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AS MULHERES PARAGUAIAS NA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E PARAGUAI: A FLEXIBILIZAÇÃO DAS FRONTEIRAS DE GÊNERO

(1868-1870)

VíVian Zamboni

Universidade Federal de Santa [email protected]

Resumo

O presente artigo busca apresentar as principais questões a serem desenvolvidas na pesquisa de mestrado em desenvolvimento. Pretende-se analisar, no contexto da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, a participação dos grupos de mulheres paraguaias em sua heterogeneidade, destacando o período de 1868 à 1870, momento no qual a participação dessa parcela populacional passou a ser mais extensiva e evidenciar as estratégias de utilização dessa presença nos discursos produzidos sobre a Guerra durante e posteriormente ao conflito. Parte-se para tanto da problematização da utilização de algumas fontes, destacando a das memórias de Dorothéa Duprat de Lassere, amplamente utilizada pela historiografia sem maiores questionamentos quanto ao contexto de publicação e de disputas em relação as memórias da guerra que envolvia aliados e paraguaios.

Palavras-chave: Guerra da Tríplice Aliança – Paraguai – Mulheres Paraguaias

Cabe ressaltar que este artigo trata de forma preliminar das premissas para o desenvolvimento da pesquisa de mestrado iniciada neste ano através do PPGH História, Poder e Cultura da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que tem como orientador o professor doutor André Fértig e como título As mulheres paraguaias na Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai: a flexibilização das fronteiras de gênero (1868-1870).

Considero para tanto que os contextos bélicos permitem uma maior flexibilização das fronteiras de gênero (PEDRO:2005) e produzem arquivos importantes para este estudo e o da história das mulheres. Na pesquisa em desenvolvimento pretendo analisar, no contexto da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai1, a participação dos grupos de mulheres paraguaias, residentas e destinadas2, em sua heterogeneidade durante o conflito, destacando o período de 1868 à 1870, momento no qual a presença desses grupos passou a ser mais extensiva3 e evidenciar as estratégias de utilização dessa presença nos discursos produzidos

1 O uso da denominação da guerra de Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai é deliberado, pois há na historiografia a utilização do título como expressão das correntes historiográficas, como por exemplo, o uso de Guerra do Paraguai pela historiografia nacionalista brasileira e Guerra contra la Triple Alianza pela historiografia nacionalista paraguaia.

2 Estes dois termos aparecem na historiografia referente à Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai de forma geral. Contudo, os termos foram amplamente utilizados pela historiografia que sublinhava os papéis das mulheres paraguaias durante o conflito dividindo-as em dois grupos: mulheres consideradas heroínas residentas, e mulheres consideradas traidoras destinadas associadas a crimes contra a pátria, de traição e que por isso foram condenadas durante a guerra. Na sequência do corpo do texto desenvolvo com detalhes a análise dos termos.

3 A partir da evacuação de Assunção, acontecimento que marca a estratégia de López de deslocamento sucessivo da população e das forças paraguaias para o interior do país, evidencia-se nas fontes a intensificação da participação de grupos heterogêneos de mulheres da sociedade paraguaia, ou seja, a Guerra, que até então implicava a participação

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sobre a Guerra durante e posteriormente ao conflito.A temática está compreendida entre a necessidade do desenvolvimento da narrativa

histórica enquanto preocupação do fazer historiográfico e da visualização de diferentes contextos históricos, imprescindível para o entendimento das continuidades e rupturas tanto a partir de aspectos centrais - como a militarização da sociedade paraguaia como projeto dos López - quanto de dualidades conceituais, que encerram em si aspectos relacionais entre Estado/Justiça/Homens/Mulheres (1842-1870); residentas/destinadas (1868-1870); lopizmo/antilopizmo4 (1866-1910).

Estes são componentes identificáveis a partir da assinalação do acontecimento: conspirações contra Francisco Solano López (1868) ou traição à pátria. No caso, é o acontecimento que possibilita a identificação de homens e mulheres, enquanto sujeitos sociais, na documentação e na bibliografia sobre o conflito, sendo que como ações contra o ditador aparecem na documentação principalmente como relatórios de crimes contra a pátria que, são carregados de detalhes para que se indique e legitime as medidas punitivas contra os acusados e suas famílias e na bibliografia com variações relativas ao posicionamento das causas, ou ainda, dos culpados pela Guerra.

A pesquisa envolve pelo menos duas questões gerais importantes mediante o fazer histórico: a complexidade na delimitação do lugar de onde se escreve, ou seja, a partir de que enfoque se trabalha o tema e a preocupação com o desenvolvimento de uma metodologia que dê conta do que se identifica dentro da trajetória historiográfica como novo objeto (as mulheres enquanto sujeitos sociais).

No final dos anos 70 a crise dos grandes paradigmas científicos, que atingiu as ciências em sua totalidade, e que no caso da história, unificavam a investigação histórica durante o século XX - como o materialismo histórico, a história sócio-econômica ou ainda a história regional dos Annales, em decorrência das mudanças políticas e sociais ocorridas em âmbito mundial5, marcou a ruptura com as pretensões explicativas globalizantes e totalizantes desses modelos. Os embates travados entre as diferentes correntes historiográficas e entre as diferenciadas áreas temáticas das pesquisas históricas - história cultural, história social, história política etc.- indiretamente forçam os historiadores a definirem, com precisão, seu eixo de pesquisa para que possam efetivamente integrar um espaço específico na produção acadêmica e alcançar neste certa legitimidade. Referenciais são imprescindíveis na escrita da história, afinal, o que valida nosso trabalho, o que garante à narrativa histórica maior inteligibilidade é a lógica histórica, que implica na compreensão de que a história não é regida por leis gerais, mas por lógicas características, ajustadas ao material do historiador.

O que me parece importante indicar no caso do estudo da história das mulheres paraguaias na Guerra, mediante o uso do gênero como categoria de análise, é de que este, considerado, novo objeto encontra-se mais em um espaço de intersecção de enfoques, história política, história militar e história das mulheres e de gênero, do que permaneceu em um domínio histórico único.

direta ou indireta das mulheres paraguaias de acordo com os grupos sociais e culturais aos quais pertenciam, naquele momento passa a ser um aglutinante para uma condição comum a elas: ser mulher em meio ao conflito.

4 Os termos designam as diferentes vertentes que discutiram no momento subsequente ao conflito as suas causas. Os lopiztas são os intelectuais, políticos, historiadores enfim, aqueles que apresentam Solano López como herói nacional paraguaio, que fez da guerra a luta do povo paraguaio frente ao invasor. Os antilopiztas são aqueles que apontam Solano López e a sobreposição de seus interesses pessoais como a causa do conflito. Pretende-se desenvolver na pesquisa o estudo desses termos assim como uma melhor identificação dos integrantes destes grupos.

5 Sandra Jatahy Pesavento em sua obra História & História Cultural de 2008, assinala o contexto de mudanças ocorridas neste período no cenário internacional: “Podemos, talvez, situar os sintomas da mudança nos anos 1970 ou mesmo um pouco antes, com a crise de maio de 1968, com a Guerra do Vietnã, a ascensão do feminismo, o surgimento da New Left, em termos de cultura, ou mesmo a derrocada dos sonhos de paz do mundo pós-guerra.”(p.8)

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As mudanças ocorridas no interior dos enfoques, denominados por Roger Chartier como deslocamentos fundamentais “(...) de estruturas para as redes, dos sistemas de posições para as situações vividas, das normas coletivas para as estratégias singulares.” (CHARTIER,1994:102), ou seja, o retorno do sujeito, a visualização dos sujeitos sociais como agentes históricos efetivos e a consciência da narrativa histórica “a conscientização dos historiadores de que seu discurso, qualquer que seja sua forma, é sempre uma narrativa (...) ‘articulação de um enredo de ações representadas” (CHARTIER,1994:103) Assim, a chamada crise dos paradigmas científicos, é entendida como provocação do contexto histórico vivido pelos historiadores e impulsionou a renovação historiográfica de uma maneira ampla, não implicando somente no desenvolvimento da chamada Nova História Cultural.

Na medida em que os sujeitos sociais foram sendo focalizados dentro de tal renovação notou-se o crescimento significativo do desenvolvimento da temática da história das mulheres a partir da perspectiva da história política, o que vem a colaborar na retificação da equiparação comum e errônea de uma escrita tradicional da história com a da história política, e a tornar visível estes sujeitos em meio a um cenário tratado historicamente como masculino.

A narrativa histórica: a constituição de sentido, a verossimilhança

A narrativa implica uma dimensão cronológica, mas adapta-se a qualquer cronologia (...) a narrativa não é necessariamente linear, haveria certo abuso em restringir o gênero aos textos que respeitam uma estrita ordem cronológica (...) A narrativa presta-se à explicação das mudanças. (PROST: P.214)

Para a escrita de uma história política renovada, que não perde o acontecimento de vista e que reconhece homens e mulheres como agentes dos processos de mudança histórica, contexto no qual se insere o tema de trabalho, será indispensável que me demore neste aspecto da pesquisa. Para abordar a participação desses grupos em sua heterogeneidade, a pesquisa focaliza os acontecimentos que foram, em certa medida, responsáveis pela incorporação da presença feminina nas narrativas sobre a Guerra e que fomentaram as disputas entre a Tríplice Aliança e o Paraguai para além-campo de batalha através da historiografia lopizta e antilopizta do final do século XIX: as conspirações contra Solano López ocorridas em 1868 e os processos de condenação dos conspiradores e suas famílias no Paraguai.

O foco dos estudos da história das mulheres nas guerras reside na análise da I e II Guerras Mundiais, momentos nos quais teria iniciado e se ampliado a ocupação dos espaços públicos por mulheres, incidindo na transformação da compreensão e da prática do público e do privado. A Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, não promoveu significativamente os direitos políticos e sociais das mulheres como nos dois conflitos mundiais, por tal motivo o interesse de historiadoras e historiadores dos estudos de gênero e de história das mulheres apresentam limitado interesse nesta temática, e este campo encontra-se em desenvolvimento através das pesquisas de historiadores políticos.

O contexto bélico no qual as mulheres paraguaias alcançaram espaços públicos, visibilidade nacional e internacional através da imprensa de Guerra dos países envolvidos e das fontes escritas por viajantes e combatentes, implicou na representação e na relação permanente entre o feminino e a identidade nacional paraguaia. Isso se deu através da apropriação, pelo estado, das imagens femininas durante o conflito, a preocupação do governo de Solano López em mobilizar desde o início a participação dessa população6 e os

6 Não há uma densa utilização das imagens femininas brasileiras e a busca pela mobilização das mulheres pela causa da guerra, por exemplo. A preocupação de Solano López com a mobilização, desde o início da campanha, das mulheres paraguaias, pode ser explicada pelo contingente militar paraguaio, que reunia o máximo da população

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diferentes papéis que as mulheres passaram a ter durante o decorrer da Guerra.Contudo, se busca sublinhar um traço em específico das relações representativas durante

o conflito, que muito a historiografia tem se ocupado. As representações utilizadas pelo estado paraguaio no período do conflito e que posteriormente são resignificadas, tanto por lopiztas quanto por antilopiztas, implicam e sinalizam práticas políticas específicas do contexto da guerra. Apresenta-se como essencial pensar os acontecimentos do cenário bélico nos quais se pode analisar a participação das mulheres paraguaias, a partir da escrita da história da guerra e das disputas historiográficas de um período posterior, mas ainda recente a esta, que é marcado pelas afirmações nacionalistas nas quais estes acontecimentos podem ser retomados pela perspectiva política que melhor encaixem para imaginar essa nação, ou seja, integrando ou descartando os elementos sociais que servem para representa-la, como é o caso de uma homogeneização da população feminina à medida que se criam duas classificações fixas, residentas e destinadas, e a eleição das residentas para salvaguardar a memória da população paraguaia na Guerra contra a Tríplice Aliança (ANDERSON:2008).

A historiografia em constatação às informações das obras memorialísticas apresenta que as residentas eram mulheres sobre as quais não recaíam acusações de traição. Suas famílias não estavam vinculadas às conspirações contra o presidente Solano López. Acompanhavam o exército como auxiliares, cuidando dos feridos e executando as tarefas que lhes fossem dadas, inclusive as de controlar o trabalho das destinadas. Estas últimas eram as mulheres paraguaias cujos membros da família ou até mesmo elas, de forma direta, foram acusados de traição contra López e o país. Eram tratadas como prisioneiras, e realizavam os trabalhos mais pesados necessários à manutenção do exército paraguaio. Muitas dessas mulheres foram executadas, nos chamados, Tribunais de Sangue (Tablas de Sangre) dos acampamentos posteriores à evacuação de Assunção, e um grande número morreu de inanição durante o período final da Guerra.

Ao apenas esboçarem em seu estudo do pós-guerra o que teria sido a participação e a experiência das mulheres paraguaias durante o conflito, apontando o período final deste, os autores reduzem a análise a dois grupos que figuram como grupos homogêneos, primeiro, sem realizar a historicização dos termos, os quais julgo necessário questioná-los enquanto conceitos. Segundo, compartilhando da homogeneização da população envolvida, quando as diferenciações aparecem nas obras memorialísticas, evidenciando que o contexto bélico não diluiu as diferenças sociais entre a população paraguaia e que o cotidiano continuou a ser complexo quanto às relações entre os diferentes grupos sociais, em especial nas parcelas femininas, ainda que a traição ou a lealdade às aproximassem, a diferença é um componente social que a Guerra não anularia.

A historiografia referente às mulheres paraguaias prioriza a participação destas na reconstrução do país no pós-guerra, sendo que a que aborda o período do conflito trabalha especificamente com as suas representações na imprensa paraguaia e na visão dos viajantes. Em ambos os casos, não se verifica a preocupação em tratar as diferenças existentes entre os grupos de mulheres paraguaias, como se a história de tais mulheres fosse única na Guerra. A pesquisa justifica-se pela proposta de analisar, a partir de um aporte teórico-metodológico e da problematização das fontes, a heterogeneidade das parcelas femininas que vivenciaram aquele período, ainda pouco estudado no que se refere ao cotidiano destas mulheres, o que implica diretamente em tratar das relações de gênero na guerra que são pautadas pelas relações sociais de poder e que no caso da Guerra foram decisivas na fundamentação constante da representação construída durante o conflito de dois grupos homogêneos de mulheres, sendo um deles eleito para simbolizar a memória da causa nacional.

Para abordar a participação desses grupos em sua heterogeneidade, a pesquisa focaliza

masculina do país e ainda assim era inferior ao contingente do Império, mesmo desorganizado. Diferentemente desse, o Paraguai dependia diretamente dos esforços da parcela populacional feminina, considerando suas dimensões demográficas em relação ao Império. Ver dados em: DORATIOTO; 2002, p.456.

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os acontecimentos que foram, em certa medida, responsáveis pela incorporação da presença feminina nas narrativas sobre a Guerra e que fomentaram as disputas entre a Tríplice Aliança e o Paraguai para além campo de batalha através da historiografia lopizta e antilopizta do final do século XIX: as conspirações contra Solano López ocorridas em 1868 e os processos de condenação dos conspiradores e suas famílias no Paraguai.

Assinala-se a utilização de fontes variadas, oficiais e não oficiais, na perspectiva de não engessar a análise nem a partir do Estado nem somente a partir dos sujeitos, mas da relação que se estabelece entre tais componentes ao assinalar o contexto. Objetiva-se, através de fontes como as Cartas y proclamas de Francisco Solano López, Constitucion del Paraguay 1844, Constitucion del Paraguay 1870 e de relatos e obras memorialísticas do período como o de Dorothéa Duprat de Lasserre, Juan Crisostomo Centurion, Jorge Frederico Masterman, analisar o posicionamento oficial do governo López sobre a justiça penal durante a Guerra para compreender a lógica de tensão entre o Estado e os sujeitos sociais quanto à crimes contra o poder institucional que incidiu na condenação de mulheres como extensão à medidas punitivas aos homens e na representação homogênea da população feminina em dois grupos: residentas e destinadas, produzida pela historiografia nacionalista paraguaia e apontadas pelas demais correntes historiográficas sem maiores questionamentos.

As fontes memorialísticas sobre a Guerra e os relatos de viajantes7 integram um emaranhado de informações sobre o conflito que brevemente narram a presença das mulheres paraguaias refletindo, muitas vezes, os ideais masculinos sobre os corpos e as ações femininas, o que implica na análise de uma quantia numerosa de obras. Destaca-se neste estudo o relato, sob olhar feminino, de Dorothéa Duprat de Lasserre, cujas memórias são amplamente citadas pela historiografia como elucidativas dos sofrimentos femininos durante o conflito, mas pouco trabalhadas quanto às estratégias de sobrevivência mediante as mudanças em seus cotidianos e à alteridade que se estabelece entre as integrantes dos grupos de mulheres delimitados por ocasião da Guerra: residentas e destinadas. Os periódicos da Guerra são também uma indispensável fonte de análise sobre as construções acerca das imagens femininas, pois, como ferramentas do governo de Solano López, foram o veiculo da eleição, durante o conflito, de um grupo específico de mulheres, as residentas, para representar a mulher paraguaia engajada na defesa do Paraguai.

Na perspectiva de dar visibilidade aos sujeitos marginalizados da história algumas pesquisas ao tratar estas fontes traçam uma análise que localiza e narra, o que caracteriza uma história política tradicional, através do autor, as experiências femininas, afastando-se das propostas da história política renovada: questionar as fontes; reconhecê-las como permeadas de construções discursivas, de sistemas de significação que organizam as relações de poder nas sociedades, constituintes de apropriação de identidades o que remete à re-presentação social e simbólica (CHARTIER:2002) Não se trata de inventariar as representações, ou ainda, fixar a análise na representação pela representação, mas de compreender a trama complexa do selecionar do obliterar, ou seja, tornar-se sensível as relações de poder que se alternam simultaneamente entre os gêneros, entre Estado e população, entre chefe militar e exército etc.

Dificilmente encontra-se na bibliografia sobre a Guerra uma obra ou pesquisa que não cite Lasserre. Pretendo ressaltar o que ocorre com a obra das memórias de Dorothéa Duprat de Lasserre, amplamente utilizada não só nas fontes - que não expressam como principal objetivo uma escrita da história caracterizada por densa utilização teórica-metodológica, mas também na historiografia que se supõem ter tal interesse.

As poucas informações que se tem sobre sua autora e a escrita de suas memórias encontram-se na mesma. Logo no início de seus escritos Lasserre se identifica como francesa

7 Como, p. ex.: CENTURIÓN, Juan Crisostomo. Memórias: reminiscencias históricas sobre la Guerra del Paraguai. Asunción: El Lector, 1987, 4 volumes; BURTON, Sir Richard F. Cartas dos Campos de Batalha do Paraguai. Rio de Janeiro: BIBLEX, 1997.

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residente no Paraguai, filha, irmã e esposa de comerciantes da capital. E ao final apresenta o motivo da escrita:

Estando alli appareceram uns cavalheiros que me dirigiram a palavra, indagando sobre os nossos soffrimentos; entre esses senhores encontrava-se meu distincto hospede o senhor coronel Dr. Pinheiro Guimarães que me pedio algumas notas sobre o nosso degredo no Espadim e causas que o motivaram: a elle, pois, dedico esta triste recordação de minhas desventuras, mal e pallidamente descriptas, as quaes elle me fez esquecer nos dias em que tive a ventura de passar sob protecção de seu tecto hospitaleiro.(MONTENEGRO,1893:50)

Ainda no século XIX, durante o pós-guerra os escritos de Duprat circulavam como documentação anexa em várias obras pró-aliados compondo o discurso antilopizta que atribuía ao ditador paraguaio a responsabilidade pela Guerra8. Contudo, a obra conseguiu alcançar os espaços das referências a partir da publicação exclusiva em 1893, pela livraria Americana de Rio Grande, com notas de José Arthur Montenegro que enfatizam o relato contra o ditador paraguaio compondo assim o discurso nacionalista brasileiro.

A historiografia por sua vez, utiliza o relato por dois pontos relevantes. O primeiro por se tratar de um dos únicos relatos femininos na Guerra, ou seja, o olhar de uma mulher sobre a presença feminina no contexto bélico, como se este olhar também não estivesse pautado pelas diferenças. Esta utilização do testemunho de Lasserre aproxima as personagens integrantes do conflito do papel de vítimas levando os historiadores que trabalham com a temática atualmente a se interrogar sobre o retorno da historiografia, especificamente no contexto da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, daquela imagem dicotômica que abordo em uma citação de Soieth anteriormente. Esta questão evidencia-se através da constante citação de uma passagem específica das memórias da destinada:

A creada da senhora de Leite Perreira agonisava de inanição: morria a fome e nada podiamos fazer mais que assistir a essa agonia lenta que nos cortava o coração. De repente a burra pertencente a senhora de Leite Pereira teve o seu bom sucesso, apresentando um burrinho de regular tamanho. Então lembrei que em França, na occasião de grandes apuros, comia-se a carne desses animaes: n’um abrir e fechar de olhos, apezar do vento fortíssimo e da chuva incessante que cahia, o animalsinho foi morto, preparado e mettido na panella. Minha mãi e a senhora de Leite Pereira tiveram repugnancia até em olhar para a carne do animal, mas eu cerrei os olhos, venci o asco que me dominava, pois tinha jurado viver e lutar até o ultimo momento e comi esse asqueroso alimento. A creada foi salva graças a ese inesperado incidente. .( MONTENEGRO,1893: 40)

Tal passagem quando abordada, assim como outras das memórias, é usada para representar os padecimentos das mulheres na Guerra sem problematizar as causas destes, ou seja, a condenação dessas mulheres por crime de conspiração. O que pretendo ressaltar é que a historiografia se vale do discurso feminino de Lasserre como se este estivesse desprendido da marcada fronteira entre os sexos. Temos nas obras memorialísticas esta dicotomia no discurso: Madame Dorothéa Lasserre através das suas memórias constrói um discurso de

8 É característica das obras históricas do final do século XIX, marcadas pelo cientificismo positivista, a escrita de uma história total do conflito que inclui a anexação de fontes que legitimem e comprovem os pareceres dos autores. A análise destas obras permite além da visualização da circulação de documentos e discussões, a facilidade no acesso de fontes localizadas em outros países. Destaca-se a publicação das memórias de Lasserre na obra de MASTERMAN; 1911, p.404-436, com o título “Aventuras y padecimientos de madama Dorotea Duprat de Lasserre” anexada como “Coleccion de Documentos oficiales: transcripciones, manifestaciones, declaraciones y documentos oficiales que sirven para demonstrar la verdad de las opiniones del autor sobre la tiranía de Lopez y sus crueldades”(p.335-498), ou ainda no Album de la Guerra del Paraguay (1894-1895) publicação quinzenal da Asociación Guerreros del Paraguai (Uruguai) que reunia as memórias de guerra de vários combatentes da Tríplice Aliança e narrativas das batalhas do conflito e no qual Montenegro publicou o diário de Duprat em capítulos (p.248-253/p.263-264/p.266-268/p.281-283/p.302-304/p.326-327).

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vitimização da mulher no contexto da Guerra, que é aceita pela maioria dos historiadores como forma direta de acesso a experiência feminina sem considerar o quão comprobatório é em dimensões políticas para a bibliografia antilopizta, é desta característica que advém sua ampla divulgação; por sua vez as obras memorialísticas e relatos masculinos priorizam o destaque de mulheres corajosas, as aproximam de valores tidos como masculinos em meio a um cenário bélico:

Una heroína apareció en esta ocasión: una mujer llamada Francisca Cabrera, al ver al enemigo avanzando tomó un cuchillo y en el monte. Rodeada de éstos, les dijo que todos morirían si eran cargados por el enemigo, pero ella les tomaría el cuchillo hasta morir y que después de muerta ella, el mayor de sus hijos tomaría el cuchillo y pelearia hasta el fin. Dijo a todos que el enemigo les quería llevar pero que preferiesen morir. (ALCALÁ,1991:66)

O segundo ponto pelo qual a historiografia utiliza as memórias da destinada Lasserre é por abordar a trajetória de um grupo específico de mulheres as destinadas vinculadas ao processo de San Fernando ratificando declarações sobre os crimes cometidos por Solano López contra a população civil paraguaia e seus oficiais envolvidos em uma suposta conspiração.

É “suposta” pela historiografia pró-aliados, que utiliza o testemunho de Lasserre para tratar dos crimes cometidos pelo ditador aparentemente sem motivos reais. Em seu relato o cônsul francês Peralt de Coraliere du Cuverbille, substituto de Laurent Cochelet, o cônsul que se impunha à Lopez, permanece muito próximo de Madame Lasserre que detalha as relações de cumplicidade do cônsul e do ditador no trato com os estrangeiros. É Cuverbille que revela a ela o motivo das prisões de tantos civis asuncenos e de oficiais: a conspiração do qual seu irmão, seu pai e seu marido foram condenados estendendo a sua mãe, a ela e aos empregados o crime de traição. Contudo, Lasserre estabelece um discurso que trata da conspiração como forma de López eliminar os oficiais e demais civis (principalmente políticos dissidentes vinculados à elite de Assunção) contrários ao prosseguimento da guerra diante do evidente avanço dos Aliados:

Que assumpto será? lhe perguntei; parece-me aflicto, diga-me o que há? Uma grande conspiração, me respondeu com ar theatrale, como isso era o que eu menos esperava como couza impossivel no Paraguay , ri-me. E’ uma mentira, lhe disse, nunca acreditei que os paraguayos sejam bastante guapos para animar-se a conspirar e quanto aos extrangeiros é excusado pensar, porque não se envolverão nisto; bem sabeis, como eu, que elles são ovelhas e não serão tão tolos que se mettam em revolução da qual nenhum resultado tirariam. (MONTENEGRO,189:9)

Entretanto, a historiografia lopizta, que reconhece a existência das destinadas, e que não utiliza as memórias de Lasserre, trata da existência da conspiração como fato, o que legitima as ações de López em relação a estas parcelas femininas. Como já tratamos anteriormente a historiografia paraguaia escreve a história das mulheres paraguaias na Guerra reconhecendo-as como residentas.

Evidencia-se nestes dois pontos apresentados que a historiografia prende-se ao testemunho de Lasserre sem questionar sua escrita e sua utilização prévia. Indubitavelmente as suas memórias ocupam um lugar privilegiado nas referências bibliográficas por ser uma fonte incomum no século XIX, escrita por uma mulher, e por abordar assuntos tão controversos na Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai. É necessário, portanto, compreender que o testemunho de Duprat de Lasserre integra a listagem de obras pertencentes as disputas historiográficas entre lopiztas e antilopiztas do final do XIX.

Apesar de considerar as dificuldades da pesquisa no recorte proposto, o cenário bélico constitui espaços de relações entre os gêneros essenciais para a visualização de quão heterogêneos são os grupos femininos envolvidos e num espaço que é tido como masculino:

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a guerra. Logo, aquele espaço impregnado pelo olhar masculino do viajante ou daquele que relata a guerra vivenciando-a compõe o parecer do outro, estabelecendo as diferenças, as fronteiras que ora delimitam ora tencionam as relações de gênero e de identificação no interior de grupos social e culturalmente constituídos.

Os historiadores do pós-guerra iniciam as análises a partir do período final da Guerra, no qual aparecem dois grupos distintos de mulheres. A partir de 1868, com a evacuação de Assunção, as ações de López para combater as possíveis conspirações contra seu governo, instaurando sistemas de delações e os Tribunais de Sangue (MASTERMAN,1911:286) para os acusados e suas famílias, e a sucessiva retirada do exército paraguaio para o interior do país, provocaram um maior controle sobre a população feminina paraguaia, que passou a ser dividida em dois grupos específicos, segundo a justiça de López frente aos ‘traidores’ e às necessidades do exército paraguaio: residentas e destinadas. A proposta deste trabalho é a de se deter no período do conflito e problematizar a homogeneização da população feminina nestes dois grupos específicos através da utilização destes conceitos, ou ainda a criação dos mesmos “Um conceito relaciona-se sempre aquilo que se quer compreender, sendo portanto a relação entre o conceito e o conteúdo a ser compreendido, ou tomado inteligível, uma relação necessariamente tensa.(KOSELLECK,1992:136)

Para tanto é necessário retroceder a análise ao contexto anterior, para que se possa reconhecer as rupturas e continuidades da prática da justiça do estado paraguaio governado pelos López, evidenciando a flexibilização das fronteiras de gênero através das medidas punitivas do contexto de guerra.

A historiografia em constatação às informações das obras memorialísticas apresenta que as residentas eram mulheres sobre as quais não recaíam acusações de traição. Suas famílias não estavam vinculadas às conspirações contra o presidente Solano López. Acompanhavam o exército como auxiliares, cuidando dos feridos e executando as tarefas que lhes fossem dadas, inclusive as de controlar o trabalho das destinadas. Estas últimas eram as mulheres paraguaias cujos membros da família ou até mesmo elas, de forma direta, foram acusados de traição contra López e o país. Eram tratadas como prisioneiras, e realizavam os trabalhos mais pesados necessários à manutenção do exército paraguaio. Muitas dessas mulheres foram executadas pelos Tribunais de Sangue dos acampamentos posteriores à evacuação de Assunção, e um grande número morreu de inanição durante o período final da Guerra.

Ao apenas esboçarem em seu estudo do pós-guerra o que teria sido a participação e a experiência das mulheres paraguaias durante o conflito, apontando o período final deste, os autores reduzem a análise a dois grupos que figuram como grupos homogêneos, primeiro, sem procurar fazer uma historicização dos termos, os quais julgo necessário questioná-los enquanto conceitos. Segundo, compartilhando da homogeneização da população envolvida, quando as diferenciações aparecem nas obras memorialísticas, evidenciando que o contexto bélico não diluiu as diferenças sociais entre a população paraguaia e que o cotidiano continuou a ser complexo quanto as relações entre as diferentes camadas sociais, em especial nas parcelas femininas, ainda que a traição ou a lealdade as aproximassem, a diferença é um componente social que a Guerra não anularia. Parece-me imprescindível considerar as construções sociais projetadas sobre estas parcelas populacionais, seja pelo estado, seja pela historiografia ou ainda pelos próprios grupos e suas especificidades.

Compreender e ressaltar a heterogeneidade dos grupos de mulheres presentes no contexto histórico da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, evidenciando e reafirmando a existência de uma história das mulheres que, sendo plural, reconhece os sujeitos como elementos importantes para o entendimento das relações e representações sociais refletindo na formação da identidade nacional Paraguaia apresenta-se como imprescindível para que se possa contribuir não somente com a escrita da temática em questão mas também com os questionamentos para o desenvolvimento de uma escrita da história das mulheres nas guerras.

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Para que se avance nesta questão se faz necessária a densa leitura e análise da produção historiográfica, obras memorialísticas, relatos de viajantes e jornais9 identificando e definindo os autores Lopiztas e Antilopiztas do final do século XIX que abordam a conspiração contra Solano López enquanto acontecimento e que discutem as medidas punitivas deste em relação as mulheres paraguaias, utilizando para tanto a categoria ‘gênero’, como estratégia com vistas a uma escrita da história das mulheres na Guerra.

É necessário também analisar de forma mais específica, dentre as fontes memorialísticas, os escritos que compõem as memórias de combatentes que integram o Album de la Guerra del Paraguay e o relato de Dorothéa Duprat de Lasserre como um discurso feminino sobre as mulheres no período, que atravessa o contexto histórico do conflito e media as relações entre os diferentes grupos femininos, assim como a percepção das relações entre os gêneros durante a Guerra, pois se as memórias escritas por homens são permeadas pelo olhar do outro, o olhar feminino de Lasserre também o é.

Logo, a amarração da narrativa histórica a se elaborar é de extrema fragilidade pelo extenso número de fontes a serem consultadas e analisadas, já que, trata-se de sujeitos que não compõem a maior parte das memórias e relatos sobre a guerra, simplesmente aparecem indicadas no contexto.

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