentoda produccedilatildeo em Bangladesh

Embora o microcreacutedito seja tradicionalmente considerado como uma poliacutetica dedesenvolvimento econocircmico e social local fundamental para a superaccedilatildeo da pobrezaa geraccedilatildeo de trabalho e renda e o fomento da produccedilatildeo agropecuaacuteria ainda natildeo existeum consenso no que se refere ao seu efeito na literatura e nas pesquisas internacionaisde impacto Isso porque no final da deacutecada de 90 diversos estudos passaram a criticaros resultados alcanccedilados pelo microcreacutedito

Morduch (1998) questionou a validade e o rigor dos estudos realizados sobre omicrocreacutedito em Bangladesh afirmando natildeo existir evidecircncia estatiacutestica que compro-vasse o aumento no consumo entre os indiviacuteduos que realizavam empreacutestimo por meiodo microcreacutedito em relaccedilatildeo aos que natildeo realizavam De acordo com Bateman e Chang(2012) os efeitos positivos do microcreacutedito satildeo de curto prazo e apenas para algunsindiviacuteduos ldquosortudosrdquo Aleacutem disso se constitui uma poderosa barreira institucional epoliacutetica para o desenvolvimento econocircmico e social sustentaacutevel e tambeacutem agrave reduccedilatildeoda pobreza Coleman (2006) com base em estudo de impacto realizado na Tailacircndiaconcluiu que havia um vieacutes nos resultados do microcreacutedito e que natildeo se poderiaatribuir unicamente a ele a soluccedilatildeo para retirar as pessoas da pobreza

Autores como Hulme e Mosle (1996) Banerjee et al (2015) afirmam nos seusestudos que natildeo encontraram efeitos significativos do microcreacutedito no consumo dasfamiacutelias na educaccedilatildeo na sauacutede ou no empoderamento das mulheres Banerjee Karlane Zinman (2015) compilaram os resultados de seis estudos aleatoacuterios realizados sobre omicrocreacutedito nas aacutereas urbanas e rurais da Boacutesnia Etioacutepia Iacutendia Meacutexico Marrocos eMongoacutelia mostrando que nenhum dos seis estudos encontraram impacto significativona renda familiar dos beneficiaacuterios

Feder et al (1990) afirmam que parte do creacutedito concedido aos produtoreseacute desviada para o consumo fazendo com que o efeito provaacutevel da produccedilatildeo sejamenor do que o esperado Guirkinger e Boucher (2007) sugerem que as restriccedilotildees decreacutedito afetam negativamente a alocaccedilatildeo de recursos prejudicando a produccedilatildeo agriacutecolados pequenos agricultores peruanos Conclusatildeo semelhante eacute encontrada no estudorealizado por Dong Lu e Featherstone (2010) na China Para Armendariz e Morduch(2005) ainda existe uma seacuterie de questionamentos sobre o efeito do microcreacutedito quenatildeo foram amplamente pesquisados e explicados

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 17

O Brasil natildeo alheio agrave essa temaacutetica tem estimulado a concessatildeo de operaccedilotildees demicrocreacutedito com intuito de melhorar a situaccedilatildeo da populaccedilatildeo mais pobre de reduziras desigualdades sociais existentes e de promover o desenvolvimento sustentaacutevel daagricultura familiar

22 Microcreacutedito no Brasil

Monzoni (2008) aponta que a experiecircncia pioneira de microcreacutedito no Brasilocorreu no contexto das atividades da Uniatildeo Nordestina de Assistecircncia a PequenasOrganizaccedilotildees (UNO) entidade criada em 1973 com o objetivo de apoiar micro epequenos empreendimentos da Regiatildeo Nordeste

Segundo Maciel et al (2009) na deacutecada de 1980 outras iniciativas voltadas aomicrocreacutedito surgiram no paiacutes em 1982 foi criado o Banco da Mulher em 1986 foramcriados o Banco do Microcreacutedito no Paranaacute e o PROMICRO no Distrito FederalJaacute em 1987 a partir da experiecircncia da Accioacuten Internacional e de organizaccedilotildees natildeo-governamentais colombianas a metodologia dos grupos solidaacuterios que utiliza o avalsolidaacuterio foi replicada no Brasil com a criaccedilatildeo do Centro de Apoio aos PequenosEmpreendimentos Ana Terra (CeapeRS) instituiacuteda sob a forma de organizaccedilatildeo natildeogovernamental e considerada a primeira organizaccedilatildeo a introduzir no Brasil elementosque predominam na tecnologia do microcreacutedito quais sejam agente de creacuteditogarantia solidaacuteria prazos curtos e valores crescentes (CAMAROTTI SPINK 2002)

De acordo com Monzoni (2008) na deacutecada de 1990 houve o surgimento doProacute Renda no Cearaacute (1990) o Balcatildeo de Ferramentas (1991) da Caixa EconocircmicaFederal o Banco da Providecircncia (1994) no Rio de Janeiro e o Portosol (1995) no RioGrande do Sul Zouain e Barone (2007) apontam que em 1995 foi criado o ProgramaComunidade Solidaacuteria para enfrentamento da fome e da miseacuteria por meio de acessoao creacutedito natildeo como poliacutetica isolada mas dentro de um contexto de desenvolvimentolocal integrado e sustentado Em 1998 foi implantado o Banco do Povo Paulista emSatildeo Paulo (SOARES SOBRINHO 2007)

Matos Macambira e Cacciamali (2014) afirmam que somente no final da deacutecadade 1990 a atividade de microcreacutedito difundiu-se no Brasil e os principais fatores quegarantiram essa expansatildeo foram

bull as de alteraccedilotildees no marco regulatoacuterio brasileiro que proporcionou a regula-mentaccedilatildeo de novas figuras institucionais autorizadas a atuar na atividade demicrocreacutedito

bull a implantaccedilatildeo do Programa Crediamigo pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB)em 1997 que incorporou praacuteticas de operacionalizaccedilatildeo tiacutepicas da atividade de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 18

microcreacutedito dentre as quais formaccedilatildeo de grupos solidaacuterios foco na atividadeprodutiva informal progressividade de concessatildeo entre outros

bull aportes de recursos por parte do poder puacuteblico a instituiccedilotildees de microcreacuteditofundamentalmente por meio da atuaccedilatildeo do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconocircmico e Social (BNDES)

Em 2005 foi estabelecido o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) criado pela Medida Provisoacuteria no 226 de 29 de novembro de2004 que foi convertida na Lei no 11110 de 25 de abril de 2005 De acordo comValentin e Serra (2012) o PNMPO foi o resultado de mais de 30 anos de iniciativasinovadoras de oferta de creacutedito popular por parte de OSCIPS ONGs e sociedadescivis organizadas e possui como objetivo principal a oferta de creacutedito exclusivo amicroempreendedores populares com acompanhamento teacutecnico local

Conforme a referida lei considera-se microcreacutedito produtivo orientado o creacute-dito concedido para o atendimento das necessidades financeiras de pessoas fiacutesicase juriacutedicas empreendedoras que realizem atividades produtivas de pequeno porteutilizando metodologia baseada no relacionamento direto com os empreendedores nolocal onde eacute executada a atividade econocircmica (BRASIL 2005)

No Brasil vaacuterios trabalhos empiacutericos foram realizados sobre o microcreacuteditosob diferentes enfoques tais como Batista e Neder (2014)B Moraes (2010) e GonzalezRighetti e DiSerio (2014) que enfatizaram a importacircncia do microcreacutedito na renda dosbeneficiaacuterios Maia e Pinto (2015) destacou o papel do microcreacutedito no desempenho doPronaf B Oliveira Almeida e Taques (2015) que analisaram o grau de concentraccedilatildeo eniacutevel de aderecircncia dos recursos da carteira de financiamento do programa Baiardi et al(2015) Moreira Silveira e Motter (2014) que investigaram a percepccedilatildeo do beneficiaacuteriosdo programa

Embora vaacuterios programas de microcreacutedito tenham sido implantados no Brasilao longo das uacuteltimas deacutecadas os que tiveram maior expansatildeo e adensamento foramos implementados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) Considerada uma dasinstituiccedilotildees que mais se destaca com o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) o BNB eacute um banco puacuteblico federal que desde 1998 concedeempreacutestimos a empreendedores de baixa renda com o objetivo de fortalecer e im-pulsionar o desenvolvimento de pequenos negoacutecios tanto no meio rural quanto nourbano trabalhando com duas linhas de microcreacutedito o Crediamigo e o Agroamigoeste uacuteltimo objeto de estudo do presente trabalho

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 19

23 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo

O Agroamigo3 eacute um programa de microcreacutedito rural do Banco do Nordesteque se propotildee a melhorar o perfil social e econocircmico do agricultor familiar por meioda concessatildeo de financiamento para a aacuterea rural adotando metodologia proacutepria deatendimento Operacionalizado pelo Instituto Nordeste Cidadania (INEC) organizaccedilatildeoda sociedade civil de interesse puacuteblico (Oscip) o Programa iniciou suas operaccedilotildeesem 2005 tendo como fonte de recursos o Fundo Constitucional de Financiamento doNordeste (FNE)

A criaccedilatildeo da metodologia de microcreacutedito rural foi influenciada pelo sucessoda experiecircncia do microcreacutedito urbano do proacuteprio Banco do Nordeste com o ProgramaCrediamigo que inspirou uma accedilatildeo similar apropriada nas comunidades rurais Satildeoobjetivos do programa aumentar a renda familiar criar empregos no meio ruralaumentar a oferta de alimentos para a populaccedilatildeo do campo e das cidades e melhorar aqualidade de vida da populaccedilatildeo rural (MATOS MACAMBIRA CACCIAMALI 2014)

O Agroamigo atua na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel integrandoas vertentes i) social ao promover a inclusatildeo no mercado de creacutedito e possibilitar oresgate agrave cidadania ii) econocircmica ao proporcionar via creacutedito a geraccedilatildeo de rendapara sustento da unidade familiar e iii) ambiental ao estimular a exploraccedilatildeo doempreendimento de forma sustentaacutevel (MACIEL et al 2009)

O Programa possui como puacuteblico-alvo agricultores familiares que se enquadramno Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF assimclassificados

bull Agroamigo Crescer com financiamentos de ateacute R$ 4 mil eacute voltado para agricul-tores familiares que se enquadrem no grupo B do PRONAF ou seja beneficiaacuteriosque possuam renda bruta familiar nos uacuteltimos 12 meses de produccedilatildeo normalque antecedem a solicitaccedilatildeo da DAP4 natildeo superior a R$2000000 (BCB 2016)

bull Agroamigo Mais com financiamentos de ateacute R$ 15 mil eacute voltado para agriculto-res familiares que obtenham renda bruta anual de ateacute R$ 360 mil e se enquadremno PRONAF V (renda variaacutevel)

Segundo Neri (2012) nos grupos atendidos pelo Agroamigo incluem-se todos osque exploram parcela de terra tanto na condiccedilatildeo de proprietaacuterio posseiro arrendataacuterio3 Disponiacutevel em lthttpwwwbnbgovbrhistoricogt Acesso em 10 de janeiro de 20174 De acordo com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agraacuterio a

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP)eacute o documento de identificaccedilatildeo da agricultura familiar e pode ser obtido tanto pelo agricultor ouagricultora familiar (pessoa fiacutesica) quanto por empreendimentos familiares rurais como associaccedilotildeescooperativas agroinduacutestrias (pessoa juriacutedica)

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 20

quanto parceiro que residam na propriedade rural ou em local proacuteximo e obtenham nomiacutenimo 50 da renda familiar da exploraccedilatildeo do estabelecimento rural Os agricultoresclientes do Agroamigo podem desenvolver qualquer atividade seja agriacutecola pecuaacuteriaoutras atividades natildeo agropecuaacuterias no meio rural que gere renda no campo ou nasproximidades urbanas como agroinduacutestria pesca turismo rural serviccedilos no meiorural e artesanato

Dessa forma o Agroamigo resulta da prioridade dada pelo Banco do Nordesteao apoio aos agricultores familiares em reconhecimento agrave importacircncia econocircmica esocial deste segmento

24 Agricultura familiar

Embora a globalizaccedilatildeo e a pressatildeo pela competitividade tenham obrigadoa agricultura evoluir a maioria das fazendas no mundo ainda eacute familiar e estapredominacircncia eacute esmagadora natildeo apenas nos paiacuteses subdesenvolvidos mas tambeacutemnos paiacuteses desenvolvidos (MORENO-PeacuteREZ LOBLEY 2015)

Estudos como os de Brookfield (2008) Carlson (2008) Duumlrr (2016) Barry (2015)e Strange (1988) assinalam um crescente interesse por essa configuraccedilatildeo produtivana medida em que os resultados encontrados sugerem que a agricultura familiarcontribui para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses o que tem desafiadoos governos a implementarem poliacuteticas puacuteblicas voltadas para este segmento

Especificamente em se tratando da agricultura familiar no Brasil houve umcrescente interesse por este segmento a partir da deacutecada de 90 Algumas pesqui-sas se tornaram marcos nos estudos rurais brasileiros tais como Abramovay (2007)Kageyama e Bergamasgo (1990) e Veiga (2012) cujos trabalhos apontam a impor-tacircncia deste setor na histoacuteria do Brasil e do mundo descrevendo a evoluccedilatildeo que odesenvolvimento agriacutecola experimentou desde o poacutes-guerra

Um outro trabalho de destaque no campo da agricultura familiar eacute o relatoacuteriopublicado em 1994 pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Agricultura e Ali-mentaccedilatildeo (FAO) em conjunto com o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e ReformaAgraacuteria (INCRA) cujo objetivo principal foi estabelecer as diretrizes para um ldquomodelode desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Sendo assim historicamente a atividade agriacutecolatem apresentado expressiva relevacircncia na economia brasileira na medida em queproporciona desenvolvimento social e econocircmico por meio de geraccedilatildeo de emprego erenda (FURTADO 1980 PRADO JUacuteNIOR 1977)

De acordo com Franccedila Grossi e Marques (2009) o Censo Agropecuaacuterio de 2006identificou que do total de estabelecimentos agropecuaacuterios no Brasil 4367902 eram de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 21

agricultores familiares representando 844 dos estabelecimentos brasileiros sendoque a metade deles estava no Nordeste Este contingente de agricultores familiaresocupava uma aacuterea de 8025 milhotildees de hectares representando 243 da aacuterea ocupadapelos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros demonstrando que o Brasil possuiacuteauma estrutura agraacuteria concentrada

Guilhoto et al (2007) afirmam que o segmento familiar da agropecuaacuteria brasileirae as cadeias produtivas a ela interligadas responderam em 2005 por 90 do PIBbrasileiro e considerando que o agronegoacutecio nacional foi responsaacutevel por 279 doPIB no referido ano fica evidente a importacircncia da agricultura familiar na geraccedilatildeo deriqueza do paiacutes A Tabela 1 a seguir mostra a participaccedilatildeo do agronegoacutecio familiar epatronal do Brasil e Nordeste no PIB Total brasileiro nos anos de 2002 a 2004

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste

Unidades Federativas 2002 2003 2004

PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

Brasil 925 1961 1007 2052 960 2030Alagoas 901 2752 822 2836 1046 2391

Bahia 1073 2085 1179 2098 1063 2124Cearaacute 1357 1411 1423 1337 1226 1319

Maranhatildeo 1667 1757 1635 1886 1566 1676Paraiacuteba 1684 2282 1944 2216 1722 2282

Pernambuco 759 1631 834 1773 749 1606Piauiacute 1625 1486 1516 1629 1377 1537

Rio Grande do Norte 1118 1881 1249 1878 1085 1841Sergipe 1063 1197 1126 1136 908 1134

Fonte Adaptado de Guilhoto et al 2007

Guanziroli et al (2001) e Aquino e Teixeira (2005) afirmam que para haverum desempenho econocircmico viaacutevel dessa atividade eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo deassistecircncia teacutecnica e poliacuteticas puacuteblicas adequadas

Portanto as poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar devem levarem consideraccedilatildeo as especificidades deste setor de modo a permitir que a pequenaproduccedilatildeo agropecuaacuteria familiar reduza o fluxo de trabalhadores do campo para acidade gere emprego e renda e contribua para o desenvolvimento local e regionalde forma sustentaacutevel E o microcreacutedito tem se destacado como uma ferramenta defomento da agricultura familiar haja vista a dificuldade na aquisiccedilatildeo de creacutedito formalser frequentemente argumentada como uma das restriccedilotildees agrave expansatildeo da capacidadeprodutiva dos pequenos agricultores

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Abstract

The purpose of this study was to analyze the effect of rural microcredit on the valueof agricultural production in the municipalities of Northeastern Brazil assisted byAgroamigo from 2005 to 2015 considering the volume of resources and the time ofexposure of municipalities to the Program For that was used the Differences inDifferences (Dd) method with control for fixed effect Based on the analysis it waspossible to identify that rural microcredit had a positive although very small of 010 for six years of exposure and effect only on the value of livestock production Inagriculture and in the total set of agricultural production no positive relationshipwas identified between the time of exposure to the Program and the increase inthe production value of the municipalities covered by Agroamigo The study alsopresented evidence that although there is a considerable amount of resources directedto the production of family farmers the value of the investment that returns to societyis still very low The results showed no evidence that the rural microcredit programAgroamigo is capable of generating a significant change in the economic dimensionwith regard to family agriculture Thus many challenges and advances are beingfaced to consolidate rural microcredit as a tool that contributes effectively to increasingagricultural production in a sustainable way specifically in the Northeast of Brazil

Keywords Rural microcredit Agroamigo Program Family farming Value of Produc-tion Northeast

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste 21Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015 23Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste 27Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo 32Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria 33Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo total (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 34Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo agriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 35Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo pecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 36Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria 38

Lista de ilustraccedilotildees

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano 28Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil 29Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de ativi-

dade 30Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio 31

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 1421 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito 1422 Microcreacutedito no Brasil 1723 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo 1924 Agricultura familiar 20

3 DADOS E VARIAacuteVEIS 22

4 ESTRATEacuteGIA EMPIacuteRICA 25

5 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 28

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 41

11

1 Introduccedilatildeo

Nas uacuteltimas trecircs deacutecadas governos do mundo todo tecircm implementado accedilotildeespara reduzir a pobreza e ajudar famiacutelias a saiacuterem da pobreza extrema Nesse sentido omicrocreacutedito tem sido apontado por pesquisadores e formuladores de poliacuteticas puacuteblicascomo importante ferramenta de desenvolvimento social e econocircmico Diversos estudoscomo Banerjee e Duflo (2011) Chen e Snodgrass (2001) Goldberg (2005) Hermes eLensink (2007) Hollis e Sweetman (1998) Hossain (1988) Jayne et al (2016) KhandkerBaqui e Khan (1995) Koloma e Aila (2014) Li Gan e Hu (2011) Lipton (2009) Pitt eKhandker (1998) tecircm examinado o potencial do microcreacutedito na melhoria das condiccedilotildeesde vida dos seus beneficiaacuterios na inclusatildeo financeira e no fortalecimento da produccedilatildeoagriacutecola de quem faz uso dessa modalidade de creacutedito

Segundo Reed (2015) o microcreacutedito tem apresentado nuacutemeros expressivosem escala global em termos de atendimento e concessatildeo de creacutedito Em 1997 dos13 milhotildees de beneficiados 8 milhotildees eram pobres ou viviam abaixo da linha dapobreza Em 2013 o microcreacutedito beneficiou 211 milhotildees de clientes sendo que 114milhotildees viviam na pobreza extrema Molineus (2015) aponta que ao longo das uacuteltimasduas deacutecadas o microcreacutedito movimentou um volume de recursos entre $60 e $100bilhotildees de doacutelares possuindo cerca de 200 milhotildees de clientes e com perspectiva decrescimento para os proacuteximos anos

Dados do Banco Mundial (2008) apontam que nos paiacuteses em desenvolvimento75 das pessoas de baixa renda vivem em aacutereas rurais e a maioria depende diretaou indiretamente da agricultura para sua subsistecircncia Cerca de 86 da populaccedilatildeorural do mundo (25 bilhotildees de pessoas) depende da agricultura e esta por sua vezgera emprego para 13 bilhotildees de pequenos produtores e trabalhadores sem-terraDessa forma de acordo com o Banco Mundial (2008) em pleno seacuteculo XXI a produccedilatildeoagriacutecola ainda desempenha um papel fundamental para o desenvolvimento sustentaacutevele a reduccedilatildeo da pobreza e fome mundiais e dessa forma a concessatildeo do microcreacuteditoaos pequenos produtores rurais tambeacutem se apresenta como uma importante ferramentade poliacutetica puacuteblica que proporciona aumento da capacidade produtiva e fortalecimentoda agricultura

Diversos estudos na literatura internacional tecircm buscado mostrar a influecircncia domicrocreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola de pequeno porte tais como Alam (1988) Akwaa-Sekyi (2013) Alwang e Siegel (2003) Ashaolu et al (2011) Dong Lu e Featherstone(2010) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Lowder Skoet e Singh (2014)Shah et al (2015) Sharmeen e Chowdhury (2013) Sulemana e Adjei (2015)

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 12

No Brasil as primeiras experiecircncias relacionadas ao microcreacutedito remontam adeacutecada de 1970 e em anos mais recentes estatildeo sendo orientadas pela Lei no 111102011que estabeleceu o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO)voltado para incentivar as atividades produtivas de pequeno porte estimulandoemprego e renda desse setor De acordo com Sistema de Informaccedilotildees de Creacutedito doBanco Central do Brasil (BCB) ateacute dezembro de 2013 a carteira total de microcreacuteditoregistrou um volume de R$ 53 bilhotildees referentes a 31 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito(BCB 2015)

Estudos brasileiros referentes ao efeito do microcreacutedito na agricultura familiarde diferentes tipos de pesquisa quanto agrave abordagem e procedimentos como os deAbramovay et al (2013) Batista e Neder (2014) Capobiango et al (2012) Garcia Castroe Teixeira (2008) Gazolla e Schneider (2013) Kageyama (2003) Mattei (2005 2006)Pereira e Nascimento (2014) Silva e Filho (2009) apresentaram resultados positivosreforccedilando a ideia de que o acesso ao creacutedito rural eacute capaz de estimular a produccedilatildeoagriacutecola de pequeno porte

Dessa forma o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) maior instituiccedilatildeo financeirada Ameacuterica Latina voltada ao desenvolvimento regional e oacutergatildeo executor de poliacuteticaspuacuteblicas examinou experiecircncias de sucesso de microcreacutedito em alguns paiacuteses asiaacuteticose latino-americanos e como resultado verificou que poderia ser desenvolvida umametodologia especiacutefica de microcreacutedito no meio rural para fomentar a geraccedilatildeo derenda e ocupaccedilatildeo das camadas mais carentes Assim foi criado em 2005 o ProgramaAgroamigo que tem como accedilatildeo expandir o atendimento aos agricultores familiaresde pequeno porte mediante a concessatildeo de microcreacutedito produtivo rural e orientado(BNB 2016)

Nesse contexto o presente estudo analisa o papel do microcreacutedito rural sobre ovalor da produccedilatildeo agropecuaacuteria nos municiacutepios nordestinos atendidos pelo ProgramaAgroamigo Para o cumprimento deste objetivo satildeo estabelecidas e analisadas variaacuteveisque tenham relaccedilatildeo de causa e efeito entre o Agroamigo e a produccedilatildeo agropecuaacuteriabem como verificada a evoluccedilatildeo do tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios ao Programa edo volume de recursos recebidos no periacuteodo de 2005 a 2015

A hipoacutetese testada neste trabalho como a defendida por Abramovay et al (2013)eacute de que os municiacutepios que recebem mais recursos contabilizados a partir da somados empreacutestimos individuais fornecidos dentro do Programa Agroamigo e que estatildeoexpostos 1 ao Programa por mais tempo conseguem obter um aumento no valor dasua produccedilatildeo agropecuaacuteria A ideia eacute que os empreacutestimos possibilitam aos agricultoresfamiliares obter um aumento no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria na medida em1 O tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio eacute contado pela quantidade de anos em que o municiacutepio

apresentou pelo menos um contrato de adesatildeo de algum produtor local ao Programa Agroamigo

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 13

que permite investimentos em novas variedades de culturas de melhor rendimentoaquisiccedilatildeo de rebanhos para produccedilatildeo de carne e leite e o acesso a tecnologias maissustentaacuteveis que melhoram seus processos produtivos e seus niacuteveis de produccedilatildeotornando-os mais competitivos O acesso ao microcreacutedito tambeacutem permite que ospequenos agricultores recebam assistecircncia teacutecnica das instituiccedilotildees financeiras e comisso fortaleccedilam as atividades econocircmicas desenvolvidas refletindo consequentementena melhoria da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios

Natildeo obstante existem alguns trabalhos que destacam resultados negativosquanto ao efeito do microcreacutedito como os de Banerjee Karlan e Zinman (2015)Bateman e Chang (2012) Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher(2007) Hulme e Mosle (1996) e Morduch (1998)

A importacircncia desse trabalho reside na existecircncia de poliacuteticas puacuteblicas 2 voltadasagrave agricultura familiar no Brasil que movimentam um grande volume de recursos cercade 30 bihotildees de reais para as safras de 2017 a 2020 (MDA 2017) e sendo assimeacute preciso verificar se de fato estaacute havendo retorno nos recursos aplicados no setorespecificamente no que se refere ao Programa Agroamigo

Aleacutem disso a necessidade em estudar o microcreacutedito voltado agrave agriculturafamiliar deve-se ao fato dessa configuraccedilatildeo produtiva possuir diversas funccedilotildees quevatildeo desde a sustentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do homem no campo ateacute a importacircncia do seupapel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo de forma significativapara o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses

Ademais de acordo com Guilhoto et al (2007) apesar da heterogeneidade exis-tente no segmento da agricultura familiar no Brasil este eacute responsaacutevel por importanteparcela da produccedilatildeo agropecuaacuteria contribuindo de forma significativa na geraccedilatildeo deriquezartacircncia do seu papel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo deforma significativa para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses Ademaisdo paiacutes

Seguida desta parte introdutoacuteria a seccedilatildeo 2 apresenta a revisatildeo da literaturaA terceira seccedilatildeo descreve os dados utilizados bem como as variaacuteveis selecionadasA seccedilatildeo 4 detalha a estrateacutegia empiacuterica necessaacuteria ao desenvolvimento do trabalhodiscorrendo sobre os modelos adotados para avaliar o efeito do programa objeto dopresente estudo A seccedilatildeo 5 apresenta os resultados encontrados e por uacuteltimo na sextaparte satildeo feitas as consideraccedilotildees finais

2 No Brasil existem diversas poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar como o PronafAssistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural (ATER) Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos (PAA) ProgramaNacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) etc

14

2 Revisatildeo da Literatura

21 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito

O grande marco histoacuterico que serviu de modelo para difundir o microcreacuteditoocorreu em Bangladesh na deacutecada de 70 de uma experiecircncia iniciada pelo economistaMuhammad Yunus fundador do Grameen Bank e ganhador do Precircmio Nobel da Pazem 2006 A ideia defendida abertamente por Yunus (2001) eacute a do microcreacutedito ser umprograma de mudanccedila social que permite aos mais pobres exercerem suas habilidadese sua capacidade de produzir

Da experiecircncia do Grameen Bank aos dias atuais o ritmo de expansatildeo e aabrangecircncia alcanccedilada pelo microcreacutedito tem despertado o interesse de profissionais eteoacutericos do mundo todo Considerado um elemento importante na reduccedilatildeo de pobrezae melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos o microcreacutedito tem se apresentadocomo uma forma de alavancar e fortalecer as atividades de uma parte da populaccedilatildeoque foi excluiacuteda do sistema financeiro tradicional fomentando o desenvolvimentoeconocircmico e social Segundo Yunus e Jolis (2000) o microcreacutedito visa garantir finan-ciamento adequado aos indiviacuteduos que trabalham em aacutereas rurais melhorando acapacidade produtiva o padratildeo e as condiccedilotildees de vida em geral Seu objetivo eacute permi-tir aos mais desfavorecidos condiccedilotildees de terem uma vida digna e autossustentaacutevel pormeio da concessatildeo de pequenos empreacutestimos

De acordo com Barone et al (2002) Monzoni (2008) Soares e Sobrinho (2007)Osmani e Mahmud (2015) Quayes e Khalily (2014) o microcreacutedito eacute a concessatildeode empreacutestimos de baixo valor a indiviacuteduos e pequenos empreendedores informaisque natildeo possuem acesso formal ao sistema financeiro tradicional e diferencia-se dosdemais tipos de empreacutestimo primordialmente em funccedilatildeo da metodologia utilizadaPara Abramovay et al (2013) Maciel et al (2009) e Yunus e Jolis (2000) o microcreacuteditoassume-se como um instrumento de combate agrave pobreza e melhora das condiccedilotildees devida dos indiviacuteduos

Goldberg (2005) afirma que grande parte dos estudos iniciais sobre impacto domicrocreacutedito apresenta resultado positivo na pobreza e renda dos seus beneficiaacuteriosUm dos primeiros estudos abrangentes de impacto foi realizado por Hossain (1988p10) apontando que ldquoa renda familiar meacutedia dos tomadores de microcreacutedito junto aoGrameen era 43 superior agrave dos natildeo tomadores de microcreacutedito sendo as maioresdiferenccedilas no estrato de menor rendardquo

Trabalhos como os de Khandker Baqui e Khan (1995) McKernan (2002) e Pitt e

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 15

Khandker (1998) demonstraram que embora o efeito seja positivo a magnitude doimpacto do microcreacutedito sobre a oferta de trabalho as despesas os bens adquiridos aescolaridade das crianccedilas a fertilidade o uso de contraceptivos e os lucros do trabalhodepende do sexo do participante do programa de creacutedito Hermes e Lensink (2007)e Khandker (2005) tambeacutem realizaram estudos sobre o microcreacutedito e elencaram osefeitos positivos desta poliacutetica dentre eles o aumento da renda familiar e dos bens dasmulheres a melhoria da escolaridade dos filhos a superaccedilatildeo da linha da pobreza e odesenvolvimento local

O microcreacutedito sob a perspectiva da responsabilidade conjunta e da atuaccedilatildeode grupos solidaacuterios foi analisado nos trabalhos de Ahlin e Townsend (2007) CassarCrowley e Wydick (2007) Karlan (2007) e Wenner (1995) cujos resultados indicaramque o desempenho do reembolso de grupos solidaacuterios melhora quando os grupospossuem regras formais de como seus membros devem se comportar

Os estudos de Hulme e Mosle (1996) apontaram que o crescimento da rendafamiliar dos tomadores de microcreacutedito sempre se apresentava superior ao crescimentode renda das famiacutelias natildeo tomadoras de creacutedito corroborando com os resultados daspesquisas iniciais de Hossain Pesquisas realizadas por Agbola Acupan e Mahmood(2017) Banerjee e Duflo (2011) MkNelly (1998 1999) indicaram que aleacutem do aumentode renda familiar o microcreacutedito proporcionou a melhoria do bem-estar econocircmicopor meio da estabilizaccedilatildeo do consumo da melhoria das condiccedilotildees de moradia e dapropriedade de bens

Sob a perspectiva da intervenccedilatildeo do microcreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola diversostrabalhos foram realizados apresentando diferentes enfoques Alam (1988) investigouo crescimento da produtividade dos agricultores com acesso ao microcreacutedito peloGrameen Bank constatando que pequenos agricultores poderiam melhorar sua produ-tividade alocando parte de suas terras para o cultivo de variedades de alto rendimentoAshaolu et al (2011) realizaram um estudo na Nigeacuteria e concluiacuteram que o aumento noniacutevel de produccedilatildeo agriacutecola na Nigeacuteria ocorreu devido ao fortalecimento financeiro dosagricultores por meio do acesso ao microcreacutedito Akwaa-Sekyi (2013) afirma que omicrocreacutedito contribui para o desenvolvimento agriacutecola especificamente na matildeo deobra empregada capital de giro a produccedilatildeo e a renda dos agricultores

Estudo realizado por Shah et al (2015) na cidade de Mastung no Paquistatildeoconcluiu que o microcreacutedito fornece apoio financeiro aos agricultores contribuindopara o desenvolvimento do setor agriacutecola aumento da produccedilatildeo agriacutecola e conse-quentemente elevaccedilatildeo da renda Trabalho realizado por Sulemana e Adjei (2015) emGhana verificou que o acesso ao microcreacutedito permitiu aos agricultores a adoccedilatildeo deteacutecnicas agriacutecolas mais modernas e uso de sementes de alta produccedilatildeo impactandopositivamente nos niacuteveis de produccedilatildeo De forma semelhante Zeller Diagne e Mataya

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 16

(1998) concluiacuteram que a participaccedilatildeo em um programa de creacutedito agriacutecola possibilita oacesso agrave melhores tecnologias agriacutecolas e de maior rentabilidade elevando a produccedilatildeodo milho e tabaco hiacutebridos no Malawi

Sharmeen e Chowdhury (2013) afirmam que parte do microcreacutedito eacute destinadoaos agricultores pobres para compra de insumos como sementes irrigaccedilatildeo fertilizan-tes e encontraram uma correlaccedilatildeo positiva entre o microcreacutedito agriacutecola e o aumentoda produccedilatildeo em Bangladesh

Embora o microcreacutedito seja tradicionalmente considerado como uma poliacutetica dedesenvolvimento econocircmico e social local fundamental para a superaccedilatildeo da pobrezaa geraccedilatildeo de trabalho e renda e o fomento da produccedilatildeo agropecuaacuteria ainda natildeo existeum consenso no que se refere ao seu efeito na literatura e nas pesquisas internacionaisde impacto Isso porque no final da deacutecada de 90 diversos estudos passaram a criticaros resultados alcanccedilados pelo microcreacutedito

Morduch (1998) questionou a validade e o rigor dos estudos realizados sobre omicrocreacutedito em Bangladesh afirmando natildeo existir evidecircncia estatiacutestica que compro-vasse o aumento no consumo entre os indiviacuteduos que realizavam empreacutestimo por meiodo microcreacutedito em relaccedilatildeo aos que natildeo realizavam De acordo com Bateman e Chang(2012) os efeitos positivos do microcreacutedito satildeo de curto prazo e apenas para algunsindiviacuteduos ldquosortudosrdquo Aleacutem disso se constitui uma poderosa barreira institucional epoliacutetica para o desenvolvimento econocircmico e social sustentaacutevel e tambeacutem agrave reduccedilatildeoda pobreza Coleman (2006) com base em estudo de impacto realizado na Tailacircndiaconcluiu que havia um vieacutes nos resultados do microcreacutedito e que natildeo se poderiaatribuir unicamente a ele a soluccedilatildeo para retirar as pessoas da pobreza

Autores como Hulme e Mosle (1996) Banerjee et al (2015) afirmam nos seusestudos que natildeo encontraram efeitos significativos do microcreacutedito no consumo dasfamiacutelias na educaccedilatildeo na sauacutede ou no empoderamento das mulheres Banerjee Karlane Zinman (2015) compilaram os resultados de seis estudos aleatoacuterios realizados sobre omicrocreacutedito nas aacutereas urbanas e rurais da Boacutesnia Etioacutepia Iacutendia Meacutexico Marrocos eMongoacutelia mostrando que nenhum dos seis estudos encontraram impacto significativona renda familiar dos beneficiaacuterios

Feder et al (1990) afirmam que parte do creacutedito concedido aos produtoreseacute desviada para o consumo fazendo com que o efeito provaacutevel da produccedilatildeo sejamenor do que o esperado Guirkinger e Boucher (2007) sugerem que as restriccedilotildees decreacutedito afetam negativamente a alocaccedilatildeo de recursos prejudicando a produccedilatildeo agriacutecolados pequenos agricultores peruanos Conclusatildeo semelhante eacute encontrada no estudorealizado por Dong Lu e Featherstone (2010) na China Para Armendariz e Morduch(2005) ainda existe uma seacuterie de questionamentos sobre o efeito do microcreacutedito quenatildeo foram amplamente pesquisados e explicados

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 17

O Brasil natildeo alheio agrave essa temaacutetica tem estimulado a concessatildeo de operaccedilotildees demicrocreacutedito com intuito de melhorar a situaccedilatildeo da populaccedilatildeo mais pobre de reduziras desigualdades sociais existentes e de promover o desenvolvimento sustentaacutevel daagricultura familiar

22 Microcreacutedito no Brasil

Monzoni (2008) aponta que a experiecircncia pioneira de microcreacutedito no Brasilocorreu no contexto das atividades da Uniatildeo Nordestina de Assistecircncia a PequenasOrganizaccedilotildees (UNO) entidade criada em 1973 com o objetivo de apoiar micro epequenos empreendimentos da Regiatildeo Nordeste

Segundo Maciel et al (2009) na deacutecada de 1980 outras iniciativas voltadas aomicrocreacutedito surgiram no paiacutes em 1982 foi criado o Banco da Mulher em 1986 foramcriados o Banco do Microcreacutedito no Paranaacute e o PROMICRO no Distrito FederalJaacute em 1987 a partir da experiecircncia da Accioacuten Internacional e de organizaccedilotildees natildeo-governamentais colombianas a metodologia dos grupos solidaacuterios que utiliza o avalsolidaacuterio foi replicada no Brasil com a criaccedilatildeo do Centro de Apoio aos PequenosEmpreendimentos Ana Terra (CeapeRS) instituiacuteda sob a forma de organizaccedilatildeo natildeogovernamental e considerada a primeira organizaccedilatildeo a introduzir no Brasil elementosque predominam na tecnologia do microcreacutedito quais sejam agente de creacuteditogarantia solidaacuteria prazos curtos e valores crescentes (CAMAROTTI SPINK 2002)

De acordo com Monzoni (2008) na deacutecada de 1990 houve o surgimento doProacute Renda no Cearaacute (1990) o Balcatildeo de Ferramentas (1991) da Caixa EconocircmicaFederal o Banco da Providecircncia (1994) no Rio de Janeiro e o Portosol (1995) no RioGrande do Sul Zouain e Barone (2007) apontam que em 1995 foi criado o ProgramaComunidade Solidaacuteria para enfrentamento da fome e da miseacuteria por meio de acessoao creacutedito natildeo como poliacutetica isolada mas dentro de um contexto de desenvolvimentolocal integrado e sustentado Em 1998 foi implantado o Banco do Povo Paulista emSatildeo Paulo (SOARES SOBRINHO 2007)

Matos Macambira e Cacciamali (2014) afirmam que somente no final da deacutecadade 1990 a atividade de microcreacutedito difundiu-se no Brasil e os principais fatores quegarantiram essa expansatildeo foram

bull as de alteraccedilotildees no marco regulatoacuterio brasileiro que proporcionou a regula-mentaccedilatildeo de novas figuras institucionais autorizadas a atuar na atividade demicrocreacutedito

bull a implantaccedilatildeo do Programa Crediamigo pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB)em 1997 que incorporou praacuteticas de operacionalizaccedilatildeo tiacutepicas da atividade de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 18

microcreacutedito dentre as quais formaccedilatildeo de grupos solidaacuterios foco na atividadeprodutiva informal progressividade de concessatildeo entre outros

bull aportes de recursos por parte do poder puacuteblico a instituiccedilotildees de microcreacuteditofundamentalmente por meio da atuaccedilatildeo do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconocircmico e Social (BNDES)

Em 2005 foi estabelecido o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) criado pela Medida Provisoacuteria no 226 de 29 de novembro de2004 que foi convertida na Lei no 11110 de 25 de abril de 2005 De acordo comValentin e Serra (2012) o PNMPO foi o resultado de mais de 30 anos de iniciativasinovadoras de oferta de creacutedito popular por parte de OSCIPS ONGs e sociedadescivis organizadas e possui como objetivo principal a oferta de creacutedito exclusivo amicroempreendedores populares com acompanhamento teacutecnico local

Conforme a referida lei considera-se microcreacutedito produtivo orientado o creacute-dito concedido para o atendimento das necessidades financeiras de pessoas fiacutesicase juriacutedicas empreendedoras que realizem atividades produtivas de pequeno porteutilizando metodologia baseada no relacionamento direto com os empreendedores nolocal onde eacute executada a atividade econocircmica (BRASIL 2005)

No Brasil vaacuterios trabalhos empiacutericos foram realizados sobre o microcreacuteditosob diferentes enfoques tais como Batista e Neder (2014)B Moraes (2010) e GonzalezRighetti e DiSerio (2014) que enfatizaram a importacircncia do microcreacutedito na renda dosbeneficiaacuterios Maia e Pinto (2015) destacou o papel do microcreacutedito no desempenho doPronaf B Oliveira Almeida e Taques (2015) que analisaram o grau de concentraccedilatildeo eniacutevel de aderecircncia dos recursos da carteira de financiamento do programa Baiardi et al(2015) Moreira Silveira e Motter (2014) que investigaram a percepccedilatildeo do beneficiaacuteriosdo programa

Embora vaacuterios programas de microcreacutedito tenham sido implantados no Brasilao longo das uacuteltimas deacutecadas os que tiveram maior expansatildeo e adensamento foramos implementados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) Considerada uma dasinstituiccedilotildees que mais se destaca com o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) o BNB eacute um banco puacuteblico federal que desde 1998 concedeempreacutestimos a empreendedores de baixa renda com o objetivo de fortalecer e im-pulsionar o desenvolvimento de pequenos negoacutecios tanto no meio rural quanto nourbano trabalhando com duas linhas de microcreacutedito o Crediamigo e o Agroamigoeste uacuteltimo objeto de estudo do presente trabalho

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 19

23 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo

O Agroamigo3 eacute um programa de microcreacutedito rural do Banco do Nordesteque se propotildee a melhorar o perfil social e econocircmico do agricultor familiar por meioda concessatildeo de financiamento para a aacuterea rural adotando metodologia proacutepria deatendimento Operacionalizado pelo Instituto Nordeste Cidadania (INEC) organizaccedilatildeoda sociedade civil de interesse puacuteblico (Oscip) o Programa iniciou suas operaccedilotildeesem 2005 tendo como fonte de recursos o Fundo Constitucional de Financiamento doNordeste (FNE)

A criaccedilatildeo da metodologia de microcreacutedito rural foi influenciada pelo sucessoda experiecircncia do microcreacutedito urbano do proacuteprio Banco do Nordeste com o ProgramaCrediamigo que inspirou uma accedilatildeo similar apropriada nas comunidades rurais Satildeoobjetivos do programa aumentar a renda familiar criar empregos no meio ruralaumentar a oferta de alimentos para a populaccedilatildeo do campo e das cidades e melhorar aqualidade de vida da populaccedilatildeo rural (MATOS MACAMBIRA CACCIAMALI 2014)

O Agroamigo atua na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel integrandoas vertentes i) social ao promover a inclusatildeo no mercado de creacutedito e possibilitar oresgate agrave cidadania ii) econocircmica ao proporcionar via creacutedito a geraccedilatildeo de rendapara sustento da unidade familiar e iii) ambiental ao estimular a exploraccedilatildeo doempreendimento de forma sustentaacutevel (MACIEL et al 2009)

O Programa possui como puacuteblico-alvo agricultores familiares que se enquadramno Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF assimclassificados

bull Agroamigo Crescer com financiamentos de ateacute R$ 4 mil eacute voltado para agricul-tores familiares que se enquadrem no grupo B do PRONAF ou seja beneficiaacuteriosque possuam renda bruta familiar nos uacuteltimos 12 meses de produccedilatildeo normalque antecedem a solicitaccedilatildeo da DAP4 natildeo superior a R$2000000 (BCB 2016)

bull Agroamigo Mais com financiamentos de ateacute R$ 15 mil eacute voltado para agriculto-res familiares que obtenham renda bruta anual de ateacute R$ 360 mil e se enquadremno PRONAF V (renda variaacutevel)

Segundo Neri (2012) nos grupos atendidos pelo Agroamigo incluem-se todos osque exploram parcela de terra tanto na condiccedilatildeo de proprietaacuterio posseiro arrendataacuterio3 Disponiacutevel em lthttpwwwbnbgovbrhistoricogt Acesso em 10 de janeiro de 20174 De acordo com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agraacuterio a

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP)eacute o documento de identificaccedilatildeo da agricultura familiar e pode ser obtido tanto pelo agricultor ouagricultora familiar (pessoa fiacutesica) quanto por empreendimentos familiares rurais como associaccedilotildeescooperativas agroinduacutestrias (pessoa juriacutedica)

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 20

quanto parceiro que residam na propriedade rural ou em local proacuteximo e obtenham nomiacutenimo 50 da renda familiar da exploraccedilatildeo do estabelecimento rural Os agricultoresclientes do Agroamigo podem desenvolver qualquer atividade seja agriacutecola pecuaacuteriaoutras atividades natildeo agropecuaacuterias no meio rural que gere renda no campo ou nasproximidades urbanas como agroinduacutestria pesca turismo rural serviccedilos no meiorural e artesanato

Dessa forma o Agroamigo resulta da prioridade dada pelo Banco do Nordesteao apoio aos agricultores familiares em reconhecimento agrave importacircncia econocircmica esocial deste segmento

24 Agricultura familiar

Embora a globalizaccedilatildeo e a pressatildeo pela competitividade tenham obrigadoa agricultura evoluir a maioria das fazendas no mundo ainda eacute familiar e estapredominacircncia eacute esmagadora natildeo apenas nos paiacuteses subdesenvolvidos mas tambeacutemnos paiacuteses desenvolvidos (MORENO-PeacuteREZ LOBLEY 2015)

Estudos como os de Brookfield (2008) Carlson (2008) Duumlrr (2016) Barry (2015)e Strange (1988) assinalam um crescente interesse por essa configuraccedilatildeo produtivana medida em que os resultados encontrados sugerem que a agricultura familiarcontribui para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses o que tem desafiadoos governos a implementarem poliacuteticas puacuteblicas voltadas para este segmento

Especificamente em se tratando da agricultura familiar no Brasil houve umcrescente interesse por este segmento a partir da deacutecada de 90 Algumas pesqui-sas se tornaram marcos nos estudos rurais brasileiros tais como Abramovay (2007)Kageyama e Bergamasgo (1990) e Veiga (2012) cujos trabalhos apontam a impor-tacircncia deste setor na histoacuteria do Brasil e do mundo descrevendo a evoluccedilatildeo que odesenvolvimento agriacutecola experimentou desde o poacutes-guerra

Um outro trabalho de destaque no campo da agricultura familiar eacute o relatoacuteriopublicado em 1994 pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Agricultura e Ali-mentaccedilatildeo (FAO) em conjunto com o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e ReformaAgraacuteria (INCRA) cujo objetivo principal foi estabelecer as diretrizes para um ldquomodelode desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Sendo assim historicamente a atividade agriacutecolatem apresentado expressiva relevacircncia na economia brasileira na medida em queproporciona desenvolvimento social e econocircmico por meio de geraccedilatildeo de emprego erenda (FURTADO 1980 PRADO JUacuteNIOR 1977)

De acordo com Franccedila Grossi e Marques (2009) o Censo Agropecuaacuterio de 2006identificou que do total de estabelecimentos agropecuaacuterios no Brasil 4367902 eram de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 21

agricultores familiares representando 844 dos estabelecimentos brasileiros sendoque a metade deles estava no Nordeste Este contingente de agricultores familiaresocupava uma aacuterea de 8025 milhotildees de hectares representando 243 da aacuterea ocupadapelos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros demonstrando que o Brasil possuiacuteauma estrutura agraacuteria concentrada

Guilhoto et al (2007) afirmam que o segmento familiar da agropecuaacuteria brasileirae as cadeias produtivas a ela interligadas responderam em 2005 por 90 do PIBbrasileiro e considerando que o agronegoacutecio nacional foi responsaacutevel por 279 doPIB no referido ano fica evidente a importacircncia da agricultura familiar na geraccedilatildeo deriqueza do paiacutes A Tabela 1 a seguir mostra a participaccedilatildeo do agronegoacutecio familiar epatronal do Brasil e Nordeste no PIB Total brasileiro nos anos de 2002 a 2004

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste

Unidades Federativas 2002 2003 2004

PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

Brasil 925 1961 1007 2052 960 2030Alagoas 901 2752 822 2836 1046 2391

Bahia 1073 2085 1179 2098 1063 2124Cearaacute 1357 1411 1423 1337 1226 1319

Maranhatildeo 1667 1757 1635 1886 1566 1676Paraiacuteba 1684 2282 1944 2216 1722 2282

Pernambuco 759 1631 834 1773 749 1606Piauiacute 1625 1486 1516 1629 1377 1537

Rio Grande do Norte 1118 1881 1249 1878 1085 1841Sergipe 1063 1197 1126 1136 908 1134

Fonte Adaptado de Guilhoto et al 2007

Guanziroli et al (2001) e Aquino e Teixeira (2005) afirmam que para haverum desempenho econocircmico viaacutevel dessa atividade eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo deassistecircncia teacutecnica e poliacuteticas puacuteblicas adequadas

Portanto as poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar devem levarem consideraccedilatildeo as especificidades deste setor de modo a permitir que a pequenaproduccedilatildeo agropecuaacuteria familiar reduza o fluxo de trabalhadores do campo para acidade gere emprego e renda e contribua para o desenvolvimento local e regionalde forma sustentaacutevel E o microcreacutedito tem se destacado como uma ferramenta defomento da agricultura familiar haja vista a dificuldade na aquisiccedilatildeo de creacutedito formalser frequentemente argumentada como uma das restriccedilotildees agrave expansatildeo da capacidadeprodutiva dos pequenos agricultores

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste 21Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015 23Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste 27Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo 32Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria 33Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo total (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 34Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo agriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 35Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da

produccedilatildeo pecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015 36Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria 38

Lista de ilustraccedilotildees

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano 28Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil 29Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de ativi-

dade 30Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio 31

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 1421 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito 1422 Microcreacutedito no Brasil 1723 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo 1924 Agricultura familiar 20

3 DADOS E VARIAacuteVEIS 22

4 ESTRATEacuteGIA EMPIacuteRICA 25

5 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 28

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 41

11

1 Introduccedilatildeo

Nas uacuteltimas trecircs deacutecadas governos do mundo todo tecircm implementado accedilotildeespara reduzir a pobreza e ajudar famiacutelias a saiacuterem da pobreza extrema Nesse sentido omicrocreacutedito tem sido apontado por pesquisadores e formuladores de poliacuteticas puacuteblicascomo importante ferramenta de desenvolvimento social e econocircmico Diversos estudoscomo Banerjee e Duflo (2011) Chen e Snodgrass (2001) Goldberg (2005) Hermes eLensink (2007) Hollis e Sweetman (1998) Hossain (1988) Jayne et al (2016) KhandkerBaqui e Khan (1995) Koloma e Aila (2014) Li Gan e Hu (2011) Lipton (2009) Pitt eKhandker (1998) tecircm examinado o potencial do microcreacutedito na melhoria das condiccedilotildeesde vida dos seus beneficiaacuterios na inclusatildeo financeira e no fortalecimento da produccedilatildeoagriacutecola de quem faz uso dessa modalidade de creacutedito

Segundo Reed (2015) o microcreacutedito tem apresentado nuacutemeros expressivosem escala global em termos de atendimento e concessatildeo de creacutedito Em 1997 dos13 milhotildees de beneficiados 8 milhotildees eram pobres ou viviam abaixo da linha dapobreza Em 2013 o microcreacutedito beneficiou 211 milhotildees de clientes sendo que 114milhotildees viviam na pobreza extrema Molineus (2015) aponta que ao longo das uacuteltimasduas deacutecadas o microcreacutedito movimentou um volume de recursos entre $60 e $100bilhotildees de doacutelares possuindo cerca de 200 milhotildees de clientes e com perspectiva decrescimento para os proacuteximos anos

Dados do Banco Mundial (2008) apontam que nos paiacuteses em desenvolvimento75 das pessoas de baixa renda vivem em aacutereas rurais e a maioria depende diretaou indiretamente da agricultura para sua subsistecircncia Cerca de 86 da populaccedilatildeorural do mundo (25 bilhotildees de pessoas) depende da agricultura e esta por sua vezgera emprego para 13 bilhotildees de pequenos produtores e trabalhadores sem-terraDessa forma de acordo com o Banco Mundial (2008) em pleno seacuteculo XXI a produccedilatildeoagriacutecola ainda desempenha um papel fundamental para o desenvolvimento sustentaacutevele a reduccedilatildeo da pobreza e fome mundiais e dessa forma a concessatildeo do microcreacuteditoaos pequenos produtores rurais tambeacutem se apresenta como uma importante ferramentade poliacutetica puacuteblica que proporciona aumento da capacidade produtiva e fortalecimentoda agricultura

Diversos estudos na literatura internacional tecircm buscado mostrar a influecircncia domicrocreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola de pequeno porte tais como Alam (1988) Akwaa-Sekyi (2013) Alwang e Siegel (2003) Ashaolu et al (2011) Dong Lu e Featherstone(2010) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Lowder Skoet e Singh (2014)Shah et al (2015) Sharmeen e Chowdhury (2013) Sulemana e Adjei (2015)

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 12

No Brasil as primeiras experiecircncias relacionadas ao microcreacutedito remontam adeacutecada de 1970 e em anos mais recentes estatildeo sendo orientadas pela Lei no 111102011que estabeleceu o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO)voltado para incentivar as atividades produtivas de pequeno porte estimulandoemprego e renda desse setor De acordo com Sistema de Informaccedilotildees de Creacutedito doBanco Central do Brasil (BCB) ateacute dezembro de 2013 a carteira total de microcreacuteditoregistrou um volume de R$ 53 bilhotildees referentes a 31 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito(BCB 2015)

Estudos brasileiros referentes ao efeito do microcreacutedito na agricultura familiarde diferentes tipos de pesquisa quanto agrave abordagem e procedimentos como os deAbramovay et al (2013) Batista e Neder (2014) Capobiango et al (2012) Garcia Castroe Teixeira (2008) Gazolla e Schneider (2013) Kageyama (2003) Mattei (2005 2006)Pereira e Nascimento (2014) Silva e Filho (2009) apresentaram resultados positivosreforccedilando a ideia de que o acesso ao creacutedito rural eacute capaz de estimular a produccedilatildeoagriacutecola de pequeno porte

Dessa forma o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) maior instituiccedilatildeo financeirada Ameacuterica Latina voltada ao desenvolvimento regional e oacutergatildeo executor de poliacuteticaspuacuteblicas examinou experiecircncias de sucesso de microcreacutedito em alguns paiacuteses asiaacuteticose latino-americanos e como resultado verificou que poderia ser desenvolvida umametodologia especiacutefica de microcreacutedito no meio rural para fomentar a geraccedilatildeo derenda e ocupaccedilatildeo das camadas mais carentes Assim foi criado em 2005 o ProgramaAgroamigo que tem como accedilatildeo expandir o atendimento aos agricultores familiaresde pequeno porte mediante a concessatildeo de microcreacutedito produtivo rural e orientado(BNB 2016)

Nesse contexto o presente estudo analisa o papel do microcreacutedito rural sobre ovalor da produccedilatildeo agropecuaacuteria nos municiacutepios nordestinos atendidos pelo ProgramaAgroamigo Para o cumprimento deste objetivo satildeo estabelecidas e analisadas variaacuteveisque tenham relaccedilatildeo de causa e efeito entre o Agroamigo e a produccedilatildeo agropecuaacuteriabem como verificada a evoluccedilatildeo do tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios ao Programa edo volume de recursos recebidos no periacuteodo de 2005 a 2015

A hipoacutetese testada neste trabalho como a defendida por Abramovay et al (2013)eacute de que os municiacutepios que recebem mais recursos contabilizados a partir da somados empreacutestimos individuais fornecidos dentro do Programa Agroamigo e que estatildeoexpostos 1 ao Programa por mais tempo conseguem obter um aumento no valor dasua produccedilatildeo agropecuaacuteria A ideia eacute que os empreacutestimos possibilitam aos agricultoresfamiliares obter um aumento no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria na medida em1 O tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio eacute contado pela quantidade de anos em que o municiacutepio

apresentou pelo menos um contrato de adesatildeo de algum produtor local ao Programa Agroamigo

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 13

que permite investimentos em novas variedades de culturas de melhor rendimentoaquisiccedilatildeo de rebanhos para produccedilatildeo de carne e leite e o acesso a tecnologias maissustentaacuteveis que melhoram seus processos produtivos e seus niacuteveis de produccedilatildeotornando-os mais competitivos O acesso ao microcreacutedito tambeacutem permite que ospequenos agricultores recebam assistecircncia teacutecnica das instituiccedilotildees financeiras e comisso fortaleccedilam as atividades econocircmicas desenvolvidas refletindo consequentementena melhoria da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios

Natildeo obstante existem alguns trabalhos que destacam resultados negativosquanto ao efeito do microcreacutedito como os de Banerjee Karlan e Zinman (2015)Bateman e Chang (2012) Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher(2007) Hulme e Mosle (1996) e Morduch (1998)

A importacircncia desse trabalho reside na existecircncia de poliacuteticas puacuteblicas 2 voltadasagrave agricultura familiar no Brasil que movimentam um grande volume de recursos cercade 30 bihotildees de reais para as safras de 2017 a 2020 (MDA 2017) e sendo assimeacute preciso verificar se de fato estaacute havendo retorno nos recursos aplicados no setorespecificamente no que se refere ao Programa Agroamigo

Aleacutem disso a necessidade em estudar o microcreacutedito voltado agrave agriculturafamiliar deve-se ao fato dessa configuraccedilatildeo produtiva possuir diversas funccedilotildees quevatildeo desde a sustentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do homem no campo ateacute a importacircncia do seupapel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo de forma significativapara o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses

Ademais de acordo com Guilhoto et al (2007) apesar da heterogeneidade exis-tente no segmento da agricultura familiar no Brasil este eacute responsaacutevel por importanteparcela da produccedilatildeo agropecuaacuteria contribuindo de forma significativa na geraccedilatildeo deriquezartacircncia do seu papel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo deforma significativa para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses Ademaisdo paiacutes

Seguida desta parte introdutoacuteria a seccedilatildeo 2 apresenta a revisatildeo da literaturaA terceira seccedilatildeo descreve os dados utilizados bem como as variaacuteveis selecionadasA seccedilatildeo 4 detalha a estrateacutegia empiacuterica necessaacuteria ao desenvolvimento do trabalhodiscorrendo sobre os modelos adotados para avaliar o efeito do programa objeto dopresente estudo A seccedilatildeo 5 apresenta os resultados encontrados e por uacuteltimo na sextaparte satildeo feitas as consideraccedilotildees finais

2 No Brasil existem diversas poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar como o PronafAssistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural (ATER) Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos (PAA) ProgramaNacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) etc

14

2 Revisatildeo da Literatura

21 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito

O grande marco histoacuterico que serviu de modelo para difundir o microcreacuteditoocorreu em Bangladesh na deacutecada de 70 de uma experiecircncia iniciada pelo economistaMuhammad Yunus fundador do Grameen Bank e ganhador do Precircmio Nobel da Pazem 2006 A ideia defendida abertamente por Yunus (2001) eacute a do microcreacutedito ser umprograma de mudanccedila social que permite aos mais pobres exercerem suas habilidadese sua capacidade de produzir

Da experiecircncia do Grameen Bank aos dias atuais o ritmo de expansatildeo e aabrangecircncia alcanccedilada pelo microcreacutedito tem despertado o interesse de profissionais eteoacutericos do mundo todo Considerado um elemento importante na reduccedilatildeo de pobrezae melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos o microcreacutedito tem se apresentadocomo uma forma de alavancar e fortalecer as atividades de uma parte da populaccedilatildeoque foi excluiacuteda do sistema financeiro tradicional fomentando o desenvolvimentoeconocircmico e social Segundo Yunus e Jolis (2000) o microcreacutedito visa garantir finan-ciamento adequado aos indiviacuteduos que trabalham em aacutereas rurais melhorando acapacidade produtiva o padratildeo e as condiccedilotildees de vida em geral Seu objetivo eacute permi-tir aos mais desfavorecidos condiccedilotildees de terem uma vida digna e autossustentaacutevel pormeio da concessatildeo de pequenos empreacutestimos

De acordo com Barone et al (2002) Monzoni (2008) Soares e Sobrinho (2007)Osmani e Mahmud (2015) Quayes e Khalily (2014) o microcreacutedito eacute a concessatildeode empreacutestimos de baixo valor a indiviacuteduos e pequenos empreendedores informaisque natildeo possuem acesso formal ao sistema financeiro tradicional e diferencia-se dosdemais tipos de empreacutestimo primordialmente em funccedilatildeo da metodologia utilizadaPara Abramovay et al (2013) Maciel et al (2009) e Yunus e Jolis (2000) o microcreacuteditoassume-se como um instrumento de combate agrave pobreza e melhora das condiccedilotildees devida dos indiviacuteduos

Goldberg (2005) afirma que grande parte dos estudos iniciais sobre impacto domicrocreacutedito apresenta resultado positivo na pobreza e renda dos seus beneficiaacuteriosUm dos primeiros estudos abrangentes de impacto foi realizado por Hossain (1988p10) apontando que ldquoa renda familiar meacutedia dos tomadores de microcreacutedito junto aoGrameen era 43 superior agrave dos natildeo tomadores de microcreacutedito sendo as maioresdiferenccedilas no estrato de menor rendardquo

Trabalhos como os de Khandker Baqui e Khan (1995) McKernan (2002) e Pitt e

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 15

Khandker (1998) demonstraram que embora o efeito seja positivo a magnitude doimpacto do microcreacutedito sobre a oferta de trabalho as despesas os bens adquiridos aescolaridade das crianccedilas a fertilidade o uso de contraceptivos e os lucros do trabalhodepende do sexo do participante do programa de creacutedito Hermes e Lensink (2007)e Khandker (2005) tambeacutem realizaram estudos sobre o microcreacutedito e elencaram osefeitos positivos desta poliacutetica dentre eles o aumento da renda familiar e dos bens dasmulheres a melhoria da escolaridade dos filhos a superaccedilatildeo da linha da pobreza e odesenvolvimento local

O microcreacutedito sob a perspectiva da responsabilidade conjunta e da atuaccedilatildeode grupos solidaacuterios foi analisado nos trabalhos de Ahlin e Townsend (2007) CassarCrowley e Wydick (2007) Karlan (2007) e Wenner (1995) cujos resultados indicaramque o desempenho do reembolso de grupos solidaacuterios melhora quando os grupospossuem regras formais de como seus membros devem se comportar

Os estudos de Hulme e Mosle (1996) apontaram que o crescimento da rendafamiliar dos tomadores de microcreacutedito sempre se apresentava superior ao crescimentode renda das famiacutelias natildeo tomadoras de creacutedito corroborando com os resultados daspesquisas iniciais de Hossain Pesquisas realizadas por Agbola Acupan e Mahmood(2017) Banerjee e Duflo (2011) MkNelly (1998 1999) indicaram que aleacutem do aumentode renda familiar o microcreacutedito proporcionou a melhoria do bem-estar econocircmicopor meio da estabilizaccedilatildeo do consumo da melhoria das condiccedilotildees de moradia e dapropriedade de bens

Sob a perspectiva da intervenccedilatildeo do microcreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola diversostrabalhos foram realizados apresentando diferentes enfoques Alam (1988) investigouo crescimento da produtividade dos agricultores com acesso ao microcreacutedito peloGrameen Bank constatando que pequenos agricultores poderiam melhorar sua produ-tividade alocando parte de suas terras para o cultivo de variedades de alto rendimentoAshaolu et al (2011) realizaram um estudo na Nigeacuteria e concluiacuteram que o aumento noniacutevel de produccedilatildeo agriacutecola na Nigeacuteria ocorreu devido ao fortalecimento financeiro dosagricultores por meio do acesso ao microcreacutedito Akwaa-Sekyi (2013) afirma que omicrocreacutedito contribui para o desenvolvimento agriacutecola especificamente na matildeo deobra empregada capital de giro a produccedilatildeo e a renda dos agricultores

Estudo realizado por Shah et al (2015) na cidade de Mastung no Paquistatildeoconcluiu que o microcreacutedito fornece apoio financeiro aos agricultores contribuindopara o desenvolvimento do setor agriacutecola aumento da produccedilatildeo agriacutecola e conse-quentemente elevaccedilatildeo da renda Trabalho realizado por Sulemana e Adjei (2015) emGhana verificou que o acesso ao microcreacutedito permitiu aos agricultores a adoccedilatildeo deteacutecnicas agriacutecolas mais modernas e uso de sementes de alta produccedilatildeo impactandopositivamente nos niacuteveis de produccedilatildeo De forma semelhante Zeller Diagne e Mataya

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 16

(1998) concluiacuteram que a participaccedilatildeo em um programa de creacutedito agriacutecola possibilita oacesso agrave melhores tecnologias agriacutecolas e de maior rentabilidade elevando a produccedilatildeodo milho e tabaco hiacutebridos no Malawi

Sharmeen e Chowdhury (2013) afirmam que parte do microcreacutedito eacute destinadoaos agricultores pobres para compra de insumos como sementes irrigaccedilatildeo fertilizan-tes e encontraram uma correlaccedilatildeo positiva entre o microcreacutedito agriacutecola e o aumentoda produccedilatildeo em Bangladesh

Embora o microcreacutedito seja tradicionalmente considerado como uma poliacutetica dedesenvolvimento econocircmico e social local fundamental para a superaccedilatildeo da pobrezaa geraccedilatildeo de trabalho e renda e o fomento da produccedilatildeo agropecuaacuteria ainda natildeo existeum consenso no que se refere ao seu efeito na literatura e nas pesquisas internacionaisde impacto Isso porque no final da deacutecada de 90 diversos estudos passaram a criticaros resultados alcanccedilados pelo microcreacutedito

Morduch (1998) questionou a validade e o rigor dos estudos realizados sobre omicrocreacutedito em Bangladesh afirmando natildeo existir evidecircncia estatiacutestica que compro-vasse o aumento no consumo entre os indiviacuteduos que realizavam empreacutestimo por meiodo microcreacutedito em relaccedilatildeo aos que natildeo realizavam De acordo com Bateman e Chang(2012) os efeitos positivos do microcreacutedito satildeo de curto prazo e apenas para algunsindiviacuteduos ldquosortudosrdquo Aleacutem disso se constitui uma poderosa barreira institucional epoliacutetica para o desenvolvimento econocircmico e social sustentaacutevel e tambeacutem agrave reduccedilatildeoda pobreza Coleman (2006) com base em estudo de impacto realizado na Tailacircndiaconcluiu que havia um vieacutes nos resultados do microcreacutedito e que natildeo se poderiaatribuir unicamente a ele a soluccedilatildeo para retirar as pessoas da pobreza

Autores como Hulme e Mosle (1996) Banerjee et al (2015) afirmam nos seusestudos que natildeo encontraram efeitos significativos do microcreacutedito no consumo dasfamiacutelias na educaccedilatildeo na sauacutede ou no empoderamento das mulheres Banerjee Karlane Zinman (2015) compilaram os resultados de seis estudos aleatoacuterios realizados sobre omicrocreacutedito nas aacutereas urbanas e rurais da Boacutesnia Etioacutepia Iacutendia Meacutexico Marrocos eMongoacutelia mostrando que nenhum dos seis estudos encontraram impacto significativona renda familiar dos beneficiaacuterios

Feder et al (1990) afirmam que parte do creacutedito concedido aos produtoreseacute desviada para o consumo fazendo com que o efeito provaacutevel da produccedilatildeo sejamenor do que o esperado Guirkinger e Boucher (2007) sugerem que as restriccedilotildees decreacutedito afetam negativamente a alocaccedilatildeo de recursos prejudicando a produccedilatildeo agriacutecolados pequenos agricultores peruanos Conclusatildeo semelhante eacute encontrada no estudorealizado por Dong Lu e Featherstone (2010) na China Para Armendariz e Morduch(2005) ainda existe uma seacuterie de questionamentos sobre o efeito do microcreacutedito quenatildeo foram amplamente pesquisados e explicados

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 17

O Brasil natildeo alheio agrave essa temaacutetica tem estimulado a concessatildeo de operaccedilotildees demicrocreacutedito com intuito de melhorar a situaccedilatildeo da populaccedilatildeo mais pobre de reduziras desigualdades sociais existentes e de promover o desenvolvimento sustentaacutevel daagricultura familiar

22 Microcreacutedito no Brasil

Monzoni (2008) aponta que a experiecircncia pioneira de microcreacutedito no Brasilocorreu no contexto das atividades da Uniatildeo Nordestina de Assistecircncia a PequenasOrganizaccedilotildees (UNO) entidade criada em 1973 com o objetivo de apoiar micro epequenos empreendimentos da Regiatildeo Nordeste

Segundo Maciel et al (2009) na deacutecada de 1980 outras iniciativas voltadas aomicrocreacutedito surgiram no paiacutes em 1982 foi criado o Banco da Mulher em 1986 foramcriados o Banco do Microcreacutedito no Paranaacute e o PROMICRO no Distrito FederalJaacute em 1987 a partir da experiecircncia da Accioacuten Internacional e de organizaccedilotildees natildeo-governamentais colombianas a metodologia dos grupos solidaacuterios que utiliza o avalsolidaacuterio foi replicada no Brasil com a criaccedilatildeo do Centro de Apoio aos PequenosEmpreendimentos Ana Terra (CeapeRS) instituiacuteda sob a forma de organizaccedilatildeo natildeogovernamental e considerada a primeira organizaccedilatildeo a introduzir no Brasil elementosque predominam na tecnologia do microcreacutedito quais sejam agente de creacuteditogarantia solidaacuteria prazos curtos e valores crescentes (CAMAROTTI SPINK 2002)

De acordo com Monzoni (2008) na deacutecada de 1990 houve o surgimento doProacute Renda no Cearaacute (1990) o Balcatildeo de Ferramentas (1991) da Caixa EconocircmicaFederal o Banco da Providecircncia (1994) no Rio de Janeiro e o Portosol (1995) no RioGrande do Sul Zouain e Barone (2007) apontam que em 1995 foi criado o ProgramaComunidade Solidaacuteria para enfrentamento da fome e da miseacuteria por meio de acessoao creacutedito natildeo como poliacutetica isolada mas dentro de um contexto de desenvolvimentolocal integrado e sustentado Em 1998 foi implantado o Banco do Povo Paulista emSatildeo Paulo (SOARES SOBRINHO 2007)

Matos Macambira e Cacciamali (2014) afirmam que somente no final da deacutecadade 1990 a atividade de microcreacutedito difundiu-se no Brasil e os principais fatores quegarantiram essa expansatildeo foram

bull as de alteraccedilotildees no marco regulatoacuterio brasileiro que proporcionou a regula-mentaccedilatildeo de novas figuras institucionais autorizadas a atuar na atividade demicrocreacutedito

bull a implantaccedilatildeo do Programa Crediamigo pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB)em 1997 que incorporou praacuteticas de operacionalizaccedilatildeo tiacutepicas da atividade de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 18

microcreacutedito dentre as quais formaccedilatildeo de grupos solidaacuterios foco na atividadeprodutiva informal progressividade de concessatildeo entre outros

bull aportes de recursos por parte do poder puacuteblico a instituiccedilotildees de microcreacuteditofundamentalmente por meio da atuaccedilatildeo do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconocircmico e Social (BNDES)

Em 2005 foi estabelecido o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) criado pela Medida Provisoacuteria no 226 de 29 de novembro de2004 que foi convertida na Lei no 11110 de 25 de abril de 2005 De acordo comValentin e Serra (2012) o PNMPO foi o resultado de mais de 30 anos de iniciativasinovadoras de oferta de creacutedito popular por parte de OSCIPS ONGs e sociedadescivis organizadas e possui como objetivo principal a oferta de creacutedito exclusivo amicroempreendedores populares com acompanhamento teacutecnico local

Conforme a referida lei considera-se microcreacutedito produtivo orientado o creacute-dito concedido para o atendimento das necessidades financeiras de pessoas fiacutesicase juriacutedicas empreendedoras que realizem atividades produtivas de pequeno porteutilizando metodologia baseada no relacionamento direto com os empreendedores nolocal onde eacute executada a atividade econocircmica (BRASIL 2005)

No Brasil vaacuterios trabalhos empiacutericos foram realizados sobre o microcreacuteditosob diferentes enfoques tais como Batista e Neder (2014)B Moraes (2010) e GonzalezRighetti e DiSerio (2014) que enfatizaram a importacircncia do microcreacutedito na renda dosbeneficiaacuterios Maia e Pinto (2015) destacou o papel do microcreacutedito no desempenho doPronaf B Oliveira Almeida e Taques (2015) que analisaram o grau de concentraccedilatildeo eniacutevel de aderecircncia dos recursos da carteira de financiamento do programa Baiardi et al(2015) Moreira Silveira e Motter (2014) que investigaram a percepccedilatildeo do beneficiaacuteriosdo programa

Embora vaacuterios programas de microcreacutedito tenham sido implantados no Brasilao longo das uacuteltimas deacutecadas os que tiveram maior expansatildeo e adensamento foramos implementados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) Considerada uma dasinstituiccedilotildees que mais se destaca com o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) o BNB eacute um banco puacuteblico federal que desde 1998 concedeempreacutestimos a empreendedores de baixa renda com o objetivo de fortalecer e im-pulsionar o desenvolvimento de pequenos negoacutecios tanto no meio rural quanto nourbano trabalhando com duas linhas de microcreacutedito o Crediamigo e o Agroamigoeste uacuteltimo objeto de estudo do presente trabalho

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 19

23 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo

O Agroamigo3 eacute um programa de microcreacutedito rural do Banco do Nordesteque se propotildee a melhorar o perfil social e econocircmico do agricultor familiar por meioda concessatildeo de financiamento para a aacuterea rural adotando metodologia proacutepria deatendimento Operacionalizado pelo Instituto Nordeste Cidadania (INEC) organizaccedilatildeoda sociedade civil de interesse puacuteblico (Oscip) o Programa iniciou suas operaccedilotildeesem 2005 tendo como fonte de recursos o Fundo Constitucional de Financiamento doNordeste (FNE)

A criaccedilatildeo da metodologia de microcreacutedito rural foi influenciada pelo sucessoda experiecircncia do microcreacutedito urbano do proacuteprio Banco do Nordeste com o ProgramaCrediamigo que inspirou uma accedilatildeo similar apropriada nas comunidades rurais Satildeoobjetivos do programa aumentar a renda familiar criar empregos no meio ruralaumentar a oferta de alimentos para a populaccedilatildeo do campo e das cidades e melhorar aqualidade de vida da populaccedilatildeo rural (MATOS MACAMBIRA CACCIAMALI 2014)

O Agroamigo atua na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel integrandoas vertentes i) social ao promover a inclusatildeo no mercado de creacutedito e possibilitar oresgate agrave cidadania ii) econocircmica ao proporcionar via creacutedito a geraccedilatildeo de rendapara sustento da unidade familiar e iii) ambiental ao estimular a exploraccedilatildeo doempreendimento de forma sustentaacutevel (MACIEL et al 2009)

O Programa possui como puacuteblico-alvo agricultores familiares que se enquadramno Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF assimclassificados

bull Agroamigo Crescer com financiamentos de ateacute R$ 4 mil eacute voltado para agricul-tores familiares que se enquadrem no grupo B do PRONAF ou seja beneficiaacuteriosque possuam renda bruta familiar nos uacuteltimos 12 meses de produccedilatildeo normalque antecedem a solicitaccedilatildeo da DAP4 natildeo superior a R$2000000 (BCB 2016)

bull Agroamigo Mais com financiamentos de ateacute R$ 15 mil eacute voltado para agriculto-res familiares que obtenham renda bruta anual de ateacute R$ 360 mil e se enquadremno PRONAF V (renda variaacutevel)

Segundo Neri (2012) nos grupos atendidos pelo Agroamigo incluem-se todos osque exploram parcela de terra tanto na condiccedilatildeo de proprietaacuterio posseiro arrendataacuterio3 Disponiacutevel em lthttpwwwbnbgovbrhistoricogt Acesso em 10 de janeiro de 20174 De acordo com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agraacuterio a

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP)eacute o documento de identificaccedilatildeo da agricultura familiar e pode ser obtido tanto pelo agricultor ouagricultora familiar (pessoa fiacutesica) quanto por empreendimentos familiares rurais como associaccedilotildeescooperativas agroinduacutestrias (pessoa juriacutedica)

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 20

quanto parceiro que residam na propriedade rural ou em local proacuteximo e obtenham nomiacutenimo 50 da renda familiar da exploraccedilatildeo do estabelecimento rural Os agricultoresclientes do Agroamigo podem desenvolver qualquer atividade seja agriacutecola pecuaacuteriaoutras atividades natildeo agropecuaacuterias no meio rural que gere renda no campo ou nasproximidades urbanas como agroinduacutestria pesca turismo rural serviccedilos no meiorural e artesanato

Dessa forma o Agroamigo resulta da prioridade dada pelo Banco do Nordesteao apoio aos agricultores familiares em reconhecimento agrave importacircncia econocircmica esocial deste segmento

24 Agricultura familiar

Embora a globalizaccedilatildeo e a pressatildeo pela competitividade tenham obrigadoa agricultura evoluir a maioria das fazendas no mundo ainda eacute familiar e estapredominacircncia eacute esmagadora natildeo apenas nos paiacuteses subdesenvolvidos mas tambeacutemnos paiacuteses desenvolvidos (MORENO-PeacuteREZ LOBLEY 2015)

Estudos como os de Brookfield (2008) Carlson (2008) Duumlrr (2016) Barry (2015)e Strange (1988) assinalam um crescente interesse por essa configuraccedilatildeo produtivana medida em que os resultados encontrados sugerem que a agricultura familiarcontribui para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses o que tem desafiadoos governos a implementarem poliacuteticas puacuteblicas voltadas para este segmento

Especificamente em se tratando da agricultura familiar no Brasil houve umcrescente interesse por este segmento a partir da deacutecada de 90 Algumas pesqui-sas se tornaram marcos nos estudos rurais brasileiros tais como Abramovay (2007)Kageyama e Bergamasgo (1990) e Veiga (2012) cujos trabalhos apontam a impor-tacircncia deste setor na histoacuteria do Brasil e do mundo descrevendo a evoluccedilatildeo que odesenvolvimento agriacutecola experimentou desde o poacutes-guerra

Um outro trabalho de destaque no campo da agricultura familiar eacute o relatoacuteriopublicado em 1994 pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Agricultura e Ali-mentaccedilatildeo (FAO) em conjunto com o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e ReformaAgraacuteria (INCRA) cujo objetivo principal foi estabelecer as diretrizes para um ldquomodelode desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Sendo assim historicamente a atividade agriacutecolatem apresentado expressiva relevacircncia na economia brasileira na medida em queproporciona desenvolvimento social e econocircmico por meio de geraccedilatildeo de emprego erenda (FURTADO 1980 PRADO JUacuteNIOR 1977)

De acordo com Franccedila Grossi e Marques (2009) o Censo Agropecuaacuterio de 2006identificou que do total de estabelecimentos agropecuaacuterios no Brasil 4367902 eram de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 21

agricultores familiares representando 844 dos estabelecimentos brasileiros sendoque a metade deles estava no Nordeste Este contingente de agricultores familiaresocupava uma aacuterea de 8025 milhotildees de hectares representando 243 da aacuterea ocupadapelos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros demonstrando que o Brasil possuiacuteauma estrutura agraacuteria concentrada

Guilhoto et al (2007) afirmam que o segmento familiar da agropecuaacuteria brasileirae as cadeias produtivas a ela interligadas responderam em 2005 por 90 do PIBbrasileiro e considerando que o agronegoacutecio nacional foi responsaacutevel por 279 doPIB no referido ano fica evidente a importacircncia da agricultura familiar na geraccedilatildeo deriqueza do paiacutes A Tabela 1 a seguir mostra a participaccedilatildeo do agronegoacutecio familiar epatronal do Brasil e Nordeste no PIB Total brasileiro nos anos de 2002 a 2004

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste

Unidades Federativas 2002 2003 2004

PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

Brasil 925 1961 1007 2052 960 2030Alagoas 901 2752 822 2836 1046 2391

Bahia 1073 2085 1179 2098 1063 2124Cearaacute 1357 1411 1423 1337 1226 1319

Maranhatildeo 1667 1757 1635 1886 1566 1676Paraiacuteba 1684 2282 1944 2216 1722 2282

Pernambuco 759 1631 834 1773 749 1606Piauiacute 1625 1486 1516 1629 1377 1537

Rio Grande do Norte 1118 1881 1249 1878 1085 1841Sergipe 1063 1197 1126 1136 908 1134

Fonte Adaptado de Guilhoto et al 2007

Guanziroli et al (2001) e Aquino e Teixeira (2005) afirmam que para haverum desempenho econocircmico viaacutevel dessa atividade eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo deassistecircncia teacutecnica e poliacuteticas puacuteblicas adequadas

Portanto as poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar devem levarem consideraccedilatildeo as especificidades deste setor de modo a permitir que a pequenaproduccedilatildeo agropecuaacuteria familiar reduza o fluxo de trabalhadores do campo para acidade gere emprego e renda e contribua para o desenvolvimento local e regionalde forma sustentaacutevel E o microcreacutedito tem se destacado como uma ferramenta defomento da agricultura familiar haja vista a dificuldade na aquisiccedilatildeo de creacutedito formalser frequentemente argumentada como uma das restriccedilotildees agrave expansatildeo da capacidadeprodutiva dos pequenos agricultores

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Lista de ilustraccedilotildees

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano 28Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil 29Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de ativi-

dade 30Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio 31

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 1421 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito 1422 Microcreacutedito no Brasil 1723 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo 1924 Agricultura familiar 20

3 DADOS E VARIAacuteVEIS 22

4 ESTRATEacuteGIA EMPIacuteRICA 25

5 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 28

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 41

11

1 Introduccedilatildeo

Nas uacuteltimas trecircs deacutecadas governos do mundo todo tecircm implementado accedilotildeespara reduzir a pobreza e ajudar famiacutelias a saiacuterem da pobreza extrema Nesse sentido omicrocreacutedito tem sido apontado por pesquisadores e formuladores de poliacuteticas puacuteblicascomo importante ferramenta de desenvolvimento social e econocircmico Diversos estudoscomo Banerjee e Duflo (2011) Chen e Snodgrass (2001) Goldberg (2005) Hermes eLensink (2007) Hollis e Sweetman (1998) Hossain (1988) Jayne et al (2016) KhandkerBaqui e Khan (1995) Koloma e Aila (2014) Li Gan e Hu (2011) Lipton (2009) Pitt eKhandker (1998) tecircm examinado o potencial do microcreacutedito na melhoria das condiccedilotildeesde vida dos seus beneficiaacuterios na inclusatildeo financeira e no fortalecimento da produccedilatildeoagriacutecola de quem faz uso dessa modalidade de creacutedito

Segundo Reed (2015) o microcreacutedito tem apresentado nuacutemeros expressivosem escala global em termos de atendimento e concessatildeo de creacutedito Em 1997 dos13 milhotildees de beneficiados 8 milhotildees eram pobres ou viviam abaixo da linha dapobreza Em 2013 o microcreacutedito beneficiou 211 milhotildees de clientes sendo que 114milhotildees viviam na pobreza extrema Molineus (2015) aponta que ao longo das uacuteltimasduas deacutecadas o microcreacutedito movimentou um volume de recursos entre $60 e $100bilhotildees de doacutelares possuindo cerca de 200 milhotildees de clientes e com perspectiva decrescimento para os proacuteximos anos

Dados do Banco Mundial (2008) apontam que nos paiacuteses em desenvolvimento75 das pessoas de baixa renda vivem em aacutereas rurais e a maioria depende diretaou indiretamente da agricultura para sua subsistecircncia Cerca de 86 da populaccedilatildeorural do mundo (25 bilhotildees de pessoas) depende da agricultura e esta por sua vezgera emprego para 13 bilhotildees de pequenos produtores e trabalhadores sem-terraDessa forma de acordo com o Banco Mundial (2008) em pleno seacuteculo XXI a produccedilatildeoagriacutecola ainda desempenha um papel fundamental para o desenvolvimento sustentaacutevele a reduccedilatildeo da pobreza e fome mundiais e dessa forma a concessatildeo do microcreacuteditoaos pequenos produtores rurais tambeacutem se apresenta como uma importante ferramentade poliacutetica puacuteblica que proporciona aumento da capacidade produtiva e fortalecimentoda agricultura

Diversos estudos na literatura internacional tecircm buscado mostrar a influecircncia domicrocreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola de pequeno porte tais como Alam (1988) Akwaa-Sekyi (2013) Alwang e Siegel (2003) Ashaolu et al (2011) Dong Lu e Featherstone(2010) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Lowder Skoet e Singh (2014)Shah et al (2015) Sharmeen e Chowdhury (2013) Sulemana e Adjei (2015)

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 12

No Brasil as primeiras experiecircncias relacionadas ao microcreacutedito remontam adeacutecada de 1970 e em anos mais recentes estatildeo sendo orientadas pela Lei no 111102011que estabeleceu o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO)voltado para incentivar as atividades produtivas de pequeno porte estimulandoemprego e renda desse setor De acordo com Sistema de Informaccedilotildees de Creacutedito doBanco Central do Brasil (BCB) ateacute dezembro de 2013 a carteira total de microcreacuteditoregistrou um volume de R$ 53 bilhotildees referentes a 31 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito(BCB 2015)

Estudos brasileiros referentes ao efeito do microcreacutedito na agricultura familiarde diferentes tipos de pesquisa quanto agrave abordagem e procedimentos como os deAbramovay et al (2013) Batista e Neder (2014) Capobiango et al (2012) Garcia Castroe Teixeira (2008) Gazolla e Schneider (2013) Kageyama (2003) Mattei (2005 2006)Pereira e Nascimento (2014) Silva e Filho (2009) apresentaram resultados positivosreforccedilando a ideia de que o acesso ao creacutedito rural eacute capaz de estimular a produccedilatildeoagriacutecola de pequeno porte

Dessa forma o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) maior instituiccedilatildeo financeirada Ameacuterica Latina voltada ao desenvolvimento regional e oacutergatildeo executor de poliacuteticaspuacuteblicas examinou experiecircncias de sucesso de microcreacutedito em alguns paiacuteses asiaacuteticose latino-americanos e como resultado verificou que poderia ser desenvolvida umametodologia especiacutefica de microcreacutedito no meio rural para fomentar a geraccedilatildeo derenda e ocupaccedilatildeo das camadas mais carentes Assim foi criado em 2005 o ProgramaAgroamigo que tem como accedilatildeo expandir o atendimento aos agricultores familiaresde pequeno porte mediante a concessatildeo de microcreacutedito produtivo rural e orientado(BNB 2016)

Nesse contexto o presente estudo analisa o papel do microcreacutedito rural sobre ovalor da produccedilatildeo agropecuaacuteria nos municiacutepios nordestinos atendidos pelo ProgramaAgroamigo Para o cumprimento deste objetivo satildeo estabelecidas e analisadas variaacuteveisque tenham relaccedilatildeo de causa e efeito entre o Agroamigo e a produccedilatildeo agropecuaacuteriabem como verificada a evoluccedilatildeo do tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios ao Programa edo volume de recursos recebidos no periacuteodo de 2005 a 2015

A hipoacutetese testada neste trabalho como a defendida por Abramovay et al (2013)eacute de que os municiacutepios que recebem mais recursos contabilizados a partir da somados empreacutestimos individuais fornecidos dentro do Programa Agroamigo e que estatildeoexpostos 1 ao Programa por mais tempo conseguem obter um aumento no valor dasua produccedilatildeo agropecuaacuteria A ideia eacute que os empreacutestimos possibilitam aos agricultoresfamiliares obter um aumento no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria na medida em1 O tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio eacute contado pela quantidade de anos em que o municiacutepio

apresentou pelo menos um contrato de adesatildeo de algum produtor local ao Programa Agroamigo

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 13

que permite investimentos em novas variedades de culturas de melhor rendimentoaquisiccedilatildeo de rebanhos para produccedilatildeo de carne e leite e o acesso a tecnologias maissustentaacuteveis que melhoram seus processos produtivos e seus niacuteveis de produccedilatildeotornando-os mais competitivos O acesso ao microcreacutedito tambeacutem permite que ospequenos agricultores recebam assistecircncia teacutecnica das instituiccedilotildees financeiras e comisso fortaleccedilam as atividades econocircmicas desenvolvidas refletindo consequentementena melhoria da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios

Natildeo obstante existem alguns trabalhos que destacam resultados negativosquanto ao efeito do microcreacutedito como os de Banerjee Karlan e Zinman (2015)Bateman e Chang (2012) Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher(2007) Hulme e Mosle (1996) e Morduch (1998)

A importacircncia desse trabalho reside na existecircncia de poliacuteticas puacuteblicas 2 voltadasagrave agricultura familiar no Brasil que movimentam um grande volume de recursos cercade 30 bihotildees de reais para as safras de 2017 a 2020 (MDA 2017) e sendo assimeacute preciso verificar se de fato estaacute havendo retorno nos recursos aplicados no setorespecificamente no que se refere ao Programa Agroamigo

Aleacutem disso a necessidade em estudar o microcreacutedito voltado agrave agriculturafamiliar deve-se ao fato dessa configuraccedilatildeo produtiva possuir diversas funccedilotildees quevatildeo desde a sustentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do homem no campo ateacute a importacircncia do seupapel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo de forma significativapara o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses

Ademais de acordo com Guilhoto et al (2007) apesar da heterogeneidade exis-tente no segmento da agricultura familiar no Brasil este eacute responsaacutevel por importanteparcela da produccedilatildeo agropecuaacuteria contribuindo de forma significativa na geraccedilatildeo deriquezartacircncia do seu papel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo deforma significativa para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses Ademaisdo paiacutes

Seguida desta parte introdutoacuteria a seccedilatildeo 2 apresenta a revisatildeo da literaturaA terceira seccedilatildeo descreve os dados utilizados bem como as variaacuteveis selecionadasA seccedilatildeo 4 detalha a estrateacutegia empiacuterica necessaacuteria ao desenvolvimento do trabalhodiscorrendo sobre os modelos adotados para avaliar o efeito do programa objeto dopresente estudo A seccedilatildeo 5 apresenta os resultados encontrados e por uacuteltimo na sextaparte satildeo feitas as consideraccedilotildees finais

2 No Brasil existem diversas poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar como o PronafAssistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural (ATER) Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos (PAA) ProgramaNacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) etc

14

2 Revisatildeo da Literatura

21 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito

O grande marco histoacuterico que serviu de modelo para difundir o microcreacuteditoocorreu em Bangladesh na deacutecada de 70 de uma experiecircncia iniciada pelo economistaMuhammad Yunus fundador do Grameen Bank e ganhador do Precircmio Nobel da Pazem 2006 A ideia defendida abertamente por Yunus (2001) eacute a do microcreacutedito ser umprograma de mudanccedila social que permite aos mais pobres exercerem suas habilidadese sua capacidade de produzir

Da experiecircncia do Grameen Bank aos dias atuais o ritmo de expansatildeo e aabrangecircncia alcanccedilada pelo microcreacutedito tem despertado o interesse de profissionais eteoacutericos do mundo todo Considerado um elemento importante na reduccedilatildeo de pobrezae melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos o microcreacutedito tem se apresentadocomo uma forma de alavancar e fortalecer as atividades de uma parte da populaccedilatildeoque foi excluiacuteda do sistema financeiro tradicional fomentando o desenvolvimentoeconocircmico e social Segundo Yunus e Jolis (2000) o microcreacutedito visa garantir finan-ciamento adequado aos indiviacuteduos que trabalham em aacutereas rurais melhorando acapacidade produtiva o padratildeo e as condiccedilotildees de vida em geral Seu objetivo eacute permi-tir aos mais desfavorecidos condiccedilotildees de terem uma vida digna e autossustentaacutevel pormeio da concessatildeo de pequenos empreacutestimos

De acordo com Barone et al (2002) Monzoni (2008) Soares e Sobrinho (2007)Osmani e Mahmud (2015) Quayes e Khalily (2014) o microcreacutedito eacute a concessatildeode empreacutestimos de baixo valor a indiviacuteduos e pequenos empreendedores informaisque natildeo possuem acesso formal ao sistema financeiro tradicional e diferencia-se dosdemais tipos de empreacutestimo primordialmente em funccedilatildeo da metodologia utilizadaPara Abramovay et al (2013) Maciel et al (2009) e Yunus e Jolis (2000) o microcreacuteditoassume-se como um instrumento de combate agrave pobreza e melhora das condiccedilotildees devida dos indiviacuteduos

Goldberg (2005) afirma que grande parte dos estudos iniciais sobre impacto domicrocreacutedito apresenta resultado positivo na pobreza e renda dos seus beneficiaacuteriosUm dos primeiros estudos abrangentes de impacto foi realizado por Hossain (1988p10) apontando que ldquoa renda familiar meacutedia dos tomadores de microcreacutedito junto aoGrameen era 43 superior agrave dos natildeo tomadores de microcreacutedito sendo as maioresdiferenccedilas no estrato de menor rendardquo

Trabalhos como os de Khandker Baqui e Khan (1995) McKernan (2002) e Pitt e

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 15

Khandker (1998) demonstraram que embora o efeito seja positivo a magnitude doimpacto do microcreacutedito sobre a oferta de trabalho as despesas os bens adquiridos aescolaridade das crianccedilas a fertilidade o uso de contraceptivos e os lucros do trabalhodepende do sexo do participante do programa de creacutedito Hermes e Lensink (2007)e Khandker (2005) tambeacutem realizaram estudos sobre o microcreacutedito e elencaram osefeitos positivos desta poliacutetica dentre eles o aumento da renda familiar e dos bens dasmulheres a melhoria da escolaridade dos filhos a superaccedilatildeo da linha da pobreza e odesenvolvimento local

O microcreacutedito sob a perspectiva da responsabilidade conjunta e da atuaccedilatildeode grupos solidaacuterios foi analisado nos trabalhos de Ahlin e Townsend (2007) CassarCrowley e Wydick (2007) Karlan (2007) e Wenner (1995) cujos resultados indicaramque o desempenho do reembolso de grupos solidaacuterios melhora quando os grupospossuem regras formais de como seus membros devem se comportar

Os estudos de Hulme e Mosle (1996) apontaram que o crescimento da rendafamiliar dos tomadores de microcreacutedito sempre se apresentava superior ao crescimentode renda das famiacutelias natildeo tomadoras de creacutedito corroborando com os resultados daspesquisas iniciais de Hossain Pesquisas realizadas por Agbola Acupan e Mahmood(2017) Banerjee e Duflo (2011) MkNelly (1998 1999) indicaram que aleacutem do aumentode renda familiar o microcreacutedito proporcionou a melhoria do bem-estar econocircmicopor meio da estabilizaccedilatildeo do consumo da melhoria das condiccedilotildees de moradia e dapropriedade de bens

Sob a perspectiva da intervenccedilatildeo do microcreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola diversostrabalhos foram realizados apresentando diferentes enfoques Alam (1988) investigouo crescimento da produtividade dos agricultores com acesso ao microcreacutedito peloGrameen Bank constatando que pequenos agricultores poderiam melhorar sua produ-tividade alocando parte de suas terras para o cultivo de variedades de alto rendimentoAshaolu et al (2011) realizaram um estudo na Nigeacuteria e concluiacuteram que o aumento noniacutevel de produccedilatildeo agriacutecola na Nigeacuteria ocorreu devido ao fortalecimento financeiro dosagricultores por meio do acesso ao microcreacutedito Akwaa-Sekyi (2013) afirma que omicrocreacutedito contribui para o desenvolvimento agriacutecola especificamente na matildeo deobra empregada capital de giro a produccedilatildeo e a renda dos agricultores

Estudo realizado por Shah et al (2015) na cidade de Mastung no Paquistatildeoconcluiu que o microcreacutedito fornece apoio financeiro aos agricultores contribuindopara o desenvolvimento do setor agriacutecola aumento da produccedilatildeo agriacutecola e conse-quentemente elevaccedilatildeo da renda Trabalho realizado por Sulemana e Adjei (2015) emGhana verificou que o acesso ao microcreacutedito permitiu aos agricultores a adoccedilatildeo deteacutecnicas agriacutecolas mais modernas e uso de sementes de alta produccedilatildeo impactandopositivamente nos niacuteveis de produccedilatildeo De forma semelhante Zeller Diagne e Mataya

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 16

(1998) concluiacuteram que a participaccedilatildeo em um programa de creacutedito agriacutecola possibilita oacesso agrave melhores tecnologias agriacutecolas e de maior rentabilidade elevando a produccedilatildeodo milho e tabaco hiacutebridos no Malawi

Sharmeen e Chowdhury (2013) afirmam que parte do microcreacutedito eacute destinadoaos agricultores pobres para compra de insumos como sementes irrigaccedilatildeo fertilizan-tes e encontraram uma correlaccedilatildeo positiva entre o microcreacutedito agriacutecola e o aumentoda produccedilatildeo em Bangladesh

Embora o microcreacutedito seja tradicionalmente considerado como uma poliacutetica dedesenvolvimento econocircmico e social local fundamental para a superaccedilatildeo da pobrezaa geraccedilatildeo de trabalho e renda e o fomento da produccedilatildeo agropecuaacuteria ainda natildeo existeum consenso no que se refere ao seu efeito na literatura e nas pesquisas internacionaisde impacto Isso porque no final da deacutecada de 90 diversos estudos passaram a criticaros resultados alcanccedilados pelo microcreacutedito

Morduch (1998) questionou a validade e o rigor dos estudos realizados sobre omicrocreacutedito em Bangladesh afirmando natildeo existir evidecircncia estatiacutestica que compro-vasse o aumento no consumo entre os indiviacuteduos que realizavam empreacutestimo por meiodo microcreacutedito em relaccedilatildeo aos que natildeo realizavam De acordo com Bateman e Chang(2012) os efeitos positivos do microcreacutedito satildeo de curto prazo e apenas para algunsindiviacuteduos ldquosortudosrdquo Aleacutem disso se constitui uma poderosa barreira institucional epoliacutetica para o desenvolvimento econocircmico e social sustentaacutevel e tambeacutem agrave reduccedilatildeoda pobreza Coleman (2006) com base em estudo de impacto realizado na Tailacircndiaconcluiu que havia um vieacutes nos resultados do microcreacutedito e que natildeo se poderiaatribuir unicamente a ele a soluccedilatildeo para retirar as pessoas da pobreza

Autores como Hulme e Mosle (1996) Banerjee et al (2015) afirmam nos seusestudos que natildeo encontraram efeitos significativos do microcreacutedito no consumo dasfamiacutelias na educaccedilatildeo na sauacutede ou no empoderamento das mulheres Banerjee Karlane Zinman (2015) compilaram os resultados de seis estudos aleatoacuterios realizados sobre omicrocreacutedito nas aacutereas urbanas e rurais da Boacutesnia Etioacutepia Iacutendia Meacutexico Marrocos eMongoacutelia mostrando que nenhum dos seis estudos encontraram impacto significativona renda familiar dos beneficiaacuterios

Feder et al (1990) afirmam que parte do creacutedito concedido aos produtoreseacute desviada para o consumo fazendo com que o efeito provaacutevel da produccedilatildeo sejamenor do que o esperado Guirkinger e Boucher (2007) sugerem que as restriccedilotildees decreacutedito afetam negativamente a alocaccedilatildeo de recursos prejudicando a produccedilatildeo agriacutecolados pequenos agricultores peruanos Conclusatildeo semelhante eacute encontrada no estudorealizado por Dong Lu e Featherstone (2010) na China Para Armendariz e Morduch(2005) ainda existe uma seacuterie de questionamentos sobre o efeito do microcreacutedito quenatildeo foram amplamente pesquisados e explicados

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 17

O Brasil natildeo alheio agrave essa temaacutetica tem estimulado a concessatildeo de operaccedilotildees demicrocreacutedito com intuito de melhorar a situaccedilatildeo da populaccedilatildeo mais pobre de reduziras desigualdades sociais existentes e de promover o desenvolvimento sustentaacutevel daagricultura familiar

22 Microcreacutedito no Brasil

Monzoni (2008) aponta que a experiecircncia pioneira de microcreacutedito no Brasilocorreu no contexto das atividades da Uniatildeo Nordestina de Assistecircncia a PequenasOrganizaccedilotildees (UNO) entidade criada em 1973 com o objetivo de apoiar micro epequenos empreendimentos da Regiatildeo Nordeste

Segundo Maciel et al (2009) na deacutecada de 1980 outras iniciativas voltadas aomicrocreacutedito surgiram no paiacutes em 1982 foi criado o Banco da Mulher em 1986 foramcriados o Banco do Microcreacutedito no Paranaacute e o PROMICRO no Distrito FederalJaacute em 1987 a partir da experiecircncia da Accioacuten Internacional e de organizaccedilotildees natildeo-governamentais colombianas a metodologia dos grupos solidaacuterios que utiliza o avalsolidaacuterio foi replicada no Brasil com a criaccedilatildeo do Centro de Apoio aos PequenosEmpreendimentos Ana Terra (CeapeRS) instituiacuteda sob a forma de organizaccedilatildeo natildeogovernamental e considerada a primeira organizaccedilatildeo a introduzir no Brasil elementosque predominam na tecnologia do microcreacutedito quais sejam agente de creacuteditogarantia solidaacuteria prazos curtos e valores crescentes (CAMAROTTI SPINK 2002)

De acordo com Monzoni (2008) na deacutecada de 1990 houve o surgimento doProacute Renda no Cearaacute (1990) o Balcatildeo de Ferramentas (1991) da Caixa EconocircmicaFederal o Banco da Providecircncia (1994) no Rio de Janeiro e o Portosol (1995) no RioGrande do Sul Zouain e Barone (2007) apontam que em 1995 foi criado o ProgramaComunidade Solidaacuteria para enfrentamento da fome e da miseacuteria por meio de acessoao creacutedito natildeo como poliacutetica isolada mas dentro de um contexto de desenvolvimentolocal integrado e sustentado Em 1998 foi implantado o Banco do Povo Paulista emSatildeo Paulo (SOARES SOBRINHO 2007)

Matos Macambira e Cacciamali (2014) afirmam que somente no final da deacutecadade 1990 a atividade de microcreacutedito difundiu-se no Brasil e os principais fatores quegarantiram essa expansatildeo foram

bull as de alteraccedilotildees no marco regulatoacuterio brasileiro que proporcionou a regula-mentaccedilatildeo de novas figuras institucionais autorizadas a atuar na atividade demicrocreacutedito

bull a implantaccedilatildeo do Programa Crediamigo pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB)em 1997 que incorporou praacuteticas de operacionalizaccedilatildeo tiacutepicas da atividade de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 18

microcreacutedito dentre as quais formaccedilatildeo de grupos solidaacuterios foco na atividadeprodutiva informal progressividade de concessatildeo entre outros

bull aportes de recursos por parte do poder puacuteblico a instituiccedilotildees de microcreacuteditofundamentalmente por meio da atuaccedilatildeo do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconocircmico e Social (BNDES)

Em 2005 foi estabelecido o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) criado pela Medida Provisoacuteria no 226 de 29 de novembro de2004 que foi convertida na Lei no 11110 de 25 de abril de 2005 De acordo comValentin e Serra (2012) o PNMPO foi o resultado de mais de 30 anos de iniciativasinovadoras de oferta de creacutedito popular por parte de OSCIPS ONGs e sociedadescivis organizadas e possui como objetivo principal a oferta de creacutedito exclusivo amicroempreendedores populares com acompanhamento teacutecnico local

Conforme a referida lei considera-se microcreacutedito produtivo orientado o creacute-dito concedido para o atendimento das necessidades financeiras de pessoas fiacutesicase juriacutedicas empreendedoras que realizem atividades produtivas de pequeno porteutilizando metodologia baseada no relacionamento direto com os empreendedores nolocal onde eacute executada a atividade econocircmica (BRASIL 2005)

No Brasil vaacuterios trabalhos empiacutericos foram realizados sobre o microcreacuteditosob diferentes enfoques tais como Batista e Neder (2014)B Moraes (2010) e GonzalezRighetti e DiSerio (2014) que enfatizaram a importacircncia do microcreacutedito na renda dosbeneficiaacuterios Maia e Pinto (2015) destacou o papel do microcreacutedito no desempenho doPronaf B Oliveira Almeida e Taques (2015) que analisaram o grau de concentraccedilatildeo eniacutevel de aderecircncia dos recursos da carteira de financiamento do programa Baiardi et al(2015) Moreira Silveira e Motter (2014) que investigaram a percepccedilatildeo do beneficiaacuteriosdo programa

Embora vaacuterios programas de microcreacutedito tenham sido implantados no Brasilao longo das uacuteltimas deacutecadas os que tiveram maior expansatildeo e adensamento foramos implementados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) Considerada uma dasinstituiccedilotildees que mais se destaca com o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) o BNB eacute um banco puacuteblico federal que desde 1998 concedeempreacutestimos a empreendedores de baixa renda com o objetivo de fortalecer e im-pulsionar o desenvolvimento de pequenos negoacutecios tanto no meio rural quanto nourbano trabalhando com duas linhas de microcreacutedito o Crediamigo e o Agroamigoeste uacuteltimo objeto de estudo do presente trabalho

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 19

23 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo

O Agroamigo3 eacute um programa de microcreacutedito rural do Banco do Nordesteque se propotildee a melhorar o perfil social e econocircmico do agricultor familiar por meioda concessatildeo de financiamento para a aacuterea rural adotando metodologia proacutepria deatendimento Operacionalizado pelo Instituto Nordeste Cidadania (INEC) organizaccedilatildeoda sociedade civil de interesse puacuteblico (Oscip) o Programa iniciou suas operaccedilotildeesem 2005 tendo como fonte de recursos o Fundo Constitucional de Financiamento doNordeste (FNE)

A criaccedilatildeo da metodologia de microcreacutedito rural foi influenciada pelo sucessoda experiecircncia do microcreacutedito urbano do proacuteprio Banco do Nordeste com o ProgramaCrediamigo que inspirou uma accedilatildeo similar apropriada nas comunidades rurais Satildeoobjetivos do programa aumentar a renda familiar criar empregos no meio ruralaumentar a oferta de alimentos para a populaccedilatildeo do campo e das cidades e melhorar aqualidade de vida da populaccedilatildeo rural (MATOS MACAMBIRA CACCIAMALI 2014)

O Agroamigo atua na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel integrandoas vertentes i) social ao promover a inclusatildeo no mercado de creacutedito e possibilitar oresgate agrave cidadania ii) econocircmica ao proporcionar via creacutedito a geraccedilatildeo de rendapara sustento da unidade familiar e iii) ambiental ao estimular a exploraccedilatildeo doempreendimento de forma sustentaacutevel (MACIEL et al 2009)

O Programa possui como puacuteblico-alvo agricultores familiares que se enquadramno Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF assimclassificados

bull Agroamigo Crescer com financiamentos de ateacute R$ 4 mil eacute voltado para agricul-tores familiares que se enquadrem no grupo B do PRONAF ou seja beneficiaacuteriosque possuam renda bruta familiar nos uacuteltimos 12 meses de produccedilatildeo normalque antecedem a solicitaccedilatildeo da DAP4 natildeo superior a R$2000000 (BCB 2016)

bull Agroamigo Mais com financiamentos de ateacute R$ 15 mil eacute voltado para agriculto-res familiares que obtenham renda bruta anual de ateacute R$ 360 mil e se enquadremno PRONAF V (renda variaacutevel)

Segundo Neri (2012) nos grupos atendidos pelo Agroamigo incluem-se todos osque exploram parcela de terra tanto na condiccedilatildeo de proprietaacuterio posseiro arrendataacuterio3 Disponiacutevel em lthttpwwwbnbgovbrhistoricogt Acesso em 10 de janeiro de 20174 De acordo com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agraacuterio a

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP)eacute o documento de identificaccedilatildeo da agricultura familiar e pode ser obtido tanto pelo agricultor ouagricultora familiar (pessoa fiacutesica) quanto por empreendimentos familiares rurais como associaccedilotildeescooperativas agroinduacutestrias (pessoa juriacutedica)

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 20

quanto parceiro que residam na propriedade rural ou em local proacuteximo e obtenham nomiacutenimo 50 da renda familiar da exploraccedilatildeo do estabelecimento rural Os agricultoresclientes do Agroamigo podem desenvolver qualquer atividade seja agriacutecola pecuaacuteriaoutras atividades natildeo agropecuaacuterias no meio rural que gere renda no campo ou nasproximidades urbanas como agroinduacutestria pesca turismo rural serviccedilos no meiorural e artesanato

Dessa forma o Agroamigo resulta da prioridade dada pelo Banco do Nordesteao apoio aos agricultores familiares em reconhecimento agrave importacircncia econocircmica esocial deste segmento

24 Agricultura familiar

Embora a globalizaccedilatildeo e a pressatildeo pela competitividade tenham obrigadoa agricultura evoluir a maioria das fazendas no mundo ainda eacute familiar e estapredominacircncia eacute esmagadora natildeo apenas nos paiacuteses subdesenvolvidos mas tambeacutemnos paiacuteses desenvolvidos (MORENO-PeacuteREZ LOBLEY 2015)

Estudos como os de Brookfield (2008) Carlson (2008) Duumlrr (2016) Barry (2015)e Strange (1988) assinalam um crescente interesse por essa configuraccedilatildeo produtivana medida em que os resultados encontrados sugerem que a agricultura familiarcontribui para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses o que tem desafiadoos governos a implementarem poliacuteticas puacuteblicas voltadas para este segmento

Especificamente em se tratando da agricultura familiar no Brasil houve umcrescente interesse por este segmento a partir da deacutecada de 90 Algumas pesqui-sas se tornaram marcos nos estudos rurais brasileiros tais como Abramovay (2007)Kageyama e Bergamasgo (1990) e Veiga (2012) cujos trabalhos apontam a impor-tacircncia deste setor na histoacuteria do Brasil e do mundo descrevendo a evoluccedilatildeo que odesenvolvimento agriacutecola experimentou desde o poacutes-guerra

Um outro trabalho de destaque no campo da agricultura familiar eacute o relatoacuteriopublicado em 1994 pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Agricultura e Ali-mentaccedilatildeo (FAO) em conjunto com o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e ReformaAgraacuteria (INCRA) cujo objetivo principal foi estabelecer as diretrizes para um ldquomodelode desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Sendo assim historicamente a atividade agriacutecolatem apresentado expressiva relevacircncia na economia brasileira na medida em queproporciona desenvolvimento social e econocircmico por meio de geraccedilatildeo de emprego erenda (FURTADO 1980 PRADO JUacuteNIOR 1977)

De acordo com Franccedila Grossi e Marques (2009) o Censo Agropecuaacuterio de 2006identificou que do total de estabelecimentos agropecuaacuterios no Brasil 4367902 eram de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 21

agricultores familiares representando 844 dos estabelecimentos brasileiros sendoque a metade deles estava no Nordeste Este contingente de agricultores familiaresocupava uma aacuterea de 8025 milhotildees de hectares representando 243 da aacuterea ocupadapelos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros demonstrando que o Brasil possuiacuteauma estrutura agraacuteria concentrada

Guilhoto et al (2007) afirmam que o segmento familiar da agropecuaacuteria brasileirae as cadeias produtivas a ela interligadas responderam em 2005 por 90 do PIBbrasileiro e considerando que o agronegoacutecio nacional foi responsaacutevel por 279 doPIB no referido ano fica evidente a importacircncia da agricultura familiar na geraccedilatildeo deriqueza do paiacutes A Tabela 1 a seguir mostra a participaccedilatildeo do agronegoacutecio familiar epatronal do Brasil e Nordeste no PIB Total brasileiro nos anos de 2002 a 2004

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste

Unidades Federativas 2002 2003 2004

PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

Brasil 925 1961 1007 2052 960 2030Alagoas 901 2752 822 2836 1046 2391

Bahia 1073 2085 1179 2098 1063 2124Cearaacute 1357 1411 1423 1337 1226 1319

Maranhatildeo 1667 1757 1635 1886 1566 1676Paraiacuteba 1684 2282 1944 2216 1722 2282

Pernambuco 759 1631 834 1773 749 1606Piauiacute 1625 1486 1516 1629 1377 1537

Rio Grande do Norte 1118 1881 1249 1878 1085 1841Sergipe 1063 1197 1126 1136 908 1134

Fonte Adaptado de Guilhoto et al 2007

Guanziroli et al (2001) e Aquino e Teixeira (2005) afirmam que para haverum desempenho econocircmico viaacutevel dessa atividade eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo deassistecircncia teacutecnica e poliacuteticas puacuteblicas adequadas

Portanto as poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar devem levarem consideraccedilatildeo as especificidades deste setor de modo a permitir que a pequenaproduccedilatildeo agropecuaacuteria familiar reduza o fluxo de trabalhadores do campo para acidade gere emprego e renda e contribua para o desenvolvimento local e regionalde forma sustentaacutevel E o microcreacutedito tem se destacado como uma ferramenta defomento da agricultura familiar haja vista a dificuldade na aquisiccedilatildeo de creacutedito formalser frequentemente argumentada como uma das restriccedilotildees agrave expansatildeo da capacidadeprodutiva dos pequenos agricultores

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 1421 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito 1422 Microcreacutedito no Brasil 1723 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo 1924 Agricultura familiar 20

3 DADOS E VARIAacuteVEIS 22

4 ESTRATEacuteGIA EMPIacuteRICA 25

5 ANAacuteLISE DOS RESULTADOS 28

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 41

11

1 Introduccedilatildeo

Nas uacuteltimas trecircs deacutecadas governos do mundo todo tecircm implementado accedilotildeespara reduzir a pobreza e ajudar famiacutelias a saiacuterem da pobreza extrema Nesse sentido omicrocreacutedito tem sido apontado por pesquisadores e formuladores de poliacuteticas puacuteblicascomo importante ferramenta de desenvolvimento social e econocircmico Diversos estudoscomo Banerjee e Duflo (2011) Chen e Snodgrass (2001) Goldberg (2005) Hermes eLensink (2007) Hollis e Sweetman (1998) Hossain (1988) Jayne et al (2016) KhandkerBaqui e Khan (1995) Koloma e Aila (2014) Li Gan e Hu (2011) Lipton (2009) Pitt eKhandker (1998) tecircm examinado o potencial do microcreacutedito na melhoria das condiccedilotildeesde vida dos seus beneficiaacuterios na inclusatildeo financeira e no fortalecimento da produccedilatildeoagriacutecola de quem faz uso dessa modalidade de creacutedito

Segundo Reed (2015) o microcreacutedito tem apresentado nuacutemeros expressivosem escala global em termos de atendimento e concessatildeo de creacutedito Em 1997 dos13 milhotildees de beneficiados 8 milhotildees eram pobres ou viviam abaixo da linha dapobreza Em 2013 o microcreacutedito beneficiou 211 milhotildees de clientes sendo que 114milhotildees viviam na pobreza extrema Molineus (2015) aponta que ao longo das uacuteltimasduas deacutecadas o microcreacutedito movimentou um volume de recursos entre $60 e $100bilhotildees de doacutelares possuindo cerca de 200 milhotildees de clientes e com perspectiva decrescimento para os proacuteximos anos

Dados do Banco Mundial (2008) apontam que nos paiacuteses em desenvolvimento75 das pessoas de baixa renda vivem em aacutereas rurais e a maioria depende diretaou indiretamente da agricultura para sua subsistecircncia Cerca de 86 da populaccedilatildeorural do mundo (25 bilhotildees de pessoas) depende da agricultura e esta por sua vezgera emprego para 13 bilhotildees de pequenos produtores e trabalhadores sem-terraDessa forma de acordo com o Banco Mundial (2008) em pleno seacuteculo XXI a produccedilatildeoagriacutecola ainda desempenha um papel fundamental para o desenvolvimento sustentaacutevele a reduccedilatildeo da pobreza e fome mundiais e dessa forma a concessatildeo do microcreacuteditoaos pequenos produtores rurais tambeacutem se apresenta como uma importante ferramentade poliacutetica puacuteblica que proporciona aumento da capacidade produtiva e fortalecimentoda agricultura

Diversos estudos na literatura internacional tecircm buscado mostrar a influecircncia domicrocreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola de pequeno porte tais como Alam (1988) Akwaa-Sekyi (2013) Alwang e Siegel (2003) Ashaolu et al (2011) Dong Lu e Featherstone(2010) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Lowder Skoet e Singh (2014)Shah et al (2015) Sharmeen e Chowdhury (2013) Sulemana e Adjei (2015)

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 12

No Brasil as primeiras experiecircncias relacionadas ao microcreacutedito remontam adeacutecada de 1970 e em anos mais recentes estatildeo sendo orientadas pela Lei no 111102011que estabeleceu o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO)voltado para incentivar as atividades produtivas de pequeno porte estimulandoemprego e renda desse setor De acordo com Sistema de Informaccedilotildees de Creacutedito doBanco Central do Brasil (BCB) ateacute dezembro de 2013 a carteira total de microcreacuteditoregistrou um volume de R$ 53 bilhotildees referentes a 31 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito(BCB 2015)

Estudos brasileiros referentes ao efeito do microcreacutedito na agricultura familiarde diferentes tipos de pesquisa quanto agrave abordagem e procedimentos como os deAbramovay et al (2013) Batista e Neder (2014) Capobiango et al (2012) Garcia Castroe Teixeira (2008) Gazolla e Schneider (2013) Kageyama (2003) Mattei (2005 2006)Pereira e Nascimento (2014) Silva e Filho (2009) apresentaram resultados positivosreforccedilando a ideia de que o acesso ao creacutedito rural eacute capaz de estimular a produccedilatildeoagriacutecola de pequeno porte

Dessa forma o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) maior instituiccedilatildeo financeirada Ameacuterica Latina voltada ao desenvolvimento regional e oacutergatildeo executor de poliacuteticaspuacuteblicas examinou experiecircncias de sucesso de microcreacutedito em alguns paiacuteses asiaacuteticose latino-americanos e como resultado verificou que poderia ser desenvolvida umametodologia especiacutefica de microcreacutedito no meio rural para fomentar a geraccedilatildeo derenda e ocupaccedilatildeo das camadas mais carentes Assim foi criado em 2005 o ProgramaAgroamigo que tem como accedilatildeo expandir o atendimento aos agricultores familiaresde pequeno porte mediante a concessatildeo de microcreacutedito produtivo rural e orientado(BNB 2016)

Nesse contexto o presente estudo analisa o papel do microcreacutedito rural sobre ovalor da produccedilatildeo agropecuaacuteria nos municiacutepios nordestinos atendidos pelo ProgramaAgroamigo Para o cumprimento deste objetivo satildeo estabelecidas e analisadas variaacuteveisque tenham relaccedilatildeo de causa e efeito entre o Agroamigo e a produccedilatildeo agropecuaacuteriabem como verificada a evoluccedilatildeo do tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios ao Programa edo volume de recursos recebidos no periacuteodo de 2005 a 2015

A hipoacutetese testada neste trabalho como a defendida por Abramovay et al (2013)eacute de que os municiacutepios que recebem mais recursos contabilizados a partir da somados empreacutestimos individuais fornecidos dentro do Programa Agroamigo e que estatildeoexpostos 1 ao Programa por mais tempo conseguem obter um aumento no valor dasua produccedilatildeo agropecuaacuteria A ideia eacute que os empreacutestimos possibilitam aos agricultoresfamiliares obter um aumento no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria na medida em1 O tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio eacute contado pela quantidade de anos em que o municiacutepio

apresentou pelo menos um contrato de adesatildeo de algum produtor local ao Programa Agroamigo

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 13

que permite investimentos em novas variedades de culturas de melhor rendimentoaquisiccedilatildeo de rebanhos para produccedilatildeo de carne e leite e o acesso a tecnologias maissustentaacuteveis que melhoram seus processos produtivos e seus niacuteveis de produccedilatildeotornando-os mais competitivos O acesso ao microcreacutedito tambeacutem permite que ospequenos agricultores recebam assistecircncia teacutecnica das instituiccedilotildees financeiras e comisso fortaleccedilam as atividades econocircmicas desenvolvidas refletindo consequentementena melhoria da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios

Natildeo obstante existem alguns trabalhos que destacam resultados negativosquanto ao efeito do microcreacutedito como os de Banerjee Karlan e Zinman (2015)Bateman e Chang (2012) Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher(2007) Hulme e Mosle (1996) e Morduch (1998)

A importacircncia desse trabalho reside na existecircncia de poliacuteticas puacuteblicas 2 voltadasagrave agricultura familiar no Brasil que movimentam um grande volume de recursos cercade 30 bihotildees de reais para as safras de 2017 a 2020 (MDA 2017) e sendo assimeacute preciso verificar se de fato estaacute havendo retorno nos recursos aplicados no setorespecificamente no que se refere ao Programa Agroamigo

Aleacutem disso a necessidade em estudar o microcreacutedito voltado agrave agriculturafamiliar deve-se ao fato dessa configuraccedilatildeo produtiva possuir diversas funccedilotildees quevatildeo desde a sustentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do homem no campo ateacute a importacircncia do seupapel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo de forma significativapara o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses

Ademais de acordo com Guilhoto et al (2007) apesar da heterogeneidade exis-tente no segmento da agricultura familiar no Brasil este eacute responsaacutevel por importanteparcela da produccedilatildeo agropecuaacuteria contribuindo de forma significativa na geraccedilatildeo deriquezartacircncia do seu papel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo deforma significativa para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses Ademaisdo paiacutes

Seguida desta parte introdutoacuteria a seccedilatildeo 2 apresenta a revisatildeo da literaturaA terceira seccedilatildeo descreve os dados utilizados bem como as variaacuteveis selecionadasA seccedilatildeo 4 detalha a estrateacutegia empiacuterica necessaacuteria ao desenvolvimento do trabalhodiscorrendo sobre os modelos adotados para avaliar o efeito do programa objeto dopresente estudo A seccedilatildeo 5 apresenta os resultados encontrados e por uacuteltimo na sextaparte satildeo feitas as consideraccedilotildees finais

2 No Brasil existem diversas poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar como o PronafAssistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural (ATER) Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos (PAA) ProgramaNacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) etc

14

2 Revisatildeo da Literatura

21 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito

O grande marco histoacuterico que serviu de modelo para difundir o microcreacuteditoocorreu em Bangladesh na deacutecada de 70 de uma experiecircncia iniciada pelo economistaMuhammad Yunus fundador do Grameen Bank e ganhador do Precircmio Nobel da Pazem 2006 A ideia defendida abertamente por Yunus (2001) eacute a do microcreacutedito ser umprograma de mudanccedila social que permite aos mais pobres exercerem suas habilidadese sua capacidade de produzir

Da experiecircncia do Grameen Bank aos dias atuais o ritmo de expansatildeo e aabrangecircncia alcanccedilada pelo microcreacutedito tem despertado o interesse de profissionais eteoacutericos do mundo todo Considerado um elemento importante na reduccedilatildeo de pobrezae melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos o microcreacutedito tem se apresentadocomo uma forma de alavancar e fortalecer as atividades de uma parte da populaccedilatildeoque foi excluiacuteda do sistema financeiro tradicional fomentando o desenvolvimentoeconocircmico e social Segundo Yunus e Jolis (2000) o microcreacutedito visa garantir finan-ciamento adequado aos indiviacuteduos que trabalham em aacutereas rurais melhorando acapacidade produtiva o padratildeo e as condiccedilotildees de vida em geral Seu objetivo eacute permi-tir aos mais desfavorecidos condiccedilotildees de terem uma vida digna e autossustentaacutevel pormeio da concessatildeo de pequenos empreacutestimos

De acordo com Barone et al (2002) Monzoni (2008) Soares e Sobrinho (2007)Osmani e Mahmud (2015) Quayes e Khalily (2014) o microcreacutedito eacute a concessatildeode empreacutestimos de baixo valor a indiviacuteduos e pequenos empreendedores informaisque natildeo possuem acesso formal ao sistema financeiro tradicional e diferencia-se dosdemais tipos de empreacutestimo primordialmente em funccedilatildeo da metodologia utilizadaPara Abramovay et al (2013) Maciel et al (2009) e Yunus e Jolis (2000) o microcreacuteditoassume-se como um instrumento de combate agrave pobreza e melhora das condiccedilotildees devida dos indiviacuteduos

Goldberg (2005) afirma que grande parte dos estudos iniciais sobre impacto domicrocreacutedito apresenta resultado positivo na pobreza e renda dos seus beneficiaacuteriosUm dos primeiros estudos abrangentes de impacto foi realizado por Hossain (1988p10) apontando que ldquoa renda familiar meacutedia dos tomadores de microcreacutedito junto aoGrameen era 43 superior agrave dos natildeo tomadores de microcreacutedito sendo as maioresdiferenccedilas no estrato de menor rendardquo

Trabalhos como os de Khandker Baqui e Khan (1995) McKernan (2002) e Pitt e

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 15

Khandker (1998) demonstraram que embora o efeito seja positivo a magnitude doimpacto do microcreacutedito sobre a oferta de trabalho as despesas os bens adquiridos aescolaridade das crianccedilas a fertilidade o uso de contraceptivos e os lucros do trabalhodepende do sexo do participante do programa de creacutedito Hermes e Lensink (2007)e Khandker (2005) tambeacutem realizaram estudos sobre o microcreacutedito e elencaram osefeitos positivos desta poliacutetica dentre eles o aumento da renda familiar e dos bens dasmulheres a melhoria da escolaridade dos filhos a superaccedilatildeo da linha da pobreza e odesenvolvimento local

O microcreacutedito sob a perspectiva da responsabilidade conjunta e da atuaccedilatildeode grupos solidaacuterios foi analisado nos trabalhos de Ahlin e Townsend (2007) CassarCrowley e Wydick (2007) Karlan (2007) e Wenner (1995) cujos resultados indicaramque o desempenho do reembolso de grupos solidaacuterios melhora quando os grupospossuem regras formais de como seus membros devem se comportar

Os estudos de Hulme e Mosle (1996) apontaram que o crescimento da rendafamiliar dos tomadores de microcreacutedito sempre se apresentava superior ao crescimentode renda das famiacutelias natildeo tomadoras de creacutedito corroborando com os resultados daspesquisas iniciais de Hossain Pesquisas realizadas por Agbola Acupan e Mahmood(2017) Banerjee e Duflo (2011) MkNelly (1998 1999) indicaram que aleacutem do aumentode renda familiar o microcreacutedito proporcionou a melhoria do bem-estar econocircmicopor meio da estabilizaccedilatildeo do consumo da melhoria das condiccedilotildees de moradia e dapropriedade de bens

Sob a perspectiva da intervenccedilatildeo do microcreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola diversostrabalhos foram realizados apresentando diferentes enfoques Alam (1988) investigouo crescimento da produtividade dos agricultores com acesso ao microcreacutedito peloGrameen Bank constatando que pequenos agricultores poderiam melhorar sua produ-tividade alocando parte de suas terras para o cultivo de variedades de alto rendimentoAshaolu et al (2011) realizaram um estudo na Nigeacuteria e concluiacuteram que o aumento noniacutevel de produccedilatildeo agriacutecola na Nigeacuteria ocorreu devido ao fortalecimento financeiro dosagricultores por meio do acesso ao microcreacutedito Akwaa-Sekyi (2013) afirma que omicrocreacutedito contribui para o desenvolvimento agriacutecola especificamente na matildeo deobra empregada capital de giro a produccedilatildeo e a renda dos agricultores

Estudo realizado por Shah et al (2015) na cidade de Mastung no Paquistatildeoconcluiu que o microcreacutedito fornece apoio financeiro aos agricultores contribuindopara o desenvolvimento do setor agriacutecola aumento da produccedilatildeo agriacutecola e conse-quentemente elevaccedilatildeo da renda Trabalho realizado por Sulemana e Adjei (2015) emGhana verificou que o acesso ao microcreacutedito permitiu aos agricultores a adoccedilatildeo deteacutecnicas agriacutecolas mais modernas e uso de sementes de alta produccedilatildeo impactandopositivamente nos niacuteveis de produccedilatildeo De forma semelhante Zeller Diagne e Mataya

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 16

(1998) concluiacuteram que a participaccedilatildeo em um programa de creacutedito agriacutecola possibilita oacesso agrave melhores tecnologias agriacutecolas e de maior rentabilidade elevando a produccedilatildeodo milho e tabaco hiacutebridos no Malawi

Sharmeen e Chowdhury (2013) afirmam que parte do microcreacutedito eacute destinadoaos agricultores pobres para compra de insumos como sementes irrigaccedilatildeo fertilizan-tes e encontraram uma correlaccedilatildeo positiva entre o microcreacutedito agriacutecola e o aumentoda produccedilatildeo em Bangladesh

Embora o microcreacutedito seja tradicionalmente considerado como uma poliacutetica dedesenvolvimento econocircmico e social local fundamental para a superaccedilatildeo da pobrezaa geraccedilatildeo de trabalho e renda e o fomento da produccedilatildeo agropecuaacuteria ainda natildeo existeum consenso no que se refere ao seu efeito na literatura e nas pesquisas internacionaisde impacto Isso porque no final da deacutecada de 90 diversos estudos passaram a criticaros resultados alcanccedilados pelo microcreacutedito

Morduch (1998) questionou a validade e o rigor dos estudos realizados sobre omicrocreacutedito em Bangladesh afirmando natildeo existir evidecircncia estatiacutestica que compro-vasse o aumento no consumo entre os indiviacuteduos que realizavam empreacutestimo por meiodo microcreacutedito em relaccedilatildeo aos que natildeo realizavam De acordo com Bateman e Chang(2012) os efeitos positivos do microcreacutedito satildeo de curto prazo e apenas para algunsindiviacuteduos ldquosortudosrdquo Aleacutem disso se constitui uma poderosa barreira institucional epoliacutetica para o desenvolvimento econocircmico e social sustentaacutevel e tambeacutem agrave reduccedilatildeoda pobreza Coleman (2006) com base em estudo de impacto realizado na Tailacircndiaconcluiu que havia um vieacutes nos resultados do microcreacutedito e que natildeo se poderiaatribuir unicamente a ele a soluccedilatildeo para retirar as pessoas da pobreza

Autores como Hulme e Mosle (1996) Banerjee et al (2015) afirmam nos seusestudos que natildeo encontraram efeitos significativos do microcreacutedito no consumo dasfamiacutelias na educaccedilatildeo na sauacutede ou no empoderamento das mulheres Banerjee Karlane Zinman (2015) compilaram os resultados de seis estudos aleatoacuterios realizados sobre omicrocreacutedito nas aacutereas urbanas e rurais da Boacutesnia Etioacutepia Iacutendia Meacutexico Marrocos eMongoacutelia mostrando que nenhum dos seis estudos encontraram impacto significativona renda familiar dos beneficiaacuterios

Feder et al (1990) afirmam que parte do creacutedito concedido aos produtoreseacute desviada para o consumo fazendo com que o efeito provaacutevel da produccedilatildeo sejamenor do que o esperado Guirkinger e Boucher (2007) sugerem que as restriccedilotildees decreacutedito afetam negativamente a alocaccedilatildeo de recursos prejudicando a produccedilatildeo agriacutecolados pequenos agricultores peruanos Conclusatildeo semelhante eacute encontrada no estudorealizado por Dong Lu e Featherstone (2010) na China Para Armendariz e Morduch(2005) ainda existe uma seacuterie de questionamentos sobre o efeito do microcreacutedito quenatildeo foram amplamente pesquisados e explicados

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 17

O Brasil natildeo alheio agrave essa temaacutetica tem estimulado a concessatildeo de operaccedilotildees demicrocreacutedito com intuito de melhorar a situaccedilatildeo da populaccedilatildeo mais pobre de reduziras desigualdades sociais existentes e de promover o desenvolvimento sustentaacutevel daagricultura familiar

22 Microcreacutedito no Brasil

Monzoni (2008) aponta que a experiecircncia pioneira de microcreacutedito no Brasilocorreu no contexto das atividades da Uniatildeo Nordestina de Assistecircncia a PequenasOrganizaccedilotildees (UNO) entidade criada em 1973 com o objetivo de apoiar micro epequenos empreendimentos da Regiatildeo Nordeste

Segundo Maciel et al (2009) na deacutecada de 1980 outras iniciativas voltadas aomicrocreacutedito surgiram no paiacutes em 1982 foi criado o Banco da Mulher em 1986 foramcriados o Banco do Microcreacutedito no Paranaacute e o PROMICRO no Distrito FederalJaacute em 1987 a partir da experiecircncia da Accioacuten Internacional e de organizaccedilotildees natildeo-governamentais colombianas a metodologia dos grupos solidaacuterios que utiliza o avalsolidaacuterio foi replicada no Brasil com a criaccedilatildeo do Centro de Apoio aos PequenosEmpreendimentos Ana Terra (CeapeRS) instituiacuteda sob a forma de organizaccedilatildeo natildeogovernamental e considerada a primeira organizaccedilatildeo a introduzir no Brasil elementosque predominam na tecnologia do microcreacutedito quais sejam agente de creacuteditogarantia solidaacuteria prazos curtos e valores crescentes (CAMAROTTI SPINK 2002)

De acordo com Monzoni (2008) na deacutecada de 1990 houve o surgimento doProacute Renda no Cearaacute (1990) o Balcatildeo de Ferramentas (1991) da Caixa EconocircmicaFederal o Banco da Providecircncia (1994) no Rio de Janeiro e o Portosol (1995) no RioGrande do Sul Zouain e Barone (2007) apontam que em 1995 foi criado o ProgramaComunidade Solidaacuteria para enfrentamento da fome e da miseacuteria por meio de acessoao creacutedito natildeo como poliacutetica isolada mas dentro de um contexto de desenvolvimentolocal integrado e sustentado Em 1998 foi implantado o Banco do Povo Paulista emSatildeo Paulo (SOARES SOBRINHO 2007)

Matos Macambira e Cacciamali (2014) afirmam que somente no final da deacutecadade 1990 a atividade de microcreacutedito difundiu-se no Brasil e os principais fatores quegarantiram essa expansatildeo foram

bull as de alteraccedilotildees no marco regulatoacuterio brasileiro que proporcionou a regula-mentaccedilatildeo de novas figuras institucionais autorizadas a atuar na atividade demicrocreacutedito

bull a implantaccedilatildeo do Programa Crediamigo pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB)em 1997 que incorporou praacuteticas de operacionalizaccedilatildeo tiacutepicas da atividade de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 18

microcreacutedito dentre as quais formaccedilatildeo de grupos solidaacuterios foco na atividadeprodutiva informal progressividade de concessatildeo entre outros

bull aportes de recursos por parte do poder puacuteblico a instituiccedilotildees de microcreacuteditofundamentalmente por meio da atuaccedilatildeo do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconocircmico e Social (BNDES)

Em 2005 foi estabelecido o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) criado pela Medida Provisoacuteria no 226 de 29 de novembro de2004 que foi convertida na Lei no 11110 de 25 de abril de 2005 De acordo comValentin e Serra (2012) o PNMPO foi o resultado de mais de 30 anos de iniciativasinovadoras de oferta de creacutedito popular por parte de OSCIPS ONGs e sociedadescivis organizadas e possui como objetivo principal a oferta de creacutedito exclusivo amicroempreendedores populares com acompanhamento teacutecnico local

Conforme a referida lei considera-se microcreacutedito produtivo orientado o creacute-dito concedido para o atendimento das necessidades financeiras de pessoas fiacutesicase juriacutedicas empreendedoras que realizem atividades produtivas de pequeno porteutilizando metodologia baseada no relacionamento direto com os empreendedores nolocal onde eacute executada a atividade econocircmica (BRASIL 2005)

No Brasil vaacuterios trabalhos empiacutericos foram realizados sobre o microcreacuteditosob diferentes enfoques tais como Batista e Neder (2014)B Moraes (2010) e GonzalezRighetti e DiSerio (2014) que enfatizaram a importacircncia do microcreacutedito na renda dosbeneficiaacuterios Maia e Pinto (2015) destacou o papel do microcreacutedito no desempenho doPronaf B Oliveira Almeida e Taques (2015) que analisaram o grau de concentraccedilatildeo eniacutevel de aderecircncia dos recursos da carteira de financiamento do programa Baiardi et al(2015) Moreira Silveira e Motter (2014) que investigaram a percepccedilatildeo do beneficiaacuteriosdo programa

Embora vaacuterios programas de microcreacutedito tenham sido implantados no Brasilao longo das uacuteltimas deacutecadas os que tiveram maior expansatildeo e adensamento foramos implementados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) Considerada uma dasinstituiccedilotildees que mais se destaca com o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) o BNB eacute um banco puacuteblico federal que desde 1998 concedeempreacutestimos a empreendedores de baixa renda com o objetivo de fortalecer e im-pulsionar o desenvolvimento de pequenos negoacutecios tanto no meio rural quanto nourbano trabalhando com duas linhas de microcreacutedito o Crediamigo e o Agroamigoeste uacuteltimo objeto de estudo do presente trabalho

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 19

23 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo

O Agroamigo3 eacute um programa de microcreacutedito rural do Banco do Nordesteque se propotildee a melhorar o perfil social e econocircmico do agricultor familiar por meioda concessatildeo de financiamento para a aacuterea rural adotando metodologia proacutepria deatendimento Operacionalizado pelo Instituto Nordeste Cidadania (INEC) organizaccedilatildeoda sociedade civil de interesse puacuteblico (Oscip) o Programa iniciou suas operaccedilotildeesem 2005 tendo como fonte de recursos o Fundo Constitucional de Financiamento doNordeste (FNE)

A criaccedilatildeo da metodologia de microcreacutedito rural foi influenciada pelo sucessoda experiecircncia do microcreacutedito urbano do proacuteprio Banco do Nordeste com o ProgramaCrediamigo que inspirou uma accedilatildeo similar apropriada nas comunidades rurais Satildeoobjetivos do programa aumentar a renda familiar criar empregos no meio ruralaumentar a oferta de alimentos para a populaccedilatildeo do campo e das cidades e melhorar aqualidade de vida da populaccedilatildeo rural (MATOS MACAMBIRA CACCIAMALI 2014)

O Agroamigo atua na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel integrandoas vertentes i) social ao promover a inclusatildeo no mercado de creacutedito e possibilitar oresgate agrave cidadania ii) econocircmica ao proporcionar via creacutedito a geraccedilatildeo de rendapara sustento da unidade familiar e iii) ambiental ao estimular a exploraccedilatildeo doempreendimento de forma sustentaacutevel (MACIEL et al 2009)

O Programa possui como puacuteblico-alvo agricultores familiares que se enquadramno Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF assimclassificados

bull Agroamigo Crescer com financiamentos de ateacute R$ 4 mil eacute voltado para agricul-tores familiares que se enquadrem no grupo B do PRONAF ou seja beneficiaacuteriosque possuam renda bruta familiar nos uacuteltimos 12 meses de produccedilatildeo normalque antecedem a solicitaccedilatildeo da DAP4 natildeo superior a R$2000000 (BCB 2016)

bull Agroamigo Mais com financiamentos de ateacute R$ 15 mil eacute voltado para agriculto-res familiares que obtenham renda bruta anual de ateacute R$ 360 mil e se enquadremno PRONAF V (renda variaacutevel)

Segundo Neri (2012) nos grupos atendidos pelo Agroamigo incluem-se todos osque exploram parcela de terra tanto na condiccedilatildeo de proprietaacuterio posseiro arrendataacuterio3 Disponiacutevel em lthttpwwwbnbgovbrhistoricogt Acesso em 10 de janeiro de 20174 De acordo com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agraacuterio a

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP)eacute o documento de identificaccedilatildeo da agricultura familiar e pode ser obtido tanto pelo agricultor ouagricultora familiar (pessoa fiacutesica) quanto por empreendimentos familiares rurais como associaccedilotildeescooperativas agroinduacutestrias (pessoa juriacutedica)

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 20

quanto parceiro que residam na propriedade rural ou em local proacuteximo e obtenham nomiacutenimo 50 da renda familiar da exploraccedilatildeo do estabelecimento rural Os agricultoresclientes do Agroamigo podem desenvolver qualquer atividade seja agriacutecola pecuaacuteriaoutras atividades natildeo agropecuaacuterias no meio rural que gere renda no campo ou nasproximidades urbanas como agroinduacutestria pesca turismo rural serviccedilos no meiorural e artesanato

Dessa forma o Agroamigo resulta da prioridade dada pelo Banco do Nordesteao apoio aos agricultores familiares em reconhecimento agrave importacircncia econocircmica esocial deste segmento

24 Agricultura familiar

Embora a globalizaccedilatildeo e a pressatildeo pela competitividade tenham obrigadoa agricultura evoluir a maioria das fazendas no mundo ainda eacute familiar e estapredominacircncia eacute esmagadora natildeo apenas nos paiacuteses subdesenvolvidos mas tambeacutemnos paiacuteses desenvolvidos (MORENO-PeacuteREZ LOBLEY 2015)

Estudos como os de Brookfield (2008) Carlson (2008) Duumlrr (2016) Barry (2015)e Strange (1988) assinalam um crescente interesse por essa configuraccedilatildeo produtivana medida em que os resultados encontrados sugerem que a agricultura familiarcontribui para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses o que tem desafiadoos governos a implementarem poliacuteticas puacuteblicas voltadas para este segmento

Especificamente em se tratando da agricultura familiar no Brasil houve umcrescente interesse por este segmento a partir da deacutecada de 90 Algumas pesqui-sas se tornaram marcos nos estudos rurais brasileiros tais como Abramovay (2007)Kageyama e Bergamasgo (1990) e Veiga (2012) cujos trabalhos apontam a impor-tacircncia deste setor na histoacuteria do Brasil e do mundo descrevendo a evoluccedilatildeo que odesenvolvimento agriacutecola experimentou desde o poacutes-guerra

Um outro trabalho de destaque no campo da agricultura familiar eacute o relatoacuteriopublicado em 1994 pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Agricultura e Ali-mentaccedilatildeo (FAO) em conjunto com o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e ReformaAgraacuteria (INCRA) cujo objetivo principal foi estabelecer as diretrizes para um ldquomodelode desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Sendo assim historicamente a atividade agriacutecolatem apresentado expressiva relevacircncia na economia brasileira na medida em queproporciona desenvolvimento social e econocircmico por meio de geraccedilatildeo de emprego erenda (FURTADO 1980 PRADO JUacuteNIOR 1977)

De acordo com Franccedila Grossi e Marques (2009) o Censo Agropecuaacuterio de 2006identificou que do total de estabelecimentos agropecuaacuterios no Brasil 4367902 eram de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 21

agricultores familiares representando 844 dos estabelecimentos brasileiros sendoque a metade deles estava no Nordeste Este contingente de agricultores familiaresocupava uma aacuterea de 8025 milhotildees de hectares representando 243 da aacuterea ocupadapelos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros demonstrando que o Brasil possuiacuteauma estrutura agraacuteria concentrada

Guilhoto et al (2007) afirmam que o segmento familiar da agropecuaacuteria brasileirae as cadeias produtivas a ela interligadas responderam em 2005 por 90 do PIBbrasileiro e considerando que o agronegoacutecio nacional foi responsaacutevel por 279 doPIB no referido ano fica evidente a importacircncia da agricultura familiar na geraccedilatildeo deriqueza do paiacutes A Tabela 1 a seguir mostra a participaccedilatildeo do agronegoacutecio familiar epatronal do Brasil e Nordeste no PIB Total brasileiro nos anos de 2002 a 2004

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste

Unidades Federativas 2002 2003 2004

PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

Brasil 925 1961 1007 2052 960 2030Alagoas 901 2752 822 2836 1046 2391

Bahia 1073 2085 1179 2098 1063 2124Cearaacute 1357 1411 1423 1337 1226 1319

Maranhatildeo 1667 1757 1635 1886 1566 1676Paraiacuteba 1684 2282 1944 2216 1722 2282

Pernambuco 759 1631 834 1773 749 1606Piauiacute 1625 1486 1516 1629 1377 1537

Rio Grande do Norte 1118 1881 1249 1878 1085 1841Sergipe 1063 1197 1126 1136 908 1134

Fonte Adaptado de Guilhoto et al 2007

Guanziroli et al (2001) e Aquino e Teixeira (2005) afirmam que para haverum desempenho econocircmico viaacutevel dessa atividade eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo deassistecircncia teacutecnica e poliacuteticas puacuteblicas adequadas

Portanto as poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar devem levarem consideraccedilatildeo as especificidades deste setor de modo a permitir que a pequenaproduccedilatildeo agropecuaacuteria familiar reduza o fluxo de trabalhadores do campo para acidade gere emprego e renda e contribua para o desenvolvimento local e regionalde forma sustentaacutevel E o microcreacutedito tem se destacado como uma ferramenta defomento da agricultura familiar haja vista a dificuldade na aquisiccedilatildeo de creacutedito formalser frequentemente argumentada como uma das restriccedilotildees agrave expansatildeo da capacidadeprodutiva dos pequenos agricultores

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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Referecircncias

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

11

1 Introduccedilatildeo

Nas uacuteltimas trecircs deacutecadas governos do mundo todo tecircm implementado accedilotildeespara reduzir a pobreza e ajudar famiacutelias a saiacuterem da pobreza extrema Nesse sentido omicrocreacutedito tem sido apontado por pesquisadores e formuladores de poliacuteticas puacuteblicascomo importante ferramenta de desenvolvimento social e econocircmico Diversos estudoscomo Banerjee e Duflo (2011) Chen e Snodgrass (2001) Goldberg (2005) Hermes eLensink (2007) Hollis e Sweetman (1998) Hossain (1988) Jayne et al (2016) KhandkerBaqui e Khan (1995) Koloma e Aila (2014) Li Gan e Hu (2011) Lipton (2009) Pitt eKhandker (1998) tecircm examinado o potencial do microcreacutedito na melhoria das condiccedilotildeesde vida dos seus beneficiaacuterios na inclusatildeo financeira e no fortalecimento da produccedilatildeoagriacutecola de quem faz uso dessa modalidade de creacutedito

Segundo Reed (2015) o microcreacutedito tem apresentado nuacutemeros expressivosem escala global em termos de atendimento e concessatildeo de creacutedito Em 1997 dos13 milhotildees de beneficiados 8 milhotildees eram pobres ou viviam abaixo da linha dapobreza Em 2013 o microcreacutedito beneficiou 211 milhotildees de clientes sendo que 114milhotildees viviam na pobreza extrema Molineus (2015) aponta que ao longo das uacuteltimasduas deacutecadas o microcreacutedito movimentou um volume de recursos entre $60 e $100bilhotildees de doacutelares possuindo cerca de 200 milhotildees de clientes e com perspectiva decrescimento para os proacuteximos anos

Dados do Banco Mundial (2008) apontam que nos paiacuteses em desenvolvimento75 das pessoas de baixa renda vivem em aacutereas rurais e a maioria depende diretaou indiretamente da agricultura para sua subsistecircncia Cerca de 86 da populaccedilatildeorural do mundo (25 bilhotildees de pessoas) depende da agricultura e esta por sua vezgera emprego para 13 bilhotildees de pequenos produtores e trabalhadores sem-terraDessa forma de acordo com o Banco Mundial (2008) em pleno seacuteculo XXI a produccedilatildeoagriacutecola ainda desempenha um papel fundamental para o desenvolvimento sustentaacutevele a reduccedilatildeo da pobreza e fome mundiais e dessa forma a concessatildeo do microcreacuteditoaos pequenos produtores rurais tambeacutem se apresenta como uma importante ferramentade poliacutetica puacuteblica que proporciona aumento da capacidade produtiva e fortalecimentoda agricultura

Diversos estudos na literatura internacional tecircm buscado mostrar a influecircncia domicrocreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola de pequeno porte tais como Alam (1988) Akwaa-Sekyi (2013) Alwang e Siegel (2003) Ashaolu et al (2011) Dong Lu e Featherstone(2010) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Lowder Skoet e Singh (2014)Shah et al (2015) Sharmeen e Chowdhury (2013) Sulemana e Adjei (2015)

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 12

No Brasil as primeiras experiecircncias relacionadas ao microcreacutedito remontam adeacutecada de 1970 e em anos mais recentes estatildeo sendo orientadas pela Lei no 111102011que estabeleceu o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO)voltado para incentivar as atividades produtivas de pequeno porte estimulandoemprego e renda desse setor De acordo com Sistema de Informaccedilotildees de Creacutedito doBanco Central do Brasil (BCB) ateacute dezembro de 2013 a carteira total de microcreacuteditoregistrou um volume de R$ 53 bilhotildees referentes a 31 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito(BCB 2015)

Estudos brasileiros referentes ao efeito do microcreacutedito na agricultura familiarde diferentes tipos de pesquisa quanto agrave abordagem e procedimentos como os deAbramovay et al (2013) Batista e Neder (2014) Capobiango et al (2012) Garcia Castroe Teixeira (2008) Gazolla e Schneider (2013) Kageyama (2003) Mattei (2005 2006)Pereira e Nascimento (2014) Silva e Filho (2009) apresentaram resultados positivosreforccedilando a ideia de que o acesso ao creacutedito rural eacute capaz de estimular a produccedilatildeoagriacutecola de pequeno porte

Dessa forma o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) maior instituiccedilatildeo financeirada Ameacuterica Latina voltada ao desenvolvimento regional e oacutergatildeo executor de poliacuteticaspuacuteblicas examinou experiecircncias de sucesso de microcreacutedito em alguns paiacuteses asiaacuteticose latino-americanos e como resultado verificou que poderia ser desenvolvida umametodologia especiacutefica de microcreacutedito no meio rural para fomentar a geraccedilatildeo derenda e ocupaccedilatildeo das camadas mais carentes Assim foi criado em 2005 o ProgramaAgroamigo que tem como accedilatildeo expandir o atendimento aos agricultores familiaresde pequeno porte mediante a concessatildeo de microcreacutedito produtivo rural e orientado(BNB 2016)

Nesse contexto o presente estudo analisa o papel do microcreacutedito rural sobre ovalor da produccedilatildeo agropecuaacuteria nos municiacutepios nordestinos atendidos pelo ProgramaAgroamigo Para o cumprimento deste objetivo satildeo estabelecidas e analisadas variaacuteveisque tenham relaccedilatildeo de causa e efeito entre o Agroamigo e a produccedilatildeo agropecuaacuteriabem como verificada a evoluccedilatildeo do tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios ao Programa edo volume de recursos recebidos no periacuteodo de 2005 a 2015

A hipoacutetese testada neste trabalho como a defendida por Abramovay et al (2013)eacute de que os municiacutepios que recebem mais recursos contabilizados a partir da somados empreacutestimos individuais fornecidos dentro do Programa Agroamigo e que estatildeoexpostos 1 ao Programa por mais tempo conseguem obter um aumento no valor dasua produccedilatildeo agropecuaacuteria A ideia eacute que os empreacutestimos possibilitam aos agricultoresfamiliares obter um aumento no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria na medida em1 O tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio eacute contado pela quantidade de anos em que o municiacutepio

apresentou pelo menos um contrato de adesatildeo de algum produtor local ao Programa Agroamigo

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 13

que permite investimentos em novas variedades de culturas de melhor rendimentoaquisiccedilatildeo de rebanhos para produccedilatildeo de carne e leite e o acesso a tecnologias maissustentaacuteveis que melhoram seus processos produtivos e seus niacuteveis de produccedilatildeotornando-os mais competitivos O acesso ao microcreacutedito tambeacutem permite que ospequenos agricultores recebam assistecircncia teacutecnica das instituiccedilotildees financeiras e comisso fortaleccedilam as atividades econocircmicas desenvolvidas refletindo consequentementena melhoria da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios

Natildeo obstante existem alguns trabalhos que destacam resultados negativosquanto ao efeito do microcreacutedito como os de Banerjee Karlan e Zinman (2015)Bateman e Chang (2012) Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher(2007) Hulme e Mosle (1996) e Morduch (1998)

A importacircncia desse trabalho reside na existecircncia de poliacuteticas puacuteblicas 2 voltadasagrave agricultura familiar no Brasil que movimentam um grande volume de recursos cercade 30 bihotildees de reais para as safras de 2017 a 2020 (MDA 2017) e sendo assimeacute preciso verificar se de fato estaacute havendo retorno nos recursos aplicados no setorespecificamente no que se refere ao Programa Agroamigo

Aleacutem disso a necessidade em estudar o microcreacutedito voltado agrave agriculturafamiliar deve-se ao fato dessa configuraccedilatildeo produtiva possuir diversas funccedilotildees quevatildeo desde a sustentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do homem no campo ateacute a importacircncia do seupapel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo de forma significativapara o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses

Ademais de acordo com Guilhoto et al (2007) apesar da heterogeneidade exis-tente no segmento da agricultura familiar no Brasil este eacute responsaacutevel por importanteparcela da produccedilatildeo agropecuaacuteria contribuindo de forma significativa na geraccedilatildeo deriquezartacircncia do seu papel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo deforma significativa para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses Ademaisdo paiacutes

Seguida desta parte introdutoacuteria a seccedilatildeo 2 apresenta a revisatildeo da literaturaA terceira seccedilatildeo descreve os dados utilizados bem como as variaacuteveis selecionadasA seccedilatildeo 4 detalha a estrateacutegia empiacuterica necessaacuteria ao desenvolvimento do trabalhodiscorrendo sobre os modelos adotados para avaliar o efeito do programa objeto dopresente estudo A seccedilatildeo 5 apresenta os resultados encontrados e por uacuteltimo na sextaparte satildeo feitas as consideraccedilotildees finais

2 No Brasil existem diversas poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar como o PronafAssistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural (ATER) Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos (PAA) ProgramaNacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) etc

14

2 Revisatildeo da Literatura

21 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito

O grande marco histoacuterico que serviu de modelo para difundir o microcreacuteditoocorreu em Bangladesh na deacutecada de 70 de uma experiecircncia iniciada pelo economistaMuhammad Yunus fundador do Grameen Bank e ganhador do Precircmio Nobel da Pazem 2006 A ideia defendida abertamente por Yunus (2001) eacute a do microcreacutedito ser umprograma de mudanccedila social que permite aos mais pobres exercerem suas habilidadese sua capacidade de produzir

Da experiecircncia do Grameen Bank aos dias atuais o ritmo de expansatildeo e aabrangecircncia alcanccedilada pelo microcreacutedito tem despertado o interesse de profissionais eteoacutericos do mundo todo Considerado um elemento importante na reduccedilatildeo de pobrezae melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos o microcreacutedito tem se apresentadocomo uma forma de alavancar e fortalecer as atividades de uma parte da populaccedilatildeoque foi excluiacuteda do sistema financeiro tradicional fomentando o desenvolvimentoeconocircmico e social Segundo Yunus e Jolis (2000) o microcreacutedito visa garantir finan-ciamento adequado aos indiviacuteduos que trabalham em aacutereas rurais melhorando acapacidade produtiva o padratildeo e as condiccedilotildees de vida em geral Seu objetivo eacute permi-tir aos mais desfavorecidos condiccedilotildees de terem uma vida digna e autossustentaacutevel pormeio da concessatildeo de pequenos empreacutestimos

De acordo com Barone et al (2002) Monzoni (2008) Soares e Sobrinho (2007)Osmani e Mahmud (2015) Quayes e Khalily (2014) o microcreacutedito eacute a concessatildeode empreacutestimos de baixo valor a indiviacuteduos e pequenos empreendedores informaisque natildeo possuem acesso formal ao sistema financeiro tradicional e diferencia-se dosdemais tipos de empreacutestimo primordialmente em funccedilatildeo da metodologia utilizadaPara Abramovay et al (2013) Maciel et al (2009) e Yunus e Jolis (2000) o microcreacuteditoassume-se como um instrumento de combate agrave pobreza e melhora das condiccedilotildees devida dos indiviacuteduos

Goldberg (2005) afirma que grande parte dos estudos iniciais sobre impacto domicrocreacutedito apresenta resultado positivo na pobreza e renda dos seus beneficiaacuteriosUm dos primeiros estudos abrangentes de impacto foi realizado por Hossain (1988p10) apontando que ldquoa renda familiar meacutedia dos tomadores de microcreacutedito junto aoGrameen era 43 superior agrave dos natildeo tomadores de microcreacutedito sendo as maioresdiferenccedilas no estrato de menor rendardquo

Trabalhos como os de Khandker Baqui e Khan (1995) McKernan (2002) e Pitt e

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 15

Khandker (1998) demonstraram que embora o efeito seja positivo a magnitude doimpacto do microcreacutedito sobre a oferta de trabalho as despesas os bens adquiridos aescolaridade das crianccedilas a fertilidade o uso de contraceptivos e os lucros do trabalhodepende do sexo do participante do programa de creacutedito Hermes e Lensink (2007)e Khandker (2005) tambeacutem realizaram estudos sobre o microcreacutedito e elencaram osefeitos positivos desta poliacutetica dentre eles o aumento da renda familiar e dos bens dasmulheres a melhoria da escolaridade dos filhos a superaccedilatildeo da linha da pobreza e odesenvolvimento local

O microcreacutedito sob a perspectiva da responsabilidade conjunta e da atuaccedilatildeode grupos solidaacuterios foi analisado nos trabalhos de Ahlin e Townsend (2007) CassarCrowley e Wydick (2007) Karlan (2007) e Wenner (1995) cujos resultados indicaramque o desempenho do reembolso de grupos solidaacuterios melhora quando os grupospossuem regras formais de como seus membros devem se comportar

Os estudos de Hulme e Mosle (1996) apontaram que o crescimento da rendafamiliar dos tomadores de microcreacutedito sempre se apresentava superior ao crescimentode renda das famiacutelias natildeo tomadoras de creacutedito corroborando com os resultados daspesquisas iniciais de Hossain Pesquisas realizadas por Agbola Acupan e Mahmood(2017) Banerjee e Duflo (2011) MkNelly (1998 1999) indicaram que aleacutem do aumentode renda familiar o microcreacutedito proporcionou a melhoria do bem-estar econocircmicopor meio da estabilizaccedilatildeo do consumo da melhoria das condiccedilotildees de moradia e dapropriedade de bens

Sob a perspectiva da intervenccedilatildeo do microcreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola diversostrabalhos foram realizados apresentando diferentes enfoques Alam (1988) investigouo crescimento da produtividade dos agricultores com acesso ao microcreacutedito peloGrameen Bank constatando que pequenos agricultores poderiam melhorar sua produ-tividade alocando parte de suas terras para o cultivo de variedades de alto rendimentoAshaolu et al (2011) realizaram um estudo na Nigeacuteria e concluiacuteram que o aumento noniacutevel de produccedilatildeo agriacutecola na Nigeacuteria ocorreu devido ao fortalecimento financeiro dosagricultores por meio do acesso ao microcreacutedito Akwaa-Sekyi (2013) afirma que omicrocreacutedito contribui para o desenvolvimento agriacutecola especificamente na matildeo deobra empregada capital de giro a produccedilatildeo e a renda dos agricultores

Estudo realizado por Shah et al (2015) na cidade de Mastung no Paquistatildeoconcluiu que o microcreacutedito fornece apoio financeiro aos agricultores contribuindopara o desenvolvimento do setor agriacutecola aumento da produccedilatildeo agriacutecola e conse-quentemente elevaccedilatildeo da renda Trabalho realizado por Sulemana e Adjei (2015) emGhana verificou que o acesso ao microcreacutedito permitiu aos agricultores a adoccedilatildeo deteacutecnicas agriacutecolas mais modernas e uso de sementes de alta produccedilatildeo impactandopositivamente nos niacuteveis de produccedilatildeo De forma semelhante Zeller Diagne e Mataya

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 16

(1998) concluiacuteram que a participaccedilatildeo em um programa de creacutedito agriacutecola possibilita oacesso agrave melhores tecnologias agriacutecolas e de maior rentabilidade elevando a produccedilatildeodo milho e tabaco hiacutebridos no Malawi

Sharmeen e Chowdhury (2013) afirmam que parte do microcreacutedito eacute destinadoaos agricultores pobres para compra de insumos como sementes irrigaccedilatildeo fertilizan-tes e encontraram uma correlaccedilatildeo positiva entre o microcreacutedito agriacutecola e o aumentoda produccedilatildeo em Bangladesh

Embora o microcreacutedito seja tradicionalmente considerado como uma poliacutetica dedesenvolvimento econocircmico e social local fundamental para a superaccedilatildeo da pobrezaa geraccedilatildeo de trabalho e renda e o fomento da produccedilatildeo agropecuaacuteria ainda natildeo existeum consenso no que se refere ao seu efeito na literatura e nas pesquisas internacionaisde impacto Isso porque no final da deacutecada de 90 diversos estudos passaram a criticaros resultados alcanccedilados pelo microcreacutedito

Morduch (1998) questionou a validade e o rigor dos estudos realizados sobre omicrocreacutedito em Bangladesh afirmando natildeo existir evidecircncia estatiacutestica que compro-vasse o aumento no consumo entre os indiviacuteduos que realizavam empreacutestimo por meiodo microcreacutedito em relaccedilatildeo aos que natildeo realizavam De acordo com Bateman e Chang(2012) os efeitos positivos do microcreacutedito satildeo de curto prazo e apenas para algunsindiviacuteduos ldquosortudosrdquo Aleacutem disso se constitui uma poderosa barreira institucional epoliacutetica para o desenvolvimento econocircmico e social sustentaacutevel e tambeacutem agrave reduccedilatildeoda pobreza Coleman (2006) com base em estudo de impacto realizado na Tailacircndiaconcluiu que havia um vieacutes nos resultados do microcreacutedito e que natildeo se poderiaatribuir unicamente a ele a soluccedilatildeo para retirar as pessoas da pobreza

Autores como Hulme e Mosle (1996) Banerjee et al (2015) afirmam nos seusestudos que natildeo encontraram efeitos significativos do microcreacutedito no consumo dasfamiacutelias na educaccedilatildeo na sauacutede ou no empoderamento das mulheres Banerjee Karlane Zinman (2015) compilaram os resultados de seis estudos aleatoacuterios realizados sobre omicrocreacutedito nas aacutereas urbanas e rurais da Boacutesnia Etioacutepia Iacutendia Meacutexico Marrocos eMongoacutelia mostrando que nenhum dos seis estudos encontraram impacto significativona renda familiar dos beneficiaacuterios

Feder et al (1990) afirmam que parte do creacutedito concedido aos produtoreseacute desviada para o consumo fazendo com que o efeito provaacutevel da produccedilatildeo sejamenor do que o esperado Guirkinger e Boucher (2007) sugerem que as restriccedilotildees decreacutedito afetam negativamente a alocaccedilatildeo de recursos prejudicando a produccedilatildeo agriacutecolados pequenos agricultores peruanos Conclusatildeo semelhante eacute encontrada no estudorealizado por Dong Lu e Featherstone (2010) na China Para Armendariz e Morduch(2005) ainda existe uma seacuterie de questionamentos sobre o efeito do microcreacutedito quenatildeo foram amplamente pesquisados e explicados

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 17

O Brasil natildeo alheio agrave essa temaacutetica tem estimulado a concessatildeo de operaccedilotildees demicrocreacutedito com intuito de melhorar a situaccedilatildeo da populaccedilatildeo mais pobre de reduziras desigualdades sociais existentes e de promover o desenvolvimento sustentaacutevel daagricultura familiar

22 Microcreacutedito no Brasil

Monzoni (2008) aponta que a experiecircncia pioneira de microcreacutedito no Brasilocorreu no contexto das atividades da Uniatildeo Nordestina de Assistecircncia a PequenasOrganizaccedilotildees (UNO) entidade criada em 1973 com o objetivo de apoiar micro epequenos empreendimentos da Regiatildeo Nordeste

Segundo Maciel et al (2009) na deacutecada de 1980 outras iniciativas voltadas aomicrocreacutedito surgiram no paiacutes em 1982 foi criado o Banco da Mulher em 1986 foramcriados o Banco do Microcreacutedito no Paranaacute e o PROMICRO no Distrito FederalJaacute em 1987 a partir da experiecircncia da Accioacuten Internacional e de organizaccedilotildees natildeo-governamentais colombianas a metodologia dos grupos solidaacuterios que utiliza o avalsolidaacuterio foi replicada no Brasil com a criaccedilatildeo do Centro de Apoio aos PequenosEmpreendimentos Ana Terra (CeapeRS) instituiacuteda sob a forma de organizaccedilatildeo natildeogovernamental e considerada a primeira organizaccedilatildeo a introduzir no Brasil elementosque predominam na tecnologia do microcreacutedito quais sejam agente de creacuteditogarantia solidaacuteria prazos curtos e valores crescentes (CAMAROTTI SPINK 2002)

De acordo com Monzoni (2008) na deacutecada de 1990 houve o surgimento doProacute Renda no Cearaacute (1990) o Balcatildeo de Ferramentas (1991) da Caixa EconocircmicaFederal o Banco da Providecircncia (1994) no Rio de Janeiro e o Portosol (1995) no RioGrande do Sul Zouain e Barone (2007) apontam que em 1995 foi criado o ProgramaComunidade Solidaacuteria para enfrentamento da fome e da miseacuteria por meio de acessoao creacutedito natildeo como poliacutetica isolada mas dentro de um contexto de desenvolvimentolocal integrado e sustentado Em 1998 foi implantado o Banco do Povo Paulista emSatildeo Paulo (SOARES SOBRINHO 2007)

Matos Macambira e Cacciamali (2014) afirmam que somente no final da deacutecadade 1990 a atividade de microcreacutedito difundiu-se no Brasil e os principais fatores quegarantiram essa expansatildeo foram

bull as de alteraccedilotildees no marco regulatoacuterio brasileiro que proporcionou a regula-mentaccedilatildeo de novas figuras institucionais autorizadas a atuar na atividade demicrocreacutedito

bull a implantaccedilatildeo do Programa Crediamigo pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB)em 1997 que incorporou praacuteticas de operacionalizaccedilatildeo tiacutepicas da atividade de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 18

microcreacutedito dentre as quais formaccedilatildeo de grupos solidaacuterios foco na atividadeprodutiva informal progressividade de concessatildeo entre outros

bull aportes de recursos por parte do poder puacuteblico a instituiccedilotildees de microcreacuteditofundamentalmente por meio da atuaccedilatildeo do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconocircmico e Social (BNDES)

Em 2005 foi estabelecido o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) criado pela Medida Provisoacuteria no 226 de 29 de novembro de2004 que foi convertida na Lei no 11110 de 25 de abril de 2005 De acordo comValentin e Serra (2012) o PNMPO foi o resultado de mais de 30 anos de iniciativasinovadoras de oferta de creacutedito popular por parte de OSCIPS ONGs e sociedadescivis organizadas e possui como objetivo principal a oferta de creacutedito exclusivo amicroempreendedores populares com acompanhamento teacutecnico local

Conforme a referida lei considera-se microcreacutedito produtivo orientado o creacute-dito concedido para o atendimento das necessidades financeiras de pessoas fiacutesicase juriacutedicas empreendedoras que realizem atividades produtivas de pequeno porteutilizando metodologia baseada no relacionamento direto com os empreendedores nolocal onde eacute executada a atividade econocircmica (BRASIL 2005)

No Brasil vaacuterios trabalhos empiacutericos foram realizados sobre o microcreacuteditosob diferentes enfoques tais como Batista e Neder (2014)B Moraes (2010) e GonzalezRighetti e DiSerio (2014) que enfatizaram a importacircncia do microcreacutedito na renda dosbeneficiaacuterios Maia e Pinto (2015) destacou o papel do microcreacutedito no desempenho doPronaf B Oliveira Almeida e Taques (2015) que analisaram o grau de concentraccedilatildeo eniacutevel de aderecircncia dos recursos da carteira de financiamento do programa Baiardi et al(2015) Moreira Silveira e Motter (2014) que investigaram a percepccedilatildeo do beneficiaacuteriosdo programa

Embora vaacuterios programas de microcreacutedito tenham sido implantados no Brasilao longo das uacuteltimas deacutecadas os que tiveram maior expansatildeo e adensamento foramos implementados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) Considerada uma dasinstituiccedilotildees que mais se destaca com o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) o BNB eacute um banco puacuteblico federal que desde 1998 concedeempreacutestimos a empreendedores de baixa renda com o objetivo de fortalecer e im-pulsionar o desenvolvimento de pequenos negoacutecios tanto no meio rural quanto nourbano trabalhando com duas linhas de microcreacutedito o Crediamigo e o Agroamigoeste uacuteltimo objeto de estudo do presente trabalho

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 19

23 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo

O Agroamigo3 eacute um programa de microcreacutedito rural do Banco do Nordesteque se propotildee a melhorar o perfil social e econocircmico do agricultor familiar por meioda concessatildeo de financiamento para a aacuterea rural adotando metodologia proacutepria deatendimento Operacionalizado pelo Instituto Nordeste Cidadania (INEC) organizaccedilatildeoda sociedade civil de interesse puacuteblico (Oscip) o Programa iniciou suas operaccedilotildeesem 2005 tendo como fonte de recursos o Fundo Constitucional de Financiamento doNordeste (FNE)

A criaccedilatildeo da metodologia de microcreacutedito rural foi influenciada pelo sucessoda experiecircncia do microcreacutedito urbano do proacuteprio Banco do Nordeste com o ProgramaCrediamigo que inspirou uma accedilatildeo similar apropriada nas comunidades rurais Satildeoobjetivos do programa aumentar a renda familiar criar empregos no meio ruralaumentar a oferta de alimentos para a populaccedilatildeo do campo e das cidades e melhorar aqualidade de vida da populaccedilatildeo rural (MATOS MACAMBIRA CACCIAMALI 2014)

O Agroamigo atua na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel integrandoas vertentes i) social ao promover a inclusatildeo no mercado de creacutedito e possibilitar oresgate agrave cidadania ii) econocircmica ao proporcionar via creacutedito a geraccedilatildeo de rendapara sustento da unidade familiar e iii) ambiental ao estimular a exploraccedilatildeo doempreendimento de forma sustentaacutevel (MACIEL et al 2009)

O Programa possui como puacuteblico-alvo agricultores familiares que se enquadramno Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF assimclassificados

bull Agroamigo Crescer com financiamentos de ateacute R$ 4 mil eacute voltado para agricul-tores familiares que se enquadrem no grupo B do PRONAF ou seja beneficiaacuteriosque possuam renda bruta familiar nos uacuteltimos 12 meses de produccedilatildeo normalque antecedem a solicitaccedilatildeo da DAP4 natildeo superior a R$2000000 (BCB 2016)

bull Agroamigo Mais com financiamentos de ateacute R$ 15 mil eacute voltado para agriculto-res familiares que obtenham renda bruta anual de ateacute R$ 360 mil e se enquadremno PRONAF V (renda variaacutevel)

Segundo Neri (2012) nos grupos atendidos pelo Agroamigo incluem-se todos osque exploram parcela de terra tanto na condiccedilatildeo de proprietaacuterio posseiro arrendataacuterio3 Disponiacutevel em lthttpwwwbnbgovbrhistoricogt Acesso em 10 de janeiro de 20174 De acordo com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agraacuterio a

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP)eacute o documento de identificaccedilatildeo da agricultura familiar e pode ser obtido tanto pelo agricultor ouagricultora familiar (pessoa fiacutesica) quanto por empreendimentos familiares rurais como associaccedilotildeescooperativas agroinduacutestrias (pessoa juriacutedica)

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 20

quanto parceiro que residam na propriedade rural ou em local proacuteximo e obtenham nomiacutenimo 50 da renda familiar da exploraccedilatildeo do estabelecimento rural Os agricultoresclientes do Agroamigo podem desenvolver qualquer atividade seja agriacutecola pecuaacuteriaoutras atividades natildeo agropecuaacuterias no meio rural que gere renda no campo ou nasproximidades urbanas como agroinduacutestria pesca turismo rural serviccedilos no meiorural e artesanato

Dessa forma o Agroamigo resulta da prioridade dada pelo Banco do Nordesteao apoio aos agricultores familiares em reconhecimento agrave importacircncia econocircmica esocial deste segmento

24 Agricultura familiar

Embora a globalizaccedilatildeo e a pressatildeo pela competitividade tenham obrigadoa agricultura evoluir a maioria das fazendas no mundo ainda eacute familiar e estapredominacircncia eacute esmagadora natildeo apenas nos paiacuteses subdesenvolvidos mas tambeacutemnos paiacuteses desenvolvidos (MORENO-PeacuteREZ LOBLEY 2015)

Estudos como os de Brookfield (2008) Carlson (2008) Duumlrr (2016) Barry (2015)e Strange (1988) assinalam um crescente interesse por essa configuraccedilatildeo produtivana medida em que os resultados encontrados sugerem que a agricultura familiarcontribui para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses o que tem desafiadoos governos a implementarem poliacuteticas puacuteblicas voltadas para este segmento

Especificamente em se tratando da agricultura familiar no Brasil houve umcrescente interesse por este segmento a partir da deacutecada de 90 Algumas pesqui-sas se tornaram marcos nos estudos rurais brasileiros tais como Abramovay (2007)Kageyama e Bergamasgo (1990) e Veiga (2012) cujos trabalhos apontam a impor-tacircncia deste setor na histoacuteria do Brasil e do mundo descrevendo a evoluccedilatildeo que odesenvolvimento agriacutecola experimentou desde o poacutes-guerra

Um outro trabalho de destaque no campo da agricultura familiar eacute o relatoacuteriopublicado em 1994 pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Agricultura e Ali-mentaccedilatildeo (FAO) em conjunto com o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e ReformaAgraacuteria (INCRA) cujo objetivo principal foi estabelecer as diretrizes para um ldquomodelode desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Sendo assim historicamente a atividade agriacutecolatem apresentado expressiva relevacircncia na economia brasileira na medida em queproporciona desenvolvimento social e econocircmico por meio de geraccedilatildeo de emprego erenda (FURTADO 1980 PRADO JUacuteNIOR 1977)

De acordo com Franccedila Grossi e Marques (2009) o Censo Agropecuaacuterio de 2006identificou que do total de estabelecimentos agropecuaacuterios no Brasil 4367902 eram de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 21

agricultores familiares representando 844 dos estabelecimentos brasileiros sendoque a metade deles estava no Nordeste Este contingente de agricultores familiaresocupava uma aacuterea de 8025 milhotildees de hectares representando 243 da aacuterea ocupadapelos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros demonstrando que o Brasil possuiacuteauma estrutura agraacuteria concentrada

Guilhoto et al (2007) afirmam que o segmento familiar da agropecuaacuteria brasileirae as cadeias produtivas a ela interligadas responderam em 2005 por 90 do PIBbrasileiro e considerando que o agronegoacutecio nacional foi responsaacutevel por 279 doPIB no referido ano fica evidente a importacircncia da agricultura familiar na geraccedilatildeo deriqueza do paiacutes A Tabela 1 a seguir mostra a participaccedilatildeo do agronegoacutecio familiar epatronal do Brasil e Nordeste no PIB Total brasileiro nos anos de 2002 a 2004

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste

Unidades Federativas 2002 2003 2004

PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

Brasil 925 1961 1007 2052 960 2030Alagoas 901 2752 822 2836 1046 2391

Bahia 1073 2085 1179 2098 1063 2124Cearaacute 1357 1411 1423 1337 1226 1319

Maranhatildeo 1667 1757 1635 1886 1566 1676Paraiacuteba 1684 2282 1944 2216 1722 2282

Pernambuco 759 1631 834 1773 749 1606Piauiacute 1625 1486 1516 1629 1377 1537

Rio Grande do Norte 1118 1881 1249 1878 1085 1841Sergipe 1063 1197 1126 1136 908 1134

Fonte Adaptado de Guilhoto et al 2007

Guanziroli et al (2001) e Aquino e Teixeira (2005) afirmam que para haverum desempenho econocircmico viaacutevel dessa atividade eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo deassistecircncia teacutecnica e poliacuteticas puacuteblicas adequadas

Portanto as poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar devem levarem consideraccedilatildeo as especificidades deste setor de modo a permitir que a pequenaproduccedilatildeo agropecuaacuteria familiar reduza o fluxo de trabalhadores do campo para acidade gere emprego e renda e contribua para o desenvolvimento local e regionalde forma sustentaacutevel E o microcreacutedito tem se destacado como uma ferramenta defomento da agricultura familiar haja vista a dificuldade na aquisiccedilatildeo de creacutedito formalser frequentemente argumentada como uma das restriccedilotildees agrave expansatildeo da capacidadeprodutiva dos pequenos agricultores

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 12

No Brasil as primeiras experiecircncias relacionadas ao microcreacutedito remontam adeacutecada de 1970 e em anos mais recentes estatildeo sendo orientadas pela Lei no 111102011que estabeleceu o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO)voltado para incentivar as atividades produtivas de pequeno porte estimulandoemprego e renda desse setor De acordo com Sistema de Informaccedilotildees de Creacutedito doBanco Central do Brasil (BCB) ateacute dezembro de 2013 a carteira total de microcreacuteditoregistrou um volume de R$ 53 bilhotildees referentes a 31 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito(BCB 2015)

Estudos brasileiros referentes ao efeito do microcreacutedito na agricultura familiarde diferentes tipos de pesquisa quanto agrave abordagem e procedimentos como os deAbramovay et al (2013) Batista e Neder (2014) Capobiango et al (2012) Garcia Castroe Teixeira (2008) Gazolla e Schneider (2013) Kageyama (2003) Mattei (2005 2006)Pereira e Nascimento (2014) Silva e Filho (2009) apresentaram resultados positivosreforccedilando a ideia de que o acesso ao creacutedito rural eacute capaz de estimular a produccedilatildeoagriacutecola de pequeno porte

Dessa forma o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) maior instituiccedilatildeo financeirada Ameacuterica Latina voltada ao desenvolvimento regional e oacutergatildeo executor de poliacuteticaspuacuteblicas examinou experiecircncias de sucesso de microcreacutedito em alguns paiacuteses asiaacuteticose latino-americanos e como resultado verificou que poderia ser desenvolvida umametodologia especiacutefica de microcreacutedito no meio rural para fomentar a geraccedilatildeo derenda e ocupaccedilatildeo das camadas mais carentes Assim foi criado em 2005 o ProgramaAgroamigo que tem como accedilatildeo expandir o atendimento aos agricultores familiaresde pequeno porte mediante a concessatildeo de microcreacutedito produtivo rural e orientado(BNB 2016)

Nesse contexto o presente estudo analisa o papel do microcreacutedito rural sobre ovalor da produccedilatildeo agropecuaacuteria nos municiacutepios nordestinos atendidos pelo ProgramaAgroamigo Para o cumprimento deste objetivo satildeo estabelecidas e analisadas variaacuteveisque tenham relaccedilatildeo de causa e efeito entre o Agroamigo e a produccedilatildeo agropecuaacuteriabem como verificada a evoluccedilatildeo do tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios ao Programa edo volume de recursos recebidos no periacuteodo de 2005 a 2015

A hipoacutetese testada neste trabalho como a defendida por Abramovay et al (2013)eacute de que os municiacutepios que recebem mais recursos contabilizados a partir da somados empreacutestimos individuais fornecidos dentro do Programa Agroamigo e que estatildeoexpostos 1 ao Programa por mais tempo conseguem obter um aumento no valor dasua produccedilatildeo agropecuaacuteria A ideia eacute que os empreacutestimos possibilitam aos agricultoresfamiliares obter um aumento no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria na medida em1 O tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio eacute contado pela quantidade de anos em que o municiacutepio

apresentou pelo menos um contrato de adesatildeo de algum produtor local ao Programa Agroamigo

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 13

que permite investimentos em novas variedades de culturas de melhor rendimentoaquisiccedilatildeo de rebanhos para produccedilatildeo de carne e leite e o acesso a tecnologias maissustentaacuteveis que melhoram seus processos produtivos e seus niacuteveis de produccedilatildeotornando-os mais competitivos O acesso ao microcreacutedito tambeacutem permite que ospequenos agricultores recebam assistecircncia teacutecnica das instituiccedilotildees financeiras e comisso fortaleccedilam as atividades econocircmicas desenvolvidas refletindo consequentementena melhoria da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios

Natildeo obstante existem alguns trabalhos que destacam resultados negativosquanto ao efeito do microcreacutedito como os de Banerjee Karlan e Zinman (2015)Bateman e Chang (2012) Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher(2007) Hulme e Mosle (1996) e Morduch (1998)

A importacircncia desse trabalho reside na existecircncia de poliacuteticas puacuteblicas 2 voltadasagrave agricultura familiar no Brasil que movimentam um grande volume de recursos cercade 30 bihotildees de reais para as safras de 2017 a 2020 (MDA 2017) e sendo assimeacute preciso verificar se de fato estaacute havendo retorno nos recursos aplicados no setorespecificamente no que se refere ao Programa Agroamigo

Aleacutem disso a necessidade em estudar o microcreacutedito voltado agrave agriculturafamiliar deve-se ao fato dessa configuraccedilatildeo produtiva possuir diversas funccedilotildees quevatildeo desde a sustentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do homem no campo ateacute a importacircncia do seupapel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo de forma significativapara o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses

Ademais de acordo com Guilhoto et al (2007) apesar da heterogeneidade exis-tente no segmento da agricultura familiar no Brasil este eacute responsaacutevel por importanteparcela da produccedilatildeo agropecuaacuteria contribuindo de forma significativa na geraccedilatildeo deriquezartacircncia do seu papel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo deforma significativa para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses Ademaisdo paiacutes

Seguida desta parte introdutoacuteria a seccedilatildeo 2 apresenta a revisatildeo da literaturaA terceira seccedilatildeo descreve os dados utilizados bem como as variaacuteveis selecionadasA seccedilatildeo 4 detalha a estrateacutegia empiacuterica necessaacuteria ao desenvolvimento do trabalhodiscorrendo sobre os modelos adotados para avaliar o efeito do programa objeto dopresente estudo A seccedilatildeo 5 apresenta os resultados encontrados e por uacuteltimo na sextaparte satildeo feitas as consideraccedilotildees finais

2 No Brasil existem diversas poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar como o PronafAssistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural (ATER) Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos (PAA) ProgramaNacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) etc

14

2 Revisatildeo da Literatura

21 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito

O grande marco histoacuterico que serviu de modelo para difundir o microcreacuteditoocorreu em Bangladesh na deacutecada de 70 de uma experiecircncia iniciada pelo economistaMuhammad Yunus fundador do Grameen Bank e ganhador do Precircmio Nobel da Pazem 2006 A ideia defendida abertamente por Yunus (2001) eacute a do microcreacutedito ser umprograma de mudanccedila social que permite aos mais pobres exercerem suas habilidadese sua capacidade de produzir

Da experiecircncia do Grameen Bank aos dias atuais o ritmo de expansatildeo e aabrangecircncia alcanccedilada pelo microcreacutedito tem despertado o interesse de profissionais eteoacutericos do mundo todo Considerado um elemento importante na reduccedilatildeo de pobrezae melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos o microcreacutedito tem se apresentadocomo uma forma de alavancar e fortalecer as atividades de uma parte da populaccedilatildeoque foi excluiacuteda do sistema financeiro tradicional fomentando o desenvolvimentoeconocircmico e social Segundo Yunus e Jolis (2000) o microcreacutedito visa garantir finan-ciamento adequado aos indiviacuteduos que trabalham em aacutereas rurais melhorando acapacidade produtiva o padratildeo e as condiccedilotildees de vida em geral Seu objetivo eacute permi-tir aos mais desfavorecidos condiccedilotildees de terem uma vida digna e autossustentaacutevel pormeio da concessatildeo de pequenos empreacutestimos

De acordo com Barone et al (2002) Monzoni (2008) Soares e Sobrinho (2007)Osmani e Mahmud (2015) Quayes e Khalily (2014) o microcreacutedito eacute a concessatildeode empreacutestimos de baixo valor a indiviacuteduos e pequenos empreendedores informaisque natildeo possuem acesso formal ao sistema financeiro tradicional e diferencia-se dosdemais tipos de empreacutestimo primordialmente em funccedilatildeo da metodologia utilizadaPara Abramovay et al (2013) Maciel et al (2009) e Yunus e Jolis (2000) o microcreacuteditoassume-se como um instrumento de combate agrave pobreza e melhora das condiccedilotildees devida dos indiviacuteduos

Goldberg (2005) afirma que grande parte dos estudos iniciais sobre impacto domicrocreacutedito apresenta resultado positivo na pobreza e renda dos seus beneficiaacuteriosUm dos primeiros estudos abrangentes de impacto foi realizado por Hossain (1988p10) apontando que ldquoa renda familiar meacutedia dos tomadores de microcreacutedito junto aoGrameen era 43 superior agrave dos natildeo tomadores de microcreacutedito sendo as maioresdiferenccedilas no estrato de menor rendardquo

Trabalhos como os de Khandker Baqui e Khan (1995) McKernan (2002) e Pitt e

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 15

Khandker (1998) demonstraram que embora o efeito seja positivo a magnitude doimpacto do microcreacutedito sobre a oferta de trabalho as despesas os bens adquiridos aescolaridade das crianccedilas a fertilidade o uso de contraceptivos e os lucros do trabalhodepende do sexo do participante do programa de creacutedito Hermes e Lensink (2007)e Khandker (2005) tambeacutem realizaram estudos sobre o microcreacutedito e elencaram osefeitos positivos desta poliacutetica dentre eles o aumento da renda familiar e dos bens dasmulheres a melhoria da escolaridade dos filhos a superaccedilatildeo da linha da pobreza e odesenvolvimento local

O microcreacutedito sob a perspectiva da responsabilidade conjunta e da atuaccedilatildeode grupos solidaacuterios foi analisado nos trabalhos de Ahlin e Townsend (2007) CassarCrowley e Wydick (2007) Karlan (2007) e Wenner (1995) cujos resultados indicaramque o desempenho do reembolso de grupos solidaacuterios melhora quando os grupospossuem regras formais de como seus membros devem se comportar

Os estudos de Hulme e Mosle (1996) apontaram que o crescimento da rendafamiliar dos tomadores de microcreacutedito sempre se apresentava superior ao crescimentode renda das famiacutelias natildeo tomadoras de creacutedito corroborando com os resultados daspesquisas iniciais de Hossain Pesquisas realizadas por Agbola Acupan e Mahmood(2017) Banerjee e Duflo (2011) MkNelly (1998 1999) indicaram que aleacutem do aumentode renda familiar o microcreacutedito proporcionou a melhoria do bem-estar econocircmicopor meio da estabilizaccedilatildeo do consumo da melhoria das condiccedilotildees de moradia e dapropriedade de bens

Sob a perspectiva da intervenccedilatildeo do microcreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola diversostrabalhos foram realizados apresentando diferentes enfoques Alam (1988) investigouo crescimento da produtividade dos agricultores com acesso ao microcreacutedito peloGrameen Bank constatando que pequenos agricultores poderiam melhorar sua produ-tividade alocando parte de suas terras para o cultivo de variedades de alto rendimentoAshaolu et al (2011) realizaram um estudo na Nigeacuteria e concluiacuteram que o aumento noniacutevel de produccedilatildeo agriacutecola na Nigeacuteria ocorreu devido ao fortalecimento financeiro dosagricultores por meio do acesso ao microcreacutedito Akwaa-Sekyi (2013) afirma que omicrocreacutedito contribui para o desenvolvimento agriacutecola especificamente na matildeo deobra empregada capital de giro a produccedilatildeo e a renda dos agricultores

Estudo realizado por Shah et al (2015) na cidade de Mastung no Paquistatildeoconcluiu que o microcreacutedito fornece apoio financeiro aos agricultores contribuindopara o desenvolvimento do setor agriacutecola aumento da produccedilatildeo agriacutecola e conse-quentemente elevaccedilatildeo da renda Trabalho realizado por Sulemana e Adjei (2015) emGhana verificou que o acesso ao microcreacutedito permitiu aos agricultores a adoccedilatildeo deteacutecnicas agriacutecolas mais modernas e uso de sementes de alta produccedilatildeo impactandopositivamente nos niacuteveis de produccedilatildeo De forma semelhante Zeller Diagne e Mataya

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 16

(1998) concluiacuteram que a participaccedilatildeo em um programa de creacutedito agriacutecola possibilita oacesso agrave melhores tecnologias agriacutecolas e de maior rentabilidade elevando a produccedilatildeodo milho e tabaco hiacutebridos no Malawi

Sharmeen e Chowdhury (2013) afirmam que parte do microcreacutedito eacute destinadoaos agricultores pobres para compra de insumos como sementes irrigaccedilatildeo fertilizan-tes e encontraram uma correlaccedilatildeo positiva entre o microcreacutedito agriacutecola e o aumentoda produccedilatildeo em Bangladesh

Embora o microcreacutedito seja tradicionalmente considerado como uma poliacutetica dedesenvolvimento econocircmico e social local fundamental para a superaccedilatildeo da pobrezaa geraccedilatildeo de trabalho e renda e o fomento da produccedilatildeo agropecuaacuteria ainda natildeo existeum consenso no que se refere ao seu efeito na literatura e nas pesquisas internacionaisde impacto Isso porque no final da deacutecada de 90 diversos estudos passaram a criticaros resultados alcanccedilados pelo microcreacutedito

Morduch (1998) questionou a validade e o rigor dos estudos realizados sobre omicrocreacutedito em Bangladesh afirmando natildeo existir evidecircncia estatiacutestica que compro-vasse o aumento no consumo entre os indiviacuteduos que realizavam empreacutestimo por meiodo microcreacutedito em relaccedilatildeo aos que natildeo realizavam De acordo com Bateman e Chang(2012) os efeitos positivos do microcreacutedito satildeo de curto prazo e apenas para algunsindiviacuteduos ldquosortudosrdquo Aleacutem disso se constitui uma poderosa barreira institucional epoliacutetica para o desenvolvimento econocircmico e social sustentaacutevel e tambeacutem agrave reduccedilatildeoda pobreza Coleman (2006) com base em estudo de impacto realizado na Tailacircndiaconcluiu que havia um vieacutes nos resultados do microcreacutedito e que natildeo se poderiaatribuir unicamente a ele a soluccedilatildeo para retirar as pessoas da pobreza

Autores como Hulme e Mosle (1996) Banerjee et al (2015) afirmam nos seusestudos que natildeo encontraram efeitos significativos do microcreacutedito no consumo dasfamiacutelias na educaccedilatildeo na sauacutede ou no empoderamento das mulheres Banerjee Karlane Zinman (2015) compilaram os resultados de seis estudos aleatoacuterios realizados sobre omicrocreacutedito nas aacutereas urbanas e rurais da Boacutesnia Etioacutepia Iacutendia Meacutexico Marrocos eMongoacutelia mostrando que nenhum dos seis estudos encontraram impacto significativona renda familiar dos beneficiaacuterios

Feder et al (1990) afirmam que parte do creacutedito concedido aos produtoreseacute desviada para o consumo fazendo com que o efeito provaacutevel da produccedilatildeo sejamenor do que o esperado Guirkinger e Boucher (2007) sugerem que as restriccedilotildees decreacutedito afetam negativamente a alocaccedilatildeo de recursos prejudicando a produccedilatildeo agriacutecolados pequenos agricultores peruanos Conclusatildeo semelhante eacute encontrada no estudorealizado por Dong Lu e Featherstone (2010) na China Para Armendariz e Morduch(2005) ainda existe uma seacuterie de questionamentos sobre o efeito do microcreacutedito quenatildeo foram amplamente pesquisados e explicados

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 17

O Brasil natildeo alheio agrave essa temaacutetica tem estimulado a concessatildeo de operaccedilotildees demicrocreacutedito com intuito de melhorar a situaccedilatildeo da populaccedilatildeo mais pobre de reduziras desigualdades sociais existentes e de promover o desenvolvimento sustentaacutevel daagricultura familiar

22 Microcreacutedito no Brasil

Monzoni (2008) aponta que a experiecircncia pioneira de microcreacutedito no Brasilocorreu no contexto das atividades da Uniatildeo Nordestina de Assistecircncia a PequenasOrganizaccedilotildees (UNO) entidade criada em 1973 com o objetivo de apoiar micro epequenos empreendimentos da Regiatildeo Nordeste

Segundo Maciel et al (2009) na deacutecada de 1980 outras iniciativas voltadas aomicrocreacutedito surgiram no paiacutes em 1982 foi criado o Banco da Mulher em 1986 foramcriados o Banco do Microcreacutedito no Paranaacute e o PROMICRO no Distrito FederalJaacute em 1987 a partir da experiecircncia da Accioacuten Internacional e de organizaccedilotildees natildeo-governamentais colombianas a metodologia dos grupos solidaacuterios que utiliza o avalsolidaacuterio foi replicada no Brasil com a criaccedilatildeo do Centro de Apoio aos PequenosEmpreendimentos Ana Terra (CeapeRS) instituiacuteda sob a forma de organizaccedilatildeo natildeogovernamental e considerada a primeira organizaccedilatildeo a introduzir no Brasil elementosque predominam na tecnologia do microcreacutedito quais sejam agente de creacuteditogarantia solidaacuteria prazos curtos e valores crescentes (CAMAROTTI SPINK 2002)

De acordo com Monzoni (2008) na deacutecada de 1990 houve o surgimento doProacute Renda no Cearaacute (1990) o Balcatildeo de Ferramentas (1991) da Caixa EconocircmicaFederal o Banco da Providecircncia (1994) no Rio de Janeiro e o Portosol (1995) no RioGrande do Sul Zouain e Barone (2007) apontam que em 1995 foi criado o ProgramaComunidade Solidaacuteria para enfrentamento da fome e da miseacuteria por meio de acessoao creacutedito natildeo como poliacutetica isolada mas dentro de um contexto de desenvolvimentolocal integrado e sustentado Em 1998 foi implantado o Banco do Povo Paulista emSatildeo Paulo (SOARES SOBRINHO 2007)

Matos Macambira e Cacciamali (2014) afirmam que somente no final da deacutecadade 1990 a atividade de microcreacutedito difundiu-se no Brasil e os principais fatores quegarantiram essa expansatildeo foram

bull as de alteraccedilotildees no marco regulatoacuterio brasileiro que proporcionou a regula-mentaccedilatildeo de novas figuras institucionais autorizadas a atuar na atividade demicrocreacutedito

bull a implantaccedilatildeo do Programa Crediamigo pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB)em 1997 que incorporou praacuteticas de operacionalizaccedilatildeo tiacutepicas da atividade de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 18

microcreacutedito dentre as quais formaccedilatildeo de grupos solidaacuterios foco na atividadeprodutiva informal progressividade de concessatildeo entre outros

bull aportes de recursos por parte do poder puacuteblico a instituiccedilotildees de microcreacuteditofundamentalmente por meio da atuaccedilatildeo do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconocircmico e Social (BNDES)

Em 2005 foi estabelecido o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) criado pela Medida Provisoacuteria no 226 de 29 de novembro de2004 que foi convertida na Lei no 11110 de 25 de abril de 2005 De acordo comValentin e Serra (2012) o PNMPO foi o resultado de mais de 30 anos de iniciativasinovadoras de oferta de creacutedito popular por parte de OSCIPS ONGs e sociedadescivis organizadas e possui como objetivo principal a oferta de creacutedito exclusivo amicroempreendedores populares com acompanhamento teacutecnico local

Conforme a referida lei considera-se microcreacutedito produtivo orientado o creacute-dito concedido para o atendimento das necessidades financeiras de pessoas fiacutesicase juriacutedicas empreendedoras que realizem atividades produtivas de pequeno porteutilizando metodologia baseada no relacionamento direto com os empreendedores nolocal onde eacute executada a atividade econocircmica (BRASIL 2005)

No Brasil vaacuterios trabalhos empiacutericos foram realizados sobre o microcreacuteditosob diferentes enfoques tais como Batista e Neder (2014)B Moraes (2010) e GonzalezRighetti e DiSerio (2014) que enfatizaram a importacircncia do microcreacutedito na renda dosbeneficiaacuterios Maia e Pinto (2015) destacou o papel do microcreacutedito no desempenho doPronaf B Oliveira Almeida e Taques (2015) que analisaram o grau de concentraccedilatildeo eniacutevel de aderecircncia dos recursos da carteira de financiamento do programa Baiardi et al(2015) Moreira Silveira e Motter (2014) que investigaram a percepccedilatildeo do beneficiaacuteriosdo programa

Embora vaacuterios programas de microcreacutedito tenham sido implantados no Brasilao longo das uacuteltimas deacutecadas os que tiveram maior expansatildeo e adensamento foramos implementados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) Considerada uma dasinstituiccedilotildees que mais se destaca com o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) o BNB eacute um banco puacuteblico federal que desde 1998 concedeempreacutestimos a empreendedores de baixa renda com o objetivo de fortalecer e im-pulsionar o desenvolvimento de pequenos negoacutecios tanto no meio rural quanto nourbano trabalhando com duas linhas de microcreacutedito o Crediamigo e o Agroamigoeste uacuteltimo objeto de estudo do presente trabalho

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 19

23 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo

O Agroamigo3 eacute um programa de microcreacutedito rural do Banco do Nordesteque se propotildee a melhorar o perfil social e econocircmico do agricultor familiar por meioda concessatildeo de financiamento para a aacuterea rural adotando metodologia proacutepria deatendimento Operacionalizado pelo Instituto Nordeste Cidadania (INEC) organizaccedilatildeoda sociedade civil de interesse puacuteblico (Oscip) o Programa iniciou suas operaccedilotildeesem 2005 tendo como fonte de recursos o Fundo Constitucional de Financiamento doNordeste (FNE)

A criaccedilatildeo da metodologia de microcreacutedito rural foi influenciada pelo sucessoda experiecircncia do microcreacutedito urbano do proacuteprio Banco do Nordeste com o ProgramaCrediamigo que inspirou uma accedilatildeo similar apropriada nas comunidades rurais Satildeoobjetivos do programa aumentar a renda familiar criar empregos no meio ruralaumentar a oferta de alimentos para a populaccedilatildeo do campo e das cidades e melhorar aqualidade de vida da populaccedilatildeo rural (MATOS MACAMBIRA CACCIAMALI 2014)

O Agroamigo atua na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel integrandoas vertentes i) social ao promover a inclusatildeo no mercado de creacutedito e possibilitar oresgate agrave cidadania ii) econocircmica ao proporcionar via creacutedito a geraccedilatildeo de rendapara sustento da unidade familiar e iii) ambiental ao estimular a exploraccedilatildeo doempreendimento de forma sustentaacutevel (MACIEL et al 2009)

O Programa possui como puacuteblico-alvo agricultores familiares que se enquadramno Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF assimclassificados

bull Agroamigo Crescer com financiamentos de ateacute R$ 4 mil eacute voltado para agricul-tores familiares que se enquadrem no grupo B do PRONAF ou seja beneficiaacuteriosque possuam renda bruta familiar nos uacuteltimos 12 meses de produccedilatildeo normalque antecedem a solicitaccedilatildeo da DAP4 natildeo superior a R$2000000 (BCB 2016)

bull Agroamigo Mais com financiamentos de ateacute R$ 15 mil eacute voltado para agriculto-res familiares que obtenham renda bruta anual de ateacute R$ 360 mil e se enquadremno PRONAF V (renda variaacutevel)

Segundo Neri (2012) nos grupos atendidos pelo Agroamigo incluem-se todos osque exploram parcela de terra tanto na condiccedilatildeo de proprietaacuterio posseiro arrendataacuterio3 Disponiacutevel em lthttpwwwbnbgovbrhistoricogt Acesso em 10 de janeiro de 20174 De acordo com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agraacuterio a

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP)eacute o documento de identificaccedilatildeo da agricultura familiar e pode ser obtido tanto pelo agricultor ouagricultora familiar (pessoa fiacutesica) quanto por empreendimentos familiares rurais como associaccedilotildeescooperativas agroinduacutestrias (pessoa juriacutedica)

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 20

quanto parceiro que residam na propriedade rural ou em local proacuteximo e obtenham nomiacutenimo 50 da renda familiar da exploraccedilatildeo do estabelecimento rural Os agricultoresclientes do Agroamigo podem desenvolver qualquer atividade seja agriacutecola pecuaacuteriaoutras atividades natildeo agropecuaacuterias no meio rural que gere renda no campo ou nasproximidades urbanas como agroinduacutestria pesca turismo rural serviccedilos no meiorural e artesanato

Dessa forma o Agroamigo resulta da prioridade dada pelo Banco do Nordesteao apoio aos agricultores familiares em reconhecimento agrave importacircncia econocircmica esocial deste segmento

24 Agricultura familiar

Embora a globalizaccedilatildeo e a pressatildeo pela competitividade tenham obrigadoa agricultura evoluir a maioria das fazendas no mundo ainda eacute familiar e estapredominacircncia eacute esmagadora natildeo apenas nos paiacuteses subdesenvolvidos mas tambeacutemnos paiacuteses desenvolvidos (MORENO-PeacuteREZ LOBLEY 2015)

Estudos como os de Brookfield (2008) Carlson (2008) Duumlrr (2016) Barry (2015)e Strange (1988) assinalam um crescente interesse por essa configuraccedilatildeo produtivana medida em que os resultados encontrados sugerem que a agricultura familiarcontribui para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses o que tem desafiadoos governos a implementarem poliacuteticas puacuteblicas voltadas para este segmento

Especificamente em se tratando da agricultura familiar no Brasil houve umcrescente interesse por este segmento a partir da deacutecada de 90 Algumas pesqui-sas se tornaram marcos nos estudos rurais brasileiros tais como Abramovay (2007)Kageyama e Bergamasgo (1990) e Veiga (2012) cujos trabalhos apontam a impor-tacircncia deste setor na histoacuteria do Brasil e do mundo descrevendo a evoluccedilatildeo que odesenvolvimento agriacutecola experimentou desde o poacutes-guerra

Um outro trabalho de destaque no campo da agricultura familiar eacute o relatoacuteriopublicado em 1994 pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Agricultura e Ali-mentaccedilatildeo (FAO) em conjunto com o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e ReformaAgraacuteria (INCRA) cujo objetivo principal foi estabelecer as diretrizes para um ldquomodelode desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Sendo assim historicamente a atividade agriacutecolatem apresentado expressiva relevacircncia na economia brasileira na medida em queproporciona desenvolvimento social e econocircmico por meio de geraccedilatildeo de emprego erenda (FURTADO 1980 PRADO JUacuteNIOR 1977)

De acordo com Franccedila Grossi e Marques (2009) o Censo Agropecuaacuterio de 2006identificou que do total de estabelecimentos agropecuaacuterios no Brasil 4367902 eram de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 21

agricultores familiares representando 844 dos estabelecimentos brasileiros sendoque a metade deles estava no Nordeste Este contingente de agricultores familiaresocupava uma aacuterea de 8025 milhotildees de hectares representando 243 da aacuterea ocupadapelos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros demonstrando que o Brasil possuiacuteauma estrutura agraacuteria concentrada

Guilhoto et al (2007) afirmam que o segmento familiar da agropecuaacuteria brasileirae as cadeias produtivas a ela interligadas responderam em 2005 por 90 do PIBbrasileiro e considerando que o agronegoacutecio nacional foi responsaacutevel por 279 doPIB no referido ano fica evidente a importacircncia da agricultura familiar na geraccedilatildeo deriqueza do paiacutes A Tabela 1 a seguir mostra a participaccedilatildeo do agronegoacutecio familiar epatronal do Brasil e Nordeste no PIB Total brasileiro nos anos de 2002 a 2004

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste

Unidades Federativas 2002 2003 2004

PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

Brasil 925 1961 1007 2052 960 2030Alagoas 901 2752 822 2836 1046 2391

Bahia 1073 2085 1179 2098 1063 2124Cearaacute 1357 1411 1423 1337 1226 1319

Maranhatildeo 1667 1757 1635 1886 1566 1676Paraiacuteba 1684 2282 1944 2216 1722 2282

Pernambuco 759 1631 834 1773 749 1606Piauiacute 1625 1486 1516 1629 1377 1537

Rio Grande do Norte 1118 1881 1249 1878 1085 1841Sergipe 1063 1197 1126 1136 908 1134

Fonte Adaptado de Guilhoto et al 2007

Guanziroli et al (2001) e Aquino e Teixeira (2005) afirmam que para haverum desempenho econocircmico viaacutevel dessa atividade eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo deassistecircncia teacutecnica e poliacuteticas puacuteblicas adequadas

Portanto as poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar devem levarem consideraccedilatildeo as especificidades deste setor de modo a permitir que a pequenaproduccedilatildeo agropecuaacuteria familiar reduza o fluxo de trabalhadores do campo para acidade gere emprego e renda e contribua para o desenvolvimento local e regionalde forma sustentaacutevel E o microcreacutedito tem se destacado como uma ferramenta defomento da agricultura familiar haja vista a dificuldade na aquisiccedilatildeo de creacutedito formalser frequentemente argumentada como uma das restriccedilotildees agrave expansatildeo da capacidadeprodutiva dos pequenos agricultores

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 1 Introduccedilatildeo 13

que permite investimentos em novas variedades de culturas de melhor rendimentoaquisiccedilatildeo de rebanhos para produccedilatildeo de carne e leite e o acesso a tecnologias maissustentaacuteveis que melhoram seus processos produtivos e seus niacuteveis de produccedilatildeotornando-os mais competitivos O acesso ao microcreacutedito tambeacutem permite que ospequenos agricultores recebam assistecircncia teacutecnica das instituiccedilotildees financeiras e comisso fortaleccedilam as atividades econocircmicas desenvolvidas refletindo consequentementena melhoria da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios

Natildeo obstante existem alguns trabalhos que destacam resultados negativosquanto ao efeito do microcreacutedito como os de Banerjee Karlan e Zinman (2015)Bateman e Chang (2012) Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher(2007) Hulme e Mosle (1996) e Morduch (1998)

A importacircncia desse trabalho reside na existecircncia de poliacuteticas puacuteblicas 2 voltadasagrave agricultura familiar no Brasil que movimentam um grande volume de recursos cercade 30 bihotildees de reais para as safras de 2017 a 2020 (MDA 2017) e sendo assimeacute preciso verificar se de fato estaacute havendo retorno nos recursos aplicados no setorespecificamente no que se refere ao Programa Agroamigo

Aleacutem disso a necessidade em estudar o microcreacutedito voltado agrave agriculturafamiliar deve-se ao fato dessa configuraccedilatildeo produtiva possuir diversas funccedilotildees quevatildeo desde a sustentaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do homem no campo ateacute a importacircncia do seupapel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo de forma significativapara o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses

Ademais de acordo com Guilhoto et al (2007) apesar da heterogeneidade exis-tente no segmento da agricultura familiar no Brasil este eacute responsaacutevel por importanteparcela da produccedilatildeo agropecuaacuteria contribuindo de forma significativa na geraccedilatildeo deriquezartacircncia do seu papel como garantidor da seguranccedila alimentar contribuindo deforma significativa para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses Ademaisdo paiacutes

Seguida desta parte introdutoacuteria a seccedilatildeo 2 apresenta a revisatildeo da literaturaA terceira seccedilatildeo descreve os dados utilizados bem como as variaacuteveis selecionadasA seccedilatildeo 4 detalha a estrateacutegia empiacuterica necessaacuteria ao desenvolvimento do trabalhodiscorrendo sobre os modelos adotados para avaliar o efeito do programa objeto dopresente estudo A seccedilatildeo 5 apresenta os resultados encontrados e por uacuteltimo na sextaparte satildeo feitas as consideraccedilotildees finais

2 No Brasil existem diversas poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar como o PronafAssistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural (ATER) Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos (PAA) ProgramaNacional de Alimentaccedilatildeo Escolar (PNAE) etc

14

2 Revisatildeo da Literatura

21 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito

O grande marco histoacuterico que serviu de modelo para difundir o microcreacuteditoocorreu em Bangladesh na deacutecada de 70 de uma experiecircncia iniciada pelo economistaMuhammad Yunus fundador do Grameen Bank e ganhador do Precircmio Nobel da Pazem 2006 A ideia defendida abertamente por Yunus (2001) eacute a do microcreacutedito ser umprograma de mudanccedila social que permite aos mais pobres exercerem suas habilidadese sua capacidade de produzir

Da experiecircncia do Grameen Bank aos dias atuais o ritmo de expansatildeo e aabrangecircncia alcanccedilada pelo microcreacutedito tem despertado o interesse de profissionais eteoacutericos do mundo todo Considerado um elemento importante na reduccedilatildeo de pobrezae melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos o microcreacutedito tem se apresentadocomo uma forma de alavancar e fortalecer as atividades de uma parte da populaccedilatildeoque foi excluiacuteda do sistema financeiro tradicional fomentando o desenvolvimentoeconocircmico e social Segundo Yunus e Jolis (2000) o microcreacutedito visa garantir finan-ciamento adequado aos indiviacuteduos que trabalham em aacutereas rurais melhorando acapacidade produtiva o padratildeo e as condiccedilotildees de vida em geral Seu objetivo eacute permi-tir aos mais desfavorecidos condiccedilotildees de terem uma vida digna e autossustentaacutevel pormeio da concessatildeo de pequenos empreacutestimos

De acordo com Barone et al (2002) Monzoni (2008) Soares e Sobrinho (2007)Osmani e Mahmud (2015) Quayes e Khalily (2014) o microcreacutedito eacute a concessatildeode empreacutestimos de baixo valor a indiviacuteduos e pequenos empreendedores informaisque natildeo possuem acesso formal ao sistema financeiro tradicional e diferencia-se dosdemais tipos de empreacutestimo primordialmente em funccedilatildeo da metodologia utilizadaPara Abramovay et al (2013) Maciel et al (2009) e Yunus e Jolis (2000) o microcreacuteditoassume-se como um instrumento de combate agrave pobreza e melhora das condiccedilotildees devida dos indiviacuteduos

Goldberg (2005) afirma que grande parte dos estudos iniciais sobre impacto domicrocreacutedito apresenta resultado positivo na pobreza e renda dos seus beneficiaacuteriosUm dos primeiros estudos abrangentes de impacto foi realizado por Hossain (1988p10) apontando que ldquoa renda familiar meacutedia dos tomadores de microcreacutedito junto aoGrameen era 43 superior agrave dos natildeo tomadores de microcreacutedito sendo as maioresdiferenccedilas no estrato de menor rendardquo

Trabalhos como os de Khandker Baqui e Khan (1995) McKernan (2002) e Pitt e

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 15

Khandker (1998) demonstraram que embora o efeito seja positivo a magnitude doimpacto do microcreacutedito sobre a oferta de trabalho as despesas os bens adquiridos aescolaridade das crianccedilas a fertilidade o uso de contraceptivos e os lucros do trabalhodepende do sexo do participante do programa de creacutedito Hermes e Lensink (2007)e Khandker (2005) tambeacutem realizaram estudos sobre o microcreacutedito e elencaram osefeitos positivos desta poliacutetica dentre eles o aumento da renda familiar e dos bens dasmulheres a melhoria da escolaridade dos filhos a superaccedilatildeo da linha da pobreza e odesenvolvimento local

O microcreacutedito sob a perspectiva da responsabilidade conjunta e da atuaccedilatildeode grupos solidaacuterios foi analisado nos trabalhos de Ahlin e Townsend (2007) CassarCrowley e Wydick (2007) Karlan (2007) e Wenner (1995) cujos resultados indicaramque o desempenho do reembolso de grupos solidaacuterios melhora quando os grupospossuem regras formais de como seus membros devem se comportar

Os estudos de Hulme e Mosle (1996) apontaram que o crescimento da rendafamiliar dos tomadores de microcreacutedito sempre se apresentava superior ao crescimentode renda das famiacutelias natildeo tomadoras de creacutedito corroborando com os resultados daspesquisas iniciais de Hossain Pesquisas realizadas por Agbola Acupan e Mahmood(2017) Banerjee e Duflo (2011) MkNelly (1998 1999) indicaram que aleacutem do aumentode renda familiar o microcreacutedito proporcionou a melhoria do bem-estar econocircmicopor meio da estabilizaccedilatildeo do consumo da melhoria das condiccedilotildees de moradia e dapropriedade de bens

Sob a perspectiva da intervenccedilatildeo do microcreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola diversostrabalhos foram realizados apresentando diferentes enfoques Alam (1988) investigouo crescimento da produtividade dos agricultores com acesso ao microcreacutedito peloGrameen Bank constatando que pequenos agricultores poderiam melhorar sua produ-tividade alocando parte de suas terras para o cultivo de variedades de alto rendimentoAshaolu et al (2011) realizaram um estudo na Nigeacuteria e concluiacuteram que o aumento noniacutevel de produccedilatildeo agriacutecola na Nigeacuteria ocorreu devido ao fortalecimento financeiro dosagricultores por meio do acesso ao microcreacutedito Akwaa-Sekyi (2013) afirma que omicrocreacutedito contribui para o desenvolvimento agriacutecola especificamente na matildeo deobra empregada capital de giro a produccedilatildeo e a renda dos agricultores

Estudo realizado por Shah et al (2015) na cidade de Mastung no Paquistatildeoconcluiu que o microcreacutedito fornece apoio financeiro aos agricultores contribuindopara o desenvolvimento do setor agriacutecola aumento da produccedilatildeo agriacutecola e conse-quentemente elevaccedilatildeo da renda Trabalho realizado por Sulemana e Adjei (2015) emGhana verificou que o acesso ao microcreacutedito permitiu aos agricultores a adoccedilatildeo deteacutecnicas agriacutecolas mais modernas e uso de sementes de alta produccedilatildeo impactandopositivamente nos niacuteveis de produccedilatildeo De forma semelhante Zeller Diagne e Mataya

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 16

(1998) concluiacuteram que a participaccedilatildeo em um programa de creacutedito agriacutecola possibilita oacesso agrave melhores tecnologias agriacutecolas e de maior rentabilidade elevando a produccedilatildeodo milho e tabaco hiacutebridos no Malawi

Sharmeen e Chowdhury (2013) afirmam que parte do microcreacutedito eacute destinadoaos agricultores pobres para compra de insumos como sementes irrigaccedilatildeo fertilizan-tes e encontraram uma correlaccedilatildeo positiva entre o microcreacutedito agriacutecola e o aumentoda produccedilatildeo em Bangladesh

Embora o microcreacutedito seja tradicionalmente considerado como uma poliacutetica dedesenvolvimento econocircmico e social local fundamental para a superaccedilatildeo da pobrezaa geraccedilatildeo de trabalho e renda e o fomento da produccedilatildeo agropecuaacuteria ainda natildeo existeum consenso no que se refere ao seu efeito na literatura e nas pesquisas internacionaisde impacto Isso porque no final da deacutecada de 90 diversos estudos passaram a criticaros resultados alcanccedilados pelo microcreacutedito

Morduch (1998) questionou a validade e o rigor dos estudos realizados sobre omicrocreacutedito em Bangladesh afirmando natildeo existir evidecircncia estatiacutestica que compro-vasse o aumento no consumo entre os indiviacuteduos que realizavam empreacutestimo por meiodo microcreacutedito em relaccedilatildeo aos que natildeo realizavam De acordo com Bateman e Chang(2012) os efeitos positivos do microcreacutedito satildeo de curto prazo e apenas para algunsindiviacuteduos ldquosortudosrdquo Aleacutem disso se constitui uma poderosa barreira institucional epoliacutetica para o desenvolvimento econocircmico e social sustentaacutevel e tambeacutem agrave reduccedilatildeoda pobreza Coleman (2006) com base em estudo de impacto realizado na Tailacircndiaconcluiu que havia um vieacutes nos resultados do microcreacutedito e que natildeo se poderiaatribuir unicamente a ele a soluccedilatildeo para retirar as pessoas da pobreza

Autores como Hulme e Mosle (1996) Banerjee et al (2015) afirmam nos seusestudos que natildeo encontraram efeitos significativos do microcreacutedito no consumo dasfamiacutelias na educaccedilatildeo na sauacutede ou no empoderamento das mulheres Banerjee Karlane Zinman (2015) compilaram os resultados de seis estudos aleatoacuterios realizados sobre omicrocreacutedito nas aacutereas urbanas e rurais da Boacutesnia Etioacutepia Iacutendia Meacutexico Marrocos eMongoacutelia mostrando que nenhum dos seis estudos encontraram impacto significativona renda familiar dos beneficiaacuterios

Feder et al (1990) afirmam que parte do creacutedito concedido aos produtoreseacute desviada para o consumo fazendo com que o efeito provaacutevel da produccedilatildeo sejamenor do que o esperado Guirkinger e Boucher (2007) sugerem que as restriccedilotildees decreacutedito afetam negativamente a alocaccedilatildeo de recursos prejudicando a produccedilatildeo agriacutecolados pequenos agricultores peruanos Conclusatildeo semelhante eacute encontrada no estudorealizado por Dong Lu e Featherstone (2010) na China Para Armendariz e Morduch(2005) ainda existe uma seacuterie de questionamentos sobre o efeito do microcreacutedito quenatildeo foram amplamente pesquisados e explicados

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 17

O Brasil natildeo alheio agrave essa temaacutetica tem estimulado a concessatildeo de operaccedilotildees demicrocreacutedito com intuito de melhorar a situaccedilatildeo da populaccedilatildeo mais pobre de reduziras desigualdades sociais existentes e de promover o desenvolvimento sustentaacutevel daagricultura familiar

22 Microcreacutedito no Brasil

Monzoni (2008) aponta que a experiecircncia pioneira de microcreacutedito no Brasilocorreu no contexto das atividades da Uniatildeo Nordestina de Assistecircncia a PequenasOrganizaccedilotildees (UNO) entidade criada em 1973 com o objetivo de apoiar micro epequenos empreendimentos da Regiatildeo Nordeste

Segundo Maciel et al (2009) na deacutecada de 1980 outras iniciativas voltadas aomicrocreacutedito surgiram no paiacutes em 1982 foi criado o Banco da Mulher em 1986 foramcriados o Banco do Microcreacutedito no Paranaacute e o PROMICRO no Distrito FederalJaacute em 1987 a partir da experiecircncia da Accioacuten Internacional e de organizaccedilotildees natildeo-governamentais colombianas a metodologia dos grupos solidaacuterios que utiliza o avalsolidaacuterio foi replicada no Brasil com a criaccedilatildeo do Centro de Apoio aos PequenosEmpreendimentos Ana Terra (CeapeRS) instituiacuteda sob a forma de organizaccedilatildeo natildeogovernamental e considerada a primeira organizaccedilatildeo a introduzir no Brasil elementosque predominam na tecnologia do microcreacutedito quais sejam agente de creacuteditogarantia solidaacuteria prazos curtos e valores crescentes (CAMAROTTI SPINK 2002)

De acordo com Monzoni (2008) na deacutecada de 1990 houve o surgimento doProacute Renda no Cearaacute (1990) o Balcatildeo de Ferramentas (1991) da Caixa EconocircmicaFederal o Banco da Providecircncia (1994) no Rio de Janeiro e o Portosol (1995) no RioGrande do Sul Zouain e Barone (2007) apontam que em 1995 foi criado o ProgramaComunidade Solidaacuteria para enfrentamento da fome e da miseacuteria por meio de acessoao creacutedito natildeo como poliacutetica isolada mas dentro de um contexto de desenvolvimentolocal integrado e sustentado Em 1998 foi implantado o Banco do Povo Paulista emSatildeo Paulo (SOARES SOBRINHO 2007)

Matos Macambira e Cacciamali (2014) afirmam que somente no final da deacutecadade 1990 a atividade de microcreacutedito difundiu-se no Brasil e os principais fatores quegarantiram essa expansatildeo foram

bull as de alteraccedilotildees no marco regulatoacuterio brasileiro que proporcionou a regula-mentaccedilatildeo de novas figuras institucionais autorizadas a atuar na atividade demicrocreacutedito

bull a implantaccedilatildeo do Programa Crediamigo pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB)em 1997 que incorporou praacuteticas de operacionalizaccedilatildeo tiacutepicas da atividade de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 18

microcreacutedito dentre as quais formaccedilatildeo de grupos solidaacuterios foco na atividadeprodutiva informal progressividade de concessatildeo entre outros

bull aportes de recursos por parte do poder puacuteblico a instituiccedilotildees de microcreacuteditofundamentalmente por meio da atuaccedilatildeo do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconocircmico e Social (BNDES)

Em 2005 foi estabelecido o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) criado pela Medida Provisoacuteria no 226 de 29 de novembro de2004 que foi convertida na Lei no 11110 de 25 de abril de 2005 De acordo comValentin e Serra (2012) o PNMPO foi o resultado de mais de 30 anos de iniciativasinovadoras de oferta de creacutedito popular por parte de OSCIPS ONGs e sociedadescivis organizadas e possui como objetivo principal a oferta de creacutedito exclusivo amicroempreendedores populares com acompanhamento teacutecnico local

Conforme a referida lei considera-se microcreacutedito produtivo orientado o creacute-dito concedido para o atendimento das necessidades financeiras de pessoas fiacutesicase juriacutedicas empreendedoras que realizem atividades produtivas de pequeno porteutilizando metodologia baseada no relacionamento direto com os empreendedores nolocal onde eacute executada a atividade econocircmica (BRASIL 2005)

No Brasil vaacuterios trabalhos empiacutericos foram realizados sobre o microcreacuteditosob diferentes enfoques tais como Batista e Neder (2014)B Moraes (2010) e GonzalezRighetti e DiSerio (2014) que enfatizaram a importacircncia do microcreacutedito na renda dosbeneficiaacuterios Maia e Pinto (2015) destacou o papel do microcreacutedito no desempenho doPronaf B Oliveira Almeida e Taques (2015) que analisaram o grau de concentraccedilatildeo eniacutevel de aderecircncia dos recursos da carteira de financiamento do programa Baiardi et al(2015) Moreira Silveira e Motter (2014) que investigaram a percepccedilatildeo do beneficiaacuteriosdo programa

Embora vaacuterios programas de microcreacutedito tenham sido implantados no Brasilao longo das uacuteltimas deacutecadas os que tiveram maior expansatildeo e adensamento foramos implementados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) Considerada uma dasinstituiccedilotildees que mais se destaca com o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) o BNB eacute um banco puacuteblico federal que desde 1998 concedeempreacutestimos a empreendedores de baixa renda com o objetivo de fortalecer e im-pulsionar o desenvolvimento de pequenos negoacutecios tanto no meio rural quanto nourbano trabalhando com duas linhas de microcreacutedito o Crediamigo e o Agroamigoeste uacuteltimo objeto de estudo do presente trabalho

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 19

23 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo

O Agroamigo3 eacute um programa de microcreacutedito rural do Banco do Nordesteque se propotildee a melhorar o perfil social e econocircmico do agricultor familiar por meioda concessatildeo de financiamento para a aacuterea rural adotando metodologia proacutepria deatendimento Operacionalizado pelo Instituto Nordeste Cidadania (INEC) organizaccedilatildeoda sociedade civil de interesse puacuteblico (Oscip) o Programa iniciou suas operaccedilotildeesem 2005 tendo como fonte de recursos o Fundo Constitucional de Financiamento doNordeste (FNE)

A criaccedilatildeo da metodologia de microcreacutedito rural foi influenciada pelo sucessoda experiecircncia do microcreacutedito urbano do proacuteprio Banco do Nordeste com o ProgramaCrediamigo que inspirou uma accedilatildeo similar apropriada nas comunidades rurais Satildeoobjetivos do programa aumentar a renda familiar criar empregos no meio ruralaumentar a oferta de alimentos para a populaccedilatildeo do campo e das cidades e melhorar aqualidade de vida da populaccedilatildeo rural (MATOS MACAMBIRA CACCIAMALI 2014)

O Agroamigo atua na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel integrandoas vertentes i) social ao promover a inclusatildeo no mercado de creacutedito e possibilitar oresgate agrave cidadania ii) econocircmica ao proporcionar via creacutedito a geraccedilatildeo de rendapara sustento da unidade familiar e iii) ambiental ao estimular a exploraccedilatildeo doempreendimento de forma sustentaacutevel (MACIEL et al 2009)

O Programa possui como puacuteblico-alvo agricultores familiares que se enquadramno Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF assimclassificados

bull Agroamigo Crescer com financiamentos de ateacute R$ 4 mil eacute voltado para agricul-tores familiares que se enquadrem no grupo B do PRONAF ou seja beneficiaacuteriosque possuam renda bruta familiar nos uacuteltimos 12 meses de produccedilatildeo normalque antecedem a solicitaccedilatildeo da DAP4 natildeo superior a R$2000000 (BCB 2016)

bull Agroamigo Mais com financiamentos de ateacute R$ 15 mil eacute voltado para agriculto-res familiares que obtenham renda bruta anual de ateacute R$ 360 mil e se enquadremno PRONAF V (renda variaacutevel)

Segundo Neri (2012) nos grupos atendidos pelo Agroamigo incluem-se todos osque exploram parcela de terra tanto na condiccedilatildeo de proprietaacuterio posseiro arrendataacuterio3 Disponiacutevel em lthttpwwwbnbgovbrhistoricogt Acesso em 10 de janeiro de 20174 De acordo com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agraacuterio a

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP)eacute o documento de identificaccedilatildeo da agricultura familiar e pode ser obtido tanto pelo agricultor ouagricultora familiar (pessoa fiacutesica) quanto por empreendimentos familiares rurais como associaccedilotildeescooperativas agroinduacutestrias (pessoa juriacutedica)

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 20

quanto parceiro que residam na propriedade rural ou em local proacuteximo e obtenham nomiacutenimo 50 da renda familiar da exploraccedilatildeo do estabelecimento rural Os agricultoresclientes do Agroamigo podem desenvolver qualquer atividade seja agriacutecola pecuaacuteriaoutras atividades natildeo agropecuaacuterias no meio rural que gere renda no campo ou nasproximidades urbanas como agroinduacutestria pesca turismo rural serviccedilos no meiorural e artesanato

Dessa forma o Agroamigo resulta da prioridade dada pelo Banco do Nordesteao apoio aos agricultores familiares em reconhecimento agrave importacircncia econocircmica esocial deste segmento

24 Agricultura familiar

Embora a globalizaccedilatildeo e a pressatildeo pela competitividade tenham obrigadoa agricultura evoluir a maioria das fazendas no mundo ainda eacute familiar e estapredominacircncia eacute esmagadora natildeo apenas nos paiacuteses subdesenvolvidos mas tambeacutemnos paiacuteses desenvolvidos (MORENO-PeacuteREZ LOBLEY 2015)

Estudos como os de Brookfield (2008) Carlson (2008) Duumlrr (2016) Barry (2015)e Strange (1988) assinalam um crescente interesse por essa configuraccedilatildeo produtivana medida em que os resultados encontrados sugerem que a agricultura familiarcontribui para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses o que tem desafiadoos governos a implementarem poliacuteticas puacuteblicas voltadas para este segmento

Especificamente em se tratando da agricultura familiar no Brasil houve umcrescente interesse por este segmento a partir da deacutecada de 90 Algumas pesqui-sas se tornaram marcos nos estudos rurais brasileiros tais como Abramovay (2007)Kageyama e Bergamasgo (1990) e Veiga (2012) cujos trabalhos apontam a impor-tacircncia deste setor na histoacuteria do Brasil e do mundo descrevendo a evoluccedilatildeo que odesenvolvimento agriacutecola experimentou desde o poacutes-guerra

Um outro trabalho de destaque no campo da agricultura familiar eacute o relatoacuteriopublicado em 1994 pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Agricultura e Ali-mentaccedilatildeo (FAO) em conjunto com o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e ReformaAgraacuteria (INCRA) cujo objetivo principal foi estabelecer as diretrizes para um ldquomodelode desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Sendo assim historicamente a atividade agriacutecolatem apresentado expressiva relevacircncia na economia brasileira na medida em queproporciona desenvolvimento social e econocircmico por meio de geraccedilatildeo de emprego erenda (FURTADO 1980 PRADO JUacuteNIOR 1977)

De acordo com Franccedila Grossi e Marques (2009) o Censo Agropecuaacuterio de 2006identificou que do total de estabelecimentos agropecuaacuterios no Brasil 4367902 eram de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 21

agricultores familiares representando 844 dos estabelecimentos brasileiros sendoque a metade deles estava no Nordeste Este contingente de agricultores familiaresocupava uma aacuterea de 8025 milhotildees de hectares representando 243 da aacuterea ocupadapelos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros demonstrando que o Brasil possuiacuteauma estrutura agraacuteria concentrada

Guilhoto et al (2007) afirmam que o segmento familiar da agropecuaacuteria brasileirae as cadeias produtivas a ela interligadas responderam em 2005 por 90 do PIBbrasileiro e considerando que o agronegoacutecio nacional foi responsaacutevel por 279 doPIB no referido ano fica evidente a importacircncia da agricultura familiar na geraccedilatildeo deriqueza do paiacutes A Tabela 1 a seguir mostra a participaccedilatildeo do agronegoacutecio familiar epatronal do Brasil e Nordeste no PIB Total brasileiro nos anos de 2002 a 2004

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste

Unidades Federativas 2002 2003 2004

PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

Brasil 925 1961 1007 2052 960 2030Alagoas 901 2752 822 2836 1046 2391

Bahia 1073 2085 1179 2098 1063 2124Cearaacute 1357 1411 1423 1337 1226 1319

Maranhatildeo 1667 1757 1635 1886 1566 1676Paraiacuteba 1684 2282 1944 2216 1722 2282

Pernambuco 759 1631 834 1773 749 1606Piauiacute 1625 1486 1516 1629 1377 1537

Rio Grande do Norte 1118 1881 1249 1878 1085 1841Sergipe 1063 1197 1126 1136 908 1134

Fonte Adaptado de Guilhoto et al 2007

Guanziroli et al (2001) e Aquino e Teixeira (2005) afirmam que para haverum desempenho econocircmico viaacutevel dessa atividade eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo deassistecircncia teacutecnica e poliacuteticas puacuteblicas adequadas

Portanto as poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar devem levarem consideraccedilatildeo as especificidades deste setor de modo a permitir que a pequenaproduccedilatildeo agropecuaacuteria familiar reduza o fluxo de trabalhadores do campo para acidade gere emprego e renda e contribua para o desenvolvimento local e regionalde forma sustentaacutevel E o microcreacutedito tem se destacado como uma ferramenta defomento da agricultura familiar haja vista a dificuldade na aquisiccedilatildeo de creacutedito formalser frequentemente argumentada como uma das restriccedilotildees agrave expansatildeo da capacidadeprodutiva dos pequenos agricultores

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

14

2 Revisatildeo da Literatura

21 Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito

O grande marco histoacuterico que serviu de modelo para difundir o microcreacuteditoocorreu em Bangladesh na deacutecada de 70 de uma experiecircncia iniciada pelo economistaMuhammad Yunus fundador do Grameen Bank e ganhador do Precircmio Nobel da Pazem 2006 A ideia defendida abertamente por Yunus (2001) eacute a do microcreacutedito ser umprograma de mudanccedila social que permite aos mais pobres exercerem suas habilidadese sua capacidade de produzir

Da experiecircncia do Grameen Bank aos dias atuais o ritmo de expansatildeo e aabrangecircncia alcanccedilada pelo microcreacutedito tem despertado o interesse de profissionais eteoacutericos do mundo todo Considerado um elemento importante na reduccedilatildeo de pobrezae melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos o microcreacutedito tem se apresentadocomo uma forma de alavancar e fortalecer as atividades de uma parte da populaccedilatildeoque foi excluiacuteda do sistema financeiro tradicional fomentando o desenvolvimentoeconocircmico e social Segundo Yunus e Jolis (2000) o microcreacutedito visa garantir finan-ciamento adequado aos indiviacuteduos que trabalham em aacutereas rurais melhorando acapacidade produtiva o padratildeo e as condiccedilotildees de vida em geral Seu objetivo eacute permi-tir aos mais desfavorecidos condiccedilotildees de terem uma vida digna e autossustentaacutevel pormeio da concessatildeo de pequenos empreacutestimos

De acordo com Barone et al (2002) Monzoni (2008) Soares e Sobrinho (2007)Osmani e Mahmud (2015) Quayes e Khalily (2014) o microcreacutedito eacute a concessatildeode empreacutestimos de baixo valor a indiviacuteduos e pequenos empreendedores informaisque natildeo possuem acesso formal ao sistema financeiro tradicional e diferencia-se dosdemais tipos de empreacutestimo primordialmente em funccedilatildeo da metodologia utilizadaPara Abramovay et al (2013) Maciel et al (2009) e Yunus e Jolis (2000) o microcreacuteditoassume-se como um instrumento de combate agrave pobreza e melhora das condiccedilotildees devida dos indiviacuteduos

Goldberg (2005) afirma que grande parte dos estudos iniciais sobre impacto domicrocreacutedito apresenta resultado positivo na pobreza e renda dos seus beneficiaacuteriosUm dos primeiros estudos abrangentes de impacto foi realizado por Hossain (1988p10) apontando que ldquoa renda familiar meacutedia dos tomadores de microcreacutedito junto aoGrameen era 43 superior agrave dos natildeo tomadores de microcreacutedito sendo as maioresdiferenccedilas no estrato de menor rendardquo

Trabalhos como os de Khandker Baqui e Khan (1995) McKernan (2002) e Pitt e

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 15

Khandker (1998) demonstraram que embora o efeito seja positivo a magnitude doimpacto do microcreacutedito sobre a oferta de trabalho as despesas os bens adquiridos aescolaridade das crianccedilas a fertilidade o uso de contraceptivos e os lucros do trabalhodepende do sexo do participante do programa de creacutedito Hermes e Lensink (2007)e Khandker (2005) tambeacutem realizaram estudos sobre o microcreacutedito e elencaram osefeitos positivos desta poliacutetica dentre eles o aumento da renda familiar e dos bens dasmulheres a melhoria da escolaridade dos filhos a superaccedilatildeo da linha da pobreza e odesenvolvimento local

O microcreacutedito sob a perspectiva da responsabilidade conjunta e da atuaccedilatildeode grupos solidaacuterios foi analisado nos trabalhos de Ahlin e Townsend (2007) CassarCrowley e Wydick (2007) Karlan (2007) e Wenner (1995) cujos resultados indicaramque o desempenho do reembolso de grupos solidaacuterios melhora quando os grupospossuem regras formais de como seus membros devem se comportar

Os estudos de Hulme e Mosle (1996) apontaram que o crescimento da rendafamiliar dos tomadores de microcreacutedito sempre se apresentava superior ao crescimentode renda das famiacutelias natildeo tomadoras de creacutedito corroborando com os resultados daspesquisas iniciais de Hossain Pesquisas realizadas por Agbola Acupan e Mahmood(2017) Banerjee e Duflo (2011) MkNelly (1998 1999) indicaram que aleacutem do aumentode renda familiar o microcreacutedito proporcionou a melhoria do bem-estar econocircmicopor meio da estabilizaccedilatildeo do consumo da melhoria das condiccedilotildees de moradia e dapropriedade de bens

Sob a perspectiva da intervenccedilatildeo do microcreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola diversostrabalhos foram realizados apresentando diferentes enfoques Alam (1988) investigouo crescimento da produtividade dos agricultores com acesso ao microcreacutedito peloGrameen Bank constatando que pequenos agricultores poderiam melhorar sua produ-tividade alocando parte de suas terras para o cultivo de variedades de alto rendimentoAshaolu et al (2011) realizaram um estudo na Nigeacuteria e concluiacuteram que o aumento noniacutevel de produccedilatildeo agriacutecola na Nigeacuteria ocorreu devido ao fortalecimento financeiro dosagricultores por meio do acesso ao microcreacutedito Akwaa-Sekyi (2013) afirma que omicrocreacutedito contribui para o desenvolvimento agriacutecola especificamente na matildeo deobra empregada capital de giro a produccedilatildeo e a renda dos agricultores

Estudo realizado por Shah et al (2015) na cidade de Mastung no Paquistatildeoconcluiu que o microcreacutedito fornece apoio financeiro aos agricultores contribuindopara o desenvolvimento do setor agriacutecola aumento da produccedilatildeo agriacutecola e conse-quentemente elevaccedilatildeo da renda Trabalho realizado por Sulemana e Adjei (2015) emGhana verificou que o acesso ao microcreacutedito permitiu aos agricultores a adoccedilatildeo deteacutecnicas agriacutecolas mais modernas e uso de sementes de alta produccedilatildeo impactandopositivamente nos niacuteveis de produccedilatildeo De forma semelhante Zeller Diagne e Mataya

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 16

(1998) concluiacuteram que a participaccedilatildeo em um programa de creacutedito agriacutecola possibilita oacesso agrave melhores tecnologias agriacutecolas e de maior rentabilidade elevando a produccedilatildeodo milho e tabaco hiacutebridos no Malawi

Sharmeen e Chowdhury (2013) afirmam que parte do microcreacutedito eacute destinadoaos agricultores pobres para compra de insumos como sementes irrigaccedilatildeo fertilizan-tes e encontraram uma correlaccedilatildeo positiva entre o microcreacutedito agriacutecola e o aumentoda produccedilatildeo em Bangladesh

Embora o microcreacutedito seja tradicionalmente considerado como uma poliacutetica dedesenvolvimento econocircmico e social local fundamental para a superaccedilatildeo da pobrezaa geraccedilatildeo de trabalho e renda e o fomento da produccedilatildeo agropecuaacuteria ainda natildeo existeum consenso no que se refere ao seu efeito na literatura e nas pesquisas internacionaisde impacto Isso porque no final da deacutecada de 90 diversos estudos passaram a criticaros resultados alcanccedilados pelo microcreacutedito

Morduch (1998) questionou a validade e o rigor dos estudos realizados sobre omicrocreacutedito em Bangladesh afirmando natildeo existir evidecircncia estatiacutestica que compro-vasse o aumento no consumo entre os indiviacuteduos que realizavam empreacutestimo por meiodo microcreacutedito em relaccedilatildeo aos que natildeo realizavam De acordo com Bateman e Chang(2012) os efeitos positivos do microcreacutedito satildeo de curto prazo e apenas para algunsindiviacuteduos ldquosortudosrdquo Aleacutem disso se constitui uma poderosa barreira institucional epoliacutetica para o desenvolvimento econocircmico e social sustentaacutevel e tambeacutem agrave reduccedilatildeoda pobreza Coleman (2006) com base em estudo de impacto realizado na Tailacircndiaconcluiu que havia um vieacutes nos resultados do microcreacutedito e que natildeo se poderiaatribuir unicamente a ele a soluccedilatildeo para retirar as pessoas da pobreza

Autores como Hulme e Mosle (1996) Banerjee et al (2015) afirmam nos seusestudos que natildeo encontraram efeitos significativos do microcreacutedito no consumo dasfamiacutelias na educaccedilatildeo na sauacutede ou no empoderamento das mulheres Banerjee Karlane Zinman (2015) compilaram os resultados de seis estudos aleatoacuterios realizados sobre omicrocreacutedito nas aacutereas urbanas e rurais da Boacutesnia Etioacutepia Iacutendia Meacutexico Marrocos eMongoacutelia mostrando que nenhum dos seis estudos encontraram impacto significativona renda familiar dos beneficiaacuterios

Feder et al (1990) afirmam que parte do creacutedito concedido aos produtoreseacute desviada para o consumo fazendo com que o efeito provaacutevel da produccedilatildeo sejamenor do que o esperado Guirkinger e Boucher (2007) sugerem que as restriccedilotildees decreacutedito afetam negativamente a alocaccedilatildeo de recursos prejudicando a produccedilatildeo agriacutecolados pequenos agricultores peruanos Conclusatildeo semelhante eacute encontrada no estudorealizado por Dong Lu e Featherstone (2010) na China Para Armendariz e Morduch(2005) ainda existe uma seacuterie de questionamentos sobre o efeito do microcreacutedito quenatildeo foram amplamente pesquisados e explicados

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 17

O Brasil natildeo alheio agrave essa temaacutetica tem estimulado a concessatildeo de operaccedilotildees demicrocreacutedito com intuito de melhorar a situaccedilatildeo da populaccedilatildeo mais pobre de reduziras desigualdades sociais existentes e de promover o desenvolvimento sustentaacutevel daagricultura familiar

22 Microcreacutedito no Brasil

Monzoni (2008) aponta que a experiecircncia pioneira de microcreacutedito no Brasilocorreu no contexto das atividades da Uniatildeo Nordestina de Assistecircncia a PequenasOrganizaccedilotildees (UNO) entidade criada em 1973 com o objetivo de apoiar micro epequenos empreendimentos da Regiatildeo Nordeste

Segundo Maciel et al (2009) na deacutecada de 1980 outras iniciativas voltadas aomicrocreacutedito surgiram no paiacutes em 1982 foi criado o Banco da Mulher em 1986 foramcriados o Banco do Microcreacutedito no Paranaacute e o PROMICRO no Distrito FederalJaacute em 1987 a partir da experiecircncia da Accioacuten Internacional e de organizaccedilotildees natildeo-governamentais colombianas a metodologia dos grupos solidaacuterios que utiliza o avalsolidaacuterio foi replicada no Brasil com a criaccedilatildeo do Centro de Apoio aos PequenosEmpreendimentos Ana Terra (CeapeRS) instituiacuteda sob a forma de organizaccedilatildeo natildeogovernamental e considerada a primeira organizaccedilatildeo a introduzir no Brasil elementosque predominam na tecnologia do microcreacutedito quais sejam agente de creacuteditogarantia solidaacuteria prazos curtos e valores crescentes (CAMAROTTI SPINK 2002)

De acordo com Monzoni (2008) na deacutecada de 1990 houve o surgimento doProacute Renda no Cearaacute (1990) o Balcatildeo de Ferramentas (1991) da Caixa EconocircmicaFederal o Banco da Providecircncia (1994) no Rio de Janeiro e o Portosol (1995) no RioGrande do Sul Zouain e Barone (2007) apontam que em 1995 foi criado o ProgramaComunidade Solidaacuteria para enfrentamento da fome e da miseacuteria por meio de acessoao creacutedito natildeo como poliacutetica isolada mas dentro de um contexto de desenvolvimentolocal integrado e sustentado Em 1998 foi implantado o Banco do Povo Paulista emSatildeo Paulo (SOARES SOBRINHO 2007)

Matos Macambira e Cacciamali (2014) afirmam que somente no final da deacutecadade 1990 a atividade de microcreacutedito difundiu-se no Brasil e os principais fatores quegarantiram essa expansatildeo foram

bull as de alteraccedilotildees no marco regulatoacuterio brasileiro que proporcionou a regula-mentaccedilatildeo de novas figuras institucionais autorizadas a atuar na atividade demicrocreacutedito

bull a implantaccedilatildeo do Programa Crediamigo pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB)em 1997 que incorporou praacuteticas de operacionalizaccedilatildeo tiacutepicas da atividade de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 18

microcreacutedito dentre as quais formaccedilatildeo de grupos solidaacuterios foco na atividadeprodutiva informal progressividade de concessatildeo entre outros

bull aportes de recursos por parte do poder puacuteblico a instituiccedilotildees de microcreacuteditofundamentalmente por meio da atuaccedilatildeo do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconocircmico e Social (BNDES)

Em 2005 foi estabelecido o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) criado pela Medida Provisoacuteria no 226 de 29 de novembro de2004 que foi convertida na Lei no 11110 de 25 de abril de 2005 De acordo comValentin e Serra (2012) o PNMPO foi o resultado de mais de 30 anos de iniciativasinovadoras de oferta de creacutedito popular por parte de OSCIPS ONGs e sociedadescivis organizadas e possui como objetivo principal a oferta de creacutedito exclusivo amicroempreendedores populares com acompanhamento teacutecnico local

Conforme a referida lei considera-se microcreacutedito produtivo orientado o creacute-dito concedido para o atendimento das necessidades financeiras de pessoas fiacutesicase juriacutedicas empreendedoras que realizem atividades produtivas de pequeno porteutilizando metodologia baseada no relacionamento direto com os empreendedores nolocal onde eacute executada a atividade econocircmica (BRASIL 2005)

No Brasil vaacuterios trabalhos empiacutericos foram realizados sobre o microcreacuteditosob diferentes enfoques tais como Batista e Neder (2014)B Moraes (2010) e GonzalezRighetti e DiSerio (2014) que enfatizaram a importacircncia do microcreacutedito na renda dosbeneficiaacuterios Maia e Pinto (2015) destacou o papel do microcreacutedito no desempenho doPronaf B Oliveira Almeida e Taques (2015) que analisaram o grau de concentraccedilatildeo eniacutevel de aderecircncia dos recursos da carteira de financiamento do programa Baiardi et al(2015) Moreira Silveira e Motter (2014) que investigaram a percepccedilatildeo do beneficiaacuteriosdo programa

Embora vaacuterios programas de microcreacutedito tenham sido implantados no Brasilao longo das uacuteltimas deacutecadas os que tiveram maior expansatildeo e adensamento foramos implementados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) Considerada uma dasinstituiccedilotildees que mais se destaca com o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) o BNB eacute um banco puacuteblico federal que desde 1998 concedeempreacutestimos a empreendedores de baixa renda com o objetivo de fortalecer e im-pulsionar o desenvolvimento de pequenos negoacutecios tanto no meio rural quanto nourbano trabalhando com duas linhas de microcreacutedito o Crediamigo e o Agroamigoeste uacuteltimo objeto de estudo do presente trabalho

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 19

23 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo

O Agroamigo3 eacute um programa de microcreacutedito rural do Banco do Nordesteque se propotildee a melhorar o perfil social e econocircmico do agricultor familiar por meioda concessatildeo de financiamento para a aacuterea rural adotando metodologia proacutepria deatendimento Operacionalizado pelo Instituto Nordeste Cidadania (INEC) organizaccedilatildeoda sociedade civil de interesse puacuteblico (Oscip) o Programa iniciou suas operaccedilotildeesem 2005 tendo como fonte de recursos o Fundo Constitucional de Financiamento doNordeste (FNE)

A criaccedilatildeo da metodologia de microcreacutedito rural foi influenciada pelo sucessoda experiecircncia do microcreacutedito urbano do proacuteprio Banco do Nordeste com o ProgramaCrediamigo que inspirou uma accedilatildeo similar apropriada nas comunidades rurais Satildeoobjetivos do programa aumentar a renda familiar criar empregos no meio ruralaumentar a oferta de alimentos para a populaccedilatildeo do campo e das cidades e melhorar aqualidade de vida da populaccedilatildeo rural (MATOS MACAMBIRA CACCIAMALI 2014)

O Agroamigo atua na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel integrandoas vertentes i) social ao promover a inclusatildeo no mercado de creacutedito e possibilitar oresgate agrave cidadania ii) econocircmica ao proporcionar via creacutedito a geraccedilatildeo de rendapara sustento da unidade familiar e iii) ambiental ao estimular a exploraccedilatildeo doempreendimento de forma sustentaacutevel (MACIEL et al 2009)

O Programa possui como puacuteblico-alvo agricultores familiares que se enquadramno Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF assimclassificados

bull Agroamigo Crescer com financiamentos de ateacute R$ 4 mil eacute voltado para agricul-tores familiares que se enquadrem no grupo B do PRONAF ou seja beneficiaacuteriosque possuam renda bruta familiar nos uacuteltimos 12 meses de produccedilatildeo normalque antecedem a solicitaccedilatildeo da DAP4 natildeo superior a R$2000000 (BCB 2016)

bull Agroamigo Mais com financiamentos de ateacute R$ 15 mil eacute voltado para agriculto-res familiares que obtenham renda bruta anual de ateacute R$ 360 mil e se enquadremno PRONAF V (renda variaacutevel)

Segundo Neri (2012) nos grupos atendidos pelo Agroamigo incluem-se todos osque exploram parcela de terra tanto na condiccedilatildeo de proprietaacuterio posseiro arrendataacuterio3 Disponiacutevel em lthttpwwwbnbgovbrhistoricogt Acesso em 10 de janeiro de 20174 De acordo com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agraacuterio a

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP)eacute o documento de identificaccedilatildeo da agricultura familiar e pode ser obtido tanto pelo agricultor ouagricultora familiar (pessoa fiacutesica) quanto por empreendimentos familiares rurais como associaccedilotildeescooperativas agroinduacutestrias (pessoa juriacutedica)

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 20

quanto parceiro que residam na propriedade rural ou em local proacuteximo e obtenham nomiacutenimo 50 da renda familiar da exploraccedilatildeo do estabelecimento rural Os agricultoresclientes do Agroamigo podem desenvolver qualquer atividade seja agriacutecola pecuaacuteriaoutras atividades natildeo agropecuaacuterias no meio rural que gere renda no campo ou nasproximidades urbanas como agroinduacutestria pesca turismo rural serviccedilos no meiorural e artesanato

Dessa forma o Agroamigo resulta da prioridade dada pelo Banco do Nordesteao apoio aos agricultores familiares em reconhecimento agrave importacircncia econocircmica esocial deste segmento

24 Agricultura familiar

Embora a globalizaccedilatildeo e a pressatildeo pela competitividade tenham obrigadoa agricultura evoluir a maioria das fazendas no mundo ainda eacute familiar e estapredominacircncia eacute esmagadora natildeo apenas nos paiacuteses subdesenvolvidos mas tambeacutemnos paiacuteses desenvolvidos (MORENO-PeacuteREZ LOBLEY 2015)

Estudos como os de Brookfield (2008) Carlson (2008) Duumlrr (2016) Barry (2015)e Strange (1988) assinalam um crescente interesse por essa configuraccedilatildeo produtivana medida em que os resultados encontrados sugerem que a agricultura familiarcontribui para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses o que tem desafiadoos governos a implementarem poliacuteticas puacuteblicas voltadas para este segmento

Especificamente em se tratando da agricultura familiar no Brasil houve umcrescente interesse por este segmento a partir da deacutecada de 90 Algumas pesqui-sas se tornaram marcos nos estudos rurais brasileiros tais como Abramovay (2007)Kageyama e Bergamasgo (1990) e Veiga (2012) cujos trabalhos apontam a impor-tacircncia deste setor na histoacuteria do Brasil e do mundo descrevendo a evoluccedilatildeo que odesenvolvimento agriacutecola experimentou desde o poacutes-guerra

Um outro trabalho de destaque no campo da agricultura familiar eacute o relatoacuteriopublicado em 1994 pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Agricultura e Ali-mentaccedilatildeo (FAO) em conjunto com o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e ReformaAgraacuteria (INCRA) cujo objetivo principal foi estabelecer as diretrizes para um ldquomodelode desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Sendo assim historicamente a atividade agriacutecolatem apresentado expressiva relevacircncia na economia brasileira na medida em queproporciona desenvolvimento social e econocircmico por meio de geraccedilatildeo de emprego erenda (FURTADO 1980 PRADO JUacuteNIOR 1977)

De acordo com Franccedila Grossi e Marques (2009) o Censo Agropecuaacuterio de 2006identificou que do total de estabelecimentos agropecuaacuterios no Brasil 4367902 eram de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 21

agricultores familiares representando 844 dos estabelecimentos brasileiros sendoque a metade deles estava no Nordeste Este contingente de agricultores familiaresocupava uma aacuterea de 8025 milhotildees de hectares representando 243 da aacuterea ocupadapelos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros demonstrando que o Brasil possuiacuteauma estrutura agraacuteria concentrada

Guilhoto et al (2007) afirmam que o segmento familiar da agropecuaacuteria brasileirae as cadeias produtivas a ela interligadas responderam em 2005 por 90 do PIBbrasileiro e considerando que o agronegoacutecio nacional foi responsaacutevel por 279 doPIB no referido ano fica evidente a importacircncia da agricultura familiar na geraccedilatildeo deriqueza do paiacutes A Tabela 1 a seguir mostra a participaccedilatildeo do agronegoacutecio familiar epatronal do Brasil e Nordeste no PIB Total brasileiro nos anos de 2002 a 2004

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste

Unidades Federativas 2002 2003 2004

PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

Brasil 925 1961 1007 2052 960 2030Alagoas 901 2752 822 2836 1046 2391

Bahia 1073 2085 1179 2098 1063 2124Cearaacute 1357 1411 1423 1337 1226 1319

Maranhatildeo 1667 1757 1635 1886 1566 1676Paraiacuteba 1684 2282 1944 2216 1722 2282

Pernambuco 759 1631 834 1773 749 1606Piauiacute 1625 1486 1516 1629 1377 1537

Rio Grande do Norte 1118 1881 1249 1878 1085 1841Sergipe 1063 1197 1126 1136 908 1134

Fonte Adaptado de Guilhoto et al 2007

Guanziroli et al (2001) e Aquino e Teixeira (2005) afirmam que para haverum desempenho econocircmico viaacutevel dessa atividade eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo deassistecircncia teacutecnica e poliacuteticas puacuteblicas adequadas

Portanto as poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar devem levarem consideraccedilatildeo as especificidades deste setor de modo a permitir que a pequenaproduccedilatildeo agropecuaacuteria familiar reduza o fluxo de trabalhadores do campo para acidade gere emprego e renda e contribua para o desenvolvimento local e regionalde forma sustentaacutevel E o microcreacutedito tem se destacado como uma ferramenta defomento da agricultura familiar haja vista a dificuldade na aquisiccedilatildeo de creacutedito formalser frequentemente argumentada como uma das restriccedilotildees agrave expansatildeo da capacidadeprodutiva dos pequenos agricultores

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

41

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 15

Khandker (1998) demonstraram que embora o efeito seja positivo a magnitude doimpacto do microcreacutedito sobre a oferta de trabalho as despesas os bens adquiridos aescolaridade das crianccedilas a fertilidade o uso de contraceptivos e os lucros do trabalhodepende do sexo do participante do programa de creacutedito Hermes e Lensink (2007)e Khandker (2005) tambeacutem realizaram estudos sobre o microcreacutedito e elencaram osefeitos positivos desta poliacutetica dentre eles o aumento da renda familiar e dos bens dasmulheres a melhoria da escolaridade dos filhos a superaccedilatildeo da linha da pobreza e odesenvolvimento local

O microcreacutedito sob a perspectiva da responsabilidade conjunta e da atuaccedilatildeode grupos solidaacuterios foi analisado nos trabalhos de Ahlin e Townsend (2007) CassarCrowley e Wydick (2007) Karlan (2007) e Wenner (1995) cujos resultados indicaramque o desempenho do reembolso de grupos solidaacuterios melhora quando os grupospossuem regras formais de como seus membros devem se comportar

Os estudos de Hulme e Mosle (1996) apontaram que o crescimento da rendafamiliar dos tomadores de microcreacutedito sempre se apresentava superior ao crescimentode renda das famiacutelias natildeo tomadoras de creacutedito corroborando com os resultados daspesquisas iniciais de Hossain Pesquisas realizadas por Agbola Acupan e Mahmood(2017) Banerjee e Duflo (2011) MkNelly (1998 1999) indicaram que aleacutem do aumentode renda familiar o microcreacutedito proporcionou a melhoria do bem-estar econocircmicopor meio da estabilizaccedilatildeo do consumo da melhoria das condiccedilotildees de moradia e dapropriedade de bens

Sob a perspectiva da intervenccedilatildeo do microcreacutedito na produccedilatildeo agriacutecola diversostrabalhos foram realizados apresentando diferentes enfoques Alam (1988) investigouo crescimento da produtividade dos agricultores com acesso ao microcreacutedito peloGrameen Bank constatando que pequenos agricultores poderiam melhorar sua produ-tividade alocando parte de suas terras para o cultivo de variedades de alto rendimentoAshaolu et al (2011) realizaram um estudo na Nigeacuteria e concluiacuteram que o aumento noniacutevel de produccedilatildeo agriacutecola na Nigeacuteria ocorreu devido ao fortalecimento financeiro dosagricultores por meio do acesso ao microcreacutedito Akwaa-Sekyi (2013) afirma que omicrocreacutedito contribui para o desenvolvimento agriacutecola especificamente na matildeo deobra empregada capital de giro a produccedilatildeo e a renda dos agricultores

Estudo realizado por Shah et al (2015) na cidade de Mastung no Paquistatildeoconcluiu que o microcreacutedito fornece apoio financeiro aos agricultores contribuindopara o desenvolvimento do setor agriacutecola aumento da produccedilatildeo agriacutecola e conse-quentemente elevaccedilatildeo da renda Trabalho realizado por Sulemana e Adjei (2015) emGhana verificou que o acesso ao microcreacutedito permitiu aos agricultores a adoccedilatildeo deteacutecnicas agriacutecolas mais modernas e uso de sementes de alta produccedilatildeo impactandopositivamente nos niacuteveis de produccedilatildeo De forma semelhante Zeller Diagne e Mataya

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 16

(1998) concluiacuteram que a participaccedilatildeo em um programa de creacutedito agriacutecola possibilita oacesso agrave melhores tecnologias agriacutecolas e de maior rentabilidade elevando a produccedilatildeodo milho e tabaco hiacutebridos no Malawi

Sharmeen e Chowdhury (2013) afirmam que parte do microcreacutedito eacute destinadoaos agricultores pobres para compra de insumos como sementes irrigaccedilatildeo fertilizan-tes e encontraram uma correlaccedilatildeo positiva entre o microcreacutedito agriacutecola e o aumentoda produccedilatildeo em Bangladesh

Embora o microcreacutedito seja tradicionalmente considerado como uma poliacutetica dedesenvolvimento econocircmico e social local fundamental para a superaccedilatildeo da pobrezaa geraccedilatildeo de trabalho e renda e o fomento da produccedilatildeo agropecuaacuteria ainda natildeo existeum consenso no que se refere ao seu efeito na literatura e nas pesquisas internacionaisde impacto Isso porque no final da deacutecada de 90 diversos estudos passaram a criticaros resultados alcanccedilados pelo microcreacutedito

Morduch (1998) questionou a validade e o rigor dos estudos realizados sobre omicrocreacutedito em Bangladesh afirmando natildeo existir evidecircncia estatiacutestica que compro-vasse o aumento no consumo entre os indiviacuteduos que realizavam empreacutestimo por meiodo microcreacutedito em relaccedilatildeo aos que natildeo realizavam De acordo com Bateman e Chang(2012) os efeitos positivos do microcreacutedito satildeo de curto prazo e apenas para algunsindiviacuteduos ldquosortudosrdquo Aleacutem disso se constitui uma poderosa barreira institucional epoliacutetica para o desenvolvimento econocircmico e social sustentaacutevel e tambeacutem agrave reduccedilatildeoda pobreza Coleman (2006) com base em estudo de impacto realizado na Tailacircndiaconcluiu que havia um vieacutes nos resultados do microcreacutedito e que natildeo se poderiaatribuir unicamente a ele a soluccedilatildeo para retirar as pessoas da pobreza

Autores como Hulme e Mosle (1996) Banerjee et al (2015) afirmam nos seusestudos que natildeo encontraram efeitos significativos do microcreacutedito no consumo dasfamiacutelias na educaccedilatildeo na sauacutede ou no empoderamento das mulheres Banerjee Karlane Zinman (2015) compilaram os resultados de seis estudos aleatoacuterios realizados sobre omicrocreacutedito nas aacutereas urbanas e rurais da Boacutesnia Etioacutepia Iacutendia Meacutexico Marrocos eMongoacutelia mostrando que nenhum dos seis estudos encontraram impacto significativona renda familiar dos beneficiaacuterios

Feder et al (1990) afirmam que parte do creacutedito concedido aos produtoreseacute desviada para o consumo fazendo com que o efeito provaacutevel da produccedilatildeo sejamenor do que o esperado Guirkinger e Boucher (2007) sugerem que as restriccedilotildees decreacutedito afetam negativamente a alocaccedilatildeo de recursos prejudicando a produccedilatildeo agriacutecolados pequenos agricultores peruanos Conclusatildeo semelhante eacute encontrada no estudorealizado por Dong Lu e Featherstone (2010) na China Para Armendariz e Morduch(2005) ainda existe uma seacuterie de questionamentos sobre o efeito do microcreacutedito quenatildeo foram amplamente pesquisados e explicados

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 17

O Brasil natildeo alheio agrave essa temaacutetica tem estimulado a concessatildeo de operaccedilotildees demicrocreacutedito com intuito de melhorar a situaccedilatildeo da populaccedilatildeo mais pobre de reduziras desigualdades sociais existentes e de promover o desenvolvimento sustentaacutevel daagricultura familiar

22 Microcreacutedito no Brasil

Monzoni (2008) aponta que a experiecircncia pioneira de microcreacutedito no Brasilocorreu no contexto das atividades da Uniatildeo Nordestina de Assistecircncia a PequenasOrganizaccedilotildees (UNO) entidade criada em 1973 com o objetivo de apoiar micro epequenos empreendimentos da Regiatildeo Nordeste

Segundo Maciel et al (2009) na deacutecada de 1980 outras iniciativas voltadas aomicrocreacutedito surgiram no paiacutes em 1982 foi criado o Banco da Mulher em 1986 foramcriados o Banco do Microcreacutedito no Paranaacute e o PROMICRO no Distrito FederalJaacute em 1987 a partir da experiecircncia da Accioacuten Internacional e de organizaccedilotildees natildeo-governamentais colombianas a metodologia dos grupos solidaacuterios que utiliza o avalsolidaacuterio foi replicada no Brasil com a criaccedilatildeo do Centro de Apoio aos PequenosEmpreendimentos Ana Terra (CeapeRS) instituiacuteda sob a forma de organizaccedilatildeo natildeogovernamental e considerada a primeira organizaccedilatildeo a introduzir no Brasil elementosque predominam na tecnologia do microcreacutedito quais sejam agente de creacuteditogarantia solidaacuteria prazos curtos e valores crescentes (CAMAROTTI SPINK 2002)

De acordo com Monzoni (2008) na deacutecada de 1990 houve o surgimento doProacute Renda no Cearaacute (1990) o Balcatildeo de Ferramentas (1991) da Caixa EconocircmicaFederal o Banco da Providecircncia (1994) no Rio de Janeiro e o Portosol (1995) no RioGrande do Sul Zouain e Barone (2007) apontam que em 1995 foi criado o ProgramaComunidade Solidaacuteria para enfrentamento da fome e da miseacuteria por meio de acessoao creacutedito natildeo como poliacutetica isolada mas dentro de um contexto de desenvolvimentolocal integrado e sustentado Em 1998 foi implantado o Banco do Povo Paulista emSatildeo Paulo (SOARES SOBRINHO 2007)

Matos Macambira e Cacciamali (2014) afirmam que somente no final da deacutecadade 1990 a atividade de microcreacutedito difundiu-se no Brasil e os principais fatores quegarantiram essa expansatildeo foram

bull as de alteraccedilotildees no marco regulatoacuterio brasileiro que proporcionou a regula-mentaccedilatildeo de novas figuras institucionais autorizadas a atuar na atividade demicrocreacutedito

bull a implantaccedilatildeo do Programa Crediamigo pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB)em 1997 que incorporou praacuteticas de operacionalizaccedilatildeo tiacutepicas da atividade de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 18

microcreacutedito dentre as quais formaccedilatildeo de grupos solidaacuterios foco na atividadeprodutiva informal progressividade de concessatildeo entre outros

bull aportes de recursos por parte do poder puacuteblico a instituiccedilotildees de microcreacuteditofundamentalmente por meio da atuaccedilatildeo do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconocircmico e Social (BNDES)

Em 2005 foi estabelecido o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) criado pela Medida Provisoacuteria no 226 de 29 de novembro de2004 que foi convertida na Lei no 11110 de 25 de abril de 2005 De acordo comValentin e Serra (2012) o PNMPO foi o resultado de mais de 30 anos de iniciativasinovadoras de oferta de creacutedito popular por parte de OSCIPS ONGs e sociedadescivis organizadas e possui como objetivo principal a oferta de creacutedito exclusivo amicroempreendedores populares com acompanhamento teacutecnico local

Conforme a referida lei considera-se microcreacutedito produtivo orientado o creacute-dito concedido para o atendimento das necessidades financeiras de pessoas fiacutesicase juriacutedicas empreendedoras que realizem atividades produtivas de pequeno porteutilizando metodologia baseada no relacionamento direto com os empreendedores nolocal onde eacute executada a atividade econocircmica (BRASIL 2005)

No Brasil vaacuterios trabalhos empiacutericos foram realizados sobre o microcreacuteditosob diferentes enfoques tais como Batista e Neder (2014)B Moraes (2010) e GonzalezRighetti e DiSerio (2014) que enfatizaram a importacircncia do microcreacutedito na renda dosbeneficiaacuterios Maia e Pinto (2015) destacou o papel do microcreacutedito no desempenho doPronaf B Oliveira Almeida e Taques (2015) que analisaram o grau de concentraccedilatildeo eniacutevel de aderecircncia dos recursos da carteira de financiamento do programa Baiardi et al(2015) Moreira Silveira e Motter (2014) que investigaram a percepccedilatildeo do beneficiaacuteriosdo programa

Embora vaacuterios programas de microcreacutedito tenham sido implantados no Brasilao longo das uacuteltimas deacutecadas os que tiveram maior expansatildeo e adensamento foramos implementados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) Considerada uma dasinstituiccedilotildees que mais se destaca com o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) o BNB eacute um banco puacuteblico federal que desde 1998 concedeempreacutestimos a empreendedores de baixa renda com o objetivo de fortalecer e im-pulsionar o desenvolvimento de pequenos negoacutecios tanto no meio rural quanto nourbano trabalhando com duas linhas de microcreacutedito o Crediamigo e o Agroamigoeste uacuteltimo objeto de estudo do presente trabalho

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 19

23 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo

O Agroamigo3 eacute um programa de microcreacutedito rural do Banco do Nordesteque se propotildee a melhorar o perfil social e econocircmico do agricultor familiar por meioda concessatildeo de financiamento para a aacuterea rural adotando metodologia proacutepria deatendimento Operacionalizado pelo Instituto Nordeste Cidadania (INEC) organizaccedilatildeoda sociedade civil de interesse puacuteblico (Oscip) o Programa iniciou suas operaccedilotildeesem 2005 tendo como fonte de recursos o Fundo Constitucional de Financiamento doNordeste (FNE)

A criaccedilatildeo da metodologia de microcreacutedito rural foi influenciada pelo sucessoda experiecircncia do microcreacutedito urbano do proacuteprio Banco do Nordeste com o ProgramaCrediamigo que inspirou uma accedilatildeo similar apropriada nas comunidades rurais Satildeoobjetivos do programa aumentar a renda familiar criar empregos no meio ruralaumentar a oferta de alimentos para a populaccedilatildeo do campo e das cidades e melhorar aqualidade de vida da populaccedilatildeo rural (MATOS MACAMBIRA CACCIAMALI 2014)

O Agroamigo atua na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel integrandoas vertentes i) social ao promover a inclusatildeo no mercado de creacutedito e possibilitar oresgate agrave cidadania ii) econocircmica ao proporcionar via creacutedito a geraccedilatildeo de rendapara sustento da unidade familiar e iii) ambiental ao estimular a exploraccedilatildeo doempreendimento de forma sustentaacutevel (MACIEL et al 2009)

O Programa possui como puacuteblico-alvo agricultores familiares que se enquadramno Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF assimclassificados

bull Agroamigo Crescer com financiamentos de ateacute R$ 4 mil eacute voltado para agricul-tores familiares que se enquadrem no grupo B do PRONAF ou seja beneficiaacuteriosque possuam renda bruta familiar nos uacuteltimos 12 meses de produccedilatildeo normalque antecedem a solicitaccedilatildeo da DAP4 natildeo superior a R$2000000 (BCB 2016)

bull Agroamigo Mais com financiamentos de ateacute R$ 15 mil eacute voltado para agriculto-res familiares que obtenham renda bruta anual de ateacute R$ 360 mil e se enquadremno PRONAF V (renda variaacutevel)

Segundo Neri (2012) nos grupos atendidos pelo Agroamigo incluem-se todos osque exploram parcela de terra tanto na condiccedilatildeo de proprietaacuterio posseiro arrendataacuterio3 Disponiacutevel em lthttpwwwbnbgovbrhistoricogt Acesso em 10 de janeiro de 20174 De acordo com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agraacuterio a

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP)eacute o documento de identificaccedilatildeo da agricultura familiar e pode ser obtido tanto pelo agricultor ouagricultora familiar (pessoa fiacutesica) quanto por empreendimentos familiares rurais como associaccedilotildeescooperativas agroinduacutestrias (pessoa juriacutedica)

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 20

quanto parceiro que residam na propriedade rural ou em local proacuteximo e obtenham nomiacutenimo 50 da renda familiar da exploraccedilatildeo do estabelecimento rural Os agricultoresclientes do Agroamigo podem desenvolver qualquer atividade seja agriacutecola pecuaacuteriaoutras atividades natildeo agropecuaacuterias no meio rural que gere renda no campo ou nasproximidades urbanas como agroinduacutestria pesca turismo rural serviccedilos no meiorural e artesanato

Dessa forma o Agroamigo resulta da prioridade dada pelo Banco do Nordesteao apoio aos agricultores familiares em reconhecimento agrave importacircncia econocircmica esocial deste segmento

24 Agricultura familiar

Embora a globalizaccedilatildeo e a pressatildeo pela competitividade tenham obrigadoa agricultura evoluir a maioria das fazendas no mundo ainda eacute familiar e estapredominacircncia eacute esmagadora natildeo apenas nos paiacuteses subdesenvolvidos mas tambeacutemnos paiacuteses desenvolvidos (MORENO-PeacuteREZ LOBLEY 2015)

Estudos como os de Brookfield (2008) Carlson (2008) Duumlrr (2016) Barry (2015)e Strange (1988) assinalam um crescente interesse por essa configuraccedilatildeo produtivana medida em que os resultados encontrados sugerem que a agricultura familiarcontribui para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses o que tem desafiadoos governos a implementarem poliacuteticas puacuteblicas voltadas para este segmento

Especificamente em se tratando da agricultura familiar no Brasil houve umcrescente interesse por este segmento a partir da deacutecada de 90 Algumas pesqui-sas se tornaram marcos nos estudos rurais brasileiros tais como Abramovay (2007)Kageyama e Bergamasgo (1990) e Veiga (2012) cujos trabalhos apontam a impor-tacircncia deste setor na histoacuteria do Brasil e do mundo descrevendo a evoluccedilatildeo que odesenvolvimento agriacutecola experimentou desde o poacutes-guerra

Um outro trabalho de destaque no campo da agricultura familiar eacute o relatoacuteriopublicado em 1994 pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Agricultura e Ali-mentaccedilatildeo (FAO) em conjunto com o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e ReformaAgraacuteria (INCRA) cujo objetivo principal foi estabelecer as diretrizes para um ldquomodelode desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Sendo assim historicamente a atividade agriacutecolatem apresentado expressiva relevacircncia na economia brasileira na medida em queproporciona desenvolvimento social e econocircmico por meio de geraccedilatildeo de emprego erenda (FURTADO 1980 PRADO JUacuteNIOR 1977)

De acordo com Franccedila Grossi e Marques (2009) o Censo Agropecuaacuterio de 2006identificou que do total de estabelecimentos agropecuaacuterios no Brasil 4367902 eram de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 21

agricultores familiares representando 844 dos estabelecimentos brasileiros sendoque a metade deles estava no Nordeste Este contingente de agricultores familiaresocupava uma aacuterea de 8025 milhotildees de hectares representando 243 da aacuterea ocupadapelos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros demonstrando que o Brasil possuiacuteauma estrutura agraacuteria concentrada

Guilhoto et al (2007) afirmam que o segmento familiar da agropecuaacuteria brasileirae as cadeias produtivas a ela interligadas responderam em 2005 por 90 do PIBbrasileiro e considerando que o agronegoacutecio nacional foi responsaacutevel por 279 doPIB no referido ano fica evidente a importacircncia da agricultura familiar na geraccedilatildeo deriqueza do paiacutes A Tabela 1 a seguir mostra a participaccedilatildeo do agronegoacutecio familiar epatronal do Brasil e Nordeste no PIB Total brasileiro nos anos de 2002 a 2004

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste

Unidades Federativas 2002 2003 2004

PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

Brasil 925 1961 1007 2052 960 2030Alagoas 901 2752 822 2836 1046 2391

Bahia 1073 2085 1179 2098 1063 2124Cearaacute 1357 1411 1423 1337 1226 1319

Maranhatildeo 1667 1757 1635 1886 1566 1676Paraiacuteba 1684 2282 1944 2216 1722 2282

Pernambuco 759 1631 834 1773 749 1606Piauiacute 1625 1486 1516 1629 1377 1537

Rio Grande do Norte 1118 1881 1249 1878 1085 1841Sergipe 1063 1197 1126 1136 908 1134

Fonte Adaptado de Guilhoto et al 2007

Guanziroli et al (2001) e Aquino e Teixeira (2005) afirmam que para haverum desempenho econocircmico viaacutevel dessa atividade eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo deassistecircncia teacutecnica e poliacuteticas puacuteblicas adequadas

Portanto as poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar devem levarem consideraccedilatildeo as especificidades deste setor de modo a permitir que a pequenaproduccedilatildeo agropecuaacuteria familiar reduza o fluxo de trabalhadores do campo para acidade gere emprego e renda e contribua para o desenvolvimento local e regionalde forma sustentaacutevel E o microcreacutedito tem se destacado como uma ferramenta defomento da agricultura familiar haja vista a dificuldade na aquisiccedilatildeo de creacutedito formalser frequentemente argumentada como uma das restriccedilotildees agrave expansatildeo da capacidadeprodutiva dos pequenos agricultores

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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ZOUAIN D BARONE F Excertos sobre poliacutetica puacuteblica de acesso ao creacutedito comoferramenta de combate agrave pobreza e inclusatildeo social o microcreacutedito na era fhc RevAdm Puacuteblica Rio de Janeiro v 41 n 2 p 369ndash380 2007

  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 16

(1998) concluiacuteram que a participaccedilatildeo em um programa de creacutedito agriacutecola possibilita oacesso agrave melhores tecnologias agriacutecolas e de maior rentabilidade elevando a produccedilatildeodo milho e tabaco hiacutebridos no Malawi

Sharmeen e Chowdhury (2013) afirmam que parte do microcreacutedito eacute destinadoaos agricultores pobres para compra de insumos como sementes irrigaccedilatildeo fertilizan-tes e encontraram uma correlaccedilatildeo positiva entre o microcreacutedito agriacutecola e o aumentoda produccedilatildeo em Bangladesh

Embora o microcreacutedito seja tradicionalmente considerado como uma poliacutetica dedesenvolvimento econocircmico e social local fundamental para a superaccedilatildeo da pobrezaa geraccedilatildeo de trabalho e renda e o fomento da produccedilatildeo agropecuaacuteria ainda natildeo existeum consenso no que se refere ao seu efeito na literatura e nas pesquisas internacionaisde impacto Isso porque no final da deacutecada de 90 diversos estudos passaram a criticaros resultados alcanccedilados pelo microcreacutedito

Morduch (1998) questionou a validade e o rigor dos estudos realizados sobre omicrocreacutedito em Bangladesh afirmando natildeo existir evidecircncia estatiacutestica que compro-vasse o aumento no consumo entre os indiviacuteduos que realizavam empreacutestimo por meiodo microcreacutedito em relaccedilatildeo aos que natildeo realizavam De acordo com Bateman e Chang(2012) os efeitos positivos do microcreacutedito satildeo de curto prazo e apenas para algunsindiviacuteduos ldquosortudosrdquo Aleacutem disso se constitui uma poderosa barreira institucional epoliacutetica para o desenvolvimento econocircmico e social sustentaacutevel e tambeacutem agrave reduccedilatildeoda pobreza Coleman (2006) com base em estudo de impacto realizado na Tailacircndiaconcluiu que havia um vieacutes nos resultados do microcreacutedito e que natildeo se poderiaatribuir unicamente a ele a soluccedilatildeo para retirar as pessoas da pobreza

Autores como Hulme e Mosle (1996) Banerjee et al (2015) afirmam nos seusestudos que natildeo encontraram efeitos significativos do microcreacutedito no consumo dasfamiacutelias na educaccedilatildeo na sauacutede ou no empoderamento das mulheres Banerjee Karlane Zinman (2015) compilaram os resultados de seis estudos aleatoacuterios realizados sobre omicrocreacutedito nas aacutereas urbanas e rurais da Boacutesnia Etioacutepia Iacutendia Meacutexico Marrocos eMongoacutelia mostrando que nenhum dos seis estudos encontraram impacto significativona renda familiar dos beneficiaacuterios

Feder et al (1990) afirmam que parte do creacutedito concedido aos produtoreseacute desviada para o consumo fazendo com que o efeito provaacutevel da produccedilatildeo sejamenor do que o esperado Guirkinger e Boucher (2007) sugerem que as restriccedilotildees decreacutedito afetam negativamente a alocaccedilatildeo de recursos prejudicando a produccedilatildeo agriacutecolados pequenos agricultores peruanos Conclusatildeo semelhante eacute encontrada no estudorealizado por Dong Lu e Featherstone (2010) na China Para Armendariz e Morduch(2005) ainda existe uma seacuterie de questionamentos sobre o efeito do microcreacutedito quenatildeo foram amplamente pesquisados e explicados

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 17

O Brasil natildeo alheio agrave essa temaacutetica tem estimulado a concessatildeo de operaccedilotildees demicrocreacutedito com intuito de melhorar a situaccedilatildeo da populaccedilatildeo mais pobre de reduziras desigualdades sociais existentes e de promover o desenvolvimento sustentaacutevel daagricultura familiar

22 Microcreacutedito no Brasil

Monzoni (2008) aponta que a experiecircncia pioneira de microcreacutedito no Brasilocorreu no contexto das atividades da Uniatildeo Nordestina de Assistecircncia a PequenasOrganizaccedilotildees (UNO) entidade criada em 1973 com o objetivo de apoiar micro epequenos empreendimentos da Regiatildeo Nordeste

Segundo Maciel et al (2009) na deacutecada de 1980 outras iniciativas voltadas aomicrocreacutedito surgiram no paiacutes em 1982 foi criado o Banco da Mulher em 1986 foramcriados o Banco do Microcreacutedito no Paranaacute e o PROMICRO no Distrito FederalJaacute em 1987 a partir da experiecircncia da Accioacuten Internacional e de organizaccedilotildees natildeo-governamentais colombianas a metodologia dos grupos solidaacuterios que utiliza o avalsolidaacuterio foi replicada no Brasil com a criaccedilatildeo do Centro de Apoio aos PequenosEmpreendimentos Ana Terra (CeapeRS) instituiacuteda sob a forma de organizaccedilatildeo natildeogovernamental e considerada a primeira organizaccedilatildeo a introduzir no Brasil elementosque predominam na tecnologia do microcreacutedito quais sejam agente de creacuteditogarantia solidaacuteria prazos curtos e valores crescentes (CAMAROTTI SPINK 2002)

De acordo com Monzoni (2008) na deacutecada de 1990 houve o surgimento doProacute Renda no Cearaacute (1990) o Balcatildeo de Ferramentas (1991) da Caixa EconocircmicaFederal o Banco da Providecircncia (1994) no Rio de Janeiro e o Portosol (1995) no RioGrande do Sul Zouain e Barone (2007) apontam que em 1995 foi criado o ProgramaComunidade Solidaacuteria para enfrentamento da fome e da miseacuteria por meio de acessoao creacutedito natildeo como poliacutetica isolada mas dentro de um contexto de desenvolvimentolocal integrado e sustentado Em 1998 foi implantado o Banco do Povo Paulista emSatildeo Paulo (SOARES SOBRINHO 2007)

Matos Macambira e Cacciamali (2014) afirmam que somente no final da deacutecadade 1990 a atividade de microcreacutedito difundiu-se no Brasil e os principais fatores quegarantiram essa expansatildeo foram

bull as de alteraccedilotildees no marco regulatoacuterio brasileiro que proporcionou a regula-mentaccedilatildeo de novas figuras institucionais autorizadas a atuar na atividade demicrocreacutedito

bull a implantaccedilatildeo do Programa Crediamigo pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB)em 1997 que incorporou praacuteticas de operacionalizaccedilatildeo tiacutepicas da atividade de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 18

microcreacutedito dentre as quais formaccedilatildeo de grupos solidaacuterios foco na atividadeprodutiva informal progressividade de concessatildeo entre outros

bull aportes de recursos por parte do poder puacuteblico a instituiccedilotildees de microcreacuteditofundamentalmente por meio da atuaccedilatildeo do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconocircmico e Social (BNDES)

Em 2005 foi estabelecido o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) criado pela Medida Provisoacuteria no 226 de 29 de novembro de2004 que foi convertida na Lei no 11110 de 25 de abril de 2005 De acordo comValentin e Serra (2012) o PNMPO foi o resultado de mais de 30 anos de iniciativasinovadoras de oferta de creacutedito popular por parte de OSCIPS ONGs e sociedadescivis organizadas e possui como objetivo principal a oferta de creacutedito exclusivo amicroempreendedores populares com acompanhamento teacutecnico local

Conforme a referida lei considera-se microcreacutedito produtivo orientado o creacute-dito concedido para o atendimento das necessidades financeiras de pessoas fiacutesicase juriacutedicas empreendedoras que realizem atividades produtivas de pequeno porteutilizando metodologia baseada no relacionamento direto com os empreendedores nolocal onde eacute executada a atividade econocircmica (BRASIL 2005)

No Brasil vaacuterios trabalhos empiacutericos foram realizados sobre o microcreacuteditosob diferentes enfoques tais como Batista e Neder (2014)B Moraes (2010) e GonzalezRighetti e DiSerio (2014) que enfatizaram a importacircncia do microcreacutedito na renda dosbeneficiaacuterios Maia e Pinto (2015) destacou o papel do microcreacutedito no desempenho doPronaf B Oliveira Almeida e Taques (2015) que analisaram o grau de concentraccedilatildeo eniacutevel de aderecircncia dos recursos da carteira de financiamento do programa Baiardi et al(2015) Moreira Silveira e Motter (2014) que investigaram a percepccedilatildeo do beneficiaacuteriosdo programa

Embora vaacuterios programas de microcreacutedito tenham sido implantados no Brasilao longo das uacuteltimas deacutecadas os que tiveram maior expansatildeo e adensamento foramos implementados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) Considerada uma dasinstituiccedilotildees que mais se destaca com o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) o BNB eacute um banco puacuteblico federal que desde 1998 concedeempreacutestimos a empreendedores de baixa renda com o objetivo de fortalecer e im-pulsionar o desenvolvimento de pequenos negoacutecios tanto no meio rural quanto nourbano trabalhando com duas linhas de microcreacutedito o Crediamigo e o Agroamigoeste uacuteltimo objeto de estudo do presente trabalho

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 19

23 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo

O Agroamigo3 eacute um programa de microcreacutedito rural do Banco do Nordesteque se propotildee a melhorar o perfil social e econocircmico do agricultor familiar por meioda concessatildeo de financiamento para a aacuterea rural adotando metodologia proacutepria deatendimento Operacionalizado pelo Instituto Nordeste Cidadania (INEC) organizaccedilatildeoda sociedade civil de interesse puacuteblico (Oscip) o Programa iniciou suas operaccedilotildeesem 2005 tendo como fonte de recursos o Fundo Constitucional de Financiamento doNordeste (FNE)

A criaccedilatildeo da metodologia de microcreacutedito rural foi influenciada pelo sucessoda experiecircncia do microcreacutedito urbano do proacuteprio Banco do Nordeste com o ProgramaCrediamigo que inspirou uma accedilatildeo similar apropriada nas comunidades rurais Satildeoobjetivos do programa aumentar a renda familiar criar empregos no meio ruralaumentar a oferta de alimentos para a populaccedilatildeo do campo e das cidades e melhorar aqualidade de vida da populaccedilatildeo rural (MATOS MACAMBIRA CACCIAMALI 2014)

O Agroamigo atua na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel integrandoas vertentes i) social ao promover a inclusatildeo no mercado de creacutedito e possibilitar oresgate agrave cidadania ii) econocircmica ao proporcionar via creacutedito a geraccedilatildeo de rendapara sustento da unidade familiar e iii) ambiental ao estimular a exploraccedilatildeo doempreendimento de forma sustentaacutevel (MACIEL et al 2009)

O Programa possui como puacuteblico-alvo agricultores familiares que se enquadramno Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF assimclassificados

bull Agroamigo Crescer com financiamentos de ateacute R$ 4 mil eacute voltado para agricul-tores familiares que se enquadrem no grupo B do PRONAF ou seja beneficiaacuteriosque possuam renda bruta familiar nos uacuteltimos 12 meses de produccedilatildeo normalque antecedem a solicitaccedilatildeo da DAP4 natildeo superior a R$2000000 (BCB 2016)

bull Agroamigo Mais com financiamentos de ateacute R$ 15 mil eacute voltado para agriculto-res familiares que obtenham renda bruta anual de ateacute R$ 360 mil e se enquadremno PRONAF V (renda variaacutevel)

Segundo Neri (2012) nos grupos atendidos pelo Agroamigo incluem-se todos osque exploram parcela de terra tanto na condiccedilatildeo de proprietaacuterio posseiro arrendataacuterio3 Disponiacutevel em lthttpwwwbnbgovbrhistoricogt Acesso em 10 de janeiro de 20174 De acordo com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agraacuterio a

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP)eacute o documento de identificaccedilatildeo da agricultura familiar e pode ser obtido tanto pelo agricultor ouagricultora familiar (pessoa fiacutesica) quanto por empreendimentos familiares rurais como associaccedilotildeescooperativas agroinduacutestrias (pessoa juriacutedica)

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 20

quanto parceiro que residam na propriedade rural ou em local proacuteximo e obtenham nomiacutenimo 50 da renda familiar da exploraccedilatildeo do estabelecimento rural Os agricultoresclientes do Agroamigo podem desenvolver qualquer atividade seja agriacutecola pecuaacuteriaoutras atividades natildeo agropecuaacuterias no meio rural que gere renda no campo ou nasproximidades urbanas como agroinduacutestria pesca turismo rural serviccedilos no meiorural e artesanato

Dessa forma o Agroamigo resulta da prioridade dada pelo Banco do Nordesteao apoio aos agricultores familiares em reconhecimento agrave importacircncia econocircmica esocial deste segmento

24 Agricultura familiar

Embora a globalizaccedilatildeo e a pressatildeo pela competitividade tenham obrigadoa agricultura evoluir a maioria das fazendas no mundo ainda eacute familiar e estapredominacircncia eacute esmagadora natildeo apenas nos paiacuteses subdesenvolvidos mas tambeacutemnos paiacuteses desenvolvidos (MORENO-PeacuteREZ LOBLEY 2015)

Estudos como os de Brookfield (2008) Carlson (2008) Duumlrr (2016) Barry (2015)e Strange (1988) assinalam um crescente interesse por essa configuraccedilatildeo produtivana medida em que os resultados encontrados sugerem que a agricultura familiarcontribui para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses o que tem desafiadoos governos a implementarem poliacuteticas puacuteblicas voltadas para este segmento

Especificamente em se tratando da agricultura familiar no Brasil houve umcrescente interesse por este segmento a partir da deacutecada de 90 Algumas pesqui-sas se tornaram marcos nos estudos rurais brasileiros tais como Abramovay (2007)Kageyama e Bergamasgo (1990) e Veiga (2012) cujos trabalhos apontam a impor-tacircncia deste setor na histoacuteria do Brasil e do mundo descrevendo a evoluccedilatildeo que odesenvolvimento agriacutecola experimentou desde o poacutes-guerra

Um outro trabalho de destaque no campo da agricultura familiar eacute o relatoacuteriopublicado em 1994 pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Agricultura e Ali-mentaccedilatildeo (FAO) em conjunto com o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e ReformaAgraacuteria (INCRA) cujo objetivo principal foi estabelecer as diretrizes para um ldquomodelode desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Sendo assim historicamente a atividade agriacutecolatem apresentado expressiva relevacircncia na economia brasileira na medida em queproporciona desenvolvimento social e econocircmico por meio de geraccedilatildeo de emprego erenda (FURTADO 1980 PRADO JUacuteNIOR 1977)

De acordo com Franccedila Grossi e Marques (2009) o Censo Agropecuaacuterio de 2006identificou que do total de estabelecimentos agropecuaacuterios no Brasil 4367902 eram de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 21

agricultores familiares representando 844 dos estabelecimentos brasileiros sendoque a metade deles estava no Nordeste Este contingente de agricultores familiaresocupava uma aacuterea de 8025 milhotildees de hectares representando 243 da aacuterea ocupadapelos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros demonstrando que o Brasil possuiacuteauma estrutura agraacuteria concentrada

Guilhoto et al (2007) afirmam que o segmento familiar da agropecuaacuteria brasileirae as cadeias produtivas a ela interligadas responderam em 2005 por 90 do PIBbrasileiro e considerando que o agronegoacutecio nacional foi responsaacutevel por 279 doPIB no referido ano fica evidente a importacircncia da agricultura familiar na geraccedilatildeo deriqueza do paiacutes A Tabela 1 a seguir mostra a participaccedilatildeo do agronegoacutecio familiar epatronal do Brasil e Nordeste no PIB Total brasileiro nos anos de 2002 a 2004

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste

Unidades Federativas 2002 2003 2004

PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

Brasil 925 1961 1007 2052 960 2030Alagoas 901 2752 822 2836 1046 2391

Bahia 1073 2085 1179 2098 1063 2124Cearaacute 1357 1411 1423 1337 1226 1319

Maranhatildeo 1667 1757 1635 1886 1566 1676Paraiacuteba 1684 2282 1944 2216 1722 2282

Pernambuco 759 1631 834 1773 749 1606Piauiacute 1625 1486 1516 1629 1377 1537

Rio Grande do Norte 1118 1881 1249 1878 1085 1841Sergipe 1063 1197 1126 1136 908 1134

Fonte Adaptado de Guilhoto et al 2007

Guanziroli et al (2001) e Aquino e Teixeira (2005) afirmam que para haverum desempenho econocircmico viaacutevel dessa atividade eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo deassistecircncia teacutecnica e poliacuteticas puacuteblicas adequadas

Portanto as poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar devem levarem consideraccedilatildeo as especificidades deste setor de modo a permitir que a pequenaproduccedilatildeo agropecuaacuteria familiar reduza o fluxo de trabalhadores do campo para acidade gere emprego e renda e contribua para o desenvolvimento local e regionalde forma sustentaacutevel E o microcreacutedito tem se destacado como uma ferramenta defomento da agricultura familiar haja vista a dificuldade na aquisiccedilatildeo de creacutedito formalser frequentemente argumentada como uma das restriccedilotildees agrave expansatildeo da capacidadeprodutiva dos pequenos agricultores

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 17

O Brasil natildeo alheio agrave essa temaacutetica tem estimulado a concessatildeo de operaccedilotildees demicrocreacutedito com intuito de melhorar a situaccedilatildeo da populaccedilatildeo mais pobre de reduziras desigualdades sociais existentes e de promover o desenvolvimento sustentaacutevel daagricultura familiar

22 Microcreacutedito no Brasil

Monzoni (2008) aponta que a experiecircncia pioneira de microcreacutedito no Brasilocorreu no contexto das atividades da Uniatildeo Nordestina de Assistecircncia a PequenasOrganizaccedilotildees (UNO) entidade criada em 1973 com o objetivo de apoiar micro epequenos empreendimentos da Regiatildeo Nordeste

Segundo Maciel et al (2009) na deacutecada de 1980 outras iniciativas voltadas aomicrocreacutedito surgiram no paiacutes em 1982 foi criado o Banco da Mulher em 1986 foramcriados o Banco do Microcreacutedito no Paranaacute e o PROMICRO no Distrito FederalJaacute em 1987 a partir da experiecircncia da Accioacuten Internacional e de organizaccedilotildees natildeo-governamentais colombianas a metodologia dos grupos solidaacuterios que utiliza o avalsolidaacuterio foi replicada no Brasil com a criaccedilatildeo do Centro de Apoio aos PequenosEmpreendimentos Ana Terra (CeapeRS) instituiacuteda sob a forma de organizaccedilatildeo natildeogovernamental e considerada a primeira organizaccedilatildeo a introduzir no Brasil elementosque predominam na tecnologia do microcreacutedito quais sejam agente de creacuteditogarantia solidaacuteria prazos curtos e valores crescentes (CAMAROTTI SPINK 2002)

De acordo com Monzoni (2008) na deacutecada de 1990 houve o surgimento doProacute Renda no Cearaacute (1990) o Balcatildeo de Ferramentas (1991) da Caixa EconocircmicaFederal o Banco da Providecircncia (1994) no Rio de Janeiro e o Portosol (1995) no RioGrande do Sul Zouain e Barone (2007) apontam que em 1995 foi criado o ProgramaComunidade Solidaacuteria para enfrentamento da fome e da miseacuteria por meio de acessoao creacutedito natildeo como poliacutetica isolada mas dentro de um contexto de desenvolvimentolocal integrado e sustentado Em 1998 foi implantado o Banco do Povo Paulista emSatildeo Paulo (SOARES SOBRINHO 2007)

Matos Macambira e Cacciamali (2014) afirmam que somente no final da deacutecadade 1990 a atividade de microcreacutedito difundiu-se no Brasil e os principais fatores quegarantiram essa expansatildeo foram

bull as de alteraccedilotildees no marco regulatoacuterio brasileiro que proporcionou a regula-mentaccedilatildeo de novas figuras institucionais autorizadas a atuar na atividade demicrocreacutedito

bull a implantaccedilatildeo do Programa Crediamigo pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB)em 1997 que incorporou praacuteticas de operacionalizaccedilatildeo tiacutepicas da atividade de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 18

microcreacutedito dentre as quais formaccedilatildeo de grupos solidaacuterios foco na atividadeprodutiva informal progressividade de concessatildeo entre outros

bull aportes de recursos por parte do poder puacuteblico a instituiccedilotildees de microcreacuteditofundamentalmente por meio da atuaccedilatildeo do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconocircmico e Social (BNDES)

Em 2005 foi estabelecido o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) criado pela Medida Provisoacuteria no 226 de 29 de novembro de2004 que foi convertida na Lei no 11110 de 25 de abril de 2005 De acordo comValentin e Serra (2012) o PNMPO foi o resultado de mais de 30 anos de iniciativasinovadoras de oferta de creacutedito popular por parte de OSCIPS ONGs e sociedadescivis organizadas e possui como objetivo principal a oferta de creacutedito exclusivo amicroempreendedores populares com acompanhamento teacutecnico local

Conforme a referida lei considera-se microcreacutedito produtivo orientado o creacute-dito concedido para o atendimento das necessidades financeiras de pessoas fiacutesicase juriacutedicas empreendedoras que realizem atividades produtivas de pequeno porteutilizando metodologia baseada no relacionamento direto com os empreendedores nolocal onde eacute executada a atividade econocircmica (BRASIL 2005)

No Brasil vaacuterios trabalhos empiacutericos foram realizados sobre o microcreacuteditosob diferentes enfoques tais como Batista e Neder (2014)B Moraes (2010) e GonzalezRighetti e DiSerio (2014) que enfatizaram a importacircncia do microcreacutedito na renda dosbeneficiaacuterios Maia e Pinto (2015) destacou o papel do microcreacutedito no desempenho doPronaf B Oliveira Almeida e Taques (2015) que analisaram o grau de concentraccedilatildeo eniacutevel de aderecircncia dos recursos da carteira de financiamento do programa Baiardi et al(2015) Moreira Silveira e Motter (2014) que investigaram a percepccedilatildeo do beneficiaacuteriosdo programa

Embora vaacuterios programas de microcreacutedito tenham sido implantados no Brasilao longo das uacuteltimas deacutecadas os que tiveram maior expansatildeo e adensamento foramos implementados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) Considerada uma dasinstituiccedilotildees que mais se destaca com o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) o BNB eacute um banco puacuteblico federal que desde 1998 concedeempreacutestimos a empreendedores de baixa renda com o objetivo de fortalecer e im-pulsionar o desenvolvimento de pequenos negoacutecios tanto no meio rural quanto nourbano trabalhando com duas linhas de microcreacutedito o Crediamigo e o Agroamigoeste uacuteltimo objeto de estudo do presente trabalho

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 19

23 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo

O Agroamigo3 eacute um programa de microcreacutedito rural do Banco do Nordesteque se propotildee a melhorar o perfil social e econocircmico do agricultor familiar por meioda concessatildeo de financiamento para a aacuterea rural adotando metodologia proacutepria deatendimento Operacionalizado pelo Instituto Nordeste Cidadania (INEC) organizaccedilatildeoda sociedade civil de interesse puacuteblico (Oscip) o Programa iniciou suas operaccedilotildeesem 2005 tendo como fonte de recursos o Fundo Constitucional de Financiamento doNordeste (FNE)

A criaccedilatildeo da metodologia de microcreacutedito rural foi influenciada pelo sucessoda experiecircncia do microcreacutedito urbano do proacuteprio Banco do Nordeste com o ProgramaCrediamigo que inspirou uma accedilatildeo similar apropriada nas comunidades rurais Satildeoobjetivos do programa aumentar a renda familiar criar empregos no meio ruralaumentar a oferta de alimentos para a populaccedilatildeo do campo e das cidades e melhorar aqualidade de vida da populaccedilatildeo rural (MATOS MACAMBIRA CACCIAMALI 2014)

O Agroamigo atua na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel integrandoas vertentes i) social ao promover a inclusatildeo no mercado de creacutedito e possibilitar oresgate agrave cidadania ii) econocircmica ao proporcionar via creacutedito a geraccedilatildeo de rendapara sustento da unidade familiar e iii) ambiental ao estimular a exploraccedilatildeo doempreendimento de forma sustentaacutevel (MACIEL et al 2009)

O Programa possui como puacuteblico-alvo agricultores familiares que se enquadramno Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF assimclassificados

bull Agroamigo Crescer com financiamentos de ateacute R$ 4 mil eacute voltado para agricul-tores familiares que se enquadrem no grupo B do PRONAF ou seja beneficiaacuteriosque possuam renda bruta familiar nos uacuteltimos 12 meses de produccedilatildeo normalque antecedem a solicitaccedilatildeo da DAP4 natildeo superior a R$2000000 (BCB 2016)

bull Agroamigo Mais com financiamentos de ateacute R$ 15 mil eacute voltado para agriculto-res familiares que obtenham renda bruta anual de ateacute R$ 360 mil e se enquadremno PRONAF V (renda variaacutevel)

Segundo Neri (2012) nos grupos atendidos pelo Agroamigo incluem-se todos osque exploram parcela de terra tanto na condiccedilatildeo de proprietaacuterio posseiro arrendataacuterio3 Disponiacutevel em lthttpwwwbnbgovbrhistoricogt Acesso em 10 de janeiro de 20174 De acordo com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agraacuterio a

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP)eacute o documento de identificaccedilatildeo da agricultura familiar e pode ser obtido tanto pelo agricultor ouagricultora familiar (pessoa fiacutesica) quanto por empreendimentos familiares rurais como associaccedilotildeescooperativas agroinduacutestrias (pessoa juriacutedica)

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 20

quanto parceiro que residam na propriedade rural ou em local proacuteximo e obtenham nomiacutenimo 50 da renda familiar da exploraccedilatildeo do estabelecimento rural Os agricultoresclientes do Agroamigo podem desenvolver qualquer atividade seja agriacutecola pecuaacuteriaoutras atividades natildeo agropecuaacuterias no meio rural que gere renda no campo ou nasproximidades urbanas como agroinduacutestria pesca turismo rural serviccedilos no meiorural e artesanato

Dessa forma o Agroamigo resulta da prioridade dada pelo Banco do Nordesteao apoio aos agricultores familiares em reconhecimento agrave importacircncia econocircmica esocial deste segmento

24 Agricultura familiar

Embora a globalizaccedilatildeo e a pressatildeo pela competitividade tenham obrigadoa agricultura evoluir a maioria das fazendas no mundo ainda eacute familiar e estapredominacircncia eacute esmagadora natildeo apenas nos paiacuteses subdesenvolvidos mas tambeacutemnos paiacuteses desenvolvidos (MORENO-PeacuteREZ LOBLEY 2015)

Estudos como os de Brookfield (2008) Carlson (2008) Duumlrr (2016) Barry (2015)e Strange (1988) assinalam um crescente interesse por essa configuraccedilatildeo produtivana medida em que os resultados encontrados sugerem que a agricultura familiarcontribui para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses o que tem desafiadoos governos a implementarem poliacuteticas puacuteblicas voltadas para este segmento

Especificamente em se tratando da agricultura familiar no Brasil houve umcrescente interesse por este segmento a partir da deacutecada de 90 Algumas pesqui-sas se tornaram marcos nos estudos rurais brasileiros tais como Abramovay (2007)Kageyama e Bergamasgo (1990) e Veiga (2012) cujos trabalhos apontam a impor-tacircncia deste setor na histoacuteria do Brasil e do mundo descrevendo a evoluccedilatildeo que odesenvolvimento agriacutecola experimentou desde o poacutes-guerra

Um outro trabalho de destaque no campo da agricultura familiar eacute o relatoacuteriopublicado em 1994 pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Agricultura e Ali-mentaccedilatildeo (FAO) em conjunto com o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e ReformaAgraacuteria (INCRA) cujo objetivo principal foi estabelecer as diretrizes para um ldquomodelode desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Sendo assim historicamente a atividade agriacutecolatem apresentado expressiva relevacircncia na economia brasileira na medida em queproporciona desenvolvimento social e econocircmico por meio de geraccedilatildeo de emprego erenda (FURTADO 1980 PRADO JUacuteNIOR 1977)

De acordo com Franccedila Grossi e Marques (2009) o Censo Agropecuaacuterio de 2006identificou que do total de estabelecimentos agropecuaacuterios no Brasil 4367902 eram de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 21

agricultores familiares representando 844 dos estabelecimentos brasileiros sendoque a metade deles estava no Nordeste Este contingente de agricultores familiaresocupava uma aacuterea de 8025 milhotildees de hectares representando 243 da aacuterea ocupadapelos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros demonstrando que o Brasil possuiacuteauma estrutura agraacuteria concentrada

Guilhoto et al (2007) afirmam que o segmento familiar da agropecuaacuteria brasileirae as cadeias produtivas a ela interligadas responderam em 2005 por 90 do PIBbrasileiro e considerando que o agronegoacutecio nacional foi responsaacutevel por 279 doPIB no referido ano fica evidente a importacircncia da agricultura familiar na geraccedilatildeo deriqueza do paiacutes A Tabela 1 a seguir mostra a participaccedilatildeo do agronegoacutecio familiar epatronal do Brasil e Nordeste no PIB Total brasileiro nos anos de 2002 a 2004

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste

Unidades Federativas 2002 2003 2004

PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

Brasil 925 1961 1007 2052 960 2030Alagoas 901 2752 822 2836 1046 2391

Bahia 1073 2085 1179 2098 1063 2124Cearaacute 1357 1411 1423 1337 1226 1319

Maranhatildeo 1667 1757 1635 1886 1566 1676Paraiacuteba 1684 2282 1944 2216 1722 2282

Pernambuco 759 1631 834 1773 749 1606Piauiacute 1625 1486 1516 1629 1377 1537

Rio Grande do Norte 1118 1881 1249 1878 1085 1841Sergipe 1063 1197 1126 1136 908 1134

Fonte Adaptado de Guilhoto et al 2007

Guanziroli et al (2001) e Aquino e Teixeira (2005) afirmam que para haverum desempenho econocircmico viaacutevel dessa atividade eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo deassistecircncia teacutecnica e poliacuteticas puacuteblicas adequadas

Portanto as poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar devem levarem consideraccedilatildeo as especificidades deste setor de modo a permitir que a pequenaproduccedilatildeo agropecuaacuteria familiar reduza o fluxo de trabalhadores do campo para acidade gere emprego e renda e contribua para o desenvolvimento local e regionalde forma sustentaacutevel E o microcreacutedito tem se destacado como uma ferramenta defomento da agricultura familiar haja vista a dificuldade na aquisiccedilatildeo de creacutedito formalser frequentemente argumentada como uma das restriccedilotildees agrave expansatildeo da capacidadeprodutiva dos pequenos agricultores

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 18

microcreacutedito dentre as quais formaccedilatildeo de grupos solidaacuterios foco na atividadeprodutiva informal progressividade de concessatildeo entre outros

bull aportes de recursos por parte do poder puacuteblico a instituiccedilotildees de microcreacuteditofundamentalmente por meio da atuaccedilatildeo do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconocircmico e Social (BNDES)

Em 2005 foi estabelecido o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) criado pela Medida Provisoacuteria no 226 de 29 de novembro de2004 que foi convertida na Lei no 11110 de 25 de abril de 2005 De acordo comValentin e Serra (2012) o PNMPO foi o resultado de mais de 30 anos de iniciativasinovadoras de oferta de creacutedito popular por parte de OSCIPS ONGs e sociedadescivis organizadas e possui como objetivo principal a oferta de creacutedito exclusivo amicroempreendedores populares com acompanhamento teacutecnico local

Conforme a referida lei considera-se microcreacutedito produtivo orientado o creacute-dito concedido para o atendimento das necessidades financeiras de pessoas fiacutesicase juriacutedicas empreendedoras que realizem atividades produtivas de pequeno porteutilizando metodologia baseada no relacionamento direto com os empreendedores nolocal onde eacute executada a atividade econocircmica (BRASIL 2005)

No Brasil vaacuterios trabalhos empiacutericos foram realizados sobre o microcreacuteditosob diferentes enfoques tais como Batista e Neder (2014)B Moraes (2010) e GonzalezRighetti e DiSerio (2014) que enfatizaram a importacircncia do microcreacutedito na renda dosbeneficiaacuterios Maia e Pinto (2015) destacou o papel do microcreacutedito no desempenho doPronaf B Oliveira Almeida e Taques (2015) que analisaram o grau de concentraccedilatildeo eniacutevel de aderecircncia dos recursos da carteira de financiamento do programa Baiardi et al(2015) Moreira Silveira e Motter (2014) que investigaram a percepccedilatildeo do beneficiaacuteriosdo programa

Embora vaacuterios programas de microcreacutedito tenham sido implantados no Brasilao longo das uacuteltimas deacutecadas os que tiveram maior expansatildeo e adensamento foramos implementados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) Considerada uma dasinstituiccedilotildees que mais se destaca com o Programa Nacional de Microcreacutedito ProdutivoOrientado (PNMPO) o BNB eacute um banco puacuteblico federal que desde 1998 concedeempreacutestimos a empreendedores de baixa renda com o objetivo de fortalecer e im-pulsionar o desenvolvimento de pequenos negoacutecios tanto no meio rural quanto nourbano trabalhando com duas linhas de microcreacutedito o Crediamigo e o Agroamigoeste uacuteltimo objeto de estudo do presente trabalho

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 19

23 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo

O Agroamigo3 eacute um programa de microcreacutedito rural do Banco do Nordesteque se propotildee a melhorar o perfil social e econocircmico do agricultor familiar por meioda concessatildeo de financiamento para a aacuterea rural adotando metodologia proacutepria deatendimento Operacionalizado pelo Instituto Nordeste Cidadania (INEC) organizaccedilatildeoda sociedade civil de interesse puacuteblico (Oscip) o Programa iniciou suas operaccedilotildeesem 2005 tendo como fonte de recursos o Fundo Constitucional de Financiamento doNordeste (FNE)

A criaccedilatildeo da metodologia de microcreacutedito rural foi influenciada pelo sucessoda experiecircncia do microcreacutedito urbano do proacuteprio Banco do Nordeste com o ProgramaCrediamigo que inspirou uma accedilatildeo similar apropriada nas comunidades rurais Satildeoobjetivos do programa aumentar a renda familiar criar empregos no meio ruralaumentar a oferta de alimentos para a populaccedilatildeo do campo e das cidades e melhorar aqualidade de vida da populaccedilatildeo rural (MATOS MACAMBIRA CACCIAMALI 2014)

O Agroamigo atua na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel integrandoas vertentes i) social ao promover a inclusatildeo no mercado de creacutedito e possibilitar oresgate agrave cidadania ii) econocircmica ao proporcionar via creacutedito a geraccedilatildeo de rendapara sustento da unidade familiar e iii) ambiental ao estimular a exploraccedilatildeo doempreendimento de forma sustentaacutevel (MACIEL et al 2009)

O Programa possui como puacuteblico-alvo agricultores familiares que se enquadramno Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF assimclassificados

bull Agroamigo Crescer com financiamentos de ateacute R$ 4 mil eacute voltado para agricul-tores familiares que se enquadrem no grupo B do PRONAF ou seja beneficiaacuteriosque possuam renda bruta familiar nos uacuteltimos 12 meses de produccedilatildeo normalque antecedem a solicitaccedilatildeo da DAP4 natildeo superior a R$2000000 (BCB 2016)

bull Agroamigo Mais com financiamentos de ateacute R$ 15 mil eacute voltado para agriculto-res familiares que obtenham renda bruta anual de ateacute R$ 360 mil e se enquadremno PRONAF V (renda variaacutevel)

Segundo Neri (2012) nos grupos atendidos pelo Agroamigo incluem-se todos osque exploram parcela de terra tanto na condiccedilatildeo de proprietaacuterio posseiro arrendataacuterio3 Disponiacutevel em lthttpwwwbnbgovbrhistoricogt Acesso em 10 de janeiro de 20174 De acordo com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agraacuterio a

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP)eacute o documento de identificaccedilatildeo da agricultura familiar e pode ser obtido tanto pelo agricultor ouagricultora familiar (pessoa fiacutesica) quanto por empreendimentos familiares rurais como associaccedilotildeescooperativas agroinduacutestrias (pessoa juriacutedica)

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 20

quanto parceiro que residam na propriedade rural ou em local proacuteximo e obtenham nomiacutenimo 50 da renda familiar da exploraccedilatildeo do estabelecimento rural Os agricultoresclientes do Agroamigo podem desenvolver qualquer atividade seja agriacutecola pecuaacuteriaoutras atividades natildeo agropecuaacuterias no meio rural que gere renda no campo ou nasproximidades urbanas como agroinduacutestria pesca turismo rural serviccedilos no meiorural e artesanato

Dessa forma o Agroamigo resulta da prioridade dada pelo Banco do Nordesteao apoio aos agricultores familiares em reconhecimento agrave importacircncia econocircmica esocial deste segmento

24 Agricultura familiar

Embora a globalizaccedilatildeo e a pressatildeo pela competitividade tenham obrigadoa agricultura evoluir a maioria das fazendas no mundo ainda eacute familiar e estapredominacircncia eacute esmagadora natildeo apenas nos paiacuteses subdesenvolvidos mas tambeacutemnos paiacuteses desenvolvidos (MORENO-PeacuteREZ LOBLEY 2015)

Estudos como os de Brookfield (2008) Carlson (2008) Duumlrr (2016) Barry (2015)e Strange (1988) assinalam um crescente interesse por essa configuraccedilatildeo produtivana medida em que os resultados encontrados sugerem que a agricultura familiarcontribui para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses o que tem desafiadoos governos a implementarem poliacuteticas puacuteblicas voltadas para este segmento

Especificamente em se tratando da agricultura familiar no Brasil houve umcrescente interesse por este segmento a partir da deacutecada de 90 Algumas pesqui-sas se tornaram marcos nos estudos rurais brasileiros tais como Abramovay (2007)Kageyama e Bergamasgo (1990) e Veiga (2012) cujos trabalhos apontam a impor-tacircncia deste setor na histoacuteria do Brasil e do mundo descrevendo a evoluccedilatildeo que odesenvolvimento agriacutecola experimentou desde o poacutes-guerra

Um outro trabalho de destaque no campo da agricultura familiar eacute o relatoacuteriopublicado em 1994 pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Agricultura e Ali-mentaccedilatildeo (FAO) em conjunto com o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e ReformaAgraacuteria (INCRA) cujo objetivo principal foi estabelecer as diretrizes para um ldquomodelode desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Sendo assim historicamente a atividade agriacutecolatem apresentado expressiva relevacircncia na economia brasileira na medida em queproporciona desenvolvimento social e econocircmico por meio de geraccedilatildeo de emprego erenda (FURTADO 1980 PRADO JUacuteNIOR 1977)

De acordo com Franccedila Grossi e Marques (2009) o Censo Agropecuaacuterio de 2006identificou que do total de estabelecimentos agropecuaacuterios no Brasil 4367902 eram de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 21

agricultores familiares representando 844 dos estabelecimentos brasileiros sendoque a metade deles estava no Nordeste Este contingente de agricultores familiaresocupava uma aacuterea de 8025 milhotildees de hectares representando 243 da aacuterea ocupadapelos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros demonstrando que o Brasil possuiacuteauma estrutura agraacuteria concentrada

Guilhoto et al (2007) afirmam que o segmento familiar da agropecuaacuteria brasileirae as cadeias produtivas a ela interligadas responderam em 2005 por 90 do PIBbrasileiro e considerando que o agronegoacutecio nacional foi responsaacutevel por 279 doPIB no referido ano fica evidente a importacircncia da agricultura familiar na geraccedilatildeo deriqueza do paiacutes A Tabela 1 a seguir mostra a participaccedilatildeo do agronegoacutecio familiar epatronal do Brasil e Nordeste no PIB Total brasileiro nos anos de 2002 a 2004

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste

Unidades Federativas 2002 2003 2004

PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

Brasil 925 1961 1007 2052 960 2030Alagoas 901 2752 822 2836 1046 2391

Bahia 1073 2085 1179 2098 1063 2124Cearaacute 1357 1411 1423 1337 1226 1319

Maranhatildeo 1667 1757 1635 1886 1566 1676Paraiacuteba 1684 2282 1944 2216 1722 2282

Pernambuco 759 1631 834 1773 749 1606Piauiacute 1625 1486 1516 1629 1377 1537

Rio Grande do Norte 1118 1881 1249 1878 1085 1841Sergipe 1063 1197 1126 1136 908 1134

Fonte Adaptado de Guilhoto et al 2007

Guanziroli et al (2001) e Aquino e Teixeira (2005) afirmam que para haverum desempenho econocircmico viaacutevel dessa atividade eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo deassistecircncia teacutecnica e poliacuteticas puacuteblicas adequadas

Portanto as poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar devem levarem consideraccedilatildeo as especificidades deste setor de modo a permitir que a pequenaproduccedilatildeo agropecuaacuteria familiar reduza o fluxo de trabalhadores do campo para acidade gere emprego e renda e contribua para o desenvolvimento local e regionalde forma sustentaacutevel E o microcreacutedito tem se destacado como uma ferramenta defomento da agricultura familiar haja vista a dificuldade na aquisiccedilatildeo de creacutedito formalser frequentemente argumentada como uma das restriccedilotildees agrave expansatildeo da capacidadeprodutiva dos pequenos agricultores

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 19

23 Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo

O Agroamigo3 eacute um programa de microcreacutedito rural do Banco do Nordesteque se propotildee a melhorar o perfil social e econocircmico do agricultor familiar por meioda concessatildeo de financiamento para a aacuterea rural adotando metodologia proacutepria deatendimento Operacionalizado pelo Instituto Nordeste Cidadania (INEC) organizaccedilatildeoda sociedade civil de interesse puacuteblico (Oscip) o Programa iniciou suas operaccedilotildeesem 2005 tendo como fonte de recursos o Fundo Constitucional de Financiamento doNordeste (FNE)

A criaccedilatildeo da metodologia de microcreacutedito rural foi influenciada pelo sucessoda experiecircncia do microcreacutedito urbano do proacuteprio Banco do Nordeste com o ProgramaCrediamigo que inspirou uma accedilatildeo similar apropriada nas comunidades rurais Satildeoobjetivos do programa aumentar a renda familiar criar empregos no meio ruralaumentar a oferta de alimentos para a populaccedilatildeo do campo e das cidades e melhorar aqualidade de vida da populaccedilatildeo rural (MATOS MACAMBIRA CACCIAMALI 2014)

O Agroamigo atua na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel integrandoas vertentes i) social ao promover a inclusatildeo no mercado de creacutedito e possibilitar oresgate agrave cidadania ii) econocircmica ao proporcionar via creacutedito a geraccedilatildeo de rendapara sustento da unidade familiar e iii) ambiental ao estimular a exploraccedilatildeo doempreendimento de forma sustentaacutevel (MACIEL et al 2009)

O Programa possui como puacuteblico-alvo agricultores familiares que se enquadramno Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF assimclassificados

bull Agroamigo Crescer com financiamentos de ateacute R$ 4 mil eacute voltado para agricul-tores familiares que se enquadrem no grupo B do PRONAF ou seja beneficiaacuteriosque possuam renda bruta familiar nos uacuteltimos 12 meses de produccedilatildeo normalque antecedem a solicitaccedilatildeo da DAP4 natildeo superior a R$2000000 (BCB 2016)

bull Agroamigo Mais com financiamentos de ateacute R$ 15 mil eacute voltado para agriculto-res familiares que obtenham renda bruta anual de ateacute R$ 360 mil e se enquadremno PRONAF V (renda variaacutevel)

Segundo Neri (2012) nos grupos atendidos pelo Agroamigo incluem-se todos osque exploram parcela de terra tanto na condiccedilatildeo de proprietaacuterio posseiro arrendataacuterio3 Disponiacutevel em lthttpwwwbnbgovbrhistoricogt Acesso em 10 de janeiro de 20174 De acordo com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agraacuterio a

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP)eacute o documento de identificaccedilatildeo da agricultura familiar e pode ser obtido tanto pelo agricultor ouagricultora familiar (pessoa fiacutesica) quanto por empreendimentos familiares rurais como associaccedilotildeescooperativas agroinduacutestrias (pessoa juriacutedica)

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 20

quanto parceiro que residam na propriedade rural ou em local proacuteximo e obtenham nomiacutenimo 50 da renda familiar da exploraccedilatildeo do estabelecimento rural Os agricultoresclientes do Agroamigo podem desenvolver qualquer atividade seja agriacutecola pecuaacuteriaoutras atividades natildeo agropecuaacuterias no meio rural que gere renda no campo ou nasproximidades urbanas como agroinduacutestria pesca turismo rural serviccedilos no meiorural e artesanato

Dessa forma o Agroamigo resulta da prioridade dada pelo Banco do Nordesteao apoio aos agricultores familiares em reconhecimento agrave importacircncia econocircmica esocial deste segmento

24 Agricultura familiar

Embora a globalizaccedilatildeo e a pressatildeo pela competitividade tenham obrigadoa agricultura evoluir a maioria das fazendas no mundo ainda eacute familiar e estapredominacircncia eacute esmagadora natildeo apenas nos paiacuteses subdesenvolvidos mas tambeacutemnos paiacuteses desenvolvidos (MORENO-PeacuteREZ LOBLEY 2015)

Estudos como os de Brookfield (2008) Carlson (2008) Duumlrr (2016) Barry (2015)e Strange (1988) assinalam um crescente interesse por essa configuraccedilatildeo produtivana medida em que os resultados encontrados sugerem que a agricultura familiarcontribui para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses o que tem desafiadoos governos a implementarem poliacuteticas puacuteblicas voltadas para este segmento

Especificamente em se tratando da agricultura familiar no Brasil houve umcrescente interesse por este segmento a partir da deacutecada de 90 Algumas pesqui-sas se tornaram marcos nos estudos rurais brasileiros tais como Abramovay (2007)Kageyama e Bergamasgo (1990) e Veiga (2012) cujos trabalhos apontam a impor-tacircncia deste setor na histoacuteria do Brasil e do mundo descrevendo a evoluccedilatildeo que odesenvolvimento agriacutecola experimentou desde o poacutes-guerra

Um outro trabalho de destaque no campo da agricultura familiar eacute o relatoacuteriopublicado em 1994 pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Agricultura e Ali-mentaccedilatildeo (FAO) em conjunto com o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e ReformaAgraacuteria (INCRA) cujo objetivo principal foi estabelecer as diretrizes para um ldquomodelode desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Sendo assim historicamente a atividade agriacutecolatem apresentado expressiva relevacircncia na economia brasileira na medida em queproporciona desenvolvimento social e econocircmico por meio de geraccedilatildeo de emprego erenda (FURTADO 1980 PRADO JUacuteNIOR 1977)

De acordo com Franccedila Grossi e Marques (2009) o Censo Agropecuaacuterio de 2006identificou que do total de estabelecimentos agropecuaacuterios no Brasil 4367902 eram de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 21

agricultores familiares representando 844 dos estabelecimentos brasileiros sendoque a metade deles estava no Nordeste Este contingente de agricultores familiaresocupava uma aacuterea de 8025 milhotildees de hectares representando 243 da aacuterea ocupadapelos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros demonstrando que o Brasil possuiacuteauma estrutura agraacuteria concentrada

Guilhoto et al (2007) afirmam que o segmento familiar da agropecuaacuteria brasileirae as cadeias produtivas a ela interligadas responderam em 2005 por 90 do PIBbrasileiro e considerando que o agronegoacutecio nacional foi responsaacutevel por 279 doPIB no referido ano fica evidente a importacircncia da agricultura familiar na geraccedilatildeo deriqueza do paiacutes A Tabela 1 a seguir mostra a participaccedilatildeo do agronegoacutecio familiar epatronal do Brasil e Nordeste no PIB Total brasileiro nos anos de 2002 a 2004

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste

Unidades Federativas 2002 2003 2004

PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

Brasil 925 1961 1007 2052 960 2030Alagoas 901 2752 822 2836 1046 2391

Bahia 1073 2085 1179 2098 1063 2124Cearaacute 1357 1411 1423 1337 1226 1319

Maranhatildeo 1667 1757 1635 1886 1566 1676Paraiacuteba 1684 2282 1944 2216 1722 2282

Pernambuco 759 1631 834 1773 749 1606Piauiacute 1625 1486 1516 1629 1377 1537

Rio Grande do Norte 1118 1881 1249 1878 1085 1841Sergipe 1063 1197 1126 1136 908 1134

Fonte Adaptado de Guilhoto et al 2007

Guanziroli et al (2001) e Aquino e Teixeira (2005) afirmam que para haverum desempenho econocircmico viaacutevel dessa atividade eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo deassistecircncia teacutecnica e poliacuteticas puacuteblicas adequadas

Portanto as poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar devem levarem consideraccedilatildeo as especificidades deste setor de modo a permitir que a pequenaproduccedilatildeo agropecuaacuteria familiar reduza o fluxo de trabalhadores do campo para acidade gere emprego e renda e contribua para o desenvolvimento local e regionalde forma sustentaacutevel E o microcreacutedito tem se destacado como uma ferramenta defomento da agricultura familiar haja vista a dificuldade na aquisiccedilatildeo de creacutedito formalser frequentemente argumentada como uma das restriccedilotildees agrave expansatildeo da capacidadeprodutiva dos pequenos agricultores

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 20

quanto parceiro que residam na propriedade rural ou em local proacuteximo e obtenham nomiacutenimo 50 da renda familiar da exploraccedilatildeo do estabelecimento rural Os agricultoresclientes do Agroamigo podem desenvolver qualquer atividade seja agriacutecola pecuaacuteriaoutras atividades natildeo agropecuaacuterias no meio rural que gere renda no campo ou nasproximidades urbanas como agroinduacutestria pesca turismo rural serviccedilos no meiorural e artesanato

Dessa forma o Agroamigo resulta da prioridade dada pelo Banco do Nordesteao apoio aos agricultores familiares em reconhecimento agrave importacircncia econocircmica esocial deste segmento

24 Agricultura familiar

Embora a globalizaccedilatildeo e a pressatildeo pela competitividade tenham obrigadoa agricultura evoluir a maioria das fazendas no mundo ainda eacute familiar e estapredominacircncia eacute esmagadora natildeo apenas nos paiacuteses subdesenvolvidos mas tambeacutemnos paiacuteses desenvolvidos (MORENO-PeacuteREZ LOBLEY 2015)

Estudos como os de Brookfield (2008) Carlson (2008) Duumlrr (2016) Barry (2015)e Strange (1988) assinalam um crescente interesse por essa configuraccedilatildeo produtivana medida em que os resultados encontrados sugerem que a agricultura familiarcontribui para o desenvolvimento social e econocircmico dos paiacuteses o que tem desafiadoos governos a implementarem poliacuteticas puacuteblicas voltadas para este segmento

Especificamente em se tratando da agricultura familiar no Brasil houve umcrescente interesse por este segmento a partir da deacutecada de 90 Algumas pesqui-sas se tornaram marcos nos estudos rurais brasileiros tais como Abramovay (2007)Kageyama e Bergamasgo (1990) e Veiga (2012) cujos trabalhos apontam a impor-tacircncia deste setor na histoacuteria do Brasil e do mundo descrevendo a evoluccedilatildeo que odesenvolvimento agriacutecola experimentou desde o poacutes-guerra

Um outro trabalho de destaque no campo da agricultura familiar eacute o relatoacuteriopublicado em 1994 pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Agricultura e Ali-mentaccedilatildeo (FAO) em conjunto com o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e ReformaAgraacuteria (INCRA) cujo objetivo principal foi estabelecer as diretrizes para um ldquomodelode desenvolvimento sustentaacutevelrdquo Sendo assim historicamente a atividade agriacutecolatem apresentado expressiva relevacircncia na economia brasileira na medida em queproporciona desenvolvimento social e econocircmico por meio de geraccedilatildeo de emprego erenda (FURTADO 1980 PRADO JUacuteNIOR 1977)

De acordo com Franccedila Grossi e Marques (2009) o Censo Agropecuaacuterio de 2006identificou que do total de estabelecimentos agropecuaacuterios no Brasil 4367902 eram de

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 21

agricultores familiares representando 844 dos estabelecimentos brasileiros sendoque a metade deles estava no Nordeste Este contingente de agricultores familiaresocupava uma aacuterea de 8025 milhotildees de hectares representando 243 da aacuterea ocupadapelos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros demonstrando que o Brasil possuiacuteauma estrutura agraacuteria concentrada

Guilhoto et al (2007) afirmam que o segmento familiar da agropecuaacuteria brasileirae as cadeias produtivas a ela interligadas responderam em 2005 por 90 do PIBbrasileiro e considerando que o agronegoacutecio nacional foi responsaacutevel por 279 doPIB no referido ano fica evidente a importacircncia da agricultura familiar na geraccedilatildeo deriqueza do paiacutes A Tabela 1 a seguir mostra a participaccedilatildeo do agronegoacutecio familiar epatronal do Brasil e Nordeste no PIB Total brasileiro nos anos de 2002 a 2004

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste

Unidades Federativas 2002 2003 2004

PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

Brasil 925 1961 1007 2052 960 2030Alagoas 901 2752 822 2836 1046 2391

Bahia 1073 2085 1179 2098 1063 2124Cearaacute 1357 1411 1423 1337 1226 1319

Maranhatildeo 1667 1757 1635 1886 1566 1676Paraiacuteba 1684 2282 1944 2216 1722 2282

Pernambuco 759 1631 834 1773 749 1606Piauiacute 1625 1486 1516 1629 1377 1537

Rio Grande do Norte 1118 1881 1249 1878 1085 1841Sergipe 1063 1197 1126 1136 908 1134

Fonte Adaptado de Guilhoto et al 2007

Guanziroli et al (2001) e Aquino e Teixeira (2005) afirmam que para haverum desempenho econocircmico viaacutevel dessa atividade eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo deassistecircncia teacutecnica e poliacuteticas puacuteblicas adequadas

Portanto as poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar devem levarem consideraccedilatildeo as especificidades deste setor de modo a permitir que a pequenaproduccedilatildeo agropecuaacuteria familiar reduza o fluxo de trabalhadores do campo para acidade gere emprego e renda e contribua para o desenvolvimento local e regionalde forma sustentaacutevel E o microcreacutedito tem se destacado como uma ferramenta defomento da agricultura familiar haja vista a dificuldade na aquisiccedilatildeo de creacutedito formalser frequentemente argumentada como uma das restriccedilotildees agrave expansatildeo da capacidadeprodutiva dos pequenos agricultores

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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ZOUAIN D BARONE F Excertos sobre poliacutetica puacuteblica de acesso ao creacutedito comoferramenta de combate agrave pobreza e inclusatildeo social o microcreacutedito na era fhc RevAdm Puacuteblica Rio de Janeiro v 41 n 2 p 369ndash380 2007

  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 2 Revisatildeo da Literatura 21

agricultores familiares representando 844 dos estabelecimentos brasileiros sendoque a metade deles estava no Nordeste Este contingente de agricultores familiaresocupava uma aacuterea de 8025 milhotildees de hectares representando 243 da aacuterea ocupadapelos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros demonstrando que o Brasil possuiacuteauma estrutura agraacuteria concentrada

Guilhoto et al (2007) afirmam que o segmento familiar da agropecuaacuteria brasileirae as cadeias produtivas a ela interligadas responderam em 2005 por 90 do PIBbrasileiro e considerando que o agronegoacutecio nacional foi responsaacutevel por 279 doPIB no referido ano fica evidente a importacircncia da agricultura familiar na geraccedilatildeo deriqueza do paiacutes A Tabela 1 a seguir mostra a participaccedilatildeo do agronegoacutecio familiar epatronal do Brasil e Nordeste no PIB Total brasileiro nos anos de 2002 a 2004

Tabela 1 ndash PIB do Agronegoacutecio no Brasil e Nordeste

Unidades Federativas 2002 2003 2004

PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio PIB Agronegoacutecio

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioFamiliar no

PIB Total

PIB doAgronegoacutecioPatronal no

PIB Total

Brasil 925 1961 1007 2052 960 2030Alagoas 901 2752 822 2836 1046 2391

Bahia 1073 2085 1179 2098 1063 2124Cearaacute 1357 1411 1423 1337 1226 1319

Maranhatildeo 1667 1757 1635 1886 1566 1676Paraiacuteba 1684 2282 1944 2216 1722 2282

Pernambuco 759 1631 834 1773 749 1606Piauiacute 1625 1486 1516 1629 1377 1537

Rio Grande do Norte 1118 1881 1249 1878 1085 1841Sergipe 1063 1197 1126 1136 908 1134

Fonte Adaptado de Guilhoto et al 2007

Guanziroli et al (2001) e Aquino e Teixeira (2005) afirmam que para haverum desempenho econocircmico viaacutevel dessa atividade eacute necessaacuterio a implementaccedilatildeo deassistecircncia teacutecnica e poliacuteticas puacuteblicas adequadas

Portanto as poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar devem levarem consideraccedilatildeo as especificidades deste setor de modo a permitir que a pequenaproduccedilatildeo agropecuaacuteria familiar reduza o fluxo de trabalhadores do campo para acidade gere emprego e renda e contribua para o desenvolvimento local e regionalde forma sustentaacutevel E o microcreacutedito tem se destacado como uma ferramenta defomento da agricultura familiar haja vista a dificuldade na aquisiccedilatildeo de creacutedito formalser frequentemente argumentada como uma das restriccedilotildees agrave expansatildeo da capacidadeprodutiva dos pequenos agricultores

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

41

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

22

3 Dados e variaacuteveis

Para a execuccedilatildeo desse trabalho foram utilizadas as bases de dados do Banco doNordeste do Brasil (BNB) do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) e do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE)

Os dados do Agroamigo de 2005 a 2015 disponibilizados pelo BNB 5 contecircminformaccedilotildees sobre os municiacutepios e Estados que possuem agricultores familiares benefi-ciados a quantidade (nuacutemero de contrataccedilotildees) e o valor das contrataccedilotildees realizadas ossetores e atividades financiados pelo Programa bem como a distribuiccedilatildeo das atividadespor gecircnero O painel construiacutedo a partir desses dados possibilita identificar o nuacutemerode municiacutepios que comeccedilou a participar do Programa por meio dos empreacutestimosconcedidos aos seus agricultores familiares e o volume de recursos contratados oque permite verificar o grau de cobertura e o tempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios aoAgroamigo

De acordo com Lima Monte e Militatildeo (2012) embora o BNB tenha atuaccedilatildeono Nordeste norte de Minas Gerais e Espiacuterito Santo para consecuccedilatildeo deste trabalhoforam utilizados os dados da regiatildeo Nordeste por representar 87 dessa aacuterea e 91da carteira ativa do Agroamigo

O valor da produccedilatildeo agriacutecola foi obtido por meio do Sistema IBGE de Recupe-raccedilatildeo Automaacutetica ndash SIDRA a partir dos dados da Produccedilatildeo Agriacutecola Municipal ndash PAMque fornece informaccedilotildees sobre as aacutereas de lavouras produccedilatildeo obtida rendimentomeacutedio e valor da produccedilatildeo para 29 produtos agriacutecolas de culturas temporaacuterias e 33 deculturas permanentes A cultura permanente corresponde agrave cultura de longo ciclo ve-getativo que permite colheitas sucessivas sem necessidade de novo plantio enquantoque a cultura temporaacuteria eacute uma cultura de curta ou meacutedia duraccedilatildeo geralmente comciclo vegetativo inferior a um ano que apoacutes a colheita necessita de novo plantio paraproduzir Importante destacar que os produtos investigados variam de municiacutepio eEstado em funccedilatildeo das peculiaridades de cada regiatildeo

Para o valor da produccedilatildeo pecuaacuteria foram utilizados dados da Produccedilatildeo daPecuaacuteria Municipal ndash PPM levantamento realizado tambeacutem pelo IBGE que destina-sea fornecer informaccedilotildees sobre os efetivos das espeacutecies animais criadas como tambeacutemdados sobre as produccedilotildees de leite latilde ovos de galinhas e de codornas mel e casulos debicho-da-seda A unidade de medida utilizada varia de acordo com o tipo de produtode origem animal ou seja para casulos do bicho-da-seda utiliza-se quilogramas para5 Dados disponibilizados por meio do Sistema de Acesso agrave Informaccedilatildeo protocolos 234800187982016-

61 234800207512016-68 e 234800121012016-49

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 23

ovos de codorna e de galinhas utiliza-se duacutezias para o leite litros etc

As variaacuteveis de controle utilizadas na pesquisa foram escolhidas em funccedilatildeoda disponibilidade dos dados para os municiacutepios e os anos em estudo e para tentarcontrolar alguma mudanccedila que ocorreu nos municiacutepios ao longo do tempo

A projeccedilatildeo da populaccedilatildeo rural foi calculada levando-se em consideraccedilatildeo a taxade populaccedilatildeo rural em 2010 do IBGE e as estimativas populacionais anuais

A massa salarial representa o somatoacuterio de todos os salaacuterios pagos aos trabalha-dores ao longo do ano Essa variaacutevel de controle estaacute ligada agrave oferta e demanda poisespera-se que um aumento na massa salarial possa aumentar o consumo de produtosagriacutecolas incentivando a produccedilatildeo na regiatildeo

A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo foi medida pelo iacutendice de Berry tambeacutem conhe-cido como iacutendice de Simpson que assume o valor 0 quando existem monoculturase se aproxima de 1 quando aumenta a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa variaacutevelfoi utilizada no modelo porque de acordo com Baumgartner e Quaas (2010) e Lin(2011) para os pequenos produtores diversificar a produccedilatildeo proporciona importantesbenefiacutecios principalmente no que se refere agrave conservaccedilatildeo ambiental seguranccedila darenda e seguranccedila alimentar

A Tabela 2 apresenta a descriccedilatildeo das variaacuteveis utilizadas no presente trabalhobem como as suas respectivas fontes

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das variaacuteveis seacuteries de 2005 a 2015

Variaacutevel Descriccedilatildeo Fonte

Indicadores de impactoValor total da produccedilatildeo agropecuaacuteria PPM e PAMValor total da produccedilatildeo agriacutecola PAMValor total da produccedilatildeo pecuaacuteria PPM

Cobertura do programaExposiccedilatildeo Tempo de exposiccedilatildeo do municiacutepio ao Programa Agroamigo (em

anos)Agroamigo

Valor Valor de recursos total repassados pelo Agroamigo Agroamigo

Variaacuteveis de controlePopulaccedilatildeo rural Estimativas da populaccedilatildeo IBGEPorte Variaacutevel categoacuterica com seis niacuteveis de populaccedilatildeo total (ateacute 5 mil de

5 a 10 mil de 10 a 20 mil de 20 a 50 mil de 50 a 100 mil e acima de100 mil)

IBGE

Massa salarial Soma do total dos rendimentos do trabalho formal (em milhotildees R$) MTEViacutenculos ativos Nuacutemero total de viacutenculos ativos formais MTEEducaccedilatildeo Nuacutemero de faculdades (ensino superior) por 100 mil habitantes MTE e IBGEIB-P Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo pecuaacuteria IBGEIB-A Iacutendice de diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola IBGE

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Dados administrativos do programaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidas monetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor- Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

41

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 3 Dados e variaacuteveis 24

A variaacutevel educaccedilatildeo foi incluiacuteda pois espera-se que um maior niacutevel de esco-laridade impacte positivamente na produccedilatildeo De acordo com Menezes Campos eKomatsu (2014) ainda que a agropecuaacuteria amargue a posiccedilatildeo de atividade econocircmicacom menor produtividade e menos anos de estudo por trabalhador esse setor teve umdos maiores crescimentos relativos no niacutevel educacional dos trabalhadores entre 1996e 2009

Eacute importante destacar que para realizaccedilatildeo das anaacutelises foi necessaacuterio o trata-mento das bases de dados nas quais foram excluiacutedos dados inconsistentes (outliers)que natildeo condizem com os limites de valores dos benefiacutecios concedidos pelo ProgramaAgroamigo ou campos com variaacuteveis sem informaccedilatildeo (missing) para evitar que estescasos acarretassem distorccedilotildees nos resultados

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

25

4 Estrateacutegia empiacuterica

A estrateacutegia empiacuterica consiste em avaliar o efeito do Agroamigo sobre o va-lor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores familiaresbeneficiados pelo Programa Para consecuccedilatildeo desse trabalho foi utilizado o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) ou Diff-in-Diff com controle para efeito fixo que avaliaos efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Considerado o ldquopadratildeo pratardquo entre os meacutetodos de avaliaccedilatildeo depois do meacutetodoexperimental o Diff-in-Diff eacute o mais robusto e confiaacutevel para conseguir o verdadeiroimpacto de um programa Segundo Heckman Ichimura e Todd (1997) identifica oestimador do impacto de um determinado programa naqueles que participaram deforma natildeo parameacutetrica

Este trabalho considerou o processo progressivo de implementaccedilatildeo do programadesde 2005 e utilizou um estimador diferenccedila-diferenccedila para permitir que o efeito doprograma seja heterogecircneo de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

Na anaacutelise dos efeitos sobre a produccedilatildeo agropecuaacuteria a unidade de observaccedilatildeofoi um municiacutepio em um determinado momento Essa abordagem principal eacute baseadano estimador diferenccedila-na-diferenccedila Um ponto importante eacute que o efeito do programapode variar com o tempo de exposiccedilatildeo tanto por causa de consideraccedilotildees operacionaisnas fases iniciais de implementaccedilatildeo e porque alguns dos efeitos na produccedilatildeo podemser sentidos apenas algum tempo depois

A variaacutevel de impacto escolhida para anaacutelise foi volume da produccedilatildeo agrope-cuaacuteria Este trabalho parte da premissa de que o Agroamigo exerce um efeito positivona produccedilatildeo agropecuaacuteria dos municiacutepios onde existem agricultores beneficiaacuterios querecebem um maior volume de recuros e com maior quantidade de anos de exposiccedilatildeoPara analisar o efeito do valor da produccedilatildeo foi considerado o municiacutepio como unidadede avaliaccedilatildeo Como o efeito do Programa leva em consideraccedilatildeo o tempo de exposiccedilatildeoe o volume de recursos de cada municiacutepio a especificaccedilatildeo empiacuterica eacute dada por

Yit = β0 +J

sumj=1

β1jAGROjit + β2

minusrarrW it + yi + δt + εit (41)

onde Yit representa o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria para o municiacutepio i no ano tsendo este o resultado de interesse AGROj

it indica uma variaacutevel dummy que assumevalor 1 se o municiacutepio i no ano t foi beneficiado por j anos

minusrarrW it representa um vetor

de variaacuteveis de controle do volume da produccedilatildeo yi eacute o efeito fixo dos municiacutepios δt

captura o efeito fixo do tempo no ano t εit eacute o termo de erro aleatoacuterio e β0 β1j yi e δt

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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Referecircncias

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 26

satildeo os paracircmetros do modelo O paracircmetro β1j eacute o estimador que mede o impacto doAgroamigo

Importante destacar que cada municiacutepio possui caracteriacutesticas econocircmicashistoacutericas climaacuteticas culturais e de infraestrutura que lhes satildeo proacuteprias e que taiscaracteriacutesticas podem ou natildeo afetar a variaacutevel explicativa Aleacutem disso eacute possiacutevel queos agricultores familiares beneficiaacuterios do Agroamigo tambeacutem se beneficiem de outraspoliacuteticas sociais o que pode acabar atribuindo ao Programa um efeito que de fatovem de outras accedilotildees tomadas pelos beneficiaacuterios

Sendo assim uma preocupaccedilatildeo do trabalho estaacute relacionada agraves variaacuteveis omiti-das Diante dessa possibilidade foram utilizadas variaacuteveis de controle abrangendodiferentes dimensotildees que podem estar correlacionadas com a implementaccedilatildeo doPrograma e tambeacutem podem levar ao aumento da produccedilatildeo agropecuaacuteria Com esteobjetivo em mente o vetor de controles inclui as seguintes variaacuteveis populaccedilatildeo ruralporte do municiacutepio massa salarial viacutenculos ativos nuacutemero de faculdades como umaproxy para a educaccedilatildeo e os iacutendices de diversificaccedilatildeo das produccedilotildees pecuaacuteria e agriacutecolaPoreacutem muitas natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuradas e a omissatildeo dessas variaacuteveis nomodelo gera vieses nos resultados

Dessa forma embora o modelo do presente estudo seja simples a utilizaccedilatildeo domodelo Diff-in-Diff com controle para efeito fixo garante tanto o controle das caracteriacutes-ticas observaacuteveis dos municiacutepios que podem influenciar na participaccedilatildeo do Programaquanto as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis que satildeo fixas no tempo minimizando possiacutevelvieacutes de seleccedilatildeo

A Tabela 3 apresenta o modelo utilizado onde eacute possiacutevel verificar que grandeparte dos municiacutepios estatildeo expostos ao Programa em pelo menos 6 anos Essaexposiccedilatildeo natildeo necessariamente eacute contiacutenua ou seja pode ser que em determinado anoo municiacutepio tenha agricultores que tomaram empreacutestimos poreacutem no ano seguinte natildeose registre nenhuma ocorrecircncia de novos contratos depois o municiacutepio volte a ter eassim sucessivamente Somente se contabiliza como tempo de exposiccedilatildeo a quantidadede anos que o municiacutepio possua beneficiaacuterios ligados ao Programa

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 4 Estrateacutegia empiacuterica 27

Tabela 3 ndash Tempo de exposiccedilatildeo ao programa Agroamigo no Nordeste

UF Tempo de exposiccedilatildeo (anos)Total daAmostra

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Alagoas 0 0 1 3 2 18 11 14 12 28 12 101Bahia 1 3 3 4 13 80 91 49 44 104 14 406Cearaacute 1 0 0 0 0 13 16 16 34 80 23 183Maranhatildeo 0 0 5 9 9 20 41 36 23 59 15 217Paraiacuteba 0 0 0 0 2 34 48 40 25 49 24 222Pernambuco 0 0 0 1 5 32 24 20 22 50 29 183Piauiacute 0 0 0 1 2 11 60 47 22 47 34 224Rio Grande do Norte 0 2 0 2 1 12 29 29 21 40 28 164Sergipe 0 0 0 1 0 0 4 5 11 46 8 75

Total Geral 2 5 9 21 34 220 324 256 214 503 187 1776

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Na Bahia e Cearaacute por exemplo existem apenas dois municiacutepios com agricul-tores expostos ao Programa com apenas um ano Na Paraiacuteba todos os municiacutepiosque satildeo atendidos pelo Agroamigo estatildeo expostos no total de cinco anos ou mais NoEstado de Sergipe percebe-se que natildeo existe municiacutepio com menos de quatro anos detempo de exposiccedilatildeo ou seja natildeo existe municiacutepio atendido pelo Programa com poucotempo

Considerando-se os municiacutepios que estatildeo haacute mais tempo expostos (entre 9 e 11anos) eacute possiacutevel identificar que o Cearaacute possui 74 dos seus municiacutepios atendidospelo Agroamigo desde a implementaccedilatildeo do Programa o que pode ser explicado pelofato da sede do BNB ser nesse Estado

Dessa forma ficam claras a forte atuaccedilatildeo e a grande abrangecircncia do Agroa-migo no Nordeste brasileiro e sendo assim eacute de se esperar que os municiacutepios ondeexistam beneficiaacuterios tenham conseguido incrementar sua produccedilatildeo levando-se emconsideraccedilatildeo os empreacutestimos realizados ao longo da existecircncia do Programa

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

28

5 Anaacutelise dos Resultados

Nesta seccedilatildeo satildeo apresentados os resultados da pesquisa levando-se em consi-deraccedilatildeo os objetivos que foram estabelecidos no iniacutecio do trabalho

Para subsidiar as discussotildees dos efeitos do microcreacutedito rural sobre a produccedilatildeoagropecuaacuteria a anaacutelise dos resultados foi dividida em duas partes a primeira fazuma caracterizaccedilatildeo geral do Programa de microcreacutedito rural Agroamigo na qual satildeoanalisadas a evoluccedilatildeo da cobertura do Programa o volume de recursos a quantidadede operaccedilotildees contratadas e acumuladas por setor de atividade o nuacutemero de municiacutepioscobertos 6 e o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa Na segunda parte satildeo feitas anaacutelisesdos modelos para verificar o efeito do microcreacutedito rural considerando os valores dasproduccedilotildees agriacutecola pecuaacuteria e agropecuaacuteria

Figura 1 ndash Evoluccedilatildeo da cobertura do Agroamigo por ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

N Municiacutepios 259 833 899 1064 1420 1706 1731 1749 1763 1762 1766

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

NUacute

MER

O D

E M

UN

ICIacuteP

IOS

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O Agroamigo foi lanccedilado oficialmente em 2005 abrangendo 259 dos 1794municiacutepios nordestinos e sua evoluccedilatildeo eacute retratada na Figura 1 Percebe-se que a6 Os municiacutepios satildeo considerados cobertos pelo Programa em determinado ano quando houver pelo

menos um produtor cliente do Agroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 29

ampliaccedilatildeo do Programa ocorreu de forma raacutepida apresentando uma cobertura demais de 50 dos municiacutepios em apenas 3 anos e atingindo mais de 98 dos municiacutepiosem 2015 O comportamento escalonado da cobertura ao longo do tempo permite o usodo modelo Diff-in-Diff com tempo de exposiccedilatildeo

Um avanccedilo expressivo tambeacutem eacute verificado em termos operacionais O volumede recursos destinados ao Agroamigo e a quantidade de operaccedilotildees de creacutedito realizadasacompanharam a evoluccedilatildeo do Programa Na Figura 2 observa-se que os nuacutemerosiniciais foram bastantes modestos apresentando um crescimento gradativo ao longodos anos De acordo com os dados da pesquisa de 2005 a 2015 o Agroamigo contratoumais de 28 milhotildees de operaccedilotildees de creacutedito atingindo um volume de contrataccedilatildeosuperior a R$ 8 bilhotildees ao longo dos seus onze anos iniciais

Figura 2 ndash Quantidade de operaccedilotildees e valores contratados em R$ mil

174

59 130

080

177

418

164

430

25

68

59

296

282

327

169

336

043

377

268

362

998

400

454

297

79

242

096 39

208

2

351

022

592

457

752

991

918

294

102

661

8

132

674

9

152

646

6

164

981

8

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Quantidade de Operaccedilotildees Volume (R$ Mil)

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015 Nota Valores corrigidosmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo dereferecircncia

Percebe-se tambeacutem que houve um aumento no volume de recursos contratadose operaccedilotildees realizadas principalmente a partir de 2012 Esse comportamento pode ser

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 30

explicado pelas alteraccedilotildees dos limites de concessatildeo de creacutedito ocorridas ao longo doPrograma bem como por sua ampliaccedilatildeo em 2012 com a criaccedilatildeo do Agroamigo Mais

Levando-se em consideraccedilatildeo que uma das diretrizes da poliacutetica do BNB eacute oapoio agrave equidade de gecircnero com incentivo agrave participaccedilatildeo das mulheres em empreendi-mentos rurais a partir dos dados trabalhados observa-se que os esforccedilos no sentidode estimular a inserccedilatildeo da mulher na agricultura familiar tem apresentado resultadospositivos uma vez que 43 das operaccedilotildees contratadas ao longo do Programa foramrealizadas por mulheres

Como os indicadores de impacto utilizados neste trabalho satildeo os valores daproduccedilatildeo agropecuaacuteria agriacutecola e pecuaacuteria os setores atendidos pelo Agroamigoconsiderados para fins de anaacutelise foram agricultura e pecuaacuteria Dessa forma a Figura3 mostra como as contraccedilotildees estatildeo distribuiacutedas por setor de atividade evidenciando apredominacircncia da aplicaccedilatildeo dos recursos na pecuaacuteria que tradicional e culturalmenteeacute o setor mais explorado na agricultura familiar

Figura 3 ndash Quantidade de operaccedilotildees contratadas acumuladas por setor de atividade

24

274 Agriacutecola

Outros

Pecuaacuteria

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

Analisando a distribuiccedilatildeo das atividades do setor pecuaacuterio eacute possiacutevel constatarque a bovinocultura eacute a mais explorada com 4232 do total de financiamentosconcedidos pelo Agroamigo seguida pela suinocultura avicultura e ovinocultura com1224 1115 e 1060 respectivamente como mostra a Figura 4 Embora o Bancodo Nordeste reconheccedila a importacircncia da diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteriaos resultados mostram que existe uma concentraccedilatildeo muito grande dos recursos naatividade pecuaacuteria especificamente na bovinocultura

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 31

Uma explicaccedilatildeo provaacutevel estaacute atrelada ao risco da produccedilatildeo Como na regiatildeoNordeste existe um risco maior de perda da produccedilatildeo devido aos grandes periacuteodos desecas o agricultor opta por realizar o financiamento para aquisiccedilatildeo principalmente debovinos Embora as condiccedilotildees climaacuteticas tambeacutem afetem a pecuaacuteria para o agricultorainda existe a possibilidade de vender o animal para auxiliar no pagamento dofinanciamento o que diminui seu risco de inadimplecircncia aleacutem do fato da bovinoculturaser mais rentaacutevel do que as outras atividades do setor pecuaacuterio

Figura 4 ndash Distribuiccedilatildeo das atividades financiadas do setor pecuaacuterio

1115

4232

710

10601224

1659

000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O nuacutemero e o percentual de municiacutepios com cobertura do Agroamigo estatildeodetalhados na Tabela 4 Eacute possiacutevel verificar a sua abrangecircncia e perceber que oPrograma cobre praticamente todos os municiacutepios nordestinos Na Paraiacuteba porexemplo 9955 dos municiacutepios possuem beneficiaacuterios com exceccedilatildeo de CabedeloJaacute no Maranhatildeo Piauiacute e Sergipe a cobertura eacute de 100 ou seja todos os municiacutepiosdesses Estados possuem agricultores que realizaram operaccedilotildees de microcreacutedito rural

A grande capilaridade do Programa pode estar atrelada agrave metodologia proacutepriade atendimento do Agroamigo que consiste na forte presenccedila do agente de microcreacute-dito rural para captaccedilatildeo e orientaccedilatildeo dos clientes permitindo avaliar os problemaslocais e identificar as potencialidades da regiatildeo bem como na sua atuaccedilatildeo como agentepromotor e divulgador do Programa por meio de realizaccedilatildeo de palestras informati-vas Uma outra justificativa provaacutevel estaacute diretamente ligada ao plano de expansatildeoestabelecido pelo Banco do Nordeste diante da credibilidade e do fortalecimento doAgroamigo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 32

Tabela 4 ndash Nuacutemero e percentual de municiacutepios cobertos pelo Agroamigo

Ano Estados

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

2005 18 20 27 27 28 47 49 34 91765 480 1467 1244 1256 2541 2188 2036 1200

2006 56 151 115 91 78 92 100 91 595490 3621 6250 4194 3498 4973 4464 5449 7867

2007 52 176 131 92 99 100 94 93 625098 4221 7120 4240 4439 5405 4196 5569 8267

2008 62 188 150 124 133 111 131 98 676078 4508 8152 5714 5964 6000 5848 5868 8933

2009 67 293 164 169 181 127 206 139 746569 7026 8913 7788 8117 6865 9196 8323 9867

2010 95 384 181 194 222 176 222 157 759314 9209 9837 8940 9955 9514 9911 9401 10000

2011 95 397 182 200 219 179 224 160 759314 9520 9891 9217 9821 9676 10000 9581 10000

2012 97 398 182 212 221 182 224 158 759510 9544 9891 9770 9910 9838 10000 9461 10000

2013 101 406 182 214 220 183 223 160 749902 9736 9891 9862 9865 9892 9955 9581 9867

2014 99 404 183 213 220 182 223 163 759706 9688 9946 9816 9865 9838 9955 9760 10000

2015 100 406 180 217 220 183 222 164 749804 9736 9783 10000 9865 9892 9911 9820 9867

Total Municiacutepios 102 417 184 217 223 185 224 167 75

Cobertura () 9902 9736 9946 10000 9955 9892 10000 9820 10000

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria a partir dos microdados do Agroamigo de 2005 a 2015

O volume de recursos contratados e o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria dosmuniciacutepios nordestinos podem ser visualizados na Tabela 5 a seguir Eacute possiacutevelobservar que a Bahia eacute o Estado com beneficiaacuterios que mais contrataram junto aoAgroamigo e o que possui o maior valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria Outra observaccedilatildeoque merece destaque eacute a de que apesar de Alagoas e Rio Grande do Norte possuiacuteremvalores contratados bem proacuteximos Alagoas teve uma produccedilatildeo bem mais expressivaComportamento semelhante pode ser observado entre Maranhatildeo e Pernambuco

Quando comparados os dados da Paraiacuteba de Sergipe e do Rio Grande do Nortepercebe-se que os trecircs Estados tecircm valores de produccedilatildeo parecidos poreacutem os recursoscontratados na Paraiacuteba satildeo duas vezes maior que o de Sergipe e quase uma vez emeia maior que o do Rio Grande do Norte o que pode indicar que os recursos natildeoimpactaram na produccedilatildeo seja por motivo de perda da produccedilatildeo seja pela ineficiecircnciaou mesmo maacute utilizaccedilatildeo dos recursos

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 33

Tabela 5 ndash Volume de recursos e valor da produccedilatildeoagropecuaacuteria

UFVolume de Recursos

Contratados(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

Alagoas 59347206400 2671230000Bahia 196910643200 18540521600Cearaacute 134636595200 3743408000Maranhatildeo 104660275200 4336588800Paraiacuteba 80880972800 1813489000Pernambuco 110501504000 5227005600Piauiacute 95763942400 2234722600Rio Grande do Norte 58149651200 1827200400Sergipe 39986464000 1806627200

Total 880837254400 42200793200

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota As informaccedilotildees financeiras foram corrigidasmonetariamente pelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor -Amplo (IPCA) tendo 2015 como periacuteodo de referecircncia

Para verificar a hipoacutetese assumida no presente estudo de que um maior tempode exposiccedilatildeo ao Programa e um maior volume de recursos recebidos produzem umefeito positivos no valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria satildeo apresentados e discutidos aseguir os modelos utilizados na presente pesquisa levando-se em consideraccedilatildeo asvariaacuteveis de impacto estabelecidas quais sejam os valores das produccedilotildees agropecuaacuteriaagricultura e pecuaacuteria

A Tabela 6 apresenta os resultados referentes ao valor da produccedilatildeo total (agro-pecuaacuteria) No modelo inicial foi realizada uma regressatildeo simples utilizando o Meacutetododos Miacutenimos Quadrados sem qualquer controle de variaacuteveis para observar o compor-tamento da variaacutevel de impacto Numa anaacutelise mais ingecircnua considerando apenas otempo de exposiccedilatildeo ao Programa observa-se que a priori os resultados se mostraramestatisticamente significativos ao niacutevel de 5 de significacircncia indicando que quantomaior o tempo de exposiccedilatildeo ao Programa maior o valor da produccedilatildeo agropecuaacute-ria Por exemplo os municiacutepios expostos ao segundo ano do Programa conseguemaumentar a produccedilatildeo agropecuaacuteria em aproximadamente R$ 360000 reais quandocomparados aos municiacutepios natildeo expostos

No segundo modelo (coluna 2 da Tabela 6) em que satildeo introduzidos os fatoresde tendecircncia os efeitos se mantecircm a partir do sexto ano de exposiccedilatildeo ao Programapara os quais se observam resultados com significacircncia estatiacutestica Poreacutem a partirdo terceiro modelo quando eacute introduzido o volume de recursos repassados peloAgroamigo (valor) verifica-se que os valores satildeo estatisticamente significativos a 5 designificacircncia apenas com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa e aleacutem disso o efeito

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 34

se inverte apresentando valores negativos

Tabela 6 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeototal (agropecuaacuteria) Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1795840 825760 minus668770 minus1258867 minus333818

(1525381) (1682444) (1680892) (1645146) (849217)

Ano 2 3574644lowastlowast 1493743 minus1270774 minus1523555 minus435573(1525733) (1780067) (1787455) (1750989) (964155)

Ano 3 5175660lowastlowastlowast 1879021 minus1443165 minus1994866 minus878817(1527498) (1885254) (1897150) (1859998) (1088234)

Ano 4 5942175lowastlowastlowast 2445138 minus1642033 minus2402709 minus1318212(1530696) (2013793) (2032842) (1995284) (1239923)

Ano 5 6930380lowastlowastlowast 3311750 minus1824628 minus2798159 minus1537564(1538260) (2153340) (2184174) (2145179) (1411617)

Ano 6 8617790lowastlowastlowast 4149891lowast minus2434795 minus3314648 minus1942760(1551193) (2282073) (2333243) (2292601) (1585589)

Ano 7 9323123lowastlowastlowast 4746367lowast minus3250325 minus3839340 minus2419628(1643723) (2442853) (2515446) (2472470) (1772943)

Ano 8 12107070lowastlowastlowast 7833467lowastlowastlowast minus2081225 minus2655307 minus1781005(1829031) (2658828) (2763502) (2714276) (1989765)

Ano 9 16386650lowastlowastlowast 11647790lowastlowastlowast minus391969 minus776129 minus503408(2044823) (2921283) (3063280) (3007475) (2227887)

Ano 10 18278830lowastlowastlowast 13102350lowastlowastlowast minus1170333 minus1230079 minus1125311(2314187) (3268818) (3447936) (3383645) (2497209)

Ano 11 9330153lowastlowast 4078990 minus11919030lowastlowast minus10515080lowastlowast minus6267371lowast(4318531) (5008882) (5149883) (5044127) (3248711)

Valor de repassedo Programa 0012lowastlowastlowast 0002lowastlowast 0002lowastlowastlowast

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

No quarto modelo que eacute mais refinado em funccedilatildeo da introduccedilatildeo de variaacuteveisde controle os resultados tambeacutem satildeo opostos ao esperado ou seja um maior tempoexposto ao Programa afeta negativamente a produccedilatildeo agropecuaacuteria Por exemplo comonze anos de exposiccedilatildeo o valor da produccedilatildeo diminui mais de R$1000000 reais

O uacuteltimo modelo que eacute o de melhor ajuste (Modelo de Diferenccedilas em Dife-renccedilas com efeito fixo) apresenta resultados estatisticamente siginificativos agrave 10 designificacircncia apenas quando se tem onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa Aleacutem dissoos valores satildeo negativos

Dessa forma analisando os modelos iniciais poderia-se concluir a priori

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 35

que o Programa tem efeito Mas provavelmente quem deve demandar mais doAgroamigo satildeo os produtores dos municiacutepios em que a produccedilatildeo jaacute eacute melhor do queem outros municiacutepios Inversamente um agricultor que se encontra com a produccedilatildeocomprometida dificilmente vai contrair mais diacutevidas realizando empreacutestimo o quepode ser um vieacutes de seleccedilatildeo Entatildeo quando natildeo existe o controle pelas variaacuteveisexplicativas pode-se ter uma falsa noccedilatildeo de um efeito positivo do Agroamigo

Tabela 7 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeoagriacutecola Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 1333571 438495 minus793648 minus1331817 minus252809

(1509654) (1665055) (1665268) (1636972) (841657)

Ano 2 2853240lowast 813024 minus1466142 minus1713823 minus387391(1510003) (1761669) (1770840) (1742290) (955573)

Ano 3 4257950lowastlowastlowast 933501 minus1805426 minus2311017 minus892937(1511750) (1865769) (1879516) (1850757) (1078547)

Ano 4 4779720lowastlowastlowast 1141624 minus2227985 minus2926997 minus1436912(1514915) (1992979) (2013947) (1985371) (1228886)

Ano 5 5531636lowastlowastlowast 1592300 minus2642311 minus3562317lowast minus1786145(1522401) (2131084) (2163871) (2134521) (1399051)

Ano 6 6952834lowastlowastlowast 1989685 minus3438963 minus4287663lowast minus2298275(1535200) (2258486) (2311555) (2281210) (1571475)

Ano 7 7281716lowastlowastlowast 2096667 minus4496089lowast minus5104002lowastlowast minus2956418lowast(1626776) (2417604) (2492064) (2460186) (1757161)

Ano 8 9354242lowastlowastlowast 4385876lowast minus3788147 minus4386837 minus2631613(1810174) (2631346) (2737815) (2700791) (1972053)

Ano 9 13183270lowastlowastlowast 7608489lowastlowastlowast minus2317516 minus2743819 minus1564340(2023741) (2891089) (3034806) (2992533) (2208055)

Ano 10 14142700lowastlowastlowast 8011977lowastlowast minus3754924 minus3881917 minus2670258(2290328) (3235032) (3415887) (3366834) (2474979)

Ano 11 5044059 minus1194549 minus14383880lowastlowastlowast minus13157820lowastlowastlowast minus7966797lowastlowast(4274009) (4957111) (5102014) (5019066) (3219792)

Valor de repassedo Programa 0010lowastlowastlowast 0001 0001

(0001) (0001) (0001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

Analisando a variaacutevel valor de repasse do Programa observa-se que ela semanteacutem constante no entanto apresenta um efeito muito pequeno ou seja para cadaR$100000 reais que o Banco empresta aos agricultores soacute se tem R$200 de retorno novalor da produccedilatildeo o que pode ser um indiacutecio de que a relaccedilatildeo custo x benefiacutecio natildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 36

se mostra atrativa

Resultados semelhantes satildeo encontrados nas estimativas referentes ao valorda produccedilatildeo agriacutecola Ao analisar a Tabela 7 observa-se que os modelos maissimples apresentam estimativas do efeito do Programa com valores positivos Poreacutemobservando o modelo 5 que eacute o Diff in Diff com efeito fixo os efeitos satildeo insignificantesestatisticamente

Tabela 8 ndash Estimativas do efeito do programa Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeopecuaacuteria Municiacutepios do Nordeste 2005 a 2015

(1) (2) (3) (4) (5)Ano 1 462216lowastlowastlowast 387105lowastlowast 124734 73067 minus81228

(151350) (166860) (165479) (159040) (97248)

Ano 2 721353lowastlowastlowast 680461lowastlowastlowast 195139 190470 minus48365(151385) (176542) (175970) (169273) (110410)

Ano 3 917939lowastlowastlowast 945480lowastlowastlowast 362256lowast 316671lowast 14051(151560) (186974) (186769) (179811) (124619)

Ano 4 1162489lowastlowastlowast 1303211lowastlowastlowast 585691lowastlowastlowast 524680lowastlowastlowast 118401(151877) (199722) (200128) (192889) (141989)

Ano 5 1398762lowastlowastlowast 1719015lowastlowastlowast 817303lowastlowastlowast 764549lowastlowastlowast 248221(152628) (213562) (215026) (207380) (161651)

Ano 6 1664951lowastlowastlowast 2159668lowastlowastlowast 1003700lowastlowastlowast 973407lowastlowastlowast 355093lowast(153911) (226330) (229701) (221631) (181573)

Ano 7 2041486lowastlowastlowast 2649254lowastlowastlowast 1245402lowastlowastlowast 1265240lowastlowastlowast 536469lowastlowastlowast(163092) (242275) (247639) (239020) (203028)

Ano 8 2752759lowastlowastlowast 3446986lowastlowastlowast 1706421lowastlowastlowast 1732048lowastlowastlowast 850270lowastlowastlowast(181479) (263695) (272059) (262396) (227857)

Ano 9 3203307lowastlowastlowast 4038665lowastlowastlowast 1925036lowastlowastlowast 1968234lowastlowastlowast 1060576lowastlowastlowast(202890) (289725) (301572) (290740) (255125)

Ano 10 4136064lowastlowastlowast 5089661lowastlowastlowast 2584035lowastlowastlowast 2652384lowastlowastlowast 1544527lowastlowastlowast(229616) (324192) (339440) (327105) (285967)

Ano 11 4286021lowastlowastlowast 5272800lowastlowastlowast 2464282lowastlowastlowast 2643445lowastlowastlowast 1698922lowastlowastlowast(428490) (496767) (506992) (487628) (372025)

Valor de repassedo Programa 0002lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast 0001lowastlowastlowast

(00001) (00001) (00001)

Tendecircncia X X X XVolume de cobertura X X X

Controles X XFixo X

N 23254 23254 23254 23254 23254lowastplt01 lowastlowastplt005 lowastlowastlowastplt001

O uacutenico resultado encontrado com significacircncia estatiacutestica a 5 eacute quando omuniciacutepio estaacute exposto 11 anos ao Programa Para os municiacutepios que possuembeneficiaacuterios que estatildeo haacute mais tempo no programa verifica-se que houve umareduccedilatildeo no valor da produccedilatildeo agriacutecola o que talvez possa ser explicado pelo fator de

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 37

substituiccedilatildeo uma vez que como a maior parte dos recursos satildeo destinados agrave pecuaacuteriao Programa por meio dos agentes de creacutedito pode ter induzido os agricultores aquererem investir mais neste setor em detrimento da atividade agriacutecola Com issoum dos possiacuteveis resultados eacute de que o Programa pode ter gerado uma externalidadeuma alteraccedilatildeo no sistema de produccedilatildeo no Nordeste

De fato o presente estudo soacute conseguiu identificar algum efeito no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria conforme se observa na Tabela 8 Os resultados indicam umefeito positivo poreacutem muito pequeno quando se estaacute haacute mais tempo exposto aoprograma e tendo recebido maior volume de recursos Verifica-se que os valores satildeoestatisticamente significativos a 5 de significacircncia e que o efeito eacute positivo opostoao que foi encontrado com os valores das produccedilotildees agropecuaacuteria e agriacutecola Napecuaacuteria com onze anos de exposiccedilatildeo ao Programa o valor da produccedilatildeo aumenta emaproximadamente R$ 169900 reais

A Tabela 9 apresenta em termos percentuais o efeito do microcreacutedito ruralsobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria A intenccedilatildeo eacute verificar se de fato o efeitodo microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria justifica o volume derecursos disponibilizados pelo Banco do Nordeste para o Programa Agroamigo

Os caacutelculos foram realizados com base nos dados obtidos quando da utilizaccedilatildeodo Modelo Diferenccedilas em Diferenccedilas com efeito fixo Para encontrar a meacutedia anual derepasse para o tempo um foi feito o somatoacuterio dos empreacutestimos concedidos a todosos municiacutepios com beneficiaacuterios expostos ao Programa por um ano para o tempo doiso somatoacuterio de todos os municiacutepios que possuem beneficiaacuterios expostos ao Programapor dois anos e assim sucessivamente O mesmo raciociacutenio foi utilizado para calcularo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria

Para o caacutelculo do retorno do microcreacutedito rural sobre produccedilatildeo foram consi-deradas as estimativas do efeito do Agroamigo sobre o valor da produccedilatildeo pecuaacuteriado modelo 5 da Tabela 8 haja vista terem sido os uacutenicos valores a apresentar efeitopositivo nos Programa

A partir dos dados eacute possiacutevel observar que os municiacutepios com beneficiaacuteriosexpostos ao Programa entre um e cinco anos natildeo tiveram impacto na produccedilatildeo ouseja embora os produtores tenham realizado empreacutestimos os recursos natildeo geraramretorno para a produccedilatildeo dos municiacutepios Somente eacute possiacutevel visualizar algum efeito apartir do sexto ano de exposiccedilatildeo considerando um niacutevel de significacircncia de 10 Noentanto o retorno eacute muito pequeno Os municiacutepios expostos ao Programa haacute dez anospor exemplo receberam em meacutedia mais de R$3 bilhotildees e meio de reais No entantoapenas 01 desse valor teve retorno para a produccedilatildeo

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 5 Anaacutelise dos Resultados 38

Tabela 9 ndash Efeito do microcreacutedito rural no valor da produ-ccedilatildeo agropecuaacuteria

Tempo deExposiccedilatildeo

(anos)

Meacutedia de Repassepor Municiacutepio

(R$)

Valor da ProduccedilatildeoAgropecuaacuteria

(R$ Mil)

do Efeito doMicrocreacutedito Rural

na Produccedilatildeo

1 9947281 3393557200 0002 53338206 3146741600 0003 276713700 4033336400 0004 735593050 3393557200 0005 2877225400 2970157400 0006 49928873600 3146741600 0107 100352857600 2970157400 0108 103386112000 2970157400 0109 110765644800 2970157400 01010 357451238400 2970157400 01011 154999718400 2970157400 010

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria Nota Valores corrigidos monetariamentepelo Iacutendice Nacional de Preccedilos ao Consumidor - Amplo (IPCA) tendo2015 como periacuteodo de referecircncia

Embora o estudo tenha identificado impacto (ainda que pequeno) no valor daproduccedilatildeo pecuaacuteria quando se analisa o retorno para a sociedade os nuacutemeros satildeomuito baixos Desse modo os resultados encontrados apresentam indiacutecios de que natildeocompensa a priori investir um volume consideraacutevel de recursos no microcreacutedito ruraluma vez que esses recursos natildeo conseguem incrementar a produccedilatildeo agropecuaacuteria deforma sustentaacutevel

Conforme postulado inicialmente a hipoacutetese que de fato se verificou combase nos resultados encontrados foi a de que o efeito do microcreacutedito rural sobreo valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria foi iacutenfimo ou pouco significativo corroborandocom os trabalhos de Banerjee Karlan e Zinman (2015) Bateman e Chang (2012)Coleman (2006) Feder et al (1990) Guirkinger e Boucher (2007) Hulme e Mosle (1996)e Morduch (1998) que de alguma forma criticam e questionam os efeitos positivosapontados na literatura

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

39

6 Consideraccedilotildees Finais

Diante da necessidade constante de melhor aplicaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos recursospuacuteblicos em benefiacutecio da populaccedilatildeo o Brasil tem apresentado uma evoluccedilatildeo no que serefere agrave avaliaccedilatildeo das diversas poliacuteticas puacuteblicas existentes na tentativa de averiguar aefetividade das accedilotildees e seus pontos de melhorias

Seguindo essa linha de pensamento o objetivo do presente trabalho foi deo de avaliar o efeito do microcreacutedito rural sobre o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteriados municiacutepios nordestinos atendidos pelo Agroamigo no periacuteodo de 2005 a 2015levando-se em consideraccedilatildeo o volume de recursos direcionados para este setor e otempo de exposiccedilatildeo dos municiacutepios que possuem beneficiaacuterios ao Programa Paratanto foi utilizado o modelo proposto por Rocha e Soares (2010) que utiliza o meacutetodoDiferenccedilas em Diferenccedilas (DD) e avalia os efeitos de acordo com o tempo de exposiccedilatildeo

A partir das anaacutelises dos modelos foi possiacutevel identificar que o microcreacuteditorural produziu um efeito positivo embora muito pequeno apenas no valor da produ-ccedilatildeo pecuaacuteria Na agricultura e na agropecuaacuteria os resultados foram negativos ou sejanatildeo foi identificada uma relaccedilatildeo positiva entre o tempo de exposiccedilatildeo ao Programae o aumento do valor da produccedilatildeo dos municiacutepios onde existem beneficiaacuterios doAgroamigo O estudo tambeacutem apresentou evidecircncias de que apesar de existir umvolume consideraacutevel de recursos voltados para a produccedilatildeo dos agricultores familiareso retorno desse investimento para a sociedade ainda eacute muito baixo

Os resultados encontrados natildeo apresentaram indiacutecios de que o Programade microcreacutedito rural Agroamigo seja capaz de gerar uma mudanccedila expressiva nadimensatildeo econocircmica no que se refere agrave agricultura familiar Isso pode estar associadoao valor relativamente pequeno do benefiacutecio concedido ao pequeno agricultor paraque de fato ele consiga incrementar sua produccedilatildeo uma vez que os custos produtivossatildeo altos principalmente em periacuteodos de seca

Outra justificativa pode ser a de que o monitoramento por parte dos agentes demicrocreacutedito natildeo esteja ocorrendo de maneira efetiva em funccedilatildeo do grande nuacutemerode beneficiaacuterios a serem visitados em todo o Nordeste Diante dessa dificuldade demonitoramento pode ser que existam desvios por parte dos beneficiaacuterios na corretaaplicaccedilatildeo dos recursos ou seja talvez os empreacutestimos concedidos nem sempre sejamutilizados corretamente para incrementar a produccedilatildeo Ao contraacuterio sejam utilizadosna realidade para o proacuteprio consumo causando desincentivos agrave produccedilatildeo

Tambeacutem eacute possiacutevel que o enfoque maior do Programa seja nas questotildees sociaiscomo aumento de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores as quais

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

41

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      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

Capiacutetulo 6 Consideraccedilotildees Finais 40

natildeo foram objetos de anaacutelise do presente estudo

Os resultados encontrados corroboram com as pesquisas apresentadas no iniacuteciodeste trabalho que de alguma forma criticam a sobrevalorizaccedilatildeo do papel do micro-creacutedito o seu real efeito na produccedilatildeo agriacutecola e apontam a utilizaccedilatildeo indevida dosrecursos como as de Feder et al (1990) e Guirkinger e Boucher (2007) Desse modomuitos satildeo os desafios e avanccedilos a serem enfrentados para consolidar o microcreacuteditorural como uma ferramenta que contribua efetivamente com o aumento da produccedilatildeoagropecuaacuteria de forma sustentaacutevel especificamente no Nordeste do Brasil

Como natildeo foi possiacutevel ter acesso aos dados dos produtores rurais beneficiaacuteriosdo Agroamigo foram utilizados dados municipais o que se torna uma limitaccedilatildeodo trabalho Aleacutem disso sabendo-se que o valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria de ummuniciacutepio eacute formada pela contribuiccedilatildeo do agronegoacutecio familiar e patronal e comonatildeo haacute informaccedilotildees desagregadas do valor da produccedilatildeo agropecuaacuteria familiar para osmuniciacutepios e para os anos considerados na pesquisa optou-se por analisar o efeito domicrocreacutedito rural sobre o valor total da produccedilatildeo

Por fim espera-se que a presente pesquisa possa servir de balizamento parafuturos pesquisadores que fazendo-se valer de teacutecnicas e metodologias robustas eapropriadas queiram enveredar pelo campo da avaliaccedilatildeo de politicas puacuteblicas noBrasil

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
      • Consideraccedilotildees Finais
      • Referecircncias

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
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      • Referecircncias

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  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Epiacutegrafe
  • Agradecimentos
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de tabelas
  • Lista de ilustraccedilotildees
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  • Introduccedilatildeo
  • Revisatildeo da Literatura
    • Origem e evoluccedilatildeo do microcreacutedito
    • Microcreacutedito no Brasil
    • Microcreacutedito Produtivo Orientado - Agroamigo
    • Agricultura familiar
      • Dados e variaacuteveis
      • Estrateacutegia empiacuterica
      • Anaacutelise dos Resultados
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